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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de Engenharia de Alimentos Danielle Ito Desenvolvimento e estabilidade de formulação de mistura em pó para o preparo de néctar de goiaba (Psidium guajava L.) CAMPINAS 2016

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Engenharia de Alimentos

Danielle Ito

Desenvolvimento e estabilidade de formulação de mistura em pó para o preparo de néctar de goiaba

(Psidium guajava L.)

CAMPINAS

2016

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Danielle Ito

Desenvolvimento e estabilidade de formulação de mistura em pó para o preparo de néctar de goiaba

(Psidium guajava L.)

Dissertação apresentada à Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Mestra em Tecnologia de Alimentos

Orientador: Profa. Dra. Priscilla Efraim ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA ALUNA DANIELLE ITO, E ORIENTADA PELA

PROFA. DRA. PRISCILLA EFRAIM.

CAMPINAS 2016

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Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): Não se aplica.

Ficha catalográfica Universidade Estadual de Campinas

Biblioteca da Faculdade de Engenharia de Alimentos Márcia Regina Garbelini Sevillano - CRB 8/3647

Ito, Danielle, 1982- It6d Desenvolvimento e estabilidade de formulação de mistura em pó

para o preparo de néctar de goiaba (Psidium guajava L.) / Danielle Ito. – Campinas, SP : [s.n.], 2016. Orientador: Priscilla Efraim. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia de Alimentos. 1. Alimentos - Vida útil. 2. Alimentos - Embalagens. 3. Modelos matemáticos. 4. Alimentos - Desidratação. I. Efraim, Priscilla,1978-. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Engenharia de Alimentos. III. Título.

Informações para Biblioteca Digital Título em outro idioma: Development and stability of powdered mixture for the preparation of guava nectar (Psidium guajava L.) Palavras-chave em inglês: Food - Shelf life Food - Packaging Matemathical models Food - Drying Área de concentração: Tecnologia de Alimentos Titulação: Mestra em Tecnologia de Alimentos Banca examinadora:

Priscilla Efraim [Orientador] Carlos Alberto Rodrigues Anjos Rosa Maria Vercelino Alves Data de defesa: 23-02-2016 Programa de Pós-Graduação: Tecnologia de Alimentos

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COMISSÃO EXAMINADORA

Profa. Dra. Priscilla Efraim (Orientadora)

Universidade Estadual de Campinas

Prof. Dr. Carlos Alberto Rodrigues Anjos (Membro Titular)

Universidade Estadual de Campinas

Profa. Dra. Rosa Maria Vercelino Alves (Membro Titular)

Instituto de Tecnologia de Alimentos

Dra. Fernanda Zaratini Vissotto (Membro Suplente)

Instituto de Tecnologia de Alimentos

Prof. Dr. Flávio Luis Schmidt (Membro Suplente)

Universidade Estadual de Campinas

A Ata de defesa com as respectivas assinaturas dos Membros Titulares encontra-se no processo de vida acadêmica da aluna Danielle Ito.

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À minha Batiam, seu carinho, força e determinação não serão esquecidos.

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AGRADECIMENTOS

À vida.

Aos meus pais, Thereza e Mário e minhas irmãs Paula e Vanessa por tudo que me

ensinaram, pelo apoio e amor.

Aos tios, tias e primos pelo carinho e incentivos que eu sempre recebi.

À Universidade Estadual de Campinas e ao Departamento de Tecnologia de

Alimentos pela oportunidade de realização do Mestrado.

À Profa. Dra. Priscilla Efraim pela orientação, paciência e conhecimentos transmitidos.

Ao CETEA por todo o apoio nestes dezesseis anos e pela oportunidade de

desenvolver esse projeto.

À Eloisa pelo inestimável apoio, incentivo e conhecimentos transmitidos.

Aos professores membros da banca examinadora pela disponibilidade, tempo

dedicado e por suas valiosas contribuições à dissertação.

À Rosa pela minha primeira oportunidade de estágio, apoio e incentivo e

principalmente por tudo que me ensinou ao longo destes anos.

À Mayara por todo o auxílio, pois sem você meu trabalho seria muito mais difícil.

Ao Tiago, Paulo e Daisy pela paciência e por me auxiliarem sempre que necessitei.

À Pesquisadora Aline e toda sua equipe de análise sensorial do ITAL pelo auxílio nas

avaliações da terceira fase deste trabalho.

Aos amigos da “Diretoria” por estarem sempre presentes com palavras de incentivo,

amor e compreensão nos momentos mais estressantes, e principalmente à Ana que

leu e corrigiu cada uma das linhas deste trabalho.

À Bia, Fiorella, Paula, Paty, Marta e Ana Cândida e minha estagiária Luciana por todo

auxílio durante este trabalho.

À todos os amigos do CETEA e da FEA que de alguma forma contribuíram para a

elaboração deste trabalho.

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RESUMO

Os consumidores buscam por alimentos com sabor atrativo, de rápido e fácil preparo

e consumo, além de serem nutritivos e que possam propiciar benefícios à saúde. O

desenvolvimento de misturas em pó para o preparo de néctares com maior

concentração de polpa de fruta desidratada é uma opção interessante, por serem

produtos mais saudáveis em relação aos refrescos em pó, e estáveis a temperatura

ambiente quando acondicionados em embalagens adequadas. Dentre as opções de

frutas que podem ser usadas em sua composição, destaca-se a goiaba que é uma

excelente fonte de minerais, vitaminas e compostos bioativos. Neste trabalho realizou-

se a caracterização de ingredientes utilizados em formulações em pó para o preparo

de bebidas, em relação a sua estabilidade frente ao ganho de umidade e avaliou-se o

desempenho destes ingredientes em composições com misturas de pós cristalinos e

amorfos. Os resultados obtidos mostraram que a mistura de ingredientes com

diferentes características de higroscopicidade leva a uma diminuição da atividade de

água crítica dos produtos formulados em relação aos ingredientes avaliados

individualmente. Também observou-se que as alterações ocasionadas pelo ganho de

umidade de misturas dos ingredientes dependem da concentração dos ingredientes

amorfos ou cristalinos de forma que nas formulações que apresentam alta

concentração de material amorfo a alteração se inicia pela aglomeração. Nas

formulações contendo alta concentração de material cristalino, as alterações se

iniciam com a deliquescência ou dissolução dos ingredientes. A partir dos ingredientes

avaliados foram elaboradas formulações de misturas em pó para o preparo de néctar

e os produtos reconstituídos foram submetidos a teste de aceitação sensorial para

definição da formulação final. A maior aceitação sensorial foi da formulação contendo

22 g de polpa desidratada com 70% de goiaba, 0,1 g de acidulante e 6,6 g sacarose,

totalizando 28,7 g de mistura para reconstituição com 100 mL de água. Esta

formulação foi caracterizada quanto à isoterma de sorção de umidade e estimou-se

por modelos matemáticos a taxa de permeabilidade ao vapor d’água requerida pelo

material de embalagem para proteger o produto durante a estocagem. Os resultados

de modelagem indicaram que para uma vida útil de 6 ou 12 meses, o produto não

requer embalagens que ofereçam alta barreira à umidade, sendo possível o uso de

embalagens a base de polietileno de baixa ou de alta densidade, que oferecem média

barreira à umidade. Também foi avaliada a estabilidade do produto acondicionado em

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três alternativas de materiais de embalagem: polipropileno bi orientado metalizado

com polipropileno bi orientado (BOPPmet./BOPP), poliéster metalizado com

polietileno de baixa densidade (PET met./PEBD) e poliéster com folha de alumínio e

polietileno de baixa densidade (PET/Al/PEBD) que foi armazenado em câmara à 25°C/

75%UR por um período de 240 dias. Observou-se que a barreira oferecida pelos

materiais de embalagem influenciou no ganho de umidade, atividade de água e teor

de oxigênio do espaço livre. Contudo, esta influencia não foi observada nas avaliações

sensoriais, pois o produto apresentou alterações semelhantes na aparência, aroma,

sabor e qualidade global do produto, independentemente do material de embalagem,

durante todo o período de avaliação.

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ABSTRACT

Consumers usually look for food with an attractive flavor, quick and easy preparation

and consumption. They also expect food to be nutritious and to provide health benefits.

The development of powder mixtures for the preparation of nectars with more fruit

content are an interesting option. They are healthier than powdered beverages, very

easy to prepare and also stable at room temperature when packaged in suitable

packaging. Guava (Psidium guajava L.) is one of the options among the fruits that

could be used in this composition, as it presents a source of minerals, vitamins and

bioactive compounds. In this work the ingredients used in powder formulations for

preparing beverages were characterized regarding their stability against moisture gain

and their behavior in compositions with crystalline and amorphous powder mixtures

was evaluated. The results show that the mixture of ingredients with different

characteristics of hygroscopicity causes a decrease in the critical moisture in relation

to the ingredients individually evaluated. It was observed that the changes due to

moisture gain in ingredient mixtures depend on the concentration of amorphous or

crystalline ingredients. Therefore, formulations with high concentration of amorphous

material begin to change by caking. In formulations containing a high concentration of

crystalline material, the change begins with deliquescence or ingredients dissolution.

Powder mixtures of formulations for the preparation of the nectar were prepared using

the evaluated ingredients. The reconstituted nectar was subjected to a sensory

acceptance. The formulation, containing 22 g of dehydrated pulp with 70% of guava,

0.1 g of acidulant and 6.6 g of sucrose, totalizing 28.7 g of mixture to dissolve in 100

ml of water, showed higher sensory acceptance. This formulation was also

characterized regarding the sorption isotherm. The modeling results indicate that, for

a shelf life of 6 or 12 months, the mixture doesn't require packages with high moisture

barrier and it is possible to use packages of low or high density polyethylene, offering

an average barrier to moisture. We have evaluated the stability of a powdered mixture

placed in three alternative packaging materials: metalized bi-oriented polypropylene

bi-oriented polypropylene (BOPPmet/BOPP), metalized polyester with low density

polyethylene (PETmet/LDPE) and polyester with aluminum foil and low density

polyethylene (PET/Al/LDPE). They were stored in a chamber at 25 ° C / 75% RH during

a period of 240 days. It was observed that the different barrier levels offered by

packaging materials influenced moisture gain, water activity and headspace oxygen

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content. However, this influence was not observed in the sensory evaluation as the

product had similar changes in appearance, aroma, flavor and overall quality,

regardless packaging material, after 240 days storage.

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SUMÁRIO

1. Introdução geral.................................................................................. 13

2. Objetivos.............................................................................................. 15

3. Revisão bibliográfica ......................................................................... 16

3.1. Goiaba .............................................................................................. 16

3.2. Bebidas de frutas ............................................................................. 18

3.3. Produção e uso de frutas desidratadas em pó ................................ 20

3.4. Estabilidade de produtos em pó ...................................................... 22

3.5. Influência da embalagem na estabilidade de produtos em pó ......... 24

3.6. Predição da estabilidade de alimentos por modelagem matemática 26

3.7. Considerações finais ........................................................................ 28

4. Artigos ................................................................................................. 29

4.1. Influência dos ingredientes na estabilidade de bebidas

desidratadas à base de polpa de goiaba ................................................

29

Resumo.................................................................................................... 30

Abstract .................................................................................................. 30

4.1.1. Introdução .................................................................................... 31

4.1.2. Material e métodos ........................................................................ 33

4.1.3. Resultados e discussão ................................................................ 34

4.1.3.1. Avaliação dos ingredientes e aditivos de forma isolada ............ 36

4.1.3.2. Interação de ingredientes ........................................................... 40

4.1.4. Conclusão ..................................................................................... 44

4.1.5. Referências bibliográficas ............................................................. 44

4.2. Desenvolvimento de formulação de mistura em pó para o preparo

de néctar de goiaba (Psidium guajava L) ................................................

48

Resumo ................................................................................................... 49

Abstract ................................................................................................... 50

4.2.1. Introdução ..................................................................................... 51

4.2.2. Material e métodos ........................................................................ 53

4.2.2.1. Desenvolvimento da formulação ................................................ 53

4.2.2.2. Teste sensorial de aceitação ..................................................... 54

4.2.2.3. Caracterização e modelagem .................................................... 55

4.2.3. Resultados e discussão ................................................................ 56

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4.2.4. Conclusão ..................................................................................... 64

4.2.5. Referências bibliográficas ............................................................. 64

4.3. Avaliação de estabilidade de mistura em pó para o preparo de

néctar de goiaba .....................................................................................

68

Resumo ................................................................................................... 69

Abstract ................................................................................................... 70

4.3.1. Introdução...................................................................................... 71

4.3.2. Material e métodos ........................................................................ 72

4.3.3. Resultados e discussão ................................................................ 77

4.3.4. Conclusão ..................................................................................... 89

4.3.5. Referências bibliográficas ............................................................. 90

5. Discussão geral.................................................................................... 95

6. Conclusão geral................................................................................... 98

7. Sugestões de trabalhos futuros .......................................................... 99

8. Referências bibliográficas ................................................................... 100

9. Anexos ................................................................................................ 107

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1. INTRODUÇÃO GERAL

Frutas e hortaliças apresentam crescente importância econômica devido à

sua contribuição para a promoção da saúde. Isso se deve principalmente à presença

de compostos bioativos, que tornam as frutas alimentos considerados "funcionais".

São classificados dessa forma os alimentos capazes de prover, além das

necessidades nutricionais básicas, benefícios à saúde. Entre os compostos presentes

nas frutas e responsáveis por benefícios à saúde estão os carotenoides, flavonoides,

polifenóis e fibras (DE ANCOS, GONZÁLEZ, CANO, 2000; SHI, MOY, 2005;

MOSQUERA, MORAGA, MARTINEZ-NAVARRETE, 2012; PRASAD, AZLAN,

YUSOF, 2013).

Estudos epidemiológicos demonstram que a combinação destes

compostos pode auxiliar na prevenção ou retardo de aparecimento de doenças

crônicas, incluindo doenças cardiovasculares, diabetes tipo II e alguns cânceres

(TEMPLE, 2000; KRIENGSAK, BOONPRAKOB, CROSBY, 2006; PRASAD, AZLAN,

YUSOF, 2013; LAMPORT et al., 2014). A ingestão inadequada de frutas e hortaliças

na dieta é reconhecida como um dos dez principais fatores de risco global no

desenvolvimento de doenças (SIDHU, 2012; PRASAD, AZLAN, YUSOF, 2013). A

OMS (Organização Mundial da Saúde) juntamente com a FAO (Organização das

Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) recomendam o consumo de 400g de

frutas e vegetais por dia (excluindo batatas e outros tubérculos ricos em amido) (WHO,

2015).

A goiaba é reconhecida pelo seu valor nutritivo. Apresenta teor de

compostos fenólicos 2,5 vezes maior que a banana e 3,5 vezes maior que o abacaxi.

Possui também alta capacidade antioxidante primária, apresentando maior teor de

ácido ascórbico, compostos fenólicos e capacidade antioxidante entre frutas tropicais

como o mamão, carambola, banana, jambo, mangostão, laranja e pitaya (LIM, LIM,

TEE, 2007; ALOTHAMAN, BHAT, KARIM 2009).

No entanto, como a grande maioria das frutas a goiaba apresenta alto teor

de umidade (acima de 80%), perecibilidade, o que faz, com que sua vida útil varie

entre quatro a dez dias (RUEDA, 2005), devido à rápida deterioração e contaminação.

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Segundo a FAO (2011), estima-se aproximadamente que 20 a 30% da produção de

frutos no mundo sejam desperdiçados devido à falta de técnicas adequadas na

colheita e pós-colheita, superando 50% de perdas durante toda a cadeia de

suprimentos. Mesmo em países industrializados da Ásia, as perdas em toda a cadeia

chegam a 40%. Dentro desse contexto, o processamento de frutas é uma alternativa

para aumentar a vida útil desses alimentos, reduzindo os desperdícios.

O mercado mundial de frutas processadas está em plena expansão

propiciando avanço nas técnicas de processamento que impactam na qualidade

sensorial e na manutenção de compostos nutricionais e bioativos, além da obtenção

de produtos com a conveniência de estarem prontos para servir e disponíveis para

consumo o ano todo (PRASAD, AZLAN, YUSOF, 2013).

A secagem é comumente empregada para o aumento da vida útil de frutas.

Essa tecnologia permite a preservação do produto pela redução da umidade, evitando

a deterioração microbiana e a perda da qualidade devido a reações bioquímicas

indesejáveis, além de ser uma alternativa à conservação pela redução de temperatura

(refrigeração ou congelamento), que apresenta elevado consumo de energia. Frutas

desidratadas apresentadas na forma de pó podem ser utilizadas para produção sucos

de frutas reconstituídos que possuem valor nutricional semelhante aos sucos obtidos

de frutas frescas (RAO et al., 2011; PRASAD, AZLAN, YUSOF, 2013).

No entanto, as frutas desidratadas são sensíveis à umidade relativa do

ambiente, por apresentarem alto teor de açúcar e ácidos orgânicos, que tendem a

formar materiais amorfos durante o processo de desidratação, que são instáveis

devido à sua baixa temperatura de transição vítrea (Tg). Em muitos casos a Tg de

frutas desidratadas é abaixo da temperatura ambiente, e para se aumentar a

estabilidade destes tipos de produtos são adicionados agentes com alto peso

molecular como amidos, maltodextrina, carboximetilcelulose, goma arábica, etc.,

aumentando assim a sua Tg (MALTINI et al., 2003; LEITE, MURR, PARK, 2005;

TONON et al., 2009; FABRA et al., 2011). A avaliação da capacidade de sorção de

umidade em produtos desidratados pode predizer o desempenho tecnológico e

qualidade desses alimentos durante o armazenamento e a distribuição.

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O desenvolvimento da formulação de um produto em pó para o preparo de

néctar, a partir de polpa de goiaba desidratada, poderá atender os consumidores que

buscam conveniência aliada à saúde, ao proporcionar uma fonte de fibras, vitaminas,

principalmente carotenoides e compostos fenólicos, além de outras substâncias com

potencial antioxidante. Essa alternativa de uso do suco em pó apresenta vantagens

nutricionais, quando comparada às formulações de refresco em pó existente no

mercado nacional, que apresentam a adição de apenas 1% de polpa de fruta

desidratada.

2. OBJETIVOS

O presente trabalho teve por objetivo avaliar a influência do material de

embalagem na estabilidade de uma mistura em pó para o preparo de néctar de goiaba.

Os objetivos específicos foram:

Caracterizar e avaliar a influência dos ingredientes na estabilidade do

produto.

Desenvolver a formulação da mistura em pó para o preparo de néctar de

goiaba.

Determinar as características necessárias de barreira à umidade do

material de embalagem para uma determinada vida útil através de

modelagem matemática.

Determinar a vida útil do produto em ambiente de estocagem à 25 ºC/ 75

%UR de umidade relativa, em três alternativas de materiais de embalagem

(BOPPmet/BOPP, PET met/PEBD e PET/Alumínio/PEBD).

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Goiaba

A goiaba (Psidium guajava L.) é um membro da família Myrtaceae originária

da América Central e da parte sul do México. Atualmente pode ser encontrada ao

longo das regiões tropicais e subtropicais, sendo a Índia o principal produtor, seguido

pelo Paquistão, México e Brasil (WU, WU, WEI, 2005; RUEDA 2005; PLAZA, 2010;

SIDHU, 2012). É facilmente encontrada em qualquer região do Brasil e adapta-se a

diferentes condições climáticas e de solo (RISTERUCCI et al., 2005). Em 2013, no

Brasil foram colhidas 349.615 toneladas de goiaba, com destaque para a produção do

estado de São Paulo, com 138.058 toneladas (IBGE, 2015).

Essa fruta é reconhecida por possuir elevados teores de vitamina C,

niacina, tiamina e riboflavina, minerais como fósforo, cálcio e ferro (SOUZA, NETO,

MAIA, 2003; GUTIÉRREZ, MITCHELL, SOLIS, 2008; SIDHU, 2012; ANTALA et al.,

2015; FLORES et al., 2015), além de compostos fenólicos como ácido gálico,

quercetina, miricetina, apigenina, kaempferol, guaijaverina, avicularina, etc. e

carotenoides como β-caroteno, luteína, rubixantina, β-criptoxantina, retinol e licopeno,

etc. sendo o licopeno o carotenoide presente em maior concentração na goiaba

(GUTIÉRREZ, MITCHELL, SOLIS, 2008; MERCADANTE, STECK, PFANDER, 1999).

Além de seus frutos, as folhas, flores e raízes são utilizados em muitas

partes do mundo com fins medicinais, principalmente por países da América Central

e África, para o tratamento de inúmeras doenças, como diarreia, gastroenterite,

disenteria, diabetes, hipertensão, cáries, feridas, alívio da dor, redução febre, além de

apresentar efeito anti-inflamatório e antioxidante (GUTIÉRREZ, MITCHELL, SOLIS,

2008; CUNHA et al., 2012; FLORES et al., 2015).

A goiaba é consumida principalmente in natura. É uma fruta climatérica

altamente perecível (WU, WU, WEI, 2005), e na temperatura ambiente completa o seu

processo de amadurecimento em poucos dias após a colheita, devido ao seu

metabolismo intenso. Segundo Antala et al. (2015), a goiaba possui uma alta taxa de

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respiração a 21°C (2,24 mmol CO2 kg-1.h-1) e taxa de produção de etileno (0,20 µmol-

C2H4 kg-1.h-1, após 156 horas de armazenamento) durante o amadurecimento.

O manejo inadequado durante os processos de colheita e pós-colheita

acelera a senescência, afetando significativamente a sua qualidade. Além disso, a sua

pele delicada oferece muito pouca proteção contra lesões, agravando a incidência de

hematomas que podem levar ao desenvolvimento de doenças e outros distúrbios

durante o armazenamento (SIDHU, 2012). Assim, a extensão das perdas pós-colheita

de goiaba depende não só de cuidados na manipulação, mas também das condições

de armazenamento (CUNHA et al., 2012). Dependendo das condições de estocagem,

a vida útil da goiaba pode ser de até quatro dias (OLIVEIRA, 2012), sendo entre 7 e

10 dias o periódo limite de comercialização (RUEDA, 2005).

Para aumentar a sua vida útil e a manutenção da qualidade pode ser

utilizado armazenamento sob temperaturas de refrigeração, combinado com o uso de

embalagens com atmosfera modificada, aplicação de películas poliméricas ou

tratamentos químicos (RUEDA, 2005; CUNHA et al., 2012; ANTALA et al., 2015). Um

acréscimo de até 42 dias na vida útil foi observado por Antala et al., (2015)

acondicionando goiabas em embalagem com atmosfera modificada, confeccionadas

com um filme de polietileno de baixa densidade com espessura de 50 µm e com

concentração de gás de 9% de O2 + 5% CO2 e armazenando a 10°C.

Além do consumo in natura, a goiaba pode ser processada artesanalmente

ou em escala industrial. Seu processamento é considerado simples o que permite seu

uso na produção de compotas, geleias, frutas em calda, purês, xaropes, néctares,

sucos, sucos em pó, entre outros produtos (PLAZA, 2010; SILVA et al., 2010; SIDHU,

2012). O purê é a matéria-prima proveniente da goiaba mais importante para a

indústria de sucos. Trata-se de um produto líquido preparado pelo despolpamento da

fruta e geralmente utilizado para a preparação de néctares, bebidas, misturas e suco

clarificado (WU, WU, WEI, 2005).

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3.2. Bebidas de frutas

Em 2009, foram consumidos no mundo 117,7 milhões de litros de bebidas

de frutas industrializadas, divididos em 23,5 milhões de litros de sucos, 17 milhões de

litros de néctares, 42 milhões de litros de refrescos e 35 milhões de litros de suco em

pó concentrado. Do total, 77% foram consumidos em apenas quarenta países.

Durante os anos de 2003 a 2009, o volume consumido de bebidas à base de frutas

aumentou em 30,2%. Uma vez que este aumento ocorreu principalmente entre

classes sociais mais baixas em países emergentes, o crescimento das vendas foi mais

significativo para néctares e bebidas (que são diluídas em água). O aumento de

vendas de refrescos de 7% ao ano, foi superior ao crescimento apresentado por toda

a categoria de bebidas industrializadas, de 3,6% ao ano, e, portanto, reflete uma

expansão de 3,8% deste mercado (NEVES et al., 2011).

De acordo com dados da Mintel (2014), no Brasil em 2012 foram

consumidos 2.056 mil litros de sucos (incluindo sucos concentrados e néctares) com

uma projeção crescente no consumo, até 2017 estima-se um consumo de 3.044 mil

litros de suco no país. Com um consumo em 2011 de 9,67 litros per capita, próximo à

Colômbia que possui um consumo de 9,39 litros, mas inferior à países como o Chile

com consumo de 14,68 litros, México de 17,37 litros, Canadá de 23,28 litros e muito

inferior ao mercado americano que apresenta um consumo de 61,19 litros per capita.

A Legislação brasileira de bebidas é regulamentada pelo Ministério da

Agricultura, Pecuária e do Abastecimento (MAPA). Os sucos, néctares e refrescos,

são definidos pelo Decreto n. 6.871, de 4 de junho de 2009 que Regulamenta a Lei n.

8.918, de 14 de julho de 1994. Dispõe sobre a padronização, a classificação, o

registro, a inspeção, a produção e a fiscalização de bebidas, de acordo com o descrito

abaixo:

“Artigo 18 Suco ou sumo é a bebida não fermentada, não concentrada, ressalvados

os casos a seguir especificados, e não diluída, destinada ao consumo, obtida da fruta

madura e sã, ou parte do vegetal de origem, por processamento tecnológico

adequado, submetida a tratamento que assegure a sua apresentação e conservação

até o momento do consumo.

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Art. 21. Néctar é a bebida não fermentada, obtida da diluição em água potável da parte

comestível do vegetal ou de seu extrato, adicionado de açúcares, destinada ao

consumo direto.

Art. 31. Preparado sólido para refresco é o produto à base de suco ou extrato vegetal

de sua origem e açúcares, destinado à elaboração de bebida para o consumo, após

sua diluição em água potável, podendo ser adicionado de edulcorante hipocalórico e

não calórico.”

Segundo a Instrução Normativa n. 12, de 4 de setembro de 2003 (IN n.

12/03), publicada pelo MAPA o suco de goiaba é classificado como suco tropical que

é definido como “produto obtido pela dissolução, em água potável, da polpa da fruta

polposa de origem tropical, por meio de processo tecnológico adequado, não

fermentado, de cor, aroma e sabor característicos da fruta, submetido a tratamento

que assegure sua conservação e apresentação até o momento do consumo”.

Além disso, a IN n. 12/03 estabelece padrões de identidade e qualidade

para o suco tropical de goiaba e o néctar de goiaba, as características do produto e

composição definidas no regulamento, que estes produtos devem obedecer são

apresentadas na Tabela 1.

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Tabela 1. Padrões de identidade e qualidade do suco e do néctar de goiaba

estabelecidos pela Instrução Normativa n. 12, de 4 de setembro de 2003.

CARACTERÍSTICAS

DEFINIÇÃO

Suco Tropical de Goiaba é a

bebida não fermentada, obtida

pela dissolução, em água

potável, da polpa da goiaba

(Psidium guajava L.), por meio de

processo tecnológico adequado.

Néctar de Goiaba é a bebida

não fermentada, obtida da

dissolução, em água potável,

da parte comestível da Goiaba

e açúcares, destinado ao

consumo direto, podendo ser

adicionado de ácidos.

Cor variando de branca a vermelha variando de branca a

avermelhada

Sabor próprio Sabor: característico

Aroma próprio próprio.

COMPOSIÇÃO

Não Adoçado Adoçado

Mín. Máx. Mín. Max. Mín. Max.

Polpa de goiaba

(g/100 g) 50,0 - 45,0 - 35,0 -

Sólidos solúveis

em ºBrix a 20 ºC 6,0 - 11,0 - 10,0 -

Acidez total

expressa em ácido

cítrico (g/100 g)

0,3 - 0,12 - 0,10 -

Açúcares totais

(g/100 g) - 15,0 8,0 - 7,0 -

Ácido ascórbico

(mg/100 g) 30,0 - 26,0 - 14,0 -

Fonte: MAPA

3.3. Produção e uso de frutas desidratadas em pó

A conservação de sucos de frutas pode ser feita por meio de diferentes

técnicas, sendo as mais tradicionais aquelas que envolvem a aplicação ou remoção

de calor, como a pasteurização, esterilização, congelamento e secagem (LEMOS,

PADULA, OLIVEIRA, 2006; PAVAN, SCHMIDT, FENG, 2012).

A secagem é um dos métodos mais eficientes para preservação de

alimentos, através da redução da atividade de água levando à inibição de crescimento

microbiano, redução de reações de degradação, levando a uma maior estabilidade a

temperatura ambiente (AKHTER et. al., 2010; PAVAN, SCHMIDT, FENG, 2012;

SHISHIR et al., 2014). Além disso, é uma alternativa interessante que também gera

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benefícios como uma maior facilidade de transporte, armazenamento,

comercialização e manuseio do produto devido a sua menor massa. Outra vantagem

dessa técnica é que ela proporciona redução no consumo de energia ao longo da

cadeia de armazenamento e transporte em relação a uma polpa congelada, além de

permitir a comercialização do produto mesmo durante os períodos de entressafra

(TRAVAGLINI, AGUIRRE, SILVEIRA, 2002; MOURA, GERMER, 2004; AKHTER et.

al., 2010).

A secagem da polpa ou do suco de frutas permite a obtenção de um produto

estável e de fácil manuseio que pode ser reconstituido rapidamente para a obtenção

de produtos de boa qualidade que se assemelham ao produto original (MARTINELLI,

GABAS, TELIS-ROMERO, 2007).

Recentemente, a demanda por conveniência de produtos de fácil preparo

ou prontos para o consumo estimulou a criação de pós para chás instantâneos,

bebidas energéticas em pó e misturas para shakes para perda de peso ou ganho de

massa muscular. Em uma embalagem adequada outro atrativo importante para os

produtos em pó instantâneos é a vida útil longa, devido à baixa atividade de água, o

que os torna estáveis à deterioração microbiana, reações de escurecimento e perda

de nutrientes, desde que protegidos do ganho de umidade (FELLOWS, 2000;

HOWARD, HUNG, KAYMCWATTERS, 2010).

As frutas em pó, extratos de frutas e sucos concentrados são amplamente

utilizados na indústria de alimentos e medicamentos e constituem uma rica fonte de

vitaminas, minerais, além de compostos bioativos. Podem ser utilizados para

produção sucos de frutas reconstituídos que possuem valor nutricional semelhante

aos sucos obtidos de frutas frescas (RAO et al., 2011).

A desidratação de suco de frutas pode se tornar complexa em função da

baixa temperatura de transição vítrea (Tg) dos principais componentes (como

açúcares e ácidos orgânicos), assim como a sua elevada higroscopicidade. Dessa

forma, após a desidratação, pode ser obter um produto altamente sensível à umidade

(GOULA, ADAMOPOULOS, 2010). Ínumeros estudos foram realizados com o objetivo

de melhorar o processo de secagem e reduzir os problemas apresentados, como o

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uso de agentes carreadores como gomas, amidos e polímeros (TONON, FREITAS,

HUBINGER, 2011; MOSQUERA, MORAGA, MARTINEZ-NAVARRETE, 2012).

3.4. Estabilidade de produtos em pó

A vida útil de um alimento é controlada por fatores intrínsecos e

extrínsecos. Segundo Robertson (2013), os fatores intrínsecos incluem pH, atividade

de água, enzimas e presença de compostos com potencial de oxi-redução, etc.

podendo ser controlados pela seleção de matérias primas e ingredientes e parâmetros

de processamento. Já os fatores extrínsecos incluem temperatura, umidade relativa,

luz, pressão total e parcial de diferentes gases, manuseio durante a produção, sistema

de distribuição e estocagem e mesmo o próprio consumidor. Esses fatores podem a

velocidade das reações de deterioração que ocorrem durante a vida útil do alimento.

A sorção de umidade é um dos parâmetros mais importantes que

contribuem para a predição do desempenho tecnológico e qualidade do produto

durante o armazenamento de alimentos (CHIRIFE, BUERA, 1994; VILADES et al.,

1995; MARTINELLI, GABAS, TELIS-ROMERO, 2007). O estado físico dos sólidos

alimentares tem recebido maior atenção por causa da sua importância no

processamento e vida útil de alimentos (TSAMI, KROKIDA, DROUZAS, 1998). Caso

o material de embalagem não ofereça adequada barreira ao vapor d’água, a umidade

pode interagir com um sólido através da adsorção superficial, levando à absorção de

água com um aumento de volume (típico de materiais amorfos), condensação capilar,

formação de cristais hidratados e deliquescência. Destes, a formação de cristais

hidratados, a absorção de água em sólidos amorfos e a deliquescência são os fatores

mais críticos que afetam as propriedades dos sólidos (ORTIZ et al., 2009;

SARANTÓPOULOS, OLIVEIRA, CANAVESI, 2001).

O processo de caking ou aglomeração de pós amorfos foi representado por

Hartmann e Palzer (2011) como ilustrado na Figura 1. O processo inicia-se pela

atração das superfícies umedecidas. O continuo ganho de umidade desencadeia um

processo de união das partículas adjacentes e, em fase posterior, a estrutura do pó

colapsa. Os poros abertos na particula desaparecem e, finalmente, uma estrutura

altamente viscosa é obtida.

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Fluxo livre Adesão Formação de pontes Desaparecimento

de poros abertos

Figura 1. Diferentes fases do processo de sinterização (HARTMANN & PALZER

2011) (livre tradução).

A deliquescência é uma transformação de fase de primeira ordem em que

os sólidos cristalinos sofrem dissolução superficial quando a umidade relativa do

ambiente excede a umidade crítica do produto em pó (VAN CAMPEN, AMIDON e

ZOGRAFI, 1983). A condensação da umidade atmosférica sobre a superfície de um

sólido cristalino deliquescente induz à sua dissolução. Quando diferentes sólidos

deliquescentes estão em contato, ocorre uma redução na deliquescência e a

dissolução da mistura ocorre em níveis de umidade menores do que a umidade crítica

dos produtos individualmente (SALAMEH, MAUER, TAYLOR, 2006). Este processo é

explicado por Langlet et al. (2013) (Figura 2). A deliquescência é influenciada por

várias interações dos ingredientes e pode conduzir à degradação e perdas de

compostos fisiologicamente importantes durante a armazenagem (ORTIZ et al., 2009;

HIATT et. al., 2008).

Figura 2. Eventos que conduzem a deliquescência de cristais higroscópicos

expostos ao ambiente com umidade relativa crescente (LANGLET, et.al. 2013) (livre

tradução).

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Assim, a estabilidade do produto em pó depende principalmente do ganho

de umidade, composição, formulação, parâmetros de processamento, sistema de

embalagem e condições do ambiente de estocagem e armazenamento. Entender os

mecanismos das reações de degradação que levam à perda de qualidade de produtos

em pó é fundamental para prever o seu desempenho ao longo da estocagem e garantir

que este apresente características aceitáveis ao longo de estocagem até ser

consumido.

3.5. Influência da Embalagem na estabilidade de produtos em pó

Uma importante função da embalagem é atuar como uma barreira entre o

alimento e o ambiente externo, sendo que para alimentos sensíveis à reações de

deterioração, esta proteção é fundamental para sua preservação ao longo da vida útil.

A proteção à luz, oxigênio e umidade oferecida depende do material de embalagem

que pode ser de vidro, metal, papel ou do tipo de polímero no caso de materiais

plásticos, além da integridade do sistema de fechamento. A embalagem dever ser

projetada de modo a atender requisitos técnicos e legais, e apresentar um custo viável

para a comercialização do alimento (FELLOWS, 2000; TUNG, BRITT, YADA, 2000;

KIRWAN, PLANT, STRAWBRIDGE, 2011).

Apesar de oferecer uma menor barreira aos gases e umidade que o vidro

e o metal, os materiais plásticos são utilizados amplamente na confecção de

embalagens devido a sua versatilidade permitindo uma variabilidade de tamanhos e

formatos, podendo apresentar uma gama de propriedades mecânicas, óticas,

térmicas e de barreira, que são intrínsecas de cada tipo de polímero, e podem ser

alteradas por variação na espessura do filme, a orientação das moléculas do polímero,

quantidade e tipo de aditivos e do tipo e da espessura do revestimento (FELLOWS,

2000; TUNG, BRITT, YADA, 2000; KIRWAN, PLANT, STRAWBRIDGE, 2011).

Embalagens plásticas flexíveis são em geral materiais com espessura

inferior a 0,25 mm. Apresentam como vantagem o uso de menor quantidade de

material, o que reflete em um menor custo e também em uma embalagem com menor

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impacto ambiental pelo menor consumo de recursos para fabricação e transporte

desta embalagem (TUNG, BRITT, YADA, 2000).

Os filmes podem ser utilizados isoladamente ou combinados através de

processos de coextrusão ou laminação de materiais, a fim de se obter propriedades

que não poderiam ser alcançadas utilizando um único material. A combinação de

materiais com diferentes características permite uma melhora na propriedades de

barreira, termossoldagem, resistência mecânica do material, etc. atendendo tanto as

necessidades de processamento, maquinabilidade e distribuição quanto os requisitos

de proteção do alimento (FELLOWS, 2000; TUNG, BRITT, YADA, 2000).

Para combinar materiais plásticos com outros tipos de materiais como

papel ou metal (usualmente folha de alumínio) pode ser empregado o processo de

laminação que permite unir duas ou mais camadas de materias com o uso de adesivos

ou por processo de extrusion coating (FELLOWS, 2000; KIRWAN, PLANT,

STRAWBRIDGE, 2011; ROBERTSON, 2013).

.

O uso da folha de alumínio em processos de laminação, resulta em uma

estrutura com excelentes propriedades de barreira ao oxigênio, vapor de água e luz,

no entanto este tipo de laminado apresenta um custo elevado que se justifica apenas

para alimentos muito sensíveis ao ganho de umidade ou que perdem qualidade por

reações de oxidação, como alguns refrescos em pó, café solúvel, sopas desidratadas,

temperos em pó, etc. (HERNANDEZ, SELKE, CULTER, 2000; FELLOWS, 2000)

Revestimentos em filmes plásticos como a metalização (deposição de uma

fina camada de alumínio de cerca de 0,04 a 0,05µm de espessura) apresentam um

menor custo e também oferecem uma melhora nas propriedades de barreira aos

gases, vapor de água e luz, embora inferior quando comparada a estrutura laminada

com a folha de alumínio (FELLOWS, 2000, HERNANDEZ, SELKE, CULTER, 2000;

KIRWAN, PLANT, STRAWBRIDGE, 2011).

Filmes laminados com poli(tereftalato de etileno) (PET) metalizado ou

polipropileno biaxialmente orientado (BOPP) metalizados são muito utilizados na

comercialização de alimentos. O filme de PET metalizado tem propriedades de

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barreira ao oxigênio superiores ao BOPP metalizado de uma mesma espessura, e é

usualmente utilizado em embalagens para café, leite em pó integral. Enquanto que o

BOPP oferece melhor barreira ao vapor de água e é normalmente utilizado em

embalagens para snacks, biscoitos e chocolates (HERNANDEZ, SELKE, CULTER,

2000; KIRWAN, PLANT, STRAWBRIDGE, 2011).

3.6. Predição da estabilidade de alimentos por modelagem matemática

Outra maneira de estimar a vida útil de um alimento em uma embalagem é

através de modelos matemáticos que requerem uma caracterização de um sistema

constituído pelo alimento, embalagem e ambiente de estocagem. O sucesso de tal

abordagem requer informações sobre o mecanismo de degradação do produto, os

efeitos dos fatores extrínsecos, e o conhecimento de propriedades da embalagem

como taxas de permeabilidade, propriedades mecânicas, selabilidade etc.

Em relação ao alimento deve-se conhecer o seu potencial de deterioração,

indicadores mensuráveis de qualidade e cinética das reações que resultam em perda

de qualidade. Informações sobre a embalagem devem especificar os materiais que a

constituem, suas propriedades e o dimensional da embalagem (tamanho, forma,

espaço livre, etc.), entre outros parâmetros. Finalmente o ambiente de estocagem

deve ser definido em relação à temperatura, umidade relativa, pressão parcial de

oxigênio, intensidade de luz etc. O caráter dinâmico deste sistema deve ser

observado, pois os três componentes podem interagir de maneira complexa e

algumas análises podem facilitar por sua significância a formulação de hipóteses de

comportamento em modelos matemáticos de vida útil (GNANASEKHARAN; FLOROS,

1993).

Algumas suposições são largamente utilizadas para simplificar as fórmulas

matemáticas dos modelos:

O mecanismo de deterioração que define o limite da vida útil depende

primariamente de fatores ambientais (pressão parcial de oxigênio, umidade

relativa e temperatura) e características do alimento (pH, Aw, concentração

de determinado componente, etc.);

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A taxa de perda de qualidade pode ser caracterizada relacionando alguns

parâmetros de quantificação de deterioração sensorial e toxicológica, e a

máxima perda de qualidade tolerável que pode ser estabelecida;

Assume-se que a embalagem não apresenta falhas na selagem e que a

permeação ocorre somente pelo material de embalagem.

Considerando que a principal causa de perda de qualidade de produtos em

pó é o ganho de umidade, o seu período de vida útil em uma determinada embalagem

depende do nível de barreira oferecido pelo material de embalagem que pode ser

definido através de modelos matemáticos, nos quais a vida útil pode ser estimada,

desde que seja assumido que esta depende somente do conteúdo de umidade do

produto (ALVES e BORDIN, 1998).

Um desses modelos foi discutido por Poças, Hernandez e Oliveira, (1995)

e foi adaptado para a equação descrita abaixo por Alves, Bordin, Garcia (1996).

onde:

t = tempo de vida útil (dias)

Ms = peso seco do produto (g)

URe = umidade relativa da estocagem (%)

A = área da embalagem (m2)

TPVA = taxa de permeabilidade ao vapor dágua da embalagem (g água.m-2.dia-1)

Aa(U) = atividade de água do produto em função do conteúdo de umidade, que é

a isoterma de sorção de umidade do produto a uma determinada temperatura

Uo = umidade inicial do produto (g água/100 g amostra seca)

Ui = umidade do produto no tempo de estocagem (g água/100 g amostra seca)

Os modelos matemáticos apresentam suas limitações, no entanto, a

condução de estudos de vida útil em tempo real muitas vezes é inviável, pois a

indústria não dispõe de prazos e recursos para aguardar os resultados o que

impossibilitaria alterações na formulação, processo ou embalagem em curto espaço

de tempo.

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3.7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Embora as polpas de fruta em pó sejam amplamente utilizadas pela

indústria de alimentos, seu uso em formulações para o preparo de suco ou néctar não

é explorado, sendo empregada apenas por fabricantes de refresco em pó. Assim, é

importante avaliar e explorar este potencial, o que torna relevante a condução de

estudos para avaliar os fatores que podem influenciar na perda de qualidade deste

tipo de produto (ganho de umidade, oxidação de compostos, perda de aroma, sabor,

etc.), avaliação de tipos de materiais de embalagem que podem ser empregados no

seu acondicionamento, bem como o estudo de vida útil do produto.

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4. Artigos

4.1 Influência dos ingredientes na estabilidade de bebidas

desidratadas à base de polpa de goiaba

Danielle Ito, Mayara Quijada, Beatriz Maria Curtio Soares, Priscilla Efraim

A ser submetido à revista Powder Technology

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RESUMO

A vida útil de alimentos desidratados apresenta como principal limitação o

ganho de umidade. Dessa forma, é essencial conhecer e avaliar o desempenho desse

tipo de produto em relação a esse parâmetro. Para tal, realizou-se a caracterização

de ingredientes utilizados em formulações em pó para o preparo de bebidas, em

relação ao ganho de umidade e avaliou-se a estabilidade destes ingredientes em

composições com misturas de pós cristalinos e amorfos. Os resultados obtidos

mostram que a mistura de ingredientes com diferentes características de

higroscopicidade causa uma diminuição da umidade crítica dos produtos formulados

em relação aos ingredientes avaliados individualmente. Observou-se que as

alterações devido ao ganho de umidade em misturas de ingredientes dependem da

concentração dos ingredientes amorfos ou cristalinos de forma que, nas formulações

que apresentam alta concentração de material amorfo, a alteração se inicia pela

aglomeração. Para as formulações contendo alta concentração de material cristalino,

as alterações se iniciam com a deliquescência ou dissolução dos ingredientes.

Palavras-chaves: sorção de umidade, aglomeração, deliquescência, vida útil

ABSTRACT

The shelf life of dehydrated food has the moisture gain as its main limitation

and, therefore, it is essential to know and to evaluate the performance of these

products in relation to this parameter. For this purpose, the ingredients used in powder

formulations for preparing beverages were characterized regarding its stability against

moisture gain and the behavior of these ingredients in compositions with crystalline

and amorphous powder mixtures was evaluated. The results show that the mixture of

ingredients with different characteristics of hygroscopicity causes a decrease in the

critical moisture in relation to the ingredients individually evaluated. It was observed

that the changes due to moisture gain in ingredient mixtures depend on the

concentration of amorphous or crystalline ingredients. So, formulations with high

concentration of amorphous material begin to change by caking. In formulations

containing a high concentration of crystalline material, the change begins with

deliquescence or dissolving ingredients.

Key-words: moisture sorption, caking, deliquescence, shelf life

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4.1.1. INTRODUÇÃO

Alimentos desidratados em pó podem ser constituídos por um ou mais

ingredientes com diferentes características, com destaque para a sua forma, que pode

ser amorfa, cristalina ou um mix (semicristalina), em que há a coexistência de regiões

amorfas e cristalinas. A estabilidade desses alimentos, em termos de propriedades

físico-quimicas, é alterada com a adsorção de umidade, a qual pode causar

aglomeração do produto, alterando sua fluidez, o que pode gerar problemas na

manipulação e armazenamento. Além disso, a adsorção de umidade pode contribuir

para a perda de qualidade e funcionalidade do produto, levando a problemas como

dispersão, deterioração da qualidade sensorial, oxidação de lipídeos, vitaminas e

pigmentos, reações enzimáticas, escurecimento e outras reações específicas de cada

tipo de alimento (SARANTÓPOULOS, OLIVEIRA, CANAVESI, 2001; BHANDARI,

HARTEL, 2005; ORTIZ et al., 2009; LIPASEK et al., 2012; ROBERTSON, 2013).

Leite em pó, café solúvel, cacau em pó, e proteínas são exemplos de

produtos amorfos (BHANDARI, HARTEL, 2005). As moléculas em seu estado amorfo

são desordenadas, abertas e porosas, apresentando mais pontos para interações,

sendo uma estrutura que absorve água com maior facilidade. Devido a essa

característica, os pós amorfos são mais higroscópicos que pós cristalinos.

O processo de aglomeração de pós amorfos é descrito por Hartmann &

Palzer (2011), e inicia-se pela atração das superfícies umedecidas. O contínuo ganho

de umidade desencadeia um processo de união das partículas adjacentes e, em fase

posterior, a estrutura do pó colapsa.

O açúcar refinado, os ácidos orgânicos e os sais são exemplos de materiais

cristalinos (BHANDARI, HARTEL, 2005), que são altamente solúveis em água e

capazes de produzir uma significativa redução em propriedades coligativas

(SALAMEH, MAUER, TAYLOR, 2006). Nesses produtos, o ganho de umidade leva a

ocorrência de deliquescência, que é uma transformação de fase de primeira ordem

em que os sólidos cristalinos apresentam dissolução superficial quando a umidade

relativa do ambiente excede a atividade de água crítica do produto em pó (VAN

CAMPEN, AMIDON, ZOGRAFI, 1983), até à formação de uma solução aquosa

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homogênea. Isto ocorre, pois as moléculas em sua forma cristalina são fortemente

alinhadas, assim somente os grupos primários ou grupos funcionais no exterior da

superfície dos cristais podem interagir com substâncias externas, como a água, por

exemplo (BHANDARI, HARTEL, 2005).

Quando diferentes sólidos deliquescentes estão em contato, ocorre uma

redução na deliquescência e a dissolução da mistura ocorre em níveis de umidade

menores do que a umidade crítica dos produtos individualmente (SALAMEH, MAUER,

TAYLOR, 2006). Dupas-Langlet et al., (2013), denominaram este fenômeno de

redução de deliquescência como Umidade Relativa Deliquescente Mútua (URDM). A

redução da deliquescência foi observada em misturas de sais inorgânicos, tais como

fertilizantes (MAUER, TAYLOR, 2010), açúcares misturados com substâncias

orgânicas (KWOK, MAUER, TAYLOR, 2010), misturas deliquescentes de ingredientes

alimentares tais como sacarose, glicose, frutose, ácido cítrico (SALAMEH, TAYLOR,

2006; HIATT et al., 2008). De acordo com Mauer e Taylor (2010), é esperado que o

URDM de uma mistura de substâncias varie com a temperatura de forma semelhante

à variação de solubilidade de sólidos presentes na mistura (DUPAS-LANGLET et al.,

2013).

O ganho de umidade é um dos principais fatores que influenciam e

determinam a vida útil de um produto desidratado. Caso o material de embalagem não

ofereça uma barreira adequada ao vapor d’água, a umidade pode interagir com um

composto sólido através da adsorção superficial, levando à absorção de água com

consequente aumento de volume (típico de materiais amorfos), condensação capilar,

formação de cristais hidratados e deliquescência (materiais cristalinos).

A sorção de umidade é um dos parâmetros mais importantes que

contribuem para a estimativa do desempenho tecnológico e qualidade do produto

durante o armazenamento de alimentos (CHIRIFE, BUERA, 1994; VILADES et al.,

1995). Avaliar a isoterma de sorção de umidade de produtos em pó é fundamental,

pois esta descreve a relação de equilíbrio entre o teor de umidade de um alimento e

a atividade de água sob uma temperatura constante, fornecendo informações

importantes para o processamento de alimentos e também para estimativa de

qualidade e estabilidade durante a estocagem (PAVAN, SCHMIDT, FENG, 2012)

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Assim o objetivo deste trabalho foi avaliar individualmente ingredientes

utilizados em formulações em pó para o preparo de bebidas em relação a sua

estabilidade frente ao ganho de umidade e avaliar o comportamento sinérgico destes

ingredientes em composições com misturas de pós cristalinos e amorfos.

4.1.2. MATERIAL E MÉTODOS

Foram selecionados para avaliação ingredientes e aditivos geralmente

utilizados em formulações para o preparo de bebidas a base de polpa de fruta (Tabela

1).

Tabela 1. Ingredientes e aditivos utilizados na formulação da bebida em pó a base de

polpa de goiaba desidratada avaliados quanto à estabilidade ao ganho de umidade.

Ingrediente / Aditivo Função no preparado em

pó para bebida Fornecedor

Polpa de goiaba desidratada por spray drier com teor de 50% de

fruta e 50% de maltodextrina

Base para o produto (sabor/aroma, cor)

Duas Rodas

Polpa de goiaba desidratada por spray drier com teor de 70% de

fruta e 30% de maltodextrina

Base para o produto (sabor/aroma, cor)

Duas Rodas

Ácido cítrico Acidulante Doce Aroma

Fosfato tricálcico Anti-umectante Doce Aroma

Citrato de sódio Estabilizante Doce Aroma

Sacarose cristal clarificada malha 30

Dulçor, Agente de corpo Guarani

Maltodextrina Agente de corpo Doce Aroma

Para avaliação da interação dos ingredientes foi elaborada uma mistura em

pó para preparo de néctar de goiaba, contendo 76,65% da polpa de goiaba com 70%

de fruta, 23% de sacarose e 0,35% de ácido cítrico, denominada Formulação 1. Para

comparação foi preparada uma segunda Formulação 2, que consistiu da Formulação

1 adicionada de 1% de antiumectante (fosfato tricálcico), sobre a massa total.

Também foi avaliado um preparado sólido comercial para refresco sabor

goiaba, contendo sacarose, polpa de goiaba desidratada (1%), ácido ascórbico, ácido

cítrico, citrato de sódio, fosfato tricálcico, aromatizante, corante inorgânico (dióxido de

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34

titânio), edulcorantes (aspartame, acesulfame de potássio), goma xantana, corante

caramelo IV e corante artificial (vermelho 40), denominado Refresco em pó comercial.

Para determinação da isoterma de sorção de umidade, cerca de 1,0 g de

cada ingrediente foi acondicionado em pesa filtros de vidro (em triplicatas),

transferidos para dessecadores contendo soluções saturadas de sais (LiCl, CaCO3,

MgCl2, K2CO3, Mg(NO3)2, KI, NaCl e KCl, BaCl) proporcionando ambientes com

umidades relativas de 11,3%, 32,8%, 43,2%, 52,9%, 57,6%, 63,3%, 68,9%, 75,4%,

81,0%, 84,3% e 90,3% (GREENSPAN, 1977). Os dessecadores foram mantidos em

câmara com controle de temperatura de 25,0±2,0 ºC por um tempo suficiente (21 a 35

dias) para a estabilização do peso da amostra. O teor de umidade de equilíbrio (Ueq)

foi calculado pela diferença entre a massa apresentada pela amostra no equilíbrio e a

sua massa seca (NETO, 1997). As pesagens foram realizadas em balança analítica

Mettler Toledo, modelo AT400, com resolução de 10-4 g triplicata e após a finalização

do ensaio, cada ingrediente, aditivo e os produtos formulados foram avaliados quanto

às alterações visuais das partículas devido ao ganho de umidade. Para isso foi

utilizado um estereomicroscópio, modelo EC 3 (Leica, Heerbrugg, Suiça) com

capacidade de ampliação de até 120 vezes.

O teor de umidade inicial (% base seca – b.s.) foi determinado por

gravimetria, conforme norma AOAC 934.06 – Loss on drying (moisture) in dried fruits,

utilizando-se estufa à vácuo, modelo VDL53 (WTB BINDER, Tuttlingen, Alemanha), à

temperatura de 70 ºC até peso constante, utilizando balança analítica, modelo AT400

(Mettler Toledo), com resolução de 10-4 g. A atividade de água foi determinada em um

higrômetro baseado em psicrometria Aqualab (Decagon, Pullman, EUA), com

resolução de 0,0001, sob uma temperatura de 25,01,0 C (DECAGON, s.d.).

4.1.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 2 são apresentados os valores de umidade de equilíbrio das

isotermas de sorção dos ingredientes e aditivos que compõe a formulação, e que

foram representadas graficamente na Figura 1. Os produtos avaliados apresentavam

as seguintes umidades iniciais e atividade de água:

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35

Polpa de Goiaba – 50%: 6,48% b.s./0,406 Aa

Polpa de Goiaba 70%: 3,03% b.s / 0,308 Aa

Ácido Cítrico: 0,12% b.s/0,566 Aa

Citrato de Sódio: 0,13% b.s/0,699 Aa

Fosfato Tricálcico: 0,78% b.s/0,600 Aa

Açúcar cristal malha 30: 0,05% b.s/0,536 Aa

Maltodextrina: 2,83% b.s./0,234 Aa

Tabela 2. Valores de umidade de equilíbrio dos ingredientes obtidos na isoterma de

sorção a 25,0±2,0 ºC.

Aa

Umidade de equilíbrio (%b.s.)

Ácido Cítrico

Citrato de

Sódio Sacarose

Fosfato Tricálcico

Maltodextrina Polpa de Goiaba

50%

Polpa de Goiaba

70%

0,113 0,01

±0,01 0,10 ±0,03

0,06 ±0,02

0,45 ±0,02

2,84 ±0,11

3,70 ±0,16

2,19 ±0,12

0,328 0,01

±0,01 0,12 ±0,02

0,04 ±0,01

0,63 ±0,02

5,16 ±0,00

6,19 ±0,18

5,41 ±0,66

0,432 0,08

±0,07 0,18 ±0,02

0,07 ±0,02

0,72 ±0,04

6,89 ±0,06

7,54 ±0,12

7,25 ±0,21

0,529 0,08

±0,02 0,12 ±0,01

0,04 ±0,01

0,79 ±0,00

8,25 ±0,05

8,93 ±0,05

9,30 ±0,15

0,576 0,08

±0,03 0,11 ±0,01

0,06 ±0,01

0,86 ±0,06

9,47 ±0,28

10,15 ±0,06

10,43 ±0,06

0,633 0,13

±0,04 0,13 ±0,02

0,06 ±0,01

0,94 ±0,03

11,23 ±0,04

11,56 ±0,11

12,31 ±0,61

0,689 7,90

±0,50 0,14 ±0,02

0,08 ±0,01

0,96 ±0,02

12,98 ±0,11

13,26 ±0,07

14,08 ±0,12

0,754 9,49

±0,02 0,15 ±0,00

0,08 ±0,00

1,06 ±0,03

17,42 ±0,02

15,70 ±0,15

17,06 ±0,09

0,810 22,25 ±1,19

9,30 ±0,67

0,17 ±0,04

1,17 ±0,01

20,89 ±0,08

18,27 ±0,12

19,84 ±0,07

0,843 46,77 ±0,60

21,60 ±0,01

1,31 ±0,48

1,33 ±0,02

25,21 ±0,29

19,78 ±0,23

24,26 ±0,09

0,903 74,88 ±0,26

27,51 ±0,06

38,26 ±0,13

1,84 ±0,01

36,21 ±3,21

25,64 ±0,30

34,31 ±0,19

* valores referentes à média de três determinações ± desvio padrão

As isotermas do ácido cítrico, citrato de sódio e da sacarose apresentados

na Tabela 2 e representadas graficamente na Figura 1 são características de materiais

cristalinos. As polpas desidratadas apresentaram características típicas de sólidos

amorfos, com um ganho de umidade constante com o aumento da UR, apresentando-

se estáveis até serem submetidos à sua umidade crítica. O fosfato tricálcico não

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36

apresentou alteração de umidade em toda faixa de umidade relativa, comportamento

comum de um antiumectante.

Figura 1. Representação gráfica da isoterma de ingredientes a 25,0±2,0 ºC.

4.1.3.1. AVALIAÇÃO DOS INGREDIENTES E ADITIVOS DE FORMA ISOLADA

a. Ácido cítrico

O ganho de umidade do ácido cítrico ocorreu a partir de uma atividade de

água (Aa) de 0,689, conforme pode ser visualizado na Figura 1. Os diferentes estágios

de alteração do ácido cítrico podem ser observados na Figura 2. Inicialmente ocorreu

alteração na cor dos grânulos que passou de incolor e cristalino a branco e opaco

(0,689 Aa) e, na sequência, o aumento da umidade causou uma maior aglomeração

com início de dissolução entre 0,754 e 0,810 de Aa, atingindo a completa dissolução

em 0,930 de Aa.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1

Um

idad

e d

e E

qu

ilíb

rio

(%b

.s.)

Atividade de Água

Ácido Cítrico Citrato de Sódio Sacarose Fosfato Tricálcico

Polpa de Goiaba 50% Polpa de Goiaba 70% Maltodextrina

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37

0,633 Aa / 0,13 (%b.s.) 0,689 Aa / 7,90 (%b.s.) 0,754 Aa / 9,49 (%b.s.)

0,810 Aa / 22,25 (%b.s.) 0,8430 Aa / 46,77 (%b.s.) 0,903 Aa /74,88 (%b.s.)

Figura 2. Fases de alteração do ácido cítrico na isoterma de sorção a 25,0 ºC.

b. Sacarose

A sacarose apresentou início de ganho de umidade a partir de uma Aa de

0,810. A partir deste valor de Aa pode ser observada (Figura 3) uma aglomeração e

dissolução parcial entre 0,843 e 0,903 de Aa. Segundo Labuza & Altunakar (2007),

sacarose cristalina pura adsorve pouca umidade até Aa de 0,8 porque a água está

ligada por pontes de hidrogênio aos grupos –OH da superfície. Em Aa acima de 0,81,

a solução na superfície fica saturada e por isso ocorre sua solubilização.

0,810 Aa / 0,17 (%b.s.)

0,843 Aa / 1,31 (%b.s.)

0,903 Aa /38,26 (%b.s.)

Figura 3. Fases de alteração da sacarose na isoterma de sorção a 25,0 ºC.

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38

c. CITRATO DE SÓDIO

O citrato de sódio apresentou alteração similar ao ácido cítrico, porém com

perda de brilho característico em uma Aa maior, entre 0,754 e 0,810, (Figura 4), além

de aglomeração mais intensa a partir de Aa de 0,843. No entanto, até Aa de 0,930,

não ocorreu sua solubilização.

0,633 Aa / 0,19 (%b.s.) 0,689 Aa / 0,24 (%b.s.) 0,754 Aa / 0,17 (%b.s.)

0,810 Aa / 7,08 (%b.s.) 0,8430 Aa / 21,69 (%b.s.) 0,903 Aa / 26,15 (%b.s.)

Figura 4. Fases de alteração do citrato de sódio na isoterma de sorção a 25,0 ºC.

d. POLPA DE GOIABA

Na Figura 5 são apresentadas além das imagens das fases de alteração

do produto utilizando estereomicroscópio, as imagens do produto no pesa filtro

utilizado na isoterma de sorção (à esquerda).

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39

0,633 Aa / 16,07 (%b.s.) 0,689 Aa / 17,90 (%b.s.)

0,754 Aa / 20,98 (%b.s.) 0,810 Aa / 23,85 (%b.s.)

0,8430 Aa / 28,43 (%b.s.) 0,903 Aa / 38,81 (%b.s.)

Figura 5. Fases de alteração da polpa de goiaba (70%) na isoterma de sorção a

25,0 ºC: (a) imagens no pesa filtro; (b) imagens obtidas com estereomicroscópio.

As alterações apresentadas pela polpa de goiaba (70%) na isoterma de

sorção iniciaram com um processo de aderência fraca do pó (Aa= 0,633), passando

por uma aglomeração que se desfaz sob forte pressão e leve contração (Aa= 0,689),

até o colapso do pó, caracterizado por uma contração de volume a partir de 0,754 de

Aa (Figura 5). Essas alterações ocorreram como o descrito por Hartamann e Palzer

(2011) que detalham o processo de aglomeração que ocorre em materiais amorfos.

Segundo Bhandari, Hartel (2005) e Fabra et al., (2011) o aumento na

concentração de maltodextrina em polpas de fruta desidratadas diminui a sua

higroscopicidade, pois a maltodextrina aumenta a temperatura de transição vítrea

diminuindo a higroscopicidade do produto, o que foi confirmado neste estudo uma vez

que na polpa contendo 50% de fruta e 50% de maltodextrina, o colapso ocorreu a

partir de 0,810 de Aa enquanto que na polpa contendo 70% de fruta e 30% de

maltodextrina este colapso ocorreu em 0,754 de Aa.

(a) (b) (a) (b)

(a) (b) (a) (b)

(a) (b) (a) (b)

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40

4.1.3.2. INTERAÇÃO DE INGREDIENTES

As isotermas das formulações com e sem antiumectante, e do refresco em

pó são apresentadas na Tabela 3 e representadas graficamente na Figura 6. Os

produtos avaliados apresentavam as seguintes umidades iniciais e atividade de água:

Formulação 1: 2,37% b.s./0,320 Aa

Formulação 2: 2,31% b.s./0,317 Aa

Refresco em pó comercial: 0,22% b.s./0,475 Aa

Tabela 3. Valores de umidade de equilíbrio de produtos formulados obtidos na isoterma de sorção a 25,0±2,0 ºC.

Aa

Umidade de equilíbrio (%b.s.)

Formulação 1 Formulação 2 Refresco em pó

comercial

0,113 1,78 ±0,09 1,71 ±0,16 0,05 ±0,01

0,328 4,64 ±0,55 3,77 ±0,06 0,22 ±0,03

0,432 5,47 ±0,04 5,16 ±0,07 0,33 ±0,01

0,529 6,79 ±0,08 6,79 ±0,14 0,83 ±0,28

0,576 7,87 ±0,13 7,56 ±0,03 3,53 ±0,29

0,633 9,50 ±0,12 9,17 ±0,18 7,38 ±0,14

0,689 11,33 ±0,14 10,85 ± 0,09 10,51 ±1,46

0,754 14,79 ±0,09 14,12±0,34 20,36 ±2,43

0,810 22,74 ±0,40 22,31 ±1,51 37,56 ±0,43

0,843 30,42 ±0,10 29,25 ±0,35 51,83 ±1,29

0,903 41,35 ±1,46 41,8 ±1,14 74,17 ±0,63

* valores referentes à média de três determinações ± desvio padrão Formulação 1: polpa de goiaba, sacarose, ácido cítrico; Formulação 2: Formulação 1 + 1% de antiumectante;

Figura 6. Representação gráfica da isoterma das formulações a 25 ºC.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1

Um

idad

e d

e E

qu

ilíb

rio

(%

b.s

.)

Atividade de Água

Formulação 1

Formulação 2

Refresco em pó comercial

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41

A. Formulação 1

Na Formulação 1 (sem adição de antiumectante), a partir de 0,633 de Aa

foi observado um início de aglomeração que pode ser desfeita sob agitação, bem

como o início da dissolução de alguns ingredientes. A partir de 0,689 de Aa o produto

estava completamente aglomerado e preso ao fundo do pesa filtro com contração

(perda de volume). A partir de 0,754 de Aa acentuou-se o ganho de umidade, sendo

possível visualizar o início da dissolução de alguns grânulos de sacarose (Figura 7).

0,529 Aa / 6,79(%b.s.) 0,576 Aa / 7,87(%b.s.)

0,633 Aa / 9,50(%b.s.) 0,689 Aa / 11,33(%b.s.)

0,754 Aa / 14,79(%b.s.) 0,810 Aa / 22,74(%b.s.)

0,8430 Aa / 30,42(%b.s.) 0,903 Aa / 41,35(%b.s.)

Figura 7. Fases de alteração da Formulação 1 (sem antiumectante) na isoterma de

sorção a 25,0 ºC: (a) imagens no pesa filtro; (b) imagens obtidas com

estereomicroscópio.

(a) (b) (a) (b)

(a) (b) (a) (b)

(a) (b) (a) (b)

(a) (b) (a) (b)

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B. Formulação 2

Para a Formulação 2 (com adição de 1% de antiumectante), não foi

observado um ganho na estabilidade frente à UR em relação à Formulação 1 (produto

sem antiumectante). As alterações se iniciaram nos mesmos pontos, a partir de 0,633

de Aa, com aglomeração completa em 0,689 de Aa, indicando que a adição de apenas

1% de fosfato tricálcico, não foi suficiente proteger o produto do ganho de umidade

frente a altas UR.

0,529 Aa / 6,79(%b.s.) 0,576 Aa / 7,56(%b.s.)

0,633 Aa / 9,17(%b.s.) 0,689 Aa / 10,85(%b.s.)

0,754 Aa / 14,12(%b.s.) 0,810 Aa / 30,06(%b.s.)

0,8430 Aa / 29,25(%b.s.) 0,903 Aa / 41,80(%b.s.)

Figura 8. Fases de alteração da Formulação 2 (com 1% de antiumectante) na

isoterma de sorção a 25,0 ºC: (a) imagens no pesa filtro; (b) imagens obtidas com

estereomicroscópio.

(a) (b) (a) (b)

(a) (b) (a) (b)

(a) (b) (a) (b)

(a) (b) (a) (b)

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Os produtos formulados (Formulações 1 e 2) apresentaram alteração em

Aa inferior aos seus ingredientes (polpa, sacarose e ácido cítrico), com aglomeração

em 0,689 de Aa. Na polpa de goiaba com 70 ou 50% de fruta, somente a partir de

0,754 de Aa ocorreu a aglomeração total. No caso da sacarose, o início da dissolução

foi observado a partir de Aa de 0,843, enquanto que no formulado os cristais de

sacarose apresentaram início da dissolução a partir de uma Aa de 0,754.

Segundo Bronlund & Paterson (2004), com alterações nas porcentagens

dos ingredientes é esperada uma alteração na absorção de umidade de misturas

contendo pós amorfos e cristalinos. A absorção de umidade pode ser uma somatória

(apenas dependente da quantidade de cada componente e seu comportamento

higroscópico) ou sinérgico, em que mais (ou menos) umidade pode ser absorvida pela

mistura do que seria de se esperar com base apenas na composição.

C. Refresco em pó comercial

0,432 Aa / 0,33 (%b.s.) 0,529 Aa / 0,83 (%b.s.) 0,576 Aa / 3,53 (%b.s.)

0,633 Aa / 7,38 (%b.s.) 0,689 Aa / 10,51 (%b.s.) 0,754 Aa / 20,36 (%b.s.)

Figura 9. Fases de alteração do refresco em pó comercial na isoterma de sorção a

25,0 ºC.

O refresco em pó comercial sabor goiaba apresentou início de dissolução

a partir de 0,529 de Aa, com aglomeração e dissolução crescente em função do

aumento da Aa até sua dissolução em Aa superior a 0,754. Em produtos como o

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refresco em pó, que contêm maior quantidade de ingredientes cristalinos que

ingredientes amorfos, é possível visualizar a ocorrência da deliquescência dos

ingredientes. Em relato feito por Salameh, Mauer, Taylor (2006) e Dupas-Langlet et

al., (2013), a mistura de múltiplos compostos deliquescentes leva ao início de

dissolução em uma umidade relativa inferior a umidade relativa de deliquescência dos

ingredientes separados, o que também ocorreu no refresco em pó avaliado (Figura 9).

Também foi possível observar que a dissolução se inicia a partir da Aa de 0,529

(Figura 9) enquanto que o ácido cítrico apresentou dissolução entre 0,754 e 0,810 de

Aa (Figura 2) e a sacarose entre 0,843 e 0,903 de Aa (Figura 3).

4.1.4 CONCLUSÃO

O comportamento sinérgico dos ingredientes levou a uma diminuição da

umidade crítica dos produtos formulados em relação à umidade crítica dos

ingredientes avaliados individualmente. As alterações que ocorreram na mistura com

o ganho de umidade, dependem, principalmente, da concentração dos ingredientes

amorfos ou cristalinos de forma que nas formulações que apresentam alta

concentração de material amorfo a alteração se inicia pela aglomeração. Por outro

lado, em formulações contendo alta concentração de material cristalino, as alterações

se iniciam com a deliquescência ou dissolução dos ingredientes. A adição de apenas

1% de fosfato tricálcico na formulação, não foi suficiente para proteger o produto do

ganho de umidade frente a altas UR.

4.1.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AOAC INTERNATIONAL. AOAC Official Method 934.06: loss on drying (moisture) in

dried fruts. In: ______. AOAC official methods of analysis. Rockville, MD: AOAC

International, Chapter 37, p. 4, 2010.

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Nova York, cap. 11, p. 265, 2005.

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BRONLUND, J.; PATERSON, T. Moisture sorption isotherms for crystalline,

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concentrated/Semi-moist food systems. Journal of Food Science, v. 59, n. 5, p. 921-

927, 1994.

HARTMANN, M.; PALZER, S. Caking of amorphous powders — Material aspects,

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FABRA, M. J.; MÁRQUEZ, E.; CASTRO, D.; CHIRALT, A. Effect of maltodextrins in

the water-content–water activity–glass transition relationships of noni (Morinda

citrifolia L.) pulp powder. Journal of Food Engineering, v. 103, n. 1, p. 47-51, 2011.

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48

4.2 Desenvolvimento de formulação de mistura em pó para

o preparo de néctar de goiaba (Psidium guajava L.)

Danielle Ito, Tiago Bassani Hellmeister Dantas, Mayara Quijada, Rosa Maria

Vercelino Alves, Priscilla Efraim

A ser submetido à revista Journal of Agricultural Food Chemistry

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49

RESUMO

Além de buscar alimentos com sabor atrativo, de rápido e fácil preparo e

consumo, os consumidores também esperam que estes sejam nutritivos e possam

propiciar benefícios à saúde. O desenvolvimento de uma mistura em pó para o preparo

de néctar a partir de polpa desidratada de goiaba é uma opção atrativa para esta

parcela da população. A goiaba é uma excelente fonte de minerais, vitaminas e

compostos bioativos e, se desidratada preservando, tais compostos e as outras

propriedades da goiaba, como sabor, aroma, cor, podem permanecer estáveis quando

acondicionados em embalagens adequadas, bastando apenas adição de água para

seu preparo e consumo. Assim, foram selecionados e avaliados ingredientes e

aditivos para a elaboração da mistura em pó para o preparo de néctar, o produto

reconstituído foi submetido a teste sensorial de aceitação com consumidores. A

formulação contendo 22 g de polpa desidratada com 70% de goiaba, 0,1 g de

acidulante e 6,6 g sacarose, totalizando 28,7 g de mistura para dissolução com 100

mL de água obteve maior aceitação sensorial. Esta mistura foi caracterizada quanto à

isoterma de sorção e foram aplicados modelos matemáticos para determinação da

taxa de permeabilidade ao vapor d’água requerida pelo material de embalagem para

proteger o produto do ganho de umidade. Os resultados de modelagem indicaram que

para uma vida útil de 6 ou 12 meses, o produto não requer embalagens que ofereçam

alta barreira à umidade, sendo possível o uso de embalagens a base de polietileno de

baixa ou de alta densidade, que oferecem média barreira à umidade. No entanto, estes

materiais apresentam baixa barreira ao oxigênio, assim para minimizar a oxidação dos

compostos responsáveis pelo aroma e sabor, além de compostos bioativos como

carotenoides e compostos fenólicos, sugere-se a utilização de filmes laminados com

PET ou BOPP metalizado, que oferecem barreira a luz e ao oxigênio até serem obtido

dados reais de estudos de estabilidade.

Palavras-chaves: Polpa desidratada, sorção de umidade, estimativa de vida útil

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50

ABSTRACT

Consumers want food with attractive flavor, quick and easy preparation and

consumption. They also expect food to be nutritious and to provide health benefits.

Guava nectar obtained from its dehydrated pulp in a powdered mixture is an attractive

option for this population. Guava is an excellent source of minerals, vitamins and

bioactive compounds. Therefore, if dehydrated by suitable methods, these compounds

and other properties, such as flavor, aroma and color, may remain stable when

packaged in suitable containers. For preparation and consumption, it is just required

to add water to the product. So, the ingredients and additives for the preparation of the

nectar powder were selected and evaluated. The reconstituted nectar was subjected

to a sensory acceptance test. The formulation, containing 22 g of dehydrated pulp with

70% of guava, 0.1 g of acidulant and 6.6 g of sucrose, totalizing 28.7 g of mixture to

dissolve in 100 ml of water, showed higher sensory acceptance. This formulation was

also characterized regarding the sorption isotherm, and mathematical models were

applied to the results in order to determine the water vapor transmission rate required

by the packaging material. The modeling results indicate that, for a shelf life 6 or 12

months the mixture doesn't require packages with high moisture barrier and it is

possible to use packages of low or high density polyethylene, which offer an average

moisture barrier. However, these materials have a low oxygen barrier. Thus, to

minimize oxidation the compounds responsible for flavor and taste, as well as of

bioactive compounds like carotenoids and phenolic compounds, it is suggested the

use of laminated films with metalized PET or BOPP, which offer a barrier to light and

oxygen until real are data obtained from stability studies.

Key-words: Dehydrated pulp, moisture sorption, shelf life prediction

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51

4.2.1. INTRODUÇÃO

A atual busca da sociedade por uma alimentação mais saudável, baseada

no consumo vegetais, incluindo frutas, é incentivada por alguns governos, uma vez

que inúmeros estudos epidemiológicos indicam que uma alimentação saudável está

ligada à redução da obesidade e do risco de desenvolvimento de doenças crônicas,

como doenças cardiovasculares, diabetes, alguns tipos de câncer, etc. (POMERLEAU

et al., 2005, SUN-WATERHOUSE, 2011). Programas como o “5+ A DAY”

recomendam o consumo mínimo de duas porções de frutas e três ou mais de

hortaliças por dia; a OMS (Organização Mundial da Saúde) e a FAO (Organização das

Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) recomendam o consumo de 400 g de

vegetais por dia (excluindo batatas e outros tubérculos ricos em amido) (WHO, 2015).

Na indústria, o desenvolvimento de alimentos é impulsionado pelo estilo de

vida dos consumidores e suas mudanças de atitudes. Estas mudanças propiciaram o

crescimento no mercado de sucos de frutas nos últimos anos, pois são considerados

uma opção saudável, e podem ser utilizados na substituição de uma das porções de

frutas recomendadas, além de ser mais prático seu consumo fora de casa quando

comparado à fruta in natura (MATSUURA et al., 2002, CASWELL, 2009, CHO,

JENAB, 1999, SUN-WATERHOUSE, 2011).

A goiaba destaca-se pelo seu alto valor nutritivo, como excelente fonte de

vitamina C e, pela grande aceitação para o consumo in natura. Porém, é um fruto

altamente perecível devido ao seu intenso metabolismo após a colheita

(FERNANDES, 2007). De fácil processamento, a goiaba pode ser utilizada na

obtenção de sucos, néctares e polpa desidratada. A desidratação de frutas é uma

alternativa tecnológica para se obter um produto estável (com maior vida útil), com

boa qualidade e de fácil transporte. No entanto, produtos em pó podem ser altamente

higroscópicos, em especial se apresentam em sua composição açúcares e ácidos

orgânicos que tendem a sofrer transição para o estado amorfo durante o processo de

desidratação, que são instáveis devido à sua baixa temperatura de transição vítrea

(LEITE, MURR, PARK, 2005).

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52

Caso o material de embalagem não ofereça adequada barreira ao vapor

d’água, a umidade pode interagir com os sólidos presentes na formulação através de

adsorção superficial, levando à aglomeração do produto, condensação capilar,

formação de cristais hidratados e deliquescência, que se caracteriza pela dissolução

superficial dos sólidos cristalinos (VAN CAMPEN, AMIDON e ZOGRAFI, 1983,

SARANTÓPOULOS, OLIVEIRA, CANAVESI, 2001; ORTIZ et.al., 2009).

A sorção de umidade é um dos parâmetros mais importantes que

contribuem para a predição do desempenho tecnológico e qualidade do produto

durante o armazenamento de alimentos (CHIRIFE, BUERA, 1994; VILADES et al.,

1995). Para produtos que apresentam como principal causa de perda de qualidade o

ganho de umidade, os dados de sorção podem ser utilizados em modelos

matemáticos para estimar sua vida útil ou para se calcular a taxa de permeabilidade

ao vapor d’água que o material de embalagem deve apresentar para se obter a vida

útil desejada (ALVES; BORDIN, 1998).

O uso de modelos utilizando apenas os dados de isoterma de sorção

apresenta limitações, pois não é possível considerar a perda de qualidade do produto

por outros fatores como, por exemplo, a oxidação. No entanto, para aplicar cálculos

de estimativa de vida útil considerando como parâmetro crítico a oxidação é

necessário o conhecimento prévio da taxa de reação de deterioração do alimento, o

que pode ser determinada somente através de um estudo de estabilidade

(ROBERTSON, 2013).

O objetivo deste trabalho foi desenvolver uma formulação de mistura em

pó para o preparo de néctar de goiaba, além de definir a taxa de permeabilidade ao

vapor d’água requerida para o material de embalagem, para se obter uma vida útil de

6 a 12 meses de estocagem a 25 ºC/75% UR estimada por modelos matemáticos.

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53

4.2.2. MATERIAL E MÉTODOS

4.2.2.1. DESENVOLVIMENTO DA FORMULAÇÃO

Para elaborar a mistura e definir a lista de ingredientes e aditivos, foi

realizada uma pesquisa da composição de bebidas em pó existentes no mercado

brasileiro, além de consulta às empresas fornecedoras de ingredientes para

fabricantes de bebidas. Os ingredientes e aditivos selecionados, bem como seus

fornecedores, são apresentados na Tabela 1.

Tabela 1. Ingredientes e aditivos que compõem a formulação da bebida em pó à base

de polpa de goiaba desidratada.

Ingrediente / Aditivo Função no preparado

em pó para bebida Fornecedor

Polpa de goiaba desidratada por

spray drier com teor de 50% de

fruta e 50% de maltodextrina

Base para o produto

(sabor/aroma, cor) Duas Rodas

Polpa de goiaba desidratada por

spray drier com teor de 70% de

fruta e 30% de maltodextrina

Base para o produto

(sabor/aroma, cor) Duas Rodas

Ácido cítrico Acidulante Doce Aroma

Aroma artificial idêntico ao natural

de goiaba Aroma Duas Rodas

Fosfato tricálcico Anti-umectante Doce Aroma

Citrato de sódio Estabilizante Doce Aroma

Sacarose Dulçor, Agente de corpo Guarani

Maltodextrina Agente de corpo Doce Aroma

Goma xantana Agente de corpo Doce Aroma

Carboximetilcelulose Agente de corpo Ingredion

A partir dos ingredientes e aditivos selecionados foram realizados testes

para obter uma formulação que, quando reconstituída, apresentasse sabor e aroma

similares aos de néctares de goiaba prontos para beber já comercializados no

mercado brasileiro. Foram realizados testes sensoriais preliminares com uma equipe

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54

de provadores, todos consumidores de suco ou néctar de goiaba, para definir a

quantidade e quais ingredientes e aditivos seriam utilizados na formulação.

Os testes preliminares indicaram o uso da polpa desidratada de goiaba

contendo 70% de polpa de fruta como a melhor opção, pois a amostra contendo 50%

de polpa apresentava um sabor residual indesejado, o que era esperado, pois o

aumento na concentração de maltodextrina pode ocasionar alterações sensoriais,

além do aumento na viscosidade do produto (FABRA, 2011).

O uso da polpa desidratada com 70% de fruta dispensou o uso de aroma

na formulação. O citrato de sódio e o fosfato tricálcico também foram excluídos da

formulação, pois também resultaram em sabor residual indesejado, sendo rejeitados

pelos provadores. Os agentes de corpo também foram excluídos da formulação, pois

a polpa já apresentava um teor de 30% de maltodextrina. A exclusão destes

ingredientes não afetou as características do néctar. Após a definição do teor de polpa

de goiaba e ácido cítrico, três formulações com variação de 10% no teor de sacarose

foram submetidas a teste sensorial de aceitação com consumidores.

4.2.2.2. TESTE SENSORIAL DE ACEITAÇÃO

Para realização desta etapa do trabalho, a proposta de estudo foi

previamente submetida e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade

de Ciências Medicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) (CAAE:

18056413.9.0000.5404 - Anexo A). O teste de aceitação foi realizado com 121

indivíduos, com idade acima de 18 anos, recrutados na Universidade Estadual de

Campinas.

As três formulações foram avaliadas quanto à aparência, sabor, doçura e

impressão global utilizando escala hedônica estruturada mista de nove pontos (1 =

desgostei extremamente; 5 = nem gostei/nem desgostei; 9 = gostei extremamente)

para avaliar o produto quanto a aparência, aroma e sabor (STONE & SIDEL, 1993).

Para a intenção de compra, utilizou-se escala estruturada verbal de 5 pontos (1 =

certamente eu não compraria a 5 = certamente eu compraria).

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55

Para a avaliação, as três formulações de misturas foram previamente

reconstituídas com água mineral natural e servidas à temperatura de 15 a 18 ºC em

copos plásticos de 50 mL. Foi oferecida água filtrada para uso antes e entre as

amostras. As amostras foram apresentadas por meio de blocos completos

balanceados (WALKELING,MACFIE, 1995) e em forma monádica. Para análise

estatística dos resultados foi utilizado o programa XLSTAT versão 2015.1.03.15473,

os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e ao teste de Tukey ao nível

de 5% de significância para comparação de médias.

4.2.2.3. CARACTERIZAÇÃO E MODELAGEM

A formulação com maior aceitação sensorial foi caracterizada quanto à

isoterma de sorção de umidade, cerca de 1,0 g de mistura foi acondicionada em pesa

filtros de vidro, em triplicatas e transferidos para dessecadores contendo soluções

saturadas de sais (LiCl, CaCO3, MgCl2, K2CO3, Mg(NO3)2, KI, NaCl e KCl, BaCl)

proporcionando ambientes com umidades relativas de 11,3%, 32,8%, 43,2%, 52,9%,

57,6%, 63,3%, 68,9%, 75,4%, 81,0%, 84,3% e 90,3% (GREENSPAN, 1977). Os

dessecadores foram mantidos em câmara com controle de temperatura de 25,0±2,0

ºC por um tempo suficiente (28 dias) para a estabilização do peso da amostra. O teor

de umidade de equilíbrio (Ueq) foi calculado pela diferença entre a massa apresentada

pela amostra no equilíbrio e a sua massa seca (NETO, 1997). As pesagens foram

realizadas em balança analítica, modelo AT400 (Mettler Toledo), com resolução de

10-4 g.

O teor de umidade inicial (% base seca – b.s.) foi determinado por

gravimetria, conforme norma AOAC 934.06 – Loss on drying (moisture) in dried fruits,

utilizando-se estufa à vácuo, modelo VDL53 (WTB BINDER, Tuttlingen, Alemanha), à

temperatura de 70 ºC até peso constante.

O resultado experimental da isoterma de sorção da mistura para o preparo

de néctar foi ajustado para vários modelos como: linear, GAB, BET, Iglesias & Chirife,

Henderson, Kuhn, Mizrahi, Henderson, Caurie, Halsey, entre outros. Essa modelagem

foi feita utilizando programa computacional desenvolvido por Murat Balaban –

empresa Fishery Industrial Technology Center - Kodiak - Universidade do Alaska.

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56

Uma vez feito o ajuste da isoterma, as equações foram substituídas no modelo

matemático discutido por Poças, Hernandez e Oliveira (1995) e adaptado para a

equação (Equação 1) descrita abaixo por Alves, Bordin, Garcia (1996).

(1)

(1)

t = tempo de vida útil (dias)

Ms = massa seca do produto (g)

URe = umidade relativa da estocagem (%)

A = área da embalagem (m2)

TPVA = Taxa de Permeabilidade ao Vapor d’Água da embalagem (g água.m-2.dia-1)

Aa(U) = atividade de água do produto em função do conteúdo de umidade, que é a

isoterma de sorção de umidade do produto a uma determinada temperatura.

Uo = umidade inicial do produto (g água/100 g amostra seca)

Ui = umidade do produto no tempo de estocagem i (g água/100 g amostra seca)

4.2.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

TESTE SENSORIAL DE ACEITAÇÃO

As formulações da mistura em pó para o preparo de néctar de goiaba

obtidas nos testes preliminares e, submetidas ao teste de aceitação sensorial, são

apresentadas na Tabela 2.

Tabela 2. Formulações das misturas em pó para o preparo de néctar submetidas ao

teste de aceitação sensorial.

Formulação * Massa de ingredientes em (g)

Polpa de goiaba Sacarose Ácido cítrico

A 22 5,4 0,1

B 22 6,0 0,1

C 22 6,6 0,1

* Quantidades considerando a dissolução da mistura em pó em 100 mL de água.

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Na Tabela 3 são apresentadas as médias das notas atribuídas pelos

provadores no teste sensorial de aceitação, utilizando escala hedônica mista de 9

pontos (1 = desgostei extremamente; 5 = nem gostei/nem desgostei; 9 = gostei

extremamente).

Tabela 3. Médias das notas atribuídas pelos consumidores para os atributos

sensoriais avaliados no teste de aceitação das três formulações de mistura em pó

para o preparo de néctar de goiaba reconstituído em água.

Atributos Néctar de goiaba

Formulação A Formulação B Formulação C

Aparência 5,8±1,8a 6,0±1,8a 6,0±1,8a

Sabor 6,2±1,7a 6,2 ±1,7a 6,5±1,6 a

Doçura 6,3 ±1,7a 6,4±1,8a 6,6±1,6 a

Impressão Global 6,2 ±1,5a 6,3 ±1,6a 6,5 ±1,5 a

* valores referentes à média de 121 provadores ± desvio padrão Para cada atributo (linha), valores seguidos de letras iguais não diferem estatisticamente entre si ao nível de significância de 5% (Teste de Tukey)

De acordo com os resultados apresentados na Tabela 3, embora a

Formulação C tenha apresentado, em geral, médias superiores às Formulações A e

B, não houve diferença estatística significativa entre as três formulações em relação

aos atributos aparência, sabor, doçura e impressão global.

Nas Figuras 1 e 2 são apresentadas as porcentagens de distribuição de

respostas dos provadores para cada um dos parâmetros avaliados, sendo possível

avaliar a aceitação e rejeição de cada uma das formulações de néctar por parte dos

provadores.

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Figura 1. Distribuição, em porcentagem, de respostas em relação à aparência e sabor

do produto, na análise sensorial utilizando escala hedônica (1= desgostei extremamente; 5 = nem gostei/nem desgostei; 9 = gostei extremamente).

Figura 2. Distribuição, em porcentagem, de respostas dos provadores em relação à doçura e impressão global do produto, na análise sensorial utilizando escala hedônica (1 = desgostei extremamente; 5 = nem gostei/nem desgostei; 9 = gostei extremamente).

1 27

12 11

18

28

17

41 2

7

14

8

21

25

17

51 3

8

16

12

17

27

14

2

1 2 3 4 5 6 7 8 9

Aparência

Formulação A

Formulação B

Formulação C

1 25 4

7

2522

31

30 2

4

14 6

26

23

20

41 1

6

10

12

25

23

17

6

1 2 3 4 5 6 7 8 9

Sabor

Formulação A

Formulação B

Formulação C

1 1 2

811

19 21

31

72 5 2

65

28 23

23

6

1 1 7

11 7

2123

25

4

1 2 3 4 5 6 7 8 9

Doçura

Formulação A

Formulação B

Formulação C

02 3

8 6

16

38

25

21 1 4

108

28

27

17

41 1 2

1215

22

31

14

3

1 2 3 4 5 6 7 8 9

Impressão Global

Formulação A

Formulação B

Formulação C

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As respostas entre “6-Gostei moderadamente” e “9-Gostei extremamente”

para a Formulação A (com adição de 5,4 g de sacarose em 100 mL de água) somaram

60% em relação à aparência, 71% para sabor, 73% para doçura e 7% para impressão

global. Em relação à rejeição, as respostas entre “4-Desgostei moderadamente” a “1-

Desgostei extremamente” para a Formulação A somaram 28% para aparência, 17%

para sabor, 20% para doçura e 15% para impressão global.

Avaliando-se as mesmas faixas consideradas para a Formulação A, as

respostas de avaliação positiva para a Formulação B (com adição de 6,0 g de

sacarose em 100 mL de água), somaram 68% em relação à aparência, 73% para

sabor, 80% para doçura e 76% para impressão global. Em relação à rejeição, as

respostas somaram 24% para aparência, 20% para sabor, 15% para doçura e 16%

para impressão global.

Quanto à Formulação C (com adição de 6,6 g de sacarose em 100 mL de

água), a soma das respostas positivas foi de 67 % em relação à aparência, 81% para

sabor, 78% para doçura e 81 % para impressão global. Em relação à rejeição, esta

amostra apresentou soma de 22% para aparência, 12% para sabor, 12% para doçura

e 13% para impressão global.

Figura 3. Porcentagem de distribuição da intenção de compra das amostras.

Conforme pode ser observado na Figura 3, as Formulações A e B

apresentaram apenas 49% de intenção de compra positiva, sendo 17% de

“certamente compraria” e 32% de “provavelmente compraria”. A Formulação C

17

3229

17

5

17

32 34

12

5

20

43

21

12

5

Certamentecompraria

Provavelmentecompraria

Tenho dúvida secompraria

Provavelmente nãocompraria

Certamente nãocompraria

Porcentagem de Intenção de Compra

Formulação A

Formulação B

Formulação C

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apresentou 20% de “certamente compraria” e 43% de “provavelmente compraria”

totalizando 63% de intenção de compra positiva, e 17% de intenção de compra

negativa, mesma porcentagem da Formulação B. A Formulação A apresentou maior

intenção de compra negativa: 22%.

A Formulação C apresentou maiores notas de classificação para sabor e

impressão global, com apenas 1% de diferença em relação à aparência e 2% em

relação ao sabor da Formulação B. Além disso, também apresentou menor

porcentagem de rejeição para todos os atributos avaliados e maior intenção de

compra positiva 63% contra 49% das Formulações A e B. Assim, a formulação C foi

escolhida na continuidade deste estudo.

CARACTERIZAÇÃO E MODELAGEM

A Formulação C foi caracterizada quanto à isoterma de sorção de umidade,

as principais fases de alteração observadas são apresentadas na Figura 4.

(a) 0,576 Aa / 7,87 (% base seca) Início de aglomeração da amostra que se desfaz sob agitação.

(b) 0,633 Aa / 9,50 (% b.s.) Aglomeração mais intensa da amostra que se desfaz sob agitação.

(c) 0,689 Aa / 11,33 (% b.s.) Produto aglomerado (duro, preso ao fundo), contração (perda de volume).

(d) 0,754 Aa / 14,79 (% b.s.) Totalmente aglomerado (duro e preso ao fundo); Início de dissolução dos cristais de sacarose e ácido cítrico.

Figura 4. Fases de alteração da mistura em pó para preparo de néctar de goiaba

(Formulação C) na isoterma de sorção de umidade a 25 ºC.

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61

Para determinar a TPVA do material de embalagem para proteger o produto do ganho

de umidade e obter uma vida útil de 6 ou 12 meses, fez-se primeiramente o ajuste do

resultado experimental da isoterma para os modelos Iglesias & Chirife (Equação 2),

Kuhn (Equação 3) e Halsey (Equação 4), cujas equações são descritas abaixo:

Aa =(U−B2)

(B1−B2+U) (2)

Aa = e^ ⌈B1

(U−B2)⌉ (3)

Aa = exp [−B2

X^B1] (4)

A Figura 5 apresenta a isoterma do produto obtida experimentalmente, e

os seus ajustes nos modelos, para a temperatura de 25 ºC. As constantes

determinadas para tais equações são apresentadas na Tabela 4.

Figura 5. Comparação entre os dados experimentais obtidos na isoterma de sorção

determinada a 25 ºC e os ajustes para as três equações escolhidas.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1

Um

ida

de

de

Eq

uilíb

rio

(%

b.s

.)

Atividade de água

Ue - Isoterma de Sorção

Iglesias/Chirife

Kuhn

Halsey

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Tabela 4. Constantes das equações utilizadas para ajustar os dados experimentais

da isoterma.

Equação de Ajuste Constante

B1 B2 R2

Iglesias e Chirife 4,49 2,09 0,98

Kuhn -4,44 0,23 0,98

Halsey 0,98 4,26 0,99

Uma vez feitos os ajustes das isotermas, as equações foram substituídas

no modelo matemático apresentado anteriormente na Equação 1.

Foram considerados os seguintes parâmetros:

Vida útil do produto: 180 dias (6 meses) e 360 dias (12 meses)

Massa (b.s.) do produto: 56,27 g

Atividade de água de equilíbrio do produto: 0,689

A (área da embalagem): 0,0288 m2

TPVA: taxa de permeabilidade da embalagem ao vapor d’água [g água.m-2.dia-1];

Umidade inicial: 2,01% em base seca (b.s.)

Umidade crítica: 11,33% b.s.

Umidade relativa da estocagem: 75% UR

Com base na isoterma e nos parâmetros apresentados, e considerando-se

uma vida útil estimada de 180 dias (6 meses) e 360 dias (12 meses), determinou-se a

máxima taxa de permeabilidade ao vapor d’água da embalagem, apresentado na

Tabela 5.

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Tabela 5. TPVA do material de embalagem para uma vida útil de 6, 8 e 12 meses de

estocagem.

Equação de Ajuste TPVA máximo requerido (g água.m-2.dia-1)

Vida útil de 180 dias Vida útil de 360 dias

Iglesias e Chirife 3,8 1,9

Kuhn 3,7 1,9

Halsey 3,9 2,0

Considerando-se o ganho de umidade como fator determinante de perda

de qualidade da mistura, em uma condição normal de estocagem a 25 ºC/75% UR,

para uma vida útil de até 180 dias de estocagem, a TPVA requerida é de 3,7 a 3,9 g

água.m-2.dia-1, e 1,9 a 2,0 g água.m-2.dia-1 para uma vida útil de até 360 dias. Segundo

Robertson (2013), um filme de polietileno de baixa densidade de 25 µm de espessura

apresenta uma TPVA de 4,0 g água.m-2.dia-1, enquanto um filme de polietileno de alta

densidade apresenta TPVA de 1,45 g água.m-2.dia-1. Portanto, para se obter a vida

útil desejada, a embalagem utilizada para acondicionar a mistura pode ser composta

de resinas de polietileno de baixa densidade ou blendas de polietileno de baixa

densidade com alta densidade.

Os resultados apresentados indicaram que apesar de se tratar de uma

mistura em pó com alta concentração de polpa de fruta desidratada, para este produto

não é necessário o uso de embalagens que ofereçam alta barreira à umidade. Sendo

possível o uso de estruturas menos complexas quando comparadas a embalagens de

produtos como refresco em pó e café solúvel, que são acondicionados em geral em

embalagens contendo folha de alumínio em sua composição.

No entanto, vale ressaltar que estes materiais não oferecem boa barreira

ao oxigênio, o filme de polietileno de baixa densidade (25 µm de espessura) apresenta

uma TPO2 de 7400 mL (CNTP).m-2.dia-1 a 23 °C, a seco e 1 atm de gradiente de

pressão parcial de oxigênio e o filme de polietileno de alta densidade apresenta TPO2

de 1600 mL (CNTP).m-2.dia-1, o que pode ser um requisito importante para minimizar

a oxidação dos compostos responsáveis pelo aroma e sabor, além de compostos

bioativos como carotenoides e compostos fenólicos.

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64

Assim, para também proteger esses compostos das reações de oxidação,

sugere-se a utilização de filmes laminados com PET metalizado ou BOPP metalizado,

que além de oferecer barreira a luz, são boas barreiras ao oxigênio, apresentando

resultados de TPO2 entre 0,5 a 3,0 mL (CNTP).m–2.dia–1 a (PET metalizado) e de 35

mL (CNTP).m–2.dia–1 a 23 °C (BOPP metalizado) (ROBERTSON, 2013).

4.2.4. CONCLUSÃO

A formulação contendo polpa desidratada com maior teor de goiaba, com

adição de ácido cítrico e com maior teor de sacarose apresentou maior aceitação

sensorial entre as formulações avaliadas (Formulação C). Para essa formulação, os

resultados da modelagem indicaram ser possível o uso de filmes de polietileno de

baixa densidade para estocagem por períodos de até 6 meses, ou filmes com blendas

de polietileno de baixa densidade com alta densidade para estocagem por períodos

de até 360 dias. No entanto, a presença de componentes sensíveis à oxidação no

produto também deve ser considerada, sendo recomendável nestes casos o uso de

filmes metalizados que ofereçam barreira ao oxigênio. Pois, o uso de modelos de

estimativa de vida útil que considerem como o parâmetro crítico a oxidação do

produto, somente é possível após um estudo de estabilidade para determinar sua taxa

de reação de deterioração.

4.2.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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68

4.3 Avaliação de estabilidade de mistura em pó para o

preparo de néctar de goiaba

Danielle Ito, Paulo Henrique Massaharu Kiyataka, Rosa Maria Vercelino Alves,

Priscilla Efraim

A ser submetido à revista Packaging Technology and Science

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69

RESUMO

Misturas em pó para o preparo de néctares com maior concentração de

polpa de fruta desidratada se mostram como opções interessantes por serem produtos

mais saudáveis em relação aos refrescos em pó, e também de fácil preparo e estáveis

na temperatura ambiente quando acondicionados em embalagens adequadas. Dentre

as opções de frutas que podem ser usadas em sua composição, está a goiaba

(Psidium guajava L.), que se apresenta como uma fonte de minerais, vitaminas e

antioxidantes naturais como compostos fenólicos e carotenoides. Assim, avaliou-se a

estabilidade de uma mistura em pó para o preparo de néctar de goiaba contendo

76,7% de polpa de goiaba desidratada, 23,0% de sacarose e 0,3% de ácido cítrico,

para reconstituição em água na proporção de 57,4 g de mistura em 200 mL de água.

Amostras de 57,4 g da mistura foram acondicionadas em três alternativas de materiais

de embalagem: polipropileno bi-orientado metalizado com polipropileno bi-orientado

(BOPPmet/BOPP), poliéster metalizado com polietileno de baixa densidade (PE

met/PEBD) e poliéster com folha de alumínio e polietileno de baixa densidade

(PET/Al/PEBD). O armazenamento foi realizado em câmara a 25 °C/ 75% UR por um

período de 240 dias. Observou-se que os diferentes níveis de barreira oferecidos

pelos materiais de embalagem influenciaram no ganho de umidade, na atividade de

água e no teor de oxigênio do espaço livre. Contudo, isto não resultou em diferenças

significativas nas caracteríticas sensoriais avaliadas, independentemente do material

de embalagem, após 240 dias de estocagem. Assim, para uma vida útil de até 240

dias é possivel utilizar embalagens de PETmet/PEBD ou BOPPmet/BOPP com TPO2

de 0,5 a 35 mL (CNTP).m-2.dia-1 a 23 °C, a seco e 1 atm de gradiente de pressão

parcial de oxigênio e TPVA entre de 0,5 a 1,0 g água.m-2.dia-1, a 38 ºC/90 %UR, que

são materiais com menor custo quando comparado ao PET/Al/PEBD.

Palavras-chaves: Psidium guajava, néctar, embalagem, vida útil.

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ABSTRACT

Powder mixtures for preparation of nectars with more fruit content are an

interesting option and healthier than powdered beverages. They are also very easy to

prepare and stable at room temperature when packaged in suitable packaging. Guava

(Psidium guajava L.) is one of the options among the fruits that could be used in this

compostition, as it presents a source of minerals, vitamins and natural antioxidants

such as phenolic compounds and carotenoids. Thus, we have evaluated the stability

of a powdered mixture for the preparation of guava nectar containing 76.7% of

dehydrated guava pulp, 23.0% sucrose and 0.3% citric acid after its reconstitution.

Samples with 57.4 g of mixture were placed in three alternative packaging materials:

metalized bi-oriented polypropylene bi-oriented polypropylene (BOPPmet/BOPP),

metalized polyester with low density polyethylene (PETmet/LDPE) and polyester with

aluminum foil and low density polyethylene (PET/Al/LDPE). They were stored in a

chamber at 25 °C /75% RH for 240 days. It was observed that the different barrier

levels offered by packaging materials influenced moisture gain, water activity and

headspace oxygen content. However, this influence was not observed in the sensory

evaluation as the product had similar changes in appearance, aroma, flavor and overall

quality, regardless packaging material, after 240 days storage. Consequently,

considering a shelf life of 240 days, a packaging of PETmet/LDPE or BOPPmet/BOPP

with TPO2 from 0.5 to 35 ml (STP) .m-2.day-1 under the conditions of 23 ºC, 1 atm partial

pressure of oxygen, and with WVTR from 0.5 to 1.0 g water.m-2.day-1 at 38 ºC / 90%

RH could be used, being also lower cost materials compared to PET/Al/LDPE.

Key-words: Psidium guajava, nectar; packaging, shelf life.

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4.3.1. INTRODUÇÃO

Inúmeros estudos epidemiológicos e nutricionais relacionam a diminuição

da incidência de doenças degenerativas a hábitos saudáveis, como o alto consumo

de vegetais, incluindo as frutas, o quem têm influenciado na alimentação da população

levando a um maior consumo de sucos de frutas em detrimento de bebidas

carbonatadas e refrescos (OSORIO, FORERO, CARRIAZO, 2011; SUN-

WATERHOUSE, 2011).

A goiaba é reconhecida pelo seu alto valor nutricional, apresentando-se

como uma excelente fonte de vitaminas e minerais essenciais, além de antioxidantes

naturais tais como os polifenóis e carotenóides (GUTIÉRREZ, MITCHELL, SOLIS,

2008; ALOTHMAN et al., 2009; ANTALA et al., 2015). No entanto, é uma fruta

climatérica, altamente perecível, que apresenta metabolismo intenso, de forma que,

na temperatura ambiente completa o seu processo de amadurecimento em poucos

dias após a colheita (WU, WU, WEI, 2005; ANTALA et al., 2015).

A desidratação de frutas e a formulação de sucos ou néctares a partir desta

matéria prima é uma alternativa do ponto de vista tecnológico, para a obtenção de um

produto que não requer refrigeração e que também pode satisfazer os consumidores

que buscam conveniência aliada à saúde.

Produtos desidratados necessitam principalmente de proteção ao ganho de

umidade, presença de oxigênio e luz. Esses fatores podem afetar as taxas de

velocidade das reações de deterioração que ocorrem durante a vida útil do alimento

(ROBERTSON, 2013).

A presença de oxigênio pode levar à perda de carotenoides, compostos

fenólicos e componentes responsáveis pelo aroma e sabor do produto, além disso, as

reações de oxidação podem ser catalisadas pela exposição à luz. O ganho de

umidade pode levar à aglomeração do produto, e também ao aumento na velocidade

das reações de oxidação e escurecimento não enzimático, que são menores em

atividades de água entre 0,2 a 0,5 (LABUZA, 1975; ROBERTSON, 2013).

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A escolha correta do material de embalagem é imprescindível para garantir

a adequada barreira ao vapor d’água, ao oxigênio e a luz, evitando a ocorrência de

alterações indesejáveis.

Os materiais plásticos se apresentam como uma importante opção de

embalagem para o acondicionamento destes produtos devido a sua versatilidade e

menor custo, no entanto para se obter as propriedades desejadas é necessária a

combinação de materiais e/ou processos de conversão, o que em muitos casos

também reflete no aumento de custo da embalagem final (FELLOWS, 2000; TUNG,

BRITT, YADA, 2000; KIRWAN, PLANT, STRAWBRIDGE, 2011). Assim, na condução

de estudos de estabilidade é fundamental avaliar o equilíbrio entre a escolha do

material e suas características de barreira para verificar se o investimento com

embalagens que ofereçam maior proteção é justificado com um ganho significativo de

vida útil.

O objetivo deste trabalho foi avaliar a estabilidade de uma mistura em pó

para o preparo de néctar de goiaba acondicionada em três tipos de materiais de

embalagem: polipropileno bi-orientado metalizado laminado com polipropileno bi-

orientado (BOPPmet/BOPP), poli(tereftalato de etileno) metalizado laminado com

polietileno de baixa densidade (PETmet/PEBD) e PET laminado com folha de

alumínio e polietileno de baixa densidade (PET/Al/PEBD), que oferecem três distintos

níveis de proteção quanto ao ganho de umidade e à entrada ao oxigênio.

4.3.2. MATERIAL E MÉTODOS

MATERIAIS DE EMBALAGEM E ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO

As especificações dos filmes de BOPPmet/BOPP, PETmet/PEBD

PET/Al/PEBD, utilizados no acondicionamento da mistura, são apresentados na

Tabela 1. Os sacos foram confeccionados manualmente com dimensões de 12 x 12

cm, utilizando seladora Haramura com solda lisa. Para definir as condições de tempo

e temperatura de selagem de cada material, foi avaliada a integridade das

termossoldagens das embalagens pelo método de solução colorida, descrito por Arndt

(2001).

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Tabela 1. Caracterização dos materiais de embalagem utilizados no

acondicionamento da mistura em pó para o preparo de néctar de goiaba.

Material de embalagem

Espessura (µm) *

TPO2 (mL (CNTP).m-2.dia-1)

**

TPVA (g água.m-2.dia-1)

***

PET/Al/PEBD Total 72

<0,05(1) <0,01(1) Parcial 11/8/48

PETmet/PEBD Total 73

0,56 1,08 Parcial 12/65

BOPPmet/BOPP Total 42

35,42 0,54 Parcial 22/26

*Valores referentes a vinte e cinco, a (**) duas e (***) quatro determinações TPO2 a 23 oC e 1atm de gradiente de pressão parcial de gás permeante (ASTM D 3985-05 (2010)e1) em equipamento OXTRAN, modelo 2/20 (Mocon, Minneapolis, EUA). TPVA a 38 ºC/90 %UR (ASTM F 1249-13) em equipamento PERMATRAN, modelo W3/31 (Mocon, Minneapolis, EUA). (1) – Correspondente ao limite de quantificação do método nas condições analíticas empregadas

PREPARO E ACONDICIONAMENTO DA MISTURA PARA O PREPARO DE

NÉCTAR

A mistura em pó para o preparo de néctar de goiaba foi elaborada com os

ingredientes nas proporções apresentadas na Tabela 2.

Tabela 2. Composição da mistura em pó para o preparo de néctar de goiaba.

Ingrediente Massa

(g) %

% no néctar reconstituído com 200 mL de água

Polpa de goiaba contendo 30% de maltodextrina

(Duas Rodas) 44 76,7 17,1

Sacarose (Guarani) 13,2 23,0 5,1

Ácido cítrico (Doce Aroma) 0,2 0,3 0,1

Água -- -- 77,7

A mistura em pó foi acondicionada manualmente nas embalagens em

porções de 57,4 g equivalente a uma porção individual para dissolução em 200 mL de

água. Dessa forma, o néctar reconstituído apresentou uma concentração de 12% de

goiaba, considerando-se que a polpa de goiaba utilizada foi desidratada por spray

drier e possuía em sua composição final, 70% de polpa de fruta desidratada e 30% de

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maltodextrina. Sendo, assim o produto final reconstituído com água continha 12% de

polpa de fruta desidratada.

ACOMPANHAMENTO DA VIDA ÚTIL

Os produtos embalados foram mantidos em câmara de estocagem a 25±3

°C e 75±5 %UR. Ao longo da estocagem foram avaliados o teor de oxigênio do espaço

livre e a integridade da termossoldagem das embalagens. A mistura em pó

acondicionada nos diferentes materiais foi avaliada quanto ao teor de umidade,

atividade de água (Aa), teor de compostos fenólicos totais e carotenoides totais. O

néctar reconstituído foi avaliado sensorialmente quanto a aceitabilidade global e

intensidade de parâmetros sensoriais.

O teor de oxigênio do espaço livre foi quantificado em cromatógrafo a

gás, modelo 7890 (Agilent Technologies, Wilmington, EUA), operando com detector

de condutividade térmica a 150 °C, coluna (Peneira Molecular 13X) a 50 °C e injetor

a 70 °C, gás de arraste Argônio 99,99%, fluxo de 30 mL.min-1 (SARANTÓPOULOS et

al., 2002).

A integridade da termossoldagem das embalagens foi avaliada de

acordo com método de penetração de solução colorida, descrito por Arndt (2001). A

solução foi aplicada nas áreas de selagem e após sua secagem foi verificada se houve

sua passagem pela área de selagem.

O teor de umidade inicial (% base seca – b.s.) foi determinado por

gravimetria, conforme norma AOAC 934.06 – Loss on drying (moisture) in dried fruits,

utilizando-se estufa à vácuo, modelo VDL53 (WTB BINDER, Tuttlingen, Alemanha), à

temperatura de 70 ºC até peso constante, utilizando balança analítica, modelo AT400

(Mettler Toledo), com resolução de 10-4 g. A atividade de água foi determinada em um

higrômetro baseado em psicrometria Aqualab (Decagon, Pullman, EUA), com

resolução de 0,0001, sob uma temperatura de 25,01,0 C (DECAGON, s.d.).

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75

Para determinação de compostos fenólicos totais, foi realizada a

extração no suco reconstituído. O solvente utilizado e as condições de extração foram

otimizadas a partir do descrito por Morelli e Prado (2012) e Wang et.al, 2008. O extrato

foi obtido através de duas extrações consecutivas utilizando solução de etanol 45%

em ultrassom a 62 ºC por um período de 30 min.

O teor de compostos fenólicos totais no extrato foi determinado por método

espectrofotométrico utilizando reagente Folin-Ciocalteau – F9252 (Sigma-Aldrich),

conforme metodologia descrita por Singleton e Rossi (1965), utilizando as proporções

de reagentes micro adaptadas conforme proposto por Singleton, Orthofer e Lamuela-

Raventós (1999). Os tubos foram mantidos no escuro por 2 h à temperatura de 23 ºC.

A absorbância foi medida em comprimento de onda de 765 nm em espectrofotômetro

UV-Visível – Specord 210 (AnalytikJena, Jena, Alemanha). A curva padrão foi

preparada a partir de solução mãe de ácido gálico G7384 (Sigma-Aldrich).

A quantificação de carotenóides totais foi realizada de acordo com

Carvalho, Collins, Rodriguez-Amaya (1992). Em cerca de 5 g de néctar reconstituído

foram adicionados 50 mL de acetona p.a., e os pigmentos extraídos em desintegrador

tipo turrax por um minuto. O extrato foi transferido para éter de petróleo e a acetona

eliminada por adição de água. Após a transferência dos pigmentos para o éter de

petróleo, a água foi eliminada e o volume ajustado para 25 mL. A concentração de

carotenoides foi determinada utilizando o comprimento de onda de 472 nm e o

coeficiente de absorção de 3450 unidades de absorbância. Os resultados foram

expressos como licopeno.

A análise sensorial, foi realizada com 60 consumidores de sucos ou

néctares, o grupo foi constituído de 12 homens e 48 mulheres, com faixa etária entre

18-25 anos (38%), 26-35 anos (27%), 36-45 anos (13%) e 46-60 anos (22%); e

frequência de consumo de sucos prontos diária (33%), 3 ou mais vezes por semana

(25%), duas vezes por semana (15%), uma vez por semana (7%) e uma vez a cada

quinze dias (17%).

As amostras de néctar já reconstituído foram avaliadas quanto à

aceitabilidade de modo global e em particular da aparência, aroma, sabor e sabor

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76

residual por meio de escala hedônica de nove pontos (9=gostei muitíssimo, 5=não

gostei nem desgostei e 1= desgostei muitíssimo). Em relação à intensidade da cor,

sabor de goiaba, doçura, acidez, amargor e consistência foi utilizada a escala do ideal

de cinco pontos (5=muito mais amargo/ ácido/ doce do que eu gosto, 3=do jeito que

eu gosto e 1=muito menos amargo/ ácido/ doce do que eu gosto). Os provadores

também foram questionados em relação ao produto ser percebido como natural ou

artificial (5= muito natural, 3= nem artificial/ nem natural, 1= muito artificial). Além do

teste de aceitabilidade, foi aplicada a metodologia CATA (Check All That Apply),

traduzido como: “indique as palavras que melhor descrevam o produto” (ARES et al.,

2010). Para o levantamento dos atributos usados no CATA, foi feito o teste de rede.

Ao final, foram feitas 5 afirmações e os provadores foram solicitados a identificar o

nível de concordância com essas afirmações através do uso da escala de LIKERT (1=

discordo totalmente, 3= nem concordo/ nem discordo, 5= concordo totalmente). O

modelo de ficha utilizado é apresentado no Anexo D.

As amostras do néctar reconstituído foram avaliadas em duas sessões de

forma monádica sequencial segundo um delineamento de blocos completos

balanceados e apresentados com códigos de três números aleatórios, servidas à

temperatura de 15 a 18°C em copos plásticos transparentes de 80 mL. Foi oferecida

água mineral natural para uso antes e entre as amostras visando limpar o palato. O

teste foi conduzido em cabines individuais com iluminação de lâmpadas fluorescentes

equipadas com o sistema computadorizado Compusense Five versão 5.4 para coleta

e análise dos dados.

Os dados relativos às amostras dentro do mesmo período foram

submetidos à análise de variância e teste de Tukey para comparação de médias.

Utilizando o programa XLSTAT versão 2015.1.03.15473. Os dados coletados pelo

CATA foram avaliados por análise multivariada.

Para o estudo da vida útil do produto em cada embalagem, foi

determinado se a amostra é significativamente menos aceita ao longo do tempo, ou

seja, o fim da vida útil, com uso da metodologia de ponto de corte que define a

aceitabilidade mínima tolerável de amostras armazenadas de acordo com a Equação

1 (HOUGH et al., 2002).

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77

𝑆 = 𝐹 − 𝑍𝑎√(2.𝑀𝑆𝐸)

𝑛 (Equação 1)

onde: S = aceitabilidade mínima tolerável da amostra armazenada F = aceitabilidade da amostra recém produzida Zα = coordenada unicaudal de curva normal para nível α de significância MSE = quadrado médio do erro derivado da análise de variância dos dados do consumidor n = número de consumidores

4.3.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

ESTABILIDADE DO PRODUTO DURANTE ESTOCAGEM

Não foram detectadas falhas em nenhumas das termossoldagens das

embalagens avaliadas ao longo da estocagem, sendo então consideradas com

fechamento hermético.

Nas Figuras 1 e 2 são apresentados os resultados de ganho de umidade e

atividade de água do produto ao longo da estocagem.

a,b,c Comparação entre os períodos de estocagem para uma mesma amostra: médias seguidas da mesma letra minuscúla não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade (p<0,05). A,B,C Comparação entre as amostras para um mesmo período de estocagem: médias seguidas pela mesma letra maiscúla não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade (p<0,05).

Figura 1. Atividade de água da mistura em pó para o preparo de néctar de goiaba acondicionada em diferentes materiais de embalagem ao longo da estocagem.

g

0,212 e / B

0,186 f / A

0,299 bc / B

0,291 c / AB0,268 d / AB

0,279 bcd / B

0,341 a / B

0,310 b/ B

0,151h

0,247 g / A 0,222 f / A

0,325 e / A

0,354 d / A

0,330 e / A

0,357 c / A

0,399 b / A0,413a / A

c0,166 c / C

0,217 b / A

0,253 a / C0,232 ab/ B

0,169 c/ B

0,171 c / C0,158 c / C 0,173 c / C

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0 30 60 90 120 150 180 210 240

Ati

vid

ad

e d

e Á

gu

a

Tempo de Estocagem a 25 ºC / 75% UR (dias)

BOPP met/BOPP PET met/PEBD PET/Al/PEBD

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78

a,b,c Comparação entre os períodos de estocagem para uma mesma amostra: médias seguidas da mesma letra minuscúla não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade (p<0,05). A,B,C Comparação entre as amostras para um mesmo período de estocagem: médias seguidas pela mesma letra maiscúla não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade (p<0,05).

Figura 2. Teor de umidade da mistura em pó para o preparo de néctar de goiaba

acondicionada em diferentes materiais de embalagem ao longo da estocagem.

Observa-se ao longo da estocagem um aumento na atividade de água

(Figura 1) e na umidade (Figura 2) do produto em PETmet/PEBD, seguido da amostra

em BOPPmet/BOPP, e o produto manteve-se estável na embalagem de

PET/Al/PEBD. Estes resultados são compatíveis com a barreira ao vapor de água

oferecida pelos materiais de embalagem, pois o BOPPmet/BOPP possui uma barreira

ao vapor de água duas vezes superior ao PETmet/PEBD e praticamente não ocorre

permeação de umidade no PET/Al/PEBD sendo a pequena variação nos resultados

de umidade e atividade de água do produto neste material, provavelmente decorrentes

de variações no lote do produto, uma vez que as termossoldagens das embalagens

estavam integras. Além disso, conforme os dados de isoterma da mistura

apresentados por Ito (no prelo, Cap 4.2 deste doc.) o produto não apresenta

alterações até um ganho de umidade de 9,5% (b.s.).

Nas Figuras 3, 4 e 5 são apresentados os resultados de teor oxigênio do

espaço livre das embalagens, carotenoides (expressos como licopeno) e fenólicos

totais (expressos como ácido gálico) do produto ao longo da estocagem.

c2,53bc / A

2,43c / B2,69c / AB

2,71c / B

3,59c / B

3,22c / B

3,97a / AB

3,88ab/ B

2,37f

2,79e / A 2,83e / A

3,19d / A

3,21d / A

4,05c / A

4,32bc / A4,51b / A

5,00a / A

ab

2,63a / A

2,31ab / B2,40ab / B

2,01b/ C

2,48ab/ C2,48ab / C

2,06b / B

2,51a / C

0

1

2

3

4

5

6

0 30 60 90 120 150 180 210 240

Um

ida

de

(%

b.s

.)

Tempo de Estocagem a 25 ºC / 75% UR (dias)

BOPP met/BOPP PET met/PEBD PET/Al/PEBD

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79

a,b,c Comparação entre os períodos de estocagem para uma mesma amostra: médias seguidas da mesma letra minuscúla não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade (p<0,05). A,B,C Comparação entre as amostras para um mesmo período de estocagem: médias seguidas pela mesma letra maiscúla não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade (p<0,05).

Figura 3. Teor de Oxigênio do espaço livre das embalagens das mistura em pó para

o preparo de néctar de goiaba ao longo da estocagem.

Na Figura 3 observa-se a diminuição do oxigênio do espaço livre das

embalagens de PETmet/PEBD e PET/Al/PEBD ao longo da estocagem o que pode

indicar seu consumo em reações de oxidação (ALVES et al., 2007). Na embalagem

de BOPPmet/BOPP o teor de oxigênio manteve-se muito próximo ao ar atmosférico

(21%) ao longo da estocagem, isto devido a TPO2 70 vezes maior que os outros

materiais, assim, o oxigênio consumido nas reações de oxidação pode ser

compensado pelo oxigênio que permeia pelo material, não sendo observada variação

significativa no teor de oxigênio.

a20,7a / A 20,7a / A

20,2a / A20,4a / A

20,5a / A

20,7a / A20,7a / A

20,3a/ A

21,0a

20,6a / A

19,6b / B19,4bc / A

19,9cd / B

19,3bc / B

18,6d / B

17,8e / B

16,4f / C

a

20,3ab / A20,1abc / AB

19,6bc / A

19,0c / B19,3bc/ B

18,7cd / B

18,0d / B

17,6d / B

15

16

17

18

19

20

21

22

23

0 30 60 90 120 150 180 210 240

% O

xig

ên

io

Tempo de Estocagem a 25 ºC / 75% UR (dias)

BOPP met/BOPP PET met/PEBD PET/Al/PEBD

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a,b,c Comparação entre os períodos de estocagem para uma mesma amostra: médias seguidas da mesma letra minuscúla não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade (p<0,05). A,B,C Comparação entre as amostras para um mesmo período de estocagem: médias seguidas pela mesma letra maiscúla não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade (p<0,05).

Figura 4. Teor de Carotenóides Totais (expressos como licopeno) no néctar de

goiaba reconstituído acondicionado em diferentes materiais de embalagem ao longo

da estocagem.

Silva et al. (2010) avaliaram o teor de carotenoides totais em suco de

goiaba acondicionado em garrafas de vidro por enchimento à quente e armazenado

à 28 ºC por 250 dias e não observaram alteração significativa, obtendo resultados

variando entre 1,20 mg.100 mL-1 (0 dias) a 1,06 mg.100 mL-1 (250 dias). Ordóñez-

Santos; Vázquez-Riascos (2010) também observaram que o teor de carotenoides

totais em néctar de goiaba estocado em garrafas de vidro por 240 dias permaneceu

estável variando de 1,35 a 1,39 mg.100 mL-1 ao longo da estocagem. Assim, a

variação observada ao longo da estocagem pode ser decorrente de variações do

produto e da metodologia utilizada na quantificação.

ab

0,66ab / A 0,67ab / A

0,72ab / A

0,42b / C

0,83a / A

0,46d

0,55c / B 0,63b / B

0,73a / A

0,78a / A0,74a / AB

c

0,67ab / A 0,59a / AB

0,75ab / A

o,52 ac / B

0,70b/ B

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

0 30 60 90 120 150 180 210 240

Ca

rote

ides T

ota

is (m

g.1

00

mL

-1)

(ex

pre

ss

o c

om

o L

ico

pen

o)

Tempo de Estocagem a 25 ºC / 75% UR (dias)

BOPP met/BOPP PET met/PEBD PET/Al/PEBD

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81

a,b,c Comparação entre os períodos de estocagem para uma mesma amostra: médias seguidas da mesma letra minuscúla não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade (p<0,05). A,B,C Comparação entre as amostras para um mesmo período de estocagem: médias seguidas pela mesma letra maiscúla não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade (p<0,05).

Figura 5. Teor de fenólicos totais no néctar de goiaba reconstituído acondicionado

em diferentes materiais de embalagem ao longo da estocagem.

Observou-se aos 240 dias de estocagem perda de 21% de compostos

fenólicos totais no produto em BOPPmet/BOPP, de 18% no produto em

PETmet/PEBD e de 13% no produto acondicionado na embalagem de PET/Al/PEBD.

Segundo Silva et al. (2010) o teor de compostos fenólicos totais em suco

de goiaba acondicionado em garrafas de vidro por enchimento à quente e armazenado

à 28 ºC não apresentou alteração significativa ao longo do armazenamento de 250

dias com teores variando entre 110,15 (mg.100 mL–1) aos 0 dias a 94,98 (mg.100 mL–

1) aos 250 dias.

A retenção de compostos fenólicos é resultado da barreira ao oxigênio

oferecida pelo material de embalagem, a embalagem que oferece maior barreira ao

oxigênio (PET/Al/PEBD) apresentou maior retenção de compostos fenólicos enquanto

que o produto acondicionado na estrutura com menor barreira (BOPPmet/BOPP),

apresentou menor retenção. No entanto, mesmo na estrutura de PET/Al/PEBD que

apresentou um resultado de TPO2 abaixo do limite de quantificação do método,

ocorreu a perda de compostos fenólicos indicando que o oxigênio presente na espaço

livre da embalagem é suficiente para levar a reações de oxidação.

a

55,5bc / C

58,4 b / A

55,2 c / B

63,2a / A

51,7 c / C

54,4c / A

57,6b / B

53,6 c/ B

a

59,0bc / B

61,0b / A

56,8df / B56,5df / / B 57,5cd / A

55,5f / A56,9 dc / C

56,1ef / B

68,0a

61,9b / A

56,5bce / A

59,4c / A

56,6ef / B 55,7f / B

56,8def / A

59,3cd / A59,2bcd / A

45

50

55

60

65

70

75

0 30 60 90 120 150 180 210 240

Fe

lic

os T

ota

is (m

g.1

00

mL

-1)

(ex

pre

ss

os

co

mo

ác

ido

gálic

o

Tempo de Estocagem a 25 ºC / 75% UR (dias)

BOPP met/BOPP PET met/PEBD PET/Al/PEBD

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ANÁLISE SENSORIAL

Na Tabela 3 são apresentados os resultados obtidos no teste sensorial do

néctar de goiaba reconstituído cuja mistura em pó foi acondicionada em

PET/Al/PEBD, PETmet/PEBD e BOPPmet/BOPP ao longo do tempo quanto à

aceitabilidade de modo global, e em particular quanto à aparência, aroma, sabor e

sabor residual com uso da escala hedônica (9=gostei muitíssimo, 5=não gostei nem

desgostei e 1= desgostei muitíssimo).

Tabela 3. Aceitabilidade global do néctar de goiaba preparado a partir de misturas em

pó acondicionadas em PET/Al/PEBD, PETmet/PEBD e BOPPmet/BOPP.

Embalagem Atributo Tempo (dias)

S 0 60 150 240

PE

T/A

l/P

EB

D

Aparência 6,4±1,7 a 6,4±1,6 a 6,2±1,7 a 5,4±1,8 b 5,49

Aroma 6,0±1,6 a 6,2±1,5 a 6,2±1,6 a 5,8±1,6 a 5,49

Sabor 5,9±1,7 a 5,9±1,8 a 5,9±1,8 a 5,0±1,9 b 5,33

Sabor residual 5,8±1,5 a 5,6±1,8 a 5,7±1,8 a 5,1±1,9 b 5,26

Modo global 5,8±1,7 a 6,0±1,7 a 5,8±1,8 a 5,0±2,0 b 5,29

PE

Tm

et/P

EB

D Aparência 6,4±1,7 a 5,9±1,7 a 5,9±1,9 a 4,9±1,8 b 5,47

Aroma 6,0±1,6 a 6,0±1,8 a 6,2±1,7 a 5,2±1,7 b 5,46

Sabor 5,9±1,7 a 5,6±1,9 a 5,5±1,9 a 5,0±1,9 b 5,33

Sabor residual 5,8±1,5 a 5,4±1,9 a 5,4±1,9 a 5,3±1,8 a 5,24

Modo global 5,8 ±1,7 a 5,5±1,8 a 5,6±1,8 a 4,9±1,9 b 5,29

BO

PP

me

t/B

OP

P Aparência 6,4±1,7 a 6,2±1,7 a 5,9 ±1,8 a 5,2±1,7 b 5,48

Aroma 6,0±1,6 a 6,2±1,5 a 6,2±1,5 a 5,5±1,9 b 5,48

Sabor 5,9±1,7 a 5,8±1,9 a 5,5±1,8 a 5,1±2,1 b 5,31

Sabor residual 5,8±1,5 a 5,7±1,8 a 5,5±2,0 a 5,1±1,9 b 5,24

Modo global 5,8±1,7 a 5,7±1,9 a 5,5 ±1,8 a 5,3±1,9 a 5,28

* Resultado expresso como média (desvio-padrão) entre 60 avaliações por amostra.

S: aceitabilidade mínima tolerável da amostra armazenada ao nível de erro de 5%. Para cada atributo (linha),

valores seguidos de letras iguais não diferem estatisticamente do tempo inicial.

Na avaliação sensorial do néctar é possível observar uma diminuição de

sua aceitabilidade ao longo da estocagem, para todos os parâmetros avaliados

(aparência, aroma, sabor, sabor residual e modo global). Os resultados sensoriais de

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cada amostra ao longo da estocagem foram avaliados estatisticamente em relação ao

seu tempo inicial, apresentando diferença de aceitabilidade após 240 dias de

estocagem nos cinco parâmetros avaliados, com exceção do aroma na embalagem

de PET/Al/PEBD, sabor residual na embalagem de PETmet/PEBD e aceitabilidade

global na embalagem de BOPPmet/BOPP.

Os resultados sensoriais também foram avaliados estatisticamente

comparando as amostras acondicionadas em PET/Al/PEBD, PETmet/PEBD e

BOPPmet/BOPP entre si para cada uma das épocas de estocagem 60, 150 e 240

dias (Anexo E), e não apresentaram diferença significativa em relação aos atributos

aceitabilidade de modo global, aparência, aroma, sabor e sabor residual.

Teste de intensidade

Na Figura 6 são apresentados os resultados do néctar de goiaba obtidos

na avaliação das amostras acondicionadas em PET/Al/PEBD, PETmet/PEBD e

BOPPmet/BOPP ao longo do tempo quanto à intensidade da cor, do sabor de goiaba,

do doçura, da acidez, do amargor e da consistência com uso da escala do ideal

((5=muito mais amargo/ ácido/ doce do que eu gosto, 3=do jeito que eu gosto e

1=muito menos amargo/ ácido/ doce do que eu gosto) bem como, da naturalidade do

sabor com uso de uma escala de intensidade (5= muito natural, 3= nem artificial/ nem

natural, 1= muito artificial), as tabelas contendo os resultados e a análise estatística

dos dados está apresentada no Anexo E.

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Figura 6. Intensidade das características sensoriais do néctar preparado a partir de

misturas em pó acondicionadas em PET/Al/PEBD, PETmet/PEBD e

BOPPmet/BOPP (a) intensidade de cor; (b) intensidade de sabor de goiaba.

31,7

28,3

23,3

31,7

33,3

35

26,7

45

60

60

48,3

51,7

55

46,7

45

41,7

48,3

28,3

15

20

20

20

21,7

21,7

21,7

23,3

25

26,7

25

20

PET/Al/PEBD

PET met/PEBD

BOPPmet/BOPP

PET/Al/PEBD

PET met/PEBD

BOPPmet/BOPP

PET/Al/PEBD

PET met/PEBD

BOPPmet/BOPP

0 d

ias

60 d

ias

150

dia

s24

0 d

ias

(a) Teste de Intensidade - Cor

Mais clara que o ideal Ideal Mais escura que o ideal

48,3

43,3

41,7

50

40

51,7

48,3

55

58,3

60

43,3

50

48,3

40

51,7

36,7

45

35

30

31,7

8,3

6,7

10

10

8,3

11,7

6,7

10

11,7

8,3

PET/Al/PEBD

PET met/PEBD

BOPPmet/BOPP

PET/Al/PEBD

PET met/PEBD

BOPPmet/BOPP

PET/Al/PEBD

PET met/PEBD

BOPPmet/BOPP

0 d

ias

60 d

ias

150

dia

s24

0 d

ias

(b) Teste de Intensidade - Sabor de goiaba

Sabor menos intenso que o ideal Sabor ideal Sabor mais intenso que o ideal

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Figura 6. Continuação: (c) intensidade de sabor de goiaba natural; (d) intensidade

de doçura; (e) intensidade da acidez.

43,3

43,3

40

41,7

33,3

53,3

35

46,7

58,3

45

18,3

21,7

31,7

20

28,3

20

33,3

30

16,7

18,3

38,3

35

28,3

38,3

38,3

26,7

31,7

23,3

25

36,7

PET/Al/PEBD

PET met/PEBD

BOPPmet/BOPP

PET/Al/PEBD

PET met/PEBD

BOPPmet/BOPP

PET/Al/PEBD

PET met/PEBD

BOPPmet/BOPP

0 d

ias

60 d

ias

150

dia

s24

0 d

ias

(c) Teste de Intensidade - Sabor de goiaba natural

Sabor artificial Sabor nem artificial/nem nautral Sabor natural

11,7

16,7

23,3

10

20

15

26,7

25

20

20

70

61,7

58,3

68,3

61,7

60

51,7

60

53,3

55

18,3

21,7

18,3

21,7

18,3

25

21,7

15

26,7

25

PET/Al/PEBD

PET met/PEBD

BOPPmet/BOPP

PET/Al/PEBD

PET met/PEBD

BOPPmet/BOPP

PET/Al/PEBD

PET met/PEBD

BOPPmet/BOPP

0 d

ias

60 d

ias

150

dia

s24

0 d

ias

(d) Teste de Intensidade - Doçura

Menos doce que o ideal Ideal Mais doce que ideal

15

8,3

11,7

13,3

15

20

10

13,3

18,3

11,7

71,7

66,7

68,3

68,3

63,3

58,3

61,7

58,3

61,7

68,3

13,3

25

20

18,3

21,7

21,7

28,3

28,3

20

20

PET/Al/PEBD

PET met/PEBD

BOPPmet/BOPP

PET/Al/PEBD

PET met/PEBD

BOPPmet/BOPP

PET/Al/PEBD

PET met/PEBD

BOPPmet/BOPP

0 d

ias

60 d

ias

150

dia

s24

0 d

ias

(e) Teste de Intensidade - Acidez

Menos ácido que o ideal Ideal Mais ácido que o ideal

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Figura 6. Continuação: (f) intensidade do amargor; (g) intensidade da consistência.

Quanto à intensidade das características avaliadas com uso da escala do

ideal, no tempo inicial, 43% dos consumidores julgaram o produto com sabor de

goiaba ideal, 18,3% nem artificial/nem natural e 38,3% natural, 70% julgaram o doçura

como ideal e 83,3% com amargor ideal e 48,3% consideraram a consistência ideal e

48,3% consideraram o produto mais consistente que o ideal.

Algumas modificações quanto à percepção das intensidades de algumas

das características avaliadas com uso da escala do ideal mudaram ao longo do tempo,

como para a cor, doçura, acidez e amargor, bem como para a avaliação se o produto

é natural ou artificial. Para a embalagem PET/Al/PEBD, a amostra após 240 dias de

estocagem foi considerada de forma significativamente diferente do que no início da

0

1,7

3,3

1,7

3,3

5

0

1,7

3,3

0

83,3

73,3

68,3

73,3

75

71,7

70

68,3

63,3

71,7

16,7

25

28,3

25

21,7

23,3

30

30

33,3

28,3

PET/Al/PEBD

PET met/PEBD

BOPPmet/BOPP

PET/Al/PEBD

PET met/PEBD

BOPPmet/BOPP

PET/Al/PEBD

PET met/PEBD

BOPPmet/BOPP

0 d

ias

60 d

ias

150

dia

s24

0 d

ias

(f) Teste de Intensidade - Amargor

Menos amargo que o ideal Ideal Mais amargo que o ideal

3,3

1,7

6,7

5

8,3

8,3

6,7

10

6,7

6,7

48,3

63,3

45

51,7

50

48,3

51,7

45

43,3

48,3

48,3

35

48,3

43,3

41,7

43,3

41,7

45

50

45

PET/Al/PEBD

PET met/PEBD

BOPPmet/BOPP

PET/Al/PEBD

PET met/PEBD

BOPPmet/BOPP

PET/Al/PEBD

PET met/PEBD

BOPPmet/BOPP

0 d

ias

60 d

ias

150

dia

s24

0 d

ias

(g) Teste de Intensidade - Consistência

Menos consistente que o ideal Ideal Mais consistente que o ideal

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avaliação quanto à cor mais clara, o gosto mais ácido e mais amargo do que o ideal e

o sabor menos natural. Para a embalagem PETmet/PEBD, a amostra após 240 dias

de estocagem foi considerada de forma significativamente diferente do que no início

da avaliação quanto à cor mais clara, o gosto doce e desde o 60 dias estocagem o

gosto amargo da amostra foi considerado significativamente diferente do tempo inicial

e mais intenso do que o ideal. Para a embalagem BOPPmet/BOPP a amostra após

150 dias de estocagem foi considerada de forma significativamente diferente do que

no início da avaliação quanto ao gosto doce e a acidez, e após 240 dias, quanto à cor,

sendo considerada mais clara.

Na avaliação das amostras utilizando escala do ideal a alteração mais

significativa observada pelos provadores foi a cor do produto. Na avaliação inicial

31,7 % dos provadores consideraram as amostras mais claras que o ideal, aos

240 dias de estocagem 45 % dos provadores consideraram que a amostra

acondicionada no PET/Al/PEBD estava mais clara que o ideal e 60 % dos

provadores avaliaram que a amostras acondicionadas no PETmet/PEBD e

BOPPmet/BOPP estavam mais claras que o ideal.

Os resultados de análise sensorial das amostras também refletem a

barreira ao oxigênio oferecida pelo material de embalagem e consequente menor

oxidação do produto, o néctar preparado a partir da mistura acondicionada em

PET/Al/PEBD apresentou menor alteração de cor que os produtos acondicionados

no PETmet/PEBD e BOPPmet/BOPP. O que também pode ser verificado pelos

resultados de teor de oxigênio do espaço livre das embalagens apresentado na

Figura 3.

Teste de CATA (Check All That Apply)

O resultado da avaliação feita pelo método CATA é apresentado por

meio da análise de correspondência (Figura 6).

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Figura 6. Gráfico de Análise de Correspondência (CA) dos dados levantados pela

metodologia CATA.

As duas primeiras dimensões explicaram 71,6% da variação no conjunto

de dados. No tempo inicial, por mais de 40% dos consumidores, a amostra foi

considerada espessa/consistente tanto na aparência quanto na boca, com odor e

sabor característico da fruta goiaba.

Para a amostra acondicionada em PET/Al/PE, as características da

amostra avaliada no tempo inicial se mantiveram, sendo que houve um número

menor de citações quanto ao aroma e sabor característico de goiaba na avaliação

com 240 dias de 33 e 38%, respectivamente. As características que foram citadas

por mais de 40% dos consumidores ao longo do período de estudo para a amostra

acondicionada em PET/Al/PE foram aroma e gosto doce com 60 dias e sabor

artificial com 240 dias.

Para a amostra acondicionada em PETmet/PE, as características da

amostra avaliada no tempo inicial se mantiveram, sendo que houve um número

menor de citações quanto ao aroma e sabor característico de goiaba na avaliação

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com 240 dias de 27 e 28%, respectivamente, e o aroma foi considerado

característico de goiaba, mas fraco, por 40% dos consumidores com 240 dias. As

características que foram citadas por mais de 40% dos consumidores ao longo do

período de estudo para a amostra acondicionada em PETmet/PE foram aroma e

gosto doce com 60 dias, cor de suco de goiaba clara/fraca e gosto doce com 150

dias e cor de suco de goiaba clara/fraca, cor pálida/ esbranquiçada e sabor artificial

com 240 dias.

Para a amostra acondicionada em BOPPmet/BOPP, as características

da amostra avaliada no tempo inicial se mantiveram, com exceção do aroma

característico de goiaba, que foi considerado mais fraco com 60 dias, e voltou a ser

considerado com aroma característico da fruta goiaba na avaliação com 150 dias e

foi mencionado por 30 e 37% dos consumidores como aroma característico da fruta

goiaba e fraco, respectivamente, na avaliação com 240 dias. As características que

foram citadas por mais de 40% dos consumidores ao longo do período de estudo

para a amostra acondicionada em BOPPmet/BOPP foram sabor doce com 60 dias,

aroma doce com 150 dias e aparência desagradável, cor pálida/esbranquiçada, cor

de suco de goiaba clara/fraca.

Com uso da análise do CATA, foi possível verificar que os aspectos citados

com maior frequência ao longo do tempo relacionados redução na aceitação referem-

se à mudança de cor, diminuição do sabor de goiaba, aumento do amargor e acidez

e percepção maior do sabor artificial.

4.3.4. CONCLUSÃO

Os resultados obtidos na avaliação da estabilidade da mistura em pó para

o preparo de néctar de goiaba, com 12% concentração de goiaba após a

reconstituição, demonstram que :

A barreira ao oxigênio e ao vapor d’água oferecida pelos materiais de

embalagem influenciaram no ganho de umidade, atividade de água e teor de oxigênio

do espaço livre. No entanto, não foi possível observar a influência dos diferentes níveis

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90

de proteção das embalagens nas análises sensoriais do produto após seu preparo,

uma vez que, nas três embalagens houve uma perda semelhante de aceitabilidade

global.

Para uma vida útil de até 240 dias é possivel utilizar embalagens de

PETmet/PEBD ou BOPPmet/BOPP (TPO2 de 0,5 a 35 mL (CNTP).m-2.dia-1 a 23 °C, a

seco e 1 atm de gradiente de pressão parcial de oxigênio e TPVA entre de 0,5 a 1,0 g

água.m-2.dia-1, a 38 ºC/90 %UR), que são materiais com menor custo quando

comparado ao PET/Al/PEBD.

A principal causa da perda de qualidade deste produto está provavelmente

relacionada às reações de oxidação, portanto a quantidade de oxigênio disponível no

espaço livre da embalagem é suficiente para levar a estas reações, ocasionando

assim alterações sensoriais.

Para possibilitar que o investimento em um material de embalagem com

alta barreira, como um laminado com folha de alumínio, reflita em uma menor

alteração do produto e consequentemente maior vida útil, é necessário investimentos

no seu sistema de acondicionamento para reduzir o teor de oxigênio disponível no

espaço livre da embalagem, como por exemplo o uso de inertização ou aplicação de

vácuo.

4.3.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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95

5. DISCUSSÃO GERAL

Alimentos desidratados contendo ingredientes com diferentes

características de higroscopicidade são mais susceptíveis à alteração pelo ganho de

umidade, devido ao comportamento sinérgico destes ingredientes que causam a

redução da umidade crítica em relação aos seus ingredientes avaliados

individualmente. Além disso, as alterações também podem ser influenciadas pela

concentração dos ingredientes amorfos ou cristalinos.

Na avaliação dos ingredientes utilizados em formulações de bebidas em pó

observou-se, que as isotermas do ácido cítrico, citrato de sódio e da sacarose são

características de materiais cristalinos, enquanto que as polpas de goiaba

desidratadas com duas diferentes proporções de maltodextrina apresentaram

comportamento típico de sólidos amorfos, com ganho de umidade vinculada ao

aumento da umidade relativa, sendo fisicamente estáveis até atingirem sua umidade

crítica.

Tanto nos formulados com antiumectante quanto nos formulados sem

adição de antiumectante, as alterações se iniciaram nos mesmos níveis de umidade

relativa de equilíbrio, indicando que a adição de apenas 1% de fosfato tricálcico não

foi suficiente para proteger o produto do ganho de umidade. No refresco em pó, que

contem uma maior quantidade de ingredientes cristalinos que amorfos, foi possível

visualizar a ocorrência da deliquescência dos ingredientes.

Nos produtos formulados, o início das alterações ocorreu em uma umidade

relativa inferior à umidade relativa crítica dos ingredientes avaliados individualmente,

reforçando que o comportamento sinérgico dos ingredientes pode levar a diminuição

da umidade crítica de produtos compostos por misturas de ingredientes. O que reforça

a necessidade da avaliação deste tipo de produto, independente do conhecimento

prévio das características de cada ingrediente.

Nos testes de desenvolvimento da mistura em pó para o preparo de néctar

de goiaba, a formulação que apresentou maior aceitação sensorial foi a elaborada a

partir da polpa desidratada com 70% de goiaba. Quando reconstituída, essa mistura

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96

apresentava 12% de goiaba desidratada, 5,1% de maltodextrina, 5,1% de sacarose e

0,1% de ácido cítrico após sua reconstituição. No teste de aceitação sensorial esta

mistura apresentou uma soma de respostas positivas entre “6-Gostei

moderadamente” e “9-Gostei extremamente” de 67% em relação à aparência, 81%

para sabor, 78% para doçura e 81% para impressão global. Em relação à rejeição,

esta amostra apresentou soma de 22% para aparência, 12% para sabor, 12% para

doçura e 13% para impressão global. Em relação à intenção de compra a formulação

apresentou 63% de intenção de compra positiva, sendo 20% de “certamente

compraria” e 43% de “provavelmente compraria”, e 17% de intenção de compra

negativa, sendo 12% de “provavelmente compraria” e 5% de “certamente não

compraria”.

Na estimativa por modelos matemáticos para determinar a taxa de

permeabilidade ao vapor d’água requerida pelo material de embalagem para proteger

o produto ao longo de uma estocagem de 6 ou 12 meses verificou-se que o produto

não requer embalagens que ofereçam alta barreira à umidade, sendo possível o uso

de embalagens a base de polietileno de baixa ou de alta densidade, que oferecem

média barreira à umidade. No entanto, estes materiais apresentam baixa barreira ao

oxigênio, assim para minimizar uma possível oxidação dos compostos responsáveis

pelo aroma e sabor, além de compostos bioativos como carotenoides e compostos

fenólicos, sugere-se a utilização de filmes laminados com PET metalizado ou BOPP

metalizado, que oferecem barreira a luz e ao oxigênio.

No estudo de estabilidade da mistura em pó para o preparo de néctar de

goiaba a 25 ºC/75% UR, acondicionada em três alternativas de materiais de

embalagem: BOPPmet/BOPP, PETmet/PEBD e PET/Al/PEBD, os resultados quanto

ao teor de oxigênio do espaço livre, atividade de água, umidade e teor de compostos

fenólicos totais foram coerentes com as barreiras ao oxigênio e a umidade oferecidas

pelos materiais de embalagem, durante os 240 dias de estocagem.

Em relação à avaliação sensorial do produto reconstituído (néctar) a

diminuição da aceitabilidade foi significativa somente após 240 dias de estocagem

para os três materiais de embalagem, na avaliação das características do néctar

utilizando escala do ideal as principais alterações percebidas foram quanto à perda

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97

de cor e diminuição na intensidade do sabor de goiaba, indicando ocorrência de

oxidação de compostos.

Com uso da análise do CATA, também foi possível verificar que os

aspectos citados com maior frequência ao longo do tempo relacionados ao

envelhecimento do produto estão vinculados à mudança de cor, diminuição do sabor

de goiaba, aumento do amargor e acidez e percepção maior do sabor artificial.

A avaliação sensorial demonstrou que a perda de compostos por oxidação

é um fator importante e que define a vida útil da mistura, que pode ser acelerada pelo

aumento da atividade de água, sendo necessário para este tipo de produto

embalagens que ofereçam barreira ao oxigênio e ao vapor d’água.

Para uma vida útil de até 240 dias é possivel utilizar embalagens de

PETmet/PEBD ou BOPPmet/BOPP, que são materiais com menor custo quando

comparado ao PET/Al/PEBD. Para que a barreira oferecida por materiais de

embalagem como o PET/Al/PEBD que apresentam maior custo reflitam em um

aumento na vida útil é necessário o uso de métodos de acondicionamento que

possibilitem a redução do teor de oxigênio do espaço livre, como inertização, vácuo

ou uso de absorvedor de oxigênio.

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6. CONCLUSÃO GERAL

Os resultados obtidos na avaliação da estabilidade da mistura em pó para

o preparo de néctar de goiaba, acondicionada em três materiais de embalagem

PETmet/PEBD ou BOPPmet/BOPP, PET/Al/PEBD demonstraram que a principal

causa da perda de qualidade deste produto está relacionada à reações de oxidação

levando a perda de suas características sensoriais. Neste caso, a quantidade de

oxigênio disponível no espaço livre da embalagem pode ser suficiente para levar à

estas reações, e por este motivo não foi possível perceber a influência da barreira

oferecida pelo material de embalagem na vida útil do produto. Dessa forma a

estimativa por modelagem matemática utilizando a isoterma de sorção não é uma

ferramenta adequada para este tipo de produto.

Para uma vida útil de até 240 dias a 25ºC/ 75%UR, é possivel utilizar

embalagens de PETmet/PEBD ou BOPPmet/BOPP ou outros materiais que ofereçam

as seguintes taxas de permeabilidade TPO2 de 0,5 a 35 mL (CNTP).m-2.dia-1 a 23 °C,

a seco e 1 atm de gradiente de pressão parcial de oxigênio e TPVA entre de 0,5 a 1,0

g água.m-2.dia-1, a 38 ºC/90 %UR.

Para compensar que o investimento em um material de embalagem com

alta barreira ao oxigênio resulte em uma menor alteração do produto e

consequentemente maior vida de prateleira, é necessário, além da embalagem o uso

de sistemas de acondicionamento que possibilitem a redução do teor de oxigênio do

espaço livre, como inertização, vácuo ou uso de absorvedor de oxigênio.

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99

7. SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS

Avaliação de misturas em pó formuladas com outros tipos de frutas,

principalmente frutas nativas.

Avaliação da possibilidade de inserção de ingredientes funcionais tais como

fibras solúveis, ou ingredientes para consumidores específicos como o

colágeno ou whey protein.

Avaliação do produto acondicionado em embalagem inertizada ou à vácuo com

o objetivo de prolongar sua vida útil.

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9. ANEXOS

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ANEXO A. Aprovação do protocolo de pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa

da Faculdade de Ciências Medicas da Universidade Estadual de Campinas

(Unicamp).

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ANEXO A. Continuação

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ANEXO A. Continuação

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ANEXO B. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

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ANEXO C. Ficha Análise Sensorial – Teste de Aceitação

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ANEXO D. Ficha Análise Sensorial – Avaliação ao longo da vida útil

Você está recebendo a amostra , por favor, prove o produto e responda as perguntas abaixo:

1. O quanto você gostou ou desgostou da APARÊNCIA deste suco? Desgostei

muitíssimo Desgostei

muito Desgostei

Desgostei Um pouco

Nem gostei, Nem desgostei

Gostei Um pouco

Gostei Gostei muito

Gostei Muitíssimo

2. Em relação a INTENSIDADE DA COR deste suco, você diria que:

Está muito mais clara do que eu gosto

Está mais clara do que eu gosto

Está do jeito que eu gosto

Está mais escura do que eu gosto

Está muito mais escura do que eu gosto

3. O quanto você gostou ou desgostou do AROMA deste suco?

Desgostei muitíssimo

Desgostei muito

Desgostei Desgostei Um pouco

Nem gostei, Nem desgostei

Gostei Um pouco

Gostei Gostei muito

Gostei Muitíssimo

4. O quanto você gostou ou desgostou do SABOR deste suco?

Desgostei muitíssimo

Desgostei muito

Desgostei Desgostei Um pouco

Nem gostei, Nem desgostei

Gostei Um pouco

Gostei Gostei muito

Gostei Muitíssimo

5. Em relação a INTENSIDADE DO SABOR DE GOIABA deste suco, você diria que:

Está muito mais fraco do que eu gosto

Está mais fraco do que eu gosto

Está do jeito que eu gosto

Está mais forte do que eu gosto

Está muito mais forte do que eu gosto

6. Em relação ao SABOR DE GOIABA NATURAL deste suco, você diria que:

Muito artificial Um pouco artificial Nem artificial/ nem natural

Um pouco natural Muito natural

7. Em relação ao DULÇOR (QUANTIDADE DE AÇÚCAR) deste suco, você diria que:

Está muito menos doce que eu gosto

Está menos doce do que eu gosto

Está do jeito que eu gosto

Está mais doce do que eu gosto

Está muito mais doce do que eu gosto

8. Em relação a ACIDEZ deste suco, você diria que:

Está muito menos ácido que eu gosto

Está menos ácido do que eu gosto

Está do jeito que eu gosto

Está mais ácido do que eu gosto

Está muito mais ácido do que eu gosto

9. Em relação ao AMARGOR deste suco, você diria que:

Está muito menos amargo que eu gosto

Está menos amargo do que eu gosto

Está do jeito que eu gosto

Está mais amargo do que eu gosto

Está muito mais amargo do que eu gosto

10. Em relação a CONSISTÊNCIA deste suco, você diria que: Está muito menos

consistente que eu gosto

Está menos consistente do que eu gosto

Está do jeito que eu gosto

Está mais consistente do que eu gosto

Está muito mais consistente do que

eu gosto

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ANEXO D. Continuação

11. O quanto você gostou ou desgostou do SABOR QUE FICOU NA BOCA deste suco? Desgostei

muitíssimo Desgostei

muito Desgostei

Desgostei Um pouco

Nem gostei, Nem desgostei

Gostei Um pouco

Gostei Gostei muito

Gostei Muitíssimo

12. O quanto você gostou ou desgostou deste suco de MANEIRA GERAL? Desgostei

muitíssimo Desgostei

muito Desgostei

Desgostei Um pouco

Nem gostei, Nem desgostei

Gostei Um pouco

Gostei Gostei muito

Gostei Muitíssimo

13. Por favor, assinale as características que estão presentes nesta amostra - Quanto à aparência

Espesso/ consistente/ viscoso

Cor viva/ brilhante

Aparência atraente

Cor escura/ forte

Cor característica de suco de goiaba

Cor pálida Esbranquiçado Produto fresco Cor clara/ fraca Aparência estranha

Aguado Produto velho Mais concentrado

Homogêneo Boa consistência

Com pontos escuros Aparência desagradável

Amarronzada Com filamentos

- Quanto ao aroma

característico da fruta goiaba doce muito doce fruta goiaba fraco estranho

erva aromática agradável desagradável excelente fruta cozida

produto velho Pouco característico da fruta goiaba

- Quanto ao sabor

Sabor da fruta goiaba

Ácida na medida

Doce na medida Estranho que lembra plástico

De produto velho/ vencido

Natural Artificial Muito doce Pouco doce Muito ácida

Pouco ácida Sabor de suco de goiaba muito fraco

Não lembra sabor de goiaba

aguada Amarga

Lembra sabor de xarope

agradável desagradável Sabor de goiabada “goiaba cozida”

Residual estranho

Estranho que lembra metal

- Quanto à textura

Muito espesso /Encorpado/ viscoso

Sensação de adesividade/ flui menos ao engolir / gomosa

Fluido / rápido ao engolir

Liquido Espesso /Encorpado/ viscoso na medida certa/ agradável

Arenosidade na boca

Sensação aveludada/ suave

Adstringente Sensação estranha/ desagradável na boca

Aguado

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ANEXO E. Resultados de avaliação sensorial do néctar de goiaba - capítulo 4.3

Avaliação de estabilidade de mistura em pó para o preparo de néctar de goiaba.

Tabela E.1. Aceitabilidade global das três amostras aos 60 dias de estocagem.

Amostras PET/Al/PE PETmet/PE BOPPmet/BOPP D.M.S.

Aparência 6,4 (1,6) a 5,9 (1,7) a 6,2 (1,7) a 0,71

Aroma 6,2 (1,5) a 6,0 (1,8) a 6,2 (1,5) a 0,70

Sabor 5,9 (1,8) a 5,6 (1,9) a 5,8 (1,9) a 0,81

Sabor que ficou na boca 5,6 (1,8) a 5,4 (1,9) a 5,7 (1,8) a 0,79

Maneira geral 6,0 (1,7) a 5,5 (1,8) a 5,7 (1,9) a 0,78

* Resultado expresso como média (desvio-padrão) entre 60 avaliações por amostra. D.M.S.: Diferença mínima significativa ao nível de erro de 5% (Teste de Tukey). Para cada atributo (linha), valores seguidos de letras iguais não diferem estatisticamente entre si ao nível de erro de 5%.

Tabela E.2. Aceitabilidade global das três amostras aos 150 dias de estocagem.

Amostras PET/Al/PE PETmet/PE BOPPmet/BOPP D.M.S.

Aparência 6,2 (1,7) a 5,9 (1,9) a 5,9 (1,8) a 0,76

Aroma 6,2 (1,6) a 6,2 (1,7) a 6,2 (1,5) a 0,68

Sabor 5,9 (1,8) a 5,5 (1,9) a 5,5 (1,8) a 0,80

Sabor que ficou na boca 5,7 (1,8) a 5,4 (1,9) a 5,5 (2,0) a 0,82

Maneira geral 5,8 (1,8) a 5,6 (1,8) a 5,5 (1,8) a 0,79

* Resultado expresso como média (desvio-padrão) entre 60 avaliações por amostra. D.M.S.: Diferença mínima significativa ao nível de erro de 5% (Teste de Tukey). Para cada atributo (linha), valores seguidos de letras iguais não diferem estatisticamente entre si ao nível de erro de 5%.

Tabela E.3. Aceitabilidade global das três amostras aos 240 dias de estocagem.

Amostras PET/Al/PE PETmet/PE BOPPmet/BOPP D.M.S.

Aparência 5,4 (1,8) a 4,9 (1,8) a 5,2 (1,7) a 0,76

Aroma 5,8 (1,6) a 5,2 (1,7) a 5,5 (1,9) a 0,75

Sabor 5,0 (1,9) a 5,0 (1,9) a 5,1 (2,1) a 0,85

Sabor que ficou na boca 5,1 (1,9) a 5,3 (1,8) a 5,1 (1,9) a 0,81

Maneira geral 5,0 (2,0) a 4,9 (1,9) a 5,30 (1,9) a 0,83

* Resultado expresso como média (desvio-padrão) entre 60 avaliações por amostra. D.M.S.: Diferença mínima significativa ao nível de erro de 5% (Teste de Tukey). Para cada atributo (linha), valores seguidos de letras iguais não diferem estatisticamente entre si ao nível de erro de 5%.

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116

ANEXO E. Continuação

Tabela E.4. Resultados de avaliação de aceitabilidade das amostras acondicionadas

em PET/Al/PEBD.

Tempo (dias)

0 60 150 240

Cor

Mais clara (%) 31,7 28,3 33,3 45,0

Ideal (%) 48,3 51,7 45,0 28,3

Mais escura (%) 20,0 20,0 21,7 26,7

Qui-quadrado 0,862 0,892 0,014 *

Sabor de goiaba

Menos intenso (%) 48,3 43,3 40,0 55,0

Ideal (%) 43,3 50,0 51,7 35,0

Mais intenso (%) 8,3 6,7 8,3 10,0

Qui-quadrado 0,627 0,468 0,480

Sabor natural de goiaba

Artificial (%) 43,3 43,3 33,3 46,7

Nem artificial/nem natural (%) 18,3 21,7 28,3 30,0

Natural (%) 38,3 35,0 38,3 23,3

Qui-quadrado 0,807 0,178 0,037 *

Doçura

Menos doce (%) 11,7 16,7 20,0 25,0

Ideal (%) 70,0 61,7 61,7 60,0

Mais doce (%) 18,3 21,7 18,3 15,0

Qui-quadrado 0,430 0,257 0,051

Acidez

Menos ácido (%) 15,0 8,3 15,0 13,3

Ideal (%) 71,7 66,7 63,3 58,3

Mais ácido (%) 13,3 25,0 21,7 28,3

Qui-quadrado 0,060 0,287 0,032 *

Amargor

Menos amargo (%) 0,0 1,7 3,3 1,7

Ideal (%) 83,3 73,3 75,0 68,3

Mais amargo (%) 16,7 25,0 21,7 30,0

Qui-quadrado 0,137 0,109 0,031 *

Consistência

Menos consistente (%) 3,3 1,7 8,3 10,0

Ideal (%) 48,3 63,3 50,0 45,0

Mais consistente (%) 48,3 35,0 41,7 45,0

Qui-quadrado 0,095 0,264 0,168 * variáveis independentes segundo o teste de qui-quadrado.

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117

ANEXO E. Continuação

Tabela E.5. Resultados de avaliação de aceitabilidade das amostras acondicionadas

em PETmet/PEBD.

Tempo (dias)

0 60 150 240

Cor

Mais clara (%) 31,7 23,3 35,0 60,0

Ideal (%) 48,3 55,0 41,7 15,0

Mais escura (%) 20,0 21,7 23,3 25,0

Qui-quadrado 0,415 0,632 0,000 *

Sabor de goiaba

Menos intenso (%) 48,3 41,7 51,7 58,3

Ideal (%) 43,3 48,3 36,7 30,0

Mais intenso (%) 8,3 10,0 11,7 11,7

Qui-quadrado 0,632 0,543 0,141

Sabor natural de goiaba

Artificial (%) 43,3 40,0 53,3 58,3

Nem artificial/nem natural (%) 18,3 31,7 20,0 16,7

Natural (%) 38,3 28,3 26,7 25,0

Qui-quadrado 0,075 0,202 0,078

Doçura

Menos doce (%) 11,7 23,3 15,0 20,0

Ideal (%) 70,0 58,3 60,0 53,3

Mais doce (%) 18,3 18,3 25,0 26,7

Qui-quadrado 0,084 0,331 0,050 *

Acidez

Menos ácido (%) 15,0 11,7 20,0 18,3

Ideal (%) 71,7 68,3 58,3 61,7

Mais ácido (%) 13,3 20,0 21,7 20,0

Qui-quadrado 0,401 0,131 0,299

Amargor

Menos amargo (%) 0,0 3,3 5,0 3,3

Ideal (%) 83,3 68,3 71,7 63,3

Mais amargo (%) 16,7 28,3 23,3 33,3

Qui-quadrado 0,020 * 0,030 * 0,003 *

Consistência

Menos consistente (%) 3,3 6,7 8,3 6,7

Ideal (%) 48,3 45,0 48,3 43,3

Mais consistente (%) 48,3 48,3 43,3 50,0

Qui-quadrado 0,541 0,299 0,494 * variáveis independentes segundo o teste de qui-quadrado.

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118

ANEXO E. Continuação

Tabela E.6. Resultados de avaliação de aceitabilidade das amostras acondicionadas

em BOPPmet/BOPP.

Tempo (dias)

0 60 150 240

Cor

Mais clara (%) 31,7 31,7 26,7 60,0

Ideal (%) 48,3 46,7 48,3 20,0

Mais escura (%) 20,0 21,7 25,0 20,0

Qui-quadrado 0,953 0,611 0,000 *

Sabor de goiaba

Menos intenso (%) 48,3 50,0 48,3 60,0

Ideal (%) 43,3 40,0 45,0 31,7

Mais intenso (%) 8,3 10,0 6,7 8,3

Qui-quadrado 0,855 0,897 0,215

Sabor natural de goiaba

Artificial (%) 43,3 41,7 35,0 45,0

Nem artificial/nem natural (%) 18,3 20,0 33,3 18,3

Natural (%) 38,3 38,3 31,7 36,7

Qui-quadrado 0,949 0,053 0,966

Doçura

Menos doce (%) 11,7 10,0 26,7 20,0

Ideal (%) 70,0 68,3 51,7 55,0

Mais doce (%) 18,3 21,7 21,7 25,0

Qui-quadrado 0,808 0,012 * 0,081

Acidez

Menos ácido (%) 15,0 13,3 10,0 11,7

Ideal (%) 71,7 68,3 61,7 68,3

Mais ácido (%) 13,3 18,3 28,3 20,0

Qui-quadrado 0,617 0,028 * 0,401

Amargor

Menos amargo (%) 0,0 1,7 0,0 0,0

Ideal (%) 83,3 73,3 70,0 71,7

Mais amargo (%) 16,7 25,0 30,0 28,3

Qui-quadrado 0,137 0,083 0,142

Consistência

Menos consistente (%) 3,3 5,0 6,7 6,7

Ideal (%) 48,3 51,7 51,7 48,3

Mais consistente (%) 48,3 43,3 41,7 45,0

Qui-quadrado 0,699 0,424 0,541

* variáveis independentes segundo o teste de qui-quadrado.