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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA ROBERTO RESENDE DOS SANTOS DETECÇÃO DE Sclerotinia sclerotiorum EM MEIO NEON-S MODIFICADO EM SEMENTES DE SOJA E FEIJÃO UBERLÂNDIA 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

ROBERTO RESENDE DOS SANTOS

DETECÇÃO DE Sclerotinia sclerotiorum EM MEIO NEON-S

MODIFICADO EM SEMENTES DE SOJA E FEIJÃO

UBERLÂNDIA

2015

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ROBERTO RESENDE DOS SANTOS

DETECÇÃO DE Sclerotinia sclerotiorum EM MEIO NEON-S

MODIFICADO EM SEMENTES DE SOJA E FEIJÃO

Dissertação apresentada à Universidade Federal de

Uberlândia, como parte das exigências do

Programa de Pós-graduação em Agronomia –

Mestrado, área de concentração em Fitopatologia,

para obtenção do título de “Mestre”.

Orientador: Prof. Dr. Fernando Cezar Juliatti

UBERLÂNDIA

2015

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Sistema de Bibliotecas da UFU, MG, Brasil.

S237d

2015

Santos, Roberto Resende dos, 1960-

Detecção de Sclerotinia sclerotiorum em meio Neon-S modificado

em sementes de soja e feijão / Roberto Resende dos Santos. - 2015.

34 p.

Orientador: Fernando Cezar Juliatti.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Uberlândia,

Programa de Pós-Graduação em Agronomia.

Inclui bibliografia.

1. Agronomia - Teses. 2. Soja - Semente - Doenças e pragas - Teses.

3. Feijão - Semente - Doenças e pragas - Teses. 4. Sclerotinia

sclerotiorum - Teses. I. Juliatti, Fernando Cezar, 1957- . II. Universidade

Federal de Uberlândia. Programa de Pós-Graduação em Agronomia. III.

Título.

CDU: 631

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ROBERTO RESENDE DOS SANTOS

DETECÇÃO DE Sclerotinia sclerotiorum EM MEIO NEON-S

MODIFICADOEM SEMENTES DE SOJA E FEIJÃO

Dissertação apresentada à Universidade Federal de

Uberlândia, como parte das exigências do

Programa de Pós-Graduação em Agronomia –

Mestrado, área de concentração em Fitopatologia,

para obtenção do título de “Mestre”.

UBERLÂNDIA, 24 de fevereiro de 2015.

____________________________________________________________

Dra. Nilvanira Donizete Tebaldi/UFU – MG

____________________________________________________________

Dra. Adriana de Andrade Figueiró/UFU – MG

____________________________________________________________

Dra. Juliana Araújo Santos Martins/IFTM – MG

____________________________________________________________

Prof. Dr. Fernando Cezar Juliatti/ ICIAG – UFU – MG

(Orientador)

UBERLÂNDIA

MINAS GERAIS - BRASIL

2015

Page 5: DETECÇÃO DE Sclerotinia sclerotiorum EM MEIO NEON-S ... · À esposa Elisa Martins pelo amor, carinho, pelas palavras de encorajamento, paciência, incentivo ... Aos amigos de empreitada,

Aos meus pais, Luiz de Oliveira Santos (In memoriam) e Maria José Resende Oliveira, pela

educação, e pelo amor incondicional durante toda a minha vida.

Aos meus filhos Alexandre e Lucas, por serem meus grandes amigos.

Aos meus irmãos Luis, Marino, Ana e José pelo carinho.

A Elisa Martins, pelo amor, companheirismo e incentivo durante estes anos.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, primeiramente, por me conceder o dom da vida.

Aos meus queridos pais, Luís de Oliveira Santos (in memoriam) e Maria José Resende Oliveira,

pela vida, dedicação, pelo apoio, amor, carinho e incentivo.

À esposa Elisa Martins pelo amor, carinho, pelas palavras de encorajamento, paciência, incentivo

e pelas horas dedicadas a me ajudar.

Ao Professor Dr. Fernando Cezar Juliatti, meu orientador, por ser um grande companheiro e

amigo.

À Iara de Carvalho Silva, considerada como minha segunda mãe, esteve sempre disposta a

colaborar e a orientar em minhas dúvidas, propondo-me soluções que foram fundamentais para a

realização deste Mestrado.

À Universidade Federal de Uberlândia, pela oportunidade e pelo suporte para realização do

curso.

Aos amigos do Programa de Pós-Graduação em Agronomia, pelos momentos vividos e pela

aprendizagem.

Aos professores Prof. Dr. Jonas Jäger Fernandes (in memoriam) e Prof. Dr. David de Souza

Jaccoud Filho, Prof. Dr. Geraldo Alves de Souza e Prof. Dr. João Carlos, pelas palavra de

incentivo.

Aos funcionários Abadia, Eduardo, Júlio Graciliano, Marly, Maria Aparecida, Maria Auxiliadora

pela ajuda e pelas orientações.

A todos os professores do curso de Pós-Graduação em Agronomia da UFU pelos conhecimentos

transmitidos.

À Carina Bernardes, ao Gabriel e à Júlia, que sempre se dispuseram a colaborar e a acompanhar

o desenvolvimento desta dissertação.

À Sebastiana Resende e ao Márcio Botrel, lutando com afinco, realizamos nossos sonhos.

Aos amigos de empreitada, Aurilene, Adriana Figueró, Érika Sagata, Anakelly, Fausto

Fernandes, Júlia Araújo, Maristela, Igor Forigo e Breno Juliatti, companheiros no LAMIP.

Enfim, a todos que contribuíram, direta ou indiretamente, para a realização deste trabalho, o meu

muito obrigado!

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LISTA DE FIGURAS E TABELAS

Figura 1. Localização geográfica dos municípios fornecedores de amostras ..................... 11

Figura 2. Porcentagem de lotes com presença de Sclerotinia sclerotinium nos métodos

utilizados no período de 2008 a 2012 ................................................................................ 20

Tabela 1. Total de amostras de soja e feijoeiro ................................................................... 12

Tabela 2. Técnica Rolo de Papel ........................................................................................ 15

Tabela 3 Técnica Rolo de Papel: Detecção do patógeno Sclerotinia sclerotiorum por

cultivares em laudos de sementes de feijoeiro do LAMIP ................................................. 16

Tabela 4. Técnica Neon-S 2: Detecção do patógeno Sclerotinia sclerotiorum por

cultivares em laudos de soja do LAMIP ............................................................................ 17

Tabela 5. Técnica Neon-S 2: Detecção do patógeno Sclerotinia sclerotiorum por

cultivares em laudos de sementes de feijoeiro do LAMIP ................................................. 19

Tabela 6. Variância em relação aos métodos de detecção S. sclerotiorum em

lotes/amostras de sementes de feijoeiro e soja inoculadas naturalmente e artificialmente 21

Tabela 7. Porcentagem de detecção Sclerotinia sclerotiorum em diferentes lotes de

feijoeiro e soja infectados naturalmente e artificialmente .................................................. 22

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 01

2. REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................................... 03

2.1 Descrição do Problema ................................................................................................. 03

2.1.1 A Cultura da Soja ...................................................................................................... 03

2.1.2 A Cultura do Feijoeiro .............................................................................................. 04

2.2 A Doença do Mofo Branco .......................................................................................... 06

2.2.1 Características da Sclerotinia sclerotiorum .............................................................. 06

2.2.2 Sintomatologia .......................................................................................................... 07

2.3 Métodos de Detecção de Patógenos em Sementes ...................................................... 08

2.3.1 Rolo de Papel ............................................................................................................ 08

2.3.2 Neon – S .................................................................................................................... 08

3. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................... 10

3.1 Método NEON – S 2 ................................................................................................... 12

3.2 Rolo de Papel .............................................................................................................. 13

3.3 Método Neon – S ........................................................................................................ 13

3.4 Análises Estatísticas ..................................................................................................... 13

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................... 14

4.1 Análise Estatística ........................................................................................................ 21

5. CONCLUSÃO ............................................................................................................... 23

6. REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 24

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RESUMO

SANTOS, Roberto R. Detecção de Sclerotinia sclerotiorum em Meio Neon-S Modificado em

Sementes de Soja e Feijão. Dissertação (Mestrado em Agronomia/Fitopatologia) –

Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia1, 2014. 26p.

O método de Neon-S tem sido utilizado para a detecção de Sclerotinia sclerotiorum em sementes

de soja e feijão a partir da safra de 2010. Porém, esse método possibilita a leitura de falsos

positivos devido ao aparecimento de fungos que também alteram o pH do meio. O objetivo deste

trabalho foi verificar se o aumento do período de incubação pode contribuir para otimizar a

confiabilidade do teste Neon-S em diferentes cultivares de soja e feijão. Foram avaliados nove

tratamentos em delineamento de blocos casualizados no esquema fatorial 3x3, com três

repetições, sendo três métodos de detecção: rolo de papel, Neon-S e Neon S2 e três cultivares:

Feijão Pérola infectados naturalmente; soja cultivar BRS Valiosa RR infectadas naturalmente e

soja cultivar Nidera 7255 RR inoculada artificialmente. Para a inoculação da soja Nidera 7255

RR, as sementes foram incubadas em meio de cultivo BDA por 72 h, após o cultivo do fungo por

sete dias na temperatura de 25 ºC. Os três métodos foram comparados, avaliando 400 sementes

por repetição, meio Neon-S com incubação de sete dias, Neon-S2 com incubação de quinze dias

e o rolo de papel por trinta dias, anotando-se a presença do fungo e a presença de escleródios

aderidos às sementes. No meio Neon-S e Neon-S2 foram utilizadas 20 sementes por placa (20

placas por repetição). No rolo de papel foram usadas 50 sementes por rolo. As sementes foram

incubadas 20 ºC em BOD, no escuro. Realizou-se a análise de variância dos dados e teste de

comparação de médias (Tukey 5%). A interação entre o método de detecção e a cultivar utilizada

foi significativo a 1% de probabilidade, indicando que o melhor método depende da cultivar

avaliada. Dentro das cultivares avaliadas, a soja infectada artificialmente foi a que apresentou os

maiores índices de infecção pelo patógeno. Usando os resultados de lotes de sementes,

comprovou-se a maior sensibilidade do Neon-S num montante de 637 lotes testados no período

de 2008 a 2012. Durante esse período, o teste de rolo apresentou 21,88% de amostras positivas,

enquanto que o Neon-S foi de 31,25%. Outro fator diferenciador em relação aos lotes analisados

foi a porcentagem de sementes contaminadas e ou infectadas, que variou de uma (0,25%) a cinco

(1,25%). Assim a detecção de S. sclerotiorum pelo método Neon-S2 pode ser otimizada com a

incubação por 15 dias, considerando que, neste caso, a formação de escleródios próximos às

sementes infectadas confirma a presença do patógeno e evita a leitura de falsos positivos. O

método Neon-S2 aumentou a sensibilidade de detecção de S. sclerotiorum em lotes de sementes

analisadas quando comparado ao método de rolo, porém, quando comparado com o método

Neon S, sua média foi maior, mas a diferença não foi significativa.

Palavras-chave: Glycine max, Phaseolus vulgaris. Sanidade de sementes. Mofo branco. Rolo de papel.

___________ 1Orientador: Prof. Dr. Fernando Cezar Juliatti – UFU

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ABSTRACT

SANTOS, Roberto R. Detection of Sclerotinia sclerotiorum in Modified NEON-S Medium in

Soybean and Common Beans Seeds. Dissertation (Masters Degree in Agriculture/Plant

Pathology) – University Federal de Uberlândia, Uberlândia1, 2014. 26f.

The Neon-S method has been used for the detection of Sclerotinia sclerotiorum in soybean and

common beans since the agricultural year 2010. However, this method yields false positive

readings due to other fungi that change medium pH. Thus, this study evaluated the contribution

of increasing incubation period on the optimization of Neon-S reliability in different cultivars of

soybeans and common beans. Nine treatments were evaluated in randomized blocks design, as a

3x3 factorial, with three replications. The factors were three detection methods (paper roll, Neon-

S, and Neon S2) and three cultivars: naturally infected Pérola beans; naturally infected soybean

cultivar BRS Valiosa RR, and artificially inoculated soybean cultivar Nidera 7255 RR).

Inoculation of soybean Nidera 7255 RR was done by incubating the seeds for 72 h on PDA

where the fungus was previously grown for seven days at 25 ºC. The three methods were

compared, evaluating 400 seeds per replication, after incubation for seven days in Neon-S, for

15 days in Neon-S2, and for 30 days in paper roll, determining the presence of the fungus, and

that of sclerotia adhered to the seeds. Twenty seeds were used per plate for media Neon-S and

Neon-S2 (20 plates per replication), and 50 seeds per roll for the paper roll. Seeds were

incubated at 20 ºC in BDO chamber in darkness. The data were submitted to the analysis of

variance and the averages compared by the Tukey test at 5% probability. The interaction

between detection method and cultivar was significant at 1% probability, indicating that the best

method depends on the cultivar under study. Among the cultivars evaluated, artificially infected

soybean presented the greatest indices of pathogen infection. A comparison of seed lots analyzed

at the Plant Disease Clinic–LAMIP – proved greater sensibility of Neon-S in a total of 637 lots

evaluated from 2008 to 2012. In that period, the paper roll test resulted in 21.88% positive

samples, while in Neon-S 31.25% of them were positive. Another distinguishing factor among

the lots analyzed was the percentage of infected and, or, contaminated seeds, which varied from

one (0.25%) to five (1.25%). Therefore, detection of S. sclerotiorum by the Neon-S2 method can

be optimized by incubation for 15 days, considering that, in this case, the formation of sclerotia

near the infected seeds confirm the presence of the pathogen, avoiding false positive readings.

Neon-S2 method increased detection sensibility of S. sclerotiorum in seed lots analyzed in

comparison with the paper roll method; however, in comparison with Neon S method, despite its

greater average, no significant differences were observed.

Keywords: Glycine max, Phaseolus vulgaris. Seed health. White mold. Paper roll.

__________ 1Supervisor: Prof. Dr. Fernando Cezar Juliatti – UFU

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1. INTRODUÇÃO

A semente é considerada o mais importante insumo agrícola, pois serve como

multiplicador de plantas e a conseguinte comercialização da produção de grãos para

consumo humano e animal. A qualidade das sementes é essencial para garantir um

melhor padrão fisiológico e sanitário à lavoura, sendo um desafio para produção

agrícola, pois é a causa principal da disseminação de doenças. A conquista de novos

mercados implica em comercializar sementes de melhor qualidade sanitária e menor

utilização de defensivos, portanto, com ganhos ambientais e econômicos.

A doença conhecida como mofo branco, agente causal, Sclerotinia sclerotiorum

(Lib.) de Bary, tem ocasionado perdas significativas em inúmeras culturas agrícolas

de importância econômica no mundo. No Brasil, a sua detecção ocorreu, primeiramente,

no ano de 1921 na cultura da batata. Os danos da doença variam de acordo com os

níveis de susceptibilidade das culturas, com as condições climáticas e com o manejo

empregado. A S. sclerotiorum ataca mais de 75 famílias, 278 gêneros e 408 espécies de

plantas; tendo sido relatado no Brasil o ataque às culturas do feijão, soja, girassol,

algodão, canola, batata, tomate, alface, entre outras. Especialmente nessas culturas, a

doença tem ocasionado perdas crescentes nas principais regiões produtoras do País (Sul,

Sudeste e Centro-Oeste), que figuram como áreas das maiores produções agrícolas

(JULIATTI; JULIATTI, 2010).

"Não existem variedades de plantas imunes ao patógeno e o controle químico da

doença é realizado muitas vezes, sem o rigor técnico necessário, levando perdas ao

agricultor e redução nos padrões de controle, dentro dos limites aceitáveis." (JULIATTI;

JULIATTI, 2010; JACCOUD-FILHO et al., 2011).

O uso de sementes de baixa qualidade auxilia a entender como o mofo branco é

transmitido e como tem causado grandes perdas, pois estas podem estar infectadas com

o micélio dormente do patógeno ou contaminadas concomitantemente com escleródios.

O potencial de disseminação do patógeno a longa distância através das sementes é

significativo.

De acordo com a Portaria nº 47, de 26 de fevereiro de 2009, da Secretaria de

Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o nível

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de tolerância do fungo em lotes de sementes está baseado na ausência de escleródios

associados às sementes (IBGE, 2013).

Os escleródios podem ser detectados em lotes de sementes, porém, sementes

infectadas com o micélio dificilmente são detectadas sem a ajuda de um laboratório

especializado. A fungigação via pivô central é uma prática que tem crescido muito nos

últimos anos. Entretanto, a aplicação de uma quantidade excessiva de fungicidas para

o controle de doenças gera riscos desnecessários, tanto no aspecto epidemiológico das

próprias doenças como em relação ao meio ambiente. Assim, a detecção de patógeno

em sementes é de grande importância, pois sementes com alta qualidade fitossanitária

contribuem para um menor consumo de produtos químicos durante o ciclo das culturas

e evita a introdução e/ou aumento de doença nas lavouras. Muitas vezes, a

disseminação do mofo branco em uma lavoura é ocasionada pela própria semente

infectada, uma vez que a semente pode apresentar o fungo, tanto interna como

externamente. Além de transportar externamente outros fungos, que podem diminuir o

vigor e a germinação das sementes. Tais patógenos tanto influenciam na emergência e

vigor da planta como são uma fonte de inóculo primário, que podem gerar epidemias

graves, se as condições climáticas forem favoráveis (VIEIRA et al., 2001).

Os critérios utilizados para a detecção de fungos em sementes de modo geral

seguem as mesmas regras adotadas pela International Seed Testing Association (ISTA)

e, em sua maioria, consistem em estimular os microrganismos a produzirem estruturas,

ou metabólitos, que permitam a sua identificação. Para o fungo S. sclerotiorum a

observação visual da presença de escleródios é feita pelas Regras de Análise de

Sementes, onde se usa o teste de papel de filtro (blotter test) para culturas como: soja,

girassol, algodão, feijão e ervilha (RAS, 2009).

Apesar das técnicas recomendadas diversos trabalhos têm sido desenvolvidos

e/ou ajustados a fim de minimizar alguns problemas nos testes já estabelecidos como

padrão. Como por exemplo, a redução do tempo de avaliação de amostras incubadas,

custos das análises e diminuição de riscos aos operadores na manipulação dos produtos

químicos como o 2,4D, no preparo de amostras. Métodos como o rolo de papel

modificado, método Neon modificado e uso de técnicas moleculares têm se mostrado

promissoras para o diagnóstico mais seguro e rápido do patógeno (BARROCAS, 2011).

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Descrição do Problema

2.1.1 A cultura da Soja

A produtividade de uma cultura é definida pela interação entre a planta, o

ambiente de produção e o manejo de pragas e doenças. Altos rendimentos de soja só são

obtidos quando as condições ambientais são favoráveis em todos os estádios de

crescimento das plantas, adubação correta, boa origem da semente aliada à qualidade

fisiológica (germinação e vigor), qualidade sanitária e controle fitossanitário bem

planejado e executado. O potencial de rendimento da soja é de 100 sacos ha-1. Porém

para obter altos rendimentos é necessária a utilização de boas práticas de manejo. As

principais práticas de manejo que devem ser consideradas são: semeadura na época

recomendada para a região da produção; escolha dos cultivares mais adaptados à região;

uso de espaçamentos e densidades adequados as cultivares; monitoramento e controle

de plantas daninhas, pragas, doenças e redução das possíveis perdas de colheita (CRUZ,

2008).

A área plantada com a oleaginosa na safra 2012/13 apresentou um incremento de

10,7% em comparação com o verificado na safra 2011/12, alcançado 27,7 milhões de

hectares. Em todos os estados da Federação o comportamento foi semelhante, com

exceção do Distrito Federal que permaneceu com 55,0 mil hectares. Esse aumento está

relacionado ao elevado nível das cotações da soja no mercado interno e externo e ao

bom desempenho com relação à comercialização realizada de forma antecipada,

atingindo níveis recordes (CONAB, 2013).

Na safra 2012/13 o atraso provocado pelo clima no início do plantio na Região

Centro-Oeste, principalmente no Mato Grosso e Goiás e a ocorrência de chuvas

coincidindo com a colheita, repercutiram nos níveis de produtividade da lavoura. O

excesso de chuvas provocou perdas no enchimento de grão pela baixa luminosidade e

na colheita, pela alta incidência de ferrugem asiática. Apesar disso, o desempenho nesta

safra indica um comportamento de produtividade bem próximo da safra passada, graças

ao bom desempenho observado no estado do Mato Grosso do Sul e Distrito Federal.

(CONAB, 2013).

Neste contexto, a Região Centro-Sul produziu 73,4 milhões de toneladas, um

incremento de 26,2%. Esse aumento advém tanto do aumento de área (9,9%), quanto de

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produtividade (14,8%). Vale destacar a repercussão do desempenho favorável do clima

na produtividade em dois dos principais estados produtores da oleaginosa, Paraná e no

Rio Grande do Sul, que apresentaram neste incremento de 36 e 74,5% respectivamente.

Para Teles (2012):

Grande número de doenças fúngicas e bacterianas, além de viroses e nematóides,

ataca a cultura da soja. Dentre estas, aquelas causadas por fungos são consideradas

muito importantes, não somente por aparecerem em maior número, como pelos

prejuízos causados em termos de rendimento e qualidade das sementes (TELES, 2012).

Inúmeros fungos já foram identificados em sementes de soja, porém são poucos

os que merecem destaque por serem economicamente importantes, conforme relação a

seguir: Phomopsis spp. (anamorfo de Diaporthe spp.) Saccardo & Roumeguère.

Colletotrichum truncatum, (Schwein.) Andrus & W.D. Moore. Fusarium spp. Link

(principalmente F. semitectum), Berk. & Ravenel. Sclerotinia sclerotiorum De Bary,

Cercospora kikuchii, Hara. Cercospora sojina Hara. Aspergillus spp . (principalmente

A. flavus), (Haller) P. Micheli. Penicillium spp., Link, Magazin. Alternaria spp., Nees.

Chaetomium sp., Kunze. Cladosporium sp., Link. Corynespora cassiicola, (Berkeley &

M.A. Curtis) C.T. Wei. Curvularia sp., Boedijn. Epicoccum sp., Link. Macrophomina

phaseolina, (Tassi) Goidànich. Monilia sp., Bonorden. Periconia sp., Tode.

Peronospora manshurica (crosta de oosporos) (Naumov) Syd. Rhizoctonia solani, J.G.

Kühn. Rhizopus stolonifer, (Ehrenb.) Vuillemin. Septoria glycines, Hemmi.

Sclerotiorum rolfssii, Saccardo. Stemphylium sp. Wallroth. Trichoderma sp.

2.1.2 A Cultura do Feijoeiro

O feijoeiro é considerado a principal fonte de proteína na dieta alimentar da

população de baixa renda, constituindo juntamente com o arroz, a base da alimentação

da população brasileira. Dentre as culturas de inverno irrigadas por aspersão é a

principal nas regiões sudeste, centro-oeste e algumas áreas da região nordeste. O cultivo

na entressafra de verão, denominado feijão “de inverno”, cuja semeadura ocorre de

maio a junho é mais tecnificado que os demais, utilizando, além da irrigação outros

insumos devem ser, sementes de boa qualidade, fertilizantes, corretivos e defensivos o

que possibilitam a obtenção de produções três a cinco vezes superiores às obtidas em

outras épocas de plantio (BASSAN et al., 2001).

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As regiões ideais para cultivo de feijoeiro devem possuir temperatura média,

durante o ciclo, entre 20 e 22 °C, sendo temperatura ótima de 21°C. Temperatura média

acima de 24 °C durante o florescimento e formação de legumes determinam efeitos

negativos no rendimento de grãos. Assim, a temperatura média durante o mês mais

quente do ciclo da cultura não deve ser superior a 24°C. Temperatura elevada no

florescimento aliada à deficiência hídrica, causa redução do rendimento de grãos e

aumento de variabilidade, sendo o efeito dependente da duração do aumento da

temperatura. O enchimento de grãos também é prejudicado, já que a elevada

temperatura, aumentando a respiração e reduzindo a fotossíntese líquida. O crescimento

do feijoeiro é limitado também pela última geada da primavera e pela primeira geada do

outono, que delimitam a estação de crescimento disponível (MALUF et al., 2001).

A área de feijoeiro cultivada está estimada em 1,12 milhão de hectares, para a

safra 2012-2013, configurando um decréscimo de 9,5% em relação à safra passada.

Todos estados produtores indicam plantios de áreas menores do que às cultivadas na

safra anterior, com exceção de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Maranhão e Distrito

Federal. As boas perspectivas de outras culturas como soja e milho que têm maior

estabilidade e liquidez, a comercialização instável e os riscos climáticos aliados à

cultura do feijoeiro têm inibido os produtores a manterem um crescimento estável para

esta cultura (CONAB, 2013). A produção nacional para o feijão da safra foi estimada

em 957,1 mil toneladas, representando uma redução de 22,5% (CONAB, 2013).

A exploração comercial do feijão cerca de 95% dos casos usualmente apresenta

um elevado nível de problemas sanitários após o florescimento das plantas. Perdas de

7% a 10% do rendimento final de sementes e grãos são devidas ao amassamento e à

queda de flores e de vagens pela ação mecânica de máquinas e implementos agrícolas

empregados na aplicação de fungicidas (VIEIRA- JUNIOR et al., 1998).

A maior parte das culturas destinadas à produção de alimentos está sujeita à

incidência de pragas e doenças, e a má qualidade das sementes representa uma das

principais causas da baixa produtividade das lavouras de feijoeiro no Brasil. Por esse

motivo, é crescente o interesse pelo tratamento químico das sementes, no qual se

objetiva conferir-lhes proteção e às plântulas delas originadas, contra a ação de

patógenos e insetos-pragas. Assim, proporciona-se a manutenção da qualidade sanitária

e fisiológica da semente, contribuindo para a obtenção do estande inicial almejado; além

disso, reduz-se drasticamente a disseminação desses organismos nocivos na área

(BARROS et al., 2005).

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2.2 A Doença Mofo Branco

2.2.1 Características da Sclerotinia sclerotiorum

O patógeno Sclerotinia sclerotiorum (Lib.) de Bary é o agente causador da

doença Mofo Branco que também é conhecida como: podridão branca da haste, a

Sclerotinia, murcha de Sclerotinia e podridão da haste. S. sclerotiorum pode causar

danos em mais de 400 espécies plantas dentre elas destacam-se várias plantas de

interesse econômico, a soja e o feijoeiro (WEBER, 2012).

A ocorrência de epidemias causadas por sclerotiorum na cultura de soja, em

regiões onde ocorrem condições climáticas amenas na safra de verão, principalmente

nas chapadas dos cerrados em áreas acima de 800 m de altitude, tem deixado em alerta

os produtores.

Este fitopatógeno pode sobreviver no solo de 3 a 10 anos, através de estruturas

de resistência conhecidas como esclerócio ou escleródio. Estas estruturas apresentam

formato irregular, variando de poucos milímetros de diâmetro e comprimento a

alguns centímetros, a princípio apresentam coloração branca, e posteriormente

tornam-se negros e duros. Os escleródios são formados por uma massa compacta e

melanizada de micélio e, após a germinação são geralmente os responsáveis pela

infecção iniciar da planta (SAGATA, 2010).

"O uso de sementes infectadas com micélio e/ou infestadas com escleródios são

as principais causas da introdução S. sclerotiorum nas lavouras. Os escleródios podem

germinar miceliogenicamente, carpogenicamente, produzindo apotécios que liberam

ascósporos." (VIEIRA et al., 2001)

O patógeno pode ser disseminado pela semente aderido à sua superfície;

infectando o seu interior; e/ou contaminando os lotes de sementes com restos de plantas

infectadas ou partículas de solo contaminadas, ou ainda com as estruturas de

resistência para aqueles patógenos que formam escleródios, como a Sclerotinia

sclerotiorum (JULIATTI; JULIATTI, 2010).

A disseminação do fungo ocorre de duas formas: pela associação do escleródio

com as sementes, restos vegetais contaminados na fase miceliogênica do fungo

infectando internamente o embrião da semente respondendo pela contaminação a longa

distância, e além disso se dissemina pelos apotécios que emergem ou brotam dos

escleródios do solo, liberando aproximadamente mais de dois milhões de ascósporos

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por dez a quinze dias, contudo na fase carpogênica a contaminação ocorre a curtas

distâncias. A contaminação também pode ocorrer com o trânsito das máquinas agrícolas

que saem das áreas contaminadas para sadias dentro das lavouras, movimentando o solo

e restos vegetais contaminados (JULIATTI; JULIATTI, 2010).

A transmissão por semente pode ocorrer tanto através de micélio dormente

(interno) quanto por escleródios misturados às sementes. O fungo, devido à formação de

estruturas de resistência (escleródios), é de difícil erradicação após introduzido numa

área. No teste de sanidade de sementes usualmente realizado (papel de filtro/23°C/7

dias), dificilmente o fungo é detectado. Para a obtenção de melhores resultados, deve-se

utilizar temperaturas entre 10-15°C e 28 dias de incubação. A identificação é feita com

base na presença de micélio branco típico e formação de escleródios (GOULART,

1997).

O controle de mofo branco causado por S. sclerotiorum é muito difícil, devido à

capacidade que o fungo tem de formar, os escleródios, que podem permanecer no solo

por mais de cinco anos. O controle da doença é baseado no manejo cultural, de forma a

reduzir o potencial de inóculo, uma vez que, por se tratar de um patógeno de solo, o uso

de fungicidas químicos, além de dispendioso, não apresenta resultados satisfatórios

(HECKLER et al., 2009).

O controle de qualidade de sementes vem sendo reconhecida, de forma

crescente. Além dos aspectos de transmissão e suas consequências epidemiológicas,

a presença de certos patógenos nas sementes pode resultar em efeitos diretos, como

redução do potencial germinativo, do vigor, da emergência, do período de

armazenamento e até do rendimento (TELES, 2012).

No controle de qualidade de sementes, a importância do aspecto sanitário vem

sendo reconhecida de forma crescente. Considerando os expressivos avanços da área de

patologia de semente, vem crescendo também a necessidade de implantação e

credenciamento de laboratórios, para a realização de análises sanitárias (GOULART,

1997).

2.2.2 Sintomatologia

As doenças conhecidas como mofo branco ou podridão branca recebem esses

nomes em função dos sintomas e sinais externos causados na planta: presença de lesões

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encharcadas nos órgãos afetados, de coloração parda e consistência mole, com micélio

branco, de aspecto cotonoso, cobrindo porções dos tecidos. (CAMPOS LEITE, 2003).

Os primeiros sintomas são manchas de anasarca que evoluem para coloração

castanho-claro e logo desenvolvem abundante formação de micélio branco e denso. Em

poucos dias, o micélio transforma-se em massa negra, rígida, o escleródio, que é a

forma de resistência do fungo. Os escleródios variam em tamanho de poucos milímetros

a alguns centímetros e são formados tanto na superfície como no interior da haste e das

vagens infectadas (SAGATA, 2010).

2.3 Métodos de Detecção de Patógenos em Sementes

2.3.1 Rolo de Papel

A desvantagem desse método é a dificuldade para separar as sementes infectadas

das sadias, podendo-se superestimar a incidência do patógeno S. sclerotiorum devido ao

contato entre as sementes ao se realizar o rolo de papel para posterior incubação.

2.3.2 Neon – S

O método do Meio Neon foi descrito originalmente por Steadman et al. (1994) e

Nasser et al. (1995) para detecção da viabilidade de escleródios do fungo S.

sclerotiorum. Posteriormente, foi utilizado para detecção do patógeno em sementes de

feijoeiro. O método consistia na utilização de meio de cultura Batata Dextrose Agar

(BDA) com azul de bromofenol, um indicador de pH, obtendo um meio de coloração

azul e que devido a liberação de ácido oxálico pelo fungo torna-se amarelo.

O método do Meio Neon foi modificado por Napoleão et al. (2006) e

denominado Neon-S, pois era necessário o aperfeiçoamento para análise de rotina.

Assim, foram testados indicadores, inibidores e antibióticos com ponto de fusão alto,

não necessitando acrescentá-los após o meio BDA autoclavado. Ademais se faz

necessário o ajuste do pH após o meio esterilizado, prática de difícil execução devido à

alta temperatura do meio liquefeito e a rapidez do meio em solidificar-se.

O método do Meio Neon-S possui em sua composição, juntamente com o meio

de cultura BDA, um antibiótico (cloranfenicol), o ácido diclorofenoxiacético (2,4-D) e o

indicador de pH azul de bromofenol. O antibiótico inibe o crescimento de bactérias e o

ácido 2,4-D inibe a germinação de sementes das dicotiledôneas. Sem a presença do

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fungo, o meio mantém-se azul e, com a presença do micro-organismo, torna-se amarelo.

Porém, alguns fungos como Rhizopus sp. e Aspergillus sp produzem ácidos que mudam

também a coloração do meio; assim, para a distinção destes fungos torna-se

necessário o emprego de microscópico estereoscópico (NAPOLEÃO et al., 2006).

"Em alguns trabalhos foram utilizados meios de cultura semi seletivos, contendo

o indicador de pH azul de bromofenol visando reduzir o tempo de detecção do

patógeno." (NAPOLEÃO, 2006).

A simples indicação das percentagens de pureza e de germinação de um lote de

sementes não é suficiente para caracterizar o seu verdadeiro estado fisiológico, pois,

nesses testes, além da pureza física, apenas é avaliada a capacidade que a semente

possui para formar plântulas normais sob condições ótimas à germinação. Na

tentativa de melhor identificar os lotes de sementes de alta qualidade fisiológica, a

concepção de vigor vem recebendo grande atenção como mais um parâmetro utilizado

para indicar o futuro desempenho dessas sementes no campo. Experiências têm

demonstrado que a consideração apenas desses atributos para se atestar a qualidade de

sementes tem sido insuficiente, principalmente na atual política agrícola brasileira, onde

se exige uma agricultura mais econômica e rentável, assumindo a semente papel

decisivo na diminuição de riscos. Nesse contexto, a sanidade de sementes apresenta-se

com significativa importância, uma vez que determinados microrganismos, associados a

elas, podem constituir-se em fator altamente negativo no estabelecimento inicial de uma

lavoura (GOULART, 1997).

Dessa forma, torna-se evidente que para se atestar a verdadeira qualidade de um

lote de sementes, deve-se obrigatoriamente considerar o somatório dos atributos físicos,

genéticos, fisiológicos e sanitários.

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3. MATERIAL E MÉTODOS

As análises foram realizadas no Laboratório de Micologia e Proteção de Plantas

– LAMIP da Universidade Federal de Uberlândia, no período de 2008 a 2013.

Foram avaliadas 637 amostras/lotes de sementes de soja e de feijão,

provenientes do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba (Figura 1, Tabela 1). Os laudos

foram separados por ano e arquivados de forma digital, foram feitas anotações a

respeito dos patógenos. As amostras foram recebidas em sacos de aproximadamente

1kg. Estas passaram por testes de sanidade, capazes de identificar o fundo S.

sclerotiorum.

Para comparar a eficiência entre os métodos Neon S, Neon S2 e rolo de papel foi

realizado um experimento entre os meses de maio e junho de 2013. Foram avaliados

nove tratamentos, utilizando o delineamento em blocos casualizados no esquema

fatorial 3x3 com três repetições. Dentre os tratamentos foram utilizadas as cultivares:

feijão pérola infectadas naturalmente, soja cultivar BRS Valiosa RR infectadas

naturalmente e soja cultivar Nidera 7255 RR inoculada artificialmente, sendo avaliadas

dentro dos três métodos de detecção. As amostras dessas cultivares são provenientes das

plantações de agricultores da região de Uberlândia, que foram armazenadas em câmara

fria até a realização dos testes. A cultivar Nidera 7255 RR teve as suas sementes

expostas à infecção em placas de petri contendo meio BDA (Batata Dextrose Agar) e

micélio do patógeno, após o cultivo do fungo por sete dias na temperatura de 25º C. A

exposição das sementes ao patógeno ocorreu por 72 horas de incubação, utilizando

quatro placas de petri com 100 sementes cada. As 400 sementes inoculadas foram

utilizadas para o teste de validação, comparando com os lotes infectados naturalmente.

Os métodos de detecção estão detalhados a seguir.

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FIGURA 1. Localização geográfica dos municípios fornecedores de amostras.

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TABELA 1. Total de amostras de soja e feijoeiro analisadas no LAMIP – UFU, 2008 a

2013.

Município Número de Amostras

Feijoeiro Soja

Araguari - 06

Ibiá 15 -

Patos de Minas - 395

Uberlândia - 194

Tupaciguara - 42

Total 637

3.1 Método Neon–S 2

O método Neon-S2 é uma modificação do Neon–S, nele o tempo de leitura é

alterado de sete dias para quinze dias. Essa modificação propiciou uma melhor

confiabilidade dos resultados.

Para a análise das amostras, primeiramente, houve um congelamento prévio

das sementes por 12 horas, optou-se por esse método devido às limitações ambientais e

preocupações com a saúde do manipulador, usando o 2,4D. Foram utilizados os

seguintes reagentes: 1000 ml de BDA (200g batata – 1000 ml de água destilada, 20g de

dextrose e 15 g de Agar bacteriológico) 50 mg de azul de bromofenol, autoclavado a

120 °C por 15 min, após o resfriamento de aproximadamente 50 °C acrescentou-se 50

mg de cloranfenicol, o meio foi vertido em placas de Petri de 10 cm de diâmetro. Foram

utilizadas 400 sementes por repetição de cada cultivar, sendo distribuídas de forma

aleatórias vinte sementes em cada placa, utilizando vinte placas de Petri por repetição.

As amostras permaneceram durante quinze dias em incubadora BOD com ausência de

luz a 20 °C. Para a detecção do fungo, foi observada a formação de halo amarelo em

torno da semente, devido à presença de ácido oxálico que altera a coloração do azul de

bromofenol para a cor amarela, além da formação de escleródios, quando se prolonga o

tempo de incubação. A nova forma de interpretação permite que sejam eliminados os

resultados falsos positivos.

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3.2 Rolo de Papel

O método utiliza o rolo de papel de germinação Germitest (duas folhas de

papel), adicionando a água destilada esterilizada na proporção de 2,5 vezes a massa do

papel. As amostras foram incubadas em estufa BOD com ausência de luz a 20°C por

trinta dias.

Para a detecção do fungo, observou-se também a formação de escleródios nas

sementes. Para cada repetição foram utilizadas 400 sementes, distribuídas de forma

aleatórias em cinco rolos de papel contendo 50 sementes cada. O tempo de incubação

por trinta dias para realizar a leitura transforma-se no fator limitante dessa técnica.

3.3 Método Neon-S

O procedimento deste método foi o mesmo descrito no Neon-S 2, porém, o

tempo de leitura foi de sete dias após a incubação.

3.4 Análises Estatísticas

A estatística do teste de Tukey é dada pela seguinte fórmula:

∆ = q √QMRes

r

em que:

q é a amplitude total studentizada tabelada. QMRes é o quadrado médio do

resíduo, e r é o numero de repetições.

Após a leitura do teste comparativo entre lotes de sementes de feijoeiro e soja

infectados naturalmente e artificialmente realizou-se a análise de variância dos dados e

teste de comparação de médias (Tukey 5%) utizando o software SASM – Agri

desenvolvido por Canteri et all 2001. Os dados das três épocas de avaliação (sete,15 e

30 dias) foram transformados para arcseno √x/100.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

No ano de 2008, ao utilizar a técnica do rolo de papel não foi constatada a

presença de Mofo Branco nas sementes de soja, assim todos os lotes/cultivares

apresentaram isenção do patógeno (Tabela 2). Contudo, nos anos de 2009, 2010, 2011 e

2012 a presença do fungo foi detectada (Tabelas 2 e 4) em sementes de soja. A partir do

ano de 2010, e nos anos de 2011 e 2012 em plantas de feijão ao usar a técnica de Neon-

S modificado e Neon S2, houve um aumento de amostras com presença positiva do

patógeno (Figuras 2). Durante o período citado, o teste de rolo apresentou 21,88% de

amostras positivas, enquanto que o Neon-S2 foi de 31,25% (Figura 2). Outro fator

diferenciador em relação aos lotes analisados foi a porcentagem de sementes

contaminadas e/ou infectadas de cada lote, que variou de 0,25% a 1,25% (Tabelas 2, 3,

4 e 5).

Grabicoski (2012), com o objetivo de comparar métodos detecção de S.

sclerotiorum analisou três amostras de sementes de soja provenientes de áreas com

histórico da incidência de Mofo Branco no Paraná, através de Blotter Test, Rolo de

Papel e Neon-S. Na amostra I, foram detectadas dez sementes infectadas no método de

Rolo de Papel. Nos demais métodos, não foi detectada a presença do patógeno. Na

amostra II, observou-se apenas uma (01) semente com o patógeno pelo teste de Blotter

Test e Rolo de Papel e três pelo método Neon – S. Enquanto que na amostra III, houve

uma quantidade maior de sementes infectadas. Foi encontrado 45 sementes com o fungo

pelo método Blotter Test, 112 no método Rolo de Papel, e 15 no método Neon –S.

Percebe-se que no método Rolo de Papel constatou-se a presença do patógeno em todas

as amostras/lotes.

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TABELA 2. Técnica Rolo de Papel: Detecção do patógeno Sclerotinia sclerotiorum por cultivares de soja em laudos do LAMIP – UFU,

2008 e 2009.

Cultivar

Total de Lotes

Testados

Número de Lotes

Positivos

Incidência (%) sementes

infectadas

Equivalente em Número

Sementes

2008 2009 2008 2009 2008 2009 2008 2009

BR 850 RR - 6,00 - 0,00 - 0,00 - 0,00

BRS 750 4,00 11,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

BRS 811 - 1,00 - 0,00 - 0,00 - 0,00

BRS MG 810C - 1,00 - 0,00 - 0,00 - 0,00

CD 237 RR - 2,00 - 0,00 - 0,00 - 0,00

Conquista - 4,00 - 0,00 - 0,00 - 0,00

Favorita 5,00 6,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

L8307 RR 41,00 - 0,00 - 0,00 - 0,00 -

MS 6101 13,00 5,00 0,00 1,00 0,00 3,50 0,00 14,00

MS 7211 RR - 15,00 - 0,00 - 0,00 - 0,00

MS 7908 RR 12,00 17,00 0,00 1,00 0,00 0,50 0,00 2,00

MS 8001 -

23,00

- 1,00

1,00

1,00

- 0,25

0,25

1,25

- 1,00

1,00

5,00

MS 8200 2,00 10,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

MS 9350 1,00 - 0,00 - 0,00 - 0,00 -

NA 7255 RR - 1,00 - 0,00 - 0,00 - 0,00

NA 8015 RR - 1,00 - 0,00 - 0,00 - 0,00

Nk 7074 - 4,00 - 1,00 - 9,50 - 38,00

Pionner P984511 1,00 - 0,00 - 0,00 - 0,00 -

RBL 8307 RR - 75,00 - 1,00 - 0,25 - 1,00

Sambaiba - 2,00 - 1,00 - 1,25 - 5,00

Valiosa 24,00 22,00 0,00 1,00 0,00 1,25 0,00 5,00

Vencedora 4,00 4,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Total 107,00 212,00 0,00 9,00 - - 0,00 72,00 (%) – porcentagem

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TABELA 3. Técnica Rolo de Papel: Detecção do patógeno Sclerotinia sclerotiorum por cultivares em laudos de sementes de feijoeiro do

LAMIP UFU, 2009.

Cultivar

Total de

Lotes

Testados

Número

de Lotes

Positivos

Incidência

(%) sementes

infectadas

Equivalente

em Número

Sementes

Perola 10,0 0,0 0,0 0,0

Total 10,0 0,0 - 0,0 (%) – porcentagem

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TABELA 4. Técnica Neon-S e Neon-S 2: Detecção do patógeno Sclerotinia sclerotiorum por cultivares em laudos de soja do LAMIP –

UFU, 2010, 2011 e 2012.

Cultivar Total de Lotes Testados

Número de Lotes

Positivos

Incidência (%)

sementes infectadas

Equivalente em Número

Sementes

2010 2011 2012 2010 2011 2012 2010 2011 2012 2010 2011 2012

AN 7337 RR 2,00 - - 1,00 - - 0,25 - - 1,00 - -

ANTA 5,00 - - 0,00 - - 0,00 - - 0,00 - -

BRS 810 - 5,00 - - 0,00 - - 0,00 - 0,00 -

BRS 810C 7,00 - - 2,00 - - 0,25 - - 1,00 - -

BRS MG 810C - 4,00 - - 2,00

1,00

- - 0,25

0,50

- - 1,00

2,00

-

Conquista 1,00 - - 0,00 - - 0,00 - - 0,00 - -

Favorita 8,00 - 1,00

1,00

- - 0,25

0,75

- - 1,00

3,00

- -

L8307 RR 136,00 - - 2,00

3,00

5,00

10,00

34,00

- - 1,25

0,75

1,00

0,50

0,25

- - 1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

- -

MS 7211 RR 9,00 - - 1,00

1,00

1,00

- - 0,25

0,25

1,00

- - 1,00

1,00

4,00

- -

MS 7639 RR 3,00 - - 0,00 - - 0,00 - - 0,00 - -

MS 7908 RR 7,00 - - 1,00

3,00

- - 0,50

0,25

- - 1,00

2,00

- -

MS 7908 RR - 7,00 5,00 - 0,00 1,00 - 0,00 0,25 - 0,00 1,00

MS 8200 4,00 - - 0,00 - - 0,00 - - 0,00 - -

N 7255 Floema - 5,00 - - 1,00 - - 0,25 - - 1,00 -

NA 7255 3,00 - - 0,00 - - 0,00 - - 0,00 - -

NA 7255 RR - - 1,00 - - 0,00 - - 0,00 - - 0,00

...continua

...continuação

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NA 8500 3,00 9,00 - 1,00 1,00

1,00

- 0,25 0,25

0,50

- 1,00 1,00

2,00

-

Nideira 7100 RR - - 2,00 - - 0,00 - - 0,00 - - 0,00

NS 8290 - - 2,00 - - 1,00 - - 5,75 - - 23,00

NT 12 - 03,00 - - 0,00 - - 0,00 - - 0,00 -

NT 7001 - 01,00 - - 0,00 - - 0,00 - - 0,00 -

RBR NT 12 6,00 - - 2,00 - - 0,25 - - 1,00 - -

Valiosa 23,00 - - 0,00 - - 0,00 - - 0,00 - -

Valiosa RR - 10,00 - - 2,00

3,00

- - 0,50

0,75

- - 2,00

3,00

-

Total 217,00 44,00 10,00 69,00 11,00 2,00 - - - 32,00 12,00 24,00 (%) – porcentagem

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TABELA 5. Técnica Neon-S e Neon-S 2: Detecção do patógeno Sclerotinia sclerotiorum por cultivares em laudos de sementes de feijoeiro

do LAMIP –UFU, 2010, 2011 e 2012.

Cultivar Total de Lotes Testados

Número de Lotes

Positivos

Incidência (%) sementes

infectadas

Equivalente em Número

Sementes

2010 2011 2012 2010 2011 2012 2010 2011 2012 2010 2011 2012

Estilo - - 4,00 - - 1,00

1,00

- - 5,00

7,50

- - 20,00

30,00

Perola 5,00 10,00 18,00 0,00 1,00

1,00

1,00

1,00

2,00

1,00

1,00

0,00 1,25

14,00

0,50

1,25

3,75

4,50

11,75

0 5,00

56,00

2,00

5,00

15,00

18,00

47,00

Total 5,00 10,00 22,00 0,00 2,00 8,00 - - - 0,00 61,00 137,00 (%) – porcentagem

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0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

2008 Rolo de Papel 2009 Rolo de Papel 2010 Neon-S 2011 Neon-S 2012 Neon-S2

Método Utilizado

Po

rcen

tag

em (

%)

Amostras Positivas

Amostras Negativas

FIGURA 2. Porcentagem de lotes com a presença de Sclerotinia sclerotiorum nos métodos utilizados no período de 2008 a 2012.

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4.1 Análise Estatística

Na tabela 6 são apresentados os resultados do teste F a 1% de probabilidade,

na qual se observa que a interação da cultivar utilizada e o método de detecção do fungo

Sclerotinia sclerotiorum são significativos. Este resultado indica que o melhor método

de detecção, depende do tipo de cultivar e do tipo de infecção, ou seja, se a semente é de

soja ou de feijão, e no caso da soja, se a semente foi infectada naturalmente ou se foi

realizada a inoculação artificial.

TABELA 6. Análise de variância da incidência (%) do fungo Sclerotinia sclerotium em

sementes de soja (infectada naturalmente e artificialmente) e feijão (infectada

naturalmente) em três métodos de detecção (rolo de papel, neon S e neon S2

modificado).

FV GL SQ QM F

Bloco 2 12,108 6,054 0,849 ns

Método 2 190,636 95,318 14,068 **

Cultivar 2 1.582,117 791,058 116,754 **

Método * Cultivar 4 295,209 73,802 10,893 **

Resíduo 16 108,407 6,775

CV = 39,15 ns, não significativo e significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.

As médias de incidência do fungo Sclerotinia sclerotiorum para todos os

tratamentos estão apresentados na tabela 7. Em relação ao método de detecção só foi

observada diferença significativa pelo teste de tukey a 0,05 de probabilidade o

tratamento com a soja inoculada quando se utilizou o método do rolo de papel, sendo

que este resultado foi inferior aos outros dois métodos, os quais mostraram uma maior

incidência do fungo em estudo, e apesar do método S e S2 não terem apresentado

diferenças significativas, o método S2 apresentou uma maior média de incidência,

indicando que o aumento de quinze dias na leitura dos dados pode ter dado uma maior

confiabilidade aos resultados. Para as médias de infecção do fungo nos métodos S e S2,

a soja inoculada apresentou os maiores valores quando comparado à soja e ao feijão

positivo, este resultado pode ser explicado devido à inoculação ter ocorrido em todas as

sementes e, portanto, aumentando a probabilidade de ocorrência da doença em uma

maior quantidade de sementes. Quando se observa os resultados do rolo de papel, a

maior média também foi apresentada pela soja inoculada, porém, não diferiu

estatisticamente da soja positiva.

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TABELA 7. Médias de incidência (%) do fungo Sclerotinia sclerotiorum em sementes

de soja e feijão em três métodos de detecção.

Método

Cultivar 1 S S2 Rolo de Papel

Feijão Positiva 0,00 aB 0,17 aB 0,00 aB

Soja Positiva 0,00 aB 0,33 aB 0,25 aAB

Soja Inoculada 12,83 aA 17,00 aA 1,92 bA

DMScultivar= 5,487 DMSmétodo = 5,487

1 médias seguidas por letras distintas minúsculas na linha e maiúsculas na coluna diferem entre si pelo

teste Tukey a 5% de probabilidade.

Henneberg e colaboradores (2012), com o objetivo de avaliar a eficiência dos

métodos de detecção de Sclerotinia sclerotiorum em sementes de soja, realizou uma

pesquisa comparando cinco métodos: método do papel de filtro (“blotter test”), com três

temperaturas diferentes (7, 14 e 20ºC); rolo de papel; e meio agar‑bromofenol

(Neon‑S).

Não houve relação entre a percentagem da incidência na amostra e a sua

detecção na semente, independentemente do método que foi utilizado. Além disso, na

medida em que se aumentou a incidência da amostra, foi verificado um acréscimo no

número de sementes detectadas com S. sclerotiorum. Quando foi analisado a

repetibilidade dos resultados, foi observado que os métodos foram eficientes na

detecção do fungo S. sclerotiorum em sementes contaminadas artificialmente. Os

métodos não diferiram significativamente quanto à capacidade de detectar S.

sclerotiorum em sementes provenientes de áreas com incidência conhecida da doença,

não havendo relação entre a incidência do fungo no campo e a sua detecção na semente.

"Além disso, existem evidências que indicam que o método proposto pode

superestimar a incidência do fungo, caso ele se dissemine das sementes infectadas para

as vizinhas por contato." (PARISI et al. 2006)

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5. CONCLUSÃO

1 – A modificação do método Neon S para Neon S2, aumentando o tempo de

incubação, contribuiu para uma melhor confiabilidade na interpretação da leitura,

verificando a formação de escleródios.

2 – O método permitiu aumentar a confiabilidade na detecção do patógeno o que

tornou ao Laboratório de Micologia e Proteção de Plantas referência na área atendida

pelo mesmo (Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba - MG).

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6. REFERÊNCIAS

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