detecÇÃo do cÂncer de mama: conhecimento, atitude e...

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DETECÇÃO DO CÂNCER DE MAMA: CONHECIMENTO, ATITUDE E PRÁTICA DOS MÉDICOS E ENFERMEIROS DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA DE MOSSORÓ (RN) EPAMINONDAS DE MEDEIROS JÁCOME FORTALEZA-CE 2009 FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE FORTALEZA VICE-REITORIA DE PESQUISA PÓS-GRADUAÇÃO - VRPPG CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – CCS MESTRADO EM SAÚDE COLETIVA - MSC

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DETECÇÃO DO CÂNCER DE MAMA: CONHECIMENTO, ATITUDE E PRÁTICA DOS MÉDICOS E ENFERMEIROS DA

ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA DE MOSSORÓ (RN)

EPAMINONDAS DE MEDEIROS JÁCOME

FORTALEZA-CE

2009

FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE FORTALEZA VICE-REITORIA DE PESQUISA PÓS-GRADUAÇÃO - VRPPG CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – CCS MESTRADO EM SAÚDE COLETIVA - MSC

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EPAMINONDAS DE MEDEIROS JÁCOME

DETECÇÃO DO CÂNCER DE MAMA: CONHECIMENTO,

ATITUDE E PRÁTICA DOS MÉDICOS E ENFERMEIROS DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA DE MOSSORÓ (RN)

Dissertação apresentada ao programa de Pós-Graduação Saúde Coletiva do Centro de Ciência da Saúde da Universidade de Fortaleza, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Saúde Coletiva. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Raimunda Magalhães da Silva

FORTALEZA-CE

2009

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___________________________________________________________________________ J17d Jácome, Epaminondas de Medeiros. Detecção do câncer de mama : conhecimento, atitude e prática dos médicos e enfermeiros da estratégia saúde da família de Mossoró (RN) / Epaminondas de Medeiros Jácome. - 2009. 99 f. Dissertação (mestrado) – Universidade de Fortaleza, 2009. “Orientação: Profa. Dra. Raimunda Magalhães da Silva.” 1.Câncer de mama. 2. Oncologia. 3. Saúde da família. I. Título. CDU 618.19-006 ___________________________________________________________________________

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EPAMINONDAS DE MEDEIROS JÁCOME

DETECÇÃO DO CÂNCER DE MAMA: CONHECIMENTO, ATITUDE E PRÁTICA

DOS MÉDICOS E ENFERMEIROS DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA DE MOSSORÓ (RN)

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Raimunda Magalhães da Silva - UNIFOR

Orientadora

___________________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Silvia Maria Santiago

Titular

____________________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Ana Fátima Carvalho Fernandes

Titular

____________________________________________________________ Prof. Dr. Marcelo Luiz Carvalho Gonçalves

Suplente

Aprovada em____/____/______

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MENÇÃO HONROSA

À minha querida esposa Gislane e aos meus amados filhos Gabriela e Luiz Tito, o amor que recebo de vocês é meu estímulo na caminhada.

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AGRADECIMENTOS

Ao senhor Nosso Deus que, pelo seu amor infinito, concede-me a graça de celebrar

mais uma vitória em minha vida.

A Maria Gislane Augusto Jácome, minha dedicada esposa, pelo seu amor fiel e

espontâneo, que me fortalece nos momentos de fraqueza.

A Maria Gabriela e Luiz Tito, meus amados filhos, por me proporcionarem a maior

aprendizagem da minha vida: ser pai.

A Maria Vanda de Medeiros Jácome, minha preciosa mãe, pelo seu amor

incondicional e suas fervorosas orações.

A Luiz de França Tito Jácome (in memorian), inesquecível pai, que me despertou e

estimulou no sonho de ser médico.

À Professora Raimundinha, pela amizade, discernimento, alegria e companheirismo

que tornaram a experiência do mestrado uma lição de aprendizagem para a vida.

Ao Prof. Marcelo Luiz Carvalho Gonçalves, pela sua disponibilidade, compromisso

e ensinamentos.

A todos os professores do Mestrado em Saúde Coletiva, pelos ensinamentos e

amizade.

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Aos colegas do mestrado, por todos os momentos de convivência.

À Secretaria Municipal de Saúde de Mossoró, Gerência da Saúde, pela confiança,

apoio e disponibilidade na pesquisa.

Aos profissionais participantes da pesquisa, pela grande contribuição.

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A idade vai falar; os muitos anos farão

conhecer a sabedoria, mas é o Espírito de Deus

no homem, e o sopro do todo-poderoso que

torna inteligente.

JÓ 32-7,8

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RESUMO

JÁCOME, Epaminondas de Medeiros. “Detecção do câncer de mama: conhecimento, atitude e prática dos médicos e enfermeiros da estratégia saúde da família de Mossoró-RN”. Fortaleza, 2009. 99 folhas. Dissertação (mestrado) - Saúde Coletiva, Universidade de Fortaleza. Trata-se de um estudo transversal de natureza descritiva exploratória, que tem como objetivo investigar Investigar o conhecimento, atitude e práticas dos médicos e enfermeiros da Estratégia Saúde da Família (ESF) de Mossoró-RN em relação à detecção do câncer de mama. A coleta dos dados realizou-se em março de 2008, usou-se questionário autoaplicável, composto de dados sociodemográficos, avaliação dos conhecimentos, atitudes e práticas, aplicado aos 80 profissionais de saúde, sendo 33 médicos e 47 enfermeiros. Os dados foram organizados e analisados com estatísticas descritivas e para as análises bivariadas foi utilizado o teste de qui-quadrado de Pearson ou o exato de Fisher, quando indicado. Os participantes tinham idade média de 42 anos, 54,5% dos médicos e 89,0% dos enfermeiros eram do sexo feminino, 63,7% casados e com renda familiar acima de oito salários mínimos. Quanto ao tempo de atuação na atenção básica, 45,5% dos médicos e 17,8% dos enfermeiros tinham um período máximo de cinco anos. Obtivemos um baixo nível de conhecimento entre os profissionais pesquisados, médicos 18,2% e enfermeiros 0%, se considerarmos o início do rastreamento mamográfico a partir dos 50 anos, de acordo com as recomendações do MS. Os médicos e enfermeiros não preenchem os formulários de referência e contra-referência de uma maneira correta e principalmente os médicos encaminham suas pacientes na ausência de formulários. Na avaliação da prática frente a uma mulher de 35 anos de alto risco, 2,1% dos enfermeiros e 9,1% dos médicos solicitariam a mamografia. Na orientação de suas pacientes sobre o diagnóstico do câncer de mama, 93,6% dos enfermeiros e 48,5% utilizam das informações, ensinam AEM, orientam sobre as consultas periódicas e a importância dos exames complementares. A maioria dos entrevistados é jovem, com predominância do sexo feminino, casados, com média de dois filhos, com tempo médio de conclusão da graduação de dez anos. Sabem da importância da realização do ECM, porém desconhecem o período correto para sua realização. Poucos são conhecedores da importância da mamografia como método de rastreamento para o câncer de mama. A quantidade de exame mamográfico disponibilizada pela SMS é baixa, sua marcação passa por adaptação, e esses empecilhos impossibilitam o planejamento de implantação de um programa de rastreamento no município. O desconhecimento da população da importância da prevenção foi o principal fator limitante ao rastreamento do câncer de mama apontado pelos participantes. Concluímos que os profissionais da saúde não apresentam conhecimento da importância da mamografia e da idade para o início de sua realização no rastreamento para o câncer de mama; atitudes inadequadas no preenchimento e valorização do formulário de referência e práticas falhas com relação a mulheres jovens com alto risco para câncer de mama e na educação em saúde da população por eles assistida. Para alcançarmos uma diminuição da mortalidade pelo câncer de mama no município de Mossoró é necessário agirmos em três frentes: implantar e consolidar o Programa Nacional de Educação Permanente e Saúde (PNEPS); aumentar a oferta de exames mamográficos disponibilizados para a atenção básica e promover educação em saúde para a população, despertando o auto-cuidado pela saúde da mama. PALAVRAS CHAVES: Câncer de mama; Conhecimento, atitudes e Práticas; Médicos e enfermeiros.

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ABSTRACT

JÁCOME, Epaminondas de Medeiros. “Breast cancer detection: knowledge, attitude and practices of the doctors and nurses of the family health strategy program of Mossoró-RN”. Fortaleza, 2009. 99 sheets. Dissertation (Master’s Degree) - Public Health, Universidade de Fortaleza. This is a cross-sectional study of exploratory and describing nature, that has the aim of to investigate the attitudes and practices of the doctors and nurses of the family health strategy program of Mossoró (RN) in respect to the diagnosis of breast cancer, and their knowledge about the Ministry of Health (MH) recommendations at this subject. To collect the datafulfill in march 2008, was used a self-applied questionnaire, compounded of social-demographic data, evaluation of the knowledge, attitudes and practices, applied to the 80 health professionals, being 33 doctors and 47 nurses. The data were organized and analyzed with descriptive statistics and for the bivariate analyzes the Pearson's chi-square test or Fisher's exact test was used when it was indicated. The participants have had an average age of 42 years old, 54,5% of the doctors and 89,0% of the nurses were women, 63,7% were married and with household income above 8 minimum wages. For the time of actuating on the primary attention, 45,5% of the doctors and 17,8% of the nurses have had at the most of 5 years. We’ve obtained a low level of knowledge among the interviewed professionals, doctors 18,2% and nurses 0%, if we consider the beginning of mammographic screening from 50 years old, according to the MH’s recommendations. The doctors and the nurses don’t fill out the formularies of reference and contra reference in a correct manner and that, mainly the doctors, refer their patients in the absence of formularies. At the evaluation of the practice in the presence of a high risk, 35 years old woman, 2,1% of the nurses and 9,1% of the doctors would request a mammography. About the orientation of their patients at the diagnosis of breast cancer, 93,6% of the nurses and 48,5% of the doctor use at their ambulatories the information about the breast self-exam (BSE), orientation about the periodic consultation and the importance of the complementary exams (BCE). The majority of the interviewed participants is young, predominantly women, and married, with an average of 2 sons, with mean time to conclude the graduation in 10 years. They know the importance of the accomplishment of the BCE, however they don’t demonstrate to know the correct time to its achievement. Few participants know the importance of the mammography as a screening method for breast cancer. The amount of mammographic exams offered by the SMS is small, and its schedule is passing by adaptation, these barriers difficult the planning of implantation of a municipal screening program. The population’s lack of knowledge about the importance of prevention was the main limiting factor for the breast cancer screening, cited by the participants. We conclude that health professionals have no knowledge of the importance of mammography and age for the beginning of its implementation in screening for breast cancer, attitudes and inadequate recovery in completing the form reference and practical flaws with regard to young women with high risk for breast cancer and health education of the population they assisted. We conclude that to reach a decrease in mortality on breast cancer at Mossoró city, it’s necessary to work on three fronts: Implant and consolidate the Health and Permanent Educational National Program (HPENP); increase the offer of mammography exams available at the Primary Attention and promote health education for the population awaking the self-care for breast health. We suggest the implantation of the Breast Health Project and Mamaeduca Project. KEYWORDS: Breast cancer; Knowledge, attitudes and practices; Doctors and nurses.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Distribuição da população residente no município de Mossoró de acordo com a

faixa etária e sexo, 2006 --------------------------------------------------------------- 42

Tabela 2 Dados sociodemográficos dos médicos e enfermeiros da ABS do município de

Mossoró ----------------------------------------------------------------------------------45

Tabela 3 Formação e experiência no serviço dos médicos e enfermeiros da ABS de

Mossoró-RN -----------------------------------------------------------------------------46

Tabela 4 Conhecimento, atitudes e práticas dos profissionais de saúde de Mossoró-RN.

A avaliação das respostas foi classificada em adequadas e inadequadas, de

acordo com o Documento de Consenso para o Controle do Câncer de Mama

publicado em 2004 pelo Ministério da Saúde----------------------------------------47

Tabela 5 Distribuição das variáveis sociodemográficas de médicos e enfermeiros da ESF

do Município de Mossoró-RN em 2008.---------------------------------------------52

Tabela 6 Formação e experiência no trabalho dos médicos e enfermeiros da ESF do

Município de Mossoró-RN, 2008.-----------------------------------------------------53

Tabela 7 Conhecimento sobre câncer de mama entre médicos e enfermeiros pertencentes

à ESF do Município de Mossoró (RN) em 2008.------------------------------------55

Tabela 8 Atitudes dos médicos e enfermeiros da ESF do Município de Mossoró (RN) em

2008, com relação à detecção do câncer de mama ---------------------------------57

Tabela 9 Práticas dos médicos e enfermeiros das equipes da ESF do Município de

Mossoró-RN em 2008, na detecção do câncer de mama---------------------------58

Tabela 10 Correlação das variáveis do conhecimento na detecção do câncer de mama, de

acordo com a resposta adequada e inadequada, entre os médicos e enfermeiros

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do ESF, Mossoró, RN, 2008, com base no Documento de Consenso para o

Controle do Câncer de Mama.---------------------------------------------------------59

Tabela 11 Correlação das variáveis das atitudes na detecção do câncer de mama, de acordo

com a resposta adequada e inadequada, entre os médicos e enfermeiros do ESF,

Mossoró, RN, 2008, com base no Documento de Consenso para o Controle do

Câncer de Mama.------------------------------------------------------------------------60

Tabela 12 Correlação das variáveis das práticas na detecção do câncer de mama entre os

médicos e enfermeiros do ESF, Mossoró, RN, 2008, classificadas em adequada

e inadequada, com base no Documento de Consenso para o Controle do Câncer

de Mama.---------------------------------------------------------------------------------61

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LISTA DE SIGLAS

BRCA1 – Breast Cancer 1

BRCA2 – Breast Cancer 2

NCI – Nacional Cancer Institute

SUS – Sistema Único de Saúde

PACS – Programa de Agentes Comunitários de Saúde

PSF – Programa de Saúde da Família

INCA – Instituto Nacional de Câncer

MS – Ministério da Saúde

CNS – Conselho Nacional de Saúde

ONU – Organização das Nações Unidas

PAISM – Programa de Assistência Integral á Saúde da Mulher

DST – Doença Sexualmente Transmissível

ECM – Exame Clínico das Mamas

PAAF – Punção Aspirativa com Agulha Fina

PAAG – Punção Aspirativa com Agulha Grossa

TNM – Tumor, Nódulo e Metástase

URSAP – Unidade Regional de Saúde Pública

CAP – Conhecimento, Atitudes e Práticas

ESF – Estratégia Saúde da Família

ABS – Atenção Básica de Saúde

SMS – Secretaria Municipal de Saúde

IEC – Informação, Educação e Comunicação

BCDDP – Breast Cancer Detection and Demostration Project

SBM – Sociedade Brasileira de Mastologia

FEBRASCO – Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia

AMB – Associação Médica Brasileira

CFM – Conselho Federal de Medicina

PNESP – Política Nacional de Educação Permanente em Saúde

SISREG – Sistema de Regulamentação

UBS – Unidade Básica de Saúde

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO-------------------------------------------------------------------------------------- 14 2 OBJETIVOS------------------------------------------------------------------------------------------ 21

3 REVISÃO DA LITERATURA-------------------------------------------------------------------- 23

3.1 Políticas Públicas de Saúde--------------------------------------------------------------

3.2 Programa da saúde da família-----------------------------------------------------------

3.3 Políticas nacionais de atenção integral à saúde da mulher--------------------------

3.4 Política Nacional de Atenção Oncológica -------------------------------------------

3.5 Aprendizagem dos acadêmicos de enfermagem e medicina------------------------

3.6 Câncer de mama-------------------------------------------------------------------------

3.6.1 Fisiopatogia-----------------------------------------------------------------------------

3.6.2 Perfil epidemiológico------------------------------------------------------------------

3.6.3 Fatores de risco-------------------------------------------------------------------------

3.6.4 Abordagem do câncer de mama------------------------------------------------------

3.6.5 Estadiamento---------------------------------------------------------------------------

3.6.6 Tratamento------------------------------------------------------------------------------

24

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28

29

29

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31

33

34

37

4 METODOLOGIA---------------------------------------------------------------------------

4.1 Tipo de estudo-----------------------------------------------------------------------------

4.2 Local da pesquisa-------------------------------------------------------------------------

4.3 População e amostra---------------------------------------------------------------------

4.4 Instrumento para coleta de dados-------------------------------------------------------

4.5 Definições das variáveis-----------------------------------------------------------------

4.5.1 Variáveis independentes--------------------------------------------------------------

4.5.2 Variáveis dependentes-----------------------------------------------------------------

4.6 Aspectos éticos----------------------------------------------------------------------------

4.7 Coleta de dados---------------------------------------------------------------------------

4.8 Análises dos dados-----------------------------------------------------------------------

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41

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5 RESULTADOS-----------------------------------------------------------------------------

5.1 Características sóciodemográficas, formação e experiências no trabalho dos

médicos e enfermeiros da ESF de Mossoró-RN------------------------------------------

5.2 Conhecimentos dos médicos e enfermeiros na detecção do câncer de mama----

5.3 Atitudes dos médicos e enfermeiros na detecção do câncer de mama-------------

5.4 Práticas dos médicos e enfermeiros na detecção do câncer de mama--------------

5.5 Correlações das variáveis do conhecimento, atitude e prática dos médicos e

enfermeiros da ESF na detecção do câncer de mama-------------------------------------

51

52

55

56

58

59 6 DISCUSSÃO-------------------------------------------------------------------------------- 63

7 CONCLUSÃO------------------------------------------------------------------------------- 75

8 SUGESTÕES--------------------------------------------------------------------------------

8.1 Projeto Saúde do Peito-------------------------------------------------------------------

8.2 Projeto Mamaeduca-----------------------------------------------------------------------

79

80

82

REFERÊNCIAS------------------------------------------------------------------------------- 85

APÊNDICES----------------------------------------------------------------------------------- 96

ANEXOS--------------------------------------------------------------------------------------- 101

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INTRODUÇÃO ___________________________________________________________________________

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1 INTRODUÇÃO

A condição de saúde não se restringe apenas à ausência de doença, mas envolve

diversos aspectos da vida, como lazer, alimentação, condições de trabalho, relação com o

meio ambiente, moradia e renda. O Brasil revela, nos seus indicadores epidemiológicos, uma

realidade de doenças frequentes de países desenvolvidos (cardiovascular e crônico-

degenerativa), associada às doenças típicas de países subdesenvolvidos (mortalidade materna

e desnutrição), tornando complexo o planejamento das políticas públicas de saúde (BRASIL,

2004).

O câncer é uma doença celular, em decorrência da perda de controle em sua divisão,

desencadeando um crescimento desordenado de suas células. O estudo dessa patologia pode

também expressar as condições socioeconômicas de uma população, refletindo sua maior

incidência nos países desenvolvidos, em decorrência do controle das doenças agudas,

resultando eme uma maior expectativa de vida, mas também ocasionando mudanças nos

hábitos de vida dessa população. Quanto mais sobrevive um grupamento humano, maior a

incidência de neoplasias malignas sobre ele (KLIGERMAN, 1999).

Dentre os diferentes cânceres, destacamos o câncer de mama, uma doença

heterogênea e complexa, observado pelas múltiplas formas de apresentação clínica e

morfológica, pelos diferentes graus de agressividade tumoral e pelo potencial metastático. A

maioria dos tumores é monoclonal na origem, ou seja, o evento neoplásico ocorre em uma

única célula que desenvolve expansão clonal. Durante esse crescimento é estabelecida uma

progressiva instabilidade genética, ensejando elevada taxa de mutação e resultando em uma

população tumoral heterogênea, multiclonal, que se expressa com diferenciações quanto ao

potencial metastático, antigenicidade, receptores hormonais, quimiossensibilidade e outros

(FREITAS et al, 1997).

Quando o tumor atinge o limiar de detecção clínica, em torno de um centímetro,

apresenta uma massa celular de aproximadamente 109 células e pesa cerca de um grama,

tendo duplicado trinta vezes, em média, com um tempo médio de duplicação que varia de

trinta a duzentos dias. Desse modo, uma neoplasia considerada clinicamente precoce, isto é,

de até um centímetro, já existiu em fase pré-clinica por um período de dois a dezessete anos,

tendo evoluído ¾ de sua vida biológica antes de causar a morte do hospedeiro (BENNET e

PLUN, 1997; FREITAS et al, 1997).

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Todos os cânceres de mama têm origem de alteração genética. Acredita-se que 90 a

95% deles sejam esporádicos (não familiares) e decorrem de mutação somática verificada

durante a vida, e que de 5 a 10% tenham origem hereditária (familiar), decorrente da mutação

genética, principalmente nos genes Breast Cancer 1 (BRCA-1), Breast Cancer 2 (BRCA-2),

conferindo à mulher maior susceptibilidade ao desenvolvimento do câncer de mama; porém,

nenhum teste hoje disponível para avaliar a predisposição genética à neoplasia é apropriado

para aplicação na população geral (SBM, 2001).

Dados do National Cancer Institute - NCI (2009) estimam, para o ano de 2009, o

surgimento de aproximadamente 192.370 novos casos de câncer de mama nos Estados

Unidos, com uma incidência de 126.1/100.000 habitantes e uma taxa de mortalidade de 44 mil

mulheres ao ano, tendo um acometimento maior na faixa etária entre 40 e 55 anos. Estimam-

se, para o mesmo período, aproximadamente 1.990 novos casos de câncer de mama em

homens.

No Brasil, o câncer de mama vem mostrando incidência e mortalidade ascendente

desde a década de 1960, período em que se inicia o processo de industrialização. De acordo

com os dados do Instituto Nacional de Câncer do Brasil (INCA), foram estimados, para o ano

de 2008 e 2009, 49.400 novos casos por ano, correspondendo a uma taxa bruta de incidência

de 50.7/100.000 habitantes, e uma estimativa de óbitos de aproximadamente 10.883 casos,

representando 22% dos casos de câncer, correspondendo à principal causa de morte por

câncer na população feminina. Entre os estados brasileiros previstos para apresentarem maior

incidência de novos casos de câncer de mama em 2008e 2009 teremos o Rio de Janeiro, com

92.77/100000 habitantes, e o Rio Grande do Sul, com 85.5/100000 habitantes. No Estado do

Rio Grande do Norte, a estimativa de casos novos para o ano de 2008 é de 520 casos, com

uma frequência de 32,70/100.000 habitantes (INCA/MS, 2008).

O aumento da incidência do câncer de mama no Brasil pode estar associado ao

crescimento e melhoria do diagnóstico e na qualidade das informações. Porém, as altas taxas

de mortalidade são atribuídas a um diagnóstico avançado da doença. O diagnóstico tardio

(estadiamento III e IV) pode estar relacionado à dificuldade de acesso da população aos

serviços públicos de saúde, baixa capacitação dos profissionais envolvidos na atenção

oncológica, incapacidade do sistema público de absorver a demanda e à baixa capacidade dos

gestores municipais e estaduais em definir o fluxo em diferentes níveis de atenção, que

permitam um encaminhamento adequado dos casos suspeitos (MEISTER & MORGAN,

2000).

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Ainda segundo Meister e Morgan (2000), a prevenção do câncer de mama é bastante

complexa, porque envolve fatores de risco não modificáveis, entre eles a idade, sexo, menarca

precoce, menopausa tardia, mutação genética, como também fatores modificáveis, como o uso

prolongado de anticoncepcional, idade tardia do primeiro filho a termo, obesidade na pós

menopausa, terapia de reposição hormonal, consumo de álcool, tabagismo, alimentação

inadequada, ausência de atividade física e exposição a radiação ionizante.

A mortalidade pelo câncer de mama em alguns países está aumentando paralelamente

à sua incidência, no entanto, em outros, está diminuindo, apesar de uma incidência cada vez

maior, uma diferença que talvez possa ser atribuída ao efeito combinado da detecção precoce

e o tratamento eficaz. Os valores crescentes do diagnóstico do câncer de mama em países de

baixos recursos exigem estratégias que possam modificar o desfecho muito comum que a

enfermidade pode desencadear, quando diagnosticada em um estágio em que o prognóstico é

desfavorável (ANDERSON et all, 2003).

Nos países desenvolvidos, a estratégia utilizada para a diminuição da mortalidade

pelo câncer de mama é o rastreamento, que consiste na realização de exames periódicos em

uma população assintomática, com o objetivo de detectar câncer clinicamente oculto,

portanto, em estádios iniciais. Os exames recomendáveis para a implantação do programa de

rastreamento são o exame clínico das mamas e a mamografia. Estes pré-requisitos, no entanto,

estão na dependência do conhecimento e da participação do médico, da adesão das mulheres e

da disponibilidade de infraestrutura dos serviços públicos de saúde (GODINHO, 2004).

Exame Clínico das Mamas (ECM) é um procedimento realizado por um médico ou

enfermeiro treinado. No exame podem ser identificadas alterações na mama e, se forem

indicados, serão realizados exames complementares. As técnicas (como realizar) de ECM

variam bastante em seus detalhes, entretanto, todas elas preconizam a inspeção visual, a

palpação das mamas e dos linfonodos (axilares e supra e infraclaviculares) e a excreção dos

mamilos. O ECM também é uma boa oportunidade para o profissional de saúde educar a

população feminina sobre o câncer da mama, seus sintomas, fatores de risco, detecção

precoce e sobre a composição e variabilidade da mama normal. A mamografia é a radiografia

da mama que permite a detecção precoce do câncer, por ser capaz de mostrar lesões em fase

inicial, muito pequenas (de milímetros). É realizada em um aparelho de raio X apropriado,

chamado mamógrafo (BRASIL, 2006).

O câncer de mama satisfaz os critérios de rastreamento, os quais determinam que a

doença deva se constituir em um importante problema de saúde pública, que seja detectável

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em um paciente assintomático, que o teste deva ser aceitável, eficiente, razoavelmente exato,

com um custo acessível (BLAMEY, 2000).

No Brasil, a luta por um sistema de saúde público, universal, acessível e de qualidade

confunde-se, num primeiro momento, com a luta pela redemocratização do país, culminada

com a implantação de uma política de valorização da saúde e não mais da doença. O

movimento da reforma sanitária brasileira atendeu a essa reivindicação, embasada nas reais

necessidades da população na questão da saúde como um direito de todos e um dever do

Estado. Como resultado, foi criado, em 1988, o Sistema Único de Saúde (SUS), embasado em

uma dimensão ideológica e alicerçado numa concepção ampliada do cuidado em saúde do

indivíduo, família e comunidade (MENDES, 1999).

Para atender aos princípios do SUS – universalidade, integralidade, equidade,

acessibilidade e participação popular – o Ministério da Saúde priorizou a família como

elemento básico para a assistência. Assim, em 1994, ano definido pela Organização das

Nações Unidas como ano Internacional da Família, surgiu o Programa Saúde da Família

(PSF), lançado oficialmente pelo Ministério da Saúde em março de 1994. O Programa Saúde

da Família, na sua constituição, recebeu influências externas de variados modelos de saúde da

família, em especial os canadenses, cubano e inglês. Sua origem, entretanto, está no Programa

de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), instituído pela Secretaria Estadual de Saúde do

Ceará, que, em 1987, veio atender à população como um programa emergencial de combate à

seca, trabalhando como foco a assistência à criança e à mulher (MENDES, 2002).

O Ministério da Saúde, em 2006, pela Portaria de nº 648, estabeleceu o PSF como

estratégia de abrangência nacional. Hoje, a Estratégia Saúde da Família (ESF) encontra-se

presente em 5.354 municípios (92,4%), tendo 29.300 equipes formadas, abrangendo uma

cobertura assistencial a 113,7 milhões de brasileiros (49,5%), com gasto fixo em torno de 3

bilhões de reais (BRASIL, 2008).

Para a consolidação da mudança para o modelo assistencial desejado, é

imprescindível que os profissionais atuantes na Estratégia Saúde da Família (ESF), exerça

suas competências em seus três pilares – conhecimento, habilidade e atitude, sejam

comandantes do processo, visto que toda a operacionalização do sistema público de saúde

encontra-se em suas mãos (RIBEIRO, 2008).

O conhecimento e o tratamento do câncer de mama exigem importante integração

dos profissionais da área da saúde. Não só os médicos, como também outros especialistas,

como enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, psicólogos, psiquiatras e nutrólogos, juntos,

possuem papel relevante no tratamento e na orientação do paciente com câncer. A capacitação

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desses profissionais deve ser iniciada em seus respectivos cursos superiores e continuada no

decorrer de sua vida profissional (FERREIRA, 2006).

No currículo do curso de Medicina, no nível de graduação, a Oncologia é tratada,

quando é, de uma forma fragmentada, inserida na disciplina como tópicos. Não há uma

sequência lógica, científica, hierarquizada e humanística sobre o câncer. É importante que os

estudantes conheçam as ações de controle do câncer preconizadas pelo INCA, pois os

médicos recém-formados são aqueles que estarão na linha de frente social, podendo aplicá-las

na prática e, assim, contribuir para minimizar o avanço dessa doença. Poucos terão formação

complementar que incluam medidas de detecção precoce de câncer em programas de

residência não especializados e muitos sequer farão residência ou curso de especialização

médica (GOMES, 2007).

Na formação de um enfermeiro deverá haver, obrigatoriamente, atividade de ensino

teórico e de ensino de habilidades práticas necessárias à sua capacitação. Observamos,

contudo, que a prática não está ligada à teoria de forma que os alunos apliquem os

conhecimentos obtidos em sala de aula junto à população, no ensino dos métodos de detecção

precoce do câncer de mama. O enfermeiro, desde a sua graduação, assume uma função

relevante, visto que desempenha expressivo papel como educador em saúde (FERNANDES,

2007).

Mais do que interesse acadêmico, tendo uma preocupação cidadã, oriunda de uma

responsabilidade como profissional de saúde, consciente do papel de agente de transformação,

como trabalhador da saúde institucionalizado, profissional médico – mastologista, atuando no

ambulatório especializado, no qual deveria receber pacientes devidamente referidas, com suas

queixas inicialmente identificadas, exame clínico das mamas realizado, exames

complementares previamente solicitados, o que nos inquieta é a observação do fluxo de

encaminhamento das pacientes oriundas de suas unidades básicas de saúde com queixas

mamárias, portando formulários sumariamente preenchidos ou ausentes, bem como, em

alguns casos, desprovidos de exames complementares que justifiquem o motivo do

encaminhamento para o serviço especializado, ocasionando um grande aumento da demanda.

Assumindo a responsabilidade moral de ser um agente formador de identidade no

exercício da atenção à saúde no nível secundário, sabedor da importância de um diagnóstico

precoce do câncer de mama e tendo uma inquietação sobre sua realização, o estudo foi

desenvolvido com suporte nas hipóteses norteadoras: os médicos e enfermeiros da atenção

básica de saúde do município de Mossoró são conhecedores das normas preconizadas pelo

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Ministério da Saúde para o controle do câncer de mama? Como esses profissionais estão

atuando na atenção básica em relação à detecção do câncer de mama?

Investigar o conhecimento, atitude e pratica dos médicos e enfermeiros sobre o

diagnóstico do câncer de mama poderá nos ajudar a entender se existem limitações na

realização do exame clínico das mamas, bem como na solicitação de exame complementar e

no seguimento das mulheres com alterações mamárias.

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OBJETIVOS __________________________________________________

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2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL

- Investigar o conhecimento, atitude e práticas dos médicos e enfermeiros da

Estratégia Saúde da Família (ESF) de Mossoró-RN em relação à detecção do câncer de mama.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Identificar a formação sociodemográfica dos médicos e enfermeiros que atendem

na ESF do município de Mossoró-RN.

- Verificar o conhecimento dos médicos e enfermeiros da ESF com relação às

recomendações preconizadas pelo Ministério da Saúde (MS) sobre a detecção do câncer de

mama.

- Identificar a atitude dos médicos e enfermeiros em relação à qualidade no

atendimento na saúde da mama.

- Conhecer as práticas dos entrevistados em relação às condutas clínicas no

atendimento para a detecção do câncer de mama.

- Avaliar a correlação dos conhecimentos, atitudes e práticas dos médicos e

enfermeiros da ESF de Mossoró-RN.

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REVISÃO DA LITERATURA __________________________________________________

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3 POLITICA NACIONAL DE CÂNCER

3.1 POLITICAS PÚBLICAS DE SAÚDE

O Informe Lalonde, de 1974, é tido como marco na saúde pública, disseminando a

idéia de medidas de prevenção de doença e Promoção da Saúde, ultrapassando o indivíduo e

as famílias e alcançando também o físico, sociocultural e político. Documento intitulado,

Nova perspectiva sobre a saúde dos canadenses, critica a intervenção pública no campo da

saúde centrada unicamente na organização e distribuição de cuidados médicos e propõe

mudanças na política pública na saúde, definindo quatros componentes principais da

Promoção da Saúde: a biologia humana, o ambiente, os estilos de vida e a organização da

atenção à saúde (MACDOUGALL, 2007).

O relatório desencadeou mudanças de enfoque curativo para uma abordagem

preventiva, iniciando-se a elaboração de um conceito de saúde como um estado de completo

bem-estar físico, mental e social e não simplesmente uma ausência de doença ou enfermidade,

estabelecendo a meta “Saúde para todos até o ano 2000” (ALMA-ATA, 1978).

Em dezembro de 1986, a Reunião Internacional de Saúde, ocorrida em Ottawa,

resultou na Carta de Ottawa, a qual enfocava os progressos alcançados para os cuidados

primários em saúde e as ações intersetoriais para o setor (MELLO et al., 1998).

No Brasil, pensar em garantir a saúde da população significou pensar na

redemocratização do País. Em 1986, a 8ª Conferência Nacional de Saúde (CNS) tinha como

tema “Democracia é Saúde” e constituiu fórum de luta pela descentralização do sistema de

saúde e pela implantação de políticas sociais que defendessem e cuidassem da vida. Era um

momento-chave do movimento da Reforma Sanitária Brasileira, que buscava a garantia da

saúde como direito social irrevogável, bem como a garantia dos demais direitos humanos e de

cidadania. O relatório final da 8ª CNS lançou os fundamentos da proposta do SUS (BRASIL,

1990a).

O amparo legal deste movimento ocorreu na Constituição de 1988, na qual consta

uma seção sobre a saúde acerca dos três aspectos principais. Primeiro, incorporando os fatores

determinantes e condicionantes para a saúde – o meio físico, meio sócio-econômico,

oportunidade dos serviços que visem à promoção, proteção e recuperação da saúde. Em

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segundo lugar, o direito de todos às ações de saúde e, em terceiro lugar, estabelecendo o SUS

como um sistema público, regionalizado, hierarquizado e descentralizado (BRASIL, 1990).

3.2 PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA

O novo modelo de saúde é centrado na promoção da qualidade de vida, e formulado

nos princípios doutrinários do SUS – universalidade, integralidade, equidade e participação

social – considerando que o homem é um ser integral, biopsicosocial, e que deve ser atendido

por um sistema também integral, voltado a promover, proteger e recuperar sua saúde

(BRASIL, 1990).

Lembra Vasconcelos (1999) que a Organização das Nações Unidas (ONU) elegeu o

ano de 1994 como o Ano Internacional da Família. O Ministério da Saúde cria no Brasil o

Programa de Saúde da Família, procurando seguir as diretrizes previstas no SUS e, sobretudo,

tomando a família como eixo estrutural no que diz respeito aos fatores determinantes e

condicionantes do processo saúde-doença da população assistida.

As primeiras equipes do Programa Saúde da Família (PSF) foram formadas em 1994,

incorporando e ampliando a atuação do Programa dos Agentes Comunitários de Saúde

(PACS). Costa (2004) enfatiza essa idéia, expressando que a saúde da família representa uma

“porta de entrada”, sendo o primeiro contato com os serviços de saúde, além de organizar a

referência e a contrarreferência para os diferentes níveis do sistema. O atendimento é prestado

na unidade de saúde ou em domicilio, pelos profissionais (médico, enfermeiros, agentes

comunitários de saúde, cirurgião dentista, auxiliar de enfermagem ou técnica de enfermagem)

que compõem as equipes de saúde da família (CARMONA, 2003).

Embora rotulado como um programa, o PSF foge à concepção ordinária dos demais

programas concebidos pelo Ministério da Saúde (MS). Pelo contrário, caracteriza-se como

estratégia que possibilita a integração e promove a organização das atividades em um

território definido com o propósito de enfrentar e resolver os problemas identificados. O MS,

em 28 de março de 2006, com a emissão da Portaria de nº 648 estabeleceu o PSF como

estratégia de abrangência nacional prioritária para organizar a atenção básica no Brasil,

priorizando os princípios fundamentais de acesso universal e contínuo dos serviços de saúde,

a integralidade nos seus vários aspectos, ralação de vínculos e responsabilização entre as

equipes e a população, valorização dos profissionais de saúde, através do acompanhamento

constante de formação e capacitação e do estímulo à participação popular (BRASIL, 2006d).

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O MS definiu atribuições comuns aos profissionais da atenção básica no controle dos

cânceres de colo de útero e mama, dentre elas: conhecer, planejar, programar e realizar ações

de controle dos cânceres de colo de útero e de mama; acolhimento de forma humanizada;

prestar atenção integral e contínua às necessidades de saúde da mulher; realizar e participar

das atividades de educação permanente e desenvolver atividades educativas, individuais ou

coletivas (BRASIL, 2006).

3.3 POLITICAS NACIONAIS DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA MULHER

Nas primeiras décadas do século XX, a saúde da mulher foi incorporada nas políticas

nacionais de saúde pública, mas relacionada apenas à gravidez e ao parto. A mulher, nesse

período, era vista apenas no papel social de mãe e doméstica, responsável pela criação,

educação e pelo cuidado com a saúde dos filhos (BRASIL, 2004).

Em 1984, o Ministério da Saúde (MS) elaborou o Programa Assistência Integral à

Saúde da Mulher (PAISM), que incluía ações educativas, preventivas, de diagnóstico,

tratamento e recuperação, englobando a assistência à mulher em clínicas ginecológicas, no

pré-natal, parto e puerpério, no climatério, em planejamento familiar, doenças sexualmente

transmissíveis (DST), câncer de colo do útero e de mama, além de outras necessidades

identificadas com base no perfil epidemiológico das mulheres (BRASIL, 1984)

A implantação do PAISM foi objeto de especificidade principalmente na década de

1990 sob a influência das novas políticas de saúde preconizadas pelo SUS, determinadas pela

gestão municipalizada e principalmente pela reorganização da atenção básica, com a criação

do Programa Saúde da Família (BRASIL, 2004).

A Organização Mundial de Saúde (OMS, 2002) ressalta que, para um efetivo

controle do câncer, são necessárias ações para garantir uma atenção integral ao paciente em

todos os níveis, desde a prevenção, diagnóstico, tratamento até os cuidados paliativos. Em

relação ao câncer do colo do útero e da mama, o tratamento é mais efetivo quando a doença é

diagnosticada em fases iniciais, antes do aparecimento dos sintomas clínicos, justificando a

importância das ações para a detecção precoce.

No ano de 1997, o Ministério da Saúde lançou o programa VIVA MULHER, tendo

como objetivo reduzir a mortalidade e as consequências psicossociais que o câncer do colo de

útero pode causar às mulheres brasileiras. Em 2000, o MS lançou a primeira fase das ações

voltadas para a detecção precoce do câncer de mama, oferecendo treinamentos e projeto de

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organização da rede de serviço, com alocação de mamógrafos e pistola para biópsia em polos

de diagnóstico estaduais (INCA/MS, 2004).

Em 2004, uma avaliação identificou a necessidade de revisão da estrutura e das

estratégias do Programa Viva Mulher, de forma a se constituir novos meios que permitissem

alcançar os objetivos preconizados, motivando a elaboração de um Plano de Ação para o

Controle do Câncer de Mama e do Colo do Útero no Brasil 2005 – 2007, constituído por seis

diretrizes estratégicas: aumento da cobertura da população-alvo; garantia da qualidade;

fortalecimento do sistema de informação; desenvolvimento de capacitações; desenvolvimento

de pesquisa e a mobilização social. Estas diretrizes são compostas por ações a serem

desenvolvidas, desde o ano de 2005, nos distintos níveis de atenção à saúde (BRASIL, 2004).

3.4 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO ONCOLÓGICA

O Ministério da Saúde, através da Portaria GM/MS nº 2.439, de 8 de dezembro de

2005, instituiu a Política Nacional de Atenção Oncológica, a qual contempla ações de

Promoção, Prevenção, Diagnóstico, Tratamento, Reabilitação e Cuidados Paliativos, a serem

implantadas em todas as unidades federadas, respeitadas as competências das três esferas de

gestão.

Os princípios fundamentais na atenção básica de saúde com relação a Política de

Atenção Oncológica consiste em realizar, na Rede de Serviços Básicos de Saúde (Unidade

Básicas de Saúde e Equipes da Saúde da Família), ações de caráter individual e coletivo,

voltadas para a promoção da saúde e prevenção do câncer, bem como ao diagnóstico precoce

e apoio à terapêutica de tumores, aos cuidados paliativos e às ações clínicas para o

seguimento de doentes tratados. A política de Atenção Oncológica também recomenda a

educação permanente e a capacitação das equipes de saúde em todos os âmbitos da atenção,

considerando o enfoque estratégico da promoção e envolvimento de todos os profissionais de

nível superior e os de nível técnico, de acordo com as diretrizes do SUS e alicerçada nos

Pólos de Educação Permanente em Saúde”... (BRASIL,2005).

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3.5 APRENDIZAGEM DOS ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM E MEDICINA

Trazer a graduação para o enfrentamento dos dilemas de formação pressupõe

aproximar o mundo da formação e o mundo do trabalho, tendo como mediação baliza de

competência como instrumento (DELL`ACQUA, 2009).

O contexto atual é de mercado de trabalho instável e flexível, com exigências

crescentes de produtividade e qualidade, ampliando os requisitos de qualificação dos

trabalhadores, com implantação de modelos de formação e gestão da força de trabalho com

base em competências profissionais (DELUIZ, 2001).

A construção de competências está atrelada à formação de esquema de mobilização

dos conhecimentos com discernimento em prol de uma ação eficaz. Os esquemas de

mobilização de diversos recursos cognitivos em uma situação de ação complexa

desenvolvem-se e estabilizam-se na prática (PERRENOUD, 1999).

A formação de um enfermeiro deve conter, obrigatoriamente, atividades de ensino

teórico e de ensino das habilidades práticas necessárias à sua formação, mas essa formação

não pode ser feita por um sujeito isolado, mas como um ato coletivo, pelo fato de se

configurar como troca entre as pessoas (FERREIRA, 2003; MARTINS, 2005).

Fernandes (2007), em pesquisa realizada com acadêmicos de Enfermagem em

Fortaleza-CE, observou que a maioria possui informações sobre o auto-exame das mamas e

suas vantagens, mas demonstra pouco interesse em realizá-lo. Portanto, enfatiza a autora, há

necessidade de incentivar as alunas à prática do auto-exame das mamas, bem como de instruí-

las com informações adequadas, a fim de que elas possam passar essas informações para a

população, exercendo bem seu papel de futuras cuidadoras.

Aires (1999) conclui que o conhecimento do diagnóstico do câncer de mama entre os

estudantes de Medicina da Universidade Federal de Goiás é precário, com elevada taxa de

desconhecimento entre os acadêmicos, principalmente no tocante ao auto-exame da mama, à

mamografia e ao exame de ultrasonografia. Os próprios acadêmicos acreditam que a

informação passada a eles seja inadequada e que esta orientação deva ser feita de maneira

mais efetiva, para que se achem mais motivados na busca do conhecimento sobre esse tema.

Gomes (2007), em pesquisa realizado com os alunos do quinto e sexto ano do curso

de Medicina da Universidade Estadual de Montes Claros-MG, observou que os acadêmicos

consideraram a palpação de nódulo mamário, equivocadamente, mais valorizada do que as

alterações da mamografia como sinal precoce do câncer de mama. O autor conclui que a

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disciplina de Cancerologia merece maior destaque, pelo impacto que representa essa doença,

dos pontos de vista econômico e social.

É relevante que sejam traçadas metas que motivem as mulheres a cuidar de sua saúde

e que elas encontrem uma rede de serviços capaz de suprir essa necessidade, em todo o

Território Nacional. Tal desafio requer a adoção de uma política que considere, entre outras

diretrizes, a capacitação de profissionais de saúde que incluam em suas práticas o

acolhimento, a integralidade e a resolubilidade, no sentido de minimizar o impacto do câncer

de mama entre as mulheres (SILVA, 2009).

3.6 CÂNCER DE MAMA

3.6.1 Fisiopatologia

As células normais de um organismo vivo convivem em perfeito estado de harmonia

citológica, histológica e funcional, no sentido da manutenção da vida. Os mecanismos de

contato e a permanência de uma célula junto à outra são controlados por substâncias

intracitoplasmáticas, mas ainda são pouco compreendidos os fatores que mantêm as células

normais junto aos tecidos. A perda do gene supressor do tumor pela mutação ou deleção

resulta em uma inabilidade de parar o ciclo celular e, dessa maneira, a proliferação continua,

possibilitando o desenvolvimento do câncer. A ação dos agentes carcinogênicos (físicos,

químicos e biológicos) pode ocorrer de forma espontânea ou provocada, induzindo as

alterações mutagênicas e não mutagênicas ou epigenéticas nas células (BRASIL/INCA,

2008).

A incidência, as distribuições geográficas e o comportamento de tipos específicos de

cânceres estão relacionados com múltiplos fatores, incluindo sexo, idade, raça, predisposição

genética e exposição a carcinogenes ambientais. O tempo para complementação da

carcinogênese é indeterminado. Acredita-se que a interrupção da carcinogênese pode ocorrer

desde que o organismo seja capaz de reprimir a proliferação celular e reparar os danos

causados pelo genoma. A descoberta de que o oncogênese causador da tumoração relacionado

ao gene normal levantou várias questões sobre o papel causador desses genes no crescimento

e desenvolvimento (diferenciação) das células normais e tumor. Acredita-se que etapas de

iniciação e promoção de um tumor e a própria neoplasia maligna dependem da expressão

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(manifestação do efeito) aumentada de oncogenese ocasionada por amplificação (aumento do

número de cópias dos genes) por expressão alterada de genes repressores ou por mutação

critica em áreas de determinada oncogenese (BRASIL/INCA, 2008).

As principais lesões genéticas incluem amplificação e deleção de genes, mutações

pontuais, perda de heterozigosidade, rearranjos cromossômicos e aneuploidia geral. Até o

momento quatro genes já foram clonados (BRCA-1, BRCA-2, TP53, PTEN/MMAC-1),

provavelmente atuando como genes supressores tumorais ou do início da doença; quando um

alelo mutante é herdado, há perda subsequente de heterozigosidade no outro alelo,

contribuindo, então, para o início da doença (em 5% a 10% de todos os casos de câncer de

mama) (DICKSON, 1997).

3.6.2 Perfil Epidemiológico

O câncer é a principal causa de morte no mundo, principalmente em países

desenvolvidos. Em 2005, em um total de 58 milhões de mortes ocorridas no mundo, o câncer

foi responsável por 7,6 milhões, o que representa 13% de todas as mortes; contudo,

aproximadamente 40% dessas mortes poderiam ser evitadas, outras poderiam ser detectadas

precocemente, tratadas e curadas. Estima-se que, em 2020, os números de casos novos anuais

sejam da ordem de 15 milhões, sendo que cerca de 60% desses casos ocorrerão em países em

desenvolvimento (WHO, 2008).

O risco de desenvolver câncer de mama até os 85 anos para a mulher americana é de

aproximadamente uma em oito ou 14%, e o risco de morte pelo câncer é de aproximadamente

3,4%. No período de 2001- 2005 a média de diagnóstico para o câncer de mama foi de 61

anos. A média de sobrevida após 5 anos de diagnóstico foi de 88.7%. Dos casos confirmados

de câncer de mama, 61% são considerados estadiamento primário da doença (NCI, 2007).

No Brasil, o câncer de mama é a neoplasia maligna mais frequente entre as mulheres.

Foram estimados, para o ano de 2008 e 2009, 49.400 novos casos por ano. Em uma

distribuição em ordem decrescente de frequência conforme a região, temos: região Sudeste

68.1/100000; região Sul 67.1/100000; região Centro-Oeste 38.2/100000; região Nordeste

28.4/100000; região Norte 15.6/100000. Observa-se uma relação direta entre nível socio-

econômico regional e frequência do número de câncer de mama (BRASIL/INCA, 2008).

O Município de Mossoró apresenta uma população de 244.287 habitantes em 2009,

sendo 52% da população do sexo feminino e 48% da população do sexo masculino, com

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aproximadamente 20.000 mulheres na faixa etária dos 40 aos 69 anos (IBGE, 2009). O

município registrou 68 novos casos de câncer de mama até o mês de novembro de 2009,

correspondendo a uma frequência de aproximadamente de 33,3/100.000 casos/habitantes. A

mortalidade registrada no mesmo período foi de 21 óbitos por câncer de mama (COM, 2009).

3.6.3 Fatores de Risco

O conhecimento dos fatores de risco para câncer de mama em determinada

população pode auxiliar na identificação de grupos de maior risco, os quais se beneficiariam

com programa sistemático de detecção precoce para a doença. Este conhecimento é obtido por

pesquisa epidemiológica, principalmente inquéritos e estudos transversais, que são desenhos

adequados para estimar a prevalência de uma exposição ou doença em um determinado tempo

(HENNEKENS & BURING, 1987; SILVA, 1999; COGGON, ROSE & BARKER, 2002).

No que diz respeito à identificação dos fatores de risco, embora não haja

uniformidade na sua definição e método de mensuração, e apesar das contradições observadas

entre os diferentes estudos, o sexo, a idade, história familiar, história prévia de câncer de

mama, história reprodutiva e a suscetibilidade genética têm sido apontados como associados a

um risco aumentado de desenvolver câncer de mama. O simples fato de pertencer ao sexo

feminino constitui-se no fator de risco mais importante. Embora homens possam apresentar

este tipo de câncer, a doença é pelo menos 100 a 150 vezes mais frequente entre as mulheres

(MEISTER & MORGAN, 2000).

Meister & Morgan (2000) estabeleceram que os fatores de risco que contribuem para

o desenvolvimento do câncer de mama podem ser divididos em: modificáveis e não

modificáveis. Os autores referem-se à existência de alguns fatores suspeitos, que podem

influenciar no risco do câncer de mama, tais como ausência de gravidez ou primeira gravidez

tardia, terapia de reposição hormonal (estrogênio/progesterona), anticoncepcional oral,

diethiletilbestrol, dieta especial rica em gordura e pobre em fibra, frutas e vegetal, mamas

grandes. Com relação à idade, o câncer de mama é bastante raro entre mulheres de menos de

20 anos e é incomum entre mulheres de menos de 30 anos. A incidência cresce bruscamente

com o aumento da idade e aumenta substancialmente a partir dos 50 anos. Em relação ao

grupo racial, as taxas mais baixas são encontradas entre as mulheres asiáticas, hispânicas e

indígenas nos Estados Unidos (WILLETT et all, 2002).

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Estudos realizados com população proveniente de países de baixa incidência de

câncer de mama têm mostrado que seus descendentes começam a apresentar índices

semelhantes ao do país onde estão residindo, levantando a hipótese de que os fatores

hormonais, reprodutivos e ambientais são tão ou mais importantes do que os fatores

genéticos, e provavelmente são os responsáveis pela variação das taxas entre os diferentes

locais (KELSEY & HORN- ROSS, 1993).

A predisposição genética é um importante fator para o desenvolvimento do câncer de

mama. Observa-se um risco aumentado em mulheres com casos da doença em familiares

próximos (mãe, irmã ou filha). Este risco é especialmente elevado quando o familiar tem

câncer antes dos 50 anos de idade e em ambas as mamas (FLETCHER, 2000).

Alguns instrumentos foram desenvolvidos para estimar o risco absoluto individual de

uma mulher desenvolver câncer de mama por meio um intervalo de tempo específico, e é

empregado em muitos estudos e programas de rastreamento.

O modelo de Gail et al .(1989) tem sido validado para ser utilizado por grupo

específico de mulheres brancas acima de 35 anos, residentes nos EUA, que seguem um

rastreamento sistemático com mamografia, sendo um instrumento para avaliação do risco

individual para o câncer de mama, e também é usado para selecionar mulheres de alto risco

para submeter-se ao tratamento de quimioprevenção (tratamento com quimioterápicos

oferecido à mulher com alto risco para o desenvolvimento do câncer de mama).

O resultado é uma estimativa do risco absoluto de a mulher desenvolver o câncer de

mama nos próximos cinco anos, e caso ela viva até os 90 anos de idade. O ponto de corte

deste instrumento para considerar a mulher como sendo de alto risco é de 1,7. O modelo

avalia os seguintes fatores: história médica pessoal (biópsia mamária anterior com diagnóstico

de hiperplasia atípica), história reprodutiva (idade da menarca, idade do nascimento do

primeiro filho), história de câncer de mama familiar de primeiro grau (mãe, irmã e filha)

(NCI, 2008).

No Brasil, a classificação do grau de risco para o câncer de mama sugerida pela

Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), em 2001, é baseada em revisão da literatura

internacional. Risco muito elevado (RR>3.0) – Mãe ou irmã com câncer de mama na pré-

menopausa; antecedência de hiperplasia epitelial atípica ou neoplasia lobular in situ;

susceptibilidade genética comprovada (mutação do BRCA1, BRCA 2). Risco mediamente

elevado (1.5<RR>3.0) – Mãe ou irmã com câncer de mama na pós-menopausa; nuliparidade;

antecedente de hiperplasia epitelial sem atípica ou macrocísticos apócrinos. Risco pouco

elevado (1.0<RR<1.5) – Menarca precoce (<12 anos); menopausa tardia (>55 anos); primeira

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gestação a termo depois de 35 anos; obesidade; dieta gordurosa; sedentarismo; terapia de

reposição hormonal por mais de cinco anos; ingestão alcoólica excessiva.

Pinho (2004) realizou uma revisão bibliográfica dos trabalhos de pesquisa que

determinaram os fatores de risco da população brasileira para o desenvolvimento do câncer de

mama. Concluiu que o antecedente familiar de câncer de mama em primeiro grau, além da

idade avançada, é o fator de alto risco mais conhecido e melhor estabelecido para o câncer de

mama. Outro achado que chama atenção da pesquisadora é a associação do uso prolongado do

contraceptivo oral e o aumento do risco do câncer de mama. Com base nesse estudo, o uso

destes medicamentos por grande número de mulheres em algumas regiões do País merece

uma vigilância mais adequada, para um possível aumento na incidência do câncer de mama.

Terceiro achado diz respeito à elevada frequência da história de abortos e aumento da

incidência de câncer de mama. Aproximadamente dois terços dos estudos que investigaram o

fator mostraram prevalência de 35% a 53,9%.

A interrupção da gestação em sua fase inicial quando o tecido mamário contém altas

concentrações de estrogênios pode favorecer a proliferação de células malignas. Esta

associação ainda está em investigação e o discreto aumento observado no risco para a doença

parece estar relacionado a alguns subgrupos de mulheres como nulíparas e aquelas mulheres

que tiveram filhos, mas foram expostas ao fator antes da primeira gestação a termo (CANTY,

1997).

3.6.4 Abordagem do Câncer de Mama

As diferentes fases de progressão da doença incluem um período de indução (fase de

suscetibilidade), seguido de um estádio pré-clínico, de latência ou assintomático (equivalente

ao período de incubação nas doenças infecciosas), e uma fase clínica ou sintomática

(THURLE, 2003).

A média de tempo para detecção pré-clínica é de 1,7 ano nas mulheres entre 40 e 49

anos, 3,3 anos entre as de 50 e 59 anos e 3,8 anos entre 60 e 69 anos (ROBERT, 2002). Ainda

segundo Robert (2002), o câncer de mama como problema de saúde pública, de acordo com a

incidência atual e a estimativa de mortalidade, em um grupo hipotético de mulheres,

aproximadamente uma em cada oito terá diagnóstico de câncer de mama em sua vida e uma

em 29 morrerá dessa doença (ROBERT, 2002).

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Estratégias de prevenção primária, secundária e terciária têm sido utilizadas com o

objetivo de prevenir enfermidades, diagnosticá-las e tratá-las precocemente e minimizar seus

efeitos na população, assegurando a cada indivíduo um padrão de vida adequado à

manutenção da sua saúde (LEVEL, 1976).

A detecção precoce de uma doença é possível por meio de educação para o

diagnóstico precoce em pessoas sintomáticas ou do rastreamento (triagem) em populações

assintomáticas (WHO, 2002).

Os programas de rastreamento para câncer de mama têm como objetivo identificar

mulheres que se encontram em estádio precoce da doença. Atualmente há três estratégias

disponíveis para rastreamento do câncer de mama: para mulheres a partir dos 40 anos, exame

clínico das mamas (ECM) anual; para mulheres entre 50 e 69 anos, ECM associado à

mamografia com intervalo máximo de dois anos; mulheres com alto risco para o

desenvolvimento do câncer de mama, ECM mais mamografia anual a partir de 35 anos

(INCA, 2004).

Em setembro de 2002, com a atualização das observações dos ensaios clínicos, o

grupo de estudos de câncer de mama dos EUA ratificou evidências em favor da redução da

mortalidade por câncer de mama em mulheres submetidas a mamografia anual ou bienal,

associada ou não ao ECM. Para o grupo de mulheres de 50 a 74 anos a mamografia deve ser

realizada bienalmente. Não existem evidências suficientes do benefício da mamografia bienal

nos grupos etários de 40 a 49 anos e acima de 75 anos (CG, 2009).

Na presença de lesões suspeitas, deve-se buscar a confirmação do diagnóstico por

meio do exame citológico, de punção aspirativa por agulha fina (PAAF), histológica, quando

o material for obtido por punção aspirativa com agulha grossa (PAAG), ou ainda biópsia

cirúrgica convencional (INCA/MS, 2004).

3.6.5 Estadiamento

O estádio de um tumor reflete não apenas a taxa de crescimento e a extensão da

doença, mas também o tipo de tumor e sua relação com o hospedeiro. O estadiamento pode

ser clínico e patológico. O estadiamento clínico é estabelecido a partir dos dados do exame

físico e dos exames complementares pertinentes ao caso. O estadiamento patológico baseia-se

nos achados cirúrgicos e no exame anátomopatológico da peça operatória. Assim é que um

estadiamento bem conduzido leva a condutas terapêuticas corretamente aplicadas (NCI,

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2004). Esta classificação aplica-se apenas aos carcinomas, sendo indispensável a confirmação

histológica.

Recomenda-se que, quando houver múltiplos tumores, o maior deles será considerado

para definição dos parâmetros e, quando houver tumores sincrônicos bilaterais, a classificação

de cada um deles será isolada. Os quadros a seguir sintetizam as classificações conforme o

tamanho do tumor (T), comprometimento nodal (N) e metástases (M), além de agrupar, por

estádios, as diversas combinações possíveis (BRASIL/MS, 2004).

TAMANHO DO TUMOR (T)

Tx - tumor não pode ser avaliado

Tis - carcinoma in situ

T1 - tumor com até 2 cm em sua maior dimensão

T1 mic - carcinoma microinvasor (até 1 mm)

T1a - tumor com até 0,5 cm em sua maior dimensão

T1b - tumor com mais de 0,5 e até 1 cm em sua maior dimensão

T1c - tumor com mais de 1 cm. e até 2 cm em sua maior dimensão

T2 - tumor com mais de 2 e até 5 cm em sua maior dimensão

T3 - tumor com mais de 5 cm. em sua maior dimensão

T4 - qualquer T com extensão para pele ou parede torácica

T4a extensão para a parede torácica

T4b edema (incluindo peau d'orange), ulceração da pele da mama, nódulos cutâneos satélites

na mesma mama

T4c associação do T4a e T4b

T4d carcinoma inflamatório

Observações:

a. O comprometimento do músculo grande peitoral não caracteriza T4.

b. Presença de retração da pele ou papila não interfere no estadiamento.

LINFONODOS REGIONAIS (N)

Nx - Os linfonodos regionais não podem ser avaliados

N0 - Ausência de metástase

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N1 - Linfonodo(s) homolateral(is) móvel(is) comprometido(s)

N2 - Metástase para linfonodo(s) axilar(es) homolateral(is), fixos uns aos outros ou fixos a

estruturas vizinhas ou metástase clinicamente aparente somente para linfonodo(s) da cadeia

mamária interna homolateral

N2a - Metástase para linfonodo(s) axilar(es) homolateral(is) fixo(s) uns aos outros ou fixos a

estruturas vizinhas

N2b - Metástase clinicamente aparente somente para linfonodo(s) da cadeia mamária interna

homolateral, sem evidência clínica de metástase axilar

N3 - Metástase para linfonodo(s) infraclavicular(es) homolateral(is) com ou sem

comprometimento do(s) linfonodo(s) axilar(es), ou para linfonodo(s) da mamária interna

homolateral clinicamente aparente na presença de evidência clínica de metástase para

linfonodo(s) axilar(es) homolateral(is), ou metástase para linfonodo(s) supraclavicular(es)

homolateral(is) com ou sem comprometimento do(s) linfonodo(s) axilar(es) ou da mamária

interna

N3a - Metástase para linfonodo(s) infraclavicular(es) homolateral(is)

N3b - Metástase para linfonodo(s) da mamária interna homolateral e para linfonodo(s)

axilar(es)

N3c - Metástase para linfonodo(s) supraclavicular(es) homolateral(is)

Observação: Clinicamente aparente, é definido como detectado por estudos de imagem

(exceto linfocintigrafia), pelo exame clínico ou pelo diagnóstico patológico macroscópico.

METÁSTASES (M) Mx metástase a distância não pode ser avaliada

M0 ausência de metástase a distância

M1 presença de metástase a distância (incluindo LFN supraclaviculares)

Estadiamento TNM do câncer de mama por agrupamentos

Estádio 0 Tis N0 M0

Estádio I T1 N0 M0

Estádio II A T0 N1 M0

T1 N1 M0

T2 N0 M0

Estádio II B T2 N1 M0

T3 N0 M0

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Estádio III A T0 N2 M0

T1 N2 M0

T2 N2 M0

T3 N1 M0

T3 N2 M0

Estádio III B T4 N0 M0

T4 N1 M0

T4 N2 M0

Estádio III C Tqq N3 M0*

Estádio IV Tqq Nqq M1*

* qq = qualquer (INCA/MS, 2004).

3.6.6 Tratamento

O tratamento para o câncer de mama deve ser ministrado por uma equipe

multidisciplinar, visando ao tratamento integral da paciente. As modalidades terapêuticas são

a cirurgia e a radioterapia para tratamento locoregional, e a quimioterapia e a hormonioterapia

para tratamento sistêmico (BARROS et al, 2001).

CIRURGIA

Na abordagem cirúrgica, Barros et al (2001) subdividiu em dois tipos: conservadora

e não conservadora. O tratamento conservador subdivide-se em: tumorectomia e ressecção

segmentar; e o não conservador em: adenomastectomia subcutânea, mastectomia simples ou

total, mastectomia com preservação de um ou dois músculos peitorais com linfadenectomia

axilar e mastectomia com retirada do(s) músculo(s) peitorais e dos linfonodos axilares.

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RADIOTERAPIA

Após cirurgia conservadora, deve-se irradiar toda a mama, independentemente do

tipo histológico, idade, uso de quimioterapia e/ou hormonioterapia e mesmo com margens

cirúrgicas livres de comprometimento neoplásico (FISHER et al, 1995).

O papel da radioterapia pós-mastectomias é controverso, porém sua indicação é

necessária nas seguintes situações: tumores maiores ou iguais a 5 cm (somar com biópsia

prévia); pele comprometida; grau III; dissecção axilar inadequada; invasão extracapsular

linfonodal; margem comprometida (menor que 1 cm); quatro ou mais linfonodos

comprometidos (INTERNATIONAL CONFERENCE, 2001).

QUIMIOTERAPIA (ADJUVANTE E NEOADJUVANTE)

A quimioterapia neoadjuvante, também conhecida como primária, pré-operatória ou

de indução, conquistou um papel promissor no tratamento do câncer de mama localmente

avançado. Este tipo de terapêutica consiste na administração do quimioterápico antes do

tratamento cirúrgico. As vantagens práticas e teóricas da quimioterapia primária são: reduzir o

tamanho do tumor e aumentar a taxa de cirurgia conservadora da mama ou tornar operáveis

tumores localmente avançados; impedir o crescimento dos focos metastáticos após a remoção

do tumor primário; diminuir o potencial de clones químioresistentes; avaliar a sensibilidade

tumoral in vivo e permitir o estudo dos marcadores biológicos como, por exemplo, os

receptores hormonais (TRUDEAU, 2005).

Quimioterapia adjuvante deve ser recomendada nas pacientes com tumores maiores

do que 1 cm, independentemente do status linfonodal, receptores hormonais, idade ou

menopausa. Para pacientes com tumores menores que 1 cm a decisão deve ser individualizada

(EBCTCG, 1996).

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HORMONIOTERAPIA

O protocolo apresentado pela Associação Médica Brasileira e pelo Conselho Federal de

Medicina no Projeto Diretrizes, Diagnóstico e Tratamento do Câncer de Mama, em 2001,

recomenda que a hormonioterapia seja empregada em todas as pacientes com receptor hormonal

positivo, sendo o benefício observado em pacientes na pré ou pós-menopausa, com ou sem

utilização de quimioterapia. Além disso, a pesquisa dos receptores hormonais de estrogênionio e

progesterona é recomendada para todos os pacientes (INCA/MS, 2001).

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METODOLOGIA __________________________________________________

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41

4 METODOLOGIA

4.1 TIPO DE ESTUDO

Trata-se de um estudo descritivo, transversal, com abordagem quantitativa,

utilizando o inquérito CAP – conhecimento, atitudes e práticas (MARINHO, 2003). Estudos

do tipo CAP visam ao desenvolvimento de programas mais apropriados para as necessidades

específicas da população estudada.

O conhecimento é uma relação que se estabelece entre o sujeito que conhece ou

deseja conhecer e o objeto a ser conhecido ou que se dá a conhecer. A construção do

conhecimento fundado sobre o uso crítico da razão, vinculado a princípios éticos e a raízes

sociais, é tarefa que precisa ser retomada a cada momento, sem jamais ter fim (ROSA, 2009).

Atitude significa uma maneira organizada e coerente de pensar, sentir e reagir em

relação a grupos, questões, outros seres humanos ou, mais especificamente, a acontecimentos

ocorridos em nosso meio circundante (GREGÓRIO, 2002).

Prática é a capacidade de fazer, a experiência clínica, a repetição e o exercício

psicomotor. Está relacionada à forma de executar as tarefas, na aplicação de conhecimento, do

agir e do pensar (RESENDE, 2000).

O estudo transversal caracteriza uma população em ponto único no tempo. O

inquérito transversal tem as vantagens de ser relativamente rápido e fácil de realizar. É útil

para medir a situação e planejamento de saúde vigente, incluindo o estabelecimento de

prioridades para o controle de doenças. Muitas pesquisas são empreendidas para determinar o

conhecimento, atitude e práticas de saúde de várias populações (JEKEL, 2005).

4.2 LOCAL DA PESQUISA

O município brasileiro de Mossoró está localizado no sertão nordestino, no Estado do

Rio Grande do Norte, na região oeste do estado, às margens do Rio Apodi-Mossoró.

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Mossoró á a segunda cidade demograficamente mais densa do Estado, com uma

população de 244.287 habitantes em 2009 (IBGE, 2009). A distribuição da população de

acordo com a faixa etária e sexo pode ser visualizada na Tabela 1.

Tabela 1- Distribuição da população residente no município de Mossoró de acordo com a faixa etária e sexo, 2006

População Residente por Faixa Etária e Sexo, 2006 Faixa Etária Masculino Feminino Total

0 a 4 anos não detalhado - - - Menor 1 ano 2.110 1.905 4.015

8.565 8.140 1 a 4 anos 5 a 9 anos 11.421 10.999

16.705 22.420

10 a 14 anos 12.541 12.733 25.274 15 a 19 anos 12.381 12.857 25.238 20 a 29 anos 20.164 21.878 42.042 30 a 39 anos 17.673 19.946 37.619 40 a 49 anos 11.010 12.696 23.706 50 a 59 anos 6.931 8.093 15.024 60 a 69 anos 3.918 5.239 9.157 70 a 79 anos 2.670 3.359 6.029

80 anos e mais 1.103 1.452 2.555 Idade ignorada - - -

Total 110.487 119.297 229.784

Fonte: IBGE, Censos e Estimativas

A administração da Secretaria de Estado da Saúde Pública (SESAP) do Rio Grande

do Norte (RN) é dividida por unidades regionais de saúde, que somam seis. A II Unidade

Regional de Saúde Pública (URSAP), formada por 26 municípios, tem como sede o

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Município de Mossoró (SESAP, 2009). A rede municipal de saúde de Mossoró-RN conta com

184 unidades de saúde, sendo 64 sob gestão municipal, 07 sob gestão estadual e 113 são

privadas e filantrópicas.

Aproximadamente 98% da população do Município estão cadastrados no Cartão

Nacional de Saúde. O município de Mossoró realiza o Programa de Pactuação Integral (PPI),

tendo 54 municípios com pactuação para atendimento ambulatorial e 64 municípios com

pactuação com referência hospitalar, para cirurgias e internamentos. A Secretaria Municipal

de Saúde de Mossoró conta com 63 unidades de saúde, sendo 43 unidades básicas de saúde,

porte II, 28 na zona urbana, 11 na zona rural, 04 unidades básicas de saúde, porte I, que

contam apenas com o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e 20 unidades de

referência. Com relação às equipes de saúde da família, o município conta com 48 na zona

urbana e 13 na zona rural (SMS, 2008). O município de Mossoró dispõe de uma unidade

hospitalar sob gerência estadual e 04 unidades hospitalares privadas que prestam serviços ao

SUS.

Os profissionais mastologistas, em um total de três, estão distribuídos nas unidades

especializadas: Centro de Saúde Vingt Rosado e AMI (Ambulatório Materno Infantil). Essas

unidades recebem as pacientes referenciadas de suas unidades básicas de saúde, por meio de

agendamento prévio de consultas e exames complementares. Após a consulta, quando

necessitam de exames complementares, como mamografia ou ultrassonografia mamária, são

orientadas a retornarem à sua unidade básica de saúde para agendamento por meio do sistema

de referenciamento (SISREG).

Nos casos de anormalidades clínicas detectadas no ECM ou através de exames

complementares, que necessitem de biópsia, realiza-se PAAF (Punção aspirativa com agulha

fina) ou PAAG (punção aspirativa com agulha grossa) no AMI, sendo o material colhido

encaminhado para o laboratório de patologia do município. O município de Mossoró conta

com hospital habilitado para a realização de cirurgias oncológicas e um Centro de Oncologia

clinica , pediátrica e Hematologia, que realiza tratamento quimioterápico e hormonioterápico,

serviços privados credenciados ao SUS. Quando há necessidade do tratamento radioterápico,

as pacientes são encaminhadas para a cidade de Natal, para o Hospital Luis Antonio.

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44

4.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA

A população de profissionais, médicos e enfermeiros, que atuam na ESF do

município de Mossoró, na época da coleta dos dados, era de 61 médicos e 61 enfermeiros. O

total dos profissionais participantes da pesquisa: 33 médicos e 47 enfermeiros. Determinamos

que a amostragem seria representada pelo número total dos participantes que estivessem

presentes no dia da aplicação do questionário. Os profissionais estavam distribuídos nas 43

unidades básicas de saúde (UBS), nas zonas urbana e rural, e trabalham oito horas diárias,

durante cinco dias úteis.

Critério de inclusão: médicos e enfermeiros que trabalham na ESF no município de

Mossoró há pelo menos seis meses, e que estejam em atividade durante o período da

realização da pesquisa; disponibilidade dos profissionais em participar da pesquisa, após a

assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Critérios de exclusão: os profissionais que não se adequarem a estes critérios, que

estejam ausentes por licença médica ou afastamento e os que não desejarem participar da

pesquisa.

4.4 INSTRUMENTOS PARA COLETA DE DADOS

Para obtenção das informações, foi utilizado um questionário estruturado, que

continha somente perguntas fechadas, com o objetivo de identificar o conhecimento, atitude e

prática dos médicos e enfermeiros da ESF do município de Mossoró na detecção do câncer de

mama (APÊNDICE A).

O questionário foi elaborado com base nos objetivos do estudo, de acordo com as

recomendações do Ministério da Saúde/INCA. O instrumento foi composto de duas partes: a

primeira formada por perguntas direcionadas à caracterização sociodemográfica, formação e

tempo de experiência dos sujeitos. A segunda foi subdividida em três segmentos: o primeiro

com questões referentes ao conhecimento dos médicos e enfermeiros do ESF com relação às

recomendações preconizadas pelo Ministério da Saúde (MS) sobre a detecção do câncer de

mama; o segundo, com questões relacionadas a atitudes dos participantes em relação à

qualidade no atendimento à saúde da mulher. O terceiro conteve questões que contemplavam

as práticas clínicas no atendimento para a detecção do câncer de mama.

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4.5 DEFINIÇÕES DAS VARIÁVEIS

4.5.1 Variáveis Independentes Tabela 2- Dados sociodemográficos dos médicos e enfermeiros da ABS do município de Mossoró. Variáveis Independentes

Sociodemográfico

1)Idade em anos 20 a 29 30 a 39 40 a 49 50 a 59 60 a 69 70 a 79

2)Sexo Masculino Feminino

3)Estado civil Casado União estável Solteiro Viúvo

4)Número de filhos Um Dois Três Quatro > Cinco Nenhum

5)Renda familiar em salários mínimos

3 a 4 5 a 7 8 a 10 > 10

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46

4.5.2 Variáveis dependentes

Tabela 3- Formação e experiência no serviço dos médicos e enfermeiros da ABS de Mossoró-RN. Variáveis Dependentes Formação 6)Tempo de formação 01 a 09

10 a 20 > de 20

7)a)Curso de atualização Sim Não

b)Curso de extensão Sim Não

8)Pós graduação Especialização Residência médica Mestrado Doutorado

9)Treinamento pela SMS no diagnóstico do câncer de mama Sim Não

Experiência no serviço 10)Tempo de atuação na atenção básica em anos 01 a 05

06 a 10 11 a 15 >de 15

11)Experiência na detecção do câncer de mama Sim Não

Na correlação dos conhecimentos, atitudes e práticas entre os médicos e enfermeiros,

a análise de cada resposta foi codificada em adequada ou inadequada com base no documento

de consenso intitulado Controle do Câncer de Mama, documento de consenso, publicado pelo

Ministério da Saúde-INCA em 2004. Os itens considerados adequados ou inadequados

correspondem às opções de respostas no questionário aplicado. Porém, nas questões 16, 22,

25 e 26, os participantes poderiam responder mais de uma opção, ou até todas as opções, se

assim julgassem adequado.

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Tabela 4- Conhecimento, atitudes e práticas dos profissionais de saúde de Mossoró-RN. A avaliação das respostas foi classificada em adequadas e inadequadas, de acordo com o Documento de Consenso para o Controle do Câncer de Mama publicado em 2004 pelo Ministério da Saúde. Variáveis dependentes Resposta

Adequada Respostas Inadequada

Conhecimento 12)De acordo com as normas técnicas do Ministério da Saúde (MS), há indicação do exame clínico da mamas em mulheres assintomáticas?

Sim

Não

13)De acordo com as normas técnicas do MS, qual é o melhor período para a realização do exame físico das mamas?

Independe Ovulatório Pré-menstrual Período menstrual 3 a 5 dias após a menstruação

14)De acordo com as normas técnicas do MS, qual é a idade recomendada para solicitar a primeira mamografia em mulheres assintomáticas?

50 anos

30 anos 40 anos

15)De acordo com as normas técnicas do MS, qual dos exames abaixo é o mais indicado para os casos suspeitos para câncer de mama?

Mamografia

EFM US mamária Ressonância magnética Mais de uma opção

16)Na sua opinião, quais dos fatores abaixo seriam limitantes ao rastreamento do câncer de mama? Pode haver mais de uma opção.

Respostas adequadas: alternativas A, B, C, D e E

A) Desconhecimento da população B) Poucos profissionais habilitados C) Número de profissionais insuficiente D) Equipamento insuficiente E) Gestor público não comprometido

17) Com que frequência na unidade de saúde se encontra formulário de referência e contra-referência?

Sempre

Frequentemente Raramente Nunca

Atitudes Resposta Adequado

Resposta Inadequado

18)Você gostaria de receber educação permanente na área do diagnóstico do câncer de mama?

Sim

Não

19)A SMS estimula os profissionais da ESF a participarem de programa de educação permanente?

Sim

Não

20)Você se sente preparado para a realização ECM em mulheres na UBS?

Sim Não

21)Motivação na unidade de saúde (US) na busca constante da qualidade do atendimento?

Sim

Não

22)O que você prioriza no relatório de encaminhamento na ficha de referência?

Respostas adequadas: A, B, C e D

A) Diagnóstico provável B) Resultados dos exames C) Observações clínicas D) Motivos de transferência

23)Quando não encontra formulário, mesmo assim encaminha? Não

Sim

Práticas Resposta Adequada

Resposta Inadequada

24)Condutas com mulheres jovem de 35 anos pertencentes ao grupo de alto risco para o câncer de mama?

Respostas adequadas:D e E

A)Retornar com seis meses B)Solicitar US mamários C)Encaminhar ao mastologista D)Realiza ECM E)Solicita mamografia

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48

25)Conduta com mulheres de 30 anos com queixas de nódulo? Respostas adequadas: B e D

A)Retornar com 6 meses B)Solicitar US mamários C)Encaminhar ao mastologista D)Realiza ECM E)Solicita mamografia

26)Orientação sobre o diagnóstico do CA mama? Respostas adequadas:A, B, C, e D

A)Fornece informações sobre CA mama B)Ensina o AEM á partir dos 20 anos C)Orienta a importância da consulta D)Orienta a importância de exames complementares

4.6 ASPECTOS ÉTICOS

A Bioética tem suas principais vertentes vigentes na pesquisa científica, que é a que

produz novos conhecimentos e fatos. E para chegar a um juízo prudente sobre fatos concretos,

apoia-se nos resultados da tecnociência, no contexto político e na cultura das pessoas e

comunidade. Ainda se trata de focalizar problemas reais à luz da sabedoria prática e das

normas éticas vigentes numa comunidade e/ou sociedade política (LADRIÈRE, 1995). Os

princípios da Bioética fazem parte de um sistema de moral que embasa o juízo ético de um

projeto de pesquisa em seres humanos. Diante deste sistema, Lima (2004), caracteriza os 05

princípios da Bioética:

Princípio da Autonomia, o qual requer do profissional o respeito à vontade,

respeito à crença, aos valores morais do sujeito da pesquisa, reconhecendo o domínio do

pesquisado sobre sua vida e o respeito à sua intimidade.

Princípio da Beneficência, onde se assegura o bem-estar das pessoas, evitando

danos e garantindo que sejam atendidos seus interesses.

Princípio da Não Maleficência, que assegura que sejam evitados danos físicos

aos sujeitos da pesquisa, tanto nas dimensões física como psíquica, moral, intelectual, social,

cultural e espiritual do ser humano, em qualquer fase da pesquisa e dela decorrente.

Princípio da Justiça, que exige equidade na distribuição de bens e benefícios

em qualquer setor da ciência.

Principio de Proporcionalidade, o qual procura o equilíbrio entre os riscos e

benefícios, visando o menor mal e o maior benefício às pessoas.

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49

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de

Fortaleza (UNIFOR), na data de 30/04/2009, sob Parecer nº 106/2009 (ANEXO A).

Esclarecemos aos participantes acerca do estudo, seu objetivo, de forma a torná-los

cientes do sigilo conferido às suas informações e às suas identidades. Os participantes foram,

também, orientados quanto à ausência de qualquer risco para si mesmos e para sua profissão e

foram cientificados dos benefícios de suas informações, que poderão facilitar um

planejamento de políticas de educação permanente, visando à busca de um diagnóstico do

câncer de mama na atenção básica. A anuência de todos foi documentada pela assinatura de

um termo de consentimento.

4.7 COLETA DE DADOS

Inicialmente fomos à Gerência da Saúde do município de Mossoró-RN, expusemos

os objetivos do trabalho e buscamos firmar parceria para sua concretização. Ficou acordado

que a gerência seria responsável pela convocação dos profissionais da saúde, médicos e

enfermeiros, em dia e horário pré estabelecidos e, em contrapartida, realizaríamos palestras

aos participantes sobre a detecção do câncer de mama.

A coleta dos dados foi realizada nos dias 20 e 21 de março de 2008, no primeiro dia

para os médicos e no segundo para os enfermeiros. A reunião aconteceu no auditório da

Escola Estadual União Caixeral, no horário matutino, a partir das 08 horas.

No início da reunião, em atendimento à Resolução do Conselho Nacional de Saúde

(CNS) 196/96 sobre Ética em Pesquisa, envolvendo seres humanos (BRASIL, 1996), os

participantes foram previamente esclarecidos sobre a finalidade e os objetivos da pesquisa, a

importância de suas participações e os prováveis benefícios que os resultados da pesquisa

poderiam gerar. Após a explanação dos termos foi repassado o Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido, que foi assinado por todos os presentes, 33 médicos e 47 enfermeiros. O

questionário foi distribuído individualmente por nós e auxiliares previamente treinados para o

esclarecimento das dúvidas.

Após o recolhimento dos questionários, iniciamos uma palestra intitulada: “Câncer

de mama: conhecimentos, atitudes e práticas”. Foram comentados assuntos diversos, SUS,

políticas de saúde, importância dos profissionais da atenção básica na detecção do câncer de

mama, o câncer de mama como um problema de saúde pública, diagnóstico precoce do câncer

de mama.

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50

Sentimos uma valorização e uma participação ativas dos profissionais no decorrer da

palestra, com perguntas referentes ao assunto e uma cobrança para a realização de novas

capacitações.

4.8 ANÁLISE DOS DADOS

O processamento e a análise dos dados foram realizados com o auxílio do programa

Statistical Package for the Social Sciences – SPSS, versão 12.0.

As variáveis relacionadas às características sociodemográficas, formação e

experiência no trabalho, conhecimento, atitudes e práticas foram submetidas a técnicas

descritivas, tais como frequência e percentual. Na correlação das variáveis de conhecimento,

atitude e prática entre os profissionais de saúde, as respostas foram codificadas em adequadas

ou inadequadas, com base no documento de consenso intitulado Controle do Câncer de

Mama, publicado pelo Ministério da Saúde-INCA em 2004. Nas questões 16, 22, 25 e 26 os

participantes poderiam responder mais de uma opção, ou até todas as opções, se assim

julgasse adequado. Para as análises bivariadas foi utilizado o teste de qui-quadrado, de

Pearson (ARMITAGE & BERRY 1987), ou o Exato de Fisher, quando indicado,

considerando-se o nível de significância de 5%.

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51

RESULTADOS

__________________________________________________

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52

5 RESULTADOS

A análise e discussão dos resultados desta pesquisa são apresentadas em conformidade

com os seus objetivos.

5.1 CARACTERÍSTICAS SOCIODEMOGÁFICAS, FORMAÇÃO E EXPERIÊNCIA NO

TRABALHO DOS MÉDICOS E ENFERMEIROS DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA

FAMILIA (ESF) DE MOSSORÓ-RN.

A tabela 5 demonstra as características sociodemográficas, enfatizando a idade, sexo,

estado civil, número de filhos e renda familiar dos profissionais de saúde da ESF.

Tabela 5 - Distribuição das variáveis sociodemográficas de médicos e enfermeiros da ESF do município de Mossoró-RN em 2008. Variáveis Médicos

(N=33)%

n Enfermeiros

(N=47) %

n

1)Idade em anos 20 a 29 30 a 39 40 a 49 50 a 59 60 a 69 70 a 79

05 (15,6) 11 (34,4) 03 (09,4) 07 (21,9) 04 (12,5) 02 (06,2)

32 08 (17,0) 16 (34,1) 16 (34,1) 05 (10,6) 02 (04,3) -

47

2)Sexo Masculino Feminino

15 (45,5) 18 (54,5)

33 05 (10,6) 42 (89,4)

47

3)Estado civil Casado União estável Solteiro Viúvo

17 (51,5) 04 (12,1) 09 (27,3) 03 (09,1)

33 34 (72,3) 02 (4,3) 09 (19,1) 02 (04,3)

47

4)Número de filhos Um Dois Três Quatro Cinco ou mais nenhum

08 (24,2) 09 (27,2) 02 (06,0) 02 (06,0) 02 (06,0) 10 (30,3)

33 08 (17,0) 13 (27,6) 11 (23,4) 02 (04,2) 13 (27,6) -

47

5)Renda familiar em salários 3 a 4 5 a 10 8 a 10 >10

- - 08 (24,2) 24 (72,7)

32 06 (12,8) 12 (25,5) 14 (29,8) 12 (25,5)

44

Fonte: Dados da pesquisa. Elaboração própria.

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53

O total de 80 profissionais da Estratégia Saúde da Família do Município de Mossoró-

RN que participaram da pesquisa encontrava-se distribuído nas seguintes categorias: 33

médicos e 47 enfermeiros.

A faixa etária dos profissionais varia de 24 a 75 anos, com predomínio da faixa de 30

a 39 anos, um desvio-padrão de 14,77 para os médicos e 9,35 para os enfermeiros. A média

de idade foi de 42 anos entre os profissionais. Dado significativo encontrado na pesquisa foi

que 40,5% dos participantes tinham idade abaixo de 35 anos e que 18,7% dos médicos idade

acima dos 60 anos.

Observamos predominância do sexo feminino, estado civil casado e um maior

número de filhos entre os enfermeiros. Na avaliação da renda familiar, profissionais médicos

apresentaram melhores remunerações, não inferiores aos oito salários mínimos.

A tabela 6 contempla dados da formação e experiência profissional dos médicos e

enfermeiros, como tempo de formação e pós-graduação lato sensu, enfatizando cursos de

atualização e extensão e formação strictu sensu. Na mesma tabela, podemos aferir o tempo de

atuação na atenção básica e a experiência na detecção do câncer de mama. Tabela 6- Formação e experiência no trabalho dos médicos e enfermeiros da ESF do Município de Mossoró-RN, 2008. Variáveis Médicos

(N=33)%

n Enfermeiros

(N=47) %

n

Formação

6)Tempo de formado 1 a 9 anos 10 a 20 anos Mais de 20

16 (48,5) 04 (14,1) 13 (36,1)

33 17 (37,0) 18 (39,1) 11 (23,9)

46

7-a) Curso de atualização Sim Não

27 (90,0) 03 (10,0)

30 43 (95,5) 02 (4,5)

45

7-b) Curso de extensão Sim Não

25(80,6) 06 (19,4)

31 21 (47,7) 23 (52,2)

44

8) Pós graduação Especialização Residência médica Mestrado Doutorado Não participou

20 (62,5) 05 (15,7) 02 (6,2) 01 (3,1) 04 (12,5)

32 41 (95,3) - - - 02 (4,7)

43

9)Treinamento pela SMS no diagnóstico Ca mama

Sim Não

04 (12,1) 29 (87,9)

33 21 (44,7) 26 (55,3)

47

Experiência no serviço 10)Tempo de atuação na atenção básica de saúde

1 a 5 anos 6 a 10 anos 11 a 15 anos Mais de 15 anos

15 (45,5) 12 (36,6) 01 (3,0) 05 (14,9)

33 08 (17,8) 17 (37,7) 07 (15,5) 13 (28,8)

45

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54

11)Experiência na detecção do Ca mama

Sim Não

21 (63,6) 12 (36,4)

33 15 (31,9) 32 (68,1)

47

Fonte: Dados da pesquisa. Elaboração própria

Podemos identificar intervalo significativo do tempo de formado, que variou de um a

49 anos, sendo 48,5% dos médicos e 37% dos enfermeiros com intervalo máximo de nove

anos. Observamos que 30,3% dos médicos tinham até cinco anos de formados e 33,3% acima

de 24 anos de conclusão da graduação.

No que concerne à capacitação desses profissionais, encontramos grande

participação em cursos de atualização e extensão. Na avaliação de cursos de pós-graduação

lato sensu, 62,5% dos médicos e 95,3% dos enfermeiros possuem especialização e 15,6% dos

médicos com residência médica em diversas áreas. Na pós-graduação strictu sensu, 6,2% dos

médicos têm mestrado e 3,1% doutorado.

A respeito do tempo de atuação na atenção básica de saúde (ABS), 82,1% dos

médicos e 55,5% dos enfermeiros têm no máximo dez anos, destes, 45,5% dos médicos com

intervalo máximo de cinco anos.

Perguntados a respeito da participação em treinamentos oferecidos pela Secretaria

Municipal de Saúde (SMS) de Mossoró, com temas sobre diagnóstico do câncer de mama,

após o ingresso na ESF, 87,9% dos médicos e 55,3% dos enfermeiros confirmaram a não-

participação. Mesmo assim, 63,6% dos médicos e 31,9% dos enfermeiros já tiveram

experiência no diagnóstico do câncer de mama.

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55

5.2 CONHECIMENTOS DOS MÉDICOS E ENFERMEIROS NA DETECÇÃO DO

CÂNCER DE MAMA

A tabela 7 demonstra valores referentes aos conhecimentos dos profissionais de

saúde. O instrumento de coleta dos dados para esse tópico era constituído por seis questões

com respostas disponibilizadas em forma de múltiplas escolhas, com apenas uma opção a

escolher, com exceção da questão 16 (dezesseis), na qual os participantes poderiam optar por

mais de uma opção ou até todas. Os resultados serão expostos em forma percentual, de

acordo com cada categoria profissional.

Tabela 7 - Conhecimento sobre câncer de mama entre médicos e enfermeiros pertencentes a ESF do município de

Mossoró (RN) em 2008

Variáveis Médicos n(%)

Enfermeiros n(%)

Conhecimento

12) Há indicação de ECM em mulheres assintomáticas?

Sim Não Não respondeu

31 (93,9) 01 (03,0) 01 (03,0)

46 (97,9) 01 (02,1) -

13) Qual o melhor período para a realização ECM?

Ovulatório Pré-menstrual Período menstrual 3 a 5 dias após a menstruação Independente Não respondeu

08 (24,2) 04 (12,1) 02 (06,1) 13 (39,4) 04 (12,1) 02 (06,1)

09 (19,1) - - 01 (02,1) 37 (78,7) -

14) Qual a idade recomendada para solicitação da primeira mamografia em mulheres assintomáticas?

30 anos 40 anos 50 anos Não respondeu

02 (06,1) 23 (69,7) 06 (18,2) 02 (06,1)

03 (06,4) 44 (93,6) - -

15) Qual o exame mais indicado para a descoberta precoce do câncer de mama?

ECM Mamografia US mamária Ressonância magnética Não respondeu Mais de uma opção

16 (48,5) 08 (24,2) 01 (03,0) 01 (03,0) 07 (21,2) -

34 (72,3) 04 (08,5) 06 (12,8) - 01 (02,1) 02 (04,3)

16) Quais os fatores limitantes ao rastreamento do câncer de mama? *

Desconhecimento da população Poucos profissionais habilitados Número de profissionais insuficientes Equipamento insuficiente Gestor público não comprometido Alternativas: A,B,C,D e E

14 (42,4) 15 (45,4) 09 (27,2) 09 (27,2) 11 (33,0) 10 (30,3)

25 (53,1) 11 (23,4) 05 (10,6) 11 (23,4) 10 (21,2) 19 (40,4)

17) Com que frequência se encontra formulário de referência e contrarreferência em sua US?

Sempre Frequentemente Raramente Nunca Não respondeu

20 (60,6) 09 (27,3) 01 (03,0) 01 (03,0) 02 (06,1)

34 (72,3) 13 (27,7) - - -

*Na questão 16, computamos o somatório dos participantes por resposta. Fonte: Dados da pesquisa. Elaboração própria

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56

Dos participantes do estudo, a quase totalidade dos médicos (93,9%) e enfermeiros

(97,0%) respondeu que o exame clínico das mamas (ECM) deveria ser realizado em mulheres

assintomáticas como parte integrante da consulta, porém o melhor período para a sua

realização foi conflitante entre os profissionais, pois 39,4% dos médicos responderam que

devia ser realizado de três a cinco dias após o término da menstruação e 78,8% dos

enfermeiros responderam que independe do período menstrual para sua realização.

A escolha da mamografia como o exame de eleição na descoberta precoce do câncer

de mama foi referida por 24,2% dos médicos e 8,5% dos enfermeiros. A idade de 50 anos

como recomendável para a solicitação da primeira mamografia em mulheres assintomáticas

no rastreamento para o câncer de mama, foi respondida por 18,2% dos médicos e nenhum

enfermeiro.

Existe um somatório de fatores limitantes ao rastreamento do câncer de mama:

desconhecimento da população, profissionais habilitados insuficientes, poucos equipamentos

e gestores não comprometidos com a política de prevenção. O reconhecimento das limitações

no rastreamento como uma somatória dos fatores supracitados foi reconhecido por 30,3% dos

médicos e 40,4% dos enfermeiros. A insuficiência de profissionais de saúde habilitados foi a

opção mais escolhida entre os médicos e o desconhecimento da população entre os

enfermeiros.

O processo de integralidade entre os diversos níveis de atenção do SUS é

formalizado pelo sistema de referência e contrarreferência – 87,9% dos médicos e 100% dos

enfermeiros declararam que sempre ou frequentemente encontram o formulário de referência

e contrarreferência em suas unidades básicas de saúde.

5.3 ATITUDES DOS MÉDICOS E ENFERMEIROS NA DETECÇÃO DO CÂNCER DE

MAMA

A tabela 8 avalia as atitudes dos profissionais de saúde, médicos e enfermeiros, ante

a detecção do câncer de mama, abordando a disponibilidade e aceitação em receber a

educação permanente, a existência de motivação no seu atendimento e a priorização no

preenchimento dos formulários de referência.

As questões que abordavam atitudes, em um total de sete, tinham como opção de

resposta uma alternativa, com exceção da questão 22, na qual os participantes poderiam

escolher por mais de uma opção ou todas.

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57

Tabela 8 Atitudes dos médicos e enfermeiros da ESF do município de Mossoró (RN) em 2008, com relação à detecção do câncer de mama. Variáveis Médicos n (%) Enfermeiros n (%)

Atitudes 18)Você gostaria de receber educação permanente?

Sim Não

32(97,0) 01(03,0)

47 (100) -

19)SMS estimula os profissionais da ESF a participarem de programa de educação permanente?

Sim Não Não respondeu

21 (63,6) 11 (33,3) 01 (03,0)

30 (63,8) 17 (36,2) -

20)Você se sente preparado para a realização do ECM na unidade de saúde (US)?

Sim Não Não respondeu

27 (81,8) 06 (18,2) -

32 (68,2) 14 (29,8) 01 (02,1)

21)Existe motivação na sua US na busca constante da qualidade no atendimento?

Sim Não Não respondeu

16 (48,5) 17 (51,5) -

36 (76,6) 10 (21,3) 01 (02,1)

22)O que você prioriza no seu relatório de encaminhamento? *

Diagnóstico provável Resultados dos exames Observações clínicas Motivos de transferência Opções: A,B,C e D

13 (39,3) 12 (36,3) 18 (54,5) 04 (12,1) 13 (39,3)

11 (23,4) 29 (61,7) 37 (79,3) 09 (19,1) 03 (6,4)

23)Quando não encontra formulário, mesmo assim encaminha?

Sim Não Não respondeu

26 (78,8) 02 (06,1) 05 (15,2)

03(06,4) 39 (89,4) -

*Na questão 22 computamos o somatório dos participantes por resposta. Fonte: Dados da pesquisa. Elaboração própria

Quando questionados se gostariam de participar de programas de educação

permanente na área do diagnóstico do câncer de mama, a totalidade dos enfermeiros e 97,0%

dos médicos afirmaram que sim, embora apenas 63,6% desses profissionais se sintam

motivados pela Secretária Municipal de Saúde (SMS) de Mossoró. Provavelmente seja um

reflexo na motivação em buscar uma melhoria na qualidade do atendimento, percebida em

maior escala entre os enfermeiros.

A segurança na realização do exame clínico das mamas (ECM) é maior entre os

médicos (81,8%) do que entre os enfermeiros (68,2%).

A integralidade como doutrina do SUS é concretizada mediante os formulários de

referência e contrarreferência, nos quais devem constar (no seu preenchimento): o diagnóstico

provável, resultados dos exames, observações clínicas e o motivo da transferência. Entre os

profissionais pesquisados, as observações clínicas foram o dado mais valorizado no

preenchimento do formulário de referência. Quando questionados se encaminhariam seus

pacientes para unidades de referência, mesmo na ausência de formulários, 78,8% os médicos

responderam que sim e 89,4% dos enfermeiros responderam que não.

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58

5.4 PRÁTICAS DOS MÉDICOS E ENFERMEIROS NA DETECÇÃO DO CÂNCER DE

MAMA

A tabela 9 demonstra dados sobre as práticas dos profissionais de saúde referentes à

abordagem a paciente jovem assintomática pertencente ao grupo de risco para câncer de

mama, mulher jovem com sinal de anormalidade mamária e a transferência do saber no

atendimento ambulatorial na atenção básica de saúde.

O instrumento de coleta dos dados contempla três perguntas de múltipla escolha,

podendo os profissionais optarem por mais de uma alternativa como resposta.

Tabela 9- Práticas dos médicos e enfermeiros das equipes da ESF do município de Mossoró-RN, em 2008, na detecção do câncer de mama. Variáveis Médicos n (%) Enfermeiros n(%)

Práticas 24) Qual a sua conduta com uma mulher de 35 anos assintomática pertencente ao grupo de alto risco para o câncer de mama? *

Retornar com seis meses Solicito US mamária bilateral Encaminhar ao mastologista Realiza ECM Solicita mamografia Opções: D e E

01 (03,0) 15 (45,4) 05 (15,1) 15 (45,4) 05 (15,1) 08 (24,2)

15 (31,9) 23 (48,9) 03 (06,3) 38 (80,8) 09 (10,9) 06 (12,7)

25) Qual a sua conduta no caso de uma mulher de 30 anos com queixas de nódulo mamário? *

Retornar com 6 meses Solicitar US mamária Encaminhar ao mastologista Realizar o ECM Opções: B e D

- 08 (24,2) 07 (21,2) 09 (27,8) 19 (57,5)

06 (12,7) 10 (21,2) 10 (21,2) 32 (68,0) 15 (31,9)

26) Qual a sua orientação sobre o câncer de mama? *

Fornece informações sobre CA mama e investigação familiar Ensina o AEM á partir dos 20 anos Importância da consultas periódicas Orienta a importância de exames complementares Opções: A, B,C e D

08 (24,2) 22 (66,6) 07 (21,2) 04 (12,1) 05(15,1)

16 (34,0) 21 (44,6) 13 (27,6) 03 (6,3) 26 (55,3)

*Nas questões 25, 26 e 27 computamos o somatório dos participantes por resposta Fonte: Dados da pesquisa. Elaboração própria

Na avaliação das práticas clínicas referentes à abordagem de uma mulher

assintomática, com 35 anos, pertencendo ao grupo de alto risco para o desenvolvimento do

câncer de mama, conduta de rastreamento do câncer de mama, 24,2% dos médicos e 12,7%

dos enfermeiros optaram pela realização do ECM, associada à solicitação da mamografia

bilateral.

Na abordagem clínica de uma mulher sintomática de 30 anos com queixa clínica de

nódulo mamário palpável, 57,5% dos médicos e 31,9% dos enfermeiros responderam que

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59

utilizariam em sua prática a realização de ECM associado à solicitação da ultrassonografia

mamária bilateral complementar.

Dentre as ações educação em saúde com a população desenvolvidas em suas unidades

de saúde sobre a detecção do câncer de mama, os profissionais priorizaram o ensinamento do

auto-exame das mamas (AEM) a partir dos 20 anos a nível ambulatorial.

5.5 CORRELAÇÕES DAS VARIÁVEIS DOS CONHECIMENTOS, ATITUDES E

PRÁTICAS NO DIAGNÓSTICO DO CÂNCER DE MAMA ENTRE OS MÉDICOS E

ENFERMEIROS DA ESF DE MOSSORÓ-RN

A tabela 10 aborda a correlação dos conhecimentos sobre a detecção do câncer de

mama entre médicos e enfermeiros da ESF do município de Mossoró-RN. As respostas foram

categorizadas como adequado e inadequado, com base no Documento de Consenso para o

Controle do Câncer de Mama, publicado pelo Ministério da Saúde em 2004.

Tabela 10- Correlação das variáveis do conhecimento na detecção do câncer de mama de acordo com a resposta

adequada e inadequada, entre os médicos e enfermeiros do ESF, Mossoró, RN, 2008, com base no Documento de

Consenso para o Controle do Câncer de Mama.

conhecimento Médicos (N=33) Adequado (%) Inadequado (%)

n Enfermeiros (N=47) Adequado (%) Inadequado (%)

n P

Indicação do ECM em mulheres assintomáticas?

31 (96,9) 01 (03,1) 32 46 (97,9) 01 (02,1) 47 1,000

Qual o melhor período para a realização do ECM?

04 (12,1) 29 (87,9) 33 37 (78,7) 10 (21,2) 47 0,000*

Qual a idade recomendável para a solicitação da mamografia?

06 (18,2) 27 (81,8) 33 - 47 (100,0) 47 0,003*

Qual o exame mais indicado na detecção precoce do CM?

08 (24,2) 25 (75,8) 33 04 (08,5) 43 (89,2) 47 0,063

Quais os fatores limitantes no rastreamento do câncer de mama?

10 (30,3)

23(69,7)

33

19(40,4)

28(59,6)

47

0,354

Com que frequência se encontra o formulário de referência em sua US?

20 (60,6) 13(39,4) 33 34(72,3) 13(27,7) 47 0,270

*valor de Fisher significante Fonte: Dados da pesquisa. Elaboração própria

A correlação do conhecimento entre os profissionais de saúde, médicos e

enfermeiros sobre a indicação ECM em mulheres assintomáticas como parte do atendimento á

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60

saúde da mulher foi considerada adequada, porém, na avaliação do período recomendado para

sua realização, os enfermeiros mostraram-se mais conhecedores, sendo estatisticamente

significativo.

O questionamento sobre qual o exame indicado para o rastreamento do câncer de

mama e a idade recomendável para seu início resultou em conhecimentos inadequados nas

duas categorias de profissionais de saúde, tendo valor significativo de correlação.

Os profissionais de enfermagem demonstraram maior conhecimento dos fatores

limitantes ao rastreamento do câncer de mama, porém sua correlação com os profissionais

médicos não apresenta significado estatístico.

A tabela 11 categoriza as atitudes em adequadas e inadequadas, com base no

Documento de Consenso de Controle do Câncer de Mama, enfatizando a busca pela

capacitação e integralidade dos serviços.

Tabela 11- Correlação das variáveis das atitudes na detecção do câncer de mama de acordo com a resposta adequada e inadequada, entre os médicos e enfermeiros do ESF, Mossoró, RN, 2008, com base no Documento de Consenso para o Controle do Câncer de Mama. Atitudes

Médicos N(=33) Adequado (%) Inadequado (%)

n Enfermeiros N(=47) Adequado (%)Inadequado(%)

n p

Você gostaria de receber educação permanente?

32(97,0) 1(3,0) 33 47(100) - 47 0,413

A SMS estimula a participação dos profissionais da ESF em programa de educação permanente?

21(65,6) 11(34,4) 32 30(63,8) 17(36,8) 47 0,870

Preparado para a realização de ECM em mulheres na US?

27(81,8) 6(18,2) 33 32(69,5) 14(30,5) 46 0,217

Existe motivação na US na busca constante pela qualidade do atendimento?

16(48,5) 17(51,5) 33 36(78,2) 10(21,8) 46 0,006*

O que você prioriza no relatório de encaminhamento?

13 (39,4) 20 (60,7) 33 - 47 (100,0) 47 0,000*

Quando não encontra formulário, mesmo assim você encaminha?

2 (6,1) 31 (94,0) 33 39 (92,9) 3 (6,4) 42 0,000*

*valor de Fisher significante Fonte: Dados da pesquisa. Elaboração própria

Os participantes da pesquisa mostraram-se receptivos em participarem de programas

de capacitação, porém, esperam uma estimulação maior por parte da SMS, tendo uma

correlação de atitudes adequadas, mas sem significância de Fisher.

O investimento em cursos de capacitação reúne conhecimentos novos aos

profissionais de saúde, tornando-os mais habilitados a buscar um diagnóstico adequado de sua

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61

clientela. A correlação da prática na realização do ECM entre os profissionais de saúde foi

considerada adequada, mas não significativa.

A busca na qualidade do atendimento em saúde não deve ser uma meta imposta pelos

gestores públicos, mas um investimento no profissional e no ambiente de trabalho. Na

pesquisa, observamos motivação maior entre os enfermeiros, sendo estatisticamente

significativo.

O preenchimento adequado dos formulários de referência pela atenção básica foi

melhor observado entre os profissionais médicos, porém a sua utilização e valorização no

fortalecimento da integralidade dos serviços foram mais bem constatados pelos enfermeiros,

tendo valor estatístico de correlação de atitudes significativo.

A tabela 12 contempla as práticas dos profissionais de saúde da ESF de Mossoró-

RN, classificadas em adequadas e inadequadas, de acordo com o Documento de Consenso do

Controle do Câncer de Mama-2004.

Tabela 12 – Correlação das variáveis das práticas na detecção do câncer de mama entre os médicos e enfermeiros do ESF, Mossoró, RN, 2008, classificadas em adequadas e inadequadas, com base no Documento de Consenso para o Controle do Câncer de Mama. Variáveis de práticas

Médicos N(=33) Adequado(%)Inadequado(%)

n Enfermeiros N(=47) Adequado(%)Inadequado(%)

n p

Qual a sua conduta em mulher de 35 anos com alto risco para o câncer de mama?

08 (23,2) 25 (75,8) 33 06 (12,8) 41 (87,2) 47 0,184

Qual a sua conduta em mulher de 30 anos com queixa de nódulo?

19 (59,3) 13 (40,7) 32 15 (32,0) 32 (68,0) 47 0,022

Qual a sua orientação sobre o câncer de mama?

05 (15,1) 28 (84,9) 33 26 (55,3) 21 (44,7) 47 0,000*

*valor de Fisher significante Fonte: Dados da pesquisa. Elaboração própria

Na correlação das práticas dos pesquisados, estas se mostraram inadequadas, quando

analisada a abordagem clínica em uma mulher jovem assintomática pertencendo ao grupo de

alto risco para o desenvolvimento do câncer de mama, não tendo significado estatístico em

sua correlação. Na abordagem prática de uma paciente jovem sintomática, queixando-se de

nódulo mamário, os médicos mostraram-se mais adequados em suas práticas em relação aos

enfermeiros, não tendo valor significativo de Fisher.

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62

Quanto à prática da educação ambulatorial sobre a prevenção do câncer de mama

desenvolvida nas UBS, os enfermeiros mostraram-se mais adequados com relação aos

médicos, tendo valor estatístico significante.

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63

DISCUSSÃO

__________________________________________________

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64

6 DISCUSSÃO

Dentre os participantes da pesquisa, 41,0% eram médicos e 59,0% enfermeiros. O

perfil etário desses trabalhadores confere uma idade média de 42 anos, dados semelhantes aos

encontrados por Arantes (2008), observados entre os médicos da atenção básica à saúde de

São Carlos-SP, porém, idade considerada madura quando comparados com os grandes centros

como Manaus e Vitória da Conquista, que apresentaram equipes muito jovens, 45,0% dos

participantes tinham até 30 anos (BRASIL/MS, 2005). Um dado significativo encontrado em

nossa pesquisa foi que 18,1% (n=6) dos médicos tinham idade acima dos 60 anos.

Quanto ao sexo, 54,5% dos médicos e 89,0% dos enfermeiros eram do sexo

feminino, 63,7% casados e com renda familiar acima de oito salários mínimos. Os resultados

não fogem dos dados sociodemográficos obtidos por Silva (2007), quando pesquisou o perfil

do conhecimento sobre sexualidade e AIDS de profissionais de saúde da cidade de Fortaleza-

CE, encontrando uma predominância do sexo feminino, de casados e a maioria se declaram

como remediados. Entre os profissionais de Enfermagem, a quase exclusividade é formada

por mulheres, características peculiares dessa profissão (ARANTES, 2008).

6.1 FORMAÇÃO E EXPERIÊNCIA NO TRABALHO DA ESF DE MOSSORÓ-RN

Na avaliação do tempo de formação, encontramos uma grande variação, entre 01 e

49 anos, porém 50,0% dos profissionais tinham até dez anos de formados. Um achado

significativo é que 30,3% dos médicos tinham até cinco anos de formados e 33,3% acima de

24 anos de conclusão da graduação. Segundo Machado et al (1997), os médicos que

trabalham no PSF concentram-se em duas faixas de tempo de atuação: na faixa de 05 a 14

anos, conhecida como faixa de afirmação no mercado de trabalho; e 15 a 24 anos de formado,

fase de consolidação da vida profissional.

Hoje constatamos que o ESF é a principal via de acesso ao emprego público dos

profissionais recém-formados, médicos e enfermeiros, provavelmente em consequência da

necessidade do mercado e da pouca exigência de qualificação.

O grau de capacitação dos profissionais em cursos de pós-graduação latu sensu –

atualização e extensão de curta duração – foi de 92,7%. A participação em curso de

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65

especialização foi alta entre os enfermeiros: 95,3%. Entre os médicos, apenas 15,2% tinham o

título de residência médica em diversas áreas, e 6,0% tinham pós-graduação strictu sensu. São

dados maiores do que os encontrados por Canesqui (2006) ao avaliar o perfil dos médicos e

enfermeiros da saúde da família em Mato Grosso.

Quanto ao tempo de atuação na atenção básica de saúde no Município de Mossoró,

45,5% dos médicos e 17,8% dos enfermeiros têm um período máximo de cinco anos. Silva et

al (2007), referem que a relativa rotatividade dos profissionais, especialmente entre os

médicos, dificulta o estabelecimento dos vínculos necessários a uma ação promotora da saúde

para problemas mais complexos. Germano (2005), em sua pesquisa que integra o plano

diretor para Natal (RN), observou que 44% dos médicos que compõem a equipe de PSF do

município tinham um tempo de serviço de um a cinco anos, o que denota a rotatividade nesta

categoria.

A Atenção Primária à Saúde tem papel fundamental no rastreamento do câncer de

mama e, dentre os múltiplos desafios, destaca-se a permanente necessidade de qualificação e

responsabilização dos diversos agentes para que se possa garantir a reflexão sobre as práticas

e a identificação de falhas e limites a serem corrigidos no processo (PARADA et al, 2008).

Arruda (2001) diz que o novo perfil de profissional de saúde requer novos processos

de formação e educação permanente, ressaltando a Estratégia Saúde da Família (ESF) como

pertinente para a transformação do ensino e das práticas dos futuros profissionais. Estudo

realizado por Melo e Nascimento (2001), no município de Feira de Santana/BA, sobre a

política de capacitação de recursos humanos, revela ser a enfermagem a categoria que tem

mais acesso aos processos educativos e isso pode ser justificado pela participação dos

enfermeiros nos movimentos de organização desses processos, bem como pela ocupação de

funções estratégicas no âmbito da gestão. Essa situação foi também constatada nos

participantes dessa pesquisa – 12% dos médicos e 44% dos enfermeiros afirmaram maior

participação nas capacitações.

Por meio de visitas à gerência da saúde de Mossoró, realizadas em 2008 e 2009, foi

constatada a existência de um departamento responsável pela informação, educação e

comunicação (IEC), tendo entre outras atribuições a formação continuada destinada aos

profissionais de saúde. Observamos a inexistência de um planejamento em educação

continuada em saúde, seja no contexto introdutório ou continuado destinado aos profissionais

de saúde da atenção básica. Essa realidade pôde ser constatada quando avaliamos a

participação dos pesquisados em treinamento sobre o diagnóstico do câncer de mama

oferecido pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) após o ingresso na ESF, 87,9% dos

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66

médicos e 55,3% dos enfermeiros confirmaram a não-participação, porém, mesmo assim,

63,6% dos médicos e 31,9% dos enfermeiros já tiveram experiência profissional na detecção

do câncer de mama antes de ingressar na ESF.

O artigo 200 da Constituição Federal de 1988, em seu inciso III, atribui ao SUS a

competência de ordenar a formação na área da saúde. Portanto, as questões da educação na

saúde passam a fazer parte do rol de atribuições finalísticas do sistema. Acerca das

responsabilidades da gestão municipal na educação na saúde, todo município deve formular e

promover a gestão da educação permanente em saúde e processos relativos à mesma,

orientados pela integralidade da atenção à saúde; deve promover, diretamente ou em

cooperação com o estado, com os municípios da sua região e com a União, processos

conjuntos de educação permanente em saúde; apoiar e promover a aproximação dos

movimentos de educação popular em saúde na formação dos profissionais de saúde, em

consonância com as necessidades sociais em saúde; incentivar, junto à rede de ensino, no

âmbito municipal, a realização de ações educativas e de conhecimento do SUS; articular e

cooperar com a construção e implementação de iniciativas políticas e práticas para a mudança

na graduação das profissões de saúde de acordo com as diretrizes do SUS e promover e

articular junto às escolas técnicas de saúde uma nova orientação para a formação de

profissionais técnicos para o SUS, diversificando os campos de aprendizagem (BRASIL,

2006).

Os baixos níveis de experiência na detecção do câncer de mama referidos pelos

participantes podem ser atribuídos à ausência de treinamento oferecido pela Secretaria

Municipal de Saúde (SMS) da qual fazem parte. Neste mesmo contexto, Arantes (2008)

observa, em sua pesquisa sobre a avaliação do conhecimento sobre a amamentação entre os

profissionais da atenção básica de São Carlos-SP, que 38,9% dos profissionais nunca

realizaram qualquer capacitação ou curso sobre amamentação. Na pesquisa realizada por

Moreno (2008), nos municípios que abrangem a VI Unidade Regional de Saúde Pública

(URSAP) no Estado do Rio Grande do Norte (RN), com o objetivo de avaliar o treinamento

de capacitação no diagnóstico da hanseníase na opinião dos médicos e enfermeiros das

equipes ESF, a maioria respondeu que não se sentia capacitada para desenvolver as ações de

controle dessa doença antes de receber o treinamento de clínica, porque não havia se

aprofundado na patologia; tinha muitas dúvidas; medo da doença; achava complicado e, na

faculdade, as aulas tinham sido muito superficiais.

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67

6.2 AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DOS MÉDICOS E ENFERMEIROS NO

DIAGNÓSTICO DO CÂNCER DE MAMA

O câncer de mama é a principal causa de morte por câncer em mulheres nos países

desenvolvidos, e a diminuição dessa mortalidade é alcançada por meio de programas de

rastreamento que buscam o diagnóstico precoce do câncer. O rastreamento para a prevenção

secundária do câncer de mama tem obtido maior sensibilidade com a combinação do exame

físico das mamas e a mamografia (SHEN, 2005; LEGGS, 2002).

O Programa de Controle do Câncer de Mama, proposto pelo Instituto Nacional de

Câncer (INCA) em seu documento de consenso, preconiza que todas as mulheres a partir de

40 anos devem ser submetidas ao exame clínico de mama (ECM), anualmente, como forma

de rastreamento do câncer de mama, e que as mulheres que apresentam risco aumentado para

o desenvolvimento do câncer de mama o façam a partir dos 35 anos. Que este procedimento

seja compreendido como parte do atendimento integral à saúde da mulher. O mesmo

programa orienta o rastreamento por mamografia para as mulheres com idade entre 50 a 69 anos, com o máximo de dois anos entre os exames e, se apresentarem risco elevado para câncer de mama, a solicitação deva ser antecipada para os 35 anos e com periodicidade anual (BRASIL/MS, 2004).

Mesmo com os avanços das técnicas diagnósticas, o exame clínico de mamas ainda

tem seu papel de destaque na prevenção secundária das neoplasias mamárias, caracterizando-

se por um exame de baixo custo (SHEN et al, 2005; INCA, 2002 ).

Exame Clínico das Mamas (ECM) é um procedimento realizado por um médico ou

enfermeiro treinado. No exame podem ser identificadas alterações na mama e, se houver

indicação, serão realizados exames complementares. O ECM também é uma boa oportunidade

para o profissional de saúde educar a população feminina sobre o câncer da mama, seus

sintomas, fatores de risco, detecção precoce e sobre a composição e variabilidade da mama

normal. As técnicas (como realizar) de ECM variam bastante em seus detalhes, entretanto,

todas elas preconizam a inspeção visual, a palpação das mamas e dos linfonodos (axilares e

supraclaviculares) (INCA, 2006).

Obtivemos valores elevados na concordância dos profissionais na realização do ECM

em mulheres assintomáticas, dados também vivenciados na pesquisa de Sclowitz (2005),

realizado em Pelotas-RS.

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68

Entretanto, existem algumas controvérsias quanto à idade da solicitação da

mamografia como parte da rotina em saúde. O Health Insurance Plan (HIP), realizado em

1963, foi o primeiro estudo randomizado e controlado que utilizou a mamografia e o exame

físico anuais em mulheres de 40 a 64 anos durante nove anos de seguimento, tendo observado

uma diminuição de 30% na mortalidade do grupo-controle.

O Breast Cancer Detection and Demonstration Project (BCDDP), realizado de 1973

a 1981, também observou maior índice de detecção precoce do câncer por mamografia. No

estudo Canadense, entre 1980 e 1988, os autores concluíram que as diferenças entre os índices

de morte, tanto nas pacientes mais jovens quanto nas demais, não eram estatisticamente

significativas. O estudo sueco mostrou que 38% dos cânceres no grupo mais jovem era

estádio II, ao passo que na faixa de 50 a 59 anos esse tumores representavam 25%, e nas

pacientes de 60 a 69 anos, apenas 17%, evidenciando que os tumores cresciam mais

rapidamente em pacientes mais jovens, justificando a recomendação do rastreamento com

intervalos anuais também em pacientes com idade de 40 a 49 anos (BOFF, et al, 2006).

A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e a Federação Brasileira das

Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASCO), patrocinadas pela Associação Médica

Brasileira (AMB) e o Conselho Federal de Medicina (CFM), acompanham a tendência

internacional e defendem, em seu Projeto de Diretrizes, a triagem mamográfica bienal a partir

dos 40 anos, anual entre os 50 aos 69 anos e, de acordo com as expectativas da vida da

mulher, após os 70 anos de idade (KEMP et al, 2002; GODINHO, 2004).

A Lei nº 11.664, art.2º, III, determina o direito à realização do exame mamográfico a

todas as mulheres a partir dos 40 anos, sancionada pelo Presidente da República, Luiz Inácio

Lula da Silva, no dia 29 de abril de 2008, a qual entrou em vigor um ano após sua publicação.

Obtivemos um baixo nível de conhecimento entre os profissionais pesquisados,

médicos 18,2% e enfermeiros 0%, se considerarmos o início do rastreamento mamográfico a

partir dos 50 anos, de acordo com as recomendações do MS. Segundo Elustondo (2007), esses

valores são atribuídos a uma falta de consenso científico com relação ao início do

rastreamento mamográfico.

Existem fatores limitantes ao rastreamento do câncer de mama, segundo Meister &

Morgan (2000), que podem estar relacionados com a dificuldade de acesso da população aos

serviços públicos de saúde, baixa capacitação dos profissionais envolvidos na atenção

oncológica, incapacidade do sistema público de absorver a demanda e à baixa capacidade dos

gestores municipais e estaduais em definir o fluxo em diferentes níveis de atenção, que

permitam um encaminhamento adequado dos casos suspeitos. Os principais fatores limitantes

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69

ao rastreamento do câncer de mama no município de Mossoró apontados pelos profissionais

da saúde foram o desconhecimento da população e poucos profissionais habilitados.

Godinho & Kock (2004), em pesquisa conduzida com os médicos de Goiás, por meio

de um questionário enviado pelo correio, observaram que 75,3% dos profissionais referiram a

escassez de equipamento como fator limitante; já os trabalhos de Roetzheim et al (1994);

Godinho & Koch (2002), Vieira & Koch (1999) configuraram pouca habilidades dos

profissionais pesquisados, refletindo na falta de orientação ou solicitação da mamografia pelo

médico.

6.3 ATITUDES DOS MÉDICOS E ENFERMEIROS NA DETECÇÃO DO CÂNCER DE

MAMA

A velocidade dos conhecimentos e saberes tecnológicos e a distribuição de

profissionais e de serviços, segundo o princípio da acessibilidade, fazem com que se torne

muito complexa a atualização permanente dos trabalhadores da saúde. É necessária a

constituição de uma equipe multiprofissional, que trabalhe em coletividade, orientada por uma

resolubilidade maior dos problemas de saúde das populações locais, e construindo novos

pactos de vivência e práticas que aproximam os serviços de saúde do conceito de atenção

integral, humanizada de qualidades e com equidade. A não adaptação das equipes coloca em

risco a qualidade do trabalho, tornando-se sempre insuficiente, desatualizada, e nunca

dominadora das situações complexas de necessidades em direitos à saúde (CECIIM, 2005).

O Ministério da Saúde institui a Política Nacional de Educação Permanente em

Saúde (PNEPS), que visa a ações estratégicas de transformação e qualificação das práticas de

saúde, organização das ações e serviços de saúde, processos formativos e práticas

pedagógicas na formação e desenvolvimento dos trabalhos de saúde. Política que implica

trabalho intersetorial, capaz de articular desenvolvimento individual e institucional, ações e

serviços e gestão setorial, e atenção à saúde e controle social (BRASIL, 2007).

A aceitação em participarem de programas de capacitação na detecção do câncer de

mama foi constatada na quase totalidade dos profissionais de saúde, embora o incentivo

oferecido pela SMS, seja pela dispensa do trabalho, seja pela ajuda de custo, reflita-se em

motivação em apenas 63% dos profissionais pesquisados.

Para Dubrin (2003) e Ferreira et al. (2001), a motivação é o processo pelo qual o

comportamento é mobilizado por um conjunto de forças energéticas que têm origem quer no

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70

indivíduo ou fora dele, é sustentado no interesse da realização das metas organizacionais e

está na dependência de esforço para alcançar metas determinadas.

Na compreensão da motivação consideramos destacar as teorias da expectação e da

aprendizagem citadas por Oliveira (2005), que dão ênfase à formação em geral e formação

permanente, em particular. Caso os profissionais melhorem os seus conhecimentos, estarão

em melhores condições para o desempenho das suas tarefas, tendo em conta que o

conhecimento e o aprendizado são fatores essenciais para a motivação humana. As pessoas

serão bem mais motivadas se acreditarem que o esforço levará a um bom desempenho. Já a

aprendizagem social é o processo de observação do comportamento de outros, reconhecendo

sua consequência e alterando o comportamento como resultado. Essa motivação ficou menos

evidenciada entre os médicos em relação aos enfermeiros pesquisados.

O bom desempenho no serviço público está na dependência de uma adequada

integralidade entre os serviços. A Lei nº 8080, capítulo II, art. 7º, diz que: “a integralidade de

assistência, entendida como um conjunto articulado e contínuo das ações e serviços

preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de

complexidade do sistema” (BRASIL, 1990).

Segundo Cecílio (1997), com a criação do SUS, idealizou-se o sistema técnico-

assistencial definido como pirâmide, cuja base seria formada pelas unidades de saúde, que

atuariam como a porta de entrada, responsável pela atenção primária. Na parte intermediária,

os serviços ditos secundários, ambulatoriais, com suas especialidades clínicas e cirúrgicas,

serviços de apoio diagnóstico e terapêutico, atendimento de urgência e emergência, nos

hospitais distritais. O topo da pirâmide estaria ocupado pelos serviços hospitalares de maior

complexidade; porém, na prática, visualiza-se que a rede básica de serviços de saúde não tem

conseguido se tornar a “porta de entrada”, tendo a população buscado os hospitais públicos ou

privados, por meio dos seus serviços de urgência/emergência e dos seus ambulatórios.

O acesso aos serviços especializados é bastante difícil, o número de consultas em

especialidades é insuficiente, o tempo de espera demorado, e é difícil o acesso às cirurgias

eletivas. O autor propõe o arredondamento da pirâmide, em forma de círculo, possibilitando

ao usuário múltiplas oportunidades de entrada e saída.

Campos (2003) também propõe mudanças no sistema de integralidade da prática de

saúde, as quais devem ocorrer em dois níveis. O primeiro, institucional, da organização e

articulação dos serviços de saúde. O segundo, das práticas dos profissionais de saúde, no qual

o médico é o sujeito, determinante do processo de estruturação das práticas integrais à saúde.

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A exigência formal de que a consulta especializada só seja marcada se referenciada

pela rede básica acaba sendo mais um dificultador da vida do usuário do que uma estratégia

potente para o redesenho de novos circuitos e fluxos no interior do sistema (CECÍLIO, 1997).

Na vivência diária como profissional de saúde, médico, a nível de atenção secundária

e terciária, observa-se claramente o quadro desenhado pelo autor, quando aborda de forma

muito oportuna as queixas dos usuários do serviço público com relação ao tempo de

marcação da consulta com especialista; a não portabilidade do formulário de referência, em

consequência de uma busca direta do usuário ao especialista sem passagem prévia pela

atenção básica e a demora na realização dos exames complementares e das cirurgias eletivas.

A SMS do município de Mossoró conta com a implantação do Sistema de

Regulamentação (SISREG), disponibilizado pelo Ministério da Saúde para o gerenciamento

de todo o Complexo Regulatório, indo da rede básica à internação hospitalar, visando à

humanização dos serviços, ao maior controle do fluxo e à otimização na utilização dos

recursos, além de integrar a regulação com as áreas de avaliação, controle e auditoria.

O sistema foi incorporado ao serviço de saúde do município em outubro de 2009. A

funcionalidade do sistema está na dependência do envolvimento dos profissionais, mediante

um correto preenchimento das solicitações e dos gestores das unidades, responsáveis diretos

pelo agendamento dos exames. Do total de 43 UBS do município, apenas 8 UBS apresentam

conexão com a internet em seus computadores, ficando o restante na dependência de

marcação por telefone efetivada entre o gestor e a central de marcação.

Quando se busca orientar a organização dos serviços de saúde pelo princípio da

integralidade, busca-se ampliar as percepções das necessidades dos grupos, e interrogar-se

sobre as melhores formas de dar respostas a tais necessidades. As necessidades de serviços

assistenciais de uma população não se reduzem às necessidades de atendimento oportuno de

seus sofrimentos, como também não se reduzem às necessidades de informações e de

intervenções potencialmente capazes de evitar um sofrimento futuro.

Novamente, o princípio da integralidade implica superar reducionismos (MATTOS,

2009). Ainda segundo o autor, a atitude do médico que, diante de um encontro com o paciente

motivado por algum sofrimento, aproveita o encontro para apreciar fatores de riscos de outras

doenças que não as envolvidas no sofrimento concreto daquele paciente, e/ou investigar a

presença de doenças que ainda não se expressaram em sofrimento, ilustra um dos sentidos da

integralidade.

Oba (2000), na busca de identificar os aspectos positivos e negativos da assistência

pré-natal na rede pública de saúde de Ribeirão Preto-SP, evidenciou que, apesar dos avanços

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na assistência pré-natal, ainda não foi possível estabelecer a referência hospitalar e/ou a

contrarreferência nos diversos níveis do Sistema Único de Saúde. Juliani (1999) avaliou como

precário o funcionamento do sistema de referência e contrarreferência.

Os dados coletados nessa pesquisa nos mostram a conduta utilizada de

referenciamento no plano da atenção básica, tendo uma valorização maior entre os

enfermeiros.

6.4 PRÁTICAS DOS MÉDICOS E ENFERMEIROS NA DETECÇÃO DO CÂNCER DE

MAMA

A determinação dos fatores de risco de uma população é importante para o

planejamento de estratégias de rastreamento que buscam o diagnóstico precoce da

enfermidade. A história familiar de câncer de mama, principalmente em um ou mais parente

de primeiro grau (mãe /irmã) acometido antes dos 50 anos, sexo feminino, aumento da idade,

menarca precoce, menopausa tardia, primeira gravidez após os trinta anos, nuliparidade,

ingestão de bebida alcoólica e exposição à irradiação ionizante antes dos 35 anos,

correspondem aos fatores de risco bem conhecidos. Permanece controversa a associação do

uso de contraceptivo oral e câncer de mama (INCA/MS, 2009).

Pinho (2004) realizou uma revisão sistemática com o objetivo de descrever a

distribuição dos fatores de risco para câncer de mama em amostra de mulheres da população

brasileira. A nuliparidade foi o fator mais frequente. Observou-se variação da prevalência e

heterogeneidade dos resultados, além de limitação metodológica, impossibilitando abrangência

para toda a população. Tonani (2008) identificou a idade superior a 50 anos como principal

fator de risco entre as mulheres de um bairro em Ribeirão Preto-SP, resultados semelhantes

encontrado por Emmons (2000). Paiva (2002) identificou como o maior fator de risco para o

desenvolvimento do câncer de mama nas mulheres de Juiz de Fora o fato de morarem na zona

rural.

São consideradas mulheres de risco elevado para o desenvolvimento do câncer de

mama aquelas com um ou mais parentes de primeiro grau (mãe, irmã ou filha) com câncer de

mama antes de 50 anos ou que desenvolvam câncer de mama bilateral ou ovário; história

familiar de câncer de mama masculina; lesão mamária proliferativa com atipia comprovada

em biópsia (BRASIL, 2004). Além de histórias familiares, existem testes genéticos para

identificação dos marcadores genéticos. Breast Cancer 1 (BRCA1) e Breast Cancer 2

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(BRCA2), quando positivos, trazem uma possibilidade de 80% de os seus portadores

desenvolverem o câncer de mama (NCI, 2008).

Cuidados especiais e acompanhamento diferenciado devem ser direcionados para

essas mulheres de alto risco, tais como: exames a cada seis meses, que incluem os exames

clínicos das mamas e ultrassonografia (semestrais), mamografia e ressonância magnética

(anuais), a partir dos 25 anos. Apesar de a incidência do câncer de mama ser pequena nos

homens, a incidência é de aproximadamente 1% em relação à mulher. Nos casos de histórico

familiar e na presença de ginecomastia (desenvolvimento de mama no homem), o controle

clínico deve ser semestral (SOCIEDADE ISRAELITA BRASILEIRA, 2008; GONZALES,

2008).

Dos profissionais pesquisados, ficou evidenciada a pouca prática no rastreamento do

câncer de mama em mulheres jovens pertencentes a grupo de alto risco para câncer de mama,

constatando-se uma valorização do ECM e da ultrassonografia complementar, em detrimento

à solicitação da mamografia. Molina (2003), em pesquisa com o objetivo de identificar e

analisar as oportunidades de diagnóstico precoce para neoplasias malignas de mama,

disponíveis para as mulheres do Município de Botucatu-SP, concluiu que uma das maiores

barreiras para o cumprimento das recomendações para o diagnóstico precoce do câncer de

mama é a falta de solicitação médica.

A SMS de Mossoró dispõe de 500 exames de mamografia/mês credenciados para o

serviço público de saúde. Cada equipe da ESF disponibiliza de quatro exames/mês,

totalizando 244 exames, e o restante dos 256 exames é distribuído entre os municípios que

participam do Programa de Pactuação Integrada (PPI) com Mossoró. A marcação desses

exames é realizada pelo sistema on-line de regulação (SISREG).

Considerando os dados do IBGE de 2006, a população de mulheres do município de

Mossoró aptas a submeterem a mamografia (40 aos 69 anos) totaliza 25.000 mulheres, sendo

necessários 3.000 exames/ mês de mamografia, para atingir a demanda necessária para uma

política de rastreamento.

Nódulo mamário palpável corresponde a uma das principais queixas mamárias,

aproximadamente 80% de todos os nódulos palpáveis são benignos, não proliferativos, sem

aumento de risco de desenvolvimento do câncer de mama. Anamnese e exame físico

minucioso são partes indispensáveis para um adequado raciocínio diagnóstico (BOFF et al,

2006).

A avaliação da prática na abordagem de mulher jovem sintomática queixando-se de

nódulo mamário palpável, o exame clínico das mamas e a solicitação da ultrasonografia

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mamária bilateral foi referida com a prática mais utilizada entre os profissionais médicos da

atenção básica. A ultrassonografia (USG) é o método de escolha para avaliação por imagem

das lesões palpáveis em mulheres de menos de 35 anos (BRASIL, 2004).

A Educação em Saúde desenvolvida pelos profissionais da atenção básica em Mossoró

foi constatada principalmente no ensinamento do autoexame das mamas, realizado a nível

ambulatorial.

O Autoexame das Mamas (AEM) não vem se mostrando efetivo em diminuir a

mortalidade nos programas de detecção precoce, quando utilizado isoladamente. Porém, ajuda

a mulher a conhecer melhor o seu próprio corpo. Uma vez observada alguma alteração, a

mulher deverá procurar o serviço de saúde mais próximo de sua residência, para ser avaliada

por um profissional de saúde (BRASIL, 2006).

Na política da Educação em Saúde, as equipes de saúde devem estar organizadas

para realizarem as seguintes atividades em suas unidades básicas de saúde: reuniões

educativas sobre câncer, visando à mobilização e conscientização para o cuidado com a

própria saúde; estimular a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de

mama; diminuição do medo da doença e ênfase na importância de todas as etapas do processo

de detecção precoce; não deixar de enfatizar o retorno para busca do resultado e tratamentos

necessários; realizar uma busca ativa na população alvo, das mulheres que nunca realizaram o

ECM, e de mulheres para a realização de mamografia; encaminhar para a Unidade de

Referência os casos suspeitos de câncer de mama; encaminhar as mulheres com exame clínico

das mamas alterado para a Unidade de Referência; promover uma busca ativa das mulheres

que foram encaminhadas à Unidade de Referência e não compareceram para o tratamento;

buscar as mulheres que apresentaram laudo mamográfico suspeito para malignidade e não

retornaram para buscar o resultado; orientar as mulheres com exame clínico das mamas

normal e de baixo risco para o acompanhamento de rotina (BRASIL, 2006).

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CONCLUSÃO ________________________________________________

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7 CONCLUSÃO Muito se tem publicado a respeito do câncer de mama, sua incidência crescente, suas

altas taxas de mortalidades entre as mulheres, suas formas de diagnósticos e tratamento e as

possíveis formas de evitá-lo. Nos últimos anos, o Ministério da Saúde tem assinado inúmeras

portarias com o intuito de incentivar um investimento estrutural e, principalmente, na

qualificação humana. Um foco prioritário tem sido dado à atenção básica de saúde, a qual

constitui a porta de entrada da população ao serviço público de saúde.

Acreditamos que os dados obtidos nessa pesquisa nos permitem fazer algumas

considerações acerca do conhecimento, atitudes e práticas dos médicos e enfermeiros da ESF

do município de Mossoró na detecção do câncer de mama.

Quanto à formação sociodemográfica, a pesquisa mostra profissionais jovens, que

encontram na estratégia saúde da família a oportunidade do primeiro emprego, pela

necessidade do mercado e pela pouca exigência de qualificação em saúde pública. O baixo

tempo de atuação e a grande rotatividade entre os profissionais de saúde na atenção básica,

associados à ausência de uma política de educação permanente em saúde no município de

Mossoró destacam-se como fatores que dificultam o estabelecimento dos vínculos necessários

a uma ação promotora na saúde e uma formação adequada dos médicos e enfermeiros no

diagnóstico do câncer de mama.

Para que ocorra uma diminuição nos índices de mortalidade pelo câncer de mama é

necessária a adoção de uma política de rastreamento. Evidenciou-se na pesquisa uma falta de

conhecimento dos profissionais de saúde, médicos e enfermeiros, com relação ao melhor

período para a realização do exame clínico das mamas, bem como quanto á idade

recomendável para a solicitação da primeira mamografia, princípios indispensáveis para o

rastreamento.

Nesta direção, a quantidade de exames mamográficos disponibilizados pela Secretaria

Municipal de Saúde não é suficiente para a cobertura da população, de acordo com os

parâmetros técnicos para programação de ações de detecção precoce do câncer de mama

recomendados pelo INCA. Por último, o sistema de marcação (SISREG) passa pelo processo

de adaptação, empecilhos que impossibilitam o planejamento de um programa de

rastreamento no município de Mossoró.

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Com relação à atitude, a disponibilidade referida pelos profissionais de saúde em

manifestarem o desejo de participarem de um programa de educação permanente em saúde é

reprimida pela falta de um programa organizacional de qualificação oferecida pela Secretária

de Saúde do Município de Mossoró.

A integralidade entre os diferentes níveis de atenção à saúde, permite um fluxograma

eficiente, que valoriza o sistema de referência e contrarreferência, possibilitando

acessibilidade e agilidade na resolubilidade das necessidades do usuário. A pesquisa nos

revela que os médicos e enfermeiros da atenção básica de saúde do município de Mossoró

preenchem os formulários de referência de uma maneira inadequada, e principalmente os

profissionais médicos, não reconhecem o formulário de referência como meio articulador

entre os diferentes níveis de atenção na saúde, configurando atitudes inadequadas.

No que se refere às práticas dos profissionais de saúde da atenção básica do

Município de Mossoró, duas questões merecem ser, nesta ocasião, abordadas. A primeira está

relacionada à conduta frente a uma mulher jovem pertencente ao grupo de alto risco para o

desenvolvimento do câncer de mama. Constatamos como desqualificadas as práticas com

relação ao exame adequado, mamografia, na abordagem desse grupo de pacientes. O

desenvolvimento de práticas capazes de prevenir ou minimizar os diversos efeitos físicos e

psicossociais compreende-se como imprescindíveis no processo de qualificação de toda

equipe de saúde.

A outra questão está relacionada à educação em saúde da população assistida por

essa mesma equipe de saúde, a qual nos aponta como fator limitante ao rastreamento do

câncer de mama o desconhecimento da população. Fato que nos preocupa, porque é

justamente, responsabilidade desses profissionais que compõem a atenção básica de saúde a

responsabilidade em promover a transmissão do saber por meios de reuniões educativas sobre

câncer, visando à mobilização e conscientização para o cuidado da população com a própria

saúde.

Concluímos que, para alcançarmos uma diminuição da mortalidade pelo câncer de

mama no Município de Mossoró, é necessário agir em três frentes:

- implantar e consolidar o Programa Nacional de Educação Permanente e Saúde

(PNEPS), tendo em seu cronograma tema sobre a detecção do câncer de mama, com

abrangência de aulas práticas e teóricas, visando principalmente os profissionais da atenção

básica de saúde;

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- aumentar a oferta de exames mamográficos disponibilizados para a atenção básica,

mediante o credenciamento maior de exames, e informatizar todas as unidades básicas de

saúde para que ofereçam uma agilidade na marcação dos exames pelo SISREG no município.

- incentivar campanhas de Educação em Saúde para a população, despertando o

autocuidado pela saúde da mama.

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SUGESTÕES

__________________________________________________

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8 SUGESTÕES

Sugerimos uma programação, na forma de projeto, que poderá ser desenvolvida com

os profissionais, no sentido de capacitá-los e envolvê-los na dinâmica do serviço, priorizando

a atenção qualificada no SUS, o desenvolvimento de potenciais para a melhoria do

conhecimento e desenvolvimento de atitudes e práticas condizentes com as necessidades da

comunidade.

O primeiro, “PROJETO SAÚDE DO PEITO”, está direcionado para os

profissionais que atendem aos usuários no serviço e no domicílio, com a finalidade de ampliar

a relação entre profissionais e usuários, além de proporcionar oportunidade de crescimento

individual e coletivo, estimular a autoestima profissional e a satisfação do usuário.

O segundo, “PROJETO MAMAEDUCA”, será desenvolvido junto aos

adolescentes e poderá contar com a contribuição dos professores, gestores do ensino público e

alunos do curso de medicina, despertando nos futuros profissionais de saúde o envolvimento

com a saúde pública.

Acreditamos que estes projetos, com o apoio das secretárias de saúde e de educação,

poderão impactar na saúde das mulheres, principalmente na detecção e diagnóstico precoce do

câncer de mama de mulheres da cidade de Mossoró.

8.1 PROJETO SAÚDE DO PEITO

1 Introdução

O câncer de mama constitui problema de saúde pública, necessitando de uma política

de rastreamento que possa diminuir a mortalidade e o sofrimento das mulheres acometidas por

essa enfermidade.

Para a obtenção de política efetiva de rastreamento são necessários o conhecimento e

a participação dos profissionais de saúde, principalmente da estratégia saúde da família, que

se caracteriza como a porta de entrada no serviço público. O novo perfil de profissional de

saúde requer novos processos de formação e educação permanente.

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O PROJETO SAÚDE DO PEITO visa a oferta de conhecimentos adequados na

detecção do câncer de mama aos profissionais da atenção básica de saúde de Mossoró-RN

(médicos, enfermeiros e agentes comunitários de saúde), capacitando-os na busca do

diagnóstico precoce da população de seu território de atuação.

2 Objetivos

- Qualificação dos recursos humanos na busca do diagnóstico precoce do câncer de

mama;

- Melhorar a qualidade do serviço pela saúde da mama;

- Melhorar a autoestima dos funcionários;

- Proporcionar a satisfação do usuário.

3 Metodologia

3.1 Tipos de aulas

3.1.1 Aulas teóricas

As aulas teóricas serão administradas no auditório da II URSAP, em Mossoró-RN, e

contará com os seguintes temas na sua programação: SUS; câncer de mama como problema

de saúde pública; condutas no rastreamento do câncer de mama; discussão em grupo; relato

de experiências; identificação de problemas; depoimento de mulheres que vivenciaram a

experiência do câncer de mama.

3.1.2 Aulas práticas

Os médicos e enfermeiros serão divididos por categoria profissional, e comparecerão

ao ambulatório de mastologia, participando ativamente das condutas realizadas.

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Os agentes comunitários de saúde serão estimulados, em suas visitas domiciliares, a

abordarem o tema câncer de mama, questionando sobre exames preventivos e orientando as

mulheres sintomáticas a buscarem avaliação clínica com os profissionais enfermeiros e

médico de suas unidades de saúde.

3.2 Local

Município de Mossoró-RN.

3.3 População

61 médicos da ESF

61 enfermeiros da ESF

428 agentes comunitários de saúde

3.4 Carga Horária

40 horas

8.2 PROJETO MAMAEDUCA

1 Introdução

O câncer de mama é a principal causa de morte por câncer entre as mulheres, nos

países desenvolvidos. A diminuição da mortalidade tem sido alcançada por meio de

programas de rastreamento. O sucesso do programa está na dependência da participação

popular.

A Educação em Saúde ainda não é uma prática adotada rotineiramente nos serviços

públicos, em se tratando de saúde mamária. Assim, considera-se que o ensino e a prática do

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auto-exame das mamas se configuram como ações voltadas para a saúde de todas as mulheres,

sendo responsabilidade de todos, desde os gestores até professores e profissionais de saúde.

2 Objetivos

2.1 Objetivo Geral

- Promover Educação em Saúde mamária pela difusão do autoexame das mamas.

2.2 Objetivos específicos

- Proporcionar aos adolescentes conhecimentos e informações sobre o câncer de

mama e o auto-exame das mamas;

- Orientar os jovens sobre a forma correta de se fazer o autoexame das mamas;

- Criar nos alunos a consciência de autocuidado por meio do auto-exame das mamas;

- Contribuir para a difusão do auto-exame das mamas como prática rotineira no

contexto da saúde da mulher;

- Contribuir e estimular os professores e educadores no processo de educação em

saúde nas escolas;

- Aproximar o acadêmico de Medicina e de Enfermagem à comunidade, contribuindo

para sua formação como um agente ativo de transformações no processo saúde-doença.

3 Metodologia

3.1 População

Alunos da 6ª a 9ª série do ensino fundamental, distribuídos nas 27 escolas públicas

da rede de ensino do município de Mossoró-RN, sendo 19 localizadas na zona urbana e 8 na

zona rural.

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3.2 Local

Serão selecionadas aquelas instituições de ensino que dispuserem de auditório e

espaço amplo para a realização dos eventos e incorporado às escolas menores.

3.3 Forma de abordagem

Palestras que retratem o autocuidado em saúde com ênfase no auto-exame das

mamas, sinais e sintomas das doenças mamárias.

Envolvimento dos professores da instituição para despertar nos discentes a

elaboração de trabalhos que abordem o tema câncer de mama.

Depoimento de mulheres que vivenciaram o câncer de mama.

3.4 Formação da equipe

Mastologista, alunos dos cursos de Medicina e de Enfermagem, grupo de apoio toque

de mama (formado por mulheres que superaram o câncer de mama).

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REFERÊNCIAS __________________________________________________

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APÊNDICE __________________________________________________

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APÊNDICES Apêndice I

QUESTIONÁRIO PARA OS MÉDICOS E ENFERMEIROS DA ESF

DADOS PESSOAIS

1) Idade -------------(anos completos)

2) Sexo

( ) masculino ( )feminino

3) Estado civil

( ) casado ( ) união estável ( ) solteiro ( ) viúvo

( ) desquitado/divorciado/separado

4) Número de filhos

( )um ( )dois ( )três ( )quatro ( ) cinco ou mais

5) Qual a renda familiar, em salários?

( )três a quatro salários ( ) cinco a sete salários ( ) oito a dez salários

( ) > de dez salários

CONHECIMENTO

6) Há quantos anos concluiu sua graduação?------- (anos completos)

7) Participação em formação complementar?

(a) Curso de Atualização: ( ) sim ( )não

(b) Curso de Extensão: ( )sim ( )não

8) Participação em pós-graduação?

( ) Especialização ( ) Residência Médica ( ) Mestrado ( ) Doutorado

( ) Não participação em curso de pós-graduação

9) Quantos anos de atuação na atenção básica de saúde?----- (anos completos)

10) Já teve alguma experiência profissional na detecção do câncer de mama, antes de

ingressar no PSF?

( )Sim ( )Não

11) Foi oferecido treinamento para o diagnóstico do câncer de mama pela Secretaria

Municipal de Saúde de Mossoró (SMS), após seu ingresso no PSF?

( )Sim. Qual a carga horária?------ (horas completas) ( )Não

11)Se sim, quando foi a última vez?---------- (anos completos)

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12) De acordo com as normas técnicas do Ministério da Saúde (MS), há indicação do exame

físico da mamas em mulheres assintomáticas?

( ) Sim ( )Não

13) De acordo com as normas técnicas do MS, qual é o melhor período para a realização do

exame físico das mamas?

( ) No período ovulatório ( )No período pré-menstrual ( )No período menstrual

( ) 3 a 5 dias após o termino da menstruação ( )Independe do período menstrual

14) De acordo com as normas técnicas do MS, qual é a idade recomendada para solicitar a

primeira mamografia em mulheres assintomáticas?

( )30 anos ( )40 anos ( )50 anos ( )60 anos

15) De acordo com as normas técnicas do MS, qual dos exames abaixo é o mais indicado para

o diagnóstico precoce do câncer de mama?

( ) Exame físico da mamas ( ) US mamária bilateral ( ) Mamografia bilateral

16) Em sua opinião, quais dos fatores abaixo seriam limitantes ao rastreamento do câncer de

mama? Pode ter mais de uma alternativa.

( ) Desconhecimento da população sobre a importância da prevenção do câncer de mama

( ) Poucos profissionais habilitados no diagnóstico do câncer de mama

( ) Número de profissionais insuficientes para atender à população

( ) Equipamentos insuficientes para a demanda (US e mamografia)

( ) Gestores públicos não comprometidos com a política da prevenção do câncer de mama

17) Com que frequência na unidade de saúde em que você trabalha se encontra formulário de

referência e contrarreferência?

( ) Sempre ( ) Frequentemente ( ) Raramente ( ) Nunca

ATITUDES

18) Você gostaria de receber educação permanente na área do diagnóstico do câncer de

mama?

( )Sim ( )Não

19) A SMS de Mossoró estimula os profissionais da saúde do PSF a participarem de

programas de educação permanente, através da dispensa do trabalho ou ajuda de custo?

( )Sim ( )Não

20)Você se sente preparado para realizar o EFM nas mulheres da sua UBS?

( )Sim ( )Não

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21) Existe motivação na sua unidade básica de saúde na busca constante pela qualidade no

atendimento à mulher?

( ) Sim ( ) Não

22) No encaminhamento de suas pacientes para o serviço secundário, o que você prioriza no

relatório de encaminhamento na ficha de referência? Pode escolher mais de uma resposta.

( ) Diagnóstico provável

( ) Observações clínicas

( ) Resultados dos exames complementares

( ) Motivo da transferência

23) Quando não encontra o formulário de referência e contrarreferência, mesmo assim você

encaminha a mulher com sintomas mamários para as unidades de referência?

( ) Sim ( )Não

PRÁTICAS

24) Qual a sua conduta quando uma mulher de 35 anos, assintomática, relata que sua mãe

e/ou irmã morreu de câncer de mama, antes dos 50 anos? Pode optar por mais de uma

alternativa.

( ) Aconselha reavaliação em 6 meses ( )Realiza o exame físico das mamas

( ) Solicita US mamária bilateral ( )Solicita mamografia bilateral

( ) Encaminha ao mastologista

25) Qual a sua conduta quando uma mulher de 30 anos vem no seu ambulatório com queixas

de nódulo palpável na mama? Pode optar por mais de uma alternativa.

( ) Aconselha reavaliação em 6 meses ( )Realiza o exame físico das mamas

( ) Solicita US mamária bilateral ( )Solicita mamografia bilateral

( ) Encaminha ao mastologista

26) No seu atendimento ambulatorial, quais das condutas abaixo você utiliza para a orientação

de sua paciente sobre diagnóstico do câncer de mama? Pode optar por mais de uma

alternativa.

( ) Fornece informações sobre o câncer de mama à paciente

( ) Ensina as pacientes a fazerem o auto-exame das mamas

( ) Orienta as pacientes sobre a importância do auto-exame das mamas

( ) Orienta as pacientes a realizarem o exame clínico das mamas anualmente após os 40 anos

( ) Orienta as pacientes a fazerem o auto-exame das mamas a partir dos 20 anos

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100

Apêndice II

Termo de Consentimento Informativo Sou aluno do mestrado em Saúde Coletiva da Universidade de Fortaleza e estou

desenvolvendo uma pesquisa sobre: DETECÇÃO DO CÂNCER DE MAMA:

CONHECIMENTO, ATITUDE E PRÁTICA DOS MEDICOS E ENFERMEIROS DA

ESTRATÉGIA DA SAÚDE DA FAMÍLIA DE MOSSORÓ(RN). Deste modo, venho

solicitar sua colaboração para participar da pesquisa, deixando-me aplicar um questionário e

obtendo sua colaboração.

Esclareço que:

Você tem o direito de não participar da pesquisa;

Não divulgarei seu nome, nem qualquer informação que possa identificá-lo;

Mesmo tendo aceitado participar, se por qualquer motivo, durante o andamento da

pesquisa, resolver desistir, você tem toda liberdade para retirar sua participação;

Sua colaboração e participação poderão trazer benefícios para o desenvolvimento de

pesquisas científicas e para a melhoria na elaboração de programas de qualificação;

Esta pesquisa não apresenta nenhum risco aos participantes;

Não haverá nenhum ônus para você;

A qualquer momento poderá ter acesso aos dados da pesquisa;

Em caso de maiores esclarecimento, entrar em contato com o pesquisador responsável.

Nome: Epaminondas de Medeiros Jácome.

Endereço: Fundação Edson Queiroz - Universidade de Fortaleza (Unifor)

Mestrado em Saúde Coletiva - Bloco S – Sala 1 Telefone: (85) 34773280

Av. Washington Soares, 1321, Bairro Edson Queiroz, CEP 60811-905

Fortaleza-CE

Consentimento pós-esclarecimento

Declaro que, após convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me foi

explicado, concordo em participar da pesquisa.

Mossoró, ________ de ___________ de _______

Assinatura da pessoa que participará da pesquisa

Assinatura do pesquisador

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101

ANEXO

__________________________________________________

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102

ANEXO 1

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