dez mandamentos - lição 6 - santificarás o sábado - subsídios
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LIÇÃO 6 – SANTIFICARÁS O SÁBADO (Ex 20.8-11; 31.12-17)
ESBOÇO
INTRODUÇÃO
1. Apresentação dos conceitos: o shãbat, verbo (Gn 2.2,3) e shabbat, substantivo
(Ex 16.22-23).
2. Qual a distinção entre o sábado institucional e o sábado legal?
I – O SÁBADO INSTITUCIONAL
“O sábado institucional, portanto, não se refere ao sétimo dia da semana; pode ser
qualquer dia ou um período de descanso (Hb 4.8)” (REVISTA, p. 44). Deus santificou e
abençoou este dia para que todos cessassem o trabalho e descansados física e
mentalmente pudessem oferecer o culto de adoração a Deus. Os patriarcas não
observavam o sábado.
1. O sétimo dia da criação.
O Shabat é um verbo em Gn 2.2,3 que indica a conclusão de uma obra, não é sinônimo
de ociosidade, pois Deus não para e nem descansa (Is 40.28; Jo 5.17).
2. A perpetuidade do repouso.
“Agostinho de Hipona lembra que não houve tarde no dia sétimo, e afirma que Deus o
santificou para que esse dia permanecesse para sempre (Confissões, Livro XIII, 36)”
(REVISTA, p. 43).
II – O SÁBADO LEGAL
O sábado legal é um ordem dada exclusivamente a Israel (Ex 31.13,17). “O sábado e a
circuncisão são os dois sinais distintivos do povo judeu ao longo dos séculos (Gn
17.11)” (REVISTA, p. 45).
1. O decreto do sábado legal – Qual era o sábado que os israelitas deveriam se
lembrar?
Deus ordena que os israelitas se lembrassem de santificar o dia de sábado, mas não era
objetivamente o sábado da criação. “Trata-se, com certeza, do sábado que o povo não
levou a sério no deserto (Ex 16.22-29)” (REVISTA, p. 45).
2. O propósito do quarto mandamento – Qual é o duplo propósito do quarto
mandamento?
Havia uma dupla abrangência no quarto mandamento: espiritual e social. “Cessar os
trabalhos a cada seis dias de labor era dar descanso aos seres humanos e aos animais e
dedicar um dia para adoração a Deus” (REVISTA, p. 45).
“De certa forma, esse quarto mandamento é uma sequência natural dos dois primeiros (e
parcialmente os resguarda). A correta observância do Sábado impede que as pessoas
idolatrem seu próprio trabalho e compromissos. Nesse dia, nenhum trabalho deve ser
feito. Ao contrario dos dias de sacrifício público, quando todo trabalho árduo e penoso
era proibido (meleket cfboda), somente no Sábado e no Yom Kipur / Dia da Expiação
todo trabalho deve ser posto de lado (kolmelaka). Veja Números 29.7 e Levítico 23.3,
28.” (HAMILTON, p. 222).
“De acordo com Deuteronômio 5.12-15, o propósito do sábado era lembrar o povo de
Deus de que eles haviam sido escravos no Egito e de que Deus os tinha libertado e
trazido para a terra prometida, seu ‘lugar de descanso’ (ver Dt 12.9; Sl 95.11). / Êxodo
20.11 situa as raízes do sábado na Criação, quando o Senhor abençoou o sábado “e o
santificou” (Gn 2.2,3). O descanso de Deus no sétimo dia e a consagração desse dia
como sábado de descanso para os humanos vieram a ser os sinais da aliança entre Deus
e Israel. O fracasso em observar o sábado era equivalente a rejeitar a aliança, por isso
resultava tanto na excomunhão quanto no castigo divino (cf. Ex 31.14; Ne 13.17,18; Ez
20.13). (...) Se Israel tivesse posto em prática esses preceitos (pois parece que as leis
relativas ao sábado e ao Jubileu foram amplamente negligenciadas antes do exílio [Jr
34.14]), o sistema sabático teria ajudado a restaurar a igualdade social, reprimindo
grande parte do acúmulo de riqueza por alguns, abrindo aos israelitas menos
afortunados um caminho para se livrar da servidão permanente e oferecendo uma
segunda chance aos devedores, pelo menos uma vez, durante o tempo de sua vida. (...)
O sábado, o ano sabático e o Jubileu reafirmavam aos israelitas que o Criador e
Redentor era proprietário, tanto da terra quanto da própria vida deles (Lv 25.23,55)”.
(BÍBLIA DE ESTUDO ARQUEOLÓGICA NVI, p. 189).
Lv 25.8-55 “O ano de jubileu. Vinha depois de cada sétimo ano sabático, portanto no
qüinquagésimo ano. Nesse ano, todos os escravos tinham sua liberdade restaurada, e
todos os proprietários recebiam seus haveres em restituição, além de haver um
cancelamento geral de todas as dívidas. Esta era uma excelente maneira de evitar os
extremos de riqueza demasiada e de pobreza aviltante. O preço da terra vendida ou
arrendada era baseado no número de anos durante os quais poderia ser usada até ao ano
do jubileu, que começava no dia da expiação. Em Ezequiel, este ano foi chamado “ano
da liberdade”, Ez 46.17; parece que Isaías se refere ao jubileu quando profetiza sobre “o
ano aceitável do Senhor”, Is 61.2. Se este for o caso, então aprendemos de Lc 4.18-19
que tudo aquilo que for implícito no ano do jubileu achou seu cumprimento em Cristo,
na Sua obra de desatar as cadeias do pecado humano para oferecer aos homens a
gloriosa liberdade dos filhos de Deus. Um dos propósitos do jubileu era resolver o
problema da pobreza herdada, invadindo geração após geração. Cada família pobre
recebia um novo começo depois de cinqüenta anos, com a restauração da liberdade e da
herança. Desde que os israelitas era servos de Deus, libertos da escravidão no Egito,
nunca deviam se tornar escravos, nem mesmo quando a necessidade os forçava a
trabalhar no serviço alheio, 39,43,55”. (SHEDD, p. 177-178).
3. Um preceito cerimonial
“O Senhor Jesus Cristo disse mais de uma vez que a guarda do sábado é um preceito
cerimonial” (REVISTA, p. 45) (Mt 12.2-5; Jo 7.22,23). Nós não estamos debaixo do
antigo concerto. Se um judeu convertido quiser guardar o sábado, por questões
culturais, não há problema (Rm 14.1-6). Há problema se um gentio convertido quiser
guardar tais práticas (Gl 4.10-11).
“A observância do sábado nos dias do ministério terreno de Jesus havia se tornado
externa e formal. As autoridades religiosas de Israel haviam criado muitas restrições e
estabeleceram regras meticulosas. A Mishnah, antiga literatura religiosa dos judeus, nos
tratados Shabbat e Erub, registra minúcias de como o sábado deve ser observado. A
tradição dos anciãos criou 39 proibições concernentes ao sábado. Por essa razão, o
Senhor Jesus entrou diversas vezes em conflito com os escribas e fariseus”. (SOARES,
p. 69).
III – O SÁBADO CRISTÃO
1. Por que Jesus é o Senhor do sábado? Um dia para pratica do bem (Mt 12.12).
“A tradição dos anciãos criou 39 proibições concernentes ao sábado, mas o Senhor
Jesus disse que é ‘lícito fazer bem no sábado’ (Mt 12.12). Isso Ele fez (Mc 3.1-5; Lc
13.10-13; 14.1-6; Jo 5.8-18; 9.6,7,16) e, por isso, nós devemos fazer o bem, não importa
qual seja o dia da semana” (REVISTA, p. 46).
Se Deus criou o sábado, somente Ele tem autoridade sobre essa instituição.
2. Por que o domingo é considerado o sábado cristão? sem decreto ou norma legal.
(Jo 20.19,26; Mc 16.16; At 20.7; I Co 16.2; Ap 1.10; Cl 2.16,17; II Co 3.7-11; Hb
8.13).
“O sábado legal e todo o sistema mosaico foram encravados na cruz (Cl 2.16,17), foram
revogados e anulados (2 Co 3.7-11; Hb 8.13)” (REVISTA, p. 46).
“Segundo Paulo, o antigo concerto foi abolido (2 Co 3.7-14), incluindo o sábado (Os
2.11). De fato, isso já era anunciado desde o Antigo Testamento (Jr 31.31-34).”
(SOARES, p. 72).
=> A expressão “dia do Senhor” em Ap 1.10 não é escatológica, pois se refere ao
domingo.
CONCLUSÃO
1. A necessidade de uma vida de equilíbrio.
“Quando o trabalho toma o tempo de Deus, da família e da alma, está na hora de
agirmos. (...) Devemos resgatar a ideia de guardarmos um tempo para o descanso da
mente e do corpo, da consagração a Deus e do lazer. Deus o abençoe!” (REVISTA, p.
43).
2. A universalidade do descanso. A necessidade do descanso semanal.
BIBLIOGRAFIA
BÍBLIA de Estudo Defesa da Fé: questões reais, respostas precisas, fé solidificada. Rio
de Janeiro: CPAD, 2010.
BÍBLIA de Estudo Arqueológica NVI. São Paulo: Editora Vida, 2013.
COX, Leo. O livro de Êxodo. LIVINGSTON, George Herbert; et. al. (ed.). Comentário
Bíblico Beacon, vol. 1, Gênesis a Deuteronômio. Rio de Janeiro: CPAD.
DEVER, Mark. A mensagem do Antigo Testamento: uma exposição teológica e
homilética. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
HAMILTON, Victor P. Manual do Pentateuco. 2ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
JOYNER. O Deus único e verdadeiro. In: HORTON, Stanley M. (ed.). Teologia
Sistemática: uma perspectiva pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD.
HOFF, Paul. O Pentateuco. São Paulo: Editora Vida, 1983.
MERRIL, Eugene H. Uma teologia do Pentateuco. In: ZUCK, Roy B. (ed.). Teologia do
Antigo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2009.
PFEIFFER, Charles. Dicionário Bíblico Wycliffe.
SHEDD, Russel (ed.). Bíblia Shedd. São Paulo: Vida Nova, 1998.
SOARES, Esequias. Teologia: a doutrina de Deus. In: GILBERTO, Antonio (ed.).
Teologia Sistemática Pentecostal. 2ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
APÊNDICE
http://www.pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/657775/jewish/Os-39-Trabalhos-
Proibidos.htm
Os 39 trabalhos matrizes proibidos no Shabat estão enumerados a seguir, acompanhados
de exemplos práticos para ilustrar como e onde se aplicam hoje em dia:
1. Arar
Cavar a terra, tornando-a mais propícia ao plantio.
Exemplos práticos desta proibição: revolver a terra com ajuda de animal, arado ou trator;
arrastar um banco pesado ou brincar com bolas de gude sobre o solo.
2. Semear
Ato para estimular o crescimento da planta.
Exemplos práticos desta proibição: jogar sementes frutíferas na terra; dispor flores num
vaso com água; colocar adubo ou inseticida numa planta.
3. Colher
Desenraizar uma planta do local onde cresceu.
Exemplos práticos desta proibição: cortar grama; colher frutas. Nossos sábios proibiram
subir em àrvores ou embalar-se numa balança pendurada num galho.
4. Agrupar a colheita
Agrupar cereais, frutos ou vegetais no local onde cresceram.
Exemplos práticos desta proibição: agrupar laranjas que caíram da àrvore; fazer um buquê
de flores. Esse trabalho só se aplica a derivados da terra e no local onde nasceram.
Portanto, é permitido juntar livros no jardim ou maçãs espalhadas na cozinha.
5. Debulhar
Separar a parte utilizável (desejada) dos produtos da terra da inutilizável (indesejada),
usando força ou pressão. Antigamente, para separar a semente da casca do cereal,
usava-se uma tábua especial amarrada a um animal, que arrastava-a sobre os grãos,
separando-os.
Exemplos práticos desta proibição: fazer suco de uva; ordenhar vaca; espremer suco de
fruta cítrica; tirar ervilha da casca (se a casca não for comestível). É permitido espremer
suco de limão diretamente sobre salada ou peixe para temperá-los, se estes não contêm
nenhum líquido.
6. Dispersar o grão ao vento
Jogar sementes ao vento para separar a parte utilizável (desejada) da não utilizável
(indesejada). Mais uma forma que usava-se antigamente para separar as cascas dos
grãos era jogar o cereal ao vento; assim a palha que é mais leve voava enquanto os grãos
caíam no solo.
Exemplos práticos desta proibição: cuspir em direção ao vento; assoprar em amendoins
para que as cascas voem e se separem.
7. Selecionar e separar
Um alimento não utilizável (indesejado) do utilizável (desejado) ou separar de acordo com
diferentes tipos.
Exemplos práticos desta proibição: separar a cebola (que não se quer comer) da salada;
separar uma fruta estragada das demais; usar um descascador; descascar frutas ou
legumes (mesmo com faca ou a mão) com antecedência; selecionar alimento sólido de
uma sopa por meio de escumadeira; classificar utensílios, brinquedos ou livros de acordo
com tamanhos e tipos.
É permitido descascar frutas ou legumes com faca ou a mão (não com descascador),
desde que seja pouco tempo antes ou durante a refeição.
8. Moer
Desfazer algo sólido em pedaços muito pequenos.
Exemplos práticos desta proibição: ralar legumes, picar verduras em pedaços pequenos,
amassar batata cozida com amassador; amassar banana ou abacate com garfo; serrar
madeira com interesse na serragem. Nossos sábios proibiram tomar remédios ou
vitaminas em Shabat, exceto em caso de doença.
É permitido amassar com garfo alimento que não cresce na terra (como ovo cozido) ou
esfarelar pão ou bolo.
9. Peneirar
Separar alimento utilizável (desejado) do não utilizável (indesejado) por meio de peneira,
coador ou similar.
Exemplos práticos desta proibição: peneirar farinha; coar vinho num coador especial;
peneirar areia.
10. Fazer massa
Formar massa consistente, misturando ingredientes.
Exemplos práticos desta proibição: fazer mingau (cereal em pó + leite), gelatina (pó +
água), creme de chocolate (cacau ou chocolate em pó + margarina) ou cimento (cal +
água); misturar purê de batata com manteiga ou margarina; misturar maionese com
ketchup, formando consistência pastosa (se for líquida, é permitido).
É permitido misturar cereal em flocos com leite. Ao fazer mingau de cereal em pó para
beber, deve-se colocar primeiro o leite no prato e depois acrescentar o cereal, formando
uma massa líquida (não sólida).
11. Assar/cozinhar/fritar
Colocar alimento sobre fogo ou qualquer fonte de calor, como chama aberta, chapa
elétrica, brasa, chapa de metal pré-aquecida ou até em banho-maria na panela que já
esteve por cima do fogo ou da chapa. Exige-se muita prudência ao aquecer alimentos no
Shabat para não chegar a transgredir esta proibição, que inclui inúmeros detalhes.
Exemplos práticos desta proibição: esquentar alimento sobre fogo; misturar alimento que
ainda está na panela onde foi cozido (exceto água); tampar panela (que está sobre a
chapa) se a comida não estava totalmente cozida na entrada do Shabat; abrir torneira de
água quente. Para ter comida quente no Shabat, deve-se deixar previamente os alimentos
por cima de um fogo coberto por uma chapa de metal ou numa chapa elétrica (costuma-se
cobrir os botões para não regulá-los distraidamente); É permitido aquecer alimento
sólido(sem molho ou gordura) por cima (mas não dentro) de panela que se encontra nesta
chapa. É permitido cozinhar diretamente no calor do Sol, mas não sobre algo que foi
previamente aquecido pelo Sol; portanto, pode-se esquentar um ovo no calor dos raios do
Sol sobre prato, panela ou frigideira fria (se o utensílio foi previamente esquentado no Sol,
é proibido), mas é proibido utilizar água quente de aquecedor solar.
12. Tosquiar
Aparar pelos que cresceram no corpo do animal ou do homem.
Exemplos práticos desta proibição: depenar ave; cortar cabelo; cortar ou roer unhas;
passar pente ou escova nos cabelos (que podem arrancar os cabelos) tirar sobrancelhas.
13. Lavar
Tornar tecido ou roupa mais limpo.
Exemplos práticos desta proibição: tirar qualquer mancha; deixar tecido de molho; colocar
roupa na máquina; torcer pano molhado; pendurar roupa molhada para secar. É permitido
jogar água sobre objeto de couro sem esfregá-lo.
14. Desembaraçar a lã não trabalhada
A lã extraída do carneiro quando tosado encontra-se embaraçada e repleta de elementos
estranhos como terra e areia. Antigamente passava-se uma espécie de pente para retirar
impurezas e desembaraçá-la.
Exemplos práticos desta proibição: pentear fios de lã, linho ou algodão.
15. Tingir
Alterar ou fortificar a coloração.
Exemplos práticos desta proibição: tingir tecidos; alterar cores através de recursos
químicos; pintar qualquer objeto com rolo, pincel ou spray; passar batom nos lábios ou
maquiagem nos olhos ou no rosto; enxugar as mãos num tecido com sujeira que pode
acabar colorindo o tecido como alimentos entre os quais morango, vinho, etc. É permitido
alterar a coloração de alimentos para melhorar seu sabor. Pode-se usar guardanapos de
papel para enxugar as mãos.
16. Fiar
Esticar e enrolar manual ou mecanicamente lã ou outra matéria prima já penteada e
tingida.
Exemplo prático desta proibição: enrolar fios do tsitsit.
17. Esticar o fio para prepará-lo para tecer
Esticar os fios entre os dois extremos da roca (máquina de fiar).
Exemplo prático desta proibição: esticar fios (numa direção) em moldura de tear manual,
como para iniciar a tecer um tapete.
18. Passar o fio entre dois anéis
No tear, os fios são passados por vários anéis que se alternam entre si, subindo e
descendo, para compor o tecido.
Exemplos práticos desta proibição: fazer uma peneira; entrelaçar cesta de vime ou cadeira
de palha.
19. Tecer
Entrelaçar fios no sentido horizontal por entre fios esticados verticalmente. Com este
trabalho confecciona-se o tecido propriamente dito.
Exemplos práticos desta proibição: fazer tricô ou tapeçaria; trançar corda ou fios.
20. Desfazer os fios a fim de retocá-los
Exemplos práticos desta proibição: puxar fio solto na roupa; retirar tapete da moldura onde
foi confeccionado.
21. Atar
Dar nó que não se desfaz facilmente.
Exemplos práticos desta proibição: fazer nó de marinheiro; apertar nó de tsitsit; fazer nó
duplo; trançar dois fios para formar corda; juntar dois cordões com um nó, formando um só
cordão. É permitido fazer nó de gravata ou amarrar o sapato (mesmo se não for desfeito
dentro de 24 horas), pois na verdade trata-se de laço, que não é considerado nó.
22. Desatar
Desfazer um nó (o qual não teria sido permitido fazer no Shabat).
Exemplos práticos desta proibição: desatar fio que junta par de meias novas; desfazer nó
duplo; desatar corda, separando os fios individualmente. Se um laço no sapato complicou-
se e acabou formando um nó, é permitido desfazê-lo de forma não usual (com shinui) se
tiver que tirá-lo.
23. Costurar
Unir dois tecidos ou materiais em geral.
Exemplos práticos: fazer bainha de roupa; colar papéis com fita adesiva ou cola; puxar
e/ou enrolar fio de botão que está caindo para torná-lo mais firme. Zíper ou velcro não são
considerados costura e, portanto, é permitido abrir ou fechá-los no Shabat.
24. Rasgar intencionando suturar
Rasgar qualquer material para uni-lo depois.
Exemplos práticos desta proibição: descoser a fim de costurar novamente; abrir envelope
colado ou lacrado. É permitido rasgar saquinho de papel ou plástico para retirar o alimento
de maneira que o saquinho não será reaproveitado (com cuidado para não rompê-lo no
meio de letras impressas nem descolá-lo).
25. Caçar
Aprisionar um animal vivo e impedir que se livre.
Exemplos práticos desta proibição: perseguir animais com cachorro de caça; tampar uma
garrafa onde um mosquito entrou; espalhar ratoeira. É permitido prender e/ou matar
animais (como cobra ou serpente) quando são ameaça iminente à vida da pessoa.
26. Abater
Tirar a vida de um animal.
Exemplos práticos desta proibição: fazer o ritual da shchitá; borrifar inseticida; pescar;
espalhar veneno contra animais ou insetos; causar hematoma; tirar sangue de pessoa ou
animal. É permitido aplicar repelente sobre o corpo, pois não se está matando os insetos,
e sim impedindo que se aproximem.
27. Pelar o couro
Retirar pele de animal morto.
Exemplo prático desta proibição: separar couro em camadas. É permitido retirar a pele do
frango cozido (próximo ou durante a refeição), pois é considerado parte do alimento.
28. Curtir o couro
Preparar couro, usando sal, cal, ou outros meios.
Exemplos práticos desta proibição: engraxar sapato de couro mesmo com graxa incolor;
salgar a carne crua após o abate; colocar legumes para curtir; devolver um pepino azedo
meio curtido para salmoura. É permitido temperar uma salada, próximo à refeição,
colocando outros temperos antes ou junto com o sal.
29. Alisar o couro
Retirar pêlos e imperfeições do couro.
Exemplos práticos desta proibição: lixar algo; alisar argila; colar vela com chama de fogo
(mesmo nos dias festivos); passar creme na pele. Em caso de doença é permitido aplicar
pomada (de forma não habitual – com shinui) numa ferida, sem alisá-la (mesmo que se
alise por si só).
30. Demarcar o couro (para cortá-lo)
Exemplos práticos desta proibição: traçar linhas para escrever sobre elas; fazer pontilhado
para saber onde dobrar ou cortar o objeto.
31. Cortar (seguindo uma certa medida)
Exemplos práticos desta proibição: cortar um desenho seguindo o pontilhado; arrancar
folhas de caderno; apontar lápis; cortar papel higiênico ou saquinho plástico de um rolo;
separar lenço de papel quando um está preso ao outro; serrar madeira ou metal; cortar
pano; separar páginas de um livro quando estas não foram cortadas na gráfica.
32. Escrever
Ou esculpir letras, figuras ou sinais que sirvam como códigos de comunicação.
Exemplos práticos desta proibição: escrever com dedo sobre líquido que derramou na
mesa, num vidro embaçado ou na areia, carimbar, unir peças de quebra cabeças; bordar
letras ou figuras.
Nossos sábios proibiram uma série de ações em que é quase automático o uso da escrita,
como negociar (pois implica em fazer contrato); medir ou pesar algo; dar um presente;
trabalhar no Shabat em troca de um salário diário; fazer contas de matemática; ler no
jornal propaganda sobre compra e venda de móveis ou imóveis. É permitido medir febre
com termômetro.
33. Apagar
Anular qualquer escrita ou código comunicável com a intenção de reescrever no mesmo
local.
Exemplos práticos desta proibição: apagar lousa escrita com giz; apagar com borracha;
cortar embrulho onde há letras escritas; cortar letras carimbadas ou coladas em frutas.
Nossos sábios proibiram ler listas de qualquer tipo para não chegar a apagar algo da lista.
É permitido comer alimentos cujas letras são parte do próprio alimento, como biscoitos
(neste caso, as letras e o alimento são considerados um único elemento). Porém, quando
o alimento e as letras são compostas de materiais diferentes, como letras escritas com
creme sobre um bolo de chocolate, as letras devem ser retiradas por completo antes de
cortar o bolo.
34. Construir
Ação ligada à montagem ou construção.
Exemplos práticos desta proibição: todas as tarefas relativas à construção, como cavar,
encaixar portas e janelas, furar ou bater prego na parede, etc.; montar tenda; abrir guarda-
chuva; montar qualquer utensílio; fazer queijo; fazer trança de cabelos; usar spray para
fixar penteado.
35. Destruir ou demolir (com a intenção de reconstruir no local)
Exemplos práticos desta proibição: retirar telhas do telhado; arrancar prego da parede;
arrombar porta; desfazer tenda; desfazer caixa de madeira; desmanchar trança de
cabelos.
36. Acender fogo (aumentar, prolongar ou propagá-lo)
Exemplos práticos desta proibição: riscar fósforo; acender chama de gás; ligar luz elétrica
(por isso é proibido abrir porta de geladeira que automaticamente acende a luz interna; a
lâmpada da geladeira deve ser desativada ou afrouxada antes do Shabat); acrescentar
azeite numa lamparina; ligar motor do carro; acelerá-lo; obter faíscas através do atrito
entre duas pedras; refletir a luz do Sol em lente de aumento para queimar papel.
37. Apagar fogo (ou diminui-lo)
Exemplos práticos desta proibição: apagar fogo através de vento (abrindo janela), areia ou
sopro; abaixar fogo ou chama de gás; desligar luz elétrica; retirar azeite de uma lamparina;
desligar motor do carro. Nossos sábios proibiram ler à luz de azeite, pois estando
concentrada na leitura a pessoa pode esquecer que é Shabat e mexer no pavio ou no
azeite para enxergar melhor.
38. Terminar a manufatura de qualquer objeto
Denominado "bater com martelo", pois o ferreiro termina sua obra com uma última
martelada - dar o "toque final" para que um objeto possa ser utilizado.
Exemplos práticos desta proibição: afiar faca; desentortar garfo; colocar cordão num
sapato novo; retirar fios deixados por costura; cortar uma lasca de madeira para usar como
palito de dentes; encaixar pé que se soltou da cadeira; apertar parafuso para recolocar
lente de óculos.
Nossos sábios proibiram mergulhar qualquer utensílio no micve; nadar; remar; tocar
instrumentos musicais.
39. Transportar de propriedade particular para pública e vice-versa
Transportar, jogar, entregar, empurrar ou fazer qualquer tipo de transferência de uma área
de propriedade pública para uma de propriedade privada ou vice-versa, a não ser vestir
roupas e outros adornos como kipá, óculos de grau, jóias, etc. Também é proibido carregar
qualquer objeto num perímetro equivalente à distância de 1,92 m, em área de propriedade
pública.
Exemplos práticos desta proibição: sair para a rua com lenço ou chave no bolso;
mastigando bala ou chiclete; com botão solto na roupa; com óculos de leitura ou de sol;
entregar ou jogar um objeto pela janela ou porta de residência particular para alguém que
se encontra na rua ou vice-versa.
Se a pessoa encontra-se numa propriedade pública e se dá conta que está com algum
objeto no bolso, não deve parar; se o objeto não for de valor, deve deixá-lo cair enquanto
continua andando (sem dar uma parada); se for de valor, deve continuar andando até
voltar à propriedade particular de onde saiu com o objeto no bolso, sem parar no caminho.
É permitido levantar um grampo de cabelo que caiu na rua e recolocá-lo no cabelo se não
ultrapassar 1,92 m ao fazê-lo.
Além destes 39 trabalhos matrizes há outras tarefas proibidas por ordem rabínica para que
o Shabat seja completamente diferente de um dia comum da semana. A seguir veremos
alguns exemplos:
a. A proibição de transformar um sólido em líquido; assim, não se pode desmanchar gelo
na mão para beber o líquido que se forma, embora seja permitido colocar gelo num copo
com água para gelar a água; não se pode usar um sabonete sólido, pois se transforma em
líquido. É permitido usar sabonete líquido.
b. A proibição de manusear objetos proibidos, como máquina fotográfica, instrumento
musical, caneta, vela, fósforo, tesoura, etc. Também é proibido manusear animais em
geral.
c. A proibição de fazer algo que, embora não seja proibido por si só, pode parecer proibido
aos olhos do observador; por exemplo, ligar um aparelho num timer antes do Shabat
(quando usualmente não é usado assim), como para forno de microondas, aparelho de
televisão, rádio, etc. (é permitido usar um timer para luz elétrica, aquecedor ou ar
condicionado.)
d. A proibição de realizar no Shabat tarefas que destoam da santidade do dia; por exemplo
um moÌnho cujo dono é judeu não pode funcionar no Shabat; não é permitido assistir TV,
ao passar por um aparelho que esteja ligado mesmo que este não nos pertença.
e. A proibição de falar no Shabat sobre assuntos mundanos; por exemplo, programar no
Shabat um trabalho que será feito durante a semana (se esta é tarefa proibida de se
realizar no Shabat). Neste artigo colocamos apenas um pequeno resumo das leis que
regem os trabalhos proibidos no Shabat. Para conhecê-los mais detalhadamente é
necessário um estudo mais profundo. Um rabino deve sempre ser consultado.