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, DIALOGO

u N v E R

DIÁLOGO UNIVERSITÁRIO é um periódico publica­do três vezes ao ano em quatro edições paralelas (Inglês, Francês, Português e Espanhol), sob o patrocínio da Co­missão de Apoio a Universitários e Profissionais Adven­tistas (CAUP A), organismo da Associação Geral dos Ad­ventistas do Sétimo Dia. Volume 2, Número 2.

Copyright da CAUP A. Todos os direitos reservados. Parte alguma desta publicação deve ser reproduzida sem a prévia permissão âa CAUPA.

DIÁLOGO UNIVERSITÁRIO afirma as crenças fun-

s T . Á R o.

damentais da Igreja Adventista do Sétimo Dia e apóia sua missão. Os pontos de vista publicados na revista, entre­tanto, representam o pensamento independente de seus autores.

Correspondência sobre Circulação: Deve ser dirigida ao Representante Regional da CA UP A na região em que re­side o leitor. Os nomes e endereços destes representan­tes encontram-se abaixo.

Assinaturas: US$ 10 por ano (três números)_ Por bon­dade, recorra à página 35 para detalhes_

COMISSÃO INTERNACIONAL

Presidente: Calvin B. Rock Vice-Presidentes: George H. Akers e George Knowles Secretários: Israel Leito e Humberto M_ Rasi

Membros: Graham Bingham, Clarence E. Bracebridge, Lo­renzo Grant, Gordon Madgwick, Esther Knott, Ted Wick.

EQUIPE EDITORIAL

Editor: Humberto M. Rasi Editor Associado: Israel Leito Editor de Cópias: Beverly Rumble Assistente Editorial: Gerard Latchman -r

Editores Internacionais: Bernard Sauvagnat (Francês), Rubens

DIVISÃO ÁFRICA-OCEANO ÍNDICO Representante: Phénias Bahimba Endereço: Cidex 03 C 84, Riviera I, Abidjan, Costa do Marfim

DIVISÃO DA ÁFRICA ORIENTAL ReJ)resentante: Tommy H. Nkung1!la Endereçq: H. G. 100, Highlands, Harare, Zimbábue

DIVISAO EURO-AFRICANA Representante: Pietro Copiz Endereçq: P. O. Box 219,3000 Berna 32, Suíça

DIVISAO DO EXTREMO ORIENTE Representante: Jonathan Kuntaraf Endereço: 800 Thomson Road, Cingapura 1129, República de Cingapura

DIVISAO INTERAMERICANA Representante: Alfredo Garcfa-Marenko e Herbert Fletcher Endereço: P. O. Box 140760, Miami, Florida 33114-0769, EUA

DIVISÃO NORTE-AMERICANA Representantes: Gordon Madgwick e Ted Wick Endereço: 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring, MD 20904, EUA.

DIVISÃO DO SUL DO PACÍFICO Representantes: Gerald Clifford e Barry Gane Endereço: 148 Fox Valley Road, Wahroonga, NSW 2076, Austrália

Lessa (Português), Julieta Rasi (Espanhol)_ Correspondência Editorial: deve ser endereçada a 12501

Old Columbia Pike, Silver Spring, MD 20904, U. S. A. Tele­fone: (301) 680-5065. Fax: (301) 680-6090

DIVISÃO SUL-AMERICANA Representantes: Roberto C. de Azevedo e José'Maria B. Silva Endereço.; Caixa Postal 12-2600, 70279 Brasília, DF, Brasil

DIVISAO SUL-ASIÁTICA Representantt!s: Lowell C. Cooper e John M. Fowler Endereço: P. O. Box 2, HCF Hosur, Tamil Nadu, 635110 Índia

DIVISÃO TRANS-EUROPÉIA Representantes: James M. Huzzeye Orville Woolford Endereço: 191 St. Peter's Street, St. Albans, Herts., ALlIEY. Grã-Bretanha

UNIÃO AFRICANA DO SUL Representante: J. B. Yaze Ender#eço: P. O. Box 46061, Orange Grove 2119, Trans­vaal, Mrica do Sul

UNIÃO DO ORIENTE MÉDIO Representante: Svein Johansen Ender~ço: P. O. Box 2043, Nicósia, Chipre

UNIAO SUL-AFRICANA Representantes:' B. E. Sterley e Heather Tredoux Endereço: P. O. Box 468, Bloemfontein 9300, Orange Free State, África do Sul

2 DIÁLOGO 2 - 1990

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REPRESENTANTES LOCAIS

ARGENTINA: Juan Carlos PriOl'a (Colégio Adventista deI Pla­ta). BARBADOS: BradleyNiles(Univ. ofWestIndies). BRASIL: Clayton Rossi (Centro de Estudos Universitários de Brasflia). CHILE: Ricardo Abós-Padilla (Universidad de Chile - Concep-­ción). REPúBLICA DOMINICANA: Claritza H. de Jiménez (Univ. Autónoma de Sto. Domingo). INGLATERRA: Michael Pearson (Newbold College). ITÁLIA: Raúl Posse (Instituto Ad­ventista Villa Aurora). PÚLONIA: Zachariah Lyko (Christian Theological Academy). PORTO RICO: Marra Matilde Sim6n (Univ. de Puerto Rico-Mayagüez). ESPANHA: José L6pez (Co­legio Adventista de Sagunto). TRINIDAD: Oliver Headley e Vic­tor Graham (Univ. of the West Indies). ESTADOS UNIDOS: Day-

ton e Ivette Chong (Detroit, David Claridge (l'exas A & M Univ.). Jerry Connell (Michigan State Univ.), Bill Croftin (Univ. of Cen­tral Florida), George Gainer (Washington D. C. Metropolitan Area), Ramona Pérez Greek (Univ. of Alabama), Lourdes Mora­les Gudmundsson (Univ. oi Connecticut-Stanford), Joe Jeris (Univ. oi California-Irvine), Sharon Johnson (Carnegie-Mellon Univ.), Carol Lanfear (Central Michigan State Univ.), AI Mazat (Duke Univ.), Bernie Moinar (Florida), Lois Moore (noise State Univ.), Ron Pickell (Univ. of Tennessee-Knoxville), Bill Poole (Univ. oí Idaho), Esther Spielman e Wemer Staubenhaugen (ComeU Univ.), Tim Truby (Chicago State Univ.), Mark Weir (Univ. oí Washington, Seattle).

CONTEÚDO Editorial ...................................................... 3 Cartas ........................................................... 4 Artigos em Destaque

Criacionistas e Evolucionistas: Terreno Comum? L. J. Gibson .............................................. 5

Sete Tendências Adventistas F. Donald Yost ......................................... 9

Prevenindo a Tendência Secular Jon Paulien ............................................... 17

Shalom! Clifford Goldstein ....................... ............. 20

Perfis Anne-Marie Langvall Olsen Birthe Bayer ... .............. ................... ....... 23

Ben Carson Penny Estes Wheeler ................ ~ ............. 25

Logos Intimamente Seu Pat e Ted Wick .... .... ....... ............... ......... 27

Em Ação : Divisão África-Oceano Indico Phénias Ballirriba ....................... .............. 29

Livros ; Seeking a Sanctuary, Gary Ross ............. 30 The Dis!ppointed, Joan Francis .............. 31

Primeira Pessoa Sábado ou Faculdade de· Medicina? Katheleen H. Liwidjaja-Kuntaraf ............ 32

Painel da Revista ~...... ......... .................... 34

Editorial

Dentro de exatamente dez anos estaremos come­çando o terceiro milênio da era cristã. Embora

não conheçamos os detalhes do cronograma divino, duas coisas podem ser consideradas como certas: as mudanças se acelerarão enquanto nos aproximarmos do final deste século, e cada um de nós se verá na si­tuação de desempenhar um papel decisivo nos marcan­tes eventos que conduzirão à segunda vinda de Cristo. Neste contexto incluímos um artigo de informações que esboça sete grandes tendências observadas em nossa igreja, a partir das quais procuramos traçar um perfil tentativo do que será. nosso movimento mundial por vol­ta do ano 2000. Existem sobejas razões para nos rego­zijarmos diante do que revelam os quadros e gráficos, assim como para nos sentirmos desafiados e sob o de­ver de orar - especialmente agora que estamos por lançar a Estratégia Global para a Missão Global.

No presente número prosseguimos com nossa série sobre meios efetivos de aproximação aos membros dos vários grupos sociais e religiosos, com a mensagem do evangelho. Desta vez focalizamos os nossos conhecidos judeus, com os quais muitas vezes nos encontramos na vida acadêmica e profissional.

Os leitores interessados no continuado debate entre

criacionistas e evolucionistas certamente apreciarão nosso primeiro artigo, o qual oferece a visão ampla de um biólogo quanto a áreas de acordo e desacordo en­tre as duas perspectivas mencionadas.

Crescente número de livros escritos por adventistas e acerca do adventismo têm sido publicados em vários idiomas e países. Por sugestão de vários leitores, inau­guramos uma seção na qual são revistos criticamente aqueles livros suficientemente significativos como pa­ra merecer atenção. Por bondade, recomende-nos pu­blicações recentes que, em sua opinião, devam ser ana­lisadas em números futuros de DIÁLOGO.

Para a sua informação, estamos também providen­ciando um sumário dos principais argumentos alinha­vados a favor e contra a ordenação de mulheres ao mi­nistério adventista. Esse tópico está sendo debatido em vários círculos de nossa igreja e merece cuidadosa con­side~o.

DIÁLOGO deseja prosseguir oferecendo material de leitura que ajude você a melhor conhecer, viver e com­partilhar sua fé enquanto desenvolve estudos avança­dos ou exerce a sua profissão. Também pretendemos manter nossa perspectiva internacional, procurando engajar as melhores mentes adventistas ao redor do

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mundo. Esta é a razão pela qual apreciaríamos rece­ber as suas sugestões quanto a assuntos que devam ser abordados e quanto a autores capazes de apresentá-los com sabedoria.

Conforme você sabe, agora lhe é possível obter uma assinatura pessoal de DIALOGO, ou ainda patrociná­la para aqueles que se beneficiariam com o seu conteú­do. Adicionalmente, tal como vários outros leitores, você pode oferecer uma contribuição que permitirá ao Comitê da CAUP A a expansão da circulação de nos-

so periópico e seu ministério. Veja as instruções à pá­gina 34.

Confiamos que você não apenas apreciará este nos­so quarto mímero, como ainda avaliará cuidadosamente as idéias apresentadas e participará de nosso ativo DIÁLOGO global.

Estes dias são extremamente animadores para os ad­ventistas do sétimo dia!

Os Editores

CARTAS

Diálogo Com Nossos Leitores Justamente o Que Necessitávamos

Obrigado, obrigado, obrigado! Recebi recentemente o segun­do exemplar de DIÁLOGO. Trata-se exatamente do tipo de re­vista que, imaginava eu, há tempo necessitávamos. Havendo cres­cido num lar adventista, somente freqüentei escolas da igreja du­rante os dois anos iniciais. Os demais, tive de passá-los em esco­las públicas. Meu ano de calouro foi vivido na Universidade de IndIana, mas ali nada pude encontrar que me estimulasse espiri­tualmente. No ano seguinte decidi partir para a Universidade An­drews, onde me conservei ativo no programa Juventude Cristã em Ação, e mais tarde tornei-me estudante missionário em Guam. Depois de haver passado ali um ano, retornei à Andrews, casei­me e obtive um título universitário em radiodifusão.

Estou de volta a Guam para um período de serviço de dois anos como trainee em engenharia junto à Rádio Mundial Adventista­Ásia. Minha esposa leciona na escola adventista local. Ao final do presente período, pensamos fixar-nos em Indianápolis, onde pretendo desenvolver um Mestrado em Engenharia Eletrõnica.

Enquanto estudante na Universidade de Indiana em 1983, con­fessei a mim mesmo que, se alguma vez voltasse a uma universi­dade pública, tentaria alcançar, d(! ponto de vista missionário, aqueles que vivessem no campus. E por isso que estou tão inte­ressado em DIÁLOGO e no grupo que a patrocina. Por bondade, coloquem-me na lista, assim como ao meu irmão, que se está gra­duando em Administração. Podem estar certos de que em breve, tornarei a manter contato com vocês, no sentido de tornar-me representante local. Esta publicação estará fazendo parte de mi­nhas orações.

Fórum de Idéias

Alan Carlson Agat, GUAM

Entre os jovens adventistas que freqüentam escolas superio­res não-adventistas, existe urgente necessidade de um fórum onde possam eles al!resentar suas idéias e receber estímulo para o cres­cimento. Um fie nossos maiores problemas gira em torno da con­vicção da necessidade de Deus e de se aceitá-Lo. Considerações normativas à parte, o certo é que na sociedade de hoje as pes­soas podem viver sem Deus. Assim, a juventude precisa sentir sua necessidade de Deus. Além disso, numa época em que tudo é questionado nas instituições seculares, a estrutura adventista prossegue estimulando a fé, a tradição e a rigidez. Torna-se ób­vio que algum destes elementos será rejeitado. Permito-me su­gerir que, por parte de muitos jovens adventistas, a última é que será rejeitada. Portanto, se nossa igreja deseja conservar a sua juventude, estes e outros problemas similares requererão urgente atenção. DIÁLOGO representa um movimento inicial positivo nes­te aspecto.

Andrew COX, University of Sysfney Bcmnells Bay, N. S. W., AUSTRALIA

Reforçando o Comprometimento Com o Serviço Aprecio a preocupação de DIÁLOGO com os estudantes adven­

tistas que freqüentarn universidades públicas. Minha filha dedica-

se a um estágio em psicologia social junto ao Veteran's Hospital enquanto completa o doutoramento junto à maior universidade do Noroeste (dos Estados Unidos). Ela me contou que durante todo o período de cinco anos de seus estudos doutorais, ninguém a contatou no sentido de participar de interesses da igreja. Por bondade, assegurem-se de ter seu nome e endereço em sua lista de remessa da revista. Desejo apoiar sua decisão de servir a Deus e Sua igreja.

Joyce W. Hopp, Diretora da School of Allied Health Profissions Loma Linda University, Califórnia, EUA

Abordem Assuntos Mais Práticos Pessoalmente, considero os tópicos incluídos em DIÁLOGO co­

mo extremamente relevantes à minha situação de estudante ad­ventista numa universidade secular. Em adição aos artigos con­ceituais, permito-me sugerir que também sejam abordados tópi­cos práticos, tais como questões sociais (ir ao cinema, festas, dan­ças) e formas práticas de compartilharmos nossa fé com colegas de classe descrentes.

Dennis Roy Imperio, University of Philippines Pasay City, Metro Manüa, FILIPINAS

Provê Orientação e Idéias Durante recente encontro de amigos na Michigan State Uni­

versity, focalizamos o tema "Questões em Ciência e Teol~gia" . Como parte do programa, distribuímos exemplares de DIALO­GO aos muitos que compareceram. Isto fortaleceu o ministério da igreja e seu compromisso com os seus estudantes universitá­rios. Eu próprio aprecio a revista e dela desfruto, uma vez que ela me provê orientação e idéias para o desenvolvimento de no­vos programas. Aguardo ansiosamente a chegada dos números futuros. ,

Kimberely Ladd, Diretor Associado do Ministério do Campus Igreja da UniversidadelMichigan State University

East Lansing, Michigan, EUA

Estímulo e Apoio Na qualidade de estudante de Medicina em escola pública, de­

sejo congratular-me com vocês ~r pe!lsarem em nós e publi~­rem um periódico de superior qualidade, como é o caso de DIA­LOGO. Num tempo em que lutamos com persistentes críticas pro­vindas tanto de fora quanto de dentro da igreja, sinto realmente o valor do estímulo e apoio espiritual que recebo da leitura dos artigos da revista. Por bondade, prossigam enviando-a!

Angel I. López Varela, Univ. Nacional de Nicarágua Le6n, NICARAGUA

Questão de Interpretação O artigo de Wilma McClarty, "O Livro de Ester Como Litera­

tura?" (DIÁLOGO voI. I, n~ 2) requer uma réplica. Num artigo que sob outros aspectos é excelente, ela violou o mais importan­te princrpio de exegese bfblica quanto de análise literária: o lei­tor deve deixar que o texto diga aquilo que tem a dizer. McCIarty reconhece que o livro de Ester não menciona o nome de Deus

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e nem a atividade religiosa, e que esta ausência é significativa. Entretanto, ela não traça qualquer conclusão a partir deste im­portante fato. Da mesma forma, os perturbadores incidentes do texto são desculpados ao ela dizer que "não se relacionam com os temas do autor e tampouco são apresentados como modelo de conduta" (página 12). Talvez eu pudesse concordar com o "mo­delo de conduta" desta declaração, mas penso que o tema cen­tral do autor está aqui sendo evitado.

Em Profetas e Reis, páginas 598 a 600, Ellen White provê o pano de mndo para a narrativa de Ester. Ela fala da maioria dos exilados como estando satisfeitos em Babilõnia e desobedecendo o chamado divino para retornarem a sua terra natal. Por que es­tes eventos questionáveis se encontram em Ester? Porque as pró­prias personalidades são questionáveis. Por que Deus não é men­cionado e as atividades religiosas são ignoradas? Porque o povo de Deus volvera as costas à Sua mensagem, preferindo uma vi­da confortável. No livro de Ester o Deus ignorado é misericor­dioso, mas as personalidades deveriam receber pouco louvor. ° autor retrata a providência, mas não deseja associar o nome de Deus de modo intimo com as personalidades do livro.

James E. Miller Madison, Wisconsin, EUA

Dra. McClarty responde: Em meu artigo abordei o livro de Ester como pertencendo ao

Cânone, e então utilizei as ferramentas da análise de narrativa literária como um auxílio heuristico para que o leitor veja no texto mais do que uma leitura superficial revela. Os seis elementos dis­cutidos - enredo, personalidades, cenário, ponto de vista, estilo e temas - são meramente nomes dados àquilo que S6 encontra no texto.

Quanto mais analisei a história de Ester, mais me convenci de que o autor utilizou um estilo engenhoso e hábil a fim de apoiar temas sublimes e religiosos, inclusive o tema da providência de Deus. Muitos eruditos brblicos e mesmo o nosso Bible Commen­tary enfatizam o tema. Li todos os verbetes que participam do Index de Ellen White no que diz respeito a Ester e, embora exis­tam pouqwssimas citações, ela também apóia o tema da provi­dência de Deus.

Sob a perspectiva da análise total, a história de Ester, toma-se um microcosmo da Brblia como um todo - primeiro o Eden, de­pois a Queda, e então o Éden restaurado. Embora as personali­dades sejam imperfeitas, ainda representam o povo de Deus, e é nisto que o autor do livro pretendeu que os leitores fixassem sua atenção - e não na pertUrbadora forma em que o livro trata da corte ou das práticas matrimoniais.

Negar o uso das ferramentas da análise literária a fim de elu­cidar o texto, seria equivalente a negar a um botânico o uso do microscópio a fim de revelar a estrutura de uma planta!

Inpressionado

Wilma McClarty, Southem College Collegdale, Tennessee, EUA

Senti-me particularmente impressionado com a excelente apre­sentação do primeiro exemplar de DIÁLOGO, com a lucidez da

maioria de seus artigos e com a maneira hábil através da qual tópicos intelectuais são abordados a partir de uma perspectiva espiritual. Jtecomendo que no futuro os artigos também focali­zem a astronomia, um campo que se expande rapidamente e que intriga muitos cristãos brblicos.

Provê Respostas

Coster Ncube, Univ. of Zimbábue Harare, ZIMBÁBUE

Havendo lido uma cópia da edição francesa de DIÁLOGO, de­sejo expressar minha satisfação por esta nova publicação. Ela ofe­rece o necessário apoio a estudantes adventistas que estão ob­tendo estudos universitários e provê respostas a muitas das ques­tões com as quais eles se defrontam. Sugiro que no futuro vocês abordem a questão do cristão e a poIrtica.

As Questões Éticas

Adelio Pellegrini R07YUl, IT ALIA

Apreciei vossa ampla análise que apareceu em "Estratégia Ad­ventista Global" e o esboço do objetivo da igreja em alcançar dois bilhões de indivíduos ainda não atingidos. No mesmo número, apreciei o perfil de Rut Alonso Cardona - uma irmã de profis· são que muito gostaria de conhecer, uma vez que minha famrIia também possui rafzes no País Basco da Espanha.

Estudantes adventistas que freqüentam faculdades e univer­sidades na área de Sacramento, efetivamente apreciaram DIÁ­LOGO, embora eu tema que, pelo fato de esta comunidade haver atingido 365 pessoas, muitas ainda não estejam em vossa lista. Alguns de nós estamos muito interessados em bioética, assim co­mo em ética comercial e profissional. Num tempo em que os cris­tãos estão sendo fortemente influenciados pelos valQres secula­res, seria útil tratar mais uma vez do tema em DIALOGO.

Michael Angelo Saucedo, Escritório do Procurador Geral Davis, Calif6rnia, EUA

Resistir a Qualquer Pressão por Mudança Recebi recentemente os dois primeiros números de DIÁLOGO

e desejo ~decer-Ihes o haverem colocado meu nome na lista de enVIo do periódico. Aplaudo de coração o esforço da igreja em servir este segmento de seus membros, que por tempo excessi­vamente longo têm sido negligenciados.

Embora eu me sinta cético quanto a que se permita o prosse­guimento do atual formato, onde se concede a apresentação de variados pontos de vista - e isto tão logo sejam de conhecimen­to amplo as notícias quanto à existência de DIÁLOGO - insisto em que o Comitê de Apoio ao Universitário e Profissional Ad­ventista ofereça resistência a qualquer pressão por mudança. Nós, nos meios acadêmicos seculares, valorizamos o pensamento crí­tico, que é a única forma pela qual se pode levar a efeito avalia­ções abertas e sinceras destas várias perspectivas.

Mike Seaman, Univ. of Wisconsin Madison, Wisconsin, EUA

Criacionistas e Evolucionistas: Terreno Comum?

Criacionistas e evolucionistas vêem o mundo a partir de

perspectivas diferentes. Por ve­zes estas diferenças têm sido de­batidas de forma tão acrimonio­sa, que alguém poderia chegar a perguntar-se se os dois lados te-

L. J. Gibson riam um único ponto a respeito do qual concordar. Contudo, a identificação de áreas de acordo e discordância é capaz de clarifi­car as questões envolvidas no de­bate. A questão central diz res­peito à diversidade de organis-

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mos vivos. Acham-se todas as es­pécies relacionadas através de ancestralidade comum - confor­me propõem os evolucionistas -ou muitas delas foram indepen­dentemente criadas em suas li­nhagens? Os criacionistas bíblicos

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aceitam o relato da criação apre­sentado em Gênesis, com a sua diversidade, como sendo histori­camente fidedigno, a despeito da falta de detalhes.

Uma vez que a criação bíblica envolve a atividade de Deus, faz ela parte de uma mundivisão re­ligiosa. Como resultado, as impli­cações religiosas do criacionismo aumentam grandemente a inten­sidade do debate entre criacionis­tas e evolucionistas.

Evolução ou Mudança?

Na discussão das origens, é muitas vezes utilizado o termo evolução. Infelizmente, diferen­tes significados do termo podem causar confusão quanto ao efeti­vo objeto que está sendo discuti­do.1 Em diferentes contextos, evolução significa mudanças em moléculas, em morfologia e em complexidade. A avaliação do apoio a cada um destes significa­dos pode ajudar a identificar as bases do desacordo quanto à va­lidade da evolução.

Evolução Como Mundança nas Freqüências dos Genes. Num sentido simplificado, evolução significa mudança, e qualquer mudança pode ser considerada evolução. De acordo com uma de­finição amplamente utilizada, evolução é a mudança na fre­qüência de vários genes dentro de uma população.2 Uma vez que estas alterações foram obser­vadas,3 esse tipo de evolução certamente ocorre. Entretanto, flutuações nas freqüências de ge­nes por si só não explicam as mu­danças nas espécies,4 e a evolu­ção exibida neste sentido é tri­vial. Em conformidade com este fato, esta definição de evolução tem sido em grande medida abandonada.

Evolução Como Mudança em Moléculas. Criaturas individuais dentro de uma população apre­sentam variações moleculares de menor ordem; por exemplo, dife­rentes seqüências de aminoáci­dos. As mutações provavelmen­te causaram a maioria destas di­ferenças, embora alguma varia­ção molecular possivelmente existisse em cada espécie, em

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suas origens. Comparações de di­ferentes espécies revelam maio­res diferenças moleculares. O termo evolução é comumente usado como referência ao grau de variação entre moléculas simila­res em diferentes populações ou espécies.6

As mundanças em moléculas efetivamente ocorrem, e têm si­do detectadas experimentalmen­te. Entretanto, na verdade não se pode igualar estas alterações com evolução. Meras mudanças em seqüências de moléculas simi­lares não explicam a diversidade de organismos vivos. A relação entre seqüências moleculares e diferentes morfologias, é obscu­ra. A comparação de seqüências cujas funções são desconhecidas, tais como similaridades gerais no DNA, {)roduz dados cujo signifi­cado é Igualmente desconhecido. Diferenças entre espécies certa­mente resultam de algo mais que apenas diferenças nas seqüências de aminoácidos em moléculas de hemoglobina ou na seqüência de nucleotídeos no RNA ribossômi­co.6 Embora o termo evolução possa ser usado para descrever os efeitos das mutações, variação seria um termo descritivamente mais apropriado.

Evolução Como Mudanças Morfológicas. Diferenças mor­fológicas na separação das várias espécies dentro de um gênero, podem ser semelhantes a varia­ções dentro de espécies particu­lares. Mas as espécies em dife­rentes gêneros tipicamente pos­suem diferentes formas.7 A for­ma do corpo reflete os tipos' e proporções das partes do corpo e seu arranjo relativo'l<; Mudanças que produzem diferenças desse tipo são classificadas sob a evo­lução morfológica.8

Evidências obtidas da seleção experimental, tal como se faz em cães, mostram que alterações morfológicas de pequena impor­tância podem ocorrer. Diferenças ente raças de cães são, efetiva­mente, equivalentes a diferenças entre gêneros de cães selva­gens.9 Isto mostra que algumas espécies possuem suficiente va­riabilidade genética como para produzir indivíduos que os taxo-

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nomistas classificariam em dife­rentes gêneros. Tais alterações poderiam ser responsáveis pela diversidade que ocorre dentro de grupos bem definidos, tais como ursos, gatos ou cavalos. Entre­tanto, a pretensão de que as al­terações morfológicas produzem novos gêneros ou famílias, deve ser apoiada por um conjunto con­tínuo razoável de morfologias in­termediárias, quer em vivos, quer em fósseis.

A variabilidade genética tam­bém ajuda a explicar a diversida­de dentro de grupos naturais bem definidos. Contudo, tais gru­pos parecem ser separados por lacunas que jamais foram trans­postas. Experiências de seleção indicam que quando uma espécie é levada para mais longe de seu estado genético normal, sua via­bilidade diminui. lO Parece que existem limites à flexibilidade da arquitetura genética. Estes limi­tes poderiam explicar as lacunas que separam os grupos naturais de espécies.

Espécies em diferentes ordens de mamíferos possuem tipica­mente especializações anatômi­cas distintivas, embora as partes envolvidas possam ser estrutu­ralmente equivalentes. Especia­lizações típicas envolvem os den­tes, crãnio e membros. Diferen­ças entre espécies em diferentes ordens parecem demasiado gran­des como para haverem resulta­do de modificações ocorridas a partir de um ancestral comum ao longo do tempo. Por exemplo, cães e coelhos parecem equiva­lentes em complexidade, mas di­ferem consideravelmente em as-:­pectos gerais de forma, dieta, comportamento e estilo de loco­moção. Não existem fósseis li­gando cães e'90elhos a um ances­tral comum. E di:ffcil imaginar co­mo as suas diferenças poderiam ser explicadas através de formas intermediárias viáveis. Esse tipo de problema torna-se muito mais severo quando se consideram as diferenças entre grupos tais co­mo morcegos, baleias e primatas.

Em resumo, as alterações mor­fológicas também ocorrem, ·mas apenas dentro de certos limites. Mudanças em proporções anatô-

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micas podem explicar a diversi­dade dentro de certos grupos bem definidos de mamíferos. No tempo presente, todavia, a evi­dência não apóia adequadamen­te a evolução como causa de mo­dificação do plano do corpo, e os criacionistas tendem a rejeitar a possibilidade de que isso possa ocorrer. Uma vez que os cientis­tas conhecem muito pouco sobre como a morfologia é produzida, ninguém deveria ser demasiado dogmático a este respeito. Pes­quisa adicional poderá clarificar a genética do desenvolvimento, e poderão ser descobertos novos mecanismos de mudança. II En­tretanto, o ônus das provas cabe àqueles que afirmam serem pos­síveis tais mudanças.

Evolução Como Incremento em Complexidade. A teoria ge­raI da evolução sustenta que a vi­da iniciou com formas simples que se diversificaram, tomando­se crescentemente complexas ao longo do tempo. Todos os ante­riores processos evolucionários, tomados em conjunto, não expli­cariam como a atuaI diversidade orgânica teria resultado de an­cestrais simples. A teoria geral da evolução requer outra espécie de mudança: aumentos de com­plexidade resultando do desen­volvimento de novos genes, ór­gãçs e sistemas.

E implausível esperar que um novo gene apareça de novo (isto é, onde antes não existia). A hi­pótese da duplicação do gene pro­põe que um gene duplicado pode sofrer mutação, uma vez que ou­tras cópias do gene proverão ma­teriais necessários ao funciona­mento celular.12 Mas as muta­ções parecem um meio imprová­vel de produção de novas infor­mações. Ao passo que a maioria das mutações podem ser aproxi­madamente neutras, aquelas que produzem efeitos visíVE}is são quase sempre danosas. E difícil ver como as mutações que exer­cem efeitos desprezíveis ou dano­sos possam explicar a origem da diversidade.

A regulação de um novo gene e sua integração ao conjunto de atividades de outros genes, ~pre­senta novos problemas. Muta-

ções aleatórias com muito maior probabilidade afetaria de modo negativo tanto a seqüência regu­latória quanto o próprio gene es­trutural, produzindo um "pseu­dogene" inativo. A explicação da produção de novos genes consti­tui um problema muitíssimo difí­cil para os evolucionistas.13

Mesmo que um novo gene pos­sa aparecer, isto não eXplicaria plenamente a origem da diversi­dade. De modo simultâneo, novos tipos de porções do corpo preci­sam de alguma forma ser criados e integrados ao organismo fun­cionante.14 Os órgãos são com­plexos, tanto estry.tural quanto geneticamente. E improvável que surjam repentinamente, num único passo. Da mesma forma, novos órgãos provavelmente não surgiriam em estágios. De que utilidade seria uma asa parcial­mente desenvolvida, ou dois ter­ços de um olho?

Adicionalmente, um órgão ne­cessita não a~nas ser funcional, como ainda mtegrado a outros sistemas orgânicos. Isto requere­ria modificações dos outros siste-

-mas orgânicos, e não poderia ser alcançado mediante qualquer me­canismo conhecido. O desenvolvi­mento de um novo órgão e a coordenação com outras partes do corpo não poderiam ser obti­dos por qualquer mecanismo co­nhecido. Os criacionistas pos­suem razoável base teórica e em­pírica para rejeitar a evolução co­mo meio de incremento da com­plexidade dos organismos vivos.

Áreas de Acordo e Discordlncla

Diante de todos estes pontos de discordância, seria possível al­gum grau de acordo entre cria­cionistas e evolucionistas no to­cante às mudanças nas espécies? A resposta é SIM. Variações mo­leculares podem ser observadas. Um mecanismo conhecido pode ser responsabilizado por tais va­riações, e mudanças podem ser detectadas experimentalmente. Ai:, variações morfológicas dentro das espécies podem ser observa­das. Embora os mecanismos ~e­néticos por detrás destas VarIa-

DIÁLOGO 2 - 1990

ções possam ser desconhecidos, novas variedades morfológicas têm sido produzidas. Tais tipos de mudanças produzem variações suficientes para justificar a clas­sificação em diferentes gêneros, pelo menos no que diz respeito a cães. Tais mudanças poderiam facilmente produzir um aumento no número de espécies dentro de um grupo natural. Desta forma, mudanças em espécies contri­buem para a diversidade de orga­nismos vivos. Tanto criacionistas quanto evolucionistas podem con­cordar quanto a estes pontos.

Evolucionistas asseguram que todas as espécies se encontram vinculadas através de ancestrali­dade comum. Tal afirmativa não apenas ultrapassa as evidências disponíveis, como ainda contradiz muitas delas, tanto do ponto de vista teórico quanto empírico. Assumir uma ancestralidade co­mum para todos os organismos representa uma fraca base para se esboçar conclusões contrárias aos dados disponíveis.

Dois tipos de evidências empí­ricas contradizem a teoria da an­cestralidade comum. Em primei­ro lugar, a seleção experimental confirma que existem limites à mudança ~enética. As mudanças nas espéCIes podem ser produzi­das, mas constituem meramente variações. Nenhum incremento em complexidade tem sido obser­vado. Esta observação provê uma boa explanação para as la­cunas entre grupos naturais de espécies. Mais evidência contra a ancestralidade comum é encon­trada no registro fóssil. 16 Fós­seis e espécies vivas não podem ser arranjadas num contínuo. Elas ocorrem em grupos naturais separados por lacunas. Alguns cientistas pensam que as lacunas indicam que as alterações morfo­lógicas ocorrem em rápidos sal­tos ou esforços vigorosos ("equi­líbrio pontuado").16 Isto pode ser verdade no caso de variações me­nores.17 Entretanto, não explica por que as lacunas se tornam maiores quando a pessoa obser­va níveis mais elevados da hierar­quia taxonômica.18 Acima do ní­vel de família parece que existem muitas linhagens independentes.

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Finalmente, existem razões teóricas para se rejeitar a ances­tralidade comum para todos os organismos. Ninguém jamais ob­servou um aumento espontâneo na complexidade dos organismos vivos. Pelo contrário, as observa­ções sugerem que as estruturas tendem a degenerar, a menos que sejam essenciais à sobrevi­vência. Exemplos incluem perdas degenerativas por organismos cegos que vivem em cavernas, pássaros incapazes de voar em ambientes desprovidos de preda­dores e lagartos desprovidos de pernas, vivendo em cavernas. Se a complexidade crescente foi a norma, os cientistas não deve­riam ter tido que asegurar a se­leção natural a fim de mantê­la.19 A teoria geral da evolução não é apenas inconsistente com a evidência empírica, como é também teoricamente implausí­vel. Finalmente, existem razões teóricas para se rejeitar a ances­tralidade comum de todos os or­ganismos.

Deus e a Evolução

A evidência contra a complexi­dade que se origina através de es­tritos processos naturais é bas­tante forte, conforme brevemen­te resumido acima. Muitos cien­tistas reconhecem as evidências contra a teoria geral da evolução, e ainda assim crêem que todas as espécies devem estar relaciona­das através de ancestralidade co­mum. Alguns sugerem que Deus opera através de processos natu­rais a fim de fazer com que os or­ganismos vivos se tornem mais complexos. Utilizando esta linha de raciocínio, Deus é o Criador, e a evolução é o processo através do qual Ele criou. Entretanto, es­ta teoria, conhecida como evolu­ção teísta, apresenta alguns pro­blemas insolúveis.

A teoria da evolução teísta é in­consistente com as evidências científicas. As lacunas entre es­pécies vivas e fósseis tendem a funcionar como prova contrária à continuidade na evolução, inde­pendente de haver esta ocorrido rlaturalmente ou por intervenção div ina. Adicionalmente, os pro-

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cessos naturais tendem à aleato­riedade. Se os processos naturais são o método de criação de Deus, deve-se concluir que Deus permi­te que as coisas aconteçam em sentido degenerativo, em vez de melhorá-las.

A evolução teísta é também in­consistente com o caráter de Deus, conforme descrito na Bí­blia. A veracidade de Deus é de­safiada pela evolução teísta. O próprio Deus declara que produ­ziu uma criação completa em seis dias.20 A evolução teísta contra­diz diretamente esta declaração. A Bíblia também revela que Deus Se opõe à morte e Seu plano fi­nal é eliminá-Ia.21 Mas a morte é requerida pela evolução teísta e por outras formas de evolução. Crê-se que a evolução é dirigida pela seleção natural, na qual os organismos mais fracos são elimi­nados porque não podem compe­tir com os mais fortes. A compe­tição também requer escassez de recursos. Se a evolução é o mé­todo de Deus para a criação, deve­se concluir que a morte e a escas­sez de recursos fazem parte de Seu plano.22 Isto torna a Deus responsável pelas criaturas preda­doras, parasitas e venenosas. Se Deus dirige a evolução, deve ser responsável pelos seus resultados. Isto contradiz as afirmações das Escrituras, de que o mal resulta do pecado humano. 28

A evolução teísta implica tam­bém que a humanidade alcançou seu presente estado através de aperfeiçoamentos, e não através de queda em pecado. Se as coisas são assim, por que haveriam os seres humanos de necessitar da salvação? Se hoje são melhores do que foram antes, tornar-se-ão ainda melhores com o decorrer do tempo. Uma vez que a evolu­ção teísta implica em que Deus deve ser responsabilizado pelo °mal, e que a humanidade está na­turalmente melhorando, e pelo fato de contradizer as próprias palavras de Deus, deve ela ser re­Jeitada por todos os cristãos que aceitam a Bíblia. Aceitá-la seria subverter as bases do cristianis­mo. Pelo contrário, os cristãos devem afirmar sua confiança na credibilidade da Palavra de Deus,

DIÁLOGO 2 - 1990

desde a criação descrita no Gêne­sis até à recriação descrita em Apocalipse.

Conclusão

As evidências disponíveis indi­cam claramente que a variabili­dade genética ocorre dentro das espécies. Podemos observar va­riação em genes e em morfologia, suficientes para responder por espécies separadas, e provav"el­mente até mesmo para separar os gêneros. Mas as mudanças ocorrem somente dentro de cer­tos limites. Os rearranjos de par­tes do corpo em novos "projetos de organismos" ainda não foram observados, e são altamente im­prováveis. A produção de novos genes funcionais é teoricamente implausível através de mecanis­mos-padrões em genética, e a evi­dência que fala em seu favor é muito mais fraca do que geral­mente se supõe.24 A produção de novos órgãos e sistemas é teori­camente improvável, e somente é mantida porque a ancestralida­de comum das espécies é neces­sária para apoiar a teoria evolu­cionista.

Conforme vimos, criacionistas e evolucionistas podem encontrar terreno comum mesmo quando abordam suas disciplinas a partir de diferentes pressuposições acerca das origens. Entretanto, quando explanações sobre a di­versidade orgânica excedem as evidências disponíveis, e até mes­mo contradizem a evidência, não seria surpresa encontrar desa­cordo entre os cientistas.

As diferenç~ entre evolucio­nistas e criacionistas poderiam ser grandemente reduzidas se as inferências da ciência se limitas­sem àquilo que pode ser observa­do, e questões relativas à ativida­de criadora sobrenatural de Deus fossem deixadas a cargo de Sua auto-revelação nas Escrituras. Efetivamente, quando os dados são retroprojetados no passado, os dados científicos revelam a existência de numerosas linha­gens independentes de organis­mos. Estas evidências estão de acordo com o relato bíblico da criação.

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NOTAS 1. J. H. CampbeIl, "The New Gene

and its Evolution", em K. S. W. Camp­beIl e M. F. Day, editores, Rates of Evo­lution (Londres: Allen and Unwin, 1987), págs. 283-310.

2. "Evolution is a change in the ge­netic composition of populations." -T. Dobzhansky, Genetics and tke Origin of Species, 3! edição, (New York: Columbia University Press, 1951), pág. 16.

3. Veja, por exemplo, E. G. Zimmer­man, "Temporal Genetic Variation in a Population of the Pocket Gopher, Getrmys Bursari1LS", Genetica 76:153-159 (1988).

4. G. G. L. MikJos e B. John, "From Genome to Phenotype", págs. 263-282, in Campbell and Day, editores, op. cit., págs. 263-282.

5. Por exemplo, F. J. Ayala, Molecu­lar Evolution (Sunderland, MA: Sinauer, 1976).

6. "É duvidoso que alguém houvesse alguma vez sentido a necessidade de re­sistir à noção de evolução se tudo que ela implicasse fosse de que a constituição exa­ta da hemoglobina modificou-se ao longo das eras." C. H. Waddington, The Evo­lution of an Evolutionist (Edinburgh: Edinburgh Univ. Press~ 1975),3)ág. IV.

7_ C. A. Lemen e .t". W. Freeman, "The Genus: A Macroevolutionary Pro­blem", Evolution 38:1219-1237 (1984).

8. Por exemplo, W. Arthur, Mecha-nisms of Morphological Evolution (New York: Wiley, 1984).

9. R. K. Wayne, "Cranial Morphology of Domestic and Wild Canids: The fri­fluence .. of Development on Morphologi-

cal Change", Evolution 40:243-261 (1986).

10. E. Mayr, Populati..oruJ, Species, and Evolution (Cambridge, MA: Belknap Press, 1970). Veja também L. P. Lester e R. G. Bohlin, TheNaturalLimits toBio­logical Change (Grand Rapids, MI: Zon­dervan, 1984).

11. Uma idéia relativamente recente é a possibilidade de as mutações ocorrerem de forma não aleatória (veja, por exemplo, J. Caims, J. Overbaugh e S. Miller, "The Origin of Mutants", Nature 335:142-145 [1988]). Outra idéia recente é a possibili­dade de transferência genética trans-es­pecffica (veja, por exemplo, L. Jeppson, "A Possible Mechanism in Convergent Evo­lution", Paleobiology 12:80-88 [1986]).

12. S. Ohno, Evolution by Gene Dupli­cation (New Y ork: Springer-Verlag, 1970).

13. G. Z. Opadia-Kaddima, uHow the Slot Machine Led Biologists Astray", Journal ofTheoretical Biology 123:127-135 (1987).

14. Por exemplo, veja o capitulo 5 de Lester e Bohlin, l!P. cito

15. Por exemplo: "O registro fóssil contém tantas lacunas morfológicas en­tre o que se poderia considerar como es­pécies ancestrais e descendentes, que che­ga a prover a impressão de descontinui­dade em vez de continuidade evolucioná­ria." A. Hoffman A rflll:ments on Evolu­tion (Oxford: Orlord University Press, 1989), pág. 8. Veja também o capítulo 8 de M. Denton, Evolution: A Theory in Crisis (Bethesda, MD: AdIer and AdIer, 1985).

16. N. Eldredge e S. J. Gould, "Pune­tuated Equilibria: An Alternative to PhyleticGradualism", in T. J. M. Shopf, editor, Models of Paleobiology (San Fran­cisco, CA: Freeman, Cooper & Co., 1972), págs. 82-115.

17. Uma declaração nesta linha, feita por um autor que discorda de minhas con' clusões, pode ser encontrada na seguin­te fonte: E. C. O1son, "The Problem of Missing Links: Today and Yesterday", Quarterly Review of Biology 56:446 (1981). A possibilidade de mutações em larga escala parece necessária se a evo­lução é veraz, mas tanto a evidência ex­perimental quanto nossa atuaI compreen­são dos mecanismos genéticos parecem excluir tal possibilidade.

18. M. Denton, crp. cit., págs. 191-192. 19. Por exemplo, A. Hoffman, op. cit.,

pág. 156. 20. Êxodo 20:11; veja também Gêne­

sis 1 e 2 e Êxodo 31:17. 21. Isafas 65:45; Mateus 10:29; Roma­

nos 8:20 a 22; Apocalipse 20:14; 21:4. 22. F. Van Dyke, "Theological Pro­

blems in Theistic Evolution", Journal of the A merican Scienti}w Affiliation 39:11-18 (1986).

23. Gênesis 3:14-19; Romanos 5:12; 8:19-23.

24. G. Z. Opadia-Kaddima, op. cito

L. J. Gibson (Ph. D., Loma Linda University) é cientista-pesquisador assistente junto ao Geoscience Re­search Institute, sediado em Loma Linda, Califórnia, EUA.

Sete Tendências Adventistas Perfi I Estatístico

de Uma Igreja em Mudança

Durante a década de 1990 a Igreja Adventista do Séti­

mo Dia tem uma previsão de crescimento do número de seus membros, em cerca de meio mi­lhão por ano, mas nem as suas re­ceitas em dólares e nem a sua for­ça de trabalho crescerão propor­cionalmente. A influência dos lí­deres eclesiásticos nos países em desenvolvimento irá crescer, mas as contribuições recebidas em seus campos poderão não ser su­ficientes para atender suas ne­cessidades, crescentes em ritmo acelerado. Uma igreja sempre mais jovem e mais vibrante, nes-

F. Donald Y ost

tas nações emergentes, continua­rá procurando dos membros de nações afluentes a necessária as­sistência financeira.

Estas e outras tendências apre­sentarão desafios fora do comum à Igreja Adventista enquanto es­ta estiver procurando cumprir a comissão evangélica na década vindoura. As estatísticas da igre­ja deixam bem clara esta tendên­cia. Examinemos sete tendências do âmbito da igreja que transpa­recem claramente nas edições re­centes do A nnual Statistical Re­porto (O "glossário" ao final do artigo explica o significado das abreviaturas. )

DIÁLOGO 2 - 1990

Crescimento Sustentado em Número de Membros

1~ Tendência. O crescimento do número de membros da Igre­ja Adventista do Sétimo Dia é ex­ponencial e, à presente taxa, al­cançará 11 a 12 milhões por vol­ta do ano 2.000.

De um pequeno punhado de adeptos em 1848, o ano em que ocorreram as conferências do sá­bado, e de uma estimativa de 3.500 quando a Associação Geral foi organizada em 1863, os ad~ ventistas do sétimo dia multipli­caram-se a ponto de atingir mais

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de 6 milhões e estabeleceram-se em praticamente todas as nações - grandes e pequenas. Embora tenhani traDscorrido cer­ca de 92 anos para se atingir o primeiro meio milhão de mem­bros, atualmente são necessários apenas 13 meses para que se adi­cione um novo meio milhão. Uma vez que novos conversos logo tra­zem para a igreja outros novos conversos, cada uma destas par­celas de meio milhão foi requeren­do menor número de anos para ser alcançada - e agora, somen­te uns poucos meses. Veja a Ta­bela 1 e o GTáfico A.

Ninguém pode predizer com certeza se as taxas recentes de crescimento se manterão. Entre 1900 e 1989 a taxa média foi de 6,2% ao ano. Desde 1976 a taxa subiu para 6,2% - em parte de­vido à vigorosa promoção de to­das as formas de evangelismo, in­clusive os programas Mil Dias de Colheita (1982-1985) e Colheita 90 (1985-1990).

TABELA 1

Crescimento em Número de Membros

Expresso em Módulos de Meio Milhão

1848-1989

Número aproximado de anos requeridos para que a Igreja Ad­ventista acrescentasse um novo meio milhão de pessoas a seus. membros:

Para 0,5 milhão De 0,6 a 1,0 milhão De 1,0 a 1,5 milhão De 1,6 a 2,0 milhões De 2,0 a 2,5 milhões De 2,5 a 3,0 milhões De 3,0 a 3,5 milhões De 3,5 a 4,0 milhões De 4,0 a 4,5 milhões De 4,5 a 5,0 milhões De 6,0 a 5,5 milhões De 5,5 a 6,0 milhões

92,0 anós 15,1 anos 9,1 anos 5,7 anos 4,3 anos 3,5 anos 2,8 anos 2,3 anos 1,9 anos 1,6 anos 1,5 anos. 1,2 anos

Se as taxas recentes de cresci-

10

mento permanecerem, a igreja I taxas de crescimento e perda de terá 11,5 milhões por volta do membros em módulos de 5 anos, ano 2000. A Tabela 2 apresenta desde 1960.

TABELA 2

TAXAS LfQUIDAS DE CRESCIMENTO E TAXAS DE PERDA DE MEMBROS

Em Perfodos de Cinco Anos, de 1960-1989

Perfodo

1960-1964 1965-1969 1970-1974 1975-1979 1980-1984 1985-1989

ANO 2000

1D80

1 CHIO

1140

1120

1100

1880

1880

1840 o 0.6

Taxa Média de Crescimento Líquido

Anual

4,8% 5,3% 5,2% 5,6% 6,0% 6,9%

GRÁFICO A

CRESCIMENTO EM NÚMERO DE MEMBROS

Em Módulos de Meio Milhão 1848-1989

Taxa Média Anual

de Perdas

2,9% 2,9% 3,2% 2,7% 2,6% 2,1%

1.0 1.IS 2.0 2.5 ao 3.5 4.0 4.6 5.0 lU e.o

Membros (milhões)

Proporção de Adventistas Pa­ra a Populaçio Mundial

se vozes que afirmam estar a po­pulação mundial crescendo mais rápido que o número de membros da igreja. Diz-se, a partir daí, que não há forma de algum dia poder­mos levar o evangelho a toda "nação e reino e língua e povo" , conforme nos propusemos fazer.

2! Tendência. O número de membros da igreja está crescen­do mais rápido que a população mundial.

De tempos em tempos ouvem-

DIÁLOGO 2 - 1990

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GRÁFICO B

ADVENTISTAS E POPULAÇÃO MUNDIAL

1863-1989

cerca de 100 para cada milhão (um membro em 10 mil habitan­tes). Hoje, com 6,2 milhões de ad­ventistas num mundo com 5,3 bi­lhões de habitantes, existem 1168 adventistas por milhão de habitantes (um em 856).

Adventistas/Milhão de População 11ea 1200

1000

800

eoo

"'00

200

Presença Ampla, Porém Mal Dlstribuida

3~ Tendência, Embora a Igre­ja Adventista seja a denominação protestante mais amplamente distribuída, sua mensagem é ain­da desconhecida por parte de vastos segmentos da população mundial.

Anos ~ae3 '70 '80 'SIO 1000 ',o '20 '30 '.0 '150 '150 '70 'SO '815 'S9

Onde são os adventistas encon­trados em maiores concentra­ções? E onde sua presença é a menos densa? O Grájwo C mos­tra que a Divisão do Sul do Pací­fico Informa uma média de 8.900 membros para cada milhão de ha­bitantes de sua população. A União do Oriente Médio, por ou­tro lado, apresenta em média apenas 20 membros para cada milhão de população. Dentro de todos os territórios apresenta­dos, existem países em que a den­sidade adventista é muito maior ou muito menor que a média ge­ral encontrada no território como um todo.

É verdade que, enquanto a igreja batiza centenas, a popula­ção do mundo cresce a centenas de milhares. Em 1989 a igreja foi acrescida em 433.850 membros, ao passo que a população mundial foi incrementada em estimados 87 milhões. Que contraste! En­tretanto, existe outra forma de se analisar os dados:

1. A Ta:xa de crescimento da igreja é maior que a do cresci­mento da população mundial. En­tre 1979 e 1989 nossos membros cresceram à taxa média anual de 6,455%. Durante o mesmo perío­do, a população mundial cresceu à taxa média anual de 1,935% -somente um terço da taxa de crescimento da igreja.

2. Especialistas em população predizem que a população do mundo atingirá um pIam de 10,4 bilhões de pessoas dentro de aproximadamente 100 anos. (Ve­ja Population Reference Bureau, "1989 World Population Data Sheet.") Se a atual taxa de cres­cimento da igreja prosseguir du­rante 112 anos e a população do mundo se estabilizar, conforme predito, cerca de metade da po­pulação mundial será de adven­tistas do sétimo dia por volta de 2102 - 5,2 bilhões de adventis­tas num mundo de 10,4 bilhões de habitantes.

Não resta qualquer espaço pa­ra questionamento: os adventis­tas do sétimo dia têm estado a crescer com maior rapidez que a população em geral. (Veja Gráfi­co B.) Em 1863, com cerca de 3.500 adventistas num mundo com 1,3 bilhão de pessoas, havia pouco mais que três adventistas para cada milhão de pessoas vi­vendo no mundo. Em 1920 havia

19 China

GRÁFICO C

Número de Membros em Relação à População

MembroslMilhão de População Por Divisões Mundiais, 1989

20 União do Oriente Médio 118 União das Repúblicas Soviéticas Socialistas 191 Divisão Sul-Asiática

211 Divisão Trans-Européia 773 Divisão Euro-Africana

989 Divisão do Extremo Oriente 1420 Uniões Sul-Africanas (2)

2702 Divisão Norte-Americana 2743 Divisão África-Oceano Índico

3948 Divisão Sul-Americana 5670 Divisão da África Oriental 5899 Divisão Interamericana

8899 Divisão do

8000 10000 p~clh~~ I O

i

2000 i

4000 i

6000

DIÁLOGO 2 - 1990 11

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o que o Gráfico C não mostra é que as maiores concentrações de adventistas geralmente ocor­rem onde a populaçãc se encon­tra menos concentrada. Nas duas divisões latino-americanas, por exemplo, onde os adventistas re­presentam 3.948 por milhãc (DSA) e 5.899 por milhão (DIA), as po­pulações são de 239 e 200 mi­lhões, respectivamente. Contudo, onde a população mundial é maior, a população adventista é ínfima ou mesmo inexistente. China, Índia, União Soviética e Oriente Médio somam cerca de metade da população mundial, mas as proporções de adventistas diante da população geral varia, nestes países, de 19:1.000.000 a 191:1.000.000, sendo que a mé­dia mundial é de 1.168:1.000.000. O desafio para a missão adventis­ta é evidente.

o Deslocamento dos Membros do Norte Para o Sul

4~ Tendência . Com O cresci­mento rápido ocorrendo em na­ções em desenvolvimento e o crescimento lento nos antigos países-bases (as nações industria­lizadas do ocidente), as maiores proporções de '!lembros apare­cem agora na Africa, América Latina e leste e sul asiáticos. Por volta do ano 2000 cerca de três

quartos de todos os adventistas estarão residindo em regiões mais ao sul .

O Gráfico D e a Tabela 3 reve­lam as tendências do crescimen­to de membros nas sete áreas do mundo escolhidas para análise no presente artigo. Em 1960 a Amé­rica do Norte continha cerca de 27% de todos os membros, e a África apresentava menos de 20% do total. Os últimos relató-

rios (1989) mostram que a Amé­rica do Norte possui agora 12% de todQs os membros, ao passo que a Africa está com 30%. Ou­tras regiões mostram variações significativas. Somente o Sul do Pacífico permaneceu mais ou me­nos igual, com cerca de 4% do to­tal. Estas alterações refletem as significativas diferenças em ta­xas de crescimento de região pa­ra região.

GRÁFICO D

NÚMERO DE MEMBROS POR ÁREAS DO MUNDO COMO PORCENTAGEM DO TOTAL DE MEMBROS

1960 e 1989, com projeção para 2000 % do total

,o

00 1960 CJ 19a9 m 2000

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20

10

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TABELA 3

NúMERO DE MEMBROS POR ÁREAS MUNDIAIS 1960 e 1989

Projeção Para o ano 2000 (+)

Membros Membros Membros

Área do Mundo 1960 1989 2000

África 241.574 1.879.565 3.765.000 Ásia (Leste e Sul) 146.315 952.102 1.765.000 Pacífico Sul 56.289 33.740 370.000 EUl'opa 154.808 200.350 200.000 América Latina 252.606 2.119.491 4.360.000 América do Norte 332.364 743.023 930.000 China e URSS 61.168 55.314 85.000

Totais 1.245.125 6.183.585 11.485.000

(+) Projeções baseadas no crescimento de membros, área por área, entre 1960 e 1989, e ajustadas con­forme a projeção do total mundial de membros. A projeção para China e URSS é especulativa.

12 DIÁLOGO 2 - 1990

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A taxa de crescimento dos membros mundiais entre 1960 e 1989 foi em média de 5,7% ao ano. Se todas as regiões do mun­do houvessem crescido a essa ta­xa, as duas primeiras barras pa­ra cada região seriam idênticas no Gráfico D. Mas algumas cres­ceram com muito maior velocida­de que outras. Se estas taxas va­riantes prosseguirem até 2000, os membros estarão distribuídos conforme se demonstra na tercei­ra barra de cada conjunto no Gráfico D e a terceira coluna de números da Tabela 9. África e

América Latina prosseguirão re­presentando maiores fatias e a participação das demais regiões ~rmanecerá equilibrada ou de­clinará.

Pesada Concentração de Ad­ventistas em Alguns Países. En­contrar um adventista no Iraque, seria mais ou menos como locali­zar uma agulha num monte de fe­no. Mas na Jamaica uma em ca­da 17 pessoas é adventista. Em Ruanda a proporção é de um em cada 34.

A Tabela 4 relaciona os países com maior número de adventis-

TABELA 5

TOTAL DE OBREIROS ATIVOS 1920-1989

Ano N~ Obreiros Ativos Quociente em Relação ao número de Membros

1920 13.081 1:14 1930 21.461 1:15 1940 29.816 1:17 1950 38.927 1:19 1960 48.890 1:26 1970 65.957 1:31 1980 92.912 1:38 1989 111.140 1:56

TABELA 4

tas. A liderança é dos Estados Unidos, com o número de 743.023 e Jamaica finaliza a lista, com 148.202 membros. A densidade dos adventistas nestes 10 países varia de 59.280 por milhão de po­pulação, na Jamaica, até J96 por milhão populacional, na India.

Quatro destas nações se encon­tram na América Latina, três na África e duas no sul e leste asiá­tico.

Obreiros Denominacionals Agora Servem Maior Número

de Membros

Tendência n~ 5. O número de empregados denominacionais -tanto da área evangelística quan­to institucional- cresce à medi­da que a igreja cresce, mas o quo­ciente de empregados por núme­ro de membros está declinando.

A Igreja Adventista não está experimentando crescimento desproporcional de sua "cabeça". Em 1920, quando a igreja empre­gava 13.081 obreiros, existiam 185.450 membros. O quociente de obreiros por número de mem­bros era de 1 para 14 (Tabela 5). Ao longo dos anos seguintes es­ta proporção decresceu firme­mente até o presente momento, quando os cerca de 6,2 milhões de membros estão sendo servidos por 111.140 obreiros evangelísti­cos e institucionais, o que provê uma proporção de 1 para 56.

OS DEZ PAÍSES COM MAIOR NÚMERO DE MEMBROS 1989

País

Estados Unidos Brasil Filipinas México Quênia Zaire Peru Ruanda índia Jamaica

Total de Membros 1989

743.023 511.264 475.125 316.609 286.851 218.954 211.110 205.316 163.384 148.202

DIÁLOGO 2 - 1990

Membros por um Milhão de Habitantes

2.986 3.469 7.321 3.652

11.903 6.274 9.865

29.331 196

59.280

13

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Estes quocientes que se modi­ficam poderiam sugerir uma igre­ja em estagnação, mas vitalida­de é que não falta . Talvez o mi­nistério dependesse de labores mais intensos nos tempos de ou­t rora. Talvez, pelo fato de os membros viverem então de mo­do mais simllles, contribufssem eles com maIor parcela de seus recursos para as receitas da igre­ja. Talvez invistamos agora os fundos denominacionais em equi­pamento, viagens e projetos es­peciais, em maior extensão que há poucas décadas. Parece desne­cessário afirmar que, se maiores fundos estivessem disponfveis, maior número de empregados de­nominacionais seria contratado.

Evangelizar, Conservar e Compar tilhar - Fórmula Para o Crescimento. Fortalecimento em membros e ministros não prediz necessariamente crescimento rá­pido.

Quando Jesus descreveu a co­lheita da terra como estando "madura" , convocou Seus segui­dores a irem para o II campo" . Hoje, será que a maior colheita ocorre onde existem maior pro­porção de membros e ministros? Ou ocorre onde existem poucos? Os Gráficos E-I e E-2 apresen­tam quatro perfis em gráficos de barra a fim de retratar a relação entre membros, ministros e no­vos conversos.

A primeira barra representa a porcentagem de membros da di­visão diante do total de mem­bros; a segunda, a porcentagem de ministros; e a terceira, as no­vas adesões. A Divisão da Áfri­ca Oriental, por exemplo, possui 14,2% dos membros do mundo, 7,0% do número total de minis­t ros e 22,8% das novas adesões, ocorridas em 1989. Quatro per­fis apresentam-se claros :

1. Três divisões compartilham o primeiro perfil: possuem peque­na proporção de pastores para o número de membros e a maior porcentagem de novas adesões.

2. A Divisão Interamericana, sozinha, representa o segundo perfil: aqui a porcentagem de adesões se equipara à porcenta­gem de membros, mas a propor­ção de ministros é muito menor.

14

3. A Divisão do Extremo Orien­te possui porcentagem aproxima­damente igual dos três fatores.

4. As sete divisões restantes (apresentadas no Gráfico E-2) compartilham um perfil diferen­te: grandes porcentagens de mi­nistros; menores porcentagens de membros; e (usualmente) por­centagens muito pequenas de no­vas adesões à igreja.

As diferenças nestes perfis gráficos podem ser devidas a vá­rios fatores. São possfveis as se­guintes explicações:

1. As divisões apresentadas no Gráfico E-I são as de mais rápi­do crescimento. Durante algum tempo, maior número de mem­bros, em relação ao número de ministros, está-se unindo à igre­ja - o que contrasta com a situa­ção em muitas outras partes do mundo.

vidas, é mais provável que o sa­lário do pastor esteja mais próxi­mo do de um membro médio da igreja. Nos pafses em desenvol­vimento, o salário do ministro po­de situar-se consideravelmen­te acima da renda do membro médio.

4. Onde a igreja se encontra mais institucionalizada, possui história mais antiga e se consti­tui de membros mais idosos, o nú­mero de ministros por membros é maior, porém é mais baixo o nf­vel de novas adesões. Um fa tor concomitante é que existem cul­turas adventistas de terceira ge­ração, onde o entusiasmo pela mensagem foi substituído pelo estilo de vida eclesiástica tipo IIrotineiro". Menor número de membros conquistam almas.

GRÁFICO E-I RELAÇÃO ENTRE O NÚMERO DE MEMBROS E

d I MINISTROS E AS NOVAS ADESÕES

% o tota " Segundo as Divisões, 1989

% de membros ~ % de ministros o n.. % de novas adesões II!!I

" 1I!U

11.3 11 II 14 . 2

12.0

o.

"

o L L L

DAI DAO DSA

2. Os recursos financeiros são parcialmente limitados nas três primeiras divisões - DAO, DSA e DAI. Talvez, pelo fato de mui­tos membros viverem sob baixo nível econõmico, requeira-se o dI­zimo de maior número de mem- ' bros para sustentar um ministro, quando se compara isto com o ca­so das sociedades afluentes.

3. Os fundos são mais abun­dantes nas divisões apresentadas no Gráfico E-2. A Divisão SuI­Asiática constitui exceção. Na moeda forte das nações desenvol-

DIÁLOGO 2 - 1990

18' UI

12. 13 ,. o .•

DIA DEO

Contribuições dos Membros e Capacidade de Compra

Tendência n~ 6. As contribui­ções estão aumentando de forma global, mas não estão mantendo o mesmo r itmo do aumento de membros e da inflação.

As contribuições aumentaram. em cerca de vinte vezes durante os últimos quarenta anos, mas, em termos de capacidade de com­pra, o aumento não chegou a ser de três vezes.

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GRÁFICO E-2 América do Norte - Fonte da Maior Parte do Financiamento

RELAÇÃO ENTRE O NúMERO DE MEMBROS E MINISTROS E AS NOVAS ADESÕES

% do total

Tendência n~ 7. A América do Norte, base doméstica original da igreja, prossegue provendo a maior parte do financiamento pa­ra o campo mundial, mas sua par­ticipação está declinando,'

30 Segundo as Divisões, 1989

24.1

20

0/0 de membros ~ % ~e ministros Cl Os adventistas da América do

Norte doaram 70% de todos os dízimos e ofertas recebidas em nível mundial pelas tesourarias da igreja. A Tabela 7 mostra as contribuições totais oferecidas em 1989 (US$ 953 milhões) e di­vididas pelas áreas do campo mundial. A porcentagem de cada área no total é apresentada na coluna da direita.

% de novas adesões !mi

10

O

DNA DSP DEA DSU URSS DTE CA

Em 1950 as tesourarias da igreja receberam aproximada­mente 46 milhões de dólares em dízimos e ofertas. Em 1989 o montante de todas. as contribui­ções atingiu aproximadamente 953 milhões de dólares. Durante o mesmo período o número de membros cresceu oito vezes e a inflação reduziu o valor de com­pra de um dólar a menos de um quinto de sua capacidade em 1950. (Estes índices baseiam-se no Consumer Price Index, calcu­lado e publicado pelo U nited Sta­tes Bureau of Labor Statistics.)

A Tabela 6 e o Gráfico F mos­tram a história das contribuições sob duas formas: (1) contribui­ções per capita em dólares cor­rentes, ou seja, os dólares no ano em que as doações foram feitas e (2) contribuições per capita em dólares constantes (o dólar de 1950 foi escolhido como parâme­tro). A primeira coluna mostra que em 1950 o adventista médio contribuiu anualmente com US$ 66,09 em dízimos e ofertas. Em 1989, a média havia subido para US$ 174,58. Entretanto, quando se exclui a inflação (coluna da di­reita), a base per capita baixou de US$ 66,09 em 1950 para 33,33 em 1989. Ou seja, a contribuição de um adventista à igreja em 1989 foi capaz de comprar ape­nas a metade do que a mesma contribuição permitiria em 1950.

GRÁFICO F CONTRIBUICÕES TOTAIS

PER OAPITA Em Dólares Correntes e

Dólares Constantes (1950) 200 1950-1989

""*" Dólares Correntes ° Dólares de 1950

1110

IDO

ao

O+----------------~~---------------~--------------------~---------------~ 18110 lellO le70 ,eBO

TABELA 6

CONTRIBUIÇÃO TOTAL PER CAPITA Em dólares Correntes e Constantes (1950)

18811

8

Ano Contribuição Per Capita (Dólares Correntes)

Contribuição Per Capita (Dólares Constantes - 1950)

1950 66,09 66,09 1960 85,26 69,30 1970 116,49 72,22 1980 98,47 57,98 1989 174,58 33,33

DIÁLOGO 2 - 1990 15

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TABELA 7

TOTAL DE CONTRIBUIÇÕES SEGUNDO ÁREAS DO MUNDO 1989

Área

África

Contribuições % do Total

Sul e Leste Asiático Sul do Pacífico Europa América Latina América do Norte URSS

US$ 19.688.927 53.199.619 47.784.314 79.987.990 85.062.318

2,0 5,6 5,0 8,4 8,9

Totais

Projeçóes

O que estas sete tendências re­vel~ quanto ao presente e o que projetam para o futuro?

No mesmo grau em que a men­sagem da Bíblia, o evangelho de Jesus Cristo, encontra maior aceitação em certos lugares que ~m outros, assim também a igre­Ja crescerá. Conforme Jesus en­sinou, a mensagem cai parcial­mente em terreno fértil e produz colheita mais rica, ao passo que parte da semente cai entre espi­nhos e é sufocada. Não existe ra­zão para supor que o crescimen­to declinará em Papua-Nova Gui­né, no Malawi ou nas Filipinas dentro dos próximos dez anos, mas poderemos observar notá­veis mudanças quanto à aceita­ção da mensagem do Terceiro Anjo em lugares tais como o Les­te Europeu.

De um ponto de vista humano, é seguro afirmar que o cresci­mento da igreja não se observa­rá de modo uniforme ao redor do mundo.

O que ocorre a uma denomina­ção quando seus membros exce­dem os 10 milhões, tem presen­ça multinacional, multicultural e multilingual? Quantos centros educativos adicionais terão ainda d: ser construídos? Onde pode­rao ser encontrados os professo­res necessários, com o devido treinamento? E em quais dentre as centenas de idiomas do mun­do deverão os meios de comuni­cação adventistas - tanto escri­tos como falados - publicar a

16

666.747.028 477.588

952.947.784

70,0 0,1

100,0

mensagem de nosso Salvador que retorna?

Crescimento rápido sem o cor­respondente aumento nas recei­tas representa um conjunto espe­cial de problemas. Vimos que as contribuições per capita declina­ram em anos recentes pelo fato de membros com menor renda multiplicarem-se com maior rapi­dez que os membros de renda nuüs elevada. Essa tendência per­manecerá, a menos que haja uma reviravolta no crescimento da igreja na América do Norte, Eu­ropa, Austrália e Nova Zelândia.

Embora grande quantidade de fundos ainda proceda da Améri­ca do Norte em direção a outras partes do mundo, a tendência quanto aos membros claramente permite prever que a América do Norte e a Europa em breve terão apenas 10% dos membros mun­diais. Poderá um décimo dos membros do mundo prosseguir sustentando o mesmo nível de apoio oferecido a outras divisões que no passado se observou?

Conclusão

Há cento e vinte anos, a peque­na Igreja Adventista do Sétimo Dia começou a pensar no envio de missionários norte-americanos a outras partes do mundo. Apre­sentar ao mundo uma mensagem especial para os últimos dias, era algo aparentemente impossível. Mas nossos pioneiros começa­ram. Os resultados têm sido no­táveis.

Hoje parecemos defrontar-nos com uma tarefa ainda impossível.

DIÁLOGO 2 - 1990

Mas, a partir do que Deus fez no passado através de nossos esfor­ços, sabemos que Seu reino flo­rescerá e a vitória será finalmen­te alcançada.

Afortunadamente, a proclama­ção do evan~elho não depende de estatísticasf Nosso Deus é um Deus de surpresas. Cristãos dis­postos, submetidos ao Espírito Santo e por Este fortalecidos, produzem resultados para o rei­no de Cristo. Todos nós temos a resposta para as necessidades do rei!l0: inarredável devoção a Cnsto. Através dEle todas as coi­sas são possíveis.

Glossário As tabelas e gráficos que apare­

cem neste artigo, utilizmit abrevia­turas para as divisões mundiais da igreja e incorporam certas suposi­ções que devem ser esclarecidas:

Divisões mundiais: as descri­ções territoriais seguintes pro­vêem apenas as localizações ge­r~s. Para ~etalhes completos, veja uma edição atual do Seventh­day Adventist Yearbook.

DAI - Divisão África-Oceano fndico: África ocidental abaixo do Saara, incluindo as nações de idioma francês e as ilhas que se acham ao leste da África, tais c0-mo Madagáscar e Maurício.

DAO - Divisão da África Ori­ental: da Etiópia ao sul, até Bots­wana.

DEA - Divisão Euro-Africana: Europa central e do sul, norte da África, Angola e Moçambique.

DEO - Divisão do Extremo Oriente: costa do Pacífico na Ásia, do Japão e Coréia para o sul, até à Indonésia, e ao oeste até Bangladesh e Sri-Lanka.

DIA - Divisão Interamerica­na: México, Caribe e costa norte da América do Sul.

DNA ~ Divisão Norte-Ameri­cana: Bermudas, Canadá e Esta­dos Unidos.

DSA - Divisão Sul-America­na: toda a América do Sul exce­to suas cinco nações localizadas mais ao norte.

DSP - DivisãO do Sul do Pací­fico: Austrália, Nova Zelândia e as Ilhas do Sul do Pacífico.

DSU - Divisão do Sul Asiáti­co: fndia, Nepal e Butão.

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DTE - Divisão Trans­Européia: Noroeste da Europa, Hungria, Iugoslávia, Grécia, Is­rael e Paquistão.

CA - Campos Associados: três uniões diretamente vinculadas à Associação Geral: (1) União­Missão do Oriente Médio-UOM: da Líbia para o leste até o Irã e Omã, e da Turquia para o sul até o Sudão; (2) União-Missão Mri-

cana do Sul - UAS e (3) União­Missão do Sul da África - USA.

Áreas do mundo: as áreas do mundo que várias vezes foram ci­tadas ao longo do artigo, refe­rem-se aos continentes, com duas exceçõe8: América Latina refere­se à América Central, ilhas do Caribe e América do Sul. "Ásia" é um termo utilizado nas tabelas e gráficos como referência ape-

nas ao sul e leste da Ásia, o que exclui a China e a URSS, cujos dados são fornecidos separada­mente.

F. Donald Yost (ph. D., Syra.cuse University) atua como diretor do De­partamento de Ar~uivos e Estatísti­cas da Associação Geral dos Adven­tistas do Sétimo Dia. As informações apresentadas neste artigo foram pes­quisadas por Carole Proctor.

Prevenindo a Tendência Secular

A tendência secular ameaça todos os estudantes e profis­

sionais universitários adventis­tas. Muitas vezes ela parece irre­sistível. Por "tendência secular", refiro-me a um processo gradual de declínio espiritual, em que de cristãos ativos e participantes, as pessoas se tornam indiferentes ou até mesmo chegam à rejeição total da verdade. Quando a pes­soa tende à prática de um estilo de vida secular, a primeira indi­cação normalmente ocorre na área da oração particular. Muitos que uma vez tiveram uma rica e significativa vida de oração, já não a experimentam.

Um indicador associado de ten­dência secular é a ausência de re­gular e significativo estudo da Bí­blia e de outros clássicos devocio­nais, tais como os escritos de EI­len White. Para alguns, o interes­se por esse tipo de leitura pode esmaecer concomitantemente à sua vida de oração. Outros po­dem prosseguir lendo, estudando e debatendo religião, ao mesmo tempo em que não se dedicam à oração devocional por anos.

Um terceiro indicador de afas-

Como Conservar a Fé Numa Era Secularizada

Jon Paulien

tamento da vida espiritual é o de­clínio nos padrões pessoais. Se a pessoa crê firmemente que deter­minada ação é errada e esta con­vicção começa a enfraquecer em termos práticos, isto pode repre­sentar um sinal de severos pro­blemas espirituais.

Em seu quarto estágio a ten­dência secular torna-se perceptí­vel aos outros - a freqüência à igreja começa a diminuir. Pode ser que a princípio a pessoa co­chile aqui e ali, ou passe eventual­mente algum fim de semana em acampamentos nos bosques. O membro pode "visitar outras igrejas" mais que a sua própria. Finalmente, a freqüência é tão pequena, que chega a parecer que ela requer mais esforço do que vale a pena.

Os estágios finais na tendência secular é caracterizado por sérias dúvidas acerca da Bíblia e da vi­da porvir. O último estágio rumo à secularização envolve séria des­confiança diante de qualquer ins­tituição relacionada com a reli­gião. Nos dias atuais, o desrespei­to pela autoridade religiosa re­presenta, dentro da Igreja Ad­ventista, tanto um problema da

DIÁLOGO 2 - 1990

"asa direita" quanto da "asa es­querda".

Ao passo que em termos gerais o padrão citado acima se desen­volve gradualmente, em casos in­dividuais uma crise pessoal pode acelerar o processo ou mesmo in­verter a ordem em que a secula­rização usualmente ocorre. Mais preocupante que a ordem de pro­gressão é o fato de 9.lle crescen­te número de adventistas em to­do o mundo está se debatendo com a tendência à secularização.

Se este processo nos está afe­tando, o que podemos fazer a fim de limitar seus efeitos danosos e mantermos fé vigorosa nesta era secular? A secularização é acele­rada por várias forças externas, tais como os meios de comunica­ção, particularmente a televisão e o bombardeio de propagandas. Educação mais elevada e maior acesso à informação podem igual­mente contribuir para aumentar os níveis de secularização. Mas uma perspectiva secular pode in­filtrar nossas vidas tão-somente se nossa comunhão com Deus já não for uma realidade. Nenhuma for­ça externa pode, de per si, secula­rizar uma pessoa ou uma igreja.

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A Vida Devoclonal

o segredo para conservar a fé nesta era secular reside, pois, em se aprender como desenvolver e manter um vivo relacionamento com Deus. Certamente não é pos­sível conservar vida espiritual forte sem hábitos devocionais igualmente vigorosos. Não exis­te substituto para a aplicação de significativos períodos de tempo, cada dia, em comunhão com Deus através de estudo e oração. Da mesma forma como nossos orga­nismos não conseguem sobrevi­ver significativamente mediante o uso de uma refeição por sema­na, tampouco podemos sobrevi­ver espiritualmente sem signifi­cativa e regular vida devocional.

Os adventistas são pessoas ocu­padas. Nossas vidas giram em tomo de estudo ou trabalho, a igreja, a família - a ponto de a maioria de nós dificilmente con­seguir reservar momentos para Deus e até mesmo para nós pró­prios. Muitas vezes surpreendi­me a mim mesmo escorregando rumo à tendência secular. Assim, gostaria de compartilhar algu­mas técnicas que me ajudaram a renovar minha' caminhada com Deus. Embora isto possa não fun­cionar tão bem com todos, as di­retrizes poderão servir como uma espécie de trampolim a partir do qual você poderá construir seu próprio caminho.

Leitura devocional. Para os principiantes, à seleção de mate­rial de leitura é de grande impor­tância. Muitos materiais, até mesmo a Bíblia (tal como ocorre em Crõnicas e Levítico) ou os es­critos de Ellen White (tais como Conselhos Sobre o Regim,e Ali­mentar e A Ciência tU> Bom Vi­ver) não foram projetados para servirem de leituras devocionais. O material de leitura deveria ge­ralmente focalizar a Jesus, embo­ra - para aqueles que vivem em ambiente totalmente secular -os capítulos sobre José e Daniel nos livros Patriarcas e Profetas e Profetas e Reis sejam particu­larmente relevantes. Não impor­ta se você ler vinte páginas com­pletas ou apenas um parágrafo -

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e sim, que você ouça a voz de Deus enquanto ela lhe fala.

Podem ser úteis duas caderne­tas de anotações para esta porção de sua prática devocional. Uma pode ser utilizada para registrar vislumbres obtidos durante as lei­turas devocionais. Observações significativas podem ser rapida­mente esquecIdas se não forem anotadas. A segunda caderneta pode ser usada como diário espi­ritual. Se negligenciarmos em­preender um balanço de nossas vidas, sem percebê-Io poderemos facilmente escorregar para a prá­tica de atitudes e comportamen­tos incoerentes com nossa profis­são religiosa. Ao longo do tempo, tais atividades de reflexão podem ajudar-nos a perceber as evidên­CIas da mão guiadora de Deus.

Comunicação com Deus. Ora­ção constitui a área mais proble­mática na experiência devocional da maioria das pessoas. A oração não deve ser encarada como o cumprimento de um dever, e sim como aprendizado sobre a forma de comunicar-se com uma Pes­soa. Mas aprender a comunicar­se não é algo fácil- o que um ca­sal :pode muito bem comprovar. ASSIm, o que mais importa na oração não é qualquer conjunto de posições ou padrão fixo de pa­lavras, e sim na efetiva comuni­cação com uma pessoa. Se a sua mente divaga enquanto seus olhos estão fechados, focalize ou­tro padrão, inclusive contemplan­do uma gravura de Cristo. A dis­ciplina de sentar e escrever aqui­lo que realmente ocorre em seJl coração, pode ajudar a manter o foco de sua mente. O que impor­ta na oração é a comunicação de seus mais profundos pensamen­tos, as coisas que mais lhe inte­ressam, os sentimentos que você não poderia expressar nem mes­mo mante de seu mais íntimo amigo ou cônjuge.

Talvez ainda mais importante: deixe que Deus responda as suas orações. Muitas de nossas ora­ções devocionais assemelham-se a breves chamadas telefônicas. Utilizamos com pressa uma porção de frases padronizadas e mal con­seguimos esperar que chegue o momento de dizermos: "Amém."

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Isto funciona mais ou menos co­mo desligarmos o telefone en­quanto Deus ainda prossegue na escuta na outra extremidade.

Experimente o seguinte algu­mas vezes. Obtenha um bloco de apontamentos e um lápis. Depois de :finalizar sua oração, permane­ça de joelhos e espere. Anote qualquer pensamento que lhe ve­nha à mente durante os próximos poucos minutos. Sei que muitos adventistas são possuídos de abundantes impressões, mas nem sempre elas provêm do demônio. O Deus vivente também deseja conduzir-nos. A Bíblia não nos diz qual o trabalho que devemos em­preender, com qual pessoa deve­mos casar, ou quais as tarefas a realizar em determinado dia - e ainda assim Deus tem um plano para cada um de nós. Analise qualquer impressão à luz das Es­crituras. Se elas forem compatí­veis entre si, prossiga experi­mentando suas impressões -teste-as. Gradualmente você po­de aprender a reconhecer a voz de Deus em meio a impressões conflitantes.

Na igreja primitiva, as pessoas responsáveis pelos eventos notá­veis foram aquelas que andaram com Deus e O conheceram. Não existe melhor salvaguarda contra a tendência secular do que um vi­vo e diário relacionamento com Deus. Aqueles que não mantêm esse tipo de relacionamento, pos­suem pouca evidência de que Deus existe e é relevante para suas vidas. Deus Se compraz na auto-revelação àqueles que têm suficiente interesse em procurá­Lo de todo o seu coração.l

A Prática da Fé

Mesmo sendo a vida devocional tão fundamental à experiência cristã, em pouco tempo torna-se ela enfadonha, a menos que se re­lacione com as atividades do vi­ver diário. Nenhum relaciona­mento é capaz de sobreviver por muito tempo se não for acompa­nhado pela ação. Mesmo os psi­cólogos dizem que as pessoas que desejam manter a fé num mun­do secular devem desenvolver uma religião efetiva nos sete dias

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da semana. Aquilo que acredita­mos intelectualmente pode exer­cer pouco impac~ sobre o modo como vivemos. E de certo modo possível que seres humanos con­servem comportamentos confli­tantes com seu sistema de cren­ças. De fato, praticamente todos os americanos afirmam crer em Deus, entretanto menos de um terço participam regularmente de alguma experiência de culto.

Ilustração: Klm Justlnen

Por outro lado, o modo como vivemos exerce poderoso impac­to sobre aquilo que cremos. Os adventistas do sétimo dia têm es­tado a dizer ao mundo durante mais de um século que somente através da prática das Escrituras pode uma pessoa, no verdadeiro sentido, andar com Deus. Por exemplo, o simples ato de sorrir para as pessoas é capaz de modi­ficar toda a sua aparência. (Ex­perimente!)

Estilo de Vida Adventista. A idéia de que o modo como agimos afeta aquilo que cremos, não é nova para os adventistas. Ela forma a base da filosofia de El­len White quanto à "cura da mente":2

É uma lei da natureza que nos­sas idéias e sentimentos sejam animados e fortalecidos ao lhes darmos expressão. Ao passo que as palavras exprimem pensamen­tos, é também verdade que estes seguem aquelas. Se exprimísse­mos mais a nossa fé, mais nos re­gozijássemos. nas bênçãos que. sa­bemos possUIr - a grande mIse­ric6rdia e o amor de Deus - te­ríamos mais fé e maior alegria.8

A essência deste capítulo pode­ria ser resumida como: "fale de fé e você terá fé." Isto, eviden­temente, é um aspecto central do cristianismo adventista do sétimo dia. Viver o estilo de vida adven­tista é algo que traz a presença de Deus para o íntimo de cada momento de cada dia, quer a pes­soa esteja fazendo compras, preparando-se para um e~~ ou elaborando o orçamento familiar. A religião praticada nos sete dias da semana leva-nos a ver em ca­da detalhe da vida alguma coisa

que nos leva a pensar em Cristo e em Seu plano em nosso favor. Este é um antídoto ideal para a tendência secular. Se tudo se re­laciona com a sua fé, é muito pou­co provável que você venha a abandoná-la.

Uma das formas de relacionar a fé com a vida é falar regular­mente a respeito de sua fé. "Fa­le sobre fé e você terá fé" pode parecer automanipulação. Contu­do, seu sistema de crenças é for­temente influenciado pelo modo como você vive. Espera-se que em nosso viver diário execute­mos muitas tarefas que, mesmo não sendo necessariamente más em si mesmas, potencialmente são capazes de afastar-nos da fé. Temos de reconhecer este fato e tentar construir hábitos e ativi­dades que, em nosso viver, nos tornem conscientes da presença de Deus. Isto conservará vigoro­sa a nossa fé.

Compartilhando a Fé. A ativi­dade com maior potencial de for­talecer a fé é o seu compartilha­mento. Atividades contracultu­rais tais como orar num restau­rante ou responder a um apelo do púlpito, são rugo que estabelecem a nossa fé em contraste criativo e decisivo diante das opiniões dos outros. À medida que dizemos a outras pessoas o que Deus fez por n6s, enquanto adoramos e louva­mos a Deus juntos, nossa fé cres­ce e é fortalecida.

Se assim é, por que você não compartilha sua fé com maior freqüência? Creio que uma das principais razões é que outras pessoas testemunharam de sua fé para conosco, e n6s não aprecia­mos a forma como o fizeram. In­divíduos que possuem mais zelo que cortesia muitas vezes nos afrontam com pontos de vista in­desejáveis. Por que deveria eu perturbar alguém quando eu pr6-prio não desejo ser perturbado? Diz a Lei Áurea: "Tudo o que quereis que os outros vos façam, fazei-o v6s também a eles."

Tenho boas notícias para você! A zelosa descortesia não é o mo­delo escolhido por Deus para o testemunhar! Observe:

Unicamente os métodos de Cristo trarão verdadeiro êxito no

DIÁLOGO 2 - 1990

aproximar-se do povo. O Salva­dor misturava-Se com os homens como uma pessoa que lhes dese­java o bem. Manifestava simpa­tia por eles, ministrava-lhes às necessidades e granjeava-lhes a confiança. Ordenava então: 'Segue-Me. '4

O testemunho eficaz e moral­mente aceitável começa com dois passos. Em primeiro lugar, ofe­rece às pessoas a oportunidade de se sentirem à vontade com vo­cê. Ora, você não deixa as pes­soas à vontade ao dizer-lhes o que devem fazer ou ao dizer-lhes: "Eu tenho a verdade - você, não." Por outro lado, as pessoas respondem positivamente àque­les que sabem ouvir e não procu­ram humilhá-Ias.

O segundo passo no testemu­nho efetivo é ser o tipo de pessoa que os outros gostariam de ser -o tipo de pessoa que atrai em lu­gar de repelir. As pessoas secu­lares estão à procura de algo me­lhor. Contudo, somente depois de adquirir sua confiança é que elas disporão do contexto que lhes per­mitirá compreender o seu convi­te a que elas "sigam a Jesus".

Na qualidade de Seu testemu­nho, Jesus foi uma ímã, não um martelo. N6s também podemos aprender a nos tornarmos magne­tos. A partir de um vivo relacio­namento com Deus flui poder e energia, os quais poderão ajudar­nos a nos tornarmos cristãos amá­veis e atraentes. Tal poder e ener­gia ajudar-nos-ão a manter a fé nesta era secularizada.

NOTAS 1. Um excelente livro devocional para

pessoas que vivem e trabalham num am­biente secular é Too B~ Not to Pray, de Bill Hybels (Downers Grove, lL: Inter­Varsity Press, 1988).

2. A Ciência, di> Bum Viwr, págs. 240-260. 3. lbidem, págs. 251-253. 4. lbidem, pág. 143.

Jon Paulien (ph. D., Andrews Uni­versity) leciona junto ao Seminário Teológico Adventista, localizado em Berrien Springs, Michigan, EUA. Ele foi um dos maiores colaborado­res do livro M eeting the Secular Mind: Some Adventist Perspectives, editado por H. M. Rasi e Fritz Guy (2~ edição, Andrews University Press, 1987).

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Um antigo ditado judeu diz que aquele que não oferece

educação a seu filho "está crian­do um ladrão". A idéia reflete a secular ênfase que os judeus ofe­recem à educação, o que faz com que eles prossigam sendo um dos grupos mundiais de mais eleva­do nível educacional. Portanto, é muito provável que em grande parte de faculdades e universida­des se possa encontrar bom nú­mero de judeus.

A questão que se coloca, então, é: como testemunhar a eles?

Como adventistas, deveríamos revelar mais êxito que qualquer outra denominação em alcançar os judeus. O sábado, o santuário, a mensagem de saúde e nossa es­catologia única, conferem-nos vantagens especiais. Além de tu­do, sempre consideramos a nós próprios como os "judeus espiri­tuais" . Assim, deveríamos ser ca­pazes de levar nossa mensagem ao povo judeu. Existem, contudo, umas poucas diretrizes gerais que devem ser consideradas an­tes que a pessoa tente testemu­nhar a um judeu. A preocupação deste artigo é esboçá-las.

Testemunho

Antes de mais nada, devo dizer que você não necessita ser judeu a fim de alcançar um judeu. A maioria dos judeus existentes na Igreja Adventista hoje, foram trazidos por não-judeus. Foi um imigrante húngaro quem em pri­meiro lugar me levou a mensa­gem. Outro judeu foi trazido à verdade por um sul-americano que mal falava inglês. F. C. Gil­bert, um dos pioneiros da obra entre os judeus na América do

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SHALOM! Como Abordar Nossos Amigos

Judeus com o Evangelho

Clifford Goldstein

Norte, foi alcançado por uma fa­mília adventista da Nova Ingla­terra. J. M. Hoffman, outro líder, recebeu a mensagem de uma se­nhora de cor.

Efetivamente, para alcançar um judeu você não precisa ser ju­deu; aliás, em vários sentidos, é até mesmo uma vantagem não sê­lo, pela simples razão que é me­nos provável que um judeu seja hostil para com um não-judeu que crê em Jesus, do que o seria para com um judeu que nEle cresse.

Contudo, ao testemunhar a ju­deus, você precisa compreender que muitos deles são pessoas se­culares, que não crêem na Bíblia ou na inspiração e, em muitos ca­sos, nem mesmo em Deus. Isto deve ser conservado em mente ao falar-lhes. Não imagine que t0-dos eles conhecem o hebraico, que memorizaram a Torah, que guardam o sábado e não fazem uso de alimentos imundos (eu cresci comendo sanduíches de presunto, camarões fritos e lu­las). Você não será capaz de levá­los a Jesus se nem mesmo crêem em Moisés. Mais de um adventis­ta já ouviu a se&uinte expressão dos lábios de amIgos judeus: "Oh, você é melhor judeu que eu." E, embora nos últimos anos muitos judeus tenham retornado à sua fé, especialmente entre os jo­vens, e mais notavelmente entre os que freqüentam instituições públicas de ensino, seus contatos judeus tenderão a ser seculares, agnósticos e mesmo ateus.

Quaisquer que sejam as inclina­ções espirituais da pessoa, você deverá demonstrar interesse pe­los judeus e seus costumes. Faça-

DIÁLOGO 2 - 1990

lhes perguntas, mesmo que eles nada saibam. Isto desarmará o preconceito e mostrará que você está realmente interessado(a) pe­la pessoa. Caso seus interlocuto­res sejam religiosos, você pode­rá aprender coisas que enrique­cerão a sua fé.

Seria muito bom se você pudes­se ler alguma literatura judaica a fim de aprender quais são os as­suntos de interesse dos judeus.

Jamais inicie uma palestra re­ligiosa com um amigo judeu (ele pensará que você está tentando convertê-lo) e, a menos que ele traga à baila o assunto, jamais fa­le acerca de religião diante de seus familiares ou amigos. Há al­guns anos, uma jovem senhora judia que tivera um curso de Bí­blia judaica com os adventistas, escreveu pedindo o batismo. Pou­co tempo depois um ministro ad­ventista bateu à sua porta. Quan­do a mãe (que nada sabia acerca das intenções da filha) abriu a porta, a primeira coisa que o mi­nistro disse foi: "A senhora nem imagina quão entusiasmado me sinto pelo fato de sua filha haver manifestado o desejo de ser ba­tizada na Igreja Adventista!" Provavelmente ele não tivesse idéia de quão "entusiasmada" a mãe haveria de sentir-se! Quan­do, ao conversar com um amigo judeu, o assunto religioso apare­cer em cena, não demonstreares profissionais. Seja humilde e dis­ponha-se a ouvir os pontos de vis­ta do interlocutor, não importa quais sejam eles. Diga algo do ti­po: "Bem, respeito seus pontos de vista, mesmo vendo as coisas de modo um pouco diferente." Não argumente com judeus. Eles são especialistas em debates.

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Tato e Simpatia

Se o tópico for Jesus Cristo, vo­cê necessitará exercer tato espe­cial. Evite declarações enfáticas, tais como: "Jesus é o Messias." Em vez disso, de modo humilde e manso, destaque que, a partir de estudo, oração e experiência, você crê que Jesus cumpre as profecias concernentes ao Mes­sias hebreu.

Não faça declarações do tipo "Vocês, judeus" ou "Estes ju­deus", as quais, dependendo do tom de voz, poderão parecer de­preciativas. Frases como "o po­vo judeu" ou "o homem judeu" são mais seguras. Sempre evite expressões em que o judeu apa­reça como enganador ou trapa­ceiro. Não faça uso de piadas ju­daicas ou estereótipos desta ra­ça, tais como "os ricos judeus". Antes de mais nada, é bom saber que muitos judeus não são ricos; além disso, tais estereótipos ten­deram a conduzir à perseguição.

Um ponto é crucial. Mostre simpatia pelos sofrimentos dos judeus. Há alguns anos, numa igreja adventista de Michigan, apresentei uma palestra quanto à obra em favor dos judeus. De­pois da apresentação um idoso membro da igreja se aproximou de mim e disse: "Saiba que sinto tristeza por tudo que os judeus sofreram - mas, afinal de con­tas, foram eles que atraíram es­te sofrimento sobre si mesmos!"

Você precisa ser sensível dian­te da história judaica. Não lhe se­rá possível começar a compreen­der um judeu moderno ou o lugar de onde ele proveio - não impor­ta quão secular ele seja - a me­nos que você compreenda corno ele se relaciona com o seu passa­do, especialmente com o evento máximo da história judaica: o Ho­locausto.

Inevitavelmente, se o seu ami­go é um judeu secular, ele lhe fa­rá a pergunta: "Onde Se encon­trava Deus durante o Holocaus­to?" Embora não exista respos­ta fácil para esta questão, há al­guns anos, no periódico que edi­to para judeus, escrevi um arti-

go especial intitulado: "A Verda­deira História dos Judeus." Co­loquei todo um argumento sobre a mesa, salientando que somen­te um milagre de Deus poderia haver permitido que ainda exis­tisse algum judeu à época em que Hitler ordenou o extermínio da raça. "Segundo todas as teorias históricas, culturais, sociais e mi­litares", escrevi eu, "os judeus deveriam ter desaparecido há mi­lhares de anos, não devendo re­manescer senão alguns tabletes insepultos nas areias do deser­to." Tentei explicar que a mera existência dos judeus, depois de haverem sido varridos por duas vezes de sua nação, provia um dos mais sólidos argumentos em favor da existência de Deus. Ca­so você acredite nisto, afirme que cada judeu que você encontra faz aumentar a sua fé em Deus e nas pr~messas da Bíblia.

Uma História de Sobrevivência

Durante séculos, os rabinos en­sinaram que 613 mandamentos pendiam sobre os judeus. Após o Holocausto, o :filósofo Emil Fack­nheim adicionou o 614~: sobrevi­vência. Quer se trate de um de­voto judeu ortodoxo que apedre­je carros transitando em suas vi­zinhanças em Jerusalém, no dia de sábado, quer se trate de um moderno "Yuppie" judeu descas­cando ostras num recanto de Ma­nhattan em pleno dia de Yom Kippur, todos os judeus solene­mente voltaram em seus cora­ções que jamais permitirão outra vez serem colocados na posição de sofrerem genocídio. "O fra­casso em compreender plena­mente a intensidade desta con­vicção judaica", escreveu o Rabi­no Y echiel Eckstein, "leva ao fracasso em compreender tanto o judeu contemporâneo quanto a sua fé."

Diretamente vinculada ao Ho-.locausto encontra-se a nação de Israel. A miopia judaica não de­riva do orgullio, nem do ódio aos árabes, nem de alguma conspira­ção pan-sionista. Em vez disso, os judeus ajudam a Israel porque, sob a mancha dos seis milhões de

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mortos, eles não desejam ver mais alguns milhões mortos - e teria sido exatamente este o ca­so se Israel houvesse perdido al­guma guerra.

Depois de séculos de peregrina­ção, exílio e perseguição - culmi­nando com o Holocausto - os ju­deus vêem em Israel não apenas a sobrevivência, como ainda a so­brevivência na qualidade de ju­deus e senhores de seu próprio destino, em vez de prosseguirem como vassalos temerosos vergan­do-se sob o azorrague de qual­quer déspota que houvesse deci­dido oprimi-los. Assim, pelo fato de os judeus perceberem Israel corno símbolo de sobreviVência, eles percebem a animosidade contra Israel corno sendo animo­sidade contra eles próprios. Não é importante se este sentimento é ou não justificável. O que im­porta é que existem almas a se­rem conquistadas para Jesus. Vo­cê não deve procurar vencer al­gum argumento político, e sim para demonstrar o amor de Cris­to. Por esta razão, não importa como você se sinta com relação a ~pos definidos de judeus, não cntique Israel ou seus líderes. Is­to não significa que devemos ofe­recer apoio incondicional a tudo aquilo que Israel faz. Significa simplesmente que o terreno é ex­tremamente sensível, e seria me­lhor que você nada dissesse, do que alienar um judeu ao falar ne­gativamente de Israel e de sua polJtica.

E igualmente importante com­preender que o judeu jamais de­seja abandonar sua identidade. Trata-se de um mistério de difí­cil aceitação, mas depois de mi­lhares de anos os judeus, devotos ou seculares, possuem alguma es­pécie de "mística" (na ausência ae melhor termo) que os une a sua identidade judaica. Não pre­tendem jamais perdê-la. Em cer­ta ocasião, durante uma reunião campal, depois que apresentei um testemunho, urna querida e idosa senhora, muito bem­intencionada, veio até onde eu me encontrava, apertou minha mão e, sacudindo-a, disse: "Para­béns por haver-se tornado um gentio!"

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Adote a abordagem oposta, ex­plicando que ao um judeu aceitar a Jesus, sua identidade judaica é fortalecida, e não enfraquecida. Certa vez envolvi-me em argu­mentação com um judeu que me dizia que, pelo fato de haver eu aceitado a Jesus, não mais deve­ria considerar-me judeu. IIBem", respondi, "se Jesus não foi o Messias, suponho que você pos­sa estar certo. Mas se Ele é o Messias judeu, e eu creio nEle, quem é, nesse caso, o verdadei­ro judeu?"

Em seminários que tenho apre­sentado quanto a testemunhar para judeus, muitas vezes advir­to quanto ao uso de algumas pa­lavras que podem "eriçar" um ju­deu: "Conversão" (prefira utili­zar o termo novo coração), "Cris­to" (diga Messias), "cruz" (lugar de expiação), "Salvador" (prefi­ra Redent01-), etc. Evite tanto quanto possível o tópico da Trin­dade, a menos que esteja real­mente preparado para responder biblicamente.

Uma das maiores barreiras à aceitação de Jesus por parte dos judeus, tem sido a perseguição da igreja a estes. Milhares dentre eles tiveram de enfrentar a con­versão forçada ou a morte. Du­rante séculos as boas-novas têm sido pregadas aos judeus, e mui­tas vezes a espada esteve pen­dendo sobre as suas cabeças. Mais que qualquer outro grupo de pessoas, os judeus necessitam ver as boas-novas aplicadas de modo prático na vida dos cris­tãos, muito mais do que necessi­tam ouvi-las sob a forma de pre­gações. Este ponto jamais será demasiadamente enfatizado. Não fale a seu amigo judeu a respeito do amor - viva-o.

Durante anos, senti-me amar­gurado contra o cristianismo exa­tamente por esta razão, ao pon­to de molestar um pregador iti­nerante com perguntas, sobre o gramado do campus da Univer­sidade da Flórida. Mais tarde, en­quanto morava em Israel, encon­trei um grupo de cristãos que me demonstraram amor incondicio­nal, a tal ponto que tive finalmen­te de admitir que não seria justo julgar toda a cristandade a par-

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tir das obras de alguns bárbaros - e isto porque existiam cristãos da qualidade destes vivendo ali, junto a mim.

Esta é a razão por que o livro de Daniel é um bom lugar para se iniciar o estudo com judeus, caso eles concordem. Em primei­ro lugar, ele pode oferecer a evi­dência intelectual de que Deus existe, a partir da forma como as profecias de Daniel 2 e 7 roram cumpridas. Daniel 7, em meu ca­so, representou um estimulo par­ticularmente poderoso, pois o es­tudo do chifre pequeno ajudou­me a responder muitas questões que eu me fazia a respeito do cris­tianismo. "Se esta é a religião de Deus, por que ela persegue os ju­deus?' Uma vez que estudei as profecias, contudo, as coisas se me tornaram muito mais claras. Pude compreender que tal perse­guição provinha, na verdade, de um poder que Deus condena. De­pois, quando estudei o livro de Apocalipse e vi o mesmo poder retratado na Bíblia "cristã", o efeito foi poderoso.

Utilize Publicações

Ao começar o estudo com pes­soas judaicas, não tenha pressa em fazer uso dos livros de Ellen White. Embora amemos os seus escritos, existem conceitos e de­clarações que os judeus podem compreender mal em seus conta­tos iniciais. Mais tarde você des­cobrirá oportunidades de com­partilhar com estas pessoas o Es­pírito de Profecia.

Outras literaturas, todavia, acham-se disponíveis. Shabbat Shalom é a publicação de alcan­ce missionário da igreja para os

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judeus. Mediante publicação tri­mestral, este periódico tem o ob­jetivo de apresentar artigos a respeito de assuntos de interes­se dos judeus e depois, tanto quanto possível sem ofender suas crenças, procura apresentar os princípios da verdãde. Trata-se de uma abordagem de baixo per­fil, mas que parece estar funcio­nando, pois os judeus estão len­do a publicação. Se você tiver um amigo judeu com disposição pa­ra ouvir, falar e intercambiar idéias, podemos afirmar que es­ta revista é perfeita. Se você per­ceber que seus amigos judeus não estão preparados para tallitera­tura, você mesmo poderá assiná­la e entregar-lhes artigos indivi­duais que, em sua opinião, serão apreciados por eles. (para enco­mendar a revista: envie US$4,95 para Shabbat Shalom, 12501 OId Columbia Pike, Silver Spring MD 20904.) Neste mesmo endereço você também poderá obter infor­mações sobre um "pacote" que inclui fitas, sob o título "How to Witness to Jews" [Como Teste­munhar aos Judeus].

Ao abordar seus amigos ju­deus, lembre-se de que eles po­dem ser ganhos para Jesus tan­to quanto qualquer outra pessoa. O Espírito Santo também está apelando a seus corações. Mas é importante prestar atenção as suas susceptibilidades. Se você aprender a não ofendê-los, certa­mente desfrutará de grandes oportunidades. Paciência, tato, sensibilidade e amor farão mais por eles do que todos os argu­mentos e provas combinados.

O povo judeu pode ser ganho -e o está sendo - para as várias denominações CrIstãs. Vamos trazê-los para a melhor opção.

Depois de tornar-se cristão em Is­rael, Clifford Goldstein foi batizado no rio Jordão e mais tarde uniu-se à Igreja Adventista do Sétimo Dia. Atua]mente ele serve como editor de Shabbat Shalom enquanto obtém um mestrado em Artes (idiomas do Ve­lho Testamento) junto à John Hop­kins University. BestSeller,livro no qual conta a hIstória de sua própria conversão, foi publicado recentemen­te pela Pacific Press.

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PERFIL

Anne-Marie Langvall Olsen Diálogo com uma Professora Adventista da Noruega

Anne-Marie Langvall OIsen lecio­na lnglês na Universidade de

Trondhein - a segunda maior insti­tuição do gênero da Noruega, locali­zada numa cidade fundada pelo rei viking Olav Tryggvason em 997_ Ela provém de urna notável família no­rueguesa de educadores adventistas do sétimo dia.

Em seguida a sua graduação na es­cola secundária, com distinção em In­glês, ela freqüentou o Newbold Col­lege, na Inglaterra. Aplicou também um ano nos Estados Unidos, estu­dando Inglês mediante o uso de uma bolsa Fulbright, antes de retornar à Noruega a fim de estudar na Univer­sidade de Oslo_ Em 1968 ela recebeu a graduação em idioma inglês, com formação secundária em alemão e lingüística.

Depois de lecionar inglês na facul­dade estadual de Bergen, Noruega Ocidental, incorporou-se à Universi­dade de Trondheim em 1969_ Ali ela ensinou fonética, gramática inglesa e história do idioma inglês desde aquela época até o presente - com exceção do período em que se dedi­cou a estudos doutorais em Londres. Durante este perfodo ela casou com Palen Olsen, ministro dinamarquês, e mais tarde passou um ano em Je­rusalém, para onde ele foi chamado como pastor. O casal tem duas filhas, Elizabeth e Christe!.

Embora não esteja empregada nu­ma universidade adventista, Anne­Marie tem-se envolvido com o siste­ma educacional adventista. Presen­temente ela é membro do Newbold College Board of Governors. Sua atuação neste posto tem sido muito apreciada. Talvez a providência te­nha decidido que ela, uma vigorosa adventista do sétimo dia, servisse profissionalmente fora do âmbito da igreja.

Por bondade, fale-nos acerca de suas bases adventistas_

Como adventista de terceira geração, nasci "dentro da igre­ja". Papai e mamãe lecionavam

Birthe Bayer em nossa escola secundária da Noruega; meu pai também atuou como preceptor e deão acadêmi­co- Fui batizada por meu profes­sor de Bíblia, V. Norskov OIsen, enquanto freqüentava a escola secundária adventista da Dina­marca_ Posso afirmar com firme­za que meus dedicados pais, ao la­do de professores cristãos, me ofereceram visão profissional e cristã.

O que fez com que você esco­lhesse o ensino do Inglês como profissão?

Ao ler os livros de E llen White desde tenra idade - primeiro em norueguês, e depois em dinamar­quês e sueco, em vista do limita­do número de livros traduzidos para o norueguês - em breve de­sejei poder lê-los no idioma origi­nal. Isto despertou meu apetite por um estudo mais íntimo deste idioma e pelo estudo das versões inglesas da Bíblia. Efetivamente, minha tese junto à Universidade de Oslo teve a ver com alguns as­pectos lingüfsticos da King Ja­mes Version de 1611 e da New English Bible de 1961-

Qualquer pessoa, até mesmo você própria, poderia esperar que seu destino seria lecionar em alguma escola superior ad­ventista, o que não ocorreu. Por quê?

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Enquanto eu empreendiaestu­dos de grau avançado junto à Universidade de Oslo, uma vaga de professor em nosso colégio da Noruega foi aberta, e todos con­sideravam como certo que eu preencheria este posto. Enquan­to isto, outro graduado adventis­ta, com aproximadamente a mes­ma área de estudos e uma famí­lia a sustentar, finalizou seu cur­so de estudos alguns meses antes que eu, e ocupou a vaga_ Assim, quando fui abordada por meus professores, durante os exames finais, a respeito da ocupação de uma vaga magisterial na univer­sidade, senti-me livre , na verda­de, quase sob a obrigação, de con­siderar esta oportunidade total­mente inesperada. O caminho era tão diferente daquele que eu sem­pre pensara trilhar, que tão-so­mente pude ver a mão divina em tudo isto_ Até hoje prossigo cren­do que fui colocada aqui tendo em vista um propósito_

Como foi a vida acadêmica para você, uma jovem adventis­ta do sétimo dia?

Durante os anos de estudante estive tão intensamente envolvi­da com as atividades dos jovens na minha igreja, que em nenhum momento enfrentei problemas com os aspectos sociais da vida estudantil; tive, sim, alguns pro­blemas com aulas e exames agen­dados para as horas do sábado. Houve algumas disciplinas que eu muito gostaria de haver cursado, mas não pude fazê-lo porgue só eram administradas nas nOltes de sexta-feira ou nas manhãs de sá­bado_ Entretanto, um de meus professores sentiu-se tão preocu­pado pelo fato de eu perder sua aula dupla todas as sextas-feiras à noite, que bondosamente se ofereceu para repetir os aspectos

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principais das aulas na manhã de segunda-feira, e isto durante to­do o curso. Ele o fez sem qual­quer tipo de remuneração.

A fim de evitar problemas de exames aos sábados eu notifica­va o encarregado dos exames lo­go ao início dos cursos, indican­do quais eu planejava realizar. Os responsáveis sempre arranjaram as coisas em meu benefício, até que cheguei à etapa final, que ocorreu no outono - e este pos­sui curtas tardes, inclusive a de sexta-feira.

Muitas vezes nossos dias de exames envolviam oito e mesmo dez horas de atividades. Tornou­se impossível que o departamen­to programasse todos os exames sem utilizar horários tanto da sexta-feira quanto do sábado. Mas como programar um exame de dez horas de duração se a tar­de outonal de sexta-feira é tão curta?

O que você fez? O Senhor abriu uma porta

aquele ano. Em meu favor, o pes­soal encarregado dos exames ofe­receu-se voluntariamente para começar mais de uma hora mais cedo naquele dia, permitiram que eu iniciasse as respostas em sua sala antes de se dirigirem para a sala de aula onde os demais alu­nos esperavam pela prova, que para eles começaria às nove ho­ras da manhã. Foi um sentimen­to estranho retirar-me da sala de aula mais de três horas antes do horário previsto para o fim dos exames, mas aquela hora extra no início da manhã permitiu-me a chance de finalizar meu exame. (O pessoal encarregado dos exa­mes sentiu-se muito orgulhoso ao receber os re~tados de meus exames finais!) Como estudan­te, compreendi que as pessoas, ao verem que você é sincero e procura fazer o melhor, criam condições fora da rotina a fim de ajudar você a resolver seus pro­blemas.

Que conselho daria você a alunos adventistas de universi­dades públicas no tocante ao sábado e exames neste dia?

Sejam fiéis e coerentes. Se um único estudante adventista acei­ta sentar na sala de aula e reali-

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zar um único exame do dia de sá­bado, será muito mais difícil con­vencer professores e encarrega­dos de exames de que outros es­tudantes adventistas não estão preparados a fazer o mesmo. De­monstre consideração por todo trabalho envolvido na modifica­ção de uma data de exames; não se retrate um dia antes do exa­me, tal como ocorreu com um de nossos estudantes. Alguns mem­bros da igreja têm muitas histó­rias a contar quanto à pressão e discriminação que enfrentaram em escolas públicas em virtude de suas crenças. Tive a felicida­de de jamais haver enfrentado esta experiência. Penso, porém, que muitas vezes nós mesmos so­mos a causa de nossas dificulda­des. Creio que podemos fazer muito a fim de facilitar as coisas para nós e também para os ou­tros, sempre que tivermos de so­licitar privilégios e arranjos espe­ciais em virtude de nossa fé.

Seus colegas de profissão e seus alunos conhecem as suas convicções religiosas?

Sim, muitos deles as conhecem, embora durante a maior parte do tempo eu venha sendo a única ad­ventista em minha instituição. Eles me têm apresentado muitas perguntas, e alguns colegas con­tribuem fielmente com a nossa campanha de recolta missionária a cada outono - alguns até mes­mo me agradecem o privilégio de poderem participar.

Uma das formas pelas quais te­nho me livrado de aulas às sex­tas-feiras à noite e dos exames aos sábados, é mediante a dispo­sição voluntária em preparar o esquema de exames do departa­mento. Também procuro estimu­lar a boa vontade ao fazer sem­pre um pouquinho mais do que de mim se espera.

De que modo lhe é possível equilibrar as atividades profis­sionais com a vida doméstica?

Dou prioridade à minha famí­lia, e estou pronta a sacrificar to­da atividade profissional que es­cape às estritas horas de traba­lho enquanto nossas filhas ainda estiverem em nível escolar bási­co. Quando elas já se encontram

DIÁLOGO 2 - 1990

na cama à noite, muitas vezes te­nho de retornar aos meus livros ou à correção de trabalhos de alu­nos. Contudo, o segredo de mi­nha sobrevivência tem sido o compartilhar das tarefas domés­ticas com um esposo que está dis­posto a fazer mais gue aquilo que lhe cabe no cuidado dos filhos e nas obrigações do lar. Durante todos estes anos temo-nos alter­nado nas atividades de casa - ele sai quando eu chego à tarde -exceto durante um ano, quando duas jovens adventistas se alter­naram no cuidado das meninas durante minhas horas de traba­lho. Acredito ser importante es­tabelecer claramente as priorida­des. As crianças se encontram sob nosso cuidado durante um pe­ríodo tão curto! Se as negligen­ciarmos, jamais teremos a opor­tunidade de corrigir o erro.

Tem você se envolvido com a educação adventista na quali­dade de profissional?

Antes de ingressar na univer­sidade lecionei durante um ano em nosso colégio da Noruega, on­de tanibém atuei num comitê de avaliação, ao lado de represen­tantes da Divisão Trans-Euro­péia e da Associação Geral. Sou a presidenta da comissão escolar de nossa igreja local, e durante mais de cinco anos tenho sido membro da Junta de Administra­dores do Newbold College. Minha experiência com uma variedade bastante ampla de comitês, em vários níveis, num ambiente não­adventista, tem representado uma base útil para o serviço que presto à igreja.

Como você se relaciona com a vida de sua congregação?

Relacionamentos íntimos em nível de igreja e, particularmen­te, participação ativa na Escola Sabatina,· têm sido da maior im­portância, e isto foi particular­mente verdade em meus dias de estudante. Tem sido essencial a meu desenvolvimento pessoal e a fim de ajudar-me a manter o equilíbrio' como pessoa e como cristã. Também necessito da igreja em minha vida profissio­nal, e particularmente da Escola Sabatina, a fim de carregar mi­nha bateria para outra semana de

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grandes exigências profissionais. Volvendo os olhos ao passa­

do, o que você considera essen­cial para que alguém permane­ça na igreja?

Um comprometimento básico com a fé e os valores concernen·

tes à igreja. Os estudantes de· vem ser estimulados a desempe· nhar papel ativo na vida da igre· ja, de modo que sintam que per· tencem a ela. Deus tem um lugar e uma tm'efa para cada pessoa, e todos devem descobrir qual é o

PERFIL

Ben Carson

seu papel. Birthe Bayer

Birthe Bayer, também professo­ra, atua como diretora associada de Educação da União Nórdica Oci­dental, sediada cm Oslo, Noruega.

Diálogo com um Neurocirurgião Adventista

Em setembro de 1987 um jovem médico negro foi projetado pa­

ra a fama mundial como um dos prin­cipais neurocirurgiões da equipe da Johns Hopkins University, ao sepa­raI' os gêmeos siameses Binder. Uni­dos pela porção posterior de suas ca­beças , os gêmeos compartilhavam uma seção do crânio e da pele, assim como uma veia de grosso calibre, res­ponsável pela drenagem cerebral e pela devolução do sangue ao coração. O médico: Ben Carson.

O jovem Ben cresceu nos guetos de Boston e Detroit. Ele e seu irmão compartilharam uma infância feliz e sem maiores eventos até que Ben completou oito anos de idade. Foi en· tão que a mãe de Ben (casada aos 13 anos de idade) divorciou-se do pai das crianças, depois de descobrir que o marido levava dupla vida conjugal -outra esposa e outros filhos.

Se a classe de quinta série fizesse uma votação, por certo Ben não ven­ceria. Suas notas eram tão ruins, que seu professor chegava a cumprimen­tá-Ia quando obtinha grau "D" num exame de matemática. Entretanto, sua mãe, cuja cultura não ultrapas­sava a terceira série, decidiu que es­te quadro deveria ser modificado.

A nova abordagem funcionou tão bem, que Ben conseguiu obter uma bolsa para Yale. Após a graduação, foi aceito pela Escola Médica da Uni· versidade de Michigan. Entre o se­gundo e terceiro anos da Faculdade, casou com Candy, sua namorada des­de o segundo grau. Em 1976, Ben foi um dos dois médicos aceitos pela John Hopkins University para a re­

'sidência em neurocirurgia (os candi­datos foram aproximadamente 125).

O Dt,. Carson é ancião da igreja ad­ventista de Spencerville, Maryland.

É ativo no programa de saúde e tem· perança e também tem a seu cargo uma classe da Escola Sabatina. Oca· sal tem três garotos.

Dr . Carson, explique de que modo o péssimo aluno de

quinta série conseguiu efetuar uma reviravolta em sua própria vida .

Minha mãe teve muito a ver com isto. Ela observava nossas notas - as minhas e as de meu irmão Curtis - assim como nos­so desinteresse geral pelos assun­tos da escola. Ela levou o proble­ma ao Senhor em oração. Deus causou-lhe a impressão de que se­ria necessário desligar o televisor e fazer-nos ler bastante .

Jamais esquecerei o dia em que ela chegou do trabalho e avisou que dessa data em diante, Curtis e eu só teríamos direito a assis­tir a dois ou três programas se­manais, previamente seleciona­dos, de televisão. Além disso, te-

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ríamos de ler dois livros por se­mana, sob a obrigação de contar­lhe o que havfamos lido. Pensa­mos que iríamos morrer.

Não foi fáci l. Nem para ela, nem para nós, embora eu creia que para ela terá sido mais difí­cil do que o foi para nós. Havía­mos sido ensinados a obedecer, e mesmo que ela não houvesse ain­da chegado em casa quando re­gressávamos da escola, fazíamos o que ela demandara. Na primei· ra semana obrigamos nossos re­lutantes pés a se encaminharem para a biblioteca pública, e recla­mamos durante todo o caminho. Além disso, em vista de serem tão terríveis minhas notas de ma· temática, mamãe dedidiu que eu não poderia sair à tarde para brincar enquanto não houvesse aprendido as tabuadas.

Em que momento as coisas começaram a se tornar mais fá­ceis para você?

Na verdade, foi muito rápido. Uma vez que eu consegui multi­plicar qualquer combinação entre 1 e 12, a matemática tornou-se­me fácil . À medida que minhas notas subiam, o mesmo ocorreu com a autoconfiança. Sempre gostei de ciências, de modo que li bastante sobre a natureza e os animais. Certo dia a coisa acon­teceu - como se um raio de luz perpassasse repentinamente o meu cérebro. Se algo estivesse num livro, eu poderia aprender. Certamente eu era capaz. Mais

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que isto, se eu me aplicasse dili­gentemente, poderia ser o pri­meiro aluno da classe. Isto foi o que produziu uma reviravolta em minha vida. .

Você é conhecido como uma pessoa branda, alguém que tra­balha calmamente sob pressão. Sempre foi esta a sua caracte­rística?

Esta pergunta é interessante. Quando jovem, tive um tempera­mento terrível. Aliás, depois de haver estudado psicologia, sei agora que eu possuía um tempe­ramento patológico. Eu perdia todo senso de razão ao exasperar­me - e não era necessário mui­ta coisa para exasperar-me.

Aos 14 anos de idade tentei es­faquear meu amigo. Dou graças a Deus porque meu canivete de acampamento explodiu sobre a fi­vela enorme de seu cinto. Ocor­reu que eu o golpeei com tanta força, gue a lãmina do canivete se partiU, e eu fiquei ali, olhando para a lãmina partida, somente então percebendo que poderia havê-lo matado. Aterrorizado diante do que quase acontecera, corri para casa e tranquei-me no banheiro, de modo a poder ficar sozinho. Lutei comigo mesmo e com o Senhor durante umas boas duas horas. Sabia que jamais po­deria tornar-me um médico se não fosse capaz de controlar-me, de modo que clamei a Deus que me modificasse. Desde aquele terrível dia minha fé em Deus tem sido intensamente pessoal, e representa parte muito impor­tante de tudo aquilo que sou.

Conte-nos, em breves pala­vras, como você chegou a ser aquilo que hoje é.

Para começar, tributo a Deus o crédito e a glória. Tenho sido grandemente abençoado. Depois de minha residência em HopKins, passei um ano na Austrália. Ali pude aprender e praticar cirur­gias complicadas, que não teria chegado a executar em vários anos de prática nos Estados Uni­dos. Quando retornei à pátria e me uni à equipe de Hopkins, es­tava em condições de colocar es­ta experiência em prática.

Perdoe-me pela observação um tanto pessoal, mas você aio-

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da parece bastante jovem. Sim, e mais jovem ainda eu pa­

recia quando me tomei chefe da neurocirurgia pediátrica aos 33 anos de idade. Muitas e muitas vezes os pais de crianças doentes me perguntavam quando o médi­co chegaria. Talvez isto represen­tasse uma combinação de minha aparência de pouca idade e de mi­nha cor negra. Uma vez, porém, @e meu trabalho se tomou am­plamente conhecido, as pessoas já não manifestam surpresa.

Você empreendeu uma série de hemisferectomias - a remo­ção de metade do cérebro. Conte-nos algo a respeito des­ta cirurgia incomum. .

Minha primeira paciente de he­misferectomia foi uma garotinha de nome Miranda. Em 1985 ela estava apresentando 120 a 160 crises convulsivas todos os dias. Ela revelava uma condição que provocava a inflamação de seu te­cido cerebral. O prognóstico era paralisia e morte. Seus pais re­cusaram-se a desistir e finalmen­te entraram em contato com o John Hopkins Hospital. Após cui­dadoso estudo, cheguei a crer que este procedimento cirúrgico, pou­co conhecido, poderia obter êxi· to. Ele havia sido praticado 50 anos antes, sem sucesso. Mas as invenções e técnicas modernas fi­zeram-me crer que a operação po­deria ser realizada. Sem a cirur­gia, Miranda teria certamente de enfrentar a morte. Assim, assu­mindo a terrível tarefa, ela e seus pais decidiram ir em frente.

Sua recuperação foi quase mirá­culosa. Enquanto estava sendo re­movida da sala cirúrgica, abriu os olhos e conversou com os pais. Mal podíamos crer que isto fosse ver­dade. Não sabíamos se ela desper­taria da anestesia, se seria capaz de movimentar ambos os lados do corpo, ou se seria capaz de falar. Recuperou-se com J!Oucos efeitos colaterais. Executei cerca de 22 hemisferectomias, com apenas um óbito. Até hoje sinto-me mal ao pensar neste llltimo caso. Noven­ta e cinco por cento dos pacientes estão livres das convulsões.

Não temos espaço para ouvir sobre outras de suas cirurgias

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interessantes e controvertidas. Entretanto, fale-nos um pouco sobre os gêmeos siameses.

Eu havia estado a pensar du­rante algum tempo no seqüestro hipotérmico diante de situações especialmente difíceis. Quando a família Binder nos contactou e, depois de cuidadoso estudo, vá­rios dentre nós, médicos, concor­damos em que seria possível se­parar os garotos e conservar boas funções neurológicas em ca­da bebê, decidimos que os proce­dimentos é que poderiam viabili­zar a operação.

Dr. Mark Rogers coordenou uma equipe de 70 pessoas que participaram da cirurgia. Gasta­mos cinco meses preparando-nos para ela. Chegamos a praticar cinco ensaios gerais de três ho­ras, utilizando bonecas em tama­nhos de bebês, ligadas em suas cabeças por meio de Velcro. Eu deveria acrescentar ainda que ja­mais entro numa cirurgia sem antes orar.

A que você atribui seu su­cesso?

Tenho sido grandemente aben­çoado. Num campo altamente competitivo, fui capaz de realizar cirurgias que homens em idade de aposentadoria não tiveram o privilégio de empreender. Tenho executado operações que os ci­rurgiões dariam seu olho direito - para usar a expressão típica -a :fim de poderem realizar.

Creio que existe uma única ra­zão. Em tudo aquilo que faço, busco atribuir o crédito a Deus. Se eu tão-somente começar a pensar que sou o grande Ben Carson, se eu apenas me deixar levar pelo pensamento de que existe algo de especial em relação a minha pessoa, então serei de pouco valor a quem quer que se­ja. Ao estar em pé diante dà pia, enquanto pratico a assepsia an­tes de uma operação, meus pen­samentos volvem-se para Deus. Sempre oro. Não alardeio muito este fato diante de meus pacien­tes, mas sou conhecido como cris­tão. Deus tem ajudado cada pas­so de minha vida.

Conte-nos algo a respeito de THINK BIG [PENSE GRANDE].

Sinto sobre mim um grande pe-

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so no que tange às crianças de ho­je. Veja os meios de comunica­ção. Que espécie de modelos es­tas crianças têm diante de si? Es­trelas dos esportes e estrelas do rock. Mas, mesmo que alguém te­nha condições extraordinárias, quais as suas chances de fazer al­go realmente grande? Talvez uma em 100.000.

Há tempos, enquanto eu recru­tava alunos para Yale, compro­meti-me a estimular pessoas jo­vens. Hoje conto aos garotos de que modo poderão estabelecer objetivos práticos para si. Para que possam alcançar êxito, de­vem gastar mais tempo em estu­do dedicado e em auto-aperfei­çoamento. Grande parte dos jo­venzinhos são muito ingênuos. "Tomar-me-ei médico", dizem eles, "ou, então, advogado." Mas eles não possuem idéia dos pas­sos específicos necessários para que atinjam o alvo que se propu­seram.

THINKBIG é um acrõnimo pa­ra: talento e tempo,[talent and ti­me], honestidade e esperança [ho­nesty and hope] , discernimento [insight], ser bondoso [be nice], conhecimento [knowledge], livros [books], aprendizado em profun­didade [in-depht learning] e Deus [God]. Explico de que modo estes poucos itens representam a cha­ve para o sucesso.

Eu costumava dispor de tempo para falar a diferentes grupos de jovens. Agora, cada vez mais, as escolas e organizações estão tra­zendo suas crianças até Hopkins, para que eu as veja. Explico-lhes como estabelecer alvos, como evi­tar drogas e outros hábitos noci­vos, como desenvolver-se em meio a situações familiares nega­tivas e como utilizar as habilida­des por Deus concedidas de mo­do a produzirem os melhores re­sultados. Uma das coisas que mais me gratificam é ouvir falar que esta ou aquela pessoa jovem

LOGOS

foi modificada a partir do m~u exemplo.

E sua famOia? . Candy graduou-se por Yale e

possui um mestrado el!l adminis­tração de negócios. E também. exímia violinista. Vez por outra sou convidado a contar minha história em diferentes lugares. Candy e os garotos sempre via­jam comigo. Tomei a decisão de que meus garotos devem conhe­cer-me. Não haverão de ter ape­nas uma fotografia de seu pai.

Penny Estes Wheeler

Penny Wheeler, editora de novos autores da Review and Herald Pu­blishing Association, foi a editora da autobiografia do Dr. qarson, intitu­lada Gifted Hands [MAOS TALEN­TOSAS] (Rwiew and Herald, 1990). Como parte de sua pesquisa enquan­to editava o manuscrito, teve o pri­vil~o de olhar por sobre os ombros de Dr. Carson enquanto este realiza­va duas cirurgias.

Intimamente Seu

Para falar a verdade, você não necessita de um grau de Ph.

D. para discutir o assunto da in­timidade. Mas é certo que você necessita certo grau de interesse! A experiência da intimidade é crucial para o ser humano. Tratar se de um curso experimental que requer o seu apren4izado a par­tir da própria vivência. A intimi­dade é ricamente ~ecompensado­ra - de certo modo, é a única for­ma de você descobrir quem real­mente é. Entretanto, tal pesqui­sa não é isenta de riscos!

Nosso primeiro contato com a intimidade e as primeiras impres­sões que obtemos, nos advém quando somos crianças. O calor de nos sentirmos envolvidos por braços acolhedores, a familiarida­de do odor do corpo, o ressoar de uma voz bem conhecida e o con­tato visual que as mamães esta-

Pat e Ted Wick belecem com seus bebês, repre­sentam componentes vitais para o crescimento e desenvolvimen­to do ser humano. A partir desta compreensão podemos postular que a intimidade é ~ vital quan­to o alimento. Ela é essencial pa­ra o nosso contínuo bem-estar ao longo da vida.

. Alguns de nós abordamos me­lhor a intimidade do que outros. Talvez tenhamos recebido mais intimidade ou haveremos sido melhor amados. Nossa persona­lidade é aberta e comunicativa. Aprendemos a como ouvir aten­tamente. Temos conosco certo ar de auto-afirmação, e enfrenta­mos a vida destemidamente. Pos­suímos uma medida adequada de auto-estima. Estamos a cada dia aprendendo mais a respeito de quem realmente somos. Estes atributos convidam a intimidade

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e, tal qual um círculo autoperpe­tuado de crescimento, adquiri­mos autoconhecimento e provo­camos o desenvolvimento de ní­veis sempre mais profundos de intimidade.

A intimidade não se encontra isenta de dor. É justamente da­quilo que melhor conhecemos, da­quilo que mais forte impacto cau­sa sobre nossas vidas, que pode­mos receber as mais profundas feridas. Nos estágios Iniciais da amizade, por exemplo, os riscos são mínimos. Existe certa preci­pitação diante da novidade do re­lacionamento, onde tudo é reve­lação. A experiência limita-se àquilo que dizemos ser ou fazer, e então o tempo faz-se sentir e encarrega-se de trazer à cena os acontecimentos. Enquanto aqui­lo que alguém professa ser en­contra correspondência com as

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realizações efetivas, tudo vai bem. Mas quando a pessoa de nossa intimidade não correspon­de às nossas expectativas, senti­mo-nosgrandemente desaponta­dos. Tornamo-nos tristes, irrita­dos, desiludidos e por vezes teme­mos correr o risco de avançar ru­mo à intimidade. Preferimos esconder-nos um pouco, não di­vulgar tanto o relacionamento, de modo a podermos sentir-nos mais seguros. Estes mecanismos de ocultação, nós os chamamos de defesa.

As autodefesas são saudáveis quando usadas nas circunstâncias adequadas. Quando perigos reais nos ameaçam e nós nos esconde­mos, tanto física quanto emocio­nalmente, isto significa que ati­vamos um mecanismo adequado de defesa. Entretanto, quando utilizamos os mecanismos de de­fesa para "escaparmos" habitual­mente, sem discriminação ou co­nhecimento daquilo que estamos fazendo, estas defesas impedem que vivamos a intimidade. À me­dida que "despachamos" as pes­soas, fechamo-nos em nós mes­mos pela utilização excessiva de mecanismos como negação, anu­lação, projeção e até mesmo hu­mor. Necessitamos ser suficien­temente corajosos para rebaixar nossas defesas em situações que sabemos serem seguras, de mo­do a permitirmos que outra pes­soa possa comunicar-se conosco.

Um ambiente seguro é essen­cial. Tentar desenvolver intimi­dade com outra pessoa quando você não sabe se isto é seguro, re­presenta algo muito tolo. Para podermos sentir-nos seguros, te­mos de saber, antes de mais na­da, que possuímos o direito de de­cidir o que compartilhar, e em que grau. Para a maioria de nós, é essencial saber que esta pessoa que potencialmente será nossa íntima, não nos rejeitará e não nos apequenará, que ela possui a capacidade de oferecer-nos al­gum grau de amor incondicional e de que ela não nos abandona­rá. Requer-se sabedoria ao esco­lhermos as pessoas com as quais compartilharemos nossas infor­mações pessoais. Jesus falou que não devemos lançar pérolas aos

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porcos. Em nossa própria neces­sidade de intimidade, muitas ve­zes esquecemos o Seu conselho, expondo idéias, sentimentos e es­peranças ~to ao futuro, a pes­soas que nada desejam ter a ver com as mesmas. Assim, devemos estar atentos às pessoas adequa­das com as quais poderemos de­senvolver genuína intimidade. Existem embusteiros em consi­derável grau.

A intimidade genuína progride ao longo de estágios. Começa com a disposição de comunicar. David Ignatow, em "With the Door Open", diz:

Desejo comunicar algo a você Mantenho a porta aberta entre

[nós Sou incapaz de dizer o que quero Sinto-me feliz em tão-somente manter aberta a porta entre nós.

O estilo de intimidade sugeri­do por estas linhas poéticas é o de meramente anunciar a dispo­sição. Pode-se traduzir até mes­mo pelo silêncio: a silenciosa dis­posição de "viver" outra pessoa, mesmo sem comunicação verbal.

Dizem-nos os comunicadores que ao falarmos, existem em nos­sa conversação uma tendência à intimidade. Começa com o rela­tório daquilo que ouvimos e pro­gride no sentido de incluir nossa própria perspectiva (aquilo que vemos), e finalmente procura ex­por aquilo que pensamos. Esta­mos avançando enquanto expres­samos nossos valores, aquelas coisas nas quais cremos, e entãs> nos aprofundamos em intimida­de no momento em que nos sen­timos na liberdade de comparti­lhar nossos sentimentos. O fluxo da intimidade abrange todos es­tes elementos em círculos cada vez mais profundos.

Uma das maiores dádivas que podemos oferecer aos outros, é nos aproximarmos deles com um espírito de curiosidade. Pergun­tas, armazenadas e ouvidas, re­presentam um convite à intimida­de. Martin Buber, escritor na. área da intimidade, em seu livro I and Thou, descreve a excursão da amizade:

Quando defronto um ser huma-

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no como o meu VOCÊ e p'rofiro a palavra básica EU-VOCE a es­ta pessoa, ela passa a não mais representar uma coisa entre ou­tras, e nem mesmo consiste de coisas. Tal pessoa não mais é ele ou ela, um ponto na tela univer­sal do espaço e do tempo, nem uma condição a ser experimenta­da e descrita, um feixe perdido de <tUalidades identificadas. Sem vi­Zinhança e sem pontos de junção, esta pessoa é VOCE e ocupa to­do o firmamento. Não como se nada mais houvesse além dela; mas tudo passa a existir à luz da realidade de sua pessoa.

Sinto vibração ao pensar que possuo uma amizade como esta, capaz de conhecer-me tão bem e permitir qualquer outra coisa, durante pelo menos cinco minu­tos, de viver à luz da realidade de minha pessoa. Isto é verdadeira intimidade!

Porventura estou tentando vo­cê a adquirir conhecimento mais profundo? Aceite o desafio! Vo­cê sabia que as pessoas com maior capacidade de praticar a intimidade - e isto segundo es­tudos científicos - estão melhor protegidas contra a doença? McClelland e McKay desenvolve­ram um experimento baseado no teorema de que as pessoas que desenvolvem relacionamentos de confiança possuem melhor saúde. Constataram que isto é verdade em vista de suas atitudes serem mais positivas, o que fortalecia o seu sistema imunitário. Embora a intimidade tenha seus riscos, vi­ver sem ela pode representar uma ameaça a sua saúde.

Sternberg desenvolveu uma lista progressiva de aspectos da intimidade: (1) Profunda com­preensão da outra pessoa; (2) Compartilhamento de idéias e in­formações; (3) Compartilhamen­to de idéia e sentimentos pessoais mais profundos; (4) Recebimento e provisionamento de apoio emo­cional para a outra pessoa; (5) Crescimento pessoal através do relacionamento e da reciprocida­de; (6) Oferecimento de auxílio à outra pessoa; (7) Fazer com que a outra pessoa se sinta necessá­ria e mostrar que se necessita de-

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la; (8) Oferecimento e recebimen­to de afeição a partir do relacio­namento.

Estas expressões são mutua­mente benéficas, uma vez que a intimidade possui uma capacida­de habilitadora e fortalecedora em nossas vidas. A lista de Stern­berg muito se aproxima daquilo que habitualmente identificamos como amor romântico. Com as ba­ses fornecidas pelos passos 1 a 8, sou quase capaz de assegurar um delicioso romance e um saudável relacionamento matrimonial.

Nosso desafio é derivar amiza­des potenciais em ampla varieda­de de situações. Lillian Rubin, em seu livro Just Friends, argumen­ta que necessitamos de rituais que reconheçam e valorizem re­lacionamentos íntimos outros, que não o romance ou a família. Pat Ordovensky pesquisou o fe­nômeno da intimidade ao estimu­lar recentemente relacionamen­tos através do jornal USA ToMY, sob o título: "Both Sides WIn With Mentoring." Sabemos que cada configuração de intimidade, quer seja entre gerações, entre culturas, entre o mesmo sexo ou entre sexos opostos, é única quanto àquilo que tem a oferecer.

Aparecem düerenças de gêne­ro. Os homens com maior fre­qüência definem a intimidade co­mo conexão física, ao passo que para as mulheres o maior valor se encontra no componente emo­cional e no terreno familiar. Na tentativa de uma "conquista rá­pida", podemos ser tentados a optar por interação física, sem o necessário e vital embasamento emocional.

Carol Gilligan, autora de A Di­fere:nt Voice, descreve as diferen-

Uma candeia num grande am­biente? Uma luz estabelecida

sobre a montanha? Uma pequena se­mente num vasto campo? Qualquer que seja a metáfora utilizada, o mi­nistério é inconfundível. Mais de

tes abordagens dos dois gêneros à intimidade, em termos de ser­mos societários de "hierarquia" e "entrelaçamento". Ela sugere que os homens são os construto­res de torres, ao passo que as mu­lheres se concentram na afiliação e obra de formar redes. O equilí­brio ocorre na combinação. Du­rante a amizade emergente o ba­lanço deve tender, idealmente, para o lado feminino. Uma vez que se encontrem estabelecidos os fundamentos da confiança, compatibilidade, reci{>rocidade e lealdade, é seguro engir a torre - um lugar seguro para se acres­centar as camadas da intimidade física com seu alto valor sinergís­tico.

Em seu livro Bonding Rela­tionships in the Image of God, Donald Joy descreve as diferen­ças de desenvolvimento dos cére­bros masculino e feminino. O cé­rebro masculino, com suas cone­xões mais simples entre os he­misférios direito e esquerdo, apresenta maior dificuldade pa­ra o acesso a sentimentos do que o feminino. O desafio diante de nós é no sentido de eX'ercitar to­das as porções deste criativo computador que se acha dentro de nós, de modo a nos tornarmos indivíduos de cérebro amplifica­do, ou seja, de nos tornarmos se­res humanos completos. Na se~­rança e na incandescência da In­timidade estendemos as mãos pa­ra a vida de um modo que não ar­riscaríamos tentar se estivésse­mos sozinhos.

Assim EU bu§co 'as profundi­dades com VOCE, meu significa­tivo outro, EU-VOCÊ, covidan­do-o a unir-se a mim na dança da vida, procurando conhecer e ser

EM AÇÃO

Divisão Afn>Oceano índico

2.200 estudantes adventistas que es­tão à busca de graus universitários de instrução em instituiçôes não­adventistas em seis países da Divisão . Mro-Oceano índico, conhecem sua missão e se organizaram em associa-

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conhecido intimamente.

Modelos EscriturÍsticos de Intimidade

- "Não é bom que o homem este­ja só" (Gênesis 2:18). Deus pronun­ciou estas palavras quando Eva ain­da não havia sido crIada. A declara­ção tem a ver com a necessidade do ser humano de estar com pessoas. A interação humana provê estímulo vi­tal, tanto do ponto de vista intelec­tual quanto social. Fomos criados desta forma. Trata-se da natureza es­sencial da humana criação de Deus, tanto do homem quanto da mulher.

- "Jônatas o amava [a Davi] com todo o amor de sua alma" (I Samuel 20: 17). Estes jovens, ambos designa­dos para o trono de Israel, demons­traram verdadeira amizade na mais hostil das situações. A amizade de Jô­natas por Davi comprovou sua leal­dade diante de explosivas intrigas da família real. Ambos eram heróis de guerra. Suas vidas de violência não impediram a capacidade que ambos possuíam de desenvolver intimidade.

- Rute e Noemi eram pessoas com notórias diferenças de idade, e que se tornaram íntimas amigas através da tragédia familiar. Através do compar­tilhar de sofrimentos, o coração de Rute uniu-se ao de sua sogra, Noemi, que era uma expatriada. Assim, dis­se ela a Noemi: HNão me instes para que te deixe, e me obrigue a não seguir-te; porque aonde quer que fo­res, irei eu, e onde quer que pousa­res, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus. Onde quer que morreres, morrerei eu, e ali serei sepultada; faça-me o Se­nhor o que bem Lhe aprouver, se ou­tra coisa que não seja a morte me se­parar de ti" (Rute 1:16 e 17).

Este artigo foi escrito por Pat Wick, em colaboração com seu espo­so, Ted. Ele teve a tarefa de compi­lar os autores, ela deu vida ao arti­go, e de ambos é a jornada rumo à intimidade.

ções ou grupos de companheirismo tendo em vista três objetivos:

(1) Constituírem grupos de conser­vação com vistas ao estímulo mútuo nas reuniôes de estudo regular da Bí­blia, oração e adoração.

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(2) Representarem meios de teste­munho, através do compartilhamen­to de sua fé e crenças com os cole­gas não-adventistas.

(3) Organizarem centros de cuida­do e atenção, onde tanto adventistas quanto não-adventistas encontrem um lugar de compaixão, apoio e preo­cupação.

Um breve relatório por países: Ghana. Existem 120 estudantes

adventistas fremientando as três uni­versidades públicas de Ghana. Aque­les que fazem parte da Universida­de da Costa do Cabo organizaram uma igreja, a qual constituiu o resul­tado de uma campanha evangelísti­ca empreendida em 1987. Os estu­dantes assumem os serviços e os ne­gócios da igreja.

Na comunidade de alunos da Uni­versidade de Accra, também em Ghana, os estudantes realizaram um programa missionário de conquista (le almas num grande salão que lhes foi colocado à disposição pelas auto­ridades universitárias. O programa desenvolveu-se sob a forma de Semi­nários do Apocalipse e ocorreu nos meses de janeiro e fevereiro de 1990. Como resultado deste esforço, oito estudantes universitários foram ba­tizados. Muitos alunos e professores agora adoram ao lado da comunida­de adventista no sábado. Numa vila próxima, uma Escola Sabatina Filial com cerca de quarenta membros foi posta a funcionar pela comunidade. No início de janeiro de 1990, a Co­munidade Adventista da Universida­de de Ciência e Tecnologia de Gha­na conduziu uma cruzada evangelís­tica no campus universitário. Trinta estudantes universitários aceitaram a mensagem adventista do sétimo dia.

Ruanda. Na Universidade Nacio­nal de Ruanda, os estudantes acham-

se ativamente envolvidos em ativida­des evangeIfsticas; um capelão foi in­dicado pela missão, e foi-lhe conce­dido um escritório no campus. Nos­sos alunos dispõem de unia sala on­de prestam culto a Deus,~para o qt!a.l convidam seus colegas. Sua associa­ção já está com doze anos de existên­cia e foi oficialmente reconhecida pe­la universidade.

Zaire. Na Universidade de Kinsha­sa, no Zaire, os estudantes adventis­tas estão organizados como uma co­munidade. Realizam serviços religio­sos no campus, numa ampla sala con­cedida pelas autoridades universitá­rias. O Senhor está abençoando os seus esforços.

Madagascar. Em Madagascar, existem mais de 300 estudantes ad­ventistas freqüentando universida­des públicas. Encontram-se separa­dos pela distância, de tal modo que um encontro em nível nacional não tem sido possível nos últimos anos. Entretanto, em cada universidade os estudantes adventistas organizaram centros de companh.eirismo, com ati­vos programas de êonservação e al­cance missionário. Seu maior objeti­vo é criar uma atmosfera espiritual entre eles próprios, a fim de influen­ciar os que estão à sua volta e assim conquistar almas para o Senhor.

N os últimos anos, estes estudantes de Madagascar sempre estiveram ativamente envolvidos no trabalho de conquista de almas nos campus e nas áreas próximas às universidades. Ob­tiveram êxito em iniciar um grupo adventista em Andraisoro, que cres­ceu e veio a tornar-se uma igreja or­ganizada. Outros grupos têm sido ini­ciados, inclusive o do campus da Uni­versidade de Antananarivo, além de dois outros nas adjacências desta uni­versidade.

Costa do Marfim. Na Costa do

LIVROS

Marfim, a Associação dos Estudan­tes Adventistas que freqüentam a universidade, foi recentemente orga­nizada.

Nigéria. Na Nigéria, nossos estu­dantes acham-se espalhados pelas vá­rias universidades estatais, mas to­dos eles agrupam-se em tomo da As­sociação Nigeriana de Estudantes Adventistas (NNAS). Seu secretaria­do nacional encontra-se agora na Universidade de Jos, e o secretário ajuda a coordenar as atividades de testemunho cristão_ e a organjzar o encontro anual da entidade, onde os estudantes acham espaço para com­panheirismo, estimulando-se mutua­mente.

UE será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para teste- . munho a todas as nações. Então vi­rá o fim" (Mateus 24:14). Estas pou­cas palavras de Jesus exerceram im­pacto direto sobre muitos de nossos estudantes adventistas em institui­ções seculares. Eles aceitaram a mensagem de modo literal. Para eles, isto significa que cada nação in­dividual e cada pessoa deve receber as boas novas da vinda de Cristo, nosso Salvador e Rei, quando este mundo chegará ao [lID.

. Nossos estudantes universitários acham-se conscientes do fato de que não existe mais glorioso alvo do que apressar o dia em que a última pes­soa sobre a face da Terra, sim, a úl­tima pessoa da Divisão Afro-Oceano Indico terá sido alcançada pela men­sagem do evangelho. Eles estão par­ticipando ativamente no alcance de todos os rincões da divisão. Ainda existe muito território a ser desbra­vado, mas a vitória nos está assegu­rada.

Phénias Bahimba

Publicações Significativas Feitas por Adventistas do Sétimo Dia ou Acerca dos Mesmos

Seeking a Sanctuary: Seventh-day Adven­tism and the American Dream, por Malcolm BulI e Keith Lockhart (San Francisco: Harper and Row, 1989; xi + 319 páginas; US$25,95, encadernado).

Revisão por Gary Ross. Admirável e mesmo audacioso em sua proposta, este li­

vro analisa a Igreja Adventista histórica e sociologicamen­te. Os autores, ambos com um conhecimento de primeira mão da igreja, vêem inicialmente os adventistas como um grupo, depois focalizam grupos de adventistas, e finalmen­te se detêm diante do processo pelo qual as pessoas pas-

sam a fazer parte do môvimento ou dele se afastam. Um "pudim" inglês sem tema definido, é o que certa­

mente este livro não representa. Preocupados ao ponto de posicionar a Igreja Adventista em contraste com a so­ciedade americana, os autores constroem uma tese que, qualquer que seja seu mérito, efetivamente unifica milha­res de detalhes. A tese é esta: uSempre houve uma com­binação de idéias suficientes para distinguir aqueles que as sustentam do restante da sociedade americana, e para manter um senso de distância entre a igreja e o mundo."

Ao salientarem a distância entre o adventismo e aso-

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ciedade americana, os autores espalham imagens podero­sas e polarmente opostas da igreja, e que o público tem construído ao longo de mais de um século. Uma delas, for-mada a partir de Guilherme Miller, torna o adventismo tão distinto do mundo a ponto de apresentar-se fanático, divergente e apocalíptico. A outra, inspirada em John Har­vey Kellogg, vê a igreja tão discretamente distinta do mun­do, a ponto de correr o risco de identificar-se com ele. Evi­dentemente, estas imagens persistem, e por boas razões:

O adventismo é mn processo que afasta as pessoas da so­ciedade americana ... e é também um processo que projeta as pessoas de volta ao mundo externo. Tanto as entradas quanto as saídas do movimento encontram-se abertas.

O público apenas percebe os conversos que entram na igreja e zelosamente abraçam visões da catástrofe impen­dente, e os retirantes que reaparecem, como profissionais de espírito público. (possivelmente o público também per­ceba um recoltista que solicita fundos de porta em porta.) Certos dinamismos vocacionais reforçam estas interpre­tações errõneas. O movimento de auto-sustento, por exem­plo, puxa a igreja demasiadamente numa direção, ao pas­so que os médICOS adventistas e os educadores empre­gados pela igreja a puxam demasiadamente na direção oposta.

Enquanto isto, o adventismo repousa sobre um terreno que requer uma descrição mais fiel, e BulI e Lockhart, ao assumirem o desafio de formular esta descrição, atingem o ponto central de seu livro. Em vez de ser antitético à sociedade ou redutível a ela, o adventismo replica ou imi­ta a sociedade. Afastado, porém não demasiado distante, o adventismo "provê um santuário para a América", da mesma forma como "a própria América ofereceu um san­tuário às gerações de imigrantes da Europa". Mas o afas­tamento efetivamente existe e, exceto por alguns curio­sos momentos de simbiose, a localização do "santuário" toma-se a chave para explanar, significativamente, qual­quer coisa a respeito da igreja. Por vezes, replicar corres­ponde a assemelhar-se - como quando os relacionamen­tos raciais dentro da igreja refletem a nação como um to­do; noutros momentos, replicar significa substituir - co­mo quando os autores identificam os possíveis membros como "aqueles que, em virtude de raça, pobreza, idade ou mobilidade ainda não foram capazes de encontrar uma po­sição segura no ãmbito da sociedade".

A guarda do sábado, como "chave para a compreensão do relacionamento do adventismo com a América", ilus­tra ambas as facetas da replicação:

Com sua peculiaridade, ela toma s~a a alienação adventista diante do estilo de vida amencano, mas em sua conformidade com as expectativas americanas de que de­ve haver um dia sagrado na semana, ela alinha os adven­tistas com a sociedade em geral.

Ocorre agora o drama central do livro. O adventismo descobriu que, de modo a poder substituir um dos aspec­tos da sociedade americana, teria de negar que a Améri­ca realmente possllÍsse esta característica. Naquilo que os autores identificam com os mais impressionante aspecto da igreja, o adventismo rejeitou o ponto de vista de que a América constituísse "o meio de redenção universal", exatamente porque é isto que a igreja pretende ser:

Uma vez que a Nação e o Adventismo não poderiam ser, ambos, o meio "escolhido", talvez não seja surpreenden­te que os adventistas da década de 1850 tenham começa­do a questionar a natureza triunfalista do destino ameri­cano.

Esta lógica, mais a arbitrariedade governamental, trans­formaram os Estados Unidos na besta de Apocalipse 13. Por sua vez, este retrato negro da nação fundiu-se com a alegada redefinição da "liberdade" embutida na Decla-

ração de Independência, a fim de alienar os adventistas da vida política da nação. Aqui (e apenas aqui, em vista das limitaÇges de espaço) a descrição deve ceder lugar à avaliação. E correto salientar que a escatologia adventis­ta envolve e, mais que isto, deprecia a nação americana. Mas isto se deve à tradição puritana/milerita de identifi­car a segunda besta de Apocalipse 13, e não à disputa quanto a quem poderia ser o "escolhido". Ademais, a vi­são positiva do governo esboçada em Romanos 13 sem­pre equilibra a ênfase negativa exposta aqui. E a espera­da mudança da América "de democracia liberal para es­tado autoritário" não é produzida pela igreja oficial sob a forma de "constante comentário apocalíptico dos even­tos contemporâneos", se por esta expressão se deva en­tender a sensacionalização não-crítica das notícias diárias. Os gritos de "É lobo!", cremos nós, somente poderiam imunizar os membros contra a verdadeira crise quando es­ta sobrevier. Também é correto salientar que os adven­tistas defendem a liberdade religiosa mediante a vigilân­cia sobre a Primeira Emenda, em que a Igreja e Estado acham-se separados. Entretanto, se uma vez se imginava que isto seria capaz de isolar a igreja da autoridade do Es­tado, poucos assim pensam nos dias de hoje. O não­cumprimento da lei, produto do radicalismo de A. T. Jo­nes, uma vez orientou a questão do igual pagamento para mulheres, mas isso foi tão excepcional quanto conspícuo. Efetivamente é plausível argumentar que a concordância com a lei (particularmente certos aspectos da legislação tributária) contribuiu fortemente para os atuais dilemas em relação à ordenação de mulheres. Tampouco se sus­tenta o inverso, que a liberdade religiosa inibe a igreja de envolver-se com o Estado. Conforme reconhecem os au­tores, o debate da proibição ocorreu na área do envolvi~ mento aceitável com o Estado. Mas o mesmo ocorreu (e ocorre) com: exercício de imunidade, serviço militar, de­senvolvimento de uma carreira política e a manutenção daquilo que, na prática, é um escntório de "lobby" da igre­ja em Washington, D. C.

A partir do exposto acima, torna-se claro que qualquer indivíduo que se preocupe em ver como o mundo - incluin­do o mundo da erudição - percebe o adventismo, consi­derará que este livro é de inapreciável valor. Suas distor­ções, provavelmente tão inadvertidas quanto inevitáveis, nos estimulam a tentar a conceitualização daquilo que é realmente a natureza e o significado do adventismo. Des­te desafio os membros fiéis jamais deveriam deixar-se de­mover.

I Gary Ross (Ph. D., Washington State University) atua como elemento de ligação entre a Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia e o Congresso dos Estados Uni­dos. Durante quinze anos, antes de 1981, lecionou Histó­ria e Ciência Política junto à Universidade de Loma Lin­da, em Riverside, Califórnia.

l he Disappointed: Mülerism and Millenarianism in the Ninetenth Century, editado por Ronald Numbers

e Jonathan Butler, (Bloomington, lN: Indiana University Press, 1987; xxiv + 235 páginas; U8$29,95 em volume encadernado).

Revisão de Joan Francis. The Disappointed é uma importante adição ao crescen­

te volume de investigações eruditas quanto às raízes do adventismo. Ao situar o movimento milerita na perspec­tiva histórica do movimento milenialista do século deze­nove, sem ser apologético ou defensivo, este livro expan­de nossa compreensão da herança adventista. A coleção de onze ensaios preparados por eruditos tanto adventis­tas quanto não-adventistas, foi bem escolhida e arranja-

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da pelos editores, Ronald Numbers (historiador médico) e Jonathan Butler (historiador religioso e co-fundador do periódico Adventist Heritage. Produto da conferência de 1984 sobre "Milerismo e a Mentalidade Milenialista do Dé­cimo Nono Século na América" , estes ensaios revelam que o milerismo representou a corrente principal do milenia­Iismo e que seu apelo a regras e lógica na compreensão da Bíblia foi compatível com os ideais democráticos da pre­sidência de Andrews Jackson.

"The Millerite Adventists in Great Britain, 1840-50", por Louis Billington; Ronald e Janet Numbers apresentam a questão "Millerism and Madness", no contexto histórico da insanidade religiosa do décimo nono século. Os leito­res interessados nas tradições proféticas e evangélicas dos mileritas apreciarão o ensaio de Eric Anderson: "The Mil­lerite Use of Prophecy: A Case Study of a 'Striking Ful­fillment' " e os capltulos escritos por Ruth Doan, Michel Barlrun e Lawrence Foster. Mas o capitulo mais intrigante provavelmente seja o ensaio de Jonathan Butler, "The Ma­king of a New Order: Millerism and the Origins of Seventh­day Adventism." O Apêndice, "The Disappointed Remem­bered", também constitui leitura recomendável, pois apre­senta três relatórios de pessoas que viveram o aconteci­mento.

A partIr de sua própria perspectiva especializada os au­tores apresentam análises informativas e elucidativas do movimento e de suas principais características. Na intro­dução, os editores estabelecem as bases de uma visão abrangente da pesquisa sobre o milerismo. David Rowe, com o ensaio "Millerites: A Shadow Portrait" fragmenta o mito de que os mileritas eram po~res e homogêneos. A apresentação de Miller, feita por Wayne Juda, enfatiza o modo como o apelo daquele ao bom senso da humanida­de se coadunava com a era jacksoniana, ao passo que Da­vid Arthur explica o papel de Josué Himes, o principal pro-

Este livro representa uma significativa análise históri­ca de um complexo período da história religiosa america­na. Os estudiosos do milerismo deveriam lê-lo. The Disap­pointed certamente não representará uma leitura desa­pontadora.

motor de Miller. O vinculo entre o milerismo e os refor­madores é expandido por Ron Graybill em "The Abolitio­nist-Millerite Connection." Outros aspectos abordados são:

Joan Francis (Ph. D., Carnegie-Mellon University), nas­cida em Barbados, leciona História no Atlantic Union Col­lege, sediado em South Lancaster, Massachusetts, EUA.

PRIMEIRA PESSOA

Sábado ou Faculdade de Medicina?

Katheleen H. Liwidjaja-Kuntaraf

Senti-me feliz ao ser admitida na Faculdade de Medicina.

Como estudante adventista nu­ma universidade pública, e num país predominantemente muçul­mano, sentia-me disposta a en­frentar os desafios acadêmicos e ao mesmo tempo permanecer fiel às minhas convicções cristãs.

Durante os cinco primeiros anos de meus estudos universitá­rios, pela graça de Deus, conse­gui resolver todos os problemas de sábado. Exames teóricos e práticos que caíam no sábado po­diam ser remanejados por exa­mes orais em dias de semana, de modo que nunca assistia a aulas, nem desempenhei atividades de laboratório, ou participei de exa­mes em dia de sábado.

Contudo, no final de meu quin­to ano, as regras para os exames mudaram. Não mais existiriam

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exames orais. De certo modo, es­ta modificação era bem-vinda, uma vez que exames escritos per­mitiam uma avaliação mais obje­tiva. Mas os exames sobre seis assuntos seriam desenvolvidos pe segunda-feira a sábado. Contei ao presidente da associação dos estudantes quanto ao meu pro­blema com o exame de pediatria, o qual deveria ser realizado no sábado. Ele sugeriu que eu fos­se em frente, levando a efeito os demais exames, enquanto tenta­ria estabelecer arranjos em meu favor.

Assim, na segunda-feira ocupei meu lugar para o exame de me­dicina interna. N a terça-feira, ocupei novamente minha cadeira para o exame do segundo tema, ginecologia-obstetrícia. Ainda não ocorrera coisa alguma. As­sim, decidi comparecer diante do .

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presidente da universidade. Sen­ti-me contente ao descobrir que, sendo muçulmano, ele apoiava as convicções dos adventistas no to­cante à guarda do sábado. Uma vez ele estivera com um adven­tista que possuía um grande ho­tel numa cidade da Indonésia. Enquanto ali, observara que o proprietário pagava seus empre­gados antes do pôr-do-sol da sex­ta-feira, de modo que conhecia as convicções dos adventistas no to­cante à santidade do sábado.

O presidente da universidade aconselhou-me a procurar conta­to com o chefe do comitê de exa­mes e depois analisar meu pro­blema com o diretor do departa­mento de pediatria. Ao sair da sa­la do reitor, senti-me contente ao perceber que o homem de mais elevado posto na universidade me apoiava.

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Contudo, ao encontrar-me com o chefe da comissão de exames, senti-me chocada com o seu fu­ror. Ele disse: "Você imagina que os anjos irão retalhar sua ca­oeça no momento do exame, no sábado? De que modo poderiam os regulamentos de uma univer­sidade pública ser modificados por causa de uma aluna? Impos­sível!"

Meus amigos não me oferece­ram muito apoio. Um deles dis­se: "Não entendo por que você tem de ser tão especial. Sempre é tão difícil ingressar na univer­sidade pública, e agora você está acrescentando outro problema. Vá em frente e faça o seu exame em duas horas, e depois peça per­dão a Deus."

Outro amigo do departamento de cirurgia informou-me do resul­tado que eu obtivera no recente . exame desta disciplina: 98, qua-se a perfeição. Ele disse: "Sim­plesmente vá em frente e realize seu exame no sábado. Da próxi­ma vez você poderia não obter notas tão elevadas!"

A despeito do pouco apoio, prossegui realizando meus exa­mes na quarta-feira, assim como na quinta e na sexta. No sábado dirigi-me à jgreja perfeitamente consciente de que ao serem anun­ciados os resultados dos exames, eu seria considerada como repro­vada. Naquele tempo a escola possuía um sistema mediante o qual, se você fosse reprovada num dos seis temas, não impor­tava quão bem houvesse desem­penhado nos outros cinco, seria considerada reprovada em todas as seis áreas.

Embora eu me sentisse extre­mamente triste, procurava lem­brar-me do verso de I Coríntios 10:13 - "Deus ... não permitirá que sejais tentados além das vos­sas forças; pelo contrário, junta­mente com a tentação, vos pro­verá livramento, de sorte que a possais suportar". Na semana se­guinte recebi os deprimentes re­sultados, e logo me dirigi ao pre­sidente da associação de alunos a fim de tomar providências pa­ra a próxima bateria de exames, que ocorreria dentro de três me­ses. Ele disse: "Oh, agora é ain-

da muito cedo. Compareça cerca de duas semanas antes dos exa­mes." Dois meses e meio passa­ram rapidamente, e antes que eu me apercebesse, já era ocasião de comparecer novamente. diante dele. Para minha surpresa, ele me disse: "Tentamos sem êxito reordenar as datas dos exames. Você não tem alternativa, senão mudar sua atitude."

Dirigi-me ao deão acadêmico. Enquanto me encontrava na sa­la de espera, vi o professor de farmacologia. Ele ouvira a res­peito da aluna "fanática" que se dispunha a ser reprovada em vir­tude de suas convicções religio­sas. Dirigindo-se diretamente pa­ra onde eu me achava sentada, ele disse: "Perguntei aos mais velhos cristãos do mundo, os ca­tólicos romanos, e eles me disse­ram que é seu dever santificar o domingo."

Eu não sabia como responder­lhe, pois havia tantos doutores à minha volta - muçulmanos, ca­tólicos e protestantes! Lembrei­me de Mateus 10:18 e 19: "Sereis levados à presença de governado­res e de reis, para lhes servir de testemunho. Não cuideis em co­mo, ou o que haveis de falar, por­que naquela hora vos será conce­dido o que haveis de dizer." As­sim, rapidamente orei pedindo a resposta. Ouvi uma pequena voz a cochichar-me: "Responda sim­plesmente isto: "Oh, estou ape­nas observando o que a Bíblia or­dena.'"

Imediatamente o :professor de farmacologia depOSItou o maço de papéis que trazia debaixo do braço e, apontando a todos os médicos que me estavam à volta, disse: "Todos vocês têm peca­do contra Deus. A Bíblia lhes or­dena guardar o sábado, e não o domingo. Vocês devem conver­ter-se!"

Senti-me agradecida porque ele fizera o "sermão" em meu lu­gar. Entrei então para falar com o deão acatlêmico, o qual conver­sou comigo durante meia hora. Ele disse: "Seja lógica com a sua religião. "

Respondi: "Compreendo que por vezes a religião pode não pa­recer lógica. Por exemplo, quan-

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do certo grupo de pessoas ora a Deus, entende que deve voltar-se numa determinada direção. Is­to é lógico? Deus é onipresente, de modo que podemos falar com Ele em qualquer lugar, a qual­quer tempo. Assim, por que ra­zão as pessoas conservam estas práticas? Porque elas são signifi­cativas em termos de suas con­vicções."

Finalmente ele disse: "Lamen­to muito. Desejo ajudá-la, mas não sei como. Minha sugestão é que você se dirija diretamente ao professor de pediatria." Assegu­rei a mim mesma que esta seria a última tentativa. Caso não ob­tivesse êxito, procuraria uma es­cola de medicina adventista no exterior. Certamente eu enfren­taria problemas, mas pelo menos chegaria o dia em que eu me tor­naria médica .

Eu trouxe este problema ao nosso encontro de oração. Os an­ciãos da igreja disseram: "Você é pioneira. Deverá ser paciente e lutar por suas convicções. O que irá acontecer com os demais alu­nos adventistas do curso de Me­dicina, e que se encontram em sé­ries mais baixas? Eles não pos­suem o dinheiro para dirigir-se ao exterior. Levemos este assunto a Deus em oração!" Toda a igreja orou em meu favor aquela noite.

Fui então ver o professor de pediatria. Ele sentiu-se verdadei­ramente perturbado e disse: "Não há forma de modificarmos os regulamentos da universidade por causa de uma única aluna."

Sua esposa, advogada, sentou conosco na sala de estar e procu­rou defender-me, dizendo: "Este é um país de pancasilais. Todos têm o direito à liberdade religio­sa." Travou-se um debate entre ambos enquanto eu orava silen­ciosamente para que o Senhor abençoasse o debate para honra e glória de Seu nome. finalmen­te, o professor de pediatria dis­se: "Marcaremos uma nova data de exame para você." Assim, na sexta-feira, depois do exame de cirurgia, realizei o exame de pe­diatria, e fui então posta em iso­lamento numa das casas de pro­fessores até que os demais alunos ocuparam seus lugares para o

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exame de pediatria na manhã do dia segunte, sábado, às oito ho­ras. Fui então liberada e dirigi­me à igreja. Ao serem publicados os resultados dos exames, louva­do seja o Senhor, eu havia sido aprovada.

um último problema a enfren~. Toda a cerimônia era levada a ca­bo no sábado. Mais uma vez fui visitar o presidente da associação de estudantes. Ele me disse:

graduação especial. Quando volvo os olhos ao pas­

sado e contemplo minha expe­riência, sinto que Deus estava a meu lado - encorajando-me e sustentando-me ao longo de to­das as minhas lutas. Louvo-O por Sua bondade e grandeza. A for­mação médica permitiu que eu servisse como canal da graça de Deus aos outros, 'ministrando a suas necessidades físicas e espi­rituais. Mínha oração é que Deus ajude a todos nós - estudantes e profissionais - de modo que te­nhamos tão íntimo relacionamen­to com Ele que poss~os ser ver­dadeiros embaixadores. Confor­me asseverou o Senhor Jesus: "Se Me amais, guardareis os Meus mandamentos" (João 14:15).

Mais tarde, ao trabalhar em to­dos os departamentos, fui libera­da do hospital na sexta-feira ao pôr-do-sol, até o pôr-do-sol do sá­bado. Entretanto, era-me neces­sário trabalhar durante mais tempo em cada departamento em virtude dos muitos sábados que perdera. Assim, ao finalizar as tarefas num departamento, ne­cessitava esperar o próximo gru­po de estudantes antes de poder prosseguir para o dep~amento seguinte, de modo que meu tem­po de prática foi mais longo que o normal. Ainda assim eu me sen­tia contente por poder observar o sábado durante os anos de aprendizado numa escola médica não-adventista.

Por ocasião da graduação, tive

"Por bqndade, facilite .. as coisas pelo menos uma vez. E impossí­vel reunir todos os professores, só por sua causa, durante um dia de semana!" Mas ele me disse que retornasse na próxima sema­na, depois de ele haver contata­do o deão acadêmico. Ao retor­nar, foi-me dito 'que eu deveria esperar mais duas semanas, pois que o deão acadêmico e o deão da Faculdade de Medicina haviam considerado ser dificil resolver o meu problema. Final,mente, de­pois de dois meses, e muitas dis­cussões mais, eles concordaram em levar a efeito uma graduação especial, num dia de semana, com a presença de todos os doutores e eu como a única graduanda. Co­mo resultado, os estudantes mé­dicos adventistas de séries mais baixas também receberam uma

Katheleen H. Liwidjaja-Kuntaraf, nascida na Indonésia e graduada pela Escola de Medicina da Universidade Federal do Norte de Sumatra, ser­ve atualmente como diretora do De­partamento de Saúde e Temperança da Divisão do Extremo Oriente.

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tistas que se destacam em suas carreiras ou profissões, e que são igualmente ativos cristãos. Recomendações são bem-vindas.

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Conquiste novos horizontes!

1 VIAGENS - Una-st.' ao Se rviço Volu lH ;'lri o d os

Jovells Adve nti stas e v i . ~j c por lugares ra~(i ll i llll t.: .~ cio mu ndo

int e iro. E llqU illl10 "nCL' passa UIll ,11\0 no eXl crior, pod e u mhec:er

pesso a llllent e uma cultura est ra ngei ra c aprend er li ma nova

língua . AMI ZA DE - Niio (: rúc il

d eixa r o la r pa terno c os a migos po,'

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