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UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO DO RIO PARAOPEBA APÓS LANÇAMENTO DE REJEITOS DE MINERAÇÃO Izabelly Capillé Beloto DOURADOS 2019

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Page 1: DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO DO RIO PARAOPEBA ...repositorio.ufgd.edu.br/.../2337/1/IzabellyCapilleBeloto.pdfSendo um parâmetro importante para a avaliação da qualidade de um corpo

UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS

DIAGNOacuteSTICO DA SITUACcedilAtildeO DO RIO PARAOPEBA APOacuteS LANCcedilAMENTO DE

REJEITOS DE MINERACcedilAtildeO

Izabelly Capilleacute Beloto

DOURADOS

2019

Izabelly Capilleacute Beloto

DIAGNOacuteSTICO DA SITUACcedilAtildeO DO RIO PARAOPEBA APOacuteS LANCcedilAMENTO DE

REJEITOS DE MINERACcedilAtildeO

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado agrave

Faculdade de Engenharia da Universidade

Federal da Grande Dourados como requisito

para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de bacharel em

Engenharia Civil

Orientaccedilatildeo Profordf Drordf Locircide Angelini Sobrinha

DOURADOS

2019

DIAGNOacuteSTICO DA SITUACcedilAtildeO DO RIO PARAOPEBA APOacuteS LANCcedilAMENTO DE REJEITOS DE MINERCcedilAtildeO

Izabelly Capilleacute Beloto1 Locircide Angelini Sobrinha2

izabellybeloto19gmailcom1 loidesobrinhaufgdedubr2

RESUMO ndash Este trabalho apresenta um breve diagnoacutestico da situaccedilatildeo do Rio Paraopeba apoacutes o rompimento da barragem de rejeitos de mineacuterio do Coacuterrego do Feijatildeo em 25012019 Os dados de monitoramento utilizados para compor este diagnoacutestico foram obtidos do conjunto dos documentos do Instituto Mineiro de Gestatildeo das Aacuteguas Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais e SOS Mata Atlacircntica Analisou-se 5 paracircmetros de qualidade da aacutegua temperatura pH condutividade eleacutetrica oxigecircnio dissolvido e turbidez aleacutem da concentraccedilatildeo de metais na aacutegua A anaacutelise final dos dados obtidos demonstrou que as aacuteguas da Bacia do Rio Paraopeba encontram-se inapropriadas para o uso principalmente pelos altos niacuteveis de turbidez no periacuteodo de cheia Apesar dos niacuteveis de OD natildeo apresentarem desconformidade com os limites previstos pela legislaccedilatildeo este paracircmetro responde lentamente agraves cargas poluidoras Contudo a presenccedila de sedimentos e metais no leito do rio altera as condiccedilotildees baacutesicas de fluxo do rio responsaacuteveis pelos processos ecossistecircmicos Palavras-chave Qualidade da aacutegua rejeitos de mineraccedilatildeo Bacia do rio Paraopeba ABSTRACT ndash This paper presentes a brief diagnosis of the Paraopeba River situation after the rupture of the Feijatildeo Stream ore tailings dam on 01252019 The monitoring data used to composse this diagnosis were obtained from the set of documents from Mining Institute of water management Mineral Resources Research Company and SOS Mata Atlantica Five water quality parameters were analyzed temperature pH eletrical conductivity dissolved oxygen and turbidity as well as the concentration of metals in the water The final analysis of obtained data showed that the waters of the Paraopeba river basin are inappropriate for use especially due to the high levels of turbidity in the flood period Although the DO levels do not conform to the legal limits this parameter responds slowly to the polluting load However the presence of sediments and metals in the riverbed alters the basic conditions of river flow responsible for ecosystem processes Keywords Water quality mining tailings Paraopeba River Basin

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

2

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ao longo dos uacuteltimos 5 mil anos as barragens tecircm sido estruturas utilizadas para

suprir a necessidade de aacutegua para consumo humano (CBDB 2013) As barragens

permitiam a coleta e o armazenamento de aacutegua em periacuteodos de estiagem Aleacutem de

promover o armazenamento de aacutegua para a populaccedilatildeo (CBDB 2013) pode ser destinada

para outras finalidades tais como contenccedilatildeo de rejeitos de mineraccedilatildeo energia hidreleacutetrica

navegaccedilatildeo e irrigaccedilatildeo

Etimologicamente o termo barragem proveacutem da palavra francesa barrage do seacuteculo

XII que significa ldquotravessa tranca de fechar a portardquo (CBDB 2013) As barragens podem

ser definidas como construccedilotildees que possuem o objetivo de conter e regular o curso drsquoaacutegua

liacutequidos detritos e rejeitos afim de formar um reservatoacuterio para armazenamento ou

controle Pelo fato de formarem reservatoacuterios essas construccedilotildees podem gerar danos

extremos caso sejam mal executadas e natildeo apresentem fiscalizaccedilatildeo adequada (LACAZ

PORTO e PINHEIRO 2017)

Segundo o Relatoacuterio de Seguranccedila de Barragens (ANA 2018) contenccedilatildeo de rejeitos

de mineraccedilatildeo eacute o principal uso das barragens no Brasil A mineraccedilatildeo oferece importantes

contribuiccedilotildees poliacuteticas econocircmicas e sociais para o paiacutes (MACHADO 2007) Poreacutem

oferecem risco iminente para o meio ambiente principalmente na contaminaccedilatildeo da aacutegua

Por essa razatildeo eacute de suma relevacircncia o estudo do impacto causado sobre os recursos

hiacutedricos devido ao rompimento de barragens de contenccedilatildeo de rejeitos no Brasil

O rompimento de barragens eacute considerado reincidente na histoacuteria da humanidade

(ESDHC 2015) Desde os anos 2000 pesquisadores e movimentos sociais alertam para

os possiacuteveis impactos ambientais que o aumento do extrativismo mineral pode causar

(MILANEZ et al 2015) Com o crescimento exponencial da produccedilatildeo de mineacuterio entre os

anos de 2003 e 2013 o Brasil tornou-se o segundo paiacutes que mais exportou mineacuterio

(MILANEZ et al 2015) Em 2011 o preccedilo do mineacuterio entrou em decliacutenio o que resultou no

aumento da produccedilatildeo e queda nos custos Conduta esta que apesar de outras

circunstacircncias econocircmicas resultou no aumento do rompimento de barragens (MILANEZ

et al 2015)

De acordo com a organizaccedilatildeo World Information Service on Energy (Wise)

aconteceram no mundo ao longo dos uacuteltimos 50 anos pelo menos 37 desastres de

barragens de mineraccedilatildeo considerados graves (apud FREITAS SILVA e MENEZES 2016)

Nos uacuteltimos 15 anos o estado de Minas Gerais presenciou 6 rompimentos de barragens de

mineacuterio de ferro sendo o rompimento da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo (Brumadinho MG)

o uacuteltimo desastre ocorrido

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

3

O rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Vale no complexo mineraacuterio

do Coacuterrego do Feijatildeo (Brumadinho MG) despejou 12 toneladas de rejeitos de mineacuterio no

Rio Paraopeba no dia 25 de janeiro de 2019 (G1 MINAS 2019) O Rio Paraopeba era

responsaacutevel por 43 do abastecimento puacuteblico da regiatildeo de Belo Horizonte (COPASA

2019) Apoacutes o acontecimento o Rio perdeu a condiccedilatildeo de importante manancial de

abastecimento puacuteblico e a aacuterea atingida foi drasticamente devastada (SOS 2019)

O Rio Paraopeba eacute um dos afluentes do Rio Satildeo Francisco Pressupotildeem-se que

toda a lama ldquodiluardquo antes de chegar ao rio Satildeo Francisco (MINAS 2019) Logo faz-se

necessaacuterio estudos que confirmem tal suposiccedilatildeo

Alguns trabalhos sobre a anaacutelise do rompimento de barragens de rejeito de

mineraccedilatildeo jaacute foram feitos pelo mundo (BROWN 2012 ESDHC 2015) Contudo no geral

eles retratam apenas os motivos da ocorrecircncia de um rompimento e natildeo o impacto causado

pelo rompimento (AZAM 2010 RICO et al 2008)

Em virtude disso o objetivo do presente trabalho foi a anaacutelise da qualidade da aacutegua

do rio Paraopeba apoacutes o lanccedilamento de rejeitos de mineraccedilatildeo decorrente do rompimento

da Barragem Coacuterrego do Feijatildeo em Brumadinho em Minas Gerais

2 REFERENCIAL BIBLIOGRAacuteFICO

21 QUALIDADE DA AacuteGUA E IMPACTOS DO LANCcedilAMENTO DE EFLUENTES

O equiliacutebrio do ecossistema aquaacutetico possui forte contribuiccedilatildeo para a qualidade da

aacutegua pois determina agraves condiccedilotildees ideais para a reproduccedilatildeo dos organismos aquaacuteticos e

de toda a teia troacutefica da bacia (BRAGA et al 2005) A qualidade da aacutegua eacute resultante de

fenocircmenos naturais e da accedilatildeo do homem no ambiente (VON SPERLING 2000) Nesse

contexto a correta identificaccedilatildeo dos efeitos das accedilotildees antropogecircnicas sobre os sistemas

bioloacutegicos eacute fundamental principalmente para distinguir as variaccedilotildees naturais que ocorrem

durante as estaccedilotildees do ano das alteraccedilotildees provocadas pelo homem (CAIRNS et al 1993)

Logo a qualidade da aacutegua eacute determinada atraveacutes do Iacutendice de Qualidade das Aacuteguas

(IQA) que permite levar em consideraccedilatildeo o uso deste recurso a partir de um caacutelculo feito

da mediccedilatildeo de paracircmetros bioloacutegicos e fiacutesico-quiacutemicos tais como Oxigecircnio Dissolvido

(OD) Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) potencial hidrogeniocircnico (pH)

concentraccedilatildeo de nutrientes e coliformes totais (CT) (EMBRAPA 2014)

O IQA eacute calculado conforme a seguinte expressatildeo

(21)

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

4

Onde o IQA eacute o Iacutendice de Qualidade de Aacuteguas qi eacute o valor do paracircmetro wi eacute o

peso atribuiacutedo a cada paracircmetro e n eacute o nuacutemero de paracircmetros a serem avaliados

Ao analisar paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos observa-se as seguintes caracteriacutesticas

baacutesicas temperatura turbidez soacutelidos totais pH e OD A temperatura superficial pode ser

influenciada por fatores locais tais como a altitude latitude e profundidade (CETESB

2018) Pelo fato de desempenhar um papel crucial no meio aquaacutetico a temperatura eacute

responsaacutevel pela influecircncia das variaacuteveis fiacutesico-quiacutemicos (CETESB 2018) Aleacutem disso em

conjunto com a pressatildeo satildeo os dois principais fatores que controlam diretamente a

concentraccedilatildeo de OD (EMBRAPA 2014)

Outro fator importante eacute a turbidez que eacute o grau de atenuaccedilatildeo de intensidade da luz

devido a presenccedila dos soacutelidos em suspensatildeo tais como partiacuteculas inorgacircnicas (CETESB

2018) Ao analisar as consequecircncias da atividade mineraacuteria em que o aumento da turbidez

eacute excessivo tem-se a reduccedilatildeo da fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo suprimindo a produtividade

dos peixes Segundo Abdel-Baki et al (2011) os peixes podem ser utilizados como

organismos indicadores de qualidade ambiental principalmente quando a turbidez eacute

causada por metais pesados

Quanto aos soacutelidos estes satildeo classificados em soacutelidos volaacuteteis (mateacuteria orgacircnica) e

soacutelidos fixos (mateacuteria inorgacircnica) Ambos podem causar danos aos peixes e a vida aquaacutetica

em geral Ao se sedimentar no leito dos rios danificam a desova dos peixes e os

organismos que oferecem alimento Aleacutem disso os soacutelidos podem reter bacteacuterias e

resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (CETESB 2018)

Ao analisar paracircmetros quiacutemicos tem-se principalmente as seguintes caracteriacutesticas

de estudo pH OD nitrogecircnio e foacutesforo O pH por estar presente no equiliacutebrio quiacutemico

ocorre naturalmente ou em processos de tratamento de aacutegua Por sua vez eacute um paracircmetro

importante no saneamento ambiental pois em determinadas condiccedilotildees atua na

precipitaccedilatildeo quiacutemica (VON SPERLING 2014) Contudo o OD eacute um dos constituintes mais

importantes dos recursos hiacutedricos por estar diretamente relacionado com os tipos de

organismos que sobrevivem em um corpo drsquoaacutegua (BRAGA et al 2005) Presentes na aacutegua

sob vaacuterias formas o nitrogecircnio e o foacutesforo causam o processo de eutrofizaccedilatildeo quando

encontram-se dissolvidos em excesso no meio (VON SPERLING 2014)

Por fim os paracircmetros bioloacutegicos dizem respeito a quantidade e a diversidade de

espeacutecies presentes no meio aquaacutetico que variam conforme a transparecircncia da aacutegua

nutrientes disponiacuteveis e fatores fiacutesicos (BRAGA et al 2005) Os microrganismos

constituintes dos coliformes totais (CT) desempenham diversas funccedilotildees importantes ao

analisar este paracircmetro sendo responsaacuteveis pela transformaccedilatildeo da mateacuteria dentro dos

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

5

ciclos biogeoquiacutemicos e um importante indicador da de presenccedila de microrganismos

patogecircnicos na aacutegua (VON SPERLING 2000)

22 INTERACcedilOtildeES BIOLOacuteGICAS NO MEIO AQUAacuteTICO

Segundo Braga et al (2002) a poluiccedilatildeo da aacutegua eacute a alteraccedilatildeo das caracteriacutesticas

devido as accedilotildees e interferecircncias de origem natural ou humana Essas alteraccedilotildees satildeo

responsaacuteveis por criar impactos ecoloacutegicos esteacuteticos e fisioloacutegicos Poreacutem somente

alteraccedilotildees esteacuteticas natildeo podem ser levadas em consideraccedilatildeo pois eacute a partir do estudo do

corpo receptor com o uso de ferramentas teacutecnicas especiacuteficas que eacute possiacutevel quantificar

e qualificar tal alteraccedilatildeo

Para compreender as interaccedilotildees bioloacutegicas no meio aquaacutetico tem-se que a

concentraccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido (OD) na aacutegua ocorre em funccedilatildeo das caracteriacutesticas do

despejo do corpo drsquoaacutegua e da produccedilatildeo de oxigecircnio Dentre tantas variaacuteveis as

caracteriacutesticas do despejo estatildeo fortemente associadas com o consumo de OD do meio

sendo considerado a facilidade de biodegradaccedilatildeo a quantidade de poluente despejado e

a vazatildeo despejada (BRAGA et al 2002)

As caracteriacutesticas do corpo drsquoaacutegua determinam tambeacutem com que facilidade as

cargas poluidoras seratildeo misturadas ao meio entrando em questatildeo a velocidade do fluido

a geometria do escoamento e a intensidade de difusatildeo Por fim a produccedilatildeo de oxigecircnio eacute

uma das variaacuteveis mais relevantes pois a atividade fotossinteacutetica (produccedilatildeo endoacutegena) e

a reaeraccedilatildeo (produccedilatildeo exoacutegena) consiste no ciclo de passagem do oxigecircnio atmosfeacuterico

para o meio aquaacutetico (VON SPERLING 2014)

Sendo um paracircmetro importante para a avaliaccedilatildeo da qualidade de um corpo drsquoaacutegua

a concentraccedilatildeo de OD permite indicar a condiccedilatildeo do corpo receptor ao lanccedilamento de

cargas pontuais ou difusas (CETESB 2018) Baixos niacuteveis de OD geram altos niacuteveis de

Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO5) e vice-versa Em outras palavras a DBO5 eacute

correspondente ao oxigecircnio consumido pelos organismos decompositores aeroacutebios para

que seja feita a completa decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica lanccedilada na aacutegua considerado

um indicador de qualidade da aacutegua (BRAGA et al 2002)

O consumo de OD deve-se a respiraccedilatildeo principalmente das bacteacuterias heterotroacuteficas

aeroacutebias resultando na equaccedilatildeo simplificada de estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica

119872119874 + 1198742 + 119887119886119888119905eacute119903119894119886119904 rarr 1198621198742 +1198672119874 + 119887119886119888119905eacute119903119894119886119904 + 119890119899119890119903119892119894119886 (22)

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

6

Na presenccedila de oxigecircnio as bacteacuterias convertem a mateacuteria orgacircnica (MO) em

compostos simples e estaacuteveis Enquanto houver alimento e oxigecircnio disponiacutevel as

bacteacuterias tendem a crescer e se reproduzir no meio sendo que o consumo da MO e do OD

pelas bacteacuterias resulta em compostos como o gaacutes carbocircnico aacutegua e energia conforme

Equaccedilatildeo 11 Pelo fato da mateacuteria orgacircnica ter sido convertida em gaacutes carbocircnico a reaccedilatildeo

acima pode ser chamada de reaccedilatildeo de oxidaccedilatildeo (VON SPERLING 2014)

Apoacutes concluiacuterem a etapa de oxidaccedilatildeo os organismos decompositores estabilizam

ou mineralizam a MO Poreacutem a mateacuteria orgacircnica que se sedimentou forma o chamado

lodo de fundo que tambeacutem necessita ser convertido Em virtude da dificuldade de

penetraccedilatildeo do oxigecircnio na camada de lodo grande parte da conversatildeo da mateacuteria orgacircnica

ocorre sob condiccedilotildees anaeroacutebicas No entanto a camada superior de lodo ainda possui

acesso ao oxigecircnio da massa liacutequida sobrenadante o que resulta na remoccedilatildeo de DBO e

no consumo de oxigecircnio (VON SPERLING 2014) Logo esse processo recebe o nome de

demanda bentocircnica ou demanda de oxigecircnio pelo sedimento onde alguns subprodutos

parciais da decomposiccedilatildeo anaeroacutebia dissolvem-se e difundem-se exercendo demanda de

oxigecircnio (VON SPERLING 2014)

A sedimentaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode implicar na diminuiccedilatildeo da DBO da massa

liacutequida mas com a ressuspensatildeo da massa decantada devido turbulecircncias ou altas

velocidades de escoamento ocorre o inverso (ANDRADE 2010) Com isso tem-se o

chamado revolvimento da camada de lodo

22 REJEITOS DE MINERACcedilAtildeO

Segundo Arauacutejo (2006) e Machado (2007) os rejeitos satildeo partiacuteculas resultantes de

processos de beneficiamento dos mineacuterios visando extrair os elementos de interesse

econocircmico de forma que seu descarte natildeo comprometa o meio ambiente Sua constituiccedilatildeo

eacute definida pela presenccedila de soacutelidos e uma fraccedilatildeo liacutequida com concentraccedilatildeo de 30 a 50

em peso (ARAUacuteJO 2006) Assim os rejeitos podem variar de materiais arenosos natildeo

plaacutesticos sendo os rejeitos granulares ateacute solos com alta plasticidade e granulometria mais

fina como as lamas (VALE 2019)

Nesse contexto os rejeitos de mineacuterio de ferro satildeo formados por partiacuteculas ultrafinas

contendo Ferro Alumina Foacutesforo e Siacutelica sendo classificados de acordo com a

granulometria (VALE 2019) Poreacutem a mineraccedilatildeo eacute uma das atividades que tambeacutem libera

metais potencialmente toacutexicos pois consiste em uma atividade que rompe com o equiliacutebrio

geoquiacutemico natural (SALOMONS 1995)

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

7

Os metais pesados conferem elevada resistecircncia agrave degradaccedilatildeo quiacutemica fiacutesica e

bioloacutegica possibilitando a persistecircncia por longos periacuteodos de tempo no meio aquaacutetico

(MORAES JORDAtildeO 2002) Logo ao persistir no ambiente aquaacutetico os metais pesados

causam forte impacto na estabilidade dos ecossistemas provocando efeitos adversos nos

seres humanos aleacutem de causar a mortalidade de peixes e das comunidades bentocircnicas

perifiacuteticas planctocircnica nectocircnica e de seres fotossintetizantes (MORAES JORDAtildeO 2002

SAMPAIO 2003)

Por ser altamente reativos e apresentar facilidade ao se ligar a outros elementos

quiacutemicos os metais pesados natildeo encontram-se independentes no meio aquaacutetico Nesse

contexto a poluiccedilatildeo gerada pelos metais pesados possui forte contribuiccedilatildeo dos sedimentos

de fundo Ao refletir na quantidade disponiacutevel no ambiente tambeacutem satildeo usados para

detectar a presenccedila de contaminantes que natildeo permanecem soluacuteveis Assim as

propriedades de acuacutemulo de sedimentos aliadas aos metais pesados disponiacuteveis satildeo de

extrema importacircncia para qualificar os efeitos da contaminaccedilatildeo em estudos de impacto

ambiental (SAMPAIO 2003)

24 LEGISLACcedilAtildeO CONAMA 357 E 430

Os padrotildees de qualidade da aacutegua demonstram de forma generalizada e conceitual

a propriedade desejada a este recurso Logo objetivando a proteccedilatildeo ambiental e a sauacutede

puacuteblica as resoluccedilotildees do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) 357 e 430

estabelecem padrotildees de lanccedilamento e qualidade do corpo receptor

A resoluccedilatildeo CONAMA ndeg 430 de 13 de maio de 2011 dispotildeem sobre paracircmetros

padrotildees condiccedilotildees e diretrizes para a gestatildeo de efluentes lanccedilados nos corpos drsquoaacutegua

(BRASIL 2011) Esta resoluccedilatildeo complementa e altera a resoluccedilatildeo CONAMA ndeg 357 de 17

de marccedilo de 2005 que dispotildeem as diretrizes e classificaccedilotildees ambientais para o

enquadramento das aacuteguas superficiais (CERON 2012)

Atualmente a Resoluccedilatildeo ndeg35705 do CONAMA extinta Resoluccedilatildeo CONAMA nordm

02086 define o niacutevel de qualidade a ser alcanccedilado e mantido por uma bacia Nos limites

para os paracircmetros fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos o Rio Paraopeba que foi estudado no

presente trabalho possui enquadramento classe 2 segundo a norma Assim segundo a

norma as aacuteguas do rio Paraopeba satildeo destinadas para abastecimento humano (apoacutes

tratamento convencional) proteccedilatildeo de comunidades aquaacuteticas recreaccedilatildeo de contato

primaacuterio (segundo Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg274 de 2000) irrigaccedilatildeo aquicultura e pesca

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

8

Poreacutem a classificaccedilatildeo dos paracircmetros de qualidade para os rios de Classe 2 eacute o

mesmo adotado para rios de Classe 1 Os respectivos valores de paracircmetros de qualidade

constam na Tabela 1 onde para o pH os valores apresentados correspondem aos limites

inferiores e superiores da faixa de referecircncia Para OD e DBO o valor apresentado

corresponde ao valor miacutenimo de referecircncia estabelecido para o paracircmetro

Tabela 1- Paracircmetros de qualidade da aacutegua conforme Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg35705 para rios de Classe 2

PARAcircMETRO UNIDADE VALOR

pH - 60 - 90

Turbidez NTU 100

Oxigecircnio dissolvido (OD)

Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio (DBO)

mg L-1 5

5

Fonte adaptado CONAMA 2005

Para o lanccedilamento de efluentes a temperatura maacutexima para corpos drsquoaacutegua eacute de

40degC A legislaccedilatildeo apresenta normatizaccedilatildeo restrita agraves aacuteguas de efluentes devido agrave alta

sazonalidade anual e diaacuteria no ambiente natural (MAIA 2017) Os efluentes atendem

condiccedilotildees especiacuteficas Aleacutem dos paracircmetros apresentados anteriormente a Resoluccedilatildeo

ndeg43011 apresenta limites maacuteximos para elementos quiacutemicos dissolvidos na aacutegua

conforme a Tabela 2

Tabela 2- Concentraccedilotildees maacuteximas de alguns elementos quiacutemicos conforme Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg43011 para rios de Classe 2

ELEMENTO QUIacuteMICO VALOR MAacuteXIMO (microgl)

Ferro (Fe) 300

Manganecircs (Mn) 100

Cromo (Cr) 50

Cobre (Cu) 9

Fonte adaptado CONAMA 2011 3 METODOLOGIA

A metodologia desenvolvida por esta pesquisa baseia-se na utilizaccedilatildeo de dados de

pesquisas exploratoacuterias e bibliograacuteficas sobre a qualidade da aacutegua do rio Paraopeba a

montante e a jusante do lanccedilamento do rejeito de mineraccedilatildeo ocorrido em funccedilatildeo do

rompimento da Barragem da Mina Coacuterrego do Feijatildeo em Minas Gerais

A partir da aacuterea de estudo delimitada proacutexima as estaccedilotildees fluviomeacutetricas do Rio

Paraopeba e dos paracircmetros fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos obtidos pelas anaacutelises

119898119892 119871minus1

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

9

apresentadas pela Rede Hidrometeroloacutegica Nacional (RHN) operada pela Companhia de

Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM) foram feitas avaliaccedilotildees e o diagnoacutestico da

situaccedilatildeo das aacuteguas do Rio Paraopeba de acordo com legislaccedilatildeo ambiental vigente

(CONAMA)

A escolha das estaccedilotildees fluviomeacutetricas de Alberto Flores- 40740000 Ponte Nova do

Paraopeba- 40800001 e Ponte da Taquara- 40850000 da RHN foram fundamentais para a

pesquisa deste trabalho A RHN disponibilizou dados de niacutevel e de vazatildeo diaacuterios As vazotildees

diaacuterias eram obtidas atraveacutes de mediccedilotildees feitas com o uso de molinetes equipamentos

acuacutesticos (SONTEK M9 e RDI RiverRay) e curvas chaves Estabelecidas a partir de

mediccedilotildees de vazatildeo realizadas 3 a 4 vezes por ano durante as visitas de inspeccedilatildeo realizadas

pelo CPRM Aleacutem disso a partir destas mediccedilotildees eram feitas anaacutelises de 5 paracircmetros de

qualidade da aacutegua temperatura da aacutegua do rio pH do meio oxigecircnio dissolvido turbidez e

condutividade eleacutetrica Estas anaacutelises eram feitas in loco pela equipe do CPRM com o uso

de sonda multiparameacutetrica YSI EXO1 e Hydrolab MS5

Apesar do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos ser o uacutenico dentre os

escolhidos que natildeo era uma estaccedilatildeo fluviomeacutetrica antes da ruptura da barragem este ponto

atua na realizaccedilatildeo de mediccedilotildees de descarga liacutequida e soacutelida pelo CPRM As mediccedilotildees de

descarga soacutelida em suspensatildeo eram obtidas a partir da coleta de amostras 2D (2

dimensotildees) pela equipe do CPRM Utilizou-se amostradores tipo USBM-54 e Van Veen

para a determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de sedimentos permitindo o acompanhamento do

avanccedilo do rejeito ao longo da bacia

31 AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de estudo corresponde a bacia do Rio Paraopeba localizada na regiatildeo central

de Minas Gerais e que possui uma aacuterea de 12054 km2 (25 da aacuterea total de MG) e 510

km de extensatildeo do curso principal (IGAM 2013) O rio abrange cerca de 48 municiacutepios

sendo 35 municiacutepios sedes na bacia (CBHSF 2019) Possui sua nascente localizada ao

sul no municiacutepio de Cristiano Otoni e sua foz na represa de Trecircs Marias no municiacutepio de

Felixlacircndia em Minas Gerais (CBHSF 2019) Aleacutem disso o rio eacute responsaacutevel por 43 do

abastecimento puacuteblico da regiatildeo metropolitana de Belo Horizonte (COPASA 2019)

A bacia do Rio Paraopeba possui aacuterea de drenagem de 13640 km2 sendo que a

montante do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo local onde houve a ruptura da barragem possui aacuterea

de drenagem em torno de 4000 km2 (CPRM 2019) Afluente pela margem direita do rio

Paraopeba o ribeiratildeo Ferro Carvatildeo possui bacia de aacuterea 328 km2 e vazatildeo em torno de 600

Ls obtida por regionalizaccedilatildeo de vazotildees (CPRM 2019)

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

10

Segundo a Vale os rejeitos dispostos na barragem de alteamento agrave montante

ocupavam um volume de aproximadamente 117 milhotildees de m3 A barragem atingiu sua

elevaccedilatildeo maacutexima em meados de 2013 e deixou de receber rejeitos em 2016 A CPRM com

a utilizaccedilatildeo de imagens de sateacutelite delimitou que a aacuterea atingida foi de 31 km2 pelo rejeito

na bacia do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo A Figura 1 mostra a aacuterea atingida pela ruptura da

barragem deixando o ribeiratildeo e todo o entorno da aacuterea devastados

Figura 1 Aacuterea da barragem da Mina do Ribeiratildeo do Feijatildeo apoacutes a ruptura da barragem B1

Fonte Google Earth 2019

32 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS REDES DE MONITORAMENTO DA CPRM

As estaccedilotildees fluviomeacutetricas escolhidas para o presente trabalho foram definidas com

base no estudo e monitoramento do Rio Paraopeba realizados no periacuteodo de 2601 ateacute

3103 do ano de 2019 pelo CPRM Logo escolheu-se os pontos de monitoramento

representados na Quadro 1

Quadro 1 Pontos de monitoramento da bacia do rio Paraopeba

COacuteDIGO ESTACcedilAtildeO FLUVIOMEacuteTRICA AacuteREA

(km2) LAT LONG

DIST DA

BARRAGEM

40740000 Alberto Flores 3945 - 200945 ‐0440938 1km a montante

40800001 Ponte Nova do Paraopeba 5680 -195657 ‐0441819 57 km

40850000 Ponte Taquaraacute 8720 -192523 ‐0443258 176 km

- Maacuterio Campos - -200311 -0441148 29 km

Fonte adaptado CPRM2019

A CPRM com a participaccedilatildeo de oacutergatildeos puacuteblicos promoveram os monitoramentos

diaacuterios de niacutevel vazatildeo descarga soacutelida e granulometria do material em suspensatildeo A

estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores situa-se a montante da confluecircncia com o Ribeiratildeo

Ferro Carvatildeo enquanto os demais pontos de monitoramento situam-se a jusante da

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

11

confluecircncia Essa escolha permitiu acompanhar por meio dos monitoramentos o avanccedilo da

pluma de rejeitos na bacia do rio Paraopeba

A Figura 2 mostra a localidade dos pontos de monitoramento ao longo do rio

Paraopeba

Figura 2 Pontos de monitoramento do rio Paraopeba

Fonte Adaptado CPRM2019

33 DADOS DE ESTUDO

O levantamento das caracteriacutesticas do rio agrave montante e a jusante do lanccedilamento em

conjunto com os dados do efluente lanccedilado satildeo fundamentais para o iniacutecio do estudo de

diagnoacutestico da qualidade da aacutegua do Rio Paraopeba A partir desses dados eacute possiacutevel com

base nos limites estabelecidos pela legislaccedilatildeo estabelecer avaliaccedilotildees Os dados

necessaacuterios ao estudo satildeo apresentados na Figura 3

Figura 3- Metodologia de levantamento de dados para o estudo da bacia do rio Paraopeba

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

12

Fonte Autoria proacutepria 2019

Logo considerando que a montante da confluecircncia com Ribeiratildeo Ferro Carvatildeo estaacute

situada a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores pertencente a RHN verifica-se que a

vazatildeo do rio obtida nesse ponto antes da ruptura eacute a Q710 (vazatildeo miacutenima com periacuteodo de

retorno de 10 anos e duraccedilatildeo de 7 dias consecutivos) de 124 m3s Considerando que a

jusante da ruptura da barragem de rejeitos estaacute a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Ponte Nova do

Paraopeba pertencente tambeacutem a RHN a vazatildeo obtida antes da ruptura eacute a Q710 de 154

m3s (CPRM 2019)

A vazatildeo contribui em larga escala para a morfologia e hidrografia do rio Em periacuteodos

de grande descarga (periacuteodo de cheia) natildeo haacute distinccedilatildeo entre aacutereas de remanso e de

correnteza havendo pouca retenccedilatildeo de aacutegua (EMBRAPA 2004)

Quanto ao levantamento de dados do rejeito sabe-se que o volume ocupado era de

117 m3 (VALE 2019) O relatoacuterio final da composiccedilatildeo do rejeito ainda natildeo foi divulgado

mas sabe-se que existe uma toxidade quiacutemica semelhante a composiccedilatildeo da lama do

rompimento da barragem de Mariana em 2015 (ESTADO DE MINAS 2019)

Aleacutem do monitoramento realizado pelo CPRM o IGAM (Instituto Mineiro de Gestatildeo das

Aacuteguas) composto de 8 pontos de monitoramento gerou dados de paracircmetros de qualidade

da aacutegua referentes a seacuterie histoacuterica entre os anos de 2000 a 2018 com o objetivo de

propiciar uma anaacutelise comparativa entre a qualidade da antes e apoacutes a ruptura da

barragem

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

13

Outra fonte de dados utilizada no presente trabalho dizem respeito as mediccedilotildees

realizadas pela equipe teacutecnica da Fundaccedilatildeo SOS Mata Atlacircntica que acompanhou o

deslocamento da onda de rejeitos sobre 305 km do rio Paraopeba do dia 31 de janeiro de

2019 ateacute o dia 9 de fevereiro do mesmo ano O impacto dos rejeitos sobre a qualidade da

aacutegua foi medido em 22 pontos de monitoramento de 2 formas sendo a partir de amostras

de superfiacutecie com mediccedilotildees realizadas a 30 cm da lacircmina drsquoagua e por coluna drsquoaacutegua a

partir de 2m de profundidade (SOS 2019)

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

O dano ambiental na bacia do rio Paraopeba ocorreu no periacuteodo da piracema que

teve iniacutecio em novembro e teve fim em fevereiro (SOS 2019) O volume de rejeitos lanccedilados

na regiatildeo principalmente a grande quantidade de soacutelidos em suspensatildeo deixou a aacutegua

com cor intensa e turbidez elevada A Tabela 3 apresenta os valores maacuteximos e miacutenimos

de 5 paracircmetros da qualidade da aacutegua obtidos pelo monitoramento das estaccedilotildees

fluviomeacutetricas e do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos pertencentes a RHN antes

e depois da ruptura da barragem de Coacuterrego do Feijatildeo

Tabela 3 Paracircmetros de qualidade da aacutegua antes e depois da ruptura da barragem de

Coacuterrego do Feijatildeo com base nos dados das mediccedilotildees da CPRM (2019)

QUALIDADE DA AacuteGUA DO RIO PARAOPEBA NOS PONTOS DE MONITORAMENTO

PARAcircMETROS

CONAMA

VALORES

ANTES DA RUPTURA seacuterie histoacuterica (2000 a 2018)

DEPOIS DA RUPTURA 2601 a 3103

Alberto Flores

Ponte Nova do

Paraopeba

Ponte Taquaraacute

Maacuterio Campos

Ponte Nova do

Paraopeba

Ponte Taquaraacute

Temperatura da aacutegua (Cdeg)

Maacutex

2650 2750 2690 3120 2970 3070

40

Miacuten 1510 1700 1700 2300 2370 2460

OD (mgL)

5 Maacutex

970 971 914 820 768 780

Miacuten

714 360 475 625 533 529

pH

60 - 90 Maacutex

823 823 814 782 737 766

Miacuten

607 607 675 608 661 652

Condutividade eleacutetrica (μscm)

- Maacutex

12810 16100 15690 12700 13070 13060

Miacuten

4380 2420 3650 2940 7370 4770

Turbidez (NTU)

100 Maacutex

76400 75000 38100 2103120 1326450 168190

Miacuten 440 210 290 36640 1970 1140

Fonte Autoria proacutepria 2019

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

14

Obs Todos os dados encontrados antes da ruptura satildeo compatiacuteveis com os registrados na

seacuterie histoacuterica de 2002 a 2018 das estaccedilotildees fluviomeacutetricas exceto os valores para turbidez de 2013

a 2018 (CPRM 2019)

De modo geral o rio Paraopeba encontra-se gravemente afetado entre 30 a 60 km

de distacircncia da barragem O aumento da temperatura apoacutes a ruptura da barragem eacute

justificado pelo lanccedilamento de despejos de rejeitos de mineraccedilatildeo na bacia do rio O ponto

de monitoramento de Maacuterio Campos apresentou a maior temperatura da aacutegua atingindo

um valor superior a 30degC Em geral agrave medida que a temperatura aumenta a taxa de

reaccedilotildees quiacutemicas e bioloacutegicas sofrem aumento (VON SPERLING 2000)

A variaccedilatildeo de temperatura eacute responsaacutevel por aumentar a taxa das reaccedilotildees quiacutemicas

e bioloacutegicas um dos principais fatores de controle direto da concentraccedilatildeo de OD na aacutegua

(EMBRAPA 2004) Com a elevaccedilatildeo da temperatura ocorre o aumento da taxa em que os

nutrientes aderidos aos soacutelidos suspensos satildeo convertidos em formas soluacuteveis

Poreacutem apoacutes a ruptura da barragem a faixa de concentraccedilatildeo de OD apresentou

queda em termos meacutedios de 806 para os 3 pontos de monitoramento apresentados na

Tabela 3 O valor miacutenimo obtido foi de 529 mgL na estaccedilatildeo fluviomeacutetrica da Ponte

Taquara Os valores estatildeo em conformidade com os limites previstos para os rios de classe

2 que segundo a Resoluccedilatildeo Conama 3572005 deve ser maior que 5 mgL

O mesmo aplica-se para os iacutendices de pH que em termos meacutedios apresentou queda

de 137 O pH possui efeito indireto sobre a precipitaccedilatildeo de elementos quiacutemicos toacutexicos

como os metais pesados (EMBRAPA 2004) Apesar dos iacutendices analisados estarem

compatiacuteveis com o limite de 6 a 9 para rios de Classe 2 os valores apoacutes a ruptura estatildeo na

faixa de 6 a 8 Para que ocorra a precipitaccedilatildeo quiacutemica de metais pesados o ideal eacute que o

pH do meio seja elevado ou seja superior a 70 (EMBRAPA 2004) Conforme o pH

aumenta ocorre o aumento da concentraccedilatildeo de complexos dos quais substituem as

moleacuteculas de aacutegua por ligantes inorgacircnicos Por sua vez estas estruturas ligantes por

serem maiores ou menos soluacuteveis dificultam o processo de troca iocircnica facilitando o

processo de precipitaccedilatildeo quiacutemica do metal (OUKI e KAVANNAGH 1999)

Apesar dos iacutendices de OD e do pH natildeo apresentarem desconformidade com os

limites da legislaccedilatildeo os valores de turbidez em todos os pontos de monitoramento apoacutes a

ruptura superaram o limite previsto de 100 NTU para rios de Classe 2 conforme a

Resoluccedilatildeo Conama 3572005 No ponto de monitoramento de Maacuterio Campos obteve-se

210 vezes o Limite Maacuteximo Permitido (LMP) de turbidez Ao comparar os dados antes e

apoacutes a ruptura tem-se que os valores antes ao rompimento tambeacutem superaram o limite

previsto

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

15

De acordo com o Informativo especial ldquoAvaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e

2018rdquo publicado pelo IGAM em 12 de fevereiro de 2019 avaliou-se o comportamento de

alguns paracircmetros de qualidade da aacutegua do rio Paraopeba Segundo a seacuterie histoacuterica da

bacia observa-se que em periacuteodos chuvosos a turbidez do rio ultrapassou 18 vezes o

limite legal permitido Isso indica que para o periacuteodo analisado sugere-se o aporte de soacutelido

de origem difusa na bacia ausecircncia de mata ciliar no entorno e a ocorrecircncia de processos

erosivos

A turbidez provoca nebulosidade ao rio reduzindo a passagem dos feixes de luz na

aacutegua Estaacute reduccedilatildeo daacute-se por absorccedilatildeo e espalhamento uma vez que as partiacuteculas que

provocam turbidez na aacutegua satildeo maiores que o comprimento de luz branca (VON

SPERLING 2000) Devido agrave presenccedila de soacutelidos de mateacuteria inorgacircnica em suspensatildeo

oriundos da lama de rejeitos que afetou o rio a turbidez reduz a fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo

aquaacutetica e influencia drasticamente nas comunidades aquaacuteticas conforme a Figura 4

Figura 4 Condiccedilatildeo do rio Paraopeba nos trechos iniciais ao rompimento da barragem

Fonte REUTERS 2019

Os soacutelidos da lama sedimentam-se no leito do rio podendo ateacute reter bacteacuterias e

resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (EMBRAPA 2004) Assim os

soacutelidos influenciam tambeacutem na demanda de OD Apesar do que foi verificado quanto aos

niacuteveis de OD pode-se inferir que a lama de rejeitos ainda natildeo se sedimentou totalmente no

leito do rio ao ponto de formar bancos de lodo Logo o OD eacute um paracircmetro que responde

lentamente agraves variaccedilotildees de carga de poluiccedilatildeo (CUNHA E FERREIRA 2019)

Aleacutem disso outro paracircmetro analisado eacute a condutividade eleacutetrica Embora natildeo

possua limite de legislaccedilatildeo sua anaacutelise permite verificar de forma indireta o comportamento

dos eletroacutelitos na aacutegua inclusive dos iacuteons de metal (IGAM 2019) Os valores para este

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

16

paracircmetro apoacutes a ruptura variam de 2940 a 13070 μscm Sendo que os valores antes e

apoacutes a ruptura apresentam pouca variaccedilatildeo

Ao analisar os paracircmetros antes e apoacutes a ruptura eacute possiacutevel calcular o IQA para cada

situaccedilatildeo Antes do rompimento da barragem o IQA obtido para a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de

Alberto Flores foi de 66 e apoacutes a ruptura o IQA obtido para o ponto de monitoramento de

Maacuterio Campos foi de 14 Ao analisar a classificaccedilatildeo de IQA do IGAM antes da ruptura o

IQA foi bom (70lt IQA le 90) ou seja a aacutegua apresentava condiccedilotildees apropriadas para o

tratamento convencional visando o abastecimento puacuteblico Apoacutes a ruptura o IQA eacute

considerado muito ruim (IQA le 25) ou seja a aacutegua eacute improacutepria para o tratamento

convencional sendo necessaacuterio tratamentos mais avanccedilados

Segundo o informativo especial de seacuterie histoacuterica de 2000 a 2018 do IGAM (2019)

citado anteriormente especialistas apontam a presenccedila de metais acima do que estipula a

legislaccedilatildeo ambiental para rios de Classe 2 A partir desse informativo e dos monitoramentos

obtidos pela SOS Mata Atlacircntica os teores de metais e de metais pesados analisados satildeo

da mesma magnitude ou inferiores aos teores maacuteximos encontrados As aacuteguas que

recebem efluentes contendo metais pesados apresentam ao fundo concentraccedilotildees elevadas

de sedimento (EMBRAPA 2004) Ao lanccedilar lamas insoluacuteveis contendo metais estas sofrem

transformaccedilotildees quiacutemicas sob a accedilatildeo bioloacutegica lanccedilando lentamente na corrente liacutequida

(EMBRAPA 2004)

A presenccedila de metais apoacutes a ruptura da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo eacute

apresentada na Tabela 4

Tabela 4 Valores meacutedios de concentraccedilatildeo de metais pesados apoacutes o rompimento da

barragem a partir dos monitoramentos da SOS Mata Atlacircntica

PRESENCcedilA DE METAIS NA AacuteGUA APOacuteS A RUPTURA

METAIS VALORES MEacuteDIOS (mgL) LIMITE MAacuteXIMO

PERMITIDO (mgL)

Ferro 6065 03

Cobre 357 0009

Manganecircs 2145 01

Cromo 1145 005

Fonte Autoria proacutepria 2019

A concentraccedilatildeo de metais verificada ao longo do curso do rio Paraopeba de acordo

com o LMP determinado pela resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 demonstra que toda a

extensatildeo do rio foi afetada criticamente Para todos os metais pesados analisados tem-se

concentraccedilotildees meacutedias acima do LMP Fatores como o pH temperatura e OD tambeacutem

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

17

influenciam na mobilidade e potencialidade toacutexica de vaacuterios metais (CARVALHO et al

2016) Em consequecircncia disso apoacutes o lanccedilamento de rejeitos na aacutegua estes paracircmetros

controlam os processos fiacutesicos- quiacutemicos de solubilidade dos metais sendo responsaacuteveis

por influenciar na concentraccedilatildeo e absorccedilatildeo pelos organismos

Contudo ao analisar a presenccedila de metais na aacutegua apoacutes a ruptura encontra-se

aproximadamente 202 vezes o LMP para o ferro e 2145 vezes o LMP para o manganecircs

Em concentraccedilotildees elevadas ambos os metais atribuem coloraccedilatildeo avermelhada sensaccedilatildeo

de adstringecircncia e sabor a aacutegua O ferro por exemplo aparece em aacuteguas subterracircneas

devido agrave dissoluccedilatildeo do mineacuterio devido a presenccedila do gaacutes carbocircnico da aacutegua Ao entrar em

contato com o ar oxida-se conferindo cor e sabor a aacutegua (CETESB 2018) Em alguns

casos altas concentraccedilotildees de ferro satildeo limitantes no crescimento de algas e outras plantas

(VON SPERLING 2000)

Outro iacutendice alarmante eacute a presenccedila de cobre aproximadamente 397 vezes o LMP

e a presenccedila de cromo 229 vezes o LMP Metais pesados como o cobre e cromo podem

causar diversos danos aos organismos podendo ficar disponiacuteveis na aacutegua ateacute serem

assimilados quimicamente ou biologicamente atraveacutes de associaccedilatildeo de estruturas

orgacircnicas (SOS 2019) Logo a presenccedila de quantidades elevadas de cobre na aacutegua pode

produzir vocircmitos sabor desagradaacutevel na aacutegua e uma extensa variedade de efeitos toacutexicos

Jaacute o cromo em condiccedilotildees elevadas pode causar problemas respiratoacuterios e modificaccedilotildees

hematoloacutegicas (VON SPERLING 2000)

5 CONCLUSAtildeO

O dano ambiental causado apoacutes o rompimento da Barragem do Complexo do

Coacuterrego do Feijatildeo tornou as aacuteguas do rio Paraopeba improacuteprias para o consumo pois

segundo os paracircmetros analisados temperatura turbidez e valores meacutedios de metais estatildeo

em desconformidade com os padrotildees da legislaccedilatildeo vigente exceto os paracircmetros OD pH

e condutividade eleacutetrica Aleacutem disso o IQA calculado apoacutes a ruptura da barragem eacute

classificado como muito ruim o que faz-se necessaacuterio o uso tratamentos mais avanccedilados

para o abastecimento puacuteblico

Verificou-se que o lanccedilamento de efluentes oriundos de rejeitos de mineacuterio no rio

deteriora a qualidade da aacutegua e possui consequecircncias prolongadas ao ecossistema

aquaacutetico Logo o impacto causado pelo volume de rejeitos eacute de difiacutecil anaacutelise pois ao

formarem misturas complexas de vaacuterios elementos quiacutemicos com a aacutegua tornam a

qualidade da aacutegua desse corpo drsquoaacutegua variaacutevel e de difiacutecil previsatildeo da capacidade de

autodepuraccedilatildeo

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

18

O principal problema ambiental do lanccedilamento de rejeitos na bacia do rio Paraopeba

foi o acuacutemulo dos rejeitos de mineacuterio na calha do rio gerando a necessidade de

monitoramento constante e de teacutecnicas de remediaccedilatildeo Apesar da bacia do rio Paraopeba

ter um histoacuterico de aumento dos niacuteveis de turbidez nos meses de cheia o impacto sobre

qualidade da aacutegua apoacutes o acontecimento eacute criacutetico comparado ao histoacuterico

Por enquanto o dimensionamento definitivo sobre o dano ambiental eacute imensuraacutevel

pois os resiacuteduos permaneceratildeo no ambiente por tempo indeterminado Deve se ter em

mente que o rio poderaacute se recuperar do impacto mas o ecossistema dificilmente voltaraacute agraves

condiccedilotildees de preacute-impacto Para isso eacute de suma importacircncia que medidas efetivas de

recuperaccedilatildeo ambiental sejam adotadas como por exemplo a remoccedilatildeo de parte dos

sedimentos depositados no leito do rio Portanto eacute fundamental que todos os oacutergatildeos

responsaacuteveis pela gestatildeo dos recursos hiacutedricos e pelas atividades mineraacuterias serem riacutegidos

quanto a este tipo de impacto e que cobrem com rigor medidas de recuperaccedilatildeo do recurso

hiacutedrico

6 RECOMENDACcedilOtildeES

Com base nas conclusotildees desta pesquisa e dos questionamentos que ainda podem

ser respondidos recomenda-se aplicar um modelo de qualidade da aacutegua que leve em

consideraccedilatildeo a presenccedila dos rejeitos de mineacuterio de ferro no leito do rio afim de entender

afundo a diversidade regional de problemas e soluccedilotildees concernentes para o rompimento

de barragens

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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

21

MORAES D S L JORDAtildeO B Q Degradaccedilatildeo de recursos hiacutedricos e seus efeitos sobre a sauacutede humana Revista Sauacutede Puacuteblica Satildeo Paulo v 36 ndeg3 p 2-5 mar 2002DOI http dxdoiorg101590S0034-89102002000300018Disponiacutevel em http wwwscielobr scielophp pid=S0034-89102002000300018ampscript=sci_abstractamptlng=pt Acesso em 1 nov 2019 Ouki S K Kavannagh M Treatment of metals-contaminated wastewaters by use of natural zeolites Water Sci Technol v39 ndeg 1011 p 115-122 mai 1999 DOI httpsdoiorg101016S0273-1223(99)00260-7Disponiacutevel em https www sciencedirect com science articleabspiiS0273122399002607 Acesso em 03 nov 2019 REUTERS Situaccedilatildeo do Rio Paraopeba dias apoacutes ruptura da barragem sd Fotografia Disponiacutevel em httpsbrreuterscomarticletopNewsidBRKCN1PJ1V0-OBRTP Acesso em 2 nov 2019 RICO M et al Reported tailings dam failures a review of the European incidents in the worldwide context Journal of Hazardous Materials Espanha v4 n 23 p 846-852 winter 2008 SALOMONS W FORSTNER U Heavy metals- problems and solutions Berlin Springer Verlag 1995 SAMPAIO A C S Metais pesados na aacutegua e sedimentos dos rios da Bacia do Alto Paraguai Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Curso de Saneamento Ambiental e Recursos Hiacutedricos Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Campo Grande 2003 SOS MATA ATLAcircNTICA Observando os Rios O retrato da qualidade da aacutegua na bacia do rio Paraopeba apoacutes o rompimento da barragem Coacuterrego do Feijatildeo- Minas Gerais2019 Disponiacutevel emlthttpswwwsosmaorgbrwp-contentuploads201902SOSMA_ExpedicaoParaopeba_ Relatorio pdf gt Acesso em 25 mar 2019 VALE- Instituto Tecnoloacutegico Vale Tecnologia de Barragens e Disposiccedilatildeo de Rejeitos 2019 Disponiacutevel em httpwwwitvorglinha-de-pesquisatecnologia-de-barragens-e-disposicao-de-rejeitos Acesso em 17 ago 2019 VON SPERLING M Introduccedilatildeo agrave qualidade das aacuteguas e ao tratamento de esgotos 2 Ed Belo Horizonte UFMG 2000 26-246p VON SPERLING M Introduccedilatildeo agrave qualidade das aacuteguas e ao tratamento de esgotos 4 Ed Belo Horizonte UFMG 2014 248p

Page 2: DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO DO RIO PARAOPEBA ...repositorio.ufgd.edu.br/.../2337/1/IzabellyCapilleBeloto.pdfSendo um parâmetro importante para a avaliação da qualidade de um corpo

Izabelly Capilleacute Beloto

DIAGNOacuteSTICO DA SITUACcedilAtildeO DO RIO PARAOPEBA APOacuteS LANCcedilAMENTO DE

REJEITOS DE MINERACcedilAtildeO

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado agrave

Faculdade de Engenharia da Universidade

Federal da Grande Dourados como requisito

para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de bacharel em

Engenharia Civil

Orientaccedilatildeo Profordf Drordf Locircide Angelini Sobrinha

DOURADOS

2019

DIAGNOacuteSTICO DA SITUACcedilAtildeO DO RIO PARAOPEBA APOacuteS LANCcedilAMENTO DE REJEITOS DE MINERCcedilAtildeO

Izabelly Capilleacute Beloto1 Locircide Angelini Sobrinha2

izabellybeloto19gmailcom1 loidesobrinhaufgdedubr2

RESUMO ndash Este trabalho apresenta um breve diagnoacutestico da situaccedilatildeo do Rio Paraopeba apoacutes o rompimento da barragem de rejeitos de mineacuterio do Coacuterrego do Feijatildeo em 25012019 Os dados de monitoramento utilizados para compor este diagnoacutestico foram obtidos do conjunto dos documentos do Instituto Mineiro de Gestatildeo das Aacuteguas Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais e SOS Mata Atlacircntica Analisou-se 5 paracircmetros de qualidade da aacutegua temperatura pH condutividade eleacutetrica oxigecircnio dissolvido e turbidez aleacutem da concentraccedilatildeo de metais na aacutegua A anaacutelise final dos dados obtidos demonstrou que as aacuteguas da Bacia do Rio Paraopeba encontram-se inapropriadas para o uso principalmente pelos altos niacuteveis de turbidez no periacuteodo de cheia Apesar dos niacuteveis de OD natildeo apresentarem desconformidade com os limites previstos pela legislaccedilatildeo este paracircmetro responde lentamente agraves cargas poluidoras Contudo a presenccedila de sedimentos e metais no leito do rio altera as condiccedilotildees baacutesicas de fluxo do rio responsaacuteveis pelos processos ecossistecircmicos Palavras-chave Qualidade da aacutegua rejeitos de mineraccedilatildeo Bacia do rio Paraopeba ABSTRACT ndash This paper presentes a brief diagnosis of the Paraopeba River situation after the rupture of the Feijatildeo Stream ore tailings dam on 01252019 The monitoring data used to composse this diagnosis were obtained from the set of documents from Mining Institute of water management Mineral Resources Research Company and SOS Mata Atlantica Five water quality parameters were analyzed temperature pH eletrical conductivity dissolved oxygen and turbidity as well as the concentration of metals in the water The final analysis of obtained data showed that the waters of the Paraopeba river basin are inappropriate for use especially due to the high levels of turbidity in the flood period Although the DO levels do not conform to the legal limits this parameter responds slowly to the polluting load However the presence of sediments and metals in the riverbed alters the basic conditions of river flow responsible for ecosystem processes Keywords Water quality mining tailings Paraopeba River Basin

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

2

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ao longo dos uacuteltimos 5 mil anos as barragens tecircm sido estruturas utilizadas para

suprir a necessidade de aacutegua para consumo humano (CBDB 2013) As barragens

permitiam a coleta e o armazenamento de aacutegua em periacuteodos de estiagem Aleacutem de

promover o armazenamento de aacutegua para a populaccedilatildeo (CBDB 2013) pode ser destinada

para outras finalidades tais como contenccedilatildeo de rejeitos de mineraccedilatildeo energia hidreleacutetrica

navegaccedilatildeo e irrigaccedilatildeo

Etimologicamente o termo barragem proveacutem da palavra francesa barrage do seacuteculo

XII que significa ldquotravessa tranca de fechar a portardquo (CBDB 2013) As barragens podem

ser definidas como construccedilotildees que possuem o objetivo de conter e regular o curso drsquoaacutegua

liacutequidos detritos e rejeitos afim de formar um reservatoacuterio para armazenamento ou

controle Pelo fato de formarem reservatoacuterios essas construccedilotildees podem gerar danos

extremos caso sejam mal executadas e natildeo apresentem fiscalizaccedilatildeo adequada (LACAZ

PORTO e PINHEIRO 2017)

Segundo o Relatoacuterio de Seguranccedila de Barragens (ANA 2018) contenccedilatildeo de rejeitos

de mineraccedilatildeo eacute o principal uso das barragens no Brasil A mineraccedilatildeo oferece importantes

contribuiccedilotildees poliacuteticas econocircmicas e sociais para o paiacutes (MACHADO 2007) Poreacutem

oferecem risco iminente para o meio ambiente principalmente na contaminaccedilatildeo da aacutegua

Por essa razatildeo eacute de suma relevacircncia o estudo do impacto causado sobre os recursos

hiacutedricos devido ao rompimento de barragens de contenccedilatildeo de rejeitos no Brasil

O rompimento de barragens eacute considerado reincidente na histoacuteria da humanidade

(ESDHC 2015) Desde os anos 2000 pesquisadores e movimentos sociais alertam para

os possiacuteveis impactos ambientais que o aumento do extrativismo mineral pode causar

(MILANEZ et al 2015) Com o crescimento exponencial da produccedilatildeo de mineacuterio entre os

anos de 2003 e 2013 o Brasil tornou-se o segundo paiacutes que mais exportou mineacuterio

(MILANEZ et al 2015) Em 2011 o preccedilo do mineacuterio entrou em decliacutenio o que resultou no

aumento da produccedilatildeo e queda nos custos Conduta esta que apesar de outras

circunstacircncias econocircmicas resultou no aumento do rompimento de barragens (MILANEZ

et al 2015)

De acordo com a organizaccedilatildeo World Information Service on Energy (Wise)

aconteceram no mundo ao longo dos uacuteltimos 50 anos pelo menos 37 desastres de

barragens de mineraccedilatildeo considerados graves (apud FREITAS SILVA e MENEZES 2016)

Nos uacuteltimos 15 anos o estado de Minas Gerais presenciou 6 rompimentos de barragens de

mineacuterio de ferro sendo o rompimento da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo (Brumadinho MG)

o uacuteltimo desastre ocorrido

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

3

O rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Vale no complexo mineraacuterio

do Coacuterrego do Feijatildeo (Brumadinho MG) despejou 12 toneladas de rejeitos de mineacuterio no

Rio Paraopeba no dia 25 de janeiro de 2019 (G1 MINAS 2019) O Rio Paraopeba era

responsaacutevel por 43 do abastecimento puacuteblico da regiatildeo de Belo Horizonte (COPASA

2019) Apoacutes o acontecimento o Rio perdeu a condiccedilatildeo de importante manancial de

abastecimento puacuteblico e a aacuterea atingida foi drasticamente devastada (SOS 2019)

O Rio Paraopeba eacute um dos afluentes do Rio Satildeo Francisco Pressupotildeem-se que

toda a lama ldquodiluardquo antes de chegar ao rio Satildeo Francisco (MINAS 2019) Logo faz-se

necessaacuterio estudos que confirmem tal suposiccedilatildeo

Alguns trabalhos sobre a anaacutelise do rompimento de barragens de rejeito de

mineraccedilatildeo jaacute foram feitos pelo mundo (BROWN 2012 ESDHC 2015) Contudo no geral

eles retratam apenas os motivos da ocorrecircncia de um rompimento e natildeo o impacto causado

pelo rompimento (AZAM 2010 RICO et al 2008)

Em virtude disso o objetivo do presente trabalho foi a anaacutelise da qualidade da aacutegua

do rio Paraopeba apoacutes o lanccedilamento de rejeitos de mineraccedilatildeo decorrente do rompimento

da Barragem Coacuterrego do Feijatildeo em Brumadinho em Minas Gerais

2 REFERENCIAL BIBLIOGRAacuteFICO

21 QUALIDADE DA AacuteGUA E IMPACTOS DO LANCcedilAMENTO DE EFLUENTES

O equiliacutebrio do ecossistema aquaacutetico possui forte contribuiccedilatildeo para a qualidade da

aacutegua pois determina agraves condiccedilotildees ideais para a reproduccedilatildeo dos organismos aquaacuteticos e

de toda a teia troacutefica da bacia (BRAGA et al 2005) A qualidade da aacutegua eacute resultante de

fenocircmenos naturais e da accedilatildeo do homem no ambiente (VON SPERLING 2000) Nesse

contexto a correta identificaccedilatildeo dos efeitos das accedilotildees antropogecircnicas sobre os sistemas

bioloacutegicos eacute fundamental principalmente para distinguir as variaccedilotildees naturais que ocorrem

durante as estaccedilotildees do ano das alteraccedilotildees provocadas pelo homem (CAIRNS et al 1993)

Logo a qualidade da aacutegua eacute determinada atraveacutes do Iacutendice de Qualidade das Aacuteguas

(IQA) que permite levar em consideraccedilatildeo o uso deste recurso a partir de um caacutelculo feito

da mediccedilatildeo de paracircmetros bioloacutegicos e fiacutesico-quiacutemicos tais como Oxigecircnio Dissolvido

(OD) Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) potencial hidrogeniocircnico (pH)

concentraccedilatildeo de nutrientes e coliformes totais (CT) (EMBRAPA 2014)

O IQA eacute calculado conforme a seguinte expressatildeo

(21)

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

4

Onde o IQA eacute o Iacutendice de Qualidade de Aacuteguas qi eacute o valor do paracircmetro wi eacute o

peso atribuiacutedo a cada paracircmetro e n eacute o nuacutemero de paracircmetros a serem avaliados

Ao analisar paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos observa-se as seguintes caracteriacutesticas

baacutesicas temperatura turbidez soacutelidos totais pH e OD A temperatura superficial pode ser

influenciada por fatores locais tais como a altitude latitude e profundidade (CETESB

2018) Pelo fato de desempenhar um papel crucial no meio aquaacutetico a temperatura eacute

responsaacutevel pela influecircncia das variaacuteveis fiacutesico-quiacutemicos (CETESB 2018) Aleacutem disso em

conjunto com a pressatildeo satildeo os dois principais fatores que controlam diretamente a

concentraccedilatildeo de OD (EMBRAPA 2014)

Outro fator importante eacute a turbidez que eacute o grau de atenuaccedilatildeo de intensidade da luz

devido a presenccedila dos soacutelidos em suspensatildeo tais como partiacuteculas inorgacircnicas (CETESB

2018) Ao analisar as consequecircncias da atividade mineraacuteria em que o aumento da turbidez

eacute excessivo tem-se a reduccedilatildeo da fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo suprimindo a produtividade

dos peixes Segundo Abdel-Baki et al (2011) os peixes podem ser utilizados como

organismos indicadores de qualidade ambiental principalmente quando a turbidez eacute

causada por metais pesados

Quanto aos soacutelidos estes satildeo classificados em soacutelidos volaacuteteis (mateacuteria orgacircnica) e

soacutelidos fixos (mateacuteria inorgacircnica) Ambos podem causar danos aos peixes e a vida aquaacutetica

em geral Ao se sedimentar no leito dos rios danificam a desova dos peixes e os

organismos que oferecem alimento Aleacutem disso os soacutelidos podem reter bacteacuterias e

resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (CETESB 2018)

Ao analisar paracircmetros quiacutemicos tem-se principalmente as seguintes caracteriacutesticas

de estudo pH OD nitrogecircnio e foacutesforo O pH por estar presente no equiliacutebrio quiacutemico

ocorre naturalmente ou em processos de tratamento de aacutegua Por sua vez eacute um paracircmetro

importante no saneamento ambiental pois em determinadas condiccedilotildees atua na

precipitaccedilatildeo quiacutemica (VON SPERLING 2014) Contudo o OD eacute um dos constituintes mais

importantes dos recursos hiacutedricos por estar diretamente relacionado com os tipos de

organismos que sobrevivem em um corpo drsquoaacutegua (BRAGA et al 2005) Presentes na aacutegua

sob vaacuterias formas o nitrogecircnio e o foacutesforo causam o processo de eutrofizaccedilatildeo quando

encontram-se dissolvidos em excesso no meio (VON SPERLING 2014)

Por fim os paracircmetros bioloacutegicos dizem respeito a quantidade e a diversidade de

espeacutecies presentes no meio aquaacutetico que variam conforme a transparecircncia da aacutegua

nutrientes disponiacuteveis e fatores fiacutesicos (BRAGA et al 2005) Os microrganismos

constituintes dos coliformes totais (CT) desempenham diversas funccedilotildees importantes ao

analisar este paracircmetro sendo responsaacuteveis pela transformaccedilatildeo da mateacuteria dentro dos

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

5

ciclos biogeoquiacutemicos e um importante indicador da de presenccedila de microrganismos

patogecircnicos na aacutegua (VON SPERLING 2000)

22 INTERACcedilOtildeES BIOLOacuteGICAS NO MEIO AQUAacuteTICO

Segundo Braga et al (2002) a poluiccedilatildeo da aacutegua eacute a alteraccedilatildeo das caracteriacutesticas

devido as accedilotildees e interferecircncias de origem natural ou humana Essas alteraccedilotildees satildeo

responsaacuteveis por criar impactos ecoloacutegicos esteacuteticos e fisioloacutegicos Poreacutem somente

alteraccedilotildees esteacuteticas natildeo podem ser levadas em consideraccedilatildeo pois eacute a partir do estudo do

corpo receptor com o uso de ferramentas teacutecnicas especiacuteficas que eacute possiacutevel quantificar

e qualificar tal alteraccedilatildeo

Para compreender as interaccedilotildees bioloacutegicas no meio aquaacutetico tem-se que a

concentraccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido (OD) na aacutegua ocorre em funccedilatildeo das caracteriacutesticas do

despejo do corpo drsquoaacutegua e da produccedilatildeo de oxigecircnio Dentre tantas variaacuteveis as

caracteriacutesticas do despejo estatildeo fortemente associadas com o consumo de OD do meio

sendo considerado a facilidade de biodegradaccedilatildeo a quantidade de poluente despejado e

a vazatildeo despejada (BRAGA et al 2002)

As caracteriacutesticas do corpo drsquoaacutegua determinam tambeacutem com que facilidade as

cargas poluidoras seratildeo misturadas ao meio entrando em questatildeo a velocidade do fluido

a geometria do escoamento e a intensidade de difusatildeo Por fim a produccedilatildeo de oxigecircnio eacute

uma das variaacuteveis mais relevantes pois a atividade fotossinteacutetica (produccedilatildeo endoacutegena) e

a reaeraccedilatildeo (produccedilatildeo exoacutegena) consiste no ciclo de passagem do oxigecircnio atmosfeacuterico

para o meio aquaacutetico (VON SPERLING 2014)

Sendo um paracircmetro importante para a avaliaccedilatildeo da qualidade de um corpo drsquoaacutegua

a concentraccedilatildeo de OD permite indicar a condiccedilatildeo do corpo receptor ao lanccedilamento de

cargas pontuais ou difusas (CETESB 2018) Baixos niacuteveis de OD geram altos niacuteveis de

Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO5) e vice-versa Em outras palavras a DBO5 eacute

correspondente ao oxigecircnio consumido pelos organismos decompositores aeroacutebios para

que seja feita a completa decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica lanccedilada na aacutegua considerado

um indicador de qualidade da aacutegua (BRAGA et al 2002)

O consumo de OD deve-se a respiraccedilatildeo principalmente das bacteacuterias heterotroacuteficas

aeroacutebias resultando na equaccedilatildeo simplificada de estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica

119872119874 + 1198742 + 119887119886119888119905eacute119903119894119886119904 rarr 1198621198742 +1198672119874 + 119887119886119888119905eacute119903119894119886119904 + 119890119899119890119903119892119894119886 (22)

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

6

Na presenccedila de oxigecircnio as bacteacuterias convertem a mateacuteria orgacircnica (MO) em

compostos simples e estaacuteveis Enquanto houver alimento e oxigecircnio disponiacutevel as

bacteacuterias tendem a crescer e se reproduzir no meio sendo que o consumo da MO e do OD

pelas bacteacuterias resulta em compostos como o gaacutes carbocircnico aacutegua e energia conforme

Equaccedilatildeo 11 Pelo fato da mateacuteria orgacircnica ter sido convertida em gaacutes carbocircnico a reaccedilatildeo

acima pode ser chamada de reaccedilatildeo de oxidaccedilatildeo (VON SPERLING 2014)

Apoacutes concluiacuterem a etapa de oxidaccedilatildeo os organismos decompositores estabilizam

ou mineralizam a MO Poreacutem a mateacuteria orgacircnica que se sedimentou forma o chamado

lodo de fundo que tambeacutem necessita ser convertido Em virtude da dificuldade de

penetraccedilatildeo do oxigecircnio na camada de lodo grande parte da conversatildeo da mateacuteria orgacircnica

ocorre sob condiccedilotildees anaeroacutebicas No entanto a camada superior de lodo ainda possui

acesso ao oxigecircnio da massa liacutequida sobrenadante o que resulta na remoccedilatildeo de DBO e

no consumo de oxigecircnio (VON SPERLING 2014) Logo esse processo recebe o nome de

demanda bentocircnica ou demanda de oxigecircnio pelo sedimento onde alguns subprodutos

parciais da decomposiccedilatildeo anaeroacutebia dissolvem-se e difundem-se exercendo demanda de

oxigecircnio (VON SPERLING 2014)

A sedimentaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode implicar na diminuiccedilatildeo da DBO da massa

liacutequida mas com a ressuspensatildeo da massa decantada devido turbulecircncias ou altas

velocidades de escoamento ocorre o inverso (ANDRADE 2010) Com isso tem-se o

chamado revolvimento da camada de lodo

22 REJEITOS DE MINERACcedilAtildeO

Segundo Arauacutejo (2006) e Machado (2007) os rejeitos satildeo partiacuteculas resultantes de

processos de beneficiamento dos mineacuterios visando extrair os elementos de interesse

econocircmico de forma que seu descarte natildeo comprometa o meio ambiente Sua constituiccedilatildeo

eacute definida pela presenccedila de soacutelidos e uma fraccedilatildeo liacutequida com concentraccedilatildeo de 30 a 50

em peso (ARAUacuteJO 2006) Assim os rejeitos podem variar de materiais arenosos natildeo

plaacutesticos sendo os rejeitos granulares ateacute solos com alta plasticidade e granulometria mais

fina como as lamas (VALE 2019)

Nesse contexto os rejeitos de mineacuterio de ferro satildeo formados por partiacuteculas ultrafinas

contendo Ferro Alumina Foacutesforo e Siacutelica sendo classificados de acordo com a

granulometria (VALE 2019) Poreacutem a mineraccedilatildeo eacute uma das atividades que tambeacutem libera

metais potencialmente toacutexicos pois consiste em uma atividade que rompe com o equiliacutebrio

geoquiacutemico natural (SALOMONS 1995)

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

7

Os metais pesados conferem elevada resistecircncia agrave degradaccedilatildeo quiacutemica fiacutesica e

bioloacutegica possibilitando a persistecircncia por longos periacuteodos de tempo no meio aquaacutetico

(MORAES JORDAtildeO 2002) Logo ao persistir no ambiente aquaacutetico os metais pesados

causam forte impacto na estabilidade dos ecossistemas provocando efeitos adversos nos

seres humanos aleacutem de causar a mortalidade de peixes e das comunidades bentocircnicas

perifiacuteticas planctocircnica nectocircnica e de seres fotossintetizantes (MORAES JORDAtildeO 2002

SAMPAIO 2003)

Por ser altamente reativos e apresentar facilidade ao se ligar a outros elementos

quiacutemicos os metais pesados natildeo encontram-se independentes no meio aquaacutetico Nesse

contexto a poluiccedilatildeo gerada pelos metais pesados possui forte contribuiccedilatildeo dos sedimentos

de fundo Ao refletir na quantidade disponiacutevel no ambiente tambeacutem satildeo usados para

detectar a presenccedila de contaminantes que natildeo permanecem soluacuteveis Assim as

propriedades de acuacutemulo de sedimentos aliadas aos metais pesados disponiacuteveis satildeo de

extrema importacircncia para qualificar os efeitos da contaminaccedilatildeo em estudos de impacto

ambiental (SAMPAIO 2003)

24 LEGISLACcedilAtildeO CONAMA 357 E 430

Os padrotildees de qualidade da aacutegua demonstram de forma generalizada e conceitual

a propriedade desejada a este recurso Logo objetivando a proteccedilatildeo ambiental e a sauacutede

puacuteblica as resoluccedilotildees do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) 357 e 430

estabelecem padrotildees de lanccedilamento e qualidade do corpo receptor

A resoluccedilatildeo CONAMA ndeg 430 de 13 de maio de 2011 dispotildeem sobre paracircmetros

padrotildees condiccedilotildees e diretrizes para a gestatildeo de efluentes lanccedilados nos corpos drsquoaacutegua

(BRASIL 2011) Esta resoluccedilatildeo complementa e altera a resoluccedilatildeo CONAMA ndeg 357 de 17

de marccedilo de 2005 que dispotildeem as diretrizes e classificaccedilotildees ambientais para o

enquadramento das aacuteguas superficiais (CERON 2012)

Atualmente a Resoluccedilatildeo ndeg35705 do CONAMA extinta Resoluccedilatildeo CONAMA nordm

02086 define o niacutevel de qualidade a ser alcanccedilado e mantido por uma bacia Nos limites

para os paracircmetros fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos o Rio Paraopeba que foi estudado no

presente trabalho possui enquadramento classe 2 segundo a norma Assim segundo a

norma as aacuteguas do rio Paraopeba satildeo destinadas para abastecimento humano (apoacutes

tratamento convencional) proteccedilatildeo de comunidades aquaacuteticas recreaccedilatildeo de contato

primaacuterio (segundo Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg274 de 2000) irrigaccedilatildeo aquicultura e pesca

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

8

Poreacutem a classificaccedilatildeo dos paracircmetros de qualidade para os rios de Classe 2 eacute o

mesmo adotado para rios de Classe 1 Os respectivos valores de paracircmetros de qualidade

constam na Tabela 1 onde para o pH os valores apresentados correspondem aos limites

inferiores e superiores da faixa de referecircncia Para OD e DBO o valor apresentado

corresponde ao valor miacutenimo de referecircncia estabelecido para o paracircmetro

Tabela 1- Paracircmetros de qualidade da aacutegua conforme Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg35705 para rios de Classe 2

PARAcircMETRO UNIDADE VALOR

pH - 60 - 90

Turbidez NTU 100

Oxigecircnio dissolvido (OD)

Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio (DBO)

mg L-1 5

5

Fonte adaptado CONAMA 2005

Para o lanccedilamento de efluentes a temperatura maacutexima para corpos drsquoaacutegua eacute de

40degC A legislaccedilatildeo apresenta normatizaccedilatildeo restrita agraves aacuteguas de efluentes devido agrave alta

sazonalidade anual e diaacuteria no ambiente natural (MAIA 2017) Os efluentes atendem

condiccedilotildees especiacuteficas Aleacutem dos paracircmetros apresentados anteriormente a Resoluccedilatildeo

ndeg43011 apresenta limites maacuteximos para elementos quiacutemicos dissolvidos na aacutegua

conforme a Tabela 2

Tabela 2- Concentraccedilotildees maacuteximas de alguns elementos quiacutemicos conforme Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg43011 para rios de Classe 2

ELEMENTO QUIacuteMICO VALOR MAacuteXIMO (microgl)

Ferro (Fe) 300

Manganecircs (Mn) 100

Cromo (Cr) 50

Cobre (Cu) 9

Fonte adaptado CONAMA 2011 3 METODOLOGIA

A metodologia desenvolvida por esta pesquisa baseia-se na utilizaccedilatildeo de dados de

pesquisas exploratoacuterias e bibliograacuteficas sobre a qualidade da aacutegua do rio Paraopeba a

montante e a jusante do lanccedilamento do rejeito de mineraccedilatildeo ocorrido em funccedilatildeo do

rompimento da Barragem da Mina Coacuterrego do Feijatildeo em Minas Gerais

A partir da aacuterea de estudo delimitada proacutexima as estaccedilotildees fluviomeacutetricas do Rio

Paraopeba e dos paracircmetros fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos obtidos pelas anaacutelises

119898119892 119871minus1

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

9

apresentadas pela Rede Hidrometeroloacutegica Nacional (RHN) operada pela Companhia de

Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM) foram feitas avaliaccedilotildees e o diagnoacutestico da

situaccedilatildeo das aacuteguas do Rio Paraopeba de acordo com legislaccedilatildeo ambiental vigente

(CONAMA)

A escolha das estaccedilotildees fluviomeacutetricas de Alberto Flores- 40740000 Ponte Nova do

Paraopeba- 40800001 e Ponte da Taquara- 40850000 da RHN foram fundamentais para a

pesquisa deste trabalho A RHN disponibilizou dados de niacutevel e de vazatildeo diaacuterios As vazotildees

diaacuterias eram obtidas atraveacutes de mediccedilotildees feitas com o uso de molinetes equipamentos

acuacutesticos (SONTEK M9 e RDI RiverRay) e curvas chaves Estabelecidas a partir de

mediccedilotildees de vazatildeo realizadas 3 a 4 vezes por ano durante as visitas de inspeccedilatildeo realizadas

pelo CPRM Aleacutem disso a partir destas mediccedilotildees eram feitas anaacutelises de 5 paracircmetros de

qualidade da aacutegua temperatura da aacutegua do rio pH do meio oxigecircnio dissolvido turbidez e

condutividade eleacutetrica Estas anaacutelises eram feitas in loco pela equipe do CPRM com o uso

de sonda multiparameacutetrica YSI EXO1 e Hydrolab MS5

Apesar do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos ser o uacutenico dentre os

escolhidos que natildeo era uma estaccedilatildeo fluviomeacutetrica antes da ruptura da barragem este ponto

atua na realizaccedilatildeo de mediccedilotildees de descarga liacutequida e soacutelida pelo CPRM As mediccedilotildees de

descarga soacutelida em suspensatildeo eram obtidas a partir da coleta de amostras 2D (2

dimensotildees) pela equipe do CPRM Utilizou-se amostradores tipo USBM-54 e Van Veen

para a determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de sedimentos permitindo o acompanhamento do

avanccedilo do rejeito ao longo da bacia

31 AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de estudo corresponde a bacia do Rio Paraopeba localizada na regiatildeo central

de Minas Gerais e que possui uma aacuterea de 12054 km2 (25 da aacuterea total de MG) e 510

km de extensatildeo do curso principal (IGAM 2013) O rio abrange cerca de 48 municiacutepios

sendo 35 municiacutepios sedes na bacia (CBHSF 2019) Possui sua nascente localizada ao

sul no municiacutepio de Cristiano Otoni e sua foz na represa de Trecircs Marias no municiacutepio de

Felixlacircndia em Minas Gerais (CBHSF 2019) Aleacutem disso o rio eacute responsaacutevel por 43 do

abastecimento puacuteblico da regiatildeo metropolitana de Belo Horizonte (COPASA 2019)

A bacia do Rio Paraopeba possui aacuterea de drenagem de 13640 km2 sendo que a

montante do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo local onde houve a ruptura da barragem possui aacuterea

de drenagem em torno de 4000 km2 (CPRM 2019) Afluente pela margem direita do rio

Paraopeba o ribeiratildeo Ferro Carvatildeo possui bacia de aacuterea 328 km2 e vazatildeo em torno de 600

Ls obtida por regionalizaccedilatildeo de vazotildees (CPRM 2019)

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

10

Segundo a Vale os rejeitos dispostos na barragem de alteamento agrave montante

ocupavam um volume de aproximadamente 117 milhotildees de m3 A barragem atingiu sua

elevaccedilatildeo maacutexima em meados de 2013 e deixou de receber rejeitos em 2016 A CPRM com

a utilizaccedilatildeo de imagens de sateacutelite delimitou que a aacuterea atingida foi de 31 km2 pelo rejeito

na bacia do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo A Figura 1 mostra a aacuterea atingida pela ruptura da

barragem deixando o ribeiratildeo e todo o entorno da aacuterea devastados

Figura 1 Aacuterea da barragem da Mina do Ribeiratildeo do Feijatildeo apoacutes a ruptura da barragem B1

Fonte Google Earth 2019

32 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS REDES DE MONITORAMENTO DA CPRM

As estaccedilotildees fluviomeacutetricas escolhidas para o presente trabalho foram definidas com

base no estudo e monitoramento do Rio Paraopeba realizados no periacuteodo de 2601 ateacute

3103 do ano de 2019 pelo CPRM Logo escolheu-se os pontos de monitoramento

representados na Quadro 1

Quadro 1 Pontos de monitoramento da bacia do rio Paraopeba

COacuteDIGO ESTACcedilAtildeO FLUVIOMEacuteTRICA AacuteREA

(km2) LAT LONG

DIST DA

BARRAGEM

40740000 Alberto Flores 3945 - 200945 ‐0440938 1km a montante

40800001 Ponte Nova do Paraopeba 5680 -195657 ‐0441819 57 km

40850000 Ponte Taquaraacute 8720 -192523 ‐0443258 176 km

- Maacuterio Campos - -200311 -0441148 29 km

Fonte adaptado CPRM2019

A CPRM com a participaccedilatildeo de oacutergatildeos puacuteblicos promoveram os monitoramentos

diaacuterios de niacutevel vazatildeo descarga soacutelida e granulometria do material em suspensatildeo A

estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores situa-se a montante da confluecircncia com o Ribeiratildeo

Ferro Carvatildeo enquanto os demais pontos de monitoramento situam-se a jusante da

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

11

confluecircncia Essa escolha permitiu acompanhar por meio dos monitoramentos o avanccedilo da

pluma de rejeitos na bacia do rio Paraopeba

A Figura 2 mostra a localidade dos pontos de monitoramento ao longo do rio

Paraopeba

Figura 2 Pontos de monitoramento do rio Paraopeba

Fonte Adaptado CPRM2019

33 DADOS DE ESTUDO

O levantamento das caracteriacutesticas do rio agrave montante e a jusante do lanccedilamento em

conjunto com os dados do efluente lanccedilado satildeo fundamentais para o iniacutecio do estudo de

diagnoacutestico da qualidade da aacutegua do Rio Paraopeba A partir desses dados eacute possiacutevel com

base nos limites estabelecidos pela legislaccedilatildeo estabelecer avaliaccedilotildees Os dados

necessaacuterios ao estudo satildeo apresentados na Figura 3

Figura 3- Metodologia de levantamento de dados para o estudo da bacia do rio Paraopeba

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

12

Fonte Autoria proacutepria 2019

Logo considerando que a montante da confluecircncia com Ribeiratildeo Ferro Carvatildeo estaacute

situada a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores pertencente a RHN verifica-se que a

vazatildeo do rio obtida nesse ponto antes da ruptura eacute a Q710 (vazatildeo miacutenima com periacuteodo de

retorno de 10 anos e duraccedilatildeo de 7 dias consecutivos) de 124 m3s Considerando que a

jusante da ruptura da barragem de rejeitos estaacute a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Ponte Nova do

Paraopeba pertencente tambeacutem a RHN a vazatildeo obtida antes da ruptura eacute a Q710 de 154

m3s (CPRM 2019)

A vazatildeo contribui em larga escala para a morfologia e hidrografia do rio Em periacuteodos

de grande descarga (periacuteodo de cheia) natildeo haacute distinccedilatildeo entre aacutereas de remanso e de

correnteza havendo pouca retenccedilatildeo de aacutegua (EMBRAPA 2004)

Quanto ao levantamento de dados do rejeito sabe-se que o volume ocupado era de

117 m3 (VALE 2019) O relatoacuterio final da composiccedilatildeo do rejeito ainda natildeo foi divulgado

mas sabe-se que existe uma toxidade quiacutemica semelhante a composiccedilatildeo da lama do

rompimento da barragem de Mariana em 2015 (ESTADO DE MINAS 2019)

Aleacutem do monitoramento realizado pelo CPRM o IGAM (Instituto Mineiro de Gestatildeo das

Aacuteguas) composto de 8 pontos de monitoramento gerou dados de paracircmetros de qualidade

da aacutegua referentes a seacuterie histoacuterica entre os anos de 2000 a 2018 com o objetivo de

propiciar uma anaacutelise comparativa entre a qualidade da antes e apoacutes a ruptura da

barragem

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

13

Outra fonte de dados utilizada no presente trabalho dizem respeito as mediccedilotildees

realizadas pela equipe teacutecnica da Fundaccedilatildeo SOS Mata Atlacircntica que acompanhou o

deslocamento da onda de rejeitos sobre 305 km do rio Paraopeba do dia 31 de janeiro de

2019 ateacute o dia 9 de fevereiro do mesmo ano O impacto dos rejeitos sobre a qualidade da

aacutegua foi medido em 22 pontos de monitoramento de 2 formas sendo a partir de amostras

de superfiacutecie com mediccedilotildees realizadas a 30 cm da lacircmina drsquoagua e por coluna drsquoaacutegua a

partir de 2m de profundidade (SOS 2019)

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

O dano ambiental na bacia do rio Paraopeba ocorreu no periacuteodo da piracema que

teve iniacutecio em novembro e teve fim em fevereiro (SOS 2019) O volume de rejeitos lanccedilados

na regiatildeo principalmente a grande quantidade de soacutelidos em suspensatildeo deixou a aacutegua

com cor intensa e turbidez elevada A Tabela 3 apresenta os valores maacuteximos e miacutenimos

de 5 paracircmetros da qualidade da aacutegua obtidos pelo monitoramento das estaccedilotildees

fluviomeacutetricas e do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos pertencentes a RHN antes

e depois da ruptura da barragem de Coacuterrego do Feijatildeo

Tabela 3 Paracircmetros de qualidade da aacutegua antes e depois da ruptura da barragem de

Coacuterrego do Feijatildeo com base nos dados das mediccedilotildees da CPRM (2019)

QUALIDADE DA AacuteGUA DO RIO PARAOPEBA NOS PONTOS DE MONITORAMENTO

PARAcircMETROS

CONAMA

VALORES

ANTES DA RUPTURA seacuterie histoacuterica (2000 a 2018)

DEPOIS DA RUPTURA 2601 a 3103

Alberto Flores

Ponte Nova do

Paraopeba

Ponte Taquaraacute

Maacuterio Campos

Ponte Nova do

Paraopeba

Ponte Taquaraacute

Temperatura da aacutegua (Cdeg)

Maacutex

2650 2750 2690 3120 2970 3070

40

Miacuten 1510 1700 1700 2300 2370 2460

OD (mgL)

5 Maacutex

970 971 914 820 768 780

Miacuten

714 360 475 625 533 529

pH

60 - 90 Maacutex

823 823 814 782 737 766

Miacuten

607 607 675 608 661 652

Condutividade eleacutetrica (μscm)

- Maacutex

12810 16100 15690 12700 13070 13060

Miacuten

4380 2420 3650 2940 7370 4770

Turbidez (NTU)

100 Maacutex

76400 75000 38100 2103120 1326450 168190

Miacuten 440 210 290 36640 1970 1140

Fonte Autoria proacutepria 2019

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

14

Obs Todos os dados encontrados antes da ruptura satildeo compatiacuteveis com os registrados na

seacuterie histoacuterica de 2002 a 2018 das estaccedilotildees fluviomeacutetricas exceto os valores para turbidez de 2013

a 2018 (CPRM 2019)

De modo geral o rio Paraopeba encontra-se gravemente afetado entre 30 a 60 km

de distacircncia da barragem O aumento da temperatura apoacutes a ruptura da barragem eacute

justificado pelo lanccedilamento de despejos de rejeitos de mineraccedilatildeo na bacia do rio O ponto

de monitoramento de Maacuterio Campos apresentou a maior temperatura da aacutegua atingindo

um valor superior a 30degC Em geral agrave medida que a temperatura aumenta a taxa de

reaccedilotildees quiacutemicas e bioloacutegicas sofrem aumento (VON SPERLING 2000)

A variaccedilatildeo de temperatura eacute responsaacutevel por aumentar a taxa das reaccedilotildees quiacutemicas

e bioloacutegicas um dos principais fatores de controle direto da concentraccedilatildeo de OD na aacutegua

(EMBRAPA 2004) Com a elevaccedilatildeo da temperatura ocorre o aumento da taxa em que os

nutrientes aderidos aos soacutelidos suspensos satildeo convertidos em formas soluacuteveis

Poreacutem apoacutes a ruptura da barragem a faixa de concentraccedilatildeo de OD apresentou

queda em termos meacutedios de 806 para os 3 pontos de monitoramento apresentados na

Tabela 3 O valor miacutenimo obtido foi de 529 mgL na estaccedilatildeo fluviomeacutetrica da Ponte

Taquara Os valores estatildeo em conformidade com os limites previstos para os rios de classe

2 que segundo a Resoluccedilatildeo Conama 3572005 deve ser maior que 5 mgL

O mesmo aplica-se para os iacutendices de pH que em termos meacutedios apresentou queda

de 137 O pH possui efeito indireto sobre a precipitaccedilatildeo de elementos quiacutemicos toacutexicos

como os metais pesados (EMBRAPA 2004) Apesar dos iacutendices analisados estarem

compatiacuteveis com o limite de 6 a 9 para rios de Classe 2 os valores apoacutes a ruptura estatildeo na

faixa de 6 a 8 Para que ocorra a precipitaccedilatildeo quiacutemica de metais pesados o ideal eacute que o

pH do meio seja elevado ou seja superior a 70 (EMBRAPA 2004) Conforme o pH

aumenta ocorre o aumento da concentraccedilatildeo de complexos dos quais substituem as

moleacuteculas de aacutegua por ligantes inorgacircnicos Por sua vez estas estruturas ligantes por

serem maiores ou menos soluacuteveis dificultam o processo de troca iocircnica facilitando o

processo de precipitaccedilatildeo quiacutemica do metal (OUKI e KAVANNAGH 1999)

Apesar dos iacutendices de OD e do pH natildeo apresentarem desconformidade com os

limites da legislaccedilatildeo os valores de turbidez em todos os pontos de monitoramento apoacutes a

ruptura superaram o limite previsto de 100 NTU para rios de Classe 2 conforme a

Resoluccedilatildeo Conama 3572005 No ponto de monitoramento de Maacuterio Campos obteve-se

210 vezes o Limite Maacuteximo Permitido (LMP) de turbidez Ao comparar os dados antes e

apoacutes a ruptura tem-se que os valores antes ao rompimento tambeacutem superaram o limite

previsto

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

15

De acordo com o Informativo especial ldquoAvaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e

2018rdquo publicado pelo IGAM em 12 de fevereiro de 2019 avaliou-se o comportamento de

alguns paracircmetros de qualidade da aacutegua do rio Paraopeba Segundo a seacuterie histoacuterica da

bacia observa-se que em periacuteodos chuvosos a turbidez do rio ultrapassou 18 vezes o

limite legal permitido Isso indica que para o periacuteodo analisado sugere-se o aporte de soacutelido

de origem difusa na bacia ausecircncia de mata ciliar no entorno e a ocorrecircncia de processos

erosivos

A turbidez provoca nebulosidade ao rio reduzindo a passagem dos feixes de luz na

aacutegua Estaacute reduccedilatildeo daacute-se por absorccedilatildeo e espalhamento uma vez que as partiacuteculas que

provocam turbidez na aacutegua satildeo maiores que o comprimento de luz branca (VON

SPERLING 2000) Devido agrave presenccedila de soacutelidos de mateacuteria inorgacircnica em suspensatildeo

oriundos da lama de rejeitos que afetou o rio a turbidez reduz a fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo

aquaacutetica e influencia drasticamente nas comunidades aquaacuteticas conforme a Figura 4

Figura 4 Condiccedilatildeo do rio Paraopeba nos trechos iniciais ao rompimento da barragem

Fonte REUTERS 2019

Os soacutelidos da lama sedimentam-se no leito do rio podendo ateacute reter bacteacuterias e

resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (EMBRAPA 2004) Assim os

soacutelidos influenciam tambeacutem na demanda de OD Apesar do que foi verificado quanto aos

niacuteveis de OD pode-se inferir que a lama de rejeitos ainda natildeo se sedimentou totalmente no

leito do rio ao ponto de formar bancos de lodo Logo o OD eacute um paracircmetro que responde

lentamente agraves variaccedilotildees de carga de poluiccedilatildeo (CUNHA E FERREIRA 2019)

Aleacutem disso outro paracircmetro analisado eacute a condutividade eleacutetrica Embora natildeo

possua limite de legislaccedilatildeo sua anaacutelise permite verificar de forma indireta o comportamento

dos eletroacutelitos na aacutegua inclusive dos iacuteons de metal (IGAM 2019) Os valores para este

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

16

paracircmetro apoacutes a ruptura variam de 2940 a 13070 μscm Sendo que os valores antes e

apoacutes a ruptura apresentam pouca variaccedilatildeo

Ao analisar os paracircmetros antes e apoacutes a ruptura eacute possiacutevel calcular o IQA para cada

situaccedilatildeo Antes do rompimento da barragem o IQA obtido para a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de

Alberto Flores foi de 66 e apoacutes a ruptura o IQA obtido para o ponto de monitoramento de

Maacuterio Campos foi de 14 Ao analisar a classificaccedilatildeo de IQA do IGAM antes da ruptura o

IQA foi bom (70lt IQA le 90) ou seja a aacutegua apresentava condiccedilotildees apropriadas para o

tratamento convencional visando o abastecimento puacuteblico Apoacutes a ruptura o IQA eacute

considerado muito ruim (IQA le 25) ou seja a aacutegua eacute improacutepria para o tratamento

convencional sendo necessaacuterio tratamentos mais avanccedilados

Segundo o informativo especial de seacuterie histoacuterica de 2000 a 2018 do IGAM (2019)

citado anteriormente especialistas apontam a presenccedila de metais acima do que estipula a

legislaccedilatildeo ambiental para rios de Classe 2 A partir desse informativo e dos monitoramentos

obtidos pela SOS Mata Atlacircntica os teores de metais e de metais pesados analisados satildeo

da mesma magnitude ou inferiores aos teores maacuteximos encontrados As aacuteguas que

recebem efluentes contendo metais pesados apresentam ao fundo concentraccedilotildees elevadas

de sedimento (EMBRAPA 2004) Ao lanccedilar lamas insoluacuteveis contendo metais estas sofrem

transformaccedilotildees quiacutemicas sob a accedilatildeo bioloacutegica lanccedilando lentamente na corrente liacutequida

(EMBRAPA 2004)

A presenccedila de metais apoacutes a ruptura da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo eacute

apresentada na Tabela 4

Tabela 4 Valores meacutedios de concentraccedilatildeo de metais pesados apoacutes o rompimento da

barragem a partir dos monitoramentos da SOS Mata Atlacircntica

PRESENCcedilA DE METAIS NA AacuteGUA APOacuteS A RUPTURA

METAIS VALORES MEacuteDIOS (mgL) LIMITE MAacuteXIMO

PERMITIDO (mgL)

Ferro 6065 03

Cobre 357 0009

Manganecircs 2145 01

Cromo 1145 005

Fonte Autoria proacutepria 2019

A concentraccedilatildeo de metais verificada ao longo do curso do rio Paraopeba de acordo

com o LMP determinado pela resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 demonstra que toda a

extensatildeo do rio foi afetada criticamente Para todos os metais pesados analisados tem-se

concentraccedilotildees meacutedias acima do LMP Fatores como o pH temperatura e OD tambeacutem

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

17

influenciam na mobilidade e potencialidade toacutexica de vaacuterios metais (CARVALHO et al

2016) Em consequecircncia disso apoacutes o lanccedilamento de rejeitos na aacutegua estes paracircmetros

controlam os processos fiacutesicos- quiacutemicos de solubilidade dos metais sendo responsaacuteveis

por influenciar na concentraccedilatildeo e absorccedilatildeo pelos organismos

Contudo ao analisar a presenccedila de metais na aacutegua apoacutes a ruptura encontra-se

aproximadamente 202 vezes o LMP para o ferro e 2145 vezes o LMP para o manganecircs

Em concentraccedilotildees elevadas ambos os metais atribuem coloraccedilatildeo avermelhada sensaccedilatildeo

de adstringecircncia e sabor a aacutegua O ferro por exemplo aparece em aacuteguas subterracircneas

devido agrave dissoluccedilatildeo do mineacuterio devido a presenccedila do gaacutes carbocircnico da aacutegua Ao entrar em

contato com o ar oxida-se conferindo cor e sabor a aacutegua (CETESB 2018) Em alguns

casos altas concentraccedilotildees de ferro satildeo limitantes no crescimento de algas e outras plantas

(VON SPERLING 2000)

Outro iacutendice alarmante eacute a presenccedila de cobre aproximadamente 397 vezes o LMP

e a presenccedila de cromo 229 vezes o LMP Metais pesados como o cobre e cromo podem

causar diversos danos aos organismos podendo ficar disponiacuteveis na aacutegua ateacute serem

assimilados quimicamente ou biologicamente atraveacutes de associaccedilatildeo de estruturas

orgacircnicas (SOS 2019) Logo a presenccedila de quantidades elevadas de cobre na aacutegua pode

produzir vocircmitos sabor desagradaacutevel na aacutegua e uma extensa variedade de efeitos toacutexicos

Jaacute o cromo em condiccedilotildees elevadas pode causar problemas respiratoacuterios e modificaccedilotildees

hematoloacutegicas (VON SPERLING 2000)

5 CONCLUSAtildeO

O dano ambiental causado apoacutes o rompimento da Barragem do Complexo do

Coacuterrego do Feijatildeo tornou as aacuteguas do rio Paraopeba improacuteprias para o consumo pois

segundo os paracircmetros analisados temperatura turbidez e valores meacutedios de metais estatildeo

em desconformidade com os padrotildees da legislaccedilatildeo vigente exceto os paracircmetros OD pH

e condutividade eleacutetrica Aleacutem disso o IQA calculado apoacutes a ruptura da barragem eacute

classificado como muito ruim o que faz-se necessaacuterio o uso tratamentos mais avanccedilados

para o abastecimento puacuteblico

Verificou-se que o lanccedilamento de efluentes oriundos de rejeitos de mineacuterio no rio

deteriora a qualidade da aacutegua e possui consequecircncias prolongadas ao ecossistema

aquaacutetico Logo o impacto causado pelo volume de rejeitos eacute de difiacutecil anaacutelise pois ao

formarem misturas complexas de vaacuterios elementos quiacutemicos com a aacutegua tornam a

qualidade da aacutegua desse corpo drsquoaacutegua variaacutevel e de difiacutecil previsatildeo da capacidade de

autodepuraccedilatildeo

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

18

O principal problema ambiental do lanccedilamento de rejeitos na bacia do rio Paraopeba

foi o acuacutemulo dos rejeitos de mineacuterio na calha do rio gerando a necessidade de

monitoramento constante e de teacutecnicas de remediaccedilatildeo Apesar da bacia do rio Paraopeba

ter um histoacuterico de aumento dos niacuteveis de turbidez nos meses de cheia o impacto sobre

qualidade da aacutegua apoacutes o acontecimento eacute criacutetico comparado ao histoacuterico

Por enquanto o dimensionamento definitivo sobre o dano ambiental eacute imensuraacutevel

pois os resiacuteduos permaneceratildeo no ambiente por tempo indeterminado Deve se ter em

mente que o rio poderaacute se recuperar do impacto mas o ecossistema dificilmente voltaraacute agraves

condiccedilotildees de preacute-impacto Para isso eacute de suma importacircncia que medidas efetivas de

recuperaccedilatildeo ambiental sejam adotadas como por exemplo a remoccedilatildeo de parte dos

sedimentos depositados no leito do rio Portanto eacute fundamental que todos os oacutergatildeos

responsaacuteveis pela gestatildeo dos recursos hiacutedricos e pelas atividades mineraacuterias serem riacutegidos

quanto a este tipo de impacto e que cobrem com rigor medidas de recuperaccedilatildeo do recurso

hiacutedrico

6 RECOMENDACcedilOtildeES

Com base nas conclusotildees desta pesquisa e dos questionamentos que ainda podem

ser respondidos recomenda-se aplicar um modelo de qualidade da aacutegua que leve em

consideraccedilatildeo a presenccedila dos rejeitos de mineacuterio de ferro no leito do rio afim de entender

afundo a diversidade regional de problemas e soluccedilotildees concernentes para o rompimento

de barragens

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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Page 3: DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO DO RIO PARAOPEBA ...repositorio.ufgd.edu.br/.../2337/1/IzabellyCapilleBeloto.pdfSendo um parâmetro importante para a avaliação da qualidade de um corpo

DIAGNOacuteSTICO DA SITUACcedilAtildeO DO RIO PARAOPEBA APOacuteS LANCcedilAMENTO DE REJEITOS DE MINERCcedilAtildeO

Izabelly Capilleacute Beloto1 Locircide Angelini Sobrinha2

izabellybeloto19gmailcom1 loidesobrinhaufgdedubr2

RESUMO ndash Este trabalho apresenta um breve diagnoacutestico da situaccedilatildeo do Rio Paraopeba apoacutes o rompimento da barragem de rejeitos de mineacuterio do Coacuterrego do Feijatildeo em 25012019 Os dados de monitoramento utilizados para compor este diagnoacutestico foram obtidos do conjunto dos documentos do Instituto Mineiro de Gestatildeo das Aacuteguas Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais e SOS Mata Atlacircntica Analisou-se 5 paracircmetros de qualidade da aacutegua temperatura pH condutividade eleacutetrica oxigecircnio dissolvido e turbidez aleacutem da concentraccedilatildeo de metais na aacutegua A anaacutelise final dos dados obtidos demonstrou que as aacuteguas da Bacia do Rio Paraopeba encontram-se inapropriadas para o uso principalmente pelos altos niacuteveis de turbidez no periacuteodo de cheia Apesar dos niacuteveis de OD natildeo apresentarem desconformidade com os limites previstos pela legislaccedilatildeo este paracircmetro responde lentamente agraves cargas poluidoras Contudo a presenccedila de sedimentos e metais no leito do rio altera as condiccedilotildees baacutesicas de fluxo do rio responsaacuteveis pelos processos ecossistecircmicos Palavras-chave Qualidade da aacutegua rejeitos de mineraccedilatildeo Bacia do rio Paraopeba ABSTRACT ndash This paper presentes a brief diagnosis of the Paraopeba River situation after the rupture of the Feijatildeo Stream ore tailings dam on 01252019 The monitoring data used to composse this diagnosis were obtained from the set of documents from Mining Institute of water management Mineral Resources Research Company and SOS Mata Atlantica Five water quality parameters were analyzed temperature pH eletrical conductivity dissolved oxygen and turbidity as well as the concentration of metals in the water The final analysis of obtained data showed that the waters of the Paraopeba river basin are inappropriate for use especially due to the high levels of turbidity in the flood period Although the DO levels do not conform to the legal limits this parameter responds slowly to the polluting load However the presence of sediments and metals in the riverbed alters the basic conditions of river flow responsible for ecosystem processes Keywords Water quality mining tailings Paraopeba River Basin

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

2

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ao longo dos uacuteltimos 5 mil anos as barragens tecircm sido estruturas utilizadas para

suprir a necessidade de aacutegua para consumo humano (CBDB 2013) As barragens

permitiam a coleta e o armazenamento de aacutegua em periacuteodos de estiagem Aleacutem de

promover o armazenamento de aacutegua para a populaccedilatildeo (CBDB 2013) pode ser destinada

para outras finalidades tais como contenccedilatildeo de rejeitos de mineraccedilatildeo energia hidreleacutetrica

navegaccedilatildeo e irrigaccedilatildeo

Etimologicamente o termo barragem proveacutem da palavra francesa barrage do seacuteculo

XII que significa ldquotravessa tranca de fechar a portardquo (CBDB 2013) As barragens podem

ser definidas como construccedilotildees que possuem o objetivo de conter e regular o curso drsquoaacutegua

liacutequidos detritos e rejeitos afim de formar um reservatoacuterio para armazenamento ou

controle Pelo fato de formarem reservatoacuterios essas construccedilotildees podem gerar danos

extremos caso sejam mal executadas e natildeo apresentem fiscalizaccedilatildeo adequada (LACAZ

PORTO e PINHEIRO 2017)

Segundo o Relatoacuterio de Seguranccedila de Barragens (ANA 2018) contenccedilatildeo de rejeitos

de mineraccedilatildeo eacute o principal uso das barragens no Brasil A mineraccedilatildeo oferece importantes

contribuiccedilotildees poliacuteticas econocircmicas e sociais para o paiacutes (MACHADO 2007) Poreacutem

oferecem risco iminente para o meio ambiente principalmente na contaminaccedilatildeo da aacutegua

Por essa razatildeo eacute de suma relevacircncia o estudo do impacto causado sobre os recursos

hiacutedricos devido ao rompimento de barragens de contenccedilatildeo de rejeitos no Brasil

O rompimento de barragens eacute considerado reincidente na histoacuteria da humanidade

(ESDHC 2015) Desde os anos 2000 pesquisadores e movimentos sociais alertam para

os possiacuteveis impactos ambientais que o aumento do extrativismo mineral pode causar

(MILANEZ et al 2015) Com o crescimento exponencial da produccedilatildeo de mineacuterio entre os

anos de 2003 e 2013 o Brasil tornou-se o segundo paiacutes que mais exportou mineacuterio

(MILANEZ et al 2015) Em 2011 o preccedilo do mineacuterio entrou em decliacutenio o que resultou no

aumento da produccedilatildeo e queda nos custos Conduta esta que apesar de outras

circunstacircncias econocircmicas resultou no aumento do rompimento de barragens (MILANEZ

et al 2015)

De acordo com a organizaccedilatildeo World Information Service on Energy (Wise)

aconteceram no mundo ao longo dos uacuteltimos 50 anos pelo menos 37 desastres de

barragens de mineraccedilatildeo considerados graves (apud FREITAS SILVA e MENEZES 2016)

Nos uacuteltimos 15 anos o estado de Minas Gerais presenciou 6 rompimentos de barragens de

mineacuterio de ferro sendo o rompimento da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo (Brumadinho MG)

o uacuteltimo desastre ocorrido

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

3

O rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Vale no complexo mineraacuterio

do Coacuterrego do Feijatildeo (Brumadinho MG) despejou 12 toneladas de rejeitos de mineacuterio no

Rio Paraopeba no dia 25 de janeiro de 2019 (G1 MINAS 2019) O Rio Paraopeba era

responsaacutevel por 43 do abastecimento puacuteblico da regiatildeo de Belo Horizonte (COPASA

2019) Apoacutes o acontecimento o Rio perdeu a condiccedilatildeo de importante manancial de

abastecimento puacuteblico e a aacuterea atingida foi drasticamente devastada (SOS 2019)

O Rio Paraopeba eacute um dos afluentes do Rio Satildeo Francisco Pressupotildeem-se que

toda a lama ldquodiluardquo antes de chegar ao rio Satildeo Francisco (MINAS 2019) Logo faz-se

necessaacuterio estudos que confirmem tal suposiccedilatildeo

Alguns trabalhos sobre a anaacutelise do rompimento de barragens de rejeito de

mineraccedilatildeo jaacute foram feitos pelo mundo (BROWN 2012 ESDHC 2015) Contudo no geral

eles retratam apenas os motivos da ocorrecircncia de um rompimento e natildeo o impacto causado

pelo rompimento (AZAM 2010 RICO et al 2008)

Em virtude disso o objetivo do presente trabalho foi a anaacutelise da qualidade da aacutegua

do rio Paraopeba apoacutes o lanccedilamento de rejeitos de mineraccedilatildeo decorrente do rompimento

da Barragem Coacuterrego do Feijatildeo em Brumadinho em Minas Gerais

2 REFERENCIAL BIBLIOGRAacuteFICO

21 QUALIDADE DA AacuteGUA E IMPACTOS DO LANCcedilAMENTO DE EFLUENTES

O equiliacutebrio do ecossistema aquaacutetico possui forte contribuiccedilatildeo para a qualidade da

aacutegua pois determina agraves condiccedilotildees ideais para a reproduccedilatildeo dos organismos aquaacuteticos e

de toda a teia troacutefica da bacia (BRAGA et al 2005) A qualidade da aacutegua eacute resultante de

fenocircmenos naturais e da accedilatildeo do homem no ambiente (VON SPERLING 2000) Nesse

contexto a correta identificaccedilatildeo dos efeitos das accedilotildees antropogecircnicas sobre os sistemas

bioloacutegicos eacute fundamental principalmente para distinguir as variaccedilotildees naturais que ocorrem

durante as estaccedilotildees do ano das alteraccedilotildees provocadas pelo homem (CAIRNS et al 1993)

Logo a qualidade da aacutegua eacute determinada atraveacutes do Iacutendice de Qualidade das Aacuteguas

(IQA) que permite levar em consideraccedilatildeo o uso deste recurso a partir de um caacutelculo feito

da mediccedilatildeo de paracircmetros bioloacutegicos e fiacutesico-quiacutemicos tais como Oxigecircnio Dissolvido

(OD) Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) potencial hidrogeniocircnico (pH)

concentraccedilatildeo de nutrientes e coliformes totais (CT) (EMBRAPA 2014)

O IQA eacute calculado conforme a seguinte expressatildeo

(21)

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

4

Onde o IQA eacute o Iacutendice de Qualidade de Aacuteguas qi eacute o valor do paracircmetro wi eacute o

peso atribuiacutedo a cada paracircmetro e n eacute o nuacutemero de paracircmetros a serem avaliados

Ao analisar paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos observa-se as seguintes caracteriacutesticas

baacutesicas temperatura turbidez soacutelidos totais pH e OD A temperatura superficial pode ser

influenciada por fatores locais tais como a altitude latitude e profundidade (CETESB

2018) Pelo fato de desempenhar um papel crucial no meio aquaacutetico a temperatura eacute

responsaacutevel pela influecircncia das variaacuteveis fiacutesico-quiacutemicos (CETESB 2018) Aleacutem disso em

conjunto com a pressatildeo satildeo os dois principais fatores que controlam diretamente a

concentraccedilatildeo de OD (EMBRAPA 2014)

Outro fator importante eacute a turbidez que eacute o grau de atenuaccedilatildeo de intensidade da luz

devido a presenccedila dos soacutelidos em suspensatildeo tais como partiacuteculas inorgacircnicas (CETESB

2018) Ao analisar as consequecircncias da atividade mineraacuteria em que o aumento da turbidez

eacute excessivo tem-se a reduccedilatildeo da fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo suprimindo a produtividade

dos peixes Segundo Abdel-Baki et al (2011) os peixes podem ser utilizados como

organismos indicadores de qualidade ambiental principalmente quando a turbidez eacute

causada por metais pesados

Quanto aos soacutelidos estes satildeo classificados em soacutelidos volaacuteteis (mateacuteria orgacircnica) e

soacutelidos fixos (mateacuteria inorgacircnica) Ambos podem causar danos aos peixes e a vida aquaacutetica

em geral Ao se sedimentar no leito dos rios danificam a desova dos peixes e os

organismos que oferecem alimento Aleacutem disso os soacutelidos podem reter bacteacuterias e

resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (CETESB 2018)

Ao analisar paracircmetros quiacutemicos tem-se principalmente as seguintes caracteriacutesticas

de estudo pH OD nitrogecircnio e foacutesforo O pH por estar presente no equiliacutebrio quiacutemico

ocorre naturalmente ou em processos de tratamento de aacutegua Por sua vez eacute um paracircmetro

importante no saneamento ambiental pois em determinadas condiccedilotildees atua na

precipitaccedilatildeo quiacutemica (VON SPERLING 2014) Contudo o OD eacute um dos constituintes mais

importantes dos recursos hiacutedricos por estar diretamente relacionado com os tipos de

organismos que sobrevivem em um corpo drsquoaacutegua (BRAGA et al 2005) Presentes na aacutegua

sob vaacuterias formas o nitrogecircnio e o foacutesforo causam o processo de eutrofizaccedilatildeo quando

encontram-se dissolvidos em excesso no meio (VON SPERLING 2014)

Por fim os paracircmetros bioloacutegicos dizem respeito a quantidade e a diversidade de

espeacutecies presentes no meio aquaacutetico que variam conforme a transparecircncia da aacutegua

nutrientes disponiacuteveis e fatores fiacutesicos (BRAGA et al 2005) Os microrganismos

constituintes dos coliformes totais (CT) desempenham diversas funccedilotildees importantes ao

analisar este paracircmetro sendo responsaacuteveis pela transformaccedilatildeo da mateacuteria dentro dos

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

5

ciclos biogeoquiacutemicos e um importante indicador da de presenccedila de microrganismos

patogecircnicos na aacutegua (VON SPERLING 2000)

22 INTERACcedilOtildeES BIOLOacuteGICAS NO MEIO AQUAacuteTICO

Segundo Braga et al (2002) a poluiccedilatildeo da aacutegua eacute a alteraccedilatildeo das caracteriacutesticas

devido as accedilotildees e interferecircncias de origem natural ou humana Essas alteraccedilotildees satildeo

responsaacuteveis por criar impactos ecoloacutegicos esteacuteticos e fisioloacutegicos Poreacutem somente

alteraccedilotildees esteacuteticas natildeo podem ser levadas em consideraccedilatildeo pois eacute a partir do estudo do

corpo receptor com o uso de ferramentas teacutecnicas especiacuteficas que eacute possiacutevel quantificar

e qualificar tal alteraccedilatildeo

Para compreender as interaccedilotildees bioloacutegicas no meio aquaacutetico tem-se que a

concentraccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido (OD) na aacutegua ocorre em funccedilatildeo das caracteriacutesticas do

despejo do corpo drsquoaacutegua e da produccedilatildeo de oxigecircnio Dentre tantas variaacuteveis as

caracteriacutesticas do despejo estatildeo fortemente associadas com o consumo de OD do meio

sendo considerado a facilidade de biodegradaccedilatildeo a quantidade de poluente despejado e

a vazatildeo despejada (BRAGA et al 2002)

As caracteriacutesticas do corpo drsquoaacutegua determinam tambeacutem com que facilidade as

cargas poluidoras seratildeo misturadas ao meio entrando em questatildeo a velocidade do fluido

a geometria do escoamento e a intensidade de difusatildeo Por fim a produccedilatildeo de oxigecircnio eacute

uma das variaacuteveis mais relevantes pois a atividade fotossinteacutetica (produccedilatildeo endoacutegena) e

a reaeraccedilatildeo (produccedilatildeo exoacutegena) consiste no ciclo de passagem do oxigecircnio atmosfeacuterico

para o meio aquaacutetico (VON SPERLING 2014)

Sendo um paracircmetro importante para a avaliaccedilatildeo da qualidade de um corpo drsquoaacutegua

a concentraccedilatildeo de OD permite indicar a condiccedilatildeo do corpo receptor ao lanccedilamento de

cargas pontuais ou difusas (CETESB 2018) Baixos niacuteveis de OD geram altos niacuteveis de

Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO5) e vice-versa Em outras palavras a DBO5 eacute

correspondente ao oxigecircnio consumido pelos organismos decompositores aeroacutebios para

que seja feita a completa decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica lanccedilada na aacutegua considerado

um indicador de qualidade da aacutegua (BRAGA et al 2002)

O consumo de OD deve-se a respiraccedilatildeo principalmente das bacteacuterias heterotroacuteficas

aeroacutebias resultando na equaccedilatildeo simplificada de estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica

119872119874 + 1198742 + 119887119886119888119905eacute119903119894119886119904 rarr 1198621198742 +1198672119874 + 119887119886119888119905eacute119903119894119886119904 + 119890119899119890119903119892119894119886 (22)

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

6

Na presenccedila de oxigecircnio as bacteacuterias convertem a mateacuteria orgacircnica (MO) em

compostos simples e estaacuteveis Enquanto houver alimento e oxigecircnio disponiacutevel as

bacteacuterias tendem a crescer e se reproduzir no meio sendo que o consumo da MO e do OD

pelas bacteacuterias resulta em compostos como o gaacutes carbocircnico aacutegua e energia conforme

Equaccedilatildeo 11 Pelo fato da mateacuteria orgacircnica ter sido convertida em gaacutes carbocircnico a reaccedilatildeo

acima pode ser chamada de reaccedilatildeo de oxidaccedilatildeo (VON SPERLING 2014)

Apoacutes concluiacuterem a etapa de oxidaccedilatildeo os organismos decompositores estabilizam

ou mineralizam a MO Poreacutem a mateacuteria orgacircnica que se sedimentou forma o chamado

lodo de fundo que tambeacutem necessita ser convertido Em virtude da dificuldade de

penetraccedilatildeo do oxigecircnio na camada de lodo grande parte da conversatildeo da mateacuteria orgacircnica

ocorre sob condiccedilotildees anaeroacutebicas No entanto a camada superior de lodo ainda possui

acesso ao oxigecircnio da massa liacutequida sobrenadante o que resulta na remoccedilatildeo de DBO e

no consumo de oxigecircnio (VON SPERLING 2014) Logo esse processo recebe o nome de

demanda bentocircnica ou demanda de oxigecircnio pelo sedimento onde alguns subprodutos

parciais da decomposiccedilatildeo anaeroacutebia dissolvem-se e difundem-se exercendo demanda de

oxigecircnio (VON SPERLING 2014)

A sedimentaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode implicar na diminuiccedilatildeo da DBO da massa

liacutequida mas com a ressuspensatildeo da massa decantada devido turbulecircncias ou altas

velocidades de escoamento ocorre o inverso (ANDRADE 2010) Com isso tem-se o

chamado revolvimento da camada de lodo

22 REJEITOS DE MINERACcedilAtildeO

Segundo Arauacutejo (2006) e Machado (2007) os rejeitos satildeo partiacuteculas resultantes de

processos de beneficiamento dos mineacuterios visando extrair os elementos de interesse

econocircmico de forma que seu descarte natildeo comprometa o meio ambiente Sua constituiccedilatildeo

eacute definida pela presenccedila de soacutelidos e uma fraccedilatildeo liacutequida com concentraccedilatildeo de 30 a 50

em peso (ARAUacuteJO 2006) Assim os rejeitos podem variar de materiais arenosos natildeo

plaacutesticos sendo os rejeitos granulares ateacute solos com alta plasticidade e granulometria mais

fina como as lamas (VALE 2019)

Nesse contexto os rejeitos de mineacuterio de ferro satildeo formados por partiacuteculas ultrafinas

contendo Ferro Alumina Foacutesforo e Siacutelica sendo classificados de acordo com a

granulometria (VALE 2019) Poreacutem a mineraccedilatildeo eacute uma das atividades que tambeacutem libera

metais potencialmente toacutexicos pois consiste em uma atividade que rompe com o equiliacutebrio

geoquiacutemico natural (SALOMONS 1995)

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

7

Os metais pesados conferem elevada resistecircncia agrave degradaccedilatildeo quiacutemica fiacutesica e

bioloacutegica possibilitando a persistecircncia por longos periacuteodos de tempo no meio aquaacutetico

(MORAES JORDAtildeO 2002) Logo ao persistir no ambiente aquaacutetico os metais pesados

causam forte impacto na estabilidade dos ecossistemas provocando efeitos adversos nos

seres humanos aleacutem de causar a mortalidade de peixes e das comunidades bentocircnicas

perifiacuteticas planctocircnica nectocircnica e de seres fotossintetizantes (MORAES JORDAtildeO 2002

SAMPAIO 2003)

Por ser altamente reativos e apresentar facilidade ao se ligar a outros elementos

quiacutemicos os metais pesados natildeo encontram-se independentes no meio aquaacutetico Nesse

contexto a poluiccedilatildeo gerada pelos metais pesados possui forte contribuiccedilatildeo dos sedimentos

de fundo Ao refletir na quantidade disponiacutevel no ambiente tambeacutem satildeo usados para

detectar a presenccedila de contaminantes que natildeo permanecem soluacuteveis Assim as

propriedades de acuacutemulo de sedimentos aliadas aos metais pesados disponiacuteveis satildeo de

extrema importacircncia para qualificar os efeitos da contaminaccedilatildeo em estudos de impacto

ambiental (SAMPAIO 2003)

24 LEGISLACcedilAtildeO CONAMA 357 E 430

Os padrotildees de qualidade da aacutegua demonstram de forma generalizada e conceitual

a propriedade desejada a este recurso Logo objetivando a proteccedilatildeo ambiental e a sauacutede

puacuteblica as resoluccedilotildees do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) 357 e 430

estabelecem padrotildees de lanccedilamento e qualidade do corpo receptor

A resoluccedilatildeo CONAMA ndeg 430 de 13 de maio de 2011 dispotildeem sobre paracircmetros

padrotildees condiccedilotildees e diretrizes para a gestatildeo de efluentes lanccedilados nos corpos drsquoaacutegua

(BRASIL 2011) Esta resoluccedilatildeo complementa e altera a resoluccedilatildeo CONAMA ndeg 357 de 17

de marccedilo de 2005 que dispotildeem as diretrizes e classificaccedilotildees ambientais para o

enquadramento das aacuteguas superficiais (CERON 2012)

Atualmente a Resoluccedilatildeo ndeg35705 do CONAMA extinta Resoluccedilatildeo CONAMA nordm

02086 define o niacutevel de qualidade a ser alcanccedilado e mantido por uma bacia Nos limites

para os paracircmetros fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos o Rio Paraopeba que foi estudado no

presente trabalho possui enquadramento classe 2 segundo a norma Assim segundo a

norma as aacuteguas do rio Paraopeba satildeo destinadas para abastecimento humano (apoacutes

tratamento convencional) proteccedilatildeo de comunidades aquaacuteticas recreaccedilatildeo de contato

primaacuterio (segundo Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg274 de 2000) irrigaccedilatildeo aquicultura e pesca

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

8

Poreacutem a classificaccedilatildeo dos paracircmetros de qualidade para os rios de Classe 2 eacute o

mesmo adotado para rios de Classe 1 Os respectivos valores de paracircmetros de qualidade

constam na Tabela 1 onde para o pH os valores apresentados correspondem aos limites

inferiores e superiores da faixa de referecircncia Para OD e DBO o valor apresentado

corresponde ao valor miacutenimo de referecircncia estabelecido para o paracircmetro

Tabela 1- Paracircmetros de qualidade da aacutegua conforme Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg35705 para rios de Classe 2

PARAcircMETRO UNIDADE VALOR

pH - 60 - 90

Turbidez NTU 100

Oxigecircnio dissolvido (OD)

Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio (DBO)

mg L-1 5

5

Fonte adaptado CONAMA 2005

Para o lanccedilamento de efluentes a temperatura maacutexima para corpos drsquoaacutegua eacute de

40degC A legislaccedilatildeo apresenta normatizaccedilatildeo restrita agraves aacuteguas de efluentes devido agrave alta

sazonalidade anual e diaacuteria no ambiente natural (MAIA 2017) Os efluentes atendem

condiccedilotildees especiacuteficas Aleacutem dos paracircmetros apresentados anteriormente a Resoluccedilatildeo

ndeg43011 apresenta limites maacuteximos para elementos quiacutemicos dissolvidos na aacutegua

conforme a Tabela 2

Tabela 2- Concentraccedilotildees maacuteximas de alguns elementos quiacutemicos conforme Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg43011 para rios de Classe 2

ELEMENTO QUIacuteMICO VALOR MAacuteXIMO (microgl)

Ferro (Fe) 300

Manganecircs (Mn) 100

Cromo (Cr) 50

Cobre (Cu) 9

Fonte adaptado CONAMA 2011 3 METODOLOGIA

A metodologia desenvolvida por esta pesquisa baseia-se na utilizaccedilatildeo de dados de

pesquisas exploratoacuterias e bibliograacuteficas sobre a qualidade da aacutegua do rio Paraopeba a

montante e a jusante do lanccedilamento do rejeito de mineraccedilatildeo ocorrido em funccedilatildeo do

rompimento da Barragem da Mina Coacuterrego do Feijatildeo em Minas Gerais

A partir da aacuterea de estudo delimitada proacutexima as estaccedilotildees fluviomeacutetricas do Rio

Paraopeba e dos paracircmetros fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos obtidos pelas anaacutelises

119898119892 119871minus1

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

9

apresentadas pela Rede Hidrometeroloacutegica Nacional (RHN) operada pela Companhia de

Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM) foram feitas avaliaccedilotildees e o diagnoacutestico da

situaccedilatildeo das aacuteguas do Rio Paraopeba de acordo com legislaccedilatildeo ambiental vigente

(CONAMA)

A escolha das estaccedilotildees fluviomeacutetricas de Alberto Flores- 40740000 Ponte Nova do

Paraopeba- 40800001 e Ponte da Taquara- 40850000 da RHN foram fundamentais para a

pesquisa deste trabalho A RHN disponibilizou dados de niacutevel e de vazatildeo diaacuterios As vazotildees

diaacuterias eram obtidas atraveacutes de mediccedilotildees feitas com o uso de molinetes equipamentos

acuacutesticos (SONTEK M9 e RDI RiverRay) e curvas chaves Estabelecidas a partir de

mediccedilotildees de vazatildeo realizadas 3 a 4 vezes por ano durante as visitas de inspeccedilatildeo realizadas

pelo CPRM Aleacutem disso a partir destas mediccedilotildees eram feitas anaacutelises de 5 paracircmetros de

qualidade da aacutegua temperatura da aacutegua do rio pH do meio oxigecircnio dissolvido turbidez e

condutividade eleacutetrica Estas anaacutelises eram feitas in loco pela equipe do CPRM com o uso

de sonda multiparameacutetrica YSI EXO1 e Hydrolab MS5

Apesar do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos ser o uacutenico dentre os

escolhidos que natildeo era uma estaccedilatildeo fluviomeacutetrica antes da ruptura da barragem este ponto

atua na realizaccedilatildeo de mediccedilotildees de descarga liacutequida e soacutelida pelo CPRM As mediccedilotildees de

descarga soacutelida em suspensatildeo eram obtidas a partir da coleta de amostras 2D (2

dimensotildees) pela equipe do CPRM Utilizou-se amostradores tipo USBM-54 e Van Veen

para a determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de sedimentos permitindo o acompanhamento do

avanccedilo do rejeito ao longo da bacia

31 AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de estudo corresponde a bacia do Rio Paraopeba localizada na regiatildeo central

de Minas Gerais e que possui uma aacuterea de 12054 km2 (25 da aacuterea total de MG) e 510

km de extensatildeo do curso principal (IGAM 2013) O rio abrange cerca de 48 municiacutepios

sendo 35 municiacutepios sedes na bacia (CBHSF 2019) Possui sua nascente localizada ao

sul no municiacutepio de Cristiano Otoni e sua foz na represa de Trecircs Marias no municiacutepio de

Felixlacircndia em Minas Gerais (CBHSF 2019) Aleacutem disso o rio eacute responsaacutevel por 43 do

abastecimento puacuteblico da regiatildeo metropolitana de Belo Horizonte (COPASA 2019)

A bacia do Rio Paraopeba possui aacuterea de drenagem de 13640 km2 sendo que a

montante do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo local onde houve a ruptura da barragem possui aacuterea

de drenagem em torno de 4000 km2 (CPRM 2019) Afluente pela margem direita do rio

Paraopeba o ribeiratildeo Ferro Carvatildeo possui bacia de aacuterea 328 km2 e vazatildeo em torno de 600

Ls obtida por regionalizaccedilatildeo de vazotildees (CPRM 2019)

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

10

Segundo a Vale os rejeitos dispostos na barragem de alteamento agrave montante

ocupavam um volume de aproximadamente 117 milhotildees de m3 A barragem atingiu sua

elevaccedilatildeo maacutexima em meados de 2013 e deixou de receber rejeitos em 2016 A CPRM com

a utilizaccedilatildeo de imagens de sateacutelite delimitou que a aacuterea atingida foi de 31 km2 pelo rejeito

na bacia do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo A Figura 1 mostra a aacuterea atingida pela ruptura da

barragem deixando o ribeiratildeo e todo o entorno da aacuterea devastados

Figura 1 Aacuterea da barragem da Mina do Ribeiratildeo do Feijatildeo apoacutes a ruptura da barragem B1

Fonte Google Earth 2019

32 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS REDES DE MONITORAMENTO DA CPRM

As estaccedilotildees fluviomeacutetricas escolhidas para o presente trabalho foram definidas com

base no estudo e monitoramento do Rio Paraopeba realizados no periacuteodo de 2601 ateacute

3103 do ano de 2019 pelo CPRM Logo escolheu-se os pontos de monitoramento

representados na Quadro 1

Quadro 1 Pontos de monitoramento da bacia do rio Paraopeba

COacuteDIGO ESTACcedilAtildeO FLUVIOMEacuteTRICA AacuteREA

(km2) LAT LONG

DIST DA

BARRAGEM

40740000 Alberto Flores 3945 - 200945 ‐0440938 1km a montante

40800001 Ponte Nova do Paraopeba 5680 -195657 ‐0441819 57 km

40850000 Ponte Taquaraacute 8720 -192523 ‐0443258 176 km

- Maacuterio Campos - -200311 -0441148 29 km

Fonte adaptado CPRM2019

A CPRM com a participaccedilatildeo de oacutergatildeos puacuteblicos promoveram os monitoramentos

diaacuterios de niacutevel vazatildeo descarga soacutelida e granulometria do material em suspensatildeo A

estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores situa-se a montante da confluecircncia com o Ribeiratildeo

Ferro Carvatildeo enquanto os demais pontos de monitoramento situam-se a jusante da

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

11

confluecircncia Essa escolha permitiu acompanhar por meio dos monitoramentos o avanccedilo da

pluma de rejeitos na bacia do rio Paraopeba

A Figura 2 mostra a localidade dos pontos de monitoramento ao longo do rio

Paraopeba

Figura 2 Pontos de monitoramento do rio Paraopeba

Fonte Adaptado CPRM2019

33 DADOS DE ESTUDO

O levantamento das caracteriacutesticas do rio agrave montante e a jusante do lanccedilamento em

conjunto com os dados do efluente lanccedilado satildeo fundamentais para o iniacutecio do estudo de

diagnoacutestico da qualidade da aacutegua do Rio Paraopeba A partir desses dados eacute possiacutevel com

base nos limites estabelecidos pela legislaccedilatildeo estabelecer avaliaccedilotildees Os dados

necessaacuterios ao estudo satildeo apresentados na Figura 3

Figura 3- Metodologia de levantamento de dados para o estudo da bacia do rio Paraopeba

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

12

Fonte Autoria proacutepria 2019

Logo considerando que a montante da confluecircncia com Ribeiratildeo Ferro Carvatildeo estaacute

situada a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores pertencente a RHN verifica-se que a

vazatildeo do rio obtida nesse ponto antes da ruptura eacute a Q710 (vazatildeo miacutenima com periacuteodo de

retorno de 10 anos e duraccedilatildeo de 7 dias consecutivos) de 124 m3s Considerando que a

jusante da ruptura da barragem de rejeitos estaacute a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Ponte Nova do

Paraopeba pertencente tambeacutem a RHN a vazatildeo obtida antes da ruptura eacute a Q710 de 154

m3s (CPRM 2019)

A vazatildeo contribui em larga escala para a morfologia e hidrografia do rio Em periacuteodos

de grande descarga (periacuteodo de cheia) natildeo haacute distinccedilatildeo entre aacutereas de remanso e de

correnteza havendo pouca retenccedilatildeo de aacutegua (EMBRAPA 2004)

Quanto ao levantamento de dados do rejeito sabe-se que o volume ocupado era de

117 m3 (VALE 2019) O relatoacuterio final da composiccedilatildeo do rejeito ainda natildeo foi divulgado

mas sabe-se que existe uma toxidade quiacutemica semelhante a composiccedilatildeo da lama do

rompimento da barragem de Mariana em 2015 (ESTADO DE MINAS 2019)

Aleacutem do monitoramento realizado pelo CPRM o IGAM (Instituto Mineiro de Gestatildeo das

Aacuteguas) composto de 8 pontos de monitoramento gerou dados de paracircmetros de qualidade

da aacutegua referentes a seacuterie histoacuterica entre os anos de 2000 a 2018 com o objetivo de

propiciar uma anaacutelise comparativa entre a qualidade da antes e apoacutes a ruptura da

barragem

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

13

Outra fonte de dados utilizada no presente trabalho dizem respeito as mediccedilotildees

realizadas pela equipe teacutecnica da Fundaccedilatildeo SOS Mata Atlacircntica que acompanhou o

deslocamento da onda de rejeitos sobre 305 km do rio Paraopeba do dia 31 de janeiro de

2019 ateacute o dia 9 de fevereiro do mesmo ano O impacto dos rejeitos sobre a qualidade da

aacutegua foi medido em 22 pontos de monitoramento de 2 formas sendo a partir de amostras

de superfiacutecie com mediccedilotildees realizadas a 30 cm da lacircmina drsquoagua e por coluna drsquoaacutegua a

partir de 2m de profundidade (SOS 2019)

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

O dano ambiental na bacia do rio Paraopeba ocorreu no periacuteodo da piracema que

teve iniacutecio em novembro e teve fim em fevereiro (SOS 2019) O volume de rejeitos lanccedilados

na regiatildeo principalmente a grande quantidade de soacutelidos em suspensatildeo deixou a aacutegua

com cor intensa e turbidez elevada A Tabela 3 apresenta os valores maacuteximos e miacutenimos

de 5 paracircmetros da qualidade da aacutegua obtidos pelo monitoramento das estaccedilotildees

fluviomeacutetricas e do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos pertencentes a RHN antes

e depois da ruptura da barragem de Coacuterrego do Feijatildeo

Tabela 3 Paracircmetros de qualidade da aacutegua antes e depois da ruptura da barragem de

Coacuterrego do Feijatildeo com base nos dados das mediccedilotildees da CPRM (2019)

QUALIDADE DA AacuteGUA DO RIO PARAOPEBA NOS PONTOS DE MONITORAMENTO

PARAcircMETROS

CONAMA

VALORES

ANTES DA RUPTURA seacuterie histoacuterica (2000 a 2018)

DEPOIS DA RUPTURA 2601 a 3103

Alberto Flores

Ponte Nova do

Paraopeba

Ponte Taquaraacute

Maacuterio Campos

Ponte Nova do

Paraopeba

Ponte Taquaraacute

Temperatura da aacutegua (Cdeg)

Maacutex

2650 2750 2690 3120 2970 3070

40

Miacuten 1510 1700 1700 2300 2370 2460

OD (mgL)

5 Maacutex

970 971 914 820 768 780

Miacuten

714 360 475 625 533 529

pH

60 - 90 Maacutex

823 823 814 782 737 766

Miacuten

607 607 675 608 661 652

Condutividade eleacutetrica (μscm)

- Maacutex

12810 16100 15690 12700 13070 13060

Miacuten

4380 2420 3650 2940 7370 4770

Turbidez (NTU)

100 Maacutex

76400 75000 38100 2103120 1326450 168190

Miacuten 440 210 290 36640 1970 1140

Fonte Autoria proacutepria 2019

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

14

Obs Todos os dados encontrados antes da ruptura satildeo compatiacuteveis com os registrados na

seacuterie histoacuterica de 2002 a 2018 das estaccedilotildees fluviomeacutetricas exceto os valores para turbidez de 2013

a 2018 (CPRM 2019)

De modo geral o rio Paraopeba encontra-se gravemente afetado entre 30 a 60 km

de distacircncia da barragem O aumento da temperatura apoacutes a ruptura da barragem eacute

justificado pelo lanccedilamento de despejos de rejeitos de mineraccedilatildeo na bacia do rio O ponto

de monitoramento de Maacuterio Campos apresentou a maior temperatura da aacutegua atingindo

um valor superior a 30degC Em geral agrave medida que a temperatura aumenta a taxa de

reaccedilotildees quiacutemicas e bioloacutegicas sofrem aumento (VON SPERLING 2000)

A variaccedilatildeo de temperatura eacute responsaacutevel por aumentar a taxa das reaccedilotildees quiacutemicas

e bioloacutegicas um dos principais fatores de controle direto da concentraccedilatildeo de OD na aacutegua

(EMBRAPA 2004) Com a elevaccedilatildeo da temperatura ocorre o aumento da taxa em que os

nutrientes aderidos aos soacutelidos suspensos satildeo convertidos em formas soluacuteveis

Poreacutem apoacutes a ruptura da barragem a faixa de concentraccedilatildeo de OD apresentou

queda em termos meacutedios de 806 para os 3 pontos de monitoramento apresentados na

Tabela 3 O valor miacutenimo obtido foi de 529 mgL na estaccedilatildeo fluviomeacutetrica da Ponte

Taquara Os valores estatildeo em conformidade com os limites previstos para os rios de classe

2 que segundo a Resoluccedilatildeo Conama 3572005 deve ser maior que 5 mgL

O mesmo aplica-se para os iacutendices de pH que em termos meacutedios apresentou queda

de 137 O pH possui efeito indireto sobre a precipitaccedilatildeo de elementos quiacutemicos toacutexicos

como os metais pesados (EMBRAPA 2004) Apesar dos iacutendices analisados estarem

compatiacuteveis com o limite de 6 a 9 para rios de Classe 2 os valores apoacutes a ruptura estatildeo na

faixa de 6 a 8 Para que ocorra a precipitaccedilatildeo quiacutemica de metais pesados o ideal eacute que o

pH do meio seja elevado ou seja superior a 70 (EMBRAPA 2004) Conforme o pH

aumenta ocorre o aumento da concentraccedilatildeo de complexos dos quais substituem as

moleacuteculas de aacutegua por ligantes inorgacircnicos Por sua vez estas estruturas ligantes por

serem maiores ou menos soluacuteveis dificultam o processo de troca iocircnica facilitando o

processo de precipitaccedilatildeo quiacutemica do metal (OUKI e KAVANNAGH 1999)

Apesar dos iacutendices de OD e do pH natildeo apresentarem desconformidade com os

limites da legislaccedilatildeo os valores de turbidez em todos os pontos de monitoramento apoacutes a

ruptura superaram o limite previsto de 100 NTU para rios de Classe 2 conforme a

Resoluccedilatildeo Conama 3572005 No ponto de monitoramento de Maacuterio Campos obteve-se

210 vezes o Limite Maacuteximo Permitido (LMP) de turbidez Ao comparar os dados antes e

apoacutes a ruptura tem-se que os valores antes ao rompimento tambeacutem superaram o limite

previsto

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

15

De acordo com o Informativo especial ldquoAvaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e

2018rdquo publicado pelo IGAM em 12 de fevereiro de 2019 avaliou-se o comportamento de

alguns paracircmetros de qualidade da aacutegua do rio Paraopeba Segundo a seacuterie histoacuterica da

bacia observa-se que em periacuteodos chuvosos a turbidez do rio ultrapassou 18 vezes o

limite legal permitido Isso indica que para o periacuteodo analisado sugere-se o aporte de soacutelido

de origem difusa na bacia ausecircncia de mata ciliar no entorno e a ocorrecircncia de processos

erosivos

A turbidez provoca nebulosidade ao rio reduzindo a passagem dos feixes de luz na

aacutegua Estaacute reduccedilatildeo daacute-se por absorccedilatildeo e espalhamento uma vez que as partiacuteculas que

provocam turbidez na aacutegua satildeo maiores que o comprimento de luz branca (VON

SPERLING 2000) Devido agrave presenccedila de soacutelidos de mateacuteria inorgacircnica em suspensatildeo

oriundos da lama de rejeitos que afetou o rio a turbidez reduz a fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo

aquaacutetica e influencia drasticamente nas comunidades aquaacuteticas conforme a Figura 4

Figura 4 Condiccedilatildeo do rio Paraopeba nos trechos iniciais ao rompimento da barragem

Fonte REUTERS 2019

Os soacutelidos da lama sedimentam-se no leito do rio podendo ateacute reter bacteacuterias e

resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (EMBRAPA 2004) Assim os

soacutelidos influenciam tambeacutem na demanda de OD Apesar do que foi verificado quanto aos

niacuteveis de OD pode-se inferir que a lama de rejeitos ainda natildeo se sedimentou totalmente no

leito do rio ao ponto de formar bancos de lodo Logo o OD eacute um paracircmetro que responde

lentamente agraves variaccedilotildees de carga de poluiccedilatildeo (CUNHA E FERREIRA 2019)

Aleacutem disso outro paracircmetro analisado eacute a condutividade eleacutetrica Embora natildeo

possua limite de legislaccedilatildeo sua anaacutelise permite verificar de forma indireta o comportamento

dos eletroacutelitos na aacutegua inclusive dos iacuteons de metal (IGAM 2019) Os valores para este

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

16

paracircmetro apoacutes a ruptura variam de 2940 a 13070 μscm Sendo que os valores antes e

apoacutes a ruptura apresentam pouca variaccedilatildeo

Ao analisar os paracircmetros antes e apoacutes a ruptura eacute possiacutevel calcular o IQA para cada

situaccedilatildeo Antes do rompimento da barragem o IQA obtido para a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de

Alberto Flores foi de 66 e apoacutes a ruptura o IQA obtido para o ponto de monitoramento de

Maacuterio Campos foi de 14 Ao analisar a classificaccedilatildeo de IQA do IGAM antes da ruptura o

IQA foi bom (70lt IQA le 90) ou seja a aacutegua apresentava condiccedilotildees apropriadas para o

tratamento convencional visando o abastecimento puacuteblico Apoacutes a ruptura o IQA eacute

considerado muito ruim (IQA le 25) ou seja a aacutegua eacute improacutepria para o tratamento

convencional sendo necessaacuterio tratamentos mais avanccedilados

Segundo o informativo especial de seacuterie histoacuterica de 2000 a 2018 do IGAM (2019)

citado anteriormente especialistas apontam a presenccedila de metais acima do que estipula a

legislaccedilatildeo ambiental para rios de Classe 2 A partir desse informativo e dos monitoramentos

obtidos pela SOS Mata Atlacircntica os teores de metais e de metais pesados analisados satildeo

da mesma magnitude ou inferiores aos teores maacuteximos encontrados As aacuteguas que

recebem efluentes contendo metais pesados apresentam ao fundo concentraccedilotildees elevadas

de sedimento (EMBRAPA 2004) Ao lanccedilar lamas insoluacuteveis contendo metais estas sofrem

transformaccedilotildees quiacutemicas sob a accedilatildeo bioloacutegica lanccedilando lentamente na corrente liacutequida

(EMBRAPA 2004)

A presenccedila de metais apoacutes a ruptura da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo eacute

apresentada na Tabela 4

Tabela 4 Valores meacutedios de concentraccedilatildeo de metais pesados apoacutes o rompimento da

barragem a partir dos monitoramentos da SOS Mata Atlacircntica

PRESENCcedilA DE METAIS NA AacuteGUA APOacuteS A RUPTURA

METAIS VALORES MEacuteDIOS (mgL) LIMITE MAacuteXIMO

PERMITIDO (mgL)

Ferro 6065 03

Cobre 357 0009

Manganecircs 2145 01

Cromo 1145 005

Fonte Autoria proacutepria 2019

A concentraccedilatildeo de metais verificada ao longo do curso do rio Paraopeba de acordo

com o LMP determinado pela resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 demonstra que toda a

extensatildeo do rio foi afetada criticamente Para todos os metais pesados analisados tem-se

concentraccedilotildees meacutedias acima do LMP Fatores como o pH temperatura e OD tambeacutem

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

17

influenciam na mobilidade e potencialidade toacutexica de vaacuterios metais (CARVALHO et al

2016) Em consequecircncia disso apoacutes o lanccedilamento de rejeitos na aacutegua estes paracircmetros

controlam os processos fiacutesicos- quiacutemicos de solubilidade dos metais sendo responsaacuteveis

por influenciar na concentraccedilatildeo e absorccedilatildeo pelos organismos

Contudo ao analisar a presenccedila de metais na aacutegua apoacutes a ruptura encontra-se

aproximadamente 202 vezes o LMP para o ferro e 2145 vezes o LMP para o manganecircs

Em concentraccedilotildees elevadas ambos os metais atribuem coloraccedilatildeo avermelhada sensaccedilatildeo

de adstringecircncia e sabor a aacutegua O ferro por exemplo aparece em aacuteguas subterracircneas

devido agrave dissoluccedilatildeo do mineacuterio devido a presenccedila do gaacutes carbocircnico da aacutegua Ao entrar em

contato com o ar oxida-se conferindo cor e sabor a aacutegua (CETESB 2018) Em alguns

casos altas concentraccedilotildees de ferro satildeo limitantes no crescimento de algas e outras plantas

(VON SPERLING 2000)

Outro iacutendice alarmante eacute a presenccedila de cobre aproximadamente 397 vezes o LMP

e a presenccedila de cromo 229 vezes o LMP Metais pesados como o cobre e cromo podem

causar diversos danos aos organismos podendo ficar disponiacuteveis na aacutegua ateacute serem

assimilados quimicamente ou biologicamente atraveacutes de associaccedilatildeo de estruturas

orgacircnicas (SOS 2019) Logo a presenccedila de quantidades elevadas de cobre na aacutegua pode

produzir vocircmitos sabor desagradaacutevel na aacutegua e uma extensa variedade de efeitos toacutexicos

Jaacute o cromo em condiccedilotildees elevadas pode causar problemas respiratoacuterios e modificaccedilotildees

hematoloacutegicas (VON SPERLING 2000)

5 CONCLUSAtildeO

O dano ambiental causado apoacutes o rompimento da Barragem do Complexo do

Coacuterrego do Feijatildeo tornou as aacuteguas do rio Paraopeba improacuteprias para o consumo pois

segundo os paracircmetros analisados temperatura turbidez e valores meacutedios de metais estatildeo

em desconformidade com os padrotildees da legislaccedilatildeo vigente exceto os paracircmetros OD pH

e condutividade eleacutetrica Aleacutem disso o IQA calculado apoacutes a ruptura da barragem eacute

classificado como muito ruim o que faz-se necessaacuterio o uso tratamentos mais avanccedilados

para o abastecimento puacuteblico

Verificou-se que o lanccedilamento de efluentes oriundos de rejeitos de mineacuterio no rio

deteriora a qualidade da aacutegua e possui consequecircncias prolongadas ao ecossistema

aquaacutetico Logo o impacto causado pelo volume de rejeitos eacute de difiacutecil anaacutelise pois ao

formarem misturas complexas de vaacuterios elementos quiacutemicos com a aacutegua tornam a

qualidade da aacutegua desse corpo drsquoaacutegua variaacutevel e de difiacutecil previsatildeo da capacidade de

autodepuraccedilatildeo

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

18

O principal problema ambiental do lanccedilamento de rejeitos na bacia do rio Paraopeba

foi o acuacutemulo dos rejeitos de mineacuterio na calha do rio gerando a necessidade de

monitoramento constante e de teacutecnicas de remediaccedilatildeo Apesar da bacia do rio Paraopeba

ter um histoacuterico de aumento dos niacuteveis de turbidez nos meses de cheia o impacto sobre

qualidade da aacutegua apoacutes o acontecimento eacute criacutetico comparado ao histoacuterico

Por enquanto o dimensionamento definitivo sobre o dano ambiental eacute imensuraacutevel

pois os resiacuteduos permaneceratildeo no ambiente por tempo indeterminado Deve se ter em

mente que o rio poderaacute se recuperar do impacto mas o ecossistema dificilmente voltaraacute agraves

condiccedilotildees de preacute-impacto Para isso eacute de suma importacircncia que medidas efetivas de

recuperaccedilatildeo ambiental sejam adotadas como por exemplo a remoccedilatildeo de parte dos

sedimentos depositados no leito do rio Portanto eacute fundamental que todos os oacutergatildeos

responsaacuteveis pela gestatildeo dos recursos hiacutedricos e pelas atividades mineraacuterias serem riacutegidos

quanto a este tipo de impacto e que cobrem com rigor medidas de recuperaccedilatildeo do recurso

hiacutedrico

6 RECOMENDACcedilOtildeES

Com base nas conclusotildees desta pesquisa e dos questionamentos que ainda podem

ser respondidos recomenda-se aplicar um modelo de qualidade da aacutegua que leve em

consideraccedilatildeo a presenccedila dos rejeitos de mineacuterio de ferro no leito do rio afim de entender

afundo a diversidade regional de problemas e soluccedilotildees concernentes para o rompimento

de barragens

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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Page 4: DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO DO RIO PARAOPEBA ...repositorio.ufgd.edu.br/.../2337/1/IzabellyCapilleBeloto.pdfSendo um parâmetro importante para a avaliação da qualidade de um corpo

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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1 INTRODUCcedilAtildeO

Ao longo dos uacuteltimos 5 mil anos as barragens tecircm sido estruturas utilizadas para

suprir a necessidade de aacutegua para consumo humano (CBDB 2013) As barragens

permitiam a coleta e o armazenamento de aacutegua em periacuteodos de estiagem Aleacutem de

promover o armazenamento de aacutegua para a populaccedilatildeo (CBDB 2013) pode ser destinada

para outras finalidades tais como contenccedilatildeo de rejeitos de mineraccedilatildeo energia hidreleacutetrica

navegaccedilatildeo e irrigaccedilatildeo

Etimologicamente o termo barragem proveacutem da palavra francesa barrage do seacuteculo

XII que significa ldquotravessa tranca de fechar a portardquo (CBDB 2013) As barragens podem

ser definidas como construccedilotildees que possuem o objetivo de conter e regular o curso drsquoaacutegua

liacutequidos detritos e rejeitos afim de formar um reservatoacuterio para armazenamento ou

controle Pelo fato de formarem reservatoacuterios essas construccedilotildees podem gerar danos

extremos caso sejam mal executadas e natildeo apresentem fiscalizaccedilatildeo adequada (LACAZ

PORTO e PINHEIRO 2017)

Segundo o Relatoacuterio de Seguranccedila de Barragens (ANA 2018) contenccedilatildeo de rejeitos

de mineraccedilatildeo eacute o principal uso das barragens no Brasil A mineraccedilatildeo oferece importantes

contribuiccedilotildees poliacuteticas econocircmicas e sociais para o paiacutes (MACHADO 2007) Poreacutem

oferecem risco iminente para o meio ambiente principalmente na contaminaccedilatildeo da aacutegua

Por essa razatildeo eacute de suma relevacircncia o estudo do impacto causado sobre os recursos

hiacutedricos devido ao rompimento de barragens de contenccedilatildeo de rejeitos no Brasil

O rompimento de barragens eacute considerado reincidente na histoacuteria da humanidade

(ESDHC 2015) Desde os anos 2000 pesquisadores e movimentos sociais alertam para

os possiacuteveis impactos ambientais que o aumento do extrativismo mineral pode causar

(MILANEZ et al 2015) Com o crescimento exponencial da produccedilatildeo de mineacuterio entre os

anos de 2003 e 2013 o Brasil tornou-se o segundo paiacutes que mais exportou mineacuterio

(MILANEZ et al 2015) Em 2011 o preccedilo do mineacuterio entrou em decliacutenio o que resultou no

aumento da produccedilatildeo e queda nos custos Conduta esta que apesar de outras

circunstacircncias econocircmicas resultou no aumento do rompimento de barragens (MILANEZ

et al 2015)

De acordo com a organizaccedilatildeo World Information Service on Energy (Wise)

aconteceram no mundo ao longo dos uacuteltimos 50 anos pelo menos 37 desastres de

barragens de mineraccedilatildeo considerados graves (apud FREITAS SILVA e MENEZES 2016)

Nos uacuteltimos 15 anos o estado de Minas Gerais presenciou 6 rompimentos de barragens de

mineacuterio de ferro sendo o rompimento da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo (Brumadinho MG)

o uacuteltimo desastre ocorrido

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

3

O rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Vale no complexo mineraacuterio

do Coacuterrego do Feijatildeo (Brumadinho MG) despejou 12 toneladas de rejeitos de mineacuterio no

Rio Paraopeba no dia 25 de janeiro de 2019 (G1 MINAS 2019) O Rio Paraopeba era

responsaacutevel por 43 do abastecimento puacuteblico da regiatildeo de Belo Horizonte (COPASA

2019) Apoacutes o acontecimento o Rio perdeu a condiccedilatildeo de importante manancial de

abastecimento puacuteblico e a aacuterea atingida foi drasticamente devastada (SOS 2019)

O Rio Paraopeba eacute um dos afluentes do Rio Satildeo Francisco Pressupotildeem-se que

toda a lama ldquodiluardquo antes de chegar ao rio Satildeo Francisco (MINAS 2019) Logo faz-se

necessaacuterio estudos que confirmem tal suposiccedilatildeo

Alguns trabalhos sobre a anaacutelise do rompimento de barragens de rejeito de

mineraccedilatildeo jaacute foram feitos pelo mundo (BROWN 2012 ESDHC 2015) Contudo no geral

eles retratam apenas os motivos da ocorrecircncia de um rompimento e natildeo o impacto causado

pelo rompimento (AZAM 2010 RICO et al 2008)

Em virtude disso o objetivo do presente trabalho foi a anaacutelise da qualidade da aacutegua

do rio Paraopeba apoacutes o lanccedilamento de rejeitos de mineraccedilatildeo decorrente do rompimento

da Barragem Coacuterrego do Feijatildeo em Brumadinho em Minas Gerais

2 REFERENCIAL BIBLIOGRAacuteFICO

21 QUALIDADE DA AacuteGUA E IMPACTOS DO LANCcedilAMENTO DE EFLUENTES

O equiliacutebrio do ecossistema aquaacutetico possui forte contribuiccedilatildeo para a qualidade da

aacutegua pois determina agraves condiccedilotildees ideais para a reproduccedilatildeo dos organismos aquaacuteticos e

de toda a teia troacutefica da bacia (BRAGA et al 2005) A qualidade da aacutegua eacute resultante de

fenocircmenos naturais e da accedilatildeo do homem no ambiente (VON SPERLING 2000) Nesse

contexto a correta identificaccedilatildeo dos efeitos das accedilotildees antropogecircnicas sobre os sistemas

bioloacutegicos eacute fundamental principalmente para distinguir as variaccedilotildees naturais que ocorrem

durante as estaccedilotildees do ano das alteraccedilotildees provocadas pelo homem (CAIRNS et al 1993)

Logo a qualidade da aacutegua eacute determinada atraveacutes do Iacutendice de Qualidade das Aacuteguas

(IQA) que permite levar em consideraccedilatildeo o uso deste recurso a partir de um caacutelculo feito

da mediccedilatildeo de paracircmetros bioloacutegicos e fiacutesico-quiacutemicos tais como Oxigecircnio Dissolvido

(OD) Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) potencial hidrogeniocircnico (pH)

concentraccedilatildeo de nutrientes e coliformes totais (CT) (EMBRAPA 2014)

O IQA eacute calculado conforme a seguinte expressatildeo

(21)

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

4

Onde o IQA eacute o Iacutendice de Qualidade de Aacuteguas qi eacute o valor do paracircmetro wi eacute o

peso atribuiacutedo a cada paracircmetro e n eacute o nuacutemero de paracircmetros a serem avaliados

Ao analisar paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos observa-se as seguintes caracteriacutesticas

baacutesicas temperatura turbidez soacutelidos totais pH e OD A temperatura superficial pode ser

influenciada por fatores locais tais como a altitude latitude e profundidade (CETESB

2018) Pelo fato de desempenhar um papel crucial no meio aquaacutetico a temperatura eacute

responsaacutevel pela influecircncia das variaacuteveis fiacutesico-quiacutemicos (CETESB 2018) Aleacutem disso em

conjunto com a pressatildeo satildeo os dois principais fatores que controlam diretamente a

concentraccedilatildeo de OD (EMBRAPA 2014)

Outro fator importante eacute a turbidez que eacute o grau de atenuaccedilatildeo de intensidade da luz

devido a presenccedila dos soacutelidos em suspensatildeo tais como partiacuteculas inorgacircnicas (CETESB

2018) Ao analisar as consequecircncias da atividade mineraacuteria em que o aumento da turbidez

eacute excessivo tem-se a reduccedilatildeo da fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo suprimindo a produtividade

dos peixes Segundo Abdel-Baki et al (2011) os peixes podem ser utilizados como

organismos indicadores de qualidade ambiental principalmente quando a turbidez eacute

causada por metais pesados

Quanto aos soacutelidos estes satildeo classificados em soacutelidos volaacuteteis (mateacuteria orgacircnica) e

soacutelidos fixos (mateacuteria inorgacircnica) Ambos podem causar danos aos peixes e a vida aquaacutetica

em geral Ao se sedimentar no leito dos rios danificam a desova dos peixes e os

organismos que oferecem alimento Aleacutem disso os soacutelidos podem reter bacteacuterias e

resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (CETESB 2018)

Ao analisar paracircmetros quiacutemicos tem-se principalmente as seguintes caracteriacutesticas

de estudo pH OD nitrogecircnio e foacutesforo O pH por estar presente no equiliacutebrio quiacutemico

ocorre naturalmente ou em processos de tratamento de aacutegua Por sua vez eacute um paracircmetro

importante no saneamento ambiental pois em determinadas condiccedilotildees atua na

precipitaccedilatildeo quiacutemica (VON SPERLING 2014) Contudo o OD eacute um dos constituintes mais

importantes dos recursos hiacutedricos por estar diretamente relacionado com os tipos de

organismos que sobrevivem em um corpo drsquoaacutegua (BRAGA et al 2005) Presentes na aacutegua

sob vaacuterias formas o nitrogecircnio e o foacutesforo causam o processo de eutrofizaccedilatildeo quando

encontram-se dissolvidos em excesso no meio (VON SPERLING 2014)

Por fim os paracircmetros bioloacutegicos dizem respeito a quantidade e a diversidade de

espeacutecies presentes no meio aquaacutetico que variam conforme a transparecircncia da aacutegua

nutrientes disponiacuteveis e fatores fiacutesicos (BRAGA et al 2005) Os microrganismos

constituintes dos coliformes totais (CT) desempenham diversas funccedilotildees importantes ao

analisar este paracircmetro sendo responsaacuteveis pela transformaccedilatildeo da mateacuteria dentro dos

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

5

ciclos biogeoquiacutemicos e um importante indicador da de presenccedila de microrganismos

patogecircnicos na aacutegua (VON SPERLING 2000)

22 INTERACcedilOtildeES BIOLOacuteGICAS NO MEIO AQUAacuteTICO

Segundo Braga et al (2002) a poluiccedilatildeo da aacutegua eacute a alteraccedilatildeo das caracteriacutesticas

devido as accedilotildees e interferecircncias de origem natural ou humana Essas alteraccedilotildees satildeo

responsaacuteveis por criar impactos ecoloacutegicos esteacuteticos e fisioloacutegicos Poreacutem somente

alteraccedilotildees esteacuteticas natildeo podem ser levadas em consideraccedilatildeo pois eacute a partir do estudo do

corpo receptor com o uso de ferramentas teacutecnicas especiacuteficas que eacute possiacutevel quantificar

e qualificar tal alteraccedilatildeo

Para compreender as interaccedilotildees bioloacutegicas no meio aquaacutetico tem-se que a

concentraccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido (OD) na aacutegua ocorre em funccedilatildeo das caracteriacutesticas do

despejo do corpo drsquoaacutegua e da produccedilatildeo de oxigecircnio Dentre tantas variaacuteveis as

caracteriacutesticas do despejo estatildeo fortemente associadas com o consumo de OD do meio

sendo considerado a facilidade de biodegradaccedilatildeo a quantidade de poluente despejado e

a vazatildeo despejada (BRAGA et al 2002)

As caracteriacutesticas do corpo drsquoaacutegua determinam tambeacutem com que facilidade as

cargas poluidoras seratildeo misturadas ao meio entrando em questatildeo a velocidade do fluido

a geometria do escoamento e a intensidade de difusatildeo Por fim a produccedilatildeo de oxigecircnio eacute

uma das variaacuteveis mais relevantes pois a atividade fotossinteacutetica (produccedilatildeo endoacutegena) e

a reaeraccedilatildeo (produccedilatildeo exoacutegena) consiste no ciclo de passagem do oxigecircnio atmosfeacuterico

para o meio aquaacutetico (VON SPERLING 2014)

Sendo um paracircmetro importante para a avaliaccedilatildeo da qualidade de um corpo drsquoaacutegua

a concentraccedilatildeo de OD permite indicar a condiccedilatildeo do corpo receptor ao lanccedilamento de

cargas pontuais ou difusas (CETESB 2018) Baixos niacuteveis de OD geram altos niacuteveis de

Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO5) e vice-versa Em outras palavras a DBO5 eacute

correspondente ao oxigecircnio consumido pelos organismos decompositores aeroacutebios para

que seja feita a completa decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica lanccedilada na aacutegua considerado

um indicador de qualidade da aacutegua (BRAGA et al 2002)

O consumo de OD deve-se a respiraccedilatildeo principalmente das bacteacuterias heterotroacuteficas

aeroacutebias resultando na equaccedilatildeo simplificada de estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica

119872119874 + 1198742 + 119887119886119888119905eacute119903119894119886119904 rarr 1198621198742 +1198672119874 + 119887119886119888119905eacute119903119894119886119904 + 119890119899119890119903119892119894119886 (22)

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

6

Na presenccedila de oxigecircnio as bacteacuterias convertem a mateacuteria orgacircnica (MO) em

compostos simples e estaacuteveis Enquanto houver alimento e oxigecircnio disponiacutevel as

bacteacuterias tendem a crescer e se reproduzir no meio sendo que o consumo da MO e do OD

pelas bacteacuterias resulta em compostos como o gaacutes carbocircnico aacutegua e energia conforme

Equaccedilatildeo 11 Pelo fato da mateacuteria orgacircnica ter sido convertida em gaacutes carbocircnico a reaccedilatildeo

acima pode ser chamada de reaccedilatildeo de oxidaccedilatildeo (VON SPERLING 2014)

Apoacutes concluiacuterem a etapa de oxidaccedilatildeo os organismos decompositores estabilizam

ou mineralizam a MO Poreacutem a mateacuteria orgacircnica que se sedimentou forma o chamado

lodo de fundo que tambeacutem necessita ser convertido Em virtude da dificuldade de

penetraccedilatildeo do oxigecircnio na camada de lodo grande parte da conversatildeo da mateacuteria orgacircnica

ocorre sob condiccedilotildees anaeroacutebicas No entanto a camada superior de lodo ainda possui

acesso ao oxigecircnio da massa liacutequida sobrenadante o que resulta na remoccedilatildeo de DBO e

no consumo de oxigecircnio (VON SPERLING 2014) Logo esse processo recebe o nome de

demanda bentocircnica ou demanda de oxigecircnio pelo sedimento onde alguns subprodutos

parciais da decomposiccedilatildeo anaeroacutebia dissolvem-se e difundem-se exercendo demanda de

oxigecircnio (VON SPERLING 2014)

A sedimentaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode implicar na diminuiccedilatildeo da DBO da massa

liacutequida mas com a ressuspensatildeo da massa decantada devido turbulecircncias ou altas

velocidades de escoamento ocorre o inverso (ANDRADE 2010) Com isso tem-se o

chamado revolvimento da camada de lodo

22 REJEITOS DE MINERACcedilAtildeO

Segundo Arauacutejo (2006) e Machado (2007) os rejeitos satildeo partiacuteculas resultantes de

processos de beneficiamento dos mineacuterios visando extrair os elementos de interesse

econocircmico de forma que seu descarte natildeo comprometa o meio ambiente Sua constituiccedilatildeo

eacute definida pela presenccedila de soacutelidos e uma fraccedilatildeo liacutequida com concentraccedilatildeo de 30 a 50

em peso (ARAUacuteJO 2006) Assim os rejeitos podem variar de materiais arenosos natildeo

plaacutesticos sendo os rejeitos granulares ateacute solos com alta plasticidade e granulometria mais

fina como as lamas (VALE 2019)

Nesse contexto os rejeitos de mineacuterio de ferro satildeo formados por partiacuteculas ultrafinas

contendo Ferro Alumina Foacutesforo e Siacutelica sendo classificados de acordo com a

granulometria (VALE 2019) Poreacutem a mineraccedilatildeo eacute uma das atividades que tambeacutem libera

metais potencialmente toacutexicos pois consiste em uma atividade que rompe com o equiliacutebrio

geoquiacutemico natural (SALOMONS 1995)

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

7

Os metais pesados conferem elevada resistecircncia agrave degradaccedilatildeo quiacutemica fiacutesica e

bioloacutegica possibilitando a persistecircncia por longos periacuteodos de tempo no meio aquaacutetico

(MORAES JORDAtildeO 2002) Logo ao persistir no ambiente aquaacutetico os metais pesados

causam forte impacto na estabilidade dos ecossistemas provocando efeitos adversos nos

seres humanos aleacutem de causar a mortalidade de peixes e das comunidades bentocircnicas

perifiacuteticas planctocircnica nectocircnica e de seres fotossintetizantes (MORAES JORDAtildeO 2002

SAMPAIO 2003)

Por ser altamente reativos e apresentar facilidade ao se ligar a outros elementos

quiacutemicos os metais pesados natildeo encontram-se independentes no meio aquaacutetico Nesse

contexto a poluiccedilatildeo gerada pelos metais pesados possui forte contribuiccedilatildeo dos sedimentos

de fundo Ao refletir na quantidade disponiacutevel no ambiente tambeacutem satildeo usados para

detectar a presenccedila de contaminantes que natildeo permanecem soluacuteveis Assim as

propriedades de acuacutemulo de sedimentos aliadas aos metais pesados disponiacuteveis satildeo de

extrema importacircncia para qualificar os efeitos da contaminaccedilatildeo em estudos de impacto

ambiental (SAMPAIO 2003)

24 LEGISLACcedilAtildeO CONAMA 357 E 430

Os padrotildees de qualidade da aacutegua demonstram de forma generalizada e conceitual

a propriedade desejada a este recurso Logo objetivando a proteccedilatildeo ambiental e a sauacutede

puacuteblica as resoluccedilotildees do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) 357 e 430

estabelecem padrotildees de lanccedilamento e qualidade do corpo receptor

A resoluccedilatildeo CONAMA ndeg 430 de 13 de maio de 2011 dispotildeem sobre paracircmetros

padrotildees condiccedilotildees e diretrizes para a gestatildeo de efluentes lanccedilados nos corpos drsquoaacutegua

(BRASIL 2011) Esta resoluccedilatildeo complementa e altera a resoluccedilatildeo CONAMA ndeg 357 de 17

de marccedilo de 2005 que dispotildeem as diretrizes e classificaccedilotildees ambientais para o

enquadramento das aacuteguas superficiais (CERON 2012)

Atualmente a Resoluccedilatildeo ndeg35705 do CONAMA extinta Resoluccedilatildeo CONAMA nordm

02086 define o niacutevel de qualidade a ser alcanccedilado e mantido por uma bacia Nos limites

para os paracircmetros fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos o Rio Paraopeba que foi estudado no

presente trabalho possui enquadramento classe 2 segundo a norma Assim segundo a

norma as aacuteguas do rio Paraopeba satildeo destinadas para abastecimento humano (apoacutes

tratamento convencional) proteccedilatildeo de comunidades aquaacuteticas recreaccedilatildeo de contato

primaacuterio (segundo Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg274 de 2000) irrigaccedilatildeo aquicultura e pesca

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

8

Poreacutem a classificaccedilatildeo dos paracircmetros de qualidade para os rios de Classe 2 eacute o

mesmo adotado para rios de Classe 1 Os respectivos valores de paracircmetros de qualidade

constam na Tabela 1 onde para o pH os valores apresentados correspondem aos limites

inferiores e superiores da faixa de referecircncia Para OD e DBO o valor apresentado

corresponde ao valor miacutenimo de referecircncia estabelecido para o paracircmetro

Tabela 1- Paracircmetros de qualidade da aacutegua conforme Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg35705 para rios de Classe 2

PARAcircMETRO UNIDADE VALOR

pH - 60 - 90

Turbidez NTU 100

Oxigecircnio dissolvido (OD)

Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio (DBO)

mg L-1 5

5

Fonte adaptado CONAMA 2005

Para o lanccedilamento de efluentes a temperatura maacutexima para corpos drsquoaacutegua eacute de

40degC A legislaccedilatildeo apresenta normatizaccedilatildeo restrita agraves aacuteguas de efluentes devido agrave alta

sazonalidade anual e diaacuteria no ambiente natural (MAIA 2017) Os efluentes atendem

condiccedilotildees especiacuteficas Aleacutem dos paracircmetros apresentados anteriormente a Resoluccedilatildeo

ndeg43011 apresenta limites maacuteximos para elementos quiacutemicos dissolvidos na aacutegua

conforme a Tabela 2

Tabela 2- Concentraccedilotildees maacuteximas de alguns elementos quiacutemicos conforme Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg43011 para rios de Classe 2

ELEMENTO QUIacuteMICO VALOR MAacuteXIMO (microgl)

Ferro (Fe) 300

Manganecircs (Mn) 100

Cromo (Cr) 50

Cobre (Cu) 9

Fonte adaptado CONAMA 2011 3 METODOLOGIA

A metodologia desenvolvida por esta pesquisa baseia-se na utilizaccedilatildeo de dados de

pesquisas exploratoacuterias e bibliograacuteficas sobre a qualidade da aacutegua do rio Paraopeba a

montante e a jusante do lanccedilamento do rejeito de mineraccedilatildeo ocorrido em funccedilatildeo do

rompimento da Barragem da Mina Coacuterrego do Feijatildeo em Minas Gerais

A partir da aacuterea de estudo delimitada proacutexima as estaccedilotildees fluviomeacutetricas do Rio

Paraopeba e dos paracircmetros fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos obtidos pelas anaacutelises

119898119892 119871minus1

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

9

apresentadas pela Rede Hidrometeroloacutegica Nacional (RHN) operada pela Companhia de

Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM) foram feitas avaliaccedilotildees e o diagnoacutestico da

situaccedilatildeo das aacuteguas do Rio Paraopeba de acordo com legislaccedilatildeo ambiental vigente

(CONAMA)

A escolha das estaccedilotildees fluviomeacutetricas de Alberto Flores- 40740000 Ponte Nova do

Paraopeba- 40800001 e Ponte da Taquara- 40850000 da RHN foram fundamentais para a

pesquisa deste trabalho A RHN disponibilizou dados de niacutevel e de vazatildeo diaacuterios As vazotildees

diaacuterias eram obtidas atraveacutes de mediccedilotildees feitas com o uso de molinetes equipamentos

acuacutesticos (SONTEK M9 e RDI RiverRay) e curvas chaves Estabelecidas a partir de

mediccedilotildees de vazatildeo realizadas 3 a 4 vezes por ano durante as visitas de inspeccedilatildeo realizadas

pelo CPRM Aleacutem disso a partir destas mediccedilotildees eram feitas anaacutelises de 5 paracircmetros de

qualidade da aacutegua temperatura da aacutegua do rio pH do meio oxigecircnio dissolvido turbidez e

condutividade eleacutetrica Estas anaacutelises eram feitas in loco pela equipe do CPRM com o uso

de sonda multiparameacutetrica YSI EXO1 e Hydrolab MS5

Apesar do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos ser o uacutenico dentre os

escolhidos que natildeo era uma estaccedilatildeo fluviomeacutetrica antes da ruptura da barragem este ponto

atua na realizaccedilatildeo de mediccedilotildees de descarga liacutequida e soacutelida pelo CPRM As mediccedilotildees de

descarga soacutelida em suspensatildeo eram obtidas a partir da coleta de amostras 2D (2

dimensotildees) pela equipe do CPRM Utilizou-se amostradores tipo USBM-54 e Van Veen

para a determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de sedimentos permitindo o acompanhamento do

avanccedilo do rejeito ao longo da bacia

31 AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de estudo corresponde a bacia do Rio Paraopeba localizada na regiatildeo central

de Minas Gerais e que possui uma aacuterea de 12054 km2 (25 da aacuterea total de MG) e 510

km de extensatildeo do curso principal (IGAM 2013) O rio abrange cerca de 48 municiacutepios

sendo 35 municiacutepios sedes na bacia (CBHSF 2019) Possui sua nascente localizada ao

sul no municiacutepio de Cristiano Otoni e sua foz na represa de Trecircs Marias no municiacutepio de

Felixlacircndia em Minas Gerais (CBHSF 2019) Aleacutem disso o rio eacute responsaacutevel por 43 do

abastecimento puacuteblico da regiatildeo metropolitana de Belo Horizonte (COPASA 2019)

A bacia do Rio Paraopeba possui aacuterea de drenagem de 13640 km2 sendo que a

montante do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo local onde houve a ruptura da barragem possui aacuterea

de drenagem em torno de 4000 km2 (CPRM 2019) Afluente pela margem direita do rio

Paraopeba o ribeiratildeo Ferro Carvatildeo possui bacia de aacuterea 328 km2 e vazatildeo em torno de 600

Ls obtida por regionalizaccedilatildeo de vazotildees (CPRM 2019)

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

10

Segundo a Vale os rejeitos dispostos na barragem de alteamento agrave montante

ocupavam um volume de aproximadamente 117 milhotildees de m3 A barragem atingiu sua

elevaccedilatildeo maacutexima em meados de 2013 e deixou de receber rejeitos em 2016 A CPRM com

a utilizaccedilatildeo de imagens de sateacutelite delimitou que a aacuterea atingida foi de 31 km2 pelo rejeito

na bacia do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo A Figura 1 mostra a aacuterea atingida pela ruptura da

barragem deixando o ribeiratildeo e todo o entorno da aacuterea devastados

Figura 1 Aacuterea da barragem da Mina do Ribeiratildeo do Feijatildeo apoacutes a ruptura da barragem B1

Fonte Google Earth 2019

32 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS REDES DE MONITORAMENTO DA CPRM

As estaccedilotildees fluviomeacutetricas escolhidas para o presente trabalho foram definidas com

base no estudo e monitoramento do Rio Paraopeba realizados no periacuteodo de 2601 ateacute

3103 do ano de 2019 pelo CPRM Logo escolheu-se os pontos de monitoramento

representados na Quadro 1

Quadro 1 Pontos de monitoramento da bacia do rio Paraopeba

COacuteDIGO ESTACcedilAtildeO FLUVIOMEacuteTRICA AacuteREA

(km2) LAT LONG

DIST DA

BARRAGEM

40740000 Alberto Flores 3945 - 200945 ‐0440938 1km a montante

40800001 Ponte Nova do Paraopeba 5680 -195657 ‐0441819 57 km

40850000 Ponte Taquaraacute 8720 -192523 ‐0443258 176 km

- Maacuterio Campos - -200311 -0441148 29 km

Fonte adaptado CPRM2019

A CPRM com a participaccedilatildeo de oacutergatildeos puacuteblicos promoveram os monitoramentos

diaacuterios de niacutevel vazatildeo descarga soacutelida e granulometria do material em suspensatildeo A

estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores situa-se a montante da confluecircncia com o Ribeiratildeo

Ferro Carvatildeo enquanto os demais pontos de monitoramento situam-se a jusante da

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

11

confluecircncia Essa escolha permitiu acompanhar por meio dos monitoramentos o avanccedilo da

pluma de rejeitos na bacia do rio Paraopeba

A Figura 2 mostra a localidade dos pontos de monitoramento ao longo do rio

Paraopeba

Figura 2 Pontos de monitoramento do rio Paraopeba

Fonte Adaptado CPRM2019

33 DADOS DE ESTUDO

O levantamento das caracteriacutesticas do rio agrave montante e a jusante do lanccedilamento em

conjunto com os dados do efluente lanccedilado satildeo fundamentais para o iniacutecio do estudo de

diagnoacutestico da qualidade da aacutegua do Rio Paraopeba A partir desses dados eacute possiacutevel com

base nos limites estabelecidos pela legislaccedilatildeo estabelecer avaliaccedilotildees Os dados

necessaacuterios ao estudo satildeo apresentados na Figura 3

Figura 3- Metodologia de levantamento de dados para o estudo da bacia do rio Paraopeba

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

12

Fonte Autoria proacutepria 2019

Logo considerando que a montante da confluecircncia com Ribeiratildeo Ferro Carvatildeo estaacute

situada a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores pertencente a RHN verifica-se que a

vazatildeo do rio obtida nesse ponto antes da ruptura eacute a Q710 (vazatildeo miacutenima com periacuteodo de

retorno de 10 anos e duraccedilatildeo de 7 dias consecutivos) de 124 m3s Considerando que a

jusante da ruptura da barragem de rejeitos estaacute a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Ponte Nova do

Paraopeba pertencente tambeacutem a RHN a vazatildeo obtida antes da ruptura eacute a Q710 de 154

m3s (CPRM 2019)

A vazatildeo contribui em larga escala para a morfologia e hidrografia do rio Em periacuteodos

de grande descarga (periacuteodo de cheia) natildeo haacute distinccedilatildeo entre aacutereas de remanso e de

correnteza havendo pouca retenccedilatildeo de aacutegua (EMBRAPA 2004)

Quanto ao levantamento de dados do rejeito sabe-se que o volume ocupado era de

117 m3 (VALE 2019) O relatoacuterio final da composiccedilatildeo do rejeito ainda natildeo foi divulgado

mas sabe-se que existe uma toxidade quiacutemica semelhante a composiccedilatildeo da lama do

rompimento da barragem de Mariana em 2015 (ESTADO DE MINAS 2019)

Aleacutem do monitoramento realizado pelo CPRM o IGAM (Instituto Mineiro de Gestatildeo das

Aacuteguas) composto de 8 pontos de monitoramento gerou dados de paracircmetros de qualidade

da aacutegua referentes a seacuterie histoacuterica entre os anos de 2000 a 2018 com o objetivo de

propiciar uma anaacutelise comparativa entre a qualidade da antes e apoacutes a ruptura da

barragem

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

13

Outra fonte de dados utilizada no presente trabalho dizem respeito as mediccedilotildees

realizadas pela equipe teacutecnica da Fundaccedilatildeo SOS Mata Atlacircntica que acompanhou o

deslocamento da onda de rejeitos sobre 305 km do rio Paraopeba do dia 31 de janeiro de

2019 ateacute o dia 9 de fevereiro do mesmo ano O impacto dos rejeitos sobre a qualidade da

aacutegua foi medido em 22 pontos de monitoramento de 2 formas sendo a partir de amostras

de superfiacutecie com mediccedilotildees realizadas a 30 cm da lacircmina drsquoagua e por coluna drsquoaacutegua a

partir de 2m de profundidade (SOS 2019)

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

O dano ambiental na bacia do rio Paraopeba ocorreu no periacuteodo da piracema que

teve iniacutecio em novembro e teve fim em fevereiro (SOS 2019) O volume de rejeitos lanccedilados

na regiatildeo principalmente a grande quantidade de soacutelidos em suspensatildeo deixou a aacutegua

com cor intensa e turbidez elevada A Tabela 3 apresenta os valores maacuteximos e miacutenimos

de 5 paracircmetros da qualidade da aacutegua obtidos pelo monitoramento das estaccedilotildees

fluviomeacutetricas e do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos pertencentes a RHN antes

e depois da ruptura da barragem de Coacuterrego do Feijatildeo

Tabela 3 Paracircmetros de qualidade da aacutegua antes e depois da ruptura da barragem de

Coacuterrego do Feijatildeo com base nos dados das mediccedilotildees da CPRM (2019)

QUALIDADE DA AacuteGUA DO RIO PARAOPEBA NOS PONTOS DE MONITORAMENTO

PARAcircMETROS

CONAMA

VALORES

ANTES DA RUPTURA seacuterie histoacuterica (2000 a 2018)

DEPOIS DA RUPTURA 2601 a 3103

Alberto Flores

Ponte Nova do

Paraopeba

Ponte Taquaraacute

Maacuterio Campos

Ponte Nova do

Paraopeba

Ponte Taquaraacute

Temperatura da aacutegua (Cdeg)

Maacutex

2650 2750 2690 3120 2970 3070

40

Miacuten 1510 1700 1700 2300 2370 2460

OD (mgL)

5 Maacutex

970 971 914 820 768 780

Miacuten

714 360 475 625 533 529

pH

60 - 90 Maacutex

823 823 814 782 737 766

Miacuten

607 607 675 608 661 652

Condutividade eleacutetrica (μscm)

- Maacutex

12810 16100 15690 12700 13070 13060

Miacuten

4380 2420 3650 2940 7370 4770

Turbidez (NTU)

100 Maacutex

76400 75000 38100 2103120 1326450 168190

Miacuten 440 210 290 36640 1970 1140

Fonte Autoria proacutepria 2019

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

14

Obs Todos os dados encontrados antes da ruptura satildeo compatiacuteveis com os registrados na

seacuterie histoacuterica de 2002 a 2018 das estaccedilotildees fluviomeacutetricas exceto os valores para turbidez de 2013

a 2018 (CPRM 2019)

De modo geral o rio Paraopeba encontra-se gravemente afetado entre 30 a 60 km

de distacircncia da barragem O aumento da temperatura apoacutes a ruptura da barragem eacute

justificado pelo lanccedilamento de despejos de rejeitos de mineraccedilatildeo na bacia do rio O ponto

de monitoramento de Maacuterio Campos apresentou a maior temperatura da aacutegua atingindo

um valor superior a 30degC Em geral agrave medida que a temperatura aumenta a taxa de

reaccedilotildees quiacutemicas e bioloacutegicas sofrem aumento (VON SPERLING 2000)

A variaccedilatildeo de temperatura eacute responsaacutevel por aumentar a taxa das reaccedilotildees quiacutemicas

e bioloacutegicas um dos principais fatores de controle direto da concentraccedilatildeo de OD na aacutegua

(EMBRAPA 2004) Com a elevaccedilatildeo da temperatura ocorre o aumento da taxa em que os

nutrientes aderidos aos soacutelidos suspensos satildeo convertidos em formas soluacuteveis

Poreacutem apoacutes a ruptura da barragem a faixa de concentraccedilatildeo de OD apresentou

queda em termos meacutedios de 806 para os 3 pontos de monitoramento apresentados na

Tabela 3 O valor miacutenimo obtido foi de 529 mgL na estaccedilatildeo fluviomeacutetrica da Ponte

Taquara Os valores estatildeo em conformidade com os limites previstos para os rios de classe

2 que segundo a Resoluccedilatildeo Conama 3572005 deve ser maior que 5 mgL

O mesmo aplica-se para os iacutendices de pH que em termos meacutedios apresentou queda

de 137 O pH possui efeito indireto sobre a precipitaccedilatildeo de elementos quiacutemicos toacutexicos

como os metais pesados (EMBRAPA 2004) Apesar dos iacutendices analisados estarem

compatiacuteveis com o limite de 6 a 9 para rios de Classe 2 os valores apoacutes a ruptura estatildeo na

faixa de 6 a 8 Para que ocorra a precipitaccedilatildeo quiacutemica de metais pesados o ideal eacute que o

pH do meio seja elevado ou seja superior a 70 (EMBRAPA 2004) Conforme o pH

aumenta ocorre o aumento da concentraccedilatildeo de complexos dos quais substituem as

moleacuteculas de aacutegua por ligantes inorgacircnicos Por sua vez estas estruturas ligantes por

serem maiores ou menos soluacuteveis dificultam o processo de troca iocircnica facilitando o

processo de precipitaccedilatildeo quiacutemica do metal (OUKI e KAVANNAGH 1999)

Apesar dos iacutendices de OD e do pH natildeo apresentarem desconformidade com os

limites da legislaccedilatildeo os valores de turbidez em todos os pontos de monitoramento apoacutes a

ruptura superaram o limite previsto de 100 NTU para rios de Classe 2 conforme a

Resoluccedilatildeo Conama 3572005 No ponto de monitoramento de Maacuterio Campos obteve-se

210 vezes o Limite Maacuteximo Permitido (LMP) de turbidez Ao comparar os dados antes e

apoacutes a ruptura tem-se que os valores antes ao rompimento tambeacutem superaram o limite

previsto

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

15

De acordo com o Informativo especial ldquoAvaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e

2018rdquo publicado pelo IGAM em 12 de fevereiro de 2019 avaliou-se o comportamento de

alguns paracircmetros de qualidade da aacutegua do rio Paraopeba Segundo a seacuterie histoacuterica da

bacia observa-se que em periacuteodos chuvosos a turbidez do rio ultrapassou 18 vezes o

limite legal permitido Isso indica que para o periacuteodo analisado sugere-se o aporte de soacutelido

de origem difusa na bacia ausecircncia de mata ciliar no entorno e a ocorrecircncia de processos

erosivos

A turbidez provoca nebulosidade ao rio reduzindo a passagem dos feixes de luz na

aacutegua Estaacute reduccedilatildeo daacute-se por absorccedilatildeo e espalhamento uma vez que as partiacuteculas que

provocam turbidez na aacutegua satildeo maiores que o comprimento de luz branca (VON

SPERLING 2000) Devido agrave presenccedila de soacutelidos de mateacuteria inorgacircnica em suspensatildeo

oriundos da lama de rejeitos que afetou o rio a turbidez reduz a fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo

aquaacutetica e influencia drasticamente nas comunidades aquaacuteticas conforme a Figura 4

Figura 4 Condiccedilatildeo do rio Paraopeba nos trechos iniciais ao rompimento da barragem

Fonte REUTERS 2019

Os soacutelidos da lama sedimentam-se no leito do rio podendo ateacute reter bacteacuterias e

resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (EMBRAPA 2004) Assim os

soacutelidos influenciam tambeacutem na demanda de OD Apesar do que foi verificado quanto aos

niacuteveis de OD pode-se inferir que a lama de rejeitos ainda natildeo se sedimentou totalmente no

leito do rio ao ponto de formar bancos de lodo Logo o OD eacute um paracircmetro que responde

lentamente agraves variaccedilotildees de carga de poluiccedilatildeo (CUNHA E FERREIRA 2019)

Aleacutem disso outro paracircmetro analisado eacute a condutividade eleacutetrica Embora natildeo

possua limite de legislaccedilatildeo sua anaacutelise permite verificar de forma indireta o comportamento

dos eletroacutelitos na aacutegua inclusive dos iacuteons de metal (IGAM 2019) Os valores para este

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

16

paracircmetro apoacutes a ruptura variam de 2940 a 13070 μscm Sendo que os valores antes e

apoacutes a ruptura apresentam pouca variaccedilatildeo

Ao analisar os paracircmetros antes e apoacutes a ruptura eacute possiacutevel calcular o IQA para cada

situaccedilatildeo Antes do rompimento da barragem o IQA obtido para a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de

Alberto Flores foi de 66 e apoacutes a ruptura o IQA obtido para o ponto de monitoramento de

Maacuterio Campos foi de 14 Ao analisar a classificaccedilatildeo de IQA do IGAM antes da ruptura o

IQA foi bom (70lt IQA le 90) ou seja a aacutegua apresentava condiccedilotildees apropriadas para o

tratamento convencional visando o abastecimento puacuteblico Apoacutes a ruptura o IQA eacute

considerado muito ruim (IQA le 25) ou seja a aacutegua eacute improacutepria para o tratamento

convencional sendo necessaacuterio tratamentos mais avanccedilados

Segundo o informativo especial de seacuterie histoacuterica de 2000 a 2018 do IGAM (2019)

citado anteriormente especialistas apontam a presenccedila de metais acima do que estipula a

legislaccedilatildeo ambiental para rios de Classe 2 A partir desse informativo e dos monitoramentos

obtidos pela SOS Mata Atlacircntica os teores de metais e de metais pesados analisados satildeo

da mesma magnitude ou inferiores aos teores maacuteximos encontrados As aacuteguas que

recebem efluentes contendo metais pesados apresentam ao fundo concentraccedilotildees elevadas

de sedimento (EMBRAPA 2004) Ao lanccedilar lamas insoluacuteveis contendo metais estas sofrem

transformaccedilotildees quiacutemicas sob a accedilatildeo bioloacutegica lanccedilando lentamente na corrente liacutequida

(EMBRAPA 2004)

A presenccedila de metais apoacutes a ruptura da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo eacute

apresentada na Tabela 4

Tabela 4 Valores meacutedios de concentraccedilatildeo de metais pesados apoacutes o rompimento da

barragem a partir dos monitoramentos da SOS Mata Atlacircntica

PRESENCcedilA DE METAIS NA AacuteGUA APOacuteS A RUPTURA

METAIS VALORES MEacuteDIOS (mgL) LIMITE MAacuteXIMO

PERMITIDO (mgL)

Ferro 6065 03

Cobre 357 0009

Manganecircs 2145 01

Cromo 1145 005

Fonte Autoria proacutepria 2019

A concentraccedilatildeo de metais verificada ao longo do curso do rio Paraopeba de acordo

com o LMP determinado pela resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 demonstra que toda a

extensatildeo do rio foi afetada criticamente Para todos os metais pesados analisados tem-se

concentraccedilotildees meacutedias acima do LMP Fatores como o pH temperatura e OD tambeacutem

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

17

influenciam na mobilidade e potencialidade toacutexica de vaacuterios metais (CARVALHO et al

2016) Em consequecircncia disso apoacutes o lanccedilamento de rejeitos na aacutegua estes paracircmetros

controlam os processos fiacutesicos- quiacutemicos de solubilidade dos metais sendo responsaacuteveis

por influenciar na concentraccedilatildeo e absorccedilatildeo pelos organismos

Contudo ao analisar a presenccedila de metais na aacutegua apoacutes a ruptura encontra-se

aproximadamente 202 vezes o LMP para o ferro e 2145 vezes o LMP para o manganecircs

Em concentraccedilotildees elevadas ambos os metais atribuem coloraccedilatildeo avermelhada sensaccedilatildeo

de adstringecircncia e sabor a aacutegua O ferro por exemplo aparece em aacuteguas subterracircneas

devido agrave dissoluccedilatildeo do mineacuterio devido a presenccedila do gaacutes carbocircnico da aacutegua Ao entrar em

contato com o ar oxida-se conferindo cor e sabor a aacutegua (CETESB 2018) Em alguns

casos altas concentraccedilotildees de ferro satildeo limitantes no crescimento de algas e outras plantas

(VON SPERLING 2000)

Outro iacutendice alarmante eacute a presenccedila de cobre aproximadamente 397 vezes o LMP

e a presenccedila de cromo 229 vezes o LMP Metais pesados como o cobre e cromo podem

causar diversos danos aos organismos podendo ficar disponiacuteveis na aacutegua ateacute serem

assimilados quimicamente ou biologicamente atraveacutes de associaccedilatildeo de estruturas

orgacircnicas (SOS 2019) Logo a presenccedila de quantidades elevadas de cobre na aacutegua pode

produzir vocircmitos sabor desagradaacutevel na aacutegua e uma extensa variedade de efeitos toacutexicos

Jaacute o cromo em condiccedilotildees elevadas pode causar problemas respiratoacuterios e modificaccedilotildees

hematoloacutegicas (VON SPERLING 2000)

5 CONCLUSAtildeO

O dano ambiental causado apoacutes o rompimento da Barragem do Complexo do

Coacuterrego do Feijatildeo tornou as aacuteguas do rio Paraopeba improacuteprias para o consumo pois

segundo os paracircmetros analisados temperatura turbidez e valores meacutedios de metais estatildeo

em desconformidade com os padrotildees da legislaccedilatildeo vigente exceto os paracircmetros OD pH

e condutividade eleacutetrica Aleacutem disso o IQA calculado apoacutes a ruptura da barragem eacute

classificado como muito ruim o que faz-se necessaacuterio o uso tratamentos mais avanccedilados

para o abastecimento puacuteblico

Verificou-se que o lanccedilamento de efluentes oriundos de rejeitos de mineacuterio no rio

deteriora a qualidade da aacutegua e possui consequecircncias prolongadas ao ecossistema

aquaacutetico Logo o impacto causado pelo volume de rejeitos eacute de difiacutecil anaacutelise pois ao

formarem misturas complexas de vaacuterios elementos quiacutemicos com a aacutegua tornam a

qualidade da aacutegua desse corpo drsquoaacutegua variaacutevel e de difiacutecil previsatildeo da capacidade de

autodepuraccedilatildeo

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

18

O principal problema ambiental do lanccedilamento de rejeitos na bacia do rio Paraopeba

foi o acuacutemulo dos rejeitos de mineacuterio na calha do rio gerando a necessidade de

monitoramento constante e de teacutecnicas de remediaccedilatildeo Apesar da bacia do rio Paraopeba

ter um histoacuterico de aumento dos niacuteveis de turbidez nos meses de cheia o impacto sobre

qualidade da aacutegua apoacutes o acontecimento eacute criacutetico comparado ao histoacuterico

Por enquanto o dimensionamento definitivo sobre o dano ambiental eacute imensuraacutevel

pois os resiacuteduos permaneceratildeo no ambiente por tempo indeterminado Deve se ter em

mente que o rio poderaacute se recuperar do impacto mas o ecossistema dificilmente voltaraacute agraves

condiccedilotildees de preacute-impacto Para isso eacute de suma importacircncia que medidas efetivas de

recuperaccedilatildeo ambiental sejam adotadas como por exemplo a remoccedilatildeo de parte dos

sedimentos depositados no leito do rio Portanto eacute fundamental que todos os oacutergatildeos

responsaacuteveis pela gestatildeo dos recursos hiacutedricos e pelas atividades mineraacuterias serem riacutegidos

quanto a este tipo de impacto e que cobrem com rigor medidas de recuperaccedilatildeo do recurso

hiacutedrico

6 RECOMENDACcedilOtildeES

Com base nas conclusotildees desta pesquisa e dos questionamentos que ainda podem

ser respondidos recomenda-se aplicar um modelo de qualidade da aacutegua que leve em

consideraccedilatildeo a presenccedila dos rejeitos de mineacuterio de ferro no leito do rio afim de entender

afundo a diversidade regional de problemas e soluccedilotildees concernentes para o rompimento

de barragens

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

19

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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

20

CUNHA C L N FERREIRA A P Anaacutelise criacutetica por comparaccedilatildeo entre modelos de qualidade de aacutegua aplicados em rios poluiacutedos contribuiccedilotildees agrave sauacutede aacutegua e saneamento Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental v 24 ndeg3 p5-6 maijun 2019 DOI httpdxdoiorg101590s1413-41522019112332 Disponiacutevel em httpwwwscielobr scielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-41522019005007102 Acesso em 25 set 2019 EMBRAPA- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria Aplicaccedilatildeo do Biomonitoramento para Avaliaccedilatildeo da Qualidade da Aacutegua em Rios 1 Ed Satildeo Paulo Conceiccedilatildeo 2004 Disponiacutevel em httpswwwinfotecacnptiaembrapabrbitstreamdoc145181documentos36pdf Acesso em 31 out 2019 EDSDH Escola Superior Dom Helder Cacircmara O Rompimento de Barragens no Brasil e no Mundo Desastres mistos ou tecnoloacutegicos 2015 Disponiacutevel em ltwww domhelder edubrartigo_HRApdfgt Acesso em 23 mar 2019 FREITAS C M SILVA M A MENEZES F C O desastre na barragem de mineraccedilatildeo da Samarco- fratura exposta dos limites do Brasil na reduccedilatildeo de risco de desastres Ciecircncia e Cultura Satildeo Paulo v 68 n 3 p1-12 jul 2016 Bimestral Disponiacutevel em lthttpcienciaeculturabvsbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0009-67252016000300010gt Acesso em 23 mar 2019 G1 GLOBO MINAS (Minas Gerais) Bombeiros e defesa civil satildeo mobilizados para a chamada de rompimento de barragem em brumadinho na grande bh 2019 Disponiacutevel em lthttpsg1globocommgminas-geraisnoticia20190125bombeiros-e-defesa-civil-sao-mobilizados-para-chamada-de-rompimento-de-barragem-em-brumadinho-na-grande-bhghtmlgt Acesso em 23 mar 2019 GOOGLE EARTH Software Version Versatildeo 93972 2018-2019 2019 Disponiacutevel em httpsearthgooglecomweb Acesso em 2 set 2019 IGAM- Instituto Mineiro de Gestatildeo de Aacuteguas Informativo Especial Avaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e 2018 Informativo dos paracircmetros de qualidade das aacuteguas nos locais monitorados ao longo do Rio Paraopeba antes do desastre na barragem B1 no complexo da Mina Coacuterrego Feijatildeo da Mineradora ValeSA no municiacutepio de Brumadinho ndash Minas Gerais Belo Horizontep 18 2019 LACAZ F A C PORTO M F S PINHEIRO T M M Trageacutedias brasileiras contemporacircneas o caso do rompimento da barragem de rejeitos de Fundatildeo Samarco 2017 12 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Medicina Centro de Estudo de Sauacutede do Trabalhador e Ecologia Humana Universidade Federal de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2017 MACHADO W G F Monitoramento de barragens de contenccedilatildeo de rejeitos da mineraccedilatildeo 2007 155 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Engenharia de Minas e Petroacuteleo Departamento de Minas e de Petroacuteleo Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2007 MILANEZ Bruno et al Antes fosse mais leve a carga avaliaccedilatildeo dos aspectos econocircmicos poliacuteticos e sociais do desastre da SamarcoValeBHP em Mariana (MG) Belo Horizonte PoEMAS 2015 Disponiacutevel em ltufjfbrpoemasfiles201407PoEMAS-2015-Antes-fosse-mais-leve-a-carga-versatildeo-finalpdfgt Acesso em 23 mar 2019 MINAS Estado de Lama de barragem matou o Rio Paraopeba conclui estudo da SOS Mata Atlacircntica Especialista em recursos hiacutedricos da fundaccedilatildeo afirma que a Bacia do Paraopeba estaacute sem condiccedilotildees de vida aquaacutetica e do uso da aacutegua mas que pode voltar a viver 2019 Disponiacutevel em lthttpswwwemcombrappnoticiagerais20190228interna_gerais1034405lama-matou-o-rio-paraopeba-conclui-estudo-da-sos-mata-atlanticashtmlgt Acesso em 25 mar 2019

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

21

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Page 5: DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO DO RIO PARAOPEBA ...repositorio.ufgd.edu.br/.../2337/1/IzabellyCapilleBeloto.pdfSendo um parâmetro importante para a avaliação da qualidade de um corpo

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

3

O rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Vale no complexo mineraacuterio

do Coacuterrego do Feijatildeo (Brumadinho MG) despejou 12 toneladas de rejeitos de mineacuterio no

Rio Paraopeba no dia 25 de janeiro de 2019 (G1 MINAS 2019) O Rio Paraopeba era

responsaacutevel por 43 do abastecimento puacuteblico da regiatildeo de Belo Horizonte (COPASA

2019) Apoacutes o acontecimento o Rio perdeu a condiccedilatildeo de importante manancial de

abastecimento puacuteblico e a aacuterea atingida foi drasticamente devastada (SOS 2019)

O Rio Paraopeba eacute um dos afluentes do Rio Satildeo Francisco Pressupotildeem-se que

toda a lama ldquodiluardquo antes de chegar ao rio Satildeo Francisco (MINAS 2019) Logo faz-se

necessaacuterio estudos que confirmem tal suposiccedilatildeo

Alguns trabalhos sobre a anaacutelise do rompimento de barragens de rejeito de

mineraccedilatildeo jaacute foram feitos pelo mundo (BROWN 2012 ESDHC 2015) Contudo no geral

eles retratam apenas os motivos da ocorrecircncia de um rompimento e natildeo o impacto causado

pelo rompimento (AZAM 2010 RICO et al 2008)

Em virtude disso o objetivo do presente trabalho foi a anaacutelise da qualidade da aacutegua

do rio Paraopeba apoacutes o lanccedilamento de rejeitos de mineraccedilatildeo decorrente do rompimento

da Barragem Coacuterrego do Feijatildeo em Brumadinho em Minas Gerais

2 REFERENCIAL BIBLIOGRAacuteFICO

21 QUALIDADE DA AacuteGUA E IMPACTOS DO LANCcedilAMENTO DE EFLUENTES

O equiliacutebrio do ecossistema aquaacutetico possui forte contribuiccedilatildeo para a qualidade da

aacutegua pois determina agraves condiccedilotildees ideais para a reproduccedilatildeo dos organismos aquaacuteticos e

de toda a teia troacutefica da bacia (BRAGA et al 2005) A qualidade da aacutegua eacute resultante de

fenocircmenos naturais e da accedilatildeo do homem no ambiente (VON SPERLING 2000) Nesse

contexto a correta identificaccedilatildeo dos efeitos das accedilotildees antropogecircnicas sobre os sistemas

bioloacutegicos eacute fundamental principalmente para distinguir as variaccedilotildees naturais que ocorrem

durante as estaccedilotildees do ano das alteraccedilotildees provocadas pelo homem (CAIRNS et al 1993)

Logo a qualidade da aacutegua eacute determinada atraveacutes do Iacutendice de Qualidade das Aacuteguas

(IQA) que permite levar em consideraccedilatildeo o uso deste recurso a partir de um caacutelculo feito

da mediccedilatildeo de paracircmetros bioloacutegicos e fiacutesico-quiacutemicos tais como Oxigecircnio Dissolvido

(OD) Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO) potencial hidrogeniocircnico (pH)

concentraccedilatildeo de nutrientes e coliformes totais (CT) (EMBRAPA 2014)

O IQA eacute calculado conforme a seguinte expressatildeo

(21)

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

4

Onde o IQA eacute o Iacutendice de Qualidade de Aacuteguas qi eacute o valor do paracircmetro wi eacute o

peso atribuiacutedo a cada paracircmetro e n eacute o nuacutemero de paracircmetros a serem avaliados

Ao analisar paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos observa-se as seguintes caracteriacutesticas

baacutesicas temperatura turbidez soacutelidos totais pH e OD A temperatura superficial pode ser

influenciada por fatores locais tais como a altitude latitude e profundidade (CETESB

2018) Pelo fato de desempenhar um papel crucial no meio aquaacutetico a temperatura eacute

responsaacutevel pela influecircncia das variaacuteveis fiacutesico-quiacutemicos (CETESB 2018) Aleacutem disso em

conjunto com a pressatildeo satildeo os dois principais fatores que controlam diretamente a

concentraccedilatildeo de OD (EMBRAPA 2014)

Outro fator importante eacute a turbidez que eacute o grau de atenuaccedilatildeo de intensidade da luz

devido a presenccedila dos soacutelidos em suspensatildeo tais como partiacuteculas inorgacircnicas (CETESB

2018) Ao analisar as consequecircncias da atividade mineraacuteria em que o aumento da turbidez

eacute excessivo tem-se a reduccedilatildeo da fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo suprimindo a produtividade

dos peixes Segundo Abdel-Baki et al (2011) os peixes podem ser utilizados como

organismos indicadores de qualidade ambiental principalmente quando a turbidez eacute

causada por metais pesados

Quanto aos soacutelidos estes satildeo classificados em soacutelidos volaacuteteis (mateacuteria orgacircnica) e

soacutelidos fixos (mateacuteria inorgacircnica) Ambos podem causar danos aos peixes e a vida aquaacutetica

em geral Ao se sedimentar no leito dos rios danificam a desova dos peixes e os

organismos que oferecem alimento Aleacutem disso os soacutelidos podem reter bacteacuterias e

resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (CETESB 2018)

Ao analisar paracircmetros quiacutemicos tem-se principalmente as seguintes caracteriacutesticas

de estudo pH OD nitrogecircnio e foacutesforo O pH por estar presente no equiliacutebrio quiacutemico

ocorre naturalmente ou em processos de tratamento de aacutegua Por sua vez eacute um paracircmetro

importante no saneamento ambiental pois em determinadas condiccedilotildees atua na

precipitaccedilatildeo quiacutemica (VON SPERLING 2014) Contudo o OD eacute um dos constituintes mais

importantes dos recursos hiacutedricos por estar diretamente relacionado com os tipos de

organismos que sobrevivem em um corpo drsquoaacutegua (BRAGA et al 2005) Presentes na aacutegua

sob vaacuterias formas o nitrogecircnio e o foacutesforo causam o processo de eutrofizaccedilatildeo quando

encontram-se dissolvidos em excesso no meio (VON SPERLING 2014)

Por fim os paracircmetros bioloacutegicos dizem respeito a quantidade e a diversidade de

espeacutecies presentes no meio aquaacutetico que variam conforme a transparecircncia da aacutegua

nutrientes disponiacuteveis e fatores fiacutesicos (BRAGA et al 2005) Os microrganismos

constituintes dos coliformes totais (CT) desempenham diversas funccedilotildees importantes ao

analisar este paracircmetro sendo responsaacuteveis pela transformaccedilatildeo da mateacuteria dentro dos

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

5

ciclos biogeoquiacutemicos e um importante indicador da de presenccedila de microrganismos

patogecircnicos na aacutegua (VON SPERLING 2000)

22 INTERACcedilOtildeES BIOLOacuteGICAS NO MEIO AQUAacuteTICO

Segundo Braga et al (2002) a poluiccedilatildeo da aacutegua eacute a alteraccedilatildeo das caracteriacutesticas

devido as accedilotildees e interferecircncias de origem natural ou humana Essas alteraccedilotildees satildeo

responsaacuteveis por criar impactos ecoloacutegicos esteacuteticos e fisioloacutegicos Poreacutem somente

alteraccedilotildees esteacuteticas natildeo podem ser levadas em consideraccedilatildeo pois eacute a partir do estudo do

corpo receptor com o uso de ferramentas teacutecnicas especiacuteficas que eacute possiacutevel quantificar

e qualificar tal alteraccedilatildeo

Para compreender as interaccedilotildees bioloacutegicas no meio aquaacutetico tem-se que a

concentraccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido (OD) na aacutegua ocorre em funccedilatildeo das caracteriacutesticas do

despejo do corpo drsquoaacutegua e da produccedilatildeo de oxigecircnio Dentre tantas variaacuteveis as

caracteriacutesticas do despejo estatildeo fortemente associadas com o consumo de OD do meio

sendo considerado a facilidade de biodegradaccedilatildeo a quantidade de poluente despejado e

a vazatildeo despejada (BRAGA et al 2002)

As caracteriacutesticas do corpo drsquoaacutegua determinam tambeacutem com que facilidade as

cargas poluidoras seratildeo misturadas ao meio entrando em questatildeo a velocidade do fluido

a geometria do escoamento e a intensidade de difusatildeo Por fim a produccedilatildeo de oxigecircnio eacute

uma das variaacuteveis mais relevantes pois a atividade fotossinteacutetica (produccedilatildeo endoacutegena) e

a reaeraccedilatildeo (produccedilatildeo exoacutegena) consiste no ciclo de passagem do oxigecircnio atmosfeacuterico

para o meio aquaacutetico (VON SPERLING 2014)

Sendo um paracircmetro importante para a avaliaccedilatildeo da qualidade de um corpo drsquoaacutegua

a concentraccedilatildeo de OD permite indicar a condiccedilatildeo do corpo receptor ao lanccedilamento de

cargas pontuais ou difusas (CETESB 2018) Baixos niacuteveis de OD geram altos niacuteveis de

Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO5) e vice-versa Em outras palavras a DBO5 eacute

correspondente ao oxigecircnio consumido pelos organismos decompositores aeroacutebios para

que seja feita a completa decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica lanccedilada na aacutegua considerado

um indicador de qualidade da aacutegua (BRAGA et al 2002)

O consumo de OD deve-se a respiraccedilatildeo principalmente das bacteacuterias heterotroacuteficas

aeroacutebias resultando na equaccedilatildeo simplificada de estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica

119872119874 + 1198742 + 119887119886119888119905eacute119903119894119886119904 rarr 1198621198742 +1198672119874 + 119887119886119888119905eacute119903119894119886119904 + 119890119899119890119903119892119894119886 (22)

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

6

Na presenccedila de oxigecircnio as bacteacuterias convertem a mateacuteria orgacircnica (MO) em

compostos simples e estaacuteveis Enquanto houver alimento e oxigecircnio disponiacutevel as

bacteacuterias tendem a crescer e se reproduzir no meio sendo que o consumo da MO e do OD

pelas bacteacuterias resulta em compostos como o gaacutes carbocircnico aacutegua e energia conforme

Equaccedilatildeo 11 Pelo fato da mateacuteria orgacircnica ter sido convertida em gaacutes carbocircnico a reaccedilatildeo

acima pode ser chamada de reaccedilatildeo de oxidaccedilatildeo (VON SPERLING 2014)

Apoacutes concluiacuterem a etapa de oxidaccedilatildeo os organismos decompositores estabilizam

ou mineralizam a MO Poreacutem a mateacuteria orgacircnica que se sedimentou forma o chamado

lodo de fundo que tambeacutem necessita ser convertido Em virtude da dificuldade de

penetraccedilatildeo do oxigecircnio na camada de lodo grande parte da conversatildeo da mateacuteria orgacircnica

ocorre sob condiccedilotildees anaeroacutebicas No entanto a camada superior de lodo ainda possui

acesso ao oxigecircnio da massa liacutequida sobrenadante o que resulta na remoccedilatildeo de DBO e

no consumo de oxigecircnio (VON SPERLING 2014) Logo esse processo recebe o nome de

demanda bentocircnica ou demanda de oxigecircnio pelo sedimento onde alguns subprodutos

parciais da decomposiccedilatildeo anaeroacutebia dissolvem-se e difundem-se exercendo demanda de

oxigecircnio (VON SPERLING 2014)

A sedimentaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode implicar na diminuiccedilatildeo da DBO da massa

liacutequida mas com a ressuspensatildeo da massa decantada devido turbulecircncias ou altas

velocidades de escoamento ocorre o inverso (ANDRADE 2010) Com isso tem-se o

chamado revolvimento da camada de lodo

22 REJEITOS DE MINERACcedilAtildeO

Segundo Arauacutejo (2006) e Machado (2007) os rejeitos satildeo partiacuteculas resultantes de

processos de beneficiamento dos mineacuterios visando extrair os elementos de interesse

econocircmico de forma que seu descarte natildeo comprometa o meio ambiente Sua constituiccedilatildeo

eacute definida pela presenccedila de soacutelidos e uma fraccedilatildeo liacutequida com concentraccedilatildeo de 30 a 50

em peso (ARAUacuteJO 2006) Assim os rejeitos podem variar de materiais arenosos natildeo

plaacutesticos sendo os rejeitos granulares ateacute solos com alta plasticidade e granulometria mais

fina como as lamas (VALE 2019)

Nesse contexto os rejeitos de mineacuterio de ferro satildeo formados por partiacuteculas ultrafinas

contendo Ferro Alumina Foacutesforo e Siacutelica sendo classificados de acordo com a

granulometria (VALE 2019) Poreacutem a mineraccedilatildeo eacute uma das atividades que tambeacutem libera

metais potencialmente toacutexicos pois consiste em uma atividade que rompe com o equiliacutebrio

geoquiacutemico natural (SALOMONS 1995)

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

7

Os metais pesados conferem elevada resistecircncia agrave degradaccedilatildeo quiacutemica fiacutesica e

bioloacutegica possibilitando a persistecircncia por longos periacuteodos de tempo no meio aquaacutetico

(MORAES JORDAtildeO 2002) Logo ao persistir no ambiente aquaacutetico os metais pesados

causam forte impacto na estabilidade dos ecossistemas provocando efeitos adversos nos

seres humanos aleacutem de causar a mortalidade de peixes e das comunidades bentocircnicas

perifiacuteticas planctocircnica nectocircnica e de seres fotossintetizantes (MORAES JORDAtildeO 2002

SAMPAIO 2003)

Por ser altamente reativos e apresentar facilidade ao se ligar a outros elementos

quiacutemicos os metais pesados natildeo encontram-se independentes no meio aquaacutetico Nesse

contexto a poluiccedilatildeo gerada pelos metais pesados possui forte contribuiccedilatildeo dos sedimentos

de fundo Ao refletir na quantidade disponiacutevel no ambiente tambeacutem satildeo usados para

detectar a presenccedila de contaminantes que natildeo permanecem soluacuteveis Assim as

propriedades de acuacutemulo de sedimentos aliadas aos metais pesados disponiacuteveis satildeo de

extrema importacircncia para qualificar os efeitos da contaminaccedilatildeo em estudos de impacto

ambiental (SAMPAIO 2003)

24 LEGISLACcedilAtildeO CONAMA 357 E 430

Os padrotildees de qualidade da aacutegua demonstram de forma generalizada e conceitual

a propriedade desejada a este recurso Logo objetivando a proteccedilatildeo ambiental e a sauacutede

puacuteblica as resoluccedilotildees do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) 357 e 430

estabelecem padrotildees de lanccedilamento e qualidade do corpo receptor

A resoluccedilatildeo CONAMA ndeg 430 de 13 de maio de 2011 dispotildeem sobre paracircmetros

padrotildees condiccedilotildees e diretrizes para a gestatildeo de efluentes lanccedilados nos corpos drsquoaacutegua

(BRASIL 2011) Esta resoluccedilatildeo complementa e altera a resoluccedilatildeo CONAMA ndeg 357 de 17

de marccedilo de 2005 que dispotildeem as diretrizes e classificaccedilotildees ambientais para o

enquadramento das aacuteguas superficiais (CERON 2012)

Atualmente a Resoluccedilatildeo ndeg35705 do CONAMA extinta Resoluccedilatildeo CONAMA nordm

02086 define o niacutevel de qualidade a ser alcanccedilado e mantido por uma bacia Nos limites

para os paracircmetros fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos o Rio Paraopeba que foi estudado no

presente trabalho possui enquadramento classe 2 segundo a norma Assim segundo a

norma as aacuteguas do rio Paraopeba satildeo destinadas para abastecimento humano (apoacutes

tratamento convencional) proteccedilatildeo de comunidades aquaacuteticas recreaccedilatildeo de contato

primaacuterio (segundo Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg274 de 2000) irrigaccedilatildeo aquicultura e pesca

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

8

Poreacutem a classificaccedilatildeo dos paracircmetros de qualidade para os rios de Classe 2 eacute o

mesmo adotado para rios de Classe 1 Os respectivos valores de paracircmetros de qualidade

constam na Tabela 1 onde para o pH os valores apresentados correspondem aos limites

inferiores e superiores da faixa de referecircncia Para OD e DBO o valor apresentado

corresponde ao valor miacutenimo de referecircncia estabelecido para o paracircmetro

Tabela 1- Paracircmetros de qualidade da aacutegua conforme Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg35705 para rios de Classe 2

PARAcircMETRO UNIDADE VALOR

pH - 60 - 90

Turbidez NTU 100

Oxigecircnio dissolvido (OD)

Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio (DBO)

mg L-1 5

5

Fonte adaptado CONAMA 2005

Para o lanccedilamento de efluentes a temperatura maacutexima para corpos drsquoaacutegua eacute de

40degC A legislaccedilatildeo apresenta normatizaccedilatildeo restrita agraves aacuteguas de efluentes devido agrave alta

sazonalidade anual e diaacuteria no ambiente natural (MAIA 2017) Os efluentes atendem

condiccedilotildees especiacuteficas Aleacutem dos paracircmetros apresentados anteriormente a Resoluccedilatildeo

ndeg43011 apresenta limites maacuteximos para elementos quiacutemicos dissolvidos na aacutegua

conforme a Tabela 2

Tabela 2- Concentraccedilotildees maacuteximas de alguns elementos quiacutemicos conforme Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg43011 para rios de Classe 2

ELEMENTO QUIacuteMICO VALOR MAacuteXIMO (microgl)

Ferro (Fe) 300

Manganecircs (Mn) 100

Cromo (Cr) 50

Cobre (Cu) 9

Fonte adaptado CONAMA 2011 3 METODOLOGIA

A metodologia desenvolvida por esta pesquisa baseia-se na utilizaccedilatildeo de dados de

pesquisas exploratoacuterias e bibliograacuteficas sobre a qualidade da aacutegua do rio Paraopeba a

montante e a jusante do lanccedilamento do rejeito de mineraccedilatildeo ocorrido em funccedilatildeo do

rompimento da Barragem da Mina Coacuterrego do Feijatildeo em Minas Gerais

A partir da aacuterea de estudo delimitada proacutexima as estaccedilotildees fluviomeacutetricas do Rio

Paraopeba e dos paracircmetros fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos obtidos pelas anaacutelises

119898119892 119871minus1

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

9

apresentadas pela Rede Hidrometeroloacutegica Nacional (RHN) operada pela Companhia de

Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM) foram feitas avaliaccedilotildees e o diagnoacutestico da

situaccedilatildeo das aacuteguas do Rio Paraopeba de acordo com legislaccedilatildeo ambiental vigente

(CONAMA)

A escolha das estaccedilotildees fluviomeacutetricas de Alberto Flores- 40740000 Ponte Nova do

Paraopeba- 40800001 e Ponte da Taquara- 40850000 da RHN foram fundamentais para a

pesquisa deste trabalho A RHN disponibilizou dados de niacutevel e de vazatildeo diaacuterios As vazotildees

diaacuterias eram obtidas atraveacutes de mediccedilotildees feitas com o uso de molinetes equipamentos

acuacutesticos (SONTEK M9 e RDI RiverRay) e curvas chaves Estabelecidas a partir de

mediccedilotildees de vazatildeo realizadas 3 a 4 vezes por ano durante as visitas de inspeccedilatildeo realizadas

pelo CPRM Aleacutem disso a partir destas mediccedilotildees eram feitas anaacutelises de 5 paracircmetros de

qualidade da aacutegua temperatura da aacutegua do rio pH do meio oxigecircnio dissolvido turbidez e

condutividade eleacutetrica Estas anaacutelises eram feitas in loco pela equipe do CPRM com o uso

de sonda multiparameacutetrica YSI EXO1 e Hydrolab MS5

Apesar do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos ser o uacutenico dentre os

escolhidos que natildeo era uma estaccedilatildeo fluviomeacutetrica antes da ruptura da barragem este ponto

atua na realizaccedilatildeo de mediccedilotildees de descarga liacutequida e soacutelida pelo CPRM As mediccedilotildees de

descarga soacutelida em suspensatildeo eram obtidas a partir da coleta de amostras 2D (2

dimensotildees) pela equipe do CPRM Utilizou-se amostradores tipo USBM-54 e Van Veen

para a determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de sedimentos permitindo o acompanhamento do

avanccedilo do rejeito ao longo da bacia

31 AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de estudo corresponde a bacia do Rio Paraopeba localizada na regiatildeo central

de Minas Gerais e que possui uma aacuterea de 12054 km2 (25 da aacuterea total de MG) e 510

km de extensatildeo do curso principal (IGAM 2013) O rio abrange cerca de 48 municiacutepios

sendo 35 municiacutepios sedes na bacia (CBHSF 2019) Possui sua nascente localizada ao

sul no municiacutepio de Cristiano Otoni e sua foz na represa de Trecircs Marias no municiacutepio de

Felixlacircndia em Minas Gerais (CBHSF 2019) Aleacutem disso o rio eacute responsaacutevel por 43 do

abastecimento puacuteblico da regiatildeo metropolitana de Belo Horizonte (COPASA 2019)

A bacia do Rio Paraopeba possui aacuterea de drenagem de 13640 km2 sendo que a

montante do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo local onde houve a ruptura da barragem possui aacuterea

de drenagem em torno de 4000 km2 (CPRM 2019) Afluente pela margem direita do rio

Paraopeba o ribeiratildeo Ferro Carvatildeo possui bacia de aacuterea 328 km2 e vazatildeo em torno de 600

Ls obtida por regionalizaccedilatildeo de vazotildees (CPRM 2019)

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

10

Segundo a Vale os rejeitos dispostos na barragem de alteamento agrave montante

ocupavam um volume de aproximadamente 117 milhotildees de m3 A barragem atingiu sua

elevaccedilatildeo maacutexima em meados de 2013 e deixou de receber rejeitos em 2016 A CPRM com

a utilizaccedilatildeo de imagens de sateacutelite delimitou que a aacuterea atingida foi de 31 km2 pelo rejeito

na bacia do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo A Figura 1 mostra a aacuterea atingida pela ruptura da

barragem deixando o ribeiratildeo e todo o entorno da aacuterea devastados

Figura 1 Aacuterea da barragem da Mina do Ribeiratildeo do Feijatildeo apoacutes a ruptura da barragem B1

Fonte Google Earth 2019

32 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS REDES DE MONITORAMENTO DA CPRM

As estaccedilotildees fluviomeacutetricas escolhidas para o presente trabalho foram definidas com

base no estudo e monitoramento do Rio Paraopeba realizados no periacuteodo de 2601 ateacute

3103 do ano de 2019 pelo CPRM Logo escolheu-se os pontos de monitoramento

representados na Quadro 1

Quadro 1 Pontos de monitoramento da bacia do rio Paraopeba

COacuteDIGO ESTACcedilAtildeO FLUVIOMEacuteTRICA AacuteREA

(km2) LAT LONG

DIST DA

BARRAGEM

40740000 Alberto Flores 3945 - 200945 ‐0440938 1km a montante

40800001 Ponte Nova do Paraopeba 5680 -195657 ‐0441819 57 km

40850000 Ponte Taquaraacute 8720 -192523 ‐0443258 176 km

- Maacuterio Campos - -200311 -0441148 29 km

Fonte adaptado CPRM2019

A CPRM com a participaccedilatildeo de oacutergatildeos puacuteblicos promoveram os monitoramentos

diaacuterios de niacutevel vazatildeo descarga soacutelida e granulometria do material em suspensatildeo A

estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores situa-se a montante da confluecircncia com o Ribeiratildeo

Ferro Carvatildeo enquanto os demais pontos de monitoramento situam-se a jusante da

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

11

confluecircncia Essa escolha permitiu acompanhar por meio dos monitoramentos o avanccedilo da

pluma de rejeitos na bacia do rio Paraopeba

A Figura 2 mostra a localidade dos pontos de monitoramento ao longo do rio

Paraopeba

Figura 2 Pontos de monitoramento do rio Paraopeba

Fonte Adaptado CPRM2019

33 DADOS DE ESTUDO

O levantamento das caracteriacutesticas do rio agrave montante e a jusante do lanccedilamento em

conjunto com os dados do efluente lanccedilado satildeo fundamentais para o iniacutecio do estudo de

diagnoacutestico da qualidade da aacutegua do Rio Paraopeba A partir desses dados eacute possiacutevel com

base nos limites estabelecidos pela legislaccedilatildeo estabelecer avaliaccedilotildees Os dados

necessaacuterios ao estudo satildeo apresentados na Figura 3

Figura 3- Metodologia de levantamento de dados para o estudo da bacia do rio Paraopeba

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

12

Fonte Autoria proacutepria 2019

Logo considerando que a montante da confluecircncia com Ribeiratildeo Ferro Carvatildeo estaacute

situada a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores pertencente a RHN verifica-se que a

vazatildeo do rio obtida nesse ponto antes da ruptura eacute a Q710 (vazatildeo miacutenima com periacuteodo de

retorno de 10 anos e duraccedilatildeo de 7 dias consecutivos) de 124 m3s Considerando que a

jusante da ruptura da barragem de rejeitos estaacute a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Ponte Nova do

Paraopeba pertencente tambeacutem a RHN a vazatildeo obtida antes da ruptura eacute a Q710 de 154

m3s (CPRM 2019)

A vazatildeo contribui em larga escala para a morfologia e hidrografia do rio Em periacuteodos

de grande descarga (periacuteodo de cheia) natildeo haacute distinccedilatildeo entre aacutereas de remanso e de

correnteza havendo pouca retenccedilatildeo de aacutegua (EMBRAPA 2004)

Quanto ao levantamento de dados do rejeito sabe-se que o volume ocupado era de

117 m3 (VALE 2019) O relatoacuterio final da composiccedilatildeo do rejeito ainda natildeo foi divulgado

mas sabe-se que existe uma toxidade quiacutemica semelhante a composiccedilatildeo da lama do

rompimento da barragem de Mariana em 2015 (ESTADO DE MINAS 2019)

Aleacutem do monitoramento realizado pelo CPRM o IGAM (Instituto Mineiro de Gestatildeo das

Aacuteguas) composto de 8 pontos de monitoramento gerou dados de paracircmetros de qualidade

da aacutegua referentes a seacuterie histoacuterica entre os anos de 2000 a 2018 com o objetivo de

propiciar uma anaacutelise comparativa entre a qualidade da antes e apoacutes a ruptura da

barragem

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

13

Outra fonte de dados utilizada no presente trabalho dizem respeito as mediccedilotildees

realizadas pela equipe teacutecnica da Fundaccedilatildeo SOS Mata Atlacircntica que acompanhou o

deslocamento da onda de rejeitos sobre 305 km do rio Paraopeba do dia 31 de janeiro de

2019 ateacute o dia 9 de fevereiro do mesmo ano O impacto dos rejeitos sobre a qualidade da

aacutegua foi medido em 22 pontos de monitoramento de 2 formas sendo a partir de amostras

de superfiacutecie com mediccedilotildees realizadas a 30 cm da lacircmina drsquoagua e por coluna drsquoaacutegua a

partir de 2m de profundidade (SOS 2019)

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

O dano ambiental na bacia do rio Paraopeba ocorreu no periacuteodo da piracema que

teve iniacutecio em novembro e teve fim em fevereiro (SOS 2019) O volume de rejeitos lanccedilados

na regiatildeo principalmente a grande quantidade de soacutelidos em suspensatildeo deixou a aacutegua

com cor intensa e turbidez elevada A Tabela 3 apresenta os valores maacuteximos e miacutenimos

de 5 paracircmetros da qualidade da aacutegua obtidos pelo monitoramento das estaccedilotildees

fluviomeacutetricas e do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos pertencentes a RHN antes

e depois da ruptura da barragem de Coacuterrego do Feijatildeo

Tabela 3 Paracircmetros de qualidade da aacutegua antes e depois da ruptura da barragem de

Coacuterrego do Feijatildeo com base nos dados das mediccedilotildees da CPRM (2019)

QUALIDADE DA AacuteGUA DO RIO PARAOPEBA NOS PONTOS DE MONITORAMENTO

PARAcircMETROS

CONAMA

VALORES

ANTES DA RUPTURA seacuterie histoacuterica (2000 a 2018)

DEPOIS DA RUPTURA 2601 a 3103

Alberto Flores

Ponte Nova do

Paraopeba

Ponte Taquaraacute

Maacuterio Campos

Ponte Nova do

Paraopeba

Ponte Taquaraacute

Temperatura da aacutegua (Cdeg)

Maacutex

2650 2750 2690 3120 2970 3070

40

Miacuten 1510 1700 1700 2300 2370 2460

OD (mgL)

5 Maacutex

970 971 914 820 768 780

Miacuten

714 360 475 625 533 529

pH

60 - 90 Maacutex

823 823 814 782 737 766

Miacuten

607 607 675 608 661 652

Condutividade eleacutetrica (μscm)

- Maacutex

12810 16100 15690 12700 13070 13060

Miacuten

4380 2420 3650 2940 7370 4770

Turbidez (NTU)

100 Maacutex

76400 75000 38100 2103120 1326450 168190

Miacuten 440 210 290 36640 1970 1140

Fonte Autoria proacutepria 2019

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

14

Obs Todos os dados encontrados antes da ruptura satildeo compatiacuteveis com os registrados na

seacuterie histoacuterica de 2002 a 2018 das estaccedilotildees fluviomeacutetricas exceto os valores para turbidez de 2013

a 2018 (CPRM 2019)

De modo geral o rio Paraopeba encontra-se gravemente afetado entre 30 a 60 km

de distacircncia da barragem O aumento da temperatura apoacutes a ruptura da barragem eacute

justificado pelo lanccedilamento de despejos de rejeitos de mineraccedilatildeo na bacia do rio O ponto

de monitoramento de Maacuterio Campos apresentou a maior temperatura da aacutegua atingindo

um valor superior a 30degC Em geral agrave medida que a temperatura aumenta a taxa de

reaccedilotildees quiacutemicas e bioloacutegicas sofrem aumento (VON SPERLING 2000)

A variaccedilatildeo de temperatura eacute responsaacutevel por aumentar a taxa das reaccedilotildees quiacutemicas

e bioloacutegicas um dos principais fatores de controle direto da concentraccedilatildeo de OD na aacutegua

(EMBRAPA 2004) Com a elevaccedilatildeo da temperatura ocorre o aumento da taxa em que os

nutrientes aderidos aos soacutelidos suspensos satildeo convertidos em formas soluacuteveis

Poreacutem apoacutes a ruptura da barragem a faixa de concentraccedilatildeo de OD apresentou

queda em termos meacutedios de 806 para os 3 pontos de monitoramento apresentados na

Tabela 3 O valor miacutenimo obtido foi de 529 mgL na estaccedilatildeo fluviomeacutetrica da Ponte

Taquara Os valores estatildeo em conformidade com os limites previstos para os rios de classe

2 que segundo a Resoluccedilatildeo Conama 3572005 deve ser maior que 5 mgL

O mesmo aplica-se para os iacutendices de pH que em termos meacutedios apresentou queda

de 137 O pH possui efeito indireto sobre a precipitaccedilatildeo de elementos quiacutemicos toacutexicos

como os metais pesados (EMBRAPA 2004) Apesar dos iacutendices analisados estarem

compatiacuteveis com o limite de 6 a 9 para rios de Classe 2 os valores apoacutes a ruptura estatildeo na

faixa de 6 a 8 Para que ocorra a precipitaccedilatildeo quiacutemica de metais pesados o ideal eacute que o

pH do meio seja elevado ou seja superior a 70 (EMBRAPA 2004) Conforme o pH

aumenta ocorre o aumento da concentraccedilatildeo de complexos dos quais substituem as

moleacuteculas de aacutegua por ligantes inorgacircnicos Por sua vez estas estruturas ligantes por

serem maiores ou menos soluacuteveis dificultam o processo de troca iocircnica facilitando o

processo de precipitaccedilatildeo quiacutemica do metal (OUKI e KAVANNAGH 1999)

Apesar dos iacutendices de OD e do pH natildeo apresentarem desconformidade com os

limites da legislaccedilatildeo os valores de turbidez em todos os pontos de monitoramento apoacutes a

ruptura superaram o limite previsto de 100 NTU para rios de Classe 2 conforme a

Resoluccedilatildeo Conama 3572005 No ponto de monitoramento de Maacuterio Campos obteve-se

210 vezes o Limite Maacuteximo Permitido (LMP) de turbidez Ao comparar os dados antes e

apoacutes a ruptura tem-se que os valores antes ao rompimento tambeacutem superaram o limite

previsto

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

15

De acordo com o Informativo especial ldquoAvaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e

2018rdquo publicado pelo IGAM em 12 de fevereiro de 2019 avaliou-se o comportamento de

alguns paracircmetros de qualidade da aacutegua do rio Paraopeba Segundo a seacuterie histoacuterica da

bacia observa-se que em periacuteodos chuvosos a turbidez do rio ultrapassou 18 vezes o

limite legal permitido Isso indica que para o periacuteodo analisado sugere-se o aporte de soacutelido

de origem difusa na bacia ausecircncia de mata ciliar no entorno e a ocorrecircncia de processos

erosivos

A turbidez provoca nebulosidade ao rio reduzindo a passagem dos feixes de luz na

aacutegua Estaacute reduccedilatildeo daacute-se por absorccedilatildeo e espalhamento uma vez que as partiacuteculas que

provocam turbidez na aacutegua satildeo maiores que o comprimento de luz branca (VON

SPERLING 2000) Devido agrave presenccedila de soacutelidos de mateacuteria inorgacircnica em suspensatildeo

oriundos da lama de rejeitos que afetou o rio a turbidez reduz a fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo

aquaacutetica e influencia drasticamente nas comunidades aquaacuteticas conforme a Figura 4

Figura 4 Condiccedilatildeo do rio Paraopeba nos trechos iniciais ao rompimento da barragem

Fonte REUTERS 2019

Os soacutelidos da lama sedimentam-se no leito do rio podendo ateacute reter bacteacuterias e

resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (EMBRAPA 2004) Assim os

soacutelidos influenciam tambeacutem na demanda de OD Apesar do que foi verificado quanto aos

niacuteveis de OD pode-se inferir que a lama de rejeitos ainda natildeo se sedimentou totalmente no

leito do rio ao ponto de formar bancos de lodo Logo o OD eacute um paracircmetro que responde

lentamente agraves variaccedilotildees de carga de poluiccedilatildeo (CUNHA E FERREIRA 2019)

Aleacutem disso outro paracircmetro analisado eacute a condutividade eleacutetrica Embora natildeo

possua limite de legislaccedilatildeo sua anaacutelise permite verificar de forma indireta o comportamento

dos eletroacutelitos na aacutegua inclusive dos iacuteons de metal (IGAM 2019) Os valores para este

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

16

paracircmetro apoacutes a ruptura variam de 2940 a 13070 μscm Sendo que os valores antes e

apoacutes a ruptura apresentam pouca variaccedilatildeo

Ao analisar os paracircmetros antes e apoacutes a ruptura eacute possiacutevel calcular o IQA para cada

situaccedilatildeo Antes do rompimento da barragem o IQA obtido para a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de

Alberto Flores foi de 66 e apoacutes a ruptura o IQA obtido para o ponto de monitoramento de

Maacuterio Campos foi de 14 Ao analisar a classificaccedilatildeo de IQA do IGAM antes da ruptura o

IQA foi bom (70lt IQA le 90) ou seja a aacutegua apresentava condiccedilotildees apropriadas para o

tratamento convencional visando o abastecimento puacuteblico Apoacutes a ruptura o IQA eacute

considerado muito ruim (IQA le 25) ou seja a aacutegua eacute improacutepria para o tratamento

convencional sendo necessaacuterio tratamentos mais avanccedilados

Segundo o informativo especial de seacuterie histoacuterica de 2000 a 2018 do IGAM (2019)

citado anteriormente especialistas apontam a presenccedila de metais acima do que estipula a

legislaccedilatildeo ambiental para rios de Classe 2 A partir desse informativo e dos monitoramentos

obtidos pela SOS Mata Atlacircntica os teores de metais e de metais pesados analisados satildeo

da mesma magnitude ou inferiores aos teores maacuteximos encontrados As aacuteguas que

recebem efluentes contendo metais pesados apresentam ao fundo concentraccedilotildees elevadas

de sedimento (EMBRAPA 2004) Ao lanccedilar lamas insoluacuteveis contendo metais estas sofrem

transformaccedilotildees quiacutemicas sob a accedilatildeo bioloacutegica lanccedilando lentamente na corrente liacutequida

(EMBRAPA 2004)

A presenccedila de metais apoacutes a ruptura da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo eacute

apresentada na Tabela 4

Tabela 4 Valores meacutedios de concentraccedilatildeo de metais pesados apoacutes o rompimento da

barragem a partir dos monitoramentos da SOS Mata Atlacircntica

PRESENCcedilA DE METAIS NA AacuteGUA APOacuteS A RUPTURA

METAIS VALORES MEacuteDIOS (mgL) LIMITE MAacuteXIMO

PERMITIDO (mgL)

Ferro 6065 03

Cobre 357 0009

Manganecircs 2145 01

Cromo 1145 005

Fonte Autoria proacutepria 2019

A concentraccedilatildeo de metais verificada ao longo do curso do rio Paraopeba de acordo

com o LMP determinado pela resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 demonstra que toda a

extensatildeo do rio foi afetada criticamente Para todos os metais pesados analisados tem-se

concentraccedilotildees meacutedias acima do LMP Fatores como o pH temperatura e OD tambeacutem

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

17

influenciam na mobilidade e potencialidade toacutexica de vaacuterios metais (CARVALHO et al

2016) Em consequecircncia disso apoacutes o lanccedilamento de rejeitos na aacutegua estes paracircmetros

controlam os processos fiacutesicos- quiacutemicos de solubilidade dos metais sendo responsaacuteveis

por influenciar na concentraccedilatildeo e absorccedilatildeo pelos organismos

Contudo ao analisar a presenccedila de metais na aacutegua apoacutes a ruptura encontra-se

aproximadamente 202 vezes o LMP para o ferro e 2145 vezes o LMP para o manganecircs

Em concentraccedilotildees elevadas ambos os metais atribuem coloraccedilatildeo avermelhada sensaccedilatildeo

de adstringecircncia e sabor a aacutegua O ferro por exemplo aparece em aacuteguas subterracircneas

devido agrave dissoluccedilatildeo do mineacuterio devido a presenccedila do gaacutes carbocircnico da aacutegua Ao entrar em

contato com o ar oxida-se conferindo cor e sabor a aacutegua (CETESB 2018) Em alguns

casos altas concentraccedilotildees de ferro satildeo limitantes no crescimento de algas e outras plantas

(VON SPERLING 2000)

Outro iacutendice alarmante eacute a presenccedila de cobre aproximadamente 397 vezes o LMP

e a presenccedila de cromo 229 vezes o LMP Metais pesados como o cobre e cromo podem

causar diversos danos aos organismos podendo ficar disponiacuteveis na aacutegua ateacute serem

assimilados quimicamente ou biologicamente atraveacutes de associaccedilatildeo de estruturas

orgacircnicas (SOS 2019) Logo a presenccedila de quantidades elevadas de cobre na aacutegua pode

produzir vocircmitos sabor desagradaacutevel na aacutegua e uma extensa variedade de efeitos toacutexicos

Jaacute o cromo em condiccedilotildees elevadas pode causar problemas respiratoacuterios e modificaccedilotildees

hematoloacutegicas (VON SPERLING 2000)

5 CONCLUSAtildeO

O dano ambiental causado apoacutes o rompimento da Barragem do Complexo do

Coacuterrego do Feijatildeo tornou as aacuteguas do rio Paraopeba improacuteprias para o consumo pois

segundo os paracircmetros analisados temperatura turbidez e valores meacutedios de metais estatildeo

em desconformidade com os padrotildees da legislaccedilatildeo vigente exceto os paracircmetros OD pH

e condutividade eleacutetrica Aleacutem disso o IQA calculado apoacutes a ruptura da barragem eacute

classificado como muito ruim o que faz-se necessaacuterio o uso tratamentos mais avanccedilados

para o abastecimento puacuteblico

Verificou-se que o lanccedilamento de efluentes oriundos de rejeitos de mineacuterio no rio

deteriora a qualidade da aacutegua e possui consequecircncias prolongadas ao ecossistema

aquaacutetico Logo o impacto causado pelo volume de rejeitos eacute de difiacutecil anaacutelise pois ao

formarem misturas complexas de vaacuterios elementos quiacutemicos com a aacutegua tornam a

qualidade da aacutegua desse corpo drsquoaacutegua variaacutevel e de difiacutecil previsatildeo da capacidade de

autodepuraccedilatildeo

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

18

O principal problema ambiental do lanccedilamento de rejeitos na bacia do rio Paraopeba

foi o acuacutemulo dos rejeitos de mineacuterio na calha do rio gerando a necessidade de

monitoramento constante e de teacutecnicas de remediaccedilatildeo Apesar da bacia do rio Paraopeba

ter um histoacuterico de aumento dos niacuteveis de turbidez nos meses de cheia o impacto sobre

qualidade da aacutegua apoacutes o acontecimento eacute criacutetico comparado ao histoacuterico

Por enquanto o dimensionamento definitivo sobre o dano ambiental eacute imensuraacutevel

pois os resiacuteduos permaneceratildeo no ambiente por tempo indeterminado Deve se ter em

mente que o rio poderaacute se recuperar do impacto mas o ecossistema dificilmente voltaraacute agraves

condiccedilotildees de preacute-impacto Para isso eacute de suma importacircncia que medidas efetivas de

recuperaccedilatildeo ambiental sejam adotadas como por exemplo a remoccedilatildeo de parte dos

sedimentos depositados no leito do rio Portanto eacute fundamental que todos os oacutergatildeos

responsaacuteveis pela gestatildeo dos recursos hiacutedricos e pelas atividades mineraacuterias serem riacutegidos

quanto a este tipo de impacto e que cobrem com rigor medidas de recuperaccedilatildeo do recurso

hiacutedrico

6 RECOMENDACcedilOtildeES

Com base nas conclusotildees desta pesquisa e dos questionamentos que ainda podem

ser respondidos recomenda-se aplicar um modelo de qualidade da aacutegua que leve em

consideraccedilatildeo a presenccedila dos rejeitos de mineacuterio de ferro no leito do rio afim de entender

afundo a diversidade regional de problemas e soluccedilotildees concernentes para o rompimento

de barragens

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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CUNHA C L N FERREIRA A P Anaacutelise criacutetica por comparaccedilatildeo entre modelos de qualidade de aacutegua aplicados em rios poluiacutedos contribuiccedilotildees agrave sauacutede aacutegua e saneamento Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental v 24 ndeg3 p5-6 maijun 2019 DOI httpdxdoiorg101590s1413-41522019112332 Disponiacutevel em httpwwwscielobr scielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-41522019005007102 Acesso em 25 set 2019 EMBRAPA- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria Aplicaccedilatildeo do Biomonitoramento para Avaliaccedilatildeo da Qualidade da Aacutegua em Rios 1 Ed Satildeo Paulo Conceiccedilatildeo 2004 Disponiacutevel em httpswwwinfotecacnptiaembrapabrbitstreamdoc145181documentos36pdf Acesso em 31 out 2019 EDSDH Escola Superior Dom Helder Cacircmara O Rompimento de Barragens no Brasil e no Mundo Desastres mistos ou tecnoloacutegicos 2015 Disponiacutevel em ltwww domhelder edubrartigo_HRApdfgt Acesso em 23 mar 2019 FREITAS C M SILVA M A MENEZES F C O desastre na barragem de mineraccedilatildeo da Samarco- fratura exposta dos limites do Brasil na reduccedilatildeo de risco de desastres Ciecircncia e Cultura Satildeo Paulo v 68 n 3 p1-12 jul 2016 Bimestral Disponiacutevel em lthttpcienciaeculturabvsbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0009-67252016000300010gt Acesso em 23 mar 2019 G1 GLOBO MINAS (Minas Gerais) Bombeiros e defesa civil satildeo mobilizados para a chamada de rompimento de barragem em brumadinho na grande bh 2019 Disponiacutevel em lthttpsg1globocommgminas-geraisnoticia20190125bombeiros-e-defesa-civil-sao-mobilizados-para-chamada-de-rompimento-de-barragem-em-brumadinho-na-grande-bhghtmlgt Acesso em 23 mar 2019 GOOGLE EARTH Software Version Versatildeo 93972 2018-2019 2019 Disponiacutevel em httpsearthgooglecomweb Acesso em 2 set 2019 IGAM- Instituto Mineiro de Gestatildeo de Aacuteguas Informativo Especial Avaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e 2018 Informativo dos paracircmetros de qualidade das aacuteguas nos locais monitorados ao longo do Rio Paraopeba antes do desastre na barragem B1 no complexo da Mina Coacuterrego Feijatildeo da Mineradora ValeSA no municiacutepio de Brumadinho ndash Minas Gerais Belo Horizontep 18 2019 LACAZ F A C PORTO M F S PINHEIRO T M M Trageacutedias brasileiras contemporacircneas o caso do rompimento da barragem de rejeitos de Fundatildeo Samarco 2017 12 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Medicina Centro de Estudo de Sauacutede do Trabalhador e Ecologia Humana Universidade Federal de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2017 MACHADO W G F Monitoramento de barragens de contenccedilatildeo de rejeitos da mineraccedilatildeo 2007 155 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Engenharia de Minas e Petroacuteleo Departamento de Minas e de Petroacuteleo Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2007 MILANEZ Bruno et al Antes fosse mais leve a carga avaliaccedilatildeo dos aspectos econocircmicos poliacuteticos e sociais do desastre da SamarcoValeBHP em Mariana (MG) Belo Horizonte PoEMAS 2015 Disponiacutevel em ltufjfbrpoemasfiles201407PoEMAS-2015-Antes-fosse-mais-leve-a-carga-versatildeo-finalpdfgt Acesso em 23 mar 2019 MINAS Estado de Lama de barragem matou o Rio Paraopeba conclui estudo da SOS Mata Atlacircntica Especialista em recursos hiacutedricos da fundaccedilatildeo afirma que a Bacia do Paraopeba estaacute sem condiccedilotildees de vida aquaacutetica e do uso da aacutegua mas que pode voltar a viver 2019 Disponiacutevel em lthttpswwwemcombrappnoticiagerais20190228interna_gerais1034405lama-matou-o-rio-paraopeba-conclui-estudo-da-sos-mata-atlanticashtmlgt Acesso em 25 mar 2019

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

21

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Page 6: DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO DO RIO PARAOPEBA ...repositorio.ufgd.edu.br/.../2337/1/IzabellyCapilleBeloto.pdfSendo um parâmetro importante para a avaliação da qualidade de um corpo

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

4

Onde o IQA eacute o Iacutendice de Qualidade de Aacuteguas qi eacute o valor do paracircmetro wi eacute o

peso atribuiacutedo a cada paracircmetro e n eacute o nuacutemero de paracircmetros a serem avaliados

Ao analisar paracircmetros fiacutesico-quiacutemicos observa-se as seguintes caracteriacutesticas

baacutesicas temperatura turbidez soacutelidos totais pH e OD A temperatura superficial pode ser

influenciada por fatores locais tais como a altitude latitude e profundidade (CETESB

2018) Pelo fato de desempenhar um papel crucial no meio aquaacutetico a temperatura eacute

responsaacutevel pela influecircncia das variaacuteveis fiacutesico-quiacutemicos (CETESB 2018) Aleacutem disso em

conjunto com a pressatildeo satildeo os dois principais fatores que controlam diretamente a

concentraccedilatildeo de OD (EMBRAPA 2014)

Outro fator importante eacute a turbidez que eacute o grau de atenuaccedilatildeo de intensidade da luz

devido a presenccedila dos soacutelidos em suspensatildeo tais como partiacuteculas inorgacircnicas (CETESB

2018) Ao analisar as consequecircncias da atividade mineraacuteria em que o aumento da turbidez

eacute excessivo tem-se a reduccedilatildeo da fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo suprimindo a produtividade

dos peixes Segundo Abdel-Baki et al (2011) os peixes podem ser utilizados como

organismos indicadores de qualidade ambiental principalmente quando a turbidez eacute

causada por metais pesados

Quanto aos soacutelidos estes satildeo classificados em soacutelidos volaacuteteis (mateacuteria orgacircnica) e

soacutelidos fixos (mateacuteria inorgacircnica) Ambos podem causar danos aos peixes e a vida aquaacutetica

em geral Ao se sedimentar no leito dos rios danificam a desova dos peixes e os

organismos que oferecem alimento Aleacutem disso os soacutelidos podem reter bacteacuterias e

resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (CETESB 2018)

Ao analisar paracircmetros quiacutemicos tem-se principalmente as seguintes caracteriacutesticas

de estudo pH OD nitrogecircnio e foacutesforo O pH por estar presente no equiliacutebrio quiacutemico

ocorre naturalmente ou em processos de tratamento de aacutegua Por sua vez eacute um paracircmetro

importante no saneamento ambiental pois em determinadas condiccedilotildees atua na

precipitaccedilatildeo quiacutemica (VON SPERLING 2014) Contudo o OD eacute um dos constituintes mais

importantes dos recursos hiacutedricos por estar diretamente relacionado com os tipos de

organismos que sobrevivem em um corpo drsquoaacutegua (BRAGA et al 2005) Presentes na aacutegua

sob vaacuterias formas o nitrogecircnio e o foacutesforo causam o processo de eutrofizaccedilatildeo quando

encontram-se dissolvidos em excesso no meio (VON SPERLING 2014)

Por fim os paracircmetros bioloacutegicos dizem respeito a quantidade e a diversidade de

espeacutecies presentes no meio aquaacutetico que variam conforme a transparecircncia da aacutegua

nutrientes disponiacuteveis e fatores fiacutesicos (BRAGA et al 2005) Os microrganismos

constituintes dos coliformes totais (CT) desempenham diversas funccedilotildees importantes ao

analisar este paracircmetro sendo responsaacuteveis pela transformaccedilatildeo da mateacuteria dentro dos

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

5

ciclos biogeoquiacutemicos e um importante indicador da de presenccedila de microrganismos

patogecircnicos na aacutegua (VON SPERLING 2000)

22 INTERACcedilOtildeES BIOLOacuteGICAS NO MEIO AQUAacuteTICO

Segundo Braga et al (2002) a poluiccedilatildeo da aacutegua eacute a alteraccedilatildeo das caracteriacutesticas

devido as accedilotildees e interferecircncias de origem natural ou humana Essas alteraccedilotildees satildeo

responsaacuteveis por criar impactos ecoloacutegicos esteacuteticos e fisioloacutegicos Poreacutem somente

alteraccedilotildees esteacuteticas natildeo podem ser levadas em consideraccedilatildeo pois eacute a partir do estudo do

corpo receptor com o uso de ferramentas teacutecnicas especiacuteficas que eacute possiacutevel quantificar

e qualificar tal alteraccedilatildeo

Para compreender as interaccedilotildees bioloacutegicas no meio aquaacutetico tem-se que a

concentraccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido (OD) na aacutegua ocorre em funccedilatildeo das caracteriacutesticas do

despejo do corpo drsquoaacutegua e da produccedilatildeo de oxigecircnio Dentre tantas variaacuteveis as

caracteriacutesticas do despejo estatildeo fortemente associadas com o consumo de OD do meio

sendo considerado a facilidade de biodegradaccedilatildeo a quantidade de poluente despejado e

a vazatildeo despejada (BRAGA et al 2002)

As caracteriacutesticas do corpo drsquoaacutegua determinam tambeacutem com que facilidade as

cargas poluidoras seratildeo misturadas ao meio entrando em questatildeo a velocidade do fluido

a geometria do escoamento e a intensidade de difusatildeo Por fim a produccedilatildeo de oxigecircnio eacute

uma das variaacuteveis mais relevantes pois a atividade fotossinteacutetica (produccedilatildeo endoacutegena) e

a reaeraccedilatildeo (produccedilatildeo exoacutegena) consiste no ciclo de passagem do oxigecircnio atmosfeacuterico

para o meio aquaacutetico (VON SPERLING 2014)

Sendo um paracircmetro importante para a avaliaccedilatildeo da qualidade de um corpo drsquoaacutegua

a concentraccedilatildeo de OD permite indicar a condiccedilatildeo do corpo receptor ao lanccedilamento de

cargas pontuais ou difusas (CETESB 2018) Baixos niacuteveis de OD geram altos niacuteveis de

Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO5) e vice-versa Em outras palavras a DBO5 eacute

correspondente ao oxigecircnio consumido pelos organismos decompositores aeroacutebios para

que seja feita a completa decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica lanccedilada na aacutegua considerado

um indicador de qualidade da aacutegua (BRAGA et al 2002)

O consumo de OD deve-se a respiraccedilatildeo principalmente das bacteacuterias heterotroacuteficas

aeroacutebias resultando na equaccedilatildeo simplificada de estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica

119872119874 + 1198742 + 119887119886119888119905eacute119903119894119886119904 rarr 1198621198742 +1198672119874 + 119887119886119888119905eacute119903119894119886119904 + 119890119899119890119903119892119894119886 (22)

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

6

Na presenccedila de oxigecircnio as bacteacuterias convertem a mateacuteria orgacircnica (MO) em

compostos simples e estaacuteveis Enquanto houver alimento e oxigecircnio disponiacutevel as

bacteacuterias tendem a crescer e se reproduzir no meio sendo que o consumo da MO e do OD

pelas bacteacuterias resulta em compostos como o gaacutes carbocircnico aacutegua e energia conforme

Equaccedilatildeo 11 Pelo fato da mateacuteria orgacircnica ter sido convertida em gaacutes carbocircnico a reaccedilatildeo

acima pode ser chamada de reaccedilatildeo de oxidaccedilatildeo (VON SPERLING 2014)

Apoacutes concluiacuterem a etapa de oxidaccedilatildeo os organismos decompositores estabilizam

ou mineralizam a MO Poreacutem a mateacuteria orgacircnica que se sedimentou forma o chamado

lodo de fundo que tambeacutem necessita ser convertido Em virtude da dificuldade de

penetraccedilatildeo do oxigecircnio na camada de lodo grande parte da conversatildeo da mateacuteria orgacircnica

ocorre sob condiccedilotildees anaeroacutebicas No entanto a camada superior de lodo ainda possui

acesso ao oxigecircnio da massa liacutequida sobrenadante o que resulta na remoccedilatildeo de DBO e

no consumo de oxigecircnio (VON SPERLING 2014) Logo esse processo recebe o nome de

demanda bentocircnica ou demanda de oxigecircnio pelo sedimento onde alguns subprodutos

parciais da decomposiccedilatildeo anaeroacutebia dissolvem-se e difundem-se exercendo demanda de

oxigecircnio (VON SPERLING 2014)

A sedimentaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode implicar na diminuiccedilatildeo da DBO da massa

liacutequida mas com a ressuspensatildeo da massa decantada devido turbulecircncias ou altas

velocidades de escoamento ocorre o inverso (ANDRADE 2010) Com isso tem-se o

chamado revolvimento da camada de lodo

22 REJEITOS DE MINERACcedilAtildeO

Segundo Arauacutejo (2006) e Machado (2007) os rejeitos satildeo partiacuteculas resultantes de

processos de beneficiamento dos mineacuterios visando extrair os elementos de interesse

econocircmico de forma que seu descarte natildeo comprometa o meio ambiente Sua constituiccedilatildeo

eacute definida pela presenccedila de soacutelidos e uma fraccedilatildeo liacutequida com concentraccedilatildeo de 30 a 50

em peso (ARAUacuteJO 2006) Assim os rejeitos podem variar de materiais arenosos natildeo

plaacutesticos sendo os rejeitos granulares ateacute solos com alta plasticidade e granulometria mais

fina como as lamas (VALE 2019)

Nesse contexto os rejeitos de mineacuterio de ferro satildeo formados por partiacuteculas ultrafinas

contendo Ferro Alumina Foacutesforo e Siacutelica sendo classificados de acordo com a

granulometria (VALE 2019) Poreacutem a mineraccedilatildeo eacute uma das atividades que tambeacutem libera

metais potencialmente toacutexicos pois consiste em uma atividade que rompe com o equiliacutebrio

geoquiacutemico natural (SALOMONS 1995)

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

7

Os metais pesados conferem elevada resistecircncia agrave degradaccedilatildeo quiacutemica fiacutesica e

bioloacutegica possibilitando a persistecircncia por longos periacuteodos de tempo no meio aquaacutetico

(MORAES JORDAtildeO 2002) Logo ao persistir no ambiente aquaacutetico os metais pesados

causam forte impacto na estabilidade dos ecossistemas provocando efeitos adversos nos

seres humanos aleacutem de causar a mortalidade de peixes e das comunidades bentocircnicas

perifiacuteticas planctocircnica nectocircnica e de seres fotossintetizantes (MORAES JORDAtildeO 2002

SAMPAIO 2003)

Por ser altamente reativos e apresentar facilidade ao se ligar a outros elementos

quiacutemicos os metais pesados natildeo encontram-se independentes no meio aquaacutetico Nesse

contexto a poluiccedilatildeo gerada pelos metais pesados possui forte contribuiccedilatildeo dos sedimentos

de fundo Ao refletir na quantidade disponiacutevel no ambiente tambeacutem satildeo usados para

detectar a presenccedila de contaminantes que natildeo permanecem soluacuteveis Assim as

propriedades de acuacutemulo de sedimentos aliadas aos metais pesados disponiacuteveis satildeo de

extrema importacircncia para qualificar os efeitos da contaminaccedilatildeo em estudos de impacto

ambiental (SAMPAIO 2003)

24 LEGISLACcedilAtildeO CONAMA 357 E 430

Os padrotildees de qualidade da aacutegua demonstram de forma generalizada e conceitual

a propriedade desejada a este recurso Logo objetivando a proteccedilatildeo ambiental e a sauacutede

puacuteblica as resoluccedilotildees do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) 357 e 430

estabelecem padrotildees de lanccedilamento e qualidade do corpo receptor

A resoluccedilatildeo CONAMA ndeg 430 de 13 de maio de 2011 dispotildeem sobre paracircmetros

padrotildees condiccedilotildees e diretrizes para a gestatildeo de efluentes lanccedilados nos corpos drsquoaacutegua

(BRASIL 2011) Esta resoluccedilatildeo complementa e altera a resoluccedilatildeo CONAMA ndeg 357 de 17

de marccedilo de 2005 que dispotildeem as diretrizes e classificaccedilotildees ambientais para o

enquadramento das aacuteguas superficiais (CERON 2012)

Atualmente a Resoluccedilatildeo ndeg35705 do CONAMA extinta Resoluccedilatildeo CONAMA nordm

02086 define o niacutevel de qualidade a ser alcanccedilado e mantido por uma bacia Nos limites

para os paracircmetros fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos o Rio Paraopeba que foi estudado no

presente trabalho possui enquadramento classe 2 segundo a norma Assim segundo a

norma as aacuteguas do rio Paraopeba satildeo destinadas para abastecimento humano (apoacutes

tratamento convencional) proteccedilatildeo de comunidades aquaacuteticas recreaccedilatildeo de contato

primaacuterio (segundo Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg274 de 2000) irrigaccedilatildeo aquicultura e pesca

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

8

Poreacutem a classificaccedilatildeo dos paracircmetros de qualidade para os rios de Classe 2 eacute o

mesmo adotado para rios de Classe 1 Os respectivos valores de paracircmetros de qualidade

constam na Tabela 1 onde para o pH os valores apresentados correspondem aos limites

inferiores e superiores da faixa de referecircncia Para OD e DBO o valor apresentado

corresponde ao valor miacutenimo de referecircncia estabelecido para o paracircmetro

Tabela 1- Paracircmetros de qualidade da aacutegua conforme Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg35705 para rios de Classe 2

PARAcircMETRO UNIDADE VALOR

pH - 60 - 90

Turbidez NTU 100

Oxigecircnio dissolvido (OD)

Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio (DBO)

mg L-1 5

5

Fonte adaptado CONAMA 2005

Para o lanccedilamento de efluentes a temperatura maacutexima para corpos drsquoaacutegua eacute de

40degC A legislaccedilatildeo apresenta normatizaccedilatildeo restrita agraves aacuteguas de efluentes devido agrave alta

sazonalidade anual e diaacuteria no ambiente natural (MAIA 2017) Os efluentes atendem

condiccedilotildees especiacuteficas Aleacutem dos paracircmetros apresentados anteriormente a Resoluccedilatildeo

ndeg43011 apresenta limites maacuteximos para elementos quiacutemicos dissolvidos na aacutegua

conforme a Tabela 2

Tabela 2- Concentraccedilotildees maacuteximas de alguns elementos quiacutemicos conforme Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg43011 para rios de Classe 2

ELEMENTO QUIacuteMICO VALOR MAacuteXIMO (microgl)

Ferro (Fe) 300

Manganecircs (Mn) 100

Cromo (Cr) 50

Cobre (Cu) 9

Fonte adaptado CONAMA 2011 3 METODOLOGIA

A metodologia desenvolvida por esta pesquisa baseia-se na utilizaccedilatildeo de dados de

pesquisas exploratoacuterias e bibliograacuteficas sobre a qualidade da aacutegua do rio Paraopeba a

montante e a jusante do lanccedilamento do rejeito de mineraccedilatildeo ocorrido em funccedilatildeo do

rompimento da Barragem da Mina Coacuterrego do Feijatildeo em Minas Gerais

A partir da aacuterea de estudo delimitada proacutexima as estaccedilotildees fluviomeacutetricas do Rio

Paraopeba e dos paracircmetros fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos obtidos pelas anaacutelises

119898119892 119871minus1

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

9

apresentadas pela Rede Hidrometeroloacutegica Nacional (RHN) operada pela Companhia de

Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM) foram feitas avaliaccedilotildees e o diagnoacutestico da

situaccedilatildeo das aacuteguas do Rio Paraopeba de acordo com legislaccedilatildeo ambiental vigente

(CONAMA)

A escolha das estaccedilotildees fluviomeacutetricas de Alberto Flores- 40740000 Ponte Nova do

Paraopeba- 40800001 e Ponte da Taquara- 40850000 da RHN foram fundamentais para a

pesquisa deste trabalho A RHN disponibilizou dados de niacutevel e de vazatildeo diaacuterios As vazotildees

diaacuterias eram obtidas atraveacutes de mediccedilotildees feitas com o uso de molinetes equipamentos

acuacutesticos (SONTEK M9 e RDI RiverRay) e curvas chaves Estabelecidas a partir de

mediccedilotildees de vazatildeo realizadas 3 a 4 vezes por ano durante as visitas de inspeccedilatildeo realizadas

pelo CPRM Aleacutem disso a partir destas mediccedilotildees eram feitas anaacutelises de 5 paracircmetros de

qualidade da aacutegua temperatura da aacutegua do rio pH do meio oxigecircnio dissolvido turbidez e

condutividade eleacutetrica Estas anaacutelises eram feitas in loco pela equipe do CPRM com o uso

de sonda multiparameacutetrica YSI EXO1 e Hydrolab MS5

Apesar do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos ser o uacutenico dentre os

escolhidos que natildeo era uma estaccedilatildeo fluviomeacutetrica antes da ruptura da barragem este ponto

atua na realizaccedilatildeo de mediccedilotildees de descarga liacutequida e soacutelida pelo CPRM As mediccedilotildees de

descarga soacutelida em suspensatildeo eram obtidas a partir da coleta de amostras 2D (2

dimensotildees) pela equipe do CPRM Utilizou-se amostradores tipo USBM-54 e Van Veen

para a determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de sedimentos permitindo o acompanhamento do

avanccedilo do rejeito ao longo da bacia

31 AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de estudo corresponde a bacia do Rio Paraopeba localizada na regiatildeo central

de Minas Gerais e que possui uma aacuterea de 12054 km2 (25 da aacuterea total de MG) e 510

km de extensatildeo do curso principal (IGAM 2013) O rio abrange cerca de 48 municiacutepios

sendo 35 municiacutepios sedes na bacia (CBHSF 2019) Possui sua nascente localizada ao

sul no municiacutepio de Cristiano Otoni e sua foz na represa de Trecircs Marias no municiacutepio de

Felixlacircndia em Minas Gerais (CBHSF 2019) Aleacutem disso o rio eacute responsaacutevel por 43 do

abastecimento puacuteblico da regiatildeo metropolitana de Belo Horizonte (COPASA 2019)

A bacia do Rio Paraopeba possui aacuterea de drenagem de 13640 km2 sendo que a

montante do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo local onde houve a ruptura da barragem possui aacuterea

de drenagem em torno de 4000 km2 (CPRM 2019) Afluente pela margem direita do rio

Paraopeba o ribeiratildeo Ferro Carvatildeo possui bacia de aacuterea 328 km2 e vazatildeo em torno de 600

Ls obtida por regionalizaccedilatildeo de vazotildees (CPRM 2019)

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

10

Segundo a Vale os rejeitos dispostos na barragem de alteamento agrave montante

ocupavam um volume de aproximadamente 117 milhotildees de m3 A barragem atingiu sua

elevaccedilatildeo maacutexima em meados de 2013 e deixou de receber rejeitos em 2016 A CPRM com

a utilizaccedilatildeo de imagens de sateacutelite delimitou que a aacuterea atingida foi de 31 km2 pelo rejeito

na bacia do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo A Figura 1 mostra a aacuterea atingida pela ruptura da

barragem deixando o ribeiratildeo e todo o entorno da aacuterea devastados

Figura 1 Aacuterea da barragem da Mina do Ribeiratildeo do Feijatildeo apoacutes a ruptura da barragem B1

Fonte Google Earth 2019

32 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS REDES DE MONITORAMENTO DA CPRM

As estaccedilotildees fluviomeacutetricas escolhidas para o presente trabalho foram definidas com

base no estudo e monitoramento do Rio Paraopeba realizados no periacuteodo de 2601 ateacute

3103 do ano de 2019 pelo CPRM Logo escolheu-se os pontos de monitoramento

representados na Quadro 1

Quadro 1 Pontos de monitoramento da bacia do rio Paraopeba

COacuteDIGO ESTACcedilAtildeO FLUVIOMEacuteTRICA AacuteREA

(km2) LAT LONG

DIST DA

BARRAGEM

40740000 Alberto Flores 3945 - 200945 ‐0440938 1km a montante

40800001 Ponte Nova do Paraopeba 5680 -195657 ‐0441819 57 km

40850000 Ponte Taquaraacute 8720 -192523 ‐0443258 176 km

- Maacuterio Campos - -200311 -0441148 29 km

Fonte adaptado CPRM2019

A CPRM com a participaccedilatildeo de oacutergatildeos puacuteblicos promoveram os monitoramentos

diaacuterios de niacutevel vazatildeo descarga soacutelida e granulometria do material em suspensatildeo A

estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores situa-se a montante da confluecircncia com o Ribeiratildeo

Ferro Carvatildeo enquanto os demais pontos de monitoramento situam-se a jusante da

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

11

confluecircncia Essa escolha permitiu acompanhar por meio dos monitoramentos o avanccedilo da

pluma de rejeitos na bacia do rio Paraopeba

A Figura 2 mostra a localidade dos pontos de monitoramento ao longo do rio

Paraopeba

Figura 2 Pontos de monitoramento do rio Paraopeba

Fonte Adaptado CPRM2019

33 DADOS DE ESTUDO

O levantamento das caracteriacutesticas do rio agrave montante e a jusante do lanccedilamento em

conjunto com os dados do efluente lanccedilado satildeo fundamentais para o iniacutecio do estudo de

diagnoacutestico da qualidade da aacutegua do Rio Paraopeba A partir desses dados eacute possiacutevel com

base nos limites estabelecidos pela legislaccedilatildeo estabelecer avaliaccedilotildees Os dados

necessaacuterios ao estudo satildeo apresentados na Figura 3

Figura 3- Metodologia de levantamento de dados para o estudo da bacia do rio Paraopeba

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

12

Fonte Autoria proacutepria 2019

Logo considerando que a montante da confluecircncia com Ribeiratildeo Ferro Carvatildeo estaacute

situada a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores pertencente a RHN verifica-se que a

vazatildeo do rio obtida nesse ponto antes da ruptura eacute a Q710 (vazatildeo miacutenima com periacuteodo de

retorno de 10 anos e duraccedilatildeo de 7 dias consecutivos) de 124 m3s Considerando que a

jusante da ruptura da barragem de rejeitos estaacute a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Ponte Nova do

Paraopeba pertencente tambeacutem a RHN a vazatildeo obtida antes da ruptura eacute a Q710 de 154

m3s (CPRM 2019)

A vazatildeo contribui em larga escala para a morfologia e hidrografia do rio Em periacuteodos

de grande descarga (periacuteodo de cheia) natildeo haacute distinccedilatildeo entre aacutereas de remanso e de

correnteza havendo pouca retenccedilatildeo de aacutegua (EMBRAPA 2004)

Quanto ao levantamento de dados do rejeito sabe-se que o volume ocupado era de

117 m3 (VALE 2019) O relatoacuterio final da composiccedilatildeo do rejeito ainda natildeo foi divulgado

mas sabe-se que existe uma toxidade quiacutemica semelhante a composiccedilatildeo da lama do

rompimento da barragem de Mariana em 2015 (ESTADO DE MINAS 2019)

Aleacutem do monitoramento realizado pelo CPRM o IGAM (Instituto Mineiro de Gestatildeo das

Aacuteguas) composto de 8 pontos de monitoramento gerou dados de paracircmetros de qualidade

da aacutegua referentes a seacuterie histoacuterica entre os anos de 2000 a 2018 com o objetivo de

propiciar uma anaacutelise comparativa entre a qualidade da antes e apoacutes a ruptura da

barragem

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

13

Outra fonte de dados utilizada no presente trabalho dizem respeito as mediccedilotildees

realizadas pela equipe teacutecnica da Fundaccedilatildeo SOS Mata Atlacircntica que acompanhou o

deslocamento da onda de rejeitos sobre 305 km do rio Paraopeba do dia 31 de janeiro de

2019 ateacute o dia 9 de fevereiro do mesmo ano O impacto dos rejeitos sobre a qualidade da

aacutegua foi medido em 22 pontos de monitoramento de 2 formas sendo a partir de amostras

de superfiacutecie com mediccedilotildees realizadas a 30 cm da lacircmina drsquoagua e por coluna drsquoaacutegua a

partir de 2m de profundidade (SOS 2019)

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

O dano ambiental na bacia do rio Paraopeba ocorreu no periacuteodo da piracema que

teve iniacutecio em novembro e teve fim em fevereiro (SOS 2019) O volume de rejeitos lanccedilados

na regiatildeo principalmente a grande quantidade de soacutelidos em suspensatildeo deixou a aacutegua

com cor intensa e turbidez elevada A Tabela 3 apresenta os valores maacuteximos e miacutenimos

de 5 paracircmetros da qualidade da aacutegua obtidos pelo monitoramento das estaccedilotildees

fluviomeacutetricas e do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos pertencentes a RHN antes

e depois da ruptura da barragem de Coacuterrego do Feijatildeo

Tabela 3 Paracircmetros de qualidade da aacutegua antes e depois da ruptura da barragem de

Coacuterrego do Feijatildeo com base nos dados das mediccedilotildees da CPRM (2019)

QUALIDADE DA AacuteGUA DO RIO PARAOPEBA NOS PONTOS DE MONITORAMENTO

PARAcircMETROS

CONAMA

VALORES

ANTES DA RUPTURA seacuterie histoacuterica (2000 a 2018)

DEPOIS DA RUPTURA 2601 a 3103

Alberto Flores

Ponte Nova do

Paraopeba

Ponte Taquaraacute

Maacuterio Campos

Ponte Nova do

Paraopeba

Ponte Taquaraacute

Temperatura da aacutegua (Cdeg)

Maacutex

2650 2750 2690 3120 2970 3070

40

Miacuten 1510 1700 1700 2300 2370 2460

OD (mgL)

5 Maacutex

970 971 914 820 768 780

Miacuten

714 360 475 625 533 529

pH

60 - 90 Maacutex

823 823 814 782 737 766

Miacuten

607 607 675 608 661 652

Condutividade eleacutetrica (μscm)

- Maacutex

12810 16100 15690 12700 13070 13060

Miacuten

4380 2420 3650 2940 7370 4770

Turbidez (NTU)

100 Maacutex

76400 75000 38100 2103120 1326450 168190

Miacuten 440 210 290 36640 1970 1140

Fonte Autoria proacutepria 2019

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

14

Obs Todos os dados encontrados antes da ruptura satildeo compatiacuteveis com os registrados na

seacuterie histoacuterica de 2002 a 2018 das estaccedilotildees fluviomeacutetricas exceto os valores para turbidez de 2013

a 2018 (CPRM 2019)

De modo geral o rio Paraopeba encontra-se gravemente afetado entre 30 a 60 km

de distacircncia da barragem O aumento da temperatura apoacutes a ruptura da barragem eacute

justificado pelo lanccedilamento de despejos de rejeitos de mineraccedilatildeo na bacia do rio O ponto

de monitoramento de Maacuterio Campos apresentou a maior temperatura da aacutegua atingindo

um valor superior a 30degC Em geral agrave medida que a temperatura aumenta a taxa de

reaccedilotildees quiacutemicas e bioloacutegicas sofrem aumento (VON SPERLING 2000)

A variaccedilatildeo de temperatura eacute responsaacutevel por aumentar a taxa das reaccedilotildees quiacutemicas

e bioloacutegicas um dos principais fatores de controle direto da concentraccedilatildeo de OD na aacutegua

(EMBRAPA 2004) Com a elevaccedilatildeo da temperatura ocorre o aumento da taxa em que os

nutrientes aderidos aos soacutelidos suspensos satildeo convertidos em formas soluacuteveis

Poreacutem apoacutes a ruptura da barragem a faixa de concentraccedilatildeo de OD apresentou

queda em termos meacutedios de 806 para os 3 pontos de monitoramento apresentados na

Tabela 3 O valor miacutenimo obtido foi de 529 mgL na estaccedilatildeo fluviomeacutetrica da Ponte

Taquara Os valores estatildeo em conformidade com os limites previstos para os rios de classe

2 que segundo a Resoluccedilatildeo Conama 3572005 deve ser maior que 5 mgL

O mesmo aplica-se para os iacutendices de pH que em termos meacutedios apresentou queda

de 137 O pH possui efeito indireto sobre a precipitaccedilatildeo de elementos quiacutemicos toacutexicos

como os metais pesados (EMBRAPA 2004) Apesar dos iacutendices analisados estarem

compatiacuteveis com o limite de 6 a 9 para rios de Classe 2 os valores apoacutes a ruptura estatildeo na

faixa de 6 a 8 Para que ocorra a precipitaccedilatildeo quiacutemica de metais pesados o ideal eacute que o

pH do meio seja elevado ou seja superior a 70 (EMBRAPA 2004) Conforme o pH

aumenta ocorre o aumento da concentraccedilatildeo de complexos dos quais substituem as

moleacuteculas de aacutegua por ligantes inorgacircnicos Por sua vez estas estruturas ligantes por

serem maiores ou menos soluacuteveis dificultam o processo de troca iocircnica facilitando o

processo de precipitaccedilatildeo quiacutemica do metal (OUKI e KAVANNAGH 1999)

Apesar dos iacutendices de OD e do pH natildeo apresentarem desconformidade com os

limites da legislaccedilatildeo os valores de turbidez em todos os pontos de monitoramento apoacutes a

ruptura superaram o limite previsto de 100 NTU para rios de Classe 2 conforme a

Resoluccedilatildeo Conama 3572005 No ponto de monitoramento de Maacuterio Campos obteve-se

210 vezes o Limite Maacuteximo Permitido (LMP) de turbidez Ao comparar os dados antes e

apoacutes a ruptura tem-se que os valores antes ao rompimento tambeacutem superaram o limite

previsto

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

15

De acordo com o Informativo especial ldquoAvaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e

2018rdquo publicado pelo IGAM em 12 de fevereiro de 2019 avaliou-se o comportamento de

alguns paracircmetros de qualidade da aacutegua do rio Paraopeba Segundo a seacuterie histoacuterica da

bacia observa-se que em periacuteodos chuvosos a turbidez do rio ultrapassou 18 vezes o

limite legal permitido Isso indica que para o periacuteodo analisado sugere-se o aporte de soacutelido

de origem difusa na bacia ausecircncia de mata ciliar no entorno e a ocorrecircncia de processos

erosivos

A turbidez provoca nebulosidade ao rio reduzindo a passagem dos feixes de luz na

aacutegua Estaacute reduccedilatildeo daacute-se por absorccedilatildeo e espalhamento uma vez que as partiacuteculas que

provocam turbidez na aacutegua satildeo maiores que o comprimento de luz branca (VON

SPERLING 2000) Devido agrave presenccedila de soacutelidos de mateacuteria inorgacircnica em suspensatildeo

oriundos da lama de rejeitos que afetou o rio a turbidez reduz a fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo

aquaacutetica e influencia drasticamente nas comunidades aquaacuteticas conforme a Figura 4

Figura 4 Condiccedilatildeo do rio Paraopeba nos trechos iniciais ao rompimento da barragem

Fonte REUTERS 2019

Os soacutelidos da lama sedimentam-se no leito do rio podendo ateacute reter bacteacuterias e

resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (EMBRAPA 2004) Assim os

soacutelidos influenciam tambeacutem na demanda de OD Apesar do que foi verificado quanto aos

niacuteveis de OD pode-se inferir que a lama de rejeitos ainda natildeo se sedimentou totalmente no

leito do rio ao ponto de formar bancos de lodo Logo o OD eacute um paracircmetro que responde

lentamente agraves variaccedilotildees de carga de poluiccedilatildeo (CUNHA E FERREIRA 2019)

Aleacutem disso outro paracircmetro analisado eacute a condutividade eleacutetrica Embora natildeo

possua limite de legislaccedilatildeo sua anaacutelise permite verificar de forma indireta o comportamento

dos eletroacutelitos na aacutegua inclusive dos iacuteons de metal (IGAM 2019) Os valores para este

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

16

paracircmetro apoacutes a ruptura variam de 2940 a 13070 μscm Sendo que os valores antes e

apoacutes a ruptura apresentam pouca variaccedilatildeo

Ao analisar os paracircmetros antes e apoacutes a ruptura eacute possiacutevel calcular o IQA para cada

situaccedilatildeo Antes do rompimento da barragem o IQA obtido para a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de

Alberto Flores foi de 66 e apoacutes a ruptura o IQA obtido para o ponto de monitoramento de

Maacuterio Campos foi de 14 Ao analisar a classificaccedilatildeo de IQA do IGAM antes da ruptura o

IQA foi bom (70lt IQA le 90) ou seja a aacutegua apresentava condiccedilotildees apropriadas para o

tratamento convencional visando o abastecimento puacuteblico Apoacutes a ruptura o IQA eacute

considerado muito ruim (IQA le 25) ou seja a aacutegua eacute improacutepria para o tratamento

convencional sendo necessaacuterio tratamentos mais avanccedilados

Segundo o informativo especial de seacuterie histoacuterica de 2000 a 2018 do IGAM (2019)

citado anteriormente especialistas apontam a presenccedila de metais acima do que estipula a

legislaccedilatildeo ambiental para rios de Classe 2 A partir desse informativo e dos monitoramentos

obtidos pela SOS Mata Atlacircntica os teores de metais e de metais pesados analisados satildeo

da mesma magnitude ou inferiores aos teores maacuteximos encontrados As aacuteguas que

recebem efluentes contendo metais pesados apresentam ao fundo concentraccedilotildees elevadas

de sedimento (EMBRAPA 2004) Ao lanccedilar lamas insoluacuteveis contendo metais estas sofrem

transformaccedilotildees quiacutemicas sob a accedilatildeo bioloacutegica lanccedilando lentamente na corrente liacutequida

(EMBRAPA 2004)

A presenccedila de metais apoacutes a ruptura da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo eacute

apresentada na Tabela 4

Tabela 4 Valores meacutedios de concentraccedilatildeo de metais pesados apoacutes o rompimento da

barragem a partir dos monitoramentos da SOS Mata Atlacircntica

PRESENCcedilA DE METAIS NA AacuteGUA APOacuteS A RUPTURA

METAIS VALORES MEacuteDIOS (mgL) LIMITE MAacuteXIMO

PERMITIDO (mgL)

Ferro 6065 03

Cobre 357 0009

Manganecircs 2145 01

Cromo 1145 005

Fonte Autoria proacutepria 2019

A concentraccedilatildeo de metais verificada ao longo do curso do rio Paraopeba de acordo

com o LMP determinado pela resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 demonstra que toda a

extensatildeo do rio foi afetada criticamente Para todos os metais pesados analisados tem-se

concentraccedilotildees meacutedias acima do LMP Fatores como o pH temperatura e OD tambeacutem

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

17

influenciam na mobilidade e potencialidade toacutexica de vaacuterios metais (CARVALHO et al

2016) Em consequecircncia disso apoacutes o lanccedilamento de rejeitos na aacutegua estes paracircmetros

controlam os processos fiacutesicos- quiacutemicos de solubilidade dos metais sendo responsaacuteveis

por influenciar na concentraccedilatildeo e absorccedilatildeo pelos organismos

Contudo ao analisar a presenccedila de metais na aacutegua apoacutes a ruptura encontra-se

aproximadamente 202 vezes o LMP para o ferro e 2145 vezes o LMP para o manganecircs

Em concentraccedilotildees elevadas ambos os metais atribuem coloraccedilatildeo avermelhada sensaccedilatildeo

de adstringecircncia e sabor a aacutegua O ferro por exemplo aparece em aacuteguas subterracircneas

devido agrave dissoluccedilatildeo do mineacuterio devido a presenccedila do gaacutes carbocircnico da aacutegua Ao entrar em

contato com o ar oxida-se conferindo cor e sabor a aacutegua (CETESB 2018) Em alguns

casos altas concentraccedilotildees de ferro satildeo limitantes no crescimento de algas e outras plantas

(VON SPERLING 2000)

Outro iacutendice alarmante eacute a presenccedila de cobre aproximadamente 397 vezes o LMP

e a presenccedila de cromo 229 vezes o LMP Metais pesados como o cobre e cromo podem

causar diversos danos aos organismos podendo ficar disponiacuteveis na aacutegua ateacute serem

assimilados quimicamente ou biologicamente atraveacutes de associaccedilatildeo de estruturas

orgacircnicas (SOS 2019) Logo a presenccedila de quantidades elevadas de cobre na aacutegua pode

produzir vocircmitos sabor desagradaacutevel na aacutegua e uma extensa variedade de efeitos toacutexicos

Jaacute o cromo em condiccedilotildees elevadas pode causar problemas respiratoacuterios e modificaccedilotildees

hematoloacutegicas (VON SPERLING 2000)

5 CONCLUSAtildeO

O dano ambiental causado apoacutes o rompimento da Barragem do Complexo do

Coacuterrego do Feijatildeo tornou as aacuteguas do rio Paraopeba improacuteprias para o consumo pois

segundo os paracircmetros analisados temperatura turbidez e valores meacutedios de metais estatildeo

em desconformidade com os padrotildees da legislaccedilatildeo vigente exceto os paracircmetros OD pH

e condutividade eleacutetrica Aleacutem disso o IQA calculado apoacutes a ruptura da barragem eacute

classificado como muito ruim o que faz-se necessaacuterio o uso tratamentos mais avanccedilados

para o abastecimento puacuteblico

Verificou-se que o lanccedilamento de efluentes oriundos de rejeitos de mineacuterio no rio

deteriora a qualidade da aacutegua e possui consequecircncias prolongadas ao ecossistema

aquaacutetico Logo o impacto causado pelo volume de rejeitos eacute de difiacutecil anaacutelise pois ao

formarem misturas complexas de vaacuterios elementos quiacutemicos com a aacutegua tornam a

qualidade da aacutegua desse corpo drsquoaacutegua variaacutevel e de difiacutecil previsatildeo da capacidade de

autodepuraccedilatildeo

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

18

O principal problema ambiental do lanccedilamento de rejeitos na bacia do rio Paraopeba

foi o acuacutemulo dos rejeitos de mineacuterio na calha do rio gerando a necessidade de

monitoramento constante e de teacutecnicas de remediaccedilatildeo Apesar da bacia do rio Paraopeba

ter um histoacuterico de aumento dos niacuteveis de turbidez nos meses de cheia o impacto sobre

qualidade da aacutegua apoacutes o acontecimento eacute criacutetico comparado ao histoacuterico

Por enquanto o dimensionamento definitivo sobre o dano ambiental eacute imensuraacutevel

pois os resiacuteduos permaneceratildeo no ambiente por tempo indeterminado Deve se ter em

mente que o rio poderaacute se recuperar do impacto mas o ecossistema dificilmente voltaraacute agraves

condiccedilotildees de preacute-impacto Para isso eacute de suma importacircncia que medidas efetivas de

recuperaccedilatildeo ambiental sejam adotadas como por exemplo a remoccedilatildeo de parte dos

sedimentos depositados no leito do rio Portanto eacute fundamental que todos os oacutergatildeos

responsaacuteveis pela gestatildeo dos recursos hiacutedricos e pelas atividades mineraacuterias serem riacutegidos

quanto a este tipo de impacto e que cobrem com rigor medidas de recuperaccedilatildeo do recurso

hiacutedrico

6 RECOMENDACcedilOtildeES

Com base nas conclusotildees desta pesquisa e dos questionamentos que ainda podem

ser respondidos recomenda-se aplicar um modelo de qualidade da aacutegua que leve em

consideraccedilatildeo a presenccedila dos rejeitos de mineacuterio de ferro no leito do rio afim de entender

afundo a diversidade regional de problemas e soluccedilotildees concernentes para o rompimento

de barragens

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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CUNHA C L N FERREIRA A P Anaacutelise criacutetica por comparaccedilatildeo entre modelos de qualidade de aacutegua aplicados em rios poluiacutedos contribuiccedilotildees agrave sauacutede aacutegua e saneamento Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental v 24 ndeg3 p5-6 maijun 2019 DOI httpdxdoiorg101590s1413-41522019112332 Disponiacutevel em httpwwwscielobr scielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-41522019005007102 Acesso em 25 set 2019 EMBRAPA- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria Aplicaccedilatildeo do Biomonitoramento para Avaliaccedilatildeo da Qualidade da Aacutegua em Rios 1 Ed Satildeo Paulo Conceiccedilatildeo 2004 Disponiacutevel em httpswwwinfotecacnptiaembrapabrbitstreamdoc145181documentos36pdf Acesso em 31 out 2019 EDSDH Escola Superior Dom Helder Cacircmara O Rompimento de Barragens no Brasil e no Mundo Desastres mistos ou tecnoloacutegicos 2015 Disponiacutevel em ltwww domhelder edubrartigo_HRApdfgt Acesso em 23 mar 2019 FREITAS C M SILVA M A MENEZES F C O desastre na barragem de mineraccedilatildeo da Samarco- fratura exposta dos limites do Brasil na reduccedilatildeo de risco de desastres Ciecircncia e Cultura Satildeo Paulo v 68 n 3 p1-12 jul 2016 Bimestral Disponiacutevel em lthttpcienciaeculturabvsbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0009-67252016000300010gt Acesso em 23 mar 2019 G1 GLOBO MINAS (Minas Gerais) Bombeiros e defesa civil satildeo mobilizados para a chamada de rompimento de barragem em brumadinho na grande bh 2019 Disponiacutevel em lthttpsg1globocommgminas-geraisnoticia20190125bombeiros-e-defesa-civil-sao-mobilizados-para-chamada-de-rompimento-de-barragem-em-brumadinho-na-grande-bhghtmlgt Acesso em 23 mar 2019 GOOGLE EARTH Software Version Versatildeo 93972 2018-2019 2019 Disponiacutevel em httpsearthgooglecomweb Acesso em 2 set 2019 IGAM- Instituto Mineiro de Gestatildeo de Aacuteguas Informativo Especial Avaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e 2018 Informativo dos paracircmetros de qualidade das aacuteguas nos locais monitorados ao longo do Rio Paraopeba antes do desastre na barragem B1 no complexo da Mina Coacuterrego Feijatildeo da Mineradora ValeSA no municiacutepio de Brumadinho ndash Minas Gerais Belo Horizontep 18 2019 LACAZ F A C PORTO M F S PINHEIRO T M M Trageacutedias brasileiras contemporacircneas o caso do rompimento da barragem de rejeitos de Fundatildeo Samarco 2017 12 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Medicina Centro de Estudo de Sauacutede do Trabalhador e Ecologia Humana Universidade Federal de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2017 MACHADO W G F Monitoramento de barragens de contenccedilatildeo de rejeitos da mineraccedilatildeo 2007 155 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Engenharia de Minas e Petroacuteleo Departamento de Minas e de Petroacuteleo Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2007 MILANEZ Bruno et al Antes fosse mais leve a carga avaliaccedilatildeo dos aspectos econocircmicos poliacuteticos e sociais do desastre da SamarcoValeBHP em Mariana (MG) Belo Horizonte PoEMAS 2015 Disponiacutevel em ltufjfbrpoemasfiles201407PoEMAS-2015-Antes-fosse-mais-leve-a-carga-versatildeo-finalpdfgt Acesso em 23 mar 2019 MINAS Estado de Lama de barragem matou o Rio Paraopeba conclui estudo da SOS Mata Atlacircntica Especialista em recursos hiacutedricos da fundaccedilatildeo afirma que a Bacia do Paraopeba estaacute sem condiccedilotildees de vida aquaacutetica e do uso da aacutegua mas que pode voltar a viver 2019 Disponiacutevel em lthttpswwwemcombrappnoticiagerais20190228interna_gerais1034405lama-matou-o-rio-paraopeba-conclui-estudo-da-sos-mata-atlanticashtmlgt Acesso em 25 mar 2019

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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MORAES D S L JORDAtildeO B Q Degradaccedilatildeo de recursos hiacutedricos e seus efeitos sobre a sauacutede humana Revista Sauacutede Puacuteblica Satildeo Paulo v 36 ndeg3 p 2-5 mar 2002DOI http dxdoiorg101590S0034-89102002000300018Disponiacutevel em http wwwscielobr scielophp pid=S0034-89102002000300018ampscript=sci_abstractamptlng=pt Acesso em 1 nov 2019 Ouki S K Kavannagh M Treatment of metals-contaminated wastewaters by use of natural zeolites Water Sci Technol v39 ndeg 1011 p 115-122 mai 1999 DOI httpsdoiorg101016S0273-1223(99)00260-7Disponiacutevel em https www sciencedirect com science articleabspiiS0273122399002607 Acesso em 03 nov 2019 REUTERS Situaccedilatildeo do Rio Paraopeba dias apoacutes ruptura da barragem sd Fotografia Disponiacutevel em httpsbrreuterscomarticletopNewsidBRKCN1PJ1V0-OBRTP Acesso em 2 nov 2019 RICO M et al Reported tailings dam failures a review of the European incidents in the worldwide context Journal of Hazardous Materials Espanha v4 n 23 p 846-852 winter 2008 SALOMONS W FORSTNER U Heavy metals- problems and solutions Berlin Springer Verlag 1995 SAMPAIO A C S Metais pesados na aacutegua e sedimentos dos rios da Bacia do Alto Paraguai Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Curso de Saneamento Ambiental e Recursos Hiacutedricos Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Campo Grande 2003 SOS MATA ATLAcircNTICA Observando os Rios O retrato da qualidade da aacutegua na bacia do rio Paraopeba apoacutes o rompimento da barragem Coacuterrego do Feijatildeo- Minas Gerais2019 Disponiacutevel emlthttpswwwsosmaorgbrwp-contentuploads201902SOSMA_ExpedicaoParaopeba_ Relatorio pdf gt Acesso em 25 mar 2019 VALE- Instituto Tecnoloacutegico Vale Tecnologia de Barragens e Disposiccedilatildeo de Rejeitos 2019 Disponiacutevel em httpwwwitvorglinha-de-pesquisatecnologia-de-barragens-e-disposicao-de-rejeitos Acesso em 17 ago 2019 VON SPERLING M Introduccedilatildeo agrave qualidade das aacuteguas e ao tratamento de esgotos 2 Ed Belo Horizonte UFMG 2000 26-246p VON SPERLING M Introduccedilatildeo agrave qualidade das aacuteguas e ao tratamento de esgotos 4 Ed Belo Horizonte UFMG 2014 248p

Page 7: DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO DO RIO PARAOPEBA ...repositorio.ufgd.edu.br/.../2337/1/IzabellyCapilleBeloto.pdfSendo um parâmetro importante para a avaliação da qualidade de um corpo

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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ciclos biogeoquiacutemicos e um importante indicador da de presenccedila de microrganismos

patogecircnicos na aacutegua (VON SPERLING 2000)

22 INTERACcedilOtildeES BIOLOacuteGICAS NO MEIO AQUAacuteTICO

Segundo Braga et al (2002) a poluiccedilatildeo da aacutegua eacute a alteraccedilatildeo das caracteriacutesticas

devido as accedilotildees e interferecircncias de origem natural ou humana Essas alteraccedilotildees satildeo

responsaacuteveis por criar impactos ecoloacutegicos esteacuteticos e fisioloacutegicos Poreacutem somente

alteraccedilotildees esteacuteticas natildeo podem ser levadas em consideraccedilatildeo pois eacute a partir do estudo do

corpo receptor com o uso de ferramentas teacutecnicas especiacuteficas que eacute possiacutevel quantificar

e qualificar tal alteraccedilatildeo

Para compreender as interaccedilotildees bioloacutegicas no meio aquaacutetico tem-se que a

concentraccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido (OD) na aacutegua ocorre em funccedilatildeo das caracteriacutesticas do

despejo do corpo drsquoaacutegua e da produccedilatildeo de oxigecircnio Dentre tantas variaacuteveis as

caracteriacutesticas do despejo estatildeo fortemente associadas com o consumo de OD do meio

sendo considerado a facilidade de biodegradaccedilatildeo a quantidade de poluente despejado e

a vazatildeo despejada (BRAGA et al 2002)

As caracteriacutesticas do corpo drsquoaacutegua determinam tambeacutem com que facilidade as

cargas poluidoras seratildeo misturadas ao meio entrando em questatildeo a velocidade do fluido

a geometria do escoamento e a intensidade de difusatildeo Por fim a produccedilatildeo de oxigecircnio eacute

uma das variaacuteveis mais relevantes pois a atividade fotossinteacutetica (produccedilatildeo endoacutegena) e

a reaeraccedilatildeo (produccedilatildeo exoacutegena) consiste no ciclo de passagem do oxigecircnio atmosfeacuterico

para o meio aquaacutetico (VON SPERLING 2014)

Sendo um paracircmetro importante para a avaliaccedilatildeo da qualidade de um corpo drsquoaacutegua

a concentraccedilatildeo de OD permite indicar a condiccedilatildeo do corpo receptor ao lanccedilamento de

cargas pontuais ou difusas (CETESB 2018) Baixos niacuteveis de OD geram altos niacuteveis de

Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio (DBO5) e vice-versa Em outras palavras a DBO5 eacute

correspondente ao oxigecircnio consumido pelos organismos decompositores aeroacutebios para

que seja feita a completa decomposiccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica lanccedilada na aacutegua considerado

um indicador de qualidade da aacutegua (BRAGA et al 2002)

O consumo de OD deve-se a respiraccedilatildeo principalmente das bacteacuterias heterotroacuteficas

aeroacutebias resultando na equaccedilatildeo simplificada de estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica

119872119874 + 1198742 + 119887119886119888119905eacute119903119894119886119904 rarr 1198621198742 +1198672119874 + 119887119886119888119905eacute119903119894119886119904 + 119890119899119890119903119892119894119886 (22)

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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Na presenccedila de oxigecircnio as bacteacuterias convertem a mateacuteria orgacircnica (MO) em

compostos simples e estaacuteveis Enquanto houver alimento e oxigecircnio disponiacutevel as

bacteacuterias tendem a crescer e se reproduzir no meio sendo que o consumo da MO e do OD

pelas bacteacuterias resulta em compostos como o gaacutes carbocircnico aacutegua e energia conforme

Equaccedilatildeo 11 Pelo fato da mateacuteria orgacircnica ter sido convertida em gaacutes carbocircnico a reaccedilatildeo

acima pode ser chamada de reaccedilatildeo de oxidaccedilatildeo (VON SPERLING 2014)

Apoacutes concluiacuterem a etapa de oxidaccedilatildeo os organismos decompositores estabilizam

ou mineralizam a MO Poreacutem a mateacuteria orgacircnica que se sedimentou forma o chamado

lodo de fundo que tambeacutem necessita ser convertido Em virtude da dificuldade de

penetraccedilatildeo do oxigecircnio na camada de lodo grande parte da conversatildeo da mateacuteria orgacircnica

ocorre sob condiccedilotildees anaeroacutebicas No entanto a camada superior de lodo ainda possui

acesso ao oxigecircnio da massa liacutequida sobrenadante o que resulta na remoccedilatildeo de DBO e

no consumo de oxigecircnio (VON SPERLING 2014) Logo esse processo recebe o nome de

demanda bentocircnica ou demanda de oxigecircnio pelo sedimento onde alguns subprodutos

parciais da decomposiccedilatildeo anaeroacutebia dissolvem-se e difundem-se exercendo demanda de

oxigecircnio (VON SPERLING 2014)

A sedimentaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode implicar na diminuiccedilatildeo da DBO da massa

liacutequida mas com a ressuspensatildeo da massa decantada devido turbulecircncias ou altas

velocidades de escoamento ocorre o inverso (ANDRADE 2010) Com isso tem-se o

chamado revolvimento da camada de lodo

22 REJEITOS DE MINERACcedilAtildeO

Segundo Arauacutejo (2006) e Machado (2007) os rejeitos satildeo partiacuteculas resultantes de

processos de beneficiamento dos mineacuterios visando extrair os elementos de interesse

econocircmico de forma que seu descarte natildeo comprometa o meio ambiente Sua constituiccedilatildeo

eacute definida pela presenccedila de soacutelidos e uma fraccedilatildeo liacutequida com concentraccedilatildeo de 30 a 50

em peso (ARAUacuteJO 2006) Assim os rejeitos podem variar de materiais arenosos natildeo

plaacutesticos sendo os rejeitos granulares ateacute solos com alta plasticidade e granulometria mais

fina como as lamas (VALE 2019)

Nesse contexto os rejeitos de mineacuterio de ferro satildeo formados por partiacuteculas ultrafinas

contendo Ferro Alumina Foacutesforo e Siacutelica sendo classificados de acordo com a

granulometria (VALE 2019) Poreacutem a mineraccedilatildeo eacute uma das atividades que tambeacutem libera

metais potencialmente toacutexicos pois consiste em uma atividade que rompe com o equiliacutebrio

geoquiacutemico natural (SALOMONS 1995)

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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Os metais pesados conferem elevada resistecircncia agrave degradaccedilatildeo quiacutemica fiacutesica e

bioloacutegica possibilitando a persistecircncia por longos periacuteodos de tempo no meio aquaacutetico

(MORAES JORDAtildeO 2002) Logo ao persistir no ambiente aquaacutetico os metais pesados

causam forte impacto na estabilidade dos ecossistemas provocando efeitos adversos nos

seres humanos aleacutem de causar a mortalidade de peixes e das comunidades bentocircnicas

perifiacuteticas planctocircnica nectocircnica e de seres fotossintetizantes (MORAES JORDAtildeO 2002

SAMPAIO 2003)

Por ser altamente reativos e apresentar facilidade ao se ligar a outros elementos

quiacutemicos os metais pesados natildeo encontram-se independentes no meio aquaacutetico Nesse

contexto a poluiccedilatildeo gerada pelos metais pesados possui forte contribuiccedilatildeo dos sedimentos

de fundo Ao refletir na quantidade disponiacutevel no ambiente tambeacutem satildeo usados para

detectar a presenccedila de contaminantes que natildeo permanecem soluacuteveis Assim as

propriedades de acuacutemulo de sedimentos aliadas aos metais pesados disponiacuteveis satildeo de

extrema importacircncia para qualificar os efeitos da contaminaccedilatildeo em estudos de impacto

ambiental (SAMPAIO 2003)

24 LEGISLACcedilAtildeO CONAMA 357 E 430

Os padrotildees de qualidade da aacutegua demonstram de forma generalizada e conceitual

a propriedade desejada a este recurso Logo objetivando a proteccedilatildeo ambiental e a sauacutede

puacuteblica as resoluccedilotildees do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) 357 e 430

estabelecem padrotildees de lanccedilamento e qualidade do corpo receptor

A resoluccedilatildeo CONAMA ndeg 430 de 13 de maio de 2011 dispotildeem sobre paracircmetros

padrotildees condiccedilotildees e diretrizes para a gestatildeo de efluentes lanccedilados nos corpos drsquoaacutegua

(BRASIL 2011) Esta resoluccedilatildeo complementa e altera a resoluccedilatildeo CONAMA ndeg 357 de 17

de marccedilo de 2005 que dispotildeem as diretrizes e classificaccedilotildees ambientais para o

enquadramento das aacuteguas superficiais (CERON 2012)

Atualmente a Resoluccedilatildeo ndeg35705 do CONAMA extinta Resoluccedilatildeo CONAMA nordm

02086 define o niacutevel de qualidade a ser alcanccedilado e mantido por uma bacia Nos limites

para os paracircmetros fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos o Rio Paraopeba que foi estudado no

presente trabalho possui enquadramento classe 2 segundo a norma Assim segundo a

norma as aacuteguas do rio Paraopeba satildeo destinadas para abastecimento humano (apoacutes

tratamento convencional) proteccedilatildeo de comunidades aquaacuteticas recreaccedilatildeo de contato

primaacuterio (segundo Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg274 de 2000) irrigaccedilatildeo aquicultura e pesca

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

8

Poreacutem a classificaccedilatildeo dos paracircmetros de qualidade para os rios de Classe 2 eacute o

mesmo adotado para rios de Classe 1 Os respectivos valores de paracircmetros de qualidade

constam na Tabela 1 onde para o pH os valores apresentados correspondem aos limites

inferiores e superiores da faixa de referecircncia Para OD e DBO o valor apresentado

corresponde ao valor miacutenimo de referecircncia estabelecido para o paracircmetro

Tabela 1- Paracircmetros de qualidade da aacutegua conforme Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg35705 para rios de Classe 2

PARAcircMETRO UNIDADE VALOR

pH - 60 - 90

Turbidez NTU 100

Oxigecircnio dissolvido (OD)

Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio (DBO)

mg L-1 5

5

Fonte adaptado CONAMA 2005

Para o lanccedilamento de efluentes a temperatura maacutexima para corpos drsquoaacutegua eacute de

40degC A legislaccedilatildeo apresenta normatizaccedilatildeo restrita agraves aacuteguas de efluentes devido agrave alta

sazonalidade anual e diaacuteria no ambiente natural (MAIA 2017) Os efluentes atendem

condiccedilotildees especiacuteficas Aleacutem dos paracircmetros apresentados anteriormente a Resoluccedilatildeo

ndeg43011 apresenta limites maacuteximos para elementos quiacutemicos dissolvidos na aacutegua

conforme a Tabela 2

Tabela 2- Concentraccedilotildees maacuteximas de alguns elementos quiacutemicos conforme Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg43011 para rios de Classe 2

ELEMENTO QUIacuteMICO VALOR MAacuteXIMO (microgl)

Ferro (Fe) 300

Manganecircs (Mn) 100

Cromo (Cr) 50

Cobre (Cu) 9

Fonte adaptado CONAMA 2011 3 METODOLOGIA

A metodologia desenvolvida por esta pesquisa baseia-se na utilizaccedilatildeo de dados de

pesquisas exploratoacuterias e bibliograacuteficas sobre a qualidade da aacutegua do rio Paraopeba a

montante e a jusante do lanccedilamento do rejeito de mineraccedilatildeo ocorrido em funccedilatildeo do

rompimento da Barragem da Mina Coacuterrego do Feijatildeo em Minas Gerais

A partir da aacuterea de estudo delimitada proacutexima as estaccedilotildees fluviomeacutetricas do Rio

Paraopeba e dos paracircmetros fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos obtidos pelas anaacutelises

119898119892 119871minus1

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

9

apresentadas pela Rede Hidrometeroloacutegica Nacional (RHN) operada pela Companhia de

Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM) foram feitas avaliaccedilotildees e o diagnoacutestico da

situaccedilatildeo das aacuteguas do Rio Paraopeba de acordo com legislaccedilatildeo ambiental vigente

(CONAMA)

A escolha das estaccedilotildees fluviomeacutetricas de Alberto Flores- 40740000 Ponte Nova do

Paraopeba- 40800001 e Ponte da Taquara- 40850000 da RHN foram fundamentais para a

pesquisa deste trabalho A RHN disponibilizou dados de niacutevel e de vazatildeo diaacuterios As vazotildees

diaacuterias eram obtidas atraveacutes de mediccedilotildees feitas com o uso de molinetes equipamentos

acuacutesticos (SONTEK M9 e RDI RiverRay) e curvas chaves Estabelecidas a partir de

mediccedilotildees de vazatildeo realizadas 3 a 4 vezes por ano durante as visitas de inspeccedilatildeo realizadas

pelo CPRM Aleacutem disso a partir destas mediccedilotildees eram feitas anaacutelises de 5 paracircmetros de

qualidade da aacutegua temperatura da aacutegua do rio pH do meio oxigecircnio dissolvido turbidez e

condutividade eleacutetrica Estas anaacutelises eram feitas in loco pela equipe do CPRM com o uso

de sonda multiparameacutetrica YSI EXO1 e Hydrolab MS5

Apesar do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos ser o uacutenico dentre os

escolhidos que natildeo era uma estaccedilatildeo fluviomeacutetrica antes da ruptura da barragem este ponto

atua na realizaccedilatildeo de mediccedilotildees de descarga liacutequida e soacutelida pelo CPRM As mediccedilotildees de

descarga soacutelida em suspensatildeo eram obtidas a partir da coleta de amostras 2D (2

dimensotildees) pela equipe do CPRM Utilizou-se amostradores tipo USBM-54 e Van Veen

para a determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de sedimentos permitindo o acompanhamento do

avanccedilo do rejeito ao longo da bacia

31 AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de estudo corresponde a bacia do Rio Paraopeba localizada na regiatildeo central

de Minas Gerais e que possui uma aacuterea de 12054 km2 (25 da aacuterea total de MG) e 510

km de extensatildeo do curso principal (IGAM 2013) O rio abrange cerca de 48 municiacutepios

sendo 35 municiacutepios sedes na bacia (CBHSF 2019) Possui sua nascente localizada ao

sul no municiacutepio de Cristiano Otoni e sua foz na represa de Trecircs Marias no municiacutepio de

Felixlacircndia em Minas Gerais (CBHSF 2019) Aleacutem disso o rio eacute responsaacutevel por 43 do

abastecimento puacuteblico da regiatildeo metropolitana de Belo Horizonte (COPASA 2019)

A bacia do Rio Paraopeba possui aacuterea de drenagem de 13640 km2 sendo que a

montante do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo local onde houve a ruptura da barragem possui aacuterea

de drenagem em torno de 4000 km2 (CPRM 2019) Afluente pela margem direita do rio

Paraopeba o ribeiratildeo Ferro Carvatildeo possui bacia de aacuterea 328 km2 e vazatildeo em torno de 600

Ls obtida por regionalizaccedilatildeo de vazotildees (CPRM 2019)

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

10

Segundo a Vale os rejeitos dispostos na barragem de alteamento agrave montante

ocupavam um volume de aproximadamente 117 milhotildees de m3 A barragem atingiu sua

elevaccedilatildeo maacutexima em meados de 2013 e deixou de receber rejeitos em 2016 A CPRM com

a utilizaccedilatildeo de imagens de sateacutelite delimitou que a aacuterea atingida foi de 31 km2 pelo rejeito

na bacia do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo A Figura 1 mostra a aacuterea atingida pela ruptura da

barragem deixando o ribeiratildeo e todo o entorno da aacuterea devastados

Figura 1 Aacuterea da barragem da Mina do Ribeiratildeo do Feijatildeo apoacutes a ruptura da barragem B1

Fonte Google Earth 2019

32 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS REDES DE MONITORAMENTO DA CPRM

As estaccedilotildees fluviomeacutetricas escolhidas para o presente trabalho foram definidas com

base no estudo e monitoramento do Rio Paraopeba realizados no periacuteodo de 2601 ateacute

3103 do ano de 2019 pelo CPRM Logo escolheu-se os pontos de monitoramento

representados na Quadro 1

Quadro 1 Pontos de monitoramento da bacia do rio Paraopeba

COacuteDIGO ESTACcedilAtildeO FLUVIOMEacuteTRICA AacuteREA

(km2) LAT LONG

DIST DA

BARRAGEM

40740000 Alberto Flores 3945 - 200945 ‐0440938 1km a montante

40800001 Ponte Nova do Paraopeba 5680 -195657 ‐0441819 57 km

40850000 Ponte Taquaraacute 8720 -192523 ‐0443258 176 km

- Maacuterio Campos - -200311 -0441148 29 km

Fonte adaptado CPRM2019

A CPRM com a participaccedilatildeo de oacutergatildeos puacuteblicos promoveram os monitoramentos

diaacuterios de niacutevel vazatildeo descarga soacutelida e granulometria do material em suspensatildeo A

estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores situa-se a montante da confluecircncia com o Ribeiratildeo

Ferro Carvatildeo enquanto os demais pontos de monitoramento situam-se a jusante da

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

11

confluecircncia Essa escolha permitiu acompanhar por meio dos monitoramentos o avanccedilo da

pluma de rejeitos na bacia do rio Paraopeba

A Figura 2 mostra a localidade dos pontos de monitoramento ao longo do rio

Paraopeba

Figura 2 Pontos de monitoramento do rio Paraopeba

Fonte Adaptado CPRM2019

33 DADOS DE ESTUDO

O levantamento das caracteriacutesticas do rio agrave montante e a jusante do lanccedilamento em

conjunto com os dados do efluente lanccedilado satildeo fundamentais para o iniacutecio do estudo de

diagnoacutestico da qualidade da aacutegua do Rio Paraopeba A partir desses dados eacute possiacutevel com

base nos limites estabelecidos pela legislaccedilatildeo estabelecer avaliaccedilotildees Os dados

necessaacuterios ao estudo satildeo apresentados na Figura 3

Figura 3- Metodologia de levantamento de dados para o estudo da bacia do rio Paraopeba

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

12

Fonte Autoria proacutepria 2019

Logo considerando que a montante da confluecircncia com Ribeiratildeo Ferro Carvatildeo estaacute

situada a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores pertencente a RHN verifica-se que a

vazatildeo do rio obtida nesse ponto antes da ruptura eacute a Q710 (vazatildeo miacutenima com periacuteodo de

retorno de 10 anos e duraccedilatildeo de 7 dias consecutivos) de 124 m3s Considerando que a

jusante da ruptura da barragem de rejeitos estaacute a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Ponte Nova do

Paraopeba pertencente tambeacutem a RHN a vazatildeo obtida antes da ruptura eacute a Q710 de 154

m3s (CPRM 2019)

A vazatildeo contribui em larga escala para a morfologia e hidrografia do rio Em periacuteodos

de grande descarga (periacuteodo de cheia) natildeo haacute distinccedilatildeo entre aacutereas de remanso e de

correnteza havendo pouca retenccedilatildeo de aacutegua (EMBRAPA 2004)

Quanto ao levantamento de dados do rejeito sabe-se que o volume ocupado era de

117 m3 (VALE 2019) O relatoacuterio final da composiccedilatildeo do rejeito ainda natildeo foi divulgado

mas sabe-se que existe uma toxidade quiacutemica semelhante a composiccedilatildeo da lama do

rompimento da barragem de Mariana em 2015 (ESTADO DE MINAS 2019)

Aleacutem do monitoramento realizado pelo CPRM o IGAM (Instituto Mineiro de Gestatildeo das

Aacuteguas) composto de 8 pontos de monitoramento gerou dados de paracircmetros de qualidade

da aacutegua referentes a seacuterie histoacuterica entre os anos de 2000 a 2018 com o objetivo de

propiciar uma anaacutelise comparativa entre a qualidade da antes e apoacutes a ruptura da

barragem

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

13

Outra fonte de dados utilizada no presente trabalho dizem respeito as mediccedilotildees

realizadas pela equipe teacutecnica da Fundaccedilatildeo SOS Mata Atlacircntica que acompanhou o

deslocamento da onda de rejeitos sobre 305 km do rio Paraopeba do dia 31 de janeiro de

2019 ateacute o dia 9 de fevereiro do mesmo ano O impacto dos rejeitos sobre a qualidade da

aacutegua foi medido em 22 pontos de monitoramento de 2 formas sendo a partir de amostras

de superfiacutecie com mediccedilotildees realizadas a 30 cm da lacircmina drsquoagua e por coluna drsquoaacutegua a

partir de 2m de profundidade (SOS 2019)

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

O dano ambiental na bacia do rio Paraopeba ocorreu no periacuteodo da piracema que

teve iniacutecio em novembro e teve fim em fevereiro (SOS 2019) O volume de rejeitos lanccedilados

na regiatildeo principalmente a grande quantidade de soacutelidos em suspensatildeo deixou a aacutegua

com cor intensa e turbidez elevada A Tabela 3 apresenta os valores maacuteximos e miacutenimos

de 5 paracircmetros da qualidade da aacutegua obtidos pelo monitoramento das estaccedilotildees

fluviomeacutetricas e do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos pertencentes a RHN antes

e depois da ruptura da barragem de Coacuterrego do Feijatildeo

Tabela 3 Paracircmetros de qualidade da aacutegua antes e depois da ruptura da barragem de

Coacuterrego do Feijatildeo com base nos dados das mediccedilotildees da CPRM (2019)

QUALIDADE DA AacuteGUA DO RIO PARAOPEBA NOS PONTOS DE MONITORAMENTO

PARAcircMETROS

CONAMA

VALORES

ANTES DA RUPTURA seacuterie histoacuterica (2000 a 2018)

DEPOIS DA RUPTURA 2601 a 3103

Alberto Flores

Ponte Nova do

Paraopeba

Ponte Taquaraacute

Maacuterio Campos

Ponte Nova do

Paraopeba

Ponte Taquaraacute

Temperatura da aacutegua (Cdeg)

Maacutex

2650 2750 2690 3120 2970 3070

40

Miacuten 1510 1700 1700 2300 2370 2460

OD (mgL)

5 Maacutex

970 971 914 820 768 780

Miacuten

714 360 475 625 533 529

pH

60 - 90 Maacutex

823 823 814 782 737 766

Miacuten

607 607 675 608 661 652

Condutividade eleacutetrica (μscm)

- Maacutex

12810 16100 15690 12700 13070 13060

Miacuten

4380 2420 3650 2940 7370 4770

Turbidez (NTU)

100 Maacutex

76400 75000 38100 2103120 1326450 168190

Miacuten 440 210 290 36640 1970 1140

Fonte Autoria proacutepria 2019

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

14

Obs Todos os dados encontrados antes da ruptura satildeo compatiacuteveis com os registrados na

seacuterie histoacuterica de 2002 a 2018 das estaccedilotildees fluviomeacutetricas exceto os valores para turbidez de 2013

a 2018 (CPRM 2019)

De modo geral o rio Paraopeba encontra-se gravemente afetado entre 30 a 60 km

de distacircncia da barragem O aumento da temperatura apoacutes a ruptura da barragem eacute

justificado pelo lanccedilamento de despejos de rejeitos de mineraccedilatildeo na bacia do rio O ponto

de monitoramento de Maacuterio Campos apresentou a maior temperatura da aacutegua atingindo

um valor superior a 30degC Em geral agrave medida que a temperatura aumenta a taxa de

reaccedilotildees quiacutemicas e bioloacutegicas sofrem aumento (VON SPERLING 2000)

A variaccedilatildeo de temperatura eacute responsaacutevel por aumentar a taxa das reaccedilotildees quiacutemicas

e bioloacutegicas um dos principais fatores de controle direto da concentraccedilatildeo de OD na aacutegua

(EMBRAPA 2004) Com a elevaccedilatildeo da temperatura ocorre o aumento da taxa em que os

nutrientes aderidos aos soacutelidos suspensos satildeo convertidos em formas soluacuteveis

Poreacutem apoacutes a ruptura da barragem a faixa de concentraccedilatildeo de OD apresentou

queda em termos meacutedios de 806 para os 3 pontos de monitoramento apresentados na

Tabela 3 O valor miacutenimo obtido foi de 529 mgL na estaccedilatildeo fluviomeacutetrica da Ponte

Taquara Os valores estatildeo em conformidade com os limites previstos para os rios de classe

2 que segundo a Resoluccedilatildeo Conama 3572005 deve ser maior que 5 mgL

O mesmo aplica-se para os iacutendices de pH que em termos meacutedios apresentou queda

de 137 O pH possui efeito indireto sobre a precipitaccedilatildeo de elementos quiacutemicos toacutexicos

como os metais pesados (EMBRAPA 2004) Apesar dos iacutendices analisados estarem

compatiacuteveis com o limite de 6 a 9 para rios de Classe 2 os valores apoacutes a ruptura estatildeo na

faixa de 6 a 8 Para que ocorra a precipitaccedilatildeo quiacutemica de metais pesados o ideal eacute que o

pH do meio seja elevado ou seja superior a 70 (EMBRAPA 2004) Conforme o pH

aumenta ocorre o aumento da concentraccedilatildeo de complexos dos quais substituem as

moleacuteculas de aacutegua por ligantes inorgacircnicos Por sua vez estas estruturas ligantes por

serem maiores ou menos soluacuteveis dificultam o processo de troca iocircnica facilitando o

processo de precipitaccedilatildeo quiacutemica do metal (OUKI e KAVANNAGH 1999)

Apesar dos iacutendices de OD e do pH natildeo apresentarem desconformidade com os

limites da legislaccedilatildeo os valores de turbidez em todos os pontos de monitoramento apoacutes a

ruptura superaram o limite previsto de 100 NTU para rios de Classe 2 conforme a

Resoluccedilatildeo Conama 3572005 No ponto de monitoramento de Maacuterio Campos obteve-se

210 vezes o Limite Maacuteximo Permitido (LMP) de turbidez Ao comparar os dados antes e

apoacutes a ruptura tem-se que os valores antes ao rompimento tambeacutem superaram o limite

previsto

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

15

De acordo com o Informativo especial ldquoAvaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e

2018rdquo publicado pelo IGAM em 12 de fevereiro de 2019 avaliou-se o comportamento de

alguns paracircmetros de qualidade da aacutegua do rio Paraopeba Segundo a seacuterie histoacuterica da

bacia observa-se que em periacuteodos chuvosos a turbidez do rio ultrapassou 18 vezes o

limite legal permitido Isso indica que para o periacuteodo analisado sugere-se o aporte de soacutelido

de origem difusa na bacia ausecircncia de mata ciliar no entorno e a ocorrecircncia de processos

erosivos

A turbidez provoca nebulosidade ao rio reduzindo a passagem dos feixes de luz na

aacutegua Estaacute reduccedilatildeo daacute-se por absorccedilatildeo e espalhamento uma vez que as partiacuteculas que

provocam turbidez na aacutegua satildeo maiores que o comprimento de luz branca (VON

SPERLING 2000) Devido agrave presenccedila de soacutelidos de mateacuteria inorgacircnica em suspensatildeo

oriundos da lama de rejeitos que afetou o rio a turbidez reduz a fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo

aquaacutetica e influencia drasticamente nas comunidades aquaacuteticas conforme a Figura 4

Figura 4 Condiccedilatildeo do rio Paraopeba nos trechos iniciais ao rompimento da barragem

Fonte REUTERS 2019

Os soacutelidos da lama sedimentam-se no leito do rio podendo ateacute reter bacteacuterias e

resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (EMBRAPA 2004) Assim os

soacutelidos influenciam tambeacutem na demanda de OD Apesar do que foi verificado quanto aos

niacuteveis de OD pode-se inferir que a lama de rejeitos ainda natildeo se sedimentou totalmente no

leito do rio ao ponto de formar bancos de lodo Logo o OD eacute um paracircmetro que responde

lentamente agraves variaccedilotildees de carga de poluiccedilatildeo (CUNHA E FERREIRA 2019)

Aleacutem disso outro paracircmetro analisado eacute a condutividade eleacutetrica Embora natildeo

possua limite de legislaccedilatildeo sua anaacutelise permite verificar de forma indireta o comportamento

dos eletroacutelitos na aacutegua inclusive dos iacuteons de metal (IGAM 2019) Os valores para este

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

16

paracircmetro apoacutes a ruptura variam de 2940 a 13070 μscm Sendo que os valores antes e

apoacutes a ruptura apresentam pouca variaccedilatildeo

Ao analisar os paracircmetros antes e apoacutes a ruptura eacute possiacutevel calcular o IQA para cada

situaccedilatildeo Antes do rompimento da barragem o IQA obtido para a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de

Alberto Flores foi de 66 e apoacutes a ruptura o IQA obtido para o ponto de monitoramento de

Maacuterio Campos foi de 14 Ao analisar a classificaccedilatildeo de IQA do IGAM antes da ruptura o

IQA foi bom (70lt IQA le 90) ou seja a aacutegua apresentava condiccedilotildees apropriadas para o

tratamento convencional visando o abastecimento puacuteblico Apoacutes a ruptura o IQA eacute

considerado muito ruim (IQA le 25) ou seja a aacutegua eacute improacutepria para o tratamento

convencional sendo necessaacuterio tratamentos mais avanccedilados

Segundo o informativo especial de seacuterie histoacuterica de 2000 a 2018 do IGAM (2019)

citado anteriormente especialistas apontam a presenccedila de metais acima do que estipula a

legislaccedilatildeo ambiental para rios de Classe 2 A partir desse informativo e dos monitoramentos

obtidos pela SOS Mata Atlacircntica os teores de metais e de metais pesados analisados satildeo

da mesma magnitude ou inferiores aos teores maacuteximos encontrados As aacuteguas que

recebem efluentes contendo metais pesados apresentam ao fundo concentraccedilotildees elevadas

de sedimento (EMBRAPA 2004) Ao lanccedilar lamas insoluacuteveis contendo metais estas sofrem

transformaccedilotildees quiacutemicas sob a accedilatildeo bioloacutegica lanccedilando lentamente na corrente liacutequida

(EMBRAPA 2004)

A presenccedila de metais apoacutes a ruptura da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo eacute

apresentada na Tabela 4

Tabela 4 Valores meacutedios de concentraccedilatildeo de metais pesados apoacutes o rompimento da

barragem a partir dos monitoramentos da SOS Mata Atlacircntica

PRESENCcedilA DE METAIS NA AacuteGUA APOacuteS A RUPTURA

METAIS VALORES MEacuteDIOS (mgL) LIMITE MAacuteXIMO

PERMITIDO (mgL)

Ferro 6065 03

Cobre 357 0009

Manganecircs 2145 01

Cromo 1145 005

Fonte Autoria proacutepria 2019

A concentraccedilatildeo de metais verificada ao longo do curso do rio Paraopeba de acordo

com o LMP determinado pela resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 demonstra que toda a

extensatildeo do rio foi afetada criticamente Para todos os metais pesados analisados tem-se

concentraccedilotildees meacutedias acima do LMP Fatores como o pH temperatura e OD tambeacutem

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

17

influenciam na mobilidade e potencialidade toacutexica de vaacuterios metais (CARVALHO et al

2016) Em consequecircncia disso apoacutes o lanccedilamento de rejeitos na aacutegua estes paracircmetros

controlam os processos fiacutesicos- quiacutemicos de solubilidade dos metais sendo responsaacuteveis

por influenciar na concentraccedilatildeo e absorccedilatildeo pelos organismos

Contudo ao analisar a presenccedila de metais na aacutegua apoacutes a ruptura encontra-se

aproximadamente 202 vezes o LMP para o ferro e 2145 vezes o LMP para o manganecircs

Em concentraccedilotildees elevadas ambos os metais atribuem coloraccedilatildeo avermelhada sensaccedilatildeo

de adstringecircncia e sabor a aacutegua O ferro por exemplo aparece em aacuteguas subterracircneas

devido agrave dissoluccedilatildeo do mineacuterio devido a presenccedila do gaacutes carbocircnico da aacutegua Ao entrar em

contato com o ar oxida-se conferindo cor e sabor a aacutegua (CETESB 2018) Em alguns

casos altas concentraccedilotildees de ferro satildeo limitantes no crescimento de algas e outras plantas

(VON SPERLING 2000)

Outro iacutendice alarmante eacute a presenccedila de cobre aproximadamente 397 vezes o LMP

e a presenccedila de cromo 229 vezes o LMP Metais pesados como o cobre e cromo podem

causar diversos danos aos organismos podendo ficar disponiacuteveis na aacutegua ateacute serem

assimilados quimicamente ou biologicamente atraveacutes de associaccedilatildeo de estruturas

orgacircnicas (SOS 2019) Logo a presenccedila de quantidades elevadas de cobre na aacutegua pode

produzir vocircmitos sabor desagradaacutevel na aacutegua e uma extensa variedade de efeitos toacutexicos

Jaacute o cromo em condiccedilotildees elevadas pode causar problemas respiratoacuterios e modificaccedilotildees

hematoloacutegicas (VON SPERLING 2000)

5 CONCLUSAtildeO

O dano ambiental causado apoacutes o rompimento da Barragem do Complexo do

Coacuterrego do Feijatildeo tornou as aacuteguas do rio Paraopeba improacuteprias para o consumo pois

segundo os paracircmetros analisados temperatura turbidez e valores meacutedios de metais estatildeo

em desconformidade com os padrotildees da legislaccedilatildeo vigente exceto os paracircmetros OD pH

e condutividade eleacutetrica Aleacutem disso o IQA calculado apoacutes a ruptura da barragem eacute

classificado como muito ruim o que faz-se necessaacuterio o uso tratamentos mais avanccedilados

para o abastecimento puacuteblico

Verificou-se que o lanccedilamento de efluentes oriundos de rejeitos de mineacuterio no rio

deteriora a qualidade da aacutegua e possui consequecircncias prolongadas ao ecossistema

aquaacutetico Logo o impacto causado pelo volume de rejeitos eacute de difiacutecil anaacutelise pois ao

formarem misturas complexas de vaacuterios elementos quiacutemicos com a aacutegua tornam a

qualidade da aacutegua desse corpo drsquoaacutegua variaacutevel e de difiacutecil previsatildeo da capacidade de

autodepuraccedilatildeo

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

18

O principal problema ambiental do lanccedilamento de rejeitos na bacia do rio Paraopeba

foi o acuacutemulo dos rejeitos de mineacuterio na calha do rio gerando a necessidade de

monitoramento constante e de teacutecnicas de remediaccedilatildeo Apesar da bacia do rio Paraopeba

ter um histoacuterico de aumento dos niacuteveis de turbidez nos meses de cheia o impacto sobre

qualidade da aacutegua apoacutes o acontecimento eacute criacutetico comparado ao histoacuterico

Por enquanto o dimensionamento definitivo sobre o dano ambiental eacute imensuraacutevel

pois os resiacuteduos permaneceratildeo no ambiente por tempo indeterminado Deve se ter em

mente que o rio poderaacute se recuperar do impacto mas o ecossistema dificilmente voltaraacute agraves

condiccedilotildees de preacute-impacto Para isso eacute de suma importacircncia que medidas efetivas de

recuperaccedilatildeo ambiental sejam adotadas como por exemplo a remoccedilatildeo de parte dos

sedimentos depositados no leito do rio Portanto eacute fundamental que todos os oacutergatildeos

responsaacuteveis pela gestatildeo dos recursos hiacutedricos e pelas atividades mineraacuterias serem riacutegidos

quanto a este tipo de impacto e que cobrem com rigor medidas de recuperaccedilatildeo do recurso

hiacutedrico

6 RECOMENDACcedilOtildeES

Com base nas conclusotildees desta pesquisa e dos questionamentos que ainda podem

ser respondidos recomenda-se aplicar um modelo de qualidade da aacutegua que leve em

consideraccedilatildeo a presenccedila dos rejeitos de mineacuterio de ferro no leito do rio afim de entender

afundo a diversidade regional de problemas e soluccedilotildees concernentes para o rompimento

de barragens

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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MORAES D S L JORDAtildeO B Q Degradaccedilatildeo de recursos hiacutedricos e seus efeitos sobre a sauacutede humana Revista Sauacutede Puacuteblica Satildeo Paulo v 36 ndeg3 p 2-5 mar 2002DOI http dxdoiorg101590S0034-89102002000300018Disponiacutevel em http wwwscielobr scielophp pid=S0034-89102002000300018ampscript=sci_abstractamptlng=pt Acesso em 1 nov 2019 Ouki S K Kavannagh M Treatment of metals-contaminated wastewaters by use of natural zeolites Water Sci Technol v39 ndeg 1011 p 115-122 mai 1999 DOI httpsdoiorg101016S0273-1223(99)00260-7Disponiacutevel em https www sciencedirect com science articleabspiiS0273122399002607 Acesso em 03 nov 2019 REUTERS Situaccedilatildeo do Rio Paraopeba dias apoacutes ruptura da barragem sd Fotografia Disponiacutevel em httpsbrreuterscomarticletopNewsidBRKCN1PJ1V0-OBRTP Acesso em 2 nov 2019 RICO M et al Reported tailings dam failures a review of the European incidents in the worldwide context Journal of Hazardous Materials Espanha v4 n 23 p 846-852 winter 2008 SALOMONS W FORSTNER U Heavy metals- problems and solutions Berlin Springer Verlag 1995 SAMPAIO A C S Metais pesados na aacutegua e sedimentos dos rios da Bacia do Alto Paraguai Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Curso de Saneamento Ambiental e Recursos Hiacutedricos Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Campo Grande 2003 SOS MATA ATLAcircNTICA Observando os Rios O retrato da qualidade da aacutegua na bacia do rio Paraopeba apoacutes o rompimento da barragem Coacuterrego do Feijatildeo- Minas Gerais2019 Disponiacutevel emlthttpswwwsosmaorgbrwp-contentuploads201902SOSMA_ExpedicaoParaopeba_ Relatorio pdf gt Acesso em 25 mar 2019 VALE- Instituto Tecnoloacutegico Vale Tecnologia de Barragens e Disposiccedilatildeo de Rejeitos 2019 Disponiacutevel em httpwwwitvorglinha-de-pesquisatecnologia-de-barragens-e-disposicao-de-rejeitos Acesso em 17 ago 2019 VON SPERLING M Introduccedilatildeo agrave qualidade das aacuteguas e ao tratamento de esgotos 2 Ed Belo Horizonte UFMG 2000 26-246p VON SPERLING M Introduccedilatildeo agrave qualidade das aacuteguas e ao tratamento de esgotos 4 Ed Belo Horizonte UFMG 2014 248p

Page 8: DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO DO RIO PARAOPEBA ...repositorio.ufgd.edu.br/.../2337/1/IzabellyCapilleBeloto.pdfSendo um parâmetro importante para a avaliação da qualidade de um corpo

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

6

Na presenccedila de oxigecircnio as bacteacuterias convertem a mateacuteria orgacircnica (MO) em

compostos simples e estaacuteveis Enquanto houver alimento e oxigecircnio disponiacutevel as

bacteacuterias tendem a crescer e se reproduzir no meio sendo que o consumo da MO e do OD

pelas bacteacuterias resulta em compostos como o gaacutes carbocircnico aacutegua e energia conforme

Equaccedilatildeo 11 Pelo fato da mateacuteria orgacircnica ter sido convertida em gaacutes carbocircnico a reaccedilatildeo

acima pode ser chamada de reaccedilatildeo de oxidaccedilatildeo (VON SPERLING 2014)

Apoacutes concluiacuterem a etapa de oxidaccedilatildeo os organismos decompositores estabilizam

ou mineralizam a MO Poreacutem a mateacuteria orgacircnica que se sedimentou forma o chamado

lodo de fundo que tambeacutem necessita ser convertido Em virtude da dificuldade de

penetraccedilatildeo do oxigecircnio na camada de lodo grande parte da conversatildeo da mateacuteria orgacircnica

ocorre sob condiccedilotildees anaeroacutebicas No entanto a camada superior de lodo ainda possui

acesso ao oxigecircnio da massa liacutequida sobrenadante o que resulta na remoccedilatildeo de DBO e

no consumo de oxigecircnio (VON SPERLING 2014) Logo esse processo recebe o nome de

demanda bentocircnica ou demanda de oxigecircnio pelo sedimento onde alguns subprodutos

parciais da decomposiccedilatildeo anaeroacutebia dissolvem-se e difundem-se exercendo demanda de

oxigecircnio (VON SPERLING 2014)

A sedimentaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica pode implicar na diminuiccedilatildeo da DBO da massa

liacutequida mas com a ressuspensatildeo da massa decantada devido turbulecircncias ou altas

velocidades de escoamento ocorre o inverso (ANDRADE 2010) Com isso tem-se o

chamado revolvimento da camada de lodo

22 REJEITOS DE MINERACcedilAtildeO

Segundo Arauacutejo (2006) e Machado (2007) os rejeitos satildeo partiacuteculas resultantes de

processos de beneficiamento dos mineacuterios visando extrair os elementos de interesse

econocircmico de forma que seu descarte natildeo comprometa o meio ambiente Sua constituiccedilatildeo

eacute definida pela presenccedila de soacutelidos e uma fraccedilatildeo liacutequida com concentraccedilatildeo de 30 a 50

em peso (ARAUacuteJO 2006) Assim os rejeitos podem variar de materiais arenosos natildeo

plaacutesticos sendo os rejeitos granulares ateacute solos com alta plasticidade e granulometria mais

fina como as lamas (VALE 2019)

Nesse contexto os rejeitos de mineacuterio de ferro satildeo formados por partiacuteculas ultrafinas

contendo Ferro Alumina Foacutesforo e Siacutelica sendo classificados de acordo com a

granulometria (VALE 2019) Poreacutem a mineraccedilatildeo eacute uma das atividades que tambeacutem libera

metais potencialmente toacutexicos pois consiste em uma atividade que rompe com o equiliacutebrio

geoquiacutemico natural (SALOMONS 1995)

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

7

Os metais pesados conferem elevada resistecircncia agrave degradaccedilatildeo quiacutemica fiacutesica e

bioloacutegica possibilitando a persistecircncia por longos periacuteodos de tempo no meio aquaacutetico

(MORAES JORDAtildeO 2002) Logo ao persistir no ambiente aquaacutetico os metais pesados

causam forte impacto na estabilidade dos ecossistemas provocando efeitos adversos nos

seres humanos aleacutem de causar a mortalidade de peixes e das comunidades bentocircnicas

perifiacuteticas planctocircnica nectocircnica e de seres fotossintetizantes (MORAES JORDAtildeO 2002

SAMPAIO 2003)

Por ser altamente reativos e apresentar facilidade ao se ligar a outros elementos

quiacutemicos os metais pesados natildeo encontram-se independentes no meio aquaacutetico Nesse

contexto a poluiccedilatildeo gerada pelos metais pesados possui forte contribuiccedilatildeo dos sedimentos

de fundo Ao refletir na quantidade disponiacutevel no ambiente tambeacutem satildeo usados para

detectar a presenccedila de contaminantes que natildeo permanecem soluacuteveis Assim as

propriedades de acuacutemulo de sedimentos aliadas aos metais pesados disponiacuteveis satildeo de

extrema importacircncia para qualificar os efeitos da contaminaccedilatildeo em estudos de impacto

ambiental (SAMPAIO 2003)

24 LEGISLACcedilAtildeO CONAMA 357 E 430

Os padrotildees de qualidade da aacutegua demonstram de forma generalizada e conceitual

a propriedade desejada a este recurso Logo objetivando a proteccedilatildeo ambiental e a sauacutede

puacuteblica as resoluccedilotildees do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) 357 e 430

estabelecem padrotildees de lanccedilamento e qualidade do corpo receptor

A resoluccedilatildeo CONAMA ndeg 430 de 13 de maio de 2011 dispotildeem sobre paracircmetros

padrotildees condiccedilotildees e diretrizes para a gestatildeo de efluentes lanccedilados nos corpos drsquoaacutegua

(BRASIL 2011) Esta resoluccedilatildeo complementa e altera a resoluccedilatildeo CONAMA ndeg 357 de 17

de marccedilo de 2005 que dispotildeem as diretrizes e classificaccedilotildees ambientais para o

enquadramento das aacuteguas superficiais (CERON 2012)

Atualmente a Resoluccedilatildeo ndeg35705 do CONAMA extinta Resoluccedilatildeo CONAMA nordm

02086 define o niacutevel de qualidade a ser alcanccedilado e mantido por uma bacia Nos limites

para os paracircmetros fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos o Rio Paraopeba que foi estudado no

presente trabalho possui enquadramento classe 2 segundo a norma Assim segundo a

norma as aacuteguas do rio Paraopeba satildeo destinadas para abastecimento humano (apoacutes

tratamento convencional) proteccedilatildeo de comunidades aquaacuteticas recreaccedilatildeo de contato

primaacuterio (segundo Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg274 de 2000) irrigaccedilatildeo aquicultura e pesca

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

8

Poreacutem a classificaccedilatildeo dos paracircmetros de qualidade para os rios de Classe 2 eacute o

mesmo adotado para rios de Classe 1 Os respectivos valores de paracircmetros de qualidade

constam na Tabela 1 onde para o pH os valores apresentados correspondem aos limites

inferiores e superiores da faixa de referecircncia Para OD e DBO o valor apresentado

corresponde ao valor miacutenimo de referecircncia estabelecido para o paracircmetro

Tabela 1- Paracircmetros de qualidade da aacutegua conforme Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg35705 para rios de Classe 2

PARAcircMETRO UNIDADE VALOR

pH - 60 - 90

Turbidez NTU 100

Oxigecircnio dissolvido (OD)

Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio (DBO)

mg L-1 5

5

Fonte adaptado CONAMA 2005

Para o lanccedilamento de efluentes a temperatura maacutexima para corpos drsquoaacutegua eacute de

40degC A legislaccedilatildeo apresenta normatizaccedilatildeo restrita agraves aacuteguas de efluentes devido agrave alta

sazonalidade anual e diaacuteria no ambiente natural (MAIA 2017) Os efluentes atendem

condiccedilotildees especiacuteficas Aleacutem dos paracircmetros apresentados anteriormente a Resoluccedilatildeo

ndeg43011 apresenta limites maacuteximos para elementos quiacutemicos dissolvidos na aacutegua

conforme a Tabela 2

Tabela 2- Concentraccedilotildees maacuteximas de alguns elementos quiacutemicos conforme Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg43011 para rios de Classe 2

ELEMENTO QUIacuteMICO VALOR MAacuteXIMO (microgl)

Ferro (Fe) 300

Manganecircs (Mn) 100

Cromo (Cr) 50

Cobre (Cu) 9

Fonte adaptado CONAMA 2011 3 METODOLOGIA

A metodologia desenvolvida por esta pesquisa baseia-se na utilizaccedilatildeo de dados de

pesquisas exploratoacuterias e bibliograacuteficas sobre a qualidade da aacutegua do rio Paraopeba a

montante e a jusante do lanccedilamento do rejeito de mineraccedilatildeo ocorrido em funccedilatildeo do

rompimento da Barragem da Mina Coacuterrego do Feijatildeo em Minas Gerais

A partir da aacuterea de estudo delimitada proacutexima as estaccedilotildees fluviomeacutetricas do Rio

Paraopeba e dos paracircmetros fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos obtidos pelas anaacutelises

119898119892 119871minus1

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

9

apresentadas pela Rede Hidrometeroloacutegica Nacional (RHN) operada pela Companhia de

Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM) foram feitas avaliaccedilotildees e o diagnoacutestico da

situaccedilatildeo das aacuteguas do Rio Paraopeba de acordo com legislaccedilatildeo ambiental vigente

(CONAMA)

A escolha das estaccedilotildees fluviomeacutetricas de Alberto Flores- 40740000 Ponte Nova do

Paraopeba- 40800001 e Ponte da Taquara- 40850000 da RHN foram fundamentais para a

pesquisa deste trabalho A RHN disponibilizou dados de niacutevel e de vazatildeo diaacuterios As vazotildees

diaacuterias eram obtidas atraveacutes de mediccedilotildees feitas com o uso de molinetes equipamentos

acuacutesticos (SONTEK M9 e RDI RiverRay) e curvas chaves Estabelecidas a partir de

mediccedilotildees de vazatildeo realizadas 3 a 4 vezes por ano durante as visitas de inspeccedilatildeo realizadas

pelo CPRM Aleacutem disso a partir destas mediccedilotildees eram feitas anaacutelises de 5 paracircmetros de

qualidade da aacutegua temperatura da aacutegua do rio pH do meio oxigecircnio dissolvido turbidez e

condutividade eleacutetrica Estas anaacutelises eram feitas in loco pela equipe do CPRM com o uso

de sonda multiparameacutetrica YSI EXO1 e Hydrolab MS5

Apesar do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos ser o uacutenico dentre os

escolhidos que natildeo era uma estaccedilatildeo fluviomeacutetrica antes da ruptura da barragem este ponto

atua na realizaccedilatildeo de mediccedilotildees de descarga liacutequida e soacutelida pelo CPRM As mediccedilotildees de

descarga soacutelida em suspensatildeo eram obtidas a partir da coleta de amostras 2D (2

dimensotildees) pela equipe do CPRM Utilizou-se amostradores tipo USBM-54 e Van Veen

para a determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de sedimentos permitindo o acompanhamento do

avanccedilo do rejeito ao longo da bacia

31 AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de estudo corresponde a bacia do Rio Paraopeba localizada na regiatildeo central

de Minas Gerais e que possui uma aacuterea de 12054 km2 (25 da aacuterea total de MG) e 510

km de extensatildeo do curso principal (IGAM 2013) O rio abrange cerca de 48 municiacutepios

sendo 35 municiacutepios sedes na bacia (CBHSF 2019) Possui sua nascente localizada ao

sul no municiacutepio de Cristiano Otoni e sua foz na represa de Trecircs Marias no municiacutepio de

Felixlacircndia em Minas Gerais (CBHSF 2019) Aleacutem disso o rio eacute responsaacutevel por 43 do

abastecimento puacuteblico da regiatildeo metropolitana de Belo Horizonte (COPASA 2019)

A bacia do Rio Paraopeba possui aacuterea de drenagem de 13640 km2 sendo que a

montante do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo local onde houve a ruptura da barragem possui aacuterea

de drenagem em torno de 4000 km2 (CPRM 2019) Afluente pela margem direita do rio

Paraopeba o ribeiratildeo Ferro Carvatildeo possui bacia de aacuterea 328 km2 e vazatildeo em torno de 600

Ls obtida por regionalizaccedilatildeo de vazotildees (CPRM 2019)

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

10

Segundo a Vale os rejeitos dispostos na barragem de alteamento agrave montante

ocupavam um volume de aproximadamente 117 milhotildees de m3 A barragem atingiu sua

elevaccedilatildeo maacutexima em meados de 2013 e deixou de receber rejeitos em 2016 A CPRM com

a utilizaccedilatildeo de imagens de sateacutelite delimitou que a aacuterea atingida foi de 31 km2 pelo rejeito

na bacia do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo A Figura 1 mostra a aacuterea atingida pela ruptura da

barragem deixando o ribeiratildeo e todo o entorno da aacuterea devastados

Figura 1 Aacuterea da barragem da Mina do Ribeiratildeo do Feijatildeo apoacutes a ruptura da barragem B1

Fonte Google Earth 2019

32 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS REDES DE MONITORAMENTO DA CPRM

As estaccedilotildees fluviomeacutetricas escolhidas para o presente trabalho foram definidas com

base no estudo e monitoramento do Rio Paraopeba realizados no periacuteodo de 2601 ateacute

3103 do ano de 2019 pelo CPRM Logo escolheu-se os pontos de monitoramento

representados na Quadro 1

Quadro 1 Pontos de monitoramento da bacia do rio Paraopeba

COacuteDIGO ESTACcedilAtildeO FLUVIOMEacuteTRICA AacuteREA

(km2) LAT LONG

DIST DA

BARRAGEM

40740000 Alberto Flores 3945 - 200945 ‐0440938 1km a montante

40800001 Ponte Nova do Paraopeba 5680 -195657 ‐0441819 57 km

40850000 Ponte Taquaraacute 8720 -192523 ‐0443258 176 km

- Maacuterio Campos - -200311 -0441148 29 km

Fonte adaptado CPRM2019

A CPRM com a participaccedilatildeo de oacutergatildeos puacuteblicos promoveram os monitoramentos

diaacuterios de niacutevel vazatildeo descarga soacutelida e granulometria do material em suspensatildeo A

estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores situa-se a montante da confluecircncia com o Ribeiratildeo

Ferro Carvatildeo enquanto os demais pontos de monitoramento situam-se a jusante da

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

11

confluecircncia Essa escolha permitiu acompanhar por meio dos monitoramentos o avanccedilo da

pluma de rejeitos na bacia do rio Paraopeba

A Figura 2 mostra a localidade dos pontos de monitoramento ao longo do rio

Paraopeba

Figura 2 Pontos de monitoramento do rio Paraopeba

Fonte Adaptado CPRM2019

33 DADOS DE ESTUDO

O levantamento das caracteriacutesticas do rio agrave montante e a jusante do lanccedilamento em

conjunto com os dados do efluente lanccedilado satildeo fundamentais para o iniacutecio do estudo de

diagnoacutestico da qualidade da aacutegua do Rio Paraopeba A partir desses dados eacute possiacutevel com

base nos limites estabelecidos pela legislaccedilatildeo estabelecer avaliaccedilotildees Os dados

necessaacuterios ao estudo satildeo apresentados na Figura 3

Figura 3- Metodologia de levantamento de dados para o estudo da bacia do rio Paraopeba

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

12

Fonte Autoria proacutepria 2019

Logo considerando que a montante da confluecircncia com Ribeiratildeo Ferro Carvatildeo estaacute

situada a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores pertencente a RHN verifica-se que a

vazatildeo do rio obtida nesse ponto antes da ruptura eacute a Q710 (vazatildeo miacutenima com periacuteodo de

retorno de 10 anos e duraccedilatildeo de 7 dias consecutivos) de 124 m3s Considerando que a

jusante da ruptura da barragem de rejeitos estaacute a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Ponte Nova do

Paraopeba pertencente tambeacutem a RHN a vazatildeo obtida antes da ruptura eacute a Q710 de 154

m3s (CPRM 2019)

A vazatildeo contribui em larga escala para a morfologia e hidrografia do rio Em periacuteodos

de grande descarga (periacuteodo de cheia) natildeo haacute distinccedilatildeo entre aacutereas de remanso e de

correnteza havendo pouca retenccedilatildeo de aacutegua (EMBRAPA 2004)

Quanto ao levantamento de dados do rejeito sabe-se que o volume ocupado era de

117 m3 (VALE 2019) O relatoacuterio final da composiccedilatildeo do rejeito ainda natildeo foi divulgado

mas sabe-se que existe uma toxidade quiacutemica semelhante a composiccedilatildeo da lama do

rompimento da barragem de Mariana em 2015 (ESTADO DE MINAS 2019)

Aleacutem do monitoramento realizado pelo CPRM o IGAM (Instituto Mineiro de Gestatildeo das

Aacuteguas) composto de 8 pontos de monitoramento gerou dados de paracircmetros de qualidade

da aacutegua referentes a seacuterie histoacuterica entre os anos de 2000 a 2018 com o objetivo de

propiciar uma anaacutelise comparativa entre a qualidade da antes e apoacutes a ruptura da

barragem

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

13

Outra fonte de dados utilizada no presente trabalho dizem respeito as mediccedilotildees

realizadas pela equipe teacutecnica da Fundaccedilatildeo SOS Mata Atlacircntica que acompanhou o

deslocamento da onda de rejeitos sobre 305 km do rio Paraopeba do dia 31 de janeiro de

2019 ateacute o dia 9 de fevereiro do mesmo ano O impacto dos rejeitos sobre a qualidade da

aacutegua foi medido em 22 pontos de monitoramento de 2 formas sendo a partir de amostras

de superfiacutecie com mediccedilotildees realizadas a 30 cm da lacircmina drsquoagua e por coluna drsquoaacutegua a

partir de 2m de profundidade (SOS 2019)

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

O dano ambiental na bacia do rio Paraopeba ocorreu no periacuteodo da piracema que

teve iniacutecio em novembro e teve fim em fevereiro (SOS 2019) O volume de rejeitos lanccedilados

na regiatildeo principalmente a grande quantidade de soacutelidos em suspensatildeo deixou a aacutegua

com cor intensa e turbidez elevada A Tabela 3 apresenta os valores maacuteximos e miacutenimos

de 5 paracircmetros da qualidade da aacutegua obtidos pelo monitoramento das estaccedilotildees

fluviomeacutetricas e do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos pertencentes a RHN antes

e depois da ruptura da barragem de Coacuterrego do Feijatildeo

Tabela 3 Paracircmetros de qualidade da aacutegua antes e depois da ruptura da barragem de

Coacuterrego do Feijatildeo com base nos dados das mediccedilotildees da CPRM (2019)

QUALIDADE DA AacuteGUA DO RIO PARAOPEBA NOS PONTOS DE MONITORAMENTO

PARAcircMETROS

CONAMA

VALORES

ANTES DA RUPTURA seacuterie histoacuterica (2000 a 2018)

DEPOIS DA RUPTURA 2601 a 3103

Alberto Flores

Ponte Nova do

Paraopeba

Ponte Taquaraacute

Maacuterio Campos

Ponte Nova do

Paraopeba

Ponte Taquaraacute

Temperatura da aacutegua (Cdeg)

Maacutex

2650 2750 2690 3120 2970 3070

40

Miacuten 1510 1700 1700 2300 2370 2460

OD (mgL)

5 Maacutex

970 971 914 820 768 780

Miacuten

714 360 475 625 533 529

pH

60 - 90 Maacutex

823 823 814 782 737 766

Miacuten

607 607 675 608 661 652

Condutividade eleacutetrica (μscm)

- Maacutex

12810 16100 15690 12700 13070 13060

Miacuten

4380 2420 3650 2940 7370 4770

Turbidez (NTU)

100 Maacutex

76400 75000 38100 2103120 1326450 168190

Miacuten 440 210 290 36640 1970 1140

Fonte Autoria proacutepria 2019

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

14

Obs Todos os dados encontrados antes da ruptura satildeo compatiacuteveis com os registrados na

seacuterie histoacuterica de 2002 a 2018 das estaccedilotildees fluviomeacutetricas exceto os valores para turbidez de 2013

a 2018 (CPRM 2019)

De modo geral o rio Paraopeba encontra-se gravemente afetado entre 30 a 60 km

de distacircncia da barragem O aumento da temperatura apoacutes a ruptura da barragem eacute

justificado pelo lanccedilamento de despejos de rejeitos de mineraccedilatildeo na bacia do rio O ponto

de monitoramento de Maacuterio Campos apresentou a maior temperatura da aacutegua atingindo

um valor superior a 30degC Em geral agrave medida que a temperatura aumenta a taxa de

reaccedilotildees quiacutemicas e bioloacutegicas sofrem aumento (VON SPERLING 2000)

A variaccedilatildeo de temperatura eacute responsaacutevel por aumentar a taxa das reaccedilotildees quiacutemicas

e bioloacutegicas um dos principais fatores de controle direto da concentraccedilatildeo de OD na aacutegua

(EMBRAPA 2004) Com a elevaccedilatildeo da temperatura ocorre o aumento da taxa em que os

nutrientes aderidos aos soacutelidos suspensos satildeo convertidos em formas soluacuteveis

Poreacutem apoacutes a ruptura da barragem a faixa de concentraccedilatildeo de OD apresentou

queda em termos meacutedios de 806 para os 3 pontos de monitoramento apresentados na

Tabela 3 O valor miacutenimo obtido foi de 529 mgL na estaccedilatildeo fluviomeacutetrica da Ponte

Taquara Os valores estatildeo em conformidade com os limites previstos para os rios de classe

2 que segundo a Resoluccedilatildeo Conama 3572005 deve ser maior que 5 mgL

O mesmo aplica-se para os iacutendices de pH que em termos meacutedios apresentou queda

de 137 O pH possui efeito indireto sobre a precipitaccedilatildeo de elementos quiacutemicos toacutexicos

como os metais pesados (EMBRAPA 2004) Apesar dos iacutendices analisados estarem

compatiacuteveis com o limite de 6 a 9 para rios de Classe 2 os valores apoacutes a ruptura estatildeo na

faixa de 6 a 8 Para que ocorra a precipitaccedilatildeo quiacutemica de metais pesados o ideal eacute que o

pH do meio seja elevado ou seja superior a 70 (EMBRAPA 2004) Conforme o pH

aumenta ocorre o aumento da concentraccedilatildeo de complexos dos quais substituem as

moleacuteculas de aacutegua por ligantes inorgacircnicos Por sua vez estas estruturas ligantes por

serem maiores ou menos soluacuteveis dificultam o processo de troca iocircnica facilitando o

processo de precipitaccedilatildeo quiacutemica do metal (OUKI e KAVANNAGH 1999)

Apesar dos iacutendices de OD e do pH natildeo apresentarem desconformidade com os

limites da legislaccedilatildeo os valores de turbidez em todos os pontos de monitoramento apoacutes a

ruptura superaram o limite previsto de 100 NTU para rios de Classe 2 conforme a

Resoluccedilatildeo Conama 3572005 No ponto de monitoramento de Maacuterio Campos obteve-se

210 vezes o Limite Maacuteximo Permitido (LMP) de turbidez Ao comparar os dados antes e

apoacutes a ruptura tem-se que os valores antes ao rompimento tambeacutem superaram o limite

previsto

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

15

De acordo com o Informativo especial ldquoAvaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e

2018rdquo publicado pelo IGAM em 12 de fevereiro de 2019 avaliou-se o comportamento de

alguns paracircmetros de qualidade da aacutegua do rio Paraopeba Segundo a seacuterie histoacuterica da

bacia observa-se que em periacuteodos chuvosos a turbidez do rio ultrapassou 18 vezes o

limite legal permitido Isso indica que para o periacuteodo analisado sugere-se o aporte de soacutelido

de origem difusa na bacia ausecircncia de mata ciliar no entorno e a ocorrecircncia de processos

erosivos

A turbidez provoca nebulosidade ao rio reduzindo a passagem dos feixes de luz na

aacutegua Estaacute reduccedilatildeo daacute-se por absorccedilatildeo e espalhamento uma vez que as partiacuteculas que

provocam turbidez na aacutegua satildeo maiores que o comprimento de luz branca (VON

SPERLING 2000) Devido agrave presenccedila de soacutelidos de mateacuteria inorgacircnica em suspensatildeo

oriundos da lama de rejeitos que afetou o rio a turbidez reduz a fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo

aquaacutetica e influencia drasticamente nas comunidades aquaacuteticas conforme a Figura 4

Figura 4 Condiccedilatildeo do rio Paraopeba nos trechos iniciais ao rompimento da barragem

Fonte REUTERS 2019

Os soacutelidos da lama sedimentam-se no leito do rio podendo ateacute reter bacteacuterias e

resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (EMBRAPA 2004) Assim os

soacutelidos influenciam tambeacutem na demanda de OD Apesar do que foi verificado quanto aos

niacuteveis de OD pode-se inferir que a lama de rejeitos ainda natildeo se sedimentou totalmente no

leito do rio ao ponto de formar bancos de lodo Logo o OD eacute um paracircmetro que responde

lentamente agraves variaccedilotildees de carga de poluiccedilatildeo (CUNHA E FERREIRA 2019)

Aleacutem disso outro paracircmetro analisado eacute a condutividade eleacutetrica Embora natildeo

possua limite de legislaccedilatildeo sua anaacutelise permite verificar de forma indireta o comportamento

dos eletroacutelitos na aacutegua inclusive dos iacuteons de metal (IGAM 2019) Os valores para este

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

16

paracircmetro apoacutes a ruptura variam de 2940 a 13070 μscm Sendo que os valores antes e

apoacutes a ruptura apresentam pouca variaccedilatildeo

Ao analisar os paracircmetros antes e apoacutes a ruptura eacute possiacutevel calcular o IQA para cada

situaccedilatildeo Antes do rompimento da barragem o IQA obtido para a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de

Alberto Flores foi de 66 e apoacutes a ruptura o IQA obtido para o ponto de monitoramento de

Maacuterio Campos foi de 14 Ao analisar a classificaccedilatildeo de IQA do IGAM antes da ruptura o

IQA foi bom (70lt IQA le 90) ou seja a aacutegua apresentava condiccedilotildees apropriadas para o

tratamento convencional visando o abastecimento puacuteblico Apoacutes a ruptura o IQA eacute

considerado muito ruim (IQA le 25) ou seja a aacutegua eacute improacutepria para o tratamento

convencional sendo necessaacuterio tratamentos mais avanccedilados

Segundo o informativo especial de seacuterie histoacuterica de 2000 a 2018 do IGAM (2019)

citado anteriormente especialistas apontam a presenccedila de metais acima do que estipula a

legislaccedilatildeo ambiental para rios de Classe 2 A partir desse informativo e dos monitoramentos

obtidos pela SOS Mata Atlacircntica os teores de metais e de metais pesados analisados satildeo

da mesma magnitude ou inferiores aos teores maacuteximos encontrados As aacuteguas que

recebem efluentes contendo metais pesados apresentam ao fundo concentraccedilotildees elevadas

de sedimento (EMBRAPA 2004) Ao lanccedilar lamas insoluacuteveis contendo metais estas sofrem

transformaccedilotildees quiacutemicas sob a accedilatildeo bioloacutegica lanccedilando lentamente na corrente liacutequida

(EMBRAPA 2004)

A presenccedila de metais apoacutes a ruptura da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo eacute

apresentada na Tabela 4

Tabela 4 Valores meacutedios de concentraccedilatildeo de metais pesados apoacutes o rompimento da

barragem a partir dos monitoramentos da SOS Mata Atlacircntica

PRESENCcedilA DE METAIS NA AacuteGUA APOacuteS A RUPTURA

METAIS VALORES MEacuteDIOS (mgL) LIMITE MAacuteXIMO

PERMITIDO (mgL)

Ferro 6065 03

Cobre 357 0009

Manganecircs 2145 01

Cromo 1145 005

Fonte Autoria proacutepria 2019

A concentraccedilatildeo de metais verificada ao longo do curso do rio Paraopeba de acordo

com o LMP determinado pela resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 demonstra que toda a

extensatildeo do rio foi afetada criticamente Para todos os metais pesados analisados tem-se

concentraccedilotildees meacutedias acima do LMP Fatores como o pH temperatura e OD tambeacutem

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

17

influenciam na mobilidade e potencialidade toacutexica de vaacuterios metais (CARVALHO et al

2016) Em consequecircncia disso apoacutes o lanccedilamento de rejeitos na aacutegua estes paracircmetros

controlam os processos fiacutesicos- quiacutemicos de solubilidade dos metais sendo responsaacuteveis

por influenciar na concentraccedilatildeo e absorccedilatildeo pelos organismos

Contudo ao analisar a presenccedila de metais na aacutegua apoacutes a ruptura encontra-se

aproximadamente 202 vezes o LMP para o ferro e 2145 vezes o LMP para o manganecircs

Em concentraccedilotildees elevadas ambos os metais atribuem coloraccedilatildeo avermelhada sensaccedilatildeo

de adstringecircncia e sabor a aacutegua O ferro por exemplo aparece em aacuteguas subterracircneas

devido agrave dissoluccedilatildeo do mineacuterio devido a presenccedila do gaacutes carbocircnico da aacutegua Ao entrar em

contato com o ar oxida-se conferindo cor e sabor a aacutegua (CETESB 2018) Em alguns

casos altas concentraccedilotildees de ferro satildeo limitantes no crescimento de algas e outras plantas

(VON SPERLING 2000)

Outro iacutendice alarmante eacute a presenccedila de cobre aproximadamente 397 vezes o LMP

e a presenccedila de cromo 229 vezes o LMP Metais pesados como o cobre e cromo podem

causar diversos danos aos organismos podendo ficar disponiacuteveis na aacutegua ateacute serem

assimilados quimicamente ou biologicamente atraveacutes de associaccedilatildeo de estruturas

orgacircnicas (SOS 2019) Logo a presenccedila de quantidades elevadas de cobre na aacutegua pode

produzir vocircmitos sabor desagradaacutevel na aacutegua e uma extensa variedade de efeitos toacutexicos

Jaacute o cromo em condiccedilotildees elevadas pode causar problemas respiratoacuterios e modificaccedilotildees

hematoloacutegicas (VON SPERLING 2000)

5 CONCLUSAtildeO

O dano ambiental causado apoacutes o rompimento da Barragem do Complexo do

Coacuterrego do Feijatildeo tornou as aacuteguas do rio Paraopeba improacuteprias para o consumo pois

segundo os paracircmetros analisados temperatura turbidez e valores meacutedios de metais estatildeo

em desconformidade com os padrotildees da legislaccedilatildeo vigente exceto os paracircmetros OD pH

e condutividade eleacutetrica Aleacutem disso o IQA calculado apoacutes a ruptura da barragem eacute

classificado como muito ruim o que faz-se necessaacuterio o uso tratamentos mais avanccedilados

para o abastecimento puacuteblico

Verificou-se que o lanccedilamento de efluentes oriundos de rejeitos de mineacuterio no rio

deteriora a qualidade da aacutegua e possui consequecircncias prolongadas ao ecossistema

aquaacutetico Logo o impacto causado pelo volume de rejeitos eacute de difiacutecil anaacutelise pois ao

formarem misturas complexas de vaacuterios elementos quiacutemicos com a aacutegua tornam a

qualidade da aacutegua desse corpo drsquoaacutegua variaacutevel e de difiacutecil previsatildeo da capacidade de

autodepuraccedilatildeo

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

18

O principal problema ambiental do lanccedilamento de rejeitos na bacia do rio Paraopeba

foi o acuacutemulo dos rejeitos de mineacuterio na calha do rio gerando a necessidade de

monitoramento constante e de teacutecnicas de remediaccedilatildeo Apesar da bacia do rio Paraopeba

ter um histoacuterico de aumento dos niacuteveis de turbidez nos meses de cheia o impacto sobre

qualidade da aacutegua apoacutes o acontecimento eacute criacutetico comparado ao histoacuterico

Por enquanto o dimensionamento definitivo sobre o dano ambiental eacute imensuraacutevel

pois os resiacuteduos permaneceratildeo no ambiente por tempo indeterminado Deve se ter em

mente que o rio poderaacute se recuperar do impacto mas o ecossistema dificilmente voltaraacute agraves

condiccedilotildees de preacute-impacto Para isso eacute de suma importacircncia que medidas efetivas de

recuperaccedilatildeo ambiental sejam adotadas como por exemplo a remoccedilatildeo de parte dos

sedimentos depositados no leito do rio Portanto eacute fundamental que todos os oacutergatildeos

responsaacuteveis pela gestatildeo dos recursos hiacutedricos e pelas atividades mineraacuterias serem riacutegidos

quanto a este tipo de impacto e que cobrem com rigor medidas de recuperaccedilatildeo do recurso

hiacutedrico

6 RECOMENDACcedilOtildeES

Com base nas conclusotildees desta pesquisa e dos questionamentos que ainda podem

ser respondidos recomenda-se aplicar um modelo de qualidade da aacutegua que leve em

consideraccedilatildeo a presenccedila dos rejeitos de mineacuterio de ferro no leito do rio afim de entender

afundo a diversidade regional de problemas e soluccedilotildees concernentes para o rompimento

de barragens

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

19

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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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CUNHA C L N FERREIRA A P Anaacutelise criacutetica por comparaccedilatildeo entre modelos de qualidade de aacutegua aplicados em rios poluiacutedos contribuiccedilotildees agrave sauacutede aacutegua e saneamento Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental v 24 ndeg3 p5-6 maijun 2019 DOI httpdxdoiorg101590s1413-41522019112332 Disponiacutevel em httpwwwscielobr scielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-41522019005007102 Acesso em 25 set 2019 EMBRAPA- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria Aplicaccedilatildeo do Biomonitoramento para Avaliaccedilatildeo da Qualidade da Aacutegua em Rios 1 Ed Satildeo Paulo Conceiccedilatildeo 2004 Disponiacutevel em httpswwwinfotecacnptiaembrapabrbitstreamdoc145181documentos36pdf Acesso em 31 out 2019 EDSDH Escola Superior Dom Helder Cacircmara O Rompimento de Barragens no Brasil e no Mundo Desastres mistos ou tecnoloacutegicos 2015 Disponiacutevel em ltwww domhelder edubrartigo_HRApdfgt Acesso em 23 mar 2019 FREITAS C M SILVA M A MENEZES F C O desastre na barragem de mineraccedilatildeo da Samarco- fratura exposta dos limites do Brasil na reduccedilatildeo de risco de desastres Ciecircncia e Cultura Satildeo Paulo v 68 n 3 p1-12 jul 2016 Bimestral Disponiacutevel em lthttpcienciaeculturabvsbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0009-67252016000300010gt Acesso em 23 mar 2019 G1 GLOBO MINAS (Minas Gerais) Bombeiros e defesa civil satildeo mobilizados para a chamada de rompimento de barragem em brumadinho na grande bh 2019 Disponiacutevel em lthttpsg1globocommgminas-geraisnoticia20190125bombeiros-e-defesa-civil-sao-mobilizados-para-chamada-de-rompimento-de-barragem-em-brumadinho-na-grande-bhghtmlgt Acesso em 23 mar 2019 GOOGLE EARTH Software Version Versatildeo 93972 2018-2019 2019 Disponiacutevel em httpsearthgooglecomweb Acesso em 2 set 2019 IGAM- Instituto Mineiro de Gestatildeo de Aacuteguas Informativo Especial Avaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e 2018 Informativo dos paracircmetros de qualidade das aacuteguas nos locais monitorados ao longo do Rio Paraopeba antes do desastre na barragem B1 no complexo da Mina Coacuterrego Feijatildeo da Mineradora ValeSA no municiacutepio de Brumadinho ndash Minas Gerais Belo Horizontep 18 2019 LACAZ F A C PORTO M F S PINHEIRO T M M Trageacutedias brasileiras contemporacircneas o caso do rompimento da barragem de rejeitos de Fundatildeo Samarco 2017 12 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Medicina Centro de Estudo de Sauacutede do Trabalhador e Ecologia Humana Universidade Federal de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2017 MACHADO W G F Monitoramento de barragens de contenccedilatildeo de rejeitos da mineraccedilatildeo 2007 155 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Engenharia de Minas e Petroacuteleo Departamento de Minas e de Petroacuteleo Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2007 MILANEZ Bruno et al Antes fosse mais leve a carga avaliaccedilatildeo dos aspectos econocircmicos poliacuteticos e sociais do desastre da SamarcoValeBHP em Mariana (MG) Belo Horizonte PoEMAS 2015 Disponiacutevel em ltufjfbrpoemasfiles201407PoEMAS-2015-Antes-fosse-mais-leve-a-carga-versatildeo-finalpdfgt Acesso em 23 mar 2019 MINAS Estado de Lama de barragem matou o Rio Paraopeba conclui estudo da SOS Mata Atlacircntica Especialista em recursos hiacutedricos da fundaccedilatildeo afirma que a Bacia do Paraopeba estaacute sem condiccedilotildees de vida aquaacutetica e do uso da aacutegua mas que pode voltar a viver 2019 Disponiacutevel em lthttpswwwemcombrappnoticiagerais20190228interna_gerais1034405lama-matou-o-rio-paraopeba-conclui-estudo-da-sos-mata-atlanticashtmlgt Acesso em 25 mar 2019

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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Page 9: DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO DO RIO PARAOPEBA ...repositorio.ufgd.edu.br/.../2337/1/IzabellyCapilleBeloto.pdfSendo um parâmetro importante para a avaliação da qualidade de um corpo

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

7

Os metais pesados conferem elevada resistecircncia agrave degradaccedilatildeo quiacutemica fiacutesica e

bioloacutegica possibilitando a persistecircncia por longos periacuteodos de tempo no meio aquaacutetico

(MORAES JORDAtildeO 2002) Logo ao persistir no ambiente aquaacutetico os metais pesados

causam forte impacto na estabilidade dos ecossistemas provocando efeitos adversos nos

seres humanos aleacutem de causar a mortalidade de peixes e das comunidades bentocircnicas

perifiacuteticas planctocircnica nectocircnica e de seres fotossintetizantes (MORAES JORDAtildeO 2002

SAMPAIO 2003)

Por ser altamente reativos e apresentar facilidade ao se ligar a outros elementos

quiacutemicos os metais pesados natildeo encontram-se independentes no meio aquaacutetico Nesse

contexto a poluiccedilatildeo gerada pelos metais pesados possui forte contribuiccedilatildeo dos sedimentos

de fundo Ao refletir na quantidade disponiacutevel no ambiente tambeacutem satildeo usados para

detectar a presenccedila de contaminantes que natildeo permanecem soluacuteveis Assim as

propriedades de acuacutemulo de sedimentos aliadas aos metais pesados disponiacuteveis satildeo de

extrema importacircncia para qualificar os efeitos da contaminaccedilatildeo em estudos de impacto

ambiental (SAMPAIO 2003)

24 LEGISLACcedilAtildeO CONAMA 357 E 430

Os padrotildees de qualidade da aacutegua demonstram de forma generalizada e conceitual

a propriedade desejada a este recurso Logo objetivando a proteccedilatildeo ambiental e a sauacutede

puacuteblica as resoluccedilotildees do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) 357 e 430

estabelecem padrotildees de lanccedilamento e qualidade do corpo receptor

A resoluccedilatildeo CONAMA ndeg 430 de 13 de maio de 2011 dispotildeem sobre paracircmetros

padrotildees condiccedilotildees e diretrizes para a gestatildeo de efluentes lanccedilados nos corpos drsquoaacutegua

(BRASIL 2011) Esta resoluccedilatildeo complementa e altera a resoluccedilatildeo CONAMA ndeg 357 de 17

de marccedilo de 2005 que dispotildeem as diretrizes e classificaccedilotildees ambientais para o

enquadramento das aacuteguas superficiais (CERON 2012)

Atualmente a Resoluccedilatildeo ndeg35705 do CONAMA extinta Resoluccedilatildeo CONAMA nordm

02086 define o niacutevel de qualidade a ser alcanccedilado e mantido por uma bacia Nos limites

para os paracircmetros fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos o Rio Paraopeba que foi estudado no

presente trabalho possui enquadramento classe 2 segundo a norma Assim segundo a

norma as aacuteguas do rio Paraopeba satildeo destinadas para abastecimento humano (apoacutes

tratamento convencional) proteccedilatildeo de comunidades aquaacuteticas recreaccedilatildeo de contato

primaacuterio (segundo Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg274 de 2000) irrigaccedilatildeo aquicultura e pesca

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

8

Poreacutem a classificaccedilatildeo dos paracircmetros de qualidade para os rios de Classe 2 eacute o

mesmo adotado para rios de Classe 1 Os respectivos valores de paracircmetros de qualidade

constam na Tabela 1 onde para o pH os valores apresentados correspondem aos limites

inferiores e superiores da faixa de referecircncia Para OD e DBO o valor apresentado

corresponde ao valor miacutenimo de referecircncia estabelecido para o paracircmetro

Tabela 1- Paracircmetros de qualidade da aacutegua conforme Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg35705 para rios de Classe 2

PARAcircMETRO UNIDADE VALOR

pH - 60 - 90

Turbidez NTU 100

Oxigecircnio dissolvido (OD)

Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio (DBO)

mg L-1 5

5

Fonte adaptado CONAMA 2005

Para o lanccedilamento de efluentes a temperatura maacutexima para corpos drsquoaacutegua eacute de

40degC A legislaccedilatildeo apresenta normatizaccedilatildeo restrita agraves aacuteguas de efluentes devido agrave alta

sazonalidade anual e diaacuteria no ambiente natural (MAIA 2017) Os efluentes atendem

condiccedilotildees especiacuteficas Aleacutem dos paracircmetros apresentados anteriormente a Resoluccedilatildeo

ndeg43011 apresenta limites maacuteximos para elementos quiacutemicos dissolvidos na aacutegua

conforme a Tabela 2

Tabela 2- Concentraccedilotildees maacuteximas de alguns elementos quiacutemicos conforme Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg43011 para rios de Classe 2

ELEMENTO QUIacuteMICO VALOR MAacuteXIMO (microgl)

Ferro (Fe) 300

Manganecircs (Mn) 100

Cromo (Cr) 50

Cobre (Cu) 9

Fonte adaptado CONAMA 2011 3 METODOLOGIA

A metodologia desenvolvida por esta pesquisa baseia-se na utilizaccedilatildeo de dados de

pesquisas exploratoacuterias e bibliograacuteficas sobre a qualidade da aacutegua do rio Paraopeba a

montante e a jusante do lanccedilamento do rejeito de mineraccedilatildeo ocorrido em funccedilatildeo do

rompimento da Barragem da Mina Coacuterrego do Feijatildeo em Minas Gerais

A partir da aacuterea de estudo delimitada proacutexima as estaccedilotildees fluviomeacutetricas do Rio

Paraopeba e dos paracircmetros fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos obtidos pelas anaacutelises

119898119892 119871minus1

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

9

apresentadas pela Rede Hidrometeroloacutegica Nacional (RHN) operada pela Companhia de

Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM) foram feitas avaliaccedilotildees e o diagnoacutestico da

situaccedilatildeo das aacuteguas do Rio Paraopeba de acordo com legislaccedilatildeo ambiental vigente

(CONAMA)

A escolha das estaccedilotildees fluviomeacutetricas de Alberto Flores- 40740000 Ponte Nova do

Paraopeba- 40800001 e Ponte da Taquara- 40850000 da RHN foram fundamentais para a

pesquisa deste trabalho A RHN disponibilizou dados de niacutevel e de vazatildeo diaacuterios As vazotildees

diaacuterias eram obtidas atraveacutes de mediccedilotildees feitas com o uso de molinetes equipamentos

acuacutesticos (SONTEK M9 e RDI RiverRay) e curvas chaves Estabelecidas a partir de

mediccedilotildees de vazatildeo realizadas 3 a 4 vezes por ano durante as visitas de inspeccedilatildeo realizadas

pelo CPRM Aleacutem disso a partir destas mediccedilotildees eram feitas anaacutelises de 5 paracircmetros de

qualidade da aacutegua temperatura da aacutegua do rio pH do meio oxigecircnio dissolvido turbidez e

condutividade eleacutetrica Estas anaacutelises eram feitas in loco pela equipe do CPRM com o uso

de sonda multiparameacutetrica YSI EXO1 e Hydrolab MS5

Apesar do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos ser o uacutenico dentre os

escolhidos que natildeo era uma estaccedilatildeo fluviomeacutetrica antes da ruptura da barragem este ponto

atua na realizaccedilatildeo de mediccedilotildees de descarga liacutequida e soacutelida pelo CPRM As mediccedilotildees de

descarga soacutelida em suspensatildeo eram obtidas a partir da coleta de amostras 2D (2

dimensotildees) pela equipe do CPRM Utilizou-se amostradores tipo USBM-54 e Van Veen

para a determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de sedimentos permitindo o acompanhamento do

avanccedilo do rejeito ao longo da bacia

31 AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de estudo corresponde a bacia do Rio Paraopeba localizada na regiatildeo central

de Minas Gerais e que possui uma aacuterea de 12054 km2 (25 da aacuterea total de MG) e 510

km de extensatildeo do curso principal (IGAM 2013) O rio abrange cerca de 48 municiacutepios

sendo 35 municiacutepios sedes na bacia (CBHSF 2019) Possui sua nascente localizada ao

sul no municiacutepio de Cristiano Otoni e sua foz na represa de Trecircs Marias no municiacutepio de

Felixlacircndia em Minas Gerais (CBHSF 2019) Aleacutem disso o rio eacute responsaacutevel por 43 do

abastecimento puacuteblico da regiatildeo metropolitana de Belo Horizonte (COPASA 2019)

A bacia do Rio Paraopeba possui aacuterea de drenagem de 13640 km2 sendo que a

montante do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo local onde houve a ruptura da barragem possui aacuterea

de drenagem em torno de 4000 km2 (CPRM 2019) Afluente pela margem direita do rio

Paraopeba o ribeiratildeo Ferro Carvatildeo possui bacia de aacuterea 328 km2 e vazatildeo em torno de 600

Ls obtida por regionalizaccedilatildeo de vazotildees (CPRM 2019)

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

10

Segundo a Vale os rejeitos dispostos na barragem de alteamento agrave montante

ocupavam um volume de aproximadamente 117 milhotildees de m3 A barragem atingiu sua

elevaccedilatildeo maacutexima em meados de 2013 e deixou de receber rejeitos em 2016 A CPRM com

a utilizaccedilatildeo de imagens de sateacutelite delimitou que a aacuterea atingida foi de 31 km2 pelo rejeito

na bacia do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo A Figura 1 mostra a aacuterea atingida pela ruptura da

barragem deixando o ribeiratildeo e todo o entorno da aacuterea devastados

Figura 1 Aacuterea da barragem da Mina do Ribeiratildeo do Feijatildeo apoacutes a ruptura da barragem B1

Fonte Google Earth 2019

32 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS REDES DE MONITORAMENTO DA CPRM

As estaccedilotildees fluviomeacutetricas escolhidas para o presente trabalho foram definidas com

base no estudo e monitoramento do Rio Paraopeba realizados no periacuteodo de 2601 ateacute

3103 do ano de 2019 pelo CPRM Logo escolheu-se os pontos de monitoramento

representados na Quadro 1

Quadro 1 Pontos de monitoramento da bacia do rio Paraopeba

COacuteDIGO ESTACcedilAtildeO FLUVIOMEacuteTRICA AacuteREA

(km2) LAT LONG

DIST DA

BARRAGEM

40740000 Alberto Flores 3945 - 200945 ‐0440938 1km a montante

40800001 Ponte Nova do Paraopeba 5680 -195657 ‐0441819 57 km

40850000 Ponte Taquaraacute 8720 -192523 ‐0443258 176 km

- Maacuterio Campos - -200311 -0441148 29 km

Fonte adaptado CPRM2019

A CPRM com a participaccedilatildeo de oacutergatildeos puacuteblicos promoveram os monitoramentos

diaacuterios de niacutevel vazatildeo descarga soacutelida e granulometria do material em suspensatildeo A

estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores situa-se a montante da confluecircncia com o Ribeiratildeo

Ferro Carvatildeo enquanto os demais pontos de monitoramento situam-se a jusante da

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

11

confluecircncia Essa escolha permitiu acompanhar por meio dos monitoramentos o avanccedilo da

pluma de rejeitos na bacia do rio Paraopeba

A Figura 2 mostra a localidade dos pontos de monitoramento ao longo do rio

Paraopeba

Figura 2 Pontos de monitoramento do rio Paraopeba

Fonte Adaptado CPRM2019

33 DADOS DE ESTUDO

O levantamento das caracteriacutesticas do rio agrave montante e a jusante do lanccedilamento em

conjunto com os dados do efluente lanccedilado satildeo fundamentais para o iniacutecio do estudo de

diagnoacutestico da qualidade da aacutegua do Rio Paraopeba A partir desses dados eacute possiacutevel com

base nos limites estabelecidos pela legislaccedilatildeo estabelecer avaliaccedilotildees Os dados

necessaacuterios ao estudo satildeo apresentados na Figura 3

Figura 3- Metodologia de levantamento de dados para o estudo da bacia do rio Paraopeba

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

12

Fonte Autoria proacutepria 2019

Logo considerando que a montante da confluecircncia com Ribeiratildeo Ferro Carvatildeo estaacute

situada a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores pertencente a RHN verifica-se que a

vazatildeo do rio obtida nesse ponto antes da ruptura eacute a Q710 (vazatildeo miacutenima com periacuteodo de

retorno de 10 anos e duraccedilatildeo de 7 dias consecutivos) de 124 m3s Considerando que a

jusante da ruptura da barragem de rejeitos estaacute a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Ponte Nova do

Paraopeba pertencente tambeacutem a RHN a vazatildeo obtida antes da ruptura eacute a Q710 de 154

m3s (CPRM 2019)

A vazatildeo contribui em larga escala para a morfologia e hidrografia do rio Em periacuteodos

de grande descarga (periacuteodo de cheia) natildeo haacute distinccedilatildeo entre aacutereas de remanso e de

correnteza havendo pouca retenccedilatildeo de aacutegua (EMBRAPA 2004)

Quanto ao levantamento de dados do rejeito sabe-se que o volume ocupado era de

117 m3 (VALE 2019) O relatoacuterio final da composiccedilatildeo do rejeito ainda natildeo foi divulgado

mas sabe-se que existe uma toxidade quiacutemica semelhante a composiccedilatildeo da lama do

rompimento da barragem de Mariana em 2015 (ESTADO DE MINAS 2019)

Aleacutem do monitoramento realizado pelo CPRM o IGAM (Instituto Mineiro de Gestatildeo das

Aacuteguas) composto de 8 pontos de monitoramento gerou dados de paracircmetros de qualidade

da aacutegua referentes a seacuterie histoacuterica entre os anos de 2000 a 2018 com o objetivo de

propiciar uma anaacutelise comparativa entre a qualidade da antes e apoacutes a ruptura da

barragem

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

13

Outra fonte de dados utilizada no presente trabalho dizem respeito as mediccedilotildees

realizadas pela equipe teacutecnica da Fundaccedilatildeo SOS Mata Atlacircntica que acompanhou o

deslocamento da onda de rejeitos sobre 305 km do rio Paraopeba do dia 31 de janeiro de

2019 ateacute o dia 9 de fevereiro do mesmo ano O impacto dos rejeitos sobre a qualidade da

aacutegua foi medido em 22 pontos de monitoramento de 2 formas sendo a partir de amostras

de superfiacutecie com mediccedilotildees realizadas a 30 cm da lacircmina drsquoagua e por coluna drsquoaacutegua a

partir de 2m de profundidade (SOS 2019)

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

O dano ambiental na bacia do rio Paraopeba ocorreu no periacuteodo da piracema que

teve iniacutecio em novembro e teve fim em fevereiro (SOS 2019) O volume de rejeitos lanccedilados

na regiatildeo principalmente a grande quantidade de soacutelidos em suspensatildeo deixou a aacutegua

com cor intensa e turbidez elevada A Tabela 3 apresenta os valores maacuteximos e miacutenimos

de 5 paracircmetros da qualidade da aacutegua obtidos pelo monitoramento das estaccedilotildees

fluviomeacutetricas e do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos pertencentes a RHN antes

e depois da ruptura da barragem de Coacuterrego do Feijatildeo

Tabela 3 Paracircmetros de qualidade da aacutegua antes e depois da ruptura da barragem de

Coacuterrego do Feijatildeo com base nos dados das mediccedilotildees da CPRM (2019)

QUALIDADE DA AacuteGUA DO RIO PARAOPEBA NOS PONTOS DE MONITORAMENTO

PARAcircMETROS

CONAMA

VALORES

ANTES DA RUPTURA seacuterie histoacuterica (2000 a 2018)

DEPOIS DA RUPTURA 2601 a 3103

Alberto Flores

Ponte Nova do

Paraopeba

Ponte Taquaraacute

Maacuterio Campos

Ponte Nova do

Paraopeba

Ponte Taquaraacute

Temperatura da aacutegua (Cdeg)

Maacutex

2650 2750 2690 3120 2970 3070

40

Miacuten 1510 1700 1700 2300 2370 2460

OD (mgL)

5 Maacutex

970 971 914 820 768 780

Miacuten

714 360 475 625 533 529

pH

60 - 90 Maacutex

823 823 814 782 737 766

Miacuten

607 607 675 608 661 652

Condutividade eleacutetrica (μscm)

- Maacutex

12810 16100 15690 12700 13070 13060

Miacuten

4380 2420 3650 2940 7370 4770

Turbidez (NTU)

100 Maacutex

76400 75000 38100 2103120 1326450 168190

Miacuten 440 210 290 36640 1970 1140

Fonte Autoria proacutepria 2019

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

14

Obs Todos os dados encontrados antes da ruptura satildeo compatiacuteveis com os registrados na

seacuterie histoacuterica de 2002 a 2018 das estaccedilotildees fluviomeacutetricas exceto os valores para turbidez de 2013

a 2018 (CPRM 2019)

De modo geral o rio Paraopeba encontra-se gravemente afetado entre 30 a 60 km

de distacircncia da barragem O aumento da temperatura apoacutes a ruptura da barragem eacute

justificado pelo lanccedilamento de despejos de rejeitos de mineraccedilatildeo na bacia do rio O ponto

de monitoramento de Maacuterio Campos apresentou a maior temperatura da aacutegua atingindo

um valor superior a 30degC Em geral agrave medida que a temperatura aumenta a taxa de

reaccedilotildees quiacutemicas e bioloacutegicas sofrem aumento (VON SPERLING 2000)

A variaccedilatildeo de temperatura eacute responsaacutevel por aumentar a taxa das reaccedilotildees quiacutemicas

e bioloacutegicas um dos principais fatores de controle direto da concentraccedilatildeo de OD na aacutegua

(EMBRAPA 2004) Com a elevaccedilatildeo da temperatura ocorre o aumento da taxa em que os

nutrientes aderidos aos soacutelidos suspensos satildeo convertidos em formas soluacuteveis

Poreacutem apoacutes a ruptura da barragem a faixa de concentraccedilatildeo de OD apresentou

queda em termos meacutedios de 806 para os 3 pontos de monitoramento apresentados na

Tabela 3 O valor miacutenimo obtido foi de 529 mgL na estaccedilatildeo fluviomeacutetrica da Ponte

Taquara Os valores estatildeo em conformidade com os limites previstos para os rios de classe

2 que segundo a Resoluccedilatildeo Conama 3572005 deve ser maior que 5 mgL

O mesmo aplica-se para os iacutendices de pH que em termos meacutedios apresentou queda

de 137 O pH possui efeito indireto sobre a precipitaccedilatildeo de elementos quiacutemicos toacutexicos

como os metais pesados (EMBRAPA 2004) Apesar dos iacutendices analisados estarem

compatiacuteveis com o limite de 6 a 9 para rios de Classe 2 os valores apoacutes a ruptura estatildeo na

faixa de 6 a 8 Para que ocorra a precipitaccedilatildeo quiacutemica de metais pesados o ideal eacute que o

pH do meio seja elevado ou seja superior a 70 (EMBRAPA 2004) Conforme o pH

aumenta ocorre o aumento da concentraccedilatildeo de complexos dos quais substituem as

moleacuteculas de aacutegua por ligantes inorgacircnicos Por sua vez estas estruturas ligantes por

serem maiores ou menos soluacuteveis dificultam o processo de troca iocircnica facilitando o

processo de precipitaccedilatildeo quiacutemica do metal (OUKI e KAVANNAGH 1999)

Apesar dos iacutendices de OD e do pH natildeo apresentarem desconformidade com os

limites da legislaccedilatildeo os valores de turbidez em todos os pontos de monitoramento apoacutes a

ruptura superaram o limite previsto de 100 NTU para rios de Classe 2 conforme a

Resoluccedilatildeo Conama 3572005 No ponto de monitoramento de Maacuterio Campos obteve-se

210 vezes o Limite Maacuteximo Permitido (LMP) de turbidez Ao comparar os dados antes e

apoacutes a ruptura tem-se que os valores antes ao rompimento tambeacutem superaram o limite

previsto

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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De acordo com o Informativo especial ldquoAvaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e

2018rdquo publicado pelo IGAM em 12 de fevereiro de 2019 avaliou-se o comportamento de

alguns paracircmetros de qualidade da aacutegua do rio Paraopeba Segundo a seacuterie histoacuterica da

bacia observa-se que em periacuteodos chuvosos a turbidez do rio ultrapassou 18 vezes o

limite legal permitido Isso indica que para o periacuteodo analisado sugere-se o aporte de soacutelido

de origem difusa na bacia ausecircncia de mata ciliar no entorno e a ocorrecircncia de processos

erosivos

A turbidez provoca nebulosidade ao rio reduzindo a passagem dos feixes de luz na

aacutegua Estaacute reduccedilatildeo daacute-se por absorccedilatildeo e espalhamento uma vez que as partiacuteculas que

provocam turbidez na aacutegua satildeo maiores que o comprimento de luz branca (VON

SPERLING 2000) Devido agrave presenccedila de soacutelidos de mateacuteria inorgacircnica em suspensatildeo

oriundos da lama de rejeitos que afetou o rio a turbidez reduz a fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo

aquaacutetica e influencia drasticamente nas comunidades aquaacuteticas conforme a Figura 4

Figura 4 Condiccedilatildeo do rio Paraopeba nos trechos iniciais ao rompimento da barragem

Fonte REUTERS 2019

Os soacutelidos da lama sedimentam-se no leito do rio podendo ateacute reter bacteacuterias e

resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (EMBRAPA 2004) Assim os

soacutelidos influenciam tambeacutem na demanda de OD Apesar do que foi verificado quanto aos

niacuteveis de OD pode-se inferir que a lama de rejeitos ainda natildeo se sedimentou totalmente no

leito do rio ao ponto de formar bancos de lodo Logo o OD eacute um paracircmetro que responde

lentamente agraves variaccedilotildees de carga de poluiccedilatildeo (CUNHA E FERREIRA 2019)

Aleacutem disso outro paracircmetro analisado eacute a condutividade eleacutetrica Embora natildeo

possua limite de legislaccedilatildeo sua anaacutelise permite verificar de forma indireta o comportamento

dos eletroacutelitos na aacutegua inclusive dos iacuteons de metal (IGAM 2019) Os valores para este

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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paracircmetro apoacutes a ruptura variam de 2940 a 13070 μscm Sendo que os valores antes e

apoacutes a ruptura apresentam pouca variaccedilatildeo

Ao analisar os paracircmetros antes e apoacutes a ruptura eacute possiacutevel calcular o IQA para cada

situaccedilatildeo Antes do rompimento da barragem o IQA obtido para a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de

Alberto Flores foi de 66 e apoacutes a ruptura o IQA obtido para o ponto de monitoramento de

Maacuterio Campos foi de 14 Ao analisar a classificaccedilatildeo de IQA do IGAM antes da ruptura o

IQA foi bom (70lt IQA le 90) ou seja a aacutegua apresentava condiccedilotildees apropriadas para o

tratamento convencional visando o abastecimento puacuteblico Apoacutes a ruptura o IQA eacute

considerado muito ruim (IQA le 25) ou seja a aacutegua eacute improacutepria para o tratamento

convencional sendo necessaacuterio tratamentos mais avanccedilados

Segundo o informativo especial de seacuterie histoacuterica de 2000 a 2018 do IGAM (2019)

citado anteriormente especialistas apontam a presenccedila de metais acima do que estipula a

legislaccedilatildeo ambiental para rios de Classe 2 A partir desse informativo e dos monitoramentos

obtidos pela SOS Mata Atlacircntica os teores de metais e de metais pesados analisados satildeo

da mesma magnitude ou inferiores aos teores maacuteximos encontrados As aacuteguas que

recebem efluentes contendo metais pesados apresentam ao fundo concentraccedilotildees elevadas

de sedimento (EMBRAPA 2004) Ao lanccedilar lamas insoluacuteveis contendo metais estas sofrem

transformaccedilotildees quiacutemicas sob a accedilatildeo bioloacutegica lanccedilando lentamente na corrente liacutequida

(EMBRAPA 2004)

A presenccedila de metais apoacutes a ruptura da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo eacute

apresentada na Tabela 4

Tabela 4 Valores meacutedios de concentraccedilatildeo de metais pesados apoacutes o rompimento da

barragem a partir dos monitoramentos da SOS Mata Atlacircntica

PRESENCcedilA DE METAIS NA AacuteGUA APOacuteS A RUPTURA

METAIS VALORES MEacuteDIOS (mgL) LIMITE MAacuteXIMO

PERMITIDO (mgL)

Ferro 6065 03

Cobre 357 0009

Manganecircs 2145 01

Cromo 1145 005

Fonte Autoria proacutepria 2019

A concentraccedilatildeo de metais verificada ao longo do curso do rio Paraopeba de acordo

com o LMP determinado pela resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 demonstra que toda a

extensatildeo do rio foi afetada criticamente Para todos os metais pesados analisados tem-se

concentraccedilotildees meacutedias acima do LMP Fatores como o pH temperatura e OD tambeacutem

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

17

influenciam na mobilidade e potencialidade toacutexica de vaacuterios metais (CARVALHO et al

2016) Em consequecircncia disso apoacutes o lanccedilamento de rejeitos na aacutegua estes paracircmetros

controlam os processos fiacutesicos- quiacutemicos de solubilidade dos metais sendo responsaacuteveis

por influenciar na concentraccedilatildeo e absorccedilatildeo pelos organismos

Contudo ao analisar a presenccedila de metais na aacutegua apoacutes a ruptura encontra-se

aproximadamente 202 vezes o LMP para o ferro e 2145 vezes o LMP para o manganecircs

Em concentraccedilotildees elevadas ambos os metais atribuem coloraccedilatildeo avermelhada sensaccedilatildeo

de adstringecircncia e sabor a aacutegua O ferro por exemplo aparece em aacuteguas subterracircneas

devido agrave dissoluccedilatildeo do mineacuterio devido a presenccedila do gaacutes carbocircnico da aacutegua Ao entrar em

contato com o ar oxida-se conferindo cor e sabor a aacutegua (CETESB 2018) Em alguns

casos altas concentraccedilotildees de ferro satildeo limitantes no crescimento de algas e outras plantas

(VON SPERLING 2000)

Outro iacutendice alarmante eacute a presenccedila de cobre aproximadamente 397 vezes o LMP

e a presenccedila de cromo 229 vezes o LMP Metais pesados como o cobre e cromo podem

causar diversos danos aos organismos podendo ficar disponiacuteveis na aacutegua ateacute serem

assimilados quimicamente ou biologicamente atraveacutes de associaccedilatildeo de estruturas

orgacircnicas (SOS 2019) Logo a presenccedila de quantidades elevadas de cobre na aacutegua pode

produzir vocircmitos sabor desagradaacutevel na aacutegua e uma extensa variedade de efeitos toacutexicos

Jaacute o cromo em condiccedilotildees elevadas pode causar problemas respiratoacuterios e modificaccedilotildees

hematoloacutegicas (VON SPERLING 2000)

5 CONCLUSAtildeO

O dano ambiental causado apoacutes o rompimento da Barragem do Complexo do

Coacuterrego do Feijatildeo tornou as aacuteguas do rio Paraopeba improacuteprias para o consumo pois

segundo os paracircmetros analisados temperatura turbidez e valores meacutedios de metais estatildeo

em desconformidade com os padrotildees da legislaccedilatildeo vigente exceto os paracircmetros OD pH

e condutividade eleacutetrica Aleacutem disso o IQA calculado apoacutes a ruptura da barragem eacute

classificado como muito ruim o que faz-se necessaacuterio o uso tratamentos mais avanccedilados

para o abastecimento puacuteblico

Verificou-se que o lanccedilamento de efluentes oriundos de rejeitos de mineacuterio no rio

deteriora a qualidade da aacutegua e possui consequecircncias prolongadas ao ecossistema

aquaacutetico Logo o impacto causado pelo volume de rejeitos eacute de difiacutecil anaacutelise pois ao

formarem misturas complexas de vaacuterios elementos quiacutemicos com a aacutegua tornam a

qualidade da aacutegua desse corpo drsquoaacutegua variaacutevel e de difiacutecil previsatildeo da capacidade de

autodepuraccedilatildeo

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

18

O principal problema ambiental do lanccedilamento de rejeitos na bacia do rio Paraopeba

foi o acuacutemulo dos rejeitos de mineacuterio na calha do rio gerando a necessidade de

monitoramento constante e de teacutecnicas de remediaccedilatildeo Apesar da bacia do rio Paraopeba

ter um histoacuterico de aumento dos niacuteveis de turbidez nos meses de cheia o impacto sobre

qualidade da aacutegua apoacutes o acontecimento eacute criacutetico comparado ao histoacuterico

Por enquanto o dimensionamento definitivo sobre o dano ambiental eacute imensuraacutevel

pois os resiacuteduos permaneceratildeo no ambiente por tempo indeterminado Deve se ter em

mente que o rio poderaacute se recuperar do impacto mas o ecossistema dificilmente voltaraacute agraves

condiccedilotildees de preacute-impacto Para isso eacute de suma importacircncia que medidas efetivas de

recuperaccedilatildeo ambiental sejam adotadas como por exemplo a remoccedilatildeo de parte dos

sedimentos depositados no leito do rio Portanto eacute fundamental que todos os oacutergatildeos

responsaacuteveis pela gestatildeo dos recursos hiacutedricos e pelas atividades mineraacuterias serem riacutegidos

quanto a este tipo de impacto e que cobrem com rigor medidas de recuperaccedilatildeo do recurso

hiacutedrico

6 RECOMENDACcedilOtildeES

Com base nas conclusotildees desta pesquisa e dos questionamentos que ainda podem

ser respondidos recomenda-se aplicar um modelo de qualidade da aacutegua que leve em

consideraccedilatildeo a presenccedila dos rejeitos de mineacuterio de ferro no leito do rio afim de entender

afundo a diversidade regional de problemas e soluccedilotildees concernentes para o rompimento

de barragens

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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CUNHA C L N FERREIRA A P Anaacutelise criacutetica por comparaccedilatildeo entre modelos de qualidade de aacutegua aplicados em rios poluiacutedos contribuiccedilotildees agrave sauacutede aacutegua e saneamento Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental v 24 ndeg3 p5-6 maijun 2019 DOI httpdxdoiorg101590s1413-41522019112332 Disponiacutevel em httpwwwscielobr scielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-41522019005007102 Acesso em 25 set 2019 EMBRAPA- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria Aplicaccedilatildeo do Biomonitoramento para Avaliaccedilatildeo da Qualidade da Aacutegua em Rios 1 Ed Satildeo Paulo Conceiccedilatildeo 2004 Disponiacutevel em httpswwwinfotecacnptiaembrapabrbitstreamdoc145181documentos36pdf Acesso em 31 out 2019 EDSDH Escola Superior Dom Helder Cacircmara O Rompimento de Barragens no Brasil e no Mundo Desastres mistos ou tecnoloacutegicos 2015 Disponiacutevel em ltwww domhelder edubrartigo_HRApdfgt Acesso em 23 mar 2019 FREITAS C M SILVA M A MENEZES F C O desastre na barragem de mineraccedilatildeo da Samarco- fratura exposta dos limites do Brasil na reduccedilatildeo de risco de desastres Ciecircncia e Cultura Satildeo Paulo v 68 n 3 p1-12 jul 2016 Bimestral Disponiacutevel em lthttpcienciaeculturabvsbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0009-67252016000300010gt Acesso em 23 mar 2019 G1 GLOBO MINAS (Minas Gerais) Bombeiros e defesa civil satildeo mobilizados para a chamada de rompimento de barragem em brumadinho na grande bh 2019 Disponiacutevel em lthttpsg1globocommgminas-geraisnoticia20190125bombeiros-e-defesa-civil-sao-mobilizados-para-chamada-de-rompimento-de-barragem-em-brumadinho-na-grande-bhghtmlgt Acesso em 23 mar 2019 GOOGLE EARTH Software Version Versatildeo 93972 2018-2019 2019 Disponiacutevel em httpsearthgooglecomweb Acesso em 2 set 2019 IGAM- Instituto Mineiro de Gestatildeo de Aacuteguas Informativo Especial Avaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e 2018 Informativo dos paracircmetros de qualidade das aacuteguas nos locais monitorados ao longo do Rio Paraopeba antes do desastre na barragem B1 no complexo da Mina Coacuterrego Feijatildeo da Mineradora ValeSA no municiacutepio de Brumadinho ndash Minas Gerais Belo Horizontep 18 2019 LACAZ F A C PORTO M F S PINHEIRO T M M Trageacutedias brasileiras contemporacircneas o caso do rompimento da barragem de rejeitos de Fundatildeo Samarco 2017 12 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Medicina Centro de Estudo de Sauacutede do Trabalhador e Ecologia Humana Universidade Federal de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2017 MACHADO W G F Monitoramento de barragens de contenccedilatildeo de rejeitos da mineraccedilatildeo 2007 155 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Engenharia de Minas e Petroacuteleo Departamento de Minas e de Petroacuteleo Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2007 MILANEZ Bruno et al Antes fosse mais leve a carga avaliaccedilatildeo dos aspectos econocircmicos poliacuteticos e sociais do desastre da SamarcoValeBHP em Mariana (MG) Belo Horizonte PoEMAS 2015 Disponiacutevel em ltufjfbrpoemasfiles201407PoEMAS-2015-Antes-fosse-mais-leve-a-carga-versatildeo-finalpdfgt Acesso em 23 mar 2019 MINAS Estado de Lama de barragem matou o Rio Paraopeba conclui estudo da SOS Mata Atlacircntica Especialista em recursos hiacutedricos da fundaccedilatildeo afirma que a Bacia do Paraopeba estaacute sem condiccedilotildees de vida aquaacutetica e do uso da aacutegua mas que pode voltar a viver 2019 Disponiacutevel em lthttpswwwemcombrappnoticiagerais20190228interna_gerais1034405lama-matou-o-rio-paraopeba-conclui-estudo-da-sos-mata-atlanticashtmlgt Acesso em 25 mar 2019

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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MORAES D S L JORDAtildeO B Q Degradaccedilatildeo de recursos hiacutedricos e seus efeitos sobre a sauacutede humana Revista Sauacutede Puacuteblica Satildeo Paulo v 36 ndeg3 p 2-5 mar 2002DOI http dxdoiorg101590S0034-89102002000300018Disponiacutevel em http wwwscielobr scielophp pid=S0034-89102002000300018ampscript=sci_abstractamptlng=pt Acesso em 1 nov 2019 Ouki S K Kavannagh M Treatment of metals-contaminated wastewaters by use of natural zeolites Water Sci Technol v39 ndeg 1011 p 115-122 mai 1999 DOI httpsdoiorg101016S0273-1223(99)00260-7Disponiacutevel em https www sciencedirect com science articleabspiiS0273122399002607 Acesso em 03 nov 2019 REUTERS Situaccedilatildeo do Rio Paraopeba dias apoacutes ruptura da barragem sd Fotografia Disponiacutevel em httpsbrreuterscomarticletopNewsidBRKCN1PJ1V0-OBRTP Acesso em 2 nov 2019 RICO M et al Reported tailings dam failures a review of the European incidents in the worldwide context Journal of Hazardous Materials Espanha v4 n 23 p 846-852 winter 2008 SALOMONS W FORSTNER U Heavy metals- problems and solutions Berlin Springer Verlag 1995 SAMPAIO A C S Metais pesados na aacutegua e sedimentos dos rios da Bacia do Alto Paraguai Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Curso de Saneamento Ambiental e Recursos Hiacutedricos Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Campo Grande 2003 SOS MATA ATLAcircNTICA Observando os Rios O retrato da qualidade da aacutegua na bacia do rio Paraopeba apoacutes o rompimento da barragem Coacuterrego do Feijatildeo- Minas Gerais2019 Disponiacutevel emlthttpswwwsosmaorgbrwp-contentuploads201902SOSMA_ExpedicaoParaopeba_ Relatorio pdf gt Acesso em 25 mar 2019 VALE- Instituto Tecnoloacutegico Vale Tecnologia de Barragens e Disposiccedilatildeo de Rejeitos 2019 Disponiacutevel em httpwwwitvorglinha-de-pesquisatecnologia-de-barragens-e-disposicao-de-rejeitos Acesso em 17 ago 2019 VON SPERLING M Introduccedilatildeo agrave qualidade das aacuteguas e ao tratamento de esgotos 2 Ed Belo Horizonte UFMG 2000 26-246p VON SPERLING M Introduccedilatildeo agrave qualidade das aacuteguas e ao tratamento de esgotos 4 Ed Belo Horizonte UFMG 2014 248p

Page 10: DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO DO RIO PARAOPEBA ...repositorio.ufgd.edu.br/.../2337/1/IzabellyCapilleBeloto.pdfSendo um parâmetro importante para a avaliação da qualidade de um corpo

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

8

Poreacutem a classificaccedilatildeo dos paracircmetros de qualidade para os rios de Classe 2 eacute o

mesmo adotado para rios de Classe 1 Os respectivos valores de paracircmetros de qualidade

constam na Tabela 1 onde para o pH os valores apresentados correspondem aos limites

inferiores e superiores da faixa de referecircncia Para OD e DBO o valor apresentado

corresponde ao valor miacutenimo de referecircncia estabelecido para o paracircmetro

Tabela 1- Paracircmetros de qualidade da aacutegua conforme Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg35705 para rios de Classe 2

PARAcircMETRO UNIDADE VALOR

pH - 60 - 90

Turbidez NTU 100

Oxigecircnio dissolvido (OD)

Demanda bioquiacutemica de oxigecircnio (DBO)

mg L-1 5

5

Fonte adaptado CONAMA 2005

Para o lanccedilamento de efluentes a temperatura maacutexima para corpos drsquoaacutegua eacute de

40degC A legislaccedilatildeo apresenta normatizaccedilatildeo restrita agraves aacuteguas de efluentes devido agrave alta

sazonalidade anual e diaacuteria no ambiente natural (MAIA 2017) Os efluentes atendem

condiccedilotildees especiacuteficas Aleacutem dos paracircmetros apresentados anteriormente a Resoluccedilatildeo

ndeg43011 apresenta limites maacuteximos para elementos quiacutemicos dissolvidos na aacutegua

conforme a Tabela 2

Tabela 2- Concentraccedilotildees maacuteximas de alguns elementos quiacutemicos conforme Resoluccedilatildeo CONAMA ndeg43011 para rios de Classe 2

ELEMENTO QUIacuteMICO VALOR MAacuteXIMO (microgl)

Ferro (Fe) 300

Manganecircs (Mn) 100

Cromo (Cr) 50

Cobre (Cu) 9

Fonte adaptado CONAMA 2011 3 METODOLOGIA

A metodologia desenvolvida por esta pesquisa baseia-se na utilizaccedilatildeo de dados de

pesquisas exploratoacuterias e bibliograacuteficas sobre a qualidade da aacutegua do rio Paraopeba a

montante e a jusante do lanccedilamento do rejeito de mineraccedilatildeo ocorrido em funccedilatildeo do

rompimento da Barragem da Mina Coacuterrego do Feijatildeo em Minas Gerais

A partir da aacuterea de estudo delimitada proacutexima as estaccedilotildees fluviomeacutetricas do Rio

Paraopeba e dos paracircmetros fiacutesicos quiacutemicos e bioloacutegicos obtidos pelas anaacutelises

119898119892 119871minus1

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

9

apresentadas pela Rede Hidrometeroloacutegica Nacional (RHN) operada pela Companhia de

Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM) foram feitas avaliaccedilotildees e o diagnoacutestico da

situaccedilatildeo das aacuteguas do Rio Paraopeba de acordo com legislaccedilatildeo ambiental vigente

(CONAMA)

A escolha das estaccedilotildees fluviomeacutetricas de Alberto Flores- 40740000 Ponte Nova do

Paraopeba- 40800001 e Ponte da Taquara- 40850000 da RHN foram fundamentais para a

pesquisa deste trabalho A RHN disponibilizou dados de niacutevel e de vazatildeo diaacuterios As vazotildees

diaacuterias eram obtidas atraveacutes de mediccedilotildees feitas com o uso de molinetes equipamentos

acuacutesticos (SONTEK M9 e RDI RiverRay) e curvas chaves Estabelecidas a partir de

mediccedilotildees de vazatildeo realizadas 3 a 4 vezes por ano durante as visitas de inspeccedilatildeo realizadas

pelo CPRM Aleacutem disso a partir destas mediccedilotildees eram feitas anaacutelises de 5 paracircmetros de

qualidade da aacutegua temperatura da aacutegua do rio pH do meio oxigecircnio dissolvido turbidez e

condutividade eleacutetrica Estas anaacutelises eram feitas in loco pela equipe do CPRM com o uso

de sonda multiparameacutetrica YSI EXO1 e Hydrolab MS5

Apesar do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos ser o uacutenico dentre os

escolhidos que natildeo era uma estaccedilatildeo fluviomeacutetrica antes da ruptura da barragem este ponto

atua na realizaccedilatildeo de mediccedilotildees de descarga liacutequida e soacutelida pelo CPRM As mediccedilotildees de

descarga soacutelida em suspensatildeo eram obtidas a partir da coleta de amostras 2D (2

dimensotildees) pela equipe do CPRM Utilizou-se amostradores tipo USBM-54 e Van Veen

para a determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de sedimentos permitindo o acompanhamento do

avanccedilo do rejeito ao longo da bacia

31 AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de estudo corresponde a bacia do Rio Paraopeba localizada na regiatildeo central

de Minas Gerais e que possui uma aacuterea de 12054 km2 (25 da aacuterea total de MG) e 510

km de extensatildeo do curso principal (IGAM 2013) O rio abrange cerca de 48 municiacutepios

sendo 35 municiacutepios sedes na bacia (CBHSF 2019) Possui sua nascente localizada ao

sul no municiacutepio de Cristiano Otoni e sua foz na represa de Trecircs Marias no municiacutepio de

Felixlacircndia em Minas Gerais (CBHSF 2019) Aleacutem disso o rio eacute responsaacutevel por 43 do

abastecimento puacuteblico da regiatildeo metropolitana de Belo Horizonte (COPASA 2019)

A bacia do Rio Paraopeba possui aacuterea de drenagem de 13640 km2 sendo que a

montante do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo local onde houve a ruptura da barragem possui aacuterea

de drenagem em torno de 4000 km2 (CPRM 2019) Afluente pela margem direita do rio

Paraopeba o ribeiratildeo Ferro Carvatildeo possui bacia de aacuterea 328 km2 e vazatildeo em torno de 600

Ls obtida por regionalizaccedilatildeo de vazotildees (CPRM 2019)

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

10

Segundo a Vale os rejeitos dispostos na barragem de alteamento agrave montante

ocupavam um volume de aproximadamente 117 milhotildees de m3 A barragem atingiu sua

elevaccedilatildeo maacutexima em meados de 2013 e deixou de receber rejeitos em 2016 A CPRM com

a utilizaccedilatildeo de imagens de sateacutelite delimitou que a aacuterea atingida foi de 31 km2 pelo rejeito

na bacia do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo A Figura 1 mostra a aacuterea atingida pela ruptura da

barragem deixando o ribeiratildeo e todo o entorno da aacuterea devastados

Figura 1 Aacuterea da barragem da Mina do Ribeiratildeo do Feijatildeo apoacutes a ruptura da barragem B1

Fonte Google Earth 2019

32 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS REDES DE MONITORAMENTO DA CPRM

As estaccedilotildees fluviomeacutetricas escolhidas para o presente trabalho foram definidas com

base no estudo e monitoramento do Rio Paraopeba realizados no periacuteodo de 2601 ateacute

3103 do ano de 2019 pelo CPRM Logo escolheu-se os pontos de monitoramento

representados na Quadro 1

Quadro 1 Pontos de monitoramento da bacia do rio Paraopeba

COacuteDIGO ESTACcedilAtildeO FLUVIOMEacuteTRICA AacuteREA

(km2) LAT LONG

DIST DA

BARRAGEM

40740000 Alberto Flores 3945 - 200945 ‐0440938 1km a montante

40800001 Ponte Nova do Paraopeba 5680 -195657 ‐0441819 57 km

40850000 Ponte Taquaraacute 8720 -192523 ‐0443258 176 km

- Maacuterio Campos - -200311 -0441148 29 km

Fonte adaptado CPRM2019

A CPRM com a participaccedilatildeo de oacutergatildeos puacuteblicos promoveram os monitoramentos

diaacuterios de niacutevel vazatildeo descarga soacutelida e granulometria do material em suspensatildeo A

estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores situa-se a montante da confluecircncia com o Ribeiratildeo

Ferro Carvatildeo enquanto os demais pontos de monitoramento situam-se a jusante da

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

11

confluecircncia Essa escolha permitiu acompanhar por meio dos monitoramentos o avanccedilo da

pluma de rejeitos na bacia do rio Paraopeba

A Figura 2 mostra a localidade dos pontos de monitoramento ao longo do rio

Paraopeba

Figura 2 Pontos de monitoramento do rio Paraopeba

Fonte Adaptado CPRM2019

33 DADOS DE ESTUDO

O levantamento das caracteriacutesticas do rio agrave montante e a jusante do lanccedilamento em

conjunto com os dados do efluente lanccedilado satildeo fundamentais para o iniacutecio do estudo de

diagnoacutestico da qualidade da aacutegua do Rio Paraopeba A partir desses dados eacute possiacutevel com

base nos limites estabelecidos pela legislaccedilatildeo estabelecer avaliaccedilotildees Os dados

necessaacuterios ao estudo satildeo apresentados na Figura 3

Figura 3- Metodologia de levantamento de dados para o estudo da bacia do rio Paraopeba

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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Fonte Autoria proacutepria 2019

Logo considerando que a montante da confluecircncia com Ribeiratildeo Ferro Carvatildeo estaacute

situada a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores pertencente a RHN verifica-se que a

vazatildeo do rio obtida nesse ponto antes da ruptura eacute a Q710 (vazatildeo miacutenima com periacuteodo de

retorno de 10 anos e duraccedilatildeo de 7 dias consecutivos) de 124 m3s Considerando que a

jusante da ruptura da barragem de rejeitos estaacute a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Ponte Nova do

Paraopeba pertencente tambeacutem a RHN a vazatildeo obtida antes da ruptura eacute a Q710 de 154

m3s (CPRM 2019)

A vazatildeo contribui em larga escala para a morfologia e hidrografia do rio Em periacuteodos

de grande descarga (periacuteodo de cheia) natildeo haacute distinccedilatildeo entre aacutereas de remanso e de

correnteza havendo pouca retenccedilatildeo de aacutegua (EMBRAPA 2004)

Quanto ao levantamento de dados do rejeito sabe-se que o volume ocupado era de

117 m3 (VALE 2019) O relatoacuterio final da composiccedilatildeo do rejeito ainda natildeo foi divulgado

mas sabe-se que existe uma toxidade quiacutemica semelhante a composiccedilatildeo da lama do

rompimento da barragem de Mariana em 2015 (ESTADO DE MINAS 2019)

Aleacutem do monitoramento realizado pelo CPRM o IGAM (Instituto Mineiro de Gestatildeo das

Aacuteguas) composto de 8 pontos de monitoramento gerou dados de paracircmetros de qualidade

da aacutegua referentes a seacuterie histoacuterica entre os anos de 2000 a 2018 com o objetivo de

propiciar uma anaacutelise comparativa entre a qualidade da antes e apoacutes a ruptura da

barragem

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

13

Outra fonte de dados utilizada no presente trabalho dizem respeito as mediccedilotildees

realizadas pela equipe teacutecnica da Fundaccedilatildeo SOS Mata Atlacircntica que acompanhou o

deslocamento da onda de rejeitos sobre 305 km do rio Paraopeba do dia 31 de janeiro de

2019 ateacute o dia 9 de fevereiro do mesmo ano O impacto dos rejeitos sobre a qualidade da

aacutegua foi medido em 22 pontos de monitoramento de 2 formas sendo a partir de amostras

de superfiacutecie com mediccedilotildees realizadas a 30 cm da lacircmina drsquoagua e por coluna drsquoaacutegua a

partir de 2m de profundidade (SOS 2019)

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

O dano ambiental na bacia do rio Paraopeba ocorreu no periacuteodo da piracema que

teve iniacutecio em novembro e teve fim em fevereiro (SOS 2019) O volume de rejeitos lanccedilados

na regiatildeo principalmente a grande quantidade de soacutelidos em suspensatildeo deixou a aacutegua

com cor intensa e turbidez elevada A Tabela 3 apresenta os valores maacuteximos e miacutenimos

de 5 paracircmetros da qualidade da aacutegua obtidos pelo monitoramento das estaccedilotildees

fluviomeacutetricas e do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos pertencentes a RHN antes

e depois da ruptura da barragem de Coacuterrego do Feijatildeo

Tabela 3 Paracircmetros de qualidade da aacutegua antes e depois da ruptura da barragem de

Coacuterrego do Feijatildeo com base nos dados das mediccedilotildees da CPRM (2019)

QUALIDADE DA AacuteGUA DO RIO PARAOPEBA NOS PONTOS DE MONITORAMENTO

PARAcircMETROS

CONAMA

VALORES

ANTES DA RUPTURA seacuterie histoacuterica (2000 a 2018)

DEPOIS DA RUPTURA 2601 a 3103

Alberto Flores

Ponte Nova do

Paraopeba

Ponte Taquaraacute

Maacuterio Campos

Ponte Nova do

Paraopeba

Ponte Taquaraacute

Temperatura da aacutegua (Cdeg)

Maacutex

2650 2750 2690 3120 2970 3070

40

Miacuten 1510 1700 1700 2300 2370 2460

OD (mgL)

5 Maacutex

970 971 914 820 768 780

Miacuten

714 360 475 625 533 529

pH

60 - 90 Maacutex

823 823 814 782 737 766

Miacuten

607 607 675 608 661 652

Condutividade eleacutetrica (μscm)

- Maacutex

12810 16100 15690 12700 13070 13060

Miacuten

4380 2420 3650 2940 7370 4770

Turbidez (NTU)

100 Maacutex

76400 75000 38100 2103120 1326450 168190

Miacuten 440 210 290 36640 1970 1140

Fonte Autoria proacutepria 2019

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

14

Obs Todos os dados encontrados antes da ruptura satildeo compatiacuteveis com os registrados na

seacuterie histoacuterica de 2002 a 2018 das estaccedilotildees fluviomeacutetricas exceto os valores para turbidez de 2013

a 2018 (CPRM 2019)

De modo geral o rio Paraopeba encontra-se gravemente afetado entre 30 a 60 km

de distacircncia da barragem O aumento da temperatura apoacutes a ruptura da barragem eacute

justificado pelo lanccedilamento de despejos de rejeitos de mineraccedilatildeo na bacia do rio O ponto

de monitoramento de Maacuterio Campos apresentou a maior temperatura da aacutegua atingindo

um valor superior a 30degC Em geral agrave medida que a temperatura aumenta a taxa de

reaccedilotildees quiacutemicas e bioloacutegicas sofrem aumento (VON SPERLING 2000)

A variaccedilatildeo de temperatura eacute responsaacutevel por aumentar a taxa das reaccedilotildees quiacutemicas

e bioloacutegicas um dos principais fatores de controle direto da concentraccedilatildeo de OD na aacutegua

(EMBRAPA 2004) Com a elevaccedilatildeo da temperatura ocorre o aumento da taxa em que os

nutrientes aderidos aos soacutelidos suspensos satildeo convertidos em formas soluacuteveis

Poreacutem apoacutes a ruptura da barragem a faixa de concentraccedilatildeo de OD apresentou

queda em termos meacutedios de 806 para os 3 pontos de monitoramento apresentados na

Tabela 3 O valor miacutenimo obtido foi de 529 mgL na estaccedilatildeo fluviomeacutetrica da Ponte

Taquara Os valores estatildeo em conformidade com os limites previstos para os rios de classe

2 que segundo a Resoluccedilatildeo Conama 3572005 deve ser maior que 5 mgL

O mesmo aplica-se para os iacutendices de pH que em termos meacutedios apresentou queda

de 137 O pH possui efeito indireto sobre a precipitaccedilatildeo de elementos quiacutemicos toacutexicos

como os metais pesados (EMBRAPA 2004) Apesar dos iacutendices analisados estarem

compatiacuteveis com o limite de 6 a 9 para rios de Classe 2 os valores apoacutes a ruptura estatildeo na

faixa de 6 a 8 Para que ocorra a precipitaccedilatildeo quiacutemica de metais pesados o ideal eacute que o

pH do meio seja elevado ou seja superior a 70 (EMBRAPA 2004) Conforme o pH

aumenta ocorre o aumento da concentraccedilatildeo de complexos dos quais substituem as

moleacuteculas de aacutegua por ligantes inorgacircnicos Por sua vez estas estruturas ligantes por

serem maiores ou menos soluacuteveis dificultam o processo de troca iocircnica facilitando o

processo de precipitaccedilatildeo quiacutemica do metal (OUKI e KAVANNAGH 1999)

Apesar dos iacutendices de OD e do pH natildeo apresentarem desconformidade com os

limites da legislaccedilatildeo os valores de turbidez em todos os pontos de monitoramento apoacutes a

ruptura superaram o limite previsto de 100 NTU para rios de Classe 2 conforme a

Resoluccedilatildeo Conama 3572005 No ponto de monitoramento de Maacuterio Campos obteve-se

210 vezes o Limite Maacuteximo Permitido (LMP) de turbidez Ao comparar os dados antes e

apoacutes a ruptura tem-se que os valores antes ao rompimento tambeacutem superaram o limite

previsto

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

15

De acordo com o Informativo especial ldquoAvaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e

2018rdquo publicado pelo IGAM em 12 de fevereiro de 2019 avaliou-se o comportamento de

alguns paracircmetros de qualidade da aacutegua do rio Paraopeba Segundo a seacuterie histoacuterica da

bacia observa-se que em periacuteodos chuvosos a turbidez do rio ultrapassou 18 vezes o

limite legal permitido Isso indica que para o periacuteodo analisado sugere-se o aporte de soacutelido

de origem difusa na bacia ausecircncia de mata ciliar no entorno e a ocorrecircncia de processos

erosivos

A turbidez provoca nebulosidade ao rio reduzindo a passagem dos feixes de luz na

aacutegua Estaacute reduccedilatildeo daacute-se por absorccedilatildeo e espalhamento uma vez que as partiacuteculas que

provocam turbidez na aacutegua satildeo maiores que o comprimento de luz branca (VON

SPERLING 2000) Devido agrave presenccedila de soacutelidos de mateacuteria inorgacircnica em suspensatildeo

oriundos da lama de rejeitos que afetou o rio a turbidez reduz a fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo

aquaacutetica e influencia drasticamente nas comunidades aquaacuteticas conforme a Figura 4

Figura 4 Condiccedilatildeo do rio Paraopeba nos trechos iniciais ao rompimento da barragem

Fonte REUTERS 2019

Os soacutelidos da lama sedimentam-se no leito do rio podendo ateacute reter bacteacuterias e

resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (EMBRAPA 2004) Assim os

soacutelidos influenciam tambeacutem na demanda de OD Apesar do que foi verificado quanto aos

niacuteveis de OD pode-se inferir que a lama de rejeitos ainda natildeo se sedimentou totalmente no

leito do rio ao ponto de formar bancos de lodo Logo o OD eacute um paracircmetro que responde

lentamente agraves variaccedilotildees de carga de poluiccedilatildeo (CUNHA E FERREIRA 2019)

Aleacutem disso outro paracircmetro analisado eacute a condutividade eleacutetrica Embora natildeo

possua limite de legislaccedilatildeo sua anaacutelise permite verificar de forma indireta o comportamento

dos eletroacutelitos na aacutegua inclusive dos iacuteons de metal (IGAM 2019) Os valores para este

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

16

paracircmetro apoacutes a ruptura variam de 2940 a 13070 μscm Sendo que os valores antes e

apoacutes a ruptura apresentam pouca variaccedilatildeo

Ao analisar os paracircmetros antes e apoacutes a ruptura eacute possiacutevel calcular o IQA para cada

situaccedilatildeo Antes do rompimento da barragem o IQA obtido para a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de

Alberto Flores foi de 66 e apoacutes a ruptura o IQA obtido para o ponto de monitoramento de

Maacuterio Campos foi de 14 Ao analisar a classificaccedilatildeo de IQA do IGAM antes da ruptura o

IQA foi bom (70lt IQA le 90) ou seja a aacutegua apresentava condiccedilotildees apropriadas para o

tratamento convencional visando o abastecimento puacuteblico Apoacutes a ruptura o IQA eacute

considerado muito ruim (IQA le 25) ou seja a aacutegua eacute improacutepria para o tratamento

convencional sendo necessaacuterio tratamentos mais avanccedilados

Segundo o informativo especial de seacuterie histoacuterica de 2000 a 2018 do IGAM (2019)

citado anteriormente especialistas apontam a presenccedila de metais acima do que estipula a

legislaccedilatildeo ambiental para rios de Classe 2 A partir desse informativo e dos monitoramentos

obtidos pela SOS Mata Atlacircntica os teores de metais e de metais pesados analisados satildeo

da mesma magnitude ou inferiores aos teores maacuteximos encontrados As aacuteguas que

recebem efluentes contendo metais pesados apresentam ao fundo concentraccedilotildees elevadas

de sedimento (EMBRAPA 2004) Ao lanccedilar lamas insoluacuteveis contendo metais estas sofrem

transformaccedilotildees quiacutemicas sob a accedilatildeo bioloacutegica lanccedilando lentamente na corrente liacutequida

(EMBRAPA 2004)

A presenccedila de metais apoacutes a ruptura da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo eacute

apresentada na Tabela 4

Tabela 4 Valores meacutedios de concentraccedilatildeo de metais pesados apoacutes o rompimento da

barragem a partir dos monitoramentos da SOS Mata Atlacircntica

PRESENCcedilA DE METAIS NA AacuteGUA APOacuteS A RUPTURA

METAIS VALORES MEacuteDIOS (mgL) LIMITE MAacuteXIMO

PERMITIDO (mgL)

Ferro 6065 03

Cobre 357 0009

Manganecircs 2145 01

Cromo 1145 005

Fonte Autoria proacutepria 2019

A concentraccedilatildeo de metais verificada ao longo do curso do rio Paraopeba de acordo

com o LMP determinado pela resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 demonstra que toda a

extensatildeo do rio foi afetada criticamente Para todos os metais pesados analisados tem-se

concentraccedilotildees meacutedias acima do LMP Fatores como o pH temperatura e OD tambeacutem

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

17

influenciam na mobilidade e potencialidade toacutexica de vaacuterios metais (CARVALHO et al

2016) Em consequecircncia disso apoacutes o lanccedilamento de rejeitos na aacutegua estes paracircmetros

controlam os processos fiacutesicos- quiacutemicos de solubilidade dos metais sendo responsaacuteveis

por influenciar na concentraccedilatildeo e absorccedilatildeo pelos organismos

Contudo ao analisar a presenccedila de metais na aacutegua apoacutes a ruptura encontra-se

aproximadamente 202 vezes o LMP para o ferro e 2145 vezes o LMP para o manganecircs

Em concentraccedilotildees elevadas ambos os metais atribuem coloraccedilatildeo avermelhada sensaccedilatildeo

de adstringecircncia e sabor a aacutegua O ferro por exemplo aparece em aacuteguas subterracircneas

devido agrave dissoluccedilatildeo do mineacuterio devido a presenccedila do gaacutes carbocircnico da aacutegua Ao entrar em

contato com o ar oxida-se conferindo cor e sabor a aacutegua (CETESB 2018) Em alguns

casos altas concentraccedilotildees de ferro satildeo limitantes no crescimento de algas e outras plantas

(VON SPERLING 2000)

Outro iacutendice alarmante eacute a presenccedila de cobre aproximadamente 397 vezes o LMP

e a presenccedila de cromo 229 vezes o LMP Metais pesados como o cobre e cromo podem

causar diversos danos aos organismos podendo ficar disponiacuteveis na aacutegua ateacute serem

assimilados quimicamente ou biologicamente atraveacutes de associaccedilatildeo de estruturas

orgacircnicas (SOS 2019) Logo a presenccedila de quantidades elevadas de cobre na aacutegua pode

produzir vocircmitos sabor desagradaacutevel na aacutegua e uma extensa variedade de efeitos toacutexicos

Jaacute o cromo em condiccedilotildees elevadas pode causar problemas respiratoacuterios e modificaccedilotildees

hematoloacutegicas (VON SPERLING 2000)

5 CONCLUSAtildeO

O dano ambiental causado apoacutes o rompimento da Barragem do Complexo do

Coacuterrego do Feijatildeo tornou as aacuteguas do rio Paraopeba improacuteprias para o consumo pois

segundo os paracircmetros analisados temperatura turbidez e valores meacutedios de metais estatildeo

em desconformidade com os padrotildees da legislaccedilatildeo vigente exceto os paracircmetros OD pH

e condutividade eleacutetrica Aleacutem disso o IQA calculado apoacutes a ruptura da barragem eacute

classificado como muito ruim o que faz-se necessaacuterio o uso tratamentos mais avanccedilados

para o abastecimento puacuteblico

Verificou-se que o lanccedilamento de efluentes oriundos de rejeitos de mineacuterio no rio

deteriora a qualidade da aacutegua e possui consequecircncias prolongadas ao ecossistema

aquaacutetico Logo o impacto causado pelo volume de rejeitos eacute de difiacutecil anaacutelise pois ao

formarem misturas complexas de vaacuterios elementos quiacutemicos com a aacutegua tornam a

qualidade da aacutegua desse corpo drsquoaacutegua variaacutevel e de difiacutecil previsatildeo da capacidade de

autodepuraccedilatildeo

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

18

O principal problema ambiental do lanccedilamento de rejeitos na bacia do rio Paraopeba

foi o acuacutemulo dos rejeitos de mineacuterio na calha do rio gerando a necessidade de

monitoramento constante e de teacutecnicas de remediaccedilatildeo Apesar da bacia do rio Paraopeba

ter um histoacuterico de aumento dos niacuteveis de turbidez nos meses de cheia o impacto sobre

qualidade da aacutegua apoacutes o acontecimento eacute criacutetico comparado ao histoacuterico

Por enquanto o dimensionamento definitivo sobre o dano ambiental eacute imensuraacutevel

pois os resiacuteduos permaneceratildeo no ambiente por tempo indeterminado Deve se ter em

mente que o rio poderaacute se recuperar do impacto mas o ecossistema dificilmente voltaraacute agraves

condiccedilotildees de preacute-impacto Para isso eacute de suma importacircncia que medidas efetivas de

recuperaccedilatildeo ambiental sejam adotadas como por exemplo a remoccedilatildeo de parte dos

sedimentos depositados no leito do rio Portanto eacute fundamental que todos os oacutergatildeos

responsaacuteveis pela gestatildeo dos recursos hiacutedricos e pelas atividades mineraacuterias serem riacutegidos

quanto a este tipo de impacto e que cobrem com rigor medidas de recuperaccedilatildeo do recurso

hiacutedrico

6 RECOMENDACcedilOtildeES

Com base nas conclusotildees desta pesquisa e dos questionamentos que ainda podem

ser respondidos recomenda-se aplicar um modelo de qualidade da aacutegua que leve em

consideraccedilatildeo a presenccedila dos rejeitos de mineacuterio de ferro no leito do rio afim de entender

afundo a diversidade regional de problemas e soluccedilotildees concernentes para o rompimento

de barragens

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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Page 11: DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO DO RIO PARAOPEBA ...repositorio.ufgd.edu.br/.../2337/1/IzabellyCapilleBeloto.pdfSendo um parâmetro importante para a avaliação da qualidade de um corpo

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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apresentadas pela Rede Hidrometeroloacutegica Nacional (RHN) operada pela Companhia de

Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM) foram feitas avaliaccedilotildees e o diagnoacutestico da

situaccedilatildeo das aacuteguas do Rio Paraopeba de acordo com legislaccedilatildeo ambiental vigente

(CONAMA)

A escolha das estaccedilotildees fluviomeacutetricas de Alberto Flores- 40740000 Ponte Nova do

Paraopeba- 40800001 e Ponte da Taquara- 40850000 da RHN foram fundamentais para a

pesquisa deste trabalho A RHN disponibilizou dados de niacutevel e de vazatildeo diaacuterios As vazotildees

diaacuterias eram obtidas atraveacutes de mediccedilotildees feitas com o uso de molinetes equipamentos

acuacutesticos (SONTEK M9 e RDI RiverRay) e curvas chaves Estabelecidas a partir de

mediccedilotildees de vazatildeo realizadas 3 a 4 vezes por ano durante as visitas de inspeccedilatildeo realizadas

pelo CPRM Aleacutem disso a partir destas mediccedilotildees eram feitas anaacutelises de 5 paracircmetros de

qualidade da aacutegua temperatura da aacutegua do rio pH do meio oxigecircnio dissolvido turbidez e

condutividade eleacutetrica Estas anaacutelises eram feitas in loco pela equipe do CPRM com o uso

de sonda multiparameacutetrica YSI EXO1 e Hydrolab MS5

Apesar do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos ser o uacutenico dentre os

escolhidos que natildeo era uma estaccedilatildeo fluviomeacutetrica antes da ruptura da barragem este ponto

atua na realizaccedilatildeo de mediccedilotildees de descarga liacutequida e soacutelida pelo CPRM As mediccedilotildees de

descarga soacutelida em suspensatildeo eram obtidas a partir da coleta de amostras 2D (2

dimensotildees) pela equipe do CPRM Utilizou-se amostradores tipo USBM-54 e Van Veen

para a determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de sedimentos permitindo o acompanhamento do

avanccedilo do rejeito ao longo da bacia

31 AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de estudo corresponde a bacia do Rio Paraopeba localizada na regiatildeo central

de Minas Gerais e que possui uma aacuterea de 12054 km2 (25 da aacuterea total de MG) e 510

km de extensatildeo do curso principal (IGAM 2013) O rio abrange cerca de 48 municiacutepios

sendo 35 municiacutepios sedes na bacia (CBHSF 2019) Possui sua nascente localizada ao

sul no municiacutepio de Cristiano Otoni e sua foz na represa de Trecircs Marias no municiacutepio de

Felixlacircndia em Minas Gerais (CBHSF 2019) Aleacutem disso o rio eacute responsaacutevel por 43 do

abastecimento puacuteblico da regiatildeo metropolitana de Belo Horizonte (COPASA 2019)

A bacia do Rio Paraopeba possui aacuterea de drenagem de 13640 km2 sendo que a

montante do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo local onde houve a ruptura da barragem possui aacuterea

de drenagem em torno de 4000 km2 (CPRM 2019) Afluente pela margem direita do rio

Paraopeba o ribeiratildeo Ferro Carvatildeo possui bacia de aacuterea 328 km2 e vazatildeo em torno de 600

Ls obtida por regionalizaccedilatildeo de vazotildees (CPRM 2019)

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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Segundo a Vale os rejeitos dispostos na barragem de alteamento agrave montante

ocupavam um volume de aproximadamente 117 milhotildees de m3 A barragem atingiu sua

elevaccedilatildeo maacutexima em meados de 2013 e deixou de receber rejeitos em 2016 A CPRM com

a utilizaccedilatildeo de imagens de sateacutelite delimitou que a aacuterea atingida foi de 31 km2 pelo rejeito

na bacia do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo A Figura 1 mostra a aacuterea atingida pela ruptura da

barragem deixando o ribeiratildeo e todo o entorno da aacuterea devastados

Figura 1 Aacuterea da barragem da Mina do Ribeiratildeo do Feijatildeo apoacutes a ruptura da barragem B1

Fonte Google Earth 2019

32 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS REDES DE MONITORAMENTO DA CPRM

As estaccedilotildees fluviomeacutetricas escolhidas para o presente trabalho foram definidas com

base no estudo e monitoramento do Rio Paraopeba realizados no periacuteodo de 2601 ateacute

3103 do ano de 2019 pelo CPRM Logo escolheu-se os pontos de monitoramento

representados na Quadro 1

Quadro 1 Pontos de monitoramento da bacia do rio Paraopeba

COacuteDIGO ESTACcedilAtildeO FLUVIOMEacuteTRICA AacuteREA

(km2) LAT LONG

DIST DA

BARRAGEM

40740000 Alberto Flores 3945 - 200945 ‐0440938 1km a montante

40800001 Ponte Nova do Paraopeba 5680 -195657 ‐0441819 57 km

40850000 Ponte Taquaraacute 8720 -192523 ‐0443258 176 km

- Maacuterio Campos - -200311 -0441148 29 km

Fonte adaptado CPRM2019

A CPRM com a participaccedilatildeo de oacutergatildeos puacuteblicos promoveram os monitoramentos

diaacuterios de niacutevel vazatildeo descarga soacutelida e granulometria do material em suspensatildeo A

estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores situa-se a montante da confluecircncia com o Ribeiratildeo

Ferro Carvatildeo enquanto os demais pontos de monitoramento situam-se a jusante da

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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confluecircncia Essa escolha permitiu acompanhar por meio dos monitoramentos o avanccedilo da

pluma de rejeitos na bacia do rio Paraopeba

A Figura 2 mostra a localidade dos pontos de monitoramento ao longo do rio

Paraopeba

Figura 2 Pontos de monitoramento do rio Paraopeba

Fonte Adaptado CPRM2019

33 DADOS DE ESTUDO

O levantamento das caracteriacutesticas do rio agrave montante e a jusante do lanccedilamento em

conjunto com os dados do efluente lanccedilado satildeo fundamentais para o iniacutecio do estudo de

diagnoacutestico da qualidade da aacutegua do Rio Paraopeba A partir desses dados eacute possiacutevel com

base nos limites estabelecidos pela legislaccedilatildeo estabelecer avaliaccedilotildees Os dados

necessaacuterios ao estudo satildeo apresentados na Figura 3

Figura 3- Metodologia de levantamento de dados para o estudo da bacia do rio Paraopeba

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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Fonte Autoria proacutepria 2019

Logo considerando que a montante da confluecircncia com Ribeiratildeo Ferro Carvatildeo estaacute

situada a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores pertencente a RHN verifica-se que a

vazatildeo do rio obtida nesse ponto antes da ruptura eacute a Q710 (vazatildeo miacutenima com periacuteodo de

retorno de 10 anos e duraccedilatildeo de 7 dias consecutivos) de 124 m3s Considerando que a

jusante da ruptura da barragem de rejeitos estaacute a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Ponte Nova do

Paraopeba pertencente tambeacutem a RHN a vazatildeo obtida antes da ruptura eacute a Q710 de 154

m3s (CPRM 2019)

A vazatildeo contribui em larga escala para a morfologia e hidrografia do rio Em periacuteodos

de grande descarga (periacuteodo de cheia) natildeo haacute distinccedilatildeo entre aacutereas de remanso e de

correnteza havendo pouca retenccedilatildeo de aacutegua (EMBRAPA 2004)

Quanto ao levantamento de dados do rejeito sabe-se que o volume ocupado era de

117 m3 (VALE 2019) O relatoacuterio final da composiccedilatildeo do rejeito ainda natildeo foi divulgado

mas sabe-se que existe uma toxidade quiacutemica semelhante a composiccedilatildeo da lama do

rompimento da barragem de Mariana em 2015 (ESTADO DE MINAS 2019)

Aleacutem do monitoramento realizado pelo CPRM o IGAM (Instituto Mineiro de Gestatildeo das

Aacuteguas) composto de 8 pontos de monitoramento gerou dados de paracircmetros de qualidade

da aacutegua referentes a seacuterie histoacuterica entre os anos de 2000 a 2018 com o objetivo de

propiciar uma anaacutelise comparativa entre a qualidade da antes e apoacutes a ruptura da

barragem

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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Outra fonte de dados utilizada no presente trabalho dizem respeito as mediccedilotildees

realizadas pela equipe teacutecnica da Fundaccedilatildeo SOS Mata Atlacircntica que acompanhou o

deslocamento da onda de rejeitos sobre 305 km do rio Paraopeba do dia 31 de janeiro de

2019 ateacute o dia 9 de fevereiro do mesmo ano O impacto dos rejeitos sobre a qualidade da

aacutegua foi medido em 22 pontos de monitoramento de 2 formas sendo a partir de amostras

de superfiacutecie com mediccedilotildees realizadas a 30 cm da lacircmina drsquoagua e por coluna drsquoaacutegua a

partir de 2m de profundidade (SOS 2019)

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

O dano ambiental na bacia do rio Paraopeba ocorreu no periacuteodo da piracema que

teve iniacutecio em novembro e teve fim em fevereiro (SOS 2019) O volume de rejeitos lanccedilados

na regiatildeo principalmente a grande quantidade de soacutelidos em suspensatildeo deixou a aacutegua

com cor intensa e turbidez elevada A Tabela 3 apresenta os valores maacuteximos e miacutenimos

de 5 paracircmetros da qualidade da aacutegua obtidos pelo monitoramento das estaccedilotildees

fluviomeacutetricas e do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos pertencentes a RHN antes

e depois da ruptura da barragem de Coacuterrego do Feijatildeo

Tabela 3 Paracircmetros de qualidade da aacutegua antes e depois da ruptura da barragem de

Coacuterrego do Feijatildeo com base nos dados das mediccedilotildees da CPRM (2019)

QUALIDADE DA AacuteGUA DO RIO PARAOPEBA NOS PONTOS DE MONITORAMENTO

PARAcircMETROS

CONAMA

VALORES

ANTES DA RUPTURA seacuterie histoacuterica (2000 a 2018)

DEPOIS DA RUPTURA 2601 a 3103

Alberto Flores

Ponte Nova do

Paraopeba

Ponte Taquaraacute

Maacuterio Campos

Ponte Nova do

Paraopeba

Ponte Taquaraacute

Temperatura da aacutegua (Cdeg)

Maacutex

2650 2750 2690 3120 2970 3070

40

Miacuten 1510 1700 1700 2300 2370 2460

OD (mgL)

5 Maacutex

970 971 914 820 768 780

Miacuten

714 360 475 625 533 529

pH

60 - 90 Maacutex

823 823 814 782 737 766

Miacuten

607 607 675 608 661 652

Condutividade eleacutetrica (μscm)

- Maacutex

12810 16100 15690 12700 13070 13060

Miacuten

4380 2420 3650 2940 7370 4770

Turbidez (NTU)

100 Maacutex

76400 75000 38100 2103120 1326450 168190

Miacuten 440 210 290 36640 1970 1140

Fonte Autoria proacutepria 2019

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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Obs Todos os dados encontrados antes da ruptura satildeo compatiacuteveis com os registrados na

seacuterie histoacuterica de 2002 a 2018 das estaccedilotildees fluviomeacutetricas exceto os valores para turbidez de 2013

a 2018 (CPRM 2019)

De modo geral o rio Paraopeba encontra-se gravemente afetado entre 30 a 60 km

de distacircncia da barragem O aumento da temperatura apoacutes a ruptura da barragem eacute

justificado pelo lanccedilamento de despejos de rejeitos de mineraccedilatildeo na bacia do rio O ponto

de monitoramento de Maacuterio Campos apresentou a maior temperatura da aacutegua atingindo

um valor superior a 30degC Em geral agrave medida que a temperatura aumenta a taxa de

reaccedilotildees quiacutemicas e bioloacutegicas sofrem aumento (VON SPERLING 2000)

A variaccedilatildeo de temperatura eacute responsaacutevel por aumentar a taxa das reaccedilotildees quiacutemicas

e bioloacutegicas um dos principais fatores de controle direto da concentraccedilatildeo de OD na aacutegua

(EMBRAPA 2004) Com a elevaccedilatildeo da temperatura ocorre o aumento da taxa em que os

nutrientes aderidos aos soacutelidos suspensos satildeo convertidos em formas soluacuteveis

Poreacutem apoacutes a ruptura da barragem a faixa de concentraccedilatildeo de OD apresentou

queda em termos meacutedios de 806 para os 3 pontos de monitoramento apresentados na

Tabela 3 O valor miacutenimo obtido foi de 529 mgL na estaccedilatildeo fluviomeacutetrica da Ponte

Taquara Os valores estatildeo em conformidade com os limites previstos para os rios de classe

2 que segundo a Resoluccedilatildeo Conama 3572005 deve ser maior que 5 mgL

O mesmo aplica-se para os iacutendices de pH que em termos meacutedios apresentou queda

de 137 O pH possui efeito indireto sobre a precipitaccedilatildeo de elementos quiacutemicos toacutexicos

como os metais pesados (EMBRAPA 2004) Apesar dos iacutendices analisados estarem

compatiacuteveis com o limite de 6 a 9 para rios de Classe 2 os valores apoacutes a ruptura estatildeo na

faixa de 6 a 8 Para que ocorra a precipitaccedilatildeo quiacutemica de metais pesados o ideal eacute que o

pH do meio seja elevado ou seja superior a 70 (EMBRAPA 2004) Conforme o pH

aumenta ocorre o aumento da concentraccedilatildeo de complexos dos quais substituem as

moleacuteculas de aacutegua por ligantes inorgacircnicos Por sua vez estas estruturas ligantes por

serem maiores ou menos soluacuteveis dificultam o processo de troca iocircnica facilitando o

processo de precipitaccedilatildeo quiacutemica do metal (OUKI e KAVANNAGH 1999)

Apesar dos iacutendices de OD e do pH natildeo apresentarem desconformidade com os

limites da legislaccedilatildeo os valores de turbidez em todos os pontos de monitoramento apoacutes a

ruptura superaram o limite previsto de 100 NTU para rios de Classe 2 conforme a

Resoluccedilatildeo Conama 3572005 No ponto de monitoramento de Maacuterio Campos obteve-se

210 vezes o Limite Maacuteximo Permitido (LMP) de turbidez Ao comparar os dados antes e

apoacutes a ruptura tem-se que os valores antes ao rompimento tambeacutem superaram o limite

previsto

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

15

De acordo com o Informativo especial ldquoAvaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e

2018rdquo publicado pelo IGAM em 12 de fevereiro de 2019 avaliou-se o comportamento de

alguns paracircmetros de qualidade da aacutegua do rio Paraopeba Segundo a seacuterie histoacuterica da

bacia observa-se que em periacuteodos chuvosos a turbidez do rio ultrapassou 18 vezes o

limite legal permitido Isso indica que para o periacuteodo analisado sugere-se o aporte de soacutelido

de origem difusa na bacia ausecircncia de mata ciliar no entorno e a ocorrecircncia de processos

erosivos

A turbidez provoca nebulosidade ao rio reduzindo a passagem dos feixes de luz na

aacutegua Estaacute reduccedilatildeo daacute-se por absorccedilatildeo e espalhamento uma vez que as partiacuteculas que

provocam turbidez na aacutegua satildeo maiores que o comprimento de luz branca (VON

SPERLING 2000) Devido agrave presenccedila de soacutelidos de mateacuteria inorgacircnica em suspensatildeo

oriundos da lama de rejeitos que afetou o rio a turbidez reduz a fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo

aquaacutetica e influencia drasticamente nas comunidades aquaacuteticas conforme a Figura 4

Figura 4 Condiccedilatildeo do rio Paraopeba nos trechos iniciais ao rompimento da barragem

Fonte REUTERS 2019

Os soacutelidos da lama sedimentam-se no leito do rio podendo ateacute reter bacteacuterias e

resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (EMBRAPA 2004) Assim os

soacutelidos influenciam tambeacutem na demanda de OD Apesar do que foi verificado quanto aos

niacuteveis de OD pode-se inferir que a lama de rejeitos ainda natildeo se sedimentou totalmente no

leito do rio ao ponto de formar bancos de lodo Logo o OD eacute um paracircmetro que responde

lentamente agraves variaccedilotildees de carga de poluiccedilatildeo (CUNHA E FERREIRA 2019)

Aleacutem disso outro paracircmetro analisado eacute a condutividade eleacutetrica Embora natildeo

possua limite de legislaccedilatildeo sua anaacutelise permite verificar de forma indireta o comportamento

dos eletroacutelitos na aacutegua inclusive dos iacuteons de metal (IGAM 2019) Os valores para este

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

16

paracircmetro apoacutes a ruptura variam de 2940 a 13070 μscm Sendo que os valores antes e

apoacutes a ruptura apresentam pouca variaccedilatildeo

Ao analisar os paracircmetros antes e apoacutes a ruptura eacute possiacutevel calcular o IQA para cada

situaccedilatildeo Antes do rompimento da barragem o IQA obtido para a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de

Alberto Flores foi de 66 e apoacutes a ruptura o IQA obtido para o ponto de monitoramento de

Maacuterio Campos foi de 14 Ao analisar a classificaccedilatildeo de IQA do IGAM antes da ruptura o

IQA foi bom (70lt IQA le 90) ou seja a aacutegua apresentava condiccedilotildees apropriadas para o

tratamento convencional visando o abastecimento puacuteblico Apoacutes a ruptura o IQA eacute

considerado muito ruim (IQA le 25) ou seja a aacutegua eacute improacutepria para o tratamento

convencional sendo necessaacuterio tratamentos mais avanccedilados

Segundo o informativo especial de seacuterie histoacuterica de 2000 a 2018 do IGAM (2019)

citado anteriormente especialistas apontam a presenccedila de metais acima do que estipula a

legislaccedilatildeo ambiental para rios de Classe 2 A partir desse informativo e dos monitoramentos

obtidos pela SOS Mata Atlacircntica os teores de metais e de metais pesados analisados satildeo

da mesma magnitude ou inferiores aos teores maacuteximos encontrados As aacuteguas que

recebem efluentes contendo metais pesados apresentam ao fundo concentraccedilotildees elevadas

de sedimento (EMBRAPA 2004) Ao lanccedilar lamas insoluacuteveis contendo metais estas sofrem

transformaccedilotildees quiacutemicas sob a accedilatildeo bioloacutegica lanccedilando lentamente na corrente liacutequida

(EMBRAPA 2004)

A presenccedila de metais apoacutes a ruptura da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo eacute

apresentada na Tabela 4

Tabela 4 Valores meacutedios de concentraccedilatildeo de metais pesados apoacutes o rompimento da

barragem a partir dos monitoramentos da SOS Mata Atlacircntica

PRESENCcedilA DE METAIS NA AacuteGUA APOacuteS A RUPTURA

METAIS VALORES MEacuteDIOS (mgL) LIMITE MAacuteXIMO

PERMITIDO (mgL)

Ferro 6065 03

Cobre 357 0009

Manganecircs 2145 01

Cromo 1145 005

Fonte Autoria proacutepria 2019

A concentraccedilatildeo de metais verificada ao longo do curso do rio Paraopeba de acordo

com o LMP determinado pela resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 demonstra que toda a

extensatildeo do rio foi afetada criticamente Para todos os metais pesados analisados tem-se

concentraccedilotildees meacutedias acima do LMP Fatores como o pH temperatura e OD tambeacutem

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

17

influenciam na mobilidade e potencialidade toacutexica de vaacuterios metais (CARVALHO et al

2016) Em consequecircncia disso apoacutes o lanccedilamento de rejeitos na aacutegua estes paracircmetros

controlam os processos fiacutesicos- quiacutemicos de solubilidade dos metais sendo responsaacuteveis

por influenciar na concentraccedilatildeo e absorccedilatildeo pelos organismos

Contudo ao analisar a presenccedila de metais na aacutegua apoacutes a ruptura encontra-se

aproximadamente 202 vezes o LMP para o ferro e 2145 vezes o LMP para o manganecircs

Em concentraccedilotildees elevadas ambos os metais atribuem coloraccedilatildeo avermelhada sensaccedilatildeo

de adstringecircncia e sabor a aacutegua O ferro por exemplo aparece em aacuteguas subterracircneas

devido agrave dissoluccedilatildeo do mineacuterio devido a presenccedila do gaacutes carbocircnico da aacutegua Ao entrar em

contato com o ar oxida-se conferindo cor e sabor a aacutegua (CETESB 2018) Em alguns

casos altas concentraccedilotildees de ferro satildeo limitantes no crescimento de algas e outras plantas

(VON SPERLING 2000)

Outro iacutendice alarmante eacute a presenccedila de cobre aproximadamente 397 vezes o LMP

e a presenccedila de cromo 229 vezes o LMP Metais pesados como o cobre e cromo podem

causar diversos danos aos organismos podendo ficar disponiacuteveis na aacutegua ateacute serem

assimilados quimicamente ou biologicamente atraveacutes de associaccedilatildeo de estruturas

orgacircnicas (SOS 2019) Logo a presenccedila de quantidades elevadas de cobre na aacutegua pode

produzir vocircmitos sabor desagradaacutevel na aacutegua e uma extensa variedade de efeitos toacutexicos

Jaacute o cromo em condiccedilotildees elevadas pode causar problemas respiratoacuterios e modificaccedilotildees

hematoloacutegicas (VON SPERLING 2000)

5 CONCLUSAtildeO

O dano ambiental causado apoacutes o rompimento da Barragem do Complexo do

Coacuterrego do Feijatildeo tornou as aacuteguas do rio Paraopeba improacuteprias para o consumo pois

segundo os paracircmetros analisados temperatura turbidez e valores meacutedios de metais estatildeo

em desconformidade com os padrotildees da legislaccedilatildeo vigente exceto os paracircmetros OD pH

e condutividade eleacutetrica Aleacutem disso o IQA calculado apoacutes a ruptura da barragem eacute

classificado como muito ruim o que faz-se necessaacuterio o uso tratamentos mais avanccedilados

para o abastecimento puacuteblico

Verificou-se que o lanccedilamento de efluentes oriundos de rejeitos de mineacuterio no rio

deteriora a qualidade da aacutegua e possui consequecircncias prolongadas ao ecossistema

aquaacutetico Logo o impacto causado pelo volume de rejeitos eacute de difiacutecil anaacutelise pois ao

formarem misturas complexas de vaacuterios elementos quiacutemicos com a aacutegua tornam a

qualidade da aacutegua desse corpo drsquoaacutegua variaacutevel e de difiacutecil previsatildeo da capacidade de

autodepuraccedilatildeo

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

18

O principal problema ambiental do lanccedilamento de rejeitos na bacia do rio Paraopeba

foi o acuacutemulo dos rejeitos de mineacuterio na calha do rio gerando a necessidade de

monitoramento constante e de teacutecnicas de remediaccedilatildeo Apesar da bacia do rio Paraopeba

ter um histoacuterico de aumento dos niacuteveis de turbidez nos meses de cheia o impacto sobre

qualidade da aacutegua apoacutes o acontecimento eacute criacutetico comparado ao histoacuterico

Por enquanto o dimensionamento definitivo sobre o dano ambiental eacute imensuraacutevel

pois os resiacuteduos permaneceratildeo no ambiente por tempo indeterminado Deve se ter em

mente que o rio poderaacute se recuperar do impacto mas o ecossistema dificilmente voltaraacute agraves

condiccedilotildees de preacute-impacto Para isso eacute de suma importacircncia que medidas efetivas de

recuperaccedilatildeo ambiental sejam adotadas como por exemplo a remoccedilatildeo de parte dos

sedimentos depositados no leito do rio Portanto eacute fundamental que todos os oacutergatildeos

responsaacuteveis pela gestatildeo dos recursos hiacutedricos e pelas atividades mineraacuterias serem riacutegidos

quanto a este tipo de impacto e que cobrem com rigor medidas de recuperaccedilatildeo do recurso

hiacutedrico

6 RECOMENDACcedilOtildeES

Com base nas conclusotildees desta pesquisa e dos questionamentos que ainda podem

ser respondidos recomenda-se aplicar um modelo de qualidade da aacutegua que leve em

consideraccedilatildeo a presenccedila dos rejeitos de mineacuterio de ferro no leito do rio afim de entender

afundo a diversidade regional de problemas e soluccedilotildees concernentes para o rompimento

de barragens

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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CUNHA C L N FERREIRA A P Anaacutelise criacutetica por comparaccedilatildeo entre modelos de qualidade de aacutegua aplicados em rios poluiacutedos contribuiccedilotildees agrave sauacutede aacutegua e saneamento Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental v 24 ndeg3 p5-6 maijun 2019 DOI httpdxdoiorg101590s1413-41522019112332 Disponiacutevel em httpwwwscielobr scielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-41522019005007102 Acesso em 25 set 2019 EMBRAPA- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria Aplicaccedilatildeo do Biomonitoramento para Avaliaccedilatildeo da Qualidade da Aacutegua em Rios 1 Ed Satildeo Paulo Conceiccedilatildeo 2004 Disponiacutevel em httpswwwinfotecacnptiaembrapabrbitstreamdoc145181documentos36pdf Acesso em 31 out 2019 EDSDH Escola Superior Dom Helder Cacircmara O Rompimento de Barragens no Brasil e no Mundo Desastres mistos ou tecnoloacutegicos 2015 Disponiacutevel em ltwww domhelder edubrartigo_HRApdfgt Acesso em 23 mar 2019 FREITAS C M SILVA M A MENEZES F C O desastre na barragem de mineraccedilatildeo da Samarco- fratura exposta dos limites do Brasil na reduccedilatildeo de risco de desastres Ciecircncia e Cultura Satildeo Paulo v 68 n 3 p1-12 jul 2016 Bimestral Disponiacutevel em lthttpcienciaeculturabvsbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0009-67252016000300010gt Acesso em 23 mar 2019 G1 GLOBO MINAS (Minas Gerais) Bombeiros e defesa civil satildeo mobilizados para a chamada de rompimento de barragem em brumadinho na grande bh 2019 Disponiacutevel em lthttpsg1globocommgminas-geraisnoticia20190125bombeiros-e-defesa-civil-sao-mobilizados-para-chamada-de-rompimento-de-barragem-em-brumadinho-na-grande-bhghtmlgt Acesso em 23 mar 2019 GOOGLE EARTH Software Version Versatildeo 93972 2018-2019 2019 Disponiacutevel em httpsearthgooglecomweb Acesso em 2 set 2019 IGAM- Instituto Mineiro de Gestatildeo de Aacuteguas Informativo Especial Avaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e 2018 Informativo dos paracircmetros de qualidade das aacuteguas nos locais monitorados ao longo do Rio Paraopeba antes do desastre na barragem B1 no complexo da Mina Coacuterrego Feijatildeo da Mineradora ValeSA no municiacutepio de Brumadinho ndash Minas Gerais Belo Horizontep 18 2019 LACAZ F A C PORTO M F S PINHEIRO T M M Trageacutedias brasileiras contemporacircneas o caso do rompimento da barragem de rejeitos de Fundatildeo Samarco 2017 12 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Medicina Centro de Estudo de Sauacutede do Trabalhador e Ecologia Humana Universidade Federal de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2017 MACHADO W G F Monitoramento de barragens de contenccedilatildeo de rejeitos da mineraccedilatildeo 2007 155 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Engenharia de Minas e Petroacuteleo Departamento de Minas e de Petroacuteleo Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2007 MILANEZ Bruno et al Antes fosse mais leve a carga avaliaccedilatildeo dos aspectos econocircmicos poliacuteticos e sociais do desastre da SamarcoValeBHP em Mariana (MG) Belo Horizonte PoEMAS 2015 Disponiacutevel em ltufjfbrpoemasfiles201407PoEMAS-2015-Antes-fosse-mais-leve-a-carga-versatildeo-finalpdfgt Acesso em 23 mar 2019 MINAS Estado de Lama de barragem matou o Rio Paraopeba conclui estudo da SOS Mata Atlacircntica Especialista em recursos hiacutedricos da fundaccedilatildeo afirma que a Bacia do Paraopeba estaacute sem condiccedilotildees de vida aquaacutetica e do uso da aacutegua mas que pode voltar a viver 2019 Disponiacutevel em lthttpswwwemcombrappnoticiagerais20190228interna_gerais1034405lama-matou-o-rio-paraopeba-conclui-estudo-da-sos-mata-atlanticashtmlgt Acesso em 25 mar 2019

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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MORAES D S L JORDAtildeO B Q Degradaccedilatildeo de recursos hiacutedricos e seus efeitos sobre a sauacutede humana Revista Sauacutede Puacuteblica Satildeo Paulo v 36 ndeg3 p 2-5 mar 2002DOI http dxdoiorg101590S0034-89102002000300018Disponiacutevel em http wwwscielobr scielophp pid=S0034-89102002000300018ampscript=sci_abstractamptlng=pt Acesso em 1 nov 2019 Ouki S K Kavannagh M Treatment of metals-contaminated wastewaters by use of natural zeolites Water Sci Technol v39 ndeg 1011 p 115-122 mai 1999 DOI httpsdoiorg101016S0273-1223(99)00260-7Disponiacutevel em https www sciencedirect com science articleabspiiS0273122399002607 Acesso em 03 nov 2019 REUTERS Situaccedilatildeo do Rio Paraopeba dias apoacutes ruptura da barragem sd Fotografia Disponiacutevel em httpsbrreuterscomarticletopNewsidBRKCN1PJ1V0-OBRTP Acesso em 2 nov 2019 RICO M et al Reported tailings dam failures a review of the European incidents in the worldwide context Journal of Hazardous Materials Espanha v4 n 23 p 846-852 winter 2008 SALOMONS W FORSTNER U Heavy metals- problems and solutions Berlin Springer Verlag 1995 SAMPAIO A C S Metais pesados na aacutegua e sedimentos dos rios da Bacia do Alto Paraguai Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Curso de Saneamento Ambiental e Recursos Hiacutedricos Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Campo Grande 2003 SOS MATA ATLAcircNTICA Observando os Rios O retrato da qualidade da aacutegua na bacia do rio Paraopeba apoacutes o rompimento da barragem Coacuterrego do Feijatildeo- Minas Gerais2019 Disponiacutevel emlthttpswwwsosmaorgbrwp-contentuploads201902SOSMA_ExpedicaoParaopeba_ Relatorio pdf gt Acesso em 25 mar 2019 VALE- Instituto Tecnoloacutegico Vale Tecnologia de Barragens e Disposiccedilatildeo de Rejeitos 2019 Disponiacutevel em httpwwwitvorglinha-de-pesquisatecnologia-de-barragens-e-disposicao-de-rejeitos Acesso em 17 ago 2019 VON SPERLING M Introduccedilatildeo agrave qualidade das aacuteguas e ao tratamento de esgotos 2 Ed Belo Horizonte UFMG 2000 26-246p VON SPERLING M Introduccedilatildeo agrave qualidade das aacuteguas e ao tratamento de esgotos 4 Ed Belo Horizonte UFMG 2014 248p

Page 12: DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO DO RIO PARAOPEBA ...repositorio.ufgd.edu.br/.../2337/1/IzabellyCapilleBeloto.pdfSendo um parâmetro importante para a avaliação da qualidade de um corpo

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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Segundo a Vale os rejeitos dispostos na barragem de alteamento agrave montante

ocupavam um volume de aproximadamente 117 milhotildees de m3 A barragem atingiu sua

elevaccedilatildeo maacutexima em meados de 2013 e deixou de receber rejeitos em 2016 A CPRM com

a utilizaccedilatildeo de imagens de sateacutelite delimitou que a aacuterea atingida foi de 31 km2 pelo rejeito

na bacia do ribeiratildeo Ferro Carvatildeo A Figura 1 mostra a aacuterea atingida pela ruptura da

barragem deixando o ribeiratildeo e todo o entorno da aacuterea devastados

Figura 1 Aacuterea da barragem da Mina do Ribeiratildeo do Feijatildeo apoacutes a ruptura da barragem B1

Fonte Google Earth 2019

32 CARACTERIZACcedilAtildeO DAS REDES DE MONITORAMENTO DA CPRM

As estaccedilotildees fluviomeacutetricas escolhidas para o presente trabalho foram definidas com

base no estudo e monitoramento do Rio Paraopeba realizados no periacuteodo de 2601 ateacute

3103 do ano de 2019 pelo CPRM Logo escolheu-se os pontos de monitoramento

representados na Quadro 1

Quadro 1 Pontos de monitoramento da bacia do rio Paraopeba

COacuteDIGO ESTACcedilAtildeO FLUVIOMEacuteTRICA AacuteREA

(km2) LAT LONG

DIST DA

BARRAGEM

40740000 Alberto Flores 3945 - 200945 ‐0440938 1km a montante

40800001 Ponte Nova do Paraopeba 5680 -195657 ‐0441819 57 km

40850000 Ponte Taquaraacute 8720 -192523 ‐0443258 176 km

- Maacuterio Campos - -200311 -0441148 29 km

Fonte adaptado CPRM2019

A CPRM com a participaccedilatildeo de oacutergatildeos puacuteblicos promoveram os monitoramentos

diaacuterios de niacutevel vazatildeo descarga soacutelida e granulometria do material em suspensatildeo A

estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores situa-se a montante da confluecircncia com o Ribeiratildeo

Ferro Carvatildeo enquanto os demais pontos de monitoramento situam-se a jusante da

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

11

confluecircncia Essa escolha permitiu acompanhar por meio dos monitoramentos o avanccedilo da

pluma de rejeitos na bacia do rio Paraopeba

A Figura 2 mostra a localidade dos pontos de monitoramento ao longo do rio

Paraopeba

Figura 2 Pontos de monitoramento do rio Paraopeba

Fonte Adaptado CPRM2019

33 DADOS DE ESTUDO

O levantamento das caracteriacutesticas do rio agrave montante e a jusante do lanccedilamento em

conjunto com os dados do efluente lanccedilado satildeo fundamentais para o iniacutecio do estudo de

diagnoacutestico da qualidade da aacutegua do Rio Paraopeba A partir desses dados eacute possiacutevel com

base nos limites estabelecidos pela legislaccedilatildeo estabelecer avaliaccedilotildees Os dados

necessaacuterios ao estudo satildeo apresentados na Figura 3

Figura 3- Metodologia de levantamento de dados para o estudo da bacia do rio Paraopeba

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

12

Fonte Autoria proacutepria 2019

Logo considerando que a montante da confluecircncia com Ribeiratildeo Ferro Carvatildeo estaacute

situada a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores pertencente a RHN verifica-se que a

vazatildeo do rio obtida nesse ponto antes da ruptura eacute a Q710 (vazatildeo miacutenima com periacuteodo de

retorno de 10 anos e duraccedilatildeo de 7 dias consecutivos) de 124 m3s Considerando que a

jusante da ruptura da barragem de rejeitos estaacute a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Ponte Nova do

Paraopeba pertencente tambeacutem a RHN a vazatildeo obtida antes da ruptura eacute a Q710 de 154

m3s (CPRM 2019)

A vazatildeo contribui em larga escala para a morfologia e hidrografia do rio Em periacuteodos

de grande descarga (periacuteodo de cheia) natildeo haacute distinccedilatildeo entre aacutereas de remanso e de

correnteza havendo pouca retenccedilatildeo de aacutegua (EMBRAPA 2004)

Quanto ao levantamento de dados do rejeito sabe-se que o volume ocupado era de

117 m3 (VALE 2019) O relatoacuterio final da composiccedilatildeo do rejeito ainda natildeo foi divulgado

mas sabe-se que existe uma toxidade quiacutemica semelhante a composiccedilatildeo da lama do

rompimento da barragem de Mariana em 2015 (ESTADO DE MINAS 2019)

Aleacutem do monitoramento realizado pelo CPRM o IGAM (Instituto Mineiro de Gestatildeo das

Aacuteguas) composto de 8 pontos de monitoramento gerou dados de paracircmetros de qualidade

da aacutegua referentes a seacuterie histoacuterica entre os anos de 2000 a 2018 com o objetivo de

propiciar uma anaacutelise comparativa entre a qualidade da antes e apoacutes a ruptura da

barragem

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

13

Outra fonte de dados utilizada no presente trabalho dizem respeito as mediccedilotildees

realizadas pela equipe teacutecnica da Fundaccedilatildeo SOS Mata Atlacircntica que acompanhou o

deslocamento da onda de rejeitos sobre 305 km do rio Paraopeba do dia 31 de janeiro de

2019 ateacute o dia 9 de fevereiro do mesmo ano O impacto dos rejeitos sobre a qualidade da

aacutegua foi medido em 22 pontos de monitoramento de 2 formas sendo a partir de amostras

de superfiacutecie com mediccedilotildees realizadas a 30 cm da lacircmina drsquoagua e por coluna drsquoaacutegua a

partir de 2m de profundidade (SOS 2019)

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

O dano ambiental na bacia do rio Paraopeba ocorreu no periacuteodo da piracema que

teve iniacutecio em novembro e teve fim em fevereiro (SOS 2019) O volume de rejeitos lanccedilados

na regiatildeo principalmente a grande quantidade de soacutelidos em suspensatildeo deixou a aacutegua

com cor intensa e turbidez elevada A Tabela 3 apresenta os valores maacuteximos e miacutenimos

de 5 paracircmetros da qualidade da aacutegua obtidos pelo monitoramento das estaccedilotildees

fluviomeacutetricas e do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos pertencentes a RHN antes

e depois da ruptura da barragem de Coacuterrego do Feijatildeo

Tabela 3 Paracircmetros de qualidade da aacutegua antes e depois da ruptura da barragem de

Coacuterrego do Feijatildeo com base nos dados das mediccedilotildees da CPRM (2019)

QUALIDADE DA AacuteGUA DO RIO PARAOPEBA NOS PONTOS DE MONITORAMENTO

PARAcircMETROS

CONAMA

VALORES

ANTES DA RUPTURA seacuterie histoacuterica (2000 a 2018)

DEPOIS DA RUPTURA 2601 a 3103

Alberto Flores

Ponte Nova do

Paraopeba

Ponte Taquaraacute

Maacuterio Campos

Ponte Nova do

Paraopeba

Ponte Taquaraacute

Temperatura da aacutegua (Cdeg)

Maacutex

2650 2750 2690 3120 2970 3070

40

Miacuten 1510 1700 1700 2300 2370 2460

OD (mgL)

5 Maacutex

970 971 914 820 768 780

Miacuten

714 360 475 625 533 529

pH

60 - 90 Maacutex

823 823 814 782 737 766

Miacuten

607 607 675 608 661 652

Condutividade eleacutetrica (μscm)

- Maacutex

12810 16100 15690 12700 13070 13060

Miacuten

4380 2420 3650 2940 7370 4770

Turbidez (NTU)

100 Maacutex

76400 75000 38100 2103120 1326450 168190

Miacuten 440 210 290 36640 1970 1140

Fonte Autoria proacutepria 2019

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

14

Obs Todos os dados encontrados antes da ruptura satildeo compatiacuteveis com os registrados na

seacuterie histoacuterica de 2002 a 2018 das estaccedilotildees fluviomeacutetricas exceto os valores para turbidez de 2013

a 2018 (CPRM 2019)

De modo geral o rio Paraopeba encontra-se gravemente afetado entre 30 a 60 km

de distacircncia da barragem O aumento da temperatura apoacutes a ruptura da barragem eacute

justificado pelo lanccedilamento de despejos de rejeitos de mineraccedilatildeo na bacia do rio O ponto

de monitoramento de Maacuterio Campos apresentou a maior temperatura da aacutegua atingindo

um valor superior a 30degC Em geral agrave medida que a temperatura aumenta a taxa de

reaccedilotildees quiacutemicas e bioloacutegicas sofrem aumento (VON SPERLING 2000)

A variaccedilatildeo de temperatura eacute responsaacutevel por aumentar a taxa das reaccedilotildees quiacutemicas

e bioloacutegicas um dos principais fatores de controle direto da concentraccedilatildeo de OD na aacutegua

(EMBRAPA 2004) Com a elevaccedilatildeo da temperatura ocorre o aumento da taxa em que os

nutrientes aderidos aos soacutelidos suspensos satildeo convertidos em formas soluacuteveis

Poreacutem apoacutes a ruptura da barragem a faixa de concentraccedilatildeo de OD apresentou

queda em termos meacutedios de 806 para os 3 pontos de monitoramento apresentados na

Tabela 3 O valor miacutenimo obtido foi de 529 mgL na estaccedilatildeo fluviomeacutetrica da Ponte

Taquara Os valores estatildeo em conformidade com os limites previstos para os rios de classe

2 que segundo a Resoluccedilatildeo Conama 3572005 deve ser maior que 5 mgL

O mesmo aplica-se para os iacutendices de pH que em termos meacutedios apresentou queda

de 137 O pH possui efeito indireto sobre a precipitaccedilatildeo de elementos quiacutemicos toacutexicos

como os metais pesados (EMBRAPA 2004) Apesar dos iacutendices analisados estarem

compatiacuteveis com o limite de 6 a 9 para rios de Classe 2 os valores apoacutes a ruptura estatildeo na

faixa de 6 a 8 Para que ocorra a precipitaccedilatildeo quiacutemica de metais pesados o ideal eacute que o

pH do meio seja elevado ou seja superior a 70 (EMBRAPA 2004) Conforme o pH

aumenta ocorre o aumento da concentraccedilatildeo de complexos dos quais substituem as

moleacuteculas de aacutegua por ligantes inorgacircnicos Por sua vez estas estruturas ligantes por

serem maiores ou menos soluacuteveis dificultam o processo de troca iocircnica facilitando o

processo de precipitaccedilatildeo quiacutemica do metal (OUKI e KAVANNAGH 1999)

Apesar dos iacutendices de OD e do pH natildeo apresentarem desconformidade com os

limites da legislaccedilatildeo os valores de turbidez em todos os pontos de monitoramento apoacutes a

ruptura superaram o limite previsto de 100 NTU para rios de Classe 2 conforme a

Resoluccedilatildeo Conama 3572005 No ponto de monitoramento de Maacuterio Campos obteve-se

210 vezes o Limite Maacuteximo Permitido (LMP) de turbidez Ao comparar os dados antes e

apoacutes a ruptura tem-se que os valores antes ao rompimento tambeacutem superaram o limite

previsto

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

15

De acordo com o Informativo especial ldquoAvaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e

2018rdquo publicado pelo IGAM em 12 de fevereiro de 2019 avaliou-se o comportamento de

alguns paracircmetros de qualidade da aacutegua do rio Paraopeba Segundo a seacuterie histoacuterica da

bacia observa-se que em periacuteodos chuvosos a turbidez do rio ultrapassou 18 vezes o

limite legal permitido Isso indica que para o periacuteodo analisado sugere-se o aporte de soacutelido

de origem difusa na bacia ausecircncia de mata ciliar no entorno e a ocorrecircncia de processos

erosivos

A turbidez provoca nebulosidade ao rio reduzindo a passagem dos feixes de luz na

aacutegua Estaacute reduccedilatildeo daacute-se por absorccedilatildeo e espalhamento uma vez que as partiacuteculas que

provocam turbidez na aacutegua satildeo maiores que o comprimento de luz branca (VON

SPERLING 2000) Devido agrave presenccedila de soacutelidos de mateacuteria inorgacircnica em suspensatildeo

oriundos da lama de rejeitos que afetou o rio a turbidez reduz a fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo

aquaacutetica e influencia drasticamente nas comunidades aquaacuteticas conforme a Figura 4

Figura 4 Condiccedilatildeo do rio Paraopeba nos trechos iniciais ao rompimento da barragem

Fonte REUTERS 2019

Os soacutelidos da lama sedimentam-se no leito do rio podendo ateacute reter bacteacuterias e

resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (EMBRAPA 2004) Assim os

soacutelidos influenciam tambeacutem na demanda de OD Apesar do que foi verificado quanto aos

niacuteveis de OD pode-se inferir que a lama de rejeitos ainda natildeo se sedimentou totalmente no

leito do rio ao ponto de formar bancos de lodo Logo o OD eacute um paracircmetro que responde

lentamente agraves variaccedilotildees de carga de poluiccedilatildeo (CUNHA E FERREIRA 2019)

Aleacutem disso outro paracircmetro analisado eacute a condutividade eleacutetrica Embora natildeo

possua limite de legislaccedilatildeo sua anaacutelise permite verificar de forma indireta o comportamento

dos eletroacutelitos na aacutegua inclusive dos iacuteons de metal (IGAM 2019) Os valores para este

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

16

paracircmetro apoacutes a ruptura variam de 2940 a 13070 μscm Sendo que os valores antes e

apoacutes a ruptura apresentam pouca variaccedilatildeo

Ao analisar os paracircmetros antes e apoacutes a ruptura eacute possiacutevel calcular o IQA para cada

situaccedilatildeo Antes do rompimento da barragem o IQA obtido para a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de

Alberto Flores foi de 66 e apoacutes a ruptura o IQA obtido para o ponto de monitoramento de

Maacuterio Campos foi de 14 Ao analisar a classificaccedilatildeo de IQA do IGAM antes da ruptura o

IQA foi bom (70lt IQA le 90) ou seja a aacutegua apresentava condiccedilotildees apropriadas para o

tratamento convencional visando o abastecimento puacuteblico Apoacutes a ruptura o IQA eacute

considerado muito ruim (IQA le 25) ou seja a aacutegua eacute improacutepria para o tratamento

convencional sendo necessaacuterio tratamentos mais avanccedilados

Segundo o informativo especial de seacuterie histoacuterica de 2000 a 2018 do IGAM (2019)

citado anteriormente especialistas apontam a presenccedila de metais acima do que estipula a

legislaccedilatildeo ambiental para rios de Classe 2 A partir desse informativo e dos monitoramentos

obtidos pela SOS Mata Atlacircntica os teores de metais e de metais pesados analisados satildeo

da mesma magnitude ou inferiores aos teores maacuteximos encontrados As aacuteguas que

recebem efluentes contendo metais pesados apresentam ao fundo concentraccedilotildees elevadas

de sedimento (EMBRAPA 2004) Ao lanccedilar lamas insoluacuteveis contendo metais estas sofrem

transformaccedilotildees quiacutemicas sob a accedilatildeo bioloacutegica lanccedilando lentamente na corrente liacutequida

(EMBRAPA 2004)

A presenccedila de metais apoacutes a ruptura da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo eacute

apresentada na Tabela 4

Tabela 4 Valores meacutedios de concentraccedilatildeo de metais pesados apoacutes o rompimento da

barragem a partir dos monitoramentos da SOS Mata Atlacircntica

PRESENCcedilA DE METAIS NA AacuteGUA APOacuteS A RUPTURA

METAIS VALORES MEacuteDIOS (mgL) LIMITE MAacuteXIMO

PERMITIDO (mgL)

Ferro 6065 03

Cobre 357 0009

Manganecircs 2145 01

Cromo 1145 005

Fonte Autoria proacutepria 2019

A concentraccedilatildeo de metais verificada ao longo do curso do rio Paraopeba de acordo

com o LMP determinado pela resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 demonstra que toda a

extensatildeo do rio foi afetada criticamente Para todos os metais pesados analisados tem-se

concentraccedilotildees meacutedias acima do LMP Fatores como o pH temperatura e OD tambeacutem

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

17

influenciam na mobilidade e potencialidade toacutexica de vaacuterios metais (CARVALHO et al

2016) Em consequecircncia disso apoacutes o lanccedilamento de rejeitos na aacutegua estes paracircmetros

controlam os processos fiacutesicos- quiacutemicos de solubilidade dos metais sendo responsaacuteveis

por influenciar na concentraccedilatildeo e absorccedilatildeo pelos organismos

Contudo ao analisar a presenccedila de metais na aacutegua apoacutes a ruptura encontra-se

aproximadamente 202 vezes o LMP para o ferro e 2145 vezes o LMP para o manganecircs

Em concentraccedilotildees elevadas ambos os metais atribuem coloraccedilatildeo avermelhada sensaccedilatildeo

de adstringecircncia e sabor a aacutegua O ferro por exemplo aparece em aacuteguas subterracircneas

devido agrave dissoluccedilatildeo do mineacuterio devido a presenccedila do gaacutes carbocircnico da aacutegua Ao entrar em

contato com o ar oxida-se conferindo cor e sabor a aacutegua (CETESB 2018) Em alguns

casos altas concentraccedilotildees de ferro satildeo limitantes no crescimento de algas e outras plantas

(VON SPERLING 2000)

Outro iacutendice alarmante eacute a presenccedila de cobre aproximadamente 397 vezes o LMP

e a presenccedila de cromo 229 vezes o LMP Metais pesados como o cobre e cromo podem

causar diversos danos aos organismos podendo ficar disponiacuteveis na aacutegua ateacute serem

assimilados quimicamente ou biologicamente atraveacutes de associaccedilatildeo de estruturas

orgacircnicas (SOS 2019) Logo a presenccedila de quantidades elevadas de cobre na aacutegua pode

produzir vocircmitos sabor desagradaacutevel na aacutegua e uma extensa variedade de efeitos toacutexicos

Jaacute o cromo em condiccedilotildees elevadas pode causar problemas respiratoacuterios e modificaccedilotildees

hematoloacutegicas (VON SPERLING 2000)

5 CONCLUSAtildeO

O dano ambiental causado apoacutes o rompimento da Barragem do Complexo do

Coacuterrego do Feijatildeo tornou as aacuteguas do rio Paraopeba improacuteprias para o consumo pois

segundo os paracircmetros analisados temperatura turbidez e valores meacutedios de metais estatildeo

em desconformidade com os padrotildees da legislaccedilatildeo vigente exceto os paracircmetros OD pH

e condutividade eleacutetrica Aleacutem disso o IQA calculado apoacutes a ruptura da barragem eacute

classificado como muito ruim o que faz-se necessaacuterio o uso tratamentos mais avanccedilados

para o abastecimento puacuteblico

Verificou-se que o lanccedilamento de efluentes oriundos de rejeitos de mineacuterio no rio

deteriora a qualidade da aacutegua e possui consequecircncias prolongadas ao ecossistema

aquaacutetico Logo o impacto causado pelo volume de rejeitos eacute de difiacutecil anaacutelise pois ao

formarem misturas complexas de vaacuterios elementos quiacutemicos com a aacutegua tornam a

qualidade da aacutegua desse corpo drsquoaacutegua variaacutevel e de difiacutecil previsatildeo da capacidade de

autodepuraccedilatildeo

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

18

O principal problema ambiental do lanccedilamento de rejeitos na bacia do rio Paraopeba

foi o acuacutemulo dos rejeitos de mineacuterio na calha do rio gerando a necessidade de

monitoramento constante e de teacutecnicas de remediaccedilatildeo Apesar da bacia do rio Paraopeba

ter um histoacuterico de aumento dos niacuteveis de turbidez nos meses de cheia o impacto sobre

qualidade da aacutegua apoacutes o acontecimento eacute criacutetico comparado ao histoacuterico

Por enquanto o dimensionamento definitivo sobre o dano ambiental eacute imensuraacutevel

pois os resiacuteduos permaneceratildeo no ambiente por tempo indeterminado Deve se ter em

mente que o rio poderaacute se recuperar do impacto mas o ecossistema dificilmente voltaraacute agraves

condiccedilotildees de preacute-impacto Para isso eacute de suma importacircncia que medidas efetivas de

recuperaccedilatildeo ambiental sejam adotadas como por exemplo a remoccedilatildeo de parte dos

sedimentos depositados no leito do rio Portanto eacute fundamental que todos os oacutergatildeos

responsaacuteveis pela gestatildeo dos recursos hiacutedricos e pelas atividades mineraacuterias serem riacutegidos

quanto a este tipo de impacto e que cobrem com rigor medidas de recuperaccedilatildeo do recurso

hiacutedrico

6 RECOMENDACcedilOtildeES

Com base nas conclusotildees desta pesquisa e dos questionamentos que ainda podem

ser respondidos recomenda-se aplicar um modelo de qualidade da aacutegua que leve em

consideraccedilatildeo a presenccedila dos rejeitos de mineacuterio de ferro no leito do rio afim de entender

afundo a diversidade regional de problemas e soluccedilotildees concernentes para o rompimento

de barragens

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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MORAES D S L JORDAtildeO B Q Degradaccedilatildeo de recursos hiacutedricos e seus efeitos sobre a sauacutede humana Revista Sauacutede Puacuteblica Satildeo Paulo v 36 ndeg3 p 2-5 mar 2002DOI http dxdoiorg101590S0034-89102002000300018Disponiacutevel em http wwwscielobr scielophp pid=S0034-89102002000300018ampscript=sci_abstractamptlng=pt Acesso em 1 nov 2019 Ouki S K Kavannagh M Treatment of metals-contaminated wastewaters by use of natural zeolites Water Sci Technol v39 ndeg 1011 p 115-122 mai 1999 DOI httpsdoiorg101016S0273-1223(99)00260-7Disponiacutevel em https www sciencedirect com science articleabspiiS0273122399002607 Acesso em 03 nov 2019 REUTERS Situaccedilatildeo do Rio Paraopeba dias apoacutes ruptura da barragem sd Fotografia Disponiacutevel em httpsbrreuterscomarticletopNewsidBRKCN1PJ1V0-OBRTP Acesso em 2 nov 2019 RICO M et al Reported tailings dam failures a review of the European incidents in the worldwide context Journal of Hazardous Materials Espanha v4 n 23 p 846-852 winter 2008 SALOMONS W FORSTNER U Heavy metals- problems and solutions Berlin Springer Verlag 1995 SAMPAIO A C S Metais pesados na aacutegua e sedimentos dos rios da Bacia do Alto Paraguai Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Curso de Saneamento Ambiental e Recursos Hiacutedricos Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Campo Grande 2003 SOS MATA ATLAcircNTICA Observando os Rios O retrato da qualidade da aacutegua na bacia do rio Paraopeba apoacutes o rompimento da barragem Coacuterrego do Feijatildeo- Minas Gerais2019 Disponiacutevel emlthttpswwwsosmaorgbrwp-contentuploads201902SOSMA_ExpedicaoParaopeba_ Relatorio pdf gt Acesso em 25 mar 2019 VALE- Instituto Tecnoloacutegico Vale Tecnologia de Barragens e Disposiccedilatildeo de Rejeitos 2019 Disponiacutevel em httpwwwitvorglinha-de-pesquisatecnologia-de-barragens-e-disposicao-de-rejeitos Acesso em 17 ago 2019 VON SPERLING M Introduccedilatildeo agrave qualidade das aacuteguas e ao tratamento de esgotos 2 Ed Belo Horizonte UFMG 2000 26-246p VON SPERLING M Introduccedilatildeo agrave qualidade das aacuteguas e ao tratamento de esgotos 4 Ed Belo Horizonte UFMG 2014 248p

Page 13: DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO DO RIO PARAOPEBA ...repositorio.ufgd.edu.br/.../2337/1/IzabellyCapilleBeloto.pdfSendo um parâmetro importante para a avaliação da qualidade de um corpo

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

11

confluecircncia Essa escolha permitiu acompanhar por meio dos monitoramentos o avanccedilo da

pluma de rejeitos na bacia do rio Paraopeba

A Figura 2 mostra a localidade dos pontos de monitoramento ao longo do rio

Paraopeba

Figura 2 Pontos de monitoramento do rio Paraopeba

Fonte Adaptado CPRM2019

33 DADOS DE ESTUDO

O levantamento das caracteriacutesticas do rio agrave montante e a jusante do lanccedilamento em

conjunto com os dados do efluente lanccedilado satildeo fundamentais para o iniacutecio do estudo de

diagnoacutestico da qualidade da aacutegua do Rio Paraopeba A partir desses dados eacute possiacutevel com

base nos limites estabelecidos pela legislaccedilatildeo estabelecer avaliaccedilotildees Os dados

necessaacuterios ao estudo satildeo apresentados na Figura 3

Figura 3- Metodologia de levantamento de dados para o estudo da bacia do rio Paraopeba

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

12

Fonte Autoria proacutepria 2019

Logo considerando que a montante da confluecircncia com Ribeiratildeo Ferro Carvatildeo estaacute

situada a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores pertencente a RHN verifica-se que a

vazatildeo do rio obtida nesse ponto antes da ruptura eacute a Q710 (vazatildeo miacutenima com periacuteodo de

retorno de 10 anos e duraccedilatildeo de 7 dias consecutivos) de 124 m3s Considerando que a

jusante da ruptura da barragem de rejeitos estaacute a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Ponte Nova do

Paraopeba pertencente tambeacutem a RHN a vazatildeo obtida antes da ruptura eacute a Q710 de 154

m3s (CPRM 2019)

A vazatildeo contribui em larga escala para a morfologia e hidrografia do rio Em periacuteodos

de grande descarga (periacuteodo de cheia) natildeo haacute distinccedilatildeo entre aacutereas de remanso e de

correnteza havendo pouca retenccedilatildeo de aacutegua (EMBRAPA 2004)

Quanto ao levantamento de dados do rejeito sabe-se que o volume ocupado era de

117 m3 (VALE 2019) O relatoacuterio final da composiccedilatildeo do rejeito ainda natildeo foi divulgado

mas sabe-se que existe uma toxidade quiacutemica semelhante a composiccedilatildeo da lama do

rompimento da barragem de Mariana em 2015 (ESTADO DE MINAS 2019)

Aleacutem do monitoramento realizado pelo CPRM o IGAM (Instituto Mineiro de Gestatildeo das

Aacuteguas) composto de 8 pontos de monitoramento gerou dados de paracircmetros de qualidade

da aacutegua referentes a seacuterie histoacuterica entre os anos de 2000 a 2018 com o objetivo de

propiciar uma anaacutelise comparativa entre a qualidade da antes e apoacutes a ruptura da

barragem

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

13

Outra fonte de dados utilizada no presente trabalho dizem respeito as mediccedilotildees

realizadas pela equipe teacutecnica da Fundaccedilatildeo SOS Mata Atlacircntica que acompanhou o

deslocamento da onda de rejeitos sobre 305 km do rio Paraopeba do dia 31 de janeiro de

2019 ateacute o dia 9 de fevereiro do mesmo ano O impacto dos rejeitos sobre a qualidade da

aacutegua foi medido em 22 pontos de monitoramento de 2 formas sendo a partir de amostras

de superfiacutecie com mediccedilotildees realizadas a 30 cm da lacircmina drsquoagua e por coluna drsquoaacutegua a

partir de 2m de profundidade (SOS 2019)

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

O dano ambiental na bacia do rio Paraopeba ocorreu no periacuteodo da piracema que

teve iniacutecio em novembro e teve fim em fevereiro (SOS 2019) O volume de rejeitos lanccedilados

na regiatildeo principalmente a grande quantidade de soacutelidos em suspensatildeo deixou a aacutegua

com cor intensa e turbidez elevada A Tabela 3 apresenta os valores maacuteximos e miacutenimos

de 5 paracircmetros da qualidade da aacutegua obtidos pelo monitoramento das estaccedilotildees

fluviomeacutetricas e do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos pertencentes a RHN antes

e depois da ruptura da barragem de Coacuterrego do Feijatildeo

Tabela 3 Paracircmetros de qualidade da aacutegua antes e depois da ruptura da barragem de

Coacuterrego do Feijatildeo com base nos dados das mediccedilotildees da CPRM (2019)

QUALIDADE DA AacuteGUA DO RIO PARAOPEBA NOS PONTOS DE MONITORAMENTO

PARAcircMETROS

CONAMA

VALORES

ANTES DA RUPTURA seacuterie histoacuterica (2000 a 2018)

DEPOIS DA RUPTURA 2601 a 3103

Alberto Flores

Ponte Nova do

Paraopeba

Ponte Taquaraacute

Maacuterio Campos

Ponte Nova do

Paraopeba

Ponte Taquaraacute

Temperatura da aacutegua (Cdeg)

Maacutex

2650 2750 2690 3120 2970 3070

40

Miacuten 1510 1700 1700 2300 2370 2460

OD (mgL)

5 Maacutex

970 971 914 820 768 780

Miacuten

714 360 475 625 533 529

pH

60 - 90 Maacutex

823 823 814 782 737 766

Miacuten

607 607 675 608 661 652

Condutividade eleacutetrica (μscm)

- Maacutex

12810 16100 15690 12700 13070 13060

Miacuten

4380 2420 3650 2940 7370 4770

Turbidez (NTU)

100 Maacutex

76400 75000 38100 2103120 1326450 168190

Miacuten 440 210 290 36640 1970 1140

Fonte Autoria proacutepria 2019

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

14

Obs Todos os dados encontrados antes da ruptura satildeo compatiacuteveis com os registrados na

seacuterie histoacuterica de 2002 a 2018 das estaccedilotildees fluviomeacutetricas exceto os valores para turbidez de 2013

a 2018 (CPRM 2019)

De modo geral o rio Paraopeba encontra-se gravemente afetado entre 30 a 60 km

de distacircncia da barragem O aumento da temperatura apoacutes a ruptura da barragem eacute

justificado pelo lanccedilamento de despejos de rejeitos de mineraccedilatildeo na bacia do rio O ponto

de monitoramento de Maacuterio Campos apresentou a maior temperatura da aacutegua atingindo

um valor superior a 30degC Em geral agrave medida que a temperatura aumenta a taxa de

reaccedilotildees quiacutemicas e bioloacutegicas sofrem aumento (VON SPERLING 2000)

A variaccedilatildeo de temperatura eacute responsaacutevel por aumentar a taxa das reaccedilotildees quiacutemicas

e bioloacutegicas um dos principais fatores de controle direto da concentraccedilatildeo de OD na aacutegua

(EMBRAPA 2004) Com a elevaccedilatildeo da temperatura ocorre o aumento da taxa em que os

nutrientes aderidos aos soacutelidos suspensos satildeo convertidos em formas soluacuteveis

Poreacutem apoacutes a ruptura da barragem a faixa de concentraccedilatildeo de OD apresentou

queda em termos meacutedios de 806 para os 3 pontos de monitoramento apresentados na

Tabela 3 O valor miacutenimo obtido foi de 529 mgL na estaccedilatildeo fluviomeacutetrica da Ponte

Taquara Os valores estatildeo em conformidade com os limites previstos para os rios de classe

2 que segundo a Resoluccedilatildeo Conama 3572005 deve ser maior que 5 mgL

O mesmo aplica-se para os iacutendices de pH que em termos meacutedios apresentou queda

de 137 O pH possui efeito indireto sobre a precipitaccedilatildeo de elementos quiacutemicos toacutexicos

como os metais pesados (EMBRAPA 2004) Apesar dos iacutendices analisados estarem

compatiacuteveis com o limite de 6 a 9 para rios de Classe 2 os valores apoacutes a ruptura estatildeo na

faixa de 6 a 8 Para que ocorra a precipitaccedilatildeo quiacutemica de metais pesados o ideal eacute que o

pH do meio seja elevado ou seja superior a 70 (EMBRAPA 2004) Conforme o pH

aumenta ocorre o aumento da concentraccedilatildeo de complexos dos quais substituem as

moleacuteculas de aacutegua por ligantes inorgacircnicos Por sua vez estas estruturas ligantes por

serem maiores ou menos soluacuteveis dificultam o processo de troca iocircnica facilitando o

processo de precipitaccedilatildeo quiacutemica do metal (OUKI e KAVANNAGH 1999)

Apesar dos iacutendices de OD e do pH natildeo apresentarem desconformidade com os

limites da legislaccedilatildeo os valores de turbidez em todos os pontos de monitoramento apoacutes a

ruptura superaram o limite previsto de 100 NTU para rios de Classe 2 conforme a

Resoluccedilatildeo Conama 3572005 No ponto de monitoramento de Maacuterio Campos obteve-se

210 vezes o Limite Maacuteximo Permitido (LMP) de turbidez Ao comparar os dados antes e

apoacutes a ruptura tem-se que os valores antes ao rompimento tambeacutem superaram o limite

previsto

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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De acordo com o Informativo especial ldquoAvaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e

2018rdquo publicado pelo IGAM em 12 de fevereiro de 2019 avaliou-se o comportamento de

alguns paracircmetros de qualidade da aacutegua do rio Paraopeba Segundo a seacuterie histoacuterica da

bacia observa-se que em periacuteodos chuvosos a turbidez do rio ultrapassou 18 vezes o

limite legal permitido Isso indica que para o periacuteodo analisado sugere-se o aporte de soacutelido

de origem difusa na bacia ausecircncia de mata ciliar no entorno e a ocorrecircncia de processos

erosivos

A turbidez provoca nebulosidade ao rio reduzindo a passagem dos feixes de luz na

aacutegua Estaacute reduccedilatildeo daacute-se por absorccedilatildeo e espalhamento uma vez que as partiacuteculas que

provocam turbidez na aacutegua satildeo maiores que o comprimento de luz branca (VON

SPERLING 2000) Devido agrave presenccedila de soacutelidos de mateacuteria inorgacircnica em suspensatildeo

oriundos da lama de rejeitos que afetou o rio a turbidez reduz a fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo

aquaacutetica e influencia drasticamente nas comunidades aquaacuteticas conforme a Figura 4

Figura 4 Condiccedilatildeo do rio Paraopeba nos trechos iniciais ao rompimento da barragem

Fonte REUTERS 2019

Os soacutelidos da lama sedimentam-se no leito do rio podendo ateacute reter bacteacuterias e

resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (EMBRAPA 2004) Assim os

soacutelidos influenciam tambeacutem na demanda de OD Apesar do que foi verificado quanto aos

niacuteveis de OD pode-se inferir que a lama de rejeitos ainda natildeo se sedimentou totalmente no

leito do rio ao ponto de formar bancos de lodo Logo o OD eacute um paracircmetro que responde

lentamente agraves variaccedilotildees de carga de poluiccedilatildeo (CUNHA E FERREIRA 2019)

Aleacutem disso outro paracircmetro analisado eacute a condutividade eleacutetrica Embora natildeo

possua limite de legislaccedilatildeo sua anaacutelise permite verificar de forma indireta o comportamento

dos eletroacutelitos na aacutegua inclusive dos iacuteons de metal (IGAM 2019) Os valores para este

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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paracircmetro apoacutes a ruptura variam de 2940 a 13070 μscm Sendo que os valores antes e

apoacutes a ruptura apresentam pouca variaccedilatildeo

Ao analisar os paracircmetros antes e apoacutes a ruptura eacute possiacutevel calcular o IQA para cada

situaccedilatildeo Antes do rompimento da barragem o IQA obtido para a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de

Alberto Flores foi de 66 e apoacutes a ruptura o IQA obtido para o ponto de monitoramento de

Maacuterio Campos foi de 14 Ao analisar a classificaccedilatildeo de IQA do IGAM antes da ruptura o

IQA foi bom (70lt IQA le 90) ou seja a aacutegua apresentava condiccedilotildees apropriadas para o

tratamento convencional visando o abastecimento puacuteblico Apoacutes a ruptura o IQA eacute

considerado muito ruim (IQA le 25) ou seja a aacutegua eacute improacutepria para o tratamento

convencional sendo necessaacuterio tratamentos mais avanccedilados

Segundo o informativo especial de seacuterie histoacuterica de 2000 a 2018 do IGAM (2019)

citado anteriormente especialistas apontam a presenccedila de metais acima do que estipula a

legislaccedilatildeo ambiental para rios de Classe 2 A partir desse informativo e dos monitoramentos

obtidos pela SOS Mata Atlacircntica os teores de metais e de metais pesados analisados satildeo

da mesma magnitude ou inferiores aos teores maacuteximos encontrados As aacuteguas que

recebem efluentes contendo metais pesados apresentam ao fundo concentraccedilotildees elevadas

de sedimento (EMBRAPA 2004) Ao lanccedilar lamas insoluacuteveis contendo metais estas sofrem

transformaccedilotildees quiacutemicas sob a accedilatildeo bioloacutegica lanccedilando lentamente na corrente liacutequida

(EMBRAPA 2004)

A presenccedila de metais apoacutes a ruptura da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo eacute

apresentada na Tabela 4

Tabela 4 Valores meacutedios de concentraccedilatildeo de metais pesados apoacutes o rompimento da

barragem a partir dos monitoramentos da SOS Mata Atlacircntica

PRESENCcedilA DE METAIS NA AacuteGUA APOacuteS A RUPTURA

METAIS VALORES MEacuteDIOS (mgL) LIMITE MAacuteXIMO

PERMITIDO (mgL)

Ferro 6065 03

Cobre 357 0009

Manganecircs 2145 01

Cromo 1145 005

Fonte Autoria proacutepria 2019

A concentraccedilatildeo de metais verificada ao longo do curso do rio Paraopeba de acordo

com o LMP determinado pela resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 demonstra que toda a

extensatildeo do rio foi afetada criticamente Para todos os metais pesados analisados tem-se

concentraccedilotildees meacutedias acima do LMP Fatores como o pH temperatura e OD tambeacutem

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

17

influenciam na mobilidade e potencialidade toacutexica de vaacuterios metais (CARVALHO et al

2016) Em consequecircncia disso apoacutes o lanccedilamento de rejeitos na aacutegua estes paracircmetros

controlam os processos fiacutesicos- quiacutemicos de solubilidade dos metais sendo responsaacuteveis

por influenciar na concentraccedilatildeo e absorccedilatildeo pelos organismos

Contudo ao analisar a presenccedila de metais na aacutegua apoacutes a ruptura encontra-se

aproximadamente 202 vezes o LMP para o ferro e 2145 vezes o LMP para o manganecircs

Em concentraccedilotildees elevadas ambos os metais atribuem coloraccedilatildeo avermelhada sensaccedilatildeo

de adstringecircncia e sabor a aacutegua O ferro por exemplo aparece em aacuteguas subterracircneas

devido agrave dissoluccedilatildeo do mineacuterio devido a presenccedila do gaacutes carbocircnico da aacutegua Ao entrar em

contato com o ar oxida-se conferindo cor e sabor a aacutegua (CETESB 2018) Em alguns

casos altas concentraccedilotildees de ferro satildeo limitantes no crescimento de algas e outras plantas

(VON SPERLING 2000)

Outro iacutendice alarmante eacute a presenccedila de cobre aproximadamente 397 vezes o LMP

e a presenccedila de cromo 229 vezes o LMP Metais pesados como o cobre e cromo podem

causar diversos danos aos organismos podendo ficar disponiacuteveis na aacutegua ateacute serem

assimilados quimicamente ou biologicamente atraveacutes de associaccedilatildeo de estruturas

orgacircnicas (SOS 2019) Logo a presenccedila de quantidades elevadas de cobre na aacutegua pode

produzir vocircmitos sabor desagradaacutevel na aacutegua e uma extensa variedade de efeitos toacutexicos

Jaacute o cromo em condiccedilotildees elevadas pode causar problemas respiratoacuterios e modificaccedilotildees

hematoloacutegicas (VON SPERLING 2000)

5 CONCLUSAtildeO

O dano ambiental causado apoacutes o rompimento da Barragem do Complexo do

Coacuterrego do Feijatildeo tornou as aacuteguas do rio Paraopeba improacuteprias para o consumo pois

segundo os paracircmetros analisados temperatura turbidez e valores meacutedios de metais estatildeo

em desconformidade com os padrotildees da legislaccedilatildeo vigente exceto os paracircmetros OD pH

e condutividade eleacutetrica Aleacutem disso o IQA calculado apoacutes a ruptura da barragem eacute

classificado como muito ruim o que faz-se necessaacuterio o uso tratamentos mais avanccedilados

para o abastecimento puacuteblico

Verificou-se que o lanccedilamento de efluentes oriundos de rejeitos de mineacuterio no rio

deteriora a qualidade da aacutegua e possui consequecircncias prolongadas ao ecossistema

aquaacutetico Logo o impacto causado pelo volume de rejeitos eacute de difiacutecil anaacutelise pois ao

formarem misturas complexas de vaacuterios elementos quiacutemicos com a aacutegua tornam a

qualidade da aacutegua desse corpo drsquoaacutegua variaacutevel e de difiacutecil previsatildeo da capacidade de

autodepuraccedilatildeo

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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O principal problema ambiental do lanccedilamento de rejeitos na bacia do rio Paraopeba

foi o acuacutemulo dos rejeitos de mineacuterio na calha do rio gerando a necessidade de

monitoramento constante e de teacutecnicas de remediaccedilatildeo Apesar da bacia do rio Paraopeba

ter um histoacuterico de aumento dos niacuteveis de turbidez nos meses de cheia o impacto sobre

qualidade da aacutegua apoacutes o acontecimento eacute criacutetico comparado ao histoacuterico

Por enquanto o dimensionamento definitivo sobre o dano ambiental eacute imensuraacutevel

pois os resiacuteduos permaneceratildeo no ambiente por tempo indeterminado Deve se ter em

mente que o rio poderaacute se recuperar do impacto mas o ecossistema dificilmente voltaraacute agraves

condiccedilotildees de preacute-impacto Para isso eacute de suma importacircncia que medidas efetivas de

recuperaccedilatildeo ambiental sejam adotadas como por exemplo a remoccedilatildeo de parte dos

sedimentos depositados no leito do rio Portanto eacute fundamental que todos os oacutergatildeos

responsaacuteveis pela gestatildeo dos recursos hiacutedricos e pelas atividades mineraacuterias serem riacutegidos

quanto a este tipo de impacto e que cobrem com rigor medidas de recuperaccedilatildeo do recurso

hiacutedrico

6 RECOMENDACcedilOtildeES

Com base nas conclusotildees desta pesquisa e dos questionamentos que ainda podem

ser respondidos recomenda-se aplicar um modelo de qualidade da aacutegua que leve em

consideraccedilatildeo a presenccedila dos rejeitos de mineacuterio de ferro no leito do rio afim de entender

afundo a diversidade regional de problemas e soluccedilotildees concernentes para o rompimento

de barragens

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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CUNHA C L N FERREIRA A P Anaacutelise criacutetica por comparaccedilatildeo entre modelos de qualidade de aacutegua aplicados em rios poluiacutedos contribuiccedilotildees agrave sauacutede aacutegua e saneamento Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental v 24 ndeg3 p5-6 maijun 2019 DOI httpdxdoiorg101590s1413-41522019112332 Disponiacutevel em httpwwwscielobr scielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-41522019005007102 Acesso em 25 set 2019 EMBRAPA- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria Aplicaccedilatildeo do Biomonitoramento para Avaliaccedilatildeo da Qualidade da Aacutegua em Rios 1 Ed Satildeo Paulo Conceiccedilatildeo 2004 Disponiacutevel em httpswwwinfotecacnptiaembrapabrbitstreamdoc145181documentos36pdf Acesso em 31 out 2019 EDSDH Escola Superior Dom Helder Cacircmara O Rompimento de Barragens no Brasil e no Mundo Desastres mistos ou tecnoloacutegicos 2015 Disponiacutevel em ltwww domhelder edubrartigo_HRApdfgt Acesso em 23 mar 2019 FREITAS C M SILVA M A MENEZES F C O desastre na barragem de mineraccedilatildeo da Samarco- fratura exposta dos limites do Brasil na reduccedilatildeo de risco de desastres Ciecircncia e Cultura Satildeo Paulo v 68 n 3 p1-12 jul 2016 Bimestral Disponiacutevel em lthttpcienciaeculturabvsbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0009-67252016000300010gt Acesso em 23 mar 2019 G1 GLOBO MINAS (Minas Gerais) Bombeiros e defesa civil satildeo mobilizados para a chamada de rompimento de barragem em brumadinho na grande bh 2019 Disponiacutevel em lthttpsg1globocommgminas-geraisnoticia20190125bombeiros-e-defesa-civil-sao-mobilizados-para-chamada-de-rompimento-de-barragem-em-brumadinho-na-grande-bhghtmlgt Acesso em 23 mar 2019 GOOGLE EARTH Software Version Versatildeo 93972 2018-2019 2019 Disponiacutevel em httpsearthgooglecomweb Acesso em 2 set 2019 IGAM- Instituto Mineiro de Gestatildeo de Aacuteguas Informativo Especial Avaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e 2018 Informativo dos paracircmetros de qualidade das aacuteguas nos locais monitorados ao longo do Rio Paraopeba antes do desastre na barragem B1 no complexo da Mina Coacuterrego Feijatildeo da Mineradora ValeSA no municiacutepio de Brumadinho ndash Minas Gerais Belo Horizontep 18 2019 LACAZ F A C PORTO M F S PINHEIRO T M M Trageacutedias brasileiras contemporacircneas o caso do rompimento da barragem de rejeitos de Fundatildeo Samarco 2017 12 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Medicina Centro de Estudo de Sauacutede do Trabalhador e Ecologia Humana Universidade Federal de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2017 MACHADO W G F Monitoramento de barragens de contenccedilatildeo de rejeitos da mineraccedilatildeo 2007 155 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Engenharia de Minas e Petroacuteleo Departamento de Minas e de Petroacuteleo Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2007 MILANEZ Bruno et al Antes fosse mais leve a carga avaliaccedilatildeo dos aspectos econocircmicos poliacuteticos e sociais do desastre da SamarcoValeBHP em Mariana (MG) Belo Horizonte PoEMAS 2015 Disponiacutevel em ltufjfbrpoemasfiles201407PoEMAS-2015-Antes-fosse-mais-leve-a-carga-versatildeo-finalpdfgt Acesso em 23 mar 2019 MINAS Estado de Lama de barragem matou o Rio Paraopeba conclui estudo da SOS Mata Atlacircntica Especialista em recursos hiacutedricos da fundaccedilatildeo afirma que a Bacia do Paraopeba estaacute sem condiccedilotildees de vida aquaacutetica e do uso da aacutegua mas que pode voltar a viver 2019 Disponiacutevel em lthttpswwwemcombrappnoticiagerais20190228interna_gerais1034405lama-matou-o-rio-paraopeba-conclui-estudo-da-sos-mata-atlanticashtmlgt Acesso em 25 mar 2019

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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Page 14: DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO DO RIO PARAOPEBA ...repositorio.ufgd.edu.br/.../2337/1/IzabellyCapilleBeloto.pdfSendo um parâmetro importante para a avaliação da qualidade de um corpo

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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Fonte Autoria proacutepria 2019

Logo considerando que a montante da confluecircncia com Ribeiratildeo Ferro Carvatildeo estaacute

situada a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Alberto Flores pertencente a RHN verifica-se que a

vazatildeo do rio obtida nesse ponto antes da ruptura eacute a Q710 (vazatildeo miacutenima com periacuteodo de

retorno de 10 anos e duraccedilatildeo de 7 dias consecutivos) de 124 m3s Considerando que a

jusante da ruptura da barragem de rejeitos estaacute a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de Ponte Nova do

Paraopeba pertencente tambeacutem a RHN a vazatildeo obtida antes da ruptura eacute a Q710 de 154

m3s (CPRM 2019)

A vazatildeo contribui em larga escala para a morfologia e hidrografia do rio Em periacuteodos

de grande descarga (periacuteodo de cheia) natildeo haacute distinccedilatildeo entre aacutereas de remanso e de

correnteza havendo pouca retenccedilatildeo de aacutegua (EMBRAPA 2004)

Quanto ao levantamento de dados do rejeito sabe-se que o volume ocupado era de

117 m3 (VALE 2019) O relatoacuterio final da composiccedilatildeo do rejeito ainda natildeo foi divulgado

mas sabe-se que existe uma toxidade quiacutemica semelhante a composiccedilatildeo da lama do

rompimento da barragem de Mariana em 2015 (ESTADO DE MINAS 2019)

Aleacutem do monitoramento realizado pelo CPRM o IGAM (Instituto Mineiro de Gestatildeo das

Aacuteguas) composto de 8 pontos de monitoramento gerou dados de paracircmetros de qualidade

da aacutegua referentes a seacuterie histoacuterica entre os anos de 2000 a 2018 com o objetivo de

propiciar uma anaacutelise comparativa entre a qualidade da antes e apoacutes a ruptura da

barragem

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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Outra fonte de dados utilizada no presente trabalho dizem respeito as mediccedilotildees

realizadas pela equipe teacutecnica da Fundaccedilatildeo SOS Mata Atlacircntica que acompanhou o

deslocamento da onda de rejeitos sobre 305 km do rio Paraopeba do dia 31 de janeiro de

2019 ateacute o dia 9 de fevereiro do mesmo ano O impacto dos rejeitos sobre a qualidade da

aacutegua foi medido em 22 pontos de monitoramento de 2 formas sendo a partir de amostras

de superfiacutecie com mediccedilotildees realizadas a 30 cm da lacircmina drsquoagua e por coluna drsquoaacutegua a

partir de 2m de profundidade (SOS 2019)

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

O dano ambiental na bacia do rio Paraopeba ocorreu no periacuteodo da piracema que

teve iniacutecio em novembro e teve fim em fevereiro (SOS 2019) O volume de rejeitos lanccedilados

na regiatildeo principalmente a grande quantidade de soacutelidos em suspensatildeo deixou a aacutegua

com cor intensa e turbidez elevada A Tabela 3 apresenta os valores maacuteximos e miacutenimos

de 5 paracircmetros da qualidade da aacutegua obtidos pelo monitoramento das estaccedilotildees

fluviomeacutetricas e do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos pertencentes a RHN antes

e depois da ruptura da barragem de Coacuterrego do Feijatildeo

Tabela 3 Paracircmetros de qualidade da aacutegua antes e depois da ruptura da barragem de

Coacuterrego do Feijatildeo com base nos dados das mediccedilotildees da CPRM (2019)

QUALIDADE DA AacuteGUA DO RIO PARAOPEBA NOS PONTOS DE MONITORAMENTO

PARAcircMETROS

CONAMA

VALORES

ANTES DA RUPTURA seacuterie histoacuterica (2000 a 2018)

DEPOIS DA RUPTURA 2601 a 3103

Alberto Flores

Ponte Nova do

Paraopeba

Ponte Taquaraacute

Maacuterio Campos

Ponte Nova do

Paraopeba

Ponte Taquaraacute

Temperatura da aacutegua (Cdeg)

Maacutex

2650 2750 2690 3120 2970 3070

40

Miacuten 1510 1700 1700 2300 2370 2460

OD (mgL)

5 Maacutex

970 971 914 820 768 780

Miacuten

714 360 475 625 533 529

pH

60 - 90 Maacutex

823 823 814 782 737 766

Miacuten

607 607 675 608 661 652

Condutividade eleacutetrica (μscm)

- Maacutex

12810 16100 15690 12700 13070 13060

Miacuten

4380 2420 3650 2940 7370 4770

Turbidez (NTU)

100 Maacutex

76400 75000 38100 2103120 1326450 168190

Miacuten 440 210 290 36640 1970 1140

Fonte Autoria proacutepria 2019

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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Obs Todos os dados encontrados antes da ruptura satildeo compatiacuteveis com os registrados na

seacuterie histoacuterica de 2002 a 2018 das estaccedilotildees fluviomeacutetricas exceto os valores para turbidez de 2013

a 2018 (CPRM 2019)

De modo geral o rio Paraopeba encontra-se gravemente afetado entre 30 a 60 km

de distacircncia da barragem O aumento da temperatura apoacutes a ruptura da barragem eacute

justificado pelo lanccedilamento de despejos de rejeitos de mineraccedilatildeo na bacia do rio O ponto

de monitoramento de Maacuterio Campos apresentou a maior temperatura da aacutegua atingindo

um valor superior a 30degC Em geral agrave medida que a temperatura aumenta a taxa de

reaccedilotildees quiacutemicas e bioloacutegicas sofrem aumento (VON SPERLING 2000)

A variaccedilatildeo de temperatura eacute responsaacutevel por aumentar a taxa das reaccedilotildees quiacutemicas

e bioloacutegicas um dos principais fatores de controle direto da concentraccedilatildeo de OD na aacutegua

(EMBRAPA 2004) Com a elevaccedilatildeo da temperatura ocorre o aumento da taxa em que os

nutrientes aderidos aos soacutelidos suspensos satildeo convertidos em formas soluacuteveis

Poreacutem apoacutes a ruptura da barragem a faixa de concentraccedilatildeo de OD apresentou

queda em termos meacutedios de 806 para os 3 pontos de monitoramento apresentados na

Tabela 3 O valor miacutenimo obtido foi de 529 mgL na estaccedilatildeo fluviomeacutetrica da Ponte

Taquara Os valores estatildeo em conformidade com os limites previstos para os rios de classe

2 que segundo a Resoluccedilatildeo Conama 3572005 deve ser maior que 5 mgL

O mesmo aplica-se para os iacutendices de pH que em termos meacutedios apresentou queda

de 137 O pH possui efeito indireto sobre a precipitaccedilatildeo de elementos quiacutemicos toacutexicos

como os metais pesados (EMBRAPA 2004) Apesar dos iacutendices analisados estarem

compatiacuteveis com o limite de 6 a 9 para rios de Classe 2 os valores apoacutes a ruptura estatildeo na

faixa de 6 a 8 Para que ocorra a precipitaccedilatildeo quiacutemica de metais pesados o ideal eacute que o

pH do meio seja elevado ou seja superior a 70 (EMBRAPA 2004) Conforme o pH

aumenta ocorre o aumento da concentraccedilatildeo de complexos dos quais substituem as

moleacuteculas de aacutegua por ligantes inorgacircnicos Por sua vez estas estruturas ligantes por

serem maiores ou menos soluacuteveis dificultam o processo de troca iocircnica facilitando o

processo de precipitaccedilatildeo quiacutemica do metal (OUKI e KAVANNAGH 1999)

Apesar dos iacutendices de OD e do pH natildeo apresentarem desconformidade com os

limites da legislaccedilatildeo os valores de turbidez em todos os pontos de monitoramento apoacutes a

ruptura superaram o limite previsto de 100 NTU para rios de Classe 2 conforme a

Resoluccedilatildeo Conama 3572005 No ponto de monitoramento de Maacuterio Campos obteve-se

210 vezes o Limite Maacuteximo Permitido (LMP) de turbidez Ao comparar os dados antes e

apoacutes a ruptura tem-se que os valores antes ao rompimento tambeacutem superaram o limite

previsto

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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De acordo com o Informativo especial ldquoAvaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e

2018rdquo publicado pelo IGAM em 12 de fevereiro de 2019 avaliou-se o comportamento de

alguns paracircmetros de qualidade da aacutegua do rio Paraopeba Segundo a seacuterie histoacuterica da

bacia observa-se que em periacuteodos chuvosos a turbidez do rio ultrapassou 18 vezes o

limite legal permitido Isso indica que para o periacuteodo analisado sugere-se o aporte de soacutelido

de origem difusa na bacia ausecircncia de mata ciliar no entorno e a ocorrecircncia de processos

erosivos

A turbidez provoca nebulosidade ao rio reduzindo a passagem dos feixes de luz na

aacutegua Estaacute reduccedilatildeo daacute-se por absorccedilatildeo e espalhamento uma vez que as partiacuteculas que

provocam turbidez na aacutegua satildeo maiores que o comprimento de luz branca (VON

SPERLING 2000) Devido agrave presenccedila de soacutelidos de mateacuteria inorgacircnica em suspensatildeo

oriundos da lama de rejeitos que afetou o rio a turbidez reduz a fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo

aquaacutetica e influencia drasticamente nas comunidades aquaacuteticas conforme a Figura 4

Figura 4 Condiccedilatildeo do rio Paraopeba nos trechos iniciais ao rompimento da barragem

Fonte REUTERS 2019

Os soacutelidos da lama sedimentam-se no leito do rio podendo ateacute reter bacteacuterias e

resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (EMBRAPA 2004) Assim os

soacutelidos influenciam tambeacutem na demanda de OD Apesar do que foi verificado quanto aos

niacuteveis de OD pode-se inferir que a lama de rejeitos ainda natildeo se sedimentou totalmente no

leito do rio ao ponto de formar bancos de lodo Logo o OD eacute um paracircmetro que responde

lentamente agraves variaccedilotildees de carga de poluiccedilatildeo (CUNHA E FERREIRA 2019)

Aleacutem disso outro paracircmetro analisado eacute a condutividade eleacutetrica Embora natildeo

possua limite de legislaccedilatildeo sua anaacutelise permite verificar de forma indireta o comportamento

dos eletroacutelitos na aacutegua inclusive dos iacuteons de metal (IGAM 2019) Os valores para este

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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paracircmetro apoacutes a ruptura variam de 2940 a 13070 μscm Sendo que os valores antes e

apoacutes a ruptura apresentam pouca variaccedilatildeo

Ao analisar os paracircmetros antes e apoacutes a ruptura eacute possiacutevel calcular o IQA para cada

situaccedilatildeo Antes do rompimento da barragem o IQA obtido para a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de

Alberto Flores foi de 66 e apoacutes a ruptura o IQA obtido para o ponto de monitoramento de

Maacuterio Campos foi de 14 Ao analisar a classificaccedilatildeo de IQA do IGAM antes da ruptura o

IQA foi bom (70lt IQA le 90) ou seja a aacutegua apresentava condiccedilotildees apropriadas para o

tratamento convencional visando o abastecimento puacuteblico Apoacutes a ruptura o IQA eacute

considerado muito ruim (IQA le 25) ou seja a aacutegua eacute improacutepria para o tratamento

convencional sendo necessaacuterio tratamentos mais avanccedilados

Segundo o informativo especial de seacuterie histoacuterica de 2000 a 2018 do IGAM (2019)

citado anteriormente especialistas apontam a presenccedila de metais acima do que estipula a

legislaccedilatildeo ambiental para rios de Classe 2 A partir desse informativo e dos monitoramentos

obtidos pela SOS Mata Atlacircntica os teores de metais e de metais pesados analisados satildeo

da mesma magnitude ou inferiores aos teores maacuteximos encontrados As aacuteguas que

recebem efluentes contendo metais pesados apresentam ao fundo concentraccedilotildees elevadas

de sedimento (EMBRAPA 2004) Ao lanccedilar lamas insoluacuteveis contendo metais estas sofrem

transformaccedilotildees quiacutemicas sob a accedilatildeo bioloacutegica lanccedilando lentamente na corrente liacutequida

(EMBRAPA 2004)

A presenccedila de metais apoacutes a ruptura da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo eacute

apresentada na Tabela 4

Tabela 4 Valores meacutedios de concentraccedilatildeo de metais pesados apoacutes o rompimento da

barragem a partir dos monitoramentos da SOS Mata Atlacircntica

PRESENCcedilA DE METAIS NA AacuteGUA APOacuteS A RUPTURA

METAIS VALORES MEacuteDIOS (mgL) LIMITE MAacuteXIMO

PERMITIDO (mgL)

Ferro 6065 03

Cobre 357 0009

Manganecircs 2145 01

Cromo 1145 005

Fonte Autoria proacutepria 2019

A concentraccedilatildeo de metais verificada ao longo do curso do rio Paraopeba de acordo

com o LMP determinado pela resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 demonstra que toda a

extensatildeo do rio foi afetada criticamente Para todos os metais pesados analisados tem-se

concentraccedilotildees meacutedias acima do LMP Fatores como o pH temperatura e OD tambeacutem

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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influenciam na mobilidade e potencialidade toacutexica de vaacuterios metais (CARVALHO et al

2016) Em consequecircncia disso apoacutes o lanccedilamento de rejeitos na aacutegua estes paracircmetros

controlam os processos fiacutesicos- quiacutemicos de solubilidade dos metais sendo responsaacuteveis

por influenciar na concentraccedilatildeo e absorccedilatildeo pelos organismos

Contudo ao analisar a presenccedila de metais na aacutegua apoacutes a ruptura encontra-se

aproximadamente 202 vezes o LMP para o ferro e 2145 vezes o LMP para o manganecircs

Em concentraccedilotildees elevadas ambos os metais atribuem coloraccedilatildeo avermelhada sensaccedilatildeo

de adstringecircncia e sabor a aacutegua O ferro por exemplo aparece em aacuteguas subterracircneas

devido agrave dissoluccedilatildeo do mineacuterio devido a presenccedila do gaacutes carbocircnico da aacutegua Ao entrar em

contato com o ar oxida-se conferindo cor e sabor a aacutegua (CETESB 2018) Em alguns

casos altas concentraccedilotildees de ferro satildeo limitantes no crescimento de algas e outras plantas

(VON SPERLING 2000)

Outro iacutendice alarmante eacute a presenccedila de cobre aproximadamente 397 vezes o LMP

e a presenccedila de cromo 229 vezes o LMP Metais pesados como o cobre e cromo podem

causar diversos danos aos organismos podendo ficar disponiacuteveis na aacutegua ateacute serem

assimilados quimicamente ou biologicamente atraveacutes de associaccedilatildeo de estruturas

orgacircnicas (SOS 2019) Logo a presenccedila de quantidades elevadas de cobre na aacutegua pode

produzir vocircmitos sabor desagradaacutevel na aacutegua e uma extensa variedade de efeitos toacutexicos

Jaacute o cromo em condiccedilotildees elevadas pode causar problemas respiratoacuterios e modificaccedilotildees

hematoloacutegicas (VON SPERLING 2000)

5 CONCLUSAtildeO

O dano ambiental causado apoacutes o rompimento da Barragem do Complexo do

Coacuterrego do Feijatildeo tornou as aacuteguas do rio Paraopeba improacuteprias para o consumo pois

segundo os paracircmetros analisados temperatura turbidez e valores meacutedios de metais estatildeo

em desconformidade com os padrotildees da legislaccedilatildeo vigente exceto os paracircmetros OD pH

e condutividade eleacutetrica Aleacutem disso o IQA calculado apoacutes a ruptura da barragem eacute

classificado como muito ruim o que faz-se necessaacuterio o uso tratamentos mais avanccedilados

para o abastecimento puacuteblico

Verificou-se que o lanccedilamento de efluentes oriundos de rejeitos de mineacuterio no rio

deteriora a qualidade da aacutegua e possui consequecircncias prolongadas ao ecossistema

aquaacutetico Logo o impacto causado pelo volume de rejeitos eacute de difiacutecil anaacutelise pois ao

formarem misturas complexas de vaacuterios elementos quiacutemicos com a aacutegua tornam a

qualidade da aacutegua desse corpo drsquoaacutegua variaacutevel e de difiacutecil previsatildeo da capacidade de

autodepuraccedilatildeo

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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O principal problema ambiental do lanccedilamento de rejeitos na bacia do rio Paraopeba

foi o acuacutemulo dos rejeitos de mineacuterio na calha do rio gerando a necessidade de

monitoramento constante e de teacutecnicas de remediaccedilatildeo Apesar da bacia do rio Paraopeba

ter um histoacuterico de aumento dos niacuteveis de turbidez nos meses de cheia o impacto sobre

qualidade da aacutegua apoacutes o acontecimento eacute criacutetico comparado ao histoacuterico

Por enquanto o dimensionamento definitivo sobre o dano ambiental eacute imensuraacutevel

pois os resiacuteduos permaneceratildeo no ambiente por tempo indeterminado Deve se ter em

mente que o rio poderaacute se recuperar do impacto mas o ecossistema dificilmente voltaraacute agraves

condiccedilotildees de preacute-impacto Para isso eacute de suma importacircncia que medidas efetivas de

recuperaccedilatildeo ambiental sejam adotadas como por exemplo a remoccedilatildeo de parte dos

sedimentos depositados no leito do rio Portanto eacute fundamental que todos os oacutergatildeos

responsaacuteveis pela gestatildeo dos recursos hiacutedricos e pelas atividades mineraacuterias serem riacutegidos

quanto a este tipo de impacto e que cobrem com rigor medidas de recuperaccedilatildeo do recurso

hiacutedrico

6 RECOMENDACcedilOtildeES

Com base nas conclusotildees desta pesquisa e dos questionamentos que ainda podem

ser respondidos recomenda-se aplicar um modelo de qualidade da aacutegua que leve em

consideraccedilatildeo a presenccedila dos rejeitos de mineacuterio de ferro no leito do rio afim de entender

afundo a diversidade regional de problemas e soluccedilotildees concernentes para o rompimento

de barragens

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Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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Page 15: DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO DO RIO PARAOPEBA ...repositorio.ufgd.edu.br/.../2337/1/IzabellyCapilleBeloto.pdfSendo um parâmetro importante para a avaliação da qualidade de um corpo

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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Outra fonte de dados utilizada no presente trabalho dizem respeito as mediccedilotildees

realizadas pela equipe teacutecnica da Fundaccedilatildeo SOS Mata Atlacircntica que acompanhou o

deslocamento da onda de rejeitos sobre 305 km do rio Paraopeba do dia 31 de janeiro de

2019 ateacute o dia 9 de fevereiro do mesmo ano O impacto dos rejeitos sobre a qualidade da

aacutegua foi medido em 22 pontos de monitoramento de 2 formas sendo a partir de amostras

de superfiacutecie com mediccedilotildees realizadas a 30 cm da lacircmina drsquoagua e por coluna drsquoaacutegua a

partir de 2m de profundidade (SOS 2019)

4 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

O dano ambiental na bacia do rio Paraopeba ocorreu no periacuteodo da piracema que

teve iniacutecio em novembro e teve fim em fevereiro (SOS 2019) O volume de rejeitos lanccedilados

na regiatildeo principalmente a grande quantidade de soacutelidos em suspensatildeo deixou a aacutegua

com cor intensa e turbidez elevada A Tabela 3 apresenta os valores maacuteximos e miacutenimos

de 5 paracircmetros da qualidade da aacutegua obtidos pelo monitoramento das estaccedilotildees

fluviomeacutetricas e do ponto de monitoramento de Maacuterio Campos pertencentes a RHN antes

e depois da ruptura da barragem de Coacuterrego do Feijatildeo

Tabela 3 Paracircmetros de qualidade da aacutegua antes e depois da ruptura da barragem de

Coacuterrego do Feijatildeo com base nos dados das mediccedilotildees da CPRM (2019)

QUALIDADE DA AacuteGUA DO RIO PARAOPEBA NOS PONTOS DE MONITORAMENTO

PARAcircMETROS

CONAMA

VALORES

ANTES DA RUPTURA seacuterie histoacuterica (2000 a 2018)

DEPOIS DA RUPTURA 2601 a 3103

Alberto Flores

Ponte Nova do

Paraopeba

Ponte Taquaraacute

Maacuterio Campos

Ponte Nova do

Paraopeba

Ponte Taquaraacute

Temperatura da aacutegua (Cdeg)

Maacutex

2650 2750 2690 3120 2970 3070

40

Miacuten 1510 1700 1700 2300 2370 2460

OD (mgL)

5 Maacutex

970 971 914 820 768 780

Miacuten

714 360 475 625 533 529

pH

60 - 90 Maacutex

823 823 814 782 737 766

Miacuten

607 607 675 608 661 652

Condutividade eleacutetrica (μscm)

- Maacutex

12810 16100 15690 12700 13070 13060

Miacuten

4380 2420 3650 2940 7370 4770

Turbidez (NTU)

100 Maacutex

76400 75000 38100 2103120 1326450 168190

Miacuten 440 210 290 36640 1970 1140

Fonte Autoria proacutepria 2019

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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Obs Todos os dados encontrados antes da ruptura satildeo compatiacuteveis com os registrados na

seacuterie histoacuterica de 2002 a 2018 das estaccedilotildees fluviomeacutetricas exceto os valores para turbidez de 2013

a 2018 (CPRM 2019)

De modo geral o rio Paraopeba encontra-se gravemente afetado entre 30 a 60 km

de distacircncia da barragem O aumento da temperatura apoacutes a ruptura da barragem eacute

justificado pelo lanccedilamento de despejos de rejeitos de mineraccedilatildeo na bacia do rio O ponto

de monitoramento de Maacuterio Campos apresentou a maior temperatura da aacutegua atingindo

um valor superior a 30degC Em geral agrave medida que a temperatura aumenta a taxa de

reaccedilotildees quiacutemicas e bioloacutegicas sofrem aumento (VON SPERLING 2000)

A variaccedilatildeo de temperatura eacute responsaacutevel por aumentar a taxa das reaccedilotildees quiacutemicas

e bioloacutegicas um dos principais fatores de controle direto da concentraccedilatildeo de OD na aacutegua

(EMBRAPA 2004) Com a elevaccedilatildeo da temperatura ocorre o aumento da taxa em que os

nutrientes aderidos aos soacutelidos suspensos satildeo convertidos em formas soluacuteveis

Poreacutem apoacutes a ruptura da barragem a faixa de concentraccedilatildeo de OD apresentou

queda em termos meacutedios de 806 para os 3 pontos de monitoramento apresentados na

Tabela 3 O valor miacutenimo obtido foi de 529 mgL na estaccedilatildeo fluviomeacutetrica da Ponte

Taquara Os valores estatildeo em conformidade com os limites previstos para os rios de classe

2 que segundo a Resoluccedilatildeo Conama 3572005 deve ser maior que 5 mgL

O mesmo aplica-se para os iacutendices de pH que em termos meacutedios apresentou queda

de 137 O pH possui efeito indireto sobre a precipitaccedilatildeo de elementos quiacutemicos toacutexicos

como os metais pesados (EMBRAPA 2004) Apesar dos iacutendices analisados estarem

compatiacuteveis com o limite de 6 a 9 para rios de Classe 2 os valores apoacutes a ruptura estatildeo na

faixa de 6 a 8 Para que ocorra a precipitaccedilatildeo quiacutemica de metais pesados o ideal eacute que o

pH do meio seja elevado ou seja superior a 70 (EMBRAPA 2004) Conforme o pH

aumenta ocorre o aumento da concentraccedilatildeo de complexos dos quais substituem as

moleacuteculas de aacutegua por ligantes inorgacircnicos Por sua vez estas estruturas ligantes por

serem maiores ou menos soluacuteveis dificultam o processo de troca iocircnica facilitando o

processo de precipitaccedilatildeo quiacutemica do metal (OUKI e KAVANNAGH 1999)

Apesar dos iacutendices de OD e do pH natildeo apresentarem desconformidade com os

limites da legislaccedilatildeo os valores de turbidez em todos os pontos de monitoramento apoacutes a

ruptura superaram o limite previsto de 100 NTU para rios de Classe 2 conforme a

Resoluccedilatildeo Conama 3572005 No ponto de monitoramento de Maacuterio Campos obteve-se

210 vezes o Limite Maacuteximo Permitido (LMP) de turbidez Ao comparar os dados antes e

apoacutes a ruptura tem-se que os valores antes ao rompimento tambeacutem superaram o limite

previsto

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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De acordo com o Informativo especial ldquoAvaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e

2018rdquo publicado pelo IGAM em 12 de fevereiro de 2019 avaliou-se o comportamento de

alguns paracircmetros de qualidade da aacutegua do rio Paraopeba Segundo a seacuterie histoacuterica da

bacia observa-se que em periacuteodos chuvosos a turbidez do rio ultrapassou 18 vezes o

limite legal permitido Isso indica que para o periacuteodo analisado sugere-se o aporte de soacutelido

de origem difusa na bacia ausecircncia de mata ciliar no entorno e a ocorrecircncia de processos

erosivos

A turbidez provoca nebulosidade ao rio reduzindo a passagem dos feixes de luz na

aacutegua Estaacute reduccedilatildeo daacute-se por absorccedilatildeo e espalhamento uma vez que as partiacuteculas que

provocam turbidez na aacutegua satildeo maiores que o comprimento de luz branca (VON

SPERLING 2000) Devido agrave presenccedila de soacutelidos de mateacuteria inorgacircnica em suspensatildeo

oriundos da lama de rejeitos que afetou o rio a turbidez reduz a fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo

aquaacutetica e influencia drasticamente nas comunidades aquaacuteticas conforme a Figura 4

Figura 4 Condiccedilatildeo do rio Paraopeba nos trechos iniciais ao rompimento da barragem

Fonte REUTERS 2019

Os soacutelidos da lama sedimentam-se no leito do rio podendo ateacute reter bacteacuterias e

resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (EMBRAPA 2004) Assim os

soacutelidos influenciam tambeacutem na demanda de OD Apesar do que foi verificado quanto aos

niacuteveis de OD pode-se inferir que a lama de rejeitos ainda natildeo se sedimentou totalmente no

leito do rio ao ponto de formar bancos de lodo Logo o OD eacute um paracircmetro que responde

lentamente agraves variaccedilotildees de carga de poluiccedilatildeo (CUNHA E FERREIRA 2019)

Aleacutem disso outro paracircmetro analisado eacute a condutividade eleacutetrica Embora natildeo

possua limite de legislaccedilatildeo sua anaacutelise permite verificar de forma indireta o comportamento

dos eletroacutelitos na aacutegua inclusive dos iacuteons de metal (IGAM 2019) Os valores para este

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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paracircmetro apoacutes a ruptura variam de 2940 a 13070 μscm Sendo que os valores antes e

apoacutes a ruptura apresentam pouca variaccedilatildeo

Ao analisar os paracircmetros antes e apoacutes a ruptura eacute possiacutevel calcular o IQA para cada

situaccedilatildeo Antes do rompimento da barragem o IQA obtido para a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de

Alberto Flores foi de 66 e apoacutes a ruptura o IQA obtido para o ponto de monitoramento de

Maacuterio Campos foi de 14 Ao analisar a classificaccedilatildeo de IQA do IGAM antes da ruptura o

IQA foi bom (70lt IQA le 90) ou seja a aacutegua apresentava condiccedilotildees apropriadas para o

tratamento convencional visando o abastecimento puacuteblico Apoacutes a ruptura o IQA eacute

considerado muito ruim (IQA le 25) ou seja a aacutegua eacute improacutepria para o tratamento

convencional sendo necessaacuterio tratamentos mais avanccedilados

Segundo o informativo especial de seacuterie histoacuterica de 2000 a 2018 do IGAM (2019)

citado anteriormente especialistas apontam a presenccedila de metais acima do que estipula a

legislaccedilatildeo ambiental para rios de Classe 2 A partir desse informativo e dos monitoramentos

obtidos pela SOS Mata Atlacircntica os teores de metais e de metais pesados analisados satildeo

da mesma magnitude ou inferiores aos teores maacuteximos encontrados As aacuteguas que

recebem efluentes contendo metais pesados apresentam ao fundo concentraccedilotildees elevadas

de sedimento (EMBRAPA 2004) Ao lanccedilar lamas insoluacuteveis contendo metais estas sofrem

transformaccedilotildees quiacutemicas sob a accedilatildeo bioloacutegica lanccedilando lentamente na corrente liacutequida

(EMBRAPA 2004)

A presenccedila de metais apoacutes a ruptura da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo eacute

apresentada na Tabela 4

Tabela 4 Valores meacutedios de concentraccedilatildeo de metais pesados apoacutes o rompimento da

barragem a partir dos monitoramentos da SOS Mata Atlacircntica

PRESENCcedilA DE METAIS NA AacuteGUA APOacuteS A RUPTURA

METAIS VALORES MEacuteDIOS (mgL) LIMITE MAacuteXIMO

PERMITIDO (mgL)

Ferro 6065 03

Cobre 357 0009

Manganecircs 2145 01

Cromo 1145 005

Fonte Autoria proacutepria 2019

A concentraccedilatildeo de metais verificada ao longo do curso do rio Paraopeba de acordo

com o LMP determinado pela resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 demonstra que toda a

extensatildeo do rio foi afetada criticamente Para todos os metais pesados analisados tem-se

concentraccedilotildees meacutedias acima do LMP Fatores como o pH temperatura e OD tambeacutem

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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influenciam na mobilidade e potencialidade toacutexica de vaacuterios metais (CARVALHO et al

2016) Em consequecircncia disso apoacutes o lanccedilamento de rejeitos na aacutegua estes paracircmetros

controlam os processos fiacutesicos- quiacutemicos de solubilidade dos metais sendo responsaacuteveis

por influenciar na concentraccedilatildeo e absorccedilatildeo pelos organismos

Contudo ao analisar a presenccedila de metais na aacutegua apoacutes a ruptura encontra-se

aproximadamente 202 vezes o LMP para o ferro e 2145 vezes o LMP para o manganecircs

Em concentraccedilotildees elevadas ambos os metais atribuem coloraccedilatildeo avermelhada sensaccedilatildeo

de adstringecircncia e sabor a aacutegua O ferro por exemplo aparece em aacuteguas subterracircneas

devido agrave dissoluccedilatildeo do mineacuterio devido a presenccedila do gaacutes carbocircnico da aacutegua Ao entrar em

contato com o ar oxida-se conferindo cor e sabor a aacutegua (CETESB 2018) Em alguns

casos altas concentraccedilotildees de ferro satildeo limitantes no crescimento de algas e outras plantas

(VON SPERLING 2000)

Outro iacutendice alarmante eacute a presenccedila de cobre aproximadamente 397 vezes o LMP

e a presenccedila de cromo 229 vezes o LMP Metais pesados como o cobre e cromo podem

causar diversos danos aos organismos podendo ficar disponiacuteveis na aacutegua ateacute serem

assimilados quimicamente ou biologicamente atraveacutes de associaccedilatildeo de estruturas

orgacircnicas (SOS 2019) Logo a presenccedila de quantidades elevadas de cobre na aacutegua pode

produzir vocircmitos sabor desagradaacutevel na aacutegua e uma extensa variedade de efeitos toacutexicos

Jaacute o cromo em condiccedilotildees elevadas pode causar problemas respiratoacuterios e modificaccedilotildees

hematoloacutegicas (VON SPERLING 2000)

5 CONCLUSAtildeO

O dano ambiental causado apoacutes o rompimento da Barragem do Complexo do

Coacuterrego do Feijatildeo tornou as aacuteguas do rio Paraopeba improacuteprias para o consumo pois

segundo os paracircmetros analisados temperatura turbidez e valores meacutedios de metais estatildeo

em desconformidade com os padrotildees da legislaccedilatildeo vigente exceto os paracircmetros OD pH

e condutividade eleacutetrica Aleacutem disso o IQA calculado apoacutes a ruptura da barragem eacute

classificado como muito ruim o que faz-se necessaacuterio o uso tratamentos mais avanccedilados

para o abastecimento puacuteblico

Verificou-se que o lanccedilamento de efluentes oriundos de rejeitos de mineacuterio no rio

deteriora a qualidade da aacutegua e possui consequecircncias prolongadas ao ecossistema

aquaacutetico Logo o impacto causado pelo volume de rejeitos eacute de difiacutecil anaacutelise pois ao

formarem misturas complexas de vaacuterios elementos quiacutemicos com a aacutegua tornam a

qualidade da aacutegua desse corpo drsquoaacutegua variaacutevel e de difiacutecil previsatildeo da capacidade de

autodepuraccedilatildeo

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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O principal problema ambiental do lanccedilamento de rejeitos na bacia do rio Paraopeba

foi o acuacutemulo dos rejeitos de mineacuterio na calha do rio gerando a necessidade de

monitoramento constante e de teacutecnicas de remediaccedilatildeo Apesar da bacia do rio Paraopeba

ter um histoacuterico de aumento dos niacuteveis de turbidez nos meses de cheia o impacto sobre

qualidade da aacutegua apoacutes o acontecimento eacute criacutetico comparado ao histoacuterico

Por enquanto o dimensionamento definitivo sobre o dano ambiental eacute imensuraacutevel

pois os resiacuteduos permaneceratildeo no ambiente por tempo indeterminado Deve se ter em

mente que o rio poderaacute se recuperar do impacto mas o ecossistema dificilmente voltaraacute agraves

condiccedilotildees de preacute-impacto Para isso eacute de suma importacircncia que medidas efetivas de

recuperaccedilatildeo ambiental sejam adotadas como por exemplo a remoccedilatildeo de parte dos

sedimentos depositados no leito do rio Portanto eacute fundamental que todos os oacutergatildeos

responsaacuteveis pela gestatildeo dos recursos hiacutedricos e pelas atividades mineraacuterias serem riacutegidos

quanto a este tipo de impacto e que cobrem com rigor medidas de recuperaccedilatildeo do recurso

hiacutedrico

6 RECOMENDACcedilOtildeES

Com base nas conclusotildees desta pesquisa e dos questionamentos que ainda podem

ser respondidos recomenda-se aplicar um modelo de qualidade da aacutegua que leve em

consideraccedilatildeo a presenccedila dos rejeitos de mineacuterio de ferro no leito do rio afim de entender

afundo a diversidade regional de problemas e soluccedilotildees concernentes para o rompimento

de barragens

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Page 16: DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO DO RIO PARAOPEBA ...repositorio.ufgd.edu.br/.../2337/1/IzabellyCapilleBeloto.pdfSendo um parâmetro importante para a avaliação da qualidade de um corpo

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Obs Todos os dados encontrados antes da ruptura satildeo compatiacuteveis com os registrados na

seacuterie histoacuterica de 2002 a 2018 das estaccedilotildees fluviomeacutetricas exceto os valores para turbidez de 2013

a 2018 (CPRM 2019)

De modo geral o rio Paraopeba encontra-se gravemente afetado entre 30 a 60 km

de distacircncia da barragem O aumento da temperatura apoacutes a ruptura da barragem eacute

justificado pelo lanccedilamento de despejos de rejeitos de mineraccedilatildeo na bacia do rio O ponto

de monitoramento de Maacuterio Campos apresentou a maior temperatura da aacutegua atingindo

um valor superior a 30degC Em geral agrave medida que a temperatura aumenta a taxa de

reaccedilotildees quiacutemicas e bioloacutegicas sofrem aumento (VON SPERLING 2000)

A variaccedilatildeo de temperatura eacute responsaacutevel por aumentar a taxa das reaccedilotildees quiacutemicas

e bioloacutegicas um dos principais fatores de controle direto da concentraccedilatildeo de OD na aacutegua

(EMBRAPA 2004) Com a elevaccedilatildeo da temperatura ocorre o aumento da taxa em que os

nutrientes aderidos aos soacutelidos suspensos satildeo convertidos em formas soluacuteveis

Poreacutem apoacutes a ruptura da barragem a faixa de concentraccedilatildeo de OD apresentou

queda em termos meacutedios de 806 para os 3 pontos de monitoramento apresentados na

Tabela 3 O valor miacutenimo obtido foi de 529 mgL na estaccedilatildeo fluviomeacutetrica da Ponte

Taquara Os valores estatildeo em conformidade com os limites previstos para os rios de classe

2 que segundo a Resoluccedilatildeo Conama 3572005 deve ser maior que 5 mgL

O mesmo aplica-se para os iacutendices de pH que em termos meacutedios apresentou queda

de 137 O pH possui efeito indireto sobre a precipitaccedilatildeo de elementos quiacutemicos toacutexicos

como os metais pesados (EMBRAPA 2004) Apesar dos iacutendices analisados estarem

compatiacuteveis com o limite de 6 a 9 para rios de Classe 2 os valores apoacutes a ruptura estatildeo na

faixa de 6 a 8 Para que ocorra a precipitaccedilatildeo quiacutemica de metais pesados o ideal eacute que o

pH do meio seja elevado ou seja superior a 70 (EMBRAPA 2004) Conforme o pH

aumenta ocorre o aumento da concentraccedilatildeo de complexos dos quais substituem as

moleacuteculas de aacutegua por ligantes inorgacircnicos Por sua vez estas estruturas ligantes por

serem maiores ou menos soluacuteveis dificultam o processo de troca iocircnica facilitando o

processo de precipitaccedilatildeo quiacutemica do metal (OUKI e KAVANNAGH 1999)

Apesar dos iacutendices de OD e do pH natildeo apresentarem desconformidade com os

limites da legislaccedilatildeo os valores de turbidez em todos os pontos de monitoramento apoacutes a

ruptura superaram o limite previsto de 100 NTU para rios de Classe 2 conforme a

Resoluccedilatildeo Conama 3572005 No ponto de monitoramento de Maacuterio Campos obteve-se

210 vezes o Limite Maacuteximo Permitido (LMP) de turbidez Ao comparar os dados antes e

apoacutes a ruptura tem-se que os valores antes ao rompimento tambeacutem superaram o limite

previsto

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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De acordo com o Informativo especial ldquoAvaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e

2018rdquo publicado pelo IGAM em 12 de fevereiro de 2019 avaliou-se o comportamento de

alguns paracircmetros de qualidade da aacutegua do rio Paraopeba Segundo a seacuterie histoacuterica da

bacia observa-se que em periacuteodos chuvosos a turbidez do rio ultrapassou 18 vezes o

limite legal permitido Isso indica que para o periacuteodo analisado sugere-se o aporte de soacutelido

de origem difusa na bacia ausecircncia de mata ciliar no entorno e a ocorrecircncia de processos

erosivos

A turbidez provoca nebulosidade ao rio reduzindo a passagem dos feixes de luz na

aacutegua Estaacute reduccedilatildeo daacute-se por absorccedilatildeo e espalhamento uma vez que as partiacuteculas que

provocam turbidez na aacutegua satildeo maiores que o comprimento de luz branca (VON

SPERLING 2000) Devido agrave presenccedila de soacutelidos de mateacuteria inorgacircnica em suspensatildeo

oriundos da lama de rejeitos que afetou o rio a turbidez reduz a fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo

aquaacutetica e influencia drasticamente nas comunidades aquaacuteticas conforme a Figura 4

Figura 4 Condiccedilatildeo do rio Paraopeba nos trechos iniciais ao rompimento da barragem

Fonte REUTERS 2019

Os soacutelidos da lama sedimentam-se no leito do rio podendo ateacute reter bacteacuterias e

resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (EMBRAPA 2004) Assim os

soacutelidos influenciam tambeacutem na demanda de OD Apesar do que foi verificado quanto aos

niacuteveis de OD pode-se inferir que a lama de rejeitos ainda natildeo se sedimentou totalmente no

leito do rio ao ponto de formar bancos de lodo Logo o OD eacute um paracircmetro que responde

lentamente agraves variaccedilotildees de carga de poluiccedilatildeo (CUNHA E FERREIRA 2019)

Aleacutem disso outro paracircmetro analisado eacute a condutividade eleacutetrica Embora natildeo

possua limite de legislaccedilatildeo sua anaacutelise permite verificar de forma indireta o comportamento

dos eletroacutelitos na aacutegua inclusive dos iacuteons de metal (IGAM 2019) Os valores para este

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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paracircmetro apoacutes a ruptura variam de 2940 a 13070 μscm Sendo que os valores antes e

apoacutes a ruptura apresentam pouca variaccedilatildeo

Ao analisar os paracircmetros antes e apoacutes a ruptura eacute possiacutevel calcular o IQA para cada

situaccedilatildeo Antes do rompimento da barragem o IQA obtido para a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de

Alberto Flores foi de 66 e apoacutes a ruptura o IQA obtido para o ponto de monitoramento de

Maacuterio Campos foi de 14 Ao analisar a classificaccedilatildeo de IQA do IGAM antes da ruptura o

IQA foi bom (70lt IQA le 90) ou seja a aacutegua apresentava condiccedilotildees apropriadas para o

tratamento convencional visando o abastecimento puacuteblico Apoacutes a ruptura o IQA eacute

considerado muito ruim (IQA le 25) ou seja a aacutegua eacute improacutepria para o tratamento

convencional sendo necessaacuterio tratamentos mais avanccedilados

Segundo o informativo especial de seacuterie histoacuterica de 2000 a 2018 do IGAM (2019)

citado anteriormente especialistas apontam a presenccedila de metais acima do que estipula a

legislaccedilatildeo ambiental para rios de Classe 2 A partir desse informativo e dos monitoramentos

obtidos pela SOS Mata Atlacircntica os teores de metais e de metais pesados analisados satildeo

da mesma magnitude ou inferiores aos teores maacuteximos encontrados As aacuteguas que

recebem efluentes contendo metais pesados apresentam ao fundo concentraccedilotildees elevadas

de sedimento (EMBRAPA 2004) Ao lanccedilar lamas insoluacuteveis contendo metais estas sofrem

transformaccedilotildees quiacutemicas sob a accedilatildeo bioloacutegica lanccedilando lentamente na corrente liacutequida

(EMBRAPA 2004)

A presenccedila de metais apoacutes a ruptura da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo eacute

apresentada na Tabela 4

Tabela 4 Valores meacutedios de concentraccedilatildeo de metais pesados apoacutes o rompimento da

barragem a partir dos monitoramentos da SOS Mata Atlacircntica

PRESENCcedilA DE METAIS NA AacuteGUA APOacuteS A RUPTURA

METAIS VALORES MEacuteDIOS (mgL) LIMITE MAacuteXIMO

PERMITIDO (mgL)

Ferro 6065 03

Cobre 357 0009

Manganecircs 2145 01

Cromo 1145 005

Fonte Autoria proacutepria 2019

A concentraccedilatildeo de metais verificada ao longo do curso do rio Paraopeba de acordo

com o LMP determinado pela resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 demonstra que toda a

extensatildeo do rio foi afetada criticamente Para todos os metais pesados analisados tem-se

concentraccedilotildees meacutedias acima do LMP Fatores como o pH temperatura e OD tambeacutem

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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influenciam na mobilidade e potencialidade toacutexica de vaacuterios metais (CARVALHO et al

2016) Em consequecircncia disso apoacutes o lanccedilamento de rejeitos na aacutegua estes paracircmetros

controlam os processos fiacutesicos- quiacutemicos de solubilidade dos metais sendo responsaacuteveis

por influenciar na concentraccedilatildeo e absorccedilatildeo pelos organismos

Contudo ao analisar a presenccedila de metais na aacutegua apoacutes a ruptura encontra-se

aproximadamente 202 vezes o LMP para o ferro e 2145 vezes o LMP para o manganecircs

Em concentraccedilotildees elevadas ambos os metais atribuem coloraccedilatildeo avermelhada sensaccedilatildeo

de adstringecircncia e sabor a aacutegua O ferro por exemplo aparece em aacuteguas subterracircneas

devido agrave dissoluccedilatildeo do mineacuterio devido a presenccedila do gaacutes carbocircnico da aacutegua Ao entrar em

contato com o ar oxida-se conferindo cor e sabor a aacutegua (CETESB 2018) Em alguns

casos altas concentraccedilotildees de ferro satildeo limitantes no crescimento de algas e outras plantas

(VON SPERLING 2000)

Outro iacutendice alarmante eacute a presenccedila de cobre aproximadamente 397 vezes o LMP

e a presenccedila de cromo 229 vezes o LMP Metais pesados como o cobre e cromo podem

causar diversos danos aos organismos podendo ficar disponiacuteveis na aacutegua ateacute serem

assimilados quimicamente ou biologicamente atraveacutes de associaccedilatildeo de estruturas

orgacircnicas (SOS 2019) Logo a presenccedila de quantidades elevadas de cobre na aacutegua pode

produzir vocircmitos sabor desagradaacutevel na aacutegua e uma extensa variedade de efeitos toacutexicos

Jaacute o cromo em condiccedilotildees elevadas pode causar problemas respiratoacuterios e modificaccedilotildees

hematoloacutegicas (VON SPERLING 2000)

5 CONCLUSAtildeO

O dano ambiental causado apoacutes o rompimento da Barragem do Complexo do

Coacuterrego do Feijatildeo tornou as aacuteguas do rio Paraopeba improacuteprias para o consumo pois

segundo os paracircmetros analisados temperatura turbidez e valores meacutedios de metais estatildeo

em desconformidade com os padrotildees da legislaccedilatildeo vigente exceto os paracircmetros OD pH

e condutividade eleacutetrica Aleacutem disso o IQA calculado apoacutes a ruptura da barragem eacute

classificado como muito ruim o que faz-se necessaacuterio o uso tratamentos mais avanccedilados

para o abastecimento puacuteblico

Verificou-se que o lanccedilamento de efluentes oriundos de rejeitos de mineacuterio no rio

deteriora a qualidade da aacutegua e possui consequecircncias prolongadas ao ecossistema

aquaacutetico Logo o impacto causado pelo volume de rejeitos eacute de difiacutecil anaacutelise pois ao

formarem misturas complexas de vaacuterios elementos quiacutemicos com a aacutegua tornam a

qualidade da aacutegua desse corpo drsquoaacutegua variaacutevel e de difiacutecil previsatildeo da capacidade de

autodepuraccedilatildeo

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O principal problema ambiental do lanccedilamento de rejeitos na bacia do rio Paraopeba

foi o acuacutemulo dos rejeitos de mineacuterio na calha do rio gerando a necessidade de

monitoramento constante e de teacutecnicas de remediaccedilatildeo Apesar da bacia do rio Paraopeba

ter um histoacuterico de aumento dos niacuteveis de turbidez nos meses de cheia o impacto sobre

qualidade da aacutegua apoacutes o acontecimento eacute criacutetico comparado ao histoacuterico

Por enquanto o dimensionamento definitivo sobre o dano ambiental eacute imensuraacutevel

pois os resiacuteduos permaneceratildeo no ambiente por tempo indeterminado Deve se ter em

mente que o rio poderaacute se recuperar do impacto mas o ecossistema dificilmente voltaraacute agraves

condiccedilotildees de preacute-impacto Para isso eacute de suma importacircncia que medidas efetivas de

recuperaccedilatildeo ambiental sejam adotadas como por exemplo a remoccedilatildeo de parte dos

sedimentos depositados no leito do rio Portanto eacute fundamental que todos os oacutergatildeos

responsaacuteveis pela gestatildeo dos recursos hiacutedricos e pelas atividades mineraacuterias serem riacutegidos

quanto a este tipo de impacto e que cobrem com rigor medidas de recuperaccedilatildeo do recurso

hiacutedrico

6 RECOMENDACcedilOtildeES

Com base nas conclusotildees desta pesquisa e dos questionamentos que ainda podem

ser respondidos recomenda-se aplicar um modelo de qualidade da aacutegua que leve em

consideraccedilatildeo a presenccedila dos rejeitos de mineacuterio de ferro no leito do rio afim de entender

afundo a diversidade regional de problemas e soluccedilotildees concernentes para o rompimento

de barragens

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De acordo com o Informativo especial ldquoAvaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e

2018rdquo publicado pelo IGAM em 12 de fevereiro de 2019 avaliou-se o comportamento de

alguns paracircmetros de qualidade da aacutegua do rio Paraopeba Segundo a seacuterie histoacuterica da

bacia observa-se que em periacuteodos chuvosos a turbidez do rio ultrapassou 18 vezes o

limite legal permitido Isso indica que para o periacuteodo analisado sugere-se o aporte de soacutelido

de origem difusa na bacia ausecircncia de mata ciliar no entorno e a ocorrecircncia de processos

erosivos

A turbidez provoca nebulosidade ao rio reduzindo a passagem dos feixes de luz na

aacutegua Estaacute reduccedilatildeo daacute-se por absorccedilatildeo e espalhamento uma vez que as partiacuteculas que

provocam turbidez na aacutegua satildeo maiores que o comprimento de luz branca (VON

SPERLING 2000) Devido agrave presenccedila de soacutelidos de mateacuteria inorgacircnica em suspensatildeo

oriundos da lama de rejeitos que afetou o rio a turbidez reduz a fotossiacutentese da vegetaccedilatildeo

aquaacutetica e influencia drasticamente nas comunidades aquaacuteticas conforme a Figura 4

Figura 4 Condiccedilatildeo do rio Paraopeba nos trechos iniciais ao rompimento da barragem

Fonte REUTERS 2019

Os soacutelidos da lama sedimentam-se no leito do rio podendo ateacute reter bacteacuterias e

resiacuteduos orgacircnicos promovendo a decomposiccedilatildeo anaeroacutebia (EMBRAPA 2004) Assim os

soacutelidos influenciam tambeacutem na demanda de OD Apesar do que foi verificado quanto aos

niacuteveis de OD pode-se inferir que a lama de rejeitos ainda natildeo se sedimentou totalmente no

leito do rio ao ponto de formar bancos de lodo Logo o OD eacute um paracircmetro que responde

lentamente agraves variaccedilotildees de carga de poluiccedilatildeo (CUNHA E FERREIRA 2019)

Aleacutem disso outro paracircmetro analisado eacute a condutividade eleacutetrica Embora natildeo

possua limite de legislaccedilatildeo sua anaacutelise permite verificar de forma indireta o comportamento

dos eletroacutelitos na aacutegua inclusive dos iacuteons de metal (IGAM 2019) Os valores para este

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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paracircmetro apoacutes a ruptura variam de 2940 a 13070 μscm Sendo que os valores antes e

apoacutes a ruptura apresentam pouca variaccedilatildeo

Ao analisar os paracircmetros antes e apoacutes a ruptura eacute possiacutevel calcular o IQA para cada

situaccedilatildeo Antes do rompimento da barragem o IQA obtido para a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de

Alberto Flores foi de 66 e apoacutes a ruptura o IQA obtido para o ponto de monitoramento de

Maacuterio Campos foi de 14 Ao analisar a classificaccedilatildeo de IQA do IGAM antes da ruptura o

IQA foi bom (70lt IQA le 90) ou seja a aacutegua apresentava condiccedilotildees apropriadas para o

tratamento convencional visando o abastecimento puacuteblico Apoacutes a ruptura o IQA eacute

considerado muito ruim (IQA le 25) ou seja a aacutegua eacute improacutepria para o tratamento

convencional sendo necessaacuterio tratamentos mais avanccedilados

Segundo o informativo especial de seacuterie histoacuterica de 2000 a 2018 do IGAM (2019)

citado anteriormente especialistas apontam a presenccedila de metais acima do que estipula a

legislaccedilatildeo ambiental para rios de Classe 2 A partir desse informativo e dos monitoramentos

obtidos pela SOS Mata Atlacircntica os teores de metais e de metais pesados analisados satildeo

da mesma magnitude ou inferiores aos teores maacuteximos encontrados As aacuteguas que

recebem efluentes contendo metais pesados apresentam ao fundo concentraccedilotildees elevadas

de sedimento (EMBRAPA 2004) Ao lanccedilar lamas insoluacuteveis contendo metais estas sofrem

transformaccedilotildees quiacutemicas sob a accedilatildeo bioloacutegica lanccedilando lentamente na corrente liacutequida

(EMBRAPA 2004)

A presenccedila de metais apoacutes a ruptura da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo eacute

apresentada na Tabela 4

Tabela 4 Valores meacutedios de concentraccedilatildeo de metais pesados apoacutes o rompimento da

barragem a partir dos monitoramentos da SOS Mata Atlacircntica

PRESENCcedilA DE METAIS NA AacuteGUA APOacuteS A RUPTURA

METAIS VALORES MEacuteDIOS (mgL) LIMITE MAacuteXIMO

PERMITIDO (mgL)

Ferro 6065 03

Cobre 357 0009

Manganecircs 2145 01

Cromo 1145 005

Fonte Autoria proacutepria 2019

A concentraccedilatildeo de metais verificada ao longo do curso do rio Paraopeba de acordo

com o LMP determinado pela resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 demonstra que toda a

extensatildeo do rio foi afetada criticamente Para todos os metais pesados analisados tem-se

concentraccedilotildees meacutedias acima do LMP Fatores como o pH temperatura e OD tambeacutem

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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influenciam na mobilidade e potencialidade toacutexica de vaacuterios metais (CARVALHO et al

2016) Em consequecircncia disso apoacutes o lanccedilamento de rejeitos na aacutegua estes paracircmetros

controlam os processos fiacutesicos- quiacutemicos de solubilidade dos metais sendo responsaacuteveis

por influenciar na concentraccedilatildeo e absorccedilatildeo pelos organismos

Contudo ao analisar a presenccedila de metais na aacutegua apoacutes a ruptura encontra-se

aproximadamente 202 vezes o LMP para o ferro e 2145 vezes o LMP para o manganecircs

Em concentraccedilotildees elevadas ambos os metais atribuem coloraccedilatildeo avermelhada sensaccedilatildeo

de adstringecircncia e sabor a aacutegua O ferro por exemplo aparece em aacuteguas subterracircneas

devido agrave dissoluccedilatildeo do mineacuterio devido a presenccedila do gaacutes carbocircnico da aacutegua Ao entrar em

contato com o ar oxida-se conferindo cor e sabor a aacutegua (CETESB 2018) Em alguns

casos altas concentraccedilotildees de ferro satildeo limitantes no crescimento de algas e outras plantas

(VON SPERLING 2000)

Outro iacutendice alarmante eacute a presenccedila de cobre aproximadamente 397 vezes o LMP

e a presenccedila de cromo 229 vezes o LMP Metais pesados como o cobre e cromo podem

causar diversos danos aos organismos podendo ficar disponiacuteveis na aacutegua ateacute serem

assimilados quimicamente ou biologicamente atraveacutes de associaccedilatildeo de estruturas

orgacircnicas (SOS 2019) Logo a presenccedila de quantidades elevadas de cobre na aacutegua pode

produzir vocircmitos sabor desagradaacutevel na aacutegua e uma extensa variedade de efeitos toacutexicos

Jaacute o cromo em condiccedilotildees elevadas pode causar problemas respiratoacuterios e modificaccedilotildees

hematoloacutegicas (VON SPERLING 2000)

5 CONCLUSAtildeO

O dano ambiental causado apoacutes o rompimento da Barragem do Complexo do

Coacuterrego do Feijatildeo tornou as aacuteguas do rio Paraopeba improacuteprias para o consumo pois

segundo os paracircmetros analisados temperatura turbidez e valores meacutedios de metais estatildeo

em desconformidade com os padrotildees da legislaccedilatildeo vigente exceto os paracircmetros OD pH

e condutividade eleacutetrica Aleacutem disso o IQA calculado apoacutes a ruptura da barragem eacute

classificado como muito ruim o que faz-se necessaacuterio o uso tratamentos mais avanccedilados

para o abastecimento puacuteblico

Verificou-se que o lanccedilamento de efluentes oriundos de rejeitos de mineacuterio no rio

deteriora a qualidade da aacutegua e possui consequecircncias prolongadas ao ecossistema

aquaacutetico Logo o impacto causado pelo volume de rejeitos eacute de difiacutecil anaacutelise pois ao

formarem misturas complexas de vaacuterios elementos quiacutemicos com a aacutegua tornam a

qualidade da aacutegua desse corpo drsquoaacutegua variaacutevel e de difiacutecil previsatildeo da capacidade de

autodepuraccedilatildeo

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O principal problema ambiental do lanccedilamento de rejeitos na bacia do rio Paraopeba

foi o acuacutemulo dos rejeitos de mineacuterio na calha do rio gerando a necessidade de

monitoramento constante e de teacutecnicas de remediaccedilatildeo Apesar da bacia do rio Paraopeba

ter um histoacuterico de aumento dos niacuteveis de turbidez nos meses de cheia o impacto sobre

qualidade da aacutegua apoacutes o acontecimento eacute criacutetico comparado ao histoacuterico

Por enquanto o dimensionamento definitivo sobre o dano ambiental eacute imensuraacutevel

pois os resiacuteduos permaneceratildeo no ambiente por tempo indeterminado Deve se ter em

mente que o rio poderaacute se recuperar do impacto mas o ecossistema dificilmente voltaraacute agraves

condiccedilotildees de preacute-impacto Para isso eacute de suma importacircncia que medidas efetivas de

recuperaccedilatildeo ambiental sejam adotadas como por exemplo a remoccedilatildeo de parte dos

sedimentos depositados no leito do rio Portanto eacute fundamental que todos os oacutergatildeos

responsaacuteveis pela gestatildeo dos recursos hiacutedricos e pelas atividades mineraacuterias serem riacutegidos

quanto a este tipo de impacto e que cobrem com rigor medidas de recuperaccedilatildeo do recurso

hiacutedrico

6 RECOMENDACcedilOtildeES

Com base nas conclusotildees desta pesquisa e dos questionamentos que ainda podem

ser respondidos recomenda-se aplicar um modelo de qualidade da aacutegua que leve em

consideraccedilatildeo a presenccedila dos rejeitos de mineacuterio de ferro no leito do rio afim de entender

afundo a diversidade regional de problemas e soluccedilotildees concernentes para o rompimento

de barragens

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MORAES D S L JORDAtildeO B Q Degradaccedilatildeo de recursos hiacutedricos e seus efeitos sobre a sauacutede humana Revista Sauacutede Puacuteblica Satildeo Paulo v 36 ndeg3 p 2-5 mar 2002DOI http dxdoiorg101590S0034-89102002000300018Disponiacutevel em http wwwscielobr scielophp pid=S0034-89102002000300018ampscript=sci_abstractamptlng=pt Acesso em 1 nov 2019 Ouki S K Kavannagh M Treatment of metals-contaminated wastewaters by use of natural zeolites Water Sci Technol v39 ndeg 1011 p 115-122 mai 1999 DOI httpsdoiorg101016S0273-1223(99)00260-7Disponiacutevel em https www sciencedirect com science articleabspiiS0273122399002607 Acesso em 03 nov 2019 REUTERS Situaccedilatildeo do Rio Paraopeba dias apoacutes ruptura da barragem sd Fotografia Disponiacutevel em httpsbrreuterscomarticletopNewsidBRKCN1PJ1V0-OBRTP Acesso em 2 nov 2019 RICO M et al Reported tailings dam failures a review of the European incidents in the worldwide context Journal of Hazardous Materials Espanha v4 n 23 p 846-852 winter 2008 SALOMONS W FORSTNER U Heavy metals- problems and solutions Berlin Springer Verlag 1995 SAMPAIO A C S Metais pesados na aacutegua e sedimentos dos rios da Bacia do Alto Paraguai Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Curso de Saneamento Ambiental e Recursos Hiacutedricos Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Campo Grande 2003 SOS MATA ATLAcircNTICA Observando os Rios O retrato da qualidade da aacutegua na bacia do rio Paraopeba apoacutes o rompimento da barragem Coacuterrego do Feijatildeo- Minas Gerais2019 Disponiacutevel emlthttpswwwsosmaorgbrwp-contentuploads201902SOSMA_ExpedicaoParaopeba_ Relatorio pdf gt Acesso em 25 mar 2019 VALE- Instituto Tecnoloacutegico Vale Tecnologia de Barragens e Disposiccedilatildeo de Rejeitos 2019 Disponiacutevel em httpwwwitvorglinha-de-pesquisatecnologia-de-barragens-e-disposicao-de-rejeitos Acesso em 17 ago 2019 VON SPERLING M Introduccedilatildeo agrave qualidade das aacuteguas e ao tratamento de esgotos 2 Ed Belo Horizonte UFMG 2000 26-246p VON SPERLING M Introduccedilatildeo agrave qualidade das aacuteguas e ao tratamento de esgotos 4 Ed Belo Horizonte UFMG 2014 248p

Page 18: DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO DO RIO PARAOPEBA ...repositorio.ufgd.edu.br/.../2337/1/IzabellyCapilleBeloto.pdfSendo um parâmetro importante para a avaliação da qualidade de um corpo

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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paracircmetro apoacutes a ruptura variam de 2940 a 13070 μscm Sendo que os valores antes e

apoacutes a ruptura apresentam pouca variaccedilatildeo

Ao analisar os paracircmetros antes e apoacutes a ruptura eacute possiacutevel calcular o IQA para cada

situaccedilatildeo Antes do rompimento da barragem o IQA obtido para a estaccedilatildeo fluviomeacutetrica de

Alberto Flores foi de 66 e apoacutes a ruptura o IQA obtido para o ponto de monitoramento de

Maacuterio Campos foi de 14 Ao analisar a classificaccedilatildeo de IQA do IGAM antes da ruptura o

IQA foi bom (70lt IQA le 90) ou seja a aacutegua apresentava condiccedilotildees apropriadas para o

tratamento convencional visando o abastecimento puacuteblico Apoacutes a ruptura o IQA eacute

considerado muito ruim (IQA le 25) ou seja a aacutegua eacute improacutepria para o tratamento

convencional sendo necessaacuterio tratamentos mais avanccedilados

Segundo o informativo especial de seacuterie histoacuterica de 2000 a 2018 do IGAM (2019)

citado anteriormente especialistas apontam a presenccedila de metais acima do que estipula a

legislaccedilatildeo ambiental para rios de Classe 2 A partir desse informativo e dos monitoramentos

obtidos pela SOS Mata Atlacircntica os teores de metais e de metais pesados analisados satildeo

da mesma magnitude ou inferiores aos teores maacuteximos encontrados As aacuteguas que

recebem efluentes contendo metais pesados apresentam ao fundo concentraccedilotildees elevadas

de sedimento (EMBRAPA 2004) Ao lanccedilar lamas insoluacuteveis contendo metais estas sofrem

transformaccedilotildees quiacutemicas sob a accedilatildeo bioloacutegica lanccedilando lentamente na corrente liacutequida

(EMBRAPA 2004)

A presenccedila de metais apoacutes a ruptura da barragem do Coacuterrego do Feijatildeo eacute

apresentada na Tabela 4

Tabela 4 Valores meacutedios de concentraccedilatildeo de metais pesados apoacutes o rompimento da

barragem a partir dos monitoramentos da SOS Mata Atlacircntica

PRESENCcedilA DE METAIS NA AacuteGUA APOacuteS A RUPTURA

METAIS VALORES MEacuteDIOS (mgL) LIMITE MAacuteXIMO

PERMITIDO (mgL)

Ferro 6065 03

Cobre 357 0009

Manganecircs 2145 01

Cromo 1145 005

Fonte Autoria proacutepria 2019

A concentraccedilatildeo de metais verificada ao longo do curso do rio Paraopeba de acordo

com o LMP determinado pela resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 demonstra que toda a

extensatildeo do rio foi afetada criticamente Para todos os metais pesados analisados tem-se

concentraccedilotildees meacutedias acima do LMP Fatores como o pH temperatura e OD tambeacutem

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

17

influenciam na mobilidade e potencialidade toacutexica de vaacuterios metais (CARVALHO et al

2016) Em consequecircncia disso apoacutes o lanccedilamento de rejeitos na aacutegua estes paracircmetros

controlam os processos fiacutesicos- quiacutemicos de solubilidade dos metais sendo responsaacuteveis

por influenciar na concentraccedilatildeo e absorccedilatildeo pelos organismos

Contudo ao analisar a presenccedila de metais na aacutegua apoacutes a ruptura encontra-se

aproximadamente 202 vezes o LMP para o ferro e 2145 vezes o LMP para o manganecircs

Em concentraccedilotildees elevadas ambos os metais atribuem coloraccedilatildeo avermelhada sensaccedilatildeo

de adstringecircncia e sabor a aacutegua O ferro por exemplo aparece em aacuteguas subterracircneas

devido agrave dissoluccedilatildeo do mineacuterio devido a presenccedila do gaacutes carbocircnico da aacutegua Ao entrar em

contato com o ar oxida-se conferindo cor e sabor a aacutegua (CETESB 2018) Em alguns

casos altas concentraccedilotildees de ferro satildeo limitantes no crescimento de algas e outras plantas

(VON SPERLING 2000)

Outro iacutendice alarmante eacute a presenccedila de cobre aproximadamente 397 vezes o LMP

e a presenccedila de cromo 229 vezes o LMP Metais pesados como o cobre e cromo podem

causar diversos danos aos organismos podendo ficar disponiacuteveis na aacutegua ateacute serem

assimilados quimicamente ou biologicamente atraveacutes de associaccedilatildeo de estruturas

orgacircnicas (SOS 2019) Logo a presenccedila de quantidades elevadas de cobre na aacutegua pode

produzir vocircmitos sabor desagradaacutevel na aacutegua e uma extensa variedade de efeitos toacutexicos

Jaacute o cromo em condiccedilotildees elevadas pode causar problemas respiratoacuterios e modificaccedilotildees

hematoloacutegicas (VON SPERLING 2000)

5 CONCLUSAtildeO

O dano ambiental causado apoacutes o rompimento da Barragem do Complexo do

Coacuterrego do Feijatildeo tornou as aacuteguas do rio Paraopeba improacuteprias para o consumo pois

segundo os paracircmetros analisados temperatura turbidez e valores meacutedios de metais estatildeo

em desconformidade com os padrotildees da legislaccedilatildeo vigente exceto os paracircmetros OD pH

e condutividade eleacutetrica Aleacutem disso o IQA calculado apoacutes a ruptura da barragem eacute

classificado como muito ruim o que faz-se necessaacuterio o uso tratamentos mais avanccedilados

para o abastecimento puacuteblico

Verificou-se que o lanccedilamento de efluentes oriundos de rejeitos de mineacuterio no rio

deteriora a qualidade da aacutegua e possui consequecircncias prolongadas ao ecossistema

aquaacutetico Logo o impacto causado pelo volume de rejeitos eacute de difiacutecil anaacutelise pois ao

formarem misturas complexas de vaacuterios elementos quiacutemicos com a aacutegua tornam a

qualidade da aacutegua desse corpo drsquoaacutegua variaacutevel e de difiacutecil previsatildeo da capacidade de

autodepuraccedilatildeo

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

18

O principal problema ambiental do lanccedilamento de rejeitos na bacia do rio Paraopeba

foi o acuacutemulo dos rejeitos de mineacuterio na calha do rio gerando a necessidade de

monitoramento constante e de teacutecnicas de remediaccedilatildeo Apesar da bacia do rio Paraopeba

ter um histoacuterico de aumento dos niacuteveis de turbidez nos meses de cheia o impacto sobre

qualidade da aacutegua apoacutes o acontecimento eacute criacutetico comparado ao histoacuterico

Por enquanto o dimensionamento definitivo sobre o dano ambiental eacute imensuraacutevel

pois os resiacuteduos permaneceratildeo no ambiente por tempo indeterminado Deve se ter em

mente que o rio poderaacute se recuperar do impacto mas o ecossistema dificilmente voltaraacute agraves

condiccedilotildees de preacute-impacto Para isso eacute de suma importacircncia que medidas efetivas de

recuperaccedilatildeo ambiental sejam adotadas como por exemplo a remoccedilatildeo de parte dos

sedimentos depositados no leito do rio Portanto eacute fundamental que todos os oacutergatildeos

responsaacuteveis pela gestatildeo dos recursos hiacutedricos e pelas atividades mineraacuterias serem riacutegidos

quanto a este tipo de impacto e que cobrem com rigor medidas de recuperaccedilatildeo do recurso

hiacutedrico

6 RECOMENDACcedilOtildeES

Com base nas conclusotildees desta pesquisa e dos questionamentos que ainda podem

ser respondidos recomenda-se aplicar um modelo de qualidade da aacutegua que leve em

consideraccedilatildeo a presenccedila dos rejeitos de mineacuterio de ferro no leito do rio afim de entender

afundo a diversidade regional de problemas e soluccedilotildees concernentes para o rompimento

de barragens

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ABDEL-BAKI A S DKHIL M A AL-QURAISHY S Bioaccumulation of some heavy metals in tilapia fish relevant to their concentration in water and sediment of Wadi Hanifah Saudi Arabia African Journal of Biotechnology v 10 ndeg 13 p 2541-2547 2011 ANA- Agecircncia Nacional de aacuteguas Ministeacuterio do Meio Ambiente Relatoacuterio de Seguranccedila de Barragens 2017 Brasiacutelia Cedoc 2018 84 p ANDRADE L N Autodepuraccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua 2010 Dissertaccedilatildeo-Universidade Federal do Espiacuterito Santo Vitoacuteria 2010 ARAUacuteJO C B Contribuiccedilatildeo ao estudo do comportamento de barragens de rejeito de mineraccedilatildeo de ferro 2006 Tese (Doutorado em Engenharia Civil) - Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 2006 Disponiacutevel em https wwwcocufrjbr Acesso em 18 out 2019 AZAM Shahid LI Qiren Tailings Dam Failures A Review of the Last One Hundred Years Geotechinal News Canadaacute v 7 n 3 p50-53 summer 2010 BRAGA Benedito et al Introduccedilatildeo a Engenharia Ambiental 1 ed Satildeo Paulo Pearson Prentice Hall 2002 332 p

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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BRAGA Benedito et al Introduccedilatildeo a Engenharia Ambiental 2 Ed Satildeo Paulo Pearson Prentice Hall 2005 332 p BRASIL Lei ndeg 9433 de 8 de janeiro de 1997 Institui a Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hiacutedricos BRASIL Resoluccedilatildeo ndeg357 de 17 de marccedilo de 2005 Dispotildee sobre a classificaccedilatildeo de corpos de aacutegua e diretrizes ambientais para o seu enquadramento bem como estabelece as condiccedilotildees e padrotildees de lanccedilamento de efluentes e de outras providecircncias Ministeacuterio do Meio Ambiente Conselho Nacional do meio Ambiente (CONAMA) Brasiacutelia 18 mar 2005 Disponiacutevel em httpwww2mmagovbrportconamalegiabrecfmcodlegi=459 Acesso 17 ago 2019 BRASIL Resoluccedilatildeo ndeg430 de 13 de maio de 2011 Dispotildee sobre as condiccedilotildees de padrotildees de lanccedilamento de efluentes complementa e altera a Resoluccedilatildeo ndeg357 de 17 de marccedilo de 2005 Ministeacuterio do Meio Ambiente Conselho Nacional do meio Ambiente (CONAMA) Brasiacutelia 16 mai 2011 Disponiacutevel em httpwww2mmagovbrportconamalegiabrecfmcodlegi=646 Acesso 17 ago 2019 BROWN David et al 501 Desastres mais devastadores de todos os tempos 1Ed Satildeo Paulo Editora Lafonte 2012 544 p CAIRNS JR J Mc CORMICK P V NIEDERLEHNER B R A proposed framework for developing indicator of ecosystem health Hydrobiologia v 263 p 1-44 1993 CARVALHO W A MINCATO R L SILVA L A S Tratamento e Disposiccedilatildeo Final de Resiacuteduos Revista Tecnoloacutegica Satildeo Paulo vol 25 ndeg3 p4-6 dez 2016 Disponiacutevel em httpabes-dnorgbrpublicacoesrbciambPDFs05-07_artigo_4_artigos96pdf Acesso em 1 de nov de 2019 CBDB- Comitecirc Brasileiro de Barragens Comitecirc Brasileiro de Barragens Apresentaccedilatildeo das Barragens Rio de Janeiro 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwcbdborgbr5-38Apresentac3a7c3a3o20das20Barragensgt Acesso em 11 ago 2019 CBHSF- Comitecirc Bacia Hidrograacutefica do Rio Satildeo Francisco Bacia Hidrograacutefica do Rio Paraopeba 2019 Disponiacutevel em httpscbhsaofranciscoorgbrcomites-de-afluentescbh-do-rio-paraopeba-sf3-minas-gerais Acesso em 17 ago 2019 CERON L P Efluentes Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 o que mudou 2012 Disponiacutevel em httpmeiofiltrantecombrinternasaspid=12652amplink=noticias Acesso em 2 nov 2019 CETESB- Companhia Ambiental do Estado de Satildeo Paulo Fundamentos do Controle de Poluiccedilatildeo das Aacuteguas 1 Ed Sacirco Paulo Etgd 2018 COPASA- Companhia de Saneamento de Minas Gerais Abastecimento regiatildeo Rio Paraopeba Minas Gerais 2019 Disponiacutevel em lthttpwwwcopasacombrparaopebagt Acesso em 25 mar 2019 CPRM- Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais Monitoramento Especial da Bacia do Rio Paraopeba Relatoacuterio 04 monitoramento hidroloacutegico e sedimentaloacutegico julho de 2019 Belo Horizonte 2019 Disponiacutevel em httpwwwcprmgovbrsaceconteudoparaopebaRT_04_2019

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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CUNHA C L N FERREIRA A P Anaacutelise criacutetica por comparaccedilatildeo entre modelos de qualidade de aacutegua aplicados em rios poluiacutedos contribuiccedilotildees agrave sauacutede aacutegua e saneamento Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental v 24 ndeg3 p5-6 maijun 2019 DOI httpdxdoiorg101590s1413-41522019112332 Disponiacutevel em httpwwwscielobr scielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-41522019005007102 Acesso em 25 set 2019 EMBRAPA- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria Aplicaccedilatildeo do Biomonitoramento para Avaliaccedilatildeo da Qualidade da Aacutegua em Rios 1 Ed Satildeo Paulo Conceiccedilatildeo 2004 Disponiacutevel em httpswwwinfotecacnptiaembrapabrbitstreamdoc145181documentos36pdf Acesso em 31 out 2019 EDSDH Escola Superior Dom Helder Cacircmara O Rompimento de Barragens no Brasil e no Mundo Desastres mistos ou tecnoloacutegicos 2015 Disponiacutevel em ltwww domhelder edubrartigo_HRApdfgt Acesso em 23 mar 2019 FREITAS C M SILVA M A MENEZES F C O desastre na barragem de mineraccedilatildeo da Samarco- fratura exposta dos limites do Brasil na reduccedilatildeo de risco de desastres Ciecircncia e Cultura Satildeo Paulo v 68 n 3 p1-12 jul 2016 Bimestral Disponiacutevel em lthttpcienciaeculturabvsbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0009-67252016000300010gt Acesso em 23 mar 2019 G1 GLOBO MINAS (Minas Gerais) Bombeiros e defesa civil satildeo mobilizados para a chamada de rompimento de barragem em brumadinho na grande bh 2019 Disponiacutevel em lthttpsg1globocommgminas-geraisnoticia20190125bombeiros-e-defesa-civil-sao-mobilizados-para-chamada-de-rompimento-de-barragem-em-brumadinho-na-grande-bhghtmlgt Acesso em 23 mar 2019 GOOGLE EARTH Software Version Versatildeo 93972 2018-2019 2019 Disponiacutevel em httpsearthgooglecomweb Acesso em 2 set 2019 IGAM- Instituto Mineiro de Gestatildeo de Aacuteguas Informativo Especial Avaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e 2018 Informativo dos paracircmetros de qualidade das aacuteguas nos locais monitorados ao longo do Rio Paraopeba antes do desastre na barragem B1 no complexo da Mina Coacuterrego Feijatildeo da Mineradora ValeSA no municiacutepio de Brumadinho ndash Minas Gerais Belo Horizontep 18 2019 LACAZ F A C PORTO M F S PINHEIRO T M M Trageacutedias brasileiras contemporacircneas o caso do rompimento da barragem de rejeitos de Fundatildeo Samarco 2017 12 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Medicina Centro de Estudo de Sauacutede do Trabalhador e Ecologia Humana Universidade Federal de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2017 MACHADO W G F Monitoramento de barragens de contenccedilatildeo de rejeitos da mineraccedilatildeo 2007 155 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Engenharia de Minas e Petroacuteleo Departamento de Minas e de Petroacuteleo Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2007 MILANEZ Bruno et al Antes fosse mais leve a carga avaliaccedilatildeo dos aspectos econocircmicos poliacuteticos e sociais do desastre da SamarcoValeBHP em Mariana (MG) Belo Horizonte PoEMAS 2015 Disponiacutevel em ltufjfbrpoemasfiles201407PoEMAS-2015-Antes-fosse-mais-leve-a-carga-versatildeo-finalpdfgt Acesso em 23 mar 2019 MINAS Estado de Lama de barragem matou o Rio Paraopeba conclui estudo da SOS Mata Atlacircntica Especialista em recursos hiacutedricos da fundaccedilatildeo afirma que a Bacia do Paraopeba estaacute sem condiccedilotildees de vida aquaacutetica e do uso da aacutegua mas que pode voltar a viver 2019 Disponiacutevel em lthttpswwwemcombrappnoticiagerais20190228interna_gerais1034405lama-matou-o-rio-paraopeba-conclui-estudo-da-sos-mata-atlanticashtmlgt Acesso em 25 mar 2019

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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MORAES D S L JORDAtildeO B Q Degradaccedilatildeo de recursos hiacutedricos e seus efeitos sobre a sauacutede humana Revista Sauacutede Puacuteblica Satildeo Paulo v 36 ndeg3 p 2-5 mar 2002DOI http dxdoiorg101590S0034-89102002000300018Disponiacutevel em http wwwscielobr scielophp pid=S0034-89102002000300018ampscript=sci_abstractamptlng=pt Acesso em 1 nov 2019 Ouki S K Kavannagh M Treatment of metals-contaminated wastewaters by use of natural zeolites Water Sci Technol v39 ndeg 1011 p 115-122 mai 1999 DOI httpsdoiorg101016S0273-1223(99)00260-7Disponiacutevel em https www sciencedirect com science articleabspiiS0273122399002607 Acesso em 03 nov 2019 REUTERS Situaccedilatildeo do Rio Paraopeba dias apoacutes ruptura da barragem sd Fotografia Disponiacutevel em httpsbrreuterscomarticletopNewsidBRKCN1PJ1V0-OBRTP Acesso em 2 nov 2019 RICO M et al Reported tailings dam failures a review of the European incidents in the worldwide context Journal of Hazardous Materials Espanha v4 n 23 p 846-852 winter 2008 SALOMONS W FORSTNER U Heavy metals- problems and solutions Berlin Springer Verlag 1995 SAMPAIO A C S Metais pesados na aacutegua e sedimentos dos rios da Bacia do Alto Paraguai Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Curso de Saneamento Ambiental e Recursos Hiacutedricos Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Campo Grande 2003 SOS MATA ATLAcircNTICA Observando os Rios O retrato da qualidade da aacutegua na bacia do rio Paraopeba apoacutes o rompimento da barragem Coacuterrego do Feijatildeo- Minas Gerais2019 Disponiacutevel emlthttpswwwsosmaorgbrwp-contentuploads201902SOSMA_ExpedicaoParaopeba_ Relatorio pdf gt Acesso em 25 mar 2019 VALE- Instituto Tecnoloacutegico Vale Tecnologia de Barragens e Disposiccedilatildeo de Rejeitos 2019 Disponiacutevel em httpwwwitvorglinha-de-pesquisatecnologia-de-barragens-e-disposicao-de-rejeitos Acesso em 17 ago 2019 VON SPERLING M Introduccedilatildeo agrave qualidade das aacuteguas e ao tratamento de esgotos 2 Ed Belo Horizonte UFMG 2000 26-246p VON SPERLING M Introduccedilatildeo agrave qualidade das aacuteguas e ao tratamento de esgotos 4 Ed Belo Horizonte UFMG 2014 248p

Page 19: DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO DO RIO PARAOPEBA ...repositorio.ufgd.edu.br/.../2337/1/IzabellyCapilleBeloto.pdfSendo um parâmetro importante para a avaliação da qualidade de um corpo

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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influenciam na mobilidade e potencialidade toacutexica de vaacuterios metais (CARVALHO et al

2016) Em consequecircncia disso apoacutes o lanccedilamento de rejeitos na aacutegua estes paracircmetros

controlam os processos fiacutesicos- quiacutemicos de solubilidade dos metais sendo responsaacuteveis

por influenciar na concentraccedilatildeo e absorccedilatildeo pelos organismos

Contudo ao analisar a presenccedila de metais na aacutegua apoacutes a ruptura encontra-se

aproximadamente 202 vezes o LMP para o ferro e 2145 vezes o LMP para o manganecircs

Em concentraccedilotildees elevadas ambos os metais atribuem coloraccedilatildeo avermelhada sensaccedilatildeo

de adstringecircncia e sabor a aacutegua O ferro por exemplo aparece em aacuteguas subterracircneas

devido agrave dissoluccedilatildeo do mineacuterio devido a presenccedila do gaacutes carbocircnico da aacutegua Ao entrar em

contato com o ar oxida-se conferindo cor e sabor a aacutegua (CETESB 2018) Em alguns

casos altas concentraccedilotildees de ferro satildeo limitantes no crescimento de algas e outras plantas

(VON SPERLING 2000)

Outro iacutendice alarmante eacute a presenccedila de cobre aproximadamente 397 vezes o LMP

e a presenccedila de cromo 229 vezes o LMP Metais pesados como o cobre e cromo podem

causar diversos danos aos organismos podendo ficar disponiacuteveis na aacutegua ateacute serem

assimilados quimicamente ou biologicamente atraveacutes de associaccedilatildeo de estruturas

orgacircnicas (SOS 2019) Logo a presenccedila de quantidades elevadas de cobre na aacutegua pode

produzir vocircmitos sabor desagradaacutevel na aacutegua e uma extensa variedade de efeitos toacutexicos

Jaacute o cromo em condiccedilotildees elevadas pode causar problemas respiratoacuterios e modificaccedilotildees

hematoloacutegicas (VON SPERLING 2000)

5 CONCLUSAtildeO

O dano ambiental causado apoacutes o rompimento da Barragem do Complexo do

Coacuterrego do Feijatildeo tornou as aacuteguas do rio Paraopeba improacuteprias para o consumo pois

segundo os paracircmetros analisados temperatura turbidez e valores meacutedios de metais estatildeo

em desconformidade com os padrotildees da legislaccedilatildeo vigente exceto os paracircmetros OD pH

e condutividade eleacutetrica Aleacutem disso o IQA calculado apoacutes a ruptura da barragem eacute

classificado como muito ruim o que faz-se necessaacuterio o uso tratamentos mais avanccedilados

para o abastecimento puacuteblico

Verificou-se que o lanccedilamento de efluentes oriundos de rejeitos de mineacuterio no rio

deteriora a qualidade da aacutegua e possui consequecircncias prolongadas ao ecossistema

aquaacutetico Logo o impacto causado pelo volume de rejeitos eacute de difiacutecil anaacutelise pois ao

formarem misturas complexas de vaacuterios elementos quiacutemicos com a aacutegua tornam a

qualidade da aacutegua desse corpo drsquoaacutegua variaacutevel e de difiacutecil previsatildeo da capacidade de

autodepuraccedilatildeo

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

18

O principal problema ambiental do lanccedilamento de rejeitos na bacia do rio Paraopeba

foi o acuacutemulo dos rejeitos de mineacuterio na calha do rio gerando a necessidade de

monitoramento constante e de teacutecnicas de remediaccedilatildeo Apesar da bacia do rio Paraopeba

ter um histoacuterico de aumento dos niacuteveis de turbidez nos meses de cheia o impacto sobre

qualidade da aacutegua apoacutes o acontecimento eacute criacutetico comparado ao histoacuterico

Por enquanto o dimensionamento definitivo sobre o dano ambiental eacute imensuraacutevel

pois os resiacuteduos permaneceratildeo no ambiente por tempo indeterminado Deve se ter em

mente que o rio poderaacute se recuperar do impacto mas o ecossistema dificilmente voltaraacute agraves

condiccedilotildees de preacute-impacto Para isso eacute de suma importacircncia que medidas efetivas de

recuperaccedilatildeo ambiental sejam adotadas como por exemplo a remoccedilatildeo de parte dos

sedimentos depositados no leito do rio Portanto eacute fundamental que todos os oacutergatildeos

responsaacuteveis pela gestatildeo dos recursos hiacutedricos e pelas atividades mineraacuterias serem riacutegidos

quanto a este tipo de impacto e que cobrem com rigor medidas de recuperaccedilatildeo do recurso

hiacutedrico

6 RECOMENDACcedilOtildeES

Com base nas conclusotildees desta pesquisa e dos questionamentos que ainda podem

ser respondidos recomenda-se aplicar um modelo de qualidade da aacutegua que leve em

consideraccedilatildeo a presenccedila dos rejeitos de mineacuterio de ferro no leito do rio afim de entender

afundo a diversidade regional de problemas e soluccedilotildees concernentes para o rompimento

de barragens

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ABDEL-BAKI A S DKHIL M A AL-QURAISHY S Bioaccumulation of some heavy metals in tilapia fish relevant to their concentration in water and sediment of Wadi Hanifah Saudi Arabia African Journal of Biotechnology v 10 ndeg 13 p 2541-2547 2011 ANA- Agecircncia Nacional de aacuteguas Ministeacuterio do Meio Ambiente Relatoacuterio de Seguranccedila de Barragens 2017 Brasiacutelia Cedoc 2018 84 p ANDRADE L N Autodepuraccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua 2010 Dissertaccedilatildeo-Universidade Federal do Espiacuterito Santo Vitoacuteria 2010 ARAUacuteJO C B Contribuiccedilatildeo ao estudo do comportamento de barragens de rejeito de mineraccedilatildeo de ferro 2006 Tese (Doutorado em Engenharia Civil) - Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 2006 Disponiacutevel em https wwwcocufrjbr Acesso em 18 out 2019 AZAM Shahid LI Qiren Tailings Dam Failures A Review of the Last One Hundred Years Geotechinal News Canadaacute v 7 n 3 p50-53 summer 2010 BRAGA Benedito et al Introduccedilatildeo a Engenharia Ambiental 1 ed Satildeo Paulo Pearson Prentice Hall 2002 332 p

Diagnoacutestico das aacuteguas do Rio Paraopeba

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BRAGA Benedito et al Introduccedilatildeo a Engenharia Ambiental 2 Ed Satildeo Paulo Pearson Prentice Hall 2005 332 p BRASIL Lei ndeg 9433 de 8 de janeiro de 1997 Institui a Poliacutetica Nacional de Recursos Hiacutedricos cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hiacutedricos BRASIL Resoluccedilatildeo ndeg357 de 17 de marccedilo de 2005 Dispotildee sobre a classificaccedilatildeo de corpos de aacutegua e diretrizes ambientais para o seu enquadramento bem como estabelece as condiccedilotildees e padrotildees de lanccedilamento de efluentes e de outras providecircncias Ministeacuterio do Meio Ambiente Conselho Nacional do meio Ambiente (CONAMA) Brasiacutelia 18 mar 2005 Disponiacutevel em httpwww2mmagovbrportconamalegiabrecfmcodlegi=459 Acesso 17 ago 2019 BRASIL Resoluccedilatildeo ndeg430 de 13 de maio de 2011 Dispotildee sobre as condiccedilotildees de padrotildees de lanccedilamento de efluentes complementa e altera a Resoluccedilatildeo ndeg357 de 17 de marccedilo de 2005 Ministeacuterio do Meio Ambiente Conselho Nacional do meio Ambiente (CONAMA) Brasiacutelia 16 mai 2011 Disponiacutevel em httpwww2mmagovbrportconamalegiabrecfmcodlegi=646 Acesso 17 ago 2019 BROWN David et al 501 Desastres mais devastadores de todos os tempos 1Ed Satildeo Paulo Editora Lafonte 2012 544 p CAIRNS JR J Mc CORMICK P V NIEDERLEHNER B R A proposed framework for developing indicator of ecosystem health Hydrobiologia v 263 p 1-44 1993 CARVALHO W A MINCATO R L SILVA L A S Tratamento e Disposiccedilatildeo Final de Resiacuteduos Revista Tecnoloacutegica Satildeo Paulo vol 25 ndeg3 p4-6 dez 2016 Disponiacutevel em httpabes-dnorgbrpublicacoesrbciambPDFs05-07_artigo_4_artigos96pdf Acesso em 1 de nov de 2019 CBDB- Comitecirc Brasileiro de Barragens Comitecirc Brasileiro de Barragens Apresentaccedilatildeo das Barragens Rio de Janeiro 2013 Disponiacutevel em lthttpwwwcbdborgbr5-38Apresentac3a7c3a3o20das20Barragensgt Acesso em 11 ago 2019 CBHSF- Comitecirc Bacia Hidrograacutefica do Rio Satildeo Francisco Bacia Hidrograacutefica do Rio Paraopeba 2019 Disponiacutevel em httpscbhsaofranciscoorgbrcomites-de-afluentescbh-do-rio-paraopeba-sf3-minas-gerais Acesso em 17 ago 2019 CERON L P Efluentes Resoluccedilatildeo CONAMA 4302011 o que mudou 2012 Disponiacutevel em httpmeiofiltrantecombrinternasaspid=12652amplink=noticias Acesso em 2 nov 2019 CETESB- Companhia Ambiental do Estado de Satildeo Paulo Fundamentos do Controle de Poluiccedilatildeo das Aacuteguas 1 Ed Sacirco Paulo Etgd 2018 COPASA- Companhia de Saneamento de Minas Gerais Abastecimento regiatildeo Rio Paraopeba Minas Gerais 2019 Disponiacutevel em lthttpwwwcopasacombrparaopebagt Acesso em 25 mar 2019 CPRM- Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais Monitoramento Especial da Bacia do Rio Paraopeba Relatoacuterio 04 monitoramento hidroloacutegico e sedimentaloacutegico julho de 2019 Belo Horizonte 2019 Disponiacutevel em httpwwwcprmgovbrsaceconteudoparaopebaRT_04_2019

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CUNHA C L N FERREIRA A P Anaacutelise criacutetica por comparaccedilatildeo entre modelos de qualidade de aacutegua aplicados em rios poluiacutedos contribuiccedilotildees agrave sauacutede aacutegua e saneamento Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental v 24 ndeg3 p5-6 maijun 2019 DOI httpdxdoiorg101590s1413-41522019112332 Disponiacutevel em httpwwwscielobr scielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-41522019005007102 Acesso em 25 set 2019 EMBRAPA- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria Aplicaccedilatildeo do Biomonitoramento para Avaliaccedilatildeo da Qualidade da Aacutegua em Rios 1 Ed Satildeo Paulo Conceiccedilatildeo 2004 Disponiacutevel em httpswwwinfotecacnptiaembrapabrbitstreamdoc145181documentos36pdf Acesso em 31 out 2019 EDSDH Escola Superior Dom Helder Cacircmara O Rompimento de Barragens no Brasil e no Mundo Desastres mistos ou tecnoloacutegicos 2015 Disponiacutevel em ltwww domhelder edubrartigo_HRApdfgt Acesso em 23 mar 2019 FREITAS C M SILVA M A MENEZES F C O desastre na barragem de mineraccedilatildeo da Samarco- fratura exposta dos limites do Brasil na reduccedilatildeo de risco de desastres Ciecircncia e Cultura Satildeo Paulo v 68 n 3 p1-12 jul 2016 Bimestral Disponiacutevel em lthttpcienciaeculturabvsbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0009-67252016000300010gt Acesso em 23 mar 2019 G1 GLOBO MINAS (Minas Gerais) Bombeiros e defesa civil satildeo mobilizados para a chamada de rompimento de barragem em brumadinho na grande bh 2019 Disponiacutevel em lthttpsg1globocommgminas-geraisnoticia20190125bombeiros-e-defesa-civil-sao-mobilizados-para-chamada-de-rompimento-de-barragem-em-brumadinho-na-grande-bhghtmlgt Acesso em 23 mar 2019 GOOGLE EARTH Software Version Versatildeo 93972 2018-2019 2019 Disponiacutevel em httpsearthgooglecomweb Acesso em 2 set 2019 IGAM- Instituto Mineiro de Gestatildeo de Aacuteguas Informativo Especial Avaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e 2018 Informativo dos paracircmetros de qualidade das aacuteguas nos locais monitorados ao longo do Rio Paraopeba antes do desastre na barragem B1 no complexo da Mina Coacuterrego Feijatildeo da Mineradora ValeSA no municiacutepio de Brumadinho ndash Minas Gerais Belo Horizontep 18 2019 LACAZ F A C PORTO M F S PINHEIRO T M M Trageacutedias brasileiras contemporacircneas o caso do rompimento da barragem de rejeitos de Fundatildeo Samarco 2017 12 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Medicina Centro de Estudo de Sauacutede do Trabalhador e Ecologia Humana Universidade Federal de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2017 MACHADO W G F Monitoramento de barragens de contenccedilatildeo de rejeitos da mineraccedilatildeo 2007 155 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Engenharia de Minas e Petroacuteleo Departamento de Minas e de Petroacuteleo Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2007 MILANEZ Bruno et al Antes fosse mais leve a carga avaliaccedilatildeo dos aspectos econocircmicos poliacuteticos e sociais do desastre da SamarcoValeBHP em Mariana (MG) Belo Horizonte PoEMAS 2015 Disponiacutevel em ltufjfbrpoemasfiles201407PoEMAS-2015-Antes-fosse-mais-leve-a-carga-versatildeo-finalpdfgt Acesso em 23 mar 2019 MINAS Estado de Lama de barragem matou o Rio Paraopeba conclui estudo da SOS Mata Atlacircntica Especialista em recursos hiacutedricos da fundaccedilatildeo afirma que a Bacia do Paraopeba estaacute sem condiccedilotildees de vida aquaacutetica e do uso da aacutegua mas que pode voltar a viver 2019 Disponiacutevel em lthttpswwwemcombrappnoticiagerais20190228interna_gerais1034405lama-matou-o-rio-paraopeba-conclui-estudo-da-sos-mata-atlanticashtmlgt Acesso em 25 mar 2019

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MORAES D S L JORDAtildeO B Q Degradaccedilatildeo de recursos hiacutedricos e seus efeitos sobre a sauacutede humana Revista Sauacutede Puacuteblica Satildeo Paulo v 36 ndeg3 p 2-5 mar 2002DOI http dxdoiorg101590S0034-89102002000300018Disponiacutevel em http wwwscielobr scielophp pid=S0034-89102002000300018ampscript=sci_abstractamptlng=pt Acesso em 1 nov 2019 Ouki S K Kavannagh M Treatment of metals-contaminated wastewaters by use of natural zeolites Water Sci Technol v39 ndeg 1011 p 115-122 mai 1999 DOI httpsdoiorg101016S0273-1223(99)00260-7Disponiacutevel em https www sciencedirect com science articleabspiiS0273122399002607 Acesso em 03 nov 2019 REUTERS Situaccedilatildeo do Rio Paraopeba dias apoacutes ruptura da barragem sd Fotografia Disponiacutevel em httpsbrreuterscomarticletopNewsidBRKCN1PJ1V0-OBRTP Acesso em 2 nov 2019 RICO M et al Reported tailings dam failures a review of the European incidents in the worldwide context Journal of Hazardous Materials Espanha v4 n 23 p 846-852 winter 2008 SALOMONS W FORSTNER U Heavy metals- problems and solutions Berlin Springer Verlag 1995 SAMPAIO A C S Metais pesados na aacutegua e sedimentos dos rios da Bacia do Alto Paraguai Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Curso de Saneamento Ambiental e Recursos Hiacutedricos Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Campo Grande 2003 SOS MATA ATLAcircNTICA Observando os Rios O retrato da qualidade da aacutegua na bacia do rio Paraopeba apoacutes o rompimento da barragem Coacuterrego do Feijatildeo- Minas Gerais2019 Disponiacutevel emlthttpswwwsosmaorgbrwp-contentuploads201902SOSMA_ExpedicaoParaopeba_ Relatorio pdf gt Acesso em 25 mar 2019 VALE- Instituto Tecnoloacutegico Vale Tecnologia de Barragens e Disposiccedilatildeo de Rejeitos 2019 Disponiacutevel em httpwwwitvorglinha-de-pesquisatecnologia-de-barragens-e-disposicao-de-rejeitos Acesso em 17 ago 2019 VON SPERLING M Introduccedilatildeo agrave qualidade das aacuteguas e ao tratamento de esgotos 2 Ed Belo Horizonte UFMG 2000 26-246p VON SPERLING M Introduccedilatildeo agrave qualidade das aacuteguas e ao tratamento de esgotos 4 Ed Belo Horizonte UFMG 2014 248p

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O principal problema ambiental do lanccedilamento de rejeitos na bacia do rio Paraopeba

foi o acuacutemulo dos rejeitos de mineacuterio na calha do rio gerando a necessidade de

monitoramento constante e de teacutecnicas de remediaccedilatildeo Apesar da bacia do rio Paraopeba

ter um histoacuterico de aumento dos niacuteveis de turbidez nos meses de cheia o impacto sobre

qualidade da aacutegua apoacutes o acontecimento eacute criacutetico comparado ao histoacuterico

Por enquanto o dimensionamento definitivo sobre o dano ambiental eacute imensuraacutevel

pois os resiacuteduos permaneceratildeo no ambiente por tempo indeterminado Deve se ter em

mente que o rio poderaacute se recuperar do impacto mas o ecossistema dificilmente voltaraacute agraves

condiccedilotildees de preacute-impacto Para isso eacute de suma importacircncia que medidas efetivas de

recuperaccedilatildeo ambiental sejam adotadas como por exemplo a remoccedilatildeo de parte dos

sedimentos depositados no leito do rio Portanto eacute fundamental que todos os oacutergatildeos

responsaacuteveis pela gestatildeo dos recursos hiacutedricos e pelas atividades mineraacuterias serem riacutegidos

quanto a este tipo de impacto e que cobrem com rigor medidas de recuperaccedilatildeo do recurso

hiacutedrico

6 RECOMENDACcedilOtildeES

Com base nas conclusotildees desta pesquisa e dos questionamentos que ainda podem

ser respondidos recomenda-se aplicar um modelo de qualidade da aacutegua que leve em

consideraccedilatildeo a presenccedila dos rejeitos de mineacuterio de ferro no leito do rio afim de entender

afundo a diversidade regional de problemas e soluccedilotildees concernentes para o rompimento

de barragens

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ABDEL-BAKI A S DKHIL M A AL-QURAISHY S Bioaccumulation of some heavy metals in tilapia fish relevant to their concentration in water and sediment of Wadi Hanifah Saudi Arabia African Journal of Biotechnology v 10 ndeg 13 p 2541-2547 2011 ANA- Agecircncia Nacional de aacuteguas Ministeacuterio do Meio Ambiente Relatoacuterio de Seguranccedila de Barragens 2017 Brasiacutelia Cedoc 2018 84 p ANDRADE L N Autodepuraccedilatildeo dos corpos drsquoaacutegua 2010 Dissertaccedilatildeo-Universidade Federal do Espiacuterito Santo Vitoacuteria 2010 ARAUacuteJO C B Contribuiccedilatildeo ao estudo do comportamento de barragens de rejeito de mineraccedilatildeo de ferro 2006 Tese (Doutorado em Engenharia Civil) - Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 2006 Disponiacutevel em https wwwcocufrjbr Acesso em 18 out 2019 AZAM Shahid LI Qiren Tailings Dam Failures A Review of the Last One Hundred Years Geotechinal News Canadaacute v 7 n 3 p50-53 summer 2010 BRAGA Benedito et al Introduccedilatildeo a Engenharia Ambiental 1 ed Satildeo Paulo Pearson Prentice Hall 2002 332 p

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CUNHA C L N FERREIRA A P Anaacutelise criacutetica por comparaccedilatildeo entre modelos de qualidade de aacutegua aplicados em rios poluiacutedos contribuiccedilotildees agrave sauacutede aacutegua e saneamento Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental v 24 ndeg3 p5-6 maijun 2019 DOI httpdxdoiorg101590s1413-41522019112332 Disponiacutevel em httpwwwscielobr scielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-41522019005007102 Acesso em 25 set 2019 EMBRAPA- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria Aplicaccedilatildeo do Biomonitoramento para Avaliaccedilatildeo da Qualidade da Aacutegua em Rios 1 Ed Satildeo Paulo Conceiccedilatildeo 2004 Disponiacutevel em httpswwwinfotecacnptiaembrapabrbitstreamdoc145181documentos36pdf Acesso em 31 out 2019 EDSDH Escola Superior Dom Helder Cacircmara O Rompimento de Barragens no Brasil e no Mundo Desastres mistos ou tecnoloacutegicos 2015 Disponiacutevel em ltwww domhelder edubrartigo_HRApdfgt Acesso em 23 mar 2019 FREITAS C M SILVA M A MENEZES F C O desastre na barragem de mineraccedilatildeo da Samarco- fratura exposta dos limites do Brasil na reduccedilatildeo de risco de desastres Ciecircncia e Cultura Satildeo Paulo v 68 n 3 p1-12 jul 2016 Bimestral Disponiacutevel em lthttpcienciaeculturabvsbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0009-67252016000300010gt Acesso em 23 mar 2019 G1 GLOBO MINAS (Minas Gerais) Bombeiros e defesa civil satildeo mobilizados para a chamada de rompimento de barragem em brumadinho na grande bh 2019 Disponiacutevel em lthttpsg1globocommgminas-geraisnoticia20190125bombeiros-e-defesa-civil-sao-mobilizados-para-chamada-de-rompimento-de-barragem-em-brumadinho-na-grande-bhghtmlgt Acesso em 23 mar 2019 GOOGLE EARTH Software Version Versatildeo 93972 2018-2019 2019 Disponiacutevel em httpsearthgooglecomweb Acesso em 2 set 2019 IGAM- Instituto Mineiro de Gestatildeo de Aacuteguas Informativo Especial Avaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e 2018 Informativo dos paracircmetros de qualidade das aacuteguas nos locais monitorados ao longo do Rio Paraopeba antes do desastre na barragem B1 no complexo da Mina Coacuterrego Feijatildeo da Mineradora ValeSA no municiacutepio de Brumadinho ndash Minas Gerais Belo Horizontep 18 2019 LACAZ F A C PORTO M F S PINHEIRO T M M Trageacutedias brasileiras contemporacircneas o caso do rompimento da barragem de rejeitos de Fundatildeo Samarco 2017 12 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Medicina Centro de Estudo de Sauacutede do Trabalhador e Ecologia Humana Universidade Federal de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2017 MACHADO W G F Monitoramento de barragens de contenccedilatildeo de rejeitos da mineraccedilatildeo 2007 155 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Engenharia de Minas e Petroacuteleo Departamento de Minas e de Petroacuteleo Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2007 MILANEZ Bruno et al Antes fosse mais leve a carga avaliaccedilatildeo dos aspectos econocircmicos poliacuteticos e sociais do desastre da SamarcoValeBHP em Mariana (MG) Belo Horizonte PoEMAS 2015 Disponiacutevel em ltufjfbrpoemasfiles201407PoEMAS-2015-Antes-fosse-mais-leve-a-carga-versatildeo-finalpdfgt Acesso em 23 mar 2019 MINAS Estado de Lama de barragem matou o Rio Paraopeba conclui estudo da SOS Mata Atlacircntica Especialista em recursos hiacutedricos da fundaccedilatildeo afirma que a Bacia do Paraopeba estaacute sem condiccedilotildees de vida aquaacutetica e do uso da aacutegua mas que pode voltar a viver 2019 Disponiacutevel em lthttpswwwemcombrappnoticiagerais20190228interna_gerais1034405lama-matou-o-rio-paraopeba-conclui-estudo-da-sos-mata-atlanticashtmlgt Acesso em 25 mar 2019

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MORAES D S L JORDAtildeO B Q Degradaccedilatildeo de recursos hiacutedricos e seus efeitos sobre a sauacutede humana Revista Sauacutede Puacuteblica Satildeo Paulo v 36 ndeg3 p 2-5 mar 2002DOI http dxdoiorg101590S0034-89102002000300018Disponiacutevel em http wwwscielobr scielophp pid=S0034-89102002000300018ampscript=sci_abstractamptlng=pt Acesso em 1 nov 2019 Ouki S K Kavannagh M Treatment of metals-contaminated wastewaters by use of natural zeolites Water Sci Technol v39 ndeg 1011 p 115-122 mai 1999 DOI httpsdoiorg101016S0273-1223(99)00260-7Disponiacutevel em https www sciencedirect com science articleabspiiS0273122399002607 Acesso em 03 nov 2019 REUTERS Situaccedilatildeo do Rio Paraopeba dias apoacutes ruptura da barragem sd Fotografia Disponiacutevel em httpsbrreuterscomarticletopNewsidBRKCN1PJ1V0-OBRTP Acesso em 2 nov 2019 RICO M et al Reported tailings dam failures a review of the European incidents in the worldwide context Journal of Hazardous Materials Espanha v4 n 23 p 846-852 winter 2008 SALOMONS W FORSTNER U Heavy metals- problems and solutions Berlin Springer Verlag 1995 SAMPAIO A C S Metais pesados na aacutegua e sedimentos dos rios da Bacia do Alto Paraguai Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Curso de Saneamento Ambiental e Recursos Hiacutedricos Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Campo Grande 2003 SOS MATA ATLAcircNTICA Observando os Rios O retrato da qualidade da aacutegua na bacia do rio Paraopeba apoacutes o rompimento da barragem Coacuterrego do Feijatildeo- Minas Gerais2019 Disponiacutevel emlthttpswwwsosmaorgbrwp-contentuploads201902SOSMA_ExpedicaoParaopeba_ Relatorio pdf gt Acesso em 25 mar 2019 VALE- Instituto Tecnoloacutegico Vale Tecnologia de Barragens e Disposiccedilatildeo de Rejeitos 2019 Disponiacutevel em httpwwwitvorglinha-de-pesquisatecnologia-de-barragens-e-disposicao-de-rejeitos Acesso em 17 ago 2019 VON SPERLING M Introduccedilatildeo agrave qualidade das aacuteguas e ao tratamento de esgotos 2 Ed Belo Horizonte UFMG 2000 26-246p VON SPERLING M Introduccedilatildeo agrave qualidade das aacuteguas e ao tratamento de esgotos 4 Ed Belo Horizonte UFMG 2014 248p

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CUNHA C L N FERREIRA A P Anaacutelise criacutetica por comparaccedilatildeo entre modelos de qualidade de aacutegua aplicados em rios poluiacutedos contribuiccedilotildees agrave sauacutede aacutegua e saneamento Engenharia Sanitaacuteria e Ambiental v 24 ndeg3 p5-6 maijun 2019 DOI httpdxdoiorg101590s1413-41522019112332 Disponiacutevel em httpwwwscielobr scielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-41522019005007102 Acesso em 25 set 2019 EMBRAPA- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaacuteria Aplicaccedilatildeo do Biomonitoramento para Avaliaccedilatildeo da Qualidade da Aacutegua em Rios 1 Ed Satildeo Paulo Conceiccedilatildeo 2004 Disponiacutevel em httpswwwinfotecacnptiaembrapabrbitstreamdoc145181documentos36pdf Acesso em 31 out 2019 EDSDH Escola Superior Dom Helder Cacircmara O Rompimento de Barragens no Brasil e no Mundo Desastres mistos ou tecnoloacutegicos 2015 Disponiacutevel em ltwww domhelder edubrartigo_HRApdfgt Acesso em 23 mar 2019 FREITAS C M SILVA M A MENEZES F C O desastre na barragem de mineraccedilatildeo da Samarco- fratura exposta dos limites do Brasil na reduccedilatildeo de risco de desastres Ciecircncia e Cultura Satildeo Paulo v 68 n 3 p1-12 jul 2016 Bimestral Disponiacutevel em lthttpcienciaeculturabvsbrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0009-67252016000300010gt Acesso em 23 mar 2019 G1 GLOBO MINAS (Minas Gerais) Bombeiros e defesa civil satildeo mobilizados para a chamada de rompimento de barragem em brumadinho na grande bh 2019 Disponiacutevel em lthttpsg1globocommgminas-geraisnoticia20190125bombeiros-e-defesa-civil-sao-mobilizados-para-chamada-de-rompimento-de-barragem-em-brumadinho-na-grande-bhghtmlgt Acesso em 23 mar 2019 GOOGLE EARTH Software Version Versatildeo 93972 2018-2019 2019 Disponiacutevel em httpsearthgooglecomweb Acesso em 2 set 2019 IGAM- Instituto Mineiro de Gestatildeo de Aacuteguas Informativo Especial Avaliaccedilatildeo da seacuterie histoacuterica entre 2000 e 2018 Informativo dos paracircmetros de qualidade das aacuteguas nos locais monitorados ao longo do Rio Paraopeba antes do desastre na barragem B1 no complexo da Mina Coacuterrego Feijatildeo da Mineradora ValeSA no municiacutepio de Brumadinho ndash Minas Gerais Belo Horizontep 18 2019 LACAZ F A C PORTO M F S PINHEIRO T M M Trageacutedias brasileiras contemporacircneas o caso do rompimento da barragem de rejeitos de Fundatildeo Samarco 2017 12 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Medicina Centro de Estudo de Sauacutede do Trabalhador e Ecologia Humana Universidade Federal de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2017 MACHADO W G F Monitoramento de barragens de contenccedilatildeo de rejeitos da mineraccedilatildeo 2007 155 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Curso de Engenharia de Minas e Petroacuteleo Departamento de Minas e de Petroacuteleo Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2007 MILANEZ Bruno et al Antes fosse mais leve a carga avaliaccedilatildeo dos aspectos econocircmicos poliacuteticos e sociais do desastre da SamarcoValeBHP em Mariana (MG) Belo Horizonte PoEMAS 2015 Disponiacutevel em ltufjfbrpoemasfiles201407PoEMAS-2015-Antes-fosse-mais-leve-a-carga-versatildeo-finalpdfgt Acesso em 23 mar 2019 MINAS Estado de Lama de barragem matou o Rio Paraopeba conclui estudo da SOS Mata Atlacircntica Especialista em recursos hiacutedricos da fundaccedilatildeo afirma que a Bacia do Paraopeba estaacute sem condiccedilotildees de vida aquaacutetica e do uso da aacutegua mas que pode voltar a viver 2019 Disponiacutevel em lthttpswwwemcombrappnoticiagerais20190228interna_gerais1034405lama-matou-o-rio-paraopeba-conclui-estudo-da-sos-mata-atlanticashtmlgt Acesso em 25 mar 2019

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MORAES D S L JORDAtildeO B Q Degradaccedilatildeo de recursos hiacutedricos e seus efeitos sobre a sauacutede humana Revista Sauacutede Puacuteblica Satildeo Paulo v 36 ndeg3 p 2-5 mar 2002DOI http dxdoiorg101590S0034-89102002000300018Disponiacutevel em http wwwscielobr scielophp pid=S0034-89102002000300018ampscript=sci_abstractamptlng=pt Acesso em 1 nov 2019 Ouki S K Kavannagh M Treatment of metals-contaminated wastewaters by use of natural zeolites Water Sci Technol v39 ndeg 1011 p 115-122 mai 1999 DOI httpsdoiorg101016S0273-1223(99)00260-7Disponiacutevel em https www sciencedirect com science articleabspiiS0273122399002607 Acesso em 03 nov 2019 REUTERS Situaccedilatildeo do Rio Paraopeba dias apoacutes ruptura da barragem sd Fotografia Disponiacutevel em httpsbrreuterscomarticletopNewsidBRKCN1PJ1V0-OBRTP Acesso em 2 nov 2019 RICO M et al Reported tailings dam failures a review of the European incidents in the worldwide context Journal of Hazardous Materials Espanha v4 n 23 p 846-852 winter 2008 SALOMONS W FORSTNER U Heavy metals- problems and solutions Berlin Springer Verlag 1995 SAMPAIO A C S Metais pesados na aacutegua e sedimentos dos rios da Bacia do Alto Paraguai Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Curso de Saneamento Ambiental e Recursos Hiacutedricos Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Campo Grande 2003 SOS MATA ATLAcircNTICA Observando os Rios O retrato da qualidade da aacutegua na bacia do rio Paraopeba apoacutes o rompimento da barragem Coacuterrego do Feijatildeo- Minas Gerais2019 Disponiacutevel emlthttpswwwsosmaorgbrwp-contentuploads201902SOSMA_ExpedicaoParaopeba_ Relatorio pdf gt Acesso em 25 mar 2019 VALE- Instituto Tecnoloacutegico Vale Tecnologia de Barragens e Disposiccedilatildeo de Rejeitos 2019 Disponiacutevel em httpwwwitvorglinha-de-pesquisatecnologia-de-barragens-e-disposicao-de-rejeitos Acesso em 17 ago 2019 VON SPERLING M Introduccedilatildeo agrave qualidade das aacuteguas e ao tratamento de esgotos 2 Ed Belo Horizonte UFMG 2000 26-246p VON SPERLING M Introduccedilatildeo agrave qualidade das aacuteguas e ao tratamento de esgotos 4 Ed Belo Horizonte UFMG 2014 248p

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MORAES D S L JORDAtildeO B Q Degradaccedilatildeo de recursos hiacutedricos e seus efeitos sobre a sauacutede humana Revista Sauacutede Puacuteblica Satildeo Paulo v 36 ndeg3 p 2-5 mar 2002DOI http dxdoiorg101590S0034-89102002000300018Disponiacutevel em http wwwscielobr scielophp pid=S0034-89102002000300018ampscript=sci_abstractamptlng=pt Acesso em 1 nov 2019 Ouki S K Kavannagh M Treatment of metals-contaminated wastewaters by use of natural zeolites Water Sci Technol v39 ndeg 1011 p 115-122 mai 1999 DOI httpsdoiorg101016S0273-1223(99)00260-7Disponiacutevel em https www sciencedirect com science articleabspiiS0273122399002607 Acesso em 03 nov 2019 REUTERS Situaccedilatildeo do Rio Paraopeba dias apoacutes ruptura da barragem sd Fotografia Disponiacutevel em httpsbrreuterscomarticletopNewsidBRKCN1PJ1V0-OBRTP Acesso em 2 nov 2019 RICO M et al Reported tailings dam failures a review of the European incidents in the worldwide context Journal of Hazardous Materials Espanha v4 n 23 p 846-852 winter 2008 SALOMONS W FORSTNER U Heavy metals- problems and solutions Berlin Springer Verlag 1995 SAMPAIO A C S Metais pesados na aacutegua e sedimentos dos rios da Bacia do Alto Paraguai Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Curso de Saneamento Ambiental e Recursos Hiacutedricos Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Campo Grande 2003 SOS MATA ATLAcircNTICA Observando os Rios O retrato da qualidade da aacutegua na bacia do rio Paraopeba apoacutes o rompimento da barragem Coacuterrego do Feijatildeo- Minas Gerais2019 Disponiacutevel emlthttpswwwsosmaorgbrwp-contentuploads201902SOSMA_ExpedicaoParaopeba_ Relatorio pdf gt Acesso em 25 mar 2019 VALE- Instituto Tecnoloacutegico Vale Tecnologia de Barragens e Disposiccedilatildeo de Rejeitos 2019 Disponiacutevel em httpwwwitvorglinha-de-pesquisatecnologia-de-barragens-e-disposicao-de-rejeitos Acesso em 17 ago 2019 VON SPERLING M Introduccedilatildeo agrave qualidade das aacuteguas e ao tratamento de esgotos 2 Ed Belo Horizonte UFMG 2000 26-246p VON SPERLING M Introduccedilatildeo agrave qualidade das aacuteguas e ao tratamento de esgotos 4 Ed Belo Horizonte UFMG 2014 248p