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Doctrina E@d 1

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Doctrina E@d2

Doctrina E@dAno V, Volume VIII

JulHo/2016

Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza

Diretora SuperintendenteLaura Laganá

Vice-Diretor SuperintendenteCésar Silva

Chefe de Gabinete da SuperintendênciaLuiz Carlos Quadrelli

Unidade de Ensino Médio e Técnico

CoordenadorAlmério Melquíades de Araújo

Grupo de Estudo da Educação a Distância

Diretor Rogério Teixeira

EquipeAdelina Maria Lúcio

Carlos Augusto de MaioCesar Bento de Freitas

Claudia Pereira Gomez FlóDaniel Cesário

Gabriel Seidi Kinoshita Ivan Geza BorbelyJosé Ferrari Júnior

Juçara Maria M. S. SantosJuliana Leal Saula

Laís Aparecida Silva TurkLidia Ramos Aleixo de Souza

Lorran Goveia R. CarvalhoLuiz Felipe Costa GouveiaNelson Henrique Jouclas

Ricardo Bugan Debs Rogério Barbosa da Silva

Rony Melo Dantas Sandra Regina T. RodriguesThiago Tadeu de OliveiraWelignton Luis Sachetti

Grupo de Estudo de Educação a Distância/CETECPraça Cel. Fernando Prestes, 74

Bom Retiro - São Paulo - SP - CEP: 01124-060Tel/Fax.: (11) 3327-3066

Estas diretrizes editoriais têm o objetivo de garantir instruções para submissão

e publicação na revista Doctrina E@d, a qual é uma iniciativa do Grupo de Estudo de

Educação a Distância (GEEaD) do Centro Paula Souza, de periodicidade semestral, cujo

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Os artigos produzidos deverão ser inéditos e serão submetidos à análise da Comissão

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Todos os trabalhos serão submetidos à leitura de, no mínimo, dois pareceristas

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O artigo deve conter em sua estrutura TÍtulo, Resumo, Palavras-chave, Introdução,

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para citações, correta indicação para ilustrações, tabelas e gráficos e apresentar a exposição de

referencial utilizado.

A escolha, pela Comissão Editorial, dos artigos para publicação priorizará a relevância e

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análise, considerando o que se segue:

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ou mesmo contrário às sua teorias às teses em uso, mas que, tecnicamente, esteja adequado aos

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b) o parecerista, em sua análise, poderá sugerir adequações quanto às terminologias utilizadas

pelo(s) autor(es).

c) será recusado o artigo que fizer alusão depreciativa a qualquer indivíduo quer seja no âmbito

pessoal ou profissional.

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Comissão Editorial

Profª. Dra. Sasquia Hizuru ObataProf. Ms. José Vitório Sacilotto

Prof. Dr. Luiz Antônio KoritiakeProf. Ms. Rogério Teixeira

Prof. Ms. Welignton Luis SachettiProfª. Dra. Fernanda Mello Demai

Diretrizes para Submissão e Publicação de Trabalhos

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Doctrina E@d 3

SUMÁRIO

A Comunicação Fotográfica com Qualida-de na Educação a Distância........................

Educação a Distância: Acessibilidade e Facilidade que Transformam................

Redes Sociais Digitais como “Ambientes Informais de Aprendizagem”: O Uso do Aplicativo Whatsapp no Curso Técnico em Administração - Modalidade Semi-presencial...............................................

Uma Visão Sobre a Inclusão Social de Deficientes Visuais Através da Educação a Distância via Internet........................

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Esta edição abrange diferentes aspec-

tos: a comunicação fotográfica como forma de

aprendizagem no ensino a distância, ambien-

tes informais de aprendizgam e a educação a

distância como ferramenta de inclusão social.

Agradecemos pelo envio de seus trabalhos e

queremos continuar contando com a colabora-

ção de todos no desenvolvimento deste projeto.

Uma ótima leitura!

Equipe GEEaD

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Doctrina E@d4

Resumo

Atualmente, é cada vez maior a presença da tecnologia na área da educação, o que exige dos profissionais desta área, conhecimento e capacitação para uso de tais recursos. Na educação à distância, recursos tecnológicos são essenciais, permitindo assim, aos profissionais dessa área que realizem uma reflexão sobre a comunicação fotográfica na EAD. A pesquisa contemplou a utilização dos recursos tecnológicos, porém vários outros fatores como interação, sujeito, educador estão diretamente ligados ao bom desempenho de tais recursos, e que precisam ser avaliados quanto ao objetivo ao qual se deseja alcançar. De modo geral, as ideias aqui apresentadas refletem a convicção de que a educação a distância é muito bem estruturada e apresenta diversos fatores positivos. As fotografias utilizadas nos materiais da EAD devem apresentar características específicas que sejam bem interpretadas pelos estudantes. Conclui-se que as tecnologias voltadas a EAD combinadas com objetivos claros, tornam-se ferramentas, capazes de ampliar e auxiliar a aprendizagem do aluno.

Palavras-Chave: Educação à distância, Tecnologia, Comunicação Fotográfica.

1. Introdução

É possível verificar, que a tecnologia está presente em todos os tipos de relações sociais. Essas tecnologias modificam a maneira como as pessoas vivem, pensam e até mesmo a maneira de se comunicarem com outras pessoas e com todo o mundo (KENSKI, 2007).

Segundo Kenski (2007, p. 21),

A evolução tecnológica não se restringe apenas aos novos usos de determinados equipamentos e produtos. Ela altera comportamentos. A ampliação e banalização do uso de determinada tecnologia impõem-se à cultura existente e transformam não apenas o comportamento individual, mas o de um grupo social.

Ainda segundo a mesma autora (2007, p.19), “as tecnologias invadem as nossas vidas, ampliam a nossa memória e garantem novas possibilidades de bem–estar [...].”

Os instrumentos tecnológicos de comunicação se desenvolvem e diversificam sem parar. Nas atividades cotidianas, os indivíduos lidam com vários tipos de tecnologias. Além de fazer parte do cotidiano das pessoas é imprescindível que as tecnologias sejam utilizadas como recursos no processo educativo.

O curso de educação a distância está ancorado por um sistema que permite ao estudante resolver questões

com mais facilidade referente aos conteúdos estudados, articulando assim docentes com alunos, tutores e colegas.

Para apresentar qualidade de ensino nos processos pedagógicos, devem ser oferecidas condições de telecomunicações, que promovam uma interação que permita integração entre os docentes e os alunos, essas integrações devem ser expressas por meio de recursos tecnológicos que favorecem o entendimento do conteúdo exposto. Por isso, a EAD é uma modalidade de ensino que ocorre com utilização de tecnologia de informação e comunicação, na qual o professor explica, estimula e direciona o conhecimento.

A comunicação fotográfica também é essencial na educação a distância já que Sontag (1981, p.30) afirma que “em torno da imagem fotográfica tem vindo a elaborar-se um novo sentido da noção da informação, visto que a fotografia é uma pequena fração do espaço e do tempo”.

Baseado em todas as situações acima descritas, o objetivo do presente artigo é compreender o processo da comunicação fotográfica na educação à distância.

2. Educação à distância

Para Secretaria Geral de Educação a Distância, SEAD (2016) a educação a distância vem crescendo de uma maneira exorbitante em todo o mundo. Os cidadãos, incentivados pela alta tecnologia, veem nas instituições de ensino que oferecem essa modalidade, uma forma de aumento do conhecimento, expandir oportunidades de trabalho e aprendizagem ao longo da vida.

Ainda de acordo com SEAD (2016):De forma simples, educação a distância significa educação independente de distâncias. Assim, considera-se que a diferença básica entre educação presencial e a distância está no fato de que, nesta, o aluno constrói conhecimento – ou seja, aprende e desenvolve competências, habilidades, atitudes e hábitos relativos ao estudo, à profissão e à sua própria vida, no tempo e local que lhe são adequados, não com a ajuda em tempo integral da aula de um professor, mas com a mediação de professores (orientadores ou tutores), atuando ora a distância, ora em presença física ou virtual, e com o apoio de sistemas de gestão e operacionalização específicos, bem como de materiais didáticos intencionalmente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados através dos diversos meios de comunicação.

Com o grande aumento pela educação a distância, é crescente o número de instituições e empresas que desenvolvem cursos. Para Zolet (2010, p.10):

A COMUNICAÇÃO FOTOGRÁFICA COM QUALIDADE NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Andréia Cristina Neto Pereira

Cláudia de Souza Bento

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A educação a distância é considerada aberta por oferecer uma grande diversidade de cursos que atendem uma população numerosa e dispersa, com níveis e estilos de aprendizagem diferenciados, atendendo desta forma à complexidade da sociedade moderna. É caracterizada também por sua comunicação bidirecional, pois o estudante não é apenas um receptor de informações, de mensagens; embora seja uma educação a distância, ela estimula relações dialogais, criativas, críticas e participativas. E ainda é uma educação econômica, pois evita o deslocamento, o abandono do local de trabalho, a formação de pequenas turmas, e permite uma economia de escala.

Para Nunes (2009, p.2), para que o ensino seja vantajoso é necessário que seja inserido os meios de comunicação mais tradicionais e que obedeça aos princípios básicos de qualidade,

Para maximizar as vantagens da educação a distância, há necessidade de utilizar um arsenal específico (meios de comunicação, técnicas de ensino, metodologias de aprendizagem, processos de tutoria, entre outros), obedecendo a certos princípios básicos de qualidade. Sua clientela tende a ser não convencional, incluindo adultos que trabalham; pessoas que, por vários motivos, não podem deixar a casa; pessoas com deficiências físicas; e populações de áreas de povoamento disperso ou que, simplesmente, se encontram distantes de instituições de ensino.

Com o grande avanço que vem ocorrendo com as Tecnologias de Informação e Comunicação, a maioria das instituições estão elaborando seus cursos à distância, utilizando materiais sonoros, visuais, recursos eletrônicos e audiovisual.

Para Moraes & Vieira (2009, p. 15), no Brasil, o início da EAD deu-se por meio do rádio,

No Brasil, a experiência pioneira de EAD foi com o uso do rádio, com a criação da Fundação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, em 1923, que transmitia programas de literatura, radiotelegrafia e telefonia, línguas, entre outros. O Instituto Universal Brasileiro (IUB), fundado em 1941, marcou o início dos cursos baseados na mídia impressa. Ainda hoje atuando, o IUB é uma empresa privada que oferece Ensino a Distância de caráter supletivo, além de vários cursos profissionalizantes. Em 1939, foi criado o Instituto Rádio Monitor e, logo em seguida, houve as experiências radiofônicas do MEB e do Projeto Minerva.

Depois com os avanços da educação à distância, no Brasil ocorreram várias mudanças e hoje temos a UAB-Universidade Aberta do Brasil, que é um sistema integrado de universidades que oferecem cursos de nível superior por meio da EAD, e esse sistema foi decretado pelo Decreto 5.800, de 8 de junho de 2006.

No Brasil não há um único modelo de EAD, por ser tratar de um país com diversidade socioeconômica, as formas de ensino variam em termos tecnológicos. Deve apenas se lembrar de que na hora de definir a mídia que será utilizada, essa deve estar ao alcance do aluno.

3. Comunicação fotográfica com qualidade

A fotografia antes de tudo é uma linguagem. Um sistema de códigos verbais ou visuais, um instrumento visual de comunicação. E toda a linguagem nada mais é do que um suporte, um meio, uma base que sustenta aquilo que realmente deve ser dito: a mensagem (ARAÚJO 2011, p. 8).

Hoje, a fotografia é a base tecnológica das mídias, por esse motivo, compreendê-la consiste em construir estruturas de sustentação de toda a produção contemporânea de signos visuais e auditivos, sobretudo daquela que se faz por meio de mediação técnica (ARAÚJO, 2011).

Neste sentido, Kossoy argumenta que,A descoberta da fotografia propiciaria, de outra parte, a inusitada possibilidade de autoconhecimento e recordação, de criação artística (e, portanto, de ampliação dos horizontes da arte), de documentação e denúncia graças a sua natureza testemunhal (melhor dizendo, sua condição técnica de registro preciso do aparente e das aparências). (KOSSOY, 2001, p.27)

Com o passar do tempo, os modelos de fotografia foram sendo alterados. Hoje é mais comum encontrar fotos digitais, essas imagens trazem uma ideia de realidade diferente, segundo Focus (1975 apud ARAÚJO, 2011, p. 25),

A fotografia vai aos poucos perdendo seu poder de “cópia do real” para ser mais subjetiva, intimista, interpretativa, valorizando o discurso de seu próprio autor. A fotografia trouxe consigo a aura da veracidade e seu surgimento contribuiu diretamente para que todos os segmentos artísticos, literários e intelectuais passassem por uma profunda reflexão, evidenciando um dado importante que até aquele momento permanecera intacto: a concepção que o homem tinha de si próprio.

Para Oliveira apud Araújo (2011, p. 29),

A fotografia não apenas prolonga a visão natural, como também descobre outro tipo de visão, a visão fotográfica, dotada de gramática própria, estética e ética peculiar. Saber ler, distinguir o detalhe do todo, pode resultar num aprendizado sem fim, e então aquela coisa que não tinha a menor graça para quem as observam, passa a ter vida própria. A fotografia não é realista, mas sim surrealista nativamente surreal. Embora a fotografia gere obras que podem ser denominadas por arte, esta subjetividade, pode mentir, provocar, chocar ou ainda proporcionar prazer estético. A imagem fotográfica não é, para começo de conversa, uma forma de arte, em absoluto. Como linguagem, ela é o meio pelo quais as obras de arte, entre outras coisas, são realizadas.

Fica evidente, portanto, que a fotografia estimula o aluno a pensar sobre o assunto tratado de forma crítica, visualizando detalhes, sem perder a noção do todo.

A imagem fotográfica por sua vez deve apresentar aspectos importantes para que seja inserida no conteúdo da educação à distância; seu ângulo, luz e sombra devem

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apresentar boa qualidade e resolução, conforme se apresentam as imagens abaixo, Figuras 1 a 3.

Outro item essencial para uma boa foto é sua resolução, a respeito do assunto Canha (2016, p. s/n) argumenta que,

A resolução de uma imagem se refere a densidade de pixels (ou pontos impressos) que fazem parte daquela imagem ou gráfico. Quanto maior a resolução, maior será a definição e detalhe da imagem. Uma imagem com resolução baixa ficará borrada e com menos detalhes.

A resolução de uma imagem é calculada em DPI (pontos por polegada ou “Dots Per Inch” em inglês) e PPI (pixels por polegada ou “Pixels Per Inch”). Existem diferenças entre estes dois: DPI se refere a documentos impressos e quantia e espaçamento entre pontos cianos, magentas, amarelos e pretos, enquanto PPI se refere a pixels na tela. Eles não são a mesma coisa, mas designers e profissionais gráficos tendem a usar

os termos alternadamente. Muitas vezes, por exemplo, quando se fala de uma imagem de 72 DPI que está na tela, a pessoa está se querendo dizer “72 PPI”.

O PPI se refere a pixels (pontos) na tela: quanto mais PPI, mais pontos e mais definida fica a imagem. Já o DPI se refere a documentos impressos e ao espaçamento entre pontos: quanto maior o DPI, melhor a resolução da imagem e a impressão em tamanhos maiores, desde uma folha de tamanho A4 até um outdoor.

Para Martins (2016, p.s/n), o aluno só irá compreender as características da imagem se ela apresentar uma boa visualização, essa visualização deve apresentar características como,

Luz, ângulo, perspectiva, composição, planos, textura, foco e movimento. Esse conteúdo todo deve ser aprofundado durante a apreciação e análise das imagens feitas por pessoas comuns e por profissionais. Pois é com a visualização e as intervenções do professor que o aluno o perceberá de forma contextualizada e terá condições de avaliar o impacto que os vários elementos causam quando são usados conscientemente e quando o autor não os conhece.

Quando uma imagem é bem definida e apresenta uma boa resolução é possível de acordo com Vermelho (2012), analisá-la por meio de três níveis de leitura: Nível instintivo – São os elementos emotivos como as cores, a forma, as expressões e as evocações imediatas;

Figura 1. Boa luz Fonte: Decora (2016)

Figura 2. Sombra

Fonte: Alexandre Brito (2016)

Figura 3. Bom ânguloFonte: Decora (2016)

Figura 4. PPIFonte: Know Your Mobile (2016)

Figura 5. DPIFonte: Creative (2016)

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Nível descritivo – nesse nível ocorre a interpretação da imagem; Nível simbólico – essa fase lida com um nível de racionalidade e de subjetividade.

Na imagem abaixo, é possível analisar os três níveis. O nível instintivo é a primeira impressão que se passa ao olhar a foto, ou seja, são apenas leões. Com um pouco mais de atenção, tem-se o nível descritivo, onde pode imaginar que os dois leões brigam e o outro corre para defender. Já a última leitura, o nível simbólico, só é possível a partir de uma interpretação pessoal.

Outra maneira de se interpretar uma imagem é pelo sentido, para Vermelho (2012) a imagem apresenta dois sentidos: o denotativo – percebem-se os objetos num determinado contexto e espaço e o conotativo – passa-se a interpretar outras mensagens que estão contidas na imagem.

Observe a imagem abaixo, é uma simples casa, em seu sentido denotativo, poderia ser apenas um lar que protege as pessoas, já em seu sentido conotativo, é um lugar que dá conforto e segurança às famílias.

Barthes (1984, p. 164), explica que,[...] o olhar fotográfico tem algo de paradoxal, que às vezes encontramos na vida; outro dia, no café, um adolescente, sozinho, percorria a sala com os olhos; de vez em quando seu olhar pousava em mim; eu tinha então a certeza de que ele me olhava, sem, no entanto, estar certo de que ele me via; distorção inconcebível: como

olhar sem ver? Diríamos que a fotografia separa a atenção da percepção, e liberta apenas a primeira, todavia impossível sem a segunda [...].

Dubois (1993, p. 26), declara a imagem como sendo, “[...] um sentimento de realidade incontornável do qual não conseguimos nos livrar apesar da consciência de todos os códigos que estão em jogo nela e que se combinaram para a sua elaboração”. Portanto, percebe-se que a imagem vai muito além das aparências reais e explícitas, cabendo ao tutor da EAD e ao material escrito, fazerem com que o aluno perceba as entrelinhas dentro do contexto proposto.

O uso da fotografia nos materiais do ensino à distância devem apresentar características essenciais para compreensão dos alunos. Para Vermelho (2012), uma boa fotografia deve conter: enquadramento, composição diagonal, composição central, composição horizontal, composição vertical, planos, cores e regras de terços, as figuras 8 a 12, representam essas qualidades.

Figura 6. Níveis de leitura

Fonte: Mind Games (2016)

Figura 7. A casa.Fonte: Cultura Mix (2016)

Figura 8. Composição Horizontal Fonte: Curso de Fotografia (2016)

Figura 9. EnquadramentoFonte: Curso de Fotografia (2016)

Figura 10. Composição verticalFonte: Curso de Fotografia (2016)

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A fotografia é um dos processos de diversificação de metodologia pedagógica que está sendo utilizado hoje na educação a distância, segundo Essus (1995, p. 25) “a imagem fotográfica compreendida como documento revela aspectos da vida material de um determinado tempo do passado que a mais detalhada descrição verbal não daria conta”.

Esse uso do registro fotográfico é comentado por Massetto (2000, p. 143) que defende a “variedade de tecnologias usadas no processo de aprendizagem em detrimento de técnicas repetidas à exaustão”. Isto quer dizer que a fotografia facilita o processo de ensino, tornando menos exaustivo e mais produtivo.

No ensino a distância, o uso de imagens fotográficas tem como objetivo,

Recuperar as informações culturais da etnicidade dos sujeitos, nas imagens e ícones presentes na sua matriz, como base da metodologia. Também destacou a necessidade de estimular no aluno o interesse pela fotografia como registro, estabelecendo assim, uma relação dialógica entre o conteúdo da matéria e sua aplicação (SEVERINO, 2010, p. 185).

Sontag (1981 apud YAMAMURA e SOUZA, 2009, p. 463), diz que “ao nos ensinar um novo código, a fotografia transforma e amplia nossas noções sobre o que vale a pena olhar e o que efetivamente podemos observar”.

As áreas que desenvolvem mais atividades de pesquisa devem priorizar as imagens em seus cursos, trazendo as nos materiais didáticos, como também estimulando os alunos a criá-las, dentro de um contexto pedagógico, para YAMAMURA e SOUZA, 2009, p. 463),

Torna-se evidente que áreas que desenvolvem mais atividades de pesquisas dão suportes para criações de materiais audiovisuais, incluindo a fotografia. Estas experiências individuais ou de grupos são levadas na forma de mensagens visuais para as salas de aulas e laboratórios, para aguçar o sentido do olhar do discente de graduação e pós-graduação.

Na educação à distância, é preciso que a fotografia apresente uma imagem rica que seja de fácil compreensão pelos professores e alunos,

Uma imagem só é rica em significado na medida da capacidade do pesquisador, do educador e do discente de perceberem suas nuanças de representação da realidade e para que haja resultados positivos, é preciso que a foto seja eficiente na sua função de recolher e transmitir informações e isto depende da qualidade da foto (YAMAMURA e SOUZA, 2009, p. 465).

Em alguns cursos, a imagem fotográfica no material da EAD passa a ser um instrumento visual de estudo. Yamamura e Souza, 2009 definem esse instrumento como sendo,

Passa a ser um instrumento visual real do espécime em estudo que está acontecendo naquele momento. Para reconhecer os elementos em estudo são necessárias informações descritivas bem como relacioná-las com a figura do objeto que se está representando na fotografia (p. 465).

Sontag (1981 apud YAMAMURA e SOUZA, 2009, p. 465), afirmou que “toda fotografia contém múltiplas significações; com efeito, ver algo em forma de fotografia é deparar-se com um objeto potencialmente fascinante”.

As fotografias são importantes, pois elas fornecem informações e ensinam um código visual, mudando a maneira de ver das pessoas. Para Sontag (1981, p. 20), “a fotografia tornou-se um dos principais meios de acesso à experiência, a uma ilusão de participação. ”

O processo de comunicação com o uso de fotografias viabiliza uma prática pedagógica educacional voltada à formação de cidadãos críticos e ativos no processo de ensino aprendizagem, pois o fundamental é saber interpretá-las, assim, ao observar uma imagem, o indivíduo será capaz de desvendar seus próprios sentidos.

Como suporte didático, “a fotografia pode ser utilizada sem prévias restrições quanto a disciplinas, ainda que, algumas delas possam ser mais beneficiadas pela utilização desse recurso visual” (REIS, 2016, p. 3).

Para o aluno, o uso da fotografia no material da EAD, abre a possibilidade de ver o que está sendo estudado, e passa a ser mais importante do que ler e ouvir o assunto. A partir da fotografia o aluno passa a interagir com aquilo que está lhe sendo oferecido (REIS, 2016).

Figura 11. Regra de terçosFonte: Curso de Fotografia (2016)

Figura 12. Composição Diagonal Fonte: Salto Alto (2016)

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4. Considerações finais

A Educação à distância vem ocupando cada vez mais espaço no sistema de ensino brasileiro, por esse motivo o uso de fotografia, nos materiais didáticos, deve apresentar qualidade e promover compreensão por parte dos alunos.

Refletir sobre a Educação a distância é importante para que a educação possa acompanhar a evolução das mídias e das linguagens disponíveis hoje. Deixar para trás esses recursos, é não estar totalmente comprometido com a mesma.

Moraes (1999), em seus estudos, já mostrou que a educação está emergindo e está sendo reformulada, por isso, tem que se pensar nessa nova forma de interação entre docente e discente, assim, o ensino à distância apresenta essa nova forma de interação, promovendo novas oportunidades para os alunos no processo de ensino e aprendizagem.

Os autores estudados apontaram que a Educação à distância é um processo de aprendizagem comum nos dias atuais, e por isso o uso das tecnologias de informação e comunicação devem ser amparados por ferramentas que realmente auxiliam nesse processo, no entanto, é preciso frisar que o uso de imagens fotográficas nos materiais disponíveis para leitura, devem estar condizentes com o texto e ainda apresentarem boa qualidade para que os alunos interpretem e entendam de maneira correta.

Contudo, o uso da comunicação fotográfica como forma de aprendizagem na EAD deve apresentar possibilidades aos alunos para que eles possam entender a mensagem que a imagem está trazendo, oportunizando assim uma melhor compreensão do conteúdo estudado.

Finalmente podemos concluir que os usos dos recursos fotográficos no material da EAD devem alcançar os resultados esperados no ensino, visto que a imagem não se limita apenas ao que está na tela, ela vai muito além, dependendo da imaginação do leitor.

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Cláudia de Souza BentoProfessora no Centro Paula Souza. Graduação em Tecnologia em Processamento de Dados pela Universidade de Franca (2000), Licenciatura em Informática pelo Centro Paula Souza (2008), Especialização em Sistema de Informação pela Universidade de Franca (2009) e Licenciatura em Pedagogia pela Faculdade de Ciências e Letras de Ituverava (2016).

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Doctrina E@d 11

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ACESSIBILIDADE E FACILIDADE QUE TRANSFORMAM

Caroline Leite de Camargo

Cícero Alexandre Granja

Resumo

Educar é um desafio constante, e apenas aqueles que estão mais preparados conseguem vencer o desafio. Com a Educação a Distância, é possível que profissionais de todas as áreas possam se qualificar, ou mesmo iniciar os estudos sem a presença física de uma escola ou mesmo de um professor. Desta forma, está ocorrendo uma maior democracia no acesso ao ensino, em todos os níveis educacionais, proporcionando maior qualidade na mão de obra ofertada no país. No presente artigo, analisou-se aspectos da importância da Educação a distância como elemento de justiça social, na efetivação de direitos, com a utilização de revisão bibliográfica, através do método dedutivo-indutivo.

Palavras-chave: Educação a Distância. Democratização do Ensino. Acesso Democratizado. Dignidade Humana.

1. Introdução

A educação pode transformar destinos e mudar vidas; entretanto, para que seja possível ser educado com qualidade, é preciso equidade no acesso, bem como na continuidade do aprendizado, que não termina com a conclusão de um determinado curso, seja em universidade ou em escola técnica.

É de responsabilidade de toda a sociedade, do próprio indivíduo e dos órgãos governamentais, garantir amplo acesso, no tocante aos estágios de aprimoramento, formação continuada e a constante qualificação a todos os professores, sejam eles de Educação Básica (Ensinos fundamental, médio e técnico) ou superior. Para garantir tal acesso, é essencial que ocorra disponibilização, de forma gratuita, ou com preços acessíveis, de capacitações aos professores de todo o país, seja presencial, a distância ou ambos.

Cursos de níveis médio-técnico, superior, pós-graduação e aprimoramento a distância têm contribuído para que os professores de todas as partes do Brasil tenham acesso à educação continuada, com intuito de melhor desenvolverem suas atividades laborais e promoverem a missão para a qual se disponibilizaram. Mas como garantir acesso igualitário à educação à distância e quais os melhores cursos que podem e precisam ser oferecidos para os docentes de todo o país, a fim de que a educação brasileira possa, de fato, ser eficaz e capaz de mudar para melhor?

O presente trabalho analisará algumas das principais políticas adotadas em âmbito nacional, almejando a efetivação do direito à educação com qualidade, utilizando-se, para tanto, a educação a distância, tendo como foco o melhor preparo dos

professores que irão atuar nas escolas de nível infantil, básico, médio, técnico, superior e pós-graduação em todo o país, com respeito e efetivação dos direitos humanos. Para tanto, será utilizado o método dedutivo-indutivo.

2. Direito à educação no Brasil: alguns apontamentos

A educação é quesito essencial para a humanidade, posto que é através desta que o ser humano se insere no âmbito social, ressaltando que a educação é aplicada no cotidiano, cabendo em todos os locais como, por exemplo, nas academias, nas mídias, nas ruas, no comércio, enfim, em uma série de áreas e atividades. Nos dizeres de Freire (2003, p. 43), “não há educação fora das sociedades humanas e não há homem no vazio”.

As pessoas aprendem e ensinam em todos os momentos da vida, dentro e fora das salas de aulas, o conhecimento científico e cultural é extremamente importante para a formação saudável do indivíduo.

Para Maia e Mattar (2007, p. 01):A paidéia, o ideal de educação grego, incluía a formação integral do ser humano, com a gymnastiké (educação do corpo, por meio da educação física e atlética) e a mousiké (educação da mente ou do espírito, por meio das musas, incluindo a música e a poesia).

Foi através dos gregos que adveio o modelo de ensino que temos hoje, com relevância para os conhecimentos alheios à religiosidade.

O ser humano está em constante mudança e necessita de novas descobertas e novos aprendizados.

Como já dizia Freire (2003, p. 53), por isso, desde já, saliente-se a necessidade de uma permanente atitude crítica, único modo pelo qual o homem realizará sua vocação natural de integrar-se, superando a atitude do simples ajustamento ou acomodação, apreendendo temas e tarefas de sua época.

É preciso haver flexibilização, a fim de que novas ideias venham a surgir, para que o indivíduo possa aprender e transmitir novos conhecimentos. A necessidade de aprendizado é perene.

Dessa forma, cabe mencionar que a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 205, estabelece que:

A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno

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desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Segundo Silva (2013, p. 845), “A educação como processo de reconstrução da experiência é um atributo da pessoa humana, e, por isso, tem que ser comum a todos”.

Entretanto, é de se ressaltar que não basta a frequência aos bancos escolares por um período da vida para que a educação de um indivíduo esteja completa, posto que, a todo o momento, é preciso inovar, reciclar e capacitar os profissionais, em especial os docentes, posto que estes continuam a formar opiniões, profissionais e cidadãos.

A educação é dever do Poder Público, sendo que a iniciativa privada deve ter papel secundário, tendo em vista tratar-se de um direito inerente a todas as pessoas, assim, educação de qualidade e gratuita é requisito para a efetivação da dignidade humana.

Se é certo que as escolas têm servido para a reprodução da sociedade, tal como ela é, com exclusão e separação entre ricos e pobres, distinguindo entre a normalidade e a deficiência, já é tempo de mudança de posturas, neste início de milênio, de modo que a escola, ao fim e ao cabo, deve também absorver as diferenças. (MEDEIROS, 2001, p. 09)

Conforme estabelece a Constituição Federal de 1988, em especial em seu artigo 208, o ensino no Brasil se efetivará através da divisão em níveis, quais sejam: infantil, fundamental, médio, técnico, superior e pós-graduação.

Ressalte-se, que a omissão de proporcionar uma educação de qualidade e acessível a todos gera responsabilidades para os entes públicos envolvidos, sejam eles municipais, estaduais ou até mesmo federais.

No que tange à valoração da educação, o saudoso filósofo Jacques Maritain olhava com preocupação o fato de a educação não ser valorizada em muitos países, considerando ser ela o melhor caminho para a libertação do homem. Para o filósofo, a educação eleva as pessoas a níveis intelectuais e morais da pessoa humana.

As democracias estão conscientes hoje de sua negligência em defender e afirmar nas escolas seus próprios princípios e suas próprias razões de ser intelectuais e morais. (MARITAIN, 1968, p.160).

Para o filósofo, a finalidade da educação está em guiar o homem no desenvolvimento dinâmico no curso do qual se constituirá como pessoa humana, dotada das armas do conhecimento, do poder de julgar e das virtudes morais, transmitindo-lhe, ao mesmo tempo, o patrimônio espiritual da nação e da civilização às quais pertence e conservando a herança secular das gerações. (MARITAIN, 1968 p.37).

Já o antropólogo, sociólogo e filósofo francês Edgar Morin, nos faz associar suas palavras ao tema, fazendo uma relação bem apropriada da solidariedade e responsabilidade com a formação. Veja-se o que ele diz:

A educação deve contribuir para a autoformação da pessoa (ensinar a assumir a condição humana, ensinar a viver) e ensinar como se tornar cidadão. Um cidadão é definido, em uma democracia, por

sua solidariedade e responsabilidade em relação a sua pátria. O que supõe nele o enraizamento de sua identidade nacional (MORIN, 2006, p. 65).

Enfim, a educação é requisito essencial para o desenvolvimento do indivíduo, a fim de que possa ter maiores chances de sucesso, e cabe aos docentes contribuírem para a formação de uma sociedade forte e sólida.

Com o advento do século XXI, vieram novas formas de transmissão de conhecimento, que vêm transformando as imensas bibliotecas em milhões de arquivos, acessíveis na palma da mão, através de computadores, celulares, tablets e outros equipamentos.

A educação evoluiu, e, cabe ao docente preparar-se para atender às presentes necessidades, seja através de mecanismos presenciais ou a distância, a fim de que consiga transmitir conhecimentos e melhor preparar o aluno, para que esse possa desbravar as imensidões escondidas no novo século.

Porém, apenas ressaltar a necessidade de o docente se atualizar não basta: é preciso incentivar, através da realização de cursos de aperfeiçoamento, pós-graduações e reciclagens, a fim de que o profissional possa repassar para seus alunos as inovações e novidades, de forma clara e precisa, a fim de poder contribuir para um melhor desenvolvimento em todos os níveis de aprendizado.

2. Educação à distância: um universo de possibilidades

No Brasil, o principal dispositivo normativo referente à educação de forma geral é a Lei nº 9.394/96, que traz as Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

Tal dispositivo é um marco na educação brasileira e, embora datado do final do século XX, é bastante atual, sendo que em diversos momentos previu a possibilidade da realização de modalidades a distância, principalmente em casos de jovens e adultos que não possuam níveis de escolaridade mínimos.

Aduz Niskier (2000, p. 11), que:Não há como negar que, oficialmente, a modalidade foi bastante lembrada pelo legislador. Ela aparece citada nove vezes na LDB, o que aconteceu pela primeira vez numa lei brasileira, demonstrando assim o reconhecimento da sua importância e a vontade política da sua implementação.

A EAD é uma forma barata e acessível de se promover aprimoramento educacional, pós-graduação e até mesmo graduação, sendo essencial para a sociedade globalizada e dinâmica existente atualmente.

Para Moore e Kearsley (2010, p. 01),a ideia básica de educação a distância é muito simples: alunos e professores estão em locais diferentes durante todo ou grande parte do tempo em que aprendem e ensinam. Estando em locais distintos, eles dependem de algum tipo

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de tecnologia para transmitir informações e lhes proporcionar um meio para interagir.

Aponta Niskier (2000, p. 13) que:O Brasil está maduro para oferecer cursos via EAD, com o emprego de modernas tecnologias educacionais, como o rádio, a televisão e o computador, este como base para a utilização da Internet transformada em rede pedagógica.

Segundo Maia e Mattar (2007, p. 3), a partir da metade do século XX, temos uma tendência educacional tecnicista, centrada no planejamento, na organização, direção e controle de atividades pedagógicas, com incentivo para a utilização de técnicas e diversos instrumentos de aprendizagem, dentre eles audiovisuais e computadores e, posteriormente a EAD.

Niskie, diz que o primeiro curso de EAD oferecido por universidades como a de Londres e a de Lisboa foi relacionado com a capacitação de profissionais do magistério.

A qualidade da educação certamente é reflexo da formação de seus docentes; assim, professores desatualizados ou mesmo despreparados não estarão aptos a promover de forma satisfatória a transmissão dos mais diversos conteúdos, seja em níveis básicos, médios, superiores ou mesmo pós-graduação.

Afirma Niskier (2000, p. 15) que: “As políticas educativas brasileiras, públicas e privadas, sobretudo as que se voltam para a formação de professores, devem ser orientadas numa perspectiva de Educação Permanente”.

Assim, a aprendizagem não deve ser algo estagnado, mas sim uma constante evolução, de forma continuada.

Para Maia e Mattar (2007, p. 03),movimento ainda hoje importante, especialmente para a EAD, é o construtivismo, que se liga às obras de Jean Piaget (1896-1980) e Lev Semenovich Vygotsky (1896-1934). Construtivismo concebe o conhecimento como um processo contínuo de construção, invenção e descoberta por parte do aluno, ressaltando a importância de sua interação com os objetos e outros seres humanos.

A EAD permite que tanto o docente quanto o próprio aluno tenham acesso aos mais diversos mecanismos de aprendizagem e, com a internet, aluno e tutor podem se comunicar em tempo real, assim como é possível à interação entre colegas de sala em ambiente virtual.

Segundo Niskier (2000, p. 17):Vale ressaltar que a educação a distância, como instrumento de qualificação do processo pedagógico e do sistema educacional como um todo, contribui significativamente para resgatar valores e propiciar o exercício pleno da cidadania.

Certamente a EAD se apresenta com uma infinidade de possibilidades, sendo uma concreta forma de mudança, posto que traga esperança para uma infinidade de pessoas, principalmente as que não possuem fácil acesso às grandes universidades

de forma física ou mesmo pessoas que não possuem condições financeiras para arcar com mensalidades, viagens e outros meios essenciais para cursar uma universidade, seja para realizar um curso de graduação ou pós-graduação.

Moore e Kearsley (2010, p. 77), afirmam que a comunicação é extremamente importante para a educação a distância; todo aluno deve conhecer um pouco da tecnologia utilizada no curso a ser realizado, assim como os professores que se disponibilizam a serem tutores em modalidades à distância.

A educação a distância já vem sendo utilizada desde meados do século XX, principalmente em países como os Estados Unidos, onde se valiam de transmissões de TV para passar conteúdos básicos para índios que viviam em montanhas de difícil acesso, sendo que os alunos podiam tirar dúvidas pelo rádio (NISKIER, 2000, p. 23).

No Brasil, já há algumas décadas, estudos a distância como os realizados pelos correios ou mesmo pela televisão, entretanto, é com a internet que a educação a distância realmente ganha força, principalmente na modalidade de ensino superior e pós-graduação.

Leciona Niskier (2000, p. 263-267) que a educação a distância começou no século XVIII, nos Estados Unidos, através dos estudos por correspondência que, posteriormente, evoluíram para as transmissões pela televisão e rádio; existem universidades inteiras sem locais físicos, apenas através das transmissões via mídias eletrônicas; ressaltemos que o Canadá foi o precursor na utilização de satélites apenas para a educação, principalmente em virtude de possuir regiões que são congeladas boa parte do ano, impossibilitando a locomoção dos alunos. Países do norte da Europa como Finlândia e Noruega já possuem vasta experiência em EAD.

Porém, há que se ressaltar que em muitas localidades Brasil afora ainda não existem energia elétrica ou mesmo acesso às condições mínimas de vida, como saneamento básico ou alimentação, assim, é extremamente complicado se pensar em acesso à educação, seja presencial ou à distância quando se falta simplesmente tudo.

De acordo com a Universidade Anhembi Morumbi (2014, p. 01),

são diversos os benefícios associados à EAD, como flexibilidade de tempo, economia no deslocamento até o local de estudo, multimeios de aprendizagem, moderação de seu ritmo de estudo, interação com pessoas de diferencias culturas e experiências profissionais, além da oportunidade de estudar a partir de novas metodologias e tecnologias. No entanto, para que a experiência seja positiva, é importante que sejam avaliados três aspectos relevantes: o credenciamento da instituição pelo MEC; a metodologia aplicada, associada aos recursos de interação e ao papel dos docentes e tutores no processo de aprendizagem; assim como o ambiente virtual e os recursos disponíveis.

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Doctrina E@d14

A educação a distância pode ser usada tanto para uma ou outra disciplina como para toda a grade ofertada, tendo em vista que, presencialmente ou à distância, o aluno tem acesso ao professor/tutor e possui condições bastante satisfatórias de aprendizado.

A EAD possibilita atender um número muito maior de pessoas, com custos muito mais baixos e com qualidade relevante, conforme expõe Niskier (2000, p. 51).

Governos municipais, estaduais e federais estão realizando diversos cursos de capacitação e aprimoramento a distância, visando não apenas aos docentes, mas a população em geral, principalmente estudantes, como no curso ofertado pela CAPES de inglês, disponível para estudantes de diversos níveis.

De acordo com Maia e Mattar (2007, p. 33), no ano de 2006, já eram mais de dois milhões de alunos matriculados em cursos de EAD no Brasil, de diferentes níveis, sendo que tais números aumentam todos os anos.

Segundo a Universidade Anhembi Morumbi (2014, p. 01),

a Educação a Distância (EAD) vem crescendo intensamente no Brasil e no mundo. Em 2011, de acordo com dados do Censo de Educação Superior, dos 6,7 milhões de universitários brasileiros, 14,7% estavam matriculados em cursos a distância. Já no Canadá, país pioneiro na massificação da EAD, seus 32 milhões de cidadãos têm à disposição 56 universidades, das quais 53 oferecem cursos a distância.

Um dos maiores beneficiários da educação à distância é, sem dúvida, quem têm filhos ou são responsáveis por menores, tendo em vista que ainda nos dias de hoje os afazeres com filhos, casa e cônjuge, impedem milhares de terem acesso às salas de aulas, pelo menos as salas físicas, podendo contar com a educação a distância, seja para níveis básicos, médio, superior ou pós-graduação.

A EAD é tão relevante para possibilitar maior acesso à educação que já foi e é palco de projetos da Unesco, como aconteceu na década de 90, em que foi criado o Projeto IESAD – Inovação da Educação Superior à Distância para a América Latina e Caribe.

No Brasil, o início da Educação a distância se deu com a Lei nº 5.692/71, que criou o Prontel – Programa Nacional de Teleducação.

Assevera Niskier (2000, p. 307) que o primeiro telecurso de segundo grau foi uma parceria da Fundação Roberto Marinho com a Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura, no ano de 1978; o projeto deu certo, e mesmo pessoas que não estavam matriculadas acompanhavam diariamente as aulas. As provas apontavam alto nível de rendimento, o que comprovou o sucesso da ideia.

No ano de 1995, foi criada no país a Secretaria de Educação a Distância – SEED, que trouxe o Programa Nacional de Educação à Distância, com uma infinidade de medidas.

Atualmente existem diversos canais e programas de cunho educativo, tanto na televisão

como em outras mídias, ressaltando a internet como uma riquíssima fonte de cursos, aulas, entre outros, tudo a distância, integral ou parcialmente.

As principais bases da educação a distância estão previstas na Lei nº 9.394/96, sendo que no artigo 32, § 4º, temos que: “O ensino fundamental será presencial, sendo o ensino a distância utilizado como complementação da aprendizagem ou em situações emergenciais”.

A Lei nº 9.394/96 estabeleceu as bases para a Educação Brasileira, incluindo a educação a distância como modalidade alternativa de acesso à educação. Entretanto, nos dias de hoje, já podemos afirmar que a educação a distância proporciona igual acesso à educação para pessoas de todas as partes do país, sejam elas ricas ou pobres.

Há ainda o Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005, que regulamenta o artigo 80 da Lei nº 9.394/96, que diz respeito à educação à distância, in verbis:

Art. 1o Para os fins deste Decreto, caracteriza-se a educação a distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos.

Ressalte-se, que para que seja ofertada a modalidade a distância, deve-se atentar para alguns requisitos, previstos no citado Decreto, art. 1º, em seus parágrafos:

§ 1o A educação a distância organiza-se segundo metodologia, gestão e avaliação peculiares, para as quais deverá estar prevista a obrigatoriedade de momentos presenciais para:

I - avaliações de estudantes;

II - estágios obrigatórios, quando previstos na legislação pertinente;

III - defesa de trabalhos de conclusão de curso, quando previstos na legislação pertinente; e

IV - atividades relacionadas a laboratórios de ensino, quando for o caso.

Os cursos a distância poderão ser ofertados em todas as modalidades de ensino, inclusive pós-graduação, devendo ter a mesma duração dos cursos presenciais.

Docentes de todas as partes do país podem ter acesso à qualificação e aprimoramento a baixíssimos custos e com excelência na oferta, pois, atualmente, o conhecimento precisa ser construído dia após dia, posto que o mundo pós-contemporâneo reserva muitas surpresas e a evolução constante.

Para Maia e Mattar (2007, p. 04),o construtivismo, que defende a importância da construção do conhecimento por meio da interação dos seres humanos, é talvez a corrente que mais domine a teoria da educação contemporânea. Entretanto, teorias behavioristas acabaram também encontrando morada fértil em programas de EAD, principalmente em função do uso da tecnologia. Assim, a tensão entre teorias construtivistas e behavioristas marca, para muitos, o universo atual da EAD.

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Na EAD, professores e alunos estão distantes, ligados através do ambiente virtual, possibilitando um número imenso de alunos, acesso ao conteúdo de diversos locais e o amplo acesso à educação, com baixos custos, possibilitando que pessoas cursem do nível básico à pós-graduação sem sair de casa, com horários flexíveis e com qualidade.

Apontam Maia e Mattar (2007, p. 9) que, na EAD, o número de pessoas que podem ser atendidas é ilimitado, e pode democratizar o acesso, principalmente em regiões que a forma convencional de ensino não consegue chegar. A EAD é um mecanismo que traz justiça social.

3. Considerações finais

A educação é essencial para a vida em sociedade e não se faz apenas nas salas de aula, mas também no cotidiano como um todo.

Os cursos a serem ofertados através de EAD devem ser capazes de atingir as necessidades dos alunos, que precisam ter a disposição conteúdos condizentes com suas expectativas, com tutores que possam responder dúvidas e quaisquer questionamentos.

Para que uma instituição possa ofertar cursos de EAD, deve possuir organização e programas interativos que possam ser suficientes para suprir as necessidades dos alunos, sejam em quais níveis de ensino forem, assim, se faz necessário um ambiente virtual, uma equipe de manutenção e alimentação, tecnologia de comunicação, alunos, biblioteca virtual, instrutores, entre outros, a fim de garantir qualidade e excelência.

Atualmente é possível interagir com colegas e professores no ambiente virtual, participar de conferências virtuais, enfim, o conhecimento é disseminado de forma muito mais ampla e produtiva.

A EAD possibilita que o aluno de cursos de nível básico (médio, técnico), superior ou mesmo pós-graduação, aprimoramento e capacitações, realize atividades em qualquer lugar do planeta, em qualquer horário, com a mesma qualidade dos cursos presenciais.

Um dos principais objetivos da EAD é a disseminação de conhecimento, de forma sistemática e universal, ampliando o acesso e facilitando e efetivando a justiça social.

Uma educação de qualidade, bem como equidade no acesso, é um dos precursores para a concretização da dignidade humana.

Através da EAD é possível que docentes se qualifiquem e, assim, possam transmitir, de forma mais eficiente, os conteúdos em suas salas de aula.

É essencial que os docentes estejam capacitados e se qualifiquem com frequência, posto que formem opiniões, profissionais e cidadãos e a EAD é uma ferramenta mais acessível em termos financeiros ou mesmo de horários, devendo ser explorada sempre que possível.

A sociedade está em constante mudança e, uma vez que se busca formar pessoas para viverem nesse âmbito, os professores precisam estar aptos para prepararem seus alunos, seja em curso presencial ou à distância.

Os professores precisam estar antenados com as mais inovadoras mudanças do cotidiano e, assim, a EAD é uma forma fácil, barata e amplamente acessível de garantir qualidade no ensino, em qualquer lugar do país.

A EAD traz equidade e justiça, tanto na qualificação e reciclagem de profissionais docentes, como aumenta a qualidade da educação ofertada no país, posto que profissionais valorizados possam transmitir ainda mais conhecimento para seus alunos.

Assim, a EAD é indispensável para garantir a efetivação da dignidade humana, a justiça social e o direito à educação para um número cada vez maior de indivíduos.

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Caroline Leite de CamargoMestre em Direito pelo UNIVEM. Bacharel em Direito pela UFMS. Advogada. Professora na Etec - Araçatuba (2016 - atual). professora dos cursos à distância e presenciais na NAEEP (2014 - atual). Professora conteudista da pós-graduação-EaD-Uniara (2013 - atual). Tem experiência como palestrante e ministrante de cursos na área de liderança, formação e qualificação profissional, entre outros.

Cícero Alexandre GranjaMestre em Direito pelo UNIVEM. Pós-graduado em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho pela UNOPAR. Bacharel em Direito pela Uniesp de birigui. Funcionário Público do Estado de São Paulo. Coordenador dos cursos à distância e presenciais NAEEP (2014 - atual). Editor da Revista Interdisciplinar NAEEP (2014 - atual). Professor de cursos de graduação e pós-graduação. Tem experiência palestrante e ministrante de cursos na área de liderança, formação e qualificação profissional, além de Direito e Segurança Pública e Privada, entre outros.

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Resumo

As redes sociais ganharam notório espaço no contexto social nas últimas décadas, influenciando tendências e comportamentos em diversas áreas, inclusive na educação. Diante disto, as redes sociais digitais não podem ser mais vistas apenas como ferramentas profissionais e de lazer, mas também como ferramentas educacionais capazes de melhorar o processo ensino-aprendizagem através do conhecimento coletivo. É a partir dessa realidade que esse artigo tem como objetivo investigar o uso da rede social digital ¹Whatsapp como ambiente informal de aprendizagem. Para tanto, foi realizada pesquisa com alunos do terceiro módulo do Curso Técnico em Administração, modalidade semipresencial na Etec Benedito Storani no primeiro bimestre letivo de 2016. A metodologia utilizada quanto aos objetivos foi a descritiva com abordagem qualitativa. Os resultados demonstram que a interação e participação dos alunos é mais intensa na rede social digital do que no ambiente virtual de aprendizagem (AVA), o que pode melhor a disseminação e compartilhamento do conhecimento. A partir destas premissas este trabalho traz contribuições para o conhecimento por apresentar um caso concreto de utilização de redes sociais digitais como ambientes informais de aprendizagem. Não é pretensão deste artigo esgotar a discussão sobre o assunto, tampouco propor um modelo didático-pedagógico para a utilização das redes sociais digitais na área de educação, apenas fornecer informações para reflexão a respeito desta ferramenta que está ganhado cada vez mais espaço no cotidiano acadêmico e social.

Palavras-chave: Educação a Distância; Redes Social Digitais, Ambientes de Aprendizagem.

1. Introdução

As grandes mudanças socioeconômicas ocorridas nas últimas décadas criaram condições favoráveis para novos modelos de organização social, pautados principalmente na construção colaborativa e coletiva do conhecimento. Segundo Castells (1999), este fato é consequência da migração da sociedade de um modelo industrial para outro pós-industrial, impulsionado por fatores como globalização econômica e cultural; desenvolvimento da informática e avanço das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs).

REDES SOCIAIS DIGITAIS COMO “AMBIENTES INFORMAIS DE APRENDI-ZAGEM”: O USO DO APLICATIVO WHATSAPP NO CURSO TÉCNICO EM AD-MISTRAÇÃO - MODALIDADE SEMIPRESENCIAL

Luiz Carlos Terra dos Santos

Esses fatores levaram ao surgimento de uma nova estrutura social denominada sociedade em redes, onde estão presentes laços de interligação e interdependência nas mais diversas atividades humanas, sociais e organizacionais. Para Castells (1999), a sociedade em rede é uma estrutura formal e aberta formada por nós interligados, capazes de gerar, processar e distribuir informações a partir do conhecimento acumulado. Ainda segundo o autor a sociedade em rede é composta por estruturas abertas que vão evoluindo e se modificando ao longo dos anos, acrescentando ou removendo nós de acordo com as mudanças e necessidades. Franco (2012, p. 11) endossa este argumento ao afirmar que:

[...] uma sociedade em rede está emergindo e, progressivamente, tornando obsoletos as instituições e os processos hierárquicos da velha sociedade de massa, inclusive as instituições e processos educacionais. Novas tecnologias de informação e comunicação – que permitem a interação horizontal ou entre pares (pessoa-com-pessoa) em tempo real – estão acelerando esse processo.

Neste contexto surgem as redes sociais, definidas por Lima (2011) como estrutura social composta por pessoas ou organizações, conectadas por diversos tipos de relações, que partilham valores, culturas, interesses e objetivos comuns. Esses modelos configuram-se das mais variadas formas, finalidades e aspectos da vida social, atraindo milhares de pessoas devido ao fato de serem estruturas abertas e não hierárquicas, possibilitando assim relacionamentos horizontais entre os participantes.

A temática que envolve o conceito de redes sociais é bastante abrangente, podendo ser aplicada em diversas áreas do conhecimento com Antropologia, Psicologia, Sociologia, Economia, Ciências Políticas, Ciências da Informação, Ciências da Comunicação, Administração, entre outras (MARTELETO, 2010).

Aprofundando-se um pouco mais nesta temática estão as redes sociais digitais como Facebook, Linkedin, Twiter, Youtube, Instagram, Whatsapp, entre outras, podendo ser consideradas fontes de desenvolvimento intelectual e interação social e com potencial para serem instrumentos de aprendizagem graças a interação social, possuindo grande número de adeptos que se comunicam, se informam e se divertem. Neste cenário, ainda de forma tímida encontra-se a área de educação, utilizando sistemas que foram idealizados para outra finalidade, mas estão sendo utilizados informalmente no processo ensino-aprendizagem.

¹ Neste trabalho, o aplicativo Whatsapp será considerado rede social, pois além da função de trocar mensagens promove a interação entre um ou mais indivíduos que compartilham valores e objetivos comuns, elementos fundamentais presen-tes no ambiente em redes.

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A partir dessas premissas, este trabalho tem como objetivo analisar a rede social digital Whatsapp como ambiente informal de aprendizagem sob diversos aspectos como interação e velocidade de comunicação (entre professores/tutores - alunos ou entre alunos), praticidade, enfim relações de interesses acadêmicos e pessoais. Para tanto, num primeiro momento serão apresentados conceitos de redes sociais e suas aplicações na educação e na sequência sua importância no processo ensino-aprendizagem.

Como objeto de estudo foi utilizada a experiência do uso das redes sociais no Telecurso Tec - Curso Técnico em Administração modalidade semipresencial na Etec Benedito Storani (Administrada pelo Centro Paula Souza – CPS). A pesquisa contemplou as seguintes fases: pesquisa bibliográfica, levantamento das atividades educativas nos dois ambientes (AVA e Aplicativo Whatsapp), os atores envolvidos e análise qualitativa dos dados.

A questão relevante que justifica a elaboração deste artigo é o acesso a informação e o compartilhamento desta, presentes em todas as áreas e esferas socioeconômicas, sendo essenciais tanto do ponto de vista acadêmico quanto profissional e pessoalDiante disto as redes sociais digitais exercem papel fundamental na sociedade moderna, impulsionando as ações dos indivíduos em busca do conhecimento, podendo ser aplicadas na educação como instrumentos de desenvolvimento e aprimoramento do processo de ensino e aprendizagem.

Para tanto, este trabalho tem como objetivo geral analisar o uso da rede social Whatsapp como ambiente informal de aprendizagem no âmbito do Curso Técnico em Administração, modalidade

semipresencial. Deste objetivo principal derivam os seguintes objetivos específicos,

Conceituar redes sociais, especificamente as digitais Facebook e Whatsapp através de pesquisa bibliográfica.

Identificar a influência da rede social Whatsapp no apoio à educação a distância.

Analisar, através de metodologia apropriada os resultados obtidos, considerando as relações entre as variáveis estudadas.

2. Redes Sociais Digitais

Conforme já citado neste trabalho, a configuração de redes sociais é bastante ampla e dinâmica, sendo estudado por diversos autores sob as mais variadas áreas do conhecimento (NOHRIA, 1992).

Para Grandori e Soda (1995) as redes são formas de organização que se originam através de coordenação, cooperação voluntária, interdependência de recursos e inter-relações que possibilitam o alcance de objetivos individuais ou coletivos. Neste contexto as redes também podem ser vistas como um conjunto de nós interconectados e interdependentes baseados em relacionamentos frequentes entre pessoas, empresas, grupos ou países (CASTELLS, 2000).

Na visão de Tomaél et al. (2005) as redes sociais se formam a partir do agrupamento de pessoas, seja para relações de amizade, de trabalho ou sociais. Ainda, segundo o autor as redes sociais se constituem de múltiplas relações entre indivíduos, com objetivo de compartilhar informações gerando assim o conhecimento. Estas relações se desenvolvem a priori no âmbito familiar, em seguida no ambiente social (comunidade, escola) e, por fim chega ao ambiente profissional.

Além das relações informais presentes nas redes sociais, outra característica marcante é a rapidez na disseminação das informações, elementos essenciais para a comunicação e aprendizado, visto que uma mesma experiência é compartilhada por diferentes culturas. Sendo assim, pode-se afirmar que as redes sociais influenciam o comportamento dos indivíduos, e a questão central é a aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito com o meio (VYGOTSKY, 1984). Minhoto (2012) corrobora com esse entendimento ao afirmar que a “aprendizagem colaborativa é centrada no grupo e não em indivíduos isolados”, e apoia-se nos estudos de Meirinhos (2007) para esclarecer que a aprendizagem colaborativa e a aprendizagem individual devem figurar de forma indissociável.

Atendendo esses requisitos básicos estão as redes sociais digitais como Facebook e Whatsapp, concebidas com o propósito de criar interação entre seus usuários tecnologicamente conectados (FERNANDES, 2011). Graças aos avanços tecnológicos estas redes foram evoluindo e aperfeiçoando-se, principalmente com a popularização da internet e o surgimento de aplicativos.

Marconi, Machado e Carvalho (p. 15, 2014) definem Facebook como “uma rede social que conecta e integra pessoas de diferentes locais geográficos, ressignificando os conceitos de tempo e espaço”. Ainda, segundo as autoras, os participantes destas redes ao conectarem-se à internet interagem de diversas formas de acordo com suas necessidades, elementos característicos das relações na sociedade em rede (MARCON, MACHADO e CARVALHO, 2014).

Com relação ao Whatsapp, Honorato e Reis (2014) o descrevem como sendo um aplicativo que possibilita a troca de mensagens via celular, possibilitando partilhar, refletir e compartilhar conhecimentos. Esse aplicativo permite a criação de grupos, envio e recebimento de mensagens ilimitadas com imagens, vídeos e áudio, conectando grupo de pessoas interligadas com a internet, podendo assim ser considera uma rede social (HONORATO e REIS, 2014).

Para Patrício (2010) a popularização das redes sociais digitais se deu graças a facilidade de uso; autoaprendizagem (não necessita de treinamento intenso); acesso a diversos recursos e controle de privacidade.

2.1. Educação a Distância - EaD

A Educação a Distância - EaD pode ser definida como processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias de informação e comunicação (TICs), onde

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professores e alunos interagem de forma remota na busca do conhecimento coletivo (MORAN, 2002). Já Moore e Kearsley (2008, p. 2) definem esta modalidade de educação como:

[...] aprendizado planejado que ocorre normalmente em um lugar diferente do local de ensino, exigindo técnicas especiais de criação do curso e de instrução, comunicação por meio de várias tecnologias e disposições organizacionais e administrativas especiais.

No Brasil esta modalidade é regulamentada pelo Ministério da Educação e Cultura através do decreto Nº 5.622/ 2005 (que complementa o art. 80 da Lei Nº 9.394/1996 – LDB), que define educação a distância como:

Modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos.

Partindo dessa premissa Zancanaro et al. (2012) consideram a educação a distância uma ferramenta fundamental na disseminação do conhecimento e democratização da informação. Segundo os autores esta modalidade fornece aos usuários possibilidade de formação continuada, o que facilita a inclusão e permanência no mercado de trabalho.

Desta forma, novos modelos, métodos e ferramentas educacionais baseados nas TICs surgem com objetivo de abranger um número cada vez maior de usuários. Para Moran (2002) este processo permite que cada indivíduo busque autonomia de aprendizagem a qualquer hora e em qualquer lugar, bastando apenas estar conectado para acessar conteúdos, materiais e informações básicas postadas previamente pelo professor. Franco (2012) complementa este conceito ao afirmar que estamos na busca constante pelo conhecimento autônomo, da livre aprendizagem e isso é pode gerar mudanças necessárias no processo de aprendizado.

3. Metodologia de Pesquisa

Neste tópico serão apresentados os procedimentos metodológicos utilizadas na elaboração da presente pesquisa, caracterizando quanto a seu objetivo, método, abordagem e procedimentos técnicos. Demo (1997, p.50) afirma que a metodologia indica o “caminho concreto a ser percorrido, delineando as várias partes, os métodos e técnicas implicados, as leituras e discussões enfrentadas, sobretudo a pretensão de cientificidade”.

Em virtude da complexidade dos assuntos envolvidos na elaboração deste trabalho o método da pesquisa escolhido foi o Indutivo. Para tanto a pesquisa parte do princípio que pela indução experimental da realidade a partir da observação de fatos e fenômenos do cotidiano acadêmico dos alunos pode-se elaborar conclusões que são apenas prováveis.

Quanto aos objetivos da pesquisa a abordagem utilizada será a descritiva, já que este trabalho busca

descrever o fenômeno do uso das redes sociais como ambientes virtuais de aprendizagem. Para Triviños (1987, p. 110), “o estudo descritivo pretende descrever “com exatidão” os fatos e fenômenos de determinada realidade”.

Em relação à natureza da pesquisa a abordagem será a qualitativa, visto que esta forma geralmente não faz uso de ferramentas estatísticas na análise dos dados coletados e tem como objetivo compreender as motivações e atitudes das pessoas (OLIVEIRA, 1999). Para Godoy (1995) a abordagem qualitativa não é uma estrutura rigidamente estruturada e isso permite várias configurações de coleta e análise de dados para entender a dinâmica do fenômeno estudado sob a perspectiva das pessoas nele envolvidas e o pesquisador é “o instrumento mais confiável de observação, seleção, análise e interpretação dos dados coletados”.

Considerando que o problema de pesquisa deste estudo á a utilização de redes sociais digitais como ambientes informais de aprendizagem, inicialmente os sujeitos de pesquisa são formados por alunos do terceiro módulo do curso técnico em Administração, modalidade semipresencial na Etec Benedito Storani, localizada no município de Jundiaí – SP, sendo o estudo realizado no primeiro bimestre de 2016. A escolha do sujeito de pesquisa não ocorreu de forma aleatória, deu-se devido a possibilidade de analisar em profundidade questões como interação social e acadêmica em dois ambientes distintos: o AVA e o aplicativo Whatsapp.

Na pesquisa científica, em especial a qualitativa, são vários os instrumentos de coleta de dados que podem ser utilizados. Neste estudo as fontes primárias de coleta de dados são as interações e enquetes aplicadas eletronicamente através do AVA e do aplicativo Whatsapp. Optou-se por estes dois instrumentos por entender que são os mais adequados para responder ao problema de pesquisa proposto. As fontes secundárias são formadas por artigos e trabalhos acadêmicos.

No próximo tópico, a partir da elaboração, analise e interpretação dos dados coletados será realizada discussão dos resultados da pesquisa.

4. Análise de dados

Com o avanço tecnológico as redes sociais digitais estão cada vez mais presentes nas modalidades da EaD, surgindo como uma nova metodologia que complementa os processos de ensino e aprendizagem e a escola tenta se adequar a esse novo mundo (ZANCANARO, 2012).

Com isso foi desenvolvido estudo com 20 alunos do Telecurso Tec que estavam cursando e frequentando regularmente o 3º módulo do curso técnico em Administração modalidade semipresencial na Etec Benedito Storani. Foi analisado o primeiro bimestre letivo de 2016, compreendendo o período que vai 20 de fevereiro de 2016, data do primeiro encontro presencial até 19 de março de 2016, data do quinto encontro presencial, ou seja, de um total de quinze encontros presenciais por módulo foi analisado um terço curso.

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A questão principal que move esse estudo é analisar qual dos ambientes de aprendizagem é mais utilizado e o porquê dessa escolha, visto que para efeitos de registros acadêmicos o ambiente virtual oficial (AVA) é o mais indicado. Também foi analisada a aprendizagem colaborativa através da disseminação de informações que ocorrem nas redes sociais digitais, sendo analisados os seguintes aspectos: (A) Velocidade das informações; (B) Volume de informações.

Para tanto foi investigado e analisado primeiramente as participações, interações e realização de atividades propostas nas três ferramentas disponíveis no AVA: Fórum, Bloco de Notas e Correio Tec (http://telecursotec.cpscetec.com.br). Na sequência foi analisada a página oficial do Telecurso Tec criada pela Etec Benedito Storani no Facebook (https://www.facebook.com/Etecbest-Telecursotec-528140113935219), e, por fim o grupo no aplicativo Whatsapp criado pelos alunos do terceiro módulo do curso técnico denominado ADM. ETEC BEST.

Numa primeira análise optou-se por descartar o Facebook, visto que os alunos deste módulo não interagem neste ambiente. Questionados por qual motivo eles (os alunos) não utilizam a página oficial da Etec Benedito Storani no Facebook ou criaram uma página específica (como ocorre com outras turmas) como ambiente informal de aprendizagem ou de lazer, os mesmos responderam que o aplicativo Whatsapp oferece maior praticidade. Isso endossa a afirmativa de Castells (1999, p17) que “a tecnologia não determina a sociedade e sim a sociedade que dá forma à tecnologia de acordo com as necessidades, valores e interesses das pessoas que utilizam as tecnologias”.

A seguir são apresentados os resultados relativos a informações primárias coletadas via enquete, análise do AVA e interações ocorridas nas redes sociais sob os aspectos mencionados anteriormente:

a) Quanto a velocidade das informações:

Em análise prévia, constatou-se que as informações fluem com maior velocidade no aplicativo Whatsapp. Visando confirmar essa análise prévia, em 24/03/2016 as 11:46h foi criado uma enquete simultaneamente no AVA (Fórum, CorreioTec e Bloco de Notas) e no aplicativo Whatsapp. Após dez minutos da criação da enquete, ou seja, as 11:56h surgiu a primeira interação via Whatsapp, conforme destaca a Figura 1.

No AVA, as interações aconteceram inicialmente no Correio Tec, aproximadamente trinta e cinco minutos após criação da enquete, conforme figura 2,

Figura 1: Velocidade na Interação ocorrida no aplicativo Whatsapp. Fonte: O autor

Figura 2: Velocidade na Interação ocorrida no aplicativo Correio Tec. Fonte: O autor

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Já no fórum, as interações ocorreram no dia seguinte, aproximadamente trinta e duas horas e trinta e cinco minutos após a criação da enquete.

Percebe- se que quando o assunto é velocidade na disseminação da informação, o aplicativo Whatsapp é mais rápido e eficiente. Até mesmo a interação no AVA (Correio Tec e Fórum) só ocorreram nesta velocidade devido ao fato dos alunos possuírem o aplicativo Whatsapp, e alguns receberem avisos sonoros indicando novas atividades no aplicativo.

Normalmente os Fóruns são abertos aos sábados no final das aulas e encerrados nas sextas – feiras seguintes por volta de 23:55h. Nota-se que o maior volume de respostas acontecem nas quintas – feiras e sextas – feiras, ou seja, véspera e dia de encerramento dos fóruns. Neste caso específico em que a enquete foi aberta simultaneamente no aplicativo Whatsapp e no AVA (Correio Tec e Fórum) a velocidade da informação foi quase instantânea.

b) Volume de informações:

Neste item, novamente o aplicativo Whatsapp aparece em primeiro lugar com 225 interações no período analisado. Os assuntos postados e comentados são os mais diversos e vão desde utilidade pública de interesse do grupo (figura 4) até dúvidas referentes ao curso, como as atividades não presenciais (figura 5).

Figura 3: Velocidade na Interação ocorrida no Fórum. Fonte: O autor

Figura 4: Interação de utilidade pública. Fonte: O autor

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No Fórum foram 208 interações entre boa vindas, regras de participação, questões dos capítulos, atividade extra e enquete (figura 6). Este volume deve-se ao fato do Fórum fazer parte do ambiente “oficial” de aprendizagem, e as respostas postadas neste ambiente serem avaliativas e participativas para efeito de composição do conceito parcial do aluno e no caso do mesmo não conseguir o mínimo de 16 acertos na avaliação presencial final (conforme regras do Telecurso Tec) esta participação efetiva é um critério importante no conselho de classe, podendo ser decisivo na promoção ou retenção do aluno.

Por fim, a última ferramenta analisada foi o Correio Tec, contando este com 15 mensagens trocadas. Conforme já informado, os alunos preferem o aplicativo Whatsapp tanto para comunicação entre alunos quanto para a comunicação com o professor, em especial pela facilidade e velocidade.

Conforme analisado, o aplicativo whatsapp é uma ferramenta útil no aprendizado e isso deve-se em parte ao fato dos alunos terem o aplicativo instalado nos celulares e ²smatphones, o que facilita o acesso e interação rápida entre os indivíduos. Franco (2012) afirma que novas práticas estão surgindo a partir da conectividade que ocorrem nas redes sociais digitais, criando assim novas comunidades de aprendizagem capazes de disseminar e empregar ferramentas de autoaprendizagem e de comum-aprendizagem.

Figura 5: Interação acadêmica sobre atividades não presencias. Fonte: O autor.

Figura 5: Interação acadêmica ocorrida no Fórum. Fonte: O autor.

²Smartphone é um telefone celular, e significa telefone inteligente, em português, e é um termo de origem inglesa. O smartphone é um celular com tecnologias avan-çadas, o que inclui programas executados um sistema operacional, equivalente aos computadores. Fonte: www.significados.com.br/smartphone.

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No próximo tópico estarão as considerações finais a respeito deste estudo.

5. Considerações finais

O objetivo deste trabalho foi analisar o uso da rede social Watsapp como ambiente informal de aprendizagem no âmbito do Curso Técnico em Administração, modalidade semipresencial. Neste contexto as redes sociais digitais oferecem grande facilidade tanto no tráfego das informações; quanto análise das mesmas e explorar esse campo pode melhorar o interesse do aluno em participar efetivamente das discussões, proporcionando a construção ativa de conhecimento.

As análises obtidas neste estudo indicaram que o uso do aplicativo pode trazer contribuições efetivas para o desenvolvimento do aprendizado, visto que as interações ocorrem pela familiaridade com o aplicativo e por vontade própria dos alunos. Sendo assim, o Whatsapp pode ser explorado como ferramenta adicional na disseminação do conhecimento, colaborando para um aprendizado coletivo e colaborativo através da construção crítica e reflexiva de informação e conhecimento.

Outro ponto verificado neste trabalho é que as redes sociais já fazem parte do cotidiano da maioria dos alunos, sendo utilizadas para diversos fins, e viabilizar o uso do aplicativo Whatsapp como instrumento alternativo de aprendizagem além de melhorar o rendimento acadêmico gera uma interação eficiente em função das diversas inteligências e habilidades dos alunos.

Cabe ao professor atuar como mediador no processo de ensino aprendizagem, motivando os alunos na realização das atividades cotidianas, e que isso possa trazer contribuições válidas também para o universo pessoal e social.

As análises apresentadas no presente trabalho, ainda que de forma tímida evidenciam a eficiência do uso do aplicativo Whatsapp como ambiente informal de aprendizagem, em especial no processo de disseminação da informação acadêmica graças as habilidades e competências previas que o aluno possui. Vale ressaltar que esse estudo tinha o objetivo analisar o uso do aplicativo Whatsapp como ambiente informal de aprendizagem, não tendo a pretensão de propor novos métodos ou modelos pedagógicos. Como sugestão para futuras pesquisas, recomenda-se analisar o uso do Whatsapp de forma mais ampla, estudando outros módulos ou o curso em sua totalidade.

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A Educação a Distância, principalmente quando se dá através de Ambientes Virtuais de Aprendizagem baseados na internet, pode romper com as barreiras entre o ensino e o deficiente visual, eliminando quase que por completo as dificuldades acima apresentadas e que são fatores determinantes para o baixo nível escolar das pessoas com algum grau de deficiência visual.

Quando uma pessoa adquire a deficiência visual ou quem a possui de forma congênita, tem-se uma ideia instantânea de que esta pessoa não pode ter uma vida “normal”, e, por esses motivos, os recursos que poderiam ser oferecidos a elas são consideravelmente escassos; a pessoa com deficiência pode ter, dessa forma, sua vida social e acadêmica prejudicada devido à exclusão pela falta de recursos ideais na sociedade como, por exemplo, a falta de escolas e universidades adaptadas e preparadas para receberem um deficiente visual.

Apenas alguns detalhes podem tornar a vivência dos deficientes visuais muito mais fácil e gratificante, sendo que tais detalhes são capazes de alterar, para melhor, o dia a dia dessa parcela da população. Um destes detalhes, que é o acesso à educação, pode ser promovido através do ensino a distância por meio de ambientes virtuais de aprendizagem, hoje largamente disponibilizados no mercado e que podem atuar como sistemas de inclusão a estas pessoas com deficiência visual.

A internet popularizou-se rapidamente e tornou-se uma ferramenta indispensável na vida da sociedade do século XXI e, devido às inúmeras dificuldades enfrentadas por um deficiente visual, como, por exemplo, dificuldades de locomoção e falta ambientes de ensino adaptados, a utilização da educação à distância através da internet como ferramenta para disseminação do conhecimento torna-se uma opção muito vantajosa.

1.1 Objetivos

A área de pesquisa abordada por este artigo é a educação a distância para deficientes visuais, discutindo-se a utilização dos ambientes virtuais de aprendizagem como ferramenta para a inclusão social e acadêmica de tais pessoas.

1.1.1 Objetivo geral

O objetivo deste artigo é analisar e discutir como a educação a distância, principalmente com o uso de ambientes virtuais de aprendizagem via internet, pode contribuir, de modo a permitir que deficientes visuais

UMA VISÃO SOBRE A INCLUSÃO SOCIAL DE DEFICIENTES VISUAIS ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA VIA INTERNET

Ricardo Leardini Lobo

Resumo

No Brasil, o indivíduo com algum tipo de deficiência visual normalmente tem sua vida acadêmica interrompida, de forma precoce, devido a diversas dificuldades de inclusão e diversos fatores impeditivos de uma vida acadêmica plena. As barreiras enfrentadas pelos deficientes visuais para conseguir estudar vão desde barreiras físicas, devido à falta de estrutura das cidades, escolas e universidades brasileiras, até barreiras sociais e econômicas, como a discriminação por parte de indivíduos sem nenhuma deficiência, a falta de dinheiro para aquisição de equipamentos que permitam uma mobilidade ideal e até mesmo a falta de capacitação dos docentes.

De forma paralela a isto, o ensino a distância, hoje, vem crescendo e ganhando espaço na sociedade e no mercado em nível mundial. Esta modalidade de ensino tem sido uma grande facilitadora para o aumento da educação na sociedade, garantindo a retomada dos estudos por parte de pessoas que, por algum motivo, não podem ou não possuem tempo para realizar cursos de capacitação ou superiores, de forma presencial.

Com base nestes conceitos, este artigo tem por meta analisar as dificuldades do deficiente visual e como a educação a distância torna-se uma ferramenta de inclusão social, garantindo aos deficientes visuais acesso à educação, de forma acessível, diminuindo barreiras físicas e sociais por eles enfrentadas para a continuidade de suas vidas acadêmicas e consequente inserção na sociedade e mercado de trabalho.

Palavras-chave: aprendizagem virtual, acessibilidade, educação a distância, inclusão, deficiência visual.

1.Introdução

Dados coletados e divulgados pelo censo demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2015) apontam que pessoas com deficiência possuem um período de frequência à escola superior à população total, devido ao fato de iniciarem seus estudos tardiamente e permanecerem na escola por mais tempo (no mesmo nível de ensino). Estes dados são justificados por fatores diversos, dos quais podemos citar alguns: dificuldades de aprendizagem, falta de preparo e treinamento por parte de professores e funcionários do ambiente escolar/universitário e barreiras físicas, como a falta de dispositivos de acessibilidade (rampas, laboratórios preparados- etc.). Ainda de acordo com o IBGE (2015), grande parcela da população que possui algum tipo de deficiência apresenta menor taxa de escolaridade em comparação com as pessoas sem deficiência alguma.

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tenham acesso ao conhecimento e a cursos universitários, técnicos e de capacitação em geral, garantindo sua maior inclusão na sociedade e no mercado de trabalho.

1.1.2 Objetivo específico

Os objetivos específicos deste artigo consistem em estudar as práticas educacionais, a inclusão das pessoas com deficiência visual no contexto do ensino a distância, com o uso de ambientes virtuais de aprendizagem.

1.2 Justificativa

De acordo com dados da ONU (2016), 10% da população mundial têm alguma deficiência; isso equivale a 650 milhões de deficientes. Segundo estimativa do IBGE (2015), 3,6% da população do Brasil é formada por deficientes visuais, totalizando aproximadamente 7,2 milhões de pessoas. Ainda de acordo com dados do IBGE (2015) aproximadamente 1,5 milhões de brasileiros com deficiência visual não realizam atividades habituais como frequentar a escola ou trabalhar.

Tais dados apenas comprovam que a pessoa com algum tipo de deficiência visual enfrenta diversas barreiras no processo de inclusão na sociedade, como dificuldades no acesso a itens essenciais, a exemplo de: informação, educação e ao mercado de trabalho.

Uma das formas mais adequadas para uma inclusão mais eficaz dos deficientes visuais na sociedade, e para um aumento no nível de escolaridade destas pessoas, é a educação a distância com a utilização de ambientes virtuais de aprendizagem, visto que estes, por estarem disponíveis na internet, permitem que os deficientes visuais tenham acesso à educação, sem possuir a necessidade de saírem de suas casas e enfrentar barreiras físicas.

2. Desenvolvimento

Com o advento dos dispositivos computacionais modernos e com o início da era da informatização, novas possiblidades surgiram para a inclusão social de pessoas com deficiência visual. Os avanços tecnológicos da área da informática e computação permitiram muitas realizações nesta área. Através dos recursos apresentados na internet, e com a ajuda de softwares leitores de tela, hoje boa parcela da população com deficiência visual possui acesso a notícias, conhecimentos e interações sociais.

Um meio que pode ser facilitador para a educação inclusiva e para conquista da cidadania por parte dos deficientes visuais é a educação a distância, realizada por meio de um ambiente virtual de aprendizagem adaptado, com conceitos e ferramentas nativas que permitam a criação e divulgação da educação via internet com alta usabilidade e acessibilidade, sendo que isto vai ao encontro do exposto na LDB – Lei de Diretrizes e Bases 9394/96 e com a Constituição Federal, na qual é garantido o direito de

todos ao acesso à educação. Este acesso não trata somente das pessoas tidas popularmente como “normais”, mas também dos portadores de algum tipo de deficiência.

Apesar das leis e garantias, desde os tempos remotos a exclusão de deficientes é uma prática comum na sociedade humana, e de acordo com Correia (2007), na Grécia Antiga já existiam relatos de crianças abandonadas e até mesmo assassinadas em decorrência de serem portadoras de alguma deficiência. Porém de acordo com Mosqueira e Stobaus (2003), vivemos em uma era em que uma nova perspectiva de inclusão e de aceitação social surge para os deficientes na sociedade, não somente a brasileira, como a mundial.

Apesar das perspectivas de inclusão notadas mais recentemente, a educação inclusiva já vem, de algum tempo para cá, sendo discutida e modelada. De acordo com Mrech (1998), a educação inclusiva surgiu nos Estados Unidos, no ano de 1975, pela da lei pública 19.142. Nos anos seguintes à publicação da lei, o governo norte-americano adotou uma série de medidas e práticas educacionais para promover a educação inclusiva, dentre as quais podemos destacar: propostas de mudança de currículos didáticos pedagógicos de modo a atender de uma forma melhor as necessidades dos discentes portadores de alguma deficiência e o acompanhamento dos alunos que passaram pelo processo de educação inclusiva através da análise do cotidiano dos mesmos. Anos após a publicação da lei pública americana, outros países deram um passo importante para a implantação de políticas e diretrizes voltadas para a educação inclusiva, com a declaração de Salamanca. (MRECH, 1998, p.2);

No Brasil o primeiro registro que se tem acerca da preocupação com a educação inclusiva data de 1854, de acordo com Masini (1993). Neste referido ano o imperador Pedro II criou, por meio do decreto oficial de número 1.428 o Imperial Instituto de Meninos Cegos. Este é considerado o marco inicial da educação inclusiva no Brasil e na América Latina e ainda de acordo com Masini (1993), a educação inclusiva no Brasil vem caminhando a passos lentos, sendo que as leis disponíveis para garantir o acesso ao deficiente visual à educação mostram-se pouco eficazes diante do preconceito ainda existente em parte da sociedade brasileira atual, bem como das barreiras físicas ainda existentes nas cidades, escolas e universidades brasileiras. Outro ponto relevante é a falta de treinamento adequado a professores e funcionários das instituições acadêmicas para lidarem com alunos portadores de deficiência, sobretudo com o deficiente visual. Estes motivos acabam afastando a pessoa com deficiência visual dos estudos, e por consequência, diminui suas chances no mercado de trabalho e sua inclusão na sociedade.

A Internet e o computador alargaram os horizontes dos deficientes visuais, a quantidade de informações a que ele tem acesso através desses recursos é muito maior do que por meio de outros veículos.

Usando a internet com a ajuda de programas de Acessibilidade Computacional, os portadores de deficiência visual podem ter acesso a diversos recursos e serviços1 disponíveis pela rede mundial de computadores e o que é melhor, sem depender de ninguém. (TONET, 2006, p.1).

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Desta forma, uma das principais maneiras de quebrar a barreira da acessibilidade, do preconceito e realizar a educação inclusiva para deficientes visuais é através da educação à distância, com utilização dos ambientes virtuais de aprendizagem, que de acordo com Carvalho (2001) permitem a realização da capacitação e formação do portador de cegueira ou baixa visão. Ainda segundo Carvalho (2001, p.3): “[...] A EAD pode contribuir, de maneira significativa, para minimizar a barreira da aprendizagem [...]”.

A educação a distância permite, de acordo com Carvalho e Daltrini (2015), que o deficiente visual possua uma grande independência no acesso ao ensino. As barreiras do espaço, comunicação e aprendizagem são minimizadas na educação a distância, sendo que o deficiente visual pode acompanhar o curso no seu próprio ritmo e interagir com outros alunos e professores através das plataformas de aprendizagem. A educação a distância torna possível a inclusão de alunos no sistema educacional, quebrando os paradigmas do preconceito e da exclusão social. Ainda segundo Carvalho e Daltrini (2015), uma vez que o aluno deficiente visual a distância passa a ser percebido como outro aluno qualquer pelo sistema, a barreira da aceitação é ultrapassada, sendo este um dos principais pontos de impacto da educação a distância na vida de um aluno com deficiência visual.

De acordo com Milligan (1999), os avanços tecnológicos possibilitaram a criação de ambientes virtuais de aprendizagem, também chamados de AVA, que são programas de computador projetados para gerenciar, analisar e administrar diferentes aspectos do processo de ensino-aprendizagem. Ainda de acordo com Almeida (2003, p.5), ambientes virtuais de aprendizagem constituem-se em sistemas computacionais, baseados na internet e que são destinados ao acompanhamento e realização de atividades educacionais. Os ambientes virtuais de aprendizagem, permitem a integração de diversas ferramentas e recursos, apresentam informações de maneira organizada e permite o desenvolvimento de interações entre pessoas que visam atingir os mesmos determinados objetivos educacionais.

Na literatura nacional, entre os termos mais frequentes relacionados a AVA pode-se citar: Aprendizagem baseada na Internet, educação ou aprendizagem online, ensino ou educação a distância via Internet e e-learning. Enquanto que, na literatura internacional, esta modalidade de aprendizagem pode estar referenciada aos termos: Web-based learning, online learning, Learning management Systems, Virtual Learning Environments, e-learning, entre outros. (PEREIRA; SCHMITT; DIAS, 2007, p.7).

Uma das principais características do ensino a distância, segundo Carvalho (2001), é que o ensino nessa modalidade, realizado em ambientes virtuais de aprendizagem, permite que os atores envolvidos no processo de ensino aprendizagem estejam em localidades geográficas separadas, eliminando assim barreiras físicas e de mobilidade.

Os AVAs devem permitir ao docente a adoção de algumas práticas educacionais, como por exemplo: disponibilizar conteúdos, matérias e atividades ao corpo discente, avaliar as atividades desenvolvidas e realizar

o acompanhamento do estudante. Segundo Almeida (2003), a participação e interação em um ambiente digital é uma forma de integração entre os participantes, pois há possiblidades de expressar pensamentos, dialogar, trocar informações e experiências. Todas as interações sociais realizadas no ambiente virtual de aprendizagem propiciam trocas individuais de conhecimentos, bem como a formação de grupos ou equipes colaborativas, voltadas para a discussão de problemas e realização de trabalhos e pesquisas de temas em comum.

[...] de forma resumida, pode-se colocar que os AVAs utilizam a Internet para possibilitar de maneira integrada e virtual (1) o acesso à informação por meio de materiais didáticos, assim como o armazenamento e disponibilização de documentos (arquivos); (2) a comunicação síncrona e assíncrona; (3) o gerenciamento dos processos administrativos e pedagógicos; (4) a produção de atividades individuais ou em grupo. (PEREIRA; SCHMITT; DIAS, 2007, p.7).

A popularização dos ambientes virtuais de aprendizagem e do acesso à internet no Brasil estão diretamente ligados ao aumento nos dados relativos à educação a distância, que demonstram um crescimento em número de alunos e em número de ofertas de cursos nos últimos anos. A figura 1, a seguir, ilustra os dados estatísticos do crescimento do número de matrículas na modalidade educação a distância.

Devido a este crescimento da educação a distância no Brasil, e sendo os AVAs os sistemas que possibilitam este tipo de educação através da Internet, nos últimos anos surgiram no mercado diversos ambientes virtuais de aprendizagem, cada qual com suas características, vantagens e desvantagens.

O número de recursos e ferramentas já desenvolvido e, em desenvolvimento, para a educação baseada na web está incentivando a utilização desses ambientes virtuais como apoio ao ensino presencial e como modalidade única de ensino aprendizagem. Diante deste cenário, torna-se cada vez mais complicado escolher, entre as opções, as que melhor ajustam-se às necessidades e aos objetivos dos programas educacionais. Certamente não existe uma escolha correta, mas sim ambientes que se moldam melhor a determinados propósitos.

Tais recursos e ferramentas, se disponibilizados e utilizados corretamente, permitem que os participantes os utilizem para a interação, a colaboração e o suporte do processo ensino-aprendizagem. Contudo, a seleção de ferramentas e serviços oferecidos pela internet deve ser

Figura 1 – Dados do ensino a distância no Brasil. Fonte: (INEP, 2014, p.7)

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realizada em função das necessidades do público alvo e da proposta pedagógica do curso. (PEREIRA; SCHMITT; DIAS, 2007, p.9).

Dentre os diversos ambientes virtuais de aprendizagem utilizados na educação a distância, alguns oferecem recursos de acessibilidade para deficientes visuais, porém há um conjunto de normas e técnicas que quando empregadas pelos programadores e desenvolvedores de sistema, aumentam a acessibilidade em tais ambientes. Segundo a ABED (2014), o governo federal lançou em 2007 o Modelo de Acessibilidade de Governo Eletrônico, que consiste em recomendações para o desenvolvimento de portais e sites com o objetivo de torna-los acessíveis.

Também pode-se citar de acordo com Silva (2012), a norma ISO 9241-11, a qual trata sobre a usabilidade em ambientes web, orientando o desenvolvedor de software sobre práticas para atingir alto índice de eficiência e eficácia no ambiente web. Tais práticas contemplam o desenvolvimento de funcionalidades de acessibilidade em softwares e sistemas web, como por exemplo: reconhecimento de fala e comandos de voz, ampliar as informações contidas na tela, utilizar a tecnologia de atores virtuais e incluir a áudio-descrição de imagens e gráficos.

Algumas outras técnicas que devem ser empregadas para garantir acessibilidade aos deficientes visuais nos ambientes virtuais de aprendizagem são: adicionar descrição em imagens, criar teclas de atalho, implementar ferramentas de ampliação de letra, alteração de cores, contraste e organização dos links e seções do ambiente de modo a facilitar a navegação. Segundo Silva (2012), deve ser considerado também o documento Web Content Accessibility Guidelines (WCAG) 2.0, ou Diretrizes de Acessibilidade para Conteúdo Web, criado pela World Wide Web Consortium (W3C), um consórcio que possui o propósito de nortear o desenvolvimento de sistemas para web. O WCAG define a forma de tornar o conteúdo web mais acessível às pessoas com deficiência, estabelecendo quatro parâmetros que devem ser seguidos pelos desenvolvedores: percepção, compreensão, operação e robustez. Quando os quatro princípios são seguidos, o ambiente web apresenta alto índice de acessibilidade, permitindo aos usuários deficientes visuais operar a interface do sistema de maneira descomplicada e compreender facilmente o conteúdo exibido.

Dentre as tecnologias assistivas existentes mais conhecidas, pode-se citar o plugin Accessibility, disponível para o sistema Moodle. De acordo com Nedeva (2005), o Accessibility torna possível a alteração do tamanho, tipo e cor da fonte, além disso, pode-se alterar também a cor do fundo (background) da página. Considerando que os usuários cegos frequentemente usam softwares chamados leitores de tela, (como o Jaws da Freedom Scientific e o Virtual Vision da MicroPower), pode-se citar também o software EASY, construído seguindo os padrões do WCAG para permitir uma completa interação entre os softwares leitores de tela o e AVA Moodle. Segundo Nedeva (2005), o Easy estrutura de forma organizada os dados do sistema Moodle, permitindo um completo reconhecimento pelos softwares leitores de tela.

Pode-se dizer, portanto, que os ambientes

virtuais de aprendizagem tornaram-se, sobretudo uma ferramenta de inclusão, pois atuam como sistemas de acessibilidade ao deficiente visual. Segundo Carvalho (2001), os AVAs permitem:

[...] a eliminação da barreira do espaço, que é uma das grandes dificuldades encontradas pelo deficiente visual conforme já visto. Outra grande vantagem é a adoção de tecnologias, não usuais aos sistemas de educação presenciais clássicos, que permitem uma maior flexibilidade na apresentação de conteúdo, podendo assumir formas que permitem ser interpretadas pelo deficiente visual [...]. (CARVALHO, 2001, p.111).

Desta forma, a educação a distância, propiciada por ambientes virtuais de aprendizagem, rompe as mais diversas barreiras, como espaço e tempo e viabiliza a transferência de conhecimentos, informações e tarefas entre indivíduos. É importante ressaltar também que um ambiente virtual de aprendizagem constitui-se em uma comunidade de informação inclusiva, pois de acordo com Nardi (1999), engloba todos os participantes de um mesmo contexto, os quais segundo Almeida (2003, p.335) “à medida que interagem, transformam a forma de representar o próprio pensamento e se transformam mutuamente na dinâmica das inter-relações que estabelecem entre si, ao mesmo tempo em que alteram o próprio ambiente”.

3. Considerações finais

A deficiência visual, em suas diversas formas, acomete uma parcela significativa da população mundial e da brasileira. São diversas as barreiras que se formam entre o ser humano com deficiência visual e a educação, como por exemplo, barreiras físicas, barreiras de mobilidade, barreiras econômicas, falta de preparo dos profissionais da educação e a maior de todas as dificuldades, o preconceito por parte de uma parcela significativa da sociedade. Devido a esses fatores, muitos dos deficientes visuais acabam se afastando dos estudos e, por conseguinte, de boas oportunidades na vida pessoal e na vida profissional, conforme dados estatísticos apresentados neste artigo.

Baseados na internet, os ambientes virtuais de aprendizagem são os softwares promotores da educação a distância, modalidade de educação que, para os deficientes visuais, torna-se inclusiva. Conclui-se que tais ambientes eliminam as barreiras impostas no cotidiano às pessoas com deficiência visual e que lhes impedem de continuar seus estudos. Não há barreiras físicas, não é necessário o deslocamento até uma sala de aula, é economicamente viável, visto que não há a necessidade de se criar uma estrutura física para o ensino, como salas de aula e materiais impressos. A educação a distância com a utilização de ambientes virtuais de aprendizagem, consegue ainda eliminar a discriminação, uma das maiores barreiras impostas aos deficientes visuais. Nos ambientes virtuais, não há distinção entre os alunos e participantes - e muito pelo contrário, estes ambientes promovem a integração entre todos, alunos e professores, através de ferramentas como fóruns de discussão, salas de bate-papo, editores de texto colaborativos online, entre outras ferramentas.

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Procurou-se evidenciar, no decorrer deste artigo, que os ambientes virtuais de aprendizagem, além de ferramentas para a viabilização da educação a distância também são ferramentas promotoras da educação inclusiva para as pessoas com deficiência visual.

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Ricardo Leardini Lobo Professor do Centro Paula Souza e da faculdade Anhanguera de Jundiaí. Bacharel em Engenharia de Computação pela Faculdade Anhanguera de Jundiaí (2013). Possui especialização latu-sensu em Docência para o Ensino superior pela Faculdade Campos Elíseos (2014), Gestão de Projetos pelo Centro Universitário de Maringá (2015) e em Tecnologias e Sistemas de Informação pela Universidade Federal do ABC (2015).

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