dez anos de deliberações da cne

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10 anos de deliberações da CNE 1989 1998

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    Dez anos de deliberaes da CNE - 1989/1998

    FICHA TCNICATtulo:

    Dez anos de deliberaes da CNE - 1989/1998Edio:

    Comisso Nacional de EleiesAv. D. Carlos I, 128 - 7 piso1249-065 LISBOA

    Recolha e compilao dos textos:Ftima Abrantes MendesIlda Maria Carvalho RodriguesNuno Santos e Silva

    Composio, paginao e capa:Ruben Valle Santos

    Impresso e acabamento:SOARTES - Artes Grficas, Lda - V. F. Xira

    ISBN: 972-8438-00-2Depsito legal: .....................Tiragem: 500 exemplaresAno: 1999

    Distribuio gratuita

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    Dez anos de deliberaes da CNE - 1989/1998

    NOTA INTRODUTRIA

    Empossada pela primeira vez em 27 de Fevereiro de 1975, a Comisso Nacional deEleies tem, desde ento, feito tudo para - parafraseando o Juz Conselheiro AdrianoVera Jardim, primeiro presidente da Comisso - que os cidados exeram o direito devoto na legalidade, na paz, na concrdia e na tolerncia, embora mantendo cada uma posio que lhe parecer melhor para defesa do povo portugus.

    Desde aquela data muitas tm sido as decises tomadas, por vezes com dificuldadeem encontrar o sentido mais justo das leis que nos regem, mas sempre com frontalidadee a conscincia de misso cvica.

    Sabendo que a informao , na sociedade actual, um elemento fundamental deeducao cvica, a Comisso props-se divulgar as deliberaes que tem vindo atomar ao longo dos anos, procurando esclarecer o sentido das vrias leis eleitorais edo referendo e firmando, gradual e paulatinamente, a defesa da igualdade dos cida-dos e candidaturas nos processos eleitorais. Seria saturante para o leitor compilar atotalidade das decises da Comisso. Assim, reduziu-se os textos a publicar criandoum limite temporal: o presente trabalho respalda as decises da Comisso proferidasdesde 1989 pois coincide com o incio de um aprofundamento da anlise e estudo dalei eleitoral. Com o mesmo fito, seleccionaram-se as deliberaes mais demonstrativasda actividade da Comisso no intuito de transmitir a interpretao e o entendimentoexpendido por esta entidade sobre os diversos temas eleitorais.

    Aps a seleco, foi necessrio arrumar os textos, o que se fez de forma temticapor ser a mais compreensiva para quem abordar pela primeira vez as questes eleito-rais, e tambm o mtodo capaz de veicular uma ideia geral e concertada do entendi-mento da Comisso. Cada deliberao encimada por um elemento descritivo quedefine o assunto abordado. Em seguida vertem-se tpicos que indiciam de formamais intensa os temas abordados na deliberao. Passa-se, ento, para a deliberaoem si mesma: indica-se a sesso e o processo eleitoral em que foi tomada, e o contedoda deciso. Como j se disse, o mbito temporal foi determinado atenta oaprofundamento das questes legais eleitorais, logo foi considerado imprescindvelpublicar a fundamentao das deliberaes. Em certos casos, a fundamentao substituda por um mero relatrio, onde apenas se descrevem os factos que foramobjecto da deciso. Tambm se julgou indispensvel munir o leitor das declaraesde voto proferidas. Tal constituir um elemento - alis salutar - de crtica, dequestionamento mas tambm de compreenso das posies assumidas. Mesmocorrendo o risco de algumas fundamentaes serem, em parte, repetitivas, optou-sepor incluir os processos a que diziam respeito, sempre que surgiam elementos novos.

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    Finalmente, vrias decises so acrescidas de observaes. Tal seco no constituium comentrio, mas apenas um elemento de trabalho do estudioso. A se verteram asindicaes de deliberaes semelhantes ou contrrias do texto, ou quaisquer outroselementos adicionais importantes compreenso do contedo ou da circunstnciada deliberao.

    No final do livro, o leitor encontrar dois auxiliares de busca. A enumerao datotalidade das deliberaes munida dos tpicos presentes no texto. E um glossrio.Estas seces pretendem constituir um esforo de facilitao do manuseamento dolivro, de forma a permitir uma busca rpida das deliberaes que o utilizador consi-dere pertinentes.

    As extensas horas dedicadas preparao, organizao e finalizao do presentetrabalho sero plenamente compensadas se o resultado final alcanar o fim pretendi-do: o esclarecimento sobre as matrias eleitorais. Pressentindo a importncia que asquestes abordadas tm para a Democracia, a Comisso Nacional de Eleies rego-zija-se por, uma vez mais, envidar todos os seus esforos na rdua tarefa de informare esclarecer, contribuindo, dessa forma, para uma participao mais activa na vidapblica.

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    INTERVENO DO PRESIDENTE DACOMISSO NACIONAL DE ELEIES

    Audio parlamentar Entidades pblicas independentes, promovida pela Co-misso de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, em 26 deNovembro de 1996, na Sala do Senado da Assembleia da Repblica.

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    I1 - Percorrendo os trabalhos preparatrios que levaram publicao da Lei 71/78,

    verifica-se que eles se podem sintetizar nas palavras do Sr. Deputado Armando Lopes,quando diz, na parte referente Comisso Nacional de Eleies, na sua intervenode 07.09.78:

    Afigura-se-lhe que ela deve ter uma existncia permanente, que a sua competnciadeve abranger todos os actos do recenseamento e eleitorais que se venham a realizar.

    Deve ser caracterizada como um rgo independente funcionando junto da As-sembleia da Repblica, devendo as verbas indispensveis ao seu funcionamento serinscritas no Oramento da mesma Assembleia da Repblica.

    Na sua constituio devem entrar um juiz conselheiro designado pelo ConselhoSuperior da Magistratura, tcnicos qualificados que possam assegurar uma ligaoindispensvel aos Ministrios mais directamente envolvidos no processo eleitoral e 5individualidades indicadas pelos partidos representados na Assembleia da Repblica.

    E, na verdade, estas ideias vieram a ter consagrao na Lei 71/78.2 - Durante estes anos, quer pela observao desinteressada como cidado, quer

    pela experincia agora adquirida como seu Presidente, tenho verificado que efectiva-mente a CNE vista como o ltimo e superior garante da igualdade, honestidade everdade dos actos eleitorais que se vm realizando. A ponto de as exigncias que lhefazem, para uma interveno mais actuante, apenas encontrar o limite derivado dassuas prprias atribuies legais.

    Isto significa, sem dvida, que todos os cidados, individualmente ou agrupadosem foras polticas, sentem a necessidade da existncia deste rgo superior daadministrao eleitoral.

    E no vimos at agora que em si mesmo, e especialmente nas razes que levaram sua criao, ele seja posto em causa, especialmente nos balanos que so feitos nofinal de cada processo eleitoral.

    Alis, a nica dvida que tenho visto equacionada consiste em saber se ela nodeveria ter mesmo consagrao constitucional.

    Como se escreve no Dicionrio de Legislao Eleitoral editado pela Comisso, (I,100), A formalizao constitucional da CNE tem sido vivamente debatida entre osmais reputados constitucionalistas, com alguns, designadamente Jorge Miranda, adefenderem a convenincia em consagrar a existncia de um rgo supremo quesuperintenda na administrao eleitoral e garanta a regularidade, iseno e transpa-rncia dos actos eleitorais, funo que, todavia, s poder ser eficazmente prosseguidadotando-o de efectivos poderes de fiscalizao, controlo e sancionamento.

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    No quadro dos trabalhos preparatrios da segunda reviso constitucional, as prin-cipais foras polticas com assento parlamentar admitiram, ainda que em moldesdiversos, a possibilidade de constitucionalizao de um rgo com a natureza e asatribuies da CNE, atenta a sua imprescindibilidade na organizao e fiscalizaodos processos eleitorais. A discusso teve por base o projecto apresentado pelo PartidoComunista Portugus, que expressamente avanou com a consagrao constitucio-nal da CNE.

    Apesar de esta continuar sem dignidade constitucional, a questo continua emaberto e poder ser objecto de futuros desenvolvimentos.

    Note-se que, no mbito do actual processo de reviso constitucional, tambm oPartido Socialista refere a existncia da Comisso Nacional de Eleies, nas altera-es que prope ao art. 116

    3 - Porm, isso no impede que ao longo dos anos, especialmente a prpria Comis-so tenha vindo a manifestar a necessidade de ajustamentos e aperfeioamentos, node natureza poltica criativa, mas face aos prprios instrumentos com que tem detrabalhar.

    Tal como um tribunal, apesar de aplicar correctamente as leis ajustadas ao caso,sofre normalmente no conceito em que tido por as suas decises no corresponde-rem s aspiraes das pessoas, que ignoram que ele se limitou a aplicar essas leis quelhe so fornecidas, tambm a CNE sente as dificuldades derivadas da falta de ajusta-mentos dos normativos legais que tem de utilizar.

    Ao receber a participao para intervir nesta Audio Parlamentar, no possodeixar de a entender como convite a expressar, neste lugar prprio, essas lacunas oudeficincias que a nossa experincia tem feito realar.

    Com a certeza de que, apreciadas e discutidas, viro a permitir grande melhoria naactuao da CNE que, assim, justificar melhor as razes que levaram sua criao.

    At porque apresentado j em 1991 um Relatrio e um projecto de alteraes aoSenhor Presidente da Assembleia da Repblica e aos Senhores Presidentes dos Gru-pos Parlamentares e repetidas diligncias vrias no sentido de as ver discutidas econcretizadas, verifica-se que at este momento nada foi feito.

    IIRelativamente sua composio, pela nossa experincia pessoal, pode dizer-se que,

    ao fim destes anos, ela satisfaz suficientemente.Pela sua diversidade, garante pluralismo, pela existncia de tcnicos, garante com-

    petncia e, pela existncia de representantes dos partidos, garante fcil comunicaocom estes, com rpida expresso do respectivo entendimento nos problemas que sevo levantando.

    Todavia, h omisses na Lei 71/78, que urge colmatar:1 - Em primeiro lugar, porque ela nada prev para o caso de faltas excessivas por

    parte de qualquer dos membros.

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    Na verdade, no caso de exagerado nmero de faltas, que podem prejudicar o normalfuncionamento da Comisso, devia ser prevista forma de perda de mandato e subs-tituio. Tanto mais que o prprio art. 4 n 3 prev o caso de perda de mandato,embora apenas para o caso de algum dos membros se candidatar a quaisquer eleiespara rgos de soberania, de regies autnomas ou do poder local.

    Apenas a dedicao da grande maioria dos membros tem permitido que as reuniesse realizem sempre, sem adiamentos e sem que esta omisso tenha ainda tornadoinfuncional este rgo.

    2 - Em segundo lugar, porque ela nada prev para o caso de um membro designadono tomar posse nos 30 dias posteriores ao termo do prazo da designao.

    E no se pense que hiptese impensvel, j que aconteceu agora, quando um dosmembros designados apenas acaba por tomar posse passado mais de meio ano!

    No pretendemos apontar qualquer soluo para este caso, mas, face experinciasentida, parece evidente que deve ser prevista soluo para o caso de repetio.

    3 - Em terceiro lugar, como o referido Relatrio de 1991 era apontado, h necessidadede estudar melhor o quadro dos servios de apoio, nomeadamente em relao aoCoordenador de Servios, a quem, ao contrrio do que sucede noutros rgosindependentes que funcionam junto da Assembleia da Repblica, nunca foireconhecido o estatuto de dirigente, apesar de ser o elo de ligao a rgos de soberaniae da administrao eleitoral, s foras polticas e aos cidados, at na medida em queos membros da Comisso no trabalham para ela em exclusividade.

    4 - Finalmente, h que considerar a necessidade de os oramentos da CNE seremadaptados, em cada ano econmico, ao respectivo calendrio eleitoral, para que afinalidade de esclarecimento objectivo dos cidados possa ser alcanada,nomeadamente quanto ao aspecto da luta contra o abstencionismo. A criao de spotstelevisivos muito dispendiosa e custa ter que preterir trabalhos bem produzidos,por ultrapassarem em muito o nosso oramento.

    5 - Entrando agora na parte mais importante, relativa restante legislao eleitoral,h que comear pelo art. 53 da Lei 14/79, Lei Eleitoral para a Assembleia da Repblica,j que a base das restantes leis referentes aos outros actos eleitorais.

    Estatui ele que o perodo da campanha eleitoral se inicia no 14 dia anterior ao diadesignado para as eleies.

    Nos artigos seguintes, so estatudas, para esse perodo, vrias limitaes, tendentesa garantir a igualdade de oportunidades das candidaturas, a neutralidade e imparciali-dade das entidades pblicas.

    Porm, bem sabido e o prprio legislador no o desconhece, como se v no art72, que a partir da publicao do decreto que marca a data das eleies, logo comeaum perodo de intensa actividade de propaganda, denominado, perodo de pr-campanha.

    Assim sendo, verifica-se que, nesse perodo, de pr-campanha, face ao princpio deliberdade de expresso, no existem limitaes; porm, quando comea o 14 dia

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    anterior ao dia das eleies - quando mais se faz sentir a necessidade da propaganda- que existe regulamentao expressa.

    Nomeadamente, quanto igualdade de oportunidades das candidaturas, neutrali-dade e imparcialidade das entidades pblicas.

    Assim, deveria ser considerada a regulamentao deste perodo, de modo a assegu-rar, quanto possvel, a igualdade de oportunidades e a neutralidade e imparcialidadedas entidades pblicas.

    Falo nesta questo, face incompreenso da generalidade das pessoas, nomeada-mente quando os rgos de comunicao social, especialmente as televises, igno-ram completamente as pequenas foras partidrias, a quem a lei pretende concederigualdade de oportunidades.

    6 - Qualquer cidado ou fora partidria, quando sente violado o princpio daneutralidade ou imparcialidade das entidades pblicas, logo denuncia o facto CNE,que sempre aceita a sua competncia para conhecer do caso e lhe dar o devido anda-mento.

    Porm, o art. 57, que procura regulamentar estes princpios, tem uma formulaodemasiado vaga e imprecisa, que tem dado origem a grandes dvidas na sua aplicao.

    Nitidamente que, quando refere que essas pessoas no podem intervir na campa-nha nessa qualidade, est admitir que o possam fazer noutra qualidade, nomea-damente de candidato; porm, sabido que os rgos do Estado no podem parardurante o perodo da campanha e que a qualidade no fato que se possa despir,ficam sempre dvidas, quando um desses agentes, bem conhecido como titular decargo pblico, est a intervir, dentro ou fora da campanha.

    Por outro lado, sabendo-se que a fora partidria desse candidato procura tirarpartido das aces positivas do rgo a que ele pertence, e que as opositoras procu-ram chamar colao as negativas, logo acontece que, nesse perodo, o anncio deuma aco positiva apelidado de manobra eleitoralista e o anncio da negativa, nod ao candidato o direito de defesa.

    7 - No art. 62, concedido o direito de antena nas TVs e nas estaes de rdio,pblicas e privadas.

    No entanto, face realidade actual, haveria que considerar a existncia da TV porcabo e parablicas para as Regies Autnomas, a existncia de parablicas, com cap-tao de estaes estrangeiras e a existncia de estaes de rdio que, emitindo emcadeia com vrias estaes regionais ou locais acabam por ter uma cobertura nacional.

    Estas inovaes deviam merecer a ateno do legislador, para boa conjugao dosinteresses em jogo.

    8 - Esta situao tambm devia ser considerada, dada a sua expanso nacional, paraefeitos de dever cumprir a obrigao do art. 63, ou seja, de transmisso de temposreservados.

    9 - O art. 64, assim como o Dec-Lei 85-D/75 de 26-2, pretendem garantir que osrgos de comunicao escrita no dem tratamento jornalstico discriminatrio s

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    diversas candidaturas, em termos de as mesmas serem colocadas em condies deigualdade.

    Uma nota e um reparo, h, porm que fazer.Efectivamente, parece-nos desajustado que no perodo de campanha eleitoral haja

    a obrigao, por parte destes rgos de comunicao social, de respeitarem a igualda-de, mas antes disso, no perodo de pr-campanha, j no tenham essa obrigao.

    Relativamente ao reparo, resulta ele da falta de idntica regulamentao para asTVs e para as Estaes de Radiodifuso.

    E, no entanto, no menor o impacto que podem causar estes rgos de comuni-cao social. louvvel a inteno do legislador em publicar essa Lei com uma regu-lamentao cuidadosa dos direitos e obrigaes dos jornais; porm, essa circunstn-cia ainda torna mais premente a necessidade de idntica actuao em relao s estaesde rdio e de televiso.

    10 - O art. 60 proibia a divulgao de sondagens ou inquritos de opinio, desde adata da marcao das eleies at ao dia imediato sua realizao.

    Hoje, esta matria est regulada na Lei 31/91, 20.07. Mas, com omisses que tmcausado bastantes dificuldades a esta Comisso.

    a) - No seu art. 8, prescreve-se que Nos sete dias que antecedem o dia da eleioou de votao para referendo e at ao encerramento das urnas, so proibidos a publi-cao, difuso, comentrio ou anlise de qualquer sondagem.

    Porm, no art. 14, estatudo que punido com coima de montante de ...c) - Quem publicar ou difundir sondagens ou inquritos , bem como o seu comen-

    trio ou anlise, nos sete dias que antecedem o dia das eleies...Quer dizer: punida a divulgao de sondagem at ao encerramento das urnas,

    mas - como um tribunal j entendeu - essa conduta no punida no prprio dia daseleies...

    No momento em que mais prejudicial essa difuso, pela impossibilidade de controleou contradita e pela influncia sobre quem se apresta para votar (basta ver a actuaonoticiada nos rgos de comunicao social, a quando das ltimas eleies para aAssembleia da Repblica, daquele candidato que perturbado pela sondagem apre-sentada, at chegou ao ponto de cometer um ilcito eleitoral, depositando vriosvotos nas urnas).

    Esta Comisso tem-se visto confrontada com esta questo em sucessivos actoseleitorais e pela conjugao dos interesses em jogo e interpretao da vontade con-jectural do legislador, tem entendido que, por interpretao extensiva, a punio deveabranger toda a previso da mesma Lei; mas sente que no ir sair prestigiada no casode os tribunais continuarem a entender que essa conduta no punida, por no estarprevista expressamente punio para ela.

    11 - Por outro lado, o art. 9 arvora a CNE como autoridade fiscalizadora dessaproibio de sondagens, mas no esclarece, nos artigos seguintes, que seja ela a auto-ridade administrativa competente para aplicao das coimas respectivas.

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    E at o Senhor Professor Jorge Miranda, em brilhante Parecer que apresentou,manifestou o entendimento de que falece CNE competncia para esse efeito.

    Sem prejuzo da alta considerao e admirao em que o temos, no temos sufragadoesta posio, at para no deixarmos sem interveno violaes to frontais a umaLei em vigor.

    12 - Finalmente, e, para terminar, apenas quero chamar a ateno para o facto de aLei Eleitoral da Assembleia Legislativa Eleitoral da Madeira - Dec-Lei 318-E/76 de30 de Abril - ainda no ter sido actualizada, como aconteceu com a Lei Eleitoral paraa Assembleia da Repblica (art. 9) e com a Lei Eleitoral da Assembleia Legislativados Aores (Dec-Lei 267/80 de 8 de Agosto, art. 9).

    Daqui resulta, por exemplo, que nessa lei no esteja prevista a obrigatoriedade desuspenso do mandato dos candidatos que sejam presidentes de cmara.

    IIIEstas deficincias do lugar a aproveitamentos e abusos, que colocam a CNE entre

    dois fogos: uns, pretendem que ela actue, por a semelhana das situaes, a razoabi-lidade das solues e a analogia o imporem; outros, porm, entendem abusiva ouilegal essa actuao, dirigindo-lhe censuras vrias.

    E isto, num campo em que grande a nsia de aproveitamento de todas as situa-es, na pretenso de dividendos eleitorais ou de justificaes de fracassos.

    Sempre a CNE tem atendido todos quantos se lhe dirigem, estudando e proferin-do decises fundamentadas ou prestando os esclarecimentos devidos.

    Tem procurado manter uma postura de rgo superior da administrao eleitoralque cumpre as suas obrigaes e sente que as crticas mais vlidas e responsveis soas feitas no seu seio, atravs dos representantes das vrias foras polticas.

    Criou j uma jurisprudncia fundamentada, que lhe permite a qualquer momento,manifestar a sua posio sobre qualquer questo de direito eleitoral.

    Vem apresentar os reparos que acabei de referir, no porque esteja a pretendersolues novas para as questes - competncia que deve caber a esta Assembleia,ponderados todos os interesses em jogo - mas porque, a manterem-se as opeslegislativas referidas, as previses devem atender s lacunas apontadas.

    E porque, a serem satisfeitas, sero eliminados muitos dos reparos e incompreensesque lhe tm sido feitos.

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    DELIBERAES

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    CAPTULO I

    COMISSO NACIONAL DE ELEIES

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    COMPETNCIA

    ASSUNTO: Aces de divulgao acerca da eleio para o Parlamento Eu-ropeu promovidas pelo Gabinete de Informao e Imprensa do ParlamentoEuropeu em Lisboa

    Eleio europeiaEsclarecimento eleitoral

    Sesso de 09.05.1989 - PE/89

    Deliberao:

    Cabe exclusivamente Comisso Nacional de Eleies promover oesclarecimento objectivo dos cidados acerca dos actos eleitorais, bemcomo dos actos de recenseamento, sempre que a Comisso o considereoportuno e nos termos das leis vigentes.

    Esta deliberao no significa que outros organismos no possamfazer esclarecimento eleitoral, desde que todo o material em que estejaconsubstanciado esse esclarecimento seja previamente autorizado, vi-sionado e aprovado pela Comisso Nacional de Eleies.

    Observaes:

    Sobre o mbito material das funes de esclarecimento da CNE, vejam-se as deliberaes edeclarao de voto das sesses de 26.03.1996 e 14.05.1996, abaixo transcritas.

    *

    ASSUNTO: Propaganda e publicidade comercial da Cmara Municipal deBraga similar propaganda eleitoral de partido poltico.

    Eleio autrquicaNeutralidade e imparcialidade das entidades pblicas

    Propaganda e publicidade camarria:confundibilidade com material partidrio

    Poderes sobre as entidades pblicasPerodo eleitoral

    Sesso de 05.12.1989 - AL/89

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    Deliberao:

    Foi deliberado que a Cmara Municipal de Braga deve mandar remo-ver a propaganda que tem afixado, que contenha mensagens idnticasou similares propaganda eleitoral de qualquer dos partidos oucoligaes concorrentes ao prximo acto eleitoral, bem como suspen-der a eventual publicidade comercial inserida em jornais, que tenhaaquelas caractersticas.

    Fundamentao:

    O mandatrio da lista candidata do Partido Social Democrata Cmara Municipalde Braga, identificado nos autos, veio expor Comisso Nacional de Eleies, emsuma, o seguinte:

    a) A Cmara Municipal de Braga publicitou, largamente, atravs de meios de publi-cidade comercial, um cartaz com vrios aspectos da cidade sob o slogan Sempre aCrescer, lema tambm inserido em anncios pagos no jornal dirio Correio doMinho.

    b) Por sua vez o Partido Socialista, teria difundido, profusamente, atravs de meiosde publicidade comercial, imagens da cidade de Braga, com a figura do 1. candidato Cmara, sob o lema Continuar Crescer.

    c) Existe uma similitude grfica e de contedo de mensagens e o seu lanamen-to quase simultneo violaria disposies constitucionais e o disposto nos art.os 47,48, 52. e 60. do Decreto-Lei n. 701-B/76 de 29 de Setembro. Como prova dassituaes descritas juntou, para os devidos efeitos, diversas fotografias.

    O Mandatrio veio requerer Comisso Nacional de Eleies:A tomada de urgentes e legais providncias para a reposio da iseno e da

    legalidade por parte da Cmara Municipal de Braga e medidas com vista a impedira continuao da campanha daquela Cmara Municipal e, ainda, a aplicao demedidas penais face ao eventual ilcito e a divulgao atravs da comunicao socialda deciso que ao caso couber.

    (...) Cumpre decidirAntes porm importa analisar como questes prvias 2 acidentes levantados no

    decurso do processo a saber: A competncia da Comisso Nacional de Eleies emrelao ao caso concreto (...).

    Analisemos a 1 das questes, dos pontos prvios.A Lei n 71/78 de 27 de Dezembro que cria a Comisso Nacional de Eleies

    define entre as suas competncias as de assegurar a igualdade de tratamento doscidados em todos os actos de recenseamento e operaes eleitorais e a igualdade deoportunidades de aco e propaganda das candidaturas durante as campanhas eleitorais.(alneas b) e d) do artigo 5. da citada lei).

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    Poder-se-ia ento argumentar que Comisso Nacional de Eleies fora do cha-mado perodo das campanhas eleitorais no lhe cabe zelar pela defesa dos princpi-os acima enunciados na lei e que constituem, ademais, princpios fundamentais cons-titucionais de direito eleitoral (art. 116. n. 3 alnea b) da CRP). O perodo decampanha eleitoral difere de lei para lei eleitoral e, no caso vertente, inicia-se no 12.dia anterior ao acto eleitoral e finda na antevspera do dia marcado para o sufrgio(art. 46. do Decreto-Lei n. 701-B/76 de 29 de Setembro).

    Esta a interpretao subjacente, que no expressa, na questo oportunamentecolocada no oficio do Presidente da Cmara de Braga.

    Ora, tal interpretao restritiva das competncias da Comisso Nacional de Elei-es levaria a que importantes perodos em que vigoram os princpios de neutralida-de e imparcialidade das entidades pblicas, a proibio de publicidade comercial (art.60. do citado Decreto-Lei), bem como todas as operaes eleitorais sucessivas ini-ciadas com a publicao do decreto que marca a eleio (no caso de 1 de Setembro)ficassem sem fiscalizao do rgo superior da Administrao Eleitoral.

    A acrescentar basta dizer, para derrubar o argumento da incompetncia da Comis-so, que seria absurdo que a Comisso Nacional de Eleies no tivesse competnciapara fiscalizar o dia do prprio acto eleitoral, j que o perodo de campanha, termina naantevspera daquele acto.

    Ou seja a competncia da Comisso decorreria de 5 a 15 de Dezembro e, da paratrs ou para a frente estaria esta atada de ps e mos, na fiscalizao do acto eleitoral.

    A unidade do sistema jurdico vem obviamente contrariar a tese reducionista dacompetncia da Comisso Nacional de Eleies. que a no ser assim estaramosperante um real vazio de poder incompatvel com o sistema constitucional e legal,que levaria a aproveitamentos abusivos tendentes a prejudicar ou beneficiar, contra-riando a lei, candidatos e candidaturas, nestes perodos.

    Como nota final e a ttulo de registo, acresce que no sentido do pleno exerccio dascompetncias da Comisso Nacional de Eleies se tem pronunciado o TribunalConstitucional em diferentes Acrdos (vide por exemplo Acrdo n. 404/89 sobrea suspenso do mandato dos Presidentes da Cmara candidatos s eleies para oParlamento Europeu que no ponto 3.3 se refere expressamente que se afigura intei-ramente legtima a interveno da Comisso Nacional de Eleies). Para que norestem dvidas dir-se-ia que se tratava de um acto definitivo e executrio praticadoantes do chamado perodo da campanha eleitoral.

    Em concluso, a Comisso Nacional de Eleies considera que competente paraapreciar o caso vertente.

    *

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    ASSUNTO: Queixa do CDS-PP contra o Presidente da Junta de Freguesiado Lumiar relativa ao contedo do Boletim Informativo

    Eleio autrquicaNeutralidade e imparcialidade das entidades pblicas

    Poderes sobre as entidades pblicasPerodo eleitoral

    Sesso de 09.12.1993 - AL/93

    Deliberao:

    A queixa do CDS-PP vinha devidamente complementada com meiosde prova pelo que foi deliberado mandar suspender de imediato a dis-tribuio do Boletim da Junta de Freguesia do Lumiar, n. 12, Ano 93,e coadjuvamente fazer a respectiva participao dos factos ao Minist-rio Pblico.

    Na verdade, por fora da Lei n 71/78, de 27 de Dezembro (Lei daCNE) compete a este rgo assegurar a igualdade de oportunidades deaco e propaganda das candidaturas durante os processos eleitorais,que se iniciam com a publicao do decreto a marcar as eleies e fina-lizam com a realizao do acto eleitoral.

    No mbito desta competncia e para prossecuo de tal fim cabe Comisso disciplinar e fiscalizar o exerccio das liberdades pblicas ondese integra o direito de liberdade de expresso e o respeito pelos deveresde neutralidade e imparcialidade das entidades pblicas, cujo incumpri-mento compromete os princpios da igualdade de oportunidades deaco e propaganda das candidaturas e igualdade de tratamento doscidados, tendo no exerccio da sua competncia sobre os rgos eagentes da Administrao os poderes necessrios ao cumprimento dassuas funes. (artigo 7. LCNE)

    Observaes:

    A CNE tem vindo a reiterar o contedo da presente deliberao em inmeros processos. A ttulode exemplo vejam-se as sesses seguintes que se debruaram sobre actos das entidades mencionadas:23.11.1993 (AL/93 - Cmara Municipal da Lourinh); 6.02.1996 (PR/96 - Universidadede Coimbra); 12.11.1997 (AL/97 - Cmara Municipal de Loures); 25.11.1997 (AL/97 -Cmara Municipal da Horta); 4.12.1997 (AL/97 - Cmara Municipal de Pvoa de Lanhoso,Governador Civil de Lisboa); 29.12.1997 (AL/97 - Primeiro Ministro); 30.01.1998 (AL/97- Cmara Municipal de Melgao); 17.02.1998 (AL/97 - Cmaras Municipais de Marco deCanaveses e Carregal do Sal, Chefe de Estao do Metro da Pontinha).

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    Dez anos de deliberaes da CNE - 1989/1998

    ASSUNTO: Queixa da CDU/Horta contra a Cmara Municipal da Hortarelativa a deliberao sobre o projecto PDM

    Eleio autrquicaNeutralidade e imparcialidade das entidades pblicas

    Poderes vinculativosPerodo eleitoral

    Sesso de 25.11.1997 - AL/97

    Deliberao:

    Foi aprovado o parecer junto.

    Fundamentao:

    Veio a Coligao Democrtica Unitria queixar-se Comisso Nacional de Elei-es de uma deliberao da Cmara Municipal da Horta em que esta lanou uminqurito pblico sobre o Projecto Director Municipal que decorrer entre 24.11.97e 30.01.98.

    Para tanto alegou:- que era estranho iniciar este processo com tantos anos de atraso;- que o processo nem sequer vai terminar durante o mandato;- que o inqurito constitudo por exposies e explicaes pblicas;- que os actuais Presidente e Vereador a tempo inteiro so candidatos;- que esses candidatos se colocam em situao de enorme vantagem, a expensas do

    errio pblico;- que a discusso pblica do PDM no um acto decorrente do normal funciona-

    mento da Cmara.A Cmara Municipal da Horta, notificada para responder contra-alegou negando

    intenes eleitoralistas, e afirmou que, tendo sido ultrapassados prazos dos diplomassobre o PDM, tornou-se urgente a sua aprovao para efeitos de futuras candidatu-ras a fundos comunitrios.

    Da Competncia da CNEQuanto competncia da Comisso Nacional de Eleies para se pronunciar sobre

    a matria sub judice, cabe-lhe, conforme o disposto nas alneas b) e d) do artigo 5.da Lei n. 71/78, de 27 de Dezembro, assegurar a igualdade de tratamento dos cidadosem todas as operaes eleitorais e a igualdade de oportunidades de aco e propagandadas candidaturas durante os processos eleitorais.

    Para o exerccio daquelas competncias, a Comisso tem sobre os rgos e agentesda administrao os poderes necessrios ao cumprimento das suas funes, nos termosdo n.1 do artigo 7. do mesmo diploma.

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    Dez anos de deliberaes da CNE - 1989/1998

    Os poderes fiscalizadores da CNE no se circunscrevem ao perodo restrito dacampanha eleitoral, mas incidem sobre a regularidade e validade dos actos praticadosno processo eleitoral.

    Neste sentido tem-se pronunciado a jurisprudncia do Tribunal Constitucional,que alargou a incumbncia fiscalizadora da CNE desde o seu incio, fazendo coinci-dir este com a data da publicao do decreto que marque o dia da eleio.

    Em concluso, a Comisso Nacional de Eleies tem poderes para se pronunciarde forma vinculativa sobre a matria em questo.

    *

    ASSUNTO: Parecer sobre competncia da Comisso Nacional de Eleiesna disciplina da propaganda eleitoral

    Eleio europeiaRealizao de propaganda eleitoral

    Poderes sobre as entidades pblicas

    Sesso de 09/06/1989 - PE/89

    Deliberao:

    Foi aprovado o parecer que segue.

    Fundamentao:

    Na sequncia da deliberao n. 9/89, de 6 de Junho, da Comisso Nacional deEleies sobre a afixao da propaganda eleitoral levantou a Cmara Municipal deLisboa, em parecer da sua assessoria jurdica, dvidas quando conformidade legal e existncia jurdica daquela deliberao em face do leque de competncias que a leicomete Comisso.

    pois sobre a competncia da Comisso Nacional de Eleies enquanto rgo deadministrao eleitoral e em concreto sobre a natureza dos actos dela emanados quese elabora o presente parecer. No se cuida, por isso, dos aspectos controversos querodeiam a Lei n. 97/88 de 17 de Agosto, com as implicaes decorrentes da suaregulamentao e aplicao.

    O problema, lembre-se, est pendente para apreciao pelo Tribunal Constitucio-nal, que dever pronunciar-se a breve trecho sobre a constitucionalidade daquela lei.

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    Dez anos de deliberaes da CNE - 1989/1998

    IA Comisso Nacional de Eleies criada pela Lei n. 71/78 de 27 de Dezembro

    exerce a sua competncia relativamente a todos os actos de recenseamento e de elei-es para rgos de soberania, das regies autnomas e do poder local.

    A Comisso exerce ainda as suas competncias em relao eleio para deputa-dos ao Parlamento Europeu (art. 16. da Lei n. 14/87 de 29 de Abril).

    As competncias da Comisso esto definidas no art. 5. da Lei n. 71/78 e, entreelas, contam-se a de assegurar a igualdade de oportunidades de aco e propagandadas candidaturas durante as campanhas eleitorais, (alnea d)) e, em geral, desempe-nhar as funes que lhe esto atribudas pelas leis eleitorais (alnea e)). No exerc-cio das suas competncias a Comisso Nacional de Eleies tem sobre os rgos eagentes da Administrao os poderes necessrios ao cumprimento das suas funes.

    Como rgo da administrao eleitoral tem a Comisso Nacional de Eleies, desdea sua existncia, emanado inmeros actos administrativos, definitivos e executrios,tendo em vista a prossecuo e a normalidade dos actos eleitorais entretanto ocorridos.A jurisprudncia constitucional tem vindo a reconhecer em inmeros acrdos, ascompetncias da Comisso, considerando-a como um rgo colegial que intervm,com poderes especialmente reforados na administrao eleitoral, sendo rgo suigeneris na administrao pblica portuguesa.

    A Comisso Nacional de Eleies, viu entretanto reforado o seu estatuto enquan-to rgo da administrao eleitoral, com as alteraes introduzidas lei de organiza-o, funcionamento e processo do Tribunal Constitucional (Lei n. 85/89 de 7 deSetembro - art. 8. alnea f) e art. 102.-B).

    IIAlm de actos de administrao eleitoral, definitivos e executrios, a Comisso

    chamada, no exerccio das suas competncias e por causa dela, a dar meros pareceressobre as diferentes matrias atinentes ao acto eleitoral, que constituem, numa partesignificativa dos casos, uma opinio da Comisso, mas que no so actos jurdicoscom eficcia externa.

    No foi esse, no entanto, o caso da deliberao de 6 de Junho Comisso Nacionalde Eleies chegaram queixas de partidos polticos concorrentes ao acto eleitoral de18 de Junho (eleio para deputados ao Parlamento Europeu) sobre a actuao daCmara Municipal de Lisboa na forma como aplicava a Lei n. 97/88, de 17 deAgosto, especialmente no tocante afixao de mensagens de propaganda em pro-priedade particular.

    A Comisso Nacional de Eleies apurou que a Cmara Municipal de Lisboa, atravsdos seus servios, procedia remoo de propaganda eleitoral, em propriedade par-ticular sem previamente verificar se a referida afixao estava ou no autorizada (art.3. n. 2 da Lei n. 97/88). Mesmo em relao propaganda eleitoral afixada emlocais pblicos apurou-se igualmente que a remoo era efectuada, sem audio ou

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    Dez anos de deliberaes da CNE - 1989/1998

    notificao dos interessados, o que constitua uma violao ao disposto nos art.os 5.e 6. n. 2 da Lei n. 97/88.

    Saliente-se que a resoluo do conflito imanente entre a liberdade de expresso depensamento atravs da afixao de propaganda e a propriedade particular existentena soluo adoptada pelo legislador foi confiada ao particular (art. 8. da Lei n. 97/88).

    A lei no prev a sub-rogao daquele poder (definida no art. 8.) s CmarasMunicipais ou a qualquer outra entidade administrativa.

    o proprietrio ou possuidor que pode ou no autorizar a colocao da propagan-da eleitoral no seu edifcio e ao proprietrio que atribudo o poder de destruir,rasgar, apagar ou inutilizar a propaganda afixada.

    Entendeu, desta forma, a Comisso Nacional de Eleies que as autoridades admi-nistrativas estavam a exceder, pela prtica dos servios e por instrues dadas aosfuncionrios, o poder que a lei lhes atribua. (Nem sequer o Regulamento aprovadopela Assembleia Municipal, publicado no D.M. n. 15616 de 26.04.89 regulava comrigor esta questo).

    Estava assim aberto o caminho, repete-se, atravs da prtica da administrao, discriminao das foras polticas concorrentes que viram a sua propaganda inutili-zada, sem poder provar que tinham cumprido os dispositivos da Lei n. 97/88 e restrio abusiva e inconstitucional afixao de propaganda.

    Entendeu a Comisso de Eleies, em boa hora, adoptar a seguinte deliberao:As autoridades administrativas no podem proibir a afixao de propaganda elei-

    toral em propriedade particular, nem proceder destruio de propaganda nela afixada,incorrendo na pena prevista no art. 139. n. 1 da Lei n. 14/79 os que causaremdano em material de propaganda eleitoral afixado.

    IIIA deliberao n. 9/89 da Comisso Nacional de Eleies teve em vista assegurar

    a normal actividade da propaganda eleitoral pelos partidos e coligaes (nos termosda lei e dos regulamentos em vigor) e garantir que a administrao, maxime, os rgosdas autarquias, no proibissem, pela prtica administrativa, o exerccio do direito deexpresso atravs de afixao de propaganda.

    pois uma deliberao tomada no uso das competncias tal como esto definidasna Lei n. 71/78 de 27 de Dezembro.

    Basta uma leitura atenta do contedo normativo para verificar a conformidade doacto com as competncias da Comisso Nacional de Eleies.

    Visa-se que as autoridades administrativas no excedam os poderes que lhes estoatribudos pela lei, ao estipular-se que estas no podem proibir a afixao de propa-ganda eleitoral em propriedade particular, visto que cabe aos particulares, autoriza-rem ou no, a sua afixao. O poder dos particulares, que o legislador concedeu paradefesa da sua propriedade privada, no pode ser sub-rogado na administrao autr-

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    Dez anos de deliberaes da CNE - 1989/1998

    quica. S os particulares podem proibir a colocao de propaganda na sua propriedade.A administrao autrquica no tem esse poder. E, no entanto, a sua actuao

    prtica levava a essa efectiva proibio.Por outro lado e sequencialmente, ao dizer-se que as autoridades administrativas

    no podem remover aquela propaganda afixada em propriedade particular teve-seem vista impedir a destruio da propaganda eleitoral que estava a ser feita por serviosCamarrios, sem audio dos interessados e verificao se existia ou no autorizao.

    Em resumo, a deliberao da Comisso Nacional de Eleies:a) Aplica-se apenas propaganda eleitoral (tal como vem definida no art. 61. da

    Lei n. 14/79 de 16 de Maio);b) Dentro desta apenas quela que afixada em propriedade particular;c) Tem como finalidade impedir a discriminao das foras polticas concorrentes

    por parte das autoridades administrativas;d) Destina-se a ser cumprida pelas autoridades administrativas;O acto da Comisso Nacional de Eleies no veio interpretar, integrar, modificar,

    suspender ou revogar qualquer preceito legal ou regulamento. Nem o poderia fazerface ao disposto no art. 115. n. 5 da Constituio da Repblica.

    A deliberao n. 9/89 da Comisso Nacional de Eleies, enquanto acto da admi-nistrao eleitoral, no uso das competncias que lhe esto cometidas, teve como fimobviar s irregularidades e ilegalidades cometidas pela administrao autrquica nasua actuao concreta e garantir que todos os partidos e coligaes fossem tratadospela administrao da forma igual e sem discriminaes.

    *

    ASSUNTO: Pedido de parecer da Cmara Municipal de Vila do Conde so-bre remoo de meios de propaganda grfica (pendes)

    Eleio legislativaRealizao de propaganda eleitoral

    Poderes fiscalizadores da Comisso Nacional de Eleiesmbito temporal dessa competncia

    Perodo eleitoralPoder de ordenar a reposio de propaganda

    Sesso de 26.07.1995 - AR/95

    Deliberao:

    O parecer preparado pelo Gabinete Jurdico, que abaixo se transcre-ve, mereceu o voto favorvel dos membros presentes.

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    Dez anos de deliberaes da CNE - 1989/1998

    Fundamentao:

    1. RELATRIOa) A Cmara Municipal de Vila do Conde (CMVC), atravs do seu Exmo. Presiden-

    te, dirigiu-se Comisso Nacional de Eleies, por fax de 19 de Julho do correnteano, dando conta da sua deciso de mandar retirar pendes ilegalmente afixados emvrias zonas, alegadamente histricas e protegidas, daquela cidade;

    b) De acordo com o despacho proferido pelo vereador competente e submetido superior considerao do presidente da supracitada edilidade, os pendes, colocadosna Praa da Repblica, na Avenida Jos Rgio e na Rua 25 de Abril, afectam negativa-mente a esttica urbana, a qualidade urbanstica, paisagstica e ambiental doslocais em causa e o patrimnio arquitectnico, constituem, nos casos em que seencontram nos postes de iluminao, factor de perturbao da ateno dos condu-tores e degradam intoleravelmente a imagem da cidade, ainda para mais em pocade veraneio e de importantes eventos pblicos;

    c) Ainda segundo o mesmo despacho, os locais em que se encontram afixados taismeios de propaganda grfica enquadram-se em zonas protegidas ao abrigo do Regu-lamento do Ncleo Antigo de Vila do Conde e Azurara e outra legislao que fixou azona especial de proteco da Igreja Matriz e Convento de Santa Clara, imveisclassificados como monumentos nacionais;

    d) Notificada para o efeito, a CMVC enviou cpia do referido regulamento muni-cipal, do qual resulta inequivocamente estarem integrados em zona antiga ou consti-turem monumentos nacionais, entre outros edifcios e locais, a Praa da Repblica, aIgreja Matriz e o Convento de Santa Clara.

    2. MATRIA DE DIREITOAs questes objecto da exposio da CMVC sero objecto de anlise separada, em

    consonncia com vrios pareceres e deliberaes que a CNE tem emitido sobre apropaganda grfica.

    2.1 - A competncia da CNENo que toca competncia da CNE para se pronunciar sobre a afixao e inscrio

    de mensagens de propaganda, cabe-lhe, como prescrevem as alneas b) e d) do artigo5 da Lei n 71/78, de 27 de Dezembro, assegurar a igualdade de tratamento doscidados em todas as operaes eleitorais e a igualdade de oportunidades de aco epropaganda das candidaturas durante as campanhas eleitorais.

    Dir-se-, fugindo a uma interpretao meramente literal e redutora da lei e apelan-do mens legislatoris subjacente ao conjunto das normas jurdicas aplicveis, que ospoderes fiscalizadores da Comisso no se circunscrevem ao perodo da campanhaeleitoral, j que o novo regime da afixao e inscrio de mensagens de publicidade epropaganda, incluindo as de natureza poltica, foi estabelecido pela Lei n. 97/88, de17 de Agosto, em termos bem mais amplos do que os que esto previstos nas leis

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    Dez anos de deliberaes da CNE - 1989/1998

    eleitorais e resultam dos referidos preceitos da Lei n. 71/78, assim se alargando aliberdade do exerccio das actividades de propaganda (sem deixar, contudo, de a sujeitar observncia de certos requisitos) a todo e qualquer momento.

    Deve, assim, entender-se, salvo melhor opinio, que, apontando embora, primei-ra vista, para a limitao da competncia fiscalizadora da CNE campanha, taisnormas, todas elas anteriores referida Lei n. 97/88, devem ser objecto de interpre-tao actualista compatvel com o actual quadro constitucional e legal, concluindo-se, pela conjugao com as disposies pertinentes da mesma lei, que os poderes defiscalizao da CNE em matria de liberdade de propaganda se iniciam pelo menoscom o desencadear formal do processo atravs da marcao da eleio por via dedecreto presidencial (publicado, no presente processo eleitoral, em 21 de Junho). Seassim no fosse, esbarraramos num incontornvel vazio de poder no zelo e vigi-lncia do cumprimento dos supracitados princpios fora dos perodos de campanhaeleitoral.

    Estamos, pois, em crer que no esteve no esprito do legislador alargar a liberdadede propaganda, em obedincia aos comandos constitucionais dos artigos 18. e 37.,sem se permitir, ao mesmo tempo, que para l da campanha eleitoral os atropelos referida liberdade, quer por parte das autoridades administrativas, quer pelos prpri-os promotores das aces de propaganda, fossem devida e eficazmente controladospor um rgo pblico independente. Da que as atribuies de natureza fiscalizadorada CNE abranjam o processo eleitoral desde o seu incio, como, alis, tem sido paci-ficamente propugnado pelo Tribunal Constitucional (cfr., por todos, o Acrdo doTC n 605/89, in DR, 2 Srie, de 2 de Maio de 1990).

    Em todo o caso, a competncia da CNE para deliberar, oficiosamente ou mediantequeixa, sobre a propaganda grfica no pode nem deve ser confundida, como apa-rentemente parece deduzir o peticionante, com a competncia para mandar removeros meios de propaganda que estejam inscritos ou afixados em violao da lei, a respeitoda qual dvidas no subsistem de que os executivos municipais, designadamente aoabrigo do artigo 6., n. 2, da aludida Lei n. 97/88, gozam do poder de mandarretirar, supletivamente, a propaganda colocada em violao da lei. Uma e outra soperfeitamente distintas e inseparveis, mas compatveis.

    s cmaras municipais incumbe mandar remover, mas sempre seguindo o proce-dimento legal, os meios propagandsticos cuja afixao ou inscrio considere violara lei.

    A CNE, qual, obviamente, no assiste esse direito, exerce as suas atribuiesnoutra perspectiva: pode e deve emitir opinio e deliberar, com fora vinculativa,quando seja chamada a pronunciar-se sobre matria dessa natureza, quando seja apre-sentada queixa por remoo ilegal de propaganda ou quando disso tome conheci-mento prprio, cabendo recurso contencioso para o Tribunal Constitucional (TC)dos actos administrativos definitivos e executrios que pratique.

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    Dez anos de deliberaes da CNE - 1989/1998

    No caso vertente, a CMVC no est obrigada a ouvir previamente a CNE e apenaslhe basta aplicar a lei, embora a atitude tomada seja, a todos os ttulos, de louvar noquadro do apoio, ligao e colaborao entre os rgos e servios pblicos que inter-venham ou, por qualquer forma, participem no processo eleitoral (cfr. artigo 7. daLei n. 71/78), no deixando esta de constituir uma ocasio para dar a conhecervrias deliberaes e pareceres da CNE e alguns arrestos do TC que firmaram juris-prudncia sobre a questo de fundo em anlise.

    O processo judicial a que o Senhor Presidente da CMVC se refere ter porventurasido impulsionado por uma queixa baseada em factos concretos eventualmente con-substanciadores de remoo ilegal de meios de propaganda, no decurso do processoeleitoral, por parte do executivo autrquico. Em tal situao - a sim - a consulta, emprimeira instncia, CNE, como rgo superior da administrao eleitoral, atravsde queixa, petio ou reclamao (o acto deve aqui ser aceite no sentido amplo doartigo 52., n. 1, da Constituio da Repblica Portuguesa, abreviadamente CRP),afigura-se obrigatria.

    Em concluso, a CNE tem competncia para se pronunciar - o que far no pontoseguinte - sobre a questo em apreo, mas a CMVC no obrigada a ouvir previa-mente a CNE (a no ser a ttulo de mera consulta) para o efeito de remover oumandar remover meios de propaganda grfica ilegalmente colocados.

    Observaes:

    A CNE tem vindo a reiterar o contedo da presente deliberao em inmeras deliberaes. Attulo de exemplo vejam-se as sesses seguintes que se debruaram sobre actos das entidades mencio-nadas: 4.07.1995 (Cmara Municipal do Porto); 19.12.1995 (PR/96 - Cmara Municipal doPorto); 17.06.1997 (AL/97 - Cmara Municipal do Porto); 30.09.1997 (AL/97 - CmaraMunicipal da Sert); 10.10.1997 (AL/97 - EN - Electricidade do Norte); 31.10.1997 (AL/97 - Cmaras Municipais de Marco de Canaveses e de Mura); 4.12.1997 (AL/97 - Junta deFreguesia de Santa Cruz de Trapa e Cmara Municipal de Castelo Branco); 30.01.1998 (AL/97 - Cmara Municipal do Seixal).

    Em matria de propaganda, a CNE j esclareceu (sesses de 12.12.1995 e 19.12.1995 - AR/95) que a sua interveno limitada a aces tendentes a assegurar a igualdade de tratamento decandidaturas a actos eleitorais (v. pg. 255).

    *

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    Dez anos de deliberaes da CNE - 1989/1998

    ASSUNTO: Pedido de parecer da Cmara Municipal de Vila do Conde so-bre remoo de meios de propaganda grfica (pendes)

    Continuao da apreciao dos factos tema da deliberao anteriorUsurpao de poderes

    Sesso de 12.09.1995 - AR/95

    Deliberao:

    Foi apresentado pela Cmara Municipal de Vila do Conde, por ofciode 7 de Setembro, o pedido de reapreciao da deliberao da Comis-so Nacional de Eleies de 5 de Setembro do corrente ano,acompanhada dos documentos referentes ao recurso que interpe parao Tribunal Constitucional.(...)

    Relatrio:

    a) Efectuadas todas as diligncias que se entenderam adequadas, designadamenteoficiando-se ao IPPAR para saber da existncia legal ou no do centro histrico deVila do Conde, a Comisso Nacional de Eleies (CNE) deliberou, na sua reunioplenria de 5 de Setembro de 1995, mandar repor os meios de propaganda retirados,tendo em conta que, no existindo oficialmente, conforme informao prestada poraquele organismo, qualquer centro histrico na cidade, a remoo camarria careciade fundamento e era, pois, ilegal;

    b) Inconformada com a referida deliberao da CNE, a Cmara Municipal de Vilado Conde (CMVC) solicitou, por ofcio de 7 de Setembro, a reapreciao da questo,considerando, em sntese, que, mesmo no atendendo existncia legal do centrohistrico, os locais onde se encontrava a propaganda eleitoral removida inseriam-seem zonas de proteco de monumentos nacionais;

    c) Da mesma deliberao da CNE interps a CMVC recurso para o TC, luz decuja fundamentao ser elaborado o presente parecer.

    2. MATRIA DE DIREITODando-se por reproduzidas as consideraes jurdicas do parecer aprovado na reu-

    nio plenria da CNE que teve lugar em 26 de Julho, dir-se- ainda o seguinte:

    2.1 - Quanto competncia da CNE na matria em apreoReitera-se, a este respeito, o que ficou explanado no parecer supramencionado,

    reafirmando-se que, contrariando a interpretao redutora e restritiva da alnea d) doartigo 5. da Lei n. 71/78, de 27 de Dezembro, entre outros preceitos das leis eleitorais,a jurisprudncia do Tribunal Constitucional uniforme no sentido de que a compe-

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    Dez anos de deliberaes da CNE - 1989/1998

    tncia da CNE abrange todo o processo eleitoral desde o seu incio (cfr., por todos,o Acrdo do TC n. 605/89, in DR, 2. Srie, de 2 de Maio de 1990).

    Acresce que, se outras deambulaes mais profundas no houvesse que chamar colao nesta sede, o referido preceito da citada Lei n. 71/78 no pode ser lidoisoladamente, havendo que o conjugar com a alnea b), segundo a qual CNE cabeassegurar a igualdade de tratamento dos cidados em todas (ou seja, desde o incioat ao terminus do processo) as operaes eleitorais.

    Em todo o caso, o recorrente no tem razo ao invocar o vcio da usurpao depoderes, destitudo de fundamento no caso vertente.

    Na verdade, entendimento pacfico na doutrina e na jurisprudncia que s husurpao de poder quando determinado rgo da Administrao pratica um actoexpressamente includo nas atribuies do poder legislativo ou do poder judicial,falando-se em usurpao do poder legislativo e usurpao do poder judicial con-soante se trate do primeiro ou do segundo caso (v., entre outros, Cdigo do Proce-dimento Administrativo, Jos Manuel da S. Santos Botelho-Amrico J. Pires Esteves- Jos Cndido de Pinho, 2. Edio, 1992, Almedina, Coimbra, pg. 435). Como aostribunais compete, em geral, administrar a justia em nome do povo (cfr. artigo205., n. 1, da Constituio) e, no caso dos tribunais administrativos, exercer a ju-risdio administrativa e fiscal (cfr. artigo 1. do Decreto-Lei n. 129/84, de 27 deAbril - Estatuto dos Tribunais Administrativos e Fiscais), mas no praticar actos decariz administrativo inseridos em fases graciosas, manifesto que a CNE, ao deliberar,mediante queixa, sobre o assunto, no invadiu a esfera de atribuies seja de quergo for, administrativo ou jurisdicional.

    Sobressai, alis, do disposto no artigo 102.-B da Lei n. 28/82, de 15 de Novem-bro, introduzido pela Lei n. 85/89, de 7 de Setembro, ao admitir recurso contenciosodas deliberaes da CNE em matria eleitoral, que tudo o que se passa antes desserecurso assume e tem caractersticas graciosas, assim devendo ser entendido paratodos os efeitos, maxime o da competncia dos rgos da administrao eleitoral paraapreciar questes relativas a propaganda poltica.

    A competncia dos tribunais traduz-se, por seu turno, numa apreciao contenciosae jurisdicional de questes controvertidas, no sendo minimamente sustentvel que,na falta de preceito legal a atribuir a competncia para apreciar em primeira instnciada legalidade das decises camarrias de remoo de propaganda, essa funo estimplicitamente cometida aos tribunais, os quais, por absurdo, ficariam, em conse-quncia, vinculados a pronunciar-se prima facie, nos curtssimos prazos que o iter elei-toral impe, sobre todas as numerosas queixas que normalmente so apresentadasno decurso do processo eleitoral em relao afixao e inscrio de mensagens depropaganda poltico-eleitoral.

    *

  • 33

    Dez anos de deliberaes da CNE - 1989/1998

    ASSUNTO: Queixa da Coligao Lisboa Cidade contra a Cmara Muni-cipal de Lisboa sobre remoo de propaganda eleitoral

    Realizao de propaganda eleitoralMomento anterior ao perodo eleitoral

    Sesso de 23.09.1997 - AL/97

    Deliberao:

    1. No tem a Comisso Nacional de Eleies, neste momento, com-petncia legal para averiguar, responsabilizar ou ordenar procedimen-tos na matria sobre que foi pedido parecer, uma vez que os factosalegados tiveram lugar antes da data de publicao do decreto a marcara eleio, mas, no obstante, tal no impede que a Comisso se pronuncie,a ttulo meramente consultivo, considerando as suas responsabilidadesde rgo independente da administrao eleitoral.

    (...)

    Fundamentao:

    A Candidatura Lisboa Cidade colocou a esta Comisso (CNE) a questo sobre alegalidade da remoo de dois painis de propaganda eleitoral a ela pertencentes ecolocados, um na Rua Maria Pia e, outro na Avenida da Repblica.

    A Cmara Municipal de Lisboa (CML) foi ouvida sobre os factos denunciados.Foram os seguintes os factos que resultaram como assentes:a) Em 21 de Maio o Partido Social Democrata (PSD) comunicou CML quais os

    locais onde pretendia afixar os seus placards de propaganda poltica.b) Posteriormente, foi removido um desses painis, localizado na Meia Laranja -

    Rua Maria Pia.c) A remoo foi feita com os fundamentos de que provoca alguns problemas de

    execuo da empreitada de Remodelao da Meia Laranja no mbito do Plano deAco do Gabinete de Reconverso do Casal ventoso.

    d) No local do painel referido em b) foi colocado um outro pertencente CML deaviso daquelas obras de Remodelao da Meia Laranja, com aluso ao FEDER, eao seu financiamento.

    e) Um outro painel, colocado na Av. da Repblica, na praa de Entrecampos, foiordenado, Direco do PSD, retirar.

    f) A fundamentao da ordem de remoo deste painel consistiu na interfernciadeste no normal decorrer dos trabalhos da empreitada de Ajardinamento da Av.Repblica/Zona fronteira Feira Popular, assim como na necessidade de colocaodo usual painel de divulgao da empreitada.

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    Dez anos de deliberaes da CNE - 1989/1998

    g) No local do painel referido em e) foi colocado ou outro pertencente CMLidentificando a obra, o perodo da sua realizao e com os dizeres: a criar bom ambiente.

    No ficou assente se:I) os painis so propriedade do partido ou de empresa autnoma,II) foi a remoo dos painis solicitada a esta empresa autnoma,III) a remoo do placard colocado na Rua Maria Pia/Meia Laranja foi realizada

    pela CML ou pela empresa autnoma.

    Questo Prvia:Importa analisar, antes de mais, a competncia da CNE para se pronunciar, neste

    momento, sobre a matria em apreo. que, nos termos do artigo 5.,n. 1,alneas b) e d) da Lei n. 71/78, de 27 de

    Dezembro, compete CNE assegurar a igualdade de tratamento dos cidados emtodas as operaes eleitorais e a igualdade de oportunidades de aco e propagandadas candidaturas durante as campanhas eleitorais.

    primeira vista, parece no caber Comisso competncia para apreciar o confli-to, uma vez que, numa interpretao literal e redutora da lei, os poderes fiscalizadoresdeste rgo se limitariam ao perodo da campanha eleitoral.

    Acontece, porm, que as campanhas eleitorais no mais se circunscrevem, comode algum modo sucedia ao tempo da publicao das leis eleitorais, aos 13, 11 ou 10dias que antecedem o dia da realizao do acto eleitoral.

    Alis, pblico e notrio que as mquinas partidrias se comeam a prepararcom uma antecedncia cada vez maior para as eleies, fazendo divulgar toda a sortede notcias, desde a escolha dos futuros candidatos s eventuais alianas polticas,lanando mo no s dos rgos de comunicao social mas de verdadeiras campanhasde propaganda poltica.

    Encaixando-se nessa realidade, a Lei n. 97/88, de 17 de Agosto, que veio fixar oregime de afixao e inscrio de mensagens de publicidade e propaganda, incluindoas de natureza poltica, alargou, em termos amplos, a liberdade do exerccio das acti-vidades de propaganda, permitido-a a todo o tempo, sem deixar, contudo, de a sujeitarao preenchimento de certos requisitos.

    Nesse sentido tambm se pronunciou o Tribunal Constitucional que, no Acrdon 605/89, refere que as competncias da CNE so exercidas no apenas quanto aoacto eleitoral em si mas de forma abrangente de modo a incidir tambm sobre aregularidade e a validade dos actos praticados no decurso do processo eleitoral.

    Decorrncia desta realidade igualmente o facto de os partidos polticos ao pres-tarem contas da campanha eleitoral Comisso, fazerem juno de inmeros docu-mentos de despesa referentes a actividades polticas visando a eleio, datados demuitos meses de antecedncia em relao a esta.

    Tendo presente este quadro, conjugando a jurisprudncia e doutrina existentes efazendo uma interpretao actualista da legislao em vigor neste domnio, a Comis-

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    Dez anos de deliberaes da CNE - 1989/1998

    so Nacional de Eleies viu alargada a sua incumbncia fiscalizadora a todo o processoeleitoral desde o seu incio, fazendo coincidir este com a data da publicao do decretoa marcar as eleies.

    que, j decidiu a CNE sobre idntica matria, nem teria sentido que assim nofosse, pois o entendimento oposto conduz inevitavelmente, contrariando o espritoda lei, a um bizarro vazio de poder para zelar pelos supracitados princpios forados perodos de campanha eleitoral. Estamos, assim, em crer que no esteve na menslegislatoris alargar a liberdade de propaganda (como no poderia deixar de ser face aoscomandos constitucionais dos artigos 18. e 37.) sem se permitir, do mesmo passo,que para l da campanha eleitoral os atropelos referida liberdade, quer por parte dasautoridades administrativas, quer pelos prprios promotores das aces de propa-ganda, fossem devida e eficazmente controlados por um rgo superior independente,de forma a evitar aproveitamentos abusivos tendentes a prejudicar ou beneficiar candi-daturas. Uma vez que os factos alegados tiveram lugar antes da data de publicaodo decreto a marcar a eleio, parece ocorrer uma ausncia de competncia legal daComisso para averiguar, responsabilizar ou ordenar procedimentos nesta matria.

    Isso no obstar, contudo, a que a Comisso se pronuncie, a ttulo meramenteconsultivo, considerando as suas responsabilidades de rgo independente da admi-nistrao eleitoral.

    *

    ASSUNTO: Pedido de parecer do Governador Civil de Lisboa sobre qual aentidade competente para fiscalizar o cumprimento dos limites impostos propaganda sonora

    Propaganda eleitoral sonoraLimites do rudo

    Entidade fiscalizadora

    Sesso de 18.11.1997 - AL/97

    Deliberao:

    Sobre o assunto em apreo foi entendimento do plenrio ser alheio competncia da CNE a fiscalizao dos nveis de rudo, mesmo que setrata de propaganda eleitoral, parecendo que aquela fiscalizao cabe sentidades policiais, conforme decorre do Decreto-Lei n. 251/87, de24 de Junho.

    *

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    Dez anos de deliberaes da CNE - 1989/1998

    ASSUNTO: Contra-ordenao relativa a publicidade comercial ilcita co-metida pela empresa de publicidade PLACA no mbito da efectivao doReferendo Nacional de 28.06.98 (Processo n. 4/RN-28.06.98/PUB)

    Referendo nacionalUtilizao de meios de publicidade comercial

    Ilcito de mera ordenao socialPoderes de apreenso de material em contraveno

    Sesso de 09.07.1998 - RN/28.06.98

    Deliberao:

    A Comisso, face aos elementos constantes dos autos, aprova o pare-cer que est junto. (...)

    Fundamentao:

    OS FACTOSEm dezasseis de Junho de mil novecentos e noventa e oito deu entrada nos Servi-

    os da Comisso Nacional de Eleies uma queixa apresentada pelo Grupo Simpela Tolerncia contra a empresa PLACA com o seguinte teor:

    (...) Qualquer itinerrio aleatrio pelas ruas de Lisboa revela-nos o aparecimento de profusapublicidade colocada em quiosques cujos espaos comerciais de publicidade esto concessionados auma empresa e at mesmo o recurso a pequenos placares de publicidade da empresa PLACA,ambos afectos a movimentos defensores do No no referendo de 28 de Junho prximo.

    Face a este profuso recurso publicidade comercial, inserida em diversos espaos concessionados aempresas comerciais, em que so efectuados inequvocos apelos ao No e subscritos por um sloganAgarra a Vida, no correspondem formalmente a nenhum movimento registado na CNE paraa presente campanha. (...)

    Est em causa a utilizao de meios de publicidade comercial, na cidade de Lisboa,para fins de afixao de cartazes de propaganda poltica relativos realizao doReferendo Nacional de 28 de Junho do corrente ano.

    Por se tratar de violao ao disposto no artigo 53. da Lei n. 15-A/98, de 3 deAbril, foi instaurado processo de contra-ordenao com vista aplicao da sanoprescrita no artigo 227. do mesmo diploma.

    Posteriormente, o queixoso vem comunicar Comisso a subsistncia de muitossuportes de campanha na rede comercial, afectos a movimentos defensores do No, no obstante,a deliberao da CNE de dar incio ao processo de contra-ordenao levantado empresa Placa e, concomitantemente, ter-lhe solicitado a retirada imediata doscartazes em causa.

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    Dez anos de deliberaes da CNE - 1989/1998

    Em face disso, a Comisso deliberou, na reunio plenria de 23.06.98, ordenar aapreenso do material afixado em contraveno com a Lei Orgnica do Regime doReferendo e que ainda no tinha sido retirado pela empresa responsvel, solicitandopara tal o auxlio da Cmaras Municipais de Lisboa e de Loures. Da referida deciso,foi notificada, apenas, a empresa de publicidade porque se desconhecia qual a entida-de promotora da aludida propaganda poltica. (...)

    O DIREITOI) Entidade competente para o processamento da contra-ordenao e a aplicao

    da coima. da competncia da Comisso Nacional de Eleies a aplicao das coimas de

    contra-ordenaes relacionadas com a efectivao de referendo cometidas por em-presas de publicidade, nos termos do artigo 224. da Lei n. 15-A/98, de 3 de Abril,depois de instaurado o competente processo de contra-ordenao.

    Da deciso da Comisso cabe recurso para a Seco Criminal do Supremo Tribu-nal de Justia.

    Nos termos do artigo 54., n.3, do Decreto-Lei n. 433/82, de 27 de Outubro, aComisso Nacional de Eleies pode confiar a investigao e instruo, no todo ouem parte, s autoridades policiais, bem como solicitar o auxilio de outras entidadesou servios pblicos.

    II)(...)

    III) Apreenso do material em contravenoNos termos do artigo 48.-A do Decreto-Lei n. 433/82, de 27 de Outubro, intro-

    duzido pelo Decreto-Lei n. 244/95, de 14 de Setembro, podem ser provisoriamenteapreendidos pelas autoridades administrativas competentes os objectos que servirampara a prtica de uma contra-ordenao.

    Tendo a Comisso conhecimento de que subsistam placards de publicidade comer-cial com propaganda poltica, pode ordenar a apreenso dos mesmos, devendo, paratanto, notificar da deciso a empresa titular do direito afectado pela apreenso, con-forme o disposto no artigo 83. do mesmo diploma. (...)

    Observaes:

    No respeitante competncia a Comisso reiterou a presente deliberao nos processos de contra-ordenao n.

    os 1, que teve como arguida a Zona Verde); 2, que teve como arguida a Cemusa e 3,

    que teve como arguida a JCDecaux (Sesso de 09.07.98 - RN/28.06.98).E ainda nos processos de contra-ordenao n.

    os 1, que teve como arguida a Red Portuguesa e 2,

    que teve como arguida a empresa Placa (Sesso de 05.11.98 - RN/08.11.98).

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    Dez anos de deliberaes da CNE - 1989/1998

    ASSUNTO: Pedido de parecer da RDP sobre a suspenso do direito de antenaanual

    Referendo nacionalDireito de antena anual

    Sesso de 05.05.1998 - RN/28.06.98

    Deliberao:

    1. Embora a matria respeitante ao direito de antena regulado pela leique rege a actividade de radiodifuso no seja, em princpio da compe-tncia da Comisso Nacional de Eleies, esta poder intervir a ttuloinformativo somente no que respeita s consequncias no mbito elei-toral e de referendo. (...)

    Fundamentao:

    A RADIODIFUSO PORTUGUESA, SA. dirigiu Comisso Nacional de Elei-es pedido de parecer que esclarecesse se h lugar a suspenso do direito de antenaanual, previsto na Lei n. 87/88, de 30 de Julho, no perodo que antecede a campanhapara o referendo.

    DA COMPETNCIA DA COMISSO NACIONAL DE ELEIESA matria que objecto de dvidas por parte da RDP - direito de antena no servio

    pblico de radiodifuso - fiscalizada pela Alta Autoridade para a ComunicaoSocial.

    No entanto, no se pode olvidar que as normas reguladoras da matria em questoso susceptveis de gerar, no perodo que se aproxima, consequncias no mbito doprocesso referendrio. Neste processo incumbe Comisso Nacional de Eleiessalvaguardar a igualdade de tratamento dos cidados e dos intervenientes (artigo252. da Lei n. 15-A/98, de 3 de Abril).

    Assim, por causa dos efeitos normativos legitima a presente interveno opinati-va da CNE.

    *

    ASSUNTO: Proc. 5/RN 28.06.98/HTA TVI relativo a comunicao ex-tempornea dos horrios de emisso dos tempos de antena pela TVI.

    Referendo nacionalTempos de antena para campanha eleitoral

    Comunicao dos horrios de emissoIlcito de mera ordenao social

    Sesso de 09.07.1998 RN/28.06.98

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    Dez anos de deliberaes da CNE - 1989/1998

    Deliberao:

    Estipula o nmero 1 do artigo 224. da Lei n. 15-A/98, de 3 de Abrilque compete Comisso Nacional de Eleies, com recurso para a Seco Criminaldo Supremo Tribunal de Justia, aplicar as coimas a contra-ordenaes relacionadascom a efectivao de referendo cometidas por partido poltico ou grupo de cidados,por empresas de comunicao social, de publicidade, de sondagens ou proprietria desala de espectculos.

    A TVI uma estao de televiso propriedade de uma empresa decomunicao social, a TVI - Televiso Independente, S.A. Nos termos don. 2 do artigo 234. da citada lei a responsabilidade contra-ordenacionalcai sobre a empresa proprietria de estao de rdio ou televiso que no cumpriros deveres impostos pela Lei Orgnica do Regime do Referendo

    Pelo exposto, de concluir que a C.N.E. tem as necessrias compe-tncias para aplicar a coima prevista no artigo 234. da Lei n. 15-A/98 entidade referida.

    Observaes:

    A CNE reiterou a presente deliberao em processo de contra-ordenao com a Rdio Comercialcomo arguida (Sesso de 9.07.1998 - RN/28.06.98)

    *

    ASSUNTO: Queixa do Partido Social Democrata do concelho de Meda contraa directora do jornal mensal Tribuna da Meda por tratamento jornalsticodiscriminatrio.

    Eleio autrquicaTratamento jornalstico discriminatrio

    PublicaesPerodo eleitoral

    Sesso de 30.01.1998 - AL/97

    Deliberao:

    O plenrio da CNE deliberou fazer a participao dos factos ao Mi-nistrio Pblico, por ter entendido haver indcios de violao ao dispostono Decreto-Lei n. 85-D/75, de 26 de Fevereiro, nomeadamente osseus artigos 1. e 8., por parte da direco do jornal Tribuna da Meda,na sua edio de Dezembro de 1997.

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    Dez anos de deliberaes da CNE - 1989/1998

    Competncia da Comisso Nacional de Eleies. (...)Quanto competncia da Comisso Nacional de Eleies para se

    pronunciar sobre a matria sub judce, cabe-lhe, conforme o dispostonas alneas b) e d) do artigo 5. da Lei n. 71/78, de 27 de Dezembro,assegurar a igualdade de tratamento dos cidados em todas as opera-es eleitorais e a igualdade de oportunidades de aco e propagandadas candidaturas durante as campanhas eleitorais.

    Os representantes das candidaturas que se considerem prejudicadaspor alguma publicao haver violado as disposies do tratamento jor-nalstico no discriminatrio, contidas no Decreto-Lei n. 85-D/75 de26 de Fevereiro, podero reclamar para a Comisso Nacional de Eleies,conforme o disposto no artigo 12. do mesmo diploma.

    Se a Comisso concluir pela existncia de elementos que possam in-dicar a violao s regras do tratamento jornalstico no discriminatrio,far a competente participao ao agente do Ministrio Pblico juntodo tribunal da comarca em que tenha sede a publicao.

    Os poderes fiscalizadores da CNE no se circunscrevem ao perodorestrito da campanha eleitoral, mas incidem sobre a regularidade e vali-dade dos actos praticados no processo eleitoral.

    Neste sentido tem-se pronunciado a jurisprudncia do Tribunal Cons-titucional, que alargou a incumbncia fiscalizadora da CNE desde o seuincio, fazendo coincidir este com a data da publicao do decreto quemarque o dia da eleio.

    Em concluso, a Comisso Nacional de Eleies tem poderes para sepronunciar de forma vinculativa sobre a matria em questo.

    Observaes:Na sesso de 27.06.1995 (AR/95), junto do jornal A Voz do Nordeste, e com base em

    parecer de 6.11.79 (AR/79) a CNE declarou que s tinha poderes fiscalizadores para garantir aigualdade de tratamento das candidaturas em perodo de campanha eleitoral. Nesse mesmo sentido,pronunciou-se a CNE na sesso de 23.01.1996 (PR/96), junto do jornal Terras do Paiva.

    *

    ASSUNTO: Comentrios sobre sondagens proferidos pelo analista poltico,Marcelo Rebelo de Sousa, no programa Exame difundido pela TSF, nosdias 24 e 25 de setembro de 1995.

    Eleio legislativaDifuso de sondagens

    Aplicao de coimasSesso de 24.10.1995 - AR/95

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    Dez anos de deliberaes da CNE - 1989/1998

    Deliberao:

    Julga-se o Senhor Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa autorda contra-ordenao prevista no art. 8. e punida nos termos do art.14. c) da Lei n. 31/91, com referncia aos art.os 9. n. 2 e 18. n. 3 doDecreto-Lei n. 433/82.

    Tendo-se em considerao todas as circunstncias da infraco apli-ca-se a coima de 1.000.000$00. (...)

    Fundamentao:

    Nos dias 24 e 25 de Setembro de 1995, foi verificado por esta Comisso que oProfessor Doutor Marcelo Nuno Duarte Rebelo de Sousa, professor catedrtico daFaculdade de Direito da Universidade de Lisboa, residente na Rua Conde Ferreira, n168, 2750 Cascais, na Estao Emissora TSF, num programa semanal que apresenta,produziu as afirmaes transcritas no documento de fls. 4 a 12.

    Por violao ao disposto no art 8 da Lei n 31/91 foi instaurado este processo,com vista aplicao da sano prescrita no seu art 14.

    Est junta a gravao das afirmaes e comentrios proferidos, bem como a trans-crio escrita de algumas partes, consideradas as mais relevantes.

    Notificado, nos termos do art. 50. do Dec-Lei n. 433/82, de 27-10, veio apre-sentar a sua resposta escrita, em que, em resumo, conclui:

    (...) e) - Finalmente, porque no a CNE a autoridade competente para aplicar acoima, j que apenas tem poderes de inspeco e no sancionatrios. Alis, comoanteriormente foi entendido pelo ento Presidente desta Comisso, baseado em Pa-recer emitido pelo Professor Jorge Miranda.

    Cumpre decidir:I - a) - Comeando pela questo da competncia desta Comisso para aplicao das

    coimas neste caso, tem de referir-se que, efectivamente, o art. 9. da Lei n. 31/91apenas refere que Comisso Nacional de Eleies cabe a fiscalizao do cumpri-mento do disposto no artigo anterior.

    Perante as dvidas que esta disposio legal poderia suscitar, pediu esta Comissopareceres a juristas de reconhecido mrito, a saber os Professores Doutores JorgeMiranda e Freitas do Amaral.

    No parecer, com data de 6 de Janeiro de 1992, elaborado pelo primeiro dos referidosprofessores, conhecido e insigne constitucionalista, conclui-se:

    Resumindo e concluindo:a) No obstante o disposto no art. 9., n. 2 da Lei n. 31/91, de 20 de Julho, a Comisso

    Nacional de Eleies no tem competncia para aplicar as coimas correspondentes s contra-ordena-

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    Dez anos de deliberaes da CNE - 1989/1998

    es previstas no art. 14 - no a recebe desta Lei e, portanto, no a pode invocar, por isso nopermitirem os princpios do Estado de Direito democrtico;

    b) No estando cominada no art. 14., n. 1, alnea c), a publicao, a difuso, o comentrio oua anlise de qualquer sondagem ou inqurito de opinio, directa ou indirectamente relacionado como acto eleitoral ou referendrio, no prprio dia deste acto, at ao encerramento das urnas, to poucose torna possvel - tambm por decorrncia do Estado de Direito democrtico - qualificar tal factocomo contra-ordenao punvel com coima;

    c) A Lei n. 31/91, de 20 de Julho, mostra-se nestes aspectos basilares (e, porventura, noutros)carecida de urgente aperfeioamento, a que, no entanto, s o legislador poder obviar ;

    d) De jure constituendo a melhor soluo seria a atribuio de coimas, por violao dessa Lei, Comisso Nacional de Eleies com possibilidade de recurso para a seco criminal do SupremoTribunal de Justia.

    As ilaes do parecer, datado de 28 de Janeiro de 1993, do segundo dos referidosprofessores, reputado administrativista, em colaborao com Rui Medeiros, so asseguintes:

    De tudo o que antecede extramos as seguintes concluses:a) A Comisso Nacional de Eleies, autoridade que fiscaliza o cumprimento da regra que

    probe, nos sete dias que antecedem o dia da eleio ou de votao para referendo e at ao encerramentodas urnas, a publicao, difuso, comentrio ou anlise de qualquer sondagem ou inqurito deopinio directa ou indirectamente relacionados com o acto eleitoral ou referendatrio, o rgocompetente para aplicar as coimas previstas na alnea c) do n. 1 do artigo 14. da Lei n. 31/91;

    b) A competncia da Comisso Nacional de Eleies para aplicar, em primeira instncia, ascoimas no viola o princpio da atribuio aos tribunais da funo jurisdicional;

    c) As infraces praticadas no exerccio da liberdade de expresso e informao s ficam submeti-das aos princpios gerais de direito criminal e s tm de ser apreciadas pelos tribunais judiciais noscasos em que a sano aplicvel implique a privao ou a restrio do exerccio da liberdade deexpresso e informao. O n. 3 do artigo 37. da Constituio no impede, portanto, que, em casode publicao ou difuso de sondagens em perodo eleitoral, a Comisso Nacional de Eleies apliqueas coimas previstas na Lei n. 31/91.

    A propsito desta matria, tambm o Centro Jurdico da Presidncia do Conselhode Ministros emitiu, em 26 de Abril de 1993, um parecer, remetido Comisso Na-cional de Eleies, a 11 de Maio do mesmo ano, atravs do Exmo. Chefe do Gabinetedo Ministro Adjunto da Presidncia do Conselho de Ministros, do qual se transcrevemas seguintes concluses:

    13. Concluindo pela competncia da Comisso Nacional de Eleies para a aplicao dascoimas referentes violao da norma do art. 8. da Lei n. 31/91, de 20 Julho, no interessadiscutir quem seria, para os efeitos do disposto no n. 2 do art. 34. do Decreto-Lei n. 433/82, de27 de Outubro, o membro do Governo responsvel pela tutela dos interesses que aquela contra-ordenao visa defender ou promover.

    Ainda assim no gostaramos de terminar este parecer sem deixar duas notas sobre o assunto, atporque essa a questo directamente colocada pelo Excelentssimo Consulente.

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    Dez anos de deliberaes da CNE - 1989/1998

    A primeira a de que concordamos com a informao do Gabinete de Sua Excelncia o SenhorMinistro Adjunto quando conclui que o n. 2 do art. 34. do Decreto-Lei n. 433/82, de 27 deOutubro, no se refere ao membro do Governo que tutela o sector a que pertence a entidade quepraticar a contra-ordenao. Com efeito, no silncio da lei, competente para a aplicao de certa edeterminada coima , nos termos da referida disposio legal, o servio designado pelo membro doGoverno responsvel pela tutela dos interesses que a contra-ordenao visa defender ou promover.

    No estaria pois em causa, no caso vertente, a tutela da comunicao social mas antes a tutela daregularidade do processo eleitoral.

    O envio do ofcio contendo cpia da deliberao de 9 de Fevereiro de 1993 da CNE a SuaExcelncia o Senhor Ministro Adjunto s pode ser entendido, afinal, como resultado de uma defici-ente e errada interpretao do disposto naquele n. 2 do art. 34. do Decreto-Lei n. 433/82, poisno cremos que a CNE considerasse aquele membro do Governo como exercendo tutela sobre aprpria Comisso Nacional de Eleies...

    A segunda nota referente concluso da informao de que no parece que, na hiptese vertente,se prefigure membro do Governo responsvel pela tutela dos interesses relativos regularidade doprocesso eleitoral, interesses que a contra-ordenao prevista no art. 8. e na alnea c) do n. 1 doart. 14. da Lei n. 31/91, de 20 de Julho, visa defender e promover.

    No podemos concordar com esta concluso.Entre as atribuies do Ministrio da Administrao Interna encontra-se a de assegurar as

    medidas necessrias organizao e execuo dos processos eleitorais (cfr. art. 1. e alnea j) doart. 2. do Decreto-Lei n. 55/87, de 31 de Janeiro). Ora, para que a execuo do processoeleitoral se processe de acordo com todas as exigncias legais imprescindvel, acima de tudo, que estedepartamento governamental exera a tutela sobre a administrao eleitoral, nomeadamente a regu-laridade do prprio processo eleitoral.

    b) - Ora, apesar da posio assumida pelo Professor Jorge Miranda e do extraordi-nrio mrito do seu estudo, no podemos concordar com a posio que adopta.

    Em primeiro lugar, porque o art. 34. estatui expressamente que a competnciaem razo da matria pertencer s autoridades determinadas pela lei que prev esanciona as contra-ordenaes. Neste caso, a nica autoridade administrativa deter-minada pela Lei n. 31/91 a Comisso Nacional de Eleies, por fora do seu art9.

    Em segundo lugar, porque princpio de interpretao, alis expresso no art 9, n3, do Cdigo Civil, que o intrprete presumir que o legislador consagrou as soluesmais acertadas e soube exprimir o seu pensamento em termos adequados. Ora,neste caso, no ser mais acertado entender-se que a atribuio da competncia a estaComisso para fiscalizar o cumprimento do art. 8. quer precisamente significar quea ela compete o processamento e a aplicao da coima, do que concluir-se que olegislador esteve a prever uma conduta ilcita, a estatuir sanes para essa conduta,mas que no quis que elas fossem aplicadas, por no determinar, de forma expressa,a entidade para esse efeito? Quer dizer: ser razovel presumir-se que o legisladoresteve a brincar, a prever um ilcito e a fixar a sua punio, mas que no quis que

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    Dez anos de deliberaes da CNE - 1989/1998

    houvesse qualquer procedimento por tais violaes, por no ter determinado, ex-pressamente, a entidade a quem cabia essa aplicao? Quando expresso em referire, coerentemente com todos os princpios, que CNE cabe a fiscalizao dessasviolaes? Como poder a CNE fazer a fiscalizao, se no tiver a quem endossar oresultado dessa fiscalizao?

    c) - Da acta desta Comisso de 25 de Setembro de 1995 consta o seguinte: Apsdebate e anlise aprofundada da matria em apreo conclui-se que dada a lacuna da lei e numainterpretao actualista do artigo 9. da Lei n. 31/91, de 20 de Julho, face s violaes que podemser verificadas, e a ntida ausncia de autoridade administrativa que assuma neste perodo a aplica-o das sanes, louvando-se nas razes constantes do parecer do Professor Doutor Freitas do Amaralem poder desta Comisso Nacional de Eleies, foi deliberado, por unanimidade passar a ComissoNacional de Eleies a conhecer e sancionar as infraces ao artigo 8. da Lei n. 31/91.

    Nestes termos, mantendo-se esta deliberao, est fixada a competncia desta Co-misso para o processamento deste processo e aplicao da coima.

    Observaes:

    A CNE havia considerado a existncia de lacuna da lei e a consequente falta de competnciapara cominar a violao da lei das sondagens na sesso de 14.01.1992 em processo em que eraarguida a TSF. Nesse sentido fez um apelo colmatao daquela lacuna junto do Governo, deliberadona sesso de 30.06.1992.

    *

    ASSUNTO: Queixa da CDU - Vila Verde sobre a publicao de sondagemno jornal O Correio do Minho

    Eleio autrquicaRealizao de sondagens

    Critrios tcnicosEntidade fiscalizadora

    Sesso de 04.12.1997-AL/97

    Deliberao:

    Proceder-se ao envio da queixa Alta Autoridade para a Comunica-o Social, por ser a entidade competente para a sua apreciao.

    Fundamentao:

    Arlindo Fagundes, candidato da CDU Cmara Municipal de Vila Verde, vemsolicitar a interveno da CNE no sentido de ser reposta a dignidade de procedimentos

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    Dez anos de deliberaes da CNE - 1989/1998

    que se exige numa campanha eleitoral minimamente sria porquanto se sente prejudicadopela publicao daquilo que, sendo apresentado como uma sondagem, , uma operao de propagandade uma candidatura concorrente.

    Para tanto alegou que a mencionada sondagem, merc de falta de rigor tcnico ecientfico, prefigura claramente um caso de orientao politico-partidria do eleitorado.

    O jornal dirio Correio do Minho, que deu estampa a referida sondagem, foinotificado para se pronunciar e simultaneamente remeter um exemplar da edio,objecto de queixa, tendo em resposta enviado, apenas, um fax acompanhado de cpiadas pginas 16 e 17, da edio em causa.

    DA COMPETNCIA DA COMISSO NACIONAL DE ELEIESA fiscalizao, em matria de publicao e difuso de sondagens e inquritos de

    opinio, cabe, nos termos da Lei n. 31/91, de 20 de Julho, a duas entidades: AltaAutoridade para a Comunicao Social (AACS) e Comisso Nacional de Eleies(CNE).

    AACS compete verificar as condies de realizao das sondagens e inquritosde opinio e o rigor e objectividade na publicao dos seus resultados (sublinhadomeu) (cfr. art. 9. n.1).

    CNE cabe a fiscalizao do cumprimento da proibio de publicao, difuso,comentrio ou anlise de qualquer sondagem ou inqurito de opinio directa ouindirectamente relacionados com o acto eleitoral (cfr. art.os 8. e 9. n. 2).

    (...)

    OS FACTOSA pginas 16 e sob o ttulo Vilaverdenses inclinam-se para Martinho Gonalves

    passa a jornal Correio do Minho, com base numa srie de quadros que traduzemos resultados da sondagem por aquele solicitada DOMP - Desenvolvimento Orga-nizacional MarKeting e Publicidade - a transcrever, quase que literalmente, os resul-tados dessa sondagem, cujo objecto no se limitava a perscrutar a inteno de votodos inquiridos para a eleio da cmara, antes extravasava para muitos outros temascomo o da criao de uma polcia municipal, da aco social da autarquia, da actividadeda cmara, do abastecimento de gua, do saneamento e rede de esgotos, da recolhade lixo etc...

    Na pgina 17 para alm da publicao da ficha tcnica e da indicao pormenoriza-da sobre a composio da amostra, h a ressaltar um outro quadro, alusivo perguntasobre Quem vai ganhar, bem como em coluna, as declaraes proferidas por quatrodos cinco candidatos C.M. de Vila Verde acerca dos resultados da sondagem.

    Em parte nenhuma desta publicao so emitidos juzos de valor nem se fazemquaisquer comentrios.

    Peca o jornal, quando muito, por no ter ouvido um dos candidatos, que no casoem apreo o da FER, o que talvez se deva ao enorme distanciamento que mantem

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    Dez anos de deliberaes da CNE - 1989/1998

    em relao aos restantes candidatos - 0,5% - facto que o coloca praticamente afasta-do da corrida eleitoral presidncia da cmara.

    EM CONCLUSONo foi encontrada matria que consubstancie violao aos princpios do trata-

    mento jornalstico no discriminatrio nem aos de igualdade de oportunidades deaco e propaganda das candidaturas.

    Nesse sentido, a haver irregularidade, respeitar a mesma essncia do estudo, peloque competir AACS a sua anlise.

    Tomada que foi pelo requerente essa diligncia prope-se o arquivamento do pro-cesso.

    *

    ASSUNTO: Ofcio da Coligao Eleitoral Com Lisboa solicitando infor-mao da CNE sobre o alcance temporal do preceituado no art. 20 da Lei n72/93, de 30 de Novembro - lei do financiamento dos partidos polticos e dascampanhas eleitorais.

    Eleio autrquicaFinanciamento das campanhas eleitorais

    Prestao de contasInterpretao legal

    Sesso de 27.04.1994 - AL/93

    Deliberao:

    O plenrio tomou em considerao o parecer elaborado sobre a apre-sentao de contas da campanha eleitoral autrquica.

    Fundamentao:

    A coligao Com Lisboa, concorrente s eleies dos rgos autrquicos domunicpio de Lisboa de 12 de Dezembro de 1993, apresentou as contas relativas sua campanha eleitoral, acompanhadas de ofcio, sem data, que deu entrada nos ser-vios da Comisso Nacional de Eleies no dia 28 de Maro p.p.

    Esta apresentao, feita ao abrigo da nova Lei de Financiamento dos Partidos Po-lticos e das Campanhas Eleitorais, Lei n 72/93, de 30 de Novembro (e no de 29como, por lapso, indicado), feita sob reserva do entendimento que a Comissovenha a fazer dos nmeros 1 dos artigos 17, 18 e 20 da referida lei, concretamentedo alcance da expresso despesas da campanha eleitoral.

    A Coligao, interpretando estas disposies em conjugao com o disposto noart 44 do Decreto-Lei n 701-B/76, de 29 de Setembro, que define o perodo tem-

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    Dez anos de deliberaes da CNE - 1989/1998

    poral da campanha eleitoral, refere ter elaborado a apresentao das suas contas,tendo em ateno apenas as despesas referentes a actividades desenvolvidas duranteo perodo formal da campanha eleitoral.

    No entanto, coloca-se disposio da CNE para, caso seja diverso o seu entendi-mento, apresentar as despesas ( e, naturalmente, as receitas, embora o no refira)realizadas ou relativas ao perodo que antecedeu a campanha eleitoral em sentidoformal.

    Cumpre, pois, emitir parecer sobre a interpretao jurdica do consignado no n 1do art 20 e delimitar o alcance do que so contas discriminadas da campanhaeleitoral.

    Antes, no entanto, uma breve referncia competncia da Comisso no dirimirdesta matria.

    No entanto do art. 21 da Lei n 73/93 de 30 Novembro, a competncia para aapreciao das contas eleitorais, da sua regularidade, bem como da legalidade dasreceitas e despesas, pertencente Comisso Nacional de Eleies, soluo que jvigorava no anterior regime de apreciao das contas eleitorais.

    Inovadora a passagem do ilcito eleitoral nesta matria para o domnio contra-ordenacional, atribuindo-se ao Presidente da Comisso a competncia para a aplica-o das coimas previstas na referida Lei pelo incumprimento do estatudo relativa-mente s despesas eleitorais, bem como a possibilidade de recurso destas decisespara o Tribuna