Deve-se proibir o uso de símbolos religiosos nas escolas? Nova lei francesa acirra o debate entre as comunidades religiosas.

Em setembro próximo, a Assembléia Nacional da França deve aprovar uma nova lei proibindo que alunos das escolas públicas usem qualquer símbolo religioso ostensivo, como os véus muçulmanos, a Kipá dos judeus, ou ainda crucifixos muito grandes. Tanto o presidente Jacques Chirac como as alas de esquerda e de direita do parlamento já se manifestaram a favor da medida, que está agora em fase de elaboração. Embora líderes de várias religiões tenham repudiado a idéia, pesquisas de opinião mostraram que 80% da população do país aprova a lei – nesse grupo, estão incluídas 53% das mulheres muçulmanas, que serão as mais afetadas. Será essa uma maneira de melhorar sua integração na sociedade?

 NÃO!

Henry Sobel, presidente do rabinato da Congregação Israelita Paulista “Essa lei é um absurdo, uma lástima. Em primeiro lugar, um país que se diz democrático não pode proibir a prática livre da religião, e isso implica, em muitos casos, uso de símbolos e modo de vestir. Eu acho muito saudável que as crianças numa escola pública saibam que há colegas de classe que não professam a mesma religião. É na infância que se aprende o respeito pela diversidade. Tal proibição é contraproducente, eticamente e pedagogicamente. O presidente Chirac alega que tal iniciativa vai unir os franceses.

Muito pelo contrário: a iniciativa está dividindo a sociedade francesa. Sou a favor da separação entre Igreja e Estado, mas isso significa que nenhum governo tem o direito de impor uma determinada religião sobre uma população inteira. Usar esse argumento no que tange símbolos religiosos que um jovem quer usar no seu próprio corpo não faz o mínimo de sentido. A intenção pode até ser boa na teoria, mas na prática, o prejuízo vai ser muito grande. O mais importante é a conscientização de que existem outras religiões, outros credos. A partir da infância, uma criança pode assimilar essa verdade. Quem sabe isso pode gerar uma tolerância maior no futuro. Talvez assim a gente possa educar para a paz, para reconhecer a santidade do credo do outro.”    

SIM!

Patrick Weil, historiador, professor da Universidade Paris 1 – Sorbone “No início dos trabalhos da comissão que elaborou a proposta da lei, éramos contra qualquer regra desse tipo. Passamos três meses ouvindo alunos, professores, líderes religiosos e especialistas, tanto de escolas na França como instituições de língua francesa em outros países, como Turquia, Líbano e República Tcheca. Percebemos que o problema é maior do que imaginávamos. A opinião dos estudantes é que o véu cria divisão dentro da escola. As mulheres muçulmanas estavam pedindo ao Estado proteção contra os homens que as obrigam a usar o véu contra a sua vontade.

A pressão de grupos fundamentalistas muçulmanos está cada vez mais violenta, principalmente entre os árabes da região do mediterrâneo, que consideram as mulheres inferiores. É necessário agir. Tanto isso é verdade que as pesquisas mostram 60% de aprovação da lei entre a população muçulmana. Não podemos fazer uma criança de 13 anos de idade ir contra seus próprios pais. Em seus depoimentos, elas disseram: ‘Na escola, somos iguais aos homens. Em casa, não’. Como manda a tradição secular na França, o Estado tem o dever de proteger os indivíduos contra os grupos religiosos. Se alguém quiser assim mesmo usar um símbolo religioso, pode procurar escolas privadas subsidiadas pelo governo.”

PROPOSTA DE PRODUÇÃO

1- ELABORE UM TEXTO DISSERTATIVO, DE 20 A 30 LI-NHAS, SENDO FAVORÁVEL ÀS IDÉIAS DE HENRY SO-BEL.

2- ELABORE UM TEXTO DISSERTATIVO, DE 20 A 30 LI-NHAS, SENDO FAVORÁVEL ÀS IDÉIAS DE PATRICK WEIL.