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Desinfeco, Acondicionamento e Vazamento de Moldes de Alginato por Alunos de GraduaoDISINFECTION, TEMPERING AND POURING OF IRREVERSIBLE HYDROCOLLOID IMPRESSIONS BY DENTAL UNDERGRADUATES

Rodrigo Othvio de Assuno e SOUZA* Romildo Antnio dos SANTOS FILHO** Helga Adachi Medeiros BARBOSA*** Denise Kanashiro OYAFUSO**** Fernando Eidi TAKAHASHI*****

RESUMODevido alta aplicabilidade do alginato e do gesso pedra na Odontologia, o presente estudo teve como proposio avaliar os procedimentos de desinfeco, acondicionamento e vazamento de moldes de alginato por acadmicos na Clnica Odontolgica da UNESP/CSJCAMPOS, bem como sugerir manobras a fim de otimizarem os resultados desses trabalhos na clnica diria. Para tanto, um questionrio com perguntas abertas e fechadas foi aplicado a 63 alunos do ltimo ano do curso de Odontologia. Baseado nos resultados, os seguintes procedimentos foram sugeridos: providenciar gua destilada para a manipulao do gesso; alertar os acadmicos sobre a importncia de uma espatulao vigorosa do gesso por no mximo 1 minuto, alm de conscientiz - los da necessidade de manter o molde sempre no umidificador depois de ter sido vertido com gesso.

ABSTRACTBecause of the high applicability of alginate and calcium sulfate, the present study had as purpose evaluate the procedures of disinfection, tempering and pouring of irreversible hydrocolloid impressions by academic students at UNESP/CSJCAMPOS odontological clinic, as well as suggest maneuvers in order to optimize the results in the daily clinic. For that, an open/close questionary was applied to 63 last year students of dentistry school. Based on the results, the following procedures were suggested in order to optimize the obtaining of the casts in the daily clinic: provide distilled water for the calcium sulfate manipulation, alert academic students about the importance of vigorous calcium sulfate spatulation for a maximum of 1 minute, beyond alerting them about the necessity of keep up the mold at the humidifier after it has been poured.

DESCRITORES Desinfeco; Colide; Sulfato de clcio.

DESCRIPTORS Disinfection; Colloid; Calcium sulfate.

* Aluno do curso de Especializao em Prtese Dentria da Universidade Paulista UNIP/SP e do Programa de Aperfeioamento Continuado (PROAC) em Prtese Parcial Fixa da UNESP/CSJCAMPO. ** Aluno do Programa de Aperfeioamento Continuado (PROAC) em Prtese Parcial Fixa da UNESP/CSJCAMPOS. *** Aluna do Curso de Graduao da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN. **** Aluna do Curso de Ps-Graduao (Doutorado) em Prtese Parcial Fixa da UNESP/CSJCAMPOS. **** Professor Assistente Doutor da Disciplina de Prtese Parcial Fixa da UNESP/CSJCAMPOS.

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SOUZA et al. - Desinfeco, Acondicionamento e Vazamento de Moldes de Alginato

INTRODUO A obteno de modelos como meio auxiliar de diagnstico, planejamento e tratamento em Prtese Dentria exige do profissional muita ateno, j que os modelos devem reproduzir com exatido os tecidos moldados e apresentar acuidade dimensional (VANZILLOTA; SOARES; FERNANDES, 2002; PHILLIPS et al., 1998). Tais aspetos merecem ateno especial quando se utiliza o hidrocolide irreversvel (alginato) como material de moldagem, desde a manipulao, armazenamento e desinfeco do molde at o vazamento do gesso. A preferncia pelo alginato prende - se ao fato de seu custo ser relativamente baixo, a facilidade de uso, dispensando equipamentos sofisticados para sua preparao (BASTOS; SOUZA, 2003; PHILLIPS et al., 1998), alm de ser de fcil limpeza e permitir o controle do tempo de trabalho (UEDA; MODAFFORE, 2001). Muitos so os trabalhos existentes e em desenvolvimento a cerca dos alginatos, principalmente no que diz respeito desinfeco, alterao dimensional e detalhes da rea chapevel dos seus moldes, objetivando uma melhora no aproveitamento de suas propriedades. Embora seja o material de moldagem mais utilizado na Odontologia, sofre grandes alteraes dimensionais toda vez que o molde no preenchido com gesso num determinado espao de tempo e em condies ambientais adequadas (SCARANELO; PEREIRA; BOMBONATTI, 2002; UEDA; MODAFFORE, 2001; ARAJO; MORAES, 1993). Tais cuidados so negligenciados pela maioria dos profissionais, levando muitas vezes ao insucesso do procedimento, e conseqentemente formao de uma imagem negativa deste material de moldagem. Com o crescente nmero de doenas infecto contagiosas, a necessidade da desinfeco dos moldes tornou - se um procedimento indispensvel nos consultrios odontolgicos. O alginato, durante a moldagem, entra em contato com a saliva, biofilme dental e sangue do paciente, podendo transmitir facilmente doenas virais (herpes, hepatite e AIDS) para o cirurgio - dentista como tambm para o corpo auxiliar (MINAGI et al., 1987; MENEZES et al., 1998; OSORIO et al., 1998; BERGMAN, 1989). Pesquisas tm demonstrado que a desinfeco dos moldes um passo estritamente necessrio (MINAGI et al., 1987; SCHUTT, 1989; MENEZES et al., 1998; TOBIAS; BROWNE; WILSON, 1989; CURTI JNIOR; CAMPANHA, 1976; CRAIG; POWERS; WATAHA, 2002). Num estudo realizado por OSORIO et al. (1998), verificou-se que dos moldes de alginato que no passaram pelo processo de desinfeco 100% apresentaram resultado positivo nas anlises de turvao dos meios de cultura e na analise

microscpica da presena de bactrias. Segundo VANDEWALLE et al. (1994), importante que o agente desinfectante, alm de possuir um potencial antimicrobiano satisfatrio, no degrade as propriedades fsicas do material de impresso e dos modelos de gesso resultantes. De acordo com BERGMAN (1989), todo molde deve ser lavado em gua corrente, para remover a saliva e o sangue, e desinfectado e vazado com gesso logo em seguida; assim, os modelos de gesso poderiam ser transferidos para o laboratrio. Tal procedimento resulta na eliminao ou reduo da distoro e numa diminuio substancial do risco de infeco cruzada. Vrias pesquisas tm sido realizadas com o intuito de determinar qual o mtodo de desinfeco mais adequado, com um objetivo nico de obter um modelo desinfectado e o mais fiel possvel. Para PHILLIPS et al. (1998) o procedimento de desinfeco de deve ser rpido, a fim de prevenir alteraes dimensionais. CUCCI et al. (1984) acrescentou ainda que o molde deve ser armazenado em ambiente de umidade relativa a 100%, durante o perodo transcorrido desde a moldagem at o vazamento com gesso. Alm dos cuidados que se deve ter com o molde, o gesso tambm merece ateno especial, principalmente no que diz respeito sua manipulao, proporo gua/p e seu armazenamento durante a presa. O primeiro passo para uma manipulao correta do gesso, utilizar a quantidade de gua e de hemiidratado indicados pelo fabricante de cada produto, porque tanto o excesso quanto a falta de gua na mistura afetam a resistncia do modelo (PHILLIPS et al., 1998). interessante notar que o tempo de espatulao tambm influencia na resistncia final do gesso (PEREIRA et al., 2002). Devido alta aplicabilidade desses materiais na Odontologia, o presente trabalho tem como proposio analisar e sugerir procedimentos relacionados desinfeco, acondicionamento e vazamento dos moldes de alginato com gesso, para a obteno de melhores resultados nas Clnicas Odontolgicas.

METODOLOGIA Para o desenvolvimento desta pesquisa um questionrio foi aplicado a 63 Graduandos do ltimo ano do Curso de Odontologia da Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho UNESP/CSJCAMPOS. O questionrio aborda aspectos importantes, como: a realizao, tipo e tempo de desinfeco do molde; proporo gua/gesso; tipo de gua utilizada; espatulao do gesso; vazamento e presa do gesso.

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SOUZA et al. - Desinfeco, Acondicionamento e Vazamento de Moldes de Alginato

Modelo do Questionrio Faculdade de Odontologia/ UNESP/CSJCAMPOS PESQUISA: Desinfeco, Acondicionamento e Vazamento dos Moldes de Alginato por Alunos de Graduao da UNESP/CSJCAMPOS. N-----------1-Desinfeco do molde Sim ( ) No ( ) 2-Tipo de Desinfeco Spray de glutaraldedo a 2% em recipiente fechado ( ) Spray de hipoclorito de sdio a 1% em recipiente fechado( ) Imerso em glutaraldedo a 2% ( ) Imerso em hipoclorito de sdio a 1% ( ) Outros: -------------------------------3-Tempo de Desinfeco 10 min ( ) 30 min ( ) 1h ( ) Outro: -------4- Proporo gua/gesso Aleatria ( ) Peso/Volume ( ) 5-Tipo de gua Destilada ( ) Torneira ( ) Bidestilada ( ) 6-Espatulao do Gesso Manual ( ) Mecnica ( ) 7-Vazamento do Gesso Manual ( ) Auxlio do vibrador ( ) 8- Presa do Gesso No umidificador ( ) Ao ar livre ( )

Tabela 3 - Proporo gua/gesso. Proporo Aleatria Peso/volume Total Freqncia 16 47 63 (%) 25,40 74,60 100,0

Tabela 4 - Tipo de gua utilizada.gua Torneira Total Freqncia 63 63 (%) 100,0 100,0

Tabela 5 - Espatulao do gesso. Espatulao Manual Total Freqncia 63 63 (%) 100,0 100,0

Tabela 6 - Vazamento do gesso. Vazamento Com auxlio do vibrador Total Freqncia 63 63 (%) 100,0 100,0

Tabela 5 - Presa do gesso.Presa Freqncia 63 63 (%) 100,0 100,0 Ao ar livre Total

RESULTADOS Os dados foram obtidos atravs da aplicao do questionrio e foram analisados e representados em seguida na forma de tabelas, em valores numricos e percentuais.Tabela 1 - Desinfeco do molde. Desinfeco Freqncia Realizam No Realizam Total 54 09 63

DISCUSSO O presente estudo procurou abordar aspectos que devem ser seguidos a fim de se obter resultados satisfatrios na desinfeco do molde e qualidade final do modelo. Observou - se que o processo de desinfeco do molde de alginato realizado por 85,71% dos alunos (Tabela 1). Segundo Craig e Powers (2004) todos os moldes de alginato devem ser desinfetados antes de serem vazados com gesso. Recomendaes para a diminuio dos riscos de infeces cruzadas entre o consultrio dentrio e o laboratrio dental tambm tm sido feitas pela Associao Dental Americana (ADA) e apenas a utilizao de solues desinfetantes que pode evitar tal contaminao cruzada. Esse procedimento de fundamental importncia para a preveno de doenas, alm de que, quando corretamente conduzido, no provoca alterao na moldagem (NASCIMENTO et al., 1999; TULLNER; COMMETTE; MOON, 1988; CRAIG; POWERS, 2004).

(%) 85,71 14,29 100,0

Tabela 2 - Tipo e tempo de Desinfeco do molde.

Tipo de Desinfeco

Freqncia05

(%)9,26

Spray de glutaraldedo a 2% - recipiente fechado / 10 min. Spray de glutaraldedo a 2% - recipiente fechado / 10 min.Total

4954

90,74100,0

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De acordo com a Tabela 2, 90,94% dos alunos que realizam a desinfeco utilizam o hipoclorito de sdio a 1% na forma de spray, durante 10 minutos e o restante, 9,26%, utiliza o glutaraldedo a 2% na forma de spray. Como os moldes de alginato so muito sensveis a alteraes ambientais, durante a desinfeco devem ser mantidos em recipiente fechado a 100% de umidade, seja em um saco plstico fechado ou em um umidificador (NASCIMENTO et al., 1999; CRAIG; POWERS, 2004; CUCCI et al., 1984). Segundo Barbosa et al. (2003), os moldes de alginato expostos a condies ambientais durante 15 minutos sofrem alterao dimensional, entretanto mantm a sua estabilidade quando armazenados no umidificador durante o mesmo perodo. Segundo Bergman, Maud e Olson (1985) e Olsson, Bergman e Bergman (1987), as solues desinfetantes na forma de spray apresentaram resultados superiores quando comparada forma de imerso. J para Vanderwalle et al. (1994) e Osrio et al. (1998), a imerso dos moldes de alginato em solues desinfetantes durante 10 minutos, um mtodo eficaz de desinfeco, alm de no provocar nenhuma alterao no modelo de gesso. Entretanto, a maioria dos estudos tm demonstrado que o hipoclorito de sdio 1% na forma de spray o mtodo mais indicado para a desinfeco dos moldes de alginato, uma vez que esta substncia na forma de imerso tende a corroer as moldeiras metlicas, alm de consumir mais material. J o glutaraldedo a 2% embora seja to eficaz quanto o hipoclorito de sdio 1%, deve ser evitada, pois a inalao do aldedo altamente txica ao nosso organismo (COUNCIL ON DENTAL MATERIALS, 1998; Menezes et al., 1998; NASCIMENTO et al., 1999; TAN et al., 1993; CRAIG; POWERS, 2004). Com relao proporo gua: gesso constatou - se que 74,6% dos graduandos pesam o gesso e medem a gua para o processo de espatulao, e apenas 25,4% manipulam o gesso aleatoriamente (Tabela 3). A prtica comum e repetida de se adicionar gua e p vrias vezes para conseguir a consistncia adequada deve ser evitada, pois provoca expanso higroscpica e distrbios na presa do gesso, causando, respectivamente, diminuio da resistncia e distoro do modelo final (PEREIRA et al., 2002). Segundo Phillips et al. (1998), a relao correta gua:p um fator importante para determinar as propriedades fsicas e qumicas do produto final da gipsita. Tal afirmao pde ser comprovada nos estudos de Vanzillotta, Soares e Fernandes (2002), onde avaliando a resistncia compresso e as microestruturas do gesso tipo V, concluram que uma alterao na proporo gua:p, independente do tipo de manipulao utilizada, causar uma diminuio da resistncia compresso desse modelo. Embora seja tentador aumentar o tempo de presa, aumentando-se a quantidade de gua, isso no

aconselhvel, j que a resistncia do material reduz a resistncia do modelo, pois haver a formao de lacunas no gesso aps a evaporao da gua em excesso. Portanto, crucial proporcionar o p e a gua corretamente (CRAIG; POWERS; WATAHA, 2002). A alta incidncia de acadmicos da UNESP que pesam o gesso e medem a gua para a espatulao do mesmo, deve - se presena de balanas e provetas suficientes para atender as necessidades dos graduandos na Clnica de Prtese Dentria da UNESP/CSJCAMPOS e da disposio de pacotes de gessos previamente pesados (100gr) pelos funcionrios da clnica, cabendo ao aluno o cuidado apenas de medir a gua a ser utilizada na espatulao. No que diz respeito ao tipo de gua empregada na manipulao do gesso, a gua de torneira foi a utilizada por todos os acadmicos, uma vez que a sua obteno mais fcil e de maior comodidade (Tabela 4). Entretanto, sempre que possvel a gua destilada deve ser utilizada, pois sabe - se que a gua de torneira apresenta uma grande quantidade de elementos qumicos em sua composio, particularmente de sais a base de sulfetos e fluoretos, que podem interferir na reao de presa do gesso (MILLER; GRASSO, 1990; BASTOS; SOUSA, 2003). Uma outra preocupao com relao temperatura da gua utilizada na manipulao do gesso. De acordo com Craig e Powers (2004), a elevao da temperatura da gua aumenta a mobilidade dos ons de clcio e de sulfato, o que tende a aumentar a velocidade de reao e diminuir o tempo de presa do gesso, alm de alterar a solubilidade relativa do sulfato de clcio hemiidratado e do sulfato de clcio diidratado. Segundo Craig, Powers e Wataha (2002) e Anderson (1976), se a temperatura da gua elevada acima de 37,5C o tempo de presa aumenta, porque o diidratado se torna mais solvel em gua, entretanto, se a gua utilizada atingir 100C, o gesso no ir tomar presa. Sendo assim, com a utilizao da gua de torneira (Tabela 4), no se tem um controle da sua temperatura, principalmente nas pocas quentes. Portanto, seria melhor obter uma mistura resfriada a uma aquecida. A espatulao tambm um passo extremamente importante, pois est diretamente relacionada ao tempo de presa do gesso e resistncia final do modelo. Freqentemente, uma espatulao inadequada causada pelo receio de que o material tome presa antes de ser vazado, entretanto tal receio no justificvel, a no ser que o gesso contenha aceleradores. De acordo com Craig, Powers e Wataha (2002) e Phillips et al. (1998), quando o gesso misturado manualmente, a gua e o p devem ser espatulados vigorosamente durante 1 minuto. J na espatulao mecnica, ainda aconselhado mexer

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manualmente o p e a gua por alguns segundos e s em seguida levar para o misturador mecnico por mais 30 segundos, pois s assim teremos uma espatulao eficiente. O tempo de espatulao est diretamente relacionado com a resistncia final do gesso, pois tanto uma sub espatulao quanto uma superespatulao diminuem a resistncia do modelo. Neste trabalho foi constatado que todos os graduandos realizam a espatulao manual (gral e esptula) para a obteno dos modelos de gesso (Tabela 5). Embora a espatulao manual satisfaa as exigncias clnicas, a espatulao mecnica gera modelos com resistncia trao superior, por incorporar uma quantidade menor de bolhas (PEREIRA et al., 2002; KIMBALLI, 1934). A mquina utilizada para a manipulao do gesso trabalha como uma centrfuga, numa alta velocidade, misturando o gesso e forando o ar para fora, da a explicao de uma menor presena de bolhas no modelo quando comparada com a tcnica manual (ROSE, 1982; CRAIG; POWERS; WATAHA, 2002; ANDERSON, 1976). Alguns estudos tm demonstrado que quando se utiliza a espatulao mecnica, o tempo de presa e expanses de presa do gesso diminuem (ARAJO; NOLASCO, 1972; NOLASCO et al., 1990). Contudo, de acordo com Lima (1982), as tcnicas de espatulao (manual a cu aberto e mecnica a vcuo) no modificaram a expanso de presa do gesso estudado. Portanto, devido necessidade de um equipamento especial, parece-nos ento que a espatulao mecnica est restrita aos trabalhos cientficos. Outro passo importante na confeco do modelo de gesso o vazamento do molde. Nesta pesquisa constatou - se que 100% dos alunos utilizam o vibrador como meio auxiliar para o vazamento dos moldes com gesso (Tabela 6). De acordo com os estudos de Kimbali (1934), os modelos de gesso que foram vazados com o auxlio de um vibrador obtiveram uma resistncia de seis a oito por cento maior que os vazados manualmente. Verificou ainda que quando a espatulao mecnica associada ao uso do vibrador, obtm - se modelos aproximadamente 40% mais fortes. Esse aumento da resistncia explicado pelo fato da vibrao minimizar a incluso de bolhas de ar no interior do gesso, que por sua vez geram porosidades no modelo diminuindo a resistncia, e por gerar uma excelente compactao do gesso no interior do molde (PEREIRA et al., 2002; ANDERSON, 1976). Dessa forma importante que vibradores estejam disponveis aos graduandos, a fim de melhorar o resultado dos trabalhos na clnica. Como constatado neste estudo (Tabela 7), no que diz respeito ao acondicionamento do molde de alginato vertido com gesso, verificou-se que todos os ),

graduandos questionados deixam a presa do gesso ocorrer ao ar livre. Contudo, vrios trabalhos ressaltam a importncia da presa do gesso sempre ocorrer em uma atmosfera com 100% de umidade, seja em um umidificador ou no interior de um saco plstico fechado contendo uma gaze mida (ANDERSON, 1976; UEDA; MODAFFORE, 2001). Scaranelo et al. (2002) verificaram em seus estudos que quando se utilizou um meio de armazenamento para o molde de alginato, permitindo que o gesso em seu interior tomasse presa final, uma menor alterao dimensional ocorreu. A explicao para este fato que como o alginato perde gua para o meio ambiente, ele absorve gua da superfcie do gesso durante o endurecimento deste, alterando a proporo gua:hemiidratado. Um outro motivo para a utilizao do umidificador, de acordo com Craig, Powers e Wataha (2002), impedir que os moldes de alginato sequem aps serem vazados com gesso, pois eles se tornam rgidos e inflexveis, aumentando o risco de fratura dos dentes no momento da remoo do molde. Os acadmicos consultados deveriam ter uma preocupao maior com o molde depois de vazado com gesso, pois trata - se uma etapa to essencial ao resultado final dos trabalhos clnico-laboratoriais quanto todas as outras analisadas anteriormente, alm de ser de fcil execuo e no demandar muito tempo para exerc - la.

CONCLUSES Baseado nos resultados deste estudo pde - se concluir que: 1) A maioria dos alunos realiza a desinfeco dos moldes de alginato; 2) A balana e a proveta so utilizadas pela maioria para proporcionar a quantidade de gua e de gesso na espatulao; 3) A gua destilada no utilizada para espatulao do gesso; 4) A espatulao mecnica no utilizada na clnica diria; 5) O vibrador utilizado por todos os graduandos como meio auxiliar para o vazamento do gesso; 6) O umidificador no utilizado como meio de armazenamento do molde durante a presa do gesso.

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