deus como fundamento da proposta educativa de … · encontro o passado e o devir em toda mudança...

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1 doi: 10.4025/10jeam.ppeuem.03059 DEUS COMO FUNDAMENTO DA PROPOSTA EDUCATIVA DE SANTO AGOSTINHO SOUZA, Mariana Rossetto de (CAPES/PPE/UEM-GTSEAM) GOMES, Renan Willian Fernandes (CAPES/UEM-GTSEAM) PEREIRA MELO, José Joaquim (CAPES/DFE/PPE/UEM-GTSEAM) Introdução Santo Agostinho 1 foi um importante pensador dos séculos IV e V d.C. e um dos principais responsáveis pela organização da doutrina da Igreja Cristã, instituição esta que se consolidava naquele período 2 . Em suas obras, ele retratou a preocupação com o homem e buscou direcioná-lo a uma conduta de vida cristã, que considerava necessária para que se pudesse chegar à felicidade. Diante disso, suas reflexões tratam de questões filosóficas e teológicas, mas abrangem também aspectos educacionais, já que ele pretende formar o homem de acordo com os preceitos do cristianismo. Para discutir o pensamento educacional agostiniano, considera-se necessário entender a totalidade das relações nas quais as obras desse pensador foram produzidas, de forma a identificar as contradições ali presentes e os interesses que motivaram o pensador a 1 Santo Agostinho nasceu em 354 d.C. na província de Tagaste, na África, onde atualmente se localiza a Argélia. Concluiu seu ciclo de estudos com 19 anos, sendo sua formação de base latina. Com a morte de seu pai, tornou-se professor: lecionou em Tagaste, Catargo, Roma e Milão. Paralelamente a isso, foi despertado, com a leitura de Hortensius, de Cícero, para o amor pela sabedoria. Na busca pela verdade, voltou-se para o maniqueísmo e para o ceticismo, mas essas doutrinas não conseguiram satisfazê-lo. Em Milão, foi influenciado pelos neoplatônicos, pelas cartas de Paulo de Tarso e pelo bispo Ambrósio. Converteu-se, então, ao cristianismo, sendo batizado em 387. Em 391, foi ordenado presbítero e, em 395, bispo da cidade de Hipona, dedicando-se a essa atividade até a sua morte, no ano de 430. 2 Os séculos IV e V d.C. são caracterizados como um período de profunda transformação na Europa Ocidental: o Império Romano passava por uma crise política, econômica e social que, agravada pelas invasões bárbaras, acarretou em seu declínio. Tal situação levou os homens a um estado de insegurança e de temor, diante da desordem da sociedade. A Igreja Cristã, que estava se fortalecendo, favorecida pela conversão de Constantino (306 - 337) e, posteriormente, de Teodósio (390 – 395), foi a única instituição organizada com condições de assumir o controle daquela sociedade, e passou então a educar os homens de acordo com suas concepções e seus valores.

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Page 1: DEUS COMO FUNDAMENTO DA PROPOSTA EDUCATIVA DE … · Encontro o passado e o devir em toda mudança das coisas, mas na verdade que permanece não encontro nem passado, nem devir: presente,

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doi: 10.4025/10jeam.ppeuem.03059

DEUS COMO FUNDAMENTO DA PROPOSTA EDUCATIVA DE

SANTO AGOSTINHO

SOUZA, Mariana Rossetto de (CAPES/PPE/UEM-GTSEAM)

GOMES, Renan Willian Fernandes (CAPES/UEM-GTSEAM)

PEREIRA MELO, José Joaquim (CAPES/DFE/PPE/UEM-GTSEAM)

Introdução

Santo Agostinho1 foi um importante pensador dos séculos IV e V d.C. e um dos

principais responsáveis pela organização da doutrina da Igreja Cristã, instituição esta que

se consolidava naquele período2. Em suas obras, ele retratou a preocupação com o homem

e buscou direcioná-lo a uma conduta de vida cristã, que considerava necessária para que se

pudesse chegar à felicidade. Diante disso, suas reflexões tratam de questões filosóficas e

teológicas, mas abrangem também aspectos educacionais, já que ele pretende formar o

homem de acordo com os preceitos do cristianismo.

Para discutir o pensamento educacional agostiniano, considera-se necessário

entender a totalidade das relações nas quais as obras desse pensador foram produzidas, de

forma a identificar as contradições ali presentes e os interesses que motivaram o pensador a

1 Santo Agostinho nasceu em 354 d.C. na província de Tagaste, na África, onde atualmente se localiza a Argélia. Concluiu seu ciclo de estudos com 19 anos, sendo sua formação de base latina. Com a morte de seu pai, tornou-se professor: lecionou em Tagaste, Catargo, Roma e Milão. Paralelamente a isso, foi despertado, com a leitura de Hortensius, de Cícero, para o amor pela sabedoria. Na busca pela verdade, voltou-se para o maniqueísmo e para o ceticismo, mas essas doutrinas não conseguiram satisfazê-lo. Em Milão, foi influenciado pelos neoplatônicos, pelas cartas de Paulo de Tarso e pelo bispo Ambrósio. Converteu-se, então, ao cristianismo, sendo batizado em 387. Em 391, foi ordenado presbítero e, em 395, bispo da cidade de Hipona, dedicando-se a essa atividade até a sua morte, no ano de 430. 2 Os séculos IV e V d.C. são caracterizados como um período de profunda transformação na Europa Ocidental: o Império Romano passava por uma crise política, econômica e social que, agravada pelas invasões bárbaras, acarretou em seu declínio. Tal situação levou os homens a um estado de insegurança e de temor, diante da desordem da sociedade. A Igreja Cristã, que estava se fortalecendo, favorecida pela conversão de Constantino (306 - 337) e, posteriormente, de Teodósio (390 – 395), foi a única instituição organizada com condições de assumir o controle daquela sociedade, e passou então a educar os homens de acordo com suas concepções e seus valores.

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apontar caminhos para aquele homem e aquela sociedade. Dessa forma, é possível entender

que Santo Agostinho busca formar um homem que está em crise diante de uma sociedade

em decadência, e que a doutrina cristã aparece como uma possibilidade de suprir suas

necessidades, o que colaboraria para a consolidação da Igreja Cristã enquanto instituição

organizada.

A partir desse entendimento, esse trabalho foi elaborado tendo como principal

objetivo identificar, em obras de Santo Agostinho e de seus comentadores, qual a

concepção do pensador acerca de Deus e qual o papel de Deus na formação do homem.

Deus: Ser supremo, Verdade absoluta e Bem maior

Na concepção de Santo Agostinho, Deus é o Ser supremo, a Verdade absoluta, o

Bem maior. Além disso, é responsável pela criação de todas as coisas e tem controle sobre

tudo que acontece no mundo, inclusive sobre a vida humana. É, por isso, superior a tudo

que existe, ou seja, é transcendente.

Ao tentar caracterizar Deus, Santo Agostinho conclui que é mais fácil dizer o que

Ele não é do que o que Ele é. Em relação a isso, nos textos sagrados cristãos, é possível

verificar uma preocupação em apresentar características corpóreas e espirituais como

pertencentes a Deus. Tal transposição é, segundo Santo Agostinho, pedagógica, de forma a

facilitar a compreensão humana acerca do que é divino. Não se constitui, nesse sentido,

como um erro. O erro seria, de acordo com ele, atribuir a Deus qualidades que não se

encontram na criatura e que não tem nada de divinas (PEPIN, 2004).

Deus é apresentado como uma unidade de três elementos: como Ser, é Pai; como

Verdade, é o Filho; como Amor, é o Espírito Santo (ABBAGNANO; VISALBERGHI,

1969). Essa unidade divina não é entendida pelo pensador como vazia, mas como algo vivo

e que tem dentro de si a multiplicidade (PESSANHA, 1999). Essa multiplicidade, contudo,

não implica mutabilidade: Para Santo Agostinho, Deus é imutável, ou seja, eterno e

imortal:

Ó Verdade que és verdadeiramente! Encontro o passado e o devir em toda mudança das coisas, mas na verdade que permanece não encontro nem passado, nem devir: presente, bem como incorruptibilidade de presente, eis é o que se encontra na criatura. Analiseis as mudanças das coisas, vós encontrareis o foi e o será; penseis em Deus e encontrareis um

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Ele é, onde nenhum foi e nenhum será têm lugar (AGOSTINHO, Tratados ao Evangelho de São João apud GILSON, 2006).

A partir daí, já se verifica a condição de superioridade atribuída pelo pensador a

Deus em relação às outras coisas existentes: enquanto o mundo é mutável, Deus é

imutável, o que é preferível, tendo em vista a estabilidade e a segurança que isso implica:

[...] a total imutabilidade de Deus é felizmente estabelecida: Deus não está encerrado num lugar, finito ou mesmo infinito, pois a parte não é aí menor do que o todo, ao passo que ela o é em toda realidade local; ele não passa muito menos por uma sucessão temporal, finita ou infinita, pois nela não há lugar para a aparição de elementos novos ou a desaparição de elementos antigos, pelo que se define a mutabilidade no tempo; a criatura espiritual, isto é, a alma, move-se no tempo, como o atesta a sucessão de seus estados psicológicos, mas não no lugar; a criatura corpórea, enfim, está sujeita ao movimento local, o que acarreta que também esteja sujeita à mutabilidade temporal; e como o mutável é menos perfeito que o imutável, percebe-se a hierarquia que se depreende dessas análises (PÉPIN, 2004, p. 80, 81).

A perfeição de Deus e sua condição de Ser absoluto são constatadas por Santo

Agostinho em função da imutabilidade divina (GILSON, 2007).

Enquanto Ser, Deus é o fundamento de tudo que existe (ABBAGNANO;

VISALBERGHI, 1969). Ele é, pois, criador de tudo no mundo, e o mundo criado por Ele é

apresentado como uma obra perfeita, sendo manifestação da sabedoria e da vontade

divinas (PESSANHA, 1999).

Esse mundo é também apresentado como uma obra boa, já que, na concepção

agostiniana, tudo que Deus faz é bom. Tal característica se deve ao fato de, para Santo

Agostinho, Deus ser o Bem Supremo: como bem, Ele não poderia ter criado o mal.

O pecado aparece como a subversão dessa bela ordem criada por Deus (ABRÃO,

1999). Ele é de responsabilidade humana e acontece quando o homem escolhe os bens

inferiores ao invés de se voltar para os bens maiores (STEAD, 1999). Ao fazer isso, o

homem se afasta de Deus:

Se a vida tende ao nada foi por se ter desviado – por uma defecção voluntária – de quem a criou, e de cujo ser desfrutava. Foi por querer – contra a lei divina – gozar dos seres corpóreos aos quais Deus a tinha colocado superior. Essa é a perversão (AGOSTINHO, 1992, p. 54).

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Para além, Deus é entendido como a própria Verdade. Sendo a Verdade, somente

por meio de Deus todas as coisas criadas podem ser conhecidas, já que existem graças a

Ele e vivem para Ele (SCIACCA, 1966). É daí que Santo Agostinho aponta a necessidade

de que o homem se volte para Deus.

O Deus que Santo Agostinho apresenta é, portanto, bom, sábio, eterno, criador de

todas as coisas, fonte do inteligível e da verdade (RUBANO; MOROZ, 2001). Ele, em sua

condição de Ser, é criador; como Verdade, é responsável pela iluminação; como Amor,

possibilita que haja a paz entre os homens (REALE; ANTISERI, 1990).

Ao tratar da educação agostiniana, deve-se ressaltar, dentre o que foi apresentado, a

característica de Deus como Verdade e sua responsabilidade pela iluminação do homem,

de modo que é graças a Ele que o homem pode chegar ao verdadeiro conhecimento e, por

extensão, à felicidade completa.

Deus e o conhecimento: a Iluminação Divina

Discutir a proposta educativa de Santo Agostinho implica em entender o que é

conhecimento para esse pensador. Em relação a essa temática, ele distingue dois tipos de

conhecimentos: os conhecimentos sensíveis e os conhecimentos inteligíveis; sendo que, em

sua concepção, os conhecimentos inteligíveis são superiores. Isso acontece porque, para

ele, os conhecimentos sensíveis não são seguros, já que estão ligados à materialidade e esta

é mutável: ela não garante, dessa forma, a estabilidade de um conhecimento perfeito.

Já os conhecimentos inteligíveis são identificados como aqueles conhecimentos

imutáveis: por exemplo, as regras matemáticas e os juízos morais e éticos com os quais a

alma julga todas as coisas. Os números, bem como os critérios que o homem utiliza em

seus juízos, são imutáveis e perfeitos, enquanto as coisas em si são mutáveis e imperfeitas.

Verifica-se, nesse sentido, a superioridade que Santo Agostinho atribui aos conhecimentos

inteligíveis. Tais conhecimentos encontram-se presentes no homem e podem ser

descobertos por ele graças a um exercício da sua razão:

Do mesmo modo, de tudo o que percebo pelos sentidos corporais, como o céu, esta terra e os diversos corpos que aqui se encontram eu ignoro a sua duração futura. Mas, ao contrário, sei com certeza que sete mais três são dez. E isso não somente agora, mas para sempre. E que nunca, de modo algum, sete mais três cessaram no passado e não cessarão no futuro de ser

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dez. Tal é, pois, uma verdade inalterável dos números, que é, como disse, possuída em comum por mim e por qualquer ser dotado de razão (AGOSTINHO, 1995, p. 101).

Contudo, apesar desses critérios estarem presentes na alma humana, Santo

Agostinho afirma que eles não são por ela produzidos, já que a alma é mutável e, por isso,

não pode ser responsável por algo imutável, necessário e eterno, como essas verdades

(MONDIN, 1981). O pensamento humano, em sua imperfeição e dúvida constante, não

pode criar as verdades absolutas, que são superiores à mente: existe, assim, uma Verdade

imutável e transcendente, que é o próprio Deus. É a descoberta da transcendência da

verdade que leva o homem à descoberta da existência de Deus (SCIACCA, 1966).

Conforme apresentado anteriormente, sendo o Ser, com a criação Deus transmite o

ser às outras coisas. Da mesma forma, sendo a Verdade, transmite às mentes a capacidade

de conhecer essa Verdade (REALE; ANTISERI, 1990).

As verdades eternas e imutáveis, no pensamento de Santo Agostinho, apesar de

transcenderem a limitada condição humana, estão refletidas ou presente na alma

(SCIACCA, 1966). Por isso, Deus é, ao mesmo tempo, interno e transcendente ao

pensamento do homem: constata-se Sua presença graças a todos os juízos humanos

(científicos, estéticos e morais); contudo, o homem não pode chegar à natureza divina

(PESSANHA, 1999).

Nesse sentido, na concepção agostiniana, Deus interfere em todas as esferas da ação

humana, e tem o poder de decidir sobre o conhecimento do homem. Ele é que dá

fundamento à verdade e é de fonte divina que provém o conhecimento verdadeiro, sendo

que Deus possibilita que a contemplação humana aconteça. Para explicar como Deus faz

isso, Santo Agostinho ressalta o valor da iluminação e da graça divinas (RUBANO;

MOROZ, 2001).

Para o pensador, os conhecimentos inteligíveis são iluminados pela luz divina. A

Teoria da Iluminação Divina3 é apresentada por ele como “[...] uma luz mediante a qual

Deus irradia na mente humana as verdades absolutas, imutáveis” (MONDIN, 1981, p.

3 A Teoria da Iluminação Divina pode ser entendida como uma cristianização que Santo Agostinho faz da Teoria da Reminiscência de Platão. Ambos desvalorizam os conhecimentos provenientes dos sentidos e os consideram imperfeitos. Para Platão, o verdadeiro conhecimento era alcançado quando o homem recordava algo que havia sido contemplado anteriormente, no mundo inteligível. Como a preexistência da alma não estava de acordo com a doutrina cristã, Santo Agostinho não pôde aceitar a teoria de Platão em sua totalidade, e considera que o conhecimento não é relembrado, mas sim iluminado por Deus.

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139). É a ação direta de Deus na mente humana, que possibilita ao homem chegar ao

verdadeiro conhecimento das coisas:

Retomemos a imagem com que Santo Agostinho resumiu toda a teoria do conhecimento: este Sol divino que ilumina nosso espírito, - pois é na luz dele que vemos a verdade -, não é somente um fogo que devora, em cuja presença o homem, esmagado pelo sentimento de adoração, experimentaria apenas temor e tremor; mas é também ele que aquece nosso coração; a verdade é doçura, beleza, ternura e saciedade (MARROU, 1957, p. 72).

Isso significa que, no entendimento agostiniano, há uma luz que procede de Deus a

todo o momento e que torna as verdades eternas inteligíveis. Essa luz, contudo, não é vista:

ela é utilizada para iluminar as ideias (PESSANHA, 1999). Nas palavras de Santo

Agostinho:

Pois a terra é visível, como também o é a luz; mas a terra não pode ser vista se não for iluminada pela luz. Por isso, as coisas que alguém entende, que são ensinadas nas ciências, sem dúvida alguma ele as admite como verdadeiras, mas deve-se crer que elas não podem ser entendidas se não forem esclarecidas por outro, como que por um sol. Como no sol podem-se [sic] notar três coisas: que existe, que brilha e que ilumina, assim também no secretíssimo Deus, a quem tu desejas compreender, devem-se considerar três coisas: que existe, que é conhecido e que faz com que as demais coisas sejam entendidas (1998b, p. 34).

Por isso é preciso que, na busca pelo conhecimento, o homem se volte para sua

alma e a ultrapasse, chegando à fonte da luz, ou seja, Deus:

Não saias de ti, mas volta para dentro de ti mesmo, a Verdade habita no coração do homem. E se não encontras senão a tua natureza sujeita a mudanças, vai além de ti mesmo. Em te ultrapassando, porém, não te esqueças que transcendes tua alma que raciocina. Portanto, dirige-te à fonte da própria luz da razão (AGOSTINHO, 1992, p. 106, 107).

Dessa maneira, o homem só aprende de fato quando recorre a Deus: “Porque tu és a

luz permanente que eu consultava sobre a existência, o valor e a qualidade de todas essas

coisas, e eu ouvia teus ensinamentos e tuas ordens” (AGOSTINHO, 2008a, p. 252).

Deus é concebido como o verdadeiro Mestre, que é interior, já que é Ele quem

verdadeiramente ensina o homem:

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Sobre as muitas coisas que entendemos consultamos não aquelas cujas palavras soam no exterior, mas a verdade que interiormente preside à própria mente, movidos talvez pelas palavras para que consultemos. E quem é consultado ensina, o qual é Cristo que, como se diz, habita no homem interior, isto é, a virtude incomutável de Deus e a eterna Sabedoria, que toda alma racional consulta, mas que se revela a cada alma o quanto esta possa abranger em função da sua própria boa ou má vontade (AGOSTINHO, 2008b, p. 406, 407).

Deus é, pois, comparado ao Sol, sendo que, do mesmo modo que este pode ser visto

pelos olhos, Deus pode ser visto pela razão: “Assim, eu, a razão, estou nas mentes como a

visão nos olhos” (AGOSTINHO, 1998b, p. 30). Contudo, essa contemplação só seria

possível de fato após a morte, em uma dimensão espiritual. Segundo Santo Agostinho, o

homem deveria buscá-la em sua vida para que tivesse condições de realizá-la, já que para

isso deveria ter uma conduta baseada no ideal cristão de homem santificado. Por isso, o

pensador afirma ser necessário que o homem passe por um processo educativo que o torne

apto a receber a iluminação divina e o leve à Verdade.

A busca por Deus: a peregrinação do homem

Santo Agostinho apresenta sua proposta educativa como uma resposta às

necessidades do homem em crise daquele momento e como resposta à busca que esse

homem empreendia pela felicidade, apontando essa felicidade como algo a ser encontrado

pelo homem na cidade celeste.

De acordo com o pensador, essa busca pela felicidade acontece em função da

insatisfação do homem consigo mesmo e de sua procura por uma melhora pessoal,

motivada por sua alma, que se encontra inquieta (PEREIRA MELO, 2002). Como o

próprio Santo Agostinho afirma: “O que a alma certamente não põe em dúvida é a sua

própria infelicidade e o fato de desejar ser feliz” (AGOSTINHO, 1994, p. 468).

Essa felicidade, para ele, seria alcançada no encontro com Deus, Verdade imutável.

O fim último do homem, portanto, era a contemplação divina: “Todavia, o homem,

partícula de tua criação, deseja louvar-te. Tu mesmo o incitas ao deleite no teu louvor,

porque nos fizeste para ti, e nosso coração está inquieto enquanto não encontrar em ti

descanso” (AGOSTINHO, 2008a, p. 29).

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Essa busca, em Santo Agostinho, visava à fruição de Deus, que preencheria o vazio

do homem e colocaria fim à sua inquietude, dando-lhe condições de encontrar a felicidade

(REALE; ANTISERI). Ao se voltar para Deus, o homem deveria querê-Lo e aprendê-Lo

(GILSON, 2007), não buscando-O somente como conhecimento, mas também amando-O

(MARROU, 1957). A ascensão a Deus concernia ao conhecimento e ao ser:

[...] chegar por seu intermédio ao conhecimento de Deus é também de alguma maneira assimilar-se a ele; esse conhecimento exige, com efeito, uma aproximação purificadora pela qual nos esforçamos por nos tornar, tanto quanto possível, semelhantes a Deus; inversamente, esse esforço em busca da semelhança divina apóia-se sobre o conhecimento; graças a essa conjunção de conhecimento e de assimilação, o homem tende, embora subsista uma distância abismal, a constituir um só espírito com Deus (PEPIN, 2004, p. 83).

Nas palavras de Santo Agostinho:

[...] fruir é aderir a alguma coisa por amor a ela própria (1991, p. 44). ------------------------------------------------------------------------------------- Adorai juntos e amai a Deus – por amor. Todo o nosso prêmio será Ele mesmo, e na vida eterna gozaremos de sua bondade e de sua beleza (2005, p. 120). ------------------------------------------------------------------------------------- [...] quem possui a Deus é feliz! (1998a, p. 131). ------------------------------------------------------------------------------------- [...] verdadeiro Deus, único com quem, único por quem e único em quem é feliz a alma humana, isto é, a racional e intelectual (2002, p. 342).

Para ter condições de chegar a essa contemplação divina, o pensador afirma ser

necessário que o homem tenha fé, esperança e amor:

O olhar da alma é a razão. Mas como não se segue que todo aquele que olha vê, o olhar correto e perfeito, isto é, ao qual segue o ato de ver, se chama virtude: a virtude é, então, a razão correta e perfeita. Entretanto, o mesmo olhar não pode voltar os olhos, mesmo já sãos, para a luz, se não houver essas três coisas: a fé pela qual, voltando o olhar ao objeto e vendo-o, se torne feliz; a esperança pela qual, se olhar bem, pressupõe que o verá; e o amor pelo qual deseja ver e ter prazer nisso. Já ao olhar segue a própria visão de Deus que é o fim do olhar, não porque já deixe de existir, mas porque já não há nada a aspirar. Esta é verdadeiramente a perfeita virtude, a razão atingindo o seu fim, seguindo-se a vida feliz. A própria visão é o entendimento existente na alma, que consiste do sujeito inteligente e do objeto que se conhece; como ocorre com a visão dos

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olhos, que consiste do mesmo sentido e do objeto que se vê. Faltando um dos dois, não se pode ver (AGOSTINHO, 1998b, p. 31).

Santo Agostinho propõe uma caminhada educativa de purificação que torne o

homem apto a receber a iluminação divina:

Portanto, como estamos destinados a gozar sem fim dessa Verdade que vive imutavelmente e pela qual o Deus Trindade, autor e criador do mundo, cuida de sua criação, devemos purificar nosso espírito para que possa contemplar essa luz e a ela aderir quando contemplada (AGOSTINHO, 1991, p. 50). ------------------------------------------------------------------------------------- Faze, Pai, que eu te procure, mas livra-me do erro. Nenhuma outra coisa, além de ti, se apresente a mim, que te estou procurando. Se nada mais desejo senão a ti, Pai, então eu te encontro logo. Mas se houver em mim desejo de algo supérfluo, limpa-me e torna-me apto a ver-te (AGOSTINHO, 1998b, p. 20).

Essa configuração da educação agostiniana foi entendida, em um primeiro

momento, como uma caminhada de purificação moral e exercitação intelectual que levaria

o homem à identificação com a Sabedoria, Bondade, Beleza e Felicidade supremas, ou

seja, Deus (PEREIRA MELO, 2002).

O processo de purificação do homem é apresentado como um distanciamento do

que o leva à sua vida de pecados, ou seja, de sua materialidade, e uma aproximação de sua

alma, na qual pode chegar aos conhecimentos inteligíveis e, consequentemente, ao

encontro de Deus. Para isso, era necessário que o homem tivesse vontade, pois era por

meio de sua vontade que ele escolheria assumir uma conduta de vida louvável e pura ou

uma conduta de vida que, em Santo Agostinho, era incompatível com a verdadeira

felicidade:

E como se explica que, sendo por sua própria vontade que o homem obtém vida feliz, quando acontece que tantos são infelizes, apesar de todos quererem ser felizes? Será que isso não vem do fato de que uma coisa é querer viver bem ou mal e outra coisa muito distinta é merecer o resultado por uma boa ou má vontade? Com efeito, aqueles que são felizes — para isso é preciso que sejam também bons — não se tornaram tais só por terem querido viver vida feliz — visto que os maus também o querem. Mas sim, porque os justos o quiseram com retitude, o que os maus não o quiseram (AGOSTINHO, 1995, p. 62).

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Todavia, somente a vontade do homem não era suficiente porque, embora todos

quisessem ser felizes, nem todos tinham condições de chegar a essa felicidade:

É próprio de todos os homens quererem ser felizes, mas nem todos possuem a fé para chegar à felicidade pela purificação do coração. Acontece, entretanto, que esse caminho que nem todos desejam é o verdadeiro caminho para a felicidade, a qual ninguém pode alcançar se não o quiser (AGOSTINHO, 1994, p. 433).

Além da vontade, era necessário que o homem contasse com o auxílio da graça

divina, que o ajudaria a lutar contra o pecado e merecer chegar ao encontro de Deus

(GILSON, 2007). Nas palavras de Santo Agostinho:

[...] se não fosse meu ardente desejo de encontrar a verdade, e se não tivesse conseguido o auxílio divino, não teria podido emergir de lá nem aspirar à primeira das liberdades — a de poder buscar a verdade (1995, p. 28). ------------------------------------------------------------------------------------- Mas se alguém, mesmo advertido, não consegue distinguir essas realidades, é porque está mergulhado em grande cegueira de coração e nas trevas da ignorância. Está assim precisando de auxílio divino bem mais poderoso para chegar à verdadeira sabedoria (1994, p.451).

Assim, embora tivesse grandes aspirações, o homem era incapaz de realizar sozinho

a caminhada educativa (PEREIRA MELO, 2010). Era ao receber o auxílio de Deus que ele

tinha a capacidade de distinguir os bens que deveria ser amados e se voltar para eles. Esses

bens, no entendimento agostiniano, são os bens espirituais, considerados superiores quando

comparados com os bens materiais:

Maravilha-me muito que homens de tal maneira sábios, que pensaram que todas as coisas corporais e sensíveis devem pospor-se às incorpóreas e inteligíveis, façam, quando tratam da vida feliz, menção dos contactos corporais. [...] Se, portanto, quanto mais alguém é semelhante a Deus, tanto mais se aproxima dele [...]. A alma do homem é tanto mais dessemelhante do ser incorpóreo, incomutável e eterno, quanto mais ávida se revela das coisas temporais e mutáveis (AGOSTINHO, 2002, p. 359, 360).

Até mesmo em relação à Bíblia, Santo Agostinho propõe que seja realizado um

estudo não com o objetivo de maior erudição ou conhecimentos filosóficos e teológicos,

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mas como uma forma de descobrir a vontade de Deus e a orientação moral de vida para

que se chegue à felicidade (NUNES, 1978).

A partir daí, em um segundo momento, a educação foi apresentada por Santo

Agostinho como uma peregrinação do homem, na qual o ‘homem exterior’, voltado aos

bens materiais, mutáveis e mortais, cedia lugar ao ‘homem interior’, ligado aos bens

espirituais, imutáveis e eternos (PEREIRA MELO, 2002). Chega-se, então, ao homem

novo:

Eis a vida do homem que vive conforme o corpo e deixa-se prender pela cobiça das coisas temporais. É o chamado homem velho e exterior, o homem terreno. [...] Outros, porém, tendo necessariamente começado por aí, renascem interiormente, mortificam-se, eliminam por seu crescimento na sabedoria, tudo o que resta do homem velho. Apegando-se estreitamente às leis divinas, esperam para depois da morte visível a renovação integral. Esse é o chamado homem novo, interior e celestial (AGOSTINHO, 1992, p. 81, 82).

Segundo Santo Agostinho, ao se voltar para os bens espirituais, o homem daria um

primeiro passo na caminhada santificadora. Contudo, deveria tomar cuidado para não ficar

preso nessa contemplação de sua alma:

Pois a alma vê algumas coisas intrinsecamente belas numa natureza superior, que é Deus. E quando deveria estar permanecendo no gozo desse Bem, ao querer atribuí-lo a si mesma não quer fazer-se semelhante a Deus, com o auxílio de Deus, mas ser o que ela é por si própria, afastando-se dEle e resvalando. Firma-se cada vez menos, porque se ilude, pensando subir cada vez mais alto. Não se basta a si mesma, e nem lhe basta bem algum, ao se afastar daquele que unicamente se basta (AGOSTINHO, 1994, p.320).

Deveria, pois, se voltar para o criador de tudo, para a Verdade imutável e o Bem

supremo, para Deus. Assim, para chegar a Deus, todos os caminhos agostinianos têm

itinerários semelhantes, que vão do exterior para o interior e do interior para o superior

(GILSON, 2007). Nesse encontro com Deus, objetivo final da proposta educativa cristã, o

homem colocaria fim às suas inquietudes e ansiedades, chegando à felicidade eterna.

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Conclusões

Na tentativa de apontar caminhos para que o homem saísse de seu estado de

inquietação, Santo Agostinho apresenta uma definição de Deus como fonte da felicidade,

ou seja, como o objetivo a ser buscado pelo homem. Deus é entendido como a Verdade

suprema, sendo que, segundo a concepção agostiniana, somente no contato com Deus o

homem poderia chegar ao verdadeiro conhecimento: Deus aparece, portanto, como o

Mestre Interior.

Santo Agostinho considera necessário ao homem que este passe por um processo

educativo que o torne capaz de chegar a essa Verdade. Tal caminhada formativa também

está em estreita relação com Deus, já que, de acordo com o pensador, somente com a ajuda

da graça divina o homem poderia conduzir sua vontade para as coisas que o levariam a

uma caminhada de santificação.

A concepção de Santo Agostinho acerca de Deus é fundamental para o

entendimento de sua proposta educativa, já que Deus se constitui em objetivo final do

homem e facilitador nesse processo santificador. Por isso, é preciso entender os diversos

aspectos do pensamento agostiniano que se relacionam com sua proposta de formação do

homem cristão, entendendo os fundamentos dessa proposta.

Tais reflexões auxiliam no entendimento da educação enquanto um processo que

não se restringe à escola, mas envolve também valores morais e éticos aprendidos com a

família, a religião, a arte, entre outros. É preciso entendê-la enquanto um processo que se

desenvolve na história e que aparece, em cada momento, atendendo às necessidades de

determinada sociedade e determinado homem. Contudo, por tratar-se de valores universais,

é possível estabelecer relações com a nossa atualidade, identificando permanências e

rupturas.

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