dificuldade na leitura: a superaÇÃo desse … · leitura, atividades como o soletrando e...

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Graduando , Feira de Santana, v. 7, n. 10, p. 13-33, 2016 ISSN 2236-3335 DIFICULDADE NA LEITURA: A SUPERAÇÃO DESSE PROBLEMA AINDA NO ENSINO FUNDAMENTAL Maria Rosane Vale Noronha Desidério (Autora) 1 Universidade Estadual de Feira de Santana Licenciatura em Letras Vernáculas vale 123456 [email protected] Joilma Maria de Freitas Trindade (Coautora) Universidade Estadual de Feira de Santana Licenciatura em Letras Vernáculas [email protected] Pâmela Araújo de Souza Cintra (Coautora) Universidade Estadual de Feira de Santana Licenciatura em Letras Vernáculas pamellaraujo 18@ gmail.com Marinalva Lopes Ribeiro (Orientadora) 2 Universidade Estadual de Feira de Santana Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Pedagogia Universitária (NEPPU) [email protected] Resumo : Este artigo tem por objetivo discutir os porquês de os alunos do 5º ano do Ensino Fundamental apresentar grandes dificuldades em dominar as habilidades da leitura em quaisquer que sejam as modalidades. A investigação foi feita a partir de uma pesquisa comparativa, com professores e alunos de duas escolas da rede municipal de Feira de Santana. Diante dos resultados da investigação, logo percebemos que a questão não apresenta um fator singular para solucionar o problema que, de fato, existe: o analfabetismo funcional. Deste modo, é importante ressaltar a importância da ação conjunta de professores, pais e dos próprios alunos, para reafirmar a urgência de criar mecanismos para desenvolver nos alunos as aptidões de um leitor que possa interpretar o que lê de forma crítica e reflexiva, para intervir na sociedade, ajudando nesta questão que tanto nos aflige. Como fundamentação teórica para nossas discussões, lançamos mão de teóricos como Freire (1989), Jolibert (1994) e Curto et all (2000).

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G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 7 , n . 1 0 , p . 1 3 - 3 3 , 2 0 1 6

I S S N 2 2 3 6 - 3 3 3 5

D I F I C U L D A D E N A L E I T U RA : A S U P E RA Ç Ã O D E S S E

P RO B L E M A A I N D A N O E N S I N O F U N D A M E N T A L

M a r i a R o s a n e V a l e N o r o n h a D e s i d é r i o ( A u t o r a ) 1

U n i v e r s i d a d e E s t a d u a l d e F e i r a d e S a n t a n a

L i c e n c i a t u r a e m L e t r a s V e r n á c u l a s

v a l e 1 2 3 4 5 6 r @ g m a i l . c o m

J o i l m a M a r i a d e F r e i t a s T r i n d a d e ( C o a u t o r a )

U n i v e r s i d a d e E s t a d u a l d e F e i r a d e S a n t a n a

L i c e n c i a t u r a e m L e t r a s V e r n á c u l a s

j o i y l m a @ y a h o o . c o m . b r

P â m e l a A r a ú j o d e S o u z a C i n t r a ( C o a u t o r a )

U n i v e r s i d a d e E s t a d u a l d e F e i r a d e S a n t a n a

L i c e n c i a t u r a e m L e t r a s V e r n á c u l a s

p a m e l l a r a u j o 1 8 @ gm a i l . c o m

M a r i n a l v a L o p e s R i b e i r o ( O r i e n t a d o r a ) 2

U n i v e r s i d a d e E s t a d u a l d e F e i r a d e S a n t a n a

N ú c l e o d e E s t u d o s e P e s q u i s a s s o b r e P e d a g o g i a U n i v e r s i t á r i a ( N E P P U )

m a r i n a l v a . b i o d a n z a @ h o t m a i l . c o m

Resumo : Es te a r t i go tem por ob je t i vo d iscut i r os porquês de os

a l unos do 5 º a no do Ens i no F undamen t a l a p r esen t a r g r andes

d i f i cu l dades em dom ina r as hab i l i dades da l e i t u ra em qua i squer

que se jam as moda l i da des . A i nves t i ga ção fo i f e i t a a pa r t i r de

uma pesqu i sa compa ra t i va , com p ro fesso res e a l unos de duas

e s co l a s d a r e d e mun i c i p a l d e F e i r a d e S an t a n a . D i a n t e d o s

r es u l t a dos da i nves t i g a ção , l og o pe r cebemos qu e a q ues t ã o

nã o ap r esen t a um f a t o r s i ngu l a r pa r a s o l uc i ona r o p rob l ema

que , de f a t o , ex i s t e : o ana l fa be t i smo func i ona l . D es t e modo , é

i m p o r t a n t e r e s s a l t a r a i m p o r t â n c i a d a a ç ã o c o n j u n t a d e

p r o f e s s o r e s , p a i s e d o s p r ó p r i o s a l u n o s , p a r a r e a f i r m a r a

u rgênc i a de c r i a r mecan i smos para desenvo lve r nos a l unos as

ap t i dões de um l e i t o r que possa i n t er p re ta r o que l ê de f orma

c r í t i c a e r e f l ex i va , pa ra i n t e rv i r na soc i edade , a j udando nes ta

q u e s t ã o q u e t a n t o n os a f l i g e . Como f u nd amen t a çã o t e ó r i c a

p a r a n o s s a s d i s c u s s õ e s , l a n ç am os mã o d e t e ó r i c o s c om o

F re i re ( 1 989 ) , Jo l i ber t ( 1994 ) e Cur to et a l l ( 2000 ) .

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P a l a v r a s - c h a v e : D i f i c u l d a d e d e l e i t u r a . L e i t u r a n o E n s i n o

Fundamenta l . Ana l fabeto func i ona l .

1 I N T RO D U Ç Ã O

A d i f i cu l dade na l e i t u ra é um tema prob l emá t i co com o

qua l mu i t os professores , pa i s e a l unos têm l i dado , de mane i ra

que cada um tem um o l ha r d i fe ren te sobre suas causas . Nesse

contex to , os prof essores são aque l es que assumem o pape l de

med i adores na aqu i s i ção dessa competênc ia pe l o a l uno .

Dev ido à impor tânc ia desse tema , mu i t os autores se

ocupam em d i scut i r os porquês dessas d i f i cu l dades , po i s

percebem que mu i t os a l unos , mesmo cursando o quar to ou o

qu i n to ano do Ens i no Fundamenta l , não possuem o dom ín i o da

l e i t u ra e , consequentemente , da escr i t a , o que d i f i cu l t a e mu i t o

no sucesso do desenvo lv imento esco l a r desses a l unos nos

anos subsequentes . Por i sso , a l gumas pesqu i sas buscam

i dent i f i ca r o p rob l ema e aponta r poss íve i s ações que possam

aux i l i a r os a l unos a vencerem as d i f i cu l dades e a l en t i dão no

aprend i zado da l e i t u ra .

A pesqu i sa de Range l e Machado (2012 ) , por exemp lo ,

a t ravés da aná l i se dos í nd i ces de pesqu i sas imp l ementados

pe l os governos federa l , es tadua l e mun i c i pa l , a exemp lo do

Índ i ce de Desenvo lv imento da Educação Bás i ca ( IDEB ) nos anos

de 2005 , 2007 e 2009 , com cr i anças nas sér i es i n i c i a i s do

Ens i no Fundamenta l , apontam que as cr i anças possuem

d i f i cu l dades na compreensão , i n terpretação de tex tos e na

comun icação de seus pensamentos , pos i ções e dese jos . Os

í nd i ces do IDEB mos t ram que os a l unos a i nda es tão desen -

vo lvendo suas prá t i cas de l e i t u ra mu i t o vagarosamente , e

propõe que a esco l a , d i an te desse quadro , prec i sa i n terv i r de

mane i ra a poss i b i l i t a r que o a l uno desenvo lva sua hab i l i dade na

l e i t u ra . Pa ra i sso, p ropõem-se um pro je to i n tegrado em que

todo o corpo docente desenvo lva a t i v i dades d iversas vo l tadas

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para a prá t i ca de l e i t u ra e escr i t a , a exemp lo de roda de

l e i t u ra , a t iv i dades como o so l e t rando e confecção de jorna is .

Segundo Sampa io e Borges (20 10 ) , a soc i edade a tua l v i ve

um momento chamado cr i se da l e i t u ra , ou se ja , “a l e i t u ra não

t em ma i s espaço reservado na v i da das pessoas , pr i nc i pa lmen -

t e na das cr i anças e jovens” , porque fa l t a o i ncent i vo tan to da

fam í l i a quanto dos educadores , v í t imas , mu i t as vezes , do

própr i o s i s tema educac i ona l . Des te modo , os autores propõem

que a esco l a , j un tamente com a comun idade e a fam í l i a , unam -

se para formu la r um pro je to capaz de desper ta r o háb i t o da

l e i t u ra desses jovens e cr i anças , ob je t i vando a l e i t u ra por

prazer e não por obr i gação .

Como exemp lo , Canguçu e Korbes (201 1 ) , u t i l i zando como

métodos de pesqu i sa a observação , conversas i n forma is e

ques t i onár i os , conc l u í ram que as h i s tór i as em quadr i nhos

a t raem a a tenção dos a l unos , dev i do ao formato i n forma l da

l e i t u ra , com personagens e es tór i as d iver t i das e de fác i l en ten -

d imento , a l ém do humor . Os tex tos cur tos , de acordo com os

autores , fac i l i t am o entend imento ; e as imagens envo lvendo

personagens e l ugares aguçam a imag i nação que “encantam” o

l e i t o r . Percebem, a i nda , que quando se t raba l ha a l e i t u ra , e

co l oca a cr i ança em conta to com o l i v ro, es ta j á t raz cons i go

uma l e i t u ra do seu mundo . O l i v ro l he dará a opor tun i dade de

adqu i r i r novos conhec imentos , aux i l i ando na sua formação e

dando a rgumentos para mod i f i ca r ou rea f i rmar a l e i t u ra do seu

mundo. Ass im , cada vez ma is terá chances de ag i r sobre seus

própr i os conce i t os e sua soc i edade .

Por sua vez , F ranco e Ber toso (20 10 ) , u t i l i zando como

abordagem metodo l óg i ca a pesqu i sa quant i ta t i va , somente com

ps i copedagogos , qu i nze no to ta l , abordam a impor tânc i a das

i n tervenções ps i copedagóg i cas e como es tes prof i ss i ona i s

ava l i am o seu pape l nas d i f i cu l dades de l e i t u ra . Segundo as

autoras , quando as d i f i cu l dades de l e i t u ra do a l uno são perce -

b i das , o processo de i n tervenção do ps i copedagogo deve ser

t raba l hado a t ravés de d iversos métodos. Com base nos dados

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qual i tat ivo. Para tanto, nosso grupo de pesquisa real i zou coleta de

dados em duas escolas da rede municipa l de Feira de Santana, no

ano de 2015, através de apl icação de quest ionário aberto com cerca

de o ito perguntas para professores do quinto ano do Ensino

Fundamental I (ant iga quarta série primária) Para os alunos, as

perguntas propostas foram objet ivas, de múlt ip la escolha. Foram

entrevistados dois docentes, um de cada escola, e quatro discentes,

sendo dois de cada escola.

Os a l unos ent rev i s tados foram se l ec i onados a l ea tor i amen -

te para que não houvesse o r i sco de man ipu l ação dos dados

e , ass im , pre ju í zo no resu l t ado f i na l da i nves t i gação . Quanto

aos professores , foram ent rev is t ados os docentes que es ta -

vam t raba l hando no momento da v i s i ta à esco l a .

Após a co l e t a dos dados , es tes foram ana l isados , a

pr i nc í p i o , i nd i v i dua lmente , e na sequênc i a f i zemos a aná l i se

compara t iva para i dent i f i ca r seme lhanças e d i f erenças ent re as

duas esco l as se l ec i onadas , v is to que os resu l t ados da aná l i se

dos dados mos t ra ram sens íve i s d i ferenças ent re e l as .

O quest ionár io da pesquisa ap l icado aos professores buscou

aver iguar as estratég ias ut i l i zadas por estes no ambi ente da sa la

de au la para traba lhar a le i tura com seus a lunos , a f im de

ver i f icar se hav ia a lguma relação entre a d i f icu ldade apresentada

por uma parte cons iderável dos estudantes do quinto ano quanto

à aquis ição do domín io da le i tura e as estra tég ias ut i l i zadas em

sa la de au la para traba lhar essa habi l i dade com os d iscentes . Já

o ques t i onár i o endereçado aos a l unos do qu i n to ano das duas

esco l as pesqu i sadas buscou i dent i f i ca r a re l ação des tes com a

l e i t u ra : qua l gênero p refer i am l er , em que amb i en te essa l e i t u ra

era ma i s cons tan te e prazerosa e se a l e i t u ra era um háb i t o

ou não desses a l unos .

4 A N Á L I S E D O S D A D O S L E V A N T A D O S

A aná l i se dos dados co l e t ados nos perm i t i u observar que

de fa to a prá t i ca da l e i t u ra é cons tan te na educação das

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t u rmas do qu i n to ano . Os prof essores u t i l i zam -se de es t ra té-

g i as como l e i t u ra de contos , h i s tór i as de aventuras e fábu l as .

Segundo os dados co l e t ados, há também a prá t i ca de emprés -

t imos de l i v ros para que as cr i anças pra t i quem a l e i t u ra em

out ras s i t uações , que não se jam as espec í f i cas da sa l a de

au l a .

Pa ra me lhor v i sua l i zação dos dados de cada esco l a ,

chamaremos a pr ime i ra de esco l a X e a segunda , de esco l a Y .

A esco l a X é cons i derada uma das me lhores esco l as da rede

púb l i ca do mun i c í p i o . A turma do qu i n to ano pesqu i sada nessa

esco l a possu i cerca de 2 1 a l unos e , segundo os dados obt i dos

pe l a i nves t i gação fe i t a com os prof essores , t odos os a l unos

dom inam a l e i t u ra e , de modo gera l , possuem conhec imentos

grama t i ca is e compreensão do que l eem. A fa i xa etá r i a é de

nove a dez anos de i dade .

A esco l a X , de acordo com a pesqu i sa , t raba l ha a l e i t u ra

em sa l a de au l a a t ravés de uma roda de l e i t u ra denom inada

Momento conto , em que são oferec i dos aos a l unos d iversos

t i pos de tex tos . A esco l a i ncent i va os a l unos a se prepara rem

em casa para as a t iv i dades que serão r ea l izadas na sa l a de

au l a . A b i b l i o t eca da esco l a X empres ta seus l i v ros para que

as cr i anças l evem para casa e ass im possam cr i a r um amb ien -

te de l e i t u ra para a l ém dos l im i t es da sa la de au l a . A esco l a

acompanha o desenvo lv imento de seus a l unos a t ravés de

a t i v i dades de l e i t u ra em sa l a .

A esco l a Y es tá l oca l i zada em um ba i r ro per i f ér i co do

mun i c í p i o . A turma do qu i n to ano dessa esco l a possu i cerca de

25 a l unos , des tes cerca de 10 a l unos não dom inam o cód i go

l i ngu í s t i co e , segundo os dados co l e t ados pe l a pesqu isa , a

m inor i a possu i dom ín i o das es t ru turas da l í ngua e compreensão

tex tua l , ou se ja , a m inor i a possu i conhec imentos grama t i ca i s e

compreende o que l ê . A fa i xa etá r i a da turma é de dez a t reze

anos.

A esco l a Y , segundo os dados co l e t ados , t raba l ha a l e i t u -

ra em todas as d i sc i p l i nas e a t ravés da l e i t u ra de d iversos

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co l e tados , as autoras observaram que a ma ior i a dos ps i cope -

dagogos busca es ta r cada vez ma i s a tua l i zados sobre os

assuntos pert inentes ao seu traba lho. Segundo Bossa ( 1994 , p. 7 ) ,

[ . . . ] c ab e ao p s i c o ped agogo sab er como o su j e i t o q ue

ap r en de t r an s fo rma- se em su as v á r i a s e t ap as d a

v i d a , q u a i s o s r e cu r so s d e conh ec imen to q u e d i sp õe

[ . . . ] . T a l i n f o rmação i nc i d i r á n o s me i o s n ecessá r i o s

p a r a su sc i t a r o p r o g re sso e o su cesso do s a l u n o s

q ue ap r e sen t am s i n t omas do n ão ap r end e r .

Em suma , as autoras conc l uem que o ps i copedagogo tem

uma grande m issão em suas mãos , que é a de a judar os

a l unos com d i f i cu l dades de l e i t u ra . Pa ra i sso , são mu i t os os

recursos de que d i spon i b i l i zam esses prof i ss i ona i s . Cer tamente ,

um ma ior contato com uma d ivers i dade de tex tos , j ogos e

mús i cas fa rá com que es tes a l unos desenvo lvam me lhor suas

capac i dades i n te l ectua i s .

Ta is pesquisas possuem grande va lor para os estudos do

tema o qua l nos propomos a estudar , no entanto observamos que

a questão da lent idão no domín io da le i tura dos a lunos do quinto

ano do Ens ino Fundamenta l a inda não fo i explorada no munic íp io

de Fei ra de Santana . Tão pouco foram exploradas poss íveis ações

pedagógicas que possam auxi l i ar os a lunos destas sér ies a

superarem suas d i f icu ldades no aprendizado do código l ingu ís t ico,

bem como a lcançarem uma le i tura min imamente cr í t ica para que

possam atuar não só na escola , mas no âmbi to socia l e h is tór ico,

compreendendo melhor o mundo que os cerca .

Tendo em v i s t a que a l e i t u ra é impor tan te porque desper -

ta no a l uno o imag i ná r i o , faz ref l e t i r , ques t i ona r , concordar ou

d i scordar , t e r um pos i c i onamento cr í t i co perante o que l ê e

d i an te des tas l acunas, l ançamos a segu i n te ques tão de pesqu i -

sa : De que modo os professores da educação fundamenta l I

t êm t raba l hado a l e i t u ra na sa la de au l a? Por que será que em

uma turma do 5 º ano do Ens i no Fundamenta l I , a ma ior i a dos

a l unos não dom ina a l e i t u ra?

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Compreender essas ques tões é de fundamenta l impor tân -

c i a , po i s entendemos que a aqu i s i ção da l e i t u ra é abso l u tamen -

te v i t a l pa ra o desenvo lv imento do a l uno em sua v i da acadêm i -

ca . É prec i so desper ta r nessas cr i anças o gos to pe l a l e i t u ra

para que possam desenvo lver -se com autonom ia nas sér i es

subsequentes . São mu i t os os casos , no entan to , em que se

observam a l unos que saem do Ens i no Fundamenta l com sér i os

prob l emas de l e i t u ra . Mu i t os , embora j á t enham dom inado o

cód i go l i ngu í s t i co , não compreendem o que l eem, tornando -se ,

ass im , ana l fabetos func i ona i s . Ler e compreender são ta refas

fundamenta is para que uma pessoa cons i ga a tua r de modo

ma is a t i vo no me io soc i a l em que v ive . Ass im , faz -se necessá-

r i o buscar mecan i smos que poss i b i l i t em ao a l uno consegu i r

vencer as própr i as d i f i cu l dades a i nda no i n í c i o do Ens i no

Fundamenta l , pa ra que seu curso acadêm ico não sof ra sér i os

prob l emas e para que tenha , ef e t i vamente , au tonom ia em sua

v i da .

A pesqu i sa rea l i zada em duas esco l as púb l i cas de Fe i ra

de Santana busca responder a esses ques t i onamentos , mas

antes de tomar conhec imento dos resu l t ados obt i dos com a

pesqu i sa , é fundamenta l que se compreenda o que se ja , de

fa to , a l e i t u ra . Como def i n i - l a e qua l a impor tânc i a do a to de l er

na cons t i t u i ção do su je i t o r ef l ex i vo? Será que a l e i t u ra se

resume a apenas o dom ín i o do cód i go l i ngu í s t i co? O t raba l ho

de cons t i t u i ção de bons l e i t o res se esgota nes ta fase supos ta -

mente i n i c i a l ?

2 A L E I T U RA E S U A S D I V E R S A S C O N C E PÇ Õ E S

Pau l o F re i re ( 20 13 , p . 53 ) , em seu l i v ro Pedagog i a da auto -nom ia , dec l a ra : “ [ . . . ] m inha presença no mundo não é a de

quem a e l e se adapta , mas a de quem ne l e se i nsere . ” F re i r e

aqu i expõe a necess i dade que o su je i t o tem de não ser um

ob je to , mas um ser a tuante dent ro da soc i edade em que v ive .

O dom ín i o da l e i t u ra , não só do cód i go l i ngu í s t i co , mas da

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aqu i s i ção da capac i dade de r ef l e t i r pa ra pensar cr i t i camente , é

necessár i o para que o su je i t o tenha a poss i b i l i dade de se

pos i c i onar e a tua r cr i t i camente em seu me io soc i a l . Ao fa l a r da

l e i t u ra do própr i o l i v ro , A impor tânc i a do a to de l er ( 1 989 ) ,

evoca que é prec i so pr ime i ro saber l er o mundo para depo i s

dom ina r a pa l av ra . E d i z :

P r e f i r o -me a q u e a l e i t u r a do mundo p reced e semp r e

a l e i t u r a d a p a l av r a e a l e i t u r a d es t a imp l i c a a co n t i -

n u id ad e d a l e i t u r a d aq ue l e . N a p r o po s t a a q u e me

r e f e r i ac ima , e s t e mov imen t o do mundo à p a l av r a e d a

p a l av r a ao mundo es t á semp r e p r e sen t e . Mov imen t o

em qu e a p a l av r a d i t a f l u i d o mundo mesmo a t r avés

d a l e i t u r a qu e d e l e f az emos . D e a l guma mane i r a ,

p o r ém p od emos i r ma i s l o ng e e d i z er q ue a l e i t u r a d a

p a l av r a n ão é ap en as p r eced i d a p e l a l e i t u r a d o mundo ,

mas p o r uma ce r t a f o rma d e esc r evê - l o o u r eescrev ê

- l o , q u e r d i z e r , d e t r an s fo rmá - l o a t r av és d e n ossa

p r á t i c a con sc i e n t e . ( FR E I R E , 1 98 9 . p . 1 3 ) .

Pau lo F re i re concebe que a pr ime i ra forma de l e i t u ra não

es tá re l ac i onada ao cód i go l i ngu í s t i co , mas s im à v ivênc i a no

mundo. Pa ra e l e , o l e i t o r pr ime i ro prec i sa compreender o

contex to em que es tá i nser i do , ao menos em par te , i s to é ,

saber l er o mundo , e só depo i s dom ina r o cód i go l i ngu í s t i co ,

que surge como um reforçador para amp l i ar a capac i dade do

i nd iv í duo em sua l e i t u ra do mundo . O autor co l oca a i nda que

não só a l e i t u ra do mundo precede a l e i t u ra do cód i go l i ngu í s t i -

co , mas que a capac i dade de escrever e/ou reescrever o

mundo também surge antes da l e i t u ra da pa l av ra . O autor

descreve aqu i a capac i dade do i nd iv í duo de ser um su je i t o

a tuante em sua soc i edade . A l e i t u ra do mundo i nev i t ave lmente

produz su je i t os consc i en tes do seu contex to e o dom ín i o da

pa l av ra for t a l ece e enr i quece a capac i dade do su je i t o em sua

l e i t u ra consc i en te do mundo que o cerca .

A autora Joset te Jo l ibert ( 1994 , p. 15) , no l ivro Formando cr ianças le i toras , t raz uma def in ição do que seja para ela le i tu ra :

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G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 7 , n . 1 0 , p . 1 3 - 3 3 , 2 0 1 6

Ler é l e r escr i tos rea is , que v ão desde um nome de rua

numa p lac a a té um l iv ro , passando po r um car t az , uma

emba l agem , um jo rna l , um pan f le to , e tc . , no momen to em

que se p rec i sa rea lmen te de le s numa de term inada

s i tuação de v ida , “p ara v a le r ” como d izem as cr i anças .

É lendo de verdade , desde o i n íc io , que a lguém se to rna

l e i to r e não ap rendendo p r ime i ro a le r . . .

Segundo a autora , a l e i t u ra não prec i sa passar pr ime i ro

por uma decod i f i cação , mas , ao cont rá r i o , deve ser uma ação

pautada no exerc í c i o do l evantamento de h i pó teses de sent i do

a par t i r de i nd í c i os . A l e i t u ra passa por uma a t r i bu i ção de

sent i do à pa l av ra ou tex to , de modo d i re to , sem i n terméd ios . É

prec i so i ncent i va r uma l e i t u ra que não espera o abso l u to dom í -

n i o do cód i go , mas que observando os i nd í c i os da pa l av ra ,

l evanta h i póteses do que se ja , a t r i bu i ndo - l he um sent i do .

De acordo com Pau l o F re i re ( 1 989 , 20 13 ) , a l e i t u ra de

mundo precede a l e i t u ra da pa l av ra e o dom ín i o do cód i go

l i ngu í s t i co poss i b i l i ta uma amp l i ação da capac idade de l e i t u ra de

mundo. Já Jo l i ber t ( 1 994 ) acred i t a que a aqu i s i ção da l e i t u ra

passa por uma capac i dade de l evanta r h i pó teses do que se

tem à f ren te , ou se ja , é prec i so se l ançar , a r r i sca r a l e i t u ra da

pa l av ra . E , des ta forma , l er o cód i go antes de dom iná - l o de

fa to . A grande ques tão da a tua l i dade , no entan to , é a

d i f i cu l dade que os l e i t o res têm de não só dom ina r o cód i go ,

mas também compreender o que se l ê . Ao def i n i r o que é

l e i t u ra , Cur to et a l l ( 2000 , p . 47 -48 ) i rá tocar nes ta ques tão da

necess i dade de dom ina r o cód i go e compreender a mensagem

que um ag l omerado de f rases t raz . Segundo e l e :

Ler é compreender um texto . Compreender um a to

cogn i t ivo , ou se j a , o re su l t ado de uma a t iv idade ment a l .

Não podemos compreender , se não l emos de fo rma

a t iva : an tec ipando in te rp re tações , reconhecendo

s ign i f i cados , i den t i f i cando dúv idas , e r ros e i ncompre -

ensões no p rocesso de le i t u ra . Consegu i r es ta a t iv i dade

men ta l no a luno que lê é impresc ind íve l . Mas não é

su f ic ien te . Não se t r a ta de inven tar , mas de

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compreender o que est á e scr i to : a justa r -se ao tex to .

Po r tan to , é p rec i so a tender as car ac ter í s t i cas do escr i to

e ao seu con teúdo . A decod i f i cação também é

necessár ia , mas como um ins t rumen to a serv iço d a

compreensão .

Des ta forma , o autor sa l i en ta que l er não é apenas dom i -

nar o cód i go l i ngu í s t i co , mas antes de tudo l er é compreender

a mensagem que um ag l omerado de l e t ras t raz . A l e i t u ra na tu -

ra lmente terá que se apossar do dom ín i o do cód i go escr i t o ,

mas não pode se resum i r a i sso . É prec i so ext rapo la r essa

f ron te i ra , é pr ec i so i n terpreta r a mensagem. Se o l e i t o r não

consegue i r a l ém do dom ín i o do cód i go , ou se ja , j un ta r s í l abas

e formar pa l av ras , não es tá , e fe t i vamente , l endo . Es te parece

ser um prob l ema bas tan te comum ent re os l e i t o res , a d i f i cu l da -

de de compreender o que l ê .

Acerca do dom ín i o do cód i go desacompanhado da capac i -

dade de compreensão e i n terpretação da mensagem, K l e iman

( 2004 , p . 20 ) a f i rma que “out ra prá t i ca mu i t o empobrecedora

es tá baseada numa concepção da a t i v i dade como equ iva l en te à

a t i v i dade de decod i f i cação [ . . . ] ” . Segundo a autora , a l e i t u ra

sendo v i s t a como uma a t iv i dade de decod i f i cação , somente , em

nada cont r i bu i pa ra mod i f i ca r a v i são de mundo do l e i t o r/a l uno .

Ass im , t a l concepção de l e i t u ra é entend i da como uma a t i v i da -

de d i spensáve l , uma vez que e l a é r ea l i zada sem propós i t os e

sem dar ao l e i t o r/a l uno a poss i b i l i dade de penet ra r o tex to , de

es tabe l ecer uma i n teração ent re o l e i t o r , o autor e o própr i o

tex to para a cons t rução de sent i do .

A inda sobre a ques tão da decod i f i cação no p rocesso de

l e i t u ra , Koch e E l i as ( 2006 , p . 10 , gr i fo nosso ) esc l a recem que

“a l e i t u ra de um t ex to ex i ge do l e i t o r bem ma i s que o conhec i -

mento do cód i go l i ngu í s t i co , uma vez que o tex to não é

s imp l es produto da decod i f i cação de um em issor a ser decod i -

f i cado por um receptor pass ivo” , ou se ja , l e r não é só decora r .

A l e i t u ra l eva em conta compreensão não apenas das f rases ,

mas de uma gama de imp l í c i t os que o tex to t raz . En tão , a l e i t u -

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ra passa pe l o conhec imento de mundo que cada l e i t o r ca r rega

cons i go , ou se ja , o contex to soc i ocogn i t i vo . “O contex to é ,

por tan to , um con jun to de supos i ções , baseadas nos saberes

dos i n ter l ocutores , mob i l i zadas para a i n terpretação de um

t ex to” (KOCH E EL IAS , 2006 , p . 64 , gr i fo nosso ) . Dessa forma ,

o l e i t o r prec i sa compreender essa d imensão do exerc í c i o de

l er . Um exerc í c i o que va i a l ém de decod i f i cações , de dom ín i o

do cód i go escr i t o . Ler va i a l ém desse es tág i o i n i c i a l .

Ler não é s imp l esmente fo l hea r um l i v ro , é um método de

apreensão/compreensão de i n formação a rmazenada no cére -

bro e env i ado med i an te determ inados cód i gos , es tabe l ecendo

um d i á l ogo com o autor , com o tex to ou a par t i r do autor -

tex to- l e i t o r , en tendendo suas i n tenções para r esga ta r o sent i -

do do t ex to . Ass im , em v i r t ude das cons tan tes t rans formações

da soc i edade , d i scut i r sobre l e i t u ra nunca ent ra em desuso. No

bo jo da d i scussão de como desenvo lver o gos to pe l a l e i t u ra , é

m i s ter compreender , de fa to , o que é l er , pa ra que e como l er .

No entanto , pa ra d i scut i r es tas ques tões é e l ementa r que se

tenha a concepção dos e l ementos essenc i a is pa ra respa l da r o

d i á l ogo ent re os envo lv i dos no processo : t ex to , au tor , l e i t o r , o

mundo de um e de out ro , sem os qua i s , d i f i c i lmente , o profes -

sor poderá es t imu l a r a prá t i ca da l e i t u ra .

O exerc í c i o da l e i t u ra depende , pr i nc i pa lmente , da i n tera -

ção desses componentes , e que todos es tes es te j am em um

determ inado momento h i s tór i co-soc ia l pa ra que os propós i t os

da l e i t u ra se jam a l cançados . Af i rmam Koch e E l i as ( 2006 , p . 1 9 ,

gr i fo do autor ) : “É c l a ro que não devemos nos esquecer de

que a cons tan te i n teração ent re o conteúdo do tex to e o l e i t o r

é regu l ada também pe l a i n tenção com que l emos o tex to , pe l os

ob je t i vos da l e i t u ra .

3 M E T O D O L O G I A

Com o intu i to de obter respostas para o problema de pesquisa

exposto neste trabalho, foi fe i ta uma invest igação de caráter

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t ex tos , t a i s como : tex tos descr i t ivos , t écn i cos , j o rna is e fábu l as

para , de acordo com a resposta do pro fessor ent rev i s tado ,

“ re f l exão do compor tamento” . A esco l a t ambém d i spon i b i l i za o

emprés t imo dos l i v ros da b i b l i o t eca para seus a l unos , porém

não f i cou c l a ro se somente para uso em sa l a de au l a ou se o

a l uno tem a poss i b i l i dade de l evar o l i v ro para casa . A esco l a

tem como a t i v i dade em sa la a produção de tex tos nos mesmos

forma tos dos tex tos apresentados aos a l unos . Segundo o

ent rev i s tado , “ t odas as d i sc i p l i nas são t raba l hadas a par t i r da

produção e l e i t u ra tex tua l ” .

No ques t i onár i o respond ido pe l os a l unos da esco l a X ,

observou-se que os a l unos possuem de fa to o háb i t o de l e i t u -

ra em casa . Quando perguntados sobre o l oca l em que pre fer i -

am l er , a casa fo i a opção esco l h i da por todos os ent rev i s ta -

dos da esco l a X . As respos tas dos ent rev i s tados d i scentes

quanto ao t i po de l e i t u ra pre fer i da também foram i gua i s . Ambos

aponta ram a l e i t u ra de h i s tór ias em quadr i nhos e de aventuras .

Na ú l t ima ques tão , o a l uno fo i perguntado acerca da quant i da -

de de l i v ros l i dos durante o ano . Dos do i s ent rev i s tados um

esco l heu a pr ime i ra opção de 1 -3 e out ro a segunda , de t rês

ou ma i s .

No ques t i onár i o respond ido pe l os a l unos da esco l a Y ,

observou-se que os a l unos também possuem háb i t o de l e i t u ra ,

mas d i fe ren temente da esco l a X , essa prát i ca de l e i t u ra se

ef et i va mu i t o ma i s no âmb i t o esco l a r do que em casa . Quando

ques t i onado sobre o l ugar pre fer i do para a p rá t i ca de l e i t u ra ,

ambos os ent rev is t ados aponta ram a opção esco l a . Apenas um

de l es marcou a l ém de esco l a o amb ien te da casa . Com re l ação

ao t i po de l e i t u ra pre fer i da , ambos os ent rev is t ados esco l heram

a opção h i s tór i as em quadr i nhos . Apenas um dos ent rev is t ados

apontou , a l ém da opção j á menc ionada , a l e i t u ra de poemas .

Es te ent rev i s tado é o mesmo que esco l heu as duas opções

para l oca i s de prefe rênc i a para l e i t u ra – casa/esco l a . Os do i s

ent rev i s tados da esco l a Y aponta ram que l eem t rês ou ma i s

l i v ros por ano .

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4 . 1 S E M E L H A N Ç A S E D I F E R E N Ç A S E N C O N T RA D A S

A pesqu isa nos perm i t i u cons ta ta r que em ambas as

esco l as os a l unos l eem h i s tór ias em quadr i nhos . Isso pode

aponta r que esse t i po de l e i t u ra é ma i s ef i caz para a t ra i r os

jovens l e i t o res na cons t rução de uma prá t i ca de l e i t u ra , bem

como , na superação das l im i t ações , po i s segundo Santos (2001 ,

p . 47 ) , “a u t i l i zação de quadr i nhos pode ser de grande va l i a

para i n i c i a r o jovem no cam inho que l eva à conso l i dação do

háb i t o e do prazer de l er . ” Em seu a r t i go , Canguçu e Korbes

( 20 1 1 ) a f i rmam a i nda que a l ém de tex tos com l e i t u ras fáce i s de

compreender , as h i s tór i as em quadr i nhos t razem como a t rat i vo

as imagens que aguçam a imag i nação do l e i t o r . Des te modo ,

são ma i s a t rat i vas , de l e i t u ra ráp i da e d iver t ida , sendo capazes

de envo lver o pequeno l e i t o r com ma ior fac i l i dade e rap i dez .

A l e i t u ra de poema fo i apontada por apenas um ent rev i s -

tado e a l e i t u ra de h i s tór i as de aventura , pe l os do i s ent rev i s ta -

dos da esco l a X . Um fa tor , t a l vez desencadeador dessa pred i -

l eção por h i s tór i as de aventuras , cons ta tadas na esco l a X ,

se j a porque essa l e i t u ra é apontada pe l o professor ent rev i s ta -

do como l e i t u ra t raba l hada em sa la de au l a .

Com re l ação ao amb ien te , há d i ferença de prefe rênc i a

ent re as esco l as , po i s os ent rev i s t ados da esco l a X pref erem

l er em casa e os a l unos da esco l a Y , na esco l a . Poss ive lmente ,

os d i scentes da esco l a X são es t imu l ados a l er em em casa .

Esse es t ímu l o pode par t i r apenas do t raba l ho de i ncent i vo em

sa l a de au l a ou também pe l o i ncent i vo da fam í l i a , porém os

dados co l e t ados não nos perm i t em ver i f i ca r a ra t i f i cação da

segunda poss i b i l i dade , mas sabe -se que a esco l a faz um

t raba l ho de i ncent i vo à l e i t u ra em casa a t ravés do emprés t imo

de l i v ros e es t ímu l os para que a cr i ança se prepare para a

au l a segu i n te . Os d i scentes da esco l a Y prefer em, em sua

ma ior ia , segundo o que se ver i f i cou com a pesqu i sa , l erem na

esco l a . Isso aponta que ta i s a l unos não possuem uma prá t i ca

de l e i t u ra fora do amb ien te esco l a r . O que se cons t i t u i em um

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prob l ema a ser superado pe l a esco l a em con jun to com os pa i s

e os a l unos , po i s a esco l a não consegue dar conta soz i nha . É

prec i so uma parcer i a en t re esco l a e fam í l i a pa ra que os a l unos

cons i gam cr i a r um háb i t o de l e i t u ra só l i do . Segundo Luck (20 13 ,

p . 98 ) , “ [ . . . ] o processo educac i ona l se assenta sobre o re l ac i o -

namento de pessoas , or i en tado por uma concepção de ação

con jun ta e i n tera t i va ” . Desse modo, é fundamenta l que , a l ém do

i ncent i vo da esco l a , a cr i ança encont re as poss ib i l i dades e o

i ncent i vo no se i o fam i l i a r pa ra que não só supere as d i f i cu l da -

des de l e i t u ra e compreensão dos t ex tos , quando ver i f i cadas ,

mas que adqu i ra um háb i t o de l e i t u ra só l i do .

Com re l ação à pergunta acerca do número de l i v ros l i dos ,

os resu l t ados são pos i t ivos , po i s a ma ior i a dos a l unos aponta

que l ê t r ês ou ma i s l i v ros por ano . Isso demons t ra que , embo -

ra ha ja um a l t o í nd i ce de d i f i cu l dades na l e i t u ra ent re os a l unos

do qu i n to ano , como é o caso da turma da esco l a Y , a qua l

quase a metade da turma não sabe l er , há prá t i cas de l e i t u ra e

i ncent i vo por par te da esco l a . O prob l ema é saber s e esses

i ncent i vos es tão abrangendo aque l es a l unos que não consegu i -

ram dom ina r o cód i go l i ngu í s t i co a i nda , po i s é fundamenta l

i ncent i va r as cr i anças a permanecerem l endo , mas e aque l as

que não consegu i ram a i nda supera r as d i f i cu l dades na l e i t u ra?

Como i ncent i vá - las a permanecer ten tando? A não des i s t i rem?

5 C O N C L U S Ã O

De cer to modo , é essa a grande ques tão de nossa

pesqu i sa : ao pergunta rmos “De que modo os professores de

Ens i no Fundamenta l I t êm t raba l hado a l e i t u ra na sa la de au l a?

Por que será que em uma turma do 5 º ano do Ens i no

Fundamenta l I a ma ior i a dos a l unos não dom ina a l e i t u ra?”

Gos ta r í amos de , no a l t o de nossas preocupações po l í t i co -

soc i a i s , buscar respos tas para compreender as causas do

prob l ema e o que se pode fazer para que esses a l unos não

des i s tam de aprender . É prec i so i ncent i vá - l os a permanecerem

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t en tando vencer o prob l ema . Ac ima de tudo , é prec i so

encont ra r cam inhos para que esses a l unos superem suas

d i f i cu l dades , se j a no dom ín i o do cód i go l i ngu í s t i co , se j a na

compreensão do que l eem. As esco l as têm sent i do grandes

d i f i cu l dades ao cons ta ta r que seus a l unos sa í ram do Ens i no

Fundamenta l , e depo i s do Ens i no Méd io , e não consegu i ram

aprender a l er de mane i ra sa t i s fató r i a , permanecendo em

l e i t u ras rasas , i ncapazes de produz i r op i n i ões cr í t i cas a par t i r

de suas l e i t u ras .

Em nossa pesqu i sa de campo , ao e l abora rmos o ques t i o -

nár i o da ent rev i s ta , buscávamos jus tamente perceber de que

mane i ra a l e i t u ra era pra t i cada em sa la de au l a . Aos professo -

res d i spon i b i l i zamos as perguntas aba i xo :

0 1 . Quan to s a l u no s h á n a t u rma?

02 . Qua l a méd i a d e i d ade do s a l un o s?

03 . De qu e mane i r a a l e i t u r a é t r ab a l h ad a em sa l a d e au l a?

04 . Qua i s t é cn i c as e/ ou f e r r amen t as são u t i l i z ad as p a r a p r o po r -

c i o n a r às c r i an ças o h áb i t o d a l e i t u r a?

05 . Que g ên e ro s t e x t u a i s v o cê t em u t i l i z ado em su a s a l a d e

au l a?

06 . Quan to s a l u no s d a t u rma dom i n am a l e i t u r a?

07 . Os a l u no s d emons t r am d om í n i o d as es t r u t u r as d a l í n gu a e a

comp r een são do s t e x t o s l i d o s?

08 . O que vo cê t em f e i t o p a r a o s a l u no s san a r em as d i f i c u l d a -

d es n a l e i t u r a?

Ao fazermos ta i s perguntas aos docentes , t í nhamos do i s

ob je t i vos pr i nc i pa i s : conhecer o pe r f i l da turma e a mane i ra

como a l e i t u ra é t raba l hada em sa l a de au l a . Pa ra tan to , qua t ro

perguntas e suas respect i vas respos tas foram fundamenta i s

para a i nves t i gação. As perguntas 03 , 04 e 08 ob j e t i va ram

e l uc i da r os métodos u t i l i zados pe l o p rofessor em sa l a de au l a

para t raba lha r a l e i t u ra a f im de cr i a r um amb ien te mot i vador

ao desenvo lv imento dos a l unos enquanto su je i t os l e i t o res .

Nas r espos tas da esco l a X o prof essor respondeu que

“ t odos os a l unos dom inam a es t ru tura da l í ngua e compreen -

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dem o que l eem” . Af i rma que “há o Momento conto nas au l as ” ,

“ [ . . . ] os a l unos são i ncent i vados a se prepararem em casa para

o momento de l e i t u ra do d i a segu i n te” e “ [ . . . ] os a l unos podem

pegar l i v ros empres tados na b i b l i o t eca e l evar para casa ” .

Nas respos tas , o pro fessor da esco l a Y a f i rma que “ todas

as d i sc i p l i nas são t raba l hadas a par t i r da produção e l e i t u ra

t ex tua l ” , o f erecendo aos a l unos uma d ivers i dade de gêneros

t ex tua i s em sa l a de au l a e acesso à b i b l i o t eca . Porém, segundo

o professor , “a ma ior ia a i nda não dom ina o cód i go l i ngu í s t i co” .

Aos a l unos d i spon i b i l i zamos o segu i n te ques t i onár i o com

perguntas de mú l t i p l a esco l ha :

0 1 . Que t i po de l e i t u ra gos ta de fazer na escol a e em

casa?

a ) h i s tór ia em quadr i nhos ( )

b ) h i s tór i as de aventura ( )

c ) contos de fadas ( )

d ) f i cção ( )

e ) poemas

f ) ou t ras ( )

02 . Em que amb ien te você ma i s gos ta de l er?

a ) casa ( )

b ) esco l a ( )

03 . Quantos l iv ros você l er por ano?

a ) 1 - 3 ( )

b ) 3 ou ma is ( )

Dese jávamos , com esse ques t i onár i o , compreender a re l a -

ção que os a l unos do qu i n to ano possuem com a l e i t u ra em

sa l a de au l a e s e essa re l ação ext rapo l a o amb ien te esco l a r ,

i nd i cando um háb i t o de l e i t u ra prazeroso e conso l i dado ou se

es tava res t r i t o ao amb ien te da sa la de au l a .

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G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 7 , n . 1 0 , p . 1 3 - 3 3 , 2 0 1 6

Em suas respos tas , os a l unos da esco l a X , na ques tão

0 1 , marcaram as opções a ) e b ) ; na ques tão 02 , a opção a ) ; na

ques tão 03 , um dos ent rev is tados esco l heu a opção a ) e o

out ro a opção b ) . Já na esco l a Y , o p r ime i ro ent rev i s tado

marcou na ques tão 0 1 a opção a ) e o segundo as opções a ) e

e ) ; na ques tão 02 , um dos ent rev is tados marcou a opção b ) e

o out ro esco l heu ambas as opções ; na ques tão 03 , ambos os

ent rev i s tados esco l heram a opção b ) .

A aná l i se das ent rev i s tas demonst rou que ex i s te prá t i ca

de l e i t u ra na sa l a de au l a e que os a l unos ent ram em conta to

com d iversos t i pos de tex tos , mas de i xa rasas as respos tas

acerca das med idas tomadas para aux i l i a r o a l uno a supera r a

fa l t a de hab i l i dade para exerc i t a r a l e i t u ra . Os professores

c i t am a ap l i cação de a t i v i dades . A esco l a X chega a menc ionar

que essas a t i v i dades cor r i gem l e i t u ras er radas e pa l av ras

i ncor retas , mas i sso a i nda é vago . Como i ncent i va r esses

a l unos com d i f i cu l dades a vencê - l as? O que fazer com os 10

a l unos em uma turma com 25 que não conseguem l e r? Perma -

necerão a t rasados em re l ação aos out ros 1 5? Des i s t i rão e

abandonarão a esco la?

He l o í sa Luck , em seu l i v ro Ges tão educac i ona l : uma ques tão parad i gmá t i ca ( 2013 ) , a f i rma que é prec i so uma ação

con jun ta ent re todos os segu imentos que compõem a esco l a .

Todos prec i sam a tua r em con jun to para que a esco l a supere

suas l im i tações em re l ação aos r esu l tados nega t ivos que se

tem v i s to no Bras i l . Quando cada um f i ca preso a sua função

par t i cu l a r e não busca i n tegra r -se no todo , os resu l t ados

então não serão par t i l hados pe l o todo . E o que se vê é um

i n term ináve l j ogo de petecas em que cada um joga a cu l pa

para out ro , mas não se busca efet i vas so l uções para o

enf ren tamento dos prob l emas . A autora a f i rma que “uma das

t endênc i as desse enfoque é jogar a responsab i l i dade sobre os

out ros , i s to é , adota r uma a t i t ude de t rans ferênc i a de respon -

sab i l i dade” . (LUCK , 20 13 . p . 7 1 ) .

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G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 7 , n . 1 0 , p . 1 3 - 3 3 , 2 0 1 6

Mas é um fa to que a ques tão da d i f i cu l dade de l e i t u ra

abre espaço a i nda para mu i t as perguntas e ques t i onamentos

que se não respond idas sa t i s fa tor iamente nes te momento ,

podem ser em out ro . Nossa pesqu i sa susc i tou ma i s perguntas

do que respostas , e i sso é , t ambém, ex t remamente importan te .

É prec i so que as perguntas ex i s t am, po i s só ass im teremos

ações em pro l de buscar respondê - l as .

Não consegu imos encont ra r , nos dados co l e tados, c l a reza

quanto às ações tomadas por cada esco l a para enf ren ta r o

prob l ema da d i f i cu l dade de l e i t u ra , po i s t raba l ha r os tex tos é

fundamenta l . Mas a ques tão é : como t raba l ha r esses tex tos

com os a l unos que a i nda não sabem l er? O que fazer para

que esses a l unos não se desmot ivem? Também não f i cou c l a ro

o mot i vo porque esses a l unos no qu i n to ano do Ens i no Funda -

menta l a i nda não aprenderam a l er . Suponhamos que se jam

es tudantes func i ona i s que permaneceram na esco l a , mas

exc l u í dos do processo de aprend i zagem, poss ive lmente , porque

a i nda não houve um enf ren tamento efet ivo do prob l ema .

Ao compara rmos os r esu l tados da esco l a X com os da

esco l a Y , encont ramos d i ferenças gr i t an tes quanto às rea l i da -

des de sa l a de au l a . A pr ime i ra não possu i a l unos com d i f i cu l -

dades na l e i t u ra ; a segunda , por out ro l ado , possu i um número

mu i t o e l evado de a l unos que não dom inam o cód i go l i ngu í s t i co

a i nda . Como exp l i ca r i sso? Sabe -se que as esco l as possuem

rea l i dades soc i oeconôm icas d i feren tes . A p r ime i ra possu i

v í ncu l o com a un ivers i dade es tadua l da c i dade , os a l unos

ent ram na esco l a por sor te i o . Mu i t os desses a l unos possuem

uma rea l i dade soc i oeconôm ica es táve l , enquanto a segunda

a tende a um ba i r ro hum i l de . A popu l ação possu i uma rea l i dade

de prob l emas soc i a is severos . No entan to , esses dados não

são suf i c i en tes para de l i nea r as d i fe renças encont radas no

desenvo lv imento educac i ona l dos a l unos de cada esco l a .

Des te modo , a pesqu isa não consegu iu encont ra r as

respos tas que buscava , mas l ançou perguntas que abrem

cam inho a novas pesqu i sas no i n tu i t o de r espondê - l as . Em

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razão desse resu l t ado , en tendemos que es ta pesqu i sa se

most ra va l i osa às d i scussões c i en t í f i cas , v i s to que fomenta rá

ma ior i n teresse e pr eocupação em buscar respostas para esse

prob l ema que angus t i a pa i s , ges tores , p rofessores e func i oná -

r i os preocupados com o ens i no das esco l as púb l i cas de Fe i ra

de Santana .

Abs t ract : Th i s a r t i c l e a ims to d i scuss the reasons of s tudents

of 5th year — e l ementa ry schoo l — to show grea t d i f f i cu l t i es i n

mas ter i ng read i ng sk i l l s i n wha tever forms . The i nves t i ga t i on

was made f rom a qua l i t a t ive research w i th teachers and

s tudents f rom two mun i c i pa l Fe i ra de Santana schoo ls . G iven

the resu l t s of the i nves t i ga t i on , we soon rea l i zed tha t the

ques t i on does not present a s i ng l e factor to so lve the prob l em ,

i n fact , i t ex i s ts a ­ funct i ona l i l l i t e racy . Thus , i t i s wor th

ment i on i ng the impor tance of j o i n t act i on by teachers , pa rents

and the s tudents themse lves , to rea f f i rm the urgency of

es tab l ish i ng mechan isms to deve l op i n s tudents the sk i l l s o f a

p l ayer who can i n terpret wha t you read cr i t i ca l l y and

ref l ec t i ve l y , t o i n tervene i n soc i e ty , he l p i ng in th i s ma t ter tha t

so a f f l i c t s us . As a theoret i ca l bas is for our d i scuss i ons we

l ay ho l d of theoret i ca l as ( FRE IRE , 1989 ) , ( JOL IBERT , 1994 )

(CURTO et a l l , 2000 ) .

Keywords : Read i ng d i f f i cu l t y . Read i ng i n E l ementa ry Educa t i on.

Funct i ona l I l l i t e ra te .

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dez . 20 16 .

NOTAS

1 G r ad u a nd a em L e t r a s Ve r n ác u l a s , 6 º s em e s t r e , B o l s i s t a d e I n i c i a ç ã o

C i e n t í f i c a -CNPq . G r adu and a em Le t r as Ve r n ácu l as , 6 º semes t r e , Bo l s i s t a

d e I n i c i a ç ã o C i e n t í f i c a - F a p e sb . G r a d u a nd a em Le t r a s Ve r n á cu l a s , 6 º

semes t r e , Bo l s i s t a PV IC .

2 P ó s -dou t o r a em Edu cação p e l a Un i v e r s i d ad e d o Va l e d o R i o d o s S i n o s

( 2 0 0 8 ) , p r o f e s s o r a P l e n a n a U n i v e r s i d a d e E s t a d u a l d e F e i r a d e

S a n t a n a ( U E F S ) , C o o r d e n a d o r a d o N ú c l e o d e E s t u d o s e P e s q u i s a s

so b re P ed agog i a Un i v e r s i t á r i a ( N EPPU ) .

Env iado em: 1 3/03/20 16 .

Aprovado em: 28/08/20 16 .