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DESTAQUE DO DIA 3 DOMINGO, 5 DE FEVEREIRO DE 2012 A GAZETA IGREJA MARANATA DÍZIMO DESVIADO EM FRAUDE MILIONÁRIA Mais de R$ 20 milhões teriam ido parar no bolso de pastores VILMARA FERNANDES [email protected] LETÍCIA CARDOSO [email protected] Um esquema de corrupção para desviar recursos pro- venientes do recolhimento do dízimo foi montado na cúpula da Igreja Cristã Ma- ranata, com o envolvimen- to de pastores, diáconos e até fornecedores. A ação, identificada em uma inves- tigação da própria institui- ção, foi parar na Justiça. Nela, aparece o nome do vi- ce-presidente, Antônio Ân- gelo Pereira dos Santos. Es- timativas iniciais da igreja indicam que o rombo é de, no mínimo, R$ 21 milhões. Mas a ação protocolada na Justiça pede o ressarcimen- to de R$ 2,1 milhões. A diretoria da Marana- ta diz que a situação é gra- ve e que já adotou as pro- vidências contra as irregu- laridades que vinham sen- do praticadas (veja na pág. 6). Uma delas foi afastar três pastores e um diácono das funções ad- ministrativas e religiosas. O caso está sendo inves- tigado pelo Ministério Pú- blico Estadual. Em nota, o MP adiantou que os docu- mentos exigem melhor apuração, mas apontam para várias irregularidades e crimes. Diz ainda que, se aproveitando da isenção de tributos que as igrejas pos- suem e da boa-fé dos fiéis, pastores estariam usando bens da igreja em benefício próprio. A lista de prováveis crimes praticados inclui desvio de recursos para o exterior, criação de empre- sa irregular, contrabando, fraudes ao Fisco e ao siste- ma financeiro. DERRAME Cerca de 5 mil templos no Brasil são administrados pelo presbitério da igreja, em Vila Velha, que concen- tra o dízimo doado no país. O dinheiro foi desviado desse caixa único. A igreja não informa quanto arreca- da, mas sabe-se que é a se- gunda em número de evan- gélicos no Estado e uma das que mais crescem no país. O golpe era viabilizado por notas fiscais frias, que permitiam a retirada de va- lores do caixa da igreja. Se- FÁBIO VICENTINI A Igreja Cristã Maranata é uma das que mais crescem no país. Acima, foto do templo na Praia da Costa DIVULGAÇÃO O vice-presidente e o contador da instituição são acusados de desvio gundo documentos obtidos por A GAZETA, as notas eram emitidas por fornece- dores do Presbitério da Ma- ranata. Há indícios de que empresas foram criadas – em nome de laranjas – so- mente para essa finalidade. O dinheiro desviado era destinado a um grupo de pastores. Além do nome do vice-presidente, as investi- gações chegaram ao do contador da Maranata, Leonardo Meirelles de Al- varenga. Eles foram de- nunciados na ação judicial aberta pela igreja. Há indí- cios de participação de mais pastores e funcioná- rios. Nas apurações, envol- vidos afirmaram que o di- nheiro serviria para “aju- dar irmãos no exterior”. As informações fazem parte de investigação inter- na da igreja, que orientou uma auditoria externa, cuja análise preliminar confirma as irregularidades. “Ele- mentosobtidos(...)sãocon- tundentes quanto à ocor- rência de fraudes e desvios perpetrados pelo vice-presi- dente e o contador”, diz tre- cho do relatório da audito- ria citado na ação judicial. Parte dos recursos des- viados era usada na compra de carros e imóveis e no pa- gamento de contas pes- soais. “Por várias vezes fui orientado a depositar valo- res na conta do Antônio Ân- gelo para pagamento de cartão de crédito, prestação de veículos, condomínios, compras de equipamen- tos”, diz um funcionário ou- vido na investigação. Outra parte dos recursos era investida na compra de dólares, diz um empresário no mesmo relatório: “O va- lor era depositado nas con- tas das minhas empresas. No mesmo dia, eu compra- va os dólares e os entregava no presbitério”. Os dólares eram levados para o exte- rior nas malas de fiéis. DESTRUIÇÃO Para evitar que a prática dos crimes fosse descober- ta, funcionários foram orientados a destruir có- pias de recibos. “Fui orien- tado pelo Antônio Ângelo e pelo Leonardo a destruir todos os documentos, reci- bos e depósitos que não passavam pelo caixa cen- tral do presbitério para não cair em nenhum tipo de fis- calização”, relata um fun- cionário da igreja. Há informações de que computadores foram for- matados para que os rastros dos desvios fossem destruí- dos. “Os HDs foram cor- rompidos. Programas de envio de relatórios fiscais por internet (Receitas Fede- ral e Estadual) foram apa- gados”, consta num dos do- cumentos. Outro problema detectado são atrasos na contabilidade da igreja há pelo menos quatro anos. “Um montante muito elevado, chegando a cerca de R$ 500 mil mensais nos últimos 30 meses e R$ 6 milhões em 2010” RELATÓRIO DA IGREJA MARANATA SOBRE OS DESVIOS CONTINUA págs. 4 a 6

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DESTAQUE DO DIA3DOMINGO, 5 DE FEVEREIRO DE 2012 A GAZETA

IGREJA MARANATADÍZIMO DESVIADO EMFRAUDE MILIONÁRIAMais de R$ 20 milhões teriam ido parar no bolso de pastores

VILMARA [email protected]

LETÍCIA [email protected]

Um esquema de corrupçãopara desviar recursos pro-venientes do recolhimentodo dízimo foi montado nacúpula da Igreja Cristã Ma-ranata, com o envolvimen-to de pastores, diáconos eaté fornecedores. A ação,identificada em uma inves-tigação da própria institui-ção, foi parar na Justiça.Nela,apareceonomedovi-ce-presidente, Antônio Ân-gelo Pereira dos Santos. Es-timativas iniciais da igrejaindicam que o rombo é de,no mínimo, R$ 21 milhões.Mas a ação protocolada naJustiçapedeoressarcimen-to de R$ 2,1 milhões.

A diretoria da Marana-ta diz que a situação é gra-ve e que já adotou as pro-vidênciascontraas irregu-laridadesquevinhamsen-do praticadas (veja napág. 6). Uma delas foiafastar três pastores e umdiácono das funções ad-ministrativas e religiosas.

O caso está sendo inves-tigado pelo Ministério Pú-blico Estadual. Em nota, oMP adiantou que os docu-mentos exigem melhorapuração, mas apontampara várias irregularidadese crimes. Diz ainda que, seaproveitandoda isençãodetributos que as igrejas pos-suem e da boa-fé dos fiéis,pastores estariam usandobens da igreja em benefíciopróprio.Alistadeprováveiscrimes praticados incluidesvio de recursos para oexterior, criação de empre-sa irregular, contrabando,fraudes ao Fisco e ao siste-ma financeiro.

DERRAMECerca de 5 mil templos

noBrasilsãoadministradospelo presbitério da igreja,em Vila Velha, que concen-tra o dízimo doado no país.

O dinheiro foi desviadodesse caixa único. A igrejanãoinformaquantoarreca-da, mas sabe-se que é a se-gundaemnúmerodeevan-gélicosnoEstadoeumadasque mais crescem no país.

O golpe era viabilizadopor notas fiscais frias, quepermitiam a retirada de va-lores do caixa da igreja. Se-

FÁBIO VICENTINI

A Igreja Cristã Maranata é uma das que mais crescem no país. Acima, foto do templo na Praia da Costa

DIVULGAÇÃO

O vice-presidente e o contador da instituição são acusados de desvio

gundo documentos obtidospor A GAZETA, as notaseram emitidas por fornece-dores do Presbitério da Ma-ranata. Há indícios de queempresas foram criadas –em nome de laranjas – so-mente para essa finalidade.

O dinheiro desviado eradestinado a um grupo depastores.Alémdonomedo

vice-presidente, as investi-gações chegaram ao docontador da Maranata,Leonardo Meirelles de Al-varenga. Eles foram de-nunciados na ação judicialaberta pela igreja. Há indí-cios de participação demais pastores e funcioná-rios.Nasapurações,envol-vidos afirmaram que o di-

nheiro serviria para “aju-dar irmãos no exterior”.

As informações fazemparte de investigação inter-na da igreja, que orientouumaauditoria externa, cujaanálisepreliminarconfirmaas irregularidades. “Ele-mentosobtidos(...)sãocon-tundentes quanto à ocor-rência de fraudes e desvios

perpetradospelovice-presi-denteeocontador”, diz tre-cho do relatório da audito-ria citado na ação judicial.

Parte dos recursos des-viadoserausadanacompradecarrose imóveis enopa-gamento de contas pes-soais. “Por várias vezes fuiorientado a depositar valo-resnacontadoAntônioÂn-gelo para pagamento decartãodecrédito,prestaçãode veículos, condomínios,compras de equipamen-tos”,dizumfuncionárioou-vido na investigação.

Outrapartedosrecursosera investida na compra dedólares,dizumempresáriono mesmo relatório: “O va-lor era depositado nas con-tas das minhas empresas.No mesmo dia, eu compra-vaosdólareseosentregavano presbitério”. Os dólareseram levados para o exte-rior nas malas de fiéis.

DESTRUIÇÃOPara evitar que a prática

dos crimes fosse descober-ta, funcionários foramorientados a destruir có-pias de recibos. “Fui orien-tadopeloAntônioÂngeloepelo Leonardo a destruirtodososdocumentos, reci-bos e depósitos que nãopassavam pelo caixa cen-traldopresbitérioparanãocairemnenhumtipodefis-calização”, relata um fun-cionário da igreja.

Há informações de quecomputadores foram for-matadosparaqueosrastrosdos desvios fossem destruí-dos. “Os HDs foram cor-rompidos. Programas deenvio de relatórios fiscaisporinternet(ReceitasFede-ral e Estadual) foram apa-gados”, constanumdosdo-cumentos. Outro problemadetectado são atrasos nacontabilidade da igreja hápelo menos quatro anos.

“Um montantemuito elevado,chegando acerca de R$ 500mil mensaisnos últimos30 meses eR$ 6 milhõesem 2010”—RELATÓRIO DA IGREJAMARANATA SOBRE OSDESVIOS

CONTINUA págs. 4 a 6

Documento:AGazeta_05_02_2012 1a. DOMINGO_CA_03EmFoco_3.PS;Página:1;Formato:(274.11 x 381.00 mm);Chapa:Composto;Data:04 de Feb de 2012 13:51:45

4 DESTAQUE DO DIAA GAZETA DOMINGO, 5 DE FEVEREIRO DE 2012

DESTAQUE DO DIA5DOMINGO, 5 DE FEVEREIRO DE 2012 A GAZETA

PRODUTOS ENTRAVAMNO PAÍS SEM IMPOSTOSEletrônicos eram contrabandeados na mala de fiéis

VILMARA [email protected]

LETÍCIA [email protected]

Um dos braços da corrup-çãoencontradanadireçãodaIgrejaMaranatadizres-peito à compra irregulardeequipamentoseletrôni-cos. O material se destina-va à montagem de um sis-tema de videoconferênciapara interligar os templosno Brasil e no exterior.

Boa parte do materialfoi trazida ao país de for-ma irregular, segundodeclarações que cons-tam na investigação in-terna feita pela igreja eem documentos obtidoscom exclusividade por AGAZETA.

Os depoimentos reve-lamqueosequipamentoseram comprados fora dopaís e trazidos clandesti-namente na mala dosfiéis. Em algumas oca-siões, os produtos vi-nham de Miami (EUA)

para o Brasil. Em outras,eramcompradosnoPara-guai, levados para Curiti-ba, Paraná, e, em segui-da, trazidos para Vitória.

Vários documentosmostram o reflexo dessamovimentaçãonocaixadoPresbitério da Maranata –responsável pela adminis-tração de todos os templosno Brasil –, que autorizavao pagamento dos fornece-dores.Emseguida,osvalo-res eram depositados nascontas correntes de quemfazia as compras.

DINHEIROEm seu depoimento, o

vice-presidente afastadodo cargo, Antônio ÂngeloPereiradosSantos,dizqueumaproposta inicial apre-sentadaà igrejaparamon-tar o sistema de videocon-ferência estava orçada emR$24milhões,oquelevouà desistência do projeto.“O próprio Presbitério re-solveu montar o sistema,

DIVULGAÇÃO

Uma unidade móvel transmite cultos a todo o país

que ficou em cerca deR$ 3 milhões”, afirmou.

Segundo informaçõesda Anatel – agência res-ponsável pelas telecomu-nicaçõesnopaís–, aMara-nata possui concessão deduasestaçõesdetransmis-são e uma unidade móvel.Com esse equipamento,consegue transmitir seuscultosparatodososcantosdo Brasil, além de países

do Leste Europeu, África,Europa e América.

Toda essa transação co-mercial, assim como o es-quema de desvios, foi de-nunciada ao MinistérioPúblico Estadual, que jáestá investigandoocaso.Amesma denúncia foi enca-minhada à Anatel, à Polí-cia Federal e às ReceitasFederal e Estadual.

Duas outras denúnciaschegaram ao MinistérioPúblicoFederal,queagoraexamina se tem compe-tênciaparainvestigaroas-sunto ou se repassa o ma-terial para os promotoresestaduais.

AÇÃOA ação ajuizada pela

Maranata contra o vi-ce-presidente e o conta-dor Leonardo Alvarenga,cujas investigações daprópria igreja e a audito-ria por ela contratadaapontam como sendo au-toresdosdesvios, estánas

mãos do juiz Robson Al-banez, da 8ª Vara Cível deVitória. O magistrado éum dos denunciados naOperação Naufrágio, queapura venda de sentençasno Poder Judiciário.

O documento foi proto-colado dia 20 de janeiro,uma sexta-feira, e na se-gunda-feira o juiz, aten-dendoaumpedidodapró-pria Maranata, decretousegredo de Justiça na tra-mitação do processo.

RACHAA insatisfação com o es-

quema de corrupção iden-tificado na Igreja Marana-ta tem sido assunto fre-quente em blogs e redessociais desde o fim do anopassado. Vários membrosda igreja – muitos deles deforma anônima – começa-ram a divulgar sua insatis-fação com a situação.

Parte dos relatórios deinvestigação da própriaMaranata chegou a vazar

na internet, o que levou aigreja a divulgar informa-tivos oficiais em suas uni-dades sobre as providên-cias que estavam sendoadotadas.

A medida, no entanto,não foi suficiente para umgrupo de fiéis e pastoresque, insatisfeito, deixou ainstituição. A justificativaapontada é que, diantedas denúncias, os cultosestavam perdendo o seusentido espiritual.

AafirmaçãoédeLeonar-doLamegoSchuler, ex-ma-ranata e advogado do gru-po que apresentou denún-cias em vários órgãos pe-

dindo investigação. “Nósnos sentimos constrangi-doseinsatisfeitoscomafal-ta de informações sobre oque se passava dentro daigreja”, assinalou.

Ele critica ainda as pro-vidências já adotadas pe-laMaranata.Schulerassi-nala que elas foram tar-dias e sem transparência.“É um mero paliativo. Háalgomaiordoqueoqueseapontanoprocesso.”Eleedezenas de outros fiéis jáfundaram uma nova igre-ja na Enseada do Suá, emVitória. A nova denomi-nação leva o nome deIgreja Cristã Louvai.

DESFALQUE

R$ 21milhõesEstima-se que esse sejao valor retirado da igrejade forma irregular.

“É difícil viverem uma igrejaque pareciaséria edescobrir quenela aconteciaalgo detamanhagravidade”—LEONARDO SCHULERADVOGADO

DEPOIS DO QUESTIONAMENTO, A EXPULSÃO

“FUI USADO COMOMULA. NO ANOPASSADO, FORAMTRÊS VIAGENS”

X, 28 anos, frequentavaa igreja desde pequeno

“Fui um dos muitosfiéis que transportaramos equipamentos doprojeto de videoconfe-

rência dos Estados Uni-dos para o Brasil. Fuiusado como mula. Sóno ano passado, foramtrês viagens. Trazia-osem minha bagagem, es-condidos no meio dasroupas. Nunca foramdescobertos pela Alfân-dega. Após ganhar aconfiança dos pastores,fui convidado pelo vi-ce-presidente, AntônioÂngelo Pereira dos San-tos, no final do anopassado, para uma ou-

tra viagem. Só que des-ta vez deveria levarUS$ 10 mil, valor má-ximo permitido paraentrada nos EstadosUnidos, e entregar a umoutro pastor. Nesse dia,percebi que algo estavaerrado e o questioneisobre a legalidade dasações do Presbitério.Não aceitei levar os dó-lares e fui comunicadode que seria expulso detodos os trabalhos den-tro da igreja.”

TRECHOS DA AÇÃO

“A igreja pagou umtotal de R$ 941 milem notas fiscais quenão correspondema mercadoriasefetivamenteentregues”

“Relatório elaboradoculmina com oprejuízo financeiropara os cofres daigreja equivalente aR$ 2,1 milhões”

“A senha do contadorLeonardo Meirelles lhedava amplos poderes,alguns dos quaisextrapolavam oslimites das atividadespróprias de contador”

“Verifica-se quedocumentos emitidospela empresa docontador LeonardoMeirelles, assim comoos registros dacontabilidade, foramfraudulentos”

Documento:AGazeta_05_02_2012 1a. DOMINGO_CA_03EmFoco_4.PS;Página:1;Formato:(548.22 x 382.06 mm);Chapa:Composto;Data:04 de Feb de 2012 13:56:29

6 DESTAQUE DO DIAA GAZETA DOMINGO, 5 DE FEVEREIRO DE 2012

“A SITUAÇÃO ÉMUITO GRAVE”,DIZ ADVOGADORepresentante da Maranata garante, noentanto, que prejuízos serão ressarcidos

VILMARA [email protected]

LETÍCIA [email protected]

“A situação é grave, muitograve.” A avaliação foi fei-ta por Sérgio Carlos deSouza,advogadodaIgrejaCristã Maranata – ondetambém atua como pastor– ao se referir ao esquemade corrupção montado nacúpula da instituição. Aomesmotempo, sediz tran-quilo por ter a certeza deque todas as providênciasestãosendoadotadasparapreservar a igreja e ressar-cir os prejuízos ocasiona-dos pelo desvio.

Souza relatou que, emsetembro passado, a igrejarecebeu denúncias de queirregularidades estavamsendo cometidas na admi-nistração do Presbitério,em Vila Velha. “Imediata-mente,porordemdopresi-dente, Gedelti Gueiros, foicriada uma comissão parainvestigar as denúncias.”

AFASTAMENTOFoi essa comissão que

identificouque,nomínimo,estava ocorrendo uma ges-tãomuitoruimdasfinançasdaMaranata,relataoadvo-gado. Foi a mesma equipeque sugeriu o afastamentodetrêspastores–umdelesovice-presidente, AntônioÂngeloPereiradosSantos–e do diácono que tambémocupavaa funçãodeconta-dor da igreja, LeonardoMeirelles de Alvarenga.

Após ouvir empresáriosqueprestavamserviçospa-ra o Presbitério, pastores eaté funcionários, a comis-são de investigação apon-tou a necessidade da con-tratação de uma auditoriaexterna. “Somente partedo trabalho foi concluída”,acrescenta Sérgio.

Combasenesserelatóriopreliminar, a igreja proto-colou na Justiça uma ação

pedindooressarcimentodedanos, no valor de R$ 2,1milhões. O advogadoadiantou que, surgindo no-vas provas, a instituiçãonão se furtará em adotarnovas medidas judiciais.

Além das funções admi-nistrativas,AntônioÂngeloe Leonardo também foramafastados definitivamente

DIVULGAÇÃO

Gedelti Gueiros mandouinvestigar as denúncias

das funções que exerciamnaigrejacomopastorediá-cono, respectivamente.“Eles podem frequentar oscultos por serem cerimô-nias públicas”, explicou oadvogado da igreja.

ISENÇÃOSérgio garante que o

presidente da Maranatanão teve nenhum envolvi-mento com o esquema decorrupção.Emais:elesóto-mou conhecimento da si-tuação ao receber as de-núncias. “O presidente cui-da exclusivamente daorientaçãodoutrináriaedaparte espiritual. Existempessoasparacuidardosou-tros setores”, afirmou.

Oadvogadodisse,ainda,que todos os fiéis foram co-municados das medidasque estão sendo adotadaspor intermédio de uma cir-cular divulgada nas igrejas.

A igreja garante ainda

“R$ 2,1 milhõesé o valorestabelecidoaté agoracomo dano. Sehouver novasprovas, outrasmedidas serãoadotadas”—SÉRGIO CARLOSDE SOUZAADVOGADO DAMARANATA

que desconhece qualquerirregularidade na comprados equipamentos destina-dosaosistemadevideocon-ferência. “Noventa e cincopor cento do material foicomprado no Brasil. Sóequipamentos dos estúdiosforam trazidos do exterior”,pontuou Sérgio. Ele acres-centa que a direção da Ma-ranata solicitou à ReceitaFederal e ao Ministério Pú-blico Estadual que investi-gassem todas as denúncias.

ACUSADOSO vice-presidente Antô-

nio Ângelo e o contadorLeonardo foram procura-dos por A GAZETA e deci-diram não falar sobre o as-sunto. Leonardo disse, emnota,quesóvai semanifes-tar na Justiça. Já AntônioÂngelo afirma que quemtemqueresponderporeleéa igrejaenãoquis informaro nome do seu advogado.

LETÍCIA CARDOSO

Documento:AGazeta_05_02_2012 1a. DOMINGO_CA_03Cidades_6.PS;Página:1;Formato:(274.11 x 381.00 mm);Chapa:Composto;Data:04 de Feb de 2012 14:11:53