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DIAGNÓSTICO

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DIAGNÓSTICO

PREFEITURA MUNICIPAL DE APARECIDA DE GOIÂNIA

LUÍS ALBERTO MAGUITO VILELA

Prefeito

SECRETARIA DE PLANEJAMENTO - SEPLAN

AFONSO BOAVENTURA Secretário de Planejamento. Engenheiro Civil.

EQUIPE TÉCNICA DE GESTÃO DO PLANO DIRETOR

COORDENAÇÃO GERAL

JANAÍNA DE HOLANDA CAMILO I Arquiteta Urbanista. Mestre em Desenvolvimento e Planejamento

Territorial. Diretora de Gestão do Plano Diretor. SEPLAM.

COORDENADORES DE EIXOS TEMÁTICOS

CAROLINA GONTIJO GUIMARÃES I Arquiteta Urbanista. Especialista em Construção Civil. Diretora de

Urbanismo. SEPLAM.

DALILLA ALVES DA SILVA I Tecnóloga em Geoprocessamento. Especialista em Direito Tributário.

Coordenadora de Cadastro Imobiliário.

RENATO MARCOS DA SILVA I Engenheiro Civil. Superintendente de Projetos e Fiscalização.

WISLEM RICARDO ALVES I Tecnólogo em Saneamento Ambiental. Coordenador de Licenciamento

Ambiental.

DEPARTAMENTO DE GEOPROCESSAMENTO

LEANDRO GONÇALVES DE SOUSA I Tecnólogo em Geoprocessamento. Assessor Nível Superior.

POLLIANA VIEIRA DA SILVA I Tecnóloga em Geoprocessamento. Assessor Nível Superior.

APOIO E LOGÍSTICA

ANUAR DAHER NETO I Assessor.

CARMEN VÂNIA CARRIJO I Administradora. Assessora.

CONSULTORIA: AMBIENS SOCIEDADE COOPERATIVA

ARTUR SILVA COELHO I Economista. Mestre em Desenvolvimento Econômico.

CONSTANÇA L. CAMARGO I Arquiteta e Urbanista.Especialista em Gestão Urbana.

CYNTHIA CARLA CARTES PATRÍCIO I Cartógrafa. Especialista em Desenvolvimento Regional.

DANIELE REGINA PONTES I Advogada. Doutora em Direito.

DÉBORA FOLLADOR I Arquiteta e Urbanista. Doutoranda e Mestre em Gestão Urbana.

JOSIAS RICKLI NETO I Biólogo. Mestre em Planejamento Urbano e Regional.

JOSÉ RICARDO VARGAS DE FARIA I Engenheiro Civil. Doutor em Planejamento Urbano e Regional.

MARIA CRISTINA GRAF I Engenheira Civil. Especialista em Gestão Técnica do Meio Urbano.

MARIA EMÍLIA RODRIGUES I Socióloga. Mestre em Sociologia.

NAOMI ANAUE BURBA I Geógrafa. Doutora em

PATRÍCIA CARTES PATRÍCIO I Bióloga. Doutora em Sistemas de Produção Agrícola Familiar.

RAMON JOSÉ GUSSO I Sociólogo. Mestre em Sociologia Política.

ROSA MARIA MOURA DA SILVA I Geógrafa. Doutora em Geografia.

COORDENAÇÃO

TOMÁS ANTÔNIO MOREIRA I Arquiteto e Urbanista. Doutor em Estudos Urbanos.

APOIO

LETÍCIA TREIN I Secretaria Executiva

JULHO DE 2014

INDICE DE FIGURAS

FIGURA 1 - EVOLUÇÃO DA OCUPAÇÃO ...................................................................................... 19

FIGURA 2 - REGIÕES ADMINISTRATIVAS ................................................................................... 28

FIGURA 3 - CONDICIONANTES E BACIAS HIDROGRÁFICAS .................................................... 35

FIGURA 4 - CONDICIONANTES ..................................................................................................... 43

FIGURA 5 - DENSIDADE DEMOGRÁFICA – PDP 2002. ............................................................... 47

FIGURA 6 - CONDICIONANTES E SITUAÇÃO DA OCUPAÇÃO .................................................. 49

FIGURA 7 - LEVANTAMENTO DA INFRAESTRUTURA – PDP 2002. .......................................... 53

FIGURA 8 - GRÁFICO DE ÁREAS IMPERMEABILIZADAS – PDDU ............................................. 55

FIGURA 9 - REDE DE DRENAGEM – PDDU ................................................................................. 55

FIGURA 10 - POCDE – PDP 2002. ................................................................................................... 63

FIGURA 11 - ZONEAMENTO – PDP 2002. ....................................................................................... 68

FIGURA 12 - ZONEAMENTO - ALTERAÇÃO 2008 .......................................................................... 69

FIGURA 13 - MANCHA URBANA ...................................................................................................... 77

FIGURA 14 - PAISAGEM MUNICIPAL .............................................................................................. 85

FIGURA 15 - FRAGILIDADES AMBIENTAIS .................................................................................... 89

FIGURA 16 - SANEAMENTO BÁSICO .............................................................................................. 97

FIGURA 17 - BACIAS HIDROGRÁFICAS ....................................................................................... 111

FIGURA 18 - ORGANOGRAMA ADMINISTRATIVO ...................................................................... 113

FIGURA 19 - MOBILIDADE ............................................................................................................. 135

FIGURA 20 - REDE DE TRANSPORTE PÚBLICO COLETIVO DA RMTC .................................... 139

FIGURA 21 - MOBILIDADE E DENSIDADE DEMOGRÁFICA ........................................................ 147

FIGURA 22 - MAPA DE RENDA POR REGIÕES ADMINISTRATIVAS.......................................... 163

FIGURA 23 - DISTRIBUIÇÃO POPULACIONAL ............................................................................. 167

FIGURA 24 - SAÚDE ....................................................................................................................... 183

FIGURA 25 - EDUCAÇÃO CMEI ..................................................................................................... 187

FIGURA 26 - EDUCAÇÃO ENSINO FUNDAMENTAL .................................................................... 189

FIGURA 27 - EDUCAÇÃO ENSINO MÉDIO ................................................................................... 191

FIGURA 28 - CULTURA, ESPORTE E LAZER ............................................................................... 193

ÍNDICE DE QUADROS

QUADRO 1 - CRITÉRIOS DE OCUPAÇÃO ...................................................................................... 37

QUADRO 2 - DIAGNOSTICO AMBIENTAL DAS OFICINAS PARTICIPATIVAS DAS 7 REGIÕES ADMINISTRATIVAS ................................................................................................... 102

QUADRO 3 - FAMÍLIAS INSCRITAS POR RENDA PER CAPITA MENSAL .................................. 165

INDICE DE TABELAS

TABELA 1 - BAIRROS/LOTEAMENTOS/ASSENTAMENTOS CRIADOS ENTRE 1922 E 1990 ... 21

TABELA 2 - ARRECADAÇÃO DE TAXAS – SECRETARIA MUNICIPAL DE REGULAÇÃO URBANA ....................................................................................................................... 40

TABELA 3 - ZONAS E INDICES URBANÍSTICOS .......................................................................... 67

TABELA 4 - PORCENTAGEM DE VAZIOS E LOTES VAGOS ....................................................... 80

TABELA 5 - APARECIDA DE GOIÂNIA: DOMICÍLIOS PARTICULARES X SERVIÇOS BÁSICOS DE INFRAESTRUTURA (COLETA DE LIXO, ENERGIA ELÉTRICA, BANHEIRO, REDE GERAL DE ESGOTO E REDE GERAL DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA) – 2010. ........................................................................................................................... 122

TABELA 6 - TAXA DE MOTORIZAÇÃO (POPULAÇÃO/FROTA) – DENATRAN – CIDADES ACIMA DE 400MIL HABITANTES ............................................................................. 137

TABELA 7 - VALOR ADICIONADO BRUTO (VAB); PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) E PIB PER CAPITA - APARECIDA DE GOIÂNIA (R$ PREÇOS CORRENTES) ................ 150

TABELA 8 - CRESCIMENTO DOS DEZ MAIORES PIB A PREÇOS CORRENTES DE GOIÁS (%) .............................................................................................................................. 150

TABELA 9 - MUNICÍPIOS DE MAIOR PIB DE GOIÁS: 2011 (R$ PREÇOS CORRENTES) ........ 152

TABELA 10 - ÁREA PLANTADA DE LAVOURA PERMANENTE (HECTARE): APARECIDA DE GOIÂNIA ..................................................................................................................... 153

TABELA 11 - ÁREA PLANTADA DE LAVOURA TEMPORÁRIA (HECTARE): APARECIDA DE GOIÂNIA ..................................................................................................................... 153

TABELA 12 - REBANHO E PRODUÇÃO PECUÁRIA DE APARECIDA DE GOIÂNIA ................... 154

TABELA 13 - ESPERANÇA DE VIDA AO NASCER (EM ANOS) 1991-2010 ................................. 158

TABELA 14 - TAXA DE FECUNDIDADE 1991-2010 ....................................................................... 158

TABELA 15 - EVOLUÇÃO DA RENDA PER CAPITA EM R$ ......................................................... 160

TABELA 16 - ACOMPANHAMENTO DAS CONDICIONALIDADES DO BF APARECIDA DE GOIÂNIA ..................................................................................................................... 166

TABELA 17 - EMPREGO FORMAL POR SETOR ECONÔMICO* - APARECIDA DE GOIÂNIA ... 169

TABELA 18 - QUANTIDADE DE VÍNCULOS EMPREGATÍCIOS POR FAIXA DE RENDA (SALÁRIOS MÍNIMOS): APARECIDA DE GOIÂNIA ................................................. 170

TABELA 19 - ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO MUNICIPAL (IDH-M) DE APARECIDA DE GOIÂNIA/GO ........................................................................................................ 171

TABELA 20 - ÍNDICE DE GINI (CONCENTRAÇÃO DE RENDA) DE APARECIDA DE GOIÂNIA/GO .............................................................................................................. 173

TABELA 21 - QUANTIDADE DE ESTABELECIMENTOS POR SETOR ECONÔMICO* - APARECIDA DE GOIÂNIA ......................................................................................... 174

TABELA 22 - NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS INDUSTRIAI – APARECIDA DE GOIÂNIA .. 175

TABELA 23 - QUANTIDADE EMPREGOS FORMAIS POR FAIXA DE REMUNERAÇÃO* NA INDÚSTRIA - APARECIDA DE GOIÂNIA .................................................................. 176

TABELA 24 - ÍNDICE DE GINI (CONCENTRAÇÃO DE RENDA) DE APARECIDA DE GOIÂNIA/GO .............................................................................................................. 178

TABELA 25 - ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO ........................................................... 179

TABELA 26 - IDH APARECIDA DE GOIÂNIA 1991-2010 ............................................................... 179

TABELA 27 - MORTALIDADE INFANTIL (A CADA MIL NASCIDOS VIVOS) 1991-2010 .............. 180

TABELA 28 - VULNERABILIDADE SOCIAL APARECIDA DE GOIÂNIA 2010 ............................... 181

TABELA 29 - MATRÍCULAS NO ENSINO REGULAR APARECIDA DE GOIÂNIA - 2012 ............. 195

TABELA 30 - EDUCAÇÃO MUNICIPAL EM APARECIDA DE GOIÂNIA 2013 ............................... 196

TABELA 31 - EQUILÍBRIO ORÇAMENTÁRIO DE 2008 A 2012 - APARECIDA DE GOIÂNIA (R$ PREÇOS CORRENTES) ........................................................................................... 198

TABELA 32 - DISTRIBUIÇÃO DAS DESPESAS EMPENHADAS POR FUNÇÃO DA GESTÃO PÚBLICA - APARECIDA DE GOIÂNIA (R$ PREÇOS CORRENTES) ...................... 199

TABELA 33 - EVOLUÇÃO DAS RECEITAS MUNICIPAIS DE 2008 A 2012 - APARECIDA DE GOIÂNIA (R$ PREÇOS CORRENTES) .................................................................... 200

TABELA 34 - PERCENTUAL DE CRESCIMENTO DAS RECEITAS MUNICIPAIS DE 2008 A 2012 - APARECIDA DE GOIÂNIA (%) ................................................................................ 200

TABELA 35 - PARTICIPAÇÃO DAS RECEITAS NO TOTAL DAS RECEITAS MUNICIPAIS DE 2008 E 2012 - APARECIDA DE GOIÂNIA (%) .......................................................... 201

TABELA 36 - EVOLUÇÃO DAS DESPESAS* MUNICIPAIS DE 2008 A 2012 - APARECIDA DE GOIÂNIA (R$ PREÇOS CORRENTES) .................................................................... 201

TABELA 37 - PARTICIPAÇÃO DAS DESPESAS* NO TOTAL DAS RECEITAS CORRENTES LÍQUIDAS - APARECIDA DE GOIÂNIA (%) .............................................................. 202

SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO ........................................................................................................14

2. METODOLOGIA ...........................................................................................................15

3. ORDENAMENTO TERRITORIAL .................................................................................16

3.1. BREVE HISTÓRICO DA OCUPAÇÃO .............................................................................................................. 17

3.2. METRÓPOLE E REGIONALIDADES ................................................................................................................ 24

3.3. CENTRALIDADES E REGIÕES ADMINISTRATIVAS ....................................................................................... 26

3.4. USO E OCUPAÇÃO DO SOLO ......................................................................................................................... 32

3.5. OCUPAÇÃO TERRITORIAL .............................................................................................................................. 32

3.6. OCUPAÇÃO DOS LOTES E VERTICALIZAÇÃO .............................................................................................. 38

3.7. ATIVIDADES PRODUTIVAS ............................................................................................................................. 40

3.8. DENSIDADE ...................................................................................................................................................... 47

3.9. EXPANSÃO URBANA E PROJETOS FUTUROS ............................................................................................. 51

3.10. INFRAESTRUTURA E EQUIPAMENTOS COMUNITÁRIOS ............................................................................ 52

3.10.1. Saneamento – Água, Esgoto Drenagem ................................................................................................ 52 3.10.2. Equipamentos Comunitários .................................................................................................................. 56

3.11. POLÍTICA DE ORDENAMENTO TERRITORIAL ............................................................................................... 56

3.11.1. Lei Complementar nº 004 de 2002 - Planejamento Municipal Sustentável ............................................ 58 3.11.2. Lei Municipal n° 2.249 de 2002 - Delimitação do Perímetro Urbano ..................................................... 61 3.11.3. Lei Municipal n° 2.246 de 2002 - Política de Ordenamento para o Crescimento e Desenvolvimento

Estratégico (POCDE) ............................................................................................................................. 62 3.11.4. Lei nº 005 de 2002 - Zoneamento, Uso e Ocupação do Solo ................................................................ 65 3.11.5. Lei Municipal nº 2250 de 2002 – Parcelamento do Solo ........................................................................ 72

3.12. VAZIOS URBANOS ........................................................................................................................................... 74

4. MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE .................................................................82

4.1. PAISAGENS E BENS SOCIOAMBIENTAIS ...................................................................................................... 82

4.2. FRAGILIDADES AMBIENTAIS .......................................................................................................................... 87

4.3. EROSÕES ......................................................................................................................................................... 91

4.4. MINERAÇÃO ..................................................................................................................................................... 92

4.5. SANEAMENTO AMBIENTAL............................................................................................................................. 93

4.6. ABASTECIMENTO DE ÁGUA POTÁVEL:......................................................................................................... 94

4.7. ESGOTAMENTO SANITÁRIO: .......................................................................................................................... 95

4.8. TRATAMENTO E DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS .................................................................. 99

4.9. DRENAGEM E MANEJO DAS ÁGUAS PLUVIAIS URBANAS ....................................................................... 100

4.10. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE ................................................................................................. 101

4.11. QUALIDADE AMBIENTAL ............................................................................................................................... 104

4.12. ÁREAS VERDES ............................................................................................................................................. 105

4.13. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO .................................................................................................................... 106

4.14. HORTAS COMUNITÁRIAS.............................................................................................................................. 107

4.15. QUALIDADE DO AR ........................................................................................................................................ 108

4.16. GESTÃO AMBIENTAL ..................................................................................................................................... 113

4.17. LICENCIAMENTO AMBIENTAL ...................................................................................................................... 114

4.18. FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL .......................................................................................................................... 116

4.19. PLANOS E PROGRAMAS ............................................................................................................................... 117

5. HABITAÇÃO ............................................................................................................... 118

5.1. DEMANDAS HABITACIONAIS ........................................................................................................................ 118

5.2. DINÂMICA IMOBILIÁRIA ................................................................................................................................. 120

5.3. QUALIDADE HABITACIONAL ......................................................................................................................... 121

5.4. PLANEJAMENTO HABITACIONAL ................................................................................................................. 123

6. MOBILIDADE, TRANSPORTE E ACESSIBILIDADE ................................................. 126

6.1. REDE VIÁRIA MUNICIPAL .............................................................................................................................. 126

6.2. SISTEMAS DE TRANSPORTES ..................................................................................................................... 137

6.3. ACESSIBILIDADE............................................................................................................................................ 143

7. DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO .............................................................. 149

7.1. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO.............................................................................................................. 149

7.1.1. Perfil Socioeconômico Municipal .......................................................................................................... 149 7.1.2. Inserção Regional ................................................................................................................................. 151

7.2. ASPECTOS DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO ............................................................................................ 152

7.2.1. Agricultura ............................................................................................................................................ 152 7.2.2. Pecuária ............................................................................................................................................... 154

7.3. AS PECTOS SOCIOECONÔMICOS ............................................................................................................... 155

7.3.1. Dinâmica Populacional ......................................................................................................................... 155 7.3.2. Renda ................................................................................................................................................... 160 7.3.3. Trabalho e Renda ................................................................................................................................. 169 7.3.4. Indicadores de Desenvolvimento ......................................................................................................... 171 7.3.5. Perfil das Atividades Produtivas ........................................................................................................... 173

7.4. INDÚSTRIA ...................................................................................................................................................... 175

7.5. DESENVOLVIMENTO HUMANO E VULNERABILIDADE SOCIAL ................................................................ 177

7.5.1. O Índice de GINI ................................................................................................................................... 177 7.5.2. Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) .......................................................................................... 179

7.6. ORÇAMENTO E FINANÇAS PÚBLICAS ........................................................................................................ 198

7.6.1. Finanças Públicas ................................................................................................................................ 198 7.6.2. Receitas municipais .............................................................................................................................. 199 7.6.3. Despesas Municipais ............................................................................................................................ 201

8. GESTÃO URBANA ..................................................................................................... 204

8.1. ESTRUTURA ADMINISTRATIVA .................................................................................................................... 205

8.2. ANÁLISE DA LEGISLAÇÃO ............................................................................................................................ 208

9. TESES ........................................................................................................................ 215

10.1. ORDENAMENTO TERRITORIAL .................................................................................................................... 215

10.2. MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE ..................................................................................................... 223

10.3. HABITAÇÃO .................................................................................................................................................... 227

10.4. MOBILIDADE, TRANSPORTE E ACESSIBILIDADE ...................................................................................... 229

10.5. DESENVOLVIMENTO SOCIOECÔNOMICO .................................................................................................. 232

10.6. GESTÃO URBANA .......................................................................................................................................... 233

10. REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 237

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1. APRESENTAÇÃO

O Diagnóstico apresenta as leituras descritivas da realidade do Município de Aparecida de Goiânia, consideradas no escopo do trabalho de elaboração do Plano Diretor Participativo.

O trabalho foi iniciado em fevereiro de 2014 e vem sendo desenvolvido conforme o estabelecimento do Termo de Referência e com as necessárias adequações compreendidas nos processos de planejamento.

Foram realizadas, antes do início da produção formal do Diagnóstico, reuniões públicas com a população, com técnicos (reuniões setoriais) e com representantes do Município. Além destas, reuniões entre as equipes de acompanhamento do Plano e da consultoria e, para a construção do Diagnóstico, somadas a estas, foram realizadas entrevistas com técnicos do Município e Estado.

Pode-se dizer que as leituras aqui apresentadas são fruto de um trabalho conjunto com contribuição expressiva de vários agentes públicos e particulares.

As leituras que serão apresentadas a seguir, ainda que neste primeiro momento tenham caráter mais descritivo, são submetidas à apreciação da equipe técnica municipal para que sejam incorporadas as contribuições e para que sejam realizados os possíveis ajustes antes da conclusão do Diagnóstico em que são somadas as leituras descritivas e a análise.

Este produto traz como conteúdo, portanto, as matérias: (i) ordenamento territorial (ii) meio ambiente e sustentabilidade, (iii) habitação, (iv) mobilidade, transporte e acessibilidade, (v) desenvolvimento socioeconômico e (vi) gestão urbana.

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2. METODOLOGIA

O Diagnóstico do Plano Diretor é constituído de dois momentos: (i) momento descritivo e; (ii) momento analítico. Ambos compreendem os temas referentes ao tratamento da política e da gestão fundiária, edilícia e ambiental-urbanística. Sendo que a primeira parte dos textos expõe característica mais descritiva com a apresentação de dados, informações e a contextualização dos temas e, a segunda, oferece uma perspectiva de síntese analítica. No sentido de se determinar a partir da descrição da

complexidade de fatores envolvidos no planejamento urbano, a possibilidade de construções interpretativas que permitam a melhor compreensão sobre a realidade.

O propósito da estruturação desses dois momentos ocorre pela própria forma de condução das outras etapas de construção do Plano. Assim, num primeiro momento aproximativo, buscamos entender a realidade local a partir de um conjunto de informações, estudos, pesquisas, entrevistas, visitas de campo para, então, podermos articular os temas envolvidos e interpretá-los a partir o modo como as aproximações com a realidade, a complexidade e a interface dos temas seja capaz de produzir mecanismos de análise.

Tais mecanismos de análise partem do pressuposto de que a leitura e as interpretações realizadas devem conduzir e permitir a construção de cenários e de propostas viáveis. Isto do ponto de vista da consideração do histórico e do contexto do Município, e desejáveis sobre a perspectiva das transformações qualitativas da ação do Estado e da sua respectiva gestão pública, no incentivo, fomento e execução de processos que produzam urbanização.

Os princípios norteadores da interpretação, além de valorativa e teoricamente defensáveis são normativos, na medida em que buscam cumprir aquilo que está estabelecido na legislação atinente ao tema.

Sobre a construção de teses, esclarece-se que esse recurso estruturante permite que sejam evidenciadas certas contradições resultantes dos processos de urbanização. A ideia está pautada na expectativa de um planejamento que negue a lógica dualista de localização de pontos positivos e negativos, deficiências ou potencialidades. A tese parte da constatação de um fato e de sua respectiva interpretação. Para além da constatação, a análise é necessária para que se possa construir as possibilidades de intervenção.

O planejamento não parte de respostas específicas para problemas específicos, o que em regra significa uma leitura fragmentária do planejamento. As questões se sobrepõem, dialogam. Buscam-se nas interfaces entre as diversas questões as possibilidades mais aderentes ao propósito geral do planejamento e menos identificados nas questões pontualmente estabelecidas. As teses apresentadas na entrega do Diagnóstico como sínteses analíticas complexas que perpassam o conjunto de temas, mas isso apenas é possível após a descrição esmiuçada dos elementos componentes da realidade territorial, social, econômica e jurídica presentes no Município e nas relações estabelecidas por este com o seu entorno e com os demais entes federativos.

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3. ORDENAMENTO TERRITORIAL

O eixo discorre sobre a compreensão da formação e das principais características territoriais de Aparecida de Goiânia através da análise de variáveis da produção do espaço. Os objetivos específicos do Diagnóstico são a descrição e a análise das seguintes questões:

• Fatores determinantes da formação e ocupação de Aparecida de Goiânia com ênfase no processo de metropolização e nas diretrizes da política de ordenamento territorial municipal.

• Dinâmica metropolitana e intra-urbana através da concentração e dispersão histórico-espacial dos loteamentos e atividades não habitacionais, a partir da qual serão identificadas as diferentes “centralidades” – em análise comparativa às sete Regiões Administrativas formalmente estabelecidas pelo Plano Diretor vigente.

• Formas mais significativas de ocupação do território e dos lotes, assim como das atividades preponderantes, espacialmente a distribuição das funções produtivas.

• Relação entre densidade demográfica e a distribuição da infraestrutura urbana, aqui compreendida como o conjunto das redes, serviços e equipamentos comunitários que possuem grande impacto sobre o desenvolvimento, o bem-estar social e à própria garantia do direito à cidade para a população.

• Diretrizes e instrumentos da política de ordenamento territorial, sua efetividade e influência na produção do espaço.

As variáveis utilizadas são: i) A variável “Regionalização” aborda a relevância da condição metropolitana tanto na formação do território aparecidense quanto do papel que coube ao município perante a Região Metropolitana de Goiânia. ii) As centralidades são relacionadas com as sete Regiões Administrativas estabelecidas no Plano Diretor vigente do município. iii) A leitura do Uso e Ocupação do Solo constitui-se em um estudo voltado à compreensão de Aparecida a partir de uma descrição dos fatores que, junto à atuação dos principais agentes da produção do espaço, determinaram a extensão do perímetro urbano, o desenho do sistema viário e as densidades de ocupação. iv) Especificamente os “Usos do Solo” considerados na leitura são os usos urbanos tradicionais que abrigam as atividades habitacionais (habitação unifamiliar, coletiva); comércio e serviços de abrangência local, municipal e regional/ metropolitana; indústrias e centros de logística de diversos portes e graus de periculosidade, assim como os equipamentos comunitários; v) Comparação entre os dados de distribuição demográfica da época da elaboração do Plano Diretor vigente com as informações atuais resultantes dos setores censitários do IBGE, cujo objetivo é

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avaliar o grau de consolidação da ocupação urbana sobre as diferentes regiões municipais. vi) Será utilizada a denominação genérica de “Infraestrutura Urbana” para o conjunto de equipamentos comunitários e redes de serviços necessários ao desenvolvimento das funções urbanas. vii) Leitura e análise do arcabouço legislativo do Plano Diretor de 2002 no tocante às diretrizes e instrumentos de ordenamento territorial, sua efetividade e relevância na produção do espaço.

A metodologia será fundamentada em cinco frentes de pesquisa: i) Leitura e análise de dados oficiais – textuais, fotográficos e cartográficos - fornecidos pela Prefeitura Municipal e provenientes de órgãos estaduais, federais e institutos de pesquisa; ii) Pesquisa em literatura específica e na produção acadêmica relacionada aos temas abordados; iii) Pesquisa de campo e levantamento fotográfico através da realização de percursos pré-programados e visitas a locais de interesse específico; iv) Entrevistas com técnicos da Prefeitura Municipal e do Governo do Estado; v) Oficinas e reuniões participativas.

3.1. BREVE HISTÓRICO DA OCUPAÇÃO

Aparecida de Goiânia faz parte do conjunto de municípios do Estado de Goiás que surgiu anteriormente à formação da Capital. O povoado iniciou ao redor da Capela, construída sobre área doada à Igreja Católica por fazendeiros locais. À Capela – atual Igreja Matriz - foi dado o nome de Nossa Senhora Aparecida. Seu entorno conforma hoje o Centro Histórico do município, não coincidente com o centro geográfico, sendo próximo ao eixo de ligação Norte-Sul traçado pela BR-153.

Goiânia, cidade planejada, foi inaugurada em 1937. Em um primeiro momento, Aparecida foi incluída em seu perímetro. Em 1947 foi transformada em cidade-satélite e em 1958 em distrito, através da Lei Estadual nº 574 e da Lei Municipal nº 1.406, respectivamente. A emancipação se deu em 1963, através da Lei nº 4.427 (PLHIS, 2011). Porém, independente da situação de seu limite político em relação à capital, o crescimento e a resultante configuração territorial de Aparecida foram, em grande parte, consequências do desenvolvimento e da política urbana estabelecidos para Goiânia.

Entre os anos 50 e 60, a pavimentação da BR-153 e as obras de Brasília trouxeram uma enorme leva de imigrantes ao Estado de Goiás, particularmente à Capital. Parte da provisão habitacional à população recém-chegada se deu através da expansão do parcelamento do solo que, já nesta época, se estendeu sobre o território de Aparecida, uma vez que a emancipação só ocorreria em 1963. O descontrole e a iminente desconfiguração do traçado planejado levaram à promulgação da Lei Municipal de Parcelamento do Solo (Lei nº 4.562 de 1971), que previa regras restritivas à abertura de loteamentos em Goiânia, como a implantação prévia de infraestrutura ou a permissão do parcelamento em locais já abastecidos por redes urbanas e equipamentos (BOAVENTURA, ASSUNÇÃO, 2013). O regramento da expansão urbana e o consequente incremento no valor da terra fizeram com que uma

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implantação maciça de loteamentos praticamente desprovidos de infraestrutura migrasse para Aparecida, que só viria a contar com uma política própria de uso e ocupação do solo quatro décadas mais tarde. O parcelamento extensivo e rarefeito realizado majoritariamente até meados da década de 90 foi responsável por praticamente “desenhar” a totalidade do município na forma em que se ele hoje se apresenta. Vale lembrar que a Lei Federal de Parcelamento do Solo (Lei nº 6766) foi sancionada em 1979 e passou a exigir percentuais mínimos de doação de áreas públicas e implantação de infraestrutura por parte dos loteadores. Ainda assim, em Aparecida os empreendedores imobiliários continuaram a contar com a conivência municipal para parcelar o solo sem critérios de boa localização e continuidade do tecido urbano, tampouco com provimento de infraestrutura e espaços remanescentes para uma proporcional implantação de equipamentos comunitários.

As gestões municipais também foram responsáveis pela doação das poucas áreas públicas resultantes dos processos de loteamento, sendo que apenas uma administração (Freud Melo, entre os anos 1977 e 1981) foi responsável pela doação de 436.250m² de áreas para órgãos públicos, privados, igrejas e empresas (VANDÉRIO, 2009).

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FIGURA 1 - EVOLUÇÃO DA OCUPAÇÃO

Fonte: Prefeitura Municipal de Aparecida, 2013. Adaptado por Ambiens Cooperativa, 2014.

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Além dos parcelamentos particulares e de uma migração representativa, grandes contingentes populacionais das classes operárias de pouca ou nenhuma renda foram transferidos para o município entre os anos 70 e 80 através de seis assentamentos que, mesmo promovidos pelo poder público, ocorreram sem qualquer tipo de planejamento (PLHIS, 2011 e CAMILO, 2014). O processo de ocupação de Aparecida se traduz, então, como o processo de periferização da própria Capital, através de significativas relocações e da busca pela “casa própria” em uma região de valor acessível e, ainda assim, com uma distância “manejável” em relação ao polo principal, no qual se concentravam os empregos e a maior parte das atividades não habitacionais (CAMILO, 2014).

TABELA 1 - BAIRROS/LOTEAMENTOS/ASSENTAMENTOS CRIADOS ENTRE 1922 E 1990

PERÍODO QUANTIDADE

1922 (fundação/ centro tradicional) 01

1935 - 1963 28

1964 - 1980 120

1981 - 1990 25

1991 - 2001 14

TOTAL 188

Fonte: PDP Aparecida de Goiânia, 2001. Adaptado por: Ambiens Cooperativa, 2014.

Segundo o Censo de 1980 a população aparecidense contava com 42.632 habitantes. É importante ressaltar que a desproporção entre a população e os 149 loteamentos criados até então evidencia o caráter especulativo dos empreendimentos, que acabaram por gerar um excedente de lotes e glebas desocupados e beneficiados com o bônus da valorização imobiliária.

Do total da população de 1980, 31.926 pessoas habitavam a região da Vila Brasília, localizada no extremo Norte do município na confluência entre as avenidas Rio Verde e Bela Vista: eixos que marcam a parte da divisa entre Aparecida e Goiânia localizada entre a rodovia estadual GO-04 e o município de Senador Canedo (VANDÉRIO, 2009). A concentração se explica pelo fato da ocupação das cercanias da divisa ter se dado em descontinuidade ao que seria considerado um desenvolvimento urbano tradicional, ou seja, um parcelamento do solo progressivamente radial a partir do centro tradicional. A consolidação da área conurbada não teve como único fator a expansão dos loteamentos em Aparecida também diversos aspectos induziram o desenvolvimento da Goiânia em direção à divisa Sul: i) as porções Leste, Norte e Oeste da Capital abrigam as significativas áreas de proteção ambiental do Alto do

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Anicuns, do ribeirão São Domingos e do ribeirão João Leite, utilizado como manancial de abastecimento; ii) as áreas mais apropriadas para a urbanização ocorrem ao Sul do centro tradicional; iii) há grandes centros comerciais e importantes marcos urbanos na proximidade da divisa Sul, como o Estádio Serra Dourada, por exemplo; iv) a presença de uma linha férrea na porção Norte fez com que a habitação operária fosse orientada nesta direção. (SEPLAM, Prefeitura Municipal de Goiânia, PD 2007). Importante destacar que a área conurbada de ambos os municípios é marcada por intensa atividade comercial e produção formal de habitação unifamiliar e coletiva.

No final da década de 90 o ritmo da abertura de loteamentos diminuiu consideravelmente em Aparecida. De acordo com o Censo de 2000 (IBGE), a população na época era da ordem de 355.171 habitantes, configurando um município de médio porte após o acelerado crescimento demográfico a partir da década de 80. Neste período, foi inaugurado o “Buriti Shopping” que, embora localizado na margem goiana da Avenida Rio Verde, foi incorporado como o “primeiro shopping center de Aparecida”. O estabelecimento consolidou o extremo Norte como centralidade econômica. Na mesma época, foram abertos os primeiros polos industriais a Leste da BR-153, importante intervenção territorial resultante de parceria entre o governo estadual e a iniciativa privada. A região foi iluminada e asfaltada, o que ajudou, inclusive, no fomento à criação de novos polos já nos anos 2000 (CAMILO, 2014).

Entre 1998 e 2002 foi elaborado o primeiro Plano Diretor Participativo de Aparecida, iniciativa fundamental para iniciar uma reconstituição do cenário urbano – resultante das ingerências das décadas anteriores – e para finalmente estipular princípios e leis de orientação à ocupação. O PDP teve início através uma parceria entre a Prefeitura Municipal e o Curso de Especialização em Planejamento Urbano e Ambiental da PUC-GO através da ARCA, Associação para a Recuperação e Conservação do Ambiente. Assim, a partir de 1998, Aparecida foi utilizada como objeto de pesquisa acadêmica que gerou os subsídios para a leitura da realidade existente (BOAVENTURA, ASSUNÇÃO, 2013). Ficou também a cargo da ARCA o arcabouço legislativo do PDP, finalizado em 2001 e revisado em 2002, após a aprovação do Estatuto da Cidade (Lei nº 10257/ 2001)1.

A análise do diagnóstico do PDP 2002 demonstra que a realidade de Aparecida no início dos anos 20002 deixava claros os resultados do processo de ocupação das décadas anteriores, assim como os aspectos intrínsecos de sua inserção regional:

• Loteamentos/ assentamentos concebidos “individualmente”, sem preocupação com a continuidade do sistema viário e da infraestrutura;

1 A análise da política de ordenamento territorial do PDP 2002 será objeto de capítulo exclusivo. 2 Região Metropolitana de Goiânia foi institucionalizada pela Lei Complementar nº27, de 30 de dezembro

de 1999 e alterada pela Lei Complementar nº78, de 25 de março de 2010, que incluiu outro sete municípios em seu rol.

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• Utilização das rodovias que cortam e contornam o município para tráfego urbano em virtude da descontinuidade viária entre loteamentos;

• Desconexão entre bairros e para com a porção leste do município em razão das rodovias (alto tráfego, poucas transposições e desníveis em relação ao entorno);

• Glebas e lotes vazios em quantidade significativa;

• Cerca de 35% de lotes ocupados - espaço urbano desarticulado e fragmentado (Prefeitura Municipal, 2013);

• Carência de redes de infraestrutura urbana, de pavimentação e de equipamentos comunitários por quase todo o município;

• Pressão por ocupação e extração de recursos da Serra das Areias3;

• Fundos de vale loteados;

• Extração mineral descontrolada;

• População majoritariamente formada por migrantes, sem sentimento de pertencimento (CAMILO, 2014);

• Pouca oferta de empregos;

• Sistema de transporte coletivo metropolitano integrado, porém incipiente frente às necessidades de Aparecida;

• Alta densidade de mobilidade pendular com Goiânia;

• Eixos viários com enorme potencial de escoamento produtivo (BR-153, GO-040, Anel Viário);

• Potencial econômico associado à localização do município na escala macrorregional;

• Diversidade econômica e infraestrutura instalada na área conurbada da divisa Norte;

• Eixos viários arteriais e coletores com início de uma vocação comercial, até mesmo em função da própria desarticulação intra-urbana.

A aprovação do PDP 2002 forneceu ao município subsídios legais para ações de organização institucional, de fomento ao desenvolvimento econômico e de ordenamento territorial. Ao longo deste período houve um aproveitamento dos aspectos positivos e uma sensível melhora dos aspectos negativos acima listados que, ainda assim, se fazem presentes na realidade de Aparecida. Passados mais de 10 anos da aprovação do Plano Diretor, o município conseguiu frear o parcelamento do solo e presenciou o desenvolvimento do mercado imobiliário formal induzido pelo

3 A Serra das Areias é uma reserva ambiental localizada ao Sul de Aparecida de Goiânia, de beleza cênica e grande representatividade do bioma do cerrado. Este tema será abordado em capítulo subsequente, “Desenvolvimento Sustentável”.

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crescimento da população e da oferta de empregos aliados aos programas federais de habitação e redistribuição de renda.

A maioria dos 455.657 habitantes computados pelo Censo 2010 (IBGE) vive na área urbana. A alta taxa de urbanização, 99,90%, acompanha a tendência do Estado, cuja taxa é de 90,30%. A densidade demográfica é de 1.580,25 hab./km², calculada sobre uma população projetada de 500.619 habitantes para o ano de 2013.

3.2. METRÓPOLE E REGIONALIDADES

O Histórico da Ocupação evidencia o quão foi determinante o processo de metropolização na configuração do território aparecidense. A metrópole pressupõe a existência de polos a partir dos quais se dá o desenvolvimento contínuo e descontínuo de novas áreas urbanas: no caso de Aparecida, os polos são o seu próprio Centro Tradicional e, principalmente, o centro de Goiânia e seu entorno. A expansão urbana e a rigidez da legislação da Capital, que promoveu o aumento do valor da terra, resultaram simultaneamente na conurbação e na promoção da ocupação do município vizinho. Segundo o autor Flávio Villaça (VILLAÇA, 1997), a metropolização ocorre através das diversas formas e razões que levam à geração e à absorção de núcleos urbanos por parte de uma cidade central em processo de crescimento. Desta forma, são criados conjuntos de bairros dispersos e basicamente monofuncionais, caracterizados também pela homogeneidade socioeconômica em oposição à complexidade relativa do polo. Esta contraposição acaba por gerar uma intensa vinculação traduzida principalmente nos deslocamentos rotineiros e sistemáticos entre residência e trabalho, estudo ou consumo.

A formação de Aparecida respondeu a diversos estímulos intrínsecos à condição metropolitana, tanto durante a segunda metade do século XX como após a aprovação do Plano Diretor em 2002, marco inicial de um período de estruturação institucional e autonomia quanto à ordenação do território:

1. Formação de uma significativa área conurbada na divisa Norte com Goiânia a partir da abertura de loteamentos concomitantes à chegada de uma grande leva de imigrantes ao Estado de Goiás. A ocupação desta área se deu pelo direcionamento do crescimento da Capital em direção ao Sul, de forma que suas atividades ultrapassaram o limite político entre os dois municípios e se sobrepuseram ao território de Aparecida. A ausência de limitações topográficas ajudou a fomentar o desenvolvimento de uma malha viária intermunicipal relativamente integrada transversalmente às avenidas Rio Verde e Bela Vista, vias que demarcam a fronteira. O PDP 2002 reconheceu e reafirmou a tendência à densificação da porção conurbada.

2. Implantação de loteamentos de forma aleatória e segregada através de intenso processo de parcelamento resultante da reação de empreendedores à legislação urbana de Goiânia, que, a partir de 1972, passou a adotar critérios mais rígidos, o que encareceu o valor de execução das obras e o valor do solo. Esta

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ocupação praticamente tomou o município para além da área conurbada, barrada apenas pela região de topografia acidentada ao Sul, na divisa com Hidrolândia.

3. Consolidação do Centro Tradicional através da concentração de órgãos públicos da administração municipal e extensão de sua influência sobre o entorno imediato. O Centro, localizado ao Sul do município, também está próximo e possui relação com outra forma de ocupação vinculada à metrópole: os assentamentos promovidos pelo poder público sobre os quais ocorreu um maciço reassentamento populacional.

4. Ocupação da divisa Oeste com Goiânia – ao longo da rodovia estadual GO-040 - por loteamentos resultantes do parcelamento esparso e segregado. Há pouca integração desta área tanto com Aparecida quanto com a Capital, em função do caráter da rodovia e da diferença de cotas altimétricas para com o entorno, o que dificulta sua transposição.

5. Implantação de polos industriais e incentivos ao setor a partir do final da década de 90, reforçados após a aprovação do PDP 2002. Os polos são marcos territoriais e fazem parte de uma política econômica municipal de caráter desenvolvimentista e fortemente calcada no reconhecimento e na promoção das vantagens locacionais de Aparecida na própria RMG, no estado de Goiás e enquanto potencial entreposto entre as regiões Centro-Oeste e Norte brasileiras, estruturada pela presença da BR-153, rodovia federal longitudinal. A política industrial se mostra bem-sucedida e é parte do esforço na alteração da alcunha e do caráter e de “cidade-dormitório” em relação à Goiânia, assim como mencionado por Villaça quando o autor afirma que os deslocamentos sistemáticos e desiguais são parte do processo de metropolização.

As descrições acima demonstram que, de diversas formas e por diversas razões, o desenvolvimento do município foi e é integrado à Metrópole. Os rebatimentos deste processo também ocorrem na Capital, não só em razão da conurbação e da periferização, mas também do papel assumido por Aparecida enquanto “cidade industrial” da RMG. É importante mencionar que nunca houve políticas de caráter metropolitano para a RMG, tampouco a orientação à elaboração de planos diretores e a colaboração intermunicipal para fins de planejamento. A exceção é o sistema integrado de transporte coletivo. A responsabilidade institucional pela formulação de políticas metropolitanas de desenvolvimento urbano é da Secretaria de Estado das Cidades, que recentemente contratou o primeiro plano de integração da RMG, a ser desenvolvido nos próximos anos.

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3.3. CENTRALIDADES E REGIÕES ADMINISTRATIVAS

Apesar da desproporção histórica entre a oferta de lotes e o crescimento populacional, Aparecida conta hoje com aproximadamente 500 mil habitantes. O crescimento demográfico somado às características territoriais fomentou a formação de centralidades – de diferentes características e densidades – sobre o território municipal. O geógrafo Arhur Whitacker (WHITACKER, 2010) define centralidade como “uma forma espacial derivada do processo de descentralização das atividades econômicas ou da reprodução de determinadas funções centrais em um setor periférico da cidade”. Ainda, a formação das centralidades transpõe a noção de que sejam apenas “uma forma urbana relacionada à concentração de atividades (dotada de relativa complexidade dentro da estrutura urbana e associada com a concentricidade de deslocamentos e fluxos), mas uma estrutura policêntrica e organizada em função dos eixos de circulação. Portanto, estas novas formas urbanas não se constituem apenas em função da confluência de eixos (concentricidade), mas também em função dos fluxos possíveis ou existentes nos eixos”. Assim, o transporte de pessoas e mercadorias possui papel fundamental na organização das atividades.

São aqui denominados “centralidades” de Aparecida os espaços sobre os quais há presença e certa diversidade de atividades econômicas e comunitárias, cujo desenvolvimento se deu de forma espontânea. As centralidades são evidências e consequências da formação territorial e estão presentes4: i) ao longo de eixos viários da área conurbada com Goiânia; ii) ao longo de vias que conectam loteamentos originalmente implantados de forma segregada; iii) em vias locais de bairros caracterizados por alto grau de segregação. Se a descentralização, a reprodução e a coexistência de algumas atividades não habitacionais caracterizam as centralidades, pode-se considerar que os núcleos propulsores deste aumento de complexidade do espaço urbano foram o Centro Tradicional de Aparecida e o centro de Goiânia, a partir do qual se formou a centralidade na divisa Sul da própria Capital cujas atividades se estenderam e reforçaram a coesão da área conurbada. Nas porções Central e Sul do município, formadas basicamente por loteamentos segregados e exclusivamente residenciais, tornou-se inevitável o desenvolvimento econômico para o atendimento dos moradores. Um sistema viário estruturado pela ligação entre os mencionados loteamentos – e que passou a fazer parte dos itinerários do transporte coletivo – fomentou a descentralização de algumas atividades, assim como os investimentos públicos em equipamentos comunitários e os investimentos privados no mercado imobiliário residencial e comercial. De acordo com a fundamentação teórica e com o histórico de ocupação e desenvolvimento do município, as principais centralidades identificadas são: a Rodovia Federal BR-153; a Rodovia Estadual GO-040; o Anel

4 As centralidades sobre os polos industriais, a área central e ao longo dos eixos viários serão representadas em mapa e descritas no Capítulo Atividades Econômicas.

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Viário; as avenidas Rio Verde, Bela Vista, São Paulo, Igualdade, Independência, São João, Veiga Vale e Diamante; vias coletoras e locais de certa expressão comercial; o Centro Tradicional; os Polos Industriais e as lavras de extração mineral. A descrição de cada centralidade será objeto de capítulo subsequente.

As funções produtivas de Aparecida evidentemente não se reduzem às vias comerciais: há um incentivo do Poder Público para a consolidação da atração do município para grandes indústrias. Há grandes loteamentos próprios para a instalação do setor secundário, que também se faz presente na BR-153 e em trechos do Anel Viário5. Neste caso, no tocante à definição de centralidade, não ocorre exatamente a reprodução de atividades centrais em um espaço periférico, uma vez que na própria Capital o setor terciário possui maior expressividade. Porém, a vantagem locacional para as indústrias se encontra justamente em função da possibilidade da circulação de mercadorias.

O primeiro estudo do processo de ocupação de Aparecida e suas consequências ocorreu no diagnóstico do PDP 2002. O conjunto de leis aprovadas conta com os tradicionais instrumentos de ordenamento territorial, como os critérios de parcelamento do solo e zoneamento, mas também traz as ferramentas do Estatuto da Cidade e diretrizes de caráter estratégico e administrativo. Cabe discorrer neste Capítulo sobre as denominadas Uma das formas de ordenamento territorial previstas pelo PDP 2002 foi a instituição das chamadas “Regiões Administrativas”: o município foi subdividido em sete áreas com características comuns no intuito de facilitar a orientação das políticas públicas e, não menos importante, formar um sentimento de identidade e pertencimento na população. Abordar o tema das R.A.s neste Capítulo é pertinente, pois sua definição ocorreu em função do reconhecimento das diferentes centralidades (CAMILO, 2014) e permite compreender a articulação entre as sete regiões, assim como sua influência no município e na metrópole. Segundo a Prefeitura Municipal, a vocação de cada uma das R.A.s foi reforçada na última década, principalmente em função do desenvolvimento econômico ao longo de eixos viários.

Através do seguinte (Seplan, 2001), percebe-se que cada uma das sete regiões engloba um conjunto de loteamentos (não há loteamentos ou bairros subdivididos), sendo que a delimitação se dá basicamente por córregos e por algumas vias.

5 Avenida transversal utilizada pelo transporte urbano e rodoviário. Liga a BR-153 à GO-040.

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FIGURA 2 - REGIÕES ADMINISTRATIVAS

Fonte: Prefeitura Municipal de Aparecida, 2002. Adaptado por Ambiens Cooperativa, 2014.

R.A.I - CENTRO - é formada pelos bairros do entorno do Centro Histórico - praça da Igreja Matriz - e se estende a leste da BR-153 até a divisa com Bela Vista de Goiás. De grande extensão territorial, possui características específicas a Leste e a Oeste da BR-153. A Leste, além de alguns loteamentos residenciais, a R.A. I comporta funções urbanas e periurbanas especiais em termos de uso e porte, tais como: polos industriais, complexo penitenciário, aterro sanitário e extrativismo mineral. A previsão de instalação de um aeroporto comercial e um campus da UFG deve reforçar a singularidade do quadrante Sudeste de Aparecida. A Oeste da BR-153 está o Centro Tradicional, onde a diversidade de usos é fomentada pela presença dos principais órgãos da administração municipal e de equipamentos comunitários. Percebe-se neste entorno um inicial processo de verticalização habitacional. Esta centralidade se “estende” sobre parte da Avenida Independência: importante eixo de conexão Leste-Oeste entre as regiões Centro, Cidade Livre e Tiradentes.

R.A II – CIDADE LIVRE – é composta por bairros de ocupação majoritariamente residencial unifamiliar (em grande parte provenientes de assentamentos e loteamentos promovidos pelo Poder Público) situados entre a R.A.I e a Serra das Areias, tais como: Cidade Livre, Serra Dourada, Independência Mansões, Colina Azul. Uma forte característica desta Região são as habitações dos

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mencionados assentamentos, sendo estas na grande maioria, fruto de autoconstrução, uma vez que os loteamentos foram “entregues” à população constando apenas com sistema viário não pavimentado (SULINO, 2014). Os referidos bairros localizam-se ao Norte e ao Sul da Avenida Independência, que nesta região configura a principal centralidade, evidenciada pela expressão do comércio simples e especializado, da prestação de serviços gerais, bancários e dos equipamentos comunitários. A influência do Centro Tradicional e da densidade populacional dos diversos bairros oriundos de assentamentos consolida as atividades do eixo: pode-se perceber a assimilação de sua importância e valorização tanto através dos estabelecimentos econômicos quanto da retenção de glebas e lotes vazios.

R.A.III – TIRADENTES – abrange todo o quadrante Sudoeste até a da Serra das Areias. Esta R.A. possui uma condição de segregação frente ao restante do município, especialmente os loteamentos próximos à GO-040. Há também uma homogeneidade de ocupação por parte de população de baixa renda. Os bairros Jardim dos Ipês e Vila “Delfiore”, por exemplo, apresentam ocupação rarefeita – em parte oriunda de programas habitacionais – e se encontram em processo inicial de implantação de infraestrutura e equipamentos. Já Tiradentes e Madre Germana possuem certa densidade habitacional e vida econômica baseada na presença de estabelecimentos vicinais. Vale destacar o loteamento Madre Germana, que em função de sua localização próxima à GO-040 e da presença de vazios no seu entorno, representa a centralidade mais desconectada do restante do município, pois seu isolamento levou à necessidade de fomento de alguma atividade comercial e da implantação de equipamentos comunitários.

R.A.IV – GARAVELO – compreende os bairros a Noroeste do município, do próprio Garavelo ao Buriti Sereno. A R.A. IV é uma importante referência pela densidade de sua ocupação predominantemente horizontal e pelo movimento gerado por seus inúmeros e diversos estabelecimentos comerciais, de prestação de serviços e pequenas indústrias, localizados principalmente na avenida Igualdade. Mantém integração com Goiânia pela GO-040 - através de terminal de transporte coletivo e dos estabelecimentos econômicos situados em ambos os lados da rodovia – e também pela Avenida Rio Verde, principalmente no entorno do Centro Empresarial, um polo econômico particular. Porém, das regiões conurbadas, é a que possui maior autonomia da Capital, pois sua expressividade comercial é bastante polarizadora. Apesar da “identidade” da R.A. estar relacionada ao bairro Garavelo e à conurbação com Goiânia, a presença do loteamento Jardim Buriti Sereno revela uma realidade oposta em termos de densidade populacional e provimento de infraestrutura.

R.A. V – PAPILLON – é formada pelos bairros localizados na porção central município, tais como Papillon Park e Mansões Paraíso. A R.A.V, embora apresente, em geral, baixa densidade de ocupação, conta com a presença de duas importantes centralidades econômicas: o Polo Empresarial Goiás - maior polo industrial de Aparecida - e o Anel Viário, um importante eixo de ligação Leste-Oeste utilizados para fins de transporte rodoviário e urbano. Formada por loteamentos residenciais compostos por residências unifamiliares e alguns conjuntos de edifícios de até quatro pavimentos, é também referência pela presença de equipamentos comunitários importantes, como a Fundação Bradesco e o Senai.

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R.A. VI – VILA BRASILIA – região localizada no extremo Norte, na confluência das avenidas Rio Verde e Bela Vista. Lá surgiram os primeiros loteamentos do município após a formação do Centro Tradicional. A R.A.VI pode ser identificada pelas resultantes espaciais da conurbação com Goiânia: atividade econômica intensa e diversificada, presença de universidades, hospitais e área de lazer, além da maior concentração de condomínios verticais de Aparecida. Assim, há um maior equilíbrio do movimento pendular, pois os estabelecimentos e equipamentos são também procurados pela população goianiense. A região como um todo pode ser considerada uma centralidade, uma vez que outras vias, além da Avenida Rio Verde, são expressivas enquanto eixos econômicos. A condição é reforçada pela presença do Buriti Shopping.

R.A. VII – SANTA LUZIA – porção Nordeste do município, entre a Avenida Bela Vista, a BR-153 e o córrego Santo Antônio. Segunda região mais verticalizada de Aparecida, possui pouca integração com o restante do município: está segregada do Sudeste do município por áreas que concentram chácaras e lavras de mineração e também segregada da R.A. VI – Vila Brasília pela BR-153, pois na proximidade com Goiânia a rodovia concentra motéis e atividades econômicas voltadas à produção e logística. Serviços e comércio varejista se concentram principalmente ao longo da Avenida Boa Vista.

A existência de articulação entre as regiões administrativas está heterogeneidade dentre as centralidades que identificam cada uma das R.A.s. As regiões Santa Luzia, Vila Brasília e Garavelo são constituintes da área conurbada, habitadas em geral por população de maior renda, proporcionalmente à condição econômica do conjunto da população aparecidense. O grau de urbanização é mais complexo, pois são regiões que contam com boa quantidade de equipamentos, infraestrutura instalada e densidade construtiva habitacional. Há desenvolvimento das atividades econômicas e comunitárias ao longo de eixos que demarcam e divisa com Goiânia e também ao longo de vias transversais à divisa, as quais evidenciam os fluxos entre a Capital e Aparecida. A presença de terminais de transporte (Garavelo, Cruzeiro e Vila Brasília) permite o acesso também dos moradores da Capital às facilidades da porção Norte de Aparecida.

A R.A. Garavelo possui forte dinamismo nos setores de comércio e serviço, razão pela qual atrai consumidores locais e também de municípios da Região Metropolitana que vão além da própria Capital. Porém, ao contrário das regiões de Santa Luzia e Vila Brasília, tem papel importante para as atividades de consumo e acesso a serviços por parte de moradores da R.A. Tiradentes, cujo acesso ocorre pela rodovia estadual GO-040 (VANDÉRIO, 2009). A pouco expressiva vida econômica, a baixa densidade populacional de grande parte dos bairros e a segregação espacial da R.A. Tiradentes tornam natural o movimento em direção ao Garavelo, que ocorre a partir do terminal Maranata. A Avenida Independência promove o acesso de alguns bairros ao Centro, mas, nesta porção do município, há um decréscimo na sua expressão econômica.

A R.A. Centro possui uma vitalidade proveniente da busca da população e dos próprios servidores aos órgãos públicos municipais, o que fomenta o desenvolvimento de atividades comerciais e de prestação de serviços que atraem, inclusive, a

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população do município de Hidrolândia (VANDÉRIO, 2009). A R.A. Cidade Livre faz a articulação entre as regiões Centro e Tiradentes através da Avenida Independência: centralidade em franco desenvolvimento. Importante mencionar que o desenvolvimento econômico das regiões Centro e Cidade Livre representa uma maior autonomia das centralidades não subordinadas a Goiânia, porém, como a taxa de movimento pendular é alta, imagina-se que boa parte da população do Sul de Aparecida ainda se desloque rotineiramente à Capital em busca de trabalho ou estudo6.

A R.A. Papillon possui a peculiar característica de “centro geográfico” localizado entre as três regiões conurbadas e intensamente vinculadas a Goiânia (Vila Brasília, Santa Luzia e Garavelo) e as três regiões da porção Sul de Aparecida, que englobam desde o Centro Tradicional, passando os assentamentos residenciais até chegar a um conjunto de bairros desarticulados. Apesar de sua posição central, a R.A. Papillon possui pouca infraestrutura implantada e baixa densidade populacional7. Esta R.A. faz a transição entre a região Vila Brasília com as regiões Cidade Livre e Centro através de eixos característicos resultantes da conexão entre loteamentos no sentido Norte-Sul. O principal destes eixos é a Avenida Veiga Vale, na qual está localizado terminal de transporte coletivo de mesmo nome e cujo traçado se prolonga pelas avenidas São João e Independência, formando uma ligação entre Goiânia e o Sul de Aparecida. Esta R.A. também articula as regiões Centro e o Garavelo através do Anel Viário, cuja ligação com a BR-153 fomentou a instalação do Polo Empresarial Goiás, o maior polo industrial do município. Sua importância estratégica para o desenvolvimento e para a imagem do município é muito expressiva: o polo industrial demarca o centro geográfico do município.

Passados mais de dez anos da elaboração do PDP, é pertinente uma revisão dos limites e do papel das regiões administrativas como representantes de identidade e como elemento de auxílio ao abastecimento de dados para formulação de políticas públicas. Algumas questões concernentes às mudanças pelas quais o município passou na última década e também aos projetos futuros devem ser ponderadas:

• Novos eixos econômicos criados no interior dos bairros e de ligação interbairros.

• Futuro desvio da BR-153 para a região Leste.

• Futura transformação da BR-153 em via urbana, com aumento e melhoria das transposições.

• Desenvolvimento de centralidade econômica a Leste da BR-153, ainda que haja uma dependência da população para com o Centro.

• Projeto de equipamentos indutores de desenvolvimento no quadrante Sudeste, como aeroporto, campus universitário e novos polos econômicos.

6 Ver Capítulo Mobilidade, Transporte e Acessibilidade. 7 Situação compatível com a política estratégica do PDP 2002, que não previa para esta região tanto o

incremento da infraestrutura quanto da ocupação. Ver Capítulo Plano Diretor Participativo, 2002.

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• Grandes diferenças de densidade populacional e construtiva no interior das regiões.

• Necessidade de melhor distribuição dos equipamentos comunitários em relação à década passada.

3.4. USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

O uso e a ocupação do solo se referem às diferentes apropriações do espaço urbano e suas interações entre si, o território e as normativas que regem sua distribuição no espaço. Este Capítulo abordará as características de Aparecida sob os aspectos: i) fatores da delimitação do perímetro urbano e do desenho do município; ii) ocupação dos lotes e verticalização; iii) localização das atividades produtivas; iv) densidade e v) projetos futuros e expansão urbana.

3.5. OCUPAÇÃO TERRITORIAL

O perímetro urbano de Aparecida contorna os loteamentos abertos em seu espraiado processo de ocupação. Apesar de extenso, foi retraçado e reduzido no PDP 2002, o qual dispôs que não haveria área prevista para expansão, dada a quantidade de lotes e glebas vazios. A área rural remanescente ocorre nas bordas Sul e Leste do município e é definida em grande parte por influência de condicionantes geográficas: a Serra das Areias e os fundos de vale ondulados dos ribeirões das Lajes e Meia Ponte, além do córrego Santo Antônio e seus afluentes. As atividades rurais se caracterizam por áreas de pastagens, chácaras de lazer, pouco uso agrícola e extração mineral em lavras próximas às divisas com Goiânia e Senador Canedo.

Conforme o capítulo 1.0, Breve Histórico da Ocupação, a configuração urbana do município resulta de um processo que ocorreu em etapas: a formação de um Centro Tradicional, a conurbação com a Capital, a abertura de loteamentos de fundo especulativo e a formação de assentamentos promovidos pelo poder público. O desproporcional parcelamento do solo em geral seguiu apenas critérios de máximo aproveitamento, tais como a necessidade de geração de ao menos 70 lotes por alqueire goiano8 (ASSUNÇÃO, 2014). Aparecida possui um território bastante drenado e a existência de vários fundos de vale parcelados pode ser explicada por este índice. 9A incorporação das áreas de preservação referentes às faixas marginais dos cursos d'água aos loteamentos gerou problemas que vão além da degradação ambiental, pois, associada à histórica não doação de áreas públicas por parte dos loteadores,

8 O alqueire goiano equivale a 48.000m² 9 Há cerca de 40% de lotes urbanos desocupados, segundo o Mapa de Vazios (Prefeitura Municipal,

2013), mas ao se observar o mapa, pode-se perceber que vários dos lotes desocupados estão demarcados sobre fundos de vale.

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dificultou a criação de transposições viárias e endossou a segregação entre os bairros e regiões. Os principais córregos e ribeirões cortam o município no sentido Leste–Oeste e algumas vias coincidem com a cumeeira das bacias e microbacias hidrográficas. Ainda sobre a hidrografia, embora ela seja definidora do desenho urbano em função paralelismo do sistema viário de alguns bairros em relação aos traçados dos córregos, percebe-se que ainda há uma subutilização para fins de criação de espaços públicos para preservação ambiental, para o proveito da população e também como elementos estruturadores da forma urbana.

Além dos aspectos ambientais – ver Mapa de Condicionantes e Bacias Hidrográficas -, o traçado longitudinal da BR-153 e o traçado transversal do Anel Viário (avenida V-008) “cortam” o território e, associados à presença das lavras de exploração mineral na porção Nordeste do município, dividem Aparecida em quatro grandes quadrantes que dependem de transposições complexas para estabelecer uma conexão. A área urbana se desenvolve majoritariamente a Oeste da Rodovia Federal, a qual ainda não possui suficientes pontos de passagem e configura um importante eixo interestadual de escoamento produtivo10. Por sua vez, o Anel Viário virtualmente “divide” a área conurbada com Goiânia do restante de Aparecida e assume a importante função de ligação da BR-153 com a rodovia estadual GO-040, também na divisa com a Capital. As linhas de transmissão energética que partem da Usina de Furnas, localizada na BR-153, também condicionam o desenho de uma série de ruas importantes no sistema viário.

10 Através da obtenção de recursos do PAC – Programa de Aceleração do Crescimento – do Governo Federal, a Prefeitura de Aparecida viabilizará a execução de abertura de vias, melhoria em vias existentes e novas transposições viárias sobre a BR-153.

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FIGURA 3 - CONDICIONANTES E BACIAS HIDROGRÁFICAS

Fonte: Prefeitura Municipal de Aparecida, 2002. Adaptado por Ambiens Cooperativa, 2014.

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A composição de fatores relacionados à geografia, às infraestruturas macroviária e energética e ao processo especulativo de parcelamento do solo conforme determinadas características espaciais que, por sua vez, geram consequências sobre o espaço urbano, tais como.

QUADRO 1 - CRITÉRIOS DE OCUPAÇÃO

PROCESSO DE OCUPAÇÃO CONSEQUÊNCIA

Loteamentos projetados individualmente e sem critérios de planejamento, cujo desenho das vias locais ora segue critérios de paralelismo à rede hídrica e às rodovias, ora se acomoda ao formato original da gleba.

• Dificuldade de estruturação do sistema viário;

• Isolamento entre bairros e regiões.

Parcelamento das glebas através do critério de maximização do número de lotes.

• Quadras de dimensões demasiado grandes para o tráfego de pedestres em alguns bairros;

• Grande percentual de lotes ociosos;

• Parcelamento dos fundos de vale;

• Geração de lotes inadequados à ocupação por seu tamanho ou localização

Parcelamento de fundos de vale.

Parcelamento sem doação das áreas públicas.

• Precário acesso aos cursos d'água por parte da população;

• Dificuldade em se criar transposições viárias;

• Prejuízo ambiental.

• Baixo estoque de terras para implantação de equipamentos comunitários e produção de Habitação de Interesse Social;

• Necessidade de desapropriação de terras;

Parcelamento e ocupação rarefeitos e de caráter especulativo.

• Grandes vazios urbanos remanescentes.

Fonte: Ambiens, 2014.

O PDP 2002 foi um importante instrumento no sentido de conter a ocupação esparsa. A Lei nº 2.250, Parcelamento do Solo, traz algumas exigências relacionadas às observações da tabela acima, como a necessidade de vincular o projeto do loteamento ao sistema viário do entorno e o estabelecimento de uma dimensão máxima para as quadras (aquelas com lados maiores do que 250 metros devem criar passagens para pedestres), por exemplo. O Plano Diretor também teve grande influência no desenho do município ao regulamentar as extensas áreas produtivas correspondentes aos

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polos industriais e Oeste e a Leste da BR-153, cujo arruamento, embora se diferencie dos entornos residenciais, mantém o fluxo viário ao não criar loteamentos fechados.

3.6. OCUPAÇÃO DOS LOTES E VERTICALIZAÇÃO

A maior parte da área urbana é classificada, perante a Lei de Zoneamento vigente, como zona mista ou residencial11. O lote básico destas zonas possui 360m² e permite divisão em duas frações ideais de 180m². De acordo com a Secretaria Municipal de Regulação Urbana, a maior demanda de alvarás de construção é a de projetos de duas residências térreas por lote, fato indicador tanto do uso quanto da forma de ocupação do solo preponderantes.

Como no PDP 2002 não houve regulamentação de zonas especiais de interesse social, a Prefeitura sancionou em dezembro de 2007 a Lei 2707, instituindo as Áreas Especiais de Interesse Social – AEIS12. Os principais objetivos das AEIS são a produção de moradia legalizada e o combate ao desenvolvimento descontrolado das periferias e da segregação social e habitacional. A Lei não estabelece as quantidades mínima e máxima de lotes ou frações que podem compor uma AEIS, sobre as quais também alguns índices urbanísticos são flexibilizados, como a taxa de ocupação e o índice de aproveitamento, por exemplo.

As AEIS podem acontecer tanto em áreas públicas quanto particulares. Neste caso, o proprietário, o empreendedor ou o próprio poder público podem solicitar a análise do projeto por parte da Secretaria de Planejamento e do Conselho Municipal de Meio Ambiente para aprovação de uma determinada área como AEIS, uma vez que não há delimitação locacional prevista na Lei. Uma vez deferida a autorização, os índices de aproveitamento podem ser elevados até o coeficiente máximo estabelecido pela Lei de AEIS.

As residências térreas em frações ideais – já mencionado como sendo o objeto da maior demanda de alvarás de aprovação de projeto – são advindas Lei de Zoneamento, Uso e Ocupação do Solo, Lei Complementar n° 005, de 30 de Janeiro de 2002. Em geral, segue-se um projeto personalizado. As habitações possuem presença evidente no interior dos bairros consolidados, cumprindo um dos objetivos da Lei, que é o da inserção urbana. Através desta política o município i) viabiliza a produção de habitação de interesse social a partir da associação da Lei de AEIS com os recursos do programa federal Minha Casa, Minha Vida – MCMV e ii) estimula a ocupação dos inúmeros lotes vazios. Em função do parcelamento extensivo e já aprovado no município, há conjuntos de casas seriadas recém construídos ou em obras sobre

11 A tabela simplificada com as zonas e os principais índices do Zoneamento vigente será abordada em capítulo específico.

12 A Lei 2707 de 2007 será objeto específico de análise do Capítulo Habitação.

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loteamentos pouco servidos por infraestrutura e equipamentos comunitários, o que auxilia na expansão da ocupação não integrada à cidade.

A padronização dos projetos chama a atenção, principalmente em relação os muros frontais: altos e totalmente opacos em função do sentimento de insegurança por parte da população. A consequência é uma certa monotonia do espaço público, a falta de vitalidade de algumas ruas e o empobrecimento da paisagem urbana. Cabe lembrar que embora os muros ofereçam a princípio um conforto psicológico aos moradores, publicações como artigos científicos e orientações das polícias militares afirmam que dentre as estratégias básicas de reforço da segurança então i) a territorialidade, entendida como o zelo para com o espaço público e ii) a vigilância natural por parte dos moradores e vizinhos, pois a redução da visibilidade facilita a ação de um eventual crime (BONDARUK, CREA-PR, PM-PR, 2014).

Outra forma de utilização do lote básico sobre a qual é pertinente a análise é aquela que ocorre por parte das atividades econômicas, sendo evidente nas vias onde há maior presença do comércio. Em muitos casos, a ocupação é maciça, sem respeito às taxas de ocupação, permeabilidade e afastamentos. Embora as vias comerciais gerem uma desejável animação urbana, um maior controle perante a ocupação dos estabelecimentos sobre o lote é importante para preservar principalmente o espaço das calçadas de ocupação por parte de construções ou de vagas de estacionamento que, mesmo ocupando o recuo frontal, criam extensas guias rebaixadas de acesso. Outro efeito colateral da densidade construtiva dos estabelecimentos é a utilização de grandes áreas de fachada com a comunicação visual de logotipos e anúncios diversos. Uma constatação empírica, resultante da visita aos referidos locais, é a de que além da poluição visual, a dimensão atrelada à quantidade de placas e faixas acaba por camuflar a mensagem individual de cada peça publicitária ou de comunicação de fachada.

A ocupação verticalizada dos lotes por parte de edifícios de habitação coletiva (com mais de 10 pavimentos) está concentrada nas áreas conurbadas, especialmente no extremo Norte do município. Há, porém, obras concluídas e em andamento de conjuntos de edifícios de até quatro pavimentos – característicos do segmento econômico do programa MCMV – em quase todas as regiões, com exceção do quadrante Sudoeste, na Região Administrativa Tiradentes. O incremento do valor da terra em Aparecida faz, segundo a Prefeitura Municipal, com que empreendedores apostem em maiores densidades construtivas para viabilizar ou aumentar a lucratividade dos lançamentos imobiliários. Assim, da mesma forma em que ocorre na produção da habitação seriada, quase não há presença de edifícios isolados, ocorrendo com frequência os conjuntos de torres. O agrupamento dos edifícios em conjuntos/ “condomínios” também acarreta em grandes extensões de área murada voltada para os passeios, gerando as mesmas consequências na paisagem mencionadas acerca das residências seriadas e vedadas com muros totalmente opacos.

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As vias de maior pujança comercial também apresentam alguma verticalização e aumento de porte em geral dos estabelecimentos de comércio e prestação de serviços.

A tabela abaixo mostra a evolução da arrecadação municipal sobre taxas para alvarás de construção, habite-se (certificado de conclusão de obra) e solo criado, indicadores do incremento da ocupação territorial formal e da verticalização nos últimos cinco anos. Vale destacar que instrumentos como a Transferência do Direto de Construir e a Outorga Onerosa do Direito de Construir pressupõe a existência de um mercado imobiliário e a adesão deste mercado a certas condições estabelecidas pelo Poder Público, o que só acontece se o saldo das incorporações é, ainda assim, positivo, ou seja, resulta em boas taxas de lucro.

TABELA 2 - ARRECADAÇÃO DE TAXAS – SECRETARIA MUNICIPAL DE REGULAÇÃO URBANA

Período Alvará para

construção (R$) Habite-se (R$) Solo Criado (R$)

2009 305.535,29 169.751,71 _

2010 469.068,61 228.653,07 101.839,42

2011 479.122,89 225.984,22 343.659,49

2012 499.844,37 248.011,55 377.480,13

2013 655.921,57 314.309,89 395.205,78

Fonte: Prefeitura Municipal, 2013. Adaptado por: Ambiens Cooperativa, 2014.

3.7. ATIVIDADES PRODUTIVAS

Em Capítulo anterior foi abordada a complexificação do espaço urbano de Aparecida através do paulatino desenvolvimento de centralidades de diferentes graus de densidade, variedade e influência no bairro, no município ou na Região Metropolitana. Aqui, serão relacionadas estas centralidades somadas às principais localizações das atividades econômicas no município. No caso específico das vias, o detalhamento acerca de seu porte e função será objeto do Capítulo Mobilidade, Transporte e Acessibilidade.

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O Mapa de Condicionantes e Situação de Ocupação – Figura 4 - espacializa os itens descritos a seguir. Os eixos e polos econômicos não estão categorizados em função da densidade de ocupação por estabelecimentos industriais ou comerciais, pois o objetivo é simplesmente identificar os locais onde há alguma concentração de atividade econômica e, consequentemente, de acessibilidade a bens e aos empregos.

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FIGURA 4 - CONDICIONANTES

Fonte: Prefeitura Municipal de Aparecida, 2002. Adaptado por Ambiens Cooperativa, 2014.

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BR-153 – Importante ligação Norte-Sul entre diversos estados brasileiros. Aparecida, pela localização central na rodovia, assume o papel de entreposto comercial. Há presença dos usos tipicamente associados às estradas, como motéis, indústrias de grande porte, centros de logística, infraestrutura e espaços de eventos. Apesar da vantagem locacional, a BR e os estabelecimentos lindeiros seccionam a cidade e, pela insuficiente estruturação do sistema viário, há utilização da Rodovia para transporte urbano;

GO-040 – Rodovia estadual que demarca a divisa Oeste com Goiânia. Há presença de comércio vicinal voltado aos bairros do quadrante Sudoeste e inúmeras borracharias e garagens de socorro automotivo. Nas proximidades do Terminal Garavelo o comércio se torna mais denso e diversificado, tanto no lado de Aparecida quanto no de Goiânia;

ANEL VIÁRIO – Via de ligação entre a BR-153 e a GO-040 possui estabelecimentos de abrangência e porte diversos, como indústrias, comércio de pequeno porte e equipamentos comunitários. Esta diversidade também traduz o uso misto da via pelos transportes rodoviário e urbano;

AVENIDAS RIO VERDE E BELA VISTA – a Avenida Rio Verde é o principal eixo comercial de Aparecida. Há uma boa coexistência de atividades de diversos portes, como Shopping Center, hipermercado e uma forte presença da prestação de serviços. Há também a Cidade Empresarial, um condomínio particular de empresas de naturezas diversas. A Avenida Bela Vista já não possui tanta densidade de estabelecimentos terciários, mas sim indústrias e centros de logística, além de motéis que se estendem para o interior da Região Santa Luzia;

AVENIDA SÃO PAULO – antiga BR-14 é uma via longitudinal localizada na Região Vila Brasília e que se prolonga no município de Goiânia. A ligação com a Capital, o porte considerável da sua caixa e a presença de terminal de transporte coletivo são incentivos para a instalação de espaços de comércio e serviços nas proximidades da divisa municipal, e de indústrias e comércio atacadista no entorno do terminal. Esta Região ainda possui vias como Rudá, Tapajós e Anápolis que possuem expressão econômica e contam com presença de equipamentos, como a unidade dos Correios;

AVENIDA IGUALDADE - Via de porte local, porém, definidora da condição de centralidade do bairro Garavelo. Há um predomínio do comércio varejista, inclusive das grandes redes, como Casas Bahia, por exemplo. Há também equipamentos de saúde públicos e significativa quantidade de clínicas particulares, serviços bancários, bares e restaurantes;

AVENIDA INDEPENDÊNCIA – conforme mencionado no capítulo Centralidades e Regiões Administrativas, esta via faz, grosso modo, a ligação entre a BR-153 e a GO-040. Expande no sentido Oeste a influência do Centro Tradicional e possui a interessante característica de autonomia em relação à área conurbada. Há presença de serviços bancários, comércio varejista, e serviços em geral (com destaque para borracharias). Há um esforço em consolidar esta centralidade, sendo um importante indicador a aprovação para instalação de um shopping center entre as regiões Centro e Cidade Livre, além da futura mudança de endereço das secretarias municipais para este entorno. Seu traçado também se

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prolonga a Leste da rodovia federal através da Avenida Santana, que atende os moradores dos loteamentos residenciais do seu entorno.

AVENIDAS SÃO JOÃO, VEIGA VALE E DIAMANTE – estas vias formam um interessante conjunto que inicia na divisa com Goiânia (e se prolonga pela Capital), passa pela Região Administrativa do Papillon e termina na Avenida Independência. É resultado da interligação entre bairros. A São João possui expressividade econômica que se torna esparsa na medida em que se prolonga na direção Sul. Porém, os trechos da Veiga Vale e Diamante contam com equipamentos públicos significativos, tais como o terminal Veiga Vale, a Fundação Bradesco, o Centro Olímpico e o Hospital de Urgências, HUAPA. Estes equipamentos e o acesso à Goiânia devem fomentar um incremento da atividade econômica ao longo do tempo;

VIAS LOCAIS – alguns exemplos de vias locais nas quais se desenvolvem algumas atividades produtivas – ainda que de porte vicinal – são as avenidas “08” e Nações, a partir do bairro Jardim Tiradentes até o contorno do Buriti Sereno, ao Sul do Anel Viário. Cabe destacar loteamento Madre Germana, que possui acesso apenas pela GO-040 e, em virtude da falta de integração, acabou desenvolvendo uma vida econômica local ao longo da rua Sílvio Gomes de Melo. No mais, o quadrante Sudoeste ainda possui uma vida econômica incipiente;

CENTRO TRADICIONAL – as secretarias da Prefeitura Municipal são locais polarizadores e geram movimento que atrai estabelecimentos como lojas, pequenas gráficas, farmácias, serviços bancários e vários restaurantes e lanchonetes;

POLOS INDUSTRIAIS – planejados e implantados pelo poder público estadual e municipal, os polos industriais possuem extensão significativa no espaço urbano e sua razão de ser está na vantagem locacional do escoamento e acesso promovido pela BR-153. As indústrias geralmente são de grande porte e não há outras atividades nestes loteamentos. Os principais polos são o DIMAG – Distrito Municipal de Aparecida de Goiânia, o DAIAG – Distrito Agroindustrial de Aparecida de Goiânia, o Setor Industrial Santo Antônio e o Polo Empresarial Goiás, sendo este o maior do município. Cabe mencionar o Polo de Reciclagem localizado a Leste da BR-153 e vinculado ao aterro sanitário;

LAVRAS – as lavras de extração mineral localizadas ao Sul da Região Santa Luzia, próximas à divisa com Senador Canedo, possuem acesso através da área urbana e caracterizam a condição de certo isolamento do entorno da Avenida Bela Vista com Aparecida.

Percebe-se que as regiões conurbadas possuem uma maior “drenagem” de vias ao longo das quais se desenvolvem atividades produtivas. Porém, a consolidação da Avenida Independência busca promover um maior equilíbrio destas funções. Conforme mencionado em capítulo anterior, as centralidades, em geral, tiveram um desenvolvimento espontâneo e reativo ao processo de metropolização. O mesmo não se pode dizer dos polos industriais, espaços produtivos planejados e localizados estrategicamente próximos à BR-153 e aos eixos de ligação transversal à rodovia federal. Desta forma, os polos estão no centro geográfico do município, e traduzem

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espacialmente o papel industrial de Aparecida perante a Região Metropolitana. O crescimento da arrecadação do ICMS, de R$ 44.543 em 2002 para R$ 496.631 em 2013, comprova o que se vê nos eixos e polos econômicos do município (Instituto Mauro Borges, 2013).

3.8. DENSIDADE

O mapa com levantamento das densidades demográficas elaborado pelo PDP 2002 mostra que as maiores concentrações de ocupação se davam nas áreas conurbadas ao Norte, seguidas por bairros oriundos de assentamentos promovidos pelo poder público, como Tiradentes e Cidade Livre. Porém, mesmo essas áreas estavam cercadas por vazios e possuíam valores de densidade baixos – em geral, entre 50 e 250 habitantes por hectare – o que fez com que fossem classificadas como “prioritárias à ocupação” pela POCDE, uma vez que possuíam alguma infraestrutura instalada.

FIGURA 5 - DENSIDADE DEMOGRÁFICA – PDP 2002.

Fonte: Prefeitura Municipal de Aparecida, 2002. Adaptado por Ambiens Cooperativa, 2014.

O Mapa de Densidade Populacional de 2014, cujos valores e polígonos se originam nos setores censitários do IBGE, demonstra que as áreas de maior densidade em 2002 tiveram sua ocupação consolidada ao longo da última década, sendo que o

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incremento populacional fez aumentar os valores relativos de habitantes por unidade de área. Houve uma expansão da ocupação ao longo da avenida Bela Vista, na divisa com o município de Senador Canedo e em alguns bairros nas cercanias do Anel Viário, tais como Cardoso e Itapuã. A ocupação urbana ocorre de forma mais acentuada no entorno das centralidades lineares - especialmente nos assentamentos ao longo da Avenida Independência - e na área conurbada, entre o Anel Viário e a divisa Norte. A mancha mais clara do Mapa - que representa o intervalo de valores de 0 a 200 habitantes por hectare - predomina sobre o território para além das áreas rurais e acidentadas a Leste e da Serra das Areiais e entorno imediato, a Oeste. A esta grande mancha de baixa densidade corresponde também a considerável quantidade de glebas e lotes vazios localizados tanto na porção conurbada quanto no centro geográfico do município. Há necessidade de incremento e operação das redes de infraestrutura para aproveitamento e densificação de todo este espaço disponível e de boa localização. Por outro lado, há sinais de altas taxas de ocupação próximas ao Anel Viário e a trechos de córregos paralelos a esta via, uma vez que houve inúmeros parcelamentos de APPs no município. Bairros de ocupação significativa, como o Garavelo, por exemplo, possuem densidades muito superiores à capacidade da infraestrutura instalada.

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FIGURA 6 - CONDICIONANTES E SITUAÇÃO DA OCUPAÇÃO

Fonte: Prefeitura Municipal de

Aparecida, 2002. Adaptado por Ambiens Cooperativa, 2014.

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3.9. EXPANSÃO URBANA E PROJETOS FUTUROS

Aparecida possui a previsão de projetos futuros de infraestrutura, equipamentos e políticas de parcelamento que serão forte indutores tanto da expansão urbana quanto da consolidação da ocupação. Os projetos, descritos a seguir, estão representados no Mapa de Condicionantes.

• Eixo viário NS-1 e desvio da BR-153 - estas obras deverão incrementar a ocupação a Leste da atual rodovia federal e levar à paulatina execução de eixos de ligação transversais, como o prolongamento do Anel Viário, por exemplo, o que deverá promover a atração de setores industriais e logísticos. A atual BR, por sua vez, deve ser transformada em uma via de caráter urbano, com prioridade para o transporte coletivo e melhores transposições de modo a facilitar a integração Leste-Oeste de Aparecida.

• Novo Paço Municipal e Shopping Center – localizados no entorno do início da Avenida Independência, deverão consolidar a região de transição entre o Centro Tradicional e a Cidade Livre.

• Legislação de loteamentos fechados – regulamentação, por parte do poder público, em resposta à pressão do mercado imobiliário para viabilizar novos loteamentos fechados ou fechar existentes. Apesar da desoneração da Prefeitura quanto a serviços como coleta de lixo (efetuada pelo próprio “condomínio”), faz-se necessário um controle para evitar descontinuidades indesejáveis no sistema viário do município, que ainda está em processo de estruturação, e também a criação de espaços fechados de dimensões desproporcionais nas áreas de expansão urbana.

• Aeroporto Comercial – destinado à aviação comercial e localizado a Leste do município, deverá fomentar fortemente a ocupação da região – apesar de inviabilizar muitos usos no seu entorno imediato - e a integração com o restante do município e com a Região Metropolitana.

• Campus da Universidade Federal de Goiás – localizado ao lado do futuro Aeroporto, também deverá fomentar a ocupação da região Leste e a integração metropolitana de Aparecida. Este equipamento traz uma grande oportunidade de fomento a um interessante entorno voltado à vida estudantil.

Os projetos futuros demonstram a importância do quadrante Sudeste na expansão da ocupação, baseada em grandes obras viárias e equipamentos. A região já é caracterizada pela concentração de usos que podem ser considerados "especiais", como polos industriais, lavras de extração mineral, cemitério, centros de detenção, aterro sanitário e polo de reciclagem. Porém, a grande quantidade de áreas vazias e não parceladas, associada à previsão de desvio da BR-153 e ao fato de o restante do município ser extensivamente loteado fazem com que a pressão pela inclusão de novos "usos especiais" recaia fortemente sobre esta parte da Cidade. Apesar do

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desejável e necessário fomento ao desenvolvimento econômico e da oportunidade de implantação de equipamentos importância regional, como o Campus da UFG e o Aeroporto, a consideração dos aspectos ambientais deve obrigatoriamente subsidiar a política territorial a Leste da atual BR-153. De acordo com as Cartas de Risco do município (Prefeitura Municipal, 2013), a região apresenta quantidade significativa de áreas de preservação permanente em função da hidrografia e da topografia acidentada, além da área rural remanescente.

A localização prevista para o Aeroporto e para o Campus também traz à tona a questão da integração do ambiente universitário à cidade consolidada. Uma vez que a previsão de sua implantação ocorre sobre gleba localizada entre o Aeroporto e o desvio da BR-153, há necessidade de incentivo a esta integração e ao desenvolvimento de atividades complementares à vida acadêmica no seu entorno, sob pena do importante equipamento ficar isolado e do município não usufruir do desenvolvimento econômico e urbano consequente de sua implantação. Outro fator importante é a tendência de parcelamentos em forma de "condomínios fechados" na área de expansão no quadrante Sudeste. A fragilidade ambiental descrita no parágrafo anterior deve ser parâmetro para avaliar a densidade viável da ocupação sobre a área de expansão urbana, mas principalmente, deve-se atentar quanto à localização e a integração dos condomínios à ocupação consolidada e ao seu entorno imediato. Este cuidado é fundamental para que não se repita o padrão de parcelamento que resultou na atual configuração espacial de Aparecida, o qual ocorreu através de loteamentos esparsos e desconexos que resultaram em vazios que ainda hoje, não dão sinais de cumprimento à função social da propriedade, mesmo passados mais de dez anos da aprovação do Plano Diretor.

3.10. INFRAESTRUTURA E EQUIPAMENTOS COMUNITÁRIOS

3.10.1. Saneamento – Água, Esgoto Drenagem

A formação do espaço urbano através de loteamentos praticamente desprovidos de infraestrutura e com insuficientes doações de áreas públicas transformou Aparecida em um “conjunto de moradias” com uma população sem acesso às demais funções urbanas, ou seja, sem direito à cidade. O mapa abaixo mostra a precariedade da extensão das redes de infraestrutura na época da elaboração do PDP 2002.

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FIGURA 7 - LEVANTAMENTO DA INFRAESTRUTURA – PDP 2002.

Fonte: Prefeitura Municipal de Aparecida, 2002. Adaptado por Ambiens Cooperativa, 2014.

Ao comparar os mapas e os índices de 2002 com os atuais, percebe-se uma melhora na abrangência do saneamento básico, porém, o atendimento ainda é desproporcional em relação à população. De qualquer maneira, o compromisso político em implementar o PDP (que demonstra compromisso público) associado à forte presença do programa Minha Casa, Minha Vida são fatores importantes neste processo de melhora. A alteração de artigos da Lei Federal n° 11.977 de 2009, que dispões sobre o programa MCMV, para a Lei Federal n°12.424, em 2011, incluiu a observação de critérios relativos à infraestrutura e equipamentos comunitários para a implantação de empreendimentos do Programa Nacional de Habitação Urbana.

O abastecimento de água é prestado pela SANEAGO – Saneamento de Goiás S/A. A SANEAGO é uma empresa de economia mista, controlada pelo governo estadual. O serviço compreende quatro sistemas produtores, cujas instalações não são integradas: Sistemas João Leite e Meia Ponte, Sistema Lajes e um sistema de poços profundos, denominados Sistemas Independentes. A divisão entre os sistemas produtores ocorre, aproximadamente, com 37% das ligações na área de influência do sistema João Leite, 22% das ligações na área de influência do Meia Ponte, 12 % na área de influência do Lajes e 29% através dos poços (Sistemas Independentes). Os dois principais sistemas de abastecimento encontram-se nos mananciais de mesmo nome, sendo o João Leite o mais antigo. Ele passou por diversos processos de ampliação. O sistema Meia Ponte foi pouco alterado desde sua implantação (Plano Municipal de Saneamento, 2010).

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A rede atende a 58,87% da população, que, se não atendida, faz uso de poços artesianos e sistemas individuais de captação. Segundo dados do Instituto Mauro Borges, a extensão da rede passou de 857.080m em 2002 para 1.374.485m em 2013.

O SES (sistema de esgotamento sanitário) é formado, por sua vez, por dois sistemas: Sistema Lajes, parcialmente implantado e em funcionamento e o Sistema Santo Antônio, em implantação. O Sistema Lajes, com extensão total de 114,5 km, contempla a Bacia Lajes, e o Sistema Santo Antônio contempla as Bacias Almeida, Tamanduá, Santo Antônio e Dourados (esta por meio de bombeamento). A área de abrangência do Sistema Santo Antônio é composta pelas áreas da Bacia do Ribeirão Santo Antônio, com 11290 ha e da Bacia do Rio Dourados, com 2700 ha. A extensão da rede de esgoto passou de 144.535m em 2002 para 449.679m em 2013 (IMB, 2014), mas áreas densas como o bairro Garavelo, por exemplo, ainda não contam com o atendimento que chega a apenas 16,9% da população. Assim, de maneira geral o tratamento é realizado a partir de fossas sépticas, normatizadas pela Prefeitura e fiscalizadas pela Secretaria Municipal de Regulação Urbana.

Em 2010, a Prefeitura contratou um Plano Municipal de Saneamento que previa a melhoria do sistema existente através da ampliação de todas as redes, interceptores, elevatórias e ETEs dos sistemas Santo Antônio e Lajes. Como condição fundamental para ampliação estaria a prioridade pelo uso da gravidade para o escoamento. A subdelegação do sistema de esgoto foi passada da SANEAGO para a empresa Oldebrecht Ambiental, parte integrante da Organização Oldebrecht que atua na área do saneamento ambiental, cuja primeira medida é atualizar o levantamento da rede instalada.

A drenagem urbana é de responsabilidade da Secretaria Municipal de Infraestrutura. Em 2010, foi contratado – e ainda não implementado - o Plano Diretor de Drenagem Urbana, PDDU, que levantou as características da microbacias, a localização da rede existente e também os impactos da urbanização, como inundações e erosão do solo.

Dados do PDDU permitem visualizar que o grau de impermeabilização do solo é compatível com as áreas mais adensadas, como os polos industriais, os assentamentos ao Sul da Avenida Independência e os bairros conurbados. Até a elaboração do Plano, em 2010, apenas 15,16% da área urbanizada de Aparecida de Goiânia possuía drenagem decorrente de precipitação. Isto corresponde a apenas 6,73% da área total do Município coberta pelo sistema de drenagem. A extensão da rede mostra que algumas microbacias são praticamente desassistidas, mesmo nas áreas de ocupação mais densa.

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FIGURA 8 - GRÁFICO DE ÁREAS IMPERMEABILIZADAS – PDDU

Fonte: Plano Diretor de Drenagem Urbana, 2010.

FIGURA 9 - REDE DE DRENAGEM – PDDU

Fonte: Plano Diretor de Drenagem Urbana, 2010.

A rede de macrodrenagem fica a cargo da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. O Estado de Goiás possui três sistemas de drenagens alimentadoras de Regiões

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Hidrográficas do país, Araguaia/Tocantins, São Francisco e Paraná. Aparecida pertence à Região Hidrográfica (RH) do Paraná. Esta RH encontra-se densamente ocupada, com forte presença da ação antrópica através de urbanização intensa e áreas de pastagens nos remanescentes rurais. Dentre os principais problemas relativos à drenagem no município podem-se destacar a erosão, insuficiência da infraestrutura de drenagem existente e eventos, como enchentes e inundações.

3.10.2. Equipamentos Comunitários

Segundo dados da Prefeitura, Aparecida possui 67 unidades de saúde. São consideradas na contagem unidades básicas, unidades de emergência, clínicas especializadas e hospitais. Os equipamentos estão distribuídos sobre todo o perímetro urbano e possuem maior concentração nos bairros ao Sul do Anel Viário, como no entorno do assentamento Independência Mansões, habitados pela população de menor renda. Áreas conurbadas como Garavelo e Vila Brasília são menos atendidas, pois, ao menos parte dos moradores deve fazer uso do sistema privado de saúde.

Os equipamentos de educação infantil e dos ensinos médio e fundamental somam 180, dentre os quais parte está em licitação ou em obras. Segundo dados do Instituto Mauro Borges, o número de salas de aula passou de 1.485 em 2002 para 2.221 em 2013. A distribuição se dá por praticamente toda a área urbana – inclusive as regiões conurbadas – com exceção dos colégios que existem em menor número a Leste da BR-153 e em alguns loteamentos da Região Administrativa Papillon. Além dos equipamentos em construção, a Prefeitura está reestruturando os existentes através da instalação de laboratórios de informática, câmeras de segurança, cobertura nas quadras esportivas, dentre outras melhorias. Assim, cria-se o estímulo para utilização das escolas e centros de educação como espaços de cidadania durante os contra-turnos.

3.11. POLÍTICA DE ORDENAMENTO TERRITORIAL

O Plano Diretor Participativo de Aparecida de Goiânia, aprovado no ano de 2002 e vigente até o presente momento, constitui-se na primeira ação de cunho ordenador do uso e da ocupação do espaço municipal. O PDP é fruto de um longo de trabalho iniciado na leitura da realidade existente seguido da elaboração do diagnóstico a partir de uma parceria entre a Prefeitura Municipal e o Curso de Especialização em Planejamento Urbano e Ambiental da PUC-GO através da ARCA, Associação para a Recuperação e Conservação do Ambiente. Em 2001, o PDP foi finalizado. Contudo, só foi enviado para aprovação na Câmara de Vereadores após modificações efetuadas a partir da aprovação do Estatuto da Cidade, Lei 10257 de 2001.

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As leis que compõem o Plano Diretor são:

• Lei Complementar nº 004, de 30 de Janeiro de 2002 - “Dispõe sobre o Planejamento Municipal Sustentável, sobre o Plano Diretor do município de Aparecida de Goiânia, e dá outras providências”.

• Lei Complementar n° 005, de 30 de Janeiro de 2002 - “Dispõe sobre o zoneamento, uso e ocupação do solo, na área urbana e rural do município de Aparecida de Goiânia e estabelece outras providências”.

• Lei Municipal n° 2.245, de 30 de Janeiro de 2002 - “Dispõe sobre as diretrizes estratégicas do Plano Diretor para o planejamento do município de Aparecida de Goiânia”.

• Lei Municipal n° 2.246, de 30 de Janeiro de 2002 - “Dispõe sobre Política de Ordenamento para o Crescimento e Desenvolvimento Estratégico (POCDE) do município de Aparecida de Goiânia”.

• Lei Municipal no 2.247, de 30 de Janeiro de 2002 - “Dispõe sobre a criação do Conselho Municipal de Desenvolvimento Ambiental Sustentável (COMDAS) e dá outras providências”.

• Lei Municipal n° 2.248, de 30 de Janeiro de 2002 -“Dispõe sobre a criação do Fundo Municipal de Desenvolvimento Ambiental Sustentável (FUMDAS) e dá outras providências”.

• Lei Municipal n° 2.249, de 30 de Janeiro de 2002 - “Dispõe sobre a delimitação do Perímetro Urbano”.

• Lei Municipal n° 2.250, de 30 de Janeiro de 2002 – “Dispõe sobre o parcelamento do solo na área urbana e rural do município de Aparecida de Goiânia e estabelece outras providências urbanísticas”.

A Lei n° 2.245, que dispõe sobre as Diretrizes Estratégicas, aborda temas ligados ao espectro geral de planejamento e gestão urbana, tais como parcelamento e zoneamento do solo, habitação, meio ambiente e desenvolvimento socioeconômico. O documento também regulamenta as Regiões Administrativas, objeto de Capítulo anterior. Cada tema possui uma série de diretrizes que, analisadas em conjunto, permitem a compreensão dos objetivos principais do PDP 2002: i) racionalização do desenvolvimento urbano e priorização de áreas para ocupação ii) reestruturação administrativa e fortalecimento institucional; iii) distribuição equitativa de equipamentos comunitários; iv) orientação territorial de investimentos públicos para implantação de infraestrutura; v) proteção e recuperação do patrimônio natural e vi) aproveitamento das vantagens locacionais do município para atração de potenciais empreendedores e promoção do desenvolvimento econômico. A Lei, porém, aborda assuntos que transpõem as questões territoriais, como políticas de educação, assistência e saúde.

Este Capítulo abordará as leis concernentes às diretrizes e instrumentos voltados ao ordenamento territorial: Lei de Planejamento Sustentável; Lei de Zoneamento, Uso e

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Ocupação do Solo; Política de Ordenamento para o Crescimento e Desenvolvimento Estratégico; Delimitação do Perímetro Urbano e Parcelamento do Solo. Além dos preceitos do arcabouço legislativo original do PDP 2002, também serão mencionadas suas alterações através de leis sancionadas nos anos seguintes à sua aprovação:

Lei Complementar n° 017, de 31 de Outubro de 2008 – “Altera a Lei Complementar n°005 de 30 de janeiro de 2002, que dispõe sobre o zoneamento, uso e ocupação do solo da área urbana e rural do Município, cria o conselho Municipal de Zoneamento e dá outras providências”.

Lei Complementar n°43 de 2011 - "Emenda modificativa que altera o parágrafo único do artigo 58 da Lei Complementar n°005/02, que dispõe sobre o zoneamento, uso e ocupação do solo nas áreas urbana e rural neste município e dá outras providências".

Lei Complementar n°58 de 2012 - "Dispõe sobre a definição do novo Perímetro Urbano de Aparecida de Goiânia, revogando a Lei Municipal n°2.249 de 2002 e dá outras providências".

Espera-se assim, complementar a análise acerca da conformação de Aparecida enquanto causa e consequência do conteúdo das leis supracitadas.

3.11.1. Lei Complementar nº 004 de 2002 - Planejamento Municipal Sustentável

O Plano Diretor de Aparecida, conforme mencionado, foi aprovado logo após a promulgação do Estatuto da Cidade, em dezembro de 2001. Houve, portanto, a possibilidade de adequação através da inclusão de instrumentos da Lei Federal. A Lei Complementar de Planejamento Municipal Sustentável, de forma semelhante à Lei de Diretrizes Estratégicas, versa sobre os principais objetivos do Plano Diretor e os princípios do “planejamento sustentável”, os quais dizem respeito, em geral, à correção das distorções do crescimento urbano e seus efeitos sobre o meio ambiente, à utilização dos imóveis em função da infraestrutura existente, à garantia do direito à moradia e aos serviços públicos e, por fim, à promoção de uma gestão democrática. A “função social da propriedade” não possui definição em item específico, e sim, ao longo de uma série de objetivos e diretrizes. A Lei incorpora instrumentos do Estatuto da Cidade como parte de um “sistema de planejamento” que conta com a adequação aos planos e programas das esferas supramunicipais (metropolitanas, estaduais e federais), os planos orçamentários municipais, os incentivos fiscais e as normativas de parcelamento e zoneamento do solo urbano.

Art. 3º Os seguintes instrumentos poderão13, entre outros, ser utilizados no Planejamento Municipal Sustentável:

13 Fonte: Plano Diretor Participativo de Aparecida de Goiânia, 2002 (grifo nosso).

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I - de caráter administrativo, em especial:

• plano diretor; • planos, programas e projetos nacionais, regionais, estaduais,

metropolitanos e municipais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico, social e ambiental;

• planos, programas e projetos setoriais; • banco de lotes; • referendo popular e plebiscito; • estudo prévio de impacto ambiental (EIA); • operações urbanas consorciadas; • estudo de impacto de vizinhança (EIV).

II - de caráter jurídico, em especial:

• a disciplina do parcelamento, • a disciplina do uso e da ocupação do solo e do zoneamento

ambiental; • parcelamento, edificação ou utilização compulsórios; • regularização fundiária; • servidão administrativa; • limitações administrativas; • tombamento de imóveis ou de mobiliário urbano; • usucapião especial de imóvel urbano; • direito de superfície; • instituição de unidades de conservação; • desapropriação; • direito de preempção;

III - de caráter fiscal, tributário e financeiro, em especial:

• plano plurianual; • diretrizes orçamentárias e orçamento anual; • gestão orçamentária participativa; • imposto progressivo sobre a propriedade predial e territorial

urbana - IPTU; • imposto seletivo sobre a propriedade predial e territorial urbana –

IPTU; • outorga onerosa do direito de construir; • contribuição de melhoria; • incentivos e benefícios fiscais e financeiros.

§ 1º Os instrumentos mencionados neste artigo regem-se pela legislação que lhes é própria, observado o disposto nesta Lei.

§ 2º Os instrumentos previstos neste artigo que demandam dispêndio de recursos por parte do Poder Público Municipal devem ser objeto de controle social, garantida a participação de comunidades, movimentos e entidades da sociedade civil.

Os instrumentos oriundos do Estatuto da Cidade, além de serem detalhados na Lei nº 004, foram espacializados através das denominadas “áreas-programa”: polígonos demarcados na Política de Ordenação para o Crescimento e Desenvolvimento Estratégico – POCDE, semelhantes a zonas urbanas. Porém, a utilização dos referidos instrumentos deveria, obrigatoriamente, ser precedida por aprovação em lei

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específica e pela delimitação precisa dos lotes e glebas para sua aplicação. A não consecução destas exigências ao longo da vigência do PDP 2002 deixou o Poder Público sem respaldo legal para a implantação do sistema de planejamento proposto em sua completude. Cabe mencionar algumas particularidades acerca da concepção e da aplicação de alguns dos instrumentos listados no Artigo 3º da Lei de Planejamento Municipal Sustentável:

A. O “Banco de Lotes” foi incluído no Plano Diretor em função do processo histórico de abertura de loteamentos, dos quais não houve a doação necessária e suficiente de áreas públicas. Assim, este instrumento foi proposto com o intuito de fomentar uma política de habitação social. Várias são as formas pelas quais os lotes podem ser incorporados ao município, tais como operações urbanas consorciadas, doação, desapropriação, quitação de dívidas públicas e parcelamento do solo. Esta área é voltada a programas habitacionais, mas também já houve casos de aprovação de sua utilização para fins de regularização fundiária.

B. O Estudo de Impacto de Vizinhança não foi regulamentado pelo município, porém, mesmo para implantação de condomínios habitacionais verticais, por exemplo, há exigência de apresentação de estudo de impacto de trânsito ou parecer da Secretaria Municipal de Trânsito (SMTA), Atestado de Viabilidade Técnica Operacional SANEAGO e da CELG (Companhia Energética de Goiás) e, quando necessário, licenciamento ambiental. Houve exigência para apresentação de EIV apenas para o Shopping Buriti e para o futuro shopping localizado na Avenida Independência.

C. A Outorga Onerosa do Direito de Construir – contrapartida financeira para incremento do coeficiente de aproveitamento estabelecido pela Lei de Zoneamento, Uso e Ocupação do Solo – é aplicada pelo município nas zonas em que os índices urbanísticos incentivam a verticalização. Conforme mencionado no item 3.2, Ocupação dos Lotes e Verticalização, este instrumento é um indicador de presença e interesse por parte do mercado imobiliário formal.

D. O instrumento do “Parcelamento, edificação ou utilização compulsórios” sobre imóveis subutilizados – considerados aqueles com aproveitamento inferior as 15% – não foi implementado, assim como o consequente aumento progressivo do IPTU. O incremento mais significativo na tributação territorial ocorreu apenas recentemente, através do aumento dos valores do IPTU e do ITU, Imposto Territorial Urbano, cobrado sobre lotes vazios. Embora a arrecadação destes impostos somados tenha aumentado cerca de 700%14 desde a aprovação do PDP 2002, o aumento do ITU em até 40% no ano de 2013 foi a primeira iniciativa com o intuito de coibir a retenção especulativa de glebas e lotes via incremento tributário. Os critérios para aumento dos tributos foram a atualização da dimensão das edificações através de restituição de

14 No ano de 2003 o valor arrecadado foi de R$10.840.921,56 e, no ano de 2013, foi de R$ 75.508.254,82. Fonte: Secretaria Municipal da Fazenda, (ASSUNÇÃO, 2014).

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levantamento aerofotogramétrico, no ano de 2012, e a atualização dos valores referentes ao metro quadrado dos imóveis vazios, atualizado em 2014.

E. A Lei prevê também o IPTU Seletivo: um incentivo ao respeito de determinadas diretrizes da política de ordenamento territorial através da redução da alíquota. O instrumento prevê também a majoração dos valores do IPTU para os proprietários cujos imóveis somem áreas acima de 2.500m² situadas em zonas de incentivo à ocupação e ao adensamento. A não aprovação mediante lei específica inviabilizou a aplicação da tributação seletiva.

F. Embora a Lei faça menção à garantia de habitação e à regularização fundiária, não foram estabelecidas Zonas Especiais de Interesse Social. Também não foi detalhada em artigo específico a possibilidade da Usucapião. Esta lacuna foi em certa medida suprida pela aprovação da Lei nº 2707 de 2007, a Lei de AEIS.

A dificuldade na aplicação de boa parte dos instrumentos de planejamento ocorreu tanto em função da necessidade de regulamentação posterior através de lei específica - não houve, portanto definições detalhadas quanto aos espaços de aplicação e ao estabelecimento de metas e responsabilidades - quanto da situação institucional vivida pelo município na época da elaboração do PDP2002, pois o corpo técnico estava em processo de formação, os sistemas das secretarias municipais não eram informatizados e não havia subsídios como, por exemplo, bases cartográfica e cadastral (ASSUNÇÃO, 2014).

3.11.2. Lei Municipal n° 2.249 de 2002 - Delimitação do Perímetro Urbano

No início dos anos 2000, Aparecida contava com aproximadamente 65% de lotes vagos na área urbana (Prefeitura Municipal, 2013). Através de um cálculo da projeção do crescimento demográfico elaborado sobre os dados dos censos do IBGE, chegou-se à conclusão de que a demanda por lotes urbanos em 2010 ainda estaria aquém do número de lotes ofertados em 1999:

• População no ano 2000 – 335.846 habitantes;

• População estimada para o ano de 2010 - mínimo de 508.680 e máximo de 571.753 habitantes;

• Número de pessoas por domicílios – 3,12;

• Lotes vagos em 1999 - 233.536 unidades;

• Excedente de lotes vagos em 2010 – entre 50.182 e 70.616 unidades15.

15 Cálculo do crescimento urbano constante na Lei Municipal n° 2.249 de 2002 - Delimitação do Perímetro Urbano.

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Os resultados acima subsidiaram a redução do perímetro urbano, excluindo loteamentos periféricos ou não implantados. Em 2012, através da Lei Complementar n°058 houve alteração do perímetro, sendo a ele englobada uma área de expansão para instalação do Campus da Universidade Federal de Goiás, a Leste da BR-153, e de novos polos industriais, como justifica a redação da própria Lei. Embora não possua fins habitacionais, a expansão urbana é destinada a um equipamento importante e com potencial caráter indutor do incremento da ocupação.

Cabe destacar que há cerca de 40% de lotes vazios na área urbana, ainda que uma parte resulte de parcelamentos de faixas lindeiras aos cursos d'água (Prefeitura Municipal, 2013). Assim, um dos principais objetivos do PDP 2002, evitar as distorções do crescimento urbano, continua pertinente.

3.11.3. Lei Municipal n° 2.246 de 2002 - Política de Ordenamento para o Crescimento e Desenvolvimento Estratégico (POCDE)

A demarcação das Regiões Administrativas adotou o critério do agrupamento de bairros com certas características comuns em razão do surgimento de centralidades sobre o território municipal. O objetivo das regiões foi a orientação de programas e políticas públicas. Porém, a delimitação das regiões não leva em conta determinados aspectos, como as áreas de restrição ambiental à ocupação ou os diferentes graus de atendimento de infraestrutura16, o que as torna insuficientes para desmembramento em uma proposta de macrozoneamento, por exemplo. O instrumento que melhor se assemelha ao macrozoneamento é a Política de Ordenamento para o Crescimento e Desenvolvimento Estratégico – POCDE, que estabelece seis “áreas-programa” no interior do perímetro urbano que não condizem com as Regiões Administrativas e que se sobrepõem parcialmente aos polígonos da Lei de Zoneamento, Uso e Ocupação do Solo.

A classificação das áreas ocorre em função de critérios como infraestrutura instalada, fragilidade ambiental, densidades populacional e construtiva e vantagens locacionais para as atividades produtivas. As áreas espacializam as diretrizes de i) estímulo, consolidação ou restrição à ocupação; ii) priorização dos investimentos públicos em infraestrutura; iii) consolidação e implantação de estabelecimentos indutores do desenvolvimento econômico municipal. Os meios para se efetivar a destinação de cada área-programa são os instrumentos relacionados na Lei de Planejamento Municipal Sustentável, além de orientação quanto a parcerias com setores privados e campanhas informativas à população.

16 Ainda que não haja consideração sobre aspectos territoriais em profundidade. As Regiões Administrativas são referenciais para Administração Municipal.

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FIGURA 10 - POCDE – PDP 2002.

Fonte: Prefeitura Municipal de Aparecida, 2002. Adaptado por Ambiens Cooperativa, 2014.

Áreas-Programa e alguns instrumentos de efetivação:

AIO – Área Imprópria para Ocupação: locais em que deve ser coibida a urbanização ou o adensamento em razão da fragilidade ambiental, inserção em área rural ou presença de passivos gerados por mineração ou depósito de resíduos. Instrumentos: revogação de loteamentos, transferência do direito de construir, campanhas de educação ambiental e da impossibilidade de aplicação de recursos públicos, dentre outros;

ANIP – Área Não Prioritária para Investimentos Públicos: loteamentos localizados nas porções Sul e Leste do município, afastados da malha urbana mais consolidada e com baixo percentual de ocupação o que, consequentemente, torna demasiado onerosa a implantação de infraestrutura. Instrumentos: transferência do direito de construir, IPTU seletivo e parceria entre Prefeitura e proprietários para suspensão de vendas, dentre outros;

APO - Área Prioritária para Ocupação: áreas do Centro e das regiões conurbadas com razoável atendimento de infraestrutura sobreposto a uma quantidade considerável de lotes passíveis de ocupação, sobre as quais devem incidir índices urbanísticos altos para o estímulo à densificação. Instrumentos: Parcelamento, edificação ou utilização compulsória do solo, outorga onerosa do direito de construir, integração com programas de habitação, dentre outros;

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APIP – Áreas Prioritárias para Investimentos Públicos: loteamentos com infraestrutura deficiente ou inexistente, desproporcional à densidade populacional, tais como os assentamentos originados por iniciativa pública. Foram grafadas como APIP as áreas correspondentes a dois importantes polos econômicos que se consolidaram na última década: o Polo Empresarial Goiás e o DIMAG, Distrito Industrial Municipal de Aparecida de Goiânia. Instrumentos: captação de recursos para incremento de infraestrutura e serviços, cadastro de habitações precárias, operação urbana consorciada, dentre outros;

ADE – Área para o Desenvolvimento Estratégico: correspondem às glebas que representam os significativos vazios urbanos ainda existentes no município (Mapa de Vazios, Prefeitura Municipal, 2013). O parcelamento destas áreas é orientado pela Lei a servir o interesse coletivo através da implantação de equipamentos comunitários, programas habitacionais e melhoria das conexões viárias. Instrumentos: parcelamentos com critérios rígidos de doação de áreas públicas e para o banco de lotes; integração do parcelamento ao sistema viário existente, incremento nos índices construtivos, dentre outros;

ACA – Área para o Crescimento Acompanhado: áreas parceladas parcial ou totalmente não incorporadas a nenhum programa específico. Instrumentos: aplicação da Lei de Zoneamento, Uso e Ocupação do Solo.

Nota-se que a denominação da POCDE é coerente com a disseminação e incorporação, durante a década de 90, do chamado “planejamento estratégico” que, segundo o autor Carlos B. Vainer, é um modelo inspirado no planejamento empresarial e na ideia de semelhança entre cidades e empresas: há um “rebatimento, para a cidade, do modelo de extroversão econômica para o mercado constituído pela demanda de localizações”. Se há uma demanda por localizações, há um ambiente de concorrência territorial. Os meios para fazer frente a necessidade de imposição econômica envolvem a utilização de métodos empresariais pra sua consecução, tais como a sequência que inicia com a elaboração de um diagnóstico dos problemas e potencialidades inerentes à cidade e, a partir daí, estipula metas, os meios para atingi-las e os instrumentos de controle e avaliação dos resultados. O PDP 2002 “articula”, em certa medida, o planejamento estratégico ao Estatuto da Cidade através de seus instrumentos e do cumprimento ao inciso X do Artigo 2º da Lei Federal, que estabelece como uma das diretrizes da política urbana: “X – adequação dos instrumentos de política econômica, tributária e financeira e dos gastos públicos aos objetivos do desenvolvimento urbano, de modo a privilegiar os investimentos geradores de bem-estar geral e a fruição dos bens pelos diferentes segmentos sociais”.

A POCDE segue parcialmente o receituário descrito: estabelece as metas e os instrumentos para atingi-las, porém, não traz orientações quanto à aplicação destes instrumentos que, por sua vez, necessitam de regulamentação específica. Tampouco estipula responsabilidades e meios de controle e avaliação do progresso das áreas-programa (ASSUNÇÃO, 2014 e CAMILO, 2014). Ainda assim, sua influência na Lei se faz visível, pois houve melhora no provimento de infraestrutura e equipamentos

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comunitários, especialmente nas áreas demarcadas como APIP, onde os polos econômicos foram consolidados e a ocupação das APOs foi naturalmente intensificada. As ANIPs, porém, continuam com um processo de ocupação esparsa e, para garantia de condições de cidadania aos moradores, investimentos em infraestrutura e equipamentos são necessários, inclusive pelo fato dos loteamentos ao Sul, próximos à Serra das Areias, não terem fácil integração com as áreas mais consolidadas. A maioria das glebas, ADEs, com exceção dos polos econômicos, ainda se encontra desocupada. Nas AIOs, de acordo com o Mapa de Vazios (Prefeitura Municipal, 2013), também não se percebe significativa quantidade de áreas construídas, e sim, áreas de preservação permanente desmatadas e utilizadas como hortas ou pastagens. As ACAs seguem com baixa ocupação, à exceção do Polo Empresarial Goiás e de bairros como Papillon e Veiga Jardim. São áreas de ótima localização e ainda desassistidas em termo de infraestrutura.

Talvez a maior tradução dos preceitos do planejamento estratégico do PDP 2002 – concomitantemente à POCDE e à Lei de Zoneamento - tenha sido o reconhecimento das “vantagens locacionais” de Aparecida em relação ao trânsito de pessoas, bens e mercadorias, o que delineou o perfil de “polo industrial” que o município assumiu na última década, viabilizado por investimentos públicos e solidificação da imagem de “terra de oportunidades”. A concepção original do planejamento estratégico é calcada na oferta de atributos valorizados pelos grandes empreendedores econômicos, tais como os parques industriais e tecnológicos, espaços para convenções e feiras e torres de comunicação e comércio, por exemplo (VAINER, 2002). Aparecida, após uma década de incentivo aos loteamentos industriais17, parece adentrar em uma nova fase de desenvolvimento e atração de investidores através da implantação dos futuros e imponentes equipamentos e infraestruturas: Campus da UFG, aeroporto, Shopping

Center e novo traçado da BR-153. É mister, porém, compatibilizar o acesso da população aos serviços urbanos e fomentar também as microeconomias no território municipal.

3.11.4. Lei nº 005 de 2002 - Zoneamento, Uso e Ocupação do Solo

O zoneamento é um instrumento amplamente utilizado nos planos diretores. Constitui-se basicamente na divisão do território em diferentes áreas – ou zonas – sobre as quais incidem critérios de permissão à existência de determinados usos e da forma de ocupação do solo por parte das edificações. Um dos principais objetivos deste instrumento é a minimização dos conflitos entre atividades, sendo que para tanto, podem ser aplicados diferentes mecanismos de zoneamento:

Limitações por zonas – as atividades são classificadas por natureza (habitações, comércio, equipamentos, indústrias, entre outras) sendo que, para cada zona, é

17 Os principais polos industriais de Aparecida são o DIMAG (Distrito Industrial do Município de Aparecida de Goiânia); o DAIAG (Distrito Agroindustrial de aparecida de Goiânia); o Polo Empresarial Goiás (localizado na Região Administrativa Papillon), e o Parque Industrial Aparecida.

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definida a possibilidade de abrigar ou restringir total ou parcialmente a presença dos usos;

Regulação paramétrica – permissão ou proibição da implantação de uma atividade em função de um parâmetro de incomodidade que pode ser compatível ou não com a zona ou local em que se deseja sua implantação;

Limitações por sistema viário – permite a instalação de uma atividade de acordo com a capacidade de suporte da via em que se solicita sua implantação (SABOYA, 2007).

A Lei de Zoneamento, Uso e Ocupação do Solo de Aparecida de Goiânia disciplina a distribuição das habitações, dos comércios, dos estabelecimentos de prestação de serviços, das indústrias e dos equipamentos comunitários, denominados, na Lei, equipamentos de atendimento público. Cada um destes usos possui subclassificações quanto ao porte e à abrangência, a saber:

• Habitação – unifamiliar, geminada, seriada e coletiva.

• Comércio Varejista – local, de bairros, sub-regional e geral.

• Comércio Atacadista – micro porte, pequeno porte, médio porte e grande porte.

• Prestação de Serviços – local, de bairro, sub-regional e geral.

• Atendimento Coletivo - micro porte, pequeno porte, médio porte e grande porte.

• Indústrias – inofensiva, incômoda e especial. O grau de incomodidade das indústrias deve ser combinado à área do estabelecimento, que vai de micro a grande porte.

Para cada zona estabelecida, há uma relação de usos “conformes”, ou seja, aqueles permitidos e desejáveis para a configuração espacial, assim como os usos “admissíveis”, cuja natureza por apresentar algum conflito com as características da zona devem, portanto, ser objeto de análise individualizada pelo órgão público.

A forma de ocupação dos lotes é orientada pela aplicação de índices urbanísticos tradicionais: área mínima e fração ideal do lote, coeficiente de aproveitamento, taxas de ocupação e permeabilidade e recuos para com a testada e as divisas. Não há definição de um lote máximo e do gabarito das construções. A restrição de altura se dá em função do aumento progressivo dos afastamentos em relação às divisas à medida que aumenta o número de pavimentos.

São estabelecidas na Lei uma zona rural e 14 zonas urbanas agrupadas em zonas residenciais, mistas, de proteção ambiental e de atividades econômicas e industriais.

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TABELA 3 - ZONAS E INDICES URBANÍSTICOS

ZONEAMENTO

ÁR

EA

DO

LO

TE

CO

EF

ICIE

NT

E D

E

AP

RO

VE

ITA

ME

NT

O

ÍND

ICE

DE

OC

UP

ÃO

ÍND

ICE

DE

PE

RM

EA

BIL

IDA

DE

ZRBD Zona Residencial de Baixa Densidade 360 m² 1 50 30

ZRMD Zona Residencial de Média Densidade 360 m² 2 50 30

ZRAD Zona Residencial de Alta Densidade 360 m² 4 70 30

ZMBD Zona Mista de Baixa Densidade 360 m² 1,5 70 30

ZMMD Zona Mista de Média Densidade 360 m² 2 70 30 – chegam ao valor 3 na

ZAE 1 Zona de Atividade Econômica 1 1000 m² 2 70 30

ZAE 2 Zona de Atividade Econômica 2 500 m² 3 70 30

ZI Zona Industrial 1000 m² 1,5 70 30

ZIR Zona da Influência da Rodovia e Anel Viário 720 m² 2 70 30

ZPA 1 Zona de Proteção Ambiental 1 - - 0 100

ZPA 2 Zona de Proteção Ambiental 2 - - 10 90

ZPA 3 Zona de Proteção Ambiental 3 360 m² 0,7 35 40

ZPA 4 Zona de Proteção Ambiental 4 - 0,1 50 m² 50

ZDR Zona de Desenvolvimento Rural 20000 m² - - -

Fonte: Plano Diretor Participativo, 2002. Adaptado por: Ambiens Cooperativa, 2014.

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FIGURA 11 - ZONEAMENTO – PDP 2002.

Fonte: Prefeitura Municipal de Aparecida, 2002. Adaptado por Ambiens Cooperativa, 2014.

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FIGURA 12 - ZONEAMENTO - ALTERAÇÃO 2008

Fonte: Prefeitura Municipal de Aparecida, 2002. Adaptado por Ambiens Cooperativa, 2014.

70

3.11.4.1. POCDE e Zonas específicas

Há correspondências entre algumas zonas com as áreas-programa da POCDE. Às AIOs, Áreas Impróprias para Ocupação, correspondem às quatro zonas de proteção ambiental. As ZPAs II e IV abrangem as áreas de conservação e os parques, espaços de lazer e canteiros. Já a ZPA I e a ZPA III correspondem, respectivamente, às áreas de preservação permanente ao longo das margens dos corpos hídricos e a uma faixa contígua à APP que compreende uma “área de amortecimento” onde se permite a ocupação de baixa densidade, com exceção de usos potencialmente poluidores. Cabe mencionar que a ZPA I é mais restritiva do que o Código Florestal, uma vez que exige a preservação permanente de 50 metros a partir das margens dos cursos d'água. As ZPAs possuem suma importância, uma vez que boa parte dos fundos de vale urbanos foi parcelada e possui um histórico de erosão e presença de atividades inadequadas, como hortas e pesque pague. De qualquer maneira, não se observa significativa presença de edificações sobre as ZPAs. Outra sobreposição entre as leis ocorre nas denominadas Zonas e Áreas de Desenvolvimento Estratégico, as quais demarcam a especial situação das glebas vazias e subutilizadas. A urbanização das ZDEs deve ocorrer de forma a reverter seu papel de espaço residual, segregador e especulativo em oportunidade para a consecução de melhorias no espaço urbano.

Algumas das APIPs, Áreas Prioritárias para Investimentos Públicos, correspondem às zonas de “Atividade Econômica I e II”, “Industrial” e de “Influência da Rodovia e Anel Viário” nas quais se permite ou admite a instalação de comércio, prestação de serviços, indústrias e atendimento coletivo. Nestas zonas estão os principais espaços produtivos do município, como o Polo Empresarial Goiás, o DAIAG, o DIMAG e as indústrias e centros de logística situados às margens da Rodovia Federal e do Anel Viário. Os índices urbanísticos privilegiam os estabelecimentos de grande porte, pois os coeficientes de aproveitamento são altos – na ZAE 2 o coeficiente equivale à construção de até três vezes a área do lote – e não há limite para o a área máxima do lote em questão. As habitações são proibidas nas zonas supracitadas. Embora esta restrição leve em consideração critérios de incomodidade, a dificuldade de acesso aos empregos gerados pela atividade industrial por parte dos trabalhadores foi um tema levantado nas reuniões comunitárias. As grandes dimensões das quadras dos loteamentos produtivos associadas à distância das moradias e à insuficiência do sistema de transporte coletivo corroboram esta percepção.

3.11.4.2. Zonas Residenciais e Mistas

O zoneamento urbano, de maneira geral, é estruturado em zonas residenciais e mistas. A maior parte do território é classificada como Zona Residencial de Baixa Densidade, ou seja, o coeficiente de aproveitamento “1” sobre um lote mínimo de 360m² é o índice básico estipulado para o município. Os lotes lindeiros aos principais eixos viários e o Centro Tradicional são demarcados como zonas mistas de baixa ou média densidade, cuja variação depende da complexidade e da localização da via. Por exemplo, a área conurbada ao Norte possui uma maior incidência de ZMMD em

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relação às porções central e Sul do município. Algumas quadras contíguas e entroncamentos de vias determinados como zonas mistas recebem a mesma classificação ou então, são considerados Zonas Residenciais de Média Densidade. A distribuição das zonas mistas endossa as centralidades de Aparecida.

Todas as zonas classificadas como residenciais e mistas permitem a coexistência de habitação e atividades econômicas, pois a variação se dá através das subclassificações relacionadas à abrangência e ao porte das edificações. Em relação aos índices urbanísticos, verifica-se um aumento gradual do coeficiente de aproveitamento e da taxa de ocupação entre as zonas de baixas e médias densidades.

Em relação às ZRBD, ZRMD, ZMBD, ZMMD – que configuram o zoneamento preponderante da área urbana – algumas questões devem ser consideradas: i) parte das zonas mistas está delimitada como um polígono traçado ao redor de lotes lindeiros a vias específicas, critério que se fragiliza com as unificações e subdivisões destes lotes; ii) a relação de atividades conformes e admissíveis não possui grandes discrepâncias entre estas quatro zonas; iii) embora os índices das zonas mistas sejam restritivos e prevejam afastamentos mínimos, além de taxas de ocupação e permeabilidade de 30% e 70% respectivamente, é evidente o desrespeito a estes parâmetros por parte de inúmeros estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, cuja realidade é a ocupação quase integral do lote, quando não das calçadas. Cabe analisar a possibilidade de agrupamento – ainda que parcial – destas quatro zonas e a complementação da análise de determinados usos via Estudo de Impacto de Vizinhança e capacidade de suporte do sistema viário. Durante as reuniões comunitárias foi mencionada a dificuldade de compreensão e aplicação da Lei vigente em função tanto do grau de detalhamento quanto da pouca variação entre as zonas em relação aos parâmetros e aos usos conformes e admissíveis. Uma maior flexibilização de alguns índices também poderia estimular o crescimento de atividades econômicas no interior dos bairros residenciais, para além das vias principais. Alcançar este patamar, porém, presume que a política de ordenamento territorial é coadjuvante de um consistente processo de desenvolvimento socioeconômico municipal.

A Zona Residencial de Alta Densidade possui coeficiente “4”, o mais alto valor estipulado para o município e demarca áreas localizadas no extremo Norte. Com a expansão da infraestrutura da área conurbada na última década, a verticalização parece ter ultrapassado as áreas inicialmente previstas ZRAD, principalmente a Leste da BR-153. Assim, o Zoneamento endossou a valorização da terra nos setores próximos a Goiânia (CAMILO, 2014)18.

18 O Plano Diretor vigente de Goiânia, Lei n° 171 de 2007, considera a Avenida Rio Verde – divisa Norte-Sul entre a Capital e Aparecida – como “eixo de desenvolvimento econômico” e no seu entorno as zonas são grafadas como “áreas adensáveis” e “áreas de adensamento básico”, cujo resultado espacial se traduz na verticalização e na expressão das atividades econômicas, ou seja, há coerência entre os dois municípios. No mapa intitulado “Programas Especiais” a região Sudoeste de Goiânia, ao longo da GO-

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A correspondência entre as zonas residenciais e mistas com a POCDE ocorre na sobreposição de alguns locais classificados como aptos à média e alta densidade com as APOs, Áreas Prioritárias de Ocupação.

Embora a política de ordenamento territorial de Aparecida conte com poucos instrumentos oriundos do Estatuto da Cidade regulamentados, a instituição da Lei de AEIS e a Outorga Onerosa do Direito de Construir possuem extrema relevância na produção do espaço. Conforme mencionado no item 3.2 – Ocupação dos lotes e verticalização, a divisão em frações ideais do lote básico para fins habitacionais constitui-se na mais recorrente solicitação de alvarás de construção perante a Secretaria Municipal de Regulação Urbana. As taxas advindas da Outorga Onerosa, que pode ser aplicadas às zonas cujo coeficiente de aproveitamento é maior que “1”, apresentaram crescimento significativo nos últimos anos. . A outorga e o aumento dos índices urbanísticos permitido pela Lei de AEIS são compatíveis com as demandas do mercado imobiliário formal e dos programas habitacionais.

Outro indicador da existência e das demandas do mercado imobiliário foi a alteração sofrida pela Lei de Zoneamento no ano de 2008 - Lei Complementar nº005 -, objeto de uma ação de inconstitucionalidade por parte do Ministério Público de Goiás, em função da ausência de um processo participativo e por não estar vinculada a um plano diretor e tampouco ter sido embasada em estudos técnicos. Basicamente, foi ampliada a extensão das áreas grafadas como zonas residenciais de média e alta densidades (que possuem maiores coeficientes de aproveitamento). Foram também demarcadas novas zonas de “Desenvolvimento Estratégico” fora do perímetro urbano, conforme demonstrado na Figura 12, Mapa de Zoneamento - Alteração de 2008. No ano de 2012 houve nova alteração, sendo que nesta ocasião o objeto foi a redução da Zona de Proteção Ambiental III - faixa de amortecimento lindeira às APPs dos corpos hídricos - de 100 metros para 50 metros.

3.11.5. Lei Municipal nº 2250 de 2002 – Parcelamento do Solo

A Lei Municipal nº 2.250, que regulamenta o processo de registro de loteamentos, desmembramentos e remanejamentos, tem como base a Lei Federal nº 6.766 de 1979 e sua alteração, a Lei n° 9.785 de 1999, que dispõe sobre o Parcelamento do Solo. Porém, com o intuito de corrigir ou direcionar alguns aspectos da configuração urbana de Aparecida de Goiânia, o documento apresenta alguns pontos que merecem destaque:

1. Há integração com a Lei da POCDE quando da especificação dos casos em que não serão permitidos novos loteamentos em locais “fora das Áreas de Desenvolvimento Estratégico, definidas na Lei de Política de Ordenação para o Crescimento e Desenvolvimento Estratégico, enquanto a ocupação não atingir 85% (oitenta e cinco por cento) dos lotes existentes no município”. Poucos

040, há áreas destinadas para “programas especiais de interesse social”, também compatível com o tipo de ocupação dos loteamentos de Aparecida situados próximos à rodovia estadual. Fonte: SEPLAM, Prefeitura Municipal de Goiânia, PD 2007.

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loteamentos foram aprovados após a sanção do PDP, uma vez que se aproveitaram períodos de final de mandato para encaminhamento dos projetos. A ocupação dos loteamentos existentes ainda não chegou, porém, no índice pretendido, embora as ADOs continuem vazias.

2. A Lei proíbe o parcelamento “em áreas lindeiras de rodovias, dutos e linhas de transmissão, numa faixa mínima, de 30 (trinta) metros de cada lado.” Apesar desta exigência depender da regulamentação via lei específica, de maneira geral há um respeito pelas distâncias demandadas pelas infraestruturas energéticas, uma vez que várias linhas de transmissão se encontram canteiros centrais de vias de caixas maiores. Chama a atenção aqui a maior restrição proposta pela lei municipal, já que a lei federal exige uma faixa mínima de quinze metros. Na prática, porém, são obedecidas as faixas de domínio estabelecidas pelas concessionárias.

3. Na definição do termo “quadra” é especificada a dimensão máxima de 250 metros para os lados do polígono. Importante menção, uma vez que o processo histórico de parcelamento do solo em Aparecida foi calcado na máxima obtenção do número de lotes. Dentre outros problemas, como a produção de lotes sobre áreas de preservação, o referido método gerou quadras demasiado grandes em alguns loteamentos, o que dificulta o trânsito de pedestres. A Lei nº 2.250 solicita também que as quadras com mais de 250 metros de comprimento ou largura deverão criar passagens para travessia de pedestres, com, no mínimo, 6 metros de largura. Essas passagens poderão ser espaçadas entre si em, no máximo, 250 metros. Cabe analisar a possibilidade de aberturas de vias ou passagens transversais em loteamentos existentes.

4. Assim como na Lei Federal, há um trâmite que estabelece uma sequência para aprovação do empreendimento. A primeira fase é denominada “Parecer de Viabilidade e Diretrizes para o Projeto de Loteamento” e traz a solicitação dos critérios urbanísticos presentes na referida Lei nº 6.766, como a exigência de integração com a malha urbana existente, a indicação do zoneamento e a demarcação dos equipamentos existentes nas adjacências do loteamento em uma faixa de 1000 metros lindeira à gleba. A segregação do território aparecidense se deu justamente pelo não cumprimento destes critérios, embora boa parte do município tenha sido parcelada anteriormente ao advento da Lei. Ainda assim, a significativa quantidade de glebas vazias e subutilizadas torna fundamental a incorporação destas exigências.

5. No Artigo 13o fica estabelecida, quando da emissão do “Decreto de Criação do Loteamento” pelo órgão público competente, a carência de ITU, de um a dois anos, de todos os imóveis do loteamento. Esta redução do ITU é um incentivo ao empreendedor, uma vez que o tributo incide sobre lotes vazios.

6. A Lei Municipal demanda valores maiores do que aqueles exigidos por Lei Federal para a doação de terras, a saber: 40% da área total para ser parcelada na forma de vias de circulação (10%), áreas verdes (20%) e áreas públicas municipais (5%). Os loteamentos devem disponibilizar no mínimo 15% dos lotes para o Banco de Lotes da Prefeitura, fator hoje aplicado para empreendimentos que possuem área a partir de 3000m². Estes valores foram alterados na redação da Lei nº058 de 2012 para: sistema viário (20%), áreas verdes (5%), áreas institucionais (10%) e 5% como áreas remanejáveis.

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7. A Lei 6.766 recomenda que, em caso de loteamento a ser criado em área de município pertencente à Região Metropolitana, sua aprovação seja conduzida por órgão de planejamento com autoridade metropolitana, fato que ainda não ocorre na Região Metropolitana de Goiânia. O Artigo 10o trata de pedido de encaminhamento da autorização da implantação do loteamento junto à Câmara Municipal, item interpretado como decorrente da pouca estruturação institucional na época da elaboração do PDP.

8. O Artigo 43 traz a possibilidade de revogação da aprovação dos loteamentos não executados dentro do prazo pré-determinado ou no caso de alterações de projeto em descumprimento com a Lei. O artigo se aplica em Aparecida, pois há parcelamentos demarcados em base cartográfica que não foram executados dentro do prazo original.

Tem-se, portanto, que a lei apresenta, basicamente, os critérios oriundos da legislação federal, porém, com certas adequações voltadas à realidade local. Através deste instrumento, podem-se evitar os erros do passado sobre as glebas vazias e subutilizadas e as áreas de expansão urbana.

3.12. VAZIOS URBANOS

Este trabalho faz parte do conjunto de estudos realizados para a compreensão da elaboração do Plano Diretor de Aparecida de Goiânia. A pesquisa está composta de duas fases. A primeira é baseada nas informações existentes na Prefeitura para o lançamento de tributos, licenciamentos municipais e entrevistas. A outra parte trata do levantamento de campo com visitas que visam classificar os diversos tipos de vazios produzidos ao longo do tempo, relacionados aos valores da terra, uso e ocupação do solo e densidade construtiva, associados à busca de matrículas existentes de áreas tituladas perante o Oficial de Registro de Imóveis do município. Utilizaram-se também mapas, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), levantamento in

loco, material aerofotogramétrico e arquivo fotográfico.

O desenvolvimento do Município de Aparecida de Goiânia percorreu o caminho de muitos outros no centro-oeste brasileiro. Principalmente após a transferência da capital do Rio de Janeiro para Brasília em 1960. Com a ocupação houve a interiorização do crescimento populacional, e o entorno das principais cidades, leia-se capitais, serviram como ponto de atração econômica e populacional, em que, com o crescimento econômico e a especulação imobiliária significaram o redirecionamento da população para as margens destas cidades polos.

Essas questões são fundamentais para o planejamento urbano, pois, o gerenciamento de uma cidade deve levar em conta dados da legislação, infraestrutura, segurança, ordenamento espacial, geomorfologia, entre outros que definem a ocupação territorial, considerando o seu histórico e o contexto no qual o município está inserido.

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A fundação da cidade de Aparecida surge da doação de terras de fazendeiros para uma comunidade religiosa em 1922, e que foi alvo de inúmeros assentamentos promovidos em 1963 pelo próprio governo estadual, o que significou um dos maiores índices de crescimento populacional na época. Este crescimento acelerou a criação de muitos loteamentos, alguns autorizados, alguns irregulares, e outros que ainda não finalizaram o processo formal, pulverizados pelas mais diversas áreas do município, muitas vezes em locais inadequados ambientalmente e outras vezes sem os mínimos requisitos de urbanidade. Essa forma de parcelar a terra significou a criação de espaços disponíveis entre os parcelamentos, o que pode apontar para uma das causas de geração de vazios urbanos.

Sendo possíveis várias categorizações sobre vazios urbanos, a utilizada neste trabalho foi estabelecida a partir dos princípios expostos por dois autores: Villaça e Alvarez. De acordo com VILLAÇA (1983) é possível compreender os vazios urbanos como "enormes extensões de áreas urbanas equipadas ou semi-equipadas, com grandes quantidades de glebas e lotes vagos", e, segundo ALVAREZ (1994), o vazio urbano se dá a partir do “processo de produção e reprodução das parcelas da cidade que não estão sendo utilizadas”. Essas parcelas de terra são assim compreendidas uma vez que a busca pela otimização e ocupação territorial de uma cidade passa pela perspectiva de custos de viabilidade acompanhados dos impactos sociais, econômicos e ambientais. Também é necessário considerar que o avanço da expansão urbana sobre a área rural causa o aumento da mancha urbana, criando assim a valorização do parcelamento desta parcela de terras.

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FIGURA 13 - MANCHA URBANA

Fonte: Prefeitura Municipal de Aparecida. Adaptado por Ambiens Cooperativa, 2014.

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No Município de Aparecida de Goiânia, observa-se que o crescimento foi difuso e disperso, com a criação de loteamentos esparsos em toda a extensão territorial, onde é frequente encontrarmos insuficiência de fornecimento de água e energia, acompanhadas de ruas sem pavimentação e rede de coleta de esgoto, provocando o desestímulo a sua ocupação. Essa realidade gera um dos tipos de vazios urbanos, que são os lotes vagos em áreas desvalorizadas economicamente.

Contribuindo para a formação da perspectiva histórica do município, podemos indicar também o conceito instituído por NUNO PORTAS (2000), onde o vazio urbano é uma expressão ambígua, “até porque a terra pode não estar literalmente vazia, mas encontrar-se simplesmente desvalorizada com potencialidade de reutilização para outros destinos, mais ou menos cheios”. E com isso, incluem-se aqui no significado de vazios urbanos termos como: terrenos ou lotes vagos, terras especulativas, terras devolutas, terrenos subaproveitados, áreas de doação e construções vagas ou degradadas.

Com base nos entendimentos diversos sobre vazios urbanos, trataremos do vazio urbano em Aparecida de Goiânia, relacionando-os com a propriedade urbana, regular ou irregular, associando os atributos de uso, função, localização e ocupação para construir a categoria de análise principal, com a finalidade de indicar uma alternativa plausível para o estudo do melhor aproveitamento desses espaços.

Nesse sentido, foram delimitados como vazios urbanos as áreas correspondentes à metragem igual ou superior a 10.000,00 metros quadrados. Não se quer dizer com isso que não existam áreas ou lotes menores, também vazios e, em quantidade considerável, mas, do ponto de vista da ação pública, há diferenças relativas aos instrumentos a serem utilizados em virtude de uma ou outra situação, e interesse da Administração Pública, considerada a relevância de tais áreas do ponto de vista urbanístico da priorização da ação sobre os imóveis que apresentem como característica determinado tamanho. Tal fator está relacionado à possibilidade de remanejamentos habitacionais ou utilização adequada para funções sociais por parte do poder publico e controle sobre a especulação imobiliária e melhor aproveitamento de infraestrutura existente.

As bases aqui expostas e que fundamentaram a compreensão do sentido de vazio urbano, além de serem teoricamente fundadas, também vão ao encontro do que determina a legislação no que diz respeito ao controle e ao aproveitamento do solo urbano, na Constituição de 1988 e nas demais legislações infraconstitucionais, de modo que a retenção especulativa do solo urbano se configura como prática ilícita, devendo o poder público garantir o controle e o melhor aproveitamento dos bens do município.

Por meio da leitura gráfica e histórica da produção do solo urbano em Aparecida de Goiânia, é possível identificar os principais elementos que definiram uma relação entre a morfologia espacial e social, em um marco de tempo considerado nos últimos 30 anos (quando ocorreu o incremento dos vazios).

De acordo com o mapa produzido em março de 2013, pela Secretaria Municipal de Planejamento, o município possui 67% da sua área dentro do perímetro urbano, sendo

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apenas 33% relativas à área rural. Tal situação variou ao longo da sua história, pois, devido a exacerbação do movimento de criação de inúmeros loteamentos durante as décadas de 60 e 70 o perímetro urbano foi alterado para mais, alcançada quase a totalidade da área do seu território, corrigido posteriormente, em 1985. Atualmente o município possui as proporções demonstradas no quadro abaixo.

TABELA 4 - PORCENTAGEM DE VAZIOS E LOTES VAGOS

ÁREA KM2 %

Área do município 291,13 100%

Perímetro urbano 194,16 67%

Área rural 96,97 33%

Glebas área rural 60,59 21%

Glebas área urbana 27,93 10%

Lote Serra das Areias 2,36 1%

Total de lotes vazios 48,61 17%

Total de lotes ocupados 64,00 22%

Fonte: SEPLAN, 2013.

A proporcionalidade das áreas caracterizadas como vazios urbanos que são encontradas no Município de Aparecida de Goiânia indicam que são imóveis vazios de propriedade e tamanhos variados, muitas vezes inseridos na malha urbana, entre grandes loteamentos já consolidados. A análise indica que existe uma quantidade relativamente importante de terras vazias em condições urbano-ambientais capazes de acolher atividades residenciais ou produtivas destinadas à indústria ou mesmo para o setor agrícola primário, que muitas vezes são compatíveis com as necessidades da população para atender às demandas socais.

Uma parte dessas áreas vazias, pelas características de urbanização do seu entorno, pode ser considerada não aproveitada ou aproveitada insuficientemente. A outra parte, aquela com riscos de inundação, erosão, contaminação, fica excluída da possibilidade de ocupação, a menos que se realizem investimentos voltados à sua preservação. Sendo assim, nem todas as áreas não utilizadas com mais de 10.000 metros quadrados são consideradas vazios urbanos, pois, áreas com relevante interesse ambiental podem assumir o papel de reservas ambientais vinculadas, dessa forma, à sustentabilidade urbana.

Até o momento, analisando o mapa que indica a localização dos principais espaços não ocupados inseridos no perímetro urbano, foi possível verificar alguns dos aspectos da dinâmica de valorização do solo urbano que, por consequência, implicam diretamente na fundamentação dos vazios urbanos.

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Em relação à compreensão dos vazios urbanos, para além da questão do uso, é possível identificar questões referentes às titularidades. Nesse sentido, de acordo com os levantamentos realizados, é possível identificar determinados perfis proprietários das terras urbanas não utilizadas: i) agentes que produziram lícita ou ilicitamente a divisão e parcelamento da terra urbana; ii) pequenos proprietários que puderam comprar, mas não conseguiram ocupar; iii) agentes que compraram visando a valorização; iv) proprietários agrícolas; e v) o Estado e outras instituições com suas políticas próprias.

A indicação que será realizada dos vazios urbanos busca compreender, de modo mais direto, o não uso de bens que podem ser aproveitados e que, ao serem mantidos sem aproveitamento, significam ônus ao município e à população. É com base nesta leitura que será apresentado o Quadro Geral dos Vazios Urbanos no Município de Aparecida de Goiânia. Assim, a partir dos efeitos relacionados aos vazios urbanos, será possível identificar as melhores alternativas de aproveitamento de tais áreas e a priorização da ação pública sobre das mesmas.

São analisados nos vazios, além da identificação das glebas que estão localizadas no perímetro urbano e que apresentam área igual ou superior à 10.000 metros quadrados, a leitura geral sobre as titularidades com a indicação dos tipos de proprietários, a metragem geral de vazios no município, a leitura por regiões administrativas da quantidade de vazios localizados nas respectivas áreas, a análise sobre os efeitos dos vazios sobre cada área de região administrativa.

A análise dos vazios ocorrerá na sequência do desenvolvimento das atividades como produto autônomo.

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4. MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE

O tópico meio ambiente e sustentabilidade tem por objetivo analisar as condições dos bens socioambientais, comuns a todos os cidadãos, do Município de Aparecida de Goiânia, assim como, discutir sobre os condicionantes e a qualidade ambiental que tem interferência na expansão urbana, à luz de uma perspectiva de gestão pública do espaço urbano e rural. Sendo assim, a dimensão busca uma análise sobre as condições socioespaciais que são produzidas na relação entre a constituição do espaço urbano com o uso da terra, águas, vegetação e até mesmo ar.

Enquanto metodologia para análise do conteúdo proposto será utilizado em grande parte os dados secundários, oriundos de documentos públicos disponíveis para consulta, verificação de campo e os relatórios de eventos públicos.

O conteúdo discutido será dividido em: i) paisagens e bens socioambientais, ii) fragilidades ambientais, iii) qualidade ambiental iv) gestão ambiental do município.

4.1. PAISAGENS E BENS SOCIOAMBIENTAIS

O Meio Ambiente Natural é entendido, legalmente, como o “conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”19, ou seja, configurando como todas as coisas e fatores externos a indivíduos ou populações de indivíduos. Em uma visão mais ampla do termo, pode-se definir como “interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas” 20.

Assim sendo, para tratar sobre esta complexidade adotou-se aqui o conceito de paisagem, que segundo Augustin Berque apud Osek & Pelleguine, “(...) é a expressão sensível de uma mediância. Esta, por sua vez revela o sentido da relação de uma sociedade com seu meio ambiente” (OSEK & PELLEGUINE, 2004). Ou seja, a paisagem retrata, nesse sentido, o ambiente construído e modificado no tempo, assim como, a interação social/cultural com este espaço.

A paisagem do município de Aparecida de Goiânia se constitui por fragmentos vegetais isolados situados, principalmente, em fundos de vales e em alguns dos vazios urbanos característicos do município. Mesmo com esta conformação de um espaço urbano produzido de forma fragmentada e espraiada, são poucas as áreas verdes com expressão dentro do perímetro urbano. Entretanto, por ser um município

19 Política Nacional de Meio Ambiente (lei 6.938/81) 20 José Afonso da Silva. Direito ambiental constitucional, cit., p 20.

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com ampla irrigação por córregos e rios, o qual estipulou limites de uso e ocupação de até 100 metros nas margens desses elementos naturais, ainda hoje coexistem pequenas áreas de vegetação e espaço construído que são internas ao perímetro urbano.

A irrigação hídrica marca a paisagem do município, pela quantidade de córregos e rios que interferem diretamente na paisagem local. Esses cursos de água interferiram de forma natural na conformação do uso e ocupação do solo, pois, foi onde o processo de ocupação teve menor interferência. Porém, segundo relatos das reuniões setoriais e visita de campo, muitas construções estão em áreas irregulares, nas margens de córregos ou sobre nascentes, destacando um crescimento desordenado de áreas loteadas, vendidas e ocupadas. Cabe afirmar que tais áreas são consideradas frágeis devido a pouca cobertura vegetal, assim como pela estrutura do solo, que é suscetível à erosão, como se discutirá posteriormente.

Originalmente, como descrito no tópico “evolução da ocupação”, a região onde hoje está localizada a sede do município era constituída por vegetação de cerrado, posteriormente uma fazenda e então um povoado. Em sua especificidade, o Cerrado encontrado no município apresenta um tipo intermediário de vegetação, não sendo nem floresta nem campo, ou seja, essencialmente um tipo arbóreo e arbustivo. É em geral estratificado, conformando em um só estrato as árvores com os arbustos e semi-arbustos, com a denominação técnica de “Estrato Arbóreo-arbustivo” (MANTOVANI, 1983), nem sempre sendo fácil fazer a separação entre árvores de arbustos (RIZZINI, 1979).

Ainda, ao relacionar o uso do solo com a cobertura vegetal, uma área importante no município diz respeito a Serra das Areias21, demarcada como unidade de conservação, a qual está passando por um processo de recategorização e estudo de limites. A Serra das Areias marca o território do município com exemplares típicos de cerrado. Mais que isso, ela se constitui em um conflito já que, por um lado, é entendida como o principal bem socioambiental22 do município e, por outro, como um limite de crescimento e uso de loteamentos já demarcados.

Além deste bem socioambiental, que passa por um processo de institucionalização, são poucas as outras áreas ou características ambientais que atualmente fazem parte do simbólico dos munícipes23, no que diz respeito à proteção ambiental. Apenas alguns rios e bosques, que já sofreram muitas modificações pela forma de ocupação, foram elencados como importantes no contexto municipal. Sobre este se destaca que, em grande parte, estes bens são relacionados a problemas ou fragilidades ambientais.

Neste aspecto cabe ressaltar ainda a baixa arborização urbana que, apesar de não existirem dados quantitativos sobre este aspecto, foi uma questão levantada pela

21 Lei nº 2.018, de 23 de novembro de 1999. 22 O qual entende que: “enquanto o patrimônio natural é a garantia de sobrevivência física da humanidade,

que necessita do ecossistema para viver, o patrimônio cultural é a garantia de sobrevivência social dos povos, porque é produto e testemunho de sua vida” (SOUZA FILHO, 1999, p.21).

23 Segundo relato das oficinas territoriais que ocorreram de 05 a 10 de maio de 2014.

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população nas oficinas setoriais24. A conjunção destas questões impõe ao município uma barreira a ser superada já que, com o aumento da área construída, adensamento populacional e a deficiência em áreas verdes, com o passar do tempo existirá uma interferência direta na qualidade de vida, qualidade do ar e formação de bolsões de calor (microclimas).

Outra questão importante ao relacionar a paisagem urbana diz respeito à porção construída. A falta de regulação25 sobre as publicidades na frente dos empreendimentos comerciais é uma problemática visível, sendo que não existe nenhuma padronização ou limite que regule o tamanho das placas de divulgação dos empreendimentos comerciais. Isso tem gerado a proliferação indiscriminada de “outdoors”, cartazes, luminosos e outras formas de propaganda, a qual é chamada genericamente de “poluição visual”. Embora controversa quanto aos prejuízos estéticos que podem causar ao meio urbano, por ser uma questão subjetiva que dependente de padrões culturais, esta merece atenção do poder público para garantia de uma qualidade ambiental da área urbana.

Desta forma destaca-se que, em grande medida, a produção do espaço urbano, no formato que se deu no município, sendo periferia de Goiânia e/ou cidade dormitório, não foi planejado no que tange à qualidade paisagística. Tal questão atualmente não é apenas estética, mas também impõe interferência direta na qualidade de vida dos moradores e qualidade ambiental.

24 Segundo relato das oficinas setoriais que ocorreram de 26/05 a 03/06 de 2014. 25 Mais recentemente SEMMA tem buscado a resolução desta problemática através da fiscalização e

licenciamento, procurado padronizar os painéis.

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FIGURA 14 - PAISAGEM MUNICIPAL

Fonte: Prefeitura Municipal de Aparecida. Adaptado por Ambiens Cooperativa, 2014.

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4.2. FRAGILIDADES AMBIENTAIS

Historicamente, o crescimento populacional das cidades se encontra diretamente relacionado à demanda por mão de obra e ao processo de migração do trabalhador rural para os centros urbanos. Entretanto, nem sempre esses centros urbanos possuem infraestrutura instalada para receber essa população migrante; planejamento adequado de seu território, para que os usos e ocupações se façam de maneira racional; ou mesmo sem que a infraestrutura criada, quando existente, venha a causar impactos e degradação ao meio ambiente.

Conforme já abordado no documento, mas de vital relevância para a análise que segue, observa-se que a crescente demanda por áreas de expansão urbana aliada à falta de planejamento faz com que o crescimento das cidades ocorra de forma desordenada, geralmente sobre áreas que não possuem capacidade de suporte. Como resultado da demanda por novos espaços para o assentamento da população migrante, tem-se a constante necessidade de expansão do perímetro urbano das cidades, sobretudo em áreas ainda não integradas fisicamente ao espaço urbano e principalmente ao planejamento urbano.

Segundo Carrijo e Baccaro (2000), são várias as consequências do processo de urbanização, como a instalação de loteamentos, a impermeabilização do solo pela construção civil, aumento da degradação ambiental decorrente da concentração da população em áreas urbanas.

Como resultado desse avanço da urbanização sobre o meio natural, de maneira desordenada, se observa a degradação progressiva de áreas de mananciais, pela implantação de loteamentos regulares e irregulares, a instalação de usos e índices de ocupação incompatíveis com a capacidade de suporte do meio natural.

Aparecida de Goiânia, como nos demais municípios de sua região vêm sofrendo com a pressão demográfica e a ocupação desregrada que estimulam a degradação ambiental. O modelo de ocupação do solo posto em prática, e a urbanização dispersa vêm acarretando o uso intensivo dos recursos naturais, afetado significativamente a qualidade do meio ambiente e um déficit no atendimento de infraestrutura urbana e saneamento ambiental.

Observa-se, ainda, no município que o crescimento urbano acelerado tem provocado ainda:

• Processos de erosão instalados em diversas regiões administrativas;

• Assoreamento dos cursos d’água;

• Exploração mineral muito próxima a loteamentos com ocupação residencial;

• Disposição do lixo de forma inadequada;

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• Disposição de resíduos de construção civil em áreas de preservação permanente;

• Um excesso de superfícies impermeabilizadas;

• Registros de áreas de alagamento em diversas regiões administrativas;

• Ocupação irregular das margens dos rios;

• Lançamento de esgotos nos cursos d’água.

Todos esses processos podem ser entendidos como degradação ambiental, ou seja, causadores de áreas degradadas. As áreas degradadas são aquelas que após sofrerem um distúrbio, tiveram eliminados seus meios de regeneração natural, apresentando baixa resiliência.

Segundo Reis et al. (1999), quando algum tipo de impacto, de ordem antrópica ou natural impede que determinada área retorne naturalmente ao seu estado original esta é considerada área degradada.

A degradação ambiental de uma determinada área pode estar relacionada a diversos fatores como: (i) manejo agrícola inadequado; (ii) remoção da cobertura vegetal do solo; (iii) perda dos horizontes superficiais de solo por causa de erosão ou mineração; dentre outros.

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FIGURA 15 - FRAGILIDADES AMBIENTAIS

Fonte: Prefeitura Municipal de Aparecida. Adaptado por Ambiens Cooperativa, 2014.

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4.3. EROSÕES

Uma das formas de degradação ambiental é o problema da erosão, que pode agravar ainda mais a situação na medida em que se desenvolve. No meio ambiente urbano a erosão pode ser desastrosa quando causa deslizamento de terras em encosta de morros e resultam e milhares de vítimas e desabrigados, provoca assoreamento de rios e córregos, causa isolamento de comunidades.

Segundo Freire (2006), na relação entre a natureza do solo e a urbanização, a natureza do solo se revela na salubridade das áreas urbanas, na poluição dos cursos d’água e na degradação estética do ambiente. Analisando o recorte – degradação estética do ambiente, uma das formas de observação desta degradação são os processos erosivos, que se manifestam nomeadamente na forma de sulcos, ravinas e voçorocas, que além de alterar negativamente a estética do meio ambiente afeta o solo, desagregando-o e tornando-o instável.

Em áreas urbanas dentre as principais consequências danosas da forma de produção e uso do solo, se tem o isolamento que a formação de voçorocas causa em certas regiões, e o principal agravante de situações como esta é o planejamento inadequado na execução de obras, principalmente de drenagem.

Segundo apresentado no Estudo Carta de Risco de Aparecida de Goiânia (2012) foram cadastrados processos erosivos em 96 pontos no município. O estudo baseou a classificação dos processos estabelecidos em seu tipo de origem, ou seja, as erosões geradas pela concentração de fluxo fluvial superficial, com a formação de sulcos, ravinas e voçorocas, instituindo uma graduação para a gravidade do processo, sendo a voçoroca considerada a situação mais grave. Já nas erosões provocadas pela ação fluvial ocorre a formação de feições de solapamento e anfiteatros.

Os principais fatores ativos de erosão identificados foram: (i) concentração de fluxo pluvial; (ii) fluxo fluvial com solapamentos das margens; e (iii) mistos, onde foi identificada a conjugação da concentração do fluxo das águas pluviais com o fluxo fluvial. Na concentração do fluxo pluvial os processos estão relacionados com a fragilidade dos solos somados a ocupação das áreas próximas às áreas de preservação permanente. Já no fluxo fluvial os processos erosivos observados estão associados ao desmatamento das margens dos rios e córregos, a ocupação irregular das áreas de preservação permanente, a falta de um sistema de drenagem, dentre outros fatores.

Segundo informações do Estudo de Risco de Aparecida (2012) foram mapeadas como áreas de maior susceptibilidade as Regiões Administrativas Papillon, Vila Brasília, Tiradentes e Cidade Livre. Essas são regiões com solos arenosos e com fragilidade em seu sistema de drenagem. As situações mais graves foram registradas nas Regiões Administrativas Papillon e Vila Brasília, com processos de formação de voçorocas e solapamentos nas margens do Córrego Santo Antônio com ruptura do asfalto na passagem deste pelo anel viário (Ver Mapa de Fragilidades Ambientais).

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As informações das oficinas participativas realizadas nas Regiões Administrativas confirmaram problemática da erosão e salientaram a situação na RA Garavelo onde a presença de processos avançados de erosão em algumas das vias públicas tem causado isolamento da área, pois esta dificulta a entrada do transporte público. Já na RA Papillon têm se instalado processos erosivos severos nas áreas de preservação permanente com destaque para as margens do Córrego Tamanduá. Ainda na RA Papillon, foi observado um processo avançado na divisa dos bairros Mansão e Paraíso com Bela Morada, que tem causado o assoreamento de córregos da região (Ver Mapa de Fragilidades Ambientais).

4.4. MINERAÇÃO

Das atividades de mineração merecem destaque no município a exploração das pedreiras, cujo principal minério é a brita, seguida da extração clandestina de areia. A exploração de brita ocorre de forma mais intensa na região nordeste do município, enquanto a extração de areia há registros de atividades nas regiões sudoeste e nordeste do município.

A mineração é considerada uma atividade altamente degradante para o meio ambiente, pois além de retirar a cobertura vegetal revolve o solo e expõe suas camadas mais profundas tornando mínima a possibilidade de recuperação das áreas afetadas, principalmente em regiões com as características geomorfológicas como Aparecida de Goiânia.

Dentre os principais problemas relacionados à exploração mineral pode-se listar:

• Assoreamento dos leitos dos rios por material de capeamento (solo vegetal e solo residual);

• Comprometimento dos lençóis freáticos;

• Utilização de monitores hidráulicos para efetuar desmonte da cobertura do solo;

• Carreando volumes enormes de lama para cursos de água, causando turbidez elevada nos cursos d’água;

• Degradação das áreas de preservação permanente não respeitando o que determina a legislação, não raro utilizando estas áreas como depósito de resíduos sólidos;

• Desprezo da terra fértil, quando da abertura de novas áreas de extração;

• Águas perenes e fluviais espraiando-se pelo pátio de obras;

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• Descaracterização do relevo e suscetibilidade a processos erosivos; e

• Não recuperação das áreas mineradas em conformidade com as exigências da legislação vigente, inclusive de lavras já abandonadas.

Alguns dos problemas acima listados já podem ser observados em córregos da Bacia do Santo Antônio e da Bacia do Saco Feio em Aparecida de Goiânia.

Conforme pode ser observado, em campo, a atividade de mineração de pedreiras, mas especificamente a retirada da brita, em Aparecida de Goiânia concentra-se na Região Administrativa de Santa Luzia situando-se a nordeste do território municipal. A exploração mineral é feita em quatro pedreiras, localizadas: (i) à margem do Córrego Santo Antônio na localidade Jardim dos Buritis; (ii) à margem do Córrego do Almeida e do Córrego Santo Antônio na localidade Loteamento Verde Vale; (iii) à margem das nascentes de dois afluentes do Córrego Santo Antônio na zona rural do município na sua porção nordeste; e (iv) na zona rural do município em sua porção leste, na divisa com a Região Administrativa Centro próximo ao Setor Buenos (Ver Mapa de Fragilidades Ambientais).

Já a extração de areia de aluviões (areia lavada), ocorre de maneira clandestina nas margens de córregos da Bacia do Santo Antônio, na Região Administrativa Tiradentes; Córrego Santo Antônio, na Região Administrativa Tiradentes e em córregos existentes na área do Setor Madre Germana II (APARECIDA, 2012).

4.5. SANEAMENTO AMBIENTAL

O Saneamento Ambiental sendo entendido como ações e práticas assumidas pela a sociedade que visam promover a qualidade e a melhoria do meio ambiente, contribuir para a saúde pública e bem-estar da população, cujo objetivo final é a manutenção ou recuperação da salubridade ambiental, por meio da redução dos impactos antrópicos nos ecossistemas.

O Saneamento Ambiental pode ser considerado um conceito mais amplo do Saneamento Básico, que conforme previsto na Lei Federal nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007, que estabelece as diretrizes nacionais para o Saneamento Básico prevê que a prestação de serviços públicos de saneamento deve englobar abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e ainda o manejo dos resíduos sólidos.

Segundo Albuquerque e Ferreira (2012), um dos mais importantes aspectos trazidos pelo marco regulatório do saneamento, a Lei Federal nº 11.445/2007, é a valorização do planejamento que deverá ser a linha mestra para o Brasil atingir a universalização do saneamento básico no território nacional.

O art. 19 da Lei Federal nº 11.445/2007 prevê a elaboração de um Plano Municipal de Saneamento Básico – PMSB pelos titulares do serviço, ou seja, pelos municípios, o qual deve abranger, no mínimo:

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(i) diagnóstico da situação e de seus impactos nas condições de vida, utilizando sistema de indicadores sanitários, epidemiológicos, ambientais e socioeconômicos e apontando as causas das deficiências detectadas;

(ii) objetivos e metas de curto, médio e longo prazos para a universalização, admitidas soluções graduais e progressivas, observando a compatibilidade com os demais planos setoriais;

(iii) programas, projetos e ações necessárias para atingir os objetivos e as metas, de modo compatível com os respectivos planos plurianuais e com outros planos governamentais correlatos, identificando possíveis fontes de financiamento;

(iv) ações para emergências e contingências; e

(v) mecanismos e procedimentos para a avaliação sistemática da eficiência e eficácia das ações programadas.

O Município de Aparecida de Goiânia em 2010 em atendimento ao que foi estabelecido pelo art. 19 da Lei Federal nº 11.445/2007 elaborou dois planos, o ‘Plano Municipal de Saneamento – Abastecimento de Água’ e o ‘Plano Municipal de Saneamento – Esgotamento Sanitário’ de Aparecida de Goiânia, cujo objetivo foi caracterizar as condições atuais dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário da sede do município e apontar diretrizes técnico-econômicas para a melhoria dos mesmos, visando a universalização e prestação adequada destes serviços. Elaborou também um Plano Diretor de Drenagem Urbana em 2011, que realizou uma investigação ampla no município e identificou e avaliou os impactos ambientais mais significativos do que afetam Aparecida de Goiânia.

4.6. ABASTECIMENTO DE ÁGUA POTÁVEL:

Segundo o estudo denominado Plano Municipal de Saneamento – Aparecida de Goiânia (2010), o município, como a maioria das grandes aglomerações urbanas não planejadas, apresenta problemas relacionados à disponibilidade e qualidade das águas de abastecimento público, sendo que parte da população tem sua demanda por abastecimento de água, atendida pela SANEAGO e parte por sistemas de abastecimento individual – poços profundos e rasos, que atende a maioria da população, constituindo os chamados ‘Sistemas Independentes’.

O abastecimento de água, conforme abordado anteriormente no documento, atende a 49% da população urbana, e é proveniente dos Sistemas São João e Meia Ponte, que atendem também a Goiânia e, bem como, pelo Sistema Lajes (PLANO DE SANEAMENTO, 2010).

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Em relação à qualidade da água utilizada para o abastecimento da população, o estudo revela que as águas superficiais do município encontram-se comprometidas por: contaminação resultante do lançamento in natura de efluentes domésticos e industriais, devido a insuficiente rede de esgoto; assoreamento dos cursos d’água devido à ocupação desordenada; e pela falta de sistema de drenagem das águas pluviais (PLANO DE SANEAMENTO, 2010).

Já as águas subterrâneas que atende a demanda doméstica e industrial, exploradas por poços rasos, no caso do uso doméstico, e tubulares profundos para uso industrial. A captação por poços rasos é uma forma de abastecimento que apresenta alto risco de contaminação por estar suscetível a poluição devido à ausência de fossas sépticas e a limitada disponibilização de rede pública de esgoto sanitário.

Segundo dados obtidos no Plano de Saneamento e confirmados nas oficinas participativas realizadas nas Regiões Administrativas salientaram a problemática da dificuldade de acesso a água de qualidade destacando como grave a situação enfrentada pelos moradores das Regiões Administrativas Tiradentes e Cidade Livre.

4.7. ESGOTAMENTO SANITÁRIO:

Constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente.

No que se refera ao tratamento do esgoto em Aparecida de Goiânia, segundo o Plano Municipal de Saneamento de Aparecida de Goiânia (2010), o município apresenta déficit, uma vez que aproximadamente 20% da população se encontram integrada à rede pública de esgoto.

As Regiões Administrativas de Papillon, Cidade Livre e Tiradentes são as que apresentam maior carência de atendimento segundo dados das oficinas participativas.

Segundo Albuquerque e Ferreira (2012) este quadro está em processo de reversão, pois por meio de parcerias, o município está acessando recurso para ampliação e qualificação de sua rede de esgotamento e sistema de tratamento dos efluentes sanitários.

Esta deficiência no atendimento de coleta de esgoto tem como consequência o comprometimento da qualidade de água potável fornecida à população ou acessada de informa independente e a sanidade do meio ambiente.

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FIGURA 16 - SANEAMENTO BÁSICO

Fonte: Prefeitura Municipal de Aparecida. Adaptado por Ambiens Cooperativa, 2014.

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4.8. TRATAMENTO E DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS

A Política Nacional de Gestão de Resíduos Sólidos instituída pela Lei n.º 12.305, de 2 de agosto de 2010 dispõem sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluindo os perigosos, às responsabilidade dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis.

Com esse Marco Regulatório para os resíduos sólidos ficou estabelecido com a aprovação da lei supracitada que faz distinção entre resíduos (lixo que pode ser reaproveitado ou reciclado) e rejeitos (materiais não passíveis de reaproveitamento). Esta lei refere a todo tipo de resíduos: doméstico, industrial, da construção civil, eletroeletrônicos, lâmpadas de vapores mercuriais, da área de saúde, dentre outros.

De acordo com o art. 7º são objetivos desta política: proteção da saúde pública e da qualidade ambiental; adoção, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias limpas como forma de minimizar impactos ambientais; incentivo ao desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e empresarial para a melhoria dos processos produtivos e ao reaproveitamento dos resíduos sólidos, incluídos a recuperação e o aproveitamento energético dentre outros.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente um conjunto de instalações para o manejo dos resíduos sólidos deve ser implantado de forma a garantir a implementação do modelo tecnológico com sistema de coleta seletiva dos resíduos: secos para triagem; orgânicos para compostagem; e dos entulhos para aproveitamento na construção civil. Melhorando assim a gestão ambiental dos resíduos sólidos nos municípios.

O Art. 14º estabelece que a elaboração dos Planos de Resíduos Sólidos que ficará sob a responsabilidade da união, dos Estados e dos Municípios. Segundo o MMA, 2010:

“Plano Nacional de Resíduos Sólidos − PNRS todos os planos estaduais devem conter metas para a eliminação e recuperação de lixões, locais onde os resíduos são lançados a céu aberto. Até 2014 todos os municípios deverão dispor adequadamente seus rejeitos, preferencialmente, de forma compartilhada. Com base nesse novo marco legal, os municípios devem alcançar a universalização dos serviços de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, prestados com eficiência e eficácia, realizados de forma adequada à saúde publica e à proteção do meio ambiente.”

Estes Planos são necessários para que os municípios acessem incentivos ou financiamentos de entidades federais de crédito ou fomento para tal finalidade. O plano elenca uma série de critérios deverão ser atendidos para priorização de acesso aos recursos da União, tais critérios, visão o fortalecimento das comunidades de baixa renda, por meio da viabilização de cooperativas ou outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis, fomentar as soluções consorciadas

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intermunicipais para a gestão dos resíduos sólidos incluindo a elaboração e implementação do plano intermunicipal de resíduos sólidos.

Verifica-se que a partir de 2013 os resíduos sólidos no município passaram a ser manejados em conformidade com o Programa Municipal de Coleta Seletiva, que atende 35 bairros e apresenta-se divida em duas vertentes: coleta seletiva residencial e coleta seletiva empresarial. Em janeiro de 2014 foi inaugurado o Galpão de Triagem de Resíduos Sólidos, essas simples medidas tomadas pela gestão municipal colaboraram com a diminuição da pressão sobre o aterro sanitário e o impacto deste sobre o meio ambiente.

Porém, segundo o Estudo da Carta de Risco de Aparecida de Goiânia (2012) estudos realizado em 2005 e 2008, constataram o comprometimento da qualidade do aquífero próximo ao Aterro. Faz-se necessário, ainda, a implementação de ações que visem mitigar os impactos que o “chorume” 26 produzido pelo aterro sanitário causa ao meio ambiente (poluição do ar, solo e água), pois já se verificam problemas nas lagoas de decantação.

4.9. DRENAGEM E MANEJO DAS ÁGUAS PLUVIAIS URBANAS

Pela Lei Federal nº 11.445/2007, entende-se que o manejo das águas pluviais urbanas corresponde ao conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, do transporte, detenção ou retenção para amortecimento de vazões de cheias, do tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas associadas às ações de planejamento e ocupação do espaço territorial urbano.

Segundo Righetto et al. (2009), a conceituação atual de manejo de águas pluviais urbanas, o controle e a minimização dos efeitos adversos das enchentes não se limitam ao princípio dominante no meio técnico tradicional, mas da agregação de um conjunto de ações e soluções de caráter estrutural e não estrutural. Para esses autores as ações relacionadas com a drenagem urbana devem ser integradas na prática aos problemas ambientais e sanitários das águas urbanas, em que as vazões e volumes de inundações apresentam uma estreita interação com a qualidade das águas, poluição difusa, transporte e retenção de resíduos sólidos e utilização das águas pluviais urbanas como recursos hídricos utilizáveis e de grande significância ao urbanismo e estética da cidade.

Segundo o estudo do Plano Diretor de Drenagem Urbana de Aparecida de Goiânia (2011), o sistema de drenagem se mostra precário, pois foram identificados mais de

26 Chorume: líquido poluente, de cor escura e odor nauseante, originado de processos biológicos, químicos e físicos da decomposição de resíduos orgânicos.

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30 pontos de alagamento no município. Entre os principais córregos que contribuem para esses pontos de alagamento estão Santo Antônio, Tamanduá, Almeida e Poção.

As regiões afetadas são Vila Brasília, Setor dos Afonso e Nova Cidade, Jardim Cascata e Olímpico, Santa Luzia e Vale do Sol sendo consideradas as principais áreas de risco as passarelas e pontes em dias de chuva em função das enxurradas. Esses alagamentos são frutos da falta de galerias pluviais, da impermeabilização do solo, da falta de manutenção e ocupação irregular das áreas de preservação permanente nas margens dos córregos, dentre outros (Ver Mapa de Fragilidades Ambientais).

4.10. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE

Seguindo o exemplo do que ocorreu em vários municípios do país, Aparecida de Goiânia viu suas áreas de preservação permanente serem destruídas pela urbanização. Este processo de ocupação e urbanização das áreas de preservação permanente causou impactos ambientais como: destruição da cobertura vegetal; processos de erosão dos solos se espalhando por diversas regiões do município; contaminação dos rios e córregos pelo lançamento de efluentes sem o devido tratamento por parte dos empreendimentos; perda da biodiversidade da flora e fauna; alteração da qualidade do ar; deposição inadequada e ilegal dos resíduos sólidos nas margens dos rios e córregos.

A Carta de Risco de Aparecida de Goiânia (2012) mostra que a implantação dos loteamentos e ocupação populacional no município foram os responsáveis pela degradação das áreas de preservação permanente.

Nas oficinas participativas das Regiões Administrativas Garavelo, Papillon, Cidade Livre e Tiradentes destacaram a degradação das áreas de preservação permanente como um dos principais problemas ambientais do município.

Como resultado das oficinas participativa realizadas em 5 das 7 Regiões Administrativos do município de Aparecida de Goiânia observou-se em relação as temática ambiental, uma preocupação com questões relacionadas a: áreas verdes; áreas de preservação permanente; drenagem; erosões; e saneamento e recursos hídricos, como pode ser observado no quadro que segue:

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QUADRO 2 - DIAGNOSTICO AMBIENTAL DAS OFICINAS PARTICIPATIVAS DAS 7 REGIÕES ADMINISTRATIVAS

Regiões Administrativas

Áreas Verdes APP Drenagem Erosões Recursos

Hídricos/Saneamento

Santa Luzia (*) --------------------- --------------------- --------------------- --------------------- ---------------------

Garavelo Serra da Areia − falta de identificação da população com esta área.

O crescimento populacional pressionou a ocupação irregular nas APP.

Falta de áreas permeáveis nos lotes.

Presença nas vias públicas que dificulta a entrada de transporte público.

Não teve abordagem durante a oficina.

Papillon

Ocupação das áreas ambientalmente frágeis. Possui remanescentes de vegetação nativa.

Ocupações irregulares nas áreas de APP. Veiga II construída sobre uma nascente. Poluição dos córregos. Entulhos depositados nas margens dos córregos causando assoreamento. Falta de plano especifico para recuperação de áreas de APP degradada.

Falta de implantação de galerias pluviais.

Erosões por degradação das APPs. Córrego Tamanduá com processo de erosão e poluído. Erosão na divisão dos bairros Mansão e Paraíso com Bela Morada. Assoreamento dos Córregos.

Próximo a Mansões Paraíso, Veiga I e II lençol freático muito próximo a superfície, o que dificulta a instalação de infraestrutura na região. Poluição dos córregos por resíduos industriais.

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CONTINUAÇÃO

Regiões Administrativas

Áreas Verdes APP Drenagem Erosões Recursos

Hídricos/Saneamento

Centro (*) --------------------- --------------------- --------------------- --------------------- ---------------------

Tiradentes

Existe uma região extensa de área verde na represa Vila Romana, nascente da Serra das Areias.

Ocupação irregular nas APPs.

Drenagem inexistente. Não teve abordagem durante a oficina.

Dificuldade de acesso à água. Falta de controle da qualidade de água consumida. Faltam lixeiras públicas.

Cidade Livre

Em processo de estudo e execução o plano de manejo para a implantação do Parque Serra da Areia. Existência de dois bosques − Colina Azul e na divisa entre os bairros Mansões e Riviera.

Ocupação de área de preservação permanente. Equipamentos públicos instalados em áreas de nascentes e APPs.

Problemas de drenagem provenientes da impermeabilização do solo.

Não teve abordagem durante a oficina.

No Bairro Jardim Riviera a população não tem acesso à água potável. Odores no bairro devido à falta de tratamento do esgoto.

Vila Brasília

Conscientização ambiental para a manutenção de árvores dentro e fora dos lotes.

Não teve abordagem durante a oficina.

Falta de drenagem. Não teve abordagem durante a oficina.

Diminuição das nascentes do Córrego Almeida.

(*) Não houve Oficina por falta de quórum.

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Em relação às áreas verdes o destaque está na expectativa com a criação do Parque Municipal Serra da Areia e o incentivo à ampliação de mais áreas verdes. Em todas as oficinas pode-se observar uma demonstração de preocupação com a ocupação irregular das áreas de preservação permanente e os problemas relacionados a esta como: erosão, assoreamento dos córregos, poluição dos recursos hídricos.

As Regiões Garavelo e Papillon foram os únicos a abordar a preocupação com a questão de erosões. O núcleo Papillon demonstra preocupação da poluição dos córregos por efluentes lançados pelas indústrias instaladas na região.

Os núcleos Tiradentes e Cidade Livre demonstraram preocupação em relação às questões relacionadas acesso a água potável e contaminação dos córregos pela falta de rede de esgoto. Os núcleos Tiradentes e Vila Brasília salientam a importância de um processo de conscientização para as questões como ampliação das áreas verdes e educação ambiental para qualificação ambiental do município.

Diante do exposto, podem ser considerados os maiores problemas ambientais do Município: (i) a ocupação irregular das áreas de preservação permanente; (ii) a poluição dos recursos hídricos pela falta de rede pública de esgoto; (iii) a falta de drenagem; (iv) a falta de áreas verdes; e (v) o processo de erosão e assoreamento dos rios e córregos.

Sendo o combate ao processo de erosão instalado, na totalidade do território municipal, o enfrentamento prioritário a ser sobrepujado pela administração pública municipal.

É importante que as políticas relacionadas ao uso e ocupação do solo sejam pensadas em consonância com o planejamento ambiental de modo a evitar ocupações irregulares futuras, e mitigar impactos ambientais já existentes pelas já instaladas.

4.11. QUALIDADE AMBIENTAL

A qualidade ambiental entendida como o conjunto de propriedades e características do ambiente, refere-se a características que envolvem o meio ambiente natural e construído relacionados à qualidade do ar e água de maneira geral no que diz respeito a poluição e seus possíveis efeitos sobre o ser humano.

Vamos tratar da qualidade ambiental no que se refere às temáticas que interferem direta ou indiretamente a qualidade do ar e da água ao abordamos a situação de Aparecida de Goiânia ao fazer referência a áreas verdes, as unidades de conservação, hortas comunitárias e a poluição do ar.

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4.12. ÁREAS VERDES

A constituição Federal no caput do Art. 225 inicia-se com a seguinte declaração: “Todos tem direito ao meio ambiente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida.” Essa simples afirmação define de forma sintética o caráter coletivo dos bens e serviços ambientais e coloca-os como um direito das pessoas, a ser defendido pelo poder público e pela sociedade.

Nos centros urbanos, onde o meio ambiente natural se encontra quase completamente alterado, quando não completamente degradado, as áreas verdes de diversas categorias representam um bem precioso para a melhoria da qualidade ambiental. Entendendo que áreas verdes, não significam simplesmente espaços não construídos. Estes são denominados espaços livres, e não necessariamente verdes. Áreas verdes também não são áreas de solo não impermeabilizado. Conceituam-se áreas verdes como sendo espaços urbanos não construídos e devidamente protegidos, onde domina o elemento vegetal, notadamente as árvores com formações de bosques e sub-bosques, de forma a fornecer benefícios ambientais, socioculturais e até econômicos a uma cidade.

Segundo Nucci (2008) um atributo importante, porém negligenciado, no desenvolvimento das cidades é a cobertura vegetal, pois acaba não sendo considerada essencial como a água, o solo e o ar, na cena urbana. Já para Lombardo (1990, apud Nucci, 2008), a vegetação desempenha importante papel as áreas urbanizadas no que se refere à qualidade ambiental.

As áreas verdes urbanas contribuem ainda para a melhora das condições microclimáticas, reduzindo os extremos de temperatura, protegem o solo da impermeabilização, facilitando a infiltração das águas de chuva. Outro beneficio é que ás áreas arborizadas colaboram com o controle da poluição atmosférica, tanto pela retenção de partículas sólidas, quanto pela absorção de poluentes gasosos, como o gás carbônico.

No município de Aparecida de Goiânia, segundo o Relatório Técnico – Carta de Risco de Aparecida de Goiânia, a avaliação da vegetação mostra um intenso processo de crescimento desordenado do município como um todo, mesmo de meio rural. Foram constatados poucos fragmentos de vegetação nativa que guardam as características originais de parte da flora. Verificou-se ainda uma intensa fragmentação dos maciços de vegetação existente e à baixa preservação das áreas de preservação permanente no entorno dos mananciais.

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4.13. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Unidades de conservação são consideradas espaços territoriais e seus recurso ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituídas pela Administração Municipal, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.

De acordo com o SNUC as Unidades de Conservação – UC são divididas em dois grupos com características específicas:

(i) Unidade de Proteção Integral: que visa preservar a natureza, sendo permitido apenas o uso indireto de seus recursos naturais. O uso indireto sendo entendido como aquele que não envolve consumo, coleta, dano ou destruição dos recursos naturais;

(ii) Unidade de Uso Sustentável: que visa compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcelas dos seus recursos naturais. O uso sustentável entendido como a exploração de maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos ecológicos.

Cada um desses grupos é composto por diversas categorias de unidades de conservação, as quais têm objetivo e normas de uso específico.

Dentre as de proteção integral, merece destaque a categoria Parque Nacional que quando criado pelo Estado ou Município, serão denominadas, respectivamente Parque Estadual e Parque Natural Municipal. A categoria Parque tem por objetivo básico preservar ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico. Toda e qualquer atividade a ser implantada ou realizada nesta unidade é regulada conforme estabelecido no seu Plano de Manejo.

Em relação ao grupo das unidades de uso sustentável, destacam-se as categorias Área de Proteção Ambiental e Área de Relevante Interesse Ecológico são constituídas de áreas públicas e privadas, dentro do limite das quais podem ser estabelecidas normas de restrição para utilização das propriedades privadas localizadas em seus limites, bem como para as áreas de seu entorno chamadas zonas de amortecimento que são estabelecidas no Plano de Manejo.

No que se refere às áreas verdes urbanas e às Unidades de Conservação – UCs existem quatro UCs legalmente instituídas em Aparecida de Goiânia sendo elas:

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• Parque Municipal Serra das Areias – localizado na Região Administrativa Tiradentes. Criado pela Lei Municipal nº 2.018, de 23 de novembro de 1999.

• Parque Ecológico Municipal Tamanduá – localizado Região Administrativa Garavelo. Criado pela Lei Municipal nº 2435 de 12 de janeiro de 2004.

• Parque Municipal Alto Paraíso – localizado na Região Administrativa Tiradentes. Criado pela Lei Municipal nº 2.731 de 22 de abril de 2008.

• Parque Municipal da Criança – localizado na Região Administrativa Papillon. Criado pela Lei Municipal nº 2.731 de 22 de abril de 2008.

Além destas UCs, segundo informado pela Secretaria de Meio Ambiente existem ainda relacionado como propostas para criação: (i) do Bosque Colina Azul – RA Cidade Livre; (ii) do Bosque Alva Luz – RA Garavelo, pré-categorizados como unidade de conservação. Além destes há registros dos Parques Bambu – RA Tiradentes; Village Garavelo – RA Garavelo; e Parque Maria Inês – RA Vila Brasília.

A Serra das Areias constitui-se um importante fragmento de vegetação nativa e detentora de um potencial hídrico de importância local e regional, no entanto encontra-se ameaçada pelo avanço da ocupação urbana, o que requer uma ação imediata no sentido de conter este avanço e formalizar a instituição do Parque Municipal Serra das Areias como medida para manutenção da qualidade hídrica de um potencial manancial para o município.

Ressalta-se que as áreas dos parques e bosques citados são ínfimas em relação à dimensão territorial do município e à demanda de área verde por habitante. Destaca-se ainda, que estas se encontram isoladas, sem qualquer possibilidade de trocas ecológicas. E apesar de instituídas por lei não apresentam ainda a devida categorização como estabelecido pelo SNUC, assim como seu Plano de Manejo elaborado.

4.14. HORTAS COMUNITÁRIAS

As hortas comunitárias têm crescido nos centros urbanos, em alguns casos como um movimento que visa a ocupação de espaços urbanos degradados ou ociosos, com a prática da agricultura orgânica. As hortas podem ser implantadas em um pequeno lote ou terreno abandonado, arrendado ou particular para a cultura de legumes, frutos, flores, ou plantas medicinais. Nas hortas urbanas, muitas vezes chamadas de hortas familiares ou comunitárias, pratica-se uma forma de agricultura urbana.

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Muitas vezes essas hortas urbanas assume um caráter precário, representando um processo espontâneo de parcelamento e aproveitamento agrícola de terrenos baldios, margem de rios, a maioria das vezes e vias de urbanização.

Como no município verificou-se a prática de implantação de hortas em áreas de preservação permanente que se tornaram um problema para manutenção das APPs. Uma forma de manter o estímulo desta prática sem causar degradação seria a implantação por iniciativa da Prefeitura de projetos de hortas comunitárias em parceria com o Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS. Entretanto, atualmente as hortas instaladas em APPs no município de Aparecida de Goiânia, segundo informado por técnicos da SEMMA, contribuem significativamente para a degradação ambiental, pois utilizam recursos hídricos de forma inadequada sem as devidas autorizações ambientais, além de se utilizarem de agrotóxicos.

O “Projeto de Hortas Comunitárias” do MDS tem como objetivo principal aumentar a oferta de alimentos de elevado poder nutritivo e melhorar as condições de vida de grupos sociais em situação de insegurança alimentar, por intermédio da implantação de hortas, viveiros, lavouras e pomares comunitários em espaços disponíveis em áreas comunitárias, que obedeçam a critérios técnicos pré-estabelecidos. Os projetos contam com apoio financeiro MDS, e devendo ser realizados pela comunidade, com suporte de órgãos da administração pública e/ou entidade de assistência técnica e extensão rural do município.

4.15. QUALIDADE DO AR

O aumento desmedido de veículos automotores circulando pelos centros urbanos, os processos industriais e de geração de energia, o aumento da produção de resíduos sólidos e sua destinação inadequada, e as queimadas são, dentre as atividades humanas, as maiores causadoras da introdução de substâncias poluentes à atmosfera, em sua maioria tóxica à saúde humana, e responsável por danos à flora, fauna e aos bens materiais.

A poluição atmosférica pode ser definida como qualquer forma de matéria ou energia com intensidade, concentração, tempo ou características que possam tornar o ar impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde, inconveniente ao bem-estar público, danoso aos materiais, à fauna e à flora ou prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade e à qualidade de vida da comunidade (MMA, 2013).

Em Aparecida de Goiânia a intensidade do tráfego de veículos já dá sinais de comprometimento da qualidade do ar, outra prática que têm afetado a qualidade atmosférica é a destinação inadequada do esgoto e de resíduos sólidos em alguns bairros que tem contribuído para o comprometimento da qualidade do ar no município.

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Salienta-se que a poluição atmosférica traz prejuízos não somente à saúde ambiental, à qualidade de vida das pessoas, mas também ocasionam maiores gastos à administração municipal, decorrentes do aumento do número de atendimentos e internações hospitalares, custos com distribuição de medicamentos.

Diante do exposto, a responsabilidade de implantação de um sistema de gestão ambiental que vise a melhoria da qualidade do ar, a implantação de áreas verdes para qualificação ambiental que priorize ações de prevenção, combate e redução das emissões de poluentes e dos efeitos da degradação do ambiente atmosférico, o aumento de área verde per capita, a qualificação dos recursos hídricos e tenham por objetivo garantir que o desenvolvimento socioeconômico ocorra de forma sustentável e ambientalmente segura é premente.

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FIGURA 17 - BACIAS HIDROGRÁFICAS

Fonte: Prefeitura Municipal de Aparecida. Adaptado por Ambiens Cooperativa, 2014.

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4.16. GESTÃO AMBIENTAL

A Gestão Ambiental do município de Aparecida de Goiânia é constituída dentro do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), pelo compartilhamento de atribuições entre União, Estado e Município. No âmbito do Estado de Goiás a Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (SEMARH), instituída pela Lei n. 12.603, de 07 de abril de 1995 27, constitui-se em órgão da administração direta do Poder Executivo. No município o órgão que tem como objetivo formular, implementar e coordenar a execução da Política Municipal do Meio Ambiente é a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMMA). Atualmente, a estrutura administrativa da desta secretaria consiste em:

FIGURA 18 - ORGANOGRAMA ADMINISTRATIVO

Fonte: Ambiens, 2014.

Como apresentado no organograma a organização administrativa do meio ambiente é composta por uma gestão geral apoiada pelo jurídico, conselho, fundo e duas coordenações.

Embora tenha representado quatro temas de atuação dentro das duas coordenações: i) fiscalização, ii) educação ambiental, iii) licenciamento e iv) projetos ambientais, os únicos que possuem atuação efetiva, em termos de pessoal alocado para o trabalho e periodicidade de ação, dizem respeito a fiscalização e licenciamento. No caso da educação ambiental e dos projetos ambientais28 a atuação é esporádica, vinculada às demandas pontuais.

Sobre tal questão, cabe reforçar que a demanda diária do trabalho da fiscalização e licenciamento, em função do crescimento da cidade e extensão territorial, é muito

27 Alterações introduzidas pela Lei n.13.456, de 16 de abril de 1999, e posteriormente pela Lei n. 14.383, de 31 de dezembro de 2002;

28 Atualmente existem planos em elaboração para requalificação dos parques: da Criança e Tamanduál.

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grande e crescente. Porém, mesmo sendo prioritários, esses dois campos de atuação possuem necessidade de melhorias em termos de estrutura administrativa, processos, equipamentos e arcabouço legal, como será discutido na sequência.

Pelo excesso das demandas vinculadas a estas duas áreas, a educação ambiental e os projetos ambientais acabam se tornando periféricos na atuação pública. Tal eleição de prioridades impacta diretamente na relação da população com o meio ambiente, quer seja pela falta de sensibilização efetiva. Como foi relatada nas reuniões setoriais, quer seja pela carência existente de conhecimento da população sobre os temas ambientais que motivem mudanças de comportamentos frente a modos de uso e ocupação do solo, como também, no manejo e disposição dos resíduos sólidos gerados pela população. Além disso, há a necessidade de atuação pública, com maior eficiência e eficácia, no sentido de traçar diretrizes e elaborar projetos de conservação ambientais, de forma que a ação da gestão não seja apenas coercitiva, mas tenha, também, uma atuação positiva na criação e manejo de espaços públicos.

Já na questão do auxilio a gestão urbano-ambiental, pelo conselho e fundo, o Conselho Municipal de Desenvolvimento Ambiental Sustentável (COMDAS) foi criado pela Lei Municipal n° 2248/2002, alterado pela Lei Municipal n° 2654/2007, com natureza consultiva para o auxilio da gestão municipal em questões de direcionamento das atividades ligadas a questões de desenvolvimento sustentável e aplicação dos recursos do FUNDAS. O Fundo Municipal de Desenvolvimento Ambiente Sustentável (FUMDAS) foi criado pela Lei Municipal n° 2248/2002, o qual é administrado pela SEMMA e gerido pelo COMDAS.

4.17. LICENCIAMENTO AMBIENTAL

O licenciamento ambiental é destinado a detectar, monitorar, mitigar e, quando possível, conjurar a danosidade ambiental. A atuação da gestão municipal refere-se a impacto local29, ou seja, licenciar empreendimentos e atividades que gerem impactos apenas municipais. Esta atividade ocorre através do ato compartilhado do estado de Goiás com o município de Aparecida de Goiânia embasado pela Resolução nº 24/2013 do Conselho Estadual do Meio Ambiente (CEMAm). Para tanto, o município carece de: i) implantação do fundo e do conselho municipal de meio ambiente; ii) quadro técnico capacitado para o licenciamento e a fiscalização; iii) uma base mínima legal; e iv) possuir o levantamento das atividades potencialmente poluidoras e/ou degradantes.

No que se refere ao FUMDAS, embora na legislação exista a definição de um orçamento vinculado à execução de projetos previamente direcionados pelo Plano

29 Resolução nº 24/2013 do Conselho Estadual do Meio Ambiente (CEMAm) que o rol de atividades de impacto local discriminadas no anexo único desta Resolução tem validade em todo o território goiano;

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Diretor Municipal e outras diretrizes de ação municipal, como já mencionado anteriormente, a atuação fica restrita a manutenção das atividades e estrutura de licenciamento e fiscalização. Além disso, segundo técnicos municipais, apesar legalmente existam uma série de destinações orçamentárias para provisão dos recursos do fundo, atualmente este tem sua fonte quase que exclusiva nas autuações da fiscalização ambiental e taxas do licenciamento. Já a participação do conselho na política urbana do município é de significativa importância, sendo que este emite pareceres sobre ordenamento territorial e gestão do solo urbano. Na gestão ambiental tem direcionamento de atuação no auxilio da criação de políticas públicas e, assim como, na avaliação de estudos e licenças. Como o fundo, segundo técnicos, existe na lei uma série de outras atribuições, entretanto permanecem nas questões da operação da gestão urbano-ambiental.

Sobre o arcabouço jurídico para a gestão ambiental, este pode ser considerado como o principal gargalo enfrentado atualmente, por ser deficitário em termos de norma e conteúdo. A legislação utilizada refere-se a:

• Resolução nº 24/2013 do Conselho Estadual do Meio Ambiente (CEMAm) que dispõem sobre o rol de atividades de impacto local, com validade em todo o território goiano. No conteúdo de tal resolução encontra-se a principal instrumentação para o licenciamento ambiental. Trata-se da lista das atividades de impacto local sujeitas ao licenciamento municipal: i) código atividades – numeração indicativa de referencia; ii) unidade – medida; iii) porte limite – tamanho; iv) potencial de poluição – medida alta, média ou baixa. Entre as dificuldades encontradas pelos servidores, a principal consiste em, como em qualquer listagem existe uma parte de novas atividades que não constam na relação, o que interfere no enquadramento destas e, por consequência, os processos de liberação, incluindo a morosidade no trâmite.

• No âmbito municipal a única legislação que dá suporte para as atividades de licenciamento é a Lei Municipal Complementar Nº 005/2002, que dispõe sobre zoneamento, uso e ocupação do solo, na área urbana e rural do Município. Tal instrumento legal disciplina: i) conceituação e divisão da área urbana em zonas de uso; ii) das categorias de usos admitidas nas zonas urbanas; iii) das classes de admissão de uso; e iv) da ocupação do solo urbano.

Cabe reforçar que, com a legislação apresentada, observa-se uma deficiência em termos práticos da efetivação de processos no município, tanto pelo fato da ausência de uma base legal que especifique os impactos locais, quanto pela demarcação do processo administrativo em norma.

Em termos de processo para o licenciamento, a secretaria possui uma série de termos de referência, pré-elaborados, para exigências no processo de liberação.

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4.18. FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL

A fiscalização ambiental é uma atividade paralela ao licenciamento. Suas atribuições consistem em desenvolver ações de controle e vigilância destinadas a impedir o estabelecimento ou a continuidade de atividades consideradas lesivas ao meio ambiente, ou ainda, daquelas realizadas em desconformidade com o que foi autorizado.

Dentro da fiscalização ambiental municipal as principais atuações hoje estão baseadas no controle da poluição sonora, poluição visual e poluição hídrica.

Existem três turnos de fiscais, com dois carros cada e dois funcionários, que fazem a ronda no território municipal, sendo que o do período noturno atende por chamadas. A fiscalização ocorre por detecção pelos funcionários ou então por denuncia da população. Dentre os principais problemas encontrados está a falta de equipamentos adequados, assim como também a deficiência de normas legais.

De antemão cabe reforçar que a legislação que embasa a atuação da gestão municipal para a fiscalização, assim como para o licenciamento, é deficitária, sendo que em termos de normas municipais a única com alguma relação com o tema é o Código de Posturas. A principal legislação utilizada para fiscalização diz respeito a:

• O Código de Posturas Municipal, Lei n° 792/1998, no Art. 02 dispõe sobre as finalidades de instituir as normas disciplinadoras, da higiene pública, do bem estar público da localização e do funcionamento de estabelecimentos comerciais, industriais e prestadores de serviços, bem como as correspondentes relações entre o Poder Público Municipal e os Munícipes. Tal legislação é utilizada de maneira paliativa, por não haver algo mais especifico e organizado para a orientação da fiscalização. Entretanto, é importante afirmar que o código está ultrapassado nas suas colocações em alguns temas ambientais, que já sofreram muitas alterações com discussões mais recentes nas políticas federais, como é o caso do aterramento e canalização de córregos. Além disso, são muitos os temas que não são tratados dentro da norma, o que confere seu caráter obsoleto e paliativo no tratamento da fiscalização ambiental.

• O Decreto Federal n° 6.514/208, que substituiu o Decreto Federal n° 3.179/99, regulamentou o artigo 70 e o Capítulo VI da Lei Federal n° 9605/98. A mudança tipifica as infrações administrativas ambientais, fixando o valor da multa a ser imposta para cada transgressão face ao que estabelece a legislação ambiental em vigor.

• Lei Federal n°9605/1998 (Lei de Crimes Ambientais) que “dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências”, trata da aplicação das

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penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental.

• Decreto Federal n° 6514/2008 que “dispõe sobre as infrações e sanções administrativas ao meio ambiente, estabelece o processo administrativo federal para apuração destas infrações, e dá outras providências”.

Como exemplo da problemática enfrentada na fiscalização cabe ressaltar que, sobre a poluição sonora, recentemente foi instituída, pelo governo municipal, uma política de tolerância zero. Esta consiste na busca e apreensão, principalmente, de veículos adaptados para som amplificado. Entretanto, ainda não existe uma lei específica que sustente a atuação dos fiscais municipais. Além disso, falta um decibelímetro adequado para o uso dos fiscais, já que o existente não tem a captação sonora apropriada para o uso no município.

Ainda, com relação a poluição visual, a secretaria enfrenta a mesma problemática citada anteriormente, ou seja, não existe uma normatização que assegure aos fiscais a cobrança dos proprietárias no que tange ao tamanho ou tipo de placas.

4.19. PLANOS E PROGRAMAS

Não existe um plano especifico de gestão ambiental instituído, o que seria importante para o direcionamento das atividades de forma integrada. Entretanto, há dois correlatos, quais sejam: i) o Plano de Drenagem e ii) a Carta de Risco. Tais planos trazem uma compilação de informações importantes para traçar uma estratégia para o meio ambiente e sustentabilidade municipal. Cabe ressaltar que falta articulação dessa base de dados e transformação desta em uma política para a gestão ambiental municipal.

Em termos de programas para o meio ambiente não existe nada definido a médio e longo prazo, ou seja, não existe uma política estratégica para vislumbrar uma mudança na paisagem ou qualidade ambiental do município.

Tais conjunções de questões fazem com que o tratamento do tema seja feito de forma pontual e/ou por demandas, não havendo uma estratégia previamente definida.

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5. HABITAÇÃO

A análise deste setor tem por objetivo identificar as necessidades habitacionais, caracterizar as diferentes regiões municipais e verificar a qualidade das moradias ofertadas, considerando tanto o mercado formal quanto informal de habitação. Tal diagnóstico é imprescindível, não apenas para assinalar a situação de déficit habitacional, como também para acusar o conjunto de imóveis que necessitam de qualificação, sobretudo no que tange à infraestrutura e regularização fundiária. Cabe ressaltar que o município de Aparecida de Goiânia possui um Plano de Habitação que deve e será considerado no contexto do Plano Diretor, auxiliando na integração e compatibilidade de políticas setoriais dentro da orientação geral do desenvolvimento municipal.

Para a efetivação de tais análises serão realizados levantamentos documentais, análise do Plano de Habitação, entrevistas com gestores da administração pública municipal responsáveis pelo setor de habitação, além de levantamento de campo e observação direta.

Nesse sentido, serão analisadas as condições de i) demandas habitacionais; ii) dinâmica imobiliária; iii) qualidade habitacional; e iv) planejamento habitacional.

5.1. DEMANDAS HABITACIONAIS

Aparecida de Goiânia, tal qual a maioria dos municípios brasileiros, apresenta uma desigual produção e apropriação do espaço urbano, que resultam em um contexto excludente, fragmentado e espraiado. Esta condição não só contribui para a segregação espacial, como também acentua a parcela irregular de habitação. O espraiamento característico do município contribui para a subutilização da infraestrutura existente, bem como dificulta a oferta e o acesso aos elementos mínimos de sistema viário, saneamento e energia – contexto este verificado tanto nas habitações produzidas pelo mercado formal de habitação quanto pelo mercado informal.

Segundo dados do IBGE (2010; 2013), a população de Aparecida de Goiânia passou de 455.657, em 2010, para 500.619 em 2013, apresentando um crescimento populacional de 0,9% ao ano e uma densidade demográfica (hab./km²) de 1.580,27.

De acordo com o Plano Local de Habitação de Interesse Social de Aparecida de Goiânia (PLHIS, 2010), 32,90% da população não apresenta rendimento, 26,31% apresenta rendimento de até um salário mínimo e, 32,75%, recebe até três salários mínimos, o que enfatiza “(...) a necessidade da inserção de parcela significativa da

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população nos programas de assistência dos governos, incluídos nestes os programas de habitação” (PLHIS, pg. 60, 2010).

Para tratar das demandas habitacionais no município, considera-se o conceito de que as mesmas são compostas pelo déficit habitacional – que corresponde à necessidade de reposição total de unidades precárias e ao atendimento à demanda não solvável nas condições dadas de mercado – e pela inadequação – que aponta para a necessidade de melhoria de unidades habitacionais com determinados tipos de precarização.

O déficit habitacional é composto por três elementos, a saber: i) domicílios improvisados; ii) coabitação familiar; iii) cômodo cedido ou alugado. A inadequação, por sua vez, está relacionada à carência e deficiência do acesso à infraestrutura (iluminação, saneamento, coleta e destinação do lixo) e ao adensamento excessivo (mais que três moradores por dormitório). Neste subcapítulo do diagnóstico, será analisado o déficit habitacional e, no subcapítulo “Qualidade Habitacional”, será abordada a questão da inadequação das habitações.

No que se refere às necessidades habitacionais o PLHIS (2010), relacionando as informações do estudo da Fundação João Pinheiros (FJP) com o censo de 2000 (IBGE), apontava um déficit habitacional no município de 10.193 unidades – déficit este que ultrapassava os percentuais da Região Metropolitana de Goiânia e do Estado de Goiás para aquele período, e que representava 11,21% do total dos 90.909 domicílios existentes naquele ano. Apesar disso, destaca-se o fato de que, em contrapartida a essas 10.193 unidades, existiam 14.291 domicílios vagos no território municipal (PLHIS, 2010).

É mister salientar que, das 10.193 unidades apontadas, 5,87% correspondiam a domicílios improvisados, 56,33% referenciavam-se a famílias conviventes, 30,18% a famílias habitando cômodos e 7,6% a famílias em domicílios rústicos (PLHIS, 2010).

Considerando a evolução elaborada pelo Plano de Habitação, em 2020 o déficit habitacional seria de 18.038 domicílios (PLHIS, 2010). Entretanto, a Secretaria de Habitação de Aparecida de Goiânia informou que, atualmente, este déficit é de 25.000 domicílios – ultrapassando, portanto, a estimativa realizada para daqui seis anos. Tal fato demonstra que, ainda que exista a preocupação com tal demanda, o município não tem conseguido suprir esta necessidade, resultando no crescimento da carência de habitação.

Nas oficinas setoriais realizadas nas Regiões Administrativas foi indicado que, face à mensagem de prosperidade que é transmitida por Aparecida de Goiânia, tem-se verificado um intenso processo migratório para o município – o que tem contribuído, segundo a população, para o incremento da demanda habitacional.

Ainda que sejam diagnosticadas tais demandas, o Plano de Habitação do Município, com base nos dados apontados pela FJP (2005) conclui que, do ponto de vista quantitativo, considerando que o número de vazios é expressivamente maior que o

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déficit, Aparecida de Goiânia não apresenta uma situação preocupante, entretanto, a melhoria da qualidade das habitações precisa ser viabilizada. Contudo, sobre tal conclusão é necessário o apontamento de que, ainda que exista um número de vazios superior ao déficit, os mesmos não estão sofrendo a aplicação de instrumentos que poderiam induzir a ocupação, sobretudo, destinada à correção dessa demanda habitacional.

Assim, chama-se a atenção para o fato de que, caso não haja revisão da Política Municipal de Habitação de Aparecida de Goiânia e regulação da aplicação de instrumentos que auxiliam no uso e ocupação do solo, a tendência que se prospecta é a de continuidade do crescimento do déficit superando, tal qual já foi observado, até mesmo expectativas municipais.

5.2. DINÂMICA IMOBILIÁRIA

Um dos principais problemas em Aparecida de Goiânia, atualmente, é a especulação imobiliária. Tanto os terrenos quanto as edificações têm assumido valores, em muitos casos, até mesmo superiores que os praticados na capital do Estado. Este aumento no setor imobiliário gerou gentrificação em bairros como Cidade Livre e impactou grande parte dos munícipes. Em consequência deste fato, parte da população tem procurado imóveis em áreas com menos infraestrutura, como os bairros localizados nas “franjas” do perímetro municipal, porém mais acessíveis em termos de mercado.

Não bastassem os inúmeros loteamentos existentes em todo o perímetro – muitos sem ocupação -, a região da Serra das Areias, localizada ao sudoeste do município, tem sido objeto de intensa pressão por ocupação e, em face disso, precisa ser constantemente fiscalizada, já que se trata de uma área ambientalmente protegida.

Com vistas a incentivar a ocupação dos vazios existentes em Aparecida de Goiânia houve, recentemente, o reajuste dos valores do Imposto Territorial Urbano (ITU) e do Imposto Predial Territorial Urbana (IPTU). Entretanto, a dinâmica para tal ocupação tem sido gradativa e morosa.

De acordo com as informações disponibilizadas por técnicos da prefeitura, representantes da sociedade civil e população presentes nas oficinas territoriais, os bairros Vila Brasília, Rio Verde, Cidade Empresarial, Garavelo e a porção lindeira à rodovia GO-040 (que faz divisa com Goiânia) correspondem às porções mais valorizadas de Aparecida de Goiânia. Nessas áreas, conforme pesquisa realizada entre imobiliárias do município, o valor dos imóveis varia de R$ 1.500,00 a R$ 3.300,00 por metro quadrado. Em contrapartida, a concentração da pobreza se localiza nos bairros Buriti Sereno, Serra das Brisas e Belo Horizonte, onde o valor dos imóveis varia de R$ 550,00 a R$ 1.350,00 o metro quadrado. A extremidade leste, segregada pela BR-153, ainda é desassistida de serviços públicos e com os menores valores dos imóveis.

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Outro fator determinante na dinâmica imobiliária municipal é o programa Minha Casa Minha Vida (MCMV). O primeiro projeto do programa no município, chamado Residencial Águas Claras, foi realizado em 2010 e resultou na implantação de 336 apartamentos. Atualmente, está em curso a implantação de 2000 unidades habitacionais no Jardim Ipê; 76 unidades habitacionais no Delfiore; 278 unidades habitacionais no Agenor Modesto; 832 unidades habitacionais no Buriti Sereno; 1056 unidades habitacionais no Jardim Miramar; 2079 unidades habitacionais no Jardim Miramar 2; e 900 unidades habitacionais na Chácara São Pedro. A entrega destes empreendimentos está prevista para acontecer até novembro de 2015 e atendem, predominantemente, as famílias que se enquadram na Faixa 130 do Programa MCMV. O recurso para tais domicílios foi proveniente, sobretudo, do Fundo de Desenvolvimento Social (FDS), Fundo de Arrendamento Residencial (FAR) e Cheque Moradia do Governo do Estado.

A implantação de tais projetos resultará em 7557 domicílios - número este que corresponde a, apenas, 30% do déficit habitacional do município. De acordo com informações disponibilizadas pela Secretaria de Habitação, atualmente os principais entraves para a implantação de moradias provenientes do MCMV são o valor da terra praticado em Aparecida de Goiânia e a inexistência de infraestrutura básica em quase todo o perímetro municipal, uma vez que elementos mínimos de saneamento, energia e sistema viário fazem parte das exigências do programa.

Sobre o provimento de recursos destinados ao programa no município ressalta-se o fato de que, conforme informado pela Secretaria de Habitação, a Agência Goiânia de Habitação S/A (AGEHAB), “(...) responsável pela elaboração e implementação das políticas públicas de habitação voltada para o desenvolvimento humano” (AGEHAB, 2014), tem limitado sua atuação à regularização fundiária não participando, portanto, da provisão de produção de novas habitações sociais em Aparecida de Goiânia.

5.3. QUALIDADE HABITACIONAL

A partir dos elementos31 de análise indicados pela FJP (2005) para avaliação das condições de domicílios, o PLHIS (2010) de Aparecida de Goiânia aponta que 80,92% dos domicílios não dispõem de pelo menos um dos serviços básicos de infraestrutura – iluminação elétrica, rede geral de abastecimento de água com canalização interna, rede geral de esgotamento sanitário ou fossa séptica e coleta de lixo; 8,09% dos domicílios urbanos apresentam adensamento excessivo e 3% encontra-se em situação fundiária inadequada (FJP, 2005 apud PLHIS, 2010).

30 Até R$ 1.600,00. 31 Densidade excessiva, carência de infraestrutura, inexistência de unidade sanitária (banheiro) exclusiva e

inadequação fundiária urbana indicadas (FJP, 2005).

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TABELA 5 - APARECIDA DE GOIÂNIA: DOMICÍLIOS PARTICULARES X SERVIÇOS BÁSICOS DE INFRAESTRUTURA (COLETA DE LIXO, ENERGIA ELÉTRICA, BANHEIRO, REDE GERAL DE ESGOTO E REDE GERAL DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA) – 2010.

Aparecida de Goiânia N°/%

Total de domicílios particulares permanentes 136.319 – 100%

Total de domicílios particulares permanentes – lixo coletado 135.631 – 99%

Total de domicílios particulares permanentes – energia elétrica 136.223 - 99%

Total de domicílios particulares permanentes – banheiro 132.867 – 97%

Total de domicílios particulares permanentes – rede geral de esgoto 25.020 – 18%

Total de domicílios particulares permanentes – rede geral de abastecimento de água

78.422 – 57%

Fonte: Elaborada pela Ambiens Cooperativa, 2014, a partir de dados do IBGE, Censo 2010.

Segundo IBGE (2010), dos 136.319 domicílios, apenas 18% são atendidos pela rede geral de esgoto – ainda que 97% possuam banheiro - e 57% pela rede geral de abastecimento de água. Estes percentuais acusam a fragilidade em que tais condições – sobretudo de esgotamento sanitário e abastecimento de água – estabelecem para a saúde dos munícipes, uma vez que estes são elementos que impactam diretamente na salubridade municipal e na qualidade de vida da população. Já com relação à energia elétrica e lixo coletado, o atendimento é quase na totalidade municipal – 99%.

Outra observação que merece ser ressaltada é a de que, ao conflitar o contexto da pobreza com a ausência de infraestrutura básica municipal, conclui-se que “(...) 76,4% da população residente em domicílios particulares que percebem rendimentos médios mensais per capita de até ½ salário mínimo apresentam carência no atendimento dos serviços de saneamento básico” (PLHIS, pg. 74, 2010).

Conforme exposto pela Secretaria Municipal de Habitação, os bairros mais carentes de infraestrutura básica são: Cidade Livre, Tiradentes, Colina Azul, Tocantins, Nova Cidade, Jardim Miramar, Jardim Isaura, Madre Germana e Independência Mansões. Com vistas a reverter o quadro precário da oferta desses serviços a prefeitura pretende, até 2018, concluir a provisão de saneamento em todos os bairros de Aparecida.

A oferta da infraestrutura básica melhorará não apenas a qualidade de vida dos munícipes como também viabilizará a concretização de um maior número de

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domicílios provenientes do MCMV uma vez que, para tanto, tal programa exigi, minimamente, a oferta de saneamento, sistema viário e energia elétrica.

A partir da oficina setorial de habitação realizada em Aparecida e das análises realizadas in loco constatou-se que, tal qual ocorre no restante dos municípios brasileiros, as habitações populares produzidas pelos programas habitacionais são padronizadas não atendendo, consequentemente, as reais necessidades das famílias, uma vez que não são consideradas as características peculiares dos habitantes e do território em que a unidade está inserida.

Em conversa com responsáveis pela Secretaria de Habitação, foi esclarecido que o município tem realizado reuniões técnicas com vistas ao desenvolvimento de unidades habitacionais que, ainda que sejam destinadas ao MCMV, possuam arquitetura, características e inserção diferentes àquelas propostas pelo programa, de forma a contemplar as especificidades locais e viabilizar, desta forma, uma melhor qualidade de vida para a população.

Nas oficinas territoriais, algumas considerações realizadas pela população merecem destaque: há a ocupação de áreas frágeis em todo o perímetro municipal; os lotes ocupados carecem de áreas permeáveis; apesar da exigência, do programa, de oferta de serviços de saneamento, sistema viário, energia, muitos conjuntos habitacionais estão sendo implantados em áreas que não apresentam essa infraestrutura básica.

As mudanças em relação à recente dinâmica imobiliária associada à carência histórica de infraestrutura no município decorrente, em grande parte, do processo de urbanização e ocupação desordenada, impactam fortemente não somente a paisagem urbana, como também sua capacidade de suporte tendo em vista o novo contingente populacional e novos empreendimentos.

5.4. PLANEJAMENTO HABITACIONAL

O início da ocupação de Aparecida de Goiânia se deu face à especulação imobiliária de Goiânia que, em consequência dos altos valores de imóveis praticados, “expulsou” número considerável da população para este município. Sem o respaldo de um planejamento que, de fato, norteasse o desenvolvimento desta municipalidade, a ocupação se deu de forma desordenada e espraiada, ocupando quase que a totalidade do perímetro municipal. Apenas em 2002, com a entrada em vigor do Plano Diretor Participativo, é que Aparecida passou a controlar e intervir, mais diretamente, em seu território.

No que se refere ao Conselho de Habitação, a Secretaria de Planejamento ressaltou o fato de que, apesar de instituído, atualmente o mesmo encontra-se inativo. Tal fato merece destaque uma vez que, considerando que o conselho é um dos meios que garante a gestão democrática da cidade, sua inatividade pode significar a prática de

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um planejamento parcial, desigual e excludente, uma vez que não é pensado e direcionado por e para toda a população.

A secção, do território, pela BR-153 e pelo anel viário, somada à GO-040 que tangencia o perímetro urbano, contribuem para uma dinâmica urbana irregular, segregada e conflituosa, desprovida de infraestrutura básica.

Face aos inúmeros vazios que compõem o contexto urbano de Aparecida de Goiânia, é fundamental que os mesmos sejam ocupados, de forma a otimizar a infraestrutura existente, ainda que a mesma seja insipiente.

Na Lei Municipal 2.245/2002 são apresentadas as Diretrizes para Habitação para o Município de Aparecida de Goiânia, dentre as quais se destaca:

5.1 Definir Política Municipal para Habitação – para que se evite a segregação espacial e se combata a desigualdade no acesso à moradia (APARECIDA DE GOIÂNIA, Lei nº2245/2002).

No dia 18 de dezembro de 2007, entrou em vigor a Lei Municipal nº 2.707, instituindo as Áreas Especiais de Interesse Social – AEIS, bem como as normas para regularização fundiária das áreas ocupadas. Dentre os objetivos da Lei, destaca-se:

I – aumentar a oferta de moradia para as famílias de baixa renda;

II – combater os fenômenos de segregação social e espacial e o desenvolvimento desordenado das periferias e assentamentos precários;

III – induzir o repovoamento das áreas centrais ociosas e vazias para a produção de habitação popular, otimizando a infraestrutura urbana existente;

IV- promover o acesso ao solo urbano e à moradia legalizada.

(APARECIDA DE GOIÂNIA, Lei nº2707/2007)

Ainda que esteja previsto em leis o aumento da produção habitacional, o que se tem constatado, ao contrário, é o incremento do déficit habitacional em Aparecida. Tal qual se verificou nas visitas de campo realizadas, existem inúmeros vazios urbanos em todo o perímetro urbano, contribuindo para a manutenção da segregação social e espacial característica do município. Não obstante, o alto valor dos imóveis, consequente da especulação imobiliária existente na municipalidade, inviabiliza a implantação de unidades habitacionais provenientes do programa MCMV em áreas centrais melhor providas de infraestrutura.

Em se tratando das áreas que podem ser delimitadas AEIS, a Lei dispõe que as mesmas podem ser previstas tanto em áreas públicas quanto privadas. Além disso, a lei determina sobre a utilização das AEIS para fins de produção de lotes ou habitações populares, que poderão ser abrangidos espaços vazios ou ociosos que atendam

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grupos familiares de até cinco salários mínimos (APARECIDA DE GOIÂNIA, Lei nº 2707/2007).

Os lotes ou habitações populares deverão conter, no mínimo, os seguintes parâmetros:

a) Coeficiente de aproveitamento máximo de 2 (dois); b) Lote mínimo de 125m²; c) Taxa de ocupação máxima de 70%; d) Índice do sistema viário com gabarito mínimo de 8m. (APARECIDA DE GOIÂNIA, Lei nº2707/2007)

Além de incentivar a ocupação dos inúmeros vazios existentes no perímetro municipal, viabilizando o adensamento do contexto urbano, é imprescindível que tal ocupação ocorra de forma a otimizar os equipamentos e a infraestrutura existente. Ainda que os loteamentos aprovados estejam presentes em quase todo o território de Aparecida, é importante que sejam priorizadas políticas que favoreçam a integração, democratização do uso e ocupação do solo e salubridade e adequação das habitações.

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6. MOBILIDADE, TRANSPORTE E ACESSIBILIDADE

A contextualização e análise da mobilidade de Aparecida de Goiânia se justificam não só para tornar possível o diagnóstico de qual a situação em que os elementos que a compõem se encontram, mas também para nortear o desenvolvimento municipal. Por condicionarem diretamente a dinâmica urbana, é importante que tais elementos estejam compatíveis com a demanda e sejam capazes de atender a incrementos futuros. Nesse sentido, ainda que exista uma Política Setorial que aborde especificamente o tema, é fundamental que seja feita uma leitura estratégica capaz de direcionar a relação entre os setores de desenvolvimento.

Para a realização de tais análises foram realizados levantamentos documentais, entrevistas com gestores da administração pública municipal responsáveis pelo setor de trânsito e transportes, além de levantamento de campo e observação direta.

Desta forma, serão analisadas as condições da i) rede viária municipal; ii) sistemas de transportes; e iii) acessibilidade.

6.1. REDE VIÁRIA MUNICIPAL

Uma das principais características de Aparecida de Goiânia é seu território espraiado e fragmentado. A descontinuidade do traçado viário entre os bairros enaltece a carência de infraestrutura e acusa a mobilidade precária verificada no município, condicionada pelas interrupções da malha entre os inúmeros loteamentos existentes, oferta de transporte coletivo incipiente e escassa oferta de alternativas de modais que sejam capazes de atender à demanda. Não obstante, ainda que exista um Plano Diretor Municipal vigente, não há formalizada uma hierarquização viária do município.

Até o momento, Aparecida de Goiânia não dispõe de Plano de Mobilidade Urbana. A concepção de tal instrumento é imperativa, uma vez que se trata da efetivação da Política Nacional de Mobilidade Urbana no contexto municipal e, portanto, versa sobre questões imprescindíveis para a dinâmica do município, tais como integração com a Região Metropolitana, transporte público coletivo e integração entre modais; circulação viária; infraestrutura do sistema de mobilidade; acessibilidade; transporte de carga; polos geradores de tráfego; estacionamentos.

Em face de tal importância, a Lei da Política Nacional da Mobilidade (Lei nº 12.587, de 3 de janeiro de 2012) estabelece que:

§ 1º Em Municípios acima de 20.000 (vinte mil) habitantes e em todos os demais obrigados, na forma da lei, à elaboração do plano diretor,

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deverá ser elaborado o Plano de Mobilidade Urbana, integrado e compatível com os respectivos planos diretores ou neles inserido.

(...)

§ 3º O Plano de Mobilidade Urbana deverá ser integrado ao plano diretor municipal, existente ou em elaboração, no prazo máximo de 3 (três) anos da vigência desta Lei.

§ 4º Os Municípios que não tenham elaborado o Plano de Mobilidade Urbana na data de promulgação desta Lei terão o prazo máximo de 3 (três) anos de sua vigência para elaborá-lo. Findo o prazo, ficam impedidos de receber recursos orçamentários federais destinados à mobilidade urbana até que atendam à exigência desta Lei. (BRASIL; Lei nº 12.587/2012)

Desta forma ressalta-se o fato de que, atualmente, o município não dispõe de um aparato documental técnico capaz de nortear o setor. Tal condição reforça a fragilidade de Aparecida no que tange ao desenvolvimento municipal, bem como impossibilitará, a partir de 2015, investimentos na mobilidade que dependam de recursos federais. Sobre isto é importante destacar que, de acordo com informações disponibilizadas por técnicos da prefeitura, atualmente cerca de 90% dos recursos para pavimentação é proveniente do Governo Federal.

Consequência considerável da inexistência de integração viária no município é o fato de que, para se locomover de um bairro a outro, é necessário que parte do deslocamento seja realizada nas rodovias que cortam e percorrem o município, a saber, BR-153, que secciona o perímetro urbano de norte a sul, e a GO-040, que tangencia o perímetro municipal no sentido oeste a leste e faz divisa com o município de Goiânia. Não bastasse o conflito de usos condicionado pelo caráter de rodovia e sua utilização pelo tráfego urbano, a situação é agravada pela condição de que Aparecida de Goiânia é um importante entreposto de distribuição de produtos industriais para o centro e norte do país, resultando na intensa utilização dessas rodovias por tráfego pesado.

Corroborando com o tema, destaca-se que não há parâmetros viários para os novos parcelamentos de forma que, ao aprovar um loteamento, a maioria dos loteadores opta pela implantação de vias com caixas pequenas. Como consequência, verifica-se a manutenção da desarticulação do sistema viário e incompatibilização entre as caixas propostas e as existentes.

Outro fator determinante na mobilidade municipal é a descontinuidade do nome das vias, o que confunde munícipes e visitantes que trafegam pelos eixos viários que, em algumas situações, são chamados de avenida e rua.

Ao relacionar os usos com o sistema viário existente, observa-se que há casos de incompatibilidade, sobretudo devido ao conflito entre as atividades praticadas e a constituição/função das vias (tamanho da caixa, passeio, área de acesso, área de serviço). A carência de estacionamento em áreas comerciais, por exemplo, dificulta o

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fluxo de veículos e pessoas e, igualmente, restringe a dinâmica econômica nessas regiões. Da mesma forma, existem porções do território de Aparecida de Goiânia em que acontecem atividades industriais de porte incompatível com o sistema viário presente.

Existem alguns projetos em trâmite que merecem ser destacados, uma vez que impactarão diretamente na mobilidade municipal. Um deles é o traçado proposto de desvio da BR-153, que estará localizado na extremidade leste municipal, desafogando o conflituoso tráfego central recentemente verificado, uma vez que é por onde o transporte de carga passará a transitar. Outro projeto importante é o do aeroporto, que está previsto na extremidade sudeste, entre o atual traçado da BR-153 e o desvio projetado. Além desses, há também o projeto de implantação de terminal rodoviário, a localizar-se próximo ao Terminal de Transporte Coletivo Araguaia, no traçado presente da BR-153. Por fim, há a previsão de implantação de uma universidade, a localizar-se próxima ao aeroporto projetado.

Tanto o aeroporto e o terminal rodoviário quanto a universidade se tratam de Polos Geradores de Tráfego, face à atratividade que possuem. Tal condição significa um incremento considerável no fluxo e trânsito de veículos e pessoas na região, bem como nas vias que fazem a conexão desta parte com o restante do município. Frente à precariedade do sistema viário de Aparecida e intensificação das demandas, que serão agravados a partir da implantação desses polos, alerta-se para o fato de que há a necessidade de melhoria da oferta de serviços de transporte coletivo, integração da malha viária e diferenciados modais, além da estruturação das vias existentes.

Com relação aos Polos Geradores de Tráfego já existentes, tem-se que a maioria está localizada ao longo da Avenida Rio Verde, na divisa com Goiânia. A implantação desses empreendimentos não levou em consideração a infraestrutura existente na região, o que tem resultado, diariamente, em sobrecarga dos eixos, fluxo conflituoso e congestionado de veículos, pessoas e mercadorias.

Segundo o mapa “Mobilidade”, são poucas as vias que possuem pavimentação asfáltica – e, as que possuem, estão localizadas, predominantemente, nas extremidades norte e sul do perímetro urbano. No que se refere à composição do sistema viário destaca-se o fato de que, em virtude da ocupação espontânea que norteou o desenvolvimento de Aparecida de Goiânia, a malha viária apresenta um traçado orgânico e descontínuo, dificultando a conexão e integração entre as porções que constituem o território municipal.

Conurbado com Goiânia o município exerceu, durante muito tempo, o papel de cidade dormitório. Atualmente, ao contrário deste contexto, muitos munícipes da capital do estado se dirigem diariamente à Aparecida de Goiânia a trabalho – cerca de 40% da população faz um movimento quotidiano casa/ trabalho intermunicipal.

Os principais eixos viários do município são:

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• GO-040 - faz o limite entre Goiânia e Aparecida de Goiânia, tangenciando o perímetro de oeste a leste deste município e possibilitando a conexão entre diversos bairros (seja de forma direta, considerando aqueles que são percorridos pela rodovia, seja de forma indireta, considerando aqueles que dependem dela para fazer a ligação com o restante do sistema viário). Sua utilização conflituosa pelo tráfego lento municipal e tráfego pesado característico de rodovias coloca em risco a população residente no município, bem como aqueles que estão de passagem. Não obstante, a rodovia não apresenta infraestrutura compatível com o tráfego de pedestres. Há carência de iluminação.

• Avenida Rio Verde - continuação da GO-040. Via em que estão localizados o Terminal Cruzeiro e o Shopping Buritis, além de outros Polos Geradores de Tráfego que acarretam no fluxo e deslocamento da região.

• Avenida de Furnas (Avenida Perimetral) – inicia no Terminal Araguaia. Via de curta extensão, porém importante, com canteiro central, seccionando o centro e o Setor Araguaia.

• Avenida Atlântica – inicia a partir do entroncamento com as avenidas da Igualdade e Liberdade e termina na Avenida Nossa Senhora Aparecida. Faz a conexão entre o Bairro Garavelo ao Bairro Jardim das Cascatas. Trata-se de uma via de maior caixa.

• Avenida Escultor Veiga Valle – é uma via de caixa considerável, que conecta a GO-040 e o bairro Jardim Nova Era ao bairro Jardim Monte Cristo, seccionando o anel viário.

• Avenida da Independência – consiste no Eixo de Logística e Serviços e liga o bairro Setor Colina Azul ao bairro Setor Central. Trata-se do corredor de passagem do transporte coletivo na região, apresentando calçada e meio-fio em parte considerável de sua extensão. No início, a via possui canteiro central. Ao final do canteiro, a via passa a ser constituída por “mão dupla”. Emprega grande parte da população municipal. Ao longo de seu traçado passa a se chamar Avenida Benedito Silvestre de Toledo.

• BR-153 - corta a porção leste do município, no sentido norte a sul, conectando os bairros V. Brasília Continuação e Bairro S. Rosa dos Ventos. Por se tratar de uma rodovia, apresenta tráfego conflituoso, já que é utilizada pelo transporte pesado e pelo tráfego municipal.

• Avenida Bela Vista - conecta o bairro Jardim das Esmeraldas ao bairro Parque Trindade III, faz divisa com Goiânia até o encontro com a BR-153.

• Avenida Dr. Epitácio S. da Cruz – inicia na GO-040 e termina na Avenida Nossa Senhora Aparecida. Conecta o bairro Jardim Dom Bosco ao bairro Pq. Ibirapuera. Seu prolongamento se chama Avenida Pe. Albertino.

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• Avenida Nossa Senhora da Aparecida – inicia na GO-040 e termina no encontro com a Avenida Atlântica. É o prolongamento da Avenida Independência. Faz a conexão entre os bairros Jardim Alto Paraíso e o bairro Parque Ibirapuera. Nesta região, a oferta de transporte público coletivo é precária, dificultando o deslocamento dos munícipes.

• Avenida das Nações – Inicia na Avenida Atlântica e termina na Avenida Escultor Veiga Vale. Faz a conexão entre os bairros Jardim Tirantes e Mansões Paraíso.

• Avenida São Paulo – inicia na Avenida Rio Verde e segue até o encontro com a BR-153. No trajeto, recebe o nome de Avenida das Hortênsias e, posteriormente, de Avenida Juscelino Kubitscheck. Faz a conexão entre o bairro Jardim das Esmeraldas e o bairro Vila Maria.

• Alameda 21 de Abril – inicia na BR-153 e faz a ligação entre o bairro Distrito Industrial de Aparecida e o bairro Cepaigo, conectando os polos industriais DIMAG (Distrito Industrial Municipal de Aparecida de Goiânia) e DAIAG (Distrito Agroindustrial de Aparecida de Goiânia). É a única via que possui ciclovia no município e é servida pelo transporte coletivo. Região desprovida de passeios.

• Avenida Santana - prolongamento da Avenida Independência, liga a BR-153 à porção sudeste municipal – onde, futuramente, no trecho em que passa a se chamar Al. Paulo VI, estará localizado o aeroporto e o campus da UFG. Trata-se de um importante eixo transversal do município. Esta avenida, com alguma expressão comercial, possui duas faixas de rolamento separadas por canteiro central até o encontro com a Avenida Independência, quando passa a ter apenas uma faixa de rolamento.

• Avenida Tropical – importante eixo a partir do Terminal Garavelo, com início na GO-040. Seu prolongamento se chama Avenida da Luz.

• Avenida da Igualdade – concentração comercial de alta densidade, próxima ao Terminal Garavelo, paralela à Avenida Tropical. Inicia na GO-040, com seu traçado interrompido por uma praça. Termina no entroncamento com a Avenida Liberdade e Avenida Atlântica. Possui uma ocupação de estabelecimentos de comércio e serviços desproporcionais ao seu porte.

• Avenida Brasil – Inicia no entroncamento com a Avenida das Noções, com duas faixas de rolamento. Seu prolongamento, chamado Rua 49, termina na Avenida da Independência.

• Anel Viário – consiste no Eixo de Comércio e Serviços e resulta da soma dos traçados da Avenida União, Avenida Liberdade e Avenida 08. Trata-se

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de um importante eixo para o transporte de cargas. No entroncamento com a BR-153, a via possui características de “rodovia”. Ao passar pelos setores Papillon e Mansões Paraíso, a via passa a apresentar características mais urbanas. O anel viário é onde há mais problemas relacionados à travessia de pedestres na região, face à largura da via e presença de tráfego pesado, dificultando a travessia. O anel viário é uma referência de ligação do bairro com o polo industrial.

• Avenida Escultor Veiga Vale – É o prolongamento da Avenida São João. Trata-se de uma importante ligação com Goiânia e é onde está localizado o Terminal Veiga Jardim. Seu prolongamento, Avenida Diamante, termina na Avenida da Independência.

• Avenida Brasília – importante eixo de ligação com Goiânia, com intenso fluxo de veículos, considerável movimento comercial e presença do terminal Vila Brasília.

Em linhas gerais, tem-se que esses eixos viários destacados apresentam possibilidades de ampliação e extensão, constituindo novos traçados e realizando a continuidade dos já existentes. Igualmente, em alguns deles há a viabilidade de implantação de ciclovias e corredores exclusivos para transporte coletivo – o que contribuirá, positivamente, para a fluidez e deslocamento de pessoas e mercadorias no município.

Nas oficinas temáticas realizadas nas Regiões Administrativas, a maioria da população reivindicou melhorias no sistema viário e, nas regiões administrativas do Garavelo, Papillon e Brasília, foram indicadas considerações peculiares a estas localidades. Na Região Administrativa do Garavelo, porção municipal em que há maior integração com Goiânia, foi acusada a carência de placas de sinalização; acessibilidade inadequada; inexistência de ciclovia; inexistência de pavimentação asfáltica nos bairros Buriti Sereno, Cardoso II, Goiânia parte Sul, Serra das Brisas, Caraíba, Norte Sul e Belo Horizonte.

Na Região Administrativa Papillon, alertou-se para o fato de que, após implantado o Anel Viário, o fluxo viário foi comprometido consideravelmente, principalmente pelo fato de que é nesta via que concentra-se o tráfego pesado de veículos. Não obstante, a indefinição da gestão desse eixo – entre Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT) e município - contribui para o agravamento da situação. Com relação ao restante do sistema viário na região, tem-se que a maioria das vias está asfaltada, porém sem galeria pluvial, contribuindo com a erosão dos córregos.

Na Região Administrativa Vila Brasília foi indicado que, face à localização do shopping e hipermercado, o tráfego pela região é moroso, sobretudo em épocas de feriado. Reivindicou-se a abertura de vias, definição de vias estruturantes e construção de pontes.

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Algumas questões, comuns a todas as regiões administrativas, foram tidas como urgentes, tais como: carência de drenagem nas vias, contribuindo para a inundação das regiões; deslocamento de pedestres comprometido face aos grandes eixos viários sem passarelas; sinalização incipiente; inexistência de sistema cicloviário; conflito entre tráfego urbano e tráfego pesado; e inexistência de políticas que viabilizem a integração entre transporte público coletivo e bicicletas.

Ainda que tais questões tenham sido apontadas nas oficinas realizadas em 2014 tem-se que, no Plano Diretor Municipal de 2001, já eram apresentadas diretrizes que vão de encontro ao exposto:

(...)

3.4 Elaborar e implantar o Plano de Alinhamento e Reestruturação

Viária – para que a malha urbana seja articulada e integrada,

ordenando os grandes eixos e dinamizando os fluxos de forma

harmônica com o Desenvolvimento Estratégico;

3.5 Estruturar o sistema viário em consonância com o zoneamento e

o desenvolvimento urbano previsto no Plano Diretor – para que nas

vias estruturadoras o uso do solo seja compatível com o fluxo e a

característica dos veículos que compõem este fluxo, e para que

qualquer ocupação esteja adequada às futuras transformações físicas

e conceituais da malha viária, previstas no Plano de Alinhamento e

Reestruturação Viária;

(...)

3.7 Implementar rotas e vias seguras para o deslocamento de

ciclistas – para que o grande número de usuários de bicicletas

existentes no município possa transitar com segurança e sem

conturbar os deslocamentos de pedestres e de veículos motorizados;

(...)

3.12 Elaborar um programa de sinalização viária para o município –

para que o fluxo de trânsito no município possa ser ordenado e

comunicado de forma clara e objetiva;

(APARECIDA DE GOIÂNIA, Lei nº 2.245/2002).

Ao analisar tais diretrizes à luz do contexto urbano de Aparecida de Goiânia, verifica-se que houve irrisória implementação daquilo que foi orientado no Plano Diretor Participativo municipal e, ao contrário, a manutenção da situação existente tem agravado os parâmetros de mobilidade, já que o município tem apresentado um crescimento populacional considerável.

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No que se refere a investimentos no sistema viário, para o ano de 2015 estão previstos recursos destinados aos programas i) PAC II – Asfalto; ii) Pró Vias; iii) Avenida da Paz.

Face à carência de conexões entre os bairros dessa municipalidade, somada ao contexto espraiado da ocupação, salienta-se a necessidade de ampliação do sistema viário, de forma a viabilizar um deslocamento mais homogêneo, seguro e uniforme para a população de Aparecida de Goiânia.

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FIGURA 19 - MOBILIDADE

Fonte: Prefeitura Municipal de Aparecida. Adaptado por Ambiens Cooperativa, 2014.

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6.2. SISTEMAS DE TRANSPORTES

O município de Aparecida de Goiânia não possui um serviço de transporte coletivo municipal, sendo a oferta deste modal de responsabilidade metropolitana. Face à ineficácia diagnosticada do serviço, a maioria dos munícipes possui modal individual para se deslocar. No que se refere à taxa de motorização32 tem-se que, entre os anos de 2004 e 2008, o município de Aparecida de Goiânia sobressaltou-se em relação à Goiânia, São Paulo e Brasília, apresentando os maiores índices (DENATRAN, 2008).

TABELA 6 - TAXA DE MOTORIZAÇÃO (POPULAÇÃO/FROTA) – DENATRAN – CIDADES ACIMA DE 400MIL HABITANTES

Município 2004 2005 2006 2007 2008

Goiânia 2,12 2,05 1,95 1,83 1,70

Aparecida de Goiânia 6,45 5,67 5,02 4,50 3,99

São Paulo 2,38 2,30 2,19 2,02 1,89

Brasília 2,93 2,82 2,68 2,52 2,42

Fonte: Ambiens, baseado em Denatran (2008).

O serviço de transporte público coletivo de passageiros ofertado em Aparecida de Goiânia é gerido pela RMTC, responsável pela dimensão físico-espacial (vias, terminais, corredores); logísticas (linhas, trajetos, horários, meios e forma de integração); e pelo modelo de operação e de acesso dos passageiros ao serviço (tarifas, forma de pagamento, forma de controle) de Goiânia e mais 17 municípios – ligados por interesses econômicos e sociais comuns - que formam a Região Metropolitana de Goiânia (RMTCGOIANIA, 2014). Apesar de todas essas atribuições, há carência de informações e estatísticas que versam sobre carregamento e saturação das linhas; usuários; demandas; avaliação qualitativa e quantitativa do sistema. A oferta do serviço nos 18 municípios é realizada pelo consórcio existente entre 4 empresas, sendo cada uma delas responsável por um “arco” do sistema, totalizando 282 linhas de ônibus.

No site da RMTC é possível encontrar informações sobre o serviço ofertado, tais como: funcionamento do Sitpass (passe/tarifa do transporte); trajeto, destinos e linhas de cada terminal da rede; condição (“adiantado”, “no horário”, “atrasado”) do ônibus em tempo real; número de ônibus em operação em tempo real; orientações acerca do Serviço de Informação Metropolitano (SIM); índice de medição da Fluidez do Trânsito e Transporte (para ônibus e automóveis).

32 Taxa de motorização é igual à quantidade de veículos por mil habitantes.

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Juntamente com outras municipalidades, Aparecida de Goiânia faz parte do “Arco Sul” da RMTC que abrange, aproximadamente, 390 bairros por meio de 131 linhas. No município existem 116 linhas (classificadas como “linhas expressas”, “linhas alimentadoras” ou “linhas 24 horas”), organizadas em seis terminais de transporte coletivo interiores ao perímetro urbano, correspondendo a 25% da demanda da rede, a saber:

i) Terminal Maranata: localizado na Rua Antônio, Jardim Maranata, na RA III – Tirandentes, próximo à Avenida Nossa Senhora Aparecida. Em 2012 o terminal passou por uma reforma que resultou, dentre outros elementos, na instalação de bicicletário e sistema de comunicação visual e sonora, recapeamento das pistas, sinalização horizontal, além da implantação de sistema de monitoramento por câmeras (CFTV). Possui uma plataforma, um módulo comercial e seis baias de embarque. Por ele passam doze linhas do sistema, que fazem a conexão entre a porção sul e centro de Aparecida e, também, com a região central de Goiânia (RMTC, 2014).

ii) Terminal Garavelo: localizado na Avenida Lago das Graças e Avenida Tropical, Jardim Tropical, na RA IV – Garavelo, próximo ao Anel Viário. Em 2012 o terminal passou por uma reforma que seguiu normas universais de acessibilidade. Possui duas plataformas, quatro módulos comerciais e dezenove baias de embarque. Por ele passam trinta linhas, que circulam por importantes avenidas comerciais do município (RMTC, 2014).

iii) Terminal Cruzeiro do Sul: localizado na Avenida São João e Avenida Rio Verde, Jardim Nova Era, na RA VI – Vila Brasília, próximo à Avenida São Paulo e ao Terminal Vila Brasília. Trata-se do primeiro terminal a receber o modelo de gestão implantado pelo Consórcio RMTC. Em 2009 o terminal passou por uma reforma que priorizou a melhoria da segurança, facilidade de deslocamento e conforto dos usuários. Possui oito plataformas, seis módulos comerciais e vinte e cinco baias de embarque. Por ele passam trinta e quatro linhas do sistema (RMTC, 2014).

iv) Terminal Vila Brasília: localizado na Avenida São Paulo e Avenida Brasília, Vila Brasília, na RA VI – Vila Brasília e próximo à BR-153 que corta o município no sentido norte – sul. Em 2011 o terminal passou por uma reforma e, atualmente, o terminal possui uma melhor estrutura, em que se destaca bicicletário, bilheteria acessada por meio de rampas e monitoramento por CFTV. Possui duas plataformas, um módulo comercial e nove baias de embarque. Por ele passam dez linhas do sistema (RMTC, 2014).

v) Terminal Araguaia: localizado na Alameda D e Avenida de Furnas, Setor Araguaia, na RA I – Centro, às margens da BR-153. Em 2011 o terminal passou por uma reforma que resultou em adequações pontuais, dentre as quais se destaca a instalação de câmeras de vigilância (CFTV). Possui uma plataforma, dois módulos comerciais e nove baias de embarque. Por ele passam quatorze linhas do sistema, que fazem a conexão da região com o centro de Aparecida de Goiânia e com o de Goiânia (RMTC, 2014).

vi) Terminal Veiga Jardim: localizado na Rua Antonieta Cupertino Barros de Amorim e Avenida Escultor Veiga Vale, Parque Veiga Jardim, próximo ao anel viário, na RA V - Papillon. Reformado em 2013, foi um dos últimos terminais a

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receber o novo modelo de gestão implantado pelo Consórcio RMTC. Possui uma plataforma, três módulos comerciais e treze baias de embarque. Por ele passam dezesseis linhas do sistema, que fazem a conexão da região com o centro de Aparecida de Goiânia e com o de Goiânia (RMTC, 2014).

FIGURA 20 - REDE DE TRANSPORTE PÚBLICO COLETIVO DA RMTC

Fonte: RMTC, 2014.

Conforme ilustrado no “Mapa da Rede de Transporte Público Coletivo da RMTC”, nenhum dos terminais de Aparecida de Goiânia tem conexão direta com os terminais pertencentes ao “Arco Oeste” da rede, sendo necessário o intermédio dos terminais de Goiânia (como, por exemplo, da Praça Cívica) para que o deslocamento entre esses arcos seja possível.

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Já com relação aos terminais localizados no “Arco Leste”, a conexão é facilitada, já que o acesso se dá de forma direta por todos os pontos do “Arco Sul” – com exceção do Terminal Garavelo que faz ligação, apenas, com os terminais de Goiânia.

A conexão entre os terminais de Aparecida de Goiânia é lenta e fragmentada, face ao contexto espraiado do município. Restringindo a análise aos terminais desta municipalidade, verifica-se que o Terminal Garavelo – segundo maior terminal de Aparecida em termos de estrutura (número de linhas, plataformas e baias) -, localizado na extremidade noroeste de Aparecida, é o mais isolado, apresentando ligação, apenas, com o Terminal Maranata – segundo menor terminal do município -, localizado na porção oeste. O terminal Viega Jardim, situado espacialmente na porção central do perímetro urbano, é o responsável pela ligação entre os terminais Araguaia, na porção sudeste, Cruzeiro do Sul, na extremidade norte municipal, e Maranata. Entretanto, apesar da sua importância e consequente fluxo intenso de usuários, possui uma estrutura (número de plataformas, baias e linhas) menor que a dos terminais Garavelo e Cruzeiro do Sul. Próximo ao Terminal Cruzeiro do Sul está o Terminal Vila Brasília – menor terminal do município - que, por sua vez, se conecta com ele e com o Terminal Araguaia – quarto menor terminal de Aparecida.

Ao sobrepor esta análise com o mapa “Mobilidade e Densidade Demográfica”, observa-se que os terminais Garavelo, Cruzeiro do Sul, Vila Brasília e Veiga Jardim estão localizados nas porções com maior densidade demográfica, enquanto que os terminais Maranata e Araguaia, nas regiões menos adensadas demograficamente. A depender da conexão existente entre os terminais, o Terminal Veiga Jardim exerce papel fundamental no sistema uma vez que, face à sua localização espacial, é o conector entre as porções norte, leste e oeste do município. A porção noroeste de Aparecida possui restrita ligação com o restante do perímetro urbano, pois, a mesma é condicionada por uma única conexão. No que se refere à extremidade leste municipal, verifica-se que seu isolamento é delimitado pela BR-153, que corta o perímetro de norte a sul.

A localização dos pontos de ônibus limita-se ao longo dos principais eixos viários do município, não havendo conexão entre pontos que não pertençam ao mesmo traçado. Nos deslocamentos de uma região à outra, é necessária a transição entre terminais para a chegada ao destino final.

Segundo informações disponibilizadas pela RMTC, todos os terminais de Aparecida de Goiânia possuem bicicletário, quiosques comerciais, farmácias e lanchonetes. Para dimensionamento da frota, a rede utiliza dados defasados, uma vez que são provenientes da Pesquisa de Origem e Destino realizada em 2006 – ou seja, 8 anos anteriores à realidade e dinâmica atual -, além da consideração de solicitações pontuais da comunidade, verificadas in loco. Sobre isto, é importante destacar que não ocorre o aumenta da frota, mas, sim, a extensão das linhas existentes – o que acaba acarretando atrasos e maior espaçamento nos itinerários dos ônibus. Atualmente há integração espacial do sistema de até duas horas, com bilhetagem eletrônica.

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Presentemente existem cinco tipos de cartão transporte e três tipos de bilhete para a utilização do sistema de transporte público coletivo (SITPASS, 2014):

i) Cartão Fácil: a primeira via é gratuita e pode ser adquirido nos pontos espalhados pelo município. Pode ser utilizado tanto nas linhas municipais quanto nas semiurbanas que atendem a região metropolitana de Goiânia.

ii) Cartão de Integração: permite a integração por até duas horas entre duas linhas diferentes, necessariamente.

iii) Cartão Passe Escolar: destinado, unicamente, para estudantes matriculados em instituição regular de ensino. Seu uso é restrito ao período letivo e permite a aquisição de até 120 viagens/mês. Por meio deste cartão, o estudante tem direito legal de 50% de desconto no pagamento da tarifa.

iv) Cartão Criança: garante a gratuidade da tarifa e é destinado, unicamente, para estudantes carentes, entre 5 e 12 anos incompletos, e é válido nas linhas e horários escolares para alunos da rede pública de ensino e conveniadas.

v) Cartão Funcional: é exclusivo para os funcionários da rede de transporte coletivo. Nos horários de folga destes trabalhadores, opera como Passe Livre.

vi) Bilhetes SitPass: bilhetes cuja tarifa varia conforme o trajeto: a) Bilhete AC 01: R$2,80; b) Bilhete AC 02: R$5,60; c) Complemento RMG AF: R$1,40.

Em se tratando da avaliação do transporte coletivo público ofertado, a começar pelo contexto espraiado de Aparecida de Goiânia, a malha viária descontínua e o irrisório número de terminais existentes, tem-se que a mesma é insatisfatória. Ainda, que ao contrário do que legisla a Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei nº12.587, de 3 de janeiro de 2012), o serviço de transporte público coletivo prestado não contribui para o desenvolvimento urbano integrado e, tão pouco, se trata de um projeto de transporte público coletivo estruturador de território.

De forma a corroborar com o tema explicita-se que, nas oficinas temáticas realizadas nas Regiões Administrativas, a maioria da população reivindicou melhorias no serviço prestado. Algumas questões, comuns a todas as regiões administrativas, foram tidas como urgentes, tais como: carência de qualidade no transporte público coletivo ofertado; grandes distâncias entre os pontos de ônibus; irregularidade no trajeto e itinerário; inexistência de conexão entre os bairros – apenas dos bairros até os terminais e dos terminais aos bairros; frota incompatível com a demanda; atrasos. Em se tratando de investimentos no sistema de transporte, para o ano de 2015 estão previstos investimentos destinados ao programa “Pro Transporte”.

Na oficina setorial de mobilidade realizada no município, dentre os elementos indicados para comporem a realidade desejada para Aparecida de Goiânia destacou-se a preocupação relativa aos seguintes itens:

i) valorização do transporte público nos projetos de novas vias.

ii) integração entre linhas de ônibus intrarregional.

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iii) criação de políticas de incentivo à integração da bicicleta com o transporte público, como por exemplo, desconto na passagem do ônibus.

Sobre a oferta de serviço de transporte público coletivo, a Lei da Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei nº 12.587, de 3 de janeiro de 2012) dispõe que:

Art. 10. A contratação dos serviços de transporte público coletivo será precedida de licitação e deverá observar as seguintes diretrizes:

I – fixação de metas de qualidade e desempenho a serem atingidas e seus instrumentos de controle e avaliação;

II – definição dos incentivos e das penalidades aplicáveis vinculadas à consecução ou não das metas;

(...)

IV – estabelecimento das condições e meios para a prestação de informações operacionais, contáveis e financeiras ao poder concedente;

(...)

Art. 13. Na prestação de serviços de transporte público coletivo, o poder público delegante deverá realizar atividades de fiscalização e controle dos serviços delegados, preferencialmente em parceria com os demais entes federativos.

(BRASIL, Lei nº 12.587/2012).

No que tange aos direitos dos usuários, a legislação assegura que:

Art. 14. São direitos dos usuários do Sistema Nacional de Mobilidade Urbana:

I – receber o serviço adequado;

II – participar do planejamento, da fiscalização e da avaliação da política local de mobilidade urbana;

III – ser informado nos pontos de embarque e desembarque de passageiros, de forma gratuita e acessível, sobre itinerários, horários, tarifas dos serviços e modos de interação com outros modais;

(...)

Parágrafo único. Os usuários dos serviços terão o direito de ser informados, em linguagem acessível e de fácil compreensão, sobre:

(...)

III – os padrões preestabelecidos de qualidade e quantidade dos serviços ofertados, bem como os meios para reclamações e respectivos prazos de resposta.

(BRASIL, Lei nº 12.587/2012).

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Em se tratando do acesso às informações, a rede esclareceu que por meio da internet e do celular, o usuário pode receber esclarecimentos acerca dos ônibus. Trata-se do Serviço de Informação Metropolitano (SiM) que, projetado em 2008 e desenvolvido em 2009, possibilita que os usuários recebam informações operacionais sobre frequência e horários de viagens, itinerários/trajetos de linhas, pontos de parada, por meio das seguintes plataformas: site RMTC; RMTC no Google Maps; WAP; SMS; Display Ponto de Parada; i-Center e Call Center (RMTC, 2014).

Entretanto, vale ressaltar que o fato de tais dados estarem disponíveis, apenas, por meio digital restringe o acesso a uma parcela da população – não estando em conformidade, portanto, ao que rege a legislação federal, já que ela se refere à universalização da informação.

Considerando-se que alguns dos princípios da Política Nacional de Mobilidade Urbana são a equidade no acesso da população ao transporte público coletivo; a eficiência, eficácia e efetividade na prestação dos serviços de transporte urbano; a eficiência, eficácia e efetividade na circulação urbana (BRASIL, Lei nº12.587/2012); partindo-se da premissa de que cada município possui um contexto e, consequentemente, prioridades, é imprescindível que, para que o planejamento do serviço de transporte público coletivo seja, de fato, compatível com a demanda, sejam realizados, de forma descentralizada e democrática, levantamentos, análise, avaliação e dimensionamento de uma oferta de transporte que atenda à população de Aparecida de Goiânia e que esteja, minimamente, em conformidade com esta legislação.

6.3. ACESSIBILIDADE

A acessibilidade é um elemento muito importante que compõe a mobilidade, uma vez que se trata da facilidade disponibilizada às pessoas que possibilite a todos autonomia nos deslocamentos desejados (BRASIL, Lei nº 12.587/2012). Ao tratar do tema tendo como foco os passeios destaca-se que, considerando que o transporte a pé é um modo de locomoção importante em todas as cidades – independente do porte -, é imprescindível que existam medidas capazes de melhorar a situação das mesmas, garantindo a circulação de todos os cidadãos.

Tal qual se verifica na maioria dos municípios brasileiros, muitos dos bairros de Aparecida de Goiânia carecem de passeios e, naqueles em que esse elemento existe, a qualidade é precária, havendo descontinuidade do traçado, ausência ou pavimentação irrisória, não apresentando a largura mínima de 1,20m prevista na norma da ABNT (NBR 9050:2004).

No Código de Obras municipal (APARECIDA DE GOIÂNIA, Lei nº 1787/1998) é instituído que “os proprietários dos imóveis que tenham frente para logradouro público pavimentado ou dotado de meio fio, são obrigados a pavimentar e manter em bom estado os passeios em frente de seus lotes” (APARECIDA DE GOIÂNIA, Lei nº 1787/1998, Art. 28). Sobre esta questão chama-se a atenção para o fato de que, com

144

a exigência restrita aos imóveis fronteiriços a vias pavimentadas ou dotadas de meio fio, a tendência é que poucos passeios sejam pavimentados, já que a maior parte do sistema viário que compõe o perímetro urbano é desprovido de pavimentação. Tal condição contribui para que a condição precária da acessibilidade seja mantida.

Nas oficinas territoriais municipais realizadas, foram identificados elementos comuns às regiões administrativas que merecem destaque, tais como: despadronização das calçadas, que são construídas pelos proprietários dos lotes; acessibilidade universal inviabilizada pela inexistência de elementos mínimos nos passeios; irregularidade das calçadas e até mesmo ausência desses elementos voltados a pedestres e cadeirantes; carência de fiscalização do uso dos passeios e calçadas; qualidade precária na construção desses elementos.

É mister salientar que no Plano Diretor Municipal de 2001, a questão das calçadas e passeios já era reivindicada. Na Lei Municipal 2.245/2002 são apresentadas as Diretrizes para o Sistema Viário e Transporte para o município de Aparecida de Goiânia, dentre as quais se destacam:

(...)

3.6 Desenvolver programa que incentive a pavimentação das calçadas públicas – para que os pedestres possam transitar com segurança sem precisarem utilizar a caixa das vias, o que ocasiona atropelamentos e outros transtornos de trânsito;

(...)

3.8 Promover intervenções físicas nas vias para que a acessibilidade seja garantida a todos – para que portadores de deficiência, idosos, crianças ou condutores de carrinhos de bebê, carrinhos de feira e outros tenha possibilidade de transitar com segurança nos logradouros;

(APARECIDA DE GOIÂNIA, Lei nº 2.245/2002)

De forma a identificar qual é a realidade desejada dos munícipes para o município de Aparecida de Goiânia, foram realizadas oficinas temáticas que, em se tratando de Mobilidade, apontaram: i) legislação que padronize a construção das calçadas; ii) incentivo fiscal para a construção de calçadas conforme os padrões a serem previstos em legislação municipal; iii) poder público responsável pela construção das calçadas.

Com vistas a auxiliar nas adequações e construções de calçadas em Aparecida, a Secretaria de Regulação Urbana e Rural elaborou o projeto “Calçada Eficiente”, em que constam informações necessárias para a melhoria da acessibilidade do município, tais como proposta de padronização das soluções de pavimentação e acesso, por meio da definição de diferentes faixas de utilização do espaço da calçada; dimensionamento e posicionamento de rampas de pedestres e veículos; entre outros (APARECIDA DE GOIÂNIA, 2014). Este projeto ainda está em vias de aprovação.

145

Apesar da agressiva expansão do sistema viário e, ao mesmo tempo, da reivindicação por traçados cicloviários mais abrangentes e contínuos e transporte público coletivo de qualidade, a questão das calçadas é uma das que devem ser priorizadas no planejamento, de forma a nortear a normalização de execução; fiscalização quanto ao uso correto destes espaços; normatização quanto à localização de equipamentos urbanos e mobiliários urbanos; desenho universal; largura mínima; viabilizando, desta forma, uma acessibilidade mais coerente com a prevista em legislação federal.

146

147

FIGURA 21 - MOBILIDADE E DENSIDADE DEMOGRÁFICA

Fonte: Prefeitura Municipal de Aparecida. Adaptado por Ambiens Cooperativa, 2014.

148

149

7. DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO

A dinâmica socioeconômica da leitura da realidade consiste na produção de uma análise que contemple aspectos vinculados à dinâmica social e econômica, que influenciam ou são influenciados pela produção do espaço e pela dinâmica urbana, implicando também condicionantes para o desenvolvimento do município. Nesse sentido, essa dinâmica traz consequências diferenciadas para sua população, bem como para a adequação de políticas públicas, que podem ser orientadas de distintas formas objetivando minimizar ou equacionar diferenças socioeconômicas.

Para a produção do diagnóstico, será realizado levantamento de dados e informações provenientes de fontes secundárias. Os diferentes dados coletados serão sistematizados na forma de tabelas, mapas e outras representações gráficas que permitam identificar as características da população e do município em diferentes aspectos, procurando identificar os movimentos nas características demográficas, bem como os processos vinculados ao crescimento econômico.

Os indicadores utilizados têm como objetivo apreciar aspectos da realidade socioeconômica do município de forma integrada, abordando medidas relativas ao desenvolvimento econômico municipal; ao desenvolvimento humano e ao movimento demográfico. Assim, as seguintes temáticas deverão compor o quadro de análise socioeconômica: (i) renda e emprego; (ii) dinâmica demográfica e caracterização populacional; (iii) desenvolvimento humano e vulnerabilidade social; (iv) indicadores de concentração de renda; (v) localização e abrangência de equipamentos sociais; (vi) características estruturais da economia local; (vii) níveis de crescimento das atividades econômicas. Sempre que possível as análises serão espacializadas de forma a compreender a distribuição da população no território e as diferentes características do espaço urbano.

7.1. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

7.1.1. Perfil Socioeconômico Municipal

A caracterização socioeconômica do município de Aparecida de Goiânia contempla as principais variáveis econômicas e sociais em comparação com o Estado de Goiás, a capital Goiânia e o Brasil que podem orientar a tomada de decisão da administração municipal.

Com uma população residente de cerca de 500 mil habitantes, segundo a estimativa do IBGE de 2013, Aparecida de Goiânia é o segundo município em população do Estado de Goiás, e com o terceiro maior Produto Interno Bruto do Estado.

150

TABELA 7 - VALOR ADICIONADO BRUTO (VAB); PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) E PIB PER CAPITA - APARECIDA DE GOIÂNIA (R$ PREÇOS CORRENTES)

Composição do PIB 2007 2008 2009 2010 2011 Var. %

2007-2010

VAB Agropecuária 4.721 5.421 6.646 8.145 7.193 52,36%

VAB Indústria 673.777 791.741 1.001.029 1.130.527 1.313.491 94,94%

VAB Serviços 2.099.242 2.643.204 3.066.430 3.340.368 4.069.778 93,87%

Impostos s/ Prod. Líq. de Subsídios 323.151 432.635 524.760 669.573 906.236 180,44%

PIB a preços correntes 3.100.892 3.873.000 4.598.865 5.148.613 6.296.699 36,92%

Part. % no PIB Estadual 4,76% 5,15% 5,37% 5,28% 5,66%

PIB per Capita Ap. de Goiânia 6.524 7.826 9.004 11.297 13.539 107,52%

PIB per Capita do Estado de Goiás 11.548 12.878 14.447 16.252 18.299 58,46%

PIB do Estado de Goiás 65.210.146,88 75.271.162,81 85.615.343,89 97.575.930,34 111.268.552,97 29,96%

Fonte: IBGE e IMB/BDE/GO.

A Tabela 7 evidencia que o PIB de Aparecida de Goiânia é fortemente concentrado nos serviços, o qual participou em 2012 com 75,5% do Valor Adicionado Bruto Total, participação que se mantém estável desde 2007, sendo semelhante ao percentual da economia brasileira.

A indústria, com cerca de 24% de participação no VAB, manteve-se estável de 2007 a 2011. A baixa participação da agropecuária se deve à pequena extensão de área agrícola no município, cuja atividade se desenvolve em áreas urbanas e rurais.

TABELA 8 - CRESCIMENTO DOS DEZ MAIORES PIB A PREÇOS CORRENTES DE GOIÁS (%)

Municípios 2007 2011 % Crescimento

Anápolis 4.677.123,89 12.119.553,42 159,1%

Aparecida de Goiânia 3.100.892,18 6.296.698,73 103,1%

Senador Canedo 2.036.392,94 3.720.499,31 82,7%

Jataí 1.330.129,34 2.416.423,68 81,7%

Rio Verde 3.083.410,38 5.526.024,05 79,2%

Itumbiara 1.537.691,54 2.575.943,50 67,5%

Catalão 2.909.033,24 4.851.814,63 66,8%

Goiânia 17.845.701,39 27.668.221,91 55,0%

São Simão 1.083.414,83 1.455.611,98 34,4%

Luziânia 1.629.144,16 2.112.327,11 29,7%

ESTADO DE GOIÁS 65.210.146,88 111.268.552,97 70,6%

Fonte: IBGE e IMB/BDE/GO.

151

O crescimento do PIB entre os anos de 2007 e 2011 foi de 103,1% enquanto o crescimento do PIB de Goiás foi de 70,6%, o município apresenta a segunda maior taxa de crescimento do PIB municipal do Estado e quase o dobro do crescimento do PIB de Goiânia, revelando que Aparecida de Goiânia possui uma dinâmica de crescimento sem vinculo direto com o PIB da capital do Estado, mesmo sendo um município conurbado à Goiânia.

GRÁFICO 1 - PIB PER CAPITA DE APARECIDA DE GOIANIA E DO ESTADO DE GOIÁS (R$ PREÇOS CORRENTES)

Fonte: Segplan/IMB.

O Gráfico 1 revela que o PIB per capita de Aparecida de Goiânia, em 2007, era de R$ 6.524,00, o que representava apenas 56% do PIB per capita no Estado de Goiás. Em 2011, com R$ 13.539,00, evolui para cerca de 75% do PIB per capita do estado.

7.1.2. Inserção Regional

Aparecida de Goiânia está situada na Região Metropolitana de Goiânia33, a qual concentra 35,5% da população do estado e 36,6% do Produto Interno Bruto do estado. Em 2011, o PIB de Aparecida de Goiânia ultrapassou os 6 bilhões de Reais, posicionando-se como o terceiro maior PIB do estado e o segundo maior da Região Metropolitana de Goiânia, o que demonstra a importância da economia do município para a riqueza de Goiás.

33 A Micro Região Geográfica de Goiânia é composta pelos seguintes municípios: Abadia de Goiás, Aparecida de Goiânia, Aragoiânia, Bela Vista de Goiás, Bonfinópolis, Caldazinha, Goianápolis, Goiânia, Goianira, Guapó, Hidrolândia, Leopoldo de Bulhões, Nerópolis, Santo Antônio de Goiás, Senador Canedo, Terezópolis de Goiás, Trindade

6.5247.826

9.004

11.297

13.539

11.54812.878

14.447

16.252

18.299

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

14.000

16.000

18.000

20.000

2007 2008 2009 2010 2011

PIB per Capita Ap . de Goiânia PIB per Capita do Estado d e Goiás

152

TABELA 9 - MUNICÍPIOS DE MAIOR PIB DE GOIÁS: 2011 (R$ PREÇOS CORRENTES)

Ordem Localidade 2011 % no PIB de GO

1 Goiânia 27.668.221,91 24,9%

2 Anápolis 12.119.553,42 10,9%

3 APARECIDA DE GOIÂNIA 6.296.698,73 5,7%

4 Rio Verde 5.526.024,05 5,0%

5 Catalão 4.851.814,63 4,4%

6 Senador Canedo 3.720.499,31 3,3%

7 Itumbiara 2.575.943,50 2,3%

8 Jataí 2.416.423,68 2,2%

9 Luziânia 2.112.327,11 1,9%

10 São Simão 1.455.611,98 1,3%

PIB DO ESTADO DE GOIÁS 111.268.553,11 100,0%

Fonte: IBGE in SEPLAN/IMB.

7.2. ASPECTOS DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

A análise de uso e ocupação do solo do Município de Aparecida de Goiânia revela uma quase inexistência de atividades agrícolas e pecuárias, com apenas 288,34 KM2 de área, o que o coloca na posição de 196º colocado no ordenamento por dimensão territorial. As atividades primárias, como agricultura, pecuária e silvicultura, são restritas, como observado na Tabela 7, com reflexos diretos sobre o Valor Adicionado Bruto da Agropecuária de 0,13% do total do município.

7.2.1. Agricultura

As Tabelas 10 e 11 apresentam as áreas ocupadas com plantios de culturas permanentes e temporárias. Percebe-se que as áreas ocupadas para cultura permanente em 2012 sofreu redução, quando comparada a 2007, e mesmo a cultura de banana que ocupa a maior área, restringe-se a apenas 12 hectares plantados.

153

TABELA 10 - ÁREA PLANTADA DE LAVOURA PERMANENTE (HECTARE): APARECIDA DE GOIÂNIA

Produto 2012 % Total 2007 % Total Varição %

2007 - 2012

Banana 12 40% 10 50% 20,0%

Café 8 27% 5 25% 60,0%

Laranja 5 17% 5 25% 0,0%

Limão 5 17% 0 0% 100,0%

TOTAL 30 100% 20 100% 50,0%

Fonte: IBGE.

A Tabela 11 revela crescimento da área plantada de cana-de-açúcar no município. Mesmo assim, não ultrapassa 15 hectares em 2012, enquanto que a cultura que mais ocupa área é a do milho, com 100 hectares ao todo no município, proporcionalmente ao tamanho de uma propriedade média brasileira.

TABELA 11 - ÁREA PLANTADA DE LAVOURA TEMPORÁRIA (HECTARE): APARECIDA DE GOIÂNIA

Produto 2012 % Total 2007 % Total Varição %

2007 - 2012

Milho (em grão) 100 57% 70 58% 42,9%

Soja (em grão) 40 23% 30 25% 33,3%

Mandioca 20 11% 15 13% 33,3%

Cana-de-açúcar 15 9% 5 4% 200,0%

TOTAL 175 100% 120 100% 45,8%

Fonte: IBGE.

A agricultura em Aparecida de Goiânia destaca-se por ocorrer em pequenas propriedades, com um perfil familiar, percebe-se que, embora muito próxima a Goiânia, maior centro consumidor do Estado de Goiás, a agricultura do município não se caracteriza como produtora de alimentos folhosos típicos de pequenas propriedades rurais de cinturões verdes metropolitanos. Tal questão trás reflexos inclusive na alimentação escolar, onde nas oficinas territoriais houve reclamações de falta de produção municipal para aquisição nas escolas.

154

7.2.2. Pecuária

A pecuária de Aparecida de Goiânia está concentrada em animais de pequeno porte, as aves formam a maioria do rebanho municipal, seja para corte ou produção de ovos. Contudo, verifica-se que houve uma forte redução do rebanho de aves e também de bovinos de corte e leiteiro entre os anos 2007 e 2012, esta redução revela a competição de outras atividades econômicas de uso da terra, massificando o perfil urbano e reduzindo as atividades de perfil primário.

TABELA 12 - REBANHO E PRODUÇÃO PECUÁRIA DE APARECIDA DE GOIÂNIA

Produtos de Pecuária 2012 2007 Unidade de

Medida Variação % 2007 a 2012

GALOS, FRANGAS, FRANGOS E PINTOS

Efetivo dos Rebanhos 40.000 56.900 cabeças -29,7%

GALINHAS Efetivo dos Rebanhos

34.830 44.000 cabeças -20,8%

BOVINOS

Efetivo dos Rebanhos 10.300 11.690 cabeças -11,9%

LEITE DE VACA PRODUÇÃO

Quantidade 3.259 3.668 Mil litros -11,2%

VACAS ORDENHADAS Quantidade

3.100 6.550 cabeças -52,7%

SUÍNOS

Efetivo dos Rebanhos 1.250 1.500 cabeças -16,7%

OVOS DE GALINHA PRODUÇÃO

Quantidade 1.057 1.040 Mil dúzias 1,6%

CODORNAS Efetivo dos Rebanhos

450 620 cabeças -27,4%

EQUINOS

Efetivo dos Rebanhos 300 290 cabeças 3,4%

OVINOS

Efetivo dos Rebanhos 180 250 cabeças -28,0%

OVOS DE CODORNA Valor da Produção

18 0 Mil Reais ----

MUARES

Efetivo dos Rebanhos 12 10 cabeças 20,0%

OVOS DE CODORNA PRODUÇÃO

Quantidade 8 11 Mil dúzias -27,3%

CAPRINOS Efetivo dos Rebanhos

0 60 cabeças -100,0%

Fonte: IBGE, Produção da Pecuária Municipal 2007 e 2012.

155

Os dados sobre as atividades agrícolas e pecuárias do Município de Aparecida de Goiânia evidenciam que estas atividades são marginais no contexto econômico global do município. Entretanto, como demandam grandes áreas e o município tem escassez de terrenos, as atividades primárias estão, aos poucos, cedendo espaço para a ocupação habitacional/urbana e diversas atividades econômicas, que geram retornos econômicos maiores. Uma lógica econômica normal e pretendida, uma vez que as limitações de áreas não permitem que as atividades agrícolas ou de pecuária se destaquem em termos de produtividade, geração de emprego e renda para o município.

7.3. AS PECTOS SOCIOECONÔMICOS

7.3.1. Dinâmica Populacional

De acordo com o Censo Demográfico do IBGE 2010, a população de Aparecida de Goiânia é de 455.657 habitantes, com estimativa de 500.619 em 2013, apresentando elevada densidade demográfica34 de 1.580,27 hab./km². O município registra crescimento populacional desde a sua emancipação na década de 1960, porém, nos anos de 1980 a 2010 o número de habitantes elevou-se de forma acentuada. Este fenômeno corresponde ao alto crescimento demográfico do próprio estado de Goiás, que desde a década de 1950 passou a atrair migrantes de diversos estados e regiões, além das migrações para os centros urbanos que ocorreram internamente (GOIÁS, 2011).

Aparecida de Goiânia tem atraído população devido à proximidade em relação à Goiânia e seu processo de industrialização iniciado na década de 1980, sendo o segundo município mais populoso do Estado, ficando atrás apenas da capital (LAURIA; MOISÉS; PASQUALETTO, 2012). Do número total de habitantes, 455.193 concentram-se na área urbana (cerca de 99,90%) e apenas 464 na área rural (IBGE, 2010), assim praticamente toda a população está no perímetro urbano. Sendo que a conurbação com a capital colaborou para sua elevada taxa de urbanização, o que acompanha a tendência do estado, cuja taxa é de 90,30%.

34 A densidade demográfica de Goiás é de 17,65 hab./km², Aparecida de Goiânia é um dos municípios de maior adensamento do estado.

156

GRÁFICO 2 - EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO DE 1980-2010

Fonte: IBGE, 2010.

Por meio do gráfico, pode-se perceber o quanto o município cresceu em número total de habitantes. Registrou crescimento populacional de 35,45% entre 2000-2010, com taxa de crescimento geométrico de 3,08% ao ano. Observa-se que o período entre 1980 a 1991 foi o de maior crescimento, onde a população aumentou em mais de quatro vezes – de 42.627 habitantes para 178.483, com taxa de crescimento anual de 7,35%.

O Censo 2010 também aponta para o fato de que a Região Metropolitana de Goiânia experimentou, a partir da última década, crescimento populacional acima da média do estado do Brasil. A taxa geométrica de crescimento da região foi de 2, 23% ao ano, ante a de 1,84% do estado e 1,17 da média nacional. E segundo estudo sobre deslocamentos populacionais do IBGE (OLIVEIRA, 2011), o Estado de Goiás é o maior receptor de migrantes vindos de outros estados, onde a maioria tem fixado moradia na RM Goiânia e RIDE DF, que estão localizadas nas mesorregiões Centro e Leste Goiano que concentram a maior parte da população do estado.

A população metropolitana de Goiânia é constituída por habitantes de 20 municípios, totalizando 2.173.141 habitantes, com densidade demográfica aproximada de 297,07 hab/km² (IBGE, 2010). Desde 1980 a taxa média de crescimento anual tem se mantido em torno dos 3,0%, com vários municípios tendo apresentado crescimento superior ao da cidade-polo, Goiânia. Aparecida de Goiânia, assim como os demais municípios metropolitanos, tem recebido migrantes de baixa renda (em sua maioria) que buscam por alternativas de moradia menos onerosas do que a capital oferta. Portanto, o crescimento populacional do município está atrelado a este fenômeno, apesar da mudança no perfil da população, conforme será analisado a seguir.

0

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

300.000

350.000

400.000

450.000

500.000

1980 1991 1996 2000 2010

de

Hab

itan

tes

157

GRÁFICO 3 - PIRÂMIDE ETÁRIA DE APARECIDA DE GOIÂNIA EM 2000

Fonte: IBGE, 2010.

GRÁFICO 4 - PIRÂMIDE ETÁRIA DE APARECIDA DE GOIÂNIA EM 2010

Fonte: IBGE, 2010.

A população feminina é predominante, composta por 230.859 mulheres e 224.798 homens, em 2010. Também se verifica um elevado número de jovens, onde a população na faixa etária de 0 a 24 anos corresponde a 45,35% do total. Ainda que este dado indique uma composição demográfica típica de regiões pouco desenvolvidas em termos de qualidade de vida, cabe ressaltar que neste aspecto o perfil de Aparecida de Goiânia tem se modificado nas últimas décadas, a população tem envelhecido, acompanhando a tendência nacional.

30.000 10.000 10.000 30.000

De 0 a 4 anos

De 10 a 14 anos

De 20 a 24 anos

De 30 a 34 anos

De 40 a 44 anos

De 50 a 54 anos

De 60 a 64 anos

De 70 a 74 anos

De 80 a 84 anos

De 90 a 94 anos

Mais de 100 anos

Homens Mulheres

30.000 10.000 10.000 30.000

De 0 a 4 anos

De 10 a 14 anos

De 20 a 24 anos

De 30 a 34 anos

De 40 a 44 anos

De 50 a 54 anos

De 60 a 64 anos

De 70 a 74 anos

De 80 a 84 anos

De 90 a 94 anos

Mais de 100 anos

158

Em 1991 a população com menos de 15 anos correspondia a 37,98% do total, e a acima de 65 anos a 1,99%. Em 2000 as porcentagens foram de 32,25% e 2,62% respectivamente. Em 2010 registrou-se 25,91% e 3,84% (PNUD, 2013). Ou seja, a pirâmide etária do município ao poucos tem achatado na base e alargado no topo, conforme se observa nos gráficos acima. Este fenômeno corresponde ao aumento da expectativa de vida, acompanhado à diminuição da taxa de fecundidade nas duas últimas décadas.

TABELA 13 - ESPERANÇA DE VIDA AO NASCER (EM ANOS) 1991-2010

1991 2000 2010

Brasil 64,73 68,61 73,94

Goiás 65,10 71,4 74,60

Aparecida de Goiânia 64,48 71,71 75,01

Fonte: PNUD, 2013.

TABELA 14 - TAXA DE FECUNDIDADE 1991-2010

1991 2000 2010

Brasil 2,88 2,37 1,89

Goiás 2,58 2,23 1,87

Aparecida de Goiânia 3,17 2,25 1,85

Fonte: PNUD, 2013.

Tanto a nível nacional quanto estadual registraram-se quedas nas taxas de fecundidade, e Aparecida de Goiânia está dentro da média nos dois níveis mencionados. Da mesma forma que houve aumento da esperança de vida ao nascer, com o município estando acima das médias estadual e nacional.

159

GRÁFICO 5 - INDICADORES APARECIDA DE GOIÂNIA 1991-2000

Apesar das quedas na taxa de fecundidade, o fato que explica o crescimento populacional do município e do estado goiano são os fluxos migratórios, principalmente nas regiões metropolitanas, onde a população migrante de baixa renda tem procurado por alternativas de moradia. Fato que leva ao aumento da demanda por equipamentos e serviços públicos.

Quanto ao perfil da população por cor/raça, a maioria se declara parda, num total de 241.709 pessoas, seguida de 167.199 brancas, 38.101 pretas, 7.853 amarelas, 794 indígenas e 1 (uma) em que não houve declaração. Em valores aproximados temos:

64,48

71,7175,01

3,17 2,25 1,85

1991 2000 2010

Esperança de vida ao nascer Taxa de fecundidade

160

GRÁFICO 6 - DIVISÃO DA POPULAÇÃO POR COR/RAÇA

Fonte: IBGE, 2010.

7.3.2. Renda

O valor da renda per capita média de Aparecida de Goiânia é de R$ 689,30 estando abaixo ao dos valores do estado e do Brasil, ainda que os mesmos tenham aumentado significativamente nas duas últimas décadas. De 1991 a 2010 a renda per capita média do município cresceu 127,22%.

TABELA 15 - EVOLUÇÃO DA RENDA PER CAPITA EM R$

1991 2000 2010

Brasil 447,56 592,46 793,87

Goiás 410,55 571,49 810,97

Aparecida de Goiânia 303,36 399,29 689,30

Fonte: PNUD, 2013.

De 2000 a 2010, o segmento de menor renda obteve acréscimos substanciais contribuindo para amenizar os níveis de desigualdade. No entanto, os rendimentos do segmento mais pobre seguem com valores muito inferiores aos do segmento mais rico. Portanto, houve redução, mas o país segue profundamente desigual. Em Aparecida de Goiânia o percentual da renda total apropriada dos 20% mais ricos em 2010 foi de 53,09% contra apenas 5% da renda total apropriada pelos 20% mais pobres (PNUD, 2013). Deste modo, apesar do índice de GINI não ser elevado, há grande desigualdade de renda no município.

161

Entre a população residente agrupada por classe de rendimento mensal de trabalho, cerca de 51% da amostragem possui rendimento médio de ¼ a 2 salários mínimos, e aproximadamente 33% declararam não possuir rendimentos. 35

GRÁFICO 7 - POPULAÇÃO RESIDENTE POR CLASSE DE RENDIMENTO – CENSO 2010

Fonte: IBGE, 2010.

Em relação à distribuição dos rendimentos por raça/cor e sexo, Aparecida de Goiânia reproduz os níveis de desigualdade recorrentes em nível nacional. A renda média nominal da população branca (R$ 1.248,91) é superior a da parda (1.038,81), preta (1.015,31), amarela (1.006,25) e indígena (700,18). Quanto à distribuição dos rendimentos por sexo, a renda média nominal dos homens é de R$ 1.344,17, superando em 35% a renda das mulheres (R$ 872,93).

Através do Mapa de Renda por Regiões Administrativas (IBGE, 2010) observa-se que a população, cujos valores do rendimento nominal médio mensal (dos domicílios particulares permanentes) entre R$ 2.264, 17 e 3.049,49, concentra-se nas áreas conurbadas à Goiânia – Garavelo, Vila Brasília e Santa Luzia. Enquanto os munícipes com rendimento nominal médio mensal menor, entre R$ 1.467 a 1.869,12, concentram-se nas regiões administrativas mais distantes da capital – Tiradentes e Cidade Livre. Nas regiões Centro e Papilon os valores do rendimento nominal médio mensal variam de R$ 1.869,12 e 2.264, 17.

O referido mapa também demonstra a distribuição dos rendimentos da população por setor censitário. A população com rendimento de até 2 salários mínimos está distribuída por todos os setores, enquanto a de rendimentos acima de 20 salários

35 O IBGE considera “sem rendimento” empregados e trabalhadores domésticos que recebem apenas roupas, alimentação, medicamentos, etc. (benefícios provenientes de alguma atividade laboral).

Até 1/4S.M.

1/4 até1/2 S.M.

1/2 até1 S.M.

1 até 2S.M.

2 até 3S.M.

3 até 5S.M.

5 até 10S.M.

10 até15 S.M.

15 até20 S.M.

20 até30 S.M.

Maiorque 30S.M.

Semrendime

nto

População 3.795 6.097 90.030 95.090 29.275 18.446 9.632 1.016 772 360 261 124.947

0

20.000

40.000

60.000

80.000

100.000

120.000

140.000

162

mínimos encontra-se somente na RA Garavelo. Desde modo, observa-se que também há uma distribuição desigual em termos de espacialidade, onde as regiões mais próximas à Goiânia concentram a população de maior renda.

163

FIGURA 22 - MAPA DE RENDA POR REGIÕES ADMINISTRATIVAS

Fonte: Prefeitura Municipal de Aparecida. Adaptado por Ambiens Cooperativa, 2014.

164

165

• Programas de Transferência de Renda36

O Cadastro Único (CadÚnico) é um instrumento que identifica as famílias de baixa renda, sendo utilizado para estas receberem os benefícios dos Programas Sociais tais como o Bolsa Família e o Renda Cidadã, além dos programas de qualificação profissional PRONATEC e Bolsa Futuro. Por “famílias de baixa renda” entendem-se aquelas que possuem renda mensal de até meio salário mínimo por pessoa ou renda mensal total de até três salários mínimos. Em março de 2014, Aparecida de Goiânia registrou 43.278 famílias inscritas no Cadastro Único, correspondendo a 145.656 pessoas cadastradas. Número que pode ser considerado elevado, pois totaliza um percentual de 31,97% de pessoas com baixa renda no município que necessitam destes programas.

QUADRO 3 - FAMÍLIAS INSCRITAS POR RENDA PER CAPITA MENSAL

FAMÍLIAS CADASTRADAS ANO 2014

Renda Per Capita até R$ 70,00 10.409

Renda Per Capita de até R$ 140,00 24.434

Renda Per Capita de até 1/2 S.M. 39.073

Fonte: MDS, 2014.

O Programa Bolsa Família (BF) atende à população em situação de pobreza ou de extrema pobreza, sendo as famílias consideradas extremamente pobres aquelas que possuem renda per capita de até R$ 70, 00 por mês. Pobres são consideradas aquelas com renda per capita entre R$ 70,01 a 140,00 mensais e que sejam compostas por gestantes, nutrizes, crianças ou adolescentes. No município, 17.417 famílias foram beneficiadas pelo programa no mês de março de 2014, representando uma cobertura de 81,9% de famílias pobres, que receberam benefícios com valor médio de R$ 124,98. O valor total transferido pelo governo federal em benefícios alcançou R$ 2.176.860. O programa tem registrado bons resultados no que tange ao cumprimento de suas condicionalidades, indicando que seus beneficiários estão aparados em termos de serviços de saúde e educação, com destaque para a última:

36 Dados extraídos do MDS (Ministério do Desenvolvimento Social): www.mds.gov.br. Acesso em: 22/05/14.

166

TABELA 16 - ACOMPANHAMENTO DAS CONDICIONALIDADES DO BF APARECIDA DE GOIÂNIA

CONDICIONALIDADES TOTAL ACOMPANHAMENTO

Matrícula e frequência escolar dos 6 aos 15 anos 27.064 98,20%

Matrícula e frequência escolar dos 16 aos 17 anos 4.552 94,46%

Famílias acompanhadas na Saúde 18.259 88,14%

Fonte: MDS, 2014.

167

FIGURA 23 - DISTRIBUIÇÃO POPULACIONAL

Fonte: Prefeitura Municipal de Aparecida. Adaptado por Ambiens Cooperativa, 2014.

168

169

7.3.3. Trabalho e Renda

Em 2012 os empregos formais se concentravam nas atividades administrativas, que demandavam 29% dos trabalhadores com carteira assinada, em seguida encontrava-se a indústria, que emprega pouco mais de 17,5%, e o comércio com 17,45%.

TABELA 17 - EMPREGO FORMAL POR SETOR ECONÔMICO* - APARECIDA DE GOIÂNIA

SETOR ECONÔMICO (CNAE 2.0) 2012 % Total 2007 % Total % Cresc. 2007-12

Água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descont.

1.160 1,05% 140 0,18% 728,57%

Atividades imobiliárias. 88 0,08% 12 0,02% 633,33%

Artes, cultura, esporte e recreação. 667 0,60% 183 0,24% 264,48%

Atividades profissionais, científicas e técnicas. 1.141 1,03% 373 0,48% 205,90%

Transporte, armazenagem e correio. 5.327 4,81% 2.126 2,75% 150,56%

Construção. 10.706 9,67% 6.288 8,14% 70,26%

Educação. 1.740 1,57% 1.023 1,32% 70,09%

Outras atividades de serviços. 1.145 1,03% 683 0,88% 67,64%

Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas.

19.372 17,49% 11.960 15,48% 61,97%

Indústrias de transformação. 19.447 17,56% 12.761 16,51% 52,39%

Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados.

813 0,73% 557 0,72% 45,96%

Alojamento e alimentação. 2.366 2,14% 1.646 2,13% 43,74%

Administração pública, defesa e seguridade social. 10.788 9,74% 7.556 9,78% 42,77%

Saúde humana e serviços sociais. 1.649 1,49% 1.326 1,72% 24,36%

Eletricidade e gás. 263 0,24% 215 0,28% 22,33%

Atividades administrativas e serviços complementares

32.188 29,07% 26.401 34,17% 21,92%

Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura.

152 0,14% 129 0,17% 17,83%

Indústrias extrativas. 187 0,17% 174 0,23% 7,47%

Informação e comunicação. 1.525 1,38% 3.688 4,77% -58,65%

Serviços domésticos. 7 0,01% 29 0,04% -75,86%

Organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais.

- 0,00% 1 0,00% -100,00%

TOTAL 110.731 100% 77.271 100% 43,30%

Fonte: MTE/RAIS. *Recorte por Seção, conforme Classificação Nacional de Atividades Econômicas - CNAE 2.0 do IBGE. Nota: O total da população entre 15 e 69 anos (PEA aproximada) em 2010 era de 309.997 habitantes.

A análise da evolução do emprego formal revela que os maiores crescimentos ocorreram nas atividades de saneamento básico, que cresceu 725,57% no emprego

170

formal entre 2007 e 2012, seguida pelas atividades imobiliárias com um crescimento de 633%.

O crescimento das atividades de saneamento e imobiliárias está relacionado ao mesmo fenômeno de crescimento imobiliário que ocorreu no Brasil por todo este período e, com maior intensidade em Aparecida de Goiânia, como os dados de crescimento demográficos de crescimento do emprego formal na construção civil sugerem.

TABELA 18 - QUANTIDADE DE VÍNCULOS EMPREGATÍCIOS POR FAIXA DE RENDA (SALÁRIOS MÍNIMOS): APARECIDA DE GOIÂNIA

Categoria 2012 % Total 2007 % Total % Cresc. 2007-12

Até 0,50 534 0,51% 483 0,65% 10,6%

0,51 a 1,00 SM 6.124 5,80% 4.868 6,55% 25,8%

1,01 a 1,50 SM 41.702 39,51% 31.394 42,23% 32,8%

1,51 a 2,00 SM 24.279 23,00% 15.810 21,27% 53,6%

2,01 a 3,00 SM 16.741 15,86% 11.584 15,58% 44,5%

3,01 a 4,00 SM 5.976 5,66% 4.244 5,71% 40,8%

4,01 a 5,00 SM 3.226 3,06% 2.020 2,72% 59,7%

5,01 a 7,00 SM 3.006 2,85% 1.804 2,43% 66,6%

7,01 a 10,00 SM 2.359 2,24% 1.157 1,56% 103,9%

10,01 a 15,00 SM 1.053 1,00% 550 0,74% 91,5%

15,01 a 20,00 SM 301 0,29% 190 0,26% 58,4%

Mais de 20,00 SM 240 0,23% 233 0,31% 3,0%

TOTAL 105.541 100,00% 74.337 100,00% 42,0%

Fonte: MTE/RAIS.

A faixa salarial que apresentou o maior crescimento de emprego formal foi de 7 a 10 salários mínimos no período de 2007 a 2001. Com exceção da faixa de maior remuneração, acima de 20 salários mínimos, as faixas que apresentaram menor crescimento do emprego formal foram as de menor remuneração, entre 0,5 e 1 salário mínimo. Essa informação coaduna com a queda na quantidade de empregos formais em atividades domésticas, tradicionalmente, de baixa remuneração.

171

GRÁFICO 8 - REMUNERAÇÃO DOS TRABALHORES COM VÍNCULOS FORMAIS POR FAIXA DE REMUNERAÇÃO (SM*). MUNICÍPIO DE APARECIDA DE GOIÂNIA/GO: ANO DE 2012

Fonte: MTE/RAIS. *SM: Salários Mínimos.

O gráfico apresenta a forte concentração da remuneração em atividades com carteira assinada nas faixas menores de remuneração, 83% dos empregados com carteira assinada em Aparecida de Goiânia ganham até 3 salários mínimos.

7.3.4. Indicadores de Desenvolvimento

O principal indicador de desenvolvimento humano é o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), este indicador é composto por três índices, um relativo à educação, outro a longevidade e o terceiro a renda. Já o IDH-M, ou seja, municipal, mede uma média simples de desempenho nestes três quesitos anteriores.

TABELA 19 - ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO MUNICIPAL (IDH-M) DE APARECIDA DE GOIÂNIA/GO

Nível Geográfico 1991 2000 2010 Variação % 1991

a 2000

Aparecida de Goiânia 0,445 0,582 0,718 61,3%

Educação 0,229 0,403 0,620 170,7%

Longevidade 0,658 0,779 0,834 26,7%

Renda 0,584 0,628 0,716 22,6%

Média dos Municípios/GO 0,487 0,615 0,735 50,9%

Média dos Municípios/BR 0,493 0,612 0,727 47,5%

Fonte: Atlas Brasil 2013 - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.

172

Os dados do IDH-M de Aparecida de Goiás revela que o município evolui fortemente no indicador de desenvolvimento humano. Em 1991 o IDH foi de apenas 0,445, índice abaixo do IDH da média dos municípios do Estado de Goiás e do Brasil, já em 2010 saltou para 0,718, ainda abaixo do Estado e do Brasil, mas com um crescimento maior, de 61,3% contra 50,9% para Goiás e 47,5% para o Brasil.

O principal problema associado ao baixo IDH em 1991 era a educação, com um valor de 0,229, foi o que mais apresentou melhora em 2010, saltando para 0,620, crescendo 170,7%, mas ainda, o menor indicador dentre os três formam o IDH-M.

GRÁFICO 9 - ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO MUNICIPAL (IDH-M) DE APARECIDA DE GOIANIA/GO

Fonte: Atlas Brasil 2013 - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.

O gráfico mostra a evolução do IDH para Aparecida de Goiânia, para Goiás e para o Brasil, percebe-se que Aparecida de Goiânia cresce num ritmo superior ao Estado de Goiás e ao Brasil, em caso de manutenção desta taxa de crescimento, em 2020 a cidade terá um IDH superior aos outros dois níveis geográficos.

Mesmo com o forte crescimento, o IDH-M de Aparecida de Goiânia revela que o município tem um desenvolvimento social abaixo da média do Estado e do Brasil. Em Goiânia o IDH-M em 2010 foi de 0,824, o maior de Goiás, no ranking do estado Aparecida de Goiânia situa-se na 49ª posição dentre 246 municípios, mesmo tendo o 3º maior PIB de Goiás.

0,445

0,582

0,718

0,487

0,615

0,735

0,493

0,612

0,727

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

1991 2000 2010

Aparecida de Goiânia Média dos Municipios/GO Média dos Municipios/BR

173

TABELA 20 - ÍNDICE DE GINI (CONCENTRAÇÃO DE RENDA) DE APARECIDA DE GOIÂNIA/GO

Nível Geográfico 1991 2000 2010 Variação % 1991 a 2000

Aparecida de Goiânia 0,44 0,47 0,49 11,4%

Estado de Goiás 0,58 0,61 0,56 -3,4%

Brasil 0,64 0,65 0,61 -4,7%

Fonte: IBGE in IMB/GO.

Os dados para o Índice de Gini37 revelam uma piora do indicador para Aparecida de Goiânia, que em 1991 era de 0,44 e em 2010 aumentou para 0,49, na contramão do Estado e do Brasil que melhoraram a distribuição da renda. Ou seja, embora tenha havido crescimento econômico do município, junto com ele aumentou a concentração da renda gerada. Desta forma podemos afirmar que houve um crescimento populacional de baixa renda e com grande concentração econômica.

7.3.5. Perfil das Atividades Produtivas

As atividades econômicas que mais ocorrem em Aparecida de Goiânia são as de comércio e serviços, especificamente a reparação de veículos. Essas atividades corresponderam em 2012 por 39,4% do total, seguidas pelas empresas industriais e da construção civil.

37 O índice de Gini é um coeficiente que mede a desigualdade de renda em uma população, quanto maior o índice, maior é a desigualdade. O índice igual a 1 significa que apenas um indivíduo detém 100% da renda, logo, quando o índice é igual a zero, todos os indivíduos tem a mesma renda, não há desigualdade.

174

TABELA 21 - QUANTIDADE DE ESTABELECIMENTOS POR SETOR ECONÔMICO* - APARECIDA DE GOIÂNIA

SETOR ECONÔMICO (CNAE 2.0) 2012 % Total 2007 % Total % Cresc. 2007-12

Atividades Imobiliárias 38 0,58% 6 0,15% 533,33%

Atividades Profissionais, Científicas e Técnicas 163 2,51% 60 1,52% 171,67%

Administração Pública, Defesa e Seguridade Social 7 0,11% 3 0,08% 133,33%

Construção 767 11,79% 349 8,85% 119,77%

Artes, Cultura, Esporte e Recreação 49 0,75% 23 0,58% 113,04%

Eletricidade e Gás 8 0,12% 4 0,10% 100,00%

Alojamento e Alimentação 293 4,50% 148 3,75% 97,97%

Água, Esgoto, Atividades de Gestão de Resíduos e Descont. 29 0,45% 15 0,38% 93,33%

Educação 211 3,24% 114 2,89% 85,09%

Transporte, Armazenagem e Correio 211 3,24% 118 2,99% 78,81%

Indústrias de Transformação 1.142 17,55% 687 17,41% 66,23%

Comércio, Reparação de Veículos Automotores e Motocicletas

2.565 39,43% 1.638 41,52% 56,59%

Atividades Financeiras, de Seguros e Serviços Relacionados 74 1,14% 48 1,22% 54,17%

Indústrias Extrativas 9 0,14% 6 0,15% 50,00%

Outras Atividades de Serviços 174 2,67% 117 2,97% 48,72%

Atividades Administrativas e Serviços Complementares 417 6,41% 296 7,50% 40,88%

Saúde Humana e Serviços Sociais 163 2,51% 135 3,42% 20,74%

Informação e Comunicação 94 1,44% 80 2,03% 17,50%

Agricultura, Pecuária, Produção Florestal, Pesca e Aquicultura.

81 1,25% 72 1,83% 12,50%

Serviços Domésticos 11 0,17% 25 0,63% -56,00%

Organismos Internacionais e Outras Instituições Extraterritoriais

0 0,00% 1 0,03% -100,00%

Total 6.506 100% 3.945 100% 64,92%

Fonte: MTE/RAIS. *Recorte por Seção, conforme Classificação Nacional de Atividades Econômicas - CNAE 2.0 do IBGE.

175

Assim como ocorre na evolução dos empregos formais as atividades do segmento imobiliário apresentaram um forte crescimento no número de estabelecimentos, seguidas por profissionais e técnicos de órgãos de administração pública.

Contudo, mesmo com o crescimento de outras atividades, entre os anos de 2007 e 2012, o perfil econômico de Aparecida de Goiânia não se altera. Ou seja, as cinco atividades com maior número de estabelecimentos em 2012 são as mesmas do ano de 2007.

7.4. INDÚSTRIA

A maior quantidade de empresas do setor industrial em Aparecida de Goiânia são de ramos tradicionais da indústria, com forte concentração de atividade relacionadas a confecções, fabricação de móveis, artefatos de cimento e de alimentos.

TABELA 22 - NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS INDUSTRIAI – APARECIDA DE GOIÂNIA

CNAE 2.0

Descrição da Atividade 2012 2011 2010 2009 2008 Var. Qt

141 Confecção de Artigos do Vestuário e Acessórios 201 207 180 155 133 68

310 Fabricação de Móveis 119 116 92 81 74 45

233 Fabricação Artefatos Concreto Cimento Gesso etc. 114 105 80 76 68 46

109 Fabricação de Outros Produtos Alimentícios 64 58 66 47 47 17

251 Fabricação Estruturas Metálicas e Caldeiraria Pesada 62 65 55 44 38 24

222 Fabricação de Produtos de Material Plástico 43 44 45 46 45 -2

206 Fabricação Sabões Detergentes Produtos de Limpeza, Cosméticos

42 46 40 38 29 13

239 Aparelhamento de Pedras e Fabricação Produtos Minerais 32 33 28 25 23 9

181 Atividade de Impressão 29 30 27 21 18 11

259 Fabricação Produtos Metal 27 27 25 30 24 3

Total das 10 atividades 733 731 638 563 499 234

Outras Atividades Industriais 435 419 352 322 292 143

Total de Atividades Industriais 1.168 1.150 990 885 791 377

Fonte: MTE/RAIS.

A análise da remuneração na indústria revela que esta se concentra na faixa entre ½ a 3 salários mínimos, seja nas 20 maiores empregadoras de atividades industriais, ou no setor industrial como um todo do município.

176

TABELA 23 - QUANTIDADE EMPREGOS FORMAIS POR FAIXA DE REMUNERAÇÃO* NA INDÚSTRIA - APARECIDA DE GOIÂNIA

CNAE 2.0

Descrição da Atividade 0,51 a 3

SM 3,01 a 5

SM 5,01 a 10 SM

+ 10 SM Total

310 Fabricação de móveis 2.255 185 64 8 2.512

109 Fabricação de outros produtos alimentícios 1.756 165 129 30 2.080

141 Confecção de artigos do vestuário e acessórios 1.270 33 4 0 1.307

222 Fabricação de produtos de material plástico 943 142 51 4 1.140

106 Moagem, fabricação de produtos amiáceos e alimentos p/ animais

702 207 54 17 980

251 Fabricação Estruturas Metálicas e Caldeiraria Pesada

807 121 33 7 968

206 Fabricação de Produtos de Material Plástico 783 96 55 5 939

233 Fabricação Artefatos Concreto Cimento Gesso etc.

806 69 20 0 895

174 Fabricação produtos diversos de papel, cartolina, etc.

743 106 27 13 889

231 Fabricação de vidro e de produtos do vidro 486 111 22 1 620

259 Fabricação de produtos de metal 455 84 51 19 609

207 Fabricação de tintas, vernizes, esmaltes, lacas e etc.

346 106 58 3 513

112 Fabricação de bebidas não alcoólicas 365 36 32 2 435

212 Fabricação de produtos farmacêuticos 335 51 18 10 414

244 Metalurgia dos metais não ferrosos 323 58 8 0 389

142 Fabricação de artigos de malharia e tricotagem 307 28 1 0 336

331 Manutenção e reparação de máquinas e equipamentos

255 47 15 0 317

181 Atividade de impressão 260 47 5 1 313

283 Fabricação tratores máquinas e equipamentos para agropecuária

101 41 73 7 222

Total por Faixa de Remuneração (20 maiores) 13.298 1.733 720 127 15.878

Participação das Remunerações por Faixa (20 maiores)

83,7% 10,9% 4,5% 0,8% 100%

Total por Faixa de Remuneração 16.641 2.123 945 215 19.924

Participação das Remunerações por Faixa (Total) 83,5% 10,6% 4,7% 1,08% 100%

Fonte: MTE/RAIS. *SM: Salários Mínimos.

A concentração da remuneração da indústria nas faixas salariais mais baixas revelam um tecido industrial pouco sofisticado, de alta intensidade em trabalho, associado a baixa tecnologia e capital. A observação das vinte maiores atividades empregadoras

177

da indústria de Aparecida de Goiânia também demonstra que se trata, em sua maioria, de atividades tradicionais.

7.5. DESENVOLVIMENTO HUMANO E VULNERABILIDADE SOCIAL

Os indicadores de desenvolvimento são ferramentas que fornecem informações sobre a melhoria da qualidade de vida das pessoas e sobre o crescimento econômico. O desenvolvimento que se pretende com o desenvolvimento territorial é o desenvolvimento nas suas várias dimensões, ou seja, desenvolvimento econômico, social e humano. Para alcançar esse desenvolvimento, basear-se somente em indicadores econômicos não é suficiente. É preciso considerar também, e principalmente, indicadores sociais como o coeficiente de Gini38 (ou índice de Gini), que é um cálculo usado para medir a desigualdade social e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que engloba três dimensões: riqueza, educação e esperança média de vida, sendo uma maneira padronizada de avaliação e medida do bem-estar de uma população.

7.5.1. O Índice de GINI

O índice de Gini é um coeficiente que mede a desigualdade de renda em uma população, quanto maior o índice, maior é a desigualdade e um índice igual a 1 significa que apenas um indivíduo detém 100% da renda, logo, quando o índice é igual a zero, todos os indivíduos tem a mesma renda, não há desigualdade.

38 O coeficiente de Gini (ou índice de Gini) é um cálculo usado para medir a desigualdade social, desenvolvido pelo estatístico italiano Corrado Gini, em 1912. Apresenta dados entre o número 0 e o número 1, onde zero corresponde a uma completa igualdade na renda (onde todos detêm a mesma renda per capta) e um que corresponde a uma completa desigualdade entre as rendas (onde um indivíduo, ou uma pequena parcela de uma população, detêm toda a renda e os demais nada têm).

178

TABELA 24 - ÍNDICE DE GINI (CONCENTRAÇÃO DE RENDA) DE APARECIDA DE GOIÂNIA/GO

MUNICÍPIOS 1991 2000 2010 Variação % 1991 a 2000

Goiânia 0,44 0,46 0,59 34,1%

Guapó 0,47 0,51 0,56 19,1%

Aparecida de Goiânia 0,44 0,47 0,49 11,4%

Senador Canedo 0,41 0,46 0,44 7,3%

Terezópolis de Goiás 0,41 0,53 0,44 7,3%

Aragoiânia 0,45 0,51 0,47 4,4%

Santo Antônio de Goiás 0,43 0,52 0,44 2,3%

Caldazinha 0,47 0,55 0,47 0,0%

Goianópolis 0,54 0,48 0,53 -1,9%

Hidrolândia 0,48 0,52 0,47 -2,1%

Bonfinópolis 0,46 0,52 0,45 -2,2%

Abadia de Goiás 0,45 0,53 0,43 -4,4%

Bela Vista de Goiás 0,55 0,46 0,52 -5,5%

Caturaí 0,47 0,5 0,44 -6,4%

Inhumas 0,52 0,57 0,47 -9,6%

Nerópolis 0,48 0,54 0,43 -10,4%

Trindade 0,49 0,5 0,43 -12,2%

Brazabrantes 0,51 0,48 0,41 -19,6%

Nova Veneza 0,54 0,5 0,43 -20,4%

Goianira 0,56 0,66 0,41 -26,8%

MÉDIA RMG 0,48 0,51 0,47 -2,6%

Estado de Goiás 0,58 0,61 0,56 -3,4%

Brasil 0,64 0,65 0,61 -4,7%

Fonte: IBGE in IMB/GO.

Os dados para o Índice de Gini revelam uma piora do indicador para Aparecida de Goiânia, que em 1991 era de 0,44 e em 2010 aumentou para 0,49, na contramão do Estado e do Brasil que melhoraram a distribuição da renda. Dos vinte municípios que formam a Região Metropolitana de Goiânia, doze deles melhoraram a distribuição de renda entre 1991 e 2010, o destaque é de Goianira, último colocado no ranking de Gini em 1991 melhorou em 26,8% seu coeficiente e figura como o município de melhor coefiente em 2010 ao lado de Brazabrantes com 0,41. Embora tenha havido crescimento econômico do município de Aparecida de Goiânia, junto com ele aumentou a concentração da renda gerada. Desta forma podemos afirmar que houve um crescimento populacional de baixa renda e com grande concentração econômica.

179

7.5.2. Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)

O Índice de Desenvolvimento Humano mede a qualidade de vida da população. Seu resultado é obtido através da média aritmética de três fatores: educação, longevidade e renda. O IDH varia de 0 a 1, obedecendo à seguinte classificação:

• Até 0,499 = desenvolvimento humano baixo;

• Entre 0,500 e 0,799 = desenvolvimento humano médio; • Maior que 0,800 = desenvolvimento humano alto.

TABELA 25 - ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO

IDH 2010

Educação (IDHM-E) 0,620

Longevidade (IDHM-L) 0,834

Renda (IDHM-R) 0,716

IDH-M 0,718

Fonte: PNUD, 2013.

O IDH-M de Aparecida de Goiânia é de 0,718, estando o município entre as regiões consideradas de médio desenvolvimento humano. Porém, está abaixo do índice estadual (0,735) e da média nacional (0,727). Dos três componentes (educação, longevidade e renda), o pior desempenho foi em relação à educação. Destaca-se o alto índice de desenvolvimento humano no fator Longevidade. O município variou positivamente seu índice entre 1991 e 2010 passando de baixo para médio, aumentando de 0, 445 para 0,718, ou seja, cresceu mais de 60%. Na tabela abaixo, pode-se verificar a evolução do IDH em seus três componentes nas últimas décadas:

TABELA 26 - IDH APARECIDA DE GOIÂNIA 1991-2010

1991 2000 2010

Educação 0,229 0,403 0,620

Longevidade 0,658 0,779 0,834

Renda 0,584 0,628 0,716

IDH-M 0,445 0,582 0,718

Fonte: PNUD, 2013.

Embora os três componentes tenham obtido variação positiva, percebe-se que a Educação passou de “muito baixo” para “médio”, e ainda sim está abaixo dos demais fatores, o que indica a necessidade de maiores investimentos nesta área. O componente “Renda” manteve-se “médio”, o que também está longe do ideal, pois como foi visto, há uma alta concentração de renda do município e uma boa parcela da

180

população é de baixa renda. Longevidade foi o único que passou de “médio” para “alto”, obtendo o melhor desempenho.

As causas da longevidade (nos países desenvolvidos e em desenvolvimento) estão relacionadas às inovações científicas e tecnológicas, melhores condições de vida, melhoria nutricional, melhoria na higiene pessoal, na infraestrutura urbana e nas condições sanitárias em geral. De acordo com estudo sobre o perfil do idoso acompanhado no Programa Saúde da Família (PSF), em Aparecida de Goiânia (ARAÚJO, et. al., 2003), a população idosa local, em sua maioria, é do sexo feminino, proveniente das regiões norte e nordeste, alfabetizada, professa alguma religião, convive com a família e é vacinada. Tais fatores como família, escolaridade e religião, aliados ao acompanhamento na saúde, são considerados importantes para a longevidade, pois impactam positivamente na subjetividade da população idosa e em sua qualidade de vida. O fato de a maioria da população idosa ser composta por mulheres se explica por estas apresentarem condutas menos agressivas, menor exposição aos riscos no trabalho e maior atenção à saúde.

TABELA 27 - MORTALIDADE INFANTIL (A CADA MIL NASCIDOS VIVOS) 1991-2010

1991 2000 2010

Brasil 44,68 30,57 16,70

Goiás 29,53 24,44 13,96

Aparecida de Goiânia 30,20 23,51 13,20

Fonte: PNUD, 2013.

Assim como houve aumento na esperança de vida ao nascer e diminuição nas taxas de fecundidade nos períodos descritos, a mortalidade infantil – que é, como os demais indicadores, um importante instrumento para avaliar a qualidade de vida – reduziu significativamente, especialmente a nível nacional, porém, o número continua elevado. Aparecida de Goiânia está abaixo das médias do estado e do país, diminuindo em 43,7% a taxa de mortalidade infantil.

O índice de mortalidade infantil até 5 anos de idade também é alto no município, são 15,55 mortes a cada mil nascidos vivos. Estes dados indicam que são necessárias ações para melhorar a qualidade de vida da população (especialmente a mais carente) em termos de assistência à saúde, saneamento, atendimento hospitalar e alimentação.

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TABELA 28 - VULNERABILIDADE SOCIAL APARECIDA DE GOIÂNIA 2010

CATEGORIA PERCENTUAL

Pessoas em domicílios em que ninguém tem fundamental completo 21,34

Pessoas de 15 a 24 anos sem ocupação e vulneráveis à pobreza 6,17

Pessoas de 18 anos ou mais sem fundamental completo e em ocupação informal 28,86

Pessoas em domicílios vulneráveis à pobreza e em que ninguém tem fundamental completo

7,50

Pessoas em domicílios vulneráveis à pobreza e dependentes de idosos 0,93

Pessoas vulneráveis à pobreza e que gastam mais de uma hora até o trabalho 2,08

Mulheres chefes de família sem fundamental completo com filhos menores de 15 anos 15,52

Crianças extremamente pobres 1,62

Mulheres de 10 a 17 anos que tiveram filhos 6,08

Crianças em domicílios em que ninguém possui fundamental completo 24,30

Fonte: PNUD, 2013.

A instrução formal impacta diretamente nas condições de vulnerabilidade social. Pois baixa escolaridade está diretamente associada à população pobre e extremamente pobre, que devido a esta condição não prossegue com os estudos e assim também não possui muitos meios de superá-la. E, de acordo com os dados, uma parcela significativa do município não possui ensino fundamental completo, inclusive muitas são mulheres chefes de família. E dentre estas pessoas, 7,5% são vulneráveis à pobreza – o que totaliza em aproximadamente 34.174 pessoas.

A informalidade é alta no município, em 2010 havia em torno de 131.500 pessoas maiores de 18 anos com pouca instrução em ocupações informais39. Ainda que a informalidade em si não seja sinônimo de pobreza, ela é um fator preocupante, pois o trabalho sem carteira assinada (com os direitos que lhe são assegurados) deixa os trabalhadores inseguros e instáveis diante das intempéries da vida. Este fenômeno segue a tendência nacional, onde paralelamente ao crescimento de empregos formais nos últimos anos a informalidade também tem registrado alta (GARCIA; MAIA, 2010).

39 O Atlas do Desenvolvimento Humano (PNUD, 2013) utiliza dos dados dos Censos Demográficos, o que indica que a definição de informalidade é a mesma adotada pelo IBGE. Esta inclui trabalhadores por conta própria (sem carteira assinada) e empregadores com até 5 empregados em diversas atividades econômicas como vendedores (de roupas, comida, cosméticos, etc.) e prestadores de serviços (por ex. cabeleireiros, eletricistas, pedreiros), que muitas vezes constituem seu domicílio o local de apoio para o desenvolvimento desta atividade. Mesmo que estes empreendimentos possuam CNPJ, são considerados informais pela baixa escala de produção, organização e não separação entre o capital e trabalho na organização contábil (IBGE, 2010).

182

Quanto à qualidade da habitação, a porcentagem de pessoas em domicílios sem energia elétrica foi de 0,06%. Já o índice de pessoas em domicílios com abastecimento de água e esgotamento sanitários inadequados foi elevado, totalizando 10,19% (PNUD, 2013).

• Assistência Social

Aparecida de Goiânia possui 4 (quatro) unidades do CRAS (Centro de Referência de Assistência Social que atua na prevenção de situações de risco) e 3 unidades do CREAS (Centro de Referência Especializado em Assistência Social – para vítimas de abuso e maus tratos) e 1 unidade do CREAS Pop (destinado a atender à população de rua), localizados nos seguintes bairros:

• CRAS: Nova Olinda, Jardim Olímpico, Nova Cidade, Garavelo. • CREAS: Internacional Park, Centro, Independência. • CREAS Pop: Vila Brasília.

Conforme informações coletadas na Secretaria de Ação Social do município, as unidades do CRAS atendem, em média, 5.000 famílias por ano, os CREAS ao todo registram cerca de 400 atendimentos e o CREAS Pop oscila entre 40 a 100 moradores de rua por mês e a maioria enfrenta problemas relacionados ao abuso de drogas, principalmente crack e álcool.

Além dos serviços prestados nos CRAS/CREAS a assistência social do município fornece cestas básicas emergenciais. A prefeitura também mantém 3 Núcleos de Terceira Idade com a função de prestar assistência aos idosos, e o Abrigo Dom Fernando que atualmente possui 23 crianças carentes abrigadas. O município também conta com o PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil).

183

FIGURA 24 - SAÚDE

Fonte: Prefeitura Municipal de Aparecida. Adaptado por Ambiens Cooperativa, 2014.

184

185

• Educação

A educação é um dos fatores fundamentais para a conquista da cidadania, sendo uma importante variável para o desenvolvimento humano. Assim, a educação é um direito de todos e é dever do Estado garantir o acesso universal à educação pública de qualidade40. No Brasil, esta é uma questão a ser enfrentada pelo poder público nas instâncias federal, estadual e municipal, visto que embora tenhamos reduzido substancialmente as taxas de analfabetismo – de 56% em 1940 para 8,6% em 2012 – ainda não o erradicamos e mantemos alto índice de analfabetismo funcional – 20,4 %41 - bem como não eliminamos as desigualdades regionais neste quesito (IBGE, 2010).

O analfabetismo em Aparecida de Goiânia foi reduzido de 15,37% em 1991 para 5,30% em 2010 estando abaixo do índice nacional e do estado, que foi de 8%. (PNUD, 2013), mas também registra alto índice de analfabetismo entre a população mais velha.

40 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. 41 O conceito de “analfabetismo funcional” compreende todas as pessoas com menos de quatro séries de

estudo concluídas. No Brasil, tanto o analfabetismo quando o analfabetismo funcional atinge principalmente a população mais velha (IBGE, 2010).

186

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FIGURA 25 - EDUCAÇÃO CMEI

Fonte: Prefeitura Municipal de Aparecida. Adaptado por Ambiens Cooperativa, 2014.

188

189

FIGURA 26 - EDUCAÇÃO ENSINO FUNDAMENTAL

Fonte: Prefeitura Municipal de Aparecida. Adaptado por Ambiens Cooperativa, 2014.

190

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FIGURA 27 - EDUCAÇÃO ENSINO MÉDIO

Fonte: Prefeitura Municipal de Aparecida. Adaptado por Ambiens Cooperativa, 2014.

192

193

FIGURA 28 - CULTURA, ESPORTE E LAZER

Fonte: Prefeitura Municipal de Aparecida. Adaptado por Ambiens Cooperativa, 2014.

194

195

GRÁFICO 10 - TAXA DE ANALFABETISMO POR FAIXA ETÁRIA 2010

Fonte: DATASUS, 2010.

Em 2010, de acordo com o IBGE, 1.717 pessoas frequentavam o ensino na modalidade alfabetização de jovens e adultos (EJA), destas, 122 pessoas na rede privada. Há a carência de expansão da EJA não somente para erradicar o analfabetismo entre os adultos quanto também aumentar a taxa de conclusão da educação básica, ampliando o acesso ao ensino superior. De acordo com os dados, apenas 33,88% da população de 25 anos ou mais possuí Ensino Médio completo e 7,30% Ensino Superior. E a porcentagem de crianças de 6 a 14 anos fora da escola é de 4,69%, maior que a do estado de 3,18%.

Quanto ao ensino regular, o número de matrículas na educação infantil, fundamental e médio foi:

TABELA 29 - MATRÍCULAS NO ENSINO REGULAR APARECIDA DE GOIÂNIA - 2012

Dependência administrativa Pré-Escolar Fundamental Médio

Estadual - 24.244 18.115

Municipal 835 30.165 -

Federal - - 90

Privado 3.012 15.113 2.950

TOTAL 3.847 69.522 21.155

Fonte: MEC/INEP (2012) in IBGE.

Em 2010 o município registrou 92,39% de crianças e adolescentes entre 6 a 17 anos frequentando a escola. As taxas de abandono em escolas públicas foram de 1,7% nas séries iniciais do Ensino Fundamental, 8,8% nas séries finais e 16,3% no Ensino Médio. Os índices de reprovação nas escolas públicas também foram elevados, registrando 4,5, 13,6 e 14,6% respectivamente (INEP, 2011)42. Estes indicadores de

42 Fonte: http://www.qedu.org.br/. Acesso em 27/05/2014.

0 10 20 30 40 50

De 15 a 24

De 25 a 59

De 60 a 69

De 70 a 79

De 80 e mais

TAXA (%)

196

reprovação, bem como a necessidade de trabalhar de muitos adolescentes de famílias de baixa renda, colaboram para o abandono precoce dos estudos e a distorção de idade/série. Desta forma, não basta garantir apenas o acesso à educação, mas investir na qualidade do ensino e fomentar a geração de melhores oportunidades de emprego e renda.

Em 2011 o IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) nacional foi de 5,0 para os anos iniciais do ensino fundamental em escolas públicas e de 4,1 para os anos finais e 3,7 no ensino médio. Os resultados alcançados no IDEB são baixos, considerando que a nota máxima é 10,0 e que a média em escolas privadas chega a 6,5, 6,0, e 5,6 respectivamente. Aparecida de Goiânia obteve o índice de 4,9 nos anos iniciais (ultrapassando a meta de 4,8) e de 3,4 nos finais (não alcançando a meta de 3,6). O município ficou em posição abaixo de vários municípios brasileiros e também abaixo do índice estadual que foi de 5,1 e 3,9.43

TABELA 30 - EDUCAÇÃO MUNICIPAL EM APARECIDA DE GOIÂNIA 2013

DADOS QUANTIDADE PERCENTUAL

N° de Alunos 31.509 100%

Transferidos 2.506 7,9%

Evasão 494 1,5%

Aprovados 26.483 85%

Reprovados 789 2,5%

Fonte: Educacenso, 2013. Dados fornecidos por técnico (a) pedagógico (a).

Segundo os dados coletados em visita à Secretaria de Educação do município, em 2014 há 35 mil alunos matriculados nas escolas municipais, o que inclui a Educação Infantil (pré-escolas) e Ensino Fundamental I e II e EJA. Atualmente, há um déficit de 3.000 vagas na educação infantil, questão que vem sendo enfrentada pelo poder público local, onde há um projeto em desenvolvimento de construção de 43 novos CMEIs (Centro Municipal de Educação Infantil). Destas novas unidades, 20 já estão em construção e 16 prontas para inaugurar, todas com capacidade média de 120 novas matrículas cada. Por enquanto, a falta de vagas na educação infantil tem sido amenizada com a realização de parcerias do município com instituições filantrópicas dedicadas a apoiar as famílias que necessitam deste serviço.

As escolas que ofertam o Ensino Fundamental também estão sendo reestruturadas: instalação de laboratórios de informática, câmeras de segurança, ar condicionados, provimento de material pedagógico e quadras cobertas. Atualmente, há 1.000 vagas ociosas no fundamental, embora não haja equipamentos subutilizados, ocorre esta

43 Fonte: http://ideb.inep.gov.br/. Acesso em 27/05/2014.

197

baixa demanda. No entanto, na região denominada Chácaras São Pedro há a demanda por escolas, devido ao deslocamento dos estudantes, que precisam atravessar a BR 153 para frequentar as aulas em outra região. No entanto, o problema não é distância, mas a periculosidade, o risco de acontecerem acidentes durante o trajeto. Assim, há um projeto para liberação de recursos para a construção de um novo equipamento nesta área. Há poucos estudantes que precisam se deslocar a longas distâncias, somente os que residem na área rural. Estes utilizam transporte público municipal específico.

A prefeitura do município também desenvolve o programa Mais Educação, no qual os estudantes são incentivados a permanecerem nas escolas no contra turno, onde são ofertadas atividades de esporte e lazer em todas as unidades. Como todos os equipamentos estão recebendo quadras cobertas, as escolas estão sendo ampliadas para o uso da comunidade, a prefeitura está liberando estes espaços para a realização de vários eventos como casamentos, festas religiosas, assembleias, reuniões das associações de moradores etc.

• Segurança

Segundo informações da Secretaria de Ação Social, o município enfrenta problemas com relação ao abuso de drogas que, além da desigualdade, também colabora para a criminalidade no município, onde são recorrentes roubos, furtos e assaltos. De modo geral, todos os bairros são afetados por situações de vulnerabilidade social, violência e criminalidade. Mas destacam-se as regiões Tiradentes, Madre Germana, Jardim Olímpico, Nova Cidade, Santa Luzia, Garavelo e Buriti Sereno, sendo o último um local marcado por contradições, pois residem no mesmo espaço pessoas de alta e de baixa renda.

Assim como ocorre no nível nacional, os equipamentos de segurança pública do município são considerados insuficientes para atender as ocorrências e as áreas que mais necessitam de reforço policial são o bairro Independência, suas abrangências e Madre Germana. Do mesmo modo, os equipamentos de saúde pública também foram considerados insuficientes para a demanda.

Conforme o Mapa da Violência 2014, Goiás atingiu, em 2012 a quarta posição nacional em número de homicídios, apresentando um crescimento exponencial da violência, pois o mesmo estava na 9ª posição em 2011. Segundo o coordenador do estudo, há uma tendência de deslocamento da criminalidade em que ela passa a crescer em locais onde há carência de investimentos em segurança pública, e diminuir onde há maiores investimentos nesta área – caso de metrópoles como Rio de Janeiro e São Paulo. Goiás, em virtude do alto crescimento populacional nas últimas décadas e a carência de infraestrutura para atender a demanda, tem registrado altos índices de violência e criminalidade em vários municípios. Goiânia acompanha a tendência do

198

estado, pois, neste ano, apenas no período de cinco dias (entre 12 a 17 de maio), a Polícia Civil registrou 31 assassinatos44.

No Relatório de Ocorrências de Alta Prioridade da SSP-GO (Secretaria de Segurança Pública de Goiás) de junho de 2014, foram registrados 26 homicídios e 18 tentativas em Aparecida de Goiânia no referido mês. O documento também confirma as informações da Secretaria de Ação Social sobre roubos e furtos: foram registrados 545 roubos e 498 furtos. Fato que também impactou na própria paisagem urbana do município, em que se destaca a construção de muros altos nas residências.

7.6. ORÇAMENTO E FINANÇAS PÚBLICAS

A análise das finanças municipais permite compreender a evolução das receitas e despesas orçamentárias, bem como, a concentração das despesas por função legislativa e, se o município está cumprindo as exigências legais de percentual mínimo e máximo de gastos para cada tipo de despesa.

7.6.1. Finanças Públicas

De modo geral, Aparecida de Goiânia apresenta um crescimento de receitas e despesas ordenada e consistente no período compreendido entre os anos de 2008 a 2012. Considerando os dados sobre Receitas e Despesas totais, verifica-se que o município tem saldo orçamentário crescente a partir dos anos de 2009.

TABELA 31 - EQUILÍBRIO ORÇAMENTÁRIO DE 2008 A 2012 - APARECIDA DE GOIÂNIA (R$ PREÇOS CORRENTES)

Contas 2008 2009 2010 2011 2012

Receitas Totais 339.914.298 356.220.099 399.713.678 506.572.156 630.733.737

Despesas Totais* 325.660.338 352.741.551 364.421.340 480.956.878 565.195.330

SALDO ORÇAMENTÁRIO 14.253.960 3.478.549 35.292.337 25.615.278 65.538.407

FONTE: Prefeitura Municipal de Aparecida de Goiânia/GO in STN/SISTN. *Conceito de Despesas Empenhadas

A avaliação da distribuição das despesas empenhadas revela que a saúde é a maior conta municipal, seguida pelos gastos com a administração pública e educação.

44Fonte: http://g1.globo.com/goias/noticia/2014/06/secretaria-de-seguranca-lanca-plano-que-visa-conter-violencia-em-goiania.html. Acesso em 23/07/2014.

199

TABELA 32 - DISTRIBUIÇÃO DAS DESPESAS EMPENHADAS POR FUNÇÃO DA GESTÃO PÚBLICA - APARECIDA DE GOIÂNIA (R$ PREÇOS CORRENTES)

Função da Gestão Pública 2008 2009 2010 2011 2012

Legislativa 7.775.981 8.856.999 3.250.493 10.057.114 11.182.281

Administração 51.449.345 67.863.917 118.848.193 184.260.404 154.900.699

Assistência Social 6.785.635 3.511.926 1.964.541 5.545.944 1.937.040

Saúde 106.371.482 115.788.010 102.221.708 101.239.582 164.547.594

Trabalho 0 0 0 181.465 0

Educação 67.081.127 74.305.641 69.620.316 81.668.853 115.810.708

Cultura 3.126.408 6.777 217.482 261.480 62.575

Urbanismo 71.742.843 81.253.253 61.123.961 90.270.614 113.379.543

Habitação 7.890.894 0 9.410 6.000 1.882.500

Gestão Ambiental 1.087.400 805.240 0 0 28.696

Ciência e Tecnologia 0 0 0 9.900 0

Indústria 1.873.676 0 184.682 0 189.171

Comércio e Serviços 0 0 0 0 516.594

Desporto e Lazer 475.547 349.788 1.262.334 670.619 757.929

TOTAL DAS DESPESAS 325.660.338 352.741.551 358.703.119 474.171.976 565.195.330

Fonte: Prefeitura Municipal de Aparecida de Goiânia/GO in STN/SISTN.

A avaliação das despesas totais no período analisado revela um crescimento de 73,5%, mostrando que o crescimento das despesas está associado à participação do setor público no crescimento econômico municipal. Porém, os gastos com a administração pública se elevaram em 200%, muito acima dos 54,7% de crescimento dos gastos com saúde e dos 125,3% de crescimento dos gastos com educação.

7.6.2. Receitas municipais

A Tabela 31 revela que a maior receita municipal são as transferências correntes, recursos oriundos da participação dos municípios na arrecadação estadual e federal. Esta receita correspondeu em 2012 a 68,2% das receitas correntes. Em segundo lugar estão as receitas tributárias com 22% das receitas correntes, esses dados, mostram que o município está na média brasileira de dependência daquelas transferências.

200

TABELA 33 - EVOLUÇÃO DAS RECEITAS MUNICIPAIS DE 2008 A 2012 - APARECIDA DE GOIÂNIA (R$ PREÇOS CORRENTES)

Tipo de Receita 2008 2009 2010 2011 2012

Receitas Correntes (A) 325.637.138 340.966.046 395.294.386 502.838.289 608.870.528

Receita tributária 58.871.087 69.335.606 88.524.700 102.983.108 133.961.227

Receita de contribuições 4.581.454 3.042.795 2.418.116 3.837.407 6.090.181

Receita patrimonial 4.913.284 7.100.604 6.200.751 9.233.490 19.162.811

Receita de serviços 1.359.531 355.791 408.832 991.560 687.077

Transferências correntes 251.156.647 252.029.322 288.999.360 371.312.955 415.133.706

Outras receitas correntes 4.755.135 9.101.928 8.742.627 14.479.768 33.835.525

Receitas de Capital (B) 27.737.033 25.363.259 15.343.393 0 37.684.363

Deduções da Receita Corrente (C) 16.096.483 18.964.524 23.000.294 0 35.005.524

Receitas Correntes Intra-orçamentárias (D)

2.636.610 8.855.318 12.076.193 3.733.868 19.184.371

RECEITAS TOTAIS (A + B - C + D) 339.914.298 356.220.099 399.713.678 506.572.156 630.733.737

Fonte: Prefeitura Municipal de Aparecida de Goiânia/GO in STN/SISTN.

TABELA 34 - PERCENTUAL DE CRESCIMENTO DAS RECEITAS MUNICIPAIS DE 2008 A 2012 - APARECIDA DE GOIÂNIA (%)

TIPO DE RECEITA Variação % 2008 a 2012

Receitas Correntes (A ) 87,0%

Receita tributária 127,6%

Receita de contribuições 32,9%

Receita patrimonial 290,0%

Receita de serviços -49,5%

Transferências correntes 65,3%

Outras receitas correntes 611,6%

Receitas de Capital (B ) 35,9%

RECEITAS TOTAIS (A + B - C + D) 85,6%

FONTE: Prefeitura Municipal de Aparecida de Goiânia/GO in STN/SISTN.

A variação das receitas municipais revela que o maior crescimento entre 2008 e 2012 ocorreu nas receitas patrimoniais, contudo, essa conta tem baixo impacto orçamentário, o crescimento de 127% das receitas tributárias foram significativamente mais importante, porque geraram mais recursos e, principalmente, porque revelam maior capacidade interna de geração de receitas pelo município em função do crescimento e desenvolvimentos das atividades empresariais do município.

201

TABELA 35 - PARTICIPAÇÃO DAS RECEITAS NO TOTAL DAS RECEITAS MUNICIPAIS DE 2008 E 2012 - APARECIDA DE GOIÂNIA (%)

Tipo de Receita 2008 2012

Receita tributária 17,3% 21,2%

Receita de contribuições 1,3% 1,0%

Receita patrimonial 1,4% 3,0%

Receita de serviços 0,4% 0,1%

Transferências correntes 73,9% 65,8%

Outras receitas correntes 1,4% 5,4%

Receitas de Capital 8,2% 6,0%

Receitas Correntes Intra-orçamentárias 0,01 0,03

FONTE: Prefeitura Municipal de Aparecida de Goiânia/GO in STN/SISTN.

O forte crescimento das receitas tributárias aumentou sua participação de 17,3% em 2008 para 21,2% em 2012, em detrimento da queda das receitas oriundas de transferências do Estado e da União, que representavam 73,9% das receitas totais em 2008 e caíram para 65,8% em 2012, o que demonstra uma saudável trajetória administrativa no que diz respeito às receitas municipais.

7.6.3. Despesas Municipais

Em consonância com o crescimento das receitas, as despesas municipais cresceram fortemente entre os anos de 2008 a 2012 num percentual total de crescimento de 83% no período.

TABELA 36 - EVOLUÇÃO DAS DESPESAS* MUNICIPAIS DE 2008 A 2012 - APARECIDA DE GOIÂNIA (R$ PREÇOS CORRENTES)

TIPO DE DESPESA 2008 2009 2010 2011 2012

Despesas Correntes (A) 249.572.138 255.168.507 293.230.164 362.422.275 429.475.694

Pessoal e Encargos Sociais 135.729.625 150.384.997 165.832.299 202.676.193 263.071.938

Juros e Encargos da Dívida 255.728 1.011.489 1.661.654 110.785 568.334

Outras Despesas Correntes 113.586.785 103.772.021 125.736.211 159.635.297 165.835.423

Despesas de Capital (B) 76.088.200 68.580.496 54.564.585 99.658.615 113.786.752

Investimentos 75.320.525 60.030.947 47.349.584 91.246.907 103.632.877

Amortização da Dívida 767.676 8.549.548 7.215.001 8.411.708 10.153.875

Despesas Totais (A + B) 325.660.338 323.749.003 347.794.749 462.080.891 543.262.446

Receitas Correntes Líquidas 315.050.703 321.203.473 372.477.878 473.941.944 576.569.428

Fonte: Prefeitura Municipal de Aparecida de Goiânia/GO in STN/SISTN. *Conceito de Despesas Empenhadas.

202

A maior concentração de gastos públicos no Município de Aparecida de Goiânia é com a folha de pagamento e, embora não tenha sido a conta que mais cresceu percentualmente entre 2008 e 2012, foi a que apresentou a maior evolução absoluta, elevando-se em 127,3 milhões de Reais neste período, enquanto a conta de investimentos elevou-se apenas 28,3 milhões de Reais.

TABELA 37 - PARTICIPAÇÃO DAS DESPESAS* NO TOTAL DAS RECEITAS CORRENTES LÍQUIDAS - APARECIDA DE GOIÂNIA (%)

TIPO DE DESPESA 2007 2012

Despesas Correntes 79,2% 74,5%

Pessoal e Encargos Sociais** 43,1% 45,6%

Juros e Encargos da Dívida 0,1% 0,1%

Outras Despesas Correntes 36,1% 28,8%

Despesas de Capital 24,2% 19,7%

Investimentos 23,9% 18,0%

Amortização da Dívida 0,2% 1,8%

Fonte: Prefeitura Municipal de Aparecida de Goiânia/GO in STN/SISTN. * Conceito de Despesas Empenhadas. ** Segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal Art. 19 o limite para o gasto total c/ pessoal em municípios é de 60% da Receita Corrente Líquida, sendo 54% para a folha do Executivo e 6% para o legislativo.

Conforme se observa, mesmo com o forte crescimento das despesas com pessoal, ainda não há perigo de infringência da Lei de Responsabilidade Fiscal.

203

GRÁFICO 11 - OPERAÇÕES DE CRÉDITO CONTRATADAS EM 31/DEZ DE CADA ANO1 (R$ MILHÕES)

Fonte: STN/SISTN

Nota: (1) Dados para os anos 2009, 2010, 2011 e 2012 não estão disponíveis nos relatórios de Operações de Crédito Contratadas destes anos.

O Gráfico 11 revela que, obstante o baixo pagamento de juros, houve um rápido crescimento do endividamento do município de Aparecida de Goiânia entre os anos de 2006 a 2013, período em que os créditos contratados se multiplicaram em quase vinte vezes, passando de quase R$ 7 milhões para mais de 137 milhões de Reais em dezembro de 2013.

O crescimento da contratação de créditos não acompanhou o crescimento das Receitas Correntes Líquidas, em 2007 o total dos créditos contratados representavam apenas 2,9% das Receitas Correntes Líquidas do município e em 2013 representavam um total de 22,8%, um crescimento de quase dez vezes. Este crescimento do endividamento começará a onerar o orçamento municipal em períodos vindouros, quando os prazos de carência dos empréstimos e financiamentos vencerem e os compromissos com pagamentos de amortizações se intensificarem.

6,94 7,75

150,24

137,41

-20,00

20,00

60,00

100,00

140,00

180,00

2007 2008 2012 2013

204

8. GESTÃO URBANA

A leitura sobre a gestão urbana no Município se perfaz em razão da necessidade de avaliação sobre a conveniência das estruturas institucionais e normativas que informam as políticas de uso do solo e de organização territorial, considerando o seu histórico e as propostas de organização burocrática e de controle significativas das compreensões sobre como se dá a atuação pública em relação às políticas e ações municipais desenvolvidas neste tema.

Neste sentido, busca-se em primeiro lugar, descrever o quadro normativo e, num segundo momento se busca interpretar e analisar os sentidos estabelecidos nesse quadro geral jurídico e administrativo de incentivo e controle. Também, procura-se aferir a conformidade do arcabouço jurídico municipal à luz das suas necessárias articulações e observância em relação às legislações estaduais e federais e a capacidade do Município de buscar meios para a realização de seus interesses. Além disso, a avaliação sobre a legislação permite a compreensão sobre o instrumental jurídico-urbanístico disposto no arcabouço legislativo municipal e na verificação sobre a sua pertinência e utilização.

Para tal verificação, a metodologia de análise parte da aferição entre as proximidades e distâncias relativas às descrições institucionais, a realidade da ação municipal e a necessidade de utilização dos recursos jurídico-urbanísticos previstos nas legislações. No cruzamento de informações das várias fontes: legislação, entrevistas, observação, pesquisas realizadas e documentos, busca-se a síntese do quadro geral estabelecido no município, considerando o histórico, o presente e as possíveis expectativas já discursivamente declaradas nas propostas que surgem quando se pensa o movimento e as mudanças que o Município pretende ou pode realizar.

A organização dos temas que compõe o espectro de abordagem da gestão urbana passa pela análise das seguintes variáveis: estrutura institucional geral, considerando as secretarias municipais, com ênfase na SEPLAN; instrumentos de política urbana e fiscal, panorama das condições, processos e instrumentos para a elaboração, implementação e acompanhamento de políticas públicas e, por fim, procedimentos, processos, controles e sanções, avaliação e efetiva aplicação e validade das leis municipais.

A análise dos marcos regulatórios e legais tem por objetivo inventariar o arcabouço legislativo, mais diretamente ligado ao Plano Diretor de Aparecida de Goiânia de modo a perpassar as variáveis relevantes para o adequado tratamento do tema. Nesse sentido, a compreensão da estrutura jurídico-administrativa, que atualmente regula as políticas municipais fornecerá subsídios à realização de ajustes e inovações com vistas à adequação legislativa e a necessária aproximação desta com a realidade e com as necessidades do Município.

205

A descrição e análise compreenderam os documentos referentes ao Plano Diretor de 2002 e suas leis complementares, quais sejam, Zoneamento, Uso e Ocupação do Solo, Parcelamento do Solo, Política de Ordenação para o Crescimento e Desenvolvimento Estratégico (POCDE), Código de Edificações, Código de Posturas, Código Tributário Municipal e Código de Processo Administrativo Tributário e Fiscal.

Em tese, as legislações municipais não confrontam as estaduais e federais, eventualmente isso pode ocorrer principalmente se considerados os elementos que conferem efetividade às normas federais, tal como aqueles referentes ao cumprimento da função social da propriedade.

8.1. ESTRUTURA ADMINISTRATIVA

O Município de Aparecida de Goiânia conta com uma complexa rede de entes administrativos que, de forma mais direta ou indiretamente tratam dos temas referentes às questões territoriais. Dentre outros entes, podem ser indicados como aqueles que estão mais afetos ao tema, os seguintes:

• Secretaria Municipal de Planejamento. • Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano.

• Secretaria Municipal de Habitação e Regularização Fundiária. • Secretaria de Indústria, Comércio, Ciência e Tecnologia.

• Secretaria de Infraestrutura e Obras. • Secretaria de Meio Ambiente. • Secretaria de Regulação Urbana e Rural.

Dentre essas, faz-se menção à Secretaria Municipal de Planejamento correspondente ao antigo Instituto de Planejamento e Pesquisa Urbanística (IPPUA). Com as mudanças institucionais, os temas objeto de atuação do IPPUA passaram à Secretaria, criada com o advento da Lei Complementar nº 64, de 31 de dezembro de 2012, tratando em seu art. 23, da sua competência.

A articulação entre as políticas de planejamento urbano, inclusive de responsabilidade de revisão e elaboração do plano diretor e as legislações orçamentárias estão concentradas na SEPLAN, o que segue a orientação do Estatuto da Cidade que prevê tal aproximação nos planejamentos. O que não está concentrado na SEPLAN é a captação de recursos para as políticas identificadas pela Secretaria, de modo que esse afastamento, ainda que se registre nas entrevistas a importância desse setor e as mudanças positivas alcançadas com as medidas de captação, em alguma medida, aparece com certa desarticulação. E importante lembrar que, ainda que o Município possa melhorar o diálogo entre a política urbana e a sua forma de financiamento, um limite à sua atuação está na sua dependência de recursos externos e na forma como são propostas as parcerias nas distorções do pacto federativo, com a abertura de editais universais generalizadores de determinadas ações que muitas vezes não

206

respondem às reais ou prioritárias demandas dos Municípios, o que não ocorre de modo diferente no Município de Aparecida de Goiânia.

Através da LEI COMPLEMENTAR Nº 004/2002, que dispõe sobre o Planejamento Municipal Sustentável, sobre o Plano Diretor do Município de Aparecida de Goiânia e dá outras providências, foi determinado que a administração municipal se encarregaria de designar o órgão competente para coordenação do Planejamento Municipal Sustentável, que formula e implementa as diretrizes do Plano Diretor, no caso, a competência é da SEPLAN.

A Secretaria de Desenvolvimento Urbano, apesar da denominação que se apresenta muito próxima à ideia de aplicação de instrumentos dispostos no Estatuto da Cidade, tem um caráter bastante pragmático de ação urbana de manutenção dos espaços públicos e de articulações de serviços relacionadas ao controle ambiental. A sua configuração está estruturada em duas grandes frentes de trabalho, sendo a primeira relativa à limpeza urbana e destinação de lixo e a segunda voltada à iluminação pública, e manutenção de certa paisagem urbana. Tais características restam bastante evidentes no efetivo de funcionários públicos, 749 agentes, que estão concentrados na garantia da realização de tais serviços, considerando que as atividades que estão sob-responsabilidade da Secretaria demandam trabalho extensivo de realização de manutenção e controle.45

Quanto à base jurídica utilizada para a realização dos trabalhos da Secretaria, é possível identificar o Código de Posturas como a legislação que permite o embasamento legal para a realização de parte considerável das atividades, compreendendo-se aqui, que na ausência de legislação ambiental que trate de alguns dos temas, esta legislação tradicional oferece o respaldo institucional para a atuação da Secretaria de Desenvolvimento Urbano.

A Secretaria de Regulação Urbana e Rural trata das questões operacionais e de controle referentes à aprovação de projetos e a emissão das licenças. Essa Secretaria conta principalmente com a aplicação das legislações de zoneamento, uso e ocupação e parcelamento do solo. Nos casos de projetos que apresentem questões que extrapolam as determinações da legislação, seja por sua especificidade ou característica, porte ou outras questões atinentes a outras matérias, caso, por exemplo, das questões ambientais, o Conselho Municipal de Desenvolvimento Ambiental Sustentável (Lei n. 2247/2002 e alterações Lei n. 2.657/2007), apesar de ser órgão consultivo, tem competência para emitir parecer sobre questões urbanas de interesse municipal, bem como, cabe consulta à própria SEPLAN.

45 Município de Aparecida de Goiânia. Disponível em: http://www.aparecida.go.gov.br/secretarias.php?l=Desenvolvimento%20Urbano&op=6. Acesso em: 20/07/2014.

207

A Secretaria de Habitação e Regularização Fundiária foi criada em caráter extraordinário no ano de 2009, e está organizada no bojo das questões habitacionais dadas no contexto geral dos programas habitacionais no país, integrando, dessa forma, as ações municipais com outras relacionadas às demais esferas de governo. A sua atuação, consideradas também as condições gerais e históricas do Município na minimização do déficit habitacional, estão bastante dirigidas ao acompanhamento dos programas habitacionais conduzidos no Município.

As demais secretarias dialogam com o planejamento urbano nas suas várias ações. Com a fragmentação dos temas urbanos em vários entes, em função de suas respectivas complexidades e de suas características de operação encontram algumas dificuldades na coordenação de todas as atividades, ainda que a verticalização dos temas propicie atenção dirigida aos aspectos próprios e nucleares de cada parte da administração. Assim, é possível dizer que por um lado a especificação das pautas assumidas por cada Secretaria tem o benefício das respostas mais dirigidas, mas, ao mesmo tempo, as fronteiras da competência são sempre objeto de dúvida e o diálogo fica mais restrito ao assunto específico e menos à política fundiária e urbana geral. Esse fato também pode ser observado na ausência de protocolo unificado com fluxo definido de procedimentos.

A questão remuneratória também produz certas distorções que atingem diretamente a ação pública que vê na polícia administrativa uma possibilidade equivocada de aumento de receita. A postura punitiva não observa a lógica de promoção da educação para a cidade e pune assimetricamente e desproporcionalmente os que cometem infrações de menor potencial lesivo. Isso acarreta também na falta de priorização para a ação dos técnicos municipais e na ausência de procedimentos claros para a realização das atividades.

A falta de infraestrutura adequada, em certa medida, impede a realização de atividades mais importantes e produtivas, diminuindo a eficiência da administração pública.

A ausência de tecnologias de gestão e informação acarretam certa morosidade aos procedimentos de atendimento ao cidadão e pressionam os funcionários a se distanciarem da burocracia, como elemento de separação entre o público e o privado, para administrarem circunstâncias urgentes ou importantes, não classificadas formalmente dessa forma, para atendimento prioritário não procedimentalizado. Isso significa pressão sobre o funcionário público e não sobre a institucionalidade. Nesse caso, é importante compreender que se perde de vista todos os controles: sobre a institucionalidade com a observação de práticas publicizadas e universalizadas, sobre o agente público e sua eficiência (no sentido do tempo e do objetivo) e produtividade e sobre os particulares que personalizam as ações públicas.

A burocracia é um componente importante, principalmente considerada a complexidade de um Município com as características de Aparecida de Goiânia, desde que compreendida não como óbice à realização da ação pública ou como medida de desresponsabilização responsabilização pela prestação de serviço, de atendimento ou

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de ação não realizada ou realizada inadequadamente. A burocracia deve servir à prática universalizante e de publicidade no tratamento e nas interações entre Estado e sociedade.

8.2. ANÁLISE DA LEGISLAÇÃO

No âmbito federal, a Constituição da República Federativa de 1988, em capítulo específico, estabeleceu a municipalização da competência para a execução da política de desenvolvimento urbano, atribuindo ao Poder Público Municipal o dever de ordenação do espaço urbano para o cumprimento das funções sociais da cidade e a garantia do bem-estar de seus habitantes (Art. 182, CF).

A Carta Magna consagrou, ainda, o Plano Diretor como instrumento básico de ordenação da cidade e elemento balizador do conteúdo que deve informar o cumprimento da função social da propriedade urbana (Art. 182, §2º, CF).

Aqui se concretiza o entendimento que qualquer dispositivo legal deve partir da Constituição federal. Por força da posição hierárquica superior ocupada pela Constituição, as leis, os atos normativos e os atos jurídicos em geral somente serão válidos se forem compatíveis com as normas constitucionais, incluindo aqui a norma e o caráter principiológico-valorativo que estabelece os termos da política urbana com base no atendimento aos interesses difusos e coletivos, substancialmente estampados nas determinações referentes à compreensão sobre os bens e seu respectivo conteúdo definido pelo cumprimento de função social da propriedade, considerada esta a partir de sua dimensão transindividual.

O artigo 30, inc. VIII, e 182 da Constituição Federal atribuem aos Municípios competência para estabelecer o planejamento e os planos urbanísticos para o ordenamento de seu território e positivou, em seus arts. 5º, inc. XXII e XXIII e 170 e seguintes, a união indissociável entre a propriedade e a sua função social, destacando o direito de propriedade dentre os direitos e garantias individuais fundamentais, mas, tão logo agregando ao seu conteúdo a função social.

A Constituição acrescentou ao direito de propriedade, o dever jurídico de agir em vista do interesse coletivo, ou seja, o direito subjetivo do proprietário privado foi submetido ao interesse comum, imprimindo-lhe o exercício de uma função social, voltada ao interesse coletivo.

As diretrizes gerais da política urbana brasileira, estabelecidas na Constituição Federal, adquiriram maior densidade com a regulamentação da Lei n.º 10.257, de 10 de julho de 2001, denominada de Estatuto da Cidade.

A função social da propriedade urbana encontra previsão já no primeiro artigo do Estatuto, que preconiza a regulação da propriedade urbana de acordo com a ordem pública e o interesse social, devendo o poder público fazer valer as normas de

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proteção coletiva atuando e condicionando os bens, neste sentido, “em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental”.

O texto menciona diretamente o necessário cumprimento da função social da propriedade urbana - mediante exigências para ordenação da cidade estabelecidas no Plano Diretor municipal - propondo exercício que possibilite o atendimento às necessidades de qualidade de vida, justiça social e desenvolvimento de atividades econômicas de modo a contemplar todos os cidadãos.

É possível citar ainda diversos outros instrumentos no Estatuto que perseguem o objetivo de garantia da funcionalização social da cidade e da propriedade urbana, dentre os quais estão o estímulo ao controle do uso do solo nas situações que apontem para o intuito de retenção da especulação imobiliária (Art. 2º, VI, alínea “e”) e fomento à participação popular via instrumentos de gestão democrática da cidade (Art. 2º, II). Ademais, apregoa especial observância do Poder Público no que tange à regularização fundiária e urbanização de áreas ocupadas por população de baixa renda, determinando a utilização de normas especiais de urbanização e uso e ocupação do solo que considerem, dentre outros fatores, a situação socioeconômica dos moradores. (Art. 2º, XIV). Por fim, indicou a possibilidade de utilização de alguns instrumentos que, combinados a outros já existentes em legislações sobre política urbana, pretendam garantir mais benefícios e equidade para as populações dos Municípios, mas, reafirmou a necessidade de realização dos planos diretores municipais na definição das regras de política urbana, estabelecendo o prazo para tal realização (Art. 50 da Lei 10257/2001).

Cumprindo a Constituição e o Estatuto da Cidade, Aparecida de Goiânia promoveu o início dos estudos para a preparação do Plano Diretor que entrou em vigor no ano de 2002.

Esse fato foi relevante, pois, estabeleceu um sentido de política urbana não presente até aquele momento no Município. Ainda que outras legislações tratassem pontualmente de questões urbanas, tal como o Código de Edificações (Lei Municipal n. 1787/1998), dentre outras, isso significou a constituição de um ambiente institucional que coordenasse o conjunto de medidas referentes ao território.

Evidentemente, o passado recente de atendimento pontual de interesses individuais sobre o território municipal ainda se fez presente, mesmo diante de mudanças importantes, tal como a redução do perímetro realizada em acordo com a necessidade de se melhor atender os interesses públicos e coletivos, uma vez que a malha urbana já fragmentada causava problemas e custos excessivos à administração municipal e à população.

Um agravante na forma tradicional de gestão do Município, considerando a ausência de controle sobre o solo, foi a aprovação indiscriminada de loteamentos antes da entrada em vigor das novas legislações. Uma vez que muitos desses loteamentos não foram executados, a Administração Pública já está autorizada a realizar os seus

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respectivos cancelamentos, conforme legislação federal e municipal (Art. 10, Lei 2250/2002) que determina tal medida quando os parcelamentos não forem executados no período de dois anos. Ocorre que muitos dos parcelamentos foram parcialmente ocupados, o que significa maior dificuldade ao controle referente ao espraiamento da malha urbana e a retenção de vazios com finalidade meramente especulativa. Também aqui, deve-se fazer referência ao duplo controle sobre a abertura de novos parcelamentos, uma vez que para além das normas da legislação vigentes aplicadas pela Administração Pública, a Lei de Parcelamento municipal previu a autorização da Câmara Municipal para a implantação dos loteamentos. Medida questionada pelo Poder Executivo.

Do ponto de vista do conteúdo do Plano Diretor, fez-se constar na legislação os princípios (Art. 2º) correspondentes aos fundamentos estabelecidos na legislação federal, tal como a observância em relação à sustentabilidade, justa distribuição dos ônus e benefícios da cidade, participação democrática, dentre outros.

O PD prescreve em seu art. 11, quais são seus objetivos, primando pelo respeito aos parâmetros urbanísticos adequados, a exemplo do cotejo entre adensamento urbano e infraestrutura correspondente. Ademais, propõe-se a geração de recursos voltados ao abastecimento de demanda de infraestrutura e serviços em áreas ainda não urbanizadas e, ainda, a criação de zonas e áreas sujeitas a regimes urbanísticos específicos.

Outro ponto estabelecido no referido artigo, refere-se à observância da utilização do solo em face dos princípios da proteção ambiental e da valorização do patrimônio cultural. É preciso notar que todos estes critérios vinculam não apenas o poder público, mas também os particulares no exercício do direito de propriedade. Prevê também o impedimento de expansão urbana especulatória como ocorreu nos anos anteriores, evitando a degradação ambiental, identificação, modificação e destinação de uso de áreas parceladas impróprias para ocupação e estabelecimento de política de investimentos públicos para priorizar áreas mais adensadas e estabelecer critérios para justa distribuição de ônus decorrentes do processo de urbanização.

O plano previu os instrumentos de redução de custos e aumento de ofertas de lotes, e tratou de modo geral da necessidade de definição de critérios para manejo, preservação e recuperação ambiental e adequação do sistema de transporte coletivo às ligações viárias básicas, racionalizando os deslocamentos e facilitando o acesso ao usuários. Lembrando que as questões citadas já apareciam desde aquela época, como os principais problemas a serem enfrentados pelo município.

Do ponto de vista dos instrumentos, além dos tradicionais, o Município serviu-se de outros, tal como o banco de lotes. Esse instrumento tem por objetivo a constituição de estoque de terras para a Administração Pública realizar políticas de interesse territorial. Em alguma medida foi utilizado, podendo ser revisto para melhor implementação do intento do Município, uma vez que há necessidade de se constituir

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estoque público de terra voltado aos programas habitacionais e aos cuidados ambientais.

Outro instrumento como o estudo de impacto de vizinhança, além de citado no Plano Diretor vem no bojo da constituição de um modo de definir uso e ocupação do solo no município que prevê medidas que ficam entre as espécies mais tradicionais de zoneamento, com as separações e listas de atividades e, ao mesmo tempo, com a definição de obrigações repassadas ao empreendedor para a indicação de limites a sua própria conduta. Isso é possível de ser visto na Lei de Uso e Ocupação a partir da quantidade de zonas estabelecidas no Art. 5º ao mesmo tempo em que se pode verificar as classes de admissão de uso definidas a partir do Art. 8º, com a menção aos usos conformes e admissíveis.

Para o controle de questões não abordadas na legislação, definiu-se a competência do Conselho de Desenvolvimento Ambiental Sustentável - COMDAS, para emitir parecer e determinar a realização de estudo de impacto com vistas a melhor apreciação dos casos omissos, bem como a apreciação da Secretaria de Planejamento em outros casos. Neste sentido, o COMDAS é avaliado como bastante atuante, uma vez que estuda os casos de maior complexidade e não absolutamente previstos na legislação.

Outra medida de controle e incentivo à garantia de melhor aproveitamento do solo urbano se constituiu na redução de alíquotas de impostos municipais voltadas à manutenção e preservação de áreas verdes (Art. 42 e seguintes).

Com base em todas essas questões, é possível dizer que a legislação do Plano Diretor de Aparecida está articulada com as demais legislações municipais territoriais, ainda que, existam tempos diferentes estabelecidos nessas legislações, o que significa diferentes paradigmas sobre a leitura do território e a priorização da ação pública e, ainda, determinados limites em função do histórico de ocupação do Município e da forma como se constituem as relações de poder e simbólicas entre aquilo que deve ser considerado como relevante do ponto de vista público e aquilo que apresenta interesse individual com feição de coletivo. Essas dificuldades estão estampadas na observação atenta do conjunto legislativo.

Por fim, no que diz respeito ao plano diretor, apesar da legislação prever a revisão e cinco anos (parágrafo único do Art. 10), em função da complexidade destas revisões e da possibilidade de se ampliar o prazo, conforme legislação federal, a revisão foi postergada, mas, realizada em tempo para as devidas atualizações.

Quanto à política fundiária e habitacional, esta se apresenta como questão central para o Município uma vez que esse sofreu os efeitos da metrópole, na construção de uma feição tendente a compreendê-lo como "município-dormitório". Esse fato foi determinante na constituição de instrumentos afirmativos de inclusão e reconhecimento de áreas e ações voltadas à regularização fundiária e a provisão habitacional.

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Assim, em relação especificamente à legislação federal sobre regularização fundiária de assentamentos localizados em áreas urbanas, cumpre mencionar a Lei n.º 11.977, de 7 de julho de 2009. Neste diploma legal, conceitua-se a regularização fundiária como o “conjunto de medidas jurídicas, urbanística, ambientais e sociais que visam à regularização de assentamentos irregulares e à titulação de seus ocupantes, de modo a garantir o direito social à moradia, o pleno desenvolvimento das funções sociais da propriedade urbana e o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado” (Art. 46).

Na legislação estão estabelecidas duas modalidades de regularização fundiária, que correspondem à regularização fundiária de interesse social e à regularização fundiária de interesse específico. A primeira refere-se às situações de formalização que abrangem assentamentos irregulares ocupados por população de baixa renda, adequados aos requisitos necessários para aquisição da propriedade pela usucapião ou aos parâmetros que viabilizem a concessão de uso especial para fins de moradia (Art. 47, VII, a). Enquadram-se ainda nesta modalidade, os assentamentos localizados em áreas de Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS) ou em áreas de titularidade das pessoas de direito público, pertencentes à administração direta declaradas de interesse para implantação de projetos de regularização fundiária de interesse social (Art. 47, VII, alíneas b e c). Neste caso, o Município de Aparecida previu expressamente a regularização fundiária e as medidas atinentes a essa política no art. 3º do plano diretor, nos moldes estabelecidos na legislação federal, inclusive constituindo o Fundo Municipal de Habitação - FUMHAB, gerido pelo Conselho Municipal de Habitação (Art. 6º do Plano Diretor).

Relevante registrar que como medida de concretização do intento de garantir a regularização fundiária de áreas ocupadas por população de baixa renda, o Estado fez valer as regras da Lei 11977/2009 sobre as possibilidades de isenção referentes às cobranças registrais.

A regularização fundiária dos imóveis urbanos de domínio do Estado de Goiás está regulamentada pela Lei Estadual n.º 17.545 de 2012, que autoriza o Poder Executivo a formalizar as ocupações irregulares e/ou clandestinas, cuja territorialidade coincida com o domínio estadual bem como conferir as respectivas titulações aos ocupantes. Invoca, para tanto, a realização do direito social à moradia e dos princípios assegurados pela Constituição Federal de 1988 e pelo Estatuto da Cidade.

A autorização para regularização refere-se às áreas em que existam ocupações realizadas pela população de baixa renda, considerando-se as seguintes tipologias: a) “conjuntos habitacionais ou assentamentos de famílias carentes consolidados no Estado de Goiás”; b) “áreas declaradas de interesse para a implantação de projetos de regularização”; c) “áreas desapropriadas pelo Estado para fins de regularização”; d) “áreas definidas em plano diretor como de especial interesse social” (Art. 2º, I).

Essas regras são fundamentais, ainda que Aparecida de Goiânia não apresente de forma significativa, considerando outros municípios, problemas de irregularidade

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fundiária. Ocorre que não em virtude de controle anterior, mas, do seu exato oposto, foram aprovados muitos parcelamentos, o que significou a oficialização dos lotes e a diminuição da irregularidade urbanística e ao mesmo tempo a ampliação da malha urbana fragmentada e a proliferação de grandes vazios urbanos e lotes não ocupados.

Como já foi dito, o município conta com uma política fiscal em relação às questões territoriais que podem apresentar incentivos ou sanções à práticas consideradas lesivas. Neste sentido, o Código Tributário Municipal – Lei Complementar 46/2011 basicamente transcreveu o Código Tributário Nacional, mas, apresentou certa especificidade ao estabelecer duas espécies de IPTU, sendo uma sobre propriedade territorial urbana edificada e outra sobre área não edificada. Nesses casos, a base de cálculo é distinta. Para o terreno não edificado a base de cálculo se dá pelo valor venal (valor de venda) do imóvel e, para o terreno edificado, esta ocorre sobre a construção, padrão, área e etc. Ainda, quando o terreno não é edificado a alíquota é 1,5% e se não estiver exercendo a função social é majorada em 10% do valor. Também em relação ao terreno edificado a alíquota é 0,40%. O ITBI também possui alíquota progressiva (art. 62). E o ISS é cobrado regularmente.

O Código de Processo Administrativo Tributário e Fiscal do Município de Aparecida de Goiânia – Lei 1.353 de 24/03/1994 é bastante antigo e desatualizado, ainda que a última alteração tenha sido realizada no ano de 2009. Ao que consta, não está sendo usado pela Administração. Assim, cumprem determinados papéis desta legislação, as lei de edificações e posturas.

Quanto às legislações de edificações e posturas é importante fazer referência as suas características gerais que remontam as velhas formas de tratamento das questões urbanas. De modo muito detalhado (com capítulo destinado à extinção dos formigueiros, por exemplo), voltado às questões de menor potencial lesivo, principalmente no caso do código de posturas, ou de extremo potencial lesivo que já são tratadas em outras normas, tais legislações estabelecem regras já ultrapassadas no âmbito da legislação federal e não estão exatamente vinculadas aos dispositivos das legislações municipais posteriores, caso, por exemplo, do Código de Edificações, que é anterior ao Plano Diretor, ainda que exista certa articulação em virtude do tema.

Várias das especificidades tratadas nessas legislações estão dispostas em sistemas e normas complexas estaduais e federais de vigilância. As penalidades referentes às infrações, também não são indicadoras da não realização de determinados ilícitos praticados em contrariedade com essas legislações, tomadas a quantidade de vezes que se repetem, o que significa dizer que a medida punitiva não é pedagógica ou inibitória. Os conceitos estabelecidos também devem ser revistos, apenas como exemplo, cita-se o fato da legislação indicar aos munícipes a construção de muros fechados como indicativo de proteção e segurança pública, quando se sabe, em

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virtude de inúmeros estudos que, a maior proteção ocorre com a melhor visualização e diálogo entre os ambientes públicos e privados46.

46 Consultar a Cartilha de Segurança Residencial produzida pelo Governo do Estado do Paraná. http://www.pmpr.pr.gov.br/arquivos/File/pmpr/Cartilha_de_Seguranca_Residencial.pdf; Cartilha do CREA, desenvolvida pela Polícia Militar do Paraná. ftp://creaweb.crea-pr.org.br/Graficas/cartilhas/cartilha_mun_seguros_0000.pdf e texto da arquiteta Raquel Rolnik http://raquelrolnik.wordpress.com/2012/08/16/quanto-mais-altos-os-muros-e-grades-mais-protecao-certo-errado/

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9. TESES

10.1. ORDENAMENTO TERRITORIAL

Tese 01 - A ocupação do solo urbano em Aparecida de Goiânia, ainda que o Município controle institucionalmente o seu território, sofre as intervenções diretas da produção do espaço e das políticas estabelecidas na Capital, ainda que não haja uma política de desenvolvimento regional.

Justificativas:

• Fatores como a existência de áreas de preservação, manancial de abastecimento e eixo ferroviário, ao Norte de Goiânia, orientaram seu desenvolvimento na direção Sul, de encontro à Aparecida (Plano Diretor de Goiânia, 2007);

• A promulgação, por parte da capital, de legislação municipal de parcelamento do solo de caráter restritivo quanto à exigência de infraestrutura instalada teve como consequência o aumento do valor da terra. Aparecida tornou-se, então, território fértil para a proliferação de loteamentos especulativos (CAMILO, 2014 e ASSUMÇÃO, 2014).

• Apesar de o Centro Tradicional de Aparecida possuir certa autonomia em relação à metrópole – uma vez que abriga os órgãos da administração pública – o município se desenvolveu em função de Goiânia, a partir da qual tanto se consolidou a porção conurbada, entre ambos municípios, quanto se promoveu a intensa produção de assentamentos e loteamentos segregados, ou seja, o processo de periferização desconhece as divisas políticas.

• O Plano Diretor vigente de Goiânia, Lei n° 171 de 2007, consolida o caráter da área conurbada através da classificação da Avenida Rio Verde – divisa política entre os municípios – como “eixo de desenvolvimento econômico” e, no seu entorno, as zonas são grafadas como “áreas adensáveis” e “áreas de adensamento básico”, cujo resultado espacial se traduz na verticalização e na expressão das atividades econômicas (Plano Diretor de Goiânia, SEPLAM, 2007).

• Há terrenos da porção Norte que valorizaram 544% durante a última década, alavancando, proporcionalmente, o aumento do valor da terra em todo o município. A melhoria dos índices econômicos do país e de Aparecida, associados a um zoneamento que endossou a densificação da área conurbada e conteve o processo de espraiamento urbano condicionaram este aumento de preços (CAMILO, 2014).

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Tese 02 – Os processos de expansão do mercado residencial formal, dos programas habitacionais e dos grandes polos industriais estão bastante vinculados aos papéis que Aparecida desempenha na Região Metropolitana: território de extensão do desenvolvimento da porção Sul de Goiânia, espaço para a habitação dos trabalhadores de baixa renda e polo industrial. Não há, porém, uma coordenação territorial entre estas funções, o que alimenta o processo de periferização.

Justificativas:

• As linhas do sistema de transporte coletivo não atendem as necessidades de deslocamento diário casa-trabalho da população do município, que possui altas taxas de motorização (Diagnóstico, Eixo Temático: Gestão Urbana, Ambiens, 2014). Esta carência afeta tanto o acesso aos empregos dos polos industriais e centralidades de Aparecida quanto aos empregos em Goiânia (Diagnóstico, Eixo Temático: Mobilidade, Transporte e Acessibilidade, Ambiens, 2014).

• Apesar do grande aumento dos índices econômicos, a taxa de movimento pendular ainda é alta, 39,22% (Observatório das Metrópoles, 2010).

• Os polos industriais são loteamentos monofuncionais em função do grau de incomodidade de alguns estabelecimentos. Para além dos graus de escolarização e especialização exigidos para os funcionários das indústrias, a distância e a localização dos grandes polos – que ocorre em função do escoamento através das rodovias – se mostram empecilhos para que as vagas de emprego sejam significativamente preenchidas pela população aparecidense (Lei n° 005 - Zoneamento, Uso e Ocupação do Solo, 2002; Oficina Temática Ordenamento Territorial, Plano Diretor, 2014).

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Tese 03 - A partir do final da década de 90, a força motriz do desenvolvimento econômico municipal seguiu o ideário do planejamento estratégico através da implantação de grandes loteamentos industriais e da publicização da vantagem locacional de Aparecida – que de fato existe – enquanto entreposto entre as regiões Sudeste e Norte brasileiras. Passados mais de dez anos da aprovação do Plano Diretor Participativo, em 2002, a bem-sucedida política entra em uma nova fase, marcada pelo incentivo do poder público aos grandes projetos de equipamentos e infraestruturas de já aprovada implantação: Aeroporto, Campus da UFG, shopping center próximo ao Centro Tradicional e desvio da BR-153. Assim como os polos industriais, possuem caráter de grande influência sobre o território: são extensos, conformam novos eixos produtivos e novas centralidades. A destinação preferencial do território para a política desenvolvimentista, porém, nem sempre provoca um rebatimento proporcional a seus índices econômicos na população local.

Justificativas:

• A criação dos cinco polos de quase 1000 estabelecimentos industriais teve forte impacto nos índices econômicos municipais: o PIB cresceu 54% entre 2002 e 2006 e atingiu o patamar de terceiro maior valor do Estado. A arrecadação do ICMS teve um aumento de R$ 44.543 em 2002 para R$ 496.631 em 2013 (Instituto Mauro Borges, 2014; Federação das Indústrias do Estado de Goiás, FIEG, 2010).

• Em relação à aprovação de grandes projetos, percebe-se que a captação de recursos e o planejamento urbano caminham em tempos diferentes. Falta vínculo entre a busca e a obtenção de recursos e as decisões do planejamento, ainda que o diálogo ocorra posteriormente (Diagnóstico, Eixo Temático: Gestão Urbana, Ambiens, 2014).

• A locação dos grandes projetos ocorreu anteriormente à revisão do Plano Diretor, assim como a locação de loteamentos industriais em relação ao PDP 2002 (Plano Diretor Participativo, 2002).

• Entre a população residente agrupada por classe de rendimento mensal de trabalho, 195.012 pessoas possuem rendimento médio de ¼ a 2 salários-mínimos. O valor da renda per capita média do município é de R$ 689,30 estando abaixo ao dos valores do estado e do Brasil – R$ 810,97 e 793,87 respectivamente. (IBGE, 2010).

• A taxa de retenção para o trabalho – item da contagem do movimento pendular entre os municípios da Região Metropolitana – subiu 54,3% para apenas 57,1% (Observatório das Metrópoles, 2010), ou seja, grande parte dos aparecidenses ainda trabalha e estuda em Goiânia.

• As empresas instaladas no município devem fornecer emprego para sua população (Ata de reunião do COMDAS, 09/06/2011).

• O aumento do valor da terra gera processo de gentrificação da população de bairros da região conurbada e estimula a migração das famílias para o programa Minha Casa, Minha Vida (Reunião Comunitária Garavelo, 2014).

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Tese 04- O crescimento de Aparecida a partir da força centrífuga da metrópole fez surgir um território formado por um Centro Tradicional – ocupação pioneira–, por uma consolidada área conurbada e por uma série de loteamentos e assentamentos espraiados e segregados. Apesar da dependência da Capital, o grande crescimento populacional de Aparecida, principalmente a partir da década de 80, gerou demandas internas que fomentaram certa complexificação das funções intraurbanas – até mesmo como adaptação à segregação – a partir das quais se desenvolveram centralidades que, mesmo possuindo diferentes graus de consistência, são elementos potencialmente parcelamento, edificação ou utilização de compulsórios estruturantes do planejamento e também coadjuvantes do desenvolvimento econômico.

Justificativas

• O PDP 2002 identificou as centralidades expressas em eixos de desenvolvimento através de sua classificação em zonas mistas ladeadas por zonas residenciais de média densidade (Plano Diretor Participativo, 2002).

• Há vias de intensa atividade econômica, principalmente na porção Norte do município, mas a avenida Independência – eixo transversal entre Centro Tradicional e a GO-040 – apresenta franco desenvolvimento tanto através da presença da iniciativa privada quanto de investimentos em melhorias por parte da Prefeitura Municipal (Visitas a campo, 2014; Entrevistas com técnicos municipais, 2014).

• A diminuição do traçado do perímetro urbano no PDP 2002 indiretamente auxiliou no fortalecimento das centralidades ao induzir a ocupação dos lotes existentes, ao invés de apenas a abertura de novos loteamentos (Plano Diretor Participativo, 2002).

• A taxa de movimento pendular em 2010 era de 39,22%, um valor significativo. Com exceção da população do Centro Tradicional, a população de todas as regiões administrativas se desloca sistematicamente à Goiânia para trabalhar e estudar, ou seja, há uma grande demanda para além dos empregos gerados nos grandes polos industriais que não é atendida pelo município (Observatório das Metrópoles, 2010).

• O sistema de transporte coletivo não só é integrado como dependente de Goiânia. Os terminais localizados, na maioria, nas bordas do município e as extensões de linhas que geram maior tempo de espera nos pontos dificultam a integração entre as centralidades intra-urbanas, resultando em uma subutilização do território (Diagnóstico; Eixo Temático: Mobilidade e Acessibilidade, Ambiens, 2014).

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Tese 05 - O PDP 2002, através da Política de Ordenamento para o Crescimento e Desenvolvimento Estratégico (POCDE), classificou diferentes porções do território de acordo com o incentivo ou a restrição à ocupação, assim como estabeleceu áreas cuja prioridade seriam os investimentos em infraestrutura, o desenvolvimento econômico e a destinação das glebas vazias e subutilizadas. Porém, para aproximadamente 40% da área urbana foi destinada a denominação de ACA – Áreas de Crescimento Acompanhado, ou seja, espaços pouco ocupados e infraestruturados destituídos de diretrizes específicas por parte do Plano Diretor. Várias destas áreas possuem uma localização próxima a locais que apresentam boa oferta de empregos e serviços, o que as torna interessantes para a expansão da ocupação e da infraestrutura concomitantes à consolidação dos loteamentos existentes.

Justificativas:

• Em 2008 houve uma alteração na Lei de Zoneamento, Uso e Ocupação do Solo com o intuito de aumentar o valor dos índices urbanísticos, principalmente na área conurbada e adjacências. O mercado imobiliário especulativo enxergou nas ACAs a possibilidade de incorporar em terrenos bem localizados e de baixo preço justamente em função da precariedade da infraestrutura (CAMILO, 2014; Ata de reunião do COMDAS, 14/06/2011).

• As redes de infraestrutura são precárias e a densidade construtiva é baixa em pleno centro geográfico do município (Mapa de Vazios, Mapa de Abastecimento de Água e Mapa de Coleta de Esgoto, Prefeitura Municipal, 2013).

• Há um potencial para delimitação de ZEIS sobre áreas demarcadas como ACAs, particularmente o loteamento Buriti Sereno e entorno (menção na Oficina Temática de Habitação, Plano Diretor, 2014).

• Há cerca de 40% de lotes vazios na área urbana (Mapa de Vazios, Prefeitura Municipal, 2013).

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Tese 06– Embora o PDP 2002 tenha estabelecido a utilização de vários instrumentos urbanísticos, não estabeleceu mecanismos para sua regulamentação posterior, o que diminui o respaldo do Poder Público para corrigir as distorções da formação do território e as discrepâncias entre as condições de acesso à cidade por parte da população.

Justificativas:

• Não há diferença na alíquota do IPTU entre as diferentes regiões ou bairros do município. Uma vez que o aumento do valor da terra nas regiões conurbadas tem um rebatimento proporcional sobre o restante da área urbana, a população que habita os locais mais desassistidos acaba sofrendo o ônus da valorização, principalmente, da porção Norte (CAMILO, 2014);

• A não aplicação de instrumentos como o parcelamento, edificação ou utilização de compulsórios não estimula a ocupação das glebas vazias e subutilizadas (Mapa Vazios, Prefeitura Municipal, 2013; Plano Diretor Participativo, 2002).

• Os usos conformes e admissíveis do Zoneamento não acompanham o espectro e as vicissitudes de certas atividades e não são realizados Estudos de Impacto de Vizinhança (Plano Diretor Participativo, 2002; Entrevistas com técnicos municipais).

• A não delimitação de ZEIS e o respaldo da Lei de AEIS para produção de habitação de interesse social não produz o controle necessário para garantir uma localização adequada às residências, que podem tanto ser incorporadas à malha consolidada quanto serem implantadas em locais distantes e precários (Plano Diretor Participativo, 2002, Lei nº 2707 de 2007);

• A cobrança da taxa da Outorga Onerosa do Direito de Construir ocorre nas zonas cujo coeficiente de aproveitamento possui valor superior a 1. O Poder Público, além de destinar os valores arrecadados para o caixa único da Prefeitura, sucumbiu à pressão do mercado imobiliário para redução da taxa cobrada dos incorporadores (CAMILO, 2014).

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Tese 07– O quadrante Sudeste de Aparecida, delimitado pela BR-153 e pelas lavras de extração mineral que o separam da Região Santa Luzia, concentra uma série de funções especiais: aterro sanitário, polo de reciclagem, polos industriais, cemitério, além das mencionadas lavras. Cerca e se entremeia a estas atividades a área rural remanescente do município. Há grandes projetos de equipamentos e infraestrutura previstos para este quadrante, fato que, além da potencialização do desenvolvimento econômico do município, pode gerar proximidade entre atividades incompatíveis, trazer prejuízos ao meio ambiente e desestimular a ocupação do contingente de lotes e glebas subutilizados ou vazios.

Justificativas:

• Estão previstas a implantação de um Campus da UFG, um aeroporto e o desvio da BR-153 na referida região (Entrevista com técnicos da Prefeitura Municipal, 2014);

• O reposicionamento da imagem do município face a seus índices econômicos e aos projetos previstos, atrai o mercado imobiliário voltado a segmentos de público interessados em morar loteamentos fechados. A ocorrência dos “condomínios fechados” é relativamente comum em municípios da região metropolitana próximos às cidades polo. Aparecida já é procurada por incorporadoras que intentam implantar os referidos condomínios nos remanescentes rurais, até mesmo em áreas que deveriam servir como amortecimento à atividade de extração mineral (Entrevista com técnicos da Prefeitura Municipal, 2014);

• Os projetos dos futuros equipamentos foram locados previamente à revisão do Plano Diretor (Entrevista com técnicos da Prefeitura Municipal, 2014);

• A área rural possui aspectos ambientais importantes, como uma topografia relativamente acidentada (Mapas das Cartas de Risco, Prefeitura Municipal, 2013).

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Tese 08- A significativa quantidade de vazios urbanos em áreas infraestruturadas do Município ocorreu em função da permissão de parcelamentos não conectados, causando dificuldades na implantação da infraestrutura (viária e de saneamento), dos equipamentos e dos serviços públicos, maior deslocamento, especulação imobiliária e desarticulação social.

Justificativas:

• O município de Aparecida de Goiânia não possui o cadastro de proprietários completo e atualizado para a atuação legal sobre as áreas que encontram-se desocupadas.

• A partir das glebas que não foram parceladas, existe retenção do solo.

• Para o correto dimensionamento do total das áreas de vazios, o levantamento através da divisão das atuais sedes administrativas corrigirá a real localização e proporcionalidade dentro do perímetro urbano.

• A reserva especulativa de imóveis tem origem no direito de propriedade privada, no uso e gozo conforme os interesses privados do proprietário.

• O vazio urbano, como espaço destinado à especulação, alia os interesses especulativos dos proprietários imobiliários à necessidade de estocagem de terra por parte dos capitais ligados à produção imobiliária.

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10.2. MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE

Tese 01 - A Serra das Areias é entendida como bem socioambiental do município de Aparecida de Goiânia em função da qualidade da vegetação de cerrado e como futuro manancial de abastecimento público. A resolução de categoria de unidade de conservação e os limites dela refletirão sobre o modo de interação social com a natureza e o uso e ocupação da região, sendo assim, a qualidade da conservação ambiental.

Justificativas:

• A falta de institucionalização da área, enquanto conformação em uma categoria de unidade conservação impossibilita o poder público em ações mais diretivas na proteção do meio ambiente. Já a transformação da unidade em APA (Área de Proteção Ambiental na categoria de Uso Sustentável) fragiliza a gestão ambiental na proteção do ambiente da região.

• A Serra das Areias é a área de proteção com maior relevância Ambiental no município, sendo caracterizada como bem socioambiental pela população (oficinas territoriais do Plano Diretor, 2014).

• A demarcação de Unidades de Conservação em lei, no município, não tem garantido a implementação destas, tornando-se mais um empecilho do que uma qualidade para a população local.

• Do ponto de vista da localização das Unidades de Conservação no território municipal estas se encontram dispersas, isoladas e desarticuladas espacialmente entre si (CARTA DE RISCO, 2012).

• A Serra das Areias, pelas suas características geoestruturais, constitui-se numa potencial zona de recarga para os aquíferos da região de Aparecida de Goiânia. Em termos geológicos a Serra das Areias tem o maior potencial hidrogeológico é a mais suscetível a riscos de contaminação, em função da rápida expansão do processo de ocupação urbana (CARTA DE RISCO, 2012).

• As fitofisionomias da região são representativas dos diferentes tipos de vegetação que compõem a flora do Cerrado, detentora de potencial banco genético e fauna diversificada adaptada a esses ambientes (CARTA DE RISCO, 2012).

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Tese 02 - O processo histórico de ocupação desordenada do município gerou uma paisagem de extensas áreas ocupadas/loteadas desprovida infraestrutura de saneamento ambiental. Somado a isso, a ampla impermeabilização do solo; o carreamento de partículas e resíduos sólidos para os rios; os processos de erosão; a falta de drenagem; o lençol freático superficial; a falta de áreas de preservação permanente, todas essas são características do processo de urbanização implementado, que tem gerado prejuízos na qualidade das águas e na paisagem urbana em Aparecida de Goiânia.

Justificativas:

• Segundo o estudo do Plano Municipal de Saneamento – Aparecida de Goiânia (2010), o município apresenta problemas relacionados à disponibilidade e qualidade das águas de abastecimento público, sendo que parte da população tem sua demanda por abastecimento de água, atendida pela SANEAGO e parte por sistemas de abastecimento individual – poços profundos e rasos, que atende a maioria da população, constituindo os chamados Sistemas Independentes.

• Em relação à qualidade da água utilizada para o abastecimento da população, o estudo revela que as águas superficiais do município encontram-se comprometidas por: contaminação resultante do lançamento in natura de efluentes domésticos e industriais, devido a insuficiente rede de esgoto; assoreamento dos cursos d’água devido à ocupação desordenada; e pela falta de sistema de drenagem das águas pluviais (PLANO DE SANEAMENTO, 2010).

• Segundo dados obtidos no Plano de Saneamento e confirmados nas oficinas participativas realizadas nas Regiões Administrativas admitiram problemática da dificuldade de acesso a água de qualidade destacando como grave a situação enfrentada pelos moradores das Regiões Administrativas Tiradentes e Cidade Livre.

• O município apresenta déficit grande de esgotamento sanitário, uma vez que aproximadamente 20% da população se encontram integrada à rede pública de esgoto (PLANO DE SANEAMENTO, 2010).

• Segundo o Estudo da Carta de Risco de Aparecida de Goiânia (2012) avaliações realizadas em 2005 e 2008, constataram o comprometimento da qualidade do aquífero próximo ao Aterro.

• Segundo o estudo do Plano Diretor de Drenagem Urbana de Aparecida de Goiânia (2011), o sistema de drenagem se mostra precário, pois foram identificados mais de 30 pontos de alagamento no município. As regiões afetadas são Vila Brasília, Setor dos Afonso e Nova Cidade, Jardim Cascata e Olímpico, Santa Luzia e Vale do Sol sendo consideradas as principais áreas de risco as passarelas e pontes em dias de chuva em função das enxurradas.

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• Os alagamentos são frutos da falta de galerias pluviais, da impermeabilização do solo, da falta de manutenção e ocupação irregular das áreas de preservação permanente nas margens dos córregos, dentre outros (Plano Diretor de Drenagem Urbana, 2011).

• A Carta de Risco de Aparecida de Goiânia (2012) mostra que a implantação dos loteamentos e ocupação populacional em no município foram os responsáveis pela degradação das áreas de preservação permanente. As oficinas participativas das Regiões Administrativas Garavelo, Papillon, Cidade Livre e Tiradentes destacaram a degradação das áreas de preservação permanente como um dos principais problemas ambientais do município.

Tese 03 - A impermeabilização do solo urbano, as características frágeis dos solos, a precariedade do sistema de drenagem e a falta de áreas de preservação permanente nas margens dos rios e córregos de Aparecida de Goiânia têm sido responsáveis pelos processos de erosão instalados em diversas regiões administrativas do município. Tal processo afeta a qualidade ambiental e também a vida da população na cidade, onde os cidadãos sofrem com o risco do deslizamento de encostas e também a dificuldade de travessia dos leitos dos rios.

Justificativas:

• Segundo apresentado no Estudo Carta de Risco de Aparecida de Goiânia (2012) foi cadastrado processos erosivos em 96 pontos no município.

• O estudo destacou como principais fatores para a instalação de processos erosivos: regiões com solos arenosos; com fragilidade em seu sistema de drenagem; desmatamento das margens dos rios e córregos; ocupação das áreas próximas às áreas de preservação permanente.

• Segundo informações do Estudo de Risco de Aparecida (2012) foram mapeadas como áreas de maior susceptibilidade as Regiões Administrativas Papillon, Vila Brasília, Tiradentes e Cidade Livre.

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Tese 04 - A gestão ambiental municipal é estruturada para atender às demandas da fiscalização e licenciamento ambiental. Não há um planejamento especifico para ações na área, somente planos correlatos como: i) Plano saneamento, ii) Plano Diretor de Drenagem Urbana e iii) Carta de Risco. A falta de integração dos planos em uma política de meio ambiente fragiliza a atuação pública municipal na qualificação da paisagem e sensibilização da sociedade sobre a qualidade ambiental.

Justificativas:

• A Carta de Risco foi elaborada em outubro de 2012 e apresenta uma série de informações sobre as fragilidades ambientais do município correlacionadas ao uso e ocupação do solo.

• O mapeamento de riscos é uma ferramenta com o qual é possível identificar as condições atuais de um compartimento ambiental e inferir de que forma o mesmo poderá atender às variadas demandas da população humana (CARTA DE RISCO, 2012).

• O Plano de Saneamento é de Janeiro de 2010, o qual trata da demanda municipal em uma perspectiva histórica, com planejamento financeiro de implantação.

• O Plano Diretor de Drenagem Urbana foi elaborado em agosto de 2011, além da compilação de dados relevantes sobre a interação do uso urbano com a paisagem trata das possibilidades de intervenção (Plano Diretor de Drenagem Urbana, 2011).

• A fiscalização municipal tem carências de respaldo de normas legais para atuação, sendo que a base legal municipal atualmente utilizada ainda é o Código de Posturas.

• Não existe uma programação em médio e longo prazo de atuação da SMMA, impossibilitando a avaliação dos resultados alcançados (Diagnóstico, Eixo Temático: Meio Ambiente e Sustentabilidade, Ambiens, 2014).

• Além das atividades de fiscalização e licenciamento a atuação da secretaria ocorre pontualmente e por demandas (Diagnóstico, Eixo Temático: Meio Ambiente e Sustentabilidade, Ambiens, 2014).

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10.3. HABITAÇÃO

Tese 01 - A lei da AEIS viabiliza a produção do MCMV por intenção de particulares consentindo, por um lado, certa agilidade na efetivação do programa no município, mas, por outro, possibilita que construtores implantem projetos em áreas periféricas e não infraestruturadas.

Justificativas:

• A legislação municipal dispõe que as AEIS podem ser previstas tanto em áreas públicas quanto privadas e, em se tratando de produção de lotes ou habitações populares que atendam grupos familiares de até cinco salários mínimos, poderão ser abrangidos espaços vazios ou ociosos (APARECIDA DE GOIÂNIA, Lei nº2707/2007; Diagnóstico, Eixo Temático: Habitação, Ambiens, 2014).

• 76,4% da população residente em domicílios particulares que percebem rendimentos médios mensais per capita de até ½ salário mínimo apresentam carência no atendimento dos serviços de saneamento básico (PLHIS, pg. 74, 2010).

• Dentre o total de domicílios particulares permanentes existentes no município, apenas 18% são atendidos pela rede geral de esgoto e 57% pela rede geral de abastecimento de água (IBGE, 2010).

• Os percentuais de saneamento do município acusam a fragilidade que tais condições – sobretudo de esgotamento sanitário e abastecimento de água – estabelecem para a salubridade municipal e para qualidade de vida da população (Diagnóstico, Eixo Temático: Habitação, Ambiens, 2014).

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Tese 02 - O crescimento populacional e a projeção do déficit habitacional foram subestimados no PLHIS, de modo que as taxas previstas para o ano de 2020 já foram superadas recentemente, o que aponto para a necessidade de revisão da política habitacional.

Justificativas:

• Entre as décadas de 2000 e 2010 a população de Aparecida de Goiânia passou de 336.392 para 455.657 habitantes, registrando aumento populacional de 35,45% e taxa de crescimento geométrico de 3,08% ao ano (IBGE,2010; DIAGNÓSTICO PD, 2014).

• O déficit habitacional atual (25.000 domicílios) ultrapassa a estimativa realizada para o ano de 2020 (18.038 domicílios) no Plano de Habitação (PLHIS, 2010; DIAGNÓSTICO PD, 2014).

Tese 03- A deficiência histórica de infraestrutura municipal, somada à não regulamentação e consequente ausência de aplicação de instrumentos de gestão urbana, sobretudo daqueles vinculados à função social da propriedade, são fatores condicionantes do incremento do déficit habitacional de Aparecida de Goiânia.

Justificativas:

• Com vistas a incentivar a ocupação dos vazios existentes em Aparecida de Goiânia houve o reajuste dos valores do Imposto Territorial Urbano (ITU) e do Imposto Predial Territorial Urbana (IPTU). Entretanto, a dinâmica para tal ocupação tem sido gradativa e morosa (PREFEITURA DE APARECIDA DE GOIÂNIA, 2014; Diagnóstico, Eixo Temático: Habitação, Ambiens, 2014).

• Ainda que esteja em curso a implantação de 7557 domicílios provenientes do programa MCMV, este número corresponde a, apenas, 30% do déficit habitacional de Aparecida de Goiânia (PLHIS, 2010; DIAGNÓSTICO PD, 2014; PREFEITURA DE APARECIDA DE GOIÂNIA, 2014).

• Atualmente os principais entraves para a implantação de moradias provenientes do MCMV são o valor da terra praticado em Aparecida de Goiânia e a inexistência de infraestrutura básica em quase todo o perímetro municipal, uma vez que elementos mínimos de saneamento, energia e sistema viário fazem parte das exigências do programa (PREFEITURA DE APARECIDA DE GOIÂNIA, 2014).

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10.4. MOBILIDADE, TRANSPORTE E ACESSIBILIDADE

Tese 01- A descontinuidade da malha viária e consequente inexistência de conexão entre os bairros induzem os deslocamentos dos munícipes por meio das rodovias GO-040 e BR-153 gerando conflito entre fluxos de caráter urbano e rodoviário.

Justificativas:

• Em virtude da ocupação espontânea que norteou o desenvolvimento de Aparecida de Goiânia, a malha viária apresenta um traçado orgânico e descontínuo, dificultando a conexão e integração entre as porções que constituem o território municipal (OBSERVAÇÃO IN LOCO, 2014; Diagnóstico, Eixo Temático: Mobilidade, Transporte e Acessibilidade, Ambiens, 2014).

• Para o deslocamento entre bairros, é necessário que parte do trajeto seja realizado por meio de rodovias que cortam e percorrem o município, a saber, BR-153 e a GO-040 (PREFEITURA DE APARECIDA DE GOIÂNIA, 2014; OBSERVAÇÃO IN LOCO, 2014; Diagnóstico, Eixo Temático: Mobilidade, Transporte e Acessibilidade, Ambiens, 2014).

• Não bastasse o conflito de usos condicionado pelo caráter de rodovia e sua utilização pelo tráfego urbano, a situação é agravada pela condição de que Aparecida de Goiânia é um importante entreposto de distribuição de produtos industriais para o centro e norte do país, resultando na intensa utilização das rodovias por tráfego pesado (PREFEITURA DE APARECIDA DE GOIÂNIA, 2014; DIAGNÓSTICO PD, 2014; OBSERVAÇÃO IN LOCO, 2014).

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Tese 02 - A inexistência de sistema de transporte público coletivo municipal, vinculada a um deficitário planejamento de mobilidade, resultam no subatendimento da população, fortalecimento da dependência de Goiânia e, não obstante, enfraquecimento da Política de Mobilidade Municipal.

Justificativas:

• O município de Aparecida de Goiânia não possui um serviço de transporte coletivo municipal, sendo a oferta deste modal de responsabilidade metropolitana por meio da RMTC (RMTCGOIANIA, 2014);

• Para dimensionamento da frota em Aparecida de Goiânia, a RMTC utiliza dados levantados há 8 anos – estando, portanto, defasados em relação ao contexto municipal atual -, provenientes da Pesquisa de Origem e Destino realizada em 2006, além da consideração de solicitações pontuais da comunidade, verificadas in loco (RMTCGOIANIA, 2014);

• Nos casos em que a população aparecidense reivindica ampliação do sistema de transporte coletivo, ocorre a extensão das linhas existentes, sem o respaldo de um planejamento de mobilidade – o que acaba acarretando atrasos e maior espaçamento nos itinerários dos ônibus (RMTCGOIANIA, 2014; Diagnóstico, Eixo Temático: Mobilidade, Transporte e Acessibilidade, Ambiens, 2014);

• Face ao distanciamento existente entre a gestão do sistema e o contexto municipal de Aparecida de Goiânia, tem-se que o serviço de transporte público coletivo prestado não contribui para o desenvolvimento urbano integrado e, tão pouco, se trata de um projeto de transporte público coletivo estruturador de território (Diagnóstico, Eixo Temático: Mobilidade, Transporte e Acessibilidade, Ambiens, 2014).

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Tese 03 - A precariedade dos passeios, insuficiente oferta de alternativas de modais e infraestrutura voltada ao deslocamento no município resultam em uma acessibilidade e mobilidade deficientes, desestimulando o trânsito de pedestres e fomentando a motorização municipal.

Justificativas:

• Face à ineficácia diagnosticada do serviço de transporte coletivo municipal, a maioria dos munícipes possui modal individual para se deslocar (PREFEITURA DE APARECIDA DE GOIÂNIA, 2014; DENATRAN, 2008).

• No que se refere à taxa de motorização, Aparecida de Goiânia tem apresentado índices superiores aos de Goiânia, São Paulo e Brasília (DENATRAN, 2008).

• Em se tratando dos passeios, tem-se verificado uma despadronização e irregularidade das calçadas; inviabilidade da acessibilidade universal face a inexistência de elementos mínimos; precariedade dos parâmetros construtivos envolvidos na implementação dessa infraestrutura (PREFEITURA DE APARECIDA DE GOIÂNIA, 2014; OBSERVAÇÃO IN LOCO, 2014).

• Apenas trecho da Alameda 21 de Abril possui ciclovia, estando o restante do município desprovido de traçado cicloviário (PREFEITURA DE APARECIDA DE GOIÂNIA, 2014; OBSERVAÇÃO IN LOCO, 2014).

Tese 04 - Até o momento, o município não dispõe de um Plano de Mobilidade Urbana. Tal condição reforça a fragilidade de Aparecida no que tange ao desenvolvimento municipal, bem como impossibilitará, a partir de 2015, investimentos na mobilidade que dependam de recursos federais.

Justificativas:

• A inexistência do Plano de Mobilidade Urbana significa que o município não possui um documento que trata da efetivação da Política Nacional de Mobilidade Urbana no contexto municipal (Diagnóstico, Eixo Temático: Mobilidade, Transporte e Acessibilidade, Ambiens, 2014).

• Atualmente cerca de 90% dos recursos para pavimentação é proveniente do Governo Federal (PREFEITURA DE APARECIDA DE GOIÂNIA, 2014).

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10.5. DESENVOLVIMENTO SOCIOECÔNOMICO

Tese 01 - A renda baixa do munícipe de Aparecida, condicionada pelo nível de instrução formal, não atrai serviços de mais qualidade para o Município. Aqueles que apresentam maior poder aquisitivo efetuam os seus gastos na capital, Goiânia. Isso significa que Aparecida ainda mantém a característica de cidade-dormitório com baixo ciclo econômico interno.

Justificativas:

• A remuneração do setor industrial no município se concentra na faixa entre ½ a 3 salários mínimos, seja nas 20 maiores empregadoras de atividades industriais, ou no setor industrial como um todo do município (Diagnóstico, Eixo Temático: Desenvolvimento Socioeconômico, Ambiens, 2014).

• A remuneração da indústria nas faixas salariais mais baixas revela um tecido industrial pouco sofisticado, com implicação direta na renda disponível para o consumo, o que condiciona a oferta de serviços básicos em detrimentos a serviços mais sofisticados no município (Diagnóstico, Eixo Temático: Desenvolvimento Socioeconômico, Ambiens, 2014).

• A combinação de densidade populacional e baixa renda não se constitui em fator de atração ao capital para a disposição de bens e serviços de elevada qualidade no município (Diagnóstico, Eixo Temático: Desenvolvimento Socioeconômico, Ambiens, 2014).

Tese 02 - Aparecida de Goiânia apresenta dependência de recursos externos, o que restringe a capacidade de planejamento do Município, uma vez que ele possui recursos insuficientes para implementar projetos necessários ao desenvolvimento econômico municipal.

Justificativas:

• A maior receita municipal (68,2%) são as transferências correntes, recursos oriundos da participação na arrecadação estadual e federal, o que condiciona sua capacidade de investimentos a projetos básicos de infraestrutura desenvolvimentista (Diagnóstico, Eixo Temático: Desenvolvimento Socioeconômico, Ambiens, 2014).

• A segunda maior fonte de recursos municipais são as receitas tributárias com 22% das receitas correntes, esses dados, mostram que o município, embora na média brasileira, reproduza o ciclo vicioso de dependência federal (Diagnóstico, Eixo Temático: Desenvolvimento Socioeconômico, Ambiens, 2014).

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10.6. GESTÃO URBANA

Tese 01- Aparecida de Goiânia passa por transição institucional relacionada à política urbana que permite a implementação de gestão mais institucionalizada e com feição burocrática, em certa medida verificada na prática legislativa e por meio da estrutura organizacional voltada à possibilidade de produção de planejamento e de controle das ações públicas e privadas. Os limites da gestão estão, em certa medida, relacionados: a não clareza dos objetivos institucionais de cada setor no sentido do atendimento à cidade e à sua população; à fragmentação das instâncias de definição e controle; à ausência de priorização nas ações de maior impacto negativo ao Município; aos aportes legislativos que mantém os termos de uma cidade muito menos complexa do que a existente; à forma de garantir, pelo funcionalismo público, a valorização remuneratória.

Justificativas:

• A política urbana foi traduzida em um conjunto de legislações urbanísticas no início da década passada. (Fonte: Plano Diretor e legislação urbanística)

• Houve contratação recente (na última década especialmente) de corpo técnico especializado para o planejamento e controle das ações no Município. (Fonte: entrevista técnicos municipais)

• A polícia administrativa é, em alguma medida, orientada por uma pretensão arrecadatória e a remuneração dos funcionários parte da premissa da produtividade pela ação punitiva. (Fonte: entrevista técnicos municipais, gestão remuneratória dos funcionários públicos do Município)

• Inexiste priorização nas ações públicas sobre impactos negativos mais significativos para o Município. (Fonte: entrevista técnicos municipais)

• Várias Secretarias tratam de assuntos relacionados sem necessariamente estabelecerem conexão formal entre os temas de interesse. (Fonte: entrevista técnicos municipais, legislação municipal e página do Município)

• A legislação municipal convive com a fragmentação de temas e com a fragilidade do tratamento de questões que não apresentam coerência com as legislações estaduais e federais, tampouco, com a realidade mais complexa que o Município apresenta atualmente. (Fonte: legislação municipal e página do Município)

• Apesar de certa institucionalização e burocratização na gestão e na ação do Município, a pressão sobre os funcionários públicos ainda é prática comum, percebida nas questões sobre perímetro, uso, ocupação e parcelamento do solo. (Fonte: entrevista técnicos municipais)

• Inexiste protocolo central e definição de procedimentos internos e decisões para procedimentos, de modo que o próprio cidadão é obrigado a encaminhar as suas dúvidas e questões a cada órgão, inclusive desconhecendo o fluxo e as competências das respectivas instâncias, uma vez que também não há

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publicização universalizada dessas informações. (Fonte: entrevista técnicos municipais, legislação municipal e página do Município)

• Existem limites na estrutura administrativa relacionados à capacidade do técnico em garantir a realização do trabalho sem os meios materiais necessários a tal cumprimento. O controle é prejudicado pela falta de infraestrutura, veículos, aparelhos e tecnologias. (Fonte: entrevista técnicos municipais e visita e observação em campo).

Tese 02- A legislação urbanística de Aparecida de Goiânia faz conviver modelos tradicionais de leitura de uso, aproveitamento e parcelamento do solo público e privado e propostas mais contemporâneas de política territorial. A articulação entre essas duas fontes legais encontra certas oposições na concretização de normas principiológicas e de controle da terra e do espaço. Esse fato pode ser observado nas preocupações com o detalhamento do controle nas questões de menor potencial lesivo e na ausência de instrumentos e políticas administrativas mais efetivas para a contenção de atividades potencialmente geradoras de prejuízos públicos e coletivos mais relevantes.

Justificativas:

• O Plano Diretor segue a lógica das legislações federais estabelecendo princípios e instrumentos jurídicos para a justa distribuição de benefícios e prejuízos decorrentes dos processos de urbanização, mas, isso não significou a garantia de determinados controles, especialmente aqueles mais relacionados ao direito ambiental, uma vez, que o Município manteve certo aproveitamento, por particulares, de bens socioambientais que são significativos de impactos negativos à cidade. Como exemplo, a ocupação de áreas com edificações que estão sobre nascentes (Fonte: Plano Diretor, oficinas territoriais, entrevistas e visita em campo).

• O Código de Posturas do Município trata de questões que podem ser remetidas às normas estaduais e federais para que não exista a necessidade de revisão rotineira, uma vez que normas de higiene e saúde são normalmente corrigidas em virtude de novas pesquisas e tecnologias. A sanção administrativa municipal pode fazer referência a tais normas. Um exemplo disso, diz respeito às determinações constantes em espécies de publicidades de produtos, tal como o rótulo, não sendo necessária a determinação municipal a respeito de normas de proteção ao consumo (Art. 79, §2º do Código de Posturas) ou ao detalhamento excessivo, tal como aparece na determinação do art. 100, inciso V, sobre a prescrição que determina que o açucareiro em hotéis e pensões não pode ter tampa que descole do frasco. Também, a responsabilização sobre determinadas condutas aparecem de modo equivocado, como é o caso da responsabilização do funcionário nos casos de descumprimento de regras de vigilância sanitária. Em tempos de responsabilização civil objetiva, cabe ao Município o controle sobre o

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estabelecimento. (Fonte: Código de Posturas)

• As legislações de posturas, obras, uso e ocupação e parcelamento em alguns casos tratam de situações similares de modo diferente, o que pode acarretar em dificuldade interpretativa para a população. Por exemplo, a responsabilidade pela construção e manutenção dos passeios, exposta nos códigos de posturas e obras. (Fonte: Código de Posturas e Código de Obras)

• As questões ambientais encontram-se dispersas no conjunto das legislações municipais, ainda que o Município mantenha-se condicionado a observar as legislações estaduais e federais para aprovação obras e usos. (Fonte: Plano Diretor, Código de Posturas e Código de Obras, Lei de Zoneamento)

• Existem pontos de conexão entre a lógica estabelecida para o uso e a ocupação e a legislação de obras, mas, em grande medida, a responsabilidade pelo atendimento às normas de segurança conflitam no sentido de que uma legislação pretende prever os riscos e a outra atribui aos estudos de impacto parte considerável dessas previsões, bem como, a forma de impedir ou minimizar essas situações (Fonte: Código de Obras e Lei de Zoneamento).

• A leitura tradicional sobre a propriedade privada não é fator legislativo de impedimento às novas premissas estabelecidas no direito constitucional. Ao contrário, o município, em virtude do dever de garantir sustentabilidade ambiental e prover a cidade de meios possíveis de convivência sadia, considerando o seu crescimento, previu medidas para alterar situações existentes de inadequado uso, de não uso ou de subuso dos bens, considerando a dimensão transindividual da propriedade e da posse. A titularidade e o uso dos bens não se confundem e o município produz normas, em regra, considerando a segunda situação. Por esse motivo, não havendo direito adquirido sobre uso, edificações que signifiquem perigo ou risco ou parcelamentos aprovados e não executados no prazo estabelecido pela legislação podem ter o seu uso ou não uso condicionados às regras estabelecidas no Plano Diretor do Município e nas legislações estaduais e federais, o que significa a necessidade de readaptação na forma de coordenar os processos de incentivo e controle relativos ao uso do solo, parcelamento, edificações e posturas. Esse processo está em andamento, mas, ainda não se vê em fase de conclusão (Fonte: Legislações municipais, estaduais e federais, entrevistas e oficinas territoriais).

• Houve avaliação das condições territoriais de gestão do município, o que pode se notar com uma política incomum nos municípios brasileiros, mas, relevante do ponto de vista do interesse público e do cumprimento das funções do Estado que se deu com a redução do perímetro urbano, de modo a garantir maior capacidade do Estado na gestão do seu território e na melhoria das condições da malha urbana mais consolidada. (Fonte: Perímetro Urbano, entrevista, observação, estudo das áreas consolidadas com mais ocupação).

• Ainda que o aproveitamento da terra ou o seu não aproveitamento não dê ensejo ao direito adquirido do proprietário ou possuidor, diferenciando-se desta forma ― titularidade e uso ―, algumas atividades de caráter tradicional do município permaneceram sendo exercidas em contrariedade com as normas de segurança necessárias ou com o interesse público do Município. Como

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exemplo, é possível citar o caso das atividades relacionadas à mineração, bem como, a permanência da pressão sobre a ocupação de áreas verdes e frágeis do ponto de vista ambiental e, ainda, o não cancelamento de parcelamentos aprovados em tempos idos, mas, não executados nos dois anos seguintes à sua aprovação sem que houvesse o início das obras. Além disso, a expansão do Município ocorre em função de projetos específicos. (Fonte: Inexistência de documentos e relatórios de impacto, Lei de Parcelamento do Solo, Código de Posturas).

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