dia das mães - especial jornal página 20

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Página 20 Rio Branco – Acre, DOMINGO, 8, e SEGUNDA-FEIRA, 9 de maio de 2011 A relação entre mãe e filho é a base afetiva mais fundamental de toda a vida humana. Não por acaso, a maternidade é um tema recorrente em todas as culturas, desde as expressões mais populares até as mais eruditas. O Página 20 selecionou algumas obras de grandes mestres e de artistas desconhecidos também, retratadas nesta página. São pinturas de diferentes épocas e estilos, cujo tema co- mum é o especialíssimo universo de mães e filhos. Esta é a nossa homenagem às mães. Mães A maternidade retratada nas artes plásticas AUGUSTE Renoir PABLO Picasso LEONARDO Da Vinci CARYBÉ Autor desconhecido Autor desconhecido

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Caderno Especial em comemoração ao Dia das Mães, publicado no Jornal Página 20.

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Page 1: Dia das Mães - Especial Jornal Página 20

Página 20

Rio Branco – Acre, DOMINGO, 8, e SEGUNDA-FEIRA, 9 de maio de 2011

A relação entre mãe e filho é a base afetiva mais fundamental de toda a vida humana. Não por acaso, a maternidade é um tema recorrente em todas as culturas, desde as expressões mais populares até as mais eruditas.

O Página 20 selecionou algumas obras de grandes mestres e de artistas desconhecidos também, retratadas nesta página. São pinturas de diferentes épocas e estilos, cujo tema co-mum é o especialíssimo universo de mães e filhos.

Esta é a nossa homenagem às mães.

MãesA maternidade

retratada nas artes plásticas

AUGUSTE Renoir

PABLO Picasso

LEONARDO Da Vinci

CARYBÉAutor desconhecido

Autor desconhecido

Page 2: Dia das Mães - Especial Jornal Página 20

Rio Branco – Acre, DOMINGO, 1, e SEGUNDA-FEIRA, 2 de maio de 20112

portadoras da vida �LANE VALLE

[email protected]

Um dia reservado para paparicos, presentes e homenagens. Nos res-

taurantes, o cardápio é especial e tem direito a atenção exclu-siva dos garçons. Nas floricul-turas, as flores aparentam até uma beleza ainda maior para as vendas da ocasião.

Hoje, segundo domin-go de maio – data oficial de comemorar o Dia das Mães, muitas dessas guerreiras, que

apesar das canseiras, dores e trabalhos, sorriem felizes recebendo homenagens, res-peito e muito amor dos filhos que fazem de tudo para agra-dá-las em seu dia.

Mulheres que foram capa-zes de quebrar as barreiras do preconceito para chegar até uma Presidência da Repúbli-ca, por exemplo, são as mes-mas que souberam sacrificar uma talvez brilhante carreira profissional para darem prio-ridade à maternidade e à edu-cação dos seus filhos.

8 de maio é mais do que um dia para receber presen-tes – período que o comércio pegou carona para aquecer as vendas, como já ocorre no dia das crianças, páscoa, natal, namorados e etc. É um dia para lembrar a importância dessas “portadoras da vida”.

Mães que ainda meninas, ou menos jovens ultrapassam dificuldades de toda a ordem e têm a valentia de assumir uma gravidez de risco, talvez inoportuna e indesejada, ou mesmo pelo sonho de curtir

Mães:a maternidade, vão até o fi-nal por saberem que a vida é sempre um bem maior e um dom que não se discute.

Não é à toa que o dito po-pular “Mãe é uma só” vem sendo utilizado há séculos. Sim, elas são únicas. Amoro-sas, dedicadas e companhei-ras ficam noites sem dormir sofrendo com as cólicas do bebê, e depois, só conseguem ter um sono tranquilo quan-do escutam o barulho da cha-ve na fechadura da porta.

Estar grávida, palavra

pequena e esquisita para de-nominar uma realidade tão fantástica e incomparável que vem seguida de um tur-bilhão de sentimentos, como o medo, alegria, ansieda-de e medo de novo para al-guns pode até parecer algo comum, mas para elas que curtem a experiência é sem duvida o momento mais fan-tástico da vida.

Gestante de quase nove meses, Maria Lucineide diz que o medo é ainda maior na espera do pedacinho de céu dentro do seu ventre. Ela que já travou uma luta pela ma-ternidade durante três anos e sofreu com a perda de dois filhos recém nascidos, enxer-ga em mais uma gravidez, a chance de superar o drama que passou para concretizar o sonho de ser mãe.

“Sofri muito com a per-da dos meus dois filhos ain-da recém nascidos. Porém, nunca desisti do sonho de me tornar mãe. Tenho muito medo, um medo tão grande que me faz acordar à noite e conversar com meu bebê para ver se ele mexe na bar-riga e confirma que está tudo bem. Espero muito pelo milagre da vida se realizar em minha vida. Agradeço a Deus por mais essa chance, e sei que pela fé, meu filho estará em meus braços muito em breve”, diz emocionada ao ouvir o coraçãozinho do bebê durante a consulta de rotina na Maternidade Bár-bara Heliodora.

São mulheres como Lu-cineide, que geram também na maternidade o sentimen-to especial de se sentirem abençoadas pelo privilégio de cuidar de um pequenino ser, e ao mesmo tempo ver o seu amor imperfeito comparado ao perfeito amor de Deus.

EM sua terceira tentativa de realizar o sonho de ser mãe, Lucineide se emociona ao ouvir o coraçãozinho do bebê

Fotos: Regiclay Saady

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ESPECIAL

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Rio Branco – Acre, DOMINGO, 8, e SEGUNDA-FEIRA, 9 de maio de 20113 Página 20 www.pagina20.com.br3Página 20 www.pagina20.com.br

ESPECIAL

“Mãe, a graça de ser teu filho é o melhor presente que Deus me deu. Sou grato por tudo que você fez e continua fazendo por mim. Você é a pro-va pura do amor de Deus em minha vida. Te amo”.

Rutemberg Crispim – filho da dona Clarice.

“Mãe, você é a razão da minha existência e o orgulho da minha vida...”.

Jota Guimarães – fi-lho da dona Maria Floriza

“Se hoje me tornei uma boa mãe agradeço a dedicação e paciência que sempre teve por mim. Mãezinha, você é a minha fortaleza e meu ombro amigo de todas as horas. Parabéns por esse dia que hoje compartilho conti-go”.

Ingrid B. – filha da dona Maria Vilma.

“Nos momentos de sucesso e nas ocasiões de fracasso seu abraço nunca me faltou. Mãe, obrigado pela forca e por acreditar em mim, mesmo quando eu cheguei a duvidar de mim mesmo”.

Victor Augusto – fi-lho da dona Mauricélia Maria.

“Mesmos nos mo-mentos em que menos es-tamos certos o teu amor de mãe cobre as trans-gressões. Muito obrigada por tudo. Sem a tua pre-sença em minha vida, eu não seria o que sou hoje. Te amo mãe”.

Chrisna Lima – filha da dona Ocilea Bezerra.

Mãe de primeira via-gem, Maria Delcides, 27, aguarda ansiosa a chega-da de Murilo. Comple-tando as 40 semanas de gravidez, ela sabe que a qualquer momento o neném dará sinais que já está pronto para vir ao mundo. Há cerca de duas semanas, a futura mamãe passou um grande apuro em um acidente de moto. O instinto de proteger o bebê nasceu antes mesmo do filho, quando teve que pular da moto em movi-

mento para não machucar a barriga.

“Sei que foi uma im-prudência da minha parte andar de moto nessas con-dições. Na hora do aciden-te só pensei no meu filho. Agradeço a Deus por esse livramento. No mesmo instante que chorava com medo de perder meu ne-ném, me tornava forte para lutar por sua vida. Mesmo sem ainda conhecer os tra-çinhos de seu rosto, sei que não saberei mais viver sem ele”, declara.

No Educandário Santa Margarida, é possível identifi-car que a maternidade muitas vezes não é fruto do ventre, e sim da dedicação e valentia de quem se doa de corpo e alma para exercer tão extraordinaria-mente a missão de ser mãe de coração. Passar algumas horas no berçário da casa, por exem-plo, é experimentar o mais no-bre dos sentimentos – o amor.

Crianças que choram por um abraço e um pequeno ins-tante de colo. Que transmitem

no olhar o desejo de serem amadas e cuidadas por qual-quer pessoa disposta a oferecer apenas um sorriso amigo. Elia-ne Silva que compartilha com outra funcionária o trabalho de cuidar de 15 crianças menores de cinco anos, se emociona ao falar dos pequenos.

Mãe de uma menina que tem quase a mesma idade das crianças que cuida no berçário, Eliane conta que é triste ima-ginar como uma mãe pode ter coragem de abandonar o pró-

prio filho. “Pensar no que es-sas crianças devem ter passado antes de chegar aqui é algo que chega a dor no coração. Em-bora elas tenham todo amor e cuidado no abrigo, uma família é sempre uma família. Qual é a criança que não gosta de um colinho, ou dormir abraçadi-nha em noites frias? É muito triste saber que a primeira pa-lavra balbuciada por esses be-bês é titia ao invés de mamãe”, lamenta.

As funcionárias do abri-

go dão um verdadeiro show quando transmitem a mensa-gem que independentemente de uma síndrome de dowm, de uma paralisia ou de um problema de saúde seja ele físico ou mental, o que deve prevalecer é sempre o amor. Fazendo valer a mais linda re-lação de todas, a de mãe e fi-lho. Pois o verdadeiro dom da maternidade é ser mãe acima de tudo sem nunca negar afa-go, colo e palavra de carinho para uma criança.

Uma pequena homenagem

para a melhor mãe do mundo

Enquanto você não chega

Amor que vem de fora...

FUNCIONÁRIAS do Educandário se viram nos trinta para dar atenção aos pequenos do berçário.jpg

MÃE de primeira viagem, Maria

Delcides esperar ansiosa a chegada

do filho que se chamará Murilo

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Rio Branco – Acre, DOMINGO, 8, e SEGUNDA-FEIRA, 9 de maio de 20114 Página 20 www.pagina20.com.br

ESPECIAL

Dona Canô, Grande Mãe

�ONIDES BONACCORSI [email protected]

Dona Canô, a mãe de Caetano e Be-thânia, gosta mui-

to de viver e de celebrar. Desde que completou 100 anos, dia 16 de setembro de 2007, decidiu que co-memoraria a vida todo mês, no dia 16. Nessas ocasiões, recebe filhos, ne-tos, bisnetos e amigos com festa, em Santo Amaro da Purificação, a 71 quilôme-tros de Salvador.

Claudionor Viana, que desde criança levava o ape-lido de “Canô”, nasceu num lar humilde. Mas foi amparada por uma família de posses e estudou em es-cola particular, aprendeu piano, francês e contou com um ambiente propí-

cio para apreciar teatro e po-esia. Cultiva a leitura até hoje.

Casou-se com José Te-les Veloso e teve oito filhos: Nicinha, Clara Maria, Maria Isabel, Rodrigo, Roberto, Ca-etano, Maria Bethânia e Ire-ne. Quase todos tocam um instrumento, muito provavel-mente influenciados por sua musicalidade – Canô é uma soprano afinadíssima e sem-pre gostou de cantar.

Ficou viúva em 1983, após 53 anos de casamento. Já tra-balhou muito na vida e tem amigas com mais de 100 anos também. Em seus aniversá-rios, nunca quer presentes, só comida ou material de higie-ne, que recolhe para doação.

Quem olha para seu sem-blante amoroso e límpido, vê que ela tem ancorado na

mesma admite, Dona Canô ficou conhecida em todo o Brasil devido à celebridade de seus filhos. Entretanto, o que não se sabe é: seus fi-lhos famosos seriam quem são hoje se não tivessem uma mãe assim luminosa?

Diante de tantas realiza-ções, Canô credita sua for-ça à espiritualidade. “Sem-pre tive muita fé. Assisto à missa na TV todos os dias e uma vez por semana vou à igreja”, diz. Figura singu-lar, já teve suas memórias publicadas em livro, já foi tema de canções, já parti-cipou de documentários. E pode ensinar: “Recebo e dou muito amor, tenho pra-zer de viver e paciência, sei que tudo tem seu tempo.”

Em 2010, completou 103 anos. É porque ama a vida que Dona Canô vive tanto.

alma o arquétipo da Grande Mãe, boa e generosa, sempre receptiva a quem lhe procu-ra. Mesmo os turistas que passam por Santo Amaro e têm curiosidade de conhecê--la são amavelmente recebi-dos pela própria no sobrado de dez quartos, onde mora há 60 anos. Por tanta doçura, é uma personalidade amada e reverenciada em sua cidade e em toda a Bahia por artistas, políticos e pelo povo.

Mas ninguém se engane, que a bondade de Canô não é ingênua, não oferece im-pedimento algum para seu discernimento. Em sua inte-gridade, expressa seu ponto de vista com franqueza. E se há uma pessoa no Brasil au-torizada a dar puxões de ore-

lha em Caetano Veloso, é ela. Quando, em 2009, ele fez co-mentários deselegantes sobre Lula, a senhorinha declarou, do alto de sua sabedoria: “Foi uma ofensa sem necessidade. Caetano não tinha que dizer aquilo. Vota em Lula se qui-ser, não precisa ofender nem procurar confusão.”

Eis uma prova do seu tiro-cínio admirável, tamanha é a sua noção de realidade. Certa vez, o jornalista Matinas Su-zuki Jr. lhe perguntou se ti-nha orgulho de Caetano e Be-thânia por serem famosos. A resposta foi instantânea: “Eu não me orgulho dos meus fi-lhos porque são famosos. Eu me orgulho deles porque são pessoas de bem, honestas, boas.”

Certamente, como ela

Sobre Dona Canô, leia:

“Canô Velloso, lembranças do saber

viver”

De Antônio Guerreiro de Freitas e Arthur Assis Gonçalves da

Silva, Edufpa

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ravo