destino referência em segmentos turísticos
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Destinos brasileiros que são referência nos diversos segmentos do turismo.TRANSCRIPT
Sumário
Presidente da República Federativa do Brasil
Luiz Inácio Lula da Silva
Ministro de Estado do Turismo
Luiz Eduardo Pereira Barretto Filho
Secretário-Executivo
Mário Augusto Lopes Moyses
Secretário Nacional de Políticas do Turismo
Carlos Silva
Diretor do Departamento de Estruturação, Articulação e Ordenamento Turístico
Ricardo Martini Moesch
Coordenadora-Geral de Segmentação
Sáskia Freire Lima de Castro
Coordenadora-Geral de Regionalização
Ana Clévia Guerreiro Lima
Coordenadora-Geral de Informação Institucional
Isabel Cristina da Silva Barnasque
Coordenadora-Geral de Serviços TurísticosRosiane Rockenbach
Introdução
Gestão do Projeto
Metodologia: Sistema Cores de Planejamento e Gestão de Destinos
O Movimento e o Resultado
5
11
15
18
4
Experiências mundiais em desenvolvimento
de destinos turísticos demonstram que
a governança e a sustentabilidade são
premissas básicas para o desenvolvimento
econômico estável e continuado. Os aspectos
de sustentabilidade avançaram sobre as
dimensões sociais, econômicas e ambientais
de maneira equilibrada, o que tornou a
participação das comunidades e dos agentes
do mercado imprescindíveis para o sucesso
de um destino.
Nesta perspectiva fica claro que só se tem
sustentabilidade com governança local, e
só se tem governança com trade turístico
organizado e profissional.
O Ministério do Turismo entendeu que seria
muito importante a experimentação de uma
estratégia de governança local a partir de
segmentos do mercado, considerando que os
parceiros teriam mais afinidade e interesses
mais aproximados, já que sempre é muito
difícil o acordo entre as inúmeras ou diversas
atividades que o turismo envolve.
Com isso foi criado o projeto Destinos
Referência em Segmentos Turísticos, que
tem como objetivo principal a organização
do trade local dentro da perspectiva de um
Segmento Turístico e a construção de um
modelo referencial que possa servir de base
para outros destinos com a mesma vocação
turística. Para isso, foram selecionados dez
destinos com características diferentes, em
regiões diferentes, para que suas experiências
possam servir como referencial para outros
destinos no Brasil, validando e consolidando
a estratégia de desenvolvimento de políticas
públicas e de ampliação, segmentação e
diversificação da oferta turística nacional.
O projeto visa o desenvolvimento de um
destino por meio de um segmento, partindo
do princípio de que o trade local deve estar
organizado, com prioridades e estratégias
definidas e com foco na competitividade.
A estratégia para selecionar os dez destinos
brasileiros para serem contemplados e
servirem de referência em segmentação
do turismo foi baseada nos Planos de
Marketing Turístico Nacional – Plano
Cores do Brasil – e Internacional – Plano
Aquarela –, desenvolvidos pelo Governo
Federal por meio do Ministério do Turismo
e do Instituto Brasileiro de Turismo
(Embratur), respectivamente, e nos Estudos
de Competitividade desenvolvidos pelo
Ministério do Turismo em parceria com o
Sebrae Nacional e a Fundação Getúlio Vargas,
nos casos em que se trata de Destino Indutor
de Desenvolvimento Turístico Regional.
Os destinos envolvidos são brevemente
apresentados a seguir. Suas experiências no
desenvolvimento dos segmentos específicos
foram publicadas em volumes específicos e
podem ser consultadas no site do Ministério
do Turismo (www.turismo.gov.br).
Introdução
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Anitápolis, Rancho Queimado, Santa Rosa de Lima e Urubici (SC) – Destino Referência em Turismo Rural
As propriedades dos municípios citados
integram o projeto Acolhida na Colônia,
integrada a uma associação francesa de
agricultores, que visa valorizar o modo de
vida no campo através do agroturismo
ecológico. Esta modalidade de turismo é
praticado dentro das propriedades rurais,
permitindo ao turista entrar em contato
com a atmosfera da vida na propriedade,
integrando-se, de alguma forma, aos hábitos
locais, seja por acompanhar o processo de
elaboração dos produtos agrícolas – doces,
geleias, pães, café, queijo, etc. – ou por
vivenciar o dia a dia da vida rural – plantio,
colheita, manejo de animais –, consumindo
os saberes e fazeres do campo.
A região das Encostas da Serra Geral, em
Santa Catarina, por suas especificidades,
possui grande potencial para o
desenvolvimento do Turismo Rural, atividade
coordenada e articulada pela Associação
Acolhida na Colônia e fortalecida com ações
de apoio aos agricultores familiares na
formatação de roteiros turísticos e em sua
inserção no mercado.
Barcelos (AM) – Destino Referência em Turismo de Pesca
Localizado na região amazônica, Barcelos
é um destino turístico ainda pouco
conhecido pela maioria dos brasileiros, mas
já com destaque no mercado internacional.
Considerada a capital do peixe ornamental,
Barcelos é a maior exportadora brasileira do
produto e uma das maiores do mundo, com
destaque para os peixes conhecidos como
cardinal, de beleza exótica e brilho intenso, e
acará-disco.
Famosa por concentrar a maior quantidade
de tucunarés em toda a região amazônica,
em seus grandes rios e centenas de lagos,
Barcelos é o destino perfeito para o Turismo
de Pesca, que atrai pescadores de todos os
cantos do mundo em busca do tucunaré-
açu (Cichla temensis). Este peixe – que pode
atingir até 1 metro de comprimento e pesar
mais de 14 quilos – cativa cada dia mais
adeptos de sua pesca em todo o mundo,
devido ao modo explosivo como atacam
as iscas e às bruscas arrancadas depois de
fisgados. Essas características proporcionam
aos amantes da pesca esportiva emoções
indescritíveis, o que motiva o retorno dos
turistas ao local para reviverem a experiência
anterior.
Brasília (DF) – Destino Referência em Turismo Cinematográfico
Brasília reflete a mistura cultural dos
sotaques, da culinária, dos costumes e
trejeitos do povo brasileiro, trazidos pelos
candangos que ergueram a capital com suas
próprias mãos. Por servir ainda de base para
embaixadas de outras nações, é lugar das
mais variadas etnias internacionais.
Brasília é um destino referência no segmento
de turismo audiovisual, pelas facilidades
encontradas na prestação de serviços,
por ter um conjunto urbanístico em um
cenário natural variado e exclusivo, uma
vez que Brasília é a única cidade no século
XXI tombada como Patrimônio Cultural da
Humanidade.
É considerada também a cidade mais cinéfila
do Brasil, pois conta com o maior número de
salas de cinema por habitante.
Jericoacoara (CE) – Destino Referência em Turismo de Sol e Praia
A cidade de Jijoca de Jericoacoara,
classificada pelo jornal Washigton Post como
uma das dez praias mais bonitas do mundo,
desenvolveu nessas décadas um crescente
fluxo de curiosos, viajantes, mochileiros e
turistas, tanto brasileiros quanto estrangeiros,
que transformaram a vila de pescadores dos
anos 70 em um destino turístico de atração
internacional no século XXI.
Jericoacoara é hoje point internacional para
os esportes da vela, e tem na sua natureza
de dunas brancas, muito vento, sol intenso
e praias nativas, o ambiente perfeito para
permanecer atraindo turistas nacionais e
estrangeiros, garantindo a ocupação de
suas pousadas, o uso de seus serviços, e
por consequência a geração de emprego e
promoção da renda dos seus habitantes. O
destino é recomendado como um dos sete
destinos de vela no mundo, competindo no
windsurf com destinos internacionais de Sol
e Praia.
Lençóis (BA) – Destino Referência em Turismo de Aventura
A Chapada Diamantina é uma região de
serras, no centro da Bahia, onde nascem os
rios das bacias do Paraguaçu, do Jacuípe e
do Rio de Contas. Essas correntes de águas
brotam nos cumes e deslizam pelo relevo em
belos regatos, despencam em borbulhantes
cachoeiras e formam transparentes piscinas
naturais, propiciando assim as diversas
atividades de turismo de aventura.
Por suas características geográficas e
geológicas, a região da Chapada Diamantina
passou por diversos ciclos econômicos e de
ocupação: agricultura, pecuária, garimpo
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de diamantes, e nas ultimas décadas vive
o desenvolvimento do turismo. Lençóis é
portão de entrada para a região, cidade
tombada como Patrimônio Histórico Artístico
Nacional pelo Iphan, e hoje é considerada
destino referência em Turismo de Aventura.
Paraty (RJ) – Destino Referência em Turismo Cultural
Patrimônio Histórico Nacional, com seus
casarios e igrejas em estilo colonial,
calendário cultural diversificado, celebrações
de festas religiosas tradicionais e suas
manifestações artísticas autênticas, Paraty
demonstra seu potencial para se projetar
como um destino de Turismo Cultural
nacional e internacionalmente.
Este cenário, naturalmente propício ao
turismo, é ainda enriquecido pela realização
de eventos culturais de âmbito internacional,
como a Festa Literária Internacional de Paraty
(Flip), momento em que a cidade tem a
oportunidade de reunir inúmeros escritores e
leitores de todo o mundo.
Ribeirão Preto (SP) – Destino Referência em Turismo de Negócios e Eventos
A escolha de Ribeirão Preto para participar
do projeto Destino Referência se deu
com base nas suas pré-condições para o
Segmento de Negócios e Eventos. Entre
os fatores que justificaram a determinação
de Ribeirão Preto como Destino Referência
devem ser destacados: boa infraestrutura
turística, com destaque para equipamentos
relacionados à realização de eventos
(hotéis com salas, centro de convenções e
exposições); existência de feiras de negócios
regulares; ocorrência de eventos nacionais e
internacionais técnico-científicos; existência
de aeroporto com frequência regular de voos
nacionais e regionais, boa acessibilidade
terrestre; proximidade da capital – São Paulo
– maior centro econômico do país e principal
emissor de turistas de negócios e eventos;
realização de visitas técnicas regulares no
município e entorno; existência de centros
tecnológicos e acadêmicos de excelência.
Santarém (PA) – Destino Referência em Ecoturismo
O município de Santarém é o centro do
polo Tapajós, a principal cidade do oeste
do Pará e a segunda mais importante do
Estado. Logo em frente à cidade, é possível
ver o encontro dos Rios Amazonas, com
suas águas barrentas, e Tapajós, em tons
esverdeados: suas águas correm lado a lado
por quilômetros sem se misturar. Além disso,
há diversas das cachoeiras, lagos e praias
formadas ao longo do Tapajós.
O ecossistema atual da região apresenta
a biodiversidade característica da região
amazônica, onde já foram catalogadas
mais de duas mil espécies de peixes, cerca
de 950 espécies de pássaros, 300 espécies
de mamíferos e cerca de 10% de todas as
espécies de plantas existentes na Terra.
Representantes típicas da flora local são a
vitória-régia e as dezenas de espécies de
bromélias.
São João del Rei (MG) – Destino Referência em Turismo de Estudos e Intercâmbio
O destino escolhido pelo Ministério do
Turismo para implantar o projeto piloto
para estruturação do segmento de Estudos
e Intercâmbio foi a cidade de São João
del Rei, em Minas Gerais. Como uma das
Capitais da Cultura no Brasil, a cidade
possui infraestrutura turística para receber
a demanda emergente para o Turismo
de Estudos e Intercâmbio, com posição
geográfica privilegiada e oferta de voos
regulares para o Rio de Janeiro e Belo
Horizonte.
O município está situado em uma região
de grandes atrativos, onde se encontram
importantes referências do patrimônio
material e imaterial do Brasil, como a cidade
de Tiradentes, parte das Serras do Lenheiro e
São José. Buscou-se, com isso, contribuir para
introduzir o Brasil como uma nova opção
de destino para estudantes internacionais,
por terem sido identificadas demandas
e expectativas de instituições de ensino
estrangeiras e de operadores e agentes de
intercâmbio no exterior por programas de
educação internacional no país.
Socorro (SP) – Destino Referência em Turismo de Aventura Especial
Localizada na Serra da Mantiqueira, Socorro
é uma pequena cidade a 110 quilômetros
de Campinas, entre os Estados de São Paulo
e Minas Gerais. Por trás da tranquilidade
interiorana, Socorro possibilita ao turista
liberar adrenalina, por meio das atividades de
aventurura.
As iniciativas pioneiras e experiências
de Socorro no segmento de Turismo de
Aventura e Acessibilidade chamaram a
atenção para o destino, que passou a contar
com o apoio de diversas instituições que
contribuíram para que a cidade se tornasse
realmente referência em Aventura Especial.
A partir desse conjunto de fatores é que a
cidade foi selecionada pelo Ministério do
Turismo como referência em Turismo de
Aventura Especial.
Os objetivos específicos do projeto são:
• Desenvolvereimplantarumsistemade
gestão do turismo nos destinos turísticos
selecionados pelo Ministério do Turismo,
com a participação de entidades locais
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públicas, privadas e do terceiro setor,
garantindo a padronização dos métodos
utilizados, observando as devidas
peculiaridades de cada segmento e
destino, e a qualidade dos resultados a
serem obtidos
• ApoiarnaelaboraçãodeumPlanode
Ação para cada destino selecionado e
acompanhar e monitorar a implementação
desses planos, garantindo a qualidade dos
resultados a serem obtidos
• Apoiartecnicamenteaimplementaçãode
uma Ação Símbolo em cada destino
• Realizarmultiplicaçãodasexperiências
aplicadas nos destinos para outros
destinos e regiões turísticas
O modelo de gestão descentralizada
concebido e implementado pelo Ministério
do Turismo,1 desde 2003, prevê a integração
de diversas instâncias da gestão pública e
da iniciativa privada por meio da criação e
organização dos arranjos institucionais.
Para a gestão e execução do projeto Destinos
Referência em Segmentos Turísticos, o
Ministério do Turismo contou com a parceria
de várias instituições públicas, privadas e do
terceiro setor, o que permitiu abordagens em
dois enfoques estratégicos nos destinos: o
foco na gestão compartilhada, que valoriza
a governança local, e o foco no mercado,
que permite a elaboração dos planos de
ação voltados aos principais segmentos
turísticos que dão identidade aos territórios
contemplados.
A partir da parceria estabelecida com o
Intituto Casa Brasil de Cultura e com as
1. htpp://www.turismo.gov.br/turismo/conselhos/
entidades executoras do projeto em âmbito
local, o Ministério do Turismo, num processo
participativo, contou com o apoio técnico
presencial de tutores e consultores que
acompanharam a implantação de cada passo
da metodologia, garantindo integração e
participação das comunidades locais.
Para garantir o sucesso na execução das
ações nos territórios selecionados, entidades
locais foram selecionadas para atuar como
parceiros executores do projeto em âmbito
local, ou seja, nos destinos. Cada entidade
executora demonstra experiência com
segmento turístico que foi trabalhado
no destino e envolvimento com pessoas,
profissionais, instituições e empresas que
atuam nesse segmento.
Essas entidades locais firmaram convênio
com o Ministério do Turismo, conforme
quadro demonstrativo apresentado a seguir,
prevendo ações específicas para cada
Gestão do Projeto
ConvêniosSão acordos, ajustes ou qualquer outro instrumento que discipline a transferência de recursos financeiros de dotações consignadas nos orçamentos fiscais e da Seguridade Social da União e tenha como participantes: de um lado, órgão ou entidade da administração pública federal, direta ou indireta e, do outro lado, órgão ou entidade da administração pública estadual, distrital ou municipal, direta ou indireta, ou ainda, entidades privadas sem fins lucrativos, visando à execução de programa de governo, envolvendo a realização de projeto, atividade, serviço, aquisição de bens ou evento de interesse recíproco, em regime de mútua cooperação. (Decreto n° 6.170, de 25 de julho de 2007)
• Apoiaraatuaçãodasentidades,
conveniadas com o Ministério do
Turismo, responsáveis pela elaboração e
implementação do Plano da Ação
Para os destinos participantes, foi um
privilégio participar de um projeto
que valoriza a opinião local e fortalece
as entidades, exigindo dos parceiros
envolvimento e tolerância para que o
processo de discussão e busca de soluções
seja um catalisador do mercado e promova
sinergia e objetividade nas ações.
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destino e que pudessem ser executadas
paralelamente à metodologia prevista em
âmbito nacional visando o fortalecimento da
participação local. De forma geral, as ações
executadas pelos parceiros conveniados
contemplavam a mobilização local, a
contratação de uma consultoria especializada
no segmento e uma ação simbólica para
consolidação do projeto no destino como
fechamento do cronograma.
A gestão nacional do projeto ficou a cargo
do Instituto Casa Brasil de Cultura. Para tanto
o Ministério do Turismo firmou um Termo
de Parceria com o referido instituto com
o intuito de desenvolver a metodologia a
partir das experiências nos dez destinos,
detalhando o passo a passo de cada
etapa, para que o destino pudesse realizar
seu planejamento de forma continuada
e participativa, diminuindo o risco de
interrupção de projetos e programas.
Também coube à Casa Brasil o
acompanhamento das entidades locais
conveniadas com o Ministério do Turismo
na execução das ações símbolo (marcos
efetivos de atuação do projeto) assim como
apoiar o desenvolvimento de uma estratégia
competitiva para o destino no âmbito do
segmento escolhido.
Os tutores do ICBC e os consultores as
entidades executoras realizaram visitas
periódicas aos destinos e mantinham contato
para acompanhamento das ações do projeto,
supervisionados por um coordenador geral.
Essa estratégia permitiu uma relação direta
com as pessoas envolvidas em cada destino,
mantendo o ambiente de governança
aquecido e tornando o processo dinâmico,
o que possibilitou a customização da
metodologia conforme necessidade de cada
destino inserindo ou adaptando ações com
vistas a alcançar os melhores resultados.
Para tornar um pouco mais clara a estrutura
de gestão, a seguir é apresentado um
organograma com as entidades executoras
em âmbito local.
Quadro 1 – Estrutura de Gestão do Projeto Destinos Referência em Segmentos Turísticos
Termo de Parceria
É um instrumento jurídico previsto na Lei 9.790, de 23 de março de 1999, para transferência de recursos para organizações sociais de interesse público.
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Pensar e decidir sobre o destino de forma dinâmica e participativa
Para a realização do projeto Destinos
Referência foi desenvolvida uma metodologia
específica, que atendesse de forma flexível
e personalizada as necessidades de cada
destino e que pudesse ser facilmente
reaplicada em outros destinos. Assim foi
criado o Sistema Cores de Planejamento e
Gestão de Destinos.
O Sistema Cores é uma ferramenta de
planejamento turístico rápido, objetivo,
com bases sustentáveis e que estimula
o envolvimento dos diferentes setores
turísticos na gestão do destino. Isto se dá
por meio do estímulo ao grupo gestor local
na utilização do sistema para avaliação,
diagnóstico e prognóstico do próprio destino.
Em síntese, o sistema proporciona maior
viabilidade de execução, monitoramento
e ajustes ao subsidiar um planejamento
estratégico do turismo com as seguintes
características:
• Coerentecomarealidadeeasustentabilidade do destino
• Focadonasegmentaçãodoturismo
• Acordadopelosprincipaisatoreslocais
• Baseadonapotencializaçãodagovernançalocal
• Alinhadocomosmacroprogramaseprogramas do Plano Nacional de Turismo 2007-2010
1 Dimensões avaliadas pelo sistema
O Sistema Cores tem como foco a análise
do destino e seu sistema turístico a partir de
seis dimensões. As dimensões são avaliadas
pelos representantes de instituições públicas,
privadas e do terceiro setor, ligadas direta
e indiretamente ao turismo local durante a
realização do Seminário Cores. A partir desta
autoavaliação do destino, são priorizadas por
estes mesmos agentes as ações necessárias
ao desenvolvimento do destino e definidas as
atribuições de cada um dos envolvidos.
As dimensões avaliadas pelo Sistema Cores
são:
Arranjo institucional: Análise do nível
de cooperação, democratização e
descentralização, definição dos papéis dos
setores privado e público, representatividade
desses atores, composição do arranjo
institucional, instrumentos legais, incentivos
e interface com os outros setores. Esta
dimensão é trabalhada através da
identificação e mobilização dos agentes
relacionados ao setor ou ao segmento por
meio de encontros, reuniões e seminários
que devem culminar com a formação do
Grupo Gestor e com a organização da
atividade turística no destino.
Metodologia: Sistema Cores de Planejamento e Gestão de Destinos
16 17
Inteligência competitiva (informação):
Análise do desenvolvimento do sistema de
produção e difusão da realidade turística, do
monitoramento permanente da conjuntura
turística, de um sistema de base de dados
e de relacionamento com as instituições de
pesquisa para verificar o nível de existência
e utilização das informações sobre oferta e
demanda.
Infraestrutura: Identificação de ações
prioritárias para melhoria da infraestrutura
pública e turística, priorizando e
hierarquizando as necessidades de
investimentos do destino. Estas necessidades
são priorizadas durante a realização do
Seminário Cores, que utiliza metodologias
inclusivas e participativas.
Qualificação do produto: Análise da
qualificação dos serviços, atrativos,
produção associada, estética, identidade
visual e roteiros turísticos. Interface entre
as entidades especializadas na qualificação
profissional e empresarial.
Marketing e promoção: Avaliação do
posicionamento do destino no mercado,
ações de promoção e divulgação do destino,
participação em feiras, relacionamento
com a mídia, consolidação de imagem e
mecanismos de apoio à comercialização.
Sustentabilidade do destino: Índices e
sensação de violência, trânsito, capacidade
de abastecimento de água e energia,
tratamento de resíduos, patrimônio cultural,
inclusão social, unidades de conservação,
legislação ambiental e capacidade de carga,
práticas sustentáveis e monitoramento dos
impactos do turismo.
A análise das seis dimensões acima
é viabilizada através de uma série de
estratégias e ferramentas descritas a seguir.
2 Estratégias de implementação do Sistema Cores
A implementação do Sistema Cores se dá por
meio das seguintes estratégias, flexíveis no
tempo e na forma, adaptáveis às realidades
de cada destino:
a. Estruturação do projeto – esta ação
inicial foi realizada pelo MTur para
estabelecer com os gestores locais uma
linha de ação conjunta na realização do
projeto no destino e definir os objetivos
e responsabilidades. Esta fase foi
complementada pela tutoria do ICBC em
uma primeira viagem de reconhecimento
ao destino.
b. Tutoria – realizada pelos consultores
do ICBC, é responsável pela interface
com gestores e instituições no destino
(parceiros), viagem de reconhecimento
do destino e apoio técnico na execução
de todas as etapas do Sistema Cores.
Inclui visitas e reuniões técnicas, apoio
à distância, condução de seminários e
elaboração de relatórios.
c. Elaboração do Diagnóstico Competitivo
– realizado pelos parceiros locais com
o apoio técnico da tutoria. Apresenta
indicativos, diretrizes, orientações
e estratégias para serem debatidos,
aprimorados e priorizados nas reuniões
técnicas e no Seminário Cores,
constituindo-se em documento base para
a elaboração da Estratégia Competitiva
do Destino Turístico. Este diagnóstico
compreende o estudo de competitividade
realizado pelo Ministério do Turismo e
Fundação Getúlio Vargas (FGV), nos casos
em que o destino é Destino Indutor de
Desenvolvimento Turístico Regional, e
outros estudos e diagnósticos do destino.
Porém, a principal fonte de informação
para a elaboração do diagnóstico são os
atores locais envolvidos no projeto, que,
por meio da metodologia utilizada no
Seminário Cores, conseguem retratar, de
maneira real e participativa, a realidade e
prioridades do destino.
d. Formação do Grupo Gestor – formado
durante o Seminário Cores (ver a seguir), o
Grupo Gestor participa do posicionamento
e priorização de ações para o destino e é
o responsável pela gestão da execução e
monitoramento da estratégia competitiva
traçada. A responsabilidade do Grupo
Gestor é o monitoramento, a garantia da
continuidade e a coordenação das ações
subsequentes, assim como mobilização
e articulação locais, sobretudo com as
entidades ou grupos que representam.
O grupo deverá ter um tamanho
adequado, não devendo ser muito grande,
em torno de 15 integrantes. Portanto,
é muito importante que os agentes
nomeados sejam efetivos líderes neste
processo, agindo de forma proativa,
participativa e até entusiasta. Eles serão os
grandes responsáveis pela sensibilização
dos demais agentes e pela continuidade
do projeto. Sugere-se que o Grupo Gestor
tenha representantes das principais
atividades relacionadas diretamente ao
segmento, para que se tenha uma visão
global e não parcial.
e. Realização do Seminário Cores – é
realizado no destino com os gestores e
atores locais. O objetivo do seminário é
apresentar o projeto, estimular e viabilizar
a participação dos atores locais nos
processos de avaliação de diagnóstico do
destino, definir o Grupo Gestor, realizar
uma avaliação qualitativa e priorizar
as demandas do destino de forma
participativa. O Seminário Estratégico
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tem seu formato e duração adequados ao
contexto de cada destino e é precedido
pelo trabalho de reconhecimento e
reuniões técnicas realizadas pela tutoria.
f. Realização de Avaliação Qualitativa – é
o resultado da percepção da comunidade
sobre a situação atual do destino ou
região, gerado a partir do diagnóstico
competitivo e da avaliação feita durante o
Seminário Cores, por meio de uma matriz
de avaliação qualitativa, quando as seis
dimensões do destino são avaliadas sob a
ótica dos participantes.
g. Elaboração da Estratégia Competitiva – é
o resultado do Seminário Cores e apresenta
a avaliação qualitativa e o posicionamento
do destino definidos pelo Grupo Gestor
durante o Seminário Estratégico.
h. Elaboração do Plano de Ação do
Segmento – o Plano de Ação assessora
os destinos no que tange às diretrizes dos
Programas do Plano Nacional de Turismo
e às orientações para as demais ações de
competência de outras entidades. Um
destaque desta estratégia, realizada com
sucesso em todos os destinos foi a Ação
Símbolo: algo efetivo que simbolize o
resultado dos esforços coletivos e inspire
novas pessoas e instituições a se envolver
com a estruturação do segmento e do
destino.
i. Seminários de Multiplicação – são
dirigidos a empresários e à comunidade
do destino, além de representantes de
outros destinos com vocação para o
desenvolvimento do segmento turístico.
Complementam esses seminários a
oficina de projeto e a visita técnica, com a
participação do Grupo Gestor do projeto.
O desenvolvimento do projeto nos destinos
trouxe muitos desafios e boas surpresas para
os consultores, técnicos, trade, comunidade
e instituições envolvidas no processo. Com
realidades e estágios de desenvolvimento tão
diversos, muitos dos destinos selecionados
não se percebiam como referência ou
ainda não davam ao segmento escolhido a
importância que este poderia ter. Em muitos
deles havia ações e projetos em curso, mas
estavam desacreditados e desarticulados,
assim como muitos dos arranjos
institucionais locais.
Entre os inúmeros desafios identificados
pelos consultores, o maior de todos era
entusiasmar as pessoas e entidades,
integrá-las ao processo e mostrar que sua
participação faria uma diferença significativa
para ter um resultado positivo para o destino,
a ponto de este se transformar em referência
nacional.
Desta forma, o Método Cores se mostrou
mais do que participativo, ele foi inclusivo e
interativo. As pessoas se sentiram acolhidas,
respeitadas em seus pontos de vista e
convidadas para atuar de forma proativa.
As reuniões, a princípio tensas e confusas,
aos poucos foram se transformando em um
ambiente saudável de desenvolvimento
coletivo, no qual cada setor podia se
posicionar perante os outros e, juntos, definir
e priorizar o que era efetivamente importante
para o destino.
O projeto fez com que cada setor ou
instituição identificasse e assumisse suas
responsabilidades. Mais do que apontar
necessidades e erros alheios, as estratégias
implementadas trouxeram a autoconsciência
da responsabilidade individual e coletiva,
além de entregar as ferramentas certas nas
mãos de quem faz o turismo acontecer
no destino. E, quando as necessidades
extrapolavam o âmbito local, também
deu orientações sobre como ter acesso
aos programas estaduais e federais de
desenvolvimento, numa verdadeira lição de
descentralização do turismo e de integração
ao Sistema Nacional de Turismo.
A proposta da Ação Símbolo foi muito
gratificante em todos os destinos. Ela criou
uma coesão, uma sensação de realização
coletiva que fortaleceu o Grupo Gestor,
interna e externamente, servindo de modelo
para outras ações que foram priorizadas e
que deveriam ser realizadas pelos envolvidos.
Os Seminários de Multiplicação coroaram
o encerramento do projeto nos destinos.
Estruturado para apresentar os resultados
coletivos alcançados, multiplicar as
experiências de outros destinos referência e
capacitar os interessados através de oficinas
com temas escolhidos pelo próprio destino,
O Movimento e o resultado
20 21
os eventos contaram com a participação do
Grupo Gestor, empresários, setor público
e comunidade, além de representantes
de outros destinos com vocação para o
desenvolvimento do mesmo segmento
turístico. As visitas técnicas realizadas durante
os seminários apresentaram na prática os
resultados das ações planejadas e preparadas
durante todo o desenvolvimento do projeto.
Assim, com muito AMOR – Ação e Movimento
Orientado para Resultado –, o projeto ajudou
a construir e fortalecer os Grupos Gestores,
que hoje se tornaram o coração dos destinos,
responsáveis por manter viva a chama do
trabalho cooperado, do entusiasmo e da
consciência de ser um destino referência para
outros destinos no país.
Certamente, entre os inúmeros e diferentes
resultados conquistados em cada destino,
os grandes destaques são o fortalecimento
institucional e o aumento do entusiasmo nos
destinos, além da troca de experiências, que
criou uma sinergia positiva entre destinos
tão distantes e distintos, que passaram a
se sentir valorizados em suas conquistas
coletivas. Os resultados das experiências
vividas já se multiplicam pelo Brasil por
meio de visitas técnicas, oficinas, palestras
e publicações, levando adiante a proposta
essencial do projeto de que só se tem
sustentabilidade com governança local, e
só se tem governança com trade turístico
organizado e profissional. E que isso se faz
com a compreensão de que cada um tem
seu papel e deve se responsabilizar por
suas atribuições, enxergando os interesses
coletivos a médio e longo prazo, ao invés de
somente os interesses individuais imediatos.
A proposta do projeto Destinos Referência,
com base na Metodologia Cores, é uma
diretriz e não um modelo fechado, que pode
e deve ser adaptado as peculiaridades e
especificidades de cada destino.
As experiências dos destinos contemplados
pelo projeto podem ser consultadas nas
dez publicações disponíveis no sítio do
Ministério do Turismo (www.turismo.gov.
br). Cada publicação conta os desafios e
conquistas dos destinos em seus segmentos
específicos, e podem servir de referência para
o desenvolvimento de outras regiões.
Resultados do Projeto Destinos Referência
•Fortalecimentoinstitucionalatravésdaformação de 10 Grupos Gestores locais
•Envolvimentode77instituiçõesligadasdiretaeindiretamente ao setor do turismo
•Desenvolvimentode10DestinosReferênciaemSegmentos Turísticos
•Realizaçãode10OficinasdeQualificação,entreelas:OficinasdePlanejamento,deMarketingTurístico,deElaboraçãodeProjetos,deEcoturismoedeArranjoInstitucional
•Realizaçãode9SemináriosdeMultiplicação,promovendo o fortalecimento local e a troca de experiências entre os destinos por meio de palestras,oficinasevisitastécnicas
•Participaçãodiretadecercademaisde600pessoas
•Integraçãodeaçõesentreasesferasmunicipais,estaduais e nacionais
•Integraçãoentregovernos,setorprivado,terceiro setor e comunidade
•MultiplicaçãodosresultadosdasexperiênciaspeloBrasil,pormeiodevisitastécnicas,oficinas,palestras, vídeos e publicações
Equipe Ministério do TurismoCoordenação Geral
Ricardo Martini MoeschTânia Brizolla
Coordenação TécnicaAna Clévia Guerreiro LimaJurema MonteiroRosiane RockenbachSáskia Lima
Equipe técnicaBrena CoelhoCarolina CamposFabiana OliveiraLaura MarquesPhilippe FigueiredoTalita PiresWilken Souto
ColaboraçãoAna Beatriz Borges SerpaAlessandra LannaBárbara Blaut RangelCristiano BorgesLuis Eduardo DelmontMarcela SouzaPriscilla GrintzosRafaela LehmannSalomar Mafaldo
Equipe Instituto Casa Brasil de CulturaCoordenação do projeto
Marcelo SafadiCoordenação operacional e assistência técnica
Priscila VilarinhoConsultores dos destinos
Marcos Pompeu – São João del Rei (MG) e Jericoacoara (CE)Priscila Vilarinho – Brasília (DF), Paraty (RJ) e Ribeirão Preto (SP)Rodrigo Lopes – Serra Geral (SC), Lençóis (BA) e Socorro (SP)Ricardo Silva – Santarém (PA) e Barcelos (AM)
Consultores de apoioAlessandra SchneiderFelipe ArnsMarcos Martins Borges Paulo d’Ávila FerreiraRoberto MourãoThiago Dias
Apoio administrativoJairo Mendonça Júnior
Assistência técnica adminstrativaBreno Mendonça Vieira
© Instituto Casa Brasil de Cultura. Goiânia, 2010
Destinos de Referência em Turismo
Coordenação editorialWolney Unes
TextoAlessandra Schneider
Projeto gráfico Samara Bitencourt
Arte final de capa Genilda Alexandria
DiagramaçãoMarcus Lisita Rotoli
FotografiaAcervo do Instituto Casa Brasil de Cultura:Wolney Unes
Revisão Camila Pessoa
ApoioAcolhida na Colônia AbetaCasa AzulBeltaInstituto DharmaConvention BureauAvapePrefeitura de SocorroSebrae-CEAmazonasTurSecretaria de Turismo de Barcelos
ImpressãoMarques e Bueno Ltda. (Gráfica Talento)
Sumário
Presidente da República Federativa do Brasil
Luiz Inácio Lula da Silva
Ministro de Estado do Turismo
Luiz Eduardo Pereira Barretto Filho
Secretário-Executivo
Mário Augusto Lopes Moyses
Secretário Nacional de Políticas do Turismo
Carlos Silva
Diretor do Departamento de Estruturação, Articulação e Ordenamento Turístico
Ricardo Martini Moesch
Coordenadora-Geral de Segmentação
Sáskia Freire Lima de Castro
Coordenadora-Geral de Regionalização
Ana Clévia Guerreiro Lima
Coordenadora-Geral de Informação Institucional
Isabel Cristina da Silva Barnasque
Coordenadora-Geral de Serviços TurísticosRosiane Rockenbach
Anitápolis, Urubici, Rancho Queimado e Santa Rosa de Lima Região das encostas da Serra Geral (SC)
Apresentação
O turismo nas Encostas da Serra Geral
Projeto Destinos Referência em Segmentos Turísticos
Destino referência em Turismo Rural
Resultados alcançados
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7
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Apresentação O charme do Turismo Rural em colônias europeias do Sul do Brasil
Nas Encostas da Serra Geral de Santa
Catarina, no entorno de Florianópolis,
região colonizada por imigrantes italianos
e alemães, famílias de agricultores que
trabalham de maneira cooperada na
produção de alimentos orgânicos, abriram
suas propriedades para mostrar aos visitantes
sua maneira de viver integrada à natureza.
Assim surgiu a Associação de Agroturismo
Acolhida na Colônia.
Nas propriedades que participam da
Acolhida, os visitantes são recebidos
por famílias rurais que ainda vivem
de maneira semelhante aos colonos
europeus e aprendem com as experiências
contemporâneas de agricultura
agroecológica. Essas experiências tornaram a
região referência em Turismo Rural.
O destino já é visitado por escolas,
universidades, famílias e casais, sendo a
maioria proveniente de Florianópolis e de
outras cidades de Santa Catarina. Há demanda
também de visitantes das capitais vizinhas,
como Curitiba e Porto Alegre, de São Paulo e
outros estados mais distantes, que vêm em
busca de viver a experiência de ser acolhido
por uma família que vive no meio rural.
Em geral as visitas de famílias e casais
ocorrem nos finais de semana e feriados,
e duram em média de dois a três dias. Os
turistas que procuram a região buscam saber
como vivem, como trabalham e o que fazem
os agricultores ecológicos, além de conhecer
os processos de plantio, transformação e
consumo dos alimentos orgânicos.
É comum os turistas ficarem amigos das
famílias rurais e retornarem com frequência,
aproveitando os períodos de determinadas
frutas, como os deliciosos morangos e uvas,
ou para vivenciar as diferenças climáticas
tão marcantes na região. Trata-se de
oportunidades interessantes para serem
trabalhadas de maneira a motivar as visitas
em períodos de baixa ocupação.
Visitas de escolas e universidades costumam
ocorrer durante a semana e têm duração
variável, dependendo do tema da visita.
Esta é uma boa estratégia para motivar as
visitas nos períodos de baixa temporada.
Empresas que organizam viagens técnicas
e pedagógicas podem ter um excelente
produto para oferecer a escolas e
universidades.
O ideal é que os agentes conheçam as
propriedades e a proposta da Acolhida
antes de organizar viagens para grupos ou
famílias. Para começar a conhecer a proposta,
a orientação é acessar o site da associação:
Anitápolis, Urubici, Rancho Queimado e Santa Rosa de Lima Região das encostas da Serra Geral (SC)
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Serra Geral - SC
www.acolhida.com.br. A partir daí, pode-
se conhecer a distribuição espacial das
propriedades e o que cada uma oferece,
o que facilita a criação de um roteiro
personalizado para famílias ou grupos de
estudo. No site há também um link para
contatos e central de reservas, que conduz
ao atendimento direto pela equipe da
Associação, garantindo a escolha adequada
dos lugares que serão visitados.
As orientações de acesso usam como
referência Florianópolis, por ser o principal
emissor e também o portão de entrada
para a região. A capital é servida por um
aeroporto internacional, rodovias de
qualidade e sinalização turística que facilitam
a organização da viagem com segurança.
A partir de Florianópolis se têm acessos aos
vários destinos da Acolhida, tanto aos mais
próximos, como Rancho Queimado, quanto
aos mais distantes, como Urubici. A maioria
dos visitantes utiliza seu próprio veículo
para chegar até as propriedades. Porém, há
alternativas como o aluguel de veículos ou a
contratação de serviços locais de transporte
– vans e micro-ônibus –, que atendem aos
grupos. A melhor maneira de encontrar o
transporte ideal e as condições de acesso
é entrando em contato com a Central de
Reservas da Associação, indicada no final
desta publicação.
O turismo na região das Encostas da Serra Geral
É importante lembrar que as visitas devem
ser agendadas com antecedência, pois
as famílias precisam se preparar para
receber. Em alguns municípios há centros
de atendimento ao turista e sinalização
turística personalizada, sendo possível obter
informações sobre as propriedades rurais e os
serviços disponíveis em cada uma.
Atendendo ao perfil do viajante de Turismo
Rural, a hospedagem é feita nas propriedades
rurais, em quartos ou chalés coloniais. Os
quartos coloniais são cômodos dentro da
própria casa da família que, em geral, eram
utilizados pelos filhos que foram trabalhar ou
estudar na cidade. Tais quartos, preparados
para receber os visitantes, proporcionam
uma convivência mais próxima com os
agricultores. A sensação é de estar visitando
um parente querido que vive na área rural.
Já os chalés coloniais proporcionam mais
privacidade ao visitante e à família que o
recebe, pois têm estrutura independente de
acomodação e banheiro. Em qualquer um
dos casos, as refeições são feitas em conjunto
e o visitante pode se integrar às atividades
rurais ou aproveitar as atrações naturais
disponíveis no entorno da propriedade.
Uma prática muito comum entre os turistas
é se hospedar em uma propriedade e fazer
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Serra Geral - SC
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Serra Geral - SC
visitas ou algumas refeições nas propriedades
vizinhas. É uma maneira bem interessante de
aproveitar o tempo e distribuir os benefícios
econômicos do turismo.
Aliás, além das paisagens exuberantes, outro
grande destaque da região é a culinária. Não
há grandes restaurantes ou pratos turísticos
comuns a toda a região. Pelo contrário, o mais
interessante é provar as receitas tradicionais
criadas e preparadas pelas famílias rurais,
com alimentos orgânicos produzidos na
propriedade ou na região. Os cafés ou mesas
coloniais são uma experiência gastronômica
única, na qual cada ingrediente tem uma
história particular e requer toda uma
dedicação para chegar à mesa. A diversidade
é tão grande que até já foi criado um caderno
de receitas das famílias rurais, que podem ser
acessadas na página da Acolhida na Colônia.
Apesar da variedade dos pratos oferecidos
pelas famílias, há uma característica comum
a todos: o fogão à lenha é o coração da casa.
Ele aconchega, reúne, aquece no inverno, assa
o pinhão, garante a água quente do chuveiro
e do mate, além, é claro, de ser o responsável
pelos sabores e aromas que convidam ao
prazer gastronômico sem pressa.
A produção associada garante boas compras.
Os visitantes podem levar para casa mel,
melado, açúcar mascavo, geleias, doces,
molhos de tomate, compotas produzidas
pelas famílias. O pecado é permitido, afinal,
praticamente tudo é orgânico e de excelente
qualidade.
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Serra Geral - SC
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Serra Geral - SC
O segmento de Turismo Rural
Segundo o Ministério do Turismo no documento Turismo Rural – Orientações Básicas1, “Turismo Rural é o conjunto de atividades turísticas desenvolvidas no meio rural, comprometido com a produção agropecuária, agregando valor a produtos e serviços, resgatando e promovendo o patrimônio cultural e natural da comunidade”. Em virtude da heterogeneidade regional, das atividades oferecidas pelo empreendimento e da mão de obra utilizada, o conceito de Turismo Rural abrange algumas derivações, como é o caso do Agroturismo e do Turismo Rural na Agricultura Familiar. O Agroturismo pode ser entendido como o turismo praticado dentro das propriedades rurais, de modo que o turista entra em contato com a atmosfera da vida na propriedade, integrando-se, de alguma forma, aos hábitos locais. A definição traz na sua essência a noção de que a atratividade das propriedades rurais está na oportunidade de acompanhar a produção de produtos agrários – doces, geleias, pães, café, queijo, vinhos, aguardentes – ou vivenciar o dia a dia da vida rural, por meio do plantio, colheita, manejo de animais, consumindo os saberes e fazeres do campo.A Associação de Agroturismo Acolhida na Colônia baseia seu trabalho em alguns princípios:
• O Turismo Rural é parte integrante da propriedade rural e se constitui em fator de desenvolvimento local,
1. Brasil. Turismo rural: orientações básicas. Ministério do Turismo: Brasília, 2008. Disponível em www.turismo.gov.br
de valorização da cultura regional e revitalização do espaço rural
• Os agricultores desejam compartilhar com os turistas o ambiente onde vivem e a recepção e convívio devem ocorrer num clima de troca de experiência e respeito mútuo
• Devem ser cobrados preços acessíveis
• Os serviços são planejados e organizados pelos agricultores familiares, que garantem a qualidade dos produtos que oferecem
• O turismo deve ser complementar às outras atividades, ambientalmente correto e socialmente justo
• Oferta de produção local
• Estímulo à agroecologia e à venda direta de produtos pelos agricultores aos turistas
• Incentivo à diversificação da produção
• Estímulo ao associativismo
E foram exatamente estes princípios e a prática que fizeram com que a Acolhida na Colônia fosse escolhida pelo Ministério do Turismo para desenvolver um trabalho de estruturação que a tornasse um destino referência no segmento de Turismo Rural, levando ao desenvolvimento de uma metodologia de multiplicação das experiências aplicadas no destino para outros destinos e regiões turísticas do Brasil.
O modelo de gestão descentralizada1
concebido pelo Plano Nacional de Turismo e
implementado pelo MTur prevê a integração
de diversas instâncias da gestão pública e
da iniciativa privada por meio da criação e
organização dos arranjos institucionais.
O projeto Destinos Referência em Segmentos
Turísticos desenvolvido pelo MTur em
parceria com o Instituto Casa Brasil de
Cultura, tem como objetivo criar uma
estratégia de governança local, a partir
do fortalecimento e aperfeiçoamento
de segmentos de mercado, procurando
envolver de forma participativa toda a cadeia
produtiva e instituições relacionadas com o
segmento escolhido, através de prioridades
e estratégias definidas e com foco na
competitividade.
O projeto tem como premissa a
participação efetiva dos representantes
locais, fortalecendo as entidades públicas
e privadas, o trade e as organizações não
governamentais, levando à formação de
um Grupo Gestor que assume o papel
de líder do processo, buscando assim
garantir a continuidade das ações na área
do turismo, resultados mercadológicos e a
sustentabilidade do destino.
Assim, foram escolhidos dez destinos
com características diferentes, em
1. Ministério do Turismo: www.turismo.gov.br
regiões diferentes, para que suas
experiências contribuam para criar uma
base metodológica que possa servir de
modelo para outros destinos no Brasil,
validando e consolidando a estratégia de
desenvolvimento de políticas públicas, e de
ampliação e diversificação da oferta turística
nacional.
Projeto Destinos Referência em Segmentos Turísticos
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Serra Geral - SC
Destino referência em Turismo Rural
Em 2007, a Acolhida na Colônia foi escolhida
para representar o segmento de Turismo
Rural no projeto Destinos Referência em
Segmentos Turísticos, uma parceria do
Ministério do Turismo (MTur) com o Instituto
Casa Brasil de Cultura (ICBC).
Um aspecto peculiar do projeto neste
segmento foi a seleção de quatro municípios
para compor o destino referência: Rancho
Queimado, Anitápolis, Santa Rosa de Lima
e Urubici. Nestes municípios estavam
localizadas as 30 propriedades rurais mais
preparadas para receber o projeto.
Apesar de ter sido considerada Destino
Referência em Turismo Rural, a Acolhida
não é apenas um destino turístico,2 visto
que é uma associação viva, que se expande
e se fortalece a cada dia, extrapolando
divisas de municípios e regiões e conta
com um conjunto de 30 municípios e 180
propriedades.
Acreditando que empreendimentos solitários
dificilmente são competitivos, a Associação
de Agroturismo Acolhida na Colônia foi
criada no Brasil em 1998, seguindo o modelo
da rede francesa Accueil Paysan, hoje
2. Para o MTur destino turístico é conceituado como local, cidade, região ou país para onde se movimentam os fluxos turísticos.
presente em países da Europa, África, Ásia
e América Latina. A iniciativa foi motivada
pela existência na região da Associação de
Agricultores Ecológicos das Encostas da Serra
Geral (Agreco), formada por famílias rurais
que trocaram o plantio com uso de insumos
químicos pela produção de alimentos
agroecológicos e orgânicos.
As famílias que formavam a Agreco já haviam
optado por um modelo de produção mais
saudável para si e para o planeta, quando
perceberam que poderiam diversificar
as atividades de suas propriedades –
agregando mais valor aos seus produtos
e oferecendo alternativa de trabalho e
renda para jovens e mulheres –, ofertando
o agroturismo ecológico. Para acolher
visitantes, aprenderam a utilizar os potenciais
locais: natureza exuberante, hospitalidade,
atrativos histórico-culturais, clima e técnicas
alternativas de produção e de vivência no
campo. A partir de então, começou a haver o
interesse de grupos de técnicos e agricultores
em visitar a região, criando uma necessidade
de ampliação da infraestrutura de
hospedagem e alimentação que atendesse a
essa demanda.
Inicialmente a Acolhida atuava em 40
propriedades rurais de cinco Municípios
– Santa Rosa de Lima, Rancho Queimado,
Anitápolis, Grão-Pará, Rio Fortuna e Gravatal,
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Serra Geral - SC
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Serra Geral - SC
estruturando-os para a prestação de serviços
de hospedagem, alimentação, lazer, venda de
produtos e educação (técnica e ambiental),
por meio de roteiros integrados.
Desde 1999, a Acolhida propõe e executa
projetos em parceria com diferentes
instituições, objetivando diversificar a oferta
turística da região, melhorar a qualidade dos
produtos e serviços, promover a produção
comunitária da região.
Os trabalhos in loco começaram em janeiro
de 2008, quando os consultores do projeto
visitaram as propriedades e realizaram
reuniões com a equipe técnica da Acolhida
e gestores públicos dos municípios e do
turismo no Estado, para criar um ambiente
de organização que pudesse pensar e
decidir sobre o destino, de forma dinâmica
e participativa, levando à formação de um
grupo gestor do segmento.
Neste primeiro contato, foi possível
avaliar o cenário do destino, seus
principais diferenciais competitivos e suas
necessidades. Uma boa surpresa foi conhecer
a capacidade de auto-organização e o
trabalho cooperado entre os agricultores
e a equipe técnica da Acolhida, além do
comprometimento de todos com a causa.
Em algumas reuniões já ficaram claras as
demandas mais emergentes sob o ponto de
vista local, com destaque para:
• SaneamentoBásico–tratamentode
resíduos
• Faltadeatividadesdelazerparaos
visitantes
• Dificuldadesemadequaçãodasnormas
de certificação quanto aos alimentos
orgânicos
Como se pode perceber, as necessidades
da propriedade rural estavam diretamente
relacionadas ao produto turístico. E este foi o
grande desafio do projeto: conciliar os ideais
e as necessidades da agricultura familiar
com a atividade turística, de forma que a se
complementarem.
Para definir o rumo do trabalho, foi realizado
um Diagnóstico Competitivo e os resultados
demonstraram, dentre outras coisas, a
necessidade de aumentar a diversificação e a
qualificação da oferta de serviços turísticos.
Em seguida, em julho de 2008, foi realizado
o Seminário de Turismo Rural, que priorizou
de maneira participativa as diretrizes e
necessidades do destino. O evento contou
com a contribuição ativa de representantes
dos quatro municípios. Também participaram
representantes do Sebrae, da Santur, da
Sol – Secretaria de Estado de Turismo,
Cultura e Esporte, da Empresa de Pesquisa
Agropecuária e Extensão Rural (Epagri) e da
equipe técnica composta por consultores da
Casa Brasil, técnicos do MTur e da Acolhida.
As atividades realizadas durante o seminário
nortearam a Estratégia Competitiva e todas
as ações subsequentes do projeto na região.
A avaliação do Arranjo Institucional
destacou a importância da cooperação
intersetorial e de parcerias com entidades
nacionais, situação que contribuiu para
uma boa pontuação nesta dimensão, mas
também deixou evidente a necessidade
de dinamização dos Conselhos Municipais
de Turismo (Comturs) e das Secretarias de
Turismo, que, em sua maioria, são ligadas a
outras pastas.
A dimensão de Informação/Inteligência
Competitiva teve sua avaliação prejudicada
devido à ausência de ensino técnico
e superior no setor turístico, além
da inexistência de dados estatísticos
organizados e inventários turísticos nos
quatro municípios em questão.
A dimensão de Infraestrutura deixou claras
as dificuldades encontradas para o acesso
às propriedades, devido a problemas nas
estradas e à falta de sinalização. Porém, a
questão das telecomunicações é a mais
grave, já que há poucas linhas telefônicas
fixas, baixo sinal para telefonia celular e é
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Serra Geral - SC
praticamente inexistente o acesso à internet
nas propriedades rurais. Esta dimensão só
teve sua pontuação melhorada devido à
proximidade do destino com o Aeroporto de
Florianópolis.
Na quarta dimensão, de Qualificação do
Produto, ficou explícita a carência de centros
de visitantes e serviços de receptivo, seguido
de outras necessidades como serviços
bancários e qualificação dos meios de
hospedagem. O grande destaque positivo
foi para a produção associada e serviços de
alimentação, reconhecidamente os maiores
valores agregados do destino. Porém, na
produção associada, foi destacada a falta de
oferta de artesanatos e souvenirs para os
visitantes.
A quinta dimensão avaliou a situação
do Mercado e Marketing, que tem como
principal aspecto positivo a proximidade dos
mercados emissores e um posicionamento
de destino reconhecido por elementos de
sua identidade. Seus maiores desafios são a
promoção e a comercialização.
A última dimensão, Sustentabilidade do
Destino, teve como aspectos positivos
a segurança, a disponibilidade de água,
os benefícios para a comunidade local,
destinação de resíduos sólidos e a existência
de Unidades de Conservação. Porém há
outros aspectos que colocam em risco
a sustentabilidade, como a ausência de
tratamento de esgoto, problemas no
fornecimento de energia elétrica, falta
de controle de capacidade de carga e
monitoramento de impactos. Outro grande
desafio para a continuidade do trabalho das
famílias é a evasão dos jovens, que buscam
outras oportunidades ainda não percebidas
no meio rural.
Com relação aos Segmentos, confirmou-se
o Turismo Rural como segmento principal,
complementado pelo Ecoturismo e Turismo
Pedagógico. Os principais mercados
emissores são evidentemente regionais, com
destaque para o Estado de Santa Catarina e a
capital, Florianópolis. Foram também muito
citadas as capitais de Estados mais próximos,
como São Paulo, Porto Alegre e Curitiba. Pela
relação com o modelo original Accueil Paysan,
o mercado francês também foi apontado
como um importante emissor.
A Identidade foi marcada por diversos
aspectos, porém todos complementares e
fortalecedores da identidade principal do
destino, que é a Agricultura Familiar. Em
seguida foram apontadas outras características
como povo acolhedor, vida no campo, clima
frio, vida sustentável, alimentação orgânica e
berços das águas puras.
Os Nichos refletiram a realidade do perfil de
visitantes atual: famílias, seguidas de casais,
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Serra Geral - SC
pequenos grupos de amigos, grupos técnicos
e escolares.
A priorização das ações de Produto e
Mercado Turístico, consideradas pela equipe
de consultoria da Casa Brasil, equipe técnica
do MTur e da Acolhida na Colônia como
as principais necessidades deste Destino
serviram como referência para a Estratégia
Competitiva.
Outro importante resultado – que teve
origem no seminário e influenciou as
ações seguintes – foi a definição do
posicionamento, da priorização dos
segmentos, dos mercados emissores, das
identidades, dos nichos e da formação do
grupo gestor. O grupo foi então formado por
representantes das seguintes instituições:
Acolhida na Colônia, Secretaria de Turismo
de Urubici, Secretaria de Turismo de Rancho
Queimado, Prefeitura de Anitápolis, Prefeitura
de Santa Rosa de Lima, Epagri, Santur, Sol,
SDRs, Centro de Formação em Agroecologia
(SRL), Agreco e EcoSerra.
Assim, de posse dos resultados, a equipe
técnica da Acolhida e o Grupo Gestor,
com apoio dos consultores do ICBC,
desenvolveram projetos que foram
aprovados e estão sendo financiados
por diversas instituições, como o próprio
MTur e o MDA. Através destes projetos
foram contempladas praticamente todas
as demandas priorizadas. Os projetos,
atualmente em execução, têm como foco:
• Oferecerassistênciatécnicapara
estruturação das propriedades rurais e
fortalecimento das associações regionais
• Realizaromonitoramentoeavaliaçãodo
projeto e do desenvolvimento da Acolhida
na Colônia (incluindo impactos nas
propriedades rurais)
• RealizarapromoçãodaAssociação
Acolhida na Colônia
• Sinalizaraspropriedadesruraisintegrantes
do programa Destinos Referência
• Prepararjovensparaoempreendedorismo
em cicloturismo rural
• Promoverexperiênciasdebenchmarking
entre os agricultores
• Desenvolversistemadegestãodereserva
e controle de fluxo turístico
• Estruturarodesenvolvimentoea
comercialização de produtos e serviços
por meio da qualificação, diversificação e
ampliação da oferta turística na região
• FortaleceraRedeTurismoSolidário
(TuriSol) por meio de eventos de Turismo
de Base Comunitária
• RevisaroCadernodeNormasdaAcolhida
na Colônia e realizar proposta de
certificação
As ações priorizadas que não foram
contempladas imediatamente através
dos projetos aprovados, como sinalização
rodoviária de acesso aos municípios,
pesquisa de demanda e desenvolvimento
de artesanato regional, foram encaminhadas
à Sol, Santur e Sebrae-SC por meio dos
representantes do Grupo Gestor. Espera-se
com isso que essas ações sejam integradas
em outros projetos com outros destinos do
Estado e recebam apoio ou recursos para
serem executadas.
Outro grande destaque do programa,
prevista para todos os destinos foi a Ação
Símbolo: algo efetivo que representasse o
resultado dos esforços coletivos e inspirasse
novas pessoas e instituições a se envolver
com a estruturação do segmento e do
destino. Na Acolhida na Colônia, a Ação
Símbolo escolhida foi uma Campanha
Promocional em duas das maiores redes
de supermercado da Grande Florianópolis.
Estas duas redes foram escolhidas por terem
um trabalho forte na venda de produtos
orgânicos e, portanto, atingirem um público
mais direcionado para a proposta. Foram
montados quiosques e gôndolas onde
os próprios agricultores se revezaram no
atendimento e distribuição de material
de promoção: Livro de Receita, Folders,
Adesivos. A ação gerou um resultado
imediato, aumentando o volume de
visitantes às propriedades da Acolhida, além
de abrir oportunidade para outras exposições
em eventos e locais de fluxo de visitantes.
Além de organizar ações integradas dos
quatro municípios, pertencentes a instâncias
de governanças estaduais distintas, o grande
desafio do programa Destino Referência
em Turismo Rural na Acolhida na Colônia
foi conciliar as características da agricultura
familiar com as necessidades de formatação
de produtos turísticos e sua inserção no
mercado.
Ao mesmo tempo em que a proposta de
Turismo Rural na Agricultura Familiar traz
um autêntico diferencial para a região,
esta mesma proposta por vezes dificulta
a possibilidade de organização comercial
das propriedades rurais para sua inserção
no mercado turístico, de forma a garantir o
sucesso econômico desta ação sem colocar
em risco a essência do programa Acolhida
na Colônia. Desta forma, o processo de
desenvolvimento de produtos turísticos
rurais na agricultura familiar deve seguir uma
dinâmica própria, sem forçar o processo de
compreensão dos envolvidos, mas também
sem perder de vista o foco na qualificação.
Os programas, nascidos a partir da iniciativa
dos Destinos Referência, e atualmente
em execução, dão prosseguimento ao
30
Serra Geral - SC
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Serra Geral - SC
processo de desenvolvimento turístico com
foco justamente neste equilíbrio entre a
necessidade de atender ao mercado, porém
atentos à essência da proposta da Acolhida
na Colônia, que é conciliar a produção
familiar orgânica com a recepção de turistas.
Analisando a experiência de
desenvolvimento turístico na Acolhida na
Colônia, podemos concluir que os processos
participativos e a capacidade de organização
são fatores chave para o sucesso de projetos
de desenvolvimento comunitário sustentável.
Muito além de um modelo de Turismo
Rural na Agricultura Familiar, a Acolhida dá
exemplos de Turismo de Base Comunitária,
mostrando que é possível, sim, conciliar a
essência do ideal com a técnica, os produtos
locais com o mercado global e transformar
elementos tão puros em modelos de
sustentabilidade para o mercado.
O desafio, tanto da Acolhida quanto de
outros destinos do mesmo segmento, é
encontrar formas de se inserir no mercado
e garantir a sustentabilidade econômica.
Porém, em um momento em que o
mundo está cada vez mais preocupado
com consumo consciente e buscando
experiências turísticas autênticas, a Acolhida
e o Turismo Rural se apresentam como uma
oportunidade de criar um produto turístico
único e extremamente atraente para os
mercados nacional e internacional.
Resultados alcançados• Fortalecimento da Associação Acolhida na Colônia com expansão para outros
municípios do Estado• Reconhecimento nacional como destino referência em Turismo Rural na
Agricultura Familiar• Preparação do destino para exposição na mídia, conquistando promoção
espontânea devido ao tema inovador• Produção de material promocional• Articulação e entendimento entre os diversos programas e ações realizados no
destino• Desenvolvimento de projetos que garantem a continuidade das atividades da
Associação nos destinos• Repercussão no aumento do fluxo de visitantes, inclusive fora de temporada• Boa relação institucional entre os poderes públicos municipal, estadual e
federal, sem interferência de política partidária• Realização de seminário de multiplicação, oficina de projeto e visita técnica
com a participação do Grupo Gestor do projeto, empresários e comunidade do destino, além de representantes de outros destinos com vocação para o desenvolvimento do Turismo Rural
• Articulação e integração das ações e resultados com as estratégias dos programas do Ministério do Turismo, facilitando a continuidade das ações
Para saber mais:www.turismo.gov.brwww.acolhida.com.brwww. redetraf.com.brwww.cadastur.turismo.gov.br
Equipe Ministério do TurismoCoordenação Geral
Ricardo Martini MoeschTânia Brizolla
Coordenação TécnicaAna Clévia Guerreiro LimaJurema MonteiroRosiane RockenbachSáskia Lima
Equipe técnicaBrena CoelhoCarolina CamposFabiana OliveiraLaura MarquesPhilippe FigueiredoTalita PiresWilken Souto
ColaboraçãoAna Beatriz Borges SerpaAlessandra LannaBárbara Blaut RangelCristiano BorgesLuis Eduardo DelmontMarcela SouzaPriscilla GrintzosRafaela LehmannSalomar Mafaldo
Equipe Instituto Casa Brasil de CulturaCoordenação do projeto
Marcelo SafadiCoordenação operacional e assistência técnica
Priscila VilarinhoConsultores dos destinos
Marcos Pompeu – São João del Rei (MG) e Jericoacoara (CE)Priscila Vilarinho – Brasília (DF), Paraty (RJ) e Ribeirão Preto (SP)Rodrigo Lopes – Serra Geral (SC), Lençóis (BA) e Socorro (SP)Ricardo Silva – Santarém (PA) e Barcelos (AM)
Consultores de apoioAlessandra SchneiderFelipe ArnsMarcos Martins Borges Paulo d’Ávila FerreiraRoberto MourãoThiago Dias
Apoio administrativoJairo Mendonça Júnior
Assistência técnica adminstrativaBreno Mendonça Vieira
© Instituto Casa Brasil de Cultura. Goiânia, 2010
Destinos de Referência em Turismo
Segmento: Turismo Rural Destinos: Anitápolis, Urubici, Rancho Queimado e Santa Rosa de Lima – Região das Encostas da Serra Geral (SC)Parceiro executor local: Associação de Agroturismo Acolhida na Colônia
Coordenação editorialWolney Unes
TextoAlessandra Schneider
Projeto gráfico Samara Bitencourt
Arte final de capa Genilda Alexandria
DiagramaçãoMarcus Lisita Rotoli
FotografiaBanco de Imagens MTur:xxxxxxxxxxxxxxAcervo do Instituto Casa Brasil de Cultura:Wolney Unes
Revisão Camila Pessoa
ApoioAcolhida na Colônia AbetaCasa AzulBeltaInstituto DharmaConvention BureauAvapePrefeitura de SocorroSebrae-CEAmazonasTurSecretaria de Turismo de Barcelos
ImpressãoMarques e Bueno Ltda. (Gráfica Talento)
Sumário
Presidente da República Federativa do Brasil
Luiz Inácio Lula da Silva
Ministro de Estado do Turismo
Luiz Eduardo Pereira Barretto Filho
Secretário-Executivo
Mário Augusto Lopes Moyses
Secretário Nacional de Políticas do Turismo
Carlos Silva
Diretor do Departamento de Estruturação, Articulação e Ordenamento Turístico
Ricardo Martini Moesch
Coordenadora-Geral de Segmentação
Sáskia Freire Lima de Castro
Coordenadora-Geral de Regionalização
Ana Clévia Guerreiro Lima
Coordenadora-Geral de Informação Institucional
Isabel Cristina da Silva Barnasque
Coordenadora-Geral de Serviços TurísticosRosiane Rockenbach
BarcelosApresentação
O Turismo de Pesca em Barcelos
Projeto Destinos Referência em Segmentos Turísticos
Resultados alcançados
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5
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Apresentação
Barcelos localiza-se à margem direita no mé-
dio Rio Negro, a uma distância aproximada
de 500 km de Manaus por via fluvial. O clima
é tropical, com temperatura média entre 28º
C e 38º C, durante o dia, e amenas de 16º C a
26º C, durante a noite. A beleza de suas praias
aliada à agradável temperatura da água do
Rio Negro oferece aos turistas inesquecíveis
banhos de rio, o que possibilita ao destino
características também para o desenvolvim-
ento do Turismo de Sol e Praia.
Como outras maravilhosas riquezas da
Amazônia brasileira, Barcelos é um destino
turístico ainda pouco conhecido pela maioria
dos brasileiros, mas já com destaque no mer-
cado internacional. Considerada a capital do
peixe ornamental, Barcelos é a maior exporta-
dora brasileira do produto e uma das maiores
do mundo, com destaque para peixes como
o cardinal, de beleza exótica e brilho intenso,
ou o acará-disco.
Mas o município de Barcelos também ocupa
posição de destaque quando o assunto são
peixes de grande porte. Famosa por concen-
trar a maior quantidade de tucunarés em
toda a região amazônica, em seus grandes
rios e centenas de lagos, Barcelos é o destino
perfeito para o Turismo de Pesca, que atrai
pescadores de todos os cantos do mundo
em busca do tucunaré-açu (Cichla temensis).
Este peixe – que pode atingir até 1 metro
de comprimento e pesar mais de 14 quilos
– cativa cada dia mais adeptos de sua pesca
em todo o mundo, devido ao modo explosivo
como atacam as iscas e às bruscas arranca-
das depois de fisgados. Essas características
proporcionam aos amantes da pesca es-
portiva emoções indescritíveis, o que motiva
o retorno dos turistas ao local para reviverem
a experiência anterior.
Os visitantes chegam a Barcelos via fluvial ou
por transporte aéreo. Há barcos que saem
duas vezes por semana de Manaus, com du-
ração de aproximadamente 30 horas de via-
gem pelas exuberantes paisagens da floresta
amazônica. Alguns barcos possuem melhor
infraestrutura, e podem ser reservados com
antecedência. Já por via aérea, o destino é
atendido por voos regulares que partem de
Manaus, com duração de cerca de uma hora.
CadasturAo contratar serviços para uma viagem, convém verificar se a empresa está cadastrada no Ministério do Turismo. O cadastro dos prestadores de serviços é grande fonte de consulta para o mercado turístico brasileiro e proporciona benefícios para os serviços turísticos cadastrados. Para ter acesso às informações detalhadas sobre os prestadores de serviços regularmente cadastrados, acesse www.cadastur.turismo.gov.br
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Barcelos - AM
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Barcelos - AM
O Turismo de Pesca em Barcelos
Todos os anos, milhares de pescadores – prin-
cipalmente, brasileiros e americanos – lotam
hotéis de selva, acampamentos e barcos-
hotéis durante a temporada de pesca, que vai
de setembro a março. As excursões de pesca
em busca dos grandes tucunarés duram cerca
de uma semana. Munidos de varas com car-
retilhas ou molinetes e iscas artificiais, os pes-
cadores partem em sua busca em pequenos
barcos. Os barcos preferidos são voadeiras
ou bass trackers de alumínio, ou bass boats
de fibra de vidro, com um barqueiro e dois
pescadores por barco. A adoção da prática
do pesque-e-solte e um maior cuidado com
o meio em que se pesca introduziram o novo
conceito da pesca como esporte, a chamada
pesca esportiva, o que garante a sustentabili-
dade da atividade na região.
Hoje existem diversos operadores atuando
com o Turismo da Pesca dentro da área do
município de Barcelos. Algumas exclusiva-
mente, com suas bases estabelecidas no
próprio município, e outras sazonalmente,
compostas principalmente por barcos-hotéis,
que iniciam suas excursões de pesca a partir
de Manaus ou de Barcelos, com o transporte
dos pescadores por avião.1
1. Mourão, Roberto. Análise da pesca esportiva no médio
Na região também é possível desfrutar de
pacotes com hospedagem em hotéis de
selva conhecidos como lodges, que oferecem
excelente estrutura hoteleira.
Desde 1994, a cidade promove anualmente
o Festival do Peixe Ornamental, principal
festa do município e da região. O evento
homenageia a cultura local e os pescadores,
conhecidos como piabeiros, e atrai grande
quantidade de turistas para o evento.
A região oferece também a seus visitan-
tes uma oportunidade única de conhecer
Rio Negro – Relatório técnico. Barcelos, 2007
as belezas amazônicas em atividades de
Ecoturismo. Pela dificuldade de acesso e
inúmeros fatores que prejudicam o desen-
volvimento agropecuário, a região encontra-
se em excelente estado de preservação com
lindas paisagens. O contraste entre a beleza
das águas do Rio Negro, com praias de areias
branquíssimas, ao lado da vasta e preservada
Floresta Amazônica em suas margens colo-
cam este destino entre os de maior beleza
natural do planeta. Caminhadas pelas flores-
tas da região durante a seca e a incursão, de
barco, pelas florestas inundadas (os igapós)
durante o período de cheia proporcionam
aos visitantes a interação com a exuberância
natural do ecossistema amazônico e ampla
possibilidade de observação de espécies da
fauna e flora, em especial, de pássaros.
O nome Rio Negro vem da cor de suas
águas, negras devido à grande quantidade
de ácidos húmicos em suspensão. O efeito
decorrente resulta em uma água de baixo pH
dificultando a presença de muitas espécies e
impedindo a reprodução de larvas de mos-
quito, o que torna o ambiente muito propício
à prática de atividades ligadas ao turismo.
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Barcelos - AM
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Barcelos - AM
O segmento de Turismo de Pesca
A partir do início dos anos 90, o conceito e a prática da pesca amadora sofreram profundas transformações. A sensibilização da população mundial para questões relativas ao meio ambiente e aos recursos naturais foram postas em discussão. Com isso, a necessidade de uma exploração mais racional e sustentável de todo e qualquer tipo desses recursos ficou evidente. Nesse sentido, a pesca amadora – como denominada pelo Programa Nacional de Desenvolvimento da Pesca Amadora (PNDPA) – é uma atividade que permite conciliar o ganho econômico, através do Turismo da Pesca, explorando somente alguns recursos pesqueiros típicos de cada região, com poucos reflexos sobre o meio ambiente como um todo, desde que praticada com ética e bom senso. A pesca amadora é uma atividade turística alternativa, complementar, capaz de gerar desenvolvimento em áreas remotas, e que pode substituir atividades econômicas que degradam o meio ambiente.Segundo o Ministério do Turismo,1 o Turismo de Pesca é um dos segmentos turísticos que demonstram maior índice de crescimento no mundo. No Brasil, o segmento apresenta também tendência de crescimento, já que alia a oportunidade de convívio com a natureza ao fato de que a pesca é uma das atividades prediletas dos brasileiros.Desta forma, o MTur assumiu o desafio de estruturar esse segmento turístico, a partir da definição inicial do conceito de Turismo de Pesca2 como “as atividades turísticas decorrentes da prática da pesca amadora”.Para tanto, foi estabelecida parceria com a Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca da Presidência da República (Seap-PR), atualmente Ministério da Pesca e Aquicultura, além de intensa e solidificada atuação com o PNDPA-Ibama e outros colaboradores. Como resultado, foi publicado o documento Turismo de Pesca – Orientações Básicas3, que define a delimitação conceitual, as características e a abrangência do segmento de Turismo de Pesca.
1. Brasil. Turismo de pesca: orientações básicas. Ministério do Turismo: Brasília, 2008. Disponível em www.turismo.gov.br2. Idem3. Idem
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Barcelos - AM
O modelo de gestão descentralizada2 con-
cebido pelo Plano Nacional de Turismo e
implementado pelo MTur prevê a integração
de diversas instâncias da gestão pública e da
iniciativa privada por meio da criação e orga-
nização dos arranjos institucionais.
O projeto Destinos Referência em Segmentos
Turísticos desenvolvido pelo MTur em par-
ceria com o Instituto Casa Brasil de Cultura,
tem como objetivo criar uma estratégia de
governança local, a partir do fortalecimento e
aperfeiçoamento de segmentos de mercado,
procurando envolver de forma participativa
toda a cadeia produtiva e instituições rela-
cionadas com o segmento escolhido, através
de prioridades e estratégias definidas e com
foco na competitividade.
2. Ministério do Turismo: www.turismo.gov.br
O projeto tem como premissa a participação
efetiva dos representantes locais, fortal-
ecendo as entidades públicas e privadas, o
trade e as organizações não governamentais,
levando à formação de um Grupo Gestor que
assume o papel de líder do processo, buscan-
do assim garantir a continuidade das ações
na área do turismo, resultados mercadológi-
cos e a sustentabilidade do destino.
Assim, foram escolhidos dez destinos com
características diferentes, em regiões diferen-
tes, para que suas experiências contribuam
para criar uma base metodológica que possa
servir de modelo para outros destinos no Bra-
sil, validando e consolidando a estratégia de
desenvolvimento de políticas públicas, e de
ampliação e diversificação da oferta turística
nacional.
Projeto Destinos Referência em Segmentos Turísticos
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Barcelos - AM
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Barcelos - AM
Resultados alcançados
O projeto Destinos Referência em Segmentos
Turísticos tem como premissa a participação
efetiva dos representantes locais, levando à
formação de um Grupo Gestor que assume o
papel de líder do processo, buscando assim
garantir a continuidade da ação e a sustent-
abilidade do projeto. O projeto propõe de-
senvolver a gestão do turismo local com foco
na estratégia de segmentação de produtos
turísticos, procurando envolver de forma par-
ticipativa toda a cadeia produtiva relacionada
com o segmento elencado.
Espera-se que as ações relativas ao orde-
namento e estruturação do segmento de
Turismo de Pesca em Barcelos sejam incorpo-
radas ao planejamento turístico do destino.
Como resultado, pretende-se estimular a
geração de renda e emprego, possibilitando
a continuidade das ações de estruturação do
segmento de Turismo de Pesca no Destino.
Diante do exposto, em continuidade ao
projeto, promoveu-se a realização de um
seminário em Barcelos, entre os dias 26 e 27
de abril de 2010, com os objetivos de estimu-
lar o trade turístico local para desenvolver
estratégias de criação e inovação de produtos
turísticos. Essas estratégias visam
• diversificar a oferta turística do destino
por meio da segmentação turística
• apresentar orientações básicas acerca
dos conceitos e das práticas do segmen-
to de Turismo de Pesca
• disseminar as boas práticas de Ecotur-
ismo e Turismo de Aventura para que
possam ser aplicadas ao destino, contri-
buindo para a diversificação da oferta e a
redução da sazonalidade
• orientar os empresários sobre o Cadas-
tur3 e efetuar os respectivos cadastros
• estimular o empreendedorismo dos
empresários locais e orientá-los sobre
o acesso às linhas de crédito e financia-
mento do Ministério do Turismo
• disseminar informações sobre o Pro-
grama Turismo Sustentável e Infância
(TSI), de modo a enfrentar a exploração
sexual infantil.
O seminário teve como público-alvo repre-
sentantes de empresas que prestam serviços
turísticos (meios de hospedagem, barcos
hotéis, agências e operadoras de turismo,
bares, restaurantes e etc.), representantes do
Poder Público local, da Secretaria de Turismo
de Barcelos, outros agentes públicos locais,
integrantes do Grupo Gestor Local do projeto
65 Destinos Indutores, além de outros atores
e associações relevantes para a atividade
turística.
3. www.cadastur.turismo.gov.br
Para saber mais:www.turismo.gov.brwww.abeta.org.brwww.cadastur.turismo.gov.br
Resultados do Projeto
• realização de fiscalização no Rio Negro, entre os dias 30 de abril e 8 de maio
• reunião com o Grupo Técnico de Pesca do Amazonas para discutir a prorrogação do Decreto n° 27.012 de 28 de setembro de 2007, que proíbe a pesca predatória do tucunaré
• solicitação de financiamentos do FNO para empreendimentos da locali-dade
• formalização de empresas para cadastramento no Cadastur para recor-rer a financiamentos
• realização de vídeo promocional• manifestação sobre o enfrentamento à exploração sexual infantil• Realização de seminário de multiplicação, oficina de projeto e visita
técnica com a participação do grupo gestor do projeto, empresários e comunidade do destino, além de representantes de outros destinos com vocação para o desenvolvimento do ecoturismo
Equipe Ministério do TurismoCoordenação Geral
Ricardo Martini MoeschTânia Brizolla
Coordenação TécnicaAna Clévia Guerreiro LimaJurema MonteiroRosiane RockenbachSáskia Lima
Equipe técnicaBrena CoelhoCarolina CamposFabiana OliveiraLaura MarquesPhilippe FigueiredoTalita PiresWilken Souto
ColaboraçãoAna Beatriz Borges SerpaAlessandra LannaBárbara Blaut RangelCristiano BorgesLuis Eduardo DelmontMarcela SouzaPriscilla GrintzosRafaela LehmannSalomar Mafaldo
Equipe Instituto Casa Brasil de CulturaCoordenação do projeto
Marcelo SafadiCoordenação operacional e assistência técnica
Priscila VilarinhoConsultores dos destinos
Marcos Pompeu – São João del Rei (MG) e Jericoacoara (CE)Priscila Vilarinho – Brasília (DF), Paraty (RJ) e Ribeirão Preto (SP)Rodrigo Lopes – Serra Geral (SC), Lençóis (BA) e Socorro (SP)Ricardo Silva – Santarém (PA) e Barcelos (AM)
Consultores de apoioAlessandra SchneiderFelipe ArnsMarcos Martins Borges Paulo d’Ávila FerreiraRoberto MourãoThiago Dias
Apoio administrativoJairo Mendonça Júnior
Assistência técnica adminstrativaBreno Mendonça Vieira
© Instituto Casa Brasil de Cultura. Goiânia, 2010
Destinos de Referência em Turismo
Segmento: Turismo de PescaDestino: Barcelos – AM Parceiro executor local: Bureau Brasileiro de Pesca
Coordenação editorialWolney Unes
TextoAlessandra Schneider
Projeto gráfico Samara Bitencourt
Arte final de capa Genilda Alexandria
DiagramaçãoMarcus Lisita Rotoli
FotografiaBanco de Imagens MTur: Roald AndrettaAcervo do Instituto Casa Brasil de Cultura:Wolney Unes
Revisão Camila Pessoa
ApoioAcolhida na Colônia AbetaCasa AzulBeltaInstituto DharmaConvention BureauAvapePrefeitura de SocorroSebrae-CEAmazonasTurSecretaria de Turismo de Barcelos
ImpressãoMarques e Bueno Ltda. (Gráfica Talento)
Sumário
Presidente da República Federativa do Brasil
Luiz Inácio Lula da Silva
Ministro de Estado do Turismo
Luiz Eduardo Pereira Barretto Filho
Secretário-Executivo
Mário Augusto Lopes Moyses
Secretário Nacional de Políticas do Turismo
Carlos Silva
Diretor do Departamento de Estruturação, Articulação e Ordenamento Turístico
Ricardo Martini Moesch
Coordenadora-Geral de Segmentação
Sáskia Freire Lima de Castro
Coordenadora-Geral de Regionalização
Ana Clévia Guerreiro Lima
Coordenadora-Geral de Informação Institucional
Isabel Cristina da Silva Barnasque
Coordenadora-Geral de Serviços TurísticosRosiane Rockenbach
BrasíliaApresentação
O turismo em Brasília
Projeto Destinos Referência em Segmentos Turísticos
Destino referência em Turismo Cinematográfico
Resultados alcançados
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Apresentação
Feche os olhos, esqueça por um instante
as manchetes políticas. Agora pense em
uma cidade que nasceu inspirada em uma
profecia, foi idealizada por um sonho de
união nacional, concebida com um projeto
urbanístico futurista e construída pelas mãos
e corações de milhares de brasileiros que
trocaram suas terras de origem para criar a
nova história do País.
Sim, deixando de lado o preconceito,
podemos ver a nossa Capital Federal como
ela é: uma cidade viva, moderna, humana
e cosmopolita, que faz questão de deixar a
céu aberto o maior acervo da arquitetura
moderna do mundo, que torna Brasília a única
cidade com construção iniciada no século
XX com título de Patrimônio Cultural da
Humanidade. Todos os que a conhecem são
tocados pelas intrigantes obras de Niemeyer,
pelo fascínio de ver de perto o palco do
poder político do Brasil ou pela forte energia
mística que vibra no Planalto Central. Com o
traçado urbanístico de Lúcio Costa integrado
ao Cerrado, o bioma local, os moradores e
visitantes têm sempre a visão do horizonte
vasto, que permite o contato com o sol, o céu
azul, estrelas e noites de lua. É privilégio de
poucas grandes cidades no mundo.
Os amplos jardins de Burle Marx, os milhares
de árvores frutíferas ou floridas criam um
ambiente harmônico entre os monumentos
de Niemeyer e os equipamentos urbanos.
Mesmo que a princípio tudo pareça estranho,
aos poucos é possível entender a lógica das
quadras, superquadras, setores, eixos e asas,
e tudo passa a ter sentido. E, enfim, as ruas
largas, o trânsito ordenado e motoristas
educados – que param nas faixas para dar
preferência ao pedestre (!) – convidam a uma
reflexão sobre como poderiam ser mais bem
planejadas as cidades brasileiras.
Esta metrópole cosmopolita – que possui um
dos melhores índices de qualidade de vida
do País, mas é muitas vezes injustamente
acusada de desumana e impessoal – acolhe
brasileiros de todos os cantos, que vêm em
busca de novas oportunidades e trazem
consigo suas raízes culturais. Assim Brasília,
ainda marcada pela migração, mas já com
uma bem definida geração de brasilienses1,
começa a afirmar sua identidade, fortemente
baseada na diversidade cultural que só um
país como o Brasil é capaz de produzir. Este
respeito e gosto pela diversidade faz de
Brasília um lugar hospitaleiro também para
estrangeiros, que se sentem em casa nesta
cidade, sede de embaixadas de mais de
oitenta países.
1. São chamados assim os nascidos em Brasília. Os imigrantes que vieram para construir Brasília são denominados candangos, uma expressão originalmente pejorativa, mas que hoje é reconhecida com orgulho pelos pioneiros da capital federal.
Brasília
7
Brasília - DF
O turismo em Brasília
Estruturada para receber turistas de negócios
ou eventos – a maioria de seus visitantes – a
cidade oferece equipamentos e serviços
turísticos de alto padrão de qualidade, que
surpreendem os turistas que procuram em
Brasília lazer e cultura, além dos que dão
uma esticada na permanência antes ou
depois de eventos e negócios. Há muitos
espaços e opções de atividades culturais e
recreativas nesta cidade, onde vibra a riqueza
e diversidade de todos os cantos do Brasil em
seus habitantes, que adoram viver em Brasília.
Para alegria dos moradores e dos visitantes
da cidade, o plano urbanístico de Brasília
deixou espaço para áreas verdes, com belas
árvores e extensas áreas gramadas que
fazem parte do cotidiano de quem vive no
Plano Piloto. E o clima também ajuda: com
as estações do ano bem marcadas, livres
de chuva por um longo período do ano, a
prática de atividades de lazer ao ar livre em
seus parques e nas áreas de lazer entre as
quadras residenciais é comum no quotidiano
dos brasilienses.
A qualidade de vida e a diversidade cultural
são marcas registradas dos moradores de
Brasília, que se orgulham de viver numa
cidade-monumento, com baixos índices
de violência, e de contar com segurança
pública e serviços à altura dos países mais
desenvolvidos do mundo. Viver em Brasília
inclui o direito urbano de fazer as refeições
em casa com a família, fazer compras e
curtir as áreas de lazer entre as quadras
residenciais, e passear nos inúmeros parques
da cidade.
Entre outros prazeres ofertados em Brasília,
está a vibrante vida cultural, que coloca
à disposição dos visitantes boas salas de
cinema e espetáculos, palco para as mais
diversas atividades culturais. Além da cultura
intrínseca ao dia a dia do brasiliense, como
as apresentações do Clube do Choro, há
eventos consagrados como os festivais de
inverno e verão e o já tradicional Festival de
Brasília do Cinema Brasileiro. Mas há também
espetáculos de música, teatro, dança,
literatura, artes plásticas e as inúmeras festas
populares que fazem parte do calendário de
eventos de Brasília, trazendo gente do País
inteiro para assistir às apresentações.
Uma cidade tão rica culturalmente deixa
sua marca evidente também na culinária,
que faz de Brasília um dos principais polos
gastronômicos do Brasil: são bares, cafés e
restaurantes que oferecem comidas típicas
nacionais e internacionais, com padrões de
preços e qualidades para diversas classes
e paladares. Casas especializadas em
pratos da cozinha nacional e internacional,
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Brasília - DF
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Brasília - DF
prontas para atender ao paladar mais
sofisticado e exigente, oferecem muitas
opções, restaurantes mineiros, nordestinos,
goianos, italianos, japoneses, mexicanos,
portugueses, árabes, chineses, espanhóis,
franceses e alemães. Além disso, há também
a rica culinária popular, presente em espaços
como a Feira da Torre, onde há barracas
com comidas típicas que representam a
diversidade gastronômica de todas as partes
do Brasil.
No aeroporto – o terceiro do País em tráfego
aéreo – chegam e partem voos de e para
todas as capitais e principais municípios
brasileiros, além de voos internacionais
para a Europa e os Estados Unidos. Todo
este movimento torna Brasília um dos
mais importantes hubs do Brasil e uma
oportunidade de uma escala para conhecer a
capital federal.
A hotelaria atende aos melhores padrões de
serviço mundiais, tanto em sua estrutura para
o turismo de negócios e eventos quanto para
o lazer. A rede hoteleira da cidade conta com
hotéis administrados por bandeiras nacionais
e internacionais. Alguns dos principais hotéis
ficam próximos dos melhores parques ou dos
atrativos urbanos da cidade e, é claro, dos
variados espaços para eventos e centros de
negócios e política.
Sede de eventos nacionais e internacionais
dos mais variados portes e temas, Brasília
dispõe de auditórios, clubes sociais, estádios,
ginásios de esportes, salas e espaços em
hotéis, business centers, salões de festas,
salas de espetáculos, parques de exposições
e mansões para encontros sociais.
Brasília também oferece facilidades para
quem viaja para comprar. Seus inúmeros
e famosos shoppings oferecem lojas e
marcas que satisfazem a todos os desejos de
consumo. Há também centros de compras
nas quadras comerciais e entrequadras, além
de setores especializados em determinados
tipos de serviço ou produtos específicos.
Uma experiência interessante de compras é
visitar as feiras alternativas, como a BSB Mix,
a Feira dos Importados e a conhecida Feira da
Torre, que reúne artesanatos e pratos típicos
de todo o Brasil.
Há muito a fazer em Brasília. Por isso, as
agências de receptivo local oferecem roteiros
e atividades ligadas aos principais temas da
cidade, como o Turismo Cívico-Arquitetônico,
Ecológico-Rural e o Místico-Religioso. Outro
tema cada dia mais evidente no cenário de
Brasília é o Turismo Cinematográfico, que
procura promover a cidade como espaço
de locação para produções audiovisuais e
leva os visitantes a conhecer os lugares onde
foram filmadas diversas produções.
Para quem quer ficar mais tempo na
região, Brasília é o ponto de partida para
interessantes destinos turísticos de Goiás. Em
um raio de 200 km, podem ser conhecidos
destinos de ecoturismo e aventura, como a
Chapada dos Veadeiros, inserida na Reserva
da Biosfera (da Unesco) e Pirenópolis,
patrimônio histórico e artístico nacional
tombado pelo Iphan, que também oferece
opções de passeios na natureza com
cachoeiras e trilhas pelo Cerrado.
CadasturAo contratar serviços para uma viagem, convém verificar se a empresa está cadastrada no Ministério do Turismo. O cadastro dos prestadores de serviços é grande fonte de consulta para o mercado turístico brasileiro e proporciona benefícios para os serviços turísticos cadastrados. Para ter acesso às informações detalhadas sobre os prestadores de serviços regularmente cadastrados, acesse www.cadastur.turismo.gov.br
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Brasília - DF
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Brasília - DF
O segmento de Turismo CinematográficoParece simples e óbvia a relação entre a motivação dos turistas para visitar um local e os estímulos provocados por filmes, documentários e programas de TV. Aliás, isso também é evidente em várias pesquisas de demanda turística que procuram saber o que motiva a visita ou como o turista tem despertado o interesse em visitar um determinado destino. Esta relação entre produções cinematográficas e o turismo já é uma realidade desenvolvida de maneira estratégica, bem-sucedida e mensurada em vários países.O Ministério do Turismo – ciente da inegável vocação do Brasil e atento a esta tendência mundial de utilizar as mais diversas mídias para difundir a cultura, as paisagens e os valores de uma região ou país – resolveu estudar mais a fundo a relação entre cinema e turismo e criar estratégias para estruturar destinos brasileiros para desenvolver o Turismo Cinematográfico. O primeiro passo foi a publicação da cartilha Turismo Cinematográfico Brasileiro,1 e do Estudo de Sinergia e Desenvolvimento entre as Indústrias do Turismo e do Audiovisual Brasileiro,2 produzidos em parceria com o Instituto Dharma. Essas publicações têm a finalidade de sensibilizar o trade turístico nacional sobre quanto o turismo pode se beneficiar ao disseminar seus destinos no mundo do entretenimento. Além disso, apresentam um diagnóstico dos setores no Brasil e oferecem propostas estratégicas, táticas e operacionais que podem conduzir o Brasil a uma posição de destaque como provedor de locações e a consequente promoção dos destinos turísticos por meio do audiovisual, no mercado doméstico e no internacional.Os estudos realizados apontam a nação brasileira como reconhecida mundialmente por sua privilegiada diversidade étnica, atributos culturais e inegável criatividade; variedade de locações, clima favorável, ambiente pacífico, livre de catástrofes naturais e de ações terroristas. Essa é uma combinação promissora para o desenvolvimento do Turismo Cinematográfico, que pode assumir um papel de destaque como ferramenta de desenvolvimento da cadeia produtiva local. O setor pode ser responsável por resultados positivos para
o futuro e o presente de uma comunidade, gerando empregos e oportunidades, renda e divisas além de impulsionar o turismo e o empreendedorismo. Levando em conta que o Turismo Cinematográfico abrange vários elos da cadeia produtiva nacional e que o Brasil é reconhecido como um país empreendedor, é possível imaginar um cenário inovador, onde novos negócios sejam estruturados colocando em comunhão a criatividade e a imaginação do povo brasileiro. Afinal, essa é a essência da chamada Economia Criativa: conectar vários setores da economia para integrar um amplo espectro de atividades que têm uma força motriz comum, como forma de manifestação da criatividade de uma nação.O Brasil tem grande potencial para se destacar como locação de diversas produções cinematográficas e canalizar os benefícios em favor de um aumento da demanda turística. A orientação do Ministério do Turismo para que isso ocorra é investir em ações como:
• Criação de um pacote atrativo, unificando incentivos fiscais às
virtudes nacionais
• Apoio e chancela governamental à atuação da rede nacional de
film commissions
• Divulgação da cultura e imagens típicas da geografia aos olhos
do grande público mundial, agregando valor ao audiovisual em
conjunto com o turismo e economia local
• Incentivo à modernização da infraestrutura e potencialização do
talento criativo nacional com formação e qualificação de mão-de-
obra técnica
Essas ações visam tornar possível o desenvolvimento dos potenciais nacionais e superar os desafios impostos pela modernidade e a globalização, inserindo o Turismo Cinematográfico e setores complementares na economia criativa brasileira, usufruindo de seus inúmeros benefícios.
1. Brasil. Ministério do Turismo. Turismo Cinematográfico Brasileiro. Brasília, 2008. Disponível em www.turismo.gov.br
2. Brasil. Ministério do Turismo. Estudo de Sinergia e Desenvolvimento entre as Indústrias do Turismo e Audiovisual Brasileira. Brasília, 2008 (2ª edição). Disponível em www.turismo.gov.br
O modelo de gestão descentralizada2
concebido pelo Plano Nacional de Turismo e
implementado pelo MTur prevê a integração
de diversas instâncias da gestão pública e
da iniciativa privada por meio da criação e
organização dos arranjos institucionais.
O projeto Destinos Referência em Segmentos
Turísticos desenvolvido pelo MTur em
parceria com o Instituto Casa Brasil de
Cultura, tem como objetivo criar uma
estratégia de governança local, a partir
do fortalecimento e aperfeiçoamento
de segmentos de mercado, procurando
envolver de forma participativa toda a cadeia
produtiva e instituições relacionadas com o
segmento escolhido, através de prioridades
e estratégias definidas e com foco na
competitividade.
2. Ministério do Turismo: www.turismo.gov.br
O projeto tem como premissa a
participação efetiva dos representantes
locais, fortalecendo as entidades públicas
e privadas, o trade e as organizações não
governamentais, levando à formação de
um Grupo Gestor que assume o papel
de líder do processo, buscando assim
garantir a continuidade das ações na área
do turismo, resultados mercadológicos e a
sustentabilidade do destino.
Assim, foram escolhidos dez destinos
com características diferentes, em
regiões diferentes, para que suas
experiências contribuam para criar uma
base metodológica que possa servir de
modelo para outros destinos no Brasil,
validando e consolidando a estratégia de
desenvolvimento de políticas públicas, e de
ampliação e diversificação da oferta turística
nacional.
Projeto Destinos Referência em Segmentos Turísticos
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Brasília - DF
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Brasília - DF
Destino referência em Turismo Cinematográfico
Contemplada pelo Ministério do Turismo
para ser o Destino Referência em Turismo
Cinematográfico, Brasília é uma capital
que foi pensada, desenhada, sonhada e
erguida pelas mãos de candangos e que,
curiosamente, já nasceu filmada. Além disso,
em Brasília já foram filmados cerca de 200
filmes, que fizeram uso de seus cenários
naturais e urbanos como locação. E em
pelo menos um quarto desses filmes, a
própria cidade foi personagem ou mesmo
protagonista da trama. Foram inúmeros os
fatores que criaram condições para que este
segmento turístico fosse desenvolvido no
destino, tais como:
• Vocação natural e gosto da sua população
pelo cinema
• Palco de um dos mais tradicionais festivais
cinematográficos do País
• Disponibilidade de serviços e estruturas de
qualidade
• Proximidade com o Governo Federal
• Presença de entidades setoriais
organizadas, tanto do turismo quanto do
audiovisual
• Cenários inusitados de arquitetura
moderna e natureza, já utilizados como
locação de mais de 200 filmes
• Cultura com várias características do Brasil
• Maior número de salas e de frequência a
cinema por habitante do País
Mesmo com muitos fatores favoráveis,
como os demais destinos escolhidos para o
projeto Destinos Referência em Segmentos
Turísticos, Brasília passou por um processo
de desenvolvimento do segmento, que
procurou aliar e criar uma interação,
inexistente até então, entre o turismo e o
setor audiovisual.
A entidade local escolhida como parceira
neste projeto foi o Instituto Dharma3, que
já havia realizado com o MTur o citado
Estudo de Sinergia e Desenvolvimento entre
as Indústrias do Turismo e do Audiovisual
Brasileiro, um documento que trouxe dados
sobre as políticas globais de incentivo ao
Turismo Cinematográfico, tais como criação
de film commissions, isenção fiscal e apoio
3. http://www.dharmafilmes.com.br/site/instituto.php
financeiro em produções audiovisuais.
O projeto Destinos Referência em Brasília
teve como objetivos principais:
• Planejamento estratégico para o destino,
com foco no Segmento de Turismo
Cinematográfico
• Formação de um arranjo institucional local
envolvendo o setor público, a iniciativa
privada e o terceiro setor, ligado ao
turismo e à produção audiovisual
• Criação e lançamento da Brasília Film
Commission, entidade público‐privada
para promoção da região como destino
privilegiado de produções audiovisuais
transnacionais
22
Brasília - DF
23
Brasília - DF
Logo no início do projeto, foram identificados
e convidados representantes do setor
turístico e do audiovisual para participar
do evento de sensibilização em que foi
apresentado o projeto Destino Referência
em Turismo Cinematográfico. Neste evento
foram apresentados ainda o segmento de
Turismo Cinematográfico e os motivos que
fizeram Brasília ser escolhida como destino
referência neste segmento, nivelando as
informações entre todos os envolvidos.
Em um segundo encontro, foram realizadas
palestras de benchmarking pela consultoria
do Instituto Dharma, que trouxe as
experiências e boas práticas da Nova
Zelândia e da África do Sul no segmento de
Turismo Cinematográfico. Neste encontro
foram mostrados possibilidades e desafios
para o desenvolvimento do segmento.
Com o grupo mais maduro e envolvido, foi
então realizado o Seminário Estratégico
com a aplicação da Avaliação Qualitativa,
seguindo a metodologia do Sistema Cores de
Planejamento de Destinos. Neste seminário,
foi possível analisar a percepção da cadeia
do audiovisual e do turismo em Brasília,
priorizando as ações e institucionalizando o
grupo gestor com entidades representativas.
A partir dos resultados, os consultores do
Instituto Dharma, especializados em turismo
e em cinema, criaram um diagnóstico para o
segmento, que foi então validado pelo grupo
gestor. A partir disso, foi criado o Plano de
Ação do Turismo Cinematográfico em Brasília.
A Ação Símbolo e, sem dúvida, o resultado
mais importante do projeto foi a criação da
Brasília Film Commission. As Film Commissions
são órgãos responsáveis por captar e facilitar
a realização de obras audiovisuais nas regiões
que representam. Elas são as primeiras
entidades que empresas e profissionais do
audiovisual no mundo inteiro buscam ao
decidir que lugar sediará suas produções.
A disputa pelo receptivo dessas produções
(filmes, séries de TV, documentários, entre
outros) é muito competitiva, e cabe à film
commission apresentar as ferramentas mais
sofisticadas e atraentes para seduzir os
produtores e cineastas a escolherem suas
locações como destino dos filmes.
25
Brasília - DF
Resultados alcançados
A criação Brasília Film Commission traduz-se
na importância do fortalecimento dos grupos
locais e no estímulo à criação de outras
entidades do setor – como, por exemplo,
a associação de atores de Brasília –, mas
também se reflete nos grandes desafios para
sua continuidade e consolidação. Outras
lições aprendidas no processo é que o destino
tem de ter potencial e investir no segmento,
criando portfólio e condições técnicas para as
produções cinematográficas.
Agora, a Film Commission de Brasília tem
o desafio de fortalecer a relação do setor
audiovisual com a atividade turística e mostrar
ao destino de que forma o cinema pode
agregar valor ao turismo, principalmente em
um destino como Brasília: extremamente
interessante, porém ainda sem uma imagem
positiva no imaginário coletivo. A experiência
de Brasília como Destino de Turismo
Cinematográfico destaca que não basta
ter belos cenários para receber produções
audiovisuais. O destino tem de se preparar e
se posicionar. Para isso, algumas ferramentas
estratégicas são essenciais para se tornar
competitivo:4
• CriaçãodeFilm Commissions ou Birôs
Audiovisuais, que centralizam as
4. Brasil. Ministério do Turismo. Turismo Cinematográfico Brasileiro. Brasília, 2008. Disponível em www.turismo.gov.br
Resultados do projeto
• Diagnóstico do setor audiovisual e do turismo elaborado, subsidiando o planejamento estratégico do setor
• Formação de um ambiente de governança, compondo um arranjo institucional com a presença do setor público, iniciativa privada e terceiro setor
• Criação da Brasília Film Commission, primeira entidade nacional do setor com colegiado formado pelo Poder Público, pela iniciativa privada e pelo terceiro setor, que será de fundamental importância para facilitar o trabalho de produtores por centralizar informações sobre o setor na região, promovendo seu potencial
• Elaboração da cartilha Brasília Cinematográfica, que retrata todo o processo de desenvolvimento da 1ª Etapa de Preparação do Destino Referência em Turismo Cinematográfico no Brasil
• Realização de seminário de multiplicação, oficina de projeto e visita técnica com a participação de representantes de outros destinos com vocação para o desenvolvimento do Turismo Cinematográfico
27
Brasília - DF
informações sobre filmagens em uma
região e têm como objetivo promover o
potencial da região e facilitar o trabalho
dos produtores. Um trabalho integrado
entre o Convention Bureau e a Film
Commission pode criar uma sinergia muito
forte para a atração de produções e para a
promoção do destino
• ProduçãodeumGuia de Locações,
impresso e virtual, com a oferta de
cenários urbanos e naturais com potencial
de locação
• CriaçãodeumGuia de Produção, listando
serviços locais importantes para o
segmento: produtoras, locadoras de
equipamentos, laboratórios, estúdios e
profissionais da área. Também devem
ser listados serviços turísticos e outros
serviços de apoio às produções
• Criaçãoemanutençãodewebsitecom
informações atualizadas sobre as locações,
produções e serviços
• Promoçãododestinoeseupotencialpara
o Turismo Cinematográfico em revistas,
sites, feiras e eventos, além de convite
a formadores de opinião, jornalistas,
operadoras de turismo e pessoas
influentes para olhar o destino com os
olhos do audiovisual
• Integraçãocomoutrasiniciativase
instituições relacionadas ao turismo e ao
audiovisual
Para saber mais:www.turismo.gov.brwww.dharmafilmes.com.brwww.cadastur.turismo.gov.br
Equipe Ministério do TurismoCoordenação Geral
Ricardo Martini MoeschTânia Brizolla
Coordenação TécnicaAna Clévia Guerreiro LimaJurema MonteiroRosiane RockenbachSáskia Lima
Equipe técnicaBrena CoelhoCarolina CamposFabiana OliveiraLaura MarquesPhilippe FigueiredoTalita PiresWilken Souto
ColaboraçãoAna Beatriz Borges SerpaAlessandra LannaBárbara Blaut RangelCristiano BorgesLuis Eduardo DelmontMarcela SouzaPriscilla GrintzosRafaela LehmannSalomar Mafaldo
Equipe Instituto Casa Brasil de CulturaCoordenação do projeto
Marcelo SafadiCoordenação operacional e assistência técnica
Priscila VilarinhoConsultores dos destinos
Marcos Pompeu – São João del Rei (MG) e Jericoacoara (CE)Priscila Vilarinho – Brasília (DF), Paraty (RJ) e Ribeirão Preto (SP)Rodrigo Lopes – Serra Geral (SC), Lençóis (BA) e Socorro (SP)Ricardo Silva – Santarém (PA) e Barcelos (AM)
Consultores de apoioAlessandra SchneiderFelipe ArnsMarcos Martins Borges Paulo d’Ávila FerreiraRoberto MourãoThiago Dias
Apoio administrativoJairo Mendonça Júnior
Assistência técnica adminstrativaBreno Mendonça Vieira
© Instituto Casa Brasil de Cultura. Goiânia, 2010
Destinos de Referência em Turismo
Segmento: Turismo CinematográficoDestino: Brasília – DFParceiro executor local: Instituto Dharma
Coordenação editorialWolney Unes
TextoAlessandra Schneider
Projeto gráfico e capa Samara Bitencourt
DiagramaçãoMarcus Lisita Rotoli
FotografiaBanco de Imagens MTur:Beto GaravelloLuiz Trazzi MartinsTamás HáriWerner Zotz
Revisão Camila Pessoa
ApoioAcolhida na Colônia AbetaCasa AzulBeltaInstituto DharmaConvention BureauAvapePrefeitura de SocorroSebrae-CEAmazonasTurSecretaria de Turismo de Barcelos
ImpressãoMarques e Bueno Ltda. (Gráfica Talento)
Sumário
Presidente da República Federativa do Brasil
Luiz Inácio Lula da Silva
Ministro de Estado do Turismo
Luiz Eduardo Pereira Barretto Filho
Secretário-Executivo
Mário Augusto Lopes Moyses
Secretário Nacional de Políticas do Turismo
Carlos Silva
Diretor do Departamento de Estruturação, Articulação e Ordenamento Turístico
Ricardo Martini Moesch
Coordenadora-Geral de Segmentação
Sáskia Freire Lima de Castro
Coordenadora-Geral de Regionalização
Ana Clévia Guerreiro Lima
Coordenadora-Geral de Informação Institucional
Isabel Cristina da Silva Barnasque
Coordenadora-Geral de Serviços TurísticosRosiane Rockenbach
Jijoca de JericoacoaraApresentação
O turismo em Jericoacoara
O Turismo de Sol e Praia em Jericoacoara
Projeto Destinos Referência em Segmentos Turísticos
Destino referência em Turismo de Sol e Praia
Resultados alcançados
5
5
7
9
13
16
24
Jijoca de Jericoacoara
Apresentação
Jericoacoara, já popularmente conhecida
por Jeri, é um lugar fora do comum, que
coloca em cheque a lógica da vida urbana
e do tempo. As ruas são cobertas de areia
e as praias se estendem por quilômetros,
exatamente como Deus criou, sem
interferências visuais de prédios, antenas ou
outras estruturas que destoem da paisagem
natural.
Localizada no extremo norte do Ceará, a
300 km de Fortaleza, está perto da linha do
Equador e inserida no Polígono da Seca,
o que, neste caso, significa uma grande
vantagem, pois proporciona um clima
ensolarado o ano todo. Mas as vantagens da
sua localização não acabam por aí. Por estar
localizada em uma península, Jericoacoara
tem mar tanto a leste como a oeste, o que
o torna um dos poucos lugares do Brasil
continental onde é possível ver o nascer e o
pôr do sol e da lua no mar.
O portão de entrada de Jericoacoara é
Fortaleza, a capital do Ceará, onde está
localizado o Aeroporto Internacional Pinto
Martins, que recebe voos de todo o Brasil,
Europa e Estados Unidos.
O acesso, que até pouco tempo atrás era
um grande obstáculo ao desenvolvimento
turístico, atualmente está mais simplificado
(apesar de ainda haver um trecho de 28 km
que cruza o Parque Nacional de Jericoacoara,
sem asfalto) com várias opções de serviço de
transporte.
As empresas de receptivo garantem o
transporte em vans e veículos com tração.
Outras opções são os ônibus de linhas
regulares, com conexão para o trecho não
asfaltado em jardineiras, com saída a partir da
sede do município de Jijoca de Jericoacoara.
Para quem prefere ir com veículo próprio ou
locado, o ideal é que estes possuam tração
e que o motorista tenha experiência em
direção off-road. Veículos convencionais
estão sujeitos a fatores climáticos, como
chuva e ventos, envolvendo riscos. Há
ainda a opção de helicóptero, mais rápida e
confortável, porém com um custo alto.
Na internet existem diversos sites e portais
com informações variadas e aprofundadas
sobre o destino, inclusive sobre os acessos
e transporte. Uma busca na rápida leva a
links de uma série de empresas que fazem
a comercialização dos seus serviços e
equipamentos turísticos e de lazer.
7
Jericoacoara - CE
O turismo em Jericoacoara
A atividade turística na região se iniciou
de forma incipiente nos anos 80, como um
destino de “paz e amor”, procurado por
pessoas de espírito hippie, em busca de
liberdade e contemplação. Nesta época,
Jericoacoara era apenas uma vila de
pescadores, sem nenhuma estrutura de
hospedagem, energia elétrica e com acesso
difícil.
Ao longo dos últimos 20 anos, o destino foi
se estruturando, por iniciativa dos próprios
nativos e dos novos moradores – brasileiros
e estrangeiros – que criaram negócios e
investiram na vila.
O principal atrativo de Jericoacoara é o
conjunto de sua paisagem exuberante – a
dimensão das dunas e o desenho de suas
praias – e da diversidade cultural criada a
partir da integração das características dos
pescadores nativos às de brasileiros de outras
regiões do País e de estrangeiros de várias
partes do mundo.
Em Jeri, tudo tem um toque slow e
descontraído, o que dá a sensação de estar
em um lugar fora do tempo. Mas isso não
quer dizer que o visitante seja privado do
charme, do conforto e do bom atendimento.
Muito pelo contrário. O setor de hospedagem
progrediu muito no destino.
8
Jericoacoara - CE
9
Jericoacoara - CE
No princípio, poucas pousadas ofereciam
as comodidades como energia elétrica,
água quente, estrutura de alimentação e
repouso. Hoje existem quase cem meios de
hospedagem, que variam desde pousadas de
charme a hotéis com acomodações e serviços
requintados de padrão internacional. Há
ainda opções de hospedagem mais básicas,
mas que atendem bem aos padrões mínimos
de estrutura e serviços.
A diversidade cultural está muito bem
representada na gastronomia local, que é
marcada por uma fusão de estilos, tanto da
culinária brasileira (em especial a nordestina),
quanto da estrangeira.
Há restaurantes para todos os gostos
e bolsos, porém o destaque está nos
restaurantes de charme, que representam
da melhor forma a riqueza desta variedade
gastronômica.
O Turismo de Sol e Praia em Jericoacoara
Jeri surpreende na oferta de atividades
turísticas e de lazer que vão além de passar o
dia na barraca de praia ou tostando no sol. O
destino também oferece diversas opções de
ecoturismo, atividades de aventura e turismo
cultural para agradar aos mais exigentes e
diversificados perfis de turista.
Os pontos de visitação mais procurados são
Tatajuba, Mangue Seco e Rio Guriú, Lagoa
do Paraíso, Lagoa Azul e Lagoa do Pinguela.
A paisagem é muito diversa com vegetações
variadas como restingas, dunas, tabuleiros,
manguezais, gramados, praias e serrotes,
que abrigam mais de 38 famílias de aves,
das quais várias espécies são raras ou estão
ameaçadas de extinção.
As dunas e as lagoas de água doce são o
cenário perfeito para passeios de buggy ou
para caminhadas ao entardecer. Um ponto
turístico famoso perto da vila é a Duna Pôr
do Sol, de onde é possível apreciar tanto o
amanhecer como o entardecer no mar. Na
vila existe uma Associação de Bugueiros, que
assim como as agencias receptivas locais,
oferecem passeios a preços acessíveis e com
motoristas treinados e cadastrados.
Uma opção mais slow é o passeio de cavalo
até o Mangue Seco para a melhor apreciação
das belezas da paisagem. No caminho a
Tatajuba é possível visitar um reduto de
cavalos marinhos.
O artesanato é outro destaque em
Jericoacoara, como em praticamente todo
o Ceará, pela riqueza e multiplicidade das
técnicas, (que foram aprimoradas por meio
de oficinas promovidas por instituições como
o Sebrae-CE), pela tradição, e pelos preços
em conta.
CadasturAo contratar serviços para uma viagem, convém verificar se a empresa está cadastrada no Ministério do Turismo. O cadastro dos prestadores de serviços é grande fonte de consulta para o mercado turístico brasileiro e proporciona benefícios para os serviços turísticos cadastrados. Para ter acesso às informações detalhadas sobre os prestadores de serviços regularmente cadastrados, acesse www.cadastur.turismo.gov.br
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Jericoacoara - CE
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Jericoacoara - CE
O segmento de Turismo de Sol e PraiaAntes de haver uma acepção oficial dos segmentos turísticos, turismo de Sol e Praia era denominado das mais variadas formas: Turismo de Sol e Mar, Turismo Litorâneo, Turismo de Praia, Turismo de Balneário, Turismo Costeiro e inúmeras outras. Estes conceitos, em geral, excluíam destinos que estavam longe da orla marítima, como as praias fluviais e lacustres (margens de rios, lagoas e outros corpos de água doce) e praias artificiais, muito comuns no interior do Brasil. A partir dessa constatação e com a finalidade de alinhar e ampliar os conceitos principalmente para fins de formulação de políticas públicas, o Ministério do Turismo elaborou a publicação Turismo de Sol e Praia: Orientações Básicas. Nela, denomina-se o segmento como: Turismo de Sol e Praia constitui-se das atividades turísticas relacionadas à recreação, entretenimento ou descanso em praias, em função da presença conjunta de água, sol e calor. O principal fator de atratividade do segmento de Sol e Praia está na combinação de elementos que complementam a paisagem natural e o clima apropriado à balneabilidade. Estes elementos complementares são a recreação, o entretenimento e o descanso, relacionados ao divertimento, à distração ou contemplação da paisagem.O turista de Sol e Praia apresenta um perfil heterogêneo, desde jovens interessados em novas descobertas e praias isoladas, até famílias compostas de pessoas de
diferentes idades e com necessidades distintas, que buscam no destino atividades que possam atender aos desejos de cada um. O que se pode considerar como característica comum a estes turistas é sua motivação pelo desejo de descanso, práticas esportivas, diversão, novas experiências e busca de vivências e interação com as comunidades receptoras.Um dos aspectos mais marcantes e desafiadores do segmento é a tendência de atrair o turismo de massa sazonal, concentrando um grande número de pessoas na mesma época e em um só lugar. Isto se dá pelas características próprias do produto que se comercializa, o que traz como consequência uma demanda concentrada nos meses de verão ou estiagem (no caso das praias fluviais) e em períodos de férias ou feriados prolongados.Esta tendência, somada a uma falta de planejamento prévio, pode tornar-se uma ameaça para o destino em todos os aspectos da sustentabilidade, havendo o risco de desequilibrar a economia local, sobrecarregar o ambiente com excesso de dejetos e conturbar a vida da comunidade local.Outra característica do segmento é a interação com outros tipos de turismo, como o Turismo Náutico, Turismo Cultural, Aventura e Esportes, diversificando a experiência do turista e a atratividade do destino. Aliás, esta interação com outros elementos é que pode garantir o diferencial e a competitividade do destino e contribuir para equilibrar a sazonalidade típica deste segmento.
12
Jericoacoara - CE
O modelo de gestão descentralizada1
concebido pelo Plano Nacional de Turismo e
implementado pelo MTur prevê a integração
de diversas instâncias da gestão pública e
da iniciativa privada por meio da criação e
organização dos arranjos institucionais.
O projeto Destinos Referência em Segmentos
Turísticos desenvolvido pelo MTur em
parceria com o Instituto Casa Brasil de
Cultura, tem como objetivo criar uma
estratégia de governança local, a partir
do fortalecimento e aperfeiçoamento
de segmentos de mercado, procurando
envolver de forma participativa toda a cadeia
produtiva e instituições relacionadas com o
segmento escolhido, através de prioridades
e estratégias definidas e com foco na
competitividade.
O projeto tem como premissa a
participação efetiva dos representantes
locais, fortalecendo as entidades públicas
e privadas, o trade e as organizações não
governamentais, levando à formação de
um Grupo Gestor que assume o papel
de líder do processo, buscando assim
garantir a continuidade das ações na área
do turismo, resultados mercadológicos e a
sustentabilidade do destino.
Assim, foram escolhidos dez destinos
com características diferentes, em
1. Ministério do Turismo: www.turismo.gov.br
regiões diferentes, para que suas
experiências contribuam para criar uma
base metodológica que possa servir de
modelo para outros destinos no Brasil,
validando e consolidando a estratégia de
desenvolvimento de políticas públicas, e de
ampliação e diversificação da oferta turística
nacional.
Projeto Destinos Referência em Segmentos Turísticos
A Pedra Furada, um dos cartões postais mais
famosos do Ceará – resultado de um belo
trabalho da ação dos ventos, do mar e do
tempo – pode ser visitada durante a maré
baixa, passando pelas praias Malhada e do
Pontal, numa caminhada de cerca de 3 km. É
impossível resistir e não tomar um banho de
mar.
Com seus belos atrativos, o destino faz
parte da Rota das Emoções, um roteiro
integrado com os Estados vizinhos, que
envolve paraísos naturais como a Área de
Proteção Ambiental do Delta do Parnaíba
(PI) e o Parque Nacional dos Lençóis
Maranhenses (MA), além do Parque Nacional
de Jericoacoara (CE). Este roteiro, que oferece
aventura, praia e ecoturismo, foi premiado
em 2009 pelo Ministério do Turismo com o
Troféu Roteiros do Brasil, sendo considerado
um caso de sucesso do Programa de
Regionalização do Turismo na categoria
Roteiro Turístico.
Para os praticantes e apreciadores de
esportes de aventura, Jeri também tem
o cenário ideal. Os bons ventos da região
proporcionam condições perfeitas para a
prática de surf, windsurf e kitesurf. Além
disso, são muito populares o sandboard e a
capoeira.
Além das atividades de ecoturismo e
aventura, o visitante pode desfrutar
de serviços de massagem, jantares em
charmosos restaurantes, curtir um happy
hour num bar tranquilo ou em casas
com música ao vivo, tudo no relaxado e
descontraído ritmo de Jeri.
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Jericoacoara - CE
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Jericoacoara - CE
Destino referência em Turismo de Sol e Praia
É um grande desafio escolher um destino
para ser referência no segmento de Sol
e Praia em um país com cerca de 8 mil
quilômetros de litoral, além de inúmeras
praias fluviais e lacustres que movimentam
o turismo no interior do país. Assim, com
inúmeros destinos já consolidados neste
segmento, que é o mais procurado do
turismo nacional, havia uma infinidade de
opções.
Porém, a escolha de Jericoacoara para servir
de referência foi motivada por este ser um
destino ainda em desenvolvimento, com
uma série de desafios ambientais e sociais,
mas onde seria possível trabalhar conceitos
e práticas de sustentabilidade e arranjo
institucional, criando experiências que
pudessem ser replicadas em outros destinos.
O Nordeste brasileiro naturalmente
representa a vocação do Brasil para o
turismo de Sol e Praia, tanto pelos seus
aspectos climáticos e praias com águas
mornas quanto por suas características
culturais, como a hospitalidade e alegria do
seu povo. A música, a dança, o artesanato, a
gastronomia e as festas populares colocam
as praias do Nordeste em evidência nos
contextos nacional e internacional. Porém,
o turismo nacional amadureceu muito nos
últimos anos, e deixou para trás a ilusão de
que somente vocação basta para obter um
destino de sucesso e sustentável. Por isso
mesmo é que o projeto Destinos Referência
optou por Jericoacoara para trabalhar
este segmento, com todos os desafios e
oportunidades que um destino emergente
pode apresentar.
Logo nas primeiras visitas técnicas ao destino,
foi verificado que Jericoacoara apresentava
alguns entraves quanto à articulação
institucional, crescimento desordenado e
20
Jericoacoara - CE
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Jericoacoara - CE
ocupação irregular de diversas áreas que
deveriam permanecer de livre trânsito para a
comunidade e os visitantes. Outro fator que
comprometia o desenvolvimento do destino
era um alto índice de informalidade entre
os prestadores de serviços e a falta de auto-
organização dos setores.
Esta visão motivou a escolha e a estratégia
de aproximação. Assim como em outros
destinos do projeto, foram envolvidas as
entidades parceiras locais, identificadas com
o segmento. As primeiras entidades a apoiar
o projeto, além do Ministério do Turismo,
foram a Secretaria de Turismo do Estado do
Ceará, a Secretaria Municipal de Turismo
de Jericoacoara e o Sebrae-CE, a principal
entidade parceira local conveniada para o
desenvolvimento do projeto.
Devido a este cenário, as primeiras reuniões
no destino foram realizadas separadamente
com os empresários dos quatro principais
setores: meios de hospedagem, alimentação,
receptivos (esporte) e comércio.
O primeiro objetivo foi despertar o
autoconhecimento, identificar o papel de
cada um no seu negócio, no turismo e na
comunidade. Depois os quatro grupos
foram reunidos e foram desenvolvidos
trabalhos participativos, que culminariam
com a formação do arranjo institucional.
Nestas reuniões foram apresentadas outras
iniciativas e projetos em andamento
enfraquecidos por falta de uma dinâmica
cooperada.
Também se apresentaram entidades
empresariais pré-formadas ou
desestruturadas e não atuantes, tudo isso
como forma de evidenciar a importância da
cooperação e do trabalho conjunto.
Para instituir o Arranjo Institucional do
destino, o Ministério do Turismo e a Casa
Brasil, com o apoio dos órgãos estaduais e
municipais de turismo e Sebrae-CE, além
dos conselhos e associações estaduais e
locais afins, implementaram a Metodologia
Cores de Gestão de Destinos Turísticos, que
consiste em técnicas e ações participativas e
cooperadas, em que se define a atribuição de
cada um dos atores.
Importante observar que os empresários
de Jericoacoara, em sua quase totalidade,
não são cearenses, mas oriundos de outros
Estados brasileiros ou estrangeiros. Esta
situação era um dos principais motivos para
uma cultura pouco integrada. Na verdade,
eles não se comunicavam, competiam,
sem enxergar que separados, contribuíam
para a degradação do destino. Os primeiros
encontros com os grupos empresariais, um
por vez, confirmaram essa observação. As
pessoas chegavam desconfiadas, criticando
o que não funcionava e sem acreditar que
algo novo pudesse estar acontecendo.
23
Jericoacoara - CE
Após uma série de reuniões utilizando a
Metodologia Cores foi possível atingir de fato
o sentimento de que a união dos empresários
e da comunidade em torno de uma instância
de governança local era indispensável,
necessária e urgente para o desenvolvimento
e sustentação do destino, inclusive na
interlocução das parcerias com os gestores
públicos.
O modelo definido foi a constituição de
uma Agência de Desenvolvimento – Adetur
Jeri, criada em assembleia em agosto de
2008, com a participação de mais de 50
empresários, comprometidos em criar
ou consolidar as entidades empresariais
setoriais. Essa iniciativa revigorou outras
associações de alguma forma constituídas e
ficou marcada como a Ação Símbolo neste
destino. Com esta unidade de planejamento
foram estabelecidas conexões com outros
projetos em curso no destino, de iniciativa do
próprio Ministério do Turismo ou dos órgãos
estaduais e municipais, e ainda de entidades
como o Sebrae.
Outra ação a ser destacada foi o trabalho
desenvolvido pelas artesãs de Jericoacoara
durante a Vivência Elo Cultural, que
apresentou um desfile na praia com peças
artesanais criadas pelas próprias artesãs. A
coleção ganhou uma marca – Mundo Jeri:
Cultura, Natureza e Magia. No total, 15 peças-
piloto foram exibidas pelas modelos durante
o desfile. Para chegar a este resultado, o
Sebrae-CE envolveu 40 artesãs da região,
realizou o diagnóstico de sua atividade,
identificou demandas e elaborou sugestões
para a estruturação da ação Vivência Elo
Cultural. Depois disso, foi feito um trabalho
de articulação com as artesãs, com oficinas
preparatórias com foco no associativismo,
nas relações humanas e no aperfeiçoamento
das técnicas do crochê.
24
Jericoacoara - CE
25
Jericoacoara - CE
Resultados alcançados
O projeto Destino Referência em Turismo
de Sol e Praia realizado em Jericoacoara
atingiu o objetivo da construção de um
modelo referencial dotado de parâmetros
para o desenvolvimento sustentável do
turismo de Sol e Praia, como base para outros
destinos turísticos do segmento no Brasil,
adaptando-o e adequando-o às diferentes
situações e soluções.
O exemplo de Jericoacoara, que conseguiu
transformar uma realidade de crescimento
desordenado – que certamente levaria o
destino a um possível colapso – em uma
situação de desenvolvimento participativo
e cooperado, em que cada um conhece
e executa seu papel na comunidade e no
turismo, poderá ser replicado em outros
destinos que queiram desenvolver o
segmento de Turismo de Sol e Praia em seu
destino.
Um acompanhamento técnico dos
arranjos institucionais, e principalmente, o
fortalecimento do conselho municipal e de
sua interlocução com o órgão estadual de
turismo, e deste com as instâncias regionais
e com o Ministério do Turismo, são o ideal
para a consolidação do Sistema Nacional do
Turismo.
O futuro será de entidades empresariais
fortes e arranjos institucionais dinâmicos,
que tenham base em planejamentos de
curto, médio e longo prazos, feitos dentro
da boa técnica, com legitimidade e pela
participação de todos os envolvidos do setor
e da comunidade local.
O que realmente foi criado pela ação da
Casa Brasil através do Método Cores e que
pode ser reaplicado com sucesso em outros
destinos brasileiros foi a formação do Grupo
Gestor de projetos. Em síntese, isso significa
a existência de um conjunto de atores
(pessoas) que representam os interesses
públicos, privados e da sociedade local,
relacionados com os projetos do destino.
Para a equipe técnica da Casa Brasil, esta
deve ser a tônica na maioria dos destinos
turísticos brasileiros que ainda apresentam
falta de integração, de estruturação e de
representatividade dos setores. O arranjo
institucional é a base para qualquer projeto
de desenvolvimento sustentável.
Resultados do projeto
• Participação ativa dos empresários e mobilização para adesão desde o início do projeto
• Governança local representativa e atuante
• Atuação continuada e liderança do empresariado local
• Preparação de materiais promocionais para o destino
• Qualificação na produção associada ao turismo, envolvendo 40 artesãs da região, com foco no associativismo, nas relações humanas e de aperfeiçoamento das técnicas do crochê
• Realização de desfile na praia com peças artesanais criadas pelas artesãs de Jericoacoara
• Constituição de uma Agência de Desenvolvimento – Adetur Jeri
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Jericoacoara - CE
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Jericoacoara - CE
Todo programa relevante de turismo que
envolva recursos públicos e privados,
produza impactos importantes no destino
e mobilize uma diversidade de esforços e
investimentos deve ter seu grupo gestor.
Este grupo deve se reportar ou participar
do Conselho Municipal do Turismo, que
por sua vez se reporta ou participa do
Conselho Estadual, que é presidido pelo
secretário ou dirigente estadual de Turismo.
O dirigente estadual deve integrar o Fórum
Nacional dos Secretários e Dirigentes
Estaduais de Turismo (Fornatur), que é
parte do Conselho Nacional do Turismo,
presidido pelo ministro do Turismo. Aí
está o Sistema Nacional do Turismo, que
estabelece uma conexão e interação desde
o programa no destino até o MTur, que é o
responsável pela implementação do Plano
Nacional do Turismo, seus projetos e ações,
democraticamente construído com uma
ampla participação do trade e da sociedade.
Para saber mais:www.turismo.gov.brwww.ce.sebrae.com.brwww.cadastur.turismo.gov.br
Equipe Ministério do TurismoCoordenação Geral
Ricardo Martini MoeschTânia Brizolla
Coordenação TécnicaAna Clévia Guerreiro LimaJurema MonteiroRosiane RockenbachSáskia Lima
Equipe técnicaBrena CoelhoCarolina CamposFabiana OliveiraLaura MarquesPhilippe FigueiredoTalita PiresWilken Souto
ColaboraçãoAna Beatriz Borges SerpaAlessandra LannaBárbara Blaut RangelCristiano BorgesLuis Eduardo DelmontMarcela SouzaPriscilla GrintzosRafaela LehmannSalomar Mafaldo
Equipe Instituto Casa Brasil de CulturaCoordenação do projeto
Marcelo SafadiCoordenação operacional e assistência técnica
Priscila VilarinhoConsultores dos destinos
Marcos Pompeu – São João del Rei (MG) e Jericoacoara (CE)Priscila Vilarinho – Brasília (DF), Paraty (RJ) e Ribeirão Preto (SP)Rodrigo Lopes – Serra Geral (SC), Lençóis (BA) e Socorro (SP)Ricardo Silva – Santarém (PA) e Barcelos (AM)
Consultores de apoioAlessandra SchneiderFelipe ArnsMarcos Martins Borges Paulo d’Ávila FerreiraRoberto MourãoThiago Dias
Apoio administrativoJairo Mendonça Júnior
Assistência técnica adminstrativaBreno Mendonça Vieira
© Instituto Casa Brasil de Cultura. Goiânia, 2010
Destinos de Referência em TurismoSegmento: Turismo de Sol e PraiaDestino: Jijoca de Jericoacoara – CEParceiro executor local: Sebrae-CE
Coordenação editorialWolney Unes
TextoAlessandra Schneider
Projeto gráfico e capa Samara Bitencourt
DiagramaçãoMarcus Lisita Rotoli
FotografiaBanco de Imagens MTur:Christian KnepperJ. Wagner da SilvaRicardo Rollo
Revisão Camila Pessoa
ApoioAcolhida na Colônia AbetaCasa AzulBeltaInstituto DharmaConvention BureauAvapePrefeitura de SocorroSebrae-CEAmazonasTurSecretaria de Turismo de Barcelos
ImpressãoMarques e Bueno Ltda. (Gráfica Talento)
Sumário
Presidente da República Federativa do Brasil
Luiz Inácio Lula da Silva
Ministro de Estado do Turismo
Luiz Eduardo Pereira Barretto Filho
Secretário-Executivo
Mário Augusto Lopes Moyses
Secretário Nacional de Políticas do Turismo
Carlos Silva
Diretor do Departamento de Estruturação, Articulação e Ordenamento Turístico
Ricardo Martini Moesch
Coordenadora-Geral de Segmentação
Sáskia Freire Lima de Castro
Coordenadora-Geral de Regionalização
Ana Clévia Guerreiro Lima
Coordenadora-Geral de Informação Institucional
Isabel Cristina da Silva Barnasque
Coordenadora-Geral de Serviços TurísticosRosiane Rockenbach
A Chapada DiamantinaApresentação
O turismo na Chapada Diamantina
O turismo de aventura na Chapada Diamantina
Projeto Destinos Referência em Segmentos Turísticos
Destino referência em Turismo de Aventura
Resultados alcançados
5
5
7
13
19
22
28
Apresentação
Portão de entrada para a Chapada
Diamantina, Lençóis é um lugar
impressionante, que reúne a magia da
Bahia, um rico patrimônio histórico-
cultural tombado pelo Iphan e a natureza
extraordinária do Parque Nacional da
Chapada Diamantina. Considerada um
dos melhores destinos de Ecoturismo e
Aventura do Brasil, a região possui centenas
de atrativos naturais como grutas, lagos,
montanhas e cachoeiras de todos os
tamanhos – cercados de lendas e mitos
–, cenários para aventuras e experiências
profundas, como caminhadas de vários
dias pelos vales e montanhas da Chapada
Diamantina, trekkings, ou momentos de
relaxamento para quem quer um contato
mais sutil com a natureza.
Outro aspecto que se destaca em Lençóis
é que, apesar de ser uma cidade pequena
do sertão da Bahia, vibra na região uma
energia mística e cosmopolita, com pessoas
do mundo inteiro que vêm à procura de um
lugar encantado.
Mas é impossível falar apenas de Lençóis
quando se tem em vista toda a dimensão e
a diversidade da Chapada Diamantina, que
envolve muitos outros municípios como
Palmeiras/Vale do Capão, Andaraí/Igatu e
Mucugê, cada um com suas peculiaridades e
atrativos.
Localizada a cerca de 400 km de Salvador,
há diversas formas de chegar à Chapada
Diamantina, e grande parte delas sugere
um tempo de permanência de uma semana.
Todos os sábados há voos regulares a partir
de Salvador. As agências de receptivo
prestam serviços de traslado privativo e
oferecem roteiros regulares completos, que
contribuem para reduzir o custo da viagem.
Para os viajantes independentes, o acesso de
carro a partir de Salvador pode ser feito pela
BR-324 até Feira de Santana. A partir daí, o
motorista pode decidir entre dois caminhos:
ou pela BR-116 até o entroncamento com
a BR-242 (Rodovia Bahia-Brasília) ou pela
BA-052 até o município de Ipirá, e daí até
Itaberaba. Depois desta cidade, os dois
caminhos se reencontram e seguem pela BR-
242, até o trevo de acesso à cidade. Daí até
Lençóis são apenas mais 12 km. Há também
vários horários diários de ônibus a partir de
Salvador e a viagem dura cerca de seis horas.
A Chapada Diamantina
7
Lençóis - BA
O turismo na Chapada Diamantina
A Chapada Diamantina emergiu como
destino turístico em meados dos anos 70,
quando foi escolhida por aventureiros de
várias nacionalidades, atraídos pela natureza
exuberante em harmonia com arquitetura
colonial em ótimo estado de conservação
devido ao isolamento e à estagnação do
crescimento econômico no séc. XX.
Já nos anos 80, a região teve seu maior
desafio com a criação do Parque Nacional
da Chapada Diamantina. Este desafio
logo se tornou uma oportunidade de
desenvolvimento sustentável. As poucas
pessoas, que até então ainda viviam
basicamente da extração de diamantes
e pequenas produções de agricultura
e pecuária, tiveram suas atividades
redirecionadas para áreas fora dos limites do
parque. Além deste fato, o crescente interesse
pelo Ecoturismo e pelo Turismo de Aventura
possibilitou uma virada econômica para a
região, onde os garimpeiros mais velhos se
aposentaram e os mais novos começaram
a se adaptar a novas atividades, inclusive
algumas ligadas ao turismo.
Aos poucos, pessoas da comunidade
e recém-chegados tornaram-se
empreendedores locais, abrindo pousadas,
restaurantes, agências, lojas de artesanato
e outros serviços para atender a uma
demanda de visitantes ávida por aventura.
Com a melhoria da estrutura, na década
de 90, algumas operadoras de turismo
especializadas em natureza e aventura
começaram a promover excursões para
a Chapada Diamantina, o que mudou
radicalmente a história do destino.
Atualmente a Chapada apresenta uma nova
imagem, pois atende, além dos aventureiros,
um perfil mais amplo de viajantes, uma vez
que oferece serviços e atividades focados
em padrões de excelência, acessíveis para
famílias com crianças, idosos ou pessoas que
querem estar em contato com a natureza,
sem deixar de lado conforto, charme e
requinte.
Para o turismo, o resultado são serviços de
hotéis e restaurantes refinados e charmosos,
a princípio incomuns para um destino tão
isolado. No centro histórico há inúmeras
e bem qualificadas agências de turismo,
que oferecem excelentes opções de trilhas
e roteiros emocionantes, planejados
sob o conceito de Aventura Segura,
proporcionando aos visitantes experiências
inesquecíveis e dimensionadas para atender
a suas expectativas e possibilidades.
As opções de hospedagem são
surpreendentes e há uma grande diversidade
8
Lençóis - BA
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Lençóis - BA
e quantidade de hotéis e pousadas com
estilo e requinte. Desde casas de famílias e
albergues até pousadas de charme e hotéis
de médio porte, há opções com conforto
para os mais diversos públicos, inclusive
famílias com crianças.
A diversidade cultural e o caráter
cosmopolita de Lençóis se refletem em sua
gastronomia, que oferece boas surpresas
aos seus visitantes. A culinária tradicional
está presente em pratos típicos, de origem
sertaneja, tropeira e garimpeira, como o
feijão de corda, carne de bode, godó de
banana, cortado de palma, batata da serra
e outros. Há restaurantes de comida caseira
por quilo e lanches caprichados para quem
volta da trilha. Os empreendedores, vindos
das mais variadas regiões, trouxeram novos
ingredientes e criaram restaurantes que
servem pratos da culinária internacional
e contemporânea, mas utilizam muitos
produtos locais, proporcionando uma
experiência gastronômica no melhor estilo
slow food. E, como estamos na Bahia,
acarajé e beiju são algumas das delícias
imperdíveis para quem está de passagem
por Lençóis. Uma refeição curiosa no
destino são os lanches de trilha: kits com
sanduíches, frutas desidratadas, doces, sucos
e outras guloseimas naturais que podem ser
levadas na mochila pelos aventureiros para
piqueniques em meio aos mais fascinantes
cenários da Chapada Diamantina.
O artesanato traduz a identidade do
interior da Bahia, do período da exploração
do diamante. A matéria-prima principal
são o couro e a pedra. Um dos principais
ícones é a bruaca, usada pelos burros que
acompanhavam as tropas e cortavam o
sertão no período do garimpo.
As operadoras nacionais especializadas
em Ecoturismo e Turismo de Aventura já
ofertam o destino em pacotes disponíveis
em várias agências do Brasil. Para os viajantes
independentes, há ótimas informações sobre
o destino nos guias impressos nacionais
e internacionais. No site www.chapada.
org há links para as principais empresas e
CadasturAo contratar serviços para uma viagem, convém verificar se a empresa está cadastrada no Ministério do Turismo. O cadastro dos prestadores de serviços é grande fonte de consulta para o mercado turístico brasileiro e proporciona benefícios para os serviços turísticos cadastrados. Para ter acesso às informações detalhadas sobre os prestadores de serviços regularmente cadastrados, acesse www.cadastur.turismo.gov.br
serviços da Chapada, associadas à Chapada
Convention Bureau.
Os sites das pousadas e das agências locais
também oferecem ótimas informações, além
de opções de roteiros e serviços.
13
Lençóis - BA
O Turismo de Aventura na Chapada Diamantina
O Parque Nacional da Chapada Diamantina é
a principal unidade de conservação da região
e guarda alguns dos mais belos conjuntos de
cachoeiras do Brasil. São centenas de quedas
d’água que escorrem entre penhascos, nas
serras cobertas de verde, com uma vegetação
mista de Cerrado, Mata Atlântica e Caatinga.
A Cachoeira da Fumaça, com cerca de 380
m de queda livre, é a segunda mais alta do
País, só superada pela Cachoeira dos Anjos
na fronteira do Brasil com a Venezuela. No
parque há várias trilhas, com diferentes graus
de dificuldade, entre as quais uma das mais
famosas a trilha do Vale do Pati, que atrai
turistas de todo o mundo para se aventurar
em caminhadas de até sete dias, passando
pela Cachoeira da Fumaça, Cachoeirão,
Ruinha, Morro Branco, Funis e Morro do
Castelo e visitando comunidades tradicionais,
esotéricas e alternativas.
Alguns dos principais atrativos ficam nos
municípios do entorno do parque e muitos
deles, no mundo subterrâneo, uma vez que
a região se destaca por possuir o maior
acervo espeleológico da América do Sul,
com cavernas de beleza cênica e grande
importância científica.
As agências locais, capacitadas para atender
às normas de segurança, organizam roteiros
que atendem aos mais diversos perfis de
público. Os mais procurados incluem os
principais atrativos como Igatu, uma antiga e
bem preservada vila de garimpeiros; Vale do
Capão, com suas comunidades alternativas,
terapias holísticas e excelentes e requintadas
pousadas; Morro do Pai Inácio, um dos
lugares de contemplação mais fantásticos
da região e cenário de interessantes lendas
e causos; Vale do Pati; Cachoeira da Fumaça;
Cachoeira do Buracão; Mucugezinho e Poço
do Diabo; além das grutas do Lapão, Lapa
Doce e Fumacinha, entre inúmeros outros
atrativos tão interessantes quanto estes.
As agências também oferecem atividades
específicas, como trekking, escalada
em rocha, mountain bike, cavalgadas,
observação de aves, canionismo, mergulho
em cavernas e o exclusivo cave-jumping.
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Lençóis - BA
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Lençóis - BA
O segmento de Turismo de AventuraQuando o Turismo de Aventura começou a despontar no Brasil, no início dos anos 90, era entendido como uma atividade associada ao Ecoturismo e, muitas vezes, confundido com atividades e esportes de aventura que não tinham relação com o turismo. Com a evolução do mercado e dos conceitos, o Turismo de Aventura passou a ter características estruturais e consistência mercadológica próprias. De acordo com a definição adotada pelo MTur, “Turismo de Aventura compreende os movimentos turísticos decorrentes da prática de atividades de aventura de caráter recreativo e não competitivo.”1 Isso significa que, para ser Turismo de Aventura, é preciso que:
• Haja movimento turístico, ou seja, pessoas se deslocando de seu local de residência habitual e utilizando serviços e equipamentos turísticos no destino;
• O movimento seja motivado pela busca de experiências físicas e sensoriais recreativas que envolvem desafio, riscos avaliados, controláveis e assumidos;
1. Brasil. Turismo de aventura: orientações básicas. Brasília: Ministério do Turismo, 2008. Disponível em www.turismo.gov.br
• As aventuras ocorram em quaisquer espaços: natural, construído, rural, urbano, estabelecido como área protegida ou não;
• Não haja competição, pois, neste caso, as atividades são tratadas no âmbito do segmento Turismo de Esportes e não de Aventura.
Atualmente, o segmento está representado nacionalmente pela Associação Brasileira de Empresas de Turismo de Aventura e Ecoturismo (Abeta),2 formada por pequenos empreendedores de várias partes do país. A associação trabalha na criação de normas técnicas aplicáveis ao Turismo de Aventura, trazendo mais confiabilidade e parâmetros para o desenvolvimento do segmento, com o objetivo de torná-lo mais competitivo nacional e internacionalmente. Uma ação de grande destaque e abrangência nacional é o Programa Aventura Segura,3 uma iniciativa do Ministério do Turismo e Sebrae Nacional, em parceria com a Abeta. Trata-se de uma ação dedicada ao fortalecimento, à qualificação e à estruturação do Ecoturismo e Turismo de Aventura no Brasil, com foco em iniciativas voltadas para o desenvolvimento com qualidade, sustentabilidade e segurança. Para saber mais sobre este segmento, é recomendada a leitura das publicações do Ministério do Turismo e da Abeta sobre o tema.
2. www.abeta.com.br3. www.abeta.com.br/aventura-segura/
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Lençóis - BA
O modelo de gestão descentralizada1
concebido pelo Plano Nacional de Turismo e
implementado pelo MTur prevê a integração
de diversas instâncias da gestão pública e
da iniciativa privada por meio da criação e
organização dos arranjos institucionais.
O projeto Destinos Referência em Segmentos
Turísticos desenvolvido pelo MTur em
parceria com o Instituto Casa Brasil de
Cultura, tem como objetivo criar uma
estratégia de governança local, a partir
do fortalecimento e aperfeiçoamento
de segmentos de mercado, procurando
envolver de forma participativa toda a cadeia
produtiva e instituições relacionadas com o
segmento escolhido, através de prioridades
e estratégias definidas e com foco na
competitividade.
O projeto tem como premissa a
participação efetiva dos representantes
locais, fortalecendo as entidades públicas
e privadas, o trade e as organizações não
governamentais, levando à formação de
um Grupo Gestor que assume o papel
de líder do processo, buscando assim
garantir a continuidade das ações na área
do turismo, resultados mercadológicos e a
sustentabilidade do destino.
Assim, foram escolhidos dez destinos
com características diferentes, em
1. Ministério do Turismo: www.turismo.gov.br
regiões diferentes, para que suas
experiências contribuam para criar uma
base metodológica que possa servir de
modelo para outros destinos no Brasil,
validando e consolidando a estratégia de
desenvolvimento de políticas públicas, e de
ampliação e diversificação da oferta turística
nacional.
Projeto Destinos Referência em Segmentos Turísticos
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Lençóis - BA
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Lençóis - BA
Destino referência em Turismo de Aventura
Em 2007, quando Lençóis foi o destino
selecionado para representar o segmento
de Turismo de Aventura no projeto Destinos
Referência em Segmentos Turísticos, foi
diagnosticada uma realidade comum
a vários destinos de Aventura no Brasil:
excelente potencial natural, mas com uma
baixa capacidade de organização, alto
índice de informalidade e diversas iniciativas
desconexas, gerando um subaproveitamento
deste potencial. Em Lençóis, já havia uma
forte demanda turística no destino, inclusive
internacional, e muitos profissionais atuando
no segmento de Aventura. Porém, os desafios
também eram grandes. Até então, nenhuma
empresa estava adequada às normas de
segurança, os setores não interagiam entre
si e nem com o Poder Público. As poucas
iniciativas de organização local estavam
isoladas e enfraquecidas.
Com este cenário, tiveram início as ações
para a estruturação do destino com foco
no segmento de Turismo de Aventura,
partindo do princípio de que os atores locais
devem se organizar, definir prioridades e
estratégias com foco na competitividade.
Uma aproximação do destino com as
instituições parceiras do projeto (MTur, ICBC
e Abeta) promoveu o primeiro contato para a
apresentação e início de implementação das
ações previstas no projeto Destino Referência
em Turismo de Aventura. Além disso,
procedeu-se à pactuação e ao alinhamento
com o programa Aventura Segura, que seria
implementado pela Abeta, em parceria com
o Sebrae Nacional.
O passo seguinte foi constituir o arranjo
institucional, ou seja, criar o Grupo Gestor,
para conduzir as ações do projeto na
localidade. A criação deste grupo logo
no início foi importante para que ele
pudesse amadurecer e se fortalecer à
medida que o projeto se desenvolvia. Já
no primeiro encontro, a comunidade e o
trade expressaram a intenção de ampliar
a abrangência do projeto para a região
da Chapada Diamantina e incluir outros
municípios que compõem o destino. Esta
ampliação se justificou pelas características
geográficas da região, uma vez que a maior
parte dos equipamentos e serviços se
concentra no município de Lençóis, porém
os atrativos visitados pelos turistas estão no
entorno do Parque Nacional da Chapada
Diamantina, cujos principais acesso são os
municípios de Palmeiras, Andaraí e Mucugê.
A Avaliação Qualitativa foi feita em Lençóis
durante a primeira reunião do Grupo
Gestor, com a presença e participação da
comunidade representada por entidades
dos setores público, privado e terceiro
setor. Nesta etapa foram avaliadas as
dimensões abordadas na Metodologia
Cores de planejamento participativo em
destinos turísticos e identificados os atores
e entidades locais comprometidos com o
processo para criar o Grupo Gestor.
Simultaneamente, a Abeta começou a
implementar o programa Aventura Segura,
a fim de fortalecer o setor, qualificar os
prestadores de serviço e empreendedores
para gestão empresarial e divulgar o Turismo
de Aventura na Chapada em diversas ações
de promoção do Turismo de Aventura no
Brasil.
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Lençóis - BA
Com os resultados da Avaliação Quantitativa
foi elaborado o Plano de Ações, que contou
com a participação ativa da comunidade
na priorização das ações e definição dos
responsáveis. A Estratégia Competitiva foi
estruturada com base nas ações priorizadas
no seminário em Lençóis, na forma de
programas e subprogramas focados no
destino, mas alinhados aos macroprogramas
e programas do Plano Nacional de Turismo
2007-2010. Desta forma, foi possível elaborar
estratégias que contemplam as demandas
locais, alinhadas com as políticas definidas
pelo Ministério do Turismo, facilitando o
acesso a recursos para viabilização das
ações estratégicas do destino. O diagnóstico
realizado no Plano de Ações apontou a
existência de algumas necessidades tais
como:
• Reestruturarefortaleceroarranjo
institucional
• Desenvolverprogramadecapacitação
empresarial
• Criarcampanhapromocionalcomportal
na internet e participação nas feiras
Entre as ações priorizadas no Plano de Ações,
foi escolhida como Ação Símbolo do projeto
a execução de uma campanha promocional
da Chapada Diamantina, com a finalidade
de fortalecer o Grupo Gestor e atrair novos
participantes para o trabalho cooperado.
Esta ação foi liderada por uma das entidades
que compõem o Grupo Gestor, a Associação
dos Empresários de Turismo da Chapada
Diamantina, que desenvolveu um website
(www.chapada.org), produziu material
impresso – um conjunto de prospectos
dos quatro principais destinos na Chapada
Diamantina – e apoiou a participação do
destino nas principais feiras no Brasil.
Durante a execução do projeto, foi realizada
uma série de oficinas setoriais, que contou
com uma representatividade expressiva
dos empreendedores locais. Estas reuniões
tiveram foco nos seguintes setores: agências
de turismo, condutores locais e regionais,
meios de hospedagem, prestadores de
serviços turísticos e comércio em geral.
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Lençóis - BA
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Lençóis - BA
Resultados alcançados
Entre os inúmeros resultados – diretos e
indiretos – das ações realizadas no projeto
Destinos Referência em Turismo de Aventura
na Chapada Diamantina, podemos destacar:
• Estruturaçãoefortalecimentoda
governança local, com o resgate e a criação
de entidades setoriais organizadas – Abeta
Chapada, Chapada Convention, ABIH
Regional – bem como a integração destas
instituições entre si e com os demais setores
• Aintegraçãoregionalpropiciadapela
flexibilização na abrangência do programa,
que a princípio contemplava apenas a
cidade de Lençóis e que, por demanda dos
representantes da própria comunidade,
foi ampliado municípios da Chapada
Diamantina
• OsucessodoProjetodePromoçãoe
Apoio à Comercialização liderado por
entidade local, resultado da aposta na
gestão descentralizada com o convênio
firmado entre o Ministério do Turismo e
a Associação de Empresários de Turismo
da Chapada Diamantina (Asset) para
a promoção do destino no mercado
nacional, com ênfase no segmento de
Turismo de Aventura
• ReativaçãodevooregulardeSalvadorpara
Lençóis
• Altaadesãoesucessonaimplementação
do Programa Aventura Segura e criação da
Comissão Abeta Chapada
• Articulaçãoparaestruturaçãodasbrigadas
de incêndio, liderada pelas Associações de
Guias e apoiada pelo Programa Aventura
Segura através dos cursos e equipamentos
• Realizaçãodesemináriodemultiplicação,
oficina de projeto e visita técnica com a
participação do Grupo Gestor do projeto,
empresários e comunidade do destino,
além de representantes de outros destinos
com vocação para o desenvolvimento de
Turismo de Aventura
A Chapada Diamantina naturalmente
apresenta uma vocação para o turismo
tanto por sua natureza privilegiada quanto
pela cultura e patrimônio preservadas na
arquitetura das cidades e no costume de seus
habitantes.
Mesmo com o fato de o destino ter avançado
muito na qualificação da oferta de Turismo
de Aventura, a partir do programa Aventura
Segura, é importante que a governança local
continue atuante, para que possa orientar as
ações empreendidas e as políticas públicas
para a mesma direção. Este é, sem dúvida, o
maior desafio da Chapada Diamantina como
destino de Turismo de Aventura.
A região apresenta capacidade de competir
internacionalmente no segmento proposto,
e em alguns quesitos possui mesmo fortes
diferenciais competitivos, tais como:
concentração de agências de turismo
com foco na operação de atividades de
aventura; clima estável, favorável à prática
das atividades durante a maior parte do
ano; diversidade de cenários naturais, que
possibilitam a diversificação da oferta de
atividades, e ainda um Parque Nacional, que
por si já é um importante atrativo turístico.
O processo de qualificação da Chapada
Diamantina no segmento de Turismo de
Aventura não é estático e necessita ser
orientado para o amadurecimento da
governança regional, que poderá então
conduzir o processo, buscando excelência
nos serviços e sintonia com as diretrizes
nacionais. A experiência do projeto Destinos
Referência poderá pontuar as próximas
etapas fundamentais na qualificação do
destino, como o apoio ao fortalecimento
da organização setorial, amparado por
um planejamento estratégico de longo
prazo, voltado para qualificação da oferta e
posicionamento no mercado.
Para saber mais:www.turismo.gov.brwww.abeta.org.brwww.aventurasegura.org.brwww.inmetro.gov.brwww.chapada.orgwww.cadastur.turismo.gov.br
Equipe Ministério do TurismoCoordenação Geral
Ricardo Martini MoeschTânia Brizolla
Coordenação TécnicaAna Clévia Guerreiro LimaJurema MonteiroRosiane RockenbachSáskia Lima
Equipe técnicaBrena CoelhoCarolina CamposFabiana OliveiraLaura MarquesPhilippe FigueiredoTalita PiresWilken Souto
ColaboraçãoAna Beatriz Borges SerpaAlessandra LannaBárbara Blaut RangelCristiano BorgesLuis Eduardo DelmontMarcela SouzaPriscilla GrintzosRafaela LehmannSalomar Mafaldo
Equipe Instituto Casa Brasil de CulturaCoordenação do projeto
Marcelo SafadiCoordenação operacional e assistência técnica
Priscila VilarinhoConsultores dos destinos
Marcos Pompeu – São João del Rei (MG) e Jericoacoara (CE)Priscila Vilarinho – Brasília (DF), Paraty (RJ) e Ribeirão Preto (SP)Rodrigo Lopes – Serra Geral (SC), Lençóis (BA) e Socorro (SP)Ricardo Silva – Santarém (PA) e Barcelos (AM)
Consultores de apoioAlessandra SchneiderFelipe ArnsMarcos Martins Borges Paulo d’Ávila FerreiraRoberto MourãoThiago Dias
Apoio administrativoJairo Mendonça Júnior
Assistência técnica adminstrativaBreno Mendonça Vieira
© Instituto Casa Brasil de Cultura. Goiânia, 2010
Destinos de Referência em TurismoDestino: Lençóis, Chapada Diamantina – BAParceiros executores locais: Associação Brasileira de Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta)
Coordenação editorialWolney Unes
TextoAlessandra Schneider
Projeto gráfico e capa Samara Bitencourt
DiagramaçãoMarcus Lisita Rotoli
FotografiaBanco de Imagens MTur:Bento VianaWerner ZotzAcervo do Instituto Casa Brasil de Cultura: Marcelo Safadi
Revisão Camila Pessoa
ApoioAcolhida na Colônia AbetaCasa AzulBeltaInstituto DharmaConvention BureauAvapePrefeitura de SocorroSebrae-CEAmazonasTurSecretaria de Turismo de Barcelos
ImpressãoMarques e Bueno Ltda. (Gráfica Talento)
Sumário
Presidente da República Federativa do Brasil
Luiz Inácio Lula da Silva
Ministro de Estado do Turismo
Luiz Eduardo Pereira Barretto Filho
Secretário-Executivo
Mário Augusto Lopes Moyses
Secretário Nacional de Políticas do Turismo
Carlos Silva
Diretor do Departamento de Estruturação, Articulação e Ordenamento Turístico
Ricardo Martini Moesch
Coordenadora-Geral de Segmentação
Sáskia Freire Lima de Castro
Coordenadora-Geral de Regionalização
Ana Clévia Guerreiro Lima
Coordenadora-Geral de Informação Institucional
Isabel Cristina da Silva Barnasque
Coordenadora-Geral de Serviços TurísticosRosiane Rockenbach
ParatyApresentação
O Turismo em Paraty
O Turismo Cultural em Paraty
Projeto Destinos Referência em Segmentos TurísticosDestino referência em Turismo Cultural
Resultados alcançados
5
5
8
13
21
22
26
ApresentaçãoParaty é um destino turístico reconhecido nacionalmente por seu patrimônio histórico e cultural, com seu casario e igrejas em estilo colonial, calendário cultural diversificado, celebrações de festas religiosas tradicionais e suas manifestações artísticas, além das belas praias e ilhas que integram a magia da Mata Atlântica. Neste cenário, viveram e ainda vivem interessantes personagens da história brasileira. Tais atributos demonstram o potencial de Paraty para se projetar como um destino de Turismo Cultural.São inúmeros os motivos que fazem desta cidade um destino com um charme inconfundível. A cidade é encantadora quando se conhece de perto a rica cultura local, que torna vivo o merecido título de Patrimônio Histórico Nacional que Paraty possui. Com localização estratégica, entre as capitais do Rio de Janeiro e de São Paulo, Paraty há muitos anos começou a atrair um fluxo de visitantes que passou a demandar serviços turísticos. Esse fluxo hoje garante uma diversificada e qualificada oferta de hotéis, pousadas, restaurantes e atividades. O ambiente cultural do município – caracterizado pelo conjunto arquitetônico singular de seu Centro Histórico e por um entorno paisagístico natural de beleza exuberante – ganha vida em manifestações e expressões artísticas autênticas que representam a identidade das mais diversas
culturas que compõem a essência do povo paratiense: indígena, africana e portuguesa. Tudo pode ser visto e sentido nos ateliês dos artistas plásticos, na dança, na música, no folclore, no artesanato e na gastronomia, que integram um grande mosaico cultural, tanto na cidade quanto nas comunidades tradicionais, sítios e caminhos históricos do seu entorno.Com um calendário cultural diversificado, Paraty passou a integrar o seleto grupo de destinos capazes de realizar eventos de qualidade, indutores de fluxo turístico. Entre os inúmeros eventos realizados anualmente, os destaques são para a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), momento em que a cidade tem oportunidade de reunir escritores e leitores de todo o mundo, e para a Festa do Divino, evento popular tradicional, de caráter religioso, realizado entre maio e junho.Atualmente, chegar a Paraty é muito fácil. A rodovia Rio–Santos dá acesso tanto para quem vem de São Paulo quanto do Rio de Janeiro. É possível vir de carro próprio, alugado, ônibus regulares ou com os serviços de traslados oferecidos pelas agências locais. Muitas agências e operadoras nacionais e internacionais têm Paraty disponível em seus catálogos, facilitando a organização das viagens. Para os viajantes independentes, há informações sobre Paraty em vários guias de viagem e nos portais da internet, onde uma simples pesquisa sobre o destino já demonstra a diversidade da oferta disponível em Paraty.
Paraty
8
Paraty - RJ
9
Paraty - RJ
O turismo em Paraty
No extremo sul do Estado do Rio de Janeiro,
na divisa com São Paulo, situa-se Paraty,
no fundo da Baía da Ilha Grande e aos pés
da Serra da Bocaina. Com esta geografia
peculiar, Paraty foi privilegiada com praias
esplêndidas de águas verdes e transparentes.
Sua baía, crivada de ilhas paradisíacas, é o
cenário dos inesquecíveis passeios de escuna
e mergulhos entre os belos peixes e corais.
As trilhas na Mata Atlântica e as cachoeiras
do entorno, com destaque para o Parque
Nacional da Serra da Bocaina, são grandes
atrativos para praticantes de ecoturismo e em
busca de aventura.
Hospedar-se em Paraty é uma agradável
experiência, seja no centro histórico, em
frente às praias ou próximo às cachoeiras da
serra. Há centenas de charmosas pousadas
e hotéis construídos em estilo colonial
oferecendo hospedagem em apartamentos
confortáveis, com áreas de lazer decoradas
com vegetação nativa, o que torna os
ambientes muito aconchegantes. As reservas
podem ser feitas por telefone ou via internet.
Paraty também é famosa pela qualidade
de sua gastronomia, ofertando desde as
tradicionais receitas caiçaras e indígenas,
iguarias portuguesas e africanas, a pratos
da culinária internacional. A maior parte dos
restaurantes se localiza no centro histórico,
oferecendo grande diversidade de serviços,
muitos com música ao vivo. Os doces típicos
locais, como o pé-de-moleque, o maçapão
e o manuê-de-bacia, chamam atenção pelo
paladar e pela forma como são vendidos,
por ambulantes nas ruas do centro histórico
em carrinhos de madeira. A todo momento
um carrinho de doces cruza por quem está
perambulando pelo centro histórico, o que
pode ser um bom convite a recarregar as
energias e continuar o passeio.
Outra atração gastronômica imperdível em
Paraty é a fabricação artesanal de cachaça,
tradição que remonta ao século XVIII. O
município já chegou a ter mais de 200
engenhos e casas de moenda, e possui
atualmente cinco engenhos artesanais em
funcionamento, incluindo roda d’ água,
moenda, barris de carvalho, fogão de cobre e
fogo à lenha.
Paraty respira arte, o que pode ser percebido
em suas ruas. O rico artesanato tem fortes
raízes na história de intenso intercâmbio
cultural da cidade e há produtos com
características muito interessantes. As
habilidades manuais são passadas de
geração em geração, principalmente entre
as mulheres, e são um complemento das
atividades econômicas básicas (pesca e
lavoura) do caiçara1. Os produtos típicos
do artesanato paratiense são trabalhos em
tecido, madeira, cabaças, fibras vegetais e
papel machê, com destaque para as bonecas
de pano, barcos e remos de madeira e as
máscaras. Há também vários artistas, locais
e vindos de outros cantos do mundo, que
se inspiram nos cenários de Paraty para criar
obras de arte dignas das melhores galerias.
As agências locais de receptivo oferecem
inúmeros serviços turísticos e são uma
boa referência para quem quer se divertir,
aventurar-se ou vivenciar experiências
culturais com conteúdo e segurança. Com
1. Palavra de origem tupi que se refere aos habitantes e à cultura das zonas litorâneas dos litorais paranaense, paulista e do sul do Rio de Janeiro. As comunidades caiçaras nasceram a partir da miscigenação de brancos de origem portuguesa com grupos indígenas das regiões litorâneas de São Paulo (tupinambás).
11
Paraty - RJ
300 praias, 65 ilhas, cinco unidades de
conservação de Mata Atlântica, centenas de
cachoeiras e uma população local acolhedora
e criativa, não falta o que fazer em Paraty. Há
praticamente de tudo, para todos os gostos.
As agências locais oferecem excelentes
opções de ecoturismo e aventura, como
passeios de barco, mergulho, rafting, trekking,
passeios off-road e arvorismo. É importante
procurar as agências legais, cadastradas no
Ministério do Turismo2 e que seguem as
normas de segurança para estas atividades.
2. www.paratycvb.com.br/calendario.htm
CadasturAo contratar serviços para uma viagem, convém verificar se a empresa está cadastrada no Ministério do Turismo. O cadastro dos prestadores de serviços é grande fonte de consulta para o mercado turístico brasileiro e proporciona benefícios para os serviços turísticos cadastrados. Para ter acesso às informações detalhadas sobre os prestadores de serviços regularmente cadastrados, acesse www.cadastur.turismo.gov.br
13
Paraty - RJ
O Turismo Cultural em Paraty
O centro histórico de Paraty é um convite a
uma verdadeira viagem ao passado. Como
não são permitidos carros nesta parte
da cidade, o casario bem conservado e
representativo das arquiteturas dos séculos
XVIII e XIX, pode ser admirado em um passeio
a pé por suas ruas irregulares, calçadas com
pedras no estilo pé-de-moleque. As sutilezas
históricas de Paraty são muitas e quase
intocadas, como o símbolo enigmático dos
maçons nas paredes de inúmeras casas do
século XVII, a forma labiríntica de suas ruas
ou os lampiões que iluminam a noite, dando
um charme especial aos casarões.
Entender um pouco do contexto histórico
é interessante para compreender como
e por que esta cidade se tornou um local
tão interessante para visitar. A Vila de
Paraty teve nos primeiros séculos de sua
história uma importância estratégica no
cenário histórico brasileiro. Nesta época
foi entreposto comercial utilizado para a
entrada de mercadorias e escravos e porto
para o escoamento do ouro das Minas e
posteriormente para o café do Vale do
Paraíba. Todo este movimento econômico
criou uma cidade dinâmica, receptiva aos
estrangeiros que circulavam por ali e traziam
as novidades do mundo.
Porém, a abertura de novos caminhos
e a criação de rotas alternativas dentro
do País reduziu a importância do porto
e gradativamente isolou Paraty. Esse
contexto de isolamento geográfico durou
aproximadamente cem anos e teve como
consequência direta um processo de
estagnação econômica. Somente na década
de 1970, com a construção da rodovia Rio–
Santos, Paraty voltou a se integrar ao novo
ambiente econômico da região. A rodovia
permitiu o acesso do público a um dos
mais íntegros sítios históricos brasileiros e
à maior área contínua preservada da Mata
14
Paraty - RJ
Atlântica do país. Se o isolamento geográfico
e a estagnação econômica impediram
o crescimento de Paraty, por outro lado
garantiram a preservação e a integridade
de seus patrimônios naturais e culturais,
elementos que a diferenciam de outras
cidades brasileiras e que se constituem hoje
em sua maior riqueza e fator de atratividade
turística para a região.
Na área ambiental, Paraty abriga importantes
unidades de conservação da Mata Atlântica,
o bioma mais ameaçado do Brasil, com áreas
de proteção ambiental (APAs), estações
ecológicas e o Parque Nacional da Serra da
Bocaina, conjunto inserido na Reserva Mundial
da Biosfera, reconhecida pela Unesco.
Na área cultural, há desde o consagrado city-
tour pelo centro histórico até vivências de
culturas tradicionais nos quilombos e aldeias
indígenas, além de passeios interpretativos
pelo Caminho do Ouro e museus da região.
Ainda no centro histórico, há a Casa da
Cultura, um espaço interativo que permite
conhecer mais sobre a cultura e história de
Paraty. Os eventos culturais, tradicionais e
contemporâneos, trazem visitantes para a
cidade durante o ano todo. Vale conferir o
calendário3 da cidade antes de programar a
viagem.
3. BRASIL. Turismo Cultural: orientações básicas. Ministério do Turismo, Brasília: 2008. Disponível em www.turismo.gov.br
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Paraty - RJ
17
Paraty - RJ
O segmento de Turismo CulturalA relação entre turismo e cultura é histórica. Desde os primeiros movimentos turísticos do mundo moderno, muitos foram motivados pela busca de conhecimento e pela cultura de lugares distantes. No Brasil, recentemente o setor turístico passou a entender melhor esta relação e a estudar formas de empregar a pluralidade da cultura brasileira para desenvolver a oferta de pro dutos de Turismo Cultural autênticos. Esse segmento tem a capacidade de promover e preservar a cultura de um destino, além de oferecer às comunidades bem-estar e a oportunidade de participação. Desta forma, cultura e turismo configuram, em suas diversas combinações, um segmento denominado Turismo Cultural, que se materializa quando o turista é motivado a se deslocar especialmente com a finalidade de vivenciar aspectos e situações particulares do destino.Diante da abrangência e diversidade dos termos turismo e cultura, o Ministério do Turismo, em parceria com o Ministério da Cultura e o Iphan, estabeleceu um recorte nesse universo e dimensionou o segmento com a seguinte definição:
Turismo Cultural compreende as atividades turísticas relacionadas à vivência do conjunto de elementos significativos do patrimônio histó rico e cultural e dos eventos culturais,
• Aqueles com interesse específico na cultura, isto é, que desejam aprofundar-se na compreensão das culturas visitadas e se deslocam especialmente para esse fim
• Aqueles com interesse ocasional na cultura, possuindo outras motivações que o atraem ao destino, relacionando-se com a cultura apenas como uma opção de lazer. Esses turistas, muitas vezes, acabam visitando algum atrativo cultural, embora não tenham se deslocado com esse fim, e, apesar de não se configurarem como público principal do que conceituamos de Turismo Cultural, são também importantes para o destino, devendo ser considerados para fins de estruturação e promoção do produto turístico
Os resultados das pesquisas com os turistas facilitam ao destino e aos empresários o desenvolvimento de produtos de Turismo Cultural que atendam aos diferen tes perfis, motivações e interesses de viagem, permitindo a segmentação da demanda e melhores ações mercadológicas. Com relação à oferta, quanto maior a diversidade de opções e atividades, maiores serão as possi bilidades de criar produtos diferenciados. Além de estimular a permanência do turista no destino por um período de tempo maior, atividades culturais incentivam a visitação nos períodos de baixa temporada e fortalecem a
valorizando e promovendo os bens materiais e imateriais da cultura.
A relação entre cultura e turismo fundamenta-se em dois pi lares: o primeiro é a existência de pessoas motivadas a conhecer culturas diversas e o segundo é a possibilidade do turismo servir como instrumento de valorização da identidade cultural, da preservação e conservação do patrimô-nio e da promoção econômica de bens culturais. Ou seja, para desenvolver este segmento turístico é preciso conhecer muito bem a demanda e a oferta.Pesquisas de demanda permitem conhecer as preferências e necessidades do turista e elaborar produtos adequados a cada perfil consumidor. No caso desse segmento, é também importante saber quais atividades têm a preferência do turista e como elas podem ser organizadas como parte da programação de uma viagem. Ainda há poucas pesquisas específicas para o segmento no Brasil, mas é possível analisar dados básicos da demanda como procedência e número de visitantes, consultando registros, livros de visitas de órgãos e instituições de cultura, tais como museus, centros culturais e igrejas.Alguns estudos realizados em outros países1 também podem servir de referência para conhecer o perfil do turista cultural. Estes trabalhos apontam para a existência de dois tipos de turistas que visitam atrativos culturais:
1. Ministério do Turismo: www.turismo.gov.br
autoestima da comunidade, que passa a se sentir incluída no processo de desenvolvimento turístico. Neste segmento, as opções de produtos e atividades turísticas são tão vastas quanto a própria diversidade cultural do destino: pintura, escultura, teatro, dança, música, gastro nomia, artesanato, literatura, arquitetura, história, festas, folclore são combinações que permitem a vivência da diversidade cultural brasileira e garantem a satisfação do visitante.Diversas atividades turísticas motivadas por interesses afins podem ser incluídas no âmbito do Turismo Cultural e constituem segmentos específicos: Turismo Cívico, Turismo Religioso, Turismo Místico e Esotérico, e Turismo Étnico. O Turismo Gastronômico, entre outros, pode também instituir-se no âmbito do Turismo Cultural, desde que preservados os princípios da tipicidade e identidade.Para desenvolver o segmento de Turismo Cultural é necessário implementar ações conjuntas, planejadas e geridas entre as áreas de turismo e de cultura. Neste contexto, há que se contemplar o respeito à identidade cultural e à memória das comunidades. É importante ter em mente que o patrimônio cultural – mais que simples atrativo turístico – é fator de identidade e de memória das comunidades e, como tal, deve ter seu sentido respeitado.
20
Paraty - RJ
O modelo de gestão descentralizada4
concebido pelo Plano Nacional de Turismo e
implementado pelo MTur prevê a integração
de diversas instâncias da gestão pública e
da iniciativa privada por meio da criação e
organização dos arranjos institucionais.
O projeto Destinos Referência em Segmentos
Turísticos desenvolvido pelo MTur em
parceria com o Instituto Casa Brasil de
Cultura, tem como objetivo criar uma
estratégia de governança local, a partir
do fortalecimento e aperfeiçoamento
de segmentos de mercado, procurando
envolver de forma participativa toda a cadeia
produtiva e instituições relacionadas com o
segmento escolhido, através de prioridades
e estratégias definidas e com foco na
competitividade.
O projeto tem como premissa a
participação efetiva dos representantes
locais, fortalecendo as entidades públicas
e privadas, o trade e as organizações não
governamentais, levando à formação de
um Grupo Gestor que assume o papel
de líder do processo, buscando assim
garantir a continuidade das ações na área
do turismo, resultados mercadológicos e a
sustentabilidade do destino.
Assim, foram escolhidos dez destinos
com características diferentes, em regiões
4. www.chiasmarketing.com
diferentes, para que suas experiências
contribuam para criar uma base metodológica
que possa servir de modelo para outros
destinos no Brasil, validando e consolidando
a estratégia de desenvolvimento de políticas
públicas, e de ampliação e diversificação da
oferta turística nacional.
Projeto Destinos Referência em Segmentos Turísticos
22
Paraty - RJ
23
Paraty - RJ
Destino referência em Turismo Cultural
A diversidade e tradição cultural de Paraty
foram, sem dúvida, os principais fatores que
determinaram sua escolha como destino
referência em Turismo Cultural. Mas outros
fatores, como o risco de se transformar em
um destino turístico de massa – pela falta de
um plano de desenvolvimento definido e um
arranjo institucional organizado e atuante –,
foram decisivos para transformar Paraty em
um verdadeiro laboratório do segmento de
Turismo Cultural, cujas experiências podem
ser reaplicadas em outros destinos brasileiros.
Ao iniciar o projeto Destinos Referência em
Turismo Cultural em Paraty, havia várias
iniciativas e projetos tanto do setor turístico
quanto do setor cultural. Porém, as entidades
representativas destes setores estavam
agindo de maneira desarticulada. O Conselho
Municipal de Turismo (Comtur) estava inativo.
Para facilitar a integração das entidades
locais e a implementação do projeto, a
Associação Casa Azul foi escolhida pelo
Ministério do Turismo como instituição
local parceira, para liderar a implantação
do projeto em Paraty, com a participação
ativa de representantes da sociedade de
modo a garantir a continuidade posterior
das ações. A reativação do Comtur pode ser
considerada fruto do envolvimento de todos
os representantes do Grupo Gestor, que,
entendendo o papel da governança local no
processo de desenvolvimento de sua cidade,
optaram por participar de forma responsável
e organizada de um conselho específico do
setor turístico, principal economia de Paraty.
O projeto Destinos Referência em Paraty teve
como linhas de ação:
• InstituirumarranjoInstitucionalparao
desenvolvimento do projeto
• Elaborarplanejamentoparticipativocom
foco no segmento
• Disseminarasexperiênciasparaoutros
destinos
A primeira ação do projeto em Paraty foi
a formação do Grupo Gestor – composto
por representantes da cultura, do turismo
e da comunidade. Este grupo passou a ser
corresponsável pelas ações que se seguiram,
como a elaboração do dossiê da candidatura
de Paraty a Patrimônio da Humanidade;
cursos de atendimento em Turismo Cultural
para guias, barqueiros, agentes de receptivo
e recepcionistas de pousadas, e de Gestão
de Turismo Cultural para empresários
e produtores culturais. No total, foram
capacitadas 60 pessoas. O grupo também
contribuiu com os descritivos e pontuação
das fichas dos atrativos turísticos de Paraty.
Com o Grupo Gestor formado e atuante, a
Associação Casa Azul contratou a empresa de
consultoria Chias Marketing5 para elaborar
o Plano de Desenvolvimento do Turismo
Cultural de Paraty, intitulado Plano Mar de
Cultura. Este plano de ação, realizado com
base em uma metodologia participativa
consagrada, teve o objetivo de fortalecer
a atratividade do destino, qualificando os
produtos turísticos de modo a amenizar a
sazonalidade, promover a oferta responsável
e viabilizar o desenvolvimento sustentável
do destino. O trabalho resultou em uma
análise mercadológica e na estratégia
competitiva para o segmento, com foco em
dar consistência aos produtos e diversificar
a oferta. Desta maneira, as ações de
desenvolvimento propostas dão ênfase
à estruturação da oferta e o marketing
vincula a promoção da imagem do destino à
identidade turístico-cultural de Paraty. Com
isso, o posicionamento mercadológico de
Paraty foi readequado com ênfase no turismo
cultural, o que permitirá que o produto
global do destino ganhe em competitividade.
O Plano Mar de Cultura foi apresentado
publicamente e aprovado pela comunidade e
pelos representantes do turismo e da cultura
de Paraty no Seminário e Exposição Mar de
5. www.chiasmarketing.com
Cultura. Neste evento, que caracterizou a
Ação Símbolo do projeto, foram entregues
o slogan e logomarca turística de Paraty
como destino cultural6. Como parte da ação,
também foi realizado um fam-tour para
operadoras, agências de turismo e veículos
de comunicação especializados.
No decorrer do projeto, o Grupo Gestor
realizou encontros e reuniões, alterou e
ampliou sua representatividade, e criou ações
de comunicação entre o grupo por meio
do Breve Informativo, um documento com
informações atualizadas sobre as ações em
andamento, reuniões e resultados do projeto,
enviado por email periodicamente para os
participantes.
Uma atividade que merece destaque é a
viagem técnica a Tiradentes e São João
del Rei (MG), que contou com a presença
de muitos representantes do Grupo
Gestor. O objetivo inicial desta ação era
que os participantes aprendessem com
as melhores práticas destes destinos, por
meio de benchmarking7. Mas ela teve um
efeito muito mais positivo que o esperado,
pois a convivência mais próxima entre os
participantes garantiu a integração e o
6. www.paratycultura.com.br7. O benchmarking tem como objetivo promover, através da realização de viagens técnicas, o aprimoramento dos serviços turísticos, por meio da observação, assimilação e implementação das melhores práticas aplicadas em des-tinos de referência em determinado segmento turístico.
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Paraty - RJ
27
Paraty - RJ
fortalecimento dos membros do Grupo
Gestor, o que se refletiu na continuidade das
ações desenvolvidas pelo grupo.
Outra ação, vinculada ao Plano Mar
de Cultura, foi o lançamento de peças
promocionais do destino, como o Mapa
Turístico e Cultural de Paraty, o filme Paraty
Cultura em Verde e Azul e o website www.
paratycultura.org.br.
A experiência do Grupo Gestor de Paraty foi
tão positiva que foi selecionada na chamada
de Experiências de Gestão e Políticas do
Patrimônio Cultural promovida em 2009 pelo
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (Iphan), além disso, foi apresentada
nos seminários de multiplicação do projeto
Destinos Referência em Segmentos Turísticos
realizados na Bahia, em Minas Gerais e Brasília.
Resultados alcançados
• Comapresençadeumainstituiçãolocal
forte, atuante e inclusiva, a Associação Casa
Azul, foi possível a realização da articulação
entre os programas públicos e a realidade
local e pela continuidade das ações
• Reconhecimentodavocaçãoturísticado
destino para desenvolver o segmento de
Turismo Cultural
• GrupoGestoratuanteerepresentativodo
setor turístico e cultural, que se ampliou e
se fortaleceu durante o processo
• Viagemdebenchmarking que integrou
os participantes do Grupo Gestor,
possibilitando uma sinergia positiva para a
consecução das atividades
• Metodologiadeplanejamento
participativo, implementada pela
consultoria Chias Marketing, com
pesquisas, seminários de avaliação e
aprovação das ações
• Posicionamentodemercado:imagem
do destino relacionada ao segmento,
logomarca que traduz a cultura, criação de
material promocional, como vídeo, mapa
turístico e cultural, e website
• Responsabilidadeconjuntapelaexecução
das ações definidas no planejamento
• Periodicidadedereuniõespara
acompanhamento, com agenda definida e
comissões de trabalho
• Protagonismolocalecontinuidadedas
ações de desenvolvimento pelo Grupo
Gestor, mesmo após a finalização do
projeto
• BreveInformativo: solução simples e eficaz
de comunicação por correio eletrônico,
que apresentava ao Grupo Gestor o que
previa o projeto, o que havia sido realizado
e quais os próximos passos
• Desafiocoletivodemanteronúmerode
visitantes e não permitir que a cidade se
Para saber mais:www.turismo.gov.brwww.paratycvb.com.brwww. chiasmarketing.comwww.casaazul.org.brwww.cadastur.turismo.gov.br
transforme em destino de massa (qualificar
a oferta e direcionar a demanda)
• ApoioparareativaçãodoComtur
• Realizaçãodesemináriodemultiplicação,
oficina de projeto e visita técnica com
a participação efetiva do Grupo Gestor
do projeto, empresários, comunidade
do destino e representantes de
outros destinos com vocação para
desenvolvimento do segmento Turismo
Cultural.
Equipe Ministério do TurismoCoordenação Geral
Ricardo Martini MoeschTânia Brizolla
Coordenação TécnicaAna Clévia Guerreiro LimaJurema MonteiroRosiane RockenbachSáskia Lima
Equipe técnicaBrena CoelhoCarolina CamposFabiana OliveiraLaura MarquesPhilippe FigueiredoTalita PiresWilken Souto
ColaboraçãoAna Beatriz Borges SerpaAlessandra LannaBárbara Blaut RangelCristiano BorgesLuis Eduardo DelmontMarcela SouzaPriscilla GrintzosRafaela LehmannSalomar Mafaldo
Equipe Instituto Casa Brasil de CulturaCoordenação do projeto
Marcelo SafadiCoordenação operacional e assistência técnica
Priscila VilarinhoConsultores dos destinos
Marcos Pompeu – São João del Rei (MG) e Jericoacoara (CE)Priscila Vilarinho – Brasília (DF), Paraty (RJ) e Ribeirão Preto (SP)Rodrigo Lopes – Serra Geral (SC), Lençóis (BA) e Socorro (SP)Ricardo Silva – Santarém (PA) e Barcelos (AM)
Consultores de apoioAlessandra SchneiderFelipe ArnsMarcos Martins Borges Paulo d’Ávila FerreiraRoberto MourãoThiago Dias
Apoio administrativoJairo Mendonça Júnior
Assistência técnica adminstrativaBreno Mendonça Vieira
© Instituto Casa Brasil de Cultura. Goiânia, 2010
Destinos de Referência em TurismoSegmento: Turismo CulturalDestino: Paraty – RJParceiro executor local: Associação Casa Azul
Coordenação editorialWolney Unes
TextoAlessandra Schneider
Projeto gráfico e capa Samara Bitencourt
DiagramaçãoMarcus Lisita Rotoli
FotografiaBanco de Imagens MTurAcevo do Instituto Casa Brasil de Cultura: Marcelo Safadi
Revisão Camila Pessoa
ApoioAcolhida na Colônia AbetaCasa AzulBeltaInstituto DharmaConvention BureauAvapePrefeitura de SocorroSebrae-CEAmazonasTurSecretaria de Turismo de Barcelos
ImpressãoMarques e Bueno Ltda. (Gráfica Talento)
Sumário
Presidente da República Federativa do Brasil
Luiz Inácio Lula da Silva
Ministro de Estado do Turismo
Luiz Eduardo Pereira Barretto Filho
Secretário-Executivo
Mário Augusto Lopes Moyses
Secretário Nacional de Políticas do Turismo
Carlos Silva
Diretor do Departamento de Estruturação, Articulação e Ordenamento Turístico
Ricardo Martini Moesch
Coordenadora-Geral de Segmentação
Sáskia Freire Lima de Castro
Coordenadora-Geral de Regionalização
Ana Clévia Guerreiro Lima
Coordenadora-Geral de Informação Institucional
Isabel Cristina da Silva Barnasque
Coordenadora-Geral de Serviços TurísticosRosiane Rockenbach
Ribeirão PretoApresentação
O Turismo em Ribeirão Preto
O Turismo de Negócios e Eventos em Ribeirão Preto
Projeto Destinos Referência em Segmentos Turísticos
Destino referência em Turismo de Negócios e Eventos
Resultados alcançados
5
5
8
13
22
26
30
Apresentação
Ribeirão Preto é um destino turístico que
mudou o paradigma de que os melhores
lugares para realizar eventos e turismo
de negócios são somente as grandes
capitais. Com uma vocação histórica para o
agronegócio, Ribeirão Preto colocou o pé
no século XXI mostrando que a produção
agrícola pode criar condições excelentes para
a vida urbana e para muitos negócios. E esta
fórmula impulsiona também o turismo.
A cidade apresenta inúmeros requisitos para
o desenvolvimento do Turismo de Negócios
e Eventos, como economia dinâmica, ótimo
padrão de vida, localização estratégica, boa
qualidade de infraestrutura de transportes
e comunicações, qualidade e diversidade de
serviços turísticos.
Localizada no maior polo de produção
sucroalcooleira do Brasil – a região nordeste
do Estado de São Paulo, próxima às principais
cidades do interior do próprio Estado e de
Minas Gerais – Ribeirão é considerada a
Capital Brasileira do Agronegócio. É um polo
irradiador de desenvolvimento e indutor
de muitas oportunidades de negócios,
que vão além da produção agroindustrial.
Bons exemplos destas oportunidades são
o turismo corporativo e as visitas técnicas
realizadas por funcionários de diversas
empresas, principalmente aquelas ligadas aos
negócios no âmbito agroindustrial.
A localização e os acessos favorecem a
indução de eventos e negócios para Ribeirão
Preto. A apenas 313 km da capital do
Estado, sua malha rodoviária está integrada
aos grandes centros produtores do país,
tendo como principal acesso a Rodovia
Anhanguera.
O Aeroporto Leite Lopes teve recentemente
seu terminal de passageiros ampliado,
oferecendo mais conforto, segurança e
agilidade aos moradores e visitantes. O
aeroporto recebe voos de várias companhias
aéreas regionais, além de conexões com os
principais aeroportos de São Paulo.
Ribeirão Preto
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Ribeirão Preto - SP
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Ribeirão Preto - SP
O turismo em Ribeirão Preto
Por sua infraestrutura, localização e
capacidade de hospedagem, a cidade é sede
de vários eventos e feiras de importância
nacional e internacional. Em Ribeirão Preto
é possível encontrar serviços e estruturas de
excelente padrão de qualidade, comparáveis
aos das grandes capitais do mundo e do
Brasil, com algumas vantagens extras, como
o trânsito mais tranquilo e maior segurança.
A cidade moderna, que oferece conforto
e qualidade de vida aos seus moradores,
também surpreende os visitantes com
seus incríveis parques urbanos, hotéis,
restaurantes, shoppings, vida noturna e, é
claro, as famosas e tradicionais choperias.
O setor hoteleiro é muito forte e competitivo,
com profissionais qualificados e estruturas
de alto nível. Há hotéis de grandes redes,
bem como hotéis locais, cada vez mais
preocupados em oferecer atendimento
e serviços com padrão internacional.
Os espaços para eventos atendem às
mais diversas necessidades, desde salas
menores, para pequenas reuniões, até
centros de convenções e auditórios para
grandes congressos com mais de mil
pessoas. Os espaços para feiras também
são excelentes, oferecendo equipamentos
e serviços que atendem às necessidades de
organizadores, expositores e público.
O setor gastronômico acompanha a
tendência e há uma grande oferta de
restaurantes, bares e similares, com serviços
diversificados e qualificados para atender
aos padrões mais altos de exigência dos
visitantes e de seus habitantes.
A gastronomia reflete a diversidade de
culturas e estilos que compõem a cidade.
Há circuitos gastronômicos de culinária
italiana e japonesa, além de inúmeros
restaurantes de pratos típicos, comida
chinesa, churrascarias, cafeterias, bares e,
é claro, as tradicionais cervejarias e choperias,
que embalam a vibrante vida noturna de
Ribeirão Preto.
A Choperia Pingüim, uma das mais famosas e
tradicionais do Brasil, divulgou para o mundo
o prestígio do chope ribeirão-pretano,
reconhecido nacional e internacionalmente.
A tradição virou tendência e agora há
choperias espalhadas pelos quatro cantos
da cidade que são pontos de encontro de
estudantes, artistas, empresários e turistas.
Na carona do sucesso do chope surgiram
outros empreendimentos para reafirmar a
condição de Ribeirão Preto como a Capital
do Chope do Brasil. Fundada em 1995, a
Cervejaria Colorado já conquistou o mundo
gourmet com chope e cervejas especiais,
premiadas por várias revistas especializadas.
Produzidas com a pura água do Aquífero
Guarany, a fórmula do sucesso leva ainda
malte selecionado, lúpulo checo, fermento
especial e uma pitadinha de criatividade no
processo de elaboração, que dão um toque
de brasilidade a cada uma das cervejas
gourmets: Colorado Cauim (Pilsen com
Mandioca), Colorado Appia (Weiss com
Mel), Colorado Indica (India Pale Ale com
Rapadura) e Colorado Demoiselle (Porter
com Café).
Outra marca registrada de Ribeirão é a
qualidade de vida. A cidade investe em ações
socioambientais como a recuperação da
mata ciliar, manutenção de praças e limpeza
dos córregos para prevenir enchentes.
Os parques, com grandes áreas verdes,
proporcionam a convivência entre as pessoas
e a prática de atividades físicas.
A vida cultural intensa de Ribeirão contribui
também para que a cidade seja um ótimo
lugar para viver e visitar. A cidade oferece
expressões artísticas das mais variadas
origens, além de museus e espaços para
eventos, como o Teatro Pedro II – terceiro
maior teatro de opera do país em capacidade
de público, com mais de 1.500 lugares – e
o Salão de Artes de Ribeirão Preto (Sarp),
ambos palcos de grandes espetáculos.
A agenda cultural1 de Ribeirão possui
programação diversificada que atrai público
de todas as idades e de vários lugares. Entre
os eventos, vale destacar o Festival de Dança,
realizado anualmente entre o final de maio
e começo de junho, e a Feira Nacional do
Livro de Ribeirão Preto, que movimenta
um número expressivo de pessoas durante
dez dias do mês de junho. Em julho há o
imperdível Festival Tanabata, um evento
de cultura japonesa que movimenta toda
a cidade e a região. Há ainda eventos mais
populares, como as serestas e as romarias.
Para o público jovem há eventos de música,
como o Carnabeirão.
1. www.ribeiraopreto.sp.gov.br/scultura/i14prgano.htm
CadasturAo contratar serviços para uma viagem, convém verificar se a empresa está cadastrada no Ministério do Turismo. O cadastro dos prestadores de serviços é grande fonte de consulta para o mercado turístico brasileiro e proporciona benefícios para os serviços turísticos cadastrados. Para ter acesso às informações detalhadas sobre os prestadores de serviços regularmente cadastrados, acesse www.cadastur.turismo.gov.br
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Ribeirão Preto - SP
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Ribeirão Preto - SP
O Turismo de Negócios e Eventos em Ribeirão Preto
Ribeirão Preto sempre teve vocação para o
sucesso. Fundada em 1856, a cidade ganhou
impulso com a lavoura de café e contribuiu
para transformar a região onde está inserida
na maior produtora de café do mundo, na
virada do séc. XX, abastecendo o mundo com
o que era conhecido como ouro verde.
O que a princípio era uma atividade
favorecida pelo solo e clima, evoluiu para o
agronegócio e a agroindústria. Hoje, Ribeirão
Preto pertence a uma macrorregião que
se destaca pela forte presença da indústria
sucroalcooleira, com estrutura econômica
forte e diversificada, marcada pelos altos
índices de produtividade da agricultura, com
destaque para cana, laranja, soja, amendoim
e fruticultura.
Além da agroindústria, Ribeirão também
é um importante centro de atividades
comerciais e industriais, de prestação de
serviços e referência em educação e saúde.
Mesmo com uma população relativamente
pequena (cerca de 600 mil habitantes2) o
comércio e serviços da cidade oferecem
estrutura para atender a demanda dos
três milhões de habitantes que vivem nos
municípios da região3 e ao turismo de
2. IBGE, 2007 – www.ibge.gov.br3. www.ribeiraopretoconvention.org.br
Eventos e Negócios, segmento econômico
em pleno desenvolvimento no destino.
O Turismo de Negócios e Eventos em Ribeirão
foi motivado pela frequente realização
de visitas técnicas às empresas da região,
originadas de demanda espontânea tanto
do mercado nacional como internacional,
trazendo para a região empresários,
políticos, representantes de organizações
governamentais e não- governamentais e
estudiosos, com foco na agroindústria, tendo
destaque especial a produção do biodiesel,
além de outros produtos derivados da cana-
de-açúcar e criação de gado.
No setor de feiras, o destaque está
na Agrishow, feira anual do setor de
agronegócios que movimenta mais de 700
expositores e público de mais de 140 mil
visitantes, de cerca de 50 países, deixando
muitos benefícios sociais e econômicos para
a região. Uma tendência atual é a realização
de eventos na área energias renováveis e
desenvolvimento sustentável.
O turismo de compras também move o
comércio varejista. Amplamente diversificado
e impulsionado pela presença de vários
estabelecimentos comerciais e prestadores de
serviço. Na cidade há três shoppings, vários
mercados, um mercado municipal, parques
ecológicos, clubes e dois estádios de futebol.
O dinamismo de Ribeirão Preto colabora com
o desempenho econômico da sua região
geoeconômica – composta por mais de
sessenta municípios – e também recebe os
benefícios desta, ampliando as chances de
sucesso dos negócios. A renda per capita da
região é semelhante à de alguns países da
Europa Mediterrânea e praticamente o dobro
da média brasileira4.
Na área de saúde, Ribeirão se destaca como
um dos mais importantes e desenvolvidas
centros médicos do país, com modernos
hospitais, unidades de saúde, farmácias,
clínicas, entre outros serviços do setor.
Para atender à demanda de eventos e
turistas a negócios, os empresários da cidade
sabem que é necessária boa qualificação.
E Ribeirão Preto não deixa por menos.
A presença de um forte núcleo acadêmico
público e privado garante a formação de
profissionais para os mais diversos setores,
inclusive para o turismo e gastronomia. O
câmpus da USP, a Faculdade de Medicina
de Ribeirão Preto, a Escola de Enfermagem
e inúmeras universidades e faculdades
capacitam os jovens locais e atraem novos
talentos para se formar na cidade. Por sua
diversidade, qualidade, evolução do ensino
e pelas pesquisas desenvolvidas em suas
universidades, a cidade é considerada um
importante polo educacional, com destaque
para as áreas tecnológicas e a biomedicina.
4. Brasil. Turismo de negócios e eventos: orientações básicas. Ministério do Turismo: Brasília, 2008. Disponível em www.turismo.gov.br
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Ribeirão Preto - SP
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Ribeirão Preto - SP
O segmento de Turismo de Negócios e Eventos
De acordo com o Ministério do Turismo, o segmento de Turismo de Negócios e Eventos engloba “o conjunto de atividades turísticas decorrentes de encontros de interesse profissional, associativo, institucional, de caráter comercial, promocional, técnico, científico e social”.1 O segmento é formado por dois subsegmentos básicos, independentes, compatíveis e muitas vezes inter-relacionadas: negócios e eventos.As atividades desempenhadas pelo turista no destino –sejam negócios, eventos ou ambos – dependem da sua motivação. Entretanto, é importante destacar que é possível a compatibilização das duas motivações principais do segmento, isto é, o turista de eventos poderá aproveitar sua permanência na cidade para realização de ações de negócios, assim como um turista que venha para uma reunião específica poderá comparecer a um evento que esteja ocorrendo no mesmo período. Para explicar as características deste segmento e o perfil do público, é importante destacar alguns conceitos e informações:
1. TURISTAS DE NEGÓCIOS – caracterizados principalmente por turistas individuais, que se deslocam para participar em reuniões de trabalho. Dentre todos os tipos de atividades desempenhadas por estes turistas, são as feiras de negócios as de mais alto poder de atração, inclusive entre todas as atividades do segmento de Negócios e Eventos.
1. As visitas técnicas podem também ser realizadas por turistas de lazer, e normalmente ocorrem em empresas que produzem bens destinados a varejo (bebidas, roupas e sapatos, carros, entre outras). Estas empresas veem estas visitações como uma oportunidade de marketing de relacionamento com seus potenciais consumidores.
As principais atividades desenvolvidas por estes turistas:
• Reuniões de negócios – prospecções de clientes, fechamentos e discussão de contratos, apresentação de propostas, desenvolvimento e acompanhamentos de projetos, consultorias
• Feiras de negócios – visitação ou participação na qualidade de expositor de feiras de negócios
• Missões empresariais – visitação de grupos de empresários a mercados potenciais ou efetivos. Consideradas atividades do turismo emissivo do segmento de negócios e eventos, é comum também utilizar esta terminologia para designar “visitas técnicas”, termo mais frequentemente usado
• Visitas técnicas – visitação de grupos em locais similares ou relacionados ao foco dos negócios da empresa ou instituição à qual pertence, visando a observação de práticas de excelência e aprendizado. Ainda que possam ser trabalhadas de forma independente, também é comum que estejam atreladas à visitação posterior ou anterior a um evento de maior porte como feiras, convenções ou congressos2
• Rodadas de Negócios – participação individual em breves reuniões pré-agendadas de apresentação de produtos ou serviços entre compradores e fornecedores. É comum que se desenvolvam com parte de um evento de maior porte, como feira ou congresso
2. TURISTAS DE EVENTOS – A divisão destes turistas em dois grupos principais – corporativos e associativos – é apropriada em função de características e comportamentos bastante distintos.
2. Ministério do Turismo: www.turismo.gov.br
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Ribeirão Preto - SP
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Ribeirão Preto - SP
O turista de eventos corporativos é habitualmente convocado pela empresa, pois na qualidade de funcionário, não se trata de uma opção a sua participação. Os eventos de treinamento, capacitação e planejamento ocorrem durante os dias de semana e para eles são convocados profissionais de posição de destaque hierárquico dentro da empresa, ou equipes comerciais. Habitualmente utilizam-se de hotéis por questões de logística e praticidade de contratação de serviços, razão pela qual são foco de atenção da hotelaria. Os eventos são fechados aos funcionários (ou no máximo incluem fornecedores ou clientes nas grandes convenções), e a presença de acompanhantes só é facultada quando há mescla com ações de incentivo.Por outro lado, o turista de eventos associativos é usualmente um profissional liberal, dono de seu próprio negócio, razão pela qual os dias preferenciais para realização destes eventos são inicio ou fins da semana, muitas vezes incluindo sábados e até domingos em suas programações – já que nos dias não trabalhados não há ganho. Viaja de forma individual ou em grupos, tem o poder de decidir sobre a participação no evento ou não, assim como as condições da viagem: perfil de hotel a ser utilizado, possibilidade de levar acompanhantes, tempo de permanência, etc. E é bastante comum agregar alguma visitação no pré ou pós evento.
3. TURISTA DE INCENTIVOS – embora o desfrute da atividade assemelhe-se muito a uma viagem de lazer, a sua motivação tem origem no seu ambiente profissional, já que a estratégia de incentivo tem por objetivo recompensar ou motivar bom desempenho dos funcionários ou promover sua maior integração – que por consequência acabará por melhorar os
resultados da equipe. As atividades estão mais relacionadas a experiências vivenciais, de interação com a cultura do destino, quer patrimônio material ou imaterial.
TIPOS DE EVENTOS
Os eventos, também segundo o Ministério, são agrupados em quatro grupos principais, quanto ao seu caráter: eventos comerciais, técnico-científicos, promocionais e sociais.Nesta conceituação considera-se:
• Comerciais: Atividades relacionadas a “transações de compra e venda de produtos e serviços”
• Técnico-científicos: Atividades relacionadas a “especialidades, processos, habilidades, domínios de arte ou ciência”, administração
• Promocionais: Atividades relacionadas à divulgação de produtos e serviços ou ideias
• Sociais: Atividades relacionadas a assuntos da comunidade
Do ponto de vista de potencial de atratividade turística, são os eventos comerciais (que tem nas feiras profissionais as suas principais representantes) e os encontros técnico-científicos (que tem nos congressos – promovidos por associações e ONGs – e convenções – promovidos por corporações – seus expoentes máximos) os grandes geradores de fluxo turístico, já que boa parte de seu público provém de outras localidades. Por sua vez, os eventos promocionais e sociais são orientados à comunidade na qual estão inseridos, e por esta razão tem reduzido potencial de atratividade. Da mesma maneira, os eventos técnico-científicos voltados para a população local possuem baixa atratividade, como reuniões, seminários, cursos e treinamentos.
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Ribeirão Preto - SP
O modelo de gestão descentralizada5
concebido pelo Plano Nacional de Turismo e
implementado pelo MTur prevê a integração
de diversas instâncias da gestão pública e
da iniciativa privada por meio da criação e
organização dos arranjos institucionais.
O projeto Destinos Referência em Segmentos
Turísticos desenvolvido pelo MTur em
parceria com o Instituto Casa Brasil de
Cultura, tem como objetivo criar uma
estratégia de governança local, a partir
do fortalecimento e aperfeiçoamento
de segmentos de mercado, procurando
envolver de forma participativa toda a cadeia
produtiva e instituições relacionadas com o
segmento escolhido, através de prioridades
e estratégias definidas e com foco na
competitividade.
O projeto tem como premissa a
participação efetiva dos representantes
locais, fortalecendo as entidades públicas
e privadas, o trade e as organizações não
governamentais, levando à formação de
um Grupo Gestor que assume o papel
de líder do processo, buscando assim
garantir a continuidade das ações na área
do turismo, resultados mercadológicos e a
sustentabilidade do destino.
Assim, foram escolhidos dez destinos
com características diferentes, em
7. Ministério do Turismo: www.turismo.gov.br
Projeto Destinos Referência em Segmentos Turísticos
regiões diferentes, para que suas
experiências contribuam para criar uma
base metodológica que possa servir de
modelo para outros destinos no Brasil,
validando e consolidando a estratégia de
desenvolvimento de políticas públicas, e de
ampliação e diversificação da oferta turística
nacional.
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Ribeirão Preto - SP
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Ribeirão Preto - SP
Destino referência em Turismo de Negócios e Eventos
A escolha de Ribeirão Preto para participar
do projeto Destino Referência se deu
com base nas suas pré-condições para o
segmento de Negócios e Eventos. E embora
a cooperação público-privada não estivesse
totalmente ajustada, houve fatores que, por
sua relevância e particularidade na região,
justificaram a determinação de Ribeirão Preto
como Destino Referência em Turismo de
Negócios e Eventos, dentre as quais podem
ser destacados:
• Aconcentraçãodeumpoloindustrial
expressivo
• Existênciadecentrostecnológicose
acadêmicos de excelência
• Utilizaçãodetecnologiadepontana
agroindústria
• Realizaçãodevisitastécnicasregularesno
município e entorno
• ProximidadedeSãoPaulo,capital–maior
centro econômico do país e principal
emissor de turistas de negócios e eventos
• Boaacessibilidadeterrestre
• Existênciadeaeroportocomfrequência
regular de voos nacionais e regionais (fato
não usual no cenário de não capitais)
• AltíssimoPIBdomunicípio
• Ocorrênciafrequentedeeventostécnico-
científicos nacionais e internacionais
• Existênciadefeirasdenegóciosregulares
• Boainfraestruturageral
• Boainfraestruturaturística,comdestaque
para equipamentos relacionados à
realização de eventos (hotéis com salas,
centros de convenções e exposições)
O desenvolvimento do projeto Destinos
Referência em Ribeirão Preto seguiu, como
nos demais destinos selecionados no Brasil,
a Metodologia Cores de Gestão de Destinos
Turísticos, respeitando as particularidades de
cada segmento e destino. O caráter flexível
desta metodologia permitiu sua aplicação em
Ribeirão Preto de forma a organizar o cluster,
e melhorar a exploração dos atrativos e
produtos ofertados no segmento de Turismo
de Negócios e Eventos.
Os objetivos do projeto Destinos Referência
em Ribeirão Preto foram:
• InstituirumArranjoInstitucionalparao
desenvolvimento do projeto
• Elaborarplanejamentoparticipativocom
foco no segmento
• Disseminarasexperiências
A entidade local conveniada, principal
parceira do projeto no destino, foi o Ribeirão
Preto e Região Convention & Visitors Bureau,
representante local da Confederação
Brasileira dos Conventions & Visitors Bureaux,
que participou de forma ativa de todo
o processo, mantendo uma consultoria
especializada que apoiou e realizou várias
ações durante a implantação do projeto
Destino Referência em Turismo de Negócios e
Eventos em Ribeirão Preto.
A partir de então, foi realizada uma série de
eventos e encontros, que contribuiu para
a criação e fortalecimento da governança
local e desenvolvimento do segmento no
destino. No primeiro encontro, foi definido
um grupo gestor para o segmento de
Turismo de Negócios e Eventos, composto
por representantes de centro de eventos;
promoção de feiras; parque de exposições;
operador de turismo receptivo; organizador
de congressos; hotéis e salas de reuniões;
entretenimento; aeroporto (Infraero);
empresas não turísticas, relacionadas a visitas
técnicas; e o núcleo acadêmico.
Em seguida, com a metodologia de avaliação
e diagnóstico turístico adaptada para
o segmento de Negócios e Eventos, foi
realizado um seminário com dinâmicas de
avaliação da percepção da comunidade e do
trade local, que resultou em uma avaliação de
toda cadeia produtiva do segmento.
A avaliação participativa foi transformada
em um diagnóstico sobre a percepção
do destino e do segmento. No encontro
seguinte com o grupo, este diagnóstico foi
apresentado, validado e priorizado pela
mesma comunidade e trade.
A Ação Símbolo do projeto Destinos
Referência em Ribeirão Preto se constituiu na
realização de um curso de Mercado Turístico,
com grande participação de representantes
do segmento. Neste mesmo evento, o
diagnóstico validado anteriormente foi
trabalhado e teve as ações priorizadas de
forma participativa, se transformando no
Prognóstico ou Estratégia Competitiva, que
definiu as linhas gerais para a elaboração do
plano de ações para o segmento de Turismo
de Negócios e Eventos.
Finalizando essa etapa do projeto no destino,
houve o Seminário de Multiplicação, em que
foram apresentados os resultados alcançados
em Ribeirão Preto e as experiências bem-
sucedidas de outros destinos e segmentos
que também participaram do projeto
Destinos Referência em Segmentos Turísticos.
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Ribeirão Preto - SP
31
Ribeirão Preto - SP
Resultados alcançados
A partir destas conquistas, o Grupo Gestor de
Ribeirão Preto deve continuar seu trabalho,
com muitos desafios e oportunidades.
A criação da Secretaria de Turismo e a
reativação do Comtur devem ser apoiadas
para que estas instituições se fortaleçam e
possam cumprir seu papel satisfatoriamente.
As relações comerciais entre os agentes
locais podem ser ainda mais fortalecidas,
ampliando a capacidade de atração
negócios para o destino. Outro foco deve
ser no posicionamento de mercado, com a
criação de uma imagem forte de destino na
mídia e no mercado turístico, destacando
sua vocação para agronegócios e energias
renováveis, uma crescente tendência
nacional e internacional para a qual Ribeirão
Preto tem vocação indiscutível.
Para destinos que desejam se desenvolver
com foco no Segmento de Turismo de
Negócios e Eventos, a experiência de Ribeirão
Preto destaca:
• Aimportânciadoarranjoinstitucional
local e o protagonismo do trade e da
Para saber mais:www.turismo.gov.brwww.ribeiraopretoconvention.org.brwww.cadastur.turismo.gov.br
Resultados do Projeto
• Criação da Secretaria Municipal de Turismo e reativação do Conselho Municipal de Turismo
• Participação efetiva dos representantes locais, levando à formação de um Grupo Gestor que assumiu o papel de líder do processo, buscando assim garantir a continuidade das ações e a sustentabilidade do desenvolvimento competitivo
• Participação da governança local efetivamente em todas as etapas e encontros
• Participação efetiva na validação do diagnóstico e elaboração do plano de ações
• Participação do Grupo Gestor no Curso de Mercado Turístico
• Participação na Oficina de Projetos
• Realização de seminário de multiplicação, oficina de projeto e visita técnica com a participação do grupo gestor do projeto, empresários e comunidade do destino, além de representantes de outros destinos com vocação para o desenvolvimento do Turismo de Negócios e Eventos
comunidade, pois não há plano de ações que funcione sem um grupo responsável por sua implementação
• Capacidadedeutilizarainfraestruturae serviços disponíveis para atender a demanda do mercado, destacando seus diferenciais competitivos
• Posicionamentodemercadocorreto,com foco na vocação do destino e nas demandas do mercado.
Equipe Ministério do TurismoCoordenação Geral
Ricardo Martini MoeschTânia Brizolla
Coordenação TécnicaAna Clévia Guerreiro LimaJurema MonteiroRosiane RockenbachSáskia Lima
Equipe técnicaBrena CoelhoCarolina CamposFabiana OliveiraLaura MarquesPhilippe FigueiredoTalita PiresWilken Souto
ColaboraçãoAna Beatriz Borges SerpaAlessandra LannaBárbara Blaut RangelCristiano BorgesLuis Eduardo DelmontMarcela SouzaPriscilla GrintzosRafaela LehmannSalomar Mafaldo
Equipe Instituto Casa Brasil de CulturaCoordenação do projeto
Marcelo SafadiCoordenação operacional e assistência técnica
Priscila VilarinhoConsultores dos destinos
Marcos Pompeu – São João del Rei (MG) e Jericoacoara (CE)Priscila Vilarinho – Brasília (DF), Paraty (RJ) e Ribeirão Preto (SP)Rodrigo Lopes – Serra Geral (SC), Lençóis (BA) e Socorro (SP)Ricardo Silva – Santarém (PA) e Barcelos (AM)
Consultores de apoioAlessandra SchneiderFelipe ArnsMarcos Martins Borges Paulo d’Ávila FerreiraRoberto MourãoThiago Dias
Apoio administrativoJairo Mendonça Júnior
Assistência técnica adminstrativaBreno Mendonça Vieira
© Instituto Casa Brasil de Cultura. Goiânia, 2010
Destinos de Referência em TurismoSegmento: Turismo de Negócios e EventosDestino: Ribeirão Preto - SPParceiro executor local: Federação Brasileira de Con-vention & Visitors Bureau Ribeirão Preto e Região Convention & Visitors Bureau
Coordenação editorialWolney Unes
TextoAlessandra Schneider
Projeto gráfico Samara Bitencourt
Arte final de capa Genilda Alexandria
DiagramaçãoMarcus Lisita Rotoli
FotografiaBanco de Imagens do Estado de São PauloAcervo do Instituto Casa Brasil de Cultura:Wolney Unes
Revisão Camila Pessoa
ApoioAcolhida na Colônia AbetaCasa AzulBeltaInstituto DharmaConvention BureauAvapePrefeitura de SocorroSebrae-CEAmazonasTurSecretaria de Turismo de Barcelos
ImpressãoMarques e Bueno Ltda. (Gráfica Talento)
Sumário
Presidente da República Federativa do Brasil
Luiz Inácio Lula da Silva
Ministro de Estado do Turismo
Luiz Eduardo Pereira Barretto Filho
Secretário-Executivo
Mário Augusto Lopes Moyses
Secretário Nacional de Políticas do Turismo
Carlos Silva
Diretor do Departamento de Estruturação, Articulação e Ordenamento Turístico
Ricardo Martini Moesch
Coordenadora-Geral de Segmentação
Sáskia Freire Lima de Castro
Coordenadora-Geral de Regionalização
Ana Clévia Guerreiro Lima
Coordenadora-Geral de Informação Institucional
Isabel Cristina da Silva Barnasque
Coordenadora-Geral de Serviços TurísticosRosiane Rockenbach
SantarémApresentação
O Turismo em Santarém
O Ecoturismo em Santarém
Projeto Destinos Referência em Segmentos Turísticos
Destino referência em Ecoturismo
Resultados alcançados
5
5
9
13
17
21
26
Apresentação
Carinhosamente conhecida como Pérola do
Tapajós, Santarém é uma agradável cidade
paraense, localizada na região central da
Amazônia, na confluência dos Rios Amazonas
e Tapajós. Em frente à cidade, ocorre o
espetáculo do encontro das águas destes
grandes rios, que fluem por quilômetros, lado
a lado, sem misturar suas águas de cores e
densidades diferentes.
Em pleno coração da Amazônia, entre Belém
e Manaus – onde o Rio Amazonas é tão largo
que nas épocas de cheia não se avista a
margem oposta –, Santarém é um santuário
natural que atrai visitantes de todas as
partes do mundo. A região faz jus à famosa
biodiversidade característica da Amazônia. Já
foram catalogadas mais de duas mil espécies
de peixes, quase mil de pássaros, centenas
de espécies de mamíferos e cerca de 10%
de todas as espécies de plantas existentes
na Terra, entre elas espécies-símbolo da
região, como a vitória-régia, as bromélias e as
enormes árvores típicas deste bioma.
Na região há florestas protegidas, cachoeiras,
igarapés, rica fauna e flora, além dos lagos e
praias formadas ao longo do Rio Tapajós, que
fazem a alegria dos ecoturistas que buscam
um contato profundo com a natureza.
A praia mais bela e famosa é Alter do Chão,
destacada na mídia nacional e internacional
como uma das mais belas do mundo, por
suas areias brancas, água clara, morna e de
um azul transparente. Este paraíso é palco da
festa do Sairé, a maior manifestação cultural
do oeste do Pará.
Santarém também é o principal acesso para
unidades de conservação, com destaque
para a Floresta Nacional do Tapajós (Flona
Tapajós), localizada no município de Belterra,
uma maravilhosa reserva natural onde é
possível caminhar, passear de canoa e visitar
as famílias extrativistas que vivem na região.
Os visitantes chegam a Santarém pelos mais
diversos motivos e das mais variadas formas.
Há navios de cruzeiro internacionais que
ancoram na região e depois seguem viagem
sem muito contato com a comunidade local.
Há também os mochileiros, em geral jovens
estrangeiros, que se aventuram e viajam nas
gaiolas – barcos de transporte de passageiros
típicos do Rio Amazonas – de Belém a
Manaus, com parada em Santarém.
Mais recentemente, com a construção do
aeroporto e a chegada de voos comerciais
regulares, várias agências de turismo
nacionais e internacionais passaram a
oferecer pacotes de Ecoturismo, o que está
contribuindo para desenvolver a oferta local
de passeios e atividades.
Santarém
9
Santarém - PA
O turismo em Santarém
Depois de passar por inúmeros ciclos
econômicos, há 15 anos o turismo começou
a se consolidar em Santarém como uma
alternativa sustentável de desenvolvimento
para a região. A princípio, o único segmento
explorado era o turismo regional de Sol e
Praia em Alter do Chão. Com o advento do
Ecoturismo, Santarém foi descoberta como
um excelente destino para atividades na
natureza e ecoturistas de várias partes do
Brasil e do mundo começaram a frequentar a
região.
Há opções de hospedagem para todos os
gostos e bolsos. O turismo de negócios
– movimentado principalmente por
representantes comerciais, compradores,
técnicos de mineradoras e pessoas ligadas
ao porto – tem motivado a construção de
novos hotéis que já estão estruturados
para realização de reuniões e eventos.
A disponibilidade destas estruturas e a
qualificação dos serviços começam a atrair
uma demanda diferenciada que contribui
para garantir altas taxas de ocupação,
equilibrar a sazonalidade e melhorar a
qualidade da oferta turística em Santarém.
Em Alter do Chão, a 35 km de Santarém,
há outras opções de hotéis e pousadas.
A maioria é bem simples, mas algumas se
destacam por oferecer boa infraestrutura e
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Santarém - PA
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Santarém - PA
belas áreas verdes, às margens do lago que
banha a cidade.
A produção artesanal é um dos grandes
destaques do turismo em Santarém. Peças
em cerâmica, madeira, palha, tecido e as
belíssimas biojoias, com fortes influências
indígenas e ribeirinhas, são comercializadas
em ótimas lojas. Há algumas tão ricas e
diversificadas que oferecem peças de mais de
60 etnias indígenas.
A gastronomia local é também muito rica
e possui diversos pratos típicos. O pato no
tucupi, o principal deles, utiliza jambu em
seu preparo, um vegetal que tem o poder de
adormecer a língua de quem prova a iguaria.
Mas também os pratos à base de peixes da
região amazônica, como tucunaré, tambaqui
e pirarucu, são muito apreciados tanto por
moradores quanto por visitantes.
Agências locais organizam os passeios de
barco para Alter do Chão e Ponta de Pedras,
outra belíssima praia da região.
O Ecoturismo em Santarém
Há uma demanda regional de turistas de
cidades próximas, como Belém e Manaus, em
busca de sol e praia, principalmente durante
o carnaval, nas férias escolares de dezembro e
janeiro e, no Sairé, que ocorre atualmente em
setembro. A festa atrai milhares de turistas
que, durante três dias, cantam, dançam e
participam de rituais religiosos e profanos,
resultantes da miscigenação cultural entre
índios e portugueses.
Um atrativo muito procurado pelos
ecoturistas é a Floresta Nacional do
Tapajós. Atividades como caminhadas,
passeios de barco a motor e a remo,
visitas às comunidades ribeirinhas
extrativistas ou mesmo banhos de rios
são as grandes atrações para os visitantes.
O acompanhamento dos guias locais
capacitados, que fazem uma excelente
interpretação do ambiente, garante a
segurança e o melhor aproveitamento
dos passeios. Na Flona não há hotéis ou
pousadas, mas uma experiência interessante
é se hospedar nas casas das comunidades de
seringueiros e interagir com o seu modo de
vida integrado à floresta.
A cidade ainda guarda uma boa parte do
patrimônio histórico arquitetônico da época
da colonização portuguesa, com casarões,
igrejas e museus, o que torna a visita também
interessante sob o ponto de vista cultural.
CadasturAo contratar serviços para uma viagem, convém verificar se a empresa está cadastrada no Ministério do Turismo. O cadastro dos prestadores de serviços é grande fonte de consulta para o mercado turístico brasileiro e proporciona benefícios para os serviços turísticos cadastrados. Para ter acesso às informações detalhadas sobre os prestadores de serviços regularmente cadastrados, acesse www.cadastur.turismo.gov.br
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Santarém - PA
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Santarém - PA
O segmento de EcoturismoQuando os termos Ecoturismo e Turismo Ecológico surgiram no Brasil, no final dos anos 80, seguindo a tendência mundial de valorização do meio ambiente1, muitas pessoas e empresas se apropriaram indevidamente dos termos e passaram a utilizá-los como uma etiqueta para vender qualquer atividade turística que tivesse alguma relação com a natureza, sem se preocupar com nenhum princípio de sustentabilidade ou responsabilidade ambiental.Enquanto isso acontecia no mercado, alguns profissionais da área de turismo e meio ambiente, acadêmicos e consultores começaram a discutir o tema. O segmento parecia ser uma alternativa ao turismo convencional, que já começava a dar sinais de alerta por seus impactos sociais e ambientais. Em 1994, a Embratur2 e o Ministério do Meio Ambiente publicaram as Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo, chegando a um conceito que continua sendo referência no Brasil e que foi adotado pelo Ministério do Turismo em suas publicações oficiais sobre segmentação. Neste segmento, a publicação de referência é Ecoturismo – Orientações Básicas3, que define:
Ecoturismo é um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sus-tentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista por meio da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações.
Inspirados neste conceito e nas fortes influências ambientalistas da década de 90, formaram-se muitos profissionais e acadêmicos, que passaram a ter uma nova visão da atividade turística e a aplicar os valores do Ecoturismo a outros segmentos e setores, ampliando a consciência para o ideal de Turismo Sustentável. Apesar da sobreposição de alguns elementos entre os conceitos de Turismo Sustentável e Ecoturismo, este último se diferencia pelo enfoque
1. Na época ainda não existia o Ministério do Turismo, e a Embratur era a instituição pública que representava o turismo no Brasil.2. Ministério do Turismo: www.turismo.gov.br3. BRASIL. Ecoturismo: orientações básicas. Ministério do Turismo: Brasília, 2008. Disponível em www.turismo.gov.br
na natureza como fator de atratividade.Durante muitos anos Ecoturismo significava uma coisa para os turistas, outra para os agentes e operadores de turismo, outra para os guias e comunidades e ainda outra para os acadêmicos e consultores. Finalmente, o conceito amadureceu e hoje é possível resumir as atividades inerentes a este segmento: observação e contemplação da natureza. Entretanto, essas atividades podem ocorrer de diversas formas.A observação é um exame minucioso de aspectos e características da fauna, flora, formações rochosas e outros, que exigem técnicas de interpretação ambiental, guias e condutores especializados, equipamentos e vestuário adequados. Já a contemplação se baseia na apreciação de flora, fauna, de paisagens e de espetáculos naturais extraordinários, em atividades relacionadas, como caminhadas, mergulho, com ou sem a utilização de equipamentos especiais, safáris fotográficos e trilhas interpretativas.Há ainda inúmeras outras atividades que, embora possam caracterizar outros tipos de turismo, também são ofertadas em produtos e roteiros desse segmento: atividades de aventura, de pesca, náuticas, esportivas, culturais e várias outras, desde que cumpram as premissas, comportamentos e atitudes estabelecidas para o Ecoturismo.O Ecoturismo caracteriza-se pelo contato com ambientes naturais, pela realização de atividades que possam proporcionar a vivência e o conhecimento da natureza e pela proteção das áreas onde ocorre. Ou seja, sua base é o tripé interpretação, conservação e sustentabilidade. Assim, o Ecoturismo pode ser entendido como as atividades turísticas motivadas pela relação sustentável com a natureza, comprometidas com a conservação e a educação ambiental.
O modelo de gestão descentralizada1
concebido pelo Plano Nacional de Turismo e
implementado pelo MTur prevê a integração
de diversas instâncias da gestão pública e
da iniciativa privada por meio da criação e
organização dos arranjos institucionais.
O projeto Destinos Referência em Segmentos
Turísticos desenvolvido pelo MTur em
parceria com o Instituto Casa Brasil de
Cultura, tem como objetivo criar uma
estratégia de governança local, a partir
do fortalecimento e aperfeiçoamento
de segmentos de mercado, procurando
envolver de forma participativa toda a cadeia
produtiva e instituições relacionadas com o
segmento escolhido, através de prioridades
e estratégias definidas e com foco na
competitividade.
O projeto tem como premissa a
participação efetiva dos representantes
locais, fortalecendo as entidades públicas
e privadas, o trade e as organizações não
governamentais, levando à formação de
um Grupo Gestor que assume o papel
de líder do processo, buscando assim
garantir a continuidade das ações na área
do turismo, resultados mercadológicos e a
sustentabilidade do destino.
Assim, foram escolhidos dez destinos
com características diferentes, em
1. Ministério do Turismo: www.turismo.gov.br
regiões diferentes, para que suas
experiências contribuam para criar uma
base metodológica que possa servir de
modelo para outros destinos no Brasil,
validando e consolidando a estratégia de
desenvolvimento de políticas públicas, e de
ampliação e diversificação da oferta turística
nacional.
Projeto Destinos Referência em Segmentos Turísticos
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Santarém - PA
Destino referência em Ecoturismo
Com um potencial indiscutível para
o Ecoturismo e com grandes desafios
em questões como governança local e
qualificação do produto, Santarém foi
escolhida para ser um laboratório de
experiências que pudessem se tornar
referência para outros destinos em diferentes
graus de desenvolvimento do segmento de
Ecoturismo.
Ao iniciar o projeto Destinos Referência
em Ecoturismo em Santarém, foram
realizadas visitas técnicas ao destino com
a finalidade de estabelecer contato com
as lideranças locais, apresentar o projeto
e levantar informações relevantes para a
execução do programa. Foram visitados
os diversos equipamentos e atrativos
do destino e realizadas reuniões com as
principais lideranças e instituições locais,
públicas e privadas, relacionadas direta ou
indiretamente ao turismo.
Já nos primeiros contatos, foi possível verificar
que havia vários desafios institucionais
que demonstravam a falta de união,
representatividade e confiança do setor,
simbolizados, entre outros fatores, na
ausência efetiva do Conselho Municipal
de Turismo de Santarém. A partir deste
panorama, percebeu-se que a construção da
governança local seria ação fundamental para
o desenvolvimento do programa no destino.
A segunda ação no destino foi a realização
de um evento para apresentação do projeto
e formação do Grupo Gestor. Também foi
realizado um processo participativo a fim de
gerar informações para embasar a construção
do Diagnóstico de Ecoturismo.
Entre esta ação e o Seminário de Validação
do Diagnóstico realizado pela Abeta, foi
contratado um consultor local para moderar
reuniões setoriais, fortalecer a governança
e ativar os processos de mobilização e
articulação. Neste intermédio a equipe
técnica da Abeta realizou reuniões setoriais e
entrevistas com importantes representantes
da cadeia produtiva, além de pesquisas em
trabalhos anteriores, com os objetivos de
levantar as informações do destino para a
construção do diagnóstico, mas também
para manter ativo o processo de articulação e
mobilização. Finalizada a primeira versão do
diagnóstico, este foi apresentado ao Grupo
Gestor para validação dos dados levantados.
O Diagnóstico de Ecoturismo no Destino
Santarém tratou, entre muitos aspectos, de
definições importantes para o segmento,
listou entidades importantes em Santarém,
no Pará e no Brasil, caracterizou aspectos
importantes para o desenvolvimento do
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Santarém - PA
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Santarém - PA
turismo no destino e, mais detalhadamente,
avaliou atrativos, unidades de conservação e
prestadores de serviço em Ecoturismo.
Na formação do Grupo Gestor do projeto
em Santarém foram escolhidas entidades
consideradas indispensáveis para o
desenvolvimento do segmento no destino,
como o Sebrae, as Secretarias Municipais e
Estaduais de Turismo e o Tapajós Convention
and Visitors Bureau. Na inexistência de
entidades setoriais institucionalizadas, que
pudessem indicar seu representante legal,
utilizou-se como critério a identificação, entre
os agentes do mercado, de empresários que
se mostraram interessados em desenvolver
um ambiente de governança local. Outras
entidades e grupos representativos
foram escolhidos segundo a relevância e
capacidade de cooperação.
Observou-se que a comunidade de Alter do
Chão já estava mais bem organizada, em vista
do grande afluxo de visitantes durante a alta
temporada, de setembro a fevereiro, e o Sairé,
a maior festa cultural da região. Por isso ações
como saneamento, coleta e destinação dos
resíduos sólidos, organização em associações
dos catraieiros (barqueiros) e barraqueiros
de praia foram discutidas em ambientes de
governança, buscando desenvolver parcerias
para o desenvolvimento da atividade.
Dando sequência ao projeto, a Abeta
desenvolveu o planejamento estratégico,
com as ações validadas pelo Grupo Gestor
do projeto indicando as responsabilidades
de cada setor, entidade ou grupo, com
definições de responsáveis por execução,
coordenação, liderança de processos
interinstitucionais e parcerias; apoio técnico,
gerencial, assessoria; investimentos, apoio
financeiro, doações e financiamento.
Durante o desenvolvimento do projeto,
foram realizadas várias ações de qualificação
demandadas pelo destino, como a Oficina de
Elaboração de Projetos, Oficina de Mercado
Turístico, apresentação do case Costa Rica
e oficina de Legislação para o Ecoturismo.
Estas ações contribuíram para o nivelamento
de informações e para a qualificação dos
vários atores da cadeia produtiva local.
A Ação Símbolo do projeto Destinos
Referência em Ecoturismo em Santarém –
com a intenção de realizar algo em curto
prazo, que materializasse o processo de
construção da governança e do planejamento
do turismo – foi a elaboração do Mapa do
Ecoturismo de Santarém e Belterra, onde são
apresentados os atrativos turísticos naturais,
serviços e informações úteis ao ecoturista.
Esta ação teve a participação e contribuição
de todos os envolvidos no processo,
simbolizando o que se espera alcançar com
o processo de planejamento participativo
e desenvolvimento do destino. O mapa
se materializou como uma importante
ferramenta para a organização da oferta e
disseminação de informação para visitantes,
sendo um canal de distribuição para produtos
e serviços.
26
Santarém - PA
27
Santarém - PA
Resultados alcançados
Uma vez que o fortalecimento da governança
é um dos objetivos centrais do projeto
Destinos Referência em Segmentos Turísticos,
foi possível observar ao longo do processo
o amadurecimento das lideranças locais,
sobretudo quanto ao entendimento da
importância do arranjo institucional e do
estabelecimento da cadeia produtiva com
critérios e atribuição de responsabilidades.
Foi amplamente discutida no processo
a necessidade de ampliar o número de
entidades setoriais no destino.
Destaque importante em termos
da governança é a organização das
comunidades da Flona do Tapajós. Ainda
que embrionário, o processo de articulação
entre as comunidades já resulta em
atividades conjuntas, como a comercialização
cooperada de artesanato e o rodízio nas
atividades de guiagem de trilhas.
Com a governança local organizada,
Santarém participa do Conselho Regional do
Tapajós, no qual está representada boa parte
das entidades que formam o Grupo Gestor do
projeto. Portanto, a qualificação dos debates
no âmbito do Grupo Gestor tem também
Resultados do projeto
• Amadurecimento das lideranças locais, sobretudo quanto ao entendimento da importância do arranjo institucional e do estabelecimento da cadeia produtiva com critérios e atribuição de responsabilidades
• Organização das comunidades da Flona do Tapajós
• Realização de Oficina Jurídica sobre Legislação voltada ao Ecoturismo
• Apresentação de case de sucesso – Costa Rica
• Oficina sobre Ecoturismo
• Criação de uma governança local representativa e atuante, que trabalha para planejar o desenvolvimento do destino de maneira participativa, organizada e continuada, refletindo-se nas instâncias de governança regionais.
• Realização de seminário de multiplicação, oficina de projeto e visita técnica com a participação do grupo gestor do projeto, empresários e comunidade do destino, além de representantes de outros destinos com vocação para o desenvolvimento do Ecoturismo
qualificado a governança regionalmente.
Desta forma, Santarém conseguiu demonstrar
que, apesar dos inúmeros desafios, é possível
criar uma governança local representativa
e atuante, que trabalhe para planejar o
desenvolvimento do destino de maneira
participativa, organizada e continuada.
Entre as boas práticas de Ecoturismo que se
destacam em Santarém, e que podem ser
replicadas em outros destinos, é importante
citar o forte envolvimento da comunidade
local, com suas tradições, folclore e
gastronomia muito bem integradas ao
ambiente natural.
Para saber mais:www.turismo.gov.brwww.abeta.org.brwww.cadastur.turismo.gov.br
Equipe Ministério do TurismoCoordenação Geral
Ricardo Martini MoeschTânia Brizolla
Coordenação TécnicaAna Clévia Guerreiro LimaJurema MonteiroRosiane RockenbachSáskia Lima
Equipe técnicaBrena CoelhoCarolina CamposFabiana OliveiraLaura MarquesPhilippe FigueiredoTalita PiresWilken Souto
ColaboraçãoAna Beatriz Borges SerpaAlessandra LannaBárbara Blaut RangelCristiano BorgesLuis Eduardo DelmontMarcela SouzaPriscilla GrintzosRafaela LehmannSalomar Mafaldo
Equipe Instituto Casa Brasil de CulturaCoordenação do projeto
Marcelo SafadiCoordenação operacional e assistência técnica
Priscila VilarinhoConsultores dos destinos
Marcos Pompeu – São João del Rei (MG) e Jericoacoara (CE)Priscila Vilarinho – Brasília (DF), Paraty (RJ) e Ribeirão Preto (SP)Rodrigo Lopes – Serra Geral (SC), Lençóis (BA) e Socorro (SP)Ricardo Silva – Santarém (PA) e Barcelos (AM)
Consultores de apoioAlessandra SchneiderFelipe ArnsMarcos Martins Borges Paulo d’Ávila FerreiraRoberto MourãoThiago Dias
Apoio administrativoJairo Mendonça Júnior
Assistência técnica adminstrativaBreno Mendonça Vieira
© Instituto Casa Brasil de Cultura. Goiânia, 2010
Destinos de Referência em Turismo
Segmento: EcoturismoDestino: Santarém – PAParceiro executor local: Associação Brasileira das Em-presas de Turismo de Aventura e Ecoturismo (Abeta)
Coordenação editorialWolney Unes
TextoAlessandra Schneider
Projeto gráfico Samara Bitencourt
Arte final de capa Genilda Alexandria
DiagramaçãoMarcus Lisita Rotoli
FotografiaBanco de Imagens MTur:Luiz OlarteWerner ZotzAcervo do Instituto Casa Brasil de Cultura:Wolney Unes
Revisão Camila Pessoa
ApoioAcolhida na Colônia AbetaCasa AzulBeltaInstituto DharmaConvention BureauAvapePrefeitura de SocorroSebrae-CEAmazonasTurSecretaria de Turismo de Barcelos
ImpressãoMarques e Bueno Ltda. (Gráfica Talento)
Presidente da República Federativa do Brasil
Luiz Inácio Lula da Silva
Ministro de Estado do Turismo
Luiz Eduardo Pereira Barretto Filho
Secretário-Executivo
Mário Augusto Lopes Moyses
Secretário Nacional de Políticas do Turismo
Carlos Silva
Diretor do Departamento de Estruturação, Articulação e Ordenamento Turístico
Ricardo Martini Moesch
Coordenadora-Geral de Segmentação
Sáskia Freire Lima de Castro
Coordenadora-Geral de Regionalização
Ana Clévia Guerreiro Lima
Coordenadora-Geral de Informação Institucional
Isabel Cristina da Silva Barnasque
Coordenadora-Geral de Serviços TurísticosRosiane Rockenbach
São João del ReiApresentação
O Turismo em São João del Rei
O Turismo de Estudos e Intercâmbio em São João del Rei
O segmento no Mundo e no Brasil
Projeto Destinos Referência em Segmentos Turísticos
Destino referência em Turismo de Estudos e Intercâmbio
Resultados alcançados
5
5
7
11
18
19
22
28
Sumário
São João del Rei
Apresentação
Famosa por ser uma das principais cidades
históricas de Minas Gerais, São João del
Rei mostra que seus encantos e atrativos
turísticos vão muito além do legado
deixado pelo seu ilustre passado. Declarada
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
em 1938 e escolhida Capital Brasileira da
Cultura em 2007, a cidade, que inspira e
expira cultura, sabe muito bem como aliar
sua tradição e estilo de vida interiorano a um
mundo cosmopolita e dinâmico.
Situada em uma região de importantes
atrativos turísticos, São João del Rei – ao
lado das cidades de Tiradentes, Ouro Preto,
Serras do Lenheiro e São José – compõe o
Roteiro Caminhos Reais1. Esta região – com
suas ladeiras, igrejas, museus e casarios –
guarda a riqueza do ciclo do ouro e revela aos
seus visitantes o estilo de vida dos mineiros,
além de apresentar o melhor do barroco
brasileiro e explicar boa parte da história
do país. O artesanato e a famosa culinária
mineira garantem o sucesso do roteiro, e,
para quem gosta de natureza, não faltam
opções de ecoturismo e turismo de aventura,
com grutas, cachoeiras, rios e montanhas.
Em São João del Rei é imperdível uma visita
1. http://www.copa2014.turismo.gov.br/promocional/roteiros/caminhos_reais.html
para conhecer a Igreja de São Francisco de
Assis e fazer o agradável passeio de trem até
Tiradentes, além de conhecer os ateliês dos
santeiros, carpinteiros e sineiros.
Com localização geográfica privilegiada,
chegar a São João del Rei, é muito fácil, seja
de carro, ônibus ou avião. Muitas agências
oferecem pacotes e roteiros para conhecer as
cidades históricas de Minas, e praticamente
todos incluem São João del Rei no itinerário.
Para os viajantes mais independentes, o
acesso de carro a partir de Belo Horizonte
(cerca de 200 km) pode ser feito pela BR-040
(Rodovia Juscelino Kubitschek) ou pela BR-
381 (Rodovia Fernão Dias). Do Rio de Janeiro,
são 320 km pela BR-040 (Rodovia Juscelino
Kubitschek). Para quem vem de São Paulo, o
acesso é pela BR-381, totalizando quase 500
km. Há várias opções de horários de ônibus
a partir das capitais, além de linhas regulares
para as cidades do entorno. Para quem
prefere vir de avião, há voos diretos a partir
do Rio de Janeiro e de Belo Horizonte.
7
São João del Rei - MG
O turismo em São João del Rei
Independente de preferências religiosas, as
igrejas devem fazer parte do roteiro turístico
de qualquer pessoa que visite a cidade
em busca de cultura, pois elas abrigam
alguns dos mais belos acervos de arte
sacra e barroca do Brasil. Entre as 35 igrejas
existentes, se destacam a de São Francisco
de Assis, de Nossa Senhora do Carmo,
Nossa Senhora do Rosário e Nossa Senhora
das Mercês. Vale também conhecer outros
ícones da história, como o Museu Ferroviário,
Museu de Arte Sacra, Solar dos Neves, Rua
da Cachaça e Beco do Cotovelo. Uma boa
dica é viver a atmosfera de São João del
Rei, andando a pé pelas suas ruas e praças,
no ritmo dos moradores locais. Embarcar
no passeio de 12 km na Maria-Fumaça até
Tiradentes completa a viagem no tempo e
leva o visitante a vivenciar o clima romântico
do período colonial.
Em São João del Rei e região, a arte e o
artesanato encantam os visitantes com
o talento de pessoas das mais variadas
classes, estilos e tendências. A disputa entre
a diversidade e a qualidade é acirrada.
A história e a natureza inspiram as mãos
habilidosas que produzem peças em prata,
estanho, madeira, ferro ou barro, além de
bordados, rendas de abrolhos, trabalhos em
crochê feitos à mão e móveis rústicos com
estilo antigo.
Na gastronomia o destaque é para a
famosa culinária típica de Minas Gerais e
para os animados bares onde se reúnem
estudantes, artistas, empresários e todos
aqueles que quiserem curtir um happy hour
com os amigos. Mas há também opções
de restaurantes que servem comida árabe
e italiana, além de bistrôs e cafés muito
charmosos.
A oferta de hospedagem é muito variada.
Há hotéis, pousadas e casas de família que
hospedam os visitantes, principalmente
CadasturAo contratar serviços para uma viagem, convém verificar se a empresa está cadastrada no Ministério do Turismo. O cadastro dos prestadores de serviços é grande fonte de consulta para o mercado turístico brasileiro e proporciona benefícios para os serviços turísticos cadastrados. Para ter acesso às informações detalhadas sobre os prestadores de serviços regularmente cadastrados, acesse www.cadastur.turismo.gov.br
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São João del Rei - MG
11
São João del Rei - MG
estudantes. Mas o destaque são as boas
pousadas de charme, que aproveitam casarios
antigos e criam uma atmosfera especial para
os hóspedes, sem descuidar dos padrões
internacionais de serviços de hospedagem.
Mas para quem quer ficar mais e vivenciar
profundamente a cultura mineira e brasileira,
São João del Rei vai mais longe. Com tradição
e renome na área de educação, a cidade se
O Turismo de Estudos e Intercâmbio em São João del Rei
Marcada pela tradição de instituições de
ensino superior e médio, escolas livres e de
idiomas, São João del Rei já é um destino
escolhido por brasileiros e estrangeiros para
o Turismo de Estudos e Intercâmbio. Além
dos atrativos turísticos mais populares, do
fácil acesso às capitais da Região Sudeste
– inclusive com voos regulares –, o destino
oferece hotéis, pousadas, casas de família e
residências estudantis para receber turistas
e estudantes brasileiros e estrangeiros em
busca de ensino de qualidade e contato com
as raízes da brasilidade.
Muito mais do que cursos regulares de
graduação e pós-graduação e das aulas de
português para estrangeiros, o que atrai
estudantes das mais diversas partes do
mundo são os programas educacionais e
cursos de curta duração nas áreas de cultura,
música e história brasileira, danças típicas,
capoeira e futebol de campo. Há ainda a
possibilidade de participar de intercâmbio
em instituições de nível médio e graduação
e fazer estágios e trabalhos voluntários em
ONGs locais.
Complementando esta oferta organizada,
muitas atividades ocorrem espontaneamente
na cidade, como apresentações de orquestras,
festas religiosas, rituais, carnaval e outras
manifestações populares das quais o visitante
pode participar e com elas interagir.
A oferta é tão diversificada que foi criado
o Catálogo de Programas Educacionais e
Atividades Turísticas de São João del Rei2,
reunindo educação, cultura e turismo em
um mesmo pacote. Nele, são elencados
22 programas educacionais, 51 atividades
complementares e 13 roteiros turísticos. Há
programas, por exemplo, para quem quer
aprender a fazer tambores de percussão
artesanal e até a famosa cachaça brasileira, ou,
se preferir, assistir a espetáculos e concertos
e participar de rodas de dança e outras
atividades culturais. Para quem está na região
em busca de natureza e aventura, há opções
de roteiros turísticos com montanhismo,
caminhada, rapel, banho de cachoeira e
cavalgada.
Estes programas e roteiros foram selecionados
com apoio da Universidade Federal de São
João del Rei (UFSJ), Instituto de Ensino
Superior Presidente Tancredo de Almeida
Neves (Iptan), escolas de idiomas, escolas
livres, agências de turismo e empreendedores
locais. Os programas e roteiros foram
formatados a partir das potencialidades e
atrativos da cidade e região, garantindo uma
boa condição de organização e interação com
a vida da comunidade.
2. Disponível em www.studyinbrazil.org.br/ei/saojoao
preparou e criou uma rede composta por
instituições de ensino superior e técnico,
escolas de idiomas, ensino médio e ONGs
focadas em projetos sociais e voluntariado.
Hoje é ofertada uma grande diversidade de
cursos, oficinas e vivências juntamente com
os serviços de receptivo e atividades extras,
combinação indispensável para a formatação
e oferta de programas para estudantes.
14
São João del Rei - MG
15
São João del Rei - MG
O segmento de Turismo de Estudos e Intercâmbio
O Segmento Turístico de Estudos e Intercâmbio com foco no receptivo de turistas ainda é novidade para muitos brasileiros. Em geral, quando se pensa em qualificação profissional e enriquecimento cultural, a primeira ideia é ir buscá-los em outros países. Mas, finalmente, o trade nacional já começa a perceber o interesse de estrangeiros em se capacitar em áreas em que o Brasil é referência, além de querer sentir um pouco como é ser brasileiro. Até mesmo os estudantes brasileiros estão descobrindo que é possível encontrar no próprio País aquela qualificação ou experiência de vida que até então só havia em países distantes.A percepção da relação entre as atividades de Estudos e Intercâmbio com o movimento do turismo e da economia local leva à conclusão de que esse tipo de turismo é um ótimo negócio para o país. O Turismo de Estudos e Intercâmbio contribui para o equilíbrio da sazonalidade, aumento da permanência e do gasto médio do turista, além de ter um efeito multiplicador e distribuidor de renda, gerando novas oportunidades de negócio e inclusão social. Internacionalmente, este segmento turístico colabora com o fortalecimento da imagem do país e com a promoção da cultura de paz.Durante muitos anos, as viagens de cunho educativo, por sua amplitude e grande número de atividades englobadas, receberam diversas denominações, como turismo educacional, científico, pedagógico, intercâmbio, estudantil, entre outros. Para começar a organizar o segmento, que envolve inúmeras outras atividades e instituições além das que atuam normalmente no turismo, o Ministério do Turismo analisou a realidade destas atividades e percebeu a necessidade de delimitar o conceito e instituir o segmento. O início deste processo se deu com a publicação do documento
Turismo de Estudos e Intercâmbio: Orientações Básicas, onde são apresentados conceitos e modalidades, além de informações sobre o mercado e bases para o desenvolvimento do Turismo de Estudos e Intercâmbio. Nesta publicação, define-se o segmento:
Turismo de Estudos e Intercâmbio constitui-se da movimentação turística gerada por atividades e programas de aprendizagem e vivências para fins de qualificação, ampliação de conhecimento e de desenvolvimento pessoal e profissional.1
Dentro deste conceito estão incluídas diversas modalidades, como o ensino médio, os programas de educação superior, os programas de curta duração, tais como cursos livres e visitas técnicas, o ensino de idiomas, estágios profissionalizantes ou trabalho voluntário.Vale destacar que o Turismo de Estudos e Intercâmbio difere dos outros segmentos porque os principais envolvidos na atividade não são diretamente relacionados à cadeia produtiva do turismo. Há professores, tutores e outros profissionais da área educacional e empresarial. Por isso, é muito importante a participação de agências de intercâmbio ou de turismo, diretorias de relações internacionais de empresas, entidades educacionais e órgãos governamentais, clubes esportivos, entre outros, para garantir a profissionalização do segmento.A proposta é explorar o potencial de atratividade do Brasil, incentivando acordos com empresas para estágios e firmando convênios com escolas e universidades, tanto em cursos de longa, quanto de curta duração, e tentar conjugá-los com outras atividades, como cursos de português, cultura brasileira, dança, esporte, culinária, entre outras. Assim, o turista se identificará mais facilmente com o País, sua cultura e povo.
1. Brasil. Turismo de estudos e intercâmbio: orientações básicas. Brasília: Ministério do Turismo, 2008. Disponível em www.turismo.gov.br
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São João del Rei - MG
O segmento no Mundo e no Brasil
Por ser um segmento ainda novo no Brasil,
é muito importante a análise de estudos
de mercado para conhecer a demanda,
antes de se iniciar qualquer investimento na
oferta de produtos de Turismo de Estudos e
Intercâmbio.
Segundo a Associação Brasileira de
Organizadores de Viagens Educacionais
e Culturais (Belta)3, entidade que reúne
as principais instituições brasileiras que
trabalham nas áreas de cursos estágios e
intercâmbio no exterior, atualmente há mais
de 100 milhões de estudantes de ensino
superior no mundo. Dois milhões deles
estão matriculados fora de seus países e,
nos próximos cinco anos, deve-se chegar a
3 milhões de estudantes em mobilidade no
exterior.
Na América Latina são 140 mil estudantes
de ensino superior estudando fora do seu
país de origem. Estes números têm levado
diversos países a definir políticas e estratégias
de inserção internacional de sua educação e
de atração de estudantes internacionais.
No Brasil ainda há poucos estudos
específicos sobre a demanda para receptivo
no segmento, mas dados da pesquisa
3. Disponível em www.belta.org.br
Caracterização e Dimensionamento do
Turismo Internacional, realizada pela
Embratur, revelaram que, em 2005, cerca de
72 mil turistas estrangeiros desembarcaram
no Brasil com intuito de realizar estudo, curso
ou pesquisa no País. Isto equivale a 1,3% do
total de turistas estrangeiros que o Brasil
recebeu no período. Porém, a procura tem
aumentado. Ainda de acordo com a Belta,
nos últimos cinco anos, houve um aumento
de 78% no número de franceses que vêm ao
Brasil para estudar.
Nas últimas décadas, a dimensão
internacional da educação tem se afirmado
como uma das principais tendências
mundiais, o que cria um espaço privilegiado
de construção de um novo cenário global
para o conhecimento. Reconhecendo esta
nova realidade e visando o aprimoramento
e a sustentabilidade da educação e do
turismo brasileiros, o Brasil está definindo
suas políticas de inserção no cenário da
educação internacional, abrindo inúmeras
oportunidades de negócio para o segmento.
Cabe destacar que organizar a oferta de
programas educacionais e produtos e
roteiros turísticos requer empreendedorismo
e investimento e seu sucesso depende da
percepção da real demanda, e da capacidade
do setor turístico e das instituições de ensino
de atender a esta demanda.
O modelo de gestão descentralizada4
concebido pelo Plano Nacional de Turismo e
implementado pelo MTur prevê a integração
de diversas instâncias da gestão pública e
da iniciativa privada por meio da criação e
organização dos arranjos institucionais.
O projeto Destinos Referência em Segmentos
Turísticos desenvolvido pelo MTur em
parceria com o Instituto Casa Brasil de
Cultura, tem como objetivo criar uma
estratégia de governança local, a partir
do fortalecimento e aperfeiçoamento
de segmentos de mercado, procurando
envolver de forma participativa toda a cadeia
produtiva e instituições relacionadas com o
segmento escolhido, através de prioridades
e estratégias definidas e com foco na
competitividade.
O projeto tem como premissa a
participação efetiva dos representantes
locais, fortalecendo as entidades públicas
e privadas, o trade e as organizações não
governamentais, levando à formação de
um Grupo Gestor que assume o papel
de líder do processo, buscando assim
garantir a continuidade das ações na área
do turismo, resultados mercadológicos e a
sustentabilidade do destino.
Assim, foram escolhidos dez destinos
com características diferentes, em
4. Ministério do Turismo: www.turismo.gov.br
regiões diferentes, para que suas
experiências contribuam para criar uma
base metodológica que possa servir de
modelo para outros destinos no Brasil,
validando e consolidando a estratégia de
desenvolvimento de políticas públicas, e de
ampliação e diversificação da oferta turística
nacional.
Projeto Destinos Referência em Segmentos Turísticos
22
São João del Rei - MG
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São João del Rei - MG
Destino referência em Turismo de Estudos e Intercâmbio Com tradição e vocação cultural
e educacional, demanda efetiva e
outros requisitos fundamentais para o
desenvolvimento do Turismo de Estudos e
Intercâmbio, São João del Rei foi selecionada
pelo Ministério do Turismo para ser
preparada para se tornar referência nacional,
através do projeto Destinos Referência em
Segmentos Turísticos. Para isso, foi firmado
um convênio com a Belta com a meta de criar
um projeto-piloto e introduzir o Brasil como
uma nova opção de destino para estudantes,
criando um modelo de estruturação
de produto segmentado que possa ser
multiplicado para outros destinos com a
mesma vocação de desenvolvimento.
O projeto Destinos Referência em São João
del Rei teve como linhas de ação:
• Criaçãoeformataçãoderoteirosde
Estudos e Intercâmbios, adequados à
demanda de mercado
• CriaçãodeumManualTécnicopara
adequação das relações
• Criaçãodematerialpromocional:catálogo
de serviços devidamente adequados
pela equipe técnica, folder promocional
com linguagem de mercado e site
referencial para as relações e informações
institucionais e promocionais
• PreparaçãodeGrupoGestorpara
administração das relações
• Integraçãodossetoresdemercadodo
turismo e da educação
• PreparaçãodeSãoJoãodelReieregião
para o mercado, alinhando entendimentos
quanto a oferta e demanda, fortalecendo
uma rede de cooperação entre prestadores
de serviços e empreendedores
• RealizaçãodoIIFórumBrasileirode
Educação Internacional (ForBEI), com
participação de palestrantes nacionais e
estrangeiros
• Realizaçãodesemináriodemultiplicação,
oficina de projeto e visita técnica com a
participação do Grupo Gestor do projeto,
empresários e comunidade do destino,
além de representantes de outros destinos
com vocação para o desenvolvimento do
Turismo de Estudos e Intercâmbio
A princípio, as atividades de Estudos e
Intercâmbio em São João del Rei estavam
mais relacionadas a instituições de ensino do
que com o setor turístico. Havia importantes
iniciativas da Universidade Federal de
São João del Rei (UFSJ), Rotary e outras
instituições de ensino. Entre as inúmeras
iniciativas se destacavam: oficinas do Inverno
Cultural; programas de curta duração para
estrangeiros; eventos de caráter internacional
nas áreas de música, educação e filosofia;
programa de intercâmbio acadêmico
internacional, e curso de português para
estrangeiros.
Porém, para desenvolver o projeto com
foco no segmento turístico era necessária
a participação de empresários prestadores
dos serviços turísticos essenciais, como
hospedagem, alimentação, transporte,
receptivo e eventos. Desta forma, a estratégia
utilizada foi criar ou fortalecer as entidades
empresariais setoriais, como base da
articulação e da organização do destino,
e integrá-las às iniciativas de Estudos e
Intercâmbio já em desenvolvimento por
algumas instituições de ensino.
Uma aproximação receptiva e comprometida
entre as entidades e pessoas do setor
turístico, cultural e de Estudos e Intercâmbio
em São João del Rei foi o primeiro sinal de
que estava se formando uma excelente
base para o arranjo institucional e futuro
Grupo Gestor, contando com a participação
ativa de instituições parceiras como a Belta
(consultoria especializada no segmento),
Secretaria Estadual de Turismo, Secretaria
Municipal de Cultura e Turismo, UFSJ e Iptan.
Já na primeira etapa do projeto-piloto foi
realizado um diagnóstico participativo e a
formação do Grupo Gestor, com base no
modelo do Sistema Cores Planejamento
Turístico e com foco no segmento do
Turismo de Estudos e Intercâmbio no
destino. Também foram analisados outros
estudos realizados pelo MTur, FGV, Sebrae
e Belta para se ter uma visão do cenário
para o desenvolvimento do segmento
em São João del Rei. O diagnóstico e
os estudos apontaram a existência de
múltiplas oportunidades e também algumas
necessidades urgentes como:
• Parceriaentreossetorespúblico,privadoe
a sociedade civil do município para discutir
ações de planejamento e desenvolvimento
e colocá-las em prática
• Pesquisasparamonitoramento(oferta
e demanda e dados estatísticos de
visitações), plano de marketing,
promoção e comercialização, ações que
apresentaram indicadores desfavoráveis à
competitividade do destino
• Articulaçãoentreosmunicípiosdaregião
para trabalhar de forma cooperada e mais
competitiva no mercado, apresentando
roteiros integrados e ampliando os canais
de distribuição e a comercialização
• InformatizaçãoequalificaçãodoCentro
de Informação Turística para atendimento
bilíngue
• Organizaçãoesistematizaçãode
informações sobre a oferta turística
• Cooperaçãoentreempresáriose
instituições
25
São João del Rei - MG
O diagnóstico, validado pelo Grupo Gestor,
serviu como base para criar o plano
estratégico do destino, desenvolvido pela
Belta e consultoria especializada. Este
plano subsidiou as ações seguintes, como a
organização da oferta do segmento através
da formatação de programas educacionais,
atividades complementares e roteiros
turísticos. Tudo isso resultou em um banco
de dados e na publicação do Catálogo de
Programas Educacionais e Atividades Turísticas
de São João del Rei5 e de diversos materiais
promocionais como website, mapa e
prospecto.
Todas as ações realizadas pela consultoria
da Belta foram sempre validadas pelo Grupo
Gestor, que criou uma verdadeira rede de
cooperação formada pelos principais atores
envolvidos nas áreas de educação, turismo,
cultura, indústria e comércio da cidade de
São João del Rei e região. Foram muitos
encontros, seminários, reuniões e capacitação
que contribuíram para criar o alicerce da
organização setorial e o arranjo institucional
local, representado pelo Grupo Gestor.
A experiência foi tão rica que a Belta
criou o Manual Técnico de Operações6
para o segmento de Turismo de Estudos
5. Disponível em www.studyinbrazil.org.br/ei/saojoao6. Manual integrante do projeto Estudos e Intercâm-bio: Destino Referência São João del Rei. Brasil. Manual técnico de operações. Brasília: Ministério do Turismo; São Paulo: Belta, 2009. Disponível em www.turismo.gov.br
e Intercâmbio. A princípio, o objetivo era
apresentar para os atores e empreendedores
locais de São João del Rei as etapas básicas
de estruturação de um destino referência
de Turismo de Estudos e Intercâmbio,
como o desenvolvimento, a formatação,
a operacionalização e a promoção de
programas educacionais e produtos/roteiros
turísticos para o público internacional,
visando dinamizar o segmento. Porém, as
expectativas foram superadas e as diretrizes
e orientações apresentadas no manual
também podem facilitar a estruturação de
outros destinos para acolhida de estudantes
estrangeiros.
A Ação Símbolo do projeto em São João del
Rei foi a realização do II Fórum Brasileiro de
Educação Internacional (ForBEI), em abril
de 2009. O evento discutiu as principais
tendências globais para a educação
internacional e a mobilidade estudantil,
e apresentou os resultados do Projeto
Destino Referência em Turismo de Estudos
e Intercâmbio em São João Del Rei, com
vistas a apresentar o potencial do Brasil
como destino para estudantes internacionais.
O evento contou com a participação de
palestrantes nacionais e estrangeiros e com
um público de 430 participantes.
28
São João del Rei - MG
29
São João del Rei - MG
Resultados alcançados
Além dos inúmeros resultados tangíveis,
como as publicações produzidas, os
encontros e capacitações realizados durante
o Programa Destinos Referência em São João
del Rei, o grande legado da experiência no
destino é a integração entre os setores de
turismo e educação. O ícone desta conquista
foi a formação do Grupo Gestor, que
estimulou o fortalecimento das entidades
representativas dos serviços turísticos e
das instituições de ensino da cidade e da
região, criando a sinergia necessária ao
desenvolvimento sustentado do destino, com
foco no segmento de Estudos e Intercâmbio.
A governança local instituída e atuante é
um dos alicerces do arranjo institucional
e condição fundamental para dar
legitimidade aos órgãos, fóruns e conselhos
locais e regionais, possibilitando o seu
relacionamento com instâncias de
governança estaduais e nacionais. Desta
forma, o destino passa a ter mais acesso e
informações sobre os programas e projetos
tanto do Ministério do Turismo quanto das
entidades setoriais nacionais, compondo o
Sistema Nacional do Turismo, que distribui
benefícios e qualificação a partir de uma rede
integrada de comunicação de gestão.
É importante destacar a necessidade de
um acompanhamento técnico ao arranjo
Resultados do Projeto
• CriaçãoeformataçãoderoteirosdeEstudoseIntercâmbios, adequados à demanda de mercado
• Criaçãodeummanualtécnicoparaadequaçãodas relações
• Criaçãodematerialpromocional:Catálogodeserviços devidamente adequados pela equipe técnica, prospecto promocional com linguagem de mercado e site referencial para as relações e informações institucionais e promocionais
• Preparaçãodegrupogestorparaadministraçãodas relações
• Integraçãodossetoresdemercadodoturismoeda educação
• PreparaçãodeSãoJoãodelReieregiãoparaomercado, alinhando entendimentos quanto a oferta e demanda, fortalecendo uma rede de cooperação entre prestadores de serviços e empreendedores
• Realizaçãodesemináriodemultiplicação,oficina de projeto e visita técnica com a participação do grupo gestor do projeto, empresários e comunidade do destino, além de representantes de outros destinos com vocação para o desenvolvimento do Turismo de estudos e intercâmbio
institucional nas primeiras etapas do seu
desenvolvimento. Técnicas de organização
de reuniões e eventos, elaboração de
diagnósticos e planos estratégicos,
criação de estrutura executiva e de
comunicação, articulação com entidades
públicas e privadas são alguns elementos
determinantes para o sucesso do próprio
arranjo.
Para saber mais:www.turismo.gov.brwww.studyinbrazil.org.brwww.belta.org.brwww.cadastur.turismo.gov.br
Equipe Ministério do TurismoCoordenação Geral
Ricardo Martini MoeschTânia Brizolla
Coordenação TécnicaAna Clévia Guerreiro LimaJurema MonteiroRosiane RockenbachSáskia Lima
Equipe técnicaBrena CoelhoCarolina CamposFabiana OliveiraLaura MarquesPhilippe FigueiredoTalita PiresWilken Souto
ColaboraçãoAna Beatriz Borges SerpaAlessandra LannaBárbara Blaut RangelCristiano BorgesLuis Eduardo DelmontMarcela SouzaPriscilla GrintzosRafaela LehmannSalomar Mafaldo
Equipe Instituto Casa Brasil de CulturaCoordenação do projeto
Marcelo SafadiCoordenação operacional e assistência técnica
Priscila VilarinhoConsultores dos destinos
Marcos Pompeu – São João del Rei (MG) e Jericoacoara (CE)Priscila Vilarinho – Brasília (DF), Paraty (RJ) e Ribeirão Preto (SP)Rodrigo Lopes – Serra Geral (SC), Lençóis (BA) e Socorro (SP)Ricardo Silva – Santarém (PA) e Barcelos (AM)
Consultores de apoioAlessandra SchneiderFelipe ArnsMarcos Martins Borges Paulo d’Ávila FerreiraRoberto MourãoThiago Dias
Apoio administrativoJairo Mendonça Júnior
Assistência técnica adminstrativaBreno Mendonça Vieira
© Instituto Casa Brasil de Cultura. Goiânia, 2010
Destinos de Referência em TurismoSegmento: Turismo de Estudos e IntercâmbioDestino: São João del Rei – MGParceiro executor local: Associação Brasileira de Organizadoras de Viagens Educacionais e Culturais (Belta)
Coordenação editorialWolney Unes
TextoAlessandra Schneider
Projeto gráfico Samara Bitencourt
Arte final de capa Genilda Alexandria
DiagramaçãoMarcus Lisita Rotoli
FotografiaBanco de Imagens MTur:Alexandre CampbellAcervo do Instituto Casa Brasil de Cultura:Wolney Unes
Revisão Camila Pessoa
ApoioAcolhida na Colônia AbetaCasa AzulBeltaInstituto DharmaConvention BureauAvapePrefeitura de SocorroSebrae-CEAmazonasTurSecretaria de Turismo de Barcelos
ImpressãoMarques e Bueno Ltda. (Gráfica Talento)
Sumário
Presidente da República Federativa do Brasil
Luiz Inácio Lula da Silva
Ministro de Estado do Turismo
Luiz Eduardo Pereira Barretto Filho
Secretário-Executivo
Mário Augusto Lopes Moyses
Secretário Nacional de Políticas do Turismo
Carlos Silva
Diretor do Departamento de Estruturação, Articulação e Ordenamento Turístico
Ricardo Martini Moesch
Coordenadora-Geral de Segmentação
Sáskia Freire Lima de Castro
Coordenadora-Geral de Regionalização
Ana Clévia Guerreiro Lima
Coordenadora-Geral de Informação Institucional
Isabel Cristina da Silva Barnasque
Coordenadora-Geral de Serviços TurísticosRosiane Rockenbach
SocorroApresentação
O Turismo em Socorro
O Turismo de Aventura Especial em Socorro
Projeto Destinos Referência em Segmentos Turísticos
Destino referência em Turismo de Aventura Especial
Resultados alcançados
5
5
10
14
21
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Apresentação
Socorro foi colonizada por bandeirantes por
volta de 1730 e, mais tarde, no século XIX,
por imigrantes italianos que deixaram suas
marcas na cultura e na arquitetura da cidade.
Ainda hoje – apesar de algumas construções
modernas – passear pelas ruas de Socorro é
uma viagem ao tempo do Brasil-Colônia, mas
com uma estrutura perfeitamente integrada
às necessidades da vida contemporânea.
Socorro é o portão de entrada para o Circuito
das Águas Paulista. A cidade, que se estende
às margens do Rio do Peixe, possui inúmeras
fontes de água mineral com propriedades
medicinais, casarões do ciclo do café e
horto municipal. O relevo montanhoso e os
abundantes rios favoreceram a formação de
cachoeiras e corredeiras, que atualmente
se transformaram em grandes atrativos
turísticos.
Com tantas trilhas, montanhas, cavernas,
correntezas, cachoeiras e aventuras,
monotonia e tédio são palavras que
ninguém conhece em Socorro. Aventureiros,
experientes ou iniciantes, podem desfrutar
das mais incríveis atividades de ecoturismo e
aventura. As operadoras de atividades locais
proporcionam todo o auxílio e segurança
aos praticantes, respeitando as normas
de cada atividade, aprendidas dentro do
programa Aventura Segura – uma parceria
entre o MTur e a Associação Brasileira de
Empresa de Turismo de Aventura (Abeta).
O destino foi um dos primeiros selecionados
no Brasil para receber esse programa, que
tem como foco a implementação das normas
da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT) para Sistema de Gestão de Segurança
e a certificação pelo Instituto Nacional de
Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial (Inmetro).
Entre outros destinos de turismo de
Aventura do Brasil, Socorro foi mais além,
e tornou-se o primeiro destino turístico do
Brasil a unir o Turismo de Aventura com a
proposta de acessibilidade. Numa iniciativa
pioneira, o programa Aventureiros Especiais,
desenvolvido pela ONG Aventura Especial.1
em conjunto com o MTur, criou diversas
modalidades de Turismo de Aventura para
este público. A partir de então, outras
oportunidades surgiram, como o programa
Socorro Acessível, através de uma nova
parceria do MTur, desta vez com a Prefeitura
Municipal de Socorro e a Avape. O programa
trouxe a acessibilidade para todo o destino,
além de aumentar as condições de segurança
para o tráfego de veículos e possibilitar a
utilização por pessoas com deficiência ou
mobilidade reduzida, no centro histórico e
comercial, nas pousadas, hotéis, restaurantes,
1. www.aventuraespecial.org.br
Socorro
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Socorro - SP
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Socorro - SP
parques e nos principais pontos e
equipamentos turísticos da cidade.
Socorro é mesmo tão especial que faz com
que todos os seus visitantes se sintam
especiais também. Apesar de o destino ser
referência em Turismo de Aventura, a oferta
de atividades é tão grande e diversificada,
que sempre há uma opção que atende às
necessidades e desejos dos perfis mais
diversos de visitantes: história, arquitetura,
cultura popular, gastronomia, artesanato,
compras e, é claro, muita natureza. Sempre
há algo interessante para fazer em Socorro.
E a grata surpresa é que todos podem fazer
quase tudo!
A proposta de inclusão, que teve início com
as atividades de Aventura, se estendeu
depois para a cidade, para os serviços
urbanos, públicos e privados. Desta forma,
os turistas com deficiência podem se sentir
livres e autônomos para circular na cidade
e para fazer atividades de Aventura, que
estimulam a autossuperação, o trabalho em
equipe, a coordenação e a coragem, num
desafio saudável e seguro para o corpo e para
a mente. No Horto Municipal, por exemplo,
existe um jardim aromático contemplando
sinalização tátil (pisos alerta e direcional,
mapas táteis e placas em braille) para
deficientes visuais, rampas de acesso, além de
banheiros adaptados.
A economia do município de Socorro está
baseada em três atividades principais:
agropecuária, malharias retilíneas e, nos
últimos anos, o turismo, que tem encontrado
cada vez mais espaço, revertendo a forma
de exploração dos recursos naturais. Antigas
pastagens e plantações que contaminavam
o solo e o ambiente hoje se transformam em
parques e plantações orgânicas, agregando
valor ao produto turístico e melhorando a
qualidade de vida de todos.
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O turismo em Socorro
Socorro é um destino onde tudo é especial.
A 130 km da capital paulista, cercada pela
Serra da Mantiqueira e com um cenário típico
de cidade histórica, Socorro oferece diversas
opções de atividades de Aventura na terra, na
água ou no ar para todos os públicos.
Há 15 anos, os visitantes procuram a região
em busca de esportes de Aventura e contato
com a natureza, seu clima ameno, ar puro
e fontes medicinais. Com o tempo e muito
trabalho, Socorro ficou famosa como destino
por ser um dos melhores locais do Brasil
para a prática de boia-cross, arvorismo,
rafting, acquaride, canoagem, rapel e trilhas
de quadriciclo, além de inúmeras outras
aventuras.
Mas as atrações não param por aí.
Atualmente, além das aventuras, o principal
diferencial de Socorro é o cuidado e a
atenção com a acessibilidade de pessoas com
deficiência ou mobilidade reduzida, inclusive
idosos, crianças e gestantes. Praticamente
todos os pontos e equipamentos turísticos
da cidade foram ou estão sendo adaptados
para permitir o acesso de pessoas que,
usualmente, não poderiam participar das
atividades ou visitar os atrativos.
Entre as mais de 20 atividades de Aventura
oferecidas hoje em Socorro, dez já foram
adaptadas e podem ser praticadas até
mesmo por cadeirantes. O desafio é grande,
pois cada pessoa tem uma necessidade
ou limitação específica e, por isso, é
preciso prever adaptações para atender às
particularidades.
Além da proposta de inclusão, Socorro
também segue a linha do turismo
sustentável. Iniciativas como reflorestamento
para compensar os danos causados por
anos de exploração agropecuária, projetos
de educação ambiental e envolvimento da
comunidade nas atividades turísticas são
outros destaques deste destino que, a cada
dia, se torna referência de boas práticas no
turismo no Brasil.
Na gastronomia os destaques são para o café
e a cachaça, reconhecidos nacionalmente por
sua qualidade e sabor. Mais recentemente,
produtos orgânicos têm chamado a atenção
dos visitantes, principalmente o morango,
que pode ser degustado sem medo nas
plantações de Socorro.
Na produção associada é possível encontrar
os mais diversos tipos de artesanato, como
os tradicionais bordados, tricô, pintura em
tecido e o patchwork, a grande tendência
atual do artesanato local. Algumas técnicas
como o jacá japonês e o nhanduti, de origem
estrangeira com influência indígena, também
fazem parte do acervo de artesanato de
Socorro. A produção é tão rica e variada que
foi criada uma cooperativa que reúne os
artesãos locais. Há ainda artistas plásticos
com trabalhos exclusivos, como as pinturas
em telhas de casarões demolidos. E as
reconhecidas indústrias de malha da região
também oferecem boas opções de compras
para os turistas.
A vida cultural em Socorro é muito ativa.
Além do museu e outros atrativos históricos,
há uma rica agenda cultural que promove as
manifestações culturais locais e traz mostras
de cultura de outras localidades.
A maioria dos visitantes de Socorro vem
de São Paulo, principalmente da capital.
Mas cada vez mais pessoas de Estados
vizinhos procuram a cidade para descansar,
se aventurar e conhecer as iniciativas
inovadoras de Socorro. Operadoras já
oferecem roteiros com vários destinos
em que há um pernoite em Socorro, com
atividades na região. Espaços e serviços para
eventos e convenções proporcionam a vinda
de turistas com um perfil complementar ao
do fluxo atual.
CadasturAo contratar serviços para uma viagem, convém verificar se a empresa está cadastrada no Ministério do Turismo. O cadastro dos prestadores de serviços é grande fonte de consulta para o mercado turístico brasileiro e proporciona benefícios para os serviços turísticos cadastrados. Para ter acesso às informações detalhadas sobre os prestadores de serviços regularmente cadastrados, acesse www.cadastur.turismo.gov.br
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O Turismo de Aventura Especial em Socorro
Em Socorro, o turismo, especialmente de
Aventura, está diretamente relacionado
ao desenvolvimento socioambiental do
município. Além de levar oportunidades de
trabalho e renda para a região, o movimento
dos visitantes provoca nos moradores
locais um sentimento de orgulho de suas
origens. Tudo isso evita o êxodo rural e,
logo, gera menos problemas nas grandes
cidades. Os principais beneficiários das
oportunidades de trabalho no local são os
jovens da cidade, que atuam como monitores
ou guias, passando a se envolver na defesa
de causas ambientais e em projetos para a
sustentabilidade da região.
A organização da oferta turística da
região é caracterizada por atrativos e
parques particulares, localizados em
sua maioria no corredor do Rio do Peixe.
Esses empreendimentos oferecem
opções completas de hospedagem rural,
alimentação, atividades e outros serviços.
Alguns deles merecem destaque por
suas iniciativas pioneiras que serviram de
modelo e estímulo para as demais ações do
destino. É o caso do Parque dos Sonhos e
Campo dos Sonhos, que foram os grandes
incentivadores e primeiros parceiros a aderir
ao programa Aventura Segura e a investir
na adaptação das instalações do hotel-
fazenda para pessoas com deficiência, além
de desenvolver um trabalho de educação
ambiental e turismo pedagógico.
Muitos empreendimentos trabalham de
forma organizada e associada, sempre de
olho na sustentabilidade e segurança das
atividades ofertadas. Além do cuidado com
os mínimos impactos de suas atividades,
os empresários aliam turismo à educação
ambiental, ofertando para crianças e
adolescentes atividades conhecidas como
Estudos do Meio. Nessas atividades são
exploradas questões específicas que
buscam despertar a atenção da criança para
as peculiaridades do ambiente visitado,
fazendo-a refletir sobre como suas atitudes
e escolhas podem afetar o ambiente.
As crianças também entram em contato com
tecnologias e práticas sustentáveis, como o
aquecimento por energia solar, reciclagem
e o biodigestor, aprendendo que soluções
simples podem ajudar a minimizar os
impactos negativos dos seres humanos no
planeta.
Alguns passeios passam pela Pedra da
Bela Vista, onde se aprende sobre grutas,
morcegos e sobre a história da região, palco
de fatos importantes da Revolução de 1930.
E, como não poderia deixar de ser, até as
aventuras entram no clima da educação
ambiental. Enquanto as crianças fazem
rafting, os monitores mostram e explicam
problemas de erosão e assoreamento do
rio. Também destacam áreas de mata nativa
e recuperação do solo, levando o grupo a
pensar sobre os impactos do desmatamento
e estimular a consciência ambiental.
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O segmento de Turismo de Aventura Especial
Para falar de Aventura Especial é preciso, primeiro, compreender os conceitos de Turismo de Aventura e Acessibilidade.De acordo com o Ministério do Turismo, “Turismo de Aventura compreende os movimentos turísticos decorrentes da prática de atividades de aventura de caráter recreativo e não competitivo”1. Isso significa que, para ser Turismo de Aventura, é preciso que:
• Haja movimento turístico, ou seja, pessoas se deslocando de seu local de residência e utilizando serviços e equipamentos turísticos no destino
• O movimento seja motivado pela busca de experiências físicas e sensoriais recreativas que envolvam desafio, riscos avaliados, controláveis e assumidos
• As aventuras ocorram em quaisquer espaços: natural, construído, rural, urbano, estabelecido como área protegida ou não
• Não haja competição, pois, neste caso, as atividades são tratadas no âmbito do segmento Turismo de Esportes e não de Aventura
Já a acessibilidade, apesar de não se constituir em um segmento em si, foi adotada pelo MTur como uma
1. BRASIL. Turismo de aventura: orientações básicas. Ministério do Turismo: Brasília, 2008. Disponível em www.turismo.gov.br
estratégia do Plano Nacional de Turismo 2007-2010 – Uma Viagem de Inclusão, para transformar o turismo em um importante mecanismo de desenvolvimento econômico do Brasil e em um grande indutor de inclusão social. Com a visão de que as necessidades das pessoas com deficiência e com mobilidade reduzida assumem um caráter estratégico de ação efetiva do Estado, o MTur está desenvolvendo ações para estruturar os destinos e estimular o turismo entre grupos e minorias que, até então, não tinham acesso a experiências de viagem. O programa piloto, Sensibilização para o Turismo Acessível, implementado pela Avape e pela Prefeitura de Socorro, visa promover o mapeamento da acessibilidade turística e a qualificação do receptivo turístico local para o atendimento adequado a pessoas com deficiência e com mobilidade reduzida, além de propor e divulgar roteiros adaptados em diferentes segmentos turísticos, tais como Turismo Cultural, Ecoturismo e Turismo de Aventura.A experiência adquirida com este programa é apresentada em uma publicação de quatro volumes, intituladas Turismo Acessível – Introdução a uma viagem de inclusão, Mapeamento e Planejamento de Acessibilidade em Destinos Turísticos, Bem Atender no Turismo Acessível e Bem Atender no Turismo de Aventura Adaptada,2 produzidas pela Avape e pelo MTur e disponível no portal do MTur.
2. www.socorro.sp.gov.br
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O modelo de gestão descentralizada2
concebido pelo Plano Nacional de Turismo e
implementado pelo MTur prevê a integração
de diversas instâncias da gestão pública e
da iniciativa privada por meio da criação e
organização dos arranjos institucionais.
O projeto Destinos Referência em Segmentos
Turísticos desenvolvido pelo MTur em
parceria com o Instituto Casa Brasil de
Cultura, tem como objetivo criar uma
estratégia de governança local, a partir
do fortalecimento e aperfeiçoamento
de segmentos de mercado, procurando
envolver de forma participativa toda a cadeia
produtiva e instituições relacionadas com o
segmento escolhido, através de prioridades
e estratégias definidas e com foco na
competitividade.
O projeto tem como premissa a
participação efetiva dos representantes
locais, fortalecendo as entidades públicas
e privadas, o trade e as organizações não
governamentais, levando à formação de
um Grupo Gestor que assume o papel
de líder do processo, buscando assim
garantir a continuidade das ações na área
do turismo, resultados mercadológicos e a
sustentabilidade do destino.
Assim, foram escolhidos dez destinos
com características diferentes, em
regiões diferentes, para que suas
2. Ministério do Turismo: www.turismo.gov.br
experiências contribuam para criar uma
base metodológica que possa servir de
modelo para outros destinos no Brasil,
validando e consolidando a estratégia de
desenvolvimento de políticas públicas, e de
ampliação e diversificação da oferta turística
nacional.
Projeto Destinos Referência em Segmentos Turísticos
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Destino referência em Turismo de Aventura Especial
As iniciativas pioneiras e experiências
de Socorro no segmento de Turismo de
Aventura e Acessibilidade chamaram a
atenção para o destino, que passou a contar
com o apoio de diversas instituições que
contribuíram para que a cidade se tornasse
realmente referência em Aventura Especial.
Em 2008, ao iniciar o projeto Destinos
Referência em Segmentos Turísticos, muitas
ações importantes já estavam acontecendo,
mas não havia foco em nenhum segmento
específico e havia muitas iniciativas
desarticuladas. Outros desafios eram a pouca
integração entre o fluxo turístico dos parques
e pousadas com a vida social e cultural
da cidade, a baixa qualificação de alguns
serviços e pouca adesão aos projetos de
Aventura e Acessibilidade.
Diferentemente de outros destinos
envolvidos no projeto, em que se trabalhou
um segmento claro e específico, em Socorro
o desafio foi aliar Aventura e Acessibilidade
em uma experiência possível e coerente,
primeiro dentro do próprio destino e depois
num formato que pudesse ser reaplicado em
outros locais.
Porém, neste momento, também já havia um
cenário favorável, que possibilitou a solução
dos desafios e o desenvolvimento do destino
com foco na Aventura Especial.
Como já havia uma governança local
estabelecida, representativa e atuante, com
base no Conselho Municipal de Turismo
(Comtur), a estratégia foi fortalecer esta
instituição para ser o alicerce do arranjo
institucional. Alguns empresários locais – que
já tinham iniciativas nas áreas de Aventura
e Acessibilidade e estavam motivados pelas
oportunidades dos programas – estavam
organizados na Associação Comercial
e contribuíram para agregar novos
empreendimentos e fortalecer o movimento
pela Aventura Especial. Cabe ainda destacar
a articulação dos poderes público municipal,
estadual e federal, que mantiveram o
apoio aos projetos em desenvolvimento
independentemente de preferências e
mudanças políticas.
Para atender às necessidades do destino,
que eram principalmente interligar as ações
e programas que estavam acontecendo e
reacender o ânimo dos parceiros envolvidos.
A estratégia do projeto foi apoiar e articular
os convênios de três instituições com o MTur:
• ConvêniocomaAbetaparaqualificar
os prestadores de serviço de Turismo
de Aventura e implementar as Normas
Técnicas de Turismo de Aventura3 para
condutores, informações mínimas
3. www.abntnet.com.br/mtur
preliminares a clientes e requisitos para
o Sistema de Gestão de Segurança e
Terminologia.
• ConvêniocomaAvapeparaplanejamento
e articulação com as organizações locais;
mapeamento, diagnóstico e assessoria
técnica para adequação das estruturas
públicas e privadas no município;
realização de cursos de qualificação aos
prestadores de serviços turísticos, de apoio
e Turismo de Aventura; desenvolvimento
e produção de material técnico de cunho
didático, comercial e operacional.
• ConvêniocomaPrefeituraMunicipalde
Socorro4 para adequação das estruturas
públicas e criação de um roteiro urbano
adaptado.
No decorrer do projeto Destino Referência
em Turismo de Aventura Especial, a Abeta
implementou o programa Aventura
Segura, qualificou empresas e profissionais,
organizou a associação do segmento e
formalizou os empreendimentos. A Avape
mapeou os equipamentos públicos e
privados, mediu e avaliou as condições
de acessibilidade e propôs modificações,
projetando como deveriam ser as
adaptações. Ao lado da prefeitura, desenhou
ainda os roteiros turísticos que seriam
adaptados. Além disso, ofertou cursos
específicos de atendimento a pessoa com
4. www.socorro.sp.gov.br/
deficiência, como a comunicação por meio
da Língua Brasileira de Sinais (Libras), tanto
para prestadores de serviço público quanto
privado, ligados direta ou indiretamente ao
turismo.
A prefeitura investiu na criação de roteiro
adaptado, que interliga dez pontos turísticos
totalmente trafegáveis por turistas com
deficiência, na região central da cidade,
contemplando o Centro Histórico, o comércio
local, o Mirante do Cristo e o Horto Municipal.
O apoio e as ações do MTur e das instituições
conveniadas motivaram os empresários e os
moradores, criando uma forte sinergia sobre
o tema no destino. Assim, os empresários
passaram a oferecer atividades de Aventura
completamente adaptadas para atender a
esse público.
O Comtur, que desde o princípio era a
instituição representativa da governança
local, ficou ainda mais fortalecido.
Organizado no formato de comissões
técnicas – grupos de trabalho voluntário
com foco em Aventura, Acessibilidade,
Marketing e outros temas relacionados ao
setor –, o Comtur é uma peça-chave no
desenvolvimento organizado do destino.
Sua importância como Grupo Gestor
foi respaldada, inclusive nos estudos de
competitividade da FGV, também realizados
em Socorro durante o desenvolvimento do
projeto.
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Socorro - SP
Em Socorro, a Ação Símbolo do projeto –
entendida como algo efetivo que represente
o resultado dos esforços coletivos e
inspire novas pessoas e instituições a se
envolver com a estruturação do segmento
e do destino – foi a inauguração do roteiro
adaptado, com a presença do ministro do
Turismo, imprensa, autoridades, técnicos e
comunidade. Essa ação projetou o destino na
mídia, colocando-o em evidência tanto entre
o trade quanto entre o público-alvo, o que se
refletiu em aumento do fluxo ao destino.
Resultados alcançados
Durante a realização do projeto Destinos
Referência em Segmentos Turísticos, a equipe
de trabalho envolvida na execução do projeto
foi muito importante para a articulação e
integração das ações e resultados com as
estratégias do MTur. Esse foco contribuiu
para atingir um resultado coletivo, que
foi exatamente consagrar Socorro como
referência em Aventura Especial.
Mesmo antes da finalização do projeto
Destinos Referência em Turismo de
Aventura Especial em Socorro, o destino
já se posicionava no mercado nacional
como modelo em Turismo de Aventura e
Acessibilidade. Técnicos e representantes
do destino já apresentam as experiências
bem sucedidas em eventos e publicações
em todo Brasil. O aumento na quantidade
de visitas técnicas de gestores públicos e
empreendedores privados, que buscam
aprender como aplicar as normas de
Aventura e Acessibilidade em seus locais
de origem, demonstra a importância que
a estruturação da Aventura Acessível em
Socorro tem para o desenvolvimento e
inclusão social através do turismo. Prova
do sucesso das ações e do destino é a
recente visita da Secretaria da Copa 2014
e Rio 2016 e da Secretaria da Pessoa com
Deficiência, ambas da Prefeitura do Rio de
Janeiro, que visitaram a cidade para conhecer
a experiência de Socorro e utilizá-la nas
adaptações das estruturas da cidade para a
Copa 2014, Olimpíadas e Paraolimpíadas do
Rio de 2016.
Resultados do Projeto
• Adesãodosempresárioseprestadoresdeserviçoaosprogramasdequalificaçãoe
implementação de normas técnicas de Turismo de Aventura e acessibilidade
• Governançalocalrepresentativaeatuante,baseadanoComtur
• Atuaçãocontinuadaeliderançadopoderpúblicomunicipalque,apesardatrocade
administração durante o projeto, manteve o processo em andamento e fortaleceu o
destino
• Articulaçãoeentendimentoentreosdiversosprojetoseaçõesrealizadosnodestino
• Preparaçãododestinoparaexposiçãonamídia,conquistandopromoçãoespontânea
devido ao tema inovador
• Repercussãonoaumentodofluxodevisitantes,inclusiveforadetemporada
• Utilizaçãodeassessoriatécnicaparaimplementaçãodasnormas
• BoarelaçãoinstitucionalentreosPoderesPúblicosmunicipal,estadualefederal,sem
interferência de política partidária
• Realizaçãodesemináriodemultiplicação,oficinadeprojetoevisitatécnicacoma
participação do grupo gestor do projeto, empresários e comunidade do destino,
além de representantes de outros destinos com vocação para o desenvolvimento de
Turismo de Aventura e acessibilidade
Para saber mais:www.turismo.gov.brwww.abeta.org.brwww.aventurasegura.org.brwww.inmetro.gov.brwww.aventuraespecial.org.brwww.avape.org.brwww.abnet.com.br/mturwww.socorro.sp.gov.brwww.cadastur.turismo.gov.br
Equipe Ministério do TurismoCoordenação Geral
Ricardo Martini MoeschTânia Brizolla
Coordenação TécnicaAna Clévia Guerreiro LimaJurema MonteiroRosiane RockenbachSáskia Lima
Equipe técnicaBrena CoelhoCarolina CamposFabiana OliveiraLaura MarquesPhilippe FigueiredoTalita PiresWilken Souto
ColaboraçãoAna Beatriz Borges SerpaAlessandra LannaBárbara Blaut RangelCristiano BorgesLuis Eduardo DelmontMarcela SouzaPriscilla GrintzosRafaela LehmannSalomar Mafaldo
Equipe Instituto Casa Brasil de CulturaCoordenação do projeto
Marcelo SafadiCoordenação operacional e assistência técnica
Priscila VilarinhoConsultores dos destinos
Marcos Pompeu – São João del Rei (MG) e Jericoacoara (CE)Priscila Vilarinho – Brasília (DF), Paraty (RJ) e Ribeirão Preto (SP)Rodrigo Lopes – Serra Geral (SC), Lençóis (BA) e Socorro (SP)Ricardo Silva – Santarém (PA) e Barcelos (AM)
Consultores de apoioAlessandra SchneiderFelipe ArnsMarcos Martins Borges Paulo d’Ávila FerreiraRoberto MourãoThiago Dias
Apoio administrativoJairo Mendonça Júnior
Assistência técnica adminstrativaBreno Mendonça Vieira
© Instituto Casa Brasil de Cultura. Goiânia, 2010
Destinos de Referência em TurismoSegmento: Aventura EspecialDestino: Socorro – SPParceiros executores locais: Associação para Valorização de Pessoas com Deficiên-cia (Avape)Associação Brasileira de Turismo Aventura (Abeta)Prefeitura Municipal de Socorro
Coordenação editorialWolneyUnes
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Arte final de capa Genilda Alexandria
DiagramaçãoMarcus Lisita Rotoli
FotografiaBanco de Imagens do Estado de São Paulo
Revisão Camila Pessoa
ApoioAcolhida na Colônia AbetaCasa AzulBeltaInstituto DharmaConvention BureauAvapePrefeitura de SocorroSebrae-CEAmazonasTurSecretaria de Turismo de Barcelos
ImpressãoMarques e Bueno Ltda. (Gráfica Talento)