desenvolvimento psicológico - margareth mahler, ©cduque 2004

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Celeste Duque 2004-2005 2004-2005

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Apresentação sobre Desenvolvimento psicológico - perspectiva de Margareth Mahler - elaborada no âmbito da disciplina de Psicologia VI (Psicologia do Desenvolvimento), 4º ano, do curso de Licenciatura em Enfermagem, ESSaF-UAlg, da autoria de Celeste Duque, 2004.

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Page 1: Desenvolvimento psicológico - Margareth Mahler, ©CDuque 2004

Celeste Duque

2004-20052004-2005

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MargaretMargaret MahlerMahler::Nascimento Psicológico do Ser humanoNascimento Psicológico do Ser humano

• Nascimento Psicológico do Serhumano– O momento do nascimento biológico de recém-

nascido e o momento do nascimento psicológico doindivíduo não coincidem.

– O primeiro é um acontecimento dramático, observávele bem circunscrito.

– O segundo é um processo intrapsíquico que sedesenvolve lentamente.

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Nascimento Psicológico do Ser humanoNascimento Psicológico do Ser humano[cont.]

• Para o ser humano adulto, a experiência desi como um ser ao mesmo tempo em relaçãoe bem separado do ‘mundo exterior’ énatural e um dom inato:– ele oscila facilmente e com ritmos diferenciados entre

a consciência de si e– a receptividade sem tomada de consciência de si.

• Este é um processo que se desenvolvelentamente.

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Nascimento Psicológico do Ser humanoNascimento Psicológico do Ser humano[cont.]

• Ao nascimento psicológico doindivíduo designamos por processo deseparação-individuação.

• Este processo, face a um mundo derealidade, é a aquisição do sentimento,em simultâneo, de– estar separado e– em relação.

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Processo de Processo de Separação-IndividuaçãoSeparação-Individuação

• Separado e em relação sobretudo no que dizrespeito ao seu próprio corpo e ao objecto deamor primário– principal representante do universo.

• Como todos os processos intrapsíquicos,possui repercussões ao longo de toda a vida:– não tem fim e está sempre activo.

• Processa-se entre o 4º-5º mês e vai até ao 35º-36º mês de vida.

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Processo de Processo de Separação-IndividuaçãoSeparação-Individuação [cont.]

• Desde o início, a criança forma-se edesenvolve-se na matriz da unidade mãe-bebé.

• A capacidade de adaptação da criança e a suanecessidade de adaptação (para obtersatisfação) ultrapassam largamente ascapacidades da mãe.

• A personalidade da mãe está finalizada emuitas vezes é rígida.

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Processo de Processo de Separação-IndividuaçãoSeparação-Individuação[cont.]

• O bebé modula-se em harmonia e em contraponto àmaneira e ao estilo da mãe– quer ela represente um objecto são ou patológico.

• A tensão, a angústia traumática, a fome biológica, oaparelho do ego e a homeostasia são conceitosquase biológicos, pertinentes nos primeiros meses, epercursores, respectivamente,– da angústia de conteúdo psicológico,– do sinal de angústia,– das pulsões orais,– das funções do ego e– dos mecanismos de regulação interna.

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Processo de Processo de Separação-IndividuaçãoSeparação-Individuação [cont.]

• A teoria de Margaret Mahler coloca a tónicana adaptação.– As exigências de adaptação encontram no bebé uma

capacidade• de se deixar modelar pelo ambiente,• em conformar-se ao seu ambiente,

– que já se encontra presente na primeira infância.

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Processo de Processo de Separação-IndividuaçãoSeparação-Individuação [cont.]

• O trabalho desenvolvido por MargaretMahler trata essencialmente:• Da realização cognitivo-afectiva da consciência de ser

separado• necessária a uma verdadeira relação de objecto;

• Do papel dos aparelhos do ego• motilidade, memória e percepção, p.e.; e

• de funções do ego mais complexas• a prova da realidade, p.e.

• no acesso a um tal consciente.

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Processo de Processo de Separação-IndividuaçãoSeparação-Individuação [cont.]

• Os principais conceitos nesta teoria daseparação-individuação são:– Separação – realização intrapsíquica de um

sentimento de estar separado da mãe• universo;

– Identidade – primeira consciência de umsentimento de ser, de entidade

• energia libidinal dirigida para o corpo.

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Fases do Processo deFases do Processo deSeparação-IndividuaçãoSeparação-Individuação

– Fases anteriores ao processo• autismo normal

• narcisismo primário da fase simbiótica nascente

• simbiose normal

• 1ª Subfase: diferenciação e desenvolvimento doesquema corporal

• 2ª Subfase: ensaios

• 3ª Subfase: reaproximação

• 4ª Subfase: consolidação da individualidade

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Fases Anteriores ao Processo deFases Anteriores ao Processo deSeparação-IndividuaçãoSeparação-Individuação

• Antes da evolução para a simbiose, o bebé dormemais tempo do que aquele em que está de vigília.

• Na fase autística normal, há uma ausência relativade investimento dos estímulos exteriores– não há, p.e., percepção à distância:

• Há uma barreira de protecção contra os estímulos - o bebé nãoresponde aos estímulos exteriores.

• Predominam os fenómenos fisiológicos sobre os psicológicos:– o bebé acorda quando está com fome ou outras tensões o levam a gritar, para

cair novamente no sono quando está saciado

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Autismo normalAutismo normal

• As primeiras semanas são designadas porautismo normal:– são os cuidados maternais que fazem com que o bebé

efectue gradualmente a passagem• de uma tendência inata à regressão vegetativa• para uma consciência sensorial acrescida do meio envolvente e• um melhor contacto com ele

– há um deslocamento da libido desde o interior do corpo para a sua periferia.

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Narcisismo primárioNarcisismo primário

•Ao autismo segue-se a etapa em que o bebé fica consciente deque não pode satisfazer as suas próprias necessidades.

•A satisfação vem de alguma parte exterior a si:– narcisismo primário da fase simbiótica nascente.

• O objectivo do bebé é a homeostasia:– o bebé não consegue isolar os efeitos dos cuidados maternos

» que lhe reduz a fome,

– diferenciando-os dos seus esforços para reduzir a tensão pelos seus própriosmeios

» chorar, tossir, arrotar, vomitar

– na tentativa de se desfazer de uma tensão desagradável.

•Inicia-se a diferenciação entre experiências boas/agradáveis eexperiências más/dolorosas.

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Simbiose normalSimbiose normal

• Uma consciência difusa do objecto de satisfação dasnecessidades (2º mês) marca o início da fase de simbiose

normal, na qual o bebé se comporta e funciona como se elee a sua mãe formassem um sistema omnipotente:

– uma unidade dual no interior de um só limite.

• É neste momento que começam a existir falhas na barreiraquase sólida de protecção contra os estímulos:

– forma-se um pára-excitações, pois há um investimento na periferiasensório-perceptiva.

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SimbioseSimbiose

• Mas a simbiose é diferente para os dois parceiros:– a necessidade que o bebé tem da sua mãe é absoluta,

– a necessidade que a mãe tem do seu bebé é relativa.

• O termo simbiose é uma metáfora:– descreve um estado de indiferenciação, de fusão com a mãe, no

qual o “eu” não se diferencia do “não eu”, onde o dentro e ofora só vêm gradualmente a ser sentidos como diferentes.

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SimbioseSimbiose [cont]

• Toda a percepção desagradável (interna ou externa) éprojectada para lá do limite comum do meio interior

simbiótico:– a esfera simbiótica substitui a barreira inata de protecção contra os estímulos

e protege o ego rudimentar de todo a tensão prematura e não-adaptada.

• A fusão somato-psíquica omnipotente da simbiose éalucinatória, pois resulta na ideia delirante de um limitecomum entre dois indivíduos fisicamente separados.

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SimbioseSimbiose [cont]

• É a este mecanismo que regride o ego nos casos maisgraves de individuação e de desorganização psicótica

– psicose simbiótica da criação.

• A necessidade dos cuidados dos adultos por parte dosbebés humanos faz com que este esteja dependentefisiologicamente e psicologicamente da mãe, e

– é no seio desta dependência que opera a diferenciaçãoestrutural fundamental para o desenvolvimento do ego no seuconjunto de funções.

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Estádios de Estádios de não-indiferenciaçãonão-indiferenciação

• O autismo normal e a simbiose normal são osdois primeiros estádios de não indiferenciação,

– O primeiro é an-objectal,– O segundo pré-objectal.

• Ambos surgem antes que se produzam aseparação e a individuação e a emergência doego rudimentar como estrutura funcional.

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Núcleo do EuNúcleo do Eu

• Os cuidados maternos e o jogo com o bebé– segurá-lo, apoiá-lo, pegar ao colo, sustentá-lo, limpá-lo...

• são essenciais para a demarcação do eu corporal nointerior da matriz simbiótica

– esquema corporal.– As sensações internas do bebé constituem o núcleo do eu.

• O órgão sensório-perceptivo contribui para delimitar oeu do mundo objectal.

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SubfasesSubfases do Processo do Processode de separação-individuaçãoseparação-individuação

• 1ª Subfase: diferenciação e desenvolvimento doesquema corporal

– Por altura do 4º ou 5º mês, no momento culminante dasimbiose, os fenómenos do comportamento parecem indicar ocomeço da primeira subfase da separação-individuação, isto é,a diferenciação.

• Ao longo dos meses de simbiose, o bebé familiarizou-secom a metade materna do seu eu simbiótico,

– tal como indica o sorriso não específico e social.– Esse sorriso torna-se gradualmente o suporte específico

preferencial ao sorriso da mãe, sinal decisivo que um laçoespecífico se estabeleceu entre o bebé e a mãe.

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1ª 1ª SubfaseSubfase: : DiferenciaçãoDiferenciação

e desenvolvimento do Esquema corporale desenvolvimento do Esquema corporal

• As percepções interiores são mais fundamentais eelementares que as percepções exteriores.

– As percepções são respostas do corpo a si mesmo e aos órgãosinternos, os estados de troca entre a tensão e a relaxação parecemconstituir uma espécie de núcleo de uma consciência difusão docorpo.

• Os padrões do que constitui o núcleo não são acessíveisatravés da observação, mas estes permite estudar oscomportamentos que servem para a demarcação do eu edo outro:

– a capacidade de distinguir os objectos desenvolve-se maisrapidamente que a capacidade de distinguir entre o “eu” e osobjectos.

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1ª 1ª SubfaseSubfase: : DiferenciaçãoDiferenciação

e desenvolvimento do Esquema corporal e desenvolvimento do Esquema corporal [cont]

• Podemos ver o bebé moldar-se ao corpo da mãe oudistanciando-se dele.

– Sentir o seu corpo e o da mãe e manipular os objectostransicionais.

• Tocar e mexer são importantes no processo de formação doslimites.

• O corpo da mãe possui uma diferença relativamentepequena na temperatura, textura e odor.

– Estas diferenças relativamente pequenas podemprovavelmente ser facilmente assimiladas pelos esquemassensório-motores do bebé.

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1ª 1ª SubfaseSubfase: : DiferenciaçãoDiferenciação

e desenvolvimento do Esquema corporal e desenvolvimento do Esquema corporal [cont]

• Quando o prazer originado numa fixação segura naesfera simbiótica continua e o prazer ligado à percepçãosensorial exterior estimula o investimento da atençãodirigida para o exterior, então estas duas formas deinvestimento da atenção podem oscilar livremente.

• O resultado deveria ser um estado simbiótico óptimo, deonde pode nascer uma diferenciação sem dor:

– uma expansão fora da esfera simbiotica

• O processo de eclosão é uma evolução ontogenéticagradual do sensório, do sistema percepção-consciência –que favorece no bebé, desde que esteja acordado, umsensório mais constantemente alerta.

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1ª 1ª SubfaseSubfase [[contcont.].]

Noutros termos, a atenção do bebé expande-seprogressivamente para o exterior ao longo dosperíodos de vigília cada vez maiores do bebé.

Esta atenção combina-se com um stock crescentede traços mnésicos das idas e vindas da mãe,das experiências boas e más:

– estas últimas não podem ser aliviadas pelo Eu, maso bebé pode antecipar com confiança o alíviotrazido pela mãe.

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1ª 1ª SubfaseSubfase [[contcont.].]

A partir dos 6 meses começa, a titulo de tentativa,a experimentação da separação-individuação:puxa os cabelos, as orelhas e o nariz da mãe, meteos alimentos na boca da mãe, tenta afastar o seucorpo do da mãe, explora visualmente a sua mãe eo ambiente.

Entre os 6 e os 7 meses dá-se o ponto culminanteda exploração táctil e visual do rosto da mãe e dassuas partes, tanto cobertas como descobertas.

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1ª 1ª SubfaseSubfase [[contcont.].]

Ao longo destas semanas o bebé vai descobrir,com fascínio, um colar, um par de óculos ououtro adorno usado pela mãe.

Podem existir jogos de esconde-esconde, nosquais o bebé joga um papel passivo (mais tarde:funções cognitiva de verificação do não familiaroposto ao já conhecido).

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1ª 1ª SubfaseSubfase [[contcont.].]

É ao longo desta subfase que todos os bebésnormais efectuam as suas primeiras tentativas deruptura, no sentido corporal, com o seu estado(passivo) de “bebé ainda ao colo”, o estado deunidade dual com a mãe.

Todas as crianças gostam de se deixar deslizarpelos joelhos da mãe (aventura), mas a umadistância segura – tendencialmente ficam o maisperto possível da mãe ou a ela retomam parabrincar.

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1ª 1ª SubfaseSubfase [[contcont.].]

Aos 7-8 meses, o padrão visual de reverificaçãojunto da mãe é o sinal relativamente mais estávele importante do começo da diferenciação somato-psíquica.O bebé inicia uma exploração comparativa:

– interessa-se pela ‘mãe’ e compara-a com o ‘outro’ (ofamiliar e não familiar)

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1ª 1ª SubfaseSubfase [[contcont.].]

Os primeiros padrões de diferenciação parecemnão ser de uma grande racionalidade em termosda relação mãe-criança e do talento particularde cada criança, mas parecem igualmentedesencadear os padrões de organização dapersonalidade que, aparentemente, persistemno desenvolvimento futuro do processo deseparação-individuação.

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1ª 1ª SubfaseSubfase [[contcont.].]

A necessidade inconsciente da mãe vai, a partirdas potencialidades infinitas do bebé, despertaras suas próprias necessidades únicas eindividuais, que reflectem em particular ‘acriança’ de cada mãe.

Este processo desenvolve-se nos limites dostalentos inatos da criança.

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1ª 1ª SubfaseSubfase [[contcont.].]

Os bebés e as mães que tiveram prazer numafase simbiótica sem demasiados conflitos (ouque não ficaram super-saturados) começam nomomento normal a mostrar os sinais dediferenciação activa:os bebés afastam-se ligeiramente do corpo damãe.

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1ª 1ª SubfaseSubfase [[contcont.].]

Nos outros casos, em que havia ambivalência eparasitismo, intrusão e ‘sufocamento’ por parteda mãe, provocam perturbações em diversosgraus e sob diferentes formas, ou quando a mãeagia segundo as suas próprias necessidadessimbiótico-parasitárias do que em função dobebé, a diferenciação instala-se de modo quaseveemente.

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1ª 1ª SubfaseSubfase [[contcont.].]

No fim do 1º ano de vida, existem no processointrapsíquico de separação-individuação duaslinhas de desenvolvimento, interligadas maspossuindo amplitudes ou progressões nãonecessariamente proporcionais:

1. individualização: evolução da autonomia, da percepção, dacognição, da prova da realidade;

2. separação: que conduz à diferenciação, à distância, à formação doslimites e ao afastamento da mãe.

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1ª 1ª SubfaseSubfase [[contcont.].]

Estes processos de estruturação culminarão emrepresentações interiorizadas do “eu” que sãodistintas das representações interiores doobjecto.

Há um acompanhamento dos fenómenoscomportamentais do processo de separação-individuação em relação ao desenvolvimentopsíquico.

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1ª 1ª SubfaseSubfase [[contcont.].]

As situações óptimas parecem ser aquelas emque a consciência da separação corporal emtermos da diferenciação da mãe seguemparalelamente ao desenvolvimento dofuncionamento autónomo do bebé – cognição,percepção, memória, prova da realidade, etc.,isto é, as funções do ego que servem àindividuação.

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Processo de Processo de separação-individuaçãoseparação-individuação[[contcont.].]

2ª Subfase: ensaios

Os ensaios podem dividir-se em 2 partes:1 – primeiro período, que se caracteriza pela capacidade do

bebé em afastar-se fisicamente da mãe (rastejando,gatinhando, trepando e pondo-se em pé), demorando-se sempre;

2 – período dos ensaios propriamente dito, caracterizadopela locomoção livre em posição vertical.

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2ª 2ª SubfaseSubfase: ensaios: ensaios

Há 3 desenvolvimentos interligados masidentificáveis que contribuem para os primeirosprogressos da criança para a consciência deestar separada e de possuir uma identidadeprópria.

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2ª 2ª SubfaseSubfase: ensaios : ensaios [[contcont.].]

1- a diferenciação corporal face à mãe;2- o estabelecimento de uma ligação específicacom ela;3- o crescimento e o funcionamento dosaparelhos autónomos do ego em relaçãoestreita com a mãe.

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2ª 2ª SubfaseSubfase: ensaios : ensaios [[contcont.].]

O bebé tem, assim, a possibilidade de extender o seuinteresse pela mãe para objectos inanimadosapresentados por ela – cobertor, almofada,brinquedos, biberão antes da separação para a noite.É característico desta primeira etapa de ensaios queo interesse pela mãe parece tomar decisivamente aprioridade, apesar do interesse e da absorção dessasactividades.

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2ª 2ª SubfaseSubfase: ensaios : ensaios [[contcont.].]

A manutenção da locomoção e das outras

funções ao longo do primeiro período de

ensaios tem um efeito dos mais salutares nas

crianças que conheceram uma relação

simbiótica intensa mas desconfortável.

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2ª 2ª SubfaseSubfase: ensaios : ensaios [[contcont.].]

Há um desprendimento satisfatório por parte

das mães, pois não conseguiam acalmar a

aflição dos seus bebés ao longo das fases de

simbiose e de diferenciação, agora ficam

aliviadas por verem os seus filhos tornarem-se

menos frágeis.

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2ª 2ª SubfaseSubfase: ensaios : ensaios [[contcont.].]

Estas mães e os seus filhos não conseguiram terprazer no contacto físico estreito, mas podemambos ter agora prazer a uma distâncialigeiramente maior.

As crianças tornam-se mais calmas e maiscapazes de recorrerem às mães paraencontrarem conforto e segurança.

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2ª 2ª SubfaseSubfase: ensaios : ensaios [[contcont.].]

Existe um outro padrão de interacção mãe-criança nas crianças que procuram maisactivamente a proximidade física da mãe, mascujas mães têm a maior dificuldade em entrar emrelação com elas ao longo do processo dediferenciação activo

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2ª 2ª SubfaseSubfase: ensaios : ensaios [[contcont.].]

Este tipo de mães gostava da proximidade dafase simbiótica, mas passada esta fase elasgostariam de ver os seus filhos tornarem-se“grandes de uma só vez”

Estes bebés acham difícil crescer.

Não têm prazer na sua capacidade nascente dese distanciarem e reclamam muito activamente aproximidade.

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2ª 2ª SubfaseSubfase: ensaios : ensaios [[contcont.].]

A capacidade de locomoção crescente na primeira subfase dosensaios alarga o universo da criança.Ela determina a proximidade e a distância em relação à mãe,tendo a criança acesso a um maior segmento da realidade aexplorar:há mais para ver, mais para ouvir, mais para tocar.O modo de experimentar este universo novo parecesubtilmente ligado à mãe (centro do universo), donde ela saigradualmente em círculos cada vez mais largos.

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2ª 2ª SubfaseSubfase: ensaios : ensaios [[contcont.].]

As primeiras explorações servem para:1) estabelecer a familiaridade com um segmento

maior do universo;2) percepcionar e reconhecer a mãe, ter prazer

com ela a uma distância maior.

São as crianças que têm um melhor contacto àdistância com a mãe que se aventuram maislonge dela.

Page 48: Desenvolvimento psicológico - Margareth Mahler, ©CDuque 2004

2ª 2ª SubfaseSubfase: ensaios : ensaios [[contcont.].]

O bebé explora o ambiente físico – regressa àmãe para efectuar uma recarga emocional –, amãe aceita este desprendimento gradual do bebée encoraja-o.A mãe está emocionalmente disponível, atenta àsnecessidades da criança, que é necessário aodesenvolvimento óptimo das funções autónomasdo ego.

Page 49: Desenvolvimento psicológico - Margareth Mahler, ©CDuque 2004

2ª 2ª SubfaseSubfase: ensaios : ensaios [[contcont.].]

Por vezes até parece que o bebé esqueceaparentemente a presença da mãe.Mas volta a ela regularmente.Ao longo desta sub-fase a mãe continua a sernecessária como ponto fixo, como porto deabrigo, para preencher a necessidade de recargapor contacto físico.

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2ª 2ª SubfaseSubfase: ensaios : ensaios [[contcont.].]

Exemplo: bebés de 7-10 meses gatinham ouarrastam-se rapidamente em direcção à suamãe, tocando-a, ou simplesmente apoiando-se nela:

– recarga emocional.

É fácil de constatar a rapidez com que o bebéabatido e cansado se revigora após ocontacto com a mãe.

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2ª 2ª SubfaseSubfase: ensaios : ensaios [[contcont.].]

Com o desenvolvimento das funções autónomas(cognição, locomoção vertical), começa ahistória de amor com o mundo.O bebé passa o maior degrau da individuaçãohumana.Caminha livremente em posição vertical: oplano da visão muda, há novas perspectivas,descobre prazeres e frustrações inesperados enovos.

Page 52: Desenvolvimento psicológico - Margareth Mahler, ©CDuque 2004

2ª 2ª SubfaseSubfase: ensaios : ensaios [[contcont.].]

Nestes 6 a 8 meses (dos 10-12 aos 16-18 meses),o mundo é a ostra do bebé.O investimento libidinal coloca-se ao serviço doego autónomo e das suas funções.O bebé está intoxicado pelas suas própriasfaculdades e pela imensidão do seu universo.O narcisismo encontra-se no ponto auge!

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2ª 2ª SubfaseSubfase: ensaios : ensaios [[contcont.].]

Os primeiros passos independentes da criançaem posição vertical marcam o início dos ensaiospor excelência, com um alargamentosubstancial do seu universo e da sua prova darealidade.Há um investimento libidinal, crescendo demaneira estável, dos talentos motores para osensaios, da exploração do ambiente que seexpande, tanto humano como inanimado.

Page 54: Desenvolvimento psicológico - Margareth Mahler, ©CDuque 2004

2ª 2ª SubfaseSubfase: ensaios : ensaios [[contcont.].]

A principal característica deste período dosensaios é, na criança, o grande investimentonarcísico das suas próprias funções, do seupróprio corpo enquanto objecto e objectivos dasua ‘realidade’ em crescimento.Paralelamente, constatasse umaimpermeabilidade relativamente grande aosgolpes, quedas e frustrações (o facto de outracriança agarrar um brinquedo, por exemplo).

Page 55: Desenvolvimento psicológico - Margareth Mahler, ©CDuque 2004

2ª 2ª SubfaseSubfase: ensaios : ensaios [[contcont.].]

A criança fica maravilhada com os seuspróprios talentos, continuamenteorgulhosa das descobertas que faz no seuuniverso em vias de expansão e quaseapaixonada pelo universo e pela suaprópria grandeza e omnipotência.

Page 56: Desenvolvimento psicológico - Margareth Mahler, ©CDuque 2004

2ª 2ª SubfaseSubfase: ensaios : ensaios [[contcont.].]

O bebé tem mais possibilidade de descobrir arealidade e de fazer a prova do universo, sob oseu próprio controlo e poder mágico.Ao longo do mês que se segue imediatamente àaquisição da locomoção livre e activa o bebé fazsérios progressos na afirmação da suaindividualidade.

Page 57: Desenvolvimento psicológico - Margareth Mahler, ©CDuque 2004

2ª 2ª SubfaseSubfase: ensaios : ensaios [[contcont.].]

Parece ser o primeiro grande passo para aformação da identidade.Para as mães, a locomoção livre na posiçãovertical é a prova suprema de que os seus bebésconseguiram.Significado da locomoção:

Bebé –acesso ao mundo dos seres humanosindependentesMãe – o seu filho pode conseguir

Page 58: Desenvolvimento psicológico - Margareth Mahler, ©CDuque 2004

2ª 2ª SubfaseSubfase: ensaios : ensaios [[contcont.].]

No culminar desta fase podem-se gerar

sentimentos de segurança no bebé – e o

encorajamento para que troque uma parte da

sua magia omnipotente pelo prazer ligado à sua

própria autonomia e à crescente estima de si.

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Processo de Processo de separação-separação-

individuaçãoindividuação [[contcont.].]

3ª Subfase: reaproximação

Graças à aquisição da locomoção livre em posiçãovertical e á realização do início da inteligênciarepresentativa (que culminará no jogo simbólico e nodiscurso), o bebé emerge como pessoa separada eautónoma.Estas duas forças organizadas são as parteiras donascimento psicológico.Neste estádio final do processo de eclosão, o bebéatinge o primeiro nível de identidade – ser umaentidade individual separada.

Page 60: Desenvolvimento psicológico - Margareth Mahler, ©CDuque 2004

3ª 3ª SubfaseSubfase: : reaproximaçãoreaproximação

Durante o 2º. ano de vida, o bebé torna-se cada vezmais consciente do facto de estar fisicamenteseparado e utiliza esse facto cada vez maisextensivamente.Paralelamente ao crescimento das suas faculdadescognitivas e à diferenciação crescente da sua vidaemocional, há uma diminuição assinalável da suaanterior imperturbabilidade à frustração e,igualmente, uma diminuição do que foi umarelativa tendência a esquecer a presença da suamãe.

Page 61: Desenvolvimento psicológico - Margareth Mahler, ©CDuque 2004

3ª 3ª SubfaseSubfase: : reaproximaçãoreaproximação [[contcont.].]

Observa-se um aumento de angústia daseparação: no início consiste essencialmente nomedo de perder o objecto.A ausência relativa de preocupação relacionadacom a presença da mãe, característica da sub-fasedos ensaios, encontra-se agora substituída poruma preocupação aparentemente constanterelacionada com as idas e vindas da mãe e porum comportamento activo de aproximação.

Page 62: Desenvolvimento psicológico - Margareth Mahler, ©CDuque 2004

3ª 3ª SubfaseSubfase: : reaproximaçãoreaproximação [[contcont.].]

Em simultâneo com a consciência de ser

separado, o bebé possui um desejo maior de ver

a mãe partilhar com ele cada um dos seus

talentos e das suas novas experiências e um

desejo muito grande do amor do objecto.

Page 63: Desenvolvimento psicológico - Margareth Mahler, ©CDuque 2004

3ª 3ª SubfaseSubfase: : reaproximaçãoreaproximação [[contcont.].]

O género de aproximação corporal ‘de recarga’

que caracterizou a criação durante o período

dos ensaios é substituído (a partir do 15-24

meses) pela procura deliberada (ou evitamento)

do contacto corporal estreito e das suas novas

experiências.

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3ª 3ª SubfaseSubfase: : reaproximaçãoreaproximação [[contcont.].]

A intenção processa-se a um nível mais elevado:a linguagem simbólica (verbal ou não verbal) eo jogo tornam-se cada vez mais predominantes.Reacções à separação: existem dois padrõescaracterísticos do comportamento do bebénestas idades (seguir a mãe e partirrapidamente para longe dela).

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1. seguimento da mãe (a criação vigia e segue cada umdos movimentos da mãe).

2. partida precipitada para longe dela (com aexpectativa de ser perseguida e pegada nos seusbraços)

Que indicam o seu desejo de reunião com oobjecto de amor e o seu desejo de serreincorporado.

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Observa-se no bebé um padrão de afastamentodirigido contra todo o impedimento sobre a suaautonomia recentemente adquirida.A autonomia é definida pelo ‘não’, pelaagressividade acrescida e o negativismo da faseanal.

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Durante o período dos ensaios produziu-seuma diferenciação cada vez mais clara, umaseparação entre a representação intrapsíquicado objecto e a representação do eu.No final do período dos ensaios, o bebécomeçou a perceber que o universo não era umaostra, que tinha de o enfrentar mais ou menospor ele mesmo.

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A qualidade e o grau do comportamento de solicitaçãodo bebé face à sua mãe ao longo desta subfase forneceindicadores importantes relacionados com anormalidade do processo de individuação.O medo da perda do amor do objecto (mais do que omedo da perda do objecto) torna-se cada vez maisevidente.

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É normal a existência de incompatibilidades eincompreensões entre a mãe e o filho nestasubfase:

– para a mãe é contraditória a exigência do bebé deela estar constantemente implicada, agora que ele jánão é tão dependente e não está tão desarmado emcomparação com 6 meses atrás, pois o bebé desejaser cada vez menos dependente mas manifesta, comcada vez maior insistência, o desejo de ver a suamãe partilhar com ele todos os aspectos da sua vida.

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Nesta subfase, a criança torna-se igualmentecada vez mais consciente de estar e de serseparada em relação à mãe.Mas é um facto que, seja qual for a influênciaexercida pelo bebé sobre a mãe, os dois nãopodem funcionar mais como uma unidade dual,já não pode sustentar o delírio da forçaomnipotente parental que vai restaurar o statusquo simbiótico.

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A comunicação verbal torna-se cada vez maisnecessária.Os gestos e a linguagem pré-verbal entre amãe e o bebé já não são suficientes paraatingirem o objectivo comunicacional.O bebé apercebe-se pouco a pouco que os seusobjectos de amor (os seus pais) são indivíduosseparados, possuindo os seus própriosinteresses pessoais.

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O bebé deve, pouco a pouco e sem sofrimento,abandonar o seu delírio sobre a sua própriagrandeza, muitas vezes através de lutasdramáticas com a mãe – e em menor grau com opai:

– é a este cruzamento que se designa por crise dereaproximação.

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Se a mãe está ‘discretamente disponível’,com umaprovisão acessível de líbido objectal, se ela partilha asexplorações aventureiras do seu bebé, se ela interagecom ele nos jogos e nas brincadeiras e facilita destemodo os seus esforços salutares para imitar e seidentificar então a interiorização da relação entre a mãee o bebé pode progredir até ao ponto onde, no momentoprevisto, a comunicação verbal se torna relevante,mesmo se há ainda predominância de umcomportamento gestual bem saliente.

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No final do 2º ano e início do 3º, a implicaçãoemocional previsível por parte da mãe parecefacilitar o desenvolvimento florescente dosprocessos mentais do bebé, a prova darealidade e os comportamentos para os realizar.

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Por outro lado, o crescimento emocional da mãena sua função materna, a sua vontadeemocional de deixar ir o bebé - de lhe dar, comoa mãe-pássaro, um ligeiro empurrão, umencorajamento para a independência - ajudagrandemente.Pode mesmo ser uma condição sine qua non daindividuação normal e sã.

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Seguir a mãe (ou a partida precipitada) énecessário ao bebé.Nos casos normais, seguir faz parte (na 2ªmetade do 3º ano) de um certo grau depermanência do objecto.Quanto menos a mãe se mostra disponível nomomento da reaproximação, mais o bebétentará solicitá-la intensa e desesperadamente.

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Em certos casos, este processo canaliza de talmodo a energia disponível da criança para odesenvolvimento, que não restará energiasuficiente (nem de líbido, nem de agressividadeconstrutiva – ambas neutralizadas) para aevolução das numerosas funções ascendentesdo ego.

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Aos 15 meses, a mãe representa o porto deabrigo, mas não parece ser reconhecida comopessoa separada de pleno direito.Para algumas coisas, perto dos 15 meses, a mãenão é só esse porto.Parece transformar-se numa pessoa com quemo bebé deseja partilhar as suas descobertas deum mundo cada vez mais alargado.

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O bebé traz incessantemente à mãe, cobrindoos seus joelhos, objectos que ele encontra noseu universo em vias de expansão.Todos eles têm interesse para o bebé, mas oinvestimento emocional principal repousa nanecessidade do bebé os partilhar com a suamãe (desejo de a ver interessada nasdescobertas, e em partilhar o seu prazer).

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Ao mesmo tempo começa a ter consciência deser separada: os desejos da sua mãe parecemsempre idênticos aos seus; os seus desejos nãocoincidem sempre com os da mãe.Esta constatação representa um desafio imensoao seu sentimento de grandeza e deomnipotência do período dos ensaios.

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É dado um grande golpe na crença da suaomnipotência e é perturbada a beatitude daunidade dual!A fonte de prazer da criança desloca-se dalocomoção independente e da exploração douniverso inanimado em vias de expansão paraa interacção social.

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Os jogos tornam-se nos passatempos favoritos.Reconhecimento da mãe como pessoaseparada do grande universo e tomada deconsciência da existência separada de outrascrianças (parecidas e diferentes do seu próprioeu) – as crianças manifestam o desejo de ter efazer o que outra criança tem ou faz

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A criança possui o desejo de reflectir emespelho, de imitar e de se identificar, até certoponto, com outra criança.Novas características: ira específica dirigida aum objectivo, a agressividade se o objectivonão poder ser alcançado.

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Nesta subfase, o bebé parece experimentar o seucorpo como sua possessão.Deixa de gostar de ser manipulado, resiste a sersegurado numa posição passiva quando o vestem,não gosta de ser acarinhado e abraçado (a não serque esteja preparado).Há uma extensão activa do universo mãe-criança,através da inclusão do pai (que é um objecto deamor diferente da mãe).

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Se bem que ele não o esteja completamentefora da união simbiótica, também não fazcompletamente parte dela.Mais, o bebé percebe provavelmente cedo umarelação especial do pai com a mãe.Na reaproximação, o bebé desenvolve relaçõescom outras pessoas que não o pai e a mãe.

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Reacções das crianças face à presença/ausência dasua mãe: mais conscientes da ausência da mãe eperguntam onde ela está, são capazes de semanterem cada vez mais absorvidos nas suasactividades e não gostam de ser interrompidos,querem ir ver a mãe, mas sem a intenção de sedemorarem perto dela, só um momento, para deseguida continuar com as suas ocupações.

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As crianças encontram novas maneiras activasde enfrentarem a ausência da mãe:relacionam-se com substitutos adultos eabsorvem-se nos jogos simbólicos (forma desegurar bonecos ou ursos).Instala-se o início da interiorização darepresentação do objecto.

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Para a maioria das crianças, o primeiro período dareaproximação conhece o seu apogeu perto dos17/18 meses, onde há uma consolidação eaceitação temporária da consciência de serseparada:prazer em partilhar objectos e actividades com amãe, com o pai e com o universo social em vias deexpansão.

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Ao longo do período dos ensaios a palavra‘adeus’ era a mais importante.A palavra mais importante neste período dereaproximação é ‘olá’!Aos 18 meses, as crianças parecem impacientespor exercerem em toda a extensão a suaautonomia rapidamente crescente.

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Preferem não ser lembradas que em determinadosmomentos não se conseguem desembaraçarsozinhas.Seguem-se conflitos que se parecem articular, porum lado, no desejo de ser separado, grande eomnipotente e, por outro, de ver a sua mãeconcretizar magicamente os seus desejos, sem ter dereconhecer que a ajuda vem do exterior, do outro.

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As crianças recorrem à mãe como extensão do seueu –processo pelo qual negam a consciênciadolorosa de estarem separadas (pegar a mão da mãee usá-la como instrumento).Aos 21 meses observa-se uma atenuação dosesforços de reaproximação. Cada criança procuraencontrar a distância óptima à sua mãe: a distânciaa partir da qual a criança pode funcionar melhor.

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Elementos de individuação crescente(capacidade de funcionar melhor a umadistância maior):1) desenvolvimento da linguagem (sentimentode controlo do seu ambiente)

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2) Processo de interiorização – identificaçãocom a ‘boa’ mãe ou o ‘bom’ pai e interiorizaçãode regras e exigências;3) Um progresso na capacidade de exprimir osseus desejos e os seus fantasmas pelo jogosimbólico e a utilização do jogo com fins dedomínio da realidade.

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Quando as crianças atingem os 21 meses,constata-se que já não é possível reagrupá-lassegundo os critérios gerais anteriores:os processos de individuação são tãodiferentes e produzem-se com tal rapidez quenão são específicos de uma fase, mas muitodistintas individualmente e diferentes decriança para criança.

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Por exemplo, existem grandes diferenças entrerapazes e raparigas: os primeiros manifestamuma maior tendência para se separarem damãe e tem prazer no seu funcionamento nouniverso em expansão, as raparigas exigemmais proximidade e fixam-se nos aspectosambivalentes da relação.

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Ao 23º mês parece que a capacidade dascrianças enfrentarem a consciência daseparação, tanto quanto ao facto físico daseparação, depende, em cada caso, da históriada relação mãe-criança e do seu estado actual.

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Sejam quais forem as diferenças sexuais que pré-existem no domínio dos aparelhos do ego e dosprimeiros modos do ego, elas são certamentecomplexas e marcadas geralmente pelos efeitos dadescoberta pela criança das diferenças entre ossexos. Isto produz-se ao 20º-21º meses, por vezesantes (16-17 meses).A descoberta pelo rapaz do seu próprio pénis dá-semuito cedo.

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A componente sensório–táctil desta descobertapode dar-se no 1º ano de vida, mas subsistemdúvidas quanto ao seu impacto emocional.Aos 12-14 meses, a posição vertical facilita aexploração visual e sensório-motriz do pénis.

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Quando as raparigas descobrem o pénis, sãoconfrontadas com algo que lhes falta.Esta descoberta origina algunscomportamentos que indicam claramente aangústia, a cólera e a desconfiança dasraparigas. Elas desejam desfazer a diferençasexual.

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Processo de Processo de separação-separação-

individuaçãoindividuação [[contcont.].]

4ª Subfase: consolidação da individualidade e início dapermanência do objecto emocional

Dois elementos fundamentais:1. Aquisição de uma individualidade bem definida (para toda a

vida)2. Realização de um certo grau de permanência de objectoFormação dos percursores do super egoPermanência de objecto: um objecto de amor não será rejeitado ou

trocado por outro quando já não dá satisfação

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VygotskyVygotsky

• Vygotsky– Investigador russo– Trabalho paralelo ao

de Piaget– Focalizou no que as

crianças devem fazerpara negociar com omundo