determinaÇÃo de propriedades de traÇÃo de materiais plÁsticos

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DETERMINAÇÃO DE PROPRIEDADES DE TRAÇÃO DE MATERIAIS PLÁSTICOS Joana Pinto | Luís Garcia | Raquel Duarte MESTRADO EM ENGENHARIA ALIMENTAR EMBALAGEM

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DETERMINAÇÃO DE PROPRIEDADES DE TRAÇÃO DE MATERIAIS PLÁSTICOSRelatório de uma Atividade Laboratorial

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DETERMINAÇÃODE

PROPRIEDADES DE TRAÇÃO DE

MATERIAIS PLÁSTICOS

Joana Pinto | Luís Garcia | Raquel Duarte

Data de realização: 11 e 18 de maio de 2015

MESTRADO EM ENGENHARIA ALIMENTAREMBALAGEM

2

Data de entrega: 3 de junho de 2015

SUMÁRIOA caracterização de materiais poliméricos permite a obtenção

de propriedades importantes destes materiais. Nesta experiência foi

realizado um ensaio de tração para a obtenção de propriedades

mecânicas dos polímeros. Este ensaio relaciona as características dos

polímeros através da resposta dos mesmos quando submetidos a

diferentes tensões.

Especificamente, o objetivo deste trabalho é comparar as

propriedades de tração de dois materiais poliméricos – o polietileno

(PE) e polietileno tereftalato (PET).

No decorrer da atividade laboratorial, depois da familiarização

com a norma ASTM D882-02, foram desenvolvidos os ensaios de

tração onde se obtiveram vários gráficos tensão-alongamento (stress-

strain) para os dois materiais a analisar.

Obtiveram-se resultados satisfatórios, o módulo de Young é

superior no PET, relativamente ao PE, revelando que é necessário

uma maior tensão para provocar uma determinada deformação,

portanto o material é mais rígido.

Concluiu-se, então, que o PET é mais resistente, no entanto o PE

apresenta maior elasticidade.

Palavras-chave: ensaio de tração, polietileno, polietileno tereftalato, plásticos.

3

ÍNDICE

SUMÁRIO........................................................................................................2

INTRODUÇÃO.................................................................................................4

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................5

1. Matérias-primas....................................................................................5

1.1. Polietileno (PE)...............................................................................6

1.2. Polietileno Tereftalato (PET)...........................................................7

2. Propriedades mecânicas dos materiais.................................................8

MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................11

1. Materiais e Instrumentos....................................................................11

2. Procedimento Experimental................................................................11

RESULTADOS................................................................................................13

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS....................................................................19

CONCLUSÕES...............................................................................................21

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................22

ANEXOS........................................................................................................24

4

INTRODUÇÃOEste documento intitulado “Determinação de propriedades de

tração de materiais plásticos” foi realizado no âmbito da unidade

curricular de Embalagem do Mestrado em Engenharia Alimentar da

Escola Superior de Biotecnologia – Universidade Católica do Porto

(ESB-UCP).

Estruturalmente, este trabalho encontra-se dividido do seguinte

modo: inicialmente irá efetuar-se uma concetualização do tema numa

breve revisão bibliográfica, de seguida apresentar-se-á o

procedimento laboratorial, os resultados, discussão dos mesmos e,

para finalizar, uma rápida conclusão do trabalho em questão.

Introdutoriamente, é importante referir que o ensaio de tração é

largamente utilizado para o levantamento de informações básicas

sobre a resistência dos materiais. O ensaio laboratorial consiste na

aplicação de uma carga uniaxial crescente a uma amostra medindo,

simultaneamente as variações no comprimento da mesma.

As especificações (quanto à forma e dimensões das amostras,

velocidade de esticamento, base de medida,…) são ditadas pela

norma técnica correspondente, que no caso de materiais plásticos é a

ASTM D882-02 da Sociedade Americana para Testes e Materiais.

5

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1. Matérias-primas

Hoje em dia, com o desenvolvimento da engenharia alimentar,

a utilização de plásticos na formulação de embalagens para produtos

alimentares tem inúmeras vantagens não encontradas noutros

materiais, tais como “baixo peso específico, resiliência, resistência à

deterioração por decomposição e ataque de microorganismos,

resistência à corrosão, resistência mecânica, transparência, facilidade

de processamento e baixo custo de manutenção”. (Candian e Dias,

2009)

Os plásticos são polímeros de elevada massa molecular,

orgânicos, sintéticos ou semissintéticos, moldáveis e comummente

derivados de petroquímicos.

Os plásticos são sólidos orgânicos que se dividem em duas

categorias: termoplásticos, que amolecem quando sujeitos a elevadas

temperaturas, sendo moldáveis e recicláveis; e termofixos, que

amolecem quando aquecidos, no entanto tornam-se infusíveis após

primeira moldagem. (Canevarolo, 2006)

Os dois subtópicos seguintes focam-se apenas em dois dos

diversos tipos de plásticos existentes - o polietileno (PE) e o

polietileno tereftalato (PET) -, que são os dois polímeros analisados no

decorrer da atividade laboratorial.

6

1.1. Polietileno (PE)

O polietileno é um polímero parcialmente

cristalino cujas características são

significativamente afetadas pela razão fase

amorfa/fase cristalina. (Doak, 1986) É o

plástico mais simples, constituído apenas por

átomos de Carbono (C) e Hidrogénio (H), é não higroscópico, de fácil

processamento e tem um preço reduzido. (Candian, 2007)

O polietileno é um polímero versátil pois pode apresentar-se

com diferentes densidades e nas formas linear e ramificada,

apresentando, deste modo, diversidade relativamente à aplicação.

Genericamente, existem dois tipos de polietileno – Polietileno de Alta

Densidade (HDPE, do inglês High Density PolyEthylene) e Polietileno

de Baixa Densidade (LDPE, do inglês Low Density PolyEthylene).

Assim, o HDPE é mais duro e resistente e o LDPE é mais flexível,

transparente e menos cristalino. (Coutinho et al., 2003) O LDPE

apresenta cerca de 50% de cristalinidade, comparativamente aos

80% do HDPE. Como o LDPE apresenta ramificações, dificultando o

processo de cristalização, o polímero formado é menos cristalino e

consequentemente menos denso. (Canevarolo, 2006)

Figura 2 | Dois grandes tipos de polietileno (PE): polietileno de baixa densidade (LDPE) e polietileno de alta densidade (HDPE). (Adaptado de Coutinho et al., 2003)

Concludentemente, o HDPE e o LDPE têm a mesma composição

química mas densidades diferentes. O LDPE possui uma densidade

Figura 1 | Estrutura química do polietileno

(PE).

HDPELDPE

7

entre 0,91 e 0,94 g/cm3 enquanto o HDPE apresenta valores entre

0,94 e 0,97 g/cm3. (Coutinho et al., 2003)

A tabela seguinte resume as principais aplicações dos dois

grandes tipos de polietileno.

Aplicações

HDPE Tampas com rosca, sacos para supermercados, frascos.

LDPEEmbalagens e tampas flexíveis, plástico-bolha, sacos de todo o tipo (supermercados, panificação, congelados,…), garrafas térmicas, frascos, stretch and shrink film.

Tabela 1| Algumas aplicações dos dois tipos de polietileno (PE): polietileno de alta densidade (HDPE) e polietileno de baixa densidade (LDPE).

1.2. Polietileno Tereftalato (PET)

O polietileno tereftalato, vulgarmente conhecido pela sigla PET

e cuja estrutura química se encontra representada na figura 3, é um

polímero termoplástico com uma elevada estabilidade hidrolítica

devido à presença de anéis aromáticos. (Paul et al., 1985) É

quimicamente mais complexo que o polietileno (PE) uma vez que

além da presença de átomos de Carbono e Hidrogénio, contém

também, na sua estrutura, átomos de Oxigénio.

Este polímero é largamente utilizado na produção de

embalagens, essencialmente garrafas plásticas para bebidas (como

refrigerantes, águas e sumos). Todavia, tem outras aplicações

noutros segmentos do mercado. Assim, 67% da produção de PET é

aplicado em fibras têxteis, 24% em embalagens processadas por

Figura 3 | Estrutura química do polietileno

tereftalato (PET).

8

injeção-sopro, 5% em filmes orientados e 4% em polímeros de

engenharia. (MacDonald, 2002)

Dirigindo o foco do trabalho para o fabrico de embalagens PET

destinadas à indústria alimentar, é importante salientar que fatores

económicos, ecológicos e sociais têm vindo a estar associados à

reciclagem deste polímero. (Romão et al., 2009)

A tabela 2 resume as propriedades físicas dos polímeros em

questão (PE e PET).

Propriedades de barreira

Propriedades térmicas

Propriedades mecânicas

Humidade

Gases

Gordura

Selagem

Tmáx/Tmin

Resistência à

tensão

Resistência à

perfuração

LDPE

MB M M B80/50

ᵒCB B

HDPE

MB M ME F121/40

ᵒCMB MB

PET ME ME EXC -220/40

ᵒCEXC B

Legenda: EXC – Excelente, MB – Muito Bom, B – Bom, ME – Médio, F – Fraco, M – Mau.

Tabela 2| Propriedades de barreira, térmicas e mecânicas do polietileno de baixa densidade (LDPE), polietileno de alta densidade (HDPE) e do polietileno tereftalato (PET). (Adaptado dos apontamentos das aulas teóricas)

2. Propriedades mecânicas dos materiais.

Quando um material está sujeito a forças de natureza

mecânica, surgem as propriedades mecânicas. Estas determinam a

capacidade, inerente a um determinado material, de transmitir ou

resistir a esforços que lhe são aplicados.

Entre as várias propriedades mecânicas existentes, a

resistência mecânica é uma das mais importantes e caracteriza-se

pela capacidade do material resistir a forças de tração e compressão.

9

Assim, num ensaio de tração, utilizado para se obter

informações básicas sobre a resistência dos materiais, o material é

sujeito à aplicação de uma carga uniaxial crescente e são medidas as

variações no comprimento.

Para proceder ao ensaio, são usadas amostras de tiras do

material plástico, de acordo com a norma ASTM D882-02. No

equipamento de medição, a amostra é presa por garras (figura 4a) e

submetida a uma força (figura 4b) até à rotura (figura 4c).

Figura 4| Ilustração de uma amostra submetida a um ensaio de tração.

Através da relação entre a tensão e as deformações ocorridas

durante o decorrer do ensaio, é construída uma curva de deformação,

como mostra a figura 5, para diferentes tipos de polímeros.

Figura 5| Tensão em função da deformação para diferentes materiais plásticos.

10

Seguidamente, são descritos alguns conceitos relacionados com

ensaios de tração cuja fonte de informação é a norma americana

ASTM D882-02.

A tensão (stress, ) é dada pela razão entre a força aplicada, F,

e a área através da qual atua. Já o alongamento (strain, ) é a

mudança por unidade de comprimento numa dimensão linear da

amostra, normalmente expresso em percentagem. O alongamento

assume como base o comprimento original da amostra.

A resistência à tração (tensile strength) é a tensão máxima

que a amostra é capaz de suportar.

A percentagem de elongação na rotura (percent elongation

at break) é a elongação no momento de rotura da amostra dividida

pelo comprimento original da amostra. Este valor é multiplicado por

100 para que o resultado se apresente em percentagem.

O ponto de inflexão (yield point), também chamado de limite

elástico, está representado na figura 6a e marca o fim do

comportamento elástico e início do comportamento plástico. Quando

sujeito a tensões menores que o limite elástico, o material retorna à

sua forma original. Qualquer aumento da tensão acima do limite de

elasticidade provoca uma deformação permanente e irreversível e,

eventualmente, rotura.

O módulo de Young (ou módulo de elasticidade),

representado no diagrama da figura 6b, é igual ao declive de uma

reta tangente à porção linear inicial da curva do diagrama stress-

strain e corresponde à taxa de variação do alongamento em relação à

tensão.

11

Figura 6| a) curva tensão-deformação típica de polímeros. b) Representação do

módulo de Young.

12

MATERIAL E MÉTODOS

1. Materiais e Instrumentos

Para alcançar o objetivo deste trabalho utilizámos os seguintes

materiais:

Polietileno (PE); Politereftalato de etileno (PET); Texturómetro; Cravador; Computador com software Exponent; Norma ASTM: D 882-02.

2. Procedimento Experimental

O procedimento descrito a seguir foi realizado para o material

polietileno (PE) e para o Polietileno tereftalato (PET). Todo o ensaio foi

controlado pelo software Exponent, disponível no computador ligado

ao equipamento.

1. Procedeu-se ao corte dos provetes de PE e PET através do

cravador (comprimento de 15cm e largura de 15mm); devem

ser 10 amostras de cada material, onde 5 amostras são

cortadas longitudinalmente e as restantes transversalmente;

2. Mediu-se a espessura de cada um dos provetes e usou-se para

os cálculos uma média aritmética da mesma;

3. Colocou-se amostra a amostra no texturómetro (figura 7) de

acordo com os parâmetros que se encontram na tabela 3;

13

Figura 7| Modelo do ensaio de tração com o material plástico através do

texturómetro.

Material

Percentagem de

alongamento na rotura

Taxa de deformação

inicial

( mmmm.min )

Distância inicial das

garras (mm)

Velocidade de

separação

(mmmin )PET Menos que 20% 0,1 50 12,5

PEMaior do que

100%10,0 20 500

Tabela 3| Parâmetros a seguir na experiência laboratorial.

4. Iniciou-se o programa.

5. Analisou-se os gráficos obtidos.

14

RESULTADOSInicialmente, procedeu-se às medições das dimensões dos

provetes cujas médias se encontram registadas na tabela 4.

MaterialLargura

(mm)Espessura

(mm)

PE 15 0,037

PET 15 0,013

Tabela 4|Largura e espessura médias dos provetes de PE e PET.

As tabelas 4, 5, 6 e 7 apresentam os parâmetros calculados

referentes aos polímeros estudados.

Fator de

rutura (N/mm

)

Força Resistência à

Tração (N/mm²)

Força Resistência à

Rutura (N/mm²)

yield point

Alongamento na

rutura (%)

Tensão (N/mm²

)

Alongamento

(%)

0,860 23,252 23,252 16,040 23,448 89,2820,778 21,025 21,025 14,061 14,532 61,8640,776 20,977 20,977 12,599 13,532 120,1980,774 20,915 20,915 13,475 16,782 98,0320,745 20,128 20,128 13,075 14,364 60,198

Média

0,787 21,259 21,25913,850 16,532

89,282

Tabela 4| Parâmetros calculados em relação ao polietileno (PE) na direção

longitudinal.

Fator de

rutura

Força Resistência à

Tração (N/mm²)

Força Resistência à

Rutura

yield point Alongamento na

rutura (%)Tensão (N/mm²

Alongamento

15

(N/mm)

(N/mm²) ) (%)

0,425 11,493 11,493 8,262 25,448 313,9480,378 10,213 10,213 8,532 22,114 194,3640,362 9,784 9,784 8,698 33,364 143,5320,442 11,935 11,935 8,402 26,364 324,6980,434 11,742 11,742 7,478 25,448 332,198

Média

0,408 11,034 11,034 8,274 26,548 313,948

Tabela 5| Parâmetros calculados em relação ao polietileno (PE) na direção

transversal.

Fator de

rutura (N/mm

)

Força Resistência à

Tração (N/mm²)

Força Resistência à

Rutura (N/mm²)

yield point

Alongamento na

rutura (%)

Tensão (N/mm²

)

Alongamento

(%)

1,192 91,703 91,703

Não se verifica a presença de pontos de inflexão

3,0641,300 100,020 100,020 11,2311,220 93,869 93,869 6,0911,215 93,452 93,452 7,2591,265 97,271 97,271 6,529

Média

1,238 95,26395,263 6,835

Tabela 6| Parâmetros calculados em relação ao polietileno tereftalato (PET) na

direção longitudinal.

Fator de

rutura (N/mm

)

Força Resistência à

Tração (N/mm²)

Força Resistência à

Rutura (N/mm²)

yield point

Alongamento na

rutura (%)

Tensão(N/

mm²)

Alongamento

(%)

1,243 95,633 95,633

Não se verifica a presença de pontos de inflexão

10,2921,148 88,311 88,311 8,9410,992 76,319 76,319 4,0110,948 72,887 72,887 8,021,649 126,882 126,882 7,365

Média

1,19692,006 92,006

7,726

Tabela 7| Parâmetros calculados em relação ao polietileno tereftalato (PET) na

direção transversal.

Para o cálculo dos parâmetros foram usadas as fórmulas

previstas na norma ASTM D882-02:

1. Para o fator de rutura:

16

Fator derotura ( Nmm )= Forçanarutura(N )

Largurado provete (mm)

2. Os valores de resistência à tração e de resistência à tração na

rutura foram os mesmos, visto que os pontos que exerciam

mais força durante o ensaio correspondiam sempre à rutura dos

provetes:

Resistência à tração( Nmm )= Forçaexercida (N )

Largura× Altura(mm2)

3. Os valores de alongamento na rutura foram calculados no

formato de percentagem e correspondem ao aumento de

comprimento do provete durante o ensaio:

Alongamentonarotura (%)=Distânciada s garras nomomento daruturaDistância inicial das garras

×100

Os cálculos relativos ao yield point de cada um dos provetes

foram feitos com as fórmulas dos pontos 2 e 3, cujos pontos utilizados

foram os referentes aos mesmos.

Através das representações gráficas das curvas stress-strain,

foram determinados graficamente os módulos de Young (ou módulos

elásticos) de cada um dos provetes. Para tal, através das

coordenadas de dois pontos da porção linear inicial do gráfico stress-

strain obtido, determinou-se o declive da mesma, que corresponde ao

módulo de Young.

17

Figura 8| Gráfico representativo das retas tangentes encontradas para cálculo do

módulo de Young nos provetes de polietileno na direção longitudinal.

Figura 9| Gráfico representativo das retas tangentes encontradas para cálculo

do módulo de Young nos provetes de polietileno na direção longitudinal

PE - LONGITUDINAL

PE - TRANSVERSAL

PET - LONGITUDINAL

18

Figura 10| Gráfico representativo das retas tangentes encontradas para cálculo do módulo de Young nos provetes de polietileno tereftalato (PET) na direção

longitudinal.

Figura 11| Gráfico representativo das retas tangentes encontradas para cálculo do módulo de Young nos provetes de polietileno tereftalato (PET) na direção

transversal.

A tabela 8 resume os declives das retas representadas nos

gráficos das figuras 8, 9, 10 e 11, bem como as médias aritméticas

dos mesmos para os diferentes materiais nas direções longitudinal e

transversal. Este valor corresponde, então, ao módulo de Young (ou

módulo de elasticidade).

Módulo de Young (N/mm2)

Amostra

PE L PE T PET L PET T

PET - TRANSVERSAL

19

1 246,46

163,27

3791,0

3343,9

2 180,63

179,17

4048,4

3644,5

3 141,42

232,21

3570,2

3709,1

4 144,35

187,76

3703,6

3550,6

5 223,84

197,79

3665,7

2969,4

Média

187,34

192,04

3755,8

3443,5

Tabela 8| Cálculo dos módulos de Young de cada um dos provetes.

Converteu-se os resultados para GPa, uma vez que se torna

mais simples a comparação com valores da literatura (tabela 9).

Módulo de Young

Material

N

mm2 GPa

PE L 187,340,18

7

PE T 192,040,19

2PET L 3755,8 3,76

PET T 3443,5 3,44Tabela 9| Módulos de Young.

20

21

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Após os ensaios procedeu-se ao tratamento dos respetivos

resultados para comparação de propriedades entre os dois tipos de

material e também para a comparação tendo em conta a direção do

corte do provete. Foram estudados os parâmetros fator de rutura,

resistência à tração, resistência à rutura e o alongamento no

momento da rutura. Foram também estudados os yield points e os

módulos de Young em cada um dos ensaios.

Comparando os dois tipos de plástico estudados é possível

aferir imediatamente que os resultados são muito diferentes. Os

resultados, nomeadamente os de resistência à tração, à rutura e o

alongamento na rutura demonstram que o PET é um plástico que

resiste a forças superiores, relativamente ao PE. Isto é demonstrado

pelos valores encontrados para a resistência à rutura que são

notoriamente superiores. Por outro lado, o PET tem uma capacidade

elástica muito menor que o PE, visto que este último teve maiores

percentagens de alongamento na rotura em ambas as direções

enquanto o PET não teve um comportamento elástico, como

demonstrado pelos valores encontrados de alongamento no ponto de

rutura.

Foi feita também uma análise aos yield points nas quatro

amostras. Este é o ponto onde o material perde a sua capacidade

elástica. Não foi possível verificar a presença destes pontos na análise

dos provetes de PET. Por outro lado, relativamente aos provetes de

PE verificou-se que a elasticidade é superior para as amostras

22

cortadas na direção transversal, enquanto a tensão exercida é

superior nas amostras cortadas na direção longitudinal.

Por fim, foi calculado o módulo de Young, ou módulo elástico,

para cada um dos provetes analisados. Este valor foi calculado

através do declive de uma reta tangente à fase inicial linear que

caracteriza os gráficos stress-strain. Este parâmetro é importante

uma vez que é proporcional à resistência do material – quanto maior

é o módulo de Young, maior é a tensão necessária para provocar uma

determinada deformação num determinado material. Como seria de

esperar, analisando as tabelas 8 e 9, os valores encontrados do

módulo de Young nos provetes de PET revelaram ser mais elevados

que os calculados para os provetes de PE. Isto implica, então, a

mesma tensão aplicada provoca uma deformação maior numa

amostra de PE do que numa amostra de PET, o que implica que o PET

é mais rígido e menos elástico que o PE.

Quanto ao sentido do corte do provete, em relação a ambos os

materiais, não se verificaram diferenças significativas no módulo de

Young.

Foram encontrados na literatura valores correspondentes aos

módulos de Young dos dois polímeros: o módulo de Young tabelado

para o PE é 0,12 – 0,28 GPa e para o PET é 2,8 – 4,1 GPa (Harper,

1999). Assim, através de uma rápida observação da tabela 9

constata-se que os valores obtidos experimentalmente estão dentro

da gama dos valores teóricos encontrados.

23

CONCLUSÕESDe maneira geral, pode-se afirmar que os resultados dos

ensaios conduzidos foram bastante satisfatórios e os objetivos

propostos para este trabalho laboratorial foram cumpridos.

Foi possível investigar as co-relações existentes entre as

propriedades dos materiais poliméricos. Foi, também, possível

entender porque tais características devem ser conhecidas para que

o material mais adequado para uma determinada função seja

selecionado. No entanto, deve ter-se em consideração a combinação

de outros fatores como o custo, a disponibilidade e a vida útil.

Conclui-se, assim, que se é necessária uma embalagem mais

resistente recorrer-se-ia ao material PET. No entanto, caso se

necessite de uma embalagem mais elástica utilizar-se-ia o material

PE.

24

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASTM D882-02. Standard Test Method for Tensile Properties of

Thin Plastic Sheeting. American Society for Testing and Materials.

Pensilvânia, 2002.

Candian, L. 2007. Estudo do polietileno de alta densidade

reciclado para uso em elementos estruturais. Dissertação de

Mestrado – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São

Paulo, São Carlos-SP, Brasil.

Candian, L. e Dias, A. 2009. Estudo do polietileno de alta

densidade reciclado para uso em elementos estruturais. Cadernos de

Engenharia de Estruturas. 11:1-16.

Coutinho, F.; Mello, I. e Maria, L. 2003. Polietileno: principais

tipos, propriedades e aplicações. Polímeros: Ciência e Tecnologia.

13:1-13.

Doak, K. Ethylene Polymers. Em: Mark, H., Bikales, N., Overberg,

C., Menges, G. Encyclopedia of Polymer Science and Engeneering.

John-Wiley and Sons, New York, 1986.

Harper, C. 1999. Modern Plastics Encyclopedia '99. McGraw-Hill,

New York, pB158 to B216.

MacDonald, W. 2002. Polym. Int. 51, p.923

Paul, D.; Goodman, I. e Kroschwitz, J. Polyesters to Polypeptide

Synthesis. Em: Encyclopedia of Polymer Science and Engineering. 2nd

Edition, J.I. Kroschwitz Ed., New York, 1985.

25

Romão, W.; Spinacé, M. e Paoli, M. 2009. Poli(Tereftalato de

Etileno), PET: Uma Revisão Sobre os Processos de Síntese,

Mecanismos de Degradação e sua Reciclagem. Polímeros: Ciência e

Tecnologia. 19:121-132.

26

ANEXOS

Figura 12| gráfico tipo obtido para o provete de polietileno longitudinal.

27

Figura 13| gráfico tipo obtido para o provete de polietileno na direção transversal.

28

Figura 14| gráfico tipo obtido para o provete de polietileno tereftalato (PET) na direção longitudinal.

Figura 15| gráfico tipo obtido para o provete de polietileno tereftalato (PET) na direção transversal.

29