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Geografias, Políticas Públicas e Dinâmicas Territoriais De 07 a 10 de outubro de 2013
DESENVOLVIMENTO REGIONAL E TERRITORIAL: UMA ANÁLISE SOBRE O
ESTADO DO MARANHÃO (BRASIL)1
FERNANDA CUNHA DE CARVALHO2
1 - Introdução
As questões sobre o desenvolvimento são bastante abordadas em variadas linhas de
análises científicas, envolvendo diversos aportes teóricos bem como inúmeras metodologias
para sua apropriação. No contexto geográfico, as expressões ‘desenvolvimento regional’ e
‘desenvolvimento territorial’ são amplamente debatidas, estando tradicionalmente ligadas à
possibilidade de melhorias quantitativas de uma escala pré-determinada, no entanto,
contemporaneamente vinculadas à dinâmica espacial em sua complexidade, assumindo,
também, outras configurações.
Nesse quadro referencial são encontradas muitas possibilidades intencionais de
promoção do desenvolvimento regional do Brasil e suas regiões, tais como a região
Nordeste, bem como dos seus respectivos territórios, a exemplo, o estado do Maranhão,
escala do estudo. Entretanto há, também, a configuração da perspectiva de
desenvolvimento que foge da lógica de demarcação do território estatal, ou seja, territórios
que são identificados por outros atores, definidos por uma variedade de elementos comuns
e que estabelecem relações de identidade com o local.
Assim, objetiva-se analisar a produção da diversidade territorial do estado do
Maranhão à luz das perspectivas apresentadas nos Planos Estaduais de Desenvolvimento,
bem como através de análises incidentes sobre os processos de construção do espaço
geográfico e produção dos seus recortes. Nesse contexto emergem duas questões de
pesquisa: a) há algum tipo de conflito entre as propostas de desenvolvimento contidas nos
planos e suas posteriores efetivações?; b) as propostas de Desenvolvimento Regional do
Maranhão têm seguido à lógica de um desenvolvimento territorial?.
A base metodológica do estudo é (inicialmente) bibliográfica, com a análise de
alguns planos de desenvolvimento (na pesquisa, selecionados por critérios de impactos na
1 Este artigo refere-se à pesquisa da tese de doutorado, que se encontra em fase inicial, tendo como
orientador o prof. Dr. Élson Luciano da Silva Pires. Tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão - FAPEMA. 2 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Geografia/Área Organização do Espaço, da
Universidade Estadual Paulista/UNESP/Campus Rio Claro. E-mail: [email protected]
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dinâmica dos territórios maranhenses). Dentro dessa perspectiva, há três pilares
constituintes da pesquisa, que devem ser notados em cada plano a ser analisado: a)
dinâmica espacial; b) atores envolvidos; c) definição de uso dos territórios.
O presente trabalho reconhece que o local/territorial pode estar vinculado aos
processos gerais de heterogeneização/diferenciação, dada pela tendência
homogeneizadora do global e heterogeneizadora do local. Também entende que o
local/territorial pode ser percebido como lugar, contendo valores subjetivos. Mas, considera-
se aqui, sobretudo, o papel do Estado e o estabelecimento da relação direta entre o regional
e o local/territorial, que acaba sendo um instrumento de análise que envolve as relações
sociais ligadas ao cotidiano.
O artigo está assim organizado: A primeira sessão refere-se à introdução, em que
são listados os objetivos e os procedimentos metodológicos. A segunda sessão trata de
uma aproximação teórica entre o desenvolvimento regional e territorial. A terceira sessão
trata das análises dos planos de desenvolvimento regional e suas configurações no espaço
maranhense. A quarta sessão traz as conclusões. E, por fim, são apresentadas as
referências utilizadas.
2 – A perspectiva do desenvolvimento: do regional ao territorial
A discussão sobre desenvolvimento pode ser dada pela existência das relações
global-local que acabam por serem formas representativas sobre a percepção em torno da
dinâmica do que se pode chamar de desequalização-diferenciação, considerando suas
faces homogeneizadora e heterogeneizadora, mostrando que processos globais implantam-
se no local em um jogo permanente de adaptações de ambos.
Toda essa dinâmica traz transformações na escolha e formas de tratamento dos
temas chave da ciência. Assim é que cada fase da ciência geográfica tem seus paradigmas
que se definem por um conjunto de ideias, teorias e doutrinas, construídas por um método,
em que são demonstradas mudanças na história do pensamento geográfico, como o da
busca do objeto da geografia para a de um método de convergência de reflexão científica.
Região e território, por exemplo, estão entre os conceitos chave da Geografia,
ganhando maiores dimensões dependendo das correntes do pensamento geográfico de
análise, considerando que cada uma destas elege temáticas centrais para seus estudos.
Contudo, é importante notar que não são conceitos ou categorias estanques, considerando-
se, sobretudo, a dinâmica espacial contemporânea.
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Com base no processo histórico, o conceito de região dentro da perspectiva da
Geografia Clássica teve origem nas discussões de Vidal de La Blache, Richard Hartshorne e
Carl Sauer, tendo como elementos comuns: o fato de serem estudos de síntese (ou
integradores); a importância dada às continuidades espaciais; a relação estabelecida entre
escalas; e as especificidades apresentadas nos estudos. Entretanto, desde
aproximadamente 1970, há uma prática diferenciada sobre a Geografia Regional, que tenta
fugir de aspectos puramente fenomenológicos (em que se tinha um empirismo pautado em
observação e descrição) e parte a uma verificação a partir da recriação da diversidade
territorial.
Esses fatos instauram outra perspectiva, em que, segundo Haesbaert (1999), cabe a
uma Geografia Regional renovada recuperar o sentido dos recortes espaciais tanto a partir
de sua inserção desigual em movimentos mais globalizados quanto a partir da recriação de
singularidades que lhes dão um caráter próprio. Isto significa evidenciar a capacidade dos
grupos humanos de recriar espaços múltiplos de sociabilidade.
Nota-se que a dinâmica mundial tem trazido novos elementos às análises,
considerando a existência de uma reestruturação produtiva que acarreta mutações na
organização do espaço, do processo produtivo e do trabalho. Para Lipietz e Leborgne
(1988), tais transformações fazem parte das mudanças do padrão de desenvolvimento,
denominado pós-fordismo ou modelo flexível.
O uso do termo desenvolvimento ganha presunção a partir de uma estratégia
geopolítica, Sachs (2000, p.31) afirma que “a Era do Desenvolvimento foi uma invenção dos
Estados Unidos que precisava deixar clara sua nova posição no mundo”3. Desejando
consolidar sua hegemonia, levanta-se uma campanha política em nível global, em que são
feitos discursos nos quais o desenvolvimento é tido como o processo pelo qual se alcança a
evolução de forma natural, funcionando como uma transferência da metáfora biológica para
a esfera social. O subdesenvolvimento emerge nesse contexto, como o país ou região que
não conseguiu lograr a evolução.
No entanto é assumida fortemente a análise da perspectiva mais difusa, que é a do
desenvolvimento econômico, e que coloca o crescimento econômico como condição
necessária do desenvolvimento. Então, a história é vista de forma linear, em que se tem um
destino inevitável e necessário. O modo de produção industrial tornou-se, por definição, o
3 O Presidente Trumam no seu discurso de posse, em 1949, não foi o primeiro a utilizar a palavra
desenvolvimento, mas só com ele ecoou, adquirindo uma virulência colonizadora insuspeitada
(SACHS, 2000, p.29).
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estágio final desse caminho unilinear para a evolução social, rapidamente a expressão
“países industrializados” se converteu em sinônimo de “países desenvolvidos”. A ideia de
desenvolvimento passa a ser, portanto, peça constituinte do ideal capitalista4.
Nesse mesmo contexto há a associação do conceito de “modernização”, logrando as
estruturas tradicionais, como as do meio rural, como formas arcaicas e ligadas ao
subdesenvolvimento, e as do meio urbano e setores industriais como modernos e ligados ao
desenvolvimento. Tais fatores configuram-se como elementos aditivos que ajudam a trazer à
tona discursos, como: atrasado versus moderno, rural versus urbano, desenvolvido versus
subdesenvolvido, que acabam por ocasionar dedicação da Geografia, entre outras ciências,
a discutir tais processos.
Com a percepção de que o desenvolvimento, tal como visto anteriormente, não seria
a solução ideal para o mundo, há (entre outras) a sugestão do termo “desenvolvimento
local”, que acaba sendo configurado como um método de ação. Ele permite apresentar um
conjunto de práticas diversas, mercantis e não mercantis, que valorizam a intimidade das
relações que partilham os mecanismos econômicos com a sociedade e a cultura locais.
Segundo Pecqueur (2000), cada processo de desenvolvimento local, através da ação
dinâmica das redes de atores formais e informais, decorre de três condições básicas que
estão intrinsecamente interligadas, que seriam: a capacidade de se inovar, a capacidade de
se adaptar e a capacidade de se regular.
Tais fatores levam à valorização da dimensão espacial-territorial (BENKO &
PECQUEUR, 2001; BOISIER, 2001; VEIGA, 2002; PIRES, 2006), podendo-se considerar
que há uma visão territorial do desenvolvimento regional que envolve, além do domínio
político-econômico do espaço, a sua “apropriação simbólica” (HAESBAERT, 2004) e a
construção de uma “identidade coletiva”, para aqueles que com ela se identificam ou dela se
excluem (CASTELLS, 1999).
Até o final da década de 1970, quando a Alta Teoria do Desenvolvimento entra em crise, não por acaso acompanhando a crise sistêmica, a região era vista como sendo algo inerte, um mero receptáculo, uma estrutura desprovida de sujeito. Na atualidade este quadro se inverte. O conceito de região é substituído pelo de território, e este, na maior parte das análises, passa a ser visto como um sujeito que através de um processo de reificação passa a ter condições de decidir sobre questões fundamentais. Hoje, o território, antes de qualquer coisa, importa (COSTA, 2010, p. 89).
4 Durante o transcorrer do tempo a palavra desenvolvimento ganha diversas conotações, mas não se
desassocia das concepções de crescimento, evolução, maturação. A palavra continua adquirindo sentido de mudança favorável.
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Para Aydalot (1985 apud LIMA, 2006) esse tipo de desenvolvimento impõe uma
ruptura com a lógica funcional de organização da vida econômica e propõe o retorno a uma
visão "territorial", isto é, dentro de um quadro local, pelo destaque e valorização dos
recursos locais e com a participação da população, sendo esta a maneira como o
desenvolvimento poderá realmente responder às necessidades das populações. No entanto,
tais fatores ocorrem de forma desigual nas regiões brasileiras, segundo as lógicas das
especificidades dos territórios locais e regionais do país.
3 – O desenvolvimento no contexto maranhense
No Brasil, a alteração nos padrões de desenvolvimento acontece juntamente com a
culminância dos novos padrões de competitividade internacional, com a recessão, com o
desemprego e com a crise do padrão industrial baseado no desenvolvimentismo do país,
bem como com a política de abertura econômica, inspirada no neoliberalismo.
A importância de planejamentos teóricos que pautam estratégias para a ação
emerge quando os administradores do poder público percebem uma necessidade maior na
forma de condução dos gastos, na tentativa de ocasionar o aumento na eficiência nos
processos de saúde, educação e economia, por exemplo.
Essa necessidade de ‘gerenciamento direcionado’ tanto por setor, quanto por
escalas, faz emergir uma série de políticas públicas que visualizam a definição de meios
para auxiliar a promoção do desenvolvimento de lugares, definidos em blocos, regionais
e/ou territoriais. Assim é que são projetadas, inicialmente, as políticas para a região
Nordeste do Brasil.
O estado do Maranhão, compondo esse contexto, é historicamente conhecido por ter
baixos índices de desenvolvimento, considerando-se formas quantitativas de análises. Sua
conjuntura mostra períodos de auge e de crise, marcados pela forte ação do mercado e do
Estado, objetivando, sobretudo, garantir o processo de acumulação do capital e, para tal,
traçando meios de obtenção de lucros e de ampliação dos mercados.
Os planos desenvolvidos no estado levam em consideração, sobretudo, a melhoria
de índices econômicos, pelo qual vinculam à implantação de grandes projetos industriais
com o objetivo de cumprir tal meta. Assim parece ocorrer desde seu passado colonial, mas
que, no entanto toma uma configuração particular desde aproximadamente 1945 (quando
surge o primeiro plano de desenvolvimento econômico) até o período recente.
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Entretanto, cada vez mais, os estudos indicam que se deve analisar o vínculo entre a
distribuição da atividade econômica no território e o desenvolvimento social, podendo
destacar, nessa lógica, o tema da desigualdade regional. Seguindo o indicativo teórico que
alimenta as afirmações sobre a ausência da atividade industrial ser um obstáculo ao
desenvolvimento, logo se imagina que a recíproca seria verdadeira, isto significaria dizer
que a presença da atividade industrial ocasionaria inevitavelmente o desenvolvimento.
É importante considerar que se acredita que a política industrial tem como foco o
setor produtivo e a política regional deveria ter como foco o território, proporcionando o
desenvolvimento menos desigual. Tais políticas são, portanto, diferentes (em suas
concepções, atores, instrumentos, objetivos), embora devessem manter uma sincronia, já
que a ausência das políticas regionais pode criar conflitos políticos, econômicos, sociais e
ambientais.
Mesmo que as considerações do trabalho ainda sejam preliminares, pois o mesmo
ainda está em fase inicial de pesquisa, alguns itens podem ser pontuados. Os planos
desenvolvidos no contexto maranhense (desde o primeiro em 1945) captam o ideário
desenvolvimentista autoritário que outrora vinha sendo empregado em território nacional,
com base na Economia Política, estando estritamente ligados à inserção de economistas
que atuavam como planejadores na administração pública do estado, levando a uma
unanimidade quanto à qualificação do Maranhão como estado subdesenvolvido e quanto ao
plano de governo como o principal instrumento da administração pública estadual.
Os planos iniciais desenvolvidos no Maranhão eram, portanto, ‘planejamentos
econômicos’ associados às programações orçamentárias, tendo somente algumas ações
pontuais selecionadas e efetivadas, pois eram consideradas as propulsoras do crescimento
econômico. Quando há a perspectiva dos planos de desenvolvimento é que são englobadas
mais ações a serem executadas em nome do poder público estadual, passando-se a
considerar as prioridades tanto com base na teoria econômica quanto em análises de uma
conjuntura.
Ainda assim, os planejamentos preservavam a ideia do desenvolvimento pautado no
âmbito econômico através do crescimento industrial, tendo como atores chave a atuação de
bancos, empresariado e Estado, havendo o investimento em energia elétrica, transportes e
agropecuária, para os quais foram elaborados estudos, inicialmente, referentes à
racionalização da lavoura e a industrialização do babaçu (por exemplo), destacando-se,
ainda, um plano de colonização das regiões inexploradas do estado.
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Nos anos posteriores, as ações são ampliadas estando também ligadas ao
saneamento, assistência médica, educação, habitação e outras áreas. Contudo, a presença
do tema industrialização ainda recebe maior foco, refletindo o que ocorre no contexto
brasileiro dadas as propostas do presidente Juscelino Kubitscheck. Tal fator faz o Maranhão
investir cada vez mais em infraestrutura, mesmo que em escala pontual, restringindo a
alocação de recursos entre os setores e a indicação e distribuição espacial dos
investimentos diretamente relacionadas à promoção do crescimento econômico.
Através das teorias dos polos de crescimento (de François Perroux), difundida em
várias escalas do país, constrói-se uma explicação para a situação de subdesenvolvimento
da economia maranhense, demonstrando que ela estaria pautada na falta de integração
setorial e espacial, impedindo a existência de um centro polarizador, que deveria ser sua
capital, São Luís.
Por volta do início dos anos de 1970, através de dados relativos ao montante
investido em infraestrutura, admite-se que o estado já estava dotado das condições
materiais indispensáveis para fazer deslanchar o processo de desenvolvimento, devendo-se
traçar a definição do setor que deveria sustentar o avanço desse processo. Opta-se, então
pelo setor primário e monta-se uma lógica que parece perdurar até os dias atuais.
É nesse contexto que o estado passa a assistir a implantação continuada de
mecanismos de infraestrutura logística de mercado e de projetos de grande porte que dizem
ter o intuito de promover o desenvolvimento, são exemplos: a Estrada de Ferro Carajás; o
Porto do Itaqui; a Vale (antiga Companhia Vale do Rio Doce); a Alumar (Consórcio de
Alumínio do Maranhão); a Base de Alcântara; a Fergumar (indústria de ferro gusa); a
Hidrelétrica de Estreito; a Usina Termelétrica Porto do Itaqui; a Refinaria da Petrobrás (ainda
em obras).
A visão desenvolvimentista levou a economia maranhense a estruturar-se em dois
grandes eixos, denominados pelos projetos estatais de eixos de dinamismo e modernização:
o do agronegócio e o do complexo minerometalúrgico. O primeiro beneficia-se da qualidade
da logística para exportação, das condições climáticas e do solo de cerrado; o segundo
baseia-se na vantagem locacional e da infraestrutura ferroviária, portuária e energética.
Por outro lado, as conhecidas indústrias tradicionais (cana-de-açúcar, algodão, arroz
e babaçu) têm sido desenvolvidas com fracas expectativas de crescimento industrial e
consequente falta de apoio governamental maciço, sobretudo por estarem enquadradas no
rol da agricultura familiar e/ou de uma agricultura que ainda se utilizam de mecanismos sem
grandes modernizações. Há, ainda, outras possibilidades mais recentes do desenvolvimento
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participativo que poderiam configurar arranjos produtivos locais, devendo ser destacados: o
turismo cultural e paisagístico, a pesca, a pequena indústria de confecções e a produção da
cachaça artesanal.
4 – Conclusões
A análise espacial recorrente requer que os estudos dos processos levem em
consideração uma complexidade de elementos, bem como a dinamicidade existente na
contemporaneidade. Nesse contexto, devem ser considerados os aspectos estruturais e
conjunturais da escala a ser analisada, ressaltando que os fatores econômicos, sociais,
políticos e ambientais devem estabelecer correlações. Com isso, alguns temas assumem
amplos debates, aumentando o desafio da comunidade acadêmica em refletir teoricamente
em um contexto generalizante e, também, em posicionar tais reflexões no campo da
realidade nacional e local.
Considerando-se esses elementos e contextualizando-os para a escala em estudo,
pensa-se que as novas perspectivas teóricas que têm sido enquadradas nas políticas de
desenvolvimento regional no contexto brasileiro, não têm sido adequadas (de fato) ao
contexto maranhense, já que as práticas de governança (ainda) não envolvem uma
multiplicidade de atores. Este elemento está refletido, por exemplo, na fraca competitividade
apresentada na atualidade, quando se estabelece uma perspectiva comparativa entre o
estado e as demais unidades da federação, sobretudo ao se tratar da formação de um
entorno territorial.
Um pequeno de estabelecimento de um paralelo entre os interesses governamentais
sobre as empresas de grande porte e as de micro, pequeno e médio portes, leva à
percepção que, mesmo estas caracterizando maior garantia do envolvimento dos habitantes
locais através da realização dos empregos formais, há um apoio maciço sobre a linha dos
grandes empreendimentos. Assim, através do Estado, obedecendo a demandas globais e
nacionais, há um arcabouço constituído, por leis que regem a “organização” do território.
Alguns fatores, porventura, podem ser considerados e devem ser melhor analisados:
a) o Maranhão é um estado marcado historicamente pelo desenvolvimento de suas forças
produtivas de forma subordinada ao capital exterior; b) o Maranhão está enquadrado na
região Nordeste, região com políticas direcionadas a “romper” com sua situação de
inferioridade; c) é um estado considerado quantitativamente como um dos piores estados da
federação; d) é um estado que possui duas grandes empresas exportadoras, entretanto tem
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um baixo PIB; e) há um contexto político específico na realidade maranhense (mais de 40
anos governado por uma oligarquia).
5-Referências Bibliográficas
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