dia das mães 2010

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mães suplemento maio.2010

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Suplemento do Jornal Página 3 especial para o Dia das Mães 2010

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Page 1: Dia das Mães 2010

mães suplemento

maio.2010

Page 2: Dia das Mães 2010

02 Balneário Camboriú . maio . 2010 mulhermulher suplementopágina3

Editorial

Homenagens são sempre bem vindas, mas dia das mães, cá entre nós, é todo dia. É a vida real, é dor de parto (ou não), é levar e pegar na escola, é acompanhar tarefa, é cuidar de fi lho doente, e de fi lho são. É doação constante, é rever os próprios hábitos, é lembrar que educação se exercita mais com exemplos do que com doutrinas. É tolerância, paci-ência, entrega. É aprender a lidar com imprevistos. Com medos. Com alegrias. Com surpresas. Com febre de 40 graus. Com opiniões diferentes. Com fases. Com oscilações.

É entender o respeito. É não invadir espaço. É não ser omissa. É assumir a escolha da maternidade e vivê-la inte-gralmente. É se permitir chorar, sentir, fi car em dúvida, errar. Mas nunca deixar de avaliar o erro. É observar o outro e se auto-observar. Exercitar a escuta. O questiona-mento interno. O silêncio. É literalmente, dar o peito.

Ser mãe é começar do zero todo santo dia, é morrer para renascer, é pensar num mundo melhor, onde o amor é via de mão única.

Parabéns mães, por todos os dias da vida.

Dia das mães é todo diaReprodução

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03Balneário Camboriú . maio . 2010mulhermulhersuplementopágina3

ComportamentoA psicóloga Dulce Pinheiro abordou o tema nessa sexta-feira, no Yogashala, em Flo-rianópolis. Especializada em terapias familiares e no tra-balho com o feminino, Dulce acha que o tema “Mãe - amor, conflitos, desafios”, tem que ser mais discutido, por isso pensa em montar grupos de estudo para oportunizar as trocas e aliviar angústias. “Percebo no meu consultório que as falas são muito pare-cidas, de não saber se estão no caminho certo, de acha-rem que só acontece com elas, é importante esse diálogo para que elas reafirmem seus papéis e percebam que muita coisa mudou”.

À moda antigaDulce acha que grande parte dos conflitos vem de um modelo defasado do papel de mãe, que foi aprendido de geração em geração e/ou inter-nalizado, mas que não serve para o contexto atual, para a realidade que a mãe vive hoje. Daí nascem as dúvidas, a culpa e outros sentimentos nao saudáveis que atrapalham exercer a função com segu-rança e tranquilidade. “Não existe um modelo do que é ser boa mãe, nós vamos tendo que experimentar, a cada fase, por-que é diferente ser mãe de um bebê, depois de uma criança pequena, grande, um adoles-cente... e muda a cada filho, já que cada um é diferente do outro, então é impossível exis-

tir um padrão”, disse Dulce.Ela também aborda a ques-tão do tempo na sociedade contemporânea, são muitas demandas e papéis, ocupações diversas e novamente muitas mulheres caem na padroni-zação. “Ou acham que têm que ficar um turno em casa, ou que têm que abrir mão do seu tempo em alguma esfera da vida, mas não existe como determinar isso. O que é ser uma mãe presente? Se mede pela quantidade de horas ou pela intimidade que não se deixa perder, o diálogo, a con-fiança?” sugeriu.

O mais desafiadorNa opinião de Dulce o papel de mãe é o um dos -se não o mais- desafiador, porque muda a todo instante, a pes-soa tem que estar aprendendo todos os dias, descristalizando padrões, revendo conceitos. Hoje também, desde cedo, as crianças argumentam mais, acabou aquela educação de cima para baixo, em que os filhos não respondiam e obedeciam quietos qualquer determinação, numa mistura de respeito e medo. Outra característica dos dias de hoje é o individualismo, as pessoas estão se afastando uma das outras, enquanto que num passado recente tudo era mais “misturado”: “Ficavam em volta da mesa os filhos, os pais, os avós, con-versando. Hoje costumam

criar uma separação, se vão a algum lugar, preferem dei-xar os filhos, ou separá-los de ambiente, acaba criando um isolamento. Isso no meu ver não é bom, afasta. Tem que criar espaços comuns, e pro-curar fazer as coisas juntos, as coisas boas, porque senão fica só a parte chata, perde o vín-culo”, acha Dulce.

Aliviar o pesoPara finalizar a psicóloga aconselha que a mães aliviem um pouco o peso dos próprios ombros. “Acho fundamen-tal que elas se centrem em si mesmas, se conheçam e se fortaleçam nas suas próprias crenças. É preciso entender que apesar se ser fundamental na criação do filho, ela não é onipotente, não é única, não vai ser cem por cento deter-minante nesse filho. Tem que tirar o peso, entender que não é perfeita, que pode sentir raiva, medo, amor... Entender que tem limites, tem dificul-dades, se permitir respirar um pouco, e talvez, até conver-sar com os filhos sobre isso. A maternidade é um vínculo belo, e pode ser exercida com mais paz, mais felicidade e aceitação”.

Dulce Pinheiro, psicóloga. [email protected] Fones 48 3223 7404, 48 9608 1466.

Ser mãe, que papel é este?Reprodução

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ComportamentoTata, do blog Mamíferas (www.mamiferas.blogspot.com)

Muitas vezes, quando con-verso sobre criação de filhos, escolhas, caminhos, ouço argumentos do tipo: “ah, meus três filhos nasceram de cesárea e sobreviveram!”, “ah, meu filho não mamou nem um mês e taí, firme e forte!!”, “ah, eu apanhei dos meus pais quando criança e sobrevivi, não tenho traumas!!”, “ah, meus filhos comiam bala, pirulito, refrigerante à vontade e estão aí, vivinhos da silva!!”. Perco a vontade de discutir diante de um argumento des-ses, juro. Tão descabido, tão raso, tão simplório.Fico me perguntando: sobre-viver é o bastante? Na nossa vida diária de escolhas e deci-sões como pais e mães, nosso parâmetro deve ser apenas optar pelo que não causará lesões óbvias, permanentes e irreversíveis em nossos filhos? Devemos nos contentar em garantir que eles ‘sobrevi-vam’ às nossas escolhas e aos caminhos pelos quais os conduzimos?Sim, bebês nascem de cesáreas desnecessáreas e não morrem por isso. Bebês deixam de ser amamentados, vivem à base de chupeta e mamadeira, são afastados do colo e do cari-nho de suas mães desde muito cedo, e sobrevivem. Crianças são agredidas física e verbal-mente por seus pais e cui-dadores, e seguem vivendo. Crianças comem porcarias

a torto e a direito, adquirem péssimos hábitos alimentares que os perseguirão pela vida toda, e seguem aí, vivinhos da silva. Crianças são desrespei-tadas, negligenciadas, descon-sideradas a todo momento, e sobrevivem a tudo isso. Sim, é assim mesmo. Crianças são seres muito resilientes. Eles sobrevivem a quase tudo.Mas e daí? Isso é o bastante? Para mim, não. Eu não quero fazer escolhas às quais minhas filhas possam simplesmente ‘sobreviver’. Não, isso não me basta, eu desejo mais para elas. Eu quero fazer o meu melhor, e não me contento com nada menos do que isso. E não por-que elas corram riscos seríssi-mos de traumatizar-se para o resto da vida ao meu menor deslize ou descaminho, mas porque elas merecem mais do que o mínimo necessário à simples ‘sobrevivência’. Elas merecem que eu busque sem-pre as melhores opções, esco-lha os caminhos com critério, com consciência, com res-ponsabilidade. Elas merecem que eu opte, questione, reflita, e não siga agindo automati-camente, sem pensar, ape-nas porque, afinal, ‘ninguém morre por isso’.Acho fundamental que tenha-mos em mente que nossos filhos seguirão vivendo, cres-cendo, se desenvolvendo, sau-dáveis e felizes, mesmo que a gente não consiga fazer o ideal 100% do tempo (e alguém consegue??). Mas acho igual-

mente importante que a gente não transforme essa idéia em muleta, para se acomodar e deixar de dar o melhor de si a cada momento, porque afi-nal, seja como for, ‘eles vão sobreviver’.Eu não quero ser uma mãe perfeita, sei que erro, já errei e ainda vou errar muito, porque faz parte da caminhada. Mas meu coração está tranquilo, porque sei que todas as vezes que cometi um erro, foi pro-curando acertar. Sei que errei tentando fazer o melhor, e não por omissão, por desistência ou por achar que encontrar a melhor opção não fosse assim tão importante.E não me permito esquecer, nem por um instante, que todas as atitudes que eu tomo terão consequências, sim. Por-que todas as pequenas vivên-cias do dia a dia vão fazendo da criança o indivíduo que ela será, no futuro. Isso não sig-nifica neurotizar a convivên-cia e viver medindo palavras e atitudes a cada segundo, nem fazer da vida diária um ambiente milimetricamente planejado e controlado para evitar traumas futuros. Sig-nifica apenas estar consciente da responsabilidade que o papel de pais nos traz, a todo momento.Eu não abdico dessa respon-sabilidade. Porque para mim, sobreviver não é o bastante, nem nunca será. E pra você?

Sobreviver não é o bastante...Reprodução

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ComportamentoCaroline Cezar

É mais fácil ter filhos hoje em dia? Depende como se inter-preta a pergunta, tudo que é muito fácil fica superficial. Ter filhos, educá-los, e saber pelo menos o mínimo do que está fazendo, não é tarefa pequena. Junta-se a isso, as preocupa-ções atuais das mulheres, a jornada tripla, a profissão, os cuidados pessoais, o casa-mento: é bastante coisa e nenhuma delas “mamão com açúcar”. Também não precisamos fazer tempestade em copo d’água, tudo isso pode ser levado de forma natural, e quanto mais natural, menos difícil fica. O mundo moderno não traz só mais ocupações, hoje existe informação -até demais- sobre tudo que você tem dúvidas, quer saber se é certo, errado, duvidoso. Hoje existe espaço para desabafar, para ser ouvido e ouvir, ou pra tro-car figurinhas sobre temas de interesse. A maternidade é assunto frequente entre a tri-cotagem virtual, existem blogs e mais blogs para discutir a arte exclusivamente feminina. Mas sim, eles também par-ticipam, opinam, criticam e são criticados, elogiam e são elogiados, mas em propor-ção muito menor. As mulhe-res dominam e se abastecem com dicas preciosas e textos escritos com o coração, com a razão, ou com as duas ver-tentes. Se você é estreante, com um pouco de prática vai aprender a identificar o que é válido e o que é “besteirol” no

mundo dos blogs e sites.Um exemplo é o Mamíferas (www.mamiferas.blogspot.com), onde as autoras são fer-renhas defensoras dos partos naturais, da amamentação, do contato com a natureza e das coisas simples que engrande-cem a criação. O blog existe há dois anos e tem cerca de 500 visitas diárias, simpatizantes da “maternidade ativa”, como elas mesmas denominam. Esses dias uma delas, a Kathy (elas se identificam sempre pelo primeiro nome) postou as palavras-chaves que levam até o blog na pesquisa do Goo-gle. O texto está divertido e mostra um pouco das dúvi-das frequentes: “mamíferas”, “barbie”, “candidíase”, “febre”,

“leite secando”, “períneo”, e até “mães gostosas” e coisas do gênero. Existiam vários posts com os temas citados, o da Barbie é engraçadíssimo no início e toma um rumo emo-cionante da metade pra frente. De como nós, mães, nos vemos obrigadas a rever nos-sos conceitos. Uma reflexão.Outro exemplo é o “Crian-ças na Cozinha” (http://pat.feldman.com.br) que traz inúmeras receitas, além daquelas questões de “o que fazer quando a criança não quer comer, “será que é tão importante raspar o prato?”, “adoçantes na gravidez” entre outros. A autora, Pat Feldman, é culinarista e pesquisadora da gastronomia e nutrição infan-

tis e lançou o livro “A Dor de Cabeça Morre pela Boca”. Pat, que mora em São Paulo, diz que é adepta do movimento “slow food”, que prega que as pessoas devem se alimentar devagar e com prazer.Outro que segue essa linha é “Comer para Crescer” (...E ficar inteligente, forte e sau-dável...), assinado pelas jor-nalistas Monica Brandão e Patricia Cerqueira, de São Paulo, uma com 19 e outra com 15 anos de experiência no jornalismo (http://www.comerparacrescer.com). Na abertura, elas explicam que o blog “tem a missão de xere-tar muito sobre alimentação infantil, comentar pesquisas, entrevistar especialistas, além

de testar novos produtos e pôr os livros de alimentação infantil à prova com a ajuda de nossos filhos. Também vamos divulgar receitas para todas as idades e tirar dúvidas.”

Outro, “Meu projetinho de vida” (http://meuprojeti-nhodevida.blogspot.com) assinado por Roberta Lippi: “Como eu sei muito bem que a maternidade é um poço de dúvidas que começa na gra-videz e se estende por toda a vida, resolvi colocar aqui dicas que funcionaram comigo, experiências e também os anseios que vão chegando a cada nova etapa”, descreve.

As jornalistas Caroline Cezar e Luciana Zonta, de Balneá-rio Camboriú, também assi-nam um blog que reúne duas das suas (várias) paixões, a maternidade e as viagens. No Cria na estrada (www.cria-naestrada.blogspot.com) elas não falam só de ir para outros lugares, mas de “sair da caixa”, pode ser ir ali no jardim e colocar o pé na grama. De pausa e movimento, de con-vicções e reavaliações, de revi-são interna, todos os dias.

Há inúmeros outros espaços de discussão na web, e cada “internauta” vai se identifi-cando com o que fala a sua língua. Navegar não é preciso, mas que é gostoso e enrique-cedor é. Aliás, pode ser.

Navegando entre mães para ampliar conhecimentosReprodução

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Perfi lO que tem de mais difícil na nobre tarefa da maternidade?

“Bom, a parte mais difícil na minha opinião é o desapego! Para mim, é super difícil levar na escolinha, deixar com os avós e dar uma voltinha, ir no cinema, etc. sem estar vidrada no celular. Dá uma saudade... Fora aquele friozinho na barriga, o mesmo de quando a gente sabe que está esquecendo de levar alguma coisa quando sai de casa, mas não sabe o que é! Já dizia minha mãe: somente quando você for mãe, vai me entender! Isabella de C. Spillere Marquesi, 28, é mãe de Ian Spillere Marquesi, 11 meses.

“O fato mais marcante foi sentir meu corpo se transformar e crescer uma vida dentro de mim. Após a magia da gravidez nasce João

Gabriel, hoje com 25 anos. Ele é calmo, parece que veio ao mundo sem pressa, ao contrário da mãe. Trabalha desde os 14 anos, estuda, mora sozinho e ama seus cachorros, ele é o típico cara de bem com

a vida, porém mesmo tendo uma vida disciplinada e sendo super responsável, tenho muito medo que algo possa feri-lo.

Depois de ter meu fi lho, descobri a verdadeira intensidade do amor, é imensurável e indescritível, por isto não consegui ter mais fi lho,

porque na mesma proporção que sinto o amor, sinto medo deste mundo violento. Posso suportar a minha dor, mas morreria para

evitar a dele. Ser mãe é isto, cumplicidade e amor incondicional, em toda sua intensidade e plenitude.

Foi através da música de Beto Guedes que escolhi o nome Gabriel: ‘E é pra você e pra todo mundo que quer trazer assim a paz no

coração/ Meu pequeno amor/ E de você me lembrar/ Toda vez que a vida mandar olhar pro céu/ Estrela da manhã/ Meu pequeno grande

amor que é você Gabriel Pra poder ser livre como a gente quis/ Quero te ver feliz”. Claudineia da Costa Wolff (Zezé) ou Claudia

Wolff , (“desculpe-me mãe, mas Claudinéia ninguém merece”)é mãe de Gabriel, 25.

Mãe é o amigo mais verdadeiro que temos quando a difi culdade dura e repentinamente cai sobre nós; quando a adversidade toma o lugar da prosperidade; quando os amigos que se alegram conosco nos bons momentos nos abandonam; quando os problemas complicam-se ao nosso redor, ela ainda estará junto de nós, e se esforçará através de seus doces preceitos e conselhos para dissipar as nuvens de escuridão, e fazer com que a paz volte aos nossos corações.

Feliz dia das Mães

Washington Irving

Arquivo pessoal

Arquivo pessoal

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Perfil

“Sinto uma alegria imensa de ser mãe, como senti quando nasceram, quando foram crescendo e cres-

cendo curti cada momento da vida de cada um, alguns foram de tristeza, outros de apreensão, mas

muitos muitos mais de alegria, satisfação, orgu-lho... Achei lindo eles bebês, crianças, adolescentes

(deram muito pouco trabalho mesmo), jovens, agora adultos. Adorei todas as fases e acho mara-

vilhosa a fase em que estão agora, como sempre achei toda a existência deles. Sentir saudades deles

pequenos, não, eu vivi cada instante e fico feliz hoje vendo o que cada um se tornou, pessoas de

bem, solidários, alegres, têm um gosto especial pela vida e pelos outros, que posso pedir mais? Que vou

fazer se sinto que sou a mãe mais feliz do uni-verso!? Julia del Valle Manez, 53, mãe de Denis,

35, Alessandra, 32, e Allan, 22. Na foto com o pai de seus filhos Claudio e a neta Isadora.

“Impossível expressar o que é ser mãe, ao mesmo tempo que surge uma explosão de amor, surge também milhões de dúvidas, inseguranças e medo, só sendo uma para saber o que é isso.

O meu maior dilema desta jornada está sendo ter que falar o que é certo ou errado sobre alguns assuntos para minha filha. Oras, eu não sei o que é certo, e principalmente o errado, eu sempre critiquei o julgamento e as imposições de verdades absolutas, mas também concordo com a impor-tância de dar parâmetros, falar para minha filha das minhas experiências e conclusões, para que através delas, ela possa pensar e chegar a suas próprias verdades. O meu grande desafio é saber diferenciar a sutileza entre dar parâmetros e impor a minha forma de ver o mundo, por isso me policio sempre, para não ser uma mãe que esquece que o filho tem personalidade e vontade própria”. Luciana Marinho Dutra Cruz é mãe de Vitória Dutra Cruz, 4.

Arquivo pessoal

Arquivo pessoal

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08 Balneário Camboriú . maio . 2010 mulhermulher suplementopágina3

PerfilQual a maior dificuldade da maternidade?

Arquivo Pessoal

“Há certos momentos em que o mais difícil em ser uma boa mãe é ponderar entre o que é certo e o que é fácil. As situações do dia a dia somadas à rotina de trabalho, estresse no trânsito e outros fatores que alteram o nosso humor de alguma forma, podem acabar prejudicando essa análise. Quem é que nunca se perguntou se não é mais fácil ceder e dar ao filho o que ele pede em vez de elaborar um brilhante discurso e convencê-lo do contrário? Eu mesma vivo situações como essa hora ou outra, mas acabo me convencendo de que nada substitui o diálogo.

Saber dizer não contribui para o amadurecimento do ser humano. Quando a criança lida com esse tipo de frustração na infância, ela torna-se mais forte para enfrentar situações semelhantes na fase adulta. Acho que esse é o maior dilema das mães, saber dizer não na hora certa. Afinal, quando é certo? Aqui acredito que só o bom senso pode ajudar. Mesmo assim, o excesso de zelo, de carinho e de amor pode prejudicar nossa percepção e, quando menos percebemos, erramos no julgamento.

Mas ainda assim, com o cansaço de um dia duro de trabalho, correndo o risco de errar, nada subs-titui o papel de uma boa mãe. Por isso, eu sou uma mãe presente e me orgulho disso.”

Aline Patrícia Polheim da Silva Altmann, 31, é mãe de Maria Eduarda Altmann, 10 anos.

Nem sei por onde começar... eu me separei em 1991 a Narjara tinha 3 anos e meio. Morava em Blumenau, aí vim morar com meus pais aqui no Estaleirinho. Muitas vezes quando che-gava em casa à noite ela já estava dormindo, ao beijá-la, sonolenta e com olhos fechados, ela me abraçava e dizia ‘mãe eu te amo!’ Estas palavras ditas naquela noite ficaram gravadas no meu coração, e é por elas que eu vejo sentido na vida. Amar um filho é expressão máxima do sentido Amor! Foi quando eu entendi o verdadeiro sentido da palavra, foi minha filha que me ensinou amar sem reservas. E desde aquele período muitas formas de amar aconteceram na minha vida!

Educá-la sem medo do futuro, é uma insegurança eu diria...mas prepará-la com humildade, sem preconceitos de quaisquer formas, distinção de classes, na espiritualidade, no respeito ao próximo, com toda a insegurança do dia a dia, só confiando em Deus.

Também foi complicado dividir a atenção com ela, e meu trabalho voluntário que começou no ano de 2000 e segue até hoje. Me sinto realizada como mãe... ela não possui vícios, faz faculdade, trabalha e é uma pessoa de luz...muito sensível, amorosa e muitas qualidades.

Yalva Regina Wamser, 47 anos , mãe de Narjara Yabrude Wamser, 22 anos.

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PerfilCaroline Cezar

“Eu não vejo como uma dificuldade, é mais uma pre-ocupação que a gente tem, sobre as escolhas que eles

fazem, o caminho que vão seguir... a gente se preocupa, mas também não pode interferir demais... Agora, se for

para falar em dificuldade, eu diria que o que passamos com o Figue, com a doença dele (Figue ficou internado quase um mês na UTI com uma bactéria grave), foi até mais difícil de que quando ele perdeu a visão. Porque,

claro, quando aconteceu o acidente foi doloroso pra todo mundo, mas ele não corria risco de morte. E dessa

vez (faz um ano e meio), ele quase foi... Ess é uma dor que não dá nem para imaginar.

Mas sou compensada todos os dias com os dois filhos, temos um relacionamento bom, nós conversamos

bastante. Eu como mãe acho sempre que devia estar fazendo mais, mas o Figue é muito decidido, esses dias

ele me ligou de tarde, numa hora bem sem graça, e disse: - Ah mãe, eu esqueci de te falar que vou para El

Salvador. - Como? Mas Figue, El Salvador é na América Central!! - É, é esse mesmo.

E nem adianta argumentar, não é fácil eu fico com o coração na boca, mas ao mesmo tempo incentivo, que

ele vá, que ele suba montanha, que ele pegue onda...porque agora a gente está aqui, um dia não vamos mais

estar.... essa é a lógica, e devíamos sempre criar os filhos pensando nisso, para que eles possam andar sozinhos. Margarida é mãe de Figue e Claudio, e avó de Joana e

Nalu (na foto).

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Perfi lTrês fi lhas em quatro anos

Três fi lhas em quatro anos. Nelissa Fischer, é mãe da bebê Agar, de 2 meses,

Sara, 3 anos e Atara, 4, além de já ter criança em casa: Cristofer, 9, seu enteado.

Disse que as coisas foram acontecendo e agora ela dedica todo tempo para as

crianças e a casa, “que é bastante coisa”.“Dá trabalho, mas é maravilhoso perce-

ber o amor e o companheirismo delas, mesmo tão pequenas”. Por enquanto,

nem pensar em trabalhar fora, mas Ne-lissa diz que “com certeza” pensa nisso; guia de turismo, pretende trabalhar na

área de transportes. “Mas ainda é muito cedo, agora não seria possível, cada uma

delas exige um cuidado específi co e eu sou uma só né”, comentou, encerrando a entrevista para atender um choramingo.

Fotos arquivo pessoal

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11Balneário Camboriú . maio . 2010mulhermulhersuplementopágina3

A Univali em Itajaí reserva um espaço especial para os filhos de universitárias e funcioná-rias da universidade ficarem durante o período noturno. Enquanto as mães estudam ou trabalham, os pequenos (entre 4 e 11 anos) ficam sob os cui-dados da professora Silvana Rebelo Lima e uma estagiária de psicologia.

O serviço é gratuito e a única restrição é que as mães podem escolher três dias na semana, uma espécie de rodízio para contemplar a demanda. “Ao invés de deixar o filho cinco dias com uma babá ou parente, por exemplo, pode deixar só dois. Eles brincam muito com jogos, não faço atividades como em sala de aula, até porque já estudaram durante o dia”, diz Silvana, que cuida diariamente cerca de 25 crianças.

A professora se dedica bas-tante aos ‘alunos’, desenvolve pequenos projetos e até home-nageia pais e mães em datas comemorativas, como Páscoa, Natal, Dia das Mães, etc. É uma escolinha de brincar. Para participar é preciso preencher uma ficha com informações do responsável e da criança e entregar direto no local, das 18h30 às 22h30, anexo ao CAU. Contato 3341-7500.

Brinquedoteca para os pequenos enquanto as mães estudam

Dia a diaDivulgação

Outros lugares que oferecem um “guardador” para as criançasÉ cada vez mais comum que espaços de convivência ou serviços ofereçam às mães um espaço para que os filhos fiquem enquanto essas estão ocupadas.Nos supermercados Angeloni há bastante tempo funciona o “Cantinho das Estrelas”, uma sala equipada com TV, filmes, desenhos para colorir e outros passatempos para que os pais possam deixar as crianças por um curto espaço de tempo. Existe um limite de idade.No Balneário Camboriú Sho-pping funciona o “Toy Park”, para crianças de zero a oito anos. O local conta com área Baby Toy , playground, eletrônicos interativos e Cine Toy, com exibição de longas metragens, animações e desenhos conforme a faixa etária.A diferença nesse caso é que o serviço é pago, por tempo de permanência da criança no espaço.

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SaúdeMárcia Wirth

Os padrões tradicionais da maternidade vêm sendo gra-dativamente reformulados, a experiência não implica mais em dedicação exclusiva. Mesmo em meio a tantas mudanças sociais, o desejo e o prazer de ser mãe continuam como um elemento presente e marcante na estrutura de rele-vâncias femininas.O adiamento da gravidez é uma escolha muito comum das mulheres, nos dias de hoje. O número de grávidas ou mulheres tentando engravidar na faixa entre 30 e 40 anos tem aumentado nos últimos anos. Pelo menos 20% das mulheres aguardam até os 35 anos para iniciar uma nova família. São muitos os fatores envolvidos na decisão de adiar a materni-dade: a estabilidade profi ssio-nal, a espera por um relacio-namento estável, o desejo de atingir segurança fi nanceira, ou, ainda, a incerteza sobre o desejo de ser mãe.“Entretanto, é importante alertar estas mulheres sobre as consequências desta decisão: a idade pode afetar a capaci-dade de conceber. É também importante informá-las sobre os tratamentos disponíveis que podem ajudá-las a engra-vidar, quando elas decidirem que o melhor momento che-gou”, afi rma o ginecologista e obstetra Aléssio Calil Mathias.Segundo o IBGE, o acesso mais fácil a métodos contra-ceptivos, os custos elevados necessários para a criação de uma criança e a inserção da

mulher no mercado de traba-lho provocaram a redução do número de fi lhos. Essa rea-lidade se evidencia na queda da taxa de fecundidade, que declinou de 2,7 fi lhos em 1992 para 2,4 fi lhos em 2002.A queda na fertilidade femi-nina com o avanço da idade é um fato biológico. Estima-se que a chance de gravidez por mês é de aproximadamente 20% nas mulheres abaixo de 30 anos, mas de apenas 5% nas mulheres acima dos 40. Mesmo com os tratamentos como a fertilização in vitro, a fertilidade diminui e as chan-ces de um aborto espontâneo aumentam após os 40. “Há várias explicações para esse declínio de fertilidade: con-dições médicas, mudanças na função ovariana e alterações na liberação dos óvulos pelos ovários”.A mulher de 40 anos também tem mais chances de apre-sentar problemas ginecológi-cos, como infecções pélvicas e endometriose, que podem diminuir a fertilidade. Exa-mes de fertilidade podem ser requisitados para diagnos-ticar algumas dessas condi-ções. Embora a maioria dos esterileutas recomende que os casais tentem a gravidez por pelo menos doze meses antes de procurarem ajuda médica, mulheres acima dos 40 anos podem realizar esses exames a qualquer momento.

Por que as chances diminuemA queda nas chances de engra-

vidar, em mulheres, acima de 40 anos, é mais frequente devido às mudanças naturais que ocorrem nos ovários.Aos poucos, o ciclo menstrual vai se tornando menor e, even-tualmente, os ovários podem não liberar óvulos, resultando em um ciclo sem ovulação. Além disso, os hormônios - estrógeno e progesterona - são críticos para o desen-volvimento normal do endo-métrio, onde o embrião deve se fi xar para se desenvolver. “Uma redução nos hormônios dos ovários, que acontece em decorrência da idade avan-çada da mãe, também contri-bui para diminuir as chances de gravidez”, observa Aléssio Calil Mathias.

O relógio biológico em açãoÀ medida em que a mulher envelhece, os óvulos remanes-centes também envelhecem, tornando-se menos capazes de serem fertilizados pelos esper-matozóides. Outro fator a ser ponderado é que a fertilização desses óvulos está associada a um risco maior de alterações genéticas. Quando os óvulos com pro-blemas cromossômicos são fertilizados, eles têm uma possibilidade menor de sobre-viver e crescer. Por essa razão, mulheres que já passaram dos 40 anos têm um risco aumen-tado de abortos espontâneos também.As taxas menores de gravi-dez em mulheres acima de 40 são, em grande parte, devidas

ao aumento de óvulos com problemas cromossômicos. Nos tratamentos de reprodu-ção assistida, por exemplo, quando óvulos são coleta-dos em mulheres de 20 a 30 anos, fertilizados e coloca-dos no útero de uma mulher com mais de 40, suas chances de gravidez aumentam, são maiores do que se ela tivesse utilizado seus próprios óvulos.“O sucesso no emprego das técnicas de doação de game-

tas confi rma que a qualidade do óvulo é uma barreira fun-damental à gravidez para as mulheres mais velhas. Embora, hoje, a idade não se constitua numa barreira intransponível à gravidez, qualquer tratamento de infer-tilidade, exceto a doação de gametas, terá menos sucesso, em mulheres acima de 40 anos”, diz o ginecologista Aléssio Calil Mathias.

Mães depois dos 40, é possível e mais seguro hoje em dia

Vereadores:Moacir Schmidt,Fabrício de Oliveira,Dão Koeddermanne João Miguel (Tatá).

Neste dia tão especial, os

Vereadores da bancada do

PSDB na Câmara de

Balneário Camboriú,

prestam sua homengem

para todas as mães,

desejando-lhes muitas

felicidades e alegrias.

Vereadores:Moacir Schmidt,

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Bem estarÉ preciso sensibilidade e per-cepção para identificar o momento de fazer escolhas, que resultam sempre em abrir mão de alguma coisa. Há bastante tempo no mer-cado de trabalho, a diretora de marketing Catherine Feix pas-sou por isso há pouco tempo. “Foi a decisão mais difícil da minha vida, mas estou muito satisfeita e com a certeza que fiz a escolha certa, está sendo muito bom pra mim e para ela também”, contou a mãe de Laura, 1 ano e 3 meses, sobre a decisão de largar a profissão para se dedicar à maternidade.Profissional da área da comu-nicação, sempre com muito trabalho a fazer, Catherine, 34, passou a gravidez -de risco- trabalhando até o último dia, e quando Laura nasceu, ela descansou um mês e já voltou à ativa. A mãe dela ajudava a cuidar da bebê, mas com o passar dos meses, Cathe-rine foi se sentindo cansada, estressada e insatisfeita com o trabalho, coisa que nunca tinha acontecido antes.“Quando comecei a olhar escolinhas pra ela, me deu um clique, percebi que tinha que fazer uma escolha, que assim não dava mais para continuar, não estava legal”, contou.Catherine diz que sentiu o jul-gamento das pessoas quando anunciou sua decisão, “me olhavam como se eu estivesse retrocedendo, cometendo uma atrocidade, mas no momento

é isso que eu preciso, ser mãe em tempo integral”.

Ela acha que essa não é uma decisão definitiva, mas por

enquanto, se sente plena. “Estou bem mais cansada, porque a pequena é um fura-cão, não pára um minuto, mas estou cansada e feliz, é dife-

rente. Nós vamos na praia, passear, faço o almoço dela, estou ali vivendo esse tempo que não vai voltar, o meu conhecimento eu não perco.

Ter essa filha foi a melhor coisa que podia ter feito, ela me revelou valores que eu não sabia que tinha”, encerrou. Catherine.

Quando é preciso repensar a vidaArquivo pessoal

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OpiniãoLuciana Zonta

De repente, a vontade. Ela sempre esteve ali, mas fi cava guardada numa caixinha dou-rada, destas que a gente cos-tuma esquecer no fundo do guarda-roupa e só se lembra quando faz faxina de Natal. Um acidente de carro, a vida em um segundo, o formato das nuvens. Pronto, quero ser mãe. E se sairmos todos vivos daqui, a hora será agora. Seis meses de tentativas e lá estava ele: o positivo em negrito, no papel branco da clínica. Lá vem ela, a vida, formando perninhas, bracinhos, esque-leto, tudo aqui dentro em 41 semanas.E então a vida nasce. Sim, vem embrulhadinha no lençol azul claro, chorando (muito) para então se aquietar quando sente o cheiro mamífero. A partir dali, tudo estava mudado. E as duas horas na sala de recu-peração pós-parto não servem para nada mais do que para se perguntar um milhão de vezes, como um mantra insis-tente e silencioso: “você tem noção de como fi cará a sua vida e o seu coração quando pegar aquele bebê no colo? Você NUNCA mais estará sozinho. Entende isso? O peso disso? A leveza disso? A mara-vilha disso? A loucura disso?”.E lá vem ele, de roupinha nova e cheirosa, sedento por peito e por minhas energias. Dois dias depois, tchau para enfer-meiras. E oi para a vida real. Peitos inchados, entupidos de leite, madrugadas de mama-das e febre alta. Sessões de

choro embaixo do chuveiro, de botar os bichos para fora, sem entender muito bem a profu-são de hormônios que, unidos ao cansaço, te deixam zonza, vulnerável, quase depressiva. Ser mãe é um processo lento, surreal. E logo se percebe que ser mãe leva tempo. E eu que pensava que os nove meses de barriga eram sufi cientes. São necessários pelo menos mais três ou quatro apenas para absorver.E então esta vida cresce, abre sorrisos mais lindos deste mundo, faz carinho no peito,

aprende a falar mamã, papá, inspira amor, ilumina o ar que respiramos. E você então nem se lembra mais como era sua vida sem aquele pequeno ser ao seu lado, te olhando e te ali-mentando de infância. Ele faz um ano, engatinha, caminha, manda beijo, pede colo, vira indivíduo. E nós, de indiví-duo, viramos coletivo.Onde vamos comer? Terá comida para o bebê? Que horas vamos à festa? Leva roupa extra. Leva fralda extra. Leva brinquedo extra, leva saúde extra. Outro dia, pé

na estrada. Vamos desbravar o mundo, olhar a vida com olhos atentos, sair da toca, abrir a janela e ver o sol nascer. Li-te-ral-men-te. Que delícia mostrar a vida para esta nova vida. Que delícia passar valo-res, histórias e emoções, mas com a consciência de que des-cendentes não são necessaria-mente iguais. Podem também ser diferentes. Aqui em casa, o caminho ainda está bem no começo. Um ano e dois meses de experiên-cia ainda é casca de ovo para uma média de vida de 80 anos.

Quanta coisa ainda há por vir. Com quantos “mamãe, como nascem os bebês?” me depara-rei. Quantos “nãos”, quantos “sim”, quantos “talvez” e mais um monte de “não sei” ainda terei que dizer nos próximos dois, cinco, dez, vinte, trinta anos. Quantas sabedorias (e burrices) eu tirarei da minha própria cartola mágica. Ser mãe leva tempo. Talvez uma vida inteira. Até fi car prontas. Ficamos prontas um dia?Luciana Zonta é jornalista, mãe de Davi, 1 e entre outras coisas escreve o blog Cria na Estrada.

Nove meses? Uma vida inteira

dia das

09 de maioMÃES CÂMARA DE

VEREADORESBalneário Camboriú

Arquivo Pessoal

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LazerO destino de Liliane Pio Cavalheiro (à esquerda na foto, com a filha Rafaela) é viver na praia. Há 26 anos casada com Ícaro Cavalheiro, conheceu o marido na beira mar e passou boa parte desse tempo o acompanhando em campeonatos Brasil afora. Levava os filhos bebês a tira-colo, e diz que sempre gostou da praia. Apesar de nunca ter se aventurado em cima de uma prancha sabe tudo sobre o esporte, Ícaro foi atleta por muitos anos e hoje é juiz do campeonato mundial, o que o leva a viajar bastante. Liliane participa, mas também cuida da retaguarda, casa, profissão e filhos na escola, na cidade onde moram. Continua fre-quentando a praia central e os campeonatos locais, agora acompanhando a filha Rafa-ela, 12. “É legal porque a gente reencontra muitas pessoas que a gente andava na juven-tude, que agora estão trazendo os filhos, acompanhando. É um ambiente sadio, sempre gostei da praia, e a Rafa virou surfista por opção, eu acho o máximo”, diz Lili.Ela conta que muita coisa mudou da sua época de menina. Naquele tempo, o surfe era visto como coisa de desocupado e maconheiro, o que fez o pai resistir muito tempo ao namoro. Também não era comum meninas sur-farem de prancha e o diálogo é mais aberto. “São outros tempos, acabou o preconceito com o surfe e com o feminino, e entre mães e filhos existe mais conversa, mas tem coisas

que o meu lado careta ainda é bem forte, costumo falar para os dois filhos, tanto o menino quanto ela, que é preciso valo-rizar o corpo, é muito legal beijar, transar, mas é uma coisa muito íntima e pessoal, hoje á tudo tão fácil, eu não concordo, acho que a intimi-dade tem que ser preservada”.

Juntas na águaCristiane Sodré, a Titi (à direita na foto) também está revendo um filme conhecido, acompanha Vitória, 13, que depois de passar por vários esportes, mergulhou no surfe. Titi, 37, surfa desde menina de bodyboard, e até hoje se aven-tura em cima de alguma pran-cha que está dando bobeira na areia. Esportista nata, diz que não influenciou em nada na opção da filha pelas remadas. “Mas claro que eu acho muito legal, é bom morar numa cidade onde os costumes da nossa geração se repetem, agora a nossa turma está na água com os filhos”.Ela acha que além de ser um esporte benéfico fisicamente, o surfe tem a questão de apro-ximar da natureza. “É um ambiente que eu adoro. E acho que fica mais fácil de perce-ber o que está acontecendo, porque o nosso vínculo fica forte, diminui o espaço entre a gente, é um mundo que conheço e domino muito bem, então facilita bastante nosso diálogo, nossa proximidade, que costuma ficar prejudicada nessa fase de adolescência”, disse Titi.

“Praia é comigo mesmo”Praiana desde sempre Gra-ziela Schumacher (no centro com a filha Bárbara, 14) apóia a escolha da filha pegar onda. “Acho que isso veio mais do pai, que é louco pelo surfe, mas eu também sempre curti esporte, e quando me dedico, mergulho de cabeça, então é um pouco de cada mesmo”.Grazi diz que a filha frequen-tou campeonatos de surfe “desde sempre”, mas agora ela passou para o outro lado, de quem está disputando dentro da água, em vez de só ficar assistindo na areia.

Duas gerações de garotas de praiaCaroline Cezar

Lili e Rafa, Grazi e Bárbara, Titi e Victória: duas gerações do surfe que se encontram na beira do mar.

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