desenvolvimento de um sistema de monitoramento e localizaÇÃo via...

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE ENGENHARIA CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA DISCIPLINA DE TRABALHO DE INTEGRAÇÃO DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE MONITORAMENTO E LOCALIZAÇÃO VIA SATÉLITE E REDE CELULAR ALUNO: MARCIO RUI CANTOS ORIENTADOR: JÚLIO CÉSAR MARQUES DE LIMA Porto Alegre, junho de 2006.

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL

FACULDADE DE ENGENHARIA

CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

DISCIPLINA DE TRABALHO DE INTEGRAÇÃO

DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE MONITORAMENTO E LOCALIZAÇÃO VIA SATÉLITE

E REDE CELULAR

ALUNO: MARCIO RUI CANTOS ORIENTADOR: JÚLIO CÉSAR MARQUES DE LIMA

Porto Alegre, junho de 2006.

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Dedicatória

Aos meus pais

que na sua simplicidade souberam passar o indispensável para a formação do que sou.

A Ingrid

pelo apoio, incentivo e amor dedicados.

Às irmãs

pela compreensão e paciência neste tempo.

Ao professor Júlio

pelos ensinamentos passados com uma paciência inabalável.

3

Resumo

CANTOS, M.R. – Aluno da PUCRS, Departamento de Engenharia Elétrica, Porto

Alegre, RS.

LIMA, J.C.M, DE – Professor da PUCRS, Departamento de Engenharia Elétrica, Porto

Alegre, RS.

Este trabalho consiste no desenvolvimento do hardware e software de um sistema de

localização via satélite e monitoramento via sistema de comunicação móvel celular. Tem como

objetivo determinar a posição geográfica de veículos equipados com o sistema.

A posição geográfica é obtida por um módulo receptor GPS e comunicada por um

módulo celular através do envio e recebimento de mensagens de texto. Além da posição

geográfica o sistema de monitoramento e localização pode ser integrado ao sistema de controle

do veículo possibilitando o acompanhamento de eventos como abertura de portas, disparo do

sensor de alarme, botões de emergência bem como acionar bloqueadores de ignição, alarme,

trava de portas, etc.

Para o desenvolvimento do sistema foi projetada uma placa controladora com o

microprocessador MSC1211 da Texas Instruments interligado com o módulo receptor GPS da

Globalsat e ao módulo celular C18 da Motorola.

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Sumário

1. Introdução................................................................................................................................8 2. Sistema Móvel Celular ..........................................................................................................10

2.1. Histórico do CDMA......................................................................................................11 2.2. Arquitetura da Rede CDMA .........................................................................................12

2.2.1. Estação Móvel (MS – Móbile Station)..................................................................13 2.2.2. Estação Rádio Base (ERB)....................................................................................13 2.2.3. Controlador de Estação Base (BSC – Base Station Controller)............................13 2.2.4. Central de Comutação e Controle (CCC)..............................................................13 2.2.5. Registro de Assinantes Locais (HLR – Home Location Register .........................14 2.2.6. Resgistro de Assinantes Locais (VLR – Visitor Location Register).....................14

2.3. Aspectos de Transmissão e de Rede .............................................................................14 2.3.1. Freqüências de Operação (MHz)...........................................................................15 2.3.2. Canalização ...........................................................................................................15 2.3.3. Capacidade do CDMA ..........................................................................................16

2.4. Serviços .........................................................................................................................17 2.4.1. Serviços de Transmissão de Dados .......................................................................17

2.5. Módulo Motorola C18...................................................................................................18 2.5.1. Características .......................................................................................................19

3. Sistema de Posicionamento Global .......................................................................................20 3.1. A Origem.......................................................................................................................20 3.2. O que é ..........................................................................................................................22

3.2.1. Segmento Espacial ................................................................................................22 3.2.2. Segmento de Controle ...........................................................................................24 3.2.3. Segmento de Usuário ............................................................................................25

3.3. Serviços .........................................................................................................................26 3.4. Operadores de Sinais .....................................................................................................27

3.4.1. NAVSTAR GPS....................................................................................................27 3.4.2. GLONASS ............................................................................................................27 3.4.3. Galileo ...................................................................................................................29

3.5. Operação........................................................................................................................32 3.5.1. O Posicionamento .................................................................................................32 3.5.2. Tempo Preciso.......................................................................................................35 3.5.3. Mensagens de GPS................................................................................................36 3.5.4. Tempo e Posição ...................................................................................................38 3.5.5. Aquisição de Sinais ...............................................................................................39 3.5.6. Fontes de Imprecisão.............................................................................................40 3.5.7. Mecanismo de Correção........................................................................................44

4. Receptor GPS ........................................................................................................................47 4.1. Receptor Globalsat ET-102...........................................................................................47 4.2. Antena Receptora ..........................................................................................................49 4.3. Integração ......................................................................................................................50 4.4. Protocolo .......................................................................................................................51

5

5. Desenvolvimento de Hardware .............................................................................................52 5.1. Placa de Controle ..........................................................................................................52 5.2. Conversor TTL para RS 232 .........................................................................................54 5.3. Interfaces .......................................................................................................................56 5.4. Circuito de Entrada........................................................................................................56 5.5. Circuito de Saída ...........................................................................................................57 5.6. Alimentação ..................................................................................................................58

6. Software de Controle.............................................................................................................59 7. Conclusão ..............................................................................................................................62 8. Anexos...................................................................................................................................63 9. Referências Bibliográficas ....................................................................................................64

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Lista de Figura

Figura 2.1 – Estrutura de uma Rede CDMA.................................................................................12 Figura 2.2 – Carregamento do Canal RF.......................................................................................16 Figura 2.3 - Modulo C18...............................................................................................................18 Figura 2.4 –Placa Módulo C18 .....................................................................................................19 Figura 3.1 - Foto de Um Satélite da Constelação GPS .................................................................23 Figura 3.2 – Constelação de Satélites do GPS ..............................................................................24 Figura 3.3 – Estações de Controle do GPS ...................................................................................25 Figura 3.4 – Satelite da Constelação GLONASS..........................................................................29 Figura 3.5 – Satélite da Constelação Galileo. ...............................................................................31 Figura 3.6 – Esquema de Trilateração...........................................................................................33 Figura 3.7 – Arranjo do Sistema de Posicionamento ....................................................................34 Figura 3.8 – Diagrama em Blocos do Receptor GPS....................................................................39 Figura 3.9 – Baixa Diluição da Precisão .......................................................................................42 Figura 3.10 – Precisão Prejudicada pela Disposição dos Satélites ...............................................42 Figura 3.11 – Precisão Prejudicada pela Obstrução do Sinal........................................................43 Figura 3.12 – Conceito de GPS Diferencial ..................................................................................45 Figura 4.1 – Receptor GPS Vista Frontal......................................................................................48 Figura 4.2 – Receptor GPS Vista Lateral ......................................................................................49 Figura 4.3 – Foto Modulo Receptor ET-102.................................................................................49 Figura 4.4 – Diagrama da Antena DAM 1575 ..............................................................................50 Figura 4.5 – Foto da Antena DAM 1575 ......................................................................................50 Figura 5.1 – Foto da Placa Controladora.......................................................................................53 Figura 5.2 – Esquemático 1 da Placa Controladora ......................................................................53 Figura 5.3 – Parte 2 Esquemático da Placa Controladora .............................................................54 Figura 5.4 – Esquemático da Placa Conversora............................................................................55 Figura 5.5 – Foto da Placa Conversora .........................................................................................55 Figura 5.6 – Foto da Placa Conversora Montada sobre o GPS .....................................................56 Figura 5.7 – Esquema Circuitos de Entrada..................................................................................57 Figura 5.8 – Esquema Circuitos de Saída .....................................................................................58 Figura 6.1 – Fluxograma do Software de Controle Programa Principal. ......................................60 Figura 6.2 – Fluxograma do Software de Atendimento da Interrupção........................................61

7

Lista de Tabelas

Tabela 2.1– Padrão de Freqüências em uso nos Estados Unidos..................................................15 Tabela 2.2 – Padrão de Freqüências em uso nos Estados Unidos.................................................17 Tabela 3.1 – Fatores de Imprecisão...............................................................................................43 Tabela 4.1 – Descrição de Pinos ...................................................................................................48 Tabela 4.2 – Protocolo NMEA......................................................................................................51

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1. Introdução

A crescente demanda por soluções que otimizem processos e reduzam custos estão

provocando um grande avanço na área de logística, a qual possibilita um melhor aproveitamento

de rotas de coleta e entrega de cargas, minimizando tempo e custo. Também faz-se necessário

melhorar a segurança dessas cargas. Estas demandas abriram espaço para a criação dos sistemas

de localização e monitoramento. Ainda no campo da segurança o crescimento da violência está

levando à solução de rastreamento também para pessoas físicas.

Dentre as tecnologias disponíveis utilizaremos o sistema de posicionamento global (GPS

Global Positioning System) para determinar as coordenadas geográficas e o sistema móvel

celular como interface de comunicação, sendo o conjunto gerenciado por uma placa baseada em

um microcontrolador do tipo MSC1211.

Esse sistema pode ser implementado por exemplo, de forma individual, em um veículo,

com a definição prévia de quais usuários poderão interagir e obter informações do estado do

mesmo, através do cadastramento de celulares. Assim o proprietário tem o controle e

responsabilidade sobre o sistema. Também pode ser montada uma central de supervisão para

acompanhar os diversos dispositivos. Com isso a localização e o monitoramento serão tratados

como serviços.

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2. Sistema Móvel Celular

Na década de 80, começam a ser desenvolvidos os primeiros padrões digitais da chamada

segunda geração. A primeira geração foi responsável pelo padrão analógico. As pesquisas

sinalizavam principalmente três novos padrões: TDMA (Time Division Multiple Acess), CDMA

(Code Division Multiple Acess) e GSM (Global System for Mobile Communication).

Comparando as capacidades dos sistemas de primeira geração com os de segunda obtém-

se as seguintes relações de desempenho:

• CDMA – 8x capacidade do analógico;

• TDMA – 3x capacidade do analógico;

• GSM – 3x capacidade do analógico;

O sistema de telefonia móvel celular surgiu, no Brasil, na década de 90 e se popularizou

após a privatização do sistema Telebrás. Hoje as duas tecnologias que dominam o mercado

brasileiro são o GSM e o CDMA. Considerando esse fato optou-se por utilizar um módulo

celular da Motorola que é fabricado nas duas tecnologias. Se for CDMA recebe a denominação

C18 e se for GSM recebe a denominação G18. A escolha para o desenvolvimento deste projeto

foi a do módulo Motorola C18.

No final dos anos 90, a ANATEL, órgão regulador de telecomunicações no Brasil,

regulamenta a telefonia móvel como SMC (Sérvio Móvel Celular), posteriormente substituído

pelo modelo SMP (Serviço Móvel Pessoal).

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2.1. Histórico do CDMA

É uma tecnologia militar usada pela primeira vez pelos aliados na Segunda Guerra

Mundial para dificultar a interceptação de suas transmissões. Eles decidiram transmitir dados

sobre várias freqüências, ao invés de utilizar uma freqüência única, dificultando assim para os

alemães, capturar o sinal completo. A empresa Qualcomm produziu os chips de comunicação

CDMA e detém os direitos de patente sobre a tecnologia. Por essa razão a implantação de um

sistema de comunicação móvel com tecnologia CDMA torna-se mais cara devido ao pagamento

de royaltes.

O CDMA utiliza espalhamento espectral como meio de acesso para permitir que vários

usuários compartilhem uma mesma banda de freqüência. Permite assim uma melhor utilização

do espectro, possibilitando um aumento de capacidade dos sistemas celulares.

A norma IS-95 da EIA/TIA (Telecommunications Industry Association), nos Estados

Unidos, padronizou os sistemas celulares de segunda geração, conhecidos popularmente como

padrão CDMA, ou CDMAone e que são baseados no IS-95. Essa tecnologia foi desenvolvida em

grande parte pela Qualcomm.

O padrão IS-95, faz uso da técnica de obtenção de acesso ao canal por CDMA (Code

Division Multiple Acess), vindo daí então a analogia direta ao nome. Nesse sentido, o que o

padrão caracteriza é uma estrutura onde cada canal alocado determina um código, na

identificação do usuário e na manutenção de aspectos como privacidade do sistema. O sistema

utiliza uma portadora de 1,25 MHz de banda, que é compartilhada por todos os usuários que

podem transmitir simultaneamente, onde cada conexão é provida de um código particular.

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2.2. Arquitetura da Rede CDMA

O sistema CDMA tem a mesma estrutura básica dos sistemas celulares e oferece as

mesmas funcionalidades básicas associadas à mobilidade como roaming e handoff entre células.

A arquitetura básica de um sistema celular CDMA (IS-95) está representada na figura

2.1.

Figura 2.1 – Estrutura de uma Rede CDMA

A especificação da arquitetura CDMA, não difere muito das outras arquiteturas como

GSM. Em sua base têm-se os mesmos componentes de sistema. A diferença primordial está na

estrutura funcional. Os mecanismos usados por cada padrão para fazer o controle e a

administração da alocação de canais, registros do sistema e demais atividades é que diferenciam

as arquiteturas.

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2.2.1. Estação Móvel (MS – Móbile Station)

É o terminal utilizado pelo assinante. A estação móvel é identificada por um MIN

(Móbile Identification Number). O equipamento dispõe ainda de um número de série eletrônico

(ESN). No sistema CDMA o equipamento móvel está associado ao número telefônico.

2.2.2. Estação Rádio Base (ERB)

Equipamento encarregado da comunicação com as estações móveis em uma determinada

área que constitui uma célula. Essa comunicação ocorre através da interface de rádio, ou

interface aérea.

2.2.3. Controlador de Estação Base (BSC – Base Station Controller)

Controla um grupo de estações rádio base. Em alguns sistemas CDMA as funções do

BSC são implementadas na CCC – central de comutação e controle.

2.2.4. Central de Comutação e Controle (CCC)

É a central responsável pelas funções de comutação e sinalização para as estações móveis

localizadas em uma área geográfica designada como área da CCC.

14

2.2.5. Registro de Assinantes Locais (HLR – Home Location Register

O registro de assinantes locais é a base de dados que contém informações sobre os

assinantes de um sistema celular.

2.2.6. Resgistro de Assinantes Locais (VLR – Visitor Location Register)

É a base de dados que contém informações sobre os assinantes em visita (roaming) a um

sistema celular.

2.3. Aspectos de Transmissão e de Rede

No processo de transmissão pelo método do CDMA a voz é primeiramente codificada,

passa por um expansor que a multiplica por uma seqüência pré-estabelecida e única para cada

estação móvel. O sinal de espectro agora espalhado é modulado em amplitude e transmitido.

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2.3.1. Freqüências de Operação (MHz)

No Brasil o CDMA tem sido utilizado pelas operadoras na faixa de 800 MHz nas Bandas

A e B. Teve também um uso limitado na freqüência de 1,9 GHz para Telefonia Fixa (WLL) uma

vez que essa faixa não está ainda disponível no Brasil para Telefonia Celular.

Nos Estados Unidos o CDMA IS-95 padronizou as seguintes faixas de freqüência:

Tabela 2.1– Padrão de Freqüências em uso nos Estados Unidos

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2.3.2. Canalização

As bandas do CDMA são divididas em canais de RF, onde cada canal consiste de um par

de freqüências (transmissão e recepção) com 1,25 MHz de banda cada.

O CDMA utiliza a técnica de “Spread Spectrum” na qual o sinal de informação é

codificado utilizando-se uma chave de código que provoca o seu espalhamento espectral em uma

banda transformando-o aparentemente em ruído. Os códigos podem ser ortogonais (Walsh) ou

PN (Pseudo-noise). Um bit desse tipo de código é conhecido como chip, e a taxa de bits desse

código, de chip-rate. Esse tipo de espalhamento espectral é denominado espalhamento espectral

por seqüência direta.

16

2.3.3. Capacidade do CDMA

Quanto mais usuários utilizam o canal, maior o ruído, aumentando a interferência para os

canais que utilizam a mesma banda até um limiar quando não é mais possível decodificar os

canais. Essa interferência também é tanto maior quanto maior for a potência individual de cada

canal transmitido naquela banda. Tal comportamento motivou o desenvolvimento de um

sofisticado mecanismo de controle de potência nos terminais e estações rádio base de um sistema

CDMA, cujo controle de potência leva também à expansão e à contração do raio de uma célula

CDMA conforme o seu carregamento com o tráfego.

A setorização de células é usada para reduzir a interferência, uma vez que cada setor

utiliza antenas direcionais e não interfere nos demais setores da célula.

Um dos fatores que contribui para a grande capacidade alcançada pelos sistemas CDMA

foi a possibilidade de reaproveitamento de 1, ou seja, a mesma freqüência de portadora é

reutilizada em todas as células.

A figura 2.2 a seguir traduz uma situação de carregamento de um canal de RF do CDMA.

Figura 2.2 – Carregamento do Canal RF

17

2.4. Serviços

Os sistemas CDMA (IS-95) oferecem, além dos serviços de telefonia (voz), dezenas de

serviços suplementares, tais como identificação do número chamador, chamada em espera, siga-

me e conferência

2.4.1. Serviços de Transmissão de Dados

O Serviço de Mensagens Curtas (SMS) tem suporte do IS-41 para assinantes em

roaming. Os Serviços de Mensagem Multimídia (MMS) que permitem aos assinantes móveis

enviar fotos, vídeos e áudio, assim como o acesso a Internet têm sido os motivadores para a

evolução dos sistemas CDMA no sentido de oferecerem conexões de dados com altas taxas de

transmissão. Essa evolução para serviços de terceira geração com taxas de dados de até 2 Mbit/s

vem sendo padronizada pelo 3rd Generation Partnership Project 2 (3GPP2) e mantém a

compatibilidade com os sistemas IS-95 e sua estrutura de canais de RF de 1,25 MHz.

A tabela 2.2 apresenta os padrões em desenvolvimento.

Tabela 2.2 – Padrão de Freqüências em uso nos Estados Unidos

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O CDMA 1xEV teve sua evolução em duas etapas:

18

O 1xEV-DO (Data Only) onde uma portadora de 1,25 MHZ é dedicada apenas para

dados e, posteriormente para 1xEV-DV (Data and Voice) onde uma portadora poderá ser

utilizada para voz e dados.

2.5. Módulo Motorola C18

O equipamento celular escolhido para o desenvolvimento do projeto é o Motorola C18,

distribuído no Brasil pela Informat Technology, voltado para transmissão de dados através das redes de

celulares de tecnologia CDMA. Possui interface de comunicação padrão que lhe permite ser conectado a

diversos outros equipamentos dos quais e para os quais se queiram transmitir informações remotas.

As figuras 2.3 2 2.4 apresentam o aspecto físico deste equipamento.

Figura 2.3 - Modulo C18

19

Figura 2.4 –Placa Módulo C18

2.5.1. Características

O Módulo C18 tem as seguintes características técnicas:

• Tensão de operação 5 a 35 V;

• Interfce RS 232 Serial Assíncrona de 9 linhas em um conector DB9;

• Protocolo dos Comandos AT – IS707 – IS95B.

20

3. Sistema de Posicionamento Global

3.1. A Origem

Como em muitos ramos da ciência, um grande impulso foi dado à navegação durante a

Segunda Guerra Mundial, quando a eletrônica, definitivamente, passou a servir como base para a

instrumentação. Surgiram, nessa época, dois importantes sistemas, conhecidos pelos nomes de

“Loran” (de “long range navigation”, ou “navegação de longo alcance”) e “Decca”. Ambos

baseados em ondas de rádio de alta freqüência emitidas por estações fixas, e captadas pelo

veículo em movimento. No veículo, um receptor era capaz de detectar o intervalo de tempo

decorrido entre a emissão do sinal de rádio e sua recepção, podendo, assim, determinar a

distância entre o emissor e o receptor. Conseguindo determinar as distâncias de 3 estações

emissoras distintas, e sabendo suas respectivas posições, através do método da trilateração, o

receptor poderia determinar a sua própria posição.

Embora tenham sido utilizados até recentemente, esses sistemas apresentavam algumas

limitações. Em primeiro lugar, o alcance de uma estação emissora era, em geral, restrito a

algumas centenas de quilômetros. No caso da navegação marítima, por exemplo, essa restrição

não prejudicava a navegação costeira, mas impedia o uso desses sistemas para navegação em alto

mar.

O sistema “Omega”, semelhante aos sistemas Loran e Decca, ao contrário desses,

utilizava-se de ondas de baixa freqüência, que apresentavam maior alcance. Assim, com apenas

21

8 estações fixas, localizadas na Noruega, Libéria, Havaí, Dakota do Norte (Estados Unidos), ilha

de Diego Garcia (Oceano Índico), Argentina, Austrália e Japão, sua abrangência era mundial.

Entretanto, da mesma forma que seus predecessores, seu uso acabou sendo limitado, prejudicado

por interferências elétricas, más condições atmosféricas e variações topográficas. Com isso,

certas aplicações, onde se fazia necessária uma maior precisão no posicionamento, não era

possível quando utilizavam os sistemas Loran, Decca e Omega.

Dez anos após o início da “Era Espacial” (com o lançamento do satélite soviético Sputnik

I, em 1957), entrava em operação o “Navy Navigation Satellite System”, mais conhecido por

“Transit”. O princípio de seu funcionamento baseava-se no chamado “efeito Doppler”, pelo qual

a freqüência de um sinal emitido por uma fonte em deslocamento é alterada. Até recentemente

ainda muito usado pela navegação marítima (especialmente pela transoceânica), o sistema

Transit apresentava algumas limitações: o pequeno número de satélites e a sua baixa órbita

impediam que se pudesse obter a posição do receptor a qualquer momento. Por se basear no

efeito Doppler, apresentava elevada imprecisão quando o receptor estava em movimento.

Finalmente, em 1973, nascia um novo sistema de navegação e posicionamento, resultado

indireto de todo esse conhecimento tecnológico acumulado ao longo de muitos anos: o

“Navigation Satellite with Time and Ranging / Global Positioning System”. Mais conhecido

como “NAVSTAR/GPS”, ou, simplesmente, “GPS”. Esse sistema foi concebido com fundos do

Departamento de Defesa dos Estados Unidos para fornecer a posição instantânea e a velocidade

de um ponto sobre a superfície terrestre, ou próximo a ela. Inicialmente para fins militares, o

GPS é hoje utilizado por diversos segmentos da sociedade civil e seu uso tende a se popularizar

cada vez mais.

Desde 1973, estima-se que o Governo norte-americano tenha investido algumas dezenas

de bilhões de dólares no Projeto. Nesse período, algumas alterações de ordem técnica foram

introduzidas, e os constantes aprimoramentos da tecnologia têm provocado um progressivo

aumento na precisão. Hoje, já é possível obter-se uma precisão da ordem de centímetros para a

localização de um determinado ponto.

22

3.2. O que é

É um sistema de rádionavegação que cobre todo o mundo. O Sistema de Posicionamento

Global é composto de três segmentos: o segmento espacial, composto por satélites artificiais que

emitem sinais eletromagnéticos; o segmento de controle, composto pelas estações terrestres que

mantêm os satélites em funcionamento; e o segmento dos usuários, composto pelos receptores

que captam os sinais enviados pelos satélites e, com eles, calculam sua posição.

3.2.1. Segmento Espacial

Foram construídos 11 protótipos de satélites pela empresa “Rockwell International”.

Esses satélites constituíram o chamado “bloco I”. Mais tarde, entraram em operação os satélites

do “bloco II”, para o qual foram construídos vinte e oito satélites, dos quais foram lançados vinte

e quatro. Vinte e um deles estão normalmente em operação, e os demais ficam como reserva.

Cada satélite é dotado de painéis solares retráteis que constituem a fonte de energia dos

mesmos. Quando estendidos, esses painéis conferem ao satélite um comprimento de

aproximadamente 5m. Sua massa, em órbita, é de aproximadamente uma tonelada. A figura 3.1

apresenta o aspecto destes satélites.

23

Figura 3.1 - Foto de Um Satélite da Constelação GPS

A órbita de um satélite é percorrida em aproximadamente 12 horas, o que significa que

ele executa 2 voltas em torno da Terra a cada dia. Na verdade, a órbita é completada em 11 horas

e 58 minutos e, com isso, ele aparece no horizonte 4 minutos mais cedo a cada dia. Os 24

satélites estão distribuídos em 6 órbitas distintas, o que faz com que qualquer ponto da superfície

terrestre tenha, próximo a ele, pelo menos 4 satélites acima da linha do horizonte. O plano de

cada órbita forma, com o plano do Equador terrestre, um ângulo de 55 graus. A altura em que

cada satélite executa sua órbita, em relação à da Terra, é de, aproximadamente, 20.000km.

Ao contrário dos satélites comumente utilizados para comunicações, os satélites GPS não

são geoestacionários, isto é, não permanecem numa posição fixa em relação à Terra,

acompanhando a sua rotação. Entre os motivos para esse fato, pode-se citar que, para ser

geoestacionário, um satélite tem que permanecer no plano equatorial; se todos eles se situassem

nesse plano, os pontos mais próximos aos pólos teriam uma cobertura menos favorável. Mas o

principal motivo para se querer ter os satélites em rotação em torno da Terra é o de que,

periodicamente, cada um deles passa próximo a uma estação de controle, podendo, assim, enviar

e receber informações sobre sua órbita. A figura 3.2 representa a distribuição de satélites na

constelação GPS.

24

Figura 3.2 – Constelação de Satélites do GPS

Em cada satélite, há 2 relógios de césio, e 2 de rubídio, altamente precisos, calibrados na

freqüência de 10.23 MHz. Na verdade, a freqüência de ajuste é de 10.22999999545 MHz. Esta

pequena diferença é feita para corrigir os efeitos relativísticos que fazem os relógios se

adiantarem cerca de 38 �s por dia.

3.2.2. Segmento de Controle

Esse segmento é constituído por estações distribuídas ao longo da superfície terrestre,

com a função de monitorar os satélites, efetuando eventuais correções em suas órbitas e em seus

relógios. Existem cinco dessas estações distribuídas pela superfície terrestre: a de Colorado

Springs, no oeste dos Estados Unidos; a do Havaí, Estados Unidos, no Oceano Pacífico; a de

Kwajalein, nas ilhas norteamericanas das Carolinas, também no Oceano Pacífico; a da ilha de

Ascensão, de possessão britânica do Atlântico Sul; e a da ilha de Diego Garcia, também de

possessão britânica, no Oceano Índico. A estação de Colorado Springs abriga o centro de

operações do sistema, e é chamada de “estação mestra”. No cabo Canaveral, no estado norte-

25

americano da Flórida, fica a estação de lançamento dos satélites. Com essa distribuição, a

qualquer instante cada satélite está sendo monitorado por uma estação de controle. A figura 3.3

mostra a distribuição destas estações ao longo da terra.

Figura 3.3 – Estações de Controle do GPS

3.2.3. Segmento de Usuário

O segmento dos usuários é composto pelo ilimitado número de receptores espalhados

pelo mundo, nas mais diversas aplicações. A função básica de um receptor é captar os sinais dos

satélites que estiverem “visíveis” e, com as informações obtidas por esses sinais, calcular a sua

posição (latitude, longitude e altitude). Tipicamente, um receptor GPS apresenta uma antena,

circuitos eletrônicos e um mostrador. Ele também costuma apresentar um teclado (para a entrada

de dados e de comandos) e pode, ainda, oferecer um canal serial para a saída de dados destinados

a outro equipamento eletrônico.

26

3.3. Serviços

O GPS disponibiliza dois tipos de serviços, conhecidos por: SPS (Standard Positioning

Service – Serviço de Posicionamento Padrão) e PPS (Precise Positioning Service – Serviço de

Posicionamento Preciso). O SPS é um serviço de posicionamento e tempo padrão, que está

disponível a todos os usuários do globo, sem cobrança de qualquer taxa. O PPS proporciona

melhores resultados, mas é restrito a uso militar e a usuários autorizados.

Na verdade, o sistema sempre teve capacidade de propiciar bons níveis de acurácia, mas

ao que tudo indica isso não era de interesse do Departamento de Defesa Americano (DoD). O

Sistema que foi originalmente projetado para uso militar, foi liberado para uso geral, em 1980,

por decisão do então presidente Ronald Reagan. Na época, o DoD americano implantou um erro

proposital no Sistema, com a finalidade de resguardar a segurança interna do país, uma vez que o

GPS poderia ser utilizado, para fins militares, por nações inimigas. Dessa forma, a limitação da

acurácia era imposta pela adoção dos recursos AS (Anti-spoofing) e SA (Selective Availability –

Disponibilidade Seletiva). O AS é um processo de criptografia de um dos códigos utilizados no

GPS para realizar medidas de distâncias (denominado código P), visando proteger seu uso por

usuários não autorizados. Pela SA ocorre manipulação das mensagens de navegação e da

freqüência dos relógios dos satélites, implicando em erros de posicionamento da ordem de 100 a

140 m. Para grande surpresa e em benefício da comunidade de usuários, o processo de

deterioração da acuracidade foi abolido a 0 h (zero hora, tempo universal), do dia 2 de maio de

2000, melhorando a acurácia de posicionamento em aproximadamente 10 vezes

27

3.4. Operadores de Sinais

Existem alguns sistemas de radio navegação por satélite: o SLR (Satellite Laser Range),

o DORIS (Doppler Orbitography and Radiolocation Integrates by Satellite), esses dois

destinados a aplicações científicas por meio do uso de equipamentos de custos elevados; o

NAVSTAR GPS (NAVigation System with Time And Ranging - Global Positioning System), o

GLONASS (Global Navigation Satellite System) e o Galileo que estão sendo orientados para

aplicações mais populares.

3.4.1. NAVSTAR GPS

O NAVSTAR GPS (NAVigation System with Time And Ranging - Global Positioning

System) é um sistema de rádio navegação por satélite que fornece, a usuários que possuam

equipamentos apropriados, coordenadas precisas de posicionamento tridimensional e informação

sobre a navegação e o tempo. Traduzido para o Português, o Sistema de Posicionamento Global

também é conhecido como Sistema de Posicionamento por Satélite. Esse sistema foi detalhado

no item 3.2.

3.4.2. GLONASS

Similar ao GPS, o GLONASS proporciona posicionamento 3-D e velocidade, bem como

informações de tempo, sob quaisquer condições climáticas, em âmbito local, regional e global.

Esse sistema foi concebido no início dos anos 70 e no momento encontra-se sob a

28

responsabilidade da Russian Federation Space Forces (Federação Russa das Forças Espaciais).

Da mesma forma que o GPS, ele é composto pelos segmentos: espacial, de controle e dos

usuários.

O segmento de controle é composto de: um sistema de controle central que planeja todas

as funções do sistema; um sincronizador central que dissemina o sistema de tempo; um sistema

de controle de freqüência; 3 estações de comando e de rastreio; e 1 unidade de campo para

controle da navegação dos satélites.

O segmento espacial é composto de uma constelação de vinte e quatro satélites ativos e

um de reserva. Eles são distribuídos em três planos orbitais separados de 120º e com inclinação

de 64,8º. Órbitas aproximadamente circulares, com altitude da ordem de 19.100 km e período

orbital de 11 horas e 15 minutos. Devido a seu maior ângulo de inclinação, esse sistema propicia

uma melhor cobertura, em relação ao GPS, para as altas altitudes. Transmite os sinais também

em duas bandas, denominadas L1 e L2. O processo de transmissão utiliza uma freqüência para

cada satélite que no geral é mais complexo, e, em alguns casos de posicionamento, menos

preciso que o do GPS. A precisão instantânea para os componentes de posicionamento horizontal

é da ordem de 60 a 75 m.

O sistema não tem recebido a manutenção esperada. Declarado operacional em janeiro de

1996, com vinte e quatro satélites em operação, o GLONASS conta atualmente com uma

quantidade bem menor de satélites em atividade, embora tenha sido noticiado um plano de

recuperação gradual, com previsão de recuperação total da constelação em 2003.

Existem no mercado aparelhos que recebem e processam simultaneamente, os sinais do

GPS e do GLONASS. Isso pode, eventualmente, melhorar a capacidade de precisão do

posicionamento. A figura 3.4 apresenta o aspecto físico do satélite da constelação GLONASS.

29

Figura 3.4 – Satelite da Constelação GLONASS

3.4.3. Galileo

O fato do governo americano não autorizar que outras nações participem do controle,

mesmo parcial, do GPS, levou a União Européia a desenvolver uma solução própria, com uma

nova constelação de satélites para navegação.

Em 1999, com base em intensa pesquisa realizada pelo Forum Europeu do GNSS (Global

Navigation Satellite System) nos anos de 1998 e 1999, o Ministério dos Transportes europeu

aprovou a fase de definição do Galileo. Será um sistema aberto e global, com controle civil,

completamente compatível com o GPS e com o GLONASS, mas com operação totalmente

independente. Com financiamento preliminar garantido pela ESA (European Space Agency –

Agência Espacial Européia) e pela TEN (Trans-European Networks - Rede de Transporte

Européia), o Projeto está aberto à participação de outras entidades, públicas e privadas, inclusive

cooperação internacional de outras nações, tais como Rússia, Canadá e Japão.

O Galileo está planejado para ser composto pelos segmentos de controle, espacial, e de

serviços e performance.

30

Ao todo, doze estações darão suporte ao segmento de controle para determinação de

órbitas e sincronização do tempo. Além disso, esse segmento será conectado por uma rede de

comunicação, a duas cadeias independentes, com operação quase autônoma, visando garantir

controle da integridade interna e operações de alta qualidade.

Quanto ao segmento espacial, duas opções estão sendo discutidas:

- 21 satélites de órbita média, distribuídos em 3 planos orbitais com inclinação de 65º e

altura de 19.100 km,complementados com 3 satélites geoestacionários adicionais cujo custo está

estimado em aproximadamente US$ 2,3 bilhões;

- 30 satélites de órbita média, distribuídos em 4 planos orbitais com inclinação de 65º e

altura de 19.100 km, complementados com 9 satélites geoestacionários adicionais, com um custo

estimado em aproximadamente US$ 2,9 bilhões, sendo esta a opção preferida.

A estrutura do sinal do Galileo será baseada em até 4 portadoras da banda L.

Dependendo de acordos internacionais, duas freqüências poderão ser idênticas as do GLONASS

e outras duas iguais as do GPS.

Quanto ao segmento de serviços e performance, três opções poderão ser disponibilizadas:

- OAS (Open Access Service – Serviço de Acesso Aberto), que será o serviço básico

oferecido ao público, sem custos diretos, desde que o SPS (Standard Positioning Service) do

GPS, também o seja.

- CAS1 (Controlled Acces Service 1 – Serviço 1 de Acesso Controlado), para usuários

que exigem um serviço garantido e com contrato de responsabilidade. Sobre esse serviço será

cobrada uma taxa dos usuários que vierem a utilizá-lo.

- CAS2 (Controlled Acces Service 2 – Serviço 2 de Acesso Controlado), para uso militar

e aplicações críticas de segurança.

31

Quanto à performance, o Galileo deverá proporcionar pelo menos o mesmo desempenho

a ser alcançado com a modernização do GPS. Para usuários autônomos, realizando

posicionamento por ponto em tempo real utilizando apenas observáveis resultantes do código

(pseudo-distâncias), está prevista acurácia horizontal de 4,0 m, vertical de 7,00 m e de tempo de

30 ns.

Sob a responsabilidade da Agência Espacial Européia, o Sistema está programado para

entrar em completa operação em 2008. O primeiro satélite foi lançado em dezembro de 2005,

mas no primeiro semestre de 2006 estará parcialmente operacional. A figura 3.5 apresenta o

aspecto físico do satélite da constelação Galileo.

Figura 3.5 – Satélite da Constelação Galileo.

32

3.5. Operação

3.5.1. O Posicionamento

Posicionamento consiste na determinação da posição de objetos em relação a um

referencial específico. Embora o GPS empregue alguns dos equipamentos tecnologicamente

mais sofisticados já construídos e complexos programas de controle, o princípio básico do

posicionamento por satélite é relativamente simples.

Os cálculos de posicionamento do receptor GPS são baseados nas distâncias entre o

receptor e os satélites e ainda da posição de cada satélite no espaço cartesiano. Isso significa que

determinamos nossa posição na Terra medindo a distância até um grupo de satélites localizado

no espaço. Os satélites atuam, na realidade, como pontos de referência precisos para nós.

O princípio básico do posicionamento usado pelo GPS é conhecido como trilateração

eletrônica e seu princípio diz o seguinte: se determinarmos as distâncias de um ponto de posição

desconhecida em relação a três outros pontos de posições conhecidas, então podemos

determinar a posição do ponto desconhecido. Para ilustrar este princípio, suponha que se queira

localizar um objeto como o representado na figura 3.6, e para tanto, existem 3 radiofaróis

instalados em uma região costeira em posições conhecidas (latitude, longitude e altitude) e que o

barco receba mensagem dos radiofaróis informando suas posições. Se algum equipamento no

barco conseguir calcular a distância do mesmo em relação aos 3 radiofaróis, então, usando essas

distâncias juntamente com as coordenadas desses radiofaróis, é possível calcular as coordenadas

do barco.

33

Figura 3.6 – Esquema de Trilateração

Para poder calcular sua posição no espaço, em 3 dimensões, um receptor GPS precisa

determinar, a partir dos sinais emitidos pelos satélites, as distâncias entre ele e, no mínimo,

quatro satélites, e as posições desses satélites. Com isso, através do método da trilateração, o

receptor pode obter suas coordenadas geográficas (latitude e longitude) e sua altitude, e pode,

ainda, determinar o instante atual, com altíssima precisão.

Cada satélite executa uma órbita bem definida em torno da Terra. Essa órbita,

ligeiramente elíptica, é descrita por uma certa quantidade de parâmetros. O conjunto dos

parâmetros previstos para todos os satélites, chamado de “almanaque”, é, em geral, armazenado

na memória do receptor, além de ser constantemente transmitido pelos satélites. Eventuais

desvios na órbita de cada satélite, detectados pelas estações de controle, definem novos

parâmetros, que a descrevem de modo ainda mais preciso, e cujo conjunto é chamado de

“efemérides”, também incluído nas mensagens transmitidas pelos satélites (cada satélite

transmite suas próprias efemérides, enquanto todos transmitem o almanaque). Com todos esses

dados, os receptores podem “rastrear” os satélites “visíveis”, determinando sua posição a cada

instante.

Já a distância entre satélite e receptor é calculada de maneira indireta. Na verdade, o que

o receptor mede é o intervalo de tempo decorrido entre o envio do sinal pelo satélite, e a sua

efetiva recepção. Esse é o tempo de percurso do sinal, ou seja, o tempo necessário para o sinal

percorrer a distância entre satélite e receptor. Multiplicando esse tempo pela velocidade de

deslocamento do sinal, o receptor obtém a sua distância ao satélite.

34

Ocorre que a medição do tempo de percurso do sinal é afetada pela baixa precisão do

relógio interno do receptor. Com isso, a distância do receptor a cada satélite apresenta um erro

considerável, sendo, então, chamada de “pseudo-distância” (ou “pseudo-range”). Porém, ao se

tomarem as distâncias a pelo menos 4 satélites diferentes, num mesmo instante, os efeitos da

imprecisão do relógio se anulam. É por isso que um receptor precisa captar sinais enviados por,

no mínimo, 4 satélites.

A maneira como o receptor GPS calcula a posição é simples de ser compreendida. A

geometria esférica diz que a intersecção entre quatro esferas define um ponto único. Cada satélite

representa o centro de uma esfera, gerada pelo raio que corresponde à distância entre o satélite e

o receptor, conforme ilustra a figura 3.7. O receptor calcula o comprimento desses raios e resolve

a equação que resulta na posição desse receptor.

Figura 3.7 – Arranjo do Sistema de Posicionamento

35

3.5.2. Tempo Preciso

A alta precisão na realização das medidas de tempo é crucial para o sistema GPS. Um

erro de frações de segundo pode representar uma posição a quilômetros do local desejado. Para

que essas medidas sejam realizadas os satélites têm relógios atômicos sintonizados com o relógio

da Estação de Controle Central. A medida do tempo dos relógios dos satélites é determinada

pelos pulsos atômicos dos cristais radioativos Césio ou Rubídio, garantindo precisão da ordem

de 10-12 segundos. Cada satélite possui quatro relógios para assegurar que pelo menos um relógio

estará sempre trabalhando de forma precisa.

O sincronismo entre os relógios dos satélites é resolvido com tais relógios de altíssima

precisão. Se tivéssemos que instalar um relógio atômico nos receptores GPS o preço seria

proibitivo para o uso comum. A solução encontrada é obtida com um relógio menos preciso nos

receptores. Esses relógios têm erros relativamente grandes, da ordem de 10-9 segundos. Tais

erros são quase que totalmente eliminados através de uma medição extra para um quarto satélite,

adicionalmente aos 3 mínimos necessários, que permite o ajuste a um sincronismo quase

perfeito.

O período de órbita do sistema GPS coloca os satélites a uma distância aproximada de

20.000 km de altitude e as velocidades relativísticas do clock dos veículos espaciais (SV) perdem

aproximadamente 7.2�s por dia com relação à Terra. Por outro lado a altitude dos veículos

espaciais os faz ganhar 45.6�s por dia. O ganho total é de 38.4 �s diários, valor considerado

elevado para o esse tipo de sistema. Por isso os clocks dos veículos espaciais são construídos

para perderem 38.4 �s por dia.

A precisão de um clock pode ser entendida como o grau de desvio de sua referência. A

base de tempo do GPS (freqüentemente chamada de clock composto) é formada pela ponderação

de todas as leituras dos clocks de GPS atuais. Os erros de leitura de tempo encontrados no GPS

podem ser ocasionados por erros sistemáticos, perturbações ambientais (explosões de estrelas,

chuva cósmica) e variações aleatórias.

36

3.5.3. Mensagens de GPS

Em órbita os satélites recebem os sinais da Estação Mestra de Controle e enviam os

sinais de GPS através de ondas de rádio que se propagam na velocidade da luz. Existem alguns

padrões de identificação dos satélites GPS, mas o mais utilizado é conhecido como PRN (Pseudo

Random-Noise – em português pode ser traduzido como ruído falsamente aleatório) ou SVID

(Space Vehicle Identification – identificação do veículo espacial). Esse é o número que aparece

no visor da maioria dos aparelhos receptores GPS, para identificar os satélites que estão sendo

rastreados.

Os sinais transmitidos pelos satélites, também denominados de observáveis, têm estrutura

complexa em razão da necessidade de segurança, mantendo as transmissões livres de

interferência ou acesso indevido, fundamentais em se tratando de um sistema de uso militar.

Cada satélite transmite duas portadoras, (ondas senoidais), denominadas L1 e L2. São

geradas a partir da freqüência fundamental de 10.23 MHz que multiplicadas por 154 e 120,

respectivamente, dão origem às seguintes freqüências e comprimentos de onda:

L1 = 1575.42 MHz e comprimento de onda = 19 cm

L2 = 1227.60 MHz e comprimento de onda = 24 cm

Os sinais GPS devem ser entendidos como um conjunto de informações, transportado

pelas ondas portadoras. Esse conjunto de informações pode ser identificado e captado pelos

receptores GPS que estejam situados em local onde não haja obstáculo em linha direta com o

satélite.

37

Os códigos que formam o PRN são modulados, em fase, sobre essas duas portadoras.

Essa técnica permite realizar medidas de distâncias a partir da medida do tempo de propagação

da onda, do satélite ao receptor. Um PRN é uma seqüência binária de +1 e –1, ou 0 e 1, que

parece ter característica aleatória, mas por ser gerado através de um algoritmo, pode ser

univocamente identificado. Os códigos do PRN são basicamente os códigos C/A (Coarse

Aquisition – fácil aquisição) e o código P (Precise ou Protected – preciso ou protegido).

O código C/A faz parte de uma família de códigos, que tem como característica básica a

baixa correlação entre seus membros, (cada satélite tem seu código). Isso possibilita a rápida

distinção dos sinais recebidos simultaneamente de vários satélites, pelos receptores. Esse código

é modulado somente sobre a onda portadora L1. É a partir do C/A que os usuários civis obtêm as

medidas de distâncias que permitem o posicionamento com a acuracidade estipulada no SPS

(Standard Positioning Service). Ele não é criptografado, embora possa ter eventualmente sua

precisão novamente degradada, como acontecia até maio de 2000.

O código P tem sido reservado para uso dos militares americanos e dos usuários

autorizados e possibilita posicionamentos mais precisos que aqueles realizados por meio do

código C/A. O código P é modulado nas portadoras L1 e L2, sendo único para cada satélite,

podendo assim ser identificado, embora todos os satélites transmitam na mesma freqüência. Esse

código é criptografado quando o sistema está operando no modo AS (Anti-spoofing - anti-

fraude), passando a ser denominado código Y, não disponível para usuários civis. Trata-se de

uma versão segura do código P. O propósito principal é evitar que inimigos consigam fraudá-lo,

mediante a geração de uma réplica do mesmo. Somente usuário autorizado tem acesso às

informações dessa estrutura de código.

Além dos códigos C/A e P as portadoras levam aos receptores, a mensagem de

navegação (efemérides). Essa mensagem tem essencialmente a função de informar, ao receptor, a

posição do satélite a cada instante. Cada satélite transmite sua própria mensagem de navegação,

previamente processada pelo Segmento de Controle Terrestre e injetada várias vezes ao dia em

cada satélite.

38

Uma vez conhecidas as posições dos satélites, torna-se possível determinar as

coordenadas do local onde se encontra o usuário, desde que sejam conhecidas também, a

distância do receptor em relação a cada um dos satélites, em um dado instante. Além dos

parâmetros orbitais, integram também a mensagem de navegação: os elementos essenciais a

correções devidas às interferências meteorológicas, coeficientes de ajuste do relógio do satélite,

da medição de tempo GPS. Esses dados que se encontram no conjunto de informações

denominado almanaque é que propiciam ao receptor calcular as posições aproximadas dos

satélites, mesmo daqueles que não estejam sendo rastreados.

3.5.4. Tempo e Posição

O receptor de GPS começa a localizar os satélites e recebe os códigos PRN de cada um,

enquanto o processador de dados do receptor estima os valores de Tempo de Chegada (TOA –

Time Of Arrival: que é o modo de declaração do tempo percorrido por uma onda

eletromagnética de um ponto a outro). Dessa forma, o processador multiplica individualmente os

valores de TOA pela velocidade da luz e compensa os erros determinísticos de tempo, distorções

atmosféricas entre os satélites e o receptor, além de efeitos provenientes do ruído interno gerado

pelo receptor.

O processador de dados do receptor obtém a informação necessária para realizar essas

compensações da mensagem de dados de navegação (NAV-msg). O NAV-msg é sobreposto nos

códigos P e C/A a uma taxa de dados de 50 bits/s e contém 25 frames de informação. Cada frame

de informação consiste em 1500 bits divididos em subframes de 300 bits cada. Um receptor de

GPS requer 30 segundos para receber os dados de um frame e 12,5 minutos para receber todos os

25 dados de frames disponíveis.

39

3.5.5. Aquisição de Sinais

O receptor de GPS detecta o espectro de irradiação da constelação de satélite que possui

seus níveis de radiação menores que o ruído eletromagnético natural da Terra. Depois de iniciada

a detecção o sinal é amplificado por uso do processo seletivo e o código C/A é utilizado para

identificar a freqüência portadora do sinal original.

As potências mínimas de sinais exigidas pelos receptores de GPS são:

• Freqüência L1 C/A – code: -160 dBW

• Freqüência L1 P – code: -163 dBW

• Freqüência L2 P – code: -166 dBW

A seqüência de localização dos satélites se inicia com a determinação dos satélites que

são mais visíveis pelo receptor. Através do primeiro código PRN encontrado o receptor verifica

o almanaque da constelação e então determina os satélites a serem utilizados na medição. A

figura 3.8 apresenta o diagrama em blocos do receptor de GPS.

Figura 3.8 – Diagrama em Blocos do Receptor GPS

40

3.5.6. Fontes de Imprecisão

A precisão na determinação da posição de um receptor depende da precisão das posições

dos satélites e das suas distâncias.

O erro na determinação da posição de um satélite pode ocorrer em função de um eventual

desvio de órbita e do atraso com que esse desvio é detectado pelas estações de controle e

registrado nas efemérides dos satélites. Esse erro, porém, é, em geral, bem pequeno (tipicamente,

pode provocar imprecisão de 2,5m na determinação da posição do receptor).

Já a medição da distância entre satélite e receptor pode ser afetada por uma série de

fatores. Mesmo que os desvios no relógio do receptor sejam filtrados por redundância, com

sinais enviados por um quarto satélite, eventuais desvios nos relógios dos satélites não podem ser

detectados pelo receptor. Também, aqui, o erro na posição do receptor é pequeno (tipicamente,

de 1,5m), pois os relógios dos satélites são altamente precisos, e também monitorados pelas

estações de controle.

Outro fator que influi na precisão das medidas é a variação da velocidade dos sinais

eletromagnéticos emitidos pelos satélites, quando atravessam a atmosfera terrestre. A velocidade

dos sinais, constante apenas no vácuo, é afetada por partículas ionizadas (existentes na ionosfera)

e pelo vapor d’água (existente na troposfera). É possível se fazer um modelamento da atmosfera

que procura avaliar os desvios da velocidade dos sinais dos satélites, mas esse modelamento

nunca é perfeito, pois as condições atmosféricas se alteram de modo imprevisível. Também,

aqui, os efeitos no cálculo da posição do receptor não são muito elevados (tipicamente, de 5,5m).

Há, ainda, pequenos efeitos (da ordem de 0,6m) causados pelo fenômeno do

multipercurso, isto é, das múltiplas reflexões que o sinal de um satélite pode sofrer, em

obstáculos próximos à antena do receptor.

41

Todos esses fatores, e, ainda, eventuais imprecisões do receptor GPS, somados,

conduzem a um erro típico, na determinação da posição do receptor, da ordem de dezenas de

metros. Não esquecendo, porém, que até alguns anos atrás, havia um fator, responsável pela

elevação do erro a cerca de 100m:, a “disponibilidade seletiva”. O Departamento de Defesa dos

Estados Unidos podia, a qualquer momento, introduzir erros propositadamente que afetavam

tanto a determinação da posição dos satélites quanto o cálculo da distância dos satélites aos

receptores. Apenas alguns receptores do exército americano e de seus aliados não eram afetados

por esses erros. Concebido inicialmente para ser utilizado em épocas de guerra, o recurso da

disponibilidade seletiva vinha sendo mantido ligado quase que ininterruptamente desde que foi

introduzido, mas, atendendo a reivindicações do segmento civil dos usuários, ele acabou sendo

desligado.

Finalmente, existem ainda fatores referentes à disposição relativa dos satélites, no

instante em que seus sinais são captados por um receptor, que definem a chamada “diluição de

precisão” (“dilution of precision”, ou DOP). Quanto mais espalhados no céu estiverem os

satélites, mais precisa é a determinação da posição do receptor. Esses fatores são denominados

de acordo com o parâmetro de posicionamento que os caracterizam:

VDOP: Relativo à altura elipsoidal.

HDOP: Relativo à latitude e longitude elipsoidal.

PDOP: Relativo ao posicionamento tridimensional.

TDOP: Relativo à medição dos intervalos de tempo

GDOP: Resulta da combinação do PDOP com o TDOP.

Uma disposição favorável dos satélites proporciona uma baixa diluição da precisão –

figura 3.9.

42

O agrupamento dos satélites no céu prejudica a determinação da posição do receptor –

figura 3.10.

Obstruções aos sinais também reduzem a precisão, apesar da disposição favorável dos

satélites – figura 3.11

Figura 3.9 – Baixa Diluição da Precisão

Figura 3.10 – Precisão Prejudicada pela Disposição dos Satélites

43

Figura 3.11 – Precisão Prejudicada pela Obstrução do Sinal

É importante observar, ainda, que a determinação das coordenadas geográficas de um

ponto depende de um sistema de referências. Como a Terra não é uma esfera, foram criados

vários sólidos imaginários (elipsóides) que procuram melhor representar o formato real da Terra

(geóide) numa certa localidade. Os valores que definem um elipsóide (eixo maior, eixo menor,

ponto central e orientação dos eixos) formam um “datum”. Um mapa apresenta suas coordenadas

sempre em relação a um determinado “datum”. O mais utilizado atualmente (inclusive pelo

GPS), e que mais se aproxima globalmente do geóide, é o “World Geodetic System”, criado em

1984 (WGS-84). A utilização de coordenadas GPS em um mapa baseado em outro “datum”

exige a conversão de coordenadas; caso contrário, podem ocorrer erros significativos. A tabela

3.1 apresenta os fatores de imprecisão que estão sujeitos os receptores GPS.

Tabela 3.1 – Fatores de Imprecisão

Fontes Erros Erro da Órbita Erro do Relógio Relatividade Satélite Atraso entre as duas portadores no hardware

Refração troposférica Refração ionosférica Perdas de ciclos Multipercurso ou sinais refletidos

Propagação do Sinal

Rotação da Terra

Erro do Relágio Receptor / Antena Erro entre os canais

44

Centro de fase da antena

Erro nas coordenadas Multipercurso Marés terrestres Movimento do Pólo Carga dos oceanos

Estação base

Pressão atmosférica

A contribuição de uma fonte de erro particular pode ser analisada em termos de seus

efeitos na determinação da distância entre o satélite e o receptor, ou seja, na pseudo-distância. O

efeito resultante dos erros quando projetado sobre a linha que liga o usuário ao satélite, é

denominado de UERE (User Equivalent Range Error), que representa o erro equivalente da

pseudo-distância. A maioria dos aparelhos mostra em seu display o UERE de cada satélite. Um

valor típico do UERE é da ordem de 25 m.

3.5.7. Mecanismo de Correção

A técnica chamada de “GPS diferencial” surgiu para reduzir os efeitos das diversas

fontes de imprecisão. Com essa técnica, consegue-se obter uma precisão total entre 2m e 5m,

mesmo que a disponibilidade seletiva esteja ativada. Seu princípio é bastante simples: além do

receptor GPS “itinerante”, isto é, que se locomove pelos pontos cujas coordenadas se deseja

determinar, utiliza-se um outro receptor GPS, chamado de “base” ou de “referência”, que

permanece fixo num ponto cuja posição é bem conhecida. Esse receptor de referência, utilizando

os sinais que recebe dos satélites, determina a sua posição, sujeita a todos os erros anteriormente

descritos. Comparando-a com a sua posição real, previamente conhecida, ele pode, a cada

instante, determinar o erro a que está sujeito o sinal enviado por cada satélite que ele avista.

Dessa forma, o receptor de referência pode tentar corrigir os erros dos sinais captados pelo

receptor itinerante, considerando que esses erros sejam iguais aos que afetam a determinação de

sua própria posição.

45

É evidente que isso não se pode garantir. As imprecisões introduzidas pelo próprio

receptor, por exemplo, são específicas para cada aparelho: o receptor de referência não pode

avaliar os erros provocados pelas características do receptor itinerante. Os efeitos do

multipercurso são, também, particulares a cada receptor, e não podem ser corrigidos.

Já os efeitos da atmosfera podem ser bastante atenuados, quanto mais próximos os

receptores itinerante e os de referência se mantiverem.

Finalmente, os erros introduzidos por desvios na órbita e no relógio interno dos satélites

podem ser totalmente eliminados pela técnica do GPS diferencial. Note-se que, nesta categoria

de erros, enquadram-se os produzidos pela ativação da disponibilidade seletiva. A figura 3.12

apresenta ao conceito de GPS diferencial.

Figura 3.12 – Conceito de GPS Diferencial

46

47

4. Receptor GPS

Para o desenvolvimento deste Projeto foi escolhido um receptor de GPS fabricado pela

Globalsat, o ET-102. Esse receptor é distribuído no Brasil pela empresa Cika Eletrônica com

sede em São Paulo – SP

4.1. Receptor Globalsat ET-102

O receptor Globalsat ET-102 possui 12 canais para a localização simultânea de até 12

satélites de GPS. O módulo recebe os sinais na freqüência L1 (1575.42 MHz) na antena

receptora.

O receptor ET-102 recebe o sinal pré-amplificado da antena, converte para freqüência

intermediária apropriada (FI) e digitaliza o sinal, entregando para o processador que identifica o

código C/A, separando a informação proveniente dos 12 satélites.

A memória é utilizada para armazenamento dos dados de efemérides dos satélites,

parâmetros de cada satélite em vista, almanaque entre outros. O módulo possui uma bateria que

evita a perda da memória em caso de reset ou desligamento, assim, quando o módulo é iniciado o

tempo de sincronismo e carregamento de dados da constelação é menor, sendo necessária apenas

sua atualização.

48

O módulo receptor pode ser alimentado com tensão entre 3.8 Volts cc até 6.5 Volts cc. O

protocolo de comunicação usado no módulo é o NMEA 0183, explicado a seguir.

A tabela 4.1 apresenta a descrição dos pinos do receptor e as figuras 4.1, 4.2 e 4.3

apresentam aspectos físicos de do receptor GPS.

Tabela 4.1 – Descrição de Pinos

Pino Função Descrição 1 VANT Antenna DC Voltage (Input) 2 VDC 3.3~5.5 DC power input (Input) 3 VBAT Backup Battery (Input) 4 VDC (shorted with pin #2) 5 PBRES Push Button Reset Input (Active Low) (Input) 6 ---- (RESERVED)

7 SELECT Download data from RS232 to flash ROM (RESERVED)

8 ---- (RESERVED) 9 ---- (RESERVED) 10 GND Ground 11 TXA Serial Data Output A (GPS Data) 12 RXA Serial Data Input A(Commands) 13 GND Ground 14 TXB Serial Data Output B (Not Used) 15 RXB Serial Data Input B (Not Used) 16 GND Ground 17 ---- (RESERVED) 18 GND Ground 19 TIMEMARK 1PPS Time Mark Output 20 ---- (RESERVED)

Figura 4.1 – Receptor GPS Vista Frontal

49

Figura 4.2 – Receptor GPS Vista Lateral

Figura 4.3 – Foto Modulo Receptor ET-102

4.2. Antena Receptora

A antena utilizada pelo receptor é uma antena ativa DAM 1575 da empresa Shoulder

Electronics Limited, que tem o ganho típico de 38dB e opera na faixa de freqüência de 1575.42 ±

1.023 MHz . É alimentada com 5Vdc com um consumo máximo de 15 mA. Pelo fato de ser uma

antena ativa melhora-se o ganho do Sistema. A figura 4.4 representa o diagrama elétrico desta

antena e a figura 4.5 o aspecto físico da mesma.

50

Figura 4.4 – Diagrama da Antena DAM 1575

Figura 4.5 – Foto da Antena DAM 1575

4.3. Integração

O receptor ET-102 foi desenvolvido para ser utilizado como um componente de precisão

de posicionamento, navegação ou medição de tempo de um sistema. As medidas realizadas pelo

receptor são enviadas de forma serial e opera com níveis TTL. O sistema mínimo de utilização é

composto pelo receptor, por uma antena e uma interface de controle (microprocessador,

microcontrolador, pocket PC, etc).

51

4.4. Protocolo

Existe uma linguagem padrão para equipamentos de navegação chamada: Protocolo

NMEA - Associação de Eletrônica Marítima Nacional (National Maritime Eletronics

Association.). O protocolo utilizado pelo ET-102 é o NMEA 0183. Os dados de saída no NMEA

0183, em seu formato padrão, permitem uma conexão direta através de uma porta serial a uma

interface de controle. A especificação da mensagem de saída é descrita na tabela 4.2.

Tabela 4.2 – Protocolo NMEA

Cabeçalho Descrição GPGGA GPS Fix Data GPGGL Geographic Position - Latitude/Longitude GPGSA GPS DOP and Active Satellites GPGSV GPS Satellites in View GPGMC Recommended Minimum Specific GPS / Transmit Data GPVTG Track Made Good and Speed GPZDA Time and Data

Todas as mensagens do NMEA são formatadas em sentenças que iniciam com o

caractere ASCII $ (24h) e terminam com as seqüências ASCII <CR><LF> (0Dh e 0Ah). O

cabeçalho vem em seguida de $. O campo mensagem é delimitado com a vírgula. O

comprimento máximo de uma mensagem de NMEA é de 79 caracteres.

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5. Desenvolvimento de Hardware

O sistema é composto por um módulo celular responsável pela comunicação através do

serviço de mensagens curtas (SMS), um módulo receptor de GPS para leitura das coordenadas de

localização, placa controladora do sistema, baseada no microcontrolador MSC1211 e de um

conversor para porta serial de níveis de tensão TTL para RS232.

5.1. Placa de Controle

A placa responsável pelo gerenciamento, controle e integração do sistema de

rastreamento é baseada no microcontrolador MSC1211Y5, de fabricação da Texas Instruments.

Esse microcontrolador possui 34 pinos de entrada e saída (I/O), conversor analógico/Digital de

24 bits, conversor digital/analógico de 16 bits, memória flash de 32 Kbytes, circuito interno de

programação, PWM de 16 bits e duas UART’s (Universal Asynchronous Receiver-Transmitter).

A linguagem de programação do MSC1211 é o Assembly do 8051. Com isso o sistema poderá

ser levado da plataforma de desenvolvimento para uma plataforma final de menor custo

compatível com essa programação. A figura 5.1 apresenta o esquemático da placa de controle

utilizada para o desenvolvimento do Sistema. Essa placa foi projetada na disciplina de

Laboratório de Processadores. A figura 5.2 contém a foto da placa controladora e as figuras 5.3 e

5.4 o esquemático.

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Figura 5.1 – Foto da Placa Controladora

Figura 5.2 – Esquemático 1 da Placa Controladora

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Figura 5.3 – Parte 2 Esquemático da Placa Controladora

5.2. Conversor TTL para RS 232

A saída do módulo receptor GPS ET-102 é serial com nível TTL, portanto foi necessário

projetar um circuito conversor de TTL para RS 232 cujo esquema é apresentado na figura 5.4.

Com isso é possível ligar o módulo ET-102 diretamente à placa controladora ou à porta serial de

um PC. Essa flexibilidade é necessária principalmente para o desenvolvimento do software de

controle e para o aprendizado do formato de string passado pelo ET-102.

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Figura 5.4 – Esquemático da Placa Conversora

A placa conversora TTL/RS 232 foi confeccionada para montagem sobre o módulo ET-

102, integrando assim o módulo receptor com a sua alimentação e interface de comunicação. A

figura 5.5 mostra a placa conversora e na figura 5.6 a placa conversora montada sobre o módulo

receptor.

Figura 5.5 – Foto da Placa Conversora

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Figura 5.6 – Foto da Placa Conversora Montada sobre o GPS

A interface de comunicação serial RS 232 é implementada com o circuito integrado

MAX232 de fabricação da Texas Instruments. São usados apenas três pinos para a comunicação

serial (Tx, Rx e GND).

5.3. Interfaces

A placa de controle se comunica via portas seriais com o módulo celular C18 e também

com o módulo receptor GPS ET-102, portanto é necessário utilizar as duas seriais do

microcontrolador, ficando a serial 1 para o GPS, com taxa de 4800 bps, e a serial 0 para

comunicação com o módulo celular, com taxa de 19.200 bps. A serial 0 também é utilizada para

a programação do microcontrolador.

5.4. Circuito de Entrada

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Para que seja possível integrar o sistema de monitoração ao sistema de alarme do veículo,

por exemplo, e receber via SMS também a comunicação de eventos como alarme disparado e

porta aberta é possível a implementação de circuitos que podem ser ativados com 12V. O

microcontrolador trabalha com nível de tensão de 5V, e para adaptar os diferentes valores utiliza-

se o transistor BC547 para ser chaveado com os 12V e entregar 5V para o microcontrolador,

conforme mostrado na figura 5.6.

Figura 5.7 – Esquema Circuitos de Entrada

5.5. Circuito de Saída

O circuito de saída para interligação com dispositivos do veículo é composto por um relé.

O relé é chaveado através de um BC558 que faz com que a corrente necessária para acionamento

do relé seja diretamente da fonte de 5V e não do pino de saída do microcontrolador. Com esse

relé torna-se possível o acionamento de dispositivos como alarme, bloqueador de ignição, sirene,

etc. O circuito de saída é apresentado na figura 5.7.

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Figura 5.8 – Esquema Circuitos de Saída

5.6. Alimentação

As tensões de alimentação para o ET-102 e placa de controle são ajustadas para 5 V por

dois reguladores de tensão PT101, da Texas Instruments, independentes. Já o módulo celular

C18 que tem alimentação de 5 V a 35 V será ligado diretamente aos 12 V do veículo.

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6. Software de Controle

A linguagem de programação escolhida para desenvolvimento do software foi o

Assembly para 8051. Com isso temos a flexibilidade de migrar esse programa para qualquer

processador ou microcontrolador baseado no 8051.

O software implementa o algoritmo apresentado nos fluxogramas das figuras 6.1 e 6.2,

lembrando que a porta serial 1 é utilizada para comunicação com o módulo GPS e a porta serial

0 para comunicação com módulo celular.

Sempre que houver a inicialização do sistema, quando for alimentado ou reiniciado, o

software garante que a placa controladora só iniciará suas rotinas de inicialização após o módulo

celular ter concluído a própria inicilização, pois os primeiros comandos da placa de controle são

justamente para configurar o módulo C18 para trabalhar com o seu modo 2 que é o módulo que

responde aos comandos AT Proprietários da Motorola, bem como limpar a memória do C18 de

qualquer mensagem que possa estar gravada.

Após a inicialização, o software de controle passa a monitorar o módulo GPS e gravar a

última posição válida. A monitoração do módulo celular é feita por interrupção, ou seja, sempre

que chegar uma mensagem no celular esta será repassada para a placa de controle que atenderá

ao pedido de interrupção dando o tratamento apropriado.

São pré-configurados no software de gestão quais os dois números de celular que estão

autorizados a solicitar informações do estado do veículo e de acordo com esse parâmetro quando

uma solicitação chegar via SMS a primeira ação tomada é verificar se o solicitante está

autorizado a receber a informação pedida. Se for autorizado é criada e enviada uma mensagem

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de texto com esses dados. Caso a solicitação tenha vindo de um celular não autorizado, é criada e

enviada uma mensagem para os celulares cadastrados informando que houve uma solicitação de

informação sem autorização. Nessa mensagem está o número do celular não autorizado e o

estado atual do veículo.

Figura 6.1 – Fluxograma do Software de Controle Programa Principal.

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Figura 6.2 – Fluxograma do Software de Atendimento da Interrupção.

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7. Conclusão

Com o desenvolvimento do presente trabalho compreendeu-se a utilidade e a

funcionalidade de um sistema de rastreamento veicular, que tanto pode ser útil para a aplicação

no controle e otimização de frotas quanto em aplicações de segurança.

Percebe-se a importância da implantação de tal sistema baseado no serviço de mensagens

curtas (SMS), utilizando módulo celular disponível tanto em tecnologia celular GSM como em

CDMA, de forma que se tenha a liberdade de optar pela operadora de telecomunicações que

prestará o serviço. Com isso se ganha um ótimo argumento para negociação de tarifas.

Outro ponto importante é que esse modelo pode ser comercializado como a venda de um

equipamento individual e cobrar-se por isso e pela instalação, ou também pode ser vendido como

um serviço propriamente dito de rastreamento e monitoração veicular. Essa decisão deve ser

tomada mediante o estudo detalhado da viabilidade econômica e financeira de cada modelo, ou

até mesmo de um modelo misto.

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8. Anexos

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9. Referências Bibliográficas

Paz, S.M. Cugnasca, C.E. O Sistema de Psicionamento Global (GPS) e suas Aplicações.

Figueirêdo, D.C. Curso Báisco de GPS CONAB Setembro de 2005.

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Pestana, A. Sistema de Posicionamento Global Navstar/GPS Gabinete de Topografia

Instituto Superior de Engenharia do Porto Junho de 2002.

Tavares, A. F. Jr. Telefonia Celular: uma visão abrangente Universidade Estadual de

Londrina 2004

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