dicionario terminologico

Upload: joao-sousa-barros

Post on 10-Jul-2015

10.565 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

A. LNGUA, COMUNIDADE LINGUSTICA, VARIAO E MUDANA A.1. Lngua e comunidade lingustica A.1.1. Comunidade e falante Comunidade lingustica Falante Competncia lingustica Competncia metalingustica A.1.2. Estatuto das lnguas Lngua oficial Lngua materna Lngua segunda, L2 Lngua estrangeira A.2. Variao e normalizao lingustica A.2.1. Variao Variedades geogrficas Variedades do portugus Variedade europeia Variedade brasileira Variedades africanas Variedades sociais Variedades situacionais Variao histrica A.2.2. Normalizao lingustica Lngua padro A.3. Contacto de lnguas Substrato Superstrato Adstrato Bilinguismo Multilinguismo Crioulo Crioulos de base lexical portuguesa A.4. Mudana lingustica A.4.1. Factores e tipos de mudana Factores internos Factores externos Tipos de mudana Mudana regular Mudana irregular Gramaticalizao A.4.2. Histria do portugus Portugus antigo Portugus clssico Portugus contemporneo A.4.3. Etimologia e genealogia lingustica Famlias de lnguas Etimologia timo Palavras divergentes Palavras convergentes B. LINGUSTICA DESCRITIVA B.1. Fontica e Fonologia B.1.1. Sons e fonemas Fonema Vogal Semivogal Consoante B.1.1.1.Caracterizao dos sons Modo de articulao Ponto de articulao B.1.1.2. Sequncias de sons Ditongo Grupo consonntico Hiato B.1.2. Prosdia/Nvel prosdico B.1.2.1. Caractersticas acsticas Altura Durao

1

Intensidade B.1.2.2. Slaba Formatos de slaba: Slaba aberta Slaba fechada Propriedades acentuais das slabas: Slaba tnica Slaba tona Classificao das palavras quanto ao nmero de slabas: Monosslabo Disslabo Trisslabo Polisslabo B.1.2.3. Acento Classificao das palavras quanto posio da slaba tnica: Palavra aguda Palavra grave Palavra esdrxula Propriedades acentuais das slabas: Slaba tnica Slaba tona B.1.2.4. Entoao Pausa

Pausa silenciosa Pausa preenchida

B.1.3. Processos fonolgicos Insero de segmentos Supresso de segmentos Alterao de segmentos Assimilao Dissimilao Nasalizao Ditongao Reduo Crase Mettese B.2. Morfologia B.2.1. Palavra e constituintes da palavra Palavra Palavra simples Palavra complexa Constituinte morfolgico Radical Afixo Interfixo Prefixo Sufixo B.2.2. Morfologia flexional Flexo Palavra varivel Palavra invarivel B.2.2.1. Flexo nominal e adjectival Categorias relevantes para a flexo de nomes, pronomes e adjectivos: Constituinte temtico ndice temtico Gnero Masculino Feminino Nmero Singular Plural Caso Nominativo Acusativo Dativo Oblquo Grau dos nomes aumentativo diminutivo dos adjectivos (e advrbios) normal

2

comparativo superlativo Pessoa Primeira Segunda Terceira

B.2.2.2. Flexo verbal Conjugao Constituinte temtico Vogal temtica Primeira conjugao Segunda conjugao Terceira conjugao Categorias relevantes para a flexo de verbos: Pessoa Primeira Segunda Terceira Nmero Singular Plural Tempo verbal Presente Pretrito Perfeito Imperfeito Mais-que-perfeito Futuro Modo Formas verbais finitas Indicativo Conjuntivo Condicional Imperativo Formas verbais no finitas Infinitivo

Especificidades da flexo verbal: Amlgama Tipologia verbal Verbo regular Verbo irregular Forma forte Forma fraca Verbo defectivo Verbo impessoal Verbo unipessoal Forma supletiva B.2.3. Processos morfolgicos de formao de palavras Palavra simples Palavra complexa Base

Pessoal Impessoal Gerndio Particpio

B.2.3.1. Derivao Processos que envolvem adio de constituintes morfolgicos: Afixao Prefixao Sufixao Parassntese Processos que no envolvem adio de constituintes morfolgicos: Converso Derivao regressiva B.2.3.2. Composio Composio morfolgica Composio morfossintctica B.3. Classes de palavras Itens lexicais: Palavra Locuo B.3.1. Classe aberta de palavras Nome Classes semnticas de nomes:

3

Nome prprio Nome comum Nome contvel Nome no-contvel Nome colectivo Verbo Verbo principal Classes de verbos estabelecidas em funo da presena e tipo de complementos: Verbo intransitivo Verbo transitivo directo Verbo transitivo indirecto Verbo transitivo directo e indirecto Verbo transitivo-predicativo Verbo auxiliar Verbo copulativo Adjectivo Classes semnticas de adjectivos: Adjectivo relacional Adjectivo qualificativo Adjectivo numeral

Advrbio

Classes semnticas de advrbios: Advrbio de predicado Advrbio de frase Advrbio conectivo Advrbio de negao Advrbio de afirmao Advrbio de quantidade e grau Advrbio de incluso e excluso

Interjeio B.3.2. Classe fechada de palavras Pronome Classes semnticas de pronomes: Pronome pessoal Pronome demonstrativo Pronome possessivo Pronome indefinido Classes sintcticas de pronomes: Pronome relativo Pronome interrogativo Determinante Artigo

Artigo definido Artigo indefinido Determinante demonstrativo Determinante possessivo Determinante indefinido

Quantificador Quantificador universal Quantificador existencial Quantificador numeral Numeral cardinal Numeral fraccionrio Numeral multiplicativo Preposio Conjuno Conjuno coordenativa Conjuno subordinativa B. 4. Sintaxe B.4.1. Frase e constituintes da frase Frase Constituintes da frase: Grupo nominal Grupo adjectival Grupo verbal Complexo verbal Grupo preposicional Grupo adverbial

4

B.4.2. Funes sintcticas Funes sintcticas ao nvel da frase: Sujeito Sujeito simples Sujeito composto Sujeito nulo Predicado Modificador Vocativo Funes sintcticas internas ao grupo verbal: Complemento Complemento directo Complemento indirecto Complemento oblquo Complemento agente da passiva Predicativo Predicativo do sujeito Predicativo do complemento directo Modificador Funes sintcticas internas ao grupo nominal: Complemento do nome Modificador Modificador do nome restritivo Modificador do nome apositivo Funes sintcticas internas ao grupo adjectival: Complemento do adjectivo B.4.3. Tipos de frase (Tipo de) frase declarativa (Tipo de) frase interrogativa (Tipo de) frase exclamativa (Tipo de) frase imperativa B.4.4. Articulao entre constituintes e entre frases Frase simples Frase complexa Orao Coordenao Sindtica Assindtica Coordenao entre frases: Orao coordenada Orao coordenada copulativa Orao coordenada disjuntiva Orao coordenada adversativa Orao coordenada conclusiva Orao coordenada explicativa Subordinao: Subordinante Orao subordinada Orao subordinada substantiva Orao subordinada substantiva completiva Orao subordinada substantiva relativa Orao subordinada adjectiva Orao subordinada adjectiva relativa Orao subordinada adjectiva relativa restritiva Orao subordinada adjectiva relativa explicativa Orao subordinada adverbial Orao subordinada adverbial causal Orao subordinada adverbial final Orao subordinada adverbial temporal Orao subordinada adverbial concessiva Orao subordinada adverbial condicional Orao subordinada adverbial comparativa Orao subordinada adverbial consecutiva B.4.5. Processos sintcticos Concordncia Frase passiva Frase activa Elipse B.5. Lexicologia B.5.1. Lxico e vocabulrio Lxico Vocabulrio Expresso idiomtica Neologismo

5

Arcasmo Famlia de palavras B.5.2. Semntica lexical: significao e relaes semnticas entre palavras Significao lexical: Significante Denotao Conotao Monossemia Polissemia Relaes semnticas entre palavras: Relaes de hierarquia: Hiperonmia Hiponmia Relaes de parte-todo: Holonmia Meronmia Relaes de equivalncia/oposio: Sinonmia Antonmia Estrutura lexical Campo lexical Campo semntico B.5.3. Processos irregulares de formao de palavras Extenso semntica Emprstimo Amlgama Sigla Acrnimo Onomatopeia Truncao B.6. Semntica Significado B.6.1. Contedo proposicional Referncia Especificidade Genericidade Predicao Polaridade B.6.2. Valor temporal Tempo B.6.3. Valor aspectual Aspecto Aspecto lexical Aspecto gramatical B.6.4. Valor modal Modalidade C. ANLISE DO DISCURSO, RETRICA, PRAGMTICA E LINGUSTICA TEXTUAL C.1. Anlise do discurso e reas disciplinares correlatas Anlise do discurso Retrica Pragmtica Lingustica textual C.1.1. Comunicao e interaco discursivas Emissor Locutor Interlocutor Destinatrio Ouvinte Receptor Contexto Enunciao Enunciado Enunciador Deixis Discurso Universo de discurso Interdiscurso / Interdiscursividade Dilogo Monlogo

6

Dialogismo Polifonia Informao Enciclopdia Acto de fala Acto de fala directo Acto de fala indirecto Acto locutrio Acto ilocutrio Acto perlocutrio Competncia discursiva Estratgia discursiva Oralidade Escrita Registo formal / informal Marcadores discursivos Conectores discursivos C.1.1.1. Princpios reguladores da interaco discursiva Cooperao (princpio de) Cortesia (princpio de) Pertinncia (princpio de) Mximas conversacionais Formas de tratamento C.1.1.2. Reproduo do discurso no discurso Citao Discurso directo Discurso directo livre Discurso indirecto Discurso indirecto livre C.1.1.3. Processos interpretativos inferenciais Pressuposio Implicao Implicaturas conversacionais C.1.2. Texto Texto / textualidade Co-texto Coeso textual Anfora Catfora Co-referncia no anafrica Coerncia textual Isotopia Tema / rema Progresso temtica Configurao Parfrase Sentido Digresso Plurissignificao Arquitexto Intertexto / intertextualidade Hipertexto Metatexto Gneros de texto Sequncia textual Tipos de texto Autor Leitor Plano do texto Pacto de leitura Fragmento Estilo Ritmo Exrdio Eplogo Incipit Explicit Paratexto Ttulo Prefcio Posfcio Epgrafe C.1.3. Instrumentos e operaes da retrica C.1.3.1. Figuras de retrica e tropos Figura Tropo

7

Acumulao Alegoria Aliterao Aluso Amplificao Anacoluto Anfora Antfrase Anttese Antonomsia Apstrofe Catacrese Clmax Comparao Enumerao Eufemismo Gradao Hiplage Hiprbato Hiprbole Imagem Ironia Ltotes Metfora Metonmia Oxmoro Paradoxo Perfrase Personificao Pleonasmo Preterio Prosopopeia Quiasmo Sarcasmo Smbolo Smile Sinestesia Sindoque C.1.3.2 Operaes retricas Inveno Disposio Elocuo Memorizao Aco C.1.3.3 Retrica argumentativa Argumentao Escala argumentativa

D. LEXICOGRAFIA

D.1. Obras lexicogrficas Dicionrio Dicionrio monolingue Dicionrio de aprendizagem Dicionrio de sinnimos Dicionrio etimolgico Dicionrio bilingue Glossrio Enciclopdia Terminologia Thesaurus D.2. Informao lexicogrfica Entrada Artigo Acepo Definio Remisso Abonao Termo E. REPRESENTAO GRFICA E.1. Grafia Letras, acentos e diacrticos: Letra Alfabeto Dgrafo

8

Acento grfico Acento agudo Acento grave Circunflexo Diacrticos: Til Trema Cedilha Hfen Apstrofo E.2. Pontuao e sinais auxiliares de escrita Sinais de pontuao Ponto (final) Ponto de interrogao Ponto de exclamao Dois pontos Ponto e vrgula Vrgula Reticncias Travesso Sinais auxiliares de escrita E.3. Configurao grfica Tipos de Letra Letra de imprensa Letra manuscrita Letra maiscula Letra minscula Abreviatura Alnea Pargrafo Perodo Espao Margem Formas de destaque E.4. Convenes e regras para a representao grfica Ortografia Regras Ortogrficas Regras de Acentuao Grfica Regras de Translineao E.5. Relaes entre palavras escritas Homonmia Homofonia Homografia Paronmia

9

5. Definies dos termos por domnio DOMNIO A: LNGUA, COMUNIDADE LINGUSTICA, VARIAO E MUDANA Conhecimento da lngua e do seu uso pelos falantes, variao (geogrfica, social...), normalizao.Termos por ordem alfabtica:

Adstrato Lngua que sobrevive ao lado daquela ou daquelas com as quais estabelece um contacto lingustico motivado por uma invaso territorial. Nome do tipo de relao, superficial, que entre as duas lnguas se estabelece. Bilinguismo Capacidade do falante que tem competncia lingustica em duas lnguas diferentes. Pode ser propriedade de um indivduo, mas tambm de uma comunidade lingustica inteira. Calcula-se que cerca de 70% da populao mundial bilingue ou multilingue. Competncia lingustica Capacidade intuitiva que o falante tem de usar a sua lngua materna, decorrente do processo natural de aquisio da linguagem. Competncia metalingustica Capacidade que um falante tem de manipular e reflectir sobre unidades, processos e regras da gramtica da sua lngua. O desenvolvimento pleno da competncia metalingustica depende, em grande parte, de instruo explcita e formal. Comunidade lingustica Conjunto de falantes que utilizam uma mesma lngua (que no obrigatoriamente a lngua materna de todos) ou um mesmo dialecto para comunicarem entre si. Contacto de lnguas Situao de coexistncia de duas ou mais lnguas numa mesma regio ou numa mesma comunidade lingustica. Por contacto, os falantes podem introduzir na lngua que falam, de forma consciente ou inconsciente, traos de uma lngua diferente da sua. Os efeitos do contacto, se forem extremos, levam ora ao nascimento de novas lnguas, como acontece com os crioulos, ora imposio total de uma lngua a falantes, normalmente habitantes de territrios invadidos, que abandonam a sua lngua materna, a qual, em ltimo caso, se pode converter numa lngua morta. Crioulo Lngua natural de formao rpida, que nasce de uma situao de contacto lingustico e se forma pela adopo de um pidgin como lngua materna, processo necessariamente acompanhado da expanso e complexificao do pidgin. Os crioulos nascem da necessidade de expresso e comunicao plena entre sujeitos falantes inseridos em comunidades multilingues relativamente estveis.

10

Crioulos de base lexical portuguesa Crioulos originados pelo contacto entre falantes portugueses e falantes de lnguas no-europeias e formados ao longo dos primeiros sculos da expanso portuguesa para fora da Europa. Classificam-se segundo critrios poltico-geogrficos: Crioulos Africanos da Alta Guin (de Cabo Verde, da GuinBissau e de Casamansa), Crioulos Africanos do Golfo da Guin (de S. Tom, Prncipe e Ano Bom), Crioulos Indo-Portugueses da ndia e Indo-Portugueses do Sri-Lanka, Crioulos Malaio-Portugueses, Crioulos Sino-Portugueses. Na Amrica, o Papiamento de Curaau, Aruba e Bonaire tem base portuguesa e castelhana e o Saramacano do Suriname, de base inglesa, tem tambm influncia do lxico portugus. timo Palavra da qual deriva, diacronicamente, outra palavra. Etimologia 1. Estudo da origem e evoluo das palavras. 2. Origem e evoluo de uma palavra. Factores externos Causas da mudana lingustica que coincidem com as condies exteriores estrutura de uma lngua. Os factores externos de mudana incluem, sobretudo, a interferncia de lnguas ou de dialectos vizinhos, ou seja, uma influncia de contacto e condies histricas como a emergncia de diferentes formas de comunicao ou, em geral, a alterao de condies polticas, culturais, sociais ou psicolingusticas. Factores internos Condies de mudana lingustica que se encontram dentro da prpria estrutura de uma lngua. Falante Sujeito considerado enquanto utilizador de uma lngua, possuidor de um conhecimento lingustico ou elemento de uma comunidade lingustica. O termo sinnimo de falante-ouvinte. Famlias de lnguas Grupos de lnguas cuja coeso resulta de todas partilharem um antepassado comum, unindo-se, desta forma, numa relao de parentesco. Dentro da famlia, considera-se que as lnguas mais prximas pertencem ao mesmo ramo. Gramaticalizao Processo de mudana lingustica pelo qual uma palavra muda de estatuto morfolgico: deixa de ser uma palavra lexical e torna-se uma palavra ou morfema funcional ou gramatical. As formas verbais devido e visto sofreram um processo de gramaticalizao, integrando as locues conjuntivas devido a e visto que. Lngua estrangeira

11

Lngua que, tomado determinado pas, no lngua materna de nenhuma comunidade antiga, nem tem, nesse pas, um reconhecimento oficial. Por vezes, este termo usado como sinnimo de lngua segunda ou L2. Lngua materna Lngua com a qual um falante entra em contacto na infncia, e que adquire em ambiente natural. Lngua oficial Lngua usada no contacto de um cidado com a administrao do seu pas. Em pases com uma situao prxima do monolinguismo, a lngua oficial coincide com a lngua nacional. Lngua padro Variedade social de uma lngua (falada e escrita) que foi legitimada historicamente enquanto meio de comunicao entre os falantes da classe mdia e da classe alta de uma comunidade lingustica. sinnimo de norma padro. Lngua segunda, L2 Lngua materna de uma comunidade que, sobretudo por razes de imigrao ou de multilinguismo, aprendida por outros falantes da mesma comunidade a um nvel secundrio em relao sua primeira lngua. frequente o uso do termo lngua no materna como equivalente de lngua segunda, sobretudo quando refere uma lngua que aprendida em contexto escolar por falantes que no a tm como lngua materna. Mudana irregular (espordica) Mudana que no obedece a um princpio de regularidade. Verifica-se ao nvel fontico, sobretudo com dissimilaes e metteses, e ao nvel lexical, com as etimologias populares. A etimologia popular uma forma de mudana analgica. Exemplos de dissimilao: ROTUNDA (lat.)>rodonda>redonda (por.); em portugus contemporneo, as expresses "Madre de Deus" e "Conde de Redondo" pronunciam-se, no discurso informal, com a supresso de um "de", "Madre Deus" e "Conde Redondo", para evitar a sequncia de+de. Exemplos de mettese: atinge muito comummente a lquida /r/, que tende, mais uma vez no discurso familiar, a formar grupo consonntico com um som prximo: cf. "pertencer" vs. "pretencer", "apertar" vs. "apretar" ou "tornar" vs. "tronar" A extenso analgica cria alternncia nos paradigmas; o singular de "tnis" ocorre com frequncia, em contexto de desvio norma, analogicamente, como "tni" para eliminar um singular que apresenta a irregularidade de ter a mesma terminao "s" do plural. A nivelao analgica diminui a alternncia nos paradigmas; uma segunda pessoa do singular do pretrito perfeito de um verbo portugus ocorre, em contexto de desvio norma, analogicamente, com uma terminao "s" (tu fizestes) para se aproximar formalmente das terminaes da mesma pessoa nos outros tempos verbais (tu fazes, tu fazias, tu fars). 12

Mudana lingustica Fenmeno que resulta da projeco da lngua de uma comunidade na histria dessa comunidade e das suas comunidades descendentes. Fruto da mudana lingustica, a lngua do passado diferente da lngua do presente. A disciplina que estuda essa diferena a lingustica histrica. A mudana lingustica observa-se a todos os nveis gramaticais e resulta da combinao de diferentes factores de mudana: os factores internos, que so constitudos pela prpria estrutura da lngua, e os factores externos, de natureza sobretudo geogrfica e social. atravs da variao social que a mudana lingustica se propaga numa comunidade. As frases medievais em portugus podiam apresentar um tipo de negao (negao expletiva) que entretanto quase desapareceu, fruto da mudana sintctica. Ex: E assi escapou o comde Joham Fernandez de nom seer morto (Ali 1964). Vrios nomes medievais portugueses sofreram uma mudana morfolgica passando a receber novos morfemas de gnero. Ex: "a senhor">"a senhora". Em virtude de mudanas fonolgicas - crase, epntese, ditongao e semivocalizao - as sequncias de duas vogais nas palavras do portugus antigo desapareceram em grande nmero. Ex: pee>p, a>uma, cad a>cadeia. Mudana regular Mudana que atinge os sons de uma lngua, i.e., mudana fontica ou fonolgica, e que parece obedecer a um princpio de regularidade: o mesmo som, numa dada lngua, por vezes em contexto fontico determinado, evolui no mesmo sentido em todas as palavras dessa lngua durante um certo perodo de tempo. Por mudana fonolgica regular, as vogais breves tnicas latinas /e/ e /o/ resultaram em portugus em vogais /e/ e /o/ abertas, desde que o contexto fontico fosse propcio. Ex: FERRU>ferro, PORTA>porta, mas PORTU>porto, com /o/ no aberto, porque numa slaba vizinha estava a vogal /u/, que interferiu na mudana. Multilinguismo Capacidade do falante para se exprimir em vrias lnguas com um desempenho semelhante, quase nativo. Situao em que, num territrio politicamente definido, coexistem vrias lnguas.

Normalizao lingustica Resultado do processo segundo o qual uma variedade social, convertida em lngua padro, se torna num meio pblico de comunicao: a escola e os meios de comunicao passam a controlar a observncia da sua gramtica, da sua pronncia e da sua ortografia. A lngua padro em Portugal, aquela que a escola, a televiso, a rdio e os jornais difundem, a variedade de Lisboa. H algumas dcadas, conservado ainda o prestgio ancestral da Universidade de Coimbra, considerava-se que a lngua padro era a variedade de um eixo imaginrio Lisboa-Coimbra.

13

Palavras convergentes Palavras que apresentam a mesma forma, apesar de terem timos diferentes. A forma verbal "so" e "so" - sinnimo de "santo" - so palavras convergentes, porque, embora tenham a mesma forma, derivam de timos diferentes. Palavras divergentes Palavras que apresentam forma diferente, apesar de terem o mesmo timo. "mancha" e "mcula" so palavras divergentes, porque ambas derivam do timo latino "macula". Portugus antigo Nome convencionado para designar a fase da lngua portuguesa falada durante a Idade Mdia entre o sculo XII (poca em que se comearam a redigir textos em portugus) e o sculo XV. sinnimo de portugus arcaico e de galaico-portugus. A fase anterior da lngua portuguesa, possivelmente falada logo desde os sculos VI e VII no Noroeste da Pennsula Ibrica, chama-se "romance galego-portugus". Trecho do texto original mais antigo que se conhece, datado, escrito em portugus, a "Notcia de fiadores de Paio Soares Romeu", de 1175: "Istos fiadores atan .v. annos que se partia de isto male q(ue) li avem". Portugus clssico Nome convencionado para designar a fase do portugus europeu falada durante a Idade Moderna, ou seja, entre os sculos XVI e XVIII. Portugus contemporneo Nome convencionado para designar a fase do portugus europeu falada a partir do sculo XIX. Substrato Lngua indgena desaparecida como resultado do contacto com uma lngua invasora. Conjunto de vestgios lingusticos deixados por essa lngua naquela que se lhe sobreps. substrato pr-romano na Pennsula Ibrica Superstrato Lngua de invasores que desaparece no contacto com uma lngua indgena. Conjunto de vestgios lingusticos deixados por essa lngua na do territrio dominado. lnguas germnicas, de suevos e visigodos, na Pennsula Ibrica Tipos de mudana Resultado da interpretao terica dos fenmenos de mudana lingustica, tomando em ateno o processo (regular ou irregular) segundo o qual ela actua e as reas da gramtica que afecta. Variao

14

Propriedade que as lnguas tm de se diferenciarem em funo da geografia, da sociedade e do tempo, dando origem a variantes e a variedades lingusticas. Variao histrica Resultado da mudana lingustica. Consiste no contraste entre a gramtica antiga de uma lngua e uma gramtica posterior dessa mesma lngua. No necessrio esperar sculos para que se possa observar uma variao histrica ou diacrnica. Numa mesma lngua e numa mesma poca, podem coexistir duas gramticas com regras diferentes, sendo que uma delas arcaizante e a outra j apresenta o resultado de uma mudana lingustica. Neste caso, as diferenas observadas na lngua dos falantes das duas gramticas chamam-se mudanas em curso. Variedades africanas Portugus falado em frica. O portugus de Angola (s o de Luanda) e o de Moambique so as duas variedades africanas de lngua portuguesa que tm sido alvo de descrio e, portanto, as nicas sobre as quais se podem fazer afirmaes. Exemplos da morfologia e da sintaxe do portugus de Luanda: - Morfema de plural junto do nome, mas em posio pr-nominal: os p, ou melhor, o s-p plural de o p. - Pronomes dativo e acusativo com a mesma forma: -Voc pensa que no lhe conheo. Variedade brasileira Portugus falado no Brasil, sujeito a uma variao geogrfica que separa, sobretudo, os estados do litoral acima do estado da Bahia (inclusiv) dos que esto abaixo. Exemplos da sintaxe e da semntica da variedade brasileira do portugus: Um nome singular pode ter um valor genrico: Criana gosta de suco. Os pronomes pessoais tonos ocorrem esquerda dos verbos principais: Eu tinha j lhe dado uma flor.

Variedade europeia Portugus falado em Portugal continental e nos arquiplagos da Madeira e dos Aores, dividido dialectalmente em dois grandes grupos (setentrional e centro-meridional) e aceitando a variedade de Lisboa como lngua padro. Variedades do portugus Resultado lingustico da histria de Portugal: da independncia no sculo XII, da Reconquista terminada no sculo XIII, da expanso extra-europeia a partir do sculo XV e do esforo colonizador em frica, na Amrica e na sia durante toda a Idade Moderna. Ao longo desta histria, a populao de lngua materna portuguesa entrou em contacto com falantes de outras lnguas e da resultaram diferentes variedades do portugus: variedade europeia, variedades africanas e variedade brasileira. Variedades geogrficas 15

Diferentes formas que uma mesma lngua assume ao longo da sua extenso territorial. A estas variedades chama-se tambm "dialectos regionais" ou, simplesmente, "dialectos". Variedades situacionais Resultado da capacidade dos falantes para adaptarem o estilo de linguagem situao de comunicao que enfrentam. Essa capacidade chama-se "competncia comunicativa". A existncia de variedades situacionais conduz quase sempre a comentrios prescritivos, ou de autoridade, sobre o que, na lngua, "correcto" ou "incorrecto". Variedades sociais Tambm chamadas "sociolectos" ou "dialectos sociais", so variedades de uma lngua usadas por falantes que pertencem mesma classe social. Entre estes falantes h uma partilha de ambiente socioeconmico ou educacional. A disciplina que estuda as variedades sociais da lngua ("sociolingustica") considera uma srie de factores sociais de variao (chamados "variveis extralingusticas"): classe social, nvel de instruo, tipo de educao, idade, sexo, origem tnica, etc.

16

B. LINGUSTICA DESCRITIVA DOMNIO B.1: FONTICA E FONOLOGIA Fontica: a cincia que estuda as caractersticas fsicas, articulatrias, acsticas e perceptivas da produo e percepo dos sons da fala, fornecendo mtodos para a sua descrio e classificao. A fontica divide-se em trs grandes ramos: fontica articulatria, fontica acstica e fontica perceptiva ou auditiva. Fonologia: a disciplina da lingustica que estuda os sistemas sonoros das lnguas. Da variedade de sons que o aparelho vocal humano pode produzir s um nmero relativamente pequeno usado distintivamente em cada lngua. Os sons esto organizados num sistema de contrastes, analisados em funo de diferentes constituintes fonolgicos, como, por exemplo, o fonema ou a slaba.Termos por ordem alfabtica:

Acento Grau de proeminncia de uma slaba numa determinada sequncia fontica. A slaba "ne" da palavra "panela" possui acento. Alterao de segmentos Mudana na qualidade dos segmentos. A assimilao e a dissimilao so exemplos de processos que envolvem a alterao de segmentos. Altura Atributo da sensao auditiva de acordo com o qual um som pode ser ordenado numa escala de grave a agudo. Acusticamente, corresponde frequncia dos sons. Fonologicamente, determina o tom. A voz infantil considerada aguda; a voz dos adultos mais grave do que a das crianas. Assimilao Processo fonolgico em que um segmento fontico se identifica com um segmento vizinho ou dele se aproxima, ao adquirir um trao ou traos fonticos desse segmento vizinho. Assimilao: manum > mnu > mo. Consoante Som produzido com uma obstruo ou estreitamento do tracto vocal em que a passagem do ar total ou parcialmente bloqueada. As consoantes podem ser bilabiais (como em p,b e mau), labiodentais (como em f e vo), dentais (como em tu, dou, s e z), alveolares (como em no, l e aro), palatais (como em ch, j, lhe e unha), velares (como em c e gua) ou uvulares (como em rei).

17

As consoantes podem ser oclusivas (como em p, b, tu, dou, c e gua), fricativas (como em f, vo, s, z, ch e j), laterais (como em lhe e unha), vibrantes (como em aro e rei) e nasais (como em mau, no e unha). As consoantes podem ser surdas (como em p, tu, c, f, s e ch) ou sonoras (como nos restantes casos). Crase Contraco ou fuso de duas vogais em uma s. Fuso da preposio "a" e do artigo "a" em "". Disslabo Palavra constituda por duas slabas. A palavra "tela". Dissimilao Processo fonolgico em que um segmento fontico perde um ou mais traos fonticos que tinha em comum com um segmento vizinho, diferenciando-se dele. A produo da primeira vogal de "telha" no dialecto de Lisboa. Ditongao Processo fonolgico em que uma vogal se desdobra em dois segmentos, i.e., produz-se uma diferenciao tmbrica no interior do segmento voclico, dando origem ao aparecimento de uma semivogal em posio pr ou ps voclica. Na derivao das terceiras pessoas do plural dos verbos em portugus deu-se uma ditongao da vogal nasal final da palavra. H casos especiais de dupla ditongao no presente do indicativo, como acontece com os verbos ter e ver. Ditongo Sequncia no interior de uma slaba, formada por uma vogal e uma semivogal (ditongo decrescente), ou por uma semivogal e uma vogal (ditongo crescente). A sequncia final da palavra "pai" corresponde produo [aj] e constitui um ditongo decrescente. A sequncia inicial da palavra "teatro", quando produzida como [ja], constitui um ditongo crescente. Durao Quantidade de tempo durante o qual uma unidade lingustica produzida. Fonologicamente, determina a quantidade dos sons. Em lnguas com vogais breves e vogais longas, as primeiras tm uma durao menor e as segundas, uma durao maior. Entoao 18

Utilizao de diferentes tons em sequncia, em interaco com a durao e a intensidade. A entoao de uma palavra, grupo de palavras ou frase tem funes sintcticas, semnticas, pragmticas e de comunicao de atitudes pessoais (por exemplo: alegria, raiva, surpresa). A variao dos tons em sequncia forma uma curva entoacional. A frase "Vamos embora" pode ser produzida com uma entoao afirmativa, uma entoao interrogativa, uma entoao exclamativa ou uma entoao persuasiva. Fonema Unidade mnima do sistema fonolgico, que pode tambm designar-se como segmento. Dois sons que, substitudos um pelo outro no mesmo contexto, permitem distinguir significados, so fonemas de uma lngua. O /p/ de "pata" e o /b/ de "bata" so fonemas do portugus. Grupo consonntico Duas consoantes sucessivas que pertencem mesma slaba. A sequncia "pr" da slaba inicial da palavra "pra.to". Hiato Sequncia de duas vogais que pertencem a slabas diferentes. A sequncia [o. ] na palavra "bo.a". Insero de segmentos Processo fonolgico em que um novo segmento passa a ser articulado, em posio inicial (prtese), medial (epntese) ou final (paragoge) de palavra. Insero da semivogal [j] entre o artigo e o nome da sequncia "a[j]gua", em algumas zonas do pas. Intensidade Quantidade de energia acstica de um som. A intensidade depende das variaes na presso do ar. A sua unidade de medida o decibel (db). Fonologicamente, determina o acento em lnguas como o portugus.

Mettese Transposio de segmentos ou slabas no interior de uma palavra. A troca de slabas em "estmago" > "estgamo", ou a troca de segmentos em prateleira > parteleira em algumas variedades sociais. Modo de articulao Um dos principais parmetros de classificao dos sons da fala. Refere-se forma como o ar atravessa as cavidades supraglotais, na produo dos sons, nomeadamente presena ou ausncia de constrio no tracto vocal e ao grau de constrio e existncia ou no de vibrao de cordas vocais. O 19

modo de articulao permite distinguir, por exemplo, consoantes oclusivas, fricativas, laterais ou vibrantes ou consoantes sonoras de surdas. Modo de articulao oclusivo: /p/, /t/, /k/, /b/, /d/, /g/. As consoantes oclusivas podem ser sonoras (/b/, /d/, /g/) ou surdas (/p/, /t/, /k/), consoante so produzidas com ou sem vibrao das cordas vocais. Monosslabo Palavra constituda por uma nica slaba. A palavra "dois". Nasalizao Processo fonolgico em que uma vogal oral adquire nasalidade, em contexto de consoante nasal. um caso particular de assimilao. manum>mnu>mo. Nvel prosdico Um dos dois nveis de anlise fonolgica das lnguas. No nvel prosdico, analisam-se as variaes de altura, durao e intensidade. Palavra aguda Palavra cujo acento recai na ltima slaba. A palavra "peru". Palavra esdrxula Palavra cujo acento recai na antepenltima slaba. A palavra "lingustica".

Palavra grave Palavra cujo acento recai na penltima slaba. A palavra "panela". Pausa Intercepo na produo do discurso, que pode corresponder a uma suspenso de voz (pausa silenciosa) ou a uma articulao no lingustica por hesitao (pausa preenchida). Interrupo da produo no final da sequncia "No vou trabalhar".

20

Pausa preenchida Pausa entre constituintes sintcticos e/ou entoacionais que envolve tipicamente o uso da vogal central [ ] e da consoante bilabial nasal [m], quer autonomamente, quer em combinao e com duraes variadas. Interrupo na produo da sequncia "Hoje [m:] no vou trabalhar". Pausa silenciosa Pausa no preenchida com suspenso de emisso de voz, mas funcional do ponto de vista da organizao entoacional de um enunciado. Permite, muitas vezes, distinguir constituintes sintcticos e/ou entoacionais. Interrupo da produo sem produo de qualquer som, assinalada graficamente com reticncias, na sequncia "Hoje no vou trabalhar". Polisslabo Palavra constituda por mais de trs slabas. A palavra "lingustica". Ponto de articulao Um dos parmetros de classificao dos sons da fala. Refere-se ao local, no tracto vocal, onde ocorre a articulao dos sons. O ponto de articulao permite distinguir, por exemplo, consoantes bilabiais, dentais, palatais ou velares. Ponto de articulao labial (/p/, /b/, /m/) ou dental (/t/, /d/). Processos fonolgicos Termo usado para referir as modificaes sofridas pelos segmentos em diversas circunstncias contextuais (no incio e no final das palavras, junto de vogal acentuada, etc.). Assimilao e dissimilao.

Reduo Processo fonolgico que consiste no enfraquecimento de uma vogal em posio tona. A primeira vogal de "bolo" sofre uma reduo em "bolinho". O mesmo sucede nos pares "medo"/"medroso" e "mata"/"matagal". Semivogal Som produzido com caractersticas articulatrias e acsticas semelhantes s das vogais e que ocorre junto de uma vogal formando com ela um ditongo. Uma semivogal nunca pode receber acento. A semivogal tambm pode designar-se glide. Semivogais: 21

som final [j] da palavra "pai"; som final [w] da palavra "mau". Slaba Unidade que agrupa os sons dentro da palavra. Pode incluir um ou mais sons, como nas slabas da palavra a-pro-vei-tar. Dentro da slaba, os sons podem ocorrer no ataque da slaba (consoante(s) esquerda da vogal), no ncleo da slaba (vogal ou ditongo) ou na coda da slaba (consoante direita da vogal). O ncleo e a coda constituem a rima da slaba. Na palavra "casa", as slabas so "ca" e "sa". Slaba aberta Slaba que no termina em consoante. As slabas da palavra "casa". Slaba tona Qualquer slaba que no apresenta proeminncia relativa no nvel prosdico da palavra ou da frase, ou seja, que no possui acento. A slaba "sa" da palavra "casa". Slaba fechada Slaba que termina em consoante. A slaba "sar" da palavra "casar". Slaba tnica Slaba que apresenta proeminncia relativa no nvel prosdico da palavra ou da frase. A slaba "ca" da palavra "casa".

Supresso de segmentos Processo fonolgico em que um segmento deixa de ser articulado, em posio inicial (apcope), medial (sncope) ou final (afrese) de palavra. Na produo da vogal final da palavra "lume" em [lm]. Trisslabo Palavra constituda por trs slabas. A palavra "cavalo". Vogal

22

Som produzido sem uma obstruo do tracto vocal. Em portugus, foneticamente, possvel identificar catorze vogais, que se distinguem em funo do seu ponto de articulao (estabelecendo-se distines atravs dos movimentos da lngua e dos lbios, bem como da passagem ou no de ar pela cavidade nasal). As vogais de p, dor e no so arrendondadas (projeco dos lbios). As vogais de p, da e de so recuadas (recuo da lngua). As vogais de li, do e de so altas (elevao da lngua). As vogais de l, da e dor so mdias (lngua em repouso). As vogais de p, p e p so baixas (descida da lngua). As vogais correspondentes aos sublinhados em s, dente, fim, som e um so nasais; as restantes vogais do Portugus so orais.

23

DOMNIO B.2: MORFOLOGIA Disciplina da lingustica que descreve e analisa a estrutura interna das palavras e os processos morfolgicos de variao e de formao de palavras.Termos por ordem alfabtica:

Afixao Processo morfolgico que consiste na associao de um afixo a uma forma de base. Como existem vrios tipos de afixos, tambm existem vrios tipos de afixao, destacando-se a prefixao e a sufixao. A flexo e a derivao so processos morfolgicos realizados por afixao. Afixo Constituinte que ocorre obrigatoriamente associado a uma forma de base. Em portugus, os afixos subdividem-se em prefixos, sufixos e interfixos, consoante a posio que ocupam na estrutura da palavra. Os afixos podem participar em processos de flexo ou derivao. Amlgama Sufixo de flexo verbal que acumula valores de tempo, modo, pessoa e nmero ou uma combinao destas categorias. O sufixo -ste em "cantaste" , simultaneamente, marcador de pretrito perfeito do indicativo e de segunda pessoa do singular. Base Constituinte morfolgico, que inclui obrigatoriamente um radical, a partir do qual se formam novas palavras. "doc-" a base para "adoar"; "adoa-" a base para "adoante". Caso Variao morfolgica que uma expresso nominal ou pronominal assume de acordo com a sua funo sintctica. Em portugus, apenas os pronomes pessoais variam em caso. "eu" a forma nominativa do pronome pessoal, na 1 pessoa do singular, alternando com as formas acusativa "-me", dativa "-me" e oblqua "mim". "ele" a forma nominativa do pronome pessoal masculino, na 3 pessoa do singular, alternando com as formas acusativa "-o" e dativa "-lhe". Composio Processo morfolgico de formao de palavras que recorre associao de duas ou mais formas de base. Em portugus, h dois tipos frequentes de composio: a composio morfolgica e a composio morfossintctica.

Composio morfolgica

24

Processo de composio que associa um radical a outro(s) radical(is) ou a uma ou mais palavras. De um modo geral, entre os radicais ou o radical e a palavra associada ocorre uma vogal de ligao. [agr]+i+[cultura] = [agricultura], [luso]+[descendente]= [luso-descendente] Composio morfossintctica Processo de composio que associa duas ou mais palavras. A estrutura destes compostos depende da relao sintctica e semntica entre os seus membros, o que tem consequncias para a forma como so flexionados em nmero. As palavras [surdo-mudo], [guarda-chuva] ou [via lctea] so compostos morfo-sintcticos. Conjugao Paradigma de flexo verbal definido em funo da vogal temtica. Em portugus, h trs conjugaes. Constituinte morfolgico Unidade constituinte das palavras, como, por exemplo, os radicais e os afixos. A um constituinte morfolgico mnimo chama-se morfema. Os constituintes morfolgicos da palavra casas so: [cas], [a] e [s]. Os constituintes morfolgicos da palavra caseiro so: [cas], [eir] e [o]. Constituinte temtico Sufixo que especifica a classe morfolgica a que um dado radical pertence. O constituinte temtico dos adjectivos e dos nomes chama-se ndice temtico; o constituinte temtico dos verbos chama-se vogal temtica. Converso Processo de formao de palavras, tambm chamado derivao imprpria, que procede integrao de uma dada unidade lexical numa nova classe de palavras, sem que se verifique qualquer alterao formal. olharV -> olharN Derivao Processo morfolgico de formao de palavras que consiste, tipicamente, na associao de um afixo derivacional a uma forma de base. Em portugus, a derivao predominantemente realizada por sufixao. arruma+co > arrumao

Derivao regressiva Processo de formao de palavras que gera nomes deverbais, substituindo as marcas de flexo verbal por marcas de flexo nominal.

25

trocar->troca; troco Flexo Especificao das propriedades morfossintcticas das palavras variveis sensvel sua categoria. Geralmente, a flexo manifesta-se atravs de processos morfolgicos como a afixao, embora haja instncias de flexo que no envolvem afixao, como, por exemplo, a formao dos tempos compostos dos verbos. Flexo nominal e adjectival Flexo dos adjectivos e dos nomes variveis. Em portugus, os adjectivos e os nomes podem flexionar em nmero, em gnero e em grau. claro-claros, casa-casas, gato-gata-gatinha Flexo verbal Flexo dos verbos. Em portugus, os verbos flexionam em tempo, modo, pessoa e nmero. Os paradigmas de flexo verbal incluem, tradicionalmente, os tempos compostos, embora estes no sejam realizados atravs de processos flexionais de afixao. A forma verbal cantvamos encontra-se flexionada em tempo (pretrito imperfeito), modo (indicativo), pessoa (primeira) e nmero (plural). Forma forte Forma verbal flexionada sem associao do sufixo de flexo prprio do seu paradigma. A distino entre forma forte e fraca utilizada, principalmente, na classificao de formas do particpio passado. morto preso Forma fraca Forma verbal flexionada de modo cannico, que se ope a forma forte. A distino entre forma forte e fraca utilizada, principalmente, na classificao de formas do particpio passado. matado prendido Forma supletiva Forma flexionada a partir de outros radicais. Alguns verbos defectivos recorrem a estas formas para preencher as lacunas existentes no seu paradigma. O verbo ser recorre a diferentes radicais para a sua flexo, como nas formas sou, s ou fui. Formas verbais finitas Todas as formas verbais excepo das do infinitivo, gerndio e particpio. As formas verbais finitas, tipicamente, podem ocorrer como forma verbal nica numa frase simples e admitem variao mxima nas categorias tempo, pessoa e nmero. 26

Formas verbais no finitas Formas verbais do infinitivo, gerndio e particpio. As formas verbais no finitas, tipicamente, no ocorrem como forma verbal nica numa frase simples e no variam em tempo. Gnero Categoria morfossintctica que est presente em todos os nomes, em alguns adjectivos (os adjectivos biformes) e em alguns pronomes. Em portugus, h dois valores de gnero: masculino e feminino. Nos nomes que referem uma entidade animada (uma pessoa ou um animal), o valor de gnero corresponde, tipicamente, a uma distino de sexo (i), excepto no caso dos nomes epicenos (como "sapo" ou "corvo"), sobrecomuns (como "vtima" ou "cnjuge") e comuns de dois (como "estudante" ou "jornalista"). Nos restantes nomes, esta correspondncia no se verifica (ii). (i) gato-gata (ii) chinelo - chinela Grau Variao apresentada por alguns nomes, adjectivos e advrbios, que permite estabelecer uma gradao no significado de uma palavra ou a comparao entre termos. Os nomes apresentam variao nos graus: normal, aumentativo e diminutivo. Os adjectivos e os advrbios apresentam variao nos graus: normal, comparativo e superlativo. A variao em grau pode ser expressa morfolgica ou sintacticamente. So expressos morfologicamente os graus superlativo absoluto sinttico dos advrbios e dos adjectivos e os graus aumentativo e diminutivo dos nomes. As palavras "caloro" e "calorzinho" correspondem aos graus aumentativo e diminutivo do nome "calor", respectivamente. As formas "altssimo" e "muito alto" correspondem ambas a expresses do grau superlativo do adjectivo "alto". ndice temtico Constituinte temtico dos adjectivos e dos nomes. Em portugus, os ndices temticos so -a, -o, -e. H palavras que no tm ndice temtico. clar[a] clar[o] lev[e] feliz[ ] ruim[ ] gat[a] po[o] dent[e] ms[ ] p[ ] Interfixo Afixo que ocorre entre duas formas de base ou entre uma base e um afixo.

27

A vogal de ligao "o" em "psicopata" e a consoante "t" em "cafeteira" so interfixos. Modo Categoria morfolgica que permite distinguir a flexo verbal nas formas do indicativo, conjuntivo, imperativo e condicional. No existe uma correlao perfeita entre o modo, enquanto etiqueta morfolgica, e os valores de modalidade de um enunciado. Na frase a construo da casa foi iniciada em 1978, mas s seria concluda em 2003, o uso do condicional no corresponde a um valor modal, mas a uma localizao futura num tempo passado. Nmero Categoria morfossintctica dos verbos, dos adjectivos, dos nomes e de alguns pronomes, que pode ter dois valores: singular e plural. A variao em nmero pode corresponder a uma distino na quantidade das entidades denotadas (por exemplo: um copo, dois copos), na sua qualidade (por exemplo: gua, guas). Algumas palavras so inerentemente plurais, no correspondendo o singular a uma variao em quantidade (por exemplo: culo, culos). (uma) cadeira / (quarenta) cadeiras (uma) gua / (trs) guas (prato) limpo / (pratos) limpos Palavra Item lexical pertencente a uma determinada classe, com um significado identificvel ou com uma funo gramatical e com forma fonolgica consistente, podendo admitir variao flexional. Palavra complexa Palavra formada por derivao ou por composio. caseiro e casa de banho so palavras complexas. Palavra invarivel So invariveis as palavras que no so flexionveis. As preposies e as conjunes so palavras invariveis. Palavra simples Palavra formada por um nico radical, sem afixos derivacionais, mas podendo exibir afixos flexionais. casas uma palavra simples. Palavra varivel So variveis as palavras que admitem diversas especificaes flexionais, como, por exemplo, diversos valores de gnero e nmero. O radical nominal [alun] varivel em gnero e nmero, pelo que permite gerar quatro formas: um nome masculino singular (i.e. aluno); um nome masculino plural (i.e. alunos); um nome feminino singular (i.e. aluna); e um nome feminino plural (i.e. alunas). 28

Parassntese Processo morfolgico de formao de palavras que consiste na associao simultnea de um prefixo e um sufixo a uma forma de base. a[padrinh]ar a[podr]ecer a[joelh]ar en[gord]ar Pessoa Categoria morfossintctica dos verbos e de alguns pronomes, realizada por afixao na flexo verbal. Em portugus, distinguem-se trs formas: primeira, segunda e terceira pessoa, variando cada uma em nmero. Na flexo verbal, esta categoria est relacionada com a representao morfolgica do sujeito nas formas finitas do verbo. O imperativo defectivo na primeira e na terceira pessoas. Em alguns dialectos do portugus contemporneo, a segunda pessoa do plural est em desuso (cf. vs cantais), o que ilustra que, em vrios casos, no h correspondncia entre as categorias pessoa e nmero e a sua referncia. [mos] o sufixo de primeira pessoa do plural; a forma se em diz-se um pronome pessoal de terceira pessoa. Prefixao Processo morfolgico que consiste na associao de um prefixo a uma forma de base. Prefixo Afixo que se associa esquerda de uma forma de base. O constituinte "des" em "desinteresse" um prefixo.

Primeira conjugao Paradigma de flexo verbal definido pela vogal temtica [a], no infinitivo. cant[a]r Radical Constituinte morfolgico que contm o significado lexical e exclui os afixos flexionais. O radical pode conter afixos derivacionais. Os radicais pertencem a categorias sintcticas, sendo identificados por etiquetas como: radical adjectival, radical adverbial, radical nominal, radical verbal. O radical da palavra [casa] o constituinte [cas]. Segunda conjugao Paradigma de flexo verbal definido pela vogal temtica [e], no infinitivo. 29

beb[e]r Sufixao Processo morfolgico que consiste na associao de um sufixo a uma forma de base. Sufixo Afixo que se associa direita de uma forma de base. O afixo de flexo "mos" em "cantamos" e o afixo derivacional "or" em "cantor" so sufixos. Terceira conjugao Paradigma de flexo verbal definido pela vogal temtica [i], no infinitivo. fug[i]r Tempo verbal Categoria morfossintctica dos verbos, realizada por flexo. Em portugus, o tempo verbal permite distinguir os seguintes paradigmas: pretrito mais-que-perfeito, pretrito perfeito, pretrito imperfeito, presente e futuro. Esta categoria permite identificar paradigmas de flexo verbal nas formas verbais, no havendo, todavia, uma correspondncia perfeita com os valores semnticos associados a cada paradigma (por exemplo: na frase "eu amanh fao anos", o verbo encontra-se no presente (do indicativo), embora denote uma situao futura). -sse o sufixo de pretrito imperfeito do conjuntivo. Quando um tempo verbal formado com recurso a um verbo auxiliar, designado de tempo composto.

Verbo defectivo Verbo cuja conjugao incompleta, uma vez que no flexiona em todas as formas possveis num paradigma flexional regular. florescer banir demolir falir

Verbo impessoal Verbo que flexiona exclusivamente no infinitivo e na 3. pessoa do singular. chover trovejar Verbo irregular 30

Verbo cuja flexo se afasta da flexo do paradigma a que pertence. As irregularidades podem afectar o radical ou os sufixos de flexo. Algumas irregularidades so meramente grficas. Nos verbos irregulares h formas regulares. posso / podes / podemos medir / meo / medisse ficar / fiquei caar / cacei chegar / cheguei Verbo regular Verbo que respeita a flexo do paradigma a que pertence. Quase todos os verbos da primeira conjugao so verbos de flexo regular. Verbo unipessoal Verbo que flexiona apenas no infinitivo e na 3 pessoa do singular e do plural. miar ganiu ladraram Vogal temtica Constituinte temtico dos verbos, que identifica o paradigma de flexo verbal a que pertencem. Em portugus, h trs vogais temticas nas formas do infinitivo: -a, -e, -i, correspondentes s trs conjugaes. cant[a]r beb[e]r fug[i]r

31

DOMNIO B.3: CLASSES DE PALAVRAS Conjunto das palavras que, por partilharem caractersticas morfolgicas, sintcticas e/ou semnticas, podem ser agrupadas numa mesma categoria. As classes de palavras no podem ser estabelecidas apenas com base em critrios morfolgicos, uma vez que h classes que no se distinguem morfologicamente, como por exemplo as preposies e as conjunes.Termos por ordem alfabtica:

Adjectivo Palavra pertencente a uma classe aberta de palavras que permite variao em gnero (i), em nmero (ii) e, tipicamente, em grau (iii). O adjectivo o ncleo do grupo adjectival e pode ser precedido por advrbios de quantidade e grau (iv) e seleccionar grupos preposicionais (v) e oraes como seus complementos (vi). (i) Belo / bela (ii) Belo / belos / bela / belas (iii) muito bela / belssima (iv) Isso demasiado caro. (v) Ele est contente com o seu trabalho. (vi) Ele est cansado de trabalhar. Adjectivo numeral Adjectivo que pertence classe tradicional dos numerais ordinais, como (i), expressando ordem ou sucesso. Os adjectivos numerais ocorrem geralmente em posio pr-nominal, antecedidos por artigos ou demonstrativos (ii) e, eventualmente, por possessivos (iii). (i) Primeiro, segundo, terceiro, ... (ii) (a) O [segundo] filho sempre mais calmo. (b) *O filho [segundo] sempre mais calmo. (iii) (a) O meu [segundo] filho mais calmo. (b) Esse teu [segundo] filho parecido com o av. Adjectivo qualificativo Adjectivo que exprime tipicamente a qualidade, i.e., um atributo do nome. Tipicamente, a posio dos adjectivos qualificativos ps-nominal. Uma subclasse de adjectivos qualificativos ocorre direita e esquerda do nome, correspondendo esta ordem a interpretaes diferentes, conforme (i) e (ii). Alguns adjectivos qualificativos tm uma posio ps-nominal obrigatria, como (iii). (i) Um falso presidente fez o discurso de inaugurao (=uma pessoa que no era presidente fez o discurso de inaugurao). (ii) Um presidente falso fez o discurso de inaugurao (=um presidente que no honesto fez o discurso de inaugurao). (iii) Os olhos azuis so bonitos. / *Os azuis olhos so bonitos.

32

Adjectivo relacional Adjectivo que deriva de uma base nominal e que, tipicamente, instancia uma relao de agente ou posse relativamente ao nome. Estes adjectivos no ocorrem, geralmente, em posio pr-nominal nem variam em grau. Em "a invaso americana" ou "amor maternal", os adjectivos "americana" e "maternal" so relacionais. Advrbio Palavra invarivel em gnero e nmero. A classe dos advrbios inclui elementos com caractersticas bastante heterogneas do ponto de vista morfolgico (i), sintctico (ii) e semntico (iii). No obstante, qualquer advrbio ( excepo do advrbio de negao "no") pode, geralmente, ser substitudo por um outro advrbio formado com o sufixo "-mente". Na maior parte dos casos, os advrbios desempenham a funo sintctica de modificadores de frase (iv), modificadores do grupo verbal (v) ou a funo sintctica de complemento oblquo (vi) ou predicativo do sujeito (vii). Alguns advrbios podem, ainda, modificar grupos preposicionais (viii), grupos adjectivais (ix) ou grupos nominais (x). (i) (a) A Joana faz anos [hoje]. (b) A Joana faz [facilmente] essa prova. (b') A Joana faz [facilimamente] essa prova. (Em (i) (a), o advrbio invarivel, enquanto em (b) o advrbio pode ser sujeito a variao em grau, conforme (b')). (ii) (a) A Joana canta pessimamente. (a') *A Joana pessimamente canta. (b) A Joana hoje canta. (b') A Joana canta hoje. (Em (ii), observa-se que um advrbio como "hoje" tem uma posio menos fixa do que um advrbio como "pessimamente"). (iii) (a) A Joana canta mal. (b) A Joana, felizmente, cantou. (c) A Joana antigamente cantava. (Os advrbios presentes nas frases listadas em (iii) tm significados bastante distintos). (iv) Provavelmente, vai chover. (v) Choveu ontem. (vi) A Joana portou-se mal. (vii) A Ana est aqui. (viii) A Joana deu presentes exclusivamente aos seus amigos. (ix) A Joana demasiado rpida. (x) Somente a Joana teria pacincia para aquilo.

Advrbio conectivo Advrbio cuja funo o estabelecimento de nexos entre frases (i) ou constituintes da frase (ii), como por exemplo relaes de consequncia (iii), de contraste (iv) ou ordenao (v). Tal como os advrbios de frase, os advrbios conectivos no so afectados pela negao frsica (vi) ou por estruturas 33

interrogativas como as ilustradas em (vii). Os advrbios conectivos distinguem-se de conjunes com valor idntico por poderem, por exemplo, ocorrer entre o sujeito e o predicado (viii). (i) O Pedro falou com a Maria. [Seguidamente], foi para casa. (ii) Alguns alunos desta turma, [designadamente] o Pedro e o Joo, esto de parabns. (iii) O professor caiu. [Consequentemente], partiu uma perna. (iv) Est frio. O Joo, [contudo], vestiu uns cales. (v) [Primeiro] batem-se os ovos com o acar, [seguidamente] deita-se o leite e a farinha, [finalmente] leva-se tudo ao forno. (vi) Hoje h greve de funcionrios. A escola dos teus filhos no est fechada, contudo. (a negao frsica no est a negar o advrbio "contudo") (vii) *Foi [consequentemente] que a escola dos teus filhos fechou? (viii) a. Est frio, mas o Joo fica na praia. /*Est frio. O Joo, mas, fica na praia. ("mas" uma conjuno) b. Est frio. Porm, o Joo fica na praia. /Est frio. O Joo, porm, fica na praia. ("porm" um advrbio conectivo) Advrbio de afirmao Advrbio utilizado em respostas a interrogativas totais (i) ou como modificador de um constituinte (ii) cujo significado contribui para asserir ou reforar o valor afirmativo de um enunciado. (i) Vais praia? Sim. (ii) A Ana no comprou livros, mas sim flores. Advrbio de frase Advrbio com diferentes valores semnticos (i), que modifica a frase, no sendo afectado pela negao frsica (ii) ou por estruturas interrogativas como as ilustradas em (iii). Advrbios de frase: (i) a. Os rapazes dormem, provavelmente. - Valor modal b. Os rapazes dormem, felizmente - Valor de orientao para o falante c. Matematicamente, esse facto impossvel. - Valor de orientao para o domnio. (ii) a. A escola dos teus filhos no est fechada, provavelmente. (no se est a negar a probabilidade de a escola estar fechada) b. Honestamente, tu s vezes no raciocinas. (no se est a negar "honestamente") (iii) a. *Foi [provavelmente] que a escola dos teus filhos fechou? b. *Foi [infelizmente] que tu adoeceste? 1. O mesmo item adverbial pode pertencer a duas subclasses diferentes. Em (i), "naturalmente" um advrbio de predicado, de acordo com (ii) e (iii), com uma interpretao de modo (iv), enquanto em (v) pertence subclasse dos advrbios de frase, conforme (vi) e (vii), com valor afirmativo (viii). (i) Ele comeou a falar naturalmente. (ii) Foi naturalmente que ele comeou a falar? (iii) Ele comeou a falar no naturalmente, mas pouco vontade. (iv) Ele comeou a falar de modo natural. 34

(v) Naturalmente, ele comeou a falar. (vi) *Foi naturalmente ou possivelmente que ele comeou a falar? (vii) *No naturalmente, mas possivelmente, ele comeou a falar. (viii) Obviamente, ele comeou a falar. Advrbio de incluso e excluso Advrbio que permite realar o constituinte que modifica, contribuindo com informao sobre, por exemplo, o seu carcter exaustivo (i) ou a sua participao ou no num determinado conjunto (ii). Estes advrbios podem ocorrer internamente ao predicado (iii) ou como modificadores de grupos adjectivais (iv), adverbiais (v), nominais (vi) ou preposicionais (vii). (i) a. [S a Maria] faltou aula. b. Ele fala [apenas de assuntos estranhos]. (ii) a. [At a Maria] faltou aula. b. Como tudo, [excepto endvias]. (iii) O Joo [riu mesmo]. (iv) Ele [apenas aborrecido]. (v) [S ontem] que sa do hospital. (vi) Vi [at aqueles filmes]. (vii) Gosto [at de bolachas]. Advrbio de negao Advrbio cujo significado contribui para reverter o valor de verdade de uma frase afirmativa ou para negar um constituinte. Este advrbio pode ser um modificador do grupo verbal ou de um constituinte do grupo verbal. A tradio gramatical considera "no" o nico advrbio de negao. Em construes de negao frsica (i), a distribuio do advrbio bastante restrita (ii). Neste caso, "no" ocorre sempre em posio de adjacncia esquerda do verbo). Quando o advrbio nega um constituinte da frase, modifica apenas esse constituinte e ocorre sua esquerda (iii)-(v). Negao frsica: (i) O Joo [no] comprou flores Ana. (ii) (a) *No o Joo comprou flores Ana. (b) *O Joo comprou no flores Ana. (c) *O Joo comprou flores no Ana. (d) *O Joo comprou flores Ana no. Negao de constituinte: (iii) O Joo [comprou Ana ontem [no flores]], mas livros. (modifica o grupo nominal complemento directo) (iv) O Joo [comprou flores ontem [no Ana]], mas Raquel. (modifica o grupo preposicional complemento indirecto) (v) O Joo [comprou flores Ana [no ontem]], mas hoje. (modifica o grupo adverbial modificador) Os advrbios "nunca" e "jamais", apesar de serem palavras negativas, no so advrbios de negao, uma vez que, em frases como "Eu no estive l nunca", "nunca" no a palavra responsvel pelo valor afirmativo ou negativo da frase.

35

Advrbio de predicado Advrbio com diferentes valores semnticos (i), que ocorre internamente ao grupo verbal, podendo ser afectado pela negao (ii) ou por estruturas interrogativas como as ilustradas em (iii). Advrbios de predicado: (i) a. Os rapazes dormem ali. - Valor locativo b. Os rapazes chegaram recentemente. - Valor temporal c. Os rapazes cantam agradavelmente. - Valor de modo (ii) a. A escola dos teus filhos no fica [ali], fica na outra rua. b. Os rapazes no dormem [ali], mas no outro quarto. (iii) a. [ali] que fica a escola dos teus filhos? b. [ali] que dormem os rapazes? Advrbio de quantidade e grau Advrbio que contribui com informao sobre grau ou quantidade, que pode ocorrer internamente ao predicado (i) ou como modificador de grupos adjectivais (ii) ou adverbiais (iii).1[1] Alguns destes advrbios so utilizados para a formao do grau dos adjectivos e advrbios (iv). (i) Os rapazes comeram muito. (ii) Tu ests [demasiado cansada]. (iii) Tu corres [excessivamente depressa]. (iv) Ele mais alto do que tu. Artigo Determinante que utilizado para indicar o grau de definitude ou especificidade do nome que precede. (i) (a) So artigos definidos: o / os a /as (b) So artigos indefinidos: um / uns uma / umas Artigo definido Artigo utilizado, tipicamente, em contextos em que se assume que o referente do nome que precede corresponde a informao partilhada pelos participantes do discurso. (i) [O] rapaz comeu [o] bolo. Artigo indefinido Artigo utilizado, tipicamente, em contextos em que se assume que o referente do nome que precede no corresponde a informao dada, especfica ou identificada. (i) Ando procura de [um] carro novo, mas ainda no decidi qual vou comprar.1[1]

Repetio eliminada em 01.10.2007.

36

Classe aberta de palavras Classe de palavras que constituda por um nmero potencialmente ilimitado de palavras e qual a evoluo da lngua acrescenta constantemente novos membros. praticamente impossvel enumerar todos os membros de uma classe aberta de palavras num dado momento da evoluo da lngua. So classes abertas de palavras a classe dos nomes e a classe dos verbos. Como palavras recentemente acrescentadas classe dos nomes, veja-se "telemvel", "cromo". Como palavras recentemente acrescentadas classe dos verbos, veja-se "clicar", "surfar". Classe fechada de palavras Classe de palavras que constituda por um nmero limitado (normalmente pequeno) de palavras e qual a evoluo da lngua s muito raramente acrescenta novos membros. normalmente fcil enumerar todos os membros de uma classe fechada de palavras. So classes fechadas de palavras, por exemplo, a classe das conjunes e a classe das preposies. Conjuno Palavra invarivel, pertencente a uma classe fechada de palavras, que introduz oraes (i) e constituintes coordenados (ii) e oraes subordinadas completivas e adverbiais (iii-iv). (i) Tu foste para casa [e] eu fiquei na escola. (ii) O Joo [e] a Maria foram para casa. (iii) O Pedro disse [que] foi para casa. (iv) [Quando] chegaste, fui-me embora.

Conjuno coordenativa Conjuno que introduz um constituinte coordenado ou uma orao coordenada. As subclasses de conjuno coordenativa estabelecem-se em funo do tipo de estrutura coordenada ou orao coordenada que introduzem, sendo tradicionalmente listadas as conjunes coordenativas copulativas (i), disjuntivas (ii), conclusivas (iii), adversativas (iv) e explicativas (v). (i) O Joo saiu [e] eu fiquei em casa. (ii) Vais sair [ou] vais ficar em casa? (iii) Penso, [logo] existo. (iv) Natal, [mas] estou triste. (v) O Z tem febre, [pois] constipou-se. Algumas conjunes coordenativas so correlativas, podendo ocorrer precedendo cada um dos elementos coordenados. So exemplo de conjunes correlativas: "ouou", "nemnem", "querquer". Conjuno subordinativa Conjuno que introduz uma orao subordinada completiva ou adverbial. As subclasses de conjuno subordinativa estabelecem-se em funo do tipo de orao que introduzem, sendo tradicionalmente 37

listadas as conjunes subordinativas completivas (i), causais (ii), finais (iii), temporais (iv), concessivas (v), condicionais (vi), comparativas (vii) e consecutivas (viii). Muitas conjunes subordinativas que introduzem oraes subordinadas adverbiais so locues (ix). (i) a. Diz-se [que] vai chover. b. Perguntei [se] ests contente. c. Pedi [para] te calares. (ii) O Z tem febre, [porque] se constipou. (iii) O Z ficou em casa, [para] ver o jogo. (iv) O Z constipou-se, [quando] apanhou chuva. (v) [Embora] esteja doente, vou trabalhar. (vi) [Se] chover, fico em casa. (vii) Falo mais [do que] trabalho. (viii) Ele to alto [que] bate com a cabea na ombreira da porta. (ix) a. [Ainda que] no te cales, no desisto. b. [Sempre que] chove, fico contente. Determinante Palavra pertencente a uma classe fechada que geralmente precede o nome, contribuindo para a construo do seu valor referencial. Os determinantes incluem as seguintes subclasses: artigos (i), determinantes demonstrativos (ii), determinantes possessivos (iii) e determinantes indefinidos (iv). (i) (a) So artigos definidos: o / os / a / as (b) So artigos indefinidos: um / uns / uma / umas (ii) So determinantes demonstrativos: este / estes / esta / estas esse / esses / essa / essas / aquele / aqueles / aquela / aquelas (iii) So determinantes possessivos: Um possuidor: - meu, minha, meus, minhas - teu, tua, teus, tuas - seu, sua, seus, suas Vrios possuidores: - nosso, nossa, nossos, nossas - vosso, vossa, vossos, vossas - seu, sua, seus, suas (iv) So determinantes indefinidos: - certo(s) / certa(s) - outro(s) / outra(s) Determinante demonstrativo Determinante varivel em gnero e nmero que tem um valor dectico ou anafrico, contribuindo para a construo da referncia do nome que precede tendo em conta a sua relao de proximidade ou distncia com, por exemplo, um participante do discurso ou um antecedente textual.

38

O determinante demonstrativo no pode co-ocorrer com o artigo, conforme (ii), e, em caso de coocorrncia com o determinante possessivo, precede-o obrigatoriamente (iii). Os determinantes demonstrativos podem ser precedidos de certos quantificadores (iv). (i) So determinantes demonstrativos: este(s), estas(s) esse(s), essa(s) aquele(s), aquela(s) (ii) (a) Este carro azul. (b) *O este carro azul. (iii) (a) Este meu aluno chega sempre atrasado. (b) *Meu este aluno chega sempre atrasado. (iv) Todos estes alunos chegaram atrasados. Determinante indefinido Determinante varivel em gnero e nmero tipicamente utilizado em contextos em que se assume que o referente do nome que precede no corresponde a informao especfica ou identificada. Distingue-se do artigo indefinido por poder co-ocorrer com este (ii). (i) So determinantes indefinidos: certo(s), certa(s) outro(s), outra(s) (ii) (a) Certos professores andam contentes. (b) Uns certos professores andam contentes. Quando o determinante indefinido co-ocorre com artigos definidos ou indefinidos ou com determinantes demonstrativos, o valor definido ou indefinido da expresso nominal o veiculado pelo artigo ou pelo determinante demonstrativo. Determinante possessivo Determinante varivel em pessoa, gnero e nmero e que tem um valor dectico ou anafrico, contribuindo para a construo da referncia do nome que precede atravs do estabelecimento de uma relao de posse entre o nome e, por exemplo, um participante do discurso (ii) ou um antecedente textual (iii). Em contextos definidos, o determinante possessivo obrigatoriamente precedido pelo artigo definido ou pelo demonstrativo (iv), excepto em contextos em que o grupo nominal em que se encontra tem a funo de vocativo (v) ou de modificador apositivo (vi). Os determinantes possessivos podem ser precedidos de certos quantificadores (vii). Em contextos indefinidos, o determinante possessivo ocorre em posio ps-nominal (viii)-(ix). (i) So determinantes possessivos: Um possuidor: - meu, minha, meus, minhas - teu, tua, teus, tuas - seu, sua, seus, suas Vrios possuidores: - nosso, nossa, nossos, nossas 39

- vosso, vossa, vossos, vossas - seu, sua, seus, suas (ii) O [meu] carro o melhor. (iii) Todos os pais pegaram nos [seus] filhos e saram. (iv) (a) {Este / O} [meu] aluno chega sempre atrasado. (b) *[Meu] {este / O} aluno chega sempre atrasado. (v) [Meu] filho, vem comer a sopa. (vi) ...a D. Afonso Henriques, D. Sancho I, [seu] filho primognito, sucedeu-lhe. (vii) Todos {estes / os } [meus] alunos chegaram atrasados. (viii) Um amigo meu mora ali. (ix) Alunos meus no fariam isso. Nem sempre os determinantes possessivos expressam uma relao de posse. Por exemplo, num contexto como "a minha fotografia", h trs interpretaes possveis: a) a fotografia que eu possuo (posse); b) a fotografia que eu tirei (agente); c) a fotografia que me tiraram (objecto). Interjeio Palavra invarivel que pertence a uma classe aberta. Uma interjeio no estabelece relaes sintcticas com outras palavras e tem uma funo exclusivamente emotiva. O valor de cada interjeio depende do contexto de enunciao e corresponde a uma atitude do falante ou enunciador. A tradio gramatical luso-brasileira classifica semanticamente as interjeies, conforme os exemplos (i) a (xi). (i) De alegria: ah!, oh!, ... (ii) De animao: eia!, vamos!, ... (iii) De aplauso: bravo!, viva!, ... (iv) De desejo: oh!, oxal!, ... (v) De dor: ai!, ui!, ... (vi) De espanto ou surpresa: ah!, hi!, ... (vii) De impacincia: irra!, hem!, ... (viii) De invocao: !, pst!, ... (ix) De silncio: psiu!, silncio!, ... (x) De suspenso: alto!, basta!, ... (xi) De terror: ui!, uh!, ... Locuo Sequncia de palavras que funciona, sintctica e semanticamente, como uma s. Locues adverbiais: "em breve", "com certeza"; Locues prepositivas: "em cima de", "debaixo de"; Locues conjuntivas: "assim que", "logo que", "ainda que". Nome Palavra pertencente a uma classe aberta de palavras, que permite variao em gnero (i), em nmero (ii) e, em alguns casos, em grau aumentativo e diminutivo (iii). O nome o ncleo do grupo nominal, podendo co-ocorrer com determinantes ou quantificadores, que o antecedem. semelhana do que acontece com os verbos, alguns nomes podem seleccionar complementos (iv). 40

(i) menino / menina (ii) menino / meninos (iii) co / cozinho / cozarro (iv) a invaso da Glia O termo "substantivo" sinnimo de "nome". Nome colectivo Nome singular que se aplica a um conjunto de objectos ou entidades do mesmo tipo (i). H nomes colectivos contveis, como os exemplificados em (i), e nomes colectivos no contveis, que no aceitam plural, como os exemplificados em (ii). (i) rebanho, alcateia, multido (ii) fauna, flora Nome comum Nome que no designa necessariamente um referente nico, pelo que no completamente determinado (i-ii), admitindo complementos ou modificadores de nome restritivos (iii-iv) e pluralizao (vvi). (i) Aquela regio bonita. (ii) O rapaz ganhou um prmio. (iii) A regio que visitmos bonita. (iv) O rapaz inteligente ganhou um prmio. (v) Aquelas regies so bonitas. (vi) Os rapazes ganharam o prmio. Nome contvel Nomes comuns que se aplicam a objectos ou referentes que podem ser diferenciados como partes singulares ou partes plurais de um conjunto (i). Assim, podem ocorrer em construes de enumerao (ii) e a forma de plural marca uma oposio quantitativa (iii). (i) O [aluno] estudou muito para o teste. (ii) Um [aluno] estudou muito, dois [alunos] faltaram e muitos quiseram mudar a data do teste. (iii) Um aluno / dois alunos / muitos alunos. Nome no-contvel Nomes comuns que se aplicam a conjuntos de objectos ou entidades em que no possvel distinguir partes singulares de partes plurais, conforme exemplos (i) a (iii). Por esta razo, estes nomes no ocorrem, tipicamente, em construes de enumerao (iv) nem co-ocorrem com alguns quantificadores e determinantes (v). As construes de plural dos nomes no contveis no designam uma oposio quantitativa, mas sim qualitativa (vi). (i) A [farinha] um ingrediente essencial dos bolos. (ii) Essa pea de [bronze] devia estar no museu. 41

(iii) A [educao] essencial para a democracia. (iv) *Uma educao, duas educaes, (v) *Certas / vrias educaes, ... (vi) H vrias farinhas no mercado. (= existem vrias qualidades de farinha no mercado). Os nomes no contveis que denotam entidades que podem ser medidas tambm so designados como "nomes massivos". Nome prprio Nome que designa um referente fixo e nico num dado contexto discursivo, pelo que completamente determinado (i-ii), no admitindo complementos ou modificadores de nome restritivos (iii-iv) ou variao em nmero (v-vi). (i) Portugal bonito. (ii) O Joo ganhou um prmio. (iii) *Portugal que visitmos bonito. (iv) *O Joo inteligente ganhou um prmio. (v) *Portugais so bonitos. (vi) *Os Joes ganharam um prmio. Em contextos discursivos especficos, os nomes prprios podem ser usados como nomes comuns: (i) O Porto que eu conheci j no existe. Numeral cardinal Quantificador que atribui uma quantidade precisa (expressa em termos numricos) ao nome com que se combina ou a que se refere. So quantificadores numerais cardinais: um, dois, trs, quatro, ... (1) Comprei [duas camisolas]. Alguns numerais cardinais so locues formadas com nomes como dzia ou milhar. Numeral fraccionrio Locuo formada com nomes como "metade", "tero", "quarto que expressa uma parte de uma quantidade. So quantificadores numerais fraccionrios: metade, tero, quarto, quinto, ... Muitas outras expresses de quantidade e medida, como uma poro de, um litro de, etc. funcionam sintctica e semanticamente de forma semelhante aos quantificadores numerais fraccionrios. Numeral multiplicativo Locuo formada com nomes como "dobro", "triplo" que expressa um mltiplo de uma quantidade. So quantificadores numerais multiplicativos: 42

dobro, triplo, qudruplo, quntuplo,... Preposio Palavra invarivel, pertencente a uma classe fechada de palavras, que pode ter como complemento quer oraes, quer grupos nominais, quer advrbios, obrigando qualquer pronome contido num grupo nominal que ocorra como seu complemento a apresentar caso oblquo ((i), (ii)). (i) Ele quer jogar [contra mim]. (ii) *Ele quer jogar [contra eu]. O seguinte conjunto de palavras normalmente listado como constituindo o conjunto das preposies em Portugus: a, ante, aps, at, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante, por, segundo, sem, sob, sobre, trs. Pronome Palavra pertencente a uma classe fechada de palavras que, em alguns casos, permite variao em gnero e nmero, noutros em pessoa, gnero e nmero e noutros permite variao em caso. Ao contrrio do que acontece com o determinante, o pronome no pode preceder um nome (a menos que sejam separados por uma pausa). (i) ele - Ele vai a casa. (ii) este - Este o melhor. (iii) meu - O meu o melhor. Impossibilidade de co-ocorrncia de nomes e pronomes: (iv) *Ele Miguel bonito. (v) O meu carro o melhor. (neste caso, a co-ocorrncia s possvel porque "meu" um determinante e no um pronome) Pronome demonstrativo Pronome que admite variao em gnero e nmero e que tem um valor dectico ou anafrico, estabelecendo a sua referncia tendo em conta a sua relao de proximidade ou distncia com, por exemplo, um participante do discurso ou um antecedente textual. Pronomes demonstrativos: a) Formas tnicas - este(s), esta(s), isto - esse(s), essa(s), isso - aquele(s), aquela(s), aquilo b) Forma tona -o (i) [Isto] incomoda-me. (ii) Ele disse-[o] (= ele disse isso / ele disse que ...) (iii) Este rapaz um palerma e [aquele] tambm Pronome indefinido Pronome que admite variao em gnero e nmero, correspondente ao uso pronominal de um quantificador ou de um determinante indefinido. 43

(i) [Algum] bateu porta. Ele comeu [tudo]. [Ningum] lhe telefonou. (ii) [Todos] vieram festa. Tu compraste muitos livros, mas eu s comprei [alguns]. Pronome interrogativo Pronome que identifica o constituinte interrogado em frases interrogativas parciais (i)-(iii). So pronomes interrogativos: - o que, o qu - quem - que (i) Quem encontraste? (ii) Fizeste o qu? (iii) Quantas encontraste? Nem todas as palavras que identificam o constituinte interrogado em frases interrogativas parciais so pronomes. Assim, quando uma palavra interrogativa precede um nome, trata-se de um determinante interrogativo, como "que" em "que livro leste?"; se precede um nome e tem valor quantificacional, tratase de um quantificador interrogativo, como "quanto(s)/quanta(s)" em quantos livros leste?; se no de natureza nominal, trata-se de um advrbio interrogativo, como "onde", como e "porque/porqu". Pronome pessoal Pronome que admite variao em caso, pessoa, gnero e nmero e que se refere, geralmente, aos participantes do discurso. O pronome pessoal tem formas tnicas e formas tonas. So formas tonas as formas do pronome pessoal que ocorrem sistematicamente adjacentes ao verbo ( esquerda do verbo - em prclise - ou direita - em nclise -, ou ainda no interior das formas de futuro e futuro do pretrito - em mesclise); so formas tnicas as restantes formas. As formas da variante tona do pronome pessoal cuja terceira pessoa "se" podem assumir diferentes valores, funcionando como marcadores de reflexividade (i) e reciprocidade (ii). Podem ainda ocorrer como marcadores de indefinio do sujeito (valor impessoal ocorrendo exclusivamente na terceira pessoa) (iii), de uma estratgia de passivizao (valor passivo ocorrendo exclusivamente na terceira pessoa) (iv) ou como parte integrante do verbo com que se combinam (valor inerente) (v). Pronomes pessoais tnicos: eu, tu, voc, ele / ela, ns, vs, vocs, eles / elas; mim, ti, si. Pronomes pessoais tonos: me, te, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes, se. (i) O Joo viu-se no espelho. (ii) O Joo e a Maria encontraram-se na rua. (iii) Dorme-se bem neste colcho. (iv) Dizem-se coisas estranhas neste pas. (v) A Maria porta-se mal.

44

1. So formas de contraco do pronome pessoal tnico com a preposio "com" as seguintes formas: comigo, contigo, connosco, convosco, consigo. 2. So formas de contraco de dois pronomes pessoais as formas "mo(s)"/"ma(s)" (contraco de "me" e "o(s)"/"a(s)"), "to(s)"/"ta(s)" (contraco de "te" e "o(s)"/"a(s)"), "lho(s)"/"lha(s)" (contraco de "lhe" e "o(s)"/"a(s)"). Pronome possessivo Pronome que admite variao em pessoa, gnero e nmero e que tem um valor dectico ou anafrico, referindo-se, tipicamente, a um participante do discurso ou a um antecedente tomado como possuidor. Os pronomes possessivos so geralmente precedidos de artigo definido. Pronomes possessivos: Um possuidor: - meu, minha, meus, minhas - teu, tua, teus, tuas - seu, sua, seus, suas Vrios possuidores: - nosso, nossa, nossos, nossas - vosso, vossa, vossos, vossas - seu, sua, seus, suas Na frase seguinte, "teus" um pronome possessivo: (i) Os filhos da Maria esto ptimos! E os teus? Nem sempre os pronomes possessivos expressam uma relao de posse. Por exemplo, num contexto como "Esta a minha fotografia, aquela a tua", h trs interpretaes possveis para o pronome "tua": a) a fotografia que tu possuis (posse); b) a fotografia que tu tiraste (agente); c) a fotografia que te tiraram (objecto). Pronome relativo Pronome que ocorre no incio das oraes relativas. So pronomes relativos: Variveis: - o qual, os quais, a qual, as quais Invariveis: - que - quem (i) Encontrei o livro [de que me falaste]. (ii) Conheo [quem te pode ajudar]. 1. Note-se que o pronome relativo tem uma funo dupla na orao adjectiva ou substantiva em que ocorre, na medida em que: (i) sendo um pronome, desempenha uma funo sintctica; (ii) serve de conector ou elemento de ligao entre a orao subordinada e o nome ou grupo nominal que modifica.

45

2. Como o exemplo (i) mostra, quando o pronome relativo faz parte de um grupo preposicional, todo o grupo preposicional ocorre em posio inicial da orao relativa. 3. Nem todas as palavras que introduzem oraes relativas pertencem classe dos pronomes, como o caso dos advrbios relativos "onde", "como", dos quantificadores relativos "quanto(s)/quanta(s)" e do determinante relativo "cujo(s)/cuja(s)".

Quantificador Palavra que contribui para a construo do valor referencial de um nome com que se combina e cujo significado expressa informao relacionada com nmero, quantidade ou parte do seu referente, independentemente da sua definitude. Quantificador existencial Quantificador utilizado para asserir a existncia do nome com que se combina sem remeter para a totalidade dos elementos de um conjunto (i) ou para expressar uma quantidade no precisa (ii) ou relativa a um valor considerado como ponto de referncia (iii). So quantificadores existenciais: algum / alguns bastante(s) pouco(s) tanto(s) vrios / vrias (i) Alguns alunos faltaram ao teste. (do conjunto de alunos considerados s uma parte faltou ao teste) (ii) Vrios alunos faltaram ao teste. (uma quantidade no precisa de alunos faltou ao teste) (iii) Muitos alunos faltaram ao teste. (o nmero de alunos que faltou ao teste superior quantidade mdia) Quantificador universal Quantificador que induz uma leitura do grupo nominal relativa a todos os elementos de um conjunto. So quantificadores universais: todo(s), toda(s), ambos, cada, qualquer e nenhum(a)/ nenhuns(mas). (1) Todo o homem mortal. (= Para todo o homem, verifica-se que ele mortal.) (2) Qualquer animal selvagem sabe procurar comida. (= Para todo o animal selvagem, verifica-se que ele sabe procurar comida.) Verbo Palavra pertencente a uma classe aberta de palavras que flexiona em tempo, modo, pessoa e nmero, e que constitui o elemento principal do grupo verbal. comer, brincar, passear, viajar Verbo auxiliar

46

Verbo que co-ocorre, precedendo-o, com um verbo principal e que no determina quais os complementos ou o sujeito que ocorrem na frase. Os verbos auxiliares so usados para a formao de tempos compostos (i), para a formao de frases passivas (ii), ou para veicular informao temporal (iii), aspectual (iv) e modal (v). Numa mesma frase, pode haver mais do que um verbo auxiliar (vi)-(vii). (i) A Eva tem brincado bastante. (ii) O bolo de aniversrio foi encomendado. (iii) A Eva vai brincar no jardim. (iv) A Eva est a brincar no jardim. (v) A Joana devia ir ao mdico. (vi) A Joana deve ir brincar no jardim. (vii) O problema podia ter sido explicado de outra forma. Verbo copulativo Verbo que ocorre numa frase em que existe um constituinte com a funo sintctica de sujeito e outro com a funo sintctica de predicativo do sujeito. Costumam listar-se como verbos copulativos os seguintes: ser, estar, ficar, parecer (como em "parecer doente"), permanecer, continuar (como em "continuar calado") e tornar-se. (i) A Teresa est doente. (ii) A Ana veterinria. (iii) A Margarida ficou calada. (iv) A Margarida continua em Lisboa. Verbo intransitivo Verbo principal que no selecciona complementos. (i) O Miguel desmaiou. (ii) *O Miguel desmaiou a me. (iii) A Z tossiu. (iv) *A Z tossiu o hospital. Verbo principal Verbo que, numa frase ou orao, determina: - a ocorrncia de um sujeito e de um ou vrios complementos; - a categoria e interpretao do sujeito, dos complementos. Os verbos principais dividem-se em vrias subclasses organizadas de acordo com a possibilidade de seleccionarem sujeito ou predicativos e com a natureza categorial dos seus complementos. Um mesmo verbo pode pertencer a diferentes subclasses em funo do contexto de ocorrncia. A natureza nominal ou preposicional do complemento, nas frases "o Pedro gosta de bolos" ou "o Pedro adora bolos", depende da presena dos verbos principais "gostar" e "adorar". Pelo contrrio, a presena de um verbo auxiliar, como nas frases "o Pedro tinha gostado do bolo" ou "o Pedro tinha adorado o bolo", no altera a natureza dos complementos. O facto de o sujeito das frases "o Joo adoeceu" e "o Joo cantou" ser interpretado de forma diferente depende, tambm, do verbo principal, na medida em que apenas na segunda frase o sujeito um agente. 47

Verbo transitivo directo Verbo principal que selecciona um sujeito e um complemento com a funo sintctica de complemento directo (i)-(iv). (i) A Ana fechou a porta. (ii) A Ana fechou-a. (iii) *A Ana fechou. (agramatical como frase isolada) (iv) A Ana pediu [que fechassem a porta]. (v) A Ana pediu-o. (vi) *A Ana pediu. (agramatical como frase isolada) Verbo transitivo directo e indirecto Verbo principal que selecciona um sujeito e dois complementos: um com a funo sintctica de complemento directo e outro com a de complemento indirecto (i)-(iv) ou de complemento oblquo (v)-(viii). (i) A Teresa deu o livro professora. (ii) A Teresa deu-o professora. (iii) A Teresa deu-lhe o livro. (iv) A Teresa deu-lho. (v) O Pedro ps os livros na estante. (vi) O Pedro p-los na estante. (vii) O Pedro ps os livros a. (viii) O Pedro p-los a. Verbo transitivo indirecto Verbo principal que selecciona um sujeito e um complemento indirecto (i)-(ii) ou oblquo (iv)-(v). (i) A prenda agradou Ana. (ii) A prenda agradou-lhe. (iii) *A prenda agradou. (iv) A Margarida vai a Paris. (v) A Margarida vai l. (vi) *A Margarida vai. Verbo transitivo-predicativo Verbo principal que selecciona um sujeito, um complemento directo e um predicativo do complemento directo. (i) A Teresa acha o Pedro feio. (ii) A Teresa acha-o feio. Os verbos transitivos-predicativos conseguem distinguir-se dos verbos transitivos directos atravs da substituio do complemento directo por um pronome. Assim, observa-se que, em frases como "o Pedro 48

leu um livro horrvel"/"o Pedro leu-o"/"*o Pedro leu-o horrvel", no h predicativo do complemento directo (no havendo, consequentemente, verbo transitivo-predicativo), enquanto em frases como "o Pedro considera o livro horrvel"/"o Pedro considera-o horrvel" a expresso "horrvel" no faz parte do complemento directo, funcionando como predicativo do complemento directo.

49

DOMNIO B.4: SINTAXE Disciplina da lingustica que estuda a forma como as palavras se combinam para formar unidades maiores. A unidade mxima de anlise sintctica a frase.Termos por ordem alfabtica:

Assindtica Construo de coordenao cujos membros no iniciais no so introduzidos por uma conjuno. - frase complexa formada por coordenao em que nenhuma das oraes coordenadas introduzida por conjuno: [O Joo foi escola], [a Teresa ficou em casa]. - construo de coordenao no frsica em que os elementos coordenados no so introduzidos por uma conjuno: A Eva partiu [um copo], [um prato]... A tradio gramatical luso-brasileira aplica normalmente o termo "assindtica" a estruturas de coordenao, no o aplicando a estruturas de subordinao. Complemento Funo sintctica, distinta da funo de sujeito, desempenhada por um constituinte seleccionado por um verbo, nome, adjectivo, preposio ou advrbio. Na frase (i), o grupo nominal "o bolo" complemento do verbo "comeu". Sabe-se que este constituinte um complemento do verbo, porque a sua presena na frase depende deste verbo, conforme se atesta em (ii): (i) O Joo comeu o bolo. (ii) *O Joo tossiu o bolo. (frase agramatical porque "o bolo" no seleccionado por "tossiu") O Joo tossiu. Na frase (iii), a orao completiva "de comprarmos uma casa" complemento do nome "ideia". Sabe-se que este constituinte um complemento do nome, porque a sua presena na frase depende deste nome, conforme se atesta em (iv): (iii) A ideia de comprarmos uma casa agrada-me. (iv) *A camisola de comprarmos uma casa agrada-me. A camisola agrada-me.

Na frase (v), o grupo preposicional "do filho" complemento do adjectivo "orgulhoso". Sabe-se que este constituinte um complemento do adjectivo, porque a sua presena na frase depende do adjectivo, conforme se atesta em (vi): (v) O Pedro est orgulhoso do seu filho. (vi) *O Pedro est louco do seu filho. O Pedro est louco.

50

Na frase (vii), o grupo nominal "casa" complemento da preposio "em": (vii) O Pedro est em casa. O complemento distingue-se do modificador, porque este no seleccionado. Assim, a ausncia de um complemento pode gerar uma frase anmala (i), o que no acontece com um modificador (ii). (i) a. O Joo porta-se mal. b. *O Joo porta-se. (ii) a. O Joo cantou mal. b. O Joo cantou. Complemento agente da passiva Funo sintctica desempenhada por um grupo preposicional presente numa frase passiva, que corresponde ao sujeito na frase activa com o mesmo significado. (i) A baleia foi encontrada [por um pescador]. (activa correspondente: "Um pescador encontrou a baleia") (ii) O co est a ser tratado [pelo veterinrio]. (activa correspondente: "O veterinrio est a tratar o co.") Complemento directo Complemento seleccionado pelo verbo, que pode ter uma das seguintes formas: - grupo nominal substituvel por um pronome pessoal acusativo ("o", "a", "os" ou "as"); - orao subordinada substantiva substituvel pelo pronome demonstrativo tono "o". Complementos directos nominais: (i) O Joo comeu [o bolo]. O Joo comeu-[o]. (ii) A Margarida perdeu [a mala que a me lhe deu]. A Margarida perdeu-[a]. Complementos directos oracionais: (iii) A Margarida disse [que o Joo comeu o bolo]. A Margarida disse-[o]. (iv) A Margarida tambm perguntou [se a tua me est melhor]. A Margarida tambm [o] perguntou. Complemento do adjectivo Complemento seleccionado por um adjectivo. O complemento do adjectivo pode ser um grupo preposicional (oracional (i) ou no oracional (ii)). Os complementos do adjectivo so sempre de preenchimento opcional. (i) O Joo est [contente [por te ter convidado]] ([por te ter convidado] complemento do adjectivo "contente" no grupo adjectival [contente por te ter convidado]). (ii) O Joo est [contente [com a situao]] ([com a situao] complemento do adjectivo "contente" no grupo adjectival [contente com a situao]). Complemento do nome

51

Complemento seleccionado por um nome. O complemento do nome pode ser um grupo preposicional (oracional (i) ou no oracional (ii)) ou, menos frequentemente, um grupo adjectival (iii). Um nome pode seleccionar mais de um complemento (iv). Os complementos do nome so sempre de preenchimento opcional. (i) [A ideia [de que o Joo aceitaria o lugar]] absurda. ([de que o Joo aceitaria o lugar] o complemento do nome "ideia" no grupo nominal [a ideia de que o Joo aceitaria o lugar]) (ii) [A construo [do edifcio]] parece-me difcil. ([do edifcio] complemento do nome "construo" no grupo nominal [a construo do edifcio]) (iii) [A pesca [baleeira]] tem vindo a aumentar. ([baleeira] o complemento do nome "pesca" no grupo nominal [a pesca baleeira]) (iv) [A oferta [de livros] [s bibliotecas escolares]] importante. ([de livros] e [s bibliotecas escolares] so complementos do nome "oferta" no grupo nominal [a oferta de livros s bibliotecas escolares]) Complemento indirecto Complemento seleccionado pelo verbo, que tem a forma de grupo preposicional e pode ser substitudo pelo pronome pessoal na sua forma dativa ("lhe" / "lhes") (i-iii). (i) O Pedro deu uma prenda [aos pais]. O Pedro deu-[lhes] uma prenda. (ii) O Pedro telefonou [ao mdico de que lhe falei]. O Pedro telefonou-[lhe]. (iii) O Pedro telefonou [ao mdico amigo da minha me]. O Pedro telefonou-[lhe]. Complemento oblquo Complemento seleccionado pelo verbo, que pode ter uma das seguintes formas: - grupo preposicional que no substituvel pelo pronome pessoal na sua forma dativa ("lhe" / "lhes") (iii). - grupo adverbial (iii). - a coordenao de qualquer uma destas formas (por exemplo (iv)). (i) O Joo foi [a Nova Iorque]. *O Joo foi-lhe. (ii) O Joo gosta [de bolos]. *O Joo gosta-lhes. (iii) O Joo mora [aqui]. (iv) O Joo vive [aqui ou em Lisboa]? Um complemento oblquo pode ter diferentes valores semnticos, conforme exemplificado em (i) e (ii).

Complexo verbal Sequncia de um ou mais verbos em que apenas um deles um verbo principal e os restantes verbos so verbos auxilares.

52

(i) O Joo tem trabalhado muito. (complexo verbal: "tem trabalhado") (ii) O Joo tem de comear a trabalhar muito. (complexo verbal: "tem de comear a trabalhar") (iii) O Joo vai comear a poder trabalhar muito. (complexo verbal: "vai comear a poder trabalhar") Concordncia Processo gramatical em que duas ou mais palavras partilham traos flexionais de pessoa, gnero ou nmero por se encontrarem numa determinada configurao sintctica. Existe concordncia obrigatria nos seguintes contextos: entre sujeito e verbo flexionado no predicado (i); entre determ