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DIAS MELHORES CAPÍTULO 06 MEGAPRO

Dias Melhores CAPÍTULO 06

NOVELA DE

VITOR ABOU

DIREÇÃO DE

LUCAS LUCIANO

WESLLEY VITORITTI

PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO

BELA JADER TATO

BETE LAURO TECA

CLEISON LEOCÁDIA TIAGO

DÉBORA LUMA TÚLIO

GIOVANE MEIRE VALTER

HENRY MIRNA VICENTE

IEDA SOL VITÓRIO

IRACI TAÍS VIVIAN

Esta é uma obra de ficção baseada na livre criação artística e sem compromissos com a

realidade. Todos direitos reservados ao autor.

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CENA 01/ LIVRARIA LIVRONÁTICOS/ DIA/ INT.

CONTINUAÇÃO IMEDIATA DO CAPÍTULO ANTERIOR. VITÓRIO E ISADORA SE CUMPRIMENTAM COM AS MÃOS. ELES TROCAM OLHARES, FIXA E INTENSAMENTE.

ISADORA — Já tá tudo praticamente pronto. Você… O senhor já quer testar o som?

VITÓRIO — Eu pareço tão velho assim?

ISADORA — Não.

VITÓRIO — Ai, que bom. Então não precisa chamar de senhor.

ISADORA — (sem graça) Tudo bem. Vamos checar o som?

VITÓRIO — Só se for agora. (ri)

VITÓRIO E ISADORA CAMINHAM EM DIREÇÃO ÀS CAIXAS DE SOM. ELA ENVERGONHA, ELE, SORRIDENTE. CORTA PARA/

CENA 02/ HOSPITAL/ QUARTO/ DIA/ INT.

LÍGIA DEITADA, DORMINDO.. PÂMELA SENTADA NUMA POLTRONA AO LADO, LENDO UM LIVRO. CAM SE APROXIMA DE LÍGIA, ABRINDO OS OLHOS, LENTAMENTE. PÂMELA PERCEBE E SE LEVANTA LOGO.

PÂMELA — Lígia, Lígia, tudo bem?

LÍGIA — Que que aconteceu?

PÂMELA — Sua pressão caiu ontem. Você lembra?

LÍGIA — Ah, então não era um pesadelo, né?

PÂMELA — O quê?

LÍGIA — Que eu tô inválida pra sempre.

PÂMELA — Não é bem assim, Lígia.

LÍGIA — (irônica) Tá bom, Pâmela, tá bom. Vou até sair daqui e fazer uma maratona.

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PÂMELA — Não se machuca assim.

LÍGIA — Eu que tô me machucando? Um louco que me ferrou pra sempre, naquela estrada.

PÂMELA — Os médicos tão bem otimistas com a fisioterapia.

LÍGIA — Como se fosse fácil…

PÂMELA — E você vai desistir? Já vai fraquejar?

LÍGIA — Não. (T) Claro que não. (T) E o Heitor? Onde ele tá que até agora não falou comigo?

PÂMELA — O Heitor tá em outro andar.

LÍGIA — Por quê?

SILÊNCIO.

LÍGIA — Responde, Pâmela. Por quê?

PÂMELA — Ele ainda tá passando por uns exames, mas tá bem.

LÍGIA — Quero ver ele. Quando vou poder?

PÂMELA — Tenho que perguntar pro doutor, Lígia. Mas ele tá bem. Fica tranquila.

LÍGIA — Tá bom. Já que você diz...

PÂMELA ALIVIADA. CAM VAI SE AFASTANDO. CORTA PARA/

CENA 03/ MUNIZ EDITORIAL/ SALA DE IEDA/ DIA/ INT.

TIAGO E IEDA EM PÉ, IRRITADOS. LUMA ENTRA, CABISBAIXA.

LUMA — Licença, dona Ieda. Me chamou?

IEDA — (ríspida) Chamei sim! Eu quero é saber que raio de chá é esse que cê fez.

LUMA — (cabisbaixa) É chá preto, dona Ieda, o que a senhora gosta, né.

IEDA — Mas o que você colocou nele?

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LUMA — Os ingredientes de sempre.

IEDA — Então por que eu e o meu filho não paramos…. Você sabe.

LUMA — Ham? Sei não, dona Ieda.

IEDA — (baixo) Pum!

LUMA — Ah, então são vocês! Bem que eu achei o cheiro aqui bem podre mesmo.

IEDA — Olha a respeito!

LUMA — Desculpa. Mas eu não sei explicar.

TIAGO — Só pode ter sido laxante!

IEDA — Confessa, infeliz! Você colocou laxante na bebida, não foi?

LUMA — (com medo) Não, não. Não botei nada não.

IEDA — CONFESSA, LUMA!

LUMA — Não botei laxante não.

TIAGO — Só pode ser laxante, mãe.

IEDA — Vamos conferir lá na copa.

LUMA — Cês tão desconfiando de mim, é isso?

IEDA — Querida, a gente não tá com o nosso estômago assim do nada não!

LUMA — Mas eu não fiz nada.

TIAGO — Isso a gente vai ver agora.

IEDA E TIAGO SAEM DA SALA. LUMA VAI ATRÁS, ENVERGONHADA. CORTA PARA/

CENA 04/ CASA DOS SIQUEIRA/ SALA/ DIA/ INT.

HENRY DEITADO DE BRUÇOS NO SOFÁ. GRACIMARA MASSAGEANDO SUAS COSTAS.

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HENRY — Mais pro meio, moranguinho.

GRACIMARA — Cê tá mandão hoje hein, meu cajuzão.

HENRY — (ri) Sempre.

GRACIMARA PEGA UM HIDRATANTE E O ESPALHA NAS COSTAS DE HENRY.

HENRY — (satisfeito) Ai, agora sim. (T) Moranguinho, eu te falei o que a Vivian fez com o Elói ontem de noite logo depois que cê saiu?

GRACIMARA — Não. O que foi?

HENRY — Ela chamou o menino de Bambi, gritou com ele falando que não queria ter filho viado,...

GRACIMARA — Ai, que coisa horrorosa. O menino tem 8 anos. Nem deve saber direito o que é isso.

HENRY — E ele ficou tão triste. Algumas horas eu fico pensando se a Vivian é realmente minha filha.

GRACIMARA — Que coisa complicada. Mas você conversou com a Vivian, amor?

HENRY — Não. Ela foi pro quarto dela toda irritada…

GRACIMARA — Olha, se ela pelo menos fingisse que gosta de mim, eu até tentava me meter, mas acho melhor não, né.

HENRY — Melhor não.

IRACI ENTRA, COM UM COPO D’ÁGUA NA MÃO.

IRACI — Licença, seu Henry. Está na hora do seu remédio.

HENRY — Obrigado, Iraci.

HENRY SENTA-SE. IRACI ENTREGA PARA ELE O COPO E UM COMPRIMIDO. ELE TOMA O COMPRIMIDO E BEBE A ÁGUA.

IRACI — Desculpa me meter, mas já me metendo, eu acabei ouvindo que cês tavam falando do Elói. E eu percebi esses dias, seu Henry, que o Elói não tem comido direito. A merenda dele tem voltado. Eu até tentei falar com a dona Vivian, mas ela vive correndo de um lado pro outro.

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HENRY — Jesus amado! Obrigado, Iraci. A Vivian anda muito diferente.

IRACI — Também acho. Eu tô aqui desde que ela era uma menininha, já vi muita coisa, mas ela tá meio estranha esses dias.

HENRY — Acho que é por causa do trabalho.

IRACI — Pode ser. Agora com licença. Vou voltar pra cozinha.

HENRY — Obrigado. Pode ir, Iraci.

IRACI SAI. HENRY E GRACIMARA SE OLHANDO. CORTA PARA/


CONTINUAÇÃO DA CENA 01. VITÓRIO E ISADORA CAMINHANDO EM DIREÇÃO À SAÍDA.

ISADORA — Então tá tudo certo?

VITÓRIO — Tudo! O espaço aqui é ótimo.

ISADORA — Que bom que gostou. O evento vai ser um sucesso.

VITÓRIO — Com certeza! Obrigado pela ajuda aí.

ISADORA — Que nada. Foi um prazer.

VITÓRIO — Até amanhã.

ISADORA — Tchau. Até amanhã.

VITÓRIO SAI. ISADORA PARADA, OBSERVANDO-O. TAÍS CHEGA POR TRÁS DE ISADORA E ENCOSTA EM SEU OMBRO.

ISADORA — (assusta-se) Ai!

TAÍS — (ri) Ih, tá se assustando fácil assim, Isadora?

ISADORA — Não. É que…

TAÍS — Você tava de olho nesse Vitório né. Igual uma estátua.

ISADORA — Besteira sua. Nada a ver.

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ISADORA AFASTA-SE, VOLTANDO AO BALCÃO, CABISBAIXA. TAÍS RINDO. CORTA PARA/

CENA 06/ PONTO DE TÁXI/ RUA/ DIA/ EXT.

VITÓRIO EM FRENTE À PLACA DO PONTO DE TÁXI. VÁRIAS PESSOAS ANDANDO AO REDOR, ALÉM DE CARROS. UM TÁXI VEM SE APROXIMANDO. ELE ACENA. O TÁXI PARA. TECA ESTÁ DIRIGINDO.VITÓRIO ENTRA NO TÁXI. CORTA RÁPIDO PARA/

CENA 07/ TÁXI/ DIA/ INT.

TECA NO BANCO DO MOTORISTA, DIRIGINDO. ELA LIGA O TAXÍMETRO. VITÓRIO SENTADO NO BANCO TRASEIRO.

TECA — Boa tarde. Pra onde vamos?

VITÓRIO — Pro condomínio Dente-de-leão.

TECA — Sei onde é. Tá bem da grana, hein. (ri)

VITÓRIO — (envergonhado) Na medida do possível…

TECA — Pô, se morar lá é estar na medida do possível… (ri) (T) Mas o que cê faz?

VITÓRIO — Trabalho numa editora de livros.

TECA — Ai, que legal! Adoro ler.

VITÓRIO — Poxa, maneiro. Eu tava agora na livraria Livronáticos. Amanhã vou estar num evento aqui.

TECA — Ain, não acredito! Minha irmã é gerente da Livronáticos.

VITÓRIO — Sério? É Leo… Leocádia, né?

TECA — Isso. Ela é minha irmã mais nova.

VITÓRIO — Ela sempre acolhe a gente da Muniz muito bem.

TECA — Ela é meio doida, mas tirando isso é ótima. (ri)

VITÓRIO — (ri) Percebi. (T) Mas cê trabalha com táxi há muito tempo? Não tinha te visto antes. E olha que eu ando bastante de táxi.

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TECA — Não, não. Faz poucos dias que comecei. E o senhor? Tá na Muniz tem muito tempo?

SILÊNCIO. VITÓRIO MEXENDO NO CELULAR. CAM SE APROXIMA DO CELULAR. ELE VÊ IMAGENS DE ISADORA NUMA REDE SOCIAL.

TECA — Oi?

VITÓRIO — Ai, desculpa. Me distrai.

VITÓRIO AINDA MEXENDO NO CELULAR. FADE OUT. CORTA PARA/

CENA 08/ MUNIZ EDITORIAL/ COPA/ DIA/ INT.

IEDA E TIAGO EM FRENTE À CAFETEIRA. LUMA AO LADO, CABISBAIXA. MEIRE E CLEISON MAIS AFASTADOS, OBSERVANDO.

IEDA — Antes que eu tenha que vasculhar isso aqui, vou perguntar mais uma vez: você colocou algum maldito laxante no meu chá, sua rolha de poço?

LUMA — (chorando) Não, não.

IEDA — Então, tá bom. Já dei algumas chances.

IEDA E TIAGO ABREM AS GAVETAS E PORTAS DOS ARMÁRIOS. NÃO ENCONTRAM NADA. ELES SE ENCARAM.

LUMA — Viram? Não tem nada? Essa marca de chá que deve ser ruim.

IEDA — Fica quieta!

TIAGO — Já sei, mãe! O lixo.

TIAGO ABRE A TAMPA DA LIXEIRA. ELE DESPEJA O LIXO NO CHÃO. IEDA E TIAGO OLHANDO O QUE ESTÁ NO CHÃO. IEDA ABAIXA-SE E PEGA UM FRASCO DE VIDRO.

IEDA — (lê) Picossulfato de sódio/

TIAGO — Que que isso?

IEDA — Vulgo laxante.

LUMA AJOELHA-SE E COMEÇA A CHORAR.

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LUMA — Não! Não! Não! Não fui eu, dona Ieda. Deve ter sido a dona Vivian. Ela quer me ferrar.

IEDA — Você é a responsável pelo meu chá. Por isso, você tá na rua. Por justa causa.

LUMA — Eu te imploro, dona Ieda. Eu não fiz isso. Armaram pra mim.

IEDA — Para de mico. Levanta logo desse chão e arruma seus tralhas. Não quero te ver mais nesse prédio. RUA!

IEDA FURIOSA. CLOSE EM LUMA, CHORANDO, TRISTE. CORTA PARA/

ABERTURA

CENA 09/ MUNIZ EDITORIAL/ COPA/ DIA/ INT.

CONTINUAÇÃO DA CENA 08. LUMA ESTIRADA NO CHÃO, CHORANDO. IEDA SAI. TIAGO E CLEISON VÃO ATRÁS. MEIRE APROXIMA-SE DE LUMA.

MEIRE — Ai, Lumão. Fica assim não. Vão aparecer boas oportunidades.

LUMA — Meirinha, eu não fiz isso.

MEIRE — Eu sei, eu sei. Tenho certeza que não foi você.

LUMA — (sorri) Então você acredita em mim?

MEIRE — Com certeza.

LUMA PUXA MEIRE PELO VESTIDO. MEIRE CAI EM CIMA DE LUMA E LEVANTA-SE RAPIDAMENTE.

MEIRE — Mas é de um abuso, hein. É só a gente ser um pouquinho mais simpática que já vem se aproveitar, né, Lumão. Vá arrumar outra mulher pra colar velcro com você.

LUMA — Poxa, Meirinha.

MEIRE — Sua saliente! Te enxerga.

MEIRE SAI. CORTA RÁPIDO PARA/

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CENA 10/ PRAÇA/ DIA/ EXT.

BETE E TÚLIO SENTADOS EM UM BANCO COM UM ISOPOR NO MEIO DELES.

BETE — (grita) Olha o brigadeiro, a coxinha, a empadinha!

UM MENINO (MAGRO, BAIXO, MORENO, CERCA DE 10 ANOS) APROXIMA-SE DO CASAL.

MENINO — Ô, tio, me vê uma coxinha aí, faz favor.

TÚLIO — (desentendido) Que?

MENINO — Me dá uma coxinha aí. Tô com fome.

BETE FICA OLHANDO PARA O MENINO. ELA COLOCA SEUS ÓCULOS.

BETE — Vira gente, Claudinho.

MENINO — Que, tia? Como cê sabe meu nome?

BETE — Seu mundiça! Conheço dona Quitéria há ANOS. Não era pra você estar na escola uma hora dessas?

MENINO — Ai, não conta pra minha mãe não. Eu só tava passando por aqui.

BETE — É um mentiroso! Eu vi você jogando bola com aquela cambada de Zé droguinha. Abre teu olho, hein

MENINO — Ai, desculpa.

BETE — Vai pra escola, vai. Toma prumo!

CLAUDINHO SAI, DEPRESSA. TÚLIO RINDO. CAM VAI SE AFASTANDO. CORTA PARA/

CENA 11/ MUNIZ EDITORIAL/ CORREDOR/ DIA/ INT.

MEIRE PASSANDO. VIVIAN CHEGA.

VIVIAN — Que que é aquilo ali na copa, Meire? Baleia encalhada?

MEIRE — (baixo) Encalhada e no olho da rua.

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VIVIAN — (surpresa) Que?

MEIRE — (sussura) Dona Ieda descobriu que ela tava colocando laxante no chá e tacou justa causa.

VIVIAN — Meire Borges, não me diga que isso tem dedo teu.

MEIRE — Não só o dedo como a mão inteira. (ri)

SONOPLASTIA: REVOLTADA - SOLANGE ALMEIDA

MEIRE SAI, ANDANDO. VIVIAN PARADA, EM CHOQUE. CORTA PARA/

CENA 12/ STOCK SHOTS/ RIO DE JANEIRO/ DIA/ EXT.

ANOITECE. IMAGENS AÉREAS DA PONTE RIO-NITERÓI. MUITO ENGARRAFAMENTO. CAM SOBREVOA O CRISTO REDENTOR E VAI SE APROXIMANDO DE CASAS SIMPLES. CORTA PARA/

CENA 13/ BAR DO ALCIR/ NOITE/ INT.

ESPAÇO CHEIO. MUITAS PESSOAS DANÇANDO. MUITOS CASAIS. MEIRE CHEGA. CLEISON JÁ SENTADO EM UM BANCO, PRÓXIMO AO BALCÃO. ELA COM UM VESTIDO AMARELO FLORIDO, JUSTO E DECOTADO; ELE COM UMA BLUSA SOCIAL BRANCA DE MANGA CURTA E UMA CALÇA BEGE.

MEIRE — Fiu fiu, hein, Cleison.

CLEISON — E você, dona Meire? Toda produzida?

MEIRE — Meu amor, tenho que comemorar esse dia histórico. Estamos livres da cola velcro Moby Dick.

CLEISON — Finalmente! Não aguentava mais.

MEIRE — Você tá assim, mas imagina eu, que sofria com aquelas cantadas PÉSSIMAS dela.

CLEISON — É, Meire. Agora é comemorar.

MEIRE — (p/ um garçom) Gatão, me traz uma cerveja bem gelada que hoje a noite vai ser das boas.

CLEISON — Duas!

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CAM VAI SE AFASTANDO. MEIRE E CLEISON BEBENDO E RINDO ALTO. CORTA PARA/

CENA 14/ CASA DOS SIQUEIRA/ QUARTO DE ELÓI/ NOITE/ INT.

QUARTO GRANDE, COM PAPEL DE PAREDE DE SUPER-HERÓIS. UMA CAMA DE SOLTEIRO ENCOSTADA EM UMA DAS PAREDES. EM OUTRA PAREDE, UM ARMÁRIO BRANCO. ELÓI SENTADO NA CAMA, ASSISTINDO À TELEVISÃO. HENRY ENTRA.

HENRY — Oi, meu neto. Posso falar com você?

ELÓI — Oi, vovô. Pode.

HENRY — Daqui a pouco eu ligo de novo.

HENRY DESLIGA A TV E SENTA-SE NA CAMA AO LADO DE ELÓI.

HENRY — Bom, Elói, eu vim fazer uma pergunta pra você. Você ficou triste com o que a sua mãe falou ontem de noite?

ELÓI — (cabisbaixo) Fiquei.

HENRY — Não precisa ficar assim. Eu sei que sua mãe pegou pesado, ela errou, mas ela te ama, meu neto.

ELÓI — Eu sei. Mas não é só ela que fala assim comigo, vovô.

HENRY — Como assim?

ELÓI — Os meninos lá da sala…

HENRY — Eles ficam te perturbando?

ELÓI — É. Me chamando de florzinha.

HENRY — E mais o quê?

ELÓI — Mariquinha…

HENRY — Ô, meu neto, por que você nunca falou isso?

ELÓI — Papai e mamãe quase não têm tempo pra mim.

HENRY — E eu?

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ELÓI — Desculpa, vovô. Eu fiquei com vergonha.

HENRY — Você não precisa pedir desculpa. (T) Eles vão parar, tá, meu neto?

ELÓI — Vão mesmo?

HENRY — Te garanto.

ELÓI — Brigado, vovô. Te amo.

ELÓI ABRAÇA HENRY. CLOSE EM HENRY, EMOCIONADO. CORTA PARA/

CENA 15/ CASA DOS MUNIZ/ QUARTO DE VITÓRIO/ NOITE/ INT.

VITÓRIO DEITADO NA CAMA, CHORANDO, SILENCIOSO. AO SEU LADO, UMA FOTO DELE COM UMA MULHER (MAGRA, BONITA, CABELO PRETO, 20 ANOS, VESTIDO AZUL CLARO).

VITÓRIO — (baixo) Ai, Aline, por que você foi embora, meu amor?

ELE CONTINUA CHORANDO E SEGURA A FOTO. DÁ UM BEIJO EM CIMA DA MULHER DA FOTO. CAM VAI SE AFASTANDO, LENTAMENTE. CORTA PARA/

CENA 16/ STOCK SHOTS/ RIO DE JANEIRO/ DIA/ EXT.

SONOPLASTIA: ALL THESE YEARS - CAMILA CABELLO

AMANHECE. IMAGENS DO PÔR DO SOL NO PÃO DE AÇÚCAR. A CAM SOBREVOA A CIDADE. MUITOS CARROS NAS RUAS. CORTA PARA/

CENA 17/ CASA DE ISADORA/ QUARTO/ DIA/ INT.

SONOPLASTIA CESSA. ISADORA TERMINANDO DE SE VESTIR. ELA SE ESTICA, COM DIFICULDADE, NA FRENTE DO ESPELHO, PARA FECHAR O ZÍPER DE SEU VESTIDO, NAS COSTAS.

ISADORA — (baixo) Nessas horas, um homem faz falta.

BARULHOS VINDO DE FORA DO QUARTO. ISADORA OUVE OS BARULHOS E ESTRANHA. ELA PEGA UMA VASSOURA ATRÁS DA PORTA E SAI, COM A VASSOURA ERGUIDA. CORTA RÁPIDO PARA/

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CENA 18/ CASA DE ISADORA/ COZINHA/ DIA/ INT.

GIOVANE FRITANDO OVOS. EM CIMA DA MESA, SUCOS, LEITE E PÃO. ISADORA CHEGA.

ISADORA — (surpresa/grita) Que que isso? Cê tá doido? Invadiu a minha casa!

GIOVANE — NOSSA casa, amor.

ISADORA — Nossa uma vírgula.

GIOVANE — Vamos deixar isso de lado e bora aproveitar esse café que eu preparei.

ISADORA — Você não limite, Giovane, nem o direito de invadir essa casa.

GIOVANE — Para de rancor, meu amor.

ISADORA — Cê me trai com uma vagabunda qualquer e ainda quer que eu continue gostando de você?

GIOVANE — Eu mudei e me arrependo do que fiz.

ISADORA — Não me importa seu arrependimento. Deveria ter pensado antes de fazer o que fez.

GIOVANE — Desculpa, me desculpa, Isa.

ISADORA — Jamais!

GIOVANE — Isso vai mudar. E por que você anda fugindo de mim?

ISADORA — (sem entender) Fugindo de você?

GIOVANE — Cê não apareceu lá na casa da Taís.

ISADORA — Tive um imprevisto. Mas que história foi essa de surra que você levou?

GIOVANE SURPRESO, ISADORA IRRITADA. CLOSES ALTERNADOS. CORTA PARA/

CENA 19/ CASA DOS MUNIZ/ SALA DE JANTAR/ DIA/ INT.

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IEDA E TIAGO TOMANDO CAFÉ DA MANHÃ. MESA FARTA COM MUITAS COMIDAS E BEBIDAS. VITÓRIO CHEGA, APRESSADO.

TIAGO — Bom dia, meu irmão. Ansioso pro seu evento lá na livraria?

VITÓRIO — Oi, Tiago. Tô sim. A livraria tá muito bem preparada. Fui lá ontem.

IEDA — Que bom, filho. Espero que isso melhore nossa situação.

TIAGO — E conseguiu dormir bem, Vitório? Tá atrasado né.

VITÓRIO — Sim, dormi muito bem. E você?

TIAGO — Cara, não. Queria dormir mais tempo, mas preciso trabalhar na editora que você derrubou.

VITÓRIO — Eu só não arrebento essa tua cara porque tô com pressa.

IEDA — Que que isso, Vitório? Respeita teu irmão.

VITÓRIO — Olha, minha mãe, eu só não vou embora dessa casa agora, porque eu prometi pro papai que não ia abandonar vocês. Mas eu tô de saco cheio de toda hora eu ser o errado, enquanto o Tiago é o santinho dessa casa.

TIAGO — Não precisa cumprir essa promessa. O papai não vai puxar seu pé de noite não. Fica tranquilo, meu irmão. (ri)

VITÓRIO — Ai, vai pro inferno, Tiago!

VITÓRIO SAI, IRRITADO. IEDA E TIAGO SE OLHANDO. CORTA PARA/

CENA 20/ CASA DOS SIQUEIRA/ QUARTO DE VIVIAN/ DIA/ INT.

VIVIAN E LAURO DORMINDO. SOM DE CELULAR TOCANDO. LAURO ACORDA E OLHA O CELULAR.

LAURO — Caramba! Vivian, acorda! A gente tá atrasado.

VIVIAN ACORDA.

VIVIAN — Aff! A chata da Ieda vai comer meu fígado.

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VIVIAN E LAURO LEVANTAM-SE RAPIDAMENTE, COM PRESSA. CORTA PARA/

CENA 21/ CASA DE ISADORA/ COZINHA/ DIA/ INT.

CONTINUAÇÃO DA CENA 18. ISADORA EM FRENTE A GIOVANE, QUE COZINHA.

GIOVANE — Ah, não foi bem uma surra. Foi um bêbado maluco na rua que me bateu.

ISADORA — Eu não nasci ontem, Giovane. Você acha que me engana? (T) Aí depois me pergunta porque eu fujo de você.

GIOVANE — Mas foi isso que aconteceu.

ISADORA — Tá, tá bom. Agora sai daqui antes que eu ligue pra polícia.

GIOVANE — Você vai ter coragem de me denunciar?

ISADORA — Se você não sair, eu faço questão de ligar pra lá.

GIOVANE — Ih, esquentadinha. Já tô indo então.

GIOVANE SAI. ISADORA, ALIVIADA, TOMA UM COPO D’ÁGUA. CORTA PARA/


VÁRIAS PESSOAS SENTADAS NAS CADEIRAS E PUFFS. NA ENTRADA, UM BANNER COM A FOTO DE VITÓRIO E COM O TÍTULO ‘‘VITÓRIO MUNIZ EM PAPO SOBRE MERCADO EDITORIAL’’. LEOCÁDIA E MEIRE NA FRENTE DO BALCÃO.

LEOCÁDIA — (impaciente) Cadê esse povo que não chega? Taís, Isadora e o Vitório. A gente tem hora de terminar.

MEIRE — Seu Vitório não costuma atrasar. Deve ter acontecido alguma coisa.

LEOCÁDIA — Só espero que não demore muito, porque o público já tá aí.

MEIRE — Vou mandar uma mensagem pra ele.

MEIRE AFASTA-SE. CLOSE EM LEOCÁDIA, BUFANDO, IMPACIENTE. CORTA PARA/

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CENA 23/ HOSPITAL/ QUARTO/ DIA/ INT.

LÍGIA DEITADA. TELEVISÃO LIGADA. NELA, UM APRESENTADOR DE TELEJORNAL (GRISALHO, MAGRO, CERCA DE 50 ANOS, TERNO PRETO E GRAVATA VERMELHA) SENTADO EM FRENTE À BANCADA.

APRESENT. — E voltamos a falar da morte do policial Heitor Costa, que não resistiu após uma batida de carro.

LÍGIA PEGA O CONTROLE NA MESINHA AO SEU LADO E AUMENTA O VOLUME.

APRESENT. — A hipótese de homicídio doloso, quando há intenção de matar, é trabalhada pelos investigadores.

LÍGIA — (em choque) Que?

LÍGIA BOQUIABERTA. LÁGRIMAS ESCORREM, LENTAMENTE, PELOS SEUS OLHOS. ELA COMEÇA A CHORAR, DESESPERADA. CORTA PARA/


VITÓRIO CHEGA, APRESSADO, E VAI DIRETO EM DIREÇÃO AO BALCÃO, ONDE ESTÃO LEOCÁDIA E MEIRE.

VITÓRIO — Oi, oi. Desculpa o atraso, gente. Vamos começar já?

LEOCÁDIA — Bora?!

VITÓRIO — Bora!

MEIRE — Que bom que chegou, seu Vitório. Dona Leocádia já ia ter um treco. (ri)

LEOCÁDIA — (ri) Não me explana não, Meire.

VITÓRIO — Vamos começar isso então.

VITÓRIO E LEOCÁDIA VÃO AO CENTRO DO SALÃO, EM FRENTE ÀS PESSOAS QUE AGUARDAM SENTADAS. MEIRE EM UM DOS CANTOS, EM PÉ.

LEOCÁDIA — Bom dia a todos. Sou Leocádia Reis, gerente da livraria Livronáticos, e estamos iniciando hoje a sessão de conversas entre leitores e autores e funcionários da editora Muniz, que tem mais de quarenta anos aqui no Rio. Primeiramente, gostaria de

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agradecer a editora pela parceria mais uma vez e também pela presença aqui do diretor Vitório Muniz e da secretária executiva Meire Borges.

O PÚBLICO APLAUDE.

LEOCÁDIA — Agora, com a palavra Vitório Muniz.

VITÓRIO — Agradeço demais a você Leocádia e a toda a equipe da Livronáticos pelo apoio e pelo espaço. Como a Leocádia bem disse, sou um dos diretores da editora e hoje, nesse bate papo, iremos conversar sobre mercado editorial e outras curiosidades desse ramo.

CAM VAI SE AFASTANDO. AS PESSOAS DA PLATEIA TIRANDO FOTOS DE VITÓRIO. CORTA PARA/

CENA 25/ MUNIZ EDITORIAL/ CORREDOR/ DIA/ INT.

CLEISON VARRENDO. IEDA E TIAGO CHEGAM, SAINDO DO ELEVADOR. TIAGO VAI NA DIREÇÃO DE SUA SALA. IEDA PARA EM FRENTE A CLEISON.

CLEISON — Oi, dona Ieda. Bom dia. Alguma coisa?

IEDA — Oi, querido. Sim. Eu gostaria de um café com açúcar na minha sala. Aguardo/

CLEISON — Calma aí. Eu não sou copeiro não. Café não é comigo não.

IEDA — Então manda a copeira trazer.

CLEISON — Dona Ieda, a senhora demitiu a Luma ontem.

IEDA — Ih, tem razão. E a anãzinha da Meire? Cadê ela?

CLEISON — Lá na livraria com o seu Vitório.

IEDA — Caramba! Tinha esquecido disso. Ah, que droga! Então continua varrendo aí mesmo. Obrigada por nada.

CLEISON — (irônico) Que nada, dona Ieda. É sempre um prazer.

IEDA SAI, IRRITADA. CLEISON CONTINUA VARRENDO, RINDO. CORTA PARA/

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CENA 26/ ÔNIBUS/ DIA/ INT.

ÔNIBUS LOTADO. MUITAS PESSOAS SENTADAS E VÁRIAS EM PÉ TAMBÉM. ISADORA E TAÍS SENTADAS, LADO A LADO.

ISADORA — Ai, amiga, será que demora pra gente chegar? Já deve ter começado a fala do Vitório.

TAÍS — Já tá perto, Isa. Fica calma.

ISADORA — Você fala assim porque não foi com você que a Leocádia já reclamou ALGUMAS vezes sobre pontualidade.

TAÍS — Mas você tá nervosa é por outro motivo, né.

ISADORA — Que motivo?

TAÍS — Estar perdendo o Vitório falando.

ISADORA — Ah, lá vem você de novo com isso, Taís. Não viaja, amiga.

TAÍS — Viagem?! Ah, Isa, tá na cara que você tá caidinha por ele.

ISADORA PENSATIVA, OLHANDO PELA JANELA. CORTA PARA/

CENA 27/ CASA DOS SIQUEIRA/ SALA DE ESTAR/ DIA/ INT.

IRACI ASPIRANDO O CHÃO. LAURO E VIVIAN DESCEM AS ESCADAS, APRESSADOS.

IRACI — Bom dia, dona Vivian, seu Lauro.

LAURO — Oi, Iraci. Elói já foi pra escola?

IRACI — Hoje é dia de passeio dele. Será de tarde.

LAURO — Você salvando como sempre, Iraci. Obrigado.

VIVIAN — O folgado do meu pai tá dormindo?

IRACI — Tá nada. Saiu cedo pra caminhar no calçadão.

VIVIAN — Ih, tá querendo ficar sequinho pra piriguete dele.

LAURO — Vivian!

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VIVIAN — Ah, por favor, né, Lauro. É só a verdade.

LAURO — Agora eu tenho que ir, amor. Tô mega atrasado.

VIVIAN — Também tenho. Jader já tá lá embaixo, Iraci?

IRACI — Tá sim.

VIVIAN — Obrigada.

LAURO E VIVIAN SAEM, COM PRESSA. CORTA PARA/


VITÓRIO NO CENTRO, DIANTE DO PÚBLICO.

VIVIAN — Agora, vamos fazer um pequeno intervalo e daqui a quinze minutos a gente volta com mais perguntas, respostas e muita conversa, pessoal. Até daqui a pouco.

TODOS APLAUDEM VITÓRIO. ELE VAI EM DIREÇÃO AO BALCÃO, ONDE ESTÁ LEOCÁDIA. MEIRE VAI ATRÁS. ISADORA E TAÍS CHEGAM, CORRENDO.

ISADORA — Oi, pessoal. Desculpa o atraso só que eu e a Taís acabamos nos atrasando aí o ônibus tava lotado também…

VITÓRIO — Tudo bem. O primeiro tempo foi tranquilo. Agora tá no intervalo.

ISADORA — Ain, eu queria tanto ter assistido.

LEOCÁDIA OLHA SÉRIA E FIXAMENTE PARA TAÍS E ISADORA, BATENDO O DEDO NO RELÓGIO, DE FORMA DISCRETA. MEIRE OBSERVANDO BEM TAÍS E ISADORA. ELA TEM UM ‘‘INSIGHT’’ E SAI, DISCRETAMENTE. CORTA PARA/

CENA 29/ CARRO DE VIVIAN/ DIA/ INT.

JADER DIRIGINDO, SÉRIO. VIVIAN NO BANCO DE TRÁS, FALANDO AO TELEFONE.

VIVIAN — Que que foi, Meire? Espera aí que já já chego aí/

MEIRE (OFF) — Eu tô na livraria, dona Vivian. Esqueceu?

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VIVIAN — Ai, verdade. E o que foi, mulher?

MEIRE (OFF) — (ofegante) Eu descobri… a dona/

VIVIAN — Fala direito. Não tô entendendo nada.

MEIRE (OFF) — (rápida) Eu descobri que a dona do caderninho trabalha aqui na livraria.

VIVIAN EM CHOQUE. CLOSE NELA, BOQUIABERTA.

EFEITO FINAL: Palavras escritas à mão invadem a tela.

FIM DO CAPÍTULO

Créditos sobem ao som de

I LIKE IT - CARDI B, BAD BUNNY & J BALVIN

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di as m e l h o re s cap Í t ul o 06 m e g ap ro dias … · cena 06/ ponto de tÁxi/ rua/ dia/...

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