diário · qual respondeu aos pedidos de esclarecimento do sr. deputado ... (ps), leonel nunes...

28
Região Autónoma da Madeira Diário Assembleia Legislativa REUNIÃO PLENÁRIA DE 22 DE JUNHO Presidente: Exmo. Sr. José Miguel Jardim de Olival Mendonça Secretários: Exmos. Srs. Sidónio Baptista Fernandes Ana Mafalda Figueira da Costa Sumário O Sr. Presidente declarou aberta a Sessão às 9 horas e 30 minutos. PERÍODO DE ANTES DA ORDEM DO DIA:- No âmbito da declaração política semanal usou da palavra, para produzir uma intervenção, o Sr. Deputado Roberto Almada (BE), após ao que respondeu a pedidos de esclarecimento dos Srs. Deputados Óscar Teixeira (PS) e Gil França (PS). - Para tratamento de assuntos de interesse político relevante para a Região interveio a Sra. Deputada Rubina Gouveia (PSD), a qual respondeu aos pedidos de esclarecimento do Sr. Deputado Edgar Silva (PCP). Ainda neste período foram apreciados e votados os seguintes votos: - Voto de Protesto, apresentado pelo Partido Socialista, pela “Utilização partidária do site oficial do Governo Regional”. Usaram da palavra sobre o assunto os Srs. Deputados Bernardo Martins (PS), Leonel Nunes (PCP), Roberto Almada (BE), Óscar Fernandes (PSD) e Cabal Fernandes (CDS/PP) tendo o voto, submetido à votação, sido rejeitado com os votos contra do PSD e os votos a favor do PS, do CDS/PP, do PCP e do BE. - Voto de Protesto, apresentado pelo Partido Social-Democrata, pelo desinteresse e abandono a que o Governo dito Socialista, votou a Região Autónoma da Madeira no que concerne à dotação de meios efectivos de fiscalização, prevenção e segurança da nossa ZEE. Sobre este assunto intervieram os Srs. Deputados Vicente Pestana (PSD), Fernão Freitas (PS), Edgar Silva (PCP), Roberto Almada (BE) e José Manuel (CDS/PP). Este voto foi aprovado com os votos a favor do PSD, os votos contra do PS, do CDS/PP e do PCP e a abstenção do BE. PERÍODO DA ORDEM DO DIA:- Iniciaram-se os trabalhos com a continuação da apreciação na generalidade do projecto de resolução, da autoria do Partido Comunista Português, que “Recomenda ao Governo Regional a realização de um estudo sobre a pobreza infantil na Região Autónoma da Madeira”. Após as intervenções dos Srs. Deputados Isabel Sena Lino (PS) e Edgar Silva (PCP), o diploma, submetido à votação foi rejeitado. Produziram declarações de voto os Srs. Deputados Cabral Fernandes (CDS/PP), Vasco Vieira (PSD), Edgar Silva (PCP), Roberto Almada (BE) e Isabel Sena Lino (PS). - Seguidamente, foi aprovada, em votação final global, a proposta de decreto legislativo regional, intitulada “Regulamentação da Lei nº 35/2004, de 29 de Julho Regulamentação do Código do Trabalho”. Produziram declarações de voto os Srs. Deputados Cabral Fernandes (CDS/PP), Leonel Nunes (PCP), Vasco Vieira (PSD), Roberto Almada (BE) e Ricardo Freitas (PS). - Foi também aprovada, em votação final global, a proposta de decreto legislativo regional, que “Aprova a atribuição de comparticipações financeiras ao associativismo desportivo na Região Autónoma da Madeira”. Produziram declarações de voto os Srs. Deputados José Manuel (CDS/PP), Roberto Almada (BE) e Jaime Lucas (PSD). - De seguida, foi aprovada, em votação final global, a proposta de decreto legislativo regional que “Adaptação à Região Autónoma da Madeira da Lei nº 16/2004, de 11 de Maio”. Produziram declarações de voto os Srs. Deputados Jai me Lucas (PSD), Ismael Fernandes (PS) e José Manuel (CDS/PP). - Por fim, a Câmara aprovou por unanimidade, em votação final global, a proposta de lei à Assembleia da República que “Altera o Decreto-Lei nº 465/77, de 11 de Novembro”. Proferiram declarações de voto os Srs. Deputados Roberto Almada (BE), Medeiros Gaspar (PSD), Leonel Nunes (PCP), José Manuel (CDS/PP) e Jaime Leandro (PS). O Sr. Presidente declarou encerrada a Sessão às 12 horas e 45 minutos. VIII Legislatura Número: 46 I Sessão Legislativa (2004/2005) Quarta-feira, 22 de Junho de 2005

Upload: nguyennguyet

Post on 28-Nov-2018

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Diário · qual respondeu aos pedidos de esclarecimento do Sr. Deputado ... (PS), Leonel Nunes (PCP), Roberto Almada ... agora que o Governo da República é do PS, respondemos

Região Autónoma da Madeira

Diário

Assembleia Legislativa

REUNIÃO PLENÁRIA DE 22 DE JUNHO

Presidente: Exmo. Sr. José Miguel Jardim de Olival Mendonça

Secretários: Exmos. Srs. Sidónio Baptista Fernandes

Ana Mafalda Figueira da Costa

Sumário

O Sr. Presidente declarou aberta a Sessão às 9 horas e 30 minutos. PERÍODO DE ANTES DA ORDEM DO DIA:- No âmbito da declaração política semanal usou da palavra, para produzir uma

intervenção, o Sr. Deputado Roberto Almada (BE), após ao que respondeu a pedidos de esclarecimento dos Srs. Deputados Óscar Teixeira (PS) e Gil França (PS).

- Para tratamento de assuntos de interesse político relevante para a Região interveio a Sra. Deputada Rubina Gouveia (PSD), a qual respondeu aos pedidos de esclarecimento do Sr. Deputado Edgar Silva (PCP).

Ainda neste período foram apreciados e votados os seguintes votos: - Voto de Protesto, apresentado pelo Partido Socialista, pela “Utilização partidária do site oficial do Governo Regional”. Usaram

da palavra sobre o assunto os Srs. Deputados Bernardo Martins (PS), Leonel Nunes (PCP), Roberto Almada (BE), Óscar Fernandes (PSD) e Cabal Fernandes (CDS/PP) tendo o voto, submetido à votação, sido rejeitado com os votos contra do PSD e os votos a favor do PS, do CDS/PP, do PCP e do BE.

- Voto de Protesto, apresentado pelo Partido Social-Democrata, pelo desinteresse e abandono a que o Governo dito Socialista, votou a Região Autónoma da Madeira no que concerne à dotação de meios efectivos de fiscalização, prevenção e segurança da nossa ZEE. Sobre este assunto intervieram os Srs. Deputados Vicente Pestana (PSD), Fernão Freitas (PS), Edgar Silva (PCP), Roberto Almada (BE) e José Manuel (CDS/PP). Este voto foi aprovado com os votos a favor do PSD, os votos contra do PS, do CDS/PP e do PCP e a abstenção do BE.

PERÍODO DA ORDEM DO DIA:- Iniciaram-se os trabalhos com a continuação da apreciação na generalidade do projecto de

resolução, da autoria do Partido Comunista Português, que “Recomenda ao Governo Regional a realização de um estudo sobre a pobreza infantil na Região Autónoma da Madeira”. Após as intervenções dos Srs. Deputados Isabel Sena Lino (PS) e Edgar Silva (PCP), o diploma, submetido à votação foi rejeitado. Produziram declarações de voto os Srs. Deputados Cabral Fernandes (CDS/PP), Vasco Vieira (PSD), Edgar Silva (PCP), Roberto Almada (BE) e Isabel Sena Lino (PS).

- Seguidamente, foi aprovada, em votação final global, a proposta de decreto legislativo regional, intitulada “Regulamentação da Lei nº 35/2004, de 29 de Julho – Regulamentação do Código do Trabalho”. Produziram declarações de voto os Srs. Deputados Cabral Fernandes (CDS/PP), Leonel Nunes (PCP), Vasco Vieira (PSD), Roberto Almada (BE) e Ricardo Freitas (PS).

- Foi também aprovada, em votação final global, a proposta de decreto legislativo regional, que “Aprova a atribuição de comparticipações financeiras ao associativismo desportivo na Região Autónoma da Madeira”. Produziram declarações de voto os Srs. Deputados José Manuel (CDS/PP), Roberto Almada (BE) e Jaime Lucas (PSD).

- De seguida, foi aprovada, em votação final global, a proposta de decreto legislativo regional que “Adaptação à Região Autónoma da Madeira da Lei nº 16/2004, de 11 de Maio”. Produziram declarações de voto os Srs. Deputados Jaime Lucas (PSD), Ismael Fernandes (PS) e José Manuel (CDS/PP).

- Por fim, a Câmara aprovou por unanimidade, em votação final global, a proposta de lei à Assembleia da República que “Altera o Decreto-Lei nº 465/77, de 11 de Novembro”. Proferiram declarações de voto os Srs. Deputados Roberto Almada (BE), Medeiros Gaspar (PSD), Leonel Nunes (PCP), José Manuel (CDS/PP) e Jaime Leandro (PS).

O Sr. Presidente declarou encerrada a Sessão às 12 horas e 45 minutos.

VIII Legislatura Número: 46

I Sessão Legislativa (2004/2005) Quarta-feira, 22 de Junho de 2005

Page 2: Diário · qual respondeu aos pedidos de esclarecimento do Sr. Deputado ... (PS), Leonel Nunes (PCP), Roberto Almada ... agora que o Governo da República é do PS, respondemos

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 46 VIII Legislatura, I Sessão Legislativa (2004/2005) Quarta-feira, 22 de Junho de 2005

Pág. 2

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Bom dia, Srs. Deputados. Façam o favor de ocupar os vossos lugares.

Estavam presentes na Sessão os seguintes Srs. Deputados: PARTIDO SOCIAL-DEMOCRATA (PSD)

Agostinho dos Ramos de Gouveia

Ana Mafalda Figueira da Costa

António Alberto Monteiro de Aguiar

Bruno Miguel Velosa de Freitas Pimenta Macedo

Carlos Manuel Figueira de Ornelas Teles

Élvio Manuel Vasconcelos Encarnação

Francisco Jardim Ramos

Gabriel Paulo Drummond Esmeraldo

Ivo de Sousa Nunes

Jaime Ernesto Nunes Vieira Ramos

Jaime Filipe Gil Ramos

Jaime Pereira de Lima Lucas

João Gabriel Jardim Caldeira

Jorge Moreira de Sousa

José Agostinho de Jesus Gouveia

José Alberto Freitas Gonçalves

José Jardim Mendonça Prada

José Lino Tranquada Gomes

José Luís Medeiros Gaspar

José Miguel Jardim de Olival Mendonça

José Óscar de Sousa Fernandes

José Paulo Baptista Fontes

Manuel Carlos Pereira Perestrelo

Manuel Gregório Pestana

Maria do Carmo Homem Costa de Almeida

Maria Margarida Teixeira de Aguiar Rodrigues Camacho

Maria Rafaela Rodrigues Fernandes

Miguel José Luís de Sousa

Nelson Alexandre Vieira Carvalho

Nelson Manuel Aguiar Martins

Nivalda Nunes Silva Gonçalves

Orlando Evaristo da Silva Pereira

Rubina Alexandra Pereira de Gouveia

Rui Miguel Moura Coelho

Rui Moisés Fernandes de Ascenção

Rui Ramos Gouveia

Sara Aline Medeiros André

Sidónio Baptista Fernandes

Sílvio Sousa Santos

Sónia Maria de Faria Pereira

Vasco Luís de Lemos Vieira

Vicente Estevão Pestana PARTIDO SOCIALISTA (PS)

Ricardo Jorge Teixeira de Freitas

Célia Maria da Silva Pessegueiro

Fernão Marcos Rebelo de Freitas

Gil Tristão Cardoso de Freitas França

Joaquim Emídio Fernandes Ventura

Jaime Manuel Simão Leandro

João Carlos Justino Mendes de Gouveia

João Isidoro Gonçalves

José Ismael Gomes Fernandes

José Manuel da Luz Coelho

José Martins Júnior

Lino Bernardo Calaça Martins

Luís António Faria de Abreu

Maria Isabel Ferreira Coelho de Sena Lino

Maria Luísa de Sousa Menezes Gonçalves Mendonça

Óscar Ciríaco Teixeira

Duarte Paulo Brazão Gouveia

Victor Sérgio Spínola de Freitas

Page 3: Diário · qual respondeu aos pedidos de esclarecimento do Sr. Deputado ... (PS), Leonel Nunes (PCP), Roberto Almada ... agora que o Governo da República é do PS, respondemos

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 46 VIII Legislatura, I Sessão Legislativa (2004/2005) Quarta-feira, 22 de Junho de 2005

Pág. 3

CENTRO DEMOCRÁTICO SOCIAL/PP (CDS/PP)

José Manuel Cabral Fernandes

PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS (PCP)

Edgar Freitas Gomes Silva

Leonel Martinho Gomes Nunes

BLOCO DE ESQUERDA (BE)

Roberto Carlos Teixeira Almada

Srs. Deputados, temos quórum, vamos dar início aos nossos trabalhos.

Eram 9 horas e 30 minutos.

Dou a palavra ao Sr. Deputado Roberto Almada, para uma intervenção no âmbito da declaração política semanal. Dispõe de 5 minutos.

O SR. ROBERTO ALMADA (BE):- Senhor Presidente Senhoras e Senhores Deputados Vivem-se tempos difíceis em Portugal. Trinta anos após o 25ABR, os sucessivos Governos do PSD e do PS, coadjuvados invariavelmente pelo CDS,

lançaram Portugal no tal Pântano de que falava Guterres... Na era pós-guterrista, a direita no poder esqueceu o pântano, colocou uma tanga no país, atentou contra direitos

fundamentais dos trabalhadores e das famílias portuguesas, congelaram os vencimentos dos funcionários públicos, deram cabo da Segurança Social, privatizaram a saúde, e em última instância colocaram milhares de portugueses no desemprego e, desta forma, no limiar da pobreza e exclusão...

Em 2004, após uma folgada vitória em eleições antecipadas das forças à esquerda do Governo de então, eis que a Nova Maioria, decide retirar a tanga ao país colocando tudo ao léu...

Num exercício de demagogia sem precedentes, o Governo de Sócrates, deitou no lixo promessas da campanha eleitoral, deu o dito por não dito, e encetou novamente uma perseguição feroz aos direitos dos mais fracos em nome do sacrossanto equilíbrio das contas públicas...

Não contente com o pendor de continuidade das políticas da direita, subjacente à actuação do novo Governo, o PS promete ir muito mais além do que Durão Barroso e a direita ousaram ir...

Se por um lado, os Governos PSD/PP congelaram os salários da Função Pública, o Governo Sócrates congela as progressões automáticas nas carreiras daqueles trabalhadores, o que, em última análise é o mesmo que congelar salários...

Se os Governos anteriores reduziram o poder de compra dos portugueses, o actual aumenta o IVA, esse imposto cego, que vai penalizar sobretudo os mais carenciados...

Se os Governos anteriores cortaram nos reembolsos dos serviços de Saúde para os beneficiários do ADSE, o actual Governo, do PS, continua a nivelar por baixo, retirando direitos adquiridos aos Funcionários Públicos, com o "nobre objectivo" de igualá-los aos outros trabalhadores...

Quando toca aos trabalhadores, não se dá mais direitos a quem não tem... retira-se a quem já os adquiriu... Sr. Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira Sras. e Srs. Deputados: Como se não bastassem os ataques descritos anteriormente, o golpe mais rude, e porventura mais cobarde,

prende-se com a intenção declarada de aumentar a idade da reforma para os 65 anos. Os que, como o Bloco de Esquerda, sempre defenderam uma redução da idade da aposentação, não pode deixar

de protestar com veemência contra a violência, quase terrorista, de uma medida deste tipo... Como pode este Governo, dito socialista, pedir aos professores com 65 anos, que estejam à frente de turmas de 20

e tal alunos, muitos deles com necessidades educativas especiais e com outro tipo de problemas que exige do docente um enorme desgaste físico e psicológico?..

Como pode este Governo, dito socialista, pedir aos agentes da PSP ou GNR que aos 65 anos tenham força, física e anímica, para desempenhar satisfatoriamente as suas funções, algumas delas de alto risco, por forma a garantirem a segurança dos cidadãos e dos seus bens?

Como pode este Governo, dito socialista, dar cabo das conquistas que os trabalhadores e as suas organizações representativas conquistaram aos longo de 30 anos, muitas vezes à custa de sangue, suor e lágrimas?

Como podem algumas dessas organizações sindicais e alguns dirigentes dessas estruturas, na RAM, terem sido acometidos de um silêncio ensurdecedor e cobarde, perante tais atentados aos direitos daqueles que dizem defender???

Se alguns desses dirigentes sindicais insurgiram-se, e bem, contra todas as medidas penalizadoras do anterior Governo de direita, porque é que agora calam e consentem tais ataques aos direitos dos trabalhadores da Administração Pública? Será pelo facto de serem próximos do partido que sustenta o Governo da República???

E os que agora protestam contra as medidas do actual Governo, mas que quando estava a direita no poder, calaram-se e nunca moveram uma palha para defenderem os trabalhadores? Porque é que alguns dirigentes nunca protestam quando estão em causa medidas penalizadoras do Governo Regional, ou da direita, contra quem trabalha?

São os chamados oportunistas sindicais, camaleões do sindicalismo, traidores dos trabalhadores, que mais tarde ou mais cedo serão responsabilizados por tais condutas...

Sr. Presidente Sras. e Srs. Deputados Aos que questionaram o BE, se estaria na rua, agora que o Governo da República é do PS, respondemos: Estamos

e Estaremos na rua, na contestação, tal como estivemos no passado...

Page 4: Diário · qual respondeu aos pedidos de esclarecimento do Sr. Deputado ... (PS), Leonel Nunes (PCP), Roberto Almada ... agora que o Governo da República é do PS, respondemos

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 46 VIII Legislatura, I Sessão Legislativa (2004/2005) Quarta-feira, 22 de Junho de 2005

Pág. 4

Apoiamos as lutas dos professores, que amanhã estarão em greve, apoiamos as manifestações da PSP marcadas para hoje em todo o país, apoiaremos todas as greves e formas de luta legítimas que os trabalhadores queiram travar...

Queremos trazer o país para a rua, e gritar com toda a força: "SÓCRATES ESCUTA O PAÍS ESTÁ EM LUTA", "ESTAMOS NA RUA POIS A LUTA CONTINUA!"...

Muito obrigado. Transcrito do original O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado Óscar Teixeira para um pedido de esclarecimento, tem a

palavra.

O SR. ÓSCAR TEIXEIRA (PS):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Roberto Almada, estas medidas também me tocam, não é, é duro para toda a gente. Mas ainda hoje ouvi na rádio que Bruxelas ainda acha que é pouco. Ainda acha que é pouco!

E agora, Sr. Deputado, já que disse tão mal destas e já que Bruxelas diz que isto é pouco, em vez de dizer só que não presta, aproveite e diga o que é que se vai fazer mais, porque isto é pouco?

Risos gerais. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Faz favor, Sr. Deputado Roberto Almada para responder. O SR. ROBERTO ALMADA (BE):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Óscar Teixeira,

naturalmente que também lhe toca a si. Pelo que sei V. Exa. também é trabalhador. O que nós contestámos, e voltamos a fazê-lo, é que sejam os funcionários públicos, neste caso, o principal e

primeiro alvo a abater, escolhido pelo Governo do Engenheiro José Sócrates. É o congelamento das progressões na carreira, é o aumento da idade da reforma para os 65 anos, são outras

medidas profundamente penalizadoras que nem o Durão Barroso, a Manuela Ferreira Leite e o Bagão Félix, usaram ir tão longe.

Portanto, Sr. Deputado Óscar Teixeira, o Governo da direita foi profundamente penalizador para os trabalhadores portugueses; este Governo do PS não é menos penalizador para os trabalhadores portugueses. Os trabalhadores portugueses estão a ser mais uma vez, tal como foram quando a direita estava no poder, os bodes expiatórios de uma crise que não criaram e que é da responsabilidade daqueles que, desde 76, sempre estiveram no poder, portanto, o PS e o PSD, invariavelmente coadjuvados, como eu disse na minha intervenção, pelo CDS.

Por isso, nós não aceitamos essas medidas contra os direitos dos trabalhadores. Se Bruxelas quer mais, Bruxelas que obrigue Portugal a impor mais, mas que assuma as consequências. E as

consequências dessas políticas de Bruxelas, reflectiram-se já no “não” ao Tratado Constitucional Europeu que a França deu, no “não” ao Tratado Constitucional Europeu que a Holanda deu (do nosso ponto de vista muito bem), e só esperamos que o Governo da República não siga pela cartilha e não leia pela cartilha de Bruxelas, que é para não ter problemas maiores e uma contestação ainda maior.

O país está na rua e nós vamos estar na rua com o país, a gritar contra este Governo, a dizer que este Governo não pode continuar a atacar os trabalhadores, não pode continuar a fazer dos trabalhadores os principais bodes expiatórios de uma crise que eles não criaram.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Para reformular o pedido de esclarecimento, o Sr. Deputado Óscar Teixeira tem a palavra. O SR. ÓSCAR TEIXEIRA (PS):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, o Sr. Deputado parece que não entendeu bem a

minha pergunta. Portanto, nós sabemos que a UE está numa crise, digamos, existencial, estes “nãos” dos referendos, revelam isso;

sabemos que há uma globalização financeira e do domínio económico que subverte toda a Europa tradicional social; sabemos que a globalização social vai levar tempo, mas chegará a sua vez. Mas, Sr. Deputado, diga, pela positiva, vamos sair da Europa? Vamos sair do euro? Ou que outras medidas melhores do que estas tem para pôr?

Não diga que estas não prestam, porque eu já sei que não prestam. Mas diga umas que sejam boas. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado Roberto Almada para responder, tem a palavra. O SR. ROBERTO ALMADA (BE):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Óscar Teixeira, em

primeiro lugar eu queria-lhe dizer que o “não” nos referendos à Constituição Europeia, do nosso ponto de vista, não põem em causa a União Europeia.

O que nós defendemos e o que deve ser feito no âmbito na União Europeia é não redigir tratados, não redigir documentos nas costas dos povos europeus. O que aconteceu com o Tratado Constitucional Europeu é que os povos europeus e a vontade dos povos europeus foram pura e simplesmente ignoradas.

A haver um Tratado Constitucional Europeu - e nós defendemos que possa existir um Tratado Constitucional Europeu -, terá de ser redigido e elaborado por uma Assembleia Europeia, eleita com poderes constituintes, portanto, que os povos da Europa dêem o mandato aos deputados europeus para redigirem um Tratado Constitucional Europeu.

Mais. Nós defendemos que esta Europa não é democrática e, por isso, já não é de hoje que também defendemos uma fundação democrática, da União Europeia, onde os povos tenham a vez e a voz, coisa que não tem acontecido até agora.

Relativamente às medidas penalizadoras do Governo do Eng. José Sócrates, eu quero dizer, em primeiro lugar, que o principal erro do Eng. José Sócrates foi prometer mundos e fundos e muitas vezes esconder algumas das promessas na campanha eleitoral, para depois da campanha eleitoral e das eleições dar o dito por não dito e dessa forma (eu ia usar um termo, mas é um termo calão, não o vou fazer), e dessa forma lixar os trabalhadores portugueses.

Page 5: Diário · qual respondeu aos pedidos de esclarecimento do Sr. Deputado ... (PS), Leonel Nunes (PCP), Roberto Almada ... agora que o Governo da República é do PS, respondemos

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 46 VIII Legislatura, I Sessão Legislativa (2004/2005) Quarta-feira, 22 de Junho de 2005

Pág. 5

Portanto, Sr. Deputado, se quer que eu lhe diga pelo menos uma ou duas medidas que deveriam ser tomadas, nós por diversas vezes já na Assembleia da República, propusemos a criação de um imposto sobre as grandes fortunas - isso iria de alguma forma aliviar e fazer com que o Estado arrecadasse algumas verbas que seriam importantes; defendemos...

Protesto do Sr. Óscar Teixeira (PS).

Defendemos, sim senhor, Sr. Deputado. Não mudava tudo, como o aumento do IVA não vai mudar tudo. Estas medidas penalizadoras do Governo da República vão servir para que o défice orçamental decresça 0,6% ou

0,8%, no máximo. Tanto esforço pedido aos trabalhadores para reduzir o défice em 0,6%! Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, isto é, de facto, vergonhoso e nós não podemos de maneira nenhuma estar

de acordo com estas medidas do Governo da República. E nós temos mais medidas. Apresentamos na campanha eleitoral, já apresentamos na Assembleia da República

algumas das medidas que poderiam e deveriam ser tomadas para reduzirem e resolver os problemas do desequilíbrio das contas públicas, mas o Governo do Partido Socialista, como fez a direita anteriormente, não quer ouvir falar...

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- ...nem sequer nos privilégios dos mais poderosos e dos mais ricos.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado Gil França para um pedido de esclarecimento, tem a palavra.

O SR. GIL FRANÇA (PS):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Roberto Almada, eu quero fazer-lhe uma pergunta, porque antes de mais acho que é tempo de todos os responsáveis políticos deste país começarem a encarar a realidade do país com seriedade e sem o exercício de demagogia.

É verdade, Sr. Deputado. Nós somos o país que somos, nós temos a economia que temos e é face ao país que nós somos que temos que confrontar com a sua realidade.

Não somos a Suécia, nem somos a Dinamarca, nem somos a Inglaterra. E a verdade é que – e eu toco nesta tecla que foi aqui anteriormente colocada pelo meu camarada Engenheiro

Óscar Teixeira -, é a própria Comunidade Europeia que vem dizer que estas medidas são insuficientes. Sr. Deputado, não há um ataque contra a função pública, ninguém tem prazer... Uma voz do PSD:- Aaaahhhh!!! O ORADOR:- ...nenhum 1º Ministro, nenhum Governo tem qualquer prazer especial em atacar qualquer sector, seja

a função pública, seja o sector privado. Reconheça-me ao menos essa justiça de que nenhum Governo tem esse prazer. Agora, a situação é que Portugal está doente, a economia portuguesa está doente e chegou a um ponto em que,

dados de 2002, a despesa ocasionada pelos salários e pensões do funcionalismo público consumiram 80% dos impostos cobrados em 2002. Isto é a despesa do sector público.

Bom, se temos que cortar no sector público, Sr. Deputado, queria V. Exa., que avançássemos já como o fez aqui a uns anos atrás a Irlanda? A Irlanda, que é hoje apontada como um grande exemplo do sucesso económico, há uns anos atrás também teve um défice que não conseguiu controlar e que resvalou para 11,2% e sabe o que é que o ocasionou? Levou a que tivessem que tomar medidas do género, de uma assentada, encerrarem vinte hospitais.

V. Exa., acha que o Governo deveria começar a seguir as medidas,... se fosse da direita talvez isso aconteceria, se fosse a direita que estivesse no poder talvez isso teria acontecido, talvez se encerrassem hospitais, talvez despedissem funcionários públicos. O Governo está a apertar, de facto, onde deve apertar. Se é no sector público, se todos os economistas de Portugal, se todos os economistas da Europa dizem que o problema de Portugal é da obesidade económica no sector público, bom, onde é que vamos cortar? Diga! Eu não estou a dizer para ser alternativa ao Governo, mas diga, honestamente, sem demagogias fáceis! É fácil vir dizer que o Governo está a atacar a função pública, é fácil. Bom, mas qual é a alternativa ...

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o tempo, Sr. Presidente. O ORADOR:- ...que eu digo que é o país que somos. Não somos a Inglaterra, nem a Suécia, nem a Dinamarca;

somos Portugal, temos a economia que temos, temos o empresariado que temos. E, portanto, diga-me qual é a resposta adequada sem demagogias?

Há um problema gravíssimo que está a ser combatido e que todos nós devemo-nos unir, em termos de contribuir para que estes sacrifícios tenham no fundo alguma utilidade em termos de futuro.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado Roberto Almada para responder. O SR. ROBERTO ALMADA (BE):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Gil França, eu respondo

muito rapidamente à sua questão, mas com outra questão, com duas questões mais concretamente. Questões que são retóricas, que são uma forma de responder à questão que me colocou.

Em primeiro lugar, porque é que o Engenheiro José Sócrates na campanha eleitoral não disse o que iria fazer e enganou dessa forma os portugueses?

Segundo. Porque é que V. Exa. defende com unhas e dentes - e já parece o Sr. Deputado José Manuel Rodrigues, a defender o Governo da República, quando era da direita -, o Sr. Deputado Gil França, porque é que se insurge e fazendo fé nas suas palavras indo atrás de alguns economistas portugueses, porque é que V. Exa. se insurge e o

Page 6: Diário · qual respondeu aos pedidos de esclarecimento do Sr. Deputado ... (PS), Leonel Nunes (PCP), Roberto Almada ... agora que o Governo da República é do PS, respondemos

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 46 VIII Legislatura, I Sessão Legislativa (2004/2005) Quarta-feira, 22 de Junho de 2005

Pág. 6

Governo do Partido Socialista se insurgem contra os funcionários públicos, os direitos dos funcionários públicos, e até hoje já criaram mil job’s para os boys do Partido Socialista, para meter na administração como gestores na administração nacional.

Sr. Deputado Gil França, haja decência, haja coerência. V. Exas. nomearam dez pessoas por dia, dez gestores, dez assessores por dia e engordaram demasiado a administração pública.

V. Exas. não podem pedir aos trabalhadores esses sacrifícios estando a criar, estando a nomear dez assessores por dia, mil e tal assessores até este momento desde a tomada de posse do Governo do Engenheiro José Sócrates. Não podem, não se pode pedir sacrifícios aos trabalhadores e por outro lado engordar a administração pública, como os senhores estão a fazer com mil e tal nomeações, o que dá mais e dá entre dez a treze nomeações por dia.

Isso é que é vergonhoso e é por isso que nós estamos também a protestar contra este Governo do Engenheiro José Sócrates. É que por um lado não se podem retirar direitos aos trabalhadores e por outro nomear os amigos para lugares de confiança política e nomear os amigos para terem ordenados chorudos, enquanto que os funcionários públicos já não apertam o cinto, põem uma banda gástrica, Sr. Deputado!

Risos gerais.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado Gil França para reformular o pedido de esclarecimento.

O SR. GIL FRANÇA (PS):- Muito obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Roberto Almada, tenho que reformular o pedido de esclarecimento

porque o Sr. Deputado não me respondeu com a seriedade que eu pedi que me respondesse, utilizou mais um exercício de demagogia e desta vez ainda mais demagógica do que a própria intervenção que tinha feito.

V. Exa., começa por dizer que o Engenheiro José Sócrates, em período de campanha eleitoral se comprometeu não aumentava os impostos. E de facto isso é verdade, ele próprio já o reconheceu...

Protestos do Sr. Roberto Almada (BE).

Mas, Sr. Deputado, todos nós portugueses estávamos convencidos que a retoma vinha aí...

O SR. ÓSCAR FERNANDES (PSD):- Mentira!

O ORADOR:- O Governo do Dr. Santana Lopes fartou-se de propagandear que a retoma vinha aí. Mais, que o défice era de 5,1%. Sr. Deputado, a diferença entre o défice de 5,1% e um défice de quase 7%, é de larguíssimos milhões de contos.

E, portanto, é um facto que, perante esta nova realidade, não foi possível ao Engenheiro Sócrates cumprir a sua promessa (que é a única em que ele falhou), que tem a ver com o aumento dos impostos, do IVA. Mas mesmo assim esse aumento do imposto do IVA sabe para onde é que vai? Direitinho para a sustentabilidade da segurança social!

O mais grave deste país era se amanhã os trabalhadores portugueses tivessem com baixa por doença, os trabalhadores portugueses tivessem idade de reforma, e não houvesse condições para lhes propiciar o devido pagamento quer das reformas, quer das baixas, quer de outras prestações sociais.

E o exercício da demagogia vai para as nomeações, sem comparar... V. Exa. sabe perfeitamente que o Governo nomeou de facto mil pessoas da sua confiança política...

Protestos do Sr. Roberto Almada (BE).

...neste espaço. Bom. Isto é a coisa mais natural. Ainda há dias eu lia num único órgão de comunicação social de direita, que estava a especular, a fazer a comparação que o Governo do Engenheiro Sócrates tinha nomeado mil e poucos assessores tal como Santana Lopes o teria feito.

Bom. Há uma grande diferença, é que o Governo do Dr. Santana Lopes era o mesmo Governo que vinha anteriormente. Se o Governo do Dr. Santana Lopes, nomeou (aí sim praticamente desnecessariamente), mil e tal elementos da sua confiança política para poder exercer a sua acção governativa, não há qualquer comparação com um Governo novo, com um Governo que ganhou a maioria, com um Governo que tem implementado o seu projecto.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- Termino já. São duas situações distintas. O Governo do Dr. Santana Lopes vinha do passado, não houve alteração, os Ministros foram praticamente os

mesmos, houve apenas umas mudanças nalguns ministérios...

Burburinho.

Querer comparar o que se passou com o Dr. Santana Lopes e o que se passou com o Engenheiro Sócrates, é mais um exercício de demagogia baixa. V. Exa., no seu entendimento acha que um Governo ganhava as eleições e não nomeava ninguém da sua confiança política, para poder governar! Ficava a governar com os adversários políticos, os adversários que vinham, em cargos políticos, do Governo anterior. Era isso que V. Exa. fazia!

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado Roberto Almada para responder, tem a palavra.

O SR. ROBERTO ALMADA (BE):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Gil França, permita-me que lhe diga e desculpe que lhe diga mas o exercício de demagogia está a fazer V. Exa., e por uma razão muito simples.

Page 7: Diário · qual respondeu aos pedidos de esclarecimento do Sr. Deputado ... (PS), Leonel Nunes (PCP), Roberto Almada ... agora que o Governo da República é do PS, respondemos

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 46 VIII Legislatura, I Sessão Legislativa (2004/2005) Quarta-feira, 22 de Junho de 2005

Pág. 7

V. Exa. aí justificou o facto das mil e tal nomeações com o facto do Governo do Dr. Pedro Santana Lopes ter nomeado também mais ou menos o mesmo número de pessoas.

Sr. Deputado, devo lhe dizer que o Bloco de Esquerda foi um dos mais ferozes opositores ao Governo do Dr. Pedro Santana Lopes e da coligação de direita. Portanto, esse barrete a nós não nos enfia. Porque quem esteve muitas vezes de acordo com algumas medidas do Governo da direita e quem de alguma forma colaborou com o Governo da direita, muitas vezes foi o Partido Socialista. E aí nesse barco V. Exa. não nos mete, nesse barco V. Exa. não nos mete!

E a vossa demagogia é tão grande que V. Exas. prometeram criar cento e cinquenta mil postos de trabalho…, realmente já criaram mil só faltam 149 mil, já têm os mil nomeados, esses já têm trabalho. Mas dá-me ideia que esses já tinham trabalho e não entram no cômputo dos quinhentos mil desempregados que havia em Portugal.

E eu respondo às suas questões, sem qualquer demagogia, sem qualquer fuga para a frente, sem qualquer fuga às suas questões.

O que é que o Governo do Partido Socialista fez ou pretende fazer para combater o desemprego que, no final do mandato do anterior Governo da República, estava em meio milhão em Portugal e quinhentos mil e que neste momento e com estas medidas vão aumentar significativamente.

Portanto, Sr. Deputado Gil França, espero que da próxima vez V. Exa. também fale nisto. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sra. Deputada Rubina Gouveia, tem a palavra para um intervenção política. A SRA. RUBINA GOUVEIA (PSD):- Obrigada, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, já dizia o ilustre poeta. E o

município da Calheta está em mudança, entendida esta numa perspectiva dialéctica entre a consolidação das infraestruturas básicas e o desenvolvimento económico-social e cultural.

Sem pretender hierarquizar nem atribuir uma sequência lógica a qualquer uma destas variantes, o certo é que, pela ordem natural das coisas, a primeira vertente – a consolidação das infraestruturas básicas -, assume, muitas das vezes a qualidade “conditio sine qua non” da emergência das outras, ou seja, do desenvolvimento económico, social e cultural.

Assim, o destaque vai para as acessibilidades de que a Calheta hoje dispõe, possibilitando a melhoria da qualidade e do nível de vida não só da sua população como também de quem nos visita.

Bom exemplo disso, são as vias expresso que cobrem quase todo o concelho com a sua última fase a fazer ligação à freguesia da Ponta do Pargo, aspiração da população local, até porque trata-se de uma das freguesias da Região mais distantes do Funchal.

Neste caso particular das acessibilidades, a questão não pode porém ser analisada de um prisma unilateral – considerando este tipo de infraestrutura de “per si” -, mas antes tendo em conta o efeito tentacular que essa circunstância possibilita.

Na verdade, e porque tanto na antiga Grécia como numa visão política da economia actual, o trabalho precede o ócio, diríamos que a evolução das vias de comunicação, além de possibilitarem a melhoria das condições de vida das populações só por si, trazem consigo por efeito de arrastamento, outros tipos de desenvolvimento.

O encurtamento das distâncias, torna mais fácil e mais atractivo o investimento em geral, não só local, como também outro género de investimento, como o estrangeiro. O bom exemplo disso são as estruturas privadas no ramo da restauração e similares de hotelaria, essencialmente, porque primam pela qualidade.

Directamente relacionado com o exposto, está o sector do turismo. Com efeito, a Calheta dispõe de inúmeras alternativas, para quem pretende visitar a Madeira, desde os seus miradouros e vistas panorâmicas aos percursos pedonais, com os itinerários já clássicos, a praia , porto de recreio e o património arquitectónico entre outros.

De frisar também o número de pessoas que escolhem a Calheta para adquirir a sua segunda casa, como retiro de fim-de-semana e de férias, assim como a fixação permanente de cidadãos estrangeiros.

Do ponto de vista social, entre outras estruturas, a autarquia criou os centros sociais do Pinheiro – na freguesia do Arco da Calheta e do Amparo, na freguesia da Ponta do Pargo.

É de notar também o número de farmácias hoje existentes no concelho – Arco da Calheta, Calheta, Estreito da Calheta e Ponta do Pargo, índice incontornável do desenvolvimento humano.

Uma nota para o centro cívico da Ponta do Pargo, actualmente em fase de construção e que vai proporcionar à população da freguesia a facilidade no acesso a estruturas, como a casa do povo, centro de dia, centro de saúde, ginásio, segurança social, conferindo acima de tudo uma dinâmica diferente do ponto de vista estético e de lazer ao centro da freguesia, para além da sua requalificação.

Refira-se ainda os gabinetes multimédia distribuídos pelas várias freguesias do concelho, numa tentativa de ir ao encontro das exigências das novas tecnologias, numa realidade cada vez mais exigente e competitiva.

Esta autarquia tem investido também na área da juventude, seja através do cartão jovem municipal, a que grande parte dos empresários do concelho aderiram, seja por exemplo com a atribuição de um subsídio aos jovens universitários, especialmente atenta à questão do desporto, a existência de polidesportivos são já uma realidade visível no concelho, assim como as colectividades que se têm vindo a organizar.

De frisar as actividades desportivas, que se realizam e que promovem o concelho modalidades como o Parapente, o Surf, o motoraly a todo o terreno e o rally são já cartões de visita da Calheta.

Acrescente-se que a criação do gabinete do desporto no organigrama da Câmara Municipal da Calheta vem dar uma nuance à autarquia, cumprindo e demonstrando a preocupação incita no brocardo latino “mens sana in corpore sano”, por exemplo com o programa Calheta saudável, com o projecto “caminhe pela sua saúde”.

E porque enquanto jovens que os cidadãos adquirem as suas bases de formação pessoal, as quais vão coordenar as suas aptidões enquanto adultos, a autarquia decidiu lançar o programa “Joca/2005” juventude ocupacional da Calheta, numa perspectiva de motivar os jovens para o trabalho, incutindo-lhes o valor desse bem e também como forma de conferir responsabilidade, para além de ser um excelente meio de contactar com o mundo de trabalho, assim como de estabelecer relações interpessoais com o público em geral.

Page 8: Diário · qual respondeu aos pedidos de esclarecimento do Sr. Deputado ... (PS), Leonel Nunes (PCP), Roberto Almada ... agora que o Governo da República é do PS, respondemos

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 46 VIII Legislatura, I Sessão Legislativa (2004/2005) Quarta-feira, 22 de Junho de 2005

Pág. 8

Finalmente, uma palavra relacionada com a área cultural com a existência de bibliotecas municipais, localizadas ao longo do concelho, além das várias colectividades cujas áreas de intervenção comunitária vão desde a música, passando pelo canto, folclore, entre outras.

Nota de excelência para o centro das artes e congressos da Calheta, Casa das Mudas, com repercussão que extravasa em muito o nível concelhio. Estrutura esta que em muito contribui para a descentralização de eventos culturais a partir do Funchal.

Possibilitam a movimentação das pessoas fora do concelho, contribuindo assim para um aumento de número de visitantes, assim como de um maior e melhor acesso à cultura, por parte da população local, seja com as frequentes exposições temporárias, espectáculos de teatro e dança, programas de trabalho artesanais com ateliers e cursos de formação por exemplo, o curso de cerâmica, debates, conferências entre outros.

Neste tempo em que vai havendo mais disponibilidade e sensibilidade para a cultura em si, este organismo vem dar resposta a esta necessidade social, sempre com o espírito de democratização e aproximando a população de bens, que antes eram exclusivos de certas elites, circunstância esta que não coaduna com a realidade hodierna.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, sendo que no próximo dia 24 se comemora o dia do concelho, diria que a Calheta é um pouco daquilo que foi dito, porque acima de tudo possui a maior riqueza cultural que são as pessoas , receptáculos de usos, costumes, tradições.

Sendo o concelho mais extenso da Região Autónoma da Madeira, com as suas oito freguesias, a democracia dispersa contribui para o emergir de certas características peculiares, em cada cantinho deste concelho, de eventos com alma e encantos próprios.

São as pessoas o móbil das mudanças que se operam, vistam elas o traje de actores ou espectadores dessas mesmas mudanças. Cada qual contribui à sua maneira, porque na Calheta há sempre lugar para mais um.

Esta é uma das diversas formas de prestar tributo a estas pessoas, valorizadas por aquilo que são, por aquilo que conseguem obter e pela vontade de continuar a evoluir como cidadãos participativos e responsáveis.

Obrigada pela vossa atenção. Aplausos do PSD. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Obrigado, Sra. Deputada. Sr. Deputado Edgar Silva para um pedido de esclarecimento, faz favor, tem a palavra.

O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Muito obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sra. Deputada, na sua intervenção falou da importância de, no concelho a

que pertence, salvaguardar e defender aquele que é o património mais importante do concelho, que são as suas gentes, as suas tradições, as suas culturas e não resisti depois também a cruzar essa sua inquietação com problemas e anseios hoje partilhados com a população que aqui certamente também pretendo defender, nomeadamente no seu concelho. E refiro-me à construção da via expresso, o prolongamento agora dos Prazeres à Ponta do Pargo.

Está em curso um processo de expropriações, nomeadamente na zona da Raposeira, Maloeira e onde aconteceram situações de ocupação dos terrenos em que a empresa construtora, segundo consta, por indicação da entidade que é responsável pela obra do Governo Regional, houve situações de abusiva apropriação dos terrenos, de intromissão em áreas sem pré-aviso, em áreas patrimoniais, sem que se tenham cumprido os requisitos mínimos previstos na lei.

São muitas as situações de expropriação que estão por resolver. Por exemplo, a escola hoje na Raposeira, boa parte dos proprietários dos terrenos ainda não receberam um cêntimo pelo valor dos seus terrenos, mas isso tem a ver com a construção da escola, que lá está, mas em relação ao traçado da via expresso existem muitas inquietações, nomeadamente naquela zona da Raposeira, como certamente a Sra. Deputada ou os Srs. Deputados que são eleitos pelo concelho da Calheta terão conhecimento. A verdade é que não houve até ao momento qualquer tipo de informação, não houve qualquer tipo de reunião com a população no sentido de prestar a informação acerca de traçado, dos direitos da população, e havendo algo mais grave que é o desrespeito grosseiro pela legislação no que se refere à tramitação necessária em relação aos direitos dos expropriados.

E a questão que gostaria de colocar à Sra. Deputada, é a seguinte: Em primeiro lugar, se tem conhecimento destas situações de abuso de exercício de poder em relação à ocupação indevida de propriedades e, em segundo lugar, dado que há grandes inquietações, nomeadamente na zona da Raposeira, pelo facto do traçado da via expresso passar exactamente no centro da freguesia, ocupando os melhores terrenos, ocupando as zonas que são privilegiadas no centro da freguesia, se a Sra. Deputada tem a noção, ou se tem a informação sobre o impacto social, económico, cultural, que aquele traçado vai implicar para aquelas populações e se não considera pertinente e se não considera possível um outro traçado alternativo, cujo impacto seja claramente menor do que este impacto negativo que está a suscitar naquela zona?

Obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o tempo, Sr. Deputado. A Sra. Deputada Rubina Gouveia para responder. A SRA. RUBINA GOUVEIA (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Edgar Silva, tanto quanto

é do meu conhecimento realmente há uma certa contestação em relação a essa passagem da via expresso, mas não é na Raposeira, é no Sítio da Maloeira.

O SR. EDGAR SILVA (PCP):- É igual!

O ORADOR:- Penso que isto é a prova de que as pessoas estão informadas. O Sr. Deputado referiu que não havia informação, que não houve contacto com as populações e eu penso que uma reacção tem que ter por detrás uma acção. Não é? As pessoas minimamente têm a informação de algo para poderem reagir. Este é o primeiro ponto.

Page 9: Diário · qual respondeu aos pedidos de esclarecimento do Sr. Deputado ... (PS), Leonel Nunes (PCP), Roberto Almada ... agora que o Governo da República é do PS, respondemos

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 46 VIII Legislatura, I Sessão Legislativa (2004/2005) Quarta-feira, 22 de Junho de 2005

Pág. 9

Por outro lado, como o Sr. Deputado deve ter conhecimento, neste momento a via expresso termina nos Prazeres, seguindo-se uma fase até à Raposeira e finalmente na Ponta do Pargo. Significa que qualquer especulação não passa disso.

Realmente a via expresso até este momento chegou aos Prazeres. Se não avançou, penso que qualquer situação que fira, direitos, liberdades e garantias das pessoas, ainda não foram feridos.

Finalmente, gostaria de dizer ao Sr. Deputado que esta minha intervenção pretendeu ser alusiva à comemoração do dia do concelho, que é na próxima 6ª feira, 24 de Junho, uma apresentação do concelho.

De qualquer forma, não é uma meta. Todos os pontos que foram tocados, não é uma meta, na política penso que não há uma meta final, há um percurso. Aliás, como dizia o poeta “O caminho faz-se caminhado” e os erros existem, os defeitos existem para serem corrigidos.

Aliás, um concelho como uma colectividade de pessoas, organizadas territorialmente do ponto de vista administrativo, são compostos por pessoas já por si imperfeitas, seres humanos com erros e a meta das pessoas não está nunca em cair, mas sim cair e saber se levantar e corrigir os erros.

Muito obrigada. Vozes do PSD:- Muito bem!

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sra. Deputada. Para reformular o pedido de esclarecimento o Sr. Deputado Edgar Silva, tem a palavra.

O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Muito obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sra. Deputada Rubina Gouveia, a Sra. Deputada é do concelho e pelos

vistos não está devidamente informada das situações nem conhece no terreno os problemas. Sra. Deputada, eu saúdo a sua intervenção na defesa e na valorização do seu concelho, mas a Sra. Deputada

dizendo que a via rápida de facto ficou nos Prazeres, certamente a Sra. Deputada ou tem conhecimento no terreno da realidade ou certamente vai querer cometer aqui uma imprecisão.

Há um descontentamento na Maloeira, porque as máquinas já entraram nos terrenos. Ainda domingo passado estivemos reunidos, à saída da missa na Raposeira, junto ao bar do Sr. Gomes, do Sr. Luís, estivemos lá em reunião com a população, estavam pessoas da Maloeira e estavam pessoas da Raposeira. As pessoas da Raposeira ainda não têm as máquinas nos seus terrenos, na Maloeira já estão. Mas na Raposeira estão mesmo a chegar junto à Igreja. E há um grande impacto negativo que aquele traçado vai ter junto daquela comunidade, um pacto negativo que irá prejudicar aqueles que são os proprietários do pouco trigo que ainda se produz ali, das zonas de configuração de uma comunidade que têm uma identidade própria ali.

E era ou não era possível ter um traçado diferente, que não tocasse na população? Eventualmente não iria agradar a outras entidades, a outras pessoas, a outros privados, mas que para a população, para a sua história, para as suas tradições, para a sua cultura, para a sua identidade, não teria um impacto negativo, um impacto extremamente penalizante que este traçado vai ter.

E a questão que se coloca é esta: de facto na Maloeira as máquinas estão a entrar nos terrenos, em terrenos onde as pessoas não foram ainda devidamente avisadas, onde não houve o depósito bancário em nomes dos legítimos herdeiros dos proprietários... e aí há uma contestação. E, Sra. Deputada, honra seja feita, a Sra. Deputada teve este lapso de verdade que foi dizer que de facto na Maloeira, com a sua doçura, a Sra. Deputada disse, que de facto na Maloeira há um descontentamento. E a Sra. Deputada disse porque alguém lhe segredou. O Sr. Deputado do lado sabe que na Maloeira não existem laivos de protestos, de descontentamento; há um grande descontentamento, há uma grande indignação. Mas na Raposeira, na reunião que nós tivemos no último domingo, ao meio dia, junto ao largo da Igreja, ali as pessoas estavam indignadas, em primeiro lugar, porque o terreno de expropriação para a escola ainda não tinha recebido um cêntimo e já foi inaugurada...

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- ...e os proprietários ainda não receberam um tostão! E há uma grande indignação agora. Houve apenas uma pequena parcela que não chega a 10% que recebeu o

dinheiro da expropriação da escola, todos os outros estão por receber. E em relação aos terrenos da Raposeira, as pessoas estão inquietas porque, tal como no outro, o Governo tem um

calote que ainda não saldou e estão preocupadas com o traçada da estrada, com os abusos que estão a acontecer em relação à Maloeira, mas particularmente na Raposeira há o traçado...

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado. tem que terminar, faz favor.

O ORADOR:- ...que passa exactamente no meio da freguesia, num túnel que passa por baixo da Igreja, ocupando os piores terrenos...

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sra. Deputada Rubina, faz favor, tem a palavra para responder. A SRA. RUBINA GOUVEIA (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Sr. Deputado Edgar Silva, começaria

por dizer que a propósito da resposta ao pedido de esclarecimento em que eu realmente admiti que parecia que havia uns laivos de descontentamento, isso só significa que nós temos a hombridade suficiente para admitir que às vezes as coisas correm mal. Só significa isso.

Por outro lado, Sr. Deputado, eu pertenço ao concelho da Calheta, mais especificamente à freguesia da Ponta do Pargo, vivo lá, toda a minha vida vivi lá e realmente conheço, conheço um pouco daquilo. Por isso mesmo orgulho-me de ser daquela zona e de poder ter testemunhado, ao longo da minha parte de existência, a evolução que eu fui

Page 10: Diário · qual respondeu aos pedidos de esclarecimento do Sr. Deputado ... (PS), Leonel Nunes (PCP), Roberto Almada ... agora que o Governo da República é do PS, respondemos

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 46 VIII Legislatura, I Sessão Legislativa (2004/2005) Quarta-feira, 22 de Junho de 2005

Pág. 10

sentindo nomeadamente na entrada na escola e posteriormente no mundo profissional, portanto, a evolução que se tem visto no concelho, principalmente a freguesia da Ponta do Pargo, que penso que é a freguesia mais afastada do Funchal. E eu própria sou um testemunho vivo dessa mesma evolução.

Por outro lado, em relação à questão da Raposeira, do traçado da via expresso, a única coisa que tenho a dizer ao Sr. Deputado é que realmente em relação a essa circunstância de não terem sido pagos os terrenos, não tenho conhecimento, nunca ninguém se dirigiu a mim a falar sobre isso e a informação que eu tenho é que as entidades competentes estão a tentar resolver eventuais questões que sejam prementes.

Obrigada.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sra. Deputada. Esgotamos a primeira parte do período antes da ordem do dia, passamos à segunda parte com a discussão e

votação dos textos dos votos. Começamos pelo voto de protesto, da autoria do Grupo Parlamentar do PS. Foi lido e consta do seguinte:

Voto de Protesto Utilização Partidária do Site Oficial do Governo Regional

O Governo Regional da Madeira criou o site www.gov-madeira.pt/, o qual foi apresentado corno um instrumento para a "consulta de informação administrativa", por parte dos cidadãos e das empresas, "utilizando os formulários e serviços on-line dos organismos do Governo Regional".

No entanto, este portal tem sido usado para a divulgação de conteúdos exclusivamente partidários, corno sucede com um texto que é - nas palavras do seu autor, Presidente do Governo Regional urna "súmula" da sua intervenção no último Congresso Nacional do Partido Social Democrata, na qualidade de militante desta organização..

Desse texto, intitulado "Vontade, Querer e Convicção", que se desenvolve ao longo de seis páginas, constam expressões que não têm qualquer relação com informações de natureza administrativa, mas sim do foro exclusivamente partidário, nomeadamente: "Passado há um tempo o último Congresso Nacional do Partido Social-Democrata (...) não quero deixar passar, sem ficar escrita, uma súmula do que então disse (...); "Apresentei o que entendo ser a questão principal para o PSD"; "Avisei claramente que não contem com o Partido Social-Democrata da Madeira para ser um «partido de regime». Lembrei que, por duas vezes com maioria o Partido Social-Democrata falhou escandalosamente nas áreas de incidência político-ideológica (...) Insisti que a tragédia do PSD continua a ser os seus Governos e «notáveis» não agirem em conformidade com as motivações e o trabalho das suas bases. Continua a ser a do aparelho dos Congressos";

"Quanto às eleições autárquicas, expressei que o PSD deve apostar no prestígio dos seus Autarcas e qualidade de candidatos (...) E, para o efeito, estabelecer um clima de paz e sossego partidário a nível nacional."; "Quanto às presidenciais, (...) desde logo me comprometi a votar no candidato presidencial que o PSD apoiar (...) Terminei, dizendo ao Congresso que se tudo isto parecia de exequibilidade impossível, enganavam-se".

Atendendo a que os factos descritos revelam o abuso inequívoco e despudorado do portal do "Governo Electrónico da Madeira" - não para assuntos de índole administrativa - mas para a propaganda partidária, através do recurso a verbas do orçamento regional e da comparticipação financeira da União Europeia, beneficiando, apenas, um único partido, a Assembleia Legislativa da Madeira, ao abrigo das disposições regimentais, manifesta o seu vivo protesto por esta violação do dever de imparcialidade das entidades oficiais, perante o universo partidário.

Funchal, 14 de Junho de 2005 o Parlamentar do PS na Assembleia Legislativa da Madeira Ass.: Bernardo Martins.- Está em discussão. O Sr. Deputado Bernardo Martins para intervir, tem a palavra. O SR. BERNARDO MARTINS (PS):- Obrigado, Sr. Presidente. Sras. e Srs. Deputados, o Grupo Parlamentar do PS apresentou um voto de protesto contra a utilização partidária

do site oficial do Governo Regional, porque o PSD, no âmbito da sua actividade político-partidária, tem recorrido insistentemente à máquina do Governo Regional. Viaturas, funcionários, tudo em proveito da política da propaganda deste partido.

E nós temos aqui um caso muito concreto, em que o Governo Regional não pode remeter responsabilidades para outros. E digo isto porque, quando há bandeiras do PSD nas inaugurações oficiais, o Presidente do Governo Regional diz: “Eu não tenho culpa, não sou eu que levo a bandeira. Não é o Secretário Regional que vai com uma bandeira do PSD – o Governo não tem culpa”. São os militantes, é o povo anónimo que leva a bandeira, nós não temos nenhuma responsabilidade, portanto nós estamos alheios a essa presença de bandeiras partidárias”. Dizendo que essas inaugurações, não têm nada de cariz partidário.

O Governo defende-se neste sentido, mas desta vez é apanhado de facto na actividade de confundir e utilizar o Governo em proveito do partido. Exactamente vemos um texto no site oficial do Governo em que se prova que o Governo faz de correia de transmissão das suas ideias. É um discurso do Presidente do PSD, enquanto militante partidário, no Congresso Nacional do PSD e que depois faz transplantar, faz veicular através de um órgão de comunicação electrónico, que se dirige às empresas, que se dirige à vida administrativa das pessoas, e aproveita esse site para fazer campanha partidária.

Por isso mesmo esta é uma atitude errada, para além da campanha partidária da utilização indevida de dinheiros públicos da região, mas também de dinheiros da União Europeia, que é condenável ter recursos financeiros da União Europeia para fazer política partidária.

Por isso mesmo o Partido Socialista, para além da participação que já entregou ao Procurador-Geral da República e também de uma participação às instâncias da União Europeia, quer lavrar aqui, publicamente, este protesto, por esta conduta que é, de facto, um mau exemplo do que acontece na Madeira.

Page 11: Diário · qual respondeu aos pedidos de esclarecimento do Sr. Deputado ... (PS), Leonel Nunes (PCP), Roberto Almada ... agora que o Governo da República é do PS, respondemos

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 46 VIII Legislatura, I Sessão Legislativa (2004/2005) Quarta-feira, 22 de Junho de 2005

Pág. 11

E a verdade é que depois de aplausos à má educação, de atirar cravos, ainda se chega a este cúmulo - mas é só mesmo na Madeira! -, em que se pega no site oficial do Governo para fazer propaganda.

Isto não acontece... O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- ...Governo da República, só realmente a Região Autónoma da Madeira é que tem casos caricatos e condenáveis como este.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado Leonel Nunes, faz favor, tem a palavra.

O SR. LEONEL NUNES (PCP):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, um pequeno parêntese para agradecer ao Grupo Parlamentar do Partido Socialista porque tinha todo o direito, na semana passada, de discutir este voto mas concedeu-nos esse espaço para discutir um voto apresentado por esta bancada.

Falar em uso e abuso dos dinheiros públicos, da força, da prepotência que sentimos todos os dias nesta região, penso que é oportuno. V. Exas. apresentam um voto de protesto pela utilização do site oficial na propaganda do Governo, mas a verdade é que se fosse só o site oficial nós ficaríamos todos satisfeitos.

Não é só o site como é também a utilização das viaturas oficiais para a campanha eleitoral, é a utilização das viaturas oficiais para serviços particulares, é a utilização do dinheiro público para pagar calotes dos privados, é a utilização dos dinheiros públicos para sustentar jornais privados, é a utilização dos dinheiros públicos para encher os bolsos dos senhores do futebol, enfim, nesta terra nunca sabemos onde acaba o interesse público e começa o privado, os interesses privados destes senhores que mandam nesta terra.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado Roberto Almada, tem a palavra. O SR. ROBERTO ALMADA (BE):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, daqui a pouco certamente discutiremos

um voto, da autoria do PSD, onde este partido, o maior partido desta Casa, vai protestar pelo facto do Secretário de Estado ter usado os meios públicos para vir fazer uma visita de Estado à Região, mas reúne-se simultaneamente com dirigentes do seu partido, do PS, aqui na Madeira.

Bom. Mas agora, relativamente a este voto, onde o Governo Regional utiliza os meios públicos para fazer propaganda do seu partido, certamente que o PSD vai votar favoravelmente ou, então, vai retirar o voto de protesto, que depois tem relativamente à visita do Secretário de Estado à Região.

É que esta situação do site do Governo Regional, onde existe uma intervenção do líder regional do PSD e Presidente do Governo no Congresso Nacional do seu partido é, de facto, uma vergonha. Como são uma vergonha inaugurações públicas, inaugurações que são de obras que são de todo o povo da Região Autónoma da Madeira, onde o Sr. Presidente do Governo nessas inaugurações oficiais vai fazer autênticos comícios do PSD. Portanto, há que...

Uma voz do PSD:- Vai fazer comícios da oposição! O ORADOR:- Não, não vai fazer comícios da oposição, mas vai pelo menos respeitar as pessoas, respeitar os

madeirenses e não fazer campanha partidária com obras que foram pagas com o dinheiro de todos nós, com o dinheiro de todos os contribuintes, independentemente da sua cor política.

Portanto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nós vamos votar favoravelmente este voto porque consideramos que esta promiscuidade tem que acabar, é vergonhosa e não pode continuar a existir.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado Óscar Fernandes, tem a palavra. O SR. ÓSCAR FERNANDES (PSD):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, este voto do Partido Socialista é um voto que

essencialmente é incoerente, extemporâneo e demagógico. Ele é incoerente porque, ao contrário do que ele insinua, o que está no site não é uma intervenção do Presidente do

Governo num Congresso Partidário... O SR. ROBERTO ALMADA (BE):- Claro que é! O ORADOR:- Não é verdade, Sr. Deputado. O SR. ROBERTO ALMADA (BE):- Então foi alterado! O ORADOR:- Oh! Sr. Deputado, cale-se...

O SR. ROBERTO ALMADA (BE):- Não me mande calar!

O ORADOR:- ...reduza-se à sua insignificância! O que está no site é o texto dum artigo do Presidente do Governo Regional, que foi publicado na comunicação

social e o facto desse texto se referir a palavras por ele ditas no Congresso, não transforma isso numa intervenção no Congresso. Daí a grande baralhada.

Mais, o Presidente do Governo, como líder dos madeirenses...

O SR. ROBERTO ALMADA (BE):- Dos madeirenses!

Page 12: Diário · qual respondeu aos pedidos de esclarecimento do Sr. Deputado ... (PS), Leonel Nunes (PCP), Roberto Almada ... agora que o Governo da República é do PS, respondemos

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 46 VIII Legislatura, I Sessão Legislativa (2004/2005) Quarta-feira, 22 de Junho de 2005

Pág. 12

O ORADOR:- ...tem o direito de fazer chegar... Dos madeirenses sim. Comunistas, eu não sei se serão madeirenses! ...tem o direito de fazer chegar a todas as pessoas o seu pensamento político. Protesto do Sr. Roberto Almada (BE). Sr. Presidente, Srs. Deputados, vou continuar, tem o direito de fazer chegar a todos os madeirenses o seu

pensamento político e é através deste artigo, que aliás saiu na comunicação social, que o Presidente a transmitiu. Transmitiu o que pensa sobre o assunto, nem bem nem mal. Como Presidente do Governo tem o direito. Portanto, não há qualquer abuso nem uso de meios próprios do Governo quando ele transmite a sua posição.

Além disso, é extemporâneo porquê? Porque o Partido Socialista, uma vez mais usa a via-sacra destas situações, que é: descobre o facto, depois é comunicado/conferência de imprensa/voto, só que entre comunicado, conferência de imprensa e o voto há uma diferença muito grande.

O SR. ROBERTO ALMADA (BE):- Há!

O ORADOR:- Ao tempo que já foi comunicado, ao tempo que o Partido Socialista já fez o comunicado sobre isto. Portanto, desta vez costuma ser mais leste, desta vez não foi, de qualquer maneira nesse aspecto tem o efeito perfeitamente conseguido.

E por outro lado ele é demagógico porque, exactamente agora, neste fim-de-semana, onde um membro do Governo vem para cá com a família, passa o fim-de-semana aqui, faz reuniões não só com dirigentes do Partido Socialista, com até o candidato do Partido Socialista a presidente da câmara, usa esses meios todos e isso aí já não é utilização dos meios e das despesas feitas pelo Governo?

Quem é que pagou a vinda do Sr. Secretário cá? O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- ...todos nós portugueses, não é?! Protestos do Sr. Roberto Almada (BE). Isso aí já não conta nem para o défice nem nada. Mas isso é matéria de outro voto, portanto, na altura própria será definido. Por tudo isto, é evidente que o PS se calhar considera que consegue o efeito que pretende com este folclore, mas

de qualquer maneira os madeirenses cada vez vão menos nos folclores do Partido Socialista. Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado Cabral Fernandes, faz favor.

O SR. CABRAL FERNANDES (CDS/PP):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, já vai sendo tempo de estabelecerem e marcarem uma fronteira muito clara entre o que é função governativa e função partidária.

Os Governos quando actuam, actuam legitimados pelo voto, mas actuam para a população em geral, utilizam meios financeiros dos cidadãos em geral e utilizam instrumentos de actuação que não lhes pertencem exclusivamente mas pertencem a toda a comunidade.

É neste sentido que a governação não pode imiscuir e utilizar meios do Estado para exercer uma actividade estreitamente partidária.

Nós temos uma vida política ao longo dos anos recheada desta promiscuidade entre função governativa e função partidária. Já vai sendo tempo de marcar esta fronteira e fazer com que o partido actue partidariamente através dos meios próprios e actue no exercício da função governativa, no respeito pela comunidade, no respeito pelos dinheiros públicos, no respeito pelos meios do Estado, e não confunda função governativa com função partidária.

Aquilo que vamos votar hoje é exactamente o exemplo dessa confusão e a confusão vai-se instalando ao ponto que não sequer discernimento e passamos a acusações recíprocas de utilização de meios públicos para funções partidárias, como vai acontecer com o voto daqui a pouco em relação à vinda de um Secretário de Estado.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Vou colocar à votação o texto.

Submetido à votação, foi rejeitado com 29 votos contra do PSD e 19 votos a favor sendo 15 do PS, 1 do CDS/PP, 2 do PCP e 1 do BE.

Passamos ao texto do segundo voto de protesto, da autoria do Grupo Parlamentar do PSD. Faz favor, Sr. Deputado.

O SR. BERNARDO MARTINS (PS):- Sr. Presidente, é a propósito do voto que foi ora apreciado. Gostaria de apelar à Mesa, se é possível entregar uma cópia a todas as bancadas do texto que está no site oficial do Governo Regional. Requeria, em nome da bancada do Partido Socialista, que fosse distribuído o documento alusivo a esta matéria, para que não restem dúvidas de que este é a sumula do discurso do Presidente do Governo, no Congresso do PSD.

Protestos do PSD. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Faz favor, Sr. Deputado Jaime Ramos.

Page 13: Diário · qual respondeu aos pedidos de esclarecimento do Sr. Deputado ... (PS), Leonel Nunes (PCP), Roberto Almada ... agora que o Governo da República é do PS, respondemos

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 46 VIII Legislatura, I Sessão Legislativa (2004/2005) Quarta-feira, 22 de Junho de 2005

Pág. 13

O SR. JAIME RAMOS (PSD):- O PSD prescinde dessa benevolência do Sr. Deputado do Partido Socialista, porque possui os documentos que a Mesa, em tempo, enviou e o Partido Social Democrata, a sua direcção, distribuiu aos seus colegas.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado Bernardo Martins, está a pedir à Mesa que faça

fotocópias do site, que vá ao site e faça fotocópias? É isso? Isso não é um trabalho da Mesa, efectivamente, não é. V. Exa. tem acesso ao site, como qualquer deputado, pode fazer as fotocópias que quiser e distribuir. Ninguém lhe

controla isso nos serviços administrativos desta Assembleia, têm sido até generosos nesse aspecto de consumo e bens.

De maneira que não. Sr. Deputado, desculpe, mas a Mesa presta-se a tudo, mas também não é propriamente moça de recados de V. Exas., seja quem for.

O SR. BERNARDO MARTINS (PS):- A seriedade deste assunto, da nossa parte, merece que seja devidamente

elucidada a Câmara sobre esta matéria. Quando se diz que é um texto publicado na imprensa, não é um texto publicado, é um texto que é publicado no site

oficial do Governo, é um discurso partidário. E isto é a prova evidente do texto que foi divulgado. E simplesmente, Sr. Presidente, quando eu lhe peço...

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado, está esclarecido. Não atendo à sua proposta.

O ORADOR:- O Sr. Presidente não pode ficar atordoado pela... O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Desculpe, Sr. Deputado, eu não atendo à sua proposta. Burburinho.

O ORADOR:- ...tem de me ouvir. Tem que mandar calar a bancada do PSD para eu poder falar. Burburinho. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Srs. Deputados... O ORADOR:- ...fica pressionado pelo PSD... O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado, acho que já tomou a sua posição e a do seu Grupo

Parlamentar. A Mesa não atende a sua proposta. De maneira que a Mesa tem liberdade para não atender e não atende, Sr.

Deputado.

O ORADOR:- Não é a Mesa, são os serviços.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Não, os serviços não atendem e não têm nada que atender. Não atendem não senhor!

O ORADOR:- É uma discriminação. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Não é discriminação nenhuma, Sr. Deputado. Nunca aconteceu na história deste Parlamento um grupo parlamentar incumbir a Mesa ou pretender incumbir a

Mesa de ir ao site da internet fazer fotocópias para distribuir a todos os deputados. Srs. Deputados, não estamos a brincar.

Consta do seguinte: Voto de Protesto

Descobertas no século XV as Ilhas Selvagens são o extremo mais meridional do território português. Protegidas desde 1971, sob o estatuto de Reserva Natural, a primeira em Portugal, e desde 1976 sob o olhar atento

dos vigilantes da natureza poupou-se um espantoso legado de fauna e flora primitivas. Sob gestão do Parque Natural da Madeira desde 1989, a Reserva é detentora do Diploma Europeu desde 1992, foi

integrada na Rede Natura 2000 em 2001, e é considerada uma “Zona Importante para Aves “ (IBA). Na quarta-feira, dia 08 de Junho, nas vésperas do Dia de Portugal, graves acontecimentos tiveram lugar na

Selvagem pequena, com um Vigilante do Parque Natural e um Biólogo, a serem perseguidos, revistados e ameaçados de morte por indivíduos estrangeiros, dentro da área marinha da Reserva. Este constitui o mais grave de uma série de incidentes já ocorridos anteriormente entre Vigilantes e pescadores furtivos que ilegalmente vêm operar dentro da área protegida, e interdita à pesca, da Reserva. Acresce o facto de os mesmos indivíduos prevaricadores, terem de uma forma arrogante e abusiva, se dirigido a um iate e a uma traineira portugueses presentes no local, inquirindo sobre quem eram e o que faziam ali.

Estes incidentes, gravíssimos, vêm mais uma vez provar a justeza e urgência do reforço de meios para a fiscalização da Zona Económica Exclusiva da Região Autónoma da Madeira no geral, e do apoio às Ilhas Selvagens no particular.

Page 14: Diário · qual respondeu aos pedidos de esclarecimento do Sr. Deputado ... (PS), Leonel Nunes (PCP), Roberto Almada ... agora que o Governo da República é do PS, respondemos

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 46 VIII Legislatura, I Sessão Legislativa (2004/2005) Quarta-feira, 22 de Junho de 2005

Pág. 14

O Estado Português através do Governo da República, nomeadamente do Ministério da Defesa, tem, de uma vez por todas, de tomar medidas eficazes que previnam situações como esta, e medidas que permitam reagir em tempo útil contra os malfeitores venham eles de onde vierem.

Tal objectivo só pode ser alcançado com o, de há muito reivindicado: reforço de todos os meios disponíveis, necessários e suficientes. Meios de prevenção, mas também de reacção, de forma a enfrentar e dominar eficazmente estes autênticos piratas do século XXI.

Este reforço de meios passa especificamente pelo cumprimento do dever imperativo do Estado Português de dotar a Região de um helicóptero com a autonomias necessária. Que permita uma intervenção rápida e eficaz em situações de emergência. Dever esse que o Estado ainda não concretizou.

Por outro lado não temos ilusões. O programa do XVII Governo Constitucional socialista propositadamente excluiu das suas prioridades a questão essencial da fiscalização da Zona Económica Exclusiva nacional, a maior no contexto europeu, desprezando desta forma um património natural e económico de valor incalculável.

A preservação do nosso património cultural, natural, e a sobrevivência das muitas comunidades piscatórias que dependem dos produtos da pesca deixa assim de ser salvaguardada.

O Governo Socialista e o Senhor Ministro da Defesa – que depressa esqueceu a Madeira – não podem ficar impávidos perante este incidente, mais um de muitos, embora o mais grave.

A responsabilidade pela perda iminente de vidas humanas, por falta de meios de defesa, é assim cometida ao Estado Português, e é proclamada bem alto por todos os Madeirenses e Portosantenses.

Face à extrema gravidade da situação, a Assembleia Legislativa da Madeira protesta contra este Governo dito Socialista, pelo desinteresse e abandono a que votou a Região Autónoma da Madeira no que concerne à dotação de meios efectivos de fiscalização, prevenção e segurança da nossa Zona Económica Exclusiva.

Funchal, 20 de Junho de 2005 O Presidente da Direcção Do Grupo Parlamentar do PSD na Assembleia Legislativa da Madeira Ass.: Jaime Ernesto Nunes Vieira Ramos.- Algum dos Srs. Deputados deseja intervir? O Sr. Deputado Vicente Pestana, faz favor, tem a palavra. O SR. VICENTE PESTANA (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, as Ilhas Selvagens constituem o

extremo mais meridional do território português, distando da Madeira cerca de 160 milhas. Estão protegidas, desde 1971, sob o estatuto de reserva natural, a primeira em Portugal, e desde 1977 sob o olhar

atento dos vigilantes da natureza poupou-se um espantoso legado de fauna e flora primitiva. É reserva detentora do Diploma Europeu desde 1992 e foi integrada na Rede Natura 2000 em 2001, e é

considerada Zona Importante para as Aves. No dia 8 de Junho, nas vésperas do Dia de Portugal, graves acontecimentos tiveram lugar na Selvagem Pequena,

com um vigilante do Parque Natural e um Biólogo, a serem perseguidos, revistados e ameaçados de morte por pescadores espanhóis, dentro da área marinha da reserva.

Este constitui o mais grave de uma série de incidentes ocorridos anteriormente entre vigilantes e pescadores furtivos que ilegalmente vêm operar dentro da área protegida e interdita à pesca da reserva.

Acresce o facto de os mesmos indivíduos prevaricadores terem, de uma forma arrogante e abusiva, se dirigido a um iate e a uma traineira portugueses presentes no local inquirindo sobre quem eram e o que faziam ali.

Estes incidentes gravíssimos vêm mais uma vez provar a justeza e a urgência do reforço de meios de fiscalização da Zona Económica Exclusiva da Região Autónoma da Madeira no geral e do apoio às Ilhas Selvagens no particular, reivindicações essas feitas pela Região já há 30 anos.

O Estado Português, através do Governo da República, nomeadamente do Ministério da Defesa, tem de uma vez por todas de tomar medidas eficazes que permitam que situações destas não voltem a acontecer e que sejam devidamente punidos os malfeitores que aqui agem.

Tal objectivo só pode ser alcançado como de há muito reivindicado reforço de todos os meios disponíveis, necessários e suficientes, meios de prevenção mas também de reacção, de forma a enfrentar e dominar eficazmente...

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- ...estes autênticos piratas do século XXI. Já termino, Sr. Presidente. Perante a gravidade da situação, a Assembleia Legislativa da Madeira tem o dever de protestar contra este

Governo, dito Socialista, pelo desinteresse e abandono a que votou a Região Autónoma da Madeira no que concerne à dotação de meios efectivos de fiscalização, prevenção e segurança da nossa Zona Económica Exclusiva.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado Fernão Freitas, tem a palavra. O SR. FERNÃO FREITAS (PS):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, devo dizer Srs. Deputados que o Partido

Socialista, se fosse para votar o texto da primeira página deste voto de protesto, votaria claramente a favor. O SR. MEDEIROS GASPAR (PSD):- Então vote a favor! O ORADOR:- Não vai votar a favor, vai votar contra, porque efectivamente o PSD tratou uma questão, que é uma

questão de Estado de grande importância numa questão política ou partidária. Devo dizer que este incidente, para mim, não é infelizmente um mero caso de polícia, tem realmente outras

implicações. É uma questão muito complexa, em termos mesmo de direito internacional.

Page 15: Diário · qual respondeu aos pedidos de esclarecimento do Sr. Deputado ... (PS), Leonel Nunes (PCP), Roberto Almada ... agora que o Governo da República é do PS, respondemos

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 46 VIII Legislatura, I Sessão Legislativa (2004/2005) Quarta-feira, 22 de Junho de 2005

Pág. 15

Mas é bom de ver que este voto de protesto contrasta, nomeadamente com as posições do Sr. Presidente do Governo Regional, Dr. Alberto João Jardim, que recentemente, numa posição de estado e de serena leitura dos acontecimentos, desvalorizou este incidente, o que me parece uma posição louvável.

Podemos dizer também, Sr. Presidente, Srs. Deputados, que as Selvagens são Reserva Natural e isto deve ser reconhecido, como meritório para o Governo Regional. E porquê? É a condição de Reserva Natural que lhe dá a sustentabilidade jurídica para que as Selvagens não sejam classificadas como mero rochedo, o que traria uma alteração substancial nomeadamente na assistência e no direito de soberania daquelas Ilhas.

Portanto, o território marítimo, do ponto de vista jurídico, é importante e é conferido pela situação de Reserva Natural, apoiada, como aqui já foi dito, pelo Conselho da Europa.

Há falta de meios humanos e recursos técnicos para as missões, é uma evidência. Não há nenhum deputado nesta Casa que não reconheça que isto é evidência. Não é o helicóptero, que não tem autonomia de voo para ir e vir, nem é um patrulha, desajustado à realidade da Madeira, que faz esse serviço.

Mas este voto de protesto é injusto, sobretudo com duas imputações que lhe são aqui feitas: uma delas ao actual Ministro da Justiça, que foi um ilustre deputado nesta Casa. Devo dizer que recentemente em Lisboa, em representação de V. Exa., numa cerimónia dos 20 anos da adesão de Portugal à União Europeia, à CEE, tive oportunidade de falar com o Sr. Ministro Luís Amado, que se mostrou naturalmente preocupado com esta situação, tendo dito entretanto que é uma situação de investimento de todo o país.

Esta é uma questão do Estado, não uma questão do PS ou do PSD. O PSD teve mais tempo à frente deste Ministério do que o PS. Isto é uma questão de Estado. E o Sr. Ministro Luís Amado, limitou-se a dizer que está a estudar este assunto, mas que tem a ver com uma questão de grave crise financeira e orçamental para rever esta situação.

Burburinho.

Mas mais. Ontem em Bruxelas, onde tive oportunidade de falar como Sr. Deputado Manuel Medina, Deputado Canário ao Parlamento Europeu...

Burburinho.

Sr. Deputado, eu pedia algum silêncio porque este assunto tem alguma importância, e se os senhores não querem ouvir acho que é mau.

Da conversa que tive com o Sr. Deputado Manuel Medina, que é um Deputado ao Parlamento Europeu pelas Canárias...

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o tempo.

O ORADOR:- Termino já, Sr. Presidente. ...foi-lhe transmitido também que há a maior serenidade na análise deste assunto e que nós não devemos

potenciar, nem dramatizar aquilo que pode ser resolvido. Agora, que há uma grave carência de meios e o Partido Socialista disse sempre que seja quem fosse Governo em

Lisboa tem vindo a reivindicar mais meios humanos e técnicos e operacionais para a defesa da nossa Zona Económica Exclusiva, essa é uma evidência e vai apresentar dentro de dias - eu termino já, Sr. Presidente -, um projecto de resolução para ser discutido nesta Casa, para que seja instado o Governo da República a pôr alguns meios mais eficazes neste combate.

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado. Sr. Deputado Edgar Silva, faz favor.

O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Muito obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nós vamos votar favoravelmente este voto de protesto, mas não podemos

deixar de lembrar que, era Governo o PSD em coligação com o CDS/PP, e o nosso grupo parlamentar trouxe aqui um projecto de resolução que ia no sentido de recomendar ao Governo uma maior dotação de meios de fiscalização da Zona Económica Exclusiva e onde vários dos argumentos aqui invocados no voto de protesto constavam do nosso projecto de resolução e foi chumbado pela maioria.

Vozes do PSD:- Ah! ah!...

O ORADOR:- Temos aqui este voto de protesto. Nós em coerência só podemos votar favoravelmente. Mas não gostaríamos também de deixar de manifestar aqui alguma estranheza entre argumentos que

aparentemente ou claramente são incompatíveis. Como é que é possível tornar compatível um argumento, como este que vem aqui no voto de protesto, que diz o

seguinte: “O Estado Português, através do Governo da República e nomeadamente o Ministério da Defesa, tem de uma vez por todas de tomar medidas eficazes que previnam situações como esta e medidas que permitam reagir em tempo útil contra os malfeitores, venham eles de onde vierem”, aqui se diz no texto do PSD.

E como é que é possível tornar isto compatível com a intenção do Governo que diz: Madeira quer Ilhas com mar comum.

Risos.

Diz o seguinte o Secretário Regional, no dia 18 de Julho passado, ao Diário de Notícias no Funchal e passo a citar “Manuel António Correia, recordou ao Diário que já contactou com o seu homologo de Canárias, ou seja com o tal dos

Page 16: Diário · qual respondeu aos pedidos de esclarecimento do Sr. Deputado ... (PS), Leonel Nunes (PCP), Roberto Almada ... agora que o Governo da República é do PS, respondemos

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 46 VIII Legislatura, I Sessão Legislativa (2004/2005) Quarta-feira, 22 de Junho de 2005

Pág. 16

malfeitores, Pedro Zarogoza e diz o seguinte: mostrou grande interesse na nossa proposta do mar aberto, que vai ao encontro dos interesses dos pescadores dos arquipélagos e que vem dar cobertura legal a situações que hoje já acontecem por mera tolerância, com um ou outro incidente pelo meio”. Ou seja, o Secretário Regional, o membro do Governo diz aqui – Madeira, quer Ilhas com mar comum; diz aqui vai apresentar uma proposta para legitimar situações que hoje já acontecem com alguma tolerância, com condescendência da região e do Estado Português e aqui neste voto vem o Governo dizer, vem o PSD dizer e propor, sob a forma de protesto, que são necessários meios eficazes para que esses malfeitores para cá não venham.

Há aqui que explicar como é que se torna compatível um argumento com outro?! Nós defendemos, que na afirmação da nossa soberania, soberania Portuguesa, é necessário combater esta ideia

que o Governo pretende lançar do mar comum, como se isto fosse uma área onde os canarianos com outros meios de pesca, com outra capacidade empreendedora venham para os nossos mares, para as capturas daqueles que são os nossos recursos.

Nós vamo-nos opor frontalmente, como sempre o fizemos, aqui e no Parlamento Europeu, onde apresentamos propostas...

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Terminou o tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- ...contra estas intenções do Governo e de alguns sectores que em Bruxelas, nas instituições

comunitárias, têm trabalhado para fazer com os nossos mares uma área de autêntica selvajaria, de mar aberto, onde os espanhóis, para além dos nossos irmãos açorianos, virem para aqui fazer o que bem entenderem em relação à captura dos nossos recursos.

Como é que se torna compatível um argumento com o outro, nós não conseguimos perceber. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado Roberto Almada, tem a palavra. O SR. ROBERTO ALMADA (BE):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, isto é de facto o que se pode chamar de

uma açorda.

Burburinho. O Secretário Regional dos Recursos... - vou falar do mar aberto -, o Secretário Regional do Ambiente e dos

Recursos Naturais, qual figura bíblica, qual Moisés, quer o mar aberto! O PSD vota nesta Assembleia contra resoluções que recomendam ao Governo da República o incremento de

meios de fiscalização da Zona Económica Exclusiva e vem agora, depois disto tudo, depois do Secretário do Ambiente dizer uma coisa e depois ter votado contra um projecto de resolução com esse teor, protestar contra o Governo do PS, que não disponibiliza os meios adequados de fiscalização da Zona Económica Exclusiva.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nós entendemos que o incidente que se registou nas Ilhas Selvagens são incidentes graves, que devem merecer a melhor atenção de todos nós. Mas não é, do nosso ponto de vista, através de um voto de protesto que vamos de alguma forma minorar tal impacto, resolver tal situação.

Nós entendemos que o que devia estar aqui em discussão era um projecto de resolução, da autoria do PSD ou de outro partido qualquer, a recomendar ao Governo da República o incremento de meios de fiscalização da Zona Económica Exclusiva. E mais, se o PSD queria a unanimidade, não entrava, não enveredava por ofensas políticas ou partidárias.

Este é um assunto que nos deve envolver a todos, que nos preocupa a todos, preocupa-nos a nós também mas não podemos dar o nosso voto favorável a um voto com este teor.

O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Sr. Deputado José Manuel Rodrigues, tem a palavra. O SR. JOSÉ MANUEL (CDS/PP):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, esta questão da Zona Económica Exclusiva e

dos mares da Madeira e sua fiscalização não é nova. Já há muitos anos que se conhecem os problemas relacionados com a fiscalização ou a ausência dela, e com a

infracção sobretudo da frota das Ilhas Canárias, nos nossos mares, para capturas de peixe. E os sucessivos Governos da República têm adiado a tomada de medidas que permitam uma maior fiscalização da

Zona Económica Exclusiva da Madeira e sobretudo da área relacionada com as Ilhas Selvagens, onde aí são cometidas as maiores infracções por barcos, tanto das Ilhas Canárias, como barcos da Península Espanhola.

O anterior Governo de coligação tentou remediar a falta de meios existentes na marinha com a colocação de mais um navio nesta Região. Esse navio está cá, passamos de um patrulha para dois barcos da Marinha e a verdade é que, apesar da limitação desses meios navais existentes, eles já produziram alguns resultados com o apresamento de alguns barcos espanhóis - designadamente tivemos notícia um dia destes que um deles foi obrigado a descarregar o peixe na Madeira e que sofrerá naturalmente as consequentes medidas sancionatórias que estão previstas na lei.

Esta é uma necessidade, a da fiscalização dos nossos mares, que vem de há muito tempo, que precisa de mais meios navais mas para a qual não existe uma solução neste momento, uma vez que é a própria Marinha Portuguesa, que não tem os barcos suficientes, não só para a nossa Zona Económica Exclusiva mas para a Zona Económica Exclusiva do próprio país.

E, portanto, não vale a pena estar a fazer política partidária com esta questão, porque os meios não existem. O que se espera é que o actual Governo da República cumpra a lei de programação militar e cumpra os contractos de aquisição de novos barcos, que o anterior Governo da República já tinha decidido, designadamente os patrulhões, encomendados ao Estaleiro de Viana do Castelo.

Esta questão tem a ver também com uma outra já aflorada neste debate, que é o facto do Sr. Secretário, em nome do Governo Regional, ter uma proposta para o mar comum entre as Zonas Económicas Exclusivas da Madeira, dos Açores e das Canárias.

Page 17: Diário · qual respondeu aos pedidos de esclarecimento do Sr. Deputado ... (PS), Leonel Nunes (PCP), Roberto Almada ... agora que o Governo da República é do PS, respondemos

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 46 VIII Legislatura, I Sessão Legislativa (2004/2005) Quarta-feira, 22 de Junho de 2005

Pág. 17

O CDS/PP considera completamente aventureira esta proposta do Governo Regional de abertura dos mares das Ilhas às diversas frotas, pela simples razão que a frota da Madeira é diminuta em relação à frota das Canárias, que é gigantesca, e isso pode pôr em causa os recursos piscícolas da Região Autónoma da Madeira.

De qualquer forma o nosso... O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Excedeu o seu tempo, Sr. Deputado. O ORADOR:- Termino já, Sr. Presidente. De qualquer forma o voto do CDS/PP será favorável a este protesto perante o Estado Português, para que, no curto

prazo, se possam suprir as lacunas que existem em termos de fiscalização da nossa Zona Económica Exclusiva. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Vou colocar à votação o texto do voto de protesto. Submetido à votação, foi aprovado com 31 votos a favor sendo 28 do PSD, 1 do CDS/PP e 2 do PCP, 14 votos

contra do PS e 1 abstenção do BE. Srs. Deputados, esgotamos o período antes da ordem do dia.

ORDEM DO DIA

Passamos ao ponto 1 da nossa ordem de trabalhos, com a continuação da apreciação e votação na generalidade do projecto de resolução do Partido Comunista que “Recomenda ao Governo Regional a realização de um estudo

sobre a pobreza infantil na Região Autónoma da Madeira”. Transitou para esta Sessão Plenária um pedido de esclarecimento do Sr. Deputado Óscar Teixeira ao Sr. Deputado

Edgar Silva. Não sei se mantém?... o Sr. Deputado Óscar Teixeira, não está presente. Também transitaram as intervenções da Sra. Deputada Isabel Sena Lino e do Sr. Deputado Roberto Almada. Sra. Deputada Isabel Sena Lino para intervir, faz favor, tem a palavra.

A SRA. ISABEL SENA LINO (PS):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, frequentemente nos principais jornais, diários e semanários é prestada uma atenção especial à questão do trabalho e pobreza infantis. Trata-se de alertas importantes porque estamos perante direitos humanos. De facto, aquando da adopção da Convenção dos Direitos da Criança, as Nações Unidas reuniram dirigentes de 159 países num encontro mundial pela criança, durante o qual foi assinado um Plano de Acção para a década de noventa e a "Declaração Mundial sobre a Sobrevivência, a Protecção e o Desenvolvimento da Criança". O compromisso é bem explícito:

"Trabalharemos pela protecção especial às crianças trabalhadoras e pela abolição do trabalho infantil ilegal". Neste novo milénio, uma vez que assumido já foi, resta-nos impor que tal compromisso seja cumprido.

Convenções Internacionais a prescrever medidas de defesa das crianças em risco, não faltam; leis penais e penas desestimulantes dessas infracções, não faltam; Polícias cientificamente preparadas, tribunais,

inquéritos sociais, não faltam; Organizações de solidariedade social, públicas e privadas, não faltam. E no entanto, o flagelo permanece e

desenvolve-se em extensão e gravidade evidenciando uma aparente inutilidade dos instrumentos de combate. Se as medidas de prevenção e repressão até hoje tentadas não impediram o seu alastramento, então há que contemplá-Ias com outras. A prostituição e o tráfico sexual em geral, a droga, a violência, a insegurança, a exclusão social mostram-nos que não temos encontrado respostas minimamente eficazes. Temos que enfrentar estes problemas, não ao nível dos resultados, mas ao nível das causas. E estas são do conhecimento de todos. Podemos falar em causas demográficas, económicas, sociais, culturais, étnicas, religiosas, entre outras.

Pois, foi hoje trazido aqui pelo Grupo Parlamentar do PCP uma Recomendação ao Governo Regional para a realização de um estudo sobre a pobreza na RAM. Efectivamente, a pobreza arrasta consigo muitas outras subcausas que lhe andam fatalmente ligadas: a ausência de escola ou a fuga dela, o trabalho infantil, a falta de cultura dos pais, a mendicidade, o alcoolismo dos ascendentes, os maus tratos corporais, a entrada na droga. O desemprego, não só como fonte de pobreza, mas como causa de distúrbios psicológicos dos pais e tutores sem trabalho e sem salário. A droga, é conhecido o parentesco próximo entre o consumo de drogas, a prostituição e o crime. Não só mas sobretudo as crianças de rua, são presa fácil da tentação de experimentarem as sensações de euforia que elas proporcionam.

O mundo de hoje bate recordes em número absoluto de pobres, analfabetos e desempregados, e também de crianças escravas da prostituição e da droga.

Um estudo da UNICEF convida os países da OCDE a criarem sistemas de controlo regulares e a definirem objectivos e prazos credíveis para reduzirem progressivamente a pobreza infantil, dado que está a aumentar nos países mais ricos. Subscrito por todos os países, a redução da pobreza é um dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio. O inquérito revela que os níveis de pobreza são determinados por três elementos fundamentais: factores sociais, condições do mercado de trabalho e políticas governamentais.

o trabalho infantil toma diferentes formas e dimensões, conforme o grau de desenvolvimento de cada país. Fundamentalmente radica na situação económica das famílias, constituindo um meio de melhorar a sua subsistência. Deste modo, um modelo de desenvolvimento económico que assenta, entre outros factores, no aproveitamento de mão-de-obra barata como acontece no nosso país, permite que um número significativo de crianças continue a trabalhar.

A Organização Mundial do Trabalho (OIT) salienta algumas propostas: combater as bolsas de pobreza, alargar a escolaridade obrigatória, fiscalizar o trabalho no domicílio, redefinir as medidas, com políticas transversais em todos os sectores da área governativa nomeadamente na educação, na saúde e no trabalho.

Depois de esta reflexão é importante que localmente se investigue qual o impacto das políticas sociais levadas a cabo na região, assim como quais os valores e saberes que mais influência têm no desenvolvimento das crianças. Só

Page 18: Diário · qual respondeu aos pedidos de esclarecimento do Sr. Deputado ... (PS), Leonel Nunes (PCP), Roberto Almada ... agora que o Governo da República é do PS, respondemos

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 46 VIII Legislatura, I Sessão Legislativa (2004/2005) Quarta-feira, 22 de Junho de 2005

Pág. 18

com a avaliação das medidas integradas num plano global estamos aptos a reconhecer qual o caminho a seguir e quais os instrumentos de correcção.

Agir em defesa dos direitos das crianças a estudar e a construir para si próprias um futuro digno e civicamente responsável, cria para todos nós o dever de cooperarmos em favor dum desenvolvimento económico e social que exclua todas as formas de exploração das crianças.

Disse. Transcrito do original. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Muito obrigado, Sra. Deputada. Sr. Deputado Edgar Silva, tem a palavra para uma segunda intervenção. Dispõe de 5 minutos. O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Muito obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras., e Srs. Deputados, nós estamos no final do primeiro ano, ou quase no final do primeiro ano de

actividade parlamentar, num Governo que assumiu compromissos neste Parlamento, aquando da sua tomada de posse, quanto a uma orientação nova, a uma reorientação da sua intervenção política, passando este novo ciclo que foi denominado como o ciclo caracterizado ou a caracterizar pela matriz social.

Ora, em conformidade com esse compromisso, em conformidade com essa orientação, deveria a maioria, e o Governo em particular, trazer a este Parlamento um conjunto de novas propostas que dessem conteúdo operativo a esse compromisso. Lamentavelmente assim não tem acontecido.

No entanto, o nosso grupo parlamentar, tal como outros grupos parlamentares já o têm feito com outras propostas sobre outras matérias, trazemos, enquanto grupo parlamentar, para discussão uma proposta que visa a realização de um estudo sobre a problemática da criança na Região Autónoma da Madeira e particularmente a realização de uma análise das incidências dos processos de crescimento económico e social sobre a realidade da criança na Região Autónoma da Madeira.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ao nível internacional este horizonte tem sido assumido com vários compromissos por várias instituições, nomeadamente a UNICEF, enquanto agência das Nações Unidas para a promoção do superior interesse da criança, tem já definidos para este milénio um conjunto de objectivos e de metas bem concretas no que se refere à necessidade de implementação de estratégias para a diminuição da realidade da pobreza sobre a infância.

Também ao nível da União Europeia os mais recentes relatórios, aprovados no Parlamento Europeu, sobre a inclusão social, sobre as metas para a inclusão social, definem compromissos comunitários no sentido da redução da pobreza relativamente às crianças, que deverá rondar nos próximos anos uma redução na casa dos 50%, enquanto meta para a redução dos problemas da pobreza sobre as crianças no quadro da União Europeia.

Se estas metas de inclusão social explicitam também objectivos e estratégias em relação à infância e no quadro da União Europeia, era de esperar que também a Região Autónoma, tal como Portugal já o tem definido, que a região, no quadro dessas mesmas políticas, definisse também as suas metas, as suas estratégias e os seus objectivos.

No entanto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, à Região Autónoma da Madeira, falta-lhe uma política para a infância. A Região Autónoma da Madeira não tem uma política específica, com estratégias próprias, para responder à realidade particular da infância na Região Autónoma da Madeira e muito menos à realidade da pobreza, que afecta esses nossos concidadãos.

A proposta que aqui trazemos é para que um estudo já existente a nível nacional, com uma caracterização já existente a nível nacional, com uma análise já existente a nível nacional, possa também nesta Região Autónoma ter concretização.

É nesse sentido que apresentamos este projecto de resolução, para o qual esperamos o melhor e maior acolhimento.

Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Miguel Mendonça):- Obrigado, Sr. Deputado. Vamos fazer um intervalo de 30 minutos. Eram 11 horas.

INTERVALO Entretanto, assumiu a presidência o Sr. Vice-Presidente, José Paulo Baptista Fontes. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Srs. Deputados, façam o favor de ocupar os seus lugares para podermos

retomar os nossos trabalhos. Pausa. Srs. Deputados, já dispomos de quórum, vamos continuar os nossos trabalhos. Eram 12 horas e 40 minutos. E vamos continuar com a apreciação do ponto 1 da nossa ordem de trabalhos. Não havendo mais intervenções, a Mesa vai colocar à votação este projecto de resolução do Partido Comunista

Português, que “Recomenda ao Governo Regional a realização de um estudo sobre a pobreza infantil na Região Autónoma da Madeira”.

Submetido à votação, foi rejeitado com 22 votos contra do PSD e 14 votos a favor sendo 10 do PS, 1 do CDS/PP, 2

do PCP e 1 do BE.

Page 19: Diário · qual respondeu aos pedidos de esclarecimento do Sr. Deputado ... (PS), Leonel Nunes (PCP), Roberto Almada ... agora que o Governo da República é do PS, respondemos

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 46 VIII Legislatura, I Sessão Legislativa (2004/2005) Quarta-feira, 22 de Junho de 2005

Pág. 19

Para uma declaração de voto, tem a palavra o Sr. Cabral Fernandes.

O SR. CABRAL FERNANDES (CDS/PP):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, o CDS já fez sentir que efectivamente esta coisa da designação de pobreza infantil é uma designação e um conceito que é um pouco difícil de percebe-lo e de encaixar porque efectivamente a pobreza surge no seio da família e é o problema social de apoio às famílias mais carecidas que tem que estar subjacente a qualquer política social para se garantir o mínimo êxito nessas decisões.

Em todo o caso, porque este projecto de resolução é um projecto que se cinge apenas a recomendar um estudo sobre esta questão, ou seja para nós que é uma questão de reflexo da pobreza ao atingir as crianças, que como é um estudo circunscrito a esta problemática e uma vez que há falta de dados sobre esta situação, não nos repugna absolutamente nada aceitar que a Assembleia solicite ao Governo que promova mais atenção, mais estudo sobre esta problemática.

Daí o nosso voto a favor.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Vasco Vieira para uma declaração de voto, tem a palavra. O SR. VASCO VIEIRA (PSD):- Obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o presente projecto de resolução, da autoria do PCP, surge na sequência

de um estudo efectuado e publicitado pela UNICEF, respeitante ao fenómeno da pobreza infantil. Porém, o PCP vem apresentar este projecto de resolução com o intuito e esperança de vir a demonstrar que a

política social para a infância, prosseguida pelo Governo Regional de ideologia social-democrata, não é a adequada ou mesmo não existe conforme se pode inferir de forma inequívoca do preâmbulo deste seu projecto.

Deste modo, o Grupo Parlamentar do PSD, ciente da política social prosseguida pelo Governo social-democrata na Região Autónoma da Madeira, desde há 28 anos a esta parte, conducente à eliminação da pobreza e da exclusão social, rejeita os fundamentos que sustentam o projecto de resolução do PCP, pela seguinte ordem de sete razões:

Primeira. A pobreza infantil integra-se no conceito global de pobreza, entendido nos dias de hoje como incapacidade do indivíduo em desenvolver uma vida longa, saudável e criativa e de usufruir dum nível decente de vida, com liberdade, dignidade, respeito por si próprio e respeito pelos outros, apresentando insuficiência de recurso de natureza social, cultural, política, ambiental, que o colocam numa situação de exclusão social.

Segundo. O estudo do fenómeno da pobreza na região exigiu que se tenha em consideração não só factores tangíveis como educação, saúde, habitação, emprego, rendimento económico, mas também factores intangíveis tais como o conhecimento, as relações interpessoais, competências sociais e culturais, auto-estima, a motivação, a realização e a valorização pessoal.

Terceira. O facto da pobreza infantil se integrar num contexto mais vasto do fenómeno da pobreza, não podendo ser desassociado do âmbito família/comunidade, pelo que é objecto de intervenção global e intersectorial prosseguida pelo Centro de Segurança Social da Madeira.

Quarta. O facto de estar a ser elaborado um estudo sobre o fenómeno da pobreza e exclusão social em Portugal sobre a orientação do Professor Dr. Alfredo Bruto da Costa, em que a região está incluída e no qual é abordado o fenómeno da pobreza infantil.

Quinta. O facto do Centro de Segurança Social da Madeira ter vindo a desenvolver estratégias integradas de cooperação no âmbito do combate à pobreza e exclusão social, estabelecendo parcerias e adoptando políticas sociais, de saúde, emprego e educação e habitação.

Sexta. Acção desenvolvida pelas equipas locais multidisciplinares em todas as freguesias da região, que tem por objectivo o apoio e a minimização das situações de carência sócio-económica das respectivas populações.

Sétima. A actividade prosseguida pelas equipas multidisciplinares do Centro de Segurança Social da Madeira nas áreas do acolhimento familiar, de assessoria aos tribunais, de apoio técnico aos IPSS e de adopções que actuam no âmbito....

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- Já termino, Sr. Presidente. …a crianças e jovens em situação de risco social. Perante estes factos e circunstâncias, o Grupo Parlamentar do PSD considera ser desnecessária uma resolução

que recomenda ao Governo Regional a elaboração e um estudo sobre o fenómeno da pobreza infantil na região, pelo que votou contra o presente projecto de resolução.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Edgar Silva para uma declaração de voto, tem a palavra.

O SR. EDGAR SILVA (PCP):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Moisés terá redigido os dez mandamentos, nós acabamos de ouvir os sete mandamentos, segundo Vasco Vieira, Deputado do PSD!

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, mas estes mandamentos não vão de encontro à realidade, estão completamente fora daquela que é a realidade concreta da região.

Ao longo de todos os anos, sistematicamente, o Partido Socialista, o nosso grupo parlamentar, o Bloco de Esquerda, o CDS/PP, têm trazido propostas no sentido de se realizarem estudos sobre a temática social. Esses estudos são escassos, não existem estudos suficientemente claros, fundamentados e objectivos sobre a realidade sobre a problemática social na região a vários níveis. E também sobre a realidade da problemática da pobreza e a sua incidência em relação à realidade da criança na Região Autónoma da Madeira, esse estudo, essa análise de carácter científico, sistemático, essa realidade está muito aquém daquilo que seria desejável.

Não existem esses estudos. O PSD por alguma razão – e nós todos certamente estaremos conscientes de quais é que são essas razões -, PSD

também, sistematicamente, bloqueia e evita e chumba todas as propostas que possam ir no sentido da realização desses mesmos estudos.

Page 20: Diário · qual respondeu aos pedidos de esclarecimento do Sr. Deputado ... (PS), Leonel Nunes (PCP), Roberto Almada ... agora que o Governo da República é do PS, respondemos

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 46 VIII Legislatura, I Sessão Legislativa (2004/2005) Quarta-feira, 22 de Junho de 2005

Pág. 20

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sr. Deputado Roberto Almada para uma declaração de voto, tem a palavra.

O SR. ROBERTO ALMADA (BE):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, depois de ouvirmos as sete razões que o PSD aqui invocou para chumbar este projecto de resolução, faz-me lembrar de facto os sete sacramentos e o Sr. Deputado Vasco Vieira deu a extrema unção a esta iniciativa. E deu a extrema-unção a uma iniciativa que é, do nosso ponto de vista, uma iniciativa válida porque, se podemos discutir o conceito de pobreza infantil, e de facto podemos, não podemos discutir o conceito de pobreza e a sua dimensão na Região Autónoma da Madeira e as suas consequências na faixa etária mais nova, portanto nas crianças e jovens adolescentes.

Todos os dias somos confrontados - e só não é confrontado quem não anda por esta cidade, quem não anda por esta região -, com muitas crianças e jovens que voltaram à mendicidade, estão na rua e, de facto, não existe, do ponto de vista do Governo Regional, uma actuação no sentido de travar esse problema.

Mas, porque não existe de facto um estudo que diga, que avalie a real dimensão desses fenómenos que estão intimamente relacionados com a pobreza, independentemente de se chamar a pobreza infantil ou não, o que é facto é que existem muitas crianças nesta região que, pelo facto das suas famílias, do seu meio social ser pobre e desprovido de qualquer riqueza, estão lançados na rua, estão lançados em situações de miséria e de pobreza também.

E o que aqui se propunha era que se procedesse à realização dum estudo sobre a pobreza infantil nesta região, sobre a pobreza no cômputo geral, mas que qual a sua incidência sobre as crianças na Região Autónoma da Madeira. E esses números não existem, e é por isso que nós concordando que seria necessário um estudo dessa natureza, só poderíamos votar favoravelmente esta proposta.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Sra. Deputada Isabel Sena Lino para uma declaração de voto, tem a

palavra.

A SRA. ISABEL SENA LINO (PS):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, efectivamente quando se diz que a pobreza infantil está a aumentar nos países mais ricos, temos que nos levar a reflectir qual a transformação da sociedade e que provoca este aumento, principalmente ligados até aos grandes centros. É que o problema efectivamente está no empenho do Governo no combate à pobreza infantil e nas políticas que são adoptadas na prática.

Temos conhecimento, através da comunicação social, que aqui na região se tem feito alguns levantamentos, até porque há muitos estudos a nível nacional e internacional mas que não contemplam a Madeira. E, portanto, não chega apenas dizer que temos 126 sem abrigo ou que temos uma percentagem a ser apoiada pelo Governo Regional, interessa realmente é que isso não apareça apenas como um levantamento mas tem que ser um trabalho que seja integrado através dum plano, saber e fundamentar para que tenhamos conhecimento de qual é a sua evolução, quais os organismos que se pretendem atingir. E muitas vezes aquilo que nos é sempre dado a conhecer aqui é que já está tudo a se fazer mas depois falta-nos, digamos, a avaliação dos passos e do percurso desses planos, se estão no sentido de atingir os tais objectivos ou não.

Por isso, penso que era pertinente e sendo um assunto grave e que está a aumentar, o problema da pobreza infantil, penso que era pertinente avançarmos para este estudo dum plano integrado na região.

Obrigada.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. Vamos passar ao ponto 2 da nossa ordem de trabalhos, leitura do parecer da 8ª Comissão Especializada e votação

final global da proposta de decreto legislativo regional intitulada “Regulamentação da Lei nº 35/2004, de 29 de Julho

– Regulamentação do Código de Trabalho”. A Sra. Secretária vai ler o parecer.

Foi lido. Consta do seguinte: Proposta de decreto legislativo regional

“Regulamentação da Lei nº 35/2004, de 29 de Julho – Regulamentação do Código de Trabalho” PARECER

A 8ª Comissão Especializada Permanente, Administração Pública, Trabalho e Emprego, reuniu no dia 6 de Junho de 2005, pelas 15:00 horas, para analisar na especialidade e emitir parecer relativo à Proposta de Decreto Legislativo Regional, intitulada “Regulamentação da Lei nº 35/2004, de 29 de Julho – Regulamentação do Código do Trabalho”.

Iniciada a reunião, o Grupo Parlamentar do PSD, apresentou duas propostas de aditamento, anexas ao presente parecer, referentes ao n.º 2 do artigo 2.º da Proposta de Decreto Legislativo Regional, com o seguinte teor:

1 – alínea b) do artigo 13.º (cooperação em matéria de informação): “as competências estabelecidas em termos de prestação de informações, sobre as condições de trabalho, legislação laboral e contratação colectiva, reportam-se, à Direcção Regional do Trabalho”;

2 – alínea a) e b) do n.º 5 do artigo 455.º (Formas de apresentação dos Mapas de Pessoal): as competências referidas, são cometidas na Região, unicamente à Direcção Regional do Trabalho;

3 – alínea a) e b) do n.º 1 do artigo 462.º (Formas de apresentação do Balanço Social): as competências referidas, são cometidas na Região, unicamente à Direcção Regional do Trabalho.

Não tendo havido mais qualquer proposta de aditamento, alteração, eliminação e substituição, a proposta de Decreto Legislativo Regional foi submetida à discussão e posterior votação, com excepção do n.º 2 do artigo 2.º, tendo merecido o Preâmbulo e respectivo articulado os votos a favor do PSD e PS e abstenção do PCP.

Em seguida, foi submetida à discussão e votação as duas propostas de aditamento ao n.º 2 do artigo 2.º da Proposta de Decreto Legislativo Regional, tendo merecido os votos favoráveis do PSD e PS e abstenção do PCP, as quais foram introduzidas no local próprio do texto da Proposta de Decreto Legislativo Regional.

Este parecer foi aprovado por unanimidade. Funchal, 6 de Junho de 2005 Pel’O Relator, Ass.: Vasco Vieira.-

Page 21: Diário · qual respondeu aos pedidos de esclarecimento do Sr. Deputado ... (PS), Leonel Nunes (PCP), Roberto Almada ... agora que o Governo da República é do PS, respondemos

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 46 VIII Legislatura, I Sessão Legislativa (2004/2005) Quarta-feira, 22 de Junho de 2005

Pág. 21

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. A Mesa vai pôr então à votação final global esta proposta de decreto legislativo regional. Submetida à votação, foi aprovada com 35 votos a favor sendo 23 do PSD, 11 do PS, 1 do CDS/PP e 3 abstenções

sendo 2 do PCP e 1 do BE. Para uma declaração de voto, tem a palavra o Sr. Deputado Cabral Fernandes.

O SR. CABRAL FERNANDES (CDS/PP):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, esta proposta que acabou de ser aprovada traduz uma regulamentação da lei nacional que é também uma regulamentação por sua vez do Código de Trabalho.

Enquanto a regulamentação nacional transfere as atribuições que eram cometidas à Inspecção-Geral de Trabalho para esta entidade, neste decreto regional faz-se a transposição destas tarefas ou destas competências para a Direcção Regional do Trabalho.

Quanto a nós, podíamos dizer que trata-se aqui duma subalternização da Inspecção Regional de Trabalho em favorecimento da Direcção Regional de Trabalho que recolhe um conjunto de elementos informativos, designadamente mapas de pessoal, registo de trabalhadores ao domicílio, comunicação dos contratos de trabalho celebrados com estrangeiros, envio de relatórios de informação contínua, e por aí fora.

Quer-nos parecer que estas informações, que porventura estariam melhor colocadas, o seu envio, à Inspecção de Trabalho do que à Direcção Regional de Trabalho. No entanto, isto é uma questão de orgânica, de funcionalidade, poderá também dizer-se em, contra-argumento que a Direcção Regional de Trabalho é que assume toda esta informação e depois procede ao seu reenvio à Inspecção Regional de Trabalho.

É uma questão também de orgânica do Governo. Se o Governo entende que é esta a melhor formulação para actuar e para pôr a Direcção Regional informada e fazer actuar a Inspecção Regional, nós não criamos obstáculos a esta questão.

Mas, de facto, há aqui uns aspectos designadamente que têm a ver com a instrução e com a vistoria que eram mais próprios que serem entregues e cometidos à Inspecção Regional de Trabalho que à Direcção Regional de Trabalho, sobretudo no aferimento dos equipamentos de trabalho, dos equipamentos de protecção dos trabalhadores. Tudo isso são informações que permitem, portanto, uma melhor observância sobre a segurança do trabalho e quem tem a actividade inspectiva é a Inspecção Regional de Trabalho e é a ela que deviam ser enviados estas informações.

Em todo o caso, como disse há pouco, isto é uma questão organizativa e também nenhum impedimento haverá que a Direcção Regional receba destas informações e depois as filtre junto da Inspecção Regional de Trabalho.

Por outro lado também podemos dizer, quanto à composição da comissão regional da igualdade do trabalho e do emprego, a única observação a fazer é que há aqui de facto algum desequilíbrio no número de representantes do Governo Regional e o número de representantes das associações sindicais e das associações patronais: enquanto estas associações indicam quatro elementos, o Governo indica oito elementos para a composição deste organismo, o que acho que é um bocado desproporcionada a sua composição.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado.

O ORADOR:- Em todo o caso não há objecções de fundo ao diploma e como não há objecções de fundo ao diploma e é preciso proceder-se à regulamentação dele nesta região autónoma, o CDS votou favoravelmente.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. Sr. Deputado Leonel Nunes para uma declaração de voto, tem a palavra. O SR. LEONEL NUNES (PCP):- Obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, pela mesma razão daqueles que afirmam que não há alteração de fundo,

por isso não votamos favoravelmente a estas adaptações, como aqui foi afirmado, algumas adaptações orgânicas e adaptação aqui à região também ao quadro existente que intervém na área do trabalho.

No entanto, julgamos que poderíamos ter ido um pouco mais longe, em nome da autonomia e dos poderes que julgamos ser possível também nesta área consagrar.

No que concerne ao balanço social há uma alteração, na nossa opinião, que deveria ser também regulamentada para manter as normas que até agora regulamentavam os balanços sociais.

O balanço social das empresas aqui na Madeira era obrigatório entregar, quer aos representantes empresariais, quer aos representantes dos trabalhadores, uma cópia do balanço social, onde se podia ter uma ideia clara da situação devido ao vínculo laboral nessas respectivas empresas e passamos, a partir deste momento não podemos ter acesso a esses dados. Ou seja, a nossa autonomia também se exercia que se aqui consagrássemos que as empresas teriam que enviar às associações empresariais e sindicais os respectivos balanços sociais. E entenderam por bem na Comissão não fazer nenhuma alteração.

O que diz o código é que as empresas são obrigadas a enviar às confederações com assento no Conselho de Concertação Social. Ora bem, não havendo o Conselho de Concertação aqui na região, portanto, quer as empresas que têm que enviar para Lisboa, para a capital do reino a realidade das empresas aqui na região e para as confederações nacionais.

E aqui esta nossa abstenção também tem a ver por não sabermos, ou não quererem aqueles que têm a maioria neste Parlamento consagrar esta preocupação de que as empresas teriam a obrigação de enviar às entidades patronais e sindicais os respectivos balanços sociais. Porque acima de tudo, quando falamos que é necessário que os sindicatos tenham compreensão, é necessário que os empresários também saibam intervir como parceiros sociais na resolução dos problemas, mas para poderem intervir mais e melhor é necessário ter conhecimento da situação concreta das empresas, é necessário que essa situação também seja transparente, o que ao não tomarmos esta medida vai criar dificuldades quer às associações empresariais aqui da região, quer às associações sindicais.

Page 22: Diário · qual respondeu aos pedidos de esclarecimento do Sr. Deputado ... (PS), Leonel Nunes (PCP), Roberto Almada ... agora que o Governo da República é do PS, respondemos

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 46 VIII Legislatura, I Sessão Legislativa (2004/2005) Quarta-feira, 22 de Junho de 2005

Pág. 22

Daí a razão de nos abstermos porque o conteúdo, porque a espinha dorsal do maior atentado aos direitos dos trabalhadores continua de pé, que é o Código de Trabalho.

E por este andar, não nos quer parecer que aqueles que ontem estavam contra o Código de Trabalho venham fazer alterações ou adaptações a esta nova legislação que regulamenta todo o mundo do trabalho na nossa região.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado Vasco Vieira para uma declaração de voto, tem a palavra. O SR. VASCO VIEIRA (PSD):- Obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Grupo Parlamentar do PSD votou favoravelmente esta proposta de

decreto legislativo regional, em votação final global, na medida em que ouvidos os parceiros sociais o mesmo diploma foi aprovado na generalidade neste Hemiciclo, baixou à Comissão para apreciação na especialidade onde foi analisado, apreciado e votado favoravelmente, e foi objecto de duas propostas de aditamento ao nº 2 do artigo 2º, da autoria do PSD, e respeitante a matérias relacionadas com a competência em matéria de informação e a competência em matéria de apresentação de mapas de pessoal e de balanço social. Estas mesmas propostas de aditamento foram votadas favoravelmente. E a competência é remetida na região à Direcção Regional de Trabalho.

Embora o artigo 455º da Lei nº 35/2004, refira que a apresentação dos mapas do quadro de pessoal e o balanço social deve ser retido às estruturas representativas dos trabalhadores e a associações de empregadores, com assento na comissão permanente de concertação social.

Acontece que na região não há órgão com esta configuração e achamos por bem que a entidade que deveria ser atribuída a competência seria a Direcção Regional do Trabalho.

Por fim, o mais importante para votarmos favoravelmente, é o facto deste diploma representar uma adaptação à região da Lei nº 35/2004, que regulamenta o Código de Trabalho, instrumento necessário à manutenção da estabilidade e ao normal funcionamento das relações laborais e à vida sócio-económica da região.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado Roberto Almada para uma declaração de voto, tem a palavra. O SR. ROBERTO ALMADA (BE):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, este é um diploma que adapta à região

a regulamentação do Código do Trabalho e não poderíamos de uma forma coerente ter um sentido de voto favorável a esta proposta porque nós fomos daqueles que também estivemos na rua a lutar contra o Código do Trabalho.

E a lutar contra o Código do Trabalho porque o Código do Trabalho constituiu e constitui o maior retrocesso civilizacional de que há memória desde o 25 de Abril no que diz respeito aos ataques dos trabalhadores.

Nesse sentido, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nós não poderíamos votar favoravelmente e não o fizemos porque também no âmbito da Assembleia da República já apresentamos um projecto de revisão do Código do Trabalho, onde se revê, se propõe a revisão das normas mais gravosas deste Código, tendo em vista criar condições para que, de futuro, seja possível a revogação por completo deste instrumento, deste Código do Trabalho que, como eu já disse, não foi de forma nenhuma favorável aos direitos dos trabalhadores conquistados com o 25 de Abril.

É nesse sentido que, duma forma coerente não votamos contra porque é uma mera adaptação, mas não poderíamos nunca votar favoravelmente porque estão em causa direitos que são retirados por este Código do trabalho e que os trabalhadores e as suas organizações representativas conseguiram ao longo destes 30 anos de democracia, muitas vezes com sangue suor e lágrimas.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sr. Deputado Ricardo Freitas para uma declaração de voto, tem a palavra. O SR. RICARDO FREITAS (PS):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, permitam-me que antes de mais vos

saúde neste meu regresso à Assembleia Legislativa da Madeira e que proceda de imediato a esta declaração de voto. O Partido Socialista votou favoravelmente esta regulamentação. Aponto desde já que esta mesma regulamentação

decorre quase que um ano após a própria aplicação da Lei nº 35, o que é eventualmente um tempo excessivo para as adaptações serem realizadas. Mas de qualquer maneira demos um passo, na realidade demos um passou, houve algum tempo de entendimento e apesar de das especificidades regionais estarem aqui vertidas com algum consenso mesmo junto dos parceiros sociais, é evidente que ainda se verifica, por exemplo, a ausência do Conselho Permanente de Concertação Social, um instrumento tripartido, uma organização tripartida que poderia indiscutivelmente melhorar.

Mas, independentemente dessa realidade orgânica inexistente que promove mais facilmente o diálogo social, é evidente que a Direcção Regional de Trabalho pode e é também entidade que poderá assegurar perfeitamente estas disposições.

Agora, importa também neste momento frisar que o Partido Socialista ao votar isto também tem presente que, dentro do Programa do Partido Socialista e do seu Governo, o Código de Trabalho está a ser objecto de negociação em concertação social, e será objecto de alterações nomeadamente na parte que toca a toda a arbitragem obrigatória, de forma a garantir no fundo que a negociação colectiva tenha outro dinamismo. De alguma maneira há um défice de negociação na sociedade portuguesa, a especificidade regional que permite de alguma maneira uma intervenção administrativa o que potência, de alguma maneira corrige sem grande problema a perturbação social, mas é evidente que qualquer das partes em qualquer momento poderá sempre recorrer à situação da arbitragem, poderá sempre recorrer a uma situação de bloqueamento deste instrumento de regulação colectiva.

Por isso mesmo é evidente que aguardamos, que aguardamos rapidamente que se conclua a parte das negociações e que o Governo apresente as alterações que são devidas no Código e que, por consequência, essas alterações sejam vertidas numa nova regulamentação fundamentalmente dirigida a esta área da negociação colectiva e com preponderância na arbitragem obrigatória.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Terminou o seu tempo, Sr. Deputado.

Page 23: Diário · qual respondeu aos pedidos de esclarecimento do Sr. Deputado ... (PS), Leonel Nunes (PCP), Roberto Almada ... agora que o Governo da República é do PS, respondemos

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 46 VIII Legislatura, I Sessão Legislativa (2004/2005) Quarta-feira, 22 de Junho de 2005

Pág. 23

O ORADOR:- Por tudo isto, e porque nos parece efectivamente responder positivamente no momento, votamos favoravelmente.

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Vamos passar ao ponto 3 da nossa ordem de trabalhos, leitura do parecer da 7ª Comissão Especializada e votação

final global da proposta de decreto legislativo regional que “Aprova a atribuição de comparticipações financeiras ao

associativismo desportivo na Região Autónoma da Madeira”. A Sra. Secretária da Mesa vai ler o parecer. Foi lido e consta do seguinte:

Proposta de decreto legislativo regional “Aprova a atribuição de comparticipações financeiras ao associativismo desportivo na Região Autónoma da Madeira”

PARECER A 7ª Comissão Especializada Permanente, Educação, Juventude, Cultura e Desporto, reuniu no dia 13 de Junho de

2005, pelas 15:00 horas, para analisar na especialidade e emitir parecer relativo à Proposta de Decreto Legislativo Regional, que “Aprova a Atribuição de Comparticipações financeiras ao Associativismo Desportivo na Região Autónoma da Madeira”.

Foram apresentadas algumas propostas de alteração pelo PSD, as quais foram aprovadas por unanimidade, com o seguinte teor:

- Proposta de alteração ao artigo 2.º n.º 1, com a seguinte redacção: “1... vertentes, formas de organização e regimes de competição;” - Proposta de alteração ao artigo 3.º alínea a) com a seguinte redacção: “ a) Os planos de actividades...;” - Aditamento de um número 2 ao artigo 3.º com a seguinte redacção: “2 - Outras medidas de fomento e/ou relativas a infra-estruturas desportivas, constantes do Programa do Governo

Regional;” - O artigo 3.º passa a ser numerado com os pontos 1 e 2; - Foi ainda apresentada uma proposta de alteração ao artigo 4.º alínea b), com a seguinte redacção: “b)...federação dotada de utilidade pública desportiva em que estejam inscritos;” - Proposta de alteração ao n.º 1 do artigo 9º com a seguinte redacção: “1. No prazo de 90 dias...:” Após análise e discussão, foi a Proposta colocada à votação no seu todo com as referidas alterações, tendo sido

aprovada por unanimidade. Este parecer foi aprovado por unanimidade. Funchal, 13 de Junho de 2005 O Relator, Ass.: Bruno Macedo.-

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. A Mesa vai pôr à votação final global esta proposta de decreto legislativo regional.

Submetida à votação, foi aprovada com 33 votos a favor sendo 21 do PSD, 11 do PS e 1 do CDS/PP e 2 abstenções sendo 1 do PCP e 1 do BE.

Para uma declaração de voto, tem a palavra o Sr. Deputado José Manuel Rodrigues.

O SR. JOSÉ MANUEL (CDS/PP):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, o voto favorável do Grupo Parlamentar do CDS/PP a este novo regime de atribuição de comparticipações financeiras ao associativismo desportivo, não significa que o CDS/PP concorde com o actual modelo de desenvolvimento desportivo da Região Autónoma da Madeira.

Entendemos que este modelo está esgotado, é sobretudo um sorvedouro de dinheiros públicos, e que há que alterar este modelo reduzindo as comparticipações financeiras atribuídas aos clubes e caminhando para um novo modelo desportivo, que dinamize mais o desporto junto das populações apoiando claramente o desporto de alta competição mas na base de critérios muito explícitos e de objectivos alcançados no plano nacional ou internacional.

De qualquer forma entendemos que é positivo que exista este novo regime, porque até agora os apoios atribuídos pelo Governo Regional aos clubes e associações desportivas tinham por base apenas a legislação de suporte do orçamento regional.

E foi depois de partidos políticos nesta Casa e do próprio Tribunal de Contas terem chamado a atenção para a falta de critérios objectivos de atribuição desses subsídios, designadamente critérios do ponto de vista jurídico mas também do ponto de vista desportivo, que o Governo Regional apresentou a esta Casa este diploma.

Aliás, o preâmbulo do diploma diz claramente que a Região Autónoma da Madeira, apesar de ter consagrado no seu Estatuto Político-Administrativo o desporto como matéria de interesse específico, facto que atribuía o respectivo poder legislativo, nunca legislou de forma directa e objectiva em matéria de atribuição de subsídios ao desporto.

É o próprio Governo Regional a confessar que ao longo de anos atribuiu subsídios a torto e a direito ao desporto, sem qualquer suporte legal a não ser a aprovação do Orçamento Regional.

E, portanto, o nosso voto favorável vai no sentido de dizer que este modelo desportivo da região está esgotado, constitui um sorvedouro de dinheiros públicos, precisa de ser reformulado, mas naturalmente que novas regras para a atribuição de subsídios são bem vindas e têm o nosso voto favorável.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. Sr. Deputado Ismael Fernandes para uma declaração de voto, tem a palavra.

Page 24: Diário · qual respondeu aos pedidos de esclarecimento do Sr. Deputado ... (PS), Leonel Nunes (PCP), Roberto Almada ... agora que o Governo da República é do PS, respondemos

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 46 VIII Legislatura, I Sessão Legislativa (2004/2005) Quarta-feira, 22 de Junho de 2005

Pág. 24

O SR. ISMAEL FERNANDES (PS):- Muito obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, uma curta declaração de voto para justificar a posição do Partido Socialista

em relação a esta matéria. Este decreto legislativo regional que estabelece o regime de atribuição de comparticipações financeiras ao

associativismo desportivo na Região Autónoma da Madeira, desenvolvendo o planeamento e financiamento da actividade desportiva estipulada na Lei nº 30/2004, Lei de Bases do Desporto, obteve a aprovação do Grupo Parlamentar do PS por duas simples razões: Primeiro, este decreto cria legislação de âmbito regional e regulamenta uma matéria que nos últimos 30 anos nunca foi desenvolvida e onde a intervenção da administração pública regional se fazia através de apoios por via de contratos-programa entre o Governo Regional através do IDRAM e as associações desportivas, clubes e SAD’s.

Segundo. Na discussão na generalidade dissemos que é melhor um documento que estabeleça regras e clarifique os apoios ao desporto do que não termos nenhum documento, havendo a suspeição de que haviam algumas entidades que seriam beneficiadas.

Assim, votamos favoravelmente e estaremos cá para fiscalizar a aplicação deste diploma. Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. Sr. Deputado Leonel Nunes para uma declaração de voto, tem a palavra. O SR. LEONEL NUNES (PCP):- Obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é caso para dizer “casa arrombada, trancas à porta”. E como diz o decreto

legislativo regional não é só uma simples adaptação, o que estamos aqui a aprovar é a atribuição de comparticipações ao associativismo desportivo da Região Autónoma da Madeira, são novas normas. Mas não quer dizer que a part ir destas novas normas vai ser transferido menos do Orçamento da Região para o futebol profissional, não quer dizer que a partir da aprovação destas normas o esbanjamento não vá continuar, não quer dizer também que se tenha em atenção inclusive uma situação em que todos reconhecemos, uma situação extremamente difícil que vive o nosso país e que os Governos continuam com dificuldades em cortar no supérfluo. Ou seja, o futebol profissional também devia ser efectivamente penalizado, mas não, pretende-se regulamentar mas não vamos gastar menos. O esbanjamento de dinheiros públicos vai continuar.

E a verdade é que esses dinheiros que são transferidos para o futebol profissional, que são pagos pelos nossos impostos, que os Governos quando têm dificuldades pensam logo em aumentar os nossos impostos, mas depois como gastá-los aí é que é mais fácil porque aí não há regulamentação que resista à forma como estes Governos esbanjam aqueles dinheiros que deviam ter uma hipoteca social e que continuam a não ter.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. Sr. Deputado Roberto Almada para uma declaração de voto, tem a palavra. O SR. ROBERTO ALMADA (BE):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, esta proposta de decreto legislativo

regional que aprova a atribuição de comparticipações financeiras ao associativismo desportivo na Região Autónoma da Madeira não mereceu o nosso voto favorável exactamente pelas razões aqui já aduzidas por Srs. Deputados que me antecederam.

Nós não concordamos com a actual política de atribuição de apoios ao associativismo desportivo na Madeira, tal como tem sido implementado nos últimos anos. Constitui – e temos dito isto diversas vezes -, um sorvedouro de dinheiros públicos e muitas vezes à conta dessas concessões, dessas atribuições de verbas aos clubes desportivos, têm sido cometidas irregularidades como tivemos conhecimento recentemente, algumas relatadas pelo Tribunal de Contas.

Este actual regime é passível de provocar situações nebulosas e, do nosso ponto de vista, não é por aí que se deve ir.

Contudo, porque entendemos que é melhor existir uma regulamentação, mesmo que discordemos dela, para melhor regular e disciplinar a atribuição, é que não votamos contra. Mas só por isso, porque entendemos que, apesar de estarmos contra esta política de atribuição, é melhor haver um documento, uma legislação que de alguma forma discipline essa atribuição, é que não votamos contra e por isso a nossa abstenção.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. Sr. Deputado Jaime Lucas para uma declaração de voto, tem a palavra. O SR. JAIME LUCAS (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Partido Social-Democrata naturalmente

que votou a favor deste diploma porque vem no desenvolvimento dos artigos 17º, 65º e 66º da Lei de Bases nº 30/2004, de 21 de Julho.

A possibilidade que tem agora a Região Autónoma da Madeira, através da sua Assembleia Legislativa, de poder legislar sobre esta matéria é o facto evidente de que nós, na área desportiva, apresentamos desde já legislação, legislação esta que, no âmbito regional, vem definir o regime de comparticipações financeiras no associativismo desportivo e que consta do presente diploma e que pensamos nós aquele que melhor acautela a publicidade e transparência de tais comparticipações, optimizando quanto possível o investimento público no desenvolvimento do desporto regional.

Até ao momento, o apoio ao associativismo desportivo também estava legislado através da legislação nacional, através da Lei de Bases de 1/90 e também através do Decreto-Lei 432/91, sobre os contratos-programa, para além de que os critérios de atribuição de subsídios também estavam regulamentados através da Resolução nº 1220/2001, de 3 de Agosto, e que foi através destes três documentos que foram atribuídas as subvenções financeiras.

Pensamos nós que de qualquer forma esta nova legislação vem acautelar maior transparência de todas as comparticipações que forem transferidas para o associativismo desportivo.

Page 25: Diário · qual respondeu aos pedidos de esclarecimento do Sr. Deputado ... (PS), Leonel Nunes (PCP), Roberto Almada ... agora que o Governo da República é do PS, respondemos

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 46 VIII Legislatura, I Sessão Legislativa (2004/2005) Quarta-feira, 22 de Junho de 2005

Pág. 25

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. Vamos passar ao ponto 4 da nossa ordem de trabalhos, leitura do parecer da 7ª Comissão Especializada e votação

final global da proposta de decreto legislativo regional intitulada “Adaptação à Região Autónoma da Madeira da Lei

nº 16/2004, de 11 de Maio”. A Sra. Secretária da Mesa vai ler o parecer. Foi lido. Consta do seguinte:

Proposta de decreto legislativo regional “Adaptação à Região Autónoma da Madeira da Lei nº 16/2004, de 11 de Maio”

PARECER A 7ª Comissão Especializada Permanente, Educação, Juventude, Cultura e Desporto, reuniu no dia 13 de Junho de

2005, pelas 15:00 horas, para analisar na especialidade e emitir parecer relativo à Proposta de Decreto Legislativo Regional, que “Adaptação à Região Autónoma da Madeira da Lei nº 16/2004, de 11 de Maio”.

Foi apresentada uma proposta de alteração pelo PSD ao artigo 4º com o seguinte teor: “…da competência do Membro do Governo Regional responsável pela área do Desporto”. Após análise e discussão foi o diploma no seu todo com a proposta de alteração, colocado à votação tendo sido

aprovado por unanimidade. Este parecer foi aprovado por unanimidade. Funchal, 13 de Junho de 2005 O Relator, Ass.: Bruno Macedo.- O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado, Sra. Secretária. A Mesa vai pôr à votação este ponto da ordem de trabalhos. Submetida à votação, foi aprovada com 39 votos a favor sendo 23 do PSD, 13 do PS, 2 do PCP e 1 do BE e 1

abstenção do CDS/PP.

Para uma declaração de voto, tem a palavra o Sr. Deputado Jaime Lucas.

O SR. JAIME LUCAS (PSD):- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, uma curta declaração de voto. Da discussão que já tivemos aqui sobre a adaptação à região desta Lei nº 16//2004, dissemos que ela era

importante para a região, que face ao elevado número de equipas que nós temos, ao mais alto nível em várias modalidades em competição nacional, que era importante que se adaptasse à região esta lei. E, portanto, neste momento temos uma lei que protege melhor todos quantos queiram assistir aos espectáculos desportivos e todos quantos queiram também fazer a prática desportiva.

E, por isso, na última intervenção que aqui fiz disse que achava contra natura a realização de jogos à porta fechada, opinião que mantenho, porque não entendo o espectáculo desportivo ao mais alto nível sem espectadores.

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. Sr. Deputado Ismael Fernandes para uma declaração de voto, tem a palavra.

O SR. ISMAEL FERNANDES (PS):- Muito obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o PS votou favoravelmente este diploma, portanto fê-lo na generalidade e

na especialidade, porque entendemos que esta alteração é precisa e necessária para a aplicação de medidas preventivas e punitivas em caso de manifestações de violência associadas ao desporto.

As alterações à Lei nº 16/2004, de 11 de Maio foram as seguintes: portanto, na referência que é feita ao serviço nacional de bombeiros e protecção civil, e ao director nacional da PSP, é reportado respectivamente ao Serviço Regional de Protecção Civil e ao Comandante Regional da PSP.

No artigo 29º da referida lei, na referência à base de dados que compete ao IDP, portanto Instituto do Desporto de Portugal, no decreto regional a competência passa para o IDRAM e na aplicação das coimas, na Região Autónoma essa competência é do Membro do Governo Regional responsável pela área do desporto.

Portanto, estas pequenas alterações vêm dotar a região de um documento para podermos penalizar aqueles que não sabem assistir aos espectáculos desportivos e que muitas vezes se organizam em grupos para desestabilizar e fazer com que menos pessoas se desloquem aos recintos desportivos, criando muitas vezes dificuldades financeiras aos clubes, portanto porque têm menos gente, têm menos receitas.

Por estas razões, o nosso voto favorável só poderia, portanto, aprovando estas alterações. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. Sr. Deputado José Manuel Rodrigues para uma declaração de voto, tem a palavra. O SR. JOSÉ MANUEL (CDS/PP):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, pareceu estranho que o CDS/PP se tivesse

abstido neste diploma que visa de alguma forma adaptar à região um diploma cujo objectivo é prevenir a violência no desporto e sobretudo nos espectáculos desportivos, assegurando melhor segurança para esses mesmos eventos.

Só que a nossa abstenção tem a ver com a criação de uma base de dados regional de pessoas que eventualmente cometem actos violentos em espectáculos desportivos.

Temos grandes dúvidas que a região tenha e esta Assembleia Legislativa tenha o poder de decidir que o IDRAM criará uma base de dados pessoais sobre indivíduos que praticam actos violentos. Já existe uma base de dados a nível nacional e os factos que acontecerem na região e os dados que existem na região deviam estar nessa base de dados nacional.

Page 26: Diário · qual respondeu aos pedidos de esclarecimento do Sr. Deputado ... (PS), Leonel Nunes (PCP), Roberto Almada ... agora que o Governo da República é do PS, respondemos

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 46 VIII Legislatura, I Sessão Legislativa (2004/2005) Quarta-feira, 22 de Junho de 2005

Pág. 26

Porque esta é uma matéria sensível assim como é altamente duvidoso que esta Assembleia Legislativa possa obrigar os tribunais a comunicar ao Instituto do Desporto esses actos e o resultado das penas desses actos para efeitos de registo nesta base de dados.

A nossa abstenção tem a ver substancialmente com este artigo 3º que cria na Madeira uma base de dados sobre as pessoas que cometem actos violentos em espectáculos desportivos e temos quase a certeza que este diploma voltará a esta Assembleia Legislativa por veto do Sr. Ministro da República.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. Sras. e Srs. Deputados, vamos passar ao ponto 5 da nossa ordem de trabalhos, leitura do parecer da 2ª Comissão

Especializada e votação final global da proposta de lei à Assembleia da República intitulada “Altera o Decreto-Lei nº

465/77, de 11 de Novembro”. A Sra. Secretária vai fazer o favor de ler o parecer.

Foi lido. Consta do seguinte: Proposta de decreto legislativo regional

“Adaptação à Região Autónoma da Madeira da Lei nº 16/2004, de 11 de Maio” PARECER

A 2ª Comissão Especializada Permanente de Planeamento e Finanças, reuniu no dia 14 do mês de Junho de 2005, pelas 11:00 horas, a fim de analisar e emitir parecer na especialidade a proposta de lei à Assembleia da República que “Altera o Decreto-Lei nº 465/77, de 11 de Novembro”.

Após análise a Comissão aprovou a inclusão do Pessoal do Corpo da Guarda Prisional e da Polícia Marítima, no preâmbulo e articulado do artigo 1º.

Mais deliberou, que o documento se encontra em condições de subir a Plenário para votação final global. Este parecer foi aprovado por unanimidade. Funchal, 14 de Junho de 2005 O Relator, Ass.: Carlos Perestrelo.-

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. A Mesa vai por à votação final global esta proposta de lei à Assembleia da República. Submetida à votação, foi aprovada por unanimidade. Para uma declaração de voto, tem a palavra o Sr. Deputado Roberto Almada. O SR. ROBERTO ALMADA (BE):- Muito obrigado, Sr. Deputado. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, congratularmo-nos pela aprovação unânime deste diploma porque da última

vez que este diploma foi votado aqui, no ano 2001, salvo erro, o Partido Socialista tinha votado contra, agora votou a favor.

Esperemos que isto seja um indicador positivo no sentido de que o Partido Socialista, no âmbito da Assembleia da República irá aprovar a extensão a todos os agentes da PSP da GNR e de outras forças policiais, a prestar serviço na Ilha da Madeira do subsídio de insularidade.

Esta é uma medida que nós consideramos prioritária uma vez que é necessário, é preciso motivar os agentes de segurança que nesta região, diga-se em abono da verdade, estão desmotivados, quer pelas dificuldades inerentes ao seu trabalho quer até pelo facto das condições de trabalho desses mesmos agentes na Região Autónoma da Madeira serem condições de trabalho muito precárias. Não podemos ter forças de segurança desmotivadas e um factor de desmotivação será certamente o aumento da idade da reforma para 65 anos já prometido pelo Governo da República.

E queremos aproveitar esta ocasião para saudar as organizações sindicais dos profissionais da PSP e de outras forças de segurança que estão hoje em luta na rua contra o pacote de medidas altamente punitivo do Governo da República do Engenheiro José Sócrates.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. Sr. Deputado Medeiros Gaspar para uma declaração de voto, tem a palavra. O SR. MEDEIROS GASPAR (PSD):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, o Partido Social Democrata, em coerência

com a posição que tomou aquando da apresentação inicial desta iniciativa, tinha que aprovar esta matéria e em comissão, e bem, foi alargado o âmbito daqueles que são abrangidos ou que se propõe que venham a ser abrangidos por este tipo de benefícios.

E o que acontece é que vamos ter novamente na Assembleia da República uma iniciativa legislativa da nossa Assembleia, agora nós não esperamos que ela vá ter grande sucesso ou grande diligência por parte do Partido Socialista uma vez que não se espera que o Partido Socialista, na Assembleia da República, venha...

O SR. ÓSCAR FERNANDES (PSD):- Nem vai sair da gaveta! O ORADOR:- Exactamente, vão metê-la no frigorífico, não se espera que os Deputados do Partido Socialista

tenham grande diligência no agendamento desta matéria. Mas aí poderemos ver como é que os Srs. Deputados se comportarão quando a matéria estiver sobre a mesa. Mas,

como diz o Sr. Deputado Óscar Fernandes, penso que nem vai sair do frigorífico! O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. Sr. Deputado Leonel Nunes para uma declaração de voto, tem a palavra.

Page 27: Diário · qual respondeu aos pedidos de esclarecimento do Sr. Deputado ... (PS), Leonel Nunes (PCP), Roberto Almada ... agora que o Governo da República é do PS, respondemos

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 46 VIII Legislatura, I Sessão Legislativa (2004/2005) Quarta-feira, 22 de Junho de 2005

Pág. 27

O SR. LEONEL NUNES (PCP):- Obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é positivo todas as bancadas se terem pronunciado favoravelmente em

relação a essa alteração ao Decreto-Lei nº 465/77. É positivo mas não é tudo. O que é preciso é levar até às últimas consequências esta posição agora assumida nesta Assembleia. Inclusive, também responsabilizar aqueles partidos que duma forma ou outra podem atirar para o fundo da gaveta da Assembleia da República esta proposta e que nunca mais, ou seja, que nos próximos tempos não venha a ser discutida e aprovada.

Nós assumimos aqui nesta Assembleia de que nesta matéria não temos qualquer divergência como também em relação a muitas outras com o nosso grupo parlamentar na Assembleia da República. Deixamos esta garantia: na Assembleia da República o nosso voto vai ser também favorável.

Gostaria que houvesse também esta garantia dada por todos os grupos parlamentares. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. Sr. Deputado José Manuel Rodrigues para uma declaração de voto, tem a palavra. O SR. JOSÉ MANUEL (CDS/PP):- Sr. Presidente, Srs. Deputados, o CDS/PP, como sempre fez ao longo de várias

Legislaturas, votou a favor desta proposta de lei à Assembleia da República, de atribuição de um subsídio de insularidade às forças de segurança.

Não deixa de ser curioso que no preciso dia em que os agentes das forças de segurança se manifestam na rua contra as medidas do Governo da República, que visam tirar alguns direitos aos agentes policiais, designadamente a nível de saúde, designadamente a nível de agravamento da idade da reforma, não deixa de ser curioso que esta Assembleia Legislativa, também com o voto do Partido Socialista, tenha aprovado a atribuição de um novo direito neste caso aos agentes policiais da Região Autónoma da Madeira.

Isso leva-nos a dizer aquilo que já dissemos aquando da discussão na generalidade desta proposta. É que não criemos falsas expectativas aos agentes das forças de segurança sediados nesta Região Autónoma da Madeira, porque o Governo do Partido Socialista não vai deixar passar na Assembleia da República a aprovação deste subsídio de insularidade apesar do voto do seu grupo parlamentar, do PS, na Assembleia Legislativa.

E, portanto, Sr. Presidente, Srs. Deputados, deve-se fazer esta chamada de atenção a quem há muitos anos espera por este subsídio e ainda não vai ser com o Governo do PS que se vai conseguir implementar este direito por estarem a trabalhar na Região Autónoma da Madeira.

E não deixa de ser curioso a evolução do Partido Socialista um pouco contraditória, porque, quando o Governo era da coligação PSD/CDS na Assembleia da República, aqui na Assembleia Legislativa da Madeira votou contra a atribuição deste subsídio; agora que é Governo na República, votou a favor. Só espero que os senhores sejam consonantes na Assembleia da República e no Governo da República com o voto que deram agora na Assembleia Legislativa da Madeira.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. Sr. Deputado Jaime Leandro para uma declaração de voto, tem a palavra. O SR. JAIME LEANDRO (PS):- Muito obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Partido Socialista votou favoravelmente esta proposta de lei porque

entende que as funções relevantes, que as entidades versadas no diploma desempenham, têm que ser estimuladas e incentivadas.

No entanto, sabemos também, até porque, diria eu, como é do conhecimento geral, o custo de vida na Região Autónoma da Madeira é em média 30% superior ao do Continente e continua a aumentar, alertava-os. E com certeza que já ouviram que no passado mês de Maio a inflação na Região Autónoma da Madeira foi de 2,5% por contraponto à inflação nacional que foi de 2,2%, ou seja, a inflação na região é superior à inflação do Continente, e com esses 30% em média, mais altos, o custo de vida continua a agravar.

Portanto, entendemos que esta medida é uma medida necessária apesar da conjuntura nacional, que não é de facto favorável à aprovação deste tipo de incentivos, mas também não viemos aqui fazer um exercício de hipocrisia. Nós achamos que vale sempre a pena tentar e é para isso que cá estamos, para, no sítio certo, em sede certa, com as pessoas certas, tentar fazer com que este diploma seja de facto aprovado.

Garantias não existem mas existe a garantia do nosso empenhamento. Mas também aqui ouvimos dizer que agora o diploma iria para a gaveta. E eu gostava de deixar aqui um dado: é

que nos últimos três anos este diploma esteve na gaveta, não houve proposta nenhuma neste sentido, o PSD e o CDS, em Governo de coligação, não se preocuparam de facto com esta temática, e agora com o Governo do Partido Socialista estão muito empenhados. O que eu registo, aliás.

Mas, como diria, cá estaremos para ver e cá estaremos para prestar de facto a nossa solidariedade com o nosso trabalho às entidades versadas neste diploma.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. Srs. Deputados, a Mesa recebeu um requerimento, do Deputado do Bloco de Esquerda.

Consta do seguinte: Requerimento O Deputado do Bloco de Esquerda vem por este meio requerer que a Assembleia Legislativa da Madeira utilize o

direito de fixação da ordem do dia a que se refere o artigo 179º do Regimento da Assembleia da República, no sentido de agendar a discussão e votação da proposta de lei intitulada “Altera o Decreto-Lei nº 465/77, de 11 de Novembro”, aprovada hoje neste Parlamento.

Funchal, 22 de Junho de 2005, O Deputado do Bloco de Esquerda, Ass.: Roberto Almada.-

Page 28: Diário · qual respondeu aos pedidos de esclarecimento do Sr. Deputado ... (PS), Leonel Nunes (PCP), Roberto Almada ... agora que o Governo da República é do PS, respondemos

Diário da Assembleia Legislativa Sessão nº 46 VIII Legislatura, I Sessão Legislativa (2004/2005) Quarta-feira, 22 de Junho de 2005

Pág. 28

Srs. Deputados, a Mesa vai pôr à votação o requerimento apresentado pelo Deputado do Bloco de Esquerda. Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade. Sr. Deputado Bernardo Martins, está inscrito para? O SR. BERNARDO MARTINS (PS):- Sr. Presidente, é para, nos termos regimentais, pedir o respectivo intervalo

dos trabalhos. O SR. PRESIDENTE (Paulo Fontes):- Muito obrigado. Está concedido o intervalo. A nossa próxima Sessão Plenária será amanhã, às 9 da manhã. Eram 12 horas e 45 minutos. Faltaram à Sessão os seguintes Srs. Deputados: PARTIDO SOCIAL-DEMOCRATA (PSD)

Gustavo Alonso de Gouveia Caires

Ivo de Sousa Nunes

Jorge Moreira de Sousa

Sílvio Sousa Santos

******