destaques de outubro da cia das letras

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LANÇAMENTOS OUTUBRO 2010 SOLAR Ian McEwan Neste romance construído com o rigor de uma demonstração algébrica, Ian McEwan mobiliza sua reconhecida habilidade de contador de histórias para ligar o destino tragicômico do protagonista — um físico britânico internacionalmente consagrado mas decadente e debochado no momento da narrativa — ao futuro do planeta, numa prosa irônica e alusiva aos acontecimentos marcantes da última década O ano é 2000. A maré de más notí- cias sobre o clima e o aquecimento global inunda o noticiário. Impossível ignorar o destino trágico do planeta Terra, traçado pelos especialistas com funesto alarde. Michael Beard, cientista consagrado e prêmio Nobel de física, não parece nada preocupado. Seus interesses atuais se li- mitam a fantasias eróticas — concreti- zadas ou não —, bebida e mesa farta, de preferência repleta de guloseimas pouco recomendáveis para um homem de sua idade. Autoindulgente e cínico, Beard não se comove mais com as homenagens que lhe são periodicamente oferecidas, apesar de apreciar as quantias que costu- mam acompanhá-las. Entrementes, o governo britânico, preocupado com as repercussões eleito- rais do aquecimento global, resolve criar o Centro Nacional de Energia Renovável, e Beard é convenientemente convidado para sua presidência. Alheio, rodeado de pós-graduandos inexperientes e às voltas com um malfadado projeto de turbina eólica, o protagonista de Solar está obce- cado pela traição de Patrice, sua quinta e jovem mulher. Apesar de ele mesmo lhe ter sido assiduamente infiel, não conse- gue compreender como pôde ser trocado por um pedreiro brutamontes e semia- nalfabeto. A fixação patológica em conse- guir Patrice de volta e salvar o casamento o leva às maiores sandices, inclusive uma furtiva visita à residência do rival. Em 2005, após um acidente ocasionar uma reviravolta em sua vida, Beard come- ça a colher os resultados de uma revolu- cionária pesquisa sobre o uso da luz solar para a obtenção de energia limpa e barata a partir da água. Segredos do passado, no entanto, insistem em ameaçar a prospe- ridade conquistada, tornando imperioso mantê-los submersos, a qualquer custo. Numa narrativa marcada pela fina ironia em relação ao discurso “ecologica- mente correto”, Ian McEwan converte o protagonista de Solar numa espécie de an- ti-herói picaresco, cuja trajetória marcada pela amoralidade e pela cupidez espelha com precisão a pusilanimidade da espécie humana frente ao desastre inexorável. Ian McEwan nasceu em 1948, em Al- dershot, Reino Unido. Vencedor do Whitbread Award de 1987 e do Booker Prize de 1998, publicou duas coletâneas de contos e, entre mais de dez roman- ces, O inocente, O jardim de cimento, Na praia, Sábado e Reparação (adaptado pa- ra o cinema como Desejo e reparação), to- dos publicados no Brasil pela Compa- nhia das Letras. Romance Tradução: Jorio Dauster Capa: Kiko Farkas e Thiago Lacaz/ Máquina Estúdio 344 pp. 14 3 21 cm Tiragem: 12 000 ex. R$ 48,00 Previsão de lançamento: 06/10/2010 ISBN e código de barras: 978-85-359-1751-2 “Um livro fantástico, talvez o melhor de McEwan.” Financial Times “O pano de fundo científico de Solar é tão acurado que os pesquisadores do MIT que estudam os temas abordados no livro poderiam desconfiar que McEwan roubou suas notas [...]. Mas o grande feito do livro é condensar na figura humana do protagonista todas as contradições das polêmicas sobre o clima e o aquecimento global.” Time

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LANÇAMENTOS outuBRo 2010

SoLARIan McEwan

Neste romance construído com o rigor de uma demonstração algébrica, Ian McEwan mobiliza sua reconhecida habilidade de contador de histórias para ligar o destino tragicômico do protagonista — um físico britânico internacionalmente consagrado mas decadente e debochado no momento da narrativa — ao futuro do planeta, numa prosa irônica e alusiva aos acontecimentos marcantes da última década

O ano é 2000. A maré de más notí-cias sobre o clima e o aquecimento global inunda o noticiário. Impossível ignorar o destino trágico do planeta Terra, traçado pelos especialistas com funesto alarde. Michael Beard, cientista consagrado e prêmio Nobel de física, não parece nada preocupado. Seus interesses atuais se li-mitam a fantasias eróticas — concreti-zadas ou não —, bebida e mesa farta, de preferência repleta de guloseimas pouco recomendáveis para um homem de sua idade. Autoindulgente e cínico, Beard não se comove mais com as homenagens que lhe são periodicamente oferecidas, apesar de apreciar as quantias que costu-mam acompanhá-las.

Entrementes, o governo britânico, preocupado com as repercussões eleito-rais do aquecimento global, resolve criar o Centro Nacional de Energia Renovável, e Beard é convenientemente convidado para sua presidência. Alheio, rodeado de pós-graduandos inexperientes e às voltas com um malfadado projeto de turbina eólica, o protagonista de Solar está obce-cado pela traição de Patrice, sua quinta e jovem mulher. Apesar de ele mesmo lhe ter sido assiduamente infiel, não conse-gue compreender como pôde ser trocado por um pedreiro brutamontes e semia-

nalfabeto. A fixação patológica em conse-guir Patrice de volta e salvar o casamento o leva às maiores sandices, inclusive uma furtiva visita à residência do rival.

Em 2005, após um acidente ocasionar uma reviravolta em sua vida, Beard come-ça a colher os resultados de uma revolu-cionária pesquisa sobre o uso da luz solar para a obtenção de energia limpa e barata a partir da água. Segredos do passado, no entanto, insistem em ameaçar a prospe-ridade conquistada, tornando imperioso mantê-los submersos, a qualquer custo.

Numa narrativa marcada pela fina ironia em relação ao discurso “ecologica-mente correto”, Ian McEwan converte o protagonista de Solar numa espécie de an-ti-herói picaresco, cuja trajetória marcada pela amoralidade e pela cupidez espelha com precisão a pusilanimidade da espécie humana frente ao desastre inexorável.Ian McEwan nasceu em 1948, em Al-dershot, Reino Unido. Vencedor do Whitbread Award de 1987 e do Booker Prize de 1998, publicou duas coletâneas de contos e, entre mais de dez roman-ces, O inocente, O jardim de cimento, Na praia, Sábado e Reparação (adaptado pa-ra o cinema como Desejo e reparação), to - dos publicados no Brasil pela Compa-nhia das Letras.

Romancetradução: Jorio DausterCapa: Kiko Farkas e thiago Lacaz/ Máquina Estúdio344 pp. 14 3 21 cmtiragem: 12 000 ex.R$ 48,00Previsão de lançamento: 06/10/2010ISBN e código de barras: 978-85-359-1751-2

“um livro fantástico, talvez o melhor de McEwan.” — Financial Times

“o pano de fundo científico de Solar é tão acurado que os pesquisadores do mit que estudam os temas abordados no livro poderiam desconfiar que McEwan roubou suas notas [...]. Mas o grande feito do livro é condensar na figura humana do protagonista todas as contradições das polêmicas sobre o clima e o aquecimento global.” — Time

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LANÇAMENTOS outuBRoBRoBR 2010 2

outRAS CoRESOrhan Pamuk

toDoS oS HoMENS SÃo MENtIRoSoSAlberto Manguel

Reunindo crônicas, entrevistas, discursos e pequenas ficções, Orhan Pamuk revela em outras cores os bastidores de seu método literário

Trinta anos depois do inexplicado suicídio do escritor argentino Alejandro Bevilacqua, um jornalista tenta recompor a imagem dessa figura secreta e esquecida. Entre o segredo e a mentira, o humor e a angústia, Alberto Manguel revive a atmosfera dos exilados latino-americanos na Europa dos anos 1970

Ensaiostradução: Berilo VargasCapa: warrakloureiro472 pp. (estimadas)16 3 23 cmtiragem: 4000 ex.R$ 57,00Previsão de lançamento: 20/10/2010ISBN e código de barras: 978-85-359-1742-0

Romancetradução: Josely Vianna Baptista184 pp.14 3 21 cmtiragem: 3000 ex.R$ 42,00Previsão de lançamento: 13/10/2010ISBN e código de barras: 978-85-359-1745-1

Orhan Pamuk, prêmio Nobel de 2006 e um dos mais importantes escritores da atualidade, viu-se há alguns anos enre-dado numa trama de involuntária ins-piração kafkiana. Após abordar, numa entrevista a um jornal suíço, o esqueci-mento deliberado do genocídio armênio promovido pela Turquia, Pamuk foi de-nunciado pela promotoria de seu país, acusado de “denegrir a identidade turca”. O constrangedor processo que se seguiu é contado por Pamuk em Outras cores com o distanciamento irônico que a situação permite, pois o episódio foi felizmente encerrado com sua absolvição.

Essa e outras histórias, bem como nu-merosos fragmentos de natureza ensaísti-ca e reflexiva, compõem o vasto mosaico textual do livro. Resgatando as lembran-ças da infância em Istambul ou discutin-do o atual “choque de civilizações”, de

O ponto de partida deste romance é a história secreta de Alejandro Bevilacqua, misterioso autor de um único livro, que se matou no exílio em Madri. O escritor desperta a curiosidade de um jornalista francês, que decide escrever um livro so-bre ele. As fontes são quatro pessoas que conviveram com Bevilacqua e prometem revelar segredos importantes.

O primeiro narrador é Alberto Man-guel, uma espécie de alter ego homôni-mo do autor. Os dois seguintes são uma amante de Bevilacqua e um ex-compa-nheiro de prisão, entrevistados pelo jor-nalista. Por fim, surge o surpreendente depoimento além-túmulo do editor do suicida, cheio de revelações inacessíveis aos vivos, e não muito favoráveis ao pres-tígio literário de Bevilacqua.

que a Turquia é um posto de observação privilegiado, Pamuk compartilha gene-rosamente com os leitores os bastidores de sua criação literária. Obcecado pela exatidão na ambientação de seus enre-dos, o escritor revisita os lugares em que seus personagens transitam em romances como O livro negro e Neve. Posfácios, dis-cursos e pequenos momentos ficcionais que, segundo o próprio Pamuk, não pu-deram ser aproveitados nos romances, são reunidos em capítulos curtos, por meio de conexões temáticas e cronoló-gicas. Outras cores sintetiza os interesses multifacetados de seu autor, e ajuda a esclarecer os mecanismos de sua escrita premiada.Orhan Pamuk nasceu em 1952, em Is-tambul. De sua autoria, a Companhia das Letras publicou O castelo do meu pai, A maleta do meu pai e maleta do meu pai e maleta do meu pai Neve, entre outros.

O perfil do escritor, entretanto, per-manece incompleto e obscuro. Resta então uma última surpresa: enquanto o jornalista constata a impossibilidade de montar o quebra-cabeça das lembranças alheias, confundido entre equívocos e mentiras, Alberto Manguel demonstra com maestria a possibilidade de um ro-mance dar vida nova ao passado — uma vida verdadeira, apesar de ficcional.Alberto Manguel nasceu em Buenos Aires, em 1948, e hoje é cidadão cana-dense. Atualmente mora num vilarejo medieval no interior da França. Dele, a Companhia das Letras publicou, entre outros livros de ensaio e ficção, Uma his-tória da leitura (1997), Dicionário de lu-gares imaginários (2003) e A biblioteca à noite (2006).

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LANÇAMENTOS outuBRoBRoBR 20103

o BoM JESuS E o INFAME CRIStoPhilip Pullman

Philip Pullman imagina uma versão para a história de Jesus Cristo, transformando esse notório personagem em dois: os gêmeos Jesus e Cristo, de personalidades opostas. Neste livro polêmico, o grande contador de histórias britânico faz, com sua prosa enxuta e contemporânea, uma crítica do autoritarismo e da alienação professados pela Igreja

Romancetradução: Christian SchwartzCapa: Kiko Farkas e Mateus Valadares/ Máquina Estúdio184 pp. (estimadas)14 3 21 cmtiragem: 8000 ex.R$ 37,00Previsão de lançamento: 27/10/2010ISBN e código de barras: 978-85-359-1762-8

“Esta é a história de Jesus e de seu ir-mão Cristo, de como nasceram, de como viveram e de como um deles morreu. A morte do outro não entra na história.” Haverá quem se incomode — e muitos já se incomodaram — com um começo assim, tão infiel à “verdade” dessa histó-ria. Lançado no exterior no começo deste ano, O bom Jesus e o infame Cristo cha-coalhou a imprensa internacional.

Ao revisitar uma das mais célebres narrativas do mundo ocidental, Philip Pullman retorna também à grande preo-cupação de leitores e ouvintes deste e de outros relatos, hoje e em todas as épocas: o que aconteceu de fato naquilo que nos é contado? Na encruzilhada em que in-venção e realidade se tocam, assoma a curiosidade irresistível pelo que separa a História de uma história.

Na engenhosa e fascinante reescrita do mito de Jesus a que se propõe Pullman, o personagem central assume duas per-sonalidades: o primeiro, Jesus, é dado à imaginação dos milagres e do mistério sobre os quais, em última análise, será edificado o poder da Igreja; o segundo,

Cristo, é, porém, um homem comum, rea- lista em sua fé e intransigente nos prin-cípios que deveriam, para ele, nortear a convivência humana.

O bom Jesus e o infame Cristo lança novas luzes sobre quem foi o fundador do cristianismo. Não para contestar sua presença capital na conformação da cul-tura do Ocidente nestes últimos dois mi-lênios, mas para alimentar o debate em torno, justamente, da duradoura sobrevi-vência desse relato. Philip Pullman nasceu em Norwich, Inglaterra, em 1946, e foi criado no Zim-bábue, na Austrália e no País de Gales. Trabalhou como professor de crianças e adolescentes por muitos anos. Escreveu seus primeiros livros a partir de peças que criava para seus alunos encenarem, as mesmas histórias que mais tarde alcan-çariam as listas de best-sellers em diver-sas línguas. Pullman consagrou-se como escritor com a premiada série His dark materials, que originou o filme A bússola de ouro. O bom Jesus e o infame Cristo é seu primeiro livro pela Companhia das Letras.

“uma fábula muito corajosa e deliberadamente provocadora [...]. Pullman no melhor estilo, claro e conciso [...]. uma narrativa ambiciosa, estimulante e profunda.” — The Guardian

“Apesar de Pullman mostrar sua erudição de forma leve, como fazem os grandes contadores de histórias, não tenho dúvida de que ele domina perfeitamente a complexidade da busca por um Jesus histórico. um livro belo e impetuoso, que [...] vai tocar até aqueles que discordam dele.” — Richard Holloway, The Observer

1º- LUGAR NAS

LISTAS DE MAIS

VENDIDOS DO

REINO UNIDO

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LANÇAMENTOS outuBRoBRoBR 2010 4

VERGoNHASalman Rushdie

A SEGuNDA CoNFISSÃoRex Stout

Vergonha se debruça sobre o nascimento do Paquistão e a violenta disputa pelo comando do novo país, revelando jogos de poder nas esferas pública e privada

Neste romance de 1949, o detetive bon-vivant Nero Wolfe enfrenta um caso envolvendo milionários, comunistas e gângsteres, num retrato irônico da atmosfera política dos Estados Unidos durante os anos do macarthismo

Em seu terceiro romance, de 1983, Salman Rushdie aproveita a violenta his-tória do Paquistão para tratar dos efeitos devastadores de uma emoção corrosiva. Em urdu, o significado de sharam, tradu-zido no Ocidente por “vergonha”, envol-ve também embaraço, decência, modéstia e conhecimento da própria origem.

É isso o que se apreende da história de disputa pelo poder entre dois homens: o eminente oficial do Exército Raza Hyder e seu primo, Iskander Harappa, cada qual autoritário a sua moda. Ao redor das tru-culentas figuras estão Sufiya Zinobia e Omar Khayyam Shakil. Sufiya é a filha de Hyder, nascida depois da morte do es-perado primogênito e desprezada desde o primeiro instante. Com a capacidade sobrenatural de absorver a vergonha e as emoções reprimidas de todos, a menina ruboriza a ponto de queimar as mãos de

Apesar de pouco instigante para um detetive de inteligência comparável a sua retumbante estrutura corporal, o gordís-simo Nero Wolfe aceita a tarefa de inves-tigar o jovem advogado Louis Rony. O serviço, encomendado pelo magnata da mineração James Sperling, prometia bons pagamentos, e tudo o que ele precisava era comprovar a filiação do jovem ao Parti-do Comunista. As possíveis provas seriam usadas para convencer a filha do milioná-rio a terminar o namoro com Rony.

Mas quando o investigado aparece morto no jardim de Sperling, a sagaci-dade de Nero Wolfe será posta à prova. As perguntas começam a pipocar: teria o próprio magnata se livrado do que con-siderava um “câncer comunista”? Ou o corpo tinha alguma coisa a ver com o misterioso chefão do crime organizado

quem a toque. Ela se casará com o médi-co Omar Khayyam, dando início à união simbólica do excesso de vergonha com a falta absoluta dela.

Conduzindo o enredo de volta às esferas principais do poder, ou seja, aos efeitos que esse casamento absurdo irá provocar na disputa entre Raza e Iskan-der, Rushdie demonstra de maneira ine-quívoca que um povo regulado pela ver-gonha acaba recriando um cenário de violência.Salman Rushdie nasceu em Bombaim, Índia, em 1947. Aos treze anos mudou-se para Londres, depois se formou em his-tória pelo King’s College. É autor de mais de uma dezena de livros, vários deles publicados pela Companhia das Letras, como Os filhos da meia-noite (vencedor Os filhos da meia-noite (vencedor Os filhos da meia-noitedo Booker Prize de 1981) e Os versos sa-tânicos.

de Nova York, que advertira Wolfe de que a continuidade nas investigações produ-ziriam retaliações inevitáveis?

Cercado de pistas conflitantes, indí-cios que se anulam e policiais incompe-tentes, Wolfe não poupa artimanhas na busca por respostas. Encontrará o cri-minoso, nem que para isso seja preciso manipular a imprensa e encarar de per-to os dirigentes do Partido Comunista Americano. Rex Stout (1886-1975) nasceu em In-diana, nos Estados Unidos. Antes de se dedicar à ficção, serviu à Marinha e tra-balhou como contador e financista. Em 1934, lançou Serpente, o primeiro ro-mance protagonizado pelo detetive Nero Wolfe, ao qual se seguiram mais de seten-ta histórias, muitas delas publicadas pela Companhia das Letras.

Romancetradução: José Rubens SiqueiraCapa: Victor Burton376 pp. (estimadas)14 3 21 cmtiragem: 4000 ex.R$ 52,00Previsão de lançamento: 28/10/2010ISBN e código de barras: 978-85-359-1756-7

Policialtradução: Renata GuerraCapa: Elisa v. Randow256 pp. 13 3 21 cmtiragem: 3000 ex.R$ 39,00Previsão de lançamento: 13/10/2010ISBN e código de barras: 978-85-359-1744-4

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LANÇAMENTOS outuBRoBRoBR 20105

MÉtoDo PRÁtICo DA GuERRILHAMarcelo Ferroni

Combinando história e ficção, Marcelo Ferroni narra a malfadada aventura de Che na Bolívia

Em maio de 2004, o Departamento de Estado dos eua libera a transcrição do in-terrogatório de Paul Neumann, ex-aluno de história da puc-rs, realizado em 1967, em um hospital militar na Bolívia, por dois renegados cubanos a serviço da cia. Esta é sumariamente a moldura ficcional deste thriller de espionagem, centrado na thriller de espionagem, centrado na thrillerfigura de um Che Guevara amargo, care-ca e barrigudo.

Depois do fiasco no Congo, Che es-tava taciturno na Tanzânia, sonhando em levar a guerrilha à Argentina, onde os comunistas não se davam com Fidel. Mas o alvo, enfim, escolhido pelos revo-lucionários foi a Bolívia de Barrientos que, em 1966, nas palavras do autor, “era um estranho enxerto de nacionalismo e conservadorismo pró-americano impor-tado do Brasil”, e é para lá que se dirige a Operação Fantasma.

Valendo-se de paráfrases da história,

através de diários e relatórios, Ferroni apresenta desde os bastidores da ação, na formação das redes urbanas do mo-vimento da esquerda internacional, até as frentes de batalha em Ñancahuazú, recriando em detalhes os acontecimen-tos daquela trágica (e por vezes cômica) guerrilha.

Em Método prático da guerrilha, Fer-roni põe à prova, com uma pesquisa mi-nuciosa, os métodos preconizados pelo próprio Guerra de guerrilhas, de Che, e aponta, com algumas doses de ficção, as contradições da prática revolucionária.Marcelo Ferroni nasceu em 1974, em São Paulo. Foi editor da Globo Livros, por onde havia lançado o volume de contos Dia dos mortos, e hoje é editor da Alfagua-ra, selo de literatura da Nova Fronteira. Método prático da guerrilha é seu primei-ro romance, e será publicado também na Espanha e em Portugal.

RomanceCapa: Kiko Farkas e thiago Lacaz/ Máquina Estúdio232 pp. (estimadas)14 3 21 cmtiragem: 4000 ex.R$ 41,00Previsão de lançamento: 25/10/2010ISBN e código de barras: 978-85-359-1748-2

NADA ME FALtARÁLourenço Mutarelli

Numa novela ágil, narrada somente com diálogos, Mutarelli conta a história de um homem que ressurge um ano depois de ter desaparecido junto com a mulher e a filha. Incapaz de se lembrar do que aconteceu, ele precisa enfrentar a cobrança dos amigos e as suspeitas da mãe e da polícia

Nada me faltará narra a história de Paulo, um homem que desaparece miste-riosamente junto com a mulher e a filha e ressurge um ano depois, sem explicações, na frente do prédio onde morava. Pau-lo é interrogado por médicos, policiais, amigos e familiares, mas não se lembra de nada do que aconteceu. Levado para a casa da mãe, ele se entrega a um estado de cansaço e desinteresse.

A situação se complica conforme au-menta a cobrança para que ele volte a se comportar como antes, mas ninguém parece entender que, para Paulo, tudo está bem. O desinteresse pelo paradeiro da mulher e da filha alimenta a suspei-ta de um investigador e da própria mãe. Somente seu terapeuta, dr. Leopoldo, se mostrará compreensivo para tentar des-vendar o caso de seu paciente.

Ao realçar o descompasso entre as rea-lidades dos vários personagens, Mutarelli elabora como poucos o tema da incomu-nicabilidade. Com um registro coloquial preciso e um humor estranho e descon-fortável, ele explora um dos elementos típicos de sua obra: o limite incerto entre sanidade e loucura. Lourenço Mutarelli nasceu em 1964, em São Paulo. Escritor, artista gráfico, ro-teirista e ator, publicou diversas histórias em quadrinhos, hoje cultuadas entre o público do gênero. Escreveu peças de tea-tro e os romances O cheiro do ralo (adap-tado para o cinema por Heitor Dhalia e com Selton Mello no papel principal), Je-sus Kid, A arte de produzir efeito sem cau-sa, Miguel e os demônios e O natimorto, os três últimos publicados pela Companhia das Letras.

NovelaCapa: Kiko Farkas e Mateus Valadares/ Máquina Estúdio136 pp. (estimadas)13,5 3 20,6 cmtiragem: 3000 ex.R$ 37,00Previsão de lançamento: 22/10/2010ISBN e código de barras: 978-85-359-1740-6

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LANÇAMENTOS outuBRoBRoBR 2010 6

o MAL-EStAR NA CIVILIZAÇÃo, NoVASCoNFERêNCIAS INtRoDutó

AR NA CIVILIZAÇÃutó

AR NA CIVILIZAÇÃRIAS

E outRoS tEXtoSobras completas, volume 18Sigmund FreudA publicação das obras Completas de Sigmund Freud (1856-1939) prossegue com o quarto lançamento, o do vol. 18, que inclui os textos aparecidos entre 1930 e 1936, entre eles o mal-estar na civilização e Por que a guerra?, uma longa carta aberta a Einstein

O mal-estar na civilização é considera-do o mais importante trabalho de Freud no âmbito da sociologia e antropologia. Escrito às vésperas do colapso da Bolsa de Valores de Nova York (1929), é uma in-vestigação sobre as raízes da infelicidade humana, sobre o conflito entre instintos e cultura e a forma que ele assume na civi-lização moderna. Também constitui, nas palavras do historiador Peter Gay, “uma teoria psicanalítica da política”.

As Novas conferências introdutóriaspodem ser lidas como obra autônoma, pois sintetizam as principais descobertas da psicanálise e expõem seus desenvolvi-mentos após 1917. A mais influente delas é “A dissecção da personalidade psíquica”.

Por que a guerra? foi parte de uma troPor que a guerra? foi parte de uma troPor que a guerra? -ca de ideias com Einstein, feita por solici-tação da Liga das Nações, antecessora da ONU. Impressionados com os horrores da Primeira Guerra Mundial, os dois refleti-ram sobre a natureza da guerra e a forma de evitá-la ou diminuir seu alcance.

Entre os textos secundários do volu-me, destacam-se “Tipos libidinais”, sobre a possibilidade de classificar todos os in-divíduos em “eróticos”, “narcisistas” ou “obsessivos”; “O prêmio Goethe”, sobre a relação entre Goethe e a psicanálise; e “Meu contato com Josef Popper”, sobre o filantropo e pensador que, escrevendo sob o pseudônimo de “Lynkeus”, pre-nunciou a teoria dos sonhos.

PsicanáliseCoordenação: Paulo César de Souzatradução: Paulo César de SouzaCapa e projeto gráfico: warrakloureiro496 pp. (estimadas)13 3 21 cmtiragem: 8000 ex.R$ 52,00Previsão de lançamento: 20/10/2010ISBN e código de barras: 978-85-359-1743-7

A ERA DA EMPAtIALições da natureza para uma sociedade mais gentilFrans de WaalO primatólogo Frans de Waal mostra como a biologia predispõe os seres humanos a construir uma sociedade mais justa e solidária, para além do “cada um por si” dos mercados e da visão da natureza como basicamente “egoísta”

Em A era da empatia, Frans de Waal mostra como diversos animais, incluindo os seres humanos, foram dotados pela evo-lução da capacidade de se colocar no lugar do próximo, de se apiedar da dor do vizi-nho e, em casos extremos, até de salvar-lhe a vida, colocando a própria em risco.

Esse “instinto da compaixão” se choca com a visão tradicional do “gene egoísta”, segundo a qual os animais são programa-dos apenas para satisfazer seus próprios interesses. Tomando por base estudos com macacos-prego e chimpanzés, De Waal mostra que o “gene egoísta” não se traduz em indivíduos ou sociedades egoístas. Ao contrário, parece haver ao longo da evolução uma tendência à em-patia estabelecida a centenas de milhões de anos. Ao se colocar no lugar dos ou-

tros, os animais sociais ajudam a cons-truir grupos mais coesos — o que, por sua vez, auxilia sua sobrevivência.

De Waal nos mostra camundongos piedosos, macacos socialistas, cachorros invejosos e chimpanzés que coçam as cos-tas dos outros sem receberem nada em tro-ca. Bem-humorado, repleto de casos insti-gantes, erudito e ao mesmo tempo escrito em linguagem acessível e informal, A era da empatia é um ótimo antídoto para estes tempos de individualismo extremado.Frans de Waal nasceu na Holanda, em 1948. É professor de psicologia da Universidade Emory e pesquisador do Centro Nacional de Primatas Yerkes, ambos em Atlanta, nos Estados Unidos. Dele, a Companhia das Letras publicou Eu, primata.

Ciênciatradução: Rejane RubinoCapa: Flávia Castanheira392 pp. (estimadas)14 3 21 cmtiragem: 3000 ex.Preço a definir Previsão de lançamento: a definirISBN e código de barras: 978-85-359-1763-5

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LANÇAMENTOS outuBRoBRoBR 20107

uMA CERtA PAZAmós Oz

Em uma certa paz, publicado originalmente em 1982 e uma das obras ma certa paz, publicado originalmente em 1982 e uma das obras ma certa pazmais aclamadas de Amós Oz, acompanhamos Ionatan Lifschitz, um jovem de 26 anos frustrado com a vida regrada e monótona em um kibutz

“A obra mais poderosa de Amós Oz.” — The New York Times Book Review

No inverno de 1965, Ionatan Lifschitz resolveu abandonar sua mulher e o ki-butz onde nascera e crescera. Decidiu sair e começar uma vida nova. No entanto, a saída de Ionatan não se concretiza assim tão facilmente. Filho de Iulek, o líder da comunidade, sua insatisfação é contra-posta à esperança que marcou a geração anterior. Os dilemas de Ionatan se agra-vam quando chega ao kibutz o sonhador Azaria Guitlin. Conversador, sempre re-pleto de opiniões, apaixonado pela ideia de um mundo justo, Azaria Guitlin é a antítese de Ionatan. Entre os dois se for-ma uma estranha amizade, que se torna ainda mais confusa quando Azaria se muda para a residência dos Lifschitz e se interessa por Rimona, a esposa que Iona-tan negligencia e trata com desdém.

As difíceis relações familiares são a tônica desta obra de Amós Oz, que leva para o seio familiar as contradições e dificuldades políticas que o Estado de Israel enfrentava nos anos 1960, às vés-peras da Guerra dos Seis Dias. Mais do que um retrato histórico, porém, Uma certa paz se revela uma meditação sobre certa paz se revela uma meditação sobre certa pazo poder, a decepção e os relacionamen-tos amorosos. O talento de Oz está em não privilegiar um único ponto de vista. Pelo contrário, dá voz aos pensamentos das suas personagens, por mais rígidos e chocantes que sejam.Amós Oz nasceu em 1939, em Jerusalém. Pela Companhia das Letras publicou, entre outros, os romances Conhecer uma mulher, A caixa preta e Cenas da vida na aldeia.

Romancetradução: Paulo GeigerCapa: warrakloureiro400 pp. (estimadas)16 3 23 cmtiragem: 5000 ex.R$ 51,00Previsão de lançamento: 27/10/2010ISBN e código de barras: 978-85-359-1746-8

A CHAVE Do MARFernando Moreira Salles

Em sua concisão, estes poemas desvendam horizontes. A percepção fina e a atenção aguda do poeta operam o passe de mágica que é prerrogativa da poesia: expor, desprotegido, o momento que passa. Terceira coletânea de Fernando Moreira Salles, A chave do mar confirma A chave do mar confirma A chave do mara presença de seu autor entre os novos nomes da poesia brasileira

Os poemas de Fernando Moreira Sal-les enganam o leitor: aparecem suaves, quase tênues, para inadvertidamente ad-quirirem o peso de uma revelação grave. O próprio poeta atenta para sua ferra-menta poética: uma “Dicção de espu-ma.../ trilha e compasso/ deste ser”. Fer-ramenta contraditória no sentido de ser “de espuma” e de nomear com contun-dência o que é tão difícil de apreender: o tempo, a intimidade, as sensações e senti-mentos mais fugazes.

Nessa visita exemplar à intimidade do tempo, Salles recorre inúmeras vezes à metáfora do mar (invocada desde o títu-lo da obra), que ao mesmo tempo muda incessantemente e aponta para a eterni-dade: “A lembrança/ nasce/ no quieto ho-rizonte/ como ondas/ de outras manhãs”.

É o mar, inclusive, que dá nome ao poeta, que o decifra e ao mesmo tempo expõe e acolhe: “Átimo/ instante/ entre marés/ Algo/ me nomeia”; “Só/ neste mar/ dis-po/ minha sombra”. E está na conclusão do livro, em que o poeta faz a soma de si e define seu legado: “Estas/ poucas/ pala-vras/ e a chave do mar”. Fernando Moreira Salles nasceu no Rio de Janeiro, em 1946. É sócio da Companhia das Letras. Dirigiu o Insti-tuto Moreira Salles, foi editor de revista, resenhista de livros e dramaturgo (Eu me lembro, 1995; Entrevista, 1998). Dele, a Companhia das Letras já publicou os livros Memorando (memória, 1993, em coautoria com Geraldo Mayrink), Ser longe (poesia, 2003) e Habite-se (poesia, 2005).

Poesia Capa: Kiko Farkas/ Máquina EstúdioIlustrações: Paulo Monteiro80 pp. 14 3 21 cmtiragem: 2000 ex.R$ 35,00Previsão de lançamento: 07/10/2010ISBN e código de barras: 978-85-359-1752-9

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LANÇAMENTOS outuBRoBRoBR 2010 8

CoNtoS CoMPLEtoSLima Barreto

Este volume reúne todos os contos publicados em vida por Lima Barreto e mais dezenas de inéditos, retirados de seus manuscritos. Organização e apresentação de Lilia Moritz Schwarcz

A importância de Lima Barreto (1881-1922) na literatura brasileira tem sido objeto de sucessivas reavaliações. A oralidade despojada de seus textos, o tom memorialista e de crônica jornalística fo-ram duramente criticados por contem-porâneos como José Verissimo e, ao mes-mo tempo, serviram de atrativo para as vanguardas modernistas. Embora tenha morrido cedo, aos 41 anos, Lima Barreto deixou uma importante produção de ro-mances, crônicas e contos.

Com organização, introdução e notas de Lilia Moritz Schwarcz, esta edição reú-ne os 149 contos do autor, resgatados por meio de pesquisas em manuscritos, edi-ções originais, jornais e revistas da épo-ca. Tanto os contos menos conhecidos quanto alguns mais famosos, como “A Nova Califórnia” e “O homem que sabia javanês”, ressaltam o aspecto autobiográ-fico que, segundo a organizadora, perpas-sa toda a carreira de Lima Barreto.

Testemunha ocular das convulsões políticas e sociais da República Velha, Lima Barreto foi um dos primeiros escri-tores a assumir sua negritude no Brasil. Ativista simpático ao anarquismo, des-cendente de escravos e protegido do Vis-conde de Ouro Preto, inseriu-se no mun-do intelectual mas foi considerado um escritor de segunda categoria. Análises posteriores, como a do professor Antonio

Candido, diriam que Lima Barreto é um autor “vivo e penetrante”. E sua inclusão tardia no cânone dos grandes ficcionistas da língua portuguesa seria apenas uma das muitas contradições que caracteriza-ram sua vida e obra.

Ao rever sua produção literária cem anos depois da publicação de Recordações do escrivão Isaías Caminha, seu primeiro romance, o que vemos é o gênio rebelde eternizado pela fúria quixotesca de Po-licarpo Quaresma e nas manifestações mais livres e reveladoras de seus contos. Lima Barreto nasceu no Rio de Janeiro, em 13 de maio de 1881, filho do tipógra-fo João Henriques e da professora Amália Augusta. Seu padrinho era o Visconde de Ouro Preto, senador do Império. A mãe, escrava liberta, morreu precocemente, quando o filho tinha seis anos. É autor, entre outros, de Recordações do escrivão Isaías Caminha e Triste fim de Policarpo Quaresma.Lilia Moritz Schwarcz é professora ti-tular no Departamento de Antropologia da usp. Em 1999 seu livro As barbas do imperador — D. Pedro II, um monarca nos trópicos ganhou o prêmio Jabuti de ensaio. Além deste, publicou O espetáculo das ra-ças, D. João carioca — história em quadri-nhos sobre a chegada da corte portuguesa ao Brasil, em coautoria com Spacca — e O sol do Brasil, entre outros.

ContosCapa: Jeff Fisherorganização e apresentação: Lilia Moritz Schwarcz720 pp. (estimadas)16 3 23 cmtiragem: 5000 ex.R$ 48,00Previsão de lançamento: 28/10/2010ISBN e código de barras: 978-85-359-1755-0

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RECoRDAÇÕES DoESCRIVÃ

RDAÇÕES DESCRIVÃ

RDAÇÕES Do ISAÍAS CAMINHA

RDAÇÕES D ISAÍAS CAMINHA

RDAÇÕES D

Lima BarretoApoiando-se no tema do racismo e da exclusão social, este romance de estreia de Lima Barreto discorre sobre a incapacidade do país de incorporar os negros na sociedade e traça um panorama histórico e social do começo do século XX

Filho de uma escrava liberta e um ti-pógrafo, Lima Barreto nunca teve em vida o reconhecimento que a sua obra mere-cia. Isso talvez se justifique, ao menos em parte, pela repercussão de Recordações do escrivão Isaías Caminha na sociedade ca-rioca. Ao ambientar o personagem numa redação de jornal, Lima Barreto trata de maneira impiedosa a classe jornalísti-ca, que respondeu aos insultos banindo o autor da imprensa carioca. E, embora tenha sido publicada em 1909, em meio ao otimismo pós-Lei Áurea, a história de Isaías mostra um cotidiano bastante cruel para os negros. O jovem é culto e inteli-gente mas isso não basta para que ele seja

inserido na sociedade, pois será esmaga-do pelo preconceito racial.

Resgatando a atualidade de Lima Bar-reto sob o viés da crítica literária, Alfredo Bosi defende na introdução do livro que Recordações é um dos grandes romances da literatura brasileira.

Essa edição traz também um prefácio de Francisco de Assis Barbosa, historiador que fez um importante estudo sobre o au-tor, valendo-se de dados biográficos e con-textualizando o livro à época em que foi publicado. E, ainda, mais de cem notas ela-boradas por Isabel Lustosa, que comenta fatos históricos e nos revela quem eram as pessoas e os lugares retratados no livro.

RomanceCapa: Raul Loureiro e Claudia WarrakIntrodução: Alfredo BosiPrefácio: Francisco de Assis BarbosaNotas: Isabel Lustosa312 pp. (estimadas)13 3 20 cmtiragem: 5000 ex.R$ 25,00Previsão de lançamento: 28/10/2010ISBN e código de barras: 978-85-63560-07-0

oS ENSAIoSMontaigne

Reunião dos principais textos de Michel de Montaigne, esta edição traz um rico panorama da obra daquele que é considerado o pai do gênero ensaio

Personagem de vida curiosa, Michel Eyquem, Seigneur de Montaigne (1533-1592) é considerado o inventor do gê-nero ensaio. Herdeiro de uma fortuna deixada pelo avô, um comerciante de peixes abastado, foi alfabetizado em la-tim e prefeito de Bordeaux. A certa altu-ra, retirou-se para ler, meditar e escrever sobre praticamente tudo.

Esta edição oferece ao leitor brasileiro a possibilidade de ter uma visão abran-gente do pensamento de Montaigne, sem que precise recorrer aos três volumes de suas obras completas. Selecionados para a edição internacional da Penguin por M. A. Screech, especialista no Renascimento, os ensaios desta edição passam por temas como o medo, a covardia, a preparação para a morte, a educação dos filhos, a em-briaguez, a ociosidade.

De particular interesse para nossos leitores é o ensaio “Sobre os canibais”, que foi inspirado no encontro que Mon-taigne teve, em Ruão, em 1562, com os

índios da tribo Tupinambá, e que foram levados para serem exibidos na corte francesa. Além disso, trata-se da primei-ra edição brasileira que utiliza a monu-mental reedição dos ensaios lançada pela Bibliothèque de la Plêiade, que, por sua vez, se valeu da edição póstuma dos en-saios de 1595.

O crítico Eric Auerbach, que assina o prefácio do livro, afirma que a moder-nidade de Montaigne se deve ao fato de ser o primeiro autor a não se preocupar com um público determinado. Esta nova e fluente tradução permite que o leitor brasileiro descubra o pensamento rico (e vivo) de Montaigne.Michel Eyquem, Seigneur de Mon-taigne nasceu em 1533. Estudou direito e tornou-se conselheiro do Parlamento de Bordeaux. Casou-se em 1565. Foi elei-to duas vezes prefeito de Bordeaux. Mor-reu em Montaigne, em 1592, enquanto preparava a edição final, e a mais rica, de seus Ensaios.

Ensaiostradução: Rosa Freire d’AguiarCapa: Raul Loureiro e Claudia Warrak624 pp. (estimadas)13 3 20 cmtiragem: 7000 ex.R$ 34,00Previsão de lançamento: 28/10/2010ISBN e código de barras: 978-85-63560-06-3

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LANÇAMENTOS outuBRoBRoBR 2010 10

o ALuFÁ RuFINotráfico, escravidão e liberdade no Atlântico Negro (c. 1822-c. 1853)João José Reis, Flávio dos Santos Gomes, Marcus J. M. de CarvalhoAs aventuras de um ex-escravo africano envolvido no tráfico negreiro são reconstituídas numa narrativa histórica acessível e bem documentada. Mais do que uma biografia convencional, a trajetória de Rufino serve como guia para uma história social do tráfico e da escravidão no mundo atlântico em meados do século XIX

Este livro, escrito a seis mãos por es-pecialistas na história da escravidão no Brasil, reconstitui a movimentada bio-grafia de Rufino José Maria e faz uma abrangente análise do contexto histórico do Brasil e da África no século xix.

Nascido no antigo reino africano de Oyó, escravizado na adolescência por um grupo étnico rival, adquirido por traficantes brasileiros e levado para Sal-vador da Bahia, o protagonista destas fascinantes páginas da história do Brasil teve sua biografia dividida pelo oceano. A vida de Rufino foi plena de aventuras e desventuras. Após conseguir sua alfor-

ria, tornou-se cozinheiro assalariado de navios negreiros e, na maturidade, no Recife, alcançou o posto de alufá, guia espiritual da comunidade de negros mu-çulmanos.João José Reis é professor da ufba e autor de Rebelião escrava no Brasil, entre outros livros. Flávio dos Santos Go-mes é professor da ufrj e autor de His-tórias de quilombolas, entre outros livros. Marcus J. M. de Carvalho é professor da ufpe e autor de Liberdade: Rotinas e rupturas do escravismo e de numerosos artigos sobre a história da escravidão no Brasil.

HistóriaCapa: Mariana Newlands520 pp. (estimadas)14 3 21 cmtiragem: 3000 ex.R$ 62,00Previsão de lançamento: 26/10/2010ISBN e código de barras: 978-85-359-1736-9

AS AVENtuRAS DA VIRtuDEAs ideias republicanas na França do século xviii

Newton BignottoO filósofo político Newton Bignotto acompanha, em As aventuras da virtude, o tortuoso percurso do léxico republicano durante a Revolução Francesa

Percorrendo desde as páginas plá-cidas de Montesquieu até os anos an-gustiantes que se seguiram à queda de Robespierre — quando a França teve de lidar com a triste herança do Terror —, As aventuras da virtude mostra que havia As aventuras da virtude mostra que havia As aventuras da virtudeno século xviii uma linguagem republi-cana anterior às ameaças efetivas ao re-gime monárquico, e que encontrou nos anos decisivos da Revolução terreno fértil para se desenvolver. Recriada pelos ilu-ministas em seus passeios pela Antigui-dade, transformada por Rousseau, que a ela forneceu uma gramática rigorosa e inovadora, essa linguagem tornou-se um código obrigatório quando o Antigo Re-gime ruiu definitivamente.

Nesse caminho, uma noção ocupou um lugar de destaque: a virtude. Seguir os caminhos e percalços da virtude é uma maneira não apenas de acompanhar

o processo de transformação da paisa-gem política e intelectual da França, mas também de assistir ao encontro da nova realidade do século das Luzes com ideias e concepções de um mundo que já desa-parecera.

Estas surpreendentes aventuras e des-venturas da formação do pensamento republicano francês nos oferecem um material inestimável de reflexão, num momento em que, como lembra o pró-prio autor, “a interrogação sobre a repú-blica e a liberdade está longe de ser uma mera querela de eruditos”.Newton Bignotto (1957) é doutor em filosofia pela École des Hautes Études en Sciences Sociales e professor do departa-mento de filosofia da Universidade Fede-ral de Minas Gerais (ufmg). É autor de Origens do republicanismo moderno (2001) e Maquiavel (2003), entre outros. Maquiavel (2003), entre outros. Maquiavel

Filosofia políticaCapa: Victor Burton384 pp. (estimadas)14 3 21 cmtiragem: 3000 ex.R$ 53,00Previsão de lançamento: 20/10/2010ISBN e código de barras: 978-85-359-1747-5

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LANÇAMENTOS outuBRoBRoBR 201011

A VIDA SECREtA DA GuERRAPeter Beaumont

Neste volume da coleção Jornalismo Literário, o correspondente internacional Peter Beaumont investiga o cotidiano da guerra contemporânea. Posfácio de Arthur Dapieve

No passado, era simples escrever so-bre guerras. Estados e ideologias coli-diam; batalhas eram travadas entre exér-citos nacionais ou milícias. Mas a guerra mudou.

Neste relato pouco usual da guerra contemporânea, Peter Beaumont, jorna-lista e correspondente internacional do Observer, mostra que a privatização dos conflitos bélicos por pequenos grupos armados e a fragmentação de Estados na-cionais instáveis transformaram a guerra em um modo de vida, o que representa um desafio quase intransponível para exércitos “tradicionais”.

Para retratar essas sociedades em que a guerra é endêmica, Beaumont, em vez de focar sua análise nas grandes instân-cias decisórias ou de comando, leva o lei-tor às engrenagens cotidianas do conflito: o sofrimento dos civis e combatentes, o

dia a dia dos embates, as aspirações dos envolvidos. No processo, o autor descre-ve encontros aterrorizantes, situações- -limite e descobertas que só alguém que penetrou a fundo o território “inimigo” poderia realizar, como um plano secreto da Al Qaeda de ataque a Londres ou o re-fúgio bombardeado do mullah Omar.

A vida secreta da guerra é resultado de um dos mais corajosos trabalhos de jornalismo investigativo dos últimos anos, que levou o autor a viajar muitas vezes sozinho e sem guarda-costas para os lugares mais perigosos do mundo e permitiu uma rara proximidade e intimi-dade com os entrevistados.Peter Beaumont é editor e correspon-dente internacional do jornal The Obser-ver. Recebeu o prêmio George Orwell por suas reportagens sobre a segunda guerra do Iraque.

Jornalismotradução: José ViegasCapa: João Baptista da Costa Aguiar278 pp. (estimadas)14 3 21 cmtiragem: 3000 ex.R$ 49,00Previsão de lançamento: 29/10/2010ISBN e código de barras: 978-85-359-1690-4

oS ANDARILHoS Do BEMCarlo Ginzburg

Um dos maiores historiadores contemporâneos, Carlo Ginzburg reconstitui um fato até então ig-norado e que joga nova luz sobre a questão da feitiçaria. Os “andarilhos do bem” (benandanti) — como são chamados no Friuli, entre o final do século xvi e a primeira metade do xvii, os praticantes de um culto da fertilidade — apresentam-se, num primeiro momento, como defensores das colheitas contra bruxas e feiticeiros, a quem, em sonho ou durante um delírio semionírico, combatem com ramos de erva-doce nas mãos. Caso vençam, as colheitas de trigo ou de uva serão soberbas no ano seguinte; per-dendo, o resultado será a fome.

Descobridor de uma religiosidade não cristã, ligada à fecundidade agrícola e às crenças perigosas no além, Carlo Ginzburg demonstra neste livro magistral que a erudição mais escrupulosa muitas vezes tem afinidades estreitas com o fantástico.

Históriatradução: Jônatas Batista NetoCapa: Jeff Fisher284 pp. 12,5 3 18 cmtiragem: 5000 ex.R$ 22,50Previsão de lançamento: 14/10/2010ISBN e código de barras: 978-85-359-1749-9

teoria literáriatradução: Hildegard FeistCapa: Jeff Fisher352 pp. 12,5 3 18 cmtiragem: 5000 ex.R$ 25,50Previsão de lançamento: 14/10/2010ISBN e código de barras: 978-85-359-1750-5

A ASCENSÃo Do RoMANCEIan Watt

A ascensão do romance é, com razão, considerado um clássico da teoria literária e da história cul-A ascensão do romance é, com razão, considerado um clássico da teoria literária e da história cul-A ascensão do romancetural sobre as origens e a sedimentação deste que se tornou o mais popular dos gêneros literários na Inglaterra da primeira metade do século xviii: o romance. As razões dessa popularidade, assim como do realismo inerente ao gênero, são buscadas por Ian Watt no surgimento da classe média, no indivi-dualismo econômico, nas filosofias inovadoras de Descartes e Locke, na secularização da sociedade e nas mudanças ocorridas tanto no público leitor quanto no papel social da mulher.

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LANÇAMENTOS outuBRoBRoBR 2010 12

LANÇAMENtoS

REIMPRESSÕES

Editora SchwarczRua Bandeira Paulista, 702, cj. 3204532-002 — São Paulo — sp

Telefone: (11) 3707-3500Fax: (11) 3707-3501www.companhiadasletras.com.br

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SoLARIan McEwan

outRAS CoRESOrhan Pamuk

toDoS oS HoMENS SÃo MENtIRoIRoIR SoSAlberto Manguel

o BoM JESuS E o INFAME CRIStoPhilip Pullman

A SEGuNDA CoNFISSÃoRex Stout

VERGoNHASalman Rushdie

MÉtoDo PRÁtICo DA GuERRILHAMarcelo Ferroni

NADA ME FALtNADA ME FALtNADA ME FAL ARÁtARÁtLourenço Mutarelli

o MAL-EStAR NA CIVILIZAÇÃtAR NA CIVILIZAÇÃt o, NoVAS CoNFERêNCIAS INtRoRoR DutóRIASE outRoRoR S tEXtoSoBRAS CoMPLEtAStASt , VoLuME 18Sigmund Freud

A ERA DA EMPAtA ERA DA EMPAtA ERA DA EMPA IAFrans de Waal

uMA CERtMA CERtMA CER A PAZtA PAZtAmós Oz

A CHAVE Do MARFernando Moreira Salles

CoNtoS CoMPLEtoSLima Barreto

RECoRDAÇÕES Do ESCRIVÃoISAÍAS CAMINHALima Barreto

oS ENSAIoSMontaigne

o ALuFÁ RuFINoJoão José Reis, Flávio dos Santos Gomes, Marcus J. M. de Carvalho

AS AVENtuRAS DA VIRtuRAS DA VIRtuRAS DA VIR DENewton Bignotto

A VIDA SECREtA DA GtA DA Gt uERRAPeter Beaumont

oS ANDARILHoS Do BEM (BoLSo)Carlo Ginzburg

A ASCENSÃo Do Ro Ro R MANCE (BoLSo)Ian Watt

SCott PILGRIM CoNtRA o MuNDo — VoL. 2Bryan Lee O’Malley

A MARCA HuMANA Philip Roth

oBJECto QuASE José Saramago

PoESIA (1931-1935 E NÃo DAt DAt DA ADA) tADA) tFernando Pessoa

RAÍZES Do BRASIL Sérgio Buarque de Holanda

SEIS PASSEIoS PELoS BoSQuES DA FICÇÃoUmberto Eco

CoNtoS E LENDAS DA MItoLoGIA GREGA Claude Pouzadoux

o MENINo Do PIJAMA LIStRADoJohn Boyne

ANtoLoGIA PoÉtICA (BoLSo) Vinicius de Moraes

DoIS IRMÃoS (BoLSo) Milton Hatoum

oS VERSoS SAtS SAtS SA ÂNICoS (BoLSo) Salman Rushdie

o AMoR E AS AVENtuRAS DE tRIStÃo E ISoLDA Maria Nazareth Alvim de Barros

FLoR Do CERRADo: BRASÍLIA Ana Miranda

PENÉLoPE No LouVRE Anne Gutman

QuEM É QuEM Lalau

SEtE HIStóRIAS PARA SACuDIR o ESQuELEtoAngela-Lago

ANtES DE NASCER o MuNDoMia Couto

uM ARtM ARtM AR IStA DA FtA DA Ft oME / A CoNStRuÇÃoFranz Kafka

o CoNtINENtE – VoL. 1 Erico Verissimo

A ELEGÂNCIA Do ouRIÇoMuriel Barbery

o EVANGELHo SEGuNDo JESuS CRIStoJosé Saramago

ESPINoSA SEM SAÍDA Luiz Alfredo Garcia-Roza

o GARoto GARoto GAR No CoNVÉS John Boyne

HIRoHIRoHIR SHIMA John Hersey

oRFEu, o ENCANtADtADt oRGuy Jimenes

o REI Do PICLESRebecca Promitzer

BISRicardo da Cunha Lima

CoM MIL DIABoS! — NARRAtARRAtARRA IVAS Do FoLCLoREErnani Ssó

É uM LIVRoM LIVRoM LIVRLane Smith

TRILOGIA MILLENNIUM

RELANÇAMENTO ESPECIAL DAS CAPAS ORIGINAIS

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LANÇAMENTOS outuBRoBRoBR 201013

SCott PILGRIM CoNtRA o MuNDo — VoL. 2Bryan Lee O’Malley

Neste segundo volume das aventuras de Scott Pilgrim: ninjas, rock’n’roll canadense, vegetarianismo radical e lojas de departamento satânicas

A vida de Scott Pilgrim parece estar se acertando. De saída, ele já mandou para a lona dois dos ex-namorados do mal de Ramona Flowers (faltam cinco). Além disso, o namoro com a misteriosa americana parece estar engrenando, e até mesmo sua banda, a Sex Bob-Omb, tem conseguido acertar um ou dois acordes.

Claro que, num país tão tumultuado quanto o Canadá, as coisas nunca são fá-ceis, e o período de relativa tranquilidade é interrompido pela chegada da turnê do Clash at the Demon’s Head, a banda de rock mais incrivelmente poderosa de que se tem notícia. Não bastasse, o grupo é liderado por Envy Adams, ex-namorada de Scott, que o colocou numa espécie de coma emocional ao largá-lo, um ano e meio atrás.

E o embate com o passado traz con-sigo um conflito de contornos mais épi-cos: o atual namorado de Envy Adams é ninguém menos que Todd Ingram, o vegan com poderes místicos que Scott precisa derrotar no seu caminho para o coração de Ramona. Dotado de poderes incríveis (“ele frequentou a academia ve-gan e tudo!”), Todd será o maior desafio de Pilgrim.

Ou pelo menos é o que se imagina. No segundo capítulo deste volume, Scott irá descobrir outra faceta de sua enig-

mática namorada, será perseguido por ninjas e samurais e terá de lidar com os grandes dilemas da vida adulta: dividir ou não um apartamento com seu melhor amigo gay e, principalmente, arrumar um emprego ou continuar jogando Final Fantasy ii.

Com a série Scott Pilgrim contra o mundo, Bryan Lee O’Malley criou um vibrante universo pop, recheado de re-ferências a videogames, música, cinema e cultura japonesa. Em meio a tudo isso, há também espaço para um divertido e inteligente comentário sobre sua geração, e uma visão original sobre a natureza dos relacionamentos, da amizade e do amor. Sem as angústias carregadas dos dramas adolescentes, O’Malley mostra como o caminho para a felicidade pode ser alcan-çado com uma espada, doze litros de café e algum rock’n’roll canadense.Bryan Lee O’Malley nasceu em Lon-don, Ontário. Sua única meta na vida era ficar rico. Até o presente momento, ele ainda não é muito rico. A série Scott Pil-grim é a obra de sua vida, e depois dela ele planeja aposentar-se com uma casa perto do oceano onde vai comer salmão defu-mado em todas as refeições até a morte. Ele atualmente mora em um apartamen-to em algum lugar do Canadá com a qua-drinista Hope Larson e dois gatos.

História em quadrinhostradução: Érico AssisHistória em quadrinhos

radução: Érico AssisHistória em quadrinhos

408 pp.12,7 3 19 cmtiragem: 6000 ex.R$ 35,00Previsão de lançamento: a definirISBN e código de barras: 978-85-359-1737-6

TRILOGIA MILLENNIUM

RELANÇAMENTO ESPECIAL DAS CAPAS ORIGINAIS

“Scott Pilgrim é o melhor livro de todos os tempos. É uma crônica do nosso tempo. Com Kung Fu, então: perfeito.”Joss Whedon

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LANÇAMENTOS outuBRoBRoBR 2010 14

oRFEu, o ENCANtADoRGuy Jimenes

Uma das mais belas e trágicas histórias de amor de todos os tempos, o mito de Orfeu, o poeta que desce aos Infernos em busca de sua amada Eurídice, é o tema deste novo volume da coleção Histórias Sombrias da Mitologia Grega

Orfeu é um dos heróis gregos mais conhecidos entre nós, talvez pela consa-grada versão de Vinicius de Moraes, que transplantou o mito ao Carnaval e aos morros cariocas da década de 1950. Nesta nova adaptação, para o público juvenil, conhecemos a história do inventor da poesia, que, ainda menino, é presenteado pelos deuses com uma lira, instrumen-to do qual tira os mais melodiosos sons, que o tornam célebre em todo o mundo antigo. Tão célebre que é convidado a participar da expedição dos argonautas, que reuniu os principais heróis gregos da época. Com seu canto, ele os ajuda a re-sistir às sereias.

Mas é na volta da expedição que Or-feu enfrenta a mais dura prova de sua vida. Encanta-se com a ninfa Eurídice, e os dois se casam. No dia do noivado, po-

rém, Eurídice é picada por uma serpente e morre. Desesperado, Orfeu desce aos Infernos — reino do temido deus Hades, de onde ninguém nunca retorna — para trazer Eurídice de volta à vida.

Com sua arte, Orfeu consegue como-ver até mesmo Hades, que permite ao jovem levar sua amada de volta, com a condição de que no caminho ele não olhe para ela. O final da história, como muitos sabem, é dos mais trágicos.

Como nos outros volumes da coleção — Medeia, a feiticeira e Antígona, a rebel-de —, este traz um mapa da Grécia anti-de —, este traz um mapa da Grécia anti-dega, uma árvore genealógica das persona-gens, um glossário e um apêndice sobre a origem do mito e as várias interpretações que recebeu, além de apresentar as obras de arte inspiradas por ele, inclusive algu-mas realizadas no Brasil.

Mitologiatradução: Álvaro LorenciniMitologia

radução: Álvaro LorenciniMitologia

Capa: Kiko Farkas e thiago Lacaz/ Máquina Estúdio136 pp. (estimadas)13,7 3 18,5 cmtiragem: 3000 ex.R$ 25,00Previsão de lançamento: 19/10/2010ISBN e código de barras: 978-85-359-1734-5

Romancetradução: Érico Assis Capa: Elisa v. Randow328 pp. (estimadas)14 3 21 cmtiragem: 3000 ex.R$ 37,00Previsão de lançamento: 28/10/2010ISBN e código de barras: 978-85-359-1757-4

o REI Do PICLESRebecca Promitzer

Movidos pela curiosidade e pelo tédio das férias chuvosas, seis crianças e o cachorro mais sujo do mundo se envolvem numa história de mistério com laboratórios subterrâneos, civilizações secretas e muitos perigos

A cidade de Elbow é conhecida por apenas duas coisas: chuva e picles. Cho-ve todo dia em Elbow, principalmente no verão, e sem parar. E é de lá que vem o Chili Herman Língua do Diabo, o picles mais potente já criado pelo homem e o prato oficial da cidade. Mas Bea e seus amigos — as únicas crianças que não fo-ram viajar nas férias de verão — vão des-cobrir que Elbow tem um terceiro ingre-diente: mistério.

Tudo começa quando Bea e Sam, seu melhor amigo, descobrem um corpo numa casa da parte antiga da cidade. Mes-mo sem um olho, eles reconhecem aquele rosto: é Herman, o dono da fábrica de pi-cles. Mas por que alguém mataria o ado-rável Herman? E, se Herman está morto, quem está no comando da empresa?

A dupla decide formar uma equipe

com a riquinha Madison, o garoto inven-tor Eric, a impulsiva Butterfly e seu irmão-zinho Nelson, além do cachorro mais sujo do mundo, Jellybean, para formar os Con-denados da Chuva, a trupe que vai desven-dar o mistério da morte de Herman.

O Rei do Picles é a aventura de seis crianças e um vira-lata que, movidos pela curiosidade e pelo tédio das férias chuvo-sas, acabam por desvendar o segredo es-condido de toda uma cidade. Fantasmas, civilizações secretas, laboratórios subter-râneos, vilões sem escrúpulos e muitos outros perigos os aguardam. Assim como muito picles.Rebecca Promitzer se define como uma contadora de histórias. Após estudar literatura e cinema, ela escreveu histórias infantis e produziu curtas-metragens. O Rei do Picles é seu primeiro livro.

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LANÇAMENTOS outuBRoBRoBR 201015

BISRicardo da Cunha Lima/ Ilustrações: Luiz Maia

Quarto livro do autor dedicado à poe-sia — e às crianças —, este Bis encerra um ciclo do qual fazem parte De cabeça para baixo (Prêmio Jabuti), Cambalhota e Do avesso, todos de grande sucesso.

Treze poemas tratam dos mais varia-dos temas: vontades esquisitas (como a de querer “entrar para fora e sair para den-tro”); casamentos inusitados; um bruxo que bagunça uma feira de ciência ao dar vida aos objetos; uma cama que engole gente (e que fornece uma boa desculpa

48 pp. 21 3 28 cmtiragem: 4000 ex.R$ 34,50Previsão de lançamento: a definirISBN e código de barras: 978-85-7406-454-3

Há muito tempo, quando os bichos falavam pelos cotovelos, um escritor re-solveu escrever um livro sobre diabos. Depois de meses de pesquisa, desanimou: as histórias eram danadas de bobas. Mas, muito tinhoso, esse escritor foi em fren-te; pensou até em fazer um pacto com o próprio coisa-ruim. Ainda bem que isso não foi necessário, pois Ernani encontrou seis histórias deliciosas sobre esse anjo re-belde, que na verdade tem tantos nomes quanto faces diferentes.

Tem história em que ele parece mui-to maldoso mas revela um coração mole; em outras é horroroso até o fim — po-rém, no final das contas, acaba em geral

CoM MIL DIABoS! — NARRAtIVAS Do FoLCLoREErnani Ssó/ Ilustrações: Edgar Vasques

Anhangá, beiçudo, bode-preto, canheta, cão-miúdo, capeta, coisa à toa, demo, diacho, excomungado, lúcifer, pé-cascudo, satanás, tinhoso... Se você acha que sabe tudo sobre o diabo, nem imagina quantas faces ele pode ter. É o que mostra Ernani Ssó nesta coletânea de contos sobre o nosso grande representante do mal

naqueles dias em que não dá vontade de levantar), entre outras situações diverti-das. Há ainda um poema visual sobre um mapa do tesouro.

Como nos outros volumes, o autor explica, em um apêndice, a diferença en-tre prosa e poesia, e fala sobre alguns dos principais conceitos desse gênero, como verso, estrofe, ritmo, verso branco, musi-calidade. Assim, o leitor aprende não só a ler poesia, como também é incentivado a criar os seus próprios poemas.

Poemas que falam de uma máquina de fazer chuva, e chuva com sabor de frutas, de uma geladeira de micro-ondas, que em vez de esquentar congela, e de muito mais, além de uma generosa lição de poesia, são os componentes deste Bis

64 pp. 20,5 3 20,5 cmtiragem: 3000 ex.R$ 33,50Previsão de lançamento: a definir ISBN e código de barras: 978-85-7406-450-5

levando a pior por uma incrível falta de esperteza.

Ernani já lançou seis volumes de con-tos do folclore — sobre macacos, onças, fantasmas, gigantes, sobre encantamen-tos que transformam homens em bichos e até sobre a morte —, todos de grande sucesso. Cada livro é ilustrado por um artista diferente, que dá um tom pessoal para os volumes que compõem a coleção. Escritor de mão-cheia e extremamente zeloso, Ernani faz um extenso trabalho de pesquisa para encontrar as melhores narrativas, que são depois recontadas à sua maneira, preservando a oralidade da contação de histórias.

Page 16: Destaques de outubro da Cia das Letras

LANÇAMENTOS outuBRoBRoBR 2010 16

É uM LIVRoLane Smith

Ganha uma bolacha recheada quem responder primeiro a seguinte pergunta: qual O Assunto do Ano no mercado edi-torial? Sim, estamos falando do futuro do livro, dos tais e-books e a proposta de re-volução que trazem consigo. E o que será do livro? E o que será dos direitos auto-rais? E o que será das prateleiras? E o que será dos pobres marcadores de página?!

Muitos aproveitam a onda para rea-firmar seu amor às letras impressas em papel, e dizem que o livro é uma espécie

de deus grego: não morre nunca. Sem enveredar pelas malhas da vidência, mas deixando claro que um livro é um livro e isso basta, Lane Smith criou uma história ilustrada, tanto para crianças quanto para adultos, sobre o nosso velho e bom — e amado — livro. Aquele que, ao contrário dos produtos eletrônicos, não apita, não interage, não conecta nem retwitta. Mas que, só pela emoção da narrativa e das imagens, prende a atenção (e ainda rouba o coração) de qualquer um.

Uma verdadeira ode ao LIVRO, este LIVRO destina-se a todos aqueles que adoram o LIVRO à moda antiga: que não precisa de bateria nem senha eletrônica

tradução: Júlia M. Schwarcz20,8 3 26,1 cm32 pp. tiragem: 6000 ex.R$ 28,50Previsão de lançamento: 01/10/2010ISBN e código de barras: 978-85-7406-451-2 Leia abaixo trechos de uma entrevista com o autor.

Algum evento específico te inspirou a escrever É um livro?

Não, foi um conjunto de coisas. Como não tenho filhos, não havia me

dado conta da evolução tecnológica que vivemos e, de repente, para onde

quer que olhasse, via pessoas com suas engenhocas. Percebi que a situação

dava margem a uma brincadeira entre os dois lados, o do livro impresso e o

do mundo eletrônico.

Mas você não é antitecnológico, está sempre atualizando seu blog

(Curious Pages) sobre livros infantis de que gosta.

Pois é. Esse foi meu antídoto contra os blogs que declaram o que as crian-

ças devem ler. Os livros indicados nunca eram os que eu gostava de ler quando

criança, então resolvi fazer um para falar daqueles esquisitos que eu adorava.

Não estou no Twitter nem no Facebook, só porque não sobra tempo, mas ado-

ro o meu iPod e o meu iPhone e ando enlouquecido para comprar um iPad.

O que você acha dos e-books?

Sou daqueles que adoram segurar um livro de verdade. Não sei se o iPad

vai conseguir reproduzir essa sensação. Mas adoraria criar alguma coisa para o

iPad, que não fosse nem um livro nem uma animação, mas uma combinação

dos dois. Sei que o futuro acontecerá em algum tipo de interatividade, mas o

livro ainda é minha leitura favorita.

Há uma ambiguidade na última fala do livro [veja o quadrinho ao

lado]. Você acha que há mesmo uma briga entre os defensores do livro

impresso e os do e-book ou foi a mídia que criou essa controvérsia?

Acho que é mais uma coisa da mídia. É engraçado porque os professores

e os livreiros gostam dessa brincadeira do final, e eu nunca tive problema nas

leituras que fiz.

Na lista de mais

vendidos do

New York Times

desde o seu

lançamento