dicas de sax

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15/03/2005 Olá leitor. Meu nome é Ivan Meyer, e a partir de hoje serei responsável por esta coluna de Sax aqui no Cifra Clube. Espero poder trazer muitas novidades e conhecimento, divulgar as técnicas sobre este instrumento com toda segurança pra vocês! Vamos falar nesta Dica Técnica de um dos assuntos mais polêmicos para os saxofonistas: a tal da "embocadura certa". Cada músico possui boca, arcada dentária, cavidade bucal e lábios diferentes, além da variedade de boquilhas e palhetas. Tudo isso influencia nas embocaduras. Tentamos encaixar a boquilha em nossa boca e, dependendo de nossos lábios, arcada dentária e cavidade bucal, vamos ter respostas diferentes, de acordo com a posição da boquilha na boca. Há várias maneiras de se colocar a boquilha na boca. Essa maneira específica é por nós chamada de embocadura. Existem vários tipos de embocaduras, como também há diferentes boquilhas e palhetas. Temos que formar um conjunto equilibrado e único para nosso próprio uso. O mesmo conjunto (embocadura, boquilha e palheta) não funciona bem com outro saxofonista e vice-versa, justamente pela diversificação de lábios, arcadas dentárias e cavidade bucal. A confusão sobre qual a melhor palheta, boquilha ou embocadura a ser usada pelo saxofonista é também comum em outros instrumentos de sopro, como o clarinete, flauta transversal, trompete, trombone, oboé, etc. Isso porque somos diferentes e temos respostas diferentes ao que somos expostos. Podemos classificar a embocadura do sax em dois grupos básicos: alguns saxofonistas adotam o apoio dos dentes superiores na boquilha e outros não, sendo que cada um dos estilos tem suas próprias variantes. Não estou afirmando que devemos ter maneiras diferentes de fazer a embocadura, mas sim falando que, em minha experiência como professor aqui e fora do Brasil, pude observar as diversas embocaduras adotadas pelos saxofonistas, profissionais ou amadores, e cada tipo tem suas qualidades. A diferença básica entre os dois tipos de embocadura é: O apoio dos dentes superiores na boquilha Uma corrente de saxofonistas adota e usa o apoio dos dentes. Outros, em vez de usar o dente, utilizam o lábio para dar firmeza à embocadura, o que não acontece, pois o lábio não tem a consistência de um dente. Você deve estar se perguntando: qual é a melhor embocadura? Se você tem essa dúvida, é porque ainda está usando o lábio. Quem usa o apoio dos dentes não tem

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Page 1: Dicas de Sax

15/03/2005

Olá leitor. Meu nome é Ivan Meyer, e a partir de hoje serei responsável por esta coluna de Sax aqui no Cifra Clube. Espero poder trazer muitas novidades e conhecimento, divulgar as técnicas sobre este instrumento com toda segurança pra vocês!Vamos falar nesta Dica Técnica de um dos assuntos mais polêmicos para os saxofonistas: a tal da "embocadura certa". Cada músico possui boca, arcada dentária, cavidade bucal e lábios diferentes, além da variedade de boquilhas e palhetas. Tudo isso influencia nas embocaduras. Tentamos encaixar a boquilha em nossa boca e, dependendo de nossos lábios, arcada dentária e cavidade bucal, vamos ter respostas diferentes, de acordo com a posição da boquilha na boca.Há várias maneiras de se colocar a boquilha na boca. Essa maneira específica é por nós chamada de embocadura. Existem vários tipos de embocaduras, como também há diferentes boquilhas e palhetas. Temos que formar um conjunto equilibrado e único para nosso próprio uso. O mesmo conjunto (embocadura, boquilha e palheta) não funciona bem com outro saxofonista e vice-versa, justamente pela diversificação de lábios, arcadas dentárias e cavidade bucal.A confusão sobre qual a melhor palheta, boquilha ou embocadura a ser usada pelo saxofonista é também comum em outros instrumentos de sopro, como o clarinete, flauta transversal, trompete, trombone, oboé, etc. Isso porque somos diferentes e temos respostas diferentes ao que somos expostos.Podemos classificar a embocadura do sax em dois grupos básicos: alguns saxofonistas adotam o apoio dos dentes superiores na boquilha e outros não, sendo que cada um dos estilos tem suas próprias variantes.Não estou afirmando que devemos ter maneiras diferentes de fazer a embocadura, mas sim falando que, em minha experiência como professor aqui e fora do Brasil, pude observar as diversas embocaduras adotadas pelos saxofonistas, profissionais ou amadores, e cada tipo tem suas qualidades.A diferença básica entre os dois tipos de embocadura é: O apoio dos dentes superiores na boquilhaUma corrente de saxofonistas adota e usa o apoio dos dentes. Outros, em vez de usar o dente, utilizam o lábio para dar firmeza à embocadura, o que não acontece, pois o lábio não tem a consistência de um dente.Você deve estar se perguntando: qual é a melhor embocadura? Se você tem essa dúvida, é porque ainda está usando o lábio. Quem usa o apoio dos dentes não tem

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essa dúvida! Veja a figura abaixo.

A grande confusãoA confusão começou há muito tempo, quando o Brasil era escasso em métodos e bom professores. Havia (e existe até hoje) um método importado que eu não vou citar, é claro , um dos mais conhecido para saxofone, adotado pelas escolas, conservatórios e igrejas evangélicas. Sua explicação de como se fazer a embocadura é um absurdo, uma aberração musical, embora tenha exercícios escritos que são gostosos de executar.Quantos músicos tiveram arruinado a sua carreira pelo uso deste "método" de se fazer a embocadura sem o uso dos dentes superiores no apoio da boquilha? Ele indica somente o apoio dos lábios superiores e inferiores voltados para dentro, seguido de um golpe seco com a língua para fazer vibrar a palheta e produzir o som com a sílaba "tu". Que falta de informação! Veja a Figura 2.

Professores que confiaram nesse método não tiveram e nunca teriam a intenção de ensinar errado. Simplesmente, eles não conhecem outra maneira de fazer embocadura, e isso é muito triste.

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Que fique claro que minha intenção é ajudar a mudar esse quadro em nosso país. Para isso, precisamos se conscientizar do problema e, principalmente, como tratá-lo. Posso afirmar, porém, que é crescente o número de saxofonistas que adotam e mudam sua embocadura para o apoio dos dentes. Prova disso são os novos saxofonistas evangélicos, com destaque em bandas gospel, todos eles donos de uma ótima técnica e sonoridade.Como deve ser a embocadura?O uso dos lábios é aconselhável somente para quem não tem os dentes superiores ou possui algum tipo de ponte móvel ou algum outro problema com a raiz do dente. Consulte um dentista e mostre o seu problema em relação à boquilha. Se necessária peça ao seu professor para conversar com o dentista para expor como é feito esse apoio dos dentes na boquilha ou mostre esta matéria com os desenhos das embocaduras, pois isto pode ajudá-lo a encontrar uma solução para seu problema. Não é necessário morder a boquilha e, mesmo que você use uma dentadura, ponte móvel ou dente postiço, isso não é impedimento para o uso da embocadura de apoio com os dentes. Esse apoio só deverá ser evitado caso venha trazer algum dano à sua saúde. Sem esses sintomas, você deve usar o apoio dos dentes superiores na boquilha.Caso venha sentir algum tipo de dor, consulte seu dentista, pois isso não é normal, e você pode estar com algum problema.Posição da boquilha na bocaRepare que vários saxofonistas conhecidos têm a boquilha mais para a esquerda ou direita e não necessariamente no centro, onde sentem mais firmeza no apoio dos dentes. Muitas vezes, essa sensação é ocasionada pela diferença de altura entre os dentes frontais superiores.Uma seção de limagem no dentista, para tirar a diferença de altura, pode ser a solução para apoiar a boquilha em ambos. Contudo, é sabido que usá-la mais para um lado ou para o outro não traz conseqüências para o saxofonista. O que não pode acontecer é o saxofonista ficar trocando de lado a toda hora. Devemos encontrar o melhor apoio, aquele com o qual você se sinta confortável. Assim, seu organismo cuidará de desenvolver os músculos mais usados na embocadura, como mostra a Figura 3.

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Apoiando os dentes superiores na boquilhaQuando somente usamos os lábios para segurar a boquilha em nossa boca, sem o uso dos dentes superiores, a afinação fica seriamente comprometida em passagens rápidas ou de intervalos distantes, e o músico não tem domínio dos graves e tampouco dos agudos, pois não trabalha os harmônicos, que necessitam da precisão de abertura feita com o apoio dos dentes (tanto para os graves como para os agudos). Desse modo, a sonoridade é pequena e a resistência superbaixa. Se, ainda assim, o músico tira um som bonito, não se engane! O efeito duro pouco, pois o lábio não tem resistência para manter o som ou segurar a afinação.O atrito com os dentesRepare naquelas boquilhas de massa ou metal em que, no lugar de contato da boquilha com o dente, existe outro material (geralmente uma resina protética). Isso evita que o atrito do dente com a boquilha origine um furo no local de apoio. As boquilhas de massa que seguem essa corrente de embocadura têm uma resina diferente, de vez em quando com cor diferente também, que garante a vida útil do acessório. O processo é o mesmo para as boquilhas de metal, caso contrário o atrito entre o metal e o dente destruiria o dente. Nesse caso, é melhor substituir a resina da boquilha do que perder o dente; o desgaste do dente em contato com o metal pode chegar até a raiz e danificá-lo.Não tenha medo de mudar ou experimentar. Você só vai crescer se tentar novos caminhos. Sei que, no começo, saxofonistas que usam somente o lábio têm receio de colocar os dentes superiores na boquilha. Geralmente, sentem cócegas ou arrepios. Pode-se colocar um pedaço de papel contact ou couro colado sobre a parte de apoio dos dentes, ou comprar em casas especializadas adesivos para este fim.Assim, criamos um tipo de amortecedor da vibração da boquilha. Depois, com o tempo, você se acostuma e poderá até tirá-lo.Sinto que ao colocar um contact ou couro na boquilha, alteramos o som dela para "mais aveludado". Outra dica interessante é colocar um pedacinho de pelica nos dentes inferiores, caso seus dentes sejam do tipo serrilha. Sem o atrito do lábio inferior com os dentes inferiores, você vai tocar por várias horas. Isso é comum entre

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os saxofonistas mais experientes que no carnaval trabalham durante vários dias e horas e em condições que os obrigam a tocar muito forte. Quem já fez carnaval sabe do que estou falando....Mantendo o apoio dos dentesDevido ao fato de o contato do dente não estar sendo total, é preciso apoiá-lo com uma pequena pressão para baixo. Neste caso, a altura da correia é fundamental. Se ela estiver alta, forçará o contato da boquilha com o dente, tirando todo o peso do sax sob o maxilar inferior e deixando-o livre para ter a precisão no controle de vibratos, harmônicos e todos os matizes do som.Mas, se apoiar o dente na boquilha e manter a correia baixa, com o tempo ou durante uma execução, você poderá transferir por descuido o peso do sax para o maxilar inferior, ficando impedido de executar múltiplas funções. Isso é fatal. De nada adianta apoiar corretamente os dentes e usar a correia baixa, pois assim você perderá o apoio dos dentes superiores na boquilha, além de estrangular toda a passagem de ar e diminuir o espaço entre a boquilha e a palheta, devido ao próprio peso do sax, que tem seu apoio mais no lábio inferior do que nos dentes superiores.Encontrando a altura certa da correiaColoque-se em pé com a coluna ereta. É preciso fazer com que o sax - preso na correia e na posição de tocar - venha em direção aos dentes superiores e não à altura do queixo. Caso isso aconteça, não abaixe a cabeça para fazer a embocadura, nem projete a coluna para frente a fim de alcançar a boquilha. Lembre-se de levantar a correia, fazendo com que a boquilha encaixe embaixo dos dentes superiores, mantendo uma pequena pressão. Você terá sua garganta livre e aberta para a passagem do ar, e estará evitando o peso do sax sobre o maxilar inferior, o que tira seus movimentos e controle. O maxilar inferior é uma das peças mais importantes desse conjunto. Ele é responsável pelas impostações dos graves e projeções dos agudos, vibrato e inflexões tonais.Teste do tudelEmbora simples este teste é muito eficaz para saber se estamos com o apoio correto dos dentes. Para isso, basta pedir que alguém balance o tudel enquanto você toca: se sua cabeça acompanhar o movimento do tudel como se fosse uma única peça, você estará com a embocadura certa. Porém, se balançarem o tudel ao tocar, a boquilha deslizar pelos seus dentes, desafinar ou perder o som, é sinal de que está faltando o apoio dos dentes. Quem deve estar fazendo o papel de fixação é o lábio - e o lábio é mole, não fixa nada. Isso deve estar acontecendo por causa da correia baixa. Levante-a e ganhe firmeza no seu som.Como saber se sua embocadura está firmeToque uma música, escala cromática e uma nota longa. Enquanto isso faça um grande círculo com o sax. A cabeça deve acompanhar o movimento junto com o tronco. Com o corpo e a cabeça se movendo de um lado para o outro, se você não perder a sonoridade nem tiver alterações no som, então podemos dizer que você está com a embocadura usada pelos grandes saxofonistas. É lógico que ela dá trabalho para ser entendida, mas a diferença está justamente aí! É que ela dá "muito trabalho" para quem a usa, principalmente trabalho em shows, trabalho em orquestras de bailes, trabalho em gravações, em acompanhamento de artistas, em escolas...Captou a mensagem? Dá um trabalho...Como saber se estamos tocando com a embocadura relaxada

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É muito fácil: basta tocar a nota DO sem a chave de agudos ou registro (aquela que usa somente a mão esquerda). Quando ela estiver soando, você então aperta o maxilar contra a palheta e a sua nota DO vai virar um DO #. Caso isso não ocorra, é porque você está com a embocadura tensa (veja a Figura 4). Para corrigi-la, faça então o contrário.

Toque a nota relaxando o maxilar, para fazer com que ela desça meio tom. Esta deverá ser a sua posição de embocadura. Você deve afinar as outras notas da escala em relação a esta nota relaxada, mantendo a afinação entre elas sem tencionar o maxilar. Desse modo, terá muito mais campo dinâmico e de inflexões tonais. Não se esqueça de nunca “bater’’ a língua para começar o som no sax. Você deve colocar o ar em movimento espiral por dentro do saxofone emitindo a sílaba HOO, (assim batizada pelo mestre Demétrio Lima, que é expert no assunto), utilizando somente o diafragma que colocara em movimento os ares parados, criando uma correnteza que projetará o seu som, na qual poderá articulá-lo à vontade, sem o perigo de engarrafá-lo dentro do sax. Caso não conheça esse processo, fique tranqüilo, pois este será nosso próximo assunto”.Agora, mãos à obra. Regule e acerte sua embocadura. Não custa nada tentar; se você não tentar, não irá conhecer suas possibilidades sonoras.

Isto é um pesadelo para todo saxofonista – um dia você possui a mais sonora palheta da face da terra, e no dia seguinte – poof! Você está preso a este pedaço de madeira que se tornou maciçamente empenada. Agora isto soa como se você estivesse soprando em um papel de seda. O que você vai fazer?

O que causa o empenamento?

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Para entender melhor o que aconteceu com sua palheta, nós precisamos falar um pouco sobre biologia das plantas. Sua palheta, antes de tudo, era parte de uma planta viva. O nome em latin para esta planta é Arundo Donax. Em Inglês, nós geralmente a chamamos de "Reed Cane". Muito semelhante ao Bambu ou a Cana de Açúcar, ela é umas canas altas, esbeltas que é geralmente uniforme em volta.

A cana é nativa da região mediterrânea, embora tenha sido trazida como uma planta de jardim decorativa para o sul dos Estados Unidos. Infelizmente, ela se adaptou totalmente, e se tornou a principal peste ambiental em muitas áreas, particularmente na Califórnia. Mas já é o bastante - vamos falar sobre empenamento! Você provavelmente teve que comer aipo em algum ponto de sua vida. Lembra-se desses pedaços pegajosos que ficam agarrados em seus dentes? Quase toda planta tem os mesmos pequenos fios - eles realmente são pequenos tubos chamados Xylema e Phloema. Estes tubos levam água e outros nutrientes para vários pontos ao longo da planta. Se você olhar suas palhetas, você deveria poder ver estes tubinhos bem claramente na parte de trás (fundo). Você também pode vê-los ao longo do topo. Aqui vai um truque que você pode fazer: Pegue uma palheta nova e coloque dentro de um copo com água limpa. Coloque a ponta da palheta dentro da água de forma que cubra somente 50 % da palheta. Deixe de molho uns 3 minutos. Pegue a palheta e sopre a parte traseira. Você irá notar que pequenas bolhas surgem na ponta da palheta. Adivinha o que é isso? Você acabou de soprar ar através dos tubos Xylema e Phloema para empurrar ar através da palheta. Até agora você provavelmente está desejando saber o que isto tem a ver com palhetas empenado, certo? Bem, antes de você molhar sua palheta, o Xylema e Phloema estavam cheios de ar. Além disso, as paredes destes tubos são muito mais densas que o material circunvizinho, caso contrário a planta soltaria todos os seus nutrientes no tecido circunvizinho. Isto significa que sua cana possui uma variedade de densidades desiguais. São estas áreas de densidades diferentes que causam o empenamento de sua palheta.

Aqui está o que acontece: depois que você molha sua palheta para tocar, a água em sua saliva esparrama uniformemente ao longo da cana, enchendo as áreas mais secas e menos densas primeiro. (Tais como o interior do Xylema e Phloema - eles são ocos, e possuem só a densidade do ar.) Como você continua molhando a palheta (ao tocar, e tem sua saliva absorvida), a água começa a esparramar uniformemente ao longo da palheta. Enquanto isto acontece, as várias partes da palheta começam a se expandir para acomodar a massa extra da água. Depois que você para de tocar, o oposto acontece - a palheta encolhe a medida em que a umidade evapora. Porém, as primeiras áreas a secar são as áreas de mais baixa densidade - assim eles encolhem mais rapidamente que outras áreas com uma densidade maior. Isto acontece ao longo da palheta, mas é muito mais aparente na ponta da palheta onde ela é mais fina, e o encolhimento desigual na verdade provoca a deformação.

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Então como eu posso me livrar disto??!

Em minha opinião, 95% de todos os problemas de empenamento podem ser resolvidos deixando sua palheta completamente embebida em água durante vários minutos. Eu sempre toco com minhas palhetas 100% saturadas com água. Isto normalmente retira qualquer enrugamento. Isto tende a igualar qualquer inconsistência na palheta. Além disso, deste modo eu toco sempre com minhas palhetas com o mesmo nível de umidade, independente da umidade do ar. (Admitidamente, um quarto seco secará minha palheta mais rápida do que um quarto úmido, mas pelo menos eu sempre estou começando tocar com a palheta da mesma forma.).

Se o ato de saturar a palheta não funcionar, uma segunda solução é lixar as palhetas cuidadosamente DEPOIS DA saturação. Adquira uma lixa dágua número 800, e cuidadosamente lixe qualquer enrugamento remanescente.

A História do Saxofone

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O saxofone foi inventado por Antoine-Joseph (Adolph) Sax. Ele nasceu em Dinant, uma cidade no vale de Meuve na Bélgica, no dia 6 de novembro de 1814. Charles-Joseph Sax, o pai dele, era um carpinteiro que construiu uma fábrica para instrumentos de sopro de madeira e instrumentos de metal. Do pai ele herdou a técnica e criatividade para o comércio. Pouco se sabe sobre sua mãe, exceto que ela vivia muito ocupada cuidando dos onze filhos.

Adolph começou sua educação formal na Royal School of Singing (Bruxelas); lá ele também estudou flauta e clarinete. Dizem que se Sax não tivesse entrado nos negócios da família ele teria feito uma boa carreira como clarinetista profissional.

Charles concentrou suas energias na sua fábrica de instrumentos para ir ganhando a vida, enquanto Adolph ia experimentando novos designs com a finalidade de criar novos instrumentos. Sax termina, em 1834, o aperfeiçoamento do clarinete-baixo (clarone); talvez daí viesse a idéia de fabricar um novo instrumento, pois o formato do clarone e o do saxofone são bem semelhantes, com a diferença de que o corpo do clarone é mais alongado e feito de madeira e, principalmente, por pertencer à família do clarinete; mas o primeiro saxofone nasceu quando Sax adaptou uma palheta de um clarinete ao bocal de um oficlide (um predecessor da tuba, só que em forma de "U", como o fagote). O resultado foi um saxofone-baixo; a partir deste, Sax criou o restante da família. O Saxofone é um dos poucos instrumentos que foram "inventados".

Historiadores estão de acordo que Adolph Sax projetou e construiu o saxofone por volta de 1840. O esboço básico deste instrumento nunca mudou, embora muitos aperfeiçoamentos tenham sido feitos. Dessa incrível habilidade criativa nasceram o Sax Horn (uma espécie de tuba) e os saxofones.

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Quando Adolph completou 25 anos, ele foi atraído pelo encanto de Paris, e se mudou para lá. Enquanto estava em Paris, ele conheceu muitos músicos notáveis inclusive Meyerbeer e Berlioz. Contudo ele foi obrigado a se mudar para Bruxelas por razões econômicas.

Depois de um período de tragédia familiar onde o Charles viu oito dos seus filhos morrerem, pai e filho se dedicaram exclusivamente ao trabalho, entorpecendo a dor da perda. Porém, a viagem a Paris teve um efeito duradouro em Adolphe e ele não pôde esperar pela oportunidade de voltar. Ele recebeu várias ofertas de trabalho que ele aceitou alguns em Londres e St. Petersburgo. Finalmente, ele foi atraído para voltar a Paris pela oferta de trabalho para o Serviço Militar francês.

Quase imediatamente depois da chegada dele em Paris, Sax começou a trabalhar na sua família de cornetas teclada. Tendo concebido o saxofone como um instrumento que combinaria os instrumentos de madeira com os de metal, pela produção de um som que descreveria propriedades de ambos, Sax submeteu-o a teste (o primeiro em conjunto) com as bandas militares francesas. A aceitação foi imediata. Em 12 de julho do mesmo ano, Sax é entrevistado por seu amigo Hector Berlioz, compositor e escritor do artigo, na "Paris Magazine" (jornal de debates), descrevendo sua nova invenção: o SAXOFONE: "Melhor que qualquer outro instrumento, o saxofone é capaz de modificar seu som a fim de lhe dar as qualidades convenientes, e de lhe conservar a igualdade perfeita em toda sua extensão. Eu o fiz em cobre, e em forma de cone parabólico. O saxofone tem boquilha com palheta simples como embocadura, uma digitação próxima à da flauta e à do clarinete, e podemos, se quisermos, colocar-lhe todas as digitações possíveis", diz Sax.

Em 1844, o saxofone é exibido pela primeira vez na "Paris Industrial Exibicion" e, no dia 3 de fevereiro do mesmo ano, Hector Berlioz esboça o arranjo do coral Chant Sacre , no qual inclui o saxofone.

"Nenhum instrumento que conheço possui essa estranha sonoridade situada no limite do silêncio", afirma H. Berlioz.

Ainda em dezembro desse ano , é apresentada a primeira obra original para saxofone, inserido na orquestra de George Kastner, "Opera Laster King of Judá" ("O Último Rei de Judá"), no Conservatório de Paris. Em 1845, Sax tirando vantagem da situação de que a banda de infantaria francesa possuía uma falta de qualidade, ele recomendou ao Ministro de Guerra que uma competição fosse feita entre uma faixa com instrumentos tradicionais e uma com os seus instrumentos. Ele refaz as Bandas Militares, substituindo o oboé, fagote e trompas francesas por instrumento de sua invenção: saxofones, saxhorns em Bb e Eb, produzindo maior homogeneidade

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sonora; essa idéia foi um sucesso, e a faixa de sax subjugou a audiência. Dali em diante os saxes foram adotados na música militar francesa.

O saxhorn é uma espécie de instrumento de sopro feito de latão com embocadura de bocal e pistões que compreende o sopranino, soprano, contralto, barítono, baixo, contra-baixo (tuba), que funciona de forma análoga às tubas wagnerianas e às trompas de pistões. O seu formato é também muito semelhante ao das tubas empregadas por Wagner na "Tetralogia".

A tuba, que é um saxhorn baixo, munido de 4 ou até 5 pistões, constitui o único instrumento da família dos saxhorns em uso constante na orquestra sinfônica; os demais se restringem às bandas sinfônicas, militares e musicais no caso dos barítonos e contraltos.

O saxofone foi patenteado em 1846 incluindo 14 variações: Sopranino em Eb, Sopranino em F, Soprano em Bb, Soprano em C, Alto em Eb, Contralto em F, Tenor em Bb, Tenor em C, Barítono em Eb, Barítono em F, Baixo em Bb, Baixo em C, Contra-baixo em Eb e Contra-baixo em F.

Em 1858, Sax torna-se professor do Conservatório de Paris, onde começou a lecionar e propagar os ensinamentos do instrumento. O primeiro método para saxofone também foi atribuído a George Kastner (1846), e depois vieram os métodos de Hyacinthe Klosé (“Método Elementar Alto e Tenor” - 1877; “Barítono e Soprano” - 1879 e 1881).

Porém, Sax nunca ficou rico. Devido ao seu sucesso, os concorrentes, de olho nos lucros, lançaram uma tremenda campanha contra ele. Entre outros golpes, acusaram-no de ter roubado a idéia do saxofone, subornaram músicos para boicotar os seus instrumentos e fizeram com que os compositores deixassem o sax à margem das salas de concerto. Adolph sobreviveu aos ataques até que, em 1870, sua patente expirou e qualquer um pôde fazer saxofones. Sua fábrica então faliu. Duas vezes ele declarou bancarrota em 1856 e 1873. Muitos processos foram movidos contra ele e passou grande parte da sua vida em batalhas judiciais, gastando assim todo o seu dinheiro. Aos oitenta anos de idade e falido, três compositores se sensibilizaram (Emmanuel Chabrier, Jules Massenet e Camile São-Saens) e solicitaram ao Ministro francês de belas artes que lhe ajudasse. Uma pequena pensão foi dada, a qual lhe garantiu uma ajuda nos seus últimos anos de vida.

Antonie Joseph, conhecido como Adolphe Sax, morreu no dia 4 de Fevereiro de 1894 com 80 anos de idade.

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Os saxofones:

Sopranino,Soprano,Alto,“C” Melody,Tenor,Barítono,Baixo eContrabaixo.

Posicionamento da Palheta      Nada é mais pessoal do que uma boquilha.     Boquilhas possuem diferentes combinações de materiais, tamanhos, largura, grandes ou pequenos orifícios e câmaras internas de várias formas.      Todos estes aspectos produzem uma diferença no som, e cada combinação possui efeitos diferentes de acordo com a abertura. Imagine todas as possibilidades; no fim, a escolha de uma boquilha dependerá do discernimento do saxofonista. Abrindo e Observando. A abertura da extremidade e o comprimento da face plana podem nos dizer muito sobre o tipo de palheta a ser usada. Pessoalmente, eu não aprecio colocar uma palheta dura numa boquilha que tenha uma face plana longa e abertura pequena.

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Normalmente eles dizem que uma abertura maior e uma face plana menor iguala palhetas mais fortes, ou pelo menos uma variedade maior para escolher.

Como isto funciona?      Em outras palavras, quanto menos à palheta estiver em contato com a boquilha, maior liberdade ela terá para vibrar.

     Deslizando a palheta para frente (como no gráfico " A ") reduz a área de contato (face plana) e aumenta a área para a palheta vibrar. Deste modo você adquire um som mais luminoso. Você pode tentar isto com uma palheta que acha muito dura.      Se você achar o som muito luminoso, você pode reajustar a palheta um pouco mais para trás, ou pode apertar o parafuso da frente da presilha. Ou, no caso de uma presilha de um único parafuso, deslizar e apertar.

     Deslizando a palheta para trás (como no gráfico " B "), acontece exatamente o oposto. Há uma área maior da palheta que está em contato com a boquilha e uma pequena área para vibrar. Deste modo você adquire um som mais escuro. E você pode tentar isto com uma palheta que achou muito suave.      Se você achar que o som ficou muito escuro, reajuste a palheta deslizando um pouco ou vá soltando o parafuso da frente da presilha. Ou posicione a presilha para trás. (no caso de um único parafuso.)

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     A boquilha é a peça que se encaixa na ponta do saxofone. É nela que se fixa a palheta. Geralmente é feita de massa plástica, e as vezes de metal, sendo possível encontrá-las em madeira ou acrílico.

     A boquilha de massa plástica é a mais indicada para os iniciantes, além de possuir um preço mais acessível. Existem boquilhas de metal de excelente qualidade, porém é difícil controlar o som, sendo indicado apenas para músicos experientes.      Além do material, existem grandes variações no formato interno da boquilha, o que altera demasiadamente o som e conseqüentemente a maneira de tocar. Como não existe um padrão entre os fabricantes, cada um usa suas especificações. De uma forma geral duas dimensões são definidas: a altura da abertura (A) e a sua profundidade (B). Quanto maior for o valor de A e menor o de B, mais estridente será seu som e conseqüentemente mais difícil o controle. Por outro lado, as dimensões opostas resultam num som abafado e pequeno, o que nos leva a uma boquilha de dimensões intermediárias.

     Os instrumentos costumam vir com boquilhas, e essas em geral são boas para quem está iniciando, mas você pode procurar, com alguns meses de estudo, uma boquilha mais adequada às suas ambições musicais.      Dentre as muitas marcas de boquilha existentes no mercado, cito algumas: Meyer, Selmer, Bari, Otto Link, Dukoff, Vandoren e B&N (Nacional).

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   A palheta é a alma do saxofone. É ela que faz com que este instrumento pertença à família da madeira. Cada tipo de boquilha exige uma palheta adequada, e essa combinação é extremamente delicada. De nada adianta você ter um instrumento e uma boquilha excelentes se a palheta não corresponder.

     Eu não recomendo uma marca em particular, porque toda pessoa é diferente; se você fizer uma pesquiza e perguntar para 100 saxofonistas qual ele prefere, você adiquirirá 100 idéias diferentes. Sendo assim, por que você deveria confiar em mim? Francamente você não deve - você deve sim é fazer muitos testes até achar o que melhor lhe satisfaz. Mas para você que está iniciando darei algumas dicas.      As palhetas são feitas de uma cana especial existindo em várias numerações, determinando o padrão de dureza na região que fará contato com os lábios do saxofonista.A grosso modo uma boquilha mais fechada aceita uma palheta mais dura e vice versa, mas isso não é uma regra. Como acontece com as boquilhas, não existe um padrão nessa numeração, variando de marca para marca.     Para quem está iniciando o ideal é ter várias palhetas à mão, já que além de serem muito delicadas, elas variam muito de uma para outra e são muito sensíveis às variações de temperatura e umidade.      A Rico International fabrica vários modelos de palhetas das quais eu posso indicar: a Rico Royal e a La Voz por serem de boa qualidade e fáceis de encontrar no mercado brasileiro. A La Voz é qualificada da seguinte forma: soft, medium soft, medium, medium hard e hard e a Rico Royal, aparece nas numerações 1, 1 e ½, 2, 2 e ½, 3, 3 e ½, 4, 4 e ½, e 5. Recomendo ainda a Vandoren , uma marca francesa, que tem apresentado alguns modelos novos como a Java, também de boa qualidade. Existem ainda palhetas sintéticas como a Bari e a Fibracel, que a meu ver apresentam um som muito artificial, mas têm a vantagem da alta durabilidade e não de serem tão sensíveis às variações atmosféricas.      No começo, é interessante você comprar 2 palhetas de cada tipo até encontrar aquela mais adequada ao seu conjunto. É comum ainda, após alguns meses, o aluno passar a utilizar uma palheta mais dura. Assim que chegar a uma conclusão, compre uma caixa, geralmente com 10 palhetas. É interessante numerar as palhetas de 1 a

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10 e utilizá-las alternadamente, assim você terá sempre 10 palhetas em boas condições de uso. Você irá perceber que elas duram mais, já que deu a elas um bom tempo de descanso.      Conheço duas dicas importantes para escolher uma palheta:1 - a palheta deve ser o mais simétrica possível com o corte bem no seu eixo, 2 - o comprimento da pala (C) deverá ser como o indicado na tabela abaixo, segundo o instrumento utilizado.

Instrumento Comprimento da pala(C) em mmSax soprano 31Sax alto 37Sax tenor 42Sax barítono 53

     Enxugue sempre as palhetas após seu uso e tenha o hábito de guardá-las em local adequado. Existe no mercado um objeto denominado "porta-palhetas" (o termo em inglês é Reedgard) que faz com que a palheta fique protegida e evita que ela empene. A Colocação da Palheta Na Boquilha     Deve-se alinhar bem o eixo da palheta com o eixo da boquilha e a ponta da palheta deve estar alinhada com a ponta da boquilha. Depois de acertar bem os alinhamentos fixe-a com a braçadeira de forma que a palheta fique bem presa, mas não a aperte demais. Caso a palheta não apresente bom som, experimente colocá-la um pouco para fora ou para dentro, nesse caso a palheta deverá estar fora das dimensões da tabela acima, confira com uma régua, mas confie sempre nos seus ouvidos e lábios. Após isso fixe a boquilha no seu instrumento de forma que a palheta fique para baixo. Se esse encaixe não for confortável, providencie a troca da cortiça para que fique do tamanho adequado à sua boquilha.

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O saxofone propriamente dito é composto por duas partes distintas. O corpo e o cachimbo, também conhecido como Todel. A "boca" do sax onde sai o som recebe o nome de campana. É no Todel que se encaixa a boquilha. Feito isso, encaixa-se o Todel no orifício correspondente e aperte a presilha existente ali. Pronto, o sax já pode ser tocado.

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Abraçadeira

       A principal função da presilha é a de fixar a palheta na boquilha. Muitos pensam que por ser a presilha apenas uma peça para fixação, não há muito que falar dela. Mas não é bem assim! Na verdade existem vários tipos de presilhas, de vários tipos de materiais e de vários formatos. As mais comuns são as metálicas de dois parafusos, mas existe um tipo de presilha que eu julgo ser melhor. Ela é feita de material sintético e possui apenas um parafuso de fixação (foto ao lado). Uma das vantagens desta presilha é permitir um maior controle sobre a vibração da palheta. Com este tipo de presilha é possível obter tons deferentes movendo a presilha para frente ou para trás. Levantado adiante dá uma resposta mais aberta, mais luminosa. Levantado para trás dá um som mais escuro, mais coberto. 

       É interessante possuir os dois tipos de abraçadeiras e ir testando as duas para sentir a diferença. A grande vantagem deste tipo de abraçadeira é que você não tem que ficar regulando dois parafusos para obter o som que deseja.

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Boquilha

       A boquilha é a peça que o músico coloca na boca para poder soprar o ar para dentro do sax. Ela se encaixa no tudel e é nela que se fixa a palheta. Geralmente é feita de massa plástica, e às vezes de metal, sendo possível encontrá-las em madeira ou acrílico, mas de qualidade duvidosa.

       A boquilha de massa plástica é a mais indicada para os iniciantes, além de possuir um preço mais acessível. Existem boquilhas de metal de excelente qualidade, porém para um iniciante é difícil controlar o som, sendo indicada mais para músicos experientes.

      Além do material, existem grandes variações no formato interno da boquilha, o que altera demasiadamente o som e conseqüentemente a maneira de tocar. Como não existe um padrão entre os fabricantes, cada um usa suas especificações. De uma forma geral duas dimensões são definidas: a altura da abertura (A) e a sua profundidade (B). Quanto maior for o valor de A e menor o de B, mais estridentes será seu som e consequentemente mais difícil o controle. Por outro lado, as dimensões opostas resultam num som abafado e pequeno, o que nos leva a uma boquilha de dimensões intermediárias.  

      Os instrumentos costumam vir com boquilhas, e essas em geral são boas para quem está iniciando, mas você pode procurar, com alguns meses de estudo, uma boquilha mais adequada às suas ambições musicais.       Dentre as muitas marcas de boquilha existentes no mercado, cito algumas importadas: Meyer, Selmer, Bari, Otto Link, Dukoff, Vandoren. Já nacional nós temos a boquilha Ivan Meyer, que está provando ser tão boa quanto qualquer boquilha internacional.

       

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