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Francois Holland

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Page 1: Diplomática 14

´Diplomaticabusiness & Diplomacy

With English & French Texts

Embaixadores dão respostas sobre a crise e a sua resolução:

Nº14Novembro 2012€4 (Cont.)

Dip

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tic

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01

2

Chorou ao ser reeleito

agora

Alemanha, Bélgica, Estados Unidos, França, Grécia, Inglaterra, Rússia e Turquia

Os desafios do Presidente

Page 2: Diplomática 14
Page 3: Diplomática 14
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4 • Diplomática - setembro/novembro 2012

DIRECTOR: maria da luz de bragança PRODUÇÃO: césar soares PROPRIEDADE: maria da luz de bragança EDIÇÃO: Gabinete 1 editor nº 211 326. rua de são bernardo, nº27 a – lisboa.

MARkETINg & PUblICIDADE: Gabinete 1 - e-mail:[email protected] tel.: 21 099 96 74 Fax: 21 096 49 72IMPRESSÃO: Jorge Fernandes, lda, DISTRIbUIÇÃO: logista - alcochete - telefone: 21 926 78 00 Fax: 21 926 78 45

issn 1647-0060 – Depósito legal nº 276750/08 – publicação registada na Direcção Geral da comunicação social com o nº 125395

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Assuntossummary

sumáriosummary os desafios de François Hollandethe challenges of François Hollande Dia nacional da Françanational Day of France crise na europa na ótica dos embaixadores crisis in europe from the viewpoint of the ambassadors putin quer recuperar o orgulho de uma antiga naçãoputin wants to regain the pride of an ancient nation o presidente de cabo verde esteve em portugalthe president of cabo verde visits portugal demonstrating the fraternal friendship between the two countries o chefe de estado de são tomé e príncipe em visita de estadothe Head of state of são tomé and principe visited our country on an official visit presidente cavaco silva recebeu as credenciais dos novos embaixadores no palácio de belémpresident cavaco silva received credentials of the new ambassadors in belém reunião do G2 no méxico – consenso para combater a criseG2 meeting in méxico – consensus to fight the crisis prémio “europa nostra” em lisboa na presença dos príncipes das asturiascultural prize “europa nostra” in the Jeronimos monastery in the presence of the princes of asturias novo camões junta cooperação, língua e cultura new camões bring together study of cooperation, language and culture Diplomacia e Glamour – um evento com estiloDiplomacy and Glamour, an event with style in marriott Hotel presidência cipriota da União europeiaFor the first time since cyprus joined the eU, it assumes the presidence of the european José eduardo dos santos ganha eleições em angolapeople of angola gives strenght to the president to pursue political progress cimeira da cplp em moçambiquecplp summit in mozambique antónio Geirinhas, diretor geral da multitelanthony Geirinhas, head of multitel, specialist in new technologies casa ermelinda Freitas – o bom vinho português, uma história de famíliaermelinda Freitas – a good portuguese wine, a familiar story alfredo amaral – pela 1ª vez, na história da peugeot portugal, liderada por um português alfredo amaral in peugeot portugal - it’s the first time that a portuguese leads the firm livrosbooks traduçõestranslations

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6 • Diplomática - setembro/novembro 2012

Os desafios de François Hollande

Em Maio deste ano, na segunda volta das eleições, François Hollande foi eleito

o 24º Presidente da República Francesa com mais de 50 % dos votos, destro-

nando de forma categórica Nicolas Sarkozy. O slogan da «mudança» foi bem

aceite pelo eleitorado e desta forma se assistiu ao regresso triunfal do Partido

Socialista à Presidência da República francesa, depois de François Mitterrand,

que exerceu o cargo de chefe de Estado entre 1981 e 1995. ➤

F rançois Hollande foi eleito

o 24º Presidente da República Francesa com mais de 50 % dos votos

Capa

Page 7: Diplomática 14

7setembro/novembro 2012 - Diplomática •

➤ François Gérard Georges nicolas

Hollande, 57 anos, nasceu na alta

normandia, no seio de uma família

de classe média. acredita-se que o

sobrenome Hollande tenha tido ori-

gem em ancestrais calvinistas que

fugiram da Holanda, no século

Xvi. É o filho mais novo do médi-

co Georges Gustave Hollande, um

otorrinolaringologista que concorreu

às eleições municipais, em 1959 e

1965, por um partido de extrema-

direita, sendo derrotado nas duas

vezes. a mãe, nicole Frédérique

marguerite tribert, já falecida, era

uma católica de esquerda e traba-

lhou como assistente social. aos

13 anos a família mudou-se para

neuilly, nos subúrbios de paris.

Hollande estudou no internato saint

Jean-baptiste de la salle, depois

na École nationale d’administration

e no institut d’Études politiques de

paris.

a sua primeira atividade na polí-

tica foi como voluntário na então

fracassada campanha de François

miterrand à presidência, em 1974.

cinco anos depois, filiou-se no

partido socialista. em 1981 con-

correu a deputado na assembleia

nacional Francesa mas acabou por

sair derrotado. porém, a notorieda-

de que conquistou nessas eleições

foi suficiente para que fosse apon-

tado como conselheiro do então

presidente miterrand. mais tarde,

trabalhou na equipa de max Gallo,

escritor, historiador e político, como

porta-voz do governo. em 2001

foi eleito presidente da câmara de

tulle, cargo que assumiu durante

7 anos. em 2008, chegou a chefe

do conselho de corrèze. em 2011,

François Hollande, nascido em

rouen, em 12 de agosto de 1954,

anunciou que se candidataria às

primárias do partido socialista a

fim de ganhar o direito de disputar

as eleições presidenciais do ano

seguinte. Depois da saída forçada

de Dominique strauss-Kahn da

corrida às presidenciais, devido

aos escândalos e à respectiva

prisão nos estados Unidos. Foram

seis os candidatos que se apre-

sentaram nas primárias realizadas

pelos socialistas, com o objectivo

de designar o futuro candidato do

partido – ségolène royal, marti-

ne aubry, manuel valls, François

Hollande, arnaud montebourg

e Jean-michel baylet. Hollande

conquistou, desde logo, a lideran-

ça nas sondagens e acabou por

derrotar martine aubry, a principal

candidata concorrente dentro do

partido. martine é filha de Jacques

Delors, ministro das Finanças do

governo de François miterrand

(1981-1985), assumindo logo de

seguida a presidência da comissão

europeia, onde se manteve durante

10 anos. Foi ministra do emprego

e da solidariedade entre 1997 a

2000 e é presidente da câmara de

lille, desde março de 2001. em 25

de novembro de 2008 foi eleita

líder do partido socialista francês,

derrotando ségolène royal .

Foi justamente com ségolène

royal que o atual presidente

francês viveu em união de facto,

desde a década de 70 e durante

30 anos. Dessa união nasceram

quatro filhos. em 2005 também ela,

em entrevista concedida ao jornal

francês paris match manifestou a

intenção de concorrer à presidência

em 2007. rapidamente foi reco-

nhecida como uma forte candidata,

tendo então como opositor nicolas

sarkozy.

nascida em Dakar, no senegal, a

22 de setembro de 1953,ségolène

é licenciada pelo institut d’etudes

politiques de paris. Foi juíza,

deputada e ministra nos governos

de pierre bégégovoy e mais tarde

no de lionel Jospin, entre outros

cargos que desempenhou.

essa forte experiência política

permitiu-lhe a segurança necessária

para se candidatar às presidenciais.

como se sabe, as coisas não lhe

correram bem… nas últimas elei-

ções, a que também concorreu, e

depois de ter obtido apenas 7% das

intenções de voto, decidiu apoiar

o seu ex-companheiro, François

Hollande.

valérie trierweiler é a mulher da

vida de François Hollande. citando

as suas próprias palavras, sente-

-se orgulhosa de compartilhar a

vida com o líder socialista. “estou

simplesmente orgulhosa por acom-

panhar o novo presidente da re-

pública e feliz por sempre partilhar

a vida com François”, disse numa

mensagem difundida pelas redes

sociais.

a jornalista, de 47 anos, é a oita-

va primeira-dama da v república

francesa, com a particularidade de

não ter casado com o presidente,

fato que acontece pela primeira vez

no eliseu.

mãe de três filhos, iniciou, em 2006,

um romance secreto com Hollande -

que não seria oficializado até 2010.

Desde as eleições primárias do

partido socialista começou gradu-

almente a abandonar o seu mutis-

mo mediático. Durante as últimas

semanas de campanha eleitoral

acompanhou Hollande nos comícios

mais importantes. Devido a esta

ligação sentimental, optou por não

trabalhar na informação política,

mas não renunciou ao jornalismo,

que exerce na revista “paris match”

e na rede de televisão “Direct 8”.

pode não ter o sucesso mediático

da sua antecessora, a cantora,

ex-modelo e atriz carla bruni, mas

é uma grande conhecedora dos

meios de comunicação e da políti-

ca francesa. Foi -lhe atribuída, por

exemplo, a mudança de imagem de

Hollande para preparar o salto para

o palácio do eliseu, notavelmente

mais magro quando tomou posse. ➤

Page 8: Diplomática 14

8 • Diplomática - setembro/novembro 2012

➤ mas a política não vive de ima-

gens mas de acções e na prossecu-

ção de objetivos… e estes revela-

ram-se ainda escassos no mandato

de François Hollande.

com efeito, depois de ter assumido

um país com enormes problemas,

quer no plano económico quer no

que diz respeito ao desemprego,

que atingiu os números mais altos

dos últimos 13 anos (cerca de três

milhões de pessoas), o «estado de

graça» alcançado por Hollande en-

frenta desafios importantes. longe

vão os tempos em que granjeou as

simpatias da maioria do eleitorado

francês que aderiu a uma sugestiva

campanha que tinha como principal

slogan a «mudança política». Um

propósito traduzido num manifesto

considerado demasiado arrojado

contendo 60 propostas para o país,

com destaque para uma medida

sempre suscetível de cair no goto ➤

François Hollande

Page 9: Diplomática 14

9setembro/novembro 2012 - Diplomática •

➤ da classe média, como foi o au-

mento dos impostos para as gran-

des empresas, bancos e para os

mais ricos.

o jornal le monde publicou recen-

temente os dados oficiais sobre as

principais medidas tomadas nestes

primeiros meses do mandato de

Hollande. Uma das iniciativas que

deu brado traduziu-se na distribui-

ção pelos órgãos estatais de um

comunicado anunciando a abolição

do “carro da empresa”, escrito de

uma forma provocatória, quase

ofensiva para os altos funcionários,

utilizando frases como: “se um

executivo que ganha 650 mil euros

por ano, não se pode dar ao luxo de

comprar um bom carro com o seu

rendimento do trabalho, significa

que é muito ambicioso, é estúpido,

ou desonesto. a nação não precisa

de nenhuma dessas três figuras “.

Desde que esta medida foi tomada,

345 milhões de euros foram recupe-

rados e imediatamente transferidos

para criar 175 institutos de pesquisa

científica avançada de alta tecno-

logia, criando emprego para 2560

jovens cientistas desempregados,

com o objetivo de “aumentar a

competitividade e produtividade da

nação.”

o conceito de paraíso fiscal, de-

finido como socialmente imoral,

foi abolido. lançou, por isso, um

decreto presidencial que criou uma

taxa de emergência de aumento

de 75% em impostos para todas as

famílias que ganham mais de 5 mi-

lhões de euros por ano. com essa

verba, manteve assim o pacto fiscal

sem afetar um euro do orçamento,

contratando 59.870 diplomados

desempregados como professores

na educação pública.

também a igreja foi privada de

benefícios considerados intocáveis,

uma vez que deixou de receber

anualmente subsídios estatais, que

ascendiam aos 2 milhões de eu-

ros e que financiavam exclusivas

escolas privadas. com essa verba

pôs em marcha um plano para a

construção de 4.500 creches e

3.700 escolas primárias, a partir

de um plano de recuperação para

o investimento em infra-estruturas

nacionais.

na área da cultura instituiu algo

inédito – um “bónus-cultura” presi-

dencial. trata-se de uma medida

que permite que qualquer pessoa

possa fundar uma cooperativa e

abrir uma livraria independente,

livre de impostos, desde que con-

trate pelo menos dois licenciados

desempregados, oriundos dos cen-

tros de emprego. o objetivo, além

da criação dos postos de trabalho

e do relançamento de novas posi-

ções sociais, é o de economizar na

despesa pública. por outro lado,

extinguiu todos os subsídios do

governo para revistas, fundações e

editoras, substituindo-os por comis-

sões de “empreendedores estatais”.

são estas comissões que financiam

ações de atividades culturais, com

base na apresentação de planos de

negócios relativos a estratégias de

marketing avançados.

apesar destas iniciativas arrojadas,

a economia francesa tarda a arran-

car e o nível de aprovação à gestão

do presidente francês caiu para

46%, três meses apenas após ser

eleito. É claro que a debilidade eco-

nómica à escala global que afeta os

países da Zona euro e as medidas

entretanto tomadas estão na origem

desta pequena queda de populari-

dade. a sombra da recessão ame-

aça agora a França. «cuidado com

o fogo, Hollande”, avisa a revista

semanal marianne, ao passo que o

libération: «Que fazer quando as

circunstâncias e os acontecimentos

se precipitam, [...] quando a crise

económica e social se agudiza a

um ritmo cada vez mais preocu-

pante? alinhar pelo diapasão, ou

contemporizar? [...] a semana de

loucura que se viveu no eliseu, em

matignon e no Governo [...] refor-

ça a noção de que a ‘presidência

normal’ não irá seguramente sobre-

viver a esta primeira crise política».

enquanto que num dos seus edito-

riais, o le Figaro diz que será após

a “trégua de verão” que o chefe de

estado deverá apressar as grandes

reformas que estão em ponto mor-

to”. e acrescenta: «eleito graças a

um sentimento anti sarkozy tóxico,

demoliu os símbolos ligados ao seu

predecessor: reforma das aposen-

tações, isenção do imposto sobre

as horas extras, flexibilização das

regras para doações e heranças...»

Há quem compreenda que a pureza

das promessas vai ficar compro-

metida ao ser confrontada com a

realidade. Há ainda quem tenha

boas razões de queixa: todos aque-

les que acreditaram que François

Hollande ia renegociar o tratado

orçamental europeu (a ratificar

durante o outono pelo parlamen-

to). em nome do compromisso de

retomar o equilíbrio das finanças

públicas, Hollande arrisca-se a ficar

com o maior contingente de criticas

vindas, sobretudo, dos contribuin-

tes. ser-lhe-á cada vez mais difícil

afirmar que só os ricos é que são

sacrificados.

mas, fato digno de registo, é que

a inflação não aumentou, o spre-

ad com títulos alemães baixou e a

competitividade da produção na-

cional aumentou no mês de Junho,

pela primeira vez nos últimos três

anos. trata-se, sem dúvida, de um

caso de sucesso e da concretização

das promessas eleitorais, o que

nos tempos que correm é deveras

invulgar! saiba Hollande enfrentar

os novos desafios decorrentes da

crise à escala global e o futuro lhe

sorrirá. esta é uma oportunidade a

não perder na sua carreira já longa

de político. «allez, François!!». n

Page 10: Diplomática 14

10 • Diplomática - setembro/novembro 2012

Como narra a história do velho

continente França foi dos primeiros

países europeus que viram cair a

monarquia; que se tornaram repú-

blicas e celebraram o dia nacional.

também conhecido pelo Dia de

bastilha, “la Fête de la Fédéra-

tion”, o Dia nacional de França é

comemorado anualmente a 14 de

Julho e recorda a tomada da prisão

de bastilha em 1789 por um grupo

de revolucionários parisienses. tal

acontecimento foi para muitos um

ato que pôs fim ao antigo regime e

originou a revolução Francesa.

a primeira celebração do dia nacio-

nal do estado francês decorreu em

1790: no ano seguinte àquilo que

na altura se pensou ser o fim da

revolução Francesa. Quatro dias

de festa reuniu milhares de pessoas

no champ de mars em paris para

celebrarem a nova constituição

referente à monarquia constitucio-

nal que retirava ao rei o controlo

total sobre o governo. mas o sonho

francês demorou anos a concre-

tizar-se. conflitos internos que

levaram à morte do rei e da rainha;

a prisão de várias personalidades;

a transformação de França numa

poderosa máquina militar na altura

de napoleão e o fracasso da tropa

napoleónica na batalha de Waterloo

em 1815; foram alguns dos impor-

tantes fatores apontados ➤

Dia Nacional de França

1

1. o dircurso do embaixador de França, pascal teixeira da silva

Mala diploMátiCa

Page 11: Diplomática 14

11setembro/novembro 2012 - Diplomática •

➤ pelos historiadores como uma

onda de convulsões políticas que

cobriu a França nos finais do século

Xviii, inícios do século XiX.

tempos mais tarde, em 1870, foi

criada uma nova forma republica-

na de governo, conhecida como

a “terceira república” e em 1978

o 14 de Julho, associado à queda

de bastilha, foi escolhido como

dia nacional para homenagear a

república.

em 2012 celebram-se 223 anos

desde a queda da fortaleza, bas-

tilha, que deu um novo sentido à

história do povo francês. É um dia

louvado pelos franceses de todo

o mundo. este ano, enquanto em

França decorreram vários eventos,

dos quais se destacou o tradicional

desfile militar no champs-elysées

em paris, em portugal, o embaixa-

dor de França, pascal teixeira da

silva, por ocasião da festa nacional,

recebeu na sede da embaixada,

no palácio de santos, várias per-

sonalidades francesas e do mundo

diplomático. no seu discurso, o

embaixador afirmou que a “revolu-

ção Francesa definiu o princípio da

soberania popular e da democracia

representativa” e acentuou que o

14 de Julho de 1790 simbolizou a

“união fraterna de todas as partes

da França e de todos os cidadãos

franceses”. n

2 43

5

2. os embaixadores de França e maria da luz de bragança 3. nuno rogeiro e pascal teixeira da silva 4. os embaixadores de

França

Page 12: Diplomática 14

12 • Diplomática - setembro/novembro 2012

Né dans une famille fortunée de normandie, il est élevé

a rouen dans une banlieue résidentielle, inscrit dans un

prestigieux collège religieux ou il sera un brillant élève; son

père, notable médecin reconnu et très marqué à droite (plu-

tôt proche de l’extrême droite d’ailleurs) décide d’installer

sa famille à neuilly sur seine autre banlieue résidentielle,

sa mère assistante sociale est elle plutôt sympathisante

des idées progressistes voir socialistes…après une scola-

rité réussie il intègrera la prestigieuse école Hec (Hautes

Études commerciales) puis l’institut d›Études politiques,

rue saint Guillaume à paris et enfin l’École nationale

d’administration (promotion voltaire) ou il fera la connais-

sance de ségolène royal avec qui il aura quatre enfants!

en 1981 il est candidat socialiste aux élections législati-

ves dans la troisième circonscription de corrèze contre

Jacques chirac alors président du rpr et maire de paris:

ce dernier dira de lui lors d’un meeting électoral qu’il est

moins connu que baltique la chienne de François mitter-

rand - à l’époque c’était vrai…

en 1988 il sera élu dans cette même circonscription député

de corrèze, département rural qu’il a choisit et à la maniè-

re d’un bon paysan contentieusement travaillé pendant de

nombreuses années, s’inspirant de la méthode du couple

chirac, il sillonne les cantons, est présent aux nombreuses

manifestations locales: comices agricoles, foires diverses,

banquets des anciens combattants, marchés populaires,

bals annuels des pompiers volontaires et embrasse sans

crainte des familles entières! Un travail permanent qui

va porter ses fruits! reçu même par les notables locaux

chiraquiens pour la plus part, il devient une figure de ce

petit bout de France! il deviendra maire de tulle, bourgade

sans très grand attrait mais préfecture et ville martyre de

la seconde guerre mondiale. ville que par son travail et

celui de son équipe il saura dynamiser en lui insufflant une

nouvelle énergie après la fermeture de la manufacture na-

tionale d’armes et la suppression de centaines d’emplois,

avec entre autre la création de nombreuses manifestations

culturelles dont “les nuits de nacre” festival d’accordéon

reconnu aujourd’hui bien au delà des frontières de

l’hexagone. en 2008 il devient conseiller général du canton

de vigeois et est élu dans la foulée président du conseil

général de la corrèze ou il saura se faire apprécier entre

autres de madame bernadette chirac!!! c’est dire. tout le

monde a encore en mémoire la petite phrase “répétée” du

président chirac «moi je vote Hollande!»

entre temps sa carrière nationale lui a permis de présider

le parti socialiste de nombreuses années, il ne sera pas

ministre - ce que certain lui reproche comme un manque

d’expérience - mais si proche de François mitterrand puis

de lionel Jospin que son exercice du pouvoir n’est en

tout cas pour moi pas à démontrer.

sa gestion du département de la corrèze lui sera égale-

ment reprochée à maintes reprises, département présen-

té comme le plus endetté de France! il convient de savoir

qu’il s’agit en fait d’un héritage de la précédente mandatu-

re : le fait de ne jamais avoir communiqué sur cette réalité

démontre sa droiture et sa loyauté envers les électeurs

qui avaient désigné l’équipe sortante.

Depuis le 6 mai il est élu président de la république

française, déjà se profile un comportement très différent

de celui de son prédécesseur - je doute qu’il emmène

son père lors d’une visite d’état à l’étranger, je sais que

sa compagne ne montera jamais poser sur les toitures du

palais de l’Élysée, je suis certain que lors de sa prochaine

visite au vatican aucun humoriste populaire ne sera de sa

suite…

certes il n’est pas pauvre, ses revenus d’édile, les espé-

rances qu’il peut nourrir sur la succession de son père le

libèrent de certains soucis d’intendance. sa compagne va-

lérie treirweiller (née massonaud) est elle même dans une

situation confortable, je sais cependant qu’ils ne passeront

pas leur vacances sur un yacht prêté par un des barons du

cac 40…

bref je vois d’un très bon œil s’ouvrir une présidence

normale et digne, que certains pourront contraster avec le

quinquennat précédent...

D’autres point me semblent plus encourageant encore

: des accords franco-allemands sur lesquels nous ne

pouvions plus revenir? en cours de modification… les

hedge funds européens intouchables? madame merkel

vient elle même d’annoncer le contraire, nous devions

tous payer pour les banques? Un commissaire euro-

péen de plus français, michel barnier, guère socialiste

vient d’annoncer l’inverse…

s›il y a eu, par moments, de l›arrogance, je souhaite qu’elle

laisse place à la compétence!

J’ai confiance, monsieur

Hollande a les pieds sur

terre, il sait d’où il vient

et où il va. De plus il est

plein d’humour et épi-

curien, même si sa cure

d’amaigrissement ne peut

que témoigner des efforts

qu’il est prêt à fournir pour

incarner sa fonction. n

Un président normal:François Hollande

Jacques-antoine bretagnolle

Crónica

Page 13: Diplomática 14

13setembro/novembro 2012 - Diplomática •

Considerada uma zona de altíssimo desenvolvimento econômico e bem-estar social,

a europa vive atualmente tempos de turbulência económica e revoltas populares

– como aconteceu em portugal com milhares de manifestantes na rua em protesto

contra as medidas de austeridade impostas pelo Governo. os mercados estão sob

ameaça do colapso e teme-se que o euro, a moeda da unidade, possa estar em risco.

Há anos que esta crise era anunciada, quando se soube que alguns países, para se

financiar, passaram a acumular dívidas. por outras palavras: gastavam mais do que

produziam. assim, a relação do endividamento sobre o pib de muitas nações do

continente ultrapassou significativamente o limite de 60%

estabelecido no tratado de maastricht, de 1992, que criou

a zona do euro. os primeiros «estremeções» remontam a

2007, quando surgiram suspeitas de que o mercado imobi-

liário dos estados Unidos vivia uma «bolha». temia-se que

bancos americanos e também europeus possuíam ativos

altamente arriscados, estabelecidos em hipotecas de baixa

qualidade. a crise de 2008 confirmou as suspeitas e levou

os governos a injetarem trilhões de dólares nas economias dos países mais afeta-

dos. a chamada troika, formada pelo Fundo monetário internacional (Fmi), comissão

europeia e banco central europeu, chegou aos países à beira do colapso, injetando

grandes meios financeiros, impondo, como contrapartida,

rigorosas condições de austeridade que tiveram o condão de

não agradar aos vários parceiros sociais.

portugal, irlanda, itália, Grécia e espanha - que formam o

chamado grupo dos piiGs - são os que se encontram em

posição mais delicada dentro da zona do euro, pois foram os

que atuaram de forma mais indisciplinada nos gastos públicos

e se endividaram excessivamente. além de possuírem elevada

relação dívida/pib, estes países acumularam pesados défices

orçamentários face à dimensão das suas economias. como não possuíam remanes-

centes de recursos (superávit), entraram no «radar» da desconfiança dos investidores.

para este ano, as projeções da economist intelligence Unit apontam défices/pib de

8,5% para portugal, 19,4% para irlanda, 5,3% para itália, 9,4% para Grécia e 11,5%

para espanha. a crise tende a alastrar e será que a europa vai resistir a mais esta

crise, a mais grave do pós 2ª Guerra mundial?

Uma questão de grande atualidade e que motiva um dos temas centrais destra

edição da revista Diplomática, através da publicação de depoimentos dos em-

baixadores Alemanha, bélgica, Estados Unidos, França, grécia, Inglaterra, Rús-

sia e Turquia e que fizeram o enquadramento da situação e apontaram soluções

para o futuro. n ➤

Crise na Europa

dossier

Page 14: Diplomática 14

14 • Diplomática - setembro/novembro 2012

Os problemas com os quais a União europeia está,

atualmente, confrontada advêm da conjugação de

vários fatores: as divergências das economias dos

estados membros da zona euro ao longo da última

década, os efeitos da crise financeira e económica

sobre as finanças públicas dos estados membros já

fragilizados pelo alto nível de défice e endividamento,

e uma construção incompleta da União económica

Razão do desbalanço económico e da crise social na UE, por pascal teixeira da silva, embaixador França

e monetária (Uem) caraterizada pela ausência de

mecanismos de gestão de crise e de resgate, a pos-

sibilidade de desrespeitar as regras, uma governança

insuficiente e a falta de união bancária.

a estes problemas económicos acrescem problemas

políticos com o desenvolvimento do euro-ceticismo

junto dos cidadãos europeus e dos egoísmos nacio-

nais por parte dos estados-membros. Uma crise ➤

espaço diploMátiCo

A incerteza sobre a unidade e a determinação

da zona euro em atuar criou uma crise de confiança dentro e fora da zona euro que, por sua vez, tem agravado as dificuldades

Page 15: Diplomática 14

15setembro/novembro 2012 - Diplomática •

➤ política ameaçava juntar-se a uma crise económica

e financeira. a incerteza sobre a unidade e a deter-

minação da zona euro em atuar criou uma crise de

confiança dentro e fora da zona euro que, por sua

vez, tem agravado as dificuldades.

os dirigentes da Ue e dos seus estados-membros

tomaram consciência do caráter fulcral dos desafios

que se nos apresentam. portanto, para resolver este

conjunto de problemas, trabalhámos para alcançar

três objetivos: ultrapassar a crise das dívidas so-

beranas pela aplicação de disciplinas orçamentais

(que são necessárias para reduzir o endividamento,

recuperar margens de manobra nos recursos do

estado, libertar-se da volatilidade dos mercados e da

especulação); voltar ao crescimento pois, sem ele,

não será possível pôr em ordem as contas públicas e

corremos o risco de entrar num círculo vicioso entre

austeridade e recessão; melhorar a governação da

zona euro. no plano nacional, cada estado- membro

terá de reforçar a competitividade da sua economia e

de tornar sustentáveis as suas finanças públicas e os

seus sistemas de segurança social e de saúde.

Já muito foi feito e continua a ser feito: criação de

mecanismos de resgate e solidariedade (Facilidade

europeia de estabilidade financeira – FeeF, meca-

nismo de estabilização Financeira - mee); tratado

sobre a estabilidade, a cooperação e a governança

na União económica e monetária; reforço do papel

do banco central europeu (bce), no âmbito do seu

mandato, em prol da liquidez da banca (operação

ltro) e das dívidas soberanas (operação omt);

união bancária (que inclui uma supervisão comum, a

recapitalização pelo mee, a garantia dos depósitos e

a resolução das crises) para que a crise bancária se

desligue da dívida soberana; seja cortada a ligação

entre crise bancária e dívida soberana; o pacto pelo

crescimento que mobilizará 120 mil milhões de euros

(através do bei, dos “project bonds”, dos fundos

comunitários, etc.); e o reforço dos recursos financei-

ros da Ue, nomeadamente através da criação da taxa

sobre as transações financeiras (ttF) já apoiada por

vários países da Ue.

Foi vital dar sinais da irreversibilidade do euro e da

integridade e estabilidade da zona euro. porque, o

que está em jogo, não é apenas o futuro de uma zona

monetária, mas o próprio destino da Ue.

a médio prazo é preciso ir mais além com a “integra-

ção solidária” pois a integração económica e política

e a solidariedade devem avançar ao mesmo ritmo.

o presidente do conselho europeu, Herman van

rompuy, está encarregado de fazer propostas sobre

o futuro da Uem as quais podem incluir uma união

orçamental (com um ministro das finanças europeu,

um orçamento comum da zona euro com recursos

fiscais próprios e a capacidade de emitir eurobonds

para financiar despesas prioritárias da zona euro);

a harmonização fiscal; a convergência social; e

mais legitimidade democrática nas instituições e nos

procedimentos de tomada de decisão pois, quanto

maior for a integração, maior será o envolvimento dos

cidadãos europeus.

este aprofundamento da integração solidária na zona

euro levanta a questão das relações entre os 17 e

os 10. É claro que a europa vai evoluir no sentido

de uma geometria variável. os que quiserem ir mais

longe e mais rápido deverão poder fazê-lo através de

cooperações reforçadas. será necessário inventar

novas formas de articulação entre o cerne (a zona

euro) e aqueles que quiserem ficar de fora.

não nos enganemos: a tarefa é dificílima, está ain-

da muito por fazer, mas a visão e a determinação

existem. resta agora convencer tanto os cidadãos

europeus que ainda duvidam, como o resto do mun-

do (mercados financeiros, parceiros económicos).

perante as gerações vindouras, não temos o direito

de sacrificar tudo o que foi feito durante os últimos

sessenta anos para segurar a paz e a prosperidade

no continente europeu. n

A incerteza sobre a unidade e a determinação da zona

euro em atuar criou uma crise de confiança dentro e fora da zona euro que, por sua vez, tem agravado as dificuldades

Page 16: Diplomática 14

16 • Diplomática - setembro/novembro 2012

“Quais são as razões para a atual crise econó-

mica e social na União Europeia e qual poderia

ser o caminho para a resolução dos problemas

atuais?”

esta pergunta foi colocada aos comentadores pela

“Diplomática” no início do verão. se as respostas

fossem fáceis, muito menos tinta teria corrido nos

últimos três anos e nós, os leigos, talvez ainda

acreditássemos na economia como ciência exata.

mas com as decisões da cimeira europeia de Ju-

nho, marcada por compromissos consideráveis, já

demos passos importantes em direção a respostas

plausíveis.

no que diz respeito às razões da crise atual, es-

tamos mais próximos de uma convergência dos

pontos de vista: estas razões são múltiplas e com-

plexas e diferem, se olharmos para cada um dos

países diretamente afectados pela crise. nalguns

casos, o papel representado por bancos impruden-

tes e a falta de controlo do sistema bancário são

preponderantes; noutros, um nível insustentável

da dívida soberana constitui a raíz do problema. É

também nestes países que podemos falar de uma

crise social, mas certamente não em toda a zona

euro.

tornou-se claro que a crise não é apenas o pro-

blema de alguns países. o nível de desequilíbrios

atingido dentro da zona euro está a ameaçar a sua

estabilidade como um todo. as diferenças na per-

formance económica e o desrespeito pelas regras ➤

A rota está balizadaHelmut elfenkämper, embaixador da alemanha

T ornou-se claro que a crise não é apenas o

problema de alguns países. O nível de desequilíbrios atingido dentro da zona euro está a ameaçar a sua estabilidade como um todo.

espaço diploMátiCo

Page 17: Diplomática 14

17setembro/novembro 2012 - Diplomática •

➤ que tínhamos acordado trouxeram-nos até onde

nos encontramos. as falhas na construção de todo

o sistema tornaram-se visíveis.

actualmente confrontamo-nos com uma confiança

abalada quanto à capacidade de alguns estados-

-membros em encontrarem um caminho para a saí-

da da crise. É por isto que têm o apoio dos outros.

na qualidade de membros de uma moeda única,

temos de assegurar e reconquistar a confiança de

múltiplas direcções: dos mercados financeiros, dos

contribuintes e dos parlamentos dos estados-mem-

bros que atuam como fiadores.

a cimeira de Junho decidiu avançar com uma equi-

librada mistura de medidas de solidariedade, com-

binadas com salvaguardas e contrapartidas, como

a supervisão bancária europeia e o apoio concreto

para os esforços dos países membros afetados

pela crise por forma a reconquistar a sua força eco-

nómica e competitividade.

o programa de 120 mil milhões de euros para pro-

mover o crescimento e reduzir o desemprego entre

os jovens é uma destas medidas concretas.

É compreensível que o interesse público se tenha

focado nas decisões do conselho que servem para

aliviar rapidamente o fardo financeiro crescente em

que estavam a incorrer alguns parceiros.

o trabalho conceptual submetido ao conselho de

outubro pelo presidente van rompuy está atual-

mente a ser integrado nas preparações da cimei-

ra de Dezembro. com ela, vamos tomar mais um

passo rumo a uma “verdadeira união económica e

financeira”. com estes desenvolvimentos, a gestão

da crise da União ganha uma nova qualidade, para

além das respostas a problemas de curto prazo – e

que muito provavelmente continuarão a ser neces-

sárias no futuro – estamos a encetar reformas a

longo prazo, que resultarão numa nova forma de

integração nas nossas políticas monetárias e eco-

nómicas.

na cimeira de Junho, o conselho europeu deu uma

resposta aos que têm duvidado da vontade dos eu-

ropeus de estabelecer uma verdadeira união e que

têm apostado na desintegração da zona euro.

a concretização de uma verdadeira união exigirá

um novo e prolongado esforço político que necessi-

ta do apoio e do consentimento dos cidadãos e dos

parlamentos da europa. aquilo que introduzimos

na atual arquitetura da Ue com base nas decisões

de Junho, tem que obrigatoriamente ser sólido e

conceptualizado para enfrentar melhor as crises

futuras. a solidez supera a pressa.

Há já algum tempo que o navio europeu navega

em águas agitadas e, em parte, desconhecidas;

com algumas máquinas em reparação, incêndios

ocasionais a bordo, ventos contrários e fendas que

tiveram de ser reparadas em alto-mar – desafios

não muito diferentes dos que tiveram de ser enfren-

tados pelos descobridores quando estes partiram

para o desconhecido.

por agora, a equipa de combate a incêndios terá de

continuar em alerta, enquanto a equipa de repara-

ção prossegue o trabalho e a cadeia de comando

está a ser parcialmente reorganizada, com mais

competências para a comissão. as caravelas

tinham apenas um capitão. na europa ainda esta-

mos a aprender a viver com um comando coletivo,

e a tripulação e os passageiros querem que as

suas opiniões sejam tidas em consideração para a

definição do curso futuro.

mas a rota em direcção a águas mais seguras

parece agora melhor balizada. continua a ser uma

longa rota, como afirmou o presidente barroso pe-

rante o parlamento europeu: “não nos esqueçamos

que este é um ‘trabalho em curso’. não existe uma

fórmula rápida ou mágica, e não haverá soluções

mágicas. a magnitude da ordem de trabalhos do

conselho europeu ilustra a magnitude do trabalho

que ainda temos pela frente”. n ➤

N a qualidade de membros de uma união monetária,

temos de assegurar e reconquistar a confiança em mais do que uma direcção.

Page 18: Diplomática 14

18 • Diplomática - setembro/novembro 2012

“What are the reasons for the present economic

and social crisis in the European Union and what

might be the way to solve current problems?”

this question was put by “Diplomática” before the

commentators in early summer. if the answers were

easy, a lot less ink would have flown in the last three

years, and we laymen would perhaps still believe in

economics as a hard science.

but with the June european summit which was ma-

rked by major compromises, we have taken important

steps towards plausible answers.

as to the reasons of the ongoing crisis, we have come

closer to converging views: these reasons are multi-

ple and complex, differing when you look individually

at the countries directly affected. in some cases, the

role played by imprudent banks and lack of control

of the banking system are preponderant, in others,

an unsustainable level of sovereign debt. it is also in

these countries that we can speak of a social crisis,

but certainly not in the entire euro zone.

it has become clear that the crisis is not only the

problem of some countries. the level of imbalances

reached within the zone is threatening its stability as a

whole. Differences in economic performance and dis-

respect for previously agreed-upon rules have brought

us to this situation. systemic construction failures

have become visible.

We face today a shaken confidence in the capacity

of some member countries to find their way out of the

crisis. that is why they get the support of the others.

as members of a single currency, we have to insure

and regain confidence in more than one direction: the

confidence of the financial markets and that of the tax

payers and parliaments of those member states who

act as guarantors.

to achieve that, the June summit decided on a ba-

lanced mix of measures of solidarity, combined with

checks and balances like the european banking su-

pervision and concrete support for the efforts of crisis-

-stricken members to regain their economic strength

and competitiveness.

the 120 billion euro program to promote growth and

reduce youth unemployment is one such concrete

measure.

Understandably, the focus of public interest has been

on those council decisions which aimed at alleviating

rapidly the growing financial burden that some part-

ners were incurring.

the conceptual groundwork submitted by president

van rompuy to the october european summit is

currently being integrated into the preparations for

the December european summit. this will become a

decisive step towards a “true economic and financial

Union”. With these developments, the Union’s crisis

management is acquiring a new quality: beyond mea-

sures that aim at giving answers to short-term proble-

ms – and which will in most likelihood remain neces-

sary in the future – we are embarking on long term

reforms that will result in a new quality of integration

in our monetary and economic policies.

the June european council provided an answer to

the doubts about the will of the europeans to become

a true Union and have been betting on the disintegra-

tion of the euro zone.

the realization of a true Union will require a new and

lasting political effort that needs the support and con-

sent of the citizens and parliaments of europe. What

we will build into the existing eU-architecture, based

on the June decisions, must be necessarily solid and

better at withstanding future crises. solidity trumps

haste.

the eU-ship has been travelling for some time throu-

gh rough and partly uncharted waters, with some en-

gines under repair, occasional fires on board fanned

by strong headwinds and with leaks that had to be

plugged whilst on high seas – challenges not unlike

those taken up by the discoverers when they set out

into the unknown.

For the time being, the fire fighting crew will have to

remain on alert while the repair crews carry on and

the chain of command is being partly re-organized

with more competences for the commission. the

caravels had one captain. in europe, we are still

learning to live with a collective command, and the

crew and passengers want their views to be taken into

account as to the future course

but the route to safer waters seems better marked

now. it is still a long one, as president barroso put

it before the european parliament: “let us recall that

all of this is work in progress. there is no quick fix

and magic fix, and there will be no magic solutions.

the magnitude of the agenda of the european cou-

ncil illustrates the magnitude of the work that is still

ahead”. n

The route is marked outby Helmut elfenkämper, German ambassador

espaço diploMátiCo

Page 19: Diplomática 14

19setembro/novembro 2012 - Diplomática •

VINHOS DA CASA ERMELINDA FREITAS69 PRÉMIOS EM 2012

De Janeiro a maio de 2012 a casa ermelinda Freitas já ganhou 67 prémios nacionais e internacionais nos maiores e mais

prestigiados concursos de vinhos mundiais.

É o seu melhor ano de sempre, com 14 medalhas de ouro, 34 de prata e 21 de bronze. tem sido constantemente uma das

adegas portuguesas mais premiadas por esse mundo fora ainda na semana passada, no concurso mundial “les citadelles

du vin”, anunciado na feira de vinhos vinexpo em Hong Kong, china, ganhou 5 medalhas de ouro e 1 de prata tendo sido

mais uma vez uma das empresas portuguesas mais premiadas. além dos seus famosos tintos como é o syrah, o touriga

nacional, o merlot ou o Quinta da mimosa até o seu espumante bruto reserva ganhou ouro neste prestigiado concurso,

sendo claramente uma das raras vezes que um espumante português alcança tamanha distinção. a Qualidade não se diz,

comprova-se! È isto que a casa ermelinda Freitas tem feito nos últimos anos e com grande sucesso cá e lá fora!

Medalha de Ouro:• Dona Ermelinda Branco 2011, medalha de ouro no concurso da Comissão Região Península de Setúbal em Palmela;

• Quinta da Mimosa 2009, medalha de ouro no concurso Citadelles du Vin em Bordéus e no concurso da Comissão Re-

gião Península de Setúbal em Palmela;

• Casa Ermelinda Freitas Touriga Nacional 2010, medalha de ouro no concurso Citadelles du Vin em Bordéus;

• Casa Ermelinda Freitas Syrah 2010, medalha de ouro no concurso Citadelles du Vin em Bordéus e no concurso La

Selezione del Sindaco em Terme (Itália);

• Casa Ermelinda Freitas Alicante Bouschet 2010, medalha de ouro no concurso da Comissão Região Península de Setúbal

em Palmela;

• Casa Ermelinda Freitas Trincadeira 2010, medalha de ouro no concurso Vinalies Internationales em Paris;

• Casa Ermelinda Freitas Merlot 2010, medalha de ouro no concurso Concours Mondial de Bruxelles em Guimarães e no

concurso Citadelles du Vin em Bordés;

• Casa Ermelinda Freitas Petit Verdot 2010, medalha de ouro no concurso Concours Mondial de Bruxelles em Guimarães;

• Casa Ermelinda Freitas Espumante Bruto Reserva 2009, medalha de ouro no concurso Citadelles du Vin em Bordéus;

• piscadela reserva 2010, medalha de ouro no concurso challenge international du vin em bordéus e no concours

mondial de bruxelles em Guimarães.

Page 20: Diplomática 14

20 • Diplomática - setembro/novembro 2012

Penso que a principal razão da crise que vive-

mos está precisamente na definição do título do

artigo. temos uma europa económica (e, até um

certo ponto social) mas não temos uma europa

política. noutras palavras criamos uma união

económica e financeira, criando o euro mas sem

criar instituições suficientemente sólidas para

administrá-las.

outro erro foi alargar muito a europa sem, ao

mesmo tempo, aprofundar e consolidar as insti-

tuições. não quero dizer que não deveríamos ter

alargado a Ue aos países do ex-bloco soviético

que agora a integram. os estonianos e os Hún-

garos são tão europeus como os belgas o os

Gregos, mas penso que as instituições europeias

criadas em 1958 por uma comunidade de 6

membros já não correspondiam ao que se preci-

sava para um grupo de 27 no século XXi.

a crise atual não partiu da europa mas dos ➤

c riamos uma união económica e financeira,

com o Euro mas sem criar instituições suficientemente sólidas para administrá-las.

Desbalanço económico e da crise social na União Europeia por Jean-michel veranneman, embaixador da bélgica

espaço diploMátiCo

Page 21: Diplomática 14

21setembro/novembro 2012 - Diplomática •

➤ estados Unidos onde algumas regras ele-

mentares de boa gestão foram desrespeitadas.

logo depois, as agências de notação pioraram a

situação quando divulgaram apreciações exa-

geradamente negativas sobre as finanças de

alguns países europeus para restablecer suas

próprias credibilidades afetadas. não digo que a

Grécia ou portugal ou outros, a bélgica inclusive,

não tenham sido pródigos, e uma crise financeira

talvez era inevitável, mas, uma vez a confiança

dos mercados abalada, tudo pode acontecer. e

aconteceu.

a crise de 1929 acabou um dia e a crise atual

mais cedo ou mais tarde irá também acabar. não

O nosso continente, onde afinal todas as ideias políticas

nasceram (a democracia, o liberalismo, e também infelizmente o comunismo e o nacionalismo) saberá criar as suas instituições próprias “sui generis”, nascidas pragmaticamente das necessidades do momento.

acredito no fim do euro e ainda menos no fim da

Ue. mas penso que temos primeiro que parar de

alargar a União até os membros atuais puderem

restablecer uma certa estabilidade. além disto

penso que se tornou inevitável os países do Gru-

po euro dotarem-se de instituições mais políticas

e mais constrangedores com poderes para conter

défices exagerados dos membros. isto, com a

ausência de interesse numa maior integração de

alguns membros como o reino Unido, nos levará

para uma europa a duas velocidades: um “inner

core” com instituições mais fortes e politicamen-

te mais integradas e um “outer group” de esta-

dos que só farão parte da união aduaneira e de

alguns outros acordos ad hoc. o primeiro grupo

de países será a vanguarda de uma verdadeira

integração política.

a califórnia ou nova iorque estão ou já estive-

ram em situações financeiras bem piores do que

a maioria dos países europeus mediterrâneos,

mas ninguém falou em expulsá-los da zona

Dollar. isto porque existem instituições federais

fortes que sustentam, fiscalizam e orientam toda

esta zona que corresponde à instituição política

que são os estados Unidos. o nosso continente,

onde afinal todas as ideias políticas nasceram (a

democracia, o liberalismo, e também infelizmente

o comunismo e o nacionalismo) saberá criar as

suas instituições próprias “sui generis”, nascidas

pragmaticamente das necessidades do momento.

sempre foi assim desde 1945, desde que para

se acabar de uma vez por todas com as terríveis

guerras que tinham abalado e enfraquecido o

nosso continente, seis países, os membros fun-

dadores, resolveram pôr em comum uma parte

de suas soberanias. a “europa” nunca foi conce-

bida para ser somente económica mas também

política.

a europa não precisa de se integrar da mesma

maneira que os estados Unidos, nem imitar a

constituição daquele país. as realidades econó-

micas, políticas, culturais e históricas são funda-

mentalmente diferentes.

espero e penso que portugal, cujos esforços

impressionantes para diminuir o endividamento

nos últimos meses não ficaram despercebidos,

irá integrar o primeiro grupo. merece. n

Page 22: Diplomática 14

22 • Diplomática - setembro/novembro 2012

A crise da dívida que afetou a europa no segun-

do semestre de 2008, cuja natureza foi clara-

mente sistémica, segundo foi comprovado mais

tarde, trouxe à cena, embora com algum atraso,

as debilidades intrínsecas da Uem. além disso,

os dados financeiros da zona euro não estavam

Diagnóstico e políticas de austeridade agravam crise por vassilios costis, embaixador da Grécia

num estado particularmente complicado, compa-

rados aos dos eUa, do Japão ou do reino ➤

➤ Unido. a crise agravou-se tanto devido ao diag-

nóstico inicialmente errado, como às políticas de

austeridade que intensificaram a recessão.

Já se tornou perceptível que se trata de uma

A crise agravou-se tanto devido

ao diagnóstico inicialmente errado, como às políticas de austeridade que intensificaram a recessão.

espaço diploMátiCo

Page 23: Diplomática 14

23setembro/novembro 2012 - Diplomática •

crise dupla, do setor bancário e da balança de

pagamentos. a crise da balança de pagamentos

entre os estados-membros foi provocada pela

grande falta de equilíbrio na competitividade en-

tre os estados-membros, os ritmos divergentes

de desenvolvimento na procura interna, a acu-

mulação dos défices e os fluxos internacionais

de dívida conseguintes. a crise bancária teve as

suas raízes na exposição e nos riscos financei-

ros assumidos pelos bancos europeus no mer-

cado americano de créditos hipotecários de alto

risco, que se tornou visível em 2007.

os esforços realizados até ao momento, que na

sua esmagadora maioria apontam para o reforço

adicional da disciplina orçamental, provaram-se

insuficientes para convencer os mercados, uma

vez que faziam face à crise de forma fragmen-

tada e com bastante atraso, enquanto aumenta-

vam a recessão, reduzindo a procura interna e o

emprego. no entanto, é positivo o facto de que

nos últimos conselhos europeus está a ser rea-

lizado um esforço de compensação da disciplina

orçamental com ações de desenvolvimento, com

o recente conselho europeu (28-29/6) a atingir o

ponto culminante, no qual os chefes de estado e

de Governo adotaram o pacto para o crescimen-

to da europa, no montante de 120 mil milhões de

euros.

certamente, ao mesmo tempo com as medidas

de crescimento que visam aliviar as consequên-

cias da política orçamental restritiva, prevalece

já a convicção, a nível mundial, de que a saída

da crise virá só com o aprofundamento da União

económica e monetária, passos que foram dados

pelo último conselho europeu com a decisão da

recapitalização dos bancos e a previsão da pos-

sibilidade de compra de obrigações no mercado

secundário pelo mee (mecanismo europeu de

estabilidade). várias versões e propostas estão

a ser expressas relativamente à integração da

Uem, centradas na coordenação e na unificação

das políticas dos estados-membros, no reforço

do papel da bce ou na criação de novas institui-

ções direcionadas para a Unificação económica

e monetária total (supervisão bancária, gestão

comum de dívidas, coordenação mais estreita

dos orçamentos, política tributária, até mesmo

união política).

a curto prazo, no entanto, a resolução da crise

requer a recapitalização dos bancos e a equili-

bração simétrica na zona euro, duas frentes que

se podem enfrentar com sucesso, apenas se, ao

mesmo tempo, se mantiver o crescimento eco-

nómico. numa economia de grandes dimensões,

como a da zona euro, tal implica manter o au-

mento da procura interna. o enfrentar da situa-

ção da zona euro de modo errado como «crise

da dívida pública», considerando que o único

saneamento é a austeridade e a deflação dos

salários, principalmente nos países regionais,

contribuiu para uma crise de crescimento auto-

provocada que se juntou a uma situação econó-

mica já desfavorável, oriunda da crise bancária e

dos desequilíbrios comerciais.

relativamente à crise grega que, embora sendo

parte da crise sistémica, tem caraterísticas par-

ticulares, e tendo em conta que permanecer na

zona euro constitui a única via para a Grécia, a

solução pode ser dada mediante a renegociação

de termos do memorando e a correção das polí-

ticas de recessão (com a condição, obviamente,

de cumprir as obrigações assumidas), a tentativa

de um aprofundamento rápido da Uem para uma

solução europeia ao problema, bem como a ado-

ção de medidas de crescimento imediatas, com

vista à contenção da recessão. n

A resolução da crise requer a recapitalização

dos bancos e o equilíbrio simétrico na zona euro

Page 24: Diplomática 14

24 • Diplomática - setembro/novembro 2012

Gostaria de começar por dizer que é do interes-

se nacional do reino Unido pertencer à União

europeia. integrar a eU é fundamental para criar

empregos no nosso país, fazer crescer as trocas

comerciais e proteger os nossos interesses no

mundo. mas a europa tem que estar preparada

para enfrentar os desafios do século XXi. a eU

tem sido um elemento de paz e estabilidade no

mundo, contribuindo positivamente para o de-

senvolvimento, na medida em que os mercados

livres e a inovação tecnológica têm ajudado a

retirar milhões de pessoas da pobreza. mas ➤

I ntegrar a EU é fundamental

para criar empregos no nosso país, fazer crescer as trocas comerciais e proteger os nossos interesses no mundo.

Europa tem que estar preparada para enfrentar os desafios do século XXI por Jill Gallard, embaixadora britânica

espaço diploMátiCo

Page 25: Diplomática 14

25setembro/novembro 2012 - Diplomática •

➤ precisa de se reformar para fazer face aos

desafios da globalização, estabilidade da zona

euro e legitimidade democrática.

Uma das consequências da globalização é a

transferência da riqueza e do poder para as

economias emergentes, o que obriga a europa

a realizar reformas estruturais para promover o

emprego e gerar crescimento. precisamos de

ser mais abertos, mais dinâmicos e de reduzir o

peso da legislação desnecessaria para sermos

mais competitivos à escala global. as nações

europeias têm muito a ganhar se atuarem em

conjunto de forma a projetarem a sua influência

nas questões de natureza global, tais como o

comércio e a segurança.

a crise na zona euro intensificou o debate so-

bre o futuro da europa em todos os países e o

reino Unido não é exceção. o Governo britânico

não tenciona aderir ao euro, mas a estabilidade

e o crescimento na zona euro são vitais para a

nossa recuperação económica, visto que 40%

das nossas exportações vão para estes países.

temos todo o interesse em que os nossos vi-

zinhos na zona euro sejam bem sucedidos na

resolução das suas dificuldades e o reino Unido

irá apoiar as medidas necessárias, que permi-

tam simultaneamente assegurar a integridade do

mercado único e contribuir para uma regulação

mais eficaz do setor financeiro.

É importante também preservar a democracia e a

legitimidade ao longo deste processo. recentes

eleições na europa têm demonstrado que a ima-

gem positiva da eU caiu de 52% em 2007 para

31% em 2011. sem as raízes que sustentam as

democracias nacionais, é ainda mais importante

que a União europeia aborde a exigência legíti-

ma de uma maior responsabilização, transparên-

cia, eficiência e rigor na gestão.

não podemos esquecer os grandes desafios

sociais com que se defrontam vários países eu-

ropeus, em consequência da crise económica e

do crescente envelhecimento das populações. a

única resposta duradoura para estes problemas

será assegurar o crescimento das economias.

Dai a necessidade de redobrarmos os esforços

no sentido de criar o ambiente ideal para empre-

endedores e inovadores comercializarem as suas

ideias e criarem postos de trabalho. o mercado

único tem sido uma das maiores forças promoto-

ras da prosperidade na europa e o reino Unido

está muito empenhado no seu aprofundamento

e em reduzir o peso de legislação desnecessária.

acreditamos que o futuro da Ue passa pela con-

tinuação dos mecanismos de geometria variável,

e diferentes níveis de integração, que devem

tornar a eU mais eficaz e mais flexível. o rei-

no Unido optará por não fazer parte de alguns

projetos, tais como schengen ou o euro, mas

continuará a desempenhar um papel de relevo

no aprofundamento do mercado Único e em prol

do comércio livre e do alargamento. não deve-

mos recear a mudança, mas encarar as gran-

des alterações na economia mundial como uma

oportunidade.

Uma europa dinâmica, virada para o crescimento

e aberta ao alargamento, pode proporcionar-nos

uma prosperidade sustentável. e queremos tra-

balhar com portugal para atingir este objetivo. n

As nações europeias têm muito a ganhar se atuarem

em conjunto de forma a projetarem a sua influência nas questões de natureza global, tais como o comércio e a segurança.

Page 26: Diplomática 14

26 • Diplomática - setembro/novembro 2012

Há quatro anos o mundo enfrentou uma cri-

se inédita. o impacto de caráter claramente

global, cujas consequências podem ser vistas

ainda hoje, de uma forma ou de outra, afetou

todos sem exceção. a economia mundial em

geral e a zona euro em particular estão a viver

atualmente em condições de incerteza. além de

remediar a situação financeira grave em cer-

tos países, a maioria dos estados-membros da

União europeia tem de encontrar um balanço

racional entre, por um lado, a necessidade de

introduzir a consolidação fiscal seguindo uma

política de austeridade e, por outro, garantir

emprego, crescimento da economia, resolver

problemas sociais, mantendo a estabilidade dos

sistemas de pensões.

além disso os problemas que surgem com a

banca, as especulações em grande escala, que ➤

A busca de um balanço racional por pavel petrovskiy, embaixador da rússia

A União Europeia tem de encontrar um balanço

racional entre a necessidade de introduzir a consolidação fiscal seguindo uma política de austeridade e garantir emprego, crescimento da economia, resolver problemas sociais, mantendo a estabilidade dos sistemas de pensões

espaço diploMátiCo

Page 27: Diplomática 14

27setembro/novembro 2012 - Diplomática •

➤ volta e meia fazem os mercados desmoronar,

mostram que a arquitetura financeira ainda per-

manece subreformada, contendo muitas diver-

gências e riscos internos. ao mesmo tempo ela

ainda não conseguiu um “terreno sólido debaixo

dos pés”, ou seja não está vinculada aos ativos

e valores reais. pelo contrário, a dinâmica dos

mercados financeiros tem se desviado ultima-

mente ainda mais dos índices fundamentais

do setor real da economia. isso cria condições

adicionais para o aumento da desconfiança e

instabilidade gerais os quais podem, como já

sabemos, levar a uma vaga do pânico financei-

ro.

a par dos défices financeiros e orçamentais há,

lamentavelmente, um “défice” de ações decisi-

vas. vimos que muitas medidas óbvias e funda-

mentais são adiadas devido ora às divergências

políticas, partidárias e de grupos de interesse,

ora por motivos da situação corrente na política

interna, ou na agenda internacional nas princi-

pais economias do mundo. entretanto, meias

medidas só agravam a situação.

os fenómenos da crise, infelizmente, ainda

não são localizados. naturalmente os indícios

de abrandamento da atividade empresarial, a

perda do dinamismo económico tornam-se cada

vez mais evidentes também nas economias

emergentes. ao mesmo tempo, os resultados

das eleições na Grécia, um forte empenho das

autoridades da comissão europeia, da União

europeia em geral e de, alguns maiores esta-

dos europeus para impor a austeridade e eli-

minar desequilíbrios na economia inspiram um

otimismo prudente.

a rússia considera que são necessárias as

medidas coordenadas de caráter urgente, vin-

culadas rigorosamente aos índices fundamen-

tais do sector real da economia, com vista a

«sanear» as finanças globais. o caráter global

da economia mundial, quando todos dependem

uns dos outros, implica hoje também a respon-

sabilidade global, antes de mais, certamente,

por parte das principais economias do mundo.

elas não só devem agir juntas implementando

uma política coordenada, mas também estar

cientes de que as soluções tomadas ao ní-

vel nacional refletem-se na situação ao nível

global.

apesar de todos os problemas conhecidos da

zona euro, a Federação da rússia mantém uma

parte considerável das suas reservas precisa-

mente e no euro e não empreende quaisquer

passos unilaterais que possam agravar o esta-

do já muito pesado da moeda única europeia. o

presidente da rússia vladimir putin, no quadro

do 16º Fórum económico internacional de são

petersburgo que decorreu em Junho deste ano,

sublinhou que a rússia “entende que hoje o

bem-estar de todo o mundo depende em gran-

de parte das ações dos líderes da zona euro.

por isso nós vamos apoiar os nossos parceiros

europeus tendo em conta a união dos nossos

objetivos de longo prazo”. n

A Rússia considera que são necessárias as medidas

coordenadas de caráter urgente, vinculadas rigorosamente aos índices fundamentais do setor real da economia, com vista a «sanear» as finanças globais

Page 28: Diplomática 14

28 • Diplomática - setembro/novembro 2012

O século XXi ensinou várias lições ao mundo

globalizado através de uma série de crises econó-

micas. estas crises alertaram o mundo para a sua

vulnerabilidade e para a necessidade urgente de

uma sólida governação económica global. inúme-

ros debates sobre as implicações e as soluções

para a crise atual do euro têm ocorrido não só na

Ue mas também por todo o mundo, incluíndo na

turquia.

na verdade, a crise da dívida soberana euro-

peia afetou países de todo o mundo. embora os

efeitos da situação atual na europa se façam

sentir em certa medida de um modo mais forte

em países como a china e os eUa, o certo é que

num mundo globalizado nenhum país está imune

aos problemas da europa. no pior dos cenários o

banco mundial estima para a zona euro que o pib

global poderá reduzir-se 1,5% em 2012 e 0,9%

em 2013. Desconhece-se ainda quando e como

a crise da dívida soberana europeia poderá ser

resolvida mas claramente a economia global está

em perigo.

christine lagarde, diretora do Fmi, advertiu

recentemente que todos os países do mundo

são vulneráveis à crise do euro e se as medidas

necessárias não forem tomadas a atual situação

poderá transformar-se noutra semelhante à dos

anos de 1930. isto é de fato uma realidade se

considerarmos todos os possíveis efeitos dominó

decorrentes da crescente interdependência mun-

dial. De acordo com o Fmi a gravidade dos efeitos

dominó no resto do mundo depende da resposta

política. cimeira após cimeira é exatamente esta

resposta que os líderes da Ue tentam alcançar.

Quando o euro surgiu era mais do que um símbo-

lo da União europeia; era igualmente o símbolo

da unidade e prosperidade europeias com poten-

ciais efeitos positivos para o resto da economia

global. a primeira década do euro foi um suces-

so tendo mesmo levado a que outras regiões do

mundo eventualmente considerassem unir-se em

torno de uma moeda única.

na altura em que os líderes da Ue aprovaram o

euro a decisão não foi apenas económica mas

também política. isto porque o euro tem sido um

dos símbolos de negociação contínua entre inter-

-governamentalistas e federalismo acentuando ➤

Uma Lição a Aprender com a Crise Atual do Euro: Amat Victoria Curam / A Preparação é amiga do Sucesso por ali Kaya savut, embaixador da turquia

D e acordo com o FMI a gravidade dos efeitos dominó

no resto do mundo depende da resposta política.

espaço diploMátiCo

Page 29: Diplomática 14

29setembro/novembro 2012 - Diplomática •

➤ o processo de integração europeia em geral. a

criação do euro foi assim o triunfo dos federalis-

tas, pelo menos superficialmente.

por outro lado a teoria económica claramente

afirma que para uma União monetária ser bem su-

cedida tem de existir uma plena união económica

de forma a que moeda possa ter uma base sólida.

no entanto no processo de tomada de decisão, e

no caso do euro, a racionalidade económica foi

secundária. outra questão económica importante

foi e contínua a ser o fosso entre países do norte

e do sul da Ue. com a introdução do euro e na

ausência de uma plena união económica estes

desiquilíbrios só aumentaram, especialmente

após a recente crise financeira global. os líderes

europeus tomaram uma decisão sem uma ade-

quada preparação e assim o título explica a atual

crise económica e social na europa: “a prepara-

ção é amiga do sucesso”.

a crise económica e a complexidade de respostas

políticas apropriadas conduzem ao aumento dos

problemas sociais na europa. nas sociedades eu-

ropeias individuais esta crise já acentuou o fosso

entre “os que têm muito” e os “que não têm nada”

possibilitando a ascensão de partidos políticos ex-

tremamente populistas e radicais. consequente-

mente tal exige uma eficaz gestão de mudança no

conjunto da Ue quanto a mecanismos de tomada

de decisão evitando-se nos estados-membros o

aprofundamento quer de problemas sociais como

outros a nível político.

a turquia, como país candidato à Ue, observa

de perto todos estes desenvolvimentos. Desde

1996 beneficia de uma união aduaneira com a

Ue e desde então a sua economia cresceu muito

próxima à Ue. a Ue é responsável por aproxima-

damente 40 por cento das exportações da turquia

e pela grande maioria dos investimentos directos

estrangeiros na turquia. a economia turca atingiu

taxas de crescimento recorde tornando-se recen-

temente, e a seguir à china, na segunda econo-

mia mundial. em Junho de 2012 a moody´s subiu

o “rating” da dívida soberana turca impulsionando

a sua economia em plena crise do euro. o atual

déficit corrente que foi de 10% do pib em 2011,

prevendo-se diminuição para 8% em 2012, é

considerado para a economia turca como a prin-

cipal fraqueza. se o atual déficit corrente diminuir

é expectável que o “rating” da turquia suba para

taxa de investimento tornando o país mais resis-

tente a choques externos. consequentemente e

apesar da sua economia estar em expansão a

turquia ainda não é totalmente imune à crise da

zona euro.

resumindo, a Ue enfrenta a crise atual por causa

da tomada de decisão política sem plena união

económica. as possíveis soluções já foram articu-

ladas pela própria Ue não sendo por isso neces-

sário aqui repeti-las. o importante não é o enume-

rar medidas mas sim implementá-las eficazmente

tendo em conta as respostas públicas à austerida-

de e a outras medidas. por sua vez, isto definirá o

futuro da Ue e dos seus mecanismos de tomada

de decisão podendo o inerente défice democráti-

co ser solucionado juntamente com os problemas

económicos estruturais. como tal, as respostas

políticas poderiam ser uma janela de oportunida-

de para combater as disparidades sociais e forta-

lecer a Ue de uma vez por todas. para o sucesso

de todos os processos económicos, políticos e

sociais a Ue tem pela frente um enorme trabalho;

amat victoria curam. n

A teoria económica claramente afirma que para uma

União Monetária ser bem sucedida tem de existir uma plena união económica de forma a que moeda possa ter uma base sólida.

Page 30: Diplomática 14

30 • Diplomática - setembro/novembro 2012

Em 2012 e daqui por diante, o grande desafio da

américa será promover a nossa liderança global

num período em que o poder se mede e é exer-

cido, muitas vezes, em termos económicos. nas

palavras da secretária de estado Hillary clinton, “a

economia é estratégia e a estratégia é economia”.

para responder a este desafio, os estados Unidos

colocaram aquilo a que chamamos “diplomacia

O Bem-Estar Económico da Europaé Benéfico para os EUA por allan J. Katz, embaixador dos e.U.a.

económica” [“economic statecraft”] no centro da

sua política externa. a diplomacia económica tem

dois componentes: primeiro, o modo como utili-

zamos os instrumentos da economia global para

fortalecer a nossa diplomacia e a nossa presença

externa; e, em segundo lugar, a forma como usa-

mos essa diplomacia e presença para fortalecer a

economia do nosso país. estamos, portanto, a ➤

América e Europa representam

metade do output económico mundial, mas apenas um terço do comércio global. Podemos e devíamos estar a fazer mais trocas comerciais.

espaço diploMátiCo

Page 31: Diplomática 14

31setembro/novembro 2012 - Diplomática •

➤ aprimorar a nossa capacidade de desenvolver e

aplicar soluções económicas em desafios estra-

tégicos e a preparar os nossos diplomatas para

terem um melhor entendimento sobre economia,

finanças e mercados.

Fortalecer as dimensões económicas de algumas

das nossas relações mais próximas é uma pedra

basilar da nossa diplomacia económica. Juntas,

américa e europa representam metade do output

económico mundial, mas apenas um terço do co-

mércio global. podemos e devíamos estar a fazer

mais trocas comerciais. e é neste contexto que

estamos a desenhar uma agenda ambiciosa para

uma liderança económica conjunta com a europa,

tão fundamental quanto a nossa cooperação ao

redor do globo na área da segurança.

em portugal, estamos a construir laços comerciais

fortes e importantes ao identificar os obstáculos

ao comércio nos dois sentidos e aos fluxos de

investimento e ao propor soluções viáveis. a nossa

cooperação comercial bilateral também se está

a expandir por efeito da posição única de portu-

gal como uma efetiva porta de entrada na áfrica

lusófona para empresas americanas que procuram

maiores níveis de acesso aos mercados lusófonos

emergentes. em maio, a embaixada promoveu o

access africa Forum, que reuniu empresas por-

tuguesas e americanas com o objetivo de inten-

sificar as trocas comerciais e o investimento em

moçambique, através de parcerias empresariais e

joint-ventures. Já começámos a planear eventos

semelhantes para o próximo ano.

a nossa visão de diplomacia económica engloba

vários temas que vão para além da economia tra-

dicional, nomeadamente energia, empowerment fe-

minino e empreendedorismo global. norteados por

estes objetivos mais abrangentes, aprofundámos a

nossa cooperação com portugal em temas relacio-

nados com ciência, tecnologia, energia e ambien-

te. as parcerias entre universidades americanas

e portuguesas permitiram a portugal servir como

país onde são testados novos conceitos e produtos

nas áreas da engenharia, tecnologia da informação

e ciências naturais. além disso, as atividades da

comissão Fulbright e da Fundação luso-ameri-

cana para o Desenvolvimento continuam a criar

fortes laços entre americanos e portugueses que,

por sua vez, lideram o esforço para um cada vez

maior entendimento mútuo e maximizam as opor-

tunidades de parcerias público-privadas.

estamos a promover estas e outras iniciativas,

não só através dos canais existentes mas também

procurando modos inovadores para fomentar a

cooperação bilateral. Um dos métodos utilizados

tem sido a expansão da comissão bilateral per-

manente. a comissão, estabelecida através do

acordo de cooperação sobre a base das lajes de

1995, foi criada como uma plataforma para resol-

ver assuntos relacionados com a infra-estrutura e

as condições laborais dos trabalhadores da base.

essa interação evoluiu de modo que hoje já inclui

comissões para impulsionar o comércio e o inves-

timento e promover a cooperação nas áreas da

ciência e tecnologia.

portugal foi um dos primeiros países a estabelecer

relações diplomáticas com os estados Unidos e

permanece, até aos dias de hoje, um aliado im-

portante. Quer seja através de parcerias público-

-privadas na área da ciência e da tecnologia,

através de joint-ventures no setor privado, oportu-

nidades educacionais ou programação inovadora,

os estados Unidos, continuarão a cooperar com

portugal por forma a apoiar o regresso do país

à prosperidade económica. sempre acreditámos

que a prosperidade e o sucesso de portugal e da

União europeia significam prosperidade e suces-

so dos estados Unidos. os nossos talentosos e

incansáveis diplomatas continuarão a trabalhar na

área da cooperação económica em portugal e por

todo o mundo para responder aos nossos objetivos

globais que produzirão certamente dividendos para

todos. n ➤

Acreditámos que a prosperidade e o sucesso de Portugal

e da União Europeia significam prosperidade e sucesso dos Estados Unidos

Page 32: Diplomática 14

32 • Diplomática - setembro/novembro 2012

In 2012 and beyond, america’s great challenge will be

advancing our global leadership at a time when power is

often measured and exercised in economic terms. as

secretary of state Hillary clinton has said, “the eco-

nomic is strategic and the strategic is economic.” in

order to address this challenge, the United states has

put what we call economic statecraft at the center of our

foreign policy. economic statecraft has two components:

first, how we harness and use the tools of global econo-

mics to strengthen our diplomacy and presence abroad;

and second, how we put that diplomacy and presence

to work to strengthen our economy at home. We are

therefore honing our ability to develop and execute eco-

nomic solutions to strategic challenges and training our

diplomats to better understand economics, finance, and

markets.

strengthening the economic dimensions of some of our

closest relationships is a cornerstone of our economic

statecraft. together, america and europe account for

half of the world’s economic output, but only one-third of

global trade. We can and should be trading more. so

we are looking to forge an ambitious agenda for joint

economic leadership with europe that is as every bit as

compelling as our security cooperation around the world.

in portugal, we are building on our strong and important

commercial ties by identifying impediments to two-way

trade and investment flows and proposing viable solu-

tions. We are also expanding our bilateral commercial

cooperation by leveraging portugal’s unique position

as an effective gateway to lusophone africa for U.s.

businesses seeking greater levels of access in emerging

lusophone markets. in may, the U.s. embassy in lis-

bon sponsored the access africa Forum which brought

together portuguese and U.s. companies wishing to

increase trade and investment in mozambique, through

business partnerships and joint-ventures, and we have

already started plans for similar events in the coming

year.

our vision of economic statecraft encompasses a

number of themes beyond traditional economics, in-

cluding energy, women’s empowerment, and global

entrepreneurship. in pursuit of these broader goals, we

have deepened our cooperation with portugal on issues

related to science, technology, energy, and the envi-

ronment. partnerships between american and portu-

guese universities have allowed portugal to serve as an

important testing ground for new concepts and products

in engineering, information technology and life sciences.

moreover, the activities of the Fulbright commission and

the luso-american Development Foundation continue to

build strong bonds between american and portuguese

people that lead to increased mutual understanding and

enhance opportunities for public-private partnerships.

We are also working to highlight some often overlooked

elements of america’s brand. at a time when there are

compelling and competing visions for the future of the

global economy, we are looking to communicate ameri-

can ideas that speak to people and highlight the values

that we promote around the world. We have therefore

taken advantage of the growing interest in entrepreneur-

ship and innovation here in portugal by organizing a

series of digital video conferences between young and

budding portuguese entrepreneurs and U.s. speakers

with expertise in entrepreneurship and innovation. our

digital conferences not only support the U.s. embassy

lisbon’s goal of helping the portuguese economy re-

sume growth by spurring entrepreneurial development,

they also address the key goal of supporting women’s

empowerment through entrepreneurship and social en-

trepreneurship digital sessions directly geared towards

this key demographic.

We are pursuing these and other initiatives not only

through existing channels but also by looking for inno-

vative ways to engage with one another. one of those

ways has been by expanding the standing bilateral

commission. the commission was established through

the 1995 basing and cooperation agreement on lajes

air base and was intended as a way of resolving issues

on infrastructure and labor conditions for workers on the

base. today that interaction has expanded to include

committees that seek to enhance trade and investment

and promote cooperation in science and technology.

portugal was among the first nations to establish diplo-

matic ties with the United states and to this day conti-

nues to be an important ally. Whether through public-pri-

vate science and technology partnerships, private sector

joint-ventures, educational opportunities or innovative

programming, the United states will continue to colla-

borate with portugal with a view to supporting its return

to economic prosperity. We have always believed that

prosperity and success for portugal and the european

Union equal prosperity and success for the United sta-

tes. our talented, tireless diplomats will remain enga-

ged in economic outreach in portugal, and around the

world, in order to meet our common goals that are sure

to yield dividends for all. n

Europe’s Economic Well-Being Benefits America by allan J. Katz, U.s. ambassador

espaço diploMátiCo

Page 33: Diplomática 14
Page 34: Diplomática 14

34 • Diplomática - setembro/novembro 2012

O presidente de cabo-verde, Jorge carlos Fonseca, efetuou a sua primeira

visita oficial desde que foi eleito, em agosto de 2011. a convite do seu homó-

logo, aníbal cavaco silva, participou nas cerimónias oficiais do Dia de portu-

gal, de camões e das comunidades portuguesas.

Durante o banquete oferecido em sua honra pelo presidente da república, no

palácio de Queluz, cavaco silva salientou a sua satisfação com esta visita

presidencial. “não posso deixar de realçar o fato de esta ser a primeira visita

de cariz oficial de vossa excelência ao estrangeiro, desde que foi chamado

a assumir a mais elevada magistratura do estado cabo-verdiano, o que bem

demonstra a profunda e fraterna amizade que une os nossos dois povos e pa-

íses. esta amizade, alicerçada na história e na língua comuns, numa partilha ➤

Presidente de Cabo VerdeDe visita a Portugal

Visitas de estado

Page 35: Diplomática 14

35setembro/novembro 2012 - Diplomática •

➤ de valores éticos e políticos e numa afetividade recíproca é a prova de que

os laços que unem portugal e cabo verde são verdadeiramente especiais,

indo muito para além de uma mera boa relação entre estados.”

Durante três dias o chefe de estado cabo-verdiano teve uma extensa agen-

da, nomeadamente, e a convite da Faculdade de Direito de lisboa proferin-

do várias conferências naquela instituição, parceira do instituto superior de

ciências Jurídicas e sociais de cabo-verde, de que Jorge carlos Fonseca foi

diretor até ser eleito presidente cabo-verdiano.

antes de deixar portugal Jorge carlos Fonseca aproveitou ainda para se

encontrar com representantes da comunidade cabo-verdiana residente em

portugal. n

Page 36: Diplomática 14

36 • Diplomática - setembro/novembro 2012

Por ocasião da visita de estado a portugal do presidente da república

Democrática de são tomé e príncipe, manuel pinto da costa, o presi-

dente da república e a Dra. maria cavaco silva ofereceram um jantar,

no palácio da cidadela de cascais.

nas primeiras palavras dirigidas a manuel pinto da costa, cavaco silva

recordou as excelentes recordações daquelas ilhas, quando efetuou a

sua primeira visita, em 1990, era então primeiro-ministro. “Guardamos a

mais grata recordação da visita que efetuámos a são tomé e príncipe.

recordamos, com carinho, a beleza daquele “solo sagrado da terra”,

como magistralmente o descreveu alda do espírito santo, e o seu povo

gentil e acolhedor”.

De seguida realçou não apenas os laços de afeto entre os dois países,

mas principalmente o fato de ambos comungarem a mesma língua. “

os laços de afeto que ligam portugal às “ilhas maravilhosas” não se

reduzem a meras palavras, mesmo se estas fazem parte do idioma

comum que tanto nos une. existe entre os nossos dois países uma liga-

ção profunda, construída por laços histórico-culturais e de amizade que

conseguimos concretizar, ao nível político-diplomático, num excelente ➤

Chefe de Estado de São Tomé e Príncipe Visita Portugal

Visitas de estado

Page 37: Diplomática 14

37setembro/novembro 2012 - Diplomática •

➤ relacionamento bilateral. esta ligação que se projeta, igualmente, no

plano multilateral, encontra particular expressão no seio da comunida-

de dos países de língua portuguesa”.

referiu depois a cooperação entre os dois países nas mais variadas

vertentes. “no quadro da cooperação e ajuda ao desenvolvimento, a

relação entre portugal e são tomé e príncipe tem-se distinguido por

um vibrante dinamismo. apraz-me registar que foi muito recentemente

aprovado o programa indicativo de cooperação para 2012/2015, que

será em breve assinado pelos dois Governos. e, porque somos dois

países de olhos postos no futuro, o novo programa de cooperação vai

para além das importantes áreas tradicionais, como a saúde e a edu-

cação, para incluir duas vertentes inovadoras e, também elas, estrutu-

rantes: por um lado, o empreendedorismo e o desenvolvimento empre-

sarial e, por outro, a capacitação científica e tecnológica. permito-me

assinalar o fato de o pacote financeiro afetado a este programa de co-

operação ser praticamente equivalente ao anterior, apesar do contexto

difícil em que vivemos, num claro sinal político de que, para portugal, a

parceria de amizade entre os nossos povos é sólida e de futuro”. n

Page 38: Diplomática 14

38 • Diplomática - setembro/novembro 2012

Putin quer reerguer o orgulho da velha Nação Glória à Rússia

Ganhámos numa luta aberta e honesta! Eu disse que iríamos ganhar, e

ganhámos! Glória à Rússia!”. Estas foram as palavras com que o Presi-

dente Vladimir Putin saudou, visivelmente emocionado e em lágrimas,

frente a uma enorme multidão de apoiantes depois de ser reeleito para

um terceiro mandato como Presidente da Federação Russa. ➤

lideres

Page 39: Diplomática 14

39setembro/novembro 2012 - Diplomática •

Com uma maioria significativa com

mais de sessenta por cento dos

votos sobre o segundo candidato,

Gennadi Zyuganov (do partido co-

munista) – vladimir putin 63,60%

Gennadiy Zyuganov 17,18% sendo

a vantagem de cerca de 45% para

vladimir putin frente a Gennadiy

Zyuganov. o regresso de vladi-

mir putin à presidência da rús-

sia verifica-se após quatro anos

desempenhando o cargo de pri-

meiro ministro sob a presidência de

Dmitriy medvedev, antecedidos por

dois mandatos como presidente,

num total de oito anos.

com a oposição esmagada no

apuramento oficial dos votos,

vladimir putin, regressa ao lugar

cimeiro do Kremlin sem precisar

de uma segunda volta nas pre-

sidenciais. Fá-lo entre múltiplas

denúncias de fraude eleitoral,

desvalorizadas pelo candidato

vencedor e pela sua «entourage»,

que apontam o fato de estas terem

sido as primeiras eleições livres e

transparentes, valorizando o fato

de se ter recorrido a uma espécie

de «big brother» eleitoral, inco-

mum, através da instalação de

webcams em todas as assembleias

de voto, garantindo que esse sis-

tema permitiria descartar suspeitas

de fraude.

os tempos são diferentes de 2000,

ano em que putin alcançou pela

primeira vez o poder. o território

russo ameaçava desagregar-se,

havia uma guerra aberta no cáu-

caso com uma acentuada tendên-

cia separatista na região, tendo

conseguido estabilizar a situação,

fato que lhe granjeou uma grande

popularidade. assim consolidou o

apoio junto dos mais pobres, dos

funcionários públicos, dos idosos e

do mundo rural. o fator geográfico

e demográfico é incontornável: por

muito que cresça a contestação

entre os jovens urbanos de forma-

ção superior, há um imenso país

envelhecido e inóspito onde putin

é o herói que resgatou a rússia do

caos financeiro - após tomar posse

pela primeira vez no cargo, a eco-

nomia do país cresceu acelerada-

mente, chegando a um aumento de

10% do pib em 2000, recuperação

que ocorre após a crise econômica

de 1998, quando a inflação chegou

a 86% ao ano - e que esmagou a

revolta chechena.

Durante a campanha deste ano,

putin fez o possível por preservar a

imagem. não participou em qual-

quer debate e optou por publicar

extensos artigos nos jornais – nos

quais explorou o tradicional receio

dos russos face ao exterior, com

referências diretas à intervenção

externa nos conflitos líbio e sírio.

identificou ainda a vaga de contes-

tação russa com interesses estran-

geiros – norte-americanos à cabe-

ça – e prometeu um investimento

bilionário nas forças armadas, para

defender a soberania e os recursos

nacionais. agora, com a situação

económica estabilizada, o novo

presidente pugna na defesa dos

interesses e aspirações a classe

média, tendo por horizonte um con-

junto de reformas políticas tenden-

tes a alcançar uma sociedade mais

justa entre ricos e pobres, com-

batendo o chamado capitalismo

selvagem que caraterizou a antiga

reestruturação da Urss na era

pós- perestroikiana, uma aposta no

aumento da natalidade de forma a

rejuvenescer o país, em mais cultu-

ra, na incentivação da investigação

técnica nas universidades, ➤

Page 40: Diplomática 14

40 • Diplomática - setembro/novembro 2012

➤ com abandono dos parâmetros

da indústria tradicional, mais norte-

ada para o incremento militar, não

deixando, contudo, de pautar a sua

campanha numa rússia na diantei-

ra do poderio militar internacional

e com total controlo geoestratégico

da sua esfera de influência.

Um putin que quer, desta forma,

ressuscitar o velho sentido de

orgulho na grande e antiga rússia,

instando todos os russos, de vários

credos, classes e etnias das dife-

rentes regiões do grande território,

em torno desse desiderato. É o

regresso da águia, do antigo prati-

cante de artes marciais…vejamos

se com arte para levar a rússia

ao lugar que ocupa por direito na

História. n

Vladimir Putin

Page 41: Diplomática 14

41setembro/novembro 2012 - Diplomática •

Presidente da República recebeu as cartas credenciais de novos Embaixadores em Portugal.

O presidente da república recebeu, no palácio de

belém, as cartas credenciais dos novos embaixadores

em portugal: coreia do sul, Yhoo Jung-Hee, Índia, brij

bhushan tyagi, equador, Diego valencia, espanha,

eduardo Junco bonet, e suiça, lorenzo Wartensee

na mesma cerimónia apresentaram as credencias

ao presidente da república os embaixadores não-

-residentes: nepal, mohan Krishna shresta; Honduras,

eleonora Wiliams; e do burkina Faso, Joseph paré. n

diploMaCia

Page 42: Diplomática 14

42 • Diplomática - setembro/novembro 2012

Reunião G20 no MéxicoConsenso para combater crise e evitar colapso grego

O encontro do G20, o grupo das principais economias avançadas e

emergentes do planeta decorreu em Los Cabos, no México, devolvendo

para a Europa o problema da crise na zona do euro de forma a evitar o

chamado colapso das economias à escala global. ➤

Viagens de estado

Page 43: Diplomática 14

43setembro/novembro 2012 - Diplomática •

➤ Foi na cidade de los cabos, no méxico, que teve lugar a cimeira do G20 que contou com

a presença de 24 chefes de estado e de Governo e 8 chefes de organizações internacio-

nais. com o final do 1º semestre da presidência mexicana à frente do G20, foi feita uma ava-

liação dos objetivos já alcançados e a melhor forma para atingir os compromissos propostos

numa altura que o mundo se torna cada vez mais global, também os seus problemas

se tornam globais, principalmente a nível económico e ambiental. as resoluções encon-

tradas passam por incentivar um maior investimento privado na agricultura, de modo a

desenvolver a tecnologia utilizada e assim, conseguir aumentar a produtividade de um

sector subvalorizado e que que pode gerar múltiplos empregos. a nível económico, o en-

contro ficou marcado pela participação de 88.000 milhões de dólares (69.771 milhões de

euros) dos países emergentes, também chamados de brics (brasil, rússia, india, china

e áfrica do sul), ao Fundo monetário internacional (Fmi) que contribuirá para aumentar o

fundo anticrise.

ainda durante o encontro, a União europeia indicou que os países da zona do euro vão

aprofundar a sua união bancária, fiscal e política. o comunicado do G20 afirma que

apoia “a intenção (da Ue) de trilhar passos concretos para uma arquitetura financeira

mais integrada, que inclua supervisão bancária, recuperação e recapitalização (dos ban-

cos), e seguros de depósito”.

com efeito, a Zona euro e a crise que atravessa, contagiando negativamente os mer-

cados e as economias de outros países, foi um tema recorrente nesta reunião do G20.

por estarem no epicentro da crise atual, os líderes europeus foram pressionados pelos

membros do G20 no sentido de tomarem medidas rápidas de resolução dos graves pro-

blemas económicos que afectam os estados da eU, particularmente os países do sul. ao

ponto de, no primeiro dia do encontro, o presidente da comissão europeia, José manuel

Durão barroso, ter de dizer que não tinha vindo a esta reunião em los cabos para “rece-

ber lições de ninguém”.

o documento final, exorta os seus membros, que também estão na Zona euro a tomar

“todas as medidas necessárias, para salvaguardar a integridade e a estabilidade da

área”, e recomendou que as nações que adotem a moeda comum “trabalhem em parce-

ria com o próximo governo grego para garantir que (a Grécia) permaneça no caminho da

reforma e sustentabilidade.ou seja, houve uma preocupação de evitar a saída da Grécia

do euro, situação que pode colapsar toda a economia mundial.

Que a europa será a principal responsável por tirar os seus países da crise não é novi-

dade. e que a instabilidade na zona do euro tem tido efeitos na economia dos outros pa-

íses – por exemplo, causando desaceleração nos eUa, na china e, inclusive, no brasil –

e, por isso diz respeito ao G20, também não.a diferença entre esta declaração final e as

posições anteriores é o que o presidente francês, o socialista François Hollande, definiu

como «um consenso em torno do crescimento», relevando a importância do Governo de

atenas, com a ajuda dos outros países europeus, em manter os seus compromissos com

os credores

apesar de todos os problemas debatidos na cimeira, o optimismo ficou patente no final

da reunião chegando o presidente mexicano, Felipe calderón a realçar o seu sucesso e

garantindo que o 2º semestre servirá para cumprir os acordos de modo a entregar uma

agenda sólida à rússia em Dezembro, país que presidirá o organismo em 2013. n

Daniel bernardo

Page 44: Diplomática 14

44 • Diplomática - setembro/novembro 2012

Prémio do Património Cultural Europa Nostra 2012 em Lisboa por roman buzut

Cultura

Page 45: Diplomática 14

45setembro/novembro 2012 - Diplomática •

Ocorreu mais uma edição daquela que é

considerada como a voz do património

cultural europeu, a "Europa Nostra ".

Uma ONG pan-europeia que visa

salvaguardar o património cultural

europeu com vista às gerações presen-

tes e futuras. ➤

presidente da republica e a primeira Dama com os principes das astúrias

plácido Domingo

Page 46: Diplomática 14

46 • Diplomática - setembro/novembro 2012

Unida e representando, até ao

momento, 250 organizações

não-governamentais e sem fins

lucrativos, a “europa nostra” con-

ta com o apoio de cerca de 150

membros, que congregam entida-

des públicas e empresas; mais de

1500 membros individuais e mais

de 5 milhões de cidadãos euro-

peus, com uma participação ativa

na cultura.

com o objetivo de promover a

conservação e o intercâmbio

do conhecimento no quadro do

património cultural europeu, teve

lugar, há dias, a celebração dos

vencedores do prémio União eu-

ropeia do património cultural / ➤

the piraeus bank Group cultural Foundation, athens, Greece

the six Historical organs of the basilica of mafra, portugal

Prémio do Património Cultural Europa Nostra 2012

Page 47: Diplomática 14

47setembro/novembro 2012 - Diplomática •

institut de sociologie solvay, brussels, belgium

/ ➤ europa nostra. este ano,

foram homenageados vinte e oito

projetos vencedores. a cerimónia

da entrega dos prémios decorreu

no mosteiro dos Jerónimos, em

lisboa, na presença da comis-

sária europeia responsável pela

educação, cultura, multilinguismo

e juventude - androulla vassilou;

e de plácido Domingo - tenor e

presidente da europa nostra. pre-

sentes na cerimónia estiveram os

príncipes das astúrias.

os vinte e oito vencedores fo-

ram selecionados de um total de

duzentos e vinte seis projetos, ori-

ginários de 31 países. os prémios

classificam-se em ➤

the piraeus bank Group cultural Foundation, athens, Greece institut de sociologie solvay, brussels, belgium

Page 48: Diplomática 14

48 • Diplomática - setembro/novembro 2012

Prémio do Património Cultural Europa Nostra 2012

leighton House museum, london, United Kingdom

restoration study for the nolla palace, meliana, spain

Page 49: Diplomática 14

49setembro/novembro 2012 - Diplomática •

the seaweed bank, laesoe, Denmark

➤ quatro categorias essenciais:

a conservação, a investigação,

a contribuição exemplar de um

indivíduo ou grupo e a educação,

formação e sensibilização. ainda

seis dos projetos galardoados

foram destacados, com o Grande

prémio, o "edifício averof - es-

cola de arquitetura, Universida-

de técnica nacional, atenas,

Grécia"; o "alto-forno número 2,

sagunto, espanha"; o "pounds-

tock Gildhouse, bude, cornwall,

reino Unido"; o "estudo sobre o

código botânico de augusto, de

ara pacis, roma, itália"; a "obra

de paraschiva Kovacs em prol

da conservação do patrimóno,

satu mare, Harghita, roménia";

e o "programa educativo para

um sítio do património: Fundação

norueguesa do património, vågå,

noruega". seis projetos vitorio-

sos, que apresentam uma rele-

vância excecional no património

europeu.

entre os vinte e oito encontra-se

também portugal, distinguido com

um prémio na primeira categoria,

referente à conservação e restau-

ro dos seis órgãos históricos da

basílica do convento de mafra.

o júri classificou o restauro, no

qual interveio o conhecido mestre

organeiro Dinarte machado, como

um “ato majestoso.” Depois de

dois séculos de inatividade, con-

tando com várias restaurações,

os seis órgãos de tubos da basíli-

ca voltaram a tocar.

recorda-se que não é a primeira

vez que a cultura portuguesa en-

tra nas páginas da promoção da

cultura europeia. em 2008, o tra-

balho de investigação do museu

da presidência sobre o palácio de

belém conferiu ao país uma me-

dalha na vertente de investigação

dos prémios da europa nostra,

enquanto a cidade de coimbra ➤

Windmills of the monastery of st John the theologian, chora, patmos, Greece

Page 50: Diplomática 14

50 • Diplomática - setembro/novembro 2012

➤ foi destacada, por duas vezes

consecutivas, em 2009 e 2010,

com dois prémios referentes à

preservação do património cultu-

ral europeu no âmbito do projeto

de recuperação da via latina da

Universidade de coimbra e do

mosteiro de santa clara-a-velha

- na categoria de investigação.

a cerimónia de entrega dos

prémios de lisboa, organizado

anualmente pela fundação eu-

ropa nostra, teve o patrocínio

do presidente da república e do

presidente da comissão euro-

peia. contou ainda com o apoio

do centro nacional de cultura

(cnc), que representa a "europa

nostra" em portugal e que tem

sido responsável pela organi-

zação do congresso anual, que

trouxe a lisboa várias organiza-

ções, que zelam pela defesa do

património europeu, assim como

pelos galardoados do evento

deste ano.

com um dos temas do presente

ano, "salvar o património europeu

em perigo", a “europa nostra”

completou os seus 10 anos de

atividade. segundo argumentou

a comissária androulla vassiliou,

antes da cerimónia, o “prémio do

património cultural da Ue/pré-

mios europa nostra” tornou-se

no galardão mais prestigiado do

seu género na europa e tem-se

mostrado muito eficaz na sensi-

bilização dos decisores e público

para o valor do património cul-

tural da sociedade europeia e a

economia, e ainda para a respon-

sabilidade que nos cabe na sua

proteção para as gerações futu-

ras. plácido Domingo, enquanto

presidente da europa nostra,

definiu o financiamento europeu

como vital para a "dinâmica" e a

"inovação" no domínio do patri-

mónio cultural. n

Prémio do Património Cultural Europa Nostra 2012

improve a Heritage site - norwegian Heritage Foundation, vågå, norway

the society for the protection of ancient buildings, london, United Kingdom

Page 51: Diplomática 14

51setembro/novembro 2012 - Diplomática •

Novo Camões junta cooperação, língua e cultura

Cultura

O novo camões – instituto da cooperação e da lín-

gua (cicl), que começou a funcionar em pleno a 1 de

agosto passado - completado que foi o processo de

fusão do instituto camões (ic), promotor da língua e

da cultura portuguesas no exterior, com o instituto de

apoio ao Desenvolvimento (ipaD), responsável pela

cooperação portuguesa no mundo - vai ter como eixo

a cooperação no domínio da educação nos países de

língua portuguesa, onde as atividades das instituições

antecessoras já eram «convergentes» e até sobrepos-

tas.

É nesta convergência – e não no facto de os institutos

extintos pertencerem ao ministério dos negócios es-

trangeiros, participando nas «grandes linhas de orien-

tação de política externa» – que reside, na explicação

da presidente do

conselho Diretivo

do camões, ip,

ana paula labo-

rinho, a razão da

fusão decidida

pelo Governo em

2011 entre o ic e

o ipaD no âmbito

do plano de re-

dução e melhoria

da administração

central.

o «cruzamento de projetos» muito concretos no novo

instituto, no domínio da educação nos países de língua

portuguesa, em que é fundamental a língua de esco-

larização, da ciência e do conhecimento – que está

presente «tanto no ensino da matemática como da Fí-

sica, da História ou da Geografia» – «vai permitir maior

eficácia», garante ana paula laborinho que acrescen-

ta: «julgo que é ela que justifica este novo projeto, este

novo instituto, ainda que haja, naturalmente outras

áreas [da responsabilidade dos dois antigos institutos]

que não são comuns» e que são «completamente

distintas».

o novo camões, ip, mantém na sua esfera o papel

de coordenador das ações de cooperação de outros

ministérios em áreas como a justiça, a saúde, a se-

gurança, a agricultura e a comunicação social, vindos

do ex-ipaD, bem como na educação (nomeadamen-

te ensino superior), desporto, comunicação social e

programas setoriais, vindos do ex-ic, e ainda a gestão

da rede de ensino português no estrangeiro, superior

e não superior. no entender da presidente do ca-

mões, ip, «o trabalho em torno da língua portuguesa

pode inserir-se no âmbito da cooperação. o que se faz

nesse domínio – e já fazia o ic – é considerado ajuda

pública ao desenvolvimento. o trabalho desenvolvido

era, essencialmente, de capacitação e de resposta a

solicitações que nos eram feitas por esses países».

assim, o que havia a fazer era racionalizar as nossas

intervenções e, sobretudo, ver de que modo poderiam

convergir mais eficazmente. acresce que essas inter-

venções respondiam também a uma das recomenda-

ções feitas internacionalmente no apoio ao desenvolvi-

mento que é a da concentração geográfica.

«trabalhar em

projetos na área

da língua é

trabalhar para o

desenvolvimento

destes países,

tanto mais que

se trabalha em

função das suas

necessidades

formativas»,

assegura ana

paula laborinho

que dá como exemplo o projeto de Formação inicial e

contínua de professores em timor-leste, do ex-ipaD,

«que em muitos aspetos converge com aquilo que era

feito antes pelo ic».

A fusão da rede

a presidente do camões, ip reconhece que a fusão

«insere-se, naturalmente, no âmbito de uma redução

da administração pública» e de uma política de «me-

nores encargos», aspeto que reputa como significativo.

«só a redução de cargos dirigentes vai permitir uma

diminuição de custos de quase meio milhão de euros,

o que nos tempos atuais é também um objetivo impor-

tante». e, «no total, só em funcionamento, teremos

uma poupança de cerca de 800 mil euros».

Do ponto de vista prático, o processo de fusão «está

praticamente concluído», diz a presidente. mas para

ana paula laborinho, ao que a direção do camões, ip

– constituída ainda pelo vice-presidente, paulo ➤

Page 52: Diplomática 14

52 • Diplomática - setembro/novembro 2012

➤ nascimento, e os vogais irene paredes e Francisco

almeida leite – apraz registar é que «essa junção

se vai fazendo também noutras áreas e ao nível dos

projetos, do diálogo que as direções de serviços [de

cooperação e de língua e cultura] têm para desenhar

projetos, para os apreciar». o «entrosamento» em

curso na sede estende-se à «rede externa». «estou a

falar, por exemplo, no facto de termos centros cultu-

rais nesses países em que há cooperação e que são

centros que têm estado também ao serviço do desen-

volvimento, porque têm servido para a capacitação de

artistas locais, para a formação de quadros locais e,

por isso, nesse sentido, são – já eram – muito utiliza-

dos pela cooperação portuguesa».

vai pois haver uma unificação da representação exter-

na do camões, ip, juntando meios, recursos humanos

e físico, como forma de aproveitar melhor os recursos

e «ter uma área mais robusta com mais gente, porque

está junta e trabalha em conjunto».

2013: mais coerência e concentração

embora os planos de atividades para o próximo ano

ainda estejam em elaboração, a presidente do ca-

mões, ip afirma que se vai reforçar «ao nível da coo-

peração aquilo que é muitas vezes designado como

os ‘três cês’: «a coerência das políticas de cooperação

– melhor trabalho com as políticas setoriais»; «con-

centração geográfica, que já existe, e concentração de

projetos (…) naquilo que são as nossas mais-valias. a

educação, naturalmente, está entre elas». e por outro

lado, também, «uma preocupação com o cofinancia-

mento de projetos e com modelos que possam de

facto permitir que eles não acabem», bem como «ter

um maior envolvimento, quer de parceiros internacio-

nais quer de outros parceiros», nomeadamente através

de projetos triangulares e de cooperação delegada.

o camões, ip, é uma «entidade certificada e, nesse

sentido, a Ue delega no instituto projetos por si finan-

ciados, mas executados por nós em parceria com os

países».

esses são os «grandes desafios na área da coope-

ração», enquanto que «na área da cultura, a maior

preocupação é a qualificação dos centros culturais»,

um «objetivo que já vem de trás», agora tornado prio-

ritário «na perspetiva de os centros culturais poderem

beneficiar de contributos vários e poderem alinhar com

a diplomacia económica».

na área da língua está em curso o processo de ade-

quação da rede epe aos seus públicos-alvo. «pre-

tendemos que ele se desenvolva ao longo do ano de

2013, quer ao nível da certificação quer ao nível da

execução deste programa, que envolve os planos de

estudo por níveis linguísticos, quer a elaboração de

materiais de ensino adequados aos vários públicos-al-

vo quer também os projetos na área dos recursos para

a plataforma virtual». em resumo, diz a presidente do

camões, ip, 2013 «vai ser um ano de consolidação».

O papel «facilitador» do apoio ao desenvolvimento

portugal está a atravessar um momento difícil e rapida-

mente surge a pergunta se poderá continuar a apostar

no apoio ao desenvolvimento fora de portas.

para a presidente do camões, ip, o apoio ao desen-

volvimento destina-se, em primeiro lugar, a que o re-

cetor da ajuda deixe de vir a necessitar dela. mas para

portugal, enquanto país doador, o apoio ao desenvol-

vimento é também um «facilitador da nossa imagem» e

de «outras áreas». «Quanto mais estes países tiverem

um crescimento económico, mais isso cria oportunida-

des para os países doadores», diz.

exemplificando, ana paula laborinho fala da inter-

nacionalização das universidades portuguesas e dos

quadros que estas formam e que «nem sempre têm

depois colocação». também a cooperação no domínio

da capacitação do tecido empresarial, desenvolvido

por associações empresariais, «ao contribuir para o

crescimento económico destes países», «cria um es-

paço de intervenção» e «outras oportunidades».

ana paula laborinho sublinha, por outro lado, que, do

ponto de vista da língua e da cultura, «há uma relação

entre as rotas dos negócios e as rotas das línguas»,

como mostra um estudo que vai ser lançado em breve

sobre o valor económico da língua portuguesa. «as

empresas têm uma tendência para escolher como

seus mercados preferenciais aqueles que falam a sua

língua», explica. assim, «quanto mais conseguimos

trabalhar as questões da língua, mais tiramos benefí-

cios do ponto de vista económico», afirma a presidente

do camões, ip, considerando que «as questões cultu-

rais são aquelas que mais evidentemente funcionam

como facilitadores». «Uma aproximação através da

cultura é sempre uma aproximação que permite outros

entendimentos – políticos, económicos –, entendimen-

tos de muita natureza». n

Novo Camões junta cooperação, língua e cultura

Page 53: Diplomática 14

53setembro/novembro 2012 - Diplomática •

A embaixada da Federação da

rússia na república portuguesa

em portugal realizou num hotel de

lisboa, a recepção oficial dedicada

ao feriado nacional – o Dia da rús-

sia. o evento solene contou com

a presença do secretário-Geral do

ministério dos negócios estrangei-

ros, embaixador antónio de al-

meida ribeiro, vice-presidente da

assembleia da república, prof. Dr.

antónio Filipe, secretário de esta-

do do Desporto e Juventude, prof.

Dr. alexandre mestre, além de altos

funcionários de outros ministérios,

representantes da comunidade em-

presarial e da diáspora russa, diplo-

matas acreditados em lisboa.

na sua intervenção pavel petrovskiy,

embaixador da Federação da rússia,

destacou o simbolismo do Dia naio-

nal para a consolidação da demo-

cracia na rússia e fez ainda, uma

análise positiva do desenvolvimento

progressivo nas relações russo-por-

tuguesas.

Durante a recepção teve lugar a con-

decoração de igor Khashin, presiden-

te do conselho de coordenação de

compatriotas russos em portugal,

com medalha “patriota da rússia”

instituida pelo centro estatal de His-

tória e cultura militar junto ao Gover-

no da Federação da rússia. n

Dia Nacional da Rússia

1. embaixador pavel petrovskiy com embaixador da argentina 2. embaixador pavel petrovskiy com Joaquim pina moura

3. embaixador pavel petrovskiy com embaixador da Dinamarca

Mala diploMátiCa

Page 54: Diplomática 14

54 • Diplomática - setembro/novembro 2012

Em 2012 comemoram-se 151 anos

desde a Unificação da “república

italiana”. para celebrar este mo-

mento, o embaixador de itália em

portugal organizou na embaixada,

em lisboa, uma cerimónia na qual

convidou diplomatas e outras per-

sonalidades acreditadas no nosso

país.

itália é um estado europeu so-

berano, que ocupa uma grande

parte da península itálica; abrange

algumas ilhas do mar mediterrâneo

das quais se destacam sardenha

e sicília e no dia 2 de Junho cele-

bra o Dia nacional. a importância

histórica desta Data assenta no re-

ferendo de 2 de Junho de 1946 que

simboliza a união do povo italiano.

até então itália tem sido “o país

dos reis”. Durante muitos anos foi

um reino governado pela casa de

sabóia com uma certa dificuldade

durante o ressurgimento – movi-

mento que entre 1815 e 1870 teve

como objetivo a unificação do país.

Finda segunda Guerra mundial, rea-

lizou-se um referendo institucional

através do qual homens e mulheres

italianos foram convocados para ➤

O Dia Nacional da Itália

1 2 3

4 5 6 7

1. coronel carlo emiliani, anna luisa pignatelli, rosaria varriale, renato varriale e Fabrizio pignatelli 2. embaixadores de França,

pascal e pascale teixeira 3. miguel de polignac de barros e Duquesa isabel de palmela 4. choi man Hin, embaixador da russia e miu

Fong leng5. christina Gillies, petter Jakobson e Kirsti stubberud 6. embaixador do iraque 7. embaixadores da Ucrânia e do Japão

Mala diploMátiCa

Page 55: Diplomática 14

55setembro/novembro 2012 - Diplomática •

➤ se pronunciarem, por sufrágio

universal, sobre a forma de gover-

nação no país. pela primeira vez na

história italiana as mulheres tiveram

o direito a voto. a maior parte da

população manifestou-se a favor da

política republicana em detrimento

da monarquia – o que levou ao exilio

da família real italiana, Umberto ii.

em itália inicia-se uma nova for-

ma de governação. entre várias

medidas a serem tomadas, alcide

de Gasperi adquiriu as funções de

chefe do estado republicano, antes

da decisão prevista na corte supre-

ma. no início de Janeiro de Janeiro

de 1948 foi aprovada a constituição

republicana de acordo com a qual

itália é uma republica cujo parla-

mento é bicamaral e composto pela

câmara dos Deputados, pelo sena-

do, pelo poder Judicial e executivo

chefiado pelo primeiro-ministro.

a vitória e o nascimento da re-

pública italiana são louvados na

chamada “Festa della repubblica

italiana”, mas que em 2012 viveu

um dia de luto nacional pelas víti-

mas de terramotos que se ressenti-

ram no país. n

8 9 10 11

13 14 15 16

12

8. embaixadores da itália e do Koweit 9. manuel enes, nuncio apostólico e o embaixador de itália

10. marco De camillis 11. ana de brito e antónio alvim 12. Generak angelo arena e maria do céu pinto

13. embaixadores da república da moldova 14. embaixadores da Georgia 15. margarida ruas

16. Josefina estrada

Page 56: Diplomática 14

56 • Diplomática - setembro/novembro 2012

Realizou-se o décimo terceiro ani-

versário da ascensão ao trono do

rei mohammed vi, o 23º herdeiro da

dinastia alauita. o acontecimento

designado por “la fête du trône” é a

celebração da entronização do rei

mohammed vi ao trono e também

corresponde ao dia nacional de

marrocos.

a entronização do rei mohammed

vi é dos mais prestigiados feriados

nacionais. Durante este aconte-

cimento cabe ao rei realizar um

discurso à nação que é transmitido

pelas redes nacionais de radio e te-

levisão. enquanto nos outros países

os chefes de estado discursam na

capital, em marrocos mohammed

vi, todos os anos, por tradição, es-

colha uma cidade nacional diferente

para as comemorações. no evento

deste ano o rei afirmou que “este

marco atesta da ligação profun-

da de longa duração de Bei´a; da

lealdade inabalável que existe entre

as pessoas e o trono e da ligação

harmoniosa que carateriza a sua

relação.” entre várias referências

às reformas politicas, económicas e

sociais o discurso do rei centrou-se

ainda na nova constituição conce-

bida pela nação por unanimidade,

referindo o dever de as pessoas ➤

“La fête du trône”Dia de Marrocos

1 2

3 4 5

1. embaixadora Karima benyaich com o adido militar tenente coronel Habib akbil 2. embaixadora de marrocos acompanhada da

sua filha, marjana benyaich com rino passigato 3. sousa cintra e a embaixadora marrocos 4. ricardo salgado e Karima benyaich

5. ensemble rhoum el bakkali animando a festa. conjunto que interpreta canções e música popular é composto exclusivamente por mulhe-

res e é liderado por rhoum el bakkali, que leciona no conservatório de música da cidade de chefchaouen, situada a norte de marrocos

Mala diploMátiCa

Page 57: Diplomática 14

57setembro/novembro 2012 - Diplomática •

➤ trabalharem em conjunto na ten-

tativa de criarem um modelo distinto

e para fortalecerem as bases do es-

tado marroquino moderno assente

nos “valores da união, do progres-

so, da justiça social e da equidade”,

que refletem a identidade honrada

da nação.

entre as atividades reais de maior

destaque nas quais o chefe de esta-

do marroquino se vê envolvido são:

a cerimónia de fidelidade, a cerimó-

nia da tomada de posse dos novos

vencedores das principais escolas

militar, o perdão real a um número

de condenados e várias receções.

por ocasião do dia da entroni-

zação do rei mohammed vi a

embaixada de marrocos em por-

tugal organizou na sua sede em

lisboa uma receção que contou

com as mais altas personalida-

des da sociedade portuguesa. a

festa foi animada pelas músicas e

pelas canções tradicionais ex-

clusivamente femininas, dirigidas

por rhoum el bakkali. músicas

que combinam os elementos da

“arte de Handra” distinguida pela

poesia e os ritmos tradicionais ca-

raterísticos a cultura sufi e trans-

mitida de geração em geração, de

mãe para filha. n

6 7

8

6. embaixadora Karima benyaich durante o seu discurso 7. plano Geral da Festa 8. ensemble rhoum el bakkali cantam acompa-

nhados pela embaixadora e sua filha

Page 58: Diplomática 14

58 • Diplomática - setembro/novembro 2012

Comemorou-se o Dia nacional da

áfrica do sul. este ano, a demo-

cracia sul-africana atingiu a sua

maioridade com a celebração do

seu 18º aniversário.

como habitualmente, a residên-

cia oficial, na lapa, abriu as suas

portas para os amigos da áfrica

do sul, membros da comunidade

sul-africana, inúmeros convida-

dos e prestigiados membros do

corpo Diplomático acreditado em

portugal e do governo português

bem como de vários setores da

vida política, cultural e social do

nosso país.

no seu discurso, a embaixadora

Keitumetse matthews, referiu-se

ao tema das celebrações deste

ano, “trabalhando Juntos para ➤

Comemoração do dia nacional da África do Sul

1 2

3 4

1. a embaixadora matthews e um grupo de diplomatas envergando trajes tradicionais 2. lúcia pinto-cruz e ndumi melane 3. em-

baixadora matthews ladeada por antónio schneider e peter booth 4. embaixadora matthews e nuno rogeiro

Mala diploMátiCa

Page 59: Diplomática 14

59setembro/novembro 2012 - Diplomática •

➤ construir a Unidade e prosperi-

dade”, recordando todo o caminho

já percorrido para vencer muitos

desafios sócio-económicos e

alcançar uma áfrica do sul verda-

deiramente não-racial, não-sexista,

livre e democrática.

em homenagem à grande co-

munidade indiana na áfrica do

sul, os convidados tiveram a

oportunidade de saborear diver-

sos pratos típicos indianos, além

da tradicional gastronomia de

outros grupos representativos da

grande diversidade cultural do

país.

o dia ensolarado permitiu aos con-

vidados desfrutar do belo jardim

da residência bem como da sua

excelente vista para o tejo. n

5

7 8

6

5. no jardim da residência oficial 6. o casal bheki e Zanele Dube com ian o'Donnell 7. rudolph stroebel, sasha saran, Hanna de

beer e Zanele mditshane 8. a embaixadora matthews e luis amado

Page 60: Diplomática 14

60 • Diplomática - setembro/novembro 2012

“Diplomacia & Glamour” é um

evento cada vez mais abrangente

e com mais estilo. este ano, foi

realizado no lisboa marriott Hotel,

em colaboração com a rrcenter e

espaço arte livre, conseguiu reunir

mais de 60 embaixadoras e em-

baixatrizes, acreditadas em portu-

gal, e várias figuras públicas que

assistiram a um programa requin-

tado, onde não faltaram presentes

da área da cosmética.

a apresentadora de televisão

isabel angelino, uma das convida-

das do evento, descreveu-o como

"uma forma de juntar e evidenciar ➤

Uma tarde de Diplomacia & Glamour no Marriot

Mala diploMatiCa

Page 61: Diplomática 14

61setembro/novembro 2012 - Diplomática •

➤ as mulheres de países comple-

tamente diferentes, vestidas de

acordo com as culturas e crenças

dos países que representam e

reunidas pelo mesmo aconteci-

mento – algo de muito interesse e

beleza de se constatar”. Uma outra

convidada, paula rocha, referiu-se

ao evento como “um espetáculo

de moda especialmente dirigido

às senhoras", embaixadoras em

particular, enquanto marion Kruse

frisou tratar-se também de "uma

boa causa ", tal como referiu maria

Galvão sousa que enalteceu “o

maior glamour do evento". ➤

Page 62: Diplomática 14

62 • Diplomática - setembro/novembro 2012

➤ Foi uma tarde muito requintada

e especial. os modelos foram ves-

tidos pelo conhecido estilista de

moda carlos Gil , cujas criações

foram embelezadas pelas jóias do

“designer” Gil sousa. vestidos co-

loridos inspirados em terras orien-

tais e jóias ofuscantes criaram um

ambiente repleto de elegância e

glamour, que encantaram as con-

vidadas. por ser uma reunião de

muitos povos, carlos Gil disse ➤

1

2 3

1. Desfile jóias Gil sousa 2. carlos Gil, alexandra prates, ana caetano, maria alves e Fernando monteiro 3. alejandra exposito

(argentina), patricia Diaz romero (paraguai), vânia monteiro vilalva (brasil) e anna andrade (Uruguai)

Uma tarde de Diplomacia & Glamour

Page 63: Diplomática 14

63setembro/novembro 2012 - Diplomática •

➤ ter escolhido mostrar um aspec-

to peculiar da arábia, inspirado

no “lobby” de um hotel da arábia

saudita, em que as mulheres se

apresentam de uma forma muito

descontraída", disse-nos o esti-

lista, que veste com regularidade

destacadas senhoras, em particu-

lar, a primeira dama de portugal,

maria cavaco silva. Uma salva

de palmas encerrou a festa, com

charme e boa disposição! n

4 5

86 7 9 10

11

4. Desfile de carlos Gil 5. embaixadora marrocos, Karima benhyaich e ana caetano 6. Fernando monteiro e margarida merces mello

7. maria carmo veranneman (bélgica) e marc cosyns (Director Geral lisbon marriott Hotel) 8. maria José Galvão sousa 9. isabelan-

gelino 10. christina Gilles 11. maria lurdes Ferreira, embaixatriz iraque emel sinjari e Fernando monteiro (lexus)

Page 64: Diplomática 14

64 • Diplomática - setembro/novembro 2012

A embaixada do egipto em portugal

celebrou um dos mais importantes

feriados nacionais que relembra a

luta pela liberdade e pela identidade

nacional que culminou com o derru-

be da monarquia constitucional. É o

Dia nacional, celebrado anualmente

pelo povo egípcio no dia 23 de Julho.

em honra desta data o embaixador

da república árabe do egito rece-

beu em lisboa diplomatas de todo o

mundo, acreditados em portugal.

o país que possui uma das mais

antigas civilizações do mundo para

adquirir a independência passou por

várias fases entre as quais desta-

cam-se dois grandes momentos

enraizados no início do seculo XiX

quando o mundo árabe foi marcado

pelo nascimento de movimentos po-

líticos que defendiam a instauração

da identidade nacional própria e o

renascimento do mundo árabe.

Um conjunto de acontecimentos,

como a abertura do canal suez em

1869 delineou o papel geoestratégico

do egito e levou a uma disputa entre

três grandes poderes da altura: o

império britânico, o império otomano

e França devido ao controle da nova

rota face a ásia. consequentemente,

o império britânico vence e no início

da i Guerra mundial, em 1914, pro-

clama o protetorado britânico sobre a

região. Depois de um conjunto de ma-

nifestações contra a submissão a ➤

Dia Nacional de Egipto

2 3

4 5 6 7

1

1. maria da luz de bragança, embaixadores do egito com a conselheira económica da embaixada do egito, abeer Kamal 2. embai-xador do Koweit, suleiman almerjan e embaixador do Qatar, adel ali al Khal 3. embaixadores da indonésia e do iraque 4. Gassan and ediz el aouar 5. embaixadora matthews, miss rasoul e Josefina estrada 6. rino passigat e núncio apostólico 7. maria barroso soares e maria da luz de braganca

Mala diploMátiCa

Page 65: Diplomática 14

65setembro/novembro 2012 - Diplomática •

➤ ocupação britânica, em 1922, ocorre

a proclamação da independência face

ao império britânico. egito transfor-

mou-se num reino chefiado pelo rei

Foud, seguido em 1936 pelo seu filho,

o rei Farouk, mas que foi destronado

por um grupo de oficiais militares na

madrugada de 22 para 23 de Julho

de 1952. a monarquia cai na sequên-

cia deste golpe de estado e o poder

passa para o grupo de oficiais que

formaram o movimento os “ oficiais

livres” onde se destacaram os líderes

Gamal abdel nasser, muhammed

naguib, abdel Hakim amer e anwar

al sadat. Depois de abolida a monar-

quia constitucional, egito é proclama-

do republica sendo naguib escolhido

como primeiro presidente desta nação

república, e pouco depois substituído

por Gamal abdel nasser.

o Dia nacional de egito é o feria-

do egípcio não religioso de maior

destaque. neste dia, todos os anos

os egípcios se reúnem para relem-

brar a revolução de 1952 que pela

forma como aboliu a monarquia e

instituiu um governo nacionalista

no país serviu de exemplo para

outras nações africanas em busca

da liberdade e da independência.

É um momento quando paradas

nacionais, músicas patriotas e

danças tradicionais enchem as

ruas do cairo e de outras cidades

egípcias. n

8 9

10 11

8. ines portugal, ana Fernandes, anabela Flora, lobna Kassem, adriana carneiro, staff da embaixada do egito moha-med Kadah, Khaled refaie, carlos santos do ciF e omar refaie 9. miss rasoul, lissa piitulainen numminen, Humaira Hasan, anne egge thorsheim 10. embaixatriz do iraque, Françoise Heleno, manuel Heleno e embaixador do iraque 11. membros da comunidade egipcia e do instituto luso arabe para a cooperacao

Page 66: Diplomática 14

66 • Diplomática - setembro/novembro 2012

Foi por ocasião das comemora-

ções do Dia nacional do brasil,

que os embaixadores do brasil,

mário vilalva e vânia vilalva,

receberam, nos jardins da sua

residência, no restelo, muitas

personalidades e diplomatas

acreditados em portugal.

a festa foi animadíssima , com

o espírito de confraternização

e amizade, tão caraterísticos

entre os dois países irmãos a

dominar a festa. na ocasião foi

inaugurado o ano do brasil em

portugal e o ano de portugal no

brasil, um evento multifacetado, ➤

Dia Nacional do BrasilAbertura do ano do Brasil em Portugal

1 2

3 4 5 6

1. embaixadores do brasil com maria da luz de bragança 2. nos jardins da residência oficial dos embaixadores do brasil

3. cônsul-Geral em lisboa, embaixador ruy casaes e sua mulher cumprimentam o embaixador de cuba 4. paula bobone e Fáti-

ma vilela 5. maria das Graças Kleinschmidt e renato rodyner 6. tenente coronel João paulo alvelos e maria da luz de bragança

Mala diploMátiCa

Page 67: Diplomática 14

67setembro/novembro 2012 - Diplomática •

➤ que está a promover os laços

fraternos já existentes, estrei-

tando e fomentando as relações

económicas, iniciativas comer-

cias e empresariais, bem como

a vertente cultural em múltiplas

manifestações.

na festa estiveram presentes,

para além de autoridades gover-

namentais, representantes do

corpo diplomático, empresários,

artistas e intelectuais.

atuaram a banda da marinha,

a banda de Forro do ceará

“Dona Zefa” e a cantora Wanda

stuart. n

7

9

11

10 118

7. candidatas a miss brasil europa 2012 8. pedro pessoa e costa e sua mulher com a

nossa Diretora 9. nuno rogeiro 10. Jorge pereira sampaio e vasco bobone 11. renato

rodyner, Daniela Faria e Wanda stuart

Page 68: Diplomática 14
Page 69: Diplomática 14

69setembro/novembro 2012 - Diplomática •

O embaixador alan Katz e sua mulher

a embaixatriz nancy Katz celebraram,

mais uma vez, o Dia da independência

dos estados Unidos nos jardins da em-

baixada, com uma recepção requintada,

como já é tradição.

no discurso com que se dirigiu aos

seus convidados, alan Katz mostrou-

-se emocionado pela recepção calorosa

com que é recebido no nosso país e

afirmou que continua a ter orgulho dos

fortes laços que ligam os nossos países

desde 1791. sem esquecer a situação

que se vive, o embaixador lembrou que

o nosso relacionamento tem evoluído

ao longo dos anos e nestes tempos

difíceis, temos de fazer as coisas de for-

ma diferente, uma vez que os recursos

são reduzidos. alan Katz fez notar que,

de facto, os estados Unidos e portugal

continuam a precisar um do outro, em

maneiras novas e mais importantes.

tal como sucedeu o ano passado, a

música não faltou e este ano esteve

presente o “eUa navy band Woo-

dwind”, um quinteto que veio de nápo-

les para animar a festa.

ainda durante o seu discurso, alan Katz

confessou que, durante o ano passado,

continuou a sua viagem de descoberta

de portugal. viajou por todos os cantos

do país, falou na maioria das principais

universidades, provou iguarias e vinhos

locais. orgulhoso, o embaixador rea-

firmou aos seus convidados que “tem

visto em primeira mão o incrível espírito

português”.

não sem recordar todas as iniciativas,

políticas, económicas e empresariais

ocorridas durante o ano (referiu-se à

FlaD como um parceiro fundamental),

agradeceu aos patrocinadores, sem os

quais a festa não teria sido possível.

o embaixador alan Katz reforçou que a

força fundamental do nosso relaciona-

mento nos permitirá superar os desafios

do presente e do futuro. n

Celebração do Dia da Independência dos Estados Unidos

1. embaixador allan Katz durante o seu discurso 2. a festa foi animada pelo

Quinteto Woodwind da marinha americana 3. adido naval da embaixada dos

eUa, comandante Joseph beadles e sua mulher, Jill beadles 4. embaixador

dos eUa, allan Katz cumprimenta o ex-embaixador americano em lisboa,

Gerald mcGowan 5. os embaixadores dos eUa

Mala diploMátiCa

Page 70: Diplomática 14

70 • Diplomática - setembro/novembro 2012

Lisboa foi este ano o local escolhido para

celebrar o Dia de portugal. tal como

referiu o presidente da república no seu

discurso, “este ano, as comemorações do

Dia de portugal, de camões e das comu-

nidades portuguesas regressam à cidade

de lisboa, que se abre ao tejo de onde

partiram os nossos antepassados para

dar início à maior das epopeias, moldan-

do para sempre a alma e o sentir de uma

nação.”

o centro cultural de belém acolheu esta

cerimónia num belo cenário, que evocava,

ele próprio, os descobrimentos e em que

participaram as mais importantes figuras

do estado. ➤

Dia de PortugalComemorado em Lisboa

Mala diploMátiCa

Page 71: Diplomática 14

71setembro/novembro 2012 - Diplomática •

➤ nesta ocasião, o professor aníbal cava-

co silva, procedeu à imposição de conde-

corações a um conjunto de personalida-

des e instituições, das quais destacamos

algumas dos mais reconhecidos vultos dos

mais variados setores da vida nacional.

assim, antónio barreto foi agraciado com

a ordem militar de cristo; o professor José

Hermano saraiva, entretanto falecido,

recebeu a Grã-cruz da ordem militar de

avis; antónio lobo Xavier e luís noronha

da costa foram distinguidos como Grande

oficial da ordem do infante D. Henrique;

celeste rodrigues e pedro calapez foram

condecorados comendadores da mesma

ordem. n

Page 72: Diplomática 14

72 • Diplomática - setembro/novembro 2012

No dia 1 de Julho de 2012 pela primeira vez

desde a sua adesão à União europeia em

2004 chipre assumiu a presidência por um

período de seis meses, sucedendo à Dina-

marca.

a presidência cipriota escolheu o slogan

“rumo a uma europa melhor” que pretende

atingir através de quatro prioridades princi-

pais: (1) “uma europa mais eficiente e sus-

tentável” que resulte numa governação mais

eficiente capaz de lidar com a incerteza e a

instabilidade resultantes da crise; (2) “uma

europa com melhor desempenho da sua

economia baseada no crescimento” através

de medidas de consolidação orçamental e

crescimento económico mais sustentável; (3)

“uma europa mais relevante para os seus

cidadãos, com solidariedade e coesão social

no sentido de tornar a europa mais perto

dos seus cidadãos dando mais realce ao

emprego jovem; (4) “uma europa no mundo

– mais perto dos seus vizinhos” que implica

uma cooperação estreita da presidência

de chipre com o alto representante da Ue

para os negócios estrangeiros e política de

segurança e com o serviço europeu para a

ação externa.

para conseguir fazer frente à primeira priori-

dade referente à eficácia e à sustentabilida-

de europeia o objetivo deve centrar-se nas

negociações para o Quadro Financeiro plu-

rianual relativo ao período de 2014 a 2020.

isto implica a implementação de programas

financiados pelo novo Quadro Financeiro

plurianual com um verdadeiro valor acres-

centado europeu onde haja complementari-

dade com as políticas nacionais que visam o

crescimento económico e a melhoria das ➤

Chipre na presidência da União Europeia

o presidente de chipre, Demetris christofias com presidente da comissão da União europeia, Durão barroso

europa

Page 73: Diplomática 14

73setembro/novembro 2012 - Diplomática •

➤ oportunidades de emprego. neste sentido,

a prioridade procura ainda desenvolver

as negociações relativas às políticas comuns

tais como de agricultura e das pescas, a

políticas de coesão e a política de investi-

gação e inovação (Horizon 2020); programas

financeiros que abrangem vários setores e

também dão ênfase à política energética

e às redes transeuropeis de transportes,

telecomunicações e energia, a infra – estru-

tura ligar a europa; promover o crescimento

ecológico que envolve políticas relativas às

alterações climáticas e ambientais.

para levar ao cabo a segunda grande prio-

ridade que diz respeito ao crescimento

económico há subpontos tais como: um

melhoramento do sistema financeiro incluin-

do medidas mais transparentes; o reforço à

vigilância orçamental e à monitorização da

estratégia europa 2020; enfatizar o papel da

pme e fortalecer o mercado único.

Quanto à terceira prioridade que remete para

a solidariedade e coesão social está em

vista a criação do sistema europeu comum

de asilo para garantir a defesa dos direitos

do indivíduos que necessitam de proteção

internacional. o segundo ponto importante

procura enfatizar questões sobre a saúde e

bem-estar das crianças; questões sobre a

educação e cultura. o terceiro ponto apon-

ta para a consideração da participação de

parceiros sociais; onG e autoridades locais

no quadro da implementação da estratégia

europa 2020. e por fim consolidar o quadro

referente à proteção dos dados pessoais.

Quanto à quarta prioridade, que incide sobre

a proximidade entre a europa e os seus vizi-

nhos estão em vista um conjunto de ➤

alguns quadros apresentados na exposição que marcou a abertura da presidência cipriota do conselho da União europeia

Page 74: Diplomática 14

74 • Diplomática - setembro/novembro 2012

➤ medidas que dizem respeito à política

externa. a criação de uma relação multifa-

cetada e a garantia do pluralismo com os

parceiros mediterrânicos é um dos principais

objetivos da presidência de chipre dentro

da política europeia de vizinhança. por outro

lado, espera-se a consolidação da seguran-

ça na indústria alimentar e a melhoria da

política comercial comum dentro da Ue.

com uma história que data de 9000 a.c.,

chipre é um país com uma cultura e arte

secular. nesse sentido e para comemorar

a presidência de chipre da União europeia

bem como promover a cooperação ➤

1 2 3 4

5 6 7

1. thalia petrides e maria da luz de bragança 2. embaixadores da itália e da rússia 3. embaixadores do iraque, Hussain sinjari e

da irlanda, Declan o Donovan 4. pintor constantinos stefanou 5. Josefina i estrada 6. lorenzo schnyder, mirko stefanovic, Zeljko

vukosav e moussa abunaim 7. Youssef louzir

Chipre na presidência da União Europeia

Page 75: Diplomática 14

75setembro/novembro 2012 - Diplomática •

➤ cultural entre chipre e portugal, a senhora

embaixadora thalia petrides organizou na

cordoaria nacional uma exposição intitula-

da “a arte do previsível”, sendo a primeira

exposição coletiva em portugal de arte

contemporânea de chipre. a participação de

três célebres pintores - andreas Karayan,

constantinos stefanou e Zenon Jepras, com

quarenta e uma obras originais, oferece uma

oportunidade única para os amantes de arte

portugueses. na inauguração da exposição,

dia 12 de setembro, marcaram presença

membros do governo, altas individualidades

e diplomatas. n

8 9 10

11 12

8. pintor Zenon Jepras 9. embaixador da roménia com os embaixadores da moldavia 10. antonio santana carlos, Giorgi Gorgila-

dze e bernard pierre 11. bossa Dionizio, Jorge ramos e Jorge Dinis 12. Jaime Dias e Jiro maruhashi 13. General luís evangelista

esteves de araújo, chefe de estado-maior-General das Forças armadas com a embaixadora, thalia petrides 14. embaixadora com

catarina vaz pinto, vereadora da cultura da câmara municipal de lisboa 15. embaixadora com o secretário de estado dos assuntos

europeus do ministério dos negócios estrangeiros, miguel morais leitão

reportagem roman buzut

15

13

14

Page 76: Diplomática 14

´ +Africa

O MPLA, no poder em Angola desde a

independência em 1975, venceu de forma

incontestável as eleições realizadas em 31

de Agosto passado. Segundo os resulta-

dos oficiais da Comissão Nacional Eleito-

ral, nas eleições de Angola, o partido de

José Eduardo Santos, reeleito presidente,

obteve 71,84% dos votos. A Unita, princi-

pal partido da oposição, ficou em segundo

lugar com 18,66%. A Coligação Ampla

da Salvação de Angola ( CASA-CE) foi o

terceiro partido mais bem votado com 6%.

Um quadro avassalador para quem lançou

polémicas em torno da forma como de-

correu o acto eleitoral, lançando suspeitas

de fraude que levaram a uma ameaça de

impugnação da votação pela UNITA.

As votações decorreram com tranquilidade

e Angola pôde desta forma dar ao Mundo

uma imagem de maturidade e transpa-

rência democráticas, aliás, atestadas por

observadores independentes internacio-

Eleições em AngolaJosé Eduardo dos Santos recebeu nas urnas aval para prosseguir políticas rumo ao progresso

nais. Como foi o caso de Leonardo Simão,

chefe da missão de observadores da

Comunidade dos Países de Língua Portu-

guesa (CPLP) ao destacar que o processo

eleitoral decorreu num ambiente de tran-

quilidade, serenidade, com um grau de

organização bastante elevado”.

A missão dos observadores da CPLP

deslocou 10 técnicos para testemunhar o

processo eleitoral em Angola, tendo o seu

responsável máximo relevado a «enorme

evolução» na organização das eleições

gerais em relação às legislativas de 2008.

«Estive aqui em Luanda em 2008 e teste-

munho a enorme evolução que o proces-

so teve», sublinhou Leonardo Simão, um

dia depois do acto eleitoral. Igualmente, o

antigo presidente cabo-verdiano Pedro Pi-

res, chefe da missão de observadores da

União Africana que também acompanhou

as eleições, considerou que a organiza-

ção do escrutínio foi “satisfatória”. ➤

Os compromissos de José Eduardo dos Santos

José Eduardo dos Santos recebeu, assim, dos eleitores toda a legi-

timidade para pôr em prática o seu programa eleitoral, arrojado e que

tem por principal finalidade desenvolver ainda mais a economia que

apresenta já elevados índices de expansão. Quais então os principais

compromissos assumidos pelo MPLA para os próximos cinco anos:

- Taxa média anual de crescimento do PIB de até 7%, até 2017

- Programa de rendimento mínimo, atra-

vés da transferência direta de recursos

- Colocar Angola da lista dos países de

rendimento médio no Índice de Desenvol-

vimento Humano da ONU

- Relatório anual sobre direitos humanos

- Criação de um mercado de capitais

- Primeiro censo populacional após a

Independência

- Prioridade ao emprego de angolanos

nas empresas estrangeiras

- Acesso à água até 100% nas zonas

urbanas e até 80% nas zonas rurais

- Novo aeroporto de Luanda

´ +Africadossier

Page 77: Diplomática 14

´ +Africa 77setembro/novembro 2012 - Diplomática •

➤ Reinventar o país

«As eleições gerais de 31 de agosto

marcaram o corolário de um processo de

reinvenção do país que em boa verdade

começou nos finais dos anos 80», acen-

tua Filomeno manaças, diretor do Jornal

de angola, comentando os resultados

nas urnas obtidos por José eduardo dos

santos. Um dos objetivos principais visa

alcançar uma economia de mercado

e combater as desigualdades sociais.

Um desiderato ambicioso que também

comprova a elasticidade política de um

partido que soube adaptar-se aos tem-

pos modernos e à revolução operada em

muitos mercados emergentes que tinham

no poder também partidos com linhas

programáticas semelhantes às do mpla.

Foi com a aprovação e início de imple-

mentação em 1987 do programa de

saneamento económico e Financeiro,

«seF», que arrancou o processo das

reformas macroeconómicas. na realida-

de, foi o primeiro passo de abertura para

a economia de mercado e que conduziu

posteriormente o país ao multipartidaris-

mo político, em 1991.

como sublinha Filomeno manaças tra-

çando a retrospetiva destes anos em

que o mpla está no poder – não o

usando de forma ditatorial mas abrindo

o espaço do poder multipartidário e às

formas de democracia que tornaram an-

gola um caso ímpar em áfrica - a Unita

foi chamada a participar no processo

e novos partidos surgiram no espectro

político angolano. o universo da media

em angola viu surgir novos títulos de

imprensa e novas rádios. o pluralismo de

ideias foi nota dominante e angola ficou

convencida que tinha ganho o oxigénio

necessário para encetar outras transfor-

mações. os angolanos acreditaram que

estava dado um passo importante para

a unificação do país, para a preservação

da integridade territorial e da soberania

nacional.

as mudanças empreendidas foram impul-

sionadas pelo presidente José eduardo

dos santos e pelo mpla. mas a Unita

pôs em causa todo o processo ao recor-

rer de novo às armas depois de perder

as eleições de 1992. Faz sentido voltar

sempre a recordar este facto para se per-

ceber a dimensão histórica do que está

em causa. ➤

1. José eduardo dos santos 2. membros do comité central do mpla

1 2

Page 78: Diplomática 14

78 • Diplomática - setembro/novembro 2012

➤ Da guerra ao progresso

Diante da recusa de solução pacífica

do conflito militar – várias rondas de

negociações com esse objetivo foram

feitas sem resultados palpáveis -, o país

teve de se desdobrar em esforços para

pôr ponto final à guerra. Foi através da

intervenção do presidente José eduardo

dos santos que permitiu manter intacta a

integridade territorial e o reconhecimento

pela comunidade internacional da justeza

dos princípios defendidos.

apesar do percalço da guerra, que ceifou

a vida a milhares de angolanos e colo-

cou angola à beira do colapso e de que

ainda hoje sofre problemas vários com

reflexos na atualidade, a refundação do

país não parou. assenta em processos

que correm paralelos: da consolidação

da paz, da reconstrução da economia

destruída pela guerra, do reforço da de-

mocracia, do reforço das instituições do

estado, da formação da riqueza humana

e material indispensável à conquista do

desenvolvimento económico e social

para o país.

Quem olha para a História Universal e

saiba tirar as devidas ilações sobre os

processos de unificação dos estados

europeus e sua evolução até aos dias de

hoje, saberá certamente entender o de-

vido valor e dimensão da figura de José

eduardo dos santos.

se a agostinho neto se deve o mérito de

ter conduzido com êxito a luta de guerri-

lha e proclamado a independência nacio-

nal, a 11 de novembro de 1975, a José

eduardo dos santos cabe o feito de ter

impedido o desmembramento do país, de

tê-lo lançado na via da reconstrução e da

modernização e, em particular, da instau-

ração da democracia multipartidária. ➤

Eleições em Angola

3. comicio em malanje

3

Page 79: Diplomática 14

79setembro/novembro 2012 - Diplomática •

➤ e levando-o a trilhar caminhos de

expansionismo económico a nível global,

de que é exemplo sintomático, os investi-

mentos de milhões efetuados nos últimos

anos em portugal, contribuindo para

aproximar os dois países, sem tabus.

os angolanos desejam um país novo e a

conquista da paz veio renovar as ener-

gias de todos os seus filhos que estão

empenhados na sua construção. aspiram

por novas mentalidades a condizer com

as mais nobres virtudes da democracia,

de contraponto de ideias sem se resva-

lar para comportamentos moralmente

condenáveis. e foi esse o sentido de

voto que sobressaiu nas eleições de 31

de agosto. a carta de alforria dada pelo

povo ao seu presidente, reeleito para

prosseguir as suas políticas rumo ao

progresso económico e manutenção da

estabilidade política. n

4. comicio mpla, em luanda 5. e 6. comicio em malanje 7. Dia das eleições, filas para as mesas de voto

4 5

67

´ +Africa

Page 80: Diplomática 14

80 • Diplomática - setembro/novembro 2012

Desde que o Homem se tornou bípede e de-

senvolveu a fala, passou a comunicar melhor

com os seus semelhantes, viver em grupos

e evoluir para a organização social, econó-

mica e cultural. esse percurso é a história da

hominização. ora bem: exceptuando a história

da criação que coloca um Homem perfeito no

jardim do eden como centro de mundo e comu-

nica diretamente com Deus o seu criador, do

ponto de vista evolucionista, a pessoa humana

passou por diferentes etapas do desenvolvi-

mento físico e do cérebro, durante as quais, a

comunicação assumiu um papel relevante, no

entendimento entre diferentes grupos humanos

deste planeta. nada é mais emocionante e

valioso do que a boa comunicação entre ho-

mens e mulheres. o que o conflito não resolve,

acaba na mesa das negociações. É através de

um processo trabalhado e estudado, que tudo o

que precede ou termina um conflito, passa pelo

fracasso ou o êxito das negociações, dotados

da fala, da inteligência sensível e da racionali-

dade, o mundo sustenta-se através da oralida-

de e da escrita, ,sendo que a oralidade é muito

mais desenvolvida, quando se trata de ações

diretas do diálogo, como último recurso de tudo

o que se esgota através da violência física

ou bélica. os últimos séculos até aos nossos

dias, desenvolveram várias escolas da arte de

Diplomacia Cultura e História

palmira tjipilicaprofessora Universitária - luanda, angola

CróniCa

comunicação, desde a psicologia, às relações

internacionais, estudos de outras línguas e

culturas, que na melhor das hipóteses evoluem

cada vez mais e melhor no sentido do auto

conhecimento e regulamentação dos interesses

entre os humano. Do ponto de vista histórico, o

encontro de culturas entre a europa e a áfrica

subsaariana, disse Joseph Kizerbo, historiador

africano, “fez-se sem negociações entre os

povos que não partilhavam do mesmo universo,

da mesma língua, nem dos mesmos princípios”.

na verdade, imperou a lei da força e o avanço

técnico de uns, submeteu os menos fortes, na

capacidade técnica e científica daquela época.

se fizermos uma trajetória histórica de dife-

rentes países, verifica-se que muitos desses,

passaram pelo mesmo processo e portugal não

foi excepção com relação à roma imperial. por

contaminações positivas, se chegou ao deseja-

do equilíbrio cultural, que permite o diálogo nas

relações diplomáticas, terminada a subjugação

de uns pelos outros. com o fim da segunda

guerra mundial, desenhou-se um novo mundo,

através de uma nova ordem económica e social

e o surgimento da organização das nações

Unidas é desde 1945, mal ou bem, o motor da

diplomacia mundial como cultura, em substi-

tuição do tradicional papel da igreja na solução

de inúmeros conflitos, através da arte de ne-

gociar. nesta particular experiência, destaco o

papel da igreja católica que teve os maiores

diplomatas de todos os tempos. tornada cul-

tura, hoje, a forma de discutir ideias, captar

e prender a audiência, fez dos bons actores e

políticos, grandes tribunos. são os que mais

estudam o domínio do gesto e da palavra como

arte. com isso, a história diplomática, não é

mais do que a simbiose dessas duas técnicas,

como expressão profunda do que queremos

de nós, desta vida e dos outros, em termos de

equilíbrio. todo esse cenário, faz-nos entender

que é sobre as importantes realizações que a

história da Diplomática como revista se movi-

menta e encontra as devidas justificações de

divulgação de diferentes países e estados poli-

ticamente integrados no mundo global contem-

porâneo. isso é fazer história. n

Page 81: Diplomática 14

´ +Africa 81setembro/novembro 2012 - Diplomática •

A iX conferência de chefes de estado e de Governo da

cplp decorreu no passado mês de Julho, em maputo.

a sessão de abertura contou com as intervenções do

presidente da república de moçambique, armando

Guebuza, país que assume agora a presidência rotativa

da cplp e, em nome da presidência cessante, com a

alocução do vice-presidente da república de angola,

Fernando da piedade Dias dos santos.

a sessão plenária contou, ainda, com as intervenções

do presidente da assembleia parlamentar da cplp,

Fernando la sama de araújo, do presidente da co-

missão europeia, José manuel Durão barroso, e do

Director-Geral da Fao, José Graziano da silva. Foram

emitidas várias declarações, nomeadamente sobre a

cplp e os Desafios de segurança alimentar e nutricio-

nal e sobre a situação na Guiné-bissau.

Foram tomadas importantes resoluções, tais como: a

resolução sobre a revisão dos estatutos, a resolução

sobre o orçamento de Funcionamento do secretariado

executivo para o exercício de 2013 entre outras, tais

como a relativa ao acordo sobre concessão de vistos

de múltiplas entradas e sobre o “Documento estraté-

gico para a Juventude da cplp e resolução sobre o

programa indicativo de cooperação da cplp – 2013-

2016.

aníbal cavaco silva foi um dos presidentes da repúbli-

ca presentes nesta cerimónia, bem como vários homó-

logos de diversos países que compõem esta comuni-

dade de língua portuguesa, bem como, José manuel

Durão barroso, presidente da comissão europeia.

o embaixador moçambicano murade isaac miguigy

murargy foi eleito como secretário executivo da cplp.

embaixador de carreira, murade murargy, de 65 anos,

foi durante dez anos secretário-Geral da presidência de

moçambique. chefiou a missão diplomática moçambica-

na em paris, França. a partir da capital francesa esteve

acreditado como embaixador extraordinário e plenipo-

tenciário na alemanha, suíça, tunísia, Gabão, mali,

costa do marfim, senegal e irão, tendo sido também

delegado permanente de moçambique na Unesco. n

Cimeira da CPLPEm Moçambique

Viagens de estado

´ +Africa

Page 82: Diplomática 14

82 • Diplomática - setembro/novembro 2012

António Geirinhas, diretor geral

da multitel, serviços de telecomu-

nicações, desde Julho de 2008,

cargo que desempenha depois

de ter sido diretor da Unidade de

negócios iptv e serviços Digitais

(iptv project leader – responsá-

vel pelo lançamento do meo), da

pt comunicações, Grupo portugal

telecom. licenciado em economia

pela Faculdade de coimbra, a sua

atividade tem-se desdobrado em

posições marcantes na área das

novas tecnologias, com particu-

lar destaque no desenvolvimento

e gestão de produto canais da

tv cabo e na direção de novos

produtos da pt comunicações do

grupo portugal portugal telecom.

nesta entrevista à Diplomática,

explica como a multitel contribuiu

para o desenvolvimento do setor

das telecomunicações em angola

e o crescimento sustentado da

economia daquele país. sublinha

que um dos fatores principais do

seu sucesso respeita ao reconhe-

cimento que os clientes fazem das

competências da multitel como

parceiro mais do que como mero

fornecedor de serviços, contando

com a grande experiência e know-

-how que a sua principal acionista,

a portugal telecom, desempenha,

por exemplo, na formação de

quadros e no negócio de teleco-

municações, apoiando os clientes

da empresa nos investimentos

naquele país. ➤

António Geirinhas, responsável da Multitel por maria de bragança e José leite

Empresa líder em Telecomunicações em Angola:

«Crescimento da empresa tem sobretudo a ver com o reconhecimento que os

clientes fazem das nossas competências como parceiro mais do que como

mero fornecedor de serviços»

gestores internacionais

Page 83: Diplomática 14

´ +Africa 83setembro/novembro 2012 - Diplomática •

➤ Factor importante no sucesso

de uma empresa respeita à con-

quista da confiança dos clientes.

Como é que a Multitel faz para

conquistar novos clientes e am-

pliar o seu posicionamento no

Mercado angolano?

a multitel é uma empresa de

telecomunicações que oferece

soluções para o mercado corpo-

rate e empresarial. neste en-

quadramento a nossa missão é

sobretudo dar qualidade ao nosso

cliente, ao comprar um serviço à

multitel não se usufrui apenas de

um serviço de qualidade, mas do

apoio permanente e de proximida-

de de uma equipa de profissionais

com larga experiência no mercado.

o aconselhamento na definição

mais adequada às necessidades

do cliente, o apoio com um suporte

de pós venda eficiente e a garantia

de baixos tempos de resposta a

pedidos de instalação ou interven-

ção são a nossa marca – ligações

de confiança. o crescimento da

empresa tem sobretudo a ver com

o reconhecimento que os nossos

clientes fazem das nossas compe-

tências como parceiro mais do que

como mero fornecedor de serviços.

Em pleno cenário de crise e de

concorrência à escala global ,

como é que a empresa encara o

futuro?

a preocupação da equipa de ges-

tão da multitel é criar valor susten-

tado para os nossos acionistas em

qualquer ambiente. se uma empre-

sa é bem gerida, com bons níveis

de ebitDa e portanto de valor

incrementado sustentadamente,

o futuro está garantido. como se

sabe hoje a tendência nas teleco-

municações é de concentração e

convergência de serviços. neste

sentido as fusões de empresas po-

derão ser uma realidade no curto

prazo, mas se cumprirmos bem o

nosso papel a resultante final só

pode ser positiva.

A aposta em parcerias estratégi-

cas com empresas de referência

portuguesas tem-se revelado

positiva? De que forma? Está

nos vossos planos a conquista

de posições no Mercado portu-

guês?

no nosso caso é mais do que

parceria estratégica, uma vez que

a portugal telecom detém 40% do

capital da multitel, sendo o restan-

te capital pertencente a Grupos

angolanos, angola telecom e

bci, banco comércio e indústria.

neste caso a grande experiência,

know how que a pt tem de todo o

negócio de telecomunicações, tem

sido um suporte essencial para a

evolução e bons resultados que

temos obtido. por outro lado a mul-

titel tem tido um papel importante

no suporte e apoio em angola para

os clientes pt que decidiram aqui

investir.

O problema da formação dos

recursos humanos é uma das

grandes preocupações do setor

das Telecomunicações. Essa

também tem sido uma preocu-

pações da Multitel? De que for-

ma é que a empresa tem tratado

esse problema? Já agora, tem

recorrido à contratação de qua-

dros técnicos portugueses para

Angola?

esta é uma área muito querida

para a Gestão da multitel, em fó-

rum de conselho de administração

é um dos temas mais abordados

e discutidos. também neste caso

o facto da portugal telecom ser

acionista, tem garantido uma ponte

de formação competente para os

nossos quadros, sobretudo na área

técnica e de Gestão. por outro lado

a multitel tem valorizado perma-

nentemente a relação com o meio

Universitário, garantindo assim aos

jovens licenciados estágios profis-

sionais ou de fim de curso. após

estes estágios a percentagem de

incorporação nos quadros da em-

presa é muito elevada, até Junho

de 2012 de 87%.

a multitel tem atualmente mais de

cem trabalhadores, sendo apenas

4 de nacionalidade não angolana.

estes são sobretudo técnicos de

grande competência que garantem

parte da gestão operacional mas

sobretudo formam e constroem

os quadros técnicos da empresa.

todo este esforço tem tido ótimos

resultados, garantindo hoje um

nível de angolonização dos mais

elevados do país. como exemplo,

hoje, todos os Diretores de 2ª linha

e 60% dos Diretores de 1ª linha

são angolanos.

O setor de Telecomunicações e

Tecnologias de Informação tem

em curso em Angola vários pro-

jetos para modernização da rede

básica no sentido de acelerar

o processo de estruturação da

oferta dos serviços públicos bá-

sicos às populações e viabilizar

vários empreendimentos públi-

cos e privados.Qual o ponto da

situação? É otimista o cenário

para o sector em Angola?

eu diria que estamos apenas no

início de uma grande onda de

desenvolvimento do mercado tec-

nológico em angola. Hoje, luanda

representa ainda uma percenta-

gem enorme de toda a atividade

económica, mas é já notória a forte

aposta no desenvolvimento das ➤

´ +Africa

Page 84: Diplomática 14

´ +Africa84 • Diplomática - setembro/novembro 2012

➤ cidades de província. a abertura

de filiais regionais de empresas

industriais e serviços, da banca, da

atividade seguradora, das esco-

las, das Universidades, a aposta

de novos pólos e zonas económi-

cas, estão já a criar necessidades

cada vez mais sofisticadas e em

que a disponibilidade e fiabilidade

das redes e serviços tecnológicos

serão críticas para o sucesso do

país.

Quais os obstáculos que en-

frenta o desenvolvimento do

setor em Angola onde, segundo

julgamos saber, avultam como

principais transtornos, a demora

acentuada nos trabalhos de des-

minagem das rotas de instalação

das infra-estruturas da rede bá-

sica de telecomunicações ( por

ex, a fibra óptica) a escassez de

recursos humanos em qualidade

e quantidade suficiente?

angola tem feito nos últimos anos

um grande esforço para garantir a

existências de infra-estruturas bá-

sicas que permitam um crescimen-

to mais sustentado da atividade

económica. Dentro desta perspec-

tiva a energia é um dos principais

“issues” para a prossecução de tal

objetivo. o facto universal de que

os planos energéticos são concre-

tizados no mínimo entre 10 a 15

anos, fará com que a energia conti-

nue a ser o principal problema para

a qualidade e fiabilidade de toda a

actividade económica e logicamen-

te das telecomunicações.

Os diversos projetos de médio e

longo prazo que estão a ser de-

senvolvidos pelo setor das Tele-

comunicações e Tecnologias de

Informação devem pôr o país na

verdadeira rota da “auto-estrada

da informação”? Qual o papel

da vossa empresa nesse âmbito

e como se posiciona tendo em

vista um dos vossos objetivos

fulcrais que é tornar-se, a curto

prazo, umas empresa de refe-

rência para a concepção, dese-

nho, fornecimento e gestão de

soluções de telecomunicações

empresariais em Angola ?

a multitel tem como missão essen-

cial, contribuir para o desenvolvi-

mento do setor das telecomunica-

ções em angola, contribuir para o

crescimento sustentado da econo-

mia angolana, para o sucesso da

atividade de cada um dos nossos

clientes, garantindo uma oferta de

soluções e de serviços de tele-

comunicações empresariais que

seja diferenciadora em termos de

qualidade e de fiabilidade.

continuamos a implementação do

nosso plano estratégico, de modo

a poder posicionar a multitel como

operador ainda mais relevante no

segmento empresarial. para tal,

contou com um forte compromisso

de todos os sócios, angola tele-

com, banco comércio e indústria e

portugal telecom, para reestrutu-

rar as suas redes (implementação

do mpls), a capacidade orga-

nizativa, com vista a uma maior

eficácia empresarial. em 2012

aposta-se sobretudo em fortalecer

a capacidade e fiabilidade da rede

proprietária, plataformas de servi-

ços, por forma a poder garantir aos

nossos clientes níveis elevados de

qualidade de serviço e cumprimen-

to dos sla’s negociados. saliento

também a abertura da primeira

filial com sede em benguela e que

passará a ser o suporte de toda

a atividade da multitel a sul de

Huambo.

As parcerias com o setor priva-

do de forma a que o Estado e os

privados trabalhem em conjun-

to, é um bom sinal no desenvol-

vimento do setor em Angola?

angola é um país muito particular,

saído há pouco mais de 10 anos

de uma guerra civil terrivelmente

destruidora, tem uma riqueza e um

potencial endógeno extraordinário.

as necessidades são ao mesmo

tempo básicas e por outro lado já

com níveis elevados de sofistica-

ção (banca, comunicação social,

organismos estatais, seguradoras,

setor petrolífero). a riqueza poten-

cial é muita mas também é muito

elevado o nível de financiamento

para dar resposta efetiva a uma

gama tão diferenciada de necessi-

dades. as ppp’s podem e deverão

ter neste contexto um papel essen-

cial para o desenvolvimento sócio

económico de angola.

Acha que o novo Livro Branco

das Tecnologias de Informação

e Comunicação, um documen-

to programático e estratégico

sobre as políticas de informação

e telecomunicações em Angola,

pode estimular o desenvolvi-

mento socioeconómico do país

e contribuir para a redução das

assimetrias regionais?

tenho a honra de fazer parte do

conselho consultivo alargado

do mtto (ministério das tele-

comunicações e tecnologias de

informação) e como tal participei e

contribui em nome da multitel para

o sucesso do livro branco. o seu

conteúdo é obviamente orientador

dos grandes valores e objetivos

para um setor tão importante

como o nosso. o seu conteúdo, a

sua visão é sem dúvida nenhuma

estimuladora de um maior desen-

volvimento social e económico

para o país e de princípios para

ciar condições essenciais para a

redução das assimetrias regionais.

a rede transaccional de bens,

recursos e negócios não é ape-

nas constituída por uma rede de

transportes (rodoviários, aéreos,

marítimos) eficiente, mas também

de uma rede de telecomunicações

eficaz e meios tecnológicos de

informação de acesso generalizado

e de cobertura nacional. n

António Geirinhas

´ +Africa

Page 85: Diplomática 14
Page 86: Diplomática 14

e m o t i o n s & l i f e s t y l e

imos o seu evento por medida...Produz

z

be

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y...

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teri.p

t

Page 87: Diplomática 14

87setembro/novembro 2012 - Diplomática •

Para se ter uma ideia da importân-

cia da casa ermelinda de Freitas,

há que dizer que é das casas viti-

vinicolas mais premiadas do nosso

país. De Janeiro a maio de 2012, a

casa já ganhou 67 prémios nacio-

nais e internacionais nos maiores

e mais prestigiados concursos de

vinhos mundiais. ainda na passada

semana, no concurso mundial “les

citadelles Du vin”, anunciado na

feira de vinhos vinexpo, em Hong

Kong, a casa ermelinda de Freitas

ganhou 5 medalhas de ouro e 1 de

prata, tendo sido uma das empresas

portuguesas mais premiadas. Uma

medalha de ouro foi também ganha

em 2011, no concurso da comissão

região penísula de setúbal, em

palmela. bruxelas, paris, bordéus e

Guimarães foram também palco de

grandes vitórias desta prestigiada

empresa.

a casa ermelinda vive, atualmen-

te, um dos seus períodos de maior

expansão. o que se reflecte em

vários investimentos nas vinhas,

na adega e na equipa técnica,

sempre com o mesmo objetivo:

a qualidade. na casa ermelinda

Freitas há todo um envolvimento

necessário para o enoturismo,

havendo uma linguagem pedagógi-

ca a cada grupo que a visita. aqui

se faz o culto da vinha e do vinho,

ao longo de 240 ha de vinhas, de

apenas duas castas. leonor Frei-

tas, com o seu espírito inovador e

diferenciador, introduziu uma diver-

sidade de castas, como a trica-

deira, touriga nacional, aragonês,

syrah, entre outras. ➤

Casa Ermelinda FreitasUma História Familiar

Um símbolo pedagógico da Região

Há 4 gerações que a Casa Ermelinda Freitas- Vinhos Lda é uma empresa familiar dedicada à produção do

vinho. Fundada por Ermelinda Freitas e seu marido, mesmo após o falecimento deste, continuou a sua obra

e esta última geração, liderada pela filha, Leonor Freitas, marca novamente a liderança intrinsecamente

feminina de uma marca ligada à história da família, que vive atualmente um dos seus períodos de maior

expansão.

Made in portugal

Page 88: Diplomática 14

88 • Diplomática - setembro/novembro 2012

Vale a pena contar-vos quem é

leonor Freitas, cuja vida se confun-

de, desde a primeira hora, com a

terra e as propriedades que a viram

nascer.

nascida em Fernando pó, em 1952,

fez a escola primária na mesma

localidade, o secundário em setúbal

e os estudos superiores em lisboa,

no instituto superior de serviço

social. apesar de uma carreira bem

sucedida na área de saúde, sempre

se sentiu ligada à terra dos seus

familiares, valorizando, junto a seus

pais – manuel João de Freitas e er-

melinda Freitas – a importância do

trabalho da vinha. É depois de 2004

que se dá, a tempo inteiro, ao setor

vitivinícola.

entre diversos prémios ganhos pela

empresa, o trabalho de leonor Frei-

tas tem contribuído para a consoli-

dação da empresa familiar.

Quisemos ouvir leonor Freitas

e a maneira como vê a missão e

valores da empresa

leonor Freitas – a minha visão

é satisfazer as expetativas dos

consumidores e até superá-las.

os nossos vinhos são da máxima

qualidade e com a melhor relação

qualidade-preço. continuo a de-

fender e a valorizar o trabalho e o

setor vitinícola, como um veículo de

empregalidade e de reconhecimen-

to mundial de um dos produtos mais

importantes que portugal produz.

Quais são as diferenças entre o

vosso produto e dos concorren-

tes?

primeiramente, a nossa localização

privilegiada, no sul do país, o sol

ajuda à maturação da vinha, mas,

ao mesmo tempo, como estamos

perto do mar, gozamos de uma fres-

cura que impede a sobrematuração

dos vinhos.

Na sua opinião, quais os ➤

Leonor FreitasUma mulher inovadora e uma líder incontestável

leonor Freitas

uma empresária

de sucesso

Made in portugal

Page 89: Diplomática 14

89setembro/novembro 2012 - Diplomática •

➤ negócios internacionais de

maior destaque?

exportamos para quase todos os

países europeus – luxemburgo,

Holanda, alemanha, inglaterra. mas

igualmente importantes, e dado as

duas realidades distintas (a nacio-

nal, em recessão, e a internacional,

em crescimento), expandimo-nos

para os eUa, brasil, angola, mo-

çambique, china e muitos mais. a

tendência do futuro é a mesma, o

que implica que devemos continuar

a dar o maior destaque à interna-

cionalização, ainda que sem descu-

rar o nosso mercado.

O futuro, como está a ser encara-

do nesta empresa?

obviamente, é de apreensão, mas

eu sou naturalmente otimista e já

quando entrei no mercado dos vi-

nhos engarrafados o sentimento era

de apreensão. Já havia crise, pes-

simismo e eu cresci e venci. o que

é preciso, acima de tudo, é muita

dedicação, muito rigor. É, de resto,

esse o sentimento das 27 pessoas

que trabalham na adega e as mais

de 30, nas vinhas.

Falemos a terminar, das estra-

tégias com vista a garantir um

futuro sustentado?

para além da aposta forte nos

mercados nacional e internacio-

nal, de que já lhe falei, temos em

desenvolvimento a construção da

adega nova, vamos aumentar a

produção (que já não é suficiente)

e reforçar a vertente do enotu-

rismo, reconvertendo vinhas e

reforçando a aposta nas nossas

castas. espero que este ano seja

tão bom como o ano passado,

crescemos tanto nacional como

internacionalmente e, quanto ao

futuro, temos fé. Julgo que temos

tudo o que é necessário para

vencer. n

Page 90: Diplomática 14

90 • Diplomática - setembro/novembro 2012

Alfredo AmaralDiretor-Geral da Peugeot Portugal Automóveis

Inaugurada em Janeiro de 1995, a Peugeot Portugal

Automóveis é, desde Maio deste ano, liderada pela primeira

vez na sua história por um português. Alfredo Amaral detém

uma vasta experiência e conhecimento do mercado automóvel

nacional, o que certamente terá pesado na sua nomeação.

Encara com realismo o desafio que lhe foi confiado, sabendo

que a economia atravessa um período francamente exigente,

mas também que a Marca Peugeot prepara trunfos importantes

para atacar os próximos tempos. ➤

gestores internaCionais

Page 91: Diplomática 14

91setembro/novembro 2012 - Diplomática •

Page 92: Diplomática 14

92 • Diplomática - setembro/novembro 2012

➤ Desde 1 de Maio que é Dg da PPA.

Quando entrou na empresa?

a minha atividade profissional está

ligada à peugeot portugal desde 1994,

quando participei na criação da Filial por-

tuguesa. Desde então, assumi diversas

funções.

entre 1995 e 2000, fui responsável pelo

desenvolvimento da rede de concessio-

nários da marca em portugal. em 2000,

passei a Diretor da sucursal de lisboa

e, a partir de 2004, liderei a Direção de

peças e serviço da Filial.

em Julho de 2005, iniciei carreira inter-

nacional na automobiles peugeot como

responsável pelas operações comerciais

da marca para a américa do sul. tinha

a meu cargo o brasil, a argentina, o

chile, o Uruguai e o paraguai.

em outubro de 2008, regressei a por-

tugal para assumir a Direção comercial

da marca, função que exerci até maio,

quando fui nomeado como Diretor-Geral

da peugeot em portugal. É com natural

orgulho que me tornei no primeiro portu-

guês a exercer este cargo.

O que representa a Marca Peugeot?

como está bem expresso na sua recente

assinatura de marca “motion & emotion”,

a peugeot é sinónimo de exigência e

emoção. estes elementos estão bem

presentes nos nossos produtos, na sua

raça, no seu design exterior e interior e

no prazer de condução que proporcio-

nam.

a marca tem igualmente demonstrado

ser capaz de inovar em vários domínios:

segurança ativa e passiva, a tecnologia

a bordo e motorizações mais eficientes e

amigas do ambiente, com destaque para

o primeiro Híbrido Diesel do mundo.

De há uns anos a esta parte, a marca

tem apostado forte em dois vetores

estratégicos: a sua internacionaliza-

ção, através de uma presença forte em

mercados emergentes, e na subida em

gama, dando uma orientação mais pre-

mium aos nossos produtos

A seu ver, o que explica a forte desci-

da do mercado automóvel nacional?

o negócio automóvel tem sido, clara-

mente, um dos que mais tem sofrido com

o atual contexto económico e financeiro

que o país atravessa. a confiança do

consumidor é baixa, o desemprego sobe,

os bancos financiam menos... É algo que

afeta tanto os clientes particulares como

os clientes-empresa. ➤

Alfredo Amaral

Diretor-Geral da Peugeot Portugal Automóveis

A Peugeot é sinónimo de exigência e emoção, estes elementos estão bem

presentes nos nossos produtos, na sua raça, no seu design exterior e interior e no prazer de condução que proporcionam.

Page 93: Diplomática 14

93setembro/novembro 2012 - Diplomática •

➤ a acrescer a tudo isto, temos uma

carga fiscal pesada, com um imposto

sobre veículos (isv) acrescido de iva

que onera fortemente o preço de venda

do automóvel, o que somado faz com

que tenhamos dos preços mais elevados

da europa.

neste contexto é explicada a performan-

ce do mercado nacional, que em acumu-

lado a agosto decresceu 43% face a um

mercado de 2011 já de si fraco quando

comparado a 2010.

Nesse cenário, que resultados têm

conseguido?

a peugeot tem conseguido “aguentar

bem o embate”, pelo que as nossas

vendas têm sofrido menos que a média

do mercado. na prática, a nossa quota

de mercado em 2012 está a ser reforça-

da, quer no segmento de passageiros

quer nos comerciais ligeiros. estes

resultados são alcançados, por um lado,

pelo excelente ciclo de produto que

atravessamos e o seu bom acolhimento,

como é o caso do 208 e 508, bem como

a gama Híbrida-Diesel, e por outro, com

o trabalho que fizemos em conjunto com

a nossa rede de concessionários, a

vários níveis.

De que forma a Peugeot tem encarado

o desafio ambiental?

a marca tem efetuado investimentos

fortíssimos nesta área. para além de

termos sido os pioneiros na utilização do

filtro de partículas (Fap) nos automóveis

Diesel, eu destacaria três frutos recentes

do investimento da marca: em primeiro

lugar, a tecnologia e-HDi, associada a

um avançado sistema stop&start; depois

a gama de híbridos Diesel, com os mo-

delos 3008 HY4, 508 berlina HY4 e 508

rXH; finalmente, os motores gasolina 3

cilindros, de baixa cilindrada e emissões

co2 reduzidas mas com ótimas presta-

ções. são eixos fundamentais para nós,

tendo em conta que a carga fiscal em

portugal tem uma forte componente as-

sociada às emissões de co2 do veículo.

Pode-nos dar uma ideia da dimensão

que a Peugeot possui atualmente, no

mundo?

a dimensão mundial da marca é, já hoje,

uma realidade. ela está presente em 160

países com um total de 10 mil pontos de

venda. no que respeita ao volume de

vendas, em 2011, foram vendidos em

todo o mundo cerca de 2 114 000 peu-

geot, sendo metade fora da europa.

E em Portugal?

em portugal, temos uma rede composta

por 38 concessionários de viaturas no-

vas que totalizam mais de 80 pontos de

venda. em vendas, fechámos 2011 na 2ª

posição do ranking nacional de marcas.

com 17.457 veículos vendidos, a peuge-

ot alcançou uma quota de 9,3%, contra

8,7% em 2010. este ano apesar da

quebra de mercado, reforçamos a nossa

posição com uma quota de mercado em

acumulado de 9,4%.

Como antevê os próximos tempos

para a Peugeot, em Portugal? ➤

Page 94: Diplomática 14

94 • Diplomática - setembro/novembro 2012

➤ no atual contexto económico e social,

as previsões de mercado não são otimis-

tas, estimando-se um mercado igual ou

até mesmo inferior ao de 2012. apesar

da nossa ambição passar por conti-

nuarmos a estar no top3 das vendas

nacionais, um mercado com esta dimen-

são implica muitas dificuldades para as

marcas automóveis e para as suas redes

de concessionários. Dificuldades estas

que levaram já ao limite da capacidade

das estruturas existentes, sendo que a

partir de agora poderá ter fortes conse-

quências na nossa atividade.

ainda assim, temos trunfos importantes,

como a boa perceção que os clientes

têm da marca e o potencial dos nossos

produtos, que temos de saber explorar,

sejam as novidades como 208 e a gama

Hibrida-Diesel, sejam os modelos mais

consolidados como 107, 308 e 3008.

para 2013, teremos igualmente um pla-

no de lançamentos bastante forte, com

alguns dos produtos a serem já desven-

dados no próximo salão de paris. n

Alfredo Amaral

Director-Geral da Peugeot Portugal Automóveis

P ara 2013, teremos igualmente um plano de lançamentos bastante

forte, com alguns dos produtos a serem já desvendados no próximo Salão de Paris.

Page 95: Diplomática 14

95setembro/novembro 2012 - Diplomática •

Todos, sem exceção, conhecem Júlio magalhães,

antigo companheiro dominical de marcelo rebelo de

sousa na tvi, hoje diretor do porto canal. nascido

no porto, iniciou a sua carreira como jornalista aos

16 anos, na área do desporto, no comércio do porto.

Há dias, Júlio magalhães, autor de “os retorna-

dos” (2008) e de “amor em tempo de Guerra” (no

ano passado), lançou o seu terceiro livro “longe

do meu coração”, uma obra que se centra no

fenómeno da emigração portuguesa para França

nos anos de 1960. o lançamento foi no consulado

de paris e foi manuel luís Goucha que apresentou.

nele se conta a história de Joaquim, um emigran-

te português em França, em busca de uma vida

melhor. neste livro, Júlio magalhães retrata com

mestria e realismo, o quotidiano dos portugueses,

cujo sonho maior era regressar ao seu portugal,

com sucesso. mas cedo, Joaquim vai descobrir que

há barreiras a ultrapassar. n

“ANGOLA”, Ya Muxima Uamiw – do Tejo ao Kwanzade José Carlos Moutinho

“Quem nunca sentiu o cheiro de áfrica, não sentiu o cheiro da

vida” – palavras de José carlos moutinho. Quem lê esta frase e o

título do livro, diria que foi escrito por um angolano. nada mais er-

rado. José carlos moutinho nasceu no sobralinho e foi com apenas

13 anos que partiu para angola, de onde completou o curso indus-

trial e trabalhou na área farmacêutica. em 1973 saiu de angola e

foi para o brasil. regressaria definitivamente a portugal em 1980.”

“angola” é um romance, mas desde os 15 anos que escreve se

apaixonaou pela fotografia e pela poesia, um caminho de que se

desviou um bocado, até reiniciar as suas odes poéticas (extrema-

mente emotivas) em 2009. segundo as suas próprias palavras “a

concretização deste é um sonho nunca sonhado. Diria que, talvez,

um dia imaginado”. Falando de áfrica, o romance mostra a paixão

que fica impregnada na alma de quem viveu em angola. n

“Longe do meu Coração”De Júlio Magalhães

Livros

Page 96: Diplomática 14

96 • Diplomática - setembro/novembro 2012

A conhecida esritora e jornalista isabel stilwell lançou,

sob a chancela da esfera dos livros, o romance “D.

amélia – a rainha exilada que deixou o coração em por-

tugal”.

autora de romances históricos “Filipa de lencastre” e

“catarina de bragança”, cada um deles com mais de 35

mil exemplares vendidos. “Uma rainha não foge, não

vira as costas ao seu destino, ao seu país, D. amélia de

orleans e bragança, assim nos conta isabel stilwell, era

uma mulher marcada pela tragéia quando embarcou,

em 1910, rumo ao exílio. entre críticas, traições, tragé-

dias, nos seus dias mais tristes passava os dedos pelos

coláres de pérolas que D. carlos lhe oferecera, com 671

pérolas, cada um delas simbolizando momentos felizes

que teimava em não esquecer. em 1945, a convite de

salazar, regressa a portugal. morreria em França, 6

anos depois, na cama que columbano pintara para ela,

com as armas de bragança desenhadas na cabeceira.

recentemente, isabel stilwell, que é também diretora do

DestaK, numa viagem ao brasil, dava uma entrevista,

onde realçava a importância que o seu jornal dá à divul-

gação dos livros, ao seu conteúdo relevante e confessa-

va que, à partida, gostaria de escrever sobre D. manuel i e

de outros filhos de Filipa de lencastre, que não o eterno

infante. n

“D. Amélia”Por Isabel Stilwell

“O Melhor de Mim”De Maria Helena Quartas

Poeta de raiz, maria Helena Quartas esteves desde

cedo manifestou o gosto pela escrita, mas só viria a

concretizar o seu sonho na poesia entre 2010/2011,

altura em que desenvolveu e partilhou a sua tendência,

talvez porque o seu caminho profissional nada ter a ver

com a poesia. mas ainda foi a tempo, por isso resolveu

deixar sair do seu coração “o melhor de si” e partilhá-lo

com todos nós. entre poemas lindos, emotivos, expres-

sivos, maria Helena Quartas afirma que “alguns ideiais

que têm iluminado o meu caminho e me acalentam uma

coragem renovada para caminhar, têm sido a bondade,

a verdade e o amor, na poesia encontrei o alimento da

minha alma”. e assim é. na realidade. n

Livros

Page 97: Diplomática 14

97setembro/novembro 2012 - Diplomática •

Les défis de François Hollande

en mai de cette année, François Hollande a été élu président de la république française. le "slogan" de “ le

changement” a été bien reçu par l'électorat. après avoir pris un pays avec d'énormes problèmes, Hollande fait

maintenant face à des défis majeurs. n

The challenges of François Hollande

in may this year, François Hollande was elected president of the French republic. the "slogan" of the change was well

received by the electorate. after having taken charge of a country with enormous problems, Hollande now faces major

challenges. n

Journée Nationale de la France

l’un des premiers pays européens qui ont vu tomber la monarchie,a étè célébré le 14 Juillet. l’ambassadeur pascal

teixeira da silva a dit que la révolution française a établi le principe de la souveraineté populaire et de la démocratie

représentative. n

National Day of France

France was one of the first european countries that saw the monarchy fall and this is celebrated on the 14 of July.

ambassador pascal teixeira da silva , in his speech, said that the French revolution established the principles of

popular sovereignty and representative democracy. n

Crise en Europe

Ambassadeur de Turquie – Ali kaya Savut

Une leçon à tirer de la crise actuelle en euro - la théorie économique indique clairement que, pour une union

monétaire réussir, il doit avoir une union économique pour permettre la monnaie a une base solide. n

Ambassador of Turkey – Ali kaya Savut

a lesson to be learnt from the current crisis of the euro - economic theory clearly states that for a monetary union to

be successful there must be a full economic union allowing a strong currency. n

Ambassadeur d'Allemagne - Helmut Elfenkämper

il est clair que la crise n'est pas seulement le problème de certains pays. le niveau atteint au sein de la zone euro

menace sa stabilité dans l’ensemble union economic. n

Ambassador of germany - Helmut Elfenkämper

it is clear that the crisis is not only the problem of some countries. the level reached within the eurozone is threatening

its stability as a whole. n

Ambassadeur de belgique - Jean.Michel Veranneman

Je pense que la raison principale que nous vivons en ce moment grave réside dans le déséquilibre de la crise

économique et sociale, nous avons une europe économique, mais nous n'avons pas une europe politique. mais sans

l'euro et la création d'institutions este dificille l’assurer. n

Ambassador of belgium - Jean.Michel Veranneman

i think the main reason we have the crisis lies in the imbalance of economic and social crisis. We have an economic

europe, but we do not have a political europe. We have created the euro but not created the institutions to manage

the euro. n

l'Ambassadeur britannique - Jill gallard

intégrer l'Ue est crucial pour l'emploi crir dans notre pays, accroître le commerce et protéger nos intérêts dans le

monde. n

british Ambassador - Jill gallard

integrating the eU is crucial for creating jobs in our country, growing trade and protecting our interests in the world. n

Ambassadeur de grèce - Vassilios Costis

la crise s'est agravée en raison à la fois du diagnostic initialement mauvais, comme les politiques d'austérité que ont

intensifié la récession. la résolution de la crise nécessite la recapitalisation des banques et l'équilibre dans la zone euro. n

English & French texts

Page 98: Diplomática 14

98 • Diplomática - setembro/novembro 2012

English & French texts

Ambassador of greece - Vassilios Costis

the crisis worsened due to both a diagnosis initially wrong in regard to the austerity policies which intensified the

recession. the resolution of the crisis requires bank recapitalization and a balance in eurozone. n

Ambassadeur de la Russie - Pavel Petrovskiy

l'Union européenne doit trouver un équilibre rationnel entre la nécessité d'introduire l'assainissement budgétaire, assurer

les emploisr, la croissance économique, problèmes sociaux, le maintien de la stabilité des systèmes de retraite. n

Ambassador of Russia - Pavel Petrovskiy

the european Union must find a rational balance between the need to introduce fiscal consolidation, assure jobs,

economic growth, solve social problem and maintain the stability of pension systems. n

Putin veut reconconstruire la fierté de l’ancienne Nation

au cours de la campagne de cette année, m. putin a fait tout son possible pour préserver son'image. il n’ pas participer

dans les débats et a choisi de publier des articles dans les journaux dans lesquels a exploré la crainte traditionnelle

des russes à l'extérieur. n

Putin preserves his image and his country

During this year's campaign, putin did everything possible to preserve his image. He didn’t participate in any debate

and chose to publish extensive newspaper articles in which he explored the traditional fear of the russians to the

outside. n

Le président du Cap-Vert au Portugal.

cavaco silva a souligné sa satisfaction a ce concerne à cette visite présidentielle, qui a démontré l'amitié fraternelle

entre les peuples et les pays. n

O President of Cape Verde in Portugal.

cavaco silva stressed his satisfaction with this presidential visit that demonstrated the fraternal friendship between

peoples and countries. n

Chef de l'Etat de Sao Tomé-et-Principe au Portugal

chef de l'etat de sao tomé-et-principe a visité notre pays le président de la république oereceu un palais exquis

dans la citadelle de cascais, où il a rappelé le vizeram agréable visite et 1990 s. thomas. n

The Head of State of Sao Tome and Principe in Portugal

the Head of state of sao tome and principe visited our country. the president of the republic received him at an

exquisite palace in the citadel of cascais, where he recalled the pleasant visit he had in 1990 to s. tomé. n

Anthony Geirinhas, chef de Multitel

licencié en économie par l'Université de coimbra, son activité a des positions importants dans le domaine des

nouvelles technologies, en particulier dans le développement et la gestion de des'produits des chaînes de télévision. n

Anthony Geirinhas, head of Multitel

Degree in economics from the University of coimbra, his activity has been marked in the area of new technologies,

especially to what concern the development of products related to tv networks. n

Prix “Europa Nostra” dans le Monastère de Jerónimes

prix ??du patrimoine culturel "europa nostra" au portugal, avec la présence des princes des asturies et de plácido

Domingo dans le monastère de Jeronimos. le «europa nostra» est une onG pan-européenne, qui vise à sauvegarder

le patrimoine culturel de ‘europe. se sont 28 kes gagnants. l'événement a été parrainé par le président de la

république. n

“Europa Nostra” in Lisbon

the "europa nostra" is an annual prize for cultural Heritage. it was awarded this time in portugal, with the presence

of the princes of asturias and plácido Domingo in the Jeronimos monastery. the "europa nostra" is a pan-european

nGo, which aims to safeguard the cultural european patrimony. there were 28 winners. the event was sponsored by

the president of the republic. n

Page 99: Diplomática 14

A CHAVE PARA O SABOR DA TRADIÇÃOApenas 3 frutas, 3 especiarias e 3 séculos de experiência: são os ingredientes que consideramos essenciais para chegar ao autêntico sabor de um London Dry Gin.

Nº3 - A TASTE OF TRADITION

S e j a r e s p o n s á v e l . B e b a c o m m o d e r a ç ã o .

Page 100: Diplomática 14