diagnóstico ambiental e proposição de medidas de gestão para uma área da bacia hidrográfica do...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA ESCOLA POLITÉCNICA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL LEANDRO SANTOS LEAL DIAGNÓSTICO AMBIENTAL E PROPOSIÇÃO DE MEDIDAS DE GESTÃO PARA UMA ÁREA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JIQUIRIÇÁ Salvador 2014

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A bacia hidrográfica do Rio Jiquiriçá é constituída por 25 municípios que têm no rio Jiquiriçá e nos seus afluentes as suas principais formas de integração social, econômica, cultural e ambiental em nível local e regional. A área da bacia, entre os municípios de Ubaíra, Jiquiriçá, Mutuípe e Laje, tem sofrido com as ações do homem ao desmatar as áreas de florestas e de matas ciliares para dar lugar principalmente às pastagens e às culturas do cacau e da banana, bem como, ao contaminar com esgotos e resíduos sólidos o meio ambiente e os corpos hídricos. Essas e outras ações têm afetado a qualidade da água e as vazões do Rio Jiquiriçá e seus afluentes, a precipitação anual da região e têm diminuído a biodiversidade de flora e fauna. Ao se analisar o uso e ocupação do solo, o crescimento populacional, a situação do saneamento, as características físicas, os dados de precipitação, vazão e qualidade da água, foram propostas no presente trabalho medidas de gestão ambiental e de gestão dos recursos hídricos para garantir à população atual e futura o acesso a água e a um meio ambiente equilibrado.

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA

    ESCOLA POLITCNICA

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

    LEANDRO SANTOS LEAL

    DIAGNSTICO AMBIENTAL E PROPOSIO DE MEDIDAS DE GESTO PARA

    UMA REA DA BACIA HIDROGRFICA DO RIO JIQUIRI

    Salvador

    2014

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA

    ESCOLA POLITCNICA

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

    LEANDRO SANTOS LEAL

    DIAGNSTICO AMBIENTAL E PROPOSIO DE MEDIDAS DE GESTO PARA

    UMA REA DA BACIA HIDROGRFICA DO RIO JIQUIRI

    Orientador: Prof. PhD. Lafayette Dantas da Luz

    Salvador

    2014

    Monografia apresentada ao Curso

    de graduao em Engenharia

    Sanitria e Ambiental, Escola

    Politcnica, Universidade Federal da

    Bahia, como requisito parcial para

    obteno do grau de Bacharel em

    Engenharia Sanitria e Ambiental.

  • TERMO DE APROVAO

    LEANDRO SANTOS LEAL

    DIAGNSTICO AMBIENTAL E PROPOSIO DE MEDIDAS DE GESTO PARA

    UMA REA DA BACIA HIDROGRFICA DO RIO JIQUIRI

    Monografia aprovada como requisito parcial para obteno do grau de

    Bacharel em Engenharia Sanitria e Ambiental, Universidade Federal da Bahia

    UFBA, pela seguinte banca examinadora:

    Lafayette Dantas da Luz Orientador ____________________________________

    PhD em Engenharia Ambiental, Cornell University, Estados Unidos

    Universidade Federal da Bahia - UFBA

    Yvonilde Dantas Pinto Medeiros ________________________________________

    PhD em Hidrologia, University of Newcastle Upon Tyne, Reino Unido

    Universidade Federal da Bahia - UFBA

    Mrcia Mara de Oliveira Marinho _______________________________________

    PhD em Cincias Ambientais, University of East Anglia, Reino Unido

    Universidade Federal da Bahia - UFBA

    Salvador, 19 de dezembro de 2014

  • Valney Jos

    Cad o Rio? Onde ele est?

    Cad o Rio Jiquiri? Cad?

    Testemunhou a origem de tantas geraes,

    Alimentou um povo, diversas regies.

    E agora agoniza sem gua para viver,

    Deus salve a natureza, cad o Rio cad?

    Esgoto, esquecimento, ningum olha para ele.

    E o desenvolvimento nem liga para o verde.

    A vida vai sumindo nas guas, terra e mar.

    Oh cidado cad o Rio Jiquiri? Cad?

    Oh saudade!

    Quando mim invade da vontade de chorar

    Cad o Rio onde aprendi nadar

    A natureza grita: salve o Rio Jiquiri!

  • LEAL, Leandro Santos. Diagnstico ambiental e proposio de medidas de

    gesto para uma rea da bacia hidrogrfica do Rio Jiquiri. Monografia

    (Trabalho de Concluso de Curso) Escola Politcnica, Departamento de

    Engenharia Ambiental, Universidade Federal da Bahia. Salvador, dezembro, 2014.

    RESUMO

    A bacia hidrogrfica do Rio Jiquiri constituda por 25 municpios que tm no rio

    Jiquiri e nos seus afluentes as suas principais formas de integrao social,

    econmica, cultural e ambiental em nvel local e regional. A rea da bacia, entre os

    municpios de Ubara, Jiquiri, Mutupe e Laje, tem sofrido com as aes do

    homem ao desmatar as reas de florestas e de matas ciliares para dar lugar

    principalmente s pastagens e s culturas do cacau e da banana, bem como, ao

    contaminar com esgotos e resduos slidos o meio ambiente e os corpos hdricos.

    Essas e outras aes tm afetado a qualidade da gua e as vazes do Rio Jiquiri

    e seus afluentes, a precipitao anual da regio e tm diminudo a biodiversidade de

    flora e fauna. Ao se analisar o uso e ocupao do solo, o crescimento populacional,

    a situao do saneamento, as caractersticas fsicas, os dados de precipitao,

    vazo e qualidade da gua, foram propostas no presente trabalho medidas de

    gesto ambiental e de gesto dos recursos hdricos para garantir populao atual

    e futura o acesso a gua e a um meio ambiente equilibrado.

    Palavras chaves: Rio Jiquiri, diagnstico ambiental, gesto dos recursos hdricos

  • ABSTRACT

    The Jiquiri River Basin is composed of 25 municipalities that depends on Jiquiri

    River and its affluent as the main form of social, economic, cultural and

    environmental integration, local and regionally. The river basin surrounding the area

    containing Ubara, Jiquiric, Mutupe and Laje municipalities has been damaged by

    many anthropic actions such as deforestation and riparian vegetation suppression to

    promotion of cocoa and banana cultivation. In addition, there are other anthropic

    actions, such as the contamination of soil and superficial waters with wastewater

    effluents and inappropriate waste disposal. These actions are related with the

    degradation of water quality of Jiquiri River and its affluent. Furthermore, the

    regional annual precipitation has affected the reduction of fauna and flora

    biodiversity. In this work, some factors such as soil occupation and use, population

    growth, sanitation aspects, the local physics characteristics, precipitation data and

    river output and water quality were analysed in order to provide some relevant

    recommendations about environmental and water resources management with the

    view to assure the water access and sustainable environment to the present and

    future generations.

    Key words: Jiquiri River, environmental assessment, water resources management

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 Nascente do Rio Jiquiri em Maracs .................................................... 25

    Figura 2 Foz do Rio Jiquiri entre os municpios de Valena e Jaguaripe ........... 26

    Figura 3 Mapa de delimitao da bacia hidrogrfica do Rio Jiquiri ..................... 28

    Figura 4 Imagem area da sede do municpio de Ubara....................................... 32

    Figura 5 Evoluo Populacional de Ubara ............................................................ 33

    Figura 6 Evoluo da populao urbana e populao rural - Ubara ..................... 34

    Figura 7 Participao dos setores econmicos do PIB de Ubara - 2011............... 35

    Figura 8 Percentual de domiclios por formas de abastecimento em Ubara ......... 37

    Figura 9 Percentual de domiclios por formas de esgotamento em Ubara ............ 38

    Figura 10 Percentual de domiclios por destinao dos resduos em Ubara ......... 39

    Figura 11 Municpio de Jiquiri ............................................................................. 40

    Figura 12 Evoluo populacional de Jiquiri ........................................................ 41

    Figura 13 - Evoluo da populao urbana e populao rural Jiquiri ................. 42

    Figura 14 - Participao dos setores econmicos do PIB de Jiquiri - 2011 ........... 43

    Figura 15 Percentual de domiclios por formas de abastecimento em Jiquiri ..... 46

    Figura 16 - Percentual de domiclios por formas de esgotamento em Jiquiri ........ 46

    Figura 17 - Percentual de domiclios por destinao dos resduos em Jiquiri ....... 47

    Figura 18 Municpio de Mutupe ............................................................................. 48

    Figura 19 Evoluo populacional de Mutupe ......................................................... 49

    Figura 20 - Evoluo da populao urbana e populao rural Mutupe ................. 50

    Figura 21 - Participao dos setores econmicos do PIB de Mutupe - 2011 ........... 51

    Figura 22 - Percentual de domiclios por formas de abastecimento em Mutupe ...... 53

    Figura 23 - Percentual de domiclios por formas de esgotamento em Mutupe ......... 54

    Figura 24 - Percentual de domiclios por destinao dos resduos em Mutupe ....... 55

    Figura 25 Municpio de Laje ................................................................................... 56

    Figura 26 Evoluo populacional de Laje ............................................................... 57

    Figura 27 - Evoluo da populao urbana e populao rural Laje ....................... 58

    Figura 28 - Participao dos setores econmicos do PIB de Laje - 2011 ................. 59

    Figura 29 - Percentual de domiclios por formas de abastecimento em Laje ............ 61

    Figura 30 - Percentual de domiclios por formas de esgotamento em Laje ............... 62

    Figura 31 - Percentual de domiclios por destinao dos resduos em Laje.............. 63

    Figura 32 Mapa de Vegetao da rea em Estudo ................................................ 65

    Figura 33 Mapa Altimtrico da rea em Estudo ..................................................... 66

    Figura 34 Mapa de reas Prioritrias de Conservao .......................................... 69

    Figura 35 Mapa de Pedologia da rea em Estudo ................................................. 71

    Figura 36 Mapa de Litologia da rea em Estudo ................................................... 73

    Figura 37 Mapa de Geomorfologia da rea em Estudo ......................................... 75

    Figura 38 Mapa do Rio Jiquiri e seus principais afluentes .................................. 78

    Figura 39 Precipitao mdia mensal em Ubara ................................................... 79

    Figura 40 Vazes anuais do Rio Jiquiri em Ubara ............................................. 80

    Figura 41 - Precipitao mdia mensal em Mutupe ................................................. 81

  • Figura 42 Precipitao Anual em Mutupe 1965 a 2013 ...................................... 82

    Figura 43 Rguas fluviomtricas em Mutupe ........................................................ 83

    Figura 44 Vazes anuais do Rio Jiquiri em Mutupe........................................... 84

    Figura 45 Precipitao mdia mensal em Laje ....................................................... 85

    Figura 46 - Vazes anuais do Rio Jiquiri em Laje ................................................. 86

    Figura 47 Mapa das Estaes Pluviomtricas e Fluviomtricas ............................. 87

    Figura 48 Imagens do Rio Jiquiri em Mutupe - 2012 ......................................... 88

    Figura 49 Comportamento das vazes mdias anuais na rea em Estudo

    Mutupe e Laje ........................................................................................................... 89

    Figura 50 Assoreamento do Rio Jiquiri em Mutupe ........................................... 90

    Figura 51 Lanamento de esgotos das residncias no Rio Jiquiri - Ubara ........ 91

    Figura 52 Lanamento de esgoto pela Embasa - Jiquiri ..................................... 91

    Figura 53 Presena de macrfitas no Rio Jiquiri - Laje ...................................... 92

    Figura 54 Presena de macrfitas (2010 e 2014) no Rio Jiquiri Jiquiri ........ 92

    Figura 55 Moradores de Jiquiri tentando salvar os peixes .................................. 93

    Figura 56 Mapa de localizao dos pontos de medio do Programa Monitora .... 95

    Figura 57 Salinidade no ponto de amostragem JQR-400 em Mutupe ................... 97

    Figura 58 Salinidade no ponto de amostragem JQR-500 em Laje ......................... 97

    Figura 59 Salinidade no ponto de amostragem JQR-600 a jusante de Laje .......... 98

    Figura 60 Temperatura no ponto de amostragem JQR-400 em Mutupe ............... 98

    Figura 61 Temperatura no ponto de amostragem JQR-500 em Laje ..................... 99

    Figura 62 - Temperatura no ponto de amostragem JQR-600 a jusante de Laje ....... 99

    Figura 63 Coliformes termotolerantes no ponto JQR-400 em Mutupe ................ 100

    Figura 64 Coliformes termotolerantes no ponto JQR-500 em Laje ...................... 101

    Figura 65 Coliformes termotolerantes no ponto JQR-600 a jusante de Laje ........ 101

    Figura 66 DBO no ponto de amostragem JQR-400 em Mutupe .......................... 102

    Figura 67 DBO no ponto de amostragem JQR-500 em Laje ................................ 102

    Figura 68 DBO no ponto de amostragem JQR-600 a jusante de Laje ................. 103

    Figura 69 Oxignio dissolvido no ponto JQR-400 em Mutupe ............................ 104

    Figura 70 Oxignio dissolvido no ponto JQR-500 em Laje................................... 104

    Figura 71 Oxignio dissolvido no ponto JQR-600 a jusante de Laje .................... 105

    Figura 72 Fsforo total no ponto JQR-400 em Mutupe ....................................... 105

    Figura 73 Fsforo total no ponto JQR-500 em Laje ............................................. 106

    Figura 74 Fsforo total no ponto JQR-600 a jusante de Laje ............................... 106

    Figura 75 pH no ponto JQR-400 em Mutupe ....................................................... 107

    Figura 76 pH no ponto JQR-500 em Laje ............................................................. 107

    Figura 77 pH no ponto JQR-600 a jusante de Laje .............................................. 108

    Figura 78 Turbidez no ponto JQR-400 em Mutupe ............................................. 109

    Figura 79 Turbidez no ponto JQR-500 em Laje ................................................... 109

    Figura 80 Turbidez no ponto JQR-600 a jusante de Laje ..................................... 110

    Figura 81 Cachoeira dos Prazeres ....................................................................... 112

    Figura 82 Outros atrativos tursticos da rea em estudo ...................................... 112

    Figura 83 Esboo da Restaurao Florestal na rea em Estudo ......................... 114

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 - Dados dos municpios da bacia hidrogrfica do Rio Jiquiri................... 27

    Tabela 2 Dados populacionais por situao do domiclio e sexo - Ubara ............. 32

    Tabela 3 Taxas de crescimento populacional (% a.a.) - Ubara ............................. 33

    Tabela 4 rea plantada por cultura em Ubara ....................................................... 36

    Tabela 5 Efetivo de animais em Ubara.................................................................. 36

    Tabela 6 Formas de utilizao do solo em Ubara ................................................. 36

    Tabela 7 - Dados populacionais por situao do domiclio e sexo - Jiquiri ............ 41

    Tabela 8 Taxa de crescimento populacional (% a.a.) - Jiquiri ............................ 41

    Tabela 9 rea plantada por cultura em Jiquiri .................................................... 44

    Tabela 10 Efetivo de animais em Jiquiri ............................................................. 44

    Tabela 11 Formas de utilizao do solo em Jiquiri ............................................. 45

    Tabela 12 - Dados populacionais por situao do domiclio e sexo - Mutupe .......... 49

    Tabela 13 Taxa de crescimento populacional (% a.a.) - Mutupe ........................... 49

    Tabela 14 rea plantada por cultura em Mutupe .................................................. 52

    Tabela 15 Efetivo de animais em Mutupe ............................................................. 52

    Tabela 16 Formas de utilizao do solo em Mutupe ............................................. 53

    Tabela 17 - Dados populacionais por situao do domiclio e sexo - Laje ................ 57

    Tabela 18 Taxa de crescimento populacional (% a.a.) - Laje ................................. 57

    Tabela 19 rea plantada por cultura em Laje ......................................................... 60

    Tabela 20 Efetivo de animais em Laje.................................................................... 60

    Tabela 21 Formas de utilizao do solo em Laje ................................................... 61

    Tabela 22 Geologia dos municpios da rea em Estudo ........................................ 72

    Tabela 23 Principais corpos hdricos do municpio de Ubara ................................ 76

    Tabela 24 Principais corpos hdricos dos municpios de Jiquiri e Mutupe ......... 77

    Tabela 25 Principais corpos hdricos do municpio de Laje .................................... 77

    Tabela 26 Alumnio dissolvido nos pontos de amostragem.................................. 110

    Tabela 27 Ferro dissolvido nos pontos de amostragem ....................................... 111

    Tabela 28 Fenis totais nos pontos de amostragem ............................................ 111

  • SUMRIO

    1. INTRODUO ................................................................................................... 12

    2. OBJETIVOS ....................................................................................................... 14

    2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................ 14

    2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS ................................................................................ 14

    3. REVISO BIBLIOGRFICA .............................................................................. 15

    3.1 A GUA .......................................................................................................... 15

    3.2 A BACIA HIDROGRFICA ................................................................................... 16

    3.3 AS MATAS CILIARES ......................................................................................... 17

    3.4 SANEAMENTO BSICO E USO E OCUPAO DO SOLO ........................................ 19

    3.5 POLTICA NACIONAL DE RECURSOS HDRICOS: INSTRUMENTOS .......................... 20

    4. METODOLOGIA ................................................................................................. 23

    5. DIAGNSTICO .................................................................................................. 24

    5.1 A REGIO DE PLANEJAMENTO E GESTO DAS GUAS DO RECNCAVO SUL ......... 24

    5.2 A BACIA HIDROGRFICA DO RIO JIQUIRI......................................................... 25

    5.3 A REA EM ESTUDO: UBARA, JIQUIRI, MUTUPE E LAJE .................................. 31

    5.3.1 UBARA.................................................................................................... 31

    5.3.2 JIQUIRI ................................................................................................ 40

    5.3.3 MUTUPE ................................................................................................. 48

    5.3.4 LAJE ....................................................................................................... 56

    5.3.5 VEGETAO E ALTIMETRIA ........................................................................ 64

    5.3.6 REAS PRIORITRIAS DE PRESERVAO .................................................... 68

    5.3.7 SOLOS .................................................................................................... 70

    5.3.8 GEOLOGIA ............................................................................................... 72

    5.3.9 GEOMORFOLOGIA ..................................................................................... 74

    5.3.10 HIDROGRAFIA ....................................................................................... 76

    5.3.11 CLIMATOLOGIA, PRECIPITAO E VAZO ................................................. 79

    5.3.12 QUALIDADE DA GUA DO RIO JIQUIRI .................................................. 90

    5.3.13 POTENCIAL TURSTICO ........................................................................ 111

    6. MEDIDAS DE GESTO AMBIENTAL E DOS RECURSOS HDRICOS ......... 113

    6.1 PLANO DE CONSERVAO E RECUPERAO FLORESTAL.................................. 113

    6.2 PLANO DE BACIA HIDROGRFICA E ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DGUA ..... 115

    6.3 FORTALECIMENTO DO CONSRCIO INTERMUNICIPAL DO VALE DO JIQUIRI ...... 116

    6.4 PLANOS MUNICIPAIS DE SANEAMENTO BSICO................................................ 118

    6.5 PLANO DIRETOR DE DESENVOLVIMENTO URBANO PDDU .............................. 119

    6.6 ZONEAMENTO AMBIENTAL ............................................................................. 119

    6.7 PLANEJAMENTO DO TURISMO ......................................................................... 120

    6.8 PROGRAMA DE CONTROLE DE MACRFITAS .................................................... 121

  • 6.9 EDUCAO AMBIENTAL ................................................................................. 122

    6.10 REDE DE MONITORAMENTO E SISTEMA DE INFORMAES ............................. 122

    6.11 ESTMULOS ECONMICOS PARA AS PREFEITURAS MUNICIPAIS ...................... 122

    7. CONCLUSES ................................................................................................ 123

    8. LIMITAES E DESAFIOS PARA TRABALHOS FUTUROS ........................ 125

    9. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ................................................................ 126

  • 12

    1. INTRODUO

    A viso do homem como ser supremo do planeta Terra fez com que o

    mesmo dominasse e usufrusse dos recursos naturais. Posteriormente, aliado s

    diferenas sociais, a partir da produo de riquezas, bens e servios veio tona a

    realidade do crescimento econmico ser voltada somente para a produo, no

    levando em conta fatores cruciais para a qualidade de vida da populao e do meio

    ambiente.

    A utilizao predatria dos recursos naturais pelo homem trouxe consigo

    vrios problemas ambientais. Deste modo, observa-se que o modelo de

    desenvolvimento atual se mostra ineficaz e urge a necessidade de mudanas que

    priorizem as dimenses do desenvolvimento sustentvel, pois no h somente

    desenvolvimento do meio ambiente ou somente desenvolvimento econmico e sim

    um entrelace de aspectos que contribuam para atingir um novo modelo que minimize

    os danos ao meio ambiente e que, claro promovam uma equidade social.

    Historicamente, o homem tem construdo suas cidades prximo aos rios,

    de forma estratgica, visto que nas cheias os rios carregam sedimentos e matria

    orgnica que se depositam nas suas margens fazendo com que as terras fossem

    frteis para o plantio e a agricultura, sem contar que o prprio abastecimento

    humano e todas as atividades dependiam dos rios. Dessa forma, percebe-se a

    histrica relao dos rios com a vida das pessoas.

    Atualmente, em muitos centros urbanos, como o caso de Salvador,

    capital do Estado da Bahia, os rios, crregos, lagos e/ou nascentes foram e esto

    sendo cobertos dando lugar a praas, cliclovias, entre outros. Entretanto, cidades

    que antes tinham seus rios cobertos esto destruindo as obras feitas e trazendo de

    volta os rios para a vida das pessoas, como o caso de Seul na Coria do Sul.

    Alm deste problema citado, a derrubada de vegetao nativa e matas

    ciliares, o uso e ocupao desordenada do solo, o lanamento de esgotos e

    resduos slidos, as prticas agropecurias utilizadas e o crescimento populacional

    tem deteriorado a qualidade e quantidade de gua doce disponvel. Dessa forma,

    alm de comprometer os mananciais de abastecimento, que requerem tecnologias

    mais sofisticadas para o tratamento das suas guas, o homem est se

    autodestruindo.

  • 13

    Neste cenrio catico necessrio que, alm de uma postura

    comportamental diferente, o ser humano se organize, e trabalhe para a construo

    de uma sociedade menos desigual e que respeite o meio ambiente. Portanto, no

    caso especfico do Brasil, devem-se rever e pr em prticas as polticas, leis,

    decretos, programas, instrumentos, dentre outros, para a efetivao desse ideal.

    Logo, o presente trabalho visa fazer um diagnstico da rea da bacia

    hidrogrfica do Rio Jiquiri compreendida entre os municpios de Ubara e Laje e

    propor medidas de gesto na rea em estudo e na bacia como um todo para

    diminuir os impactos observados e melhorar a salubridade ambiental e a vida dos

    moradores da regio, garantindo gua e um meio ambiente equilibrado para a atual

    e futuras geraes.

  • 14

    2. OBJETIVOS

    2.1 OBJETIVO GERAL

    Elaborao e anlise do diagnstico ambiental da rea da bacia

    hidrogrfica do Rio Jiquiri compreendida entre os municpios de Ubara, Jiquiri,

    Mutupe e Laje e proposio de medidas de gesto para a bacia e rea em estudo.

    2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS

    Descrio da dinmica populacional, do uso e ocupao do solo, bem

    como, da situao de saneamento nos municpios em estudo.

    Descrio fsica da rea da bacia, em particular o solo, a vegetao,

    geologia, geomorfologia e altimetria;

    Descrio da hidrografia e dos dados hidrolgicos da rea em estudo;

    Avaliao da qualidade da gua do Rio Jiquiri e descrio das

    principais atividades impactantes que afetam a mesma;

    Proposio de medidas de gesto dos recursos hdricos e de gesto

    ambiental para a bacia hidrogrfica e rea em estudo.

  • 15

    3. REVISO BIBLIOGRFICA

    3.1 A GUA

    O planeta Terra possui 77% de sua extenso ocupados por gua, sendo

    que, a maior parcela (97%) dessa gua salgada e uma pequena parcela (3%)

    doce. Da gua doce existente, 87% esto bloqueadas nas calotas polares e geleiras

    e somente 0,01% est disponvel para todos os seres vivos (DOWBOR e TAGNIN,

    2005).

    O Brasil um pas que possui uma posio privilegiada em relao aos

    recursos hdricos visto que o mesmo possui uma variada quantidade de corpos

    hdricos e mananciais subterrneos, apesar da distribuio geogrfica no uniforme

    dos mesmos. Em relao ao mundo, o Brasil possui 12% das reservas de gua

    doce, sendo que, desse total 70% est na regio amaznica e somente 5% est na

    Regio Nordeste (DOWBOR e TAGNIN, 2005).

    A Organizao das Naes Unidas ONU, em 1948, atravs da

    Declarao Universal dos Direitos Humanos ressalta que todas as pessoas tm

    direito vida. Segundo WOLKMER e PIMMEL (2013) a gua um elemento vital

    para a os ecossistemas e para todos os seres vivos do planeta, dessa forma,

    percebe-se que fica implcita nessa Declarao que garantir o direito vida

    garantir o direito gua. Em 1992, a ONU, por meio da Declarao Universal dos

    Direitos das guas, define que a gua um dos direitos fundamentais dos seres

    humanos, mas um dos maiores problemas no mundo e no Brasil universalizar o

    acesso gua e garantir esse direito.

    Para REBOUAS (2002 apud GOMES BARBIERI, 2004) a gua um

    elemento natural sem qualquer tipo de utilizao enquanto que o recurso hdrico

    a gua dotada de valor econmico ao ser utilizada para diversos fins. A gua

    essencial para a vida e para a sade humana sendo um recurso utilizado em

    diversas atividades, dentre elas destacam-se o abastecimento humano, a gerao

    de energia eltrica, atividades industriais, irrigao, navegao, recreao, turismo,

    pesca. Nessas atividades a gua pode ser a matria-prima, o insumo, o meio, o leito

    navegvel, parte da beleza cnica, corpo diluidor, entre outros.

    O aumento da populao aumenta a demanda por gua e a necessidade

    de ampliao das terras agriculturveis com consequente degradao do meio

  • 16

    ambiente. O uso e ocupao solo influem tambm diretamente sobre os recursos

    hdricos podendo alterar a qualidade dos mesmos (WOLKMER e PIMMEL, 2013).

    Fazem-se necessrios uma gesto e um gerenciamento dos recursos hdricos para

    que haja a conservao da gua, bem como, um uso eficiente da mesma.

    garantindo populao atual e futura o acesso agua (GOMES e BARBIERI, 2004).

    No Brasil, a Poltica Nacional de Recursos Hdricos - PNRH, instituda

    pela Lei n 9.433, de 8 de janeiro de 1997, visa assegurar atual e s futuras

    geraes gua em qualidade e quantidade suficientes. Ela define que a gua um

    bem de domnio pblico e um recurso natural limitado, dotado de valor econmico.

    Para que se consiga alcanar os seus objetivos a PNRH possui alguns instrumentos,

    dentre eles, o plano de recursos hdricos, o enquadramento dos corpos dgua, a

    outorga, a cobrana pelo uso da gua e um sistema de informaes.

    A gua o elo entre tudo que tem vida, conectando

    passado, presente e futuro. Nesse sentido, as geraes atuais

    tambm tm responsabilidades com as futuras geraes, s quais se

    deve legar condies de suprir suas necessidades de recursos

    naturais, principalmente de gua. Portanto, parece haver razovel

    consenso, em escala planetria, sobre a necessidade de se reverter

    o atual quadro de degradao, adotando-se uma viso coletivista de

    propriedade e uma tica de compromisso e cuidado com a gua.

    (GOMES e BARBIERI, 2004, p.20)

    3.2 A BACIA HIDROGRFICA

    A PNRH incorpora princpios e normas para a gesto de recursos hdricos

    adotando a definio de bacia hidrogrfica como unidade de estudo e gesto. Assim,

    de grande importncia a compreenso do conceito de bacia hidrogrfica.

    Para Tucci (1997 apud PORTO e PORTO, 2008; p.45) a bacia

    hidrogrfica uma rea de captao natural da gua de precipitao que faz

    convergir o escoamento para um nico ponto de sada. Dessa forma, a bacia

    constituda por afluentes que drenam suas guas para um curso principal que

    termina no seu exultrio.

  • 17

    Segundo PORTO e PORTO (2008) a bacia hidrogrfica pode ser

    percebida como um ente sistmico, no qual, se tem entradas de gua (precipitaes)

    e sadas de gua (exultrio) formando um emaranhado de interconexes entre os

    sistemas hdricos, bacias e sub-bacias. Sobre a unidade territorial da bacia

    hidrogrfica que so desenvolvidas as atividades industriais, agrcolas, do setor de

    servios, entre outras. Ou seja, as reas urbanas e rurais, processos produtivos e

    toda dinmica envolta da bacia podem ser representadas no seu exultrio, pois tudo

    que ocorreu na bacia converge para esse ponto.

    Para BARRELLA et al (2001 apud TEODORO et al, 2007) a bacia

    hidrogrfica um conjunto de terras delimitadas por divisores de gua onde as

    precipitaes escoam superficialmente formando os rios e riachos ou infiltram no

    solo para a formao de nascentes e lenis freticos. De acordo com LIMA e

    ZAKIA (2000 apud TEODORO et al, 2007) as bacias hidrogrficas so sistemas

    abertos que se encontram em equilbrio dinmico. Assim sendo, recebem energia

    atravs de agentes climticos e perdem energia atravs do deflvio, mesmo

    havendo modificaes no sistema, haver uma compensao de forma a manter o

    equilbrio.

    O Brasil foi divido em 12 Regies Hidrogrficas, pela Resoluo n

    32/2003 do Conselho Nacional de Recursos Hdricos - CNRH, com o objetivo de

    implementar a PNRH e o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos.

    Essa diviso teve como finalidade orientar, fundamentar e implementar o Plano

    Nacional de Recursos Hdricos. A regio hidrogrfica fica definida como o espao

    territorial constitudo por uma bacia, grupo de bacias ou sub-bacias com

    caractersticas fsicas, econmicas e sociais comuns. As 12 Regies Hidrogrficas

    so: Amaznica, Atntico Nordeste Ocidental, Parnaba, Tocantins / Araguaia,

    Atlntico Nordeste Oriental, Atlntico Leste, So Francisco, Paraguai, Paran,

    Atlntico Sudeste, Uruguai e Atlntico Sul.

    3.3 AS MATAS CILIARES

    Mata ciliar aquela que margeia os corpos dgua (rios, lagos, represas,

    crregos ou vrzeas) e suas reas adjacentes sendo composta de espcies tpicas,

    resistentes ou tolerantes ao encharcamento ou excesso de gua no solo

  • 18

    (KAGEYAMA et al, 2002). No Brasil, o novo Cdigo Florestal, que foi institudo pela

    Lei n 12.651 de 25 de maio de 2012, define que as matas ciliares so reas de

    preservao permanente e, deste modo, devem ser protegidas de forma a garantir a

    preservao do meio ambiente.

    As matas ciliares so de suma importncia para a manuteno da

    qualidade das guas dos rios e, alm disso, contribuem tambm como: habitat,

    refgio e alimento para a fauna (terrestre e aqutica); corredores ecolgicos;

    manuteno do microclima; conteno de processos erosivos; e reteno natural

    das guas, contribuindo para amortecer enchentes (KAGEYAMA et al, 2002).

    As matas ciliares conseguem reduzir os impactos de fontes de poluio

    montante por meio de mecanismos de filtragem, barreira fsica e processos

    qumicos; minimizam o assoreamento e a contaminao por escoamento superficial

    de fertilizantes e defensivos agrcolas; mantm a estabilidade dos solos marginais; e

    reduzem a entrada de radiao solar nos rios (KAGEYAMA et al, 2002).

    Segundo PORTO e FERREIRA (2012) a degradao das matas ciliares

    est relacionado com a poluio das guas visto que a retirada das matas ciliares

    tem acelerado o processo de eroso, assoreamento, contaminao e aumento de

    slidos em suspenso nas guas. Dessa forma, observa-se que a qualidade da

    gua diretamente afetada pela falta de vegetao ao longo dos cursos dgua.

    Alm disso, PORTO e FERREIRA (2012) relatam que a falta de matas

    ciliares ocasiona o desequilbrio dos ambientes de bacias hidrogrficas, visto que, as

    mesmas mantm a qualidade e quantidade da gua das bacias; asseguram a

    integridade fsica, qumica e biolgica dos solos; regulam o ciclo local da gua e

    controlam o escoamento superficial.

    De acordo com PORTO e FERREIRA (2012) a ocupao das margens

    dos rios e a impermeabilizao dos solos esto ligadas a riscos de alagamentos,

    enchentes e deslizamentos, assim como vetores transmissores de doenas. Em

    reas rurais e urbanas os motivos para a degradao dos ambientes ciliares so: o

    crescimento urbano; a falta de infraestruturas, planejamento e gesto; e o uso e

    ocupao dos solos.

  • 19

    3.4 SANEAMENTO BSICO E USO E OCUPAO DO SOLO

    De acordo com SHRESTA e ENVIRON (2007, apud MOURA,

    BOAVENTURA e PINELLI, 2010) o ser humano o principal agente que influencia

    na qualidade da gua de um rio e dentre as aes humanas podem-se citar as

    atividades agrcolas, as indstrias e a ocupao urbana. Alm do homem, outros

    fatores que tambm influenciam a qualidade da gua de um corpo hdrico so:

    geologia, vegetao, solos e clima.

    O uso e a ocupao desordenada do solo, bem como o lanamento de

    esgotos e resduos slidos, so uns dos fatores que esto afetando a qualidade das

    guas dos rios, principalmente nos centros urbanos. Tudo isso afeta, direta ou

    indiretamente, a vida das pessoas em termos de sade, segurana e bem estar; a

    fauna e flora; as condies sanitrias do meio; e as atividades sociais e econmicas

    que dependem de uma gua que se torna cada vez mais escassa.

    GOULART e CALLISTO (2003) relatam que os recursos hdricos tm

    sofrido impactos das atividades antrpicas de minerao; construo de barragens

    e represas; retilinizao e desvio do curso natural de rios; lanamento de efluentes

    domsticos e industriais no tratados; desmatamento; superexplorao dos recursos

    pesqueiros; introduo de espcies exticas; entre outros. Como consequncia alm

    da perda de qualidade da gua tm-se observado a diminuio da diversidade de

    habitats e eutrofizao artificial.

    Para VANZELA, HERNANDEZ e FRANCO (2010) a maneira com que

    feito o uso e ocupao do solo traz consequncias para a drenagem das guas

    pluviais e para o aporte de sedimentos nos mananciais. Desse modo, a quantidade e

    qualidade de gua podem ser alteradas. As reas de mata tm a maior capacidade

    de infiltrao e armazenamento de gua no solo e, a partir do momento em que

    essas reas so degradadas, essas caractersticas so reduzidas. As reas

    ocupadas por matas contribuem para o aumento da qualidade da gua e da vazo

    especfica enquanto que as reas habitadas, agricultadas e matas degradadas

    podem reduzir a qualidade da gua e a vazo especfica na bacia hidrogrfica.

    As reas utilizadas pela agricultura se no tiverem um devido manejo se

    tornam uma fonte de sedimentos e slidos para os cursos dgua. As reas

    habitadas reduzem a permeabilidade do solo, seja pela impermeabilizao e/ou

    compactao do mesmo (VANZELA, HERNANDEZ e FRANCO, 2010).

  • 20

    Em relao aos resduos slidos, os impactos provocados podem-se

    estender para a populao em geral, visto que, o manejo e disposio inadequada

    pode poluir e contaminar os corpos dgua e os lenis subterrneos, disseminar

    vetores e transmitir doenas ao ser humano. Os mais frequentes agentes fsicos,

    qumicos e biolgicos presentes nos resduos slidos e que podem causar efeitos na

    sade humana so: odor, metais pesados, pesticidas/herbicidas, microorganismos

    patognicos, vetores, entre outros (FERREIRA e ANJOS, 2001).

    De acordo com SPERLING (2005) o lanamento de esgotos em corpos

    hdricos podem trazer como consequncias: o consumo de oxignio, crescimento

    excessivo de algas, toxicidade aos peixes (amnia), mortandade dos peixes,

    doenas (patgenos), contaminao dos aquferos subterrneos, entre outros.

    A impermeabilizao do solo faz com que as cheias se agravem e que

    com isso possam ocorrer os problemas de inundaes (TUCCI, 2004). Nas cidades,

    o crescimento urbano, bem como, a falta de um planejamento adequado da

    ocupao do espao, alteram o ciclo das guas, fazendo com que haja mais

    escoamento superficial e menos infiltrao, trazendo impactos para a vida da

    populao.

    A relao entre o uso e ocupao do solo e os recursos hdricos deve ser

    usada para o planejamento da bacia hidrogrfica, de tal modo, que se consiga ter

    gua em qualidade e quantidade suficientes para todos os usos, em especial o

    abastecimento humano. Deve-se pensar em investimentos na rea de saneamento,

    principalmente no tocante ao esgotamento sanitrio e aos resduos slidos, dadas

    as consequncias dos mesmos sobre os corpos hdricos.

    3.5 POLTICA NACIONAL DE RECURSOS HDRICOS: INSTRUMENTOS

    Os instrumentos da PNRH, conforme mencionado, visam assegurar a

    sustentabilidade dos recursos hdricos ao garantir s populaes atuais e futuras

    gua em qualidade e quantidade, bem como, a utilizao racional e integrada dos

    mesmos. Para que essa poltica seja concretizada em termos prticos deve-se haver

    a articulao de todos os instrumentos de gesto.

    Os Comits de Bacia so rgos descentralizados por bacia hidrogrficas

    e neles as decises sobre os usos dos rios e as prioridades para a outorga so

  • 21

    estabelecidas e os planos de bacia so elaborados e aprovados. Possuem Agncias

    de gua que funcionam como uma secretaria executiva e constitudo por membros

    do governo, municpios, usurios de gua e sociedade civil.

    Os instrumentos da PNRH so:

    Planos de Recursos Hdricos so planos diretores que tem a funo de

    fundamentar e orientar a implementao da PNRH e gerenciar os recursos

    hdricos. So elaborados por bacia hidrogrfica, por Estado e para o pas

    sendo constitudos por diagnstico, prognstico, metas, medidas, diretrizes e

    critrios. Os planos so longa durao e so aprovados pelos Comits de

    Bacia.

    Enquadramento dos corpos dgua em classes este instrumento

    aplicado de acordo com os usos preponderantes mais restritivos (atuais e

    futuros) da bacia visando assegurar, por metas e aes de gesto, gua com

    qualidade e quantidade para os usurios, compatvel com os usos mais

    exigentes.

    Outorga de direito de uso da gua visa assegurar o controle qualitativo e

    quantitativo dos usos da gua e o direito de acesso gua. Para tanto, a

    outorga deve considerar o enquadramento, se existente, e a vazo do corpo

    hdrico. Esto sujeitos outorga, a captao de gua de mananciais

    superficiais e subterrneos e o lanamento em corpos receptores de

    efluentes.

    Cobrana pelos usos da gua tem como objetivos reconhecer a gua

    como um bem dotado de valor econmico, incentivar a racionalizao do uso

    da gua e obter recursos para serem aplicados nas bacias hidrogrficas no

    financiamento de programas e intervenes. Sero cobrados os usos da gua

    sujeitos outorga.

    Sistema de Informaes sobre Recursos Hdricos um sistema de

    coleta, tratamento, armazenamento e recuperao de informaes sobre os

    recursos hdricos e os fatores intervenientes em sua gesto. Com esse

    sistema possvel o monitoramento dos recursos hdricos, avaliar a

    implementao das metas dos planos e viabilizar a tomada de decises.

  • 22

    Segundo PEREIRA e JONHSSON (2005; p.58):

    a implementao destes instrumentos de gesto, fortemente

    interdependentes e complementares do ponto de vista conceitual,

    demanda no somente capacidades tcnicas, polticas e

    institucionais, mas requer tambm tempo para a sua definio e

    operacionalizao, pois sua implantao , antes de tudo, um

    processo organizativo social, o qual demanda a participao e a

    aceitao por parte dos atores envolvidos, dentro da compreenso

    de que haver um benefcio coletivo global.

    Atualmente, dada a complexidade do processo de descentralizao da

    gesto dos recursos hdricos no Brasil, faz-se necessrio enfrentar e superar alguns

    desafios que esto postos: a implementao da gesto harmonizada, construo de

    uma lgica territorial de gesto, operacionalizao e fortalecimento do comit de

    bacia, estabelecimento de regras de convivncia entre comits e aperfeioamento

    da legislao. Tudo isso para que se possa efetivar as estratgias de

    implementao, gesto e avaliao das aes sobre os recursos hdricos no pas

    (PEREIRA e JONHSSON 2005).

  • 23

    4. METODOLOGIA

    A metodologia adotada para o desenvolvimento do presente estudo

    consistiu de reviso bibliogrfica, pesquisa em fontes de dados secundrias e visitas

    de campo. O diagnstico deste estudo concentrou-se na rea da hidrogrfica do Rio

    Jiquiri entre os municpios de Ubara, Jiquiri, Mutupe e Laje enquanto que as

    proposies de medidas de gesto tomaram como base esta rea e a bacia como

    um todo.

    A reviso bibliogrfica foi realizada para dar embasamento terico e

    conceitual sobre os temas tratados no presente trabalho, bem como, dar subsdios

    para que fossem entendidos os problemas atuais e definidas as medidas de gesto.

    Desse modo, foram analisadas leis, decretos, resolues, portarias e literaturas

    especializadas, livros e artigos.

    Foram coletados dados secundrios (atuais e histricos), nas fontes

    oficiais, como Empresa Baiana de guas e Saneamento (Embasa), Instituto

    Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), Agncia Nacional das guas (ANA),

    Superintendncia de Estudos Econmicos e Sociais da Bahia (SEI), Instituto de

    Meio Ambiente e Recursos Hdricos (INEMA), entre outros. Visitas de campo foram

    realizadas para que fosse feito levantamento fotogrfico dos principais problemas

    apresentados, bem como, a visualizao das condies atuais em que se encontram

    o Rio Jiquiri e seus afluentes nos municpios em estudo.

    Os dados coletados foram descritos e analisados e, junto com as

    fotografias e observaes feitas nas visitas, permitiram uma caracterizao do meio

    fsico, bitico e socioeconmico subsidiando a elaborao do diagnstico.

    Para proposio das medidas de gesto foram verificados os atuais

    instrumentos que esto sendo aplicados na bacia, analisadas as suas importncias,

    e foram elencados outros instrumentos, programas e aes que contribussem para

    a melhoria da salubridade ambiental, preservao do meio ambiente e gesto dos

    recursos hdricos e naturais da regio.

  • 24

    5. DIAGNSTICO

    5.1 A REGIO DE PLANEJAMENTO E GESTO DAS GUAS DO RECNCAVO SUL

    O Estado da Bahia, atravs do Conselho Estadual de Recursos Hdricos

    CONERH, com o intuito de planejar e gerir os recursos hdricos em sua rea

    territorial e, tambm, com vistas a efetivar os instrumentos da Poltica Estadual de

    Recursos Hdricos, dividiu a hidrografia estadual em Regies de Planejamento e

    Gesto das guas - RPGAs.

    O CONERH, por meio da resoluo n 80 de 25 de agosto de 2011,

    resolve que a Diviso Hidrogrfica Estadual seria constituda por 25 RPGAs que

    esto divididas segundo duas Regies Hidrogrficas Nacionais, a do Atlntico Leste

    e a do Rio So Francisco.

    As RPGAs da Bahia pertencentes Regio Hidrogrfica Nacional do

    Atlntico Leste, segundo a resoluo, so: I - Riacho Doce; II Rio Mucuri; II Rios

    Perupe, Itanhm e Jucuruu; IV Rios dos Frades, Buranhm e Santo Antnio; V

    Rio Jequitinhonha; VI Rio Pardo; VII Leste; VIII Rio de Contas; IX Recncavo

    Sul; X Rio Paraguau; XI Recncavo Norte e Inhambupe; XII Rio Itapicuru; XIII

    Rio Real e XIV Rio Vaza-Barris.

    Do mesmo modo, as RPGAs da Bahia na Regio Hidrogrfica Nacional

    do Rio So Francisco so: XV Riacho do Tar; XVI Rios Macurur e Cura;

    XVII Rio Salitre; XVIII Rios Verde e Jacar; XIX Lado do Sobradinho; XX

    Rios Paramirim e Santo Onofre; XXI Rio Grande e Riachos da Serra Dourada e do

    Brejo Velho; XXII Rio Carnaba de Dentro; XXIII Rio Corrente e Riacho do

    Ramalho; XXIV Rio Carinhanha e XXV Rio Verde Grande.

    A bacia hidrogrfica do Rio Jiquiri est inserida na RPGA do

    Recncavo Sul. Alm dela, outras bacias importantes tambm fazem parte desta

    RPGA, como o caso das bacias dos Rios da Dona, Jaguaripe e Una. Esses rios

    desguam no Oceano Atlntico, na contra-crosta da Ilha de Itaparica, na contra-

    crosta do Arquiplago de Tinhar-Boipeba e na Baa de Camamu (INEMA, 2014).

    A RPGA do Recncavo Sul possui uma rea de 16.990 Km

    compreendida entre 56 municpios. As principais atividades econmicas

    desenvolvidas nos municpios so, dentre outras, o turismo, a produo de piaava

  • 25

    e dend, comrcio e a agricultura familiar. A cobertura vegetal desta regio

    formada pelos biomas da Mata Atlntica e Caatinga (INEMA, 2014).

    5.2 A BACIA HIDROGRFICA DO RIO JIQUIRI

    A bacia do Rio Jiquiri possui uma rea de 6.900 km sendo que a sua

    delimitao espacial no se restringiu apenas aos limites dos divisores de gua da

    bacia, ou seja, aos seus limites fsicos, mas considerou integralmente todos os

    municpios que tm partes de suas terras inseridas na bacia (BATISTA, 2003). Esta

    bacia a maior da RPGA do Recncavo Sul correspondendo a 39,6% da sua rea

    total.

    O Rio Jiquiri nasce no municpio de Maracs e desgua no Oceano

    Atlntico, entre os municpios de Valena e Jaguaripe, possuindo 275 km de

    extenso. Nas suas margens, servindo de ponto de parada para os tropeiros,

    formaram-se os primeiros povoados, correspondendo s sedes municipais de hoje.

    Atradas por suas riquezas naturais e pela fertilidade do solo as populaes tiveram

    um forte lao com o Rio Jiquiri que, atualmente, ainda se constitui no principal elo

    cultural e de desenvolvimento econmico para a regio (BATISTA, 2003).

    Figura 1 Nascente do Rio Jiquiri em Maracs

    Foto: CRAVOLANDIAEMFOCO, 2013

  • 26

    Esta bacia hidrogrfica constituda por 25 municpios, so eles:

    Maracs, Lajedo do Tabocal, Planaltino, Lafaiete Coutinho, Itiruu, Iau,

    Jaguaquara, Irajuba, Itaquara, Nova Itarana, Cravolndia, Brejes, Milagres, Itatim,

    Santa Terezinha, Elsio Medrado, Amargosa, So Miguel das Matas, Santa Ins,

    Ubara, Jiquiri, Mutupe, Laje, Jaguaripe e Valena (BATISTA, 2003).

    Figura 2 Foz do Rio Jiquiri entre os municpios de Valena e Jaguaripe

    Foto: Margi Moss, 2012

    A rea da bacia do Rio Jiquiri possui uma boa infra-estrutura viria,

    sendo cortada por 5 rodovias federais, 16 estaduais e por inmeras estradas

    municipais. A populao total, segundo o IBGE (2010), de 456.728 pessoas, das

    quais 60,6% residem em reas urbanas e 39,4% em reas rurais. Dos 25

    municpios, apenas 7 (Amargosa, Iau, Jaguaquara, Laje, Maracs, Mutupe e

    Valena) possuem uma populao maior do que 20.000 habitantes. A rea da bacia

    apresenta uma densidade demogrfica de 28,33 hab/km, valor superior ao do

    Estado da Bahia que de 24,82 hab/km. A Tabela 1 mostra os dados de rea,

    populao e densidade demogrfica dos municpios da bacia.

  • 27

    Tabela 1 - Dados dos municpios da bacia hidrogrfica do Rio Jiquiri

    Municpio rea (Km)

    Populao Total (hab)

    Populao Urbana (hab)

    Populao Rural (hab)

    Dens. Dem.

    (hab/km)

    Amargosa 463,19 34.351 24.891 9.460 74,16

    Brejes 480,83 14.282 4.937 9.345 29,70

    Cravolndia 162,17 5.041 3.180 1.861 31,08

    Elsio Medrado 193,53 7.947 3.248 4.699 41,06

    Iau 2.451,42 25.736 20.168 5.568 10,50

    Irajuba 413,52 7.002 3.273 3.729 16,93

    Itaquara 322,98 7.678 4.608 3.070 23,77

    Itatim 583,45 14.522 10.112 4.410 24,89

    Itiruu 313,71 12.693 9.526 3.167 40,46

    Jaguaquara 928,24 51.011 38.850 12.161 54,95

    Jaguaripe 898,67 16.467 5.298 11.169 18,32

    Jiquiri 239,40 14.118 5.581 8.537 58,97

    Lafaiete Coutinho 405,39 3.901 2.104 1.797 9,62

    Laje 457,74 22.201 6.080 16.121 48,50

    Lajedo do Tabocal 431,90 8.305 5.149 3.156 19,23

    Maracs 2.253,04 24.613 17.707 6.906 10,92

    Milagres 284,38 10.306 7.789 2.517 36,24

    Mutupe 283,21 21.449 9.659 11.790 75,74

    Nova Itarana 470,44 7.435 2.715 4.720 15,80

    Planaltino 927,02 8.822 3.640 5.182 9,52

    Santa Ins 315,66 10.363 9.514 849 32,83

    Santa Teresinha 707,24 9.648 2.334 7.314 13,64

    So Miguel das Matas 214,41 10.414 3.360 7.054 48,57

    Ubara 726,26 19.750 8.822 10.928 27,19

    Valena 1.192,61 88.673 64.368 24.305 74,35

    Fonte: IBGE (2010)

    A maior parte da bacia do Rio Jiquiri, quase 60%, se encontra no clima

    semirido e em relao a sua geomorfologia a bacia se divide em: Regio de

    Acumulao, Bacia Sedimentar Recncavo Tucano, Planalto Pr-Liitorneo,

    Planalto Sul Baiano, Depresses Perifricas e Interplanlticas e Chapada

    Diamantina. A altitude na bacia varia desde o nvel do mar at 1.082 no municpio de

    Maracs. No tocante aos solos na bacia foram identificadas seis classes de solos:

    latossolos (75,8%), argissolos (16,93%), planossolos (2,86%), cambissolos (1,94%),

    espodossolos (0,67%) e neossolos (1,8%) (FERNANDES, 2008).

  • 28

    Figura 3 Mapa de delimitao da bacia hidrogrfica do Rio Jiquiri

    Fonte: IBGE, 2010

  • 29

    A bacia ocupa quatro vegetaes distintas, so elas: formaes pioneiras

    do litoral, floresta ombrfila, floresta estacional e caatinga apresentando variaes

    climticas extremas. A nascente do Rio Jiquiri, bem como a maior rea da bacia,

    est na regio semi-rida com vegetao caatinga. A rea intermediria da bacia

    est inserida no bioma da Mata Atlntica, com as formaes vegetais de floresta

    ombrfila e floresta estacional antes bastante fechadas e hoje totalmente

    descaracterizadas pelos constantes desmatamentos. Na foz do Rio Jiquiri

    predominam formaes vegetais caractersticas de zona costeira, como o caso

    dos manguezais (BATISTA, 2003).

    De acordo com a vegetao e a tipologia climtica ao longo da bacia, o

    Rio Jiquiri pode ser dividido em Alto Jiquiri, Mdio Jiquiri, Baixo Jiquiri e

    Esturio do Jiquiri apresentando caractersticas distintas. O Alto Jiquiri,

    constitudo pelas regies de clima semi-rido encontradas nas pores norte e

    noroeste da bacia, caracterizado pela distribuio pluviomtrica irregular sendo

    que a maior parte dos cursos dgua intermitente e de carter torrencial. O Mdio

    Jiquiri contempla a faixa de transio entre os climas submidos e semirido

    sendo caracterizado por duas estaes bem definidas: uma chuvosa e outra seca. O

    Baixo Jiquiri constitudo pela regio de clima submido possuindo florestas

    remanescentes da Mata Atlntica. O Esturio do Jiquiri formado pela regio de

    clima tropical quente e mido, sem estao seca, sendo caracterizado pela

    predominncia de espcies arbrea, arbustiva e de manguezais (QUAN et al, 2009).

    O contraste formado por essas vegetaes com diferenas de relevo e

    clima tornam a rea da bacia hidrogrfica bastante diversificada e rica. A paisagem

    das reas semi-ridas, onde se destacam formaes rochosas que se aproximam da

    Chapada Diamantina, a rica beleza das paisagens do vale, com suas matas e

    cachoeiras, e a exuberncia das praias de Valena e Jaguaripe refletem na

    organizao socioeconmica e numa pluralidade cultural (BATISTA, 2003).

    De acordo com o GEOBAHIA/INEMA (2014) os principais afluentes do Rio

    Jiquiri so: Crrego Baixa da Umburana, Riacho das Guabirabas, Riacho da

    Moenda, Riacho Tamandu, Riacho Trs Cantos, Riacho da Barriguda, Riacho

    Queimada Grande, Rio Gelia, Riacho do Xenxm, Riacho Lagoa Cumprida, Rio

    Olhos Dgua, Riacho Engenho Velho, Riacho do Melo, Rio de Brejes, Rio Mucuri,

    Riacho da Prata, Rio Velho, Rio Jiquiri Mirim, Rio Cariri, Rio Corta Mo, Riacho

  • 30

    Vertente Seca, Rio Riacho, Riacho Cachoeira, Riacho dos Cavalos, Rio Tiriri e Rio

    Trara.

    Cabe destacar que tanto o Rio Jiquiri quanto alguns de seus afluentes

    recebem os esgotos das cidades que atravessam e resduos slidos das atividades

    urbanas e rurais ocasionando alteraes significativas na qualidade da gua e

    obstruo das aes de escoamento dos cursos dgua.

    As principais atividades econmicas desenvolvidas em torno da bacia do

    Rio Jiquiri so a agropecuria, o comrcio, o turismo e a indstria, ainda que em

    menor escala. No tocante agricultura predomina na bacia a agricultura tradicional

    voltada para os cultivos de subsistncia, destacando-se seguintes cultivos: banana,

    cacau, caf, maracuj, caju, horticultura, feijo, entre outros. A pecuria tambm

    desenvolvida sendo utilizada de forma extensiva em alguns municpios, com baixa

    produtividade. A paisagem, as manifestaes culturais, o artesanato e a culinria

    regional so um incentivo para o turismo. O comrcio das cidades constitudo,

    dentre outros, de supermercados, farmcias, aougue e a venda de produtos

    agrcolas (BATISTA, 2003).

    As aes do homem sobre o meio ambiente geram impactos ambientais

    de cunho fsico, qumico, bitico e social. A bacia do Rio Jiquiri tem sofrido

    impactos ambientais sobre o solo, a vegetao, a fauna e os recursos hdricos. As

    guas que antes eram abundantes parecem desaparecer a cada dia, deixando a

    regio mais seca e menos exuberante (BATISTA, 2003).

    As principais atividades que tm degradado e desgastado os recursos

    naturais ao longo da bacia so: utilizao de processos agropecurios inadequados;

    desmatamentos, com perda de biodiversidade; processo adiantado de eroso e

    perda de solos; instabilidade e desequilbrio na regulao do balano hdrico;

    economia extrativista; ausncia de planejamento urbano municipal; falta de infra-

    estrutura nos assentamentos urbanos; fragmentao da administrao pblica

    (BATISTA, 2003).

    Alm dos problemas ambientais, as atividades desenvolvidas na bacia

    tm contribudo para causar impactos significativos na sade da populao, como

    exemplo pode-se citar o uso intensivo de fertilizantes qumicos e agrotxicos que

    apesar de combater pragas e ervas indesejadas, melhorar as caractersticas do solo

    e aumentar a produtividade trazem inmeros prejuzos para a sade dos

  • 31

    trabalhadores e das pessoas que consomem os alimentos. Outro exemplo a falta

    de infraestruturas adequadas de saneamento bsico, como os esgotos e os resduos

    slidos sendo lanados no rio, deixando a populao mais propensa a doenas.

    5.3 A REA EM ESTUDO: UBARA, JIQUIRI, MUTUPE E LAJE

    Dentro da delimitao fsico e territorial da bacia hidrogrfica do Rio

    Jiquiri, para efeito deste estudo foram escolhidos os municpios de Ubara,

    Jiquiri, Mutupe e Laje em virtude da proximidade entre os mesmos, das

    caractersticas fsicas e espaciais semelhantes e, tambm, por ser o nico trecho do

    Rio Jiquiri com sries histricas de dados de vazo. Cabe destacar, que neste

    trecho tm-se tambm series histricas de dados de precipitao. Portanto, o

    diagnstico ambiental centrou-se no espao territorial destes quatro municpios.

    Esses municpios esto localizados no estado da Bahia, na mesorregio

    do Centro Sul Baiano, na microrregio de Jequi, na Regio Administrativa de

    Amargosa e fazem parte do Territrio de Identidade do Vale do Jiquiri.

    5.3.1 UBARA

    5.3.1.1 LOCALIZAO

    O municpio de Ubara possui uma rea de 726,262 km e est localizado

    nas coordenadas geogrficas - 131605 de latitude (Sul) e 393946 de longitude

    (Oeste), a 252 km de distncia da capital do estado, Salvador. A altitude fica em

    torno de 324 metros (SEI, 2014). Faz fronteira com os municpios de Cravolndia,

    Santa Ins, Brejes, Amargosa, Laje, Jiquiri, Teolndia e Wenceslau Guimares.

    Ubara se situa s margens do Rio Jiquiri e possui, em sua extenso

    territorial dois distritos, Baixinha e Engenheiro Franca, e seis povoados: Barra da

    Estopa, Pindobas, Trs Braos, Alto da Lagoinha, Jenipapo e Lagoa do Boi. A

    cidade cortada pela BR-420, que liga o municpio a Santa Ins e a Jiquiri, sendo

    seu principal eixo rodovirio. Alm deste, no territrio municipal h duas rodovias

    estaduais: a BA-550, que liga o municpio a Cravolndia, e a BA-120, que liga o

    municpio a Brejes.

  • 32

    Figura 4 Imagem area da sede do municpio de Ubara

    Foto: ANTNIO, 2012.

    5.3.1.2 POPULAO

    Segundo o Censo de 2010 do IBGE a populao total do municpio era de

    19.750 habitantes com uma densidade demogrfica de 27,19 hab/km. A estimativa

    populacional para 2014 no municpio de acordo com o IBGE de 20.770 habitantes.

    Os dados populacionais dos ltimos 5 Censos Demogrficos esto descritos na

    Tabela 2 e na Figura 5.

    Tabela 2 Dados populacionais por situao do domiclio e sexo - Ubara

    Ano Populao (habitantes)

    Total Urbana Rural

    Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres

    1970 16.883 8.244 8.639 4.022 1.857 2.165 12.861 6.387 6.474

    1980 18.206 9.011 9.195 5.053 2.394 2.659 13.153 6.617 6.536

    1991 20.809 10.615 10.194 7.085 3.377 3.708 13.724 7.238 6.486

    2000 20.595 10.479 10.116 8.010 3.858 4.152 12.585 6.621 5.964

    2010 19.750 10.035 9.715 8.822 4.264 4.558 10.928 5.771 5.157

    Fonte: IBGE, 2014

  • 33

    Figura 5 Evoluo Populacional de Ubara

    Fonte: IBGE, 2014

    Tabela 3 Taxas de crescimento populacional (% a.a.) - Ubara

    Perodo Total Urbana Rural

    1970 - 1980 0,7573 2,3083 0,2248

    1980 - 1991 1,2223 3,1204 0,3871

    1991 - 2000 -0,1148 1,3728 -0,9581

    2000 - 2010 -0,4181 0,9703 -1,4019

    Fonte: IBGE, 2014

    A partir da Figura 5 e da Tabela 3, verifica-se que, nos perodos de 1970-

    1980 e 19801991, as populaes (total, urbana e rural) tiveram taxas de

    crescimento positivo. Nos perodos de 19912000 e de 2000-2010 as populaes,

    total e rural, tiveram taxas de crescimento negativo enquanto que a populao

    urbana teve taxas de crescimento positivo. A Figura 6 mostra em termos percentuais

    a dinmica populacional do municpio no tocante ao aumento da populao urbana e

    diminuio da populao rural.

    0

    5.000

    10.000

    15.000

    20.000

    25.000

    1970 1980 1991 2000 2010

    Hab

    itan

    tes

    Total Urbana Rural

  • 34

    Figura 6 Evoluo da populao urbana e populao rural - Ubara

    Fonte: IBGE, 2014

    O crescimento da populao urbana afeta diretamente a qualidade da

    gua do rio, visto que, h o lanamento de resduos slidos e esgoto no mesmo.

    Segundo a EMBASA (2014) 50,8% da populao da sede urbana do municpio

    recebe o servio de coleta, tratamento e disposio adequada dos esgotos, sendo

    que, o restante tem seus esgotos lanados em fossas rudimentares ou diretamente

    no rio.

    5.3.1.3 PRODUTO INTERNO BRUTO

    O Produto Interno Bruto PIB, no ano de 2011, do municpio gira em

    torno de 104,275 milhes de reais sendo que os setores que participam do mesmo

    agropecuria, impostos, indstrias e servios. A agropecuria participa do PIB com

    um valor de 22,393 milhes de reais, os impostos com 3,795 milhes de reais, as

    indstrias com 10,901 milhes de reais e o setor de servios com 67,185 milhes de

    reais (IBGE, 2011). A Figura 7 mostra em termos percentuais essa diviso e

    observa-se que o setor de servios o que mais contribui para o PIB, seguido dos

    setores agropecurio (2), indstrias (3) e, por fim, impostos (4).

    23,8%27,8%

    34,0%38,9%

    44,7%

    76,2%72,2%

    66,0%61,1%

    55,3%

    0,0%

    10,0%

    20,0%

    30,0%

    40,0%

    50,0%

    60,0%

    70,0%

    80,0%

    90,0%

    100,0%

    1970 1980 1991 2000 2010

    Urbana Rural

  • 35

    Figura 7 Participao dos setores econmicos do PIB de Ubara - 2011

    Fonte: IBGE, 2011

    5.3.1.4 USO E OCUPAO DO SOLO

    O setor agropecurio o principal modificador da paisagem natural,

    matas nativas do lugar para as lavouras e para as pastagens no municpio. Essa

    modificao cumulativa ao longo do tempo, visto que, so vrias dcadas de

    explorao dos recursos naturais, onde so utilzadas tcnicas inadequadas, como

    as queimadas, para que se possibilite o desenvolvimento da agricultura e pecuria.

    Com isso, h perda da biodiversidade, alterao do ciclo hidrolgico, eroso do solo,

    assoreamento dos corpos dgua, entre outros.

    Em relao agricultura, de acordo com a Pesquisa Agrcola Municipal

    do IBGE, em 2012 a rea plantada em Ubara foi de 8.145 hectares divido em vrias

    culturas como: banana, cacau, caf, cco, feijo, laranja, mandioca, maracuj, milho

    e tomate. Destas, as principais culturas do municpio em relao a rea plantada so

    o cacau (55,4%), a banana (15,6%), a mandioca (12,3%), o caf (9,7%) e o

    maracuj (3,8%) que juntas correspondem a aproximadamente 96,8% de toda a

    rea plantada. Na Tabela 4 esto apresentados dados da rea plantada de cada

    cultura.

    No que diz respeito pecuria, o municpio possui assinos, bovinos,

    caprinos, eqinos, galinhas, muares, ovinos e sunos. Na Tabela 6 so apresentados

    dados relativos ao quantitativo do efetivo de animais no ano de 2012.

    Agropecuria21,5%

    Impostos3,6%

    Indstrias10,5%

    Servios64,4%

  • 36

    Tabela 4 rea plantada por cultura em Ubara

    Cultura rea Plantada (ha)

    Banana 1.267

    Cacau (em amndoa) 4.510

    Caf (em cco) 786

    Coco-da-baa 21

    Feijo 154

    Laranja 7

    Mandioca 1.000

    Maracuj 310

    Milho (em gro) 70

    Tomate 20

    Fonte: Pesquisa Agrcola Municipal/IBGE, 2012

    Tabela 5 Efetivo de animais em Ubara

    Tipo de Animal Quantidade (cabea)

    Asininos 640

    Bovinos 17.369

    Caprinos 815

    Eqinos 297

    Galinhas 55.368

    Galos, Frangas, Frangos e Pintos 63.598

    Muares 712

    Ovinos 1.845

    Sunos 8.184

    Fonte: Pesquisa Pecuria Municipal/IBGE, 2012

    Segundo o Censo Agropecurio realizado pelo IBGE em 2006 o uso do

    solo em Ubara predominantemente dividido em lavouras, pastagens e matas e

    florestas, vide Tabela 6. Observa-se que a rea total desses usos de 69.728

    hectares, dos quais, 52,7 % correspondem s pastagens, 32,8 % s matas e

    florestas e 14,5 % correspondem s lavouras.

    Tabela 6 Formas de utilizao do solo em Ubara

    Tipo de Utilizao das Terras Lavouras Pastagens Matas e Florestas

    rea (ha) 10.087 36.764 22.877

    Fonte: Censo Agropecurio/IBGE, 2006

  • 37

    As reas de matas e florestas sofrem com a sua derrubada tanto para a

    ampliao da agricultura e pecuria quanto para a extrao de madeira, em tora e

    lenha. Somente no ano de 2012 no municpio foram extrados 12.000 m de lenha e

    4.000 m de madeira em tora (Produo Extrativa Vegetal/IBGE, 2012).

    5.3.1.5 SITUAO DO SANEAMENTO BSICO

    No municpio de Ubara a condio atual do acesso aos servios de

    saneamento bsico apresenta distintos contrastes ao comparar a sua zona urbana e

    a sua zona rural. Na zona urbana a maior parte da populao possui abastecimento

    de gua tratada por rede, coleta regular de resduos slidos e o esgoto sendo

    coletado ou disposto em fossas. J na zona rural a populao se abastece por

    nascentes, poos, rios e/ou riachos com gua de qualidade duvidosa; utiliza os

    resduos slidos orgnicos para adubar as plantaes e/ou alimentar alguns animais

    e, em alguns casos, queima, enterra ou joga os resduos slidos em terrenos

    baldios. Cabe destacar tambm que na zona rural as pessoas, na sua maioria,

    dispem seus esgotos em fossas ou a cu aberto.

    No tocante ao abastecimento de gua no municpio, a Figura 8 apresenta

    os percentuais de domiclios por forma de abastecimento, na zona urbana e rural,

    segundo o Censo de 2010 do IBGE.

    Figura 8 Percentual de domiclios por formas de abastecimento em Ubara

    Fonte: IBGE, 2010

    13,1%

    93,0%

    32,0%

    0,5%0,3% 0,0%

    54,6%

    6,5%

    0,0%

    10,0%

    20,0%

    30,0%

    40,0%

    50,0%

    60,0%

    70,0%

    80,0%

    90,0%

    100,0%

    Zona Rural Zona Urbana

    Rede geral de distribuio Poo ou nascente gua de chuva em cisterna Outra

  • 38

    Ao analisar os dados apresentados verifica-se que, nos domiclios da

    zona urbana, h a predominncia do abastecimento por rede geral de distribuio

    (93,0%) seguido por outra forma (6,5%) e poo ou nascente (0,5%). Na rea rural

    prevalece o abastecimento por outra forma (54,6%) seguido de poo ou nascente

    (32,0%), rede geral de distribuio (13,1%) e gua de chuva em cisterna (0,3%).

    Segundo o IBGE, a classificao da forma de abastecimento de gua como

    outra forma se refere aos domiclios que so abastecidos por rio, lago ou outra

    procedncia.

    As formas de esgotamento sanitrio do municpio de Ubara so rede

    coletora, fossa sptica, fossa rudimentar, vala e outras, vide Figura 9.

    Figura 9 Percentual de domiclios por formas de esgotamento em Ubara

    Fonte: IBGE, 2010

    Ao analisar a Figura 1 percebe-se que, na zona urbana, 64% dos

    domiclios possuem seus esgotos coletados por rede e o restante disposto em

    fossa sptica (1,9%), fossa rudimentar (19,4%), vala a cu aberto (0,6%) e outros

    (13,3%). Na zona rural, 1,3% dos domiclios tem seus esgotos coletados por rede e

    o restante dos domiclios dispe os esgotos em fossa sptica (4,9%), fossa

    rudimentar (68,3 %), vala a cu aberto (8,3%) e outros (3,7%). Para o IBGE (2010)

    a classificao outro refere-se aos dejetos esgotados para rio, lago ou mar, ou

    1,3%

    64,0%

    4,9% 1,9%

    68,3%

    19,4%

    8,3%

    0,6%3,7%

    13,3%13,5%

    0,8%0,0%

    10,0%

    20,0%

    30,0%

    40,0%

    50,0%

    60,0%

    70,0%

    80,0%

    90,0%

    100,0%

    Zona Rural Zona Urbana

    Rede coletora Fossa sptica Fossa rudimentar Vala Outros Domiclios sem banheiro

  • 39

    quando o escoadouro no se enquadra em quaisquer dos tipos descritos

    anteriormente.

    As formas de destinao dos resduos slidos domsticos utilizados

    nos domiclios do municpio foram definidas pelo IBGE (2010) como: coletado,

    jogado em terreno baldio, enterrado, queimado ou outra destinao. A Figura 10

    apresenta os percentuais de domiclios por destinao adotada.

    Figura 10 Percentual de domiclios por destinao dos resduos em Ubara

    Fonte:IBGE,2010

    Observa-se que, nos domiclios da zona urbana, predomina a coleta dos

    resduos slidos (97,3%), sendo que, h tambm a queima (0,1%), lanamento em

    terrenos baldios (1,7%) e outra forma de destinao (0,9%). Na zona rural

    predomina o lanamento de resduos slidos em terreno baldio (72,1%) seguido de

    outras formas de destinao (16,0%), coleta (5,9%), queima (3,4%) e resduos

    enterrados (2,6%). Para o IBGE (2010), outro destino quando os resduos slidos

    so jogados em rio, lago ou outra forma de destino diferente dos descritos

    anteriormente.

    5,9%

    97,3%

    3,4% 0,1%2,6% 0,0%

    72,1%

    1,7%

    16,0%

    0,9%0,0%

    10,0%

    20,0%

    30,0%

    40,0%

    50,0%

    60,0%

    70,0%

    80,0%

    90,0%

    100,0%

    Zona Rural Zona Urbana

    Coletado Queimado Enterrado Terreno baldio Outro

  • 40

    5.3.2 JIQUIRI

    5.3.2.1 LOCALIZAO

    O municpio de Jiquiri possui uma rea de 239,403 km e est

    localizado nas coordenadas geogrficas -131524 de latitude (Sul) e 393420 de

    longitude (Oeste), a 240 km de distncia da capital do estado, Salvador. A altitude

    fica em torno de 342 metros (SEI, 2014). Faz fronteira com os municpios de Ubara,

    Teolndia, Mutupe e Laje.

    A sede do municpio de Jiquiri se situa s margens do Rio Jiquiri e

    possui, em sua extenso territorial dois povoados, Lagoa Verde e Serraria II. A

    cidade cortada pela BR-420, que liga o municpio s cidades de Ubara e Mutupe ,

    sendo seu principal eixo rodovirio.

    Figura 11 Municpio de Jiquiri

    5.3.2.2 POPULAO

    Segundo o Censo de 2010 do IBGE a populao total do municpio era de

    14.118 habitantes com uma densidade demogrfica de 58,97 hab/km. A estimativa

    populacional para 2014 no municpio de acordo com o IBGE de 14.993 habitantes.

  • 41

    Os dados populacionais dos ltimos 5 (cinco) Censos Demogrficos esto descritos

    na Tabela 7 e na Figura 12.

    Tabela 7 - Dados populacionais por situao do domiclio e sexo - Jiquiri

    Ano Populao (habitantes)

    Total Urbana Rural

    Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres

    1970 8.604 4.245 4.359 1.355 630 725 7.249 3.615 3.634

    1980 9.356 4.673 4.683 2.011 948 1.063 7.345 3.725 3.620

    1991 11.763 5.950 5.813 3.386 1.623 1.763 8.377 4.327 4.050

    2000 13.638 6.992 6.646 4.588 2.193 2.395 9.050 4.799 4.251

    2010 14.118 7.155 6.983 5.581 2.689 2.892 8.537 4.466 4.071

    Fonte: IBGE, 2014

    Figura 12 Evoluo populacional de Jiquiri

    Fonte: IBGE, 2014

    Tabela 8 Taxa de crescimento populacional (% a.a.) - Jiquiri

    Perodo Total Urbana Rural

    1970 - 1980 0,8414 4,0273 0,1316

    1980 - 1991 2,1031 4,8505 1,2024

    1991 - 2000 1,6569 3,4331 0,8623

    2000 - 2010 0,3465 1,9786 -0,5819

    Fonte: IBGE, 2014

    0

    2.000

    4.000

    6.000

    8.000

    10.000

    12.000

    14.000

    16.000

    1970 1980 1991 2000 2010

    Hab

    itan

    tes

    Total Urbana Rural

  • 42

    A partir da Figura 12 e da Tabela 8, verifica-se que, nos perodos de

    1970-1980, 19801991 e 1991-2000, as populaes (total, urbana e rural) tiveram

    taxas de crescimento positivo. Nos perodos de 2000-2010 as populaes, total e

    urbana, tiveram taxas de crescimento positivo enquanto que a populao rural teve

    taxa de crescimento negativo. A Figura 13 mostra em termos percentuais a dinmica

    populacional do municpio no tocante ao aumento da populao urbana e diminuio

    da populao rural.

    Figura 13 - Evoluo da populao urbana e populao rural Jiquiri

    Fonte: IBGE, 2014

    Com o aumento da populao urbana a gua do rio recebe o lanamento

    de resduos slidos e esgoto, afetando a sua qualidade. Segundo a EMBASA (2014)

    60% da populao da sede urbana do municpio recebe o servio de coleta,

    tratamento e disposio adequada dos esgotos, sendo que, o restante tem seus

    esgotos lanados em fossas rudimentares ou diretamente no rio. Desta forma, as

    presses ambientais do homem trazem efeitos sobre a salubridade ambiental.

    5.3.2.3 PRODUTO INTERNO BRUTO

    O Produto Interno Bruto PIB, no ano de 2011, do municpio de Jiquiri

    gira em torno de 58,834 milhes de reais sendo que os setores que participam do

    mesmo agropecuria, impostos, indstrias e servios. A agropecuria participa do

    15,7%21,5%

    28,8%33,6%

    39,5%

    84,3%78,5%

    71,2%66,4%

    60,5%

    0,0%

    10,0%

    20,0%

    30,0%

    40,0%

    50,0%

    60,0%

    70,0%

    80,0%

    90,0%

    100,0%

    1970 1980 1991 2000 2010

    Urbana Rural

  • 43

    PIB com um valor de 8,409 milhes de reais, os impostos com 2,043 milhes de

    reais, as indstrias com 7,555 milhes de reais e o setor de servios com 40,827

    milhes de reais (IBGE, 2011). A Figura 14 mostra em termos percentuais essa

    diviso e observa-se que o setor de servios o que mais contribui para o PIB,

    seguido dos setores agropecurio (2), indstrias (3) e, por fim, impostos (4).

    Figura 14 - Participao dos setores econmicos do PIB de Jiquiri - 2011

    Fonte: IBGE, 2014

    5.3.2.4 USO E OCUPAO DO SOLO

    O setor agropecurio o principal modificador da paisagem natural,

    matas nativas do lugar para as lavouras e para as pastagens no municpio. Com

    isso, h perda da biodiversidade, alterao do ciclo hidrolgico, eroso do solo,

    assoreamento dos corpos dgua, entre outros.

    Em relao agricultura, de acordo com a Pesquisa Agrcola Municipal

    do IBGE, em 2012 a rea plantada em Jiquiri foi de 5.202 hectares dividida em

    vrias culturas como: abacaxi, amendoim, banana, borracha, cacau, caf, cana de

    acar, coco-da-baa, guaran, laranja, mamo, mandioca, maracuj, milho, pimenta

    do reino e urucum. Destas, as principais culturas do municpio em relao a rea

    plantada so o cacau (76,9%), a banana (9,1%) e a mandioca (5,2%) que juntas

    correspondem a 91,2% de toda a rea plantada. Na Tabela 9 esto apresentados

    dados da rea plantada de cada cultura.

    Agropecuria14,3%

    Indstria 12,8%

    Servios69,4%

    Impostos 3,5%

  • 44

    Tabela 9 rea plantada por cultura em Jiquiri

    Cultura rea Plantada (ha)

    Abacaxi 10

    Amendoim (em casca) 20

    Banana 475

    Borracha (ltex coagulado) 8

    Cacau (em amndoa) 4000

    Caf (em cco) 50

    Cana-de-acar 90

    Coco-da-baa 50

    Guaran (semente) 40

    Laranja 45

    Mamo 15

    Mandioca 270

    Maracuj 14

    Milho (em gro) 100

    Pimenta-do-reino 10

    Urucum (semente) 5

    Fonte: Pesquisa Agrcola Municipal/IBGE, 2012

    No que diz respeito pecuria, o municpio possui assinos, bovinos,

    caprinos, eqinos, galinhas, muares, ovinos e sunos. Na Tabela 10 so

    apresentados dados relativos ao quantitativo do efetivo de animais no ano de 2012.

    Tabela 10 Efetivo de animais em Jiquiri

    Tipo de Animal Quantidade (cabea)

    Asininos 1350

    Bovinos 3650

    Caprinos 750

    Eqinos 1100

    Galinhas 8500

    Galos, Frangas, Frangos e Pintos 20500

    Muares 1150

    Ovinos 580

    Sunos 2990

    Fonte: Pesquisa Pecuria Municipal/IBGE, 2012

    Segundo o Censo Agropecurio realizado pelo IBGE em 2006 o uso do

    solo em Jiquiri predominantemente dividido em lavouras, pastagens e matas e

    florestas, vide Tabela 11. Observa-se que a rea total desses usos de 18.276

  • 45

    hectares, dos quais, 40,3 % correspondem s pastagens, 37,5 % s lavouras e 22,2

    % correspondem s matas e florestas.

    Tabela 11 Formas de utilizao do solo em Jiquiri

    Fonte: Censo Agropecurio/IBGE, 2006

    As reas de matas e florestas sofrem com a sua derrubada tanto para a

    ampliao da agricultura e pecuria quanto para a extrao de madeira, em tora e

    lenha. Somente no ano de 2012 no municpio foram extrados 5.000 m de lenha e

    4.000 m de madeira em tora (Produo Extrativa Vegetal/IBGE, 2012).

    5.3.2.5 SITUAO DO SANEAMENTO BSICO

    Em Jiquiri, no tocante ao acesso aos servios de saneamento bsico,

    h particularidades distintas entre a zona urbana e a zona rural. Na zona urbana a

    maior parte da populao possui abastecimento de gua tratada por rede, coleta

    regular de resduos slidos e o esgoto sendo coletado ou disposto em fossas. J na

    zona rural a populao se abastece por nascentes, poos, rios e/ou riachos com

    gua de qualidade duvidosa; utiliza os resduos slidos orgnicos para adubar as

    plantaes e/ou alimentar alguns animais e, em alguns casos, queima, enterra ou

    joga os resduos slidos em terrenos baldios. Cabe destacar tambm que na zona

    rural as pessoas, na sua maioria, dispem seus esgotos em fossas ou a cu aberto.

    No tocante ao abastecimento de gua no municpio, a Figura 15

    apresenta os percentuais de domiclios por forma de abastecimento, na zona urbana

    e rural, segundo o Censo de 2010 do IBGE. Ao analisar os dados apresentados

    verifica-se que, nos domiclios da zona urbana, h a predominncia do

    abastecimento por rede geral de distribuio (95,7%) seguido por outra forma (3,1%)

    e poo ou nascente (1,3%). Na rea rural prevalece o abastecimento por outra forma

    (70,6%) seguido de poo ou nascente (26,8%), rede geral de distribuio (2,5%) e

    gua de chuva em cisterna (0,1%). Segundo o IBGE (2010), a classificao da forma

    de abastecimento de gua como outra forma se refere aos domiclios que so

    abastecidos por rio, lago ou outra procedncia.

    Tipo de Utilizao das Terras Lavouras Pastagens Matas e Florestas

    rea (ha) 6.842 7.372 4.062

  • 46

    Figura 15 Percentual de domiclios por formas de abastecimento em Jiquiri

    Fonte: IBGE, 2010

    As formas de esgotamento sanitrio do municpio de Jiquri so rede

    coletora, fossa sptica, fossa rudimentar, vala e outras formas, vide Figura 16.

    Figura 16 - Percentual de domiclios por formas de esgotamento em Jiquiri

    Fonte: IBGE, 2010

    2,5%

    95,7%

    26,8%

    1,3%0,1% 0,0%

    70,6%

    3,1%

    0,0%

    10,0%

    20,0%

    30,0%

    40,0%

    50,0%

    60,0%

    70,0%

    80,0%

    90,0%

    100,0%

    Zona Rural Zona Urbana

    Rede geral de distribuio Poo ou nascente gua de chuva em cisterna Outra

    0,0%

    63,6%

    4,8%0,9%

    57,4%

    19,1%13,7%

    4,1%7,7% 10,0%

    16,4%

    2,2%

    0,0%

    10,0%

    20,0%

    30,0%

    40,0%

    50,0%

    60,0%

    70,0%

    80,0%

    90,0%

    100,0%

    Zona Rural Zona Urbana

    Rede coletora Fossa sptica Fossa rudimentar Vala Outros Domiclios sem banheiro

  • 47

    Ao analisar a Figura 16 percebe-se que, na zona urbana, 63,6% dos

    domiclios possuem seus esgotos coletados por rede e o restante disposto em

    fossa sptica (0,9%), fossa rudimentar (19,1%), vala a cu aberto (4,1%) e outros

    (10,0%). Na zona rural, os domiclios dispem os esgotos em fossa sptica (4,8%),

    fossa rudimentar (57,4 %), vala a cu aberto (13,7%) e outros (7,7%). Para o IBGE

    (2010) a classificao outro refere-se aos dejetos esgotados para rio, lago ou mar,

    ou quando o escoadouro no se enquadra em quaisquer dos tipos descritos

    anteriormente.

    As formas de destinao dos resduos slidos domsticos utilizados nos

    domiclios do municpio foram definidas pelo IBGE (2010) como: coletado, jogado

    em terreno baldio, enterrado, queimado ou outra destinao. A Figura 17 apresenta

    os percentuais de domiclios por destinao adotada.

    Figura 17 - Percentual de domiclios por destinao dos resduos em Jiquiri

    Fonte: IBGE, 2014

    Observa-se que, nos domiclios da zona urbana, predomina a coleta dos

    resduos slidos (98,8%), sendo que, h tambm a queima (0,1%), resduos

    enterrados (0,2%) e lanamento em terrenos baldios (0,9%). Na zona rural

    predomina o lanamento de resduos slidos em terreno baldio (68,2%) seguido de

    outras formas de destinao (26,2%), queima (2,7%), resduos enterrados (1,5%) e

    1,4%

    98,8%

    2,7% 0,1%1,5% 0,2%

    68,2%

    0,9%

    26,2%

    0,0%0,0%

    10,0%

    20,0%

    30,0%

    40,0%

    50,0%

    60,0%

    70,0%

    80,0%

    90,0%

    100,0%

    Zona Rural Zona Urbana

    Coletado Queimado Enterrado Terreno baldio Outro

  • 48

    coleta (1,4%). Para o IBGE (2010), outro destino quando os resduos slidos so

    jogados em rio, lago ou outra forma de destino diferente dos descritos anteriormente.

    5.3.3 MUTUPE

    5.3.3.1 LOCALIZAO

    O municpio de Mutupe possui uma rea de 283,206 km e est

    localizado nas coordenadas geogrficas -131343 de latitude (Sul) e 393017 de

    longitude (Oeste), a 230 km de distncia da capital do estado, Salvador. A altitude

    fica em torno de 271 metros (SEI, 2014). Faz fronteira com os municpios de

    Jiquiri, Teolndia, Presidente Tancredo Neves, Valena e Laje. Mutupe cortada

    pela BR-420, que liga o municpio s cidades de Jiquiri e Laje, e pela BA-540 que

    liga o municpio cidade de Amargosa.

    Figura 18 Municpio de Mutupe

    5.3.3.2 POPULAO

    Segundo o Censo de 2010 do IBGE a populao total do municpio era de

    21.449 habitantes com uma densidade demogrfica de 75,74 hab/km. A estimativa

  • 49

    populacional para 2014 no municpio de acordo com o IBGE de 22.742 habitantes.

    Os dados populacionais dos ltimos 5 (cinco) Censos Demogrficos esto descritos

    na Tabela 12 e na Figura 19.

    Tabela 12 - Dados populacionais por situao do domiclio e sexo - Mutupe

    Ano Populao (habitantes)

    Total Urbana Rural

    Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres

    1970 15.009 7.301 7.708 2.686 1.151 1.535 12.323 6.150 6.173

    1980 17.324 8.478 8.846 4.426 1.988 2.438 12.898 6.490 6.408

    1991 20.491 10.138 10.353 6.943 3.285 3.658 13.548 6.853 6.695

    2000 20.462 10.137 10.325 8.984 4.186 4.798 11.478 5.951 5.527

    2010 21.449 10.597 10.852 9.659 4.413 5.246 11.790 6.184 5.606

    Fonte: IBGE, 2014

    Figura 19 Evoluo populacional de Mutupe

    Fonte: IBGE, 2014

    Tabela 13 Taxa de crescimento populacional (% a.a.) - Mutupe

    Perodo Total Urbana Rural

    1970 - 1980 1,4448 5,1213 0,4571

    1980 - 1991 1,5380 4,1780 0,4480

    1991 - 2000 -0,0157 2,9048 -1,8254

    2000 - 2010 0,4722 0,7271 0,2686

    Fonte: IBGE, 2014

    0

    5.000

    10.000

    15.000

    20.000

    25.000

    1970 1980 1991 2000 2010

    Hab

    itan

    tes

    Total Urbana Rural

  • 50

    A partir da Figura 19 e da Tabela 13, verifica-se que, nos perodos de

    1970-1980, 19801991 e 2000-2010, as populaes (total, urbana e rural) tiveram

    taxas de crescimento positivo. No perodo de 2000-2010 as populaes, total e rural,

    tiveram taxas de crescimento negativo enquanto que a populao urbana teve taxa

    de crescimento positivo. A Figura 20 mostra em termos percentuais a dinmica

    populacional do municpio no tocante ao aumento da populao urbana e diminuio

    da populao rural.

    Figura 20 - Evoluo da populao urbana e populao rural Mutupe

    Fonte: IBGE, 2014

    Com o aumento da populao urbana a gua do rio recebe o lanamento

    de resduos slidos e esgoto, afetando a sua qualidade. Segundo a EMBASA (2014)

    87,3% da populao da sede urbana do municpio recebe o servio de coleta,

    tratamento e disposio adequada dos esgotos, sendo que, o restante tem seus

    esgotos lanados em fossas rudimentares ou diretamente no rio. Desta forma, as

    presses ambientais do homem trazem efeitos sobre a salubridade ambiental.

    5.3.3.3 PRODUTO INTERNO BRUTO

    O Produto Interno Bruto PIB, no ano de 2011, do municpio de Mutupe

    gira em torno de 122,187 milhes de reais sendo que os setores que participam do

    mesmo agropecuria, impostos, indstrias e servios. A agropecuria participa do

    17,9%25,5%

    33,9%

    43,9% 45,0%

    82,1%74,5%

    66,1%

    56,1% 55,0%

    0,0%

    10,0%

    20,0%

    30,0%

    40,0%

    50,0%

    60,0%

    70,0%

    80,0%

    90,0%

    100,0%

    1970 1980 1991 2000 2010

    Urbana Rural

  • 51

    PIB com um valor de 13,056 milhes de reais, os impostos com 7,441 milhes de

    reais, as indstrias com 13,544 milhes de reais e o setor de servios com 88,147

    milhes de reais (IBGE, 2011). A Figura 21 mostra em termos percentuais essa

    diviso e observa-se que o setor de servios o que mais contribui para o PIB,

    seguido dos setores indstrias (2), agropecurio (3), e, por fim, impostos (4).

    Figura 21 - Participao dos setores econmicos do PIB de Mutupe - 2011

    Fonte: IBGE, 2014

    5.3.3.4 USO E OCUPAO DO SOLO

    O setor agropecurio o principal modificador da paisagem natural,

    matas nativas do lugar para as lavouras e para as pastagens no municpio. Com

    isso, h perda da biodiversidade, alterao do ciclo hidrolgico, eroso do solo,

    assoreamento dos corpos dgua, entre outros.

    Em relao agricultura, de acordo com a Pesquisa Agrcola Municipal

    do IBGE, em 2012 a rea plantada em Mutupe foi de 6.164 hectares dividida em

    vrias culturas como: abacaxi, amendoim, banana, borracha, cacau, caf, cana de

    acar, coco-da-baa, guaran, feijo, laranja, mamo, mandioca, maracuj, milho,

    pimenta do reino e urucum. Destas, as principais culturas do municpio em relao a

    rea plantada so o cacau (64,9%), o maracuj (13,0%) e a banana (12,2%) que

    juntas correspondem a 90,1% de toda a rea plantada. Na Tabela 14 esto

    apresentados dados da rea plantada de cada cultura.

    Agropecuria10,7%

    Indstria 11,1%

    Servios72,1%

    Impostos 6,1%

  • 52

    Tabela 14 rea plantada por cultura em Mutupe

    Cultura rea Plantada (ha)

    Abacaxi 35

    Amendoim (em casca) 25

    Banana 750

    Borracha (ltex coagulado) 5

    Cacau (em amndoa) 4000

    Caf (em cco) 40

    Cana-de-acar 60

    Coco-da-baa 50

    Guaran (semente) 50

    Feijo 120

    Laranja 80

    Mamo 15

    Mandioca 800

    Maracuj 20

    Milho (em gro) 100

    Pimenta-do-reino 10

    Urucum (semente) 4

    Fonte: Pesquisa Agrcola Municipal/IBGE, 2012

    No que diz respeito pecuria, o municpio possui assinos, bovinos,

    caprinos, eqinos, galinhas, muares, ovinos e sunos. Na Tabela 15 so

    apresentados dados relativos ao quantitativo do efetivo de animais no ano de 2012.

    Tabela 15 Efetivo de animais em Mutupe

    Tipo de Animal Quantidade (cabea)

    Asininos 1000

    Bovinos 9700

    Caprinos 1320

    Eqinos 350

    Galinhas 1100

    Galos, Frangas, Frangos e Pintos 7500

    Muares 15200

    Ovinos 1250

    Sunos 3800

    Fonte: Pesquisa Pecuria Municipal/IBGE, 2012

    Segundo o Censo Agropecurio realizado pelo IBGE em 2006 o uso do

    solo em Mtutupe predominantemente dividido em lavouras, pastagens e matas e

    florestas, vide Tabela 16. Observa-se que a rea total desses usos de 20.655

  • 53

    hectares, dos quais, 43,4 % correspondem s pastagens, 47,2 % s lavouras e 9,4

    % correspondem s matas e florestas.

    Tabela 16 Fo