desenvolvimento neuropsicomotor em lactentes … · com 135 lactentes (90 nascidos a termo e 45...

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NATÁLIA FERRAZ DE ARAÚJO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR DE LACTENTES NASCIDOS PRÉ-TERMO E A TERMO: FATORES ASSOCIADOS RECIFE 2009

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NATÁLIA FERRAZ DE ARAÚJO

DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR DE

LACTENTES NASCIDOS PRÉ-TERMO E A TERMO:

FATORES ASSOCIADOS

RECIFE

2009

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NATÁLIA FERRAZ DE ARAÚJO

RECIFE

2009

Desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes nascidos pré-termo e a

termo: fatores associados

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NATÁLIA FERRAZ DE ARAÚJO

Desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes nascidos pré-

termo e a termo: fatores associados

Orientadora Prof

a Dr

a Sophie Helena Eickmann

RECIFE

2009

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Saúde da Criança e do

Adolescente do Centro de Ciências da Saúde

da Universidade Federal de Pernambuco,

para obtenção do título de Mestre em Saúde

da Criança e do Adolescente

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Araújo, Natália Ferraz de

Desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes nascidos pré-termo e a termo: fatores associados / Natália Ferraz de Araújo. – Recife: O Autor, 2009.

78 folhas: il., tab.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CCS. Saúde da Criança e do Adolescente, 2009.

Inclui bibliografia, anexos e apêndices.

1. Desenvolvimento neuropsicomotor infantil . I. Título.

616.8 CDU (2.ed.) UFPE

616.84 CDD (22.ed.) CCS2009-084

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

REITOR Prof. Dr. Amaro Henrique Pessoa Lins

VICE-REITOR Prof. Dr. Gilson Edmar Gonçalves e Silva

PRÓ-REITOR DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO Prof. Dr. Anísio Brasileiro de Freitas Dourado

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DIRETOR Prof. Dr. José Thadeu Pinheiro

COORDENAÇÃO DA COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO DO CCS Profa. Dra. Celia Maria Machado Barbosa de Castro

MESTRADO EM SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO- CIÊNCIAS DA SAÚDE

COLEGIADO

Profa. Dr

a. Gisélia Alves Pontes da Silva (Coordenadora)

Profa. Dr

a. Luciane Soares de Lima (Vice-Coordenadora) Profa. Dra. Marília de Carvalho Lima

Profa. Dr

a. Sônia Bechara Coutinho

Prof. Dr. Pedro Israel Cabral Lira

Profa. Dra. Mônica Maria Osório

Prof. Dr. Emanuel Sávio Cavalcanti Sarinho

Profa. Dr

a. Sílvia Wanick Sarinho

Profa. Dra. Maria Clara Feitosa Albuquerque

Profa. Dr

a. Sophie Helena Eickmann

Profa. Dr

a. Ana Cláudia V. Martins de Souza Lima

Profa. Dra. Maria Eugênia Farias Almeida Motta

Prof. Dr. Alcides da Silva Diniz

Profa. Dr

a. Maria Gorete Lucena de Vasconcelos

Profa. Dra.Silvia Regina Jamelli

Adriana Azoubel Antunes (Representante discente – Doutorado)

Thaysa Maria G. A. Leão de Menezes (Representante discente – Mestrado)

SECRETARIA

Paulo Sérgio Oliveira do Nascimento

Juliene Gomes Brasileiro

Clarissa Soares Nascimento

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Dedicatória

Dedico este trabalho...Dedico este trabalho...Dedico este trabalho...Dedico este trabalho...

ÀÀÀÀ Deus por todos os caminhos a mim oferecidos e por Deus por todos os caminhos a mim oferecidos e por Deus por todos os caminhos a mim oferecidos e por Deus por todos os caminhos a mim oferecidos e por seu amor incondicionalseu amor incondicionalseu amor incondicionalseu amor incondicional;;;;

Ao meu querAo meu querAo meu querAo meu querido e amado esposo Leonardo Malido e amado esposo Leonardo Malido e amado esposo Leonardo Malido e amado esposo Leonardo MalKKKKes que es que es que es que

soube compreender a importância deste momento em soube compreender a importância deste momento em soube compreender a importância deste momento em soube compreender a importância deste momento em minha vida e me apoiarminha vida e me apoiarminha vida e me apoiarminha vida e me apoiar;;;;

Aos meus Aos meus Aos meus Aos meus amados amados amados amados pais, pais, pais, pais, Adi Adi Adi Adi eeee Antenor, Antenor, Antenor, Antenor, que que que que com amor com amor com amor com amor

souberam ensinarsouberam ensinarsouberam ensinarsouberam ensinar----me sobre a vida e seus valoresme sobre a vida e seus valoresme sobre a vida e seus valoresme sobre a vida e seus valores;;;;

A minha família a quem eu tenho A minha família a quem eu tenho A minha família a quem eu tenho A minha família a quem eu tenho tanto carinhotanto carinhotanto carinhotanto carinho....

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Agradecimento

À ProfÀ ProfÀ ProfÀ Profaaaa DrDrDrDraaaa Sophie Helena EicSophie Helena EicSophie Helena EicSophie Helena EicKKKKmannmannmannmann, pel, pel, pel, pelaaaa dedicaçãodedicaçãodedicaçãodedicação,,,, profissionalismoprofissionalismoprofissionalismoprofissionalismo e sabedoriae sabedoriae sabedoriae sabedoria, , , , que tque tque tque tornou este momento um ornou este momento um ornou este momento um ornou este momento um

grande aprendizadgrande aprendizadgrande aprendizadgrande aprendizadoooo para mimpara mimpara mimpara mim;;;;

Aos meus queridos familiares pela compreensão nos Aos meus queridos familiares pela compreensão nos Aos meus queridos familiares pela compreensão nos Aos meus queridos familiares pela compreensão nos momentos de ausências e por todo o afeto;momentos de ausências e por todo o afeto;momentos de ausências e por todo o afeto;momentos de ausências e por todo o afeto;

ÀÀÀÀ ProfProfProfProfa a a a Marilia Lima e DrMarilia Lima e DrMarilia Lima e DrMarilia Lima e Draaaa Virginia Buarque, pela Virginia Buarque, pela Virginia Buarque, pela Virginia Buarque, pela

contribuição durante a qualificaçãocontribuição durante a qualificaçãocontribuição durante a qualificaçãocontribuição durante a qualificação e decorrere decorrere decorrere decorrer deste estudo;deste estudo;deste estudo;deste estudo;

Ao CNPq Ao CNPq Ao CNPq Ao CNPq pelo apoio na pelo apoio na pelo apoio na pelo apoio na realização destrealização destrealização destrealização deste estudoe estudoe estudoe estudo;;;;

Aos que fazem o setor de puericultura do HCAos que fazem o setor de puericultura do HCAos que fazem o setor de puericultura do HCAos que fazem o setor de puericultura do HC----UFPE pelo UFPE pelo UFPE pelo UFPE pelo respeito, carinho e contribuição ao desenvolvimento desta respeito, carinho e contribuição ao desenvolvimento desta respeito, carinho e contribuição ao desenvolvimento desta respeito, carinho e contribuição ao desenvolvimento desta

pesquisapesquisapesquisapesquisa

Aos queridos colegas Aos queridos colegas Aos queridos colegas Aos queridos colegas de turma de turma de turma de turma que que que que estiveram presentes neste estiveram presentes neste estiveram presentes neste estiveram presentes neste momento de aprendizado, em especial a Gisele, Ana Maria e momento de aprendizado, em especial a Gisele, Ana Maria e momento de aprendizado, em especial a Gisele, Ana Maria e momento de aprendizado, em especial a Gisele, Ana Maria e

Ana Ana Ana Ana Carvalho, todo meu carinho.Carvalho, todo meu carinho.Carvalho, todo meu carinho.Carvalho, todo meu carinho.

Aos professores que Aos professores que Aos professores que Aos professores que foram peças chaves foram peças chaves foram peças chaves foram peças chaves na busca deste na busca deste na busca deste na busca deste conhecimentoconhecimentoconhecimentoconhecimento, bem como a Paulo, Juliene e Clarrisa pelo , bem como a Paulo, Juliene e Clarrisa pelo , bem como a Paulo, Juliene e Clarrisa pelo , bem como a Paulo, Juliene e Clarrisa pelo

socorro nas questões administrativas;socorro nas questões administrativas;socorro nas questões administrativas;socorro nas questões administrativas;

Aos colegas de trabalho por acreditarem na importância Aos colegas de trabalho por acreditarem na importância Aos colegas de trabalho por acreditarem na importância Aos colegas de trabalho por acreditarem na importância deste momento e me apoideste momento e me apoideste momento e me apoideste momento e me apoiarem, em especial a Angélica, Lícia, arem, em especial a Angélica, Lícia, arem, em especial a Angélica, Lícia, arem, em especial a Angélica, Lícia,

GraçaGraçaGraçaGraça e Alessandra;e Alessandra;e Alessandra;e Alessandra;

AgradecimentoAgradecimentoAgradecimentoAgradecimento

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Agradecimento

A realização deste trabalho só foi possível com a participação A realização deste trabalho só foi possível com a participação A realização deste trabalho só foi possível com a participação A realização deste trabalho só foi possível com a participação de pessoas queridas, em especial Pollienne, Celina e Mariana de pessoas queridas, em especial Pollienne, Celina e Mariana de pessoas queridas, em especial Pollienne, Celina e Mariana de pessoas queridas, em especial Pollienne, Celina e Mariana

Às crianças e familiares que participaram com tantoÀs crianças e familiares que participaram com tantoÀs crianças e familiares que participaram com tantoÀs crianças e familiares que participaram com tanto

empenho e que sem elempenho e que sem elempenho e que sem elempenho e que sem eles todo este trabalho não existiria; es todo este trabalho não existiria; es todo este trabalho não existiria; es todo este trabalho não existiria;

Enfim, a todos aqueles que contribuíram paraEnfim, a todos aqueles que contribuíram paraEnfim, a todos aqueles que contribuíram paraEnfim, a todos aqueles que contribuíram para a concretização deste a concretização deste a concretização deste a concretização deste crescimentocrescimentocrescimentocrescimento, muito obrigada !, muito obrigada !, muito obrigada !, muito obrigada !

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Epígrafe

“É graça divina começar bem. Graça maior persistir na caminhada certa. Mas graça das graças é não desistir

nunca.”

Dom Hélder Câmara

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Resumo

Introdução: Considerado um processo de mudanças qualitativas e quantitativas dos aspectos

funcionais, o desenvolvimento neuropsicomotor infantil (DNPM) é caracterizado por

domínios como a cognição, linguagem, habilidades motoras amplas e finas, função sensorial e

o desenvolvimento sócio-emocional. A avaliação do DNPM nas crianças vulneráveis pode ser

considerada um importante instrumento que auxilia na compreensão da qualidade de vida

infantil e favorece a identificação das condições de risco e elaboração de ações protetoras dos

aspectos biopsicossociais. Diversos estudos destacam a prematuridade como um dos

principais fatores de risco biológico para o DNPM, em decorrência da vulnerabilidade ao qual

esta se associa. No entanto, vários autores ressaltam a necessidade de cautela quando se avalia

o risco da prematuridade, uma vez que a mesma pode funcionar como fator mediador de

outras condições, como as morbidades, que influenciariam o curso do DNPM. Objetivo:

Avaliar o DNPM dos lactentes nascidos pré-termo e a termo, na faixa etária de 6 a 12 meses e

verificar sua associação com os fatores de risco biológicos, socioeconômicos e demográficos.

Método: Esta pesquisa consiste de um estudo descritivo com componente analítico realizado

com 135 lactentes (90 nascidos a termo e 45 nascidos pré-termo), acompanhados no

ambulatório de puericultura e de recém-nascido de risco do Hospital das Clínicas –

Universidade Federal de Pernambuco. O DNPM foi avaliado através da escala cognitiva, de

linguagem e motora da Bayley Scales of Infant and Toddler Development III (Bayley III). Os

dados sobre condições biológicas, socioeconômicas e demográficas foram coletados por meio

de questionário respondido pelo responsável através de entrevista e em formulários

preenchidos por informações contidas nos prontuários. Resultados: Na avaliação do DNPM

não foi identificada diferença entre os dois grupos de lactentes, no entanto, a linguagem

expressiva se mostrou aquém nos nascidos pré-termo quando comparada aos a termo. Nos

lactentes como um todo, os do sexo masculino apresentaram índices médios

significativamente mais baixos nos domínios de cognição, linguagem e motricidade. Outras

variáveis que evidenciaram significativa associação com as menores médias de linguagem

foram peso insuficiente para idade gestacional e duração do aleitamento materno exclusivo ≤

2 meses. Quanto à motricidade, verifica-se que foi o domínio que mais sofreu influência das

variáveis biológicas, sendo observada menor resposta motora em relação ao sexo masculino,

peso ao nascimento <1500g, Apgar ≤ 7, índices peso/idade, comprimento/idade e perímetro

cefálico/idade <-1 escore z e os com a duração do aleitamento materno exclusivo ≤ 2 meses.

Conclusão: As variáveis biológicas foram as que mais influenciaram o DNPM dos lactentes.

Destaca-se que os fatores protetores parecem ter exercido uma maior influência sobre o

DNPM, dentre eles a elevada frequência da prática do aleitamento materno exclusivo,

adequada assistência perinatal e um bom crescimento nos primeiros anos de vida.

Palavras-chaves: Desenvolvimento infantil; Prematuridade; Fatores biológicos; Fatores de

risco; Estimulação precoce.

ResumoResumoResumoResumo

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Abstract

Introduction: Infant neuropsychomotor development (NPMD) considered a process of

qualitative and quantitative changes of functional aspects is characterized by domains such as

cognition, language, motor abilities (gross and fine), sensory function and socioemotional

development. NPMD evaluation of vulnerable infants should be considered as an important

instrument to help understand their quality of life, identify risk factors, and to elabora actions

to protect the biopsychosocial aspects. Many studies indicate prematurity as one of the main

risk factors affecting the NPMD, as a consequence of the vulnerability these infants undergo.

However, many authors remind that caution is needed when the prematurity is evaluated as a

risk factor, once it may function as a mediator factor for other conditions, like morbidity, that

would influence the NPMD. Objective: To evaluate the NPMD of infants born pre-term and

full-term aged from 6 to 12 months and to verify the association of biological, socioeconomic,

and demographic factors with NPMD. Methods: This is a descriptive study with an analytical

component conducted with 135 infants (90 born full-term and 45 born pre-term) followed at

the well baby and high-risk newborn outpatient unit of Hospital das Clínicas – Universidade

Federal de Pernanbuco. The NPMD was evaluated using the cognition, language and motor

sub-scales of the Bayley Scales of Infant and Toddler Development III (Bayley III). Data

regarding the biological, socioeconomic and demographic conditions were obtained through a

questionnaire answered by the infant’s guardian through interviews, as well as by information

obtained from the infant’s records. Results: No difference was observed in the NPMD

evaluation between the two groups of infants, however, the mean expressive language index

was lower for the pre-term infants. For the sample as a whole, the male infants demonstrated

significantly inferior mean scores on cognition, language and motor ability. Other variables

significantly associated with low scores on the language evaluation were small for gestational

age and the duration of exclusive breastfeeding ≤ 2 months. The development of motor

abilities were most affected by biological variables such as male sex, birth weight ≤ 1500g,

Apgar ≤ 7, weight-for-age, length-for-age and head circumference-for-age <-1 z score and the

duration of exclusive breastfeeding ≤ 2 months. Conclusion: The biological variables were

the ones that most influenced the NPMD of infants. Protective factors seemed to have

influenced the NPMD, including the high frequency of exclusive breastfeeding, adequate peri-

natal assistance, regular maternal educational level, smaller family size and the use of

corrected cronological age.

Key-words: Infant Development; Prematurity; Biological factors; Risk Factors; Early

Stimulation.

AbstractAbstractAbstractAbstract

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Lista de Tabelas

TABELA – 1 Características biológicas e de assistência peri e pós-natal de

lactentes nascidos a termo e pré-termo 47

TABELA – 2 Características socioeconômicas e demográficas de lactentes

nascidos a termo e pré-termo 49

TABELA – 3 Características nutricionais de lactentes nascidos a termo e

pré-termo no momento da avaliação 50

TABELA – 4 Média dos índices de desenvolvimento cognitivo, de

linguagem e motricidade em lactentes nascidos a termo e

pré-termo 51

TABELA – 5 Média dos índices de desenvolvimento cognitivo, de

linguagem e motricidade de acordo com as variáveis

socioeconômicas, demográficas, biológicas e nutricionais em

lactentes nascidos a termo e pré-termo 52

Lista de TabelasLista de TabelasLista de TabelasLista de Tabelas

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Sumário

1. APRESENTAÇÃO 11 1.1 Referências 14

2. REVISÃO DA LITERATURA 17 2.1 Introdução 18 2.2 Desenvolvimento neuropsicomotor infantil 20 2.3 Prematuridade e desenvolvimento neuropsicomotor 21 2.3.1 Determinantes biológicos associados à prematuridade 22 2.3.1.1 Baixo Peso ao Nascimento 23 2.3.1.2 Morbidades neonatais 24 2.3.1.3 Desnutrição pós-natal 24 2.3.1.3 Aleitamento materno 25 2.3.2 Determinantes ambientais na prematuridade 26 2.3.2.1 Renda familiar 26 2.3.2.2 Características maternas 27 2.3.2.3 Composição familiar 28 2.3.2.4 Estimulação psicossocial 28 2.3.2.5 Estimulação precoce 29 2.4 Avaliação do prematuro 29 2.5 Programas de acompanhamento 32 2.6 Referências 33

3. ARTIGO ORIGINAL Desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes nascidos pré-termo e a termo,

acompanhados no Hospital das Clínicas – UFPE

39

Resumo 40 Abstract 41 3.1 Introdução 42 3.2 Método 43 3.3 Resultados 46 3.4 Discussão 53 3.5 Referências 59

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 64

5. APÊNDICES 67

6. ANEXOS 75

SumárioSumárioSumárioSumário

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1111---- ApresentaçãoApresentaçãoApresentaçãoApresentação

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Araújo, Natália F. Desenvolvimento neuropsicomotor em lactentes nascidos pré-termo... 12

Apresentação

O desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM) infantil pode ser definido como um

processo de mudanças qualitativas e quantitativas de domínios funcionais como cognição,

linguagem, habilidades motoras amplas e finas, função sensorial e sócio-emocional, que

ocorrem de maneira ordenada e relativamente duradoura e que tem forte regulação genética1-3.

Uma evolução neuropsicomotora adequada se caracteriza pelas aquisições de novas

competências. A mesma sofre forte influência dos potenciais biológicos da criança e das

condições ambientais, bem como da contínua interação entre eles3-7. A condição de risco para

o DNPM está associada à atuação negativa destes fatores, possibilitando a ocorrência de

danos sobre a estrutura cerebral e/ou sua capacidade funcional2,3,7-9.

Segundo a literatura, dentre os fatores de risco biológicos relacionados às condições de

gestação, destaca-se a prematuridade, sendo uma realidade frequente a sobrevida de

prematuros com idade gestacional cada vez menor6,7,10-14. Rugolo15 chama a atenção para o

questionamento de como será a qualidade de vida destes prematuros. Uma boa assistência em

saúde não se limita apenas ao objetivo de garantir a sobrevida do recém-nascido até a alta

hospitalar. Dado à complexidade do desenvolvimento infantil, uma ampla assistência às

crianças de risco e a sua família se faz necessário.

A avaliação do DNPM nas crianças de risco pode ser considerada um importante

instrumento que auxilia na compreensão da qualidade de vida infantil, uma vez que abrange

todos os domínios funcionais, favorecendo a identificação das condições de riscos e

elaboração de ações protetoras dos aspectos biopsicossociais4,12,16,17. Um programa de

acompanhamento deve contar, em especial, com profissionais da área social, de saúde e

educação17-19. Cada vez mais as intervenções precoces no desenvolvimento têm sido

utilizadas, com o objetivo de melhorar o resultado funcional global das crianças20.

Desde 1973, o programa de pós-graduação em Saúde da Criança e do Adolescente da

Universidade Federal de Pernambuco oferece o curso de Mestrado. A partir do ano de 2001,

deu-se inicio a participação de alunos das diversas áreas das Ciências da Saúde, possibilitando

o estudo das condições de saúde da criança e do adolescente baseados na

interdisciplinaridade. O estudo do crescimento e desenvolvimento: avaliação, fatores

determinantes e programas de intervenção, está entre uma das linhas de pesquisa do

1.1.1.1. ApresentaçãoApresentaçãoApresentaçãoApresentação

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Araújo, Natália F. Desenvolvimento neuropsicomotor em lactentes nascidos pré-termo... 13

Apresentação

programa, que conta com a participação de professores dos vários departamentos do Centro

de Ciências da Saúde.

Dentro desta linha de pesquisa, a motivação para estudar o tema proposto se deu pelo

gostar do trabalho com recém-nascidos e lactentes, e em especial, pelo desejo de aprender

mais sobre como se dá o desenvolvimento desta população, sendo assim, buscou-se associar

este desejo com a realidade do grupo de pesquisa.

O Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (HC–UFPE) é

referência no estado para atendimento à gestante de risco e possui ambulatório especializado

para o atendimento aos recém-nascidos de risco, com o objetivo de avaliar sistematicamente o

seu crescimento e desenvolvimento. A maioria da população atendida se constitui de crianças

nascidas pré-termo. Percebeu-se então a necessidade de conhecer melhor como se encontrava

o desenvolvimento das crianças acompanhadas neste ambulatório.

Apesar da existência de vários estudos internacionais sobre o DNPM de

prematuros10,12,14,19,20, observa-se que, na nossa realidade, o conhecimento sobre a evolução

destas crianças ainda se mostra limitado. Em especial, no âmbito das pesquisas clínicas,

pouco se tem publicado. Por outro lado, alguns estudos brasileiros privilegiam um único

aspecto funcional, limitado a área de atuação profissional dos pesquisadores. Fatores como

estes dificultam o entendimento da influência da prematuridade sobre o DNPM, em condições

socioeconômicas adversas21-23.

Esta pesquisa procurou responder a seguinte pergunta condutora: o DNPM dos

lactentes nascidos pré-termo com idade cronológica corrigida apresenta-se aquém dos

nascidos a termo, independente dos fatores de risco associados? A dissertação encontra-se

estruturada em três capítulos, sendo o primeiro uma revisão da literatura, onde é abordado o

DNPM e seus fatores determinantes, em especial de crianças nascidas pré-termo. Para a busca

de artigos utilizou-se as palavras chaves: desenvolvimento infantil; desempenho psicomotor;

prematuro; recém-nascido; fatores biológicos; fatores de risco e estimulação precoce, nos

bancos de dados LILACS, SCIELO e MEDLINE. O segundo capítulo trata-se de um estudo

original descritivo com componente analítico que tem como objetivo principal avaliar o

DNPM de lactentes nascidos pré-termo e a termo e verificar possíveis as associações entre os

fatores de risco biológicos, socioeconômicos e demográficos, e o DNPM. Este estudo foi

realizado com lactentes na faixa etária de seis a doze meses, nascidos na maternidade do HC-

UFPE e acompanhados no ambulatório de puericultura deste hospital. O terceiro capítulo

consiste das considerações finais acerca do tema estudado.

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Araújo, Natália F. Desenvolvimento neuropsicomotor em lactentes nascidos pré-termo... 14

Apresentação

Referências

1. VELEDA, A. A. Desenvolvimento neuropsicomotor em crianças identificadas como de risco pelo projeto “Ser Saudável” no município do Rio Grande, RS. 2006. 225 f. Tese (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Fundação Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande. 2006. 2. WALKER, S. P. et al. Child development: risk factors for adverse outcomes in developing countries. Lancet, London, v. 369, n. 9556, p. 145–157, 2007. 3. GRANTHAM-MCGREGOR, S. et al. Child development in developing countries: Developmental potential in the first 5 years for children in developing countries. Lancet, London, v. 369, n. 9555, p. 60–70, 2007.

4. DE ANDRACA, I. et al. Factores de riesgo para el desarrollopsicomotor en lactantes nacidos en óptimas condiciones biológicas. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 32, n. 2, p. 138-147, 1998. 5. ARTIGAS-PALLARÉS, J. Atención precoz de los trastornos del neurodesarrollo. A favor de la intervención precoz de los trastornos del neurodesarrollo. Revista de Neurologia, Barcelona, v. 44, suppl. 3, p. S31-34, 2007. 6. LIMA, M. C. et al. Determinants of mental and motor development at 12 months in a low income population a cohort study in northeast Brazil. Acta Paediatrica, Stockholm, v. 93, n. 7, p. 969-975, 2004. 7. RESEGUE, R.; PUCCINI, R. F.; SILVA, E. M. K. Risk factors associated with developmental abnormalities among high-risk children attended at a multidisciplinary clinic. São Paulo Medical Journal, São Paulo, v. 126, n. 1, p. 4-10, 2008. 8. AYLWARD G P. Methodological issues in outcome studies of at-risk infants. Journal of Pediatric Psychology, New York, v. 27, n. 1, p. 37-45, 2002. 9. RESTIFFE, A. P.; GHERPELLI, J. L. D. Comparison of chronological and corrected ages in the gross motor assessment of low-risk preterm infants during the first year of life. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, São Paulo, v. 64, n. 2b, June, p. 418-25, 2006.

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Araújo, Natália F. Desenvolvimento neuropsicomotor em lactentes nascidos pré-termo... 15

Apresentação

10. STOELHORST, G. M. S. J. et al. Developmental outcome at 18 and 24 months of age in very preterm children: a cohort study from 1996 to 1997. Early Human Development, Amsterdam, v. 72, p. 83–95, 2003. 11. TRAN, U.; GRAY, P. H.; O’CALLAGHAN, M. J. Neonatal antecedents for cerebral palsy in extremely preterm babies and interaction with maternal factors. Early Human Development, Amsterdam, v. 81, p. 555-561, 2005.

12. ALLEN, M. C. Neurodevelopmental outcomes of preterm infants. Current Opinion in Neurology, London, v. 21, p. 123–128, 2008. 13. SAIGAL, S.; DOYLE, L. W. An overview of mortality and sequelae of preterm birth from infancy to adulthood. Lancet, London, v. 371, p. 261–269, 2008. 14. ROBERTSON, C. M. T.; WATT, M-J.; DINU, I. A. Outcomes for the extremely premature infant: What is new? and where are we going? Pediatric Neurology, Saint Paul, v. 40, p. 189-196, 2009. 15. RUGOLO, L. M. Crescimento e desenvolvimento a longo prazo do prematuro extremo. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, v. 81, supl. 1, p. S101-S110, 2005. 16. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil. Brasília, p. 73-96, 2002. 17. DORLING, J. S.; FIELD, D. J. Follow up of infants following discharge from the neonatal unit: Structure and process. Early Human Development, Amsterdam, v. 82, p. 151–156, 2006. 18. SÁNCHEZ, I. R.; LUQUE, A. M. Seguimiento psiconeuroevolutivo de recién nacidos de riesgo, Vox Paediatrica, Andaluzia, v. 7, n. 1, p. 91-97, 1999. 19. SALT, A.; REDSHAW, M. Neurodevelopmental follow-up after preterm birth: follow up after two years. Early Human Development, Amsterdam, v. 82, p. 185-197, 2006. 20. SPITTLE, A. J. et al. Early developmental intervention programs post hospital discharge to prevent motor and cognitive impairments in preterm infants (Review). The Cochrane Library, Malden, v. 1, p. 1-86, 2009.

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Araújo, Natália F. Desenvolvimento neuropsicomotor em lactentes nascidos pré-termo... 16

Apresentação

21. MAGALHÃES, L. C. et al. Acompanhamento ambulatorial do desenvolvimento de recém-nascidos de alto risco: características da população e incidência de seqüelas funcionais. Revista Paulista de Pediatria, São Paulo, v. 16, n. 4, p. 191-196, 1998. 22. MANCINI, M. C. et al. Estudo do desenvolvimento da função motora aos 8 e 12 meses de idade em crianças nascidas pré-termo e a termo. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, São Paulo, v. 60, n. 4, p. 974-980, 2002. 23. MANACERO, S.; NUNES, M. L. Avaliação do desempenho motor de prematuros nos primeiros meses de vida na Escala Motora Infantil de Alberta (AIMS). Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, v. 84, n. 1, p. 53-59, 2008.

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2222---- Revisão da LiteraturaRevisão da LiteraturaRevisão da LiteraturaRevisão da Literatura

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Araújo, Natália F. Desenvolvimento neuropsicomotor em lactentes nascidos pré-termo... 18

Revisão da Literatura

2.1 Introdução

O desenvolvimento infantil tem um amplo conceito, que envolve além do crescimento,

a maturação, o aprendizado e os aspectos psicossociais e se caracteriza por uma

transformação complexa, contínua, dinâmica, progressiva e suscetível a modificações devido

às inúmeras experiências vivida pela criança1. Após o nascimento, as aquisições nas áreas

sensoriais, motoras, cognitivas e afetivas são as bases da relação da criança com o meio e

ocorrem de forma intensa nos primeiros anos de vida2,3.

O desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM) é caracterizado por domínios

funcionais que abrangem aspectos como a cognição, linguagem, habilidades motoras amplas e

finas, função sensorial e o desenvolvimento sócio-emocional. Todos os domínios exercem

suas influências de forma integralizada e seguindo geralmente um padrão cronologicamente

programado, com uma forte regulação genética4,5. Observa-se também que este

desenvolvimento sofre forte influência dos potenciais biológicos da criança e das condições

ambientais, bem como da contínua interação entre eles6-8.

Os fatores biológicos relacionados às condições de gestação, nascimento e período

neonatal, estariam mais intimamente ligados aos desfechos do primeiro ano de vida6,8,9.

Paralelamente às variáveis biológicas estão as variáveis ambientais, como característica

socioeconômica, demográfica e cultural da família, que exerceriam maior influência com o

progredir da idade6,10,11.

Autores ressaltam que a ocorrência de um único evento não é determinante para o

desenvolvimento4,5,7,11-13. Concordando com esta idéia, Fawer et al10 referem ser a função

cognitiva dependente de um contexto que inclui os componentes biológicos, qualidade da

integração da criança com a família, bem como o ambiente social, o que caracteriza uma

dinâmica interação entre as condições biológicas e ambientais. No entanto, autores também

ressaltam que estes fatores podem influênciar o curso do desenvolvimento, tanto de modo

positivo como negativo6,8,10,14,15.

2.2.2.2. Revisão da LiteraturaRevisão da LiteraturaRevisão da LiteraturaRevisão da Literatura

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Araújo, Natália F. Desenvolvimento neuropsicomotor em lactentes nascidos pré-termo... 19

Revisão da Literatura

O conhecimento dos fatores determinantes do desenvolvimento possibilita a

identificação de populações de risco e elaboração de ações que poderão repercutir nos

aspectos biopsicossociais de forma duradoura1,6. O termo fator de risco está associado à

possibilidade de ocorrência de danos no desenvolvimento dos indivíduos expostos a

determinados eventos que atuariam assim de forma negativa5,8,14,16,17.

A influência negativa destes fatores irá expor a criança a uma cadeia de eventos

adversos ao seu crescimento e desenvolvimento pleno18. Segundo a literatura, dentre os

fatores de risco biológicos destacam-se a prematuridade, o baixo peso ao nascer e

complicações como leucomalácia periventricular, disfunção pulmonar, infecções, hemorragia

intraventricular e uso de medicações esteróides. Estes fatores estariam relacionados à

ocorrência de disfunções neurológicas como a paralisia cerebral (PC)3,11,15,19-22. Em relação às

variáveis ambientais, Pilz e Schermann9 destacam que as crianças que vivem em situação de

pobreza estão expostas a fatores que podem trazer efeitos negativos para o seu

desenvolvimento físico, cognitivo e psicossocial.

Halpern et al23, estudando o DNPM, numa coorte do Rio Grande do Sul, verificaram

que as crianças com maior risco de suspeita de atraso no desenvolvimento foram as mais

pobres, as prematuras e de baixo peso ao nascer, as que tinham mais de três irmãos e aquelas

cuja duração do aleitamento materno foi inferior a três meses.

A necessidade de compreensão acerca do nascimento prematuro e seu impacto sobre o

desenvolvimento infantil, associado ou não a outros fatores de risco biológicos e ambientais,

tem levado a um número crescente de estudos na literatura internacional10,11,13-15,19,20,22,24-28.

Todavia, observamos que os estudos brasileiros têm mostrado algumas limitações já

discutidas por diversos autores, dentre elas pequeno número amostral, ausência de grupo-

controle, perda de casos, diversidade nas características dos grupos, utilização de métodos de

avaliação inapropriados para o objetivo do estudo e pela análise isolada da prematuridade,

desconsiderando os demais fatores intervenientes9,12,17,29-33. Semelhantes problemas

metodológicos foram relatados por Aylward16 e Bhutta et al34 em estudos com crianças de

risco.

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Araújo, Natália F. Desenvolvimento neuropsicomotor em lactentes nascidos pré-termo... 20

Revisão da Literatura

2.2 Desenvolvimento neuropsicomotor infantil

Um adequado desenvolvimento pré-natal estabelece a base biológica para uma

evolução neuropsicomotora normal, que se caracteriza pelas aquisições de novas

competências2,13. Os primeiros dois anos de vida também tem uma importância fundamental

para o desenvolvimento infantil, por ser um período de intensa evolução neuropsicomotora e

de rápido crescimento cerebral2,6,7.

O estudo do DNPM deve abranger todas as capacidades da criança, quer sejam elas

reflexas, voluntárias, espontâneas ou aprendidas. Suas experiências sensório-motoras

constituem seu repertório funcional, incluindo habilidades motoras, linguagem e cognição,

que serão abordados a seguir2,4.

O aprimoramento da função motora é resultante do processo de mielinização cerebral,

através do qual a criança adquire uma gama de habilidades motoras que evoluem de

movimentos simples e desorganizados para a execução de habilidades motoras mais

complexas como a marcha. Estas aquisições ocorrem sob padrões previsíveis, caracterizando

os marcos motores deste desenvolvimento. Uma criança no primeiro trimestre começa a

estabelecer o controle da coluna cervical, enquanto que, aos seis meses consegue sentar sem

apoio, por volta do oitavo mês rola voluntariamente e desenvolve o engatinhar e com

aproximadamente doze meses inicia a marcha. É no primeiro ano de vida onde se efetuam as

mudanças mais importantes e mais rápidas do desenvolvimento motor da criança4,30,35.

As funções mais complexas, como a linguagem e os processos abstratos, vão tendo

maior participação no desenvolvimento cognitivo com o passar da idade36.

O desenvolvimento cognitivo corresponderia às capacidades intelectuais da criança, ou seja, a

construção de sua inteligência4. Martins et al37 citam que no período pré-escolar a criança

depara-se com desafios que implicarão numa maior influência sobre o desenvolvimento nas

áreas cognitiva e comportamental.

A aquisição de linguagem ocorre à medida que a criança vivencia as experiências

sensório-motoras, formando noções cognitivas sobre pessoas, ambiente e eventos. Antes dos

quatro anos de idade, a linguagem receptiva está mais desenvolvida do que a linguagem

expressiva e com o desenvolvimento normal destas habilidades a criança dominará grande

parte da língua materna em torno dos seis a sete anos de idade, podendo assim, assimilar uma

nova forma de linguagem: a leitura e escrita32.

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Araújo, Natália F. Desenvolvimento neuropsicomotor em lactentes nascidos pré-termo... 21

Revisão da Literatura

Pode-se dizer então que o desenvolvimento se refere a mudanças qualitativas e

quantitativas que produzem transformações na vida da criança, tornando-a mais capaz.

2.3.Prematuridade e desenvolvimento neuropsicomotor

O entendimento sobre como a prematuridade exerce influência no DNPM ainda é

controverso na literatura, não havendo um consenso em quais aspectos ou domínios do

DNPM ela interfere e também com qual intensidade se dá esta interferência3,12,13,15,32,34.

Em diversos estudos, a prematuridade é apontada como um dos principais fatores de risco

biológico para o atraso no DNPM11,14,15,33,38,39. Entretanto, vários autores ressaltam a

necessidade de cautela quando se avalia o risco da prematuridade, uma vez que a mesma pode

funcionar como fator mediador de outras condições, como as morbidades, que influenciariam

o curso do DNPM16,17,30,34,37,40.

Na situação do nascer prematuro, o que se verifica é uma imaturidade dos sistemas

orgânicos com conseqüente dificuldade na adaptação aos diferentes estímulos

ambientais8,28,41,42. As crianças prematuras encontram-se em condições desfavoráveis no

início da sua trajetória de desenvolvimento, estando mais expostas aos fatores de risco

biológicos e psicossociais, quando comparadas às crianças nascidas a termo37. Para Santos et

al40, nos bebês prematuros, a ocorrência de morbidades como necessidade de suporte

ventilatório por períodos prolongados, displasia broncopulmonar, hemorragia intracraniana e

icterícia somam-se e contribuem para aumentar os riscos de alterações no desenvolvimento

neuropsicomotor.

Resegue et al3 destacam que a presença de fatores de risco não implica sempre em

evolução desfavorável e nos remete a outros estudos que compartilham de semelhante

pensamento. Em relação ao desenvolvimento motor, Mancini et al30 referem que nas crianças

com passado de prematuridade, apesar de haver alterações nos componentes neuromotores

como tônus, amplitude de movimento, reflexos primitivos e manutenção da postura

antigravitacional, elas desenvolvem estratégias motoras que lhes permitem desempenhar

atividades funcionais como as crianças a termo. Em estudo realizado com recém-nascidos pré-

termo (RNPT), utilizando a idade cronológica corrigida, foi observado que o desenvolvimento

motor deste grupo como um todo foi equivalente aos dos recém-nascidos a termo (RNT),

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Araújo, Natália F. Desenvolvimento neuropsicomotor em lactentes nascidos pré-termo... 22

Revisão da Literatura

porém os mesmos adquiriram os itens “ficar em pé sem apoio” e “marcha independente” mais

tardiamente35. A maioria das crianças nascidas prematuras não desenvolve maiores

dificuldades neurológicas, contudo, estas crianças apresentam maior probabilidade para

desenvolver paralisia cerebral e/ou alterações cognitivas do que aquelas nascidas a termo15.

Para diversos autores, a prematuridade pode levar a desfechos insatisfatórios como

paralisia cerebral e déficits para o aprendizado escolar11,15,19,22,27,34. Segundo Salt e Redshaw27

o risco para o aprendizado escolar se deve ao comprometimento em áreas correspondentes às

funções de planejamento, coordenação visomotora, formação de conceitos verbais e

numéricos, pensamento racional e associativo, capacidade de síntese, organização perceptiva,

orientação espacial e memória remota. A paralisia cerebral é o desfecho mais freqüentemente

citado nos prematuros e apresenta como forma mais comum a diplegia espástica, sendo

ressaltado que o risco da paralisia cerebral apresenta uma relação inversamente proporcional

com a idade gestacional e o peso ao nascimento21,25. No entanto, Marlow25, cita que o

diagnóstico no primeiro ano de vida não é tão exato em virtude da ocorrência de possíveis

alterações de caráter transitório nesta faixa etária.

Foulder-Hughes e Cooke24 detectaram em crianças prematuras (<32 semanas) uma

alta prevalência de deficiência motora sutil, caracterizada por disfunção na coordenação,

avaliada por três métodos distintos (Movement Assessment Battery for Children, Clinical

Observations of Motor and Postural Skills, Developmental Test of Visual-Motor Integration).

Observou-se também que elas eram mais propensas a apresentar comportamento de

desatenção e impulsividade, quando comparadas com as crianças nascidas a termo.

2.3.1 Determinantes biológicos associados à prematuridade

A vulnerabilidade biológica decorrente da condição do nascimento pré-termo é

freqüentemente citada na literatura como condição facilitadora de alterações no

desenvolvimento em diferentes etapas evolutivas na vida da criança8,14. Segundo alguns

autores, distúrbio no aprendizado, comportamento e desordem motora em prematuros podem

estar associados aos fatores de riscos biológicos como baixo peso, leucomalácia

periventricular, distúrbios respiratórios, hemorragia intraventricular e enterocolite

necrozante22,43.

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Araújo, Natália F. Desenvolvimento neuropsicomotor em lactentes nascidos pré-termo... 23

Revisão da Literatura

Para Bhutta et al34 os recém-nascidos pré-termo, além de maior risco de complicações

pós-natais, estariam mais sujeitos a procedimentos dolorosos e separação materna prolongada

e estes autores fazem referência aos estudos experimentais com animais que mostraram serem

estas situações propiciadoras de sofrimento cerebral com conseqüente morte celular,

ocasionando uma diminuição no volume cerebral e repercussão no desempenho funcional.

Inder et al20, ao comparar as imagens cerebrais de RNPT e RNT, verificaram reduzido volume

cerebral nos RNPT.

Em seguida serão abordados alguns fatores associados à prematuridade, que

repercutem no DNPM, destacando-se o baixo peso ao nascimento, as morbidades neonatais,

desnutrição pós-natal e o aleitamento materno.

2.3.1.1 Baixo peso ao nascimento

O baixo peso ao nascer está relacionado ao tempo da gestação e ao padrão de

crescimento fetal, podendo ser decorrente de duas condições: prematuridade e/ou restrição do

crescimento intra-uterino (RCIU). Considerando o peso ao nascimento, a literatura distingue

subgrupos de recém-nascidos com: baixo peso ao nascer (<2500g); muito baixo peso ao

nascer (<1500g) e extremo baixo peso ao nascer (<1000g). Dessa forma os recém-nascidos

com peso menor do que 2.500g constituem um grupo heterogêneo, com riscos e necessidades

de estratégias de intervenção diferentes8,12.

Spittle et al43 observaram que, RNPT com baixo peso ao nascer (<2500g) têm um

risco maior de apresentar déficit motores, cognitivos e comportamentais em comparação aos

nascidos a termo, salientando que as dificuldades motoras menores, como déficit de

coordenação, foram as mais prevalentes. Estudo destaca que crianças nascidas pré-termo e

com muito baixo peso ao nascer (<1500g) apresentam manifestações de comportamento

internalizantes sugestivas de somatização, ansiedade, retraimento e dificuldade de

enfrentamento de situações sociais37. Kilbride et al44 observaram que crianças prematuras com

extremo baixo peso ao nascer (<1000g) mostraram piores escores em teste para cognição e

desempenho motor quando comparadas com o grupo de crianças a termo, estando estas

crianças mais propensas a necessidade de educação especial na idade escolar.

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Revisão da Literatura

O baixo peso ao nascimento em decorrência da prematuridade e/ou RCIU, é uma

situação freqüente em condições sociais desfavoráveis, e nesta situação a combinação destes

fatores resulta numa maior probabilidade de prejuízo ao desenvolvimento8.

2.3.1.2 Morbidades neonatais

Alguns estudos enfatizam que o desenvolvimento dos recém-nascidos pré-termo é

mais comprometido que dos a termo em decorrência de uma maior incidência de fatores

mórbidos neonatais11,19,35,42. Aylward16 destaca dentre estes os eventos intracranianos,

imaturidade pulmonar e processos infecciosos.

Fatores clínicos tem sido associados com o desenvolvimento da paralisia cerebral em

diversos estudos10,19-22,26,34. Pesquisa sobre o efeito das morbidades perinatais na função

motora de crianças nascidas pré-termo aos 4 e 8 anos de idade, evidenciou uma associação

entre as complicações decorrentes da prematuridade como displasia broncopulmonar,

síndrome do desconforto respiratório, sepse, hemorragia intraventricular, hiperbilirrubinemia

e/ou enterocolite necrosante, com alterações posteriores da função motora ampla e fina. Estes

autores ressaltam que as crianças nascidas prematuras constituem um grupo heterogêneo

devido às várias morbidades que podem desenvolver durante o período neonatal45.

2.3.1.3 Desnutrição pós-natal

A alimentação adequada do recém-nascido pré-termo tem por finalidade satisfazer as

necessidades metabólicas dos vários órgãos e sistemas, tentando promover um crescimento

equivalente ao que ele teria intra-útero. Todavia, em decorrência da adaptação ao meio extra-

uterino, os RNPT tendem a sofrer algum grau de desnutrição após o nascimento46. Autores

defendem a realização da avaliação nutricional dos RNPT com muito baixo nas unidades de

terapia intensiva neonatal, uma vez que neste período, os distúrbios do crescimento podem

acarretar importantes repercussões a longo prazo47.

Ramos et al38, avaliando o crescimento e desenvolvimento de 373 RNPT e 328 RNT

verificaram que dois em cada cinco RNPT estavam desnutridos aos 36 meses, enquanto que

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Revisão da Literatura

nos a termo apenas um em quatro apresentaram-se com déficit nutricional, sendo destacado

que o nascimento prematuro, independente das características socioeconômicas da família,

pode implicar num risco maior de desnutrição durante a infância.

Estudo descritivo sobre os aspectos clínicos e epidemiológicos de crianças

hospitalizadas com desnutrição grave mostra um percentual de 42,4% de baixo peso ao nascer

e 36,4% de prematuridade e os autores ressaltam que a freqüência destes dois fatores ao lado

dos elevados índices de desmame precoce contribuiu para um percentual de mortalidade

hospitalar no grupo de estudo em 34,3%48.

2.3.1.4 Aleitamento materno

A recomendação do aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida tem sido

defendida com base nas propriedades do leite humano, que proporciona uma combinação

essencial de nutrientes, além de benefícios imunológicos, psicológicos (formação do vínculo

mãe-filho) e econômicos5,49,50. Esta prática adquire caráter especial nos casos dos RNPT em

decorrência da sua maior vulnerabilidade biológica49,51.

O leite produzido pela mãe de RNPT nas primeiras quatro semanas pós-parto tende a

conter maior concentração de nitrogênio, proteínas com função imunológica, lipídio total,

ácidos graxos de cadeia média, vitamina A, D e E, cálcio, sódio e energia do que aquele

produzido pelas mães de RNT49.

Em estudo de meta-análise realizado para observar diferenças no desenvolvimento

cognitivo entre as crianças amamentadas e as alimentadas com fórmula láctea foi verificado

que a amamentação esteve associada a um incremento no desenvolvimento, em diferentes

testes da função cognitiva, sendo observado também que a maior diferença nesta pontuação

foi proporcional a maior duração do aleitamento materno. De acordo com os autores, o leite

materno proporciona vantagens específicas para os lactentes nascidos prematuros, pois auxilia

o desenvolvimento neurológico através de fornecimento de ácidos graxos poliinsaturados de

cadeia longa, elemento essencial para maturação do cérebro e retina52.

Em decorrência da imaturidade fisiológica e neurológica, os RNPT apresentam

dificuldades no estabelecimento de uma alimentação segura e eficiente, e esta condição pode

resultar em inicio tardio da lactação, acarretando prejuízo a produção láctea e insucesso da

amamentação. Diversas estratégias são citadas para minimizar tal condição, dentre elas, a

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Revisão da Literatura

realização de métodos alternativos para alimentação (técnica da relactação, translactação e

utilização de copinhos), enquanto o RNPT não está apto a mamar também é importante a

realização da estimulação oral, promovendo uma sucção eficaz e dar apoio às mães de forma

a encorajá-las e orientá-las a iniciar a ordenha precocemente para estimular a lactação49,51.

2.3.2 Determinantes ambientais na prematuridade

A criança recebe influência de diferentes aspectos do ambiente, incluindo desde o

micro-sistema familiar até o macro-sistema da cultura em que está inserida. A contribuição

dos fatores ambientais no desenvolvimento tem como ponto fundamental as relações

interpessoais e os papéis desempenhados no contexto da família e do domicílio, em especial a

qualidade da relação mãe-filho8,10,14,16.

Autores destacam que existe uma tendência das crianças nascidas pré-termo serem

mais vulneráveis aos efeitos do ambiente como condição socioeconômica, educação e saúde

mental dos pais, estrutura familiar e o ambiente domiciliar quando comparadas às crianças

nascidas a termo31,43.

Os fatores biológicos podem ter efeitos adversos no desenvolvimento das crianças, no

entanto, a atribuição deste risco é pequena se comparado ao efeito mais duradouro dos riscos

ambientais18. Stoelhorst et al11 e Aylward16, destacam que os fatores ambientais apresentaram

um papel importante para o desenvolvimento das crianças nascidas pré-termo a partir dos 18

meses de idade e aos 24 meses, estando associados com piores resultados para o

desenvolvimento. O fato de o ambiente tornar-se mais influênciador nas crianças em idades

maiores tem sido relatado em outros estudos6,10,23,31.

2.3.2.1 Renda familiar

A literatura revela uma maior prevalência de nascimentos pré-termo em famílias de

baixo nível socioeconômico31. A prematuridade e o baixo peso podem ser considerados

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Araújo, Natália F. Desenvolvimento neuropsicomotor em lactentes nascidos pré-termo... 27

Revisão da Literatura

indicadores confiáveis da baixa condição socioeconômica, o que acarreta importantes

implicações para a saúde e desenvolvimento infantil38.

A pobreza é considerada como fator que influência significativamente a qualidade da

estimulação do ambiente domiciliar. Se adicionarmos a esta questão o fato de que nos RNPT

a vulnerabilidade biológica desencadeia nos pais o sentimento de perda da competência

parental, ambos os fatos poderiam desencadear atitudes paternas e maternas menos

responsivas e afetuosas, interferindo no desenvolvimento do apego e na interação pais-filho6,9.

Fawer et al10, estudando crianças nascidas pré-termo, verificaram que nos primeiros 18

meses de vida, independente do nível socioeconômico, o desenvolvimento cognitivo delas foi

semelhante. No entanto, aos três anos e meio e cinco anos de idade, houve uma diferença

significativa nas funções cognitivas, de acordo com os níveis socioeconômicos. Segundo os

autores, este resultado parece indicar que o impacto de fatores biológicos diminuiu com o

avançar da idade, enquanto a influência dos fatores ambientais se tornou mais forte, como

destacam Stoelhorst et al11 e Aylward16.

Por outro lado, o elevado nível socioeconômico pode atuar como fator de proteção

para o desenvolvimento, minimizando ou neutralizando eventuais prejuízos do desempenho

motor decorrentes da prematuridade. O aumento dos recursos familiares possibilita aos pais

um maior investimento em seus filhos, dando-lhes mais oportunidades de lazer e atividades

esportivas, favorecendo as habilidades motoras e compensando assim, os efeitos do risco

biológico31.

2.3.2.2 Características maternas

Várias características maternas isoladas ou em combinação se mostram

influênciadoras do desenvolvimento infantil, porém alguns autores ressaltam que, em

decorrência da complexa interação dos fatores biológicos e ambientais, esta influência pode

manifestar-se de forma variada nos diferentes domínios do desenvolvimento2,6,31.

O nível de escolaridade materno torna-se uma variável importante nos estudos sobre o

DNPM, uma vez que este se associa a um ambiente domiciliar mais estimulador. As mães

com grau de instrução superior estariam mais preparadas por possuírem mais conhecimento

sobre a importância do adequado desenvolvimento da criança e conseqüentemente da

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Revisão da Literatura

estimulação em fases precoces da vida4,10,11. O nível educacional dos pais atuaria como fator

moderador influênciando os resultados do desenvolvimento, entretanto, autores sugerem que,

para haver melhor compreensão deste fator em relação à prematuridade é necessária

realização de estudos longitudinais27.

No estudo de Stoelhorst et al11, o desenvolvimento mental de crianças nascidas

prematuras com idade gestacional menor que 32 semanas, aos 18 e 24 meses de idade

corrigida, mostrou-se melhor e associado a maior idade materna e nível de escolaridade.

2.3.2.3 Composição familiar

Nas famílias com maior número de filhos, em geral se observa menor disponibilidade

para as crianças, restringindo assim, a qualidade e quantidade de estímulos que contribuiriam

para o melhor desenvolvimento9,23,53.

Guerra at al53, numa revisão dos principais fatores associados à qualidade da

estimulação do ambiente domiciliar, faz referência ao tamanho família e cita que em famílias

pequenas, onde a proporção de adulto por criança é grande, o desenvolvimento infantil

apresenta melhores resultados.

Ainda em relação à quantidade de filhos, é citado na literatura também a condição de

fator protetor ao desenvolvimento quando a criança é o segundo filho. Isto se dá

provavelmente pelo fato da mãe ter mais experiência no cuidado com a criança, sabendo

como melhor estimular seu desenvolvimento4.

2.3.2.4 Estimulação psicossocial

Considerado um processo de humanização que relaciona aspectos biológicos,

psíquicos, cognitivos, ambientais, socioeconômicos e culturais, o desenvolvimento possibilita

à criança adquirir maior capacidade para interagir com os outros e o meio que a rodeia1. No

ambiente familiar, em especial, é destacada a interação do bebê com a figura materna. Uma

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Revisão da Literatura

boa interação mãe-filho pode atuar sobremaneira como mecanismo de proteção psicossocial

aos bebês vulneráveis devido à condição neonatal adversa9,18.

Estudo realizado com crianças nascidas pré-termo não observou diferença significante

na interação mãe-filho entre elas, quando comparadas com crianças nascidas a termo, aos seis

e doze meses de idade corrigida, no entanto, as crianças nascidas pré-termo apresentaram

brincadeiras e capacidade de atenção mais pobres. Os autores ressaltam que a prematuridade

por si só não necessariamente afetaria a qualidade da interação mãe-filho, mas por outro lado

as mães de crianças nascidas pré-termo estariam mais atentas as emoções negativas e

expressões de dor do que daquelas a termo54.

Eickmann et al55 observaram que após a elaboração de um programa de estimulação

psicossocial realizado com as mães, os índices mental e motor da Escala de Bayley (II) de

crianças com baixo nível socioeconômico, incluindo prematuras, apresentaram melhora

significante. Autores enfatizam que as intervenções, visando melhorar os cuidados oferecidos

à criança e a qualidade da estimulação no ambiente domiciliar influênciam positivamente o

desenvolvimento infantil43.

2.3.2.5 Estimulação precoce

O cérebro humano apresenta capacidade de recuperação quando acometido por

insultos, sejam eles de origem biológica ou ambiental. Modificação na sua organização e até

mesmo na função é descrita na literatura. Estas modificações se dariam nos primeiros anos de

vida de forma mais acentuada e seriam suscetíveis à estimulação. Dessa forma, a suspeita de

alteração no desenvolvimento deveria ocorrer o quanto antes, em especial no período

neonatal, possibilitando intervenções adequadas7,8,55. Entretanto, de acordo com Bailey et al56

a identificação precoce de crianças com atrasos e déficits sutis no desenvolvimento pode ser

um desafio para clínicos e pesquisadores, visto que essas alterações só se tornam mais

perceptíveis com o passar do tempo.

Stoelhorst et al11 destacam que a avaliação precoce do desenvolvimento nas crianças

nascidas pré-termo se torna útil, pela possibilidade de favorecer diagnóstico e intervenção

precoces. As intervenções precoces sobre o desenvolvimento têm sido promovidas com o

objetivo de melhorar o resultado funcional global das crianças, dentre elas, a fisioterapia que

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Revisão da Literatura

tem como um dos objetivos aperfeiçoar o desenvolvimento motor, tendo como base os

princípios do neurodesenvolvimento, que buscam fornecer diversos estímulos sensório-

motores permitindo um aprendizado motor mais adequado e promovendo a inibição de

padrões de movimentos anormais43.

2.4. Avaliação do desenvolvimento do prematuro

A identificação precoce de problemas do desenvolvimento é uma tarefa bastante

difícil, por isso a realização de avaliações sistemáticas se faz necessário durante os primeiros

anos de vida23,33. A avaliação logo no período neonatal pode fornecer indicadores

prognósticos para o desenvolvimento da criança, sendo necessário a avaliação da condição

neonatal nas primeiras horas e associação com a evolução clínica até a alta hospitalar18.

Allen15 ressalta que o conhecimento do neurodesenvolvimento é a chave para criação de

melhores estratégias de tratamento.

Restiffe e Gherpelli17 citam a existência de várias escalas de avaliação e triagem

(procedimento de avaliação breve que objetiva identificar crianças que precisam ser

encaminhadas para uma avaliação mais detalhada), empregadas para identificar os RNPT que

apresentam alterações no DNPM. Os testes de triagem podem acelerar o início da intervenção

e facilitar o desenvolvimento futuro destas crianças40. A escolha do instrumento a ser

utilizado no seguimento do recém-nascido de risco depende das áreas ou aspectos do

desenvolvimento enfatizados pelo instrumento, da faixa etária para a qual a avaliação é

aplicável e capacitação da equipe, dentre outros a considerar17,33.

No Brasil, a falta de instrumentos de avaliação padronizados e validados para nossa

população dificulta a identificação precoce das alterações do desenvolvimento, bem como não

permite uma confirmação quanto à adequação das propriedades do instrumento para nossas

crianças40.

Dentre os testes de triagem mais utilizados no Brasil destacam-se o Denver II e o

Alberta Infant Motor Scale (AIMS), ambos criados para o seguimento das crianças sem risco

para o desenvolvimento33,35,40. A Bayley Scales of Infant Development (BSID) é considerada o

melhor instrumento de avaliação16.

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Revisão da Literatura

A BSID é uma escala norte-americana que, embora não validada para a criança

brasileira, é bastante utilizada para avaliação do desempenho neuropsicomotor, tanto de

lactentes de risco como para lactentes com desenvolvimento típico, e sua utilidade como

instrumento de pesquisa tem recebido grande apoio da comunidade científica. Atualmente,

está se utilizando sua terceira versão a Bayley Scales of Infant and Toddler Development III

(Bayley-III), publicada nos Estados Unidos em outubro de 2005 e que difere da BSID-II, pois

permite avaliar separadamente o desenvolvimento nos domínios de cognição, linguagem

expressiva e receptiva, motor amplo e fino, comportamento adaptativo e domínio social-

emocional40,57.

A AIMS é uma escala de avaliação de caráter observacional que incorpora o conceito

de maturação neural e a teoria dos sistemas dinâmicos e foi desenvolvida para medir a

evolução motora ampla em crianças desde o nascimento até a locomoção independente33,35,40.

Santos et al40 citam alguns estudos que demonstram dificuldades para analisar a

validade dos resultados obtidos com a AIMS, destacando a existência de lacunas importantes

na progressão de dificuldades durante o teste. A AIMS foi validada com outros testes e

demonstra boa sensibilidade em crianças acima de seis meses, mas se observa dúvidas quanto

à adequação do grau de dificuldade para algumas idades, questionando o valor preditivo do

teste para idades futuras.

O teste de triagem do desenvolvimento Denver II é uma versão mais recente e se

propõe a avaliar e identificar as crianças com risco para o atraso no desenvolvimento. O teste

não é validado para nossa população, mas é um dos mais utilizados em pesquisas brasileiras.

A nova versão parece demonstrar maior sensibilidade na identificação de atraso em relação à

primeira, especialmente na área da linguagem. Semelhante a AIMS, os itens são registrados

através da observação direta, porém alguns deles podem ser informados pelos genitores. O

Denver II abrange uma faixa etária do nascimento aos seis anos de idade. A literatura ressalta

como uma das suas desvantagens pequeno valor prognóstico, e apesar do teste abranger uma

larga faixa etária e permitir o acompanhamento longitudinal do desenvolvimento, é

insuficiente para avaliar mudanças qualitativas ao longo do tempo e detectar alterações

psicomotoras sutis 9,40.

Para a avaliação do desenvolvimento de crianças nascidas prematuras, autores

destacam a necessidade da utilização da idade cronológica corrigida. A correção da idade é

realizada em função do grau de prematuridade, descontando da idade cronológica do

prematuro as semanas que faltaram para sua idade gestacional atingir 40 semanas. Restiffe e

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Revisão da Literatura

Gherpelli17 defendem que esta correção é o melhor caminho para avaliar efetivamente as

crianças nascidas pré-termo.

Contudo, não há um consenso sobre a correção da idade cronológica, uma vez que

alguns pesquisadores sugerem que a correção poderia superestimar o desempenho funcional

das crianças nascidas prematuras e por outro lado, a não correção subestimaria seu

desenvolvimento, havendo um maior índice de atraso entre as crianças nascidas

prematuras16,17,25.

2.5. Programas de acompanhamento

Os programas de acompanhamento de crianças de risco vem se destacando no nosso

meio, como parte da atenção básica à saúde1,27-29. Autores defendem que estes programas

devem ter a participação de profissionais de diversas áreas, em especial, as áreas social, de

saúde e de educação, em virtude da complexidade do desenvolvimento infantil. Este

acompanhamento multidisciplinar possibilitaria uma assistência ampla às crianças de risco e a

sua família14,27-29,58. Para o acompanhamento do desenvolvimento é pertinente uma

observação criteriosa da criança durante a consulta pediátrica, com valorização da opinião dos

pais, exame neurológico sistematizado, avaliação dos marcos de DNPM e a utilização de

instrumentos de avaliação padronizados2,12,14,18.

Nem todo recém-nascido que é admitido numa unidade neonatal requer

acompanhamento a longo prazo, todavia, dependendo dos riscos aos quais o mesmo foi

exposto, haverá necessidade de acompanhamento clínico e participação da família por período

mais prolongado28. Aylward16 determina que um mínimo de três anos para o seguimento

parece ser necessário, visando identificar os déficits de grau moderado e mensurar as

capacidades cognitivas. No entanto, dificuldades sutis podem tornar-se aparentes em idades

mais tardias, e destaca a idade escolar como período adequado para finalizar o

acompanhamento, pois em geral os distúrbios de saúde podem ser mais bem definidos nessa

idade. Compartilhando do mesmo pensamento, Salt e Redshaw27 recomendam avaliações em

idade chaves da fase escolar: 5-6 anos, 7-8 anos, 12 anos e mais tardiamente aos 15 -16 anos.

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3333---- Artigo Original Artigo Original Artigo Original Artigo Original

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Araújo, Natália F. Desenvolvimento neuropsicomotor em lactentes nascidos pré-termo... 40

Artigo Original

Desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes Desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes Desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes Desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes nascidos prénascidos prénascidos prénascidos pré----termo e a termo, acompanhados no termo e a termo, acompanhados no termo e a termo, acompanhados no termo e a termo, acompanhados no

Hospital das Clínicas Hospital das Clínicas Hospital das Clínicas Hospital das Clínicas –––– UFPEUFPEUFPEUFPE

Objetivo: Avaliar o desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM) dos lactentes nascidos pré-termo e a termo, na faixa etária de 6 a 12 meses e verificar sua associação entre os fatores biológicos, socioeconômicos e demográficos. Métodos: Estudo descritivo com componente analítico realizado com 135 lactentes, 45 nascidos pré-termo e 90 a termo na maternidade do Hospital das Clínicas-UFPE. Foi realizada a avaliação do desenvolvimento utilizando-se as sub-escalas cognitiva, de linguagem e motricidade da escala de desenvolvimento Bayley Scales of Infant and Toddler Development III (Bayley III). Os dados sobre as condições biológicas, socioeconômicas e demográficas foram coletados por meio de questionário respondido pelo responsável e formulários preenchidos por informações contidas nos prontuários da maternidade. Para o estudo estatístico foram utilizados os testes t de Student, análise de variância, teste do qui-quadrado, admitindo-se um nível de significância de 5%. Resultados: A distribuição dos lactentes mostrou-se homogênea quanto ao sexo e a idade. O grupo dos pré-termos apresentou uma idade gestacional média de 33 semanas. Não foi evidenciada diferença significativa do DNPM entre os lactentes nascidos pré-termo e a termo. Na linguagem expressiva foi observada uma diferença de média de 0,7 pontos (p=0,06) em detrimento dos pré-termos. Nos lactentes como um todo, verificou-se que a variável sexo foi a única que apresentou diferença significante nos três domínios, tendo as meninas obtido as melhores médias. Outras variáveis que evidenciaram significativa associação com as menores médias de linguagem foram pequenos para idade gestacional e duração do aleitamento materno exclusivo ≤ 2 meses. Quanto à motricidade, verifica-se que foi o domínio que mais sofreu influência das variáveis biológicas, sendo observada menor resposta motora em relação ao sexo masculino, peso ao nascimento <1500g, Apgar ≤7, índices peso/idade, comprimento/idade e perímetro cefálico/idade <-1 escore z e os com a duração do aleitamento materno exclusivo ≤ 2 meses. Conclusão: A prematuridade por si só não mostrou influência sobre o DNPM. Estudos de desenvolvimento infantil necessitam da compreensão de inúmeros fatores determinantes. Nem sempre, o nascer prematuro leva a desfechos negativos para desenvolvimento, entretanto se faz necessário uma maior assistência à saúde e vigilância para o desenvolvimento destas crianças, pois alterações podem ocorrer em idades futuras. Palavras-chaves: Prematuro; recém-nascido; Fatores biológicos; Fatores de risco;

Desenvolvimento infantil; Desenvolvimento da linguagem.

ReReReResumosumosumosumo

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Artigo Original

Objectives: To evaluate the neuropsychomotor development (NPMD) of infants born pre-term and full-term in the age group from 6 to 12 months, and to verify the association of biological, socioeconomic and demographic factors. Methods: This is a descriptive study with an analytical component conducted with 135 infants, 45 born pre-term and 90 full-term at the maternity ward of Hospital das Clínicas-UFPE. The development was evaluated through the cognition, language and motor sub-scales of the Bayley Scales of Infant and Toddler Development III (Bayley III). Data regarding biological, socioeconomic and demographic conditions were collected using a questionnaire answered by the infants' guardian and supplemented with information from the infants' maternity records. Statistical analysis were conducted using the Student t test, analysis of variance, qui-square test, and adopting a significance level of 5%. Results: The distribution of subjects was homogeneous regarding sex and age. The pre-term group had a mean gestational age of 33 weeks. There was no significant difference of the NPMD between the two groups of infants. However, the pre-term infants showed a mean difference of 0,7 points (p=0,06) lower on the expressive language. The variable sex was the only one that showed a significant difference on the three areas assessed. The girls performed better overall with higher scores on all domains. Other variables significantly associated with low scores on the language evaluation were small for gestational age and the duration of exclusive breastfeeding ≤ 2 months. The development of motor abilities were most affected by biological variables such as male sex, birth weight ≤ 1500g, Apgar ≤ 7, weight-for-age, length-for-age and head circumference-for-age <-1 z score and the duration of exclusive breastfeeding ≤ 2 months. Conclusion: Pre-term birth did not influence the NPMD. The NPMD was affected rather by other factors associated with pre-term birth. Infant development studies need better understanding of a broad array of determinant factors. The pre-term birth alone is not always associated with negative developmental outcomes, nonetheless it is necessary to have a close follow up these infants since they may present developmental alterations at a later stage. Key-words: Pre-term birth; new born; biological factors; risk factors; Infant development; Language development.

AbstractAbstractAbstractAbstract

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Artigo Original

3.1 Introdução

O interesse pelo desenvolvimento integral da criança tem crescido nas últimas décadas

como resultado do aumento da sobrevivência infantil, bem como pelo compromisso com o

bem-estar e qualidade de vida desta população. Este desenvolvimento se constitui de uma

transformação complexa que envolve além do crescimento, a maturação, o aprendizado e os

aspectos psicossociais1. O desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM) é caracterizado por

domínios funcionais, que abrangem a cognição, a linguagem, as habilidades motoras amplas e

finas, a função sensorial e o desenvolvimento sócio-emocional, os quais são adquiridos ao

longo do tempo pelas experiências sensório-motoras da criança2-4.

Vários fatores influenciam o DNPM infantil destacando-se os potenciais genéticos e

biológicos da criança e as condições ambientais em que ela vive, além da interação contínua

destes fatores4-6. Os fatores biológicos relacionados às condições de gestação, nascimento e

período neonatal estariam mais intimamente ligados aos desfechos do desenvolvimento no

primeiro ano de vida5,6. Já os fatores ambientais, como características socioeconômica,

demográfica e cultural da família exerceriam maior influência sobre o desenvolvimento com o

progredir da idade5,7,8.

Diversos autores abordam em seus estudos fatores ou condições de risco para o

desenvolvimento. O termo fator de risco está associado a uma maior probabilidade de

alterações neuropsicomotoras em virtude da exposição a determinados eventos que atuariam

de forma negativa sobre o desenvolvimento3,6,9. Estes fatores de risco geralmente não ocorrem

de forma isolada e à medida que se combina um maior número deles, aumenta-se a

probabilidade da criança manifestar déficits em seu desenvolvimento motor, cognitivo e/ou

psicossocial 3,4,9-12.

Na literatura atual, vários estudos destacam a prematuridade como um dos principais

fatores de risco biológico para o DNPM5,8,13-15. Entretanto, Resegue et al6 ressaltam a

necessidade de cautela quando se avalia o risco da prematuridade. Esta observação nos remete

a estudos que destacam a prematuridade como um fator mediador de outras condições, como

as morbidades, que influenciariam o curso do DNPM9,12,16-18. No nascimento prematuro

verifica-se uma imaturidade dos sistemas orgânicos com conseqüente dificuldade na

adaptação aos diferentes estímulos ambientais. Esta vulnerabilidade biológica é citada na

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literatura como condição que aumenta a chance da criança apresentar alterações no seu

desenvolvimento em diferentes etapas evolutivas da vida6,11,19-21.

A identificação precoce de problemas do desenvolvimento é uma tarefa complexa e

avaliações sistemáticas durante os primeiros anos de vida, quando o desenvolvimento é mais

dinâmico, são a base para a detecção dos desvios11,22. Quanto mais cedo se identificam as

crianças de risco para o DNPM, mais precocemente pode-se iniciar uma assistência ampla a

essas crianças e sua família, através de acompanhamento com profissionais de diversas áreas,

em especial, na área social, da saúde e educação19,23-25. As intervenções precoces sobre o

desenvolvimento têm sido promovidas, com o objetivo de melhorar o resultado funcional

global das crianças. Dentre elas, a fisioterapia tem como um dos seus objetivos, aperfeiçoar o

desenvolvimento motor, tendo como base os princípios do neurodesenvolvimento, que

buscam fornecer diversos estímulos sensório-motores, permitindo um aprendizado motor mais

adequado e promovendo a inibição de padrões de movimentos anormais26. Allen14 ressalta que

o conhecimento do neurodesenvolvimento é a chave para criação de melhores estratégias de

tratamento.

Apesar da existência de vários estudos sobre o DNPM de prematuros, observa-se que

esse tema continua sendo foco de grande interesse e preocupação. Além disso, a maior parte

desses estudos foi realizada em países afluentes e o conhecimento acerca do impacto do

nascimento prematuro sobre o desenvolvimento infantil na nossa realidade, é insuficiente,

motivando novos estudos com a finalidade de se ter uma melhor compreensão sobre este tema

onde as condições socioeconômicas são muitas vezes adversas. Portanto este trabalho tem

como objetivo avaliar o DNPM dos lactentes nascidos pré-termo e a termo, identificando as

possíveis associações com os fatores biológicos e ambientais.

3.2 Método

Esta pesquisa consiste de um estudo descritivo com componente analítico do tipo

transversal, conduzido no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco

(HC–UFPE), que é ligado à rede do Sistema Único de Saúde e localizado na região

metropolitana do Recife. No ambulatório de recém-nascido de risco (ARNR) é realizado o

acompanhamento dos nascidos pré-termo com peso menor ou igual a 2.000g, além de outras

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crianças de risco nascidas neste hospital, de forma a avaliar sistematicamente o seu

desenvolvimento para detectar possíveis desvios e instituir suporte adequado. Faz parte do

ARNR uma equipe de profissionais composta por dois Pediatras, uma Neurologista de

Desenvolvimento e duas Terapeutas Ocupacionais. O ambulatório também é campo de prática

para alunos do internato do curso médico e residência em pediatria.

Foram avaliados 135 lactentes, sendo 45 nascidos pré-termo (idade gestacional menor

que 37 semanas) que freqüentavam regularmente o ARNR e 90 nascidos a termo (idade

gestacional maior ou igual a 37 semanas), selecionados por demanda espontânea no

ambulatório de Puericultura. No momento do estudo os lactentes encontravam-se na faixa

etária de 6 a 12 meses de idade, sendo que nos pré-termos a idade foi ajustada em virtude da

prematuridade, subtraindo-se da mesma o número de semanas que faltavam para o lactente

completar 40 semanas de gestação no momento do parto.

Os critérios de exclusão da pesquisa foram os lactentes portadores de deformidades e

infecções congênitas, malformações múltiplas ou síndromes genéticas.

A avaliação do DNPM foi realizada através da escala de desenvolvimento Bayley

Scales of Infant and Toddler Development III (Bayley III), que permite a avaliação do

desenvolvimento através de cinco domínios: cognitivo, linguagem, motor, social-emocional e

comportamento adaptativo, na faixa etária de 1 a 42 meses. Os domínios da cognição,

linguagem e motor são avaliados através de itens realizados com a criança. A avaliação

social-emocional e comportamento adaptativo é realizada através de questionários

respondidos pelo cuidador, no entanto, esta avaliação não foi utilizada na pesquisa. A escala

cognitiva possui 91 itens; a escala de linguagem está dividida em: receptiva com 49 itens e

expressiva com 48 itens; e a escala motora dividida também em: motor fino com 66 itens e

motor amplo com 72 itens. Todos os itens são ordenados pelo nível de dificuldade. A criança

dá inicio a realização de cada escala no item correspondente a sua faixa etária e se encerra

após cinco erros consecutivos27.

Para interpretação do resultado, o total de pontos (escore bruto) obtido pela criança em

cada escala é convertido em um escore balanceado de acordo com tabelas específicas para

diferentes faixas etárias, sendo posteriormente encontrado um escore composto para cognição,

linguagem (receptiva e expressiva) e motricidade (fina e ampla), também de acordo com as

tabelas. Cada escore composto apresenta uma média de 100 pontos e um desvio padrão de 15

pontos, sendo, portanto, considerado normal uma pontuação de 85 a 115 pontos27.

Para checar a operacionalização da coleta de dados foi realizado inicialmente um

estudo piloto objetivando testar o formulário e a aplicação da escala de desenvolvimento de

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Bayley III. A coleta dos dados ocorreu no período de março a julho de 2008 e constou de três

etapas. Na primeira etapa foi realizada a análise dos prontuários para a identificação da idade

gestacional ao nascimento que no HC-UFPE é avaliada através dos métodos de Ballard e

Capurro. Quando os lactentes atendiam aos critérios de entrada no estudo, informações sobre

a pesquisa foram fornecidas ao responsável, com o objetivo de obter autorização de

participação na mesma. Posteriormente realizava-se o preenchimento do formulário contendo

questões pré-codificadas sobre as características peri-natais e morbidade neonatal obtidos dos

prontuários.

Numa segunda etapa foi realizada uma entrevista com o responsável, para obtenção

das demais informações sobre aleitamento materno, no qual era questionado se a genitora deu

ou ainda dava só o leite materno para o lactente e por quanto tempo; condições

socioeconômicas e demográficas atuais da família. Após a entrevista, a pesquisadora principal

ou uma assistente de pesquisa, ambas fisioterapeutas, realizaram a avaliação do DNPM, onde

utilizou-se uma sala própria com iluminação e ventilação adequadas e na presença do

responsável pela criança.

A antropometria foi realizada pelas pesquisadoras, que foram treinadas objetivando a

padronização da mensuração, segundo as normas preconizadas pela Organização Mundial de

Saúde (OMS). Para aferição do peso utilizou-se uma balança da marca Filizola modelo baby

com capacidade mínima de 125 gramas e máxima de 15 quilos. Fita métrica de plástico da

marca ISP com amplitude de 1,50m e subdivisões de 0,1cm foi usada para medição do

perímetro cefálico, bem como um antropômetro em madeira com amplitude de 1,30m e

subdivisões de 0,1cm para verificação do comprimento.

O estado nutricional foi avaliado através dos índices peso/idade, comprimento/idade e

peso/comprimento expressos em média de escore Z, adotando-se o padrão de referência da

OMS (WHO ANTHRO 2005). Considerou-se como desnutridos ou em risco nutricional os

lactentes classificados com < -1 escore Z.

O tratamento estatístico dos dados foi realizado com o pacote estatístico Epi-info

versão 6.04 (CDC, Atlanta), com dupla entrada dos dados para minimizar possíveis erros de

digitação. Os índices de desenvolvimento foram tratados como variáveis contínuas e a

associação entre eles foi avaliada através da diferença entre médias, utilizando-se o teste “t”

de student e ANOVA, admitindo-se um nível de significância de 5%. Na análise bivariada das

variáveis categóricas, utilizou-se o teste do qui-quadrado com correção de Yates ou teste

exato de Fisher quando indicado.

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Este estudo teve a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências

da Saúde da UFPE, registrado sob no 413/07. Os pais e/ou responsáveis dos lactentes,

assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) autorizando a realização das

avaliações e divulgação dos resultados.

3.3 Resultados

Os resultados desta pesquisa serão apresentados considerando primeiramente a

caracterização da amostra estudada e posteriormente, os índices de desenvolvimento

(cognição, linguagem e motricidade) da escala de Bayley III nos dois grupos estudados e

posteriormente as associações entre as variáveis socioeconômicas, demográficas, biológicas e

nutricionais com os índices do desenvolvimento.

A Tabela 1 apresenta informação descritiva dos dois grupos de lactentes em relação às

variáveis biológicas.

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TABELA 1 – Características biológicas e de assistência peri e pós-natal de lactentes

nascidos a termo e pré-termo

RNT = Recém- nascido a termo RNPT = Recém- nascido pré-termo AME = Aleitamento materno exclusivo ƒ Teste exato de Fisher * Sem informação (12 RNT / 3 RNPT) ** Sem informação (6 RNT) *** Sem informação (2 RNT / 2 RNPT) **** 10 lactentes não foram amamentados exclusivamente

RNT (N=90) RNPT (N=45)

Características perinatais Média (DP) Média (DP) Idade gestacional (semanas) 39,6 1,0 33,4 2,4

Peso ao nascer (g) 3425 446,2 1762 481 Perímetro cefálico ao nascer (cm) * 34,8 1,3 30,0 2,3

Características peri e pós-natais N % N % p Sexo Masc 47 52,2 24 53,3 Fem 43 47,8 21 46,7 0,95

Apgar** 4 – 7 1 1,2 7 15,6 8 – 10 83 98,8 38 84,4 0,003ƒ

Hipóxia

Sim 1 1,1 12 26,7 Não 89 98,9 33 73,3 < ,001ƒ

Infecção Sim 2 2,2 25 55,6

< 0,001

Não 88 97,8 20 44,4

Meningite Sim 1 1,1 3 6,7 Não 89 98,9 42 93,3 0,11 ƒ

Oxigenioterapia***

Sim 3 3,4 38 88,4

Não 85 96,6 5 11,6 < 0,001

Idade (meses) na avaliação 6 – 8 64 71,1 35 77,8 9 – 12 26 28,9 10 22,2 0,54

Duração AME (meses)**** ≤ 2 13 15,1 7 17,9 ≥ 3 73 84,9 32 82,1 0,89

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Os dois grupos apresentaram uma distribuição homogênea quanto ao sexo e a idade no

momento da avaliação. No grupo dos RNPT ocorreu uma variação na idade gestacional entre

25-36 semanas, ressaltando que apenas três lactentes apresentaram idade gestacional igual ou

menor a 30 semanas. Em relação à classificação do peso ao nascimento 6,7% dos RNPT

apresentaram extremo baixo peso, 24,4% muito baixo peso, 62,2% baixo peso e 6,7% dos

RNPT tiveram peso insuficiente. Quanto ao índice de Apgar, entre os RNT apenas um

apresentou este igual a sete e entre os RNPT o menor valor foi quatro, onde apenas cinco

deles tiveram valores entre 4-6 e dois obtiveram valor igual a sete. O aleitamento materno

exclusivo nos dois grupos foi iniciado por 92,6% das mães. A dificuldade do recém-nascido

para sugar após o nascimento foi relatada por 30,4% das mães da amostra como um todo,

sendo 71,1% entre os RNPT e 10% entre os RNT.

Dos lactentes da amostra, 75,5% mostraram-se adequados em relação ao peso de

nascimento para idade gestacional, sendo que 27,3% dos RNPT eram PIG (pequeno para

idade gestacional), não havendo nenhum caso entre os RNT. No grupo dos RNT 22,4% foram

GIG (grande para idade gestacional), não se observando casos entre os RNPT. Todos os

RNPT estiveram hospitalizados com uma variação de tempo de internamento entre 1 – 71 dias

(dado não mostrado na tabela).

Alguns dados desta pesquisa, não mostrados em tabela, valem ser ressaltados.

Observou-se que 38 RNPT necessitaram de oxigenioterapia, sendo que 11 destes (28,9%)

foram submetidos à ventilação mecânica assistida (VMA), não sendo observados casos entre

os RNT, todavia esta variável não influenciou o DNPM. Em relação às morbidades, além das

variáveis estudadas, foi verificada a ocorrência de síndrome do desconforto respiratório

(SDR), icterícia, taquipneia transitória do recém-nascido (TTRN), bronquiolite, pneumonia,

retinopatia da prematuridade e hipoglicemia. Dentre estas as mais frequentes foram SDR,

icterícia e TTRN. Nenhum dos lactentes estudados apresentou diagnóstico de convulsão e a

hemorragia intracraniana (HIC) se deu em 13,3% dos RNPT, nestes lactentes o desempenho

na cognição, linguagem e motricidade foi aquém quando comparados com aqueles que não

tiveram HIC. Não foi observado caso de HIC entre os RNT.

As características socioeconômicas e demográficas das famílias são apresentas na

tabela 2. A idade materna foi equivalente nos dois grupos estudados. Apesar de 78,4% das

famílias estarem abaixo da linha de pobreza (até meio salário mínimo mensal por pessoa), o

nível de escolaridade materna foi regular, não havendo mães que não tenham freqüentado a

escola.

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TABELA 2 – Características socioeconômicas e demográficas de lactentes nascidos a

termo e pré-termo.

RNT (N=90) RNPT (N=45)

Características N % N % p Idade materna ≤ 19 11 12,2 4 8,9 > 19 79 87,8 41 91,1 0,77

Renda familiar per capita

(Salário mínimo)*

≤ 0,25 26 29,2 15 33,3 0,26 – 0,50 45 50,6 19 42,2 > 0,50 18 20,2 11 24,4 0,65

Escolaridade Materna ≤ 4ª série 7 7,8 3 6,7 5ª – 8ª série 25 27,8 8 17,8 Ensino Médio/Superior 58 64,4 34 75,6 0,40

Número de pessoas na mesma

residência

≤ 3 29 32,2 19 42,2 ≥ 4 61 67,8 26 57,8 0,34

Número de crianças < 5 anos 1 65 72,2 34 75,6 2 – 5 25 27,8 11 24,4 0,84

*Sem informação (1 RNT)

Em 91,1% dos casos as mães eram as principais cuidadoras, permanecendo maior

tempo com o lactente e a avó apareceu em segundo lugar com 5,9%. Em relação à realização

de terapias no grupo dos RNPT, 21(46,7%) realizaram fisioterapia e/ou terapia ocupacional

em algum momento (período neonatal e/ou pós-alta), e apenas 1 (2,2%) fez acompanhamento

fonoaudiológico (dados não mostrados na tabela).

Conforme a tabela 3, o estado nutricional verificado pelo índice peso/idade mostra que

12,8% dos lactentes estavam em risco nutricional ou desnutridos, sendo a freqüência entre os

RNPT 25%, significativamente superior que nos RNT (p=0,007). Também se observou

diferença estatisticamente significante no índice altura/idade, estando 39,5% dos RNPT em

risco nutricional ou desnutridos, enquanto que nos RNT a freqüência foi de 17% (p=0,009). Já

para os índices peso/altura e perímetro cefálico não se verificou diferença estatisticamente

significante entre os grupos.

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TABELA 3 – Características nutricionais de lactentes nascidos a termo e pré-termo no

momento da avaliação.

RNT (N=90) RNPT (N=45)

Variáveis N % N % p Peso para Idade (escore Z)* < -1 6 6,7 11 25,0 ≥ -1 83 93,3 33 75,0 0,007

Comprimento para Idade

(escore Z)**

< -1 15 17,0 17 39,5 ≥ -1 73 83,0 26 60,5 0,009

Peso para Comprimento

(escore Z)**

< -1 3 3,4 5 11,6 ≥ -1 85 96,6 38 88,4 0, 11 ƒ

Perímetro cefálico (escore Z)** < -1 7 8,0 5 11,4 ≥ -1 80 92,0 39 88,6 0,54 ƒ

* Sem informação (1 RNT/1 RNPT) ** Sem informação (2 RNT/2 RNPT) *** Sem informação (3 RNT/1 RNPT) ƒ Teste exato de Fisher

Os resultados apresentados na tabela 4 descrevem os achados das avaliações através da

escala de Bayley III nos domínios da cognição, linguagem e motricidade, e também nos

subtestes da comunicação receptiva e expressiva, motor fino e grosso. Observa-se que as

médias dos três domínios foram acima de 100 e que não houve diferença significativa entre os

grupos. Os achados para comunicação expressiva mostram uma diferença de média de 0,7

pontos (p=0,06) entre os RNT e os RNPT, apontando uma leve discrepância no

desenvolvimento lingüístico dos pré-termo quando comparados com os a termos.

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TABELA 4 – Média dos índices de desenvolvimento cognitivo, de linguagem e

motricidade em lactentes nascidos a termo e pré-termo.

RNT (N=90) RNPT (N=45)

Escore Composto Média (DP) Média (DP) p Cognição 111,1 7,6 110,6 9,1 0,71

Linguagem 109,7 9,8 108,2 8,9 0,39

Motricidade 108,1 9,9 106,1 11,4 0,30

Escore Balanceado do Bayley Comunicação Receptiva 11,9 2,1 12,1 2,0 0,73

Comunicação Expressiva 11,3 1,8 10,6 1,7 0,06

Motor Fino 11,6

1,8

11,5

2,4

0,71

Motor Grosso 11,0 2,4 10,5 2,5 0,23

Valores de p do teste ANOVA

A tabela 5 apresenta as associações entre as variáveis socioeconômicas, demográficas,

biológicas e nutricionais com o desenvolvimento dos lactentes.

Verifica-se que a variável sexo foi a única em que o desenvolvimento apresentou

significante diferença nos três domínios, tendo as meninas obtido as melhores médias. O

tempo de aleitamento materno exclusivo foi importante para os resultados dos domínios de

linguagem e motricidade, apresentando os lactentes médias melhores quando amamentados

por período de três meses ou mais. Na associação do índice do Apgar com o DNPM, destaca-

se menor desempenho motor nos lactentes que ao nascimento obtiveram pontuação entre 4-7.

O peso ao nascimento menor que 1500g associou-se com o menor índice motor nos lactentes

estudados (p=0,04). Quanto ao estado nutricional dos lactentes no momento da avaliação,

verificou-se que aqueles com risco nutricional ou desnutridos mostraram menor desempenho

motor quando comparados com os eutróficos, em relação aos índices peso/idade e

comprimento/idade. O mesmo foi observado em relação aos que apresentaram perímetro

cefálico < -1 escore Z.

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TABELA 5 – Média dos índices de desenvolvimento cognitivo, de linguagem e

motricidade de acordo com as variáveis socioeconômicas, demográficas, biológicas e

nutricionais em lactentes nascidos a termo e pré-termo.

Cognição Linguagem Motricidade

Variáveis N

(135) Média DP p Média DP p Média DP p

Idade materna ≤ 19 15 111,3 6,11 112,4 7,42 108,2 10,11 > 19 120 110,9 8,34 0,84 108,8 9,65 0,16 107,3 10,48 0,76 Renda per capita

(Salário mínimo)*

≤ 0,25 41 109,1 8,43 108,1 8,57 109,1 10,57 0,26 – 0,50 64 111,9 7,69 109,1 10,18 106,3 11,32 > 0,50 29 111,2 8,52 0,22 111,5 8,71 0,32 107,3 7,90 0,43 Escolaridade Materna ≤ 4ª série 10 112,0 12,1 108,4 10,84 111,6 8,72 5ª – 8ª série 33 110,0 7,71 108,9 9,17 104,4 9,25 Ensino Médio/ Superior 92 111,1 7,81 0,72 109,4 9,53 0,94 108,0 10,77 0,09 Número de pessoas na

residência

≤3 48 110,7 7,65 110,0 9,87 105,2 8,60 ≥ 4 87 111,3 8,39 0,84 108,7 9,28 0,43 108,6 11,13 0,07 Número de crianças < 5 anos 1 99 110,7 8,22 109,6 9,43 106,9 10,29 2 – 5 36 111,4 7,89 0,69 108,0 9,63 0,38 108,7 10,75 0,38 Sexo Masc 71 108,9 8,33 106.7 9,38 105,1 10,29 Fem 64 113,2 7,26 0,002 111,9 8,85 0,001 109,9 10,01 0,007 Peso ao nascer (g) ≤ 1499 14 107,1 10,32 106,3 9,81 100,8 8,63 1500 - 2499 28 112,1 8,32 109,4 8,47 109,1 11,61 2500 - 2999 20 110,0 6,69 107,2 10,04 105,0 10,16 ≥ 3000 73 111,4 7,84 0,24 110,1 9,62 0,41 108,7 9,88 0,04 Adequação peso para IG**

PIG 12 107,9 10,76 104,8 8,64 107,7 14,57 AIG 77 111,0 7,71 109,2 9,08 106,6 9,37 GIG 13 112,7 8,81 0,33 114,5 7,33 0,02 111,4 8,68 0,28 Apgar*** 4 – 7 8 108,7 5,17 106,6 12,36 97,5 5,42 8 – 10 121 110,9 8,26 0,47 109,6 9,39 0,39 108,3 10,16 0,003 Duração AME (meses)**** ≤ 2 20 108,7 7,75 105,2 8,98 102,8 11,44 ≥ 3 105 111,4 8,07 0,18 110,2 9,06 0,02 108,8 9,81 0,02 Peso para Idade

(escore Z)*****

< -1 17 108,5 7,24 105,9 10,69 103,0 11,02 ≥ -1 116 111,5 7,87 0,14 109,8 9,15 0,11 108,2 10,18 0,05 Comprimento para Idade

(escore Z)******

< -1 32 110,9 7,98 107,0 11,18 104,3 9,37 ≥ -1 99 111,3 7,87 0,84 109,9 8,75 0,13 108,8 10,43 0,03 Perímetro cefálico

(escore Z) ******

< -1 12 110,0 9,29 104,4 12,18 101,1 7,88 ≥ -1 119 111,3 7,74 0,59 109,7 9,04 0,07 108,2 10,49 0,02

Valores de p do teste ANOVA AME = Aleitamento materno exclusivo / IG = Idade gestacional / PIG = Pequeno para idade gestacional AIG = Adequado para idade gestacional /GIG= Grande para idade gestacional * 1 caso sem informação / ** 33 casos sem informação / *** 6 casos sem informação **** 10 lactentes não foram amamentados exclusivamente/***** 2 casos sem informação ****** 4 casos sem informação

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3.4 Discussão

A literatura demonstra que o primeiro ano de vida é o período de maior

desenvolvimento da capacidade funcional da criança, ocorrendo aquisições em diversas

áreas4,10. Conhecer os aspectos biopsicossociais que promovem este desenvolvimento pode

possibilitar o entendimento acerca da qualidade de vida infantil, fator importante quando se

trata de países em desenvolvimento como o Brasil, onde as crianças estão sujeitas a uma

sucessão de fatores que possibilitam riscos ao pleno desenvolvimento. A avaliação do DNPM

se mostra importante caminho para este conhecimento. Segundo Grantham-McGregor et al4

crianças que não atingem o seu potencial de desenvolvimento são menos susceptíveis de

serem adultos produtivos.

A vulnerabilidade biológica, decorrente da condição do nascimento pré-termo, está

entre os diversos fatores identificados na literatura que exercem influência no DNPM, no

entanto, em virtude da complexa interação entre os fatores biológicos e ambientais, não é

tarefa fácil predizer o curso do desenvolvimento nesta população. Autores ressaltam que

questões metodológicas não permitiriam comparações entre os resultados dos diversos

estudos, isto é, levando em consideração as diferentes características das crianças nas

pesquisas, não seria possível uma extrapolação de resultados para todas aquelas expostas ao

fator prematuridade12,20,28. Saigal e Doyle20 também citam que as definições das alterações,

bem como a gravidade encontrada não são uniformes, fato este que dificultaria as

interpretações, mas destacam que cerca de 25% dos recém-nascidos que conseguem

sobreviver apresentam morbidade neurológica substancial. Já Resegue et al29 consideram que

esta proporção estaria em torno de 15 a 20%.

O instrumento de avaliação utilizado nesta pesquisa é uma escala norte-americana que,

embora não validada para a criança brasileira, é considerada padrão ouro para avaliação do

DNPM nesta faixa etária12. A escala de Bayley III possibilita a avaliação do desenvolvimento

nos domínios cognitivo, linguagem (expressiva e receptiva), motor (amplo e fino),

comportamento adaptativo e social-emocional27. Entretanto, as escalas social-emocional e de

comportamento adaptativo não foram utilizadas nesta pesquisa, uma vez que a Bayley III

ainda não é validada para o Brasil e isto poderia implicar em dados errôneos, em decorrência

da diferença nos aspectos socioeconômicos e culturais da população do estudo com a

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população de referência, bem como pela dificuldade também na tradução das questões para

uma linguagem que permita um adequado entendimento do instrumento pelos cuidadores.

Os resultados desta pesquisa não evidenciaram diferenças entre o desenvolvimento dos

lactentes nascidos pré-termo e a termo. As médias alcançadas por ambos os grupos nos

domínios de cognição, linguagem e motricidade foram dentro da faixa de normalidade em

relação à população de referência. Estes dados se contrapõem a estudos que mostram

diferenças no desenvolvimento de crianças nascidas pré-termo e a termo30-33. Entretanto,

alguns autores defendem que uma comparação simples, sem levar em conta as inúmeras

variáveis que podem influênciar o desenvolvimento, não deva ser feita8,12,20,28.

No estudo de Lima et al5, realizado no mesmo estado desta pesquisa e utilizando a

escala de Bayley II em crianças aos 12 meses, verificou-se uma diferença entre os grupos de

crianças pré-termo e a termo, mas as médias obtidas pelos pré-termos situaram-se dentro da

faixa de normalidade, não caracterizando atraso motor e/ou mental. Por outro lado, os

resultados de Stoelhorst et al8, na Holanda, utilizando a escala de Bayley I em pré-termos

nascidos com idade gestacional menor que 32 semanas, mostram médias dos índices mental e

motor aos 18 e 24 meses de idade dentro da normalidade. No entanto, os índices de

desenvolvimento mental e motor foram severamente comprometidos em 7% das crianças aos

18 meses e 6% aos 24 meses.

Considerando estudos brasileiros que utilizaram outros instrumentos, Mancini et al16

no sudeste do pais, utilizando a Alberta Infant Motor Scale (AIMS), não observou diferença

significativa entre os grupos de pré-termo e a termo quanto à função motora aos 8 e 12 meses

de idade corrigida. Apesar do instrumento da pesquisa ser diferente, identifica-se na literatura

uma relevante correlação entre os escores brutos da AIMS com os da escala motora de Bayley

II24.

Robertson et al21 sugerem cautela na utilização de resultados dos testes de

desenvolvimento cognitivo como resultado definitivo, uma vez que, vem sendo observada

uma melhora ao longo do tempo nos resultados dos prematuros extremos, quanto às

morbidades neurológicas diagnosticadas na primeira infância. Fazendo uma relação com esta

observação, pode-se dizer que os resultados obtidos pelos lactentes desta pesquisa são

passíveis de modificações em outras faixas etárias, uma vez que o desenvolvimento apresenta

diversas transformações com o passar do tempo.

Nesta pesquisa, os achados em relação à comunicação expressiva apontam uma

tendência dos lactentes nascidos pré-termo em apresentarem um repertório lingüístico mais

pobre em relação aos lactentes a termo, resultado semelhante a este foi descrito por Schirmer

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et al35. As alterações do desenvolvimento da linguagem estão entre os riscos que a

prematuridade pode ocasionar e os prematuros extremos tendem a apresentar os piores

resultados, em especial o sexo masculino36.

Em relação ao grupo de prematuros desta amostra, salienta-se alguns aspectos

biológicos importantes: a média da idade gestacional do grupo foi 33 semanas, classificando a

maioria dos lactentes como sido prematuros moderados, com média do peso ao nascimento de

1762g. O menor índice de Apgar observado foi 4, representando vitalidade ao nascimento

moderada a boa, sendo verificada também, uma baixa freqüência de morbidades peri e pós-

natais. Estes aspectos permitem incluir o grupo de prematuros numa categoria de risco

moderado.

Quanto ao estado nutricional no momento da avaliação, observa-se uma maior

propensão destes lactentes nascidos pré-termo ao risco nutricional ou desnutrição quando

comparados com os a termo, fato este, também observado por Ramos et al30. Apesar de não

ter apresentado uma influência significativa, os pré-termo com índice peso/idade < - 1 escore

Z tiveram as menores médias nos três domínios, e com índice altura/idade < - 1 escore Z o

domínio motor esteve mais comprometido (dados não apresentados).

Larroque et al33 citam que a prevalência de deficiências é maior para as crianças com

idade gestacional ao nascer menor que 28 semanas e que o déficit cognitivo foi o mais comum

nas crianças aos 5 anos. Este resultado remete ao fato de que a faixa etária da presente

pesquisa (6-12meses), talvez não permita adequada inferência sobre os aspectos cognitivos

como, demonstram os estudos que destacam a detecção de alterações sutis em idade pré-

escolar21,36,37.

No contexto deste estudo, ressalta-se o fato de que características da população

possam ter exercido influência protetora sobre o DNPM. Na avaliação do desenvolvimento se

faz necessário examinar o contexto em que este ocorre, em especial, a presença simultânea

dos fatores de risco (tanto biológicos como ambientais) e dos fatores protetores. Estes últimos

seriam capazes de atenuar os resultados adversos, tendo um papel moderador no prognóstico

do desenvolvimento infantil10. Alguns aspectos desta pesquisa podem ser destacados pela

possível ação protetora ao desenvolvimento nos lactentes nascidos pré-termo, como a prática

do aleitamento materno exclusivo, assistência perinatal adequada, escolaridade materna

regular, composição familiar pequena e utilização da idade cronológica corrigida.

A prática do aleitamento materno exclusivo em toda a amostra foi 92,6% e entre os

lactentes prematuros ocorreu em 86,7% (dado não mostrado), e nestes, 82,1% amamentaram

por três meses ou mais. Esta prática para os RNPT adquire um aspecto especial em virtude da

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vulnerabilidade biológica desta população e os principais benefícios são destacados por

alguns estudos. Segundos autores o leite materno proporciona vantagens adicionais para os

lactentes nascidos prematuros, pois auxilia o desenvolvimento neurológico, em especial o

cognitivo, através do fornecimento de elementos essenciais para nutrição e maturação do

cérebro e retina, bem como o ato de amamentar atuaria como facilitador da interação entre a

mãe e a criança. Autores destacam também que o beneficio do aleitamento materno se torna

mais acentuado com o aumento na sua duração38,39. Para Halpern et al11 as crianças nascidas

prematuras que não haviam sido amamentadas ou tinham sido amamentadas por menos de

três meses apresentaram maior suspeita de atraso no desenvolvimento.

Vohr et al40, avaliando o impacto de mudanças na assistência perinatal e vigilância do

neurodesenvolvimento sobre o DNPM de prematuros com extremo baixo peso, observaram,

através da escala de Bayley II, que os índices de desenvolvimento mental e motor

permaneceram estáveis ou melhoraram entre os anos de 1993 e 1998, sendo identificado

também uma melhora na sobrevivência desta população ao longo destes anos. Salienta-se

nesta pesquisa, que o HC-UFPE é um hospital de referência na região, em especial para

atendimento à gestante de risco, bem como participante da Iniciativa Hospital Amigo da

Criança, que visa uma assistência humanizada e tem como um dos objetivos apoiar, incentivar

e proteger a prática da amamentação precocemente41.

O nível de escolaridade materna é tido na literatura como fator moderador do

desenvolvimento infantil, uma vez que favorece o cuidado com a criança, desperta o interesse

pelo desenvolvimento e conseqüentemente melhora a qualidade da estimulação domiciliar25.

Para Stoelhorst et al25 em RNPT com idade gestacional ao nascer menor que 32 semanas,

maiores níveis de escolaridade materna, estiveram associados a uma melhora no

desenvolvimento mental entre a idade de 18 e 24 meses. Verificou-se, neste estudo, que as

mães dos lactentes do grupo pré-termo apresentaram-se com razoável nível de escolaridade,

onde 75,6 % tinham ensino médio ou superior completo ou incompleto. Associado a este fato,

tem-se que 93,3% destas genitoras eram as principais cuidadoras dos bebês. De acordo com

autores, quando a figura materna é mediadora de ações adequadas para o desenvolvimento da

criança, este fato atuaria como importante fator de proteção3,42.

Uma família pequena tende a ser mais responsiva e agregadora, fornecendo à criança

mais oportunidades de explorar seu potencial de desenvolvimento11. Nesta pesquisa, ocorreu

uma tendência para melhores resultados, entre os lactentes prematuros, na cognição e

linguagem quando a composição familiar era menor ou igual a três pessoas, todavia sem

significância estatística (dados não apresentados).

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O uso da idade cronológica corrigida é uma estratégia que concede aos recém-

nascidos pré-termo uma proteção contra um possível diagnóstico errôneo de atraso no

desenvolvimento, ou seja, não usar a idade corrigida subestimaria o desempenho destes

quando comparado aos recém-nascidos a termo. Neste caso, o ajuste da idade cronológica é

realizado em função do grau de prematuridade, subtraindo da idade cronológica do prematuro

as semanas que faltaram para sua idade gestacional atingir 40 semanas9. Autores preconizam

sua utilização até os dois anos de vida12. Para Restiffe e Gherpelli9 corrigir a idade é um

caminho mais seguro para se avaliar efetivamente as crianças nascidas pré-termo.

O ajuste da idade cronológica foi utilizado por orientação da escala de Bayley III, bem

como pela rotina clínica. Entretanto, pode-se identificar uma possibilidade de superestimação

dos desempenhos, como já citado por alguns autores9,12,43. Wilson e Cradock 43 defendem

uma real necessidade de correção da idade cronológica nos pré-termo nascidos com menos de

28 semanas, baixo peso ao nascer e/ou adicionais complicações peri e pós-natais. No entanto,

a média da idade gestacional no grupo dos lactentes nascidos pré-termo foi de 33 semanas e

apenas três apresentaram idade gestacional igual ou menor a 30 semanas, além da baixa

freqüência de morbidades. Estudo comparando o desenvolvimento entre três grupos distintos

(um grupo a termo; um grupo com idade gestacional média de 34 semanas e baixo peso, e

outro com idade gestacional média de 29 semanas e muito baixo peso), onde todas as crianças

foram avaliadas aos 4, 8, 12 e 16 meses de idade, foi verificado que lactentes pré-termo com

muito baixo peso tiveram as menores pontuações no domínio mental e motor, para todas as

idades. Todavia ao se ajustar a idade em função da prematuridade não houve diferença

significativa entre os três grupos43

Considerando que não foram evidenciadas diferenças no DNPM entre os lactentes pré-

termo e a termo, e que ambos os grupos apresentaram bom desempenho nos três domínios

(cognição, linguagem e motricidade), verificou-se as possíveis influências das demais

variáveis sobre o DNPM.

Pode-se destacar que as variáveis biológicas, como sexo; peso ao nascimento menor

que 1500g; ocorrência de hipóxia; índices peso/idade, altura/idade e perímetro cefálico < -1

escore Z e duração do aleitamento materno exclusivo igual ou inferior a 2 meses, foram as

que mais influênciaram o desempenho do grupo, sendo este fato observado por outros autores,

que citam uma forte participação das variáveis biológicas no DNPM na faixa etária

estudada3-5.

Dentre as variáveis biológicas, o sexo da criança foi a única que mostrou diferença na

cognição, linguagem e motricidade, tendo as meninas apresentado melhor desempenho que os

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meninos. Outros estudos utilizando a escala de Bayley apontam resultados semelhantes, como

o de Lima et al5, que evidenciaram que o sexo feminino teve melhor desempenho mental,

concordando com o estudo de De Andraca et al10, que mostra o sexo masculino como

importante fator de risco para o desenvolvimento mental. Em prematuros extremos, estudos

também identificaram que o sexo masculino apresentou pior desempenho no domínio mental

e motor33,44.

Outro achado relevante deste estudo se dá quanto à motricidade, que foi o domínio que

sofreu maior influência dos fatores biológicos. Este fato, citado na literatura, destaca que o

desenvolvimento motor parece ser mais facilmente influênciado pelos fatores de risco nos

primeiros anos que o desenvolvimento mental10.

Pode-se concluir então que estudos de desenvolvimento infantil necessitam da

compreensão de inúmeros fatores determinantes. A prematuridade por si só não mostrou

influência sobre o DNPM, e sim, fatores que surgem em decorrência da mesma. Nem sempre,

o nascer prematuro leva a desfechos negativos para desenvolvimento, entretanto, em

decorrência da vulnerabilidade biológica e da possibilidade de experiências sensório-motoras

desagradáveis nos primeiros estágios da vida é que se faz necessário uma maior assistência à

saúde e vigilância para o desenvolvimento destas crianças, pois alterações podem vir a ocorrer

em idades futuras. Uma das limitações identificadas nesta pesquisa refere-se ao fato de ser um

estudo de caráter transversal e possivelmente, a influência dos aspectos observados poderão se

alterar longo do desenvolvimento. O acompanhamento adequado com o envolvimento de

diversos profissionais pode possibilitar benefícios não só para estas crianças e seus familiares,

mas também para o âmbito das pesquisas, buscando um melhor entendimento do

desenvolvimento das crianças submetidas aos fatores de risco e especialmente aquelas que

vivem em países em desenvolvimento.

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Referências

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Artigo Original

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Neurologia, Barcelona, v. 34, suppl. 1, p. S151-155, 2002. 25. SALT, A.; REDSHAW, M. Neurodevelopmental follow-up after preterm birth: follow up after two years. Early Human Development, Amsterdam, v. 82, p. 185-197, 2006. 26. SPITTLE, A. J. et al. Early developmental intervention programs post hospital discharge to prevent motor and cognitive impairments in preterm infants (Review). The

Cochrane Library, Malden, v. 1, p. 1-86, 2009. 27. BAYLEY, N. Bayley Scales of Infant and Toddler Development. 3. ed. New York: Psychcorp, 2006. 28. MARLOW N. Neurocognitive outcome after very preterm birth. Archives of

Disease in Childhood, London, v. 89, p. 224-228, 2004. 29. RESEGUE, R.; PUCCINI, R. F.; SILVA, E. M. K. Fatores de risco associados a alterações no desenvolvimento da criança. Pediatria (São Paulo), v. 29, n. 2, p. 117-128, 2007. 30. RAMOS, R. A. et al. La prematurez y sus repercusiones en el crecimiento y desarrollo del niño, en la zona metropolitana de Guadalajara, Jalisco, México. Cadernos de

Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 14 n. 2, p. 313-318, abr/jun, 1998. 31. FOULDER-HUGHES, L. A.; COOKE, R. W. I. Motor, cognitive, and behavioural disorders in children born very preterm. Developmental Medicine & Child Neurology, Sheffield, v. 45, p. 97–103, 2003.

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Araújo, Natália F. Desenvolvimento neuropsicomotor em lactentes nascidos pré-termo... 62

Artigo Original

32. INDER, T. E. et al. Abnormal cerebral structure is present at term in premature infants. Pediatrics, Evanston, v.115, n. 2, p. 286-294, 2005. 33. LARROQUE, B. et al. Neurodevelopmental disabilities and special care of 5-year-old children born before 33 weeks of gestation (the EPIPAGE study): a longitudinal cohort study. Lancet, London, v. 371, p. 813–820, 2008. 34. ALMEIDA, K. M. et al. Validade concorrente e confiabilidade da Alberta Infant Motor Scale em lactentes nascidos prematuros. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, v. 84, n. 5, p. 442- 448, 2008. 35. SCHIRMER, C. R.; PORTUGUEZ, M. W.; NUNES, M. L. Clinical assessment of language development in children at age 3 years that were born preterm. Arquivos de Neuro-

Psiquiatria, São Paulo, v. 64, n. 4, p. 926-931, 2006. 36. WOLKE, D. et al. Specific language difficulties and school achievement in children born at 25 weeks of gestation or less., The Journal of Pediatrics, Cincinnati, v. 152 p. 256-262, 2008. 37. DO ESPÍRITO SANTO, J. L.; PORTUGUEZ, M. W.; NUNES, M. L. Status cognitivo-comportamental de prematuros de baixo peso ao nascimento em idade pré-escolar que vivem em país em desenvolvimento. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, v. 85, n. 1, p. 35-41, 2009. 38. ANDERSON, J. W.; JOHNSTONE, B. M.; REMLEY, D. T. Breast-feeding and cognitive development: a meta-analysis. The American Journal of Clinical Nutrition, Houston, v. 70, p. 525–535, 1999. 39. REY, J. Breastfeeding and cognitive development. Acta Paediatrica, Stockholm, v. 442 (Suppl), p. 11– 18, 2003. 40. VOHR, B. R. et al. Neurodevelopmental outcomes of extremely low birth weight infants <32 weeks’ gestation between 1993 and 1998. Pediatrics, Evanston, v. 116, n. 3, p. 635-643, sept, 2005. 41. CALDEIRAS, A. P.; GONÇALVES, E. Avaliação do impacto da implantação da iniciativa hospital amigo da criança. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, v. 83, n. 2, p. 127-132, 2007.

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Araújo, Natália F. Desenvolvimento neuropsicomotor em lactentes nascidos pré-termo... 63

Artigo Original

42. KORJA, R. et al. Mother–infant interaction is influenced by the amount of holding in preterm infants. Early Human Development, Amsterdam, v.84, p. 257–267, 2008. 43. WILSON, S. L.; CRADOCK, M. M. Review: Accounting for prematurity in developmental assessment and the use of age-adjusted scores. Journal of Pediatric

Psychology, New York, v. 29, n. 8, p. 641-649, 2004. 44. WOOD, N.S. et al. Neurologic and developmental disability after extremely preterm birth. The New England Journal of Medicine, Boston, v. 343, n. 6, p. 378-384, Aug, 2000.

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4444---- Considerações FinaisConsiderações FinaisConsiderações FinaisConsiderações Finais

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Considerações Finais

Avanços científicos e tecnológicos das últimas décadas e mudanças na assistência

obstétrica e neonatal vêm possibilitando cada vez mais a sobrevida dos RNPT.

Frequentemente se identifica na literatura que os RNPT apresentam maior risco de atraso no

DNPM do que aqueles nascidos a termo. Observa-se, no entanto, que as crianças nascidas pré-

termo aparentemente desenvolvem-se de maneira diferente das crianças nascidas a termo e

isto não implica que eles apresentarão dificuldades no desempenho funcional a longo prazo.

A avaliação do DNPM dos lactentes nascidos pré-termo e a termo, entre seis e doze

meses, mostrou que em média eles estavam dentro da faixa de normalidade, segundo a

população de referência da Bayley III, bem como não houve diferença entre o

desenvolvimento dos pré-termos e a termo. Dos domínios avaliados, a linguagem expressiva

apresentou uma tendência a um pior resultado entre os pré-termo nesta faixa etária. A

motricidade em relação ao grupo de lactentes como um todo foi o domínio que sofreu maior

influencia de outros fatores biológicos, como o sexo, o peso ao nascimento, hipóxia neonatal,

duração do aleitamento materno exclusivo e estado nutricional.

Estudar o DNPM para identificar os fatores que o influenciam não é tarefa fácil, pois

vários fatores biológicos e ambientais estão envolvidos no seu desfecho e a atuação destes

fatores parece modificar a medida que o desenvolvimento também se modifica.

Os estudos sobre desenvolvimento são realizados em variadas circunstancias, como

diferentes faixas etárias, populações em situações de risco distintas, dentre outras, sendo então

difícil homogeneizar os estudos de acordo com todas as variáveis, fato este que pode

possibilitar achados diferentes entre eles. Pode-se considerar então, que os diversos estudos se

complementam na identificação dos fatores determinantes, auxiliando na construção do

conhecimento de como estes fatores atuam.

Sugere-se a inclusão de demais profissionais na vigilância do desenvolvimento

(avaliação e estimulação), promovendo e integrando as ações em diversas áreas profissionais,

bem como estimular a veiculação da pesquisa a uma prática assistencial, na busca de um

melhor entendimento acerca do DNPM em nosso país, onde as condições socioeconômicas

são adversas para grande parte da população.

4444. . . . Considerações FinaisConsiderações FinaisConsiderações FinaisConsiderações Finais

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Considerações Finais

Diante do que foi abordado verifica-se também a necessidade de complementar os

resultados encontrados nesta pesquisa com os resultados de estudos longitudinais, que são

mais adequados para inferir sobre as mudanças no desenvolvimento infantil.

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5555---- AAAApêndicespêndicespêndicespêndices

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Apêndice

APÊNDICE A -

Termo de Consentimento Livre Esclarecido para Pesquisa Envolvendo Seres Humanos.

APÊNDICE B -

Formulário/Questionário da Pesquisa.

ApêndiceApêndiceApêndiceApêndice

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Apêndice

APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre Esclarecido para Pesquisa Envolvendo Seres Humanos.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

PESQUISA: DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR DE LACTENTES NASCIDOS PRÉ-

TERMO E A TERMO, ACOMPANHADOS NO HOSPITAL DAS CLÍNICAS – UFPE.

PESQUISADOR RESPONSÁVEL: Natália Ferraz de Araújo

End: R- Químico Antônio Victor 463/ apt 202 Candeias - Jaboatão dos G.

Fone: 81- 91789597.

INSTITUIÇÃO: Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, Pós-Graduação em Saúde da Criança

e do Adolescente.

Venho através desta solicitar a participação do seu filho (a) nesta pesquisa que será a avaliação bem

detalhada do desenvolvimento dele (a), uma entrevista com o (a) senhor (a) sobre a condição social e

econômica da sua família, e também coleta de informações sobre as condições de nascimento do seu

filho (a) no prontuário do hospital. Nesta avaliação ele(a) deverá fazer algumas atividades com

diferentes objetos de acordo com a sua idade que não são dolorosas. Ele (a) não poderá ser ajudado, a

não ser que seja pedido. Em algum momento da avaliação seu filho (a) começará a errar indicando que

está na hora de terminar. Haverá o risco de constrangimento ou tristeza caso seu filho (a) tenha um

resultado ruim, mas quanto mais cedo for descoberto algum problema melhor para ele, pois poderá ser

tratado logo. Seu filho (a) poderá ficar aborrecido (a) e cansado (a) com as atividades propostas, mas

será dado tempo para ele (a) descansar, se alimentar ou qualquer outra coisa. Este estudo não

prejudicará o bem estar do seu e servirá para ajudar outras crianças que freqüentam este ambulatório.

Sendo assim eu,_______________________________________________________________,

RG_____________________, autorizo a participação do meu filho (a) estando ciente dos benefícios e

riscos, e que as informações serão guardadas em sigilo. Posso a qualquer momento sair e retirar meu

consentimento sem nenhum prejuízo para mim ou meu filho (a).

Recife,____de ___________de 200__

________________________________ ________________________________

Responsável Testemunha

_______________________________ _______________________________

Pesquisadora Testemunha

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Apêndice

APÊNDICE B – Formulário/Questionário da Pesquisa.

UNIVERSIDADE FERDERAL DE PERNAMBUCO

PÓS-GRADUAÇÃOEM SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

FORMULÁRIO/QUESTIONÁRIO – AMBULATÓRIO DE ALTO RISCO HC-UFPE

1. DATA ENTREVISTA: ______/______/______.

DADOS DE INDENTIFICAÇÃO

2. Número da criança:

3. Número do prontuário criança:______________________________________

4.Nome da Criança:___________________________________________________

5. Nome da Mãe:___________________________________________________

7. Endereço:_______________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

1.Data de nascimento: _____/______/______

2. Idade: ___________ meses_________ dias

3. Idade cronológica corrigida: ________ meses ________ dias

(88) Não se aplica

AO NASCIMENTO

4.Sexo:

(1) Masculino (2) Feminino

DATAENT

NUMCRI

PRONTCR

1. DATNAS

2. IDMES

2.a IDDIA

3. IDCORMES

3.a IDCORDIA

4. SEXO

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Apêndice

5.Idade Gestacional (Capurro/Ballard/DUM ou USG):

________________semanas

(99) Ignorada

6.Apgar 5’: ________________

(99) Ignorado

7. Peso (gramas) :____________________

(9999) Ignorado

8. Perímetro cefálico (cm):__________________________

(99.9) Ignorado

9. Adequação peso x idade gestacional:

(1) PIG (2) AIG (3) GIG (9) Ignorado

MORBIDADE NEONATAL

10. Teve hipóxia? 0) Não teve hipóxia (1) Leve (2) Moderada

(3) Grave (9) Ignorado

11. Teve Infecção/Sepse?

(1) Sim (2) Não (9) Ignorado

12. Teve meningite?

(1) Sim (2) Não (9) Ignorado

13. Teve convulsão?

(1) Sim (2) Não (9) Ignorado

14. Teve hemorragia Intracraniana? (0) Não teve hemorragia

(1) Grau I (leve) (2) Grau II(leve) (3) Grau III (moderada)

(4) Grau IV (grave) (9) Ignorado

15. Outras morbidades? _____________________________________________

_________________________________________________________________

(SDR = 1, Icterícia = 2, TTRN = 3, Bronquiolite = 4, Pneumonia = 5,

Retinopatia da prematuridade = 6 e Hipoglicemia = 7)

16. Ficou hospitalizado?

(1) Sim (2) Não (9) Ignorado

17. Quanto tempo? ____________dias

(888) Não se aplica (999) Ignorado

5. IDGEST

6. APGA5MIN

7. PESORN

8. PCNASC

.

9. PESOIG

10. HIPOX

11. INFSEPSE

12. MENING

13. CONVULS

14. HIC

15. MORB1

MORB2

MORB3

16.HOSP

17. TEMPHOSP

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Apêndice

18. Duração da permanência na UN / dias _________ dias

(888) Não se aplica (999) Ignorado

19. Duração da permanência berçário/ dias _______ dias

(888) Não se aplica (999) Ignorado

20. Fez oxigenoterapia?

(1) Sim (2) Não (9) Ignorado

21. VMA? (1) Sim (2) Não

(8) Não se aplica (9) Ignorado

21.a Quanto tempo? _________ dias

(000) Menos de 1dia (888) não se aplica (999) Ignorado

22. CPAP? (1) Sim (2) Não

(8) Não se aplica (9) Ignorado

22.a Quanto tempo? _________ dias

(000) Menos de 1dia (888) não se aplica (999) Ignorado

23. HALO? (1) Sim (2) Não

(8) Não se aplica (9) Ignorado

23.a Quanto tempo? _________ dias

(000) Menos de 1dia (888) não se aplica (999) Ignorado

__________________________________________________________

ALEITAMENTO/ GANHO PONDERAL

24. Quando nasceu seu filho teve dificuldade para sugar?

(1) Sim (2) Não (9) Ignorado

25. Você deu ou ainda dá só o leite materno para seu filho?

(1) Sim (2) Não (9) Ignorado

26. Se sim, quanto tempo você deu só leite materno para seu filho?

___________(meses)

(00) Menos de 1mês (88) Não se aplica (99) Ignorado

27. Se sim, quanto tempo você deu leite materno e outra comida

para seu filho?

___________(meses)

(00) Menos de 1mês (88) Não se aplica (99) Ignorado

18. DURUN

19. DURBER

20. OXIG

21. VMA

21.a VMATEMP

22. CPAP

22.a CPAPTEMP

23. HALO

23.a HALOTEMP

24. DIFSUG

25. AME

26. AMETEMP

27. AMCTEMP

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Apêndice

ESTADO NUTRICIONAL ATUAL

28. Peso atual: ______________(em gramas)

(99999) Ignorado

29. Comprimento atual: ____________(em centímetros)

(99,9) Ignorado

30. Perímetro cefálico atual____________(em centímetros)

(99,9) Ignorado

CONDIÇÕES AMBIENTAIS/SÓCIOECONÔMICAS

31. Grau de parentesco do informante com a criança:

1 ( ) mãe 2 ( ) pai 3 ( ) avó 4 ( ) tia 5 ( ) outro ___________________

32. Quem cuida da criança?

1 ( ) a mãe

2 ( ) a avó

3 ( ) uma tia

4 ( ) uma irmã / irmão mais velho

5 ( ) uma vizinha

6 ( ) outro. Quem? ________________________

33. Idade Materna: (Qual a sua idade?)________________anos

34. Você freqüentou a escola?

(1) Sim (2) Não (9) Ignorado

34 a. Se freqüentou, qual a última série que você completou?

______ grau. _____ série

(8.8) Não se aplica (9.9) Ignorado

35. Você sabe ler uma carta ou revista?

(0) Não sabe ler (1) Lê com facilidade (2) Lê com dificuldade

36. Quantas crianças menores de 5 anos moram na casa

(inclusive o bebê)?

(99) Ignorado

28. PESATUAL

29. COMPATUA

.

30. PCATUAL

.

31. PARENTE

32.CUIDACRI

33. IDMAE

34. FREQESC

34a. ESCMAE

.

35. MAELER

36. CRIAPEQ

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Araújo, Natália F. Desenvolvimento neuropsicomotor em lactentes nascidos pré-termo... 74

Apêndice

37. Quantas pessoas moram na casa com você (incluindo o bebê)?

(99) Ignorado

38. No mês passado, quanto ganhou cada pessoa que mora

na sua casa e trabalha ou é aposentado / pensionista?

1a pessoa: R$ ___ ___ ___ ___ ___/mês

2apessoa: R$ ___ ___ ___ ___ ___/mês

3apessoa: R$ ___ ___ ___ ___ ___/mês

Total: R$ ___ ___ ___ ___ ___/mês

(000000) Sem renda (999999) Ignorado

39. Seu filho (a) faz algum tipo de terapia (Fisio e/ou TO)?

(1) Sim (2) Não (9) ignorado

40. Faz Fono?

(1) Sim (2) Não (9) ignorado

37. NUMPES

38. RENDA

.

39. TERAP

40. FONO

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6666---- AnexoAnexoAnexoAnexossss

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Anexos

ANEXO A – Aprovação do Comitê de Ética.

ANEXO B – Formulário de Pontuação da Escala de Bayley III.

AnexosAnexosAnexosAnexos

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Araújo, Natália F. Desenvolvimento neuropsicomotor em lactentes nascidos pré-termo... 77 Anexos

ANEXO A- Aprovação do Comitê de Ética

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Araújo, Natália F. Desenvolvimento neuropsicomotor em lactentes nascidos pré-termo... 78 Anexos

ANEXO B – Formulário de Pontuação da Escala de Bayley III.