despesas e receitas públicas

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DESPESAS E RECEITAS PÚBLICAS 20. As despesas públicas Obter e dispor de dinheiros públicos, como afectá- los, distinguí-los ou dispendê-los não é mais do que a realização da receita e da despesa orçamental, já que, ao nível da gestão financeira pública, é esta terminologia – a das receitas e despesas – que está legalmente consagrada. Pode-se definir Despesa Pública, no gasto ou no dispêndio de bens por parte dos entes públicos para criarem ou adquirirem bens ou prestarem serviços susceptíveis de satisfazer necessidades públicas; elas concretizam o próprio fim da actividade financeira do Estado – satisfação de necessidades. 21. Evolução e efeitos económicos De modo com a natureza económica das despesas e tendo em conta as interfaces entre economia e as finanças podemos falar de três tipos de despesa pública, a saber: a) Despesas de Investimento, são as que contribuem para a formação de capital – técnico – do Estado; Despesa de Funcionamento, consubstanciam os gastos necessários ao normal funcionamento da “máquina” administrativa. b) Despesas em Bens e Serviços, são as que asseguram a criação de utilidades, através da compra de bens e serviços pelo Estado; enquanto que as Despesas de Transferências, se limitam a redistribuir recursos a novas entidades, quer do sector público, quer do sector privado. c) Despesas Produtivas, criam directamente utilidade; as Despesas Reprodutivas, contribuem para o aumento da capacidade produtiva, gerando pois utilidades acrescidas, mas no futuro. 22. Classificação das despesas públicas a) Despesas Ordinárias, são as que, com grande verosimilhança, se repetirão em todos os períodos financeiros; as Despesas Extraordinárias, são as que não se repetem todos os anos, são difíceis de prever, não se sabendo quando voltarão a repetir-se.

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Page 1: Despesas e receitas públicas

 DESPESAS E RECEITAS PÚBLICAS 20. As despesas públicas

Obter e dispor de dinheiros públicos, como afectá-los, distinguí-los ou dispendê-los não é mais do que a realização da receita e da despesa orçamental, já que, ao nível da gestão financeira pública, é esta terminologia – a das receitas e despesas – que está legalmente consagrada.

Pode-se definir Despesa Pública, no gasto ou no dispêndio de bens por parte dos entes públicos para criarem ou adquirirem bens ou prestarem serviços susceptíveis de satisfazer necessidades públicas; elas concretizam o próprio fim da actividade financeira do Estado – satisfação de necessidades. 21. Evolução e efeitos económicos

De modo com a natureza económica das despesas e tendo em conta as interfaces entre economia e as finanças podemos falar de três tipos de despesa pública, a saber:

a)     Despesas de Investimento, são as que contribuem para a formação de capital – técnico – do Estado; Despesa de Funcionamento, consubstanciam os gastos necessários ao normal funcionamento da “máquina” administrativa.

b)    Despesas em Bens e Serviços, são as que asseguram a criação de utilidades, através da compra de bens e serviços pelo Estado; enquanto que as Despesas de Transferências, se limitam a redistribuir recursos a novas entidades, quer do sector público, quer do sector privado.

c)     Despesas Produtivas, criam directamente utilidade; as Despesas Reprodutivas, contribuem para o aumento da capacidade produtiva, gerando pois utilidades acrescidas, mas no futuro.

 22. Classificação das despesas públicas

a)     Despesas Ordinárias, são as que, com grande verosimilhança, se repetirão em todos os períodos financeiros; as Despesas Extraordinárias, são as que não se repetem todos os anos, são difíceis de prever, não se sabendo quando voltarão a repetir-se.

b)    Despesas Correntes, são as que o Estado faz, durante um período financeiro, em bens consumíveis, ou que vão traduzir na compra de bens consumíveis; as Despesas de Capital, são as realizadas em bens duradouros e no reembolso de empréstimos.

c)     Despesas Efectivas, são as que se traduzem, sempre, numa diminuição do património monetário do Estado, quer se trate de despesas em bens de consumo, quer em bens duradouros, implicam sempre uma saída efectiva e definitiva de dinheiros da tesouraria; Despesas Não Efectivas, são as que, embora representem uma diminuição do património da tesouraria, têm, como contrapartida, o desaparecimento de uma verba de idêntico valor do passivo patrimonial.

d)     Despesas Plurianuais, são aquelas cuja efectividade se prolonga por mais de um ano; as Despesas Anuais, são as que se não prolongam por mais de um ano.

 23. Classificação orçamental das despesas

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São quatro as classificações orçamentais, art. 8º/2 Lei 6/91:a)     Orgânica: as despesas repartem-se por departamentos da

Administração; por serviços, etc.b)    Económica: distingue-se as despesas correntes e de capital, umas e

outras descriminadas por agrupamentos, subagrupamentos e rubricas.c)     Funcional: as despesas são aqui agrupadas de acordo com a natureza

das funções exercidas pelo Estado, tendo-se adoptado para o efeito o modelo do Fundo Monetário Internacional.

d)     Despesas por Programas: um programa de despesas é um conjunto de verbas destinadas à realização de determinado objectivo, abrangendo um ou vários projectos.

 24. As Receitas Públicas

As Receitas são todos os recursos obtidos durante um dado período financeiro para a satisfação das despesas públicas a cargo de um ente público.

a)     As Receitas Patrimoniais: são as receitas obtidas pelo património estadual, têm uma importância reduzida.

b)    As Receitas Creditícias: são as que regulam do recurso ao crédito, maxime da contratação de empréstimos pelo Estado, no interior ou no exterior do País.

c)     Receitas Tributárias: são as receitas que provêm dos impostos. 25. Receitas públicas: classificação

a)     Receitas Ordinárias, são as que o Estado cobra num ano e vai voltar a cobrar, nos anos seguintes; Receitas Extraordinárias, são as que tendo sido cobradas num ano, não voltarão a ser cobradas, com toda a verosimilhança, nos anos seguintes.

b)    Receitas Correntes, são as que provêm do rendimento do próprio período; as Receitas de Capital, são as que resultam de aforo (empréstimos).

c)     Receitas Efectivas, são as que se traduzem sempre num aumento de património monetário do Estado (impostos, taxas); as Receitas Não Efectivas, são as que aumentando o património monetário do Estado no momento do ingresso das verbas na tesouraria, acarretam, porém, simultaneamente, um aumento do passivo do seu património gerando uma divida a pagar em momento ulterior ao da arrecadação (receitas creditícias, resultantes de empréstimos).

d)     Receitas Obrigatórias, são as percebidas pelo Estado, em virtude de obrigações impostas aos cidadãos pela lei, são aquelas cujo montante é fixado por via de autoridade; Receitas Voluntárias, são as que o Estado percebe em virtude de obrigações resultantes de negócios jurídicos, são aquelas cujo montante é negocialmente estabelecido.

 26. Classificação orçamental das receitas

Há apenas uma classificação orçamental – a económica.Segundo ela, as receitas distribuem-se por receitas correntes e de capital,

art. 8º/1 Lei 6/91. 27. O Sistema Nacional de Controle Financeiro

Page 3: Despesas e receitas públicas

A apreciação da gestão dos recursos financeiros públicos, executada por quaisquer entidades de Direito Público ou Privadas, na realização imediata ou mediata, das tarefas do Estado, cujos resultados se destinam, quer aos controlados, quer à informação dos cidadãos e da opinião púbica, em geral, quer, finalmente e na defesa dos contribuintes, à efectivação, em certos casos, da responsabilidade financeira pela prática de infracções financeiras; bem como, o conjunto das modalidades, das técnicas, métodos, processos, formas e procedimentos próprios do controlo e da auditoria.

Temos um controlo interno e um controlo externo, constituem, duas realidades distintas, substancial e formalmente, sem prejuízo de se poderem e deverem articular, embora sob a orientação do controlo externo; o qual poderá não só utilizar o controlo interno, como avaliar a sua organização, funcionamento, articulação e fiabilidade.

O controlo externo, representa o corolário lógico, natural e necessário do facto e da gestão financeira pública ter por objecto a obtenção de recursos escassos, mediante a amputação de partes dos recursos individuais dos cidadãos; de a sua disponibilidade por entidades e gestores públicos assentar numa relação de confiança dos cidadãos para com eles, e da respectiva afectação por aqueles ser sempre realizada em nome e por conta dos cidadãos.

O controlo interno surge como um instrumento técnico da gestão e nela incorporado; por isso mesmo se entendendo que é cada organização, a cada gestão, que cumpreinstituí-lo e à medida das necessidades reais e específicas da organização que concretamente serve; fazendo-o sempre desfrutar de independência técnica, para poder ser credível e útil.

Diplomas legais, e preceitos jurídicos que directamente podem considerar-se como fontes do Direito Financeiro português:

·        CRP: arts. 107º; 163º-a-d; 156º-c-d-e; 214º; 202º/1; 199º; 266º.·        Lei 6/91 arts. 16º a 19; e cap. IV, arts. 20º a 29º.·        Lei 8/90 arts. 3º, 8º e cap. II e II, arts. 10º a 15º.·        DL 99/94 arts. 36º e 37º.·        DL 155/92 arts. 53º e 54º.·        DL 158/96, arts. 1º; 2º; 12º; 16º; 18º; 19º; 20º; 21º; 22º.·        DL 353/89.·        Lei 98/97.

Page 4: Despesas e receitas públicas

Despesa pública

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Despesa pública é o conjunto de dispêndios realizados pelos entes públicos para custear os serviços públicos (despesas correntes) prestados à sociedade ou para a realização de investimentos (despesas de capital). 1

As despesas públicas devem ser autorizadas pelo Poder legislativo, através do ato administrativo chamado orçamento público. Exceção são as chamadas despesas extra-orçamentárias.

As despesas públicas devem obedecer aos requisitos a seguir:

utilidade (atender a um número significativo de pessoas)

legitimidade (deve atender uma necessidade pública real)

discussão pública (deve ser discutida e aprovada pelo Poder Legislativo e

pelo Tribunal de Contas)

possibilidade contributiva  (possibilidade da população atender à carga

tributária decorrente da despesa)

oportunidade

hierarquia de gastos

deve ser estipulada em lei

Divide-se, no Brasil, em despesa orçamentária e despesa extra-orçamentária.

Índice

  [esconder] 

1 Despesa orçamentária

o 1.1 Categorias Econômicas

o 1.2 Grupo da Natureza da Despesa

2 Despesa extra-orçamentária

3 Processamento da despesa pública

o 3.1 Estágios da despesa

4 Restos a pagar

5 Contabilização

6 Referências

7 Ver também

8 Ligações externas

Despesa orçamentária[editar | editar código-fonte]

Despesa Orçamentária é aquela que depende de autorização legislativa para ser realizada e que não pode ser efetivada sem a existência de crédito orçamentário que a corresponda suficientemente.1

Page 5: Despesas e receitas públicas

Classificam-se em categorias econômicas, também chamadas de natureza da despesa e tem como objetivo responder à sociedade o que será adquirido e qual o efeito econômico do gasto público. Dividem-se, segundo a lei 4.320/64, art. 12, conforme o esquema abaixo:

Despesas correntes:

Despesas de custeio: destinadas à manutenção dos serviços criados

anteriormente à Lei Orçamentária Anual, e correspondem entre outros

gastos, os com pessoal, material de consumo, serviços de terceiros e

gastos com obras de conservação e adaptação de bens imóveis;

Transferências correntes: são despesas que não correspondem a

contraprestação direta de bens ou serviços por parte do Estado e que

são realizadas à conta de receitas cuja fonte seja transferências

correntes. Dividem-se em:

Subvenções sociais: destinadas a cobrir despesas de custeio de

instituições públicas ou privadas de caráter assistencial ou cultural,

desde que sem fins lucrativos;

Subvenções econômicas: destinadas a cobrir despesas de custeio

de empresas públicas de caráter industrial, comercial, agrícola ou

pastoril.

Despesas de capital:

Despesas de investimentos: despesas necessárias ao planejamento e

execução de obras, aquisição de instalações, equipamentos e material

permanente, constituição ou aumento do capital do Estado que não

sejam de caráter comercial ou financeiro, incluindo-se as aquisições de

imóveis considerados necessários à execução de tais obras;

Inversões financeiras: são despesas com aquisição de imóveis, bens de

capital já em utilização, títulos representativos de capital de entidades já

constituídas (desde que a operação não importe em aumento de

capital), constituição ou aumento de capital de entidades comerciais ou

financeiras (inclusive operações bancárias e de seguros). Ou seja,

operações que importem a troca de dinheiro por bens.

Transferências de capital: transferência de numerário a entidades para

que estas realizem investimentos ou inversões financeiras. Nessas

despesas, inclui-se as destinadas à amortização da dívida pública.

Podem ser:

Auxílios: se derivadas da lei orçamentária;

Contribuições: derivadas de lei anterior à lei orçamentária.

Page 6: Despesas e receitas públicas

As categorias econômicas dividem-se em elementos que se separam em subelementos, estes por sua vez bifurcam, por fim, em rubricas e sub-rubricas.

A estrutura da conta, para fins de consolidação nacional dos Balanços das Contas Públicas e cumprir dispositivo da LRF, apresenta 6 dígitos. O 1º dígito (1º nível) corresponde a categoria econômica. O 2º dígito (2º nível) correponde ao grupo da despesa. O 3º e 4º dígitos (3º nível) corresponde a modalidade da despesa. O 5º e 6º dígitos (4º nível) correspondem ao elemento da despesa.

Categorias Econômicas[editar | editar código-fonte]

3 - DESPESAS CORRENTES1

4 - DESPESAS DE CAPITAL

Grupo da Natureza da Despesa[editar | editar código-fonte]

1 - PESSOAL E ENCARGOS SOCIAIS1

2 - JUROS E ENCARGOS DA DÍVIDA

3 - OUTRAS DESPESAS CORRENTES

4 - INVESTIMENTOS

5 - INVERSÕES FINANCEIRAS

6 - AMORTIZAÇÃO DA DÍVIDA

7 - RESERVA DO RPPs

8 - RESERVA DE CONTINGÊNCIA

Despesa extra-orçamentária[editar | editar código-fonte]

Constituem despesa extra-orçamentária os pagamentos que não dependem de autorização legislativa, ou seja, não integram o orçamento público. Se resumem a devolução de valores arrecadados sob título de receitas extra-orçamentárias.2

Processamento da despesa pública[editar | editar código-fonte]

Processamento da despesa é o conjunto de atividades desempenhadas por órgãos de despesa com a finalidade de adquirir bem ou serviço.2

O processamento da despesa envolve dois períodos ou estágios: a fixação da despesa e a realização da despesa.

Sobre a fixação da despesa, veja Orçamento público.

Estágios da despesa[editar | editar código-fonte]

Segundo a legislação vigente no Brasil, Lei 4.320/64, a despesa passa pelas seguintes fases:2

Fixação (pois segundo a Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000,

a despesa é fixada)

Empenho;

Page 7: Despesas e receitas públicas

Liquidação;

Pagamento.

Porém, para João Angélico, autor do livro Contabilidade Pública, a realidade do processamento da despesas engloba fases diferentes:

Fixação da despesa:Estimativa da despesa

Fase em que são estimadas as despesas para o exercício financeiro.Conversão das estimativas em orçamento

as estimativas são convertidas em Lei orçamentária anual.

Realização da despesa:Programação da despesa

É a programação dos gastos mensais que cada órgão vinculado ao

órgão gerenciador da despesa poderá dispor. Esta programação está

intimamente relacionada com as flutuações da arrecadação durante o

exercício financeiro. Subdivide-se em:

Cronograma de desencaixes fixos;

Projeção do comportamento da receita;

Decreto normativo.Licitação

É o procedimento administrativo que tem por objetivo verificar, entre

vários fornecedores habilitados, quem oferece condições mais

vantajosas para a aquisição de bem ou serviço.Ver artigo principal: Licitação

Empenho

É o ato emanado da autoridade competente que cria para o Poder

Público a obrigação de pagamento. Empenhar uma despesa consiste na

emissão de umaNota de Empenho. Divide-se em:

Autorização;

Emissão;

Assinatura;

Controle interno;

Contabilização.Para entender melhor o que é o empenho

Page 8: Despesas e receitas públicas

Observa-se que o empenho é o verdadeiro criador de obrigação. Todas

as demais fases da despesa são dele dependentes, e seguem curso

obrigatório após essa fase.

De fato, é o empenho que determina os termos do contrato. Procurando

compreender melhor o tema, podemos dizer que o empenho é o próprio

contrato, podendo, inclusive, dispensar a elaboração de outro

instrumento contratual em alguns casos. Com efeito, a Lei 8.666 de

1993, Estatuto das Licitações, dispõe que somente há obrigatoriedade

de firmar contratos para contratações decorrentes de Concorrências e

Tomada de Preços, ou nas hipóteses de dispensas e inexigibilidades

cujos valores pactuados estejam compreendidos nos limites daquelas

duas modalidades licitatórias. Além disso, independente do valor

pactuado, na hipótese de compras de entrega imediata e integral, para

as quais não resultem compromissos futuros, é igualmente dispensável

o contrato. Nesses casos, quando o contrato é dispensável, o próprio

empenho funcionará como o instrumento contratual, nos termos do

artigo 62 da Lei 8.666/1993.

Os empenhos, por sua vez, podem ser subdivididos conforme a forma

de apuração do valor a ser empenhado. De fato, a despesa pública,

como qualquer despesa, nem sempre se revela inteiramente previsível e

certa, assumindo, por vezes, natureza bastante variável e estimativa,

motivo pelo qual há que se distinguir tais espécies de despesas

mediante a emissão de notas de empenho de natureza equivalente.

Em razão de tais diferenças os empenhos se subdividem em três

categorias: empenhos ordinários, empenhos estimativos, e empenhos

globais.

Os empenhos ordinários destinam-se a constituição de despesas cujos

valores apresentam-se de forma exata, como ocorre na compra de

determinado número de cadeiras.

Já os empenhos estimativos destinam-se à constituição de despesas

cujos valores não é possível determinar com exatidão, como ocorre na

contratação de fornecimento de energia elétrica. Nesse exemplo tem-se

como certo o objeto da contratação, o fornecimento de energia elétrica,

mas em razão da demanda ser variável, não se pode precisar o

quantitativo a ser fornecido.

Globais são os empenhos cujos valores podem ser conhecidos com

exatidão, mas cuja execução necessariamente ocorrerá de forma

parcelada, como ocorre com nas contratações de serviços de vigilância.

Page 9: Despesas e receitas públicas

Nesses casos os contratos possuem valor exato, mas sua execução

ocorrerá mês a mês, necessitando a execução de procedimentos de

liquidação e pagamento com periodicidade mensal.

A Lei 4.320 de 1964 prevê que os empenhos devem observar restrita

relação com a execução orçamentária do exercício financeiro no qual

foram constituídos, ficando adstrito aos créditos orçamentários a ele

concedidos. Em outras palavras podemos dizer que o empenho terá

vigência adstrita ao exercício financeiro, e limite de valor adstrito ao

crédito orçamentário a ele destinado.

Todavia, cabe esclarecer que, embora seja o orçamento uma peça

rígida, não é imutável, e poderá sofrer alterações. Dessa forma, a Lei

4.320 de 1964, embora preveja que o empenho da despesa não poderá

exceder o limite dos créditos concedidos, dispõe, em seu artigo 40, que

o orçamento poderá sofrer alterações no decorrer do exercício

financeiro, mediante a criação de créditos adicionais. De forma análoga,

os empenhos que não forem liquidados durante o exercício em que

foram criados poderão ser inscritos em uma conta denominada Restos a

Pagar, para que sejam liquidados no exercício subseqüente. Todavia,

essas são exceções a regra, motivo pelo qual somente são possíveis

diante das hipóteses legais, e sob o crivo de decisões devidamente

motivadas.

Os créditos adicionais classificam-se conforme as dotações às quais

estão vinculados. Créditos adicionais suplementares destinam-se ao

reforço de dotações já existentes. O que é suplementar reforça o que já

existe. Reforma um programa, um projeto, ou uma atividade que já está

inserida no orçamento. Dessa forma se os recursos para tal programa

for insuficiente, demandando seu acréscimo, o crédito será suplementar.

A forma de abertura dos créditos adicionais se dá através de decreto do

Poder Executivo e possui a indicação obrigatória da fonte de seus

recursos.

Créditos adicionais especiais destinam-se à despesas para as quais

ainda não haja dotação orçamentária. Serve para possibilitar o

desenvolvimento de ações que não estão previstos na Lei Orçamentária

Anual. Dessa forma, o programa, a atividade, ou o projeto não existem.

E para cria-los será necessário um crédito suplementar especial.

Quando criados demandam créditos especiais, mas nos próximos

exercícios, se regularmente incorporados no orçamento anual como

projetos, ou como atividades, podem ser executados mediante créditos

Page 10: Despesas e receitas públicas

ordinários. Assim como os créditos adicionais, os créditos especiais

também são abertos por meio de decreto do Executivo e possuem

indicação obrigatória quanto à fonte que os suprirá.

Por fim, os créditos adicionais extraordinários são como uma espécie do

gênero créditos adicionais especiais, criados em função da distinção de

seu objeto, os quais ganharam relevo em face de tratarem-se de item de

caráter urgente. Destinam-se às hipóteses de guerra, calamidade

pública, e comoção interna, atendendo ao comando disposto no art. 167,

§ 3º da CRFB/88. Diferentemente dos créditos adicionais e especiais, o

crédito extraordinário, no âmbito da União, é aberto por medida

provisória, ou por decreto do Executivo para os entes que não

disponham dessa ferramenta. Quanto à indicação da origem dos

recursos, dadas às circunstâncias da urgência, tem caráter facultativo.Liquidação

Consiste na verificação do direito adquirido pelo credor, tendo por base

documentos comprobatórios do crédito, tendo por fim apurar a origem e

o objeto do pagamento, a importância a ser paga e a quem ela deve ser

paga a fim de que a obrigação se extingua. A liquidação terá por base o

contrato, o ajuste ou acordo, a nota de empenho e os comprovantes de

entrega do material ou da prestação do serviço. Divide-se em:

Recebimento da mercadoria ou dos serviços;

Inspeção e liberação;

Laudo de medição;

Atestado de prestação de serviço;

Requisição de pagamento;

Controle interno;

Autorização de pagamento;

Cheque.Suprimento de Fundos

É a fase da realização da despesa onde o Tesouro Público entrega aos

agentes pagadores os meios de pagamento para liquidar as obrigações

já liquidadas.

É um adiantamento de recursos ao servidor para que sejam efetuadas

despesas cuja forma de realização não possibilite ou recomende a

utilização da rede bancária. Na prática, é o mesmo que o "pequeno

caixa" das empresas privadas, usado para pequenas despesas

Page 11: Despesas e receitas públicas

(abastecer veículos, despesas em trânsito, despesas com material de

almoxarifado, despesas urgentes, despesas fracionadas, despesas

rotineiras, etc.).

Portaria do Ministro da Fazenda define o valor para concessão do

suprimento.

Emite-se ordem bancária em favor do suprido ou crédito em conta

bancária aberta em seu nome, autorizada pelo ordenador de despesas

com finalidade específica.

PRESTAÇÃO DE CONTAS - O suprido tem obrigação de prestar contas

do uso que faz do suprimento, no prazo definido pelo ordenador e

limitado pela legislação, sob pena que ter que responder à tomada de

contas especial.Pagamento

Fase onde o credor comparece diante do agente pagador, identifica-se e

recebe o numerário que lhe corresponde para que se extinga

determinada obrigação. Divide-se em:

Liquidação da obrigação;

Quitação do credor;

Contabilização.

Restos a pagar[editar | editar código-fonte]

As despesas empenhadas mas não pagas até o último dia do exercício financeiro são apropriadas como restos a pagar (também chamada resíduos passivos), devendo ser distinguidas as despesas processadas (liquidadas) das não processadas (ainda não liquidadas).2

São considerados restos a pagar processados, aqueles oriundos de despesas que já ultrapassaram a fase de autorização de pagamento, do estágio deliquidação da despesas

Contabilização[editar | editar código-fonte]

A contabilização (vide escrituração) da despesa pública se dá de forma analítica e sintética.2

A escrituração analítica é feita em partidas simples no diário da despesa prevista, empenhada e realizada, no caso das despesas orçamentárias.

As despesas extra-orçamentárias são escrituradas no diário do movimento extra-orçamentário, também utilizando-se partidas simples.

A escrituração sintética é feita no diário geral por totais mensais e utilizando-se partidas dobradas.

Page 12: Despesas e receitas públicas
Page 13: Despesas e receitas públicas

 ACTIVIDADE FINANCEIRA E DIREITO FINANCEIRO

 1. Caracterização da actividade financeira

As exigências de satisfação das necessidades económicas de carácter público e de obtenção de meios indispensáveis à respectiva cobertura impõem ao Estado, e às outras entidades públicas, uma actividade económica com características próprias, a actividade financeira.

Destinada a assegurar a satisfação das necessidades públicas, a actividade financeira abrange a aquisição de meios económicos, o emprego desses meios e a coordenação dos meios obtidos e das utilidades a realizar. 2. Conceito de Direito Financeiro

Trata-se da definição dos poderes das entidades públicas na obtenção e no emprego dos meios económicos destinados à realização dos seus fins.

Este conceito, baseia-se numa ideia central de limitação de poderes das entidades públicas, como tais. Quando as entidades públicas obtêm receitas nos mesmos termos que os particulares não faz sentido qualquer ideia de limitação específica dos poderes dessas entidades.

Como disciplina jurídica da utilização de meios económicos pelas entidades públicas, o Direito Financeiro abrange um amplíssimo sector de receitas públicas, todo o sector das despesas públicas e a coordenação das despesas e das receitas públicas. Excluem-se do Direito Financeiro, fundamentalmente, as receitas públicas de origem privada, cujas relações jurídicas respectivas hão-de ser definidas por outros ramos de Direito. 3. Divisão interna do Direito Financeiro

O Direito Financeiro, compreende três ramos que, embora sem autonomia científica, cada um deles, são nitidamente separáveis – o Direito das Receitas, o Direito das Despesas e o Direito da Administração Financeira. 4. Noção de Direito Fiscal ou Tributário como Direito dos Impostos

O Direito dos Impostos, Direito Tributário, ou Direito Fiscal, é o ramo de Direito Financeiro que corresponde á insuficiência do património e do domínio para suportarem as despesas crescentes das comunidades políticas. É assim logicamente supletório, no sentido de que visa a preencher aquela insuficiência. 5. Caracteres essenciais do fenómeno tributário

O imposto pode corresponder a uma prestação, a uma relação jurídica ou a um instituto jurídico.

A relação jurídica de imposto tem carácter obrigacional ou creditício, tem por fim a realização de uma receita pública e não depende de outros vínculos jurídicos, nem determina para o sujeito activo respectivo qualquer dever de prestar específico.

Tendo carácter obrigacional, creditício, o objectivo da relação jurídica de imposto é de natureza patrimonial. E a respectiva prestação apresenta geralmente natureza pecuniária. No entanto tal natureza pecuniária não é essencial.

Page 14: Despesas e receitas públicas

Tendo por fim a realização de uma receita pública, a relação jurídico-tributária é estruturada em termos de o respectivo sujeito activo apresentar normalmente a natureza de entidade pública.

Não dependendo de outros vínculos jurídicos nem determinando para o sujeito activo qualquer dever de prestar específico, a relação de imposto não implica qualquer contraprestação para as entidades públicas credoras; nem cria para as entidades públicas, o dever de reembolsar as prestações tributárias por elas recebidas. Contudo, será logicamente admissível o reembolso de impostos, não com fundamento num direito do contribuinte e no correspondente dever de uma entidade pública, mas sim na base da mera faculdade desta. 6. Imposto e a Taxa

O Imposto, é uma prestação obrigatória estabelecida pela lei a favor de entidades que exerçam funções públicas e para satisfação de fins públicos que não constituam sanção de actos ilícitos.

No plano da economia financeira a separação entre imposto e taxa pode estabelecer-se com relativa facilidade, na base do critério da divisibilidade ou indivisibilidade dos serviços públicos. As taxas, são progressivas porque aumentam mais que proporcionalmente, há medida que o rendimento aumenta, taxa progressiva, é a taxa que varia mais que proporcionalmente à variação do rendimento. O Estado e as outras entidades públicas prestam serviços cuja utilidade não é divisível pelos cidadãos. A defesa nacional e a diplomacia constituem exemplos nítidos de serviços públicos indivisíveis e, consequentemente, suportados pelo imposto. De outros serviços públicos, porém, extraem os particulares utilidades individualizáveis. É o caso dos serviços de instrução, de justiça e de muitos outros, ora quando através dos serviços públicos se prestam utilidades particulares, individualizáveis, quando esses serviços são divisíveis, em suma, há a possibilidade de realizar a sua cobertura financeira, ou parte dela, através do pagamento de prestações exigíveis dos particulares que utilizam tais serviços. Atendendo à diversidade de estruturação legal, o vínculo jurídico de taxa tem por causa a prestação por uma entidade pública de utilidades individualizadas. Quer dizer que a taxa, como aliás o preço também apresenta origem sinalagmática. É este aspecto precisamente que separa com nitidez a taxa de imposto. Porque a taxa tem por causa a realização de uma utilidade individualizada, ela depende de outro vínculo jurídico, o que não acontece com o imposto. 7. Classificações jurídicas de impostos

a) Impostos estaduais e não estaduais:Nem sempre o Estado é credor do imposto, o sujeito activo da relação

jurídico-tributária. Esta constitui-se, muitas vezes, em benefício de uma Autarquia Local ou de um Instituto Público. Daí a separação dos impostos estaduais e não estaduais. A origem de uns e de outros é legal e, portanto, estadual; mas só em relação aos primeiros o Estado se apresenta como credor. Note-se que os impostos não estaduais são os estruturados no sentido da sua atribuição a uma entidade diversa do Estado. Mas acontece frequentemente que a receita de um imposto estadual seja cedida pelo Estado a outra entidade pública.

b) Impostos directos e indirectos:

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Os impostos directos, visam atingir faculdades contributivas permanentes, estáveis, enquanto os indirectos, visam atingir faculdades contributivas intermitentes, instáveis, passageiras, é aquele que geralmente tem inspirado as leis e contabilidade pública. São impostos directos, aqueles cujo o lançamento se baseia na elaboração prévia de um rol nominativo de contribuintes; e indirectos os outros.

c) Impostos reais e pessoais:Os impostos reais, visam a atribuição de bens económicos, de riqueza, em

termos objectivos, sem que nessa tributação se vão reflectir as condições pessoais do contribuinte, os impostos pessoais, pelo contrário, procuram atingir certos bens por pertencerem, ou respeitarem a determinadas pessoas, cuja capacidade contributiva e outras circunstâncias pessoais, são tidas em conta, através de alguns aspectos da tributação.

Raramente se encontrarão impostos que visem apenas aspectos pessoais. Mas pode admitir-se a classificação na base do maior ou menor relevo desses aspectos. Assim, segundo o critério da predominância, serão reais, além de todos os impostos de consumo, do selo e aduaneiros, os impostos prediais. Segundo este mesmo critério depredominância, de aspectos objectivos ou subjectivos, serão pessoais o imposto sucessório e o IRS, cujas taxas e outros elementos variam, não apenas em função da capacidade contributiva mas também em função de outros factores respeitantes à pessoa do contribuinte.

Tendo de reconhecer-se que os impostos indirectos são sempre reais, ou objectivos, nota-se facilmente que a destrinça oferece interesse escasso, do ponto de vista jurídico, porquanto no campo dos impostos directos é fácil distinguir diversidade de tratamento quanto ao nascimento e à estrutura da obrigação de imposto entre reais e os pessoais.

d) Impostos de cotidade: Cada contribuinte tem uma percentagem equivalente a uma cota (variável) dependente do rendimento.

e) Imposto de repartição:São todos relativos aos quais a responsabilidade dos financiadores é igual,

independentemente da sua capacidade contributiva. 8. Âmbito e enquadramento do Direito Fiscal

Direito Fiscal, será o sistema de normas jurídicas que disciplinam as relações de imposto e definem os meios e os processos pelos quais se realizam os direitos emergentes daquelas relações.

O Direito Fiscal tem natureza institucional. As suas normas não se integram no Direito Comum, cuja disciplina é genérica, comum às mais diversas instituições. Visam, pelo contrário, disciplinar certos tipos de relações, constituídas na base das instituições tributárias, as quais encontram a sua origem na ideia-força, enraizada no seu meio social, da necessidade da contribuição dos patrimónios dos particulares para a sustentação da comunidade. Dir-se-á mesmo que essa raiz institucional dá unidade ao Direito Fiscal, através do sentido teleológico das suas normas, o qual provém daquela mesma raiz.

O sistema fiscal (art. 103º/1 CRP), visa a satisfação das necessidades financeiras do Estado, e outras entidades públicas de uma repartição justa dos rendimentos e da riqueza.

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O princípio da generalidade, a lei fiscal aplica-se a todos os contribuintes, sejam eles activos ou passivos.

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DIREITO TRIBUTÁRIO I

Nota de Aula nº 01

UD I – A ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO

DIREITO FINANCEIRO - AS RECEITAS E DESPESAS PÚBLICAS

S U M Á R I O

Conceito da Atividade Financeira do Estado A Finalidade da Atividade Financeira do Estado Conceito e Autonomia do Direito Financeiro Princípios do Direito Financeiro Despesas Públicas – conceito e necessidades Classificação das Despesas Públicas Execução das Despesas Públicas Receitas Públicas – conceito e classificação

1. CONCEITO DA ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO

A atividade financeira do Estado é representada pelas ações que o Estado desempenha objetivando à obtenção dos recursos necessários ao seu sustento e a respectiva realização de gastos voltados a execução das necessidades públicas.

Essa atividade financeira do Estado depende de três elementos essenciais:

a elaboração do orçamento público, como peça delimitadora das receitas e despesas públicas, inerentes a um certo período; Ex: LDO

as formas, condições e limites de obtenção de receitas para fazer frente às despesas fixadas;

as formas, condições e limites de gasto do dinheiro público, bem como, os métodos de aplicação e dispêndio das respectivas despesas públicas.

A atividade financeira do Estado pode ser analisada em dois períodos específicos em relação a sua atividade financeira: o período CLÁSSICO e o período MODERNO.

PERÍODO CLASSICO,

Este período estava ligado ao ESTADO LIBERAL dos séculos XVIII e XIX e caracterizou-se pelo PRINCÍPIO DO NÃO INTERVENCIONISMO do Estado no mundo econômico. Neste período observou-se o mínimo possível de intervenção do Estado na economia, este regime derrubou o Estado absolutista monarca, sendo influenciado pelo:

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1) INDIVIDUALISMO FILOSÓFICO (ILUMINISMO) e POLÍTICO (REVOLUÇÃO FRANCESA) do Século XVIII (proteção do indivíduo contra os abusos do Estado, opunha-se ao ABSOLUTISMO MONÁRQUICO; e

2) LIBERALISMO ECONÔMICO que pregava o livre comércio e não admitia a intervenção estatal. Sua principal característica era a liberdade econômica com mínima intervenção do Estado.

No período CLÁSSICO a atividade financeira do Estado visava somente à obtenção de recursos para custear as despesas públicas. O tributo tinha finalidade fiscal, pois não se intervinha nos domínios econômico e social.

PERÍODO MODERNO

Este período começou a ser delineado a partir do final do século XIX com a ampliação das funções estataisdecorrente de quatro fatores:

a. as fortes oscilações econômicas dos países que passavam rapidamente de grande euforia econômica e financeira para depressão;

b. grandes crises econômico-financeiras provocadas pelo crescente desemprego dos períodos de depressão econômica, gerando tensões sociais;

c. as grandes descobertas científicas e o efeito de suas aplicações; e

d. os efeitos decorrentes da Revolução Industrial e o agravamento das condições materiais dos trabalhadores.

A Revolução Industrial modificou as condições de trabalho fazendo surgir o Direito do Trabalho, pois a partir desse marco histórico verifica-se a necessidade do Estado intervir nas relações trabalhistas, deixando, assim, de ser essencialmente liberal e tornando-se mais intervencionista, sobretudo através da instituição de tributos com finalidade extrafiscal (ou seja, ao mesmo tempo que um tributo visava a obtenção de recursos ele influenciava diretamente a economia) e através da personalização do imposto dando a cada produto um valor específico.

FINALIDADE DA ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO

O caráter intervencionista do Estado traduz-se na instituição de tributos com finalidade extrafiscal, além da nova visão de personalização do imposto, levando-se em conta a capacidade contributiva dos cidadãos. Diversos tributos são instituídos com finalidade extrafiscal:

Imposto de Importação (II) e de Imposto de Exportação (IE), que são empregados como instrumentos da política cambial e do comércio exterior (arts. 21 e 26 do CTN);

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Imposto sobreOperaçõesFinanceiras - IOF, intervenção na política monetária (art. 65/ CTN);

contribuições parafiscais interventivas - CIDE (art. 149 da CF);

d. Imposto Territorial Rural (ITR), visa desestimular a manutenção de grandes propriedade rurais com baixa produtividade;

e. Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), progressivo no tempo de acordo como art. 182, § 4º da CF); e

Imposto sobre Produto Industrializado (IPI), de forma secundária, pois poderá ser instituído em função da essencialidade do produto (art. 153, § 3º da CF).

O Estado desenvolve atividades políticas, policiais, econômicas, sociais, administrativas, financeiras, educacionais, entre outras, cuja finalidade é regular a vida dos seus cidadãos em sociedade, de forma a se alcançar o bem comum. A atividade financeira do Estado está vinculada a satisfação de três necessidades básicas:

1. Prestação de serviços públicos (art. 20 e 175 da CF);2. Exercício regular do poder de polícia (art. 78 do CTN); e3. Intervenção no domínio econômico.

Prestação de Serviços Públicos

É a prestação de utilidade ou comodidade material fruível diretamente pelos cidadãos, prestado pelo Estado ou por quem faça suas vezes, sob regime de direito público (Celso Antônio Bandeira de Mello). A CF refere-se aos serviços públicos em vários dispositivos (art. 21, X a XIII, XV, XXII e XXIII). O art. 175 da CF prescreve que cabe ao poder público a prestação de serviços público, na forma da lei, diretamente ou sob o regime de concessão ou permissão, sempre por meio de licitação. Os tributos instituídos pelos Estados são compulsórios, ou seja, obrigatórios, pois não podemos escolher qual o tributo que iremos pagar.

Exercício do Poder de Polícia

O art. 78 do CTN dispõe sobre o poder de polícia, como sendo a “atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão do interesse públicoconcernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização de Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos”.

O § único prescreve que “considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com

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observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder”.

Poder de Polícia nada mais do que um poder regulamentador de que o Estado está investido, discricionário, mas limitado por lei. Objetiva intervir na propriedade e na liberdade individual, impondo aos indivíduos comportamento comissivo ou omissivo, em benefício do interesse da coletividade. Na CF, em vários dispositivos, refere-se à manifestação do poder de polícia (arts. 145, II, 170, 174, 182, 192 e 193 CF/88).

O emprego do poder de polícia no campo da tributação tem sido frequente em nosso ordenamento jurídico, doutrinariamente traduz-se pelos tributos de cunho extrafiscal, decretado como instrumento regulatório de atividades.

Intervenção no domínio econômico

A CF consagra como princípio fundamental a livre iniciativa (art. 1°, IV e art. 170, I a IX), pois é assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvos os casos previstos em lei.

De acordo com a nossa constituição em seus arts 170 e 173 na nossa economia prevalece a livre iniciativa, mas o estado também pode exercer atividade econômica como uma das formas de captação de recursos para atingir seus objetivos em planos organizacionais.

O Estado intervém na atividade econômica por meio de seu poder normativo, elaborando leis de combate ao abuso do poder econômico, leis de proteção ao consumidor e leis tributárias de natureza extrafiscal.

A EC42/2003acresceu o art.146-A, inserindo na competência da lei complementar a faculdade de estabelecer critérios especiais de tributação, para prevenir desequilíbrios da concorrência. A tributação como relação jurídica e não apenas uma relação de poder.

O Princípio da Legalidade Tributária dispõe que a tributação também é uma relação jurídica, e não apenas uma relação de poder soberano do estado, pois temos normas jurídicas limitando esse poder.

Dever Jurídico X Dever de Solidariedade Social.

O pagamento de um tributo é um dever jurídico, pois é obrigatório, não há de se falar em solidariedade social, que é voluntário. Consequências: sujeição a penalidades em caso de inadimplemento e quantificação do tributo.

Finalidade do Direito Tributárioà promover o equilíbrio nas relações entre o Estado e o cidadão, tendo em vista o pagamento e o recebimento de tributo. O Direito Tributário restringe o poder do Estado de exigir tributos e regula os deveres e direitos dos contribuintes.

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O poder de tributar é a aptidão de impor a vontade do Estado aos cidadãos, por intermédio da soberania nacional. A competência tributária relaciona-se ao sistema normativo, sendo atribuída pela CF. A atividade financeira visa o interesse público e bem estar social. O Direito Tributário rege as relações jurídicas entre os particulares e o Estado, decorrentes da sua atividade financeira no que se refere a obtenção de receitas (TRIBUTOS). Assim, de acordo com o art. 3º do CTN: Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda, ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

3. CONCEITO E AUTONOMIA DO DIREITO FINANCEIRO

Direito Financeiro é o ramo do Direito Público que disciplina normativamente toda a atividade financeira do Estado, sob o ponto de vista jurídico, estabelecendo regras sobre os três pilares dessa atividade: o orçamento, as receitas e as despesas públicas.

O estudo em separado de determinada matéria jurídica, por razões meramente didáticas, por si só, não basta para a caracterização de sua autonomia. De igual modo, a doutrina, representada por obras especializadas e ajurisprudência específica, de forma isolada, não são suficientes para a determinação da autonomia de um determinado ramo do Direito.

É bem verdade que o Direito Financeiro apresenta os três fatores acima mencionados: jurisprudência própria decorrente de decisões reiteradas dos tribunais superiores, doutrina específica em função de uma coletânea de obras jurídicas e divisão didática aplicada em metodologia de estudo próprio. O que, ponderadamente, caracteriza o Direito Financeiro como ramo autônomo do Direito é a existência de certos princípios jurídicos que lhes são específicose que não podem ser aplicados a outros ramos do Direito.

Com a edição da Lei 4.320/64, que estabelece normas gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos, o Direito Financeiro sistematizou-se no Brasil. A CF/88 estabeleceu em seu art. 24, competência concorrente, para a União, os Estados e o DF legislarem em matéria de Direito Financeiro e Tributário.

4. PRINCÍPIOS DO DIREITO FINANCEIRO

Os princípios do Direito Financeiro não estão claramente elencados na CF. Por este motivo não há unanimidade entre os doutrinadores. Entretanto, podem-se elencar os seguintes princípios norteadores do Direito Financeiro: (4.1)Legalidade, (4.2) Economicidade, (4.3) Transparência, (4.4) Publicidade e (4.5) Responsabilidade Fiscal. Para se chegar a esses cinco princípios o critério utilizado é tão somente a atividade financeira do Estado, de forma geral.

4.1 Princípio da Legalidade

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Este princípio se traduz pelo fato de que, tanto do ângulo da realização de despesas públicas, quanto se considerando a perspectiva da aprovação do orçamento (receitas e despesas públicas). Assim, quanto ao gasto do dinheiro público, este somente será possível diante de prévia autorização legislativa (lei orçamentária anual).

Os dispositivos constitucionais que traduzem tal exigência são:

o art. 167, II, que determina a proibição de realização de despesas ou assunção de obrigação que extrapolem os créditos orçamentários ou adicionais;

art. 167, III, que veda operações de crédito que sejam superiores às despesas de capital, salvo expressa autorização do Poder Legislativo, por maioria absoluta, mediante créditos suplementares ou especiais;

art. 167, V, que estabelece a necessidade de prévia autorização legislativa e a indicação da fonte de financiamento para a abertura de crédito suplementar;

art. 167, VI, que proíbe a transposição, remanejamento ou transferência de recursos de uma categoria de programação para outra, ou de um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa;

art. 167, VIII, que vincula a utilização de recursos do orçamento para suprir necessidades ou cobrir déficits de empresas, fundações e fundos à existência de autorização legislativa específica.

É importante destacar que, somente em casos extremos é que seria possível a realização de uma despesa sem a respectiva autorização do Poder Legislativo, como nos casos de abertura de créditos adicionais extraordinários,hipótese de Medida Provisória, nos casos de guerra, comoção interna ou calamidade pública, nos termos do art. 167, § 3º da CF/88.

O orçamento deve ser aprovado por lei, segundo o que prescreve o art. 48, II da CF/88 que prescreve a competência do Congresso Nacional com a sanção do Presidente da república, para dispor sobre o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e o orçamento anual.

4.2 Princípio da Economicidade

Este princípio esta enunciado no art. 70 da CF e informa os critérios de fiscalização das contas da União e órgãos da administração direta e indireta. Trata-se da exigência relativa à eficiência econômica do gasto público, com o mínimo de recursos possíveis deve-se atingir a máximo de satisfação das necessidades públicas.

4.3 Princípio da Transparência

Os artigos 48 e 49 da Lei de Responsabilidade Fiscal (LC 101/2000) estabelecem os instrumentos pelos quais os cidadãos poderão exercer o controle das contas públicas, tais como acessibilidade à população dos

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dados orçamentários e a disponibilização das contas do Chefe do Poder Executivo por todo o exercício financeiro.

Participação popular em audiências públicas, acompanhamento eletrônico da execução orçamentária e financeira e adoção de um sistema integrado de administração financeira e controle são mecanismos que permitem aos cidadãos acompanhar a aplicação dos recursos públicos do orçamento.

4.4 Princípio da Publicidade:

O princípio da publicidade se traduz divulgação de todos os elementos relacionados a elaboração dos orçamentos públicos.

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ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO Com a evolução da civilização, o Estado além de ser um órgão monopolizador de todo poder, passa a ser, também, um sistema orgânico de serviços públicos para satisfação das necessidades públicas.Em tempos remotos a pilhagem, a exploração dos povos vencidos na guerra, a requisição de coisas e serviços dos súditos constituíam formas usuais do Estado conseguir os bens e o dinheiro necessários ao cumprimento de sua função. Na fase contemporânea, o Estado, já evoluído, paga com dinheiro os bens e o trabalho de que necessita.Pagando suas despesas em moeda, o Estado precisa conseguir dinheiro , e o faz por meio da atividade financeira.Nas palavras de Aliomar Baleeiro: “A atividade financeira consiste, portanto, em obter, criar, gerir e despender o dinheiro indispensável às necessidades, cuja satisfação o Estado assumiu ou cometeu àqueloutras pessoas de direito público”1.Essa atividade do Estado de arrecadar, gerir e aplicar o dinheiro em suas finalidades, é objeto de estudo da Ciência das Finanças que é “disciplina que, pela investigação dos fatos, procura explicar os fenômenos ligados à obtenção e dispêndio do dinheiro necessário ao funcionamento dos serviços à cargo do Estado, ou de outras pessoas de direito público, assim como os efeitos outros resultantes dessa atividade governamental”2. A Ciência das Finanças é uma ciência do ser, é uma ciência ontológica, que estuda o acontecimento, o fenômeno real, o fato que realmente aconteceu.Outrossim, a atividade financeira do Estado é objeto de estudo do Direito Financeiro, este é o ramo do direito público que compreende o conjunto de normas jurídicas e princípios que regulam as relações jurídicas decorrentes da atividade financeira do Estado. O estudo do Direito financeiro abrange o estudo, da despesa pública, da receita pública, do orçamento público e do crédito público.A ciência do direito, ao contrário da ciência das finanças é uma ciência do dever ser, desta forma, o Direito Financeiro, estuda a atividade financeira do Estado sob um enfoque diferente, tendo resultados diferentes. Partindo das conclusões da Ciência das Finanças, os legisladores conseguem editar normas que condizem com a realidade econômica de um determinado povo, obtendo uma melhor regulação da matéria. Ao mesmo tempo, para o estudo completo dos fatos, é imprescindível conhecer as leis que os regem. Desta forma, pode-se afirmar que a ligação entre a Ciência das Finanças e o Direito Financeiro é umbilical, uma vez que, partindo dos resultados obtidos por um, o outro melhor desempenha sua função. PERÍODOS DA ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO Existem dois períodos nos quais deve ser examinada a atividade financeira do Estado. 

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1. PERÍODO CLÁSSICONeste período o Estado antes era mero espectador da Economia, simples consumidor, eivado pelas idéias do Liberalismo Econômico, pregava o ideal da não-intervenção estatal nos assuntos de mercado, vigorando a auto-regulação da Economia.Este período, portanto, era ligado ao Estado Liberal dos séculos XVIII e XIX, caracterizado pelo princípio do não intervencionismo do Estado no mundo Econômico.Aqui o Estado era denominado “Estado de Polícia”, no qual as funções eram mínimas. Somente era função estatal, aqueles serviços ditos essenciais, que não podiam ser entregues à execução pelos particulares, tais como serviço de segurança pública, serviço de justiça, serviço de diplomacia.O Estado, portanto, somente precisava arrecadar dinheiro para fazer frente às despesas com essas funções essenciais, utilizando a tributação exclusivamente com esse intuito. Por isso, denomina-se a atividade financeira do Estado, neste período finanças neutras. 2. PERÍODO MODERNOJá no período moderno, que se inicia no final do séculos XIX, o Estado percebe, diante dos fatos sociais (desigualdade gerada pela Revolução Industrial, por exemplo), que não mais pode deixar de intervir diretamente na Economia, uma vez que a auto regulação econômica gera distorções e crises, tanto econômicas, quanto sociais.Desta forma, o Estado passa a intervir no domínio econômico e social, prestando diversos serviços públicos para suprir necessidades públicas, bem como utilizando a tributação não apenas com a finalidade de arrecadar dinheiro, mas também com uma função extrafiscal.No ordenamento jurídico brasileiro temos vários tributos que são utilizados com esse plus, ou seja, além da intenção arrecadatória, o Estado utiliza certos tributos para atingir outras finalidades como controlar o mercado, desenvolver a indústria nacional, estimular a concorrência, etc. São exemplos:  

Imposto de Importação: previsto no art. 153, inciso I da

Constituição Federal. Este imposto tem relevante função extra

fiscal, quando o Estado quer estimular determinado setor da

indústria nacional, eleva as alíquotas deste tributo, tornando a

importação muito cara e muitas vezes até inviável, o que força

a desenvolvimento da indústria interna. Ao revés, quando quer

estimular a concorrência de determinados setores, diminui as

alíquotas, estimulando a importação, o que faz com que sejam

inseridos no mercado nacional produtos estrangeiros, forçando

uma retenção ou mesmo uma diminuição de preços. Imposto Territorial Rural: previsto no art. 153, inciso VI da Constituição

Federal. O inciso I do § 4º do citado artigo determina que este

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imposto “será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas”. Portanto, determina a Constituição Federal que a propriedade de terras rurais improdutivas seja tributada de maneira mais pesada, do que a de terras produtivas. O intuito dessa diferença de tratamento tributário é estimular o adequado aproveitamento do solo rural.

Neste período, no qual o Estado deixa de ser mero espectador da Economia e passa a ser atuante, regulando-a, ele utiliza a tributação como meio eficaz para promover essa intervenção. Desta forma, o tributo deixa de ter uma função meramente arrecadatória, e passa também a ter uma função extrafiscal. A moderna atividade financeira do Estado passa a ser denominada: finanças funcionais.FORMAS DE INTERVENCIONISMO EXTRAFISCAL1. intervenção por aumento ou diminuição da carga tributária global: o Estado

procura resultados econômicos válidos mediante a diminuição ou o aumento, em conjunto, da carga dos tributos. Nesta forma de intervenção ocorre o aumento ou a diminuição total dos tributos, a diminuição global provoca uma baixa nos preços de revenda dos produtos, aumentando a disponibilidade financeira dos particulares, promovendo o desenvolvimento dos negócios. Já o aumento global restringe o consumo evitando que o excesso de disponibilidade faça subir os preços pela desproporção entre a oferta e a procura.

2. Intervenção mediante discriminação: são escolhidos determinados tributos que incidam sobre atividades específicas, tributando-se gravosamente as que são consideradas prejudiciais ou as que se quer desestimular, concedendo-se vantagens fiscais àquelas que devem ser protegidas ou estimuladas. Por exemplo, em determinada época o governo desejava o desenvolvimento da indústria automobilística nacional, para isso elevou enormemente o imposto de importação de veículos estrangeiros, desestimulando essa atividade, forçando a indústria nacional a se desenvolver; quando este desenvolvimento atingiu o patamar desejado, procedeu-se a operação inversa, o imposto de importação foi reduzido de modo a estimular a entrada de veículos estrangeiros no mercado nacional, o que promoveu a concorrência e fez com que os preços dos veículos nacionais fossem reduzidos.

3. Intervencionismo por amputação: através da elevação de imposto sobre rendas e heranças elevadas, objetiva-se amputar parte delas, com o intuito de igualar o nível de vida dos indivíduos. Essa forma de intervenção tem efeito direto e finalidade social, no entanto, não é utilizada pelos países democráticos, nos quais não há o objetivo de igualar por igualar os cidadãos, aplicada, em regra, nos países de ideal socialista.

4. Intervencionismo por redistribuição: o Estado além de retirar parte das riquezas dos contribuintes, promove a sua redistribuição por meio de subvenções ou outra forma de auxílio às parcelas da sociedade com baixa capacidade econômica.

NECESSIDADE PÚBLICA

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A necessidade pública é uma necessidade humana caracterizada por um interesse geral, coletivo em sua realização.São conceitos de necessidade pública:“Necessidade pública é a necessidade que tem um interesse geral em determinado grupo social e é satisfeita pelo processo do serviço público”3.“ (…) necessidades públicas, necessidades que por sua natureza, só encontram satisfação eficaz pela ação coordenada do grupo, quer seja voluntária, quer seja coativa a participação dos indivíduos que o formam. (…) A necessidade é pública quando, em determinado grupo social, costuma ser satisfeita pelo processo do serviço público, isto é, quando o Estado, ou outra pessoa de direito público, para satisfazê-la, institui ou mantém um regime jurídico e econômico especial, propício à sua obrigatoriedade, segurança, imparcialidade, regularidade ou continuidade, a cargo de seus agentes ou por delegação a pessoas sob sua supervisão. Necessidade pública é toda aquela de interesse geral, satisfeita pelo processo do serviço público. É a intervenção do Estado para provê-la, segundo aquele regime jurídico, que lhe dá colorido inconfundível. A necessidade torna-se pública por uma decisão dos órgãos políticos”4.Em determinado grupo social, os legisladores escolhem quais bens são imprescindíveis à vida da sociedade e determinam que a satisfação das necessidades coletivas oriundas desses bens, seja realizada pelo Estado, por meio do processo do serviço público. Daí a afirmação de que toda necessidade pública é coletiva, mas nem toda coletiva é necessariamente pública, pois somente será pública a necessidade coletiva, que em determinado grupo social, em determinada época o Poder Legislativo afirmar ser direito do cidadão tê-la satisfeita, e em contrapartida, dever do Estado satisfazê-la. Portanto,só será pública a necessidade coletiva que o Estado está obrigado a satisfazer, sendo que essa satisfação se dá pelo processo do serviço público.E o que é serviço público?“Serviço público é toda atividade de oferecimento de utilidade ou comodidade material destinada à satisfação da coletividade em geral, mas fruível singularmente pelos administrados, que o Estado assume como pertinente a seus deveres e presta por si mesmo ou por quem lhe faça as vezes, sob um regime de Direito Público – portanto, consagrador de prerrogativas de supremacia e de restrições especiais –, instituído em favor dos interesses definidos como públicos no sistema normativo”5.“Serviço público é toda atividade material que a lei atribui ao Estado para que a exerça diretamente ou por meio de seus delegados, com o objetivo de satisfazer concretamente às necessidades coletivas, sob regime jurídico total ou parcialmente público”6.Desta forma, o Estado satisfaz as necessidades públicas por meio da prestação de serviços públicos: a necessidade pública saúde é satisfeita pela prestação do serviço público saúde (hospitais, internamentos, medicação, campanhas preventivas), a necessidade pública segurança é satisfeita pela prestação do serviço público segurança (policiais militares, Forças Armadas), a

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necessidade pública educação é satisfeita pelo serviço público educação (escolas, material didático, merenda, etc).Interessa-nos duas formas de serviço público, duas classificações são importantes porque influem diretamente na tributação. São elas:Serviço público   ‘uti universi’ : são aqueles serviços públicos prestados à coletividade, mas usufruídos apenas indiretamente pelos indivíduos, os usuários não são identificáveis. Ex.: serviço de defesa do país contra inimigo externo, serviço de pesquisa científica, serviços administrativos realizados internamente pela Administração Pública, iluminação pública, saneamento.Serviço público   ‘uti singuli’ : são aqueles que têm por finalidade a satisfação individual e direta das necessidades dos cidadãos, são serviços públicos específicos e divisíveis cujos usuários são identificados. Ex.: energia elétrica, gás, transporte coletivo, coleta do lixo.Esta classificação é importante para o Direito Tributário porque os serviços públicos uti universi só podem ter suas despesas sanadas com a receita dos impostos e das contribuições, já os serviços uti singuli são remunerados através da cobrança do tributo taxa. 

DESPESA PÚBLICAO Estado na realização da atividade financeira, tem como objetivo obter dinheiro para aplicá-lo na realização de seus fins, estes obrigatoriamente tem que ser realizados. Portanto, ele sempre procura adequar, ajustar a sua receita à sua política, desta forma, a despesa sempre precede a receita. Isto porque o Estado tem primeiro a preocupação de conhecer as necessidades públicas que deve realizar, depois disso cuida de adequar sua política financeira para que arrecade o suficiente. Na atividade pública vale o jargão “a necessidade faz a despesa”.A despesa pública pode ser conceituada sob dois pontos de vista distintos, o orçamentário e o científico.Do ponto de vista orçamentário despesa pública “é a aplicação de certa quantia em dinheiro, por parte da autoridade ou agente público competente, dentro de uma autorização legislativa, para a execução de um fim a cargo do governo”7. Sob o ponto de vista exclusivamente científico “a despesa pública é a soma de gastos realizados pelo Estado para a realização de obras e para a prestação de serviços públicos”8.EXECUÇÃO DA DESPESA PÚBLICAAtualmente a regra é a execução das despesas do Estado em espécie, em dinheiro, existindo excepcionalmente serviços gratuitos, nos quais o Estado apenas requisita o trabalho particular, ex.: serviço de mesário nas eleições, jurados do Tribunal do Júri.CAUSAS DE AUMENTO DA DESPESA PÚBLICACausas Aparentes: variações no valor da moeda em decorrência da inflação; evolução das regras de contabilidade pública; anexação de territórios feitas pelo Estado;

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aumento da população do Estado.Causas Reais: incremento da capacidade econômica do homem contemporâneo; melhoria do nível político, moral e cultural da humanidade; guerra total das gerações contemporâneas; vícios e erros dos governantes; corrupção.CLASSIFICAÇÃO DA DESPESA PÚBLICAExistem diversas classificações de despesa pública, nenhuma delas melhor ou pior que a outra, bem como nenhuma delas certa ou errada, simplesmente em cada uma o critério de análise muda. Essa variação não importa, pois o mérito de todas é facilitar o estudo e a compreensão do tema.Classificações da doutrina Segundo o autor Héctor Villegas, a despesa pública pode ser classificada

de acordo com os seguintes critérios:Critério Administrativo: depende da organização de cada país (daí a crítica a este critério de classificação: falta de generalidade), a despesa pública é classificada de acordo com os vários ramos da atividade do Estado, como despesas realizadas pelos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, despesa realizadas pelas autarquias, despesas realizadas pelas fundações públicas, etc.Critério Econômico:a) despesas de funcionamento ou operacionais e despesas de investimento;b) despesas de serviços e despesas de transferência;c) despesas produtivas e despesas improdutivas. 

Segundo Luiz Emygdio F. Da Rosa Júnior, a despesa pública pode ser classificada de acordo com os seguintes aspectos:Quanto à forma:a) despesa em espécie: aquela executada, paga em dinheiro, hoje é a regra, não obstante existirem serviços ainda não remunerados pelo Estado (mesários das eleições, jurados do Tribunal do Júri);b) despesas em natureza: aquela que não é executada em dinheiro, atualmente é uma exceção, no Brasil podemos citar como exemplo o caso de indenização pela desapropriação de imóvel rural mediante, títulos da dívida pública com cláusula de correção monetária (CF, art. 184).Quanto ao aspecto econômico:a) despesa real ou de serviço: aquela realizada pelo Estado quando utiliza bens ou serviços dos particulares na satisfação de necessidades públicas, o Estado paga uma quantia em dinheiro em troca recebe ou um serviço ou um bem, essa forma de despesa corresponde à vida dos serviços públicos, à atividade das administrações. Ex.: despesa com o funcionalismo público;b) despesa de transferência: aquela realizada pelo Estado sem que este receba diretamente qualquer contraprestação a seu favor, tem finalidade

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exclusivamente redistributiva. Ex.: despesa com programas sociais como o bolsa-escola, bolsa família.Quanto ao ambiente:a) despesa interna: efetivada para atender às necessidades de ordem interna do país, realizada em moeda nacional, executada dentro do território nacional;b) despesa externa: efetivada fora do país, realizada em moeda estrangeira, tem como finalidade liquidar dívidas externas.Quanto à duração:a) despesa ordinária: é uma despesa permanente, tem a finalidade de atender às necessidades públicas estáveis que são periodicamente previstas no orçamento, constituem uma rotina na Administração Pública. Ex.: despesas com a saúde e a educação; despesas com o pagamento dos funcionários públicos;b) despesa extraordinária: satisfaz necessidades públicas acidentais, que surgem de fatos imprevisíveis, é uma despesa que exige uma execução urgente. São despesas que não apresentam regularidade, justamente porque surgem de acontecimentos imprevisíveis (calamidade pública, por exemplo). A característica da imprevisibilidade acarreta a não previsão desta forma de despesa no orçamento, bem como a necessidade de execução urgente, faz com que seja dispensada a autorização do Poder Legislativo, podendo ser autorizadas por meio de Medidas Provisórias. Ex.: após uma enchente que tem como conseqüência milhares de famílias desabrigadas, despesa realizada com a reconstrução das casas;c) despesa especial: visa atender necessidades públicas novas, que surgem no decorrer no exercício financeiro, porém essas necessidades não de execução urgente. Deve ser autorizada em lei, esta será posterior ao orçamento (pois a necessidade pública surgiu no decorrer do exercício financeiro, portanto a lei do orçamento já foi publicada), mas obrigatoriamente anterior à execução da própria despesa.Quanto à importância:a) despesa necessária: tem que ser realizada, é intransferível pois visa satisfazer uma necessidade pública essencial, premente. Ex.: despesas com a Educação;b) despesa útil: sua realização não visa satisfazer uma necessidade imprescindível à coletividade, é efetivada pelo Estado para produzir uma utilidade à comunidade. Ex.: construção de um parque com brinquedos para o lazer das crianças.Quanto aos efeitos econômicos:a) despesa produtiva: aquela despesa que além de satisfazer necessidades públicas, enriquece o patrimônio do Estado ou aumenta a capacidade econômica do contribuinte. Ex.: construção de um porto pelo Estado; criação de auxílio assistencial (vale gás, bolsa-escola);b) despesa improdutiva: não enriquece o Estado, nem gera benefício econômico em favor dos contribuintes. Ex.: despesa com segurança nacional.

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Quanto à mobilidade:a) despesa fixa: aquela que consta no orçamento e é obrigatória pela Constituição Federal, não pode deixar de ser efetivada pelo Estado. Ex.: despesas com a Saúde;b) despesa variável: não é obrigatória pela Constituição Federal, é limitada pois o Poder Executivo tem que respeitar o seu limite, o Estado tem a faculdade de realizá-la ou não, dependendo de seus critérios administrativos de oportunidade e conveniência, sua execução depende da política aplicada por cada governo. Ex.: auxílio pecuniário a instituições de caridade, quando esporádicos.Quanto à competência:a) despesa federal: aquelas realizadas pela União, consignadas em seu orçamento;b) despesa estadual: aquelas dos Estados-membros, consignadas em seus orçamentos;c) despesa municipal: são as despesas do Município, consignadas em seu orçamento.Quanto ao fim:a) despesa de governo: destinada à produção e à manutenção do serviço público e ao funcionamento da máquina estatal como um todo, bem como à aplicação da política geral do governo. Ex.: despesa com funcionários públicos, despesa com a construção de obras públicas, despesa com subvenções sociais, etc;b) despesa de exercício: aquela destinada à obtenção e utilização da receita e à administração financeira. Ex.: despesa com a arrecadação e fiscalização das receitas tributárias, fiscalização da aplicação e pagamento de multas não fiscais (ambientais e de trânsito, por exemplo).

Classificação legal A Lei nº 4.320/1964 (esta lei estatui normas de direito financeiro para a

elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal) classifica a despesa pública segundo diversas categorias econômicas:Despesas correntes: são aquelas que não enriquecem o patrimônio público, são necessárias à execução dos serviços públicos e à vida do Estado, são verdadeiras despesas operacionais e do ponto de vista do Estado são economicamente improdutivas. Podem ser:a) despesas de custeio: aquelas realizadas com o objetivo de assegurar o funcionamento dos serviços públicos, o Estado recebe, em contraprestação, bens ou serviços dos particulares. Ex.: despesa com pessoal civil e militar;b) despesas de transferências correntes: limitam-se a criar rendimentos para os particulares, sem qualquer contraprestação direta em bens ou em serviços em favor do Estado. Ex.: despesa com inativos, despesa com subvenções sociais.Despesas de capital: são aquelas que determinam uma modificação no patrimônio público, operam um crescimento, são portanto, do ponto de vista do Estado economicamente produtivas. Podem ser:

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a) despesas de investimentos: não revelam fins reprodutivos do dinheiro, mas enriquecem o patrimônio público. Ex.: construção de uma obra pública (rodovia, porto, escola, hospital, etc.);b) despesas de inversões financeiras: correspondem à aplicações feitas pelo Estado, que são suscetíveis de lhe produzir rendas, neste caso o dinheiro do Estado se reproduz. ex.: concessão pelo Estado de um empréstimo, a aquisição de títulos representativos de capital de empresas em funcionamento.c) despesas de transferência de capital: correspondem a dotações para investimentos ou inversões financeiras a serem realizadas por outras pessoas jurídicas de direito público ou privado.

PRINCÍPIO DA LEGALIDADEEm relação à despesa pública o princípio da legalidade é aplicado da seguinte forma: as despesas ordinárias e especiais devem obrigatoriamente ser autorizadas

em lei pelo Poder Legislativo; as despesas extraordinárias, por derivarem de fatos imprevisíveis e visarem

a satisfação de necessidades públicas urgentes, podem ser autorizadas por Medidas Provisórias (Poder Executivo), ficando a autoridade pública que as executar, pessoalmente responsável pela existência dos requisitos da imprevisibilidade e da urgência. Desta forma, pode-se afirmar que as despesas extraordinárias são uma exceção ao princípio da legalidade.

 

 

BIBLIOGRAFIA1. BALEEIRO, Aliomar. Uma Introdução à Ciência das Finanças. 15ª ed. rev. e atual. por Dejalma de Campos. Rio de Janeiro. Forense, 2002. 

2. ROSA JÚNIOR, Luiz Emygdio F. Manual de Direito Financeiro e Tributário. 18ª ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2005. 

3. MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 17ª ed. São Paulo: Malheiros, 2004. 

4. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 14ª ed. São Paulo: Atlas, 2002. 

 

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1BALEEIRO, Aliomar. Uma Introdução à Ciência das Finanças. 15ª ed. rev. e atual. por Dejalma de Campos. Rio de Janeiro. Forense, 2002.2Idem nota 1.3ROSA JÚNIOR, Luiz Emygdio F. Manual de Direito Financeiro e Tributário. 18ª ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2005.4Idem nota 1.5MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 17ª ed. São Paulo: Malheiros, 2004.6DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 14ª ed. São Paulo: Atlas, 2002.7Idem nota 1. 

8Conceito de Ricardo Lobo Torres citado na obra (nota 3) de Luiz Emygdio F. da Rosa Júnior.

Receita pública

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Nota: Para outros significados, veja Receita.

Receita pública é o montante total (impostos, taxas, contribuições e outras fontes de recursos ) em dinheiro recolhido pelo Tesouro Nacional, incorporado aopatrimônio do Estado, que serve para custear as despesas públicas e as necessidades de investimentos públicos.1 Regulamentada pela Lei de Orçamento, LEI No 4.320, DE 17 DE MARÇO DE 1964, ao assunto, refere-se o CAPÍTULO II da mesma, cujo título é Da Receita.2

Em sentido amplo, receita pública é o recolhimento de bens aos cofres públicos, sendo sinônimo de ingresso ou entrada.

Diferencia-se da receita tributária pois ao contrário desta, não está limitada à arrecadação de tributos e multas, sendo que a receita tributária é um dos tipos de receita pública.

A receita pública também embarca as receitas das empresas estatais, a remuneração dos investimentos do Estado e os juros das dívidas fiscais.

Ingresso - outras entradas que não se consideram receita, é a receita que não foi arrematada, operações de curso anormal. ex: Antecipação de Receita Orçamentária.

Índice

  [esconder] 

1 Classificação da receita pública no Brasil

o 1.1 Receita orçamentária

o 1.2 Receita extra-orçamentária

2 Processamento da receita pública

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o 2.1 Estágio da realização da receita

3 Resíduos ativos ou restos a arrecadar

4 Contabilização

5 Bibliografia

6 Referências

7 Ver também

8 Ligações externas

Classificação da receita pública no Brasil[editar | editar código-fonte]

A receita pública se divide em dois grandes grupos: as receitas orçamentárias e as extra-orçamentárias.

Receita orçamentária[editar | editar código-fonte]Ver também: Orçamento público

Receitas orçamentárias são aquelas que ingressam de forma definitiva no patrimônio, são recursos próprios que poderão financiar políticas públicas e os programas de governo. Podem estar previstas no orçamento público LOA ou não.O fato de estar ou não estar prevista na LOA ou em Lei de Crédito Adicional não serve de parâmetro para a diferenciação de receita orçamentária e extra-orçamentária.

A Classificação da Receita: -Conforme a lei 4.320/64 Art.11 § 4º e alterada pelo decreto-lei Nº 1.939, DE 20 DE MAIO DE 1982.3

1-Receitas Correntes — Conforme a lei 4.320/64 Art.11 § 1º São Receitas Correntes as receitas tributárias, de contribuições, patrimonial, agropecuária, industrial, de serviços e outras e, ainda, as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes.

receita tributária — é a proveniente de impostos, taxas e contribuições de

melhorias;

receita de Contribuições — é a proveniente das seguintes contribuições

sociais(previdência social, saúde e assistência social), de intervenção

domínio econômico(tarifas de telecomunicações) e de interesse das

categorias profissionais ou econômicas(órgãos representativos de

categorias de profissionais), como instrumentos de intervenção nas

respectivas áreas;

receita patrimonial — rendas obtidas pelo Estado quando este aplica

recursos em inversões financeiras, ou as rendas provenientes de bens de

propriedade do Estado, tais como aluguéis;

receita agropecuária — é a proveniente da exploração de atividades

agropecuárias de origem vegetal ou animal;

Page 35: Despesas e receitas públicas

receita de serviços — é a proveniente de atividades caracterizadas pelas

prestações de serviços financeiros, transporte, saúde, comunicação,

portuário, armazenagem, de inspeção e fiscalização, judiciário,

processamento de dados, vendas de mercadorias e produtos inerentes a

atividades da entidade entre outros;

receita industrial — resultante da ação direta do Estado em atividades

comerciais, industriais ou agropecuárias;

transferências correntes — recursos financeiros recebidos de outras

entidades públicas ou privadas e que se destinam a cobrir despesas

correntes;

outras receitas correntes — provenientes de multas, cobrança da dívida

ativa, indenizações e outra receitas de classificação específica;

2- receitas de capital — provenientes de operações de crédito, alienações de bens, amortizações de empréstimos concedidos, transferências de capital e outras receitas de capitais;

operações de crédito — oriundas da constituição de dívidas (empréstimos e

financiamentos);

alienação de bens — provenientes da venda de bens móveis e imóveis e de

alienação de direitos;

amortização de empréstimos concedidos — retorno de valores

anteriormente emprestados a outras entidades de direito público;

transferência de capital — recursos recebidos de outras pessoas de direito

público ou privado, destinados à aquisição de bens;

outras receitas de capital — classificação genérica para receitas não

especificadas na lei; também classifica-se aqui o superávit do orçamento

corrente (diferença entre receitas e despesas correntes), embora este não

constitua item orçamentário.

Receita extra-orçamentária[editar | editar código-fonte]

Receitas extra-orçamentárias são aquelas que não fazem parte do orçamento público.4

Como exemplos temos as cauções, fianças, depósitos para garantia, consignações em folha de pagamento, retenções na fonte, salários não reclamados, operações de crédito por antecipação de receita (ARO) e outras operações assemelhadas.

Sua arrecadação não depende de autorização legislativa e sua realização não se vincula à execução do orçamento.

Tais receitas também não constituem renda para o Estado, uma vez que este é apenas depositário de tais valores. Contudo tais receitas somam-se às disponibilidades financeiras do Estado, porém têm em contrapartida

Page 36: Despesas e receitas públicas

um passivo exigível que será resgatado quando da realização da correspondente despesa extra-orçamentária.

Em casos especiais, a receita extra-orçamentária pode converter-se em receita orçamentária. é o caso de quando alguém perde, em favor do Estado, o valor de uma caução por inadimplência ou quando perde o valor depositado em garantia. O mesmo acontece quando os restos a pagar têm sua prescrição administrativa decorrida. É importante frisar que cauções, fianças, e depósitos efetuados em títulos e assemelhados quando em moeda estrangeira são registrados em contas de compensação, não sendo, portanto considerados receitas extra-orçamentárias.

Processamento da receita pública[editar | editar código-fonte]

Processamento da receita pública é o conjunto de atividades desenvolvidas pelos órgãos arrecadadores, com o objetivo de arrecadar dinheiros e bens públicos que, por força de lei ou contrato, pertençam ao Estado.4

O processamento da receita pública abrange dois períodos distintos: a estimação da receita (onde se elabora a proposta orçamentária) e a realização da receita.

Estágio da realização da receita[editar | editar código-fonte]

O estágio de realização da receita pública reúne atividades que são classificadas em estágios que segundo o Regulamento de Contabilidade Pública, se dividem em previsão, lançamento, arrecadação e recolhimento.4

PrevisãoA previsão implica planejar e estimar a arrecadação das receitas orçamentárias que constarão na proposta orçamentária.Lançamento

É a individualização e o relacionamento dos contribuintes, discriminando

a espécie, o valor e o vencimento do tributo de cada um. Realizado para

os casos de impostos diretos (os que recaem sobre a propriedade e a

renda) e outras receitas que também dependem de lançamento prévio

(aluguéis, arrendamentos, foros, etc.). É de se observar que não são

todas as receitas que passam por esta fase.Arrecadação

É o momento onde os contribuintes comparecem perante os agentes

arrecadadores a fim de liquidarem suas obrigações para com o Estado.Recolhimento

É o ato pelo qual os agentes arrecadadores entregam diariamente o

produto da arrecadação ao Tesouro Público.

É importante observar que nenhum agente arrecadador pode utilizar o produto da arrecadação para realizar pagamentos. Os pagamentos devem ser feitos com recursos específicos para este fim.

Page 37: Despesas e receitas públicas

Resíduos ativos ou restos a arrecadar[editar | editar código-fonte]

Os créditos não lançados e não arrecadados até o último dia do exercício financeiro a que pertencem constituirão receita no exercício em que forem arrecadados.4

Já os créditos lançados e não arrecadados são, no Brasil, incorporados ao patrimônio, no ativo permanente, como componente da dívida ativa.

Contabilização[editar | editar código-fonte]

Ver também: Contabilidade pública

A receita pública é contabilizada de forma analítica e sintética.

A contabilização analítica é feita no diário da receita orçamentária e no diário do movimento extra-orçamentário, escriturados por partidas simples.4

A escrituração sintética é feita no diário geral pelos totais mensais e pelo método das partidas dobradas.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

ANGÉLICO, João. Contabilidade Pública. 8. ed. São Paulo:

Atlas, 1995.

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Receitas públicas orçamentárias e extraorçamentárias

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Publicado por Marcello Leal - 1 ano atrás3A receita pública é a entrada de dinheiro nos cofres públicos de forma definitiva, incondicional e que acresça um elemento positivo no patrimônio do Estado. É, portanto, espécie do gênero entrada, por possuir características que lhe são peculiares.Atenção! A Lei nº 4.320/64 ao adotar a classificação econômica, adota o termo receita pública em sua acepção mais ampla, ou seja, abarcando todo e qualquer ingresso ou entrada nos cofres públicos. Assim sendo, considera como receitas públicas verbas provenientes de venda de bens ou obtenção de empréstimos, que seriam meros movimentos de caixa sob a ótica de uma classificação jurídica. Todavia, para fins de prova, em havendo expressa alusão a referida lei, normalmente o gabarito adota o conceito econômico de receita.Desta definição de receita pública, inúmeras classificações poderão surgir, a depender do elemento discriminador eleito.As diversas classificações de receitas públicas podem ser resumidas no quadro abaixo:

Possíveis classificações de receita pública

Elemento discriminador

Tipos de classificação

Quanto à origem da receita

a)Originárias

b)Derivadas

c)Transferidas

Quanto ao motivo da percepção da receita

a)Receitas correntes

b)Receitas de capital

Quanto à periodicidade de sua percepção

a)Ordinárias

b)Extraordinárias

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Quanto à previsão orçamentária

a)Orçamentárias

b)Extraorçamentárias

Por identificador de Resultado Primário

a)Primárias

b)Financeiras

Trataremos nesse post da classificação quanto à previsão orçamentária.

As receitas quanto à previsão orçamentária podem ser classificadas emorçamentárias ou extraorçamentárias a depender se constam ou não no respectivo orçamento.

1. Orçamentárias

São orçamentárias as receitas que estiverem previstas no orçamento de modo que serão consideradas quando da fixação das despesas públicas. O administrador público poderá contar com elas para fazer frente às despesas públicas em que incorrerá o ente, posto que tais receitas são incorporadas ao patrimônio público (não são passíveis de restituição).

A arrecadação das receitas orçamentárias carecem de autorização legislativa e a realização desta receita se vinculará a execução do orçamento.

Como exemplo de receitas orçamentárias podemos citar a receita advinda dos tributos, da exploração do patrimônio do Estado, dos recursos provenientes do desenvolvimento bem sucedido de atividade econômico pelo Poder Público, etc.

2. Extraorçamentárias

São extraorçamentárias as receitas que não fazem parte do orçamento de modo que não serão consideradas quando da fixação das despesas públicas. São receitas públicas apenas na acepção mais ampla do termo, uma vez que não poderá o administrador público contar com elas para custear despesas públicas previstas na peça orçamentária. O único motivo que justifica sua inserção no conceito de receita, malgrado não se incorporem ao patrimônio público, é que como adentram nos cofres públicos deverão ser precedidas de lançamento.

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O Poder Público adquire tais receitas extraorçamentárias em atenção a futura despesa extraorçamentária, o que em termos contábeis seria um passivo exigível. Assim, tais entradas já possuem destino certo, de modo a inviabilizar seu aproveitamento no custeio de outras despesas (inclusive aquelas previstas no orçamento). De acordo com a classificação de Aliomar Baleeiro, são meros movimentos de caixa.

Desta feita, a arrecadação das receitas extraorçamentárias prescinde de autorização legislativa e a realização desta receita não se vinculará a execução do orçamento.

São exemplos de receitas extraorçamentárias os recursos financeiros que adentram nos cofres públicos a título de fiança, caução, depósitos para garantia, etc. Atenção, contudo, para alguns casos peculiares:

a)Retenção na fonte: será considerada receita extraorçamentária se a retenção for realizada pelo ente que não ficará com os recursos para si. Se se tratar de retenção de tributo cuja arrecadação pertencer ao mesmo ente que a efetuou, como por exemplo o imposto de renda retido na fonte pelo Estado, DF ou Município, na forma dos artigos 157, I e 158, I da Constituição, será considerada receita orçamentária;

b) Operação de Crédito X Operação de Crédito por Antecipação da Receita Orçamentária:

a.A operação de crédito é o compromisso financeiro assumido pelo ente público em razão de mútuo, abertura de crédito, emissão e aceite de título, aquisição financiada de bens, etc., devendo o ente apontar de onde sairão os recursos que custearão esta nova despesa e tem como finalidade atender ao desequilíbrio orçamentário ou financiar investimentos. Será considerada receita orçamentária e, portanto, depende de autorização legislativa.

b.A operação de crédito por antecipação de receita destina-se a atender insuficiência de caixa durante o exercício financeiro, devendo ser liquidada, com juros e outros encargos incidentes, até o dia dez de dezembro de cada ano, sendo proibida enquanto existir operação anterior da mesma natureza não integralmente resgatada, além de outros requisitos previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal, podendo o ente dar em garantia a receita dos impostos de sua competência tributária. Será considerada receita extraorçamentária e, portanto, independe de autorização legislativa.

Cuidado! Nada impede que receitas extraorçamentárias se convertam em receitas orçamentárias. É o caso da caução dada em garantia no bojo de contrato administrativo e que, em razão de

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eventual inadimplência do particular, será perdida em favor do Poder Público. O valor depositado passará a integrar o patrimônio, passando a fazer parte do orçamento.