diagnóstico ambiental e proposição de medidas de gestão para uma área da bacia hidrográfica do...
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A bacia hidrográfica do Rio Jiquiriçá é constituída por 25 municípios que têm no rio Jiquiriçá e nos seus afluentes as suas principais formas de integração social, econômica, cultural e ambiental em nível local e regional. A área da bacia, entre os municípios de Ubaíra, Jiquiriçá, Mutuípe e Laje, tem sofrido com as ações do homem ao desmatar as áreas de florestas e de matas ciliares para dar lugar principalmente às pastagens e às culturas do cacau e da banana, bem como, ao contaminar com esgotos e resíduos sólidos o meio ambiente e os corpos hídricos. Essas e outras ações têm afetado a qualidade da água e as vazões do Rio Jiquiriçá e seus afluentes, a precipitação anual da região e têm diminuído a biodiversidade de flora e fauna. Ao se analisar o uso e ocupação do solo, o crescimento populacional, a situação do saneamento, as características físicas, os dados de precipitação, vazão e qualidade da água, foram propostas no presente trabalho medidas de gestão ambiental e de gestão dos recursos hídricos para garantir à população atual e futura o acesso a água e a um meio ambiente equilibrado.TRANSCRIPT
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA
ESCOLA POLITCNICA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL
LEANDRO SANTOS LEAL
DIAGNSTICO AMBIENTAL E PROPOSIO DE MEDIDAS DE GESTO PARA
UMA REA DA BACIA HIDROGRFICA DO RIO JIQUIRI
Salvador
2014
-
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA
ESCOLA POLITCNICA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL
LEANDRO SANTOS LEAL
DIAGNSTICO AMBIENTAL E PROPOSIO DE MEDIDAS DE GESTO PARA
UMA REA DA BACIA HIDROGRFICA DO RIO JIQUIRI
Orientador: Prof. PhD. Lafayette Dantas da Luz
Salvador
2014
Monografia apresentada ao Curso
de graduao em Engenharia
Sanitria e Ambiental, Escola
Politcnica, Universidade Federal da
Bahia, como requisito parcial para
obteno do grau de Bacharel em
Engenharia Sanitria e Ambiental.
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TERMO DE APROVAO
LEANDRO SANTOS LEAL
DIAGNSTICO AMBIENTAL E PROPOSIO DE MEDIDAS DE GESTO PARA
UMA REA DA BACIA HIDROGRFICA DO RIO JIQUIRI
Monografia aprovada como requisito parcial para obteno do grau de
Bacharel em Engenharia Sanitria e Ambiental, Universidade Federal da Bahia
UFBA, pela seguinte banca examinadora:
Lafayette Dantas da Luz Orientador ____________________________________
PhD em Engenharia Ambiental, Cornell University, Estados Unidos
Universidade Federal da Bahia - UFBA
Yvonilde Dantas Pinto Medeiros ________________________________________
PhD em Hidrologia, University of Newcastle Upon Tyne, Reino Unido
Universidade Federal da Bahia - UFBA
Mrcia Mara de Oliveira Marinho _______________________________________
PhD em Cincias Ambientais, University of East Anglia, Reino Unido
Universidade Federal da Bahia - UFBA
Salvador, 19 de dezembro de 2014
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Valney Jos
Cad o Rio? Onde ele est?
Cad o Rio Jiquiri? Cad?
Testemunhou a origem de tantas geraes,
Alimentou um povo, diversas regies.
E agora agoniza sem gua para viver,
Deus salve a natureza, cad o Rio cad?
Esgoto, esquecimento, ningum olha para ele.
E o desenvolvimento nem liga para o verde.
A vida vai sumindo nas guas, terra e mar.
Oh cidado cad o Rio Jiquiri? Cad?
Oh saudade!
Quando mim invade da vontade de chorar
Cad o Rio onde aprendi nadar
A natureza grita: salve o Rio Jiquiri!
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LEAL, Leandro Santos. Diagnstico ambiental e proposio de medidas de
gesto para uma rea da bacia hidrogrfica do Rio Jiquiri. Monografia
(Trabalho de Concluso de Curso) Escola Politcnica, Departamento de
Engenharia Ambiental, Universidade Federal da Bahia. Salvador, dezembro, 2014.
RESUMO
A bacia hidrogrfica do Rio Jiquiri constituda por 25 municpios que tm no rio
Jiquiri e nos seus afluentes as suas principais formas de integrao social,
econmica, cultural e ambiental em nvel local e regional. A rea da bacia, entre os
municpios de Ubara, Jiquiri, Mutupe e Laje, tem sofrido com as aes do
homem ao desmatar as reas de florestas e de matas ciliares para dar lugar
principalmente s pastagens e s culturas do cacau e da banana, bem como, ao
contaminar com esgotos e resduos slidos o meio ambiente e os corpos hdricos.
Essas e outras aes tm afetado a qualidade da gua e as vazes do Rio Jiquiri
e seus afluentes, a precipitao anual da regio e tm diminudo a biodiversidade de
flora e fauna. Ao se analisar o uso e ocupao do solo, o crescimento populacional,
a situao do saneamento, as caractersticas fsicas, os dados de precipitao,
vazo e qualidade da gua, foram propostas no presente trabalho medidas de
gesto ambiental e de gesto dos recursos hdricos para garantir populao atual
e futura o acesso a gua e a um meio ambiente equilibrado.
Palavras chaves: Rio Jiquiri, diagnstico ambiental, gesto dos recursos hdricos
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ABSTRACT
The Jiquiri River Basin is composed of 25 municipalities that depends on Jiquiri
River and its affluent as the main form of social, economic, cultural and
environmental integration, local and regionally. The river basin surrounding the area
containing Ubara, Jiquiric, Mutupe and Laje municipalities has been damaged by
many anthropic actions such as deforestation and riparian vegetation suppression to
promotion of cocoa and banana cultivation. In addition, there are other anthropic
actions, such as the contamination of soil and superficial waters with wastewater
effluents and inappropriate waste disposal. These actions are related with the
degradation of water quality of Jiquiri River and its affluent. Furthermore, the
regional annual precipitation has affected the reduction of fauna and flora
biodiversity. In this work, some factors such as soil occupation and use, population
growth, sanitation aspects, the local physics characteristics, precipitation data and
river output and water quality were analysed in order to provide some relevant
recommendations about environmental and water resources management with the
view to assure the water access and sustainable environment to the present and
future generations.
Key words: Jiquiri River, environmental assessment, water resources management
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Nascente do Rio Jiquiri em Maracs .................................................... 25
Figura 2 Foz do Rio Jiquiri entre os municpios de Valena e Jaguaripe ........... 26
Figura 3 Mapa de delimitao da bacia hidrogrfica do Rio Jiquiri ..................... 28
Figura 4 Imagem area da sede do municpio de Ubara....................................... 32
Figura 5 Evoluo Populacional de Ubara ............................................................ 33
Figura 6 Evoluo da populao urbana e populao rural - Ubara ..................... 34
Figura 7 Participao dos setores econmicos do PIB de Ubara - 2011............... 35
Figura 8 Percentual de domiclios por formas de abastecimento em Ubara ......... 37
Figura 9 Percentual de domiclios por formas de esgotamento em Ubara ............ 38
Figura 10 Percentual de domiclios por destinao dos resduos em Ubara ......... 39
Figura 11 Municpio de Jiquiri ............................................................................. 40
Figura 12 Evoluo populacional de Jiquiri ........................................................ 41
Figura 13 - Evoluo da populao urbana e populao rural Jiquiri ................. 42
Figura 14 - Participao dos setores econmicos do PIB de Jiquiri - 2011 ........... 43
Figura 15 Percentual de domiclios por formas de abastecimento em Jiquiri ..... 46
Figura 16 - Percentual de domiclios por formas de esgotamento em Jiquiri ........ 46
Figura 17 - Percentual de domiclios por destinao dos resduos em Jiquiri ....... 47
Figura 18 Municpio de Mutupe ............................................................................. 48
Figura 19 Evoluo populacional de Mutupe ......................................................... 49
Figura 20 - Evoluo da populao urbana e populao rural Mutupe ................. 50
Figura 21 - Participao dos setores econmicos do PIB de Mutupe - 2011 ........... 51
Figura 22 - Percentual de domiclios por formas de abastecimento em Mutupe ...... 53
Figura 23 - Percentual de domiclios por formas de esgotamento em Mutupe ......... 54
Figura 24 - Percentual de domiclios por destinao dos resduos em Mutupe ....... 55
Figura 25 Municpio de Laje ................................................................................... 56
Figura 26 Evoluo populacional de Laje ............................................................... 57
Figura 27 - Evoluo da populao urbana e populao rural Laje ....................... 58
Figura 28 - Participao dos setores econmicos do PIB de Laje - 2011 ................. 59
Figura 29 - Percentual de domiclios por formas de abastecimento em Laje ............ 61
Figura 30 - Percentual de domiclios por formas de esgotamento em Laje ............... 62
Figura 31 - Percentual de domiclios por destinao dos resduos em Laje.............. 63
Figura 32 Mapa de Vegetao da rea em Estudo ................................................ 65
Figura 33 Mapa Altimtrico da rea em Estudo ..................................................... 66
Figura 34 Mapa de reas Prioritrias de Conservao .......................................... 69
Figura 35 Mapa de Pedologia da rea em Estudo ................................................. 71
Figura 36 Mapa de Litologia da rea em Estudo ................................................... 73
Figura 37 Mapa de Geomorfologia da rea em Estudo ......................................... 75
Figura 38 Mapa do Rio Jiquiri e seus principais afluentes .................................. 78
Figura 39 Precipitao mdia mensal em Ubara ................................................... 79
Figura 40 Vazes anuais do Rio Jiquiri em Ubara ............................................. 80
Figura 41 - Precipitao mdia mensal em Mutupe ................................................. 81
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Figura 42 Precipitao Anual em Mutupe 1965 a 2013 ...................................... 82
Figura 43 Rguas fluviomtricas em Mutupe ........................................................ 83
Figura 44 Vazes anuais do Rio Jiquiri em Mutupe........................................... 84
Figura 45 Precipitao mdia mensal em Laje ....................................................... 85
Figura 46 - Vazes anuais do Rio Jiquiri em Laje ................................................. 86
Figura 47 Mapa das Estaes Pluviomtricas e Fluviomtricas ............................. 87
Figura 48 Imagens do Rio Jiquiri em Mutupe - 2012 ......................................... 88
Figura 49 Comportamento das vazes mdias anuais na rea em Estudo
Mutupe e Laje ........................................................................................................... 89
Figura 50 Assoreamento do Rio Jiquiri em Mutupe ........................................... 90
Figura 51 Lanamento de esgotos das residncias no Rio Jiquiri - Ubara ........ 91
Figura 52 Lanamento de esgoto pela Embasa - Jiquiri ..................................... 91
Figura 53 Presena de macrfitas no Rio Jiquiri - Laje ...................................... 92
Figura 54 Presena de macrfitas (2010 e 2014) no Rio Jiquiri Jiquiri ........ 92
Figura 55 Moradores de Jiquiri tentando salvar os peixes .................................. 93
Figura 56 Mapa de localizao dos pontos de medio do Programa Monitora .... 95
Figura 57 Salinidade no ponto de amostragem JQR-400 em Mutupe ................... 97
Figura 58 Salinidade no ponto de amostragem JQR-500 em Laje ......................... 97
Figura 59 Salinidade no ponto de amostragem JQR-600 a jusante de Laje .......... 98
Figura 60 Temperatura no ponto de amostragem JQR-400 em Mutupe ............... 98
Figura 61 Temperatura no ponto de amostragem JQR-500 em Laje ..................... 99
Figura 62 - Temperatura no ponto de amostragem JQR-600 a jusante de Laje ....... 99
Figura 63 Coliformes termotolerantes no ponto JQR-400 em Mutupe ................ 100
Figura 64 Coliformes termotolerantes no ponto JQR-500 em Laje ...................... 101
Figura 65 Coliformes termotolerantes no ponto JQR-600 a jusante de Laje ........ 101
Figura 66 DBO no ponto de amostragem JQR-400 em Mutupe .......................... 102
Figura 67 DBO no ponto de amostragem JQR-500 em Laje ................................ 102
Figura 68 DBO no ponto de amostragem JQR-600 a jusante de Laje ................. 103
Figura 69 Oxignio dissolvido no ponto JQR-400 em Mutupe ............................ 104
Figura 70 Oxignio dissolvido no ponto JQR-500 em Laje................................... 104
Figura 71 Oxignio dissolvido no ponto JQR-600 a jusante de Laje .................... 105
Figura 72 Fsforo total no ponto JQR-400 em Mutupe ....................................... 105
Figura 73 Fsforo total no ponto JQR-500 em Laje ............................................. 106
Figura 74 Fsforo total no ponto JQR-600 a jusante de Laje ............................... 106
Figura 75 pH no ponto JQR-400 em Mutupe ....................................................... 107
Figura 76 pH no ponto JQR-500 em Laje ............................................................. 107
Figura 77 pH no ponto JQR-600 a jusante de Laje .............................................. 108
Figura 78 Turbidez no ponto JQR-400 em Mutupe ............................................. 109
Figura 79 Turbidez no ponto JQR-500 em Laje ................................................... 109
Figura 80 Turbidez no ponto JQR-600 a jusante de Laje ..................................... 110
Figura 81 Cachoeira dos Prazeres ....................................................................... 112
Figura 82 Outros atrativos tursticos da rea em estudo ...................................... 112
Figura 83 Esboo da Restaurao Florestal na rea em Estudo ......................... 114
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Dados dos municpios da bacia hidrogrfica do Rio Jiquiri................... 27
Tabela 2 Dados populacionais por situao do domiclio e sexo - Ubara ............. 32
Tabela 3 Taxas de crescimento populacional (% a.a.) - Ubara ............................. 33
Tabela 4 rea plantada por cultura em Ubara ....................................................... 36
Tabela 5 Efetivo de animais em Ubara.................................................................. 36
Tabela 6 Formas de utilizao do solo em Ubara ................................................. 36
Tabela 7 - Dados populacionais por situao do domiclio e sexo - Jiquiri ............ 41
Tabela 8 Taxa de crescimento populacional (% a.a.) - Jiquiri ............................ 41
Tabela 9 rea plantada por cultura em Jiquiri .................................................... 44
Tabela 10 Efetivo de animais em Jiquiri ............................................................. 44
Tabela 11 Formas de utilizao do solo em Jiquiri ............................................. 45
Tabela 12 - Dados populacionais por situao do domiclio e sexo - Mutupe .......... 49
Tabela 13 Taxa de crescimento populacional (% a.a.) - Mutupe ........................... 49
Tabela 14 rea plantada por cultura em Mutupe .................................................. 52
Tabela 15 Efetivo de animais em Mutupe ............................................................. 52
Tabela 16 Formas de utilizao do solo em Mutupe ............................................. 53
Tabela 17 - Dados populacionais por situao do domiclio e sexo - Laje ................ 57
Tabela 18 Taxa de crescimento populacional (% a.a.) - Laje ................................. 57
Tabela 19 rea plantada por cultura em Laje ......................................................... 60
Tabela 20 Efetivo de animais em Laje.................................................................... 60
Tabela 21 Formas de utilizao do solo em Laje ................................................... 61
Tabela 22 Geologia dos municpios da rea em Estudo ........................................ 72
Tabela 23 Principais corpos hdricos do municpio de Ubara ................................ 76
Tabela 24 Principais corpos hdricos dos municpios de Jiquiri e Mutupe ......... 77
Tabela 25 Principais corpos hdricos do municpio de Laje .................................... 77
Tabela 26 Alumnio dissolvido nos pontos de amostragem.................................. 110
Tabela 27 Ferro dissolvido nos pontos de amostragem ....................................... 111
Tabela 28 Fenis totais nos pontos de amostragem ............................................ 111
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SUMRIO
1. INTRODUO ................................................................................................... 12
2. OBJETIVOS ....................................................................................................... 14
2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................ 14
2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS ................................................................................ 14
3. REVISO BIBLIOGRFICA .............................................................................. 15
3.1 A GUA .......................................................................................................... 15
3.2 A BACIA HIDROGRFICA ................................................................................... 16
3.3 AS MATAS CILIARES ......................................................................................... 17
3.4 SANEAMENTO BSICO E USO E OCUPAO DO SOLO ........................................ 19
3.5 POLTICA NACIONAL DE RECURSOS HDRICOS: INSTRUMENTOS .......................... 20
4. METODOLOGIA ................................................................................................. 23
5. DIAGNSTICO .................................................................................................. 24
5.1 A REGIO DE PLANEJAMENTO E GESTO DAS GUAS DO RECNCAVO SUL ......... 24
5.2 A BACIA HIDROGRFICA DO RIO JIQUIRI......................................................... 25
5.3 A REA EM ESTUDO: UBARA, JIQUIRI, MUTUPE E LAJE .................................. 31
5.3.1 UBARA.................................................................................................... 31
5.3.2 JIQUIRI ................................................................................................ 40
5.3.3 MUTUPE ................................................................................................. 48
5.3.4 LAJE ....................................................................................................... 56
5.3.5 VEGETAO E ALTIMETRIA ........................................................................ 64
5.3.6 REAS PRIORITRIAS DE PRESERVAO .................................................... 68
5.3.7 SOLOS .................................................................................................... 70
5.3.8 GEOLOGIA ............................................................................................... 72
5.3.9 GEOMORFOLOGIA ..................................................................................... 74
5.3.10 HIDROGRAFIA ....................................................................................... 76
5.3.11 CLIMATOLOGIA, PRECIPITAO E VAZO ................................................. 79
5.3.12 QUALIDADE DA GUA DO RIO JIQUIRI .................................................. 90
5.3.13 POTENCIAL TURSTICO ........................................................................ 111
6. MEDIDAS DE GESTO AMBIENTAL E DOS RECURSOS HDRICOS ......... 113
6.1 PLANO DE CONSERVAO E RECUPERAO FLORESTAL.................................. 113
6.2 PLANO DE BACIA HIDROGRFICA E ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DGUA ..... 115
6.3 FORTALECIMENTO DO CONSRCIO INTERMUNICIPAL DO VALE DO JIQUIRI ...... 116
6.4 PLANOS MUNICIPAIS DE SANEAMENTO BSICO................................................ 118
6.5 PLANO DIRETOR DE DESENVOLVIMENTO URBANO PDDU .............................. 119
6.6 ZONEAMENTO AMBIENTAL ............................................................................. 119
6.7 PLANEJAMENTO DO TURISMO ......................................................................... 120
6.8 PROGRAMA DE CONTROLE DE MACRFITAS .................................................... 121
-
6.9 EDUCAO AMBIENTAL ................................................................................. 122
6.10 REDE DE MONITORAMENTO E SISTEMA DE INFORMAES ............................. 122
6.11 ESTMULOS ECONMICOS PARA AS PREFEITURAS MUNICIPAIS ...................... 122
7. CONCLUSES ................................................................................................ 123
8. LIMITAES E DESAFIOS PARA TRABALHOS FUTUROS ........................ 125
9. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ................................................................ 126
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12
1. INTRODUO
A viso do homem como ser supremo do planeta Terra fez com que o
mesmo dominasse e usufrusse dos recursos naturais. Posteriormente, aliado s
diferenas sociais, a partir da produo de riquezas, bens e servios veio tona a
realidade do crescimento econmico ser voltada somente para a produo, no
levando em conta fatores cruciais para a qualidade de vida da populao e do meio
ambiente.
A utilizao predatria dos recursos naturais pelo homem trouxe consigo
vrios problemas ambientais. Deste modo, observa-se que o modelo de
desenvolvimento atual se mostra ineficaz e urge a necessidade de mudanas que
priorizem as dimenses do desenvolvimento sustentvel, pois no h somente
desenvolvimento do meio ambiente ou somente desenvolvimento econmico e sim
um entrelace de aspectos que contribuam para atingir um novo modelo que minimize
os danos ao meio ambiente e que, claro promovam uma equidade social.
Historicamente, o homem tem construdo suas cidades prximo aos rios,
de forma estratgica, visto que nas cheias os rios carregam sedimentos e matria
orgnica que se depositam nas suas margens fazendo com que as terras fossem
frteis para o plantio e a agricultura, sem contar que o prprio abastecimento
humano e todas as atividades dependiam dos rios. Dessa forma, percebe-se a
histrica relao dos rios com a vida das pessoas.
Atualmente, em muitos centros urbanos, como o caso de Salvador,
capital do Estado da Bahia, os rios, crregos, lagos e/ou nascentes foram e esto
sendo cobertos dando lugar a praas, cliclovias, entre outros. Entretanto, cidades
que antes tinham seus rios cobertos esto destruindo as obras feitas e trazendo de
volta os rios para a vida das pessoas, como o caso de Seul na Coria do Sul.
Alm deste problema citado, a derrubada de vegetao nativa e matas
ciliares, o uso e ocupao desordenada do solo, o lanamento de esgotos e
resduos slidos, as prticas agropecurias utilizadas e o crescimento populacional
tem deteriorado a qualidade e quantidade de gua doce disponvel. Dessa forma,
alm de comprometer os mananciais de abastecimento, que requerem tecnologias
mais sofisticadas para o tratamento das suas guas, o homem est se
autodestruindo.
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13
Neste cenrio catico necessrio que, alm de uma postura
comportamental diferente, o ser humano se organize, e trabalhe para a construo
de uma sociedade menos desigual e que respeite o meio ambiente. Portanto, no
caso especfico do Brasil, devem-se rever e pr em prticas as polticas, leis,
decretos, programas, instrumentos, dentre outros, para a efetivao desse ideal.
Logo, o presente trabalho visa fazer um diagnstico da rea da bacia
hidrogrfica do Rio Jiquiri compreendida entre os municpios de Ubara e Laje e
propor medidas de gesto na rea em estudo e na bacia como um todo para
diminuir os impactos observados e melhorar a salubridade ambiental e a vida dos
moradores da regio, garantindo gua e um meio ambiente equilibrado para a atual
e futuras geraes.
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14
2. OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Elaborao e anlise do diagnstico ambiental da rea da bacia
hidrogrfica do Rio Jiquiri compreendida entre os municpios de Ubara, Jiquiri,
Mutupe e Laje e proposio de medidas de gesto para a bacia e rea em estudo.
2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS
Descrio da dinmica populacional, do uso e ocupao do solo, bem
como, da situao de saneamento nos municpios em estudo.
Descrio fsica da rea da bacia, em particular o solo, a vegetao,
geologia, geomorfologia e altimetria;
Descrio da hidrografia e dos dados hidrolgicos da rea em estudo;
Avaliao da qualidade da gua do Rio Jiquiri e descrio das
principais atividades impactantes que afetam a mesma;
Proposio de medidas de gesto dos recursos hdricos e de gesto
ambiental para a bacia hidrogrfica e rea em estudo.
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15
3. REVISO BIBLIOGRFICA
3.1 A GUA
O planeta Terra possui 77% de sua extenso ocupados por gua, sendo
que, a maior parcela (97%) dessa gua salgada e uma pequena parcela (3%)
doce. Da gua doce existente, 87% esto bloqueadas nas calotas polares e geleiras
e somente 0,01% est disponvel para todos os seres vivos (DOWBOR e TAGNIN,
2005).
O Brasil um pas que possui uma posio privilegiada em relao aos
recursos hdricos visto que o mesmo possui uma variada quantidade de corpos
hdricos e mananciais subterrneos, apesar da distribuio geogrfica no uniforme
dos mesmos. Em relao ao mundo, o Brasil possui 12% das reservas de gua
doce, sendo que, desse total 70% est na regio amaznica e somente 5% est na
Regio Nordeste (DOWBOR e TAGNIN, 2005).
A Organizao das Naes Unidas ONU, em 1948, atravs da
Declarao Universal dos Direitos Humanos ressalta que todas as pessoas tm
direito vida. Segundo WOLKMER e PIMMEL (2013) a gua um elemento vital
para a os ecossistemas e para todos os seres vivos do planeta, dessa forma,
percebe-se que fica implcita nessa Declarao que garantir o direito vida
garantir o direito gua. Em 1992, a ONU, por meio da Declarao Universal dos
Direitos das guas, define que a gua um dos direitos fundamentais dos seres
humanos, mas um dos maiores problemas no mundo e no Brasil universalizar o
acesso gua e garantir esse direito.
Para REBOUAS (2002 apud GOMES BARBIERI, 2004) a gua um
elemento natural sem qualquer tipo de utilizao enquanto que o recurso hdrico
a gua dotada de valor econmico ao ser utilizada para diversos fins. A gua
essencial para a vida e para a sade humana sendo um recurso utilizado em
diversas atividades, dentre elas destacam-se o abastecimento humano, a gerao
de energia eltrica, atividades industriais, irrigao, navegao, recreao, turismo,
pesca. Nessas atividades a gua pode ser a matria-prima, o insumo, o meio, o leito
navegvel, parte da beleza cnica, corpo diluidor, entre outros.
O aumento da populao aumenta a demanda por gua e a necessidade
de ampliao das terras agriculturveis com consequente degradao do meio
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16
ambiente. O uso e ocupao solo influem tambm diretamente sobre os recursos
hdricos podendo alterar a qualidade dos mesmos (WOLKMER e PIMMEL, 2013).
Fazem-se necessrios uma gesto e um gerenciamento dos recursos hdricos para
que haja a conservao da gua, bem como, um uso eficiente da mesma.
garantindo populao atual e futura o acesso agua (GOMES e BARBIERI, 2004).
No Brasil, a Poltica Nacional de Recursos Hdricos - PNRH, instituda
pela Lei n 9.433, de 8 de janeiro de 1997, visa assegurar atual e s futuras
geraes gua em qualidade e quantidade suficientes. Ela define que a gua um
bem de domnio pblico e um recurso natural limitado, dotado de valor econmico.
Para que se consiga alcanar os seus objetivos a PNRH possui alguns instrumentos,
dentre eles, o plano de recursos hdricos, o enquadramento dos corpos dgua, a
outorga, a cobrana pelo uso da gua e um sistema de informaes.
A gua o elo entre tudo que tem vida, conectando
passado, presente e futuro. Nesse sentido, as geraes atuais
tambm tm responsabilidades com as futuras geraes, s quais se
deve legar condies de suprir suas necessidades de recursos
naturais, principalmente de gua. Portanto, parece haver razovel
consenso, em escala planetria, sobre a necessidade de se reverter
o atual quadro de degradao, adotando-se uma viso coletivista de
propriedade e uma tica de compromisso e cuidado com a gua.
(GOMES e BARBIERI, 2004, p.20)
3.2 A BACIA HIDROGRFICA
A PNRH incorpora princpios e normas para a gesto de recursos hdricos
adotando a definio de bacia hidrogrfica como unidade de estudo e gesto. Assim,
de grande importncia a compreenso do conceito de bacia hidrogrfica.
Para Tucci (1997 apud PORTO e PORTO, 2008; p.45) a bacia
hidrogrfica uma rea de captao natural da gua de precipitao que faz
convergir o escoamento para um nico ponto de sada. Dessa forma, a bacia
constituda por afluentes que drenam suas guas para um curso principal que
termina no seu exultrio.
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17
Segundo PORTO e PORTO (2008) a bacia hidrogrfica pode ser
percebida como um ente sistmico, no qual, se tem entradas de gua (precipitaes)
e sadas de gua (exultrio) formando um emaranhado de interconexes entre os
sistemas hdricos, bacias e sub-bacias. Sobre a unidade territorial da bacia
hidrogrfica que so desenvolvidas as atividades industriais, agrcolas, do setor de
servios, entre outras. Ou seja, as reas urbanas e rurais, processos produtivos e
toda dinmica envolta da bacia podem ser representadas no seu exultrio, pois tudo
que ocorreu na bacia converge para esse ponto.
Para BARRELLA et al (2001 apud TEODORO et al, 2007) a bacia
hidrogrfica um conjunto de terras delimitadas por divisores de gua onde as
precipitaes escoam superficialmente formando os rios e riachos ou infiltram no
solo para a formao de nascentes e lenis freticos. De acordo com LIMA e
ZAKIA (2000 apud TEODORO et al, 2007) as bacias hidrogrficas so sistemas
abertos que se encontram em equilbrio dinmico. Assim sendo, recebem energia
atravs de agentes climticos e perdem energia atravs do deflvio, mesmo
havendo modificaes no sistema, haver uma compensao de forma a manter o
equilbrio.
O Brasil foi divido em 12 Regies Hidrogrficas, pela Resoluo n
32/2003 do Conselho Nacional de Recursos Hdricos - CNRH, com o objetivo de
implementar a PNRH e o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos.
Essa diviso teve como finalidade orientar, fundamentar e implementar o Plano
Nacional de Recursos Hdricos. A regio hidrogrfica fica definida como o espao
territorial constitudo por uma bacia, grupo de bacias ou sub-bacias com
caractersticas fsicas, econmicas e sociais comuns. As 12 Regies Hidrogrficas
so: Amaznica, Atntico Nordeste Ocidental, Parnaba, Tocantins / Araguaia,
Atlntico Nordeste Oriental, Atlntico Leste, So Francisco, Paraguai, Paran,
Atlntico Sudeste, Uruguai e Atlntico Sul.
3.3 AS MATAS CILIARES
Mata ciliar aquela que margeia os corpos dgua (rios, lagos, represas,
crregos ou vrzeas) e suas reas adjacentes sendo composta de espcies tpicas,
resistentes ou tolerantes ao encharcamento ou excesso de gua no solo
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18
(KAGEYAMA et al, 2002). No Brasil, o novo Cdigo Florestal, que foi institudo pela
Lei n 12.651 de 25 de maio de 2012, define que as matas ciliares so reas de
preservao permanente e, deste modo, devem ser protegidas de forma a garantir a
preservao do meio ambiente.
As matas ciliares so de suma importncia para a manuteno da
qualidade das guas dos rios e, alm disso, contribuem tambm como: habitat,
refgio e alimento para a fauna (terrestre e aqutica); corredores ecolgicos;
manuteno do microclima; conteno de processos erosivos; e reteno natural
das guas, contribuindo para amortecer enchentes (KAGEYAMA et al, 2002).
As matas ciliares conseguem reduzir os impactos de fontes de poluio
montante por meio de mecanismos de filtragem, barreira fsica e processos
qumicos; minimizam o assoreamento e a contaminao por escoamento superficial
de fertilizantes e defensivos agrcolas; mantm a estabilidade dos solos marginais; e
reduzem a entrada de radiao solar nos rios (KAGEYAMA et al, 2002).
Segundo PORTO e FERREIRA (2012) a degradao das matas ciliares
est relacionado com a poluio das guas visto que a retirada das matas ciliares
tem acelerado o processo de eroso, assoreamento, contaminao e aumento de
slidos em suspenso nas guas. Dessa forma, observa-se que a qualidade da
gua diretamente afetada pela falta de vegetao ao longo dos cursos dgua.
Alm disso, PORTO e FERREIRA (2012) relatam que a falta de matas
ciliares ocasiona o desequilbrio dos ambientes de bacias hidrogrficas, visto que, as
mesmas mantm a qualidade e quantidade da gua das bacias; asseguram a
integridade fsica, qumica e biolgica dos solos; regulam o ciclo local da gua e
controlam o escoamento superficial.
De acordo com PORTO e FERREIRA (2012) a ocupao das margens
dos rios e a impermeabilizao dos solos esto ligadas a riscos de alagamentos,
enchentes e deslizamentos, assim como vetores transmissores de doenas. Em
reas rurais e urbanas os motivos para a degradao dos ambientes ciliares so: o
crescimento urbano; a falta de infraestruturas, planejamento e gesto; e o uso e
ocupao dos solos.
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3.4 SANEAMENTO BSICO E USO E OCUPAO DO SOLO
De acordo com SHRESTA e ENVIRON (2007, apud MOURA,
BOAVENTURA e PINELLI, 2010) o ser humano o principal agente que influencia
na qualidade da gua de um rio e dentre as aes humanas podem-se citar as
atividades agrcolas, as indstrias e a ocupao urbana. Alm do homem, outros
fatores que tambm influenciam a qualidade da gua de um corpo hdrico so:
geologia, vegetao, solos e clima.
O uso e a ocupao desordenada do solo, bem como o lanamento de
esgotos e resduos slidos, so uns dos fatores que esto afetando a qualidade das
guas dos rios, principalmente nos centros urbanos. Tudo isso afeta, direta ou
indiretamente, a vida das pessoas em termos de sade, segurana e bem estar; a
fauna e flora; as condies sanitrias do meio; e as atividades sociais e econmicas
que dependem de uma gua que se torna cada vez mais escassa.
GOULART e CALLISTO (2003) relatam que os recursos hdricos tm
sofrido impactos das atividades antrpicas de minerao; construo de barragens
e represas; retilinizao e desvio do curso natural de rios; lanamento de efluentes
domsticos e industriais no tratados; desmatamento; superexplorao dos recursos
pesqueiros; introduo de espcies exticas; entre outros. Como consequncia alm
da perda de qualidade da gua tm-se observado a diminuio da diversidade de
habitats e eutrofizao artificial.
Para VANZELA, HERNANDEZ e FRANCO (2010) a maneira com que
feito o uso e ocupao do solo traz consequncias para a drenagem das guas
pluviais e para o aporte de sedimentos nos mananciais. Desse modo, a quantidade e
qualidade de gua podem ser alteradas. As reas de mata tm a maior capacidade
de infiltrao e armazenamento de gua no solo e, a partir do momento em que
essas reas so degradadas, essas caractersticas so reduzidas. As reas
ocupadas por matas contribuem para o aumento da qualidade da gua e da vazo
especfica enquanto que as reas habitadas, agricultadas e matas degradadas
podem reduzir a qualidade da gua e a vazo especfica na bacia hidrogrfica.
As reas utilizadas pela agricultura se no tiverem um devido manejo se
tornam uma fonte de sedimentos e slidos para os cursos dgua. As reas
habitadas reduzem a permeabilidade do solo, seja pela impermeabilizao e/ou
compactao do mesmo (VANZELA, HERNANDEZ e FRANCO, 2010).
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20
Em relao aos resduos slidos, os impactos provocados podem-se
estender para a populao em geral, visto que, o manejo e disposio inadequada
pode poluir e contaminar os corpos dgua e os lenis subterrneos, disseminar
vetores e transmitir doenas ao ser humano. Os mais frequentes agentes fsicos,
qumicos e biolgicos presentes nos resduos slidos e que podem causar efeitos na
sade humana so: odor, metais pesados, pesticidas/herbicidas, microorganismos
patognicos, vetores, entre outros (FERREIRA e ANJOS, 2001).
De acordo com SPERLING (2005) o lanamento de esgotos em corpos
hdricos podem trazer como consequncias: o consumo de oxignio, crescimento
excessivo de algas, toxicidade aos peixes (amnia), mortandade dos peixes,
doenas (patgenos), contaminao dos aquferos subterrneos, entre outros.
A impermeabilizao do solo faz com que as cheias se agravem e que
com isso possam ocorrer os problemas de inundaes (TUCCI, 2004). Nas cidades,
o crescimento urbano, bem como, a falta de um planejamento adequado da
ocupao do espao, alteram o ciclo das guas, fazendo com que haja mais
escoamento superficial e menos infiltrao, trazendo impactos para a vida da
populao.
A relao entre o uso e ocupao do solo e os recursos hdricos deve ser
usada para o planejamento da bacia hidrogrfica, de tal modo, que se consiga ter
gua em qualidade e quantidade suficientes para todos os usos, em especial o
abastecimento humano. Deve-se pensar em investimentos na rea de saneamento,
principalmente no tocante ao esgotamento sanitrio e aos resduos slidos, dadas
as consequncias dos mesmos sobre os corpos hdricos.
3.5 POLTICA NACIONAL DE RECURSOS HDRICOS: INSTRUMENTOS
Os instrumentos da PNRH, conforme mencionado, visam assegurar a
sustentabilidade dos recursos hdricos ao garantir s populaes atuais e futuras
gua em qualidade e quantidade, bem como, a utilizao racional e integrada dos
mesmos. Para que essa poltica seja concretizada em termos prticos deve-se haver
a articulao de todos os instrumentos de gesto.
Os Comits de Bacia so rgos descentralizados por bacia hidrogrficas
e neles as decises sobre os usos dos rios e as prioridades para a outorga so
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21
estabelecidas e os planos de bacia so elaborados e aprovados. Possuem Agncias
de gua que funcionam como uma secretaria executiva e constitudo por membros
do governo, municpios, usurios de gua e sociedade civil.
Os instrumentos da PNRH so:
Planos de Recursos Hdricos so planos diretores que tem a funo de
fundamentar e orientar a implementao da PNRH e gerenciar os recursos
hdricos. So elaborados por bacia hidrogrfica, por Estado e para o pas
sendo constitudos por diagnstico, prognstico, metas, medidas, diretrizes e
critrios. Os planos so longa durao e so aprovados pelos Comits de
Bacia.
Enquadramento dos corpos dgua em classes este instrumento
aplicado de acordo com os usos preponderantes mais restritivos (atuais e
futuros) da bacia visando assegurar, por metas e aes de gesto, gua com
qualidade e quantidade para os usurios, compatvel com os usos mais
exigentes.
Outorga de direito de uso da gua visa assegurar o controle qualitativo e
quantitativo dos usos da gua e o direito de acesso gua. Para tanto, a
outorga deve considerar o enquadramento, se existente, e a vazo do corpo
hdrico. Esto sujeitos outorga, a captao de gua de mananciais
superficiais e subterrneos e o lanamento em corpos receptores de
efluentes.
Cobrana pelos usos da gua tem como objetivos reconhecer a gua
como um bem dotado de valor econmico, incentivar a racionalizao do uso
da gua e obter recursos para serem aplicados nas bacias hidrogrficas no
financiamento de programas e intervenes. Sero cobrados os usos da gua
sujeitos outorga.
Sistema de Informaes sobre Recursos Hdricos um sistema de
coleta, tratamento, armazenamento e recuperao de informaes sobre os
recursos hdricos e os fatores intervenientes em sua gesto. Com esse
sistema possvel o monitoramento dos recursos hdricos, avaliar a
implementao das metas dos planos e viabilizar a tomada de decises.
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22
Segundo PEREIRA e JONHSSON (2005; p.58):
a implementao destes instrumentos de gesto, fortemente
interdependentes e complementares do ponto de vista conceitual,
demanda no somente capacidades tcnicas, polticas e
institucionais, mas requer tambm tempo para a sua definio e
operacionalizao, pois sua implantao , antes de tudo, um
processo organizativo social, o qual demanda a participao e a
aceitao por parte dos atores envolvidos, dentro da compreenso
de que haver um benefcio coletivo global.
Atualmente, dada a complexidade do processo de descentralizao da
gesto dos recursos hdricos no Brasil, faz-se necessrio enfrentar e superar alguns
desafios que esto postos: a implementao da gesto harmonizada, construo de
uma lgica territorial de gesto, operacionalizao e fortalecimento do comit de
bacia, estabelecimento de regras de convivncia entre comits e aperfeioamento
da legislao. Tudo isso para que se possa efetivar as estratgias de
implementao, gesto e avaliao das aes sobre os recursos hdricos no pas
(PEREIRA e JONHSSON 2005).
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4. METODOLOGIA
A metodologia adotada para o desenvolvimento do presente estudo
consistiu de reviso bibliogrfica, pesquisa em fontes de dados secundrias e visitas
de campo. O diagnstico deste estudo concentrou-se na rea da hidrogrfica do Rio
Jiquiri entre os municpios de Ubara, Jiquiri, Mutupe e Laje enquanto que as
proposies de medidas de gesto tomaram como base esta rea e a bacia como
um todo.
A reviso bibliogrfica foi realizada para dar embasamento terico e
conceitual sobre os temas tratados no presente trabalho, bem como, dar subsdios
para que fossem entendidos os problemas atuais e definidas as medidas de gesto.
Desse modo, foram analisadas leis, decretos, resolues, portarias e literaturas
especializadas, livros e artigos.
Foram coletados dados secundrios (atuais e histricos), nas fontes
oficiais, como Empresa Baiana de guas e Saneamento (Embasa), Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), Agncia Nacional das guas (ANA),
Superintendncia de Estudos Econmicos e Sociais da Bahia (SEI), Instituto de
Meio Ambiente e Recursos Hdricos (INEMA), entre outros. Visitas de campo foram
realizadas para que fosse feito levantamento fotogrfico dos principais problemas
apresentados, bem como, a visualizao das condies atuais em que se encontram
o Rio Jiquiri e seus afluentes nos municpios em estudo.
Os dados coletados foram descritos e analisados e, junto com as
fotografias e observaes feitas nas visitas, permitiram uma caracterizao do meio
fsico, bitico e socioeconmico subsidiando a elaborao do diagnstico.
Para proposio das medidas de gesto foram verificados os atuais
instrumentos que esto sendo aplicados na bacia, analisadas as suas importncias,
e foram elencados outros instrumentos, programas e aes que contribussem para
a melhoria da salubridade ambiental, preservao do meio ambiente e gesto dos
recursos hdricos e naturais da regio.
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24
5. DIAGNSTICO
5.1 A REGIO DE PLANEJAMENTO E GESTO DAS GUAS DO RECNCAVO SUL
O Estado da Bahia, atravs do Conselho Estadual de Recursos Hdricos
CONERH, com o intuito de planejar e gerir os recursos hdricos em sua rea
territorial e, tambm, com vistas a efetivar os instrumentos da Poltica Estadual de
Recursos Hdricos, dividiu a hidrografia estadual em Regies de Planejamento e
Gesto das guas - RPGAs.
O CONERH, por meio da resoluo n 80 de 25 de agosto de 2011,
resolve que a Diviso Hidrogrfica Estadual seria constituda por 25 RPGAs que
esto divididas segundo duas Regies Hidrogrficas Nacionais, a do Atlntico Leste
e a do Rio So Francisco.
As RPGAs da Bahia pertencentes Regio Hidrogrfica Nacional do
Atlntico Leste, segundo a resoluo, so: I - Riacho Doce; II Rio Mucuri; II Rios
Perupe, Itanhm e Jucuruu; IV Rios dos Frades, Buranhm e Santo Antnio; V
Rio Jequitinhonha; VI Rio Pardo; VII Leste; VIII Rio de Contas; IX Recncavo
Sul; X Rio Paraguau; XI Recncavo Norte e Inhambupe; XII Rio Itapicuru; XIII
Rio Real e XIV Rio Vaza-Barris.
Do mesmo modo, as RPGAs da Bahia na Regio Hidrogrfica Nacional
do Rio So Francisco so: XV Riacho do Tar; XVI Rios Macurur e Cura;
XVII Rio Salitre; XVIII Rios Verde e Jacar; XIX Lado do Sobradinho; XX
Rios Paramirim e Santo Onofre; XXI Rio Grande e Riachos da Serra Dourada e do
Brejo Velho; XXII Rio Carnaba de Dentro; XXIII Rio Corrente e Riacho do
Ramalho; XXIV Rio Carinhanha e XXV Rio Verde Grande.
A bacia hidrogrfica do Rio Jiquiri est inserida na RPGA do
Recncavo Sul. Alm dela, outras bacias importantes tambm fazem parte desta
RPGA, como o caso das bacias dos Rios da Dona, Jaguaripe e Una. Esses rios
desguam no Oceano Atlntico, na contra-crosta da Ilha de Itaparica, na contra-
crosta do Arquiplago de Tinhar-Boipeba e na Baa de Camamu (INEMA, 2014).
A RPGA do Recncavo Sul possui uma rea de 16.990 Km
compreendida entre 56 municpios. As principais atividades econmicas
desenvolvidas nos municpios so, dentre outras, o turismo, a produo de piaava
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25
e dend, comrcio e a agricultura familiar. A cobertura vegetal desta regio
formada pelos biomas da Mata Atlntica e Caatinga (INEMA, 2014).
5.2 A BACIA HIDROGRFICA DO RIO JIQUIRI
A bacia do Rio Jiquiri possui uma rea de 6.900 km sendo que a sua
delimitao espacial no se restringiu apenas aos limites dos divisores de gua da
bacia, ou seja, aos seus limites fsicos, mas considerou integralmente todos os
municpios que tm partes de suas terras inseridas na bacia (BATISTA, 2003). Esta
bacia a maior da RPGA do Recncavo Sul correspondendo a 39,6% da sua rea
total.
O Rio Jiquiri nasce no municpio de Maracs e desgua no Oceano
Atlntico, entre os municpios de Valena e Jaguaripe, possuindo 275 km de
extenso. Nas suas margens, servindo de ponto de parada para os tropeiros,
formaram-se os primeiros povoados, correspondendo s sedes municipais de hoje.
Atradas por suas riquezas naturais e pela fertilidade do solo as populaes tiveram
um forte lao com o Rio Jiquiri que, atualmente, ainda se constitui no principal elo
cultural e de desenvolvimento econmico para a regio (BATISTA, 2003).
Figura 1 Nascente do Rio Jiquiri em Maracs
Foto: CRAVOLANDIAEMFOCO, 2013
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Esta bacia hidrogrfica constituda por 25 municpios, so eles:
Maracs, Lajedo do Tabocal, Planaltino, Lafaiete Coutinho, Itiruu, Iau,
Jaguaquara, Irajuba, Itaquara, Nova Itarana, Cravolndia, Brejes, Milagres, Itatim,
Santa Terezinha, Elsio Medrado, Amargosa, So Miguel das Matas, Santa Ins,
Ubara, Jiquiri, Mutupe, Laje, Jaguaripe e Valena (BATISTA, 2003).
Figura 2 Foz do Rio Jiquiri entre os municpios de Valena e Jaguaripe
Foto: Margi Moss, 2012
A rea da bacia do Rio Jiquiri possui uma boa infra-estrutura viria,
sendo cortada por 5 rodovias federais, 16 estaduais e por inmeras estradas
municipais. A populao total, segundo o IBGE (2010), de 456.728 pessoas, das
quais 60,6% residem em reas urbanas e 39,4% em reas rurais. Dos 25
municpios, apenas 7 (Amargosa, Iau, Jaguaquara, Laje, Maracs, Mutupe e
Valena) possuem uma populao maior do que 20.000 habitantes. A rea da bacia
apresenta uma densidade demogrfica de 28,33 hab/km, valor superior ao do
Estado da Bahia que de 24,82 hab/km. A Tabela 1 mostra os dados de rea,
populao e densidade demogrfica dos municpios da bacia.
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Tabela 1 - Dados dos municpios da bacia hidrogrfica do Rio Jiquiri
Municpio rea (Km)
Populao Total (hab)
Populao Urbana (hab)
Populao Rural (hab)
Dens. Dem.
(hab/km)
Amargosa 463,19 34.351 24.891 9.460 74,16
Brejes 480,83 14.282 4.937 9.345 29,70
Cravolndia 162,17 5.041 3.180 1.861 31,08
Elsio Medrado 193,53 7.947 3.248 4.699 41,06
Iau 2.451,42 25.736 20.168 5.568 10,50
Irajuba 413,52 7.002 3.273 3.729 16,93
Itaquara 322,98 7.678 4.608 3.070 23,77
Itatim 583,45 14.522 10.112 4.410 24,89
Itiruu 313,71 12.693 9.526 3.167 40,46
Jaguaquara 928,24 51.011 38.850 12.161 54,95
Jaguaripe 898,67 16.467 5.298 11.169 18,32
Jiquiri 239,40 14.118 5.581 8.537 58,97
Lafaiete Coutinho 405,39 3.901 2.104 1.797 9,62
Laje 457,74 22.201 6.080 16.121 48,50
Lajedo do Tabocal 431,90 8.305 5.149 3.156 19,23
Maracs 2.253,04 24.613 17.707 6.906 10,92
Milagres 284,38 10.306 7.789 2.517 36,24
Mutupe 283,21 21.449 9.659 11.790 75,74
Nova Itarana 470,44 7.435 2.715 4.720 15,80
Planaltino 927,02 8.822 3.640 5.182 9,52
Santa Ins 315,66 10.363 9.514 849 32,83
Santa Teresinha 707,24 9.648 2.334 7.314 13,64
So Miguel das Matas 214,41 10.414 3.360 7.054 48,57
Ubara 726,26 19.750 8.822 10.928 27,19
Valena 1.192,61 88.673 64.368 24.305 74,35
Fonte: IBGE (2010)
A maior parte da bacia do Rio Jiquiri, quase 60%, se encontra no clima
semirido e em relao a sua geomorfologia a bacia se divide em: Regio de
Acumulao, Bacia Sedimentar Recncavo Tucano, Planalto Pr-Liitorneo,
Planalto Sul Baiano, Depresses Perifricas e Interplanlticas e Chapada
Diamantina. A altitude na bacia varia desde o nvel do mar at 1.082 no municpio de
Maracs. No tocante aos solos na bacia foram identificadas seis classes de solos:
latossolos (75,8%), argissolos (16,93%), planossolos (2,86%), cambissolos (1,94%),
espodossolos (0,67%) e neossolos (1,8%) (FERNANDES, 2008).
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Figura 3 Mapa de delimitao da bacia hidrogrfica do Rio Jiquiri
Fonte: IBGE, 2010
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A bacia ocupa quatro vegetaes distintas, so elas: formaes pioneiras
do litoral, floresta ombrfila, floresta estacional e caatinga apresentando variaes
climticas extremas. A nascente do Rio Jiquiri, bem como a maior rea da bacia,
est na regio semi-rida com vegetao caatinga. A rea intermediria da bacia
est inserida no bioma da Mata Atlntica, com as formaes vegetais de floresta
ombrfila e floresta estacional antes bastante fechadas e hoje totalmente
descaracterizadas pelos constantes desmatamentos. Na foz do Rio Jiquiri
predominam formaes vegetais caractersticas de zona costeira, como o caso
dos manguezais (BATISTA, 2003).
De acordo com a vegetao e a tipologia climtica ao longo da bacia, o
Rio Jiquiri pode ser dividido em Alto Jiquiri, Mdio Jiquiri, Baixo Jiquiri e
Esturio do Jiquiri apresentando caractersticas distintas. O Alto Jiquiri,
constitudo pelas regies de clima semi-rido encontradas nas pores norte e
noroeste da bacia, caracterizado pela distribuio pluviomtrica irregular sendo
que a maior parte dos cursos dgua intermitente e de carter torrencial. O Mdio
Jiquiri contempla a faixa de transio entre os climas submidos e semirido
sendo caracterizado por duas estaes bem definidas: uma chuvosa e outra seca. O
Baixo Jiquiri constitudo pela regio de clima submido possuindo florestas
remanescentes da Mata Atlntica. O Esturio do Jiquiri formado pela regio de
clima tropical quente e mido, sem estao seca, sendo caracterizado pela
predominncia de espcies arbrea, arbustiva e de manguezais (QUAN et al, 2009).
O contraste formado por essas vegetaes com diferenas de relevo e
clima tornam a rea da bacia hidrogrfica bastante diversificada e rica. A paisagem
das reas semi-ridas, onde se destacam formaes rochosas que se aproximam da
Chapada Diamantina, a rica beleza das paisagens do vale, com suas matas e
cachoeiras, e a exuberncia das praias de Valena e Jaguaripe refletem na
organizao socioeconmica e numa pluralidade cultural (BATISTA, 2003).
De acordo com o GEOBAHIA/INEMA (2014) os principais afluentes do Rio
Jiquiri so: Crrego Baixa da Umburana, Riacho das Guabirabas, Riacho da
Moenda, Riacho Tamandu, Riacho Trs Cantos, Riacho da Barriguda, Riacho
Queimada Grande, Rio Gelia, Riacho do Xenxm, Riacho Lagoa Cumprida, Rio
Olhos Dgua, Riacho Engenho Velho, Riacho do Melo, Rio de Brejes, Rio Mucuri,
Riacho da Prata, Rio Velho, Rio Jiquiri Mirim, Rio Cariri, Rio Corta Mo, Riacho
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Vertente Seca, Rio Riacho, Riacho Cachoeira, Riacho dos Cavalos, Rio Tiriri e Rio
Trara.
Cabe destacar que tanto o Rio Jiquiri quanto alguns de seus afluentes
recebem os esgotos das cidades que atravessam e resduos slidos das atividades
urbanas e rurais ocasionando alteraes significativas na qualidade da gua e
obstruo das aes de escoamento dos cursos dgua.
As principais atividades econmicas desenvolvidas em torno da bacia do
Rio Jiquiri so a agropecuria, o comrcio, o turismo e a indstria, ainda que em
menor escala. No tocante agricultura predomina na bacia a agricultura tradicional
voltada para os cultivos de subsistncia, destacando-se seguintes cultivos: banana,
cacau, caf, maracuj, caju, horticultura, feijo, entre outros. A pecuria tambm
desenvolvida sendo utilizada de forma extensiva em alguns municpios, com baixa
produtividade. A paisagem, as manifestaes culturais, o artesanato e a culinria
regional so um incentivo para o turismo. O comrcio das cidades constitudo,
dentre outros, de supermercados, farmcias, aougue e a venda de produtos
agrcolas (BATISTA, 2003).
As aes do homem sobre o meio ambiente geram impactos ambientais
de cunho fsico, qumico, bitico e social. A bacia do Rio Jiquiri tem sofrido
impactos ambientais sobre o solo, a vegetao, a fauna e os recursos hdricos. As
guas que antes eram abundantes parecem desaparecer a cada dia, deixando a
regio mais seca e menos exuberante (BATISTA, 2003).
As principais atividades que tm degradado e desgastado os recursos
naturais ao longo da bacia so: utilizao de processos agropecurios inadequados;
desmatamentos, com perda de biodiversidade; processo adiantado de eroso e
perda de solos; instabilidade e desequilbrio na regulao do balano hdrico;
economia extrativista; ausncia de planejamento urbano municipal; falta de infra-
estrutura nos assentamentos urbanos; fragmentao da administrao pblica
(BATISTA, 2003).
Alm dos problemas ambientais, as atividades desenvolvidas na bacia
tm contribudo para causar impactos significativos na sade da populao, como
exemplo pode-se citar o uso intensivo de fertilizantes qumicos e agrotxicos que
apesar de combater pragas e ervas indesejadas, melhorar as caractersticas do solo
e aumentar a produtividade trazem inmeros prejuzos para a sade dos
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31
trabalhadores e das pessoas que consomem os alimentos. Outro exemplo a falta
de infraestruturas adequadas de saneamento bsico, como os esgotos e os resduos
slidos sendo lanados no rio, deixando a populao mais propensa a doenas.
5.3 A REA EM ESTUDO: UBARA, JIQUIRI, MUTUPE E LAJE
Dentro da delimitao fsico e territorial da bacia hidrogrfica do Rio
Jiquiri, para efeito deste estudo foram escolhidos os municpios de Ubara,
Jiquiri, Mutupe e Laje em virtude da proximidade entre os mesmos, das
caractersticas fsicas e espaciais semelhantes e, tambm, por ser o nico trecho do
Rio Jiquiri com sries histricas de dados de vazo. Cabe destacar, que neste
trecho tm-se tambm series histricas de dados de precipitao. Portanto, o
diagnstico ambiental centrou-se no espao territorial destes quatro municpios.
Esses municpios esto localizados no estado da Bahia, na mesorregio
do Centro Sul Baiano, na microrregio de Jequi, na Regio Administrativa de
Amargosa e fazem parte do Territrio de Identidade do Vale do Jiquiri.
5.3.1 UBARA
5.3.1.1 LOCALIZAO
O municpio de Ubara possui uma rea de 726,262 km e est localizado
nas coordenadas geogrficas - 131605 de latitude (Sul) e 393946 de longitude
(Oeste), a 252 km de distncia da capital do estado, Salvador. A altitude fica em
torno de 324 metros (SEI, 2014). Faz fronteira com os municpios de Cravolndia,
Santa Ins, Brejes, Amargosa, Laje, Jiquiri, Teolndia e Wenceslau Guimares.
Ubara se situa s margens do Rio Jiquiri e possui, em sua extenso
territorial dois distritos, Baixinha e Engenheiro Franca, e seis povoados: Barra da
Estopa, Pindobas, Trs Braos, Alto da Lagoinha, Jenipapo e Lagoa do Boi. A
cidade cortada pela BR-420, que liga o municpio a Santa Ins e a Jiquiri, sendo
seu principal eixo rodovirio. Alm deste, no territrio municipal h duas rodovias
estaduais: a BA-550, que liga o municpio a Cravolndia, e a BA-120, que liga o
municpio a Brejes.
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32
Figura 4 Imagem area da sede do municpio de Ubara
Foto: ANTNIO, 2012.
5.3.1.2 POPULAO
Segundo o Censo de 2010 do IBGE a populao total do municpio era de
19.750 habitantes com uma densidade demogrfica de 27,19 hab/km. A estimativa
populacional para 2014 no municpio de acordo com o IBGE de 20.770 habitantes.
Os dados populacionais dos ltimos 5 Censos Demogrficos esto descritos na
Tabela 2 e na Figura 5.
Tabela 2 Dados populacionais por situao do domiclio e sexo - Ubara
Ano Populao (habitantes)
Total Urbana Rural
Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres
1970 16.883 8.244 8.639 4.022 1.857 2.165 12.861 6.387 6.474
1980 18.206 9.011 9.195 5.053 2.394 2.659 13.153 6.617 6.536
1991 20.809 10.615 10.194 7.085 3.377 3.708 13.724 7.238 6.486
2000 20.595 10.479 10.116 8.010 3.858 4.152 12.585 6.621 5.964
2010 19.750 10.035 9.715 8.822 4.264 4.558 10.928 5.771 5.157
Fonte: IBGE, 2014
-
33
Figura 5 Evoluo Populacional de Ubara
Fonte: IBGE, 2014
Tabela 3 Taxas de crescimento populacional (% a.a.) - Ubara
Perodo Total Urbana Rural
1970 - 1980 0,7573 2,3083 0,2248
1980 - 1991 1,2223 3,1204 0,3871
1991 - 2000 -0,1148 1,3728 -0,9581
2000 - 2010 -0,4181 0,9703 -1,4019
Fonte: IBGE, 2014
A partir da Figura 5 e da Tabela 3, verifica-se que, nos perodos de 1970-
1980 e 19801991, as populaes (total, urbana e rural) tiveram taxas de
crescimento positivo. Nos perodos de 19912000 e de 2000-2010 as populaes,
total e rural, tiveram taxas de crescimento negativo enquanto que a populao
urbana teve taxas de crescimento positivo. A Figura 6 mostra em termos percentuais
a dinmica populacional do municpio no tocante ao aumento da populao urbana e
diminuio da populao rural.
0
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
1970 1980 1991 2000 2010
Hab
itan
tes
Total Urbana Rural
-
34
Figura 6 Evoluo da populao urbana e populao rural - Ubara
Fonte: IBGE, 2014
O crescimento da populao urbana afeta diretamente a qualidade da
gua do rio, visto que, h o lanamento de resduos slidos e esgoto no mesmo.
Segundo a EMBASA (2014) 50,8% da populao da sede urbana do municpio
recebe o servio de coleta, tratamento e disposio adequada dos esgotos, sendo
que, o restante tem seus esgotos lanados em fossas rudimentares ou diretamente
no rio.
5.3.1.3 PRODUTO INTERNO BRUTO
O Produto Interno Bruto PIB, no ano de 2011, do municpio gira em
torno de 104,275 milhes de reais sendo que os setores que participam do mesmo
agropecuria, impostos, indstrias e servios. A agropecuria participa do PIB com
um valor de 22,393 milhes de reais, os impostos com 3,795 milhes de reais, as
indstrias com 10,901 milhes de reais e o setor de servios com 67,185 milhes de
reais (IBGE, 2011). A Figura 7 mostra em termos percentuais essa diviso e
observa-se que o setor de servios o que mais contribui para o PIB, seguido dos
setores agropecurio (2), indstrias (3) e, por fim, impostos (4).
23,8%27,8%
34,0%38,9%
44,7%
76,2%72,2%
66,0%61,1%
55,3%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
90,0%
100,0%
1970 1980 1991 2000 2010
Urbana Rural
-
35
Figura 7 Participao dos setores econmicos do PIB de Ubara - 2011
Fonte: IBGE, 2011
5.3.1.4 USO E OCUPAO DO SOLO
O setor agropecurio o principal modificador da paisagem natural,
matas nativas do lugar para as lavouras e para as pastagens no municpio. Essa
modificao cumulativa ao longo do tempo, visto que, so vrias dcadas de
explorao dos recursos naturais, onde so utilzadas tcnicas inadequadas, como
as queimadas, para que se possibilite o desenvolvimento da agricultura e pecuria.
Com isso, h perda da biodiversidade, alterao do ciclo hidrolgico, eroso do solo,
assoreamento dos corpos dgua, entre outros.
Em relao agricultura, de acordo com a Pesquisa Agrcola Municipal
do IBGE, em 2012 a rea plantada em Ubara foi de 8.145 hectares divido em vrias
culturas como: banana, cacau, caf, cco, feijo, laranja, mandioca, maracuj, milho
e tomate. Destas, as principais culturas do municpio em relao a rea plantada so
o cacau (55,4%), a banana (15,6%), a mandioca (12,3%), o caf (9,7%) e o
maracuj (3,8%) que juntas correspondem a aproximadamente 96,8% de toda a
rea plantada. Na Tabela 4 esto apresentados dados da rea plantada de cada
cultura.
No que diz respeito pecuria, o municpio possui assinos, bovinos,
caprinos, eqinos, galinhas, muares, ovinos e sunos. Na Tabela 6 so apresentados
dados relativos ao quantitativo do efetivo de animais no ano de 2012.
Agropecuria21,5%
Impostos3,6%
Indstrias10,5%
Servios64,4%
-
36
Tabela 4 rea plantada por cultura em Ubara
Cultura rea Plantada (ha)
Banana 1.267
Cacau (em amndoa) 4.510
Caf (em cco) 786
Coco-da-baa 21
Feijo 154
Laranja 7
Mandioca 1.000
Maracuj 310
Milho (em gro) 70
Tomate 20
Fonte: Pesquisa Agrcola Municipal/IBGE, 2012
Tabela 5 Efetivo de animais em Ubara
Tipo de Animal Quantidade (cabea)
Asininos 640
Bovinos 17.369
Caprinos 815
Eqinos 297
Galinhas 55.368
Galos, Frangas, Frangos e Pintos 63.598
Muares 712
Ovinos 1.845
Sunos 8.184
Fonte: Pesquisa Pecuria Municipal/IBGE, 2012
Segundo o Censo Agropecurio realizado pelo IBGE em 2006 o uso do
solo em Ubara predominantemente dividido em lavouras, pastagens e matas e
florestas, vide Tabela 6. Observa-se que a rea total desses usos de 69.728
hectares, dos quais, 52,7 % correspondem s pastagens, 32,8 % s matas e
florestas e 14,5 % correspondem s lavouras.
Tabela 6 Formas de utilizao do solo em Ubara
Tipo de Utilizao das Terras Lavouras Pastagens Matas e Florestas
rea (ha) 10.087 36.764 22.877
Fonte: Censo Agropecurio/IBGE, 2006
-
37
As reas de matas e florestas sofrem com a sua derrubada tanto para a
ampliao da agricultura e pecuria quanto para a extrao de madeira, em tora e
lenha. Somente no ano de 2012 no municpio foram extrados 12.000 m de lenha e
4.000 m de madeira em tora (Produo Extrativa Vegetal/IBGE, 2012).
5.3.1.5 SITUAO DO SANEAMENTO BSICO
No municpio de Ubara a condio atual do acesso aos servios de
saneamento bsico apresenta distintos contrastes ao comparar a sua zona urbana e
a sua zona rural. Na zona urbana a maior parte da populao possui abastecimento
de gua tratada por rede, coleta regular de resduos slidos e o esgoto sendo
coletado ou disposto em fossas. J na zona rural a populao se abastece por
nascentes, poos, rios e/ou riachos com gua de qualidade duvidosa; utiliza os
resduos slidos orgnicos para adubar as plantaes e/ou alimentar alguns animais
e, em alguns casos, queima, enterra ou joga os resduos slidos em terrenos
baldios. Cabe destacar tambm que na zona rural as pessoas, na sua maioria,
dispem seus esgotos em fossas ou a cu aberto.
No tocante ao abastecimento de gua no municpio, a Figura 8 apresenta
os percentuais de domiclios por forma de abastecimento, na zona urbana e rural,
segundo o Censo de 2010 do IBGE.
Figura 8 Percentual de domiclios por formas de abastecimento em Ubara
Fonte: IBGE, 2010
13,1%
93,0%
32,0%
0,5%0,3% 0,0%
54,6%
6,5%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
90,0%
100,0%
Zona Rural Zona Urbana
Rede geral de distribuio Poo ou nascente gua de chuva em cisterna Outra
-
38
Ao analisar os dados apresentados verifica-se que, nos domiclios da
zona urbana, h a predominncia do abastecimento por rede geral de distribuio
(93,0%) seguido por outra forma (6,5%) e poo ou nascente (0,5%). Na rea rural
prevalece o abastecimento por outra forma (54,6%) seguido de poo ou nascente
(32,0%), rede geral de distribuio (13,1%) e gua de chuva em cisterna (0,3%).
Segundo o IBGE, a classificao da forma de abastecimento de gua como
outra forma se refere aos domiclios que so abastecidos por rio, lago ou outra
procedncia.
As formas de esgotamento sanitrio do municpio de Ubara so rede
coletora, fossa sptica, fossa rudimentar, vala e outras, vide Figura 9.
Figura 9 Percentual de domiclios por formas de esgotamento em Ubara
Fonte: IBGE, 2010
Ao analisar a Figura 1 percebe-se que, na zona urbana, 64% dos
domiclios possuem seus esgotos coletados por rede e o restante disposto em
fossa sptica (1,9%), fossa rudimentar (19,4%), vala a cu aberto (0,6%) e outros
(13,3%). Na zona rural, 1,3% dos domiclios tem seus esgotos coletados por rede e
o restante dos domiclios dispe os esgotos em fossa sptica (4,9%), fossa
rudimentar (68,3 %), vala a cu aberto (8,3%) e outros (3,7%). Para o IBGE (2010)
a classificao outro refere-se aos dejetos esgotados para rio, lago ou mar, ou
1,3%
64,0%
4,9% 1,9%
68,3%
19,4%
8,3%
0,6%3,7%
13,3%13,5%
0,8%0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
90,0%
100,0%
Zona Rural Zona Urbana
Rede coletora Fossa sptica Fossa rudimentar Vala Outros Domiclios sem banheiro
-
39
quando o escoadouro no se enquadra em quaisquer dos tipos descritos
anteriormente.
As formas de destinao dos resduos slidos domsticos utilizados
nos domiclios do municpio foram definidas pelo IBGE (2010) como: coletado,
jogado em terreno baldio, enterrado, queimado ou outra destinao. A Figura 10
apresenta os percentuais de domiclios por destinao adotada.
Figura 10 Percentual de domiclios por destinao dos resduos em Ubara
Fonte:IBGE,2010
Observa-se que, nos domiclios da zona urbana, predomina a coleta dos
resduos slidos (97,3%), sendo que, h tambm a queima (0,1%), lanamento em
terrenos baldios (1,7%) e outra forma de destinao (0,9%). Na zona rural
predomina o lanamento de resduos slidos em terreno baldio (72,1%) seguido de
outras formas de destinao (16,0%), coleta (5,9%), queima (3,4%) e resduos
enterrados (2,6%). Para o IBGE (2010), outro destino quando os resduos slidos
so jogados em rio, lago ou outra forma de destino diferente dos descritos
anteriormente.
5,9%
97,3%
3,4% 0,1%2,6% 0,0%
72,1%
1,7%
16,0%
0,9%0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
90,0%
100,0%
Zona Rural Zona Urbana
Coletado Queimado Enterrado Terreno baldio Outro
-
40
5.3.2 JIQUIRI
5.3.2.1 LOCALIZAO
O municpio de Jiquiri possui uma rea de 239,403 km e est
localizado nas coordenadas geogrficas -131524 de latitude (Sul) e 393420 de
longitude (Oeste), a 240 km de distncia da capital do estado, Salvador. A altitude
fica em torno de 342 metros (SEI, 2014). Faz fronteira com os municpios de Ubara,
Teolndia, Mutupe e Laje.
A sede do municpio de Jiquiri se situa s margens do Rio Jiquiri e
possui, em sua extenso territorial dois povoados, Lagoa Verde e Serraria II. A
cidade cortada pela BR-420, que liga o municpio s cidades de Ubara e Mutupe ,
sendo seu principal eixo rodovirio.
Figura 11 Municpio de Jiquiri
5.3.2.2 POPULAO
Segundo o Censo de 2010 do IBGE a populao total do municpio era de
14.118 habitantes com uma densidade demogrfica de 58,97 hab/km. A estimativa
populacional para 2014 no municpio de acordo com o IBGE de 14.993 habitantes.
-
41
Os dados populacionais dos ltimos 5 (cinco) Censos Demogrficos esto descritos
na Tabela 7 e na Figura 12.
Tabela 7 - Dados populacionais por situao do domiclio e sexo - Jiquiri
Ano Populao (habitantes)
Total Urbana Rural
Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres
1970 8.604 4.245 4.359 1.355 630 725 7.249 3.615 3.634
1980 9.356 4.673 4.683 2.011 948 1.063 7.345 3.725 3.620
1991 11.763 5.950 5.813 3.386 1.623 1.763 8.377 4.327 4.050
2000 13.638 6.992 6.646 4.588 2.193 2.395 9.050 4.799 4.251
2010 14.118 7.155 6.983 5.581 2.689 2.892 8.537 4.466 4.071
Fonte: IBGE, 2014
Figura 12 Evoluo populacional de Jiquiri
Fonte: IBGE, 2014
Tabela 8 Taxa de crescimento populacional (% a.a.) - Jiquiri
Perodo Total Urbana Rural
1970 - 1980 0,8414 4,0273 0,1316
1980 - 1991 2,1031 4,8505 1,2024
1991 - 2000 1,6569 3,4331 0,8623
2000 - 2010 0,3465 1,9786 -0,5819
Fonte: IBGE, 2014
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
14.000
16.000
1970 1980 1991 2000 2010
Hab
itan
tes
Total Urbana Rural
-
42
A partir da Figura 12 e da Tabela 8, verifica-se que, nos perodos de
1970-1980, 19801991 e 1991-2000, as populaes (total, urbana e rural) tiveram
taxas de crescimento positivo. Nos perodos de 2000-2010 as populaes, total e
urbana, tiveram taxas de crescimento positivo enquanto que a populao rural teve
taxa de crescimento negativo. A Figura 13 mostra em termos percentuais a dinmica
populacional do municpio no tocante ao aumento da populao urbana e diminuio
da populao rural.
Figura 13 - Evoluo da populao urbana e populao rural Jiquiri
Fonte: IBGE, 2014
Com o aumento da populao urbana a gua do rio recebe o lanamento
de resduos slidos e esgoto, afetando a sua qualidade. Segundo a EMBASA (2014)
60% da populao da sede urbana do municpio recebe o servio de coleta,
tratamento e disposio adequada dos esgotos, sendo que, o restante tem seus
esgotos lanados em fossas rudimentares ou diretamente no rio. Desta forma, as
presses ambientais do homem trazem efeitos sobre a salubridade ambiental.
5.3.2.3 PRODUTO INTERNO BRUTO
O Produto Interno Bruto PIB, no ano de 2011, do municpio de Jiquiri
gira em torno de 58,834 milhes de reais sendo que os setores que participam do
mesmo agropecuria, impostos, indstrias e servios. A agropecuria participa do
15,7%21,5%
28,8%33,6%
39,5%
84,3%78,5%
71,2%66,4%
60,5%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
90,0%
100,0%
1970 1980 1991 2000 2010
Urbana Rural
-
43
PIB com um valor de 8,409 milhes de reais, os impostos com 2,043 milhes de
reais, as indstrias com 7,555 milhes de reais e o setor de servios com 40,827
milhes de reais (IBGE, 2011). A Figura 14 mostra em termos percentuais essa
diviso e observa-se que o setor de servios o que mais contribui para o PIB,
seguido dos setores agropecurio (2), indstrias (3) e, por fim, impostos (4).
Figura 14 - Participao dos setores econmicos do PIB de Jiquiri - 2011
Fonte: IBGE, 2014
5.3.2.4 USO E OCUPAO DO SOLO
O setor agropecurio o principal modificador da paisagem natural,
matas nativas do lugar para as lavouras e para as pastagens no municpio. Com
isso, h perda da biodiversidade, alterao do ciclo hidrolgico, eroso do solo,
assoreamento dos corpos dgua, entre outros.
Em relao agricultura, de acordo com a Pesquisa Agrcola Municipal
do IBGE, em 2012 a rea plantada em Jiquiri foi de 5.202 hectares dividida em
vrias culturas como: abacaxi, amendoim, banana, borracha, cacau, caf, cana de
acar, coco-da-baa, guaran, laranja, mamo, mandioca, maracuj, milho, pimenta
do reino e urucum. Destas, as principais culturas do municpio em relao a rea
plantada so o cacau (76,9%), a banana (9,1%) e a mandioca (5,2%) que juntas
correspondem a 91,2% de toda a rea plantada. Na Tabela 9 esto apresentados
dados da rea plantada de cada cultura.
Agropecuria14,3%
Indstria 12,8%
Servios69,4%
Impostos 3,5%
-
44
Tabela 9 rea plantada por cultura em Jiquiri
Cultura rea Plantada (ha)
Abacaxi 10
Amendoim (em casca) 20
Banana 475
Borracha (ltex coagulado) 8
Cacau (em amndoa) 4000
Caf (em cco) 50
Cana-de-acar 90
Coco-da-baa 50
Guaran (semente) 40
Laranja 45
Mamo 15
Mandioca 270
Maracuj 14
Milho (em gro) 100
Pimenta-do-reino 10
Urucum (semente) 5
Fonte: Pesquisa Agrcola Municipal/IBGE, 2012
No que diz respeito pecuria, o municpio possui assinos, bovinos,
caprinos, eqinos, galinhas, muares, ovinos e sunos. Na Tabela 10 so
apresentados dados relativos ao quantitativo do efetivo de animais no ano de 2012.
Tabela 10 Efetivo de animais em Jiquiri
Tipo de Animal Quantidade (cabea)
Asininos 1350
Bovinos 3650
Caprinos 750
Eqinos 1100
Galinhas 8500
Galos, Frangas, Frangos e Pintos 20500
Muares 1150
Ovinos 580
Sunos 2990
Fonte: Pesquisa Pecuria Municipal/IBGE, 2012
Segundo o Censo Agropecurio realizado pelo IBGE em 2006 o uso do
solo em Jiquiri predominantemente dividido em lavouras, pastagens e matas e
florestas, vide Tabela 11. Observa-se que a rea total desses usos de 18.276
-
45
hectares, dos quais, 40,3 % correspondem s pastagens, 37,5 % s lavouras e 22,2
% correspondem s matas e florestas.
Tabela 11 Formas de utilizao do solo em Jiquiri
Fonte: Censo Agropecurio/IBGE, 2006
As reas de matas e florestas sofrem com a sua derrubada tanto para a
ampliao da agricultura e pecuria quanto para a extrao de madeira, em tora e
lenha. Somente no ano de 2012 no municpio foram extrados 5.000 m de lenha e
4.000 m de madeira em tora (Produo Extrativa Vegetal/IBGE, 2012).
5.3.2.5 SITUAO DO SANEAMENTO BSICO
Em Jiquiri, no tocante ao acesso aos servios de saneamento bsico,
h particularidades distintas entre a zona urbana e a zona rural. Na zona urbana a
maior parte da populao possui abastecimento de gua tratada por rede, coleta
regular de resduos slidos e o esgoto sendo coletado ou disposto em fossas. J na
zona rural a populao se abastece por nascentes, poos, rios e/ou riachos com
gua de qualidade duvidosa; utiliza os resduos slidos orgnicos para adubar as
plantaes e/ou alimentar alguns animais e, em alguns casos, queima, enterra ou
joga os resduos slidos em terrenos baldios. Cabe destacar tambm que na zona
rural as pessoas, na sua maioria, dispem seus esgotos em fossas ou a cu aberto.
No tocante ao abastecimento de gua no municpio, a Figura 15
apresenta os percentuais de domiclios por forma de abastecimento, na zona urbana
e rural, segundo o Censo de 2010 do IBGE. Ao analisar os dados apresentados
verifica-se que, nos domiclios da zona urbana, h a predominncia do
abastecimento por rede geral de distribuio (95,7%) seguido por outra forma (3,1%)
e poo ou nascente (1,3%). Na rea rural prevalece o abastecimento por outra forma
(70,6%) seguido de poo ou nascente (26,8%), rede geral de distribuio (2,5%) e
gua de chuva em cisterna (0,1%). Segundo o IBGE (2010), a classificao da forma
de abastecimento de gua como outra forma se refere aos domiclios que so
abastecidos por rio, lago ou outra procedncia.
Tipo de Utilizao das Terras Lavouras Pastagens Matas e Florestas
rea (ha) 6.842 7.372 4.062
-
46
Figura 15 Percentual de domiclios por formas de abastecimento em Jiquiri
Fonte: IBGE, 2010
As formas de esgotamento sanitrio do municpio de Jiquri so rede
coletora, fossa sptica, fossa rudimentar, vala e outras formas, vide Figura 16.
Figura 16 - Percentual de domiclios por formas de esgotamento em Jiquiri
Fonte: IBGE, 2010
2,5%
95,7%
26,8%
1,3%0,1% 0,0%
70,6%
3,1%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
90,0%
100,0%
Zona Rural Zona Urbana
Rede geral de distribuio Poo ou nascente gua de chuva em cisterna Outra
0,0%
63,6%
4,8%0,9%
57,4%
19,1%13,7%
4,1%7,7% 10,0%
16,4%
2,2%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
90,0%
100,0%
Zona Rural Zona Urbana
Rede coletora Fossa sptica Fossa rudimentar Vala Outros Domiclios sem banheiro
-
47
Ao analisar a Figura 16 percebe-se que, na zona urbana, 63,6% dos
domiclios possuem seus esgotos coletados por rede e o restante disposto em
fossa sptica (0,9%), fossa rudimentar (19,1%), vala a cu aberto (4,1%) e outros
(10,0%). Na zona rural, os domiclios dispem os esgotos em fossa sptica (4,8%),
fossa rudimentar (57,4 %), vala a cu aberto (13,7%) e outros (7,7%). Para o IBGE
(2010) a classificao outro refere-se aos dejetos esgotados para rio, lago ou mar,
ou quando o escoadouro no se enquadra em quaisquer dos tipos descritos
anteriormente.
As formas de destinao dos resduos slidos domsticos utilizados nos
domiclios do municpio foram definidas pelo IBGE (2010) como: coletado, jogado
em terreno baldio, enterrado, queimado ou outra destinao. A Figura 17 apresenta
os percentuais de domiclios por destinao adotada.
Figura 17 - Percentual de domiclios por destinao dos resduos em Jiquiri
Fonte: IBGE, 2014
Observa-se que, nos domiclios da zona urbana, predomina a coleta dos
resduos slidos (98,8%), sendo que, h tambm a queima (0,1%), resduos
enterrados (0,2%) e lanamento em terrenos baldios (0,9%). Na zona rural
predomina o lanamento de resduos slidos em terreno baldio (68,2%) seguido de
outras formas de destinao (26,2%), queima (2,7%), resduos enterrados (1,5%) e
1,4%
98,8%
2,7% 0,1%1,5% 0,2%
68,2%
0,9%
26,2%
0,0%0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
90,0%
100,0%
Zona Rural Zona Urbana
Coletado Queimado Enterrado Terreno baldio Outro
-
48
coleta (1,4%). Para o IBGE (2010), outro destino quando os resduos slidos so
jogados em rio, lago ou outra forma de destino diferente dos descritos anteriormente.
5.3.3 MUTUPE
5.3.3.1 LOCALIZAO
O municpio de Mutupe possui uma rea de 283,206 km e est
localizado nas coordenadas geogrficas -131343 de latitude (Sul) e 393017 de
longitude (Oeste), a 230 km de distncia da capital do estado, Salvador. A altitude
fica em torno de 271 metros (SEI, 2014). Faz fronteira com os municpios de
Jiquiri, Teolndia, Presidente Tancredo Neves, Valena e Laje. Mutupe cortada
pela BR-420, que liga o municpio s cidades de Jiquiri e Laje, e pela BA-540 que
liga o municpio cidade de Amargosa.
Figura 18 Municpio de Mutupe
5.3.3.2 POPULAO
Segundo o Censo de 2010 do IBGE a populao total do municpio era de
21.449 habitantes com uma densidade demogrfica de 75,74 hab/km. A estimativa
-
49
populacional para 2014 no municpio de acordo com o IBGE de 22.742 habitantes.
Os dados populacionais dos ltimos 5 (cinco) Censos Demogrficos esto descritos
na Tabela 12 e na Figura 19.
Tabela 12 - Dados populacionais por situao do domiclio e sexo - Mutupe
Ano Populao (habitantes)
Total Urbana Rural
Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres
1970 15.009 7.301 7.708 2.686 1.151 1.535 12.323 6.150 6.173
1980 17.324 8.478 8.846 4.426 1.988 2.438 12.898 6.490 6.408
1991 20.491 10.138 10.353 6.943 3.285 3.658 13.548 6.853 6.695
2000 20.462 10.137 10.325 8.984 4.186 4.798 11.478 5.951 5.527
2010 21.449 10.597 10.852 9.659 4.413 5.246 11.790 6.184 5.606
Fonte: IBGE, 2014
Figura 19 Evoluo populacional de Mutupe
Fonte: IBGE, 2014
Tabela 13 Taxa de crescimento populacional (% a.a.) - Mutupe
Perodo Total Urbana Rural
1970 - 1980 1,4448 5,1213 0,4571
1980 - 1991 1,5380 4,1780 0,4480
1991 - 2000 -0,0157 2,9048 -1,8254
2000 - 2010 0,4722 0,7271 0,2686
Fonte: IBGE, 2014
0
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
1970 1980 1991 2000 2010
Hab
itan
tes
Total Urbana Rural
-
50
A partir da Figura 19 e da Tabela 13, verifica-se que, nos perodos de
1970-1980, 19801991 e 2000-2010, as populaes (total, urbana e rural) tiveram
taxas de crescimento positivo. No perodo de 2000-2010 as populaes, total e rural,
tiveram taxas de crescimento negativo enquanto que a populao urbana teve taxa
de crescimento positivo. A Figura 20 mostra em termos percentuais a dinmica
populacional do municpio no tocante ao aumento da populao urbana e diminuio
da populao rural.
Figura 20 - Evoluo da populao urbana e populao rural Mutupe
Fonte: IBGE, 2014
Com o aumento da populao urbana a gua do rio recebe o lanamento
de resduos slidos e esgoto, afetando a sua qualidade. Segundo a EMBASA (2014)
87,3% da populao da sede urbana do municpio recebe o servio de coleta,
tratamento e disposio adequada dos esgotos, sendo que, o restante tem seus
esgotos lanados em fossas rudimentares ou diretamente no rio. Desta forma, as
presses ambientais do homem trazem efeitos sobre a salubridade ambiental.
5.3.3.3 PRODUTO INTERNO BRUTO
O Produto Interno Bruto PIB, no ano de 2011, do municpio de Mutupe
gira em torno de 122,187 milhes de reais sendo que os setores que participam do
mesmo agropecuria, impostos, indstrias e servios. A agropecuria participa do
17,9%25,5%
33,9%
43,9% 45,0%
82,1%74,5%
66,1%
56,1% 55,0%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
90,0%
100,0%
1970 1980 1991 2000 2010
Urbana Rural
-
51
PIB com um valor de 13,056 milhes de reais, os impostos com 7,441 milhes de
reais, as indstrias com 13,544 milhes de reais e o setor de servios com 88,147
milhes de reais (IBGE, 2011). A Figura 21 mostra em termos percentuais essa
diviso e observa-se que o setor de servios o que mais contribui para o PIB,
seguido dos setores indstrias (2), agropecurio (3), e, por fim, impostos (4).
Figura 21 - Participao dos setores econmicos do PIB de Mutupe - 2011
Fonte: IBGE, 2014
5.3.3.4 USO E OCUPAO DO SOLO
O setor agropecurio o principal modificador da paisagem natural,
matas nativas do lugar para as lavouras e para as pastagens no municpio. Com
isso, h perda da biodiversidade, alterao do ciclo hidrolgico, eroso do solo,
assoreamento dos corpos dgua, entre outros.
Em relao agricultura, de acordo com a Pesquisa Agrcola Municipal
do IBGE, em 2012 a rea plantada em Mutupe foi de 6.164 hectares dividida em
vrias culturas como: abacaxi, amendoim, banana, borracha, cacau, caf, cana de
acar, coco-da-baa, guaran, feijo, laranja, mamo, mandioca, maracuj, milho,
pimenta do reino e urucum. Destas, as principais culturas do municpio em relao a
rea plantada so o cacau (64,9%), o maracuj (13,0%) e a banana (12,2%) que
juntas correspondem a 90,1% de toda a rea plantada. Na Tabela 14 esto
apresentados dados da rea plantada de cada cultura.
Agropecuria10,7%
Indstria 11,1%
Servios72,1%
Impostos 6,1%
-
52
Tabela 14 rea plantada por cultura em Mutupe
Cultura rea Plantada (ha)
Abacaxi 35
Amendoim (em casca) 25
Banana 750
Borracha (ltex coagulado) 5
Cacau (em amndoa) 4000
Caf (em cco) 40
Cana-de-acar 60
Coco-da-baa 50
Guaran (semente) 50
Feijo 120
Laranja 80
Mamo 15
Mandioca 800
Maracuj 20
Milho (em gro) 100
Pimenta-do-reino 10
Urucum (semente) 4
Fonte: Pesquisa Agrcola Municipal/IBGE, 2012
No que diz respeito pecuria, o municpio possui assinos, bovinos,
caprinos, eqinos, galinhas, muares, ovinos e sunos. Na Tabela 15 so
apresentados dados relativos ao quantitativo do efetivo de animais no ano de 2012.
Tabela 15 Efetivo de animais em Mutupe
Tipo de Animal Quantidade (cabea)
Asininos 1000
Bovinos 9700
Caprinos 1320
Eqinos 350
Galinhas 1100
Galos, Frangas, Frangos e Pintos 7500
Muares 15200
Ovinos 1250
Sunos 3800
Fonte: Pesquisa Pecuria Municipal/IBGE, 2012
Segundo o Censo Agropecurio realizado pelo IBGE em 2006 o uso do
solo em Mtutupe predominantemente dividido em lavouras, pastagens e matas e
florestas, vide Tabela 16. Observa-se que a rea total desses usos de 20.655
-
53
hectares, dos quais, 43,4 % correspondem s pastagens, 47,2 % s lavouras e 9,4
% correspondem s matas e florestas.
Tabela 16 Fo