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Page 1: Diferentes fontes e doses de fósforo na produtividade do ... · fertilizantes na extração de fósforo do solo, encontrando diferença somente no peso do hectolitro, onde o tratamento

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Diferentes fontes e doses de fósforo na produtividade do trigo (Triticum aestivum) e extração do P no solo.

Júnior Verardi(1); Nicael Tedesco dos Santos(2) ; Alissom Alves(2); Eliakin

Frederico Rafain(2); David Peres da Rosa(3).

(1) Acadêmico do curso Bacharel em Agronomia, bolsista BICTES/IFRS, Núcleo de Estudos em Solos e

Máquinas Agrícolas, Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) – Campus

Sertão, Sertão – RS, e-mail: [email protected]. (2) Acadêmico do curso Bacharel em Agronomia, IFRS

– Campus Sertão. (3) Professor do IFRS – Campus Sertão, Sertão – RS, Núcleo de Estudos em Solos e

Máquinas Agrícolas, e-mail: [email protected].

RESUMO: O fósforo (P) é um macronutriente essencial para a produção vegetal, porém é um dos elementos que mais interagem com a fração mineral do solo, o que resulta na sua indisponibilidade às culturas. O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência de diferentes fontes e doses de fósforo (MAP, NPK e Rizostar®) na cultura do trigo. O experimento foi realizado em sistema de plantio direto, com delineamento de blocos casualizados, onde os blocos foram distribuídos de acordo com a faixa de pH do solo da área. Os tratamentos foram, Dose 1: 20 kg ha-1 de Rizostar, 100 kg ha-1 de MAP, 186 kg ha-1 de NPK; Dose 2: 30 kg ha-1 de Rizostar, 150 kg ha-1 de MAP, 279 kg ha-1 de NPK; Dose 3: 40 kg ha-1 de Rizostar, 200 kg ha-1 de MAP, 371 kg ha-1 de NPK, logo após a semeadura foram realizados ajustes de doses em cobertura, utilizando cloreto de potássio e ureia. Para qualificação dos tratamentos, foram mensurados a extração de fósforo, produtividade e o peso hectolítrico do trigo. Nos parâmetros avaliados, não ocorreu diferença significativas entre os tratamentos em produtividade, que ficou em torno de 5000 kg ha-1. Combinado a isso também não houve efeito dos fertilizantes na extração de fósforo do solo, encontrando diferença somente no peso do hectolitro, onde o tratamento 3 do Rizostar® ficou abaixo de 7.8. O fertilizante Rizostar® mostrou resultados equivalentes em produtividade, PH e extração de fósforo em comparação com os fertilizantes MAP e NPK utilizados, sendo aplicado em baixas dosagens.

Termos de indexação: Rizostar®, Adubação fosfatada, Rendimento.

INTRODUÇÃO

A população mundial necessita de uma produção de alimento que suporte e acompanhe o seu desenvolvimento, consequentemente sua demanda. Nesse contexto a agricultura brasileira precisa evoluir juntamente com esse crescimento, a produtividade, eficiência, lucratividade e sustentabilidade dos processos produtivos, são aspectos que balizam esse desenvolvimento, assim, a fertilidade do solo e o uso racional de fertilizantes é um dos principais fatores que proporcionam a alta produtividade das culturas. O trigo é o segundo cereal mais produzido no mundo, com significativo peso na economia agrícola global. No Brasil, o trigo é cultivado nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste (MAPA, 2016), sendo que tem vasta importância tanto na alimentação humana quanto animal. A produtividade desta cultura depende, dentre vários fatores, do adequado suprimento de nutrientes, sendo o fornecimento de P via adubação, prática essencial nos solos brasileiros.

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A deficiência de P nos solos é grande, graças ao pH ácido e à presença de grandes proporções de argila, o que aumenta muito a adsorção de fosfatos e a formação de precipitados com Fe e Al, reduzindo, consequentemente, a disponibilidade de P para as plantas (Sanchez & Salinas et al.,1981). Esse elemento tem função de armazenamento e transferência de energia, responsável pelo processo fotossintético, reprodutivo e de sustentação dos vegetais (Grant et al., 2001). O fósforo é um dos elementos essenciais menos absorvido pelas plantas, em compensação é o elemento mais utilizado no Brasil para a adubação de manutenção e correção de grandes culturas. A maioria das rochas fosfáticas do brasil, quando aplicadas ao solo, possuem baixa eficiência agronômica devido a origem ígnea das mesmas, assim tendo a necessidade de tratamento para aumentar a solubilidade e consequentemente a eficiência (Goedert & Lobato et al., 1980). A baixa eficiência das adubações fosfatadas evidencia a necessidade de novos métodos de adubação no que se refere a fontes, épocas de aplicação e localização do adubo (Lana et al., 2004). Nesse contexto, surge alguns produtos novos no mercado, dentre eles há o fertilizante Rizostar®, um produto que segundo Arysta Life Science (2014) se destaca com maior formação de raízes, por não ser salino, quando comparado com outras fontes de fósforo como Super Fosfato Triplo (SFT) e Fosfato Monoamônico (MAP), e tem a vantagem de ser aplicado em baixa dosagem, doses variando de 20-60kg ha-1, menor em volume aplicado, mantendo a eficiência, contudo, há carência de informações deste produto no Brasil. Nesse sentido o presente trabalho buscou avaliar diferentes fontes de fósforo presente no mercado com a nova fonte de fósforo disponível no mercado Rizostar®.

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi instalado no ano agrícola 2016 na área experimental do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul – Campus Sertão, em solo classificado como Nitossolo Vermelho (Streck et al., 2004). A cultivar de trigo utilizada foi a Biotrigo Toruk, classificado como trigo pão/melhorador, de ciclo médio, semeado com densidade de 330 plantas m², seguindo seu zoneamento agrícola. Os tratos culturais foram realizados conforme manejo corrente da cultura. A área experimental foi composta de 36 parcelas de 12 m de comprimento por 4,20 m de largura, com espaçamento entre parcelas de 1 metro de bordadura, utilizando o delineamento experimental de blocos ao acaso. Previamente à instalação do experimento, foi realizada análise química do solo em cada parcela, afim de caracterizar principalmente o pH e o Fósforo, e a partir destas, foi realizado o bloqueamento do experimento considerando as faixas de pH, sendo: bloco 1: pH 5,47 até 5,81; bloco 2: pH 5,32 até 5,43; bloco 3: pH 5,12 até 5,32; bloco 4: pH 4,79 até 5,09. Os tratamentos foram 3 doses de 3 tipos de fertilizante fornecedor de P, onde foram equilibradas em 3 quantidades de nutrientes, entre os fertilizantes utilizados, onde cada uma representa um tratamento, a saber: dose 1: 20 kg ha-1 de Rizostar®, 100 kg ha-1 de MAP, e 186 kg ha-1 de NPK, dose 2: 30 kg ha-1 de Rizostar®, 150 kg ha-1 de MAP, 279 kg ha-1 de NPK, e dose 3: 40 kg ha-1 de Rizostar®, 200 kg ha-1 de MAP e 371 kg ha-1 de NPK, sendo que as doses foram equilibradas quanto ao fornecimento de P e K. Para ajustes de formulação, utilizou-se Uréia 45-00-00 e Cloreto de Potássio (KCl) 00-00-60, realizados logo após a semeadura. As equivalências das doses foram realizadas com base nas informações obtidas de cada produto. Nos tratamentos que continham Rizostar®, o fertilizante foi distribuído no sulco em contato direto com a semente. Os teores de fósforo presentes no solo variam, no bloco 1 o teor ficou em torno de 13,4 mg m-3, bloco 2, 15,5 mg m-3, bloco 3, 15,4 mg m-3 e bloco 4, 17,2 mg m-

3. Para avaliar os tratamentos foram mensurados a produtividade, quantidade de nutriente no solo antes e depois da semeadura e peso do hectolitro. A produtividade foi obtida pela colheita de 1 m2 no centro de cada parcela, as plantas foram trilhadas em uma trilhadora de parcelas e a umidade corrigida para 13%, já os teores de nutrientes foram realizadas pela coleta de solo com estrutura não preservada na linha e na entrelinha de semeadura, na camada de até 20cm. Após, as amostras foram encaminhadas para um laboratório de solo. Esta coleta foi realizada anterior a semeadura do trigo, e após a colheita.

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Para extração do fósforo foi utilizado o método oficial da Rede de Laboratórios de Análise de Solo dos Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina o mehlich - 1. O equipamento utilizado para mensurar o PH do grão do trigo foi a balança de PH. Após a obtenção dos dados, os mesmo foram organizados em planilha eletrônica, após realizado a avaliação estatística pelo programa estatístico ASSISTAT®, VERSÃO 7.7 BETA (Silva & Azevedo, 2009). A avaliação estatística procedeu-se da análise de variância (ANOVA) e comparação de médias através do teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade de erro (P< 0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO A extração de fósforo do solo realizada pela diferente do teor de fósforo antes da implantação da cultura e após sua colheita, observa-se na tabela 1, que as fontes de P não diferiram, ficando ao redor de 20 mg dm-3 entre os tratamentos, isto demonstra que a nova fonte de fósforo o Rizostar®, mesmo sendo utilizando em doses reduzidas em relação aos fertilizantes MAP e NPK, não extraiu fósforo das reservas do solo, se mantendo igual em relação aos outros. Dados obtidos por Lana et al. (2004), utilizando diferentes fontes de fósforo, observou diferentes teores de P no solo, após o uso de diferentes fertilizantes. Em relação a produtividade do trigo nas diferente fontes de fósforo, também não houve diferença significativa entre os fertilizantes utilizados, variando de 4748,03 kg ha-1 até 6151,09 kg ha-1. Tanto a fonte quanto as doses utilizadas não tiveram influência sobre a produtividade da cultura (Tabela 1), isso pode ser explicado pelos teores de fosforo do solo serem relativamente altos. Os presentes dados corroboram com os resultados de Richart et al. (2006) que utilizaram duas diferentes fontes de fosforo na cultura da soja, não obtiveram resultados significativos em relação a produtividade, evidenciando que em solos com adequada disponibilidade de P, os fosfatos se equivaleram no fornecimento de P para as plantas.

Tabela 1: Avaliações de extração de fósforo, produtividade e peso do hectolitro na cultura do trigo.

Tratamentos¹

Extração de P Produtividade PH

mg dm-³ kg ha-¹

RZ20 21,27 ns* 5293,25 ns* 79,36 a

MAP1 27,30 6151,40 79,52 a

NPK1 25,60 4928,09 80,01 a

RZ30 20,45 4862,64 78,82 a

MAP2 23,72 5218,82 79,68 a

NPK2 24,35 5584,83 80,22 a

RZ40 21,15 5144,66 73,90 b

MAP3 20,27 4748,03 80,09 a

NPK3 23,12 5292,13 78,77 a

CV 19,12 21,45 1,02 *Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade

O peso do hectolitro do trigo é um fator muito importante, pois representa sua qualidade e é um balizador de preços na venda do produto, este parâmetro apresentou diferença significativa no tratamento RZ40 que obteve-se 73,9, já todos os outros tratamentos foram estatisticamente iguais com valores em torno de 78 a 80, demostrando resultado melhor que RZ40 (Tabela 1), desta forma, pode ter ocorrido algum fator externo que tenha influenciado negativamente este tratamento, levando em condição que as condições de clima favoráveis nesta safra e o fato que tratamentos com a mesma

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fonte, mas com doses menores, se saíram melhores que este.

CONCLUSÕES O fertilizante Rizostar® aplicado em baixas doses (< 40 kg ha-1) demonstra eficiência igual ao MAP e NPK na cultura do trigo.

REFERÊNCIAS

SANTOS, D.R. dos; GATIBONI, L.C.; KAMINSKI, J. Factors affecting the phosphorus availability and the fertilization management in no-tillage system. Ciência Rural, 38: 576-586, 2008. ARYSTA LIFE SCIENCE. Fertilizante Microstar PZ®, “starter” de Arysta LifeScience: El Fósforo Em Contacto Con La Semilla Ya Es Una Realidad Para El Maíz. Redagricola, Santiago/Chile, 70, 2014. STRECK, C. A.; REINERT, D. J.; REICHERT, J. M.; KAISER, D. R. Modificações em propriedades físicas com a compactação do solo causada pelo tráfego induzido de um trator em plantio direto. Ciência Rural, 34:755-760, 2004. MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/vegetal/culturas/trigo>. Acesso em 20 jun 2017. SANCHEZ, P.A. & SALINAS, J.G. Low input technology for managing Oxisols and Ultisols in tropical America 1981. GRANT, C. A.; PLATEN, D. N.; TOMAZIEWICZ, D. J.; SHEPPARD, S. C. A importância do fósforo no desenvolvimento inicial da planta. Informações Agronômicas, 95, 2001. SANTOS, D.R. dos; GATIBONI, L.C.; KAMINSKI, J. Factors affecting the phosphorus availability and the fertilization management in no-tillage system. Ciência Rural, 38: 576-586, 2008.

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