design grafico como agente estratégico
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Design Grafico como Agente Estratégico - Cap. 1 e 2TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI
ANDRÉ KATO
CAMILA COSTA
CAROLINA PROENÇA
DANIELA MACHADO
JÉSSICA GIANI
NATÁLIA SANTOS
VICTOR DE DIO
O DESIGNER GRÁFICO COMO AGENTE ESTRATÉGICO:
AMPLIANDO A EXPERIÊNCIA DO CONSUMIDOR
POR MEIO DO DESIGN THINKING
São Paulo
2015
ANDRÉ KATO
CAMILA COSTA
CAROLINA PROENÇA
DANIELA MACHADO
JÉSSICA GIANI
NATÁLIA SANTOS
VICTOR DE DIO
O DESIGNER GRÁFICO COMO AGENTE ESTRATÉGICO:
AMPLIANDO A EXPERIÊNCIA DO CONSUMIDOR
POR MEIO DO DESIGN THINKING
Trabalho apresentado como exigência parcial
para a disciplina de Conclusão de Curso, do
curso de Design Gráfico da Universidade
Anhembi Morumbi, sob a orientação do Prof.
Luciano Tavares.
São Paulo
2015
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
1. TABELA MARCAS MAIS AMADAS PELOS BRASILEIROS EM 2014.....19
1. GESTÃO DE MARCAL...............................................................................26
1. gestão de marca .......................................................................................... 27
1. gestão de marca ..........................................................................................27
1. gestão de marca .......................................................................................... 28
1. gestão de marca .......................................................................................... 36
1. gestão de marca .......................................................................................... 37
14
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................................................14
1. gestão de marca PARA QUEM?................................................................15
Origens e evolução......................................................................................15
Error: Reference source not found..............................................................21
O que é Design Thinking?...........................................................................22
........................................................................................................................27
2.1 Estudo de caso: ?..................................................................................22
2.2 Design Thinking como estratégia..........................................................31
ERROR: REFERENCE SOURCE NOT FOUND......................................................33
3. RESUMO DO CAPITULO 3: A IMERSÃO NO PROJETO.........................42
........................................................................................................................44
15
INTRODUÇÃO
Com a evolução do mercado ao longo dos anos, a economia passou a não
ser mais apenas voltada para a indústria e produção de bens, mas sim para o
consumidor. Diversos investimentos são efetuados com o objetivo de compreender e
se aproximar dos consumidores, diferenciando-se da concorrência. Nessa
competição os valores de marcas são fatores críticos de sucesso para as
organizações, independentemente da área de atuação, marcas fortes representam
vantagem competitiva. Isso ocorre por que a força da marca está diretamente
relacionada às experiências que os consumidores finais terão, principalmente a
experiência ligada ao aspecto emocional, fator extremamente importante na decisão
de compra, tornando-se um grande diferencial no mercado. GOBÉ (2002) entende
como marcas emocionais aquelas que após determinado tempo, consegue ter a
capacidade de falar com o seu cliente em um nível muito mais profundo do que as
outras, envolvendo-os no nível das emoções, fato que acaba criando uma conexão
muito mais profunda e de longo prazo.
Para uma empresa entender o cliente e gerar uma experiência relevante
surge a gestão de design, modelo em que o foco é compreender os consumidores e
gestores, para assim evoluírem em conjunto. Diferentemente da gestão padrão, em
que o foco está apenas no aumento de produtividade e economia de mão de obra,
não necessariamente em entender o consumidor final. Segundo LOCKWOOD
(2009), para as empresas é fundamental a busca por novas estratégias, além das
análises financeiras, pois será a partir dessas inovações que a empresa realmente
vai entender o que o consumidor necessita ou espera de um produto ou serviço. A
gestão de marca surgiu, então, como uma das prioridades das companhias em
decorrência da noção de que compreender o consumidor e como ele percebe a
marca, acrescenta valor à empresa, pois isso atrai consumidores, fortalece vínculos
e com o tempo, cria fidelidade. Uma das metodologias mais eficazes para um
entendimento mais profundo do consumidor é o design thinking, que soma o que é
desejável do ponto de vista do cliente com o que factível e economicamente viável.
Ele se baseia na capacidade da intuitividade e no reconhecimento dos padrões para
a construção de ideias que são emocionalmente significativas e funcionais, todo o
16
trabalho é realizado contando com a capacidade e necessidade dos consumidores,
com o objetivo de fornecer novas estratégias que resultarão em inovação, gerando
crescimento da empresa, processos mais eficazes e novas oportunidades de
mercado. A imersão em design thinking é essencial nesse contexto, pois será a
ferramenta que integrará os modelos de gestão. O presente trabalho tem por
objetivo compreender as relações entre consumidor, marca e experiência de marca,
usando a gestão de design e o design thinking, assim como aplicar a metodologia
para a construção da estratégia de gestão da marca de modas Meeu.
1. GESTÃO DE MARCA PARA QUEM?
A palavra “gestão”, segundo o dicionário MICHAELIS (2014), significa o “ato
de gerir; gerência, administração”. O gerenciamento de marcas ou branding é a
parte de gerenciamento relativa ao planejamento e a implementação da marca,
visando o desenvolvimento e controle das diversas expressões da marca, por meio
da organização de ações estratégicas de construção e projeção mercadológica.
Conforme PONTES et al., (2009) afirmam, a gestão de marca tem como principal
objetivo exaltar e evidenciar a qualidade e os serviços, para isso recorre tanto a
publicidade quanto também a relações publicas. Essas ferramentas ajudam a
construir a boa imagem da marca exaltando a qualidade dos serviços e minimizando
opiniões negativas e demais fatores que possam de alguma forma denegrir a
imagem da marca. A construção de uma identidade corporativa é o mais explícito
dos canais que contribuirão para a gestão de marca, independentemente do
segmento de mercado do qual a empresa faz parte, uma identidade visual forte é
imprescindível, pois é o modo como os consumidores a reconhecem e como vão
construir suas experiências. Nela estão enraizados valores e atributos tangíveis e
intangíveis. A partir de estímulos busca-se conduzir a formação de imagens mentais
e associações no público-alvo. Logo, quando as empresas constroem uma
identidade forte, os consumidores passam a relacionar a marca a determinados
valores, sejam eles bons ou ruins.
17
[...] a Identidade corporativa não se restringe, como pensa a maioria,
ao desenho, nome ou slogan. Tudo em uma empresa precisa estar
integrado para formar aquilo que entendemos por identidade
corporativa: ética, responsabilidade social e ecológica, dentre outros
valores e fatores. Os produtos, serviços, atendimento, pessoas e
produção fazem parte de um sistema de comunicação que é percebido
pelos consumidores como elementos de Identidade de uma marca,
que eles podem escolher ou não para comprar ou se relacionar.
(MARTINS, 2006, p.106.107)
Portanto, a gestão de marca é um trabalho bastante complexo, porque
envolve diversas áreas de estudo, pesquisas estratégicas e da determinação de
objetivos de médio e longo prazo. A execução dessas ferramentas afeta diretamente
a imagem da empresa que resulta em um grande diferencial mercadológico, um
exemplo a cerca de marcas que investem muito na sua imagem são as chamadas
Lovebrands, ou marcas “super amadas” e as “Top of Minds” que são as marcas que
primeiro vem a mente do consumidor quando citada alguma categoria de produtos,
chega-se nesse ponto quando o relacionamento com o cliente é tão solido e
eficiente que a marca acaba muito amada a ponto de não ser facilmente substituída
por marcas similares de concorrentes. No Brasil podemos citar o caso de O
Boticário1, eleita a marca mais amada dos brasileiros em 2014, para chegar a essa
conclusão foram analisados cerca de 40 atributos relacionados a temas como
qualidade do produto, identidade aspiracional, disposição dos clientes, presença
ativa nas redes sociais, lealdade dos consumidores, apego emocional, entre outros.
Nesse estudo realizado em 2014 foram entrevistados 1.472 brasileiros, das classes
socioeconômicas A, B e C com idades entre 18 e 59 anos nas principais regiões do
pais, no gráfico abaixo podemos constatar mais marcas que são amadas por seus
consumidores e investem cada vez mais em sua relação:
1 Pesquisa realizada pelo Centro de Inteligência Padrão e pela consultoria Officina Sophia.
18
Tabela 1 - Marcas mais amadas pelos brasileiros em 2014
Fonte: Centro de Inteligência Padrão
Podemos concluir a partir do estudo apresentado que a gestão evoluiu
consideravelmente - de simples marcação para identificar produtos e cargas, como
veremos mais à frente neste trabalho, até marcas muito bem desenvolvidas
estrategicamente, visando não somente chamar a atenção do consumidor final, mas
criar vínculo emocional e de confiança.
1.1 Origens e evolução
Desde a antiguidade já existiam diversas formas de promover mercadorias e
serviços, com base na diferenciação. PINHO (1996) comenta que tanto no Egito
quanto em Roma e na Grécia já havia a preocupação de tornar as mercadorias
distintas entre si, os métodos mais utilizados eram selos, siglas, símbolos e cores,
todos eles bastante eficazes, pois na época não havia grande concorrência.
Somente na Idade Média houve a exigência de se diferenciar a procedência e o
comerciante ao qual a mercadoria pertencia, por conta da evolução da moeda e das
transações nacionais e internacionais. Grupos de comerciantes começaram a criar
tipos específicos de selos para qualificar seus produtos e manter o monopólio. O
método configurou uma proteção para o consumidor, que poderia facilmente
19
identificar as origens da mercadoria e descobrir se era ou não falsa, ocorrência
bastante comum na época.
As marcas individuais tornaram-se obrigatórias e adquiriam, já no
século XI, um sentido comercial, com o surgimento das comunas e
cidades e com a divisão do mercado, trabalho e competência. As
operações comerciais eram efetuadas longe do centro produtor,
deixando de existir uma relação direta entre o produtor e o comprador.
Assim, a marca era o elemento que estabelecia um vínculo entre o
fabricante sediado na cidade de origem do produto e o consumidor
que estava em lugar distante. Por meio dela, o comprador tinha
assegurada a garantia de qualidade do produto e podia reclamar
quando a mercadoria não apresentasse as qualidades devidas.
(PINHO, 1996, p.12)
Os comerciantes então passaram a ostentar suas marcas mais por conta de
golpes e fraudes que do que por conta da concorrência, pois as fraudes poderiam
“manchar” a imagem de excelência que as marcas possuíam. Desse momento em
diante, o conceito de marca de comércio começa a naturalmente evoluir juntamente
com o mercado econômico e seus consumidores. Com o início da Revolução
Industrial na Inglaterra e o aumento significativo da produção de bens, há uma
radical transformação no mercado, obrigando os fabricantes a assumir de vez a
marca, tanto por conta do aumento drástico da concorrência como também o fato
que as vendas de mercadorias se destinavam para regiões cada vez mais distantes.
No final do século XIX as marcas ganham maior destaque, pois até então somente
existiam em função do produto, com as promoções de marca, teve-se o início de
uma nova era, a marca se tornou tão ou mais importante do que os produtos que ela
promovia, deixando de apenas sinalizar para gerar um significado ao consumidor.
Aaker (1991) diz que um dos fatores que diferencia o marketing atual é justamente
a importância dada a criação das marcas. Nesse período, o marketing descobriu o
poder das marcas como forma única de apelo de consumo, com características
intangíveis, valores, sentimentos e ideias, além das funções já conhecidas de
distinção e identificação. Apesar dessa evolução, a questão de marca se tornou um
assunto ainda mais sério para os negócios em meados da década de 80, quando as
transformações procedentes dos avanços tecnológicos e da globalização
20
transformaram profundamente o mercado e a forma de se comunicar com o
consumidor, desde a Revolução Industrial o mercado não se alterava com tamanha
intensidade e velocidade.
“El desarrollo decisivo de la marca se produjo con la industrialización
de Occidente, y especialmente con la Segunda Revolución Industrial.
La producción masiva y la macrodistribución dieron el impulso
definitivo a las marcas”. (BASSAT, L.,2006, p. 43)
As novas tendências obrigaram as empresas interessadas em continuar no
mercado a reavaliar as formas de gestão. O estudo dessas tendências originou a
descoberta de que as marcas poderiam desempenhar papel mais importante do que
somente a identificação e promoção, como por exemplo, gerar significado e valor
para então serem comercializadas por quantias mais elevadas. A partir dessa
concepção deu-se a evolução das marcas, que tiveram seu efeito intensificado pelo
uso de novos instrumentos de comunicação mercadológica e de estratégias de
comunicação, a fim de tentar compreender o que norteia o consumidor e como criar
vínculos para influencia-los. Apesar de todos os esforços, ainda é um tanto difícil
definir o conceito marca, determinar a lealdade do consumidor e perceber os
vínculos, mesmo com os grandes investimentos, não é tarefa simples reconhecer
que esses esforços são importantes a longo prazo.
De acordo com Gomes Filho et al. (2008), a participação do campo de design
na organização de uma empresa pode ser visto sob quatro estágios: no primeiro, a
empresa não utiliza o design, a funcionalidade e a estética ficam a cargo de outras
áreas da empresa. No segundo estágio, o design é identificado apenas como estilo,
sendo adotado na fase de acabamento de detalhes gráficos do produto. No terceiro,
o design é visto como processo e inserido no método de trabalho integrado todos os
estágios do processo ao lado das demais áreas envolvidas. E finalmente, no quarto
estágio o design é tratado como estratégia, por exemplo, ao ser usado como
ferramenta de apoio à inovação no ambiente de trabalho e considerado elemento-
chave no processo de desenvolvimento de produtos e serviços da organização. As
ações de branding na organização propõem o desenvolvimento e manutenção da
marca, o processo se estabelece nos níveis tático e estratégico da empresa, para
21
criar, expressar ou comunicar um conceito e um conjunto de valores da marca e
gerenciar a composição positiva da imagem no mercado. O desenvolvimento dos
conceitos de produto e serviço considera que os produtos fazem parte de bens
tangíveis e os serviços fazem parte dos bens intangíveis, essa ligação se consolida
nas expressões da própria marca, onde o símbolo acaba por representar o capital
simbólico da empresa. “A marca tornou-se tão importante que passou a ser a razão
de ser da empresa, o seu ativo mais valioso e a garantia de sua perenidade”
(GRACIOSO, 2004, p.27).
O conceito de símbolo reúne os aspectos perceptíveis da realidade física com
sensações, sentimentos e ideias registrados na mente, de acordo com os valores da
cultura de consumo e da cultura vinculados à marca. Na compra e no consumo de
um produto ou serviço identificado por uma marca, além dos valores financeiros e de
uso, vem também um conjunto de valores que já estão ligados a ela. Oferecem
benefícios intangíveis, como por exemplo, o status vinculado a compra de um carro
melhor e mais moderno e a autoestima decorrente da compra perante aos que não
podem compra-lo.
As estratégias baseada em produtos de design e identidade coorporativa, de
acordo com RAVASI E LOJACONO (2003, apud MARTINS, 2004), apresentam um
modelo conceitual para delimitar e fortalecer as estratégias da organização. A
coordenação de mudanças estratégias encontra-se em focar ou redefinir os
elementos de identidade da organização e o fundamento de seus produtos. Nesse
processo, o design não representa somente o resultado, mas se torna um norteador
da mudança, quando o produto ou a identificação visual são usados para expressar
a essência do novo curso estratégico e novo posicionamento de marca. A renovação
contínua é resultado de um incessante processo de geração e escolha de novos
projetos, modelo que traduz a mudança estratégica como processo auxiliado pelo
design, no qual designers internos e externos representam a fonte primária de
geração de ideias para novos produtos ou aprimoramento dos já existentes, num
ciclo sucessivo.
1.2 Design para Inovação
Segundo SOARES (2002) a gestão de design pode ser representada como
uma atividade estratégica utilizada por designers a fim de estruturar e moldar um
22
perfil da empresa baseado nos produtos desenvolvidos e/ou na identidade visual
que a representa. O início da gestão de design, se dá por volta dos anos 60, na
Inglaterra, através um escritório de design e seus clientes, mas já se indicava uma
nova atribuição de “gerenciamento pelo design”, onde a missão seria proporcionar
uma condução eficaz dos projetos e estabelecer uma boa comunicação entre
escritório e clientes, considerava ainda que a atividade seria exercida por um
gerente da empresa, pois o mais importante era a finalidade, ou seja, uma boa
comunicação. Segundo o Manual da Gestão de Design (1997), conceitua-se o
design como peça principal para a incorporação de novas estratégias, um processo
a ser gerenciado, uma vez que é trabalhado de forma multidisciplinar, conforme
também atesta Mozota (2003) a gestão de design possui dois objetivos primordiais,
sendo eles juntar gestores, designers e consumidores e faze-los trabalhar de forma
colaborativa, assim ambos os lados podem se compreender melhor, favorecendo o
gerenciamento das atividades e também a definição de métodos de gestão para
integrar a empresa.
A gestão decorre de um design estratégico que busca a inovação e o
atendimento às expectativas, analisando características tanto da empresa quando
do consumidor, através da integração entre setores. Ela apresenta que profissionais
de várias áreas de dentro da empresa devem trabalhar juntos em todas as etapas da
criação, resultando em produtos mais funcionais e eficazes, pois os seus aspectos
foram pensados e desenvolvidos atendendo a exigências de várias áreas. As
características distintivas da gestão de design são a identificação e a comunicação
de caminhos pelos quais o design contribuiria com o valor estratégico da empresa, é
em outras palavras, o desdobramento do design na empresa para ajudá-la a
construir a sua estratégia e complementar processos, o que implica dois aspectos: a
incorporação do design na empresa em nível operacional e o da gestão de design
da empresa. O primeiro item é o responsável pelo processo de criação e pela busca
de inovação das formas de design, e o segundo responsável pela concepção do
design referente aos processos da empresa. Novas avaliações sobre o que é design
refletem na maneira como ele é feito, pensá-lo como a construção de experiências
incide na necessidade de saber construir uma experiência voltada para o
consumidor, já que o mesmo é o objetivo final. (MOZOTA, 2002 apud CASTEIÃO,
2006),
23
1.3 O que é Design Thinking?
O mercado está cada vez mais competitivo e diferente, e acaba sendo uma
exigência pensar distintivamente para manter-se concorrendo no mercado. O design
thinking sendo uma ferramenta cada vez mais utilizada para “pensar diferente”
apesar de não ser um novo conceito ou nova prática, pois existe desde o surgimento
do design, de acordo com VIANNA et al. (2012), o design thinking se refere à
maneira de o designer pensar, utilizando o pensamento abdutivo, no qual busca-se
formular questionamentos pela apreensão ou compreensão dos fenômenos, o
design thinking também é definido como
Essencialmente um processo de inovação centrado no ser humano
que enfatiza observação, colaboração, rápido aprendizado,
visualização de ideias, rápido protótipo de conceitos e análise de
negócio concorrente, o qual influencia inovação e estratégia de
negócio. (LOCKWOOD, 2009, p.11)
Segundo BROWN (2008), o design thinking é uma metodologia que soma
atividades de inovação com as necessidades dos usuários, a inovação é
complementada por um entendimento mais aprofundado adquirido pela observação
sobre que as pessoas realmente desejam, sobre o que gostam ou não em algum
produto ou serviço. BUCHANAN (1992, apud HIDANI, 2013) diz que deve ser
utilizado para a compreensão das novas artes liberais da cultura tecnológica, pois
possibilita a integração concreta de conhecimento que combina teoria e prática para
novos fins produtivos.
Contando que a inovação leva à diferenciação no mercado e que justamente
o design leva à inovação, o design thinking é fator essencial para as organizações
obterem inovação e, consequentemente, mais competitividade. Brown (2008) afirma
que ele começa com as habilidades que os designers aprenderam no decorrer do
tempo, como a de alinhar as exigências dos seres humanos ao recurso tecnológico
disponível na organização, na intuição, na habilidade de reconhecer padrões e
construir ideias com significado emocional e funcional. LOCKWOOD (2009) delimita
cinco aspectos-chave que são próprios do design thinking, o primeiro é obter
profundo conhecimento a cerca do consumidor e do público alvo por meio da
pesquisa de campo, o autor argumenta que a capacidade de compreensão
24
emocional e estética é uma grande fonte de inspiração para descobrir necessidades,
geralmente a pesquisa envolve observação e discussão com os usuários. O
segundo aspecto é o da participação do usuário na organização de grupos
multidisciplinares, o terceiro aspecto é sobre ser capaz de apressar o processo de
aprendizado por meio da visualização, da experimentação e da criação de protótipos
para testar as ideias, o quinto aspecto é sobre ideação. O designer deve ser capaz
de gerar insights e visualizar conceitos para então prosseguir ao ultimo aspecto,
onde integrará a análise de negócio durante todo o processo e não somente no final.
O design thinking possibilita o pensamento integrativo, agrupando e adaptando
ideias criativas com aspectos estratégicos tradicionais com o intuito de compreender
um novo ponto de vista mais completo e diferente. Sintetizando, os atributos do
design thinking são: habilidade de criar o futuro em vez de reagir à condição
presente; ser colaborativo e empático; integrativo; analista e criativo.
Com o levantamento teórico percebe-se que há diversos autores que tratam
do assunto com metodologias e técnicas diferentes ou bastante similares. Três
autores contrastantes entre si por adotarem ferramentas próprias. Foram escolhidas
três autores para o estudo das técnicas do design thinking, são eles: VIANNA et al.,
IDEO e ELLEN LUPTON, com os respectivos livros Design Thinking: Inovação em
Negócios(2012), Human Centered Design (2011) e Graphic Design Thinking (2013).
Os autores possuem uma série de técnicas e fluxos para entender a real
necessidade dos consumidores, convidá-los a participar da criação e aplicá-las na
empresa desejada.
Vianna et al. (2012)
Os autores afirmam que a principal tarefa do designer é identificar problemas
e gerar soluções. Ressaltam que enquanto uma pesquisa de mercado baseia-se
principalmente em dados estatísticos coletados de questionários, o design thinking
se fundamenta em dados qualitativos extraídos principalmente da interação entre as
equipes e usuários, obtendo dados que talvez não fossem possíveis usando
somente um questionário. Os autores dividem sua abordagem metodológica em
quatro fases, embora deixem claro que o design thinking tem natureza bastante
versátil e não linear, sendo possível moldar e configurar as fases de forma que se
adequem à exigência de cada projeto. As fases são compostas pela Imersão (coleta
25
de informações, pesquisas, contato com equipe e usuários), Análise e Síntese
(compilação e organização dos dados coletados na fase de Imersão), Ideação
(geração de ideias a partir da análise dos dados da imersão) e a Prototipação (na
qual os protótipos são construídos, testados e caso seja preciso, alterados). VIANNA
et al. (2012) propõem as fases na ordem abaixo:
Figura 1 – Fluxo apresentado por Vianna (2012)
Fonte: Adaptado pelos autores.
IDEO (2011)
A metodologia de IDEO (2011) fundamenta-se nas três lentes do HCD
(Human-Centered Design): desejo (o que as pessoas realmente desejam),
“praticabilidade” (o que é possível técnica e organizacionalmente) e viabilidade (o
que é viável financeiramente). A solução do problema deve sempre obedecer a
essas três leis e atingir o equilíbrio entre as mesmas.
Figura 2 – Estrutura de equilíbrio apresentado por IDEO (2012)
Fonte: Adaptado pelos autores.
26
Nessa metodologia, o processo começa com um desafio estratégico
específico e continua por três fases: Ouvir (entender as exigências dos
consumidores), Criar (traduzir, juntar e organizar as informações obtidas, gerar
ideias e desenvolver os protótipos) e Implementar (implantar e executar a solução e
realizar o monitoramento). Para se atingir o objetivo em cada fase existe uma série
de ferramentas que, assim como a metodologia de VIANNA et al. (2012), pode ser
utilizada fora de sua ordem específica. O processo proposto pode ser observado na
figura a seguir:
Figura 3 – Fluxo apresentada por IDEO (2012)
Fonte: Adaptado pelos autores.
Ellen Lupton (2013)
De acordo com a metodologia de ELLEN LUPTON (2013), o design thinking é
conjunto de mistura de ações intuitivas e intencionais, onde os designers trabalham
de forma colaborativa para resolver problemas e desafios de negócios,
diferentemente de outros autores, a autora encara a criação da forma como um
elemento fundamental no processo criativo.
Na metodologia apresentada, a investigação tem início na real definição do
problema. São realizadas entrevistas com os clientes e consumidores para entender
sobre as necessidades e desejos. Através de um brainstorm em grupo, com os
resultados obtidos, dá-se início a construção de mapas mentais para continuar o
processo imersivo. Após essa etapa tem o início da geração de ideias, nessa fase, a
autora explora diversas ferramentas para auxiliar na obtenção de ideias. Após
expostas as diversas ferramentas para a ideação a autora indica que deve-se partir
para a criação de formas, que é a criação de protótipos para a testes com os
consumidores, após a avaliação final se dá o monitoramento para acompanhar se os
objetivos foram realmente atingidos ou se haverá a necessidade de adequá-los. O
processo de espaços proposto por Ellen Lupton (2013) é observado na figura a
seguir:
27
Figura 4 – Estrutura de fluxo apresentada por Ellen Lupton (2013)
Fonte: Adaptado pelos autores.
Há nas três metodologias apresentadas forte similaridade, pois recorrem
quase às mesmas ferramentas e processos para a compreensão do consumidor.
Para o presente trabalho, será utilizada a metodologia proposta por ELLEN LUPTON
(2013). A escolha se dá por possuir uma divisão das fases bem estruturada e mais
próxima da criação tangível e por ser flexível permitindo a reestruturação para
abranger o que solicita o presente projeto.
2. EXPERIÊNCIA DE MARCA
Grande parte do mercado acaba-se centrando somente na experiência que
o consumidor tem com seus serviços nos pontos físicos, identificam que os pontos
de venda são os pontos chave e as experiências intangíveis com a marca ficam em
segundo plano, essa estratégia é bastante defasada tendo em vista que a
experiência do consumidor com a marca em todos os meios de contato será fator
determinante na conexão emocional com o consumidor e consequentemente, na
vantagem competitiva. Segundo BRAKUS et al. (2009), a experiência de marca está
contida em cada contato com a marca, quando são expostas todos os atributos,
sejam eles atributos experienciais relacionados a identidade da marca (como por
exemplo embalagens) como o meio e o modo como são comercializados.
O designer deve identificar os modos pelos quais se faz a
representação sígnica. [...] Desse modo, o produto é tratado como
portador de representações, participante de um processo de
comunicação do destinatário consigo mesmo, com o produto e com os
outros, por meio do produto. (NIEMEYER, 2008, p.61)
28
A experiência de marca tem origem da interação entre o individuo e as
condições do ambiente existentes. Os designers influenciam nas experiências
alterando as condições de forma a influenciar na percepção do individuo em relação
a marca. Brakus et al. (2009) definem a experiência de marca como um conjunto de
respostas subjetivas e de comportamento provocado por estímulos relacionados
com a marca, que fazem parte de sua identidade, comunicação e ponto de venda.
De acordo com SCHMITT (1999, apud SEMPREBOM, 2011), há cinco dimensões
em que o consumidor é impactado pela experiência da marca: sensorial, quando os
apelos estão relacionados à visão, audição, tato, paladar e olfato, e podem vir não
apenas causadas por elementos da identidade visual da marca (como símbolos e
cor), mas pelo aspecto físico de um produto. Assim como a experiência com os
serviços, há a dimensão afetiva, ligada aos sentimentos e emoções individuais que
variam por conta do humor do consumidor: alegria, diversão, nostalgia e frustração.
Há a dimensão de pensamento relacionada às experiências que induzem à
criatividade, curiosidade e pensamento. Há a dimensão das relações sociais, que
são as experiências relacionadas à interação e implica uma conexão com outras
pessoas e grupos sociais, e a dimensão das ações, relacionada a culturas, padrões
comportamentais e estilo de vida.
Verifica-se que a experiência do consumidor, na atualidade, refere-se ao
êxito do processo das atividades de design bem gerenciado, que causará impacto
sob como o consumidor percebe a marca. Esse processo quando bem executado,
traz como resultados benefícios à empresa, pois possibilita maior aproximação e
consequentemente melhor comunicação e interação com o consumidor. Essa maior
proximidade melhora processos internos e os próprios produtos em sua qualidade
funcional e experiencial, fato que agrega grande valor à marca e explica o
crescimento nos investimentos de pesquisas para conhecer o consumidor e adequar
processos. Observa-se então que o design tem entre suas principais funções o
desenvolvimento de vínculos fortes com os consumidores, que abrangem diversos
fatores - físicos, econômicos, psicológicos, sociais e culturais e etc,. O investimento
na gestão de marcas é imprescindível para uma companhia que queira estar à frente
de seus concorrentes, pois por meio desse mecanismo a marca poderá realmente
entender seu público, dialogar, ouvir e criar experiências que o fidelize e faça
reconhecer a marca como parte da sua vida e não somente um produto que poderia
facilmente ser substituído por um de seu concorrente.
29
2.1 Estudo de caso: Como uma marca se conecta?
Um caso que pode-se constatar o uso eficaz da experiência para reforçar o
vínculo da marca com o cliente é a marca brasileira Chilli Beans, que revolucionou o
mercado brasileiro ao inovar a forma de vender óculos escuros, tornando-se um
ícone no seu segmento. Grande parte desse sucesso se dá por conta da
personalidade da marca e seu dinamismo, acabam provocando a renovação visual e
comportamental do seu consumidor. Conforme AAKER (1991) expõe, esse conjunto
de características pode ser exposto como um conjunto de qualidades humanas
relacionadas a uma marca, assumindo que os consumidores interagem com as
marcas como se fossem pessoas, possuidoras de características humanas em uma
espécie de relacionamento entre duas pessoas.
A Chilli Beans é uma marca que se sobressaiu no cenário nacional por seu
rápido crescimento e também rápido sucesso. A marca surgiu em 1997, importando
óculos de sol dos Estados Unidos. Inicialmente foram comercializados em
estabelecimentos de moda de São Paulo e em seguida em feiras de moda e apenas
uma loja própria em uma galeria no centro da cidade. No ano 2000 abrangeram suas
operações por meio de pequenos quiosques em shopping centers e, já no ano
seguinte inicia sua base de franquias. A partir desta mudança no negócio, passou a
criar seus próprios óculos, terceirizando a produção e dando mais personalidade
própria a marca. Em 2002 abriu sua primeira loja, sem abandonar o formato de
quiosques e já em 2005 abriu sua primeira loja internacional, em Lisboa. Atualmente,
a marca está presente em mais de 600 pontos de venda por todo o país.
Internacionalmente, além de Portugal, expandiu suas atividades para Estados
Unidos, Colômbia, Peru, Kuwait e Israel. Encontra-se na posição de maior
vendedora de óculos da América Latina. (CHILLI BEANS, 2015).
AAKER (1991) propõe que essas qualidades humanas da marca são
originadas por seus elementos, tais como produtos, categoria, atributos, embalagem,
preço, imagens, símbolos, ponto de venda, estilo de comunicação, endosso de
celebridades e tudo mais que componha a experiência do cliente. Assim, a atitude
da marca é extremamente relevante e a sua personalidade não é apenas uma
percepção do consumidor, passiva de manipulação, mas sim parte de sua
identidade, fornecendo aos seus consumidores a noção de posse de uma identidade
30
singular ou a noção de existir uma identidade coletiva que o une a outros que
também utilizam a mesma marca. Seguindo este raciocínio, uma personalidade de
marca efetiva é aquela que se alinha ao seu contexto de uso e a auto expressão dos
próprios consumidores, desta forma, a personalidade de marca pode interferir na
escolha de produtos feita pelos consumidores, já que esta característica se
sobressai no processo de socialização.
Dentro da personalidade Chilli Beans, conforme mencionado pela pesquisa de
LEAO et al. (2014) foram identificadas 13 categorias, sendo que das 13 categorias,
as que mais foram mencionadas e destacadas são as ligadas a estilo e
autenticidade, que indicam que a estética da marca se revela de maneira única a
seus clientes. Fato que evidencia como a dimensão estética da marca dissemina
diferenciação e personificação tanto a própria marca como também a quem a utiliza.
A identidade define a promessa de uma marca, sua razão de ser, sua missão e seus
valores, mostrando para o consumidor que quer ser companheira de vida porque se
assemelha a ele e sua personalidade. Partindo dessa construção, a marca deve se
tornar fiel a sua identidade para que se público mantenha a confiança, caso contrario
a marca enfraquece o vínculo, pois o consumidor acaba por não saber definir “quem
é a marca”, fato que podemos comprovar com a Chilli Beans, sua fidelidade com a
própria identidade vem resultando em uma comunicação bastante positiva.
Porém a imagem de uma marca pode ser um reflexo de sua identidade mas a
relação entre ela e o consumidor pode se tornar inconsistente, o que aponta falhas
no processo de comunicação, nas estratégias e ações desenvolvidas em
determinado momento ou mesmo o abandono de estratégias, como por exemplo o
caso da marca de leite Parmalat, a marca foi um dos maiores casos de criação e
inovação de marca dos anos 90, a sua estratégia foi extremamente bem sucedida
porque foi completa, envolveu todos os pontos de contato da empresa com seus
consumidores, ampliou e inovou na experiência, dando um passo a frente perante
seus concorrentes e no período de alguns anos ela se tornou a segunda marca
brasileira de alimentos, atrás apenas da Nestlè,. Por causa da visão focada em
inovação lançando um dos primeiros leites longa-vida, facilitando a vida dos
consumidores que não precisariam ir todo dia pela manha buscar leite na padaria,
por conta deste lançamento alcançou grande sucesso e notoriedade. Além da visão
focada em inovação também se preocupou com a experiência com o consumidor e
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em criar um vínculo emocional antes das outras marcas, a campanha era inovadora
por trazer a carga emocional como o grande motivador de compra, o uso de
argumentos emocionais de relacionamento nas marcas ainda era novidade no
mercado, atrelou a estratégia de ponto de venda onde a compra do produto estava
junto com um bichinho de pelúcia, o que também fez a marca ganhar grande
simpatia do consumidor. Todos esses elementos, a inovação, a divulgação, o
envolvimento do ponto de venda, o argumento emocional fizeram da Parmalat uma
marca muito valiosa em pouquíssimo tempo, amada e desejada por seus
consumidores. Porém após diversas fraudes, problemas administrativos,
contaminação de produtos, falta de pagamentos a fornecedores e problemas
operacionais, houve também grandes cortes em propaganda e gestão de marca e a
Parmalat foi sendo cada vez mais esquecida, denegrida e tendo sua imagem
associada apenas a escândalos e produtos de má qualidade. Agora para voltar ao
mercado a marca tenta a mesma fórmula do passado, lançando novamente a
campanha que os fez ser “Top of Mind” dos consumidores nos anos 90, a campanha
dos ‘Mamíferos’, afim de resgatar o vínculo que havia conquistado com os seus
consumidores.
Outro caso atual de sucesso é a estratégia utilizada pela marca AXE para a nova
campanha que reforça seu novo posicionamento, nessa estratégia de campanha,
quatro curtas-metragens de aproximadamente 10 minutos cada, contam a história de
quatro jovens contemporâneos e seus principais conflitos, que fazem um misto de
comunicação e entretenimento. Com produção e direção de profissionais do cinema,
a agência CuboCC desenvolveu um software que cria automáticamente diversos
trailers diferentes com base nas imagens dos quarto curtas produzidos. Com isso,
foram realizados cerca de 100 mil trailers de um minuto cada, que serão entregues
de forma segmentada de acordo com os hábitos de cada consumidor na internet,
criando propaganda “exclusiva” e impactando o cliente de forma muito mais
funcional.
Todos os casos citados atestam o quão importante é a gestão de marca e a
experiência com o consumidor, como pode-se crescer de forma rápida e conquistar
o consumidor a longo prazo, como também pode-se perder esses mesmos
consumidores que já tinham algum vínculo se não houver a manutenção frequente
da gestão de marca, da propaganda e da interação. O caso da volta ao mercado da
Parmalat também mostra como a comunicação é importante e como algumas
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empresas já descobriram isso, colocando a comunicação em um nível tão
importante quanto a produção e a distribuição do produto.
2.2 Design Thinking como estratégia
Muitos acreditam que grandes ideias surgem somente na mente de pessoas muito
criativas e geniais, quando na realidade qualquer um pode ter uma grande ideia
assim como a maior parte das inovações surgem de um processo colaborativo, que
engloba pesquisa, inspiração, ideias, mais pesquisas, seleção, prototipação,
desenvolvimento e também implantação, logo, nota-se que para inovar é preciso
percorrer um longo caminho. Outro mito da inovação é que existem profissionais
perfeitos, que são sempre criativos e nunca cometem erros, este tipo de
pensamento, além de falso, torna bastante difícil inovar, pois por conta do receio de
assumir erros, acaba por limitar possibilidades e consequentemente, limita ideias
novas e ousadas, que realmente transformariam e gerariam inovação. Experimentar
e assumir riscos é bastante necessário para a inovação, é justamente nessa
experimentação que a metodologia do design thinking entra para resolver
problemas.
A utilização do Design Thinking como oportunidade de inovação se caracteriza pela
buscas de novos processos e principalmente de inovação na comunicação, fatores
que podem afetar de forma substancial tanto os custos quanto a eficiência de um
produto, além da visão que os consumidores tem da marca. A partir do uso da
metodologia do design thinking na gestão da marca ou de seus produtos, as gestões
tendem a convergir em atingir objetivos estratégicos, como por exemplo o aumento
da vantagem competitiva e a compreensão das necessidades dos usuários. Isso se
dá principalmente por conta da abordagem centrada no ser humano, reunindo o que
é desejável do ponto de vista humano com aquilo que é tecnologicamente e
economicamente viável. Todo o trabalho é realizado baseado nas capacidades dos
clientes e as necessidades dos consumidores, e ao longo deste processo, são
realizadas diversas avaliações, assim nenhum aspecto é ignorado. Tim Brown
acredita que as maiores oportunidades de inovação estão em ambientes onde há
colaboração entre os gestores e os consumidores, pois nesse espaço os
consumidores têm a oportunidade de trabalhar como co-autores do projeto, da
mesma maneira, as empresas utilizam os insights criativos dos consumidores para
aperfeiçoar seus produtos e consequentemente, gerar inovação.
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Diversas empresas já partem para essa metodologia, como por exemplo a
marca de calçados Havaianas, que iniciada em 1907 com sandálias baratas para
trabalhadores rurais, hoje oferece diversas linhas de produto no mundo todo e vende
mais de 160 milhões de pares por ano. Com o objetivo de estender seu negócio a
uma nova categoria de produtos, procurou a IDEO para ajudar a conceber como sua
nova linha de bolsas seria. Para realizar essa missão a IDEO buscou capturar a
essência da marca e entender a conexão forte que a marca já possui com a
identidade brasileira, através de entrevistas descobriu um ponto em comum com os
consumidores: o espirito vibrante e a apreciação pela simplicidade, autenticidade,
diversão, alegria e conforto físico. Também foram feitos diversos protótipos de
bolsas com diversos materiais, cada uma delas avaliada em relação à visão da
marca Havaianas. No final do processo foi desenvolvido uma linguagem consistente
de design que passava tanto a identidade quanto o sentimento das sandálias, com
semelhanças de textura e aparência, o estilo das bolsas é descomplicado,
individualista e desencanado – mantendo a herança brasileira da marca e assim
cumprindo o objetivo final que era criar um novo produto mantendo a identidade da
marca e dos consumidores.
Outra marca que também já utilizou o design thinking como metodologia é a
Samsung, utilizou a metodologia para a criação de uma campanha centrada no
usuário, que ilustrava como a Memória Samsung fornece mais eficiência, mais
tempo e mais experiências agradáveis a seus consumidores. Para criar a campanha,
a equipe da IDEO começou a identificar através da imersão do problema e das
entrevistas os principais pontos problemáticos relacionados a memória e bateria
como por exemplo, acabar a bateria do celular, perder arquivos importantes quando
o computador fica sem bateria, tela “congelada” durante um filme, entre outras, à
partir desses pontos de “dor” familiares aos consumidores, pode-se ilustrar essas
conexões a partir de mundo ficcional bem humorado que atingiu o emocional dos
consumidores, a Samsung então pode oferecer através desta campanha mais
eficiência, mais tempo, mais liberdade e consequentemente, mais felicidade aos
seus clientes.
Conforme visto neste capítulo, o design thinking é essencial para entender o
consumidor e gerar processos e campanhas mais eficazes e voltados para os
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clientes finais, como foi mencionado anteriormente no capítulo 1, para o presente
trabalho, será utilizada a metodologia proposta por Ellen Lupton (2013) para
entender melhor as necessidades do consumidor e tentar uma comunicação mais
eficaz com o público alvo da marca de moda Meeu, ampliando assim o alcance da
marca e gerando uma proximidade maior por conta da experiência com o usuário,
objetivos principais deste projeto, a seguir será mostrado o processo de imersão
assim como seus resultados.
3. RESUMO DO CAPITULO 3: A IMERSÃO NO PROJETO
Conforma dito anteriormente, nesta etapa do projeto se dará o processo de
imersão descrito por Ellen Lupton (2013), que será essencial para a construção final
da marca e de sua experiência. O início do processo se dará primeiramente através
de brainstorms, com o grupo envolvido no projeto com o intuito de levantar questões
a cerca do problema, que no caso da marca que estamos construindo, o objetivo
está em ampliar a área de atuação de uma marca de sapatos veganos2, o objetivo
do brainstorm também é levantar o que sabemos e o que achamos que sabemos a
cerca do publico alvo e também a cerca de questões do tema vegano. Para registrar
melhor o que foi conversado e criar uma linha de raciocínio, será realizado um mapa
mental que nos permitirá explorar rapidamente o escopo do problema, partindo da
ideia central para o mapeamento de imagens, problemas e ideias associados a ela.
Após esse processo daremos continuidade seguindo para as entrevistas diretas com
os ”usuários-chave”, ou seja, participantes que mais se identificam com moda e arte,
elementos chave para o estudo e desenvolvimento de uma marca de moda. Como o
principal objetivo é ampliar o publico alvo da marca, as pesquisas não podem ser
realizadas somente com base em um publico especifico ligado a moda, então
também realizaremos outras pesquisas, como por exemplo os grupos focais, que
são conversas organizadas envolvendo uma parcela de pessoas que fazem parte do
público alvo, auxiliando no planejamento e definição dos objetivos do projeto, assim
como ajudam a avaliar algumas das ideias. E também utilizaremos Web-Page-based
2 Veganismo é uma forma de viver que busca excluir, na medida do possível e do praticável, todas as formas de exploração e de crueldade com os animais, seja para a alimentação, vestuário ou qualquer outra finalidade. Logo sapatos veganos são aqueles que em nenhuma parte de seu material ou de seu processo de fabricação, são utilizados produtos de origem animal.
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Surveys, como o usuário tem a possibilidade de responder em qualquer lugar e
quando for mais conveniente esse método acaba por impactar ainda mais pessoas.
Com o processo de imersão junto ao publico alvo concluído, daremos inicio as
pesquisas visuais com os concorrentes, esse processo tem por objetivo analisar
conteúdo relevante, gerar ideias e comunicar pontos de vista, auxiliando na
construção da marca. Com a finalização de todas as etapas de imersão e
entendimento do projeto ai sim terá inicio a fase de ter ideias de soluções e
propostas formais mais harmonizadas com o projeto, o grupo novamente se reunirá
para um novo brainstorm partindo dos resultados já obtidos, na primeira etapa todos
os envolvidos no projeto a sugerirem ideias, soluções e suas variações. Como
resultado dessa colaboração esperamos criar uma estratégia diferenciada para a
marca de forma que ela complete o ciclo de consumo, passando por todas as
questões apresentadas pelos usuários como essenciais na experiência. Como no
design thinking é essencial que o usuário auxilie na construção da marca, após
definidas formalmente as ideias, prosseguiremos para a etapa em que os usuários
finais são envolvidos no processo para que possam auxiliar na criação tanto dos
produtos quanto da plataforma, o codesign é uma técnica geradora onde um
maiores benefícios é a experiência criativa, e o maior foco na experiência do usuário
como resultado final.
Após essa etapa de construção segue se para o sprinting, técnica que tem por
objetivo gerar direções visuais em um curto período de tempo, estabelecendo um
conjunto de parâmetros e um prazo de 30 minutos para delimitar o processo. Com
as evoluções realizadas pelo sistema do sprinting pode-se definir as linguagens da
marca, seus elementos de design como cor, formas, imagens texturas. Com a
identidade parcialmente definida tem início ao processo de prototipação e mock-ups,
que vão simular a aparência e o comportamento que o produto terá após sua
confecção e produção, são ferramentas muito importantes que permitirão explorar as
propriedades físicas dos produtos e assim testar ideias e comunicá-las aos clientes.
Para testar as plataformas online serão utilizados wireframes, espécies de mock-ups
virtuais de websites, neles o usuário pode testar se a experiência online está intuitiva
o suficiente para ser utilizado de forma confortável e sem problemas, qualquer
problema nestas etapas, nos mostrará que algo ainda está errado e os protótipos
serão refeitos afim de solucionar problemas da experiência e testados novamente
para que os usuários se sintam mais confortáveis na utilização e na compreensão.
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Para a finalizar serão utilizadas apresentações conceituais, ferramenta utilizada
para testar e comunicar ideias e seus conceitos, assim como funcionamento. Essas
visualizações incluem textos e conceitos chaves que se, devidamente aprovados,
irão compor a estética e gestão da marca, atingindo-se assim o objetivo final. Neste
capítulo se dará a imersão para a compreensão do publico alvo, com base nessas
respostas terá inicio a ideação e a prototipação, assim como seus primeiros
resultados, seguindo as etapas propostas por LUPTON (2013).
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