desenvolvimento de recursos didÁticos para o ensino de verminoses para deficientes visuais. tatiana...

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE - UENF DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE VERMINOSES PARA DEFICIENTES VISUAIS. CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ JANEIRO, 2008

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Page 1: DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE VERMINOSES PARA DEFICIENTES VISUAIS. Tatiana Andrade Rocha da Silva

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE - UENF

DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDÁTICOS PARA O

ENSINO DE VERMINOSES PARA DEFICIENTES VISUAIS.

CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ JANEIRO, 2008

Page 2: DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE VERMINOSES PARA DEFICIENTES VISUAIS. Tatiana Andrade Rocha da Silva

TATIANA ANDRADE ROCHA DA SILVA

DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDÁTICOS PARA O

ENSINO DE VERMINOSES PARA DEFICIENTES VISUAIS.

Monografia apresentada ao

Centro de Biociências e

Biotecnologia da Universidade

Estadual do Norte Fluminense

Darcy Ribeiro para obtenção do

Grau de Licenciado em Ciências

Biológicas.

Orientador: Prof. Dr. João Carlos de Aquino Almeida Co-Orientador: Prof. Dr. Antonio Henrique Almeida de Moraes Neto

CAMPOS DOS GOYTACAZES- RJ JANEIRO, 2008

ii

Page 3: DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE VERMINOSES PARA DEFICIENTES VISUAIS. Tatiana Andrade Rocha da Silva

TATIANA ANDRADE ROCHA DA SILVA

Monografia de conclusão de curso

apresentada ao centro de

Biociências e Biotecnologia da

Universidade Estadual do Norte

Fluminense Darcy Ribeiro para

obtenção do título de Licenciado

em Ciências Biológicas.

Aprovada em ____/_____/2008

Banca Examinadora:

____________________________________________________________ Annellise Wilken de Abreu – Faculdade de Medicina de Campos ________________________________________________________ Milton M. Kanashiro – Dr. em Ciências - UENF ________________________________________________________ João Carlos Almeida de Aquino – Dr. em Ciências - UENF Orientador ___________________________________________________________ Antonio Henrique Almeida de Moraes Neto – Dr. em Ciências -FIOCRUZ Co-orientador

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Page 4: DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE VERMINOSES PARA DEFICIENTES VISUAIS. Tatiana Andrade Rocha da Silva

Este trabalho foi desenvolvido no laboratório de Fisiologia e Bioquímica de

Microorganismos, do Centro de Biociências e Biotecnologia, da Universidade

Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro sob a orientação do Prof. Dr. João

Carlos de Aquino Almeida e co-orientação do Prof. Dr. Antonio Henrique

Almeida de Moraes Neto.

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Page 5: DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE VERMINOSES PARA DEFICIENTES VISUAIS. Tatiana Andrade Rocha da Silva

Dedico esta monografia a minha

família e a todos que colaboraram para a

realização deste trabalho.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais Vera Lúcia e Luiz Ricardo e a minha irmã pelo incentivo e

colaboração nos momentos difíceis.

Ao orientador prof. Dr. João Carlos de Aquino Almeida pelos

ensinamentos e pelas palavras de incentivo durante toda a realização deste

trabalho.

Ao co-orientador prof. Dr. Antonio Henrique Almeida de Moraes Neto,

por ter cedido às fotos de microscopia dos helmintos e como revisor desta

monografia.

Aos membros da banca examinadora prof. Dra. Annellise Wilken de

Abreu e o prof. Dr. Milton M. Kanashiro, por ter participado desta defesa.

Aos artesãos Mário Lúcio Evangelista dos Santos e Margarete Pangella

pela participação na confecção dos modelos tridimensionais e das cartilhas em

alto relevo.

Ao professor Paulo Augusto e os alunos do Instituto Benjamin Constant

pela avaliação dos materiais.

Em especial aos alunos do Educandário São José dos Operários por ter

participado do curso, sem eles não seria possível concluir este trabalho.

Aos funcionários do Educandário São José dos Operários por ter

colaborado na realização do curso.

A Márcia Reis pela participação no curso.

vi

Page 7: DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE VERMINOSES PARA DEFICIENTES VISUAIS. Tatiana Andrade Rocha da Silva

RESUMO

A deficiência visual é definida como uma limitação no campo da visão, e

inclui indivíduos totalmente cegos e com baixa visão. Pedagogicamente,

delimita-se como cego o aluno que, necessita de instrução em Braille e como

portador de visão subnormal aquele que lê tipos impressos ampliados ou com o

auxílio de potentes recursos ópticos. Neste trabalho, desenvolvemos recursos

didáticos adequados, como modelos tridimensionais e cartilhas em alto relevo,

com a finalidade de fornecer conceitos sobre verminoses de maior incidência

(ascaridíase, teníase, oxiuríase e tricuríase) para alunos deficientes visuais. Os

modelos representam as características morfológicas dos vermes, dos ovos e

seus ciclos de vida, a partir de materiais alternativos e de baixo custo (argila e

durepoxi®). A confecção de Kits de ensino-aprendizagem proporciona a

capacitação dos professores para repassar conhecimentos básicos de forma

bastante efetiva para alunos deficientes visuais ao nível de Ensino

Fundamental e Médio. A qualidade e efetividade do material foram avaliadas,

através de questionário repassado aos alunos deficientes visuais. Nossos

resultados mostraram que houve um ganho efetivo no processo de ensino-

aprendizado, e acreditamos que seja necessário o desenvolvimento de novos

materiais didáticos para suprir as necessidades dos deficientes visuais,

especialmente nas questões de educação em saúde, considerando-se que a

falta de informação pode tornar os deficientes visuais mais vulneráveis a

problemas de saúde.

Palavras-chave: Deficiente visual, verminoses, modelagem tridimensional,

alto-relevo.

vii

Page 8: DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE VERMINOSES PARA DEFICIENTES VISUAIS. Tatiana Andrade Rocha da Silva

ABSTRACT

Blindness is defined as a limitation in the field of vision, including totally

blind and individuals with low vision. Pedagogically, is delimited as blind that

one that needs instruction in Braille and as holder of subnormal vision that one

that reads amplied printed fonts with the aid of powerful optic resources. In this

work, we develop appropriated didatic resources, like three-dimensional models

and high relief hornbooks, with the purpose to provide concepts about local high

incidence worm diseases (ascariasis, teniasis, oxyuriasis, trichuriasis and

ancylostomiasis) to blind students. The models represents the morphologic

characteristics of the worms, eggs and its life cycles, from alternative and low

cost materials (clay and durepoxi®). The learning-teaching kits confectiom

capacitates teachers to transmit basic knowledge in a very effective way to blind

students at fundamental and medium degree school levels. The material quality

and effectivity were evaluated. Bey questionnaire application to the blind

students. Our results shown that had an effective aqquisition in the teaching-

learning process, a we believe that is necessary the development of new didatic

resources to supply the blind requirement, especially in questions concerning to

health, considering that less of information can make blind people more

vulnerable to health problems.

Keywords: blind, worm diseases, three-dimensional modeling, high-relief.

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Page 9: DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE VERMINOSES PARA DEFICIENTES VISUAIS. Tatiana Andrade Rocha da Silva

SUMÁRIO

Resumo..............................................................................................................vii

Abstract..............................................................................................................viii

1-Introdução.........................................................................................................1

2- Revisão bibliográfica........................................................................................3

2.1-Deficiência visual.......................................................................................... 3

2.2-O Deficiente visual no Brasil..........................................................................5

2.3- A Educação Especial....................................................................................7

2.4- Os dados da Educação Especial................................................................10

2.5- Percepção tátil............................................................................................14

2.6- Recursos didáticos para deficientes visuais...............................................17

2.7- Sistema Braille............................................................................................19

3-Objetivos gerais..............................................................................................20

3.1-Objetivos específicos...................................................................................20

4- Materiais e métodos......................................................................................21

4.1- Tipo de Pesquisa........................................................................................21

4.2- Localização e População............................................................................21

4.3- Metodologia de Elaboração dos Materiais Didáticos..................................22

4.3.1- Elaboração de Modelos Tridimensionais.................................................22

4.3.2 – Produção de Cartilhas em Alto-Relevo..................................................23

4.4-Realização do curso....................................................................................23

4.5- Entrevista Avaliativa...................................................................................23

4.6- Avaliação do resultado...............................................................................24

5- Resultados.....................................................................................................24

5.1- Modelos Tridimensionais............................................................................24

ix

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5.2- Cartilhas em Alto-Relevo............................................................................27

5.3- Realização do curso...................................................................................29

5.4- Resultado da entrevista avaliativa..............................................................32

6- Discussão......................................................................................................35

7-Conclusão.......................................................................................................37

8- Perspectivas futuras......................................................................................38

9- Referências bibliográficas.............................................................................39

Apêndice 1.........................................................................................................42

Apêndice A.........................................................................................................43

Apêndice B.........................................................................................................44

x

Page 11: DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE VERMINOSES PARA DEFICIENTES VISUAIS. Tatiana Andrade Rocha da Silva

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1-Porção anterior do Ascaris Lumbricoide............................................25

Figura 2-Porção anterior do Enterobius vermiculares......................................25

Figura 3-Porção anterior da Taenia solium.......................................................25

Figura 4-Porção anterior da Taenia saginata................................................... 25

Figura 5-Ovos do A. Lumbricoide.....................................................................25

Figura 6-Ovos do E. vermiculares.....................................................................26

Figura 7-Ovos do T. saginata e T.solium..........................................................26

Figura 8-Ovos do T. trichiura............................................................................26

Figura 9-Proglotes da T. saginata e T. soluim..................................................26

Figura 10- Cartilha em alto relevo com macho e fêmea do A. lumbricoides....27

Figura 11- Cartilha em alto relevo com o macho e fêmea do E. vermicularis...27

Figura 12- Cartilha em alto relevo representando a T. saginata e T. solium....27

Figura 13- Cartilha em alto relevo com o macho e fêmea do T. trichiura.........27

.Figura 14- Cartilha em alto relevo demonstrando o tamanho real dos helmintos

E. vermicularis e T. trichiura..............................................................................28

Figura 15- Cartilha em alto relevo com o ciclo evolutivo do helminto A.

Lumbricoides.....................................................................................................28

Figura 16- Cartilha em alto relevo com o ciclo evolutivo do T. trichuira...........28

Figura 17- Cartilha em alto relevo com o ciclo evolutivo da T. soluim.............28

Figura 18- Cartilha em alto relevo com o ciclo evolutivo da T. saginata..........29

Figura 19- Cartilha em alto relevo com o ciclo evolutivo do E. Vermicularis....29

Figura 20- Alunos analisando os modelos tridimensionais dos ovos, por meio

do tato................................................................................................................31

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Figura 21- Aluno analisando o material em alto relevo..................................31

Figura 22- Exposição oral sobre as formas de transmissão e as medidas

preventivas......................................................................................................32

Figura 23- Entrevista avaliativa realizada no Educandário São José do

Operário antes e depois do curso, com cada sujeito da pesquisa....................33

xii

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1

1- INTRODUÇÃO

A inclusão de alunos portadores de necessidades especiais ou de

distúrbios de aprendizagem na rede regular de ensino, em todos os níveis, é

assegura por lei, sendo este o princípio da educação inclusiva Lei LDBEN

(9.394/96).

A inclusão escolar constitui, portanto, uma proposta politicamente

correta, que garante a igualdade de direitos e de oportunidades educacionais

para todos, em um ambiente educacional favorável. O processo de inclusão

ocorre de forma gradual e interativa, através da participação do próprio aluno

na construção do ambiente escolar. Alguns educadores defendem que a escola

não precisa preparar-se para garantir a inclusão de alunos com necessidades

especiais, mas deve tornar-se preparada como resultado do ingresso desses

alunos Lei LDBEN (9.394/96).

Em 1999, na Conferencia Mundial da Unesco sobre a Ciência e o uso do

conhecimento científico, foi constatado que “existem barreiras que impediram a

participação plena de outros grupos, de ambos os sexos, inclusive pessoas

portadoras de deficiências, dos povos indígenas e das minorias étnicas,

doravante denominadas grupos em situação de desvantagem”. Em relação ao

ensino de ciências, foram declaradas as seguintes notas:

“Os governos devem dar a mais alta prioridade à melhoria

da educação científica em todos os níveis, dedicando

particular atenção à eliminação dos efeitos do preconceito

de gênero e do preconceito contra os grupos em situação

de desvantagem, conscientizando o público sobre a

ciência e apoiando sua popularização”. (Declaração sobre

a Ciência e o uso do Conhecimento Científico – UNESCO

- Julho/1999).

Atualmente existe a necessidade de várias adaptações para a inclusão

de alunos portadores de deficiência no sistema de ensino. É muito difícil

proporcionar a esse aluno uma educação de qualidade, principalmente na rede

pública de ensino do Brasil, devido á vários fatores, como a falta de

treinamento dos professores para educar os mesmos e, além disso, a maioria

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das escolas não apresenta recursos didáticos que possam auxiliar no processo

de ensino-aprendizagem.

No caso de alunos deficientes visuais, existem necessidades

educacionais especiais, que devem ser supridas pela utilização de métodos e

recursos didáticos apropriados durante o processo de ensino-aprendizagem,

proporcionando, dessa forma, maior interação entre professor e aluno. O termo

“necessidades educacionais especiais” refere-se a todas aquelas crianças ou

jovens cujas necessidades educacionais especiais se originam em função de

deficiências ou dificuldades de aprendizagem (Declaração da Salamanca –

1994).

Assim, fica clara a importância da utilização de recursos didáticos

direcionados para o ensino de deficientes visuais.

Durante o ensino de Biologia, mencionamos estruturas microscópicas,

que precisam ser ampliadas para serem demonstradas. Os recursos de

imagem são essenciais para proporcionar a visualização e compreensão de

vários conteúdos relacionados á Biologia para o aluno normovisual. Portanto,

para que o aluno deficiente visual possa adquirir esses conhecimentos, se faz

necessário o desenvolvimento de recursos didáticos que possam reproduzir

estruturas biológicas, como no caso dos helmintos.

Além da questão simplesmente didática, o tema das verminoses para

deficientes visuais se reflete de especial cuidado por ser um tema diretamente

relacionado à preservação e manutenção da saúde e da qualidade de vida.

Assim, a falta de informação ou a inadequação da transmissão para o contexto

de ensino-aprendizagem do cego podem torná-lo vulnerável a infecções e

comprometer a sua saúde.

Torna-se, portanto necessária a elaboração de novos e mais adequados

recursos didáticos capazes de atender as necessidades de deficientes visuais,

que passa trazer para o concreto dados que em face a sua deficiência são

difíceis de serem aprendidas.

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3

2- Revisão bibliográfica

2.1- Deficiência visual

O termo deficiência, abrange todo e qualquer comprometimento que

afeta a integridade física e ou mental do indivíduo trazendo prejuízos à sua

locomoção, coordenação de movimentos, na fala, compreensão de

informações, na orientação espacial ou na percepção e contato com outras

pessoas. A deficiência visual é definida como uma limitação no campo da visão,

inclui desde a cegueira total até a visão subnormal. “A limitação no campo da

visão, é determinada por duas escalas oftalmológicas: acuidade visual

(capacidade de distinguir detalhes) e campo visual (amplitude alcançada pela

visão)” (CONDE, 2007).

O termo cegueira reúne indivíduos com vários graus de visão residual.

Neste caso, não significa necessariamente, total incapacidade para ver, mas

prejuízo dessa aptidão a níveis de incapacidade para o exercício de tarefas

rotineiras. “A cegueira total ou simplesmente amaurose, pressupõe completa

perda de visão. A visão é nula, isto é, nem a percepção luminosa está

presente”. Na visão subnormal, ocorre uma perda significativa da visão, com

diminuição na percepção de cores e dificuldades de adaptação à luz, que não

pode ser corrigida por tratamento clínico, cirúrgico e por óculos convencionais.

Existe também, a “cegueira parcial“ (também denominada de legal ou

profissional), inclui os indivíduos apenas capazes de contar dedos a curta

distância e os que percebem vultos, nesse último caso há apenas a distinção

entre claro e escuro (ROCHA, 1997). Segundo o decreto 5.296 de 02 de dezembro de 2004, cap.II, art5°, a

deficiência visual é definida como:

“... cegueira, na qual a acuidade é igual ou menor que

0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; a

baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05

no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos

nos quais a somática da medida do campo visual em

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ambos os olhos for igual ou menor que 60°; ou a

ocorrência simultânea de quaisquer das condições

anteriores.”

A secretaria de Educação Especial / MEC (2006) apresenta as seguintes

definições:

Baixa visão: é a alteração da capacidade funcional da visão, decorrente de

inúmeros fatores ou associados, tais como: baixa acuidade visual significativa,

redução importante do campo visual, alterações corticais e/ou de sensibilidade

aos contrastes, que interferem ou que limitam o desempenho visual do

indivíduo. A perda da função visual pode se dar em nível severo, moderado ou

leve, podendo ser influenciada também por fatores ambientais inadequados.

Cegueira: é a perda total da visão, até a ausência de projeção de luz. Do ponto

de vista educacional, deve-se evitar o conceito de cegueira legal (acuidade

visual igual ou menor que 20/200 ou campo visual inferior a 20° no menor

olho), utilizada apenas para fins sociais, pois não revelam o potencial visual útil

para a execução de tarefas.

Pessoas com baixa visão: aquelas que apresentam “desde condições de

indicar projeção de luz, até o grau em a redução da acuidade visual interfere ou

limita seu desempenho”. Seu processo educativo se desenvolverá,

principalmente, por meios visuais, ainda que com a utilização de recursos

específicos.

Cegas: pessoas que apresentam “desde a ausência total de visão, até a perda

da projeção de luz”. O processo de aprendizagem se fará através dos sentidos

remanescentes (tato, audição, olfato, paladar), utilizando o Sistema Braille

como principal meio de comunicação escrita (SEESP/MEC, 2005).

Segundo Vigostsky, citado em Andrezzo (2005), o desenvolvimento da

criança deficiente visual, deve estar direcionado para a superação dessa

limitação fundamentando-se nas suas capacidades como ser.

De acordo com Araújo (1997), quando a criança deficiente visual é

estimulada, desde cedo, a desenvolver suas habilidades sensório-motores,

através de outros sentidos, terá condições de construir suas estruturas

cognitivas de maneira equilibrada, passando por todos os estágios de

desenvolvimento, adquirindo as noções de objeto, espaço, causalidade e

tempo.

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De acordo com Conde (2007), pedagogicamente, delimita-se como cego

o aluno que, necessita do método Braille para ler, e como portador de visão

subnormal aquele que consegue ler tipos impressos ampliados ou com o

auxílio de recursos ópticos potentes.

Segunda a secretaria de Educação Especial / MEC, (2006) a prevenção

da deficiência visual na infância consiste em um importante fator, pois a

cegueira é mais facilmente detectada e geralmente diagnosticada. A detecção

precoce pode ser decisiva no desenvolvimento global da criança, desde que

sejam propiciadas condições de estimulação adequada a suas necessidades

de maturação, favorecendo o desenvolvimento máximo de suas

potencialidades e minimizando as limitações impostas pela incapacidade

visual.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Agência Internacional de

Prevenção de Cegueira (IAPB), com o objetivo de reduzir o número de pessoas

cegas nos próximos quatorze anos, desenvolveram o Projeto Visão 2020 com o

objetivo de identificar as principais causas. Além de distribuir óculos para

crianças, realizar cirurgia de catarata, investir em medidas de controle de

doenças que podem causar a perda da visão, treinar pessoas para apoiar

essas estratégias.

2.2- O Deficiente visual no Brasil

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam a existência

de aproximadamente 40 milhões de pessoas deficientes visuais no mundo, dos

quais 75% são provenientes de regiões consideradas em desenvolvimento. O

Brasil, segundo essa mesma fonte, apresenta taxa de incidência de deficiência

visual entre 1,0 a 1,5% da população, sendo que a proporção é de 80% de

pessoas com baixa visão e de 20% de pessoas totalmente cegas.

Apesar desses números, somente a partir da Constituição Federal de

1988, as necessidades e os direitos dos portadores de necessidades especiais,

vêm sendo mencionados em leis, estatutos e decretos.

As pessoas portadoras de deficiência, independentemente da origem,

natureza e gravidade da mesma, têm os mesmos direitos civis e políticos de

Page 18: DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE VERMINOSES PARA DEFICIENTES VISUAIS. Tatiana Andrade Rocha da Silva

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seus concidadãos da mesma idade. Além do direito a medidas que visem

capacitá-las a obter e manter um emprego ou desenvolver atividades úteis e

produtivas, de acordo com suas capacidades. Dessa forma, essas pessoas

podem se manter autoconfiantes e não ter suas necessidades especiais

referidas como uma limitação, impossibilitando-as de desfrutar de uma vida

decente (Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes).

O Governo Federal declarou o ano de 2004 como o Ano Ibero-

Americano das Pessoas com Deficiência, durante a conferência Ibero-

Americana de chefes de Estado e de Governo, que ocorreu em Santa Cruz de

La Sierra – Bolívia, nos dias 14 e 15 de Novembro de 2003. Esse fato foi

importante para a elaboração de políticas de inclusão para esta modalidade de

pessoas. Em 02 de Dezembro de 2004, o Governo federal publicou o Decreto

5.296, que regula as leis federais responsáveis pelo direito ao acesso de

pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida (gestantes, pessoas com

crianças de colo, pessoas com idade igual ou superior a sessenta anos,

obesos, entre outros). Essa regulamentação representou um passo importante

para a cidadania dessas pessoas.

De acordo com Nabais (2000), apesar da existência de leis e decretos, a

inserção do deficiente visual no mercado de trabalho é muito restrita e

agravada por vários fatores, sendo o mais importante à falta de qualificação

profissional pela maioria. Isso é ocasionado, pela ausência de medidas

voltadas para a educação e a dificuldade de acesso aos cursos existentes.

Existe ainda, a crença por parte dos empregadores, que pessoas portadoras de

deficiência não se integram ao grupo de trabalho, podem causar acidentes,

além da preocupação com o custo de adaptações e aquisição de equipamentos

especiais.

Ainda segundo Nabais (2000), o Instituto Benjamin Constant (IBC), no

Rio de Janeiro, referência nacional em educação e capacitação para cegos,

promove o encaminhamento profissional de pessoas portadoras de deficiência

visual e desenvolve programas de divulgação e intercâmbio de experiências e

inovação na área do atendimento dessas pessoas. Recentemente, um grupo

do Departamento Técnico-Especializado analisou cerca de 440 profissões de

diversos níveis de qualificação, entre essas, 95 eram compatíveis com o

desempenho dos deficientes visuais.

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Atualmente existem instituições que oferecem cursos de habilitação e

qualificação profissional, como o SENAI, SEBRAE e SENAC, sendo, no

entanto para ampliar a oferta de cursos semelhantes, que ainda se mostra

pequena, em especial em locais afastados dos grandes centros urbanos.

2.3 - A Educação Especial

Atualmente as políticas nacionais para incluir todas as crianças na

escola e o ideal de uma escola para todos estão criando perspectivas

educacionais para os alunos com necessidades especiais. A educação

especial tem sido definida, segundo LDBEN (9.394/96), como uma modalidade

de educação escolar, voltada para a formação do indivíduo, garantindo o

exercício da cidadania.

A Constituição Federal de 1988 estabelece o direito de pessoas

portadoras de necessidades especiais receberem educação, preferencialmente

na rede regular de ensino (art. 208, III). Portanto, foi a partir desta Constituição

que começou efetivamente a luta pela educação especial, tornando possível a

implantação da Lei LDBEN (9.394/96), que regula a política de inclusão de

alunos com necessidades especiais nas escolas regulares brasileiras. A

diretriz atual defende a plena integração de pessoas com necessidades

especiais em todas as áreas da sociedade, tendo o direito à educação e,

sempre que possível, junto com os demais alunos nas escolas regulares.

Em relação ao acesso nos cursos superiores de ensino, a Portaria n°.

1.679 de 1999, do Ministério da Educação alude sobre requisitos que torna

possível o acesso de pessoas portadoras de deficiência em cursos superiores.

De acordo com essa Portaria no que se refere ao deficiente visual temos

as seguintes citações em seu art.1°:

“II – no que concerne a alunos portadores de deficiência

visual, compromisso formal da instituição, no caso de vir a

ser solicitada e até que o aluno conclua o curso”:

a) de manter sala de apoio equipada com máquina de

datilografia Braille, impressora Braille acoplada ao

computador, sistema de síntese de voz, gravador e foto

copiadora que amplie textos para atendimento ao aluno

Page 20: DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE VERMINOSES PARA DEFICIENTES VISUAIS. Tatiana Andrade Rocha da Silva

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com visão subnormal, lupas, réguas de leitura, scanner

acoplado a computador;

b) de adotar um plano de aquisição gradual de acervo

bibliográfico em Braille e de fitas sonoras para uso

didático.”

O Ministério da Educação com o DECRETO N° 3.298, de 20 de

Dezembro de 1999, apresenta os seguintes artigos referentes à educação

superior para pessoas portadoras de deficiência:

“Art. 27. As instituições de ensino superior deverão

oferecer adaptações de provas e os apoios necessários,

previamente solicitados pelo aluno portador de

deficiência, inclusive tempo adicional para realização das

provas, conforme as características da deficiência”.

§ 1° as disposições deste artigo aplica-se, também, ao

sistema geral do processo seletivo para ingresso em

cursos universitários de instituição de ensino superior.

§ 2° O Ministério da Educação, no âmbito da sua

competência, expedirá instruções para que os programas

de educação superior incluam nos seus currículos

conteúdos, itens ou disciplinas relacionadas à pessoa

portadora de deficiência.

Art. 28. O aluno portador de deficiência matriculado ou

egresso do ensino fundamental ou médio, de instituições

públicas ou privadas, terá acesso à educação profissional,

a fim de obter habilitação profissional que lhe proporcione

oportunidades de acesso ao mercado de trabalho”.

O Programa Educação Inclusiva: direito à diversidade, iniciado em 2003,

tem o objetivo de implantar a política de educação inclusiva nos municípios

brasileiros, apoiando a formação de gestores e educadores com a finalidade de

transformar os sistemas educacionais em sistemas educacionais inclusivos,

garantindo aos alunos com necessidades educacionais especiais o acesso e a

permanência, com qualidade, nas escolas da rede regular de ensino. Este

programa disponibiliza equipamentos, mobiliários e material pedagógico para

tornar possível a implantação de salas com recursos, para o atendimento

Page 21: DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE VERMINOSES PARA DEFICIENTES VISUAIS. Tatiana Andrade Rocha da Silva

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educacional especializado nos municípios-polos, desta forma, apoiando o

processo de educação inclusiva na rede pública de ensino (SEESP/MEC –

2003).

Em 04 de Julho de 2006, o Ministério da Educação por meio da SESU

(Secretaria da Educação Superior) e da SEESP (Secretaria da Educação

Especial) convocou as Instituições Federais de Educação Superior (IFES), a

desenvolverem projetos para proporcionar o acesso de pessoas portadoras de

deficiência ao Ensino Superior. De acordo o Edital n° 8, o projeto deveria conter

ações que promovessem os seguintes critérios:

a)

b)

c)

d)

e)

f)

Acessibilidade à comunicação de alunos com deficiência, em todas as

atividades acadêmicas;

Aquisição de equipamentos e materiais didáticos específicos destinados

ao uso de alunos com deficiência para promoção de acessibilidade;

Aquisição e adaptação de mobiliários para acessibilidade de pessoas

com deficiência nos diferentes ambientes ou compartimentos da

Instituição;

Reforma nas edificações para acessibilidade física dos alunos com

deficiência em todos os ambientes; Formação profissional de professores e técnicos para atuação com

alunos portadores de deficiência; Contratação de pessoal para os serviços de atendimento educacional

especializado.

De acordo com o art. 44 e 45 da Lei Federal n° 9.394/96 o aluno

deficiente visual, assim como alunos portadores de outras necessidades

especiais, tem direito a educação superior em Instituições de ensino superior

pública e privada, em todas as suas modalidades. De acordo com esta lei,

essas modalidades são: cursos seqüenciais por campo de saber, de diferentes

níveis de abrangência, abertos a candidatos que atendam aos requisitos

estabelecidos pelas instituições de ensino; de graduação, para os candidatos

que tenham concluído o ensino médio ou equivalente e tenham sido

classificados em processo seletivo; de pós-graduação, compreendendo

programas de mestrado e doutorado, para candidatos diplomados em curso de

graduação e que atendam às exigências das instituições de ensino; de

Page 22: DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE VERMINOSES PARA DEFICIENTES VISUAIS. Tatiana Andrade Rocha da Silva

10

extensão, abertos a candidatos que atendam aos requisitos estabelecidos

pelas instituições de ensino.

Apesar do direito a todos os níveis de educação ser garantidos por leis e

decretos, o acesso de pessoas portadoras de deficiência ao ensino, ainda é

limitado existindo barreiras na estrutura física e a falta de metodologias e

recursos didáticos apropriados para proporcionar uma formação de qualidade.

Isso acontece, devido á ausência de investimentos direcionados para atender

essas necessidades, nas instituições privadas e principalmente nas públicas.

Dessa forma, não é praticada a educação inclusiva, declarada como direito de

todos os cidadãos a educação.

2.4- Os dados da Educação Especial Os dados mais recentes da Secretaria de Educação Especial do Mistério

da Educação (SEESP/MEC-2006) demonstram crescimento no número de

matrículas na educação especial de 48%, entre 1998 a 2006 (gráfico1).

Segundo esse mesmo censo, ocorreu um crescimento de 640% das matrículas

em escolas comuns e de 28% em escolas e classes especiais (gráfico 2).

Evolução de Matrículas na Educação Especial

0

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

800000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

337.326382.215 404.743

448.601504.039

566.753

374.699

640.317700.624

Fonte: MEC/INEP (Censo Escolar)

Gráfico 1-Evolução de matrículas na educação especial no Brasil no período de 1998 a 2006.

FONTE: (SEESP/MEC/ 2006)

Page 23: DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE VERMINOSES PARA DEFICIENTES VISUAIS. Tatiana Andrade Rocha da Silva

11

800000700000600000500000400000300000200000100000

01998 1999 2000 2005 2006 2001 2002 2003 2004

Escolas especializadas Escolas regulares

Fonte: MEC/INEP (Censo Escolar)

Gráfico 2-Matrículas em escolas regulares e especializadas na educação especial no Brasil no

período de 1998 a 2006.

FONTE: (SEESP/MEC/ 2006)

Em 2006 o número de alunos matriculados com deficiência visual (baixa

visão e cegueira) e os cegos-surdos, somam 72.556, o que corresponde a

aproximadamente a 10% das matrículas na Educação Especial (gráfico 3).

Page 24: DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE VERMINOSES PARA DEFICIENTES VISUAIS. Tatiana Andrade Rocha da Silva

12

Fonte: MEC/INEP (Censo Escolar)

350.000

300.000 291.130

250.000

200.000

150.000

100.000 95.86074.605

60.63247.98150.000 43.405 39.664

21.43911.2159.206 2.718 2.769

0 Baixa visão Condutas SíndromeCegueira Def. auditiva Surdez Surdocegueira Def. Múltipla Def. Física Superdotação Autismo Def. mentaltípicas de Down

Gráfico 3- Distribuição de Matrículas por deficiência no Brasil no período de 2006.

FONTE: (SEESP/MEC/ 2006)

Os números da Educação Superior referentes à 2003/2005, mostram

que houve um aumento de matrículas, tanto na rede pública e na privada.

Mesmo assim, a rede privada detém 68% das matrículas de alunos com N.E.E

(Necessidades Educacionais Especiais) (gráfico 4). Os dados indicam que

3.418 deficientes visuais foram matriculados no ensino superior em 2005,

representando um aumento de praticamente 49% em relação a 2004 (gráfico

5).

Page 25: DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE VERMINOSES PARA DEFICIENTES VISUAIS. Tatiana Andrade Rocha da Silva

13

Evolução de Matrículas de Aluno com N.E.E no Ensino Superior

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

14.000

200320042005

Total PrivadasPúblicas

5.0785.392

11.999

1.373 1.318

3.809 3.705 4.074

8.190

Fonte: MEC/INEP (Censo Escolar)

Gráfico 4-Matrículas de alunos com N.E.E no ensino superior no Brasil no período de 2003 a

2005.

Evolução de Matrículas de Alunos com N.E.E no Ensino Superior

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

200320042005

Supepdotados condutas típicas Def. auditiva Def. física Def. mental Def. múltipla Def. visual Outras necessidades

20352

498 488224

448665

974

2.428

1.387

1.704

3.914

96 72225

83 140

515

920

1.665

3.418

1.419

261

553

Fonte: MEC/INEP (Censo Escolar)

Gráfico 5-Distribuição de matrículas por deficiência no ensino superior no período de 2003 a

2005.

De acordo com os dados apresentados, pode-se observar que o número

de deficientes visuais diminui bastante do ensino fundamental e médio para o

ensino superior. Este fato comprova a dificuldade do acesso de pessoas

portadoras de necessidades especiais a instituições de ensino. Portanto,

Page 26: DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE VERMINOSES PARA DEFICIENTES VISUAIS. Tatiana Andrade Rocha da Silva

14

podemos concluir a necessidade de se colocar em prática as políticas de

inclusão na educação especial.

2.5- Percepção tátil

Por meio da visão, identificamos diferentes imagens, que transmitem

informações, acrescentando ou modificando nosso conhecimento. Segundo

Araújo (1997), 70% de todos os nervos sensoriais do corpo partem dos olhos,

além da visão esses nervos transmitem informações que reforçam habilidades

para coordenar movimentos, manter o equilíbrio e pensar. O ato de ver vincula-

se ao sistema cerebral e interage com todo sistema evolutivo da criança.

O deficiente visual obtém informações do ambiente através dos sentidos

remanescentes como a audição, paladar, olfato e tato. Sendo o tato, a principal

via de acesso ao conhecimento, através dele, o aluno é capaz de perceber as

características dos objetos e assim identificá-lo. As informações são adquiridas

e construídas de forma sistemática. A percepção tátil consiste na principal

ferramenta para o deficiente visual desenvolver habilidades e capacidade de se

adaptar. “A carência de estimulação visual traz um déficit na utilização das

funções ópticas que consequentemente, acarretará, em um déficit em alguma

área do desenvolvimento da criança” (ARAÚJO, 2007). Dessa forma, durante o

processo de ensino-aprendizagem existe a necessidade de métodos e recursos

didáticos especiais, que sejam capazes de fornecer informações através dos

sentidos remanescentes.

Segundo Grifin e Gerber (1996), a modalidade tátil é de ampla

confiabilidade, pois além do sentido do tato inclui também a percepção e a

interpretação por meio da exploração sensorial. Nesse contexto, eles dividem

as seqüências do desenvolvimento tátil em quatro fases, que apresentam

variados níveis de aquisição de habilidades de acordo com o processo de

desenvolvimento:

Page 27: DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE VERMINOSES PARA DEFICIENTES VISUAIS. Tatiana Andrade Rocha da Silva

15

a) Consciência de qualidade tátil A consciência das qualidades táteis dos objetos consiste na primeira

fase do desenvolvimento tátil. Nessa fase, o tato está direcionado a atenção às

texturas, temperatura, contorno, tamanho e peso. A percepção tátil é

construída e desenvolvida de forma sucessiva, através da prática, passando

pelos movimentos grosseiros até a exploração de detalhes dos objetos. Dessa

forma, as crianças cegas devem conhecer diferentes texturas como mole e

duro; macio e áspero, para assim, serem aptas a identificá-las e, através da

técnica gradual de percepção, podem conhecer os tamanhos e pesos dos

objetos.

b) Conceito e reconhecimento de formas

Durante essa fase, podemos identificar nas crianças cegas, diferenças

na capacidade de distinguir a forma do objeto.

De acordo com Warren citado em Grifin e Gerber (1996), o

discernimento de formas por parte das crianças cegas melhora com a prática.

Sendo que, as crianças cegas mais velhas discriminam e localizam formas

melhor que crianças normovisuais da mesma faixa etária.

Ainda segundo Grifin e Gerber (1996) alunos cegos identificam um

detalhe que caracteriza o objeto, que os ajuda a discriminá-lo. Observou-se

que quanto mais complexo o objeto, mais tempo leva para os alunos cegos

encontrarem um detalhe significativo para identificá-lo. Todavia, os

componentes mais importantes do conceito e do reconhecimento da forma são

a clareza e a simplicidade do desenho e a exploração ativa do objeto. Dessa

forma, no âmbito das aplicações educativas, devem ser inicialmente explorados

objetos com formas mais simples e de tamanho pequeno. Em seguida, devem

ser apresentados formatos em tamanhos maiores e por último, é necessário

conhecer objetos mais complexos. Somente quando os objetos tridimensionais

já são conhecidos, são apresentados, os objetos bidimensionais. Nessa fase,

as crianças cegas devem também aprender a reconhecer vários objetos e

padrões dentro de um cenário mais complexo.

Page 28: DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE VERMINOSES PARA DEFICIENTES VISUAIS. Tatiana Andrade Rocha da Silva

16

c) Representação gráfica Nesta etapa, os alunos cegos exploram o ambiente de maneira

organizada, começando com a forma geral dos objetos, para depois identificar

o detalhe mais importante e por último distinguir os detalhes que ajudam a

fazer uma identificação mais real. A representação gráfica pode ser

caracterizada quando alunos cegos percebem que objetos pequenos podem

representar objetos em tamanho maior, assim um mapa representa uma área

geográfica maior. No entanto, a representação gráfica (relevo, linhas retas e

curvas e formas geométricas) deve ser apresentada aos poucos, uma parte de

cada vez, com isso, a criança consegue identificar o objeto de forma

generalizada.

d) Sistemas de simbologia A utilização de sistemas de simbologia é um passo adiante da

representação gráfica, sendo a última etapa do desenvolvimento tátil. O

sistema Braille é um dos mais utilizados, consiste na representação dos

elementos da linguagem através de pontos, que são perceptíveis ao tato.

“Na simbologia, a representação não precisa ter semelhança com o

original, mas simplesmente significa o objeto” (GRIFIN e GERBER 1996).

O desenvolvimento tátil ocorre de forma gradual, por meio de um

processo seqüencial, partindo do reconhecimento simples ao complexo. O

estímulo da família dos professores é de suma importância nesse processo.

Portanto, o desenvolvimento tátil é à base do desenvolvimento cognitivo do

deficiente visual e fundamental para o seu aprendizado.

Page 29: DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE VERMINOSES PARA DEFICIENTES VISUAIS. Tatiana Andrade Rocha da Silva

17

2.6- Recursos didáticos para deficientes visuais

Recursos didáticos são recursos físicos, utilizados como ferramenta

auxiliar durante o processo de ensino-aprendizagem, a fim de incentivar,

facilitar e possibilitar a aprendizagem do educando.

De acordo com Cerqueira e Ferreira (2000), os recursos didáticos

podem ser classificados em:

Naturais: elementos de existência real na natureza, como água, pedra,

animais.

Pedagógicos: quadro, flanelógrafo, cartaz, gravura, álbum seriado, slide,

maquete.

Tecnológicos: rádio, toca-discos, gravador, televisão, vídeo cassete,

computador, ensino programado, laboratório de línguas.

Culturais: biblioteca pública, museu, exposição.

Para o aproveitamento dos recursos didáticos, alguns fatores são

relevantes, como: a capacidade do aluno; experiência do educando; técnicas

de emprego; oportunidade de ser apresentado e o uso limitado, para não

causar desinteresse.

Durante o processo de ensino aprendizagem de alunos portadores de

deficiência, se faz necessário, à utilização de métodos e recursos didáticos

específicos. No caso de alunos deficientes visuais, são utilizados recursos

didáticos alternativos, capazes de estimular os sentidos remanescentes. A

elaboração de modelos tridimensionais e cartilhas em alto relevo, consistem

em uma alternativa para atender essa necessidade, sendo adequados para

transmitir informações.

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) (MEC/2006), na

seleção, adaptação ou elaboração de recursos didáticos, o professor deve

obedecer alguns critérios, garantindo a validade na utilização dos mesmos,

tanto para alunos cegos quanto para alunos de visão subnormal. Os critérios

são:

Tamanho: os materiais devem ser confeccionados ou selecionados em

tamanho adequado às condições dos alunos. Materiais muito pequenos não

ressaltam os detalhes ou perdem-se com facilidade e os excessivamente

grandes podem prejudicar a percepção da totalidade.

Page 30: DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE VERMINOSES PARA DEFICIENTES VISUAIS. Tatiana Andrade Rocha da Silva

18

Significação tátil: o material deve conter relevo perceptível e apresentar

diferentes texturas para destacar as partes componentes. Contrastes do tipo

liso/áspero, fino/espesso, permitem distinção adequada.

Aceitação: o material não deve causar rejeição ao manuseio, ocorre quando

ferem ou irritam a pele, provocando reações de desagrado.

Estimulação visual: o material deve apresentar cores fortes e contrastantes

para estimular a visão funcional do aluno deficiente visual.

Fidelidade: o material deve representar, com maior exatidão possível, o

modelo original.

Facilidade de manuseio: a material deve ser simples e de fácil manuseio,

facilitando utilização.

Resistência: os recursos didáticos devem ser confeccionados com materiais

resistentes, devido à freqüência do manuseio pelos alunos. Segurança: os materiais não podem oferecer perigo aos educandos.

A criança deficiente visual tem dificuldade de contato com o ambiente,

sendo necessária à utilização de modelos que reproduz as características

originais. Dessa forma, são superados os problemas de tamanho dos objetos

originais, distância em que se encontram e impossibilidade de contato. Os

modelos criteriosamente escolhidos, devem ser apresentados aos alunos

acompanhados de explicações verbais objetivas. Objetos muito pequenos

podem ser ampliados em modelos que tornem possível perceptível os detalhes

importantes. Objetos inacessíveis, situados a longas distâncias, devem ser

representados na forma de modelos, como por exemplo, o formato de uma

nuvem, a forma do sol, da lua, só pode ser conhecido por esses alunos através

de modelos miniaturizados.

Os materiais produzidos em relevo, constituídos de PVC, consistem num

importante recurso didático, capaz de reproduzir mapas, plantas baixas,

gráficos, tabela, ângulos, formas geométricas e outros. Este material é

fabricado a partir de um aparelho denominado “thermoform”, que utiliza vácuo e

alta temperatura. Atualmente, o Instituto Benjamin Constant distribui regletes,

punções e sorobãs de qualidade, para todo o Brasil. Devido sua especialidade,

é uma referência nacional e juntamente com o MEC desenvolve ações de

apoio especializado à educação de alunos cegos, visando promover a inclusão

escolar.

Page 31: DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE VERMINOSES PARA DEFICIENTES VISUAIS. Tatiana Andrade Rocha da Silva

19

2.7- Sistema Braille

O Braille é um sistema de simbologia representado por pontos

perceptíveis ao tato utilizado na leitura e na escrita por pessoas cegas. Foi

criado em 1825 por Louis Braille, um jovem francês que ficou cego aos três

anos de idade. O sistema Braillle ou código Braille, utiliza uma combinação de

6 pontos em relevo, dispostos em duas colunas de 3 pontos, permitindo a

produção de 64 combinações ou símbolos Braille. Esses seis pontos formam a

“cela Braille”. As combinações representam as 26 letras do alfabeto, os

acentos, a pontuação, os números, símbolos matemáticos, químicos e até as

notas musicais. As partituras e todos os idiomas aceitam o braile, inclusive os

que usam símbolos e não letras como o japonês e o chinês.

Na obtenção do material, utilizam-se impressoras elétricas e

computadorizadas; máquina de datilografia e manualmente, por meio de

reglete e punção.

O Sistema Braille teve plena aceitação por parte dos deficientes visuais

e por sua eficácia e aplicabilidade, se tornou o melhor meio de leitura e escrita

para os mesmos.

Em 1878, no congresso internacional realizado em Paris, foi

estabelecido que o sistema Braille deveria ser adotado de forma padronizada,

para ser utilizado na leitura de acordo com a proposta de Louis Braille.

No Brasil, o Sistema Braille teve plena aceitação, utilizando-se

praticamente toda a simbologia empregada na França.

A partir da década de 70, algumas pessoas cegas começaram a atuar

profissionalmente no campo da informática, o que favoreceu o surgimento de

diferentes formas de representação em Braille desta matéria.

As pessoas normovisuais aprendem a ler através da palavra impressa,

de maneira gradual e outras informações como figuras ajudam a formar o

contexto. O deficiente visual não tem essas informações associadas, no

entanto, o aluno para conseguir ler em Braille precisa memorizar várias

configurações dos pontos da cela Braille. Para isso, é preciso praticar, já que

consiste num procedimento muito sistemático. Diante desse fato, é preciso

Page 32: DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE VERMINOSES PARA DEFICIENTES VISUAIS. Tatiana Andrade Rocha da Silva

20

incentivar a utilização desse sistema no período escolar, afim de que a criança

cega adquira com mais facilidade a habilidade de ler e escrever.

Esse sistema consolidou-se como uma ferramenta muito importante na

educação e na vida dos deficientes visuais, possibilitando-os na aquisição de

informações e na comunicação com seu ambiente e com o mundo.

3- OBJETIVO GERAL

- Desenvolver recursos didáticos adequados, para o ensino de

verminoses para alunos deficientes visuais, através do desenvolvimento e

elaboração de material didático apropriado, com a finalidade de repassar

conhecimentos sobre verminoses.

- Avaliar a eficácia desses recursos didáticos, por meio da avaliação dos

professores e alunos do Instituto Benjamim Constant e pelos alunos

participantes do curso.

- Fornecer o material desenvolvido para o Instituto Benjamim Constant,

a fim de que o mesmo possa ser reproduzido e distribuído para as pessoas

portadoras de deficiência visual.

3.1- OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Desenvolver cartilhas em alto-relevo, modelos tridimensionais em argila e

cartilhas informativas em Braille com as principais formas de adquirir

verminoses e as medidas profiláticas, com a colaboração de artesãos,

professores e alunos deficientes visuais do Instituto Benjamim Constant;

b) Obter informações sobre o grau de conhecimento, dos alunos deficientes

visuais acerca do assunto, através de questionários;

Page 33: DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE VERMINOSES PARA DEFICIENTES VISUAIS. Tatiana Andrade Rocha da Silva

21

c) Apresentar aos alunos deficientes visuais as verminoses de maior

prevalência, por meio da apresentação de um curso, visando uma

aprendizagem através da utilização dos modelos tridimensionais e cartilhas em

alto relevo;

d) Avaliar a qualidade e o rendimento do material produzido, através de

questionários aplicados antes e depois da aula;

4- MATERIAIS E MÉTODOS 4.1- Tipo de Pesquisa Trata-se de uma pesquisa experimental para confecção de materiais

didáticos para deficientes visuais e de pesquisa ação para realizar uma aula

com objetivo de avaliar esse material didático, com aplicação de pré e pós

texto.

4.2- Localização e População

Os materiais foram produzidos na UENF por artesãos integrantes do

Projeto “viVendo a Célula”, os mesmos foram testados no Instituto Benjamin

Constant e pelos alunos participantes do curso no Educandário São José do

Operário.

Paralelamente à confecção do material, foi realizada a avaliação inicial

do material por um grupo de alunos deficientes visuais selecionado e por

professores do I.B.C, de modo a se avaliar os critérios de precisão,

compreensão, detalhamento e relevância. Dessa forma, foi possível obter

conclusões acerca da eficácia do uso desses materiais didáticos como

ferramenta de aprendizagem para estudantes com deficiência visual.

A última etapa da avaliação foi o estudo longitudinal realizado no

Educandário São José do Operário com aplicação do curso sobre verminoses

com 6 alunos de ambos os sexos, com a finalidade de avaliar o entendimento

Page 34: DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE VERMINOSES PARA DEFICIENTES VISUAIS. Tatiana Andrade Rocha da Silva

22

das estruturas dos helmintos pelos alunos, através dos questionários e das

observações ao longo da aula.

4.3- Metodologia de Elaboração dos Materiais Didáticos

A partir de materiais alternativos e de baixo custo foram elaborados

materiais didáticos para deficientes visuais, com a finalidade de fornecer os

conceitos sobre verminoses, através da confecção de modelos tridimensionais

e cartilhas em alto relevo, com detalhamento e precisão dos helmintos mais

prevalentes e seus ciclos de vida.

4.3.1- Elaboração de Modelos Tridimensionais

Os materiais didáticos elaborados apresentam a maior semelhança

possível com as estruturas reais, a fim de estabelecer uma aprendizagem

consistente e assegurar conhecimentos precisos e corretos acerca do assunto.

Para isso, os critérios de dimensão, espessura, tamanho, escala e textura, são

seguidos para garantir resultados fidedignos.

As peças foram produzidas a partir de imagens de microscopia

eletrônica de varredura e transmissão, com a finalidade de reproduzir as

estruturas com maior precisão.

Os materiais foram moldados em argila crua, reproduzindo as principais

estruturas dos ovos e dos helmintos em detalhes ampliados, mostrando as

conformações características que normalmente só podem ser percebidas com

o auxílio de microscópios ou lupas, ampliando a participação e o interesse dos

alunos a partir da percepção desses detalhes, pelo fato de trazer informações

antes inacessíveis aos mesmos.

As peças moldadas foram posteriormente queimadas em forno a lenha,

em temperaturas variando de 500 a 700oC, a fim de obterem resistência

mecânica suficiente para suportar a manipulação pelos alunos.

Page 35: DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE VERMINOSES PARA DEFICIENTES VISUAIS. Tatiana Andrade Rocha da Silva

23

4.3.2 – Produção de Cartilhas em Alto-Relevo

Confeccionamos cartilhas em alto-relevo a partir da modelagem de

estruturas com pequeno volume espacial, em durepoxi e missanga, colados

sobre papel-cartão. As pranchas em papel-cartão foram posteriormente

reproduzidas em acetato, através de uma prensa térmica a vácuo

(Thermoform). Dessa forma, foram reproduzidos os helmintos, destacando as

diferenças morfológicas entre machos e fêmeas e ciclos de vida.

4.4-Realização do curso

Para a aplicação do curso, foram selecionados 6 alunos do Educandário

São José Operário, com deficiencia total ou parcial, sendo alunos do primeiro

segmento do ensino fundamental (1ª a 4ª série), a metodologia em abordar o

conteúdo foi baseado no plano de aula constando no apêndice A.

4.5- Entrevista Avaliativa

As entrevistas foram realizadas individualmente, através de questionário

(Apêndice1) elaborado e estruturado pela equipe do projeto, como forma de

garantir a fidedignidade das respostas.

Essa entrevista teve como objetivo obter informações básicas e

específicas sobre o aluno, sua expectativa sobre a aula e avaliar os

conhecimentos prévios e posteriores sobre verminoses.

Page 36: DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE VERMINOSES PARA DEFICIENTES VISUAIS. Tatiana Andrade Rocha da Silva

24

4.6- Avaliação do resultado Parte dos dados coletados foram tabulados com ajuda do programa

excel e expresso em gráfico de montagem.

Todos os participantes ou seus responsáveis foram esclarecidos sobre

os objetivos da presente pesquisa e aceitaram participar expontaneamente e

assinaram o termo de concentimento (apêndice B).

Foi solicitada a autorização para realização do material didático e da

avaliação inicial ao direito do instituto benjamin constant e também do direito do

educandário São José do Operário.

5- RESULTADOS

5.1- Modelos Tridimensionais

As porções anteriores do Ascaris lumbricoide (figura 1), Enterobius

vermiculares (figura 2), Taenia saginata (figura 3) e Taenia solium (figura 4)

foram modeladas em argila crua, todos representam a morfologia da superfície

externa.

Todos os ovos também foram modelados em argila crua e se abrem ao

meio no sentido longitudinal. Na superfície externa esta representada a parede

do ovo e na parte central a fase inicial do desenvolvimento do helminto. A

superfície externa dos ovos varia conforme a espécie, no ovo do A. lumbricoide

(figura 5) a superfície é rugosa e a do E. vermiculares (figura 6) se apresenta

lisa com um formato lembrando caroço de feijão. O ovo da T. saginata e solium

(figura 7) a superfície é mais regular, já o ovo do T. trichiura (figura 8)

apresenta projeções laterais. Na figura 9 pode-se observar o resultado final das

proglotes das T. saginata e solium.

Page 37: DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE VERMINOSES PARA DEFICIENTES VISUAIS. Tatiana Andrade Rocha da Silva

25

Figura 1-Porção anterior do Ascaris Lumbricoide Figura 2-Porção anterior do Enterobius

vermiculares

Figura 3-Porção anterior da Taenia solium Figura 4-Porção anterior da Taenia saginata

Figura 5-Ovos do A. lumbricoide

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26

Figura 6-Ovos do E. vermiculares

Figura 7-Ovos do T. saginata e T.solium

Figura 8-Ovos do T. trichiura

Figura 9-Proglotes da T. saginata e T. soluim

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27

5.2- Cartilhas em Alto-Relevo Foram produzidas como descrito no item 4.3.2 , as cartilhas apresentam

a morfologia do macho e da fêmea do A. lumbricoide (figura 10), E.

vermiculares (figura 11), do T. trichuira (figura 12). Na figura 13 a

representação da T. saginata e T. solium.

Foi possível representar o tamanho real do A. lumbricoide, E.

vermiculares e T. trichiura (figura 14) e nas figuras,15,16,17,18 e 19 os ciclos

evolutivos das espécies de helmintos em questão.

Figura 10- Cartilha em alto relevo com macho e fêmea do A. Lumbricoides.

Figura 11- Cartilha em alto relevo com o macho e fêmea do E. vermicularis.

Figura 12- Cartilha em alto relevo com o macho e fêmea do T. trichiura

Figura 13- Cartilha em alto relevo representando a T. saginata e T. solium.

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28

.

Figura 14- Cartilha em alto relevo demonstrando o tamanho real dos helmintos E.

vermicularis e T. trichiura.

Figura 15- Cartilha em alto relevo com o ciclo evolutivo do helminto A. Lumbricoides.

Figura 16- Cartilha em alto relevo com o ciclo evolutivo do T. trichuira.

Figura 17- Cartilha em alto relevo com o ciclo evolutivo da T. soluim.

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29

Figura 18- Cartilha em alto relevo com o ciclo evolutivo da T. saginata.

Figura 19- Cartilha em alto relevo com o ciclo evolutivo do E. vermicularis.

5.3- Realização do curso

Inicialmente foi feita uma explanação oral dos objetivos do curso, (aula).

Os modelos tridimensionais e as cartilhas em alto-relevo foram apresentados

aos alunos (figuras 20 e 21), junto com a explicação oral sobre o conteúdo

verminoses em linguagem simples e objetiva, para proporcionar o

entendimento básico. Nesta etapa, foi possível observar o interrese e a

curiosidade dos alunos com o material.

Nesta ocasião também foram abordados as formas de transmissão e as

medidas preventivas das helmintíases (figura 22).

Durante duas horas de aula foram abordados os seguintes conteúdos:

A) Verminoses de maior prevalência

• Ascaridíase

• Oxiuríase

• Teníase

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• Tricuríase

b) Características dos Helmintos

• Morfologia (Relação de tamanho e características morfológicas)

• Ciclo de vida

c) Formas de Transmissão

• Ingestão de água ou alimento contaminado com ovos dos vermes;

• Poeira;

• Solo;

• Mãos sujas;

• Através de insetos como, baratas, formigas e moscas, que carregam

os ovos dos vermes;

• Utensílios pessoais contaminados;

• Através de insetos como, baratas, formigas e moscas que carregam

os ovos;

• Ingestão de carne bovina (T. saginata), crua ou mal cozida, infectada

pelo cisticerco.

• Ingestão de carne suína (T. solium), crua ou mal cozida, infectada

pelo cisticerco;

• A cisticercose humana é adquirida pela ingestão acidental de ovos

da T.solium, que foram eliminados por portadores de Teníase.

Através das vias de transmissão: Mãos sujas e alimentos ou água

contaminada por ovos dos vermes.

d) Medidas Preventivas • Lavar bem as mãos sempre que usar o banheiro, ou antes, das

refeições;

• Conservar as mãos sempre limpas, unhas aparadas, e evitar colocá-

las na boca;

• Beber somente água clorada e filtrada;

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• Lavar bem os alimentos antes do preparo e do consumo, no caso de

alimentos crus;

• Comer apenas carne bem passada;

• Não deixar as crianças brincarem em terrenos baldios, com lixo ou água poluída;

• Manter limpa a casa e o terreno em volta, evitando a presença de

moscas e outros insetos;

• Não usar adubo humano em plantações;

• Comer somente em lugares limpos e higiênicos;

• Caso apresentar algum sintoma "suspeito", procurar orientação

médica.

Figura 20- Alunos analisando os modelos tridimensionais dos ovos, por meio do tato.

Figura 21- Aluno analisando o material em alto relevo.

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32

Figura 22- Exposição oral sobre as formas de transmissão e as medidas preventivas.

5.4- Resultado da entrevista avaliativa

A análise das respostas dos questionários (apêndice 1) revelou que dos

6 alunos participantes do curso (figura 23) 1 era do sexo feminino e 5 eram do

sexo masculino. As idades variaram entre 13 e 17 anos (gráfico 6), com a

metade desses alunos já tendo estudado em escolas regulares.

A metade dos alunos possui cegueira total e a outra metade possui

baixa visão e relataram também que tem dificuldades, em ler o material

ampliado e os transcritos em Braille, durante as aulas. Em relação aos conhecimentos sobre verminoses, antes da realização

do curso, todos os alunos responderam que já ouviram falar sobre vermes e

que os mesmos causam doenças. Eles demonstraram saber que os vermes

crescem e se reproduzem no organismo do homem. “São minhocas que ficam

na nossa barriga”. “Se reproduzem na gente e saem nas fezes” etc... Quando

questionados se já tiveram vermes, apenas um aluno declarou que não sabia.

Dois alunos afirmaram que já tiveram “lumbriga” (Ascaris lumbricoide).

A respeito do que esperavam aprender durante a aula, os alunos

responderam que esperavam saber mais sobre os vermes e como se prevenir

contra eles. “O que eles fazem dentro da gente”.

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Em relação às percepções após o curso (aula), todos os alunos

gostaram da aula, não tiveram dificuldades em aprender e se sentiram

motivados. “Foi importante, ensinou várias coisas sobre os vermes” etc... Sobre

o material utilizado, responderam ter gostado e que o mesmo ajudou na

compreensão do conteúdo. “O material é muito bom, ajudou a gente aprender”.

Em referência aos conhecimentos adquiridos sobre o conteúdo

verminoses, as respostas foram variadas. “Os vermes causam doenças”. “Os

vermes parecem com minhocas”. “Agente não pode tomar qualquer remédio”.

“Devemos fazer exames de fezes, para saber qual verme a gente tem”. Acerca

das diferenças entre os vermes, todos os alunos responderam que existem

diferenças morfológicas, como o tamanho, formato da cabeça, “alguns são

mais enrolados”, “a fêmea é maior que o macho” e “o macho é mais

enroladinho”.

Quando questionados quais são as principais formas de transmissão, as

respostas foram em relação à falta de medidas de higiene pessoal, como

demonstrado no gráfico 7.

Quanto às medidas preventivas, os alunos responderam sobre as

medidas de higiene, como demonstrado no gráfico 8, como lavar as mãos

antes de comer e depois que sair do banheiro e tomar remédio específico para

cada verme.

Figura 23- Entrevista avaliativa realizada no Educandário São José do Operário antes e depois

do curso, com cada sujeito da pesquisa.

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Faixa Etária

02468

1012141618

1 2 3 4 5 6

Alunos

Idad

e

Gráfico 6- Faixa etária dos alunos participantes do curso.

0

1

2

3

4

5

6

7 Colocar as mãos sujasna boca

não lavar as mãos antesde comer

não lavar as mãosdepois que saímos dobanheironão cortar as unhas

comer alimentoscontaminados com osovos

Gráfico 7- Formas de transmissão expostas pelos alunos após a apresentação do curso.

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35

00,5

11,5

22,5

33,5

lavar

as m

ãos

comer

alimen

tos lim

pos

ir ao m

édico

fazer e

xames

corta

r as u

nhas

limpa

r a ca

sa

ciuda

r da ge

nte

tomar

remédio

Gráfico 8- Medidas preventivas expostas pelos alunos após a apresentação do curso.

6- DISCUSSÃO

A inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais no

ambiente escolar, necessita da adaptação dos métodos de ensino e nos

recursos didáticos. “É difícil imaginar a interpretação do deficiente visual, com

relação ao mundo que o rodeia” (DIAS 2006). Isso reforça a importância dos

recursos didáticos na educação especial. Se um aluno é cego, ele precisa de

recursos que transmitam as informações através da percepção tátil, por

exemplo. Isto foi confirmado durante as entrevistas avaliativas, após a aula,

quando um aluno totalmente cego respondeu que o material tridimensional e

em alto relevo utilizado no curso ajudou na compreensão do conteúdo. A partir

desses modelos os alunos conseguiram construir seu conhecimento através da

construção mental das estruturas.

Os alunos que participaram do curso possuem faixa etária acima do

período escolar, o que pode estar indicando que esses alunos enfrentam para

concluir os estudos. Alguns relataram já terem estudado em escolas regulares,

mas acabaram não se adaptando e tendo que recorrer à escola especial.

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36

Um importante dado diz respeito à mudança de atitude dos alunos entre

a explicação oral e a fase do manuseio do material didático. De ouvintes

passivos passam a participativos e curiosos, tocando e conhecendo os objetos.

Conforme se tem observado, os alunos deficientes visuais necessitam

de um tempo maior para construir as informações, por meio da percepção tátil.

Este fato retrata, segundo Grifin e Gerber (1996), que as fases do

desenvolvimento tátil são adquiridas e construídas de forma sistemática. A

consciência da qualidade tátil, mencionada por este mesmo autor, está

direcionada para as texturas, temperatura, contorno, tamanho e peso. Isto foi

observado, durante a aprendizagem dos alunos, constatamos a importância de

utilizar diferentes texturas para facilitar a identificação das estruturas de um

objeto.

A utilização de cores contrastantes é um recurso necessário para os

alunos com baixa visão. Metade dos alunos participantes do curso relatou

possuir baixa visão, esse recurso deve ser explorado nos próximos modelos.

A questão da escala é fator importante para facilitar o entendimento do

conteúdo. Isto foi observado durante a aula, dessa forma, foi possível conhecer

o tamanho real dos helmintos e de suas estruturas e associar com o fato de

habitarem o intestino dos seres humanos.

A falta de conhecimento dos alunos sobre os conteúdos abordados

reforça ainda mais a necessidade de ensinar sobre verminoses, para alunos

deficientes visuais.

A abordagem desses e de outros temas relacionados à educação em

saúde são tão importantes como os outros conteúdos dos currículos das

escolas. O acesso a essas informações, proporciona ao aluno conhecer mais

sobre os organismos que podem causar danos a sua saúde, assim como, os

cuidados que devemos ter para não adquiri-los. No que diz respeito a

verminoses os próprios alunos reconheceram tal fato, relatando que “depois

desta aula, eu vou me cuidar mais”. Um deles disse: “eu contei para os meus

pais como a gente faz para não pegar verme”.

Estes fatos comprovam o ganho de informações sobre verminoses, o

que permite pressupor que este conhecimento torna-os menos vulneráveis a

problemas de saúde relacionados a esta patologia.

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Assim constatamos que as dificuldades ou impossibilidades geradas

pela deficiência, precisam ser encaradas como uma condição, que necessita

de adaptações. Atualmente, a sociedade está se conscientizando, aos poucos,

que pessoas portadoras de deficiência têm o direito de exercer sua cidadania,

como qualquer outra pessoa.

Finalmente além de toda a experiência alcançada com este trabalho, o

material didático produzido, foi cedido ao Instituto Benjamin Constant. Desta

forma, ele continuará a ser útil, porque será produzido e distribuído para uso

por portadores de deficiência visual.

7- CONCLUSÕES

- Nossos resultados mostraram que a utilização de modelos tridimensionais e

em alto relevo, representando as estruturas dos helmintos, atende as

necessidades em transmitir informações para os alunos deficientes visuais.

- Este trabalho provou que através de materiais simples e de baixo custo é

possível desenvolver recursos didáticos para ensinar conteúdos referentes á

Biologia para alunos deficientes visuais.

- O desenvolvimento de novos materiais didáticos para alunos com

necessidades educacionais especiais torna possível a prática da educação

inclusiva.

- A análise de nossos resultados revelou que o ganho de informações

referentes a verminoses foi relevante e, dessa forma, os alunos deficientes

visuais, sujeitos de nossa pesquisa passaram a ficar menos vulneráveis a

problemas de saúde relacionados às verminoses.

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8- PESPECTIVAS FUTURAS Para finalizar esse trabalho serão fornecidos os modelos, com as

necessárias modificações, para o Instituto Benjamin Constant com a finalidade

de serem reproduzidos em gesso. Além disso, serão fornecidas também

cartilhas em Braille com as principais formas de transmissão e as medidas

preventivas. Devido à importância da educação na área de saúde para alunos

deficientes visuais, será desenvolvido um projeto com o objetivo de produzir

materiais sobre DST/AIDS. As características das doenças nos órgãos genitais

masculinos e femininos serão representadas em argila.

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9- REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

ANDREZZO, L.K., Um Estudo do Uso de Padrões Figurativos na Aprendizagem de Álgebra sem Acuidade Visual, Dissertação de Mestrado –

PUC – São Paulo, 2005. http://www.pucsp.br/pos/edmat/ma/dissertacao Karina

andrezzo.pdf

ARAÚJO, S.M.D., O Jogo Simbólico numa Proposta Pedagógica para o Deficiente Visual. Revista Benjamin Constant, nº 8, ed. dezembro de 1997.

BIELER, B.R., Desenvolvimento Inclusivo: uma abordagem universal da Deficiência – Primeiro Congresso Inter-Americano e Terceiro Seminário

Nacional Sobre a Deficiência e Direitos Humanos para o Desenvolvimento

Social Inclusivo. Disponível em:

http://www.gdlh.org.br/arquivos/eventos/20051031185823workshop%20%20de

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BRASIL, 1996 – Lei n° 9.394- Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBN) de 20 de Dezembro de 1996. Editora Brasil S/A.

Decreto N° 3.298, de 20 de Dezembro de 1999, Política Nacional para a

Integração da Pessoa Portadora de Deficiência. Disponível em:

http://portal.mec.gov.br/index.php?option=content&task=view&id=325&Itemid=4

56. Acesso em: 17 de novembro de 2007.

Portaria n° 1.679 de 02 de Dezembro de 1999. Disponível em:

http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/portaria3284.pdf. Acesso em: 17 de

novembro de 2007.

Decreto 5.296 de 02 de dezembro de 2004. Disponível em www.mec.gov.br.

Acesso em: 17 de novembro de 2007.

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40

SEESP/MEC – Saberes e Práticas da Inclusão – Desenvolvendo

Competências para o atendimento ás necessidades educacionais especiais de

alunos cegos e de alunos com baixa visão. Disponível em:

http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/cegos%20e%20bv.pdf. Acesso em:

17 de novembro de 2007.

SEESP-MEC-2006, Números da Educação Especial no Brasil, Censo Escolar e Censo Superior (MEC/INEP). Disponível em www.mec.gov.br.

Acesso em: 17 de novembro de 2007.

CERQUEIRA, J.B e FERREIRA, E.M.B. – Os Recursos Didáticos na Educação Especial. Revista Benjamin Constant, nº 5, ed. de dezembro de

1996.

CONDE, A.J.M., – Caracterizando a Deficiência Visual – Revista eletrônica

2007 IBC. Disponível em: http://www.ibc.gov.br/?itemid=94#more. Acesso em:

14 de novembro de 2007.

Conferência Mundial da Unesco sobre a Ciência e o uso do Conhecimento

Científico, 1999. Disponível em: www.unesco.org.br. Acesso em: 19 de

dezembro de 2007.

Declaração da Salamanca de 10 de julho de 1994 – Espanha em Linha de Estrutura de Ação em Educação Especial. Disponível em: www.mec.gov.br.

Acesso em: 17 de novembro de 2007.

DIAS, M.L., Um olhar especial sobre a célula – Elaboração de uma oficina didático-pedagógico para o ensino de Biologia Celular para deficientes visuais. Monografia para licenciatura em Biologia, CBB-UENF, Campos dos

Goytacazes, Janeiro de 2007 – RJ, Brasil.

Dr. Visão, Portal de Oftalmologia – Definição e Classificação da Deficiência

Visual. Disponível em: www.drvisao.com.br/conheca-doenca.php. Acesso em:

14 de novembro de 2007.

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GRINFIN, C.H. e GERBER, J.P., Desenvolvimento Tátil e suas implicações na Educação de crianças cegas. Revista Benjamin Constant, nº 5, ed. de

dezembro de 1996.

MEC/SEESP 2005- Parâmetros Curriculares Nacionais e Adaptação Curriculares. Disponível em: www.mec.gov.br Acesso em: 17 de novembro de

2007.

NABAIS, MLM; MARTINS, CLA; MONTEIRO, MA e GALHEIRA, WG. Estudo profissiográfico: o encaminhamento do deficiente visual ao mercado de trabalho. Revista Benjamin Constant, abril de 2000.

ROCHA, F.H., Ensaios sobre a problemática da cegueira Prevenção-Recuperação-Reabilitação. Belo Horizonte: Ed. Fundação Hilton Rocha,

1987.

Page 54: DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE VERMINOSES PARA DEFICIENTES VISUAIS. Tatiana Andrade Rocha da Silva

42

APÊNDICE 1 Questionário Perfil do aluno

Idade:

Sexo:

Grau de escolaridade:

Você já estudou (a) em uma classe comum?

Você encontra alguma(s) dificuldade(s) em sala de aula? Qual(s)?

Sua cegueira é total ou possui baixa visão?

Relacionada ao conteúdo de verminoses Antes da aula

Você já ouviu falar em vermes?

O que você sabe sobre eles?

Eles causam alguma doença?

Você já teve verme(s)? Qual(s)?

O que você espera aprender nessa aula?

Depois da aula

O que você achou da aula?

O que você achou do material utilizado?

Você sentiu alguma dificuldade(s)? Qual(s)?

Você se sentiu motivado?

A aula atendeu as suas perspectivas? Em que podemos melhorar ou eliminar?

O que você aprendeu sobre vermes?

Existem diferenças entre os vermes? Quais?

Os vermes causam doenças?

Quais são as principais formas de transmissão?

O que devemos fazer para não adquirirmos vermes?

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APÊNDICE A

Plano de aula

Curso: Ensino de verminoses para alunos deficientes visuais.

Objetivo: Expor os conceitos básicos sobre verminoses; Demonstrar as diferenças morfológicas de cada helminto através dos

modelos tridimensionais e das cartilhas em alto-relevo. Explicar e exemplificar as principais formas de transmissão; Explicar e exemplificar as medidas preventivas que devem ser adotadas

para não se adquirir verminoses;

Tempo de aula: 2h/aula

População alvo: alunos deficientes visuais do 1º seguimento do Ensino

Fundamental (1º a 4º Série).

Materiais e Métodos:

Aula teórica: exposição oral do conteúdo relacionado com as principais

verminoses, diferenças morfológicas, formas de transmissão e medidas

preventivas. Abordar o conteúdo por meio de linguagem simples e

objetiva, para proporcionar o entendimento básico.

Apresentação prática: com auxílio de materiais didáticos alternativos

como modelos tridimensionais e cartilhas em alto-relevo.

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APÊNDICE B

Eu________________________________________________________

solicito a minha participação no curso: Ensino de verminoses para alunos

deficientes visuais, realizado no Educandário São José do Operário, assim

como o uso da minha imagem no projeto de conclusão de curso da aluna de

Graduação em Licenciatura em Biologia na UENF.

Eu _______________________________________________________

solicito a participação do meu filho

(a)_____________________________________________________________

no curso: Ensino de verminoses para alunos deficientes visuais, realizado no

Educandário São José do Operário, assim como o uso da minha imagem no

projeto de conclusão de curso da aluna de Graduação em Licenciatura em

Biologia na UENF.

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