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Destaques da Semana – Juliana Inhasz Outubro começa trazendo grandes emoções para a economia brasileira. Há poucos dias da efetivação do primeiro turno das eleições, as incertezas ao redor do possível resultado do primeiro turno, e das condições de disputa no segundo turno, tem deixado o mercado mais estressado. As possibilidades de reversão do atual cenário que leva Bolsonaro e Haddad ao segundo turno, ainda que considerando o percentual não desprezível que os votos úteis podem ter, parecem remotas. Neste contexto, sobram ao mercado as incertezas sobre eventuais alianças e a costura das novas tramas que delimitam o jogo dos poderes na economia brasileira. No cenário doméstico, a semana que passou foi marcada pelo tom pessimista da ata do Comitê de Política Monetária, que parece admitir cada vez mais a possibilidade de aumentos de taxa de juros para os próximos meses, a fim de conter as pressões domésticas (advindas das incertezas políticas) e externas (resultado das crises econômicas dos emergentes e das políticas das grandes potências como EUA e China). Também foi destaque a queda da confiança do consumidor no mês de setembro, explicada pela situação de fragilidade financeira das famílias, e a demorada retomada da economia brasileira, dadas as elevadas taxas de desemprego. Este resultado não deve se reverter nos próximos meses, visto que o processo de sucessão presidencial tem proporcionado ambiente econômico extremamente incerto, que afeta a confiança do brasileiro frente ao consumo. No cenário internacional ganharam projeções os avanços do acordo entre Venezuela e FMI, cujo aporte foi revisto para US$ 57 bilhões, com parcelas liberadas de maneira mais rápida. O acordo possibilita que o país resolva parte dos problemas fiscais e reduza as pressões sobre a economia doméstica, favorecendo também o cenário internacional. Fica a pergunta: seria uma trégua às pressões sofridas pelos mercados emergentes? Por fim, as expectativas do mercado para o crescimento econômico mantiveram-se nesta semana, com perspectivas de crescimento de 1,35% neste ano. Houve, no entanto, revisão para cima das percepções de inflação para o ano, com IGP-M atingindo 9,6% em dezembro, segundo previsões. Apesar deste resultado, e da pressão frente aos preços administrados percebida pelo mercado, o IPCA permanece próximo ao centro da meta de inflação, sendo esperado na casa de 4,30%. As percepções para a taxa de câmbio permaneceram praticamente estáveis, em R$3,89 para cada US$ (frente aos R$3,90 divulgados na semana passada). Colaboradores Arthur Siqueira – FECAP – Ibovespa João Sales – FECAP – S&P, Agronegócio, EUA Wellington Gonçalves – FECAP – COPOM, Taxa de Juros de Longo Prazo João Victor Alves – FECAP – Inflação BCB Daniel Lima – FECAP – Eleições, Agenda Econômica Michel Santos – FECAP – Câmbio Wesley Teixeira – FECAP – Taxa de Desemprego Lucas Cruz – FECAP – IGP-M Larissa de Camargo Gontscharow – FECAP - Argentina Juciara Rodrigues – FECAP – Confiança do Consumidor/Dívida PIB Kizzy Carvalho – FECAP – Auxílio internacional ou intervenção

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Destaques da Semana – Juliana Inhasz Outubro começa trazendo grandes emoções para a economia brasileira. Há poucos dias da efetivação do primeiro turno das eleições, as incertezas ao redor do possível resultado do primeiro turno, e das condições de disputa no segundo turno, tem deixado o mercado mais estressado. As possibilidades de reversão do atual cenário que leva Bolsonaro e Haddad ao segundo turno, ainda que considerando o percentual não desprezível que os votos úteis podem ter, parecem remotas. Neste contexto, sobram ao mercado as incertezas sobre eventuais alianças e a costura das novas tramas que delimitam o jogo dos poderes na economia brasileira. No cenário doméstico, a semana que passou foi marcada pelo tom pessimista da ata do Comitê de Política Monetária, que parece admitir cada vez mais a possibilidade de aumentos de taxa de juros para os próximos meses, a fim de conter as pressões domésticas (advindas das incertezas políticas) e externas (resultado das crises econômicas dos emergentes e das políticas das grandes potências como EUA e China). Também foi destaque a queda da confiança do consumidor no mês de setembro, explicada pela situação de fragilidade financeira das famílias, e a demorada retomada da economia brasileira, dadas as elevadas taxas de desemprego. Este resultado não deve se reverter nos próximos meses, visto que o processo de sucessão presidencial tem proporcionado ambiente econômico extremamente incerto, que afeta a confiança do brasileiro frente ao consumo. No cenário internacional ganharam projeções os avanços do acordo entre Venezuela e FMI, cujo aporte foi revisto para US$ 57 bilhões, com parcelas liberadas de maneira mais rápida. O acordo possibilita que o país resolva parte dos problemas fiscais e reduza as pressões sobre a economia doméstica, favorecendo também o cenário internacional. Fica a pergunta: seria uma trégua às pressões sofridas pelos mercados emergentes? Por fim, as expectativas do mercado para o crescimento econômico mantiveram-se nesta semana, com perspectivas de crescimento de 1,35% neste ano. Houve, no entanto, revisão para cima das percepções de inflação para o ano, com IGP-M atingindo 9,6% em dezembro, segundo previsões. Apesar deste resultado, e da pressão frente aos preços administrados percebida pelo mercado, o IPCA permanece próximo ao centro da meta de inflação, sendo esperado na casa de 4,30%. As percepções para a taxa de câmbio permaneceram praticamente estáveis, em R$3,89 para cada US$ (frente aos R$3,90 divulgados na semana passada).

Colaboradores

Arthur Siqueira – FECAP – Ibovespa João Sales – FECAP – S&P, Agronegócio, EUA Wellington Gonçalves – FECAP – COPOM, Taxa de Juros de Longo Prazo João Victor Alves – FECAP – Inflação BCB Daniel Lima – FECAP – Eleições, Agenda Econômica Michel Santos – FECAP – Câmbio Wesley Teixeira – FECAP – Taxa de Desemprego Lucas Cruz – FECAP – IGP-M Larissa de Camargo Gontscharow – FECAP - Argentina Juciara Rodrigues – FECAP – Confiança do Consumidor/Dívida PIB Kizzy Carvalho – FECAP – Auxílio internacional ou intervenção

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MERCADO FINANCEIRO

Ibovespa

Apesar da indefinição no cenário

eleitoral brasileiro, faltando um pouco mais de

uma semana para o primeiro turno, o Ibovespa

fechou o mês de setembro com uma

valorização de 3,48% encerrando o dia cotado

a 79.342 pontos forçando a resistência nos

80.000 pontos, somando um volume

financeiro de 10,76 bilhões de reais.

Com a forte valorização do dólar frente

ao mercado internacional e a guerra comercial

entre EUA e China, as ações de países

emergentes ficaram mais baratas, atraindo

um grande fluxo de capital estrangeiro, a bolsa

paulista registrou uma entrada liquida de 2

bilhões de reais de capital externo no mês.

Os papéis que foram mais relevantes

no fechamento positivo do benchmark

brasileiro, foram as blue chips Vale e Petro,

com um aumento de 11,6% e 9,5%

respectivamente, devido a limitação de oferta

do Petróleo dos Estado Unidos e Opep

(Organização dos Países Exportadores de

Petróleo) e um acordo da estatal com a justiça

americana para encerrar as investigações

decorrente Operação lava jato, trouxe uma

alta no preço da commodity.

Agronegócio

O ministério da agricultura, Pecuária e

Abastecimento (MAPA), estima que a soma do

valor bruto da produção agropecuária

brasileira deve chegar aos R$ 565,6 bilhões

em 2018. A agricultura deve trazer 384,2

bilhões, representando uma queda de 1,2%

frente a 2017 e 181,3 bilhões da pecuária,

queda de 5,1% frente ao ano passado. O

recuo se dá devido a supersafra de 2017, no

qual os grãos obtiveram uma produtividade

histórica, tendo como previsto a diminuição

dos resultados financeiros deste ano frente ao

ano passado, já que ¼ do resultado bruto vem

do mercado de soja.

No mercado de café, houve nessa

semana o encontro do Conselho Internacional

do Café, na cidade de Londres. Alguns países

especulam a adoção do preço mínimo, como a

Colombia. A criação dessa ferramenta seria

desastrosa para a percepção de mercado,

visto que o preço é a melhor simetria que os

produtores têm como referencial para

determinar o nível de produção. A posição do

Brasil frente a essa especulação é contraria,

defendendo preços flutuantes, lembrando que

o país é o principal exportador de café no

mundo, no qual a projeção de vendas para

2018 atinja 34 milhões de sacas,

representando 1/3 da produção mundial.

No mercado de proteína animal,

segundo o Ministério da Agricultura, a Índia irá

abrir o mercado de carne suína para o Brasil.

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Essa medida se dá devido à crise sanitária

vivida por alguns países na Ásia, a peste suína

africana, que reduziu a oferta da proteína na

região e, dado o tamanho da população

indiana (cerca de 1,3 Bilhão), se faz necessário

buscar outros mercados ofertantes.

S&P (Wall Street)

Em Wall Street, o S&P 500 fechou a semana

estável, apenas com perspectivas sobre as

tensões comerciais que envolvem os EUA, que

afetam diretamente as empresas americanas.

O destaque foi a queda dos papéis do

Facebook, que teve um ataque virtual que

afetou cerca de 50 milhões de usuários,

forçando por precaução, os usuários a

efetuarem o login novamente. O destaque

positivo ficou com a Intel, que registrou um

salto de 3,08 %, após as declarações de que

atingiria as metas de receitas nesse ano.

COPOM

Nos dias 18 e 19 de setembro o comitê

de política monetária (COPOM) reuniu-se para

definir a taxa básica de juros da economia

(SELIC). A decisão de manter a SELIC em

6,5% a.a. convergiu com as expectativas de

mercado.

Na ata da reunião, divulgada nesta

terça(25), o Copom sintetiza o cenário

econômico que guiou a decisão: recuperação

da economia brasileira em ritmo mais gradual

que no início do ano; alto nível de ociosidade

nos fatores de produção, especialmente na

indústria, o que reflete na taxa de

desemprego; cenário externo desafiador, com

redução do apetite ao risco nas economias

emergentes; normalização das taxas de juros

em economias avançadas; riscos referentes ao

comércio global.

As informações divulgadas ressaltam a

importância da continuidade das reformas e

ajustes necessários, notoriamente de natureza

fiscal, na economia brasileira. Além disso, o

Copom destacou que a política monetária

seguirá os mesmos caminhos – política

monetária estimulativa com taxa de juros

abaixo da taxa estrutural – mesmo diante de

choques inflacionários (como nos casos que

produzam depreciação cambial) quanto

deflacionários (como no caso de choque

favorável, deflação, no preço dos alimentos).

Quanto aos choques inflacionários, o Copom

avaliou que o grau de repasse cambial na

economia brasileira, com exceção em alguns

preços administrados, tem se mostrado

contido. Em relação aos choques

deflacionários, por sua vez, o destaque ficou

com o alto grau de ociosidade da economia

brasileira que retomou ao ritmo de gradual

recuperação após a greve dos caminhoneiros

ocorrida em maio deste ano.

O comitê destaca que o estimulo monetário à

economia será removido gradualmente

conforme o ocorram eventos de negativos no

cenário prospectivo de inflação no tocante ao

horizonte relevante para a política monetária e

ao balanço de pagamentos

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CÂMBIO

O dólar fechou em alta no último dia útil

do mês de setembro, voltando a ficar acima de

R$ 4, com o mercado financeiro atento a novas

pesquisas sobre a corrida eleitoral e ao cenário

no exterior. A moeda norte-americana subiu

1,12%, vendida a R$ 4,0378. Na máxima do

dia, o dólar chegou a R$ 4,0498 e na mínima,

caiu a R$ 3,9894. No mês, o dólar acumulou

queda de 0,87% e, no acumulado do ano, uma

alta de 21,86%. A moeda apresentou queda

desde a terça-feira (25/09), e na quinta-feira

(27/09) já apresentava sua terceira baixa

seguida, fechando em queda de 0,79%, à R$

3,994 na venda. Foi o menor valor de

fechamento desde 20 de agosto, quando a

moeda fechou valendo R$ 3,958, e a primeira

vez em que ficou abaixo dos R$ 4,00 desde

então.

Investidores passaram a comprar

dólares em resposta a pesquisas que mostram

intenção de voto mais baixa para candidatos

considerados mais pró-mercado. Na avaliação

do mercado, os candidatos que lideram as

pesquisas de intenção de voto são menos

comprometidos com determinados modelos de

reformas econômicas consideradas

fundamentais para o ajuste das contas

públicas. Na prática, as flutuações atuais

ocorrem principalmente conforme cresce a

procura pelo dólar: se os investidores preveem

um futuro mais incerto ou arriscado, buscam

comprar dólares como um investimento

considerado seguro. E quanto mais

interessados no dólar, mais caro ele fica. Outro

fator que pressiona o câmbio é a elevação das

taxas básicas de juros nas economias

avançadas como Estados Unidos e União

Europeia, o que incentiva a retirada de dólares

dos países emergentes. Inclusive vale

mencionar que, conforme já esperado pelo

mercado, os EUA aumentou sua taxa de juros

básica nesta última semana e conforme dito

anteriormente, acaba atraindo investidores e

pressionando o câmbio e possíveis

interferências do Banco Central do Brasil.

O dólar turismo fechou o mês cotado a

R$ 4,1998. A projeção do mercado financeiro

para a taxa de câmbio no fim de 2018 subiu

de R$ 3,83 para R$ 3,90 por dólar, segundo o

último boletim Focus do Banco Central do

Brasil. Para o fechamento de 2019, avançou

de R$ 3,75 para R$ 3,80 por dólar.

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CONJUNTURA ECONÔMICA DOMÉSTICA

Taxa de Desemprego

Na última sexta feira foi divulgado o

relatório da PNAD – Pesquisa Nacional por

Amostra em Domicílio – mensal referente ao

mês de agosto, a taxa de desemprego

continua estagnada como vendo sendo nos

últimos 3 meses, pois estamos com um

patamar de 12,1% da população

desempregada. Há um sinal de movimento de

queda na taxa de desemprego – houve uma

variação de -0,3% em comparação com os

dados divulgados em Junho deste ano –

porém, muito tímida e mais de 12 milhões de

pessoas não conseguem uma recolocação no

mercado de trabalho.

Além disso, ao somar a força de

trabalho potencial, ou seja são pessoas que

não estavam ocupadas nem desocupadas na

semana de referência, portanto estavam fora

da força de trabalho, mas que possuíam um

potencial de se transformarem em força de

trabalho a taxa de desocupação, temos por

fim um resultado de 18,4%. Este indicador

reflete o potencial de trabalho disponível

dentro da nossa economia, de acordo com os

critérios estabelecidos pela OIT –

Organização Internacional do Trabalho.

Por fim, a esperança para muitos

brasileiros é que este movimento de queda

torne-se mais acentuado com a chegada das

datas comemorativas de final de ano e

possam, mesmo que temporariamente se

recolocar no mercado de trabalho.

Inflação BCB

Publicado nesta quinta-feira (27), o

relatório de inflação, que tem como missão

“assegurar a estabilidade do poder de compra

da moeda e um sistema financeiro sólido e

eficiente.” Em ritmo gradual mais que o

esperado a economia brasileira segue em

processo de recuperação. Em relação ao

trimestre anterior, o PIB está obtendo um

crescimento, segundo o relatório, do Banco

Central do Brasil, a projeção central para o

crescimento do PIB em 2018 foi reduzida para

1,4% ligeiramente inferior a projecao

divulgada no Relatorio de Inflacao de junho

(1,6%)”.

Em um tempo de curto prazo, as

expectativas da para inflação 2018 e 2019 de

acordo pela pesquisa Focus são em torno de

4,1%. Já as projeções do Copom para a

inflação situam-se em torno de 4,4% para

2018 e 4,5% para 2019, considerando o

cenário com taxa Selic constante em 6,50%

a.a e taxa de cambio constante a R$4,15/US$.

De acordo com o relatório, na avaliação do

Copom, conclui-se, “a evolucao do cenario

basico e do balanco de riscos prescreve

manutencao da taxa Selic no nivel vigente. O

Copom ressalta que os proximos passos da

politica monetaria continuarao dependendo

da evolucao da atividade economica, do

balanco de riscos e das projecoes e

expectativas de inflacao.”

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Vale considerar que a economia segue

com um nível elevado de ociosidade dos

fatores de produção. Efeitos como a

paralisação no setor de transporte de cargas

e da Copa do Mundo de Futebol dificultaram a

evolução econômica do período.

Considerando a diminuição do gastos das

famílias e um esfriamento na parte dos

investidores, a confiança de consumidores e

empresários. O Copom comunicou que seu

cenário básico para a inflação envolve fatores

de risco em ambas as direções. Segundo o

Copom, “Por um lado, (i) o nivel de ociosidade

elevado pode produzir trajetoria prospectiva

abaixo do esperado. Por outro lado, (ii) uma

frustracao das expectativas sobre a

continuidade das reformas e ajustes

necessarios na economia brasileira pode

afetar premios de risco e elevar a trajetoria da

inflacao no horizonte relevante para a politica

monetaria. Esse risco se intensifica no caso

de (iii) deterioracao do cenario externo para

economias emergentes. O Comite julga que

esses ultimos riscos se elevaram.”

As projeções condicionais de inflação

para longo prazo, 2020 e 2021, são em cerca

de 4,2%. Em um cenário com taxa Selic e de

cambio da pesquisa Focus são em torno de

3,6% e 3,8% de acordo com o relatório.

IGP-M

O Índice Geral de Preços-Mercado

(IGP-M) registrou alta de 1,52% no mês de

Setembro, índice superior aos 0,7% de Agosto

e ao de 0,47% de Setembro/2017.

Considerando apenas o histórico do mês de

setembro, foi a maior taxa desde 2002. Com

isso, o índice acumula uma alta de 8,29% no

ano e de 10,04% nos últimos 12 meses. Vale

ressaltar que exatamente um ano atrás, o

índice apresentava retração de 1,45% nos

doze meses anteriores.

Confiança do Consumidor

Você sabia que o consumo de uma

economia é determinado tanto pela

capacidade quanto pela pré-disposição dos

agentes econômicos para o gasto? Pois bem,

o nível de renda determina a capacidade de

consumo e este consumo, por sua vez,

dependerá também da disponibilidade dos

produtos. Mas como os agentes decidem

consumir? Essa decisão é tomada (ou ao

menos deveria ser) baseada em expectativas

futuras da economia e situação financeira de

cada indivíduo.

A confiança do consumidor diminuiu

pelo segundo mês seguido devido a piora das

0.47

0.2

0.52

0.890.76

0.07

0.640.57

1.38

1.87

0.51

0.7

1.52

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

1.4

1.6

1.8

2

Taxa

( e

m %

)

Fonte: Elaboração Própria

IGP-M

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expectativas para os próximos meses. A

queda foi de 1,7 ponto em relação a agosto,

chegando a 82,1 pontos em setembro, mesmo

nível de junho, quando a confiança do

consumidor estava enfraquecida devido à

greve dos caminhoneiros.

Segundo a FGV (Fundação Getúlio

Vargas), a recuperação lenta do mercado de

trabalho é a principal razão pela diminuição da

confiança do consumidor. Para Viviane Seda

Bittencourt, coordenadora da Sondagem do

Consumidor, o cenário político-eleitoral não

parece ser o principal fator para a queda do

indicador em setembro. Será?

O fato é que se o consumidor está

otimista com relação ao futuro, ele tende a

consumir mais e quando está pessimista ele

tende a gastar menos, consumindo apenas o

essencial. Portanto, a confiança do

consumidor é fator preponderante para o

crescimento da economia, que vem

apresentando um ritmo fraco de crescimento

e um cenário de incerteza para o consumo.

Dívida/PIB

Segundo o Jornal Valor Econômico, a

dívida bruta do governo avançou de R$ 5,187

trilhões em julho para R$ 5,224 trilhões em

agosto. Em relação do Produto Interno Bruto

(PIB), a dívida subiu de 77,2% para 77,3%. O

pagamento de juros da dívida destaca-se

como principal fator que contribui com um

incremento de 0,5 ponto percentual da relação

dívida/PIB.

A dívida pública deverá ultrapassar

80% do Produto Interno Bruto em 2020,

estimou o governo federal na proposta

orçamentária de 2019 enviada ao Congresso

Nacional.

A dívida pública cresce devido os

rombos nas contas públicas, que apontam

despesas maiores do que receitas, sem contar

os juros da dívida. O país gastando mais do

que recebe não sobra dinheiro para pagar a

dívida.

Parece que o teto dos gastos públicos

não funcionou. Será que chegou a chora de

fazer reformas para que as contas voltem ao

Azul?

Taxa de Juros do BNDES (TLP)

A taxa de longo prazo (TLP) foi

divulgada nesta sexta-feira (28) e sua parte

fixa foi definida em 6,98% a.a., ante 6,56%,

para os contratos firmados em outubro. A TLP

é o referencial das taxas de empréstimo do

BNDES. A TLP é composta por uma parte pré-

fixada (definida pelo BC) e uma parte pós-

fixada (IPCA) mais taxa do BNDES e do

agente parceiro.

A TLP foi aprovada em 2017 pelo

congresso para substituir a então taxa de juros

de longo prazo (TJLP) com o objetivo de tonar

as taxas praticadas pelo BNDES compatíveis

com seu custo de capitação. A TJLP, na

prática, era um subsídio implícito às empresas

que conseguiram recursos via BNDES; a

origem dos recursos do órgão são os

repasses do Tesouro Nacional e, por lei, 40%

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dos recursos do Fundo de Amparo ao

Trabalhador (FAT) é repassado ao BNDES.

As operações do BNDES, em tese, são

orientas à criação de empregos e

desenvolvimento socioeconômico. Entretanto,

o órgão foi comumente utilizado para financiar

projetos de grandes empresas que tinham

condições de arcar com empréstimos no

mercado, como no caso da JBS. Além disso,

o órgão é criticado por atuar politicamente, ou

seja, sem racionalidade econômica em suas

decisões como, por exemplo, no caso dos

empréstimos feitos à Cuba e à Venezuela cuja

expectativa de reaver tais recursos é nula no

curto prazo, conforme destacado

recentemente pelo atual presidente do

BNDES Dyogo Oliveira.

O Tesouro precisa obter recursos, via

Governo Federal, para emprestar recursos ao

BNDES. A título de exemplo, com a TJLP, se

o Tesouro empresta 100 reais ao BNDES, o

Tesouro recebe 7 reais de juros pelo

empréstimo e paga 11 no empréstimo obtido,

ou seja, o Tesouro sofre uma perda a cada

empréstimo, chamada de subsídio implícito.

O subsídio implícito não aparece no

orçamento do governo, mas aumenta a dívida

pública e onera os pagadores de impostos. O

subsídio implícito ocorre quando o BNDES

empresta a uma taxa ainda menor do que

aquela qual ele paga ao Tesouro e, nesse

caso, quem sofre a perda é o BNDES cuja

compensação ocorre com verba do Tesouro

alocada para tal fim no Orçamento Geral da

União.

A seguir, um gráfico com dados do BC

evidenciando o subsídio implícito nos

empréstimos do BNDES, ou seja, o GAP, a

diferença, entre a taxa Selic e a taxa praticada

nos empréstimos concedidos pelo BNDES.

O processo de substituição ainda está

em andamento e passou a ser a referência

para os contratos firmados a partir de janeiro

deste ano; a previsão é de que em 2023 a

parte fixa da TLP seja igual à taxa básica de

juros divulgada pelo Banco Central.

0

5

10

15

20

25

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Jan-0

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Ma

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7

Ma

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8

BNDES e SELIC

BNDES SELIC

Fonte: BCB - Elaboração própria

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MUNDO

EUA

O Federal Reserve (Banco Central

Americano) aumentou o intervalo da taxa de

juros de 1,75% à 2% para 2% à 2,25%,

sinalizando o fim da política monetária

expansionista da entidade e indicou que

manterá as perspectivas monetárias para os

próximos anos estáveis, dado que o país

possuí um crescimento econômico estável e

um nível de emprego firme. O presidente do

FED, Jerome Powell, reiterou um outro

aumento no final desse ano e outros três no

ano que vem.

Argentina

Na última sexta feira (28/09), o dólar

avançou na Argentina, na mesma semana do

anuncio da ampliação do acordo com o FMI

(Fundo Monetário Internacional) e a

implementação de uma banda cambial, que

permitirá o dólar a flutuar entre 34 e 44 pesos

argentinos, que iniciará na segunda-feira

(01/10).

Com a expectativa em conter a inflação

na Argentina, o recém nomeado presidente do

Banco Central da Argentina, Sandleris,

anunciou na terça-feira (25/09) um novo

regime de bandas cambiais, fixada incialmente

entre 34 e 44 pesos argentinos. Com isso o

governo espera além de reduzir a inflação

recuperar estabilidade e previsibilidade dos

preços. A moeda argentina já perdeu mais de

50% do seu valor neste ano, e o governo já

gastou mais de 16 bilhões de dólares de

reserva, na tentativa de elevar o peso

argentino.

O dólar fechou setembro com alta de

1,55 pesos, valendo 41,25 pesos argentinos,

sem nenhuma intervenção do banco central,

assim a autoridade monetária mostrou que o

novo sistema de banda cambais já está em

vigor.

O governo argentino também ampliou

o acordo com o FMI de US$50 bilhões para

US$57,1 bilhões, após fazer o anuncio do

aumento, o ministro da economia Nicolás

Dujovne chegou a projetar um aumento no

crescimento para a economia para o final do

último trimestre de 2019 de 5,2%, com

crescimento econômico, já no início do

primeiro trimestre de 2019. No entanto, a

previsão de analistas e do próprio governo. na

semana passada, diverge da anunciada essa

semana, quando previa uma contração de

0,5% do PIB para 2019 em seu projeto de

orçamento.

Auxílio Internacional ou

Intervenção

Repentinamente, o presidente Nicólas

Maduro decidiu participar da 73ª sessão da

Assembleia Geral da ONU esta semana, à qual

não comparecia desde 2015. Muitos foram os

assuntos internacionais abordados pelos

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líderes mundiais neste "debate geral" anual,

dentre eles, a crise política e socioeconômica

venezuelana.

Na quinta-feira, dia 27, o Conselho de

Direitos Humanos da ONU aprovou uma

resolução que pedia cooperação da Venezuela

para que a crise humanitária seja amenizada

no país, ou seja, os governos se mostraram

inteiramente solícitos e pedem para que o

governo venezuelano aceite a ajuda

necessária - tal resolução foi aprovada com 23

votos a favor, incluindo o Brasil. Além disso,

com intuito de monitorar a situação, o

conselho pediu que um relatório sobre as

condições da Venezuela seja divulgado.

No dia anterior, junto ao Tribunal Penal

Internacional, os mesmos países que

motivaram a resolução protagonizaram outro

pedido - Argentina, Chile, Colômbia, Paraguai,

Peru e Canadá - a fim de que se investigue

supostas violações de direitos humanos e

crimes contra a humanidade cometidos

durante o governo Maduro. Este fato é inédito

na história do Tribunal Penal Internacional,

pois desde o início de suas atividades (2002),

essa é a primeira vez que países membros

denunciam outro país - o TPI julga indivíduos

e não Estados. Certamente o pedido não

implica numa abertura instantânea de

investigação do caso, pois o TPI deverá

analisar se este cumpre com os requisitos

exigidos para tanto. Assim, a atuação do

Tribunal dependerá da gravidade dos fatos -

já que somente as graves violações são

submetidas à sua jurisdição - e também de

verificações internas junto ao judiciário

venezuelano, uma vez que o tribunal só

poderá agir quando o país responsável pelos

acusados tiver esgotado todas as suas opções

judiciais - princípio da complementariedade.

No entanto, cabe observar que segundo o

Estatuto de Roma, o que caracteriza os crimes

contra a humanidade não é o contexto da

guerra, mas sim, as ações políticas

sistemáticas perpetradas contra uma

população civil - desde 2013 o governo

Maduro não autoriza a entrada do escritório de

Direitos Humanos no país.

Por outro lado, a Venezuela rejeita

qualquer tipo de ajuda externa, ou seja, não

admite interferências em assuntos

domésticos, e ainda acusa os países de se

unirem contra Caracas, assim como de usarem

os argumentos levantados na resolução e no

pedido de investigação como justificativas

para uma intervenção militar, através de uma

verdadeira manipulação política - Donald

Trump e a direção da Organização dos Estados

Americanos chegaram a falar abertamente

sobre uma possível intervenção militar. Além

disso, o governo venezuelano afirma que o

país vem sofrendo agressões em diversos

aspectos, inclusive tendo sua identidade

nacional atacada, e aponta as sanções

econômicas tanto americanas quanto

europeias como real causa da crise - como por

exemplo o embargo de armas aprovado pela

União Europeia e a proibição norte-americana

Page 11: Destaques da Semana Juliana Inhasz€¦ · Por fim, as expectativas do mercado para o crescimento econômico mantiveram-se nesta semana, com perspectivas de crescimento de 1,35% neste

de operações da principal empresa estatal

venezuelana PDVSA, Petróleos de Venezuela

SA, no mercado americano, 2017.

O Brasil, como se pôde notar, mesmo

não tendo protagonizado as ações, e assim,

sinalizado sua posição de forma pouco incisiva,

colocou-se contra qualquer iniciativa de uso de

força e imposição de sanções contra a

Venezuela, e, não obstante, condenou-a pela

ruptura democrática nos fóruns internacionais.

ELEIÇÕES

Na próxima edição do Boletim

Econômico, já teremos conhecimento dos dois

candidatos que concorrerão ao Planalto no

final deste mês, ou aquele que assumirá a

presidência em 2019, em caso de vitória no

primeiro turno. Os próximos dias serão

intensos para o cenário político brasileiro,

apesar da corrida presidencial estar sendo

tratada com mais destaque, os eleitores

também irão as urnas para votar para cargos

de governador, senador, deputado federal e

estadual, que são tão importantes quanto o

cargo de presidente.

No cenário da corrida presidencial, a

probabilidade de não haver um segundo turno

entre Haddad e Bolsonaro é pequena, de

acordo com os resultados das últimas

pesquisas. Apesar disso, é necessário destacar

a importância da última semana antes da

eleição, considerada a mais decisiva. Em 2014,

de acordo com o Datafolha, 23% dos eleitores

decidiram seu voto na última semana.

Segundo as últimas pesquisas, cerca de 34%

dos eleitores ainda podem mudar seu voto. O

voto útil tem potencial para mudar um cenário,

porém a tendência é que a principal medição

de força entre um Brasil dividido será num

possível segundo turno. Haddad e Ciro

dividem os votos da esquerda, o candidato

petista cresce a cada pesquisa, enquanto que

Bolsonaro pode receber ainda votos de

Alckmin, Amoêdo e Meirelles. Marina perdeu

muita força em Setembro, perdendo muito dos

seus votos para Haddad.

No último final de semana, muitas

cidades tiveram manifestações pró e contra o

candidato Bolsonaro, que teve alta do hospital

neste sábado e permanecerá em repouso até

a data da eleição. A rejeição do candidato do

PSL é gigante, ao mesmo tempo que o seu

eleitorado é o mais convicto do voto, por isso

é improvável termos grandes quedas de

Bolsonaro nas pesquisas ao ponto de tirá-lo de

1- Fonte: Jornal O Globo

Page 12: Destaques da Semana Juliana Inhasz€¦ · Por fim, as expectativas do mercado para o crescimento econômico mantiveram-se nesta semana, com perspectivas de crescimento de 1,35% neste

um segundo turno. A principal questão está

nos números de Haddad, que nem sequer

precisou fazer campanha contra Bolsonaro

para ganhar votos daqueles que o rejeitam. A

análise deste primeiro turno se dará o quanto

que o eleitorado dos outros candidatos

enxergam Bolsonaro e Haddad e a partir disto,

construir as tendências para o embate no final

do mês.

Nesta semana teremos pesquisas de

intenção de votos divulgadas praticamente

todos os dias. Na madrugada de hoje, a BTG

divulgou os resultados da sua última pesquisa,

que indica Bolsonaro com 31% (tinha 33%)

das intenções de voto, Haddad 24% (tinha

23%), Alckmin 11% (tinha 8%), Ciro 9%

(tinha 8%), Amoêdo 5% e Marina 4%.

Nos próximos dias, os candidatos

concentrarão suas campanhas principalmente

na região Sudeste, onde o número de eleitores

é maior. Historicamente, o presidente eleito

venceu em dois estados da região Sudeste.

Jair Bolsonaro, hoje, vence nos três maiores

colégios eleitorais: São Paulo, Rio de Janeiro e

Minas Gerais. Haddad tem sua principal força

no Nordeste, porém precisa ganhar força na

região sudeste, assim como fez Dilma em

2014, que venceu em Minas e no Rio de

Janeiro.

De qualquer forma, teremos uma

semana bem intensa no cenário eleitoral, onde

as estratégias precisam ser bem traçadas e

qualquer declaração polêmica de qualquer

candidato pode ser crucial no resultado.

AGENDA ECONÔMICA

A próxima semana será intensa para o

cenário eleitoral mas também haverá

divulgações de dados importantes para

conjuntura econômica brasileira e mundial. Os

dados do PMI americano e inglês serão

divulgados nesta segunda-feira. A Balança

Comercial do Brasil também será notícia neste

primeiro dia de Outubro. Nos próximos dias,

teremos dados da Produção Industrial

brasileira e os dados do IPC-Fipe, dados do

setor automobilístico e dados do IPCA. No

mundo, o destaque vai para a taxa de

desemprego e balança comercial americana,

que é uma importante medida para economia

estadunidense.