desperdÍcio de alimentos · ... instrumentalizar didaticamente aqueles que trabalham para reduzir...

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TEXTO I DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS A população mundial já atingiu 7 bilhões de pessoas e, apesar da alta evolução tecnológica que caracteriza o século XXI, a desigualdade social ainda provoca a fome, que mata milhares de pessoas a cada ano. Nesse cenário, paradoxalmente, mais de 20% dos alimentos produzidos vão para o lixo. Os textos que se seguem prestam-se a uma reflexão sobre o problema. Reproduzimos abaixo a primeira página do Jornal Estado de Minas de 24 de agosto de 2015 e dela ampliamos uma chamada, como se observa a seguir.

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Page 1: DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS · ... instrumentalizar didaticamente aqueles que trabalham para reduzir o desperdício ... quantidade de frutas, legumes e ... assim como o uso de

TEXTO I

DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS A população mundial já atingiu 7 bilhões de pessoas e, apesar da alta evolução tecnológica que caracteriza o século XXI, a desigualdade social ainda provoca a fome, que mata milhares de pessoas a cada ano. Nesse cenário, paradoxalmente, mais de 20% dos alimentos produzidos vão para o lixo. Os textos que se seguem prestam-se a uma reflexão sobre o problema. Reproduzimos abaixo a primeira página do Jornal Estado de Minas de 24 de agosto de 2015 e dela ampliamos uma chamada, como se observa a seguir.

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TEXTO II

Jornal Estado de Minas, 25 de agosto de 2015. PP. Acesso em 25 ago. 15

1ª questão - Habilidade: Identificar elementos estruturais de cada gênero

O objetivo do gênero em foco é:

A) apresentar detalhadamente os resultados numéricos de uma pesquisa.

B) convencer as autoridades que são necessárias políticas que combatam o desperdício.

C) instrumentalizar didaticamente aqueles que trabalham para reduzir o desperdício.

D) seduzir o leitor para aquisição do suporte no qual a matéria foi veiculada.

E) sensibilizar para que não haja desperdício de alimentos.

2ª questão - Habilidade: Inferir a partir de informações explícitas e implícitas

Algumas matérias jornalísticas utilizam-se estrategicamente da ambiguidade em suas manchetes para captar leitores. Nesses casos, na maioria das vezes, os textos confirmam somente um dos efeitos de sentido que decorrem do título. Quanto à ambiguidade presente no subtítulo “O peso do desperdício”, é correta a seguinte análise:

A) é equivocado o uso da palavra “peso” referenciando os efeitos do desperdício, ao longo do

texto.

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B) legitimam-se os dois sentidos decorrer do texto, com os fragmentos “450 toneladas” e “É

comida para alimentar 60 mil alunos da rede pública”.

C) não há ambiguidade uma vez que se percebe dados numéricos no subtítulo e no corpo do

texto.

D) não se confirmam, no corpo do texto, os dois sentidos que podem decorrer da manchete,

pois a palavra “peso” é usada somente em seu sentido literal.

E) o que se percebe é somente o sentido figurado da palavra “peso”, que aponta para efeitos

negativos do desperdício.

3ª questão - Habilidade: Avaliar propriedade dos sinais de pontuação.

Os usos da vírgula são determinados por regras que, se não observadas, podem interferir na significação do texto pelo leitor. Há situações em que sua inserção é obrigatória e outras em que são facultativas, ficando a critério do autor colocá-la ou não. Observa-se adequação quanto à análise desse sinal de pontuação em: A) “É comida suficiente para garantir a merenda escolar de 60 mil alunos da rede pública de Belo Horizonte durante três semanas. ” Deve-se inserir uma vírgula entre “Belo Horizonte” e “durante três semanas”, pois se trata de uma enumeração. B) “E isso é considerando somente a quantidade de frutas, legumes e verduras desprezada nos pontos de venda devido à perda do valor comercial. ” Deve-se inserir uma vírgula entre “verduras” e “desprezada”, pois a oração sublinhada tem efeito de explicação. C) “Nas contas da Associação Mineira de Supermercados, são R$750 milhões jogados fora por ano. ” A vírgula contradiz a gramática, pois não se pode inserir vírgula entre o sujeito e seu predicado. D) “Segundo varejistas, o rigor da lei impede que os produtos sejam doados, sob argumento de risco de contaminação e prejuízo à saúde. ” as duas vírgulas do excerto justificam-se em função de uma mesma regra: marcar deslocamento de um termo sintático. E) “Seguindo as regras, numa loja da região Leste da capital, por exemplo, a auxiliar de serviços Marilene Rosa da Silva recolhe diariamente seis bacias de alimentos e leva tudo para o lixo. ” As vírgulas presentes no período não se justificam pela mesma regra, já que a 1ª separa termo deslocado e as duas últimas, termo explicativo.

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4ª questão - Habilidade: Identificar estratégia de metalinguagem

Embora a linguagem figurada seja mais recorrente em textos literários, pode também ser utilizada em textos cujo objetivo é a informação, como se observa no fragmento transcrito a seguir. “Nas contas da Associação Mineira de Supermercados, são R$750 milhões jogados fora. ” Observa-se que, no excerto, o autor utiliza-se da seguinte figura de linguagem:

A) hipérbole, já que “R$750 milhões” é uma valor muito alto para desperdício de alimentos no Brasil.

B) ironia, visto que o objetivo do autor é criticar o descarte de alimentos que poderiam alimentar estudantes.

C) metáfora, uma vez que estabelece comparações implícitas nas contas da Associação Mineira.

D) Metonímia, porque há substituição de associados pela associação e do valor pelos produtos.

E) pleonasmo, pois “são R$750 milhões jogados fora” repete a ideia expressa na oração anterior.

TEXTO III

Das gôndolas para o lixo Quantidade de hortifrutigranjeiros que é jogada fora todos os meses pelos supermercados de MG daria para fazer a merenda de 60 mil alunos da rede pública de BH durante três semanas Luciane Evans Publicação: 24/08/2015 04:00

Todos os meses são jogados no lixo pelos supermercados de Minas Gerais cerca de 450 mil quilos de hortifrutigranjeiros que perderam o seu valor comercial. Esse volume, calculado pelo principal distribuidor de alimentos para a rede varejista no estado, é suficiente para alimentar durante três semanas todos os 60 mil alunos da rede pública da educação de Belo Horizonte. Dados da Associação Mineira dos Supermercados (Amis) também apontam o impressionante desperdício em Minas: considerando supermercados e sacolões, são perdidos por ano R$ 750 milhões em alimentos.

Pilhas de hortaliças têm a lixeira como destino diariamente em supermercados e sacolões de todo o país. Na França, já há legislação que prevê multa para estabelecimentos que destroem alimentos.

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No Brasil, a Organização das Nações Unidas (ONU) estima que o desperdício alimentício, tanto das empresas quanto dos consumidores, chegue a R$ 13 bilhões por ano. São 26,3 milhões de toneladas de comida jogadas fora no país, quantidade que daria para distribuir 131,5 quilos para cada brasileiro. Entre o que vai para a lixeira e o que poderia matar a fome de muitos, estão iniciativas que começaram nos países de primeiro mundo. Em meados de maio, a França aprovou uma nova lei que proíbe grandes supermercados de destruir alimentos não vendidos sob ameaça de multas e até mesmo prisões. Por aqui, a preocupação só aumenta, principalmente diante da retração da economia, que faz consumidores comprarem menos e a sobra aumentar nos estabelecimentos. “A medida francesa está se expandindo pelo mundo. Mas lá, como os recursos naturais são escassos, há uma maior conscientização. Aqui, talvez demore um pouco”, comenta Adilson Rodrigues, superintendente da Amis. Segundo ele, em época de redução de consumo, o correto é a adequação dos estabelecimentos, porque, sem as compras, muitos produtos perdem a validade ainda na prateleira. Sobre o desperdício, ele diz que, em Minas, perde-se em alimentos 2,5% do faturamento total das redes supermercadistas. “Este ano, por exemplo, os supermercados vão faturar cerca de R$ 30 bilhões e as perdas devem ser de R$ 750 milhões. ” Diante do cenário, a Amis vem conversando com o Procon mineiro para, segundo Adilson, evoluir neste assunto. “É um problema grave. Há uma média nacional de 1,7% do faturamento em perdas, mas estamos acima disso”, alerta. A gravidade é notada também pelo proprietário da Denaff, Laerte Gestich, que faz trabalhos de distribuição de hortifrutigranjeiros há 27 anos para quase todos os supermercados em Minas. “Nada se aproveita depois que vai para a gôndola. Um tomate com problema ou que não esteja bonito, vai para o lixo. Não recolhemos para aproveitamento porque o alimento, como é jogado fora junto com outros itens, pode se contaminar e não podemos, assim, nem doar”, destaca.

Orlanda Ribeiro fica assustada com a quantidade de produtos que são desperdiçados no país

CONSUMO RÁPIDO Para se ter ideia, de acordo com Laerte, a alface que chega aos supermercados pela manhã tem que ser consumida ainda nesse turno. Ele diz que a média das perdas é de 8% do que foi entregue. “O bom é não ultrapassarmos esse índice, porém, muitas vezes, ele chega a 15%. ” Para que isso se torne menos frequente, uma das estratégias de alguns estabelecimentos, segundo comenta Laerte, é levar um produto com qualidade visual inferior a lojas periféricas, onde, geralmente, é mais consumido. “Se o tomate tem um ‘machucado’, ele não é comprado pelo consumidor da Zona Sul. Não podemos brincar de perder”, diz. Diretor de marketing de uma rede de supermercados de BH, Rodrigo Gosende reconhece a dificuldade de evitar perdas, especialmente na seção de hortifrutigranjeiros. “Temos um departamento de controle para poder comprar menos e sobrar menos, mas a perda está bem

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acima do que gostaríamos”, comenta. Segundo Rodrigo, o consumidor, por exemplo, não compra uma banana que esteja fora da penca. A auxiliar de serviços gerais do Supermercado Paranaíba, Marilene Rosa da Silva, confirma o inevitável desperdício e diz que joga fora, diariamente, cerca de seis bacias de hortaliças e frutas, com cinco litros cada uma. Para a consumidora Orlanda Resende Ribeiro, de 78 anos, os números assustam. “Tanta gente com fome no mundo, e temos esse desperdício. Lá em casa, não desperdiçamos nada. A minha comadre tinha o hábito de ir ao Ceasa e pegar tudo que sobrava por lá. É o correto”, diz, confessando, no entanto, que uma banana fora da penca não vai para o seu carrinho de compras. “Ela amadurece rápido, por isso, não levo”, revela. Jornal Estado de Minas. 24 de agosto de 2015

5ª questão - Habilidade: Reconhecer e operar com relações morfossintáticas

Releia o subtítulo com atenção às relações morfossintáticas que nele se estabelecem. “Quantidade de hortifrutigranjeiros que é jogada fora todos os meses pelos supermercados de MG daria para fazer a merenda de 60 mil alunos da rede pública de BH durante três semanas” Tendo em vista a função das palavras e termos a partir dos quais se constrói o excerto é correto que: A) “daria” é o verbo da segunda oração do período, que é classificada como oração

subordinada substantiva objetiva direta. B) a locução conjuntiva “a fim de que” pode substituir, sem que haja alteração de sentido”, a

conjunção “para”. C) a palavra “que” é uma conjunção integrante uma vez que liga uma subordinada substantiva à

sua principal. D) a segunda oração que compõe o subtítulo é uma subordinada adverbial temporal em relação

à oração anterior. E) o período é composto por 4 orações, encadeadas em um processo de subordinação por

meio de conjunções coordenativas.

6ª questão - Habilidade: Avaliar adequação de recursos lexicais e gramaticais de coesão em um texto ou sequência textual.

A estruturação de um texto requer cuidado especial quanto à coesão. É necessário que se recorra a mecanismos a partir dos quais se possa fazer a referenciação assim como o uso de categorias gramaticais que explicitem relação de sentido entre termos, orações, períodos e parágrafos de modo a favorecer que o leitor recupere o efeito de sentido projetado pelo autor. Atenha-se a esses processos no fragmento a seguir. “Todos os meses são jogados no lixo pelos supermercados de Minas Gerais cerca de 450 mil quilos de hortifrutigranjeiros que perderam o seu valor comercial. Esse volume, calculado pelo

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principal distribuidor de alimentos para a rede varejista no estado, é suficiente para alimentar durante três semanas todos os 60 mil alunos da rede pública da educação de Belo Horizonte. ” É pertinente a seguinte consideração em relação ao excerto:

A) é coerente a inserção da conjunção de modo que entre o 1º e o 2º períodos, pois o segundo apresenta uma consequência em relação ao fato que se enuncia no 1º. B) a palavra “que” (2ª linha) pode ser substituída por onde, uma vez que retoma “supermercados de Minas Gerais” que é um antecedente que indica espaço físico. C) as palavras “que” e “seu” (2ª linha) referenciam, respectivamente, “Todos os meses” e prejuízo dos supermercados de Minas Gerais. D) o pronome demonstrativo “Este” indica, no contexto em que se insere, presente em relação ao momento da enunciação. E) a conjunção “para”, no contexto em que se insere, pode ser substituída, sem prejuízo por “por isso”, uma vez que ambas marcam a mesma relação de sentido.

7ª questão - Habilidade: Operar com convenções gráficas A escrita em registro padrão pressupõe a consideração de algumas convenções, como as regras de acentuação: monossílabos tônicos, hiatos, oxítonos, paroxítonas, proparoxítonas, dentre outras. Indique, dentre as opções a seguir, a alternativa em que as palavras transcritas atendem a uma mesma regra. A) alimentício; periféricas. B) desperdício; países. C) país; até. D) porém; só. E) média, inevitável.

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TEXTO IV TEXTO V

Imagem disponível em: http://comidanarede.com.br/wp-content/uploads/2013/06/Pa%C3%ADses-desenvolvidos-s%C3%A3o-os-maiores-respons%C3%A1veis-pela-perda-de-alimentos.jpg. Acesso em 13/08/2014.

Imagem disponível em: http://3.bp.blogspot.com/-a8xsKBvH618/ UAowwmLTFtI/AAAAAAAAIRA/qs EUw6d5zeQ/s640/ Evitando+ Desperd%C3%ADcio+de+Alimentos1.jpg. Acesso em 13/08/2014.

8ª questão - Habilidade: Comparar textos que falem de um mesmo tema quanto ao tratamento desse tema.

É comum que um mesmo tema seja abordado por diferentes autores, que organizam seus textos com traços que os diferem dos demais. No caso dos textos em estudo, é certo que:

A) os dois se utilizam da ironia para denunciar que a fome decorre do desperdício. B) o IV tem traços narrativos e o V organiza-se com o propósito injuntivo. C) os elementos não verbais são indispensáveis à significação de ambos. D) os dois apresentam crítica explícita relacionada ao desperdício de alimentos. E) o IV utiliza-se da linguagem literal e o V, da figurada.

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TEXTO VI

Consumo que virou consumismo

Marcus Eduardo de Oliveira Publicado em maio 19, 2014 por Redação Tags: consumo & consumismo, modelo de desenvolvimento

Foi a partir do crescimento exponencial da economia global, alterando substancialmente as relações existentes “dentro” do meio ambiente, que se estabeleceu a suprema e inadiável necessidade de uma reflexão mais detalhada e mais cuidadosa entre a economia e a ecologia. Até a chegada da Revolução Industrial, a economia “cabia” dentro da ecologia; o sistema econômico era pequeno em relação à grandeza de um sistema ambiental que lhe fornecia matéria e energia, servindo ainda de “baú” para a absorção de toda a produção econômica. Após a economia global atingir escalas de crescimento sem precedentes na história, tornou-se clara a existência de limites da natureza para continuar “servindo” à atividade produtiva. O sistema econômico então passou a “engolir” o sistema ecológico. A economia já não mais “cabia” dentro do sistema ecológico. A visão de progresso ilimitado, propugnada especificamente por um sistema econômico expansivo que engendra esforços para produções em larga escala, e, em curto espaço de tempo, está além da capacidade de suporte do planeta. A capacidade de oferta de recursos naturais, bem como a “disposição” em receber os resíduos vindos da atividade econômica tornou a ecologia “pequena” frente a uma economia cada vez mais expansiva, mais produtiva, mais poluidora e muito mais destruidora das bases e do patrimônio da natureza. O salto do crescimento econômico global foi absurdamente avassalador: a economia saiu de um PIB global de US$ 4,5 trilhões, em 1950 para, 50 anos depois, atingir US$ 50 trilhões. De 2000 para cá, o PIB mundial cresceu em mais US$ 25 trilhões. O crescimento contínuo da atividade econômica é, simplesmente, incompatível com uma biosfera finita. Insistir num acentuado crescimento físico da economia, tendo em conta a finitude dos recursos naturais e energéticos é incorrer gravemente em mais custos (ambientais) que benefícios (econômicos). Quanto mais as economias modernas crescem, mais se dilapidam os principais serviços ecossistêmicos; mais vidas humanas, fauna e flora se perdem em decorrência de alterações climáticas, fruto de ações antrópicas, “patrocinadas” pela atividade expansiva de uma economia que pretende ser rotulada de “moderna”; como se o sinônimo de modernidade fosse, de fato, a aquisição material. Mais produção, para atender a mais consumo, faz o planeta “pedir socorro”. O consumo humano ultrapassou em 40% a capacidade de reposição dos bens e serviços naturais produzidos pela Terra. No mundo, ao ano, são mais de 70 milhões de veículos consumidos. O consumo da humanidade em bens e serviços em 1960 atingiu o equivalente a US$ 4,9 trilhões (dólares de 2008); em 1996, chegou a US$ 23,9 trilhões e, dez anos depois, atingia mais de US$ 30 trilhões. Na França, a média do consumo de proteínas é de 115 gramas/dia, ao passo que em

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Moçambique é de apenas 32 gramas. Cada cidadão dos Estados Unidos, na média, consome 120 quilos de carnes ao ano (10 quilos por mês), enquanto um angolano consome 24 quilos/ano, (2 quilos/mês). Os 315 milhões de estadunidenses comem 9 bilhões de aves todos os anos. Na Ásia inteira, com mais de 4,0 bilhões de pessoas, consome-se 16 bilhões de aves ao ano. Há 150 carros para cada mil habitantes na China, enquanto nos países da OCDE essa relação é de 750, e na Índia, apenas 35. Os gastos com cosméticos ao ano, somente nos EUA, chegam à importância de US$ 8 bilhões. A Europa gasta com cigarros, também ao ano, mais de US$ 50 bilhões e mais US$ 105 bilhões são dispendidos em bebidas alcóolicas. A Terra não suporta isso. A Terra é um “ser vivo” que se mexe e não suporta tamanha agressão. Da reflexão entre a economia e a ecologia, que começamos a falar no início, faz-se necessário surgir, brevemente, um caminho alternativo que rompa, definitivamente, com a cultura do consumo que “virou” um consumismo desenfreado. Marcus Eduardo de Oliveira, Articulista do Portal EcoDebate, é Economista. Especialista em Política Internacional e Mestre em Integração da América Latina (USP). Professor de economia da FAC-FITO e do UNIFIEO, em São Paulo. [email protected]

http://www.ecodebate.com.br/2014/05/19/consumo-que-virou-consumismo-artigo-de-marcus-eduardo-de-oliveira/

9ª questão - Habilidade: Identificar os elementos que caracterizam o texto argumentativo.

O artigo de opinião é um texto argumentativo que circula, sobretudo, em jornais e revistas. Em sua composição é indispensável que se apresente uma tese fundamentada por meio de argumentos que podem ser desenvolvidos a partir de estratégias argumentativas. No caso do texto em estudo, a tese é “Após a economia global atingir escalas de crescimento sem precedentes na história, tornou-se clara a existência de limites da natureza para continuar “servindo” à atividade produtiva”, em cuja defesa o autor utiliza-se de vários argumentos, dentre os quais o transcrito a seguir: A) “O crescimento contínuo da atividade econômica é, simplesmente, incompatível com uma biosfera finita. ” B) “O salto do crescimento econômico global foi absurdamente avassalador: a economia saiu de um PIB global de US$ 4,5 trilhões, em 1950 para, 50 anos depois, atingir US$ 50 trilhões. ” C) “Na França, a média do consumo de proteínas é de 115 gramas/dia, ao passo que em Moçambique é de apenas 32 gramas. ” D) “Os gastos com cosméticos ao ano, somente nos EUA, chegam à importância de US$ 8 bilhões. ” E) “Da reflexão entre a economia e a ecologia, que começamos a falar no início, faz-se necessário surgir, brevemente, um caminho alternativo que rompa, definitivamente, com a cultura do consumo que “virou” um consumismo desenfreado. ”

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TEXTO VII

http://www.ecodebate.com.br/2014/05/19/consumo-que-virou-consumismo-artigo-de-marcus-eduardo-de-oliveira/ Acesso em 19 set. 15 Adaptado.

10ª questão - Habilidade: Relacionar imagens a informações verbais explícitas em um texto.

Na charge em estudo, os elementos não-verbais são o principal elemento a partir dos quais se denuncia: A) a desigualdade social. B) a falta de alimentos no mundo. C) o consumismo desenfreado. D) o desperdício de alimentos. E) o uso de agrotóxicos na agricultura.

TEXTO VIII

Comida Titãs Bebida é água! Comida é pasto! Você tem sede de quê? Você tem fome de quê? A gente não quer só comida A gente quer comida, diversão e arte A gente não quer só comida A gente quer saída para qualquer parte A gente não quer só comida A gente quer bebida, diversão, balé A gente não quer só comida A gente quer a vida como a vida quer

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Bebida é água! Comida é pasto! Você tem sede de quê? Você tem fome de quê? A gente não quer só comer A gente quer comer e quer fazer amor A gente não quer só comer A gente quer prazer pra aliviar a dor A gente não quer só dinheiro A gente quer dinheiro e felicidade A gente não quer só dinheiro A gente quer inteiro e não pela metade Bebida é água! Comida é pasto! Você tem sede de quê? Você tem fome de quê? A gente não quer só comida A gente quer comida, diversão e arte A gente não quer só comida A gente quer saída para qualquer parte A gente não quer só comida A gente quer bebida, diversão, balé A gente não quer só comida A gente quer a vida como a vida quer A gente não quer só comer A gente quer comer e quer fazer amor A gente não quer só comer A gente quer prazer pra aliviar a dor A gente não quer só dinheiro A gente quer dinheiro e felicidade A gente não quer só dinheiro A gente quer inteiro e não pela metade Diversão e arte Para qualquer parte Diversão, balé Como a vida quer Desejo, necessidade, vontade Necessidade, desejo, eh! Necessidade, vontade, eh! Necessidade

Acesse a música: http://letras.mus.br/titas/91453/

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TEXTO IX

O Bicho Manuel Bandeira

Vi ontem um bicho Na imundície do pátio Catando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa, Não examinava nem cheirava: Engolia com voracidade. O bicho não era um cão, Não era um gato, Não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem.

http://www.casadobruxo.com.br/poesia/m/bicho.htm Acesso em 15 set. 2015

11ª questão - Habilidade: Identificar elementos que caracterizam um texto como poético.

No texto poético, um “eu” - sujeito poético - revela os seus sentimentos, as suas emoções e a sua visão do mundo. Dentre as muitas características que particularizam o texto poético, a que é comum aos dois textos é: A) denotação.

B) figuratividade.

C) presença de rimas.

D) regionalismo.

E) subjetividade.

12ª questão - Habilidade: Estabelecer relação entre o texto literário e o contexto social e político de sua produção.

O texto, muitas vezes, traz indícios que reportam o leitor a seu contexto de produção. Da letra dos Titãs, por exemplo, infere-se um tempo em que há: A) acomodação frente ao materialismo. B) desejo de ruptura de uma realidade. C) fome generalizada. D) grande desigualdade social. E) grande desperdício de alimentos.

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PROPOSTA DE REDAÇÃO Com base na leitura dos textos que compõem esta avaliação e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS, apresentando proposta de ação social que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. INSTRUÇÕES:

- o rascunho da redação deve ser feita no espaço apropriado;

- o texto definitivo deve ser feito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas;

- o texto com até 7 linhas será considerado insuficiente e receberá zero;

- a redação que fugir ao tema ou não atender ao tipo dissertativo-argumentativo receberá nota zero.