dilma x aecio

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Especial Eleições 2014 • distribuição gratuita página 12 Divulgação página 11 Investimentos em educação cresceram 223% EBC Criação de universidades e cursos técnicos ampliaram acesso à educação Dilma X Aécio: quem está do nosso lado? Artistas e intelectuais apoiam Dilma Paulo Betti (foto) é um dos artistas que não quer que o Brasil caminhe para trás Todos os indicadores so- ciais apontam que o Brasil avançou nos últimos anos. Saímos da vergonhosa si- tuação de submissão ao Fundo Monetário Interna- cional (FMI). Talvez os mais jovens nem saibam, mas houve um tempo em que um grupinho chamado “mis- são do FMI” fazia ameaças ao governo caso metas im- postas pelo fundo não fos- sem cumpridas. Mas esse tempo passou. O salário mínimo que era 70 dólares em 2002, hoje é mais de 300 dólares. E o pro- grama habitacional do país é um sucesso. Descobrimos que somos donos de uma das maiores reservas de pe- tróleo do mundo. Nosso povo avança para uma consciência contrária a todo tipo de preconceito e não aceita mais passiva- mente a violência contra as mulheres. O povo brasileiro quer garantir tudo o que está bom e avançar. Por isso, saí- mos às ruas para lutar por água, por moradia, por me- lhores condições de traba- lho. Queremos educação e saúde pública, transporte barato e de qualidade. Ne- nhum passo atrás. Avançar, avançar e construir um país cada vez melhor.

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Dilma e Aécio: quem está do nosso lado? Confiram os indicadores sociais e avanços do governo Lula e Dilma.

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Page 1: Dilma x aecio

Especial Eleições 2014 • distribuição gratuita

página 12

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ulga

ção

1 | mundopágina 11

Investimentosem educação cresceram 223%

EBC

Criação de universidades e cursos técnicos ampliaram acesso à educação

Dilma X Aécio:quem está do nosso lado?

Artistas e intelectuais apoiam DilmaPaulo Betti (foto) é um dos artistas que não quer que o Brasil caminhe para trás

Todos os indicadores so-ciais apontam que o Brasilavançou nos últimos anos.Saímos da vergonhosa si-tuação de submissão aoFundo Monetário Interna-cional (FMI). Talvez os maisjovens nem saibam, mas

houve um tempo em queum grupinho chamado “mis-são do FMI” fazia ameaçasao governo caso metas im-postas pelo fundo não fos-sem cumpridas.

Mas esse tempo passou.O salário mínimo que era

70 dólares em 2002, hoje émais de 300 dólares. E o pro-grama habitacional do paísé um sucesso. Descobrimosque somos donos de umadas maiores reservas de pe-tróleo do mundo.

Nosso povo avança para

uma consciência contráriaa todo tipo de preconceitoe não aceita mais passiva-mente a violência contra asmulheres. O povo brasileiroquer garantir tudo o que estábom e avançar. Por isso, saí -mos às ruas para lutar por

água, por moradia, por me-lhores condições de traba-lho. Queremos educação esaúde pública, transportebarato e de qualidade. Ne-nhum passo atrás. Avançar,avançar e construir um paíscada vez melhor.

Page 2: Dilma x aecio

A presidenta da Repú-blica, Dilma Rousseff, se dissefavorável à realização de umaConstituinte para promovera reforma política no país.“Não podemos achar que oCongresso se ‘autorreforma’”,pontuou. A afirmação foi feitadiante de ativistas e represen-tantes de movimentos sociaisque vieram a Brasília, nestasegunda-feira (13).

Ao receber o resultado doplebiscito, que recolheu qua -

se 8 milhões de votos entre1º e 7 de setembro, Dilmadisse sentir a força e o cheirode uma transformação so-cial. “Só a manifestação po-pular pode ser capaz de criarcondições para fazermos areforma política, a mãe detodas as reformas”.

A presidenta comentou areivindicação dos movi-mentos populares, que pre-tendem a instalação de umaAssembleia Constituinte ex - clusiva sobre o tema. “Con-sidero uma boa proposta,porque não serão aquelesque são parlamentares quevão se reformar”. Dilma con-firmou ter sugerido essa pro-posta no auge das manifes-tações do ano passado, mas

não obteve “a correlação deforças para fazer isso”.

A campanha do PlebiscitoConstituinte, que começouhá mais de um ano, culmi-nou com a coleta de votos ao

longo da semana da pátria(1 a 7 de setembro). Foramcontabilizados, ao todo, 7,7milhões de votos, quase apopulação de Portugal. Des -se total, 97% dos votantes

(7,5 milhões) disseram sim àconvocação de uma assem-bleia constituinte para pro-mover a reforma política nopaís. A mobilização envolveucerca de 100 mil pessoas emais de dois mil comitês po-pulares espalhados pelo país.

2 | Especial Eleições 2014

•Pedro Rafael Vilela

de Brasília (DF)

Organizações defendeminstalação de uma constituinte exclusiva

Dilma volta a defender plebiscitooficial para reforma política

Movimentos sociais entregaram resultado de plebiscito popular a Dilma

7,7milhões

é o número debrasileiros quequerem umaconstituinte exclusiva parareforma política

Ichiro Guerra

Page 3: Dilma x aecio

Especial Eleições 2014 | 3

Candidata à reeleição, apresidenta Dilma Rousseff(PT) venceu em 15 estadosbrasileiros, no primeiro turno,incluindo Minas Gerais, re-duto de seu principal adver-sário, Aécio Neves (PSDB).Uma região chama atençãopara a expressiva votação nacandidata petista: o nordeste.Dos nove estados nordesti-nos, Dilma venceu em oito.Na região norte Dilma tam-bém obteve maioria de votos.

No entanto, a força dacandidatura de Dilma nes-sas regiões vem gerando rea-ções preconceituosas pelasredes sociais e em declara-ções de políticos. Em umaentrevista após o primeiroturno, o ex-presidente Fer-nando Henrique Cardosochegou a afirmar que os elei-tores do PT votam no partido

porque são desinformados.Nascida em Fortaleza

(CE), Eleutéria Amora lem-bra que esses comentáriosbuscam inferiorizar a popu-lação do Norte e Nordestedo país. Ela, que coordenano Rio de Janeiro a ONGCasa da Mulher Trabalha-

dora, destaca que a votaçãode Dilma nessas regiões sedeve ao conjunto de políti-cas públicas voltadas paraos mais pobres.

“Antes do governo de Lulae Dilma eram regiões prati-camente abandonadas depolíticas públicas. Na hora

em que uma proposta de go-verno eleva a condição devida e essa população acabavotando de forma massivanessa proposta, eles trazemessa questão de que somospobres e que não temosconsciência porque vamosvotar em Dilma”, rebate.

Pesquisa realizada peloIbope entre os dias 07 e 08de outubro deste ano revelouque Dilma é a candidata dosmais pobres, com 56% de vo-tos nesse eleitorado. Aéciosoma menos da metadedesse número, 25%. O estudomostrou ainda que Rousseffvence entre os jovens, traba-

lhadores e aposentados. Ocandidato tucano vence en-tre os empresários, banquei-ros e os mais ricos.

“O Aécio é um candidatoque representa o atraso des -se país, a política de privati-zação. Basta relembrar osanos de 1990 que eles ven-deram tudo, venderam pra-ticamente esse país inteiro.Não tiveram nenhuma polí-tica voltada para os mais ne-cessitados, para os trabalha-dores e trabalhadoras dessepaís”, analisa Eleutéria.

A pesquisa ouviu 3.010

votantes e está registradano TSE com o número BR-01071/2014. (AV)

Dilma é candidata dosmais pobres

•André Vieira

do Rio de Janeiro (RJ)

População é vítima decomentários preconcei-tuosos por votar massi-vamente em Dilma

Candidato tucano é o preferido dos em-presários e mais ricos

•do Rio de Janeiro (RJ)

Políticas voltadas para os mais pobres explicam votação massiva a Dilma

Vitória de Dilma no nordeste vem gerando reações preconceituosas nas redes sociais

08é o número de estados nordes-tinos em que Dilma venceu noprimeiro turno

56% do eleitorado de menor rendavotou em Dilma no primeiro turno

A força do Norte e Nordeste

“FHC do PSDBchegou a afirmarque os eleitores do PT votam nopartido porque são desinformados___________________

“Nos anos 1990, o PSDB não teve nenhuma política voltadapara os mais necessitados_______________

Roberto Stuker Filho

Roberto Stuker Filho

Page 4: Dilma x aecio

Nessa eleição, um levan-tamento realizado pelo De-partamento Intersindical deEstudos e Estatísticas (Diap)revelou que a bancada deparlamentares que defendemos direitos dos trabalhadorescaiu de 83 para 46 represen-tantes na Câmara dos Depu-tados, podendo chegar a nomáximo 50. Já a bancada dosempresários soma 190 depu-tados eleitos, número quepode atingir cerca de 250 par-lamentares, quase metade daCâmara dos Deputados.

“Essa diferença entre abancada empresarial e abancada trabalhista acon-tece em um momento emque as reivindicações dosempresários estão na mesa”,avalia Antônio AugustoQueiroz, analista do Diap.“Eles terão muito mais con- dições políticas de aprovar a

regulamentação da terceiri-zação com precarização dotrabalho e a flexibilizaçãodas leis trabalhistas para osempregadores. Também ficapraticamente descartada aaprovação da redução dajornada de trabalho, reivin-dicação histórica dos sindi-catos”, explica Queiroz.

DIREITOS EM RISCO Outras duas bancadas que

aumentaram o poder nessaseleições são a evangélica e ade segurança, também conhe-cida como bancada da bala. Oaumento foi em média 20%,

estima o Diap. Temas comodescriminalização do aborto,homofobia e casamento igua-litário para pessoas do mes -mo sexo não devem prospe-rar. “Essas bandeiras terãoad versários ainda mais for-tes no próximo Congresso”,adverte Queiroz, do Diap.

Com a bancada mais con-servadora, questões comoa limitação de terras indí-genas e redução da maio-

ridade penal podem seraprovadas. “A possibilidadede avanços sociais é quasezero e o risco de retrocessoé muito grande”, aponta.

PERFILDe acordo como Diap, a

renovação da Câmara dosDeputados foi de 46%. O nú-mero de partidos represen-tados subiu, de 22 para 28,revelando uma fragmenta-ção ainda maior de poder.Aumentou ligeiramente onúmero de mulheres, queagora são 51, contra 47 daatual legislatura. As trêsmaiores bancadas partidá-rias continuam sendo PT,PMDB e PSDB, mas apenaso PSDB cresceu em númerode parlamentares.

4 | Especial Eleições 2014

Pedro Rafael Vilelade Brasília (DF)

Nova composição na Câmara e no Senado pode dificultarreforma política e avanços sociais

Congresso fica piorpara trabalhadores

Bancada de deputadosdefensores dostrabalhadoresdiminuiu de83 para 46

Número de partidos subiu de 22 para 28: maior fragmentaçãodo poder•

Agência Senado

“Bancada evangélica também aumentou seupoder nestas eleições______________

“Risco de retrocessos émuito grande comnova composição do Congresso______________

“Segundo o Diap, empresá-rios somam 190 deputadoseleitos________________

Bancada mais conservadora poderá aprovar flexibilização de leis trabalhistas

Com congresso conservador, população terá que pressionar por avanços

Agência Senado

Page 5: Dilma x aecio

O aumento do saláriomí nimo nos últimos dezanos ajudou a reduzir po-breza e a distribuir renda nopaís. Desde 2003 o salário

mínimo brasileiro teve umganho real de 72%, de acor -do com o DepartamentoIntersindical de Estatísticae Estudos Socioeconômicos(Dieese). O valor representao mais alto índice alcan-çado na história do Brasil.

A recuperação dos salá-rios começou em 2004, se-gundo o diretor de Adminis-tração e Finanças da CentralÚnica dos Trabalhadores do

Rio de Janeiro (CUT-RJ), JoséAntônio Garcia Lima. “De-pois de algumas mobiliza-ções, conseguimos junto aogoverno Lula, que o saláriomínimo fizesse parte de umapolítica de distribuição derenda. Nosso objetivo foi al-cançado, mas sabemos queessa é uma luta que nuncatermina”, destaca Lima.

Especial Eleições 2014 | 5

Entre 2002 e 2014, o de-semprego caiu de 12% para4,8%. “Isso é praticamentepleno empre go. Esse resul-tado faz par te de uma polí-tica do governo que recupe-rou a Petrobras, a indústriada construção naval, regu-lou o trabalho das empre-gadas domésticas entre ou-tras conquistas”, afir maLima, da CUT.

Em 2002, a Petrobras va-lia US$15 bilhões e atual-mente está avaliada emUS$108 bilhões. Já a indús-tria naval começou o ano de

2002 com 7 mil empregos di-retos e hoje são mais 60 mildiretos e 200 mil indiretos.“Mesmo que as pessoas nãotenham um emprego direta-mente ligado a essas indús-

trias, ain da assim são bene-ficiadas. Quando o de sem-prego cai, temos maior ca-

pacidade de negociação e,portanto, melhores salá-rios”, explica o professor edoutor em economia Theo-tonio dos Santos.

O trabalhador de classemédia também viu sua vida

melhorar. O setor bancário,por exemplo, acumulou20% de ganho real e 42%nos pisos salariais. “São 11anos ininterruptos de au-mento real de salário, devalorização do piso, de

avanços nas cláusulas so-ciais e do debate sobre con-dições de trabalho e da igual-dade de oportunidades”, des-taca a presidenta do Sindi-cato dos Bancários do Rio,Adriana Nalesso. (FR)

Salário mínimo aumentou262% desde 2002

Redução da pobreza e distribuição de rendasão marcas das gestões

Fania Rodriguesdo Rio de Janeiro (RJ)

Regulação do trabalhodoméstico é uma dasconquistas

do Rio de Janeiro (RJ)

Lula e Dilmamudaram paramelhor a vidados brasileiros

Divulgação

72%é o ganho real do salário minimo desde2003

Salario mínimo passou a ser valorizado em 2004

4,8%é a taxa atual de desemprego no país

Trabalhador da indústria naval viu sua vida melhorar. Setor empregou 60 mil

“Quando o desemprego cai há maior capacidade de negociação para melhores salários_______________

Brasil 247

“O valor atual do salário mínimo representa o mais alto índicealcançado na história do país_________________

Page 6: Dilma x aecio

6 | Especial Eleições 2014

Com mais de 400 mil vo-tos de diferença, Aécio Ne-ves perdeu no primeiroturno em Minas Gerais, es-tado que governou por doismandatos, até ir para o Se-nado. Dívidas bilionárias eredução do investimentoem saúde e educação expli-cam a forte rejeição dosconterrâneos a Aécio.

“A população mineirasabe o que enfrenta. Pormais que os grandes meiosde comunicação do estadosempre tenhão tentado es-conder os problemas, esses12 anos de choque de gestãogeraram um grande des-gaste, porque as políticas nãosão para a maioria da popu-lação”, analisa Beatriz Cer-queira, presidenta da CentralÚnica dos Trabalhadores deMinas (CUT/MG).

A campanha do senadorAécio Neves vive falando em“choque de gestão” comoum bom exemplo de políticaeconômica para aumentarinvestimento em áreas es-senciais, como saúde e edu-cação. Porém, não foi o que

aconteceu nos oito anos emque governou o estado. Aocontrário do que diz o can-didato, economistas desta-cam que esse modelo de“choque de gestão” signifi-cou um aumento da dívida.

Atualmente Minas Geraisdeve R$ 79 bilhões. É o se-gundo estado mais endivi-dado do país. Além disso,sindicalistas e especialis-

tas destacam que os gover-nos do PSDB em Minasdeixaram de investir o mí-nimo constitucional emsaúde e educação.

•Joana Tavares

de Belo Horizonte (MG)

Mineiros explicam motivos para derrota de Aécio no estado

“Choque de gestão piorou qualidade da saúde e da educação emMinas Gerais________________

R$ 79bilhõesé o valor da dívida públicade Minas Gerais.

Por que Minas Gerais não votaem Aécio?

EBC

Aécio Neves perdeu no primeiro turno em Minas Gerais

Estado não investe o mínimo previsto na Constituição em saúde

Aécio não valoriza profissionais

Page 7: Dilma x aecio

Especial Eleições 2014 | 7

O alto preço da conta deluz em Minas Gerais mo-tivou dezenas de organi-zações sociais a fazer umplebiscito popular. Mais de600 mil pessoas em todoo estado votaram pela re-dução da cobrança de ICMSna conta de luz, a mais altado país.

Os eletricitários do estadodenunciam que o impostoalto não repercute em me-lhorias na rede e nas condi-ções de trabalho, com gran -de aumento de contrataçãode terceirizados. Por outrolado, os lucros da Cemig são

repassados quase integral-mente aos acionistas. Na vés-pera do primeiro turno, um

montante de R$ 604 milhõesfoi adiantado, de um total deR$ 3,3 bilhões.

ICMS da luz em Minas é o mais caro do país

Menos CPI que na ditadura

População de Minas Gerais sofre com alto custo do preço da energia

Baseado em dados da Se-cretaria da Fazenda, o eco-nomista Fabrício Augusto deOliveira destaca que, no anopassado, Minas Gerais tevedéficit primário de R$ 86 mi-lhões, algo que não aconte-cia desde 1999. De acordocom ele, esse número signi-fica que o governo não estásendo capaz nem de pagarseus gastos básicos.

“Além de não dispor de re-

cursos para pagar um cen-tavo dos encargos da dívida,o governo ainda se vê obri-gado a recorrer a novos em-préstimos para honrar suasdespesas primárias”, afirma.O déficit de R$8,9 bilhões,compromete 20% da receitalíquida do Estado. Diantedesse desequilíbrio, a dívidasó aumenta, tendo saltado deR$ 70,4 bilhões em 2012 paraR$ 79,7 bilhões em 2013.

Dívida aumentou em MGAécio chegou a ser réu

em um processo que de-nunciava o desvio de R$ 3,5bilhões da área da saúde de2003 a 2008. O processo foiarquivado pelo procura-dor-geral de Justiça, que foiindicado por Aécio. O pro-curador alegou que não ca-beria ao Ministério Públicoentrar com esse tipo deação. Já o sindicato que re-presenta os trabalhadoresda educação no estado(SindUTE-MG) organizou

uma campanha em 2013que interpelava: “Cadê osR$ 8 bilhões da educação?”,questionando o não inves-timento dos recursos devi-dos no setor.

Réu em processo

O deputado mineiro Ro-gério Correia denuncia queAécio Neves exercia controleem todas as áreas do Estado:na Justiça, no Tribunal deContas, na imprensa e na pró-pria Assembleia. “A Assem-bleia Legislativa de Minas tevemenos CPIs durante o go-verno tucano do que duranteo regime militar”, exemplifica.

Uma das investigaçõesque não foram aprovadaspelos parlamentares dabase do PSDB foi em rela-ção a um aeroporto no pe-

queno município de Clau-dio, que custou R$13,9 mi-lhões e não tem uso público.O caso ganhou repercussãonacional depois de denún-cia na imprensa, mas aindanão foi investigado. A CPItambém pedia a investiga-ção da cons trução de umapista de pouso em Monte-zuma, que também não éaberta ao público. A famíliamaterna de Aécio tem umafazenda em Claudio e a pa-terna na pequena cidade donorte de Minas, Montezuma.

Além do não investir naeducação, a gestão do PSDBacumula uma extensa lista dedenúncias no setor da educa-ção. “Fizemos uma das maio-res greves do país em 2011,com 112 dias, com a reivindi-cação do piso salarial. O go-verno assinou o acordo de quepagaria o piso e dois meses

depois rompeu o acordo,aprovando outra forma de re-muneração”, denuncia BeatrizCerqueira, que também écoordenadora geral do Sin-dUTE/MG. Além disso, oplano de carreira dos profes-sores foi congelado.

Outro grave problema queatinge os professores no es-

tado é uma lei sancionada porAécio em 2007 que permitiaa contratação de 100 mil pro-fessores sem concurso. A Lei100 foi considerada inconsti-tucional pelo Supremo Tribu-nal Federal em julho desteano e os educadores corremrisco de demissão, sem acessoao FGTS e aposentadoria.

R$ 3,5 bilhões é o valor que Aécio foiacusado de des-viar da saúde

Divulgação

Divulgação

da educação. Salários baixos para professores é prática do governo tucano

MG não paga piso aos professores

“Economista denuncia queMinas Gerais não consegue nem pagar seus gastos básicos________________

Page 8: Dilma x aecio

Indicado ministro da Fa-zenda do candidato AécioNeves (PSDB), o economistaArmínio Fraga defendeu re-centemente a redução dosbancos públicos, causandogrande mal estar entre espe-cialistas no assunto.

Banco do Brasil, CaixaEconômica Federal e BNDES,responsáveis pelo aumentodo crédito e dos investi-mentos públicos e sociaiscomo o Fies, Minha CasaMinha Vida e Pronaf, e con-siderados um dos pilares

para o desenvolvimento doBrasil foram alvo de pro-postas que se assemelhamà privatização.

Fraga, que foi presidentedo Banco Central no segun-do mandato de FHC, afir-mou que “provavelmente vai

chegar ao ponto que ficaráclaro que eles não têm tantasfunções [bancos públicos],

não sei muito bem o que vaisobrar ao final da linha, tal-vez não muito”.

O “apagão” que deixou mi-lhões de brasileiros sem ener-gia elétrica às vésperas daconclusão do segundo man-dato tucano, em 2001, é usa-do como exemplo para ex-plicitar os equívocos do mo-delo neoliberal defendidopor Armínio Fraga.

Em depoimento ao filmerecém-lançado, Privatiza-

ções: A distopia do capital,do documentarista SilvioTendler, o professor da UFRJe ex-presidente da Eletrobrás,Luiz Pinguelli Rosa, apontaque “a condução da privati-zação do setor elétrico bra-sileiro foi absurda”.

Para o pesquisador, a faltade planejamento e investi-mentos no setor foi a princi-pal causa da crise. “Comona geração não foi feito in-vestimento, e também muitopouco na transmissão, nahora que a economia cresceuum pouquinho, que foi oano de 2001, [o sistema] en-trou em colapso”, afirmou.

As privatizações elevaram

as tarifas aos patamares in-ternacionais e, atualmente,os brasileiros pagam umadas “contas de luz” maiscaras do mundo, em con-traste com os elevados ní-veis de lucratividade dasempresas privadas. (GW)

Modelo encareceucusto de energia

O processo de enxu-gamento do Estado nãose restringiu apenas àenergia elétrica. A polí-tica tucana privatizouparte do espaço eletro-magnético (telecomuni-cações), dos rios (hidre-létricas) e do território(mineradoras) brasileirodurante os anos 90.

Segundo o professorde economia da Uni-camp, Marcio Pochmann,esse foi o segundo maiorprocesso de privatizaçãoda década de noventa,atrás apenas da experiên-cia de desconstrução daantiga União Soviética.

Foram transferidosaproximadamente 100 bi-lhões de dólares do Estado

para a iniciativa privada,o equivalente a 15% detodo o PIB do período, se-gundo Pochmann. “Gran-de parte dessa transferên-cia significou um engran-decimento de riqueza dedeterminadas famílias egrupos estrangeiros, sema contrapartida, porquenós tivemos, simultanea-mente a essa privatiza-ção, uma redução demeio milhão de postos detrabalho”, apontou. (GW)

Entrega do patrimônio

Privatização do PSDB significou redução de meio milhão de postos de trabalho no país

Guilherme Weimannde São Paulo (SP)

Ministro tucano afirma que sobrarápouco dos bancospúblicos no governo de Aécio

de São Paulo (SP)

Privatização do setor elétrico elevou as tarifas de energia aos patamaresinternacionais

8 | Especial Eleições 2014

“PSDB privatizou telecomunicações,hidrelétricas e mineradoras__________________

100 bilhõesé o valor que o Brasil perdeu com as privatizações do PSDB

Aécio defende novasprivatizações

Divulgação

Page 9: Dilma x aecio

O discurso do candidatoAécio Neves (PSDB) à Presi-dência da República, que ocoloca como um mártir docombate à corrupção no Bra-sil, não resiste a uma obser-vação mais cuidadosa dosgovernos do PSDB, tanto noplano federal, no períodoFHC, quanto nos estados.

Em maio de 1997, o jornalFolha de São Paulo estampouem sua capa que o deputa-do Ronivon Santiago (AC),do então PFL, partido quedepois mudou seu nomepara Democratas, afirmouter recebido R$ 200 mil para

votar a favor da emenda dareeleição, aprovada em ja-neiro daquele ano.

Ronivon citou outros co-legas que teriam recebidodinheiro para votar na emen-da. O fato acabou abafadopela grande mídia e pela basedo governo no Congresso,que rejeitou a abertura deCPI para investigar o caso. Amudança permitiu a reeleiçãode FHC, no ano seguinte.”.

Bruno Porpettado Rio de Janeiro (RJ)

Governos do PSDB tiveram vários escândalosencobertos pela mídiae bases aliadas

Especial Eleições 2014 | 9

São Paulo é governadapelo PSDB há 20 anos. Asdenúncias de um propino-duto, operado por um car-tel de empresas estrangei-ras para vencer licitaçõesno metrô e trens de SãoPaulo, não foram objeto deCPI na Assembléia Legis-lativa do estado.

O ex-diretor da CPTM – es-tatal que opera os trens emSão Paulo – , João Roberto Za-niboni, foi indiciado pela Po-lícia Federal, mas o caso poucoapareceu nos telejornais.

Em Minas Gerais, gover-nada à época por Aécio Ne-ves, a imprensa local reper-cutiu pouco a indicação deuma prima de CarlinhosCachoeira a um cargo co-missionado no governo mi-neiro. O pedido pela no-meação foi feito pelo entãosenador Demóstenes Tor-res, posteriormente cassadopor suas relações com o

contraventor preso pela PF. Aécio, quando foi flagrado

com a carteira de habilitaçãovencida e se recusou a fazer

o teste do bafômetro em umablitz no Rio, teve reveladaligação com veículos de co-municação do estado. O car-ro que dirigia pertence à rá-dio Arco-Íris (Jovem PanBH), que tem entre os sócioso próprio Aécio e sua irmãAndrea Neves.

O recebimento de verbaspúblicas de propagandapela emissora é investigadopelo Ministério Público doestado de Minas, sob a ale-gação de que tais recursosforam usados para adquiriruma Land Rover, utilizadapessoalmente por Aécio. (BP)

do Rio de Janeiro (RJ)

Escândalos decorrupção vão paradebaixo do tapete em SP e MG

“Deputado afirmou ter recebido R$ 200 mil para votar na emenda da reeleição que beneficiou FHC________________

Corrupção é marcados governos tucanos

Corrupção envolvendo transporte público traz prejuízos para população

R$ 24,4bilhõesé o valor que teria sidopago a funcionários de alto escalãodo governo do PSDB em SP no cartel do metrô

Escândalo do cartel do metrô deSão Paulo foi abafado pelo PSDB

“Denúncia sobrepropinoduto docartel do metrô de SP foi ignoradapela base aliada e não foi objeto de CPI__________________

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Page 10: Dilma x aecio

Até 2035 o Brasil será o 6ºmaior produtor de petróleodo mundo. Análises apon-tam que a Petrobrás terá6,1% de participação do mer-cado global. E ainda temmuito para crescer.

Com o pré-sal,o governoLula criou a lei da partilha,constituindo um fundo so-berano e garantindo que boa

parte dos recursos oriundosda venda do petróleo e seusderivados sejam aplicadosem educação e saúde.

Pelo regime de partilha,todas as áreas do pré-sal são

controladas pela Petrobráscomo operadora única na ex-ploração dos campos, con-tratação de equipamentos,navios e, principalmente, ocontrole da produção.

VOLTA AO PASSADOO candidato Aécio Neves

disse que, se eleito, pre-tende reavaliar o modelo departilha do pré-sal. Se se-guir o modelo adotado nogoverno de FHC recolocariaa Petrobrás na lista de pri-vatizações retomando me-didas que quebraram o mo-nopólio da empresa, entre-garam 35% de suas ações ao

mercado e à Bolsa de NovaIorque, sucatearam a em-presa, fragmentaram e pri-vatizaram parcialmente.

“Voltar ao regime de con-cessões coloca em xeque osrumos do país, da Petrobráse do futuro dos trabalhado-res e de seus filhos. Uma dasgrandes conquistas para opovo, que é o investimentoem saúde e educação, corresérios riscos”, disse José Ma-ria Rangel, coordenador Ge-ral da Federação Única dosPetroleiros (FUP).

10 | Especial Eleições 2014

Denúncias vazadas peloWikileaks a partir de telegra-mas enviados pelo consu-lado americano no Rio de Ja-neiro ao Departamento deEstado dos Estados Unidosrevelam a insatisfação daspetroleiras norte-america-nas com a lei de partilha,com o fato de a Petrobrás ser

a única operadora e ter a ga-rantia de compra de equipa -mentos nacionais. Segundoos telegramas, para umadas diretorias da ExxonMobile, isso prejudicariaos fornecedores america-nos. Já para uma das dire-torias da Chevron, o atualgoverno faz uso “político”do regime de partilha.

Não é por acaso que o go-verno dos EUA espionou aPetrobrás, segundo com-provação feita por docu-mentos vazados pelo ex-analista da Agência deSegurança Nacional país,Edward Snowden, em ju-

nho de 2013. “O interesse de-les está no nosso petróleo,uma das principais desco-bertas energéticas do mun-do”, finalizou José Maria.

Alexania Rossatode São Paulo (SP)

Se os Estados Unidosestão de olho no petróleo brasileiro, ostucanos têm interesseem facilitar o acesso

de São Paulo (SP)

Desde a descoberta do pré-sal, a Petrobrás é o carro-chefe da economia brasileira,responsável por 13% da riqueza nacional

“Lei da partilha definiu que recursos da venda do petróleodevam ser aplica-dos em educação e saúde__________________

2 trilhoes de reaisé o valor queo pré-sal irá gerar para a saúde e educação

Até 2035 o Brasil será o 6º maior produtor de petróleo do mundo

Pelo regime de partilha todas as áreas do pré-sal são controladas pela Petrobrás

Aécio quer entregarnosso petróleo àsmultinacionais

Divulgação

EBC

“Voltar ao regimede concessões coloca em xeque os rumos do país__________________

Estados Unidos estão de olhono petróleo brasileiro

Page 11: Dilma x aecio

De acordo com dadosdo governo federal, os in-vestimentos em Educaçãoaumentaram 223% nos úl-timos 12 anos. Se em 2002,último ano do governo Fer-nando Henrique Cardoso(PSDB), foram investidos

R$18 bilhões, em 2014 essenúmero subiu para R$112bilhões. Durante os gover-nos de Lula e Dilma Rous-seff, do PT, foram criados18 universidades federais e173 campi universitários.

As conquistas no setor po-dem ganhar novo fôlego coma destinação de 75% dosroyalties do petróleo e 50%do Fundo Social do Pré-Salpara a Educação, conformelei aprovada em 2013. "Éuma quantidade bastantesignificativa de recursos eisso pode permitir diversosavanços", destaca DarlanMontenegro, professor de

Ciência Política da Univer-sidade Federal Rural do Riode Janeiro (UFRRJ).

O acadêmico lembra ain-da que "é preciso que essaconquista não se torne umpretexto para que o gover-no não mexa nos seus gas-tos 'tradicionais'". Monte-negro acrescenta que é ne-cessário rever a questão dadívida pública para possi-bilitar avanços em outrasáreas, como transporte, sa-neamento e moradia.

Segundo o Ministério daEducação (MEC), entre 1909e 2002 existiam no Brasil 140campi de Institutos Federaisde Educação (IFs) em 120municípios. Até o final desteano, a expectativa é que sechegue a 562 campi em 512cidades, o que representaráum aumento de 422 novosIFs em 12 anos. Outra açãona área de ensino foi a cria-ção do Programa Nacionalde Acesso ao Ensino Técnicoe Emprego (Pronatec), queatendeu mais de 6 milhõesde pessoas em 3200 cidades.

Evelyne Medeiros, do Ins-tituto Federal do Ceará(IFCE), considera importanteo foco dado ao “desenvolvi-

mento local e regional” atra-vés da interiorização de cur-sos presenciais e gratuitos.A professora destaca os im-pactos nas condições de vidada população, assim comoa necessidade de formar na

perspectiva da soberania na-cional. “Penso que as mu-danças que tivemos nos últi-mos anos no âmbito educa-cional, em geral, oferecerammelhores condições do pontode vista dos trabalhadores,em relação aos governos dadécada de 90”, afirma.

No entanto, Evelyne cha-ma atenção para contradi-ções nesse processo. Alémde apontar problemas emtermos de precarização, lem-bra que o Pronatec é frutode Parcerias Público Privadas(PPPs). (AV)

Ensino técnico e profissionalizante

A política de cotas re-presenta uma conquistados movimentos sociais ehoje é uma realidade paramuitos brasileiros. As pri-meiras iniciativas surgiramem 2002. A consolidaçãode ações nesse sentido, po-rém, se deu em 2012 coma aprovação da Lei 12.711."A abertura do portão dauniversidade reflete muitono que Che Guevara falou:pintar a universidade de

povo”, afirma o paraenseAndrey Nicolas, de 22 anos.

Ele é estudante cotistano curso de Direito da Uni-versidade Federal do Riode Janeiro (UFRJ). Nicolasaponta também desafiosdessa política afirmativana Educação. “O desafio ésaber que muita gente en-trou, mas que muita genteprecisa permanecer. Temque discutir com a juven-tude políticas de perma-nência nas universidades",diz referindo-se aos res-taurantes universitários eà moradia estudantil. (AV)

Cotas na Educação••

Criação deUniversidadesFederais: • Governos do PT

18• Governos do FHC

0 (zero)

PROUNI

1,2 milhõesde bolsas

Recursos Públicos emEducação:• Em 2002

18 bi• Em 2013

112 bi

Pronatec atendeu mais de 6 milhões de pessoas em 3200 cidades

PRONATEC

6 Milhões de pessoas

Conquistas podem aumentar com a destinação de 75% dos royalties

Divulgação

Ciência SemFronteiras

100 milbeneficiados

Especial Eleições 2014 | 11

André Vieirado Rio de Janeiro (RJ)

Nos últimos 12 anos,investimentos no setoraumentaram em 223%

Educação brasileira:conquistas e desafios

Divulgação

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12 | Especial Eleições 2014

EDITORA: Vivian Virissimo REPORTAGEM: Alexania Rossato, André Vieira,

Bruno Porpetta, Fania Rodrigues, Guilherme Weimann, Joana Tavares e

Pedro Rafael Vilela DIAGRAMAÇÃO: Stefano Figalo FOTÓGRAFO: Pablo Ver-

gara REVISÃO: Núbia Pimentel DISTRIBUIÇÃO: Kleybson Andrade

Os brasileiros decidemagora se o caminho em queo país está desde 2003 é po-sitivo e deve ser mantido,melhorado e aprofundado,ou se devemos voltar ao Bra-sil de antes - o do desem-prego, da entrega, da po-breza e da humilhação.

Nós consideramos quenunca o Brasil havia vividoum processo tão profundoe prolongado de mudançae de justiça social, reconhe-cendo e assegurando os di-reitos daqueles que sempreforam abandonados. Con-sideramos que é essencialassegurar as transformaçõesque ocorreram e ocorrem

no país, e que devem serconsolidadas e aprofunda-das. Só assim o Brasil seráde verdade um país inter-nacionalmente soberano,menos injusto, menos de-sigual, mais solidário.

Abandonar esse caminhopara retomar fórmulas eco-nômicas que protegem osprivilegiados de sempre seriaum enorme retrocesso. Obrasileiro já pagou um preçodemasiado para beneficiaros especuladores e os ga-nanciosos. Não se pode ad-mitir voltar atrás e eliminaros programas sociais, tirardo Estado sua responsabili-dade básica e fundamental.

O Brasil precisa, sim, demudanças, como as própriasmanifestações de rua do anopassado revelaram. Precisa,

sem dúvida, reformular assuas políticas de segurançapública e de mobilidade ur-bana. Precisa aprofundaras transformações na edu-cação, na saúde pública ena agricultura, consolidan-do com ousadia as políticasde cultura, meio ambiente,ciência e tecnologia, e com-batendo, sem trégua, todasas discriminações.

O Brasil precisa urgente-mente de uma reforma po-lítica. Mas precisa mudaravançando e não recuando.Necessita fortalecer e nãoenfraquecer o combate àsdesigualdades. O caminhoiniciado por Lula e conti-nuado por Dilma é o da pri-mavera de todos os brasi-leiros. Por isso apoiamosDilma Rousseff.

Artistase intelectuaiscom DILMA Leia o manifesto dosartistas que votarão na presidenta

Alcione Angela Vieira Beth Carvalho Chico Cesar Elza Soares

Paulinho da Viola

Chico Dias

Frei Betto

Leonardo Boff

Marieta Severo

Nelson Sargento

Chico Buarque

Camila Pitanga

Antônio Pitanga

Lecy Brandão

Mano Brown

Paulo Betti Rappin' Hood Osmar Prado Matheus Nachtergaele