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FCUP/FCNAUP Determinação da capacidade antioxidante e parâmetros físico-químicos em smoothies: estabilidade ao longo do tempo de armazenamento 1 Agradecimentos Aos meus pais. Aos meus irmãos. Aos meus amigos. A todos que partilharam comigo o conhecimento e saber. À Professora Doutora Beatriz Oliveira e Professora Doutora Ada Rocha pela amizade, disponibilidade e sabedoria.

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FCUP/FCNAUP Determinação da capacidade antioxidante e parâmetros físico-químicos em smoothies:

estabilidade ao longo do tempo de armazenamento

1

Agradecimentos

Aos meus pais.

Aos meus irmãos.

Aos meus amigos.

A todos que partilharam comigo o conhecimento e saber.

À Professora Doutora Beatriz Oliveira e Professora Doutora Ada Rocha pela amizade,

disponibilidade e sabedoria.

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FCUP/FCNAUP Determinação da capacidade antioxidante e parâmetros físico-químicos em smoothies:

estabilidade ao longo do tempo de armazenamento

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Resumo

Os smoothies são bebidas obtidas pela mistura de frutas, sumos de frutas e iogurte ou

leite. A capacidade antioxidante está relacionada com compostos bioativos capazes de

protegerem o sistema biológico de efeitos deletérios provocados por reações ou

processos envolvendo radicais livres. No presente trabalho, estudou-se a atividade

antioxidante e o teor em antioxidantes de smoothies com diferentes formulações

disponíveis no mercado português e a sua evolução ao longo de 21 dias, divididos em

3 momentos de avaliação (0, 14 e 21 dias), com o objetivo de obter informação acerca

da degradação destes compostos. Foram também avaliados os parâmetros físico-

químicos associados à qualidade (pH, acidez titulável, teor de sólidos solúveis e

cromaticidade). A atividade antioxidante foi avaliada através da capacidade captora de

radicais 2,2-difenil-1-picril-hidrazilo (DPPH) e poder redutor. Os compostos

antioxidantes determinados foram os compostos fenólicos, flavonoides, taninos e ácido

ascórbico.

Os resultados mostraram que, nas amostras utilizadas para este estudo, ocorreu uma

diminuição da concentração dos compostos bioativos e da capacidade antioxidante. O

tempo de armazenamento será um fator para a diminuição da capacidade antioxidante

analisado pelo ensaio do poder redutor. Será necessário desenvolver este estudo,

para compreender se matrizes alimentares, como o leite fermentado, a inclusão de

hortícolas na composição dos smoothies, a utilização de polmes ou a combinação de

frutos específica, na sua composição serão importantes para proteger os antioxidantes

da deterioração.

Palavras-Chave: Smoothies, capacidade antioxidante, armazenamento.

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Abstract

Smoothies are blended beverages containing fruit, fruit juice, yoghurt and milk.

Antioxidant capacity is related with compounds capable of protecting the biological

system against deleterious effects caused by reactions or processes involving free

radicals. In the present work the antioxidant capacity and antioxidant compounds in

different smoothies formulation, present in the portuguese market, were studied.

Aiming to analyze the antioxidant capacity and it´s variation during the storage, the

antioxidant capacity, antioxidant compounds and the physico–chemical properties were

performed along 21 days divided into three moments (day 0, day 7 and day 21). The

physico–chemical parameters, associated with quality attributes, analysed were: pH,

titratable acidity, soluble solid content and chromaticity. In this work were determined

the total phenolics, flavonoids, tannins and ascorbic acid contents. Antioxidant capacity

was evaluated by 2,2-diphenyl-1-pycrilhydrazil (DPPH) radical scavenging capacity and

reducing power.

Data showed that in the samples used in this study, there was a reduction of

concentration in bioactive compounds and in antioxidant capacity. Also the storage

time seems to be important for the reduction of antioxidant capacity in reducing power

essay.

Hence, it seems necessary to develop this study in order to understand if food matrix

like fermented milk products, adding vegetables, purées or the combination of specific

fruits are important to avoid the antioxidants degradation.

Keywords : Smoothies, antioxidante capacity, storage.

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Índice

AGRADECIMENTOS ........................................................................................................................... 1

RESUMO ............................................................................................................................................... 2

ABSTRACT ........................................................................................................................................... 3

ÍNDICE ................................................................................................................................................... 4

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................................ 6

LISTA DE TABELAS ........................................................................................................................... 7

LISTA DE ABREVIATURAS .............................................................................................................. 8

INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 10

1. PRODUTO ALIMENTAR SMOOTHIE ..................................................................................... 14

1.1. Smoothies – definição e caracterização ......................................................................................... 14

1.2. Rotulagem, legislação alimentar aplicada e alegações de saúde ................................................... 27

2. CAPACIDADE ANTIOXIDANTE DOS SMOOTHIES E STRESS OXIDATIVO .................. 34

2.1. Compostos bioativos em frutas e derivados .................................................................................. 36

3. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................................... 45

3.1. Seleção e preparação das amostras .............................................................................................. 45

3.2. Padrões e reagentes ...................................................................................................................... 46

3.3. Análises físico-químicas ................................................................................................................ 51

3.4. Métodos de avaliação da capacidade antioxidante ....................................................................... 52

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3.5. Determinação de antioxidantes .................................................................................................... 55

3.6. Análise estatística ......................................................................................................................... 58

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................................... 58

5. CONCLUSÃO ................................................................................................................................. 76

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................... 77

ANEXOS ............................................................................................................................................. 91

Anexo 1 – Parâmetros da cor ............................................................................................................... 91

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Lista de Figuras

Fig. 1 - Utilização do processamento a altas pressões em diferentes segmentos da indústria

alimentar ..................................................................................................................................... 16

Fig. 2 - Diversidade dos determinantes das escolhas alimentares ............................................. 21

Fig. 3 - Análise global do lançamento do produto smoothie ...................................................... 25

Fig. 4 - Principais atributos de consumo em smoothies .............................................................. 26

Fig. 5 - Modelo de associações entre doença/consumo de flavonoides .................................... 38

Fig. 6 - Modelo de associação entre modificações estruturais que ocorrem durante o

processamento dos alimentos e metabolismo. .......................................................................... 39

Fig. 7 - Classificação dos taninos com base na estrutura química .............................................. 40

Fig. 8 - Média marginal estimada - capacidade antioxidante (DPPH●) ....................................... 60

Fig. 9 - Média marginal estimada - capacidade antioxidante (FRAP) .......................................... 61

Fig. 10 - Média marginal estimada - compostos fenólicos ....................................................... 62

Fig. 11 - Média marginal estimada - taninos ............................................................................... 62

Fig. 12 - Média marginal estimada – flavonoides ....................................................................... 64

Fig. 13 - Capacidade antioxidante (DPPH●) das amostras individuais ao longo do tempo ......... 65

Fig. 14 - Capacidade antioxidante (FRAP) nas amostras individuais ao longo do tempo ........... 66

Fig. 15 - Compostos fenólicos nas amostras individuais ao longo do tempo ............................. 66

Fig. 16 - Média marginal estimada - luminosidade ..................................................................... 73

Fig. 17 - Média marginal estimada - tonalidade.......................................................................... 74

Fig. 18 - Diferença total da cor nas amostras individuais ........................................................... 75

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Lista de Tabelas

Tabela 1 – Composição das amostras ......................................................................................... 48

Tabela 2 - Capacidade antioxidante e teor de compostos fenólicos, flavonoides e taninos de

acordo com a composição da amostra e tempo de armazenamento ........................................ 59

Tabela 3 - Valores de pH, acidez titulável e teor de sólidos solúveis de acordo com composição

da amostra e tempo de armazenamento ................................................................................... 69

Tabela 4 - Luminosidade, croma e tonalidade de acordo com composição da amostra e tempo

de armazenamento ..................................................................................................................... 72

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Lista de Abreviaturas

ADN – Ácido desoxirribonucleico

BDNF - Fator neurotrófico derivado do cérebro

CA - Composição da amostra

CAT - Catalase

CIE - Comissão Internacional da Iluminação

CIIA - International Commission for Agricultural and Food Industries (Confederação

das indústrias agro-alimentares da Europa

CUPRAC - Poder antioxidante por redução do ião cúprico

DCV – Doenças cardiovasculares

DL – Decreto-Lei

DPPH - 2,2-difenil-1-picril-hidrazilo

DTC - Diferença total da cor

EFSA – European Food Safety Agency (Agência Europeia de Segurança Alimentar)

FC – Folin-Ciocalteu

FRAP - Poder antioxidante por redução do ião férrico

IGP - Indicação Geográfica Protegida

INE – Instituto Nacional de Estatística

MPa - miliPascal

NP- Norma Portuguesa

OMS - Organização Mundial de Saúde

ON – Óxido nítrico

ORAC - Capacidade de absorção do radical oxigénio

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p.p. – pontos percentuais

PAD – Polietileno de alta densidade

PBD – Polietileno de baixa densidade

PET – Politereftalato de etileno

RNS – Espécies reativas de azoto

ROS – Espécies reativas de oxigénio

SOD - Enzima superóxido dismutase

TA - Tempo de armazenamento

TAH - Transferência de átomos de hidrogénio

TBARS - Substâncias reativas do ácido tiobarbitúrico

TE - Transferência de eletrão

TRAP - Parâmetro antioxidante de radicais totais

TSS - Teor de sólidos solúveis

USDA – United States Department of Agriculture (Departamento da agricultura dos

Estados Unidos)

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Introdução

As alterações que ocorreram na sociedade, a um ritmo mais acelerado nos últimos 50

a 100 anos, influenciaram os estilos e a qualidade de vida dos consumidores ao nível

global (de Morais et al., 2010).

A preocupação com a saúde está cada vez mais presente no comportamento do

consumidor e reflete-se na procura de qualidade de vida, estendendo-se aos cuidados

com a alimentação. Esta passou a caracterizar-se por uma procura crescente de

produtos saudáveis e “naturais” (sem pesticidas ou outros químicos), frescos ou

minimamente processados, acessíveis, com um custo reduzido, seguros e também

convenientes (Grunert, 2010; Keenan et al., 2012a).

Os estudos recentes remetem para a importância que os antioxidantes dos frutos e

hortícolas desempenham na prevenção de doenças degenerativas, tais como o cancro

e doenças cardiovasculares (DCV) (Keenan et al, 2011). A ingestão de fruta, através

de formas de apresentação alternativas, torna-se apelativa para o consumidor, pois

responde à importância de manter uma alimentação saudável, simultaneamente

adequada ao ritmo de vida diário (Barba et al., 2012a).

Os sumos de fruta comerciais e os smoothies são produtos alternativos disponíveis no

mercado que, não substituindo a fruta em natureza, podem oferecer uma opção

adequada inserido num padrão alimentar saudável. Simultaneamente, o consumidor

atual tenta estar informado e sensibilizado para a qualidade nutricional dos produtos

que adquire (Oey et al., 2008; Falguera et al., 2012). Conhecendo a variabilidade no

teor de antioxidantes de cada fruto, considerando as possíveis relações sinérgicas ou

antagónicas entre os antioxidantes (e que afetam a capacidade antioxidante) e as

perdas inevitáveis com o processamento (Falguera et al., 2012), o consumidor deve

ser informado acerca da composição do sumo ou o smoothie que está a consumir e

eventuais perdas em relação aos frutos correspondentes.

Na generalidade, os smoothies são alvo de um processamento industrial menos

severo do que os sumos “tradicionais”, o que contribui para a preservação das

características nutricionais e organoléticas (Keenan et al., 2011; Barba et al., 2012b).

Devido aos métodos de processamento mais brandos, os smoothies são produtos com

tempo de prateleira mais curto e na sua maioria, são produtos que necessitam de

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refrigeração como técnica adicional de conservação (Keenan et al., 2011). A mais-

valia associada e estes produtos sustenta-se no conceito do “natural” e do “fresco”,

sem adição de açucares e/ou corantes, aproximando o seu conteúdo às

características da fruta em natureza (Keenan et al., 2010). No entanto, e apesar da

variedade de smoothies que existem no mercado português ser bastante inferior à

existente em outros países (por exemplo no Reino Unido ou Estados Unidos da

América) (INNOVA, 2011), estes diferem muito na sua composição. Podem ser

constituídos à base de sumos de fruta, de polmes de fruta, de misturas de sumos,

polmes e polpa de fruta, de misturas de sumos e polmes de fruta ou de leite

fermentado com fruta; alguns dos smoothies ainda apresentam hortícolas na sua

composição (cenoura). Por outro lado, os frutos que constituem os smoothies são

muito variados: maçã, laranja, pera, morango, banana, framboesa, mirtilo, manga,

ananás, coco, maracujá, uva, pêssego e aronia, podendo ainda ter adicionados

hortícolas, como a cenoura, e outros ingredientes como o leite fermentado.

Os smoothies apresentam, assim um perfil nutricional importante, que pode

enquadrar-se num padrão de alimentação saudável (Muller et al., 2010).

Para o consumidor um dos atributos de qualidade de um produto alimentar é a cor

(Keenan et al., 2010); alguns dos smoothies estudados apresentam uma embalagem

transparente, que permite a visualização do produto enquanto outros estão contidos

em embalagens opacas. O material que constitui as embalagens pode influenciar a

qualidade do conteúdo durante o período de armazenamento (Garcia-Alonso et al.,

2009). O embalamento tem como objetivo reduzir a exposição dos produtos ao

oxigénio, através de materiais que constituem barreiras como o vidro opaco ou as

folhas laminadas (Berlinet et al., 2008; Gómez-López et al., 2010). As embalagens

Tetra Pak® são constituídas por múltiplas camadas específicas para constituírem

barreiras à luz e ao oxigénio, para proteger as perdas de ácido ascórbico e de flavours

indesejados e aumentar o tempo de prateleira (Garcia-Alonso et al., 2009). A

tecnologia associada quer ao processamento quer à embalagem, tende a evoluir de

forma a manter ou a melhorar as características organoléticas dos sumos de fruta

(Keenan et al., 2010).

No mercado português encontram-se várias marcas de smoothies, em que é alegada

a preservação das características nutricionais e organoléticas dos frutos de origem. A

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orientação para a comercialização deste tipo de produtos visa a sua sobrevalorização

e simultaneamente uma alimentação saudável. No entanto, e considerando a

conjuntura económica atual, o segmento das bebidas não-alcoólicas sofreu uma

retração no último semestre (Probeb, 2012). Estes produtos alimentares valorizam a

matéria-prima portuguesa ao utilizar produtos nacionais e mesmo frutos com Indicação

Geográfica Protegida (IGP), o que constitui um passo importante para a preservação

dos produtos genuínos da região ou local, fomentando a produção e a economia local.

A indústria alimentar ao orientar a sua linha de ação para uma política de saúde

pública em que a inovação de produtos alimentares pressupõe o desenvolvimento de

produtos com um perfil nutricional mais saudável, procura igualmente proporcionar ao

consumidor, produtos inovadores, saborosos, equilibrados e seguros; ao mesmo

tempo o consumidor também possui cada vez mais, informações claras sobre saúde e

nutrição e faz escolhas informadas sobre alimentos e estilos de vida. A indústria

alimentar, representa agora, um papel ativo na sociedade e está mais próxima do

consumidor, sendo os seus produtos, os interlocutores do envolvimento da empresa

com estes; assim, a indústria alimentar deve empenhar-se na melhoria da informação

nutricional e das alegações utilizadas nos produtos alimentares, apostando numa

política de rotulagem informativa e transparente, de forma a receber o reconhecimento

do consumidor como produtos diferenciados e de sobrevalor.

O termo “smoothie” sendo de difícil tradução, foi adotado para o mercado português

estando presente quer na embalagem quer no perfil de prateleira. A identificação do

produto e a transmissão das suas características nutricionais ao consumidor, poderia

ser mais efetiva se se procedesse à caracterização do produto, diferenciando-o dos

demais do mercado.

A par do conhecimento do produto alimentar, tem aumentado o número de trabalhos

de investigação que visam caracterizar e conhecer a bioacessibilidade e

biodisponibilidade dos antioxidantes no organismo, indo para além dos estudos

epidemiológicos que mostram a associação entre doença e consumo de alimentos

ricos em antioxidantes (Papadopoulou & Frazier, 2004; Williamson & Manach, 2005;

Porrini & Riso, 2008; Palafox-Carlos et al., 2011).

Existem vários fatores que podem interferir na bioacessibilidade e biodisponibilidade

dos antioxidantes: matriz alimentar, interações químicas e porção de antioxidantes que

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é digerida, absorvida e utilizada no metabolismo normal. No entanto, na avaliação da

biodisponibilidade deve-se ter em consideração a quantidade de antioxidantes que é

absorvida. Por outro lado, a bioacessibilidade é um termo utilizado para definir a

quantidade de um nutriente ingerido e que está disponível para absorção. Deste modo,

a biodisponibilidade depende estreitamente da bioacessibilidade (Palafox-Carlos et al.,

2011).

Existem, atualmente, no mercado português sumos de fruta que apresentam no rótulo

o teor de polifenois (Costa et al. 2012); também estão disponíveis bases de dados de

Departamento da Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e na Europa com o teor de

polifenois de alguns alimentos (Ovaskainen et al., 2008; Neveau et al., 2010). É assim,

importante caracterizar o perfil antioxidante de produtos alimentares, como smoothies,

uma vez que o teor de compostos bioativos, pode vir a tornar-se um parâmetro de

qualidade a ser mencionado no rótulo e atestar a qualidade nutricional do produto

podendo vir a ser um fator decisório no momento da compra (Herken & Guzel, 2010).

Além disso, é conhecida a capacidade protetora dos polifenois na prevenção de DCV

e cancro, sendo recomendado o consumo de alimentos ricos nestes compostos. Sabe-

se que mais de 30% dos compostos fenólicos da alimentação, são obtidos pele

ingestão de sumos de fruta (Escarpa & Gonzalez, 2001).

Em ciências da alimentação, os antioxidantes são definidos como os compostos que

existem nos alimentos, que quando presentes numa baixa concentração,

comparativamente com o substrato oxidável, reduzem ou previnem significativamente

os efeitos adversos das espécies reativas, como as espécies reativas de oxigénio e as

espécies reativas de azoto, respetivamente ROS e RNS (Karadag et al., 2009). As

espécies reativas podem ser produzidas de forma endógena ou exógena. É a sua

presença em condições descontroladas que pode afetar as células, os tecidos vivos e

o ácido desoxirribonucleico (ADN), contribuindo para o desenvolvimento de várias

doenças neuro degenerativas, cancro, DCV e envelhecimento (Garcia-Salas et al.,

2010).

Conhecendo a variabilidade de cada fruto no teor de antioxidantes, considerando as

possíveis relações sinérgicas ou antagónicas entre os mesmos e as perdas inevitáveis

com o processamento, procurou-se conhecer, neste trabalho, a capacidade

antioxidante de smoothies disponíveis no mercado português, usando o ensaio da

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inibição do radical 2,2-difenil-1-picril-hidrazilo (DPPH●) e o ensaio do poder redutor

(FRAP) e determinar as alterações no teor de substâncias bioativas (compostos

fenólicos, flavonoides, taninos e ácido ascórbico) e parâmetros de qualidade ao longo

do período de armazenamento.

1. Produto alimentar smoothie

1.1. Smoothies – definição e caracterização

O termo smoothie é utilizado desde os anos 70, inicialmente nos Estados Unidos da

América e Reino Unido e mais tarde na Alemanha (Muller et al., 2010). Os smoothies

são bebidas obtidas pela mistura de frutas, sumos de frutas e iogurte ou leite; podem

ser preparados de forma caseira, com fruta fresca ou utilizando barras de polpas de

fruta congeladas ou podem ser adquiridos no mercado, prontos a consumir (Keenan et

al., 2011). Estes últimos, os smoothies comerciais, são submetidos a processamentos

térmicos mais moderados do que os sumos de fruta pasteurizados ou a

processamentos a frio (altas pressões) pelo que, na sua maioria, estes produtos são

refrigerados (Keenan et al., 2011). Devido a um processamento mais moderado, as

características nutricionais e organoléticas da fruta são melhor preservadas. Se se

considerar que é um produto livre de aditivos e sem adição de açúcar, estabelece-se

como um produto de elevado interesse nutricional e conveniência para o consumidor.

Num mercado onde os consumidores procuram produtos de elevada qualidade,

convenientes, com uma composição simples, minimamente processados, com elevada

qualidade organolética e nutricional, os smoothies ocupam um lugar de destaque

(Keenan et al., 2012a). O processamento e o armazenamento dos smoothies podem

influenciar a cor e o teor em antioxidantes (Oms-Oliu et al., 2012). Assim, a avaliação

da capacidade antioxidante em função do tempo e do tipo de embalagem, permite

depreender o tempo de degradação dos compostos antioxidantes. Os smoothies,

assim como outros produtos inovadores, evidenciam a adaptabilidade da indústria às

tendências do consumo. Surge como um novo desenvolvimento no mercado das

bebidas que combina diferentes frutos, frutos com produtos lácteos e com compostos

bioativos adicionados e que têm vindo a ocupar um lugar de destaque na Europa e no

mercado Norte-americano (Barba et al, 2012b; Zulueta et al., 2012). A tecnologia

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associada, tende a evoluir de forma a manter ou a melhorar as características

organoléticas.

Processamento de smoothies: tratamento térmico e altas pressões

O processamento industrial de um produto alimentar tem por objetivo prolongar o

tempo de prateleira desse produto, mantendo as propriedades organoléticas e

nutricionais o mais próximas possível dos ingredientes que o compõe, priorizando a

segurança microbiológica (Oey et al., 2008). A pasteurização como método de

processamento alimentar apresenta como principal vantagem para o consumidor e

distribuidores, o prolongamento do tempo de prateleira. No entanto, o impacto deste

tipo de processamento na qualidade nutricional é elevado ao reduzir o teor de

vitaminas e outros compostos sensíveis à temperatura (Tadapaneni et al., 2012). Nas

últimas duas décadas têm sido otimizadas técnicas de processamento térmico

convencional e desenvolvidos novos métodos de processamento para os sumos de

frutos com o objetivo de alcançar o equilíbrio entre a qualidade e a segurança e

responder às expetativas do consumidor (Gómez et al., 2011). Os processamentos

térmicos mais suaves podem atingir temperaturas que variam entre 82-93 0C, em

alimentos com pH≥4,6, sendo suficiente para eliminar microrganismos, como

bactérias; no entanto para se assegurar que existe a destruição de esporos é

necessário utilizar temperaturas de ≈121 0C durante um período de tempo de 15

minutos, podendo ser necessário prolonga-lo. Os alimentos mais ácidos (com pH<4,6)

não necessitam de temperaturas tão elevadas, por exemplo, o processamento a 93 0C

durante 15 minutos assegura a esterilidade comercial (Barrett & Lloyd, 2012). De fato,

o processamento térmico é o método mais utilizado para prolongar o tempo de

prateleira dos alimentos líquidos pela inativação de enzimas e microrganismos. No

entanto, a utilização de temperaturas elevadas determina a perda de compostos

nutricionais, propriedades antioxidantes e a alterações físico-químicas indesejáveis

(Oms-Oliu et al., 2012). Para conservar no produto alimentar os nutrientes mais

instáveis e que se degradam mais facilmente, têm vindo a ser investigados e utilizados

novos métodos alternativos à pasteurização (Zulueta et al., 2012). O desenvolvimento

de técnicas inovadoras no processamento de sumos de fruta tem como objetivo a

preservação dos atributos de qualidade associados ao “natural” e “fresco” das frutas

utilizadas; o desafio da utilização destes processos é obter o produto com as

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características organoléticas e nutricionais inalteradas e obter a inativação dos

microrganismos (Gómez et al., 2011).

Algumas das tecnologias emergentes são as altas pressões, a utilização de campo

elétrico pulsátil, irradiação ou ultrassons (Gómez et al., 2011). Cada tecnologia tem um

princípio de ação que influencia o comportamento dos compostos da matriz alimentar

de diversas formas (Oms-Oliu et al., 2012).

Fig. 1 - Utilização do processamento a altas pressões em diferentes segmentos da indústria alimentar

Adaptado de Heinz & Buckow (2010).

O conhecimento de que “altas pressões eliminam microrganismos e conservam os

alimentos”, remonta até 1899, sendo um método utilizado na indústria química,

cerâmica, do aço, entre outras, até 1980, altura em que foi iniciada a sua aplicação na

indústria alimentar e consideradas as suas vantagens na preservação dos nutrientes.

Em 1990 foram introduzidos os primeiros alimentos processados a altas pressões, no

mercado japonês: compotas, geleias e salsichas embaladas e processadas sem a

aplicação de calor (Rastogi et al., 2007). O processamento de alimentos a altas

pressões e consequente refrigeração é uma prática já bastante difundida em alimentos

dos mercados da Europa, Estados Unidos e Japão (figura 1) (Barrett & Lloyd, 2012).

Este tipo de processamento implica a aplicação uniforme nos alimentos de pressões,

normalmente variando entre 300 e 700 MPa (Oms-Oliu et al., 2012). A nível industrial

é possível atingir pressões à volta de 800 MPa, mas geralmente não são utilizadas

pressões superiores a 400 MPa, devido à ocorrência de alterações nas ligações inter e

intramoleculares dos nutrientes. A pressão é mantida constante durante um período de

tempo (segundos ou minutos) que irá assegurar a eficácia do processamento (Heinz &

Carnes – 28%

Marisco e peixe – 15%

Produtos hortícolas – 33%

Sumos e outras bebidas – 17%

Outros produtos – 7%

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estabilidade ao longo do tempo de armazenamento

17

Buckow, 2010; Barba et al., 2012b). O processo por altas pressões baseia-se em três

parâmetros: temperatura, pressão e tempo de exposição. Quando comparado com

outros métodos, como a pasteurização, em que apenas se utiliza os parâmetros tempo

e temperatura, o processamento a altas pressões proporciona uma grande variedade

de combinações para a conceção ótima (Heinz & Buckow, 2010).

Tem-se verificado uma evolução tecnológica no processamento industrial dos

smoothies (nomeadamente na redução da temperatura de processamento) com o

objetivo de diminuir o impacto negativo nas características nutricionais e organoléticas

do produto, ao reduzir a extensão de destruição de vitaminas e outros compostos

bioativos e evitar as reações de Maillard e formação de off-flavours; obtém-se, assim,

um produto minimamente processado, de elevado valor nutricional, seguro e com

tempo de prateleira significativo (Rodrigo et al., 2007). Durante o processamento a

altas pressões, podem ser utilizadas diferentes combinações de pressão e

temperatura para obter os efeitos pretendidos na textura, cor e sabor do produto; no

entanto, a qualidade de frutos e hortícolas submetidos a este tipo de processamento,

pode variar durante o armazenamento devido a reações químicas como a oxidação

e/ou reações bioquímicas que podem ocorrer quando as enzimas endógenas e/ou os

microrganismos não estão completamente inativados (Oey et al., 2008). Keenan et al.

(2010) referem que o teor de antioxidantes no alimento após o processamento a altas

pressões diminui durante o armazenamento, sendo que a diminuição é mais marcada

em relação às amostras processadas termicamente. Estes resultados indicam que o

método a frio pode não inativar os sistemas de degradação enzimática, nas condições

específicas de pressão aplicadas e o tipo de embalagem e a composição dos

smoothies podem constituir outros fatores que influenciam a perda de capacidade

antioxidante. A exposição a altas pressões pode ou não inativar as enzimas, sendo

que esta inativação é influenciada pelo pH, pela concentração do substrato e pelas

temperaturas utilizadas durante a pressurização (Palou et al., 2007). Ainda, durante a

exposição a pressões elevadas no processamento, pode ocorrer a formação de novos

compostos ou fragmentação dos compostos existentes que alteram as reações

químicas e bioquímicas (Tadapaneni et al., 2012). O processamento por altas

pressões pode inativar microrganismos, esporos e vírus a temperaturas de

processamento baixas ou moderadas sendo que o produto mantém as suas

características nutricionais e organoléticas inalteradas (Heinz & Buckow, 2010). No

entanto, é ainda necessário identificar o efeito do processamento nos smoothies, a sua

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estabilidade ao longo do tempo de armazenamento

18

estabilidade ao longo do tempo e os parâmetros ótimos de processamento. A

importância da utilização de novas tecnologias para o processamento de alimentos é

maior em produtos de valor acrescentado ou com ingredientes funcionais. No entanto,

não se devem descurar alguns parâmetros como as margens de segurança alimentar,

demarcação do produto pela qualidade e custos associados (Heinz & Buckow, 2010).

Embalagem

A principal função da embalagem é proteger o produto alimentar e conservar as

características nutricionais e organoléticas desde a produção até ao momento de

consumo (Brody et al., 2008). A embalagem tem assim, várias funções:

- Logística - transporte e acondicionamento do produto em boas condições e garantia

da sua conservação;

- Comunicação - informação sobre as características do produto, do seu modo de

utilização, a validade, informação nutricional, entre outros;

- Demarcação de outros produtos do mesmo segmento (Barroso & Madureira, 2005;

Brody et al., 2008).

Quando o consumidor seleciona e adquire um produto alimentar embalado,

geralmente não tem a oportunidade de o provar; assim, o que o leva a decidir por

aquele produto é a memória/recordação do sabor (Guerrero-Beltrán et al., 2009). Foi

demonstrado que a memória não é completamente exata, mas influenciada pela

interpretação do estímulo durante a memorização, nomeadamente a estimulação

visual. A decisão do consumidor em optar por determinado produto alimentar, é

frequentemente basada na aparência visual do produto (Dijksterhuis et al., 2006;

Fenko et al., 2010; Becker et al., 2011; Mizutani et al., 2012). Neste contexto é

previsível que o consumidor prefira embalagens transparentes, que permitem a

visualização do produto (Berlinet et al., 2008; Garcia-Alonso et al., 2009).

A embalagem deve proteger o produto alimentar do calor, luminosidade, humidade,

oxigénio, odores, microrganismos, pó, gases, entre outros (Brody et al., 2008). Um dos

principais objetivos do embalamento é reduzir a exposição do produto ao oxigénio,

através de materiais que constituem barreiras; o oxigénio pode estar presente

dissolvido no produto, encontrar-se no espaço livre da embalagem ou pode penetrar

no produto, se o material da embalagem não constituir uma barreira eficaz (Teixeira &

Monteiro, 2006).

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estabilidade ao longo do tempo de armazenamento

19

A utilização de embalagens de vidro para sumos ainda é muito utilizada, no entanto,

existe uma tendência gradual para substituir os modelos mais tradicionais por outros e

de várias cores. De fato, a indústria da embalagem de vidro aposta nas virtudes

qualitativas do seu produto: inerte, versátil, hermético, boa barreira à humidade e

odores e capaz de acrescentar prestígio ao produto que acondiciona. Face a outros

materiais emergentes no mercado, como as embalagens PET, a indústria das

embalagens de vidro tem vindo a desenvolver embalagens mais leves e resistentes

(López-Gómez et al., 2010).

Ao contrário das embalagens de metal ou vidro, as embalagens de plástico são

permeáveis (em diferentes níveis) a pequenas moléculas como gases, vapor de água

e outras moléculas de baixo peso molecular como os aromas e aditivos presentes no

alimento. As embalagens PET multicamada, quando comparadas com as embalagens

PET monocamada possuem melhores propriedades de barreira à entrada de oxigénio

(Conrad et al., 2005; Berlinet et al., 2006). As embalagens de polietileno de alta

densidade (PAD) são resistentes a temperaturas elevadas e ligeiramente permeáveis

a compostos orgânicos (a permeabilidade à água a gases inorgânicos é baixa); as

embalagens de PAD são menos permeáveis a gases (CO2, O2 e N2) do que as

embalagens de polietileno e baixa densidade (PBD) (Coutinho et al., 2003; López-

Gómez et al., 2010).

As embalagens semirrígidas de complexos laminados, denominadas comumente por

Tetra Pak® (devido à marca comercializada) são constituídas por cartão, polietileno e

no caso das embalagens asséticas, película de alumínio. A película de alumínio é

coberta por polietileno (que entra em contacto com o alimento); o propósito da película

de alumínio é constituir uma barreira à luz, oxigénio e aromas. Todo o conjunto das

múltiplas camadas além de constituir barreira à luz e ao oxigénio, como foi referido,

protege os sumos das perdas de ácido ascórbico e de flavours, e aumenta o tempo de

prateleira (Garcia-Alonso et al., 2009; López-Gómez et al., 2010).

Ao mesmo tempo que se assiste ao desenvolvimento de métodos de processamento

alimentar que otimizam e conservam as características dos produtos alimentares, a

indústria das embalagens acompanha o progresso do processamento ao procurar

encontrar soluções inovadoras que satisfaçam os requisitos mais importantes da

embalagem: proteção mecânica, resistência térmica, baixa permeabilidade, baixo

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estabilidade ao longo do tempo de armazenamento

20

custo, conveniência, versatilidade e sustentabilidade para o meio ambiente (Siracusa,

2012).

Valor acrescentado para o consumidor

A escolha de um determinado produto alimentar pelo consumidor é um

comportamento complexo e influenciado por vários fatores que interagem. Estes

fatores pertencem a domínios do conhecimento que proclamam para si uma parte da

resposta à questão “porque escolhemos e consumimos aquele produto alimentar?”. As

várias disciplinas associam o consumo alimentar a um balanço energético (biologia),

descrevem os mecanismos oro e gastrointestinais associados ao consumo alimentar

(fisiologia) e procuram os determinantes como a motivação e a decisão para o

consumo, numa abordagem psicológica. No entanto, existe ainda uma lacuna na

investigação sobre a forma como estes fatores interagem e influenciam o

comportamento nas escolhas alimentares (figura 2) (Koster, 2009). Desta forma, o ato

de consumir constitui uma faceta particular do comportamento humano que engloba o

nível individual (necessidade do produto, perceção e atitude) e que a um segundo

nível (nível interpessoal), o consumidor experimenta a influência do seu microcosmos

social (grupos de referência e líderes de opinião). O impacto destes grupos primários

insere-se num quadro mais geral - o nível sociocultural (classe social, estilo de vida e

cultura) (Dubois, 1990).

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Fig. 2 - Diversidade dos determinantes das escolhas alimentares

Adaptado de Dubois (1990)

A avaliação que o consumidor faz dos produtos alimentares que consome é cada vez

mais exigente: é procurada qualidade e acessibilidade a baixo custo; Grunert (2010),

através do Total Food Quality Model distingue duas dimensões para a perceção de

qualidade do consumidor: a dimensão vertical e a dimensão horizontal. A dimensão

vertical diz respeito à forma como os consumidores utilizam os seus motivos para o

consumo, as dimensões da qualidade e sinais de qualidade, para inferir a qualidade

nos casos em que esta não pode ser avaliada diretamente. Quando os consumidores

são inquiridos sobre como veem um produto com qualidade, as respostas abordam

quatro parâmetros centrais: sabor, saúde, conveniência e o “natural” (relacionado com

o processamento industrial, produção biológica, bem-estar animal, isenção de

organismos geneticamente modificados…). A saúde é uma das dimensões da

qualidade considerada pelo consumidor moderno quando adquire produtos

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FCUP/FCNAUP Determinação da capacidade antioxidante e parâmetros físico-químicos em smoothies:

estabilidade ao longo do tempo de armazenamento

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alimentares, faz parte do sistema de valores humanos e é um dos principais motivos

para o comportamento humano. A saúde pode ser abordada por duas vias, em que

uma é contributiva para valores como segurança e ausência de doença e a outra como

um pré-requisito para valores hedónicos, já que a falta de saúde dificulta o acesso a

esses valores. A dimensão horizontal refere-se à forma como a perceção da qualidade

pode variar ao longo do tempo. A grande distinção que pode ser feita é a perceção de

qualidade antes e depois do produto ser comprado. Depois de adquirir o produto, o

consumidor pode ser exposto a novas informações que o levam a questionar a

credibilidade da informação processada antes da compra (Grunert, 2010).

No mercado português encontram-se marcas comerciais e não-comerciais de

smoothies, em que é alegada a preservação das características nutricionais e

organoléticas dos frutos de origem. Vários estudos epidemiológicos têm demonstrado

uma correlação inversa entre o consumo de alimentos ricos em antioxidantes e a

diminuição da mortalidade e co morbilidades associadas às doenças crónicas, o que

levou na última década, a um crescimento exponencial dos trabalhos de investigação

relacionados com os antioxidantes e a funcionalidade nos sistemas orgânicos (Prior et

al., 2005). Estima-se, de facto, que mais de dois terços dos casos de cancro (devido a

mutações em múltiplos genes) possam ser prevenidos pela modificação do estilo de

vida, nomeadamente do padrão alimentar. Os mecanismos profiláticos associados

podem incluir o aumento da eliminação de compostos tóxicos e a inibição da sua

ligação ao ADN e a sua adsorção pela fibra alimentar (Ratnam et al., 2006). No

entanto, e apesar do consumo de alimentos ricos em antioxidantes ter vindo a ser

implicado positivamente na saúde, a sua função in vivo na modulação das funções

orgânicas, ainda permanece parcialmente desconhecida; esta função pode ter um

efeito subtil ao nível de processos reguladores como nas vias de transdução de sinal.

A avaliação e monitorização da capacidade antioxidante e/ou do teor de antioxidantes

nas plantas, frutos e derivados (como os sumos de fruta), podem providenciar o início

do estabelecimento de dados sobre a influência de compostos, cujas funções serão,

no futuro, mais bem conhecidas (Borges et al., 2010).

Consumo e posicionamento no mercado de smoothies

A indústria agroalimentar possui uma importância estratégica relevante no contexto

nacional tanto pelo seu impacto direto como pelo indireto na economia. Na nova

classificação portuguesa da atividade económica, a indústria de bebidas não

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estabilidade ao longo do tempo de armazenamento

23

alcoólicas está incluída na subclasse “refrigerantes e outras bebidas não-alcoólicas”,

que abrange a produção, comercialização e distribuição de um largo conjunto de

produtos alimentares, que vão desde as bebidas à base de sumos de frutos ou à base

de extratos vegetais (nomeadamente, as colas, as bebidas de chá ou as bebidas de

lima-limão), até às bebidas tónicas, bebidas para desportistas, águas aromatizadas ou

bebidas funcionais entre outras categorias de bebidas. Em Portugal, em 2011,

existiam 23 empresas que se dedicavam à produção e comercialização de bebidas

refrescantes não alcoólicas. Este número inclui as empresas produtoras de bebidas à

base de águas minerais naturais e de águas de nascente. No seu conjunto, este setor

representa um tecido produtivo nacional com empresas de dimensões variáveis, quer

em volume de negócios, quer em volume de emprego. A produção nacional apresenta,

de fato, uma contribuição significativa para o mercado das bebidas refrescantes não

alcoólicas, sendo que cerca de 85% da produção de marcas próprias de fabricante

presentes no mercado, são de produção nacional (Probeb, 2011).

Em Portugal, e de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), as quantidades

disponíveis para consumo de bebidas não alcoólicas (sumos, refrigerantes e águas)

aumentaram 10%, até 2007; este aumento foi promovido, essencialmente pelas águas

(+15%) e pelos sumos (+31%). A expansão das marcas brancas da distribuição

permitiu a redução dos preços destes produtos aumentando a acessibilidade ao

consumidor, o que contribuiu para o aumento do consumo. No entanto, com o

despoletar da crise económica, no início de 2008, ocorreu uma retração na

disponibilidade das águas (de 2%), assim como dos refrigerantes (-7%). De realçar

que na estrutura do consumo de bebidas não-alcoólicas, a água adquiriu +3 p. p. em

relação aos refrigerantes (com -5 p.p.), inferindo-se uma maior preocupação dos

consumidores por opções alimentares mais saudáveis e equilibradas (em relação às

bebidas não-alcoólicas) (INE, 2010).

No decorrer da crise económica e financeira vigente em Portugal, e desde 1 de janeiro

de 2012, ocorreu a integração de alterações no enquadramento fiscal do setor das

bebidas em Portugal, um agravamento da taxa de IVA para as bebidas refrescantes

não alcoólicas, de 6% para 23%, e um aumento da taxa aplicável nos serviços de

hotelaria, restauração e similares (de 13% para 23%); a indústria das bebidas

refrescantes não-alcoólicas, assente na produção nacional, sofreu neste mesmo

período uma retração sem precedentes. Os dados de mercado disponíveis até Maio

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estabilidade ao longo do tempo de armazenamento

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de 2012, demonstram uma quebra no consumo de 15,3% (em milhões de litros) no

consumo destes produtos alimentares, em igual período de 2011 (Probeb, 2012).

Os smoothies são uma das mais recentes apresentações no mercado para o consumo

de fruta. Ao nível do mercado europeu tem havido um crescente posicionamento dos

smoothies, sendo que o Reino Unido foi o país europeu com maior atividade relativa a

lançamento de produtos, no período compreendido entre janeiro de 2011 e setembro

de 2011, de acordo com a base de dados INNOVA (figura 3).

Segundo a Mintel (2011) no Reino Unido, os smoothies de fruta são o centro do

mercado, contando com 86% das vendas em 2006. No entanto, o desenvolvimento de

smoothies funcionais (por exemplo com ginseng, equinacea e outros ingredientes) faz

parte deste mercado emergente. Os smoothies lácteos não apresentaram um

crescimento no consumo tão elevado como os smoothies de fruta e, apesar de ter

crescido 106% entre 2006 e 2011, a quota de mercado começou a decrescer. Embora

tenha ocorrido um grande crescimento no mercado dos smoothies no Reino Unido,

apenas 31% dos adultos consome este produto, sendo os grupos etários 15-19 e 25-

34 anos, das regiões de Londres e do sul do Reino Unido que mais consomem

smoothies (Mintel, 2011).

Em outros países, como a República da Irlanda, tem havido uma tendência no

desenvolvimento do mercado dos smoothies, sendo que neste país, o mercado dos

smoothies cresceu 214%, no período compreendido entre 2002 e 2006 (Mintel, 2011;

Keenan et al., 2012b).

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estabilidade ao longo do tempo de armazenamento

25

Nos países Mediterrânicos, o consumidor prefere alimentos “naturais” e frescos e

considera-os melhores para a saúde. A aceitação do consumidor destes produtos e os

determinantes dessa escolha, são fatores importantes para dirigir o mercado de

consumo e tecnologia de desenvolvimento (Siró et al., 2008). A indústria dos

smoothies na Europa e Estados Unidos tem acompanhado as tendências do

consumidor, otimizando o processamento e tecnologia associada e inovando o produto

relativamente à sua funcionalidade. A figura 4 demonstra os principais atributos que

têm sido desenvolvidos nos smoothies em ambos os mercados (INNOVA, 2011).

Existe um grande desenvolvimento no mercado mundial dos smoothies funcionais,

sendo possível, encontrar desde smoothies à base de fruta, leite e cereais (Reino

Unido) até smoothies enriquecidos em proteína e destinado a atletas (Estados

Unidos), smoothies enriquecidos em proteína e fibra alimentar destinados ao controlo

do peso (Espanha) ou smoothies com superfrutas, naturalmente ricos em

antioxidantes (Canadá, Nova Zelândia, Austrália e Japão). A tendência de mercado

europeu é crescente e em alguns países está bem estabelecida, como no Reino Unido

e Estados Unidos (INNOVA, 2011).

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Fig. 3 - Análise global do lançamento do produto smoothie

Adaptado de INNOVA: Market Insights - Smoothie Drink Trends Update – 2011 (janeiro a novembro de 2011).

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estabilidade ao longo do tempo de armazenamento

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*SA/Com (sem aditivos e sem conservantes; S/Açucar (Sem açúcar adicionado); 100%Rec (sumo 100% reconstituído);

Alerg (Alergéneos); S/Glúten (Sem glúten); BebSum (Bebidas de sumo – mais de 25% sumo); Org (Orgânico); Nect

(Néctar); Nat (Natural); Et (Ético); SauInt (Saúde intestinal); 100%N/Com (100% não concentrado); Des (Desidratado);

Econ (Económico); BaixoCal (Baixo valor calórico).

Em Portugal, a Frubaça é uma empresa produtora de fruta e de uma gama variada de

produtos hortícolas. Todavia, esta cooperativa salientou-se pela produção de sumos

frescos naturais, purés de fruta e smoothies. Os primeiros são comercializados sob

marcas comerciais e não comerciais, enquanto os smoothies resultam de uma

parceria com a empresa de distribuição GL (Mello & Marreiros, 2009). O grupo

Danone, lançou o Activia Smoothie® , desenvolvido na unidade industrial portuguesa

de Castelo Branco, para dar resposta a uma necessidade do consumidor português:

iogurtes com mais fruta (Briefing, 2012).

De acordo com a análise de vendas da AC Nielsen, até agosto de 2011 (e por

comparação com igual período do ano anterior) na categoria de sumos e néctares

foram vendidos 73 milhões de litros de produto, sendo que os néctares correspondem

a 75% das vendas e os restantes sumos, a 25%. Os dados apresentados por esta

empresa de análise de mercado, resultaram do “Nielsen HomeScan/Painel de Lares”,

que abrangeu os lares de Portugal Continental; ainda, segundo a AC Nielsen, uma

categoria em crescimento é a dos smoothies. No entanto, a AC Nielsen classifica o

segmento “bebidas refrigeradas” como equivalente a “smoothies”, subdividida em

sumos néctares e sumos 100% (AC Nielsen, 2011).

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Fig. 4 - Principais atributos de consumo em smoothies

Adaptado de INNOVA: Market Insights - Smoothie Drink Trends Update – 2011 (janeiro a novembro de 2011).*

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Em Portugal e até à data, os smoothies comercializados são à base de mistura de

vários tipos de fruta adicionados ou não de leite fermentado; os da primeira categoria

têm marcas de fabricante e de distribuidor; na segunda, apenas de fabricante.

1.2. Rotulagem, legislação alimentar aplicada e alegações de

saúde

Rotulagem e legislação alimentar

Entende-se por rotulagem o “conjunto de menções e indicações, inclusive imagens,

símbolos e marcas de fabrico ou de comércio, respeitantes ao género alimentício, que

figuram quer sobre a embalagem, em rótulo, etiqueta, cinta, gargantilha, quer em

letreiro ou documento acompanhando ou referindo-se ao respetivo produto” (DL n.º

560/99). A rotulagem de um produto alimentar, muito para além da função de

apresentar e publicitar o produto que está contido dentro da embalagem, é um

instrumento de informação que deve, de uma forma clara e correta, posicionar o

produto em relação a outros e informar o consumidor de modo a facilitar a escolha

adequada. No entanto, esta função do rótulo não se esgota no momento da compra,

mas prolonga-se ao conter informações sobre, por exemplo, a data de validade, a

conservação e o modo de consumo (Probeb, 2011).

Relativamente à legislação aplicada a sumos e néctares de frutos foram publicadas as

seguintes regulamentações: o DL n.º 225/2003 de 24 de setembro transpôs para o

direito nacional a Diretiva 2001/112/CE do Conselho, de 20 de dezembro relativa aos

sumos de frutos e a determinados produtos similares destinados à alimentação

humana. O DL n.º 101/2010, de 21 de setembro transpôs para o direito nacional a

Diretiva 2009/106/CE, que fixa o regime a que deve obedecer a produção e

comercialização dos sumos e néctares de frutos, do Conselho, de 14 de agosto, que

alterou a Diretiva 2001/112/CE.

Através da Diretiva 2009/106/CE é estabelecido que o produto fabricado por

reconstituição de sumo de frutos concentrado deve ser designado por “sumo de fruta

proveniente de concentrado”; determina ainda que, relativamente à verificação

analítica dos requisitos mínimos de qualidade, devem ser tidos em conta os valores

mínimos de graduação Brix (teor de resíduo seco solúvel) determinado por

refratometria, característica analítica importante que permite verificar os requisitos

mínimos de qualidade do produto final para a denominação de “sumos de frutos

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provenientes de concentrado”. O DL n.º 101/2010 de 21 de setembro tem como

objetivo clarificar a rotulagem relativa a sumos de frutos e a determinados produtos

similares, garantindo uma melhor informação ao consumidor relativamente às suas

características; por outro lado, este documento também determina o domínio do

alcance das novas atribuições, devido ao Programa de Reestruturação da

Administração Central do Estado. Assim, é determinado que as competências relativas

às medidas de política no âmbito da qualidade e segurança alimentar (nomeadamente,

a regulamentação e coordenação do controlo oficial dos géneros alimentícios), sejam

atribuídas ao Gabinete de Planeamento e Políticas do Ministério da Agricultura, do

Desenvolvimento Rural e das Pescas (DL n.º 101/2010).

Deste modo, e de acordo com a avaliação geral da legislação referida e em vigência,

são definidos os seguintes produtos:

- Sumos de frutos

Denomina o produto fermentescível, mas não fermentado, obtido a partir de uma ou

mais espécies de frutos sãos e maduros, frescos ou conservados pelo frio, com a cor,

o aroma e o gosto característicos dos sumos dos frutos de que procede. Podem ser

restituídos ao sumo as substâncias aromáticas, a polpa e as células separadas após a

extração. Os sumos de citrinos devem ser fabricados a partir do endocarpo dos frutos.

- Sumos de frutos à base de concentrado

Designa o produto obtido por restituição num sumo de frutos concentrado da água

extraída do sumo durante a concentração e por reposição das substâncias aromáticas

e, se se aplicar, da polpa e das células eliminadas do sumo, mas recuperadas durante

o processo de produção do sumo de frutos originais ou de sumo da mesma espécie de

frutos. De forma a conservar as qualidades fundamentais do sumo, a água adicionada

deve ter características adequadas, nomeadamente do ponto de vista químico,

microbiológico e organolético. As características do sumo obtido (organoléticas e

analíticas) devem ser, pelo menos, equivalentes às de um sumo médio obtido a partir

de frutos da mesma espécie. A graduação Brix mínima dos sumos de frutos

provenientes de concentrado é indicada no anexo V do DL n.º 101/2010 de 21 de

setembro.

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estabilidade ao longo do tempo de armazenamento

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- Sumos de frutos concentrado

Denomina o produto obtido a partir de sumo de uma ou mais espécies de frutos por

eliminação física de uma parte da água. Quando o produto é destinado ao consumo

direto, a água eliminada não poderá representar menos de 50 %.

- Sumo de frutos desidratado/em pó

Denomina o produto obtido a partir de sumo de uma ou mais espécies de frutos por

eliminação física de quase toda a água.

- Néctar de frutos

Designa o produto fermentescível, mas não fermentado, obtido por adição de água e

de açúcares e/ou mel aos produtos anteriormente definidos, a polmes de frutos ou a

uma mistura destes produtos e que obedeça a requisitos específicos, referentes ao

teor mínimo de sumo e/ou de polme. A adição de açúcares e/ou mel é autorizada em

quantidades que não representem mais de 20 %, em massa, do produto acabado. No

fabrico de néctares de frutos sem adição de açúcares ou de baixo valor energético, os

açúcares poderão ser total ou parcialmente substituídos por edulcorantes, nos termos

da legislação em vigor relativa aos edulcorantes.

No fabrico dos sumos e néctares podem ser utilizadas as seguintes matérias-primas:

- Fruto

Podem ser utilizados todos os frutos, notando para efeitos da legislação em questão

que o tomate não é considerado um fruto (entretanto, alterado pela Diretiva 2012/12

de 19 de abril).

- Polme de frutos

Produto fermentescível, mas não fermentado, obtido por peneiração da parte

comestível de frutos inteiros ou descascados, sem eliminação do sumo.

- Polme de frutos concentrado

O produto obtido a partir de polme de frutos por eliminação física de uma parte

determinada da água de constituição.

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- Açúcares

Os açúcares definidos na Diretiva 2001/111/CE de 20 de dezembro de 2001,

relativa a determinados açúcares destinados à alimentação humana;

O xarope de frutose;

Os açúcares derivados de frutos.

- Mel

Denomina o produto definido na Diretiva 2001/110/CE do Conselho, de 20 de

Dezembro de 2001, relativa ao mel.

- Polpa ou células

Os produtos obtidos a partir das partes comestíveis de frutos da mesma espécie, sem

eliminação do sumo. No caso dos citrinos, a polpa ou as células são os sacos de sumo

obtidos a partir do endocarpo.

Para além das regras da rotulagem geral, nutricional, adição de vitaminas e minerais e

alegações nutricionais e de saúde, há que ter em atenção os seguintes aspetos:

- Quando um produto for obtido a partir de uma única espécie de fruto, o nome deste

fruto deve substituir a palavra frutos;

- No caso de produtos obtidos a partir de duas ou mais espécies de frutos, a

denominação de venda deve ser completada pela enumeração dos frutos utilizados

por ordem decrescente do volume dos sumos ou polmes de frutos em questão;

- No caso dos produtos obtidos a partir de três ou mais espécies de frutos, a indicação

dos frutos utilizados pode ser substituída pela expressão “vários frutos”, por uma

expressão equivalente ou pela indicação do número de frutos utilizados;

- A adição ao sumo de frutos de um suplemento de polpa ou de células deve ser

indicada na rotulagem;

- No caso das misturas de sumos de frutos e de sumos de frutos obtidos a partir de um

produto concentrado e dos néctares de frutos obtidos total ou parcialmente a partir de

um ou mais produtos concentrados, deve constar da rotulagem a indicação “fabricado

à base de sumo (s) concentrado (s)” ou “parcialmente fabricado à base de sumo (s)

concentrado (s)”, conforme o caso. Esta indicação deve figurar na proximidade

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imediata da denominação de venda, em caracteres claramente visíveis e destacada

dos restantes elementos da rotulagem;

- No caso dos néctares de frutos, o teor mínimo de sumo de frutos, de polme de frutos

ou de uma mistura destes ingredientes deve constar da rotulagem através da

indicação “Teor mínimo de frutos:...%”, figurando esta indicação no mesmo campo

visual em que se encontra a denominação de venda (DL n.º 225/2003).

Recentemente foi aprovada a Diretiva 2012/12 EU pelo Conselho Europeu e emitida a

19 de abril de 2012 que altera as disposições específicas da Diretiva 2001/112/CE

relativas à rotulagem dos sumos de frutos e a determinados produtos similares, para

que elas reflitam as novas regras aplicáveis aos ingredientes autorizados, como as

que dizem respeito à adição de açúcares (que deixou de ser autorizada nos sumos de

frutos) e a outras regras, nomeadamente a inclusão do tomate na lista de frutos

utilizados para produção de sumo de fruta.

A alegação nutricional “sem adição de açúcares” que consta no anexo do

Regulamento (CE) n.º 1924/2006 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 20 de

dezembro de 2006, não será permitida após o final do período de transição ou seja, 18

meses após a data de aplicação da nova legislação. Esta alegação era permitida e,

por motivos comerciais e de marketing, as empresas do setor alimentar usavam-na no

rótulo de sumos de frutas (“sem adição de açúcares” ou “sem açúcares adicionados”).

Haverá um período de tempo limitado para incluir uma menção que indique que os

sumos de fruta não contêm açúcares adicionados.

Como disposições transitórias, a Diretiva 2012/12, compreende que os produtos

colocados no mercado ou rotulados antes de 28 de outubro 2013, possam continuar a

ser comercializados até 28 de abril de 2015. Também a menção “a partir de 28 de

outubro de 2015 os sumos de fruta não contêm açúcares adicionados”, pode constar

do rótulo, no mesmo campo de visão do nome dos produtos.

Alegações de saúde

De acordo com o Regulamento CE n.º 1924/2006 relativo às alegações nutricionais e

de saúde, considera-se “alegação” qualquer mensagem ou representação (incluindo

representações pictóricas, gráficas ou simbólicas), que declare, sugira ou implique que

um alimento possui características particulares. A nível europeu e de acordo, ainda

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com o Regulamento CE n.º 1924/2006, são permitidos três tipos de alegações nos

produtos alimentares:

- Alegação nutricional: entende-se qualquer mensagem que declare, sugira ou

implique propriedades nutricionais benéficas, devido à energia que fornece ou não e

aos nutrientes que contém ou não;

- Alegação de saúde: entende-se qualquer mensagem que declare, sugira ou implique

uma relação entre a categoria de alimentos, o alimento em concreto ou um dos seus

ingredientes e a saúde. Este tipo de alegação deve ser baseado em dados

cientificamente comprovados e aceites e ser bem entendida pelo consumidor;

- Alegação de redução de um risco de doença: entende-se qualquer alegação de

saúde que declare, sugira ou implique que o consumo de uma categoria de alimentos,

de um alimento ou de um dos seus constituintes reduz significativamente um fator de

risco de aparecimento de uma doença humana.

Pela primeira vez, a menção a doença (mais concretamente, à prevenção de doença)

é permitida em alimentos, mas após avaliação e aprovação pela Autoridade Europeia

para a Segurança dos Alimentos (EFSA) (Regulamento 1924/2006; Wills et al., 2012).

As alegações nutricionais e de saúde podem ser utilizadas para realçar propriedades

específicas dos alimentos (ou de ingredientes adicionados) ou um teor reduzido em

determinados nutrientes com efeito deletério para o organismo, se o seu consumo for

excessivo (Wills et al., 2012). As alegações podem ser consideradas, deste modo,

como um instrumento de educação nutricional com um impacto positivo no

comportamento e consciencialização do consumidor para o consumo de alimentos

mais saudáveis, contribuindo para a saúde pública (Williams, 2005). No entanto, de

acordo com vários autores, fatores como o sabor, marca, preço e embalagem parecem

ter mais influência na decisão de compra do que as alegações de saúde (Siegrist et

al., 2008; Sabbe et al., 2009; Ares et al., 2010; Miele et al., 2010; Lalor et al., 2011).

Atualmente, o mercado alimentar mundial é bastante complexo, com um segmento em

crescimento rápido: os produtos e/ou ingredientes alimentares considerados

inovadores. Desde 2003, o número de novos produtos que foram introduzidos no

mercado internacional cresceu 28% ao ano, incluindo uma variada gama de produtos

que mencionam benefícios para a saúde; em particular, o mercado dos produtos

funcionais (alimentos com alegações de saúde específicas) cresceu 4% ao ano, mais

do que o crescimento global do mercado alimentar. No entanto, a aplicação dos novos

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regulamentos relativos às alegações de saúde condicionam o aumento do número de

produtos apresentados no mercado com este tipo de alegações. De fato, é necessária

a autorização para colocação no mercado de produtos que contenham alegações de

saúde, o que no momento, é um processo moroso. Além disso, é necessário constituir

alegações que sejam entendidas pelo consumidor (Tarabella & Burchi, 2012). Assim, o

Regulamento n.º 1169/2011 surge para, por um lado simplificar a legislação, garantir a

segurança jurídica e reduzir a carga administrativa no mercado interno e, por outro

lado, defender os interesses dos cidadãos, ao prever a obrigatoriedade de rótulos

claros, compreensíveis e legíveis para os alimentos (Regulamento n.º 1169/2011).

Em todo o caso, a clarificação legislativa não garante que o consumidor se interesse

pela leitura do rótulo e que entenda os componentes nutricionais do alimento e a

alegação a que eles está atribuída (Tarabella & Burchi, 2012). As alegações de saúde,

relativas à proteção antioxidante necessitam de forte sustentação científica, no

entanto, existe uma clara evidência de que a ingestão de frutos e hortícolas é

importante para a prevenção de doenças crónicas e para a manutenção da saúde,

principalmente pelo seu teor de compostos antioxidantes (Scordino et al., 2011);

assim, a ostentação de uma menção como “rico em antioxidantes” seria aceitável.

Contudo, o que é bastante difícil e que não reúne (ainda) consenso é a definição do

que é (e quanto é) “rico em antioxidantes” (Wootton-Beard & Ryan, 2011).

O número de alegações de saúde específicas, autorizadas nos produtos alimentares,

é reduzido quando comparado com o número de alegações que foram submetidas à

EFSA. No Reino Unido existe apenas uma bebida à base de mistura de sumos de

fruta e que contém um ingrediente funcional (Fruitflow®). Este produto apresenta a

alegação de saúde “Fruitflow ajuda a manter a agregação plaquetária normal, o que

contribui para um fluxo sanguíneo normal”. Este ingrediente funcional é obtido do

extrato do tomate e pretende ser utilizado como ingrediente para bebidas e

suplementos alimentares, com a utilização da referida alegação de saúde. Neste

momento, dado o nível de evidência atual, é considerada precoce a substanciação de

alegações de saúde específicas relativas a antioxidantes (Wootton-Beard & Ryan,

2011). O Regulamento 432/2012 de 16 de maio, autoriza a utilização das alegações “a

vitamina C contribui para a proteção das células contra as oxidações indesejáveis” e “a

vitamina C contribui para a regeneração da forma reduzida da vitamina E” com a

condição que só podem ser utilizadas para alimentos que sejam pelo menos uma fonte

de vitamina C, tal como referido na alegação “Fonte de”, constante da lista do anexo

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do Regulamento n.º 1924/2006, isto é 15% da dose diária recomendada (Regulamento

432/2012).

Wootton-Beard & Ryan (2011) consideram que ainda não é responsável, considerar

isoladamente os antioxidantes, como promotores para a saúde, até existir evidência

científica completa e inequívoca sobre a sua bioacessibilidade e biodisponibilidade no

organismo; no entanto, não deve ser invalidada a promoção do consumo de frutos e

hortícolas nas suas várias apresentações no mercado (nomeadamente sob a forma de

sumos de frutos e hortícolas). A regulamentação prevê que qualquer alegação que

promova os benefícios para a saúde esteja cientificamente comprovada na proteção

da saúde e formulada para que não cause incertezas ou dúvidas ao consumidor. Em

alguns estudos foi demonstrado que acrescentando alegações de saúde aos produtos

aumentava a perceção de “saudável” pelo consumidor, mas o impacto na decisão de

compra e consumo é moderado a baixo; contudo, existem exceções que mostram que

esta perceção não é real, podendo existir outros fatores que influenciam a decisão do

consumidor nomeadamente a familiaridade da marca ou produto, quantidade de

informação disponível, o léxico utilizado e mesmo as diferenças culturais, tradições e

hábitos alimentares (Saba et al., 2010; Lähteenmäki, 2012).

A compreensão do consumidor sobre os constituintes do rótulo do produto alimentar

pode ser um fator chave para o entendimento das alegações de saúde e para a

escolha de produtos com este tipo de alegações (Sabbe et al., 2009). No entanto, a

informação relativa à compreensão do consumidor comum sobre as alegações de

saúde é ainda escassa (Wills et al., 2011).

2. Capacidade antioxidante dos smoothies e

stress oxidativo

Os antioxidantes podem ser definidos como moléculas que protegem um alvo

biológico do dano oxidativo e podem ser classificados em dois grandes grupos:

enzimáticos e não enzimáticos. Alguns destes antioxidantes são produzidos

endogenamente (enzimas, moléculas de baixa massa molecular e co fatores

enzimáticos); muitos dos antioxidantes não-enzimáticos são obtidos através das fontes

alimentares (Halliwell, 2011).

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Os antioxidantes enzimáticos constituem o primeiro nível de defesa contra os radicais

livres, ocorrem naturalmente no organismo, e não são obtidos através da alimentação.

Os antioxidantes mais potentes conhecidos na natureza são a enzima superóxido

dismutase (SOD) e a catalase (CAT), ambas enzimas antioxidantes endógenas

(Ratnam et al., 2006).

Os antioxidantes obtidos de fontes alimentares são divididos em vários grupos, sendo

o grupo dos polifenois o maior. Outras classes de antioxidantes provenientes da

alimentação englobam as vitaminas, carotenoides, compostos organossulfurados e os

minerais. Os compostos fenólicos incluem os ácidos fenólicos, os taninos, os

estilbenos, as cumarinas e os flavonoides (Ratnam et al., 2006; Halliwell, 2011).

O stress oxidativo é definido como o desequilíbrio entre a produção de radicais livres e

metabolitos reativos - os denominados oxidantes ou espécies reativas de oxigénio

(ROS) - e a sua eliminação pelos mecanismos protetores: os antioxidantes. Este

desequilíbrio, como foi já referido, tem efeitos deletérios nas biomoléculas e nas

células, com impacto major ao nível do organismo. As ROS são produtos do

metabolismo normal e desempenham funções importantes na estimulação das vias de

sinal nas células vegetais e animais, como resposta a alterações nas condições

ambientais (Reuter et al., 2010). A maior parte das ROS são produzidas ao nível

celular, na cadeia respiratória mitocondrial. Durante as reações metabólicas

endógenas, as células aeróbicas produzem ROS, como o anião superóxido (O2-), o

peróxido de hidrogénio (H2O2), o radical hidroxilo (OH●) e peróxidos orgânicos como

produtos normais da redução da molécula de oxigénio. A transferência do eletrão para

a molécula de oxigénio é um processo que ocorre na cadeia respiratória. Quando as

condições são de hipoxia, a cadeia respiratória também produz óxido nítrico (ON), que

por sua vez gera espécies reativas de azoto (RNS). As RNS levam à formação de

outras espécies reativas como aldeídos-malodialdeídos, induzindo a peroxidação

lipídica. As proteínas e os lípidos também são alvo da ação oxidativa. A modificação

destas moléculas pode aumentar o risco de mutagénese. Aquando da exposição a um

ambiente de stress, as ROS são geradas durante longos períodos de tempo, o que

significa que o dano que ocorre ao nível da estrutura celular e funcional pode levar a

mutações somáticas e transformações neoplásicas. De fato, o início e progressão do

cancro estão ligados ao stress oxidativo, pelo aumento das mutações do ADN, que

implicam instabilidade genómica e proliferação celular (Reuter et al., 2010).

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2.1. Compostos bioativos em frutas e derivados

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda a ingestão diária de 400 a 600g

de fruta e hortícolas, por dia e por pessoa (Barrett & Lloyd, 2012). A maioria dos

europeus (incluindo as crianças) não segue as recomendações, o que se revela

preocupante, considerando a reconhecida função e importância dos constituintes não

energéticos destes alimentos, como a fibra alimentar e os fitoquímicos (incluindo os

polifenois), na prevenção de doenças crónicas com as DCV e o cancro (Del Rio et al.,

2010). Assim, o desenvolvimento de novos produtos alimentares, que possam

constituir uma opção saudável, e que sejam acessíveis e convenientes é importante

para aumentar o consumo de frutos e hortícolas (Keenan et al., 2012b). Todas as

plantas, incluindo a fruta, frutos secos ou especiarias sintetizam um vasto número de

compostos químicos que não estão diretamente envolvidos no metabolismo da planta,

mas que têm funções associadas à sobrevivência da mesma (Joseph, 2009). Deste

modo, os frutos e os sumos de frutos têm um papel importante na promoção de uma

alimentação saudável, também devido à presença na sua composição de compostos

bioativos naturais denominados “fitoquímicos” ou “fito nutrientes”. Estes, são

compostos orgânicos biologicamente ativos que conferem a cor, o sabor, o aroma e a

proteção contra o dano nas plantas. Têm papel importante no organismo humano na

proteção contra o stress oxidativo, através de mecanismos que reduzem o risco de

doenças crónicas (Brody et al., 2011).

Compostos fenólicos

Os compostos fenólicos, que são metabolitos secundários da planta, são cruciais para

várias e importantes funções, incluindo funções nos tecidos de suporte e proteção, nas

estratégias de defesa e propriedades de sinalização, principalmente nas interações

entre plantas e ambiente. As plantas sintetizam milhares de compostos diferentes, cuja

identificação e caracterização tem vindo a aumentar, sendo que, muitos deles ainda

não estão identificados. O termo “polifenol” engloba mais de 8000 compostos, com

uma grande variedade estrutural. Os polifenois mais abundantes na alimentação são

os ácidos fenólicos e os flavonoides (30% e 60%, respetivamente) (Escarpa &

Gonzalez, 2001; Garcia-Salas et al., 2010).

Os compostos fenólicos têm uma estrutura química que facilita o sequestro de radicais

livres, tornando-se efetivos como antioxidantes. No entanto, os compostos fenólicos

têm um papel importante na alimentação humana, que vai além da sua função

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antioxidante, apresentando outras propriedades biológicas, nomeadamente

propriedades anti-histamínica, anti-inflamatória, antibacteriana e antiviral (Perron &

Brumaghim, 2009). Existe ainda, atualmente, um grande interesse no potencial que os

fitoquímicos parecem ter na melhoria da função cognitiva, nomeadamente na memória

e na aprendizagem, ao exercer poder antioxidante e atividade anti-inflamatória e

reduzir a neuro degeneração; diversos estudos (Spencer, 2008; Joseph, 2009) indicam

que alimentos ricos em fitoquímicos como os frutos vermelhos e os espinafres são

efetivos em reduzir os défices associados ao envelhecimento relacionados com a

memória espacial e a função motora. Em conjunto com a atividade antioxidante a anti-

inflamatória no cérebro, os polifenois têm vindo, também, a ser associados a um

aumento da expressão do fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF), auxiliando

na reversão da atrofia neuronal (Gomez-Pinilla et al., 2012).

Os compostos fenólicos estão presentes em vários alimentos, principalmente nos

frutos e hortícolas, chá verde e chá preto, café e vinho. Mais de 30% dos compostos

fenólicos da alimentação, são obtidos através de sumos de fruta, daí que seja

importante conhecer o teor de fenólicos totais destes alimentos (Escarpa & Gonzalez,

2001).

Flavonoides

Os flavonoides são ubíquos nas plantas e desempenham um papel importante na

qualidade sensorial dos alimentos, principalmente na adstringência (Spencer, 2008;

Yuksel et al., 2010). A dose adequada para consumo dos flavonoides é ainda um tema

que gera bastante controvérsia e debate, mas estima-se que a ingestão diária de

flavonoides, metabolitos secundários das plantas, encontrados sobretudo nos frutos e

hortícolas, varie entre 25mg e 1g (Kay, 2010). Este grupo de antioxidantes naturais,

representa um importante grupo de fitoquímicos com mais de 5000 compostos, muitos

dos quais ainda não identificados. As maiores fontes de flavonoides incluem os frutos,

os hortícolas, os cereais, o chá, o vinho e sumos de fruta (Spencer, 2008).

Os flavonoides parecem ser importantes na redução do risco da aterosclerose e na

inibição da agregação plaquetaria. Além da atividade antioxidante, parecem ter,

também atividades benéficas relacionadas com propriedades antibacterianas e

antivirais, induzindo ou inibindo várias enzimas-chave que interferem na regulação da

função imune e trombose (Frankel, 2007). Novos focos de investigação sobre a

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atividade dos flavonoides têm vindo a ser desenvolvidos relacionados com a

expressão de enzimas antioxidantes através da interação com os elementos da

resposta genética aos flavonoides e que poderão explicar um dos mecanismos da

bioatividade dos flavonoides (Kay, 2010).

O futuro da investigação sobre os flavonoides implica uma abordagem multidisciplinar

que inclui estudos epidemiológicos, interferência humana (nomeadamente as

transformações associadas ao processamento industrial) e estudos ao nível celular e

molecular; num modelo mais comum e mais básico a hipótese é desenvolvida com

base na associação entre dados epidemiológicos e doença (DCV ou cancro, por

exemplo) e o consumo de alimentos ricos em flavonoides. Os estudos de intervenção

são direcionados, utilizando alimentos para determinar o impacto dessa intervenção

em biomarcadores de saúde ou doença; a próxima etapa será isolar os flavonoides

dos alimentos e a exploração dos potenciais mecanismos de ação in vitro (modelos

bioativos) – modelo 1 (figura 5) (Kay, 2010; Zamora-Ros et al., 2012).

Fig. 5 - Modelo de associações entre doença/consumo de flavonoides

É seguida da intervenção utilizando os alimentos identificados na etapa 2, do isolamento e identificação dos

flavonoides dos alimentos (3) e identificação dos flavonoides dos alimentos (3) e determinação dos mecanismos de

ação (4).

Adaptado de Kay (2010)

No entanto, este modelo não considera todas as etapas e condicionantes associados

ao processo de investigação dos flavonoides. Assim, Kay (2010) propõe um segundo

modelo mais contemplativo e avançado para a investigação e compreensão dos

benefícios para a saúde dos flavonoides – modelo 2 (figura 6) e que pode indicar um

curso para o futuro da investigação destes compostos. Kay propõe assim, um modelo

que mantém as etapas do modelo descrito anteriormente, mas que é mais global e

abrange as modificações que ocorrem ao nível estrutural dos flavonoides durante o

processamento alimentar e as alterações associadas aos mecanismos de absorção e

metabolismo dos flavonoides. Os pontos-chave deste modelo e que lhe confere

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vantagem em relação ao anterior é que têm em consideração as modificações

estruturais e funcionais dos compostos bioativos que ocorrem durante o

processamento alimentar, contempla as alterações associadas à biodisponibilidade,

como a absorção e metabolismo dos compostos e estabelece a concentração de

metabolitos circulantes; assim, as estruturas fisiologicamente relevantes e respetivas

concentrações podem ser determinadas e aplicadas em estudos sobre bioatividade

dos compostos. Daqui, surgem condicionantes para a implementação deste modelo:

os flavonoides apresentam formas conjugadas muito complexas (por exemplo, com

proteínas), sendo difícil o seu isolamento, a identificação e quantificação das

estruturas individuais, a determinação da biodisponibilidade requer estudos in vivo que

acarretam custos elevados. Neste momento, existe uma grande variedade de estudos

que mostram efeitos biológicos dos flavonoides, mas que ainda não estão validados

ou padronizados (Kay, 2010).

Fig. 6 - Modelo de associação entre modificações estruturais que ocorrem durante o processamento dos alimentos e metabolismo.

Adaptado de Kay (2010)

A investigação relacionada com a atividade dos flavonoides apresenta ainda uma

grande lacuna no conhecimento sobre a biodisponibilidade e o metabolismo destes

compostos (Kay, 2010) e que passa também pelo conhecimento e quantificação dos

compostos ativos presentes na alimentação humana.

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Taninos

Os taninos são compostos hidrossolúveis com peso molecular variável entre 500 e

3000 Daltons (de Jesus et al., 2012). Originalmente o nome “tanino” foi atribuído a

extratos de plantas que tinham capacidade adstringente, sem ainda se conhecer a sua

estrutura química. Assim, os taninos foram inicialmente classificados em dois grupos:

taninos do tipo pirogalhol e taninos do tipo catequina (Okuda & Ito, 2011). Os taninos

podem ser definidos como um grupo único de metabolitos fenólicos com um peso

molecular relativamente elevado e com a capacidade de formar complexos com outros

nutrientes, nomeadamente, hidratos de carbono e proteínas; em relação à estrutura

química podem ser divididos em quatro grandes grupos: proantocianidinas (ou taninos

condensados), taninos hidrolisáveis, “florotaninos” (encontrados na alga castanha

Phaeophyta) e os taninos complexos (Figura 7) (Serrano et al., 2009; Wang et al.,

2012).

Fig. 7 - Classificação dos taninos com base na estrutura química

Os taninos complexos contêm elementos estruturais de diferentes grupos de taninos e outras macromoléculas.

Adaptado de Serrano et al. (2009)

Grupo Monómero Estrutura do monómero

Proantocianidinas

(+)-catequina R1=OH, R2=H

(+)-afzelequina R1=H, R2=H(–)-galocatequina R1=OH, R2=OH

(–)-epicatequina R1=OH, R2=H

(–)-epi afzelequina R1=H, R2=H(–)-epigalocatequina R1=OH, R2=OH

Taninos hidrolisáveis

Ácido gálico

Ácido hexahidroxidifénicoÁcido elágico (formado após hidrólise)

Ácido gálico Ácido hexahidroxidifénico

Florotaninos Florogunicol

Florogunicol

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Classicamente, a classificação dos taninos divide-os em taninos hidrolisáveis e

condensados (proantocianidinas) (Okuda & Ito, 2011).

Os taninos hidrolisáveis encontram-se na natureza e são constituídos por uma ose (na

sua maioria glicose mas também frutose, xilose ou sacarose) e ácidos fenólicos. Se o

componente ácido for o ácido gálhico, os compostos são denominados por

galhotaninos; os ésteres com ácido hexahidroxidifénico (que formam ácido elágico

quando hidrolisados através da eliminação de água) são os elagitaninos (Serrano et

al., 2009). Existem ainda, compostos complexos que contêm elementos estruturais de

diferentes grupos. Por exemplo, os procianidina-elagitaninos contêm unidades (+)-

catequina ou (-)-epicatequina glicosidicamente ligadas a uma unidade de elagitanino.

Após hidrólise, os taninos complexos originam (+)-catequina ou (-)-epicatequina e

ácido gálhico ou ácido elágico (Serrano et al. 2009; de Jesus et al., 2012).

Os ácidos gálhico e elágico são pouco abundantes em hortícolas. Os elagitaninos são

mais frequentes na natureza do que os galhotaninos (de Jesus et al., 2012). Estes

compostos, apesar de estarem presentes nas plantas essencialmente nas partes não

comestíveis (ramos e raízes), podem ser introduzidos na alimentação através de

operações tecnológicas, por exemplo nos vinhos, podem passar da madeira da barrica

para o vinho durante o processo de envelhecimento (Gonçalves, 2007).

Os taninos condensados ou proantocianidinas são polímeros de catequina (de

estrutura próxima dos flavonoides) e são constituídos por duas ou mais unidades de

flavan-3-óis. Os flavan-3-óis. Estes, existem na natureza hidroxilados nas posições 5 e

7 do anel A. Os compostos mais simples da família dos flavanóis são as catequinas e

as galocatequinas. As estruturas poliméricas de flavan-3-ois (proantocianidinas)

dividem-se em dois grupos: as procianidinas, derivadas de catequina e epicatequina e

as prodelfinidinas, derivadas de galocatequina e epigalocatequina (Serrano et al.,

2009; Soares et al., 2009). As proantocianidinas apresentam elevada reatividade com

nutrientes biologicamente ativos com consequências fisiológicas e nutricionais

importantes; os seus múltiplos grupos fenólicos hidroxilo podem formar complexos

com proteínas, iões metálicos ou outras moléculas, nomeadamente polissacarídeos

(Schofield et al., 2001). As proantocianidinas são responsáveis pela adstringência

característica de alguns alimentos como o chocolate (cacau), frutos (uvas, maçãs,

frutos vermelho) e bebidas (vinho, chá, cerveja); a adstringência pode variar ao longo

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estabilidade ao longo do tempo de armazenamento

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do processo de maturação do fruto e desaparecer quando este é atingido. Os taninos

(especificamente as proantocianidinas) estão largamente distribuídos na natureza e

são encontrados nas folhas, frutos, casca e madeira das plantas (os hortícolas não

são uma fonte significativa), sendo sugerido que os taninos contribuem

expressivamente para a porção de polifenois ingeridos pela alimentação (Prior et al.,

2005; Serrano et al., 2009). As proantocianidinas estão em maior concentração na

casca ou película dos frutos e no farelo (casca externa indigerível dos cereais); Gu et

al. (2004) demonstraram que existe maior concentração de proantocianidinas em

maçãs com casca do que em maçãs descascadas; a cerveja, o vinho e os sumos de

frutos também são boas fontes de proantocianidinas (Gu et al., 2003; Serrano et al.,

2009). Os mirtilos, as amoras e as framboesas pretas também variam na composição

de taninos hidrolisáveis (elagitaninos) e taninos condensados (procianidinas). Os

mirtilos apresentam um grupo diversificado de procianidinas desde flavanóis

monoméricos e oligómeros até polímeros de alto peso molecular, mas têm baixo teor

de elagitaninos. Pelo contrário, as amoras e as framboesas pretas contêm elagitaninos

e procianidinas, sendo que apresentam maior concentração de elagitaninos (Howard

et al., 2012).

Uma das características químicas dos taninos é a sua capacidade para reagir com

fenóis e precipitar proteínas (Serrano et al., 2009). A origem da sensação de

adstringência parece resultar da interação entre os taninos e as proteínas salivares e

que pode ser afetada por vários fatores: força iónica, pH do meio, percentagem de

etanol, temperatura e presença de hidratos de carbono (in vitro) (Carvalho et al., 2006;

Soares et al., 2012). As interações proteína-tanino são inibidas pela presença de

polissacarídeos na solução, sendo este um dos mecanismos possíveis que explica a

perda de adstringência nos frutos maduros (Soares et al., 2012).

Têm sido atribuídos vários efeitos benéficos para a saúde com a ingestão de alimentos

ricos nestes compostos bioativos, mas os efeitos biológicos dos taninos depende do

grau de polimerização e solubilidade, isto é, taninos altamente polimerizados

apresentam baixa bioacessibilidade no intestino delgado e são pouco fermentáveis

pela microflora intestinal (Serrano et al., 2009). Durante a digestão no intestino

delgado, as proantocianidinas podem formar complexos com as proteínas, amidos e

enzimas digestivas (pectinase, amilase, lipase, protease e β–galactosidase) levando à

formação de complexos e comprometendo a bioacessibilidade (Serrano et al., 2009).

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43

De fato, na generalidade as proantocianidinas são compostos com alto peso

molecular, o que faz com que seja pouco provável que a maioria seja absorvida

intacta; assim, as alterações metabólicas que ocorrem ao nível intestinal podem ter um

efeito fisiológico in vivo (Prior et al., 2005), logo as proantocianidinas podem não ser

compostos ativos (como compostos originais) mas podem ter capacidade biológica

ativa como outra estrutura química, nomeadamente como metabolitos resultantes da

fermentação da microflora intestinal (Tsang et al., 2005; Serrano et al., 2009). Zou et

al. (2012), demonstraram em ratinhos, que os taninos de alto peso molecular de

dióspiros autóctones da China, podem ter um efeito hipolipidémico pela estimulação

da atividade da lecitina-colesterol-acil-transferase, além de apresentarem elevada

capacidade antioxidante ao diminuir os produtos da peroxidação lipídica e ao proteger

as enzimas antioxidantes séricas (Zou et al. 2012).

O teor de proantocianidinas nos alimentos é difícil de estimar, uma vez que estes

compostos apresentam uma vasta gama de estruturas e massa molecular (Manach et

al., 2004). Ademais, as proantocianidinas são altamente reativas e são consideradas

como um dos compostos naturais mais instáveis; são sujeitas à oxidação enzimática

pela polifenoloxidase e à oxidação espontânea. Adicionando estas características à

sua diversidade estrutural e grande variação do peso molecular, a análise quantitativa

das proantocianidinas torna-se um grande desafio. Desta forma, a própria preparação

da amostra, o armazenamento e os procedimentos no decorrer das análises pode ter

efeitos significativos da análise das proantocianidinas ao subestimar a concentração

nos alimentos (Prior et al., 2005; Serrano et al., 2009).

Vitamina C

A vitamina C, também denominada ácido ascórbico, é uma vitamina hidrossolúvel e

uma das vitaminas mais importantes da alimentação humana (Verbeyst et al., 2012).

No organismo humano a vitamina C é importante para várias funções fisiológicas: para

a síntese de colagénio, carnitina e hormonas e para a proteção das células contra os

radicais livres; além disso, devido ao seu potencial redutor promove a absorção de

ferro (Phillips et al., 2010; Tarrago-Trani et al., 2012; Spínola et al., 2012).

O organismo humano não é capaz de sintetizar a vitamina C, por isso a ingestão diária

de alimentos ricos nesta vitamina, como frutos e hortícolas frescos, é essencial

(Spínola et al., 2012; Vásquez et al., 2012). Estes alimentos são, de fato, as principais

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fontes de vitamina C sendo que os citrinos e os frutos tropicais, os hortícolas de folha

escura, os brócolos e os pimentos são os alimentos com maiores teores de vitamina

C; no entanto, frutos como a pera, maçã e ameixas contêm uma quantidade modesta

deste composto (Spínola et al., 2012). A vitamina C é também utilizada como aditivo

alimentar para aumentar o tempo de prateleira de alguns produtos processados (como

os sumos de frutos) ao prevenir a oxidação dos alimentos, o que também contribui

para a ingestão diária (Spínola et al., 2012).

A denominação “vitamina C”, refere-se a todos os compostos que apresentam

atividade biológica equivalente ao ácido ascórbico, incluindo os produtos de oxidação,

ésteres e formas sintéticas. O ácido ascórbico é a principal forma ativa da vitamina C e

pode ser, reversivelmente, oxidada em ácido dehidroascórbico (forma oxidada de

vitamina C). Outra oxidação (reação irreversível) origina ácido dicetogulónico que não

possui qualquer função biológica. As formas ácido ascórbico e ácido dehidroascorbico

têm atividade biológicas similares (Spínola et al., 2012). No entanto, e de acordo com

Nkhili & Brat (2011), a atividade antioxidante do ácido dehidroascórbico é cinco vezes

menor do que do ácido ascórbico (Nkhili & Brat, 2011). Desta forma, a alta reatividade

do ácido dehidroascórbico, especificamente a reação de oxidação de ácido ascórbico

a ácido dehidroascórbico, irá afetar a estabilidade da vitamina C, sendo que o oxigénio

será o fator com maior impacto na estabilidade da vitamina C nos alimentos (Van Bree

et al., 2012). Assim, na presença de oxigénio a degradação da vitamina C é causada

pela oxidação enquanto a degradação anaeróbia acontece principalmente quando

ocorreu depleção de oxigénio (Oey et al., 2006; Oey et al., 2008; Verbeyst et al.,

2012). A vitamina C é, então um composto instável; a oxidação do ácido ascórbico

ocorre, principalmente durante o processamento e depende de vários fatores,

nomeadamente a presença de oxigénio, temperatura elevada, luz e enzimas

(especificamente a ascorbato-oxidase e peroxidase). Desta forma, quanto mais suave

for o processamento, maior será a retenção de vitamina C nos sumos de fruta, logo os

diferentes graus de inativação enzimática conseguida pelos diferentes

processamentos podem influenciar o teor de vitamina C no produto final (Oms-Oliu et

al., 2012).

A exposição de alimentos à luz é um dos fatores que influencia a estabilidade

nutricional (Tarrago-Trani et al., 2012). A foto degradação afeta constituintes

nutricionais específicos tais como pigmentos, lípidos, proteínas e vitaminas, resultando

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na descoloração do produto, formação de off-flavours e perda de vitaminas. As

principais alterações nos alimentos ocorrem pela exposição à luz natural; no entanto,

muitos produtos alimentares estão em expositores submetidos a luz artificial (com a

utilização de lâmpadas fluorescentes, que emitem luz ultravioleta) e em embalagens

transparentes, o que com o efeito cumulativo da exposição à luz natural e artificial leva

a que ocorra degradação de alguns constituintes nutricionais, nomeadamente a

vitamina C. É importante salientar que um dos avanços no processamento alimentar

foi a aplicação de radiação ultravioleta para a conservação dos alimentos

(Rameshkumar et al., 2012). Contudo, uma das limitações à utilização desta

tecnologia é a foto degradação dos pigmentos do alimento (Guerrero-Beltrán et al.,

2009). A elevada sensibilidade da vitamina C à oxidação e à temperatura durante o

processamento e período de armazenamento leva a que seja utilizada como marcador

de perda da qualidade num produto indicando a perda de outras vitaminas e

compostos bioativos (Barba et al., 2012b; Suarez-Jacobo et al., 2012; Verbeyst et al.,

2012).

3. Material e Métodos

3.1. Seleção e preparação das amostras

As amostras utilizadas no estudo foram adquiridas nos operadores de distribuição

nacional e lojas dietéticas. As superfícies comerciais onde foram adquiridos os

produtos, localizam-se nos concelhos de Matosinhos, Maia e Porto, no distrito do

Porto. Para definir a amostra foram determinados três critérios de inclusão dos

produtos:

- Possuir a denominação “smoothie” no rótulo;

- A denominação “smoothie” estar presente no perfil da prateleira, mesmo que não

esteja no rótulo do produto;

- Estarem descritos métodos de processamento associados à definição de smoothie

na literatura científica (Keenan et al., 2010)

Foram incluídas neste estudo, amostras de marcas de distribuidor e marcas de

fabricante. As amostras adquiridas tinham a mesma data de validade de consumo

(não sendo inferior às quatro semanas de realização do estudo) e lote.

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Ao longo do tempo (21 dias) as amostras foram mantidas nas condições de

conservação recomendadas na embalagem. Em cada semana, as amostras foram

preparadas sempre do mesmo modo para proceder à determinação dos parâmetros

físico-químicos e para a realização dos ensaios da capacidade antioxidante e

parâmetros relacionados. A tabela 1 apresenta as amostras selecionadas, com a

denominação de venda, parte da frente da embalagem (de acordo com a definição da

CIAA, Confederação da Indústrias Agroalimentares da União Europeia, a face visível

para o consumidor no ponto de venda), ingredientes, lote e tipo de embalagem; o

“tempo até ao fim da validade a partir da última análise” apresentado na tabela 1

refere-se ao número de dias que faltam para o término da validade, aquando a última

análise, isto é, 21 dias após a aquisição dos produtos no mercado.

As análises de pH, teor de sólidos solúveis, acidez titulável e cor foram realizadas

diretamente na amostra, após homogeneização.

3.2. Padrões e reagentes

Para a determinação de pH utilizou-se as soluções tampão definidas pelo fabricante

para a calibração do potenciómetro. Para a acidez titulável foi utilizado hidróxido de

sódio, solução padrão, c(NaOH)=0,25 mol/L.

Para os ensaios da capacidade antioxidante e determinação de compostos fenólicos

totais, flavonoides totais, taninos e vitamina C foram utilizados os seguintes padrões e

reagentes: hexacianoferrato de potássio (Merck, Darmstadt, Alemanha), sulfato de

zinco heptahidratado (Merck, Darmstadt, Alemanha), carbonato de sódio

decahidratado (Merck, Darmstadt, Alemanha), ácido gálhico (SIGMA Chemical Co., St.

Louis, U.S.A), reagente de Folin-Ciocalteu (SIGMA Chemical Co., St. Louis, U.S.A),

nitrito de sódio (SIGMA Chemical Co., St. Louis, U.S.A), cloreto de alumínio (SIGMA

Chemical Co., St. Louis, U.S.A), hidróxido de sódio (Merck, Darmstadt, Alemanha),

carbonato de sódio (Merck, Darmstadt, Alemanha), ácido tânico (SIGMA Chemical

Co., St. Louis, U.S.A), ácido ascórbico (SIGMA Chemical Co., St. Louis, U.S.A),

Dicloroindofenol (2,6) - sal sódico (SIGMA Chemical Co., St. Louis, U.S.A), etanol

absoluto (Merck, Darmstadt, Alemanha), acetato de sódio (SIGMA Chemical Co., St.

Louis, U.S.A), trolox (SIGMA Chemical Co., St. Louis, U.S.A), radical 2,2-difenil-1-

picril-hidrazilo (SIGMA Chemical Co., St. Louis, U.S.A), tampão acetato, 2,4,6 -

tripiridil-s-triazina (SIGMA Chemical Co., St. Louis, U.S.A), cloreto férrico (SIGMA

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47

Chemical Co., St. Louis, U.S.A), sulfato ferroso (SIGMA Chemical Co., St. Louis,

U.S.A) e epicatequina (SIGMA Chemical Co., St. Louis, U.S.A). Todos os padrões e

reagentes utilizados apresentam um grau de pureza “pró-análise”.

Para a determinação da capacidade antioxidante, compostos fenólicos, flavonoides,

taninos e vitamina C, foi realizada a preparação da amostra de acordo com o

procedimento seguinte:

Para balão de 100 mL, foi medido 10 mL de amostra e adicionados 5 mL de solução

de ferrocianeto de potássio e 5 mL de sulfato de zinco. Foi completado o volume com

água ultrapura e agitada a solução. Posteriormente, manteve-se a solução em

repouso, durante dez minutos após os quais foi filtrada com papel de filtro, de acordo

com Yusà et al. (2006) com alterações. As soluções obtidas foram denominadas

“soluções-stock” e congeladas a -20 ºC e classificadas como S1 (momento de compra),

S2 (14 dias após momento de compra) e S3 (21 dias após momento de compra).

As medições espectrofotométricas foram realizadas num leitor de microplacas modelo

SinergyTM HT da Biotek, em placas de 96 poços.

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Tabela 1 – Composição das amostras

Amostra

Denominação

de venda

Parte da frente da embalagem Ingredientes Lote

Tempo para o

fim de

validade na

última análise

Tipo de

embalagem*

1 100% Sumo natural

maçã com cenoura

Maçã e cenoura

Só fruta fresca

Sem açúcares adicionados

80% de maçãs frescas

20% de cenouras frescas L42 2 Dias

Politereftalato de

etileno (PET)

Transparente

2 100% Sumo natural

laranja com maçã

Laranja e maçã

Só fruta fresca

Sem açúcares adicionados

60% de laranjas frescas

40% de maçãs frescas L89 8 Dias

Politereftalato de

etileno (PET)

Transparente

3 Polme de frutos

Maçã, pera e morango

Sem corantes

Sem concentrados

Dose de fruta fresca

Maçã (46%)

Pera (34%)

Morango (20%)

L12 1 Dia

Politereftalato de

etileno (PET)

Transparente

4 Polme de frutos

Maçã, banana, framboesa e

mirtilo

Sem corantes

Sem concentrados

Dose de fruta fresca

Maçã (82%), banana (8%),framboesa (6%),

mirtilo (4%), Vitamina C L26 20 Dias

Politereftalato de

etileno (PET)

Transparente

5 Polme de frutos e

cenoura

Maçã, cenoura, banana e manga

Sem corantes

Sem concentrados

Dose de fruta fresca

Maçã (60%), cenoura (20%), banana (10%),

manga (10%), vitamina C L12 1 Dia

Politereftalato de

etileno (PET)

Transparente

6 Polme de frutos

Maçã e laranja

Sem corantes

Sem concentrados

Dose de fruta fresca

Maçã (50%), laranja (50%),vitamina C

L12 1 Dia

Politereftalato de

etileno (PET)

Transparente

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7 Polme de frutos

Maçã, manga e banana

Sem corantes

Sem concentrados

Dose de fruta fresca

Maçã (60%), manga (35%),

banana (5%), vitamina C

L13 1 Dia

Politereftalato de

etileno (PET)

Transparente

8

Mistura de sumos de

fruta

(uva e laranja), polme

de frutos (morango,

banana e cássis) e

polpa de laranja

Smoothie de fruta

Morango

Banana

Sumo de uva (37,7%), polme de morango

(30%), polme de banana (22%), sumo de

laranja (7%), polpa de laranja (3%), polme de

cássis (0,3%)

068 14 Dias

Politereftalato de

etileno (PET)

Transparente

9

Mistura de sumos de

frutos

(ananás e laranja) e

polme de frutos

(banana, maçã e coco)

Smoothie de fruta

Ananás

Coco

Sumo de ananás (43%), polme de banana

(35%), polme de maçã (10%), polme de coco

(7%), sumo de laranja (5%), antioxidante

(E300)

074 20 Dias

Politereftalato de

etileno (PET)

Transparente

10

Mistura de polmes de

frutos

(banana, manga, maçã

e maracujá), sumo e

polpa de laranja

Smoothie de fruta

Manga

Maracujá

Polme de banana (30%), sumo de laranja

(25%), polme de manga (15%), polme de

maçã (15%), polme de maracujá (11%), polpa

de laranja (4%), antioxidante (E300)

074 20 Dias

Politereftalato de

etileno (PET)

Transparente

11 Leite fermentado líquido

com manga

Smoothie

4x mais fruta

Leite pasteurizado, manga (11,3%), açúcar,

leite em pó, goma acácia

bifidobactérias e outros fermentos lácteos

ativos, aroma de manga, corante natural

(luteína), conservante da fruta, (E-202)

06:38095 1 Dia

Polietileno de

alta densidade

(HDPE)

Opaca

12 Leite fermentado líquido

com ananás

Smoothie

4x mais fruta

Leite pasteurizado, ananás (11,3%), açúcar,

leite em pó, goma acácia, bifidobactérias e

outros fermentos lácteos ativos, corantes

naturais (extrato de pimentão e curcumina),

conservante da fruta (E-202)

16:20095 1 Dia

Polietileno de

alta densidade

(HDPE)

Opaca

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13 Leite fermentado líquido

com morango

Smoothie

4x mais fruta

Leite pasteurizado, morango (13,2%), açúcar,

leite em pó, goma acácia, corante natural

(antocianinas), aroma de morango,

bifidobactérias e outros fermentos lácteos

ativos, conservante da fruta (E-202)

10:

17095 1 Dia

Polietileno de

alta densidade

(HDPE)

Opaca

14 Smoothie Mirtilo

100% fruit inside

Blueberry smoothie with…

Sumo * de maçã (47%), mirtilos (18%), puré

de banana (16,5%), sumo* de uva (10%),

puré de framboesa (8,5%)

*de concentrado

84002 132 Dias

TetraPrisma®

Aseptic

(TetraPak®)

15 Smoothie maracujá

100% fruit inside

Passion fruit smoothie with…

Puré de banana (26%), sumos* de maracujá

(21%), maçã (19%) e laranja (19%), puré de

pêssego (15%)

*de concentrado

84006 88 Dias

TetraPrisma®

Aseptic

TetraPak®

16 Smoothie morangos

100% fruit inside

Strawberry smoothie with…

Puré de morangos (30%), sumos * de maçã

(26%) e de uva (18%), puré de banana (15%),

sumos * de laranja (9%) e arónia (2%)

*de concentrado

84004 50 Dias

TetraPrisma®

Aseptic

TetraPak®

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51

3.3. Análises físico-químicas

Determinação do pH

A determinação do pH foi efetuada diretamente na amostra, sem diluição, à

temperatura ambiente e após calibração com duas soluções tampão a pH 4 e pH 7.

Foram realizadas duas determinações de cada amostra. Para este procedimento foi

utilizado um potenciómetro marca Crison pH meter Basic 20+. A realização do

procedimento e a apresentação dos resultados foram elaboradas de acordo com a NP

EN 1132:1996.

Determinação da acidez total

A acidez total foi determinada por titulação com uma solução alcalina de hidróxido de

sódio 0,25M em 25 mL de amostra. O ponto final de titulação foi detetado por

potenciometria a pH = 8,11 e de acordo com a NP EN 12147:1999. Os resultados

foram expressos em ácido málico (g/100 mL de produto) (NP EN 12147:1999).

Determinação do teor de sólidos solúveis

O teor de sólidos solúveis foi determinado com um refratómetro digital HI 96801, com

compensação automática de temperatura. A amostra foi homogeneizada e colocada

diretamente no equipamento; foram realizadas duas leituras da mesma amostra e

calculada a média. Os dados são apresentados em 0Brix (NP EN 12143:1999).

Determinação da cor

Para a análise instrumental da cor foi utilizado um colorímetro Chroma Meter CR-400

(Konic Minolta), previamente calibrado com um padrão branco (L*=97,71, a*=-0,01,

b*=1,56). As determinações foram realizadas em triplicado. Preencheu-se

completamente com amostra, uma caixa de Petri com baixa capacidade refletiva com

8 mL de amostra, colocando a abertura do colorímetro no topo e no centro da caixa,

na vertical, formando uma linha perpendicular à caixa de Petri. Para a determinação

da cor e alterações ao longo das três avaliações foi utilizado o sistema CIELab. Os

parâmetros obtidos no sistema L*a*b* foram convertidos para o sistema L*c*ho,

através da aplicação das seguintes fórmulas (INETI, 2007; Dafny-Yalin et al., 2010;

Keenan et al., 2010; Segovia-Bravo et al., 2012)

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L*=L*

C*= (a*2 + b*2)1/2

H0=

, se a*>0 e b*<0

H0= 180 +

, se a*<0

O eixo L* representa a luminosidade que pode variar de preto a branco. O eixo a* varia

de verde a vermelho, o eixo b* varia de amarelo a azul, C* define a saturação e ho a

tonalidade.

Foi também calculado outro parâmetro da cor, a diferença total da cor (DTC), que

indica a diferença de cor entre uma dada amostra (L*a*b*) e uma amostra de

referência (L0*a0*b0*). As amostras de referência (L0*a0*b0*) foram consideradas as

amostras referentes ao momento S1 ou “0 dias” (dia de aquisição no mercado); foi

comparada a diferença total da cor no momento “0 dias” e no momento S3 “21 dias”

após aquisição das amostras. Este parâmetro foi calculado através da aplicação da

seguinte fórmula (Di Cagno et al., 2011; Keenan et al., 2012a):

DTC=[(L*- L0*)2 + (a*- a0*)

2 + (b*-b0*)2]1/2.

A DTC foi determinada com base nos valores de a* e b* (tabela apresentada no anexo

1).

3.4. Métodos de avaliação da capacidade antioxidante

É atribuído um elevado potencial antioxidante aos fitoquímicos sendo considerados

compostos alimentares protetores das doenças crónicas (Palafox-Carlos et al., 2011).

A capacidade antioxidante total (CAT) está relacionada com a capacidade dos

compostos fitoquímicos protegerem os sistemas biológicos dos efeitos deletérios

resultantes dos processos ou reações envolvendo ROS e RNS (MacDonald-Wicks et

al., 2006).

Foram desenvolvidos variadíssimos métodos com o objetivo de avaliar a atividade

antioxidante de todos os tipos de matrizes alimentares (Böhm & Schlesier, 2004).

Estes métodos diferem entre si, relativamente aos mecanismos de reação, oxidantes e

espécies alvo/marcadores, condições de reação assim como na expressão dos

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resultados. A capacidade antioxidante é um parâmetro que quantifica a capacidade de

um composto agir sobre radicais livres e inativá-los (Karadag et al., 2009)

Com base nas reações químicas envolvidas a maioria dos ensaios relativos à

capacidade antioxidante podem ser classificados em duas categorias:

- Ensaios em que têm por base a transferência de átomos de hidrogénio (TAH) - estes

ensaios, geralmente são constituídos por um gerador de radical livre sintético, um

marcador oxidável e um antioxidante; é um método que avalia a capacidade de um

antioxidante eliminar os radicais livres pela cedência de hidrogénio. Os ensaios TAH

incluem métodos como o ORAC (capacidade de absorção do radical oxigénio), o

TRAP (parâmetro antioxidante de radicais totais, o método TBARS (substâncias

reativas do ácido tiobarbitúrico) e o método de Folin-Ciocalteu ou ensaio da

determinação dos fenóis totais;

- Ensaios com base na transferência de um eletrão (TE) - os ensaios baseados na

transferência de eletrões avaliam a capacidade de um antioxidante para reduzir um

oxidante, que muda de cor quando reduzido. Os ensaios de TE incluem métodos como

o TEAC (capacidade antioxidante em equivalentes de trolox), o FRAP (poder

antioxidante por redução do ião férrico), a redução de cobre (CUPRAC) e o DPPH

(captação do radical 2,2-difenil-1-picril-hidrazilo) (Huang et al., 2005; MacDonald-

Wicks et al., 2006; Karadag et al., 2009).

Estes dois mecanismos de ação podem ocorrer em simultâneo o que pode dificultar a

sua diferenciação e classificação (Karadag et al., 2009).

Os componentes de qualquer ensaio da capacidade antioxidante incluem um iniciador

da oxidação, um substrato adequado e uma correta medição do ponto de término da

reação. O iniciador pode ser um aumento da temperatura, a adição de metais de

transição como catalisadores ou a agitação para aumentar o contacto do reagente

com a fonte de radicais livres (Karadag et al., 2009).

A capacidade antioxidante de smoothies foi efetuada utilizando o ensaio da inibição do

radical 2,2-difenil-1-picril-hidrazilo (DPPH) e o ensaio do poder redutor (FRAP). As

alterações no teor de substâncias bioativas (compostos fenólicos, flavonoides, taninos

e ácido ascórbico) foram determinadas ao longo do período de armazenamento.

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Atividade captora dos radicais DPPH

A solução de DPPH (radical 2,2-difenil-1-picril-hidrazilo) está disponível

comercialmente e apresenta uma cor violeta forte (Karadag et al., 2009). O radical

DPPH na presença de antioxidantes dadores de átomos de H, como é o caso dos

fenóis, ou eletrões, é reduzido formando um produto amarelo, com consequente

diminuição da absorvência. Quando existem compostos antioxidantes na solução esta

coloração perde intensidade ou desaparece. O DPPH é convertido em hidrazina, de

cor amarela pálida, resultando numa diminuição da absorvência entre 515 e 528 nm,

até valores constantes (Magalhães et al., 2008; Barreira, 2010; Barroso et al., 2011).

Existem outros compostos bioativos, como a vitamina C, que podem influenciar a

atividade antioxidante (Borges et al., 2010). O ensaio do DPPH é um ensaio

relativamente simples e rápido sendo um dos ensaios mais utilizados na determinação

da capacidade antioxidante. Quando existem análises num número elevado, podem

ser utilizados leitores de microplacas (Karadag et al., 2009). Apesar de ser um dos

ensaios mais utilizados para a determinação e comparação do estado antioxidante de

compostos fenólicos, a avaliação da capacidade antioxidante pelas alterações na

absorvência do DPPH, devem ser avaliadas atentamente porque a absorvência do

radical DPPH a 517 nm após a reação com um antioxidante diminui com a luz, com o

oxigénio e com o tipo de solvente utilizado (Lee et al., 2003; Karadag et al., 2009).

A atividade antioxidante das amostras em relação ao radical DPPH foi determinado

espetrofotometricamente num leitor de microplacas modelo SinergyTM HT (Biotek).

Previamente foi elaborada uma curva de calibração, usando como solução padrão

ácido trolox (44,5 µg/mL a 3113,4 µg/mL, r2= 0,9981). Em cada microplaca foi

colocado 14 µL de amostra e adicionado 186 µL de uma solução etanólica de DPPH

com uma concentração de 562 µg/mL. A solução de DPPH foi preparada sempre no

momento do ensaio e conservada ao abrigo da luz a 4 oC. Os valores da absorvência

foram lidos a 525 nm e os resultados foram expressos em mg de trolox por 100 mL de

amostra.

Poder antioxidante por redução do ião férrico (FRAP)

Um antioxidante com elevado poder de captação de radicais livres pode funcionar,

muitas vezes como um redutor forte (Niki, 2010). O ensaio FRAP mede a capacidade

dos antioxidantes de reduzir o complexo amarelo Fe3+-(TPTZ)2 3+ (complexo férrico

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2,4,6 - tripiridil-s-triazina) ao complexo azul Fe2+-(TPTZ)2 2+, em meio ácido, medida

espetrofotometricamente a 593 nm (Nilsson et al., 2005; Karadag et al., 2009). É

importante notar que, uma vez que Fe2+ é mais reativo do que Fe3+ na decomposição

do peróxido de hidrogénio (H2O2) e consequente produção do radical hidroxil (OH●)

(que é o radical mais deletério in vivo), os antioxidantes que reduzem os iões

metálicos podem exercer um efeito pro-oxidante (Karadag et al., 2009; Niki, 2010).

Mas, nem todos os redutores capazes de reduzir Fe3+ são antioxidantes; quaisquer

substâncias que sejam dadoras de eletrões, mesmo sem propriedades antioxidantes,

podem contribuir para o valor de FRAP e sobrestimar os resultados (Nilsson et al.,

2005; Magalhães et al., 2008). Como vantagens o método FRAP é um método

simples, rápido, de baixo custo e robusto (Karadag et al., 2009).

O poder antioxidante por redução do ião férrico foi determinado

espetrofotometricamente num leitor de microplacas modelo SinergyTM HT (Biotek), de

acordo com Pulido et al. (2000), com algumas modificações. Previamente foi

construída uma curva de calibração com uma solução-padrão de sulfato ferroso (41,7

µg/mL a 556,0 µg/mL, r2= 0,9987). Foram colocados 90 µL de amostra e adicionado

270 µL de água ultrapura e reagente FRAP (2,7 mL). Homogeneizou-se a solução e foi

colocada em banho-maria a 37 oC durante 30 minutos. Procedeu-se à leitura da

absorvência a 595 nm. Os resultados foram expressos em mg de sulfato ferroso por

100 mL de produto.

3.5. Determinação de antioxidantes

Compostos fenólicos

O teor total de compostos fenólicos foi determinado utilizando um ensaio com o

reagente de Folin-Ciocalteu (FC). Este ensaio é quimicamente suportado pela

transferência de eletrões em meio alcalino de compostos fenólicos e outras espécies

redutoras para o molibdénio, dando origem a complexos azuis. Estes complexos

podem ser monitorizados espetrofotometricamente entre 750-765 nm (Magalhães et

al., 2008; Karadag et al., 2009). Geralmente, o ácido gálhico é utilizado como

composto de referência e os resultados são expressos em equivalentes de ácido

gálhico. É necessário um meio alcalino para que os compostos fenólicos reajam com o

reagente de Folin-Ciocalteu, pelo que é necessário adicionar uma solução de

carbonato de sódio (MacDonald-Wicks et al., 2006; Magalhães et al., 2008; Barreira,

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2010). A desvantagem deste método é que o reagente FC não é específico para

compostos fenólicos porque pode ser reduzido por outros compostos não-fenólicos,

nomeadamente aminas aromáticas, ácido ascórbico, Fe2+ entre outros, assim a

utilização da denominação “compostos fenólicos totais” pode ser utilizada apenas

quando os outros interferentes são removidos das amostras (Magalhães et al., 2008).

No entanto, foi estabelecida uma boa correlação linear entre o ensaio de FC e outros

ensaios baseados na transferência de eletrões, como por exemplo, o DPPH,

(Roginsky & Lissi, 2005). O ensaio de Folin-Ciocalteu é simples, reprodutível e

bastante utilizado, sendo no entanto um ensaio moroso e logo de difícil implementação

na rotina da avaliação de compostos fenólicos (Magalhães et al., 2008).

O total de fenólicos foi determinado espetrofotometricamente num leitor de

microplacas modelo SinergyTM HT (Biotek), de acordo com o procedimento de

Singleton & Rossi (1965), com algumas modificações (Alves et al., 2010). Foi

construída uma curva de calibração, usando como padrão o antioxidante ácido gálhico

(5 µg/mL a 100 µg/mL, r2= 0,9997). A 500 µL de amostra foram adicionados 2,5 mL de

reagente de Folin-Ciocalteu (1:10) e 2 mL de Na2CO3.10H2O (7,5 mg/100 mL). A

mistura foi incubada a 45 oC (protegida da luz) durante quinze minutos. Após trinta

minutos à temperatura ambiente, foram realizadas as leituras a 765 nm. Os resultados

foram expressos em mg de equivalentes de ácido gálhico por 100 mL de produto.

Flavonoides

O teor de flavonoides totais pode ser determinado por um ensaio colorimétrico

baseado na formação de um composto flavonoide-alumínio (Barroso et al., 2011).

Neste método a amostra é misturada com um reagente que contém cloreto de

alumínio e nitrito de sódio. Forma-se um complexo flavonoide-alumínio de cor rosa em

meio alcalino. A absorvência da cor rosa é lida a 510nm (Jia et al., 1999; Barreira,

2010; Barroso et al., 2011).

O total de flavonoides foi determinado espetrofotometricamente num leitor de

microplacas modelo SinergyTM HT (Biotek), de acordo com o procedimento de Alves et

al. (2010) e Barroso et al. (2011). Previamente, foi construída uma curva de calibração,

usando como padrão epicatequina (0 µg/mL a 400 µg/mL, r2= 0,9976). A 1 mL de

amostra foi adicionado 4 mL de água ultrapura e 300 µL de NaNO2 5%, aguardando-

se cinco minutos. De seguida adicionou-se 300 µL de AlCl3 (10g/100 mL); após um

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minuto adiciona-se 2 mL de 1 mol/L NaOH. Os valores de absorvência foram lidos a

510 nm.

Taninos

Os taninos respondem como fenóis (reagente de FC); estas reações não são

específicas, uma vez que todos os outros compostos fenólicos também respondem

positivamente, além de que pode estar sujeito a interferências de outros compostos,

nomeadamente ácido ascórbico ou cisteína (Prior et al. 2005; Serrano et al., 2009).

O total de taninos foi determinado espetrofotometricamente num leitor de microplacas

modelo SinergyTM HT (Biotek), de acordo com o procedimento de Pansera et al.,

(2003). Foi misturado 500 µL de amostra com 2,5 mL de solução de Folin-Ciocalteu

(1:10). Agitou-se vigorosamente. Após 3 minutos foram adicionados 2ml de solução de

NaCO3 (7,5%), deixando-se em repouso, durante duas horas e ao abrigo da luz. De

seguida, foram efetuadas as leituras a 725nm. Foi construída uma curva de calibração

usando como padrão o ácido tânico (0,002 µg/mL a 0,15 µg/mL, r2= 0,9989). Os

valores de absorvência foram expressos em mg de ácido tânico por 100 mL de

produto.

Ácido ascórbico

Dos métodos descritos para a análise do teor de ácido ascórbico, os métodos

cromatográficos são os mais sensíveis porque permitem a separação do ácido

ascórbico e do ácido dehidroascórbico (de Quirós et al., 2009). Contudo, existem

outros métodos para determinar o teor de ácido ascórbico nos alimentos, como

métodos espectrofotométricos, colorimétricos ou enzimáticos (Spínola et al., 2012) que

permitem análises mais rápidas sem proceder à aferição da técnica cromatográfica.

Neste estudo, o teor de ácido ascórbico foi determinado espetrofotometricamente num

leitor de microplacas modelo SinergyTM HT (Biotek), de acordo com o procedimento de

Klein & Perry (1982) e Barros et al. (2010), mas com modificações. A amostra (1 mL)

foi misturada com 9 mL de 2,6-diclorofenol-indofenol. A solução manteve-se em

repouso durante trinta minutos, ao abrigo da luz. Foi lida a absorvência a 515 nm. O

teor de ácido ascórbico foi calculado com base na curva de calibração obtida com

soluções-padrão de ácido ascórbico (0,5 µg/mL a 1000 µg/mL, r2= 0,9956). Os

resultados foram expressos em mg de ácido ascórbico por 100 mL de produto.

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3.6. Análise estatística

Para a análise estatística foi utilizado a o teste da análise da variância (ANOVA) no

Modelo Linear Generalizado do programa IBM SPSS 20. As variáveis dependentes

foram analisadas com a utilização do teste 2-way ANOVA sendo que os fatores

fixados foram “composição da amostra” (sumos, polmes, sumos + polmes + polpas,

leite fermentado + fruta, sumos + polmes) e “tempo de armazenamento” (0 dias, 14

dias e 21 dias). Neste estudo pretendia-se estudar o efeito não só de cada um dos

fatores, mas também a sua interação (possível influência que cada um dos fatores

pode exercer sobre a resposta da variável dependente ao outro fator); assim, foi

determinada a interação dos fatores “composição da amostra” (CA) e “tempo de

armazenamento” (TA): CA x TA. Considerando os dois fatores isoladamente é possível

compreender a influência da composição da amostra, independentemente do tempo

de armazenamento e vice-versa, nos parâmetros analisados (Carocho et al., 2012).

Quando foi encontrado um efeito de interação estatisticamente significativo (CA x TA),

(p<0,05), os dois fatores foram avaliados simultaneamente utilizando o modelo de

médias marginais estimadas. O teste post-hoc Tukey foi utilizado para comparação de

médias; as diferenças estatísticas foram representadas por letras. Foram consideradas

diferenças significativas para p<0,05 (com um intervalo de confiança de 95%). Os

resultados foram expressos em valores médios ± desvio padrão.

4. Resultados e Discussão

A grande variabilidade na composição dos smoothies é um dos condicionantes que

torna difícil verificar a influência de determinado fator nos valores/resultados dos

diferentes parâmetros analisados.

Na tabela 2 apresenta-se o teor médio (± desvio-padrão) da capacidade antioxidante,

compostos fenólicos e taninos, das amostras, de acordo com a sua composição e com

o tempo de armazenamento.

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Os resultados estão expressos em média ± desvio-padrão. Em cada coluna, diferentes letras representam diferenças significativas (p<0,05). CA x TA corresponde à interação dos fatores. n=16 smoothies.

Inibição do DPPH•

(mg ET/100mL)

Poder redutor

(FRAP) (mg ESF/100mL)

Compostos fenólicos

(mg EAG/100mL)

Flavonoides

(mg EC/100mL)

Taninos

(mg EAT/100 mL) Composição da amostra

(CA) Sumos

42,40 ± 21,40

14,7 ± 6,15b

17,6 ± 7,96

8,9 ± 4,92

0,05 ± 0,02

Polmes

51,66 ± 19,08

24,1 ± 6,50c 23,9 ± 11,31 16,0 ± 19,00 0,06 ± 0,03

Sumos + polmes + polpas

45,81 ± 12,23

16,1 ± 4,44b 16,3 ± 5,69 7,4 ± 5,63 0,05 ± 0,02

Leite fermentado + fruta

29,85 ± 13,99

4,5 ± 1,30a 3,8 ± 1,52 7,6 ± 12,53 0,01 ± 0,00

Sumos + polmes

47,10 ± 16,84

13,2 ± 5,69b 16,7 ± 8,56 10,1 ± 9,76 0,04 ± 0,02

Valor de p <0,001 <0,001 <0,001 0,16 <0,001 Tempo de

armazenamento (TA)

0 dias

49,73 ± 19,47

20,2 ± 9,43a 24,7 ± 12,15 19,9 ± 17,63 0,07 ± 0,03

14 dias

52,33 ± 14,15

14,2 ± 7,02b 16,0 ± 7,67 10,4 ± 8,94 0,05 ± 0,02

21 dias

31,57 ± 14,57

12,0 ± 7,47b 9,1 ± 4,95 2,6 ± 2,33 0,02 ± 0,01

Valor de p <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001

CA x TA Valor de p 0,014 0,068 <0,001 <0,001 <0,001

Tabela 2 - Capacidade antioxidante e teor de compostos fenólicos, flavonoides e taninos de acordo com a composição da amostra e tempo de armazenamento

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A interação composição da amostra x tempo de armazenamento (CA x TA) foi

significativa (p=0,014) para a capacidade antioxidante determinada pelo método do

DPPH●, para os compostos fenólicos, flavonoides e taninos, pelo que não foi possível

determinar qual dos fatores, tempo ou composição da amostra, é que influenciou os

resultados; no entanto, pela análise dos gráficos das médias marginais estimadas é

possível observar que as amostras “polmes” apresentam maior capacidade

antioxidante (pelo ensaio do DPPH●) em relação às outras amostras no momento “14

dias”, sucedendo o mesmo com as amostras “sumos + polmes” (figura 8).

Os smoothies sendo constituídos por diferentes frutos e submetidos a processamento,

contêm uma mistura de compostos bioativos; estas misturas irão exibir também

comportamentos sinérgicos e antagónicos diferentes daqueles que teriam

individualmente (Keenan et al., 2012). Estas misturas de várias matrizes alimentares

podem condicionar o efeito do processamento em maior ou menor extensão; por

exemplo, grande parte dos smoothies que constituem a amostra em estudo têm a

maçã como ingrediente principal, o que confere ao produto alimentar um elevado teor

de fitoquímicos, característicos deste fruto (Keenan et al., 2011). No entanto, enquanto

alguns estudos reportam uma diminuição na atividade antioxidante, outros

demonstram um aumento, entre as diferentes formulações (Patras et al.,2009; Keenan

et al., 2010).

Fig. 8 - Média marginal estimada - capacidade antioxidante (DPPH●)

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Na capacidade antioxidante determinada pelo ensaio FRAP, ao analisar a interação

CA x TA, observa-se que esta não é significativa (p=0,068) entre o tempo de

armazenamento e a composição da amostra. A ausência de interação significa que a

diferença entre os valores médios para as categorias do fator “composição da

amostra” é igual para todas as categorias do fator “tempo de armazenamento” e vice-

versa. Verifica-se que os smoothies à base de “polmes” têm maior poder redutor,

independentemente do tempo de armazenamento, havendo um declínio no poder

redutor independentemente da composição da amostra e que a diminuição é mais

acentuada até aos “14 dias”, vindo a estabilizar posteriormente (figura 9).

Fig. 9 - Média marginal estimada - capacidade antioxidante (FRAP)

A interação dos fatores nos compostos fenólicos, flavonoides e taninos é

estatisticamente significativa (p<0,05). No entanto, verificou-se uma redução dos

compostos fenólicos e taninos ao longo do tempo (figura 10 e figura 11). A amostra

“polmes” apresenta aos “0 dias” maior concentração de compostos fenólicos. A

amostra “leite fermentado + fruta” é aquela que tem menor teor destes compostos.

Pela análise do gráfico das médias marginais estimadas a degradação dos compostos

fenólicos nesta amostra parece mais estável do que a das restantes amostras.

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Fig. 10 - Média marginal estimada - compostos fenólicos

Fig. 11 - Média marginal estimada - taninos

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Têm sido desenvolvidos vários métodos para a análise qualitativa de taninos de baixo

peso molecular e que são capazes de separar estes compostos. No entanto, os

polímeros de proantocianidinas não são clivados em monómeros, mas em dímeros ou

trímeros, o que pode levar à subestimação do teor destes compostos. Ainda, as

reações das antocianidinas formadas com outros compostos podem também contribuir

para subestimação do teor de proantocianidinas (Serrano et al., 2009). As perdas de

taninos, procianidinas em mirtilos e perda de elagitaninos em amoras, estão

relacionados com a remoção mecânica das sementes durante o processamento. A

utilização de métodos de processamento como as altas pressões associados a

tratamentos térmicos aumenta a extração de antocianinas dos subprodutos das uvas.

Alguns smoothies apresentam na sua constituição framboesas, mirtilos, uvas e

morangos mas a remoção das películas e sementes em alguns dos produtos, pode

contribuir para um teor inferior de taninos (Corrales et al. 2008; Howard et al., 2012).

Naqueles produtos em que a presença das sementes é característica do produto

(como nos smoothies de morango) os taninos podem não estar disponíveis livremente

no produto, mas encontrarem-se nas sementes e não serem detetados na análise. Do

ponto de vista deste estudo, em que foram utilizadas amostras disponíveis no

mercado, não é possível inferir sobre o método de processamento utilizado nos

ingredientes dos smoothies, nomeadamente nos sumos de uva e polmes de frutos, o

que implica que quando estes ingredientes são incorporados no produto possam já ter

sofrido perdas significativas.

O grupo das amostras “leite fermentado + fruta” apresenta um aumento no teor de

flavonoides no momento “14 dias” em relação aos “0 dias”, seguido de um decréscimo

(figura 12) o que sugere uma libertação de compostos ao longo do armazenamento.

Os flavonoides ligam-se às proteínas da matriz alimentar o que pode levar a uma

diminuição da biodisponibilidade dos antioxidantes. A interação que resulta na

formação do complexo proteína-flavonoide pode ser reversível ou irreversível

dependendo do pH, da temperatura e do teor existente de proteína e flavonoide (Arts

et al., 2002). Yuksel et al. (2010) demonstraram, ainda, que os flavonoides têm uma

elevada afinidade para a superfície hidrofóbica das proteínas lácteas.

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O tempo de estudo (21 dias) pode não ser suficiente para detetar outras possíveis

oscilações na matriz alimentar da amostra “leite fermentado + fruta”. Neste grupo de

amostras, o prazo de validade terminava no dia seguinte à última análise efetuada.

Daqui podíamos inferir que o tempo ótimo de consumo destes produtos seria nos 7

dias anteriores à última análise porque ocorreu um pico na concentração de

flavonoides. Será importante realizar mais ensaios a este tipo de produtos para

confirmar os dados obtidos e perceber se este tipo de oscilação ocorre num período

anterior ao primeiro momento de análise deste estudo.

Fig. 12 - Média marginal estimada – flavonoides

De um modo geral, foi observada uma tendência de diminuição dos compostos

fenólicos, flavonoides e taninos ao longo do tempo e também da capacidade

antioxidante (tabela 2). Os polifenois são suscetíveis à degradação durante o

processamento, especialmente as antocianinas. As antocianinas sofrem reações de

polimerização com as procianidinas durante o processamento mas em maior grau ao

longo do armazenamento (Howard et al., 2012).

As amostras “polmes” apresentam teores mais elevados de compostos bioativos

analisados, assim como maior capacidade antioxidante demonstrada pelos ensaios do

DPPH● e FRAP e a amostra “leite fermentado + fruta” apresenta menor teor de

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compostos fenólicos e taninos, assim como menor capacidade antioxidante. É

importante notar que esta amostra tem apenas entre 11,3% e 13,2% de fruta (tabela

1). A amostra “sumos + polmes + polpas” é a amostra que apresenta menor teor de

flavonoides.

Ao avaliar a evolução do teor de compostos nas amostras individualmente, a amostra

5 (polme de frutos e cenoura) demonstrou elevada capacidade antioxidante pelo

método DPPH● e pelo ensaio FRAP, sendo a amostra com o teor de compostos

fenólicos mais elevado (figuras 13 e 14). Esta, para além de ter na sua composição

polmes de frutos, é constituída por cenoura, que possui outros antioxidantes

maioritários (não determinados neste estudo) e que podem contribuir para uma ação

sinérgica no que respeita à capacidade antioxidante (Muller et al., 2010). Também,

alguns compostos, como os carotenoides, que são importantes para a coloração

laranja, amarela e vermelha dos frutos e hortícolas, são estáveis às alterações da

pressão, sendo que o tratamento por altas pressões aumenta a extração de carotenos

da matriz alimentar (de Ancos et al., 2000; Oey et al., 2008).

Fig. 13 - Capacidade antioxidante (DPPH●) das amostras individuais ao longo do tempo

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

120,0

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16

Inib

ição

do

DP

PH●

(mg

ET

/100 m

L)

N.º da amostra

DPPH 0 dias DPPH 14 dias DPPH 21 dias

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estabilidade ao longo do tempo de armazenamento

66

Fig. 14 - Capacidade antioxidante (FRAP) nas amostras individuais ao longo do tempo

Fig. 15 - Compostos fenólicos nas amostras individuais ao longo do tempo

Os vários constituintes das plantas, como os fitoquímicos, as proteínas e os

polissacarídeos estão limitados a compartimentos intracelulares específicos e

apresentam uma conformação molecular definida. Esta dinâmica da planta é regulada

por mecanismos de biossíntese e por condicionantes físicos e químicos do meio

ambiente e que mantém, especificamente os polifenois, as proteínas e os

polissacarídeos separados por compartimentos celulares. O processamento industrial

com o objetivo de conservar os alimentos pode levar à rutura dos tecidos permitindo o

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

40,0

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16

FR

AP

(m

g E

SF

/100 m

L)

N.º da amostra

FRAP 0 dias FRAP 14 dias FRAP 21 dias

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16

C. fe

lico

s (

mg

EA

G/1

00 m

L)

N.º da amostra

C. fenólicos 0 dias C. fenólicos 14 dias C. fenólicos 21 dias

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estabilidade ao longo do tempo de armazenamento

67

contato dos compostos intracelulares com as moléculas extracelulares; os polifenois

atravessam assim, as fronteiras vacuolares e formam complexos com as proteínas e

polissacarídeos e entram em contato com o oxigénio (do meio ambiente) e outros

compostos oxidantes. A estabilização das “novas” interações químicas e físicas leva

ao aparecimento de novas estruturas e funções biológicas, que terão impacto nas

características organoléticas e nutricionais do produto alimentar processado ao longo

do tempo (Le Bourvellec & Renard, 2012).

Quando as amostras são analisadas individualmente, foi observada uma diminuição

generalizada da capacidade antioxidante, quer determinada pelo ensaio FRAP, quer

pela inibição do DPPH. No entanto, capacidade antioxidante avaliada pela inibição do

DPPH● aos “14 dias” aumentou significativamente em algumas amostras o que poderá

demonstrar que existe uma interação dinâmica entre os constituintes da matriz

alimentar. Note-se que os métodos inibição do DPPH● e FRAP, apresentam

mecanismos diferentes de ação responsáveis pela determinação da capacidade

antioxidante (Huang et al., 2005) e as interações entre os compostos dos alimentos

podem condicionar os teores finais desses compostos (Yuksel et al., 2010).

No presente estudo o teor de ácido ascórbico das amostras ficou abaixo do limite de

deteção determinado aos “0 dias”, “14 dias” e “21 dias” e por isso os resultados não

são apresentados.

Outros investigadores (Keenan et al., 2010), depararam-se com a mesma dificuldade

na determinação de ácido ascórbico relacionada com o número de amostras e

logística do desenho de estudo.

O ácido ascórbico é um composto instável que pode degradar-se facilmente (Oms-Oliu

et al., 2012). Além das perdas da vitamina C associadas ao processamento e

armazenamento determinadas pela luz, pH, temperatura, exposição ao oxigénio,

presença de enzimas oxidantes, alguns autores alertam para estas e outras variáveis

que influenciam os resultados analíticos durante a preparação da amostras,

principalmente quando é necessário proceder à maceração dos tecidos vegetais ou a

métodos como homogeneização (Phillips et al., 2010).

Rameshkumar et al. (2012) avaliaram o teor de ácido ascórbico em sumos de fruta

processados com radiação ultravioleta e sumos de fruta expostos ao ar ambiente.

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estabilidade ao longo do tempo de armazenamento

68

Verificaram que o teor de ácido ascórbico dos sumos expostos ao ar ambiente é maior

comparativamente aos expostos à radiação ultravioleta. Assim, a exposição à luz

artificial pode afetar o teor de compostos bioativos, nomeadamente a vitamina C, como

demonstraram Yang et al. (2010). Estes investigadores utilizaram sumo do fruto noni

(Morinda citrifolia L.) e verificaram que após duas semanas de armazenamento, o

sumo do fruto noni exposto à luz artificial perdeu 32% dos compostos fenólicos, 89%

do ácido ascórbico e entre 46-65% da capacidade antioxidante, correspondendo a

mais 8%, 22% e 9-15%, respetivamente, em relação ao sumo que não foi exposto à

luz. Na avaliação feita às “4 semanas” ambas as amostras tinham perdido 97% do

ácido ascórbico. No mesmo estudo foi analisada a variável luminosidade, sendo que a

temperatura de armazenamento das amostras foi constante (24 0C) (Yang et al, 2010).

A temperatura é importante para a conservação dos compostos bioativos nos

alimentos. Torres et al. (2011) verificaram que a perda de vitamina C em sumo de

laranja submetido a processamento de altas pressões era inferior a 6% e que a

diminuição do teor de vitamina C, durante as sete semanas de armazenamento era

significativamente maior à temperatura de 20 0C do que a 4 0C (Torres et al., 2011).

Deste modo, a seleção da embalagem para sumos de fruto é muito importante porque

será uma variável essencial para a prevenção da perda dos compostos bioativos e

para a amplitude do tempo de prateleira (Brody et al., 2008; Siracusa, 2012). Dentro

dos materiais de plástico utilizados para armazenamento e embalagem de sumos de

fruta, as embalagens PET são as mais utilizadas porque apresentam excelentes

propriedades mecânicas, boa transparência, resistência aos raios ultravioletas,

constituem uma boa barreira à entrada de oxigénio e são recicláveis (Ros-Chumillas et

al., 2007; López-Gómez et al., 2010). No entanto, a transmissão de luz para o produto

em embalagens PET pode afetar a qualidade do produto ao longo do armazenamento

(Berlinet et al., 2008).

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estabilidade ao longo do tempo de armazenamento

69

Tabela 3 - Valores de pH, acidez titulável e teor de sólidos solúveis de acordo com composição da amostra e tempo de armazenamento

Os resultados estão expressos em média ± desvio-padrão. Em cada coluna, diferentes letras representam diferenças

significativas (p<0,05). CA x TA corresponde à interação dos fatores. n=16 smoothies.

pH

Acidez

titulável

(g /100 mL)

Teor de

sólidos

solúveis

(0Brix)

Composição

da amostra

(CA)

Sumos 3,64 ± 0,08

0,50 ± 0,11b

13,46 ± 0,36b

Polmes

3,60 ± 0,10

0,53 ± 0,09b

13,76 ± 1,12b

Sumos + polmes + polpas

3,60 ± 0,15

0,78 ± 0,16a

13,12 ± 0,23b

Leite fermentado + fruta

4,31 ± 0,23

0,51 ± 0,04b

16,42 ± 1,29a

Sumos + polmes

3,63 ± 0,20

0,60 ± 0,22b

12,91 ± 1,08b

Valor de p <0,001 <0,001 <0,001

Tempo de

armazenamento

(TA)

0 dias

3,76 ± 0,28

0,56 ± 0,18

13,84 ± 1,51

14 dias

3,74 ± 0,41

0,59 ± 0,18

13,81 ± 1,50

21 dias

3,74 ± 0,23

0,56 ± 0,13

14,13 ± 1,78

Valor de p 0,734 0,678 0,419

CA x TA

Valor de p

0,001

0,711

0,973

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estabilidade ao longo do tempo de armazenamento

70

Encontrou-se evidência estatística de que o pH é significativamente diferente

consoante a composição da amostra (p<0,001), sendo que a amostra “leite

fermentado + fruta” apresenta o pH mais elevado em relação às restantes amostras

(tabela 3). A diminuição da acidez, observada durante o tempo de armazenamento

pode ser atribuída às interações bioquímicas entre os constituintes orgânicos dos

sumos, induzidas pela temperatura e ação enzimática (Bhardwaj & Pandey, 2011).

Nas amostras em estudo não foram observadas diferenças na acidez ao longo do

tempo, mas existem diferenças entre a composição da amostra, sendo que os “sumos

+ polmes + polpas” apresenta um teor de ácido málico mais elevado (tabela 3).

Observou-se uma tendência para o aumento dos sólidos solúveis totais que pode estar

relacionado com a hidrólise de polissacarídeos em monossacarídeos. A estabilidade

ou um aumento mínimo do teor de sólidos solúveis totais é necessário para a

preservação da qualidade dos sumos de fruta (Bhardwaj & Pandey, 2011). Pela

comparação de médias o grupo das amostras “leite fermentado + fruta” apresentou o

maior teor de sólidos solúveis ao longo do tempo.

As reações não-enzimáticas, o escurecimento enzimático e as condições associadas

ao processamento como o pH, a acidez, a oxidação, o tempo e temperatura são

responsáveis pela perda de pigmentos e cor durante o processamento dos frutos e

hortícolas (Rodrigo et al., 2007).

A cor do produto é um parâmetro de qualidade para o consumidor porque é o atributo

que é o primeiro a ser observado. Assim, a cor é uma característica importante dos

smoothies para a aceitação pelo consumidor e o processamento pode levar a

alterações da cor no produto (Meléndez-Martínez et al., 2010; Keenan et al., 2012b). A

cor observada pelo ser humano é o resultado da perceção de comprimentos de onda

pela retina (Tijskens et al., 2001; Rodrigo et al., 2007). Quando a luz incide num

objeto, esta é refletida, absorvida ou transmitida, mas é a luz que é refletida que

determina a cor do material. Assim, a aparência de determinado produto pode variar

dependendo da quantidade de luz, da fonte de luz (natural ou artificial) ou do ângulo

de visão do observador, sendo necessários instrumentos de avaliação para uma

avaliação da cor do produto alimentar mais objetiva. A cor é deste modo, um

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estabilidade ao longo do tempo de armazenamento

71

parâmetro objetivo que é utilizado como indicador de qualidade, para a determinação

da conformidade da qualidade do produto alimentar em relação às especificações e

para a análise das alterações da cor, como resultado do processamento,

armazenamento e outros fatores (Tijskens et al., 2001; Rodrigo et al., 2007).

A cor pode ser percecionada de forma diferente. A Comissão Internacional da

Iluminação (CIE) determinou critérios baseados na perceção da cor pelo olho humano.

Em 1931, o CIE elaborou o sistema colorimétrico xyY, que representava as cores de

acordo com a sua cromaticidade (eixos x e y) e a sua luminosidade (eixo y). Por

último, em 1976, para dar resposta às lacunas do modelo xyY, o CIE desenvolveu o

modelo colorimétrico L*a*b* (sistema CIELab), no qual uma cor é localizada por três

valores:

- L*, a luminosidade – o valor zero indica o preto total e o valor 100, o branco total;

- a* e b* - duas gamas de cor que vão do verde ao vermelho e do azul ao amarelo,

respetivamente (Dafny-Yalin et al., 2010).

A tabela 4 apresenta os atributos relacionados com a cor (luminosidade, croma e

tonalidade).

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72

Tabela 4 - Luminosidade, croma e tonalidade de acordo com composição da amostra e tempo de armazenamento

Os resultados estão expressos em média ± desvio-padrão. Em cada coluna, diferentes letras representam diferenças

significativas (p<0,05). CA x TA corresponde à interação dos fatores .n=16 smoothies.

Luminosidade

(L*)

Croma

(C*)

Tonalidade

(h0)

Composição

da amostra

(CA)

Sumos 39,96 ± 1,21b 10,44 ± 3,38

75,1 ± 18,74

Polmes

40,64 ± 3,33b

11,68 ±4,54

64,8 ± 30,96

Sumos + polmes + polpas

45,50 ± 3,87b

12,88 ± 5,97 75,7 ± 15,56

Leite fermentado + fruta 67,37 ± 4,53a 13,98 ± 4,22

70,7 ± 37,63

Sumos + polmes

42,72 ± 9,67b

9,79 ± 5,17 61,0 ± 31,69

Valor de p <0,001 0,077 0,561

Tempo de

armazenamento

(TA)

0 dias 45,97 ± 10,40 11,42 ± 4,81

65,4 ± 30,84

14 dias

47,66 ± 12,25

11,96 ± 5,10

68,7 ± 30,90

21 dias 46,45 ± 12,30 11,51 ± 4,82

68,6 ± 28,47

Valor de p 0,539 0,931 0,782

CA x TA

Valor de p

0,966

0,992

0,969

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estabilidade ao longo do tempo de armazenamento

73

Ao analisar a interação CA x TA para a luminosidade, croma e tonalidade observa-se

que não existe interação significativa entre o tempo de armazenamento e a

composição da amostra. O grupo de amostras “leite fermentado + fruta” apresenta

uma cor mais clara (maior L*), devido à constituição com leite fermentado (figura 16).

Relativamente aos valores de C* e h0, não se encontraram diferenças entre a

composição das amostras e entre o tempo de armazenamento.

Fig. 16 - Média marginal estimada - luminosidade

As antocianinas são responsáveis por cores como o vermelho e o azul dos frutos e

hortícolas e são compostos estáveis durante o processamento a altas pressões e a

temperaturas moderadas. No entanto, nos alimentos que são submetidos às mesmas

condições de processamento as antocianinas não são estáveis durante o

armazenamento (Oey et al., 2008). Os mecanismos que explicam a degradação das

antocianinas podem estar relacionados com uma inativação enzimática incompleta

(Garcia-Palazon et al., 2004).

O grupo das amostras “sumos + polmes + polpas” aproxima-se da tonalidade amarela,

enquanto os “sumos + polpas” aproxima-se da tonalidade vermelho (tabela 4). Ao

longo do tempo a amostra “sumos” (constituída por maçã, laranja e cenoura) que aos

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estabilidade ao longo do tempo de armazenamento

74

“14 dias” tinha uma tonalidade mais próxima do vermelho aproxima-se do amarelo,

estabilizando aos “21 dias”. Em todas as amostras os valores referentes à tonalidade,

aumentam ligeiramente excetuando a amostra “leite fermentado + fruta”, que diminui

afastando-se dos valores correspondentes ao amarelo (figura 17).

Fig. 17 - Média marginal estimada - tonalidade

No entanto, quando é realizada a análise ao longo do tempo de cada grupo de

amostras, não existem diferenças significativamente estatísticas para a tonalidade,

cromaticidade e luminosidade.

Quanto à diferença total da cor, pela observação individual das amostras (figura 18)

ocorre uma maior diferença na amostra 2 (sumo de laranja e maçã) e nas amostras

constituídas por “leite fermentado + fruta”.

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estabilidade ao longo do tempo de armazenamento

75

Fig. 18 - Diferença total da cor nas amostras individuais

É importante referir que algumas das amostras utilizadas no último momento de

avaliação encontravam-se perto do fim do prazo de validade o que poderá

comprometer, para estas amostras, o teor de compostos bioativos.

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16

Dif

ere

nça t

ota

l d

a c

or

(DT

C)

N.º da amostra

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76

5. Conclusão

Os resultados mostraram que, nas amostras utilizadas para este estudo, ocorreu uma

diminuição dos compostos bioativos e da capacidade antioxidante ao longo do tempo.

O tempo de armazenamento parece ser um fator importante para a diminuição da

capacidade antioxidante, independentemente da composição da amostra.

A amostra “polmes” apresentou uma concentração mais elevada dos compostos

analisados, assim como maior capacidade antioxidante pelos ensaios do DPPH● e

FRAP.

Foram observadas alterações nos parâmetros da cromaticidade, sendo que as

amostras que são mais claras, são as amostras “leite fermentado + fruta” e “sumos +

polmes + polpas”. As amostras que apresentaram uma diferença total da cor mais

elevada foram a amostra 2 (sumo de laranja e maçã) e as amostras cuja composição é

leite fermentado e fruta.

Será necessário desenvolver este estudo, para melhor compreender a interação dos

compostos bioativos, existente na matriz alimentar com diferentes formulações, como

aquelas que têm a adição de leite fermentado e hortícolas. A análise individual da

matriz alimentar ou do tempo, pressupõe o desenvolvimento de matrizes alimentares

conhecidas e possível otimização de interações sinérgicas para melhorar o perfil

antioxidante dos produtos alimentares smoothies. Esta análise é importante para

conhecer o perfil antioxidante dos produtos disponíveis no mercado para que, no

âmbito das ciências da nutrição e do consumo seja possível promover a informação

assertiva sobre os produtos alimentares disponíveis para o consumidor.

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FCUP/FCNAUP Determinação da capacidade antioxidante e parâmetros físico-químicos em smoothies:

estabilidade ao longo do tempo de armazenamento

91

Anexos

Anexo 1 – Parâmetros da cor

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FCUP/FCNAUP Determinação da capacidade antioxidante e parâmetros físico-químicos em smoothies:

estabilidade ao longo do tempo de armazenamento

92

Composição: 100% Sumo

Amostras Tempo (dias) L* a* b* Croma H0 DTC

1

0 38,54

±0,01

3,12

±0,00

7,42

±0,00

8,05

±0,00

67,2

±0,00

1,47

±0,00 14

39,69

±0,02

2,72

±0,18

7,51

±0,05

7,97

±0,09

70,1

±1,12

21 38,92

±0,01

2,08

±0,00

6,46

±0,00

6,79

±0,00

72,2

±0,00

2

0 40,64

±0,00

11,25

±0,07

11,73

±0,00

16,25

±0,05

46,2

±0,18

12,76

±0,07 14

42,06

±0,00

-1,58

±0,00

12,05

±0,00

12,15

±0,00

97,5

±0,00

21 39,92

±0,05

-1,48

±0,00

11,36

±0,03

11,45

±0,01

97,4

±0,02

Valores médios e desvio padrão dos parâmetros da cor analisados nas amostras “sumos”

individualmente ao longo do tempo de armazenamento.

Page 93: Determinação da capacidade antioxidante e parâmetros físico … · 2017-12-21 · estabilidade ao longo do tempo de ... processos envolvendo radicais ... diminuição da concentração

FCUP/FCNAUP Determinação da capacidade antioxidante e parâmetros físico-químicos em smoothies:

estabilidade ao longo do tempo de armazenamento

93

Composição: polmes

Amostras Tempo (dias) L* a* b* Croma H0 DTC

3

0 37,25

±0,00

5,61

±0,01

4,38

±0,01

7,11

±0,00

38,0

±0,12

1,08

±0,00 14

37,66

±0,13

5,47

±0,04

4,70

±0,00

7,21

±0,03

40,7

±0,22

21 36,94

±0,02

4,76

±0,00

4,97

±0,00

6,88

±0,00

46,2

±0,00

4

0 36,71

±0,01

5,96

±0,00

1,67

±0,00

6,19

±0,00

15,7

±0,00

0,96

±0,02 14

37,31

±0,06

5,94

±0,02

1,64

±0,04

6,16

±0,03

15,4

±0,26

21 36,21

±0,02

5,48

±0,01

2,32

±0,04

5,95

±0,01

23,0

±0,35

5

0 43,14

±0,00

3,62

±0,01

14,17

±0,02

14,61

±0,01

75,7

±0,01

1,85

±0,03 14

45,46

±0,03

3,85

±0,01

16,12

±0,01

16,58

±0,01

76,6

±0,01

21 41,43

±0,03

3,65

±0,04

13,45

±0,01

13,93

±0,01

74,8

±0,15

6

0 41,21

±0,01

-1,78

±0,01

12,54

±0,00

12,67

±0,00

98,1

±0,03

0,92

±0,03 14

43,20

±0,02

-1,60

±0,01

12,98

±0,01

12,45

±0,00

97,3

±0,00

21 40,33

±0,02

-1,59

±0,01

12,35

±0,00

12,45

±0,00

97,3

±0,03

7

0 44,83

±0,02

-0,32

±0,01

17,96

±0,00

17,96

±0,00

91,0

±0,02

1,32

±0,03 14

45,26

±0,26

3,85

±0,01

16,12

±0,01

16,58

±0,01

90,2

±0,07

21 43,56

±0,01

-0,18

±0,00

17,61

±0,00

17,61

±0,00

90,6

±0,00

Valores médios e desvio padrão dos parâmetros da cor analisados nas amostras “polmes”

individualmente ao longo do tempo de armazenamento.

Page 94: Determinação da capacidade antioxidante e parâmetros físico … · 2017-12-21 · estabilidade ao longo do tempo de ... processos envolvendo radicais ... diminuição da concentração

FCUP/FCNAUP Determinação da capacidade antioxidante e parâmetros físico-químicos em smoothies:

estabilidade ao longo do tempo de armazenamento

94

Composição: sumos + polmes + polpas

Amostras Tempo (dias) L* a* b* Croma H0 DTC

8

0 42,63

±0,04

3,73

±0,00

6,13

±0,00

7,18

±0,00

58,7

±0,00

1,57

±0,19 14

41,76

±0,11

3,65

±0,04

6,50

±0,02

7,44

±0,03

60,7

±0,20

21 41,18

±0,17

3,13

±0,01

6,17

±0,02

6,92

±0,01

63,1

±0,13

10

0 48,25

±0,00

-0,18

±0,00

17,58

±0,00

17,58

±0,00

90,6

±0,00

1,80

±0,07 14

49,97

±0,04

-0,11

±0,01

19,07

±0,01

19,08

±0,01

90,3

±0,04

21 49,24

±0,02

-0,20

±0,02

19,09

±0,09

19,05

±0,05

90,6

±0,07

Valores médios e desvio padrão dos parâmetros da cor analisados nas amostras “sumos +

polmes + polpas” individualmente ao longo do tempo de armazenamento.

Composição: leite fermentado e fruta

Amostras Tempo (dias) L* a* b* Croma H0 DTC

11

0 68,54

±0,02

-2,98

±0,01

12,83

±0,03

13,18

±0,01

103,1

±0,06

6,29

±0,03 14

70,92

±0,03

-2,61

±0,00

12,86

±0,00

13,12

±0,00

101,5

±0,00

21 70,64

±0,04

2,95

±0,00

12,84

±0,09

13,14

±0,04

77,1

±0,09

12

0 65,38

±0,00

-2,91

±0,01

17,04

±0,05

17,26

±0,02

99,7

±0,07

7,03

±0,04 14

71,44

±0,04

-2,26

±0,02

21,06

±0,09

21,14

±0,04

96,1

±0,08

21 72,23

±0,04

-2,93

±0,01

18,61

±0,03

18,83

±0,01

98,9

±0,03

13

0 58,05

±0,01

6,87

±0,00

2,86

±0,01

7,44

±0,00

22,6

±0,10

6,83

±0,36 14

65,84

±0,06

9,40

±0,08

3,29

±0,04

9,96

±0,08

19,3

±0,08

21 63,31

±0,49

11,15

±0,05

3,65

±0,00

11,73

±0,05

18,1

±0,08

Valores médios e desvio padrão dos parâmetros da cor analisados nas amostras “leite

fermentado + fruta” individualmente ao longo do tempo de armazenamento.

Page 95: Determinação da capacidade antioxidante e parâmetros físico … · 2017-12-21 · estabilidade ao longo do tempo de ... processos envolvendo radicais ... diminuição da concentração

FCUP/FCNAUP Determinação da capacidade antioxidante e parâmetros físico-químicos em smoothies:

estabilidade ao longo do tempo de armazenamento

95

Composição: Sumos + polmes

Amostras Tempo (dias) L* a* b* Croma H0 DTC

9

0 55,75

±0,00

-1,24

±0,02

14,36

±0,01

14,41

±0,01

94,9

±0,09

1,11

±0,02 14

58,77

±0,01

-1,04

±0,01

15,76

±0,00

15,79

±0,00

93,8

±0,03

21 56,60

±0,05

-1,06

±0,01

15,05

±0,04

15,07

±0,02

94,0

±0,04

14

0 33,49

±0,00

3,60

±0,00

0,81

±0,00

3,69

±0,00

12,7

±0,00

1,00

±0,02 14

31,86

±0,13

4,18

±0,07

1,07

±0,05

4,32

±0,06

14,3

±0,87

21 32,57

±0,03

3,79

±0,01

1,17

±0,01

3,96

±0,01

17,1

±0,13

15

0 45,03

±0,04

1,62

±0,00

13,95

±0,00

14,04

±0,00

83,4

±0,00

1,03

±0,01 14

46,11

±0,08

1,79

±0,01

15,03

±0,06

15,12

±0,03

83,2

±0,08

21 44,04

±0,02

1,60

±0,01

14,25

±0,00

14,34

±0,00

83,6

±0,06

16

0 36,04

±0,05

3,35

±0,01

3,94

±0,00

5,17

±0,00

49,7

±0,06

1,00

±0,01 14

36,22

±0,00

3,50

±0,05

4,25

±0,04

5,51

±0,05

50,6

±0,12

21 36,13

±0,01

3,56

±0,04

4,92

±0,02

6,07

±0,02

54,1

±0,44

Valores médios e desvio padrão dos parâmetros da cor analisados nas amostras “sumos e polmes” individualmente ao longo do tempo de armazenamento.