desenvolvimento de programa em labview para...
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Universidade Federal do Rio de Janeiro
DESENVOLVIMENTO DE PROGRAMA EM LABVIEW PARA
MONITORAMENTO DE UM MOTOR DE INDUÇÃO TRIFÁSICO
Natália Ribeiro de Menezes
2017
DESENVOLVIMENTO DE PROGRAMA EM LABVIEW PARA
MONITORAMENTO DE UM MOTOR DE INDUÇÃO TRIFÁSICO
Natália Ribeiro de Menezes
Projeto de Graduação apresentado ao Curso de
Engenharia Elétrica da Escola Politécnica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte
dos requisitos necessários à obtenção do título de
Engenheiro.
Orientador: Elkin Ferney Rodriguez Velandia
Rio de Janeiro
Janeiro de 2017
iii
DESENVOLVIMENTO DE PROGRAMA EM LABVIEW PARA
MONITORAMENTO DE UM MOTOR DE INDUÇÃO TRIFÁSICO
Natália Ribeiro de Menezes
PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO
DE ENGENHARIA ELÉTRICA DA ESCOLA POLITÉNICA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO ELETRICISTA.
Examinada por:
________________________________________________
Prof. Elkin Ferney Rodriguez Velandia, D. Sc
(Orientador)
________________________________________________
Prof. Richard Magdalena Stephan, Dr.-Ing
________________________________________________
Prof. Flávio Goulart dos Reis Martins, M.Sc
RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL
JANEIRO DE 2017
iv
Menezes, Natália Ribeiro
Desenvolvimento de Programa em LabVIEW para
Monitoramento de um Motor de Indução Trifásico/
Natália Ribeiro de Menezes. – Rio de Janeiro: UFRJ /
Escola Politécnica, 2017.
XV, 113 p.: il.; 29,7 cm.
Orientador: Elkin Ferney Rodriguez Velandia
Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/
Curso de Engenharia Elétrica, 2017.
Referências Bibliográficas: p.102-103
1.LabVIEW. 2.Motor de indução trifásico.
3.Conjugado. 4.Ensaio de carga. I. Velandia, Elkin Ferney
Rodriguez. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Escola Politécnica, Curso de Engenharia Elétrica. III.
Desenvolvimento de Programa em LabVIEW para
Monitoramento de um Motor de Indução Trifásico.
v
Dedico este trabalho à minha mãe, à minha
avó, ao meu avô (em memória) e às minhas
duas madrinhas.
vi
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente à Deus, por todas as bênçãos e por ter me colocado em
uma família tão boa.
À minha mãe Marise por todo apoio e carinho em todos os momentos difíceis.
Obrigada por ser meu porto seguro, estar sempre pronta para me acolher e me amar de
forma incondicional.
Ao meu pai Cleber pelo incentivo dado durante esses anos.
À minha avó Marlene pelo amor incondicional e eterna preocupação. Por sempre
pensar em mim, me orientar e me acalmar diante dos momentos difíceis.
Ao meu avô Milton pelo amor e incentivo. Sei o quanto este momento foi
esperado por ele. Apesar de não estar presente fisicamente, no meu coração ele está e
sempre estará presente.
Às minhas madrinhas Marcia e Mirian que sempre me ajudam nas situações
delicadas e são tão dedicadas a mim.
Ao meu tio Mauro por me incentivar a seguir em frente e alcançar um objetivo
maior.
À toda minha ‘grande família’ por serem tão unidos e presentes em minha vida.
Vocês me mostram o real significado de família.
Ao meu namorado Lucas por todo carinho e amor. Pelo companheirismo e por
estar sempre ao meu lado me dando apoio e incentivo.
vii
Ao amigo Arnaldo e parceiro de trabalho, por estar sempre disposto a me ajudar,
inclusive durante a realização deste.
Aos meus amigos de turma Daniela, Isabella, Jairo, Mateus, Ryan, Thais e
muitos outros que me ajudaram nesta caminhada. Por toda a amizade e incentivo.
Ao professor Elkin pela ajuda e dedicação. Sem ele este trabalho não seria
concretizado. Obrigada pela paciência e orientação.
Aos técnicos André e Sérgio do Laboratório de Máquinas Elétricas da UFRJ, por
toda a ajuda e palavras de incentivo.
À toda equipe da DASC.O de Furnas Centrais Elétricas S.A., em especial aos
engenheiros Adriana Barroso de V. Moura e João Silverio Dourado Pereira pelo
acolhimento e por terem agregado à minha formação.
Ao programa Fomento à Formação de Recursos Humanos em Engenharia
Elétrica por meio da criação do PRH-PB 219 da Petrobras, pelo suporte financeiro.
viii
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Eletricista.
Desenvolvimento de Programa em LabVIEW para Monitoramento de um Motor de
Indução Trifásico
Natália Ribeiro de Menezes
Janeiro/2017
Orientador: Elkin Ferney Rodriguez Velandia
Curso: Engenharia Elétrica
Os motores de indução trifásicos são amplamente empregados na área industrial devido
a sua grande robustez, baixo custo e simplicidade. Monitorar suas características pode
ajudar a prolongar sua vida útil, já que possibilita a manutenção preditiva e preventiva.
Desta forma, é de grande importância o desenvolvimento de softwares que sejam
capazes de determinar em tempo real suas perdas e outras características, tanto elétricas
como mecânicas. Diante disto, o presente trabalho visa desenvolver um software em
LabVIEW que seja capaz de determinar estas características.
Palavras-chave: LabVIEW, Motor de indução trifásico, Conjugado, Ensaio de carga
ix
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of
the requirements for the degree of Electrical Engineer.
Program Development in LabVIEW for Monitoring a Three-phase Induction Motor
Natália Ribeiro de Menezes
JANUARY/2017
Advisor: Elkin Ferney Rodriguez Velandia
Course: Electrical Engineering
Three-phase induction motors are widely used in the industrial field due to their great
robustness, low cost and simplicity. Monitoring its characteristics can help extend its
useful life, as it enables predictive and preventive maintenance. In this way, it is of great
importance the development of software that is able to determine in real time its losses
and other characteristics, both electrical and mechanical. In view of this, the present
work aims to develop a software in LabVIEW that is able to determine these
characteristics.
Keywords: LabVIEW, Three-phase Induction Motor, Conjugated, Load Test
x
Sumário
Lista de Figuras _____________________________________________________ xii
Lista de Tabelas _____________________________________________________ xv
1. Introdução _______________________________________________________ 1
1.1. Estrutura do trabalho ___________________________________________ 2
2. Aspectos Teóricos _________________________________________________ 3
2.1. Motor de Indução ______________________________________________ 3
2.1.1. Circuito Equivalente __________________________________________ 6
2.1.2. Curva do conjugado versus velocidade ___________________________ 9
2.1.3. Inversor ___________________________________________________ 12
2.2. Máquina de Relutância Variável _________________________________ 15
2.3. Instrumentos utilizados _________________________________________ 16
2.3.1. Transdutores de corrente e de tensão ____________________________ 17
2.3.2. Encoder ___________________________________________________ 18
2.3.3. Sensor de torque ____________________________________________ 20
3. LabVIEW ______________________________________________________ 22
3.1. Introdução ___________________________________________________ 22
3.2. Programação _________________________________________________ 24
3.2.1. Estrutura __________________________________________________ 24
3.2.2. Aquisição de Dados _________________________________________ 28
3.3. Software desenvolvido _________________________________________ 32
3.3.1. Fluxos de dados ____________________________________________ 33
3.3.2. Painel Frontal ______________________________________________ 41
4. Bancadas e Ensaios _______________________________________________ 45
4.1. Bancada Experimental _________________________________________ 45
4.2. Ensaios _____________________________________________________ 52
4.2.1. Transdutor de Corrente _______________________________________ 53
4.2.1.1. Verificação de Linearidade e Repetibilidade __________________ 53
4.2.1.2. Verificação dos sinais de saída _____________________________ 56
4.2.1.3. Verificação dos sinais de entrada e saída _____________________ 58
4.2.2. Transdutor de Tensão ________________________________________ 59
4.2.2.1. Verificação de Linearidade e Repetibilidade __________________ 59
4.2.2.2. Verificação dos sinais de saída _____________________________ 65
4.2.2.3. Verificação dos sinais de saída e entrada _____________________ 68
4.2.3. Encoder ___________________________________________________ 72
4.2.4. Sensor de Torque ___________________________________________ 75
xi
5. Resultados ______________________________________________________ 78
6. Conclusão e Trabalhos Futuros ___________________________________ 101
7. Referências Bibliográficas ________________________________________ 102
Apêndice A – Circuito de Condicionamento de Sinais do Transdutor de Tensão 104
Apêndice B – Mavowatt 30 ___________________________________________ 107
xii
Lista de Figuras
Figura 1- Gaiola do rotor do tipo gaiola de esquilo -------------------------------------------- 3
Figura 2 - Campos magnéticos girantes --------------------------------------------------------- 4
Figura 3 - Modelo para o Motor de Indução ---------------------------------------------------- 7
Figura 4 - Circuito equivalente por fase de um motor de indução --------------------------- 7
Figura 5 - Aplicação do Teorema de Thévenin no circuito do motor de indução -------- 10
Figura 6 - Circuito de entrada com a fonte de tensão de entrada em repouso ------------ 11
Figura 7 - Circuito equivalente resultante do motor de indução --------------------------- 11
Figura 8 - Controle de tensão e frequência com uma onda PWM de 60Hz e 120V ----- 13
Figura 9 - Padrão de uso geral de um inversor ------------------------------------------------ 14
Figura 10 - Curvas de conjugado versus velocidade para velocidades abaixo da
frequência nominal [4] --------------------------------------------------------------------------- 14
Figura 11 - Diagrama esquemático de uma MRV de dois polos --------------------------- 16
Figura 12 - Estrutura do Encoder --------------------------------------------------------------- 19
Figura 13 - Extensômetros de uma célula de carga ------------------------------------------ 20
Figura 14 - Exemplo de um painel frontal com controle e indicador ---------------------- 23
Figura 15 - Exemplo de um diagrama de bloco ---------------------------------------------- 23
Figura 16 - Exemplo de um subVI dentro de um VI ----------------------------------------- 24
Figura 17 - Paleta Tools do LabVIEW --------------------------------------------------------- 25
Figura 18 - Paleta Controls do LabVIEW ------------------------------------------------------ 25
Figura 19 - Paleta Functions do LabVIEW ---------------------------------------------------- 26
Figura 20 - Estruturas do LabVIEW ------------------------------------------------------------ 27
Figura 21 - Tipos mais comuns de Ligações no LabVIEW --------------------------------- 28
Figura 22 - Esquema de um sistema DAQ ---------------------------------------------------- 29
Figura 23 - Placa NI PCI-6220 ------------------------------------------------------------------ 30
Figura 24 - Painel de conexões da PCI-6220 [7] --------------------------------------------- 31
Figura 25 - Borneira da placa PCI-6220 ------------------------------------------------------- 32
Figura 26 - Exemplo de fluxo de dados -------------------------------------------------------- 33
Figura 27 - Fluxo de dador para o Encoder --------------------------------------------------- 34
Figura 28 - Fluxo de dados dos transdutores de corrente, de tensão e do sensor de torque
------------------------------------------------------------------------------------------------------- 35
Figura 29 - Parte do subVI dos transdutores de corrente, de tensão e do sensor de torque
------------------------------------------------------------------------------------------------------- 36
Figura 30 - SubVI que realiza o cálculo da potência aparente, da potência reativa e do
fator de potência ----------------------------------------------------------------------------------- 37
Figura 31 - SubVI que realiza o cálculo do escorregamento e da velocidade do rotor em
rad/s ------------------------------------------------------------------------------------------------- 37
Figura 32 - Fluxo de dados de gravação de dados-------------------------------------------- 38
Figura 33 - Fluxo de importação de dados ---------------------------------------------------- 39
Figura 34 - SubVI de importação de dados e parâmetros do motor ------------------------ 40
Figura 35 - Fluxo de gravação de potências e perdas do motor ---------------------------- 40
Figura 36 - Fluxo do sinal de saída digital ---------------------------------------------------- 41
Figura 37 - Página 1 do painel frontal do software------------------------------------------- 42
Figura 38 - Página 2 do painel frontal do software------------------------------------------- 42
Figura 39 - Página 3 do painel frontal do software------------------------------------------- 43
Figura 40 - Página 4 do painel frontal do software------------------------------------------- 43
xiii
Figura 41- Bancada Experimental -------------------------------------------------------------- 45
Figura 42 - Placa de Identificação do Motor de Indução ------------------------------------ 46
Figura 43 - Placa de identificação da MRV --------------------------------------------------- 46
Figura 44 - Inversor CFW08 -------------------------------------------------------------------- 47
Figura 45 - Placa de Identificação do Inversor CFW08 ------------------------------------- 47
Figura 46 - Transdutor de Corrente LA-55P -------------------------------------------------- 48
Figura 47 - Esquema de conexão do circuito secundário e primário do transdutor de
corrente LA-55P ----------------------------------------------------------------------------------- 48
Figura 48 - Transdutor de tensão LV 20-P ---------------------------------------------------- 49
Figura 49 - Esquema de ligação do LV 20-P-------------------------------------------------- 50
Figura 50 - Encoder E30 ------------------------------------------------------------------------- 50
Figura 51 - Canais do Encoder E30 ------------------------------------------------------------ 51
Figura 52 - Sensor de Torque 1104 ------------------------------------------------------------- 51
Figura 53 - Padrão de fiação do Sensor de Torque 1104 ------------------------------------ 52
Figura 54 - Circuito primário para conexão do transdutor de corrente no ensaio de
linearidade ------------------------------------------------------------------------------------------ 53
Figura 55 - Ensaio de linearidade do transdutor de corrente 1 ----------------------------- 55
Figura 56 - Ensaio de linearidade do transdutor de corrente 2 ----------------------------- 55
Figura 57 - Ensaio de linearidade do transdutor de corrente 3 ----------------------------- 56
Figura 58 - Resposta do transdutor de corrente com um sinal de entrada senoidal------ 57
Figura 59 - Resposta do transdutor de corrente com um sinal de entrada PWM a 30Hz 57
Figura 60 - Resposta do transdutor de corrente com um sinal de entrada PWM a 60Hz 57
Figura 61 - Circuito de condicionamento de sinais para o transdutor de tensão --------- 61
Figura 62 - Ensaio de linearidade do transdutor de tensão 1 ------------------------------- 63
Figura 63 - Ensaio de linearidade do transdutor de tensão 2 ------------------------------- 64
Figura 64 - Ensaio de linearidade do transdutor de tensão 3 ------------------------------- 64
Figura 65 - Circuito de conexão do transdutor de tensão sem circuito de
condicionamento de sinais ----------------------------------------------------------------------- 65
Figura 66 - Resposta do transdutor de tensão com um sinal de entrada senoidal -------- 66
Figura 67 - Resposta do transdutor de tensão com um sinal de entrada PWM a 30Hz,
sem o circuito de condicionamento de sinais ---------------------------------- 66
Figura 68 - Resposta do transdutor de tensão com um sinal de entrada PWM a 60Hz,
sem o circuito de condicionamento de sinais --------------------------------------- 67
Figura 69 - Resposta do transdutor de tensão com um sinal de entrada PWM a 36Hz,
com o circuito de condicionamento de sinais ------------------------------------------------- 67
Figura 70 - Resposta do transdutor de tensão com um sinal de entrada PWM a 36Hz,
com o circuito de condicionamento de sinais ------------------------------------------------- 68
Figura 71 - Frequência versus Velocidade para o ensaio com o Encoder ---------------- 74
Figura 72 - Velocidade versus torque para o ensaio com o sensor de torque ------------ 76
Figura 73 - Velocidade versus torque com o fator de correção ---------------------------- 77
Figura 74 - Mavowatt 30 ------------------------------------------------------------------------- 78
Figura 75 - Conexão em delta dos terminais do MI: (a) foto (b) esquema --------------- 79
Figura 76 - Transdutores de corrente e tensão conectados no protoboard: (a) foto (b)
esquema -------------------------------------------------------------------------------------------- 80
Figura 77 - Dados do Mavowatt da amostra 1 ------------------------------------------------ 82
Figura 78 - Dados do Mavowatt da amostra 2 ------------------------------------------------ 82
Figura 79 - Dados do Mavowatt da amostra 3 ------------------------------------------------ 83
xiv
Figura 80 - Dados do Mavowatt da amostra 4 ------------------------------------------------ 84
Figura 81 - Dados do Mavowatt da amostra 5 ------------------------------------------------ 84
Figura 82 - Dados do Mavowatt da amostra 6 ------------------------------------------------ 85
Figura 83 - Tensões e correntes de linha eficazes da fase a obtidas pelo LabVIEW e pelo
Mavowatt de todas as amostras ----------------------------------------------------------------- 86
Figura 84 - Tensões e correntes de linha eficazes da fase b obtidas pelo LabVIEW e pelo
Mavowatt de todas as amostras ----------------------------------------------------------------- 86
Figura 85 - Tensões e correntes de linha eficazes da fase c obtidas pelo LabVIEW e pelo
Mavowatt de todas as amostras ----------------------------------------------------------------- 87
Figura 86 - Tempo versus tensões de linha ---------------------------------------------------- 91
Figura 87 - Tempo versus correntes de linha ------------------------------------------------- 92
Figura 88 - Saída digital do programa desenvolvido----------------------------------------- 92
Figura 89 - Potências ativa e reativa trifásicas de todas as amostras ---------------------- 94
Figura 90 - Fasores de tensão e corrente obtidos pelo Mavowatt das 6 amostras: (a)
Amostra 1; (b) Amostra 2; (c) Amostra 3; (d) Amostra 4; (e) Amosta 5; (f) Amostra 6;
------------------------------------------------------------------------------------------------------- 97
Figura 91 - Fasores de tensão e corrente para uma carga resistiva em delta ------------- 98
Figura 92 - Circuito do condicionador de sinais do transdutor de tensão ---------------- 104
Figura 93 - Resposta em frequência (a) amplitude; (b) fase; ------------------------------ 106
xv
Lista de Tabelas
Tabela 1 - Características dos tipos de transdutores de corrente --------------------------- 18
Tabela 2 - Características técnicas do Sensor de Torque 1104 ----------------------------- 52
Tabela 3 - Dados do ensaio de linearidade do transdutor de corrente. -------------------- 54
Tabela 4 - Dados para verificação da compatibilidade dos sinais aquisitados e medidos
do transdutor de corrente ------------------------------------------------------------------------- 58
Tabela 5 - Dados de tensão secundária do LabVIEW corrigida para o transdutor de
corrente --------------------------------------------------------------------------------------------- 59
Tabela 6 - Dados do ensaio de linearidade do transdutor de tensão ----------------------- 60
Tabela 7 - Parâmetros fixos do circuito de condicionamento de sinais do transdutor de
tensão ----------------------------------------------------------------------------------------------- 61
Tabela 8 - Dados do ensaio de verificação dos sinais de saída e entrada do transdutor de
tensão 1 --------------------------------------------------------------------------------------------- 69
Tabela 9 - Dados do ensaio de verificação dos sinais de saída e entrada do transdutor de
tensão 2 --------------------------------------------------------------------------------------------- 69
Tabela 10 - Dados do ensaio de verificação dos sinais de saída e entrada do transdutor
de tensão 3 ----------------------------------------------------------------------------------------- 70
Tabela 11 - Comparação entre sinal de saída corrigido do LabVIEW e sinal de entrada
para o transdutor de tensão 1 -------------------------------------------------------------------- 71
Tabela 12 - Comparação entre sinal de saída corrigido do LabVIEW e sinal de entrada
para o transdutor de tensão 2 -------------------------------------------------------------------- 71
Tabela 13 - Comparação entre sinal de saída corrigido do LabVIEW e sinal de entrada
para o transdutor de tensão 3 -------------------------------------------------------------------- 72
Tabela 14 - Dados do ensaio do Encoder ------------------------------------------------------ 73
Tabela 15 - Dados do ensaio do Torquímetro ------------------------------------------------- 76
Tabela 16 - Comparação entre Torque LabVIEW Corrigido e do Display do
condicionador -------------------------------------------------------------------------------------- 77
Tabela 17 - Dados dos instrumentos do ensaio de carga ------------------------------------ 81
Tabela 18 - Amostra de dados 1 do ensaio de carga ----------------------------------------- 81
Tabela 19 - Amostra de dados 2 do ensaio de carga ----------------------------------------- 82
Tabela 20 - Amostra de dados 3 do ensaio de carga ----------------------------------------- 83
Tabela 21 - Amostra de dados 4 do ensaio de carga ----------------------------------------- 83
Tabela 22 - Amostra de dados 5 do ensaio de carga ----------------------------------------- 84
Tabela 23 - Amostra de dados 6 do ensaio de carga ----------------------------------------- 85
Tabela 24 - Erros relativos dos dados de tensão e corrente eficazes de todas as amostras
------------------------------------------------------------------------------------------------------- 87
Tabela 25 - Erros relativos das perdas e potências relacionadas ao MI da amostra 6 --- 91
Tabela 26 - Erro relativo da potência aparente trifásica ------------------------------------- 93
Tabela 27 - Erro relativo da potência ativa trifásica ----------------------------------------- 93
Tabela 28 - Erro relativo da potência reativa trifásica --------------------------------------- 94
Tabela 29 - Erros relativos para tensão e corrente de linha para uma carga resistiva em Δ
------------------------------------------------------------------------------------------------------- 99
Tabela 30 – Erros relativos entre as potências ativas e aparente para uma carga resistiva
em Δ ------------------------------------------------------------------------------------------------ 100
Tabela 31 - Grandezas para o circuito de condicionamento de sinais do transdutor de
tensão ---------------------------------------------------------------------------------------------- 105
1
1. Introdução
Uma máquina elétrica é um dispositivo eletromecânico que pode converter tanto
a energia mecânica em elétrica como a energia elétrica em mecânica. As máquinas
elétricas são classificadas em dois grupos: Máquinas de Corrente Contínua (CC) e
Máquinas de Corrente Alternada (CA). As Máquinas CA classificam-se
tradicionalmente em duas categorias: síncronas e de indução.
Cada máquina tem suas vantagens para determinada aplicação. Para isto, devem
ser observadas suas características, tais como: torque de partida, controle de velocidade,
relação custo benefício, entre outras. Desta forma, pode-se escolher o tipo de máquina
que melhor se adequa a cada necessidade.
O motor de indução tornou-se o tipo de motor mais usado na área industrial. Este
é um motor que possui grande simplicidade, por consequência tem-se um baixo custo de
manutenção. Ele possui rendimento elevado e bastante robustez. Este tipo de motor
possui inúmeras aplicações, então pode ser encontrado em: bombas, sistemas de
elevação, tração, ventilação, etc.
Devido a grande presença dos motores de indução nas indústrias é de suma
importância, para as empresas, conhecer as máquinas que são utilizadas. Este
conhecimento pode se dar com o monitoramento em tempo real dos parâmetros dos
motores, pois com esses dados em mãos é possível verificar o comportamento das
máquinas devido à variação de suas cargas acopladas em seus eixos e a possível
detecção de falhas e faltas que acarretaria na diminuição da vida útil ou até mesmo da
sua inutilização.
Sendo assim, este trabalho visa desenvolver um software que seja capaz de
exibir dados em tempo real de um motor de indução trifásico acoplado a uma máquina
de relutância variável. Para isso, será necessário fazer uso de transdutores de tensão,
corrente, sensores de torque e de velocidade. Através dos dados obtidos por estes
instrumentos, será possível fazer um estudo aprofundado determinando as
características e parâmetros elétricos de um motor de indução.
2
Como será utilizado um motor de indução trifásico neste trabalho, se faz necessária
uma melhor análise desta máquina, a fim de garantir que seus parâmetros e
características estejam de acordo com sua aplicação.
Outro trabalho desenvolvido no mesmo laboratório [1] objetivava levantar
experimentalmente as curvas características de torque versus velocidade e corrente de
partida versus tempo de um motor do tipo Dahlander. Também foi necessário a
utilização de uma bancada com medidores de torque, velocidade e corrente, além de ser
realizado um pós-processamento através do programa LabVIEW. Vale ressaltar que o
objetivo do presente projeto é diferente do trabalho supracitado, como descrito
anteriormente.
1.1. Estrutura do trabalho
Esse trabalho foi estruturado de forma que a análise de um motor de indução
seja facilitada. No primeiro capítulo, é apresentada a motivação e objetivo deste
trabalho. Já no segundo capítulo, é feita uma breve revisão sobre os fundamentos
teóricos dos principais componentes da bancada experimental, que são: motor de
indução trifásico, máquina de relutância variável e instrumentos, que são importantes
para a compreensão do que será abordado nos próximos capítulos.
O programa de aquisição de dados utilizado será apresentado no terceiro
capítulo. Nele, é feita uma breve introdução sobre o LabVIEW e suas principais funções,
assim como será elucidada cada parte do software que foi desenvolvido. No quarto
capítulo, serão apresentados todos os ensaios realizados nos sensores e transdutores.
Neste mesmo capítulo, serão feitas análises dos resultados obtidos em cada ensaio.
Já no quinto capítulo, serão apresentados os ensaios realizados com o motor de
indução acoplado a uma carga. Nele os dados obtidos através do software desenvolvido
serão analisados. No sexto capítulo, serão apresentadas as conclusões do projeto e
também serão sugeridos trabalhos futuros que possam ser desenvolvidos dando
continuidade a este trabalho. No último capítulo, encontram-se as referências
bibliográficas.
3
2. Aspectos Teóricos
Neste capítulo serão apresentados os fundamentos necessários para a
compreensão dos capítulos seguintes. Serão abordados os princípios de funcionamento e
a base teórica tanto dos instrumentos de medição como das máquinas presentes na
bancada experimental.
2.1. Motor de Indução
Uma máquina de indução é denominada desta forma porque uma corrente
alternada é fornecida ao estator, ao passo que o rotor recebe a corrente por indução a
partir do campo magnético girante do estator e não por meio de uma conexão física dos
fios. Este comportamento é semelhante ao que ocorre em um transformador e é o que
diferencia esta máquina das máquinas síncronas.
Uma máquina de indução possui alguns componentes essenciais para seu
funcionamento, são eles:
Rotor: É a parte rotativa da máquina e pode ser de dois tipos: Gaiola de Esquilo ou
Bobinado. O rotor de gaiola de esquilo consiste em barras condutoras encaixadas em
ranhuras na superfície do rotor curto-circuitadas em cada lado por anéis condutores.
A extrema simplicidade e a robustez da construção em gaiola de esquilo
representam vantagens notáveis para este tipo de motor de indução e, de longe,
fazem dele o tipo de motor mais comumente usado [2]. Na Figura 1, pode-se
observar a imagem de uma gaiola de esquilo de um rotor de gaiola de esquilo.
Figura 1- Gaiola do rotor do tipo gaiola de esquilo
4
Estator: É a parte estacionária da máquina, também constituído de aço elétrico como
o rotor e é onde estão as ranhuras ou espaços para os enrolamentos de armadura.
Enrolamentos de Armadura: É o enrolamento que conduz corrente alternada e é
instalado em ranhuras alojadas no estator.
Os enrolamentos do estator são como na máquina síncrona, estão defasados
fisicamente em 120 graus. Quando um conjunto trifásico, simétrico e equilibrado de
tensões for aplicado ao estator resulta em um conjunto de correntes também trifásicas
circulando no estator, estas correntes produzirão um campo magnético girante Bs [3],
Figura 2.
Figura 2 - Campos magnéticos girantes
Sendo IR a corrente do rotor que produz um campo magnético girante BR. Este
campo interage com Blíq que produz um conjugado no motor.
A velocidade de rotação do campo magnético é dada segundo a Equação 1.
𝑛𝑠 = (120
𝑝) ∙ 𝑓𝑒 (1)
5
Sendo:
𝑛𝑠 = 𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑟𝑜𝑡𝑎çã𝑜 𝑑𝑜 𝑐𝑎𝑚𝑝𝑜 𝑚𝑎𝑔𝑛é𝑡𝑖𝑐𝑜, 𝑒𝑚 𝑟𝑝𝑚
𝑓𝑒 = 𝑓𝑟𝑒𝑞𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑒𝑙é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑜 𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 𝑎𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑑𝑎 𝑎𝑜 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑡𝑜𝑟, 𝑒𝑚 𝐻𝑧
𝑝 = 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑜𝑙𝑜𝑠 𝑑𝑎 𝑚á𝑞𝑢𝑖𝑛𝑎
A velocidade de rotação do campo magnético, pode também ser dada em rad/s,
que será 𝜔𝑠, Equação 2. A tensão induzida nas barras do rotor de um motor de indução
depende da velocidade do rotor em relação ao campo magnético girante [3]. Para que
haja uma corrente induzida no rotor, a velocidade de rotação do mesmo deve ser inferior
à velocidade síncrona [3].
𝜔𝑠 =4 ∙ 𝜋 ∙ 𝑓𝑒
𝑝(
𝑟𝑎𝑑
𝑠) (2)
Há dois termos bastante utilizados para definir o movimento relativo do rotor e
do campo magnético girante [3]. Um deles é a velocidade de escorregamento 𝑛𝑒𝑠𝑐,
definida como a diferença entre a velocidade síncrona 𝑛𝑠 e a velocidade do rotor 𝑛𝑚,
Equação 3. Outro termo é o escorregamento 𝑠, que nada mais é que a velocidade de
escorregamento em pu, Equação 4.
𝑛𝑒𝑠𝑐 = 𝑛𝑠 − 𝑛𝑚 (3)
𝑠 =𝑛𝑠 − 𝑛𝑚
𝑛𝑠 (4)
A partir da Equação 4, obtêm-se as Equações 5, 6 e 7.
𝑛𝑚 = (1 − 𝑠) ∙ 𝑛𝑠 (5)
6
𝜔𝑚 = (1 − 𝑠) ∙ 𝜔𝑠 (6)
𝑓𝑟 = 𝑠 ∙ 𝑓𝑒 (7)
Sendo:
𝜔𝑚 = 𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑚𝑒𝑐â𝑛𝑖𝑐𝑎 𝑎𝑛𝑔𝑢𝑙𝑎𝑟 𝑑𝑜 𝑒𝑖𝑥𝑜 𝑑𝑜 𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟, 𝑒𝑚 𝑟𝑎𝑑/𝑠
𝜔𝑠 = 𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑎𝑛𝑔𝑢𝑙𝑎𝑟 𝑑𝑜𝑠 𝑐𝑎𝑚𝑝𝑜𝑠 𝑚𝑎𝑔𝑛é𝑡𝑖𝑐𝑜𝑠, 𝑒𝑚 𝑟𝑎𝑑/𝑠
𝑓𝑟 = 𝑓𝑟𝑒𝑞𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑒𝑙é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑎 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑖𝑛𝑑𝑢𝑧𝑖𝑑𝑎 𝑛𝑜 𝑟𝑜𝑡𝑜𝑟, 𝑒𝑚 𝐻𝑧
Na partida, o rotor está parado (nm = 0), o escorregamento é unitário (s = 1) e
a frequência elétrica do rotor é igual à do estator (fr = f𝑒). Então, o campo magnético
produzido pelas correntes do rotor irá girar com a mesma velocidade que o campo do
estator, resultando em um conjugado de partida que faz com que o rotor tenda a girar no
sentido de rotação do campo magnético girante.
Se esse conjugado for suficiente para suportar o torque estático existente no
eixo, então o motor alcançará sua velocidade de operação. Entretanto, esta velocidade
não chegará a ser igual à velocidade síncrona, pois, caso isso ocorra, os condutores da
gaiola estariam estacionários em relação ao estator e consequentemente não haveria
tensão induzida e nem corrente. Assim, o campo magnético no rotor seria nulo o que
implicaria em nenhum conjugado produzido.
2.1.1. Circuito Equivalente
Conforme dito anteriormente, o motor de indução baseia-se na indução efetuada
pelo circuito do estator no circuito do rotor. Como as tensões e correntes no circuito do
rotor, de um motor de indução, são basicamente o resultado de uma ação de
transformação, de forma similar à encontrada no transformador, o circuito equivalente
deste motor será muito semelhante ao circuito equivalente de um transformador [3]. Na
Figura 3, mostra-se o modelo para um motor de indução.
7
Figura 3 - Modelo para o Motor de Indução
Para obter o circuito equivalente final por fase de um motor de indução, é
necessário que a parte do rotor do modelo seja referida ao lado do estator [3], Figura 4.
Figura 4 - Circuito equivalente por fase de um motor de indução
Sendo:
𝑉𝜙 = 𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑓𝑎𝑠𝑒 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑟𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑡𝑜𝑟
𝐸1 = 𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑟𝑜𝑡𝑜𝑟 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎𝑑𝑎
𝐼1 = 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑜 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑡𝑜𝑟
𝐼2 = 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑜 𝑟𝑜𝑡𝑜𝑟
𝐼𝑀 = 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑚𝑎𝑔𝑛𝑒𝑡𝑖𝑧𝑎çã𝑜
𝑅1 = 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑒𝑓𝑒𝑡𝑖𝑣𝑎 𝑑𝑜 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑡𝑜𝑟
𝑋1 = 𝑟𝑒𝑎𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑑𝑖𝑠𝑝𝑒𝑟𝑠ã𝑜 𝑑𝑜 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑡𝑜𝑟
8
𝑅2 = 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑜 𝑟𝑜𝑡𝑜𝑟 𝑟𝑒𝑓𝑒𝑟𝑖𝑑𝑎
𝑋2 = 𝑟𝑒𝑎𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎𝑑𝑜 𝑟𝑜𝑡𝑜𝑟 𝑟𝑒𝑓𝑒𝑟𝑖𝑑𝑎
𝑅𝐶 = 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 𝑛𝑜 𝑛ú𝑐𝑙𝑒𝑜
𝑋𝑀 = 𝑟𝑒𝑎𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑚𝑎𝑔𝑛𝑒𝑡𝑖𝑧𝑎çã𝑜
A partir dos parâmetros do circuito equivalente, é possível determinar as
potências e perdas associadas a um motor de indução trifásico. As perdas no cobre do
estator, nas três fases, são dadas pela Equação 8, já as perdas no rotor são dadas pela
Equação 9.
𝑃𝑒𝑠𝑡𝑎𝑡𝑜𝑟 = 3 ∙ 𝐼12 ∙ 𝑅1 (8)
𝑃𝑟𝑜𝑡𝑜𝑟 = 3 ∙ 𝐼22 ∙ 𝑅2 = 𝑠 ∙ 𝑃𝑔 (9)
Sendo 𝑃𝑔 a potência de entreferro definida pela Equação10.
𝑃𝑔 = 3 ∙ 𝐼22 ∙ (
𝑅2
𝑠) = 𝑃𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 − 𝑃𝑒𝑠𝑡𝑎𝑡𝑜𝑟 − 𝑃𝑛ú𝑐𝑙𝑒𝑜 (10)
As perdas devido à histerese e corrente parasita no estator são representadas
pelas perdas no núcleo 𝑃𝑛ú𝑐𝑙𝑒𝑜, que é definida pela Equação 11.
Pnúcleo = 3 ∙ 𝐸12 ∙ 𝐺𝐶 (11)
Onde 𝐺𝐶 = 1/𝑅𝑐, é a condutância de perdas no núcleo.
Após as perdas no cobre do estator, no núcleo e no rotor serem subtraídas da
potência de entrada do motor, a potência restante é convertida da forma elétrica para a
mecânica. Esta potência é denominada potência mecânica desenvolvida, Equação 12.
𝑃𝑚𝑒𝑐 = 𝑃𝑔 − 𝑃𝑟𝑜𝑡𝑜𝑟 = (1 − 𝑠) ∙ 𝑃𝑔 = 3 ∙ 𝐼22 ∙ 𝑅2 ∙ (
1 − 𝑠
𝑠) (12)
9
Se as perdas por atrito e ventilação 𝑃𝐴𝑒𝑉 e as perdas suplementares 𝑃𝑠𝑢𝑝𝑙𝑒𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑟𝑒𝑠
forem conhecidas, a potência de saída poderá ser obtida, Equação 13.
𝑃𝑠𝑎í𝑑𝑎 = 𝑃𝑚𝑒𝑐 − 𝑃𝐴𝑒𝑉 − 𝑃𝑠𝑢𝑝𝑙𝑒𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑟𝑒𝑠 (13)
Sabendo a potência de saída, pode-se calcular o conjugado de carga no eixo do
motor, Equação 14.
𝜏𝑒𝑖𝑥𝑜 =𝑃𝑠𝑎í𝑑𝑎
𝜔𝑚 (14)
O rendimento é calculado através da Equação 15.
𝜂 =𝑃𝑠𝑎í𝑑𝑎
𝑃𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎× 100% (15)
2.1.2. Curva do conjugado versus velocidade
Para obter a equação do conjugado induzido será utilizada uma simplificação
que resulta quando o teorema de Thévenin, da teoria de circuitos, é aplicado ao circuito
equivalente do motor de indução [2]. Para isto, conforme a Figura 5, os terminais
estarão abertos para encontrar a tensão de Thévenin.
10
Figura 5 - Aplicação do Teorema de Thévenin no circuito do motor de indução
Pela regra do divisor de tensão, têm-se as Equações 16 e 17 que apresentam a
tensão de Thévenin em forma fasorial e seu módulo, respectivamente.
𝑇𝐻 = 𝜙
𝑗𝑋𝑀
𝑅1 + 𝑗𝑋1 + 𝑗𝑋𝑀 (16)
𝑉𝑇𝐻 = 𝑉𝜙
𝑋𝑀
√𝑅12 + (𝑋1 + 𝑋𝑀)2
(17)
Como XM ≫ X1 e XM ≫ R1, o módulo da tensão de Thévenin é dado pela
aproximação presente na Equação 18.
𝑉𝑇𝐻 ≈ 𝑉𝜙
𝑋𝑀
𝑋1 + 𝑋𝑀 (18)
A Figura 6 mostra o circuito de entrada com a fonte de tensão de entrada em
repouso.
11
Figura 6 - Circuito de entrada com a fonte de tensão de entrada em repouso
Assim, a impedância de Thévenin é dada pela Equação 19.
𝑍𝑇𝐻 =𝑗𝑋𝑀(𝑅1 + 𝑗𝑋1)
𝑅1 + 𝑗(𝑋1 + 𝑋𝑀) (19)
Como XM ≫ X1 e XM + X1 ≫ R1, a resistência e a reatância de Thévenin são
dadas aproximadamente pelas Equações 20 e 21, respectivamente.
𝑅𝑇𝐻 ≈ 𝑅1 (𝑋𝑀
𝑋1 + 𝑋𝑀)
2
(20)
𝑋𝑇𝐻 ≈ 𝑋1 (21)
O circuito equivalente resultante está mostrado na Figura 7.
Figura 7 - Circuito equivalente resultante do motor de indução
12
Deste circuito, obtém-se a corrente 𝐼2 na sua forma fasorial e seu módulo,
Equações 22 e 23, respectivamente.
Î2 =𝑇𝐻
𝑅𝑇𝐻 + 𝑅2 𝑠⁄ + 𝑗𝑋𝑇𝐻 + 𝑗𝑋2 (22)
𝐼2 =𝑉𝑇𝐻
√(𝑅𝑇𝐻 + 𝑅2 𝑠⁄ )2 + (𝑋𝑇𝐻 + 𝑋2)2 (23)
Utilizando as Equações 6, 12 e 14, é possível dizer que o conjugado induzido é
definido como (Equação 24):
𝜏𝑖𝑛𝑑 =𝑃𝑔
𝜔𝑠 (24)
Substituindo a Equação 23 na Equação 10, têm-se a Equação 25.
𝑃𝑔 =3 · (𝑉𝑇𝐻)2 · (𝑅2 𝑠⁄ )
(𝑅𝑇𝐻 + 𝑅2 𝑠⁄ )2 + (𝑋𝑇𝐻 + 𝑋2)2 (25)
Finalmente, substituindo a Equação 25 na Equação 24, pode-se definir o
conjugado induzindo, Equação 26.
𝜏𝑖𝑛𝑑 =3𝑉𝑇𝐻
2 𝑅2 𝑠⁄
𝜔𝑠[(𝑅𝑇𝐻 + 𝑅2 𝑠⁄ )2 + (𝑋𝑇𝐻 + 𝑋2)2] (26)
2.1.3. Inversor
Atualmente, o método mais comum para controlar a velocidade dos motores de
indução se dá através do uso de um inversor de frequência variável. Seu acionamento se
dá a partir de uma entrada de tensão que pode ser monofásica ou trifásica [3].
13
O controle da tensão e da frequência de saída é realizado utilizando técnicas de
modulação de largura de pulso (PWM), ambos os parâmetros podem ser controlados
independentemente. Em muitos casos, é desejável variar em conjunto e linearmente a
frequência e a tensão eficaz de saída. Vale lembrar que o valor da tensão eficaz é
controlado pelo tempo durante o qual a tensão está ligada durante um ciclo. Já a
frequência é controlada pela taxa em que a polaridade dos pulsos é chaveada de positiva
para negativa e novamente para positiva [3]. A Figura 8 mostra formas de ondas típicas
da tensão de saída de uma das fases do inversor para o caso em que a frequência e a
amplitude da tensão são variadas simultaneamente.
Figura 8 - Controle de tensão e frequência com uma onda PWM de 60Hz e 120V
O inversor para controle de velocidade no motor de indução apresenta inúmeros
recursos internos que contribuem para fazer ajustes e para o uso do motor de indução
em uma ampla variedade de aplicações. Pode-se citar como exemplo destes recursos o
controle manual ou remoto da frequência de saída, através de um sinal de tensão ou
corrente. A capacidade de ajuste da frequência em resposta a um sinal externo é de
extrema importância, pois permite que um computador possa controlar a velocidade do
motor de acordo com as necessidades de operação [3].
Outro recurso está relacionado ao fato de que diversas cargas, com
características de conjugado distintas, podem ser acopladas ao motor de indução. O uso
do inversor possibilita selecionar padrões diferentes de tensão versus frequência de
14
forma a adequar o conjugado aplicado pelo motor ao conjugado exigido pela carga [3].
O padrão normal de tensão versus frequência está apresentado na Figura 9.
Figura 9 - Padrão de uso geral de um inversor
Analisando a Figura 9, nota-se que este padrão consiste em uma reta para
frequências abaixo da frequência nominal. Já para frequências maiores que a nominal o
padrão é uma reta de tensão constante. Pode-se observar também que para baixos
valores de frequência, o padrão é uma reta de tensão constante, isto se deve ao fato de
que é necessário assegurar que haverá algum conjugado de partida para velocidades
muito baixas [3]. A Figura 10 apresenta as curvas características de conjugado versus
velocidade para frequência de alimentação abaixo da frequência nominal.
Figura 10 - Curvas de conjugado versus velocidade para velocidades abaixo da frequência nominal [4]
15
Por fim, têm-se como outro recurso do inversor o fato de que ao variar a
velocidade de operação do motor, a frequência será alterada até que seja alcançada esta
nova velocidade. Entretanto, esta mudança não é abrupta. A taxa de aceleração ou
desaceleração do motor é limitada a um nível seguro através do uso de circuitos
eletrônicos contidos no inversor. Tanto a taxa de aceleração quanto a de desaceleração
podem ser ajustadas independentemente [3].
2.2. Máquina de Relutância Variável
As máquinas de relutância variável (MRVs) são conceitualmente e
construtivamente simples, elas possuem polos salientes tanto no rotor quanto no estator.
Sendo que o estator possui enrolamentos de excitação [2]. Já no rotor não há
condutores, ou seja, não há enrolamentos. Além disto, outras vantagens dessas
máquinas são que elas oferecem grande robustez e possuem custo de produção
reduzido. Como não há enrolamentos no rotor, há a diminuição de perdas por efeito
Joule.
O funcionamento desta máquina se baseia no conjugado de relutância, que é o
conjugado produzido em um objeto na presença de um campo magnético externo. Isso
faz com que o objeto tente se alinhar com o campo magnético externo, visto que o
campo externo induz um campo magnético interno no objeto. Com isto, o conjugado
entre os dois campos fará o objeto girar até que ele esteja alinhado com o campo externo
[3]. No caso da MRV, o meio externo está representado pelo estator e o meio interno
pelo rotor e a presença deste conjugado induzido na MRV irá gerar uma rotação do seu
eixo.
A simetria do circuito magnético nesta máquina permite que o fluxo enlaçado
mútuo seja praticamente nulo, mesmo quando ela opera sobre condições de saturação.
Desta forma, a indutância própria de cada fase será responsável por todo o conjugado
que for produzido. A indutância própria de uma fase varia linearmente com a posição
angular do rotor, quando a máquina opera sem saturação. Já na presença de saturação,
esta relação deixa de ser linear.
16
A indutância altera com a variação da posição do rotor em relação ao estator,
existindo uma posição onde a indutância é máxima, correspondente à posição onde os
polos do rotor e do estator estão completamente alinhados, e uma posição onde a
indutância é mínima, correspondente a posição onde os polos estão completamente
desalinhados.
O conjugado induzido nesta máquina é proporcional a sin2δ, sendo δ o ângulo
elétrico entre os eixos magnéticos do rotor e do estator. Então, para se obter o
conjugado máximo, o ângulo entre estes eixos deve ser 45° [3]. A Figura 11 apresenta o
diagrama esquemático de uma MRV de dois polos.
Figura 11 - Diagrama esquemático de uma MRV de dois polos
2.3. Instrumentos utilizados
Para realizar a aquisição de dados da bancada foram utilizados 4 tipos de
sensores e transdutores, são eles: um transdutor de corrente, um transdutor de tensão,
um encoder e um sensor de torque. Para realizar as conexões tanto entre os componente
quanto no diagrama de blocos do LabVIEW de forma adequada, se faz necessário
aprofundar o conhecimento no funcionamento de cada instrumento acima citado.
17
Vale ressaltar que o objetivo desse trabalho não é estudar os instrumentos
utilizados para aquisição de dados e nem sua construção. Porém, foi aprofundado o
conhecimento nos mesmos para poder entender seus funcionamentos e foram realizados
ensaios para garantir sua linearidade em determinada faixa de operação e por
consequência obter-se medições corretas.
2.3.1. Transdutores de corrente e de tensão
A função do transdutor de corrente é transformar um sinal em outro para realizar
uma medição. Um transdutor de Efeito Hall varia sua tensão de saída em resposta a um
campo magnético aplicado. Os transdutores de corrente por efeito Hall são capazes de
medir correntes CC, CA e formas de onda complexas, numa faixa ampla de frequência.
Uma característica importante é sua capacidade de realizar isto tudo estando isolado
galvanicamente do circuito principal. As principais vantagens são o baixo consumo,
pequeno tamanho e peso.
Estes transdutores podem ser de dois tipos: de laço aberto ou de laço fechado. Os
de laço aberto possuem um elemento Hall montado na fenda (gap) presente na estrutura
de um circuito magnético constituído por um toróide. O condutor transportando corrente
passa através da abertura do toróide, e produz um campo magnético proporcional a esta
corrente. O toróide concentra o campo magnético sobre o elemento Hall, cuja saída é
amplificada.
Estes são dispositivos mais simples, porém possuem mais desvantagens. A
linearidade desta configuração depende essencialmente das características do material
magnético do toróide e da qualidade do elemento Hall.
Analogamente, nos de laço fechado, também há a presença do elemento Hall
montado no gap de um toróide de material magnético, através do qual passa o condutor
transportando a corrente que se deseja medir. A diferença consiste em que a saída do
elemento Hall (já amplificada) passa por uma bobina enrolada sobre o próprio toróide,
de forma a produzir um campo magnético igual em módulo, porém oposto ao original.
Isto garante que o fluxo através do toróide será sempre próximo de zero.
18
A saída do transdutor é um sinal de corrente, que pode ser convertido para
tensão conectando-se um resistor de carga. Esta técnica traz significantes melhorias ao
desempenho do transdutor, eliminando efeitos da não linearidade do núcleo magnético.
A Tabela 1 apresenta características destes dois tipos de transdutores de
corrente.
Tabela 1 - Características dos tipos de transdutores de corrente
Laço Aberto Laço Fechado
Baixo custo na medição de corrente
elevadas (>100 A)
Maior exatidão em condições de Variação
de temperatura
Baixo consumo, independente da corrente Apresenta como saída um sinal de corrente
Tamanho e peso menores na medição de
correntes elevadas
Responde a sinais alternados de alta
frequência (>150kHz)
Não sofre danos em condições de sobre
corrente
O sinal de saída pode ser convertido
facilmente
O transdutor de tensão também é de efeito Hall e por isso segue o mesmo
princípio de funcionamento do transdutor de corrente. A tensão de saída do transdutor
varia conforme a variação do campo magnético.
2.3.2. Encoder
O encoder, também conhecido como gerador de pulsos, é um sensor que
converte movimentos rotativos ou descolamentos lineares em pulsos elétricos de onda
quadrada. Ele gera uma determinada quantidade de pulsos a cada volta completa do eixo
de giro. Desta forma, consegue-se determinar a velocidade e o sentido de rotação da
máquina.
Um encoder possui uma estrutura muito simples, ele contém um disco que
possui pequenos “dentes” radiais, criando áreas vazadas no disco. Um diodo emissor de
luz (LED) é posicionado em frente a um fotodiodo, de forma que o feixe emitido pelo
LED esteja alinhado com os cortes do disco. Assim, ao girar o eixo, o feixe de luz
19
emitido pelo LED passa por estes dentes e ele é interrompido ou não devido aos cortes
do disco. Com isso, pode-se medir o número pulsos de interrupções e por consequência
consegue-se determinar a velocidade e/ou a posição do eixo. A Figura 12 apresenta um
esquema desta estrutura.
Figura 12 - Estrutura do Encoder
Existem dois tipos de encoder, são eles: incremental e absoluto. O encoder
incremental fornece dois pulsos defasados de 90°, chamados geralmente de canal A e
canal B. A leitura de apenas um canal fornece a velocidade, enquanto que com a leitura
dos dois canais têm-se também o sentido da rotação. Um terceiro canal, denominado Z
fornece a posição absoluta do encoder. Este tipo é o mais simples e mais barato, ele não
tem a propriedade de memorizar um posicionamento do eixo.
O encoder absoluto tem seu funcionamento bastante parecido com o
incremental, a diferença consiste em que o incremental indica apenas um pulso para
determinar o ponto zero, já o absoluto possui um código de saída que identifica cada
posição absoluta do encoder. Este tipo é usado quando há necessidade de maior precisão
e de armazenar a posição. Sua vantagem é que ele não perde a real posição no caso de
uma eventual queda da tensão de alimentação.
20
2.3.3. Sensor de torque
Os sensores de torque consistem em estruturas que atuam de forma repetitiva e
previsível quando uma força é aplicada, ou seja, deve-se obter a indicação da mesma
deformação decorrente da aplicação da mesma carga sucessivamente.
Os sensores de torque se baseiam no funcionamento de células de carga. Esta,
por sua vez, é um transdutor de força, o qual transforma uma grandeza física (força) em
um sinal elétrico.
O princípio de funcionamento das células de carga consiste na aplicação de uma
força à estrutura do transdutor que é traduzida em sinal de tensão devido à deformação
sofrida pelos sensores, denominados extensômetros. Estes sensores, quando submetidos
a uma deformação, variam sua resistência ôhmica. Logo, esta variação indica o grau de
deformação e, por consequência, a carga sobre a estrutura.
Geralmente, as células de carga possuem quatro extensômetros ligados entre si
de forma a criar o arranjo de uma ponte de Wheatstone, conforme Figura 13.
Figura 13 - Extensômetros de uma célula de carga
Essa configuração é denominada ponte completa. Este arranjo é ideal para medir
as alterações de resistência que ocorrem nos extensômetros, pois as variações na
dimensão da estrutura são muito pequenas, por consequência, as alterações de
resistência também são. Com este arranjo, há um grande aumento da sensibilidade do
21
circuito às variações de deformação, amplificando os sinais medidos e fornecendo
medições mais exatas.
Não iremos abordar a teoria sobre as pontes de Wheatstone, visto que as células
de carga normalmente são tratadas como uma "caixa preta", com dois terminais para a
excitação e dois terminais para o sinal de saída. Os fabricantes fornecem uma curva de
calibração para cada célula de carga, que relaciona a tensão de saída a um valor de
força. Entretanto, iremos fazer um levantamento experimental desta curva para o
modelo que iremos utilizar a fim de garantir que ela é fiel.
22
3. LabVIEW
3.1. Introdução
O LabVIEW (Laboratory Virtual Instrument Engineering Workbench) é um
programa desenvolvido pela National Instruments que possui uma linguagem de
programação gráfica, chamada de G, que utiliza ícones ao invés de linhas de comando.
Em contraste as linguagens de programação baseadas em texto, em que instruções
determinam a execução do programa, o LabVIEW utiliza programação baseada em fluxo
de dados, onde o fluxo dos dados determina a execução.
Os principais campos de aplicação do LabVIEW são: a realização de medições e
a automação. Com o auxílio de uma placa de aquisição de dados consegue-se aquisitar
sinais, analisar medidas e apresentar dados. Com isso, o monitoramento destes dados
aquisitados é facilitado devido ao uso de uma interface de fácil manipulação no
programa. Outra vantagem deste tipo de linguagem em relação às linguagens baseadas
em texto é a facilidade com que se criam componentes que se executam paralelamente.
O LabVIEW é composto por duas interfaces principais, são elas: o painel frontal
e o diagrama de blocos. O painel frontal é a Interface Homem-Máquina (IHM) e para a
sua criação há uma biblioteca de controles (entrada de dados e valores) e de indicadores
(saídas de dados e resultados) de diversos tipos. Através deste painel que o usuário fará
a iteração com o sistema, ou seja, irá testar suas funcionalidades. Esta janela se
assemelha a painéis de máquinas, assim, há maior facilidade de leitura e de utilização. A
Figura 14 apresenta um exemplo de um Painel Frontal com um controle e um indicador.
23
Figura 14 - Exemplo de um painel frontal com controle e indicador
Já o diagrama de blocos, é a interface de programação que contém o código
gráfico do programa. Nesta janela é feita a programação de como o painel frontal irá
funcionar. Sob certos aspectos, o diagrama de blocos assemelha-se a um fluxograma.
Como o próprio nome sugere, as funções utilizadas na implementação são representadas
por blocos que são conectados por linhas que definem o fluxo de entrada e saída das
informações. A Figura 15 apresenta um exemplo de um Diagrama de Blocos.
Figura 15 - Exemplo de um diagrama de bloco
24
3.2. Programação
3.2.1. Estrutura
Os programas em LabVIEW são chamados de virtual instruments (VIs), por
serem muito similares a instrumentos reais. Após a criação de um VI, é possível utilizá-
lo como um subVI no diagrama de blocos de um VI de alto nível. Não há limite para a
quantidade de níveis na hierarquia. A utilização de subVIs ajuda a gerenciar alterações e
a depurar o diagrama de bloco rapidamente. Assim, outra vantagem do LabVIEW está
na natureza hierárquica do VI. A Figura 16 apresenta um VI bem simples que contem
um subVI.
Figura 16 - Exemplo de um subVI dentro de um VI
O LabVIEW possui paletas gráficas flutuantes que ajudam na criação e execução
dos VIs, elas auxiliam na edição do painel frontal e do diagrama de blocos. As três
paletas são: Tools, Controls e Functions. É permitido posicionar essas paletas em
qualquer lugar da tela.
Utilizando as ferramentas localizadas na paleta Tools, consegue-se criar,
modificar e depurar os VIs. Uma ferramenta é um modo especial de operação do cursor
do mouse, cada ferramenta opera e modifica objetos tanto do painel frontal, quanto do
diagrama de bloco. Alguns exemplos destas ferramentas são: alterar valores de um
controle, mover objetos, criar legendas, ligar objetos no diagrama de blocos, definir
pontos de paradas em VIs, entre outros. A Figura 17 mostra a paleta Tools.
25
Figura 17 - Paleta Tools do LabVIEW
As paletas Controls e Functions contêm subpaletas de objetos que podem ser
utilizadas para criar um VI. A paleta Controls é utilizada para indicar controles e
indicadores no painel frontal. Ela está disponível somente no painel frontal. Já a paleta
Functions é utilizada para montar o diagrama de blocos, ela está disponível somente na
interface de programação. As paletas Controls e Functions estão apresentadas na Figura
18 e 19, respectivamente.
Figura 18 - Paleta Controls do LabVIEW
26
Figura 19 - Paleta Functions do LabVIEW
A estrutura de execução do VI no LabVIEW se dá pelo fluxo de dados, ou seja, a
ordem sequencial dos blocos determinam a execução do VI. Explicitando de forma mais
detalhada, uma operação no diagrama de blocos só é executada quando todos os dados
anteriores (entradas) estão disponíveis em um determinado nó. Utilizar subVIs ou
estruturas para realizar uma determinada operação que está sendo executada de forma
repetitiva, deve ser uma possibilidade a ser levada em consideração. Assim, o VI será
depurado mais rapidamente. A Figura 20 apresenta as estruturas disponíveis.
27
Figura 20 - Estruturas do LabVIEW
Entre as estruturas mais utilizadas podem-se citar 3: For Loop, While Loop e
Case Structure. O laço For é utilizado quando se quer que uma determinada operação
seja repetida um número fixo de vezes antes de continuar o programa. Este laço possui
dois terminais, são eles: o terminal contador N, que contém o número de vezes que se
deseja executar o subdiagrama contido no interior da estrutura e o terminal de interação
i, que indica o número de vezes que foi executada a estrutura.
Já no laço While é utilizado quando se quer que uma operação se repita até uma
determinada condição seja falsa ou verdadeira. Este laço também possui dois terminais,
são eles: o terminal condicional, onde é conectada a condição que fará com que o
programa continue rodando ou pare e o terminal de interação i, que indica o número de
vezes ou ciclos que foi executada a estrutura. Por fim, na estrutura Case, há a execução
de tarefas diferentes de acordo com uma escolha desejada. Esta estrutura é condicionada
inicialmente para uma escolha booleana, onde se tem só duas opções (verdadeiro ou
falso).
As ligações entre os objetos do diagrama de blocos funcionam para transferir os
dados, de forma similar aos caminhos de circuitos impressos. Cada ligação tem uma
única fonte de dados, porém consegue-se ligá-la a vários VIs e/ou funções que fazem
uso dos dados aquisitados. As ligações são de cores, estilos e espessuras diferentes,
28
dependendo de seus tipos de dados. A Figura 21 apresenta os tipos mais comuns de
ligações.
Figura 21 - Tipos mais comuns de Ligações no LabVIEW
3.2.2. Aquisição de Dados
A aquisição de dados, também é conhecida através da sigla DAQ (Data
Acquisition). Ela é o processo de medição de um fenômeno físico, com o uso de um
computador. Um sistema DAQ é formado por sensores, condicionadores de sinais,
hardware de aquisição e medição de dados e um computador com software programável
[5].
Os sistemas DAQ baseados em computadores pessoais possuem a vantagem de
explorar a capacidade de processamento, produtividade, sistemas de visualização e
recursos de conectividades dos computadores. Com isso, tem-se uma solução de
medição mais poderosa, flexível e de melhor custo-benefício.
A Figura 22 exemplifica o processo de aquisição de dados. Primeiramente o
sensor fornece os dados para o dispositivo captador e esse por sua vez se comunica com
o computador fornecendo os dados processados.
29
Figura 22 - Esquema de um sistema DAQ
Vale ressaltar que para que um computador possa visualizar um sinal analógico,
este deve ser convertido para um sinal digital. Um conversor analógico/digital é
responsável por realizar essa tradução de um sinal analógico para um sinal discretizado.
Ele utiliza amostras coletadas em um taxa predeterminada do sinal analógico, que é
contínuo no tempo, para reconstruir o sinal original de forma digital.
Atualmente há uma grande variedade de dispositivos de aquisição de dados,
então, se faz necessário conhecer quais são os benefícios que cada um fornece para que
possa ser escolhido o que melhor se adapta a aplicação envolvida. Para fazer esta
avaliação é necessário conhecer quais são as características principais de um dispositivo
DAQ.
A primeira destas características é tipo e quantidade de canais (entradas e saídas)
analógicos disponíveis. Esta característica deve especificar quantos canais têm
disponíveis tanto para sinais comuns quanto para diferenciais [6]. Nos sinais comuns há
uma diferença de potencial entre a referência e a terra, este tipo de sinal é o que
apresenta mais erros de medida. Por isso, é utilizado para sinais de alto nível de
amplitude já que nestes casos este erro é despercebido.
Já os sinais diferenciais se baseiam em que os dois terminais de um sinal
correspondem com dois terminais do dispositivo DAQ. Dessa forma, não há nenhum
terminal referenciado a terra. Então, este tipo é útil para aquisição de sinais de baixo
nível de amplitude.
Outra característica é a frequência de amostragem, que determina a velocidade
que se produzem as conversões analógicas-digitais [6]. Quanto maior este parâmetro,
maior a qualidade da definição do sinal digital e maior será o fluxo de dados para o
30
processador. A resolução é outra característica que deve ser observada, ela indica
número de bits que o conversor analógico-digital utiliza para quantificar os níveis de
sinais analógicos.
Os níveis do sinal de entrada também devem ser vistos, pois são os limites que o
sinal deve respeitar para poder ser identificado pelo dispositivo. Eles podem ser
unipolares, que admitem tensões com níveis unicamente positivos, ou bipolares, que
admitem níveis de tensão das duas polaridades. As portas digitais também devem ser
analisadas, tanto seu número de linhas disponíveis, a velocidade de transferência de
dados e a capacidade de controle de diferentes dispositivos.
Por fim, a última característica é o temporizador, são linhas importantes em
aplicações onde se deseja contar a quantidade de vezes que um evento ocorre, gerar
bases de tempo para processos digitais e geração de pulsos.
O dispositivo de aquisição disponível no laboratório é a placa PCI NI-6220 da
National Instruments, que está apresentada na Figura 23. Esta é uma placa
multifuncional de aquisição de dados de baixo custo, otimizada para aplicações nas
quais o custo é importante. Ela possui capacidade de adquirir e gerar sinais digitais e é
capaz de coletar grandes quantidades de informações com uma elevada velocidade de
processamento.
Figura 23 - Placa NI PCI-6220
31
Esta placa possui 16 canais de entradas analógicas (AI 0 a AI 15) e 24
entradas/saídas digitais (P0.0 a P0.7 mais PFI 0 a PFI 15). Outra característica relevante
que esta placa possui tensão máxima de entradas analógicas de ±11V [7]. Seu painel de
conexões pode se visto na Figura 24.
Figura 24 - Painel de conexões da PCI-6220 [7]
As portas analógicas desta placa possuem dois modos de aquisição: comum e
diferencial. O número de bits que o conversor utiliza para quantificar o sinal analógico
desta placa é 16. Uma borneira como a da Figura 25 é utilizada para facilitar a conexão
de cabos oriundos do circuito de medição ao DAQ.
32
Figura 25 - Borneira da placa PCI-6220
3.3. Software desenvolvido
O software desenvolvido para a aquisição de dados utiliza algumas estruturas e
elementos principais. Dentre eles pode-se citar o While Loop, que foi utilizado no laço
principal do programa e serviu para garantir que a aquisição de dados fosse feita de
forma repetitiva. O terminal condicional deste laço foi conectado a um controle presente
no painel frontal e aos possíveis erros que podem ser obtidos de cada linha fluxo de
dados. Se o controle for acionado ou houver um destes erros, a aquisição será
interrompida. Então, esta condição é do tipo stop if true. O de se esperar é que não haja
erros nos fluxos, então, apenas o usuário será quem definirá quando a aquisição será
interrompida.
Outra estrutura utilizada foi a Case Structure, que estava presente
principalmente nos fluxos de dados relacionados à gravação. Nestes casos haveria
gravação ou não dos dados de acordo com uma escolha booleana feita pelo usuário,
representada por um controle presente no painel frontal. Um elemento muito utilizado
no laço principal foi o shift register, que permitiu transferir os dados obtidos ao final de
uma iteração para o início da iteração seguinte.
33
Foi utilizado também no laço principal o timed loop, este elemento é responsável
por executar um ou mais subdiagramas sequencialmente a cada iteração do loop no
período especificado. Ou seja, a aquisição seguinte só será executada quando a última
tarefa presente no laço for finalizada e dentro do tempo nele determinado. Isto é
importante porque garante que as aquisições sempre serão realizadas em tempos
síncronos, mesmo que sejam finalizadas em tempos diferentes.
3.3.1. Fluxos de dados
O software desenvolvido contém ao todo 6 fluxos de dados. Cada linha de fluxo
está relacionada com um processo de aquisição de dados de um instrumento, ou com um
processo de gravação de dados ou ainda com a geração de dados. Um exemplo de um
fluxo de dados está ilustrado na Figura 26.
Figura 26 - Exemplo de fluxo de dados
Isso foi o que permitiu analisar cada linha de fluxo de dados isoladamente,
tornando assim facilitada a compreensão de como o software foi desenvolvido. Dessa
forma, os diagramas de blocos para cada fluxo serão colocados separadamente em um
VI e os dados que são enviados de um fluxo a outro serão representados por indicadores,
isto será feito para visualizar mais facilmente cada linha de comando do software.
34
Encoder
O primeiro fluxo de dados está relacionado com a aquisição dos dados obtidos
pelo encoder e ele utiliza um bloco específico para este instrumento, como pode ser
vista na Figura 27. Este bloco cria um canal que usa uma entrada de contador angular
disponível no hardware, com isso, consegue-se facilmente medir a posição angular do
encoder. O bloco responsável pela leitura dos dados foi configurado para contador, com
um único canal, com múltiplas amostras e apresentar como saída um valor numérico.
Para que as medições sejam realizadas com sucesso é necessário que os 3
terminais de saída (canais A, B e Z) do encoder estejam conectados na borneira de
acordo com as entradas digitais definidas no bloco. No caso, foram usadas as portas PFI
8, 9 e 10.
Figura 27 - Fluxo de dador para o Encoder
Para obter a posição angular foi feita apenas uma média da amostra de posições
obtidas. Já para o cálculo da velocidade, primeiro foi calculada a diferença entre o valor
de duas posições consecutivas e depois, com o auxílio de um bloco que mede o tempo
de execução de uma iteração do laço, foi possível determinar o intervalo de tempo
correspondente a um laço. De posse do intervalo de posição angular e do tempo, foi
possível calcular a velocidade angular de acordo com a Equação 27. Esta equação
permite que seja obtida a velocidade em rpm e justifica a tarefa presente dentro do laço
While.
35
𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 (𝑟𝑚𝑝) =∆𝑝𝑜𝑠𝑖çã𝑜
∆𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 ∙
𝜋
180∙
60
2𝜋=
∆𝑝𝑜𝑠𝑖çã𝑜
∆𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 × 6 (27)
Transdutores de Corrente, de Tensão e Sensor de Torque
O segundo fluxo de dados está relacionado a aquisições de tensões, Figura 28.
Então, as informações oriundas dos transdutores de corrente, de tensão e do sensor de
torque serão aquisitadas nesta linha de comando. O primeiro bloco foi o de criação de
canais. Ele foi configurado para entradas analógicas, sendo 3 delas do tipo diferencial,
utilizada para os transdutores de tensão, e 4 delas do tipo RSE, utilizadas para os 3
transdutores de corrente e para o sensor de torque. Ao todo, foram usados 10 portas
analógicas da borneira, vale lembrar que cada canal diferencial necessita de 2 portas.
Figura 28 - Fluxo de dados dos transdutores de corrente, de tensão e do sensor de torque
Neste bloco, também foram definidas as portas em que cada instrumento deveria
se conectar na borneira. O laço For foi utilizado para programar cada canal
separadamente. O bloco responsável pela leitura dos dados foi configurado para portas
analógicas, com dados de tensão, com múltiplos canais, uma única amostra e para
apresentar como saída um valor numérico. Ao todo, neste fluxo de dados foram
36
utilizados 3 subVIs. O terceiro bloco inicia a execução da tarefa, fazendo assim com que
se inicie a medição de dados.
O primeiro subVI faz a separação dos dados de cada transdutor e sensor, realiza
os cálculos dos valores eficazes de tensões e correntes de linha e o cálculo da média do
torque obtida. Como também agrupa os dados para formar um array que posteriormente
é utilizado para identificar a frequência e calcular a potência ativa trifásica. Como este
subVI é o maior do software foi apresentada apenas uma parte dele na Figura 29, porém
a mesma tarefa segue para os demais transdutores e sensor.
Figura 29 - Parte do subVI dos transdutores de corrente, de tensão e do sensor de torque
O segundo subVI, Figura 30, faz os cálculos da potência aparente, potência
reativa e do fator de potência, para isto ele utiliza os dados de Vrms médio, Irms médio
e Potência Ativa calculados no subVI anterior.
37
Figura 30 - SubVI que realiza o cálculo da potência aparente, da potência reativa e do fator de potência
O terceiro subVI, Figura 31, faz os cálculos do escorregamento e da velocidade
do rotor. Para isto utiliza um dado proveniente do primeiro subVI, que é a frequência.
Foi necessário que o usuário entrasse com o valor de velocidade do rotor oriundo do
tacômetro óptico, isto foi preciso já que o encoder não conseguiu fornecer um valor
coerente de velocidade, como será visto no capítulo 4.
Figura 31 - SubVI que realiza o cálculo do escorregamento e da velocidade do rotor em rad/s
38
Gravação dos dados
O terceiro fluxo de dados, Figura 32, está relacionado à gravação dos dados
aquisitados e de alguns dados calculados, como as potências ativa, reativa e aparente. O
primeiro bloco deste fluxo cria ou abre um arquivo onde serão salvos estes dados, nele é
definido o local onde o arquivo será armazenado no computador. O segundo bloco
escreve o cabeçalho dos dados neste arquivo. Como ele se encontra fora do laço
principal isto só será realizado uma vez, o que é coerente, já que não terão modificações
na ordem em que os dados serão armazenados.
Figura 32 - Fluxo de dados de gravação de dados
Dentro do laço, há 2 estruturas. A primeira estrutura é responsável por gravar os
dados da aquisição e alguns dados calculados. Já a segunda estrutura, permite que o
usuário mude o local da gravação e o nome do arquivo antes de salvá-los. Isto é
importante para que os novos dados não sejam sobrepostos aos dados já salvos
anteriormente e assim ambos fiquem armazenados, não havendo perda de informações.
39
Importação de dados
O quarto fluxo de dados, Figura 33, realiza a importação dos parâmetros que
definem o modelo do motor de indução, são eles: R1, R2, X1, X2 e XM. Como também
importa dois dados que serão importantes para os cálculos das perdas e potências
relacionadas a este motor, são eles: a reatância a vazio e a potência a vazio.
Figura 33 - Fluxo de importação de dados
O primeiro bloco define qual arquivo será aberto e a ação neste caso será
somente de leitura. O segundo bloco realiza a leitura do que está contido no arquivo. Já
dentro da estrutura principal, um subVI, Figura 34, foi utilizado para calcular as
potências relacionadas ao motor de indução que está sob ensaio. De posse dos dados
calculados nele, pode ser feito um diagrama de fluxo de potência para o motor. Este
diagrama está apresentado no painel frontal do software.
40
Figura 34 - SubVI de importação de dados e parâmetros do motor
Gravação dos dados do diagrama de fluxo de potência
Neste fluxo de dados, Figura 35, as informações obtidas no fluxo anterior podem
ser salvas. Neste fluxo, é escrito o cabeçalho dos dados fora de uma estrutura case, e
dentro dela que o usuário tem a possibilidade de escolher em que local e qual o nome do
arquivo a ser gravado.
Figura 35 - Fluxo de gravação de potências e perdas do motor
41
Saída Digital
Este fluxo de dados é o único que é de saída neste software, Figura 36, e é
utilizado para verificar a taxa de amostragem e o tempo de execução da aquisição do
programa. Foi definido o tempo mínimo que o hardware consegue aquisitar (1ms).
Sabe-se que a maior frequência que será lida no software será 60Hz e que um ciclo
nessa frequência corresponde a 16,6ms. Então, esse canal digital garante que o
programa está obtendo um número mínimo de amostras e que está realizando todas as
tarefas nele contidas dentro do tempo de aquisição definido.
Figura 36 - Fluxo do sinal de saída digital
3.3.2. Painel Frontal
O software desenvolvido possui um tab control, o que permitiu que os controles
e indicadores fossem sobrepostos e assim ocupassem uma área menor no painel frontal.
O tab control consiste em páginas e guias, através dos guias é possível selecionar qual
página será visualizada. As páginas do painel frontal estão apresentadas nas Figuras 37,
38, 39 e 40.
42
Figura 37 - Página 1 do painel frontal do software
Figura 38 - Página 2 do painel frontal do software
43
Figura 39 - Página 3 do painel frontal do software
Figura 40 - Página 4 do painel frontal do software
44
Como o controle power é responsável por interromper o programa, foi
importante aloca-lo fora do tab control, para que o usuário possa rapidamente
interromper a aquisição a qualquer momento.
As páginas foram distribuídas de forma a informar parâmetros que são
aquisitados e/ou calculados que estão relacionados entre si. Foram utilizadas formas
geométricas para ilustrar estes parâmetros e facilitar a visualização dos mesmos.
Os locais onde o usuário deve inserir algum dado ou clicar em um controle
foram alocados na parte superior das páginas, isto foi pensado para que a visualização
fosse mais imediata, já que é para área superior da tela que os olhos normalmente se
voltam.
45
4. Bancadas e Ensaios
Neste capítulo serão apresentadas tanto as características principais do
funcionamento dos instrumentos quanto os dados de placa das máquinas que compõem
a bancada experimental. Posterior a isto, serão apresentados os ensaios de verificação de
calibragem que foram realizados nos instrumentos de medição.
4.1. Bancada Experimental
A bancada experimental, Figura 41, era formada por duas máquinas principais, uma
delas era o motor de indução trifásico (MI) e a outra era a máquina de relutância
variável (MRV).
Figura 41- Bancada Experimental
Este motor de indução trifásico possui corrente nominal 3,08A e tensão nominal
de 220V para quando seus terminais estavam conectados de forma a obter uma ligação
Δ e 380V quando os mesmo estavam em ligação Y. Ele possui um fator de potência de
0,8, potência nominal de 1cv (0,75kW) e velocidade nominal de 3470rpm. Seu
46
rendimento nominal é de 80%. Estes dados assim como outras informações sobre este
modelo podem ser vistos na placa de identificação do mesmo, Figura 42.
Figura 42 - Placa de Identificação do Motor de Indução
A MRV atuou no sistema como uma carga aplicada ao eixo do rotor do motor de
indução, pois para analisar o comportamento do torque e da velocidade deste motor era
necessário utilizar uma carga. Ao alimentar os terminais do estator da MRV com uma
tensão CC, um torque contraeletromotriz é aplicado ao rotor do MI, visto que eles estão
mecanicamente acoplados. Esta MRV possui corrente nominal de 1,7A e tensão
nominal de 100V. Essas características assim como outras podem ser visualizadas em
sua placa de identificação, Figura 43.
Figura 43 - Placa de identificação da MRV
47
Foi utilizado também um inversor de frequência, cujo modelo é o CFW08 (plus)
fabricado pela WEG, apresentado na Figura 44. Ele possui controle vetorial ou escalar
selecionáveis, uma interface de operação homem-máquina e é bastante compacto [8].
Possui corrente de saída de 3 a 7A, tensão de alimentação trifásica e faixa de tensão de
alimentação de 200 a 240V. Estas características podem ser vistas na Figura 45.
Figura 44 - Inversor CFW08
Figura 45 - Placa de Identificação do Inversor CFW08
48
Ao todo, foram utilizados 4 transdutores e sensores principais presentes na
bancada experimental. Um deles foi o transdutor de corrente cujo modelo é o LA-55P
fabricado pela LEM, apresentado na Figura 46. Ele possui corrente primária nominal de
50A e corrente secundária nominal de 50mA, ambas rms [9].
Figura 46 - Transdutor de Corrente LA-55P
Sua relação de espiras é 1:1000, o que significa que cada espira enrolada ao
transdutor transforma 50A em 50mA. Através da Figura 46, pode-se ver seus terminais
primários, que são as extremidades do condutor enrolado por dentro da janela deste
transdutor.
A Figura 47 apresenta o esquema de conexões do circuito secundário deste
transdutor. Os terminais secundários, indicados por “+” e “−”, devem ser alimentados
com uma tensão de +12 a +15V e -12 a -15V, respectivamente [9]. O terminal M é onde
serão realizadas as medidas.
Figura 47 - Esquema de conexão do circuito secundário e primário do transdutor de corrente LA-55P
49
Para uma melhor precisão do sinal de medida deste transdutor, deve-se aumentar
a relação de conversão para o circuito de medição. Este aumento é realizado através de
voltas do condutor de saída por dentro da janela deste transdutor. Desta forma, foram
utilizadas cinco voltas. A resistência RM utilizada foi de 56Ω, esta foi escolhida de
forma a se manter no intervalo de 50 a 160Ω conforme o catálogo do instrumento [9].
Este transdutor tipo janela foi escolhido devido à disponibilidade do mesmo no
laboratório. Algumas de suas vantagens são: excelente precisão, boa linearidade,
imunidade a interferências externas e baixo tempo de resposta [9].
O segundo transdutor utilizado foi o transdutor de tensão modelo LV 20-P
fabricado pela LEM, mostrado na Figura 48. Ele suporta tanto tensões de entrada
alternada quanto contínua, possui isolamento galvânico entre o circuito primário e o
circuito secundário, linearidade, excelente precisão e imunidade a interferências
externas [10].
Figura 48 - Transdutor de tensão LV 20-P
Este transdutor, possui corrente primária nominal de 10mA (rms) e tensão
primária nominal (rms) de 10 a 500V [10]. Seus terminais secundários, indicados pelos
símbolos “+” e ”-“, deve ser alimentados com +12 a +15V e -12 a -15V. Ele possui
25mA de corrente secundária nominal (rms). Sua relação de transformação é de
2500:1000 e a resistência da bobina primária é de 250Ω [10]. Na Figura 49 é mostrado o
esquema elétrico do LV 20-P ligado à rede elétrica.
50
Figura 49 - Esquema de ligação do LV 20-P
O terminal M é onde serão realizadas as medidas. Já os terminais +HT e –HT
são os terminais primários, que devem ser alimentados com até 500V. Uma
desvantagem desse transdutor quando comparado a outro do mesmo fabricante (LV 25-
P) é a sua precisão que é um pouco inferior. Essa diferença é pequena e compensa o alto
custo do transdutor LV 25-P.
O terceiro instrumento é o encoder cujo modelo utilizado é o E30 da S&E, este é
do tipo incremental e está apresentado na Figura 50. Ele possui 3 canais de saída (A, B e
Z), sendo Z o canal de referência que indica quando 1 ciclo completo é dado e auxilia na
contagem de pulsos. As formas de onda geradas por estes canais podem ser vistos na
Figura 51.
Figura 50 - Encoder E30
51
Figura 51 - Canais do Encoder E30
Este modelo gera 1024 pulsos por volta e sua alimentação deve ser de 5Vcc. A
frequência de resposta do mesmo é de 60kHz e seu limite de velocidade é de 6000rpm
[11].
O quarto, e último, instrumento é o sensor de torque cujo modelo é o 1104 da
Honeywell, apresentado na Figura 52. Nele uma tensão de excitação fixa é aplicada
entre os terminais A e D da Figura 53. Quando uma força é aplicada à estrutura, a ponte
de Wheatstone desequilibra, o que provoca uma tensão de saída entre os terminais B e
C. Vale ressaltar que este sensor foi conectado ao seu condicionador de sinais, dessa
forma, o sinal proveniente do mesmo que foi utilizado.
Figura 52 - Sensor de Torque 1104
52
Figura 53 - Padrão de fiação do Sensor de Torque 1104
Este modelo possui as especificações [12] apresentadas na Tabela 2.
Tabela 2 - Características técnicas do Sensor de Torque 1104
Torque 100 libras = 10N∙m
Velocidade máxima 9000rpm
Não linearidade +/- 0,1% na saída
Histereses +/- 0,1% na saída
Repetibilidade +/- 0,05% na saída
Capacidade de saída +/- 2mV/V (nominal)
Excitação máxima 20Vcc ou Vca RMS
4.2. Ensaios
Os ensaios que foram realizados em cada transdutor e sensor isoladamente visam
determinar se estes possuem linearidade e repetibilidade, como também se estes geram
sinais compatíveis com os dados reais. Para que a linearidade seja garantida a relação
entre a entrada e a saída do instrumento deve ser linear. Já para garantir a repetibilidade,
o equipamento deve indicar saídas muito próximas quando se aplica o mesmo sinal de
entrada inúmeras vezes.
53
4.2.1. Transdutor de Corrente
4.2.1.1. Verificação de Linearidade e Repetibilidade
Para este transdutor, no primeiro ensaio foi construído um circuito simples com
uma fonte de tensão variável (variac) em série com um banco de resistências. Para
inserir o transdutor de corrente foi aberto o circuito em questão e colocado os terminais
primários do mesmo em série com o circuito. Como se pode notar, esta topologia de
ligação é análoga à conexão de um amperímetro. A topologia do circuito primário para
este ensaio está apresentada na Figura 54.
Figura 54 - Circuito primário para conexão do transdutor de corrente no ensaio de linearidade
Os terminais secundários deste transdutor foram alimentados com +15V e -15V.
A resistência RM utilizada foi de 56Ω, conforme já mencionado. Ao variar a tensão do
variac foram anotados os valores da tensão sobre a resistência RM, com o auxílio de um
osciloscópio, e também os respectivos valores de corrente que circulava no circuito
primário do transdutor, com o auxílio de um amperímetro alicate. A máxima corrente
primária obtida neste ensaio foi de aproximadamente 15A, que é menor que a corrente
primária nominal do transdutor. Este ensaio além de ter sido realizado várias vezes
também foi tanto ascendente como descendente com cada um dos três transdutores que
54
serão utilizados posteriormente. A fim de ilustrar estes dados, a Tabela 3 apresenta
apenas uma tomada destes.
Tabela 3 - Dados do ensaio de linearidade do transdutor de corrente.
Vs (V) Ip (A)
0,175 0,59
0,297 1,01
0,456 1,57
0,566 1,93
0,714 2,45
0,854 2,93
1,130 3,91
1,440 4,93
1,720 5,91
1,810 6,23
1,980 6,85
2,160 7,44
2,390 8,25
2,620 9,09
2,780 9,70
3,060 10,86
3,410 12,11
3,780 13,37
4,110 14,63
4,200 15,24
Conforme o que foi dito anteriormente, para assegurar a linearidade, deve-se
obter uma relação linear entre os sinais de saída e de entrada do transdutor, que para
este instrumento são a tensão sobre a resistência Vs e a corrente primária Ip
respectivamente. Para verificar esta característica as Figuras 55, 56 e 57 mostram os
gráficos de Ip versus Vs para cada um dos transdutores.
55
Figura 55 - Ensaio de linearidade do transdutor de corrente 1
Figura 56 - Ensaio de linearidade do transdutor de corrente 2
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5
Co
rren
te P
rim
ária
Efi
caz
(A)
Tensão Secundária Eficaz (V)
Transdutor de Corrente 1
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
Co
rren
te P
rim
ária
Efi
caz
(A)
Tensão Secundária Eficaz (V)
Transdutor de Corrente 2
56
Figura 57 - Ensaio de linearidade do transdutor de corrente 3
Nota-se que a linearidade e repetibilidade foram garantidas em todos os
transdutores como era desejado.
4.2.1.2. Verificação dos sinais de saída
Neste segundo ensaio foi utilizado apenas um transdutor de corrente, e
semelhante ao ensaio anterior, este instrumento não foi conectado a borneira do
LabVIEW. O objetivo neste ensaio era verificar como este transdutor se comportava
com diferentes sinais de entrada e com uma carga agora indutiva (representada pelo MI)
e não mais puramente resistiva, como foi utilizado no ensaio para verificação da
linearidade.
Em um primeiro momento, foi utilizado um variac para aplicar uma tensão
senoidal de 60Hz nos terminais do motor de indução. Foi percebido através do uso de
um osciloscópio que o sinal de saída do transdutor de corrente apresentou um
comportamento senoidal. Esta resposta está apresentada na Figura 58.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5
Co
rren
te P
rim
ária
Efi
caz
(A)
Tensão Secundária Eficaz (V)
Transdutor de Corrente 3
57
Figura 58 - Resposta do transdutor de corrente com um sinal de entrada senoidal
Em um segundo momento, foi utilizado um inversor para aplicar uma tensão nos
terminais do motor de indução. Vale ressaltar que a onda de tensão não é mais senoidal
e sim um sinal PWM. Foi percebido que o sinal de saída do transdutor de corrente
apresentou um comportamento também senoidal. As respostas deste transdutor a
frequência de 30Hz e 60Hz estão apresentadas nas Figuras 59 e 60.
Figura 59 - Resposta do transdutor de corrente com um sinal de entrada PWM a 30Hz
Figura 60 - Resposta do transdutor de corrente com um sinal de entrada PWM a 60Hz
Nota-se que o comportamento do sinal de saída do transdutor de corrente possui
um comportamento senoinal tanto para uma entrada senoidal quanto para uma entrada
PWM.
58
4.2.1.3. Verificação dos sinais de entrada e saída
Neste terceiro ensaio foi utilizado apenas um transdutor de corrente, e
diferentemente dos dois ensaios anteriores, este instrumento foi conectado à borneira do
LabVIEW. Esta conexão foi feita porque o objetivo neste momento era comparar os
valores dos sinais de saída obtidos através do software desenvolvido no LabVIEW e os
valores obtidos através de um multímetro.
A montagem do circuito para a realização deste ensaio e o procedimento para a
coleta de dados foram análogos ao que foi feito no ensaio descrito no item 4.2.1.1.. Ou
seja, os terminais secundários deste transdutor foram alimentados com +15V e -15V e
foi realizada uma varredura de dados ao incrementar a tensão do variac até ser atingida
uma corrente primária próxima a 10A, esta faixa de medição já é suficiente para os
valores de Ip que serão obtidos nos ensaios futuros. Neste ensaio, 3 dados foram
coletados com o auxílio de dois multímetros digitais e um amperímetro analógico,
foram eles: a tensão rms do variac, a tensão rms secundária VS e a corrente rms primária
IP. O sinal de saída do transdutor também foi aquisitado e armazenado pelo software a
cada varredura. A Tabela 4 apresenta todos estes dados coletados.
Tabela 4 - Dados para verificação da compatibilidade dos sinais aquisitados e medidos do transdutor de corrente
Variac (V) Ip (A) Vs Multímetro (V) Vs LabVIEW(V)
24,00 2,94 0,86 0,844
41,50 5,14 1,45 1,447
64,00 6,67 1,90 1,891
78,50 9,73 2,71 2,704
55,00 6,83 2,00 1,958
36,70 4,48 1,31 1,295
20,40 2,38 0,68 0,672
14,32 1,66 0,48 0,469
8,52 0,90 0,26 0,251
3,21 0,28 0,08 0,072
0,00 0,00 0,01 0,003
59
Realizando a análise da Tabela 4, verifica-se que os valores da tensão secundária
aquisitada pelo LabVIEW foram muito próximos dos valores desta mesma grandeza
medida pelo multímetro. Então, para que o valor aquisitado pelo software seja igual o
valor do sinal de entrada (Ip), que é o valor real da grandeza que está sendo medida, é
necessário encontrar um valor real constante que possa fazer este ajuste. Através da
análise da Tabela 4, se obtêm que este fator é de 3,53. Logo, basta fazer a simples
multiplicação (𝑉𝑠 𝐿𝑎𝑏𝑉𝐼𝐸𝑊 𝑥 3,53) para se obter o valor real da corrente primária. A
Tabela 5 apresenta estes dados corrigidos, ou seja, multiplicados por este fator.
Tabela 5 - Dados de tensão secundária do LabVIEW corrigida para o transdutor de corrente
Ip (A) LabVIEW Corrigido (A) Erro de Medição (%)
2,94 2,98 1,36
5,14 5,11 0,58
6,67 6,68 0,15
9,73 9,54 1,95
6,83 6,91 1,17
4,48 4,57 2,01
2,38 2,37 0,42
1,66 1,66 0
0,9 0,89 1,11
0,28 0,25 10,71
0 0,01 1,11
4.2.2. Transdutor de Tensão
4.2.2.1. Verificação de Linearidade e Repetibilidade
O primeiro ensaio para este transdutor consiste em alimentar com uma tensão
variável os terminais V e N do mesmo e fazer uma varredura entre 0V e 250V (metade
da tensão primária nominal do transdutor). Durante esta varredura foram registrados três
dados a cada momento. Um deles foi a tensão de entrada, que é a tensão entre os
terminais V e N, medida com o auxílio de um multímetro, outro foi a tensão de saída,
que é tensão entre os terminais Va+ e Va-, ou seja, é a tensão no capacitor 2 (C2),
60
Figura 61, medida também com o auxílio de um multímetro e por fim esta mesma
tensão de saída só que agora medida com o auxílio de um osciloscópio.
Foram feitas cinco varreduras de medidas tanto ascendentes quanto descendentes
em cada transdutor. A fim de ilustrar estes dados, a Tabela 6 apresenta apenas uma
tomada destes.
Tabela 6 - Dados do ensaio de linearidade do transdutor de tensão
Tensão de
Variac (V)
Tensão
Transdutor
Osciloscópio (V)
Tensão
Transdutor
Multímetro (V)
4,35 0,141 0,136
11,27 0,335 0,332
15,39 0,448 0,448
22,11 0,640 0,638
27,70 0,797 0,797
34,10 0,981 0,981
40,10 1,150 1,151
59,60 1,700 1,702
82,90 2,360 2,363
102,00 2,880 2,909
123,70 3,480 3,510
141,10 3,970 4,000
163,20 4,570 4,630
179,10 5,010 5,080
199,90 5,630 5,650
207,30 5,840 5,870
212,20 5,970 6,000
217,20 6,100 6,130
221,00 6,210 6,250
226,30 6,350 6,390
232,80 6,530 6,570
241,40 6,770 6,810
249,90 7,000 7,040
61
Foi necessário utilizar um circuito de condicionamento de sinais1 para garantir
que os sinais medidos não possuíssem ruídos. Os valores das resistências R2 e R4, assim
como os valores dos capacitores C1, C2 e C3 estão apresentados na Tabela 7. Já os
valores de resistências R1 e R3 foram calculados conforme será descrito a seguir.
Tabela 7 - Parâmetros fixos do circuito de condicionamento de sinais do transdutor de tensão
R2 100Ω
R4 1kΩ
C1 47µF
C2 10nF
C3 47µF
O circuito de condicionamento de sinais [13] está apresentado na Figura 61. Para
dimensionar corretamente as resistências R1 e R3, deve-se levar em consideração a
corrente de entrada e a tensão de alimentação máxima aplicada no ensaio.
Figura 61 - Circuito de condicionamento de sinais para o transdutor de tensão
A resistência R1 é dada pela Equação 28.
𝑅1 =𝑉𝑃𝑚á𝑥
𝐼𝑃𝑁=
250𝑉
10𝑚𝐴= 25𝑘Ω (28)
1 Para maiores informações, veja Apêndice A.
62
Porém, a resistência utilizada foi de 28kΩ, que era a resistência disponível com
valor mais próximo do calculado.
Sendo 𝑉𝑃𝑚á𝑥 a tensão máxima aplicada nos terminais V e N e 𝐼𝑃𝑁 a corrente
primária nominal do transdutor.
Sabendo que a resistência da bobina primária RP é de 250Ω, então a corrente
máxima 𝐼𝑃𝑚á𝑥 que passa no primário do transdutor é dada pela Equação 29.
𝐼𝑃𝑚á𝑥 =𝑉𝑃𝑚á𝑥
𝑅1 + 𝑅𝑃=
250𝑉
25𝑘𝛺 + 250𝛺= 9,901𝑚𝐴 (29)
A corrente refletida ao secundário do transdutor é dada pela Equação 30.
𝐼𝑠 = 𝐾𝑁 × 𝐼𝑃𝑚á𝑥 =2500
1000× 9,901𝑚𝐴 = 24,75𝑚𝐴 (30)
A potência mínima Pmín do resistor R1 é calculada através da Equação 31.
𝑃𝑚í𝑛 ≥(𝑉𝑃𝑚á𝑥)2
𝑅1=
(250𝑉)2
25𝑘𝛺= 2,5𝑊 (31)
O resistor R3 é dimensionado pela Equação 32, sendo VM a tensão máxima da
borneira.
𝑅3 =𝑉𝑀
𝐼𝑠=
11𝑉
√2 × 24,75𝑚𝐴≈ 314,27Ω (32)
63
Porém, a resistência utilizada foi de 330Ω, que era a resistência disponível com
valor mais próximo do calculado.
Sendo assim, após todos os parâmetros do circuito de condicionamento
determinados o ensaio pode ser realizado. As Figuras 62, 63 e 64 mostram os gráficos
da tensão no variac versus tensão no transdutor para cada um dos três transdutores.
Figura 62 - Ensaio de linearidade do transdutor de tensão 1
0
50
100
150
200
250
300
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Ten
são
Efi
caz
Var
iac
(V)
Tensão Diferencial Eficaz do Transdutor (V)
Transdutor de Tensão 1
64
Figura 63 - Ensaio de linearidade do transdutor de tensão 2
Figura 64 - Ensaio de linearidade do transdutor de tensão 3
0
50
100
150
200
250
300
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Ten
são
Efi
caz
Var
iac
(V)
Tensão Diferencial Eficaz do Transdutor (V)
Transdutor de Tesão 2
0
50
100
150
200
250
300
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Ten
são
Efi
caz
Var
iac
(V)
Tensão Diferencial Eficaz do Transdutor (V)
Transdutor de Tensão 3
65
Nota-se que a linearidade e repetibilidade é garantida em todos os transdutores,
além de não apresentarem histerese, como era desejado.
4.2.2.2. Verificação dos sinais de saída
Neste segundo ensaio foi utilizado apenas um transdutor de tensão, e semelhante
ao ensaio anterior, este instrumento não foi conectado a borneira do LabVIEW. O
objetivo neste ensaio era verificar como este transdutor se comportava com diferentes
sinais de entrada e com uma carga agora indutiva (representada pela MI) e não mais
puramente resistiva, como foi utilizado no ensaio para verificação de linearidade.
Em um primeiro momento, foi utilizado um variac para aplicar uma tensão
senoidal de 60Hz nos terminais do motor de indução. Foi percebido através do uso de
um osciloscópio que o sinal de saída do transdutor de tensão apresentou um
comportamento senoidal. Este comportamento pode ser visto quando foi utilizado o
circuito de condicionamento de sinais do transdutor de tensão anteriormente descrito,
como também quando este circuito foi substituído por apensas uma resistência de 330Ω.
O novo circuito está apresentado na Figura 65. O fato de ambas as respostas
apresentarem um comportamento senoidal se deve ao fato da tensão de entrada também
ser uma senóide. Esta resposta deste transdutor está apresentada na Figura 66.
Figura 65 - Circuito de conexão do transdutor de tensão sem circuito de condicionamento de sinais
66
Figura 66 - Resposta do transdutor de tensão com um sinal de entrada senoidal
Em um segundo momento, foi utilizado um inversor para aplicar uma tensão nos
terminais do motor de indução. Vale ressaltar que a onda de tensão não é mais senoidal
e sim um sinal PWM. O circuito de condicionamento de sinais foi retirado e substituído
por uma resistência de 330Ω, igual ao da Figura 65. As respostas as frequências de
30Hz e 60Hz estão apresentadas nas Figuras 67 e 68, respectivamente. Foi percebido
que a resposta do transdutor de tensão ficou distorcida.
Figura 67 - Resposta do transdutor de tensão com um sinal de entrada PWM a 30Hz, sem o circuito de
condicionamento de sinais
67
Figura 68 - Resposta do transdutor de tensão com um sinal de entrada PWM a 60Hz, sem o circuito de
condicionamento de sinais
Em um terceiro momento, foi mantido o inversor, porém foi colocado o circuito
de condicionamento de sinais, igual ao da Figura 61. As respostas deste transdutor a
frequência de 36Hz e 60Hz podem ser vistas nas Figuras 69 e 70, respectivamente. Foi
percebido que a resposta do transdutor de tensão apresentou um comportamento
senoidal. Ao variar a frequência no inversor, percebeu-se que este sinal acompanhou
esta variação, como era de se esperar.
Figura 69 - Resposta do transdutor de tensão com um sinal de entrada PWM a 36Hz, com o circuito de
condicionamento de sinais
68
Figura 70 - Resposta do transdutor de tensão com um sinal de entrada PWM a 36Hz, com o circuito de
condicionamento de sinais
Devido a essa distorção, o circuito com o condicionamento de sinais foi mantido
para os ensaios posteriores.
4.2.2.3. Verificação dos sinais de saída e entrada
Neste terceiro ensaio foram utilizados os 3 transdutores de tensão, e
diferentemente dos dois ensaios anteriores, estes instrumentos foram conectados a
borneira do LabVIEW. Esta conexão foi feita porque o objetivo neste momento era
comparar os valores dos sinais de saída obtidos através do software desenvolvido no
LabVIEW e os valores obtidos através de um multímetro.
A montagem do circuito para a realização deste ensaio e o procedimento para a
coleta de dados foram análogos ao que foi feita no ensaio descrito no item 4.2.2.1.. Ou
seja, os terminais V e N dos transdutores foram alimentados com uma tensão variável e
foi feita uma varredura até alcançar a tensão de 220V (que é a máxima tensão obtida
pelo variac).
Vale ressaltar que durante este ensaio, foi percebido uma saturação no transdutor
de tensão 2. Para resolver este problema foram adicionadas resistências em paralelo
com R3 a fim de diminuir esta resistência.
Durante a varredura foram coletados, para cada transdutor, 2 dados com o
auxílio de dois multímetros digitais, foram eles: a tensão do variac (que é o sinal de
entrada) e a tensão entre os terminais Va+ e Va- (que é o sinal de saída). O sinal de
69
saída de cada transdutor também foi aquisitado e armazenado pelo software a cada
varredura. As Tabelas 8, 9 e 10 apresentam todos estes dados coletados, para cada
transdutor.
Tabela 8 - Dados do ensaio de verificação dos sinais de saída e entrada do transdutor de tensão 1
Transdutor de Tensão 1
Variac (V) Vdif. multímetro (V) VAB LabVIEW (V)
0,44 0,015 0,016
50,20 1,560 1,577
100,05 3,050 3,120
150,50 4,690 4,726
200,40 6,180 6,163
219,40 6,700 6,858
201,00 6,200 6,213
151,20 4,670 4,734
101,20 3,100 3,167
50,80 1,600 1,575
0,46 0,018 0,019
Tabela 9 - Dados do ensaio de verificação dos sinais de saída e entrada do transdutor de tensão 2
Transdutor de Tensão 2
Variac (V) Vdif. multímetro (V) VBC LabVIEW (V)
0,16 0,013 0,013
51,00 1,520 1,550
102,10 3,050 3,112
152,80 4,620 4,557
202,30 5,980 6,021
220,90 6,440 6,392
202,60 6,100 6,071
153,40 4,500 4,619
193,00 3,100 3,109
51,80 1,550 1,571
0,14 0,011 0,012
70
Tabela 10 - Dados do ensaio de verificação dos sinais de saída e entrada do transdutor de tensão 3
Transdutor de Tensão 3
Variac (V) Vdif. multímetro (V) VCA LabVIEW (V)
0,56 0,019 0,018
49,60 1,500 1,489
100,00 2,900 3,009
150,30 4,580 4,548
200,30 6,020 6,106
219,10 6,500 6,536
200,70 6,000 6,003
150,90 4,500 4,508
100,40 3,040 3,002
40,50 1,520 1,514
0,55 0,020 0,019
Analisando as Tabelas 8, 9 e 10 nota-se que para cada transdutor os sinais de
saída aquisitados pelo LabVIEW e os medidos pelo multímetro estão muito semelhantes.
Então, para que o valor aquisitado pelo software seja igual o valor do sinal de entrada,
que é o valor da tensão real da grandeza do circuito primário, é necessário encontrar um
valor real constante que possa fazer este ajuste. Através da análise das Tabelas 8, 9 e 10
se obtêm que este fator é de 32,43 para o transdutor 1, 33,21 para o transdutor 2 e 33,45
para o transdutor 3. Logo, basta fazer a simples multiplicação
(𝑉 𝐿𝑎𝑏𝑉𝐼𝐸𝑊 𝑥 𝑓𝑎𝑡𝑜𝑟) para cada transdutor, para se obter o valor real da tensão primária.
As Tabelas 11, 12 e 13 apresentam estes dados corrigidos, ou seja, multiplicados por
cada fator.
71
Tabela 11 - Comparação entre sinal de saída corrigido do LabVIEW e sinal de entrada para o transdutor de tensão 1
Transdutor de Tensão 1
Variac (V) VAB LabVIEW Corrigido (V)
0,44 0,507
50,20 51,150
100,05 101,166
150,50 153,278
200,40 199,867
219,40 222,393
201,00 201,478
151,20 153,520
101,20 102,696
50,80 51,065
0,46 0,612
Tabela 12 - Comparação entre sinal de saída corrigido do LabVIEW e sinal de entrada para o transdutor de tensão 2
Transdutor de Tensão 2
Variac (V) VBC LabVIEW Corrigido (V)
0,16 0,432
51,00 51,462
102,10 103,344
152,80 151,350
202,30 199,959
220,90 212,270
202,60 201,606
153,40 153,401
193,00 103,254
51,80 52,185
0,14 0,399
72
Tabela 13 - Comparação entre sinal de saída corrigido do LabVIEW e sinal de entrada para o transdutor de tensão 3
Transdutor de Tensão 3
Variac (V) VCA LabVIEW Corrigido (V)
0,56 0,6078
49,60 49,7925
100,00 100,6539
150,30 152,1334
200,30 204,2488
219,10 218,6413
200,70 200,7994
150,90 150,7944
100,40 100,4315
40,50 50,6383
0,55 0,6375
4.2.3. Encoder
Neste ensaio, o encoder foi acoplado ao terminal do eixo da MRV. Foi
necessário fazer uso do inversor para que ao variar a frequência de 0 a 60Hz fosse
possível obter diversos valores de velocidade. Os terminais de saída deste inversor
foram conectados aos terminais do MI.
Para aquisitar os dados oriundos do encoder o software desenvolvido no
LabVIEW foi utilizado. Então, para verificar se estes dados eram coerentes com os
valores reais foi utilizado um tacômetro óptico para realizar manualmente a mediação
da velocidade.
Este ensaio foi também realizado várias vezes, assim como nos outros
instrumentos. Isto foi feito para tentar garantir a repetibilidade do instrumento. A fim de
ilustrar estes dados, a Tabela 14 apresenta apenas uma tomada destes.
73
Tabela 14 - Dados do ensaio do Encoder
Frequência (Hz) Velocidade Tacômetro (rpm) Velocidade LabVIEW (rpm)
5 296 255,7198
10 594 479,7790
15 893 739,9794
20 1192 1002,7346
25 1491 1263,2049
30 1791 1511,7813
35 2090 1765,2496
40 2388 1973,3033
45 2688 2191,7809
50 2987 2391,7211
55 3286 2649,4022
60 3585 2923,5826
65 3880 3183,4738
70 4171 3213,1914
Para assegurar a linearidade, deve-se obter uma relação linear entre os sinais de
saída e de entrada deste instrumento. Para verificar esta característica a Figura 71
mostra os gráficos de frequência versus velocidade para os dados de velocidade
oriundos do tacômetro (em azul) e para os provenientes do encoder (em laranja).
74
Figura 71 - Frequência versus Velocidade para o ensaio com o Encoder
Após a análise das informações, identificou-se que o encoder, só conseguiu
mensurar velocidades até 1800rpm. Para velocidades acima 1800rpm, o encoder perdia
sua referência e gerava um sinal distorcido. Isto pode ser visto através da análise da
Figura 71, onde mostra que a curva obtida pelo encoder não obteve um comportamento
linear. Nota-se que a para velocidades acima de 1800rpm, esta curva teve uma
distorção.
Então, foi possível garantir que o programa foi capaz de aquisitar as informações
oriundas do encoder, entretanto o instrumento não conseguiu satisfazer a necessidade
deste trabalho. Foram realizados diversos testes com este equipamento, e com os outros
encoders do mesmo modelo disponíveis no laboratório. Entretanto, todos eles
apresentaram ou este defeito ou alguns dois canais queimados.
Diante disto e da indisponibilidade de outro encoder de outro fabricante,
infelizmente a solução encontrada foi tomar os valores de velocidade com o auxílio de
um tacômetro óptico.
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
0 10 20 30 40 50 60 70
Vel
oci
dad
e (r
pm
)
Frequência (Hz)
Tacômetro Encoder
75
4.2.4. Sensor de Torque
Neste ensaio, o instrumento foi acoplado entre o motor de indução e MRV que
estavam na bancada. Foi aplicada uma tensão de 220V no MI conforme indicação de
ligações de seus terminais. O condicionador do instrumento foi conectado ao sensor,
nele um display mostra o torque obtido. Também foi necessário o uso de uma fonte de
tensão CC para aplicar tensão nos terminais da MRV para ela funcionar como uma
carga no sistema.
Ao todo, foram realizadas três medições de torque com o objetivo de aferir a
medição realizada durante o ensaio. Uma através do software desenvolvido no
LabVIEW, outra através de um dinamômetro de mola acoplado a 15cm do eixo da MRV
e outra através do sensor de torque. Estes dados foram importantes para conseguir
realizar uma comparação entre eles e assim determinar quais estavam coerentes e quais
precisariam ser ajustados. Vale ressaltar que para calcular o torque a partir do valor da
força obtido pelo dinamômetro basta multiplicar a força pela distância do instrumento
até o eixo, que no caso foi de 15cm.
O ensaio em si consistiu em alimentar os terminais da MRV, e por consequência
variar a velocidade, e fazer uma varredura até ser alcançada a corrente nominal do MI,
que é de 3,08A. Esta varredura foi feita várias vezes, tanto ascendente quanto
descendente. Durante esta varredura, foram registrados diversos parâmetros com o
auxílio de alguns instrumentos. Foram utilizados dois amperímetros alicate para medir a
corrente de carga e a corrente do MI, um multímetro digital para garantir que a tensão
de alimentação entre as fases do MI se manteve constante durante todo o ensaio, um
tacômetro óptico para registrar a velocidade de rotação do rotor, um dinamômetro de
mola para medir a força que a carcaça da MRV exercia sobre o eixo e o sensor de
torque.
Foi percebido durante o ensaio que o dinamômetro de mola apresentou valores
muito próximos ao visualizado no display do condicionador de sinais quando o conjunto
estava no ponto nominal. Entretanto, quando a aplicação de carga sobre o eixo do MI
era baixa, o que ocorria no início e no fim do ensaio, o dinamômetro não era preciso.
Dessa forma, pode-se concluir que as respostas dadas pelo sensor e pelo dinamômetro
76
eram semelhantes. Então apenas a obtida pelo sensor será comparada com o torque
obtido pelo software do LabVIEW. A Tabela 15 apresenta os dados de apenas uma
tomada de dados realizada neste ensaio.
Tabela 15 - Dados do ensaio do Torquímetro
Velocidade
(rpm) Corrente
MI (A)
Corrente
de
Carga
(A)
Tensão
da
Carga
(V)
Força
Dinamômetro
(N)
Torque
Dinamômetro
(N.m)
Torque
Display
(N.m)
Torque
LabVIEW
(N.m)
3583 1,75 0 0 2 0,3 0,128 0,0616
3580 1,76 0,121 5 2 0,3 0,206 0,0957
3572 1,826 0,234 10 3 0,45 0,398 0,1803
3555 1,978 0,348 15 4 0,6 0,737 0,3298
3534 2,317 0,465 20 9 1,35 1,216 0,5439
3500 2,836 0,581 25 13 1,95 1,854 0,8283
3484 3,139 0,626 27 15 2,25 2,149 0,9608
Este ensaio foi repetido cinco vezes para que a repetibilidade do instrumento
fosse analisada. Após todos estes parâmetros registrados foram plotadas duas curvas de
velocidade versus torque, uma para o torque proveniente do torquímetro (em azul) e
outra para o obtido através do software desenvolvido no LabVIEW (em laranja). Estas
curvas estão apresentadas na Figura 72.
Figura 72 - Velocidade versus torque para o ensaio com o sensor de torque
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3460 3480 3500 3520 3540 3560 3580 3600
To
rqu
e (N
.m)
Velocidade (rpm)
Sensor de Torque LabVIEW
77
Como se pode notar através da Figura 72, os valores de torque obtidos são
distintos, porém proporcionais. Então, para que os dados de torque aquisitados no
programa LabVIEW sejam reais, ou seja, iguais aos valores obtidos pelo sensor, é
necessário multiplicar estes valores por 2,22. A Figura 73 apresenta a curva de
velocidade versus torque após esse ajuste e a Tabela 16 apresenta estes dados
corrigidos.
Figura 73 - Velocidade versus torque com o fator de correção
Tabela 16 - Comparação entre Torque LabVIEW Corrigido e do Display do condicionador
Torque LabVIEW
(N.m)
Torque LabVIEW
Corrigido (N.m)
Torque Display
(N.m)
0,0616 0,1367 0,128
0,0957 0,2124 0,206
0,1803 0,4003 0,398
0,3298 0,7321 0,737
0,5439 1,2076 1,216
0,8283 1,8388 1,854
0,9608 2,133 2,149
Pode-se notar através das curvas das Figuras 72 e 73 e pela Tabela 16 que os
valores de torque obtidos pelo LabVIEW após serem corrigidos são muito próximos aos
do obtido pelo torquímetro.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3460 3480 3500 3520 3540 3560 3580 3600To
rqu
e C
orr
igid
o (
N.m
)
Velocidade (rpm)
78
5. Resultados
Após todos os ensaios dos instrumentos serem realizados e o software desenvolvido
estar corretamente ajustado para fazer a aquisição de dados e para a importação dos
parâmetros do modelo de um motor de indução, as informações obtidas pelo software
durante cada um dos ensaios de carga foram comparadas com os dados obtidos por um
analisador de potência. Para isto foi utilizado um Mavowatt 302, Figura 74. Como o
Mavowatt só realiza leitura de sinais senoidais, não foi utilizado o inversor neste ensaio,
foi utilizado apenas um variac. Através do Mavowatt serão obtidos os valores da tensão
de linha eficaz, da corrente de linha eficaz, da potência aparente trifásica, da potência
ativa trifásica e da potência reativa trifásica.
Figura 74 - Mavowatt 30
O ensaio realizado consistiu em aplicar uma tensão de 220V nos terminais do
MI, que foram conectados em delta conforme sua placa de identificação, Figura 75.
Também foi necessário utilizar uma fonte de tensão CC para aplicar tensão nos
terminais da MRV para ela funcionar como uma carga no sistema.
2 O Mavowatt é um analisador trifásico de potência e de qualidade de energia para a rede elétrica. Para
maiores informações, veja Apêndice B.
79
(a)
(b)
Figura 75 - Conexão em delta dos terminais do MI: (a) foto (b) esquema
Todos os transdutores de tensão e corrente foram utilizados, eles foram
conectados a um protoboard, Figura 76, e foram alimentados com uma fonte de tensão
de +15V e -15V.
80
(a)
(b)
Figura 76 - Transdutores de corrente e tensão conectados no protoboard: (a) foto (b) esquema
O ensaio consistiu em variar a alimentação nos terminais da MRV, e por
consequência ter uma variação de torque do rotor do motor de indução. Sendo assim, foi
feita uma varredura até ser alcançada uma corrente próxima a nominal do MI, que é de
3,08A.
Durante esta varredura, foram registrados dois parâmetros com o auxílio de
alguns instrumentos. Foi utilizado um amperímetro alicate para medir a corrente de
81
carga e um tacômetro óptico para registrar a velocidade do rotor, já que infelizmente o
encoder não cumpriu esta tarefa. Desta forma, o usuário precisou inserir este valor no
software. Também foram anotados os valores da alimentação da MRV, que é a tensão
da carga do sistema. A Tabela 17 apresenta os dados obtidos pelos instrumentos neste
ensaio.
Tabela 17 - Dados dos instrumentos do ensaio de carga
Número da
amostra
Velocidade
(rpm)
Corrente de Carga
(A)
Tensão da Carga
(V)
1 3585 0 0
2 3580 0,108 5
3 3574 0,232 10
4 3553 0,348 15
5 3531 0,464 20
6 3494 0,575 25
A cada ponto desta varredura, foram salvos diversos parâmetros obtidos a partir
do software desenvolvido. Alguns destes dados armazenados estão apresentados nas
Tabelas 18 a 23. Para confrontar estes dados, foram tiradas fotos da tela do Mavowatt,
Figuras 77 a 82.
Tabela 18 - Amostra de dados 1 do ensaio de carga
Am
ost
ra 1
VAB rms (V) VBC rms (V) VCA rms (V)
220,79 211,16 219,70
IA rms (A) IB rms (A) IC rms (A)
1,67 1,78 1,65
S (VA) P (W) Q (VAr)
642 183 616
T eixo (N.m) Pot. Saída (W) Pot. Entrada (W) P rotacionais (W)
0,03 15,82 261,23 176,10
P estator (W) P rotor (W) Pot. Desenvol. (W) Pg (W)
55,93 0,87 192,21 192,63
82
Figura 77 - Dados do Mavowatt da amostra 1
Tabela 19 - Amostra de dados 2 do ensaio de carga
Am
ost
ra 2
VAB rms (V) VBC rms (V) VCA rms (V)
218,65 208,69 219,62
IA rms (A) IB rms (A) IC rms (A)
1,64 1,75 1,59
S (VA) P (W) Q (VAr)
620 126 607
T eixo (N.m) Pot. Saída (W) Pot. Entrada (W) P rotacionais (W)
0,19 308,57 257,05 176,10
P estator (W) P rotor (W) Pot. Desenvol. (W) Pg (W)
59,53 2,33 245,31 66,02
Figura 78 - Dados do Mavowatt da amostra 2
83
Tabela 20 - Amostra de dados 3 do ensaio de carga
Am
ost
ra 3
VAB rms (V) VBC rms (V) VCA rms (V)
217,92 209,11 218,15
IA rms (A) IB rms (A) IC rms (A)
1,68 1,82 1,66
S (VA) P (W) Q (VAr)
640 53 637
T eixo (N.m) Pot. Saída (W) Pot. Entrada (W) P rotacionais (W)
0,53 179,63 427,25 176,10
P estator (W) P rotor (W) Pot. Desenvol. (W) Pg (W)
61,59 3,28 357,32 359,03
Figura 79 - Dados do Mavowatt da amostra 3
Tabela 21 - Amostra de dados 4 do ensaio de carga
Am
ost
ra 4
VAB rms (V) VBC rms (V) VCA rms (V)
218,79 206,27 219,62
IA rms (A) IB rms (A) IC rms (A)
1,88 2,01 1,79
S (VA) P (W) Q (VAr)
708 202 676
T eixo (N.m) Pot. Saída (W) Pot. Entrada (W) P rotacionais (W)
1,07 378,65 641,25 176,10
P estator (W) P rotor (W) Pot. Desenvol. (W) Pg (W)
75,37 7,56 553,16 559,89
84
Figura 80 - Dados do Mavowatt da amostra 4
Tabela 22 - Amostra de dados 5 do ensaio de carga
Am
ost
ra 5
VAB rms (V) VBC rms (V) VCA rms (V)
219,47 207,23 217,08
IA rms (A) IB rms (A) IC rms (A)
2,19 2,35 2,16
S (VA) P (W) Q (VAr)
825 494 660
T eixo (N.m) Pot. Saída (W) Pot. Entrada (W) P rotacionais (W)
1,85 668,73 968,51 176,10
P estator (W) P rotor (W) Pot. Desenvol. (W) Pg (W)
103,46 17,53 845,49 861,08
Figura 81 - Dados do Mavowatt da amostra 5
85
Tabela 23 - Amostra de dados 6 do ensaio de carga
Am
ost
ra 6
VAB rms (V) VBC rms (V) VCA rms (V)
217,01 206,12 216,43
IA rms (A) IB rms (A) IC rms (A)
2,79 2,87 2,76
S (VA) P (W) Q (VAr)
1030 906 487
T eixo (N.m) Pot. Saída (W) Pot. Entrada (W) P rotacionais (W)
2,78 1005,16 1379,12 176,10
P estator (W) P rotor (W) Pot. Desenvol. (W) Pg (W)
165,24 35,27 1181,25 1216,54
Figura 82 - Dados do Mavowatt da amostra 6
Analisando as Figuras 83, 84 e 85, percebe-se que a tendência dos dados de
tensão e corrente eficazes obtidos tanto pelo LabVIEW quanto pelo Mavowatt é a
mesma. O erro relativo, Equação 33, de cada um destes dados está apresentado na
Tabela 24.
86
Figura 83 - Tensões e correntes de linha eficazes da fase a obtidas pelo LabVIEW e pelo Mavowatt de todas as
amostras
Figura 84 - Tensões e correntes de linha eficazes da fase b obtidas pelo LabVIEW e pelo Mavowatt de todas as
amostras
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
0
50
100
150
200
250
0 1 2 3 4 5 6 7
Co
rren
te (
A)
Ten
são
(V
)
Amostras
VAB LabVIEW VAB Mavowatt
IA LabVIEW IA Mavowatt
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
0
50
100
150
200
250
0 1 2 3 4 5 6 7
Co
rren
te (
A)
Ten
são
(V
)
Amostras
VBC LabVIEW VBC Mavowatt
IB LabVIEW IB Mavowatt
87
Figura 85 - Tensões e correntes de linha eficazes da fase c obtidas pelo LabVIEW e pelo Mavowatt de todas as
amostras
𝐸𝑟𝑟𝑜 𝑟𝑒𝑙𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 = |𝑑𝑎𝑑𝑜 𝑑𝑜 𝑀𝑎𝑣𝑜𝑤𝑎𝑡𝑡 − 𝑑𝑎𝑑𝑜 𝑑𝑜 𝐿𝑎𝑏𝑉𝐼𝐸𝑊
𝑑𝑎𝑑𝑜 𝑑𝑜 𝑀𝑎𝑣𝑜𝑤𝑎𝑡𝑡| × 100% (33)
Tabela 24 - Erros relativos dos dados de tensão e corrente eficazes de todas as amostras
Erro relativo (%)
Amostra VAB rms VBC rms VCA rms IA rms IB rms IC rms
1 0,005 3,800 0,411 3,342 0,503 0,733
2 0,760 3,295 2,101 4,592 0,344 0,376
3 0,517 3,100 1,089 3,067 0,497 0,060
4 0,871 4,460 2,007 3,467 0,701 2,452
5 1,842 3,479 1,250 2,289 2,174 0,917
6 1,359 3,321 1,515 2,611 0,385 0,397
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
0
50
100
150
200
250
0 1 2 3 4 5 6 7
Co
rren
te (
A)
Ten
são
(V
)
Amostras
VCA LabVIEW VCA Mavowatt
IC LabVIEW IC Mavowatt
88
Realizando a análise da Tabela 24, percebe-se que o programa desenvolvido está
aquisitando os dados de tensão e corrente eficazes de forma coerente com os valores
reais. Visto que os erros relativos destes dados são pequenos.
Para analisar se as perdas e potências relacionadas ao motor de indução foram
calculadas de forma correta pelo software, estes dados serão calculados fora do mesmo
para poder verificar sua compatibilidade. Para isto foi escolhida uma amostra, que no
caso foi a 6.
Para realizar esta análise, deverão ser considerados os parâmetros do modelo do
motor de indução importados pelo software. Estes parâmetros e outros dados do ensaio
a vazio que foram importados são:
𝑅1 = 7Ω
𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑎 𝑣𝑎𝑧𝑖𝑜 = 176,103564𝑊 ≈ 176,10𝑊
𝑅2 = 2,761843Ω ≈ 2,76Ω
𝑋𝑀 = 126,035006Ω ≈ 126,04Ω
𝑅𝑒𝑎𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑎 𝑣𝑎𝑧𝑖𝑜 = 128,912215Ω ≈ 128,91Ω
𝑋1 = 2,877209Ω ≈ 2,88Ω
𝑋2 = 2,877209Ω ≈ 2,88Ω
De posse destes e dos obtidos na amostra 6, pode-se dar início aos cálculos das
perdas e potências deste motor.
As perdas no cobre do estator são dadas pela Equação 34.
𝑃𝑒𝑠𝑡𝑎𝑡𝑜𝑟 = 3 ∙ 𝐼12 ∙ 𝑅1 = 3 ∙ 2,812 ∙ 7 ≈ 165,82𝑊 (34)
Considerando a rede equilibrada e simétrica, obtêm-se a corrente I1 sendo a
média das correntes de linha eficazes.
89
Como este motor é de dois polos e a frequência elétrica é de 60Hz, a velocidade
síncrona é dada pela Equação 35.
𝑛𝑠 = (120
𝑝) ∙ 𝑓𝑒 = (
120
2) ∙ 60 = 3600𝑟𝑝𝑚 (35)
Assim o escorregamento será dado pela Equação 36.
𝑠 =𝑛𝑠 − 𝑛𝑚
𝑛𝑠=
3600 − 3494
3600= 0,029 (36)
Conforme foi descrito no capítulo 2 pelo teorema de Thévenin obtêm-se a tensão
de Thévenin, Equação 37.
𝑉𝑇𝐻 ≈ 𝑉𝜙
𝑋𝑀
𝑋1 + 𝑋𝑀= 213,19
126,04
128,91≈ 208,44𝑉 (37)
Considerando a rede equilibrada e simétrica, obtêm-se a tensão V1 = 𝑉𝜙 sendo a
média das tensões de linha eficazes.
A resistência e a reatância de Thévenin são dadas pelas Equações 38 e 39,
respectivamente.
𝑅𝑇𝐻 ≈ 𝑅1 (𝑋𝑀
𝑋1 + 𝑋𝑀)
2
= 7 (126,04
128,91)
2
= 6,69Ω (38)
𝑋𝑇𝐻 ≈ 𝑋1 = 2,88Ω (39)
Então, a corrente I2 será dada pela Equação 40.
𝐼2 =𝑉𝑇𝐻
√(𝑅𝑇𝐻 + 𝑅2 𝑠⁄ )2 + (𝑋𝑇𝐻 + 𝑋2)2=
=208,44
√(6,69 + 2,76 0,029⁄ )2 + (2,88 + 2,88)2≈ 2,04𝐴 (40)
90
De posse de I2, pode-se calcular as perdas totais no rotor, que são dadas pela
Equação 41.
𝑃𝑟𝑜𝑡𝑜𝑟 = 3 ∙ 𝐼22 ∙ 𝑅2 = 3 ∙ 2,042 ∙ 2,76 ≈ 34,45𝑊 (41)
A potência do entreferro e a potência mecânica desenvolvida serão dadas pelas
Equações 42 e 43, respectivamente.
𝑃𝑔 = 3 ∙ 𝐼22 ∙ (
𝑅2
𝑠) =
𝑃𝑟𝑜𝑡𝑜𝑟
𝑠=
34,45
0,029≈ 1187,93𝑊 (42)
𝑃𝑚𝑒𝑐 = 𝑃𝑔 − 𝑃𝑟𝑜𝑡𝑜𝑟 = 1187,93 − 34,45 = 1153,48𝑊 (43)
Sabendo a potência do entreferro e as perdas no cobre do estator, a potência de
entrada será dada pela Equação 44.
𝑃𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 = 𝑃𝑔 + 𝑃𝑒𝑠𝑡𝑎𝑡𝑜𝑟 = 1187,93 + 165,82 = 1353,75𝑊 (44)
Vale ressaltar que as perdas rotacionais foram consideradas juntas com as perdas
no núcleo. Como também que as perdas a vazio são as perdas rotacionais. Dessa forma,
se tem que a potência de saída, que é a potência no eixo do motor, será dada pela
Equação 45.
𝑃𝑠𝑎í𝑑𝑎 = 𝑃𝑚𝑒𝑐 − 𝑃𝑟𝑜𝑡𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑖𝑠 = 1153,48 − 176,10 = 977,38𝑊 (45)
Por fim, o torque no eixo e o rendimento deste motor serão dados pelas
Equações 46 e 47, respectivamente.
𝜏𝑒𝑖𝑥𝑜 =𝑃𝑠𝑎í𝑑𝑎
𝜔𝑚=
977,38
3494 ∙ 2𝜋/60≈ 2,67𝑁 ∙ 𝑚 (46)
91
𝜂 =𝑃𝑠𝑎í𝑑𝑎
𝑃𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎=
977,38
1353,75≈ 0,72 = 72% (47)
Analisando estes valores, percebe-se uma pequena discrepância entre eles e os
dados obtidos pelo software, Tabela 25. Então, isto corrobora com o fato do programa
desenvolvido estar processando as informações aquisitadas e importadas de forma
correta.
Tabela 25 - Erros relativos das perdas e potências relacionadas ao MI da amostra 6
LabVIEW Calculado Erro relativo (%)
Pestator (W) 165,24 165,82 0,35
Protor (W) 35,27 34,45 2,38
Pg (W) 1216,54 1187,93 2,41
Pmec (W) 1181,25 1153,48 2,41
Pentrada (W) 1379,12 1353,75 1,87
Psaída (W) 1005,16 977,38 2,84
Torque (N.m) 2,78 2,67 4,12
Continuando utilizando a amostra 6 como exemplo, pode-se plotar as tensões e
correntes de linhas armazenadas pelo software nesta amostra, Figuras 86 e 87,
respectivamente.
Figura 86 - Tempo versus tensões de linha
92
Figura 87 - Tempo versus correntes de linha
Através da análise das Figuras 86 e 87 percebe-se que elas apresentaram um
comportamento muito próximo do senoidal, como era de se esperar, já que estes são
sinais senoidais. Estas ondas de tensões e correntes só não se aproximaram mais de um
seno devido ao fato de serem limitadas à taxa de amostragem. Pois, o tempo mínimo de
execução da aquisição do programa foi definido em 1ms.
Cada amostra foi aquisitada em 1ms, sendo assim, foram obtidas 16 amostras
por ciclo. A Figura 88 apresenta uma foto do osciloscópio da saída digital do programa
desenvolvido, onde é possível ver que o tempo de aquisição foi de 1ms.
Figura 88 - Saída digital do programa desenvolvido
93
Realizando a análise das potências trifásicas aquisitadas pelo software, Tabelas
26, 27 e 28, percebe-se que a potência aparente teve um erro relativo muito pequeno.
Isto ocorreu porque a potência aparente foi obtida através da tensão e corrente de linha
eficazes e estas apresentaram um erro muito pequeno como foi visto.
Já a potência ativa foi a que teve maior erro relativo. Percebe-se, através da
Tabela 27, que ela teve um decrescimento em seu valor até alcançar um ponto mínimo
(que é de 53W) e depois retornou a crescer, Figura 89.
Tabela 26 - Erro relativo da potência aparente trifásica
S (VA) Erro relativo
(%) LabVIEW Mavowatt
642 631,9 1,60
620 609,4 1,74
640 632,5 1,19
708 696,1 1,71
825 819,0 0,73
1030 1029,0 0,10
Tabela 27 - Erro relativo da potência ativa trifásica
P (W) Erro relativo
(%) LabVIEW Mavowatt
183 204,3 10,42
126 226,2 44,3
53 295,8 82,08
202 428,9 52,9
494 613,3 19,45
906 874 3,66
94
Tabela 28 - Erro relativo da potência reativa trifásica
Q (VAr) Erro relativo
(%) LabVIEW Mavowatt
616 598 3,01
607 565,8 7,28
637 559 13,95
676 548,2 23,31
660 542,8 21,59
487 542,6 10,25
Figura 89 - Potências ativa e reativa trifásicas de todas as amostras
Para analisar o motivo desta variação na potência ativa trifásica os fasores das
tesões e corrente obtidos pelo Mavowatt serão analisados a cada amostra, Figura 90.
0
100
200
300
400
500
600
700
800
0
200
400
600
800
1000
0 1 2 3 4 5 6 7P
otê
nci
a R
eati
va
(VA
r)
Po
tên
cia
Ati
va
(W)
Amostras
P LabVIEW P Mavowatt
Q LabVIEW Q Mavowatt
95
(a)
(b)
96
(c)
(d)
97
(e)
(f)
Figura 90 - Fasores de tensão e corrente obtidos pelo Mavowatt das 6 amostras: (a) Amostra 1; (b) Amostra 2; (c)
Amostra 3; (d) Amostra 4; (e) Amosta 5; (f) Amostra 6;
Analisando a Figura 90, percebe-se que a defasagem entre os fasores de corrente
e tensão se iniciam com um valor maior que 90° (Figura 90 (a)). Esta defasagem vai
diminuindo até ser muito próxima de 90° (Figura 90 (c)) e continua diminuindo. Como
a potência ativa trifásica é diretamente proporcional ao fator de potência (𝑃 = 3 ∙ 𝑉𝑓 ∙
𝐼𝑓 ∙ 𝐹𝑃) e o fator de potência é o cosseno do ângulo entre a tensão e a corrente, a
potência ativa acompanhou este comportamento de diminuição até alcançar um valor
98
muito baixo, que corresponde à defasagem próxima de 90°, e depois retornou a
aumentar.
Então, conclui-se que o software desenvolvido considera para seu cálculo da
potência ativa uma multiplicação ponto a ponto e não leva em consideração os
parâmetros de tensão e corrente de fase, e sim de linha. Desta forma, há um
desacoplamento entre as ondas de tensão e corrente, já que há uma defasagem de 30°
entre a corrente de linha e de fase devido à ligação delta que não está sendo
considerada.
Para analisar se a potência aparente e a potência ativa estavam sendo aquisitadas
de forma correta, foi realizado um último ensaio. Para isto, foi retirado o motor de
indução e conectada uma carga resistiva também em ligação delta. Através do
Mavowatt, pode-se ver que os fasores de tensão e corrente estavam defasados de 30º,
como era de se esperar, Figura 91.
Figura 91 - Fasores de tensão e corrente para uma carga resistiva em delta
Os dados de tensão e corrente de linha obtidos pelo LabVIEW obtiveram um erro
relativo pequeno quando comparado aos dados obtidos pelo Mavowatt, Tabela 29.
99
Tabela 29 - Erros relativos para tensão e corrente de linha para uma carga resistiva em Δ
Mavowatt LabVIEW Erro relativo (%)
VAB rms (V) 49,49 50,1 1,23
VBC rms (V) 49,53 47,76 3,57
VCA rms (V) 49,26 49,27 0,02
IA rms (A) 5,086 5,4 6,17
IB rms (A) 5,237 5,19 0,90
IC rms (A) 5,146 5,05 1,87
Sabe-se que para uma carga resistiva, o fator de potência é unitário, logo, a potência
ativa é igual à potência aparente, Equação 48.
𝐹𝑃 = 1 → 𝑃 = 𝑆 (48)
Para uma ligação delta, as tensões de linha e de fase são iguais. Já a corrente de fase
é a razão entre a corrente de linha e raiz de 3, Equação 49.
𝑉𝑓 = 𝑉𝐿 𝑒 𝐼𝑓 =𝐼𝐿
√3 (49)
Então, pode-se calcular a potência ativa para cada uma das três fases, através da
Equação 50.
𝑃 = 𝑆 = 𝑉𝐿 ∙𝐼𝐿
√3 (50)
Por consequência a potência ativa trifásica será a soma das potências ativas em cada
uma das 3 fases, Equação 51.
𝑃𝑡𝑟𝑖𝑓á𝑠𝑖𝑐𝑎 = 𝑃𝐴 + 𝑃𝐵 + 𝑃𝐶 (51)
100
Como a potência aparente é calculada no software a partir dos valores eficazes da
tensão e corrente de linha, e estes possuem um erro relativo pequeno, como foi visto na
Tabela 29, é de se esperar que a potência aparente possua um erro relativo pequeno. Isto
de fato ocorreu, como pode ser visto na Tabela 30.
Então deve-se realizar a análise da potência ativa. Através das Equações 50 e 51,
pode-se calcular as potências ativas monofásicas e trifásica a partir dos valores de
tensão e corrente de linha aquisitados pelo LabVIEW, Tabela 30.
Tabela 30 – Erros relativos entre as potências ativas e aparente para uma carga resistiva em Δ
Mavowatt LabVIEW Erro relativo (%)
PA (W) 144,2 156,2 8,32
PB (W) 150,3 143,11 4,78
PC (W) 145,6 143,65 1,34
P trifásica (W) 440,5 442,96 0,56
S trifásica (VA) 440,1 442,81 0,62
Analisando a Tabela 30, nota-se que a potência ativa trifásica possui um valor muito
próximo da potência aparente trifásica, como era de se esperar para uma carga resistiva.
Após todos estes ensaios realizados, percebe-se que a aquisição da potência aparente
está sendo realizada de forma correta tanto para uma carga resistiva quanto para uma
carga indutiva. Entretanto, devido a um desacoplamento entre as formas de onda de
tensão e corrente, já que há uma defasagem de 30° entre a corrente de linha e de fase
devido à ligação delta, a potência ativa não está sendo calculada de forma correta pelo
software tanto para uma carga resistiva quanto para uma carga indutiva.
101
6. Conclusão e Trabalhos Futuros
Através deste trabalho pode-se verificar a importância da realização de ensaios
nos transdutores e sensores para verificar a repetibilidade e linearidade dos mesmos
dentro de uma determinada faixa de operação. Como também verificar seus
comportamentos diante de diferentes sinais de entrada.
O software desenvolvido conseguiu apresentar as grandezas elétricas do MI
compatíveis com os dados provenientes de outros instrumentos, tais como multímetros
digitais, amperímetros alicates e o Mavowatt. Também foi capaz de aquisitar amostras
de tensão e corrente com uma taxa de amostragem de 1ms, como pode ser visto nos
resultados deste trabalho. Assim, o programa foi capaz de realizar de forma satisfatória
seu objetivo, que era de monitorar em tempo real um motor de indução trifásico.
Vale ressaltar que este software foi o primeiro a ser elaborado no Laboratório de
Máquinas Elétricas do DEE da UFRJ com a finalidade mencionada. Por consequência
devem ser feitos alguns ajustes no programa.
Como trabalhos futuros sugere-se que seja feita a correção no cálculo da
potência ativa trifásica, considerando-se os parâmetros de tensão e corrente de fase.
Como também pode-se inserir um novo fluxo de dados para que o programa seja capaz
de controlar o inversor de frequência. Dessa forma, a frequência seria ajustada de forma
imediata pelo software e não estaria limitada a 60Hz.
Outro trabalho futuro está relacionado ao fato do encoder não ter atendido as
necessidades deste trabalho, impossibilitando realizar o levantamento da curva de carga
do MI. Entretanto, o fluxo de dados para a aquisição da posição angular e da velocidade
oriundas deste instrumento já estão inseridas no programa.
102
7. Referências Bibliográficas
[1] MORAES, T. J. S. - Levantamento de Curvas Características de um Motor de Indução com
Enrolamento Dahlander, Projeto de Graduação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, RJ, Brasil, 2011.
[2] FITZGERALD, A. E.; KINGSLEY, JR, C. - Máquinas Elétricas com Introdução a
Eletrônica de Potência, Porto Alegre, 6ª ed., Bookman, 2006.
[3] CHAPMAN, S.J. - Fundamentos de Máquinas Elétricas, Porto Alegre, 5ª ed.,
McGraw-Hill, 2001.
[4] STEPHAN, R. M. - Acionamento, Comando e Controle de Máquinas Elétricas, Rio
de Janeiro, Editora Ciência Moderna, 2013.
[5] NATIONAL INSTRUMENTS, Disponível em: http://www.ni.com/data-
acquisition/what-is/pt/ Acessado em: 17/11/2016.
[6] LÁZARO, A.M - LabVIEW 6i. Programación gráfica para el control de
instrumentación, Madrid, Paraninfo, 2001.
[7] NATIONAL INSTRUMENTS, Disponível em:
http://www.ni.com/pdf/manuals/375200c.pdf Acessado em: 21/01/2017.
[8] WEG, Disponível em: http://ecatalog.weg.net/files/wegnet/WEG-cfw08-inversor-
de-frequencia-10413066-catalogo-portugues-br.pdf Acessado em: 21/01/2017.
[9] LEM, Disponível em: http://pdf.datasheetcatalog.com/datasheets2/70/70473_2.pdf
Acessado em: 20/01/2017.
[10] LEM, Disponível em:
http://media.digikey.com/pdf/Data%20Sheets/LEM%20USA%20PDFs/LV%2020-
P.pdf Acessado em: 20/01/2017.
[11] S&E, Disponível em: http://www.seinstrumentos.com.br/pdf/cat-encoders.pdf
Acessado em: 12/11/2016
103
[12] LEBOW, Disponível em:
https://measurementsensors.honeywell.com/ProductDocuments/Torque/Model_1100_D
atasheet.pdf Acessado em: 17/11/2016.
[13] KARNIKOWSKI, D. C - Desenvolvimento de um Sistema de Medição de Sinais
Elétricos, Projeto de Graduação, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio
Grande do Sul, Rio Grande do Sul, RS, Brasil, 2013.
104
Apêndice A – Circuito de Condicionamento de Sinais do Transdutor
de Tensão
O circuito da Figura 92 ilustra a topologia utilizada para o circuito de aquisição do
transdutor de tensão. Através dele é possível obter a função de transferência.
Figura 92 - Circuito do condicionador de sinais do transdutor de tensão
𝑉𝑖𝑛 − 𝑉+
𝑅2=
𝑉+
𝑍𝑒𝑞1+
𝑉+
1 (𝐶1 ∙ 𝑠)⁄
Sendo:
𝑍𝑒𝑞1 =1
𝐶2 ∙ 𝑠+
𝑅4 ∙ (1
𝐶3∙𝑠)
𝑅4 + (1
𝐶3∙𝑠)
=1
𝐶2 ∙ 𝑠+
𝑅4
1 + (𝑅4 ∙ 𝐶3 ∙ 𝑠)=
𝑠 ∙ 𝐶2 ∙ 𝑅4 + 1 + (𝑅4 ∙ 𝐶3 ∙ 𝑠)
𝐶2 ∙ 𝑠 ∙ (1 + 𝑅4 ∙ 𝐶3 ∙ 𝑠)
1
𝑍𝑒𝑞1=
𝐶2 ∙ 𝑠 ∙ (1 + 𝑅4 ∙ 𝐶3 ∙ 𝑠)
1 + 𝑅4 ∙ (𝐶2 ∙ 𝐶3) ∙ 𝑠
Então:
𝑉𝑖𝑛
𝑅2= 𝑉+ ∙ [
1
𝑅2+
1
𝑍𝑒𝑞1+ (𝐶1 ∙ 𝑠)]
𝑉+ =𝑉𝑖𝑛
𝑅2∙
11
𝑅2+
1
𝑍𝑒𝑞1+ (𝐶1 ∙ 𝑠)
=𝑉𝑖𝑛
𝑅2∙
11
𝑅2+
𝐶2∙𝑠∙(1+𝑅4∙𝐶3∙𝑠)
1+𝑅4∙(𝐶2∙𝐶3)∙𝑠+ (𝐶1 ∙ 𝑠)
105
𝑉− =
𝑅4
1+(𝑅4∙𝐶3∙𝑠)
1
𝐶2∙𝑠+
𝑅4
1+(𝑅4∙𝐶3∙𝑠)
∙ 𝑉+ =
𝑅4
1+(𝑅4∙𝐶3∙𝑠)
1+(𝑅4∙𝐶3+𝑅4∙𝐶2)∙𝑠
𝐶2∙𝑠∙(1+𝑅4∙𝐶3∙𝑠)
∙ 𝑉+ =𝑅4 ∙ 𝐶2 ∙ 𝑠
1 + (𝑅4 ∙ 𝐶3 + 𝑅4 ∙ 𝐶2) ∙ 𝑠∙ 𝑉+
𝑉+ − 𝑉− =𝑉𝑖𝑛
𝑅2∙
11
𝑅2+
𝐶2∙𝑠∙(1+𝑅4∙𝐶3∙𝑠)
1+𝑅4∙(𝐶2∙𝐶3)∙𝑠+ (𝐶1 ∙ 𝑠)
−𝑅4 ∙ 𝐶2 ∙ 𝑠
1 + (𝑅4 ∙ 𝐶3 + 𝑅4 ∙ 𝐶2) ∙ 𝑠∙
𝑉𝑖𝑛
𝑅2∙
11
𝑅2+
𝐶2∙𝑠∙(1+𝑅4∙𝐶3∙𝑠)
1+𝑅4∙(𝐶2∙𝐶3)∙𝑠+ (𝐶1 ∙ 𝑠)
𝑉+ − 𝑉− =𝑉𝑖𝑛
𝑅2∙
11
𝑅2+
𝐶2∙𝑠∙(1+𝑅4∙𝐶3∙𝑠)
1+𝑅4∙(𝐶2∙𝐶3)∙𝑠+ (𝐶1 ∙ 𝑠)
∙ (1 −𝑅4 ∙ 𝐶2 ∙ 𝑠
1 + (𝑅4 ∙ 𝐶3 + 𝑅4 ∙ 𝐶2) ∙ 𝑠)
𝑉+ − 𝑉− =𝑉𝑖𝑛
𝑅2∙
11
𝑅2+
𝐶2∙𝑠∙(1+𝑅4∙𝐶3∙𝑠)
1+𝑅4∙(𝐶2∙𝐶3)∙𝑠+ (𝐶1 ∙ 𝑠)
∙ (1 + 𝑅4 ∙ 𝐶3 ∙ 𝑠
1 + (𝑅4 ∙ 𝐶3 + 𝑅4 ∙ 𝐶2) ∙ 𝑠)
𝑉+ − 𝑉− =𝑉𝑖𝑛
𝑅2∙
1𝑅2∙𝐶1∙𝑠+1
𝑅2+
𝐶2∙𝑠∙(1+𝑅4∙𝐶3∙𝑠)
1+𝑅4∙(𝐶2∙𝐶3)∙𝑠
∙ (1 + 𝑅4 ∙ 𝐶3 ∙ 𝑠
1 + (𝑅4 ∙ 𝐶3 + 𝑅4 ∙ 𝐶2) ∙ 𝑠)
𝑉+ − 𝑉− =𝑉𝑖𝑛
𝑅2∙
𝑅2 ∙ (1 + 𝑅4 ∙ (𝐶2 ∙ 𝐶3) ∙ 𝑠)
(𝑅2 ∙ 𝐶1 ∙ 𝑠 + 1) ∙ (1 + 𝑅4 ∙ (𝐶2 ∙ 𝐶3) ∙ 𝑠) + (𝐶2 ∙ 𝑠 ∙ (1 + 𝑅4 ∙ 𝐶3 ∙ 𝑠)) ∙ (𝑅2)
∙ (1 + 𝑅4 ∙ 𝐶3 ∙ 𝑠
1 + (𝑅4 ∙ 𝐶3 + 𝑅4 ∙ 𝐶2) ∙ 𝑠)
𝑉+ − 𝑉−
𝑉𝑖𝑛
=1 − 𝑠 ∙ 𝑅4 ∙ 𝐶3
𝑠2 ∙ (𝐶1 ∙ 𝐶2 ∙ 𝑅3 ∙ 𝑅4 + 𝐶1 ∙ 𝐶3 ∙ 𝑅3 ∙ 𝑅4 + 𝐶2 ∙ 𝐶3 ∙ 𝑅3 ∙ 𝑅4) − 1 − 𝑠 ∙ (𝐶1 ∙ 𝑅3 + 𝐶1 ∙ 𝑅4 + 𝐶2 ∙ 𝑅3 + 𝐶3 ∙ 𝑅4)
Através da função de transferência é possível obter a resposta em frequência conforme a
Figura 93 utilizando os valores da Tabela 31.
Tabela 31 - Grandezas para o circuito de condicionamento de sinais do transdutor de tensão
R2 330Ω
R3 100Ω
R4 1000Ω
C1 10nF
C2 47nF
C3 47nF
106
(a)
(b)
Figura 93 - Resposta em frequência (a) amplitude; (b) fase;
107
Apêndice B – Mavowatt 30
MAVOWATT 30 POWER
Visa
QUICK REFERENCE GUIDE
108
INTRODUCTION
The Gossen-Metrawatt MAVOWATT 30, 40 and 70 are three portable, hand-held,
eight-channel power quality meter/monitors, very similar in operation though the
MAVOWATT 70 and MAVOWATT 40 have some additional parameters not in the
MAVOWATT 30, and the MAVOWATT 70 has a high speed sampling board for
capturing the details of very fast transients. The common features are covered in this
document, and the MAVOWATT 70 name will be used to represent all three
instruments. These cutting-edge power quality instruments are designed with a color
liquid crystal display (LCD) 1/4 VGA, using touch screen technology. They can
monitor, record and display data on four voltage channels and four current channels
simultaneously.
MAVOWATT 30/40/70 is designed to meet both the IEEE 1159 and IEC 61000-4-30
Class A standards for accuracy and measurement requirements. It can do PQ-optimized
acquisition of power quality related disturbances and events. It is designed with a
statistical package called Quality of Supply (QOS), with monitoring and setup protocols
set to determine voltage measurement compliance required for EN50160 monitoring.
European standard EN50160 requires that measurement parameters must be within a
specified percentage for 95% of the time.
The MAVOWATT 30/40/70 firmware can monitor power quality phenomena for
troubleshooting and/or compliance purposes. It can record inrush conditions, carry out
long-term statistical studies to establish performance baselines, and perform field-based
equipment testing and evaluation for commissioning and maintenance. The firmware
integrates an intuitive instrument setup procedure to ensure the capture of all relevant
data for additional post process analysis, report writing, and data archiving using other
compatible Dranetz-BMI software applications such as NodeLink® and DranView®.
109
1. Voltage and Current Connections – there are four differential voltage and four
differential current channels, which can be wired to measure a variety of circuit
configurations. Use only Dranetz-BMI voltage leads and current probes for proper
operation. Do not exceed marked ratings.
2. Graphic Color LCD with Touch Screen – the color LCD has an integral touch screen
that is used to select functions for setups, real time meters, and viewing stored data.
Either a clean finger or a PDA-type stylus can be used and the screen should be
calibrated with whichever you are going to use by selecting Preferences; Display
110
Preferences, then Calibrate Touch screen when first turned on. Clean only with soft
cloth.
3. Field Replaceable Battery Pack – the internal UPS feature requires that the internal
batteries be properly charged and maintained. If the battery pack is in need of
replacement, de-energize the connections and power to the unit before opening the
battery door and replacing the pack only with the Dranetz-BMI battery pack PN# BP-
PX5 (Z818G). A spare battery pack may be useful to have.
4. Memory Card slots for data and firmware updates – the Dranetz-BMI supplied
Compact Flash memory cards are used for data storage, as well as to upload new
firmware versions when available. Use only Dranetz-BMI supplied memory cards, as
the speed requirements of the instrument can not be satisfied by many off-the-shelf
memory cards. Do not remove the memory card while monitoring. Only one slot is
active at a time.
5. There are three status LEDs and the ON/OFF switch (push for on, push for off) are
located on the bottom of the instrument. AC power connection for charging the battery
and powering the unit with AC Adapter 117029-G1 is located on the right side of the
instrument. From left to right, the LEDs are:
Battery Charge Indicator. LED will light steadily while battery is fast charging
and blink when fully charged.
Status Indicator. LED will light steadily when abnormal condition is detected.
The unit is operating normally when light is off.
Power Indicator. LED will blink in a heartbeat fashion (once per second) when
the unit is operating normally.
USER INTERFACE
The instrument powers up with the Home Page screen, shown above. The top portion of
the screen is for status information, including: monitoring status (on, off, or armed);
111
what type of circuit is being monitored; the memory card status (not inserted or
percentage full); the data file name; the number of waveform cycles saved (indication of
event activity); number of journal records saved (periodic timed storage of parameters);
and, the real time clock display.
The first row of icons are referred to as Real-Time-Meters, showing the instantaneous
values of the parameters. The second row of icons are for display of stored data, either
through trend plots, event waveforms and rms plots, and reports of either EN50160 data
or an annunciator panel of user selectable parameters and their state (normal, out of
limits). Also in this second row is the icon for setting up instrument parameters, such as
time/date, memory, language, LCD, and touch screen.
In the bottom of the screen is a button for Start menu, which allows for starting to
monitor from either the existing setup, recalling a stored setup from the memory card,
or going through the setup process again, either in automatic setup mode, or the step-by-
step wizard.
REAL TIME METER MODES
Scope mode
Scope mode functions as an oscilloscope, displaying real-time waveforms of voltage
and current for up to eight channels simultaneously, with one second update rate. The
112
colors of waveform display are user programmable. Scope mode also provides a textual
display of rms values, division for axis values, and frequency.
Meter mode
Meter mode functions as a true rms voltmeter and a true rms clamp-on ammeter.
Voltage and current measurements, along with other calculated and advanced power
parameters, are displayed on the Meter mode screens in both textual and graphical
format.
Harmonics
Harmonics display the amplitude and phase of each harmonic to the 63rd harmonic in
both graphical and textual format. User can select which parameter to show the
harmonics for (V,I,W), which channel (A,B,C,D), zoom in a the 5Hz components, set
113
options such as showing harmonics and/or interharmonics and displaying in Hz or
harmonic number, scaling to the fundamental or absolute value, and a list of the
harmonic magnitudes and phase angles in tabular fashion.
Phasor diagram
The phasor screen displays a graph that indicates phase relations between voltage and
current based upon the angles at the fundamental frequency, as determined by Fourier
analysis. Phasor diagram displays voltage and current phasors for all channels.
Functioning as a phase angle meter, the unit can display system imbalance conditions
and provides such information in textual form also. The phase angle display can also
verify if monitoring connections have been made correctly. Animated phasor demo
rotations demonstrating resistive, inductive and capacitive loads can be displayed.