diplomática 14
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Francois HollandTRANSCRIPT
´Diplomaticabusiness & Diplomacy
With English & French Texts
Embaixadores dão respostas sobre a crise e a sua resolução:
Nº14Novembro 2012€4 (Cont.)
Dip
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Chorou ao ser reeleito
agora
Alemanha, Bélgica, Estados Unidos, França, Grécia, Inglaterra, Rússia e Turquia
Os desafios do Presidente
4 • Diplomática - setembro/novembro 2012
DIRECTOR: maria da luz de bragança PRODUÇÃO: césar soares PROPRIEDADE: maria da luz de bragança EDIÇÃO: Gabinete 1 editor nº 211 326. rua de são bernardo, nº27 a – lisboa.
MARkETINg & PUblICIDADE: Gabinete 1 - e-mail:[email protected] tel.: 21 099 96 74 Fax: 21 096 49 72IMPRESSÃO: Jorge Fernandes, lda, DISTRIbUIÇÃO: logista - alcochete - telefone: 21 926 78 00 Fax: 21 926 78 45
issn 1647-0060 – Depósito legal nº 276750/08 – publicação registada na Direcção Geral da comunicação social com o nº 125395
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Assuntossummary
sumáriosummary os desafios de François Hollandethe challenges of François Hollande Dia nacional da Françanational Day of France crise na europa na ótica dos embaixadores crisis in europe from the viewpoint of the ambassadors putin quer recuperar o orgulho de uma antiga naçãoputin wants to regain the pride of an ancient nation o presidente de cabo verde esteve em portugalthe president of cabo verde visits portugal demonstrating the fraternal friendship between the two countries o chefe de estado de são tomé e príncipe em visita de estadothe Head of state of são tomé and principe visited our country on an official visit presidente cavaco silva recebeu as credenciais dos novos embaixadores no palácio de belémpresident cavaco silva received credentials of the new ambassadors in belém reunião do G2 no méxico – consenso para combater a criseG2 meeting in méxico – consensus to fight the crisis prémio “europa nostra” em lisboa na presença dos príncipes das asturiascultural prize “europa nostra” in the Jeronimos monastery in the presence of the princes of asturias novo camões junta cooperação, língua e cultura new camões bring together study of cooperation, language and culture Diplomacia e Glamour – um evento com estiloDiplomacy and Glamour, an event with style in marriott Hotel presidência cipriota da União europeiaFor the first time since cyprus joined the eU, it assumes the presidence of the european José eduardo dos santos ganha eleições em angolapeople of angola gives strenght to the president to pursue political progress cimeira da cplp em moçambiquecplp summit in mozambique antónio Geirinhas, diretor geral da multitelanthony Geirinhas, head of multitel, specialist in new technologies casa ermelinda Freitas – o bom vinho português, uma história de famíliaermelinda Freitas – a good portuguese wine, a familiar story alfredo amaral – pela 1ª vez, na história da peugeot portugal, liderada por um português alfredo amaral in peugeot portugal - it’s the first time that a portuguese leads the firm livrosbooks traduçõestranslations
6 • Diplomática - setembro/novembro 2012
Os desafios de François Hollande
Em Maio deste ano, na segunda volta das eleições, François Hollande foi eleito
o 24º Presidente da República Francesa com mais de 50 % dos votos, destro-
nando de forma categórica Nicolas Sarkozy. O slogan da «mudança» foi bem
aceite pelo eleitorado e desta forma se assistiu ao regresso triunfal do Partido
Socialista à Presidência da República francesa, depois de François Mitterrand,
que exerceu o cargo de chefe de Estado entre 1981 e 1995. ➤
F rançois Hollande foi eleito
o 24º Presidente da República Francesa com mais de 50 % dos votos
Capa
7setembro/novembro 2012 - Diplomática •
➤ François Gérard Georges nicolas
Hollande, 57 anos, nasceu na alta
normandia, no seio de uma família
de classe média. acredita-se que o
sobrenome Hollande tenha tido ori-
gem em ancestrais calvinistas que
fugiram da Holanda, no século
Xvi. É o filho mais novo do médi-
co Georges Gustave Hollande, um
otorrinolaringologista que concorreu
às eleições municipais, em 1959 e
1965, por um partido de extrema-
direita, sendo derrotado nas duas
vezes. a mãe, nicole Frédérique
marguerite tribert, já falecida, era
uma católica de esquerda e traba-
lhou como assistente social. aos
13 anos a família mudou-se para
neuilly, nos subúrbios de paris.
Hollande estudou no internato saint
Jean-baptiste de la salle, depois
na École nationale d’administration
e no institut d’Études politiques de
paris.
a sua primeira atividade na polí-
tica foi como voluntário na então
fracassada campanha de François
miterrand à presidência, em 1974.
cinco anos depois, filiou-se no
partido socialista. em 1981 con-
correu a deputado na assembleia
nacional Francesa mas acabou por
sair derrotado. porém, a notorieda-
de que conquistou nessas eleições
foi suficiente para que fosse apon-
tado como conselheiro do então
presidente miterrand. mais tarde,
trabalhou na equipa de max Gallo,
escritor, historiador e político, como
porta-voz do governo. em 2001
foi eleito presidente da câmara de
tulle, cargo que assumiu durante
7 anos. em 2008, chegou a chefe
do conselho de corrèze. em 2011,
François Hollande, nascido em
rouen, em 12 de agosto de 1954,
anunciou que se candidataria às
primárias do partido socialista a
fim de ganhar o direito de disputar
as eleições presidenciais do ano
seguinte. Depois da saída forçada
de Dominique strauss-Kahn da
corrida às presidenciais, devido
aos escândalos e à respectiva
prisão nos estados Unidos. Foram
seis os candidatos que se apre-
sentaram nas primárias realizadas
pelos socialistas, com o objectivo
de designar o futuro candidato do
partido – ségolène royal, marti-
ne aubry, manuel valls, François
Hollande, arnaud montebourg
e Jean-michel baylet. Hollande
conquistou, desde logo, a lideran-
ça nas sondagens e acabou por
derrotar martine aubry, a principal
candidata concorrente dentro do
partido. martine é filha de Jacques
Delors, ministro das Finanças do
governo de François miterrand
(1981-1985), assumindo logo de
seguida a presidência da comissão
europeia, onde se manteve durante
10 anos. Foi ministra do emprego
e da solidariedade entre 1997 a
2000 e é presidente da câmara de
lille, desde março de 2001. em 25
de novembro de 2008 foi eleita
líder do partido socialista francês,
derrotando ségolène royal .
Foi justamente com ségolène
royal que o atual presidente
francês viveu em união de facto,
desde a década de 70 e durante
30 anos. Dessa união nasceram
quatro filhos. em 2005 também ela,
em entrevista concedida ao jornal
francês paris match manifestou a
intenção de concorrer à presidência
em 2007. rapidamente foi reco-
nhecida como uma forte candidata,
tendo então como opositor nicolas
sarkozy.
nascida em Dakar, no senegal, a
22 de setembro de 1953,ségolène
é licenciada pelo institut d’etudes
politiques de paris. Foi juíza,
deputada e ministra nos governos
de pierre bégégovoy e mais tarde
no de lionel Jospin, entre outros
cargos que desempenhou.
essa forte experiência política
permitiu-lhe a segurança necessária
para se candidatar às presidenciais.
como se sabe, as coisas não lhe
correram bem… nas últimas elei-
ções, a que também concorreu, e
depois de ter obtido apenas 7% das
intenções de voto, decidiu apoiar
o seu ex-companheiro, François
Hollande.
valérie trierweiler é a mulher da
vida de François Hollande. citando
as suas próprias palavras, sente-
-se orgulhosa de compartilhar a
vida com o líder socialista. “estou
simplesmente orgulhosa por acom-
panhar o novo presidente da re-
pública e feliz por sempre partilhar
a vida com François”, disse numa
mensagem difundida pelas redes
sociais.
a jornalista, de 47 anos, é a oita-
va primeira-dama da v república
francesa, com a particularidade de
não ter casado com o presidente,
fato que acontece pela primeira vez
no eliseu.
mãe de três filhos, iniciou, em 2006,
um romance secreto com Hollande -
que não seria oficializado até 2010.
Desde as eleições primárias do
partido socialista começou gradu-
almente a abandonar o seu mutis-
mo mediático. Durante as últimas
semanas de campanha eleitoral
acompanhou Hollande nos comícios
mais importantes. Devido a esta
ligação sentimental, optou por não
trabalhar na informação política,
mas não renunciou ao jornalismo,
que exerce na revista “paris match”
e na rede de televisão “Direct 8”.
pode não ter o sucesso mediático
da sua antecessora, a cantora,
ex-modelo e atriz carla bruni, mas
é uma grande conhecedora dos
meios de comunicação e da políti-
ca francesa. Foi -lhe atribuída, por
exemplo, a mudança de imagem de
Hollande para preparar o salto para
o palácio do eliseu, notavelmente
mais magro quando tomou posse. ➤
8 • Diplomática - setembro/novembro 2012
➤ mas a política não vive de ima-
gens mas de acções e na prossecu-
ção de objetivos… e estes revela-
ram-se ainda escassos no mandato
de François Hollande.
com efeito, depois de ter assumido
um país com enormes problemas,
quer no plano económico quer no
que diz respeito ao desemprego,
que atingiu os números mais altos
dos últimos 13 anos (cerca de três
milhões de pessoas), o «estado de
graça» alcançado por Hollande en-
frenta desafios importantes. longe
vão os tempos em que granjeou as
simpatias da maioria do eleitorado
francês que aderiu a uma sugestiva
campanha que tinha como principal
slogan a «mudança política». Um
propósito traduzido num manifesto
considerado demasiado arrojado
contendo 60 propostas para o país,
com destaque para uma medida
sempre suscetível de cair no goto ➤
François Hollande
9setembro/novembro 2012 - Diplomática •
➤ da classe média, como foi o au-
mento dos impostos para as gran-
des empresas, bancos e para os
mais ricos.
o jornal le monde publicou recen-
temente os dados oficiais sobre as
principais medidas tomadas nestes
primeiros meses do mandato de
Hollande. Uma das iniciativas que
deu brado traduziu-se na distribui-
ção pelos órgãos estatais de um
comunicado anunciando a abolição
do “carro da empresa”, escrito de
uma forma provocatória, quase
ofensiva para os altos funcionários,
utilizando frases como: “se um
executivo que ganha 650 mil euros
por ano, não se pode dar ao luxo de
comprar um bom carro com o seu
rendimento do trabalho, significa
que é muito ambicioso, é estúpido,
ou desonesto. a nação não precisa
de nenhuma dessas três figuras “.
Desde que esta medida foi tomada,
345 milhões de euros foram recupe-
rados e imediatamente transferidos
para criar 175 institutos de pesquisa
científica avançada de alta tecno-
logia, criando emprego para 2560
jovens cientistas desempregados,
com o objetivo de “aumentar a
competitividade e produtividade da
nação.”
o conceito de paraíso fiscal, de-
finido como socialmente imoral,
foi abolido. lançou, por isso, um
decreto presidencial que criou uma
taxa de emergência de aumento
de 75% em impostos para todas as
famílias que ganham mais de 5 mi-
lhões de euros por ano. com essa
verba, manteve assim o pacto fiscal
sem afetar um euro do orçamento,
contratando 59.870 diplomados
desempregados como professores
na educação pública.
também a igreja foi privada de
benefícios considerados intocáveis,
uma vez que deixou de receber
anualmente subsídios estatais, que
ascendiam aos 2 milhões de eu-
ros e que financiavam exclusivas
escolas privadas. com essa verba
pôs em marcha um plano para a
construção de 4.500 creches e
3.700 escolas primárias, a partir
de um plano de recuperação para
o investimento em infra-estruturas
nacionais.
na área da cultura instituiu algo
inédito – um “bónus-cultura” presi-
dencial. trata-se de uma medida
que permite que qualquer pessoa
possa fundar uma cooperativa e
abrir uma livraria independente,
livre de impostos, desde que con-
trate pelo menos dois licenciados
desempregados, oriundos dos cen-
tros de emprego. o objetivo, além
da criação dos postos de trabalho
e do relançamento de novas posi-
ções sociais, é o de economizar na
despesa pública. por outro lado,
extinguiu todos os subsídios do
governo para revistas, fundações e
editoras, substituindo-os por comis-
sões de “empreendedores estatais”.
são estas comissões que financiam
ações de atividades culturais, com
base na apresentação de planos de
negócios relativos a estratégias de
marketing avançados.
apesar destas iniciativas arrojadas,
a economia francesa tarda a arran-
car e o nível de aprovação à gestão
do presidente francês caiu para
46%, três meses apenas após ser
eleito. É claro que a debilidade eco-
nómica à escala global que afeta os
países da Zona euro e as medidas
entretanto tomadas estão na origem
desta pequena queda de populari-
dade. a sombra da recessão ame-
aça agora a França. «cuidado com
o fogo, Hollande”, avisa a revista
semanal marianne, ao passo que o
libération: «Que fazer quando as
circunstâncias e os acontecimentos
se precipitam, [...] quando a crise
económica e social se agudiza a
um ritmo cada vez mais preocu-
pante? alinhar pelo diapasão, ou
contemporizar? [...] a semana de
loucura que se viveu no eliseu, em
matignon e no Governo [...] refor-
ça a noção de que a ‘presidência
normal’ não irá seguramente sobre-
viver a esta primeira crise política».
enquanto que num dos seus edito-
riais, o le Figaro diz que será após
a “trégua de verão” que o chefe de
estado deverá apressar as grandes
reformas que estão em ponto mor-
to”. e acrescenta: «eleito graças a
um sentimento anti sarkozy tóxico,
demoliu os símbolos ligados ao seu
predecessor: reforma das aposen-
tações, isenção do imposto sobre
as horas extras, flexibilização das
regras para doações e heranças...»
Há quem compreenda que a pureza
das promessas vai ficar compro-
metida ao ser confrontada com a
realidade. Há ainda quem tenha
boas razões de queixa: todos aque-
les que acreditaram que François
Hollande ia renegociar o tratado
orçamental europeu (a ratificar
durante o outono pelo parlamen-
to). em nome do compromisso de
retomar o equilíbrio das finanças
públicas, Hollande arrisca-se a ficar
com o maior contingente de criticas
vindas, sobretudo, dos contribuin-
tes. ser-lhe-á cada vez mais difícil
afirmar que só os ricos é que são
sacrificados.
mas, fato digno de registo, é que
a inflação não aumentou, o spre-
ad com títulos alemães baixou e a
competitividade da produção na-
cional aumentou no mês de Junho,
pela primeira vez nos últimos três
anos. trata-se, sem dúvida, de um
caso de sucesso e da concretização
das promessas eleitorais, o que
nos tempos que correm é deveras
invulgar! saiba Hollande enfrentar
os novos desafios decorrentes da
crise à escala global e o futuro lhe
sorrirá. esta é uma oportunidade a
não perder na sua carreira já longa
de político. «allez, François!!». n
10 • Diplomática - setembro/novembro 2012
Como narra a história do velho
continente França foi dos primeiros
países europeus que viram cair a
monarquia; que se tornaram repú-
blicas e celebraram o dia nacional.
também conhecido pelo Dia de
bastilha, “la Fête de la Fédéra-
tion”, o Dia nacional de França é
comemorado anualmente a 14 de
Julho e recorda a tomada da prisão
de bastilha em 1789 por um grupo
de revolucionários parisienses. tal
acontecimento foi para muitos um
ato que pôs fim ao antigo regime e
originou a revolução Francesa.
a primeira celebração do dia nacio-
nal do estado francês decorreu em
1790: no ano seguinte àquilo que
na altura se pensou ser o fim da
revolução Francesa. Quatro dias
de festa reuniu milhares de pessoas
no champ de mars em paris para
celebrarem a nova constituição
referente à monarquia constitucio-
nal que retirava ao rei o controlo
total sobre o governo. mas o sonho
francês demorou anos a concre-
tizar-se. conflitos internos que
levaram à morte do rei e da rainha;
a prisão de várias personalidades;
a transformação de França numa
poderosa máquina militar na altura
de napoleão e o fracasso da tropa
napoleónica na batalha de Waterloo
em 1815; foram alguns dos impor-
tantes fatores apontados ➤
Dia Nacional de França
1
1. o dircurso do embaixador de França, pascal teixeira da silva
Mala diploMátiCa
11setembro/novembro 2012 - Diplomática •
➤ pelos historiadores como uma
onda de convulsões políticas que
cobriu a França nos finais do século
Xviii, inícios do século XiX.
tempos mais tarde, em 1870, foi
criada uma nova forma republica-
na de governo, conhecida como
a “terceira república” e em 1978
o 14 de Julho, associado à queda
de bastilha, foi escolhido como
dia nacional para homenagear a
república.
em 2012 celebram-se 223 anos
desde a queda da fortaleza, bas-
tilha, que deu um novo sentido à
história do povo francês. É um dia
louvado pelos franceses de todo
o mundo. este ano, enquanto em
França decorreram vários eventos,
dos quais se destacou o tradicional
desfile militar no champs-elysées
em paris, em portugal, o embaixa-
dor de França, pascal teixeira da
silva, por ocasião da festa nacional,
recebeu na sede da embaixada,
no palácio de santos, várias per-
sonalidades francesas e do mundo
diplomático. no seu discurso, o
embaixador afirmou que a “revolu-
ção Francesa definiu o princípio da
soberania popular e da democracia
representativa” e acentuou que o
14 de Julho de 1790 simbolizou a
“união fraterna de todas as partes
da França e de todos os cidadãos
franceses”. n
2 43
5
2. os embaixadores de França e maria da luz de bragança 3. nuno rogeiro e pascal teixeira da silva 4. os embaixadores de
França
12 • Diplomática - setembro/novembro 2012
Né dans une famille fortunée de normandie, il est élevé
a rouen dans une banlieue résidentielle, inscrit dans un
prestigieux collège religieux ou il sera un brillant élève; son
père, notable médecin reconnu et très marqué à droite (plu-
tôt proche de l’extrême droite d’ailleurs) décide d’installer
sa famille à neuilly sur seine autre banlieue résidentielle,
sa mère assistante sociale est elle plutôt sympathisante
des idées progressistes voir socialistes…après une scola-
rité réussie il intègrera la prestigieuse école Hec (Hautes
Études commerciales) puis l’institut d›Études politiques,
rue saint Guillaume à paris et enfin l’École nationale
d’administration (promotion voltaire) ou il fera la connais-
sance de ségolène royal avec qui il aura quatre enfants!
en 1981 il est candidat socialiste aux élections législati-
ves dans la troisième circonscription de corrèze contre
Jacques chirac alors président du rpr et maire de paris:
ce dernier dira de lui lors d’un meeting électoral qu’il est
moins connu que baltique la chienne de François mitter-
rand - à l’époque c’était vrai…
en 1988 il sera élu dans cette même circonscription député
de corrèze, département rural qu’il a choisit et à la maniè-
re d’un bon paysan contentieusement travaillé pendant de
nombreuses années, s’inspirant de la méthode du couple
chirac, il sillonne les cantons, est présent aux nombreuses
manifestations locales: comices agricoles, foires diverses,
banquets des anciens combattants, marchés populaires,
bals annuels des pompiers volontaires et embrasse sans
crainte des familles entières! Un travail permanent qui
va porter ses fruits! reçu même par les notables locaux
chiraquiens pour la plus part, il devient une figure de ce
petit bout de France! il deviendra maire de tulle, bourgade
sans très grand attrait mais préfecture et ville martyre de
la seconde guerre mondiale. ville que par son travail et
celui de son équipe il saura dynamiser en lui insufflant une
nouvelle énergie après la fermeture de la manufacture na-
tionale d’armes et la suppression de centaines d’emplois,
avec entre autre la création de nombreuses manifestations
culturelles dont “les nuits de nacre” festival d’accordéon
reconnu aujourd’hui bien au delà des frontières de
l’hexagone. en 2008 il devient conseiller général du canton
de vigeois et est élu dans la foulée président du conseil
général de la corrèze ou il saura se faire apprécier entre
autres de madame bernadette chirac!!! c’est dire. tout le
monde a encore en mémoire la petite phrase “répétée” du
président chirac «moi je vote Hollande!»
entre temps sa carrière nationale lui a permis de présider
le parti socialiste de nombreuses années, il ne sera pas
ministre - ce que certain lui reproche comme un manque
d’expérience - mais si proche de François mitterrand puis
de lionel Jospin que son exercice du pouvoir n’est en
tout cas pour moi pas à démontrer.
sa gestion du département de la corrèze lui sera égale-
ment reprochée à maintes reprises, département présen-
té comme le plus endetté de France! il convient de savoir
qu’il s’agit en fait d’un héritage de la précédente mandatu-
re : le fait de ne jamais avoir communiqué sur cette réalité
démontre sa droiture et sa loyauté envers les électeurs
qui avaient désigné l’équipe sortante.
Depuis le 6 mai il est élu président de la république
française, déjà se profile un comportement très différent
de celui de son prédécesseur - je doute qu’il emmène
son père lors d’une visite d’état à l’étranger, je sais que
sa compagne ne montera jamais poser sur les toitures du
palais de l’Élysée, je suis certain que lors de sa prochaine
visite au vatican aucun humoriste populaire ne sera de sa
suite…
certes il n’est pas pauvre, ses revenus d’édile, les espé-
rances qu’il peut nourrir sur la succession de son père le
libèrent de certains soucis d’intendance. sa compagne va-
lérie treirweiller (née massonaud) est elle même dans une
situation confortable, je sais cependant qu’ils ne passeront
pas leur vacances sur un yacht prêté par un des barons du
cac 40…
bref je vois d’un très bon œil s’ouvrir une présidence
normale et digne, que certains pourront contraster avec le
quinquennat précédent...
D’autres point me semblent plus encourageant encore
: des accords franco-allemands sur lesquels nous ne
pouvions plus revenir? en cours de modification… les
hedge funds européens intouchables? madame merkel
vient elle même d’annoncer le contraire, nous devions
tous payer pour les banques? Un commissaire euro-
péen de plus français, michel barnier, guère socialiste
vient d’annoncer l’inverse…
s›il y a eu, par moments, de l›arrogance, je souhaite qu’elle
laisse place à la compétence!
J’ai confiance, monsieur
Hollande a les pieds sur
terre, il sait d’où il vient
et où il va. De plus il est
plein d’humour et épi-
curien, même si sa cure
d’amaigrissement ne peut
que témoigner des efforts
qu’il est prêt à fournir pour
incarner sa fonction. n
Un président normal:François Hollande
Jacques-antoine bretagnolle
Crónica
13setembro/novembro 2012 - Diplomática •
Considerada uma zona de altíssimo desenvolvimento econômico e bem-estar social,
a europa vive atualmente tempos de turbulência económica e revoltas populares
– como aconteceu em portugal com milhares de manifestantes na rua em protesto
contra as medidas de austeridade impostas pelo Governo. os mercados estão sob
ameaça do colapso e teme-se que o euro, a moeda da unidade, possa estar em risco.
Há anos que esta crise era anunciada, quando se soube que alguns países, para se
financiar, passaram a acumular dívidas. por outras palavras: gastavam mais do que
produziam. assim, a relação do endividamento sobre o pib de muitas nações do
continente ultrapassou significativamente o limite de 60%
estabelecido no tratado de maastricht, de 1992, que criou
a zona do euro. os primeiros «estremeções» remontam a
2007, quando surgiram suspeitas de que o mercado imobi-
liário dos estados Unidos vivia uma «bolha». temia-se que
bancos americanos e também europeus possuíam ativos
altamente arriscados, estabelecidos em hipotecas de baixa
qualidade. a crise de 2008 confirmou as suspeitas e levou
os governos a injetarem trilhões de dólares nas economias dos países mais afeta-
dos. a chamada troika, formada pelo Fundo monetário internacional (Fmi), comissão
europeia e banco central europeu, chegou aos países à beira do colapso, injetando
grandes meios financeiros, impondo, como contrapartida,
rigorosas condições de austeridade que tiveram o condão de
não agradar aos vários parceiros sociais.
portugal, irlanda, itália, Grécia e espanha - que formam o
chamado grupo dos piiGs - são os que se encontram em
posição mais delicada dentro da zona do euro, pois foram os
que atuaram de forma mais indisciplinada nos gastos públicos
e se endividaram excessivamente. além de possuírem elevada
relação dívida/pib, estes países acumularam pesados défices
orçamentários face à dimensão das suas economias. como não possuíam remanes-
centes de recursos (superávit), entraram no «radar» da desconfiança dos investidores.
para este ano, as projeções da economist intelligence Unit apontam défices/pib de
8,5% para portugal, 19,4% para irlanda, 5,3% para itália, 9,4% para Grécia e 11,5%
para espanha. a crise tende a alastrar e será que a europa vai resistir a mais esta
crise, a mais grave do pós 2ª Guerra mundial?
Uma questão de grande atualidade e que motiva um dos temas centrais destra
edição da revista Diplomática, através da publicação de depoimentos dos em-
baixadores Alemanha, bélgica, Estados Unidos, França, grécia, Inglaterra, Rús-
sia e Turquia e que fizeram o enquadramento da situação e apontaram soluções
para o futuro. n ➤
Crise na Europa
dossier
14 • Diplomática - setembro/novembro 2012
Os problemas com os quais a União europeia está,
atualmente, confrontada advêm da conjugação de
vários fatores: as divergências das economias dos
estados membros da zona euro ao longo da última
década, os efeitos da crise financeira e económica
sobre as finanças públicas dos estados membros já
fragilizados pelo alto nível de défice e endividamento,
e uma construção incompleta da União económica
Razão do desbalanço económico e da crise social na UE, por pascal teixeira da silva, embaixador França
e monetária (Uem) caraterizada pela ausência de
mecanismos de gestão de crise e de resgate, a pos-
sibilidade de desrespeitar as regras, uma governança
insuficiente e a falta de união bancária.
a estes problemas económicos acrescem problemas
políticos com o desenvolvimento do euro-ceticismo
junto dos cidadãos europeus e dos egoísmos nacio-
nais por parte dos estados-membros. Uma crise ➤
espaço diploMátiCo
A incerteza sobre a unidade e a determinação
da zona euro em atuar criou uma crise de confiança dentro e fora da zona euro que, por sua vez, tem agravado as dificuldades
15setembro/novembro 2012 - Diplomática •
➤ política ameaçava juntar-se a uma crise económica
e financeira. a incerteza sobre a unidade e a deter-
minação da zona euro em atuar criou uma crise de
confiança dentro e fora da zona euro que, por sua
vez, tem agravado as dificuldades.
os dirigentes da Ue e dos seus estados-membros
tomaram consciência do caráter fulcral dos desafios
que se nos apresentam. portanto, para resolver este
conjunto de problemas, trabalhámos para alcançar
três objetivos: ultrapassar a crise das dívidas so-
beranas pela aplicação de disciplinas orçamentais
(que são necessárias para reduzir o endividamento,
recuperar margens de manobra nos recursos do
estado, libertar-se da volatilidade dos mercados e da
especulação); voltar ao crescimento pois, sem ele,
não será possível pôr em ordem as contas públicas e
corremos o risco de entrar num círculo vicioso entre
austeridade e recessão; melhorar a governação da
zona euro. no plano nacional, cada estado- membro
terá de reforçar a competitividade da sua economia e
de tornar sustentáveis as suas finanças públicas e os
seus sistemas de segurança social e de saúde.
Já muito foi feito e continua a ser feito: criação de
mecanismos de resgate e solidariedade (Facilidade
europeia de estabilidade financeira – FeeF, meca-
nismo de estabilização Financeira - mee); tratado
sobre a estabilidade, a cooperação e a governança
na União económica e monetária; reforço do papel
do banco central europeu (bce), no âmbito do seu
mandato, em prol da liquidez da banca (operação
ltro) e das dívidas soberanas (operação omt);
união bancária (que inclui uma supervisão comum, a
recapitalização pelo mee, a garantia dos depósitos e
a resolução das crises) para que a crise bancária se
desligue da dívida soberana; seja cortada a ligação
entre crise bancária e dívida soberana; o pacto pelo
crescimento que mobilizará 120 mil milhões de euros
(através do bei, dos “project bonds”, dos fundos
comunitários, etc.); e o reforço dos recursos financei-
ros da Ue, nomeadamente através da criação da taxa
sobre as transações financeiras (ttF) já apoiada por
vários países da Ue.
Foi vital dar sinais da irreversibilidade do euro e da
integridade e estabilidade da zona euro. porque, o
que está em jogo, não é apenas o futuro de uma zona
monetária, mas o próprio destino da Ue.
a médio prazo é preciso ir mais além com a “integra-
ção solidária” pois a integração económica e política
e a solidariedade devem avançar ao mesmo ritmo.
o presidente do conselho europeu, Herman van
rompuy, está encarregado de fazer propostas sobre
o futuro da Uem as quais podem incluir uma união
orçamental (com um ministro das finanças europeu,
um orçamento comum da zona euro com recursos
fiscais próprios e a capacidade de emitir eurobonds
para financiar despesas prioritárias da zona euro);
a harmonização fiscal; a convergência social; e
mais legitimidade democrática nas instituições e nos
procedimentos de tomada de decisão pois, quanto
maior for a integração, maior será o envolvimento dos
cidadãos europeus.
este aprofundamento da integração solidária na zona
euro levanta a questão das relações entre os 17 e
os 10. É claro que a europa vai evoluir no sentido
de uma geometria variável. os que quiserem ir mais
longe e mais rápido deverão poder fazê-lo através de
cooperações reforçadas. será necessário inventar
novas formas de articulação entre o cerne (a zona
euro) e aqueles que quiserem ficar de fora.
não nos enganemos: a tarefa é dificílima, está ain-
da muito por fazer, mas a visão e a determinação
existem. resta agora convencer tanto os cidadãos
europeus que ainda duvidam, como o resto do mun-
do (mercados financeiros, parceiros económicos).
perante as gerações vindouras, não temos o direito
de sacrificar tudo o que foi feito durante os últimos
sessenta anos para segurar a paz e a prosperidade
no continente europeu. n
A incerteza sobre a unidade e a determinação da zona
euro em atuar criou uma crise de confiança dentro e fora da zona euro que, por sua vez, tem agravado as dificuldades
16 • Diplomática - setembro/novembro 2012
“Quais são as razões para a atual crise econó-
mica e social na União Europeia e qual poderia
ser o caminho para a resolução dos problemas
atuais?”
esta pergunta foi colocada aos comentadores pela
“Diplomática” no início do verão. se as respostas
fossem fáceis, muito menos tinta teria corrido nos
últimos três anos e nós, os leigos, talvez ainda
acreditássemos na economia como ciência exata.
mas com as decisões da cimeira europeia de Ju-
nho, marcada por compromissos consideráveis, já
demos passos importantes em direção a respostas
plausíveis.
no que diz respeito às razões da crise atual, es-
tamos mais próximos de uma convergência dos
pontos de vista: estas razões são múltiplas e com-
plexas e diferem, se olharmos para cada um dos
países diretamente afectados pela crise. nalguns
casos, o papel representado por bancos impruden-
tes e a falta de controlo do sistema bancário são
preponderantes; noutros, um nível insustentável
da dívida soberana constitui a raíz do problema. É
também nestes países que podemos falar de uma
crise social, mas certamente não em toda a zona
euro.
tornou-se claro que a crise não é apenas o pro-
blema de alguns países. o nível de desequilíbrios
atingido dentro da zona euro está a ameaçar a sua
estabilidade como um todo. as diferenças na per-
formance económica e o desrespeito pelas regras ➤
A rota está balizadaHelmut elfenkämper, embaixador da alemanha
T ornou-se claro que a crise não é apenas o
problema de alguns países. O nível de desequilíbrios atingido dentro da zona euro está a ameaçar a sua estabilidade como um todo.
espaço diploMátiCo
17setembro/novembro 2012 - Diplomática •
➤ que tínhamos acordado trouxeram-nos até onde
nos encontramos. as falhas na construção de todo
o sistema tornaram-se visíveis.
actualmente confrontamo-nos com uma confiança
abalada quanto à capacidade de alguns estados-
-membros em encontrarem um caminho para a saí-
da da crise. É por isto que têm o apoio dos outros.
na qualidade de membros de uma moeda única,
temos de assegurar e reconquistar a confiança de
múltiplas direcções: dos mercados financeiros, dos
contribuintes e dos parlamentos dos estados-mem-
bros que atuam como fiadores.
a cimeira de Junho decidiu avançar com uma equi-
librada mistura de medidas de solidariedade, com-
binadas com salvaguardas e contrapartidas, como
a supervisão bancária europeia e o apoio concreto
para os esforços dos países membros afetados
pela crise por forma a reconquistar a sua força eco-
nómica e competitividade.
o programa de 120 mil milhões de euros para pro-
mover o crescimento e reduzir o desemprego entre
os jovens é uma destas medidas concretas.
É compreensível que o interesse público se tenha
focado nas decisões do conselho que servem para
aliviar rapidamente o fardo financeiro crescente em
que estavam a incorrer alguns parceiros.
o trabalho conceptual submetido ao conselho de
outubro pelo presidente van rompuy está atual-
mente a ser integrado nas preparações da cimei-
ra de Dezembro. com ela, vamos tomar mais um
passo rumo a uma “verdadeira união económica e
financeira”. com estes desenvolvimentos, a gestão
da crise da União ganha uma nova qualidade, para
além das respostas a problemas de curto prazo – e
que muito provavelmente continuarão a ser neces-
sárias no futuro – estamos a encetar reformas a
longo prazo, que resultarão numa nova forma de
integração nas nossas políticas monetárias e eco-
nómicas.
na cimeira de Junho, o conselho europeu deu uma
resposta aos que têm duvidado da vontade dos eu-
ropeus de estabelecer uma verdadeira união e que
têm apostado na desintegração da zona euro.
a concretização de uma verdadeira união exigirá
um novo e prolongado esforço político que necessi-
ta do apoio e do consentimento dos cidadãos e dos
parlamentos da europa. aquilo que introduzimos
na atual arquitetura da Ue com base nas decisões
de Junho, tem que obrigatoriamente ser sólido e
conceptualizado para enfrentar melhor as crises
futuras. a solidez supera a pressa.
Há já algum tempo que o navio europeu navega
em águas agitadas e, em parte, desconhecidas;
com algumas máquinas em reparação, incêndios
ocasionais a bordo, ventos contrários e fendas que
tiveram de ser reparadas em alto-mar – desafios
não muito diferentes dos que tiveram de ser enfren-
tados pelos descobridores quando estes partiram
para o desconhecido.
por agora, a equipa de combate a incêndios terá de
continuar em alerta, enquanto a equipa de repara-
ção prossegue o trabalho e a cadeia de comando
está a ser parcialmente reorganizada, com mais
competências para a comissão. as caravelas
tinham apenas um capitão. na europa ainda esta-
mos a aprender a viver com um comando coletivo,
e a tripulação e os passageiros querem que as
suas opiniões sejam tidas em consideração para a
definição do curso futuro.
mas a rota em direcção a águas mais seguras
parece agora melhor balizada. continua a ser uma
longa rota, como afirmou o presidente barroso pe-
rante o parlamento europeu: “não nos esqueçamos
que este é um ‘trabalho em curso’. não existe uma
fórmula rápida ou mágica, e não haverá soluções
mágicas. a magnitude da ordem de trabalhos do
conselho europeu ilustra a magnitude do trabalho
que ainda temos pela frente”. n ➤
N a qualidade de membros de uma união monetária,
temos de assegurar e reconquistar a confiança em mais do que uma direcção.
18 • Diplomática - setembro/novembro 2012
“What are the reasons for the present economic
and social crisis in the European Union and what
might be the way to solve current problems?”
this question was put by “Diplomática” before the
commentators in early summer. if the answers were
easy, a lot less ink would have flown in the last three
years, and we laymen would perhaps still believe in
economics as a hard science.
but with the June european summit which was ma-
rked by major compromises, we have taken important
steps towards plausible answers.
as to the reasons of the ongoing crisis, we have come
closer to converging views: these reasons are multi-
ple and complex, differing when you look individually
at the countries directly affected. in some cases, the
role played by imprudent banks and lack of control
of the banking system are preponderant, in others,
an unsustainable level of sovereign debt. it is also in
these countries that we can speak of a social crisis,
but certainly not in the entire euro zone.
it has become clear that the crisis is not only the
problem of some countries. the level of imbalances
reached within the zone is threatening its stability as a
whole. Differences in economic performance and dis-
respect for previously agreed-upon rules have brought
us to this situation. systemic construction failures
have become visible.
We face today a shaken confidence in the capacity
of some member countries to find their way out of the
crisis. that is why they get the support of the others.
as members of a single currency, we have to insure
and regain confidence in more than one direction: the
confidence of the financial markets and that of the tax
payers and parliaments of those member states who
act as guarantors.
to achieve that, the June summit decided on a ba-
lanced mix of measures of solidarity, combined with
checks and balances like the european banking su-
pervision and concrete support for the efforts of crisis-
-stricken members to regain their economic strength
and competitiveness.
the 120 billion euro program to promote growth and
reduce youth unemployment is one such concrete
measure.
Understandably, the focus of public interest has been
on those council decisions which aimed at alleviating
rapidly the growing financial burden that some part-
ners were incurring.
the conceptual groundwork submitted by president
van rompuy to the october european summit is
currently being integrated into the preparations for
the December european summit. this will become a
decisive step towards a “true economic and financial
Union”. With these developments, the Union’s crisis
management is acquiring a new quality: beyond mea-
sures that aim at giving answers to short-term proble-
ms – and which will in most likelihood remain neces-
sary in the future – we are embarking on long term
reforms that will result in a new quality of integration
in our monetary and economic policies.
the June european council provided an answer to
the doubts about the will of the europeans to become
a true Union and have been betting on the disintegra-
tion of the euro zone.
the realization of a true Union will require a new and
lasting political effort that needs the support and con-
sent of the citizens and parliaments of europe. What
we will build into the existing eU-architecture, based
on the June decisions, must be necessarily solid and
better at withstanding future crises. solidity trumps
haste.
the eU-ship has been travelling for some time throu-
gh rough and partly uncharted waters, with some en-
gines under repair, occasional fires on board fanned
by strong headwinds and with leaks that had to be
plugged whilst on high seas – challenges not unlike
those taken up by the discoverers when they set out
into the unknown.
For the time being, the fire fighting crew will have to
remain on alert while the repair crews carry on and
the chain of command is being partly re-organized
with more competences for the commission. the
caravels had one captain. in europe, we are still
learning to live with a collective command, and the
crew and passengers want their views to be taken into
account as to the future course
but the route to safer waters seems better marked
now. it is still a long one, as president barroso put
it before the european parliament: “let us recall that
all of this is work in progress. there is no quick fix
and magic fix, and there will be no magic solutions.
the magnitude of the agenda of the european cou-
ncil illustrates the magnitude of the work that is still
ahead”. n
The route is marked outby Helmut elfenkämper, German ambassador
espaço diploMátiCo
19setembro/novembro 2012 - Diplomática •
VINHOS DA CASA ERMELINDA FREITAS69 PRÉMIOS EM 2012
De Janeiro a maio de 2012 a casa ermelinda Freitas já ganhou 67 prémios nacionais e internacionais nos maiores e mais
prestigiados concursos de vinhos mundiais.
É o seu melhor ano de sempre, com 14 medalhas de ouro, 34 de prata e 21 de bronze. tem sido constantemente uma das
adegas portuguesas mais premiadas por esse mundo fora ainda na semana passada, no concurso mundial “les citadelles
du vin”, anunciado na feira de vinhos vinexpo em Hong Kong, china, ganhou 5 medalhas de ouro e 1 de prata tendo sido
mais uma vez uma das empresas portuguesas mais premiadas. além dos seus famosos tintos como é o syrah, o touriga
nacional, o merlot ou o Quinta da mimosa até o seu espumante bruto reserva ganhou ouro neste prestigiado concurso,
sendo claramente uma das raras vezes que um espumante português alcança tamanha distinção. a Qualidade não se diz,
comprova-se! È isto que a casa ermelinda Freitas tem feito nos últimos anos e com grande sucesso cá e lá fora!
Medalha de Ouro:• Dona Ermelinda Branco 2011, medalha de ouro no concurso da Comissão Região Península de Setúbal em Palmela;
• Quinta da Mimosa 2009, medalha de ouro no concurso Citadelles du Vin em Bordéus e no concurso da Comissão Re-
gião Península de Setúbal em Palmela;
• Casa Ermelinda Freitas Touriga Nacional 2010, medalha de ouro no concurso Citadelles du Vin em Bordéus;
• Casa Ermelinda Freitas Syrah 2010, medalha de ouro no concurso Citadelles du Vin em Bordéus e no concurso La
Selezione del Sindaco em Terme (Itália);
• Casa Ermelinda Freitas Alicante Bouschet 2010, medalha de ouro no concurso da Comissão Região Península de Setúbal
em Palmela;
• Casa Ermelinda Freitas Trincadeira 2010, medalha de ouro no concurso Vinalies Internationales em Paris;
• Casa Ermelinda Freitas Merlot 2010, medalha de ouro no concurso Concours Mondial de Bruxelles em Guimarães e no
concurso Citadelles du Vin em Bordés;
• Casa Ermelinda Freitas Petit Verdot 2010, medalha de ouro no concurso Concours Mondial de Bruxelles em Guimarães;
• Casa Ermelinda Freitas Espumante Bruto Reserva 2009, medalha de ouro no concurso Citadelles du Vin em Bordéus;
• piscadela reserva 2010, medalha de ouro no concurso challenge international du vin em bordéus e no concours
mondial de bruxelles em Guimarães.
20 • Diplomática - setembro/novembro 2012
Penso que a principal razão da crise que vive-
mos está precisamente na definição do título do
artigo. temos uma europa económica (e, até um
certo ponto social) mas não temos uma europa
política. noutras palavras criamos uma união
económica e financeira, criando o euro mas sem
criar instituições suficientemente sólidas para
administrá-las.
outro erro foi alargar muito a europa sem, ao
mesmo tempo, aprofundar e consolidar as insti-
tuições. não quero dizer que não deveríamos ter
alargado a Ue aos países do ex-bloco soviético
que agora a integram. os estonianos e os Hún-
garos são tão europeus como os belgas o os
Gregos, mas penso que as instituições europeias
criadas em 1958 por uma comunidade de 6
membros já não correspondiam ao que se preci-
sava para um grupo de 27 no século XXi.
a crise atual não partiu da europa mas dos ➤
c riamos uma união económica e financeira,
com o Euro mas sem criar instituições suficientemente sólidas para administrá-las.
Desbalanço económico e da crise social na União Europeia por Jean-michel veranneman, embaixador da bélgica
espaço diploMátiCo
21setembro/novembro 2012 - Diplomática •
➤ estados Unidos onde algumas regras ele-
mentares de boa gestão foram desrespeitadas.
logo depois, as agências de notação pioraram a
situação quando divulgaram apreciações exa-
geradamente negativas sobre as finanças de
alguns países europeus para restablecer suas
próprias credibilidades afetadas. não digo que a
Grécia ou portugal ou outros, a bélgica inclusive,
não tenham sido pródigos, e uma crise financeira
talvez era inevitável, mas, uma vez a confiança
dos mercados abalada, tudo pode acontecer. e
aconteceu.
a crise de 1929 acabou um dia e a crise atual
mais cedo ou mais tarde irá também acabar. não
O nosso continente, onde afinal todas as ideias políticas
nasceram (a democracia, o liberalismo, e também infelizmente o comunismo e o nacionalismo) saberá criar as suas instituições próprias “sui generis”, nascidas pragmaticamente das necessidades do momento.
acredito no fim do euro e ainda menos no fim da
Ue. mas penso que temos primeiro que parar de
alargar a União até os membros atuais puderem
restablecer uma certa estabilidade. além disto
penso que se tornou inevitável os países do Gru-
po euro dotarem-se de instituições mais políticas
e mais constrangedores com poderes para conter
défices exagerados dos membros. isto, com a
ausência de interesse numa maior integração de
alguns membros como o reino Unido, nos levará
para uma europa a duas velocidades: um “inner
core” com instituições mais fortes e politicamen-
te mais integradas e um “outer group” de esta-
dos que só farão parte da união aduaneira e de
alguns outros acordos ad hoc. o primeiro grupo
de países será a vanguarda de uma verdadeira
integração política.
a califórnia ou nova iorque estão ou já estive-
ram em situações financeiras bem piores do que
a maioria dos países europeus mediterrâneos,
mas ninguém falou em expulsá-los da zona
Dollar. isto porque existem instituições federais
fortes que sustentam, fiscalizam e orientam toda
esta zona que corresponde à instituição política
que são os estados Unidos. o nosso continente,
onde afinal todas as ideias políticas nasceram (a
democracia, o liberalismo, e também infelizmente
o comunismo e o nacionalismo) saberá criar as
suas instituições próprias “sui generis”, nascidas
pragmaticamente das necessidades do momento.
sempre foi assim desde 1945, desde que para
se acabar de uma vez por todas com as terríveis
guerras que tinham abalado e enfraquecido o
nosso continente, seis países, os membros fun-
dadores, resolveram pôr em comum uma parte
de suas soberanias. a “europa” nunca foi conce-
bida para ser somente económica mas também
política.
a europa não precisa de se integrar da mesma
maneira que os estados Unidos, nem imitar a
constituição daquele país. as realidades econó-
micas, políticas, culturais e históricas são funda-
mentalmente diferentes.
espero e penso que portugal, cujos esforços
impressionantes para diminuir o endividamento
nos últimos meses não ficaram despercebidos,
irá integrar o primeiro grupo. merece. n
22 • Diplomática - setembro/novembro 2012
A crise da dívida que afetou a europa no segun-
do semestre de 2008, cuja natureza foi clara-
mente sistémica, segundo foi comprovado mais
tarde, trouxe à cena, embora com algum atraso,
as debilidades intrínsecas da Uem. além disso,
os dados financeiros da zona euro não estavam
Diagnóstico e políticas de austeridade agravam crise por vassilios costis, embaixador da Grécia
num estado particularmente complicado, compa-
rados aos dos eUa, do Japão ou do reino ➤
➤ Unido. a crise agravou-se tanto devido ao diag-
nóstico inicialmente errado, como às políticas de
austeridade que intensificaram a recessão.
Já se tornou perceptível que se trata de uma
A crise agravou-se tanto devido
ao diagnóstico inicialmente errado, como às políticas de austeridade que intensificaram a recessão.
espaço diploMátiCo
23setembro/novembro 2012 - Diplomática •
crise dupla, do setor bancário e da balança de
pagamentos. a crise da balança de pagamentos
entre os estados-membros foi provocada pela
grande falta de equilíbrio na competitividade en-
tre os estados-membros, os ritmos divergentes
de desenvolvimento na procura interna, a acu-
mulação dos défices e os fluxos internacionais
de dívida conseguintes. a crise bancária teve as
suas raízes na exposição e nos riscos financei-
ros assumidos pelos bancos europeus no mer-
cado americano de créditos hipotecários de alto
risco, que se tornou visível em 2007.
os esforços realizados até ao momento, que na
sua esmagadora maioria apontam para o reforço
adicional da disciplina orçamental, provaram-se
insuficientes para convencer os mercados, uma
vez que faziam face à crise de forma fragmen-
tada e com bastante atraso, enquanto aumenta-
vam a recessão, reduzindo a procura interna e o
emprego. no entanto, é positivo o facto de que
nos últimos conselhos europeus está a ser rea-
lizado um esforço de compensação da disciplina
orçamental com ações de desenvolvimento, com
o recente conselho europeu (28-29/6) a atingir o
ponto culminante, no qual os chefes de estado e
de Governo adotaram o pacto para o crescimen-
to da europa, no montante de 120 mil milhões de
euros.
certamente, ao mesmo tempo com as medidas
de crescimento que visam aliviar as consequên-
cias da política orçamental restritiva, prevalece
já a convicção, a nível mundial, de que a saída
da crise virá só com o aprofundamento da União
económica e monetária, passos que foram dados
pelo último conselho europeu com a decisão da
recapitalização dos bancos e a previsão da pos-
sibilidade de compra de obrigações no mercado
secundário pelo mee (mecanismo europeu de
estabilidade). várias versões e propostas estão
a ser expressas relativamente à integração da
Uem, centradas na coordenação e na unificação
das políticas dos estados-membros, no reforço
do papel da bce ou na criação de novas institui-
ções direcionadas para a Unificação económica
e monetária total (supervisão bancária, gestão
comum de dívidas, coordenação mais estreita
dos orçamentos, política tributária, até mesmo
união política).
a curto prazo, no entanto, a resolução da crise
requer a recapitalização dos bancos e a equili-
bração simétrica na zona euro, duas frentes que
se podem enfrentar com sucesso, apenas se, ao
mesmo tempo, se mantiver o crescimento eco-
nómico. numa economia de grandes dimensões,
como a da zona euro, tal implica manter o au-
mento da procura interna. o enfrentar da situa-
ção da zona euro de modo errado como «crise
da dívida pública», considerando que o único
saneamento é a austeridade e a deflação dos
salários, principalmente nos países regionais,
contribuiu para uma crise de crescimento auto-
provocada que se juntou a uma situação econó-
mica já desfavorável, oriunda da crise bancária e
dos desequilíbrios comerciais.
relativamente à crise grega que, embora sendo
parte da crise sistémica, tem caraterísticas par-
ticulares, e tendo em conta que permanecer na
zona euro constitui a única via para a Grécia, a
solução pode ser dada mediante a renegociação
de termos do memorando e a correção das polí-
ticas de recessão (com a condição, obviamente,
de cumprir as obrigações assumidas), a tentativa
de um aprofundamento rápido da Uem para uma
solução europeia ao problema, bem como a ado-
ção de medidas de crescimento imediatas, com
vista à contenção da recessão. n
A resolução da crise requer a recapitalização
dos bancos e o equilíbrio simétrico na zona euro
24 • Diplomática - setembro/novembro 2012
Gostaria de começar por dizer que é do interes-
se nacional do reino Unido pertencer à União
europeia. integrar a eU é fundamental para criar
empregos no nosso país, fazer crescer as trocas
comerciais e proteger os nossos interesses no
mundo. mas a europa tem que estar preparada
para enfrentar os desafios do século XXi. a eU
tem sido um elemento de paz e estabilidade no
mundo, contribuindo positivamente para o de-
senvolvimento, na medida em que os mercados
livres e a inovação tecnológica têm ajudado a
retirar milhões de pessoas da pobreza. mas ➤
I ntegrar a EU é fundamental
para criar empregos no nosso país, fazer crescer as trocas comerciais e proteger os nossos interesses no mundo.
Europa tem que estar preparada para enfrentar os desafios do século XXI por Jill Gallard, embaixadora britânica
espaço diploMátiCo
25setembro/novembro 2012 - Diplomática •
➤ precisa de se reformar para fazer face aos
desafios da globalização, estabilidade da zona
euro e legitimidade democrática.
Uma das consequências da globalização é a
transferência da riqueza e do poder para as
economias emergentes, o que obriga a europa
a realizar reformas estruturais para promover o
emprego e gerar crescimento. precisamos de
ser mais abertos, mais dinâmicos e de reduzir o
peso da legislação desnecessaria para sermos
mais competitivos à escala global. as nações
europeias têm muito a ganhar se atuarem em
conjunto de forma a projetarem a sua influência
nas questões de natureza global, tais como o
comércio e a segurança.
a crise na zona euro intensificou o debate so-
bre o futuro da europa em todos os países e o
reino Unido não é exceção. o Governo britânico
não tenciona aderir ao euro, mas a estabilidade
e o crescimento na zona euro são vitais para a
nossa recuperação económica, visto que 40%
das nossas exportações vão para estes países.
temos todo o interesse em que os nossos vi-
zinhos na zona euro sejam bem sucedidos na
resolução das suas dificuldades e o reino Unido
irá apoiar as medidas necessárias, que permi-
tam simultaneamente assegurar a integridade do
mercado único e contribuir para uma regulação
mais eficaz do setor financeiro.
É importante também preservar a democracia e a
legitimidade ao longo deste processo. recentes
eleições na europa têm demonstrado que a ima-
gem positiva da eU caiu de 52% em 2007 para
31% em 2011. sem as raízes que sustentam as
democracias nacionais, é ainda mais importante
que a União europeia aborde a exigência legíti-
ma de uma maior responsabilização, transparên-
cia, eficiência e rigor na gestão.
não podemos esquecer os grandes desafios
sociais com que se defrontam vários países eu-
ropeus, em consequência da crise económica e
do crescente envelhecimento das populações. a
única resposta duradoura para estes problemas
será assegurar o crescimento das economias.
Dai a necessidade de redobrarmos os esforços
no sentido de criar o ambiente ideal para empre-
endedores e inovadores comercializarem as suas
ideias e criarem postos de trabalho. o mercado
único tem sido uma das maiores forças promoto-
ras da prosperidade na europa e o reino Unido
está muito empenhado no seu aprofundamento
e em reduzir o peso de legislação desnecessária.
acreditamos que o futuro da Ue passa pela con-
tinuação dos mecanismos de geometria variável,
e diferentes níveis de integração, que devem
tornar a eU mais eficaz e mais flexível. o rei-
no Unido optará por não fazer parte de alguns
projetos, tais como schengen ou o euro, mas
continuará a desempenhar um papel de relevo
no aprofundamento do mercado Único e em prol
do comércio livre e do alargamento. não deve-
mos recear a mudança, mas encarar as gran-
des alterações na economia mundial como uma
oportunidade.
Uma europa dinâmica, virada para o crescimento
e aberta ao alargamento, pode proporcionar-nos
uma prosperidade sustentável. e queremos tra-
balhar com portugal para atingir este objetivo. n
As nações europeias têm muito a ganhar se atuarem
em conjunto de forma a projetarem a sua influência nas questões de natureza global, tais como o comércio e a segurança.
26 • Diplomática - setembro/novembro 2012
Há quatro anos o mundo enfrentou uma cri-
se inédita. o impacto de caráter claramente
global, cujas consequências podem ser vistas
ainda hoje, de uma forma ou de outra, afetou
todos sem exceção. a economia mundial em
geral e a zona euro em particular estão a viver
atualmente em condições de incerteza. além de
remediar a situação financeira grave em cer-
tos países, a maioria dos estados-membros da
União europeia tem de encontrar um balanço
racional entre, por um lado, a necessidade de
introduzir a consolidação fiscal seguindo uma
política de austeridade e, por outro, garantir
emprego, crescimento da economia, resolver
problemas sociais, mantendo a estabilidade dos
sistemas de pensões.
além disso os problemas que surgem com a
banca, as especulações em grande escala, que ➤
A busca de um balanço racional por pavel petrovskiy, embaixador da rússia
A União Europeia tem de encontrar um balanço
racional entre a necessidade de introduzir a consolidação fiscal seguindo uma política de austeridade e garantir emprego, crescimento da economia, resolver problemas sociais, mantendo a estabilidade dos sistemas de pensões
espaço diploMátiCo
27setembro/novembro 2012 - Diplomática •
➤ volta e meia fazem os mercados desmoronar,
mostram que a arquitetura financeira ainda per-
manece subreformada, contendo muitas diver-
gências e riscos internos. ao mesmo tempo ela
ainda não conseguiu um “terreno sólido debaixo
dos pés”, ou seja não está vinculada aos ativos
e valores reais. pelo contrário, a dinâmica dos
mercados financeiros tem se desviado ultima-
mente ainda mais dos índices fundamentais
do setor real da economia. isso cria condições
adicionais para o aumento da desconfiança e
instabilidade gerais os quais podem, como já
sabemos, levar a uma vaga do pânico financei-
ro.
a par dos défices financeiros e orçamentais há,
lamentavelmente, um “défice” de ações decisi-
vas. vimos que muitas medidas óbvias e funda-
mentais são adiadas devido ora às divergências
políticas, partidárias e de grupos de interesse,
ora por motivos da situação corrente na política
interna, ou na agenda internacional nas princi-
pais economias do mundo. entretanto, meias
medidas só agravam a situação.
os fenómenos da crise, infelizmente, ainda
não são localizados. naturalmente os indícios
de abrandamento da atividade empresarial, a
perda do dinamismo económico tornam-se cada
vez mais evidentes também nas economias
emergentes. ao mesmo tempo, os resultados
das eleições na Grécia, um forte empenho das
autoridades da comissão europeia, da União
europeia em geral e de, alguns maiores esta-
dos europeus para impor a austeridade e eli-
minar desequilíbrios na economia inspiram um
otimismo prudente.
a rússia considera que são necessárias as
medidas coordenadas de caráter urgente, vin-
culadas rigorosamente aos índices fundamen-
tais do sector real da economia, com vista a
«sanear» as finanças globais. o caráter global
da economia mundial, quando todos dependem
uns dos outros, implica hoje também a respon-
sabilidade global, antes de mais, certamente,
por parte das principais economias do mundo.
elas não só devem agir juntas implementando
uma política coordenada, mas também estar
cientes de que as soluções tomadas ao ní-
vel nacional refletem-se na situação ao nível
global.
apesar de todos os problemas conhecidos da
zona euro, a Federação da rússia mantém uma
parte considerável das suas reservas precisa-
mente e no euro e não empreende quaisquer
passos unilaterais que possam agravar o esta-
do já muito pesado da moeda única europeia. o
presidente da rússia vladimir putin, no quadro
do 16º Fórum económico internacional de são
petersburgo que decorreu em Junho deste ano,
sublinhou que a rússia “entende que hoje o
bem-estar de todo o mundo depende em gran-
de parte das ações dos líderes da zona euro.
por isso nós vamos apoiar os nossos parceiros
europeus tendo em conta a união dos nossos
objetivos de longo prazo”. n
A Rússia considera que são necessárias as medidas
coordenadas de caráter urgente, vinculadas rigorosamente aos índices fundamentais do setor real da economia, com vista a «sanear» as finanças globais
28 • Diplomática - setembro/novembro 2012
O século XXi ensinou várias lições ao mundo
globalizado através de uma série de crises econó-
micas. estas crises alertaram o mundo para a sua
vulnerabilidade e para a necessidade urgente de
uma sólida governação económica global. inúme-
ros debates sobre as implicações e as soluções
para a crise atual do euro têm ocorrido não só na
Ue mas também por todo o mundo, incluíndo na
turquia.
na verdade, a crise da dívida soberana euro-
peia afetou países de todo o mundo. embora os
efeitos da situação atual na europa se façam
sentir em certa medida de um modo mais forte
em países como a china e os eUa, o certo é que
num mundo globalizado nenhum país está imune
aos problemas da europa. no pior dos cenários o
banco mundial estima para a zona euro que o pib
global poderá reduzir-se 1,5% em 2012 e 0,9%
em 2013. Desconhece-se ainda quando e como
a crise da dívida soberana europeia poderá ser
resolvida mas claramente a economia global está
em perigo.
christine lagarde, diretora do Fmi, advertiu
recentemente que todos os países do mundo
são vulneráveis à crise do euro e se as medidas
necessárias não forem tomadas a atual situação
poderá transformar-se noutra semelhante à dos
anos de 1930. isto é de fato uma realidade se
considerarmos todos os possíveis efeitos dominó
decorrentes da crescente interdependência mun-
dial. De acordo com o Fmi a gravidade dos efeitos
dominó no resto do mundo depende da resposta
política. cimeira após cimeira é exatamente esta
resposta que os líderes da Ue tentam alcançar.
Quando o euro surgiu era mais do que um símbo-
lo da União europeia; era igualmente o símbolo
da unidade e prosperidade europeias com poten-
ciais efeitos positivos para o resto da economia
global. a primeira década do euro foi um suces-
so tendo mesmo levado a que outras regiões do
mundo eventualmente considerassem unir-se em
torno de uma moeda única.
na altura em que os líderes da Ue aprovaram o
euro a decisão não foi apenas económica mas
também política. isto porque o euro tem sido um
dos símbolos de negociação contínua entre inter-
-governamentalistas e federalismo acentuando ➤
Uma Lição a Aprender com a Crise Atual do Euro: Amat Victoria Curam / A Preparação é amiga do Sucesso por ali Kaya savut, embaixador da turquia
D e acordo com o FMI a gravidade dos efeitos dominó
no resto do mundo depende da resposta política.
espaço diploMátiCo
29setembro/novembro 2012 - Diplomática •
➤ o processo de integração europeia em geral. a
criação do euro foi assim o triunfo dos federalis-
tas, pelo menos superficialmente.
por outro lado a teoria económica claramente
afirma que para uma União monetária ser bem su-
cedida tem de existir uma plena união económica
de forma a que moeda possa ter uma base sólida.
no entanto no processo de tomada de decisão, e
no caso do euro, a racionalidade económica foi
secundária. outra questão económica importante
foi e contínua a ser o fosso entre países do norte
e do sul da Ue. com a introdução do euro e na
ausência de uma plena união económica estes
desiquilíbrios só aumentaram, especialmente
após a recente crise financeira global. os líderes
europeus tomaram uma decisão sem uma ade-
quada preparação e assim o título explica a atual
crise económica e social na europa: “a prepara-
ção é amiga do sucesso”.
a crise económica e a complexidade de respostas
políticas apropriadas conduzem ao aumento dos
problemas sociais na europa. nas sociedades eu-
ropeias individuais esta crise já acentuou o fosso
entre “os que têm muito” e os “que não têm nada”
possibilitando a ascensão de partidos políticos ex-
tremamente populistas e radicais. consequente-
mente tal exige uma eficaz gestão de mudança no
conjunto da Ue quanto a mecanismos de tomada
de decisão evitando-se nos estados-membros o
aprofundamento quer de problemas sociais como
outros a nível político.
a turquia, como país candidato à Ue, observa
de perto todos estes desenvolvimentos. Desde
1996 beneficia de uma união aduaneira com a
Ue e desde então a sua economia cresceu muito
próxima à Ue. a Ue é responsável por aproxima-
damente 40 por cento das exportações da turquia
e pela grande maioria dos investimentos directos
estrangeiros na turquia. a economia turca atingiu
taxas de crescimento recorde tornando-se recen-
temente, e a seguir à china, na segunda econo-
mia mundial. em Junho de 2012 a moody´s subiu
o “rating” da dívida soberana turca impulsionando
a sua economia em plena crise do euro. o atual
déficit corrente que foi de 10% do pib em 2011,
prevendo-se diminuição para 8% em 2012, é
considerado para a economia turca como a prin-
cipal fraqueza. se o atual déficit corrente diminuir
é expectável que o “rating” da turquia suba para
taxa de investimento tornando o país mais resis-
tente a choques externos. consequentemente e
apesar da sua economia estar em expansão a
turquia ainda não é totalmente imune à crise da
zona euro.
resumindo, a Ue enfrenta a crise atual por causa
da tomada de decisão política sem plena união
económica. as possíveis soluções já foram articu-
ladas pela própria Ue não sendo por isso neces-
sário aqui repeti-las. o importante não é o enume-
rar medidas mas sim implementá-las eficazmente
tendo em conta as respostas públicas à austerida-
de e a outras medidas. por sua vez, isto definirá o
futuro da Ue e dos seus mecanismos de tomada
de decisão podendo o inerente défice democráti-
co ser solucionado juntamente com os problemas
económicos estruturais. como tal, as respostas
políticas poderiam ser uma janela de oportunida-
de para combater as disparidades sociais e forta-
lecer a Ue de uma vez por todas. para o sucesso
de todos os processos económicos, políticos e
sociais a Ue tem pela frente um enorme trabalho;
amat victoria curam. n
A teoria económica claramente afirma que para uma
União Monetária ser bem sucedida tem de existir uma plena união económica de forma a que moeda possa ter uma base sólida.
30 • Diplomática - setembro/novembro 2012
Em 2012 e daqui por diante, o grande desafio da
américa será promover a nossa liderança global
num período em que o poder se mede e é exer-
cido, muitas vezes, em termos económicos. nas
palavras da secretária de estado Hillary clinton, “a
economia é estratégia e a estratégia é economia”.
para responder a este desafio, os estados Unidos
colocaram aquilo a que chamamos “diplomacia
O Bem-Estar Económico da Europaé Benéfico para os EUA por allan J. Katz, embaixador dos e.U.a.
económica” [“economic statecraft”] no centro da
sua política externa. a diplomacia económica tem
dois componentes: primeiro, o modo como utili-
zamos os instrumentos da economia global para
fortalecer a nossa diplomacia e a nossa presença
externa; e, em segundo lugar, a forma como usa-
mos essa diplomacia e presença para fortalecer a
economia do nosso país. estamos, portanto, a ➤
América e Europa representam
metade do output económico mundial, mas apenas um terço do comércio global. Podemos e devíamos estar a fazer mais trocas comerciais.
espaço diploMátiCo
31setembro/novembro 2012 - Diplomática •
➤ aprimorar a nossa capacidade de desenvolver e
aplicar soluções económicas em desafios estra-
tégicos e a preparar os nossos diplomatas para
terem um melhor entendimento sobre economia,
finanças e mercados.
Fortalecer as dimensões económicas de algumas
das nossas relações mais próximas é uma pedra
basilar da nossa diplomacia económica. Juntas,
américa e europa representam metade do output
económico mundial, mas apenas um terço do co-
mércio global. podemos e devíamos estar a fazer
mais trocas comerciais. e é neste contexto que
estamos a desenhar uma agenda ambiciosa para
uma liderança económica conjunta com a europa,
tão fundamental quanto a nossa cooperação ao
redor do globo na área da segurança.
em portugal, estamos a construir laços comerciais
fortes e importantes ao identificar os obstáculos
ao comércio nos dois sentidos e aos fluxos de
investimento e ao propor soluções viáveis. a nossa
cooperação comercial bilateral também se está
a expandir por efeito da posição única de portu-
gal como uma efetiva porta de entrada na áfrica
lusófona para empresas americanas que procuram
maiores níveis de acesso aos mercados lusófonos
emergentes. em maio, a embaixada promoveu o
access africa Forum, que reuniu empresas por-
tuguesas e americanas com o objetivo de inten-
sificar as trocas comerciais e o investimento em
moçambique, através de parcerias empresariais e
joint-ventures. Já começámos a planear eventos
semelhantes para o próximo ano.
a nossa visão de diplomacia económica engloba
vários temas que vão para além da economia tra-
dicional, nomeadamente energia, empowerment fe-
minino e empreendedorismo global. norteados por
estes objetivos mais abrangentes, aprofundámos a
nossa cooperação com portugal em temas relacio-
nados com ciência, tecnologia, energia e ambien-
te. as parcerias entre universidades americanas
e portuguesas permitiram a portugal servir como
país onde são testados novos conceitos e produtos
nas áreas da engenharia, tecnologia da informação
e ciências naturais. além disso, as atividades da
comissão Fulbright e da Fundação luso-ameri-
cana para o Desenvolvimento continuam a criar
fortes laços entre americanos e portugueses que,
por sua vez, lideram o esforço para um cada vez
maior entendimento mútuo e maximizam as opor-
tunidades de parcerias público-privadas.
estamos a promover estas e outras iniciativas,
não só através dos canais existentes mas também
procurando modos inovadores para fomentar a
cooperação bilateral. Um dos métodos utilizados
tem sido a expansão da comissão bilateral per-
manente. a comissão, estabelecida através do
acordo de cooperação sobre a base das lajes de
1995, foi criada como uma plataforma para resol-
ver assuntos relacionados com a infra-estrutura e
as condições laborais dos trabalhadores da base.
essa interação evoluiu de modo que hoje já inclui
comissões para impulsionar o comércio e o inves-
timento e promover a cooperação nas áreas da
ciência e tecnologia.
portugal foi um dos primeiros países a estabelecer
relações diplomáticas com os estados Unidos e
permanece, até aos dias de hoje, um aliado im-
portante. Quer seja através de parcerias público-
-privadas na área da ciência e da tecnologia,
através de joint-ventures no setor privado, oportu-
nidades educacionais ou programação inovadora,
os estados Unidos, continuarão a cooperar com
portugal por forma a apoiar o regresso do país
à prosperidade económica. sempre acreditámos
que a prosperidade e o sucesso de portugal e da
União europeia significam prosperidade e suces-
so dos estados Unidos. os nossos talentosos e
incansáveis diplomatas continuarão a trabalhar na
área da cooperação económica em portugal e por
todo o mundo para responder aos nossos objetivos
globais que produzirão certamente dividendos para
todos. n ➤
Acreditámos que a prosperidade e o sucesso de Portugal
e da União Europeia significam prosperidade e sucesso dos Estados Unidos
32 • Diplomática - setembro/novembro 2012
In 2012 and beyond, america’s great challenge will be
advancing our global leadership at a time when power is
often measured and exercised in economic terms. as
secretary of state Hillary clinton has said, “the eco-
nomic is strategic and the strategic is economic.” in
order to address this challenge, the United states has
put what we call economic statecraft at the center of our
foreign policy. economic statecraft has two components:
first, how we harness and use the tools of global econo-
mics to strengthen our diplomacy and presence abroad;
and second, how we put that diplomacy and presence
to work to strengthen our economy at home. We are
therefore honing our ability to develop and execute eco-
nomic solutions to strategic challenges and training our
diplomats to better understand economics, finance, and
markets.
strengthening the economic dimensions of some of our
closest relationships is a cornerstone of our economic
statecraft. together, america and europe account for
half of the world’s economic output, but only one-third of
global trade. We can and should be trading more. so
we are looking to forge an ambitious agenda for joint
economic leadership with europe that is as every bit as
compelling as our security cooperation around the world.
in portugal, we are building on our strong and important
commercial ties by identifying impediments to two-way
trade and investment flows and proposing viable solu-
tions. We are also expanding our bilateral commercial
cooperation by leveraging portugal’s unique position
as an effective gateway to lusophone africa for U.s.
businesses seeking greater levels of access in emerging
lusophone markets. in may, the U.s. embassy in lis-
bon sponsored the access africa Forum which brought
together portuguese and U.s. companies wishing to
increase trade and investment in mozambique, through
business partnerships and joint-ventures, and we have
already started plans for similar events in the coming
year.
our vision of economic statecraft encompasses a
number of themes beyond traditional economics, in-
cluding energy, women’s empowerment, and global
entrepreneurship. in pursuit of these broader goals, we
have deepened our cooperation with portugal on issues
related to science, technology, energy, and the envi-
ronment. partnerships between american and portu-
guese universities have allowed portugal to serve as an
important testing ground for new concepts and products
in engineering, information technology and life sciences.
moreover, the activities of the Fulbright commission and
the luso-american Development Foundation continue to
build strong bonds between american and portuguese
people that lead to increased mutual understanding and
enhance opportunities for public-private partnerships.
We are also working to highlight some often overlooked
elements of america’s brand. at a time when there are
compelling and competing visions for the future of the
global economy, we are looking to communicate ameri-
can ideas that speak to people and highlight the values
that we promote around the world. We have therefore
taken advantage of the growing interest in entrepreneur-
ship and innovation here in portugal by organizing a
series of digital video conferences between young and
budding portuguese entrepreneurs and U.s. speakers
with expertise in entrepreneurship and innovation. our
digital conferences not only support the U.s. embassy
lisbon’s goal of helping the portuguese economy re-
sume growth by spurring entrepreneurial development,
they also address the key goal of supporting women’s
empowerment through entrepreneurship and social en-
trepreneurship digital sessions directly geared towards
this key demographic.
We are pursuing these and other initiatives not only
through existing channels but also by looking for inno-
vative ways to engage with one another. one of those
ways has been by expanding the standing bilateral
commission. the commission was established through
the 1995 basing and cooperation agreement on lajes
air base and was intended as a way of resolving issues
on infrastructure and labor conditions for workers on the
base. today that interaction has expanded to include
committees that seek to enhance trade and investment
and promote cooperation in science and technology.
portugal was among the first nations to establish diplo-
matic ties with the United states and to this day conti-
nues to be an important ally. Whether through public-pri-
vate science and technology partnerships, private sector
joint-ventures, educational opportunities or innovative
programming, the United states will continue to colla-
borate with portugal with a view to supporting its return
to economic prosperity. We have always believed that
prosperity and success for portugal and the european
Union equal prosperity and success for the United sta-
tes. our talented, tireless diplomats will remain enga-
ged in economic outreach in portugal, and around the
world, in order to meet our common goals that are sure
to yield dividends for all. n
Europe’s Economic Well-Being Benefits America by allan J. Katz, U.s. ambassador
espaço diploMátiCo
34 • Diplomática - setembro/novembro 2012
O presidente de cabo-verde, Jorge carlos Fonseca, efetuou a sua primeira
visita oficial desde que foi eleito, em agosto de 2011. a convite do seu homó-
logo, aníbal cavaco silva, participou nas cerimónias oficiais do Dia de portu-
gal, de camões e das comunidades portuguesas.
Durante o banquete oferecido em sua honra pelo presidente da república, no
palácio de Queluz, cavaco silva salientou a sua satisfação com esta visita
presidencial. “não posso deixar de realçar o fato de esta ser a primeira visita
de cariz oficial de vossa excelência ao estrangeiro, desde que foi chamado
a assumir a mais elevada magistratura do estado cabo-verdiano, o que bem
demonstra a profunda e fraterna amizade que une os nossos dois povos e pa-
íses. esta amizade, alicerçada na história e na língua comuns, numa partilha ➤
Presidente de Cabo VerdeDe visita a Portugal
Visitas de estado
35setembro/novembro 2012 - Diplomática •
➤ de valores éticos e políticos e numa afetividade recíproca é a prova de que
os laços que unem portugal e cabo verde são verdadeiramente especiais,
indo muito para além de uma mera boa relação entre estados.”
Durante três dias o chefe de estado cabo-verdiano teve uma extensa agen-
da, nomeadamente, e a convite da Faculdade de Direito de lisboa proferin-
do várias conferências naquela instituição, parceira do instituto superior de
ciências Jurídicas e sociais de cabo-verde, de que Jorge carlos Fonseca foi
diretor até ser eleito presidente cabo-verdiano.
antes de deixar portugal Jorge carlos Fonseca aproveitou ainda para se
encontrar com representantes da comunidade cabo-verdiana residente em
portugal. n
36 • Diplomática - setembro/novembro 2012
Por ocasião da visita de estado a portugal do presidente da república
Democrática de são tomé e príncipe, manuel pinto da costa, o presi-
dente da república e a Dra. maria cavaco silva ofereceram um jantar,
no palácio da cidadela de cascais.
nas primeiras palavras dirigidas a manuel pinto da costa, cavaco silva
recordou as excelentes recordações daquelas ilhas, quando efetuou a
sua primeira visita, em 1990, era então primeiro-ministro. “Guardamos a
mais grata recordação da visita que efetuámos a são tomé e príncipe.
recordamos, com carinho, a beleza daquele “solo sagrado da terra”,
como magistralmente o descreveu alda do espírito santo, e o seu povo
gentil e acolhedor”.
De seguida realçou não apenas os laços de afeto entre os dois países,
mas principalmente o fato de ambos comungarem a mesma língua. “
os laços de afeto que ligam portugal às “ilhas maravilhosas” não se
reduzem a meras palavras, mesmo se estas fazem parte do idioma
comum que tanto nos une. existe entre os nossos dois países uma liga-
ção profunda, construída por laços histórico-culturais e de amizade que
conseguimos concretizar, ao nível político-diplomático, num excelente ➤
Chefe de Estado de São Tomé e Príncipe Visita Portugal
Visitas de estado
37setembro/novembro 2012 - Diplomática •
➤ relacionamento bilateral. esta ligação que se projeta, igualmente, no
plano multilateral, encontra particular expressão no seio da comunida-
de dos países de língua portuguesa”.
referiu depois a cooperação entre os dois países nas mais variadas
vertentes. “no quadro da cooperação e ajuda ao desenvolvimento, a
relação entre portugal e são tomé e príncipe tem-se distinguido por
um vibrante dinamismo. apraz-me registar que foi muito recentemente
aprovado o programa indicativo de cooperação para 2012/2015, que
será em breve assinado pelos dois Governos. e, porque somos dois
países de olhos postos no futuro, o novo programa de cooperação vai
para além das importantes áreas tradicionais, como a saúde e a edu-
cação, para incluir duas vertentes inovadoras e, também elas, estrutu-
rantes: por um lado, o empreendedorismo e o desenvolvimento empre-
sarial e, por outro, a capacitação científica e tecnológica. permito-me
assinalar o fato de o pacote financeiro afetado a este programa de co-
operação ser praticamente equivalente ao anterior, apesar do contexto
difícil em que vivemos, num claro sinal político de que, para portugal, a
parceria de amizade entre os nossos povos é sólida e de futuro”. n
38 • Diplomática - setembro/novembro 2012
Putin quer reerguer o orgulho da velha Nação Glória à Rússia
Ganhámos numa luta aberta e honesta! Eu disse que iríamos ganhar, e
ganhámos! Glória à Rússia!”. Estas foram as palavras com que o Presi-
dente Vladimir Putin saudou, visivelmente emocionado e em lágrimas,
frente a uma enorme multidão de apoiantes depois de ser reeleito para
um terceiro mandato como Presidente da Federação Russa. ➤
lideres
39setembro/novembro 2012 - Diplomática •
Com uma maioria significativa com
mais de sessenta por cento dos
votos sobre o segundo candidato,
Gennadi Zyuganov (do partido co-
munista) – vladimir putin 63,60%
Gennadiy Zyuganov 17,18% sendo
a vantagem de cerca de 45% para
vladimir putin frente a Gennadiy
Zyuganov. o regresso de vladi-
mir putin à presidência da rús-
sia verifica-se após quatro anos
desempenhando o cargo de pri-
meiro ministro sob a presidência de
Dmitriy medvedev, antecedidos por
dois mandatos como presidente,
num total de oito anos.
com a oposição esmagada no
apuramento oficial dos votos,
vladimir putin, regressa ao lugar
cimeiro do Kremlin sem precisar
de uma segunda volta nas pre-
sidenciais. Fá-lo entre múltiplas
denúncias de fraude eleitoral,
desvalorizadas pelo candidato
vencedor e pela sua «entourage»,
que apontam o fato de estas terem
sido as primeiras eleições livres e
transparentes, valorizando o fato
de se ter recorrido a uma espécie
de «big brother» eleitoral, inco-
mum, através da instalação de
webcams em todas as assembleias
de voto, garantindo que esse sis-
tema permitiria descartar suspeitas
de fraude.
os tempos são diferentes de 2000,
ano em que putin alcançou pela
primeira vez o poder. o território
russo ameaçava desagregar-se,
havia uma guerra aberta no cáu-
caso com uma acentuada tendên-
cia separatista na região, tendo
conseguido estabilizar a situação,
fato que lhe granjeou uma grande
popularidade. assim consolidou o
apoio junto dos mais pobres, dos
funcionários públicos, dos idosos e
do mundo rural. o fator geográfico
e demográfico é incontornável: por
muito que cresça a contestação
entre os jovens urbanos de forma-
ção superior, há um imenso país
envelhecido e inóspito onde putin
é o herói que resgatou a rússia do
caos financeiro - após tomar posse
pela primeira vez no cargo, a eco-
nomia do país cresceu acelerada-
mente, chegando a um aumento de
10% do pib em 2000, recuperação
que ocorre após a crise econômica
de 1998, quando a inflação chegou
a 86% ao ano - e que esmagou a
revolta chechena.
Durante a campanha deste ano,
putin fez o possível por preservar a
imagem. não participou em qual-
quer debate e optou por publicar
extensos artigos nos jornais – nos
quais explorou o tradicional receio
dos russos face ao exterior, com
referências diretas à intervenção
externa nos conflitos líbio e sírio.
identificou ainda a vaga de contes-
tação russa com interesses estran-
geiros – norte-americanos à cabe-
ça – e prometeu um investimento
bilionário nas forças armadas, para
defender a soberania e os recursos
nacionais. agora, com a situação
económica estabilizada, o novo
presidente pugna na defesa dos
interesses e aspirações a classe
média, tendo por horizonte um con-
junto de reformas políticas tenden-
tes a alcançar uma sociedade mais
justa entre ricos e pobres, com-
batendo o chamado capitalismo
selvagem que caraterizou a antiga
reestruturação da Urss na era
pós- perestroikiana, uma aposta no
aumento da natalidade de forma a
rejuvenescer o país, em mais cultu-
ra, na incentivação da investigação
técnica nas universidades, ➤
40 • Diplomática - setembro/novembro 2012
➤ com abandono dos parâmetros
da indústria tradicional, mais norte-
ada para o incremento militar, não
deixando, contudo, de pautar a sua
campanha numa rússia na diantei-
ra do poderio militar internacional
e com total controlo geoestratégico
da sua esfera de influência.
Um putin que quer, desta forma,
ressuscitar o velho sentido de
orgulho na grande e antiga rússia,
instando todos os russos, de vários
credos, classes e etnias das dife-
rentes regiões do grande território,
em torno desse desiderato. É o
regresso da águia, do antigo prati-
cante de artes marciais…vejamos
se com arte para levar a rússia
ao lugar que ocupa por direito na
História. n
Vladimir Putin
41setembro/novembro 2012 - Diplomática •
Presidente da República recebeu as cartas credenciais de novos Embaixadores em Portugal.
O presidente da república recebeu, no palácio de
belém, as cartas credenciais dos novos embaixadores
em portugal: coreia do sul, Yhoo Jung-Hee, Índia, brij
bhushan tyagi, equador, Diego valencia, espanha,
eduardo Junco bonet, e suiça, lorenzo Wartensee
na mesma cerimónia apresentaram as credencias
ao presidente da república os embaixadores não-
-residentes: nepal, mohan Krishna shresta; Honduras,
eleonora Wiliams; e do burkina Faso, Joseph paré. n
diploMaCia
42 • Diplomática - setembro/novembro 2012
Reunião G20 no MéxicoConsenso para combater crise e evitar colapso grego
O encontro do G20, o grupo das principais economias avançadas e
emergentes do planeta decorreu em Los Cabos, no México, devolvendo
para a Europa o problema da crise na zona do euro de forma a evitar o
chamado colapso das economias à escala global. ➤
Viagens de estado
43setembro/novembro 2012 - Diplomática •
➤ Foi na cidade de los cabos, no méxico, que teve lugar a cimeira do G20 que contou com
a presença de 24 chefes de estado e de Governo e 8 chefes de organizações internacio-
nais. com o final do 1º semestre da presidência mexicana à frente do G20, foi feita uma ava-
liação dos objetivos já alcançados e a melhor forma para atingir os compromissos propostos
numa altura que o mundo se torna cada vez mais global, também os seus problemas
se tornam globais, principalmente a nível económico e ambiental. as resoluções encon-
tradas passam por incentivar um maior investimento privado na agricultura, de modo a
desenvolver a tecnologia utilizada e assim, conseguir aumentar a produtividade de um
sector subvalorizado e que que pode gerar múltiplos empregos. a nível económico, o en-
contro ficou marcado pela participação de 88.000 milhões de dólares (69.771 milhões de
euros) dos países emergentes, também chamados de brics (brasil, rússia, india, china
e áfrica do sul), ao Fundo monetário internacional (Fmi) que contribuirá para aumentar o
fundo anticrise.
ainda durante o encontro, a União europeia indicou que os países da zona do euro vão
aprofundar a sua união bancária, fiscal e política. o comunicado do G20 afirma que
apoia “a intenção (da Ue) de trilhar passos concretos para uma arquitetura financeira
mais integrada, que inclua supervisão bancária, recuperação e recapitalização (dos ban-
cos), e seguros de depósito”.
com efeito, a Zona euro e a crise que atravessa, contagiando negativamente os mer-
cados e as economias de outros países, foi um tema recorrente nesta reunião do G20.
por estarem no epicentro da crise atual, os líderes europeus foram pressionados pelos
membros do G20 no sentido de tomarem medidas rápidas de resolução dos graves pro-
blemas económicos que afectam os estados da eU, particularmente os países do sul. ao
ponto de, no primeiro dia do encontro, o presidente da comissão europeia, José manuel
Durão barroso, ter de dizer que não tinha vindo a esta reunião em los cabos para “rece-
ber lições de ninguém”.
o documento final, exorta os seus membros, que também estão na Zona euro a tomar
“todas as medidas necessárias, para salvaguardar a integridade e a estabilidade da
área”, e recomendou que as nações que adotem a moeda comum “trabalhem em parce-
ria com o próximo governo grego para garantir que (a Grécia) permaneça no caminho da
reforma e sustentabilidade.ou seja, houve uma preocupação de evitar a saída da Grécia
do euro, situação que pode colapsar toda a economia mundial.
Que a europa será a principal responsável por tirar os seus países da crise não é novi-
dade. e que a instabilidade na zona do euro tem tido efeitos na economia dos outros pa-
íses – por exemplo, causando desaceleração nos eUa, na china e, inclusive, no brasil –
e, por isso diz respeito ao G20, também não.a diferença entre esta declaração final e as
posições anteriores é o que o presidente francês, o socialista François Hollande, definiu
como «um consenso em torno do crescimento», relevando a importância do Governo de
atenas, com a ajuda dos outros países europeus, em manter os seus compromissos com
os credores
apesar de todos os problemas debatidos na cimeira, o optimismo ficou patente no final
da reunião chegando o presidente mexicano, Felipe calderón a realçar o seu sucesso e
garantindo que o 2º semestre servirá para cumprir os acordos de modo a entregar uma
agenda sólida à rússia em Dezembro, país que presidirá o organismo em 2013. n
Daniel bernardo
44 • Diplomática - setembro/novembro 2012
Prémio do Património Cultural Europa Nostra 2012 em Lisboa por roman buzut
Cultura
45setembro/novembro 2012 - Diplomática •
Ocorreu mais uma edição daquela que é
considerada como a voz do património
cultural europeu, a "Europa Nostra ".
Uma ONG pan-europeia que visa
salvaguardar o património cultural
europeu com vista às gerações presen-
tes e futuras. ➤
presidente da republica e a primeira Dama com os principes das astúrias
plácido Domingo
46 • Diplomática - setembro/novembro 2012
Unida e representando, até ao
momento, 250 organizações
não-governamentais e sem fins
lucrativos, a “europa nostra” con-
ta com o apoio de cerca de 150
membros, que congregam entida-
des públicas e empresas; mais de
1500 membros individuais e mais
de 5 milhões de cidadãos euro-
peus, com uma participação ativa
na cultura.
com o objetivo de promover a
conservação e o intercâmbio
do conhecimento no quadro do
património cultural europeu, teve
lugar, há dias, a celebração dos
vencedores do prémio União eu-
ropeia do património cultural / ➤
the piraeus bank Group cultural Foundation, athens, Greece
the six Historical organs of the basilica of mafra, portugal
Prémio do Património Cultural Europa Nostra 2012
47setembro/novembro 2012 - Diplomática •
institut de sociologie solvay, brussels, belgium
/ ➤ europa nostra. este ano,
foram homenageados vinte e oito
projetos vencedores. a cerimónia
da entrega dos prémios decorreu
no mosteiro dos Jerónimos, em
lisboa, na presença da comis-
sária europeia responsável pela
educação, cultura, multilinguismo
e juventude - androulla vassilou;
e de plácido Domingo - tenor e
presidente da europa nostra. pre-
sentes na cerimónia estiveram os
príncipes das astúrias.
os vinte e oito vencedores fo-
ram selecionados de um total de
duzentos e vinte seis projetos, ori-
ginários de 31 países. os prémios
classificam-se em ➤
the piraeus bank Group cultural Foundation, athens, Greece institut de sociologie solvay, brussels, belgium
48 • Diplomática - setembro/novembro 2012
Prémio do Património Cultural Europa Nostra 2012
leighton House museum, london, United Kingdom
restoration study for the nolla palace, meliana, spain
49setembro/novembro 2012 - Diplomática •
the seaweed bank, laesoe, Denmark
➤ quatro categorias essenciais:
a conservação, a investigação,
a contribuição exemplar de um
indivíduo ou grupo e a educação,
formação e sensibilização. ainda
seis dos projetos galardoados
foram destacados, com o Grande
prémio, o "edifício averof - es-
cola de arquitetura, Universida-
de técnica nacional, atenas,
Grécia"; o "alto-forno número 2,
sagunto, espanha"; o "pounds-
tock Gildhouse, bude, cornwall,
reino Unido"; o "estudo sobre o
código botânico de augusto, de
ara pacis, roma, itália"; a "obra
de paraschiva Kovacs em prol
da conservação do patrimóno,
satu mare, Harghita, roménia";
e o "programa educativo para
um sítio do património: Fundação
norueguesa do património, vågå,
noruega". seis projetos vitorio-
sos, que apresentam uma rele-
vância excecional no património
europeu.
entre os vinte e oito encontra-se
também portugal, distinguido com
um prémio na primeira categoria,
referente à conservação e restau-
ro dos seis órgãos históricos da
basílica do convento de mafra.
o júri classificou o restauro, no
qual interveio o conhecido mestre
organeiro Dinarte machado, como
um “ato majestoso.” Depois de
dois séculos de inatividade, con-
tando com várias restaurações,
os seis órgãos de tubos da basíli-
ca voltaram a tocar.
recorda-se que não é a primeira
vez que a cultura portuguesa en-
tra nas páginas da promoção da
cultura europeia. em 2008, o tra-
balho de investigação do museu
da presidência sobre o palácio de
belém conferiu ao país uma me-
dalha na vertente de investigação
dos prémios da europa nostra,
enquanto a cidade de coimbra ➤
Windmills of the monastery of st John the theologian, chora, patmos, Greece
50 • Diplomática - setembro/novembro 2012
➤ foi destacada, por duas vezes
consecutivas, em 2009 e 2010,
com dois prémios referentes à
preservação do património cultu-
ral europeu no âmbito do projeto
de recuperação da via latina da
Universidade de coimbra e do
mosteiro de santa clara-a-velha
- na categoria de investigação.
a cerimónia de entrega dos
prémios de lisboa, organizado
anualmente pela fundação eu-
ropa nostra, teve o patrocínio
do presidente da república e do
presidente da comissão euro-
peia. contou ainda com o apoio
do centro nacional de cultura
(cnc), que representa a "europa
nostra" em portugal e que tem
sido responsável pela organi-
zação do congresso anual, que
trouxe a lisboa várias organiza-
ções, que zelam pela defesa do
património europeu, assim como
pelos galardoados do evento
deste ano.
com um dos temas do presente
ano, "salvar o património europeu
em perigo", a “europa nostra”
completou os seus 10 anos de
atividade. segundo argumentou
a comissária androulla vassiliou,
antes da cerimónia, o “prémio do
património cultural da Ue/pré-
mios europa nostra” tornou-se
no galardão mais prestigiado do
seu género na europa e tem-se
mostrado muito eficaz na sensi-
bilização dos decisores e público
para o valor do património cul-
tural da sociedade europeia e a
economia, e ainda para a respon-
sabilidade que nos cabe na sua
proteção para as gerações futu-
ras. plácido Domingo, enquanto
presidente da europa nostra,
definiu o financiamento europeu
como vital para a "dinâmica" e a
"inovação" no domínio do patri-
mónio cultural. n
Prémio do Património Cultural Europa Nostra 2012
improve a Heritage site - norwegian Heritage Foundation, vågå, norway
the society for the protection of ancient buildings, london, United Kingdom
51setembro/novembro 2012 - Diplomática •
Novo Camões junta cooperação, língua e cultura
Cultura
O novo camões – instituto da cooperação e da lín-
gua (cicl), que começou a funcionar em pleno a 1 de
agosto passado - completado que foi o processo de
fusão do instituto camões (ic), promotor da língua e
da cultura portuguesas no exterior, com o instituto de
apoio ao Desenvolvimento (ipaD), responsável pela
cooperação portuguesa no mundo - vai ter como eixo
a cooperação no domínio da educação nos países de
língua portuguesa, onde as atividades das instituições
antecessoras já eram «convergentes» e até sobrepos-
tas.
É nesta convergência – e não no facto de os institutos
extintos pertencerem ao ministério dos negócios es-
trangeiros, participando nas «grandes linhas de orien-
tação de política externa» – que reside, na explicação
da presidente do
conselho Diretivo
do camões, ip,
ana paula labo-
rinho, a razão da
fusão decidida
pelo Governo em
2011 entre o ic e
o ipaD no âmbito
do plano de re-
dução e melhoria
da administração
central.
o «cruzamento de projetos» muito concretos no novo
instituto, no domínio da educação nos países de língua
portuguesa, em que é fundamental a língua de esco-
larização, da ciência e do conhecimento – que está
presente «tanto no ensino da matemática como da Fí-
sica, da História ou da Geografia» – «vai permitir maior
eficácia», garante ana paula laborinho que acrescen-
ta: «julgo que é ela que justifica este novo projeto, este
novo instituto, ainda que haja, naturalmente outras
áreas [da responsabilidade dos dois antigos institutos]
que não são comuns» e que são «completamente
distintas».
o novo camões, ip, mantém na sua esfera o papel
de coordenador das ações de cooperação de outros
ministérios em áreas como a justiça, a saúde, a se-
gurança, a agricultura e a comunicação social, vindos
do ex-ipaD, bem como na educação (nomeadamen-
te ensino superior), desporto, comunicação social e
programas setoriais, vindos do ex-ic, e ainda a gestão
da rede de ensino português no estrangeiro, superior
e não superior. no entender da presidente do ca-
mões, ip, «o trabalho em torno da língua portuguesa
pode inserir-se no âmbito da cooperação. o que se faz
nesse domínio – e já fazia o ic – é considerado ajuda
pública ao desenvolvimento. o trabalho desenvolvido
era, essencialmente, de capacitação e de resposta a
solicitações que nos eram feitas por esses países».
assim, o que havia a fazer era racionalizar as nossas
intervenções e, sobretudo, ver de que modo poderiam
convergir mais eficazmente. acresce que essas inter-
venções respondiam também a uma das recomenda-
ções feitas internacionalmente no apoio ao desenvolvi-
mento que é a da concentração geográfica.
«trabalhar em
projetos na área
da língua é
trabalhar para o
desenvolvimento
destes países,
tanto mais que
se trabalha em
função das suas
necessidades
formativas»,
assegura ana
paula laborinho
que dá como exemplo o projeto de Formação inicial e
contínua de professores em timor-leste, do ex-ipaD,
«que em muitos aspetos converge com aquilo que era
feito antes pelo ic».
A fusão da rede
a presidente do camões, ip reconhece que a fusão
«insere-se, naturalmente, no âmbito de uma redução
da administração pública» e de uma política de «me-
nores encargos», aspeto que reputa como significativo.
«só a redução de cargos dirigentes vai permitir uma
diminuição de custos de quase meio milhão de euros,
o que nos tempos atuais é também um objetivo impor-
tante». e, «no total, só em funcionamento, teremos
uma poupança de cerca de 800 mil euros».
Do ponto de vista prático, o processo de fusão «está
praticamente concluído», diz a presidente. mas para
ana paula laborinho, ao que a direção do camões, ip
– constituída ainda pelo vice-presidente, paulo ➤
52 • Diplomática - setembro/novembro 2012
➤ nascimento, e os vogais irene paredes e Francisco
almeida leite – apraz registar é que «essa junção
se vai fazendo também noutras áreas e ao nível dos
projetos, do diálogo que as direções de serviços [de
cooperação e de língua e cultura] têm para desenhar
projetos, para os apreciar». o «entrosamento» em
curso na sede estende-se à «rede externa». «estou a
falar, por exemplo, no facto de termos centros cultu-
rais nesses países em que há cooperação e que são
centros que têm estado também ao serviço do desen-
volvimento, porque têm servido para a capacitação de
artistas locais, para a formação de quadros locais e,
por isso, nesse sentido, são – já eram – muito utiliza-
dos pela cooperação portuguesa».
vai pois haver uma unificação da representação exter-
na do camões, ip, juntando meios, recursos humanos
e físico, como forma de aproveitar melhor os recursos
e «ter uma área mais robusta com mais gente, porque
está junta e trabalha em conjunto».
2013: mais coerência e concentração
embora os planos de atividades para o próximo ano
ainda estejam em elaboração, a presidente do ca-
mões, ip afirma que se vai reforçar «ao nível da coo-
peração aquilo que é muitas vezes designado como
os ‘três cês’: «a coerência das políticas de cooperação
– melhor trabalho com as políticas setoriais»; «con-
centração geográfica, que já existe, e concentração de
projetos (…) naquilo que são as nossas mais-valias. a
educação, naturalmente, está entre elas». e por outro
lado, também, «uma preocupação com o cofinancia-
mento de projetos e com modelos que possam de
facto permitir que eles não acabem», bem como «ter
um maior envolvimento, quer de parceiros internacio-
nais quer de outros parceiros», nomeadamente através
de projetos triangulares e de cooperação delegada.
o camões, ip, é uma «entidade certificada e, nesse
sentido, a Ue delega no instituto projetos por si finan-
ciados, mas executados por nós em parceria com os
países».
esses são os «grandes desafios na área da coope-
ração», enquanto que «na área da cultura, a maior
preocupação é a qualificação dos centros culturais»,
um «objetivo que já vem de trás», agora tornado prio-
ritário «na perspetiva de os centros culturais poderem
beneficiar de contributos vários e poderem alinhar com
a diplomacia económica».
na área da língua está em curso o processo de ade-
quação da rede epe aos seus públicos-alvo. «pre-
tendemos que ele se desenvolva ao longo do ano de
2013, quer ao nível da certificação quer ao nível da
execução deste programa, que envolve os planos de
estudo por níveis linguísticos, quer a elaboração de
materiais de ensino adequados aos vários públicos-al-
vo quer também os projetos na área dos recursos para
a plataforma virtual». em resumo, diz a presidente do
camões, ip, 2013 «vai ser um ano de consolidação».
O papel «facilitador» do apoio ao desenvolvimento
portugal está a atravessar um momento difícil e rapida-
mente surge a pergunta se poderá continuar a apostar
no apoio ao desenvolvimento fora de portas.
para a presidente do camões, ip, o apoio ao desen-
volvimento destina-se, em primeiro lugar, a que o re-
cetor da ajuda deixe de vir a necessitar dela. mas para
portugal, enquanto país doador, o apoio ao desenvol-
vimento é também um «facilitador da nossa imagem» e
de «outras áreas». «Quanto mais estes países tiverem
um crescimento económico, mais isso cria oportunida-
des para os países doadores», diz.
exemplificando, ana paula laborinho fala da inter-
nacionalização das universidades portuguesas e dos
quadros que estas formam e que «nem sempre têm
depois colocação». também a cooperação no domínio
da capacitação do tecido empresarial, desenvolvido
por associações empresariais, «ao contribuir para o
crescimento económico destes países», «cria um es-
paço de intervenção» e «outras oportunidades».
ana paula laborinho sublinha, por outro lado, que, do
ponto de vista da língua e da cultura, «há uma relação
entre as rotas dos negócios e as rotas das línguas»,
como mostra um estudo que vai ser lançado em breve
sobre o valor económico da língua portuguesa. «as
empresas têm uma tendência para escolher como
seus mercados preferenciais aqueles que falam a sua
língua», explica. assim, «quanto mais conseguimos
trabalhar as questões da língua, mais tiramos benefí-
cios do ponto de vista económico», afirma a presidente
do camões, ip, considerando que «as questões cultu-
rais são aquelas que mais evidentemente funcionam
como facilitadores». «Uma aproximação através da
cultura é sempre uma aproximação que permite outros
entendimentos – políticos, económicos –, entendimen-
tos de muita natureza». n
Novo Camões junta cooperação, língua e cultura
53setembro/novembro 2012 - Diplomática •
A embaixada da Federação da
rússia na república portuguesa
em portugal realizou num hotel de
lisboa, a recepção oficial dedicada
ao feriado nacional – o Dia da rús-
sia. o evento solene contou com
a presença do secretário-Geral do
ministério dos negócios estrangei-
ros, embaixador antónio de al-
meida ribeiro, vice-presidente da
assembleia da república, prof. Dr.
antónio Filipe, secretário de esta-
do do Desporto e Juventude, prof.
Dr. alexandre mestre, além de altos
funcionários de outros ministérios,
representantes da comunidade em-
presarial e da diáspora russa, diplo-
matas acreditados em lisboa.
na sua intervenção pavel petrovskiy,
embaixador da Federação da rússia,
destacou o simbolismo do Dia naio-
nal para a consolidação da demo-
cracia na rússia e fez ainda, uma
análise positiva do desenvolvimento
progressivo nas relações russo-por-
tuguesas.
Durante a recepção teve lugar a con-
decoração de igor Khashin, presiden-
te do conselho de coordenação de
compatriotas russos em portugal,
com medalha “patriota da rússia”
instituida pelo centro estatal de His-
tória e cultura militar junto ao Gover-
no da Federação da rússia. n
Dia Nacional da Rússia
1. embaixador pavel petrovskiy com embaixador da argentina 2. embaixador pavel petrovskiy com Joaquim pina moura
3. embaixador pavel petrovskiy com embaixador da Dinamarca
Mala diploMátiCa
54 • Diplomática - setembro/novembro 2012
Em 2012 comemoram-se 151 anos
desde a Unificação da “república
italiana”. para celebrar este mo-
mento, o embaixador de itália em
portugal organizou na embaixada,
em lisboa, uma cerimónia na qual
convidou diplomatas e outras per-
sonalidades acreditadas no nosso
país.
itália é um estado europeu so-
berano, que ocupa uma grande
parte da península itálica; abrange
algumas ilhas do mar mediterrâneo
das quais se destacam sardenha
e sicília e no dia 2 de Junho cele-
bra o Dia nacional. a importância
histórica desta Data assenta no re-
ferendo de 2 de Junho de 1946 que
simboliza a união do povo italiano.
até então itália tem sido “o país
dos reis”. Durante muitos anos foi
um reino governado pela casa de
sabóia com uma certa dificuldade
durante o ressurgimento – movi-
mento que entre 1815 e 1870 teve
como objetivo a unificação do país.
Finda segunda Guerra mundial, rea-
lizou-se um referendo institucional
através do qual homens e mulheres
italianos foram convocados para ➤
O Dia Nacional da Itália
1 2 3
4 5 6 7
1. coronel carlo emiliani, anna luisa pignatelli, rosaria varriale, renato varriale e Fabrizio pignatelli 2. embaixadores de França,
pascal e pascale teixeira 3. miguel de polignac de barros e Duquesa isabel de palmela 4. choi man Hin, embaixador da russia e miu
Fong leng5. christina Gillies, petter Jakobson e Kirsti stubberud 6. embaixador do iraque 7. embaixadores da Ucrânia e do Japão
Mala diploMátiCa
55setembro/novembro 2012 - Diplomática •
➤ se pronunciarem, por sufrágio
universal, sobre a forma de gover-
nação no país. pela primeira vez na
história italiana as mulheres tiveram
o direito a voto. a maior parte da
população manifestou-se a favor da
política republicana em detrimento
da monarquia – o que levou ao exilio
da família real italiana, Umberto ii.
em itália inicia-se uma nova for-
ma de governação. entre várias
medidas a serem tomadas, alcide
de Gasperi adquiriu as funções de
chefe do estado republicano, antes
da decisão prevista na corte supre-
ma. no início de Janeiro de Janeiro
de 1948 foi aprovada a constituição
republicana de acordo com a qual
itália é uma republica cujo parla-
mento é bicamaral e composto pela
câmara dos Deputados, pelo sena-
do, pelo poder Judicial e executivo
chefiado pelo primeiro-ministro.
a vitória e o nascimento da re-
pública italiana são louvados na
chamada “Festa della repubblica
italiana”, mas que em 2012 viveu
um dia de luto nacional pelas víti-
mas de terramotos que se ressenti-
ram no país. n
8 9 10 11
13 14 15 16
12
8. embaixadores da itália e do Koweit 9. manuel enes, nuncio apostólico e o embaixador de itália
10. marco De camillis 11. ana de brito e antónio alvim 12. Generak angelo arena e maria do céu pinto
13. embaixadores da república da moldova 14. embaixadores da Georgia 15. margarida ruas
16. Josefina estrada
56 • Diplomática - setembro/novembro 2012
Realizou-se o décimo terceiro ani-
versário da ascensão ao trono do
rei mohammed vi, o 23º herdeiro da
dinastia alauita. o acontecimento
designado por “la fête du trône” é a
celebração da entronização do rei
mohammed vi ao trono e também
corresponde ao dia nacional de
marrocos.
a entronização do rei mohammed
vi é dos mais prestigiados feriados
nacionais. Durante este aconte-
cimento cabe ao rei realizar um
discurso à nação que é transmitido
pelas redes nacionais de radio e te-
levisão. enquanto nos outros países
os chefes de estado discursam na
capital, em marrocos mohammed
vi, todos os anos, por tradição, es-
colha uma cidade nacional diferente
para as comemorações. no evento
deste ano o rei afirmou que “este
marco atesta da ligação profun-
da de longa duração de Bei´a; da
lealdade inabalável que existe entre
as pessoas e o trono e da ligação
harmoniosa que carateriza a sua
relação.” entre várias referências
às reformas politicas, económicas e
sociais o discurso do rei centrou-se
ainda na nova constituição conce-
bida pela nação por unanimidade,
referindo o dever de as pessoas ➤
“La fête du trône”Dia de Marrocos
1 2
3 4 5
1. embaixadora Karima benyaich com o adido militar tenente coronel Habib akbil 2. embaixadora de marrocos acompanhada da
sua filha, marjana benyaich com rino passigato 3. sousa cintra e a embaixadora marrocos 4. ricardo salgado e Karima benyaich
5. ensemble rhoum el bakkali animando a festa. conjunto que interpreta canções e música popular é composto exclusivamente por mulhe-
res e é liderado por rhoum el bakkali, que leciona no conservatório de música da cidade de chefchaouen, situada a norte de marrocos
Mala diploMátiCa
57setembro/novembro 2012 - Diplomática •
➤ trabalharem em conjunto na ten-
tativa de criarem um modelo distinto
e para fortalecerem as bases do es-
tado marroquino moderno assente
nos “valores da união, do progres-
so, da justiça social e da equidade”,
que refletem a identidade honrada
da nação.
entre as atividades reais de maior
destaque nas quais o chefe de esta-
do marroquino se vê envolvido são:
a cerimónia de fidelidade, a cerimó-
nia da tomada de posse dos novos
vencedores das principais escolas
militar, o perdão real a um número
de condenados e várias receções.
por ocasião do dia da entroni-
zação do rei mohammed vi a
embaixada de marrocos em por-
tugal organizou na sua sede em
lisboa uma receção que contou
com as mais altas personalida-
des da sociedade portuguesa. a
festa foi animada pelas músicas e
pelas canções tradicionais ex-
clusivamente femininas, dirigidas
por rhoum el bakkali. músicas
que combinam os elementos da
“arte de Handra” distinguida pela
poesia e os ritmos tradicionais ca-
raterísticos a cultura sufi e trans-
mitida de geração em geração, de
mãe para filha. n
6 7
8
6. embaixadora Karima benyaich durante o seu discurso 7. plano Geral da Festa 8. ensemble rhoum el bakkali cantam acompa-
nhados pela embaixadora e sua filha
58 • Diplomática - setembro/novembro 2012
Comemorou-se o Dia nacional da
áfrica do sul. este ano, a demo-
cracia sul-africana atingiu a sua
maioridade com a celebração do
seu 18º aniversário.
como habitualmente, a residên-
cia oficial, na lapa, abriu as suas
portas para os amigos da áfrica
do sul, membros da comunidade
sul-africana, inúmeros convida-
dos e prestigiados membros do
corpo Diplomático acreditado em
portugal e do governo português
bem como de vários setores da
vida política, cultural e social do
nosso país.
no seu discurso, a embaixadora
Keitumetse matthews, referiu-se
ao tema das celebrações deste
ano, “trabalhando Juntos para ➤
Comemoração do dia nacional da África do Sul
1 2
3 4
1. a embaixadora matthews e um grupo de diplomatas envergando trajes tradicionais 2. lúcia pinto-cruz e ndumi melane 3. em-
baixadora matthews ladeada por antónio schneider e peter booth 4. embaixadora matthews e nuno rogeiro
Mala diploMátiCa
59setembro/novembro 2012 - Diplomática •
➤ construir a Unidade e prosperi-
dade”, recordando todo o caminho
já percorrido para vencer muitos
desafios sócio-económicos e
alcançar uma áfrica do sul verda-
deiramente não-racial, não-sexista,
livre e democrática.
em homenagem à grande co-
munidade indiana na áfrica do
sul, os convidados tiveram a
oportunidade de saborear diver-
sos pratos típicos indianos, além
da tradicional gastronomia de
outros grupos representativos da
grande diversidade cultural do
país.
o dia ensolarado permitiu aos con-
vidados desfrutar do belo jardim
da residência bem como da sua
excelente vista para o tejo. n
5
7 8
6
5. no jardim da residência oficial 6. o casal bheki e Zanele Dube com ian o'Donnell 7. rudolph stroebel, sasha saran, Hanna de
beer e Zanele mditshane 8. a embaixadora matthews e luis amado
60 • Diplomática - setembro/novembro 2012
“Diplomacia & Glamour” é um
evento cada vez mais abrangente
e com mais estilo. este ano, foi
realizado no lisboa marriott Hotel,
em colaboração com a rrcenter e
espaço arte livre, conseguiu reunir
mais de 60 embaixadoras e em-
baixatrizes, acreditadas em portu-
gal, e várias figuras públicas que
assistiram a um programa requin-
tado, onde não faltaram presentes
da área da cosmética.
a apresentadora de televisão
isabel angelino, uma das convida-
das do evento, descreveu-o como
"uma forma de juntar e evidenciar ➤
Uma tarde de Diplomacia & Glamour no Marriot
Mala diploMatiCa
61setembro/novembro 2012 - Diplomática •
➤ as mulheres de países comple-
tamente diferentes, vestidas de
acordo com as culturas e crenças
dos países que representam e
reunidas pelo mesmo aconteci-
mento – algo de muito interesse e
beleza de se constatar”. Uma outra
convidada, paula rocha, referiu-se
ao evento como “um espetáculo
de moda especialmente dirigido
às senhoras", embaixadoras em
particular, enquanto marion Kruse
frisou tratar-se também de "uma
boa causa ", tal como referiu maria
Galvão sousa que enalteceu “o
maior glamour do evento". ➤
62 • Diplomática - setembro/novembro 2012
➤ Foi uma tarde muito requintada
e especial. os modelos foram ves-
tidos pelo conhecido estilista de
moda carlos Gil , cujas criações
foram embelezadas pelas jóias do
“designer” Gil sousa. vestidos co-
loridos inspirados em terras orien-
tais e jóias ofuscantes criaram um
ambiente repleto de elegância e
glamour, que encantaram as con-
vidadas. por ser uma reunião de
muitos povos, carlos Gil disse ➤
1
2 3
1. Desfile jóias Gil sousa 2. carlos Gil, alexandra prates, ana caetano, maria alves e Fernando monteiro 3. alejandra exposito
(argentina), patricia Diaz romero (paraguai), vânia monteiro vilalva (brasil) e anna andrade (Uruguai)
Uma tarde de Diplomacia & Glamour
63setembro/novembro 2012 - Diplomática •
➤ ter escolhido mostrar um aspec-
to peculiar da arábia, inspirado
no “lobby” de um hotel da arábia
saudita, em que as mulheres se
apresentam de uma forma muito
descontraída", disse-nos o esti-
lista, que veste com regularidade
destacadas senhoras, em particu-
lar, a primeira dama de portugal,
maria cavaco silva. Uma salva
de palmas encerrou a festa, com
charme e boa disposição! n
4 5
86 7 9 10
11
4. Desfile de carlos Gil 5. embaixadora marrocos, Karima benhyaich e ana caetano 6. Fernando monteiro e margarida merces mello
7. maria carmo veranneman (bélgica) e marc cosyns (Director Geral lisbon marriott Hotel) 8. maria José Galvão sousa 9. isabelan-
gelino 10. christina Gilles 11. maria lurdes Ferreira, embaixatriz iraque emel sinjari e Fernando monteiro (lexus)
64 • Diplomática - setembro/novembro 2012
A embaixada do egipto em portugal
celebrou um dos mais importantes
feriados nacionais que relembra a
luta pela liberdade e pela identidade
nacional que culminou com o derru-
be da monarquia constitucional. É o
Dia nacional, celebrado anualmente
pelo povo egípcio no dia 23 de Julho.
em honra desta data o embaixador
da república árabe do egito rece-
beu em lisboa diplomatas de todo o
mundo, acreditados em portugal.
o país que possui uma das mais
antigas civilizações do mundo para
adquirir a independência passou por
várias fases entre as quais desta-
cam-se dois grandes momentos
enraizados no início do seculo XiX
quando o mundo árabe foi marcado
pelo nascimento de movimentos po-
líticos que defendiam a instauração
da identidade nacional própria e o
renascimento do mundo árabe.
Um conjunto de acontecimentos,
como a abertura do canal suez em
1869 delineou o papel geoestratégico
do egito e levou a uma disputa entre
três grandes poderes da altura: o
império britânico, o império otomano
e França devido ao controle da nova
rota face a ásia. consequentemente,
o império britânico vence e no início
da i Guerra mundial, em 1914, pro-
clama o protetorado britânico sobre a
região. Depois de um conjunto de ma-
nifestações contra a submissão a ➤
Dia Nacional de Egipto
2 3
4 5 6 7
1
1. maria da luz de bragança, embaixadores do egito com a conselheira económica da embaixada do egito, abeer Kamal 2. embai-xador do Koweit, suleiman almerjan e embaixador do Qatar, adel ali al Khal 3. embaixadores da indonésia e do iraque 4. Gassan and ediz el aouar 5. embaixadora matthews, miss rasoul e Josefina estrada 6. rino passigat e núncio apostólico 7. maria barroso soares e maria da luz de braganca
Mala diploMátiCa
65setembro/novembro 2012 - Diplomática •
➤ ocupação britânica, em 1922, ocorre
a proclamação da independência face
ao império britânico. egito transfor-
mou-se num reino chefiado pelo rei
Foud, seguido em 1936 pelo seu filho,
o rei Farouk, mas que foi destronado
por um grupo de oficiais militares na
madrugada de 22 para 23 de Julho
de 1952. a monarquia cai na sequên-
cia deste golpe de estado e o poder
passa para o grupo de oficiais que
formaram o movimento os “ oficiais
livres” onde se destacaram os líderes
Gamal abdel nasser, muhammed
naguib, abdel Hakim amer e anwar
al sadat. Depois de abolida a monar-
quia constitucional, egito é proclama-
do republica sendo naguib escolhido
como primeiro presidente desta nação
república, e pouco depois substituído
por Gamal abdel nasser.
o Dia nacional de egito é o feria-
do egípcio não religioso de maior
destaque. neste dia, todos os anos
os egípcios se reúnem para relem-
brar a revolução de 1952 que pela
forma como aboliu a monarquia e
instituiu um governo nacionalista
no país serviu de exemplo para
outras nações africanas em busca
da liberdade e da independência.
É um momento quando paradas
nacionais, músicas patriotas e
danças tradicionais enchem as
ruas do cairo e de outras cidades
egípcias. n
8 9
10 11
8. ines portugal, ana Fernandes, anabela Flora, lobna Kassem, adriana carneiro, staff da embaixada do egito moha-med Kadah, Khaled refaie, carlos santos do ciF e omar refaie 9. miss rasoul, lissa piitulainen numminen, Humaira Hasan, anne egge thorsheim 10. embaixatriz do iraque, Françoise Heleno, manuel Heleno e embaixador do iraque 11. membros da comunidade egipcia e do instituto luso arabe para a cooperacao
66 • Diplomática - setembro/novembro 2012
Foi por ocasião das comemora-
ções do Dia nacional do brasil,
que os embaixadores do brasil,
mário vilalva e vânia vilalva,
receberam, nos jardins da sua
residência, no restelo, muitas
personalidades e diplomatas
acreditados em portugal.
a festa foi animadíssima , com
o espírito de confraternização
e amizade, tão caraterísticos
entre os dois países irmãos a
dominar a festa. na ocasião foi
inaugurado o ano do brasil em
portugal e o ano de portugal no
brasil, um evento multifacetado, ➤
Dia Nacional do BrasilAbertura do ano do Brasil em Portugal
1 2
3 4 5 6
1. embaixadores do brasil com maria da luz de bragança 2. nos jardins da residência oficial dos embaixadores do brasil
3. cônsul-Geral em lisboa, embaixador ruy casaes e sua mulher cumprimentam o embaixador de cuba 4. paula bobone e Fáti-
ma vilela 5. maria das Graças Kleinschmidt e renato rodyner 6. tenente coronel João paulo alvelos e maria da luz de bragança
Mala diploMátiCa
67setembro/novembro 2012 - Diplomática •
➤ que está a promover os laços
fraternos já existentes, estrei-
tando e fomentando as relações
económicas, iniciativas comer-
cias e empresariais, bem como
a vertente cultural em múltiplas
manifestações.
na festa estiveram presentes,
para além de autoridades gover-
namentais, representantes do
corpo diplomático, empresários,
artistas e intelectuais.
atuaram a banda da marinha,
a banda de Forro do ceará
“Dona Zefa” e a cantora Wanda
stuart. n
7
9
11
10 118
7. candidatas a miss brasil europa 2012 8. pedro pessoa e costa e sua mulher com a
nossa Diretora 9. nuno rogeiro 10. Jorge pereira sampaio e vasco bobone 11. renato
rodyner, Daniela Faria e Wanda stuart
69setembro/novembro 2012 - Diplomática •
O embaixador alan Katz e sua mulher
a embaixatriz nancy Katz celebraram,
mais uma vez, o Dia da independência
dos estados Unidos nos jardins da em-
baixada, com uma recepção requintada,
como já é tradição.
no discurso com que se dirigiu aos
seus convidados, alan Katz mostrou-
-se emocionado pela recepção calorosa
com que é recebido no nosso país e
afirmou que continua a ter orgulho dos
fortes laços que ligam os nossos países
desde 1791. sem esquecer a situação
que se vive, o embaixador lembrou que
o nosso relacionamento tem evoluído
ao longo dos anos e nestes tempos
difíceis, temos de fazer as coisas de for-
ma diferente, uma vez que os recursos
são reduzidos. alan Katz fez notar que,
de facto, os estados Unidos e portugal
continuam a precisar um do outro, em
maneiras novas e mais importantes.
tal como sucedeu o ano passado, a
música não faltou e este ano esteve
presente o “eUa navy band Woo-
dwind”, um quinteto que veio de nápo-
les para animar a festa.
ainda durante o seu discurso, alan Katz
confessou que, durante o ano passado,
continuou a sua viagem de descoberta
de portugal. viajou por todos os cantos
do país, falou na maioria das principais
universidades, provou iguarias e vinhos
locais. orgulhoso, o embaixador rea-
firmou aos seus convidados que “tem
visto em primeira mão o incrível espírito
português”.
não sem recordar todas as iniciativas,
políticas, económicas e empresariais
ocorridas durante o ano (referiu-se à
FlaD como um parceiro fundamental),
agradeceu aos patrocinadores, sem os
quais a festa não teria sido possível.
o embaixador alan Katz reforçou que a
força fundamental do nosso relaciona-
mento nos permitirá superar os desafios
do presente e do futuro. n
Celebração do Dia da Independência dos Estados Unidos
1. embaixador allan Katz durante o seu discurso 2. a festa foi animada pelo
Quinteto Woodwind da marinha americana 3. adido naval da embaixada dos
eUa, comandante Joseph beadles e sua mulher, Jill beadles 4. embaixador
dos eUa, allan Katz cumprimenta o ex-embaixador americano em lisboa,
Gerald mcGowan 5. os embaixadores dos eUa
Mala diploMátiCa
70 • Diplomática - setembro/novembro 2012
Lisboa foi este ano o local escolhido para
celebrar o Dia de portugal. tal como
referiu o presidente da república no seu
discurso, “este ano, as comemorações do
Dia de portugal, de camões e das comu-
nidades portuguesas regressam à cidade
de lisboa, que se abre ao tejo de onde
partiram os nossos antepassados para
dar início à maior das epopeias, moldan-
do para sempre a alma e o sentir de uma
nação.”
o centro cultural de belém acolheu esta
cerimónia num belo cenário, que evocava,
ele próprio, os descobrimentos e em que
participaram as mais importantes figuras
do estado. ➤
Dia de PortugalComemorado em Lisboa
Mala diploMátiCa
71setembro/novembro 2012 - Diplomática •
➤ nesta ocasião, o professor aníbal cava-
co silva, procedeu à imposição de conde-
corações a um conjunto de personalida-
des e instituições, das quais destacamos
algumas dos mais reconhecidos vultos dos
mais variados setores da vida nacional.
assim, antónio barreto foi agraciado com
a ordem militar de cristo; o professor José
Hermano saraiva, entretanto falecido,
recebeu a Grã-cruz da ordem militar de
avis; antónio lobo Xavier e luís noronha
da costa foram distinguidos como Grande
oficial da ordem do infante D. Henrique;
celeste rodrigues e pedro calapez foram
condecorados comendadores da mesma
ordem. n
72 • Diplomática - setembro/novembro 2012
No dia 1 de Julho de 2012 pela primeira vez
desde a sua adesão à União europeia em
2004 chipre assumiu a presidência por um
período de seis meses, sucedendo à Dina-
marca.
a presidência cipriota escolheu o slogan
“rumo a uma europa melhor” que pretende
atingir através de quatro prioridades princi-
pais: (1) “uma europa mais eficiente e sus-
tentável” que resulte numa governação mais
eficiente capaz de lidar com a incerteza e a
instabilidade resultantes da crise; (2) “uma
europa com melhor desempenho da sua
economia baseada no crescimento” através
de medidas de consolidação orçamental e
crescimento económico mais sustentável; (3)
“uma europa mais relevante para os seus
cidadãos, com solidariedade e coesão social
no sentido de tornar a europa mais perto
dos seus cidadãos dando mais realce ao
emprego jovem; (4) “uma europa no mundo
– mais perto dos seus vizinhos” que implica
uma cooperação estreita da presidência
de chipre com o alto representante da Ue
para os negócios estrangeiros e política de
segurança e com o serviço europeu para a
ação externa.
para conseguir fazer frente à primeira priori-
dade referente à eficácia e à sustentabilida-
de europeia o objetivo deve centrar-se nas
negociações para o Quadro Financeiro plu-
rianual relativo ao período de 2014 a 2020.
isto implica a implementação de programas
financiados pelo novo Quadro Financeiro
plurianual com um verdadeiro valor acres-
centado europeu onde haja complementari-
dade com as políticas nacionais que visam o
crescimento económico e a melhoria das ➤
Chipre na presidência da União Europeia
o presidente de chipre, Demetris christofias com presidente da comissão da União europeia, Durão barroso
europa
73setembro/novembro 2012 - Diplomática •
➤ oportunidades de emprego. neste sentido,
a prioridade procura ainda desenvolver
as negociações relativas às políticas comuns
tais como de agricultura e das pescas, a
políticas de coesão e a política de investi-
gação e inovação (Horizon 2020); programas
financeiros que abrangem vários setores e
também dão ênfase à política energética
e às redes transeuropeis de transportes,
telecomunicações e energia, a infra – estru-
tura ligar a europa; promover o crescimento
ecológico que envolve políticas relativas às
alterações climáticas e ambientais.
para levar ao cabo a segunda grande prio-
ridade que diz respeito ao crescimento
económico há subpontos tais como: um
melhoramento do sistema financeiro incluin-
do medidas mais transparentes; o reforço à
vigilância orçamental e à monitorização da
estratégia europa 2020; enfatizar o papel da
pme e fortalecer o mercado único.
Quanto à terceira prioridade que remete para
a solidariedade e coesão social está em
vista a criação do sistema europeu comum
de asilo para garantir a defesa dos direitos
do indivíduos que necessitam de proteção
internacional. o segundo ponto importante
procura enfatizar questões sobre a saúde e
bem-estar das crianças; questões sobre a
educação e cultura. o terceiro ponto apon-
ta para a consideração da participação de
parceiros sociais; onG e autoridades locais
no quadro da implementação da estratégia
europa 2020. e por fim consolidar o quadro
referente à proteção dos dados pessoais.
Quanto à quarta prioridade, que incide sobre
a proximidade entre a europa e os seus vizi-
nhos estão em vista um conjunto de ➤
alguns quadros apresentados na exposição que marcou a abertura da presidência cipriota do conselho da União europeia
74 • Diplomática - setembro/novembro 2012
➤ medidas que dizem respeito à política
externa. a criação de uma relação multifa-
cetada e a garantia do pluralismo com os
parceiros mediterrânicos é um dos principais
objetivos da presidência de chipre dentro
da política europeia de vizinhança. por outro
lado, espera-se a consolidação da seguran-
ça na indústria alimentar e a melhoria da
política comercial comum dentro da Ue.
com uma história que data de 9000 a.c.,
chipre é um país com uma cultura e arte
secular. nesse sentido e para comemorar
a presidência de chipre da União europeia
bem como promover a cooperação ➤
1 2 3 4
5 6 7
1. thalia petrides e maria da luz de bragança 2. embaixadores da itália e da rússia 3. embaixadores do iraque, Hussain sinjari e
da irlanda, Declan o Donovan 4. pintor constantinos stefanou 5. Josefina i estrada 6. lorenzo schnyder, mirko stefanovic, Zeljko
vukosav e moussa abunaim 7. Youssef louzir
Chipre na presidência da União Europeia
75setembro/novembro 2012 - Diplomática •
➤ cultural entre chipre e portugal, a senhora
embaixadora thalia petrides organizou na
cordoaria nacional uma exposição intitula-
da “a arte do previsível”, sendo a primeira
exposição coletiva em portugal de arte
contemporânea de chipre. a participação de
três célebres pintores - andreas Karayan,
constantinos stefanou e Zenon Jepras, com
quarenta e uma obras originais, oferece uma
oportunidade única para os amantes de arte
portugueses. na inauguração da exposição,
dia 12 de setembro, marcaram presença
membros do governo, altas individualidades
e diplomatas. n
8 9 10
11 12
8. pintor Zenon Jepras 9. embaixador da roménia com os embaixadores da moldavia 10. antonio santana carlos, Giorgi Gorgila-
dze e bernard pierre 11. bossa Dionizio, Jorge ramos e Jorge Dinis 12. Jaime Dias e Jiro maruhashi 13. General luís evangelista
esteves de araújo, chefe de estado-maior-General das Forças armadas com a embaixadora, thalia petrides 14. embaixadora com
catarina vaz pinto, vereadora da cultura da câmara municipal de lisboa 15. embaixadora com o secretário de estado dos assuntos
europeus do ministério dos negócios estrangeiros, miguel morais leitão
reportagem roman buzut
15
13
14
´ +Africa
O MPLA, no poder em Angola desde a
independência em 1975, venceu de forma
incontestável as eleições realizadas em 31
de Agosto passado. Segundo os resulta-
dos oficiais da Comissão Nacional Eleito-
ral, nas eleições de Angola, o partido de
José Eduardo Santos, reeleito presidente,
obteve 71,84% dos votos. A Unita, princi-
pal partido da oposição, ficou em segundo
lugar com 18,66%. A Coligação Ampla
da Salvação de Angola ( CASA-CE) foi o
terceiro partido mais bem votado com 6%.
Um quadro avassalador para quem lançou
polémicas em torno da forma como de-
correu o acto eleitoral, lançando suspeitas
de fraude que levaram a uma ameaça de
impugnação da votação pela UNITA.
As votações decorreram com tranquilidade
e Angola pôde desta forma dar ao Mundo
uma imagem de maturidade e transpa-
rência democráticas, aliás, atestadas por
observadores independentes internacio-
Eleições em AngolaJosé Eduardo dos Santos recebeu nas urnas aval para prosseguir políticas rumo ao progresso
nais. Como foi o caso de Leonardo Simão,
chefe da missão de observadores da
Comunidade dos Países de Língua Portu-
guesa (CPLP) ao destacar que o processo
eleitoral decorreu num ambiente de tran-
quilidade, serenidade, com um grau de
organização bastante elevado”.
A missão dos observadores da CPLP
deslocou 10 técnicos para testemunhar o
processo eleitoral em Angola, tendo o seu
responsável máximo relevado a «enorme
evolução» na organização das eleições
gerais em relação às legislativas de 2008.
«Estive aqui em Luanda em 2008 e teste-
munho a enorme evolução que o proces-
so teve», sublinhou Leonardo Simão, um
dia depois do acto eleitoral. Igualmente, o
antigo presidente cabo-verdiano Pedro Pi-
res, chefe da missão de observadores da
União Africana que também acompanhou
as eleições, considerou que a organiza-
ção do escrutínio foi “satisfatória”. ➤
Os compromissos de José Eduardo dos Santos
José Eduardo dos Santos recebeu, assim, dos eleitores toda a legi-
timidade para pôr em prática o seu programa eleitoral, arrojado e que
tem por principal finalidade desenvolver ainda mais a economia que
apresenta já elevados índices de expansão. Quais então os principais
compromissos assumidos pelo MPLA para os próximos cinco anos:
- Taxa média anual de crescimento do PIB de até 7%, até 2017
- Programa de rendimento mínimo, atra-
vés da transferência direta de recursos
- Colocar Angola da lista dos países de
rendimento médio no Índice de Desenvol-
vimento Humano da ONU
- Relatório anual sobre direitos humanos
- Criação de um mercado de capitais
- Primeiro censo populacional após a
Independência
- Prioridade ao emprego de angolanos
nas empresas estrangeiras
- Acesso à água até 100% nas zonas
urbanas e até 80% nas zonas rurais
- Novo aeroporto de Luanda
´ +Africadossier
´ +Africa 77setembro/novembro 2012 - Diplomática •
➤ Reinventar o país
«As eleições gerais de 31 de agosto
marcaram o corolário de um processo de
reinvenção do país que em boa verdade
começou nos finais dos anos 80», acen-
tua Filomeno manaças, diretor do Jornal
de angola, comentando os resultados
nas urnas obtidos por José eduardo dos
santos. Um dos objetivos principais visa
alcançar uma economia de mercado
e combater as desigualdades sociais.
Um desiderato ambicioso que também
comprova a elasticidade política de um
partido que soube adaptar-se aos tem-
pos modernos e à revolução operada em
muitos mercados emergentes que tinham
no poder também partidos com linhas
programáticas semelhantes às do mpla.
Foi com a aprovação e início de imple-
mentação em 1987 do programa de
saneamento económico e Financeiro,
«seF», que arrancou o processo das
reformas macroeconómicas. na realida-
de, foi o primeiro passo de abertura para
a economia de mercado e que conduziu
posteriormente o país ao multipartidaris-
mo político, em 1991.
como sublinha Filomeno manaças tra-
çando a retrospetiva destes anos em
que o mpla está no poder – não o
usando de forma ditatorial mas abrindo
o espaço do poder multipartidário e às
formas de democracia que tornaram an-
gola um caso ímpar em áfrica - a Unita
foi chamada a participar no processo
e novos partidos surgiram no espectro
político angolano. o universo da media
em angola viu surgir novos títulos de
imprensa e novas rádios. o pluralismo de
ideias foi nota dominante e angola ficou
convencida que tinha ganho o oxigénio
necessário para encetar outras transfor-
mações. os angolanos acreditaram que
estava dado um passo importante para
a unificação do país, para a preservação
da integridade territorial e da soberania
nacional.
as mudanças empreendidas foram impul-
sionadas pelo presidente José eduardo
dos santos e pelo mpla. mas a Unita
pôs em causa todo o processo ao recor-
rer de novo às armas depois de perder
as eleições de 1992. Faz sentido voltar
sempre a recordar este facto para se per-
ceber a dimensão histórica do que está
em causa. ➤
1. José eduardo dos santos 2. membros do comité central do mpla
1 2
78 • Diplomática - setembro/novembro 2012
➤ Da guerra ao progresso
Diante da recusa de solução pacífica
do conflito militar – várias rondas de
negociações com esse objetivo foram
feitas sem resultados palpáveis -, o país
teve de se desdobrar em esforços para
pôr ponto final à guerra. Foi através da
intervenção do presidente José eduardo
dos santos que permitiu manter intacta a
integridade territorial e o reconhecimento
pela comunidade internacional da justeza
dos princípios defendidos.
apesar do percalço da guerra, que ceifou
a vida a milhares de angolanos e colo-
cou angola à beira do colapso e de que
ainda hoje sofre problemas vários com
reflexos na atualidade, a refundação do
país não parou. assenta em processos
que correm paralelos: da consolidação
da paz, da reconstrução da economia
destruída pela guerra, do reforço da de-
mocracia, do reforço das instituições do
estado, da formação da riqueza humana
e material indispensável à conquista do
desenvolvimento económico e social
para o país.
Quem olha para a História Universal e
saiba tirar as devidas ilações sobre os
processos de unificação dos estados
europeus e sua evolução até aos dias de
hoje, saberá certamente entender o de-
vido valor e dimensão da figura de José
eduardo dos santos.
se a agostinho neto se deve o mérito de
ter conduzido com êxito a luta de guerri-
lha e proclamado a independência nacio-
nal, a 11 de novembro de 1975, a José
eduardo dos santos cabe o feito de ter
impedido o desmembramento do país, de
tê-lo lançado na via da reconstrução e da
modernização e, em particular, da instau-
ração da democracia multipartidária. ➤
Eleições em Angola
3. comicio em malanje
3
79setembro/novembro 2012 - Diplomática •
➤ e levando-o a trilhar caminhos de
expansionismo económico a nível global,
de que é exemplo sintomático, os investi-
mentos de milhões efetuados nos últimos
anos em portugal, contribuindo para
aproximar os dois países, sem tabus.
os angolanos desejam um país novo e a
conquista da paz veio renovar as ener-
gias de todos os seus filhos que estão
empenhados na sua construção. aspiram
por novas mentalidades a condizer com
as mais nobres virtudes da democracia,
de contraponto de ideias sem se resva-
lar para comportamentos moralmente
condenáveis. e foi esse o sentido de
voto que sobressaiu nas eleições de 31
de agosto. a carta de alforria dada pelo
povo ao seu presidente, reeleito para
prosseguir as suas políticas rumo ao
progresso económico e manutenção da
estabilidade política. n
4. comicio mpla, em luanda 5. e 6. comicio em malanje 7. Dia das eleições, filas para as mesas de voto
4 5
67
´ +Africa
80 • Diplomática - setembro/novembro 2012
Desde que o Homem se tornou bípede e de-
senvolveu a fala, passou a comunicar melhor
com os seus semelhantes, viver em grupos
e evoluir para a organização social, econó-
mica e cultural. esse percurso é a história da
hominização. ora bem: exceptuando a história
da criação que coloca um Homem perfeito no
jardim do eden como centro de mundo e comu-
nica diretamente com Deus o seu criador, do
ponto de vista evolucionista, a pessoa humana
passou por diferentes etapas do desenvolvi-
mento físico e do cérebro, durante as quais, a
comunicação assumiu um papel relevante, no
entendimento entre diferentes grupos humanos
deste planeta. nada é mais emocionante e
valioso do que a boa comunicação entre ho-
mens e mulheres. o que o conflito não resolve,
acaba na mesa das negociações. É através de
um processo trabalhado e estudado, que tudo o
que precede ou termina um conflito, passa pelo
fracasso ou o êxito das negociações, dotados
da fala, da inteligência sensível e da racionali-
dade, o mundo sustenta-se através da oralida-
de e da escrita, ,sendo que a oralidade é muito
mais desenvolvida, quando se trata de ações
diretas do diálogo, como último recurso de tudo
o que se esgota através da violência física
ou bélica. os últimos séculos até aos nossos
dias, desenvolveram várias escolas da arte de
Diplomacia Cultura e História
palmira tjipilicaprofessora Universitária - luanda, angola
CróniCa
comunicação, desde a psicologia, às relações
internacionais, estudos de outras línguas e
culturas, que na melhor das hipóteses evoluem
cada vez mais e melhor no sentido do auto
conhecimento e regulamentação dos interesses
entre os humano. Do ponto de vista histórico, o
encontro de culturas entre a europa e a áfrica
subsaariana, disse Joseph Kizerbo, historiador
africano, “fez-se sem negociações entre os
povos que não partilhavam do mesmo universo,
da mesma língua, nem dos mesmos princípios”.
na verdade, imperou a lei da força e o avanço
técnico de uns, submeteu os menos fortes, na
capacidade técnica e científica daquela época.
se fizermos uma trajetória histórica de dife-
rentes países, verifica-se que muitos desses,
passaram pelo mesmo processo e portugal não
foi excepção com relação à roma imperial. por
contaminações positivas, se chegou ao deseja-
do equilíbrio cultural, que permite o diálogo nas
relações diplomáticas, terminada a subjugação
de uns pelos outros. com o fim da segunda
guerra mundial, desenhou-se um novo mundo,
através de uma nova ordem económica e social
e o surgimento da organização das nações
Unidas é desde 1945, mal ou bem, o motor da
diplomacia mundial como cultura, em substi-
tuição do tradicional papel da igreja na solução
de inúmeros conflitos, através da arte de ne-
gociar. nesta particular experiência, destaco o
papel da igreja católica que teve os maiores
diplomatas de todos os tempos. tornada cul-
tura, hoje, a forma de discutir ideias, captar
e prender a audiência, fez dos bons actores e
políticos, grandes tribunos. são os que mais
estudam o domínio do gesto e da palavra como
arte. com isso, a história diplomática, não é
mais do que a simbiose dessas duas técnicas,
como expressão profunda do que queremos
de nós, desta vida e dos outros, em termos de
equilíbrio. todo esse cenário, faz-nos entender
que é sobre as importantes realizações que a
história da Diplomática como revista se movi-
menta e encontra as devidas justificações de
divulgação de diferentes países e estados poli-
ticamente integrados no mundo global contem-
porâneo. isso é fazer história. n
´ +Africa 81setembro/novembro 2012 - Diplomática •
A iX conferência de chefes de estado e de Governo da
cplp decorreu no passado mês de Julho, em maputo.
a sessão de abertura contou com as intervenções do
presidente da república de moçambique, armando
Guebuza, país que assume agora a presidência rotativa
da cplp e, em nome da presidência cessante, com a
alocução do vice-presidente da república de angola,
Fernando da piedade Dias dos santos.
a sessão plenária contou, ainda, com as intervenções
do presidente da assembleia parlamentar da cplp,
Fernando la sama de araújo, do presidente da co-
missão europeia, José manuel Durão barroso, e do
Director-Geral da Fao, José Graziano da silva. Foram
emitidas várias declarações, nomeadamente sobre a
cplp e os Desafios de segurança alimentar e nutricio-
nal e sobre a situação na Guiné-bissau.
Foram tomadas importantes resoluções, tais como: a
resolução sobre a revisão dos estatutos, a resolução
sobre o orçamento de Funcionamento do secretariado
executivo para o exercício de 2013 entre outras, tais
como a relativa ao acordo sobre concessão de vistos
de múltiplas entradas e sobre o “Documento estraté-
gico para a Juventude da cplp e resolução sobre o
programa indicativo de cooperação da cplp – 2013-
2016.
aníbal cavaco silva foi um dos presidentes da repúbli-
ca presentes nesta cerimónia, bem como vários homó-
logos de diversos países que compõem esta comuni-
dade de língua portuguesa, bem como, José manuel
Durão barroso, presidente da comissão europeia.
o embaixador moçambicano murade isaac miguigy
murargy foi eleito como secretário executivo da cplp.
embaixador de carreira, murade murargy, de 65 anos,
foi durante dez anos secretário-Geral da presidência de
moçambique. chefiou a missão diplomática moçambica-
na em paris, França. a partir da capital francesa esteve
acreditado como embaixador extraordinário e plenipo-
tenciário na alemanha, suíça, tunísia, Gabão, mali,
costa do marfim, senegal e irão, tendo sido também
delegado permanente de moçambique na Unesco. n
Cimeira da CPLPEm Moçambique
Viagens de estado
´ +Africa
82 • Diplomática - setembro/novembro 2012
António Geirinhas, diretor geral
da multitel, serviços de telecomu-
nicações, desde Julho de 2008,
cargo que desempenha depois
de ter sido diretor da Unidade de
negócios iptv e serviços Digitais
(iptv project leader – responsá-
vel pelo lançamento do meo), da
pt comunicações, Grupo portugal
telecom. licenciado em economia
pela Faculdade de coimbra, a sua
atividade tem-se desdobrado em
posições marcantes na área das
novas tecnologias, com particu-
lar destaque no desenvolvimento
e gestão de produto canais da
tv cabo e na direção de novos
produtos da pt comunicações do
grupo portugal portugal telecom.
nesta entrevista à Diplomática,
explica como a multitel contribuiu
para o desenvolvimento do setor
das telecomunicações em angola
e o crescimento sustentado da
economia daquele país. sublinha
que um dos fatores principais do
seu sucesso respeita ao reconhe-
cimento que os clientes fazem das
competências da multitel como
parceiro mais do que como mero
fornecedor de serviços, contando
com a grande experiência e know-
-how que a sua principal acionista,
a portugal telecom, desempenha,
por exemplo, na formação de
quadros e no negócio de teleco-
municações, apoiando os clientes
da empresa nos investimentos
naquele país. ➤
António Geirinhas, responsável da Multitel por maria de bragança e José leite
Empresa líder em Telecomunicações em Angola:
«Crescimento da empresa tem sobretudo a ver com o reconhecimento que os
clientes fazem das nossas competências como parceiro mais do que como
mero fornecedor de serviços»
gestores internacionais
´ +Africa 83setembro/novembro 2012 - Diplomática •
➤ Factor importante no sucesso
de uma empresa respeita à con-
quista da confiança dos clientes.
Como é que a Multitel faz para
conquistar novos clientes e am-
pliar o seu posicionamento no
Mercado angolano?
a multitel é uma empresa de
telecomunicações que oferece
soluções para o mercado corpo-
rate e empresarial. neste en-
quadramento a nossa missão é
sobretudo dar qualidade ao nosso
cliente, ao comprar um serviço à
multitel não se usufrui apenas de
um serviço de qualidade, mas do
apoio permanente e de proximida-
de de uma equipa de profissionais
com larga experiência no mercado.
o aconselhamento na definição
mais adequada às necessidades
do cliente, o apoio com um suporte
de pós venda eficiente e a garantia
de baixos tempos de resposta a
pedidos de instalação ou interven-
ção são a nossa marca – ligações
de confiança. o crescimento da
empresa tem sobretudo a ver com
o reconhecimento que os nossos
clientes fazem das nossas compe-
tências como parceiro mais do que
como mero fornecedor de serviços.
Em pleno cenário de crise e de
concorrência à escala global ,
como é que a empresa encara o
futuro?
a preocupação da equipa de ges-
tão da multitel é criar valor susten-
tado para os nossos acionistas em
qualquer ambiente. se uma empre-
sa é bem gerida, com bons níveis
de ebitDa e portanto de valor
incrementado sustentadamente,
o futuro está garantido. como se
sabe hoje a tendência nas teleco-
municações é de concentração e
convergência de serviços. neste
sentido as fusões de empresas po-
derão ser uma realidade no curto
prazo, mas se cumprirmos bem o
nosso papel a resultante final só
pode ser positiva.
A aposta em parcerias estratégi-
cas com empresas de referência
portuguesas tem-se revelado
positiva? De que forma? Está
nos vossos planos a conquista
de posições no Mercado portu-
guês?
no nosso caso é mais do que
parceria estratégica, uma vez que
a portugal telecom detém 40% do
capital da multitel, sendo o restan-
te capital pertencente a Grupos
angolanos, angola telecom e
bci, banco comércio e indústria.
neste caso a grande experiência,
know how que a pt tem de todo o
negócio de telecomunicações, tem
sido um suporte essencial para a
evolução e bons resultados que
temos obtido. por outro lado a mul-
titel tem tido um papel importante
no suporte e apoio em angola para
os clientes pt que decidiram aqui
investir.
O problema da formação dos
recursos humanos é uma das
grandes preocupações do setor
das Telecomunicações. Essa
também tem sido uma preocu-
pações da Multitel? De que for-
ma é que a empresa tem tratado
esse problema? Já agora, tem
recorrido à contratação de qua-
dros técnicos portugueses para
Angola?
esta é uma área muito querida
para a Gestão da multitel, em fó-
rum de conselho de administração
é um dos temas mais abordados
e discutidos. também neste caso
o facto da portugal telecom ser
acionista, tem garantido uma ponte
de formação competente para os
nossos quadros, sobretudo na área
técnica e de Gestão. por outro lado
a multitel tem valorizado perma-
nentemente a relação com o meio
Universitário, garantindo assim aos
jovens licenciados estágios profis-
sionais ou de fim de curso. após
estes estágios a percentagem de
incorporação nos quadros da em-
presa é muito elevada, até Junho
de 2012 de 87%.
a multitel tem atualmente mais de
cem trabalhadores, sendo apenas
4 de nacionalidade não angolana.
estes são sobretudo técnicos de
grande competência que garantem
parte da gestão operacional mas
sobretudo formam e constroem
os quadros técnicos da empresa.
todo este esforço tem tido ótimos
resultados, garantindo hoje um
nível de angolonização dos mais
elevados do país. como exemplo,
hoje, todos os Diretores de 2ª linha
e 60% dos Diretores de 1ª linha
são angolanos.
O setor de Telecomunicações e
Tecnologias de Informação tem
em curso em Angola vários pro-
jetos para modernização da rede
básica no sentido de acelerar
o processo de estruturação da
oferta dos serviços públicos bá-
sicos às populações e viabilizar
vários empreendimentos públi-
cos e privados.Qual o ponto da
situação? É otimista o cenário
para o sector em Angola?
eu diria que estamos apenas no
início de uma grande onda de
desenvolvimento do mercado tec-
nológico em angola. Hoje, luanda
representa ainda uma percenta-
gem enorme de toda a atividade
económica, mas é já notória a forte
aposta no desenvolvimento das ➤
´ +Africa
´ +Africa84 • Diplomática - setembro/novembro 2012
➤ cidades de província. a abertura
de filiais regionais de empresas
industriais e serviços, da banca, da
atividade seguradora, das esco-
las, das Universidades, a aposta
de novos pólos e zonas económi-
cas, estão já a criar necessidades
cada vez mais sofisticadas e em
que a disponibilidade e fiabilidade
das redes e serviços tecnológicos
serão críticas para o sucesso do
país.
Quais os obstáculos que en-
frenta o desenvolvimento do
setor em Angola onde, segundo
julgamos saber, avultam como
principais transtornos, a demora
acentuada nos trabalhos de des-
minagem das rotas de instalação
das infra-estruturas da rede bá-
sica de telecomunicações ( por
ex, a fibra óptica) a escassez de
recursos humanos em qualidade
e quantidade suficiente?
angola tem feito nos últimos anos
um grande esforço para garantir a
existências de infra-estruturas bá-
sicas que permitam um crescimen-
to mais sustentado da atividade
económica. Dentro desta perspec-
tiva a energia é um dos principais
“issues” para a prossecução de tal
objetivo. o facto universal de que
os planos energéticos são concre-
tizados no mínimo entre 10 a 15
anos, fará com que a energia conti-
nue a ser o principal problema para
a qualidade e fiabilidade de toda a
actividade económica e logicamen-
te das telecomunicações.
Os diversos projetos de médio e
longo prazo que estão a ser de-
senvolvidos pelo setor das Tele-
comunicações e Tecnologias de
Informação devem pôr o país na
verdadeira rota da “auto-estrada
da informação”? Qual o papel
da vossa empresa nesse âmbito
e como se posiciona tendo em
vista um dos vossos objetivos
fulcrais que é tornar-se, a curto
prazo, umas empresa de refe-
rência para a concepção, dese-
nho, fornecimento e gestão de
soluções de telecomunicações
empresariais em Angola ?
a multitel tem como missão essen-
cial, contribuir para o desenvolvi-
mento do setor das telecomunica-
ções em angola, contribuir para o
crescimento sustentado da econo-
mia angolana, para o sucesso da
atividade de cada um dos nossos
clientes, garantindo uma oferta de
soluções e de serviços de tele-
comunicações empresariais que
seja diferenciadora em termos de
qualidade e de fiabilidade.
continuamos a implementação do
nosso plano estratégico, de modo
a poder posicionar a multitel como
operador ainda mais relevante no
segmento empresarial. para tal,
contou com um forte compromisso
de todos os sócios, angola tele-
com, banco comércio e indústria e
portugal telecom, para reestrutu-
rar as suas redes (implementação
do mpls), a capacidade orga-
nizativa, com vista a uma maior
eficácia empresarial. em 2012
aposta-se sobretudo em fortalecer
a capacidade e fiabilidade da rede
proprietária, plataformas de servi-
ços, por forma a poder garantir aos
nossos clientes níveis elevados de
qualidade de serviço e cumprimen-
to dos sla’s negociados. saliento
também a abertura da primeira
filial com sede em benguela e que
passará a ser o suporte de toda
a atividade da multitel a sul de
Huambo.
As parcerias com o setor priva-
do de forma a que o Estado e os
privados trabalhem em conjun-
to, é um bom sinal no desenvol-
vimento do setor em Angola?
angola é um país muito particular,
saído há pouco mais de 10 anos
de uma guerra civil terrivelmente
destruidora, tem uma riqueza e um
potencial endógeno extraordinário.
as necessidades são ao mesmo
tempo básicas e por outro lado já
com níveis elevados de sofistica-
ção (banca, comunicação social,
organismos estatais, seguradoras,
setor petrolífero). a riqueza poten-
cial é muita mas também é muito
elevado o nível de financiamento
para dar resposta efetiva a uma
gama tão diferenciada de necessi-
dades. as ppp’s podem e deverão
ter neste contexto um papel essen-
cial para o desenvolvimento sócio
económico de angola.
Acha que o novo Livro Branco
das Tecnologias de Informação
e Comunicação, um documen-
to programático e estratégico
sobre as políticas de informação
e telecomunicações em Angola,
pode estimular o desenvolvi-
mento socioeconómico do país
e contribuir para a redução das
assimetrias regionais?
tenho a honra de fazer parte do
conselho consultivo alargado
do mtto (ministério das tele-
comunicações e tecnologias de
informação) e como tal participei e
contribui em nome da multitel para
o sucesso do livro branco. o seu
conteúdo é obviamente orientador
dos grandes valores e objetivos
para um setor tão importante
como o nosso. o seu conteúdo, a
sua visão é sem dúvida nenhuma
estimuladora de um maior desen-
volvimento social e económico
para o país e de princípios para
ciar condições essenciais para a
redução das assimetrias regionais.
a rede transaccional de bens,
recursos e negócios não é ape-
nas constituída por uma rede de
transportes (rodoviários, aéreos,
marítimos) eficiente, mas também
de uma rede de telecomunicações
eficaz e meios tecnológicos de
informação de acesso generalizado
e de cobertura nacional. n
António Geirinhas
´ +Africa
e m o t i o n s & l i f e s t y l e
imos o seu evento por medida...Produz
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87setembro/novembro 2012 - Diplomática •
Para se ter uma ideia da importân-
cia da casa ermelinda de Freitas,
há que dizer que é das casas viti-
vinicolas mais premiadas do nosso
país. De Janeiro a maio de 2012, a
casa já ganhou 67 prémios nacio-
nais e internacionais nos maiores
e mais prestigiados concursos de
vinhos mundiais. ainda na passada
semana, no concurso mundial “les
citadelles Du vin”, anunciado na
feira de vinhos vinexpo, em Hong
Kong, a casa ermelinda de Freitas
ganhou 5 medalhas de ouro e 1 de
prata, tendo sido uma das empresas
portuguesas mais premiadas. Uma
medalha de ouro foi também ganha
em 2011, no concurso da comissão
região penísula de setúbal, em
palmela. bruxelas, paris, bordéus e
Guimarães foram também palco de
grandes vitórias desta prestigiada
empresa.
a casa ermelinda vive, atualmen-
te, um dos seus períodos de maior
expansão. o que se reflecte em
vários investimentos nas vinhas,
na adega e na equipa técnica,
sempre com o mesmo objetivo:
a qualidade. na casa ermelinda
Freitas há todo um envolvimento
necessário para o enoturismo,
havendo uma linguagem pedagógi-
ca a cada grupo que a visita. aqui
se faz o culto da vinha e do vinho,
ao longo de 240 ha de vinhas, de
apenas duas castas. leonor Frei-
tas, com o seu espírito inovador e
diferenciador, introduziu uma diver-
sidade de castas, como a trica-
deira, touriga nacional, aragonês,
syrah, entre outras. ➤
Casa Ermelinda FreitasUma História Familiar
Um símbolo pedagógico da Região
Há 4 gerações que a Casa Ermelinda Freitas- Vinhos Lda é uma empresa familiar dedicada à produção do
vinho. Fundada por Ermelinda Freitas e seu marido, mesmo após o falecimento deste, continuou a sua obra
e esta última geração, liderada pela filha, Leonor Freitas, marca novamente a liderança intrinsecamente
feminina de uma marca ligada à história da família, que vive atualmente um dos seus períodos de maior
expansão.
Made in portugal
88 • Diplomática - setembro/novembro 2012
Vale a pena contar-vos quem é
leonor Freitas, cuja vida se confun-
de, desde a primeira hora, com a
terra e as propriedades que a viram
nascer.
nascida em Fernando pó, em 1952,
fez a escola primária na mesma
localidade, o secundário em setúbal
e os estudos superiores em lisboa,
no instituto superior de serviço
social. apesar de uma carreira bem
sucedida na área de saúde, sempre
se sentiu ligada à terra dos seus
familiares, valorizando, junto a seus
pais – manuel João de Freitas e er-
melinda Freitas – a importância do
trabalho da vinha. É depois de 2004
que se dá, a tempo inteiro, ao setor
vitivinícola.
entre diversos prémios ganhos pela
empresa, o trabalho de leonor Frei-
tas tem contribuído para a consoli-
dação da empresa familiar.
Quisemos ouvir leonor Freitas
e a maneira como vê a missão e
valores da empresa
leonor Freitas – a minha visão
é satisfazer as expetativas dos
consumidores e até superá-las.
os nossos vinhos são da máxima
qualidade e com a melhor relação
qualidade-preço. continuo a de-
fender e a valorizar o trabalho e o
setor vitinícola, como um veículo de
empregalidade e de reconhecimen-
to mundial de um dos produtos mais
importantes que portugal produz.
Quais são as diferenças entre o
vosso produto e dos concorren-
tes?
primeiramente, a nossa localização
privilegiada, no sul do país, o sol
ajuda à maturação da vinha, mas,
ao mesmo tempo, como estamos
perto do mar, gozamos de uma fres-
cura que impede a sobrematuração
dos vinhos.
Na sua opinião, quais os ➤
Leonor FreitasUma mulher inovadora e uma líder incontestável
leonor Freitas
uma empresária
de sucesso
Made in portugal
89setembro/novembro 2012 - Diplomática •
➤ negócios internacionais de
maior destaque?
exportamos para quase todos os
países europeus – luxemburgo,
Holanda, alemanha, inglaterra. mas
igualmente importantes, e dado as
duas realidades distintas (a nacio-
nal, em recessão, e a internacional,
em crescimento), expandimo-nos
para os eUa, brasil, angola, mo-
çambique, china e muitos mais. a
tendência do futuro é a mesma, o
que implica que devemos continuar
a dar o maior destaque à interna-
cionalização, ainda que sem descu-
rar o nosso mercado.
O futuro, como está a ser encara-
do nesta empresa?
obviamente, é de apreensão, mas
eu sou naturalmente otimista e já
quando entrei no mercado dos vi-
nhos engarrafados o sentimento era
de apreensão. Já havia crise, pes-
simismo e eu cresci e venci. o que
é preciso, acima de tudo, é muita
dedicação, muito rigor. É, de resto,
esse o sentimento das 27 pessoas
que trabalham na adega e as mais
de 30, nas vinhas.
Falemos a terminar, das estra-
tégias com vista a garantir um
futuro sustentado?
para além da aposta forte nos
mercados nacional e internacio-
nal, de que já lhe falei, temos em
desenvolvimento a construção da
adega nova, vamos aumentar a
produção (que já não é suficiente)
e reforçar a vertente do enotu-
rismo, reconvertendo vinhas e
reforçando a aposta nas nossas
castas. espero que este ano seja
tão bom como o ano passado,
crescemos tanto nacional como
internacionalmente e, quanto ao
futuro, temos fé. Julgo que temos
tudo o que é necessário para
vencer. n
90 • Diplomática - setembro/novembro 2012
Alfredo AmaralDiretor-Geral da Peugeot Portugal Automóveis
Inaugurada em Janeiro de 1995, a Peugeot Portugal
Automóveis é, desde Maio deste ano, liderada pela primeira
vez na sua história por um português. Alfredo Amaral detém
uma vasta experiência e conhecimento do mercado automóvel
nacional, o que certamente terá pesado na sua nomeação.
Encara com realismo o desafio que lhe foi confiado, sabendo
que a economia atravessa um período francamente exigente,
mas também que a Marca Peugeot prepara trunfos importantes
para atacar os próximos tempos. ➤
gestores internaCionais
91setembro/novembro 2012 - Diplomática •
92 • Diplomática - setembro/novembro 2012
➤ Desde 1 de Maio que é Dg da PPA.
Quando entrou na empresa?
a minha atividade profissional está
ligada à peugeot portugal desde 1994,
quando participei na criação da Filial por-
tuguesa. Desde então, assumi diversas
funções.
entre 1995 e 2000, fui responsável pelo
desenvolvimento da rede de concessio-
nários da marca em portugal. em 2000,
passei a Diretor da sucursal de lisboa
e, a partir de 2004, liderei a Direção de
peças e serviço da Filial.
em Julho de 2005, iniciei carreira inter-
nacional na automobiles peugeot como
responsável pelas operações comerciais
da marca para a américa do sul. tinha
a meu cargo o brasil, a argentina, o
chile, o Uruguai e o paraguai.
em outubro de 2008, regressei a por-
tugal para assumir a Direção comercial
da marca, função que exerci até maio,
quando fui nomeado como Diretor-Geral
da peugeot em portugal. É com natural
orgulho que me tornei no primeiro portu-
guês a exercer este cargo.
O que representa a Marca Peugeot?
como está bem expresso na sua recente
assinatura de marca “motion & emotion”,
a peugeot é sinónimo de exigência e
emoção. estes elementos estão bem
presentes nos nossos produtos, na sua
raça, no seu design exterior e interior e
no prazer de condução que proporcio-
nam.
a marca tem igualmente demonstrado
ser capaz de inovar em vários domínios:
segurança ativa e passiva, a tecnologia
a bordo e motorizações mais eficientes e
amigas do ambiente, com destaque para
o primeiro Híbrido Diesel do mundo.
De há uns anos a esta parte, a marca
tem apostado forte em dois vetores
estratégicos: a sua internacionaliza-
ção, através de uma presença forte em
mercados emergentes, e na subida em
gama, dando uma orientação mais pre-
mium aos nossos produtos
A seu ver, o que explica a forte desci-
da do mercado automóvel nacional?
o negócio automóvel tem sido, clara-
mente, um dos que mais tem sofrido com
o atual contexto económico e financeiro
que o país atravessa. a confiança do
consumidor é baixa, o desemprego sobe,
os bancos financiam menos... É algo que
afeta tanto os clientes particulares como
os clientes-empresa. ➤
Alfredo Amaral
Diretor-Geral da Peugeot Portugal Automóveis
A Peugeot é sinónimo de exigência e emoção, estes elementos estão bem
presentes nos nossos produtos, na sua raça, no seu design exterior e interior e no prazer de condução que proporcionam.
93setembro/novembro 2012 - Diplomática •
➤ a acrescer a tudo isto, temos uma
carga fiscal pesada, com um imposto
sobre veículos (isv) acrescido de iva
que onera fortemente o preço de venda
do automóvel, o que somado faz com
que tenhamos dos preços mais elevados
da europa.
neste contexto é explicada a performan-
ce do mercado nacional, que em acumu-
lado a agosto decresceu 43% face a um
mercado de 2011 já de si fraco quando
comparado a 2010.
Nesse cenário, que resultados têm
conseguido?
a peugeot tem conseguido “aguentar
bem o embate”, pelo que as nossas
vendas têm sofrido menos que a média
do mercado. na prática, a nossa quota
de mercado em 2012 está a ser reforça-
da, quer no segmento de passageiros
quer nos comerciais ligeiros. estes
resultados são alcançados, por um lado,
pelo excelente ciclo de produto que
atravessamos e o seu bom acolhimento,
como é o caso do 208 e 508, bem como
a gama Híbrida-Diesel, e por outro, com
o trabalho que fizemos em conjunto com
a nossa rede de concessionários, a
vários níveis.
De que forma a Peugeot tem encarado
o desafio ambiental?
a marca tem efetuado investimentos
fortíssimos nesta área. para além de
termos sido os pioneiros na utilização do
filtro de partículas (Fap) nos automóveis
Diesel, eu destacaria três frutos recentes
do investimento da marca: em primeiro
lugar, a tecnologia e-HDi, associada a
um avançado sistema stop&start; depois
a gama de híbridos Diesel, com os mo-
delos 3008 HY4, 508 berlina HY4 e 508
rXH; finalmente, os motores gasolina 3
cilindros, de baixa cilindrada e emissões
co2 reduzidas mas com ótimas presta-
ções. são eixos fundamentais para nós,
tendo em conta que a carga fiscal em
portugal tem uma forte componente as-
sociada às emissões de co2 do veículo.
Pode-nos dar uma ideia da dimensão
que a Peugeot possui atualmente, no
mundo?
a dimensão mundial da marca é, já hoje,
uma realidade. ela está presente em 160
países com um total de 10 mil pontos de
venda. no que respeita ao volume de
vendas, em 2011, foram vendidos em
todo o mundo cerca de 2 114 000 peu-
geot, sendo metade fora da europa.
E em Portugal?
em portugal, temos uma rede composta
por 38 concessionários de viaturas no-
vas que totalizam mais de 80 pontos de
venda. em vendas, fechámos 2011 na 2ª
posição do ranking nacional de marcas.
com 17.457 veículos vendidos, a peuge-
ot alcançou uma quota de 9,3%, contra
8,7% em 2010. este ano apesar da
quebra de mercado, reforçamos a nossa
posição com uma quota de mercado em
acumulado de 9,4%.
Como antevê os próximos tempos
para a Peugeot, em Portugal? ➤
94 • Diplomática - setembro/novembro 2012
➤ no atual contexto económico e social,
as previsões de mercado não são otimis-
tas, estimando-se um mercado igual ou
até mesmo inferior ao de 2012. apesar
da nossa ambição passar por conti-
nuarmos a estar no top3 das vendas
nacionais, um mercado com esta dimen-
são implica muitas dificuldades para as
marcas automóveis e para as suas redes
de concessionários. Dificuldades estas
que levaram já ao limite da capacidade
das estruturas existentes, sendo que a
partir de agora poderá ter fortes conse-
quências na nossa atividade.
ainda assim, temos trunfos importantes,
como a boa perceção que os clientes
têm da marca e o potencial dos nossos
produtos, que temos de saber explorar,
sejam as novidades como 208 e a gama
Hibrida-Diesel, sejam os modelos mais
consolidados como 107, 308 e 3008.
para 2013, teremos igualmente um pla-
no de lançamentos bastante forte, com
alguns dos produtos a serem já desven-
dados no próximo salão de paris. n
Alfredo Amaral
Director-Geral da Peugeot Portugal Automóveis
P ara 2013, teremos igualmente um plano de lançamentos bastante
forte, com alguns dos produtos a serem já desvendados no próximo Salão de Paris.
95setembro/novembro 2012 - Diplomática •
Todos, sem exceção, conhecem Júlio magalhães,
antigo companheiro dominical de marcelo rebelo de
sousa na tvi, hoje diretor do porto canal. nascido
no porto, iniciou a sua carreira como jornalista aos
16 anos, na área do desporto, no comércio do porto.
Há dias, Júlio magalhães, autor de “os retorna-
dos” (2008) e de “amor em tempo de Guerra” (no
ano passado), lançou o seu terceiro livro “longe
do meu coração”, uma obra que se centra no
fenómeno da emigração portuguesa para França
nos anos de 1960. o lançamento foi no consulado
de paris e foi manuel luís Goucha que apresentou.
nele se conta a história de Joaquim, um emigran-
te português em França, em busca de uma vida
melhor. neste livro, Júlio magalhães retrata com
mestria e realismo, o quotidiano dos portugueses,
cujo sonho maior era regressar ao seu portugal,
com sucesso. mas cedo, Joaquim vai descobrir que
há barreiras a ultrapassar. n
“ANGOLA”, Ya Muxima Uamiw – do Tejo ao Kwanzade José Carlos Moutinho
“Quem nunca sentiu o cheiro de áfrica, não sentiu o cheiro da
vida” – palavras de José carlos moutinho. Quem lê esta frase e o
título do livro, diria que foi escrito por um angolano. nada mais er-
rado. José carlos moutinho nasceu no sobralinho e foi com apenas
13 anos que partiu para angola, de onde completou o curso indus-
trial e trabalhou na área farmacêutica. em 1973 saiu de angola e
foi para o brasil. regressaria definitivamente a portugal em 1980.”
“angola” é um romance, mas desde os 15 anos que escreve se
apaixonaou pela fotografia e pela poesia, um caminho de que se
desviou um bocado, até reiniciar as suas odes poéticas (extrema-
mente emotivas) em 2009. segundo as suas próprias palavras “a
concretização deste é um sonho nunca sonhado. Diria que, talvez,
um dia imaginado”. Falando de áfrica, o romance mostra a paixão
que fica impregnada na alma de quem viveu em angola. n
“Longe do meu Coração”De Júlio Magalhães
Livros
96 • Diplomática - setembro/novembro 2012
A conhecida esritora e jornalista isabel stilwell lançou,
sob a chancela da esfera dos livros, o romance “D.
amélia – a rainha exilada que deixou o coração em por-
tugal”.
autora de romances históricos “Filipa de lencastre” e
“catarina de bragança”, cada um deles com mais de 35
mil exemplares vendidos. “Uma rainha não foge, não
vira as costas ao seu destino, ao seu país, D. amélia de
orleans e bragança, assim nos conta isabel stilwell, era
uma mulher marcada pela tragéia quando embarcou,
em 1910, rumo ao exílio. entre críticas, traições, tragé-
dias, nos seus dias mais tristes passava os dedos pelos
coláres de pérolas que D. carlos lhe oferecera, com 671
pérolas, cada um delas simbolizando momentos felizes
que teimava em não esquecer. em 1945, a convite de
salazar, regressa a portugal. morreria em França, 6
anos depois, na cama que columbano pintara para ela,
com as armas de bragança desenhadas na cabeceira.
recentemente, isabel stilwell, que é também diretora do
DestaK, numa viagem ao brasil, dava uma entrevista,
onde realçava a importância que o seu jornal dá à divul-
gação dos livros, ao seu conteúdo relevante e confessa-
va que, à partida, gostaria de escrever sobre D. manuel i e
de outros filhos de Filipa de lencastre, que não o eterno
infante. n
“D. Amélia”Por Isabel Stilwell
“O Melhor de Mim”De Maria Helena Quartas
Poeta de raiz, maria Helena Quartas esteves desde
cedo manifestou o gosto pela escrita, mas só viria a
concretizar o seu sonho na poesia entre 2010/2011,
altura em que desenvolveu e partilhou a sua tendência,
talvez porque o seu caminho profissional nada ter a ver
com a poesia. mas ainda foi a tempo, por isso resolveu
deixar sair do seu coração “o melhor de si” e partilhá-lo
com todos nós. entre poemas lindos, emotivos, expres-
sivos, maria Helena Quartas afirma que “alguns ideiais
que têm iluminado o meu caminho e me acalentam uma
coragem renovada para caminhar, têm sido a bondade,
a verdade e o amor, na poesia encontrei o alimento da
minha alma”. e assim é. na realidade. n
Livros
97setembro/novembro 2012 - Diplomática •
Les défis de François Hollande
en mai de cette année, François Hollande a été élu président de la république française. le "slogan" de “ le
changement” a été bien reçu par l'électorat. après avoir pris un pays avec d'énormes problèmes, Hollande fait
maintenant face à des défis majeurs. n
The challenges of François Hollande
in may this year, François Hollande was elected president of the French republic. the "slogan" of the change was well
received by the electorate. after having taken charge of a country with enormous problems, Hollande now faces major
challenges. n
Journée Nationale de la France
l’un des premiers pays européens qui ont vu tomber la monarchie,a étè célébré le 14 Juillet. l’ambassadeur pascal
teixeira da silva a dit que la révolution française a établi le principe de la souveraineté populaire et de la démocratie
représentative. n
National Day of France
France was one of the first european countries that saw the monarchy fall and this is celebrated on the 14 of July.
ambassador pascal teixeira da silva , in his speech, said that the French revolution established the principles of
popular sovereignty and representative democracy. n
Crise en Europe
Ambassadeur de Turquie – Ali kaya Savut
Une leçon à tirer de la crise actuelle en euro - la théorie économique indique clairement que, pour une union
monétaire réussir, il doit avoir une union économique pour permettre la monnaie a une base solide. n
Ambassador of Turkey – Ali kaya Savut
a lesson to be learnt from the current crisis of the euro - economic theory clearly states that for a monetary union to
be successful there must be a full economic union allowing a strong currency. n
Ambassadeur d'Allemagne - Helmut Elfenkämper
il est clair que la crise n'est pas seulement le problème de certains pays. le niveau atteint au sein de la zone euro
menace sa stabilité dans l’ensemble union economic. n
Ambassador of germany - Helmut Elfenkämper
it is clear that the crisis is not only the problem of some countries. the level reached within the eurozone is threatening
its stability as a whole. n
Ambassadeur de belgique - Jean.Michel Veranneman
Je pense que la raison principale que nous vivons en ce moment grave réside dans le déséquilibre de la crise
économique et sociale, nous avons une europe économique, mais nous n'avons pas une europe politique. mais sans
l'euro et la création d'institutions este dificille l’assurer. n
Ambassador of belgium - Jean.Michel Veranneman
i think the main reason we have the crisis lies in the imbalance of economic and social crisis. We have an economic
europe, but we do not have a political europe. We have created the euro but not created the institutions to manage
the euro. n
l'Ambassadeur britannique - Jill gallard
intégrer l'Ue est crucial pour l'emploi crir dans notre pays, accroître le commerce et protéger nos intérêts dans le
monde. n
british Ambassador - Jill gallard
integrating the eU is crucial for creating jobs in our country, growing trade and protecting our interests in the world. n
Ambassadeur de grèce - Vassilios Costis
la crise s'est agravée en raison à la fois du diagnostic initialement mauvais, comme les politiques d'austérité que ont
intensifié la récession. la résolution de la crise nécessite la recapitalisation des banques et l'équilibre dans la zone euro. n
English & French texts
98 • Diplomática - setembro/novembro 2012
English & French texts
Ambassador of greece - Vassilios Costis
the crisis worsened due to both a diagnosis initially wrong in regard to the austerity policies which intensified the
recession. the resolution of the crisis requires bank recapitalization and a balance in eurozone. n
Ambassadeur de la Russie - Pavel Petrovskiy
l'Union européenne doit trouver un équilibre rationnel entre la nécessité d'introduire l'assainissement budgétaire, assurer
les emploisr, la croissance économique, problèmes sociaux, le maintien de la stabilité des systèmes de retraite. n
Ambassador of Russia - Pavel Petrovskiy
the european Union must find a rational balance between the need to introduce fiscal consolidation, assure jobs,
economic growth, solve social problem and maintain the stability of pension systems. n
Putin veut reconconstruire la fierté de l’ancienne Nation
au cours de la campagne de cette année, m. putin a fait tout son possible pour préserver son'image. il n’ pas participer
dans les débats et a choisi de publier des articles dans les journaux dans lesquels a exploré la crainte traditionnelle
des russes à l'extérieur. n
Putin preserves his image and his country
During this year's campaign, putin did everything possible to preserve his image. He didn’t participate in any debate
and chose to publish extensive newspaper articles in which he explored the traditional fear of the russians to the
outside. n
Le président du Cap-Vert au Portugal.
cavaco silva a souligné sa satisfaction a ce concerne à cette visite présidentielle, qui a démontré l'amitié fraternelle
entre les peuples et les pays. n
O President of Cape Verde in Portugal.
cavaco silva stressed his satisfaction with this presidential visit that demonstrated the fraternal friendship between
peoples and countries. n
Chef de l'Etat de Sao Tomé-et-Principe au Portugal
chef de l'etat de sao tomé-et-principe a visité notre pays le président de la république oereceu un palais exquis
dans la citadelle de cascais, où il a rappelé le vizeram agréable visite et 1990 s. thomas. n
The Head of State of Sao Tome and Principe in Portugal
the Head of state of sao tome and principe visited our country. the president of the republic received him at an
exquisite palace in the citadel of cascais, where he recalled the pleasant visit he had in 1990 to s. tomé. n
Anthony Geirinhas, chef de Multitel
licencié en économie par l'Université de coimbra, son activité a des positions importants dans le domaine des
nouvelles technologies, en particulier dans le développement et la gestion de des'produits des chaînes de télévision. n
Anthony Geirinhas, head of Multitel
Degree in economics from the University of coimbra, his activity has been marked in the area of new technologies,
especially to what concern the development of products related to tv networks. n
Prix “Europa Nostra” dans le Monastère de Jerónimes
prix ??du patrimoine culturel "europa nostra" au portugal, avec la présence des princes des asturies et de plácido
Domingo dans le monastère de Jeronimos. le «europa nostra» est une onG pan-européenne, qui vise à sauvegarder
le patrimoine culturel de ‘europe. se sont 28 kes gagnants. l'événement a été parrainé par le président de la
république. n
“Europa Nostra” in Lisbon
the "europa nostra" is an annual prize for cultural Heritage. it was awarded this time in portugal, with the presence
of the princes of asturias and plácido Domingo in the Jeronimos monastery. the "europa nostra" is a pan-european
nGo, which aims to safeguard the cultural european patrimony. there were 28 winners. the event was sponsored by
the president of the republic. n
A CHAVE PARA O SABOR DA TRADIÇÃOApenas 3 frutas, 3 especiarias e 3 séculos de experiência: são os ingredientes que consideramos essenciais para chegar ao autêntico sabor de um London Dry Gin.
Nº3 - A TASTE OF TRADITION
S e j a r e s p o n s á v e l . B e b a c o m m o d e r a ç ã o .