desenvolvimento regional e políticas comunitárias · 2 !...

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1 DESENVOLVIMENTO REGIONAL E POLÍTICAS COMUNITÁRIAS Índice I. Evolução do conceito de Desenvolvimento Regional .......................................................................... 2 II. Definição de região e tipos de região. Sistemas produtivos regionais – hierarquia, distritos e redes ....................................................................................................................................................... 6 III. Globalização e desenvolvimento regional ....................................................................................... 13 IV. O que é a Europa e a Europa das Regiões O Continente Europeu como um caso excêntrico entre os Continentes............................................................................................................................. 18 V. Grandes etapas da construção europeia. Portugal no processo da Integração Europeia ................ 20 VI. A União Europeia no século XXI. A Europa alargada, a reforma institucional e o financiamento das políticas .......................................................................................................................................... 22 VII. Noção de política comunitária, integração económica e social e políticas comuns ....................... 24 VIII. Génese e desenvolvimento da política regional europeia ............................................................. 28 IX. O planeamento do desenvolvimento regional. QCA e QREN. Os recursos financeiros – Fundos estruturais, fundo de coesão e iniciativas comunitárias ....................................................................... 29 X. Aproximação a um programa específico: Pólis XXI. Candidaturas, redes e parcerias como novo paradigma para o desenvolvimento urbano e regional ........................................................................ 32

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1

 

DESENVOLVIMENTO  REGIONAL  E  POLÍTICAS  COMUNITÁRIAS  

 

Índice    

I.  Evolução  do  conceito  de  Desenvolvimento  Regional  ..........................................................................  2  

II.  Definição  de  região  e  tipos  de  região.  Sistemas  produtivos  regionais  –  hierarquia,  distritos  e  redes  .......................................................................................................................................................  6  

III.  Globalização  e  desenvolvimento  regional  .......................................................................................  13  

IV.  O  que  é  a  Europa  e  a  Europa  das  Regiões  -­‐  O  Continente  Europeu  como  um  caso  excêntrico  entre  os  Continentes  .............................................................................................................................  18  

V.  Grandes  etapas  da  construção  europeia.  Portugal  no  processo  da  Integração  Europeia  ................  20  

VI.  A  União  Europeia  no  século  XXI.  A  Europa  alargada,  a  reforma  institucional  e  o  financiamento  das  políticas  ..........................................................................................................................................  22  

VII.  Noção  de  política  comunitária,  integração  económica  e  social  e  políticas  comuns  .......................  24  

VIII.  Génese  e  desenvolvimento  da  política  regional  europeia  .............................................................  28  

IX.  O  planeamento  do  desenvolvimento  regional.  QCA  e  QREN.  Os  recursos  financeiros  –  Fundos  estruturais,  fundo  de  coesão  e  iniciativas  comunitárias  .......................................................................  29  

X.  Aproximação  a  um  programa  específico:  Pólis  XXI.  Candidaturas,  redes  e  parcerias  como  novo  paradigma  para  o  desenvolvimento  urbano  e  regional  ........................................................................  32  

 

 

 

 

 

 

 

2

 

I.  Evolução  do  conceito  de  Desenvolvimento  Regional    

 

1. Apresentação  

Docente,  alunos,  disciplina,  programa,  avaliação.  

 

2. Paradigmas  do  Desenvolvimento  Regional:  conceito  e  evolução  

 

-­‐  Decomposição  da  expressão  Desenvolvimento  Regional.  

-­‐  Discussão  das  ideias  de  desenvolvimento  (distinto  de  crescimento,  distinto  da  ideia  

de  “mais”).  

-­‐  O  Desenvolvimento  Regional  como  anseio  de  correção  de  assimetrias.  

-­‐   O   Desenvolvimento   Regional   como   exigência   de   territorialização   de   políticas   e  

desígnios  nacionais  –  a  meio  caminho  entre  o  nacional  e  o  local.  

 

Se   praticamente   sempre   somos   unânimes   face   ao   conceito   de   desenvolvimento  

(melhoria   das   condições   de   vida   material   das   populações   –   habitação,   saúde,  

educação,   segurança   social,   etc.)   –   já   a   forma   como   devemos   aí   chegar   ou   ainda  

como   medir   o   desenvolvimento   foi   variando   historicamente   ou   mesmo  

ideologicamente.  

 

 

 

Conceções  do  desenvolvimento  –  décadas  50  e  60  

Paradigma  trickle  down:  

-­‐   Crescimento   económico   rápido   leva   também   a   níveis   mais   elevados   de  

desenvolvimento   social   e   cultural,   contribuindo  para   a   redução  das   desigualdades  

sociais.  

3

 

-­‐   O   crescimento   económico   necessita   de   mais   produção   e   de   alargamento   dos  

mercados.  

-­‐  Indústria  como  o  setor  chave  deste  processo  de  crescimento.  

[Autores:  Simon  Kuznets  (1955)  e  Arthur  W.  Lewis  (1954).]  

 

Reconhecia-­‐se  a  existência  de  uma  visão  dualista  da  economia  –   setor   tradicional,  

rural   e   um   setor  moderno,   indústria,   com   grandes   desigualdades   iniciais  mas   que  

diminuíram  posteriormente.  

Seriam  necessários   apoios   para  os   países  mais   frágeis   e   liberalização  do   comércio  

internacional.  

Todavia,  o  fosso  entre  países  ricos  e  pobres  não  parou  de  se  agravar,  acontecendo  

que  estes  últimos  se  especializaram  na  exportação  de  matérias-­‐primas  ou  produtos  

de  baixo  valor  acrescentado.  

Surgem   assim   contundentes   críticas   a   esta   conceção   de   desenvolvimento   como  

função  exclusiva  do  crescimento  económico.  

 

As  primeiras  reações  às  conceções  tradicionais  do  desenvolvimento  –  anos  70  

O  desenvolvimento  não  é  função  do  ritmo  do  crescimento  mas  sim  do  modelo  que  

garantirá  maior  ou  menor  redução  das  desigualdades,  quer  regionais  quer  sociais.  

Tem  de  existir,  por  isso,  uma  política  económica  que  conduza  esse  crescimento  para  

a  satisfação  das  necessidades  básicas  da  população.  

Adelman  e  Morris  (1973,  1974)  mostraram  que  o  desenvolvimento  pode  ser  medido  

através  de  35  variáveis  (económica,  sociocultural,  e  política)  valorizando:  

-­‐ Formação  dos  recursos  humanos.  

-­‐ Existência  de  recursos  naturais.  

-­‐ Intervenção  do  Estado  na  Economia.  

-­‐ Grau  de  dualismo.  

-­‐ Importância  das  instituições  económicas.  

4

 

-­‐ Grau  de  participação  política.  

   

 

Novos  conceitos  –  anos  80  

-­‐ Desenvolvimento   sustentável:   ao   mesmo   tempo   que   permite   que   as  

gerações   atuais   satisfaçam  as   suas   necessidades  de  melhoria   de  qualidade  

de   vida,   garante  que  as   gerações   futuras   tenham   -­‐  pelo  menos   -­‐   a  mesma  

possibilidade  (Relatório  Brutland,  1987).  

-­‐ Exige   integração   das   preocupações   ambientais   e   sociais   no   domínio   da  

economia.  

-­‐ Cooperação  a  nível  mundial.  

-­‐ Mais   investimento   nas   pessoas   e   menos   em   capital   físico,   como   antes  

sucedia  (educação,  formação  profissional,  …).  

-­‐ Embora   já   em   1990   surja   o   conceito   de   Desenvolvimento   Humano  

(envolvendo   melhorias   de   acesso   à   saúde   e   educação,   aumento   de  

rendimento,   emprego,   habitação   e   liberdade,   quer   no   plano   político   quer  

económico.  

-­‐ Reconhecimento  dos  diversos  níveis  (mundial,  nacional,  regional  e  local).  

-­‐ Inovação  e  desenvolvimento  tecnológico  são  fundamentais.  

-­‐ A   incerteza   na   economia   exige   então   novas   formas   de   produção,   mais  

flexíveis,   baseadas   localmente   em   redes   de   inovação,   pessoal   qualificado  

que  se  preocupa  mais  com  a  qualidade  de  produção  que  com  a  quantidade.  

-­‐ A  conservação  destas  preocupações  para  o  desenvolvimento  regional  leva  a  

constatar   que   a   diferença   entre   regiões   mais   desenvolvidas   pode   gerar   o  

efeito  de  arrastamento  (alargamento  de  mercados,  novos  investimentos,  …),  

mas   também   efeitos   de   travão   pela   saída   de   mão   de   obra   e   fuga   de  

investimento.  

5

 

-­‐ Há  que,  por   via  da  política,   atuar  para  promover  o  potencial   endógeno  da  

região,  exigindo  investimentos  cujo  retorno  não  é  imediatamente  visível.  

 

Políticas  de  Desenvolvimento  Regional  

cf.  quadro  síntese  

 

 

 

 

 

 

 

Bibliografia:  

→ J.M.  Henriques;  Sthoer;  Simões  Lopes;  G.  Benko;  Polése  

 

6

 

II.  Definição  de  região  e  tipos  de  região.  Sistemas  produtivos  regionais  –  

hierarquia,  distritos  e  redes  

 

1. Raízes  

-­‐  No  século  XIX  e  início  do  XX  são  os  geógrafos  que  trabalham  o  conceito  de  região  

(G.  Benko,  “A  Ciência  Regional”).  

-­‐  É  a  região  natural  que,  segundo  as  correntes  geográficas,  pode  ser  determinista  

(condicionando  o  quadro  de  vida  dos  habitantes  que  apenas  se  sujeitam  a  essas  leis  

naturais)   ou   pode   ser   possibilista,   i.e.,   exige   do   Homem   uma   adaptação   às  

condições   do   meio   natural   fazendo   emergir   as   suas   possibilidades   criativas   e  

tecnológicas.  

Por  exemplo,  a  civilização  do  granito,  do  barro  ou  da  madeira.  

-­‐  Referir  a  obra  maior  de  um  “possibilista”  português:  “Portugal,  o  Mediterrâneo  e  o  

Atlântico”,  de  Orlando  Ribeiro  (1911-­‐1997).  

-­‐   Nos   anos   50   do   século   XX   os   economistas   e   os   geógrafos   da   “Nova  Geografia”,  

mais  quantitativa  e  económica,  irão  tentar  operacionalizar  o  conceito  (Benko,  idem).  

A  análise  centra-­‐se  nas  estruturas  produtivas  e  fluxos.  

-­‐   Para   dar   sequência   a   estas   novas   preocupações   são   apontados   tipos   de   região  

possíveis  de  delimitar:  

a) Região   homogénea,   assentando   numa   dispersão   mínima   de   cada   unidade  

elementar  em  relação  à  média  do  conjunto  (ex.  Alentejo,  Beira,  Norte,  Sul).  

b) Região   polarizada,   de   inspiração   industrial   (nodal   region),   já   que   segundo  

François  Perroux  (1955)  o  crescimento  não  aparece  em  todo  o  lado  ao  mesmo  

tempo,   manifesta-­‐se   em   pontos   ou   polos   de   crescimento   de   intensidade  

variável;   difunde-­‐se   através   de   diversos   canais   e   com   efeitos   terminais  

variáveis  sobre  o  conjunto  da  economia  –  Teoria  dos  Polos  de  Crescimento  ou  

de  Desenvolvimento.  

(A   região   de   Lisboa,   a   região   do   Porto,   complexo   industrial   de   Sines,  

empreendimentos  de  fins  múltiplos  do  Alqueva).  

7

 

c) Região   plano   (Planning   Region),   de   inspiração   programática   ou   prospetiva,  

voltada  para  empresas  e  para  a  ação  do  Estado  (Norte,  Centro,  Lisboa  e  Vale  

do  Tejo,  …).  

d) Região  administrativa/estatística,  que  concentra  órgãos  desconcentrados  ou  

descentralizados  do  Estado,  podendo  ou  não  coincidir  com  o  modelo  anterior  

(Distritos,   Direções   Regionais   de   Agricultura,   Educação,   Saúde,   Justiça,  

Turismo,  …).  

 

Uma  síntese  foi  ensaiada  por  Lacour  (1979):  

-­‐ A  região  corresponde  a  uma  área  geográfica  que  constitui  uma  entidade  que  

permite,  simultaneamente,  a  descrição  de  fenómenos  naturais  e  humanos,  a  

análise  de  dados  socioeconómicos  e  a  aplicação  de  uma  política.  

-­‐ Funda-­‐se   em   duas   características   principais:   homogeneidade   e   integração  

funcional,   e   resulta,   ao   mesmo   tempo,   num   sentimento   de   solidariedade  

vivida   e   em   relações   de   interdependência   com   os   restantes   conjuntos  

regionais  e  com  o  espaço  nacional  e  internacional.  

-­‐ Finalmente  a  aceleração  das  trocas  nos  anos  80  e  as  facilidades  de  circulação  

e  trocas  de  informação  que  se  operam  nos  anos  90  e  primórdios  do  século  

XXI   introduzem   alterações   ao   conceito   de   região   por   esta   agora   se   poder  

integrar  em  escalas  mais  amplas  e  até,  curiosamente,  desterritorializar-­‐se  –  

Região  Virtual.  

 

Discussão:   O   sempre   recorrente   tema   da   Regionalização   como   cola   com   estes  

conceitos  de  região?  

 

8

 

 Proposta  do  Governo  para  o  estabelecimento  de  8  regiões  administrativas.  Em  1998  a  proposta  foi  

recusada  por  referendo.  (Fonte:  http://www.usal.es/webusal)  

 

Discussão:  Os  Planos  de  Fomento  interpretaram  que  tipo  de  região?  

 

Abordados   que   foram   os   conceitos   de   desenvolvimento   regional   e   os   de   região,  

interessa  agora  operacionalizar  e  articular  estes  conceitos.  

Talvez  a  mais   importante  abordagem  a   fazer,  para   já,  diga   respeito  aos   fatores  de  

desenvolvimento  regional.  

Não   esquecer,   porém,   que   os   objetos   do   desenvolvimento   regional   passam,   cada  

vez  mais,   por   uma  melhoria   da  qualidade   de   vida   e  qualidade   ambiental,  mas   o  

desenvolvimento  económico  tem  ainda  uma  posição  destacada.  

Em  princípio  serão  as  vantagens  comparativas  de  cada  região  que  determinarão  a  

especialização  em  determinadas  atividades  produtivas.  

9

 

Atenção  que  a   fórmula  não  é   simples,   já  que  uma   região   sem  atributos  especiais  

não  teria  oportunidades  de  desenvolvimento.  

É  possível   classificar   cada   região  em   função  dos   seus   fatores  de  desenvolvimento  

(Biehl,  1990):  

-­‐ Situação  geográfica.  

-­‐ Estrutura  urbana  ou  de  aglomeração  (densidade  de  população  e  emprego).  

-­‐ Estrutura  produtiva   (importância  da   indústria  e  serviços  no  PIB  regional  e  

no  emprego).  

-­‐ Dotação  em  infraestruturas.  

 

Todavia,   nem   sempre   estes   fatores   acabam   por   ser   coerentes   com   o  

desenvolvimento  alcançado  pela  região.  Isto  pode  resultar  em:  

-­‐ Desajustes  territoriais.  

-­‐ Ajuste  territorial  positivo.  

-­‐ Ajuste  territorial  negativo.  

 

Estratégias  territoriais  da  Política  Regional  

Os   extremos   situam-­‐se   no   favorecimento   de   polos   de   desenvolvimento,   i.e.,  

concentração  espacial  das  ajudas  ou  generalizar  essas  ajudas  a  vastos  territórios  que  

apresentem   sinais   de   atraso,   podendo   a   eficácia   dessas   ajudas   diluir-­‐se   nessa  

vastidão.  

Este  último  extremo  tem  sido  atualmente  o  mais  utilizado,  em  especial  a  partir  da  

Política   Regional   Comunitária,   que   consegue   hierarquizar   os   níveis   de   ajuda   em  

função  da  gravidade  da  situação.  

 

 

 

 

 

 

10

 

As  estratégias  territoriais  podem  assentar  nos  seguintes  pilares:  

 

-­‐  Polos  de  desenvolvimento  

São   a   forma   mais   clássica,   tentando   reproduzir   o   processo   de   crescimento   que  

ocorreu  nas  áreas  mais  desenvolvidas,  mas  agora  de   forma   induzida.  EFMA,  Sines,  

polos  tecnológicos,  …  

 

-­‐  Polos  tecnológicos  

Estes   novos   polos   de   desenvolvimento   não   serão   concentrações   industriais,   mas  

complexos  de  inovação  tecnológica.  

 

-­‐  Distritos  industriais  

Define-­‐se  como  uma  entidade  sócio-­‐territorial  caracterizada  pela  presença  ativa  de  

uma   comunidade   de   pessoas   e   de   empresas   num   espaço   geográfico   e   histórico  

específico.  (Becattini,  1992)  

 

-­‐  Eixos  de  desenvolvimento  

Se   os   polos   de   desenvolvimento   tendem   a   concentrar   mais   população   e  

investimentos  que  outras  áreas  com  menores  vantagens  comparativas,  um  eixo  de  

desenvolvimento   considera-­‐se   o   encadeamento   de   diversos   polos   de  

desenvolvimento.  

Pode   ter   diversos   âmbitos   geográficos:   se   os   entendermos   à   escala   europeia  

podemos   falar,   p.   ex.,   da  dorsal   europeia  onde   se  distinguem  as   capitais   e  o   arco  

alpino.  

Num   âmbito   mais   regional,   faz   sentido   falar   de   eixo   galaico-­‐português.   Ainda   os  

eixos  de  âmbito  concelhio  poderão  fazer  sentido.  

 

 

 

 

11

 

-­‐  Redes  

Talvez   o   conceito  mais   forte   surgido  nos   últimos   tempos  na   análise   regional   e   no  

ordenamento   do   território.   Territórios   com   redes   mais   densas   tendem   a   ter  

vantagem  sobre  aqueles  que  as  não  apresentam  ou  que  tendo  sejam  menos  densas.  

Uma   rede   pode   ser   entendida   como   um   sistema   técnico   de   infraestruturas   e  

equipamentos   que   conseguem   atrair   fluxos   de   mercadorias,   energia,   pessoas,  

informação,  investimentos,  inovação,  etc.  

Não  confundir   com  o  princípio  de   rede  adotado  por  W.  Christaller   (1893-­‐1969),   já  

que  agora  se  aponta  para  inter-­‐relações  entre  lugares  de  natureza  horizontal  e  não  

hierarquizada,   criando   externalidades   e   economias   de   especialização,  

complementaridade,  divisão  espacial  do  trabalho,  sinergias,  cooperação  e  inovação.  

 

Tipo  de  redes  

-­‐   Complementaridade   (centros   especializados   e   complementares   relacionados   a  

partir  de  relações  input-­‐output  e  comerciais).  

-­‐   Sinergia   (centros   de   características   similares   com   relações   de   cooperação).   Ex.  

rotas  turísticas.  

-­‐  Inovação  (centros  que  cooperam  em  projetos  específicos  de  infraestruturas  ou  de  

produção  para  alcançar  mais  massa  crítica  para  a  oferta  e  procura).  

 

Atendendo   à   riqueza   deste   conceito,   para   ler   a   realidade   territorial   também   se  

utiliza  para  a  definição  de  estratégias  territoriais  da  política  regional:  

a) Incluir   as   redes   existentes   nas   estratégias   territoriais   de   desenvolvimento,  

aumentando  a  sua  capacidade  de  atração  e  competitividade.  

b) Fornecer   a   formação   de   redes   para   aumentar   a   coesão   e   a   atratividade  

territorial.  

 

 

 

 

12

 

-­‐  Regiões  emergentes  

São   regiões   frequentemente   alheias   a   estádios   de   dinâmica   industrial   ou   outra.  

Assim,  estão  livres  de  suportar  a  inércia  de  estratégias  territoriais  ultrapassadas.  É  o  

“leapfrogging”  de  Castells  (1991).    

 

-­‐  Imagem  de  síntese  

 Estratégias  territoriais  para  o  desenvolvimento  regional.    

 

 

Bibliografia:  

→ O.  Ribeiro  → G.  Benko  → Simões  Lopes  → Polése  →  J.  Ferrão  

13

 

III.  Globalização  e  desenvolvimento  regional    

-­‐ Existem   transformações   na   esfera   político-­‐económica   mundial   que  

acarretam  efeitos  muitas  vezes  contraditórios  e  muitas  vezes  dispersivos  à  

escala  nacional  e  regional.  

-­‐ Gera-­‐se  discussão  em  torno  do  processo  de  Globalização,  sendo  levantadas  

várias  questões:  

  Será  a  Globalização  um  fenómeno  inovador?  

  Em  que  aspetos  se  materializa?  

  Tem  consequências  visíveis?  

  Exemplos,  estudos  de  caso,  …  

-­‐ O   fenómeno   que   é   designado   por   Globalização   (termo   seguido   por  

Giddens,  1990;  Featherstone,  1990;  Albrow  e  King,  1990),  também  aparece  

mencionado  como  formação  global,  cultura  global,  sistema  global,  cidades  

globais.  

 

Giddens   define   Globalização   como   a   intensificação   das   relações   sociais   de   escala  

mundial,  relações  que  ligam  localidades  distantes  de  tal  maneira  que  as  ocorrências  locais  

são  moldadas  por  acontecimentos  que  se  dão  a  muitos  quilómetros  de  distância  e  vice-­‐

versa.  

Esta   transnacionalização  que   cobre   todas  as   faces  das  atividades  humanas  organizadas,  

coloca  em  causa  a  histórica  arrumação  dos  sistemas  nacionais  –  Estado-­‐Nação.  

Esta   desvalorização   do   sistema   nacional   ocorre   em   dois   patamares:   supranacional,   no  

que  se  pode  designar  por  sistema  mundo,  organizado  pelos  grandes  blocos  económicos  e  

sistemas  de  governância  supranacional,  mas  também   infranacional,  à  escala  regional  ou  

mesmo  local.  

Como  afirma  Boaventura  Sousa  Santos  (2001)  “a  globalização  das  últimas  3  décadas  em  

vez  de  se  encaixar  no  padrão  moderno  ocidental  de  globalização  (como  homogeneização  

14

 

e   uniformização)   parece   combinar   a   universalização   e   a   eliminação   das   fronteiras  

nacionais   por   um   lado,   o   particularismo,   a   diversidade   local,   a   identidade   étnica   e   o  

regresso  ao  comunitarismo,  por  outro”.  

Interage   ainda   com   outras   transformações   como   o   aumento   das   desigualdades   entre  

países   ricos   e   pobres,   dentro   de   cada   país,   entre   ricos   e   pobres,   a   sobrepopulação,   a  

catástrofe   ambiental,   os   conflitos   étnicos,   a   migração   internacional   massiva,   a  

emergência  de  novos  Estados  e  a  falência  e  implosão  de  outros,  a  proliferação  de  guerras  

civis,  o  crime  globalmente  organizado,  …  

 

Globalização  Económica  

A   globalização   da   produção   conduzida   pelas   empresas  multinacionais   gerou   uma   nova  

economia  mundial:  

-­‐ Economia  dominada  pelo   sistema   financeiro  e  pelo   investimento  à  escala  

global.  

-­‐ Processos  de  produção  flexíveis  e  multilocais.  

-­‐ Baixos  custos  de  transporte.  

-­‐ Revolução  das  tecnologias  de  informação  e  de  comunicação.  

-­‐ Desregulação  das  economias  nacionais.  

-­‐ Preeminência  das  agências  financeiras  multilaterais.  

-­‐ Emergência  de  3  grandes  capitalismos  mundiais:  EUA  (com  Canadá,  México  

e  a  América  Latina);  Japão  (com  os  4  pequenos  tigres:  Singapura,  Taiwan,  

Coreia   do   Sul   e  Hong   Kong);   Europeu   (União   Europeia,   com  a   Europa   de  

Leste  e  o  Norte  de  África).  

-­‐ Assim,   as   empresas   multinacionais   passaram   a   integrar   a   estrutura  

institucional,   juntamente   com   os   mercados   financeiros   e   os   blocos  

comerciais  transnacionais.  

 

Estas  mudanças  exigiram  novos  locais  estratégicos  na  economia  mundial  (Sassen,  1994):  

-­‐  Zonas  de  processamento  para  exportação.  

15

 

-­‐  Centros  financeiros  –  offshore.  

-­‐  Cidades  globais  

 

A  prova  desta  globalização  económica  está  no  facto  de:  

-­‐  Das  100  maiores  economias  do  Mundo,  47  são  empresas  multinacionais.  

-­‐  70%  do  comércio  mundial  é  controlado  por  500  empresas  multinacionais.  

-­‐  1%  das  multinacionais  é  responsável  por  50%  do  investimento.  

 

Globalização  Social  

Também  neste  domínio  a  globalização,  longe  de  homogeneizar,  aprofunda  desigualdades.  

Existem  diferentes  ângulos  de  ver  a  realidade,  passando  dos  rendimentos  para  a  saúde  ou  

mesmo  educação.  

Segundo  o  Banco  Mundial,  o  conjunto  dos  países  pobres,  onde  vive  85,2%  da  população,  

apenas  tem  21,5%  do  rendimento  mundial.  

O   conjunto   dos   países  mais   ricos,   com   14,8%   da   população  mundial,   detém   78,5%   do  

rendimento  mundial.  

No  quinto  país  mais  rico  concentram-­‐se  79%  dos  utilizadores  da  Internet.  

Mas   no   interior   dos   países   o   problema   persiste   em   todos   os   casos.   Nos   EUA   1%   das  

famílias  possui  40%  da  riqueza  do  país  e  20%  das  famílias  mais  ricas  detinham  80%  dessa  

riqueza.  

Na  relação  da  sociedade  com  o  trabalho,  a  tendência  tem  sido  para  liberalizar  o  mercado  

de  trabalho,  descolando  os  aumentos  salariais  dos  ganhos  de  produtividade.  

No  fundo,  a  economia  é  dessocializada.  

 

-­‐  Globalização  Política  

 

-­‐  Globalização  Económico-­‐Cultural  

16

 

 

-­‐  Globalização  e  Desenvolvimento  Regional  

O  desenvolvimento  regional  ainda  é,  como  se  viu  atrás,  dependente  do  desenvolvimento  

económico,   o   que   faz   com   que   as   regiões   sejam   carentes   do   investimento   público   e  

investimento  produtivo.  

Estando   garantido   o   suporte   financeiro   público   exige-­‐se   que   se   fixe   a   atenção   e   o  

interesse  das  empresas  com  capacidade  financeira  suficiente  para  gerar  emprego  e  base  

económica  de  exportação.  

Nos  países  ocidentais  o  investimento  pode  ser  canalizado  para  todos  os  locais  e,  assim,  há  

o   risco   de   agravar   os   desequilíbrios   regionais,   já   que   as   zonas   em   crise   são   menos  

apetecíveis.  

Por   isso,   as   regiões   com   problemas   de   desenvolvimento   procuram,   por   um   lado,  

apetrechar-­‐se   com   argumentos   que   lhes   deem   vantagens   competitivas   (património,  

recursos   humanos   de   qualidade,   …),   mas   também   com   vantagens   fiscais   e   até   de  

incentivo  financeiro.  

Em   todo   o   caso,   representando   estas   iniciativas   oportunidades   incontornáveis   de  

desenvolvimento,  elas  também  levantam  interrogações  em  torno  dos  efeitos  económicos  

e  sociais  dessa  integração  clara  na  lógica  mundial.  

É   evidente   que   o   local   tem   condicionado   ligeiramente   a   implantação   do   global,  mas   a  

lógica  é  a  subordinação  do  primeiro  ao  segundo.  

O  risco  também  é  o  da  banalização  da  oferta  de  cada  região,  pois  através  destes  grandes  

investidores   passa   a   ser   possível   encontrar   produtos   semelhantes   noutros   pontos   do  

globo.  

 

Bibliografia:  

 

→ M.  Castells  

→ PNPOT  

17

 

→ B.  S.  Santos  

→ LOPES,  A.  S.,  Globalização  e  Desenvolvimento  Regional  

(http://www4.crb.ucp.pt/biblioteca/GestaoDesenv/GD11/gestaodesenvolvimento11_9.pdf)  

→ GIDDENS,   Anthony   (2000),   O   mundo   na   era   da   globalização,   Lisboa,   Editorial  

Presença,  ISBN  9789722325738.  

→ PUREZA,   José  Manuel;   FERREIRA,   António   Casimiro   (orgs.)   (2002),  A   teia   global:  

movimentos  sociais  e  instituições,  Porto,  Ed.  Afrontamento,  ISBN  9723605724.  

→ WATERS,  Malcolm  (1999)  Globalização,  Oeiras,  Celta  Editora,  ISBN  9728027605.  

 

 

18

 

IV.  O  que  é  a  Europa  e  a  Europa  das  Regiões  -­‐  O  Continente  Europeu  como  

um  caso  excêntrico  entre  os  Continentes  

 

 

O  que  é  um  Continente?  

Normalmente   refere-­‐se   a   grandes   massas   continentais   vulgarmente   envolvidas   por  

oceanos   e   habitadas.   Por   isso   se   compreende   que   a   Gronelândia,   que   é   maior   que   a  

Austrália,  não  seja  considerada  Continente  ao  contrário  da  segunda.  

A  Europa,  pela  sua  configuração,  seria  mais  uma  enorme  península  da  Eurásia.  Assim,  os  5  

Continentes  foram  uma  enorme  invenção  proposta  pelos  europeus  (povos  descobridores  

e  colonizadores).  

Mas   para   se   destacar   claramente   da   Ásia   é   necessário   uma   afirmação   identitária   e  

cultural.  

Aqui  o  Cristianismo  jogou  um  papel  nuclear  na  construção  dessa  diferença.  

A   ideia  de  ser  Europeu  é,  desde   logo,  ser  cristão,  como  reação  à   longa  ocupação  Árabe  

(desde  o  século  VIII).  

As  cruzadas,  a  Reconquista,  foi  sempre  o  cristianismo  o  elemento  agregador  de  uma  ideia  

de  Europa  que  se  afirma  contra  outros.  

Mais  tarde  e  após  a  consolidação  da  frente  “Sul”,  foi  a  frente  oriental  (Russa  e  Otomana)  

que  forçou  a  identidade  europeia  (cf.  Ferrão).  

 

A  ideia  da  Comunidade  

Ou  acompanhar  a  cronologia  do  “Dicionário  dos  Termos  Europeus”.  

A   Coesão   Económica   e   Social   foi,   desde   sempre,   uma   preocupação   das   instâncias  

comunitárias.  

19

 

O   Tratado   de   Maastricht   (1992)   contempla   de   forma   explícita   a   coesão   social   e  

económica.  Mas  já  atrás  –  Tratado  de  Roma  –  fazia  referência  à  importância  da  redução  

das  desigualdades  de  desenvolvimento  entre  regiões.  

De  forma  mais  ou  menos  clara  esse  desígnio  foi  surgindo  nos  documentos  europeus  –  por  

ex.  no  Ato  Único  Europeu.  

Não   é   por   acaso   que   a   Política   Regional,   expressa   designadamente   através   dos   Fundos  

Estruturais  e  de  Coesão,  foi  a  2.ª  maior  rúbrica  orçamental  da  União  Europeia  no  III  QCA  

(Quadro  Comunitário  de  Apoio)  2000-­‐2006.  

O  novo   tratado,  que  busca  estabelecer  uma  nova  constituição  para  a  Europa,  propõe  o  

acrescento  da  dimensão   territorial   –  Coesão  Territorial   –   juntando-­‐se  à  Coesão  Social   e  

Económica.  

O  acesso  a  serviços  e  bens  tem  de  ser  tendencialmente  semelhante  em  todo  o  território  

da  UE.  

Visa   assim   corrigir   as   disparidades   territoriais,   cooperação   entre   regiões,  

desenvolvimento  policêntrico,  integração  territorial,  etc  

 

 

 

Bibliografia:  

→ J.  Ferrão  

→ C.  Cavaco  

20

 

V.   Grandes   etapas   da   construção   europeia.   Portugal   no   processo   da  Integração  Europeia    

 

Os  fundamentos  que  deram  origem  a  todo  o  processo  em  marcha  para  os  Estados  Unidos  

da   Europa   são   mais   visivelmente   económicos.   Todavia,   desde   cedo   (senão   em  

simultâneo),   as   questões   sociais   e   políticas   ganharam   um   destaque   que   a   economia  

jamais  poderia  dispensar.  

 

Grandes  etapas:  

1957   CEE   Bélgica,  França,  Alemanha,  Itália,  Luxemburgo  e  Holanda.  

1973   CEE   Com  9  países:  Dinamarca,  Irlanda  e  Reino  Unido.  

1981   CEE   Com  10  países:  Grécia.  

1986   CEE   Com  12  países:  Portugal  e  Espanha.  

1992   UE   Tratado  de  Maastricht,  que  criou  a  União  Europeia  juntando  as  três  Comunidades  (Euratom,  CECA,  CEE).  A  CEE  passou  a  designar-­‐se  por  CE.  

1995   UE   Com  15  países:  Áustria,  Finlândia  e  Suécia.  

2004   UE   Com  25  países:  Malta,  Chipre,  Estónia,  Letónia,  Lituânia,  Polónia,  República  Checa,  Eslováquia,  Eslovénia  e  Hungria.  

 

Portugal  tem  contribuído  ativamente  no  processo  de  integração  europeia,  assumindo  as  

suas  responsabilidades.  

Por  um  lado,  assumindo  por  3  vezes  a  presidência  da  União  Europeia  (1992,  2000  e  2007),  

sendo  que  em  dezembro  de  2007  foi  assinado  –  entrando  em  vigor  dois  anos  depois  –  o  

Tratado   de   Lisboa,   que   corresponde   a   uma   versão   simplificada   da   Constituição  

referendada  nos  países  da  UE  em  2004.  

-­‐  Os  Tratados.  

-­‐  Os  Acordos.  

21

 

-­‐  Estratégia  de  Lisboa.  

 

 Fonte:  Comunidade  Europeia  

 

Bibliografia:  

http://europa.eu/abc/12lessons/lesson_2/index_pt.htm    

http://www.europepolycentrique.org/constructioneuropeenne.htm    

 

 

 

22

 

VI.   A   União   Europeia   no   século   XXI.   A   Europa   alargada,   a   reforma  institucional  e  o  financiamento  das  políticas    

 

Será   necessário,   como   já   nos   referimos   atrás,   que   a   Europa   precise   de   continuar   a  

afirmar-­‐se  pela  oposição  a  algo?  Seja  do  comunismo,  seja  da  religião?  

 

Huntington,  em  2001,  num  livro  publicado  pela  gradiva  –  “O  choque  das  civilizações  e  a  

mudança  na  ordem  mundial”   –   acha  que  no   lado  oriental   a   fronteira/limite   assenta  na  

distinção   religiosa,   opondo   os   cristãos   ocidentais   –   católicos   e   protestantes   –   aos  

muçulmanos  e  ortodoxos.  

Todavia,  o  Tratado  de  Roma  (1957)  afirma  no  seu  artigo  237  que  todo  o  Estado  Europeu  

pode  solicitar  a  sua  adesão  à  UE.  

Ora  surgem  então  as  fontes  de  um  problema  recorrente  que  é  como  tratar  o  pedido  de  

adesão  da  Turquia?  

 

Ou  como  responder  às  questões  formuladas  por  Carminda  Cavaco  (2004):  

-­‐ Os  critérios  de  admissão  serão  culturais  e  económicos?  

-­‐ Pode  a  UE  alargar-­‐se  continuamente  mantendo  o  seu  projeto  inicial?  

-­‐ Porque  razão  alguns  estados  não  aderem  (Suiça,  Islândia  e  Noruega)?  

-­‐ Com  que   fundamentos   poderá   a  UE   recusar   a   entrada   depaíses   como  os  

dos  Balcãs  (Sérvia,  Macedónia  e  Albânia)?  

-­‐ Poderá  jogar-­‐se  entre  a  integração  política  e  a  integração  económica?  

-­‐ A  descontinuidade  territorial  faz  sentido?  

 

Estas  questões  e  outras  suscitaram  a  necessidade  da  UE  se  interrogar  sobre  o  seu  futuro,  

criando  a  Convenção  sobre  o  Futuro  da  Europa,  onde  se  debateria  a  estrutura  interna  e  a  

correção  das  assimetrias  numa  Europa  a  25.  

 

 

23

 

 

 

 

Culminando  com  o  Tratado  de  Lisboa  

 

Onde  consta  o  3.º  pilar  da  Coesão  Europeia  –  Coesão  Territorial  

 

Consequências  por  avaliar  

 

Um  dos  sinais  é  o  aumento  do  protagonismo  da  política  de  cidades  em  detrimento  da  política  regional  

 

 

 

Bibliografia:  

→ http://europa.eu/abc/12lessons/lesson_12/index_pt.htm    

24

 

VII.  Noção  de  política  comunitária,  integração  económica  e  social  e  políticas  comuns    

 

1. Políticas  Comunitárias  

As  Políticas  Comunitárias,  ou  Políticas  Comums,  transformaram-­‐se  nos  instrumentos  

de  concretização  de  parte  dos  principais  objetivos  da  União  Europeia.  

Apenas  se  aplicam  quando  os  domínios  a  que  se  referem  são  competência  exclusiva  

ou  partilhada  com  os  Estados  Membros.  

Podem   ter,   pelo  menos,   dois   objetivos   –   correção   das   disparidades   regionais   em  

vários  domínios;  atuação  sobre  domínios  específicos  para  aprofundar,  melhorar  ou  

corrigir  esses  campos.  

 

2. Integração  Económica  e  Social  (e  Territorial)  

No  fundo,  a  segunda  pretensão  relaciona-­‐se  com  a  integração  social  e  económica.  

A   primeira   relaciona-­‐se   com   a   “integração   europeia   territorial”   que   viu,   com   o  

Tratado  de  Lisboa   (cf.  Secção  3,  Tratado  de  Lisboa,  p.177  e  Dic.  Termos  Europeus,  

p.54),   consagrada   a   sua   importância   –   fazendo   agora   parte   da   coesão   social   e  

económica  dos  grandes  princípios  da  UE.  

A   adoção   da  moeda   única,   dos   acordos   de   Schengen,   das   diretivas   comunitárias,  

etc.,  são  medidas  que  reforçam  a  ideia  de  integração.  

 

3. Políticas  Comuns  

Apesar  da  UE  ser  uma  das  regiões  do  mundo  mais  desenvolvidas,  as  assimetrias  no  

seu  interior  são  muito  significativas.  

A   Europa   a   25   veio   aprofundar   ainda   mais   esta   característica   europeia,   já   que  

aumentou  brutalmente  a  diferença  entre  os  mais  ricos  e  os  mais  pobres.  

Surgem  assim  2  objetivos  nucleares  da  UE:  

-­‐  Desenvolvimento  harmonioso  da  União.  

25

 

-­‐   Coesão   Económica   e   Social   revelando   a   solidariedade   com   as   regiões   menos  

desenvolvidas.  

 

Os   fundos   existentes   (308   biliões   de   Euros)   para   a   política   de   coesão   e   fundos  

estruturais  ficam,  no  período  2007-­‐2013,  mais  facilitados  tendo  mesmo  sido  criados  

3  novos  instrumentos:  

-­‐  JASPERS  (Joint  Assistance  in  Supporting  Projects  in  European  Regions).  

     Link:  http://ec.europa.eu/regional_policy/funds/2007/jjj/jaspers_en.htm  

-­‐  JESSICA  (Join  European  Support  for  Sustainable  Investment  in  City  Areas).  

     Link:  http://ec.europa.eu/regional_policy/funds/2007/jjj/jessica_en.htm  

-­‐  JEREMIE  (Join  European  Resources  for  Micro  to  Medium  Enterprises).  

     Link:  http://ec.europa.eu/regional_policy/funds/2007/jjj/jeremie_en.htm  

 

Os  fundos  estruturais  visam:  

a) Convergência  

Este  é  um  novo  objetivo  destinado  a  regiões  com  fracos  níveis  de  emprego  e  PIB  

abaixo  dos  75%  da  média  UE  em  2000-­‐2002.  

Representam  100  regiões  com  35%  da  população  dos  27.  

O   objetivo   é   acelerar   o   crescimento,   bem   como   os   fatores   favoráveis   a   uma  

convergência  efetiva  entre  Estados  Membros  e  regiões  menos  desenvolvidas.  

b) Competitividade  regional  e  emprego  

Este  objetivo  aplica-­‐se  ao  resto  da  União  –  168  regiões  com  65%  da  população.  

c) Cooperação  territorial  europeia  

Facilitar   a   cooperação   interregional   ou   transfronteiriça   entre   as   autoridades  

locais  e  regionais  –  onde  vivem  37,5%  da  população  da  UE  (181,7  milhões).  

 

Estes   objetivos   cobrem,   por   um   lado,   o   Fundo   Europeu   de   Desenvolvimento  

Regional  e  por  outro  o  Fundo  Social  Europeu.  

 

26

 

Os  Fundos  de  Coesão  contribuem  para  as  intervenções  nos  domínio  do  ambiente  e  

das  redes  de  transporte.  

Apoia   os   Estados   Membros   com   um   produto   nacional   bruto   de   90%   do   PNB  

Comunitário   (envolvendo   todos   os   Estados  Membros   de   entrada   recente,   Grécia,  

Portugal  e  Espanha  a  título  transitório).  

 

Exemplos  de  Políticas  Comuns:  

-­‐  Política  Comum  das  Pescas  (PCP).  

-­‐  Política  Externa  e  de  Segurança  Comum  (PESC).  

-­‐  Política  Agrícola  Comum  (PAC).  

-­‐  Política  Comum  de  Transportes  (PCT).  

-­‐  Política  Comercial  Comum  (PCC).  

 

Programas  de  Iniciativa  Comunitária  (PIC):  

São   programas   específicos   que   visam   constituir   respostas   para   algumas  

problemáticas  no  território  da  UE.  Dirigem-­‐se,  sobretudo,  para  as  áreas  de  objetivos  

da  Coesão  Económica  e  Social  e  são  financiados  pelos  Fundos  Estruturais.  

 

Em  2000-­‐2006:  

a) INTERREG  III  

Fomentar  a  cooperação  transfronteiriça,  transnacional  e  interregional.  

394  M  €  

b) URBAN  II  

Luta  contra  os  problemas  económicos,  ambientais  e  sociais  urbanos.  

18  M  €  

c) LEADER  +  

Apoiar  as  estratégias  originais  para  o  desenvolvimento  das  zonas  rurais.  

163,2  M  €  

d) EQUAL  

27

 

Eliminar   fatores   que   estão   na   origem   das   desigualdades   e   discriminação   no  

acesso  ao  mercado  de  trabalho  ou  na  sociedade  em  geral.  

107  M  €  

 

 

Bibliografia:  

http://europa.eu/abc/12lessons/lesson_12/index_pt.htm    

28

 

 

VIII.  Génese  e  desenvolvimento  da  política  regional  europeia    

 

1. Artigo  158.º  e  seguintes  do  Tratado  que  constitui  a  Comunidade  Europeia.  

Art.  158.º:  A   fim  de  promover  um  desenvolvimento  harmonioso  do  conjunto  da  

Comunidade,   esta   desenvolve   e   prossegue  a   sua  ação  no   sentido  de   reforçar   a  

sua  coesão  económica  e  social.  

Em   especial,   a   Comunidade   procura   reduzir   a   disparidade   entre   os   níveis   de  

desenvolvimento   das   diversas   regiões   e   o   atraso   das   regiões   e   das   ilhas   mais  

desfavorecidas,  incluindo  as  zonas  rurais.  

 

2. O  desenvolvimento  da  política  regional  europeia  em  Portugal  

 

3. Disposições  gerais  2007-­‐2013  

O   Fundo   Europeu   de   Desenvolvimento   Regional   (FEDER)   é   atualmente   o   mais  

importante.   Apoia,   desde   1975,   a   realização   de   infraestruturas   e   investimentos  

produtivos  geradores  de  emprego,  nomeadamente  destinados  às  empresas.  

O  Fundo   Social   Europeu   (FSE),   instituído   em  1958,   apoia   a   inserção   profissional  

dos   desempregados   e   das   categorias   da   população   desfavorecidas,   financiando,  

nomeadamente,  ações  de  formação.  

 

 

 

Bibliografia:  

→ http://europa.eu/pol/reg/index_pt.htm    

29

 

IX.  O  planeamento  do  desenvolvimento  regional.  QCA  e  QREN.  Os  recursos  financeiros  –  Fundos  estruturais,  fundo  de  coesão  e  iniciativas  comunitárias    

 

Programação  

1989-­‐1993     1994-­‐1999     2000-­‐2006     2007-­‐2013     2014-­‐2020                    Programa  de  Desenvolvimento  Regional                            

Quadro  Comunitário  de  Apoio     QREN                    

Programas  Operacionais  –  PO                                 Complementos  

de  Programação  

       

                      Programas  de  Iniciativa  

Comunitária  –  PIC          

 

O  QCA  III  apresentava  a  seguinte  estrutura:  

a) 12  Programas  Estruturais  Sectoriais:  

-­‐  Educação.  

-­‐  Emprego,  formação  e  desenvolvimento  social.  

-­‐  Ciências  e  inovação  2010.  

-­‐  Sociedade  do  conhecimento.  

-­‐  Saúde.  

-­‐  Cultura.  

-­‐  Administração  Pública.  

-­‐  Agricultura  e  desenvolvimento  rural.  

-­‐  Pescas.  

-­‐  Economia.  

-­‐  Acessibilidades  e  transportes.  

30

 

-­‐  Ambiente.  

b) 5  PO  regionais  do  Continente:  

-­‐  Norte.  

-­‐  Centro.  

-­‐  Lisboa  e  Vale  do  Tejo.  

-­‐  Alentejo.  

-­‐  Algarve.  

c) 2  PO  regiões  autónomas  

-­‐  Açores.  

-­‐  Madeira.  

d) 1  PO  assistência  técnica  

 

O  QREN  2007-­‐2013:  

a) 3  PO  temáticos:  

-­‐  Fator  de  competitividade.  

-­‐  Potencial  humano.  

-­‐  Valorização  teritorial.  

b) 5  PO  regionais  do  Continente:  

-­‐  Norte.  

-­‐  Centro.  

-­‐  Lisboa  e  Vale  do  Tejo.  

-­‐  Alentejo.  

-­‐  Algarve.  

c) 4  PO  Regiões  Autónomas:  

-­‐  Açores  (FSE,  FEDER).  

-­‐  Madeira  (FSE,  FEDER).  

d) 3  PO  cooperação  territorial:  

-­‐  Transfronteiriça.  

-­‐  Transnacional.  

-­‐  Interregional.  

31

 

e) 5  Prioridades  Estratégicas:  

-­‐  Promover  a  qualificação  dos  portugueses.  

-­‐  Promover  o  crescimento  sustentado.  

-­‐  Garantir  a  Coesão  Social.  

-­‐  Assegurar  a  qualificação  do  território  e  das  cidades.  

-­‐  Aumentar  a  eficiência  da  governação.  

 

Princípios  estruturantes  para  o  QREN  e  PO’s  

1. Concentração  operacional.  

2. Seletividade  nos  investimentos  e  nas  ações  de  desenvolvimento.  

3. Viabilidade  económica  e  sustentabilidade  financeira  das  operações.  

4. Coesão  e  valorização  territoriais.  

5. Gestão  e  monitorização  estratégica  das  intervenções.  

 

cf.  Orientações  Estratégicas  Comunitárias  para  a  Coesão  (determinam  o  quadro  europeu  

de  referência  para  os  instrumentos  nacionais  e  regionais  de  programação).  

 

Apresentação  dos  PO’s  Temáticos  e  Regionais.  

 

 

Bibliografia:  

→ http://www.qren.pt    

 

32

 

X.  Aproximação  a  um  programa  específico:  Pólis  XXI.  Candidaturas,  redes  e  parcerias  como  novo  paradigma  para  o  desenvolvimento  urbano  e  regional    

A  política  de  cidades  Pólis  XXI  visa  dotar  as  cidades  portuguesas  de  características  

fundamentais  para  o  seu  desenvolvimento  e  qualidade,  através  do  cumprimento  

de  objetivos  operativos:  

• Qualificação  e  coesão  

• Competitividade  e  projeção  nacional  e  internacional  

• Integração  na  região  envolvente  

• Inovação  nas  soluções  

Bibliografia:  

→ http://www.dgotdu.pt/pc/