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DESLOCADOS INTERNOS O direito internacional na pós-modernidade e a construção dos direitos humanos dos deslocados internos

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DeslocaDos InternosO direito internacional na pós-modernidade

e a construção dos direitos humanos dos deslocados internos

DeslocaDos InternosO direito internacional na pós-modernidade

e a construção dos direitos humanos dos deslocados internos

EDUARDO PAREDESDefensor Público Federal

Professor de Direito Internacional dos Direitos HumanosMestre em Direito Internacional (UERJ)

Especialista em Direitos Humanos (PUC-Minas)

Belo Horizonte2018

341.12194 Paredes, EduardoP227d Deslocados internos: o direito internacional na pós-modernidade e 2018 a construção dos direitos humanos dos deslocados internos / Eduardo Paredes. Belo Horizonte: Arraes Editores, 2018. 150 p. ISBN: 978-85-8238-391-9 ISBN: 978-85-8238-392-6 (E-book)

1. Deslocados internos. 2. Direitos humanos – Refugiados. 3. Deslocamento da pessoa humana. 4. Imigração. 5. Governança global. I. Título.

CDD(23.ed.)–341.486 CDDir – 341.12194

Belo Horizonte2018

CONSELHO EDITORIAL

Elaborada por: Fátima Falci CRB/6-700

É proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio eletrônico,inclusive por processos reprográficos, sem autorização expressa da editora.

Impresso no Brasil | Printed in Brazil

Arraes Editores Ltda., 2018.

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Álvaro Ricardo de Souza CruzAndré Cordeiro Leal

André Lipp Pinto Basto LupiAntônio Márcio da Cunha Guimarães

Bernardo G. B. NogueiraCarlos Augusto Canedo G. da Silva

Carlos Bruno Ferreira da SilvaCarlos Henrique SoaresClaudia Rosane Roesler

Clèmerson Merlin ClèveDavid França Ribeiro de Carvalho

Dhenis Cruz MadeiraDircêo Torrecillas Ramos

Emerson GarciaFelipe Chiarello de Souza Pinto

Florisbal de Souza Del’OlmoFrederico Barbosa Gomes

Gilberto BercoviciGregório Assagra de Almeida

Gustavo CorgosinhoGustavo Silveira Siqueira

Jamile Bergamaschine Mata DizJanaína Rigo Santin

Jean Carlos Fernandes

Jorge Bacelar Gouveia – PortugalJorge M. LasmarJose Antonio Moreno Molina – EspanhaJosé Luiz Quadros de MagalhãesKiwonghi BizawuLeandro Eustáquio de Matos MonteiroLuciano Stoller de FariaLuiz Henrique Sormani BarbugianiLuiz Manoel Gomes JúniorLuiz MoreiraMárcio Luís de OliveiraMaria de Fátima Freire SáMário Lúcio Quintão SoaresMartonio Mont’Alverne Barreto LimaNelson RosenvaldRenato CaramRoberto Correia da Silva Gomes CaldasRodolfo Viana PereiraRodrigo Almeida MagalhãesRogério Filippetto de OliveiraRubens BeçakVladmir Oliveira da SilveiraWagner MenezesWilliam Eduardo Freire

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Dedico esta dissertação a minha esposa (Letícia), meu filho (Francisco), meus pais e meus irmãos (Alexandre e Antonio), por todo amor e carinho transbordado em sentimentos e palavras ao longo de toda esta vida.

VI

suMárIo

PREFÁCIO ........................................................................................................ IX

INTRODUÇÃO ............................................................................................... 1

CaPítulO 1DIREITO INTERNACIONAL NA PÓS-MODERNIDADE .................. 51.1. Direito internacional na modernidade: o direito internacional clássico e seus paradigmas de Vestefália, Viena e Versalhes ...................... 51.2. Direito internacional na pós-modernidade: o paradigma pós-vestefaliano ................................................................................................. 16 1.2.1. Institucionalização e a humanização do direito internacional .. 16 1.2.2. Constitucionalização do direito internacional .......................... 221.3. Comunidade internacional: direitos humanos, normas de hierarquia superior, obrigações objetivas e responsabilidade internacional ...................................................................................................... 26

CaPítulO 2ESTADO-NAÇÃO, “FRONTEIRAS” E GOVERNANÇA GLOBAL: PÓS-MODERNIDADE E PROJETO DESLOCADOS INTERNOS .... 332.1. Estado-nação e a pós-modernidade ........................................................ 33 2.1.1. Globalização e localismo ............................................................... 33 2.1.2. Minorias nacionais e étnicas ......................................................... 42 2.1.3. Estado multicultural: identidade nacional e “fronteiras interétnicas” ................................................................................................ 442.2. Governança global: questões transfronteiriças e diluição das fronteiras ..................................................................................................... 522.3. Governança global e os deslocados internos: Projeto Deslocados Internos .............................................................................................................. 58 2.3.1. Deslocamentos forçados e os deslocados internos ................... 58

VII

2.3.2. Direitos humanos dos deslocados internos e os Princípios Orientadores ............................................................................................... 62 2.3.3. Direitos humanos dos deslocados internos e a soberania como responsabilidade ............................................................................. 68

CaPítulO 3A CONSTRUÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS DOS DESLOCADOS INTERNOS NO DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS ....................................................................... 743.1. Fontes formais do direito internacional dos direitos humanos: tratados, costume, normas de soft law e decisões das cortes internacionais ................................................................................. 743.2. Fonte material dos direitos humanos: consciência jurídica universal, universalismo de confluência e dignidade da pessoa humana ............................................................................................ 773.3. Direito internacional dos direitos humanos e a contribuição dos seus três ramos para construção dos direitos humanos dos deslocados internos ................................................................................... 803.4. Direito internacional humanitário: assistência humanitária aos deslocados internos e deslocamento forçado como crime de guerra ..... 823.5. Direito internacional dos refugiados: atuação do ACNUR em relação aos deslocados internos ............................................................... 863.6. Direito internacional dos direitos humanos em sentido estrito e os direitos humanos dos deslocados internos .......................................... 95 3.6.1. Uma visão panorâmica do sistema global dos direitos humanos ...................................................................................................... 95 3.6.2. Mecanismos de monitoramento do sistema global e os deslocados internos ........................................................................... 993.7. Direitos humanos dos deslocados internos: Princípios Orientadores, “Princípios Pinheiro” e “Convenção de Kampala” .......... 106

CaPítulO 4OS DIREITOS HUMANOS DOS DESLOCADOS INTERNOS: DIÁLOGO CONSTRUTIVO ENTRE O SISTEMA GLOBAL E OS SISTEMAS REGIONAIS DE DIREITOS HUMANOS ................ 1114.1. Visão panorâmica dos sistemas regionais de direitos humanos e das suas Cortes ............................................................................................... 1114.2. Princípios Orientadores e “Princípios Pinheiros” na jurisprudência da Corte Interamericana e da Corte Europeia de Direitos Humanos ...................................................................................... 114

VIII

4.2.1. Proteção contra o deslocamento interno: direito de não ser deslocado arbitrariamente ............................................................................... 1144.2.2. O direito à igualdade e situação de vulnerabilidade dos deslocados internos .......................................................................................... 1174.2.3. Proteção durante o deslocamento: direito à qualidade de vida e assistência humanitária ........................................................................ 1224.2.4. Direito ao retorno: regresso, reinstalação e reintegração da moradia e propriedade nos deslocamentos forçados ................................. 1264.3. Direitos humanos dos deslocados internos: diálogo construtivo entre o sistema global e os sistemas regionais de direitos humanos ......................................................................................... 128

CONCLUSÃO .................................................................................................. 131

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 133

IX

PreFácIo

Hoje, mais do que nunca, convivemos diariamente com dados extremos e alarmantes sobre fenômenos locais com impactos globais – e, também o contrário, globais com impactos locais e individuais – que, tirando valiosas exceções, passam despercebidos pela maior parte da teoria jurídica. Atrela-dos a epistemologias e a métodos dogmáticos, de certo modo, incapazes de adequar o estudo do direito à sociedade contemporânea, nós, operadores do direito, ficamos, na maior parte das vezes, reféns de velhas fórmulas desgasta-das pelo tempo e pelo uso, para a resolução de questões que enfrentamos no nosso dia-a-dia profissional e acadêmico.

Na contramão desta ultrapassada tendência, Eduardo Paredes se propõe em Deslocados Internos: O Direito Internacional na Pós-Modernidade e a Construção dos Direitos Humanos dos Deslocados Internos a romper com o antigo, propondo o novo: enfrentando um tema delicado, como o é a questão dos deslocados internos, o autor, com a maestria que lhe é peculiar, sugere a releitura das categorias clássicas do direito internacional, propondo, no contexto da pós--modernidade, uma nova abordagem a este ramo do direito.

Discussões terminológicas à parte, fato é que a sociedade contemporâ-nea tem como características principais a complexidade, a conectividade e a “imediatidade” (esta última que implica, diretamente, a ressignificação da relação tempo-espaço). Neste contexto, os problemas sociais, que, até pouco tempo, eram encarados como problemas nacionais – determinando soluções as quais, de modo inafastável, eram pensadas por meio de categorias atreladas ao Estado-nação – tornam-se problemas globais: na conjuntura da sociedade mundial, a questão nacional perde importância de outrora, pois as fronteiras artificiais destas comunidades imaginadas não são mais suficientes para servir de filtro às consequências indesejadas das ações humanas.

O crepúsculo do nacionalismo metodológico causou uma reviravolta nas teorias das ciências sociais que muitos classificaram como uma quebra de paradigmas. Fomos forçados a repensar e a ressignificar os conceitos da,

X

assim chamada, “primeira modernidade”, considerando a nova configuração e estruturação da sociedade mundial. Junto ao nacional e ao internacional, convive-se, hoje, com o local-global (ou “glocal”) e o transnacional; as normas jurídicas, que eram eminentemente estatais ou internacionais, passam a tam-bém ser transnacionais – com surgimento fluido e fragmentado em sistemas e instituições difundidas no globo, sem pertencimento definido; os sistemas de governança, que antes eram monopólio de organismos estatais, são, em parte, transferidos a mecanismos de governança global; a unidade identitária do Esta-do – artificialmente construída e sustentada – é substituída por novas formas de identidade, que passam a conviver, de maneira plural, em Estados multicultu-rais; e o universalismo iluminista é repensado e confrontado com novas formas de universalismo, como o de confluência; dentre outros desdobramentos.

Um exemplo emblemático que ilustra bem esse redesenho do mundo é o caso dos deslocados internos, tema deste livro. Como bem aponta a presente obra “[e]m 2015, o ACNUR divulgou novos números em seu relatório anual, que mostra que o número de pessoas deslocadas aumentou para, aproximadamente, sessen-ta e cinco milhões de pessoas, ou seja, a cada um minuto, vinte e quatro pessoas são deslocadas no mundo por conflitos internos ou catástrofes ambientais”.

Pelas características do fenômeno – questões humanitárias que, apesar de não trespassarem os domínios internos dos Estados-nação, têm impactos sociais, políticos, jurídicos e econômicos transcendentes – a solução para as pessoas nesta situação de extrema vulnerabilidade exige instrumentos que se-jam adequados à atualidade da questão. A utilização das velhas categorias do direito nacional e do direito internacional (inclusive o dos direitos humanos) precisa ser repensada para problemas como o dos deslocados internos.

Com isto em mente, Eduardo Paredes, numa reflexão teórica e analítica, ora com pretensões propositivas, ora descrevendo a atual situação em que se en-contra o enfrentamento do problema, organizou suas ideias em quatro partes: que vão desde a formação de um direito internacional pós-moderno, passando pelo confronto entre a teoria clássica do Estado-nação e as novas formas de go-vernança global, bem como a construção dos direitos humanos dos deslocados internos no contexto do direito internacional dos direitos humanos, para, por fim, apresentar o cenário atual dos direitos humanos dos deslocados internos junto aos sistemas globais e regionais de direitos humanos.

A conclusão do autor, sintetizando as reflexões empreendidas, adverte que os direitos humanos dos deslocados internos atualmente se constroem sob um novo direito internacional, o da pós-modernidade. Um direito in-ternacional edificado em “uma comunidade internacional institucionalizada por meio do consenso, da pluralidade de agentes e de diversos mecanismos de governan-ça global”. São estes os mecanismos que, para Eduardo Paredes, “substituem

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os elementos do direito internacional clássico, como a sociedade internacional e o positivismo-voluntarista”. Afinal, problemas contemporâneos exigem respostas adequadas e atuais.

Portanto, aliando seus estudos interdisciplinares em sociologia, antropo-logia e direito ao seu ofício de Defensor Público Federal – com vasta experiên-cia de atuação em matéria de defesa de minorias –, Eduardo Paredes oferece ao público uma obra que, pelo tema tratado e a bibliografia utilizada, nasce original, inovadora e, em certa medida, provocativa.

Uma leitura que, apesar de jurídica, ganha terreno em outras áreas das ciências humanas, podendo ser aproveitada por quem tiver interesse no tema: seja acadêmico, profissional do direito, ou mesmo qualquer pessoa que esteja interessada em fomentar seu espectro de conhecimento para entender a pro-blemática relacionada ao tema dos deslocados internos e do direito interna-cional dos direitos humanos.

É com estas reflexões que parabenizo imensamente o autor pelo exce-lente material desenvolvido, finalizando minha pequena contribuição para a obra com a certeza de que a coroação do esforço empreendido neste belo e importante trabalho virá representada pelo seu sucesso junto ao público.

Uma boa leitura a todos e todas.Brasília/DF, 07 de janeiro de 2018.

ALEXANDRE CESAR PAREDES DE CARVALHOMestrando em Direito pela Universidade de Brasília (UnB). Gra-duado em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Procurador Federal, membro da Advocacia-Geral da União.