determinação do teor de umidade em sementes de vigna sinensis

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DETERMINAÇÃO DO TEOR DE UMIDADE EM SEMENTES DE VIGNA SINENSIS (L.) CARUNCHADAS * FRANCISCO JOSÉ DE OLIVEIRA ** JOSÉHIGINO RIBEIRO DOS SANTOS MARCOS VINICIUS ASSUNÇÃO *** JOSÉ FERREIRA ALVES *** A umidade de sementes de feijão-de-corda, Vigna sinensis (L.) Savifoi comparada pelo mé- todo da estufa (a 105° C - 24h) e um instru- mento portável (SASO - 35). O objetivo deste trabalho foi determinar a precisão do "SASO- 35" em sementes atacadas pelo Callosobruchus maculatus (F., 1775). Cinco cultivares foram usados e foi concluído que a equação Y = 15,718 - 0,069X - 0,002X2 estima a umidade de sementes quando os valores da escala do "SASO-35" estão situados entre 28,1 e 32,3 unidades. INTRODUÇÃO O teor de umidade das sementes durante o armazenamento, constitui um fator importante na conservação da qua- lidade do produto. Puzzi (1977), destaca o teor de umidade como a principal difi- culdade encontrada no armazenamento de sementes de P. vu/garis (L), pois quan- do muito secas, ocorre a soltura do tegu- mento e quando o teor de umidade é ele- vado favorece o ataque de microrganis- mos. Além dos métodos convencionais e tradicionais na determinação do teor de umidade, estabelecidos pelo Ministério da Agricultura (1976), os pesquisadores em sementes têm comparado outros mé- todos de determinação de umidade em sementesde cereais, como é o caso dos trabalhos de Ortolani (1963) e Mello et alii (1968). Estes autores verificaram que os resultados obtidos pelos métodos testados podem ser comparáveis. O presente trabalho objetiva estabe- lecer um procedimento que enseje a defi- nição de uma escala para feijão-de-corda, a partir das determinações expedidas pelo medidor de umidade "SASO-35". MATERIAL E MÉTODOS A umidade das sementescompreen- dendo cinco cultivares de V. sinensis(L.) Savi, atacadas pelo C. maculatus (F., 1775), abrangendo vinte e cinco lotes foi determinada segundo dois procedimen- tos a saber: Ut.ilizando-seo medidor de umidade "SASQ-35". de bolso e Dor se- * Trabalho extraído da Dissertação para obtenção do grau de M.Sc. em Agronomia, área de concen- tração em Fitotecnia no Centro de Ciências Agrá- rias (CCA) da Universidade Federal do Ceará (UFC). ** Eng.o Agr.o, M.Sc. Pesquisador do Convênio Manejo e Conservaçãode Solos, junto ao Depar- tamento de Fitotecnica do CCA/UFC. Av. Mister Hull, sln - Caixa Postal 3038 ***Professores do Departamento de Fitotecnia do CCA/UFC.

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Page 1: Determinação do teor de umidade em sementes de Vigna sinensis

DETERMINAÇÃO DO TEOR DE UMIDADE EM SEMENTES DE VIGNASINENSIS (L.) CARUNCHADAS *

FRANCISCO JOSÉ DE OLIVEIRA **

JOSÉHIGINO RIBEIRO DOS SANTOSMARCOS VINICIUS ASSUNÇÃO ***JOSÉ FERREIRA ALVES ***

A umidade de sementes de feijão-de-corda,Vigna sinensis (L.) Savi foi comparada pelo mé-todo da estufa (a 105° C - 24h) e um instru-mento portável (SASO - 35). O objetivo deste

trabalho foi determinar a precisão do "SASO-35" em sementes atacadas pelo Callosobruchusmaculatus (F., 1775). Cinco cultivares foramusados e foi concluído que a equação Y =15,718 - 0,069X - 0,002X2 estima a umidade

de sementes quando os valores da escala do"SASO-35" estão situados entre 28,1 e 32,3unidades.

INTRODUÇÃOO teor de umidade das sementes

durante o armazenamento, constitui umfator importante na conservação da qua-lidade do produto. Puzzi (1977), destacao teor de umidade como a principal difi-culdade encontrada no armazenamentode sementes de P. vu/garis (L), pois quan-

do muito secas, ocorre a soltura do tegu-mento e quando o teor de umidade é ele-vado favorece o ataque de microrganis-mos.

Além dos métodos convencionais etradicionais na determinação do teor deumidade, estabelecidos pelo Ministérioda Agricultura (1976), os pesquisadoresem sementes têm comparado outros mé-todos de determinação de umidade emsementes de cereais, como é o caso dostrabalhos de Ortolani (1963) e Melloet alii (1968). Estes autores verificaramque os resultados obtidos pelos métodostestados podem ser comparáveis.

O presente trabalho objetiva estabe-lecer um procedimento que enseje a defi-nição de uma escala para feijão-de-corda,a partir das determinações expedidaspelo medidor de umidade "SASO-35".

MATERIAL E MÉTODOS

A umidade das sementes compreen-dendo cinco cultivares de V. sinensis (L.)Savi, atacadas pelo C. maculatus (F.,1775), abrangendo vinte e cinco lotes foideterminada segundo dois procedimen-tos a saber: Ut.ilizando-se o medidor deumidade "SASQ-35". de bolso e Dor se-

* Trabalho extraído da Dissertação para obtenção

do grau de M.Sc. em Agronomia, área de concen-tração em Fitotecnia no Centro de Ciências Agrá-rias (CCA) da Universidade Federal do Ceará(UFC).

** Eng.o Agr.o, M.Sc. Pesquisador do Convênio

Manejo e Conservação de Solos, junto ao Depar-tamento de Fitotecnica do CCA/UFC. Av. MisterHull, sln - Caixa Postal 3038

***Professores do Departamento de Fitotecnia doCCA/UFC.

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cagem em estufa, a 105°C. Os valoresobtidos pelo medidor de umidade foramfornecidos conforme as instruções de usodo aparelho. As porcentagens de umida-de na estufa obteve-se, usando-se asamostras de 300 sementes, correspon-dendo peso de 50 gramas, as quais per-maneceram na estufa durante 24 horas,obedecendo-se as recomendações dasRegras para Anál ise de Sementes, elabo-radas pelo Ministério da Agricultura(1976).

Os dois métodos foram relacionadose avaliados pela análise de regressão,sendo a umidade medida com o medidor"SASO-35", como variável independente(X) e o teor de umidade determinadopela estufa, como variável dependente(Y). A partir dos pares de valores, calcu-laram-se as equações de regressão linear,quadrática, exponencial, potencial e 10-garítmica. O ajustamento destas funçõespara representar o aspecto estudado foiprocedido pela avaliação dos seus coefici-entes de determi nação (r2), consideran-do-se melhor a equação de mais altovalor (r2).

O medidor de umidade "SASO-35"de bolso, fabricado pela indústriaALLINOX L TOA, em S. Paulo, é umaparelho para determinação instan-tânea da umidade de semente decereais. Este aparelho trabalha compilhas retangulares de 9 volts, tem tama-nho pequeno e simplicidade no uso. Oaparelho fornece a leitura diretamente naescala do medidor para a cultura do tri-go, soja e arroz com casca, no entantonão apresenta uma escala para o feijão-de-corda. No caso de outros cereais oaparelho pode ser usado com o auxíliode uma "escala padrão" de O a 50 e arégua plástica que acompanha o medidorjuntamente com as tabelas de conversão.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados da TABELA 1 mos-tram o número médio de furos e ovosem 100 sementes, as leituras do medidorde umidade "SASO-35", de bolso e às

138 Ciên. Agr(

porcentagens de umidade medidas peloprocedimento de secagem em estufa,obtidas em amostras de 25 lotes de cincocultivares de feijão-de-corda, V. sinensis(L:) Savi.

A partir das duas séries de dados daT ABE LA 1, concernentes as leituras domedidor de bolso (X) e do teor de umi-dade em estufa (Y), obtiveram-se as se-guintes equações de regressão e seus res-pectivos coeficientes de determinação(r2) :(1) Y = 20,001 - O,228X . . . . . . . . .r2 = 0,300 *(2) Y = 24,30-o,30X . . . . . . . . . . . .r2 = 0,300 *13)Y=41,08-8,741nX .r2 =0,310 *(4) Y = 154,99X-O,77 . . . . . . . . . . .r2 = 0,310 *

15)Y=15,718-0,069X-O,O02X2. .r2 = 0,472*

Pelo visto, a equação de número (5)foi considerada a mais adequada paradeterminar o teor de umidade das semen-tes injuriadas, em razão de apresentar omaior coeficiente de determinação, r2 =0,742. Este coeficiente indica que 74,2%da variação de Y, depende dos valoresobservados no medidor de umidademarca "SASO-35".

Deste modo, mesmo para sementescom alto número de furos e ovos, é ad-missível a utilização do medidor propos-to. Contudo, esta determinação só é váli-da se estiver entre os limites de 29,10 a32,2 unidades na "escala padrão" do me-didor de umidade. Entretanto, outro as-pecto que merece destaque, diz respeitoaos valores obtidos com o medidor debolso, às sementes sem furos e ovos doslotes 01, 07, 13,3, 22, os quais são lotescujas sementes praticamente não sofre-ram ataque do caruncho (Testemunhas).Observa-se que os valores fornecidos pelomedidor para os lotes testemunhas forammaiores que aqueles lotes de sementes in-juriadas pelo caruncho. Assim sendo, olimite de 32,3 na escala do medidor, nãose torna um limite tão rígido quanto ode 28,10 unidade, na perspectiva do usoda equação proposta neste estudo, desdeque se trabalhe com sementes cujos ta-manhos se assemelhem aos materiais dapresente pesquisa.

Em decorrência dos resultados apre-sentados e discutidos, conclui-se que a

m.. Fortaleza. 14 (1/2):oá2. 137-140 - Dezemhm- IQR.1

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equação Y = 15,718 - O,OO69X -

O,OO2X2, foi a que melhor se ajustoupara determinação do teor de umidade,em lotes de sementes de feijão-de-corda,carunchadas, a partir das leituras obtidasno medidor de umidade, marca SASO-35.

MELLO, F. de A. F. de & JACOBI, O. M. Determina-ção da umidade em fertilizantes com base noprincípio de Arquimedes. An. Esa/q.. 25: 271 - 7.

1968.ORTOLANI, D. B. Determinação rápida da umidade

de sementes de amendoim pelo método de expo-sição em câmara da radiação infra-vermelha. In:SEM. PANAM. SEMENTES, 4, 1963. Anais. . .1963.

PUZZI, D. Manual de armazenamento de graõs. arma-zéns e silos. São Paulo. Ed., Agronomia "Ceres",1977.405 p.CONCLUSOES

Os resultados apresentados e analisa-dos permitem concluir que, a equaçãoY = 15,718 - 0,069X - 0,002X2, estimao teor de umidade de sementes caruncha-das (infestação curada) de feijão-de-cor-da, a partir das leituras expedidas pelomedidor de umidade, marca "SASO-35", para os valores entre 28,10 e 32,3unidade em sua escala.

SUMMARY

Seed moisture content 07 feijão-de-corda, Vigna sinensis (L.) Savi was com-pared by the air-over method (at 105°C-24h) and a portable instrument (SASO-35). The objtective of th is work was de-termine the precision of the SASO-35 inseeds attacked by the Callosobruchusmaculatus (1775). Five cultivares wereused and it was conclued that the equa-tion Y = 15,718 - O,O69X - O,OO2X2estimate seed moisture content when thescale values of "SASO-35" are situatedbetween 28.1 and 32.3 units.

REFER~NCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASI L, Ministério da Agricultura. Regras para análi.se de sementes. Departamento Nacional de Pro-dução Vegetal - DNPV. Divisão de sementes emudas, - Dissim, 1976. 188p.

139Ciên. ARron.. Fortaleza. 14llj2):pág. 137-140 - Dezembro. 1983

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TABELA IMedida da umidade na escala do medidor de bolso "SASQ-35", porcentagem de umidade efetuada na estufa,número médio de furos e ovos observados em 100 sementes, em amostras tomadas em vinte e cinco lotes decultivares de Vigna sinensis (L.) Savi, atacadas pelo C. maculatu$ (F., 1775) Fortaleza, Ceará, Brasil. 1983.

Número Médio em100 sementes

Medida de UmidadeCultivar Lotes

0,0

9,6624,33

3,0016,00

5,660,33

11,662,666,008,00

24,660,336,333,669,33

11,660,331,662,669,660,0

3,666,009,00

0,032,3373,3342,0068,0035,66

0,064,33

0,018,3390,00146,00

0,069,00

0,078,3357,00

0,013,6619,6690,66

0,058,0063,6677.66

30,5

29,0

28,0

29,5

28,6

30,0

32,3

31,5

32,3

30,5

30,5

29,5

31,3

29,5

31,3

29,0

29,0

31,0

29,5

28,3

28,5

31,0

30,3

30,0

30,0

11,4411,7312,4111,4312,12, 1,6610,9211,6311,4911,5111,5712,8310,5311,5410,3911,6311,6910,6610,8911,3511,7210,1410,7110,9210.97

010203040506070809

CE-1

121314

1516171819202122232425

CE-218

Ciên. Agron., FortáIeza, 14 (1/2): pág. 137-140 - Dezembro, 1983