diagnóstico referente ao uso de drogas nas escolas públicas

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Diagnóstico Referente ao uso de Drogas nas Escolas Públicas Estaduais de Sergipe: Situação Preliminar

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Page 1: Diagnóstico Referente ao uso de Drogas nas Escolas Públicas

Diagnóstico Referente ao uso de Drogas nas Escolas Públicas Estaduais de Sergipe:Situação Preliminar

Page 2: Diagnóstico Referente ao uso de Drogas nas Escolas Públicas

 

MARCELO DÉDA CHAGAS

GOVERNADOR

JACKSON BARRETO DE LIMA

VICE-GOVERNADOR

BELIVALDO CHAGAS SILVA

SECRETÁRIO DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

HORTÊNCIA MARIA PEREIRA ARAUJO

SECRETÁRIA ADJUNTA DE EDUCAÇÃO

MARIA IZABEL LADEIRA SILVA

DIRETORA DO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO

MARIA ZELITA BATISTA BRITO

DIRETORA DO DEPARTAMENTO DE APOIO DO SISTEMA EDUCACIONAL

JOSÉ EVERTON SIQUEIRA SANTOS

COORDENADORIA DE INFORMÁTICA

HORTÊNCIA DE OLIVEIRA

COORDENADORA DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A FAVOR DA VIDA

ROOSEVELT COSTA

COORDENADOR DO PROGRAMA SAÚDE E PREVENÇÃO NAS ESCOLAS

Page 3: Diagnóstico Referente ao uso de Drogas nas Escolas Públicas

3

DIAGNÓSTICO REFERENTE AO USO DE DROGAS NAS ESCOLAS PÚBLICAS ESTADUAIS DO ESTADO DE SERGIPE:

SITUAÇÃO PRELIMINAR

I. APRESENTAÇÃO

A sociedade atual tem convivido, de forma agravada, com a problemática do consumo

e tráfico de drogas que atinge diretamente crianças e jovens em idade escolar, demandando ações

por parte dos setores responsáveis, no sentido de enfrentar o problema. A Secretaria de Estado da

Educação, ciente da necessidade de debater com a comunidade escolar a questão das drogas, e

em alinhamento com as políticas dos governos Federal e Estadual, estabeleceu a criação do

Núcleo de Educação a Favor da Vida, através da Portaria 4.772/2010, assinada em 16 de junho

do referido ano, e fortaleceu o programa Saúde e Prevenção na Escola (SPE) como estratégias

de enfrentamento do problema.

Os eixos norteadores das ações da Secretaria de Educação são: Diagnóstico,

Formação, Mobilização e Currículo cujos focos respectivamente são: realizar levantamento

situacional do uso de drogas nas escolas estaduais de Sergipe, promover a capacitação de

Professores, mobilizar a comunidade para a realização de ações de prevenção e inserção, no

currículo escolar, de temas transversais referentes ao uso indevido de drogas.

No presente documento, apresentamos os resultados obtidos a partir de uma

pesquisa, cujo objetivo é oferecer um diagnóstico preliminar, referente ao uso de drogas nas

escolas públicas do estado de Sergipe. A referida pesquisa foi realizada com aplicação de

1.625 questionários entre os meses de março e maio de 2010, a fim de efetuar o mapeamento de

situação tomando como amostra algumas unidades escolares, tendo em vista a produção de

conhecimento sobre o problema, podendo inclusive servir de subsídio para a tomada de

decisões e a formulação de políticas.

Page 4: Diagnóstico Referente ao uso de Drogas nas Escolas Públicas

4

II. FUNDAMENTOS TEÓRICOS

Segundo o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas

(CEBRID) droga é “qualquer substância capaz de modificar a função dos organismos vivos,

resultando em mudanças fisiológicas e de comportamento”. As drogas podem ser classificadas

de diversas maneiras, dentre elas podemos citar:

Do ponto de vista legal: lícitas ou ilícitas;

Do ponto de vista das ações aparentes sobre o Sistema Nervoso Central:

depressoras, estimulantes ou perturbadoras.

A consideração em torno do ponto de vista legal está apoiada no que a legislação

brasileira estabelece como sendo drogas lícitas, ou seja, aquelas que podem ser comercializadas,

embora algumas sejam submetidas a certas restrições. Já no caso das drogas ilícitas, a

comercialização é proibida por lei. Tal classificação está embasada na Lei Federal nº 9.610/98.

As drogas psicotrópicas modificam a atividade do Sistema Nervoso Central (SNC),

ou seja, afetam a capacidade de funcionamento normal do cérebro e conseqüentemente o

comportamento do indivíduo. Podem apresentar risco em caso de uso abusivo e quadro de

dependência, sendo classificadas em estimulantes depressoras e perturbadoras.

Do ponto de vista social, as implicações quanto ao uso de drogas licitas e ilícitas

constituem-se em um fenômeno global com conseqüências devastadoras na sociedade

contemporânea, pois os danos causados tanto pelas drogas lícitas quanto pelas ilícitas tem

representado um problema de saúde pública cuja solução demanda estudos explicativos, a

aplicação de políticas publicas de enfrentamento, e altos investimentos.

A Secretaria Nacional Anti Drogas (SENAD) é o órgão encarregado de coordenar e

integrar as ações do Governo Federal, relativos à redução da demanda por drogas. A política da

SENAD visa desenvolver um amplo processo democrático com participação governamental e

popular para realinhamento das ações vigentes, encaminhadas tanto pelos governos estaduais

quanto pela sociedade civil. Trata-se de um processo composto por múltiplas estratégias voltadas

para a redução dos fatores de vulnerabilidade e risco específicos, e fortalecimento dos fatores de

proteção. Implica necessariamente a interação entre governo e sociedade, com a colaboração de

Page 5: Diagnóstico Referente ao uso de Drogas nas Escolas Públicas

5

todos os setores buscando atuar, dentro de suas competências, para facilitar práticas que levem à

redução da iniciação, à redução do aumento do consumo, em freqüência e intensidade, como

também à redução das conseqüências negativas do uso de drogas. Com base nas experiências

apresentadas nos diversos fóruns de discussão, foi aprovada pelo CONAD (Conselho Nacional

Anti Drogas) a Política Nacional sobre Drogas (PNAD), em 27 de outubro de 2005 (Resolução

Nº 03/GSIPR/CH/CONAD).

Entre os inúmeros objetivos da PNAD, vale destacar aqueles que estão relacionados

ao setor educacional, não de maneira exclusiva, mas como contribuição necessária para se atingir

o ideal de uma sociedade protegida do uso de drogas ilícitas e do uso indevido de drogas lícitas.

Cabe à Escola, conscientizar, informar, capacitar e formar pessoas para a ação efetiva e eficaz de

redução da demanda, da oferta e dos danos, fundamentadas em conhecimentos científicos

validados e experiências bem sucedidas adequadas à nossa realidade.

Como desdobramento da PNAD, o Governo Federal lançou em 2010 o Plano de

Enfrentamento ao Crack, por ser esta uma das drogas mais letais e devastadoras em ampla

circulação nos dias de hoje. Não obstante o Relatório Brasileiro sobre Drogas informar que o

consumo de crack tem se mantido “discreto e estável” entre 2001 e 2005, há fortes evidências de

que a partir de 2005, o consumo dessa substância esta associado ao aumento da criminalidade, da

violência, e dos agravos à saúde da população. Daí a resposta do Governo Federal, através da

implementação de políticas destinadas ao enfrentamento do uso de crack, principalmente entre os

jovens.

Parte integrante do realinhamento da política brasileira sobre drogas, em julho de

2010, o Governo de Sergipe lançou o “Plano Estadual de Enfretamento ao Crack e Outras

Drogas : Sergipe Contra o Crack e a Favor da Vida” que consiste, em linhas gerias nas ações

de atenção e cuidado ao usuário e sua família, prevenção e mobilização, reinserção social dos

usuários, e por fim, repressão ao tráfico. Este Plano responde ao crescente apelo da sociedade

por uma intervenção governamental, diante dos dados estatísticos que apontaram em 2009 um

aumento no consumo de drogas, especialmente do crack.

Uma das principais estratégias para o enfrentamento ao uso de drogas lícitas e ilícitas

é a pratica da Redução de Danos ou RD. O Ministério da Saúde define a RD como:

Page 6: Diagnóstico Referente ao uso de Drogas nas Escolas Públicas

6

“uma estratégia de saúde pública que procura controlar possíveis conseqüências ao consumo de psicoativos – lícitos ou ilícitos - sem necessariamente, interromper esse uso, e buscando inclusão social e cidadania para usuários de drogas”.

Por outro lado, o PNAD reconhece a redução de danos como um dos principais pressupostos da

política de enfrentamento. É regra do PNAD, priorizar a prevenção e “não confundir as

estratégias de redução de danos com o incentivo ao uso indevido de drogas, pois se trata de uma

estratégia de prevenção”. Do mesmo modo, o Programa Saúde e Prevenção na Escola também

utiliza a Redução de Danos em suas ações.

Portanto, a Redução de Danos é uma das políticas públicas oficializadas pelo governo

brasileiro conhecida em diversos outros países, para lidar de forma adequada com problemas que

podem ser gerados pelo uso de álcool e outras drogas. É, também, parte integrante da Política de

Atenção Integral a Usuários de Álcool e Outras Drogas. Redução de Danos não pode ser

confundido com incentivo ao uso de drogas, embora fundamente-se no princípio da tolerância

ou respeito às escolhas individuais. A RD contribui, entre outras coisas, para propiciar

informações adequadas sobre riscos, danos, práticas seguras, saúde, cidadania e direitos, para

que as pessoas que usam álcool e outras drogas possam tomar suas decisões, buscar

atendimento de saúde (se necessário) e estarem inseridas socialmente em um contexto de

garantias de direitos e cidadania. CRUZ (2006) menciona que, no campo da prevenção,

...“as estratégias de Redução de Danos significam a utilização de medidas que diminuam os danos provocados pelo uso de drogas, mesmo quando os indivíduos não pretendem ou não conseguem interromper o uso”.

No contexto da PNAD, a problemática do uso indevido das drogas é também uma

questão do setor educacional, e requer daqueles que fazem a Educação, o desenvolvimento de

ações voltadas para o espaço escolar, que promovam a discussão sobre o tema, com o

envolvimento de gestores, professores, funcionários, alunos, e pais vinculados às instituições

educacionais. O papel da escola, como espaço privilegiado de formação dos sujeitos, é

fundamental para uma abordagem pertinente da questão; é o campo privilegiado para a

efetivação de ações preventivas. A realidade do consumo de drogas entre os jovens não pode ser

ignorada pela Escola. Em muitos casos, gestores e professores preferem fingir que o problema

não existe, ou que não cabe a eles abordar a questão. Dada a complexidade do problema, a

Page 7: Diagnóstico Referente ao uso de Drogas nas Escolas Públicas

7

comunidade escolar resiste em discutir abertamente o consumo de drogas entre

os alunos bem como entre os professores e funcionários.

É difícil falar sobre drogas por que há muito preconceito e pouco rigor cientifico

sobre o tema. Para que a Escola se constitua em um fator de proteção e campo privilegiado para

a prevenção, é necessário entender o que são drogas, como elas afetam o dia a dia das pessoas, e

como a Escola pode agir para evitar que os jovens entrem para o mundo das drogas.

III. METODOLOGIA DA PESQUISA

A presente pesquisa insere-se como uma contribuição à necessidade de produzir

conhecimento sobre a realidade do uso abusivo de drogas entre a comunidade escolar. O método

consiste em efetuar levantamento de dados através da realização de uma pesquisa

quali/quantitativa por meio de aplicação questionários Foram selecionadas aleatoriamente 48

escolas da rede estadual, entre os meses de março e maio de 2010 nas quais foram aplicados

1.625 questionários (modelo anexo) com abrangência das Diretorias Regionais de Aracaju,

Estância e Itabaiana. Os sujeitos da amostra foram representados pelos diretores, professores,

coordenadores escolares, e 30 alunos, de cada unidade, do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental e

alunos do Ensino Médio. Entre o montante total de questionários enviados às escolas, 474 foram

descartados e considerados inválidos, por não apresentarem dados consistentes com as

orientações da pesquisa.

O procedimento de aplicação dos questionários foi devidamente explanado aos

representantes das Diretorias Regionais, antes do início da atividade, através das “Orientações

para a Aplicação dos Questionários” (anexo) ocasião em que foi garantido o direito à

privacidade bem como uso para fins exclusivamente científicos dos dados informados no

instrumento. Segue-se a análise dos dados obtidos

IV. ANÁLISE DOS DADOS

Por considerarmos importante introduzirmos a temática da droga de forma gradativa,

relacionando-a com outros temas que favorecem o seu uso, iniciamos a análise a partir de

Page 8: Diagnóstico Referente ao uso de Drogas nas Escolas Públicas

8

questões que tratam de assuntos transversais em relação ao foco da nossa pesquisa. Desse modo,

da 1ª à 4ª questão, foi abordado o impacto da violência, física ou simbólica, no relacionamento

interpessoal entre os membros da comunidade escolar. Afirmaram a existência de problemas

de relacionamento interno nas unidades escolares 66% dos respondentes. Entre estes últimos,

35% mencionaram que o tipo mais freqüente de problema de relacionamento interpessoal é a

agressão verbal, seguida agressão física (21%), intolerância (19%) agressão psicológica (11%).

Os dados informam que a convivência social, na escola, tem se caracterizado pela manifestação

de condutas impulsivas norteadas pela tendência a violência. Tudo indica que agressão física, a

forma mais explicita de violência, faz parte do cotidiano escolar.

Como causas prováveis dessa tendência, foram apontadas pelos respondentes:

ausência de diálogo (28%), limites mal estabelecidos (25%), a ausência de autoridade (16%),

autoritarismo dos dirigentes (13%) e o uso indevido de drogas (7%). Os dados informam que a

droga interfere pouco nas relações interpessoais, e que o maior fator de conflito é a ausência de

dialogo. Todavia, quando perguntado sobre a opinião pessoal de cada um, 73% dos respondentes

acreditam que o uso de drogas é o principal fator, e só somente 7% não consideram que as

drogas exercem algum impacto nas relações interpessoais.

Quando indagados sobre a oferta de drogas lícitas nas proximidades da Unidade de

Ensino, 66% confirmaram a existência dessa prática, e 32% negaram. Dentre aqueles que

confirmaram a existência da oferta de drogas nas proximidades da escola, 38% citaram as

bebidas alcoólicas como sendo a droga mais ofertada, 36% citaram o cigarro, 10%

medicamentos, 7% cola e 4% solventes. No que se refere à oferta de drogas ilícitas, 58%

responderam que nas imediações da escola não existe essa oferta, mas 38% confirmaram a

distribuição ou venda de drogas ilícitas no entorno da escola. Neste caso, 45% citaram a oferta

de maconha, 29% de crack e 18% de cocaína. Os dados informam que a presença, no entorno da

escola, das drogas mais perigosas como o crack e a cocaína é percebida pela comunidade escolar.

Não se trata, pois, de uma atividade feita em segredo ou longe dos olhos das pessoas.

Quando questionados sobre as drogas (lícitas ou ilícitas) mais consumidas no interior

da unidade de ensino, o cigarro aparece com o índice mais elevado de 25%, seguido da bebida

alcoólica com 18%. A maconha foi identificada por 9% dos respondentes. Somente 4%

identificaram o crack, os anabolizantes ou a cola e 3% o uso da cocaína. Esse dado é muito

Page 9: Diagnóstico Referente ao uso de Drogas nas Escolas Públicas

9

significativo, pois fica constatado o uso de drogas licitas e ilícitas no interior da escola. O ideal é

que não houvesse o consumo de qualquer tipo de droga, inclusive as drogas lícitas.

Nos últimos anos os governos federal e estadual vem desenvolvendo uma série de

ações de prevenção e controle do tabagismo, que tem resultado na diminuição do consumo.

Dados do Ministério da Saúde (2009) informam que entre 1989 e 2003 houve uma diminuição

no consumo de cigarros em torno de 12,4% na população acima de 18 anos. Todavia, a

população abaixo dos 18 anos, parece estar, ainda, muito vulnerável a esse tipo de droga. Por

fim, quando 4% percebem o uso de crack no interior da escola, esta situação representa um

problema gravíssimo, tanto do ponto de vista biológico (efeitos no Sistema Nervoso Central)

quanto do ponto de vista social. A escola é um espaço publico em que as atividades

desenvolvidas não podem ser mediadas pelo uso de qualquer tipo de droga, muito menos drogas

ilícitas.

Os alunos da Educação de Jovens e Adultos foram identificados por 22% dos

respondentes, como consumidores de drogas lícitas. Os alunos do ensino médio regular foram

identificados por 20% dos respondentes e os do ensino fundamental por 16%. Por outro lado,

18% apontaram a equipe de apoio (servidores), 12% apontaram os professores e 5% os gestores,

como consumidores de drogas licitas. Desse modo, aqueles que deveriam dar o exemplo,

parecem não ser capazes de criar na escola um ambiente livre do uso de drogas.

Os alunos de ensino médio foram apontados por 21% dos respondentes como os

maiores usuários de drogas ilícitas no interior da escola, seguidos pelos alunos do ensino

fundamental, identificados por 16% dos respondentes. O que chama atenção, é que também,

funcionários, dirigentes e professores foram, de alguma forma, identificados por 5% dos

respondentes, como consumidores de drogas ilícitas.

O maior percentual identificado para o consumidor de droga ilícita citado acima

corrobora com o resultado apresentado pelo CEBRID (2005), quando da realização do V

Levantamento Nacional sobre o Consumo de Drogas Psicotrópicas entre os Estudantes do

Ensino Fundamental e Médio da Rede Pública de Ensino nas 27 Capitais Brasileiras, no qual foi

constatado que 16,5% dos estudantes das redes municipal e estadual de ensino de Aracaju já

fizeram uso na vida de drogas psicotrópicas.

Os prédios escolares são, em sua maioria, compostos de diversos ambientes que, em

muitos casos, servem de esconderijo para o consumo de entorpecentes. 21% dos respondentes

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10

identificaram os banheiros como sendo o local preferido para o consumo, 17% indicaram as

quadras de esportes e 14% o próprio pátio da escola. O restante ficou diluído entre bibliotecas,

refeitórios, corredores, etc. Quando indagados sobre a ocasião em que as drogas são consumidas

no ambiente escolar, 25% responderam na saída das aulas, 19% nos eventos, 18% no intervalo

das aulas, 7% durante as aulas e 6% na entrada da escola.

Diante dessa realidade, cabe à Escola desenvolver ações preventivas no tocante ao

uso indevido de drogas. Isso posto, 49% informaram que a unidade de ensino desenvolve as

referidas ações. Todavia, 47% alegaram que estas ações não são promovidas. Quase metade dos

estabelecimentos de ensino é indiferente ao problema e resistem em aceitar que seus alunos

consomem drogas. Este dado corrobora com o que expõe a Revista Nova Escola, edição de

setembro de 2007, em um artigo sobre essa questão intitulado “Drogas, Só a Escola Não Quer

Ver”. De acordo com este artigo, a Escola tem dificuldade em aceitar essa realidade, por que

não sabe como lidar com ela. No nosso levantamento qualitativo a respeito do tipo de ação

proposta pelas escolas no tocante à prevenção de drogas, a “Palestra” foi a atividade mais citada

pela grande maioria dos respondentes. Todavia, de acordo com Denise Gimenez Ramos, da

Faculdade de Psicologia da PUC – São Paulo, “as palestras promovidas pelas escolas para dizer

que as drogas fazem mal, não têm nenhum efeito; os estudantes já sabem disso, o que eles

precisam é de alternativas” (Nova Escola – setembro de 2007). Tudo indica que a Escola,

quando não ignora o problema, não consegue dar sentido às atividades de prevenção, nem

consegue auxiliar aos estudantes a construírem um projeto de vida.

V. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em nosso estado, muito se fala sobre o uso de drogas na Escola, mas poucos se dão

ao trabalho de efetuar um levantamento preciso de dados sobre essa questão. Parte-se do

pressuposto de que os jovens da Escola Publica estão “predestinados” ao uso de entorpecentes,

por conta de sua condição social menos favorável e por uma maior exposição aos fatores de

risco. Essa pequena pesquisa, com uma amostra de 48 escolas estaduais, é uma contribuição ao

necessário debate sobre o uso de drogas licitas e ilícitas, trazendo a percepção daqueles que

vivenciam o problema no dia a dia da Escola. A partir dos dados obtidos, é possível traçar

algumas ações de prevenção considerando a Escola como espaço privilegiado para este tipo de

trabalho.

Page 11: Diagnóstico Referente ao uso de Drogas nas Escolas Públicas

11

Os jovens estudantes da Escola Publica não estão “predestinados” ao consumo de

Drogas, todavia a pesquisa demonstra que os fatores de risco estão presentes no ambiente

escolar. A presença da Droga ilícita é perceptível entre a comunidade. Mesmo que o número de

consumidores seja pequeno, é suficientemente preocupante e exige ações imediatas e contínuas.

No que se refere à Droga lícita, esta faz parte do cotidiano escolar sendo largamente consumida

pela maioria. Este dado não deixa de ser, também, relevante, pois expõe os jovens a uma

“naturalização” do consumo. Isso dificulta o processo de tornar a Escola um ambiente livre e

protegido do consumo de drogas, sejam elas lícitas ou ilícitas.

Essa pesquisa não esgota todo assunto, sendo necessário expandir o debate e realizar

novos levantamentos. Alguns dados apenas confirmam aquilo que já era previsto pelo senso

comum, outros revelam um quadro que exige intervenção governamental no sentido de promover

a convivência pacífica e minimizar a entrada do jovem no “mundo da droga”.

VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BASÍLIO, Mirian Cátia Vieira & GARCIA, Maria Lúcia Teixeira. O Processo de Formulação de Políticas Públicas sobre Drogas: a experiência do legislativo municipal de Vitória. IN: Prevenção ao Uso Indevido de Drogas. Curitiba: Secretaria de Estado da Educação, 2008.

CRUZ, Marcelo Santos. Considerações sobre Possíveis Razões para a Resistência às Estratégias de Redução de Danos. IN: CIRINO, Oscar & MEDEIROS, R. (Orgs). Álcool e Outras Drogas: escolhas, impasses e saídas possíveis. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.

CEBRID. V Levantamento Nacional sobre o Consumo de Drogas Psicotrópicas entre Estudantes do Ensino Fundamental e Médio da Rede Pública de Ensino nas 27 Capitais Brasileiras. São Paulo: CEBRID/SENAD, 2005.

HUMANUS. Manual de Prevenção do Uso de Drogas para Mediadores. Rio de Janeiro: Humanus. Disponível em <www.humanus.pt/download.php?id=13> Acesso em: fevereiro 2011.

Page 12: Diagnóstico Referente ao uso de Drogas nas Escolas Públicas

12

LEMOS, Tadeu. Ações e Efeitos das Drogas de Abuso. IN: Prevenção ao Uso Indevido de Drogas. Curitiba: Secretaria de Estado da Educação, 2008.

PINHEIRO, Raquel Martins. Redução de Danos e Psicanálise Aplicadas à Taxicomania. IN: CIRINO, Oscar & MEDEIROS, R.; (Orgs.). Álcool e Outras Drogas: escolhas, impasses e saídas possíveis. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.

BRASIL. PRESIDENCIA DA REPUBLICA. Política Nacional sobre Drogas. Brasília: SENAD, 2005.

...........................................................Legislação e Políticas Públicas sobre Drogas. Brasília: SENAD, 2008.

........................................................... Relatório Brasileiro sobre Drogas. Brasília: SENAD, 2009.

DIDONÊ, Débora & MUTTINI, Rúbia . Drogas, só a Escola não quer ver. IN REVISTA NOVA ESCOLA. São Paulo: Abril, 2007

Sites consultados:

http//www.apps.einstein.br/alcooledrogas/novodite/orientacoes_escola.htm. Acessado em maio de 2011.

http//www.humanus.pt/download.php?id=13> Acessado em fevereiro 2011.

Page 13: Diagnóstico Referente ao uso de Drogas nas Escolas Públicas

13

ANEXO

Page 14: Diagnóstico Referente ao uso de Drogas nas Escolas Públicas

14

Identificação

professor 8 1%

aluno 1012 88%

diretor 63 5%

coordenador 28 2%

não declarado 40 3%

Total 1.151 100%

1. Você considera que existem problemas de relacionamento interpessoal nesta Unidade de Ensino?

a não respoderam 11 1%

b sim 759 66% c não 381 33% Total 1.151 100%

8 1%

1012 88%

63 5%

28 2%

40 4%

professor

aluno

diretor

coordenador

não declarado

11 1%

759 66%

381 33%

nãorespoderamsim

Page 15: Diagnóstico Referente ao uso de Drogas nas Escolas Públicas

15

2. Em caso afirmativo, qual/quais? a não responderam 81 11%

b agressão verbal 51 35% c agressão física 328 21% d agressão psicológica 78 11% e intolerância 04 19% f outros 51 3% Total 1.593 100%

3. O que você atribui como causa(s) das dificuldades de relacionamento vivenciadas nesta Unidade de Ensino?

a não responderam 15 8%

b ausência de diálogo 416 28% c autoritarismo 183 13% d ausência de autoridade 36 16% e limites mal estabelecidos 368 25% f uso indevido/abusivo de drogas 98 7% g outros 46 3%

Total 1.462 100%

181

551

328

178

304

51

- 100 200 300 400 500 600

não responderam

agressão verbal

agressão física

agressão psicológica

intolerância

outros

Page 16: Diagnóstico Referente ao uso de Drogas nas Escolas Públicas

16

4. Em sua opinião, o uso indevido/abusivo de drogas:

a não responderam 75 7% b não interfere nas relações interpessoais 86 7% c interfere pouco nas relações interpessoais 145 13% d interfere muito nas relações interpessoais 45 73% Total 1.151 100%

115

416

183

236

368

98

46

- 100 200 300 400 500

não responderam

ausência de diálogo

autoritarismo

ausência de autoridade

limites mal estabelecidos

uso indevido/abusivo de drogas

outros

- 200 400 600 800 1.000

não responderam

não interfere nas relaçõesinterpessoais

interfere pouco nas relaçõesinterpessoais

interfere muito nas relaçõesinterpessoais

Page 17: Diagnóstico Referente ao uso de Drogas nas Escolas Públicas

17

5. Em sua opinião, existe a oferta de drogas lícitas nas proximidades desta Unidade de Ensino?

a não responderam 18 2% b sim 761 66% c não 372 32% Total 1 .151 100%

5.1. Em caso afirmativo, qual(is) tipo(s)?

a álcool 72 38% b cigarro 639 36% c solventes 73 4% d cola 30 7% e medicamentos 181 10% f outros 72 4% Total 1.767 100%

18 2%

761 66%

372 32%

não responderam

sim

não

- 100 200 300 400 500 600 700 800

álcool

cigarro

solventes

cola

medicamentos

outros

Page 18: Diagnóstico Referente ao uso de Drogas nas Escolas Públicas

18

6. Em sua opinião, existe a oferta de drogas ilícitas nas proximidades desta Unidade de Ensino?

a não respondeream 38 3%

b sim 446 39% c não 667 58% Total 1.151 100%

6.1. Em caso afirmativo, qual(is) tipo(s)?

a maconha 355 45% b cocaína 146 18% c crack 231 29% d outras 65 8%

Total 797 100%

38 3%

446 39%

667 58%

nãorespondeream

sim

não

- 100 200 300 400

maconha

cocaína

crack

outras

Page 19: Diagnóstico Referente ao uso de Drogas nas Escolas Públicas

19

7. Qual(is) é(são) a(s) droga(s) mais consumida(s) nesta Unidade de Ensino?

a nenhuma 525 31% b bebida alcoólica 304 18% c cigarro 426 25% d maconha 148 9% e cola 60 4% f acetona 26 2% g cocaína 56 3% h crack 76 4% i anabolizante 65 4% j outras 8 0%

Total 1.694 100%

-

100

200

300

400

500

600

Page 20: Diagnóstico Referente ao uso de Drogas nas Escolas Públicas

20

8. Quando e onde ocorre o uso, com mais frequência, de drogas nesta unidade de ensino?

Onde

a não respondeream 275 23% b banheiros 248 21% c pátio 165 14% d saladeaula 44 4% e refeitório 13 1% f biblioteca 8 1% g quadra de esportes 197 17% h corredores 96 8% i portaria 82 7% j outros 49 4% Total 1.177 100%

-

100

200

300

Page 21: Diagnóstico Referente ao uso de Drogas nas Escolas Públicas

21

Quando a não responderam 247 21%

b durante as aulas 85 7% c entrada 74 6% d saída 299 25% e intervalo das aulas e/ou recreio 217 18%

f eventos 229 19%

g outros 36 3% Total 1.187 100%

- 50

100 150 200 250 300 350

Page 22: Diagnóstico Referente ao uso de Drogas nas Escolas Públicas

22

9. Quem você identifica como usuários de drogas lícitas nesta unidade de ensino?

a não respondeream 103 7%

b Gestores (diretor, coordenador, secretário) 78 5% c Professores 173 12% d Equipe de apoio 261 18% e Alunos do Ensino Fundamental 231 16% f Alunos do Ensino Médio 289 20% g Alunos da EJA 321 22% Total 1.456 100%

103 7%

78 5%

173 12%

261 18%

231 16%

289 20%

321 22%

não respondeream

Gestores (diretor,coordenador,secretário)Professores

Equipe de apoio

Alunos do EnsinoFundamental

Alunos do EnsinoMédio

Page 23: Diagnóstico Referente ao uso de Drogas nas Escolas Públicas

23

10. Quem você identifica como usuários de drogas ilícitas nesta unidade de ensino?

a não respondeream 305 30%

b Gestores (diretor, coordenador, secretário) 20 2% c Professores 33 3% d Equipe de apoio 47 5% e Alunos do Ensino Fundamental 162 16% f Alunos do Ensino Médio 209 21% g Alunos da EJA 225 22% Total 1.001 100%

11. Há alguma ação de prevenção ao uso indevido/abusivo de drogas nesta Unidade de Ensino?

não respondeream 48 4%

sim 564 49%

não 539 47%

Total 1.151 100%

305 30%

20 2% 33

3% 47 5%

162 16%

209 21%

225 23%

não respondeream

Gestores (diretor,coordenador,secretário)

Professores

Equipe de apoio

48 4%

564 49%

539 47%

não respondeream

sim

não

Page 24: Diagnóstico Referente ao uso de Drogas nas Escolas Públicas

24

GOVERNO DE SERGIPE

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO

Diagnóstico sobre o uso indevido de drogas lícitas e ilícitas nas Unidades de Ensino da Rede Pública

Estadual

Este questionário tem o objetivo de auxiliar a SEED na elaboração de um diagnóstico sobre o uso de drogas

lícitas e ilícitas nas Unidades de Ensino da Rede Pública Estadual. Sua colaboração é muito importante para

o desenvolvimento deste trabalho. Ressaltamos que será assegurado o anonimato dos respondentes e as

informações fornecidas serão utilizadas exclusivamente para fins de estudos e pesquisa.

Identificação:

( ) aluno ( ) professor ( ) diretor ( ) coordenador ( ) secretário

( ) vigilante ( ) merendeira ( ) ex.de serv. básicos ( ) of.administrativo

1. Você considera que existem problemas freqüentes de relacionamento interpessoal nesta Unidade de

Ensino?

( ) sim ( ) não

2. Em caso afirmativo, qual/quais?

( ) agressão verbal

( ) agressão física

( ) agressão psicológica

( ) intolerância

( ) outros __________________________________________________________________

3. O que você atribui como causa(s) das dificuldades de relacionamento vivenciadas nesta Unidade de

Ensino?

( ) ausência de diálogo

( ) autoritarismo

( ) ausência de autoridade

Page 25: Diagnóstico Referente ao uso de Drogas nas Escolas Públicas

25

( ) limites mal estabelecidos

( ) uso indevido/abusivo de drogas

( ) outros _________________________________________________________________

4. Em sua opinião, o uso indevido/abusivo de drogas:

( ) não interfere nas relações interpessoais;

( ) interfere pouco nas relações interpessoais;

( ) interfere muito nas relações interpessoais;

5. Em sua opinião, existe a oferta de drogas lícitas nas proximidades desta Unidade de Ensino?

( ) não ( )sim

Em caso afirmativo, quais tipos?

( ) álcool ( ) cigarro ( ) solventes ( ) cola ( ) medicamentos

( ) outros ______________________

6. Em sua opinião, existe a oferta de drogas ilícitas nas proximidades desta Unidade de Ensino?

( ) não ( )sim

Em caso afirmativo, quais tipos?

( ) maconha ( ) cocaína ( ) crack

( ) outras _____________________________________________

7. Quais são as drogas mais consumidas nesta Unidade de Ensino?

( ) nenhuma ( ) bebida alcoólica ( ) cigarro ( ) maconha

( ) cola ( ) acetona ( ) cocaína ( ) crack

( )anabolizante ( ) outras____________________________________________________________

Page 26: Diagnóstico Referente ao uso de Drogas nas Escolas Públicas

26

8. Quando e onde ocorre o uso, com mais frequência, de drogas nesta unidade de ensino?

Onde Quando

( ) banheiros

( ) pátio

( ) sala de aula

( ) refeitório

( ) biblioteca

( ) quadra de esportes

( ) corredores

( ) portaria

( ) outros___________________________________

( ) durante as aulas

( ) entrada

( ) saída

( ) intervalo das aulas e/ou recreio

( ) eventos

( ) outros___________________________________

9. Quem você identifica como usuários de drogas lícitas nesta unidade de ensino?

( ) Gestores (diretor, coordenador, secretário)

( ) Professores

( ) Equipe de apoio (vigilantes, merendeiras, executores de serviços básicos, oficial administrativo)

( ) Alunos do Ensino Fundamental

( ) Alunos do Ensino Médio

( ) Alunos da EJA

10. Quem você identifica como usuários de drogas ilícitas nesta unidade de ensino?

( ) Gestores (diretor, coordenador, secretário)

( ) Professores

( ) Equipe de apoio (vigilantes, merendeiras, executores de serviços básicos, oficial administrativo)

( ) Alunos do Ensino Fundamental

Page 27: Diagnóstico Referente ao uso de Drogas nas Escolas Públicas

27

( ) Alunos do Ensino Médio

( ) Alunos da EJA

11. Há alguma ação de prevenção ao uso indevido/abusivo de drogas nesta Unidade de Ensino?

( ) não ( ) sim

Em caso afirmativo, qual/quais?

______________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________

12. Como você entende que deve ser o trabalho da Escola na prevenção ao uso indevido/abusivo de

drogas?

_______________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________

Page 28: Diagnóstico Referente ao uso de Drogas nas Escolas Públicas

Governo de Sergipe Secretaria Estadual de Educação Departamento de Educação

Orientações para a aplicação e tabulação dos questionários

1. Cada unidade escolar deverá aplicar 30 questionários com os alunos.

2. Deverão participar da pesquisa apenas os alunos do 6º ao 9º ano do Ensino

Fundamental e alunos do Ensino Médio.

3. A escolha dos alunos deve ocorrer através de sorteio, de modo que todas as

séries possam participar do diagnóstico.

4. Recomendamos a participação de 15 alunos do sexo feminino e 15 alunos do

sexo masculino.

5. Além dos alunos, deverão responder ao questionário: o diretor, 01 coordenador

e 01 professor. OBS: Em caso da inexistência do diretor, somente os dois

últimos responderão ao questionário.

6. Os dados levantados no questionário deverão ser tabulados pela escola, seguindo

as orientações da equipe da SEED.

7. Os resultados do questionário servirão como diagnóstico para subsidiar o

trabalho da unidade de ensino, na elaboração dos planos de prevenção.

8. Os questionários devem ser enviados à Diretoria Regional, através de ofício.

9. Os planos de prevenção deverão ser enviados ao Departamento de Educação

através de oficio até o dia __/__/__.