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DIAGNÓSTICO DO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS GERADOS NAS SALAS DE VACINA DA REDE BÁSICA DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE CORONEL FABRICIANO-MG JUSSARA BÔTTO NEVES CARATINGA-MG Minas Gerais – Brasil Setembro de 2009 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA Programa de Pós-Graduação Meio Ambiente e Sustentabilidade Mestrado Profissional

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DIAGNÓSTICO DO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS GERADOS NAS SALAS DE VACINA DA REDE BÁSICA DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE CORONEL FABRICIANO-MG

JUSSARA BÔTTO NEVES

CARATINGA-MG Minas Gerais – Brasil Setembro de 2009

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA Programa de Pós-Graduação Meio Ambiente e Sustentabilidade

Mestrado Profissional

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA Programa de Pós-Graduação Meio Ambiente e Sustentabilidade

Mestrado Profissional

DIAGNÓSTICO DO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS GERADOS NAS SALAS DE VACINA DA REDE BÁSICA DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE CORONEL FABRICIANO-MG

JUSSARA BÔTTO NEVES Dissertação apresentada ao Centro Universitário de Caratinga, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Sustentabilidade, para obtenção do título de Magister Scientiae.

CARATINGA-MG Minas Gerais – Brasil Setembro de 2009

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NEVES, Jussara Bôtto Diagnóstico do gerenciamento de resíduos gerados nas salas de vacina

da rede básica de saúde do município de Coronel Fabriciano MG. Jussara Bôtto Neves. Centro Universitário de Caratinga – UNEC: Mestrado em Meio Ambiente e Sustentabilidade, 2009. 150p; 29,7 cm.

Dissertação (Mestrado – UNEC – Área: Meio Ambiente e Sustentabilidade).

Orientador: Prof. DSc. Meubles Borges Junior. Co-orientador: Prof. DSc. Marcos Alves Magalhães.

1. Gerenciamento de resíduos. 2. Rede básica de saúde. 3. Coronel

Fabriciano-MG. I. Título II. Prof. DSc. Meubles Borges Junior

614.44098151

N518d

2009

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JUSSARA BÔTTO NEVES

DIAGNÓSTICO DO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS GERADOS NAS SALAS DE VACINA DA REDE BÁSICA DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE CORONEL FABRICIANO-MG

Dissertação apresentada ao Centro Universitário de Caratinga, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Sustentabilidade, para obtenção do título de Magister Scientiae.

APROVADA: 27 de agosto de 2009. _____________________________ ___________________________________ Profº. Dr. Meubles Borges Júnior Profº. Dr. Marcos Alves Magalhães (Orientador) (Co-Orientador) ___________________________ ___________________________________ Profª. Drª. Isabela Crespo Caldeira Profª. Drª. Lamara L. V. Rocha

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O Senhor é o meu pastor; nada me faltará. Deitar-me faz em pastos verdejantes;

guia-me mansamente a águas tranqüilas. Refrigera a minha alma; guia-me nas

veredas da justiça por amor do seu nome. Ainda que eu ande pelo vale da sombra

da morte, não temerei mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu

cajado me consolam. Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus

inimigos; unges com óleo a minha cabeça, o meu cálice transborda. Certamente

que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida, e

habitarei na casa do Senhor por longos dias.

Bíblia Sagrada - Salmo 23

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A meu marido, companheiro de todas as horas, que soube conduzir este momento de recolhimento e estudos com paciência e compreensão, mesmo em prejuízo das nossas horas juntos. Ter você ao meu lado possibilitou realizar mais esta conquista, sem você

não seria possível. Você meu amor ensinou-me o que é partilhar, conviver, viver ao lado de quem se ama. Tenho o maior orgulho de ser sua companheira nesta vida e a maior admiração pelo homem, pelo médico, pelo amigo, pelo pai, pelo filho dedicado, e pelo companheiro maravilhoso que você é. Obrigada por existir e por me amar. Deixo aqui

registrado o que em meu coração é uma realidade você é o meu grande amor.

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AGRADECIMENTOS

A Deus meu companheiro amigo de todas as horas, um Pai sempre presente e à espiritualidade. Ao meu marido Ângelo José que entende as minhas ausências presente. A meu filho de coração Mateus (obrigada por Valentina), e aos meus enteados Gustavo e Ângelo com todo meu amor e carinho, para que este meu momento sirva de exemplo na caminhada de vocês, sabendo que faço votos para que vocês sejam sempre muito felizes. A minha Mãe Luda, avó muito querida, uma pessoa especial que me ensinou tudo que sei, e a quem eu deveria ter ouvido mais, muito mais. A senhora é que é a minha Lotus. O seu cheiro e a sua elegância de ser estão em mim. Amo-te eternamente. Para minhas queridas Iara e Leda, mãe e tia muito amadas, que a distância acompanham minhas angustias, dúvidas, incertezas, inquietudes e choram com minhas tristezas e vibram com tudo que faço. A elas minha eterna gratidão e meu eterno amor. A minha sogra querida, uma amiga que ganhei nesta vida pela conquista mútua. A ela agradeço pelo nosso “tesouro”. A minha querida irmã Piedade (Pity) que a distância me acompanha em tudo que faço. Minha felicidade seria total se pudesse ter você ao lado, para compartilharmos das nossas famílias e das nossas vivências. Infelizmente precisamos aceitar aquilo que a nossa “vã filosofia” não entende e ainda agradecer. Te amo muito. Ao Professor Meubles pela paciência, dedicação, sabedoria, competência e segurança, com que conduziu a orientação deste trabalho confiando nas minhas

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possibilidades e aceitando minhas limitações. Fica deste momento a admiração, o respeito e a amizade. A Fernanda (uma amiga que ganhei nesta vida) e Célia, companheiras desta jornada. Com certeza não nos esqueceremos das conversas na estrada, do Paladar, das pizzas, e das boas risadas que demos, rindo de nossos próprios desesperos. Na vida acredito que tudo tem uma razão de ser e o nosso encontro neste momento tornou mais suave este tempo que vivemos de estudos. Com vocês foi melhor e mais fácil.

Ao Rubens Secretário de Saúde de Coronel Fabriciano sempre atencioso. Principalmente pela sua enorme gentileza em atender as minhas muitas solicitações. Tenha certeza que amigos nem sempre são aqueles a quem encontramos todas as horas, mas aqueles que estão disponíveis para nos ouvir e nos ajudar. Você é assim pra mim, um amigo conquistado. Obrigada por tudo.

Aos funcionários das Unidades de Saúde da Secretaria de Saúde de Coronel

Fabriciano, que com tanta presteza e gentileza me atenderam, e não se recusaram em responder ao questionário e a me guiar na unidade para as fotos tão importantes e necessárias para que esta pesquisa pudesse ser apresentada. Podem ter certeza que sem a cooperação de vocês este projeto não se realizaria.

Aos graduandos de enfermagem Iara, Keilla, Úrsula e Luiz Otávio, alunos

queridos, pela disponibilidade em ajudar-me na coleta dos dados. Ao Professor Marcos Magalhães pela sua presença sempre conciliadora e gentil. Ao César e toda equipe da Diautos (Robinho, Flavio, Marcone e Mateus) que

cederam as “nababescas” instalações da sala B para que eu pudesse guardar, catalogar e avaliar os resíduos recolhidos. Além de toda simpatia e de me ajudar a dar boas risadas nos momentos de tensão.

A Fabricio e Elismara, amigos que ganhei nesta trajetória de vida acadêmica,

sempre presentes e disponíveis em ajudar-me e a partilhar minhas dúvidas, tristezas, angústias e alegrias. Denominamos-nos “o trio”, amigos que se respeitam e se querem bem.

A Mirley minha secretaria do lar, sem ela eu não teria a tranqüilidade de viajar e

saber que tudo em casa estaria em ordem. Obrigada pela paciência e pelo carinho em cuidar de mim, sempre com um copo de água, um lanche e um cuidado. Obrigada até por entender que eu precisava de silêncio para me concentrar. Você foi fundamental nesta etapa da minha vida. Obrigada mil vezes obrigada!

A Sônia minha querida amiga que me trouxe de volta para a vida acadêmica, da

confiança surgiu a nossa amizade, amizade de pessoas diferentes e que no respeito a estas diferenças se amam. Meu eterno respeito e admiração.

Ao Profº. MSc. Carlos Alberto Serra Negra, pela sua disponibilidade em atender

minhas dúvidas e a ouvir minhas incertezas, com toda sua competência e conhecimento. Por trás do seu jeito simples de ser, existe um professor de muita competência. Obrigada pela amizade, pela paciência e pelo carinho.

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A Clevimar pela ajuda na pesquisa e por ser uma pessoa querida que torce por mim.

A Paola minha querida ex-aluna e orientanda, hoje colega, pela disponibilidade,

gentileza e presteza em atender e realizar de forma tão competente a tradução do resumo. Obrigada.

A todos os colegas, professores e funcionários do Mestrado que compartilharam

estes dois anos de convivência. A todos os meus alunos, ex-alunos, colegas e amigos que torceram para que tudo

desse certo nesta jornada da minha vida. Ao Unileste-MG por permitir que eu exerça meu oficio de ensinar.

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RESUMO

NEVES, JUSSARA BÔTTO. Centro Universitário de Caratinga, agosto de 2009. Diagnóstico do gerenciamento de resíduos gerados nas salas de vacina da rede básica de saúde do município de Coronel Fabriciano-MG. Professor Orientador: Professor D.Sc. Meubles Borges Junior. Co-orientador: Professor D.Sc. Marcos Alves Magalhães.

Este trabalho aborda o gerenciamento dos resíduos das salas de vacina do município de

Coronel Fabriciano localizado na região do Vale do Aço, leste de Minas Gerais, a partir

da legislação vigente. O objetivo deste trabalho foi diagnosticar o gerenciamento dos

resíduos de serviços de saúde (GRSS) nas salas de vacinação do município. Trata-se de

um trabalho de pesquisa descritiva com abordagem qualitativa utilizando observação

participante, entrevistas e análise gravimétrica dos resíduos de serviços de saúde (RSS)

das salas de vacina como instrumentos de coleta de dados. A análise da composição

gravimétrica dos RSS foi realizada durante o período de cinco dias. Foram entrevistadas

as Enfermeiras, Técnicas de Enfermagem e as Auxiliares de Serviços Gerais das

Unidades de Saúde, assim como o Secretario da Saúde e o Coordenador da Secretaria de

Obras da Prefeitura do referido município. Para conhecer como é realizado o tratamento

e o local do destino final dos RSS foi realizada uma visita a Central de Resíduos Vale

do Aço localizado no município de Santana do Paraíso-MG. Para apresentar as

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conclusões foram analisados os dados apontados nas respostas objetivas e também nos

discursos dos entrevistados sendo feita uma comparação dos mesmos com a estrutura da

norma vigente orientadora do estudo, além das anotações realizadas durante a

observação participante. Nos resultados encontrados percebeu-se a necessidade de ser

realizada capacitação dos trabalhadores, envolvidos com os RSS, baseada na educação

continuada e permanente. Pelas respostas dos entrevistados pode se inferir que estes têm

pouco conhecimento das normas o que coloca os funcionários em risco permanente. Os

resultados apontam para a necessidade de uma política municipal consistente no que

concerne ao gerenciamento dos resíduos dos serviços de saúde. Na análise do RSS

gerados em sala de vacina existe a necessidade da conscientização da segregação ser

realizada de forma adequada. Todas as estratégias indicadas pela legislação devem ser

utilizadas como uma forma de possibilitar uma mudança de cultura nas práticas

adotadas.

Palavras-Chave: Unidade Básica de Saúde, Gerenciamento de Resíduos Sólidos de

Serviços de Saúde, Programa de Vacina.

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ABSTRACT

NEVES, JUSSARA BÔTTO. Centro Universitário de Caratinga, august 2009. Diagnose of the management of residues generated in the vaccination rooms of the Basic Health Network at the town of Coronel Fabriciano-MG. Advise: Professor D.Sc. Meubles Borges Junior. Co-Advise: Professor D.Sc. Marcos Alves Magalhães.

This essay relates to the waste management of vaccine rooms in the city of Coronel

Fabriciano located in Vale do Aço, eastern Minas Gerais, from the current law. The

objective of this study was to diagnose the waste management of health services

(WMHS) at the vaccination rooms in the city. This is a work of descriptive qualitative

approach using participant observation, interviews and gravimetric analysis of waste

from health services (WMHS) of the vaccination rooms as a tool for data collection.

The gravimetric analysis of the composition of the RSS was performed during the

period of five days. We interviewed the nursing staff, nursing assistants and General

Services of the Health Units as well as the Secretary of Health and Coordinator of the

Department of Public Works of the City Hall. To see how the treatment is carried out

and the place of final destination of the RSS was made a visit to Vale do Aço Central

Waste located in the town of Santana do Paraíso, Brazil. To present the findings the

answers for the multiple choices questions were analyzed and also a comparison was

made between the interviewees with the existing rule which guides the study, in

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addition to notes taken during participant observation. The results revealed the need to

be carried out training of workers involved with the RSS, based on continuing education

and permanent. The answers of the interviewees can be inferred that they have little

knowledge of the rules which puts employees at permanent risk. The results point to the

need for a consistent municipal policy for the waste management of health services. In

the analysis of WMHS generated in vaccination rooms there is a need for awareness so

the segregation can be properly performed. All strategies indicated by the legislation

should be used as a mean of enabling a culture change in the practices adopted.

Keywords: Health Services Unit, Waste Management of Health Services, Vaccination

Program

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Número de crianças menores de 5 anos vacinadas em Coronel

Fabriciano de jan. a dez. de 2008.......................................................... 76

Tabela 2 Horário de funcionamento da sala de vacina........................................ 83

Tabela 3 Número de Técnicos de Enfermagem por sala de vacina das UBS...... 85

Tabela 4 Resposta das Enfermeiras e Técnicas de Enfermagem acerca de saber

o que é RSS.................................................................................. 89

Tabela 5 Resposta das Enfermeiras e Técnicas de Enfermagem quando

questionados se o acondicionamento de materiais perfuro cortantes é

realizado conforme as normas de biossegurança..................................

94

Tabela 6 Tempo em anos estudados dos funcionários da limpeza...................... 109

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Normas e definições acerca dos RSS e os utensílios de descarte......... 32

Quadro 2 Classificação dos resíduos de serviços de saúde segundo a ABNT...... 33

Quadro 3 Símbolos de identificação dos grupos de resíduos................................ 39

Quadro 4 EPI’s que devem ser utilizados pelos responsáveis pelos manuseios

dos RSS................................................................................................. 69

Quadro 5 Roteiro da coleta dos RSS de Coronel Fabriciano................................. 73

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Sacos brancos para acondicionamento dos resíduos contaminados ..... 37

Figura 2 Sacos pretos ou de outras cores para acondicionamento dos resíduos

comuns.................................................................................................. 37

Figura 3 Representação de vala séptica............................................................... 45

Figura 4 Mapa da região metropolitana do Vale do Aço..................................... 72

Figura 5 Fachada de algumas das unidades de saúde de Coronel Fabriciano .... 74

Figura 6 Fluxo básico da sala de vacinação......................................................... 87

Figura 7 Coletores de RSS................................................................................... 95

Figura 8 Localização dos descartex na sala de vacina ........................................ 96

Figura 9 Caixas coletoras de resíduo perfuro cortante........................................ 97

Figura 10 Caixa fechada com esparadrapo............................................................ 97

Figura 11 Lixeiras com pedal com saco branco e preto e caixa de perfuro

cortante ................................................................................................. 98

Figura 12 Recipientes para recolhimento dos RSS em sala de vacina.................. 99

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Figura 13 Recipiente para os RSS......................................................................... 99

Figura 14 Saco coletor com a identificação de resíduo......................................... 101

Figura 15 Frascos e ampolas de vacinas e diluentes.............................................. 103

Figura 16 Frascos e ampolas de vacinas e frascos de diluentes em descartex....... 104

Figura 17 Processo de autoclavagem dos resíduos infectantes............................. 105

Figura 18 Funcionária da limpeza manipulando resíduos sem o uso de luvas,

auxiliada pela Enfermeira...................................................................... 113

Figura 19 Local da guarda temporária dos RSS.................................................... 114

Figura 20 Aspectos gerais das funcionárias do serviço de limpeza manipulando

resíduos sem os EPI’s adequados......................................................... 116

Figura 21 Locais de armazenamento externo nas UBS........................................ 118

Figura 22 Furgão utilizado no transporte dos RSS................................................ 120

Figura 23 Aspecto geral dos RSS sendo descarregados do furgão........................ 121

Figura 24 Veículo coletor dos RSS de Coronel Fabriciano e o funcionário que

realiza as coletas com algum dos EPI’s utilizados................................ 122

Figura 25 A unidade de tratamento dos resíduos que devem ser autoclavados..... 123

Figura 26 Container com os sacos branco leitosos para autoclavação.................. 123

Figura 27 Retirada dos resíduos da câmara após autoclavação............................. 124

Figura 28 Saída dos resíduos após autoclavação................................................... 124

Figura 29 Vista parcial do aterro sanitário da Vital Engenharia Ambiental.......... 126

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

APO Anti pólio oral

BCG Bacilo de Calmett Guerin (vacina contra tuberculose)

CBVA Curso Básico de Vigilância Ambiental em Saúde

CBVE Curso Básico de Vigilância Epidemiológica

CENADE Central Nacional de Distribuição e Estocagem

CENADI Central Nacional de Armazenamento e Distribuição de Imunobiológicos

CENEPI Centro Nacional de Epidemiologia

CGPNI Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunização

CNEN Comissão Nacional de Energia Nuclear

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

COPNI Coordenação do Programa Nacional de Imunização

COREN Conselho Regional de Enfermagem

DER Departamento de Estradas e Rodagens

DEVEP Departamento de Vigilância Epidemiológica

DT Vacina dupla infantil contra a Difteria e o Tétano

DTP Vacina contra a Difteria, o Tétano e o Pertussis

EPC Equipamento de Proteção Coletiva

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EPI Equipamento de Proteção Individual

FA Vacina contra a Febre Amarela

FIOCRUZ Fundação Oswaldo Cruz

FNS Fundação Nacional de Saúde

FUNASA Fundação Nacional de Saúde

GRS Gerencia Regional de Saúde

GRSS Gerenciamento dos Resíduos dos Serviços de Saúde

HB Vacina contra a Hepatite B

Hib Vacina contra o Haemophilus Influenzae do tipo B

INCQS Instituto Nacional de Controle de Qualidade

MS Ministério da Saúde

NBR Norma Brasileira Registrada

OMS Organização Mundial da Saúde

OPAS Organização Pan-americana de Saúde

PAI Programa Ampliado Imunizações

PASNI Programa de Auto-Suficiência em Imunobiológicos

PGRSS Programa de Gerenciamento dos Resíduos dos Serviços de Saúde

PMCF Prefeitura Municipal de Coronel Fabriciano

PNI Programa Nacional de Imunização

RDC Resolução de Diretoria Colegiada

RSS Resíduos dos Serviços de Saúde

SCR Vacina contra o Sarampo, Caxumba e a Rubéola

SR Vacina contra o Sarampo e a Rubéola

SUS Sistema Único de Saúde

VOP Vacina contra a poliomielite oral

SMOSU Secretaria de Obras e Serviços Urbanos

SVS Secretaria de Vigilância em Saúde

UNICEF Fundo das Nações Unidas para a Infância

USIMINAS Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais

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CONTEÚDO

RESUMO ........................................................................................................................ ix

ABSTRACT .................................................................................................................... xi

LISTA DE TABELAS ................................................................................................. xiii

lISTA DE QUADROs .................................................................................................. xiv

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................... xv

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS................................................................ xvii

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 22

2 REVISÃO LITERÁRIA ............................................................................................ 26

2.1 Resíduos de Serviços de Saúde – RSS.................................................................. 26

2.1.1 Conceituação dos Resíduos de Serviços de Saúde ........................................ 26

2.1.2 Classificação dos Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde - RSS .................. 28

2.1.3 Gerenciamento dos Resíduos dos Serviços de Saúde – GRSS ....................... 34

2.1.3.1 Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde - PGRSS .. 35

2.1.3.2 Manejo dos Resíduos de Serviços de Saúde no Brasil ........................... 35

2.2 A vacinação como uma das estratégias de promoção da saúde ............................ 46

2.2.1 História da vacina ......................................................................................... 46

2.2.2 Programa Nacional de Imunização – PNI .................................................... 54

2.2.3 Estratégias de vacinação ............................................................................... 56

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2.2.4 Rede de frio .................................................................................................... 57

2.2.5 Controle de qualidade dos imunobiológicos ................................................. 59

2.2.6 Serviços de vacinação .................................................................................... 60

2.2.7 Resíduos de sala de vacina ............................................................................ 62

2.2.8 Recursos humanos em vacinação .................................................................. 64

2.2.8.1 O profissional da enfermagem e o manejo dos RSS ............................... 65

2.2.8.2 O profissional da limpeza e o manejo dos RSS ...................................... 68

3 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 71

3.1 Área de estudo ...................................................................................................... 71

3.2 Tipologia da Pesquisa ........................................................................................... 75

3.3 Coleta dos Dados .................................................................................................. 76

3.3.1 Identificação das fontes de geração de RSS das salas de vacinação ............ 76

3.3.2 Observação Participante ............................................................................... 77

3.3.3 Entrevistas com os funcionários diretamente envolvidos na gestão dos RSS 77

3.3.4 Sujeitos da pesquisa ou População da amostra ............................................ 79

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................... 81

4.1 Caracterização das Salas de Vacinação ................................................................ 81

4.2 Conhecimento das Enfermeiras e Técnicas sobre o Gerenciamento das Salas de

Vacina ......................................................................................................................... 89

4.3 Conhecimento dos funcionários da limpeza sobre os RSS da sala de vacina ..... 109

4.4 Armazenamento externo dos resíduos no abrigo externo ................................... 117

4.5 Coleta externa ..................................................................................................... 119

4.6 Métodos de tratamento e disposição final ........................................................... 122

5 CONCLUSÃO .......................................................................................................... 128

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 130

APÊNDICE A - Roteiro da Entrevista com o Funcionário da Sala de Vacina e com

a Enfermeira ................................................................................................................ 139

APÊNDICE B - Roteiro da Entrevista com o Funcionário da Limpeza ................ 140

APÊNDICE C - Roteiro da Entrevista com o Secretario Municipal de Saúde de

Coronel Fabriciano ..................................................................................................... 141

APÊNDICE D – Ofício ao Secretario de Saúde de Coronel Fabriciano solicitando a

realização da pesquisa ................................................................................................ 142

ANEXO A – Calendário Básico de Vacinação da Criança ..................................... 143

ANEXO B – Calendário de Vacinação do Adolescente (1) ..................................... 144

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ANEXO C- Calendário de Vacinação do Adulto e do Idoso................................... 145

ANEXO D - Formulários do REFORSUS (FMR) como Instrumentos para a

Observação Participante ............................................................................................ 146

ANEXO E - Termo de Consentimento do Pesquisado ............................................ 148

ANEXO F - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido à Pesquisa ................. 149

ANEXO G - Termo de Compromisso do Entrevistador ......................................... 150

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22

1 INTRODUÇÃO

Em 2004 completou um século da primeira campanha de vacinação em massa

ocorrida no Brasil, idealizada e organizada por Oswaldo Cruz, fundador da Saúde

Pública, que tinha por objetivo controlar a varíola, doença que dizimava boa parte da

população do Rio de Janeiro naquela época (Brasil, 2003a).

A iniciativa não foi entendida pela população que se revoltou contra a

obrigatoriedade da vacinação o que resultou na chamada Revolta da Vacina, que

transformou as ruas do Rio de Janeiro, naquela época a capital federal, num verdadeiro

campo de batalha, resultando em muitos feridos e mortos (Brasil, 2003a).

Após essa primeira campanha de vacinação, o Brasil não adotou uma política de

saúde que desse continuidade às ações de vacinação, ficando estas de forma esporádica.

Somente em 1973 o Ministério de Saúde (MS) criou o Programa Nacional de

Imunizações (PNI), com o objetivo de controlar e erradicar doenças através de

vacinação sistemática, sendo institucionalizado em 1975, como forma de coordenar

ações que até aquele momento aconteciam de forma descontinuada, de caráter episódico

e com reduzidas coberturas. Com a institucionalização do PNI pela Lei nº 6259 de

31/10/1975, foram definidas suas competências, possibilitando o desenvolvimento do

Programa, orientado por normas técnicas estabelecidas nacionalmente (Brasil, 1975).

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A utilização de vacinas e outros imunobiológicos tem se constituído na principal

intervenção do sistema de saúde com impacto importante na redução de doenças nas

últimas décadas. Depois da erradicação da varíola no mundo, a erradicação da

transmissão do poliovírus selvagem nas Américas foi outra grande vitória registrada

(Pinto, 2004).

Os Resíduos do Serviço de Saúde (RSS) são produzidos pelas atividades de

unidades de serviços de saúde, salas de vacinação, funerárias, consultórios médicos e de

dentistas, hospitais e outros (Brasil, 2001b).

Apesar do avanço na erradicação (ou no controle) de algumas doenças, as vacinas

produzem resíduos que se gerenciados de forma inadequada podem causar danos à

saúde pública e ao meio ambiente. Os RSS apesar de representarem uma pequena

parcela do total dos resíduos sólidos produzidos em uma comunidade, são

particularmente importantes tanto para a segurança ocupacional dos funcionários que o

manuseiam como para a saúde pública e qualidade do meio ambiente, quando mal

destinados (Faraht, 2008).

No Brasil e na América Latina, como um todo, os problemas de gerenciamento

dos resíduos sólidos, principalmente referentes às etapas de acondicionamento e

destinação final, têm colaborado para o incremento da poluição ambiental e contribuído

de forma importante para o agravamento de diversas doenças que podem acometer a

população (Cussiol, 1998).

Na tentativa de minimizar esses problemas, a Agência Nacional de Vigilância

Sanitária (ANVISA) através da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 306, de 07

de dezembro de 2004 (Brasil, 2004a) regulamentou o Gerenciamento de Resíduos de

Sólidos de Serviços de Saúde (GRSS), tendo em vista preservar a saúde pública e a

qualidade do meio ambiente considerando os princípios da biossegurança, para prevenir

acidentes (Brasil, 2006a).

O GRSS é entendido como o conjunto de ações de gestão planejadas, implantadas

ou implementadas, com bases técnico-científicas, normativas e legais, objetivando

minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos resíduos gerados um

encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando à proteção dos trabalhadores, a

preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente (Brasil, 2006a).

No Brasil, órgãos como a ANVISA e o Conselho Nacional do Meio Ambiente

(CONAMA) têm assumido o papel de orientar, definir regras e regular a conduta dos

diferentes agentes, no que se refere à geração e ao manejo dos resíduos de serviços de

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saúde, com o objetivo de preservar a saúde e o meio ambiente, garantindo a sua

sustentabilidade (Brasil, 2006b). Desde o início da década de 90, a ANVISA e o

CONAMA empregando esforços no sentido da correta gestão, do correto gerenciamento

dos resíduos de serviços de saúde e da responsabilização do gerador. Um marco deste

esforço foi a publicação da Resolução CONAMA nº 005/1993 (Brasil, 1993a), que

definiu a obrigatoriedade dos serviços de saúde elaborarem o Plano de Gerenciamento

de RSS. Este esforço se reflete, na atualidade, com as publicações da RDC nº 306/2004

da ANVISA e nº 358/2005 do CONAMA (BRASIL, 2006b).

A constatação da inexistência de uma política de gerenciamento de resíduos e

principalmente da existência de destinação final inadequada na maioria dos

empreendimentos prestadores de serviços de saúde, incluindo a sala de vacinação, com

vista a reduzir riscos à saúde humana e ao meio ambiente, bem como a falta de

consenso quanto ao risco associado no processo de manejo interno e externo dos

resíduos gerados nos serviços de saúde, geraram a necessidade de prevenir riscos

ocupacionais para os profissionais de saúde, servindo como incentivos para a ANVISA

a aprovar a RDC 306 (Cussiol, 1998).

Diversos tipos de resíduos são gerados no serviço realizado na sala de vacinação.

O manejo, a segregação, a coleta, o tratamento, o transporte e a destinação final desses

resíduos merecem especial atenção tanto face aos riscos sanitários envolvidos quanto às

normas legais vigentes no nosso país (Brasil, 2006a).

Os resíduos com microorganismos vivos ou atenuados, incluindo frascos de

imunobiológicos com expiração do prazo de validade, com conteúdo inutilizado, vazios

ou com restos do produto, devem ser submetidos a tratamento antes da disposição final.

Os resíduos perfuro cortantes necessitam ser acondicionados em recipientes resistentes,

que obedeçam a NBR ABNT 13853/1997 (Brasil, 1997) e que estejam devidamente

identificados com a inscrição perfuro cortante, de preferência escrito com letras em

maiúscula (Costa, 2004).

Assim sendo, os diversos resíduos que são gerados nos serviços básicos de saúde,

incluindo a sala de vacinação, devem apresentar destinação final adequada, em

consonância com os artigos XII e XIII da RDC 358/2005 (Brasil, 2005). Segundo Brasil

(2006a), o descarte inadequado de resíduos tem produzido passivos ambientais capazes

de colocar em risco e comprometer os recursos naturais e a qualidade de vida das atuais

e futuras gerações. Os RSS se inserem dentro desta problemática e vêm assumindo

grande importância nos últimos anos.

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O objetivo geral do estudo foi de diagnosticar GRSS das salas de vacinação das

unidades básicas de saúde de Coronel Fabriciano.

Como objetivos específicos buscou-se:

− Caracterizar as salas de vacinação existentes no município de Coronel

Fabriciano;

− Quantificar os RSS gerados pelas salas de vacinação;

− Caracterizar a composição gravimétrica dos RSS;

− Avaliar as técnicas de manejo dos RSS nas salas de vacina das Unidades Básicas

de Saúde (UBS) de Coronel Fabriciano.

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2 REVISÃO LITERÁRIA

2.1 Resíduos de Serviços de Saúde - RSS

2.1.1 Conceituação dos Resíduos de Serviços de Saúde

No Brasil, a preocupação com os resíduos sólidos teve início no ano de 1954, com

a publicação da Lei Federal nº 2.312, apresentando como uma de suas diretrizes em seu

art. 12: que “a coleta, o transporte e o destino final do resíduo deverão processar-se em

condições que não tragam inconvenientes à saúde e ao bem estar públicos”. Em 1961,

com a publicação do Código Nacional de Saúde, tal diretriz foi novamente confirmada,

no art. 40 (Brasil, 2002a)

Resíduo no estado sólido e semi-sólido é definido pela NBR 10004 (Brasil, 1987)

e a Resolução n° 005/1993 do CONAMA (Brasil, 1993a) como produto resultante de

atividades da comunidade, de origem: industrial, domiciliar, hospitalar (resíduos de

serviços de saúde1, radioativos2), comercial, agrícola e de varrição. Estão incluídos

1 Terminologia adotada pela ABNT, em dezembro de 1987 (Motta; Orth, 1978; Bertussi Filho, 1988). 2 Os resíduos radioativos são de competência exclusiva da Comissão Nacional de Energia Nuclear.

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nesta definição, os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles

gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como

determinados líquidos, cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede

pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam, para isso soluções técnicas e

economicamente inviáveis, face à melhor tecnologia disponível (Takayanagui, 1993;

Brasil, 2006b).

Os resíduos sólidos podem provocar alterações intensas não só no solo, como na

água e no ar, se inadequadamente dispostos, além da possibilidade de causarem danos a

todas as formas de vida, trazendo problemas que podem aparecer, com freqüência, anos

depois da disposição inicial (Takayanagui, 1993).

Esclarecendo que quando se fala resíduo sólido nem sempre se refere ao estado

sólido dele (Brasil, 2006b).

Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) através da Norma

Brasileira Regulamentadora NBR 12807/1993, RSS é aquele resultante de atividades

exercidas por estabelecimento gerador (Brasil, 1993a).

De acordo com a RDC nº 306/2004 da ANVISA e nº 358/2005 do CONAMA

(Brasil, 2006b), são definidos como geradores de RSS todos os serviços relacionados

com o atendimento à saúde humana ou animal, inclusive os serviços de assistência

domiciliar e de trabalhos de campo; laboratórios analíticos de produtos para a saúde;

necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem atividades de embalsamamento,

serviços de medicina legal, drogarias e farmácias inclusive as de manipulação;

estabelecimentos de ensino e pesquisa na área da saúde, centro de controle de zoonoses;

distribuidores de produtos farmacêuticos, importadores, distribuidores produtores de

materiais e controles para diagnóstico in vitro, unidades móveis de atendimento à saúde;

serviços de acupuntura, serviços de tatuagem, dentre outros similares (Brasil, 2006b).

O CONAMA/Ministério do Meio Ambiente e a ANVISA/Ministério trabalharam

conjuntamente na edição das resoluções acerca dos resíduos de serviços de saúde. A

Resolução CONAMA nº 358/2005 (Brasil, 2005), dispõe sobre o tratamento e

disposição final dos resíduos de serviços saúde; enquanto que a Resolução RDC nº

306/2004 trata sobre o gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde.

No Brasil existem duas classificações para os RSS: a da ABNT e a do CONAMA.

A classificação da ABNT é mais voltada para aplicação prática, enquanto a

classificação do CONAMA tem caráter mais dirigido para a aplicação legal, assim

como a ANVISA que trabalhou em conjunto com o CONAMA na elaboração das

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Resoluções RDC nº 306/2004 da ANVISA e nº 358/2005 DO CONAMA que dispõem,

respectivamente, sobre o gerenciamento interno e externo dos RSS (Gama, 2007; Brasil,

2006b).

2.1.2 Classificação dos Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde - RSS

Os RSS são classificados em função de suas características e conseqüentes riscos

que podem acarretar ao meio ambiente e à saúde. De acordo com a RDC nº 306/2004 da

ANVISA e RDC nº 358/2005 do CONAMA os RSS são classificados em cinco grupos:

A, B, C, D e E.

− Grupo A - engloba os componentes com possível presença de agentes biológicos

que, por suas características de maior virulência ou concentração, podem

apresentar risco de infecção. Exemplos: placas e lâminas de laboratório,

carcaças, peças anatômicas (membros), tecidos, bolsas transfusionais contendo

sangue, dentre outras. Na sala de vacina os imunobiológicos compostos por

microorganismos vivos atenuados (vacina oral contra a poliomielite, o sarampo

monovalente, a febre amarela, o sarampo, a caxumba e a rubéola (tríplice viral) e

a rubéola monovalente), além das sobras diárias de vacinas ou produtos que

sofreram alteração de temperatura, ou que estão com prazo de validade vencido,

constituem material biológico infectante e, por isso, recebem tratamento prévio

antes de serem desprezados (Brasil, 2001e).

− Grupo B - contém substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde

pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de

inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade. Ex: medicamentos

apreendidos, reagentes de laboratório, resíduos contendo metais pesados, dentre

outros. As substâncias deste grupo não existem na sala de vacina (Brasil, 2006b).

− Grupo C - quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham

radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de eliminação

especificados nas normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN,

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como, por exemplo, serviços de medicina nuclear e radioterapia etc. Na sala de

vacina não são manuseados nenhum destes materiais descritos (Brasil, 2001e).

− Grupo D - não apresentam risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao

meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares. Ex: sobras

de alimentos e do preparo de alimentos, resíduos das áreas administrativas etc.

Na sala de vacina os resíduos deste grupo podem ser exemplificados como:

papel toalha, embalagem de seringas e de agulhas, impressos diversos e papeis

de escrita e, tampa das seringas (Brasil, 2001e).

− Grupo E - materiais perfuro cortantes ou escarificantes, tais como lâminas de

barbear, agulhas, ampolas de vidro, pontas diamantadas, lâminas de bisturi,

lancetas, espátulas e outros similares. A sala de vacina utiliza agulhas, ampolas e

frascos na rotina das suas atividades.

Os resíduos do serviço de saúde ocupam um lugar de destaque, pois merecem

atenção especial em todas as suas fases de manejo (segregação, acondicionamento,

armazenamento, coleta, transporte, tratamento e disposição final) em decorrência dos

imediatos e graves riscos que podem oferecer, por apresentarem componentes químicos,

biológicos e radioativos (Brasil, 2006b).

Para a comunidade científica e entre os órgãos federais responsáveis pela

definição das políticas públicas pelos resíduos de serviços saúde (ANVISA e

CONAMA) esses resíduos representam um potencial de risco em duas situações: para a

saúde ocupacional de quem manipula esse tipo de resíduo, seja o pessoal ligado à

assistência médica ou médico-veterinária, seja o pessoal ligado ao setor de limpeza e

manutenção; para o meio ambiente, como decorrência da destinação inadequada de

qualquer tipo de resíduo, alterando as características do meio (Brasil, 2006b).

No Brasil, temos três classificações para os RSS. A classificação da ABNT NBR

12808/1993, que classifica os resíduos em três grupos: infecciosos, especiais e comuns

(Brasil, 1993b); a RDC nº 005/1993 do CONAMA, que classifica os resíduos em 4

grupos: biológicos, químicos, radioativos e comuns; e a classificação do RDC 33/2003

da ANVISA, que classifica os resíduos em 5 grupos: potencialmente infectantes,

químicos, radioativos, comuns e perfuro cortantes, que entrou em vigor em março de

2003, e determinou que os estabelecimentos teriam 1 ano para se enquadrar na nova

resolução (Almeida, 2003).

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O CONAMA através das RDC nº 05/1993 e no 283/2001, classifica os resíduos

sólidos em quatro grupos como abaixo descritos:

− Grupo A: resíduos com a presença de agentes biológicos e objetos perfuro

cortantes

− Grupo B: resíduos de natureza química.

− Grupo C: rejeitos radioativos.

− Grupo D: resíduos comuns e todos os demais que não se enquadram nos grupos

anteriores.

Visando o gerenciamento dos RSS foi criada pela ANVISA, em 7 de dezembro de

2004, a RDC no 306 (Brasil, 2004a), com vistas a preservar a saúde pública e a

qualidade do meio ambiente, considerando os princípios da biossegurança de empregar

medidas técnicas, administrativas e normativas para prevenir acidentes. Considera que

os serviços de saúde devem ser os responsáveis pelo correto gerenciamento de todos os

RSS por eles gerados, atendendo às normas e exigências legais, desde o momento de

sua geração até a sua destinação final. Analisa que a segregação dos RSS, no momento

e local de sua geração, permite reduzir o volume de resíduos perigosos e a incidência de

acidentes ocupacionais dentre outros beneficiando à saúde pública e ao meio ambiente.

Pondera a necessidade de serem disponibilizadas informações técnicas aos

estabelecimentos de saúde, assim como aos órgãos de vigilância sanitária, sobre as

técnicas adequadas de manejo dos RSS, seu gerenciamento e fiscalização (Brasil,

2004a).

Considerando a necessidade de aprimoramento, atualização e complementação

dos procedimentos contidos na RDC no 283/2001 do CONAMA e a necessidade de

minimizar riscos ocupacionais nos ambientes de trabalho e proteger a saúde do

trabalhador e da população em geral, esta foi substituída pela Resolução no 358/2005.

Esta resolução cita a importância de estimular a minimização da geração de resíduos,

promovendo a substituição de materiais e de processos por alternativas de menor risco,

a redução na fonte e a reciclagem, dentre outras alternativas. Fala da segregação dos

resíduos, no momento e local de sua geração, que permite reduzir o volume de resíduos

que necessitam de manejo diferenciado. Cita que as ações preventivas são menos

onerosas do que as ações corretivas e que elas minimizam com mais eficácia os danos

causados à saúde pública e ao meio ambiente. Refere ainda a importância de ações

integradas entre os órgãos federais, estaduais e municipais de meio ambiente, de saúde e

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de limpeza urbana com o objetivo de regulamentar o gerenciamento dos resíduos de

serviços de saúde.

A ANVISA e o CONAMA, assumiram o papel de orientar, definir regras e

regular a conduta dos diferentes agentes, no que tange à geração e ao manejo dos

resíduos de serviços de saúde. Estas regras têm o objetivo de preservar a saúde da

população de maneira geral e o meio ambiente, garantindo a sua sustentabilidade. A

partir da década de 90, muitos esforços vêm sendo empregados no sentido de que haja

entendimento da importância da correta gestão, do correto gerenciamento dos resíduos

de serviços de saúde e da responsabilização do gerador. A publicação da RDC nº

005/1993 do CONAMA, que definiu a obrigatoriedade dos serviços de saúde a

elaborarem o PGRSS foi um marco decisivo. Este esforço se reflete, na atualidade, com

as publicações da RDC nº 306/2004 da ANVISA e RDC nº 358/2005 do CONAMA

(Brasil, 2006b).

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) fundada em 1940 é o órgão

responsável pela normalização técnica no país, fornecendo a base necessária ao

desenvolvimento tecnológico brasileiro. É uma entidade privada, sem fins lucrativos,

reconhecida como único Foro Nacional de Normalização através da Resolução n.º 07 do

Conselho Nacional de Metrologia, normalização e Qualidade Industrial - CONMETRO,

de 24/08/1992.

As principais normas da ABNT sobre RSS, as NBR estão relacionadas no Quadro

1 e muitos de seus dispositivos, quando não integralmente, têm orientado as resoluções

publicadas pelos órgãos federais reguladores.

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QUADRO 1: Normas e definições acerca dos RSS e os utensílios de descarte

Norma Definição NBR 9190 /1985 Classifica os sacos plásticos para acondicionamento de lixo quanto à

finalidade, espécie de lixo, capacidade e tonalidade, sendo que para os resíduos sólidos produzidos por hospitais e onde houver possibilidade de lixo contaminado patologicamente orienta os sacos tipo II, código LSE de tonalidade branca leitosa

NBR 10004/1987 Resíduos sólidos - Classificação NBR 12807/1993 Resíduos de serviços da saúde - Terminologia NBR 12808/1993 Resíduos de serviços da saúde - Classificação NBR 12809/1993 Manuseio de resíduos de serviços da saúde - Procedimento

NBR 1281019/1993 Coleta de resíduos de serviços da saúde - Procedimento Define os termos empregados em relação aos resíduos de serviços de saúde; determina sua classificação; orienta o seu manuseio e coleta interna e externa.

NBR 9190/1993 Sacos plásticos para acondicionamento de lixo – classificação

NBR 9191/1993 Sacos plásticos para acondicionamento de lixo – Especificação NBR 13463/1995 Coleta de resíduos sólidos - Classificação

NBR 13853/1997 Coletores para resíduos de serviços de saúde perfurantes ou cortantes. Requisitos e método de ensaio.

NBR 7500/2000 Estabelece os símbolos convencionais e seu dimensionamento, para serem aplicados nas unidades de transporte e nas embalagens para indicação dos riscos e dos cuidados a tomar no manuseio, transporte e armazenagem, de acordo com a carga contida. Os resíduos infectantes são classificados como Classe 6; Tóxicos, subclasse 6.2; Infectante e os resíduos radioativos são classificados como Classe 7.

NORMA IPT - NEA 55 Recipiente para resíduos de serviços de saúde, perfurantes ou cortantes.

PEB 558/2006 Recipientes padronizados para lixo Fonte: Todas as normas citadas foram pesquisadas nos documentos originais

A ABNT NBR 10004/2004 é uma norma que classifica os resíduos como

perigosos ou não perigosos, servindo como uma ferramenta aos diversos setores

envolvidos com o gerenciamento de resíduos sólidos (Quadro 2) (Brasil, 2004).

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QUADRO 2: Classificação dos resíduos de serviços de saúde segundo a ABNT

Classe Tipo Exemplos

A RESÍDUO

INFECTANTE

A 1 Biológicos

Cultura, materiais provenientes de laboratório clinico ou de pesquisa, vacina vencida ou inutilizada, qualquer resíduo contaminado por estes materiais.

A 2 Sangue e

hemoderivados

Bolsa de sangue após transfusão, com validade vencida ou sorologia positiva, amostra de sangue, soro plasma e outros subprodutos.

A 3 Cirúrgico,

anatomopatológico e exsudato.

Tecido, órgão, feto, peça anatômica, sangue e outros líquidos orgânicos resultantes de cirurgia, necropsia e resíduos contaminados por estes materiais.

A 4 Perfurante ou cortante

Agulha, ampola, pipeta, lamina de bisturi e vidro.

A 5 Animal contaminado

Carcaça ou parte de animal inoculado, exposto a microrganismos patogênicos ou portador de doença infecto-contagiosa, bem como resíduos que tenham estado em contado com este.

A 6 Assistência ao

paciente

Secreções, excreções e demais líquidos orgânicos procedentes de pacientes, bem como os resíduos contaminados por estes materiais, inclusive restos de refeições.

B RESÍDUO ESPECIAL

B 1 Rejeito radioativo

Material radioativo ou contaminado com radionuclídeos proveniente de laboratórios, serviços de medicina nuclear e radioterapia.

B 2 Resíduo farmacêutico

Medicamento vencido, contaminado, interditado ou não utilizado.

B 3 Resíduo químico

perigoso

Resíduo tóxico, corrosivo, inflamável, explosivo, reativo, genotóxico ou mutagênico.

C RESÍDUO COMUM

C Resíduo comum

Todos aqueles que não se enquadram nos tipo A e B e que, por sua semelhança aos resíduos domésticos, não oferecem risco adicional à saúde publica. Por exemplo, resíduo das atividades administrativas, dos serviços de varrição e limpeza de jardins e restos alimentares que não entraram em contato com pacientes.

Fonte: Gama, 2007, p. 42.

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2.1.3 Gerenciamento dos Resíduos dos Serviços de Saúde – GRSS

O GRSS constitui-se em um conjunto de procedimentos de gestão, planejados e

implementados a partir de bases científicas e técnicas, normativas e legais, com o

objetivo de minimizar a produção de resíduos e proporcionar, aos resíduos gerados, um

encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando a proteção dos trabalhadores, a

preservação da saúde, dos recursos naturais e do meio ambiente. Deve abranger todas as

etapas de planejamento dos recursos físicos, dos recursos materiais e da capacitação dos

recursos humanos envolvidos no manejo de RSS (Brasil, 2006b).

Os RSS são parte importante do total de resíduos sólidos urbanos, não

necessariamente pela quantidade gerada (cerca de 1% a 3% do total), mas pelo potencial

de risco que representam à saúde e ao meio ambiente (Brasil, 2006b).

Embora a responsabilidade direta pelos RSS seja dos estabelecimentos de serviços

de saúde, por serem os geradores, pelo princípio da responsabilidade compartilhada,

eles se estendem aos outros atores: ao poder público e às empresas de coleta, tratamento

e disposição final (Brasil, 2006b).

Segundo Schuengue (2005), para a Organização Pan Americana de Saúde (OPAS)

e para a Organização Mundial de Saúde (OMS), o gerenciamento correto dos resíduos

vai além de diminuir e controlar riscos, deve também minimizar os resíduos já na sua

origem, o que proporcionaria qualidade e eficiência do estabelecimento. Dessa forma, o

manejo dos RSS pode reduzir custos, manter a qualidade dos cuidados dos pacientes e a

segurança dos trabalhadores.

A publicação da RDC nº 005/1993 do CONAMA definiu a obrigatoriedade dos

serviços de saúde de elaborarem o PGRSS.

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2.1.3.1 Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de

Saúde - PGRSS

A RDC nº 306/2004 da ANVISA (Brasil, 2004a), determina que compete aos

estabelecimentos de saúde a responsabilidade pelo gerenciamento de seus resíduos

desde a geração até a disposição final, de forma a atender aos requisitos ambientais e de

saúde pública, sem prejuízo da responsabilidade civil solidária, penal e administrativa

de outros sujeitos envolvidos, em especial os transportadores e depositários finais, como

prevêem as RDC nº 358/2005 do CONAMA, RDC nº 306/2004 da ANVISA e a Lei nº

9.605/1988, de fevereiro de 1998 que trata dos crimes contra o meio ambiente (Brasil,

1998).

Compete a todo gerador de RSS elaborar seu PGRSS, que é o documento que

aponta e descreve as ações relativas ao manejo dos resíduos sólidos, observadas suas

características e riscos, no âmbito dos estabelecimentos, contemplando os aspectos

referentes à geração, segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte,

tratamento e disposição final, bem como as ações de proteção à saúde pública e ao meio

ambiente (Brasil, 2006b).

Para a elaboração do PGRSS é necessário conhecer os resíduos que são gerados

no estabelecimento de saúde, através de uma metodologia de caracterização que inclui a

avaliação qualitativa (composição) e quantitativa (quantidade atual e projetada) desses

materiais, observando as seguintes etapas: identificação dos resíduos gerados segundo

os grupos; segregação, coleta e armazenamento na fonte de geração. E sua implantação

deve ser baseada em princípios técnicos aplicando os conceitos de reduzir, segregar e

reciclar os resíduos que são produzidos, como prevenção aos riscos ao meio ambiente e

a saúde pública (Brasil, 2006b).

2.1.3.2 Manejo dos Resíduos de Serviços de Saúde no Brasil

Segundo a RDC nº 306/2004 da ANVISA (Brasil, 2004a), o manejo dos RSS

consiste em uma série de operações que facilitam o adequado gerenciamento destes.

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Serão apresentadas a seguir, todas as etapas sucessivas, preconizadas pelo plano de

gerenciamento, visando o manejo adequado dos RSS, que vai desde a geração até o

destino final:

a) Geração: Significa a transformação de material utilizável em resíduo. Nesta

etapa o funcionário deve estar capacitado para verificar, no momento da geração dos

resíduos, quais as suas características e potencial infectante, segregando-os em

recipientes adequados a cada tipo de resíduo (Brasil, 1993a).

b) Segregação: Consiste na separação dos resíduos no momento e local da sua

geração, de acordo com as características físicas, químicas, biológicas e radioativas,

estado físico e os riscos envolvidos (OPAS, 1997).

c) Acondicionamento: Ele deverá ser feito logo após a sua geração, em recipientes

que não possibilitem rupturas e vazamentos. Consiste no ato de embalar os resíduos

segregados, em sacos ou recipientes. A capacidade dos recipientes de acondicionamento

deve ser compatível com a geração diária de cada tipo de resíduo. Segundo a RDC nº

306/2004 da ANVISA, o acondicionamento deve obedecer às seguintes determinações:

− Os resíduos sólidos devem ser acondicionados em saco constituído de material

resistente a ruptura e vazamento, impermeável, baseado na NBR 9191/2000 da

ABNT, respeitados os limites de peso de cada saco, sendo proibido o seu

esvaziamento ou reaproveitamento.

− Os sacos devem estar contidos em recipientes de material lavável, resistente à

punctura, ruptura e vazamento, com tampa provida de sistema de abertura sem

contato manual, com cantos arredondados e ser resistente ao tombamento.

− Os recipientes de acondicionamento existentes nas salas de cirurgia e nas salas

de parto não necessitam de tampa para vedação.

− Os resíduos líquidos devem ser acondicionados em recipientes constituídos de

material compatível com o líquido armazenado, resistentes, rígidos e estanques,

com tampa rosqueada e vedante.

Conforme a RDC nº 306/2004 da ANVISA, os resíduos do grupo A são resíduos

que possuem a possível presença de agentes biológicos que, por suas características,

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podem apresentar risco de infecção e devem ser acondicionados em saco plástico

branco de acordo com as normas da ABNT.

O resíduo infectante deve ser acondicionado no local de origem, em saco branco

leitoso (Figura 1), específico e padronizado de acordo com a NBR 9190 (Brasil, 2000a)

e NBR 9191 (Brasil, 2000b) da ABNT.

FIGURA 1: Sacos brancos para acondicionamento dos resíduos contaminados. Fonte: Fiocruz, 2009

Os resíduos comuns são aqueles que não apresentam risco potencial a saúde

pública e ao meio ambiente por serem similares aos resíduos domésticos comuns, como

papéis, vidros, garrafas, papelões, restos de alimentos e outros. Eles devem ser

acondicionados em saco de cor preta preenchida ou de outras cores até 2/3 de sua

capacidade (Figura 2).

FIGURA 2: Sacos pretos ou de outras cores, para acondicionamento dos resíduos comuns. Fonte: Fiocruz, 2009

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d) Identificação: Consiste no conjunto de medidas que permite o reconhecimento

dos resíduos contidos nos sacos ou recipientes, fornecendo Informações ao correto

manejo dos RSS (OPAS, 1997).

A identificação deve estar aposta nos sacos de acondicionamento, nos recipientes

de coleta interna e externa, nos recipientes de transporte interno e externo, e nos locais

de armazenamento, em local de fácil visualização, de forma indelével, utilizando-se

símbolos, cores e frases, atendendo aos parâmetros referenciados na norma NBR 7.500

da ABNT, além de outras exigências relacionadas à identificação de conteúdo e ao risco

específico de cada grupo de resíduos.

Os sacos de armazenamento e os recipientes de transporte devem ser

identificados com adesivos, desde que seja garantida a resistência destes aos processos

(normais) de manuseio dos sacos e recipientes. A representação através de símbolos

poderá ser visualizada através dos descrito no Quadro 3. Estes símbolos de identificação

dos grupos de RSS foram utilizados como referência normativa deste trabalho.

e) Transporte interno: Consiste em levar os resíduos dos pontos de geração até o

local aonde será armazenado temporariamente ou armazenamento externo com a

finalidade de disponibilização para a coleta. O transporte interno de resíduos deve ser

realizado atendendo roteiro previamente definido e em horários não coincidentes com a

distribuição de roupas, alimentos e medicamentos, períodos de visita ou de maior fluxo

de pessoas ou de atividades. Deve ser feito separadamente de acordo com o grupo de

resíduos e em recipientes específicos a cada grupo de resíduos. Os recipientes para

transporte interno devem ser constituídos de material rígido, lavável, impermeável,

provido de tampa articulada ao próprio corpo do equipamento, cantos e bordas

arredondados, e serem identificados com o símbolo correspondente ao risco do resíduo

neles contidos (Brasil, 2006b).

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QUADRO 3: Símbolos de identificação dos grupos de resíduos

Símbolo Descrição

Os resíduos do grupo A devem ser acondicionados em saco branco leitoso, resistente, impermeável, utilizando-se saco duplo para os resíduos pesados e úmidos, devidamente identificado com rótulos de fundo branco, desenho e contornos pretos, contendo símbolo e a inscrição de Resíduo Biológico.

Os resíduos do grupo B devem ser acondicionados em saco branco leitoso, resistente, impermeável, utilizando-se saco duplo para os resíduos pesados e úmidos, devidamente identificado com rótulos de fundo vermelho, desenho e contornos pretos, contendo símbolo de substância tóxica e a inscrição de Resíduo Tóxico.

Os rejeitos do grupo C são representados pelo símbolo internacional de presença de radiação ionizante (trifólio de cor magenta) em rótulos de fundo amarelo e contornos pretos, acrescido da expressão Material Radioativo. Os resíduos do Grupo D, materiais reutilizáveis e recicláveis, devem ser acondicionados de acordo com as normas dos serviços locais de limpeza.

VIDRO PLÁSTICO PAPEL METAL ORGÂNICO

Os resíduos do grupo D podem ser destinados à reciclagem ou à reutilização. Sendo adotada a reciclagem, sua identificação deve ser feita nos recipientes e nos abrigos de guarda de recipientes, usando código de cores e suas correspondentes nomeações, baseadas na Resolução CONAMA no 275/01, e símbolos de tipo de material reciclável. Para os demais resíduos do grupo D deve ser utilizada a cor cinza ou preta nos recipientes. Pode ser seguida de cor determinada pela Prefeitura. Caso não exista processo de segregação para reciclagem, não há exigência para a padronização de cor destes recipientes.

Os produtos do grupo E são identificados pelo símbolo de substância infectante, com rótulos de fundo branco, desenho e contornos pretos, acrescido da inscrição de “Resíduo Perfuro Cortante”, indicando o risco que apresenta o resíduo.

São os resíduos que não apresentam risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares.

Fonte: Campaner, 2002 e Brasil, 2006b;

f) Armazenamento temporário: Consiste na guarda temporária dos recipientes

contendo os resíduos já acondicionados, em local próximo aos pontos de geração,

visando agilizar a coleta dentro do estabelecimento e otimizar o deslocamento entre os

pontos geradores e o ponto destinado à apresentação para coleta externa. Não poderá ser

feito armazenamento temporário com disposição direta dos sacos sobre o piso, sendo

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obrigatória a conservação dos sacos em recipientes de acondicionamento. O

armazenamento temporário poderá ser dispensado nos casos em que a distância entre o

ponto de geração e o armazenamento externo justifique. A sala para guarda de

recipientes de transporte interno de resíduos deve ter pisos e paredes lisas e laváveis,

sendo o piso ainda resistente ao tráfego dos recipientes coletores. Deve possuir ponto de

iluminação artificial e área suficiente para armazenar, no mínimo, dois recipientes

coletores. Não é permitida a retirada dos sacos de resíduos de dentro dos recipientes ali

estacionados (Brasil, 2006b).

g) Armazenamento externo: O armazenamento temporário externo consiste no

acondicionamento dos resíduos em abrigo, em recipientes coletores adequados, em

ambiente exclusivo e com acesso facilitado para os veículos coletores, no aguardo da

realização da etapa de coleta externa. O abrigo de resíduos deve ser dimensionado de

acordo com o volume de resíduos gerados, com capacidade de armazenamento

compatível com a periodicidade de coleta do sistema de limpeza urbana local (Pinheiro,

2005; Brasil, 2006b).

Segundo Brasil (2006b) o local desse armazenamento externo de RSS deve

apresentar as seguintes características:

− Acessibilidade: o ambiente deve estar localizado e construído de forma a permitir

acesso facilitado para os recipientes de transporte e para os veículos coletores;

− Exclusividade: o ambiente deve ser utilizado somente para o armazenamento de

resíduos;

− Segurança: o ambiente deve reunir condições físicas estruturais adequadas,

impedindo a ação do sol, chuva, ventos, entre outros fatores, e que pessoas não

autorizadas ou animais tenham acesso ao local;

− Higiene e saneamento: deve haver local para higienização dos carrinhos e

contenedores; o ambiente deve contar com boa iluminação e ventilação e ter pisos

e paredes revestidos com materiais resistentes aos processos de higienização.

h) Coleta e transporte externo dos RSS: A coleta externa consiste na remoção dos

RSS do abrigo de resíduos (armazenamento externo) até a unidade de tratamento ou

disposição final, pela utilização de técnicas que garantam a preservação das condições

de acondicionamento e a integridade dos trabalhadores, da população e do meio

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ambiente. Deve estar de acordo com as regulamentações do órgão de limpeza urbana.

No transporte dos RSS podem ser utilizados diferentes tipos de veículos, de pequeno até

grande porte, dependendo das definições técnicas dos sistemas municipais. Geralmente

para esses resíduos são utilizados dois tipos de carrocerias: montadas sobre chassi de

veículos e do tipo furgão, ambas sem ou com baixa compactação, para evitar que os

sacos se rompam. Os sacos nunca devem ser retirados do suporte durante o transporte,

também para evitar ruptura (Brasil, 2006b). A coleta e transporte externos dos resíduos

de serviços de saúde devem ser realizados de acordo com as normas NBR 12.810 e

NBR 14.652 da ABNT. Lembrar que o pessoal envolvido no transporte deve fazer uso

de Equipamento de Proteção Individual (EPI) e Equipamento de Proteção Coletiva

(EPC) adequados de acordo com a normatização (OPAS, 1997; Pinheiro, 2005).

i) Disposição final dos resíduos produzidos em serviços de saúde: Consiste na

deposição de resíduos no solo, previamente preparado para recebê-los, obedecendo a

critérios técnicos de construção e operação, e com licenciamento ambiental de acordo

com a Resolução nº. 237/1997 do CONAMA.

Os resíduos pertencentes ao grupo A (resíduos biológicos) quando tratados por

processo que conserve as suas características físicas ou não tratados, deverão ser

encaminhados para disposição final em vala séptica ou em célula especial de aterro

sanitário, devidamente licenciado em órgão ambiental competente (Brasil, 2001e).

Alguns cuidados são necessários ao manusear os resíduos infectantes do grupo

“A”: manipulação destes resíduos deverá ser a mínima possível; nunca abrir os sacos

contendo estes resíduos com vistas a inspecionar seu conteúdo; adotar procedimentos de

manuseio que preservem a integridade dos sacos plásticos contendo resíduos; uso, pelo

pessoal, de EPI para o manuseio, o trânsito e durante todo o tratamento dos RSS (Brasil,

2001e).

Os resíduos do grupo B (natureza química), embora tratados por processo que

desativem a sua constituição tóxica e/ou perigosa, e que descaracterize a sua

composição físico-química, seja por queima ou outros processos licenciados por órgão

ambiental competente, só podem ser encaminhados para aterro sanitário de resíduos

urbanos (resíduos comuns), se o seu produto final for liberado por órgão ambiental

competente (Brasil, 2001e).

Os resíduos de serviços de saúde classificados como do grupo D (resíduos

comuns), são passíveis de reciclagem, as cinzas provenientes de incineradores e outros

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resíduos sólidos inofensivos, oriundos de processos de equipamento de tratamento de

resíduos comuns, devem ser encaminhados para aterro sanitário de resíduos urbanos

(resíduos comuns). Esse aterro, devidamente licenciado pelo órgão ambiental

competente. As formas de disposição final dos RSS atualmente utilizadas são: aterro

sanitário, aterro de resíduos perigosos classe I (para resíduos industriais), aterro

controlado, lixão ou vazadouro e valas (Brasil, 2001e).

j) Tratamento: Consiste na aplicação de método, técnica ou processo que

modifique as características dos riscos inerentes aos resíduos, reduzindo ou eliminando

o risco de contaminação, de acidentes ocupacionais ou de dano ao meio ambiente. O

tratamento pode ser aplicado no próprio estabelecimento gerador ou em outro

estabelecimento, observadas nestes casos, as condições de segurança para o transporte

entre o estabelecimento gerador e o local do tratamento. Os sistemas para tratamento de

resíduos de serviços de saúde devem ser objeto de licenciamento ambiental, de acordo

com a RDC nº 237/1997 do CONAMA e são passíveis de fiscalização e de controle

pelos órgãos de vigilância sanitária e de meio ambiente (CBVA, 2001).

A RDC nº 283/2001 do CONAMA, estatui, que para os resíduos sólidos do grupo

A (infectantes), não poderão ser dispostos no meio ambiente sem tratamento prévio que

assegure: a eliminação das características de periculosidade do resíduo; a preservação

dos recursos naturais; e o atendimento aos padrões de qualidade ambiental e de saúde

pública (CBVA, 2001).

Tendo-se em vista que pela sua própria natureza, os resíduos sólidos, enquanto

matéria resultará sempre em um rejeito para disposição final no solo e, portanto, seja

qual for o processo de tratamento adotado, deverão ser dispostos em aterro sanitário

(Brasil, 2006b).

Este aterro deverá ser adequadamente projetado, operado e monitorado tanto para

disposição das cinzas ou escória provenientes de incineração, como para a carga

esterilizada em autoclaves ou para os rejeitos produzidos por outra tecnologia (Brasil,

2006b).

Entende-se por tratamento dos resíduos sólidos, de forma genérica, quaisquer

processos manuais, mecânicos, físicos, químicos ou biológicos que alterem as

características dos resíduos, visando à minimização do risco à saúde, a preservação da

qualidade do meio ambiente, a segurança e a saúde do trabalhador (Brasil, 2006b)

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Segundo a RDC n° 306/2004 da ANVISA o tratamento consiste na aplicação de

método, técnica ou processo que modifique as características dos riscos inerentes aos

resíduos, reduzindo ou eliminando o risco de contaminação, de acidentes ocupacionais

ou de dano ao meio ambiente (CBVA, 2001). O tratamento pode ser aplicado no próprio

estabelecimento gerador ou em outro estabelecimento, observadas nestes casos, as

condições de segurança para o transporte entre o estabelecimento gerador e o local do

tratamento. Os sistemas para tratamento de resíduos de serviços de saúde devem ser

objeto de licenciamento ambiental, de acordo com a RDC nº. 237/1997 do CONAMA, e

são passíveis de fiscalização e de controle pelos órgãos de vigilância sanitária e de meio

ambiente. Existem várias formas de se proceder ao tratamento: desinfecção química ou

térmica (autoclavagem, microondas, incineração) (Pinheiro, 2005)

As tecnologias de desinfecção, para o tratamento dos resíduos do grupo A, mais

conhecidas são a autoclavagem, o uso do microondas e a incineração. Estas tecnologias

de tratamento de RSS permitem um encaminhamento dos resíduos tratados para o

circuito normal de resíduos sólidos urbanos (RSU), sem qualquer risco para a saúde

pública (Brasil, 2006b).

Descontaminação com utilização de vapor em altas temperaturas (autoclavação) é

um tratamento que consiste em manter o material contaminado em contato com vapor

de água, a uma temperatura elevada, durante período de tempo suficiente para destruir

potenciais agentes patogênicos ou reduzi-los a um nível que não constitua risco. O

processo de autoclavação inclui ciclos de compressão e de descompressão de forma a

facilitar o contato entre o vapor e os resíduos. O processo normal de autoclavação

comporta basicamente as seguintes operações:

− Pré-vácuo inicial: criam-se condições de pressões negativas de forma a que na

fase seguinte o vapor entre em contato com os resíduos;

− Admissão de vapor: introdução de vapor na autoclave e aumento gradual da

pressão de forma a criar condições para o contato entre o vapor e os resíduos e

para destruição de invólucros que limitem o acesso do vapor a todas as

superfícies;

− Exposição: manutenção de temperaturas e pressões elevadas durante um

determinado período de tempo até se concluir o processo de descontaminação

(Brasil, 2006b).

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Tratamento com utilização de microondas de baixa ou de alta freqüência é uma

tecnologia relativamente recente de tratamento de resíduo de serviços de saúde e

consiste na descontaminação dos resíduos com emissão de ondas de alta ou de baixa

freqüência, a uma temperatura elevada (entre 95 ºC e 105ºC). Os resíduos devem ser

submetidos previamente a processo de trituração e umidificação (Brasil, 2006b).

Tratamento térmico por incineração é um processo de tratamento de resíduos

sólidos que se define como a reação química em que os materiais orgânicos

combustíveis são gaseificados, num período de tempo prefixado. O processo se dá pela

oxidação dos resíduos com a ajuda do oxigênio contido no ar (Brasil, 2006b).

l) Aterro sanitário: É um processo utilizado para a disposição de resíduos sólidos

no solo de forma segura e controlada, garantindo a preservação ambiental e a saúde

pública. O sistema está fundamentado em critérios de engenharia e normas operacionais

específicas. Este método consiste na compactação dos resíduos em camada sobre o solo

devidamente impermeabilizado (empregando-se, por exemplo, um trator de esteira) e no

controle dos efluentes líquidos e emissões gasosas. Seu recobrimento é feito

diariamente com camada de solo, compactada com espessura de 20 cm, para evitar

proliferação de moscas, roedores e baratas; espalhamento de papéis, lixo, pelos

arredores; poluição das águas superficiais e subterrâneas. O principal objetivo do aterro

sanitário é dispor os resíduos no solo de forma segura e controlada, garantindo a

preservação ambiental e a saúde (Brasil, 2006b).

Aterro de resíduos perigosos (classe I - aterro industrial) é uma técnica de

disposição final de resíduos químicos no solo, sem causar danos ou riscos à saúde

pública, minimizando os impactos ambientais e utilizando procedimentos específicos de

engenharia para o confinamento destes (Brasil, 2006b).

m) Valas sépticas: Esta técnica, com impermeabilização do solo é chamada de

Célula Especial de RSS e é empregada em pequenos municípios. Consiste no

preenchimento de valas escavadas impermeabilizadas, com largura e profundidade

proporcionais à quantidade de lixo a ser aterrada. A terra é retirada com retro-

escavadeira ou trator que deve ficar próxima às valas e, posteriormente, ser usada na

cobertura diária dos resíduos (Brasil, 2003). Os veículos de coleta (Figura 3) depositam

os resíduos sem compactação diretamente no interior da vala e, no final do dia, é

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efetuada sua cobertura com terra, podendo ser feita manualmente ou por meio de

máquina.

FIGURA 3: Representação de vala séptica Fonte: Brasil, 2006b, p.57

Para que todas estas etapas possam ser realizadas de forma adequada é

importante que o PGRSS constitua-se num conjunto de procedimentos planejados e

implementados a partir de bases científicas, técnicas, normativas, legais, cujo objetivo

deve minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos resíduos gerados, um

encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando à proteção dos trabalhadores, a

preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente. O PGRSS deve

abranger o planejamento de todos os recursos necessários além de preocupar-se com a

capacitação dos recursos humanos envolvidos no manejo dos RSS (Coelho, 2001;

Brasil, 2001a).

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2.2 A vacinação como uma das estratégias de promoção da saúde

2.2.1 História da vacina

A história das vacinações é um dos mais belos e bem sucedidos capítulos da

história da medicina. A história das vacinas não é uma mera aventura intelectual. Ela é

cheia de alegrias, tristezas, sucessos, fracassos, rivalidades, conflitos, cooperação,

altruísmo, imprudência e coragem (Farhat, 2008).

Para falar desta história é necessário que se tenha idéia do terror infundido na

população pelas epidemias, causadas naquela época, e o que significavam (Martins;

Maia; Homma, 2008a).

No ano de 1500, século XV, da Idade Moderna, o descobrimento do Brasil

coincidiu com o nascimento da medicina moderna no mundo, com investigações,

estudos e descobertas que deram à medicina o cunho científico que passaria a ter. Nesse

momento histórico, as doenças eram encaradas pelos índios, população nativa do Brasil,

como castigo ou provação, cujas causas eles reconheciam como reflexo da vontade de

um ser sobrenatural, ação de astros e dos agentes climáticos ou força de uma praga ou

feitiço (CBVE, 2005). Dentro da concepção empírica, mística e mágica da doença,

quando as pessoas adoeciam, recorriam ao pajé, que exorcizava os maus espíritos e

utilizava plantas e substâncias diversas no tratamento dos enfermos. Nesse período,

importada da África, onde era endêmica, e da Europa, a varíola não mais desertou do

território brasileiro e, em surtos periódicos, dizimou boa parte da população local. As

primeiras referências à varíola datam de 1561 (surto no Maranhão) (Martins; Maia;

Homma, 2008a). Sua difusão, ao longo do litoral norte e sul, foi rápida, com o registro

de vários surtos em 1563 (Paraíba, Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro). Em 1565,

atingiu São Paulo de Piratininga, onde exterminou cinco das 11 aldeias indígenas

(CBVE, 2005).

No Brasil houveram várias epidemias de varíola: Curitiba, 1838 os sinos

dobravam a cada morte pela doença, até que foi proibida esta ação para preservar os

enfermos; Cuiabá, 1867, quando a doença alastrou-se por toda a cidade e o cemitério

local não foi suficiente para enterrar os que faleciam da doença, sendo necessário que

mais um fosse inaugurado. A descrição de como ocorria o transporte: “os corpos eram

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conduzidos em carroças, seminus, em uma promiscuidade irreverente, e assim atirados

em valas.” Em Fortaleza, 1878, os jornais publicavam diariamente as listas e o nome

dos enterramentos. Somente em dezembro de 1878, foram sepultadas, no Cemitério da

Lagoa Funda, privativo dos variolosos, um total de 14.362 cadáveres, uma média diária

de 500 pessoas sucumbiam ao flagelo (Martins; Maia; Homma, 2008a).

As ações sobre as doenças transmissíveis em nosso meio datam desse tempo do

Brasil Colonial, quando os serviços de saúde, organizados precariamente, preocupavam-

se com as doenças pestilenciais, principalmente a varíola e a febre amarela. A prática

médica era baseada em conhecimentos tradicionais e não “científicos”. A estratégia de

controle utilizada na época baseava-se no afastamento ou no confinamento dos doentes

nas Santas Casas de Misericórdia, cuja função era mais assistencialista que curativa

(CBVE, 2005).

No final do século XVIII, o poder político da burguesia emergente consolidou-se

com a restauração, como, na Inglaterra, ou pela revolução, como na França e nos

Estados Unidos. Nessa fase sucederam-se diferentes tipos de intervenção estatal sobre a

questão da saúde na população (CVBE, 2005).

A história da vacina confunde-se com a história de Edward Jenner (1749-1823),

médico rural inglês, que nasceu em Berkeley (Gloucestershire), e foi discípulo de John

Hunter, fundador da cirurgia experimental, que elevou a cirurgia de simples técnica à

ciência. Jenner que tinha nascido e clinicava na zona rural da Inglaterra, conhecia desde

menino a crença popular de que a varíola das vacas protegia contra a varíola humana.

As mulheres que tinham cicatrizes nas mãos, provenientes da extração de leite de vacas

com os úberes infectados pela cowpox, não as tinham no rosto, sendo renomadas por

sua beleza (Martins; Maia; Homma, 2008a).

A observação desse fato incitou-o a desenvolver uma série de testes em pessoas

sadias, com a finalidade de reproduzir esse fenômeno (Fernandes, 1999). Com grande

atenção e paciência, durante 25 anos, desde 1775, Jenner observou as relações entre

cowpox, varíola e variolização (Martins; Maia; Homma, 2008a).

A partir da pústula desenvolvida na vaca, Jenner obteve um produto que passou a

denominar varíola vacinae (varíola da vaca) que, ao ser inoculado no homem, fazia

surgir, no local das inoculações, erupções semelhantes à varíola. Dessas erupções era

retirada a linfa ou pus variólico, utilizado para novas inoculações. Formava-se assim

uma cadeia de imunização entre homens, funcionando o cowpox da vaca como um

primeiro agente imunizador, e o homem como produtor e difusor da vacina. O nome,

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posteriormente, foi simplificado para vacina (Fernandes, 1999).

Segundo Martins, Maia e Homma (2008a p.5) “Huard e Laplane, afirmam que a

inoculação da cowpox para evitar a varíola era realizada com sucesso desde 1774,

substituindo a inoculação do pus dos pacientes com varíola (variolização).”

Plotkin (1999 apud Martins; Maia; Homma, 2008a) relata que a idéia do vaqueiro

Benjamin Jetsy, ele próprio imune a varíola, por ter contraído a cowpox de seu rebanho,

em 1774, e ter inoculado na sua mulher e dois filhos a cowpox para evitar o risco de

adoecerem em uma epidemia de varíola, mostra ser ele o pioneiro desta idéia. O seu

experimento foi bem sucedido e eles estavam imunes 15 anos depois quando foram

inoculados deliberadamente com a varíola.

Assim, quando, em 1796, Jenner inoculou o braço de James Phipps, de 8 anos de

idade, com o líquido extraído de vesícula de cowpox da mão da milkmaid3 Sarah

Nelmer, para protegê-lo, estava tentando demonstrar cientifica e publicamente algo que

provavelmente já sabia com segurança. Queria substituir a prática da variolização,4

muito mais perigosa, por outra mais segura, mas que ainda não era aceita no meio

científico (Martins; Maia; Homma, 2008a).

Martins, Maia e Homma (2008a, p.5), refere-se assim das dificuldades encontradas

por Jenner:

Vale lembrar, apenas para registrar as dificuldades de implantar idéias e condutas novas, que o trabalho An Inquirity into the Causes and Effects of the Variolae Vacinae, que Jenner enviou para publicação à Real Sociedade de Ciências de Londres, foi recusado com a seguinte observação: “Doutor Jenner não chegará a conseguir fama com estas loucuras.

A partir destas descobertas em pouco tempo a vacina conquistou a Inglaterra. Em

1799, era criado o primeiro instituto vacínico em Londres e, em 1802, sob os auspícios

da família real, fundava-se a Sociedade Real Jenneriana para a Extinção da Varíola

(Fiocruz-Bio, 2009).

A descoberta de Jenner logo se espalhou pelo mundo. A partir de 1800, a Marinha

britânica começou a adotar a vacinação. Napoleão Bonaparte introduziu-a em seus

3 Milkmaid: ordenhadeira (Aulete, 2009). 4 Variolização Inoculação do vírus da varíola que se praticava com um fim profilático e que caiu em desuso com o advento da vacinação (Aulete, 2009).

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exércitos e fez imunizar seu filho. Nas Américas, chegou pelas mãos do médico

Benjamin Waterhouse, de Harvard, popularizando-se, a partir de 1801, quando o

presidente Thomas Jefferson foi vacinado (Fiocruz-Bio, 2009).

Outro cientista relevante na história da vacina é Louis Pasteur (1822-1895),

cientista francês, cujas descobertas tiveram enorme importância na história da química e

da medicina (Fiocruz-Bio, 2009). Pasteur era químico e teve um rigoroso treinamento

na meticulosidade do método cientifico. Estudou os cristais e descobriu o fenômeno da

racemização. Dirigiu sua atenção para o estudo da fermentação, compreendendo a

interelação entre microorganismos e fenômenos bioquímicos. Suas descobertas neste

campo foram de grande importância nas áreas da indústria (vinho e cerveja), da

alimentação (pasteurização) e da microbiologia (anaerobiose) (Martins; Maia; Homma,

2008a).

Em 1881 Pasteur, publicou estudos sobre a vacina contra o antrax e contra a

cólera aviária. Em 1884 apresentou, em Copenhagen, um trabalho sobre ‘Patogenia

microbiana e vacinas’. Expôs a ‘teoria germinal das enfermidades infecciosas’, segundo

a qual toda enfermidade infecciosa tem sua causa (etiologia) num micróbio com

capacidade de propagar-se entre as pessoas. Referia que devia-se buscar o micróbio

responsável por cada enfermidade para se determinar um modo de combatê-lo. Iniciou a

pesquisa dos microscópicos agentes patogênicos, terminando por descobrir vacinas, em

especial a anti-rábica, e no ano seguinte efetuou o primeiro tratamento contra a raiva

humana (Fiocruz-Bio, 2009).

Para chegar a este momento Pasteur e seus colaboradores identificaram, e

aprenderam a cultivar em cultura pura, os agentes dessas moléstias em laboratório. Foi

em relação ao cólera das galinhas que ocorreram as observações decisivas, que abriram

os horizontes da imunologia. Como ele próprio dizia, o acaso favorece as mentes bem

preparadas (Martins; Maia; Homma, 2008a).

Pasteur e seu grupo tiveram a primazia de terem desenvolvido vacinas bacterianas

e virais em laboratório. Os métodos de Pasteur, aperfeiçoados, constituíram a base para

a obtenção de outras vacinas vivas ou mortas em laboratório (Farhat, 2008). Em 26 de

outubro de 1885, o cientista francês comunicava à Academia de Ciências a descoberta

do imunizante contra a raiva, que chamou de vacina em homenagem a Jenner.

Fundando em 1888 o Instituto Pasteur, em Paris, tornou-se um dos mais famosos

centros de pesquisa do mundo (Fiocruz-Bio, 2009).

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As vacinas de Pasteur foram às primeiras obtidas seguindo uma metodologia

científica. Fundador da moderna microbiologia e da medicina experimental, Pasteur

revolucionou a ciência ao desenvolver um imunizante produzido em larga escala, por

um método que podia ser reproduzido (Fiocruz-Bio, 2009).

Durante os primeiros anos do século XIX, quando ainda colônia de Portugal, o

Brasil realizou as primeiras tentativas de imunizar sua população. Em 1804, a vacina

contra a varíola foi trazida da Europa pelo Marquês de Barbacena, em braços de negros

escravos, e espalhados pela nação. Naqueles anos a vacinação consistia na coleta de

material da pústula (linfa) de um indivíduo, inoculando-se em seguida em outro. A

população do país correspondia a aproximadamente 3,5 milhões de habitantes e havia

intenso fluxo migratório, principalmente de chegadas, que contribuía para a

disseminação de doenças e de outros males trazidos do velho mundo (Revista da

Vacina, 2009).

As enfermidades infecto contagiosas grassavam em todos os povos. Na Europa,

desde 1839, surtos de cólera dizimavam milhares de vidas. A pólio teve nas duas

últimas décadas desse século os seus primeiros registros (Buss, Temporão, Carvalheiro,

2005).

Os estudos avançavam e novas descobertas foram sucedendo e deram nova

compreensão para os mecanismos da imunidade. Estes estudos demonstraram que os

soros de animais, previamente imunizados à difteria, poderiam transferir o estado imune

a animais não-imunizados. Na década de 1930 demonstrou-se que todas estas ações

eram mediadas por anticorpos. A partir de 1920, Ramon estudou as reações de

floculação que ocorrem pelo contato entre a toxina e a antitoxina, permitindo-lhe titular

a toxina e os soros antidftéricos. Em 1923, Emile Roux comunica à Academia de

Ciências a descoberta de Ramon e lhe dá um nome: anatoxina. É o que hoje chamamos

de tóxoide. Ainda em 1923, Alexander Glenny e Bárbara Hopkins publicaram trabalho

demonstrando que a toxina diftérica poderia ser transformada em tóxoide pela adição de

formalina. Em 1931, Goodpasture introduziu o uso da membrana corioalantóide do ovo

da galinha fertilizado como meio de cultura de vírus. Isso permitiu o desenvolvimento

das vacinas contra febre amarela, influenza e riquétsias (Martins; Maia; Homma,

2008a).

Segundo Brasil (2003a), a partir de 1836 foi estabelecido o método de

procedimento para execução de arrolamento da população existente nas províncias no

período do Império (Lei n° 24, de 19 de fevereiro). Sendo que de 5 em 5 anos, no dia 1°

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de julho, os juízes de paz procederiam ao arrolamento de todas as pessoas existentes em

seus distritos, especificando naturalidade, idade, condição socioeconômica, estado civil,

ocupação e se sabiam ou não escrever. Em 1846 o Brasil tinha uma população estimada

de 6,7 milhões de habitantes.

No período de 1830 a 1872 a prática do recenseamento dos habitantes do País e

das províncias é quase relegada ao abandono. A realização de levantamentos

populacionais, sempre que propostos, barravam na falta de pessoal capacitado e na

deficiência de recursos técnicos e financeiros para execução desta tarefa complexa em

um espaço de dimensões continentais, onde os meios de transporte e comunicação eram

extremamente precários (CBVE, 2005).

Foram realizados censos com objetivos restritos de contar o número de habitantes

de forma indireta: relatórios sobre fiéis que freqüentam a igreja, funcionários da

colônia, etc. Apenas algumas províncias e localidades conseguiram concretizar, com

relativo êxito, um ou outro levantamento censitário durante o período imperial. Em

1872, foi realizada a primeira contagem da população brasileira, “recenseamento da

população do Império do Brasil” tendo como resultado uma população de

aproximadamente 10 milhões de habitantes (Brasil, 2003a).

Em 1889, a proclamação da República acontecia embalada por uma idéia

principal: modernizar o Brasil a todo custo. Destituíram-se as Juntas e Inspetorias de

Higiene provinciais, substituídas pelos Serviços Sanitários Estaduais, estes bastante

deficientes inicialmente (CBVE, 2005). A desorganização desses serviços facilitou a

ocorrência de novas ondas epidêmicas no país, logo nos primeiros anos da República.

Entre 1890 e 1900, o Rio de Janeiro e as principais cidades brasileiras continuaram as

ser vitimadas por varíola, febre amarela, peste bubônica, febre tifóide e cólera, que

matavam milhares de pessoas (Martins; Maia; Homma, 2008a).

O Rio de Janeiro, na passagem do século XIX para o século XX, era ainda uma

cidade de ruas estreitas e sujas, saneamento precário e foco de doenças como febre

amarela, varíola, tuberculose e peste. Os navios estrangeiros faziam questão de anunciar

que não parariam no porto carioca e os imigrantes recém-chegados da Europa morriam

às dezenas de doenças infecciosas (Revista da Vacina, 2009).

A prevenção da peste bubônica era feita com vacina antipestosa e o tratamento

com soro antipestoso, aplicado nas primeiras 48 horas. Estes produtos vinham da

Europa e urgia que fossem produzidos aqui no Brasil. Concluiu-se ser necessário criar

um Instituto Soroterápico, projeto aprovado pelo Prefeito do Rio de Janeiro, Cesário

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Alvim, que cedeu a Fazenda de Manguinhos, imóvel próprio da Prefeitura para a

instalação do Instituto. O diretor do Instituto Pasteur de Paris, professor Émile Roux,

encarregado de enviar um técnico, informou que o Brasil dispunha de uma pessoa

qualificada para o cargo o Dr. Oswaldo Cruz, que havia estagiado naquele instituto

(Martins; Maia; Homma, 2008a).

Oswaldo Cruz (1872-1917) era médico formado pela faculdade de Medicina em

1892, e pelos seus méritos de estudioso nas doenças e suas formas de prevenção, foi

nomeado por Rodrigues Alves (Presidente da Republica) para ser Diretor do Instituto

Soroterápico Federal (1900), no período de 1902-1906. Em 1903, como Diretor-geral da

Saúde Pública, coordenou as campanhas de erradicação da febre amarela e da varíola,

no Rio de Janeiro. Organizou os batalhões de "mata-mosquitos", encarregados de

eliminar os focos dos insetos transmissores (Revista da Vacina, 2009).

No início do século XX, a cidade do Rio de Janeiro, como capital da República,

apesar de possuir belos palacetes e casarões, tinha graves problemas urbanos: rede

insuficiente de água e esgoto, coleta de lixo precária e cortiços super povoados. Nesse

ambiente proliferavam muitas doenças, como a tuberculose, o sarampo, o tifo e a

hanseníase. Alastravam-se, sobretudo, grandes epidemias de febre amarela, varíola e

peste bubônica. Foi nesta cidade que Oswaldo Cruz convenceu o presidente Rodrigues

Alves a decretar a vacinação obrigatória, o que provocou a rebelião de populares e da

Escola Militar (1904) contra o que consideraram uma invasão de suas casas e uma

vacinação forçada, o que ficou conhecido como Revolta da Vacina (Revista da Vacina,

2009).

A vacinação obrigatória foi o estopim para que o povo, já profundamente

insatisfeito com a situação e insuflado pela imprensa, se revoltasse. Durante uma

semana, enfrentou as forças da polícia e do exército até ser reprimido com violência. O

episódio transformou, no período de 10 a 16 de novembro de 1904, a recém

reconstruída cidade do Rio de Janeiro numa praça de guerra, onde foram erguidas

barricadas e ocorreram confrontos generalizados. O governo acabou por recuar e revoga

a obrigatoriedade da vacinação contra a varíola. A revolta deixa um saldo de 30 mortos,

110 feridos e 945 presos, dos quais 461 são deportados para o Acre. Em 1908 a

epidemia de varíola leva a população em massa aos postos de vacinação (Revista da

Vacina, 2009).

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Em 1966, foi iniciado o plano para erradicação mundial da varíola, sob a

coordenação da Comissão Global para Erradicação da Varíola, da Organização Mundial

de Saúde (OMS) (Farhat, 2008).

No Brasil, a Campanha da Erradicação da Varíola substituiu a Campanha

Nacional contra a Varíola, que fora organizada pelo governo brasileiro em 1962, e foi

criada através do Decreto nº 59.153, de 31 de agosto de 1966. Utilizava-se o injetor de

pressão para a aplicação da vacina, o que garantia que muitas pessoas em um curto

espaço de tempo recebessem o imunobiológico. A Campanha de Vacinação contra a

Varíola foi sucesso absoluto, atingiu cerca de 100% da população e garantiu ao Brasil a

certificação internacional da erradicação da varíola em 1973 (Revista da Vacina, 2009).

Conforme registrou Risi Jr. (apud Martins, Maia e Homma, 2008a, p.7):

Em março de 1971, 18 casos de varíola foram descobertos, durante vacinação antivariólica, em Vila Cruzeiro, favela situada no bairro da Penha, subúrbio do Rio de Janeiro. Em 19 de abril, F.F.F., de 18 anos, que não havia sido vacinado por ser portador de pênfigo foliáceo, adquiriu varíola durante sua internação no Hospital Eduardo Rabelo, Hospital de Dermatologia, transmitida por outro paciente, internado por varíola, na mesma enfermaria de isolamento. Esse foi o último caso de varíola das Américas. No dia 26 de outubro de 1977, Ali Maow Maalin, cozinheiro do Hospital Distrital de Merka, Somália contraiu varíola. Esse foi o último caso de origem comunitária, no mundo.

Ocorreram ainda dois casos de varíola, nos dias 11 de agosto e 7 de setembro de

1978, em Birmingham, Inglaterra, a partir de infecção hospitalar, por acidente de

laboratório, quando um frasco contendo o vírus selvagem da varíola, foi aberto

inadvertidamente (Farhat, 2008). Em 9 de dezembro de 1979, a varíola foi oficialmente

considerada erradicada do mundo, pela Comissão Mundial de Certificação de

Erradicação da Varíola, conforme o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde do

Brasil (Farhat, 2008).

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2.2.2 Programa Nacional de Imunização – PNI

Como legado da Campanha da Erradicação da Varíola (CEV), a saúde pública

brasileira passou a contar com notável experiência em imunização e vigilância

epidemiológica, além de uma estrutura técnica e operacional vinculada a órgãos federais

e estaduais. Essa estrutura vinha sendo utilizada desde 1971, na implementação de

programas como o Plano Nacional de Controle da Poliomielite, e em experiências locais

de aplicação simultânea de vacinas, entre elas a vacina contra o sarampo (Brasil,

2003a).

O PNI foi instituído em 1973, com a finalidade de coordenar ações que se

desenvolviam, até então, com descontinuidade, pelo caráter episódico e pela reduzida

área de cobertura. Essas ações conduzidas dentro de programas especiais (erradicação

da varíola, a erradicação da poliomielite, o controle da tuberculose e do sarampo) e

como atividades desenvolvidas por iniciativa de governos estaduais e municipais,

necessitavam de uma coordenação central que lhes proporcionassem sincronia e

racionalização. A Lei nº 6.259, de 30/10/1975, regulamentada pelo Decreto nº 78.231,

de 12/08/1976, institucionaliza o PNI, sob a responsabilidade do MS (Brasil, 1975).

No período de 1974 a 1979 por delegação do MS, o PNI foi coordenado pela

Fundação Serviços de Saúde Pública (FSESP). Em 1980 passou a ser responsabilidade

da Divisão Nacional de Epidemiologia, da Secretaria Nacional de Ações Básicas de

Saúde (SNABS) (criada pelo Decreto nº 79.056, de 30/12/1976). Em 1990, com a

reforma administrativa, foi extinta a SNABS e o PNI foi transferido para a Fundação

Nacional de Saúde (FNS), pela Portaria nº 1.331, de 05/11/1990. O Programa de Auto-

Suficiência Nacional em Imunobiológicos (PASNI) é também transferido para a FNS,

pela Portaria nº 46, de 21/01/1991. A Lei nº 8.029 de 12/04/1990 autoriza o Poder

Executivo a instituir a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), o que só aconteceu em

16/04/1991 pelo Decreto nº 100/1991 (Brasil, 2006a).

Em 1979 foram notificados no Brasil 2.564 casos de pólio. Já em 1980, quando se

iniciaram as campanhas nacionais de vacinação, quando foram vacinadas mais de 18

milhões de crianças menores de cinco anos, com cobertura vacinal plena, as notificações

caíram para 1.290 (Brasil, 2003a). Em 1981, foram apenas 122 casos notificados e em

1994, o Brasil recebeu a certificação do bloqueio da transmissão autóctone do

poliovírus selvagem, com o último caso brasileiro ocorrido em 1989, em Souza no

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Estado da Paraíba. Tratava-se de uma conquista importante. Mas era ainda a

implantação de uma atitude, uma alteração em usos e costumes, o que pode significar

retrocessos, como se viu em 1984, quando se registrou queda nas coberturas vacinais

das campanhas. Houve problemas, também, com a composição da vacina utilizada na

época. Ressurgiu então a epidemia, com pico em 1986 (Brasil, 2003a).

As atribuições do PNI, coordenado pela Secretaria de Vigilância da Saúde (SVS),

é definir normas e parâmetros técnicos para as estratégias de utilização de

imunobiológicos, com base na vigilância epidemiológica de doenças imunopreveníveis

e no conhecimento técnico e científico da área. Estabelece as ações de caráter nacional,

referentes à aquisição, conservação, manuseio, transporte, distribuição e administração

dos imunobiológicos que integram o calendário básico de vacinação para crianças,

adolescentes, adultos e idosos, assim como os aspectos de programação e avaliação.

Essas normas são estabelecidas com a participação dos órgãos responsáveis pela

operacionalização e de outras instituições, assegurando dessa forma, sua aceitação e

uniformidade em todo o país (Brasil, 2006a).

Informa Brasil (2006a, p. ii)

O PNI tem como objetivo contribuir para o controle, eliminação e/ou erradicação das doenças imunopreveníveis, utilizando estratégias básicas de vacinação de rotina e campanhas anuais, desenvolvidas de forma hierarquizada e descentralizada, conforme Instrução Normativa nº 1 de 19/08/04.

Historicamente, a atenção à saúde no Brasil tem investido na formulação,

implementação e concretização de políticas de promoção, proteção e recuperação da

saúde (Brasil, 2006c). Há, pois, um grande esforço na construção de um modelo de

atenção à saúde que priorize ações de melhoria da qualidade de vida dos sujeitos e

coletivos (Brasil, 2006c). Nas últimas décadas, tornou-se mais e mais importante cuidar

da vida de modo que se reduzisse a vulnerabilidade ao adoecer e as chances de que a

doença fosse produtora de incapacidade, de sofrimento crônico e de morte prematura de

indivíduos e população. A promoção da saúde, como uma das estratégias de produção

de saúde, ou seja, como um modo de pensar e de operar articulado às demais políticas e

tecnologias desenvolvidas no sistema de saúde brasileiro, contribuem na construção de

ações que possibilitam responder às necessidades sociais em saúde (Brasil, 2006c).

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Nesse contexto, a partir de 2004, o MS passou a adotar novos calendários de

vacinação, porém com a necessidade de introdução de novas vacinas o Ministro da

Saúde interino, José Agenor Álvares da Silva, instituiu em todo o território nacional, os

calendários de Vacinação da Criança, do Adolescente, do Adulto e do Idoso, através da

Portaria n. 1.602, de 17 de julho de 2006 (Anexos A, B e C), visando o controle, a

eliminação e a erradicação das doenças imunopreveníveis (Brasil, 2006d).

No âmbito internacional, o PNI é parte integrante do Programa Ampliado de

Imunizações (PAI), da OPAS. O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF)

participa também do Programa com apoio técnico, operacional e financeiro. O

suprimento dos imunobiológicos necessários ao Programa, sem ônus para os órgãos

executores, é de responsabilidade da instância federal que coordena a importação de

produtos e incentiva a produção nacional, através do PASNI, instituído em 1986, que a

partir de 1999 passou a ser parte integrante da Gerência de Imunobiológicos da

Coordenação do Programa Nacional de Imunizações (COPNI) (Brasil, 2001c).

O PNI tem como estratégias básicas de vacinação, a vacinação na rotina dos

serviços de saúde; a campanha de vacinação; e a vacinação de bloqueio. Entenda-se

estratégia como o caminho escolhido para atingir determinada meta (Brasil, 2001a).

2.2.3 Estratégias de vacinação

A vacinação de rotina consiste no atendimento da população no dia-a-dia do

serviço de saúde. O trabalho rotineiro proporciona o acompanhamento contínuo e

programado das metas previstas, facilitando o monitoramento sistemático (mensal ou

trimestral), de forma a identificar em tempo hábil se as metas estão sendo alcançadas

(Brasil, 2001d).

A campanha da vacinação é uma ação que tem um fim determinado e específico.

É uma estratégia com abrangência limitada no tempo, que visa, sobretudo, a vacinação

em massa de uma determinada população, com uma ou mais vacinas. A intensa

mobilização da comunidade, principalmente por meio dos veículos de comunicação de

massa, e, também, a ampliação do número de postos, faz com que a população fique

mais próxima da vacina, possibilitando o alcance de maiores contingentes e a obtenção

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de altos índices de cobertura. Considerando o alto custo financeiro e a grande

mobilização de recursos (humanos, institucionais) e da comunidade, a oportunidade da

campanha deve ser aproveitada para administrar todas as vacinas em crianças ou em

outros grupos de risco, iniciando ou completando o esquema de vacinação estabelecido

(Brasil, 2001c).

Já a vacinação de bloqueio é uma atividade prevista pelo sistema de vigilância

epidemiológica, sendo executada quando da ocorrência de um ou mais casos de doença

prevenível pela vacinação, e quando este fato provoca uma alteração não esperada no

comportamento epidemiológico da doença. Com o bloqueio a cadeia de transmissão de

doença é interrompida, mediante a eliminação dos suscetíveis, em curto espaço de

tempo. A área onde a vacinação será realizada é definida em função da situação

epidemiológica da doença, da sua transmissibilidade (taxa de ataque secundário) e do

modo como ocorre o caso ou casos. O trabalho pode ser limitado à moradia do doente,

ao seu local de trabalho ou de estudo; pode, da mesma maneira, abranger as residências

vizinhas, ou estender-se a um ou mais quarteirões ou mesmo a todo um bairro, vila ou

município (Brasil, 2001c).

É importante lembrar que a equipe de saúde deve estar atenta para evitar a perda

de oportunidades para vacinar crianças, adultos e idosos. O trabalho das equipes de

saúde com a população e as organizações da comunidade permite um melhor

aproveitamento das oportunidades. Para superar as perdas, uma tarefa essencial é

procurar sensibilizar todos os profissionais da equipe de saúde para que se envolvam na

atividade de vacinação (Brasil, 2001a).

2.2.4 Rede de frio

Para garantir que a vacina chegue até a população, é necessário que seja

armazenada e manuseada de forma adequada, garantindo assim o seu poder

imunogênico. Segundo Brasil (2001a), a conservação dos imunobiológicos desde a

produção até o momento da administração - a Rede de Frio - começou a preocupar o

PNI, principalmente a partir de 1977, mas somente em 1982 importantes investimentos

foram feitos pelo MS com a aquisição de equipamentos e a realização do 1º Curso

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Nacional sobre o tema (Brasil, 2006a).

A Rede de Frio ou Cadeia de Frio é o processo de armazenamento, conservação,

manipulação, distribuição e transporte dos imunobiológicos do PNI, desde o laboratório

produtor até o momento em que a vacina é administrada (Brasil, 2006e). O objetivo da

rede é assegurar que todos os imunobiológicos oferecidos à população mantenham suas

características iniciais, a fim de conferir imunidade. Os imunobiológicos são, em geral,

produtos termolábeis - ou seja, sofrem inativação dos componentes imunogênicos

quando expostos a temperaturas inadequadas. As normas definidas para o desempenho

da Rede de Frio são elaboradas com a participação dos coordenadores estaduais e outras

instituições afins, assegurando-se assim aceitabilidade e uniformidade de uso em todo o

País (Brasil, 2006e).

Como ponto fundamental para a garantia da qualidade dos produtos, o PNI tem

investido recursos na construção, ampliação e reforma de Centrais Estaduais de Rede de

Frio, na aquisição de equipamentos e nas capacitações para gerentes e técnicos das

diversas instâncias (Brasil, 2006e).

Em 1993, foi iniciada a construção da sede própria, do CENADE, no Rio de

Janeiro, em local cedido em regime de comodato pelo Ministério do Exército. A obra,

concluída em 1996, veio atender a necessidade de infra-estrutura e redimensionamento,

de forma a ampliar a capacidade instalada de armazenagem, onde foram construídas

duas câmaras positivas e uma negativa. O complexo passou a ser denominado Central

Nacional de Armazenamento e Distribuição de Imunobiológicos (CENADI). Em 2002

foi construída mais uma câmara negativa, totalizando 6.585 m de área de

armazenamento, distribuídos em 4.250 m em câmaras positivas e 2.248 m em câmaras

negativas, além de 87 m de área de antecâmara. Toda área tem sistema informatizado de

controle de temperatura, segurança e iluminação. A Coordenação Geral do Programa

Nacional de Imunização (CGPNI) fez parte da estrutura organizacional do Centro

Nacional de Epidemiologia (CENEPI) da FUNASA até junho de 2003 quando foi

criada a SVS. Atualmente o PNI é uma Coordenação Geral do Departamento de

Vigilância Epidemiológica (DEVEP/SVS) (Brasil, 2006e).

Segundo Martins, Maia e Homma (2008b), um dos fatores preponderantes para o

sucesso das práticas de imunização é o uso de imunobiológicos de qualidade

comprovada. Para atestar que os imunobiológicos possam ser utilizados pela população

com segurança foi criado o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde

(INCQS) - FIOCRUZ (Martins; Maia; Homma, 2008b).

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2.2.5 Controle de qualidade dos imunobiológicos

No Brasil, a ANVISA, as vigilâncias sanitárias municipais e estaduais e o INCQS/

FIOCRUZ são os principais responsáveis pelo controle de qualidade dos

imunobiológicos (Martins; Maia; Homma, 2008b). O INCQS é uma unidade técnico-

científica da Fundação Oswaldo Cruz que está diretamente articulada com o Sistema

Nacional de Vigilância Sanitária. Desde 1983 todos os lotes adquiridos pelo PNI vêm

sendo analisados pelo INCQS, antes de serem distribuídos para aplicação na população

(Martins; Maia; Homma, 2008b).

A qualidade dos imunobiológicos distribuídos, nacionais ou importados é

garantida através da análise das amostras de todos os lotes, realizada pelo Instituto

Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) da Fundação Oswaldo Cruz

(FIOCRUZ), criado em 1981. O PNI, em 1982, criou a Central Nacional de Distribuição

e Estocagem (CENADE), nas dependências da FIOCRUZ no Rio de Janeiro, onde foi

mantida até 1992 (Brasil, 2006e). Nesta época a CENADE passou para o controle da

Fundação Nacional de Saúde (FNS) e atendendo à necessidade de ampliação e

redimensionamento da infraestrutura, foram construídas duas câmaras positivas5 e uma

negativa6 em 1996 (Brasil, 2006e).

Segundo Brasil (2003a), foi criado no segundo semestre de 1985, o Programa de

Auto-Suficiência Nacional em Imunobiológicos (PASNI), que tem como objetivo

produzir vacinas em quantidade suficiente para que toda a população receba as doses

necessárias que sejam indicadas de acordo com sua faixa etária. O PASNI investiu

recursos consideráveis nos laboratórios oficiais, na recuperação da infra-estrutura, na

modernização de instalações e equipamentos, na construção de novas unidades

laboratoriais, na capacitação de profissionais especializados e, ainda, no

desenvolvimento de tecnologia nacional e transferência de tecnologia para produção de

novas vacinas. Desde 1985, os soros e vacinas são produzidos parcialmente, ou em sua

totalidade, pelos seguintes laboratórios:

− Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos) Fiocruz - RJ;

− Instituto de Tecnologia do Paraná (TECPAR) - PR; 5 Câmara Positiva são equipamentos destinados, preferencialmente, a estocagem de imunobiológicos em temperaturas positivas (aproximadamente entre +2ºC e +8ºC). 6 Câmara Negativa são equipamentos destinados, preferencialmente, a estocagem de imunobiológicos em temperaturas negativas (aproximadamente a -20ºC).

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− Instituto Vital Brazil (IVB) - RJ;

− Instituto Butantan - SP;

− Fundação Ataulpho de Paiva (FAP) - RJ;

− Fundação Ezequiel Dias (FUNED) - MG;

− Instituto de Biologia do Exército (IBEX) - RJ;

− Indústrias Químicas do Estado de Goiás (IQUEGO) - GO.

O principal fabricante de vacinas do Brasil e da América Latina é o Bio-

Manguinhos, criado em 1976, e que produz 200 milhões de doses por ano. Porém estas

doses não são suficientes para suprir as necessidades da população brasileira.

O MS tem avançado, por meio do PNI, em direção a auto-suficiência na produção

das vacinas. A mais recente iniciativa foi à criação do Programa Nacional de

Competitividade em Vacinas (INOVACINA), através da Portaria nº 972 de 3 de maio

de 2006. O PNI declara oficialmente a cooperação entre os diferentes centros

produtores de vacinas que abastecem o Sistema Único de Saúde (SUS), como o

Instituto de Imunobiológicos de Manguinhos (Bio-Manguinhos), da Fundação Oswaldo

Cruz, no Rio, e o Instituto Butantã, em São Paulo. O objetivo é garantir condições para

que o País, gradualmente, passe a produzir todas as vacinas de que precisa, deixando de

gastar mais de US$ 120 milhões na compra de imunizantes. Para criar as diretrizes do

programa de autosuficiência em imunobiológicos foi criada a Câmara Técnica de

Imunobiológicos. Além de permitir grande economia, a auto-suficiência garantirá que

todas as vacinas do plano de vacinação estejam sempre disponíveis ao SUS (BRASIL,

2006e).

2.2.6 Serviços de vacinação

O objetivo da imunização é a prevenção de doenças. Ela pode ser ativa ou passiva.

Imunização ativa é a que se consegue através das vacinas. Imunização passiva é a que se

consegue através da administração de anticorpos. As vacinações visam proteger contra

microorganismos específicos, considerados relevantes em saúde pública (Brasil, 2001e).

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As vacinas podem ser vivas ou não-vivas. As vacinas vivas são constituídas de

microorganismos atenuados, obtidas através da seleção de cepas naturais (selvagens) e

atenuadas através de passagens em meios de cultura especiais, ou em diversos

hospedeiros, ou por manipulação genética, servindo de exemplos as vacinas contra

poliomielite, sarampo, caxumba, rubéola e febre amarela. Como provocam infecção

similar à natural, têm em geral grande capacidade protetora com apenas uma dose e

conferem imunidade por longo prazo, possivelmente por toda a vida. A repetição das

doses de vacina oral contra a poliomielite (VOP) deve-se ao fato de que há na vacina

três tipos de vírus, ocorrendo interferência entre eles durante o processo de infecção

vacinal no intestino, não se conseguindo imunidade contra os três tipos de vírus com

apenas uma dose. A repetição da vacina contra o sarampo deve-se, em parte, ao fato de

que a imunidade adquirida passivamente da mãe, durante o primeiro ano de vida,

prejudica a imunização ativa contra o sarampo, não se conseguindo mais do que cerca

de 90% de proteção quando a vacina é aplicada aos nove meses de idade (Brasil,

2001e).

A organização e a implantação de um serviço de imunização transcendem em

muito a simples instituição de uma área para a aplicação de imunobiológicos. Em

consoante com os conceitos modernos de qualidade em serviços de saúde, o essencial é

o processo de vacinação como um todo, que se inicia com o planejamento para o

abastecimento de vacinas e materiais; seguido do acesso dos pacientes ao serviço, a

informação disponível ao usuário, incluída aqui a orientação acerca do imunobiológico

a ser administrado, a aplicação em si; e o seguimento do usuário ao longo de todo o

período em que deverá receber não somente eventuais doses adicionais, mas outras

vacinas que foram indicadas (Moura, 2008).

Um serviço de imunização se destina à administração de imunobiológicos com o

objetivo de imunizar contra determinadas doenças, segundo normas estabelecidas e

aceitas internacionalmente (Moura, 2008). Portanto, suas instalações devem ser

exclusivas para administração de imunobiológicos e seguir critérios mínimos: área

mínima de 6 m2, paredes laváveis, piso lavável e impermeável, pia com água corrente,

equipamentos de refrigeração adequados, tomada para uso exclusivo de cada

equipamento elétrico, boa ventilação e iluminação, evitando a incidência da luz solar

direta (Moura, 2008). Além disto, na sala de vacinação, é importante que todos os

procedimentos desenvolvidos garantam a máxima segurança, prevenindo infecções nas

crianças e adultos atendidos (Brasil, 2006a).

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Nos locais onde há grande demanda de pessoas, devem ser utilizadas duas salas

com comunicação direta, uma para a triagem e a orientação da clientela e outra para a

administração dos imunobiológicos. O ambiente deve ser acolhedor e inspirar

confiança. Ás áreas de conservação e aplicação das vacinas deve transmitir a imagem de

qualidade em todos os momentos (Moura, 2008).

2.2.7 Resíduos de sala de vacina

O resíduo da sala de vacinação é caracterizado como perigoso e comum. É

considerado resíduo perigoso o material biológico: sobras diárias de imunobiológicos

ou produtos que sofreram alteração de temperatura, ou com prazo de validade vencido;

os resíduos perfuro cortantes: agulhas, ampolas de vacinas ou vidros que se quebram

facilmente; e os outros resíduos infectantes: seringas descartáveis, algodão e papel

absorvente. Os demais resíduos da sala de vacinação são considerados lixo comum. O

lixo perigoso, por conta de sua composição, deve receber cuidados especiais na

separação, no acondicionamento, na coleta, no tratamento e no destino final. O material

usado na sala de vacina deve ser descartado conforme as normas vigentes da ANVISA e

do CONAMA (Moura, 2008).

Em toda cadeia de frio, diversos tipos de resíduos são gerados. O manejo

(segregação, coleta, tratamento, transporte e destinação final) desses resíduos merece

especial atenção tanto face aos riscos sanitários envolvidos quanto às normas legais

vigentes no nosso país (Brasil, 2001b).

Os imunobiológicos compostos de bactérias e vírus mortos ou obtidos por

engenharia genética (vacinas como Difteria, Tétano e Coqueluche (DTP), Difteria e

Tétano (Dupla Adulto-dT,) Difteria e Tétano (Dupla Infantil - DT), Haemophilus

infuenzae do tipo B (Hib), Hepatite B (HB), etc.) não precisam receber tratamento

especial antes de serem descartados (Brasil, 2006a). Segundo Brasil (2001a) tratamento

consiste na aplicação de método, técnica ou processo que modifique as características

dos riscos inerentes aos resíduos, reduzindo ou eliminando o risco de contaminação, de

acidentes ocupacionais ou de dano ao meio ambiente.

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As sobras diárias de imunobiológicos na sala de vacinação, compostos por

microorganismos vivos são as vacinas contra: sarampo, caxumba e rubéola (tríplice

viral - SCR), poliomielite oral (APO ou VOP), febre amarela (FA), a tuberculose

(Bacilo de Calmett e Guerin - BCG), contra o sarampo e a rubéola (dupla viral - SR)

assim como as vacinas monovalente7 contra a rubéola e o sarampo, e mais as sobras

diárias de imunobiológicos ou produtos que sofreram alteração de temperatura, ou que

estão com prazo de validade vencido, constituem material biológico infectante devendo

ser submetidas à descaracterização física (Brasil, 2006a). Para o tratamento pode ser

utilizado autoclave durante 15 minutos, à temperatura de 127ºC, estufa por 30 minutos a

120°C ou utilizando qualquer outro processo de inativação de microorganismos de

eficácia comprovada cientificamente. Em ambos os processos os frascos não precisam

ser abertos. Os demais resíduos são considerados resíduo comum (Brasil, 2006a).

Após tratamento em autoclave ou estufa, os frascos das vacinas deverão ter

destinação final conforme RDC nº 358/2005 do CONAMA, o Art. 2º, § XII e XIII

dizem que:

XII - o sistema de tratamento de resíduos de serviços de saúde: conjunto de unidades, processos e procedimentos que alteram as características físicas, físico-químicas, químicas ou biológicas dos resíduos, podendo promover a sua descaracterização, visando a minimização do risco à saúde pública, a preservação da qualidade do meio ambiente, a segurança e a saúde do trabalhador; XIII - disposição final de resíduos de serviços de saúde: é a prática de dispor os resíduos sólidos no solo previamente preparado para recebê-los, de acordo com critérios técnico-construtivos e operacionais adequados, em consonância com as exigências dos órgãos ambientais competentes.

Moura (2008), diz que na sala de vacina devem ser utilizados para descarte do

material utilizado: depósito para lixo com tampa e pedal; sacos para lixo (branco para o

lixo hospitalar e de outra cor para outros tipos de lixo); recipiente com paredes rígidas

para desprezar seringas e agulhas descartáveis (caixas especiais para a coleta de material

perfuro cortante). De acordo com as recomendações do Ministério da Saúde do Brasil

(2008) e do Center of Disease Control and Prevencion dos Estados Unidos (2008), o

uso de luvas não é necessário, a não ser que o profissional de saúde tenha lesões abertas

7 Vacina monovalente diz-se das vacinas que possuem um único sorotipo.

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nas mãos ou entre em contato com líquidos potencialmente infecciosos. Ressalta ainda

que, não ser necessário não significa não poder, portanto, quando utilizadas, deve-se

fazer uso das luvas de procedimento, que deverão ser trocadas a cada aplicação. Cabe

lembrar que o uso de luvas, quando indicado não substitui a lavagem das mãos, é

recomendado à lavagem com sabão comum ou antisepsia com álcool a 70º (comum ou

glicerinado) (MOURA, 2008).

Deve-se lembrar que a vacinação não se limita ao ato de aplicar a vacina, consiste

também em ações antes, durante a após a aplicação (Moura, 2008). A limpeza faz parte

destes cuidados. A limpeza sistemática da sala de vacinação e sua manutenção têm

como objetivos: prevenir infecções cruzadas, proporcionar conforto e segurança à

clientela e à equipe de trabalho, bem como manter um ambiente limpo e agradável. Para

executar a limpeza da sala de vacinação, o funcionário deve adotar os seguintes

procedimentos: usar roupa apropriada e calçado fechado; lavar as mãos; calçar as luvas

para iniciar a limpeza; recolher os sacos de resíduos e as caixas de descarte de perfuro

cortantes (Brasil, 2001f).

2.2.8 Recursos humanos em vacinação

Diante da importância e da complexidade que envolve as ações que são

realizadas na sala de vacinação, torna-se importante que os funcionários envolvidos

nesta atividade estejam adequadamente qualificados.

Preferentemente a atividade em sala de vacinação é realizada por Técnico ou

Auxiliar de Enfermagem, sendo que, a legislação profissional exige que nesse caso,

sempre deverá haver a supervisão do enfermeiro, de acordo com a Lei Federal nº 7.498,

de 25 de junho de 1986, artigo15 (Moura, 2008).

Entenda-se supervisão e monitoramento como o momento aonde se realiza a

procura ordenada das informações que se deseja obter sobre o andamento das ações,

para poder corrigir ou mudar rapidamente aspectos inadequados de seu planejamento e

execução. A supervisão deve ser considerada como uma contribuição para a melhoria da

qualidade dos serviços prestados e não como uma atividade fiscalizadora ou punitiva. O

Enfermeiro deve estar capacitado para colher informações, discutir os resultados obtidos

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em relação às metas propostas e definir novas estratégias em função dos problemas

identificados (Brasil, 2001f)

As atividades referentes à vacinação envolvem toda uma equipe de profissionais

da saúde, principalmente a equipe de enfermagem, visando garantir uma efetiva

imunização da população infantil através de ações direcionadas a este propósito (Viana,

2006).

O treinamento inicial, a educação continuada em serviço e a atualização de todos

os profissionais envolvidos na vacinação, são fatores primordiais para garantir o bom

funcionamento do serviço (Moura, 2008).

2.2.8.1 O profissional da enfermagem e o manejo dos RSS

A reorganização da Saúde Pública em 1920, no Rio de Janeiro, e as constantes

viagens de médicos brasileiros à Europa e aos Estados Unidos fizeram surgir uma nova

mentalidade sobre o papel que a Enfermeira poderia desempenhar nos programas gerais

de saúde da população. A enfermagem brasileira é integrante do sistema que se

expandiu por todas as partes do mundo como enfermagem moderna e que surgiu na

Inglaterra, implantado por Florence Nightingale8, em 1860 (Paiva et al. 1999).

Por ocasião da criação pelo Governo Federal da Inspetoria de Profilaxia da

Tuberculose, foi percebida a necessidade de um elemento que servisse de elo entre o

dispensário e o lar e esse elo deveria ser a Enfermeira. Assim, para solucionar os

problemas de Higiene e Saúde Pública, tornava-se necessária a organização de um

Serviço de Enfermeiras de Saúde Pública.

Na década de 1940 é regulamentado o ensino de enfermagem e foram criados os

primeiros cursos de Aperfeiçoamento e Especialização no Brasil, reforçando a visão da

Enfermagem como ciência. A legislação especifica da enfermagem teve inicio com o

Decreto nº 791, de 27 de setembro de 1890, determinando a criação da primeira escola

profissional de enfermeiros e enfermeiras no Hospital Nacional de Alienados (Oguisso,

2007).

8 Florence Nightingale (12/05/1820-13/08/ 1910-Londres) Enfermeira, é lembrada por seu trabalho durante a guerra da Criméia e por seu papel na Enfermagem moderna. Revista Nursing, 2001.

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No Brasil a enfermagem é exercida por distintos agentes, com níveis diversos de

formação e escolarização: enfermeiras (nível superior), técnicos de enfermagem

(habilitação plena do 2° grau), auxiliares de enfermagem (habilitação parcial do 2° grau)

(Paiva et al., 1999).

É competência do Enfermeiro privativamente: direção do órgão de Enfermagem

integrante da estrutura básica da instituição de saúde, pública ou privada, e chefia de

serviço e de unidade de Enfermagem; organização e direção dos serviços de

Enfermagem e de suas atividades técnicas e auxiliares nas empresas prestadoras desses

serviços; planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços da

assistência de Enfermagem; consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria de

Enfermagem; consulta de Enfermagem; dentre outros (COREN, 1986).

O Técnico de Enfermagem exerce atividade de nível médio, envolvendo

orientação e acompanhamento do trabalho de Enfermagem em grau auxiliar e o Auxiliar

de Enfermagem exerce atividades de nível médio, de natureza repetitiva, envolvendo

serviços auxiliares de Enfermagem sob supervisão (COREN, 1986).

Com base na legislação de enfermagem discute-se a responsabilidade dos

enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem. A responsabilidade sempre teve uma

conotação de obrigação, encargo, compromisso ou dever de satisfazer ou executar

alguma coisa, que se convencionou ou deva ser satisfeita ou executada ou, ainda

suportar as sanções ou penalidades decorrentes dessa obrigação (Oguisso; Schimt, 1999

apud Oguisso, 2007).

O COREN-MG através da Deliberação Nº. 172/06 regulamentou as competências

do profissional Enfermeiro na elaboração e gerenciamento do PGRSS e dos demais

profissionais de enfermagem.

Segundo a Resolução do COFEN nº 303 de 23 de junho de 2005, o Enfermeiro

pode assumir a coordenação como responsável técnico do PGRSS. E como integrante

da equipe de saúde deve desenvolver atividades relativas ao manejo dos resíduos com o

objetivo de prevenir e reduzir os riscos a saúde e ao meio ambiente, organizar

treinamentos, participar de programas de segurança do trabalho e prevenção de

acidentes e manter atualizados seus conhecimentos quanto ao manejo dos RSS

(COREN-MG, 2006).

É da competência dos Técnicos e Auxiliares de Enfermagem participar das

atividades de educação em saúde e desempenhar as atividades designadas pelo

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Enfermeiro relativas ao manejo dos RSS, com o objetivo de prevenir acidentes, infecção

e doenças profissionais e do trabalho (COREN-MG, 2006)

Para que a ações preconizadas sejam realizadas com segurança e competência é

necessário que os profissionais estejam sendo permanentemente capacitados, através de

uma política de qualificação dos profissionais devido às necessidades de atualização

permanente. Acredita-se que esta também é uma preocupação do MS, que instituiu no

ano de 2004, a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (Portaria nº 198/04

GM/MS), como estratégia do SUS e para a formação e o desenvolvimento dos

trabalhadores da saúde (Backes, 2005).

A educação continuada é o componente essencial dos programas de formação e

desenvolvimento de recursos humanos das instituições. O desenvolvimento da equipe

de enfermagem é um dos fatores que pode assegurar a qualidade do atendimento ao

cliente e a sobrevivência da instituição neste cenário de mudanças e competitividade

(Silva; Conceição; Leite, 2008).

Oguisso (2007) afirma que, sendo o capital humano o elemento mais importante

no funcionamento de qualquer empresa, grande ou pequena, pública ou privada, ele

deve ser objeto de análises permanentes e de adequação de funções para melhorar a

eficiência do trabalho, a competência profissional e o nível de satisfação do pessoal.

Na área da saúde, especificamente na enfermagem, a busca por um processo

educativo contínuo tem sido uma constante, no sentido de garantir uma assistência de

qualidade à população, promovendo e melhorando as competências técnico-científicas,

culturais, políticas, éticas e humanísticas dos trabalhadores (Backes et al, 2005).

A Resolução RDC nº 33/2003 da ANVISA determina que programas de

capacitação junto ao setor de recursos humanos devem fazer parte do PGRSS. Os

profissionais envolvidos no gerenciamento dos resíduos devem ser capacitados na

ocasião de sua admissão e mantidos sob treinamento periódico. Além dos trabalhadores

dos serviços de saúde, também os das firmas terceirizadas de limpeza e os trabalhadores

das companhias municipais de limpeza manuseiam os RSS e estão expostos aos riscos

inerentes quando esses resíduos são mal gerenciados (Garcia, 2004).

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2.2.8.2 O profissional da limpeza e o manejo dos RSS

A sala de vacina é um local que deve ser mantida limpa para evitar que as vacinas

e os insumos sejam contaminados o que poderia prejudicar a aplicação dos

imunobiológicos disponíveis para a população. A limpeza sistemática da sala de

vacinação e sua manutenção têm como objetivos: prevenir infecções cruzadas,

proporcionar conforto e segurança à clientela e à equipe de trabalho, bem como manter

um ambiente limpo e agradável. A limpeza deve ser realizada diariamente, ao término

do turno de trabalho, para que a sala fique pronta e organizada para o inicio do trabalho

no dia seguinte, ou sempre que necessário (Brasil, 2001c).

O manuseio dos RSS é a operação mais importante sob o ponto de vista de

higiene e segurança do trabalho e permeia todas as etapas da gerência. A limpeza nas

unidades de saúde é um importante agente no manejo direto dos RSS e, portanto,

necessita do uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI). EPI é todo dispositivo

ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos

suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde do trabalhador (Hoeppner, 2006).

Este serviço é realizado por pessoas que são contratadas por serviços privados de

limpeza, ou pelas secretarias estaduais ou prefeituras, que utilizam as mais diversas

formas de recrutamento e seleção, que normalmente é designado como auxiliar de

serviços gerais, como informado pelo Secretario de Obras da Prefeitura Municipal de

Coronel Fabriciano (PMCF).

Essa operação envolve risco potencial de acidente, principalmente para os

profissionais que atuam na coleta, no transporte, no tratamento e na destinação final dos

resíduos. Os fatores de riscos a que os profissionais geradores e os de limpeza estão

sujeitos podem ser do tipo mecânico, biológico, químico, físico. Com o objetivo de

proteger as áreas do corpo expostas ao contato com os resíduos, os funcionários devem

obrigatoriamente usar EPI conforme previsto na NR 6 do Manual de Segurança e

Medicina do Trabalho (Cussiol, 2000).

É um direito dos trabalhadores interromperem suas tarefas sempre que

constatarem evidências que, segundo o seu conhecimento, representem riscos graves e

iminentes para sua segurança e saúde ou de terceiros, comunicando imediatamente o

fato ao seu superior para as providencias cabíveis. Também, é seu direito receber as

orientações necessárias sobre prevenção de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho

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e uso dos equipamentos de proteção coletivos e individuais fornecidos gratuitamente

pelo empregador (Hoeppner, 2006).

No manejo dos RSS deve ser observada a utilização de alguns EPI, como luvas,

avental, gorro, sapato fechado e mascara. Segundo Almeida (2003) o uso e o

fornecimento de EPI é disciplinado pela Lei nº 6.514/1977, Medicina e Segurança do

Trabalho e pela Portaria nº 3.214/1978 do Ministério do Trabalho e Emprego. No

Quadro 4 pode ser visualizado quais equipamentos devem ser utilizados para o

manuseio de resíduos de sala de vacina.

QUADRO 4: EPI’s que devem ser utilizados pelos responsáveis pelo manuseio dos RSS

EPI Descrição

Uniforme (calça comprida e camisa com manga), no mínimo de tamanho ¾ ou comprida, de tecido resistente, de cor clara, específico para o uso do funcionário do serviço, de forma a identificá-lo de acordo com a sua função. O branco foi usado na foto só como referência.

Luvas de pvc, impermeáveis, com antiderrapantes nas palmas das mãos, resistentes, de cor clara, preferencialmente branca e de cano longo (no mínimo ¾).

Botas de pvc, impermeáveis, resistentes, de cor clara, preferencialmente branca, com cano ¾ e solado antiderrapante.

Gorro de cor branca e de forma a proteger os cabelos

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Fonte: Brasil, 1978; Autora.

De acordo com NR 69 do Ministério do Trabalho e Emprego (Brasil, 1978), as

pessoas que usam os EPI e manuseiam os RSS, devem saber que a empresa fornece aos

empregados, gratuitamente, os EPI que são adequados ao risco e em perfeito estado de

conservação e funcionamento. Será obrigação do empregado, usar o EPI apenas para a

finalidade a que se destina; responsabilizar-se por sua guarda e conservação; não portá-

los para fora da área técnica; comunicar ao empregador quaisquer alterações que os

tornem impróprios para uso (Hoeppner, 2006).

Todos os EPI’s utilizados pelos profissionais que lidam com resíduos de serviços

de saúde têm que ser lavados e desinfetados diariamente; sempre que ocorrer

contaminação por contato com material infectante, os EPI’s devem ser substituídos

imediatamente e enviados para lavagem e desinfecção (Hoeppner, 2006).

9 NR6: Trata dos Equipamentos de Proteção Individual (206.000-0/I0)

QUADRO 4: Cont.

Máscara deve ser respiratória, tipo semifacial e impermeável.

Óculos deve ter lente panorâmica, incolor, ser de plástico resistente, com armação em plástico flexível, com proteção lateral e válvulas para ventilação.

Avental de pvc, impermeável, de comprimento abaixo dos joelhos e fechado ao longo de todo o seu comprimento

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3 MATERIAL E MÉTODOS

Para atingir os objetivos formulados, o trabalho foi conduzido em etapas

conforme será descrito a seguir. Toda a execução foi permeada pela revisão

bibliográfica.

3.1 Área de estudo

O presente trabalho foi realizado no município de Coronel Fabriciano, localizado

na mesoregião do Vale do Aço10, no Leste do Estado de Minas Gerais (Figura 4) e fica a

198 Km de Belo Horizonte, tendo uma área de 222,08 km2, uma população estimada de

102.588 habitantes (Coronel Fabriciano, 2009).

10 A Região Metropolitana do Vale do Aço é um aglomerado urbano formado por quatro cidades: Coronel Fabriciano, Ipatinga, Santana do Paraíso e Timóteo. Os quatro municípios se uniram para buscar soluções inovadoras para os problemas comuns. No entorno da Região Metropolitana estão 22 cidades que integram o Colar Metropolitano (Teixeira, 2005).

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FIGURA 4: Mapa da região metropolitana do Vale do Aço, Leste de Minas Gerais. Fonte: Ipatinga-MG11

O município de Coronel Fabriciano é o centro geográfico do Vale do Aço e se

enquadra na condição de cidade de prestação de serviços nas áreas do comércio, lazer,

educação e cultura. No município residem funcionários da Usinas Siderúrgica de Minas

Gerais S/A - Usiminas, Arcelor Mital (antiga Acesita), Usimec, Cenibra, Prefeitura de

Ipatinga, Timóteo e tantos outros empregados de empreiteiras que atuam nas áreas

dessas empresas. Nas áreas de serviços públicos, é sede regional de órgãos do Estado,

como a 9ª Superintendência Regional de Ensino, a Gerência Regional de Saúde (GRS),

a 40ª Coordenadoria Regional do Departamento de Estradas de Rodagem de Minas

Gerais (DER-MG), a Administração Fazendária e a Agência da Receita Federal

(Coronel Fabriciano, 2009).

Segundo a PMCF (Coronel Fabriciano, 2009), na área econômica, o comércio

engloba 3.561 estabelecimentos registrados, de variados ramos. O setor prestador de

serviços envolve 3.275 nomes registrados com destaque para o ramo de Hotelaria. Nos

transportes, a cidade é servida por linhas regulares de ônibus para Belo Horizonte e

muitas outras cidades. No ramo bancário, nove agências servem o município. Conta

ainda com 202 pequenas indústrias, muitas em expansão, especialmente a partir da

reestruturação do Distrito Industrial I e a perspectiva de criação de uma nova unidade.

11 Disponível em: www.ipatinga.mg.gov.br. Acesso em: 25 abr. 2009

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O município conta com água tratada provida pela Companhia de Saneamento de

Minas Gerais (COPASA), energia elétrica fornecida pela Centrais Elétricas de Minas

Gerais (CEMIG), esgoto, limpeza urbana, telefonia fixa e telefonia celular. O

abastecimento de água da rede geral atende a 93% dos domicílios e 81% da população

possui escoadouro sanitário (Coronel Fabriciano, 2009).

O GRS de Coronel Fabriciano é realizado pela Vital Engenharia Ambiental que

fica localizada na Br 381, no Km 235. A Vital Engenharia Ambiental faz parte do grupo

Queiroz Galvão. A Central de Resíduos do Vale do Aço foi fundada em 15 de setembro

de 2003. Localizada no Município de Santana do Paraíso, a Central possui área de 144

mil metros quadrados, sendo 100 mil metros quadrados de área verde e 44 mil metros

quadrados para o depósito dos resíduos. Recebe em média 2,02 t de RSS por mês das

unidades de saúde do município (Vital Engenharia Ambiental, 2009).

A Coordenação do Serviço de Limpeza Urbana (SLU) é realizada pela Secretaria

Municipal de Obras e Serviços Urbanos (SMOSU), cabendo a ela planejar, executar e

coordenar obras, além de desenvolver e fiscalizar as atividades como coleta de lixo,

varrição e capina de vias públicas. Segundo informações do Gerente de Serviços

Urbanos do município de Coronel Fabriciano, o recolhimento dos RSS nas UBS é

realizado seguindo um cronograma com roteiro previamente estabelecido e com

conhecimento das fontes geradoras como mostrado no Quadro 5.

QUADRO 5: Roteiro da coleta dos RSS de Coronel Fabriciano

UBS/USF Frequência Horário

JK manhã 4ª e 6ª feira Santa Terezinha manhã 5ª Feira Mangueiras manhã Todos os dias Floresta manhã Todos os dias Caladão manhã 3ª e 5ª feira APS manhã 3 vezes por mês Amaro Lanari manhã Todos os dias Caladinho tarde 2ª, 4ª e 6ª feira Centro tarde Todos os dias Morro do Carmo tarde 2ª feira São Domingos tarde Todos os dias Santa Cruz tarde Todos os dias Fonte: Coronel Fabriciano, 2009.

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A rede municipal de saúde é composta por doze UBS; uma equipe da Estratégia

de Saúde da Família (ESF); duas equipes do Programa de Agentes Comunitários de

Saúde (PACS); dezoito consultórios odontológicos, destes, seis instalados UBS, 12 em

escolas municipais/estaduais; um Centro de Especialidades e Programas de Saúde

(Coronel Fabriciano, 2009). Além destes, o ambulatório de práticas de saúde, que fica

localizado nas dependências do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais,

Unileste-MG, atende aos pacientes que residem na circunvizinhança do Centro

Universitário, prestando serviço de imunização. Na Figura 5 são apresentadas fotos de

algumas fachadas das UBS do município.

A

B

C

D A: Unidade de Saúde do Caladão; B: Unidade de Saúde do Amaro Lanari; C: Unidade de Saúde do Bairro São Domingos; D: Unidade de Saúde do Bairro Santa Terezinha. FIGURA 5: Fachada de algumas das UBS Coronel Fabriciano. Fonte: Autora.

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3.2 Tipologia da Pesquisa

Considerando a natureza do problema em estudo, foi desenvolvida uma pesquisa

descritiva com abordagem qualitativa utilizando observação participante e entrevistas.

Segundo Gil (2002) pesquisa descritiva tem como objetivo primordial a

descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o

estabelecimento de relações entre as variáveis. Uma de suas características mais

significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o

questionário e a observação participante.

Os estudos de pesquisa qualitativa diferem entre si quanto ao método, à forma e aos objetivos. Godoy (1995) apud Neves (1996) ressalta a diversidade existente entre os trabalhos qualitativos e enumera um conjunto de características essenciais para identificar de forma capazes de identificar uma pesquisa deste tipo, a saber: 1- o ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como instrumento fundamental; 2-o caráter descritivo; 3-o significado que as pessoas dão as coisas e à sua vida como preocupação do investigador; 4-enfoque indutivo.

A observação participante é um método de pesquisa em que o observador

participa da vida diária das pessoas em estudo, tanto abertamente no papel de

pesquisador, como assumindo papéis disfarçados, observando fatos que acontecem,

escutando o que é dito e questionando as pessoas ao longo de um período de tempo.

A observação participante promove o envolvimento no grupo e o contato direto e

pessoal com os atores. Com este método, o pesquisador obtém respostas, muitas vezes

sem que tenha por elas procurado, podendo obter informações a mais as quais não

conseguiria apenas com as entrevistas (Schuengue, 2005).

Foi desenvolvido um questionário semi-estruturado destinado aos Enfermeiros,

Técnicos e Auxiliares de Enfermagem (Apêndice A), outro para ser respondido pelos

funcionários responsáveis pela limpeza da sala de vacina (Apêndice B) e outro para o

Secretário de Saúde (Apêndice C).

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3.3 Coleta dos Dados

3.3.1 Identificação das fontes de geração de RSS das salas de vacinação

Foi realizado contato preliminar, com a Secretaria Municipal de Saúde de

Coronel Fabriciano (Apêndice D), para autorização da pesquisa e para acesso as salas

de vacinação existentes no município, sendo que a Vigilância Epidemiológica (VE) é

responsável pelo controle e acompanhamento das atividades de vacinação realizadas.

Na Tabela 1 pode se observado o número de doses das vacinas aplicadas nas

crianças menores de 1 ano em 2008:

TABELA 1: Número de crianças menores de 5 anos vacinadas em Coronel Fabriciano de jan a dez de 2008

Meta HEP B BCG Tetravalente APO Rotavirus FA SCR 1427 1454 1579 1454 1454 1213 1497 1366

Fonte: Coronel Fabriciano, 2009.

Foram realizadas as Campanhas de Vacinação programadas para o ano de 2008

sendo: contra a poliomielite para as crianças menores de cinco anos, a primeira etapa foi

realizada em junho e a segunda em agosto, sendo aplicadas 9304 e 8301 doses,

respectivamente; aplicação da vacina contra a rubéola em toda a população na faixa

etária dos 12 aos 49 anos, tanto do gênero feminino quanto masculino, sendo aplicadas

um total de 48.292 doses; vacinação contra a gripe realizado em abril de 2008 para a

população na faixa etária acima de 60 anos, sendo o número de doses aplicadas de 8.286

da vacina influenza (Coronel Fabriciano, 2009).

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3.3.2 Observação Participante

Visando conhecer os aspectos gerais das salas de vacinação, identificar as fontes

geradoras dos resíduos e conhecer a diversidade de resíduos que são gerados

atualmente, bem como o seu gerenciamento foi realizada a observação participante.

Como roteiros da observação participante, foram utilizados os formulários (FMR-

01, FMR-03, FMR-06, FMR-10, FMR-12 e FMR-14) adaptados do Projeto Reforço à

Reorganização do Sistema Único de Saúde12 (REFORSUS) (BRASIL, 2001 e). Esses

formulários (ANEXO D) correspondem às seguintes etapas do PGRSS a ser

apresentado:

FMR-01 – Segregação e acondicionamento;

FMR-03 – Armazenamento externo;

FMR-06 – Coleta interna única;

FMR-10 – Coleta externa;

FMR-12 – Tratamento externo;

FMR-14 – Disposição final

3.3.3 Entrevistas com os funcionários diretamente envolvidos na gestão

dos RSS

Após contato inicial por telefone, foi marcado dia e horário para a realização das

entrevistas. Utilizou-se como instrumento de coleta de dados um questionário semi-

estruturado com questões referentes ao acondicionamento e destino dos resíduos

aplicado à enfermeira e ao funcionário da sala de vacina (Técnico ou Auxiliar de

Enfermagem) (Apêndice A), contendo 15 questões e aos funcionários da limpeza

(Apêndice B) com o objetivo de avaliar o conhecimento destes profissionais quanto ao

conhecimento do manejo dos RSS, contendo 10 questões.

12 O Projeto Reforço à Reorganização do Sistema Único de Saúde (REFORSUS) é uma iniciativa do Ministério da Saúde com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Banco Mundial de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD). Brasil (2001e).

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Foi realizada também uma entrevista com o Secretário da Saúde de Coronel

Fabriciano utilizando-se um roteiro contendo 08 perguntas (Apêndice C).

Todas as entrevistas foram realizadas no próprio local de trabalho do

entrevistado, sendo utilizada uma sala na própria unidade de saúde para assegurar a

preservação do sigilo e anonimato de seus depoimentos. Para manter a fidelidade das

repostas foi utilizado um gravador da marca Panasonic e um MP3 da marca Sony. No

caso do Secretario da Saúde e de Obras do município de Coronel Fabriciano, a

entrevista foi realizada no gabinete de trabalho, e no caso da Coordenadora da Vital

Engenharia Ambiental, que é a empresa terceirizada responsável pelo tratamento dos

RSS, na sua sala de trabalho, com posterior visita às instalações da Central de Resíduos

do Vale do Aço para complementar as informações. As entrevistas tiveram um tempo

médio de 20 min. cada uma, exceto a realizada com o Secretario da Saúde que teve a

duração de 50 min.

A entrevista semi-estruturada articula as duas modalidades existentes de

entrevista, a não-estruturada e a estruturada, onde o sujeito aborda livremente o assunto

proposto e obedecem as perguntas previamente formuladas, respectivamente. Trata-se

de uma técnica bastante usual no trabalho de campo, a qual se relaciona aos valores, às

atividades e às opiniões dos sujeitos entrevistados, configurando-se em uma conversa a

dois em propósitos bem definidos (Minayo apud Silva, 2008).

Na realização das entrevistas foram respeitados os princípios éticos que

regulamentam a pesquisa envolvendo seres humanos e que garantem o sigilo e

informações dos resultados, segundo a Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de

Saúde (Brasil, 1996). Os objetivos e a justificativa da pesquisa foram apresentados a

cada um dos entrevistados, sendo garantido anonimato pelo uso de um número para a

identificação.

Foi apresentado ao participante o Termo de Consentimento do Entrevistado

(Anexo E) e o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (Anexo F) para que fossem

lidos e depois de entendido e aprovado, assinado como voluntários da pesquisa. Foi

garantido o sigilo e o anonimato aos entrevistados, bem como, o respeito à privacidade

quanto aos dados confidenciais e à liberdade de desistir da participação a qualquer

momento, sem nenhum prejuízo ou dano decorrente da pesquisa com o Termo de

Compromisso do Entrevistador (Anexo G).

Para preservar o anonimato dos entrevistados quando forem apresentados os

dados das salas de vacinas das unidades de saúde que fazem parte da pesquisa elas serão

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tratadas por números (Unidade 1, e assim sucessivamente), que foram selecionados pela

pesquisadora através de sorteio sem a participação de terceiros.

Atendendo aos aspectos éticos legais, este projeto de pesquisa foi encaminhado ao

Comitê de Ética do Centro Universitário de Caratinga-UNEC, tendo sido aprovado na

reunião realizada em 19 de dezembro de 2008 (Anexo H).

Através de oficio encaminhado a pesquisadora, a Vital Engenharia Ambiental

autorizou a pesquisadora a utilizar as fotos feitas na área onde fica situado a Central de

Tratamento dos Resíduos do Vale do Aço, desde que seja dado o devido crédito à

empresa (Anexo I).

3.3.4 Sujeitos da pesquisa ou População da amostra

A população da amostra pesquisada foi constituída por funcionários da

Secretaria da Saúde de Coronel Fabriciano sendo: 39 profissionais da Equipe de

Enfermagem, destes 18 Enfermeiras e 21 Auxiliares de Enfermagem (constituindo

100% dos trabalhadores da Equipe de Enfermagem que atuam na sala de vacina, que é o

caso das técnicas, ou na supervisão que é função da Enfermeira), e 21 Auxiliares de

Serviços Gerais. Além destes também foram entrevistados o Secretário de Saúde de

Coronel Fabriciano, a Coordenadora da Vital Engenharia Ambiental e o Gerente da

Secretaria de Obras da PMCF.

Para evitar que alguma das participantes pudesse ser identificada todas as

profissionais de nível médio (Técnicas ou Auxiliares de Enfermagem), no texto serão

denominadas Técnicas de Enfermagem. Vale salientar que todos os participantes são do

gênero feminino tanto da Equipe de Enfermagem como as Auxiliares de Serviços

Gerais.

A visita a Vital Engenharia Ambiental foi realizada no dia 05 de maio de 2009, e

durante a permanência nas dependências da empresa a pesquisadora foi acompanhada

pela Senhora Marlene Maria de Souza que é assistente administrativa, que descreveu

todo o processo de funcionamento do serviço. Na sequência o senhor Raimundo,

responsável pela Unidade de Tratamento de RSS, fez as orientações acerca de todo

processo de esterilização.

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Considerando ser importante ouvir o Secretario de Saúde de Coronel Fabriciano

para que ele pudesse expressar a situação do município em relação RSS. A entrevista foi

realizada no seu Gabinete no dia 24 de abril de 2009, com duração aproximada de 50

min. O resultado desta conversa foi colocado nos resultados e discussão inserida onde

for pertinente.

A visita a Vital Engenharia Ambiental foi realizada no dia 05 de maio de 2009, e

durante a permanência nas dependências da empresa a pesquisadora foi acompanhada

pela Assistente Administrativa da Empresa, que descreveu todo o processo de

funcionamento do serviço. Na sequência o responsável pela Unidade de Tratamento de

RSS, fez as orientações acerca de todo processo de esterilização dos RSS.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O resultado da pesquisa será apresentado em etapas, sendo a primeira, a análise

das entrevistas realizadas com as Enfermeiras e com as Técnicas ou Auxiliares de

Enfermagem e em seguida as entrevistas com as funcionárias que realizam a limpeza

diária na sala de vacina, caracterizando o serviço das salas de vacina e o conhecimento

destes profissionais sobre o manejo dos RSS e a observação participante que foi feita

em momentos diversos. Na segunda parte será apresentada a análise gravimétrica. As

opiniões emitidas durante a entrevista realizada com o Secretario da Saúde, serão

inseridas nos resultados conforme seja pertinente.

4.1 Caracterização das Salas de Vacinação

Para atender as necessidades de saúde de seus cidadãos, o sistema municipal de

saúde de Coronel Fabriciano é composto por 12 UBS que ficam assim distribuídas:

− Unidade Básica de Saúde do Centro

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− Unidade de Saúde Santa Terezinha

− Unidade de Saúde do Mangueiras

− Unidade de Saúde do Amaro Lanari

− Unidade de Saúde do Caladinho

− Unidade de Saúde do JK

− Unidade de Saúde São Domingos

− Unidade de Saúde Morro do Carmo

− Unidade de Saúde do Floresta

− Unidade de Saúde do Santa Cruz

− Unidade de Saúde Ambulatório de Práticas de Saúde

− Unidade de Saúde da Família do Caladão

Estas UBS são responsáveis pela prestação do serviço de saúde à população que

residem nos bairros que são assim setorializados:

− Setor 1 - bairros: Centro, Santa Helena, Professores, Nossa Senhora da Penha,

Nossa Senhora do Carmo, Todos os Santos, Manoel Domingos, Nazaré, Santa

Terezinha, Bom Jesus.

− Setor 2 - bairros: Caladinho, Aparecida do Norte, Jacinto das Neves,

Universitário, Morada do Vale, Industrial Novo Reno, Pomar, Barbosa, Pedreira,

Nova Tijuca.

− Setor 3 - bairros: Amaro Lanari, Mangueiras, Santa Terezinha II, Ponte Nova,

Aldeia do Lago.

− Setor 4 - bairros: Melo Viana, Giovannini, Belvedere, Santo Eloy, J.K., Vila

Bom Jesus, Olaria, Florença, São Domingos, Recanto Verde.

− Setor 5 - bairros: Santa Cruz, Silvio Pereira I, São Geraldo, Santa Rita, Sílvio

Pereira II, Santa Inês, São Vicente, Santa Luzia, Pedra Linda, José da Silva

Brito, Córrego Alto.

− Setor 6 - bairros: Floresta, Surinan, Alipinho, Planalto, Santo Antônio, Gávea,

Manoel Maia, Frederico Ozanan, Judith Bhering, Jardim Primavera, Tranqüilão,

Caladão / Potyra, Contente, São Cristóvão, Residencial Fazendinha.

As salas de vacina obedecem ao horário de funcionamento da UBS, porém os

horários não são padronizados e nem sempre coincidentes. As salas de vacina

funcionam no período da manhã das 7h as 13h, no da tarde de 13h as 19h , o período

parcial é aquele em que a sala atende 7h as 11h e de 13h as 17h e o integral é aquele em

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que a unidade atende das 7h às 19h, ininterruptamente. Salienta-se que as salas de

vacina das UBS de Coronel Fabriciano, não funcionam em tempo integral, apenas

41,66% operam em acordo com a sugestão do Ministério da Saúde (Tabela 2).

TABELA 2: Horário de funcionamento da sala de vacina

Horário de Funcionamento Sala de Vacina %

Manhã 4 33,34

Tarde 2 16,66

Parcial 1 8,34

Integral 5 41,66

Total 12 100

Fonte: Autora.

O funcionamento das salas de vacina de forma regular garante o atendimento das

necessidades daqueles que procuram a UBS evitando inclusive a perda da oportunidade

de vacinar. A sala de vacina é aberta com a chegada do funcionário às 7h, porém, o

atendimento ao público só começa, aproximadamente, uma hora após, pois existe uma

rotina necessária para que a sala seja organizada e fique preparada para atender de

forma adequada aos usuários.

No início da jornada a funcionária deve verificar se a sala está limpa e em ordem;

verificar e anotar a temperatura do refrigerador ou refrigeradores, no mapa de controle

diário de temperatura; retirar do refrigerador de estoque as quantidades de vacinas e

diluentes necessárias ao consumo na jornada de trabalho; colocar estas vacinas e os

diluentes nas caixas térmicas com gelo reciclável e com o termômetro de cabo extensor

(Brasil, 2001a).

Brasil (2001a) sugere que a sala de vacina deve ficar aberta para atendimento ao

público de 8h às 17h, sem interrupção, para atender a todos que necessitem deste

serviço. A sala de vacina deve ser mantida em funcionamento durante todo o

expediente, aproveitando todas as oportunidades para o incentivo e atualização vacinal

Garantir assim atendimento ininterrupto, de todas as atividades (consultas médicas e de

enfermagem, vacinação, entre outros) durante um período mínimo de 10h/diárias,

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inclusive durante o horário de almoço, reuniões gerais e treinamento dos profissionais,

com revezamento dos trabalhadores das diferentes categorias.

O horário de funcionamento das salas de vacina deve refletir uma expectativa de

boas práticas para a atenção à saúde, o que valoriza o cuidado com a saúde da

população. Segundo Brasil (2001a) um dos principais fatores que determina a

manutenção de baixas coberturas vacinais é, sem dúvida, a perda de oportunidade para

vacinar a clientela-alvo. Existe uma necessidade importante de manter asseguradas

coberturas elevadas de forma homogênea13, evitando que crianças, gestantes e adultos

em geral não sejam vacinadas devido ao horário de funcionamento da sala de vacina, o

que desmotiva a população a acreditar nos serviços e a retornar para a busca da vacina.

Eliminando as oportunidades perdidas de vacinação contribui-se para que sejam

alcançadas as metas de vacinação, índices imprescindíveis para o controle das doenças

imunopreveníveis (Brasil, 2001f).

De acordo com a entrevista realizada com o Secretario da Saúde, o município

tem uma receita financeira inferior a necessidade para manutenção de um quadro de

pessoal adequado a necessidade da sala de vacina. Opinião está que é corroborada pela

Coordenadora da Vigilância Epidemiológica (VE), através de comunicação pessoal, de

que a falta de pessoal em sala de vacina deve-se, além do já citado pelo secretário,

principalmente a questão da Lei de Responsabilidade Fiscal, pois o município não pode

gastar com Recursos Humanos mais do que é pactuado, e definido pela Lei supra citada.

A Lei de Responsabilidade Fiscal14 descreve que é necessária a existência de obediência

a limite de geração de despesas com pessoal. O municipio tem como limite para

despesa total com pessoal (em percentual da receita corrente líquida) um total de 60%,

segundo o Ministério da Fazenda/Tesouro Nacional.

Segundo comunicação pessoal do Assessor de Comunicação Social da PMCF, o

município gasta com o pagamento da folha de pessoal cerca de 48% da sua receita

mensal. Como em todos os lugares do mundo, este ano a recessão também trouxe

implicações, visto que houve uma queda na receita gerando como consequência um

13 Cobertura homogênea: Quando a proporção de pessoas vacinadas em diferentes áreas é bastante aproximada dentro de um mesmo município, ou entre municípios dentro de um estado, ou entre os estados de um país. Índices nacionais, estaduais e até municipais encobrem variações de cobertura, pois agregam áreas com percentuais abaixo do preconizado (Brasil, 2001a). 14 A Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, intitulada Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF, estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, mediante ações em que se previnam riscos e corrijam desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, destacando-se o planejamento, o controle, a transparência e a responsabilização como premissas básicas.

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menor repasse de verbas. O aumento populacional do municipio não trouxe um aumento

de recursos, e sim uma maior responsabilidade na utilização deles para a realização dos

serviços públicos básicos, como educação, saneamento, saúde e segurança, sem

considerar a manutenção das vias urbanas e a preservação do patrimônio público.

Certamente que toda atividade necessita do elemento humano para ser desenvolvida e as

da sala de vacina certamente está incluída.

O número de funcionários que trabalham nas salas de vacina, também varia de

acordo com a UBS onde se encontra (Tabela 3).

TABELA 3: Número de Técnicos de Enfermagem por sala de vacina das UBS

No de salas de vacina No de Técnicas de Enfermagem

por Sala de Vacina Total de Técnicos

7 2 14

4 1 4

1 3 3

Total 12 - 21

Fonte: Autora

Apenas sete salas de vacina possuem na rotina diária duas funcionárias

trabalhando, mas elas trabalham uma em cada turno como pode ser verificado na

observação participante. As atividades da sala de vacinação são desenvolvidas pela

equipe de enfermagem, com treinamento específico no manuseio, conservação e

administração dos imunobiológicos. A equipe é composta, preferencialmente, por dois

técnicos ou auxiliares de enfermagem, para cada turno de trabalho. A supervisão e o

treinamento em serviço são realizados por um enfermeiro (Brasil, 2001f). No caso da

função do Enfermeiro Responsável Técnico em 50%s das UBS esta função só é suprida

em um único turno de trabalho (manhã ou tarde). Na outra metade das UBS os dois

turnos são supridos com a permanência de duas Enfermeiras, uma no turno matutino e

outra no vespertino. A equipe pode ser ampliada, dependendo da demanda ao serviço de

saúde (Brasil, 2001f).

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Segundo Brasil (2001f), a falta de pessoal compromete a continuidade de qualquer

serviço. Por isso, o planejamento dos recursos humanos necessários ao trabalho de

vacinação é feito considerando o diagnóstico da situação quanto a este recurso

estratégico. Para a manutenção das atividades de vacinação deve ser levado em conta o

seguinte:

− Em cada local de vacinação é importante garantir, pelo menos, um profissional

para triagem e o registro e outro para a administração das vacinas; estas

atividades podem ser feitas por uma única pessoa, mas num ritmo mais lento;

− É importante garantir pessoal capacitado para substituir os profissionais da sala

de vacinação no caso de férias, licença médica, dispensa ou transferência, a fim

de evitar a paralisação das atividades;

− É importante garantir a presença, sistemática e contínua, de um supervisor

técnico (enfermeiro, médico ou outro profissional capacitado) para acompanhar

e avaliar o desenvolvimento do trabalho.

Verificou-se que o número de funcionários Técnico de Enfermagem em sala de

vacina é aquém do necessário, pois segundo o Brasil (2001c) deveria existir em cada

local de vacinação pelo menos, um profissional para triagem e o registro e outro para a

administração das vacinas. Além disto, seria importante também garantir a presença do

Enfermeiro em cada turno de trabalho, para supervisionar avaliar e acompanhar o

funcionamento e as atividades desenvolvidas também. A supervisão em sala de vacina

tem a função de ajudar o profissional a melhorar a qualidade do serviço e

conseqüentemente a melhoria da qualidade do atendimento prestado a população

(Brasil, 2001c). O Enfermeiro assim como o Técnico de Enfermagem, são profissionais

de extrema importância, para ajudar a comunidade a entender a finalidade da vacinação,

e que esta ação vai ajudá-los na manutenção da qualidade de vida (Brasil, 2001c).

A qualidade de vida das pessoas e do seu meio ambiente tem a vacinação como

aliado. A Norma Operacional Básica do SUS de 1996 (NOB/SUS 96), que tem como

modelo de gestão e de atenção o enfoque epidemiológico que é centralizado exatamente

neste aspecto destaca a importância da vacinação (Brasil, 1996b).

Das salas de vacinação que ficam nas UBS de Coronel Fabriciano somente 25%

delas tem entrada e saída independentes. Este é um item essencial, pois ajuda não só no

desenvolvimento das atividades na sala, mas evita que a pessoa permaneça no interior

da UBS sem necessidade. Quanto aos demais quesitos todas as salas precisam de algum

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item a ser revisto ou vários deles, havendo uma necessidade premente de adequações a

serem realizadas como pintura, mobiliário e organização da sala.

A sala de vacinação, sendo o local destinado à administração dos

imunobiológicos, deve garantir a máxima segurança, cujo objetivo será prevenir

infecções nas crianças e adultos atendidos. É importante que todos os procedimentos

desenvolvidos sejam feitos em instalações adequadas. Para as atividades do dia a dia

deve ter materiais de consumo (termômetro de cabo extensor, termômetro de máxima e

mínima, termômetro digital, gelo reciclável, bandeja plástica perfurada, garrafa plástica

com água, caixas térmicas) e outros insumos importantes de escritório. Deve ser levado

em conta também um mínimo de condições, a saber: bancada com pia, torneiras com

fechamento que dispense o uso das mãos, as paredes e o piso devem ser laváveis, porta

papel toalha, sob a bancada porta-dispensador de sabão líquido, lixeira com tampa e

pedal, 1 refrigerador 280 ou 320 litros, interruptor exclusivo para cada equipamento

elétrico, arejamento e iluminação adequados, evitando a incidência de luz solar direta, 1

mesa tipo escritório com gavetas, 3 cadeiras, armários, computador e deve ter entrada e

saída independentes, se possível, como pode ser visto na Figura 6 (Brasil, 2001a; Brasil,

2006b).

FIGURA 6: Fluxo básico da sala de vacinação Fonte: Brasil (2001a, p.51).

Sendo um ambiente utilizado em boa parte por usuários sadios, na determinação

dos fluxos de pacientes é previsto que a localização da sala de vacinação seja em um

local onde exista uma porta de forma que o usuário não transite nas demais

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dependências da UBS. A equipe de enfermagem deve programar a execução da

atividade de vacinação, de forma a possibilitar maior eficiência na utilização dos

imunobiológicos, sem que isso promova limitação do acesso (Brasil, 2006b).

Para maiores detalhes devem ser consultados os Manuais do Ministério da

Saúde.15

Segundo Moura (2008, p. 137),

As instalações físicas para as atividades de vacinação são regulamentadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde do Brasil (ANVISA/MS), de acordo com a RDC, n° 50, de 21 de fevereiro de 2002, da ANVISA que considera ser a sala de imunização como Atribuição I: Prestação de atendimento eletivo de promoção e assistência a saúde em regime ambulatorial.

Durante a permanência na UBS foi constatado que apesar da proposta de que a

sala de vacina tenha 6,00m2 (RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002, ANVISA p. 35 a

39) (Brasil, 2002b) apenas uma das 12 salas de vacina tem uma medida compatível com

o preconizado.

Todas as salas visitadas possuem aparelho de ar condicionado para manutenção da

temperatura do ambiente em torno de 18ºC a 20ºC, o que permite um manuseio

adequado dos imunobiológiocos preparados para serem aplicados na população.

Os equipamentos encontrados nas salas de vacina visitadas como a geladeira, nem

todas são adequados necessitando de manutenção ou mesmo a troca por uma mais

moderna que possua as três prateleiras aonde são organizados os imunobiológicos para

serem conservados até sua aplicação. Algumas salas de vacina não têm bancada

apropriada para o preparo dos imunobiologicos, assim como o fichário ou arquivo está

em condições inadequadas de uso. Em algumas das salas a mesa para o atendimento

precisava ser trocada ou mesmo ser realizada uma reciclagem. Em todas as salas

visitadas nenhuma tem três cadeiras na sala de vacina, para o funcionário e o usuário

(mãe e criança). O suporte para papel toalha e o dispenser para sabão liquido não

existem ou os que existem precisam ser trocados. Em todas as salas não existe um

armário com porta para guarda de material que é usado no dia a dia. A organização

interna das salas também precisa ser revisto, pois algumas possuem nas paredes cartazes

15 Disponíveis em: www.saude.gov.br/svs/publicacoes

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89

e enfeites que não devem ser colocados, assim como paredes necessitando de pintura e

reforma do piso.

4.2 Conhecimento das Enfermeiras e Técnicas sobre o Gerenciamento das

Salas de Vacina

As Enfermeiras e Técnicas de Enfermagem foram questionadas quanto ao

conhecimento que tinham acerca dos RSS. Na Tabela 4 pode-se observar que 91,67%

das enfermeiras sabem o que significa RSS ao contrário das Técnicas de Enfermagem,

onde 100% delas referiram não saber o significado.

TABELA 4: Resposta das Enfermeiras e Técnicas de Enfermagem acerca de saber o que é RSS

Sabem o que é RSS?

Enfermeira Técnica de Enfermagem Frequência % Frequência %

Sabem 17 94,44 0 0

Não sabem 1 5,56 21 100

Total 18 100 21 100

Fonte: Autora

As Enfermeiras que responderam afirmativamente que sabiam o significado dos

RSS foram solicitadas a dizer o que entendiam ser RSS: 82,35% (14 enfermeiras)

disseram “são os resíduos da unidade de saúde”; 5,88% (uma enfermeira) disse: “agora

que você me explicou eu sei”, 5,88% (uma enfermeira) disse “Resíduos de serviço de

saúde, se trata do destino correto de armazenamento e desprezo de todo material

utilizado na sala de vacina” e 5,88% (uma enfermeira) disse questionando: “são as

vacinas?”.

Os RSS, comumente associados à denominação “Lixo Hospitalar”, representam

uma fonte de riscos à saúde e ao meio ambiente, devido principalmente à falta de

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adoção de procedimentos técnicos adequados no manejo das diferentes frações sólidas e

líquidas geradas (Brasil, 2001e). Estes resíduos são compostos por diferentes frações

geradas nos estabelecimentos de saúde, que vão desde os materiais perfuro cortantes

contaminados com agentes biológicos, peças anatômicas, produtos químicos tóxicos e

materiais perigosos (solventes, quimioterápicos, produtos químicos fotográficos,

formaldeído, radionuclídeos, mercúrio, etc.), até vidros vazios, caixas de papelão, papel

de escritório, plásticos descartáveis e resíduos alimentares que, se não forem

gerenciados de forma adequada, representam fontes potenciais de impacto negativo no

ambiente e de disseminação de doenças, podendo oferecer perigo para os trabalhadores

dos estabelecimentos de saúde, bem como para os pacientes e para a comunidade em

geral (Brasil, 2001e).

Nas respostas dadas pelas Enfermeiras e Técnicas de Enfermagem, constatou-se

que os profissionais ainda não estão atualizados quanto ao conceito dos RSS, e como

deve ser desenvolvido o gerenciamento destes materiais produzidos na sala de

vacinação. É importante que os conceitos estejam claros para que os RSS possam ser

descartados da forma adequada (caixa coletora rígida, saco branco leitoso, saco preto,

resíduo comum), e que estes conceitos sejam utilizados no dia a dia relacionados às

atividades exercidas na sala de vacinação, para que exista um correto manejo dos RSS,

desde a geração até a disposição final, de acordo com o disposto na legislação vigente

do CONAMA e da ANVISA.

Apesar do conhecimento insuficiente acerca dos RSS por parte das profissionais

entrevistadas em todas as salas de vacina visitadas as funcionárias realizam a

segregação. A segregação é o ponto fundamental de toda a discussão sobre a

periculosidade ou não dos resíduos de serviços de saúde. Apenas uma parcela é

potencialmente infectante, contudo, se ela não for segregada, todos os resíduos que a ela

estiverem misturados também deverão ser tratados como potencialmente infectantes,

exigindo procedimentos especiais para o manejo (acondicionamento, coleta, transporte e

disposição final), elevando assim os custos do tratamento desses resíduos (Garcia,

2004).

Uma funcionária disse: “o que fura e corta vai para a caixinha, o restante vai

para o saco plástico”.

Segundo Takayanagui (1993) a segregação é o primeiro passo que deve ser feito

no instante em que o resíduo é produzido e no próprio local aonde ele é gerado. Ela

deve ser feita de acordo com as categorias classificatórias e tem como objetivo

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racionalizar os recursos, impedir a contaminação de grande quantidade de lixo,

intensificar as medidas de proteção e segurança e facilitar a ação em casos de acidentes

ou emergências.

A sala de vacina produz na rotina do serviço resíduos do Grupo A, do Grupo D,

assim como resíduos do Grupo E que são os materiais perfuro cortantes ou

escarificantes. Não foi observado resíduos dos Grupos B e C devido ao fato de na sala

de vacina não existir a geração destes resíduos. Não foi observado durante o período da

pesquisa manuseio posterior a segregação.

Segundo o Secretario da Saúde não existe um profissional específico para

coordenar as ações do gerenciamento dos RSS no município. Quando existe

necessidade de participação em algum treinamento, curso ou evento referente ao meio

ambiente ou a resíduos ele comparece ou designa um dos Coordenadores da Saúde para

comparecer.

Quanto ao conhecimento da Resolução RDC/ANVISA nº 306/2004, que trata

sobre o GRSS, 100% das Enfermeiras conhecem. Foram questionadas onde e de que

forma tinham ouvido falar:

“Eu fui a um local (evento) em que recebi um texto como alerta”. (Enfermeira 1) “Na aula de uma professora aqui no Unileste; no CD da disciplina de saúde coletiva, as normas para a sala de vacina, ouvi falar na faculdade”. (Enfermeiras 2, 4, 6, 8 e10) “A primeira vez foi quando fiz pós-graduação”. (Enfermeira 3 e 17) “Internet e colegas, mas não aprofundei o conhecimento”. (Enfermeira 5, 11,12 e 16) “Foi uma exigência do hospital aonde eu trabalhava na época, que eu era responsável pelo serviço municipal de saúde e também no site do COREN e da ANVISA também”. (Enfermeira 9) “Durante o curso de enfermagem do UNILESTE fiz um trabalho para uma disciplina em que eu tive que ler sobre a RDC”. (Enfermeira 14 e 15 18) “Já ouvi falar sobre a resolução, mas nada muito específico foi ressaltado mesmo orientações sobre o destino dos materiais utilizados na sala de vacina (no curso de capacitação). (Enfermeira 7 e 13)

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A maior parte das Enfermeiras o que corresponde a 66,67% tiveram informações

acerca do PGRSS, durante o curso de graduação em Enfermagem ou na pós-graduação,

ambos no Unileste-MG, de onde são oriundas a maioria das funcionárias pesquisadas.

A grade curricular, desta e de outras universidades, poderia ter como disciplina

obrigatória o PGRSS, para que os profissionais formados por elas pudessem

desenvolver um trabalho eficaz a partir das informações recebidas. Através da formação

científica, existe a possibilidade de aumentar o conhecimento dos que vão lidar com os

resíduos sólidos de saúde, o que certamente vai propiciar a melhoria das condições

básicas da qualidade ambiental e de vida da comunidade.

Das Enfermeiras entrevistadas (33,33%) informaram que leram na internet o que

significa a RDC. A internet é um recurso que pode e deve ser utilizado para busca de

conhecimento, desde que sejam acessados sites confiáveis. A internet é um grande

conjunto de redes de computadores interligadas pelo mundo inteiro. Estes computadores

estão de forma integrada viabilizando a conectividade independente do tipo de máquina

utilizada. Para manter essa multicompatibilidade se usa um conjunto de protocolos e

serviços em comum, podendo assim, os usuários a ela conectados usufruírem de

serviços de informação. A Internet surgiu a partir de um projeto da agência norte-

americana Advanced Research and Projects Agency (ARPA) objetivando conectar os

computadores dos seus departamentos de pesquisa. Ela nasceu a partir da ARPANET,

que interligava quatro instituições: Universidade da Califórnia, LA, Santa Bárbara e

Instituto de Pesquisa de Stanford e Universidade de Utah, tendo início em 1969 (Brasil

Escola, 2009). A internet é uma forma rápida de aprendizado e hoje também já são

disponibilizados cursos de ensino a distância (EAD) de forma extremamente

competente. Na internet já existem disponibilizados cursos de gerenciamento de

resíduos perigosos, com 80h com a duração de aproximadamente um mês.

Para as Enfermeiras que disseram saber do que trata a RDC foi solicitado que a

descrevesse:

“Trata dos lixos das unidades de saúde”. (Enfermeira 1,5,12 e 17) “Bom eu li que fala sobre o que é produzido tanto no hospital como na unidade de saúde, como seringas e agulhas, material de curativo. As normas de como este material deve ser descartado. É isso mesmo?”. (Enfermeiras 2, 4, 6, 7, 8,10 e 11) “Não sei se é isto, mas ao ler entendi que é uma resolução que fala como deve ser organizado o lixo nas unidades de saúde. Assim, tem que organizar

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desde a hora que a gente mexe até quando chega ao destino final”. (Enfermeira 3, 9,13, 14, 15, 16 e 18)

Não basta a descrição do que significa uma resolução e muito menos existir

dúvidas quanto ao seu significado. Existe a necessidade da correta compreensão da

resolução e de que ela seja colocada em prática. O enfermeiro deve entender que faz

parte da sua atividade profissional orientar a equipe que esteja sob a sua coordenação,

quanto á importância do gerenciamento de resíduos. É importante que haja um

entendimento de que as atividades cotidianas do serviço de vacinação produzem uma

quantidade de resíduos apreciável, alguns com características de que podem representar

riscos à saúde tanto dos profissionais quanto da população em geral.

O Enfermeiro deve estar capacitado e ter o adequado conhecimento da legislação

que regulamenta o manuseio dos RSS, pois terá o entendimento necessário das medidas

de higiene e segurança que permitirão que o pessoal, além de proteger sua própria

saúde, desenvolva com maior eficiência seu trabalho. Deverá ter o entendimento de que

o PGRSS trata-se de um conjunto de procedimentos de gestão, feito a partir de bases

cientificas, normativas e legais, cujo objetivo é preservar a saúde pública, os recursos

naturais e do meio ambiente.

Por outro lado, apenas 14,29% (3 profissionais) das Técnicas de Enfermagem

disseram conhecer o que são os RDC e 85,71% (18 profissionais) relataram nunca ter

ouvido falar. Para aquelas que disseram conhecer foi solicitado que descrevesse o que

trata a RDC.

“Já ouvi falar, mas o que ela assegura não sei explicar”. (Técnica de Enfermagem 6) “Não sei explicar”. (Técnica de Enfermagem 8) “Sei que é alguma coisa de lixo, mas não sei falar”. (Técnica de Enfermagem 9)

Pela resposta dada pelas Técnicas de Enfermagem percebe-se que os cursos de

formação profissional podem não estar contemplando a Legislação vigente que trata dos

RSS e sua importância, ou mesmo na época em que elas fizeram o curso este conteúdo

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não foi estudado devido a RDC/ANVISA e CONAMA ainda não estar em vigor. Isto

demonstra a necessidade de que sejam revistos os conteúdos programáticos também dos

cursos de nível médio para favorecer um conhecimento mais adequado destes

profissionais, e oferecido treinamentos e curso de atualização pelos gestores.

As Enfermeiras mesmo com um conhecimento aquém do desejado, responderam

com maior conhecimento cientifico, o que demonstra que os anos de estudo concluídos

são um importante fator. O gerenciamento correto dos resíduos sólidos significa não só

controlar e diminuir os riscos, mas também alcançar a minimização dos resíduos desde

o ponto de origem, que elevaria também a qualidade e a eficiência dos serviços que

proporciona o estabelecimento de saúde. Um sistema adequado de manejo dos resíduos

sólidos em um estabelecimento de saúde permitirá controlar e reduzir com segurança e

economia os riscos para a saúde associados aos resíduos sólidos (OPAS, 1997).

Quanto ao seguimento das normas de biossegurança para o acondicionamento dos

materiais perfuro cortantes nas salas de vacina, 88,88% das enfermeiras (16

profissionais) e 95,23% (20 profissionais) das técnicas de enfermagem responderam

positivamente (Tabela 5).

TABELA 5: Resposta das Enfermeiras e Técnicas de Enfermagem quando questionados se o acondicionamento de materiais perfuro cortantes é realizado conforme as normas de biossegurança

O acondicionamento de materiais perfuro cortantes é realizado conforme as normas

de biossegurança?

Enfermeira Técnica de Enfermagem

Frequência % Frequência %

Sim 16 88,88 20 95,23

Não 2 11,12 1 4,77

Total 18 100 21 100

Fonte: Autora

Alguns comentários foram feitos acerca do assunto perguntado, a saber:

“Não tem suporte se a criança chegar e mexer pode acontecer um acidente e não tem outro local para colocar” (Técnica de enfermagem 5) “Na verdade o descartex fica no chão” (Técnica de enfermagem 2)

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“Na verdade acho que ainda tem coisas que devem ser feitas para que as normas estejam todas corretas”. (Enfermeira 18)

Existe no Brasil regulamentação para o acondicionamento de alguns tipos de RSS

como os sacos plásticos e os recipientes para os resíduos perfuro cortantes. Algumas

destas normas segundo Cussiol (2000) preconiza:

− Resíduo infectante - recipiente (lixeira) com tampa e pedal, sinalizado com o

símbolo internacional de risco biológico (NBR 7500), (Brasil, 200c) forrado

com saco plástico tipo II, regulamentado para resíduo infectante, conforme NBR

9190 (Figura 7A);

− Resíduos perfuro cortantes - recipiente rígido, inquebrável, reforçado, estanque e

sinalizado com o símbolo internacional de risco biológico (Figura 7B),

− Resíduo comum - recipiente forrado com saco plástico do tipo I, regulamentado

para resíduo comum, conforme NBR 9190 (Figura 7C).

A

B

C

A: Caixa coletora de resíduos infectantes; B: Caixa coletora de resíduos perfuro cortantes; C: Caixa coletora de resíduo comum.

FIGURA 7: Coletores de RSS. Fonte: Autora.

No recipiente de perfuro cortante também devem ser acondicionados os frascos

contendo restos de vacina, que após serem devidamente fechados, para uma maior

segurança, conforme a NBR 9190 e a NBR 9191, deverão ser colocados em sacos

plásticos específicos para resíduos da classe A (Brasil, 2001a).

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Das técnicas de enfermagem (95,23%, 20 profissionais) informaram que o

acondicionamento dos materiais é feito de acordo com as normas de biossegurança,

porém duas técnicas apresentaram a informação que apesar de utilizar a caixa rígida

(descartex), o local para colocá-lo é inadequado (algumas ficam em cima da pia ou

embaixo sem ter o suporte protetor), demonstrando que elas têm consciência dos

problemas, mas não possuem espírito de ação para buscar soluções para resolvê-los.

A Figura 8 mostra o local aonde permanece o descartex em uma das salas de

vacina do município pesquisado.

FIGURA 8: Localização do descartex na sala de vacina Fonte: Autora.

Segundo a NR 32 o recipiente que acondiciona os perfuro cortantes deve ser

mantido em suporte exclusivo e na altura que permita que a abertura para descarte seja

visualizada (Brasil, 2006b).

É correto o local onde o descartex (Figura 10) está, porém falta o suporte pois ele

não deve ficar em contato direto com a bancada para evitar molhar a caixa, o que teria

como conseqüência o amolecimento das paredes da caixa coletora, o que poderia causar

um acidente durante o manuseio.

A observação permitiu a oportunidade de verificar que algumas dessas caixas

eram montadas de forma incorreta (Figuras 9A e B), ou com excesso de conteúdo

interno, como pode ser visto na Figura 9C.

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A B C A e B: Caixas montadas de forma inadequada; C: Caixa com conteúdo acima do permitido

FIGURA 9: Caixas coletoras de perfuro cortante. Fonte: Autora.

Segundo Cussiol (2000), o preenchimento da caixa acima do limite que é

estabelecido pelo fabricante é condenável tendo em vista a segurança dos funcionários.

O excesso de material compromete o sistema natural de fechamento e o lacre da caixa.

Na tentativa de "fechar" e "lacrar" as caixas, são utilizados vários centímetros de

esparadrapo, o que resulta em gasto adicional sem que haja a garantia de estarem esses

recipientes fechados de maneira segura, pois freqüentemente, os esparadrapos

despregam da caixa. Conforme pode ser constatado durante a observação participante, e

como pode ser visto na Figura 10 que comprova a afirmação de Cussiol (2000), como

uma realidade vivenciada nas salas de vacina de Coronel Fabriciano.

FIGURA 10: Caixa fechada com esparadrapo Fonte: Autora.

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Também nas unidades pesquisadas durante o armazenamento temporário as caixas

não são colocadas dentro do saco branco.

Nas salas de vacina pesquisadas foi observado que em 33,34% existem duas

lixeiras (Figura 11) como é preconizado, uma para resíduo infectante (saco plástico

branco) e outra para resíduo comum (saco plástico preto). Em 100% das salas foi

encontrada, a caixa de papelão para os resíduos perfuro cortantes. Em algumas salas de

vacina o acondicionamento não ocorre de forma efetiva, sendo apenas separados os

resíduos perfuro cortantes, ficando os demais em saco branco.

FIGURA 11: Lixeiras com pedal com saco branco e preto e caixa Fonte: Autora

Em 66,66% das salas também pode ser observado que a lixeira não tem tampa e

que o descartex permanece no chão ou em outro local sem a devida proteção do suporte,

como pode ser visto na Figura 12A. Em 8,34% (Figura 12B) existe somente uma lixeira

com tampa e pedal contendo saco branco, para recolhimento de todo resíduo gerado na

sala de vacina. Nas outras 25,0% existem lixeiras sem tampa com saco branco que

recolhem todos os resíduos comuns e infectantes.

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A

B

A: Lixeira sem tampa e descartex no chão; B: Lixeira com saco branco e pedal para resíduo infectante.

FIGURA 12: Recipientes para recolhimento dos RSS em sala de vacina. Fonte: Autora

Analisando a situação percebeu-se que uma possível causa dessas misturas esteja

relacionada com a falta de capacitação dos funcionários para efetuar a segregação e o

acondicionamento adequados dos resíduos Como verificado que 75,00% das Técnicas

de Enfermagem disseram nunca ter ouvido falar na RDC 306/04 que trata do

gerenciamento dos resíduos de sala de vacina.

Durante a observação participante constatou-se que, apesar da existência das

lixeiras para resíduo infectante e para resíduo comum, alguns funcionários descartam os

resíduos em qualquer lixeira, misturando os infectantes com os recicláveis (Figura

13A), comuns e mesmo com os perfuro cortantes (Figuras 13B e C).

A

B

C

A: Saco preto contendo mistura de resíduos descartados; B: caixa coletora com resíduos excedendo o recomendado; C: caixa coletora com luva de procedimento que ali não deve ser descartada.

FIGURA 13: Recipientes para os RSS. Fonte: Autora

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O acondicionamento dos RSS deve ser de realizado imediatamente após a

segregação, e consiste no descarte dos RSS de acordo com suas características, em saco

e/ou recipientes impermeáveis resistentes à ruptura e vazamento. O resíduo comum

pode ser descartado em sacos de classe I que pode ter cores variadas. Devem ser

observados principalmente materiais cortantes, perfurantes e líquidos. Os sacos servem

como barreira física, reduzindo os riscos de contaminação, facilitando a coleta, o

armazenamento e o transporte.

Segundo Cussiol (2000), alguns dos principais cuidados que o gerador do resíduo

e o funcionário da limpeza devem ter para evitar acidentes no manuseio são: nunca

reencapar, entortar ou desconectar as agulhas usadas do corpo da seringa; nunca

exceder o limite de enchimento dos recipientes que acondicionam os resíduos; os EPI a

serem utilizados devem ser os indicados para a execução do trabalho; as mãos devem

sempre ser lavadas antes e depois de calçar e de retirar as luvas; os EPI não descartáveis

devem ser higienizados diariamente e guardados em local apropriado; os EPI que são

descartáveis desprezá-los no local apropriado; nunca esquecer objetos perfuro cortantes

na roupa que será encaminhada para lavar.

Bidone e Povinelli (1999 apud Confortin, 2001), dizem que o acondicionamento

conjunto dos RSS junto com os resíduos comuns leva à contaminação da mistura, tendo

como resultado uma massa de resíduos potencialmente infectantes, com aumento de

volume, aumento de custos com transporte, com o tratamento adequado e a destinação

final. No entanto, a segregação adequada permite que os resíduos comuns possam

seguir cursos diferentes a partir da coleta, inclusive sendo reciclados.

Nas salas de vacinas pesquisadas em nenhuma delas existiam sacos ou recipientes

devidamente identificados. Com exceção das caixas de resíduos perfuro cortantes que já

traz a identificação do fabricante. A identificação é o conjunto de medidas que permite

o reconhecimento dos resíduos contidos nos sacos e recipientes, fornecendo

informações ao correto manejo dos resíduos. As lixeiras estavam todas com sacos

brancos ou pretos.

Ao conversar com os profissionais da UBS interrogando do porque as lixeiras

não estarem com os sacos brancos, conforme a regulamentação. A informação prestada

foi que temporariamente os sacos plásticos branco leitoso do tipo II, regulamentado para

resíduo infectantes e especiais, conforme NBR 12.808, estavam em falta devido a algum

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problema burocrático. Constatou-se a veracidade da informação, pois alguns dias depois

os sacos com a identificação (Figura 14) já haviam sido entregues para uso.

FIGURA 14: Saco coletor com a identificação de resíduo Fonte: Autora

Ao serem questionadas sobre o que são imunobiológicos, 100% das enfermeiras

disseram saber o que era, entretanto ao serem solicitadas a descrever o que são

imunobiológicos, nem todas souberam traduzir ou expressar o significado adequado.

Apenas 50% delas enunciaram o significado, algumas comentaram:

“São as vacinas?” (Enfermeira 1) “São as vacinas”. (Enfermeiras 8, 11 e 12) “Ai meu Deus difícil de falar, são substâncias que servem para ativar o sistema imunológico”. (Enfermeira 3) “São materiais que ativam a imunidade sim, são substâncias que ajudam a que as pessoas não sejam contaminadas”. (Enfermeira 6 e 7) “São medicações, vai imunizando o organismo das pessoas contra determinadas patologias. São as vacinas e os soros que são utilizados no PNI”. (Enfermeira 9 e 10) “Funcionam como antígenos que são utilizados (administrados) bactérias e vírus (inativado ou atenuado) para que o organismo produza uma resposta específica; proporcionando assim a defesa contra determinada doença”. (Enfermeiras 2,4,5,13,14,15,16,17 e 18)

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Já 95,23% das Técnicas de Enfermagem responderam saber o que são

imunobiológicos e nem todas responderam de forma adequada quando solicitadas a

descrever o que são imunobiológicos:

“Já ouvi, mas esqueci o que é”. (Técnica de Enfermagem 1) “São as vacinas que a gente trabalha com elas, que ao tomar vai conferir imunidade”. (Técnica de Enfermagem 2,3,5,6,9,10,11,12,16,17,18) “São as vacinas que o ministério da saúde entrega pra gente estar imunizando as crianças e adultos também, que a gente usa, são os vírus vivos ou produtos de vírus ou bactérias” (Técnica de Enfermagem 4,7,8, 13, 14,15,19,20,21)

Segundo Brasil (2001a) imunobiológicos são os soros heterólogos, as

imunoglobulinas e as vacinas utilizadas na população que deles necessite (Brasil,

2001d). Dentre as vacinas a serem aplicadas algumas contém na sua composição

micoorganismos vivos que são: FA, SCR, SR, Rubéola monovalente, Sarampo

monovalente, APO, ROTAVÍRUS e BCG (Figura 15).

Quando questionadas sobre o conhecimento de quais vacinas tem na sua

composição microorganismos vivos, 100% das Enfermeiras e das Técnicas disseram

saber quais são, mas quando solicitadas a dizerem quais vacinas são estas, apenas duas

Enfermeiras relataram todas e apenas uma das Técnicas de Enfermagem o fez mesmo

lidando diariamente com estas substâncias.

Para a segurança de um correto manejo dos RSS, ou da redução dos riscos da

saúde ambiental, torna-se necessário que 100% desses profissionais tenham

conhecimento de quais são as vacinas que possuem microorganismos vivos.

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103

A

B

C

D

A: Vacina contra a Febre Amarela; B: Vacina contra a poliomielite; C: Vacina tríplice viral contra o sarampo, a caxumba e a rubéola; D: Vacina BCG contra a tuberculose

FIGURA 15: Frascos e ampolas de vacinas e diluentes. Fonte: Autora.

É importante que os funcionários que trabalham na sala de vacina ou os

Enfermeiros Supervisores tenham conhecimento do esquema de vacinação por faixa

etária, da composição de cada uma das vacinas, do local e via de aplicação, dos eventos

adversos que podem acontecer, do tempo de utilização das vacinas depois de abertos os

frascos, das condições de refrigeração em que as vacinas devem ser mantidas, entre

outros, para garantir que as vacinas sejam aplicadas de forma adequada. Também é

importante o conhecimento de que as vacinas que tem na sua composição

microorganismos vivos sejam descartadas adequadamente, reduzindo assim o risco de

contaminação ambiental, assim como as sobras diárias das vacinas destes compostos

que constituem materiais biológicos infectantes devendo receber tratamento antes de

serem descartados na natureza. É indicado que sejam submetidas a descaracterização

física utilizando autoclaves durante 15 minutos, à temperatura de 127ºC, ou estufa por

30 minutos a 120° C. Pode também utilizar qualquer outro processo de inativação de

microorganismos desde que a eficácia seja comprovada cientificamente (Brasil, 2004).

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Quando o material perfuro cortante, como ampolas e frascos contem resíduos de

material infectante (imunubiológicos contendo microorrganismos vivos) estes devem

ser descartados em uma caixa de paredes rígidas, em separado dos demais resíduos

perfuro cortantes (Figura 16).

FIGURA 16: Frascos e ampolas de vacinas e diluentes em descartex. Fonte: Autora.

O município de Coronel Fabriciano mantém convênio com a Vital Engenharia

Ambiental para tratamento dos resíduos inclusive os que necessitam de esterilização por

meio do processo de autoclavagem, atendendo a todas as Normas Ambientais da

ANVISA e seguindo as orientações dos órgãos fiscalizadores (FEAM e CONAMA). O

processo de autoclavagem é totalmente automatizado e dura aproximadamente 1h8min.

A autoclavagem é um tratamento térmico que consiste em manter o material

contaminado sob pressão à temperatura elevada (170°C), através do contato com o

vapor d’água, para destruir todos os agentes patogênicos. As etapas do processo de

autoclavagem estão ilustradas na Figura 17. Todo o manuseio é realizado sem que os

funcionários tenham contato direto com os resíduos.

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A

B

C

D

E

F

A: manuseio das caixas com seringas; B: acondicionamento dos resíduos; C: condução dos resíduos; D: carregamento dos resíduos; E: fechamento da autoclave; F: vista lateral da autoclave Modelo: CFVPG-300

FIGURA 17: Processo de autoclavagem dos resíduos infectantes. Fonte: Vital Engenharia Ambiental, 2009.

Durante a visita ao setor de autoclavagem da Vital Engenharia Ambiental, todo

processo foi explicado pelo Coordenador e pode ser observada cada uma das etapas.

Pode-se constatar que os resíduos ali depositados são tratados atendendo as normas dos

órgãos fiscalizadores.

Quando as Enfermeiras e Técnicas de Enfermagem foram questionadas se as

vacinas que contêm na sua composição microorganismos vivos sofrem tratamento pela

Secretaria Municipal antes de serem descartadas, 100% disseram que não.

Algumas Técnicas de Enfermagem que trabalham há mais tempo com este tipo de

serviço, referiram que o processo de esterilização era realizado através de fervura antes

das vacinas serem descartadas no lixo comum, mas que há bastante tempo nada é feito,

e que hoje os frascos são colocados nas caixas coletoras sem nada ser realizado. Isto

demonstra que esses profissionais desconhecem que o município dispõe de um serviço

adequado e com capacidade de submeter estes materiais a um tratamento antes da

disposição final.

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Todas as Enfermeiras e Técnicas de Enfermagem entrevistadas citaram como

resíduo comum: papel de secar a mão; plástico; copo, embalagens, que não vão trazer

prejuízo, o material de escritório, e na sala de vacina, seria o invólucro da seringa; o

cartão de vacina que às vezes é rasgado e a tampa do bisel da agulha. Ainda citaram os

que não têm contato com sangue ou com secreções corpóreas, as embalagens. Também,

100% delas identificaram como sendo resíduo contaminado: luvas de procedimento;

algodão sujo de sangue; fita de glicemia, agulhas, seringas utilizadas e frascos de

vacinas, material contaminado pelo paciente com secreções.

Os RSS, apesar de representarem uma pequena parcela dos resíduos sólidos, são

compostos por diferentes frações geradas nos estabelecimentos de saúde,

compreendendo desde os materiais perfuro cortantes contaminados com agentes

biológicos, peças anatômicas, produtos químicos tóxicos e materiais perigosos

(solventes, quimioterápicos, produtos químicos fotográficos, formaldeído,

radionuclídeos, mercúrio, etc.), até vidros vazios, caixas de papelão, papel de escritório,

plásticos descartáveis e resíduos alimentares que, quando não são gerenciados de forma

adequada, sendo misturados aos RSS representam fontes potenciais de impacto negativo

no ambiente, pois apresentam potencial para disseminar de doenças, podendo oferecer

perigo para os funcionários dos estabelecimentos de saúde, bem como para os pacientes

e para a comunidade em geral (Brasil, 2001e).

Partindo do princípio que só uma pequena parte dos resíduos derivados da atenção

à saúde necessita de cuidados especiais, uma adequada segregação diminui

significativamente a quantidade de RSS contagiados, impedindo a contaminação da

massa total dos resíduos gerados (Brasil, 2001e).

O RSS é um reservatório de microorganismos potencialmente perigosos. Pode

disseminar microorganismos resistentes no ambiente; causar ferimentos, por meio dos

materiais radioativos e dos perfuro cortantes, tais como, agulhas, lâminas, bisturis entre

outros; e provocar envenenamento e poluição, seja pelo derramamento de produtos

como antibióticos e drogas tóxicas ou mercúrio, conforme alerta a OMS, ao falar do

manejo do lixo de saúde (Costa, 2004).

Basicamente, a maneira mais efetiva de se evitar tais riscos é através da

prevenção. A adoção de condutas seguras no manuseio dos resíduos e o

acondicionamento e armazenamento adequados reduzem, em muito, os riscos de

acidentes. Para isto, é necessária a implementação de estratégias cuidadosamente

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planejadas, o que é conseguido através de um sistema de gerenciamento de resíduos

(Cussiol, 2000).

Segundo Takayanagui (1993), a determinação do volume de resíduos gerados,

bem como de suas características físico-químicas e microbiológicas constituem-se

fatores importantes para o equacionamento da solução adequada para o problema de

qualquer tipo de resíduo.

Para verificar se a Secretaria de Saúde do município promove educação

continuada para o correto manejo dos RSS foi perguntado as Enfermeiras e Técnicas de

Enfermagem se já haviam participado de algum treinamento, curso ou reciclagem

acerca dos RSS promovido pela Secretaria de Saúde de Coronel Fabriciano, 100% das

entrevistadas referiram que a Secretaria nunca havia promovido nenhum curso,

treinamento ou reciclagem acerca dos RSS.

Alguns comentários feitos pelas Enfermeiras e Técnicas de Enfermagem:

“Seria muito importante participar de treinamento, não só de resíduos, mas de sala de vacina, que todo tempo está mudando.” (Enfermeira 1) “Desde que fui admitida nunca houve nenhum treinamento sobre lixo, já participei de vários cursos e treinamentos sobre outros assuntos, mas sobre resíduos nunca.” (Enfermeira 5) “Não fiz uma capacitação em sala de vacina durante uma semana, onde foi abordado o tema de armazenamento e destino dos resíduos de sala de vacina, e percebi q existe muita coisa a ser modificada”. (Enfermeira 1) “Eu participei de treinamento de vacinas, mas até então não foi feito nada não. Teve um treinamento com as alunas do unileste, mas sobre sala de vacina, de lixo nunca”. (Técnica de Enfermagem 7) “Não fiz uma capacitação em sala de vacina durante uma semana, onde foi abordado o tema de armazenamento e destino dos resíduos de sala de vacina, e percebi q existe muita coisa a ser modificada”. (Enfermeira 7 e 13) “Não, curso não é a preocupação deles, então fica em falta. Aqui só é passado verbal quando a gente chega no setor, a informação só é falada. Não tem curso nenhum...” (Técnica de Enfermagem 10)

Na área da saúde, vários autores enfatizam a importância de um “staff” de

enfermagem preparado e capacitado por agentes autorizados e competentes, para

melhorar o sistema de gerenciamento dos resíduos sólidos produzidos nestes serviços,

bem como para ministrar treinamentos e reciclagens aos funcionários, o que favorece a

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execução de práticas seguras e adequadas, desde a produção até a disposição final

(Takaianagui, 1993).

A enfermagem é exercida por profissionais que tem diferentes níveis de formação

variando do médio ao universitário, tornando-se necessário o desenvolvimento de

programas educacionais que possam contribuir para a melhoria da qualidade dos

cuidados de enfermagem, preparando, dessa forma, profissionais capacitados que

possam contribuir na qualidade da assistência prestada e no entendimento da

necessidade de garantir qualidade de vida através da responsabilidade com que são

desenvolvidas estas ações.

A educação continuada é um processo dinâmico de ensino-aprendizagem, ativo e

permanente, destinado a atualizar e melhorar a capacitação de pessoas, ou grupos, face à

evolução científico-tecnológica, às necessidades sociais e aos objetivos e metas

institucionais. Ela precisa ser considerada como parte de uma política global de

qualificação dos trabalhadores de saúde, centrada nas necessidades de transformação da

prática (Oguisso, 2007).

Para Silva et al. (1986), a educação continuada atuante pode conduzir à melhoria

da assistência de enfermagem, promover satisfação no serviço e melhorar as condições

de trabalho na busca de um objetivo comum, através da identificação de problemas,

insatisfações, necessidades e a utilização de meios e métodos para saná-los.

Oguisso (2000) refere que a OMS entende que a educação continuada faz parte do

desenvolvimento dos recursos humanos, num esforço sistemático de melhorar o

funcionamento dos serviços por meio do desempenho do seu pessoal.

Com o aumento da complexidade do PNI, a todo o momento modificando o

esquema vacinal existente introduzindo novas vacinas, existe e necessidade de garantir

segurança dos profissionais que trabalham neste setor, uma vez que, assim como em

outras áreas da saúde, registra-se uma grande rotatividade dos que estão atuando na sala

de vacina. Tornando-se dessa forma importante capacitá-los e avaliar periodicamente a

necessidade de novos treinamentos.

Com o estabelecimento de condições de gestão para o município e para o estado,

pela Norma Operacional Básica do SUS (NOB/SUS-96), a habilitação a essas condições

significa a declaração pública de compromissos assumidos pelo gestor perante a

população sob sua responsabilidade, traduzidos em requisitos e prerrogativas. A

instância nacional, no tocante à vacinação, e aos resíduos gerados diariamente, continua

a exercer as funções de normatização e de coordenação, além de promover as condições

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e incentivar o gestor estadual no sentido de que esta ação se integre, de forma definitiva,

às demais ações ofertadas pelo sistema de saúde de cada município. Mesmo na estrutura

nacional, o PNI se integra definitivamente à epidemiologia e a projetos mais

abrangentes, no âmbito da promoção da saúde e da atenção à saúde de crianças,

adolescentes, gestantes, idosos e outros grupos (Brasil, 2001b).

4.3 Conhecimento dos funcionários da limpeza sobre os RSS da sala de

vacina

Pode ser observado na Tabela 6 o grau de escolaridade das funcionárias que se

dedicam na manutenção da limpeza das salas de vacina assim como em coletar e

transportar os resíduos gerados nas salas de vacina.

TABELA 6: Tempo em anos estudados dos funcionários da limpeza

Tempo em anos Freqüência %

1 a 3 7 33,33

4 a 7 9 42,87

8 a 11 5 23,80

Total 21 100

Fonte: Autora

A maioria dos funcionários do serviço geral (76,20%, 16 profissionais) possuem

entre 1 a 7 anos de anos estudados o que corresponde ao ensino fundamental.16 É

importante ressaltar que durante a conversa houve dificuldade por parte de algumas das

entrevistadas em entender o que estava sendo perguntado e mesmo de saber expressar as

atividades exercidas de forma ordenada.

16 Ensino fundamental: é uma das etapas da educação básica no Brasil e tem duração de nove anos.

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Durante a entrevista surgiu o interesse em saber a forma de contratação na função

exercida, sendo informado pelos mesmos que foram admitidas por concurso (76,2%, 16

profissionais), são contratadas (14,28%, 3 profissionais), foi indicada para trabalhar

(4,76%, 1 profissional) e está a disposição da prefeitura sendo funcionária do Estado

(4,76%, 1 profissional).

Ao serem perguntadas se tinham conhecimento do que é RSS e se já haviam

ouvido falar da RDC nº 306/2004 da ANVISA, que trata sobre o gerenciamento dos

resíduos de serviços de saúde 95,2% (20 profissionais) responderam que não e somente

4,8% (1 profissional) disse que sabia, pois tinha lido num Manual de Vacinação.

A esta funcionária que disse saber o que era e do que a RDC tratava foi solicitado

que falasse o seu entendimento: “Sei que é alguma coisa de lixo, aonde a gente coloca

eles, as seringas, o lixo comum, mas não sei explicar direito. A sigla sei que é uma

resolução. Preciso estudar mais” (Auxiliar de Limpeza 12).

As respostas que foram obtidas em relação ao conhecimento da RDC sugerem o

desconhecimento de todas as etapas dos RSS estabelecidas pela legislação em vigor, o

que aponta possíveis falhas no processo de gestão dos RSS, nas salas de vacina. Mesmo

a única funcionária que relatou algo sobre a RDC, demonstra conhecimento insuficiente

para garantir um desempenho de suas atividades que garantam segurança na prevenção

de possíveis acidentes.

Todos os funcionários devem ser treinados de forma a ter uma noção adequada do

que trata a RDC para que ao realizar sua função possa desempenhá-la com o

conhecimento de todas as etapas do manejo dos RSS estabelecidas pela legislação em

vigor. O treinamento evita possíveis falhas que possam acontecer no processo de gestão

dos RSS como um todo. Seria importante que o funcionário do serviço geral recebesse

um treinamento ao ser admitido que pudesse prepará-lo de forma adequada para o

desenvolvimento de suas atividades diárias.

Durante esse treinamento deveria ser informado o que são os RSS, a legislação

vigente e a maneira correta do manejo. A maioria dos profissionais pesquisados possui

uma baixa escolaridade, e não tiveram provavelmente a oportunidade de obter esse

conhecimento no ensino formal, portanto o empregador deveria arcar com a

responsabilidade de proporcionar esta capacitação.

A NR 32 (Brasil, 2008) diz:

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Cabe ao empregador capacitar, inicialmente e de forma continuada, os trabalhadores nos seguintes assuntos: segregação, acondicionamento e transporte dos resíduos; definições, classificação e potencial de risco dos resíduos; sistema de gerenciamento adotado internamente no estabelecimento; formas de reduzir a geração de resíduos; conhecimento das responsabilidades e de tarefas; reconhecimento dos símbolos de identificação das classes de resíduos; conhecimento sobre a utilização dos veículos de coleta; orientações quanto ao uso de Equipamentos de Proteção Individual – EPI’s.

Todos estes procedimentos e cuidados em relação ao trabalhador visam garantir

medidas de proteção e segurança para com a sua saúde e a dos demais trabalhadores.

A probabilidade de sofrer acidentes é resultado da combinação de dois fatores -

ameaça e vulnerabilidade - os quais determinam a magnitude do risco. Se for possível

eliminar um dos dois, o risco desaparece por completo (Brasil, 2001e).

O manejo dos RSS executado de forma segura e com conhecimento vai garantir

ao profissional que trabalha com o serviço de limpeza segurança e proteção, tanto com

sua saúde quanto com a preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio

ambiente.

Quando perguntados acerca da diferença entre os resíduos perfuro cortante,

resíduo comum e resíduo contaminado 100% sabe o que significa perfuro cortante

indicando inclusive que são as seringas e agulhas e que são descartadas no recipiente

rígido.

“Coloca na caixinha, é o que fica no descartex”. (Auxiliar de Limpeza 4) “Eu sei a diferença, é as seringas, que fura tipo agulha, seringa, lamina de bisturi, lanceta e outros”(Auxiliar de Limpeza 13)

Quanto aos resíduos comuns 80,95% (17 profissionais) sabem o que são e como

descartar e 19,05% (4 profissionais) delas não sabem o que são.

“O que você recolhe? Ficam no balde e coloca junto com o lixo na rua”. (Auxiliar de Limpeza 3 e 4) “É o que coloca no saco branco, papel, copo, tampa da agulha”. (Auxiliar de Limpeza 6,7,8, 9,10,11,13 e16)

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“Guardanapo, papel toalha, papel que usamos no dia a dia e não serve mais, embalagens de remédios e outros que tem na unidade, copo, tampa da agulha. É tudo aquilo que nós temos na minha casa na sua casa”. (Auxiliar de Limpeza 12, 15, 17 e18) ”Não sei não posso mentir”. (Auxiliar de Limpeza 1 e 5)

O responsável pela limpeza da sala de vacinação realiza diariamente o

recolhimento dos RSS, que após serem acondicionados nos recipientes adequados, são

transportados até o local aonde permanecerão até serem recolhidos. É considerado lixo

perigoso da sala de vacina: o material biológico: sobras diárias de imunobiológicos ou

produtos que sofreram alteração de temperatura, ou com prazo de validade vencido; os

resíduos perfurantes: agulhas, ampolas de vacinas ou vidros que se quebram facilmente;

e os outros resíduos infectantes: seringas descartáveis, algodão e papel absorvente. Os

demais resíduos da sala de vacinação são considerados lixo comum. O lixo perigoso,

por conta de sua composição, recebe cuidados especiais na separação, no

acondicionamento, na coleta, no tratamento e no destino final (Brasil, 2006a).

Durante as visitas as UBS através da observação participante pode ser visto que

para a coleta e transporte não existe carro ou container para sua realização. O

funcionário do serviço de limpeza é quem realiza esta atividade e está constantemente

expondo-se ao risco de contaminação. Foi constatado ainda, que a rotina para a coleta é

realizada ao final de cada período de trabalho (no final da manhã e ao final da tarde) ou

se houver necessidade quando o funcionário é solicitado. Além disso, foi visto uma

funcionária com sacos plásticos nas mãos sem nenhuma proteção, transitando

livremente, inclusive ao lado de colegas e entre os pacientes que estavam na unidade

aguardando atendimento médico. Como pode ser observado na Figura 18, a funcionária

coloca dentro do saco preto um saco branco e em seguida o coloca no local para

armazenamento temporário, procedimento este que é inadequado com as

recomendações da legislação vigente.

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A

B

A: Colocação de saco branco (resíduo infectante) dentro do saco preto (resíduo comum) sem uso de luva; B: Colocação do saco preto sem o fechamento adequado e direto no piso.

FIGURA 18: Funcionária da limpeza manipulando resíduos sem o uso de luvas, auxiliada pela Enfermeira. Fonte: Autora.

Este tipo de situação representa um enorme perigo, pela possibilidade de

contaminação, pois além do profissional realizar a coleta é ele também quem transporta

os resíduos até o armazenamento seja interno ou externo. Este procedimento segundo

Teixeira (2005), deveria ser realizado em recipiente que favorecesse a locomoção dos

RSS com o mínimo de contato do profissional da limpeza. A NBR 13853 cita que este

recipiente tenha forma rígida, lavável, impermeável, cuja tampa seja articulada ao corpo

do próprio recipiente e que, além disso, tenha rodas e esteja devidamente identificado.

Estes recipientes são chamados containers.

Segundo Brasil (2006b, p. 46) “O uso de recipientes desprovidos de rodas requer

que sejam respeitados os limites de carga permitida para o transporte pelos

trabalhadores, conforme normas reguladoras do Ministério do Trabalho e Emprego”.

Não foi observado excesso de peso dos recipientes recolhidos durante a coleta dos

RSS das salas de vacina.

Em todas as UBS visitadas foi percebido que os resíduos da sala de vacina são

colocados em locais diversos, ou seja, não existe um local específico padronizado para a

guarda temporária. Em nenhuma das UBS’s durante a observação participante pode-se

verificar que o local aonde os resíduos permanecem temporariamente não obedecem às

orientações da ABNT (NBR 7500/2000; NBR 12809/1993; NBR 9191/2000). Muito

pelo contrário, pode ser visto “in loco” que os resíduos são colocados para guarda nos

mais diferentes locais, inclusive em sala de curativo. Constatou-se que o procedimento

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realizado deve-se por puro desconhecimento das normas que devem ser seguidas. Além

do treinamento, que esses profissionais devem receber, devem ser motivados e

conscientizados da sua importância e das suas responsabilidades. Cabe ao gestor

organizar as UBS de forma a que exista este local que atenda a RDC 306/2004, para que

os RSS possam ser colocados de forma segura até sua apresentação para a coleta

pública.

Após a coleta os resíduos já acondicionados podem ser conduzidos para o

armazenamento temporário, que compreende a guarda temporária dos recipientes

contendo os resíduos, em local próximo aos locais de geração. Esse procedimento visa

agilizar a coleta dentro do estabelecimento para criar condições do deslocamento dos

RSS entre o local em que foi gerado e o local destinado ao armazenamento externo para

coleta.

Como pode ser visualizado na Figura 19 existem vários locais para

armazenamento temporário nas unidades de saúde.

A

B

C

D

E

F

A: Guarda de RSS em um armário em frente à sala de esterilização e copa; B; Banheiro externo; C: container, sacos branco e preto, caixa de perfuro cortante na sala de curativo; D: container em sala de curativo; E: container em sala de guarda de materiais diversos; F: Guarda dos RSS em local junto a outros materiais.

FIGURA 19: Local de guarda temporária dos RSS. Fonte: Autora.

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O local para guarda temporária dos RSS deve ser exclusivo para esta finalidade,

ter pisos e paredes lisas e laváveis, sendo o piso, além disso, resistente ao tráfego dos

recipientes coletores. Deve possuir iluminação artificial e área suficiente para

armazenar, no mínimo, dois recipientes coletores, para o posterior traslado até a área de

armazenamento externo. Para melhor higienização é recomendável a existência de

ponto de água e ralo sifonado com tampa escamoteável (Brasil, 2006b).

Quando questionadas sobre o uso de EPI 100% das funcionárias dos serviços

gerais disseram usar luva. Quanto aos demais EPI’s que são utilizados apenas foi citado

o uso de sapato fechado ou bota (90,47%).

A falta de costume no uso de EPI’s foi o principal motivo alegado para a não

utilização destes equipamentos, citado por 90,47% dos entrevistados, segue-se ainda:

“eles não dão uniforme prá gente” (57,14%) e “a gente só recebe as luvas as outras

coisas não” (38,09%).

Foi percebido também, durante a entrevista e na observação participante que a não

utilização sistemática dos EPI deve-se em parte pela não percepção do risco

ocupacional. No contato com as funcionárias várias delas estavam de sandália, algumas

de borracha, e ao serem questionadas diziam usar sapato fechado para a realização da

limpeza.

Farias (2005, p. 84), destaca acerca da segurança ocupacional:

Sobre a segurança ocupacional, a Resolução ANVISA RDC nº 306/2004 prevê no seu capítulo VII, procedimentos a ela relacionados orientados pela legislação e rotinas de 85 itens de biossegurança já adotadas pelos serviços de saúde e que estão intrinsecamente ligadas com a política de capacitação de recursos humanos.

Uma das funcionárias participante da pesquisa relatou: “Eu comprei o sapato, pois

a prefeitura não me deu e para me proteger contra possíveis doenças, ai eu comprei”

(Auxiliar de Limpeza 12).

Esse relato não implica que os funcionários que não compram EPI, estejam

adotando um procedimento indevido, mesmo porque na verdade a obrigatoriedade de

fornecimento é do empregador, segundo a NR 36.

Pode ser observado que caso a luva de borracha apresentasse algum problema

era substituída por luvas de procedimento, e em outro momento o uso de dois pares

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sobrepostos. Também se presenciou a funcionária preparando-se para trabalhar e sem

lavar as mãos colocar a luva de procedimento e em seguida calçar a luva de borracha.

Chama-se a atenção para o fato de que as luvas de procedimento não são adequadas

para o tipo de serviço a ser desempenhado, pois ela não possui as características

necessárias, conforme preconiza a NBR 12810/1993, para proteger o funcionário de

uma possível contaminação (Brasil, 1993d).

Na Figura 20 A, a funcionária faz a limpeza do piso sem o uso de qualquer EPI. A

funcionária que está na Figura 20 B está colocando os resíduos para armazenamento

interno usando como proteção apenas as luvas. Já na figura 20 C pode ser observado

que a funcionária que está colocando o saco com os resíduos está utilizando luvas e

sapato fechado, mas usando bermuda, blusa de manga curta e sem avental de proteção.

Percebe-se que não existe uma uniformização de procedimentos e de cuidados

demonstrando a falta de uma normatização, conforme o que deve ser preconizado pelo

PGRSS, de educação continuada e de supervisão.

A

B

C

A: Funcionária realizando limpeza do piso de sandália e saia; B: Funcionária manuseia o container só usando luva; C: Funcionária manuseia saco de resíduo branco de luva, sapato fechado e bermuda.

FIGURA 20: Aspectos gerais das funcionárias do serviço de limpeza manipulando resíduos sem os EPI’s adequados Fonte: Autora.

Assim como as Enfermeiras e Técnicas de Enfermagem, as funcionárias da

limpeza quando questionadas se participaram de algum curso, treinamento ou

reciclagem acerca do manuseio dos RSS, sendo que 100% delas disseram nunca ter

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participado de nenhum curso realizado pela Secretaria da Saúde de Coronel Fabriciano

que acerca do tema.

“Quando eu comecei eu fiz um curso fora daqui, eu já tive orientação mas em um curso que não foi da secretaria de saúde.” (Auxiliar de Limpeza 5) “Às vezes quando tem alguma reunião falam sobre os cuidados com o lixo, o que tem que separar, mas treinamento não. O que eu faço é com o conhecimento de vida que eu tenho...” (Auxiliar de Limpeza 11) “Quando me admitiram me disseram você vai começar daqui a três dias e não tive nenhum treinamento, mas eu gostaria muito.” (Auxiliar de Limpeza 12)

Todo o quadro de pessoal da unidade de saúde, não só os profissionais que

produzem, manipulam e fazem a coleta dos resíduos, devem participar de uma

capacitação. Esta deve não só abordar os RSS, mas também educação ambiental,

biossegurança, educação sanitária e outros temas que possam ajudar no entendimento da

importância fundamental de existir um PGRSS. O sucesso de um plano necessita

principalmente que todos os envolvidos cumpram as rotinas que sejam estabelecidas.

4.4 Armazenamento externo dos resíduos no abrigo externo

O local para armazenamento externo existe em 41,66% das UBS de Coronel

Fabriciano, nas outras 58,34%, os RSS permanecem em locais variados não existindo

um local apropriado para o armazenamento externo.

Nos locais de armazenamento externo, percebeu-se a necessidade de adequação às

normas regulamentadoras. As condições dessas instalações nessas UBS, algumas em

fundo de quintal, apresentam condições precárias de higiene sem obedecer às normas de

engenharia sanitária. Alguns desses locais são ao ar livre, de terra batida e sem nenhum

tipo de proteção (seja de animais, insetos ou seres humanos), sendo de fácil acesso.

Na Figura 21 podem ser vistos os locais de armazenamento externo em algumas

das unidades de saúde de Coronel Fabriciano e por questões éticas as Figuras não serão

identificadas relatando a qual UBS corresponde.

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A

B

C

D

E

F

G

H

A: Armazenamento em quintal sem proteção; B: Armazenamento de container ao lado do local próprio em quintal sem a devida manutenção; C: Local para guarda de resíduo externo com sacos colocados em cima(local de transito de pessoas); D: Resíduos expostos e o local para armazenamento sem manutenção; E: Resíduos colocados no corredor aonde transitam pacientes; F: local para guarda de RSS sem proteção em fundo de quintal, G: Guarda dos RSS em local sem estar adequado as normas; H: Local para guarda temporária dos RSS ficando junto com material de limpeza.

FIGURA 21: Locais de armazenamento externo nas UBS’s. Fonte: Autora.

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As normas preconizadas pela RDC 306/2004, indica que o local para

armazenamento externo deve ser construído em alvenaria, ter abertura teladas para

ventilação, as portas devem ser mantidas fechadas a chave, pisos e paredes de material

lavável e com ralo para escoamento ligado a rede de esgoto, ponto de luz, as dimensões

devem ter capacidade de armazenagem de RSS por até dois dias, placa de advertência

escrito “substâncias infectantes”.

O armazenamento limita-se a guarda temporária dos recipientes contendo os

resíduos, já acondicionados, em local próximo aos pontos de geração. Dependendo do

tamanho da UBS e da distância entre o local aonde o resíduo é gerado até o local do

armazenamento temporário ele pode ser dispensado. O armazenamento visa agilizar a

coleta dentro do estabelecimento e otimizar o deslocamento entre os pontos onde são

gerados até o ponto destinado à disponibilização para coleta externa (Brasil, 2006b).

O armazenamento temporário deve obedecer às normas técnicas como: “Não

poderá ser feito armazenamento temporário com disposição direta dos sacos sobre o

piso ou sobrepiso, sendo obrigatória a conservação dos sacos em recipientes de

acondicionamento” (Brasil, 2006b, p 47).

Em consideração à RDC 33, os resíduos sólidos deverão ser armazenados em

ambiente externo, até a realização da coleta externa, em ambiente exclusivo com acesso

facilitado para os veículos coletores. O ambiente para acondicionamento deve ser fixo e

em local que possibilite a higienização dos recipientes coletores (Manual Prático, 2009).

4.5 Coleta externa

A coleta dos RSS no município é realizada por uma empresa terceirizada. O

veiculo utilizado para a coleta e o transporte dos RSS é do tipo furgão (Figura 22) que

conduz dois passageiros e na parte de trás, que é fechada, são transportados os resíduos.

Esse veículo é exclusivo para esta atividade.

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A

B

A: Furgão que transporta os RSS. B: Funcionário responsável pela coleta dos RSS nas UBS, observando o uso de EPi´s: luva, boné, uniforme branco e sapato fechado.

FIGURA 22: Furgão utilizado no transporte dos RSS Fonte: Autora.

O furgão utilizado para a coleta apresenta algumas das características

necessárias para o transporte dos RSS do grupo A das UBS até o local do destino final.

Algumas outras precisam ser adequadas ao que é preconizado: ter superfícies internas

lisas, de cantos arredondados de forma a facilitar a higienização; deveria contar com os

seguintes equipamentos auxiliares: pá, rodo, saco plástico de reserva, solução

desinfetante; deveria constar em local visível o nome da municipalidade, o nome da

empresa coletora (endereço e telefone), a especificação dos resíduos transportáveis, com

o numero ou código estabelecido na NBR 10004, e o número do veículo coletor; com

sinalização externa; exibir a simbologia para o transporte rodoviário.

Durante muito tempo a PMCF realizava a coleta dos resíduos em todos os

serviços de saúde (hospitais, Drogarias, Farmácias, Serviço de Fisioterapia,

Consultórios de Dentistas, Clinicas, Escolas, Laboratórios, e outros), mas a partir do

corte de recursos que são repassados ao município em 2009, houve necessidade de

revisar esta prestação de serviço, até como uma adequação a norma vigente.

Legalmente, cabe aos proprietários ou responsáveis pelo estabelecimento a

responsabilidade de gerenciar seus resíduos desde a produção até a disposição final.

(Brasil, 1993 apud Brasil, 2006b).

O serviço de coleta e transporte dos RSS, segundo informação do Coordenador da

Secretaria de Obras, é terceirizado sendo que a realização da coleta é feita por um

funcionário contratado da PMCF o motorista trabalha para a firma contratada.

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Foi oportunizado acompanhar o recolhimento dos RSS nas UBS em um dos dias

de trabalho. O funcionário entra em cada UBS para recolher as caixas e os sacos com os

resíduos. Utiliza como EPI blusa na altura da coxa, calça comprida ambas de cor

branca, luvas e sapato fechado. O recomendado pela NR 32 é que o pessoal envolvido

na coleta e transporte dos RSS deve observar rigorosamente a utilização dos EPI’s e

EPC’s adequados. Usava para cobrir a cabeça um boné também na cor branca e não o

gorro como é preconizado. Em nenhum momento os RSS foram transportados da

unidade até o veiculo, em carros ou containers, sempre eram trazidos nas mãos pelo

funcionário (Figura 23).

A

B

A: Retirada dos RSS do carro de coleta. B: RSS sendo colocados no container..

FIGURA 23: Aspecto geral dos RSS sendo descarregados do furgão. Fonte: Autora

É recomendado que ao final de cada turno de trabalho, o veículo coletor deva ser

limpo e desinfetado, mediante o uso de jato de água, preferencialmente quente e sob

pressão (Brasil, 2006b). Não foi possível fazer esta observação, pois o furgão retornou a

Coronel Fabriciano para o funcionário cumprir a carga horária.

Ressalta-se que no momento da conclusão do texto da dissertação começou a

circular pelo município de Coronel Fabriciano um novo veículo de coleta externa de

RSS (Figura 24), sendo que este está de acordo com o preconizado para a coleta dos

RSS.

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FIGURA 24: Veículo coletor dos RSS de Coronel Fabriciano e o funcionário que realiza as coletas com algum dos EPI’s utilizados Fonte: Autora.

O veículo é adequado para a coleta dos RSS do grupo A, tanto interna quanto

externamente. A equipe foi aumentada sendo atualmente composta por um motorista e

dois coletores. Os EPI’s são adequados à necessidade do trabalho (na foto o funcionário

não está usando o avental, mas ele estava no veículo). Os RSS são coletados uma vez

por semana obedecendo ao roteiro que está citado no Quadro 5.

4.6 Métodos de tratamento e disposição final

Depois de todas as unidades serem percorridas, conforme o cronograma, e os RSS

serem recolhidos o veiculo dirige-se então até a Central de Tratamento de Resíduos do

Vale do Aço a Vital Engenharia Ambiental. O veículo é identificado na portaria, e passa

por um controle de pesagem, para assim ser encaminhado a Unidade de Tratamento de

RSS (Figura 25).

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A

B

FIGURA 25: A: Unidade de tratamento dos resíduos que devem ser autoclavados; B: veículo com os RSS sendo descarregado para que eles recebam o tratamento adequado. Fonte: Autora

Os resíduos coletados em sacos plásticos classe II, na cor branco leitosa, conforme

especificação da norma ABNT NBR 9191/2000, são acondicionados em containers

esterilizadores (Figura 26), e são encaminhados para a autoclavação.

FIGURA 26: Container com os sacos branco leitoso para esterilização. Fonte: Vital Engenharia Ambiental (2009)

São tratados os resíduos dos grupos A (potencialmente infectantes) e E (perfuro

cortantes). Após processo de esterilização na autoclave os resíduos ainda permanecem

durante um tempo na câmara, pois é nesta fase que é retirada toda umidade (da câmara e

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dos resíduos), em seguida são puxados (Figura 27A e B) e pode ser observado que ele

se torna um bloco compacto (Figura 27C).

A

B

C

A-B: O resíduo é retirado por meio de um gancho; C: Resíduo Esterilizado

FIGURA 27: Retirada dos resíduos da câmara após autoclavação. Fonte: Autora.

Os resíduos após a autoclavação passam pelo processo de esfriamento e são

descarregados através de um processo pneumático sobre esteiras, depositado em

caçamba externa como pode ser observado na Figura 28A. Após o tratamento os

resíduos têm uma redução do seu volume inicial em torno de 50% passando então pelo

processo de esfriamento (Figura 28B), para ser encaminhado ao seu destino final

(Figura 28C).

A

B

C

A: Elevador basculante; B: Resíduo sendo descarregado; C: Destinação final dos RSS no aterro sanitário após autoclavção.

FIGURA 28: Saída dos resíduos após autoclavação. Fonte: Vital Engenharia Ambiental, 2009.

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Este processo feito de forma confiável e adequado faz com que os resíduos de

sala de vacina como: vacinas compostas de microorganismos vivos, restos de vacinas, e

outros, considerados material biológico infectado possam ser desprezados como lixo

comum, conforme autorização do CONAMA, Resolução nº 05/1993, art. 11º, § 2º

(Brasil, 2001a).

Após o tratamento os RSS são levados ao seu destino final (aterro sanitário) sendo

descartados como resíduo comum. Os resíduos são recolhidos pelo caminhão poli

guindaste até o Aterro Sanitário.

De acordo com o que está publicado em Brasil (2001e), o aterro sanitário da Vital

Engenharia Ambiental possui as características de acordo com o que é preconizado: tem

célula de segurança em terreno adequadamente impermeabilizado, a fim de evitar

contaminação do solo e, em particular, do lençol freático; tem um ambiente totalmente

cercado (altura mínima de 2,5 metros) e é monitorado 24 horas por dia para evitar a

entrada de pessoas não autorizadas; dispõe de um sistema de coleta e tratamento das

águas de lixiviação antes de seu lançamento; dispõe de sistema adequado de captação de

gases produzidos e posterior liberação na atmosfera; dispõe de sistema de proteção das

águas subterrâneas; tem um sistema de drenagem de águas pluviais; e tem sistema de

monitorização do lençol freático e do tratamento de líquidos percolados.

Segundo Campos apud Confortin (2001), o aterro sanitário consiste na

disposição adequada e metódica do resíduo no solo, buscando reduzi-lo ao menor

volume possível, através da compactação realizada por tratores de esteiras ou rolos

compactadores. Após esse processo, os resíduos são isolados em células ou

compartimentos com altura máxima de 4 metros, apresentando um talude17 de relação

3:1 (tipo de inclinação), alternadas com camadas de terra argilosa compactada, que é o

método utilizado pela Vital Engenharia Ambiental no Aterro Sanitário, empreendimento

localizado no município de Santana do Paraíso, como pode ser visto na Figura 29.

17 Talude: Inclinação que se dá à superfície lateral de um muro, de um terreno, de uma obra qualquer de cantaria ou de alvenaria; rampa (Aulete Digital, 2009)

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FIGURA 29: Vista parcial do aterro sanitário da Vital Engenharia Ambiental Fonte: Autora.

A disposição final dos RSS, segundo a RDC nº 283/2001 do CONAMA, é

definida como o conjunto de instalações, processos e procedimentos que visam à

destinação ambientalmente adequada dos resíduos em consonância com as exigências

dos órgãos ambientais competentes (REFORSUS).

Segundo Schuengue (2005, p.28),

Na esfera estadual, em Minas Gerais o Ato Normativo do Conselho de Política Ambiental (COPAM) nº 7/81 proíbe depositar, dispor, descarregar, enterrar, infiltrar ou acumular no solo resíduos de qualquer natureza, salvo quando em depósitos apropriados. Estabelece ainda que os resíduos portadores de agentes patogênicos, os inflamáveis, os explosivos, os radioativos, os de alta toxicidade e os portadores de elementos prejudiciais deverão ser tratados e/ou acondicionados.

Segundo Almeida (2003) um dos maiores problemas ambientais e sanitários que

se pode observar em relação aos resíduos, é o gerenciamento e destinação inadequada

destes quando provenientes dos serviços de saúde. Refere que eles representam uma

fonte de risco à saúde e ao meio ambiente, devido à falta de adoção de procedimentos

técnicos adequados e já regulamentados em Lei quanto ao manejo dos diferentes

resíduos gerados, como materiais biológicos e objetos perfuro cortantes contaminados,

sendo que os riscos ambientais, causados por um manejo inadequado dos resíduos,

podem ir muito além dos limites dos estabelecimentos de saúde, e eles podem gerar

doenças e afetar a qualidade de vida da população que pode entrar em contato com o

material descartado seja de forma direta ou indireta.

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O GRSS pede que exista cada vez mais atenção na redução na geração dos

resíduos que são gerados nas unidades de saúde. Pelas informações repassadas através

de pesquisas realizadas, normalmente os grandes geradores de resíduos possuem maior

consciência a respeito do que deve ser planejado de forma adequada e do que é

necessário para o GRSS. Contudo, os pequenos geradores muitas vezes não possuem

essa consciência e os conhecimentos necessários (Garcia, 2004).

Esta afirmativa de Garcia (2004) vem corroborar ao que é apresentado nos dados

coletados, pois as funcionárias que participaram da pesquisa não têm noção da

quantidade dos resíduos que são gerados nas salas de vacina. É extremamente

importante que 100% dos funcionários tenham conhecimento da quantidade gerada,

assim como do que é gerado, e entender a importância do controle desta geração dos

resíduos como uma forma de preservar o meio ambiente e como medida econômica para

o município.

Durante o contato mantido com o Gerente de Serviços Urbanos, foi informado que

no mês de abril de 2008, foram recolhidos 2.021,128 toneladas de RSS, sendo que cada

kg custa a Prefeitura R$ 2,14.

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5 CONCLUSÃO

Com base nos resultados obtidos neste trabalho, foi possível diagnosticar que o

gerenciamento dos resíduos produzidos pelas salas de vacina das unidades básicas de

saúde de Coronel Fabriciano apresenta alguns problemas que podem ser assim

relacionados:

− Necessidade da compra de mais lixeiras, e que elas sejam adequadas aos resíduos

que vão ser recolhidos;

− Necessidade de minimização dos riscos associados ao manuseio inadequado dos

resíduos, principalmente, fazendo com que estes sejam coletados de acordo com a

sua classificação;

− Compra de contêineres para melhorar a situação da coleta interna, da disposição

dos resíduos no armazenamento externo, e também para minimizar os riscos no

manuseio;

− Disponibilização dos EPI’s corretos e em quantidade adequada para minimizar os

riscos a que os trabalhadores estão expostos;

− Normatização do local, na unidade de saúde, onde os RSS podem permanecer

temporariamente e que este local seja devidamente identificado;

− Planejamento de reforma ou adequação do abrigo externo dos RSS nas unidades

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de saúde para facilitar a permanência destes, de modo que possam ficar em local

seguro sem acesso de pessoas ou animais;

− Manutenção da área externa de algumas unidades de saúde onde fica localizado o

abrigo temporário dos RSS, para que possam apresentar melhores condições de

higiene e um aspecto de menor desleixo;

− Definição de um programa de capacitação na área de gerenciamento de RSS, para

que possa haver um profissional responsável pela supervisão e controle da

execução adequada das normas do Plano de Gerenciamento dos RSS;

− Capacitação dos funcionários que manuseiam os RSS dentro dos padrões

normativos, bem como da legislação vigente;

− Elaboração de procedimentos e instruções de trabalho visando à normatização de

todas as rotinas das diversas etapas do gerenciamento interno e externo dos

resíduos;

− Planejamento do horário de funcionamento das salas de vacina uniformizando-os

para evitar a perda e oportunidades de vacinar e facilitar o acesso da população a

esta forma de prevenção;

− Adequação do número de profissionais da equipe de enfermagem que trabalham

na sala de vacina por turno de trabalho adequando ao que é preconizado pelo

PNI/MS;

− Segregação e descarte adequado dos RSS, separando os comuns dos infectantes

evitando com isto que sejam levados ao destino final de forma inadequada.

Como ponto positivo do gerenciamento dos RSS pode ser destacado a coleta

externa, o transporte externo, tratamento e destinação final que vem sendo realizado de

forma adequada, cumprindo as normas da legislação vigente.

Recomenda-se a elaboração e implantação do Plano de Gerenciamento dos RSS,

na qual as responsabilidades, ações e recursos sejam voltados tanto para a segurança

ocupacional dos funcionários, bem como para a saúde pública e a qualidade do meio

ambiente.

A consciência sanitária de todos os envolvidos no manejo dos resíduos deve ser

construída para que cada um possa se sentir envolvido, assumindo a sobrevivência e isto

depende das atitudes de cuidados adequados com o meio em que se trabalha e se vive.

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COREN-MG. Lei 7498. Dispõe sobre a regulamentação do exercício da Enfermagem e da outras previdências. 1986. Disponível em:< http://www.coren-mg.gov.br/sistemas /app/web200812/interna.php?menu=0&subMenu=3&prefixos=86>. Acesso em: 12 dez 2008. COREN-MG. Deliberação nº. 172/06. Dispõe sobre as competências do profissional Enfermeiro na elaboração e gerenciamento do PGRSS - Plano de Gerenciamento de Resíduos nos Serviços de Saúde, e dos demais profissionais de enfermagem na execução de atividades afins. 2006. Disponível em: http://www.coren-mg.gov.br/ sistemas/app/web200812/interna.php?menu=0&subMenu=2&prefixos=172. Acesso em: 20 set. 2009. CUSSIOL, N.A.M. Aspectos sanitários e ambientais dos resíduos sólidos urbanos. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Osvaldo Cruz, 1998. CUSSIOL, N.A.M. Sistema de gerenciamento interno de resíduos sólidos de serviços de saúde: estudo para o Centro Geral de Pediatria de Belo Horizonte. 2000. Dissertação de Mestrado em Saneamento e Meio Ambiente pela UFMG/Escola de Engenharia/Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Belo Horizonte, 2000. FARHAT, C.K. et al. Imunizações: fundamentos e prática. 5. ed. São Paulo: Atheneu, 2008. FARIAS, L.M.M. de. Impasses e possibilidades do gerenciamento de resíduos de serviços de saúde no Brasil: um estudo de caso no Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria. 2005. Dissertação (Mestrado em Saneamento e Saúde Ambiental). Escola Nacional de Saúde Pública ENSP/FIOCRUZ, Rio de Janeiro, 2005. FERNANDES, T. Vacina antivariólica: seu primeiro século no Brasil (da vacina jenneriana a animal). História, Ciências, Saúde. Manguinhos; mar/jun, 1999(1):29-51. FIOCRUZ. Descarte de resíduos do grupo A. Disponível em: <http://www.fiocruz.br /biosseguranca/Bis/lab_virtual/descarte_residuos_grupo_a-nb1.htm>. Acesso em: 25 abr. 2009. FIOCRUZ-BIO Manguinhos. A história das vacinas: uma técnica milenar. Disponível em: <http://www.bio.fiocruz.br/interna/vacinas_historia.htm#vacina>. Acesso em: 4 abr. 2009.

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GAMA, F.N. (org). Apostila de técnicas básicas de enfermagem. Centro Universitário do Leste de Minas Gerais-UnilesteMG/Curso de Enfermagem. Ipatinga-MG, 2007. GARCIA, L.P.; ZANETTI-RAMOS, B.G. Gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde: uma questão de biossegurança. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, mai-jun, 2004. GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. Ed., São Paulo: Atlas, 2002. HOEPPNER, M. G. (org). Normas Regulamentadoras Relativas à Segurança e Medicina do Trabalho. 2. ed. São Paulo: Ícone, 2006. MANUAL PRÁTICO para elaboração de projetos para unidades de saúde: unidade básica de saúde fundamentos x área física. Governo do Estado do Espírito Santo. Disponível em: < http://www.saude.es.gov.br/download/manual_pratico_para_ elaboracao_projetos _ubs.pdf ->. Acesso em: 15 jun. 2009. MARTINS, R.M.; MAIA, M. de L.S.; HOMMA, A.. Breve história das vacinações. In: FARHAT, C.K. et al (Org.). Imunizações: fundamentos e prática. 5.ed. São Paulo: Atheneu, 2008a. MARTINS, R. M.; MAIA, M. de L. S.; HOMMA, A. Eventos Adversos e segurança de vacinas. In: FARHAT, Calil Kairalla et al. (Org.). Imunizações: fundamentos e prática. 5. ed., São Paulo: Atheneu, 2008b. MOURA, M.M. de. Organização de serviços de imunização. In: FARHAT, C. K. et al (Org.). Imunizações: fundamentos e prática. 5. ed. São Paulo: Atheneu, 2008. MOTTA, F.S.; ORTH, M.H. A. Resíduos sólidos hospitalares: legislação, fontes e destinação final. Rev. Hosp. Adm. Saúde, 1998; 12(1): 20-4, 1988. NEVES, J.L. Pesquisa qualitativa-caracteristicas, usos e possibilidades. Caderno de Pesquisas em Administração, São Paulo. 1996; 3(1). OGUISSO, T. (org). Trajetória histórica e legal da enfermagem. 2.ed. Barueri: Manole, 2007.

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ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE (OPAS). Centro Pan-Americano de Engenharia Sanitária e Ciências do Ambiente. Guia para o manejo interno de resíduos sólidos em estabelecimentos de saúde / Trad. Carol Castillo Argüello. Brasília, DF: Organização Pan-Americana da Saúde, 1997. PAIVA, M.S. et al. Enfermagem brasileira: contribuição da associação brasileira de enfermagem-ABEN. Brasília: ABEN Nacional, 1999. PINTO, L.L.S. O programa nacional de imunizações para além do controle das doenças imunopreveníveis: uma história de 30 anos. Revista Bahiana de Saúde Pública. Secretaria de Saúde do Estado da Bahia. Salvador-BA, jan. /jun., 2004;28(1). PINHEIRO, R. D. C. Análise do processo de gerenciamento externo dos resíduos de serviços de saúde do Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago. Dissertação de mestrado, Florianópolis, 2005 REVISTA DA VACINA. Ministério da Saúde. Centro Cultural da Saúde. In: A revolta da vacina. Disponível em: <http://www.ccs.saude.gov.br/revolta/revolta.html>. Acesso em 05 abr. 2009. REVISTA NURSING. Resgatando um pouco da nossa história. São Paulo. a. 4, nº 36, maio 2001. SILVA, M.F. da; CONCEIÇÃO, F.A. da C.; LEITE, M.M.J. Educação continuada: um levantamento de necessidades da equipe de enfermagem. São Paulo. 2008. Disponível em: <http://www.scamilo.edu.br/pdf/mundo_saude/58/47a55.pdf>. Acesso em: 17 maio 2009. SILVA, A.L.C. Reativação do serviço de educação continuada da divisão de enfermagem do Hospital Prof. Edgard Santos: relato de experiência. Rev.Bras. Enfermagem. Brasília. jan/mar. 1986;39(1). SCHUENGUE, C.M. de O.L. Diagnóstico do gerenciamento de resíduos de serviço de saúde do Hospital César Leite, Manhuaçu-MG. 2005. Dissertação. (Mestrado em Meio Ambiente e Sustentabilidade). Centro Universitário de Caratinga - UNEC, Caratinga, 2005. TAKAIANAGUI, A.M.M. Trabalhadores de saúde e meio ambiente: ação educativa do enfermeiro na conscientização para gerenciamento de resíduos sólidos. 1993. (Tese de Doutorado em Enfermagem), USP/Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto-USP, Ribeirão Preto, 1993.

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TEIXEIRA, A. Estudo dos serviços de saúde no sistema público de saúde de Ipatinga: um estudo de caso. 2005. Dissertação (Mestrado em Meio Ambiente e Sustentabilidade) - Centro Universitário de Caratinga - UNEC, Caratinga, 2005. VIANA, R.L. Avaliação das ações de enfermagem para atingir a cobertura vacinal. Monografia apresentada ao Centro Universitário do Leste de Minas Gerais- UNILESTE-MG. Ipatinga-MG, 2006. 79f. VITAL ENGENHARIA AMBIENTAL. Informações do gerenciamento dos resíduos sólidos de saúde. Disponível em: <http://www.vitalambiental.com.br/>. Acesso em: 11 maio 2009.

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APÊNDICES

APÊNDICE A - Roteiro da Entrevista com o Funcionário da Sala de Vacina e com a Enfermeira

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA

Programa de Pós-Graduação Meio Ambiente e Sustentabilidade Mestrado Profissional

1. Tipo de Estabelecimento: Unidade de Saúde ( ) PSF ( ) 2. A sala de vacinação funciona no Horário de: Manhã: ___às___ Tarde: ___às___ Integral: ___às___ 3. Quantos funcionários trabalham na sala de vacina? _______ 4. Você sabe o que é RSS? Sim ( ) Não ( ) Se sim diga o que entende: ___________________ 5. Você conhece ou já ouviu falar da Resolução RDC nº 306, de 07 de dezembro de 2004, que trata sobre o gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde? Sim ( ) Não ( ) 6. Se a resposta anterior for sim: 6.1. Aonde e de que forma? 7. O acondicionamento de materiais perfuro cortantes, é realizado conforme as normas de biosegurança? Sim ( ) Não ( ) 8. Você sabe o que são imunobiológicos? Sim ( ) Não ( ) Descreva: _________________________________________________________________ 9.Você sabe quais vacinas tem na sua composição microorganismos vivos? Diga quais são elas. 10. Aqui no município é realizado o tratamento das vacinas com microorganismos vivos antes do descarte? Sim ( ) Não ( ) 11. Se a resposta anterior for sim: 11.1. Onde é feito este tratamento? _____________________________________________________ 11.2. Como é feito este tratamento?_____________________________________________________ 11.3. Até ser levado para tratamento aonde são armazenados estes frascos_______________________ 12. Você sabe a diferença entre Resíduo perfuro cortante, Resíduo comum e Resíduo contaminado. Fale sobre ela. Resíduo perfuro cortante_________________________________________________________________ Resíduo comum _______________________________________________________________________ Resíduo contaminado __________________________________________________________________ 13.Aonde são descartados os materiais abaixo relacionados: Resíduo perfuro cortante_________________________________________________________________ Resíduo comum ______________________________________________________________________ Resíduo contaminado __________________________________________________________________ 14. Você sabe qual a quantidade de resíduo gerado semanalmente na sala de vacina? Resíduo perfuro cortante_________________________________________________________________ Resíduo comum ______________________________________________________________________ Resíduo contaminado __________________________________________________________________ 15. Você já participou de algum treinamento ou reciclagem acerca de Resíduos de Serviços de Saúde-RSS, proporcionado pela SMS de Coronel Fabriciano?

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APÊNDICE B - Roteiro da Entrevista com o Funcionário da Limpeza

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA

Programa de Pós-Graduação Meio Ambiente e Sustentabilidade

Mestrado Profissional

1. Tipo de Estabelecimento: Unidade de Saúde ( ) PSF ( ) 2. Escolaridade (em anos de estudo concluídos) ( ) Nenhuma ( ) De 1 a 3 ( ) De 4 a 7 ( ) De 8 a 11 ( ) De 12 e mais ( ) Não se aplica 3. Você sabe o que é RSS? Sim ( ) Não ( ) 4. Você conhece ou já ouviu falar da Resolução RDC nº 306, de 07 de dezembro de 2004, que trata sobre o gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde? Sim ( ) Não ( ) 5. Se a resposta anterior for sim: 5.1. Aonde e de que forma? 6. Você sabe a diferença entre Resíduo perfuro cortante, Resíduo comum e Resíduo contaminado. Fale sobre ela. Resíduo perfuro cortante_________________________________________________________________ Resíduo comum _______________________________________________________________________ Resíduo contaminado __________________________________________________________________ 7. Aonde são descartados os materiais: Resíduo perfuro cortante_________________________________________________________________ Resíduo comum _______________________________________________________________________ Resíduo contaminado __________________________________________________________________ 8. Você sabe qual a quantidade de resíduo gerado semanalmente na sala de vacina? Resíduo perfuro cortante_________________________________________________________________ Resíduo comum _______________________________________________________________________ Resíduo contaminado __________________________________________________________________ 9. Quais os EPI - Equipamento de Proteção Individual que você usa no dia a dia do seu trabalho aqui na unidade de saúde? - Sapato Fechado Sim ( ) Não ( ) - Galocha ou Bota Sim ( ) Não ( ) - Luvas de Borracha Sim ( ) Não ( ) 10. Você já participou de algum treinamento ou reciclagem acerca de Resíduos de Serviços de Saúde-RSS promovido pela Secretaria da Saúde do município de Coronel Fabriciano?

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APÊNDICE C - Roteiro da entrevista com o secretario municipal de saúde de Coronel Fabriciano

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA

Programa de Pós-Graduação Meio Ambiente e Sustentabilidade

Mestrado Profissional

1. Identificação do Entrevistado (Profissão, tempo de formado, cargos ocupados) 2. Existe algum responsável pelo Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde-RSS no município? a. Caso afirmativa: Qual a formação do responsável pelo Gerenciamento dos RSS no município? (graduação, cursos de especialização, cursos de curta duração na área de resíduos, meio ambiente etc) 3.Há algum tipo de treinamento no que diz respeito à coleta seletiva e gerenciamento dos resíduos? ( ) Sim ( ) Não 4. a. Em caso afirmativo: Que tipo de treinamento é dado na admissão de um novo funcionário? b. A equipe de saúde (médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e pessoal da limpeza) participa: ( ) Sempre ( ) Às vezes ( ) Nunca c. Caso afirmativa Qual a freqüência desses treinamentos?

5. Dentre os programas a seguir, você identifica algum que é realizado no município? Programa de Qualidade ( ) Sim ( ) Não Programa de redução de custos ( ) Sim ( ) Não Programa de redução de água e energia ( ) Sim ( ) Não Programa de redução e segregação de resíduo ( ) Sim ( ) Não Outros: 6. A administração do município: a) Participa de seminários, encontros relacionados ao gerenciamento de RSS, coleta seletiva, meio

ambiente: ( ) Sempre ( ) Às vezes ( ) Nunca b) Incentiva e apóia iniciativas em relação ao meio ambiente, coleta seletiva, redução de resíduos:

( ) Sempre ( ) Às vezes ( ) Nunca c) Mostra-se preocupado com a problemática ambiental, partindo dela algum programa de meio

ambiente, coleta seletiva, minimização de resíduos ou outro relacionado ao tema? ( ) Sempre ( ) Às vezes ( ) Nunca Comentários: 7. Há algum tipo de encontro ou seminário no município para discussão de problemas e troca de informações? ( ) Sempre ( ) Às vezes ( ) Nunca 8. O que o município tem feito de concreto para o efetivo cumprimento da RDC 306, de 07 de dezembro de 2004, que trata sobre o gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde?

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APÊNDICE D - Ofício ao Secretario de Saúde de Coronel Fabriciano solicitando a realização da pesquisa

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA

Programa de Pós-Graduação Meio Ambiente e Sustentabilidade

Mestrado Profissional

De: Jussara Botto Neves

Para: Secretaria Municipal de Saúde de Coronel Fabriciano

Assunto: Solicitação para realização de Pesquisa

Prezado Senhor Secretário,

Na condição de pós-graduanda do Programa de Pós-Graduação Meio Ambiente e

Sustentabilidade Mestrado Profissional do Centro Universitário de Caratinga, venho por

meio desta, solicitar a autorização de V.Sa. para desenvolver a pesquisa com título:

“Diagnóstico do Gerenciamento de Resíduos Gerados nas Salas de Vacina da rede

básica de saúde do município de Coronel Fabriciano-MG”, sob minha

responsabilidade.

Para operacionalizar a pesquisa, pretendo comparecer na unidade de saúde e permanecer

tempo suficiente para observação e aplicação de um questionário padronizado

especificamente na sala de vacinação.

Cabe ressaltar que se trata de um Trabalho de Conclusão de Curso, sendo exigência

parcial para a obtenção do titulo de Mestre e está sob a orientação do professor Dr.

Meubles Borges Junior.

Sendo só para o momento, coloco-me à disposição para o que for necessário.

Obs.: contatos pelos telefones (31)38423965 residencial (31)99887675 (celular) e pelo

e-mail: [email protected] ou [email protected]

_________________________________ __________________________________ Jussara Bôtto Neves Dr. Meubles Borges Junior Mestranda Orientador Autorizado por:

Data:______/______________/_________

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ANEXOS

ANEXO A - Calendário Básico de Vacinação da Criança

IDADE VACINAS DOSES DOENÇAS EVITADAS

Ao

nascer

BCG - ID dose

única Formas graves de tuberculose

Vacina contra hepatite B (1) 1ª dose Hepatite B

1 mês Vacina contra hepatite B 2ª dose Hepatite B

2 meses

Vacina tetravalente (DTP +

Hib) (2) 1ª dose

Difteria, tétano, coqueluche, meningite e outras infecções

causadas pelo Haemophilus influenzae tipo b

VOP (vacina oral contra pólio) 1ª dose Poliomielite (paralisia infantil)

VORH (Vacina Oral de

Rotavírus Humano) (3)

1ª dose Diarréia por Rotavírus

Vacina tetravalente (DTP +

Hib) 2ª dose

Difteria, tétano, coqueluche, meningite e outras infecções

causadas pelo Haemophilus influenzae tipo b

4 meses

VOP (vacina oral contra pólio) 2ª dose Poliomielite (paralisia infantil)

VORH (Vacina Oral de

Rotavírus Humano) (4)

2ª dose Diarréia por Rotavírus

6 meses

Vacina tetravalente (DTP +

Hib) 3ª dose

Difteria, tétano, coqueluche, meningite e outras infecções

causadas pelo Haemophilus influenzae tipo b

VOP (vacina oral contra pólio) 3ª dose Poliomielite (paralisia infantil)

Vacina contra hepatite B 3ª dose Hepatite B

9 meses Vacina contra febre amarela

(5)

dose

inicial Febre amarela

12 meses SRC (tríplice viral) dose

única Sarampo, rubéola e caxumba

15 meses VOP (vacina oral contra pólio) reforço Poliomielite (paralisia infantil)

DTP (tríplice bacteriana) 1º

reforço

Difteria, tétano e coqueluche

4 - 6

anos

DTP (tríplice bacteriana 2º

reforço Difteria, tétano e coqueluche

SRC (tríplice viral) reforço Sarampo, rubéola e caxumba

10 anos Vacina contra febre amarela reforço Febre amarela

(1) A primeira dose da vacina contra a hepatite B deve ser administrada na maternidade, nas primeiras 12 horas de vida do recém-nascido. O esquema básico se constitui de 03 (três) doses, com intervalos de 30 dias da primeira para a segunda dose e 180 dias da primeira para a terceira dose. (2) O esquema de vacinação atual é feito aos 2, 4 e 6 meses de idade com a vacina Tetravalente e dois reforços com a Tríplice Bacteriana (DTP). O primeiro reforço aos 15 meses e o segundo entre 4 e 6 anos. (3) É possível administrar a primeira dose da Vacina Oral de Rotavírus Humano a partir de 1 mês e 15 dias a 3 meses e 7 dias de idade (6 a 14 semanas de vida). (4) É possível administrar a segunda dose da Vacina Oral de Rotavírus Humano a partir de 3 meses e 7 dias a 5 meses e 15 dias de idade (14 a 24 semanas de vida). O intervalo mínimo preconizado entre a primeira e a segunda dose é de 4 semanas. (5) A vacina contra febre amarela está indicada para crianças a partir dos 09 meses de idade, que residam ou que irão viajar para área endêmica (estados: AP, TO, MA MT, MS, RO, AC, RR, AM, PA, GO e DF), área de transição (alguns municípios dos estados: PI, BA, MG, SP, PR, SC e RS) e área de risco potencial (alguns municípios dos estados BA, ES e MG). Se viajar para áreas de risco, vacinar contra Febre Amarela 10 (dez) dias antes da viagem.

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ANEXO B - Calendário de Vacinação do Adolescente (1)

IDADE VACINAS DOSES DOENÇAS EVITADAS

De 11 a 19 anos (na primeira visita

ao serviço de saúde)

Hepatite B 1ª dose Contra Hepatite B

dT (Dupla tipo

adulto) (2)

1ª dose Contra Difteria e Tétano

Febre amarela (3) Reforço Contra Febre Amarela

SCR (Tríplice viral)

(4)

dose

única

Contra Sarampo, Caxumba e Rubéola

1 mês após a 1ª dose contra Hepatite

B Hepatite B 2ª dose contra Hepatite B

6 meses após a 1ª dose contra

Hepatite B Hepatite B 3ª dose contra Hepatite B

2 meses após a 1ª dose contra

Difteria e Tétano

dT (Dupla tipo

adulto) 2ª dose Contra Difteria e Tétano

4 meses após a 1ª dose contra

Difteria e Tétano

dT (Dupla tipo

adulto) 3ª dose Contra Difteria e Tétano

a cada 10 anos, por toda a vida

dT (Dupla tipo

adulto) (5) reforço Contra Difteria e Tétano

Febre amarela reforço Contra Febre Amarela

(1) Adolescente que não tiver comprovação de vacina anterior, seguir este esquema. Se apresentar documentação com esquema incompleto, completar o esquema já iniciado. (2) Adolescente que já recebeu anteriormente 03 (três) doses ou mais das vacinas DTP, DT ou dT, aplicar uma dose de reforço. É necessário doses de reforço da vacina a cada 10 anos. Em caso de ferimentos graves, antecipar a dose de reforço para 5 anos após a última dose. O intervalo mínimo entre as doses é de 30 dias. (3) Adolescente que resida ou que for viajar para área endêmica (estados: AP, TO, MA, MT, MS, RO, AC, RR, AM, PA, GO e DF), área de transição (alguns municípios dos estados: PI, BA, MG, SP, PR, SC e RS) e área de risco potencial (alguns municípios dos estados BA, ES e MG). Em viagem para essas áreas, vacinar 10 (dez) dias antes da viagem. (4) Adolescente que tiver duas doses da vacina Tríplice Viral (SCR) devidamente comprovada no cartão de vacinação, não precisa receber esta dose. (5) Adolescente grávida, que esteja com a vacina em dia, mas recebeu sua última dose há mais de 5 (cinco) anos, precisa receber uma dose de reforço. A dose deve ser aplicada no mínimo 20 dias antes da data provável do parto. Em caso de ferimentos graves, a dose de reforço deve ser antecipada para cinco anos após a última dose.

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ANEXO C - Calendário de Vacinação do Adulto e do Idoso

IDADE VACINAS DOSES DOENÇAS EVITADAS

A partir de 20 anos dT (Dupla tipo

adulto)(1)

1ª dose Contra Difteria e Tétano

Febre amarela

(2)

dose

inicial

Contra Febre Amarela

SCR (Tríplice

viral) (3)

dose

única

Contra Sarampo, Caxumba e Rubéola

2 meses após a 1ª dose

contra Difteria e Tétano

dT (Dupla tipo

adulto) 2ª dose Contra Difteria e Tétano

4 meses após a 1ª dose

contra Difteria e Tétano

dT (Dupla tipo

adulto) 3ª dose Contra Difteria e Tétano

a cada 10 anos, por toda a

vida

dT (Dupla tipo

adulto) (4) reforço Contra Difteria e Tétano

Febre amarela reforço Contra Febre Amarela

60 anos ou mais Influenza (5) dose

anual

Contra Influenza ou Gripe

Pneumococo (6) dose

única

Contra Pneumonia causada pelo pneumococo

(1) A partir dos 20 (vinte) anos, gestante, não gestante, homens e idosos que não tiverem comprovação de

vacinação anterior, seguir o esquema acima. Apresentando documentação com esquema incompleto,

completar o esquema já iniciado. O intervalo mínimo entre as doses é de 30 dias.

(2) Adulto/idoso que resida ou que for viajar para área endêmica (estados: AP, TO, MA, MT, MS, RO, AC, RR,

AM, PA, GO e DF), área de transição (alguns municípios dos estados: PI, BA, MG, SP, PR, SC e RS) e área

de risco potencial (alguns municípios dos estados BA, ES e MG). Em viagem para essas áreas, vacinar 10

(dez) dias antes da viagem.

(3) A vacina tríplice viral - SCR (Sarampo, Caxumba e Rubéola) deve ser administrada em mulheres de 12 a

49 anos que não tiverem comprovação de vacinação anterior e em homens até 39 (trinta e nove) anos.

(4) Mulher grávida que esteja com a vacina em dia, mas recebeu sua última dose há mais de 05 (cinco) anos,

precisa receber uma dose de reforço. A dose deve ser aplicada no mínimo 20 dias antes da data provável

do parto. Em caso de ferimentos graves, a dose de reforço deverá ser antecipada para cinco anos após a

última dose.

(5) A vacina contra Influenza é oferecida anualmente durante a Campanha Nacional de Vacinação do Idoso.

(6) A vacina contra pneumococo é aplicada durante a Campanha Nacional de Vacinação do Idoso nos

indivíduos que convivem em instituições fechadas, tais como casas geriátricas, hospitais, asilos e casas de

repouso, com apenas um reforço cinco anos após a dose inicial.

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ANEXO D - Formulários do REFORSUS (FMR) como Instrumentos para a

Observação Participante

FMR 01 – Segregação e acondicionamento

FMR 01 Segregação e Acondicionamento

Local (Unidade/serviço)

Descrição do Resíduo

Grupo Estado Físico

Recipiente Utilizado

A ou E B C D

Descrição Vol. Simbologia

Identificação R NR S L Assinalar o local onde o resíduo é gerado

Descrever sucintamente o resíduo

Marcar com um x o grupo ao qual o resíduo pertence

S: Sólido L: Liquido

Forma, material, tipo de acionamento da tampa (comum, pedal, etc.)

Vol. Forma de identificação dos resíduos (grupo, característica) contidos no recipiente

FMR 03 – Armazenamento externo

FMR 03 Armazenamento Externo

Abrigo

Grupo (A, B, C, D, E)

Revestimento Ponto água

Água quente

Ralo Sifo-nado

Ventilação Iluminação

Protetor de

Porta

Destino do material despejado no ralo

Piso Parede

Descrição ou sigla do abrigo conforme planta anexa

Cerâmica, madeira, concreto, chão batido, outros.

Cerâmica, azulejo, madeira, concreto, lisa, pintada, etc.

Perguntas com resposta sim (S) ou não (N) de acordo com a NBR 12809

Descrever o destino dos líquidos despejados no ralo sifonado (rede de esgoto, recipiente, sumidouro, etc.)

FMR 06 – Coleta interna única

FMR06

Coleta Interna Única Definir procedimento alternativo de coleta interna Caso não se adote duas etapas de coleta (I e II)

Prédio: Pavimento: Grupo (A, B, C, D, E)

Hora Coleta

Frequência Equipamento EPI Nº de Funcionários

Carrinhos de transporte

Qtd. Capac. Recipientes

FMR 10 – Coleta externa

FMR-10 Coleta Externa

Grupo (A, B, C, D, E)

Tipo de Resíduo

Veículo/ Equipamento

EPI Freqüência Hora Distância à disposição final Custo

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FMR 12 – Tratamento externo

FMR 12 Tratamento Externo

Grupo (A, B, C, D, E) Resíduo Tratamento Equipamento Licença Custo (R$/Ton) Empresa

FMR 14 – Disposição final

FMR14 Disposição Final

Grupo (A, B, C, D, E)

Resíduo: Descrever o resíduo ou tipo de resíduo dentro do grupo

Disposição Final: Vala séptica, aterro sanitário, aterro controlado, destino desconhecido, etc.

Media Mensal (Kg/Mês)

Custo (R$?Ton) Empresa

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ANEXO E - Termo de Consentimento do Pesquisado

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA

Programa de Pós-Graduação Meio Ambiente e Sustentabilidade

Mestrado Profissional

Eu, __________________________________________________concordo em

participar voluntariamente da pesquisa sobre “Diagnóstico do Gerenciamento de

Resíduos Gerados nas Salas de Vacina na rede básica de saúde de Coronel

Fabriciano-MG” na condição de ____________________________ na qualidade de

entrevistado, estando informado e esclarecido de que os dados serão utilizados

exclusivamente nesta pesquisa, sendo minha identificação mantida em sigilo.

________________________ , de de 2008

_________________________________ Assinatura do Entrevistado

_________________________________ Assinatura do Pesquisador

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ANEXO F - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido à Pesquisa

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA

Programa de Pós-Graduação Meio Ambiente e Sustentabilidade

Mestrado Profissional

Eu, _____________________________________________________________, autorizo

Jussara Botto Neves, Enfermeira COREN-MG 17436 e seu orientador, Meubles Borges Junior

pesquisador responsável do CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA do Programa de

Pós-Graduação Meio Ambiente e Sustentabilidade, a incluir-me como elemento da pesquisa,

“Diagnóstico do Gerenciamento de Resíduos Gerados nas Salas de Vacina na rede

básica de saúde de Coronel Fabriciano-MG”. Estou ciente do conteúdo do projeto dessa

pesquisa, o qual tem como objetivo: Avaliar os procedimentos de manuseio dos Resíduos dos

Serviços de Saúde - RSS gerados nas salas de vacinação da região do Vale do Aço, a fim de

verificar o cumprimento das diretrizes básicas do Plano de Gerenciamento de Resíduos de

Serviços de Saúde (PGRSS) da Rede de Frio do Programa Nacional de Imunização, que visa

contribuir tanto para segurança ocupacional dos funcionários, como para a saúde pública e a

qualidade do meio ambiente.

Também me foi informado que nesta investigação será aplicado inicialmente um questionário

para definir o perfil da amostra e em seguida uma entrevista com questões que discursem o tema

em tela, no período de ________________, aos funcionários de sala de vacinação das unidades

básicas de saúde. Os pesquisadores me asseguraram que o material por mim fornecido será

utilizado apenas para fins desta pesquisa e para a publicação de seu resultado e que posso

interromper a qualquer momento a minha participação sem qualquer prejuízo ou dano

decorrente da pesquisa. A Pesquisa respeitará a todo instante, a Resolução n°196/96 do CNS -

Conselho Nacional de Saúde (Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa envolvendo

seres humanos), e toda legislação vigente em nosso país, respeitando todos os meus direitos

como cidadão. Além disso, me foi garantido que minha identidade será mantida em sigilo e que

minha participação não envolve qualquer custo financeiro.

Coronel Fabriciano, Minas Gerais, _____ de ____________ de 2008.

Assinatura do (a) participante

N° da Carteira de Identidade ________________________

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ANEXO G - Termo de Compromisso do Entrevistador

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA

Programa de Pós-Graduação Meio Ambiente e Sustentabilidade

Mestrado Profissional

“DIAGNÓSTICO DO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS GERADOS NAS SALAS DE VACINA NA REDE BÁSICA DE SAÚDE DE CORONEL

FABRICIANO-MG”

Eu JUSSARA BÔTTO NEVES, comprometo-me a utilizar as informações fornecidas

no questionário e entrevista obedecendo aos termos do presente consentimento

informado. Garanto ainda que os resultados serão usados apenas para fins desta

pesquisa e para a publicação de seu resultado em forma de um trabalho cientifico e de

um artigo. A Pesquisa respeitará a todo instante, a Resolução n°196/96 do CNS -

Conselho Nacional de Saúde (Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa

envolvendo seres humanos), e toda legislação vigente em nosso país, respeitando todos

os direitos do pesquisando como cidadão. Além disso, garantindo que sua identidade

será mantida em sigilo e que sua participação não envolve qualquer custo financeiro.

Coronel Fabriciano, Minas Gerais, _____ de ____________ de 2008.

________________________________________________ Jussara Bôtto Neves

Enfermeira

__________________________________________________ M. Sc. Meubles Borges Junior

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