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MARIA ANTÔNIA VALADARES DE SOUZA
DINÂMICA DA PAISAGEM NA SUB-BACIA DO RIBEIRÃO TAQUARUÇU
GRANDE NO MUNICÍPIO DE PALMAS -TO
Palmas – TO
2006
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MARIA ANTÔNIA VALADARES DE SOUZA
DINÂMICA DA PAISAGEM NA SUB-BACIA DO RIBEIRÃO TAQUARUÇU
GRANDE NO MUNICÍPIO DE PALMAS -TO
Dissertação apresentada ao curso de Pós-Graduação
Strictu Sensu da Universidade Federal do Tocantins –
UFT para obtenção do título de Mestre em Ciências do
Ambiente.
Orientador: Prof. Doutor José Ramiro Lamadrid Máron
Co-Orientador: Prof. Doutor Alan Kardec Elias Martins
Área de Concentração: Conservação da Biodiversidade
Linha de Pesquisa: Ecologia da Paisagem
Palmas – TO
2006
MARIA ANTÔNIA VALADARES DE SOUZA
DINÂMICA DA PAISAGEM NA SUB-BACIA DO RIBEIRÃO TAQUARUÇU
GRANDE NO MUNICIPIO DE PALMAS -TO
A comissão Julgadora dos trabalhos de Defesa da Dissertação de Mestrado, em
sessão pública realizada em ___/____/____ considerou a candidata:
( ) Aprovada ( ) Reprovada
BANCA EXAMINADORA:
___________________________________________
Presidente: Prof. Doutor José Ramiro Lamadrid Máron
____________________________________
Membro: Prof. Doutora Temis Gomes Parente
____________________________________
Membro: Prof. Doutor Leonardo Santos Collier
DEDICATÓRIA
Ao meu pai, José Carvilho de Souza, (in memorian) pelo apoio incondicional, mesmo
achando, às vezes, que eu estudava qualquer coisa, menos a Biblia.
AGRADECIMENTOS
A Deus pela proteção incondicional, mesmo sem merecermos.
Aos professores, Doutor José Ramiro Lamadrid Máron e Doutor Alan Kardec Elias
Martins, pelos ensinamentos e pela paciência.
A todos os professores do Curso, aqui representados pelo Prof. Doutor Waldecy
Rodrigues.
À Prof. Doutora Paula Benevides de Morais, pela paciência necessária, na
coordenação do Curso.
Aos meus filhos, Laianne, Layltton e Larissa que suportaram a minha ausência e os
meus momentos de stresse.
Aos colegas de curso em especial, a Simone Dutra e a Gelma de Araújo.
Aos colegas de trabalho, em especial ao Lucílio Prado, a Jocicléia Chaves e a
Sandra Sonoda pelo apoio em momentos difíceis.
Às minhas mais novas amigas Silvia Cecília Secato Rodrigues e Lívian Alves
Parreira pela ajuda grandiosa.
Ao Promotor de Justiça de Meio Ambiente da Capital, Msc. José Maria da Silva
Júnior, pelo incentivo e apoio.
RESUMO
O presente trabalho consiste na análise da dinâmica da paisagem da sub-bacia do Ribeirão Taquaruçu Grande em Palmas – TO, baseada em três âncoras: a sub-bacia hidrográfica como unidade territorial de estudo, a paisagem como categoria de análise, o sensoriamento remoto e o sistema de informações geográficas (SIG) como ferramentas de trabalho; aliadas ao trabalho de campo e a construção de cenários ambientais como técnica de planejamento ambiental. Foi gerado o primeiro mapa de uso e cobertura vegetal da terra na escala 1:100.000 da bacia utilizado uma imagem do Satélite CBER - 2, constando que a matriz da paisagem é a paisagem natural, configurando, em um sentido geral, uma área relativamente preservada, já que não houve mudanças significativas entre os anos de 1998 e 2005. Conclui-se, levando a conclusão de que a mudança na paisagem geral não é o maior contribuinte para a redução da vazão na sub-bacia e sim, fontes pontuais, como as ações de uso do solo de forma inadequada nas áreas de preservação permanente. Quanto à contribuição de carreamento de sedimentos para o Lago da UHE – Luiz Eduardo Magalhães, a barragem construída para captação de água recebe os sedimentos carreados para o leito do Ribeirão Taquaruçu Grande e seus afluentes, auxiliando na manutenção da qualidade da água do Lago. A construção dos cenários tendencial e normativo, mesmo de forma simplificada, demonstraram ser uma técnica capaz de antecipar informações relevantes sobre a situação ambiental da bacia, contribuindo para a tomada de decisão dos gestores públicos e da sociedade. Palavras – chave: Bacia Hidrográfica; Ecologia da Paisagem; Geoprocessamento; Cenários.
ABSTRACT
The present work consists of analysis of the dynamic of the sub-basin of Great Taquaruçu River, located in Palmas - TO, based in three anchors: the river sub-basin as territorial unit, the Landscape as category of analysis, the remote sensing and the geographic information systems (SIG) as work tools; allied with work in the area and the construction of environmental scenes as technique of environmental planning. In this context, it was generated the first map of Use and Dry Matter in the scale a 1:1000.000 of basin from a image of Satellite CBER – 2. Consisting that the matrix of the landscape in the sub-basin, configures in a area relatively preserved, therefore didn’t have significant change between the years of 1998 until 2005 in the landscape. Thus it leads a conclusion that in general, the change in the landscape is not a greater contributor for the reduction of the outflow in the sub-basin. But it can be explained for prompt sources, as example the inadequate use of soil in protect areas. About the contribution of sediment’s carrying for the Lake of the Hydroelectric Power Plant - Luiz Eduardo Magalhães, the water capitation’s place receives the sediments carried for the river and its tributaries, assisting in the maintenance of the quality of the water’s Lake. The constructions of both scenes have demonstrated to be one technique capable to anticipate excellent information about the environmental situation of the basin, contributing with information to decisions makers, public managers and the society. Key – words: River basin; Ecology of the Landscape; Geoprocessing; Scenes
SÚMARIO
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 10
2. REVISÃO DA LITERATURA..................................................................................... 14
2.1 A ÁGUA E A BACIA HIDROGRÁFICA.................................................................... 14
2.2 ECOLOGIA DE PAISGEM.......................................................................................... 18
2.3 SENSORIAMENTO REMOTO.................................................................................... 22
2.3.1 Sistemas de sensores................................................................................................. 23
2.3.2 Sensores do satélite CBERS..................................................................................... 24
2.3.3 Imagens de satélite.................................................................................................... 25
2.3.4 Resolução das imagens de sensoriamento remoto.................................................. 25
2.3.5 Composições coloridas............................................................................................. 26
2.3.6 Comportamento espectral dos alvos...................................................................... 27
2.4 SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS – SIG......................................... 27
2.5 CENÁRIOS AMBIENTAIS.......................................................................................... 29
3. MATERIAIS E MÉTODOS......................................................................................... 33
3.1 MATERIAIS.................................................................................................................. 33
3.2 LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO......................... 34
3.2.1 Geologia...................................................................................................................... 35
3.2.2 Geomorfologia........................................................................................................... 36
3.2.3 Pedologia.................................................................................................................... 36
3.2.4 Hidrografia................................................................................................................ 36
3.2.5 Clima.......................................................................................................................... 37
3.2.6 Vegetação................................................................................................................... 37
3.2.7 Histórico de ocupação da sub-bacia de Taquaruçu Grande................................. 39
3.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS................................................................... 41
3.3.1 Levantamento Bibliográficos................................................................................... 42
3.3.2 Elaboração do mapa de uso e cobertura da terra.................................................. 42
3.3.3 Avaliação das áreas de preservação permanente................................................... 50
3.3.4 Procedimentos estatísticos....................................................................................... 50
3.3.5 Construção de cenários............................................................................................ 51
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES................................................................................. 52
4.1 MAPA DE USO E COBERTURA DA TERRA........................................................... 52
4.2 ANALISE DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE............................... 56
4.2.1 Ponto – 01 Ribeirão Taquaruçu Grande................................................................. 58
4.2.2 Ponto – 02 Córrego Macacão................................................................................... 59
4.2.3 Ponto – 03 Córrego Brejo da Lagoa........................................................................ 60
4.2.4 Ponto – 04 Córrego Mutum..................................................................................... 61
4.2.5 Ponto – 05 Clube da Associação de Cabos e Soldados........................................... 62
4.2.6 Ponto – 06 Ribeirão Taquaruçuzinho..................................................................... 63
4.2.7 Ponto – 07 Estação de Tratamento de água ETA 006........................................... 64
4.3 CORRELAÇÃO DOS DADOS DE VAZÃO E PRECIPITAÇÃO............................. 68
4.4 CORRELAÇÃO DE DADOS DE VAZÃO E SEDIMENTOS.................................... 69
4.5 CONSTRUÇÃO DOS CENÁRIOS AMBIENTAIS.................................................... 72
4.5.1 Análise do Cenário Tendencial................................................................................ 77
4.5.2 Análise do Cenário Normativo................................................................................. 80
5. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES...................................................................... 82
REFERÊNCIAS............................................................................................................. 85
ANEXO A – Cálculo das Vazões médias dos sete pontos/sedimentos.......................... 91
ANEXO B – Plano de Manejo da Sub-bacia do Ribeirão Taquaruçu Grande (S.O.S
TAQUARUÇU) 1999.........................................................................................................
94
10
1. INTRODUÇÃO
Dentre os vários ramos da ciência que procura entender os processos e
encontrar soluções para prevenir e reduzir a degradação ambiental a Ecologia da
Paisagem é uma nova área do conhecimento dentro da ecologia marcada por duas
principais abordagens: uma geográfica, que privilegia o estudo da influência do
homem sobre a paisagem e a gestão do território; e outra ecológica, que enfatiza a
importância do contexto espacial sobre os processos ecológicos e das relações em
termos de conservação biológica. Essas abordagens apresentam conceitos e
definições distintas e por vezes conflitantes que dificultam um arcabouço teórico
comum (METZGER, 2001).
A intensificação das pressões antrópicas sobre o meio natural de uma
determinada região vai limitando o papel das funções ambientais visto que o
equilíbrio e/ ou a sustentabilidade depende da integridade do sistema natural.
Segundo Guerra (2004), desde 1980 vem evoluindo a adoção da bacia
hidrográfica como unidade territorial de estudo, especialmente as áreas da geografia
física e a ciência do solo. Os principais temas discutidos são: erosão, manejo e
conservação dos solos e planejamento ambiental. A década de 1990 caracterizou-
se não só pelo aumento da produção de trabalhos ligados à área ambiental, tendo
como delimitação territorial a bacia hidrográfica, como também pelas pesquisas
relacionadas ao uso e qualidade das águas.
A quantidade e a qualidade dos recursos hídricos em uma bacia hidrográfica
representam os reflexos das ações modificadoras da paisagem. Diagnosticar as
causas é fundamental para subsidiar a tomada de decisão no sentido de mitigar e
reduzir os impactos negativos.
11
Uma vantagem de ter a bacia hidrográfica como unidade de estudo é fato da
mesma ser uma unidade natural e não uma unidade arbitrada pelo pesquisador,
além de ter na rede de drenagem a destinação de boa parte dos resultados das
ações antrópicas (LANNA, 1995).
Nessas condições, de pressão antrópica, encontra-se a sub-bacia do Ribeirão
Taquaruçú Grande em Palmas-TO, localizada na região centro sul do município de
Palmas – TO com uma área de 46.307, 31 ha o que representa 19,1% da área total
do município e ainda 73,67% da Área de Proteção Ambiental Serra do Lajeado
(APA). Conforme Plano...(1999), a sub-bacia demonstrou alto grau de conservação
da cobertura vegetal em comparação com os níveis de uso e ocupação das sub-
bacias do centro sul do país.
As primeiras intervenções datam de 1940 com a chegada de imigrantes em
busca de terras férteis, mas que já encontraram na região fazendeiros pecuaristas.
Em 1990, com a implantação da Capital Palmas a pressão antrópica sobre os
recursos naturais aumentou, e hoje as principais atividades desenvolvidas são:
captação de água para abastecimento público, estação tratamento de esgoto,
turismo, rodovias, agropecuária, além de abrigar o distrito de Taquaruçu e os bairros
Aureny I, II e III e Taquaralto.
Em 2001 a formação do Reservatório da UHE - Luiz Eduardo Magalhães com
uma área aproximada de 680 km² abrangendo os municípios de Lajeado, Palmas,
Porto Nacional, Ipueiras e Brejinho de Nazaré causou significativos impactos
ambientais negativos e positivos nos meios físicos, bióticos e antrópico, alterando a
paisagem regional. No entanto, é um empreendimento de importância elevada para
o Estado do Tocantins e para os municípios da área diretamente afetada,
especialmente Palmas, pela possibilidade de viabilizar de forma ampliada o uso
12
múltiplo das águas, e impulsionar a economia dos municípios diretamente afetados,
o que é preconizado pela Política Nacional dos Recursos Hídricos.
No entanto, grandes reservatórios d' água artificiais causam a introdução de
um novo modelo energético e alterações no ciclo hidrológico e na geomorfologia
fluvial, mas também sofrem impactos, já que são sistemas projetados pelo homem
para funcionar dentro de determinados padrões pré-estabelecidos. Diversos estudos
já identificaram a estreita relação existente entre o uso e a cobertura do solo e a
erosão e o carregamento de partículas para cursos d' água (TUNDISI, 1988).
Assim, os tipos de uso do solo e a maneira como se distribuem na paisagem
influenciam na qualidade ambiental da bacia hidrográfica em que estão inseridos. A
possibilidade de avaliar as tendências de usos do solo é uma ferramenta essencial
para o manejo adequado e a manutenção da qualidade ambiental da bacia
hidrográfica, priorizando o disciplinamento do uso e prevenção das alterações
decorrentes das atividades antrópicas (KOFFLER e MORETTI, 1991).
Com essa preocupação a Fundação Universidade do Tocantins (UFT)
elaborou o Projeto Pró-Lago, que está sendo desenvolvido com o apoio do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em parceria com a
Universidade Federal do Rio de Janeiro e a Universidade Federal de Lavras-MG,
para o qual este trabalho contribuirá.
Por ser a maior sub-bacia, em área geográfica, do município e pela sua
importância e contribuição para o desenvolvimento local, principalmente, por ser
responsável por 65% do abastecimento público de água do município de Palmas –
TO e por ser contribuinte do reservatório da UHE- Luiz Eduardo Magalhães justifica-
se a necessidade do entendimento da transformação da paisagem natural.
13
Assim, este trabalho objetiva contribuir para o conhecimento da dinâmica
da paisagem, na sub-bacia do Ribeirão Taquaruçu Grande em Palmas-TO, no
sentido geral, e especificamente: mapear o uso e a cobertura vegetal da terra no ano
de 2005; discutir as causas da redução da vazão do Ribeirão Taquaruçu Grande
entre os anos de 2001-2005; e construir os cenários ambientais tendencial e
normativo.
Dias (2002) destaca a importância da vegetação como indicador
ambiental, uma vez que esta se apresenta associada a todos os outros indicadores
(de qualidade da água, do ar, dos solos, da flora e da fauna). Avaliar a cobertura
vegetal significa avaliar todas as modificiações energéticas dos ecossistemas
biológicos subseqüentes, incluindo alterações na velocidade e intensidade dos
processos abióticos.
Os Cenários ambientais visam construir uma historia sobre o futuro da
paisagem e pode, neste contexto, subsidiar o acompanhamento e a tomada de
decisão pelo poder público e pela sociedade.
O trabalho foi estruturado e baseado em três âncoras: a sub-bacia
hidrográfica como unidade territorial de estudo, a paisagem como categoria de
análise, o sensoriamento remoto e o sistema de informações geográficas (SIG)
como ferramentas de trabalho, aliadas ao trabalho de campo, e a construção de
cenários ambientais como técnica de planejamento ambiental.
14
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1 A ÁGUA E BACIA HIDROGRÁFICA
No século passado, quando o alerta mundial sobre a questão da finitude dos
recursos naturais e a utilização irracional do meio ambiente pontuou a agenda
política internacional, trouxe ao cenário, também, a grave crise de escassez dos
recursos hídricos no planeta cuja necessidade de melhor gerenciamento, reforma
institucional nos modelos de gestão e políticas mundiais eram imprescindíveis para
que o século XXI, não fosse marcado pela guerra em torno desse elemento natural.
Entramos no novo milênio com o desafio de melhorar a estrutura de gerenciamento
adequado dos recursos hídricos, a fim de assegurar o acesso a água doce cujos
números mostram a imensa responsabilidade dos países para com as presentes e
futuras gerações, posto que segundo Caubet (2004, p.20):
as projeções realizadas para o futuro são dramáticas. Estima-se que a
demanda de água dobra a cada vinte anos, ou seja: duas vezes mais rápido
do que o crescimento demográfico mundial. Nesse ritmo, em 2025 a
demanda poderá superar a oferta em 56% .
Por essa razão, é que se começou a tratar a água como recurso finito,
dotado de valor econômico cujo gerenciamento deverá ser cada vez mais eficiente,
voltado para sustentabilidade de forma participativa.
No cenário internacional, as primeiras discussões chamando a atenção para
a necessidade de reforma e modernização da gestão dos recursos hídricos
ocorreram na Conferência das Nações Unidas sobre Água, realizada em Mar Del
15
Plata no mês de março de 1977, cujo Plano de Ação, recomendava dentre outras
que cada País deve formular e analisar uma declaração geral de políticas em
relação ao uso, à ordenação e a conservação da água, como marco de
planejamento e execução de medidas concretas para a eficiente aplicação dos
diversos planos setoriais.
No Brasil, a Constituição de 1988, atendeu à preocupação mundial sobre a
necessidade de melhor gestão dos recursos hídricos e instituiu no art. 21, inciso XIX,
a criação de um Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, posto
que o Código de Águas de 1934, não mais atendia aos anseios da nova ordem
mundial uma vez que era voltado basicamente para a expansão do potencial
hidroelétrico e ainda admitia a água como propriedade privada e ilimitada.
Na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente,
no Rio de Janeiro em 1992, o conceito de desenvolvimento sustentável como
princípio a ser adotado na utilização dos recursos naturais foi amplamente difundido
nos documentos firmados. A Agenda 21, um dos mais importantes documentos
assinados por 170 Chefes de Estado durante a Conferência, trata no capítulo 18
sobre a proteção da qualidade e do abastecimento dos recursos hídricos é estipula
como objetivo geral:
assegurar que se mantenha uma oferta adequada de água de boa
qualidade para toda a população do planeta, ao mesmo tempo em que
preserve as funções hidrológicas, biológicas e químicas dos ecossistemas,
adaptando as atividades humanas aos limites da capacidade da natureza e
combatendo vetores de moléstias relacionadas com a água. (AGENDA 21,
2001, p.40).
No Brasil surgiram experiências importantes na gestão da bacia hidrográfica
com histórico de conflitos, principalmente, nas regiões sul e sudeste com uso
16
industrial e agrícola e posteriormente no nordeste em função da escassez. A
experiência de gestão implementada ao nível regional tendo como recorte
espacial/territorial a bacia hidrográfica que inclui não apenas os rios, mas a
paisagem física e social.
Neste contexto, a vantagem de ter a bacia hidrográfica como unidade de
estudo é fato da mesma ser uma unidade natural e não uma unidade arbitrada pelo
pesquisador, além de ter na rede de drenagem a destinação de boa parte dos
resultados das ações antrópicas (LANNA, 1995).
Nessa esteira, em 1997, foi promulgada a Lei nº 9.433, instituindo a Política
Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) e criando o Sistema Nacional de
Gerenciamento dos Recursos Hídricos, com arrimo na moderna visão mundial sobre
gestão de águas. O modelo francês foi o grande inspirador, mas com uma limitação
fundamental. A França é uma república com governo central enquanto o Brasil é
uma república federativa, existindo constitucionalmente uma dupla jurisdição sobre a
água: a federal e as dos Estados da federação. Por isto, a adaptação do modelo
francês teve que ser realizada exigindo uma maior complexidade, especialmente
para introduzir as articulações necessárias entre os dois âmbitos jurisdicionais
(LANNA, 2000).
A Lei demonstrou um avanço tanto no aspecto legal como conceitual tendo
seis princípios básicos a saber: a) o primeiro principio define a água como bem de
domínio público o que garante o acesso de todo cidadão; b) o segundo apresenta a
água como um bem natural limitado e que possui valor econômico e aponta para
seu uso racional; c) o terceiro esclarece que o consumo humano e a dessedentação
de animais são usos prioritários em caso de escassez e isso impõe a defesa da vida
acima do interesse econômico; d) o quarto é do uso múltiplo da água o que coloca
17
em igualdade de condições, em tratando de acesso ao bem, todas a categorias
usuárias (hidrelétrico, agrícola, lazer, pesca entre outros); e) define a bacia ou sub-
bacia hidrográfica como unidade oficial de planejamento e f) o sexto principio define
que a gestão deve ser compartilhada, descentralizada e participativa para permitir
um bom planejamento (BRASIL, 1997).
Na análise de Franco (2001), planejamento ambiental é todo o planejamento
das ações antrópicas no território levando em conta a capacidade de suporte dos
ecossistemas a nível local e regional sem perder de vista as questões de equilíbrio
das escalas maiores, visando a melhoria da qualidade de vida dentro de uma ética
ecológica como base nas interações que a mantém. Além disso, as ações de
Planejamento Ambiental transcendem os limites políticos e devem levar em conta os
limites das bacias hidrográficas.
Para Tundisi (2003) “A bacia hidrográfica, como unidade de planejamento e
gerenciamento de recursos hídricos, representa um avanço conceitual muito
importante e integrado de ação”. Os comitês e subcomitês de bacias hidrográficas,
tipo de organização inteiramente novo na realidade institucional brasileira. À medida
que representa uma perda de poder tradicional dos governos ou dos seus
tomadores de decisão – teme-se que não seja possível promover a devida
descentralização política que se pretende com o Comitê de bacia hidrográfica.
Por sua vez, à medida que o Comitê é formado por representantes do
governo federal, estaduais e municipais, dos usuários da água e da sociedade civil
organizada, é destinado a atuar como “parlamento das águas”, posto que é o fórum
de decisão no âmbito de cada bacia hidrográfica. Entretanto, a experiência tem
mostrado uma tendência à desqualificação da parte mais fraca e desorganizada, a
18
sociedade civil, a qual passa a se manipulada e subjugada aos interesses das outras
partes (REBOUÇAS, 2003).
Desde 1980 vem evoluindo a adoção da bacia hidrográfica como unidade
territorial de estudo, especialmente por duas áreas do conhecimento – a geografia
física e a ciência do solo. Os principais temas discutidos são: erosão, manejo e
conservação dos solos e planejamento ambiental. A década de 1990 caracterizou-
se não só pelo aumento da produção de trabalhos ligados à área ambiental, tendo
como delimitação territorial a bacia hidrográfica, como também pelas pesquisas
relacionadas ao uso e qualidade das águas (GUERRA, 2004).
2.2 ECOLOGIA DE PAISAGEM
No início da década de 1960, a Geografia propunha uma maneira de analisar
as características naturais e sociais de forma integrada, baseada na teoria dos
sistemas. Essa visão foi batizada pelos geógrafos russos e franceses da época
como “Geossistema”. A utilização da abordagem geossistêmica nos estudos de
Geografia Física possibilitou a volta do seu caráter interativo, dotando-a de uma
estrutura dinâmica e operacional.
As décadas de 1970 e 1980 marcam na Geografia, com o aporte conceitual
de Geossistemas, novas formas de realizar as “Análises da Paisagem”, que
procuravam desvendar as relações entre as principais características do meio:
sociais, culturais e naturais. A necessidade de operacionalizar o conceito de
paisagem com fins de gestão territorial levou os geógrafos russos a desenvolverem
o conceito de geossistema. Para Sotchava (1978), o geossistema consiste em
classes hierarquizadas do meio natural, sendo uma unidade dinâmica com
19
organização geográfica própria, um espaço que permite repartição de todos os
componentes de um ambiente, o que assegura sua integridade funcional.
A construção do conceito de paisagem na geografia brasileira foi influenciada
pela escola francesa, inspirada especialmente nos trabalhos de Tricart (1977). Só
mais recentemente, com as técnicas de geoprocessamento, é que a influência
anglo-saxônica se faz presente no conceito de paisagem como produto de estudos
integrados, e em parte, na metodologia para o zoneamento ecológico-
econômico(ZEE).
Ainda na década de 1980, é marcada também, o aparecimento de uma outra
visão de análise das relações entre a sociedade e a natureza: a “Ecologia da
Paisagem”. Diferentemente da Biologia da Conservação, que de certa forma
apresentava uma visão dicotômica entre sociedade e natureza, a Ecologia da
Paisagem procura relacionar as atividades humanas com as questões ambientais ou
naturais.
Entre os geógrafos há um consenso de que a paisagem, embora tenha
sido estudada sob ênfases diferenciadas, resulta da relação dinâmica de elementos
físicos, biológicos e antrópicos. E que ela não é apenas um fator natural, mas inclui a
existência humana. Tanto a escola alemã, como a francesa, que influenciaram a
geografia brasileira, dão ênfase a aspectos diferentes da paisagem. A geografia
alemã tem herança naturalista, desde Humboldt; a francesa desenvolveu
observações quanto à região, formada pelas culturas e sociedades em cada espaço
natural.
Sauer (1998) considera que região e área são, em certo sentido, termos
equivalentes a paisagem. Esta seria um conceito de unidade da geografia, ou, uma
associação de formas diversas, tanto físicas como culturais. O conteúdo cultural da
20
paisagem, para este autor, é a marca da existência humana em uma área. Em
outras palavras, a cultura seria o elemento que, agindo sobre o meio natural, resulta
na paisagem cultural.
Já na década de 1990, surge dentro das Ciências Agronômicas, um novo
tratamento frente às questões ambientais, a idéia de “Capacidade de Suporte do
Ambiente” em uma análise parecida à da Ecologia da Paisagem.
Junk (1995, p. 52) define capacidade suporte do ambiente como
“a capacidade de um ecossistema ou região para suportar sustentadamente um
número máximo de população humana sob um dado sistema de produção, tais
como, agricultura, pecuária, extrativismo, entre outras”.
Contemporaneamente, Santos (1997) concebe paisagem como a expressão
materializada do espaço geográfico, interpretando-a como uma forma. Neste sentido
considera-se paisagem como uma constituinte do espaço geográfico, ou seja,
paisagem é o conjunto de forma que, em um dado momento, exprime as heranças
que representam as sucessivas relações localizadas entre o homem a natureza.
O espaço geográfico é um espaço mutável e diferenciado cuja aparência
visível é a paisagem. É um espaço recortado, subdividido, mas sempre em função
do ponto de vista segundo o qual o consideramos (DOLLFUS, 1991).
Já a Geoecologia como o resultado da integração entre a Geografia
(paisagem) e a Biologia (ecologia), abrange as paisagens naturais e culturais e
também os aspectos sócio-econômicos inerentes às mesmas (CHRISTOFOLETTI,
1999; POLETTI, 1999; TROPPMAIR, 2001; LORINI & PERSSON, 2001).
A terra estar em constante transformação de sua fisionomia, e a paisagem
reflete uma porção do espaço que ostenta as marcas do passado mais ou menos
remoto, apagado ou alterado de maneira diferenciada mas sempre presente. Assim,
21
o espaço geográfico é impregnado de história tornando-o diferente dos espaços
econômicos, e a aparência deste espaço concreto e localizável pode ser descrita
como a paisagem.
Assim, a ecologia de paisagem é uma nova área do conhecimento dentro da
ecologia marcada por duas principais abordagens: uma geográfica, que privilegia o
estudo da influência do homem sobre a paisagem e a gestão do território; e outra
ecológica, que enfatiza a importância do contexto espacial sobre os processos
ecológicos e das relações em termos de conservação biológica. Essas abordagens
apresentam conceitos e definições distintas e por vezes conflitantes que dificultam
um arcabouço teórico comum (METZGER, 2001).
Este autor definiu paisagem como sendo “um mosaico heterogêneo formado
por unidades interativas, sendo esta heterogeneidade existente para pelo menos um
fator, segundo um observador e numa determinada escala de observação”
(METZGER, 2001, p.4). Esse “mosaico heterogêneo” é essencialmente visto pelos
olhos do homem, na abordagem geográfica, e pelo olhar das espécies ou
comunidades estudas na abordagem ecológica.
Dentro desta visão holística, a evolução do estudo de paisagem deve-se
muito à escola da ex-União Soviética e teve uma contribuição significativa da
Edafologia científica do eminente edafólogo russo V.V. Dokoutchaev, visto que
estudos intensivos com fins de conhecer as características do seu território, levaram
a sua escola geográfica a desenvolver uma interpretação muito mais abrangente do
conceito de paisagem, incluindo nesta, ambos os fenômenos orgânicos e
inorgânicos, denominado o estudo da totalidade como Geografia da Paisagem. Já o
termo Ecologia de Paisagem foi introduzido pela primeira vez, pelo Geógrafo alemão
Carl Troll em 1939 que conclamou aos geógrafos e ecólogos a trabalharem em
22
estreita colaboração, visando a fundação de uma nova ecociência, que teria o
objetivo de unificar os princípios da vida na terra (CASSIMIRO 2003).
Segundo Risser apud Santos (2003), a Ecologia da Paisagem analisa a
extensão dos ecossistemas e seus limites, especialmente aqueles limites que são
influenciados pelas atividades humanas. É assim, o desenvolvimento de uma rede
de análise da paisagem que atende especificamente aos agroecossistemas e
interações ecológico-econômicas. Nessa análise, os atributos espaciais do
comportamento do ecossistema são fortemente combinados com as atividades
humanas que afetam as características espaciais e os movimentos de energia e
matéria da paisagem.
Segundo Rodriguez et.al (2004) as atividade humanas estão sempre
associadas de uma forma direta com as unidades de paisagens locais, visto que a
subsistência da população depende dessa relação homem/meio. Assim, os mapas
de paisagens distinguem as diferenciações fundamentadas no sistema de relações
internas que predominam nas unidades de paisagens e as mesmas são variantes
dos sistemas ambientais locais.
2.3 SENSORIAMENTO REMOTO
Genericamente, sensoriamento remoto é compreendido como a ciência que
objetiva a análise do espectro eletromagnético, emitido de diversos corpos
existentes na superfície terrestre com a finalidade de identificar e extrair informações
espaciais de maneira facilitada. Assim Novo (1992), define sensoriamento remoto
como a aquisição de informações através de um sensor que não entra em contato
com o objeto alvo.
23
Assim, o solo exposto, as formações rochosas, os corpos d’água, a vegetação
entre outros são, de forma genérica, denominada de alvos. Sendo que as
informações são obtidas através do estudo da interação da radiação eletromagnética
(ERBERT, 2004).
Florenzano (2002) acrescenta que sensoriamento remoto permite obter
imagens da superfície terrestre através da captação e do registro da energia
eletromagnética refletida ou emitida pelo alvo.
Atualmente, vários estudos técnicos contam com essa tecnologia visto que as
alterações ambientais, provocadas pelas ações antrópicas, podem ser monitoradas
permitindo, inclusive, a aplicação do princípio da prevenção. Sendo este,
imprescindível quando se trata de preservação dos recursos naturais. Por fim, vê-se
que o sensoriamento remoto é importante tanto para a visualização e compreensão
da dinâmica global da paisagem, desvendando suas complexidades, quanto para a
utilização de informações obtidas ao longo do tempo.
2.3.1 Sistemas de sensores
Qualquer equipamento que seja capaz de transformar alguma forma de
energia em um sinal que possa ser convertido em informação sobre o ambiente
pode ser definido como sistema de sensor. O sensoriamento remoto utiliza a
radiação eletromagnética como energia (NOVO, 1992).
24
2.3.2 Sensores do satélite CBERS – 2
O CBERS possui três tipos de sistemas sensores de coleta de dados de
sensoriamento remoto para recursos naturais, sendo eles o sensor CCD (charge-
coupled-decive), sensor IR-MSS (Infra Red multispectral Scanner Subsytem) e WFI
(wide Field Imager). O sensor CCD é uma câmera de alta resolução com uma
resolução espacial de 20m x 20m, gastando 26 dias para uma cobertura completa
do globo terrestre que fornece imagens de uma faixa de 113 km de largura do
terreno. O sensor IR-MSS é uma câmera de varredura que opera em quatro faixas
espectrais do espectro eletromagnético desde o visível até o termal e o WFI é um
imageador de largo campo de visada, sendo possível a obtenção de uma cobertura
completa do globo a cada cinco dias, imageando uma faixa no terreno de 890 km
de largura. (MOREIRA, 2001).
A órbita do CBERS 2 é heliosíncrona a uma altitude de 778 km, perfazendo
cerca de quatorze revoluções por dia. Nesta órbita, o satélite cruza o Equador
sempre na mesma hora local, 10:30h da manhã, permitindo assim que se tenha
sempre a mesma condição de iluminação solar para a comparação de imagens
tomadas em dias diferentes. A capacidade de apontamento lateral da câmera CCD
de alta resolução aliada ao tipo de órbita do satélite torna possível obter-se pares
estereoscópicos de uma certa região com um intervalo de três dias entre duas
imagens.
25
2.3.3 Imagens de satélite
A imagens são produzidas em preto e banco e a sua representação depende
da quantidade da energia refletida pelos objetos que resulta em diferentes tons de
cinza, entre o branco (quando refletem toda a energia) e o preto (quando absorvem
toda a energia). Quando essas imagens são projetadas, através de filtros coloridos,
azul, verde e vermelho (cores primarias), gera-se imagens coloridas; onde a cor de
um objeto vai depender da quantidade de energia por ele refletida, da mistura das
cores e da associação das cores com as imagens (FLORENZANO, 2002).
Soares (1997) considera que esta tecnologia tem o objetivo de distinguir
os materiais superficiais como a vegetação, os solos, rochas entre outros. Os
diferentes comportamentos dos materiais superficiais ao longo do espectro
eletromagnético permite a distinção e a identificação dos mesmos na imagem de
satélite.
2.3.4 Resolução das imagens de sensoriamento remoto
Segundo Rocha (2000), as imagens produzidas pelos sistemas sensores são
caracterizadas pelas resoluções espacial, espectral, radiométricas, temporal bem
como pela largura da faixa imageada.
A resolução espacial é considerada como a capacidade de um sensor
“enxergar” ou distinguir objetos da superfície da terra, podendo ser definida como
menor elemento ou superfície. A resolução espectral expressa a capacidade do
sensor em registrar a radiação em diferentes regiões do espectro. A resolução
radiométrica é dada pelo número de níveis digitais, representando níveis de cinza,
26
usados para expressar os dados coletados pelo sensor. Quanto maior for essa
resolução, maior será a sensibilidade do sensor nas pequenas diferenças de
radiação, aumentando o poder de contraste e de discriminação das imagens
(CROSTA,1992 ; ROCHA,2000; FLORENZANO,2002).
Segundo Rocha (2000) a resolução temporal representa a freqüência com
que à área de interesse é revisitada ou imageada. O landsat 7 possui 16 dias de
resolução temporal, já o CBERS, possui 3 (três) dias. Por fim, a largura da faixa
imageada corresponde á largura da faixa de varredura, e varia de acordo com o
satélite. Por exemplo, o landsat possui uma faixa de varredura de 185 km, já o
CBERS, possui faixa de varredura de 113 km.
2.3.5 Composições Coloridas
Conforme Soares et ali (1998) a composição colorida, falsa-cor, consiste da
combinação de 3 bandas espectrais de satélites para a formação de uma
composição colorida, após uma seleção cuidadosa, observando se esta seleção
contenha as informações espectrais realmente desejadas. É importante ressaltar, a
necessidade de se selecionar a alocação de cores que tenham uma melhor
percepção ao olho humano, embora, as informações contidas numa imagem sejam
sempre as mesmas, não importando a combinação de bandas e alocação de cores.
Novo (1992) orienta que ao selecionar uma combinação de canais e filtros
para uma composição colorida, tem-se que conhecer o comportamento espectral do
alvo de interesse, caso contrário, corre-se o risco de desprezar faixas espectrais de
grande significância na sua discriminação.
27
2.3.6 Comportamento Espectral dos Alvos
Novo (1992) esclarece que só é possível extrair informações a partir de
Sensoriamento Remoto, se faz necessário o conhecimento do comportamento
espectral dos objetos da superfície terrestre e dos fatores que interferem nesse
comportamento. Neste sentido, três interações acontece entre a energia e o alvo:
reflexão parcial, transmissão e absorção. No entanto, as propriedades desses
objetos vão definir as proporções da ocorrência dessas interações.
Assim, segundo Moreira (2001) são as características intrínsecas a cada tipo
de material é que vai permitir a distinção entre os vários tipos de objetos, além de
determinar o comportamento aspectral.
Neste caso o sensoriamento remoto tem seu principal interesse na porção da
energia que é refletida. No entanto, a quantidade dessa energia refletida varia de
acordo com a natureza do material e com a região do espectro eletromagnético na
qual a medida é feita (ERBERT, 2004).
2.4 SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS – SIG
Os fenômenos relacionados ao mundo real podem ser descritos de três
maneiras: espacial, temporal e temática. Espacial quando a variação muda de lugar
para lugar (declividade, altitude, profundidade do solo); temporal quando a variação
muda com o tempo (densidade demográfica, ocupação do solo) e temática quando
as variações são detectadas através de mudanças de características (geologia,
cobertura vegetal). Estas três maneiras de se observar os fenômenos que ocorrem
na superfície da terra são, coletivamente, denominadas dados espaciais.
28
Um sistema de informações geográficas é atualmente definido como sendo
um conjunto de hardware, software e pessoal com a capacidade de coletar,
armazenar, gerenciar além de processar dados tabulares e espaciais bem como
apresenta produtos finais. Portanto o geoprocessamento constitui-se numa
ferramenta de utilidade para a gestão dos recursos naturais e vem sendo utilizado
por várias instituições tanto para planejar como para monitorar programas e projetos
(CÂMARA, 1996).
Os Sistemas de Informações Geo-referenciadas ou Sistemas de Informações
Geográficas (SIGs) são usualmente aceitos como sendo uma tecnologia que possui
o ferramental necessário para realizar analises com dados espaciais e, portanto,
oferece, ao ser implementada, alternativas para o entendimento da ocupação e
utilização do meio físico, compondo o chamado universo da Geotecnologia, ao lado
do processamento digital de imagens e da Geoestatística.
A tecnologia SIG está para as análises geográficas, assim como o
microscópio, o telescópio e os computadores estão para outras ciências (Geologia,
Astronomia, Geofísica, Administração, entre outras).
Um Banco de dados georreferenciados propicia a elaboração de
modelos para o entendimento ecológico e ambiental da paisagem, inclusive a
previsão de riscos que podem comprometer a qualidade dos recursos naturais como
a água, o solo, o ar e a biodiversidade. Pires (1998) menciona que os SIG’s são
extremamente importantes para a maioria dos estudos da paisagem como:
mudanças no uso do solo, padronagem da vegetação, distribuição de animais na
paisagem e modelagens de processos ao longo da paisagem.
Entende-se como sendo uma das principais vantagens de um Sistema de
Informação Geográfica o reuso de dados e a rapidez na geração de cenários para
29
auxiliar na tomada de decisão principalmente por que um SIG permite avaliar a
informação tanto na sua distribuição espacial quanto temporal. As informações
disponibilizadas proporcionam o conhecimento da paisagem em diferentes escalas e
podem constituírem uma base de dados para uma sistema de gestão territorial.
Neste contexto, os sensores orbitais em conjunto com as técnicas de
geoprocessamento, constituem em ferramentas extremamente eficientes na
caracterização, identificação e mapeamento da paisagem (RIBEIRO et. al, 1999).
O uso dos sistemas de informações geográficas se tornou essencial para as
atividades relacionadas ao planejamento, em especial as atividades inerentes à
dinâmica das paisagens, tornando importantes subsídios para os tomadores de
decisão.
SILVA (2003) considera a importância do uso de sistemas de dados espaciais
além dos cientistas que estudam o meio físico. Vários outros profissionais vem
desenvolvendo atividades utilizando esta ferramenta, como os engenheiros que
planejam estradas, canais e barragens. Os governos que precisam conhecer a
espacial idade dos equipamentos públicos como hospitais, creches além de servir
para a vigilância sanitária gerenciar os processos epidemiológicos.
2.5 CENÁRIOS AMBIENTAIS
Conforme Macedo (1995) uma avaliação ambiental deve ser desenvolvida
adequadamente e pressupõe estabelecer uma medida de comparação entre
situações alternativas. Os cenários ambientais, temporal e espacialmente distintos,
permitem a avaliação entre situações concretas e potenciais. Neste sentido, o
referido autor conceitua:
30
Cenário atual: permite o estabelecimento de tendências de desempenho em
conformidade com o horizonte temporal previamente estabelecido representando o
quadro ambiental diagnosticado na área em que se destinam os estudos ambientais.
Cenário tendencial: é o prognóstico do cenário atual e considera as transformações
que poderão advir na região em decorrência da ação natural e das interferências
ambientais das ações antrópicas.
Cenário normativo: Os cenários normativos devem ter um horizonte temporal entre
10 e 15 anos. Os menores que 10 anos são considerados relativamente curtos.
Horizontes superiores a 15 anos, existe risco de construir cenários, diferentes
daqueles que efetivamente irão acontecer. Estes especificam o futuro desejado para
paisagem objeto da intervenção. O princípio é a compreensão do futuro, deve ser
utilizado como um paradigma das ações realizadas no presente.
Para Gallopin & Raskin, (1998) apud por Pires et. ali (1998) um cenário é uma
história sobre o futuro, sendo contrário às projeções e previsões que tendem ser
mais quantitativas e limitadas em suas suposições. Os cenários tratam das
mudanças que podem ocorrer no futuro que são narradas de forma lógica.
Assim pode-se considerar a importância dos cenários como ferramenta de
manejo quando utilizada para aperfeiçoar a qualidade nas tomadas de decisão e não
podem ser um fim e si mesmos, somente são válidos quando seus resultados e
implicações são incorporados nos planos de ação.
Um dos principais aspectos para o planejamento ambiental é analisar, em
tempos futuros, a capacidade de manejo ou de implementação das diretrizes
propostas. Franco (2001) conceitua cenário ambiental como a projeção de uma
situação futura para o meio ambiente tendo em vista a solução de um problema ou a
hora de uma condição presente indesejável ou satisfatório. Segundo a autora, a
31
melhora de uma condição ambiental é um conceito que envolve aspectos
socioculturais complexos e cuja mudança vai naturalmente implicar em
conseqüências que envolverão toda uma comunidade, ela é antes de tudo uma
decisão política.
Assim, pode-se considerar cenários como imagens alternativas do futuro ricas
em indicadores para contribuir na tomada de decisões. Esse instrumento, baseado
em um conjunto de dados comparados, sobrepostos e avaliados de maneira
integrada aponta diversas projeções de situações para uma determinada área de
intervenção tendo em vista a solução de um problema ou a melhora de uma
condição presente impactante.
Uma estratégia eficaz de planejamento ambiental pode se basear na definição
de cenários e indicadores que permitam uma avaliação constante do nível de
sustentabilidade do processo sócio econômico. A construção desses cenários e
indicadores podem subsidiar a implantação de políticas ambientais públicas
associadas às melhorias dos padrões avaliados (PERES e MENDIONDO,2004).
A principal estratégia para reduzir os impactos ambientais, oriundos dos
conflitos entre preservação ambiental e desenvolvimento, especialmente ao uso
inadequado do solo, baseia-se na implementação de um planejamento ambiental,
que deve ser flexível e dinâmico fundamentado na descrição detalhada de uma
unidade de paisagem (PIRES et.al, 1998).
É necessária a adequação dos sistemas produtivos às condições e
compatibilidade das bacias hidrográficas para a manutenção da produtividade da
terra em longo prazo o que assegura a qualidade ambiental da paisagem (KOFFLER
e MORETTI, 1991).
32
Segundo os autores, um cenário não faz predições do futuro nem pode ser
qualificado pela sua probabilidade. Assim, eles devem ser imagens plausíveis e
possíveis do futuro, e também suficientemente ricos em indicadores para contribuir
na toma de decisões. Esses possíveis futuros podem demonstrar o impacto que
ocorreria devido a um planejamento local e regional
Assim sendo, considera-se cenários ambientais como importantes
ferramentas para o planejamento regional, combinando quantidade de conhecimento
quantitativo e qualitativo e transmitindo resultados de uma análise integral de forma
transparente e compreensível. Ao mesmo tempo, a geração de cenários contribui
para estimar como um futuro incerto reagiria e como pode influenciar-se pelas
decisões feitas hoje.
33
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 MATERIAIS
Neste trabalho foi utilizado um mosaico de imagens digital elaborado pelo
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) utilizando imagens do Satélite
CBERS-2 lançado no dia 21 de outubro de 2003, partindo do centro de treinamento
de Taiyuan, na China. O horário do lançamento foi às 11:16 h (horário de Pequim), o
que corresponde a 1:16h em Brasília. As imagens utilizadas para a elaboração do
mosaico correspondem ao período de maio a setembro de 2005 e as cenas para o
município de Palmas-TO são as correspondentes aos números: 158/111, 158/112,
159/111 e 159/112.
O Quadro 1 demonstra as principais informações sobre os dados utilizados
obtidos do satélite CBERS 2. No entanto maiores informações podem ser
encontradas em detalhes no site http://www.cbers.inpe.br.
Bandas espectrais
0,51 - 0,73 µm (pan) ;0,45 - 0,52 µm (azul);0,52 -
0,59 µm (verde);0,63 - 0,69 µm (vermelho);0,77 -
0,89 µm (infravermelho próximo)
Campo de Visada / Resolução espacial 8,3º e 20 x 20 m
Largura da faixa imageada 113 km
Capacidade de apontamento do espelho ±32º
Resolução temporal 26 dias com visada vertical e 3 dias com visada
lateral
Taxa de dados da imagem 2 x 53 Mbit/s
Quadro n. 1 – Características da Câmara Imageadora de Alta Resolução CCD
34
Os trabalhos foram realizados em uma plataforma PC – 1.73GHz, 512MB de
RAM, 60 Gb.
O GPS utilizado para obter dados de posição geográfica nos locais definidos
como pontos de controle e nas áreas de vegetação ciliar foi o da Marca Garmin,
modelo GPSMAP 76 S.
Para o registro fotográfico foi utilizada uma máquina digital para adquirir
imagens dos pontos de controle e das áreas com intervenção antrópica da marca
Power pack D6 – 6.6 MP.
3.2 LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
A sub-bacia do Ribeirão Taquaruçú Grande no município de Palmas – TO,
pertencente a Bacia do Rio Tocantins, localizada na região centro sul de Palmas
nos paralelos 10º 10’33” e 10º 25’18” de latitude sul e os meridianos 48º 03’57” e 48º
23’03” de longitude oeste de Grenwinch com uma área de 46.307, 31 ha o que
representa 19,1% da área total do município, sendo 73,67% da Área de Proteção
Ambiental Serra do Lajeado (PLANO...,1999). A figura n. 1 demonstra a localização
geográfica da sub-bacia do Ribeirão Taquaruçu Grande.
35
Figura n. 1 Localização Geográfica da área da sub-bacia do R. Taquaruçu (sem escala)
3.2.1 Geologia
Conforme Plano... (1999) a geologia local estar dividida em cinco unidades
estratigráficas: Depósito Aluvionar (Ha); Formação Pimenteira (Dp); Formação Serra
Grande (SDsg); Formação Suíte Intrusiva Ipueiras (Pegi) e Formação do Complexo.
36
3.2.2 Geomorfologia
A geomorfologia local da sub-bacia do Ribeirão Taquaruçu Grande encontra-
se classificada em quatro unidades geomofológicas: terraços fluviais nas formas de
acumulação (Aptf); superfícies pediplanas nas formas erosivas (ESpp); Patamares
Estruturais (SEpt) e Patamares Estruturais (SEpt). conforme o mapa geomorfológico
(EMBRAPA, 1992 apud PLANO...,1999).
3.2.3 Pedologia
A diversidade de solos da sub-bacia do Taquaruçu Grande é devida as
diferentes formações rochosas e geomorfológicas e têm a predominância de 40%
(quarenta por cento) de Latossolos - são solos envelhecidos, geralmente ácidos (à
exceção dos eutróficos) e de boa drenagem além de apresentarem um perfil
profundo.
3.2.4 Hidrografia
A sub-bacia do Ribeirão Taquaruçu Grande tem com principal afluente o
Ribeirão Taquaruçuzinho e destaca-se ainda: Ribeirão Mutum e os Córregos Cipó,
Buritizal Macacão, Machado, Tiúba e o Brejo da Lagoa. É considerada uma sub-
bacia de quarta ordem e tem uma densidade de drenagem 1,15 km² com um padrão
sub-dentrítico (PLANO..., 1999).
Nas proximidades das nascentes os cursos d’água são intermitentes e
perenes nos médios e baixos cursos d’água (SOUZA, 1998).
37
3.2.5 Clima
A região da sub-bacia do Taquaruçu Grande tem as condições climáticas,
devido sua posição latitudinal em torno de 10º, com relativa homogeneidade por sua
continentalização, seu aspecto geográfico e constância das massas de ar sobre a
região e seu domínio na Zona Climática Tropical. A temperatura tem uma média
superior a 25º C, sendo que nos meses de junho e julho as mínimas registram 12º C
conforme dados da Estação Meteorológica de Porto Nacional segundo
(MONTOVANI,1992 apud PLANO..., 1999).
3.2.6 Vegetação
A vegetação da região da Sub-bacia do Ribeirão Taquaruçu Grande é
formada por duas classes. A primeira é a savana arbórea aberta sem floresta de
galeria, a segunda é a Savana arbórea aberta com floresta de galeria.
A primeira classe, savana arbórea aberta sem floresta de galeria, ocorre em
áreas englobadas no Planalto Regional do Tocantins, abrangendo a serra do
Lajeado em duas diferentes formas de relevo. Esta subformação apresenta-se
geralmente revertindo o solo de gramíneas, pequenas arvoretas de aspectos
tortuoso, recobertas de casca espessa.
Dentre as espécies características, verifica-se: pau-terra (Quala Sp) lixeira
(Curatella americana), barbatimão (Strypnodendron barbadetiman), jacarandá
(Macharium Sp), murici (Byrsonima coriacra), pau-de-tucano (Vochysia Sp), pau-
santo (Kielmeyera sp). Os tipos mais altos são encontrados nas linhas de drenagem,
38
destacou-se a sucupira preta (Bowdichia virgilioides) e o Gonçalo-Alves (Astronium
fraxinifolium) este último chega a atingir mais de 10 metros de altura.
A segunda classe é a savana arbórea aberta com florestas-de-galeria. Esta
formação ocorre em áreas abrangendo as depressões e vales. A ocorrência de
florestas-de-galeria é característica das áreas de savana, de fisionomia sempre-
verde, em decorrência da umidade permanente e do acumulo de nutrientes neste
solo. Esta floresta é composta de elementos arbóreos de hábito completamente
diferentes das espécies que circundam, constituindo verdadeiros refúgios florestais.
As florestas-de-galeria geralmente variam quando à largura e à composição,
mas a vegetação é sempre alta e densa. A paisagem dos campos-cerrados é
interrompida por estes sinuosos cordões florestais ou pela esporádica ocorrência de
capões florestais em forma de encraves que não chegam a influenciar na paisagem
dominante. As espécies que nela mais incidem são: envirapinhaiba (Xilopia Sp), ipê-
amarelo (Tabebuia Sp), itaúba (Physocalymma Sp), jatobá (Hymenaea Sp), guaruba
(Vochysia Sp), jacareúba (Cllophyllum brasiiense Sp).
Destacam-se nesta fisionomia as seguintes palmeiras que, às vezes,
dominam a paisagem: buriti (Sygrus Sp), inajá-cabeçudo (Maximiliana Sp), guariroba
(Sygrus Sp), macaúba (Acroncomia Sp) e o babaçu (Orbygia Sp). Nesta
subformação ocorrem as mesmas espécies observadas na savana arbórea aberta
sem floresta-de-galeria.
O Campo Cerrado – pasto sujo (savana gramínea – lenhosa savana parque):
corresponde às formações campestres naturais, caracterizadas por uma formação
graminosa entremeada de plantas lenhosas, sem formar dossel continuo ou são
decorrentes da atividade humana, especialmente pecuária extensiva. A vegetação
possui altura variável de 0,2 a 1,5 metros com predominância de gramíneas e com
39
alguns testemunhos esparsos de plantas lenhosas baixas. Os campos de cerrado
ocupam uma grande parte desta área, apesar de serem usados como pastagens
naturais, mantêm, ainda, suas características originais.
A Floresta de Galeria – formações que ocorrem margeando os cursos d’águas
pertencentes, tanto nos platôs, permeando as áreas de cerrado, como também nas
vertentes associados às florestas de encosta. A estrutura da floresta de galeria é
caracterizada por três estratos lenhosos e um herbáceo pouco representativo. A
ocorrência de solos mais férteis e úmidos é responsável pela grande diversidade de
flora e de fauna. Compreendem uma grande parte desta sub-bacia na parte baixa.
3.2.7 Histórico de ocupação da sub-bacia de Taquaruçu Grande
Conforme Santos (1996 apud PLANO..., 1999) o povoamento da região data
de 1940 com a vinda de agricultores do Estado do Maranhão em busca de terras
férteis além de estarem “fugindo” da seca. Nesta época, já existia a pecuária
extensiva desenvolvida por alguns fazendeiros. O Distrito de Taquaruçu pertencia ao
Município de Porto Nacional.
A partir de então foi se desenvolvendo as principais atividades
socioeconômicas: agricultura de subsistência, criação de animais domésticos e o
extrativismo do coco babaçu. O excedente da produção era vendido em Porto
Nacional o que proporcionou ao Distrito de Taquaruçu o título de “Celeiro de Porto
Nacional”. Com a implantação da BR –153 (Belém – Brasília) na década de 1960 o
Distrito de Taquaruçu foi perdendo sua importância econômica regional, visto que
foram se desenvolvendo várias cidades ao longo da Rodovia.
40
Em janeiro de 1988 a Lei Estadual 10.419 elevou o Distrito de
Taquaruçuzinho ao grau de Município com o nome de Taquaruçu do Porto. No
entanto, em dezembro de 1989 a Lei Municipal n. 28 autoriza o Executivo a transferir
a sede para o recém criado município de Palmas e em 1º de janeiro de 1990 o
Município de Taquaruçu do Porto volta à condição de Distrito pertencendo ao
Município de Palmas – TO (SOUZA, 1998).
Com a implantação do Município de Palmas a partir de 1990, a pressão
antrópica sobre os recursos naturais aumentou e a sub-bacia do Ribeirão Taquaruçu
passou a ter maior significância por ser a principal fornecedora de bens/serviços
ambientais, tendo como principais atividades potencialmente impactante: a) Rodovia
TO-030 – a construção desta rodovia ocasionou uma forte alteração na paisagem
visto que o seu traçado original foi mudado na época do asfaltamento; b) Estação de
Tratamento de água – ETA 6 - esta captação de água é feia a jusante da junção dos
ribeirões Taquaruçuzinho e Taquaruçu, tendo como vazão de captação 500 l/s dia
sendo responsável pelo abastecimento dos bairros de Taquaralto, Aureny I, Aureny
II, Aureny III, Aureny IV e parte da região central da cidade de Palmas totalizando
65% (sessenta e cinco por cento) do abastecimento público de água no município de
Palmas; c) Estação de Tratamento de Esgoto –ETE - localizada próximo à foz do
Ribeirão Taquaruçu Grande é responsável pelo tratamento do esgoto dos bairros.
41
3.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
As etapas relacionadas aos procedimentos metodológicos utilizados neste
trabalho estão representadas no Quadro 2.
Quadro n. 2 Fluxograma do Desenvolvimento da Pesquisa
3.3.1 Levantamento bibliográfico
A primeira etapa do trabalho consistiu no levantamento bibliográfico que
permitiu o conhecimento do Estado da Arte do referencial teórico no qual se baseia
esta pesquisa: a) a Bacia Hidrográfica como unidade Territorial de Estudo; b) a
Levantamento Bibliográfico Estado da Arte
- A Bacia Hidrográfica como unidade Territorial de Estudo - A Paisagem como categoria de Análise- O Sensoriamento Remoto e SIG’s como ferramentas de trabalho - A Construção de Cenários Ambientais como técnica de planejamento ambiental
Caracterização ambiental da Sub-Bacia do Ribeirão Taquaruçu Grande
Trabalho de campo (checagem dos pontos de controle e fotografia dos principais pontos da paisagem)
Correlação dos dados de vazão x precipitação e vazão x sedimentos
Construção dos Cenários Ambientais Tendencial e Normativo -
Elaboração do Mapa de uso e cobertura da Terra
Levantamento de dados secundários
Definição das idéias forças e dos indicadores
Discussão dos Resultados e Conclusão
Avaliação das áreas de vegetação ciliar
42
Paisagem como Categoria de Análise; c) o Sensoriamento Remoto e o Sistema de
Informação Geográfica (SIG) como ferramentas de trabalho aliada ao estudo de
campo e d) a construção de Cenários Ambientais como técnica de planejamento
ambiental.
Nesta fase procedeu-se também a busca de informações secundárias sobre a
área de estudo o que permitiu a caracterização ambiental.
3.3.2 Elaboração do Mapa de Uso e Cobertura da Terra
Para a elaboração do Mapa de Uso e Cobertura Vegetal da Terra utilizou-se o
software de Argis 9.0 O software ArcGIS, desenvolvido pela ESRI - Environmental
Systems Research Institute, é um sistema gerenciador de informações geográficas
desenvolvido pela ESRI, e integra uma série de produtos que permitem a
digitalização de dados, manuseio de banco de dados relacional, overlay de mapas,
gráficos interativos, geocodificação e muitas outras atividades relacionadas ao
desenvolvimento de um SIG, que se constitui uma poderosa ferramenta para
visualização, consulta, pesquisa e análise de dados gerados em formato shapefile,
sendo caracterizado como um software dedicado à modelagem e pesquisa de base
de dados geográfica, e organiza as informações segundo o conceito de objetos
possibilitando a consolidação de feições básicas (arco, ponto, polígono) em layers
que podem ser agrupados em temas e sucessivamente, em janelas. O ArcGIS
permite a criação de gráficos baseados nas tabelas alfanuméricas dos elementos
espaciais, permite ainda a criação de layout para apresentação dos dados, e possui
interface gráfica voltada para o usuário final.
As etapas foram as seguites:
43
• Recorte no mosaico da imagem do Município de Palmas apenas na área da
sub-bacia hidrográfica do Ribeirão Taquaruçu Grande. Foi sobreposto a rede
hidrográfica em sistema vetorial. A figura n.2 caracteriza a imagem da sub-
bacia do Ribeirão Taquaruçu Grande (satélite CBER-2) no ano de 2005.
Figura n. 2 Recorte do mosaico da imagem do Satélite CBER-2 da sub-bacia do Ribeirão Taquaruçu Grande • Definição da legenda preliminar optando por uma classificação anteriormente
utilizada conforme Plano...(1999). Sendo: campo, cerrado, cerradão,
pastagem/áreas agricultadas e áreas urbanizadas. No entanto foi necessário
algumas adaptações em função dos objetivos do trabalho.
• Classificação visual da imagem digital do Satélite CBER-2. A interpretação
das classes de uso e cobertura vegetal deu-se por observação direta na tela
do computador observando os elementos da imagem, também conhecidos
como elementos de análise de imagens conforme Novo (1988):
44
Tonalidade ou Cor - a cor ou tonalidade com que aparece um objeto é função das
propriedades do objeto, mas também das características do produto para análise;
Tamanho - na análise do tamanho levou-se em conta a escala da imagem que está
sendo analisada;
Forma - as estradas e os campos com solos preparados para o cultivo apresentam a
mesma tonalidade, mas apresentam formas diferentes: os campos são quadrados e
as estradas lineares. A forma, portanto, foi um elemento bastante considerado;
Textura - é a variação de tonalidades ou cores em função da presença de objetos
muito pequenos para serem percebidos individualmente, oferecendo a impressão de
rugosidade ou lisura de determinada porção da imagem;
Padrão - podemos associar um padrão de linhas sucessivas a culturas plantadas em
fileiras;
Sombreamento - as sombras também nos auxiliam na identificação de certos
objetos, da mesma forma que podem obscurecer a visualização de outros;
Localização - outro elemento importante é a localização. Em regiões montanhosas,
a diferenciação de vegetação foi feita a partir de sua localização topográfica.
Na definição da composição colorida para a classificação, a escolha das
bandas resultou numa imagem falsa-cor, onde a vegetação adquiriu tons
avermelhados conforme sua reflectância na faixa do espectro eletromagnético da
banda 4 (0,76 a 0,90), para facilitar a separação das diversas fitofisionomia definidas
no trabalho de campo.
Na composição colorida para análise visual, elegeu-se as bandas 3 em R, 2
em G e 1 em B porque seu efeito visual é o mais próximo possível da realidade. As
imagens foram realçadas por meio do aumento linear de contraste, pela sua
45
facilidade de implementação e por atender de modo satisfatório no melhoramento da
identificação das classes estabelecidas. A figura n.3 demonstra a imagem da sub-
bacia do Ribeirão Taquaruçu Grande no ano de 2005 (satélite CBER-2) em falsa-cor.
Figura n. 3 imagem falsa-cor da sub-bacia do Ribeirão Taquaruçu Grande
A legenda foi interpretada conforme as classes e matizes descritas no
quadro n. 3.
Classes Matizes
Mata de Galeria Vermelho vivo
Cerradão Vermelho escuro dando a impressão de marrom
Cerrado Verde escuro
Campo Verde claro
Pasto Azul claro
Urbano Azul claro/branco
Rio Verde musgo
Quadro n. 3 Classes e matizes interpretadas em falsa-cor
46
Após a classificação os dados foram interligados e correlacionados, devido a
necessidade de realizar a correlação dos dados alfanuméricos com os dados de
natureza gráfica para a criação da topologia. A topologia é um procedimento
matemático para definir explicitamente as relações espaciais entre os elementos.
Neste caso, de mapa digital, a topologia definiu a relação entre as feições, e
identificou os polígonos adjacentes, podendo definir uma feição ou conjunto de
feições. No processo de criação da topologia são indicados os erros que existem no
arquivo gráfico, pois com a existência destes não é possível realizar o processo de
construção.
• o trabalho de campo objetivou o reconhecimento e buscou identificar os tipos
e as fisionomias das categorias de uso e cobertura vegetal da terra ocorrido
no mês de julho/05. Posteriormente, no mês de outubro de 2005 foram
visitadas áreas de dúvidas o que denominamos de pontos de controle nos
polígonos de ação antrópica e cobertura vegetal da terra. Estas duas
vistorias, em campo, permitiu avaliar a paisagem tanto no período chuvoso
quanto no período de seca, considerando, portanto, a sazonalidade da
paisagem. As figuras n. 4 e 5 demonstram dois pontos de controle, que foram
observados sendo: cerrado e cerradão. As figuras n. 6 e 7 demonstram a vista
aérea da espacialidade das áreas urbanas do Distrito de Taquaruçu e do
Bairro Jardim Aureny IV em fotografias áreas.
47
Figura n. 4 Cerrado Típico (ponto de controle)
Figura n. 5 Cerradão (ponto de controle )
48
Figura n. 6 Vista área do Distrito de Taquaruçu
49
Figura n. 7 Vista aérea do Jardim Aureny IV
50
3.3.3 Avaliação das áreas de preservação permanente
Procedeu-se as vistorias para verificar as áreas de vegetação ciliar, tanto às
margens do Ribeirão Taquaruçu Grande quanto em seus tributários, objetivando
identificar usos inadequados das áreas de preservação permanentes. Foram
visitados sete pontos pré-selecionados. O critério adotado foi escolher as áreas
selecionadas para o projeto Sedimentológico desenvolvido pela UNITINS e
SANEATINS (DOURADO, 2002).
Após a vistoria foram elaborados gráficos da evolução dos sedimentos para
cada um dos sete pontos utilizando as médias dos sete pontos nos três ciclos de
observação.
3.3.4 Procedimentos estatísticos
Os dados referentes à vazão média dos meses de julho, agosto e setembro
nos anos de 2001, 2002, 2003, 2004 e 2005 conforme Dourado et al. (2002) foram
submetidos à análise estatística para verificar se a correlação entre vazão e
precipitação é positiva ou negativa.
Os dados de precipitação utilizados são as médias referentes aos meses de
julho, agosto e setembro dos anos de 2001, 2002, 2003, 2004 e 2005 e foram
obtidos segundo dados da estação Pluviométrica, código - 01048005, Taquaruçu do
Porto, e foram adquiridos com o auxilio do programa Hidro (Sistema de Informações
Hidrológicas / Versão 1.0.4). O Hidro é um aplicativo composto do banco de dados
hidrológico em formato ACCESS (mdb) do tipo cliente/servidor projetada
especificamente para o ambiente gráfico Windows 32 bits (95/98/Me/NT4/2000).
51
As médias de sedimentos (t/dia) dos meses de agosto e setembro/2001; julho,
agosto e setembro/2002; e julho de 2003 e 2004 referentes aos sete pontos de
observação distribuídos na sub-bacia, conforme a anexo A, foram correlacionados
com as médias de vazão para verificar se a mesma é positiva ou negativa.
A partir dos dados foi realizada uma curva de regressão linear, com o auxilio
do programa EXCELL versão 7.0, na qual foram feitos as relações entre Vazão e
Precipitação e Vazão e Sedimentos correlacionando-as para obter a confiabilidade
dos dados conforme (VIEIRA, 1980).
3.3.5 Construção de Cenários
A quinta etapa consistiu na construção dos cenários ambientais tendencial e
normativo que foram baseados na avaliação do cenário atual que demonstrou a
dinâmica da paisagem na sub-bacia sem a adoção do plano de manejo elaborado
pela Fundação Universidade do Tocantins (UNITINS) com financiamento do Fundo
Nacional de Meio Ambiente (FNMA) em 1999. Definiu-se as idéias-forças, os
indicadores e as fontes desses indicadores.
Para o Cenário Tendencial foi considerando a situação atual, ou seja, sem a
implementação do Plano de Manejo. Para o Cenário Normativo avaliou-se uma
situação desejável para a sub-bacia do Ribeirão Taquaruçu Grande considerando a
execução do plano de manejo e o cumprimento das normas legais de proteção da
paisagem. A construção dos cenários foi elaborada de forma simplificada, visto que
o objetivo é contribuir para uma primeira discussão, a esse respeito, na área de
estudo. Uma discussão ampliada só é possível com a participação de uma equipe
multidisciplinar.
52
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 MAPA DE USO E COBERTURA DA TERRA
O Mapa de uso e cobertura vegetal da terra da sub-bacia do Ribeirão
Taquaruçu Grande referente ao ano de 2005 na escala 1:100.000 constante da
página 53 representa os diferentes usos e a cobertura vegetal da terra conforme
descrição da legenda:
Pastagem/áreas agricultadas - área onde a vegetação natural foi substituída por
pastagens e plantações para lavoura de subsistência;
Área Urbana/Antropizada - áreas que apresentam um conjunto de edificações e
estruturas características da ocupação de aglomerado urbano;
Cerrado - o Cerrado Típico é um subtipo de vegetação predominantemente arbóreo-
arbustivo, com cobertura arbórea de 20% a 50% e altura média de três a seis
metros. Trata-se de uma forma comum e intermediária entre o Cerrado Denso e
Cerrado Ralo.
Cerradão - o Cerrado Denso é um subtipo de vegetação predominantemente
arbóreo, com cobertura de 50% a 70% e altura média de cinco a oito metros.
Representa a forma mais densa e alta de Cerrado.
Campo - é um subtipo de vegetação arbóreo-arbustiva, com cobertura arbórea de
5% a 20% e altura média de dois a três metros. Representa a forma mais baixa e
menos densa de Cerrado.
Floresta de Galeria e floresta de encosta - vegetação florestal que acompanha as
margens dos recursos hídricos e as presentes em áreas de encostas.
53
54
Em 1998 as áreas urbanizadas/antropizadas representavam 3,9% (três vírgula nove
por cento) da área total da sub-bacia. Em 2005 somente as áreas urbanizadas
somam 10,0 % (dez quatro por cento), totalizando um acréscimo de mais de 60%
(sessenta por cento).
As áreas de cerrado em 1998 totalizaram 38,9% (trinta e oito vírgula nove por
cento) e em 2005 houve uma redução de 1,9% (um vírgula nove por cento) visto que
totalizou 37% (trinta e sete por cento). Nesta classificação estão incluídas as áreas
de campo, cerrado e cerradão.
As áreas de pastagem em 1998 totalizaram 16,6% (dezesseis vírgula seis por
cento) e em 2005 estas áreas totalizam 18,0% (dezoito por cento) o que contabiliza
um aumento de 1,4% (um vírgula quatro por cento).
As florestas de galeria e encosta totalizaram 36, 8% (trinta e seis vírgula oito
por cento) em 1998 e em 2005 houve uma redução de 1,8 %(um virgula oito por
cento) restando uma área de 35% (trinta e cinco por cento).
As áreas de queimadas no total de 3,8% (três vírgula oito por cento) em 1998
não foram mapeadas, de forma isolada, em 2005. No entanto, as áreas antropizadas
na área rural foram consideradas na mesma categoria (pastagens/áreas
agricultadas) totalizando 18% (dezoito por cento).
Os gráficos n. 1 e 2 demostram as porcentagem das áreas de uso e cobertura
da terra nos anos de 1998 e 2005 da sub-bacia do Ribeirão Taquaruçu Grande em
Palmas – TO o que permite verificar que as unidades de paisagem natural: campo,
cerrado, cerradão e floresta de galeria/floresta de encosta representam a matriz da
paisagem na sub-bacia. Portanto, a maior unidade de paisagem é a natural, isso
significa que no sentido geral a sub-bacia ainda se encontra em bom estado de
conservação, confirmando a situação em 1998, visto que conforme PLANO...(1999)
55
a sub-bacia foi considerada com alto grau de conservação, relevando que as ações
antrópicas desenvolvidas de forma inadequadas ainda não traziam maiores
conseqüências para os recursos naturais.
3,9%
38,9%36,8%
16,6%
3,80%
0,0%
5,0%
10,0%
15,0%
20,0%
25,0%
30,0%
35,0%
40,0%
Uso e Cobertura do Solo - 1998
Àreasurbanizadas/antropizadasCerrado
Floresta de Galeria/encostaPastagem
Queimadas
Gráfico n. 1 – Uso do Solo da Sub-Bacia do Ribeirão Taquaruçu Grande, 1998.
Fonte: Adaptado Plano de Manejo da Sub-Bacia do Ribeirão Taquaruçu Grande
10,0%
37,0%35,0%
18,0%
0,0%
5,0%
10,0%
15,0%
20,0%
25,0%
30,0%
35,0%
40,0%
Uso e Cobertura Vegetal da Terra - 2005
Àreasurbanizadas/antropizadas
Cerrado
Floresta de Galeria/ encosta
Pastagem/áreasagricultadas
Gráfico n. 2 - Uso e Cob. Vegetal da Terra da Sub-Bacia do Rib.Taquaruçu Grande
56
4.2 ANÁLISE DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE
A mata ciliar funciona como filtro ambiental, retendo poluentes e sedimentos
que chegariam aos cursos d’água, sendo fundamental para o equilíbrio dos
ecossistemas aquáticos. Portanto, a manutenção da mata de galeria protege contra
a erosão das ribanceiras e o conseqüente assoreamento dos recursos hídricos,
conservando a qualidade e o volume das águas.
Embora protegidas por lei, as matas ciliares não foram poupadas da
degradação ao longo dos anos e a sua importância na conservação da
biodiversidade pede ações que busquem reverter a atual situação.
Como a própria terminologia explicita, as áreas de preservação são as áreas
intocáveis de cada propriedade, quanto ao aproveitamento direto de qualquer dos
seus recursos, salvo liberação pelo Poder Público por interesse social.
As áreas de preservação permanente foram criadas em lei (Brasil, 1965) com a
finalidade de evitar a degradação do ecossistema, conservar o meio ambiente, e
manter a qualidade de vida, apesar das normas estabelecidas serem subjetivas,
dificultando a interpretação e demarcação dessas áreas no campo, dando origem
muitas vezes, ao uso inadequado dos recursos naturais.
A função ambiental das áreas de preservação permanente, cobertas ou não
pela vegetação nativa, é entendida na forma de lei, como sendo a de: preservar os
recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo
gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem estar das populações
humanas.
Sendo assim, todas as coberturas vegetais são importantes na região onde
se inserem, contudo, nas áreas consideradas de preservação permanente, elas são
57
imprescindíveis, pois estes locais são caracterizados pela sua fragilidade em função
da sua posição no relevo e pela importância de proteção que conferem não somente
ao solo, mas também à fauna e flora.
Os pontos visitados para verificação das condições das Áreas de
Preservação Permanentes (APP’s) foram os seguintes: Ponto 01 – Ribeirão
Taquaruçu Grande (10°15’ 21, 8” e 48° 14’ 35,1”); Ponto 02 –Córrego Macacão(10°
14’ 14” e 48° 10’ 36”);Ponto 03 – Córrego Brejo de Lagoa (10° 18’ 35,6” e 48° 08’
54”) Ponto 04 – Córrego Mutum (10° 19’ 31,4” e 48° 08’ 11,2”) Ponto 05 - Córrego
Teixeira (10° 18’ 18” e 48° 11’ 10”) Ponto 06 - Ribeirão Taquaruçuzinho 10° 17’ 44” e
48° 17’ 18,11”) Ponto 07 - Captação da ETA 006 (10° 17’ 25” e 48° 17’ 45”).
Os trabalhos de campo possibilitaram verificar que os usos inadequados do
solo (plantio de lavouras de subsistência e pastagens) em áreas de preservação
permanente (APP’s) estão contribuindo para a degradação pontual da paisagem,
tendo como principal conseqüência o assoreamento do Ribeirão Taquaruçu Grande
e seus afluentes conforme evidenciado nas figuras de n. 8 a 14.
58
4.2.1 Ponto 01 – Ribeirão Taquaruçu Grande
Localizado nas coordenadas 10o 15’ 22” de Latitude Sul e 48o 14’ 35” de
Longitude Oeste de Greenwich e altitude de 247 metros. A fitofísionomia observada
no local é o cerrado e mata de galeria. No entanto, grande parte da vegetação tenha
sido desmatada na proximidade do ponto de amostragem. As áreas desmatadas
deram lugar a pastagens que estão degradadas. Na época de estiagem não
resistem à seca ficando o solo praticamente exposto. A ação direta que das chuvas
no solo provoca o desprendimento de sedimentos. A figura n. 8 mostra a evolução
da quantidade de sedimentos em cada ciclo e as condições das áreas de
preservação permanente.
Ponto 01 - Evolução de Sedimentos (ton/ano x km²)
11,46
24,35
41,01
05
1015202530354045
1° Ciclo 2° Ciclo 3° Ciclo
Figura n. 8 Demonstrativo da Evolução da quantidade de sedimentos e nos três ciclos e das condições da APPs - ponto 1
59
4.2.2 Ponto – 02 Córregos Macacão
Localizado nas coordenadas 10o 14’ 14” de Latitude Sul e 48o 10’ 36” de
Longitude Oeste de Greenwich e altitude de 368 metros. Esse ponto encontra-se
permeado por uma vegetação parcialmente conservada, com exceção à área
localizada a Oeste do ponto. A fitofisionomia observada é o cerrado, com a presença
de mata de galeria que encontra-se,no geral, em bom estado de conservação.
Foram observadas nas proximidades do ponto áreas destinadas ao cultivo de cana-
de-açúcar e áreas de pastagem, registrando-se a criação de gado bovino. O gráfico
da evolução de sedimentos mostra um crescimento de mais de 50% (cinqüenta por
cento) do segundo ciclo para o terceiro.
Ponto 2 - Evolução de Sedimentos (ton/ano x km²)
20,03
57,18
22,53
0
10
20
30
40
50
60
70
1° Ciclo 2° Ciclo 3° Ciclo
Figura n. 9 Demonstrativo da Evolução da quantidade de sedimentos e das condições da APPs - ponto 2
60
4.2.3 Ponto – 03 Córrego Brejo da Lagoa
Localizado nas coordenadas 10o 18’ 36” de Latitude Sul e 48o 08’ 54” de
Longitude Oeste de Greenwich e altitude de 390 metros, esse ponto encontra-se a
300 metros a montante da ponte sobre o Ribeirão Taquaruçuzinho, na rodovia que
liga o Distrito de Taquaruçú a Buritirana. As fitofísionomias encontradas nas
proximidades são as floresta de galeria e de encosta.
As áreas de preservação permanente estão degradadas, o que contribui para
a acumulação de sedimentos no leito do córrego havendo uma evolução de
aproximadamente 100% (cem por cento) do segundo ciclo para o terceiro.
Ponto 3 - Evolução de Sedimentos (ton/ano x km²)
39,94
20,716,13
05
1015202530354045
1° Ciclo 2° Ciclo 3° Ciclo
Figura n. 10 Demonstrativo da Evolução da quantidade de sedimentos e das condições da APP - ponto 3
61
4.2.4 Ponto – 04 Córrego Mutum
Localizado nas coordenadas 10o 19’ 31” de Latitude Sul e 48o 08’ 11”de
Longitude Oeste de Greenwich e altitude de 408 metros, esse ponto encontra-se nos
limites da fazenda Bom Lugar. A fitofísionomia observada no local é de cerrado,
embora grande parte da propriedade seja destinada ao cultivo agrícola,
demonstrado pela presença de espécies introduzidas. A floresta de galeria encontra-
se preservada, porém o córrego apresenta significativa acumulação de sedimentos.
Verifica se na figura n. que a evolução de sedimentos chegou a mais de 300%
(trezentos por cento) do segundo ciclo para o terceiro.
Ponto 4 - Evolução de Sedimentos (ton/ano x km²)
52,06
13,989,71
0
10
20
30
40
50
60
1° Ciclo 2° Ciclo 3° Ciclo
Figura n. 11 Demonstrativo da evolução de sedimentos nos três ciclos e das condições das APPs – ponto 4.
62
4.2.5 Ponto 5 – Clube da Associação de Cabos e Soldados
Localizado nas coordenadas 10o 17’ 44” de Latitude Sul e 48o 17’ 18”de
Longitude Oeste de Greenwich e altitude de 222 metros, esse ponto encontra-se
dentro do Clube da Associação de Cabos e Soldados. O local é utilizado como área
de lazer, formando alongada área de ‘camping’ na margem direita do manancial.
Na margem esquerda, foram observadas áreas de pastagens. Em alguns
trechos, toda a floresta de galeria foi retirada e há grande assoreamento dos
tributários devido a quebra da estabilidade das margens. A evolução da quantidade
de sedimentos do segundo para o terceiro ciclo foi de mais de 200% (duzentos por
cento), conforme figura n. 12.
Ponto 5 - Evolução de Sedimentos (ton/ano x km²)
70,69
18,0515,78
0
1020
3040
50
6070
80
1° Ciclo 2° Ciclo 3° Ciclo
Figura n. 12 Demostrativo das condições da vegetação ciliar e evolução dos sedimentos – nos três ciclos - ponto 5
63
4.2.6 Ponto – 06 Ribeirão Taquaruçuzinho
Localizado nas coordenadas 10o 18’ 18”, de Latitude Sul e 48o 11’ 10”, de
Longitude Oeste de Greenwich e altitude de 302 metros, esse ponto encontra-se a
montante da cachoeira de Taquaruçuzinho, área catalogada como ponto turístico do
Distrito de Taquaruçú. A Floresta galeria encontra-se preservada, mas, o manancial
apresenta avançado estágio de assoreamento e o fluxo normal de água é impedido
por bancos de areia.
A calha do manancial apresenta distorções significativas, observando-se
maiores profundidades nas extremidades do manancial, enquanto que ao centro
passa uma fina lâmina d’água. Observou-se que a degradação do corpo d’água é
provocado por ações desenvolvidas pequenos chacareiros que produzem hortaliças
entre outras culturas de subsistência. No entanto, a implementação das obras da
rodovia TO – 030 que liga Taquaruçu a Buritirana, é responsável por grande parte
do material depositado a montante da antiga barragem da Pequena Central
Hidroelétrica (PCH) do Ribeirão Taquaruçuzinho que foi desativada.
O Ribeirão Taquaruçuzinho é o principal afluente do Ribeirão Taquaruçu
Grande e apesar do potencial turistico, o uso direto é mais para lazer local
especialmente a comunidade do Distrito de Taquaruçu. A figura n.13 mostra a
evolução de sedimentos em mais de 200% (duzentos por cento) do segundo para o
terceiro ciclo.
64
Ponto 5 - Evolução de Sedimentos (ton/ano x km²)
70,69
18,0515,78
0
1020
3040
50
6070
80
1° Ciclo 2° Ciclo 3° Ciclo
Figura n. 13 Demonstrativo das condições da vegetação ciliar e evolução de sedimentos – ponto 6
4.2.7 Ponto – 07 Estação de Tratamento de água ETA 006
Localizado nas coordenadas 10o 17’ 25” de Latitude Sul e 48o 17’ 45”de
Longitude Oeste de Greenwich e altitude de 213 metros, esse ponto encontra-se
próximo a Estação de Tratamento de Água (ETA) 006 na margem esquerda do
Ribeirão Taquaruçú Grande.
Neste local é realizada a captação de água, para o abastecimento dos bairros
Taquaralto e Aurenys e parte do Plano Diretor da Capital. As margens da represa
encontram-se com pouca vegetação nativa, ocasionando a compactação do solo,
facilitando o escoamento superficial das águas no período chuvoso o que
propiciando o carreamento de sedimentos para o leito da represa. No entanto a
65
represa esta funcionando como uma bacia de decantação de todos dos sedimentos
carreados dos pelos afluentes do Ribeirão Taquaruçu Grande. Em função disso a
retirada dos sedimentos depositados tornou-se necessária. A empresa Companhia
de Saneamento do Estado do Tocantins (SANEATINS) vem fazendo a dragagem
periodicamente. A figura n. 14 demonstra a evolução de sedimentos em mais de
100% (cem por cento) do segundo para o terceiro ciclo.
Ponto 7 - Evolução de Sedimentos (ton/ano x km²)
5 0 , 7 9
19 , 4 12 7 , 2 9
0
2 0
4 0
6 0
1° Ci c l o 2 ° C i c l o 3 ° C i c l o
Figura n. 14 Demonstrativo da situação da vegetação ciliar e evolução dos sedimentos – ponto 7
A vegetação ciliar, além de seu papel de fornecer alimentos para insetos e
polinizadores, refúgio e alimento para a fauna silvestre e fauna aquática protege os
recursos hídricos das substancias tóxicas provenientes das atividades agrícolas e
processos erosivos, controla pragas do solo, auxilia na reciclagem de nutrientes e
seqüestra carbono. Em função disso é uma área legalmente protegido pelo Código
66
Florestal Lei n. 4.771/65. No caso do Ribeirão Taquaruçu Grande, sua margem de
proteção é de 30 metros em função de sua largura média ter menos de 10 metros.
O uso inadequado dessas áreas constitui crime ambiental conforme Art. 38 da
Lei de Crimes Ambientais, o que determina uma penalidade de detenção de três
anos, ou multa, ou ainda, ambas as penas cumulativamente.
Considerando que 73,46% da área da sub-bacia pertence à APA – Serra do
Lajeado que constitui uma unidade de conservação de uso sustentável pode-se
afirmar que este fato esta contribuindo para a proteção da vegetação da vegetação
ciliar, e dos recursos hídricos. A criação de unidades de conservação, apenas de
maneira formal, como determina a legislação, sem o envolvimento da sociedade
local, não deve acontecer visto que não contribui para o uso sustentável dos
recursos naturais.
De acordo com Santos (1997), paisagem é o conjunto de formas que, em um
dado momento, exprime as heranças que representam as sucessivas relações
localizadas entre o homem e a natureza. Assim, podemos compreender, neste caso,
que a paisagem esta registrando momentaneamente, a relação dinâmica do homem
X meio ambiente na sub-bacia do Ribeirão Taquaruçu Grande.
No entanto, essa relação é conflituosa considerando a proteção legal da
paisagem que esta contemplada na Constituição Brasileira promulgada em 1988.
Em seu Art. 186 só reconhece o direito de propriedade se a mesma cumprir sua
função social, entendida como o papel de não poluir ou degradar o meio ambiente.
No caso de propriedade rural a mesma deve ter as áreas de preservação
permanentes conservadas e a reserva legal averbada dentre outras ações de
preservação ambiental. Assim, a proteção dos recursos naturais é elemento
marcante no direito de propriedade.
67
A função social da propriedade rural sustenta a possibilidade de imposição
aos proprietários de recuperar a vegetação em áreas de preservação permanente e
reserva legal, mesmo que ele não tenha sido o responsável pelo desmatamento
(MILARÉ, 2004).
68
4.3 CORRELAÇÃO DOS DADOS DE VAZÃO E PRECIPITAÇÃO
Os dados de vazões médias (l/s) no período de 2001 a 2005 referentes aos
meses de julho, agosto e setembro conforme gráfico n.3 foram correlacionados com
as médias de precipitações referentes ao mesmo período.
Vazão Taquaruçu Grande (L/s)
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
Ano
Va
zão
(L
/s)
julho agosto setembro
julho 3349,83 1982,24 2076,83 1071,09 477,84
agosto 1797,1 1292,06 1228,81 708,6 362,38
setembro 1282,59 1134,11 1090,08 549,8 267,41
2001 2002 2003 2004 2005
Gráfico n. 3 Demonstrativo de Vazão do Ribeirão Taquaruçu Grande Fonte: Dourado, 2002
No gráfico n. 4 observa-se uma correlação, rx,y = 0,998, nas vazões médias e
precipitações médias, havendo significância estatística, o que indica uma variação
correlacionada entre as variáveis X (vazão) e Y (precipitação). Portanto, a serie de
variáveis X (vazão) depende da serie de variáveis Y (precipitação). A medida que
aumenta a precipitação aumenta a vazão. Portanto a correlação é positiva.
69
Correlação - Vazão X Precipitação
y = 1E-05x2 - 0,0163x + 4,402
R2 = 0,998
-1
4
9
14
19
24
29
34
39
0,000 500,000 1000,000 1500,000 2000,000 2500,000
Q (vazão) l/s
Pre
cipi
taçã
o m
m
Série1 Polinômio (Série1)
Gráfico n. 4 Correlação Vazão x Precipitação
4.4 CORRELAÇÃO DE DADOS DE VAZÃO E SEDIMENTOS
Os dados de vazão média (l/s) referente ao período de 2001, 2002, 2003 e
2004 e sedimentos (ton/dia) constantes do gráfico n. 3 foram correlacionados
conforme gráfico n. 5 e observa-se uma correlação, rx,y = 0,9085, nas vazões médias
do ribeirão Taquaruçu Grande e nas descargas dos sólidos suspensos tendo uma
correlação negativa, visto que quanto maior a quantidade de sedimentos menor é a
vazão.
70
Correlação Média Anual
y = 7E-06x2 - 0,0223x + 19,898
R2 = 0,9085
-0,501,001,502,002,503,003,504,00
0,0 500,0 1000,0 1500,0 2000,0 2500,0Q (vazão) l/s
Sed
imen
tos
t/dia
Série1 Polinômio (Série1)
Gráfico n. 5 Correlação entre dados de Vazão e Sedimentos Os sedimentos não são somente um dos maiores poluentes da água, mas
também servem como catalisadores, carreadores e como agentes fixadores para
outros agentes poluidores. O sedimento sozinho degrada a qualidade da água para
consumo humano, para recreação, para o consumo industrial, infra-estruturas
hidroelétricas e vida aquática. Adicionalmente, produtos químicos e lixo são
assimilados sobre e dentro das partículas de sedimento. Trocas iônicas podem
ocorrer entre o soluto e o sedimento. Dessa forma as partículas de sedimento agem
como um potencializador dos problemas causados por pesticidas, agentes químicos
decorrentes do lixo, resíduos tóxicos, nutrientes, bactérias patogênicas e vírus
(CARVALHO et al., 2000).
Os problemas causados pela deposição de sedimentos são vários. No
entanto, o sedimento é vital no que tange à conservação, desenvolvimento e
utilização do solo e dos recursos hídricos. Com a rápida expansão da população,
com a conseqüente demanda por infra-estrutura, alimentos e produtos derivados do
solo e da água, a simples exploração deve ser repensada. O gerenciamento
integrado do sistema solo + água devem ser enfatizados. No caso brasileiro, e mais
71
especificamente do setor elétrico, com mais de 90% da energia elétrica de fonte
hidráulica, é preciso planejar e trabalhar a questão em parceria com os demais
usuários da bacia hidrográfica de contribuição aos reservatórios das centrais
hidroelétricas. (CARVALHO et al, 2000).
72
4.5 CONSTRUÇÃO DOS CENÁRIOS AMBIENTAIS
As duas idéias - forças definidas para o Cenário Tendencial e Normativo
foram:
Expansão agrícola – os diferentes usos do solo e a maneira como estão distribuídos
na paisagem de uma sub-bacia hidrográfica interferem com maior ou menor grau na
capacidade de suporte dos ecossistemas. Recentemente o Governo do Estado do
Tocantins lançou o Programa Biodisel1 o que poderá intensificar o aumento de áreas
agricultadas visto que o tipo solo predominante na sub-bacia é o latossolo tendo
41,7% (quarenta e um vírgula sete por cento) em relação à área total da sub-bacia o
que permite a mecanização e a adição de agrotóxico e fertilizante. A expansão da
cultura de soja já é crescente no entorno desta sub-bacia.
Conservação da biodiversidade – A conservação da diversidade biológica
compreende a proteção ambiental em vários níveis, como os ecossistemas e os
habitats, as espécies e as comunidades, os genomas e os genes. A Convenção
sobre Diversidade Biológica, ratificada pelo Brasil em 1994, determina várias
responsabilidades, entre as quais a identificação e o monitoramento de
ecossistemas e habitats, espécies e comunidades que estejam ameaçadas,
genomas e genes de importância social e econômica.
O Brasil está incluído entre os países dotados da chamada megadiversidade,
grupo de 12 nações que abrigam 70% da biodiversidade total do planeta. À
importância de âmbito global da conservação da biodiversidade no Brasil soma-se a
1 Programa Biodisel: consiste no incentivo ao plantio oleoginosas para o fornecimento de óleo vegetal para ser adicionado ao diesel transformando assim em biocombustivel.
73
sua relevância para a economia do País. Entre as espécies vegetais de maior
importância econômica destacam-se aquelas de uso medicinal, objeto de intenso
extrativismo (na maioria das vezes predatório) e alvo de biopirataria.
A Área de Proteção Ambiental (APA) “Serra do Lajeado” na qual estar
inserida 73,67% da área da sub -bacia do Ribeirão Taquaruçu Grande e constituindo
uma unidade de conservação de uso sustentável. Áreas de proteção integral como
as das áreas de preservação permanentes (APP’s) que constituem as áreas de
vegetação ciliar, sendo 30 m nas margens de todos os córregos e áreas de
encostas, têm valor e papel significativos na conservação da biodiversidade. Em
1998 foi instituída a Lei 9.905 – Lei de Crimes Ambientais o que penaliza pessoas
físicas e jurídicas pela realização de quaisquer atividades pontencialmente poluidora
sem a devida autorização dos órgãos ambientais competentes. Portanto, além da
preocupação com a manutenção da biodiversidade existe um arcabouço legal2 de
proteção da paisagem natural.
Os indicadores selecionados são recomendados e fazem parte da relação de
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável lançados em 2004 pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Foram selecionados os que melhor se
adaptaram a realidade local em função dos objetivos propostos pelo presente
trabalho. São estes:
Desmatamento – deve expressar a quantidade de áreas desmatadas em relação à
área total da sub-bacia medido em hectares no período de um ano. O
desmatamento configura uma ação com alto potencial impactante visto que a
retirada da vegetação deixa o solo exposto e desencadeia uma serie de processos
causadores de impactos ambientais negativos como a erosão que tem com uma das
2 Arcabouço legal: conjunto de normas e leis que regulamenta o uso e protege os recursos naturais.
74
principais conseqüências o assoreamento dos rios e lagos. A cobertura vegetal
desempenha papel fundamental na retenção do escoamento das águas pluviais, a
sua retirada de parte devido ao desenvolvimento urbano desencadeia processos
erosivos, os quais acarretarão maior transporte de sedimentos para os corpos
d’água. Sendo a deposição de sedimentos a maior causa de enchentes, maior custo
no processo de tratamento das águas, assim como danos à vida aquática.
Qualidade de águas interiores – deve expressar a Demanda Bioquímica de Oxigênio
(DBO) tendo como variáveis a temperatura (oC), o pH, o oxigênio dissolvido (%), a
quantidade de coliformes fecais (NMP/100 ml), o nitrogênio/nitrato total (mg/l), o
fósforo/fosfato total (mg/l), o resíduo total (mg/l) e a turbidez. Todos estes
parâmetros devem ser medidos nas águas dos córregos, ribeirão e represas
existentes na sub-bacia sendo que a DBO mede a quantidade de oxigênio
necessária para degradar bioquimicamente a matéria orgânica presente na água e
pelo Índice de Qualidade da Água (IQA) obtido por uma fórmula matemática que usa
como variáveis (parâmetros) a temperatura, o pH, o oxigênio dissolvido, a demanda
bioquímica de oxigênio, a quantidade de coliformes fecais, o nitrogênio, fósforo e
resíduos totais dissolvidos, e a turbidez, todos medidos na água. Sendo que quanto
maior o valor do IQA, melhor a qualidade da água.
A DBO e o IQA são instrumentos fundamentais para o diagnóstico da
qualidade ambiental de águas interiores, sendo importantes também no controle e
gerenciamento dos recursos hídricos. Estão entre os indicadores mais usados
mundialmente na aferição da poluição hídrica, visto que evidenciam o lançamento de
esgotos domésticos na água.. O IQA é um indicador mais genérico, revelador do
processo de eutrofização das águas. Associados as outras informações ambientais e
75
socioeconômicas são bons indicadores de desenvolvimento sustentável (IBGE,
2004).
Uso de fertilizantes e agrotóxicos - é o indicador que deve expressar a intensidade
dos usos de fertilizantes e agrotóxicos na sub-bacia representando a razão entre a
quantidade de fertilizantes e agrotóxicos utilizada anualmente e a área cultivada,
expressa em hectares, devendo ser medido em kg/ha/ano.
Apesar da agricultura moderna utilizar fertilizantes e agrotóxicos justificada
pela necessidade de aumentar a produtividade para atender os níveis de produção
que atendem as demandas de mercado, essa prática esta associada com o
comprometimento da sustentabilidade dos ecossistemas agrícolas a médio e a curto
prazo contribuindo para eutrofização de lagos e rios, acidificação dos solos e
contaminação de aqüíferos e reservatórios de água.
Considerando que o uso preferencial dos recursos hídricos de uma bacia ou
sub-bacia hidrográfica é o abastecimento público conforme a Lei Federal 7.433/97 e
neste caso a sub-bacia do Taquaruçu Grande contribui com 65% do abastecimento
público de Palmas este indicador tem significativa importância no monitoramento da
paisagem visto que o mesmo permite avaliar a evolução da produtividade agrícola e
subsidiar a tomada de decisão quanto aos riscos da qualidade da água do Ribeirão
Taquaruçu e do Lago da UHE-Luiz Eduardo Magalhães.
Queimadas e incêndios florestais3 - são os indicadores que devem expressar a
ocorrência de queimadas e incêndios florestais na sub-bacia no período de um ano
tendo como variáveis utilizadas as ocorrências de focos de calor. A freqüência de
ocorrência de focos de calor deve ser utilizada com indicador do avanço das
3 Queimadas são controladas e devem ser autorizadas pelo órgão ambiental e Incêndios Florestais são considerados quando foge o controle.
76
atividades de expansão agrícolas sobre as áreas com vegetação nativa, desde que
associada a outros indicadores visto que às vezes o uso é para renovação de
pastagens entre outros fins.
Os incêndios florestais correspondem a situações de fogo descontrolado e
consomem grandes áreas com vegetação nativa, pastagens e cultivos. Têm origem
em queimadas descontroladas e no uso não autorizado do fogo para fins
agropastoris e As queimadas são ações autorizadas pelos órgãos ambientais,
implicando controle e manejo do fogo para a renovação e a abertura de pastos e
áreas agrícolas. Elas têm sido a formas mais usadas para a conversão de florestas
na Amazônia e dos cerrados do Brasil Central em áreas agropastoris (IBGE, 2004).
O monitoramento deste indicador é importante visto que no Estado do
Tocantins e no Município de Palmas o uso do fogo é prática tradicional para a
renovação de pastagens e para a liberação de novas áreas para as atividades
agrícolas.
Áreas Protegidas - expressam a dimensão e a distribuição dos espaços territoriais
que estão legalmente protegidos, onde o uso dos recursos naturais é proibido ou
regulamentado por legislações específicas, tendo como variáveis os tipos de
unidade de conservação de proteção integral e de uso sustentável e as áreas de
preservação permanentes - APP’s. O Cerrado foi durante muito tempo encarado
apenas como uma área a ser ocupada pela agropecuária. Desta forma, a maior
ameaça a este bioma vem da expansão da fronteira agrícola. Por isso, esse
indicador é indispensável para o monitoramento da conservação da biodiversidade
sendo composto pela razão, expressa em percentual, entre a superfície abrangida
pelas áreas protegidas e a área total da sub-bacia. Para ambas as superfícies é
utilizada a unidade de medida hectare.
77
Gasto Público com a proteção do Meio Ambiente - Informa sobre a capacidade de
atuação do Poder Público na defesa ambiental, através dos gastos realizados para a
proteção ao meio ambiente, em um período determinado.
As variáveis componentes deste indicador são as despesas públicas
realizadas pelos órgãos públicos encarregados da proteção ao meio ambiente em
nível estadual e municipal em relação ao total dos gastos públicos.
A proteção ao meio ambiente é uma das atribuições do Poder Público para a
qual concorre a União, os Estados e os Municípios. A capacidade de atuação dos
órgãos competentes, nas diversas instâncias de governo, sobre um determinado
território, pode ser aferida por vários indicadores, tanto monetários quanto físicos.
Entre os indicadores monetários, destacam-se os gastos efetivamente realizados
para o exercício de suas responsabilidades, tratados neste indicador.
O estudo das variações destes valores, ao longo de vários períodos
consecutivos, traz subsídios para a avaliação da capacidade de desempenho
governamental e é uma medida da orientação dos gastos públicos em defesa do
meio ambiente. No Estado do Tocantins os municípios que implementam a gestão
ambiental recebem um percentual a mais devido instituição do Imposto sobre
Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) Ecológico.
4.5.1 Analise do Cenário Tendencial
A Matriz do Cenário Tendencial representada no quadro n.4 que considera a
continuidade das ações de alteração da paisagem de forma desordenada, ou seja,
sem a execução de um Plano de Manejo da Bacia. Avaliou - se o comportamento
dos indicadores selecionados e verificou - se que o desmatamento, uso de
78
fertilizantes e agrotóxicos, queimadas e incêndios florestais aumentaram, e os
indicadores qualidade e quantidade das águas, áreas protegidas e gasto público
com a proteção do meio ambiente irão reduzir, o que sinaliza uma fragmentação da
paisagem e alterações na funções de regulação, suporte, produção e informação da
sub-bacia do Ribeirão Taquaruçu Grande e conseqüente a redução da
biodiversidade local.
79
Quadro n. 4 Matriz do Cenário Tendencial – Não Implantação do Plano de Manejo da Paisagem
IDÉIAS – FORÇAS
INDICADORES SITUAÇÃO DO INDICADOR
FONTE DOS INDICADORES
Expansão agrícola
Desmatamentos
Qualidade e quantidade das águas
Uso de fertilizantes e
agrotóxicos
Queimadas e Incêndios Florestais
aumenta
reduz
aumenta
aumenta
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (IBAMA) / Secretarias Estadual e Municipal de Meio Ambiente e Instituto Natureza do Tocantins (NATURATINS) NATURATINS e Secretarias Estadual e Municipal de Meio Ambiente Secretarias Estadual e Municipal de Meio Ambiente e NATURATINS – Instituto Natureza do Tocantins e IBAMA e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) Secretaria Municipal de Meio Ambiente / NATURATINS / IBAMA e INPE
Conservação da Biodiversidade
Áreas Protegidas
Gasto Público com a proteção do meio
ambiente
reduz
reduz
IBAMA /NATURATINS e Sec. Municipal de Meio Ambiente e Turismo Sec. Municipal de Meio Ambiente e NATURATINS
80
4.5.2 Análise do Cenário Normativo
O Cenário Normativo considera a alternativa de Implementação do Plano de
Manejo conforme anexo A que constitui nos seguintes programas:
a) Programa de Manejo dos Recursos Hídricos;
b) Programa de Manejo de Recursos Pedológicos;
c) Programa de Manejo dos Recursos Bióticos e Ocupação do Solo;
d) Programa de Desenvolvimento;
e) Programa de Educação Ambiental e Educação para a Saúde;
Neste Cenário, os indicadores desmatamento, usos de fertilizantes e agrotóxicos,
queimadas e incêndios florestais irão reduzir. Porém os demais, como os gastos
públicos com a proteção ambiental, área protegida e a qualidade e a quantidade das
águas devem aumentar.
Esta sinalização permite inferir que no cenário normativo a paisagem será
recuperada, especialmente as áreas de proteção permanente o que propicia uma
melhor conservação da biodiversidade e conseqüente manutenção das unidades de
paisagens naturais. A participação da comunidade e o crescimento econômico, através
da expansão agrícola, contribuirá para um desenvolvimento conflitante com a legislação
ambiental.
81
Quadro n.5 Matriz Cenário Normativo - Implantação do Plano de Manejo da Paisagem IDÉIAS – FORÇAS
INDICADORES SITUAÇÃO DO INDICADOR
FONTE DOS INDICADORES
Expansão agrícola
Desmatamentos
Qualidade e quantidade das águas
Uso de fertilizantes e agrotóxicos
Queimadas e Incêndios Florestais
reduz
aumenta
reduz
reduz
IBAMA / Secretarias Estadual e Municipal de Meio Ambiente e Instituto Natureza do Tocantins (NATURATINS) Secretarias Estadual e Municipal de Meio Ambiente e NATURATINS Secretaria Municipal de Meio Ambiente e NATURATINS – Instituto Natureza do Tocantins Secretaria Municipal de Meio Ambiente / NATURATINS / IBAMA e INPE
Conservação da Biodiversidade
Áreas Protegidas
Gasto Público com a proteção do meio
ambiente
aumenta
aumenta
IBAMA /NATURATINS e Sec. Municipal de Meio Ambiente
NATURATINS e Sec. Municipal de Meio Ambiente
82
5. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
O Mapa de uso e cobertura da Terra de 2005 da sub-bacia do Ribeirão
Taquaruçu Grande em Palmas -TO, constitui-se o primeiro mapa na escala
1:100.000 da área e poderá subsidiará trabalhos futuros referentes ao estudo da
dinâmica da paisagem na sub-bacia, visto que o mesmo atualiza as informações
sobre o uso e cobertura vegetal da terra.
A partir do mapeamento e estudos realizados é possível afirmar que a matriz
da paisagem na sub-bacia é representada pela paisagem natural, configurando num
sentido geral, uma área em estado preservado, já que não houve mudanças
significativas na paisagem entre os anos de 1998 a 2005. A maior mudança
concentrou-se no crescimento da área urbana que elevou de 3,9% (três virgula nove
por cento) em 1998 para 10% (dez por cento) em 2005, conforme configurado nos
gráficos n. 1 e n.2.
As fontes pontuais de fragmentação da paisagem, neste caso o uso
inadequado das áreas de preservação permanente, demonstrou ser responsáveis
pela redução da vazão na sub-bacia. Os gráficos n. 4 e n. 5 demonstram a
correlação positiva de vazão e precipitação e negativa vazão e sedimentos
respectivamente, permitindo, inferir que o uso inadequado das áreas de
preservação permanente esta contribuindo para o assoreamento do Ribeirão
Taquaruçu Grande e seus afluentes, indicando o risco de comprometimento do
abastecimento público de água no município, além da depreciação da propriedade
rural o que acumula um passivo ambiental, inclusive, os proprietários podem
responder por crime ambiental.
83
Quanto a contribuição de carreamento de sedimentos para o Lago da UHE –
Luiz Eduardo Magalhães, a barragem construída para captação de água para
abastecimento público recebe os sedimentos que estão sendo carreados para
dentro do leito do Ribeirão Taquaruçu e seus afluentes, o que reduz a quantidade de
sedimentos que chegam no Lago da UHE, auxiliando na manutenção da qualidade
da água do Lago, já que este não esta sendo receptor deste material, pois a
Companhia de Saneamento do Estado do Tocantins (SANEATINS) realiza a retirada
do material depositado através do sistema de dragagem.
Estas informações permitem afirmar que a não implantação do Plano de
Manejo contribui para a construção do atual cenário da sub-bacia, bem como o fato
de que 73,67% da área de estudo constitui a Área de Proteção Ambiental (APA) e
não está contribuindo para a preservação das áreas de preservação permanente.
A construção dos cenários tendencial e normativo, mesmo de forma
simplificada, demonstrou ser uma técnica capaz de antecipar informações sobre a
situação ambiental da bacia, contribuindo para a tomada de decisão dos gestores
públicos e da sociedade.
Recomenda-se a criação imediata do Comitê da Sub - Bacia do Ribeirão
Taquaruçu, sendo uma necessidade, para atuação nas tomadas de decisão sobre a
implantação de qualquer empreendimento potencialmente impactante bem como no
monitoramento das ações de mitigação dos impactos ambientais além das suas
responsabilidades já previstas na Lei 9.433 /97.
Trabalhos futuros devem diagnosticar em uma escala detalhada , todos os
pontos de processos erosivos além de selecionar indicadores de desenvolvimento
sustentável adequados à realidade local nas dimensões social, econômica,
84
ambiental e Institucional podendo constituir no índice de sustentabilidade
socioambiental para a sub-bacia do Ribeirão Taquaruçu Grande em Palmas -TO.
Vale lembrar que a sub-bacia esta inserida, na sua totalidade, dentro dos
limites do município de Palmas – TO, e os resultados do estudo poderá servir para a
implantação, por parte do poder público, de um banco de dados georreferenciados.
Assim as atividades potencialmente impactantes desenvolvidas na sub-bacia
terá o monitoramento facilitado, inclusive com a participação da sociedade civil
organizada.
A principal dificuldade encontrada no desenvolvimento da pesquisa foi o fato
da bacia hidrográfica ainda não ter sido adotada como unidade territorial de
planejamento, pelo poder público, ficando somente no âmbito acadêmico, o que
dificulta o levantamento de informações, especialmente, da área socioeconômica.
Os dados ainda são registrados utilizando como área geográfica o município e
os estados. Isto configura o não cumprimento da Lei 9.433 de 1997 que institui a
bacia hidrográfica como unidade oficial de planejamento. Reverter esse quadro é de
fundamental importância para o desenvolvimento de pesquisas, permitindo uma
escala de informações de forma detalhada.
Ressalta - se que os resultados do presente estudo são parte integrante do
Projeto pró-Lago da UHE – Luis Eduardo Magalhães coordenado pela Universidade
Federal do Tocantins com o apoio do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia
(CNPq) em parceria com as universidades federias de Lavras – MG e do Rio de
Janeiro – RJ.
85
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