desenvolvimento de oleos alimentares funcionais da ciencia a aplicacao

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DESENVOLVIMENTO DE ÓLEOS ALIMENTARES FUNCIONAIS da Ciência à Aplicação Ana Alexandra Figueiredo Matias Oeiras _ Julho 2008 Dissertação apresentada para obtenção do grau de Doutor em Engenharia Química pelo Instituto de Tecnologia Química e Biológica da Universidade Nova de Lisboa. Com suporte financeiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia e Sovena Consumer Goods SA, através da Bolsa Doutoramento Empresa nº SFRH/BDE/15535/2005.

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Page 1: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

DESENVOLVIMENTO DE ÓLEOS ALIMENTARES FUNCIONAIS

da Ciência à Aplicação

Ana A

lexandra Figueiredo Matias

Ana Alexandra Figueiredo Matias

2008

ISBN: 978-989-20-1283-4

Oeiras _ Julho 2008

Dissertação apresentada para obtenção do grau de Doutor em Engenharia Química pelo Instituto de Tecnologia Química e Biológica da Universidade Nova de Lisboa. Com suporte financeiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia e Sovena Consumer Goods SA, através da Bolsa Doutoramento Empresa nº SFRH/BDE/15535/2005.

Antonio Matias
Text Box
ISBN: 978-989-20-1283-4
Page 2: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

DESENVOLVIMENTO DE ÓLEOS ALIMENTARES FUNCIONAIS, da Ciência à Aplicação

Ana Alexandra Figueiredo Matias

Oeiras, 2008

Dissertação apresentada para obtenção do grau de doutor

em Engenharia Química pelo Instituto de Tecnologia Química e

Biológica da Universidade Nova de Lisboa

Com suporte financeiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia e Sovena – Comércio e

Indústria de Óleos Alimentares S.A. através da Bolsa Doutoramento Empresa nº

SFRH/BDE/15535/2005

Page 3: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao
Page 4: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Em memória dos meus avós maternos, Laura e Domingos, por

tudo o que foram.

Para o Lucas, a minha experiência mais bem acabada.

Page 5: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao
Page 6: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

 

  i

É difícil em página e meia conseguir expressar os meus sinceros

agradecimentos a todas as pessoas que durante estes últimos anos me

ajudaram a tornar esta tese uma realidade.

Após três anos de dificuldades ultrapassadas, dúvidas existenciais,

discussões cientificas e “dramas” laboratoriais do dia a dia, mais um circulo

se fecha e se completa, com a sensação de que muito fica por dizer e fazer.

Em primeiro lugar um agradecimento muito especial às pessoas com quem

iniciei a minha viagem pela ciência, ao Professor Nunes da Ponte e muito em

particular à Doutora Catarina Duarte, que mais que orientadora desta tese, foi

e será uma amiga com uma solução para todas as situações.

 

Agradecimentos

Page 7: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

    Agradecimentos 

  ii

Teria sido impossível apresentar todo o trabalho aqui descrito, sem a ajuda

fundamental de todos os meus colegas de laboratório, que estiveram sempre

disponíveis em todas as situações, não chegando um simples obrigado: à

Raquel Sousa pela enorme paciência para me ouvir e boa disposição, à

Teresa Serra por toda a ciência partilhada e principalmente pela ajuda

imprescindível nos inúmeros ensaios de bioactividade, à Raquel Frade pelas

discussões científicas, à Mariana Costa pela contagiante energia positiva, ao

Pedro Poejo a preciosa ajuda nos ensaios finais de actividade antioxidante, à

Rita Duarte a força para continuar.

Um muito obrigado a todos os colegas do ITQB com quem tive o prazer de

trabalhar, em especial à Isabel Marcelino, uma óptima professora e para além

disso uma óptima amiga, à Doutora Paula Alves por ter acreditado que eu

alguma vez conseguiria trabalhar com células animais, à Marlene Carmo pela

paciência e ajuda com o FACS. Em particular, à Doutora Rosário Bronze e

Rodrigo Feliciano pelo suporte em toda a parte analítica e ajuda em horas de

stress.

Na Faculdade de Ciências e Tecnologia, não posso deixar de agradecer ao

Doutor Rui Duarte, pela companhia e ajuda nos vários dias de ensaios de

EPR, e à Doutora Teresa Casimiro pelo incentivo e amizade ao longo destes

anos.

A toda a equipa da Sovena, Consumer Goods, SA um obrigado, pelo apoio e

disponibilidade que sempre demonstraram, nomeadamente à Eng. Ana

Saraiva. Na realização dos estudo do Capíulo 3.3, foi imprescindível a

colaboração e ajuda das Engenheiras, Tânia Diogo e Ana Salvador,

aproveitando a oportunidade para expressar a ambas, o meu sincero

agradecimento.

Em particular, um agradecimento especial ao meu orientador, Eng. Maia

Miranda, excelente comunicador e professor, por ter acreditado neste

projecto.

Page 8: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

                                                                      Agradecimentos 

  iii

Sem nunca me poder esquecer, um MUITO obrigada à Ana Nunes, por todo

o caminho percorrido em conjunto e acima de tudo pela amizade nunca

questionável.

Um simples obrigada nunca vai chegar pelas longas sessões de paciência,

carinho, incentivo e principalmente pela ajuda imensurável: mãe, pai e

mano…um longo e enorme beijo de gratidão.

Nuno, por preencheres a minha vida, e por seres em parte responsável pela

minha experiência mais bem acabada, muito, muito OBRIGADO!

Page 9: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao
Page 10: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

v

PARTE I: DESENVOLVIMENTO DE ÓLEOS ALIMENTARES SAUDÁVEIS ATRAVÉS DE INCORPORAÇÃO DE BIOPRO-DUTOS  A crescente preocupação da população por uma alimentação saudável

provocou, no final do século XX, uma mudança drástica na indústria de óleos

alimentares. Os óleos vegetais, considerados no passado como elementos

menos nutritivos da alimentação, e, em parte, sinónimo de obesidade,

passaram na actualidade a ser revistos como componentes saudáveis de

uma dieta equilibrada, iniciando-se uma procura, por parte da indústria

alimentar, por óleos de maior qualidade nutritiva e mais saudáveis, isto é,

óleos que respeitem todas as caracteristicas organolépticas e em simultâneo

promovam um benefício específico na saúde do consumidor – óleos

funcionais.

As oleoginosas, por si só, apresentam na sua composição compostos, tais

como tocoferóis, fitosteróis e ácidos gordos essenciais, para os quais já foi

provada a sua bioactividade. Muitos destes micronutrientes são totalmente ou

parcialmente removidos no processo de refinação dos óleos alimentares,

diminuindo drasticamente a sua qualidade nutritiva, tornando possível para a

 

Sumário

Page 11: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Sumário 

vi

a indústria, a funcionalização dos óleos através do aumento dos níveis

desses compostos bioactivos. O aumento dos níveis de micronutrientes pode

ser efectuado através de variação dos parâmetros do processo de refinação,

recorrendo à fortificação directa dos óleos com quantidades adicionais de

ingredientes activos (Bioprodutos) ou mesmo através da combinação de

diversas razões de óleos alimentares com diferentes composições em lipídos

e micronutrientes.

O objectivo da primeira parte desta tese foi avaliar a viabilidade de formular

óleos alimentares saudáveis com determinada funcionalidade associada. O

estudo e desenvolvimento envolveram a funcionalização de óleos alimentares

recorrendo à fortificação directa com vários bioprodutos de origem vegetal,

misturas de óleos com composições distintas e a combinação dos dois

métodos em simultâneo. No método de fortificação directa seleccionou-se o

óleo de girassol como modelo de estudo, dado ser o óleo mais consumido na

Europa Ocidental. Na combinação de diferentes óleos alimentares foram

avaliadas misturas de óleos girassol, milho e girassol rico em ácido oleico

(girassol alto oleico). Os bioprodutos seleccionados para este estudo foram

extractos naturais ricos em polifenóis, misturas naturais de tocoferóis e

fitosteróis e ácido ascórbico.

Avaliou-se em particular, na fortificação directa, a viabilidade de formulação

de um óleo funcional através da incorporação de extractos naturais obtidos a

partir de resíduos de azeitona. A incorporação de extractos bioactivos de

azeitona foi avaliada através de três métodos distintos: i) emulsionantes

água/óleo recorrendo a agitação, ii) solubilização directa dos extractos e iii)

encapsulação dos extractos em partículas lipídicas formuladas na presença

de dióxido de carbono supercrítico (125 bar e 50 ºC). Os extractos

seleccionados para os estudos de formulação foram obtidos por um processo

integrado de tecnologias limpas, desenvolvido no âmbito de um projecto

anterior e adquiridos no mercado.

Os extractos naturais utilizados foram caracterizados em termos de

compostos bioactivos e as suas propriedades antioxidantes avaliadas por

métodos in vitro.

Page 12: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Sumário 

vii

Os extractos foram produzidos a partir de resíduos/sub-produtos resultantes

do processo de produção de azeite. A composição química dos resíduos/sub-

produtos (matérias-primas) é dependente de inúmeros factores, tais como,

grau de maturação da azeitona, tipo de cultivo da azeitona, composição do

solo onde se encontra a oliveira e clima a que a oliveira esteve sujeita. A

variabilidade da composição da matéria-prima é um factor determinante da

qualidade (composição química e bioactividade) final dos extractos naturais,

sendo, por isso, a standardização dos mesmos, um processo necessário,

mas complexo. É por isso importante tentar garantir que a composição

química dos resíduos/sub-produtos (matérias-primas) seja pouco variável.

Nesse sentido, realizaram-se dois estudos preliminares de tratamentos

prévios aplicados às matérias-primas, com dióxido de carbono (CO2)

pressurizado e água quente, avaliando-se a influência de parâmetros como o

tempo de exposição ao CO2 ou à água quente e temperatura do ensaio.

Os extractos bioactivos seleccionados foram estudados em termos de

bioactividade in vitro, avaliando-se a citotoxicidade a eles associada e as

potenciais propriedades anti-proliferativas em células de adenocarcinoma do

cólon (Caco-2 e HT29) e de adenocarcinoma gástrico (MKN45). Foi

posteriormente avaliada a actividade dos extractos sobre diferentes fases do

ciclo celular, por citometria de fluxo.

A potencial utilização dos extractos naturais como conservantes naturais, na

indústria alimentar contra doenças do foro gastro-intestinal, foi avaliada

determinando a actividade anti-microbiana dos mesmos contra cinco estirpes

diferentes de microrganismos, Escherichia coli, Salmonella poona, Bacillus

cereus, Saccharomyces cerevisiae e Candida albicans.

Os óleos alimentares, funcionalizados através da incorporação de

bioprodutos (concentrados bioactivos) adquiridos no mercado contendo

fitosteróis, tocoferóis e ácido ascórbico, foram avaliados em termos de

estabilidade oxidativa recorrendo a testes de estabilidade acelerados e a

testes de estabilidade em tempo real. O tempo de indução da oxidação,

utilizando o teste de Rancimat, o índice de peróxidos, o conteúdo em ácidos

gordos livres (acidez), o teor em compostos polares totais e o índice de p-

anisidina foram determinados para cada caso.

Page 13: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Sumário 

viii

PARTE 2 - VARIAÇÃO DAS PROPRIEDADES FÍSICO QUÍMI-CAS DE ÓLEOS EM CONDIÇÕES ASSOCIADAS AO PRO-CESSO DE FRITURA DOMÉSTICA. QUANTIDADE DE GORDURA ABSORVIDA PELO ALIMENTO. A fritura por imersão (deep fat frying) é um processo ancestral que tem

crescido exponencialmente nos últimos 50 anos. Este processo de cozinhar

consiste na imersão dos alimentos em óleos vegetais que são aquecidos a

temperaturas acima do ponto de ebulição da água. Os óleos vegetais são

constituídos, na sua maioria, por triacilgliceróis, que durante o processo de

fritura sofrem irreversíveis transformações, originando a sua degradação.

Este processo deve-se, não só à utilização de temperaturas superiores a

100 ºC, como ao contacto com oxigénio que desencadeia inúmeras reacções

de oxidação. Apesar do acto de fritar ser bastante antigo, os parâmetros que

afectam todo o processo, bem como todos os mecanismos que ocorrem

durante a fritura, estão ainda longe de estar devidamente identificados pela

comunidade científica. O objectivo da segunda parte desta tese foi contribuir

para o estado do conhecimento actual, correlacionando parâmetros físico-

químicos com a absorção de gordura no alimento, em ambiente de fritura

doméstica e, dessa forma, estudar a formulação de um óleo mais eficaz, mais

resistente à oxidação e por isso, mais saudável. Numa primeira abordagem,

durante 4,5 h de aquecimento a 180 ºC, determinaram-se as variações de

viscosidade, índice de peróxidos, índice p-anisidina, ácidos gordos livres

(acidez), teor em compostos polares totais e composição lipídica de

diferentes óleos. Numa fase seguinte, realizaram-se ensaios de fritura com

batata, mantendo os mesmos parâmetros de operação, 4,5 h a 180 ºC.

Durante as quatro horas e meia de ensaio foram efectuados cinco lotes

sucessivos de 100 g de batatas fritas, em intervalos de 1 h. O teor de óleo

incorporado nas batatas foi posteriormente determinado por extracção em

soxhlet. Os óleos seleccionados para o estudo, tendo como finalidade a

avaliação da influência da composição lipídica nos parâmetros determinados,

foram óleo de colza, óleo de soja, óleo de girassol e girassol alto oleico. A

influência de adição de antioxidantes ao óleo foi também avaliada,

Page 14: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Sumário 

ix

escolhendo, como modelo de estudo, o óleo de girassol. Como antioxidantes,

foram seleccionados partículas lipídicas ricas em ácido ascórbico

(desenvolvidas no âmbito da primeira parte da tese), extracto natural de

azeitona (comercial), extracto de rosmaninho (comercial) e galato de propilo.

A viabilidade de produção dos óleos formulados e as suas potencialidades de

utilização em fritura doméstica foram discutidas.

Page 15: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao
Page 16: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

xi

AAPH AR BH BS CAET

2’ ,2’- azobis (2-amidinopropano) dihidroclorato

Águas Ruças

Bagaço Húmido

Bagaço Seco

Capacidade Antioxidante Equivalente de Trolox

DCF-DA Diclorofluoresceína - diacetato

DP DMPS

Desvio Padrão

Dimetilpolisiloxano

EAG Equivalentes de ácido gálico

EBH Extracto Bioactivo obtido a partir do bagaço húmido

EBS EC50

Extracto Bioactivo obtido a partir do bagaço seco Concentração de extracto necessária para atingir 50% de redução na viabilidade celular

EPR (REP) Ressonância Electro Paramagnética

FACS Fluorescence-activated cell sorting

Abreviaturas

Page 17: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Abreviaturas 

xii

FBS Fetal Bovine Serum (Soro de bovino fetal)

FFA Free Fatty Acids (ácidos gordos livres)

GRAS GMS

Generally Regarded as Safe

Glicerilmonoestereato

HORAC Hydroxyl Radical Averting Capacity

HPLC-DAD

High-performance liquid chromatography with diode array

detector

HT Hidroxitirosol

IpA Índice de p-Anisidina

IP kp

Índice de Peróxidos

Coeficiente partição água/azeite

LDL MP

Lipoproteína de Baixa Densidade

Matérias Primas

MTT 3-(4,5-Dimethylthiazol-2-yl)-2,5-diphenyltetrazolium bromide

MUFA(S)

OL

Ácidos Gordos monoinsaturados (Monounsaturated Fatty

Acids)

Oleuropeína

ORAC P

Oxygen Radical Absorbance Capacity

Pressão

PL PGPR

Partículas Lipídicas

Poliglicerilpoliricenoloato

PUFA(S) Pv

Ácidos Gordos Polinsaturados (Polyunsaturated Fatty

Acids)

Pressão de Vapor

RFC Reagente Folin - Ciocalteu

ROS Espécies Reactivas de Oxigénio

RSEV Extracto bioactivo obtido após 1ª etapa do processo

integrado a partir de Bagaço Seco 1O2 Singleto oxigénio

Page 18: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Abreviaturas 

xiii

OH• Radical hidróxilo

•O2- LDL

Radical superóxido

Lipoproteína de Baixa Densidade

LO• Radical alcóxilo

LOO• Radical peróxilo

SFA Ácidos Gordos Saturados (Saturated Fatty Acids)

SOD Superóxido dismutase

TPM

μ

Compostos Polares Totais

Viscosidade

Page 19: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao
Page 20: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

xv

O trabalho apresentado nesta tese, realizado em ambiente empresarial

(Sovena, Consumer Goods SA) e académico (Instituto de Tecnologia

Química e Biológica), corresponde a um período de três anos durante o qual

ocorreu, em simultâneo, um contrato de I&DT estabelecido entre a referida

empresa e o Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica.

A tese encontra-se dividida em duas partes distintas:

Parte I, que aborda a funcionalização de óleos alimentares recorrendo à

incorporação de ingredientes naturais bioactivos (bioprodutos) tendo como

perspectiva uma melhor qualidade nutritiva e organoléptica do óleo como

produto final.

Nesta parte, é avaliada a viabilidade de adição de três ingredientes naturais

provenientes de resíduos de azeitona, a óleo de girassol. São apresentados

resultados referentes à caracterização dos ingredientes ricos em polifenóis

característicos da azeitona, que, devido às características a eles associados,

podem não só conferir uma maior estabilidade oxidativa aos óleos

Estrutura e Enquadramento da Tese

Page 21: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Estrutura 

xvi

alimentares, como atribuir-lhes características específicas de funcionalidade

associadas a potenciais benefícios na saúde e bem-estar.

A influência da adição dos bioprodutos (extractos bioactivos de azeitona e

concentrados de antioxidantes comerciais) na estabilidade oxidativa dos

óleos alimentares em condições normais de armazenamento e em ambiente

de fritura doméstica, é estudada.

Parte II, avalia-se o comportamento e estabilidade à oxidação térmica de

diferentes óleos alimentares em condições de fritura doméstica. O

conhecimento de alterações de determinados parâmetros que caracterizam a

degradação lipídica é fundamental para desenvolver um óleo mais saudável e

específico para fritura.

Na figura seguinte apresenta-se, de forma esquemática, a estrutura da tese.

Capítulo 1

Introdução

Capítulo 2

Óleo Funcionalizado com Extracto

Bioactivo de Azeitonas

Capítulo 3

Óleos Funcionais (Incorporação de

Ingredientes Activos)

Capítulo 4

Conclusões

•Formulação de Óleo Funcional•Extractos Bioactivos de Azeitona•Avaliação das MP•Caracterização e capacidade antioxidante•Bioactividade

•Avaliação do impacto dasformulações na estabilidadeoxidativa – case studies-

•Óleo rico em n-3 PUFA•Óleo aditivado com DMPS

Desenvolvi-mento de

Óleos Funcionais

I

Page 22: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Estrutura 

xvii

Capítulo 1

Introdução

Capítulo 2

Variação das propriedades FQ em condições de Fritura

por imersão

Capítulo 3

Absorção de Gordura em batatas fritas

durante fritura por imersão

Capítulo 4

Conclusões•Correlação com estabilidade oxidativa

•Correlação com a variação das propriedades FQ

Estudo do processo

Fritura por Imersão

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oprie

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Page 24: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Índice

Parte I – Desenvolvimento de óleos alimentares saudáveisatravés de incorporação de Bioprodutos

Índice 19

Capitulo 1 – Introdução 23

Capitulo 2 – Óleo Funcionalizado com extracto Bioactivo de azeitona 37

Capitulo 3 – Óleos Funcionais – Propostas de soluções 131

Capitulo 4 – Conclusões Finais 163

Parte II – Estudo da variação das propriedades Fisico Químicas deóleos com temperaturas associadas ao processo de fritura.Correlação com a quantidade de gordura absorvida pelo alimento.

Índice 167

Capitulo 1 – Introdução 169

Capitulo 2 - Variação das propriedades Fisico Químicas de Óleos com temperaturas associadas ao processo de Fritura 177

Page 25: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 3 - Correlação das propriedades Fisico Químicas de um Óleo com a quantidade de gordura absorvida pelo alimento, durante o processo de fritura 193 Capitulo 4 - Conclusões Finais 205

Anexos

Índice 209

Anexo A 211 Anexo B 219 Anexo C 227 Anexo D 231 Anexo E 239 Anexo F 243 Anexo G 245 Anexo H 249 Anexo I 257 Anexo J 263 Anexo K 265 Anexo L 271

Curriculum vitae 275

Page 26: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

DESENVOLVIMENTO DE ÓLEOS ALIMENTARES SAUDÁVEIS

ATRAVÉS DE INCORPORAÇÃO DE BIOPRODUTOS

Capitulo 1 – Introdução

Capitulo 2 – Óleo Funcionalizado com extracto Bioactivo de azeitona

Capitulo 3 – Óleos Funcionais – Propostas de soluções

Capitulo 4 – Conclusões Finais

23

37

131

163

Page 27: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao
Page 28: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

- 23 -

The market for naturally-derived ingredients grew strongly in recent years, due to consumer awareness of the importance of nutrition and healthy eating. Euromonitor report, 2005 1.1 A indústria dos Óleos Alimentares

Com um consumo médio diário de 10 g de óleo per capita, os óleos

alimentares são uma fonte válida de energia, vitaminas e ácidos gordos

essenciais para uma dieta saudável e equilibrada, tendo sido estabelecido,

pela Organização Mundial de Saúde, que 30 % do consumo de calorias

deveria ter origem em gorduras vegetais.(1)

Nas últimas duas décadas, o aumento de casos de obesidade na Europa

Ocidental induziu os consumidores a reduzir a ingestão da maior parte da

gordura “visível” que fazia parte das suas dietas diárias, os óleos alimentares.

Esta preocupação provocou um decréscimo, em 2002, de cerca de 5 % no

consumo de óleo alimentar per capita na Europa Ocidental. (2)

Este movimento tornou-se responsável pela necessidade crescente da

indústria alimentar defender uma posição no mercado, apostando em

sectores emergentes como a área de bem-estar e saúde, formulando

1 - Introdução

Page 29: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 1 

- 24 -

gorduras vegetais mais ricas do ponto de vista nutritivo, com benefícios de

bem-estar associados. (1,2)

Surge, neste contexto, o interesse crescente da indústria em comercializar

Óleos Funcionais, óleos vegetais alimentares desenvolvidos com o objectivo

específico de actuar no bem-estar dos consumidores, criando-se uma nova

área de negócio, a dos Oleocêuticos. Os novos óleos têm, como alvo,

consumidores mais conscienciosos e preocupados com a sua qualidade de

vida que optam por passar de uma nutrição por necessidade, para uma

nutrição mais eficiente, onde associam à saúde o carácter nutritivo,

organoléptico e social do alimento.

Por curiosidade, só entre 1998 e 2002, o volume global de vendas, no sector

das gorduras vegetais funcionais, cresceu mais de 100%, atingindo um

aumento no valor total de vendas de, aproximadamente, 300%, sendo ainda

um sector que permanece praticamente limitado ao Mercado Europeu,

correspondendo a cerca de 60 % do total de vendas mundiais. (2,3)

Page 30: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 1 

- 25 -

1.2 Óleos Vegetais Alimentares

Os óleos vegetais são constituídos por cerca de 95 % de triacilgliceróis,

resultantes da esterificação de três ácidos gordos a uma molécula de

glicerol.(4) Por sua vez, os ácidos gordos são constituídos por uma cadeia

hidrocarbonada, que pode ser saturada, monoinsaturada (Monounsaturated

Fatty Acids – MUFA - com uma ligação dupla) ou polinsaturada

(Polyunsaturated Fatty Acids – PUFA - com duas ou mais ligações duplas).

Os óleos vegetais são uma das principais fontes de ácidos gordos

polinsaturados (PUFAs) na dieta diária. Estes importantes ácidos gordos são

compostos de elevado valor nutritivo sendo frequentemente associados a

importantes actividades fisiológicas. (4-6) No entanto, são também estes

ácidos gordos essenciais os principais responsáveis pela instabilidade dos

óleos vegetais quando na presença de compostos indutores da degradação,

como o oxigénio. (7-10) A exposição destas gorduras vegetais ao ar, calor, luz,

metais e humidade, favorece reactividade dos seus compostos lipídicos, (7,11,12) iniciando uma das maiores causas de degradação dos óleos

alimentares, a Oxidação Lipídica. (10,13)

A deterioração lipídica, causada pelo processo de oxidação, é uma das

maiores preocupações económicas da indústria, dado que afecta as

qualidades sensoriais e nutritivas dos óleos alimentares, (9,13,14) sendo

relevante a formação, durante este processo de degradação, de compostos

potencialmente tóxicos para consumo humano. (12)

O processo da oxidação lipídica compreende uma sequência complexa de

interacções químicas entre os grupos acilo dos ácidos gordos insaturados

com espécies reactivas de oxigénio (ROS) (Figura 1.1), (9,12,13)dependendo os

seus mecanismos da natureza de ROS presentes e da composição física e

química do meio onde se encontram. (10,15,16)

Durante o processo de decomposição dos ácidos gordos no mecanismo de

oxidação lipídica formam-se pequenas moléculas voláteis responsáveis por

maus aromas (off-aromas) associados ao conhecido ranço. Estes produtos

da oxidação são obtidos a partir de hidroperóxidos lipídicos (produtos de

Page 31: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 1 

- 26 -

oxidação primários), cuja decomposição resulta da quebra das cadeias dos

ácidos gordos, produzindo os compostos voláteis de baixo peso molecular

(produtos de oxidação secundários). (9,12,13,16)

Figura 1.1 Representação esquemática do processo de oxidação lipídica. Modificado de Decker

et al, 2002). (16)

Existem também diversos sistemas pro-oxidantes nas gorduras vegetais, isto

é, factores responsáveis pela iniciação, indução ou aceleração da oxidação

lipídica, (12,17) tais como exposição a temperaturas elevadas, exposição à luz,

ou a existência na composição do óleo alimentar de metais de transição. (9,13)

Muitos dos produtos de oxidação secundários, produzidos a partir da

decomposição dos hidroperóxidos, são bastante reactivos, sendo capazes de

desencadear processos de oxidação in vivo, contribuindo para os

mecanismos de carcinogenesis e aterosclerose. (14)

Tendo em conta estes factos, assegurar a produção de óleos alimentares

com uma elevada estabilidade oxidativa é de extrema importância para a

Ácidos Gordos Insaturados/Triglicéridos

AutooxidaçãoFotooxidação

Radicais Livres

(L• + O2 LOO•)

(LOO• + LH LOOH + L•)

O2 IniciaIniciaççãoão

Hidroperóxidos(LOOH)

1O2

PropagaPropagaççãoão

TerminaTerminaççãoão(LO• + OH•)

Reacções cisão β

Produtos de oxidação Quebra da Cadeia HC

Cetonas, aldeídos, álcoois voláteis

Ácidos Gordos Livres

Produtos da Polimerização

Dimeros e polimerosNão ligados por oxigénio

Ácidos gordos ciclicos

Produtos secundários

Ácidos hidroxiloÁcidos cetónicos

Ácidos Gordos Insaturados/Triglicéridos

AutooxidaçãoFotooxidação

Radicais Livres

(L• + O2 LOO•)

(LOO• + LH LOOH + L•)

O2 IniciaIniciaççãoão

Hidroperóxidos(LOOH)

1O2

PropagaPropagaççãoão

TerminaTerminaççãoão(LO• + OH•)

Reacções cisão β

Produtos de oxidação Quebra da Cadeia HC

Cetonas, aldeídos, álcoois voláteis

Ácidos Gordos Livres

Produtos da Polimerização

Dimeros e polimerosNão ligados por oxigénio

Ácidos gordos ciclicos

Produtos secundários

Ácidos hidroxiloÁcidos cetónicos

Page 32: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 1 

- 27 -

saúde e bem-estar dos consumidores, representando um factor relevante do

ponto de vista competitivo/económico.

Desta forma, a avaliação do estado da oxidação dos óleos alimentares é

importante a nível industrial, existindo descritos dezenas de métodos

distintos. (18-20) Porém, cada método fornece informação sobre um estado

particular do processo oxidativo e varia em função das condições aplicadas e

dos substratos lipídicos estudados. (9)

Podem ser considerados dois tipos de testes para determinação da

estabilidade oxidativa: testes de estabilidade em tempo real, através dos

quais se determina as condições de um óleo no seu estado normal de

armazenamento, e testes de estabilidade acelerados, onde a promoção do

envelhecimento possibilita a avaliação da resistência de um óleo à

oxidação.(9,12)

Através de testes de estabilidade em tempo real é possível quantificar os

produtos primários e secundários do processo de oxidação lipídica, obtendo-

se, assim, uma avaliação do estado global da oxidação. Os produtos

primários (hidroperóxidos e peróxidos) representam o estado de degradação

organoléptica, sendo determinados através do ensaio de índice de peróxidos.

A formação de aldeídos (produtos secundários) relaciona-se com o estado de

deterioração efectivo do óleo vegetal e a sua quantificação pode ser

efectuada através do teste de índice de p-anisidina. (12,13,21,22) Estes dois

parâmetros correlacionam-se através do valor total de oxidação – Totox. (9,23)

De entre os vários métodos de estabilidade acelerada existentes para avaliar

a estabilidade oxidativa de um óleo, o mais utilizado é o teste de Rancimat,

devido, sobretudo, ao fácil manuseamento do seu equipamento e à sua

elevada reprodutibilidade. (24,25)

O teste de Rancimat é baseado na determinação do tempo necessário

(Tempo de indução) para o óleo alimentar entrar na fase exponencial do

processo de oxidação. Esse tempo é determinado medindo a condutividade

Page 33: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 1 

- 28 -

de água desionizada, na qual vai borbulhando ar que passa pela amostra de

óleo aquecido a uma temperatura específica, arrastando consigo os

compostos voláteis resultantes do processo de oxidação. (25,26)

Page 34: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 1 

- 29 -

1.3 Antioxidantes Os antioxidantes, de acordo com os seus mecanismos de acção, podem ser

classificados em antioxidantes primários ou secundários. Existem, no

entanto, algumas substâncias particulares, cuja actividade antioxidante pode

seguir vários mecanismos de actuação, sendo referidas como antioxidantes

de múltipla função. (13)

Os antioxidantes primários são compostos que têm a capacidade de resgatar

diversas espécies de radicais livres por doação de um protão H+, formando

espécies de radicais mais estáveis, não reactivos. No sistema de oxidação

lipídica, actuam a nível das reacções radicalares, interferindo nas fases de

iniciação e propagação, inactivando os radicais livres antes de estes reagirem

com os ácidos gordos. Entre os principais antioxidantes, dadores de protão

H+, estão os compostos fenólicos de um ou vários anéis aromáticos contendo

substituições monohidroxilo ou polihidroxilo. (10,16)

Por sua vez, os antioxidantes secundários são substâncias que conseguem

retardar o processo de oxidação, através de outros mecanismos que não os

que convertem radicais livres em espécies mais estáveis e não reactivas.

Substâncias quelantes de metais de transição (compostos catalisadores da

oxidação lipídica) são importantes antioxidantes secundários, dado que

conseguem inactivar a ligação destes metais a pontos específicos de

reacção, evitando a sua acção. Em muitas situações, estas substâncias

quelantes não são efectivas quando actuam sozinhas, tendo a capacidade

de, quando agem em conjunto com compostos sequestradores de radicais

livres, potenciar a acção destes. (10,16) Neste grupo de antioxidantes

secundários, encontram-se também as substâncias sequestradoras directas

de oxigénio, um importante substrato para ocorrer a oxidação lipídica. O

ácido ascórbico é um exemplo deste importante tipo de antioxidantes. (13)

Page 35: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 1 

- 30 -

Antioxidantes e óleos alimentares Os óleos vegetais, embora contendo na sua composição antioxidantes, tais

como tocoferóis, tocotrienóis, carotenoides, esteróis e compostos fenólicos,

estes não são, no entanto, totalmente eficazes na protecção dos óleos ao

processo de oxidação. (12,16,27-29) Neste sentido, a incorporação intencional de

antioxidantes nos óleos, é considerada como um dos métodos mais efectivos

para incrementar a estabilidade oxidativa dos mesmos. (10,12,14,30)

Antioxidantes in vivo Evidências experimentais têm demonstrado a existência de seis grandes

espécies reactivas de oxigénio (ROS) que podem causar danos oxidativos no

organismo de diferentes seres vivos.

Estas espécies são o anião superóxido (O2•-), peróxido de hidrogénio (H2O2),

radical peroxilo (ROO•), radical hidroxilo (HO•), oxigénio singleto (1O2) e

radical peroxinitrilo (ONOO-).(31)

De forma a combater os ataques destes radicais, os organismos vivos

contêm nos seus sistemas celulares antioxidantes enzimáticos que os

transformam em especies inócuas e não reactivas. Exemplo desta protecção

é a conversão do anião superóxido (O2•-) em oxigénio e hidrogénio pela

enzima superoxidismutase (SOD) e da conversão de peróxido de hidrogénio

em água e oxigénio pela enzima catalase. No entanto, não é conhecido

nenhuma actividade enzimática responsável pelo resgate dos radicais

(ROO•), (HO•) (1O2) e (ONOO-), sendo esta protecção imputada às

variedades de antioxidantes não enzimáticos que têm a capacidade de

resgatar estas espécies reactivas impedindo-as de continuar o seu

caminho.(31) Existe uma grande diversidade de antioxidantes não enzimáticos

presentes na dieta diária de um ser humano, tais como vitaminas, polifenóis,

carotenóides, terpenóides, compostos Maillard e sais minerais, sendo deste

grupo de compostos, os polifenóis, os qualitativamente mais relevantes,

recomendando-se uma ingestão diária de 1 g/dia. (32-34)

Page 36: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 1 

- 31 -

Antioxidantes Naturais

Muitos dos antioxidantes não enzimáticos presentes na nossa dieta diária são

fitoquímicos, metabolitos secundários de origem vegetal onde se incluem os

já referidos carotenóides, fitosteróis e polifenóis, aos quais têm sido

associados a prevenção de doenças crónicas relacionadas com a idade, tais

como doenças cardiovasculares, doenças neurodegenerativas, diabetes tipo

II e diversos tipos de cancro directamente relacionados com os hábitos

alimentares. (35-40) Comparativamente a fármacos específicos, os fitoquímicos

são biologicamente menos activos, mas uma vez que a sua ingestão regular

pode atingir quantidades significativas, os seus efeitos fisiológicos terão um

efeito de longo termo, tornando estes compostos em importantes

quimiopreventivos. (41)

Análises de mercado, realizadas para diversas indústrias da área alimentar,

têm revelado o grande interesse dos consumidores por produtos alimentares

promotores da saúde e bem-estar que contenham, na sua composição,

compostos bioactivos de origem vegetal. (41) Nesse sentido, a indústria tem

recorrido cada vez mais a estes fitoquímicos como importantes ingredientes

activos (Bioprodutos) na formulação de novos produtos que estão associados

à promoção de um benefício específico de saúde e bem-estar – os alimentos

funcionais. (42-44)

Diversos estudos que abordam a adição de ingredientes activos,

nomeadamente extractos de origem vegetal, a óleos alimentares, têm sido

realizados com o objectivo de aumento da estabilidade oxidativa dos óleos

finais. (13,23,28,29,45,46) As matrizes mais referidas como fontes destes

ingredientes activos são ervas, chás, cereais, cacau, frutas e vegetais, sendo

os extractos mais exaustivamente estudados para este fim, o de

rosmaninho,(45) o de oregãos,(14,47) e mais recentemente, extractos ricos em

biofenóis característicos da azeitona. (7,48) Particularmente, tem merecido

especial atenção, por parte da comunidade científica, a actividade

antioxidante de polifenóis em óleos, efectuando-se estudos de incorporação

Page 37: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 1 

- 32 -

de compostos fenólicos, na sua forma pura, a diversos óleos

alimentares.(29,49)

Um óleo alimentar, enriquecido em compostos activos antioxidantes, pode

conduzir à formulação de um óleo de estabilidade oxidativa melhorada e de

qualidade sensorial e nutritiva mais elevada, contribuindo para um bem-estar

específico do consumidor.

Page 38: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 1 

- 33 -

1.4 Alimentos Funcionais

Tal como referido anteriormente, tem-se assistido, nos últimos anos, a um

forte aumento nas vendas de alimentos associados ao conceito de natural,

enriquecidos com ingredientes activos (bioprodutos) – os Alimentos

funcionais. (50)

Consideram-se alimentos funcionais, alimentos que quando consumidos

regularmente, para além das suas propriedades nutritivas, favorecem

determinados benefícios específicos para a saúde e bem-estar do

consumidor. (41,51)

Os novos regulamentos da Comissão Europeia e do Parlamento Europeu de

20 de Dezembro de 2006, sobre Reivindicações de Nutrição e saúde, indicam

em particular a necessidade de suporte científico para as alegações de

alimentos com benefícios específicos para a saúde. As alegações

concretizadas terão de se relacionar com um evidente melhoramento do

estado da saúde ou redução de risco de doença, tendo que ser

cientificamente comprovadas. (41)

Estes novos factos no mercado dos alimentos funcionais tornam agora

imprescindível a estreita ligação das indústrias com unidades de I&D, de

forma a tornar possível o lançamento de novos produtos-chave na procura de

uma maior competitividade.

Page 39: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 1 

- 34 -

1.5 Referências (1) Pitts, M., Dorling, D. and Pattie, C., Oil for Food: The Global Story of Edible Lipids, Journal of World-Systems Research,, 2007, XIII, 12-32. (2) Benkouider, C., Can Functional Products Revive a Mature Oils and Fats Market?, Euromonitor, 2003. (3) Global Industry Analysts, I., Vegetable Oils: A Global Strategic Business Report, Global Industry Analysts, Inc., 2007. (4) Dubois, V., Breton, S., Linder, M., Fanni, J. and Parmentier, M., Fatty Acid Profiles of 80 Vegetable Oils with Regard to Their Nutritional Potential, Eur. J. Lipid Sci. Technol., 2007, 109, 710–732. (5) Bassuk, S.S. and Manson, J.E., Lifestyle and Risk of Cardiovascular Disease and Type 2 Diabetes in Women: A Review of the Epidemiologic Evidence 10.1177/1559827608314095, American Journal of Lifestyle Medicine, 2008, 2, 191-213. (6) Leonard, E.C., Dietary Fatty Acids: Effect of the N-6/N-3 Balance on Human Nutrition and Disease., Lipid Technol., 1999, 11, 110-114. (7) Salta, F.N., Mylona, A., Chiou, A., Boskou, G. and Andrikopoulos, N.K., Oxidative Stability of Edible Vegetable Oils Enriched in Polyphenols with Olive Leaf Extract, Food Science and Technology International, 2007, 13, 413-421. (8) Choe, E. and Min, D.B., Chemistry of Deep-Fat Frying Oils Doi:10.1111/J.1750-3841.2007.00352.X, Journal of Food Science, 2007, 72, R77-R86. (9) Silva, F.A.M., Borges, M.F.M. and Ferreira, M.A., Métodos Para Avaliação Do Grau De Oxidação Lipidica E Da Capacidade Antioxidante, Quimica Nova, 1999, 22, 94-103. (10) Choe, E. and Min, D.B., Mechanisms and Factors for Edible Oil Oxidation Doi:10.1111/J.1541-4337.2006.00009.X, Comprehensive Reviews in Food Science and Food Safety, 2006, 5, 169-186. (11) Isabei, P. and Mariano, M., Study of the Thermal Stability of Edible Vegetable Oils in Different Environments., Afinidad, 2001, 58, 190–196. (12) Frankel, E.N., 1998, The Oily Press. (13) Chaiyasit, W., Elias, R.J., McClements, D.J. and . Decker, E.A., Role of Physical Structures in Bulk Oils on Lipid Oxidation., Critical Reviews infood science and Nutrition, 2007, 47, 299-317. (14) Yanishlieva, N.V. and Marinova, E.M., Stabilisation of Edible Oils with Natural Antioxidants, Eur. J. Lipid Sci. Technol., 2001, 103, 752–767. (15) McClements, D.J. and Decker, E.A., Lipid Oxidation in Oil-in-Water Emulsions: Impact of Molecular Environment on Chemical Reactions in Heterogeneous Food Systems., J. Food Sci., 2000, 65, 1270-1282. (16) Decker, E.A. in: Lipid Chemistry,(2002) Vol. (Akoh, C.C. and Min, D.B., Eds.) Marcel Dekker, Inc., New York, NY. (17) Gomes, T., Delcuratolo, D. and Paradiso, V.M., Pro-Oxidant Action of Polar Triglyceride Oligopolymers in Edible Vegetable Oils, European Food Research and Technology, 2008, 226, 1409-1414. (18) Ramadan, M., Amer, M. and Sulieman, A.E.-R.M., Correlation between Physicochemical Analysis and Radical-Scavenging Activity of Vegetable Oil Blends as Affected by Frying of French Fries, Eur. J. Lipid Sci. Technol., 2006, 108, 670–678. (19) Pereira, A.F.C., Pontes, M.J.C., Neto, F.F.G., Santos, S.R.B., Galvão, R.K.H. and Araújo, M.C.U., Nir Spectrometric Determination of Quality Parameters in Vegetable Oils Using Ipls and Variable Selection, Food Research International, 2008, 41, 341-348. (20) Osawa, C.C., Goncalves, L.A.G. and Ragazzi, S., The Use of Fast Methodologies (Kits) in Evaluating Deep-Frying Oils, Journal of the American Oil Chemists Society, 2007, 84, 893-897. (21) Tompkins, C. and Perkins, E., The Evaluation of Frying Oils with the P-Anisidine Value., J Am Oil Chem Soc, 1999, 76, 945–947. (22) Gertz, C., Chemical and Physical Parameters as Quality Indicators of Used Frying Fats, Eur J Lipid Sci Technol, 2000, 102, 566–572. (23) Gertz, C., Klostermann, S. and Kochhar, S.P., Testing and Comparing Oxidative Stability of Vegetable Oils and Fats at Frying Temperature, European Journal of Lipid Science and Technology, 2000, 102, 543-551.

Page 40: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 1 

- 35 -

(24) Farhoosh, R. and Moosavi, S.M.R., Rancimat Test for the Assessment of Used Frying Oils Quality, Journal of Food Lipids, 2007, 14, 263-271. (25) Farhoosh, R., The Effect of Operational Parameters of the Rancimat Method on the Determination of the Oxidative Stability Measures and Shelf-Life Prediction of Soybean Oil, Journal of the American Oil Chemists Society, 2007, 84, 205-209. (26) MATTHAUS, B., Determination of the Oxidative Stability of Vegetable Oils by Rancimat and Conductivity and Chemiluminescence Measurements., J. Am. Oil Chem. Soc., 1996, 73. (27) Huang, S., Frankel, E.N., Schwarz, K. and German, B., Effect of Ph on Antioxidant Activity of R-Tocopherol and Trolox in Oil in-Water Emulsions. (2), J. Agric. Food Chem., 1996, 44, 2496-2502. (28) Tuberoso, C.I.G., Kowalczyk, A., Sarritzu, E. and Cabras, P., Determination of Antioxidant Compounds and Antioxidant Activity in Commercial Oilseeds for Food Use, Food Chemistry, 2007, 103, 1494-1501. (29) Van Aardt, M., Duncan, S.E., Long, T.E., O'Keefe, S.F., Marcy, J.E. and Sims, S.R., Effect of Antioxidants on Oxidative Stability of Edible Fats and Oils: Thermogravimetric Analysis., Journal of Agricultural and Food Chemistry, 2004, 52, 587-591. (30) CHATZILAZAROU, A., GORTZI, O., LALAS, S., ZOIDIS, E. and TSAKNIS, J., Physicochemical Changes of Olive Oil and Selected Vegetable Oils During Frying Doi:10.1111/J.1745-4522.2006.00032.X, Journal of Food Lipids, 2006, 13, 27-35. (31) Huang, D., Ou, B. and Prior, R.L., The Chemistry Behind Antioxidant Capacity Assays, J Agric Food Chem, 2005, 53, 1841-56. (32) Pérez-Jiménez, J., Arranz, S., Tabernero, M., Díaz- Rubio, M.E., Serrano, J., Goñi, I. and Saura-Calixto, F., Updated Methodology to Determine Antioxidant Capacity in Plant Foods, Oils and Beverages: Extraction, Measurement and Expression of Results, Food Research International, 2008, 41, 274-285. (33) Halliwell, B., Dietary Polyphenols: Good, Bad, or Indifferent for Your Health?, Cardiovasc Res, 2007, 73, 341-7. (34) Opara, E.C. and Rockway, S.W., Antioxidants and Micronutrients, Dis Mon, 2006, 52, 151-63. (35) Khan, G.N. and Merajver, S.D., Modulation of Angiogenesis for Cancer Prevention: Strategies Based on Antioxidants and Copper Deficiency, Curr Pharm Des, 2007, 13, 3584-90. (36) Khan, N., Afaq, F. and Mukhtar, H., Cancer Chemoprevention through Dietary Antioxidants: Progress and Promise, Antioxid Redox Signal, 2008, 10, 475-510. (37) Syed, D.N., Khan, N., Afaq, F. and Mukhtar, H., Chemoprevention of Prostate Cancer through Dietary Agents: Progress and Promise, Cancer Epidemiol Biomarkers Prev, 2007, 16, 2193-203. (38) Nardini, M., Natella, F. and Scaccini, C., Role of Dietary Polyphenols in Platelet Aggregation. A Review of the Supplementation Studies, Platelets, 2007, 18, 224-43. (39) Thomasset, S.C., Berry, D.P., Garcea, G., Marczylo, T., Steward, W.P. and Gescher, A.J., Dietary Polyphenolic Phytochemicals--Promising Cancer Chemopreventive Agents in Humans? A Review of Their Clinical Properties, Int J Cancer, 2007, 120, 451-8. (40) Kaliora, A.C., Dedoussis, G.V. and Schmidt, H., Dietary Antioxidants in Preventing Atherogenesis, Atherosclerosis, 2006, 187, 1-17. (41) Espin, J.C., Garcia-Conesa, M.T. and Tomas-Barberan, F.A., Nutraceuticals: Facts and Fiction, Phytochemistry, 2007, 68, 2986-3008. (42) Krenn, L., Steitz, M., Schlicht, C., Kurth, H. and Gaedcke, F., Anthocyanin- and Proanthocyanidin-Rich Extracts of Berries in Food Supplements--Analysis with Problems, Pharmazie, 2007, 62, 803-12. (43) Heber, D., Seeram, N.P., Wyatt, H., Henning, S.M., Zhang, Y., Ogden, L.G., Dreher, M. and Hill, J.O., Safety and Antioxidant Activity of a Pomegranate Ellagitannin-Enriched Polyphenol Dietary Supplement in Overweight Individuals with Increased Waist Size, J Agric Food Chem, 2007, 55, 10050-4. (44) Weisel, T. et al., An Anthocyanin/Polyphenolic-Rich Fruit Juice Reduces Oxidative DNA Damage and Increases Glutathione Level in Healthy Probands, Biotechnol J, 2006, 1, 388-97. (45) Gertz, C., Optimising the Baking and Frying Process Using Oil-Improving Agents, European Journal of Lipid Science and Technology, 2004, 106, 736-745. (46) Kanu, P.J., Zhu, K.R., Kanu, J.B., Zhou, H.M., Qian, H.F. and Zhu, K.X., Biologically Active Components and Nutraceuticals in Sesame and Related Products: A Review and Prospect, Trends in Food Science & Technology, 2007, 18, 599-608. (47) Kochhar, S.P., Stabilisation of Frying Oils with Natural Antioxidative Components, Eur. J. Lipid Sci. Technol., 2000, 102, 552–559.

Page 41: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 1 

- 36 -

(48) Fki, I., Allouche, N. and Sayadi, S., The Use of Polyphenolic Extract, Purified Hydroxytyrosol and 3,4-Dihydroxyphenyl Acetic Acid from Olive Mill Wastewater for the Satbilization of Refined Oil: A Potential Alternative to Synthetic Antioxidants., Food Chemistry, 2005, 93, 197-204. (49) Artajo, L.S., Romero, M.P., Morello, J.R. and Motilva, M.J., Enrichment of Refined Olive Oil with Phenolic Compounds: Evaluation of Their Antioxidant Activity and Their Effect on the Bitter Index, Journal of Agricultural and Food Chemistry, 2006, 54, 6079-6088. (50) Euromonitor, The Market for the Growth of Natural Ingredients, Euromonitor International, 2005. (51) Shahidi, F., Functional Foods: Their Role in Health Promotion and Disease Prevention Doi:10.1111/J.1365-2621.2004.Tb10727.X, Journal of Food Science, 2004, 69, R146-R149.

Page 42: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

- 37 -

The €819.9m European fruit and vegetables extracts and powders market is on course to grow 4.5 per cent, reaching €1128m by 2009. In Frost & Sullivan report O azeite é a principal gordura consumida em países de dieta normalmente

reconhecida como dieta mediterrânica. A dieta mediterrânica identifica-se por

ser rica em frutas, vegetais, peixe e, em particular, associada a um consumo

regular de azeite. (1-3) Esta gordura “rica”, é, por si só, considerada como um

alimento funcional, já que a sua composição reúne um elevado teor de

gordura insaturada (MUFAS), nomeadamente ácido oleico, e compostos de

menor peso molecular com propriedades biológicas já reconhecidas. (4) O

conteúdo nesses compostos de menor peso molecular, com natural

actividade antioxidante, varia consoante o tipo de cultivar da azeitona, o clima

a que esteve sujeita a oliveira, o grau de maturação da azeitona na altura da

colheita e o processo de extracção/produção de azeite. (5,6) Os compostos

menores dividem-se em duas fracções distintas, fracção insaponificável e

fracção saponificável ou solúvel que permanece na matriz lipídica. Da fracção

saponificável fazem parte os compostos fenólicos, responsáveis por conferir

 

2 – Óleo Funcionalizado com extracto Bioactivo de Azeitona

Page 43: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 38 -

características específicas ao azeite, tais como, sabor, aroma e protecção à

oxidação. (7) Os compostos fenólicos hidrofílicos, com coeficientes de

partição (azeite/água) muito baixos, são, por sua vez, constituintes da fracção

insaponificável, existindo em concentrações muito reduzidas na matriz

lipídica. (4,8) Grande parte destes compostos fenólicos permanecem nos

diferentes tipos de resíduos/sub-produtos resultantes do processo de

extracção, passando apenas cerca de 2 % dos mesmos para o azeite, (8) e

maioritariamente pertencentes ao grupo dos secoiridoides, como a

oleuropeína, demetiloleuropeína, ligstrósido, e os seus derivados hidroliticos, oleuropeína aglícona, oleoside-11-metil ester, ácido elenóico, e

maioritariamente fenóis simples, tais como o hidroxitirosol e tirosol. (9,10) A oleuropeína e o hidroxitirosol (produto da degradação da oleuropeína), dois

dos principais compostos fenólicos existentes apenas na Olea europaea L.

(azeitona) e seus derivados, têm sido, na literatura mais recente,

correlacionados com importantes propriedades fisiológicas devido à sua

elevada capacidade antioxidante. (4,11,12) O hidroxitirosol é frequentemente

indicado como sendo o responsável pela forte estabilidade oxidativa do

azeite. (13,14) Devido à sua composição específica em compostos fenólicos e lípidos, onde

predominam os ácidos gordos monoinsaturados, o azeite é a gordura vegetal

mais estável e resistente à oxidação lipídica, (15,16) sendo os seus biofenóis

reconhecidos como potenciais alvos para formulação de novos ingredientes,

quer para a indústria alimentar, quer para a indústria farmacêutica. (17,18) Entre os anos de 2002 e 2004, parte da equipa do laboratório de

acolhimento, onde o trabalho apresentado nesta tese foi realizado, liderou um

projecto Europeu, “Antioxidantes Naturais”, financiado pelo programa Prime.

No âmbito deste projecto Europeu, cujo objectivo foi avaliar a viabilidade de

obtenção de concentrados de compostos antioxidantes isolados a partir de

resíduos vegetais da indústria agro-alimentar, desenvolveu-se um processo

integrado de tecnologias limpas para obtenção de um concentrado em

biofenóis a partir dos subprodutos da extracção de azeite, patenteado

durante o ano de 2005 (Julho 2005) (Anexo A). (19) O projecto estabeleceu

como parceiros das entidades de I&D indústrias potencialmente interessadas

Page 44: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 39 -

nos resultados finais atingidos, onde a Sovena foi uma das indústrias

demonstradoras. Na sequência do trabalho desenvolvido durante o tempo do

projecto, delineou-se o plano da tese apresentada.

Os extractos naturais obtidos através do processo integrado de tecnologias

limpas, para além de serem concentrados naturais de biofenóis, ricos em

hidroxitirosol (HT), são isentos de qualquer tipo de resíduo de solventes

orgânicos, sendo esse facto uma mais valia para a sua utilização na indústria

alimentar. Assim sendo, a incorporação destes extractos naturais como

bioprodutos (ingredientes activos) viabiliza a formulação de um óleo mais

estável à oxidação lipídica e com propriedades biológicas específicas, sendo

a caracterização exaustiva das propriedades antioxidantes e de potenciais

actividades biológicas dos concentrados activos aspectos fundamentais para

a concretização da formulação de óleos alimentares funcionalizados

(oleocêuticos).

Page 45: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 40 -

2.1 Formulação de Óleo Funcional  

A análide da viabilidade de formulação de óleos funcionais, através da

incorporação de extractos ricos em compostos fenólicos característicos da

azeitona, dividiu-se em duas etapas distintas.

A primeira etapa consistiu em avaliar a possibilidade de adição destes

concentrados naturais a óleos alimentares recorrendo a diferentes métodos

para a sua realização. A segunda etapa envolveu a caracterização e

avaliação das propriedades antioxidantes e potenciais actividades biológicas

dos extractos naturais adicionados aos óleos alimentares. Esta segunda

etapa é sempre importante na formulação de produtos funcionais pois, ao

definir-se que tipo de propriedades se atribui aos extractos naturais como

ingredientes activos (bioprodutos), é possível delinear que alegações e

propriedades se podem estender para o produto final. Esta etapa é descrita

no sub-capítulo 2.2.

Os extractos naturais ricos em polifenóis, característicos da azeitona,

seleccionados para o estudo eram (devido ao seu processo de produção)

hidrossolúveis. Foram avaliadas três formas distintas de incorporar os

extractos em óleos alimentares. Como modelo de estudo, para a adição dos

extractos, utilizou-se óleo de girassol, dado este ser o óleo mais consumido

em Portugal e na Europa Ocidental.

2.1.1 Incorporação de Extracto Bioactivo 

A incorporação dos extractos hidrossolúveis em óleo de girassol formou

emulsões de água em óleo (A/O) estáveis e não homogéneas. Foi por isso

necessário desenvolver uma metodologia que viabilizasse a adição dos

ingredientes formulados ao óleo de girassol, cumprindo sempre a legislação

Nacional e Europeia relativamente a quais os aditivos alimentares e

respectivas quantidades permitidas no âmbito da directiva - Directiva 95/2/EC.

A incorporação dos extractos naturais em óleo de girassol recorreu a três

métodos distintos:

Page 46: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 41 -

• Incorporação recorrendo à utilização de emulsionantes;

• Incorporação por solubilização directa (SD) - sem emulsionantes;

• Incorporação por encapsulação em micropartículas lipídicas (PL).

Incorporação por Emulsionantes

De conhecimento já adquirido em trabalhos anteriores, foram propostos, pelo

grupo de trabalho, dois emulsionantes, apresentados na Tabela 2.1.

Tabela 2.1 Emulsionantes utilizados nos ensaios de incorporação dos extractos por

métodos convencionais

Nome / Aditivo Composição Características Limites

PGPR / E476 Poliglicerol

poliricinoleato

Emulsionante

Utilizado na indústria

alimentar para reduzir

viscosidades

0,4 % (m/m)

GMS / E471 gliceril

monoestereato

2 % (m/m)

Sendo necessário optimizar as condições operatórias de incorporação,

nomeadamente velocidade de agitação, tempo de agitação e temperatura,

optou-se por se realizarem os primeiros ensaios com concentrados

comerciais ricos em hidroxitirosol (HT). Foi assim assegurada a

disponibilidade de produto para a realização do estudo (à data do trabalho

realizado não era possível produzir os extractos a uma escala que não a

laboratorial), havendo a oportunidade para a comparação dos extractos

naturais estudados no âmbito deste trabalho, com os já existentes no

mercado. Os produtos comerciais seleccionados foram: o Hidrox® 9 %, da

Creagri, USA, que se apresenta na forma de um sólido caramelizado

castanho, e o Oleaselect®, da Indena, Itália, que se apresenta em forma de

pó solto castanho com intenso odor a azeitona. No Anexo B, encontra-se

uma tabela com características dos produtos comerciais existentes à data da

realização do trabalho. A escolha destes concentrados teve por base:

i) Hidrox® 9%, na sua composição rica em HT e a composição mais

semelhante aos extractos bioactivos selccionados, nomeadamente

Page 47: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 42 -

um dos extractos seleccionados o EBH (Extracto Bioactivo obtido a

partir de bagaço húmido de azeitona – consultar sub-capítulo 2.2;

ii) Oleaselect® como termo de comparação, devido a ser um

concentrado muito mais complexo, apresentando, na sua

composição, grande concentração de polifenóis de maior peso

molecular, principalmente verbascoside.

Os ensaios foram realizados tendo em conta as seguintes considerações:

Tabela 2.2 Considerações técnicas para incorporação dos extractos naturais

Parâmetros Considerações Observações

Tempo de agitação < possível

Minimização possível de tempo de

incorporação de forma a reduzir

tempo de produção

Exposição ao ar < possível

Minimização possível de

exposição ao ar de forma a não

induzir oxidação lipídica

Rotação

Viável para ser

possível reproduzir

em fábrica

-

Temperatura < possível

Minimização possível do uso de

temperatura de forma a não

induzir oxidação lipídica e

minimizar recursos energéticos.

%(v/v) de extracto

(solução) a incorporar ≤ 0,6 % -

[HT] no produto final 0,007 g/L Quantidade média de HT existente

no azeite.

Tomando em consideração resultados obtidos anteriormente em outros

trabalhos fora do âmbito da Tese, fixou-se uma única formulação para a

combinação dos dois emulsionantes.

Considerando a quantidade de HT presente no óleo final de 0,007 g/L

(concentração média de HT nos azeites portugueses), foi necessário utilizar,

para a incorporação, extractos com a mais elevada concentração possível em

HT, minimizando assim a quantidade de água a incorporar.

Os métodos utilizados foram:

Page 48: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 43 -

I) Introdução, em simultâneo, de 0,6 (% v/v) de extracto natural

concentrado e dos emulsionantes: 0,1 (% m/m) E471 e 0,2 (%

m/m) E476 e agitação por Homogeneizador Turrax (IKA, Ale-

manha) a 3000 rpm, durante 5 min (método ilustrado na Figura

2.1);

II) Preparação prévia de uma emulsão (óleo + Extracto concentrado

+ emulsionantes + ácido cítrico) com elvada concentração em HT

(> 2 g/L). Adição de 0.5 (% v/v) da emulsão ao óleo e agitação

por Homogeneizador Turrax (IKA, Alemanha) a 3000 rpm,

durante 5 min.

Figura 2.1 Exemplo de aplicação do homogeneizador Turrax, (IKA, Alemanha) na estabilização

da emulsão A/O formada pela incorporação dos extractos no óleo de girassol.

A velocidade de rotação e tempo de homogeneização foram escolhidos com

base em estudos preliminares, tendo em conta alteração de temperatura

conferida ao óleo de girassol e consequentes alterações de propriedades.

A Tabela 2.3 reúne a informação relativa aos ensaios efectuados.

Page 49: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 44 -

Tabela 2.3 Resumo dos ensaios realizados com emulsionantes para incorporação dos extractos

naturais.

Todos os óleos finais foram avaliados de forma sensorial em termos de cor,

brilho e cheiro (Figura 2.3), utilizando, como controlo, o óleo normal sem

aditivos.

Determinou-se, para todos os óleos formulados, o índice de teor de Sabão

(segundo a norma NP 1644), de forma a seleccionar quais as formulações

realizadas com emulsionantes adicionados em excesso. Os resultados

obtidos são expressos em % (m/m) de sabão presente no óleo.

Para cada amostra, recorrendo a um teste de estabilidade acelerado, o teste

de Rancimat, determinou-se o Tempo de Indução – TI – necessário para se

atingir um “ponto crítico” do processo de oxidação radicalar, i.e. o tempo em

que se inicia a fase de propagação da oxidação no óleo. (20) O método

encontra-se descrito, mais sucintamente, no Anexo C.

A avaliação do “sucesso” da adição dos extractos activos aos óleos foi

também determinada pela quantificação de polifenóis totais incorporados

através do método colorimétrico de Folin-Ciocalteu, descrito no Anexo D. A

quantificação dos compostos fenólicos envolve a extracção da fracção polar

dos óleos vegetais, sendo essa a fracção analisada. O método de extracção

dos compostos polares está mais sucintamente detalhado no Anexo B. Os

resultados obtidos são expressos em mg de Equivalentes de Ácido Gálico/L

Bioproduto (extracto activo)

Técnica % (v/v)

Concentrado/ óleo

% (m/m) E471

% (m/m) E476

%(m/m) Ácido Cítrico

C HT (g/L)

Hidrox 9% I 0,6 0,1 0,2 - 0,0035

Hidrox 9% II 0,5 0,0025 0,004 0,001 0,0035

Oleaselect I 1 0,2 0,2 - 0,008

Oleaselect II 0,5 0,0025 0,004 0,001 0,008

EBH I 0,6 0,1 0,2 - 0,008

EBH* II 0,5 0,0025 0,004 0,001 0,008

Page 50: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 45 -

(mg EAG/L). A identificação dos polifenóis e quantificação de HT incorporado,

expresso em g/L, foi efectuado por HPLC-DAD a 280 nm (descrição do

método no Anexo D). Os resultados encontram-se reunidos na Figura 2.4.

Incorporação por Solubilização Directa (SD) Foi estudada a viabilidade de solubilização directa do HT no óleo alimentar,

não recorrendo à utilização de emulsionantes. Apesar do HT apresentar um

coeficiente de partição (kp) água/óleo bastante reduzido, (21) este vai

aumentando de forma linear com a temperatura e tempo de residência na

matriz lipídica, pelo que este processo poderia apresentar vantagens

competitivas relativamente ao processo recorrendo a emulsionantes. Os

custos de matérias-primas seriam reduzidos, eliminando qualquer problema

de sobredosagem dos aditivos utilizados.

Tendo como objectivo avaliar a viabilidade deste método, determinaram-se

as curvas de solubilidade em termos de percentagem de HT incorporado,

para o composto comercial Hidrox® 9 %, e para um dos extractos bioactivos

naturais seleccionado para a realização deste trabalho, o EBH (descrição de

método de obtenção e propriedades no sub-capítulo 2.2). Os ensaios

consistiram em adicionar 2 g de extracto sólido a 100 mL de óleo, agitando o

sistema a 450 rpm, durante 5 h, num reactor com agitação por pás, ao abrigo

da luz e fechado. Ao longo do tempo, foram-se retirando 2 mL ± 0,05 mL de

óleo solubilizado e adicionando óleo fresco. Como modelo de estudo, utilizou-

se o óleo de girassol.

Nos ensaios com preparação prévia de um premix (pré-tratamento da

amostra), foram adicionadas 2 g de extracto a 5 mL de óleo e a mistura

agitada a 800 rpm durante 5 min, a 50 ºC.

As amostras recolhidas ao longo do tempo foram analisadas por HPLC-DAD

a 280 nm e a concentração de HT determinada. Antes da injecção da

amostra no HPLC, procedeu-se à extracção da fracção polar recorrendo ao

método descrito no Anexo B.

As condições das experiências realizadas encontram-se descritas na Tabela

2.4.

Page 51: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 46 -

Tabela 2.4 Condições dos ensaios de determinação de curvas de solubilidade

Temperatura (ºC) Bioproduto (Extracto

Activo) Tempo

25 Hidrox® 9% 5

50 Hidrox® 9% 5

25

Hidrox® 9%

Com Pré-tratamento do

extracto a 50ºC durante 5min

(Premix)

5

25

EBH

Com Pré-tratamento do

extracto a 50ºC durante 5min

(Premix)

5

As curvas de solubilidade estão representadas na Figura 2.5 e Figura 2.6. Os

resultados são expressos em termos de % HT solubilizada relativamente à

massa inicial existente no extracto (% [mHT solubilizada/mHT inicial x100]). Os

resultados apresentados são a média de (n=2) experiências independentes,

sendo o erro determinado sempre inferior a 6 %.

Incorporação por Encapsulação dos Extractos em Partículas Lipídicas

(PL)

Tendo como objectivo, na incorporação dos bioprodutos, a minimização de

tempos de agitação, temperatura, exposição ao ar, dificuldade de

manuseamento e emulsionantes utilizados, optou-se por tentar formular um

sistema estável, com afinidade para o óleo, surgindo assim a encapsulação

dos extractos aquosos em partículas de base lipídica. A encapsulação é

favorável perante duas situações distintas:

i) facilitar a incorporação, protegendo o sistema aquoso com ácidos

gordos também característicos da matriz óleo:

ii) proteger o extracto de possível degradação/oxidação que pode

ocorrer no óleo durante armazenamento. (22,23)

Existem várias técnicas possíveis de produzir partículas lipídicas, tais como

pulverização (spray-drying), spray-chilling (métodos mais convencionais) ou

Page 52: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 47 -

recorrendo a tecnologia supercrítica através de PGSS (Particles from Gas

Saturated Solutions) ou SAS (Supercritical Anti-Solvent). Neste caso, tendo

em conta as características dos extractos (apresentadas no sub-capítulo 2.2),

as partículas lipídicas foram processadas utilizando tecnologia supercrítica,

em particular, o método PGSS. Este método consiste na dissolução do CO2,

no seu estado supercrítico (Anexo E), a determinadas condições (P, T) na

matriz lipídica fundida, seguida de despressurização rápida da mistura

saturada resultante por um dispersor (nozzle). A despressurização rápida

causa uma queda de temperatura (efeito Joule-Thomson) que conduz à

evaporação completa do gás e consequente solidificação dos compostos,

formando as microparticulas secas, posteriormente recolhidas num colector. (24)

No presente trabalho, os extractos aquosos foram introduzidos em

simultâneo com o sistema lipídico seleccionado, num reactor com agitação de

500 cm3 de volume e o CO2 pressurizado, para o interior do reactor, através

de uma bomba de pistão de alta pressão, como representado na Figura 2.2.

Após um determinado tempo de agitação para o sistema se encontrar em

equilíbrio, a mistura foi despressurizada através do dispersor e as partículas

secas recolhidas.

Figura 2.2 Instalação de PGSS. A- Reactor com agitação de alta pressão; B- Colector de

partículas; P- Indicador de pressão; TIC – Controlador de temperatura.

As condições operatórias de pressão e temperatura (P,T) foram 120 bar

(12 MPa) e 50 ºC (325 K) respectivamente. O sistema lipídico transportador

foi seleccionado tendo em conta testes preliminares realizados de dissolução

directa do mesmo no óleo de girassol, sendo a mistura de Precirol® ato 5 e

Page 53: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 48 -

GMS Lumulse K – E471 (50:50 m/m) o sistema final eleito. Ambos os

compostos são produtos lipídicos, constituídos maioritariamente por ácidos

gordos glicerados, sendo ambos biocompatíveis. Na Tabela 2.5, apresentam-

se as características destes dois compostos lipídicos.

Tabela 2.5 Características dos compostos lipídicos.

Nome / Aditivo Precirol® ato 5 GMS LumulseTM K /

E471

Composição

Mono-, di- e triacilgliceróis de

ácidos gordos saturados C16

e C18.

gliceril monoestereato

Fornecedor Gattefossé Lambert Technologies

Balanço hidrofilico - Lipofílico (HLB)

2 4

Ponto Fusão (ºC) 53-57 62

Valor de Iodeto (g I2/100g)

< 3.0 2.0

Acidez (mg KOH/g) < 6.0 < 3.0

Valor de Saponificação (mg KOH/g)

165-195 165-176

As partículas obtidas foram de seguida testadas quanto à incorporação no

óleo de girassol. Amostras de 140 mg foram adicionadas 140 g de óleo

(concentração de 1000 mg/kg) e a mistura agitada manualmente, durante

2 min, até ocorrer homogeneização.

Determinou-se a curva de solubilidade das partículas elaboradas, nas

mesmas condições dos ensaios de solubilização directa acima descritos.

As amostras recolhidas ao longo do tempo foram analisadas por HPLC-DAD

a 280 nm e a concentração de HT determinada. Antes da injecção da

amostra no HPLC, procedeu-se à extracção da fracção polar do óleo,

recorrendo ao método descrito no Anexo B.

Os resultados (Figura 2.7) são expressos em % de HT (% [mHT solubilizada/mHT

inicial x100]) incorporado no óleo de girassol, de forma a comparar com as

curvas de solubilidade dos extractos anteriormente obtidas.

Page 54: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 49 -

Resultados & Discussão

Os resultados obtidos nos ensaios de incorporação dos extractos através dos

métodos acima descritos encontram-se representados em seguida.

Figura 2.3 Análise Sensorial relativa aos óleos incorporados através de métodos convencionais

recorrendo a emulsionantes.

Onde,

0

1

2

3cor

brilho

cheiro

estabilidade emulsão

Hidrox 9% - Mét. IHidro 9% - Mét. II

0

1

2

3cor

brilho

cheiro

estabilidade emulsão

Oleaselect - Mét. IOleaselect - Mét. II

0

1

2

3cor

brilho

cheiro

estabilidade emulsão

EBH - Mét. IEBH - Mét. II

_ª_ª

1 alteração drástica2 alteração atenuada3 sem alteração

1 0 < EE < 22 2 < EE < 43 4 < EE < 6

meses

Cor, Brilho e Cheiro

Estabilidade

Page 55: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 50 -

Figura 2.4 Resumo dos resultados obtidos para os óleos incorporados por emulsionantes.

O erro associado ao método de quantificação de sabão é 4% e ao Rancimat 2%.

00,020,040,060,08

0,10,120,140,160,18

(% m

/m) S

abão

no

Óle

o

Óleo G irassol C

ontrol

H idrox 9% M

étI

H idrox 9% M

ét.I

Oleaselect Mét I

Oleaselect Mét. I

EBH Mét. I

EBH Mét. II

0123456789

10

Pol

ifeno

is T

otai

s (x

10-3

) (m

gEA

G/L

)

Óleo G irassol C

ontrol

H idrox 9% M

étI

H idrox 9% M

ét.I

Oleaselect Mét I

Oleaselect Mét. I

EBH Mét. I

EBH Mét. II

0

1

2

3

4

TI (h

)

Óleo Girassol Controlo

Hidrox 9% Mét. II EBH Mét. II

QuantificaQuantificaçção de ão de HidroxitirosolHidroxitirosolPolifenoisPolifenois Totais Totais ––MMéétodo todo FolinFolin‐‐CiocalteuCiocalteu

AvaliaAvaliaçção do Tempo de Induão do Tempo de InduççãoãoMMéétodo todo RancimatRancimat

QuantificaQuantificaçção de Sabão Totalão de Sabão TotalMMéétodo de NP 1644todo de NP 1644

0

1

2

3

4

5

6

7

HT

Inco

rpor

ado

(x 1

0-3) (g

/L)

Óleo G irassol C

ontrol

H idrox 9% M

étI

H idrox 9% M

ét.I

Oleaselect Mét I

Oleaselect Mét. I

EBH Mét. I

EBH Mét. II

Page 56: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 51 -

Figura 2.5 Curvas de Solubilidade determinadas no âmbito dos ensaios de Solubilização directa

dos extractos. Para o extracto bioactivo EBH só foi realizado o ensaio a condições idênticas ao

melhor resultado do Hidrox 9 %.

Figura 2.6 Comparação das Curvas de Solubilidade obtidas nos ensaios de Solubilização

Directa dos extractos com a Curva de solubilidade obtida para as partículas lipídicas (PL) ricas

em EBH. O eixo das ordenadas da curva de solubilidade das PL encontra-se representado à

direita.

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

0 100 200 300 400tempo (min)

% (m

HTs

olub

ilizad

a/m

HT

inic

ial x

100)

Hidrox 9% Hidrox 9% 50ºCHidrox 9% Premix@50ºC EBH Premix@50ºC

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

0 50 100 150 200 250 300 350 400

tempo (min)

% (m

HTs

olub

iliza

da/m

HT

inic

ial x

100)

Ens

aios

Sol

ubili

zaçã

o D

irect

a

0

10

20

30

40

50

60

% (m

HTs

olub

iliza

da/m

HT

inic

ial x

100)

Inco

rpor

ação

Par

ticul

as L

ipid

icas

Hidrox 9% Hidrox 9% 50ºCHidrox 9% Premix@50ºC EBH Premix@50ºCPL EBH

Page 57: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 52 -

Figura 2.7 Comparação dos resultados obtidos para os melhores resultados de incorporação

directa e adição das partículas lipídicas (PL), quanto a quantidade (g/L) de HT incorporado,

polifenóis totais (mgEAG/L) e tempo de indução da oxidação (TI) – Rancimat.

0

20

40

60

80

100

HT

Inco

rpor

ado

(x 1

0-3) (g

/L)

Óleo Girassol Controlo Hidrox 9%Premix@50ºC

EBH PL

0

2

4

6

8

10

12

Pol

ifeno

is T

otai

s (x

10-2

) (mgE

AG/L

)

Óleo Girassol Controlo Hidrox 9% Premix@50ºC EBH PL

0

1

2

3

4

TI (h

)

Óleo Girassol Controlo

Hidrox 9%Premix@50ºC

EBH Premix@50ºC

EBH PL

PolifenoisPolifenois Totais Totais ––MMéétodo todo FolinFolin‐‐CiocalteuCiocalteu

QuantificaQuantificaçção de ão de HidroxitirosolHidroxitirosol

AvaliaAvaliaçção do Tempo de Induão do Tempo de InduççãoãoMMéétodo todo RancimatRancimat

Page 58: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 53 -

Incorporação por Emulsionantes

Na incorporação directa dos extractos por acção de emulsionantes, verificou-

se, através de análise sensorial (Figura 2.3), que os óleos aos quais se

adicionou Oleaselect ficaram baços e com cor e cheiro bastante alterados.

Esta alteração mais evidente relacionou-se com o facto de se ter incorporado

1 % (v/v) e não os 0,6 % (v/v) de extracto aquoso. Esta variação nos

parâmetros foi necessária para se adicionar a quantidade pretendida de HT,

dado que a concentração da solução é sempre inferior à dos outros extractos

avaliados. A preparação prévia de uma primeira emulsão (Método II) é eficaz

na redução da quantidade de emulsionantes a adicionar, não ultrapassando

por isso o teor de sabão permitido por lei. No entanto, no caso do Oleaselect,

a emulsão era muito instável, observando-se separação dos seus

constituintes após incorporação no óleo.

Não existem diferenças significativas a nível da análise sensorial entre o

extracto comercial Hidrox 9 % e EBH, incorporados através dos dois métodos

descritos. Em termos de incorporação de HT, os valores mais elevados

obtidos foram para o EBH, verificando-se consequentemente um incremento

no tempo de indução da oxidação, determinada pelo método de Rancimat.

Dos dois métodos testados, o método II foi o que se evidenciou em termos de

redução de emulsionantes, tempo de agitação e incorporação de composto

activo conseguida. Contudo, as emulsões conseguidas tiveram um tempo de

vida inferior a um ano, verificando-se a precipitação dos extractos

incorporados no fundo do recipiente com o óleo, afectando significativamente

o tempo de vida do produto final. Esta técnica apresenta também a

desvantagem de se recorrer a velocidades de agitação elevadas, que

sobreaquecem a mistura óleo+extracto, podendo influenciar na qualidade do

produto final.

Page 59: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 54 -

Solubilização Directa (SD)

A solubilização directa dos extractos (Figura 2.5 e 2.6) apresenta a vantagem

de não se recorrer ao uso dos emulsionantes, cuja utilização é desvantajosa

do ponto de vista económico e legal (limites permitidos por lei). Os resultados

mais favoráveis foram conseguidos para os ensaios cujo extracto recebeu um

pré-tratamento, formulando-se um premix que se adiciona posteriormente ao

óleo original. No entanto, este preparado é aquecido a 50 ºC, podendo

provocar alguma degradação/oxidação, quer do extracto, quer do óleo

utilizado, e este efeito ser sentido mais tardiamente na estabilidade e tempo

de vida de prateleira do produto final formulado.

No caso do premix do Hidrox 9 %, conseguiu-se atingir o valor imposto como

mínimo para a concentração de HT no óleo, logo ao final de 50 min de

contacto óleo/extracto. Este valor não chega a ser atingido no caso do ensaio

realizado com EBH.

O resultado obtido com o Hidrox 9 % no método de Rancimat, um incremento

de 1,28 relativamente ao tempo de indução do controlo (óleo de girassol),

demonstra aumento de estabilidade à oxidação, correlacionando-se com o

carácter antioxidante do extracto. No entanto, o óleo obtido por solubilização

directa do EBH, com um teor em HT três vezes mais reduzido do que o

atingido com o Hidrox 9 %, apresenta também um incremento no rancimat de

1,06. Este resultado leva a concluir que ou os compostos constituintes do

EBH que conseguem solubilizar no óleo exercem sinergias positivas entre si,

favorecendo a actividade antioxidante perante a oxidação lipídica, ou os

constituintes do extracto Hidrox 9 % não favorecem a actividade antioxidante

deste extracto. Este facto poderá estar relacionado com a presença de

metais, como o ferro, que aceleram a oxidação lipídica, actuando como pro-

oxidantes. (25)

Encapsulação em Partículas Lipídicas (PL)

Analisando os dados obtidos para a curva de solubilização destas partículas

no óleo, observa-se que a % de HT liberto é muito superior à conseguida no

Page 60: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 55 -

caso da solubilização directa com Hidrox 9 % (melhor caso), tornando este

método bastante atractivo do ponto de vista de rentabilidade do extracto

utilizado. A afinidade dos compostos lipídicos seleccionados para com o óleo

alimentar tornam estas PL fáceis de incorporar, misturando-se com simples

agitação manual ou recorrendo a agitação mecânica de velocidade mais

reduzida. Os testes de sabão, devido às quantidades reduzidas adicionadas,

não revelaram alterações em relação ao controlo (0 % de sabão

incorporado).

Uma outra vantagem associada à utilização destas PL (comparativamente ao

método por emulsionantes) é o facto de no sistema incorporado o teor de

água ser significativamente reduzido. A presença de uma fase aquosa num

sistema lipídico diminui a actividade dos antioxidantes, devido às pontes de

hidrogénio estabelecidas com a água, tornando-os menos efectivos na

capacidade de doar um hidrogénio e resgatarem os radicais lipídicos. (26)

O incremento obtido no tempo de indução da oxidação (1,29) através do

método de Rancimat demonstra que apesar do processamento recorrendo a

alta pressão e temperatura o extracto EBH continua a apresentar capacidade

antioxidante. Tendo em conta que no óleo obtido por incorporação com

partículas a quantidade total de HT solubilizada no óleo é menor do que a

solubilizada através do método por solubilização directa do Hidrox 9 %, os

resultados idênticos de Rancimat levam a duas hipóteses distintas:

i) os constituintes do extracto comercial reduzem a capacidade

antioxidante do HT;

ii) os constituintes lipídicos das partículas, ao serem parte deles Mono-,

di- e triacilgliceróis de ácidos gordos saturados C16 e C18,

potenciam a estabilidade oxidativa.

Page 61: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 56 -

2.2 Extractos Bioactivos a partir de Resíduos de Azeitona Após se averiguar a possibilidade de incorporação dos extractos naturais em

óleo de girassol (Capitulo anterior), foi necessário efectuar a caracterização

de propriedades antioxidantes e biológicas dos extractos, no sentido de

avaliar e prever qual o impacto da incorporação dos mesmos nos óleos

alimentares.

Estes resíduos/sub-produtos são ricos em biofenóis que não passam para a

fracção lipídica (azeite), sendo possível, recorrendo a diferentes tecnologias,

isolá-los e concentrá-los de forma a desenvolver produtos de elevado valor

acrescentado.

Tendo em conta toda a envolvência actual, o consumo mundial de azeite,

desde 1990 até à data, duplicou, verificando-se dessa forma um aumento

proporcional na sua produção.

Hoje em dia, Portugal encontra-se na 8ª posição do ranking da produção

mundial a par com a Argélia e Jordânia, enquanto a Espanha detém um terço

(34%) de toda a produção mundial, ocupando, dessa forma, a 1º posição do

ranking. Ao aumentar a produção de azeite, aumenta a quantidade de

resíduos/sub-produtos gerados, sendo imprescindível haver uma politica

rígida de controlo e incentivos ao tratamento e reutilização dos mesmos.

2.2.1 Matérias Primas (MP) Hoje em dia, existem diferentes tecnologias disponíveis para a extracção /

produção de azeite, tecnologias essas que influenciam a composição química

e a qualidade em termos de sabor e aroma do produto final. É possível

classificar estas diferentes tecnologias em:

i) sistema de extracção tradicional;

ii) sistemas de extracção contínua. (27) Nos sistemas de extracção tradicional, a extracção é efecuada por pressão,

isto é, através de um processo de filtração a qual separa o mosto oleoso

(mistura de azeite e águas ruças) da parte sólida, o bagaço. (27)

Page 62: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 57 -

Devido aos elevados custos em mão-de-obra e à descontinuidade do

processo, a indústria investiu em novas tecnologias, tendo sido desen-

volvidos sistemas de extracção contínua, de duas e de três fases. Em ambos

os sistemas, a separação do azeite da pasta de azeitona é efectuada por

centrifugação. No sistema de três fases, é adicionada água à pasta de

azeitona antes desta ser introduzida na centrífuga horizontal, distinguindo-se,

no final três fases, uma sólida (bagaço), formada a partir do material residual

da azeitona, e duas líquidas, azeite e águas ruças (água adicionada e água

do fruto). No sistema de duas fases, a centrífuga horizontal não necessita da

adição de muita água à pasta de azeitona, resultando, dessa forma, a

formação de apenas duas fases, o azeite e uma mistura de bagaço e águas

ruças. O bagaço obtido neste processo detém um elevado teor de humidade,

entre aproximadamente 65-75 %, designado por bagaço de duas fases.(27,28) As unidades de operação destes dois sistemas de extracção contínua, pode

ser consultado no esquema resumo apresentado na Figura 2.8.

Figura 2.8 Esquema ilustrativo do método de extracção de azeite descontínuo (à esquerda) e

método de extracção de azeite contínuo (à direita). Fonte: Alburquerque, J.A., etal., 2004. (29)

Page 63: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 58 -

Na Península Ibérica, nos últimos anos, assistiu-se a um aumento relevante

da utilização de sistemas de extracção em contínuo de duas fases, em

detrimento do sistema tradicional de prensas e do sistema contínuo de três

fases. Sendo o sistema de duas fases considerado como ecológico devido à

redução em 75 % de resíduos e menor consumo de água, (27) foi alvo de

incentivos e subsidios disponibilizados no âmbito de programas europeus

para o sector olivícola, permitindo aos industriais realizar investimentos

adequados para melhorar os seus processos tecnológicos e responder aos requisitos impostos pela legislação ambiental. (28) Esta evolução em Portugal

está reportada na Figura 2.9.

Figura 2.9 Valores Percentuais de processos de extracção de azeite utilizados em Portugal nas

colheitas correspondentes aos anos de 1998/1999 e de 2004/2005. SC3F – Sistema Contínuo de

3 Fases; SC2F – Sistema Contínuo de 2 Fases; SDP- Sistema Descontínuo de Prensas.

Fonte: INRA, 2007. (30)

O bagaço, resultante quer do processo de três fases, quer do processo de

duas fases, é normalmente reutilizado para extracção de óleo, produzindo-se

o chamado óleo de bagaço de azeitona. No entanto, devido ao elevado grau

de humidade, o bagaço de duas fases necessita de ser submetido a uma secagem através de secadores especiais ou de duas passagens nos

secadores tradicionais, para que o óleo final obtido seja de boa qualidade. (28) A valorização conseguida para estes bagaços de duas fases não chega a compensar os custos adicionais com este passo de secagem, pelo que se

0102030405060708090

100%

SC3F SC2F SDP

1998/19992004/2005

Page 64: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 59 -

têm tentado encontrar alternativas para a sua reutilização e valorização. Após

a extracção de óleo do bagaço, resulta, como sub-produto deste processo, o

bagaço de azeitona extractado. Este sub-produto é frequentemente utilizado

como combustível devido ao seu elevado poder calorífico. (30) No entanto, a

Comissão Europeia tem sugerido a produção de concentrados de compostos

bioactivos a partir dos resíduos da extracção de azeite como alternativa

viável de valorização destes problemáticos sub-produtos. (31)

2.2.2 Processamento das MP para Obtenção de Extractos É para o composto alvo, presente nos concentrados bioactivos obtidos

através do referido processo, que se reivindicam muitas das propriedades

biológicas reclamadas para o azeite: o hidroxitirosol - 4-(2-Hidroxietil)-1,2-

benzenodiol (HT). As suas propriedades benéficas associam-se à sua

elevada capacidade antioxidante, determinada perante o radical peroxilo

(ROO•) (21200 ET/ga), cerca de duas vezes mais do que o determinado para

o chá verde. Na selecção das matérias-primas a utilizar no processo de

extracção, as águas ruças (AR) mostraram-se inicialmente bastante

promissoras, revelando concentrações elevadas de hidroxitirosol (Anexo A),

tendo sido os primeiros ensaios de produção do(s) extracto(s) bioactivo(s)

realizados com esta matriz. No entanto, tendo em conta toda a evolução do

sector olivícola referido no ponto 2.1.1 (tendência para processo de extracção

ser contínuo de duas fases), eliminaram-se, à partida, a utilização deste

resíduo, assim como o bagaço resultante do processo em contínuo de três

fases, para desenvolvimento destes concentrados naturais.

Assim, seleccionou-se como matéria-prima, o bagaço de duas fases húmido

(doravante designado por bagaço húmido - BH) e o bagaço após processo de

secagem (doravante designado por bagaço seco - BS).

O bagaço húmido apresenta na sua composição toda a fracção mineral e

orgânica do material vegetal do fruto. Na fracção orgânica é possível

identificar proteínas, açúcares, ácidos orgânicos, celulose, hemiceluloses,

pectinas, taninos e polifenóis. (29,32) Normalmente, como já referido

a Valor determinado no âmbito do trabalho apresentado nesta dissertação.

Page 65: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 60 -

anteriormente, a concentração em fenóis simples, como o hidroxitirosol, varia

consoante o tipo de cultivar da azeitona, o ano de apanha da azeitona e o

seu grau de maturação, sendo possível encontrar bagaços com

aproximadamente 1 g/L em HT. (27,33)

O bagaço seco, como já referido anteriormente, passa por uma etapa

adicional, a secagem. Durante esta, a composição do bagaço húmido é

bastante alterada, os compostos fenólicos mais complexos sofrem hidrólise a

temperaturas elevadas, originando, dessa forma, monómeros fenólicos, tal

como o hidroxitirosol. Durante o processamento, ocorre também a

despolimerização dos polissacarídeos (principalmente hemiceluloses) e a

quebra das ligações de linhanos e hidratos de carbono, provocando, desse

modo, um aumento da solubilidade parcial de alguns compostos na água. (32)

Prepararam-se extractos aquosos das matrizes seleccionadas para efectuar

a caracterização dos compostos fenólicos, antes do seu processamento para

obtenção dos extractos naturais. A escolha das condições de operação das

extracções aquosas foi realizada anteriormente no âmbito do projecto

“Antioxidantes Naturais”. As condições óptimas seleccionadas foram razão 4

(m/m) matriz/solvente, agitação em reactor batch a 900 rpm durante 1 h e

separação dos sólidos efectuada por centrifugação (30 min a 9000 rpm, à

temperatura ambiente) e tiveram em conta as concentrações finais dos

compostos alvo (como por exemplo, hidroxitirosol, tirosol e ácido cafeíco),

água e energia dispendida. Esta mesma etapa de extracção aquosa, utilizada

para caracterização das matrizes seleccionadas, é o primeiro passo aplicado

no processo integrado de tecnologias limpas patenteado, utilizado para

obtenção dos extractos estudados neste capítulo.

Os compostos alvo são hidrofílicos e de baixo peso molecular, pelo que ao

seleccionar-se a água como solvente, efectuou-se uma primeira refi-

nação/separação dos compostos polifenólicos presentes no extracto final.

Este extracto final apresenta, na sua composição, monómeros fenólicos, não

existindo compostos fenólicos com dois ou mais aneis benzénicos, tais como

as quercetinas. Na Figura 2.10, destaca-se a estrutura molecular de alguns

dos compostos presentes nos extractos aquosos obtidos a partir do bagaço

húmido e a partir do bagaço seco.

Page 66: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 61 -

Os compostos fenólicos foram identificados por HPLC acoplado a detector de

diodos (34)b com base nos seus tempos de retenção e espectros de absorção

a 280 nm. A comparação dos perfis cromatográficos obtidos para os

extractos aquosos elaborados a partir de bagaço húmido recolhido em

diferentes épocas de colheita é também apresentado na Figura 2.10. No

Anexo F, pode-se consultar a sobreposição do perfil cromatográfico dos

compostos puros utilizados como padrão, com o perfil cromatográfico de um

dos extractos seleccionados, assim como a comparação entre dois extractos

obtidos a partir de bagaço húmido.

Figura 2.10 Perfis cromatográficos determinados por HPLC-DAD a 280 nm dos extractos

aquosos obtidos a partir dos diferentes bagaços e identificação dos compostos fenólicos

indicados. A) Comparação dos extractos aquosos do BH e BS com as águas ruças (AR)

provenientes do processo descontinuo de extracção. B) Comparação dos extractos obtidos a

partir de bagaços húmidos de diferentes lagares: M1 (Moura0405); M2 (Moura0607); B1

(Brinches0506).

b A descrição detalhada do método de cromatografia encontra‐se no Anexo D. 

1 Oleuropeina

3 Tirosol

2 Hidroxitirosol

4 Ácido Cafeico

5 Ácido p‐coumárico

AA

BB

23

4

15

1

5

4

2

3

BSBH

AR

M1

B1M2

1 Oleuropeina

3 Tirosol

2 Hidroxitirosol

4 Ácido Cafeico

5 Ácido p‐coumárico

AA

BB

23

4

15

1

5

4

2

3

1 Oleuropeina

3 Tirosol

2 Hidroxitirosol

4 Ácido Cafeico

5 Ácido p‐coumárico

AA

BB

23

4

15

1

5

4

2

3

BSBH

AR

M1

B1M2

Page 67: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 62 -

Nos extractos obtidos, identificou-se a presença de compostos com dois

grupos hidroxilo localizados na posição orto do anel de benzeno (tal como no

hidroxitirosol e no ácido cafeíco), grupo que confere a estes compostos

fenólicos elevada actividade antioxidante. Foram também identificados

compostos só com um grupo hidroxilo, como o tirosol e ácido p-coumárico,

que apresentam valores inferiores de capacidade antioxidante.(35) O

isolamento dos compostos não foi o principal objectivo do processo de

extracção aplicado, devido ao efeito sinérgico positivo que estas moléculas

evidenciam potenciando as suas propriedades antioxidativas e biológicas. A

aplicação do processo integrado de tecnologias limpas a este tipo de

matrizes possibilitou a produção de extractos concentrados em compostos

fenólicos com menor peso molecular (fenóis simples e ácidos

hidrocinâmicos), de estrutura molecular similar à do hidroxitirosol e em

oligoelementos (ex. Mg, K, Ca).

Têm sido realizados vários estudos à escala laboratorial, no sentido de

desenvolver novos métodos de extracção de biofenóis a partir ou de folhas

de oliveira ou de bagaços de azeitona, nomeadamente hidroxitirosol. Muitos

desses métodos recorreram ao uso de solventes orgânicos, tais como

misturas metanol/água, acetato de etilo, propanol, acetona ou aceto-

nitrilo.(31,36) O crescente interesse nestes biofenóis está relacionado com as

suas possíveis aplicações no desenvolvimento de produtos para consumo

humano, (37) tais como alimentos funcionais e nutracêuticos, tornando-se

imperativo desenvolver métodos que recorram à utilização de solventes

menos tóxicos e considerados seguros para consumo humano (GRAS).

Como alternativa de processamento do bagaço húmido, tratamentos

hidrotérmicos, a partir deste resíduo,(38) foram também estudados para isolar

compostos de elevado valor acrescentado e, mais recentemente, foi também

proposta a extracção com líquidos (aquosos ou orgânicos) super-aquecidos a

alta pressão, mas sem atingir o ponto crítico do solvente. (37) Por sua vez, os processos de filtração com membranas, e a sua integração

com outros processos, como a centrifugação, têm vindo a ser aplicados por

Page 68: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 63 -

vários grupos de investigação no tratamento de águas residuais provenientes

do processo de produção de azeite, para remoção de grande parte dos

sólidos e compostos orgânicos existentes. (39,40) O processo patenteado, utilizado para a obtenção dos extractos ricos em

biofenóis de seguida caracterizados, consiste na integração de uma etapa de

extracção com solventes biocompatíveis (água), seguida de fraccionamento

recorrendo à utilização de tecnologia de membranas. (19) Em anexo (Anexo

A), encontra-se mais sucintamente descrita a metodologia e tecnologia

patenteada, bem como outras combinações de processos aqui não

referenciadas. Na Figura 2.11 apresenta-se o esquema ilustrativo da

combinação de processos que pode ser usada na produção dos extractos

naturais.

Figura 2.11 Esquema Ilustrativo de sequência do processo desenvolvido para obtenção do

concentrado bioactivo.

De forma sucinta, o processo consiste num primeiro passo de extracção, com

água ou solventes biocompatíveis, das lamas e resíduos do processo de

produção de azeite (A e B), sendo que ao extracto resultante poder-se-ão

adicionar as águas ruças do processo de produção de azeite (C). A mistura

resultante é de seguida centrifugada (D) para remover os sólidos em

suspensão.

O passo de separação por membranas é constituído por nanofiltração (E),

onde se separam os compostos alvo dos restantes compostos, e osmose

inversa (F), onde se concentram estes mesmos compostos na corrente do

retido. Do passo de separação por membranas resulta uma corrente rica em

hidroxitirosol (G) e água que poderá ser reutilizada no processo (H).

Tendo em conta a matriz de origem e o processo de obtenção aplicado,

seleccionaram-se três extractos naturais distintos: um extracto obtido

Page 69: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 64 -

imediatamente após a etapa D (centrifugação) e dois extractos obtidos após

todo o processo em cima descrito, obtidos na corrente G, da Figura 2.11. A

matriz utilizada para a produção do extracto obtido após centrifugação

(RSEV) foi o bagaço seco. Este extracto, RSEV, não foi processado através

da separação por membranas, sendo por isso mais rico em compostos de

maior peso molecular. Os dois extractos obtidos através do processo

integrado diferem na matriz de origem, sendo o EBH o extracto obtido a partir

do bagaço húmido e o EBS obtido a partir do bagaço seco.

Os perfis cromatográficos, apresentados na Figura 2.12, identificados por

HPLC-DAD a 280 nm, correspondem aos três extractos bioactivos

seleccionados.

Em todos os extractos o composto fenólico em maior concentração é o

hidroxitirosol (HT). No entanto, o EBH apresenta na sua composição ácido

cafeíco e ácido p-coumárico, dois importantes ácidos cinâmicos, enquanto

que no EBS estes compostos se encontram presentes em quantidades

inferiores, existindo na sua composição compostos com um maior tempo de

retenção (mais polares e de maior peso molecular). Não foi possível

identificar este composto por método de injecção de padrão.

Page 70: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 65 -

Figura 2.12 Cromatogramas determinados por HPLC-DAD a 280 nm dos Extractos Bioactivos

finais obtidos a partir dos diferentes bagaços e identificação de compostos fenólicos alvo. A

comparação entre eles é apenas qualitativa devido aos diferentes teores de compostos fenólicos

e ao desfazamento temporal entre produção dos mesmos, as diluições efectuadas foram

diferentes.

A razão entre os ácidos cinâmicos, presentes no EBH, entre HT/ácidos

cinâmicos e HT/tirosol, manteve-se sempre constante para os bagaços

húmidos recolhidos a partir de

i) diferentes lagares no mesmo ano de colheita;

ii) mesmos lagares, anos distintos de colheita (Figura 2.13).

Os valores são apresentados em (valor médio da razão entre compostos

fenólicos) ± Desvio Padrão (DP).

1 Hidroxitirosol

3 Ácido Cafeico

4 Ácido p‐coumárico

2 Tirosol

EBHEBH

EBSEBS

RSEVRSEV

1

1

1

2

2

2

3

3

3

4

Page 71: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 66 -

Figura 2.13 Variação das proporções dos compostos fenólicos existentes nos Extractos EBH

obtidos a partir de diferentes bagaços Húmidos. Mesmo ano de colheita e lagares de origem

diferentes (Brinches 04 e Moura 04); Anos de colheita diferentes e mesmo lagar de origem

(Brinches 04 e Brinches 05).

A- Proporções entre restantes compostos (Tir-tirosol; AC-ácido cafeico; p-coum-ácido p-

coumárico)

B - Proporções Hidroxitirosol e restantes compostos (Tir-tirosol; AC-ácido cafeico; p-coum-ácido

p-coumárico)

O extracto aquoso do bagaço húmido, obtido após a 1ª etapa do processo

(extracção aquosa seguida de centrifugação), a partir do qual se obtém o

EBH, é menos complexo do que as águas ruças, fazendo parte da sua

composição apenas compostos fenólicos e oligoelementos com afinidade

para a água. A vantagem da utilização deste extracto, como alimentação de

um processo de separação por membranas, em detrimento da utilização das

águas ruças, é a eliminação de alguns compostos fenólicos de maior peso

molecular e consequente concentração de compostos fenóis simples.

No EBS, as razões entre ácidos cinâmicos, HT/ácidos cinâmicos e HT/tirosol

são diferentes das calculadas para o EBH. Foi também identificado neste

extracto, ácido protocatechuico, composto fenólico com elevada capacidade

antioxidante associada.

Na composição do RSEV identificaram-se HT, tirosol, ácidos cinâmicos e

ácido protocatechuico, mas em menor concentração do que no EBS,

existindo também, em concentrações mais reduzidas, uma gama de

BEH (Brinches 04) BEH (Moura 04) BEH (Brinches 05)

Raz

ões

Com

post

os F

enól

icos

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0Tir/AC Tir/p-coum AC/p-coum

A

BEH (Brinches 04) BEH (Moura 04) BEH (Brinches 05)

Raz

ões

Com

post

os F

enól

icos

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18HT/Tir HT/AC HT/p-coum

B

BEH (Brinches 04) BEH (Moura 04) BEH (Brinches 05)

Raz

ões

Com

post

os F

enól

icos

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0Tir/AC Tir/p-coum AC/p-coum

A

BEH (Brinches 04) BEH (Moura 04) BEH (Brinches 05)

Raz

ões

Com

post

os F

enól

icos

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18HT/Tir HT/AC HT/p-coum

B

Page 72: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 67 -

compostos de estrutura molecular mais complexa (detectada entre os 40 e 60

min de tempo de retenção por HPLC-DAD a 280 nm), na qual se incluem os

derivados secoiridoides do HT e tirosol. Tendo em conta a composição de

RSEV e EBS, é possível concluir que o primeiro é um extracto menos

“refinado”. Mesmo assim, o EBS é um extracto aquoso bastante menos

complexo do que as águas ruças ou do que o extracto aquoso obtido nas

mesmas condições a partir do bagaço húmido (ver Figura 2.10). O processo

de separação por membranas também garante a remoção de pesticidas, tais

como, PCB’s e PHA’s, que possam existir nos extractos aquosos.

Os extractos EBH, EBS e RSEV, seleccionados para o estudo de formulação

de um óleo alimentar funcional, foram caracterizados em termos de

compostos fenólicos, capacidade antioxidante in vitro e potencial actividade

biológica. Na secção 2.2.3 apresentam-se todos os métodos utilizados na

caracterização dos extractos e no sub-capítulo 2.3 são apresentados os

ensaios de bioactividade realizados com os extractos em estudo.

2.2.3 Caracterização dos Extractos Bioactivos

Na sequência de formular o melhor óleo funcional, os extractos EBH, EBS e

RSEV foram caracterizados em termos de conteúdo total de polifenóis,

identificação e quantificação dos compostos de maior relevância

(hidroxitirosol, tirosol), conteúdo total de proteína e avaliação da capacidade

antioxidante.

A tabela seguinte (Tabela 2.6) sumariza os métodos utilizados na

determinação de cada parâmetro químico para os vários extractos em

estudo.

Page 73: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 68 -

Tabela 2.6. Métodos e unidades utilizadas para caracterização dos extractos desenvolvidos.

Método Unidades

Actividade Antioxidante

Radical Hidroxilo EPR

HORAC*

% inibição

(CAAC)

Radical Peroxilo ORAC

oxLDL

(CAET)

% Inibição

Polifenóis Totais Folin-Ciocalteau mgEAG/L

Identificação e quantificação de compostos

HPLC-DAD-ED mAU

Proteína Total Bradford mgBSA/L

* HORAC apenas efectuado para dois extractos, EBS e RSEV.

No Anexo D, encontram-se mais sucintamente descritos os métodos

utilizados na caracterização química dos extractos bioactivos.

Determinação de Polifenóis Totais

A quantidade total de compostos fenólicos foi determinada utilizando uma

versão modificada do método colorimétrico de Folin-Ciocalteu (RFC), descrita

por Singleton et al. (41) Este método baseia-se na capacidade dos compostos

fenólicos presentes na amostra reduzirem o reagente de Folin-Ciocalteu em

condições básicas, durante 30 min a 40 ºC. Durante o tempo da reacção,

ocorre a dissociação de protões dos compostos fenólicos que levam à

formação do anião fenolato, o qual é capaz de reduzir os compostos

presentes no reagente de RFC, alterando a cor dos mesmos para azul (42). A

absorvância das soluções é de seguida medida a 765 nm num

espectrofotómetro Thermo Spectronic, Genesys 10uv.O ácido gálico é

utilizado como padrão, sendo os resultados obtidos expressos em miligramas

de equivalentes de ácido gálico (EAG) por mL de extracto analisado.

Os resultados de conteúdo total em compostos fenólicos, para os três

extractos estudados, apresentam-se graficamente na Figura 2.18 e em tabela

no Anexo D (Tabela D1). Os valores apresentados são a média de (n≥6)

ensaios independentes ± DP.

Page 74: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 69 -

Actividade Antioxidante Como referido anteriormente (Capítulo 1), a capacidade antioxidante dos

extractos naturais depende das sinergias existentes entre os diferentes

compostos presentes na complexa mistura. É assim perceptivel que podem

existir diferentes mecanismos de actuação sobre os radicais livres, num

mesmo extracto,(43) tornando-se, desta forma, fundamental a combinação de

mais do que dois métodos de determinação da capacidade antioxidante in

vitro. A combinação de mais do que um método é, assim, fundamental para

conseguir reunir dados suficientes, importantes para definir a capacidade

antioxidante total de uma amostra.(44) A avaliação da capacidade antioxidante

dos extractos bioactivos desenvolvidos recaiu na avaliação de:

a) Capacidade de resgate do radical livre ROO•

b) Capacidade de inibição de produção do radical HO•

A capacidade de resgate do radical ROO• foi determinada pelo método de

ORAC (Oxygen Radical Absorbance) e pelo ensaio de Inibição de

Autooxidação Lipidica Induzida (LDL). Em ambos os ensaios mede-se a

capacidade que determinados compostos presentes na amostra, têm em

doar um átomo de hidrogénio à espécie reactiva. Estes métodos inserem-se

no grupo de ensaios já anteriormente referidos (Capitulo 1), HAT (Hydrogen

Atom Transfer), como sendo os mais relevantes na avaliação da influência

dos antioxidantes na quebra das reacções radicalares, que ocorrem in vivo. (45)

A capacidade dos mesmos extractos em inibir a produção e/ou resgatar o

radical HO• foi quantificada através do método de HORAC (Hydroxyl Radical

Averting Capacity) e Ressonância Electro Paramagnética (EPR).

a) Capacidade de resgate do radical livre ROO•

Page 75: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 70 -

O radical ROO• é um radical chave, participante no mecanismo de oxidação

lipídica, quer de alimentos, quer em sistemas biológicos, não sendo

conhecidos mecanismos intrínsecos de defesa para combater o seu ataque.

É por isso importante, o estudo de agentes externos que possam inibir a sua

acção, dado que participa em diversas patogenesis. Devido à sua

importância e ao facto de que recorrendo a qualquer composto azo se

consegue gerar o radical, é na actualidade a espécie reactiva mais utilizada

nos diversos ensaios implementados para quantificação de capacidade

antioxidante. (45)

Método ORAC(46)

O método de ORAC (Oxygen Radical Absorbance) mede a capacidade

antioxidante de resgate do radical peroxilo produzido pelo 2,2-azobis(2-

amidinopropano) dihidroclorado (AAPH) a 37 ºC. Recorrendo a um fluorófero

que oxida na presença do AAPH, acompanhando a cinética da reacção,

mede-se a redução na fluorescência da solução e monitoriza-se a

capacidade protectora dos antioxidantes testados.

Na Figura 2.14, encontram-se esquematizados as reacções que ocorrem

durante o ensaio de ORAC.

Figura 2.14 Esquema de reacções elementares ocorridas no ensaio de ORAC. O AAPH, por

termodegradação, produz os radicais peroxilo que reagem com a Fluoresceína (FLH). Na

presença de um antioxidante, AH, este resgata o radical, dando origem a compostos não

reactivos, ROOH e ROOA.

Recorrendo a uma modificação deste método, (47,48) (descrito mais

sucintamente no Anexo D), avaliou-se a capacidade de certos compostos

presentes nos extractos bioactivos resgatarem o radical peroxilo e

consequentemente inibirem a oxidação da fluoresceína (fluorófero utilizado).

Os valores de actividade antioxidante são calculados a partir da perda de

ROO• + FLH

ROOH + FL•

AAPHAH

ROO• + AH ROOH + A•

A• + ROO• ROOAROO• + FLH

ROOH + FL•

AAPHAH

ROO• + AH ROOH + A•

A• + ROO• ROOA

Page 76: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 71 -

fluorescência da fluoresceína ao longo de 30 min relativamente a um

antioxidante padrão - Trolox (análogo hidrofílico da vitamina E). O resultado

final é expresso em termos de actividade antioxidante equivalente ao Trolox

(CAET- Capacidade Antioxidante em Equivalentes de Trolox) - micromolar

CAET (μM CAET).

Os valores determinados para os extractos bioactivos e para uma solução

standard de HT (650 μM) apresentam-se na Figura 2.18 e em anexo na

Tabela D1.

Inibição de Autooxidação Lipídica Induzida (LDL) Os compostos fenólicos de origem vegetal, com elevada actividade

antioxidante, têm sido relacionados com a capacidade de proteger a oxidação

da Lipoproteína de baixa densidade (LDL). Os efeitos da forma oxidada da

LDL estão relacionados com a maioria das alterações observadas no

mecanismo de desenvolvimento da aterosclerose. Devido a esta correlação,

a comunidade científica tem atribuido a estes compostos fenólicos a

propriedade de prevenirem doenças cardiovasculares.

A avaliação da capacidade dos extractos bioactivos na protecção da

oxidação da LDL in vitro foi efectuada através da monitorização da formação

de dienos conjugados ao longo de oito horas a 37 ºC por espectrofotometria

UV a 234 nm. (49) O controlo do ensaio é determinado a partir da incubação

da lipoproteína com um agente oxidante (AAPH - gerador de radicais

peroxilo) e os ensaios com os antioxidantes determinado a partir da

incubação da lipoproteína com um agente oxidante (AAPH) e 10 μL de

amostra. Dado que nestes ensaios a inclinação da curva da fase de latência

e andamento da oxidação depende da concentração de antioxidante em

contacto com a lipoproteína, (45) todos os ensaios com os extractos bioactivos

foram realizados tendo a mesma concentração final em HT em contacto com

a LDL (0,4μM) nas quatro situações: EBS, RSEV, EBH e HT. A capacidade

de cada extracto (composto) em inibir a oxidação da LDL é determinada pelo

prolongamento da fase de latência relativamente ao controlo (LDL+AAPH). A

Page 77: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 72 -

fase de latência é o tempo durante o qual o antioxidante pode exercer efeito

antes de se iniciar a oxidação.(44)

Na Figura 2.15, apresenta-se um exemplo da cinética da oxidação da

lipoproteína quando na presença ou não dos extractos ou hidroxitirosol.

Figura 2.15 Perfil da cinética de oxidação da LDL: na presença de i) AAPH (controlo), ii) EBH e

iii) Hidroxitirosol (HT). A capacidade de protecção da oxidação reflecte-se pelo aumento do

tempo da fase de latência. A- Exemplo da cinética obtida nos ensaios realizados com os

extractos e hidroxitirosol com concentração 0,4 μM em HT. As setas indicam o final da fase de

latência e início da oxidação da LDL. B – Influência da concentração de HT na capacidade de

protecção contra a oxidação da LDL – Dependência da dose. Nas concentrações mais elevadas

não se verifica início da oxidação durante as 8 h de ensaio.

Os resultados finais apresentam-se na Figura 2.18 e estão expressos em

percentagem (%) de inibição da oxidação da lipoproteína. Este método

encontra-se descrito de forma mais detalhada no Anexo D.

b) Capacidade de inibição de produção do radical HO•

O radical hidroxilo, tal como o peroxilo, fazem parte de um conjunto de

principais radicais livres desencadeadores de stress oxidativo celular. O

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500t (min)

Abs

(234

nm

)

EBH, 2.4uM HTEBH, 0.12uM HTEBH, 0.8uM HTHT, 3.5uMControlo

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500

t (min)

Abs

(234

nm

)

EBH

Controlo

Hidroxitirosol

A

B

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500t (min)

Abs

(234

nm

)

EBH, 2.4uM HTEBH, 0.12uM HTEBH, 0.8uM HTHT, 3.5uMControlo

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500

t (min)

Abs

(234

nm

)

EBH

Controlo

Hidroxitirosol

A

B

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500t (min)

Abs

(234

nm

)

EBH, 2.4uM HTEBH, 0.12uM HTEBH, 0.8uM HTHT, 3.5uMControlo

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500

t (min)

Abs

(234

nm

)

EBH

Controlo

Hidroxitirosol

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500t (min)

Abs

(234

nm

)

EBH, 2.4uM HTEBH, 0.12uM HTEBH, 0.8uM HTHT, 3.5uMControlo

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500

t (min)

Abs

(234

nm

)

EBH

Controlo

Hidroxitirosol

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500

t (min)

Abs

(234

nm

)

EBH

Controlo

Hidroxitirosol

A

B

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500t (min)

Abs

(234

nm

)

EBH, 2.4uM HTEBH, 0.12uM HTEBH, 0.8uM HTHT, 3.5uMControlo

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500

t (min)

Abs

(234

nm

)

EBH

Controlo

Hidroxitirosol

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500t (min)

Abs

(234

nm

)

EBH, 2.4uM HTEBH, 0.12uM HTEBH, 0.8uM HTHT, 3.5uMControlo

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500

t (min)

Abs

(234

nm

)

EBH

Controlo

Hidroxitirosol

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500

t (min)

Abs

(234

nm

)

EBH

Controlo

Hidroxitirosol

A

B

Page 78: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 73 -

stress oxidativo produzido por radicais livres está associado a múltiplas

doenças, tais como doenças cardiovasculares, vários tipos de cancro,

doenças neurodegenerativas, como doença de Alzheimer e Parkinsson e

envelhecimento celular. (4) Tal como para o radical peroxilo, não se conhece

a existência de antioxidantes enzimáticos (ex. Superoxide Dismutase -SOD)

que inibam a acção destes nefastos radicais. Biologicamente, sabe-se que os

compostos metais-quelantes desactivam metais de transição participantes na

reacção com o peróxido de hidrogénio, não havendo assim formação de

espécies reactivas de oxigénio (ROS), tal como o HO•.(50) Uma das condições

para se gerar radicais hidroxilo é a presença em simultâneo de iões metálicos

oxidantes e peróxido de hidrogénio (reacção de Fenton). (45) O reagente de

Fenton (mistura de H2O2 e sais ferrosos) é um oxidante efectivo para muitos

dos substratos orgânicos, sendo os mecanismos exactos envolvidos na

reacção de Fenton (ou “tipo-Fenton”) extremamente complexos. Como tal,

não existem respostas para a total inibição ou produção deste tipo radicais

HO•.(51) De facto, medir quantitativamente a capacidade de resgate desta

espécie reactiva é uma tarefa árdua devido à dificuldade de controlar a sua

geração/produção.

No trabalho apresentado, a capacidade de resgate/inibição de geração dos

radicais HO• foi quantificada recorrendo a duas técnicas distintas, mas que se

complementam.

Método por EPR - Electron Spin Ressonance Spectroscopy.

A inibição da produção deste radical relaciona-se com a capacidade dos

antioxidantes em quelar iões metálicos intervenientes na geração do radical

em questão. No entanto, os antioxidantes podem também ter capacidade de

doar o seu átomo de hidrogénio, resgatando o radical, não se sabendo bem

qual a actuação exacta devido à complexidade das reacções integrantes da

reacção de Fenton (ou “Tipo Fenton”). Uma outra situação, é o facto de não

se ter a certeza do sucesso de produção dos radicais pretendidos, já que HO

é uma espécie intermédia das reacções e bastante instável. A ressonância

electro paramagnética (EPR) é uma técnica é bastante útil para detectar

Page 79: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 74 -

espécies reactivas de oxigenio em vários sistemas, providenciando uma

quantificação directa. (52)

O método EPR detecta a presença de electrões desenparelhados, (42) pelo

que, dessa forma, é possível comprovar a formação dos radicais,

acompanhando o espectro de um radical mais estável, formado entre um

composto paramagnético (spin trap) e o radical hidroxilo. (53)

O ensaio consiste, assim, na geração do referido radical através da reacção

de Fenton:

Fe2++H2O2 Fe3++OH-+HO (eq 2.1)

Posteriormente, adicionam-se os extractos/compostos a analisar (método

descrito no Anexo D) e, através de espectroscopia de ressonância

electroparamagnética, adquire-se o espectro dos radicais gerados.

Na Figura 2.9, apresenta-se o exemplo do espectro associado ao radical HO•,

sem adição de nenhum agente inibidor.

Figura 2.9. Espectro do radical hidroxilo detectado por EPR.

A capacidade antioxidante é avaliada pelo decréscimo/anulação do espectro

do radical. Na Figura 2.18, estão representados os valores obtidos para os 3

extractos bioactivos e para o HT (solução standard 650 μM), expressos em

termos de percentagem da capacidade de resgate/inibição do radical

hidroxilo. Na Tabela D1 (Anexo D), estão os valores apresentados em tabela.

Page 80: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 75 -

HORAC (50)

O método de HORAC (Hydroxyl Radical Averting Capacity) quantifica a

capacidade dos extractos bioactivos em quelar iões metálicos reactivos,

catalisadores de reacções de oxidação. De forma indirecta, relacionando a

actividade como agentes quelantes, com a não geração de radicais hidroxilo,

é possível determinar a capacidade dos extractos em inibir a formação desta

espécie reactiva.

Neste método, inicia-se uma reacção “Tipo Fenton” entre um metal (Co(II)) e

peróxido de hidrogénio que, ao formarem espécies intermédias reactivas,

oxidam o fluorófero com o qual entram em contacto (consultar Anexo D).

Neste trabalho, o fluorófero escolhido para optimização do método foi a

fluoresceína, que na sua forma oxidada se torna incolor. Tal como no método

de ORAC, é possível acompanhar a cinética da reacção medindo a redução

da fluorescência da solução e, dessa forma, quantificar a capacidade

protectora dos antioxidantes testados.

Na Figura 2.17, encontram-se esquematizadas as reacções que podem

ocorrer durante o ensaio de HORAC.

Figura 2.17 Esquema da reacção do peróxido de

hidrogénio (H2O2) em presença de iões metálicos (M).

A reacção gera o radical hidroxil HO . Este radical é

bastante reactivo e ao reagir com espécies

antioxidantes (R-H) capta um hidrogénio originando

uma espécie com um electrão desemparelhado (R ).

Por sua vez esta espécie reage com o O2 molecular

formando o radical peroxilo ROO . Fonte: Ou et al,

2002. (50)

Seleccionou-se, após optimização do método, o ácido cafeíco como

composto fenólico padrão, pelo que, em cada ensaio, é necessário efectuar

uma recta de calibração com soluções padrão de ácido cafeíco. Os

resultados finais de HORAC são calculados através da regressão linear entre

os valores de concentração de ácido cafeíco e a área da curva de

decaímento da fluoresceína, sendo expressos em equivalentes de Ácido

Cafeíco (Capacidade Antioxidante Equivalentes ácido cafeico – μM CAAC).

Page 81: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 76 -

Na Figura 2.18, só se apresentam valores de HORAC para o RSEV e EBS,

pois o método foi implementado numa última fase do trabalho, não sendo

possível obter matéria-prima (bagaço húmido) para processar e produzir

EBH. Os resultados apresentados são a média de três ensaios

independentes (n=3) ± DP.

Método de Identificação e Quantificação Analítica

O perfil cromatográfico dos compostos fenólicos, dos extractos bioactivos

desenvolvidos e dos extractos realizados para estudo das matérias-primas,

foram obtidos por HPLC acoplado a um detector de díodos (Surveyor,

Thermo Finnigan, San Jose, C.A., USA). O método utilizado foi desenvolvido

de acordo com trabalhos prévios realizados no laboratório. (34,54) Em

situações específicas foi acoplado, em série, ao HPLC-DAD, um detector

electroquímico (ED) para confirmação da presença de HT.

Os compostos fenólicos mais relevantes, e seleccionados como compostos

alvo, foram quantificados recorrendo a um software de aquisição e tratamento

de dados: Chromquest (versão 4.0 – ThermoFinnigan, Surveyor, San Jose,

C.A. USA).

O erro calculado para o método desenvolvido foi de 5%.

As concentrações de hidroxitirosol e de tirosol, expressas em ppm (mg/L),

dos extractos bioactivos, EBS, RSEV e EBH apresentam-se na Figura 2.18 e

em anexo (Anexo D), na Tabela D1.

Método de Quantificação de Proteína

A quantificação de proteína foi realizada através do método de Bradford, (55)

método colorimétrico baseado no pressuposto de que o máximo de absorção

do Brilliant Blue G-250, quando ligado a proteínas em solução ácida, passa

de 465 para 565 nm. A forma aniónica do composto colorado é estabilizada

por interacções hidrofóbicas e iónicas, sendo possível observar a mudança

de côr da solução.

A albumina foi a proteína seleccionada para a elaboração da recta de

calibração, sendo os resultados finais expressos em mgalbumina/L (mgBSA)/L.

Page 82: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 77 -

Resultados & Discussão

Os resultados obtidos apresentam-se graficamente em seguida, na Figura

2.18.

Figura 2.18 Caracterização Química dos Extractos Bioactivos. Os valores apresentados são a

média n>3 ensaios e o desvio padrão é representado pelas barras de erro.

QuantificaQuantificaçção de ão de HidroxitirosolHidroxitirosolPolifenoisPolifenois Totais Totais ––MMéétodo todo FolinFolin‐‐CiocalteauCiocalteau

QuantificaQuantificaçção de ão de TirosolTirosolQuantificaQuantificaçção de Proteão de Proteíína Totalna TotalMMéétodo de todo de BradfordBradford

0100200300400500600700

EBS RSEV EBH

mg

BSA

/L

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

EBS RSEV EBH

(x10

3)m

gEA

G/L

0%

20%

40%

60%

80%

100%

EBS RSEV EBH

% H

T no

tota

l de

polif

enoi

s do

s E

xtra

ctos

[HT] mgEAG/L

0%

20%

40%

60%

80%

100%

EBS RSEV EBH

% T

ir no

tota

l de

polif

enoi

s do

s E

xtra

ctos

[Tir] mgEAG/L

QuantificaQuantificaçção de ão de HidroxitirosolHidroxitirosolPolifenoisPolifenois Totais Totais ––MMéétodo todo FolinFolin‐‐CiocalteauCiocalteau

QuantificaQuantificaçção de ão de TirosolTirosolQuantificaQuantificaçção de Proteão de Proteíína Totalna TotalMMéétodo de todo de BradfordBradford

0100200300400500600700

EBS RSEV EBH

mg

BSA

/L

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

EBS RSEV EBH

(x10

3)m

gEA

G/L

0%

20%

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60%

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EBS RSEV EBH

% H

T no

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polif

enoi

s do

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[HT] mgEAG/L

0%

20%

40%

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100%

EBS RSEV EBH

% T

ir no

tota

l de

polif

enoi

s do

s E

xtra

ctos

[Tir] mgEAG/L

Actividade Antioxidante Actividade Antioxidante –– Radical Radical PeroxiloPeroxiloMMéétodo ORACtodo ORAC

Actividade Antioxidante Actividade Antioxidante –– Radical HidroxiloRadical HidroxiloMMéétodo EPRtodo EPR

Actividade Antioxidante Actividade Antioxidante –– Radical HidroxiloRadical HidroxiloMMéétodo HORACtodo HORAC

Actividade Antioxidante Actividade Antioxidante InibiInibiçção da Oxidaão da Oxidaçção da LDLão da LDL

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

EBS RSEV EBH HT 650uM0

20

40

60

80

100

EBS RSEV EBH HT 650uM

% C

apac

idad

e R

esga

te d

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H.

0

2

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EBS RSEV EBH HT 650uM

(x10

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CA

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(x10

4 ) mM

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01020304050607080

EBS RSEV EBH HT% A

umen

to T

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ênci

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LDL

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xida

ção

Actividade Antioxidante Actividade Antioxidante –– Radical Radical PeroxiloPeroxiloMMéétodo ORACtodo ORAC

Actividade Antioxidante Actividade Antioxidante –– Radical HidroxiloRadical HidroxiloMMéétodo EPRtodo EPR

Actividade Antioxidante Actividade Antioxidante –– Radical HidroxiloRadical HidroxiloMMéétodo HORACtodo HORAC

Actividade Antioxidante Actividade Antioxidante InibiInibiçção da Oxidaão da Oxidaçção da LDLão da LDL

0

10

20

30

40

50

60

70

80

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100

EBS RSEV EBH HT 650uM0

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EBS RSEV EBH HT 650uM

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0

10

20

30

40

50

60

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90

100

EBS RSEV EBH HT 650uM0

20

40

60

80

100

EBS RSEV EBH HT 650uM

% C

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(x10

4 ) mM

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EBS RSEV EBH HT% A

umen

to T

empo

Lat

ênci

a da

LDL

na O

xida

ção

Page 83: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 78 -

Inibição do radical hidroxilo, HO

De acordo com os resultados apresentados, a quantificação da

inibição/resgate do radical hidroxilo pelo método de EPR não é

correlacionável com os valores determinados pelo método de HORAC. Pelo

determinado por este último método, o RSEV apresenta maior valor de

capacidade antioxidante (expressa em equivalentes de ácido cafeíco) do que

o extracto bioactivo EBS. No entanto, pelo método de EPR é o RSEV que

apresenta a menor capacidade de inibição do radical hidroxilo. Estes

resultados podem estar relacionados com o facto de o RSEV ser o único

extracto testado que na sua composição apresenta compostos fenólicos de

maior peso molecular, nomeadamente flavonóides, flavonas e fenóis

glucosidados. Estes compostos, devido à sua estrutura molecular,

apresentam valores de HORAC mais elevados, enquanto os ácidos fenólicos,

constituintes maioritários de EBS e EBH, são o grupo de compostos fenólicos

com valores de HORAC mais reduzidos. (50) Uma das hipóteses apresentada

na literatura, para este facto, relaciona-se com a coordenação dos grupos HO

dos compostos fenólicos, que, ao bloquearem os pontos reaccionais do

peróxido de hidrogénio, agem como quelantes metálicos, (50) tendo já sido

demonstradas as capacidades quelantes de vários compostos fenólicos,

nomeadamente HT e seus derivados, quando na presença de determinados

iões metálicos.(56) O facto do EBS apresentar um valor mais elevado de EPR

e mais baixo de HORAC, relaciona-se com o que se está a monitorizar no

ensaio de EPR, isto é, neste método monitoriza-se a diminuição dos radicais

HO gerados, enquanto no HORAC, em primeiro lugar, mede-se a

capacidade de quelar e inactivar os iões metálicos que desencadeiam a

reacção de decréscimo da fluoresceína, podendo não estar a ser quantificado

o resgate do radical (ver Figura 2.17). No ensaio de EPR, verifica-se que o

composto puro, numa concentração inferior à dos extractos testados (650 μM

– 100mg/L HT), apresenta somente metade do valor da capacidade de

inibição do radical HO , evidenciando sinergias negativas nos extractos

bioactivos. Estas sinergias negativas podem estar relacionadas com a

existência de iões metálicos nos extractos, que catalisam a geração de

Page 84: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 79 -

radicais hidroxilo, em simultâneo à inibição imposta pelos compostos

fenólicos. No EPR, para o RSEV e EBS, a resposta é dependente da dose de

HT, não se verificando esta dependência para o EBH. Pode-se assim prever

que os extractos resultantes do bagaço seco serão mais concentrados em

iões metálicos agindo como catalisadores do radical HO .

Inibição do radical peroxilo, ROO

A inibição da oxidação da LDL com HT puro, como reportado na literatura, (57)

é dependente da dose testada. Nos ensaios com os extractos naturais,

verificou-se também a dependência da dose em função da concentração de

HT (Figura 2.9). Ao comparar-se a capacidade de inibição dos extractos

bioactivos com HT puro, verifica-se que este último apresenta uma melhor

resposta (68,7 % de aumento da fase de latência) do que EBS, EBH e RSEV.

Dos extractos bioactivos testados, o EBH foi o que apresentou melhor

capacidade de inibição da LDL, com um valor de 66,7 % de aumento da fase

de latência, resultado semelhante ao valor obtido para o HT em igual

concentração. Este resultado indica que neste processo de oxidação lipídica,

induzida pela presença de radicais peroxilo, a capacidade de resgate do

mesmo realciona-se com o HT presente no extracto, não se verificando um

aumento da actividade devido à junção de sinergias positivas existentes entre

os compostos fenólicos constituintes de EBH. Devido ao processamento

destes extractos, estes são ricos em sais minerais e oligoelementos. Sendo

assim, os extractos podem conter, na sua composição, metais que induzem,

por si só, a autooxidação lipídica, dificultando a acção dos compostos

fenólicos. Este facto ajuda a interpretar os resultados obtidos: EBS e RSEV

têm origem na mesma matéria-prima, que, por se encontrar já seca, é mais

concentrada em compostos minerais e oligoelementos, nomeadamente

metais, do que o bagaço húmido que dá origem a EBH. Como se sabe, EBS

é um concentrado de compostos de baixo peso molecular do RSEV, sendo,

por isso, respectivamente mais concentrado em metais que induzem a

oxidação lipídica. Desta forma, RSEV e EBH são menos concentrados

(EBH<RSEV) nestes compostos indutores da oxidação, pelo que se justifica

a capacidade de inibição da oxidação da LDL ser mais elevada no extracto

Page 85: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 80 -

bioactivo do resíduo húmido, EBH. Devido a estes factos, os resultados

obtidos para a capacidade de inibição de autooxidação induzida da LDL não

se correlacionam com os resultados obtidos no ensaio de ORAC. No ensaio

de ORAC, os resultados apresentam uma tendência de aumento em função

da dose de HT, não sendo esse aumento estatisticamente significativo.

Os resultados reforçam a justificação encontrada para a inibição do radical

hidroxilo: os extractos EBS e RSEV são concentrados em iões metálicos que

interferem nas reacções de oxidação potenciando sinergias negativas.

Deve ainda referir-se que os ensaios realizados para avaliação da

capacidade antioxidante dos extractos se baseiam em reacções químicas

que tentam representar e prever comportamentos in vivo. Apesar de alguns

destes ensaios serem bastante relevantes a nível biológico, é importante

complementar os resultados com ensaios a nível celular (sub-capítulo 2.3).

2.2.4 Breve Estudo de Tratamentos Alternativos às MP

As matéria-primas (bagaços de azeitona), utilizadas para obtenção dos

extractos bioactivos estudados, são produtos irregulares em termos de

composição fenólica, variando de ano para ano e de lagar para lagar. Essa

irregularidade deve-se a inúmeros factores não controláveis, tais como

condições climatéricas, composição mineral do solo, estado de maturação e

tipo de cultivar da azeitona, levando a uma não uniformização da composição

dos concentrados bioactivos obtidos no final do processo de extracção.

Uma das formas para tentar ultrapassar este problema é recorrer ao controlo

de armazenamento/processamento das matérias-primas (MP) antes do

processo de produção dos extractos.

A acidificação das matrizes é um dos processos mais aplicados no

armazenamento destas matérias-primas tendo como objectivo favorecer

reacções de hidrólise entre os compostos fenólicos, aumentando, dessa

forma, a concentração em hidroxitirosol. Trabalhos realizados fora do âmbito

Page 86: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 81 -

da tese, onde se acidificou bagaço húmido antes deste ser processado,

levaram a concluir que este passo diminui a bioactividade final do extracto

obtido. Para além disso, a adição de um ácido não se enquadra na definição

de “natural” e de processo sem adição de químicos, que se atribui a estes

extractos.

No sentido de encontrar alternativas de controlo da MP, de forma a

uniformizar a sua composição fenólica e por sua vez a dos extractos naturais

obtidos, realizaram-se dois estudos preliminares de tratamentos aplicados a

estas matrizes (bagaços).

Os métodos estudados são considerados alternativas de processamento aos

métodos mais convencionais, com interesse em explorar, para avaliar a sua

viabilidade como tratamentos rápidos das matrizes antes do início do

processo de produção dos extractos.

Dois tipos de processo foram explorados:

i) acondicionamento das matrizes, por um período máximo de sete

dias, em atmosfera de CO2 pressurizado a 100 bar;

ii) tratamentos hidrotérmicos a 50 ºC, 100 ºC e 150 ºC por um período

máximo de 15 min.

2.2.4.1 Tratamento da MP com CO2

O CO2 existe abundantemente na natureza, apresentando um valor limite à

temperatura ambiente de exposição à inalação de 5000 ppm. Estudos

demonstraram que é possível um trabalhador estar repetidamente exposto a

esta concentração sem sofrer efeitos adversos. Para além disso, não sendo

inflamável e sendo bastante menos tóxico que solventes orgânicos como a

acetona, a sua manipulação é considerada segura. Devido ao seu baixo valor

de toxicidade e à elevada pressão de vapor que este composto apresenta,

nenhum resíduo tóxico ficará presente no substrato onde pode actuar. Este

facto torna-o indicado para trabalhar em alimentos ou em algo que seja para

consumo humano.

Page 87: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 82 -

A pressões moderadas (≤ 100bar), o CO2 dissolve rapidamente na água,

formando H2CO3. Esta reacção conduz a reduções drásticas de pH do meio,

podendo condicionar o ambiente e o substrato em contacto com este

composto.

O ensaio de armazenamento foi realizado à temperatura ambiente.

O esquema da instalação de alta pressão, onde se realizaram os ensaios,

apresenta-se de seguida na Figura 2.19:

Figura 2.19 Esquema da instalação de alta pressão utilizada nos ensaios de tratamento prévio

da MP com CO2. 1) banho de água, 2) célula de alta pressão, 3) vaso de recolha para

despressurização.

O dióxido de carbono é liquifeito, por redução da temperatura à saida da

garrafa, e pressurizado lentamente por uma bomba de líquidos até à pressão

de 10 MPa. O CO2 pressurizado lentamente vai-se difundindo na matriz que

se encontra no interior da célula de aço inoxidável (2). A instalação

permanece à temperatura ambiente durante um, dois, três ou sete dias. Os

ensaios foram realizados para bagaço húmido e para bagaço seco.

No interior da célula de aço, colocou-se para cada ensaio, 4 g de bagaço

seco e 7 g de bagaço húmido. A diferença de peso deve-se ao facto de o

bagaço húmido apresentar um teor em água de 65 %. A célula de aço

utilizada tem um volume interno de 15 mL.

Após cada ensaio, o reactor foi despressurizado e a extracção aquosa do

bagaço submetido ao armazenamento efectuada. As condições operatórias

da extracção aquosa foram as mesmas do processo já descrito: Razão 4

(m/m) matriz/solvente, agitação a 900 rpm durante 1 h e separação dos

P

2

13

P

2

13

Page 88: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 83 -

sólidos efectuada por centrifugação (30 min a 9000 rpm). Os extractos

aquosos obtidos foram de seguida caracterizados em termos de teor de

polifenóis totais (mgEAG/gmatriz), capacidade antioxidante perante o radical

peroxilo (ORAC – μmol/gmatriz CAET) e o seu perfil polifenólico determinado

por HPLC-DAD (Anexo E), tendo sido o hidroxitirosol e o tirosol quantificados

(ppm).

As amostras da depressurização de CO2 em etanol foram analisadas por

HPLC-DAD (Anexo E), confirmando-se que nenhum composto fenólico foi

arrastado pelo gás.

Os resultados determinados são apresentados graficamente nas figuras 2.20

e 2.21. Os resultados de polifenóis totais e capacidade antioxidante são a

média de (n=3) ensaios independentes e expresso em mgEAG/gmatriz ± DP

(desvio padrão) e μmol/gmatriz CAET ± DP, respectivamente.

Page 89: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 84 -

Figura 2.20 Valores obtidos para o tratamento do bagaço húmido com CO2. A-

Comparação da evolução da concentração em hidroxitirosol e tirosol (mg/gmatriz ) com a

variação da quantidade total de polifenóis (mgEAG/gmatriz) ao longo dos sete dias de

tratamento. B- Comparação da variação da quantidade total de polifenóis (mgEAG/gmatriz) com

a capacidade antioxidante (μmol/gmatriz CAET) dos extractos obtidos a partir dos bagaços

tratados, ao longo dos sete dias de tratamento.

Figura 2.21 Valores obtidos para o tratamento do bagaço seco com CO2. A- Comparação

da evolução da concentração em hidroxitirosol e tirosol (mg/gmatriz ) com a variação da

quantidade total de polifenóis (mgEAG/gmatriz) ao longo dos sete dias de tratamento. B-

Comparação da variação da quantidade total de polifenóis (mgEAG/gmatriz) com a capacidade

antioxidante (μmol/gmatriz CAET) dos extractos obtidos a partir dos bagaços tratados, ao longo

dos sete dias de tratamento.

0

1

2

3

4

5

6

7

BH 1dia BH 2dia BH 3dia BH 7dia

mgE

AG

/gm

atriz

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

120,0

140,0

μmol

CA

ET/

gmat

riz

mgEAG/gumol CAET/g

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

BH 1dia BH 2dia BH 3dia BH 7dia

mg/

gmat

riz

0

1

2

3

4

5

6

7HT (mg/g)Tir (mg/g)mgEAG/g

A B

A B

0

0,5

1

1,5

2

2,5

BS 1dia BS 2dia BS 3dia

mg/

gmat

riz

0

2

4

6

8

10

12

14HT (mg/g)Tir (mg/g)mgEAG/g

0

2

4

6

8

10

12

14

BS 1dia BS 2dia BS 3dia

mgE

AG

/gm

atriz

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

μmol

CA

ET/

gmat

riz

mgEAG/gumol CAET/g

Page 90: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 85 -

Discussão

O tratamento de CO2 aplicado a ambos os resíduos provocou um aumento na

concentração de tirosol com respectivo aumento da quantidade total de

polifenóis e da capacidade antioxidante. No entanto, em relação à

concentração de hidroxitirosol, este aumento só foi notório no bagaço seco,

onde a sua concentração inicial era já no início mais elevada. No bagaço

húmido, onde não se detectava HT acima de 0,2 ppm, não se verificou

nenhum aumento deste composto durante os dias de ensaios testados,

verificando-se aumento da concentração de tirosol ao longo dos dias de

tratamento. Esse aumento pode ter resultado, tal como já foi referido

anteriormente, de reacções de hidrólise de compostos fenólicos mais

complexos. Por outro lado, o não aumento de HT pode-se relacionar com o

facto dos seus principais precursores (tal como a oleuropeína) se

encontrarem também em concentrações bastante reduzidas, existindo, no

entanto, maior concentração de compostos precursores de tirosol (como por

exemplo o Ligstrósido). A concentração reduzida de derivados da

oleuropeína nas matérias-primas relaciona-se com o tipo de cultivar da

azeitona e com o seu grau de maturação, sendo, dessa forma, variável de

ano para ano. (59)

No bagaço seco, como já referido, o tratamento provocou aumento da

concentração de HT e de tirosol, aumento que acompanhou a tendência de

aumento dos polifenóis totais e da actividade antioxidante. Neste resíduo, o

teor de água era bastante mais reduzido que no bagaço húmido, não sendo

tão favorável a ocorrência de possíveis reacções de hidrólise. Foi, no entanto,

notório que a solubilização dos dois principais compostos, HT e tirosol,

aumentou com a permanência em atmosfera de CO2.

Comparando o comportamento dos dois bagaços, foi evidente que, ao final

de três dias, o tratamento foi muito mais significativo para o bagaço húmido

do que para o bagaço seco, verificando-se um incremento de 408 % na sua

actividade antioxidante e de 562,5 % na concentração de tirosol. Por sua vez,

no bagaço seco, esses aumentos foram só de 22 % e de 35,8 %

Page 91: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 86 -

respectivamente. A variação destes parâmetros no tratamento de três dias e

de sete dias no bagaço húmido não foi significativa.

A taxa de conversão, por influência do CO2, foi determinada através da (eq.

2.2):

%conversão=(Vi-Vf)/Vi)x100 (eq 2.2)

Onde,

Vi – valor no inico do tratamento

Vf – valor no final do tratamento

Estes resultados levam a prever que um tratamento a médio-curto prazo em

atmosfera de CO2 é benéfico, aumentando a solubilização dos compostos

alvo na extracção aquosa consequente.

2.2.4.2 Tratamento da MP com Água Quente

A fim de explorar a possibilidade de aumentar as quantidades de HT e

compostos fenólicos existentes nos resíduos durante o processamento,

submeteram-se os dois tipos de bagaço a um processo de extracção com

líquidos aquecidos, no qual tendo em conta o processo de obtenção dos

extractos, se seleccionou a água como solvente. Em processos de extracção

com líquidos aquecidos (solventes orgânicos ou aquosos), as matrizes são

submetidas a temperaturas e/ou pressões elevadas e diferenciam-se hoje em

dia três modelos distintos: modelo estático (com um volume fixo de solvente),

dinâmico (onde o solvente passa em contínuo pela matriz) e o semi-estático

(combinação dos dois modos). (60) Estes processos aplicados a diferentes

tipos de matrizes têm demonstrado vantagens em termos de aumento da

selectividade da extracção de determinados compostos. Na literatura

encontram-se na actualidade trabalhos de extracção com líquidos aquecidos

em modo semi-estático para a matriz bagaço húmido de azeitona. (37)

O modelo escolhido para realizar o trabalho deste sub-capítulo foi o estático,

utilizando como solvente água. A selecção deste modelo teve como base de

pressuposto a utilização desta técnica como um tratamento prévio da matriz

Page 92: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 87 -

antes desta ser processada pelo método integrado de tecnologias,

anteriormente descrito (Anexo A). Os ensaios foram realizados utilizando um

reactor fechado e submetendo-o a temperaturas de 50 ºC, 100 ºC e 150 ºC.

As pressões de vapor dentro do reactor variaram no intervalo de 0,1 a 3,87

bar – consultar Anexo G.

As variações térmicas do solvente dentro do reactor são um parâmetro

importante pois neste caso ao aumentar-se a temperatura da água, a sua

constante dieléctrica baixa, aumentando o valor do seu produto iónico, e as

suas características como solvente ou como catalisador alteram-se podendo

ocorrer promoção de reacções de hidrólise de biomateriais. (61)

O objectivo deste estudo consistiu, assim, em estudar o i) aumento da

solubilização de compostos fenólicos na água (conseguindo-se, dessa forma,

um extracto mais rico nesses compostos) e ii) aumento da concentração

existente de HT, promovendo a hidrólise de compostos mais complexos

(olígomeros) que podem dar origem a este antioxidante, tais como

oleuropeína, demetiloleuropeína, verbascósido, e hidroxitirosol

glucosilado.(59)

Os ensaios foram conduzidos por modificação de um método já descrito, (61)

utilizando um reactor de aço inoxidável (resistente a alta temperatura e

pressão) com um volume de 15 ml, no qual se colocaram 3 g de matriz

(bagaço seco ou húmido) e 12 mL de água destilada. Após fechar e isolar

bem o reactor, este era colocado num forno termostatizado à temperatura

requerida (T ± 1 ºC). Os ensaios foram realizados a 50 ºC, 100 ºC e 150 ºC

durante 5 min, 10 min e 15 min. Depois de atingidas as condições de ensaio

pretendidas, o reactor era imediatamente removido e arrefecido num banho

de gelo até à temperatura ambiente. O esquema da instalação utilizada na

realização destes ensaios apresenta-se em baixo, na Figura 2.22.

Figura 2.22 Esquema da instalação de alta pressão utilizada na realização dos ensaios

com água quente. 1- Forno termostatizado; 2- reactor de aço; 3- vaso de recolha.

TIC

P

21

3

TIC

P

21

3

Page 93: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 88 -

Uma das desvantagens deste método, quando utilizado isolado como

processo de extracção, é a partição dos compostos entre a matriz e o

solvente, (37) isto é, este processo pode favorecer a libertação de compostos

fenólicos simples (menor peso molecular) durante o tempo de ensaio, mas ao

diminuir-se drasticamente a temperatura estes podem precipitar,

incorporando-se de novo na matriz. No entanto, o objectivo final deste estudo

foi estudar a viabilidade de combinar este processo com o processo já

implementado para obtenção dos extractos bioactivos, fazendo dele uma

etapa de tratamento prévio da matriz. Por conseguinte, após o tratamento

com água quente, a matriz foi processada como descrito anteriormente:

depois de baixar a temperatura até à temperatura ambiente por arrefecimento

rápido, o sobrenadante e a matriz foram removidos do reactor e procedeu-se

à sua centrifugação (nas mesmas condições já descritas). Os extractos finais

obtidos foram analisados quanto à concentração de HT e tirosol, quantidade

total de polifenóis e capacidade antioxidante (ensaio de ORAC), e os

resultados expressos em (mg/g ± DP), (mgEAG/g ± DP), (μmol/g CAET ± DP)

respectivamente. Os resultados apresentam-se nas Figuras 2.23 e 2.24 para

os tratamentos realizados com bagaço húmido e Figuras 2.25 e 2.26 para os

realizados com bagaço seco. No Anexo G é possível consultar os resultados

apresentados em tabela.

Page 94: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 89 -

Figura 2.23 Influência dos tratamentos com a água quente no BH (bagaço húmido) A -Variação

da quantidade total de polifenóis (mgEAG/gmatriz) e capacidade antioxidante determinada por

ORAC (μmol/gmatriz CAET) nos extractos após diferentes tempos de tratamento, para 50 ºC e

100 ºC; B- Variação da concentração em HT e Tirosol (mg/gmatriz), nos extractos após diferentes

tempos de tratamento, para 50 ºC e 100 ºC.

Figura 2.24 Influência da temperatura no ensaio de 15 min de tratamento no BH. Variação da

concentração de HT e Tirosol (mg/gmatriz), quantidade total de polifenóis (mgEAG/gmatriz) e

capacidade antioxidante determinada por ORAC (μmol/gmatriz CAET) nos extractos.

50ºC; 46,88

150ºC; 88,97

100ºC; 85,15

umol/g CAET

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

50 100 150

ºC

mg/

g

Tir 15' HT 15'

A

B

0,0

50,0

100,0

150,0

200,0

250,0

300,0

0 5 10 15

μmol

/g C

AE

T

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

mgE

AG

/g

umol/g CAET 50ºC umol/g CAET 100ºCmgEAG/g 50ºC mgEAG/g 100ºC

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

0 5 10 15min

mg/

g

Tir 50ºC Tir 100ºC HT 50ºC HT 100ºC

Page 95: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 90 -

Figura 2.25 Influência dos tratamentos com a água quente no Bagaço seco (BS) A -Variação da

quantidade total de polifenóis (mgEAG/gmatriz) e capacidade antioxidante determinada por ORAC

(μmol/gmatriz CAET) nos extractos após diferentes tempos de tratamento, para 50 ºC e 100 ºC; B-

Variação da concentração em HT e Tirosol (mg/gmatriz), nos extractos após diferentes tempos de

tratamento, para 50 ºC e 100 ºC.

Figura 2.26 Influência da temperatura após 15 min de tratamento ao BS. Variação da

concentração de HT e Tirosol (mg/gmatriz), quantidade total de polifenóis (mgEAG/gmatriz) e

capacidade antioxidante determinada por ORAC (μmol/gmatriz CAET) nos extractos.

A

B

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

0 5 10 15min

mg/

g

Tir 50ºC Tir 100ºC HT 50ºC HT 100ºC

100,00

150,00

200,00

250,00

0 5 10 15

mm

ol/g

CAE

T

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

mgE

AG/g

umol/g CAET 50ºCumol/g CAET 100ºCmgEAG/g 50ºCmgEAG/g 100ºC

228,8

235,2umol/g CAET

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

50 100

ºC

mg/

g

Tir 15' HT 15'

Page 96: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 91 -

Discussão

Efeito tempo de exposição à temperatura

Analisando o conjunto de resultados obtidos, é possível concluir que os

tratamentos aplicados, tanto ao bagaço húmido, como ao bagaço seco, foram

promissores do ponto de vista de tratamento da matriz, principalmente

quando realizados para o bagaço húmido durante cinco minutos, e para o

bagaço seco, durante quinze minutos.

Nos ensaios realizados a 50 ºC, em ambos os bagaços, nos tratamentos de

cinco minutos observou-se sempre um aumento significativo de concentração

de HT, Tir (mg/g) correlacionável com a quantidade total de polifenóis e

capacidade antioxidante. Este aumento foi sobretudo significativo para o

bagaço húmido, uma vez que anteriormente não era detectável HT. A

hipótese apresentada para este facto é que, ao aumentar a temperatura da

água e a pressão de vapor, se iniciam reacções de quebra de ligações em

compostos fenólicos de maior peso molecular (principalmente os precursores

secoiridoides do HT), formando-se compostos fenólicos mais simples. Por

outro lado, o aumento da temperatura melhora as características da água

como solvente e como catalisador, aumentando a solubilização de

compostos. As reacções de hidrólise de oleuropeína, ligstrósido e

glucosidados do HT são as que ocorrem normalmente, resultando num

aumento de HT, (7) podendo ser esta a causa de uma maior percentagem de

conversão no tratamento do bagaço húmido. A 50 ºC e a 100 ºC, no bagaço

húmido, o aumento do tempo de ensaio, até quinze minutos, conduziu a uma

diminuição da concentração dos analitos alvo (HT e tirosol) e da capacidade

antioxidante. Este resultado indica que determinados compostos

antioxidantes solubilizados na água, quando sujeitos por um determinado

período de tempo a temperaturas mais elevadas se degradam

(termodegradação) e/ou oxidam (oxidação).

Nos tratamentos com o bagaço seco (50 ºC durante 10 min), esta redução

não foi significativa para o tirosol, verificando-se uma descida ligeira na

concentração de HT. Esta descida pressupõe que um maior teor de água

(bagaço húmido) pode potenciar, não só uma maior taxa de conversão, como

Page 97: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 92 -

uma maior redução nas concentrações dos analitos por degradação. A

hipótese de degradação é reforçada com a leitura dos perfis cromatográficos

dos extractos aquosos finais (Anexo E), onde se observa que ao

desaparecerem os picos correspondentes aos analitos estudados não se

verifica o aparecimento de nenhum outro pico a outro tempo de retenção. Tal

facto, reflecte-se também na quantidade total de polifenóis e na capacidade

de resgate dos radicais peroxilo a eles associada, dado que ambos diminuem

com um maior tempo de exposição à temperatura.

Comparando os valores obtidos para 50 ºC e 100 ºC aos 5 min, verifica-se

que o aumento da temperatura favorece a solubilização de compostos

fenólicos na água, o que leva a concluir que o tempo de exposição a

temperatura elevada é determinante na degradação ocorrida.

Em ambas as matrizes, quando estas são expostas durante 15 min a 100 ºC,

verificou-se o fenómeno inverso: tanto no bagaço seco, como no húmido,

após 15 min de exposição a 100 ºC aumentou a concentração em HT e

tirosol na água e aumentou, ainda, a quantidade de polifenóis e a capacidade

antioxidante. Consequentemente, podem formular-se duas hipóteses: podem

ocorrer reacções de quebra de ligações de moléculas que são precursoras

destes compostos, que necessitam de mais tempo expostas a uma

temperatura mais elevada para ocorrerem, ou haver necessidade de mais

tempo de contacto entre o solvente (água) e a matriz de forma à solubilização

dos compostos ser efectiva (aumento da transferência de massa). Nos

resultados do bagaço húmido e seco, aos 10 min a 100 ºC, verificou-se uma

redução da concentração de HT na água e da respectiva capacidade

antioxidante, evidenciando-se a degradação deste composto quando

submetido a temperaturas mais elevadas. Contudo, a quantidade de

polifenóis não reduz significativamente, levando a concluir que com o

aumento do tempo de exposição à temperatura se forma (por quebra de

moléculas de maior peso molecular) ou solubiliza mais HT na solução

aquosa.

O tratamento mais favorável, para o bagaço húmido, é o que reúne um menor

tempo de exposição e temperatura, sendo 15 min de tempo de tratamento a

100 ºC o mais indicado para o bagaço seco, quer do ponto de vista de

Page 98: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 93 -

concentração de HT e tirosol, como das propriedades antioxidantes do

extracto final obtido.

Efeito aumento da temperatura

De forma a melhor interpretar o efeito do aumento de temperatura, na Figura

2.24 e 2.26, reuniram-se, para o bagaço húmido e seco respectivamente, os

resultados obtidos para 15 min de tempo de tratamento (tempo ao qual se

verificou um aumento das concentrações dos compostos alvo).

Na Figura 2.24, para os resultados do bagaço húmido quando se passa de

50 ºC para 100 ºC, é evidente o efeito da temperatura nas características da

água, tanto como solvente como catalizadora de reacções. No entanto, o

aumento de 100 ºC para 150 ºC já não se mostrou tão efectivo, evidenciando

que durante este tempo de tratamento a variação pouco acentuada das

propriedades da água, como a densidade (ver Anexo G), não influêncía a

solubilização dos compostos.

Nos tratamentos efectuados, durante 15 minutos, para o bagaço seco, não se

verificou a influência do aumento de temperatura.

Page 99: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 94 -

2.3 Ensaios de Bioactividade dos Extractos

A formação e acção de espécies reactivas de oxigénio (ROS) e de outros

radicais livres, como espécies de nitrogénio, contribuem para o processo de

envelhecimento per si e para o desenvolvimento de muitas doenças

associadas ao envelhecimento celular, tais como, doenças degenerativas

(Alzheimer e Parkinson), doenças cardiovasculares, diabetes e tipos de

cancro intimamente relacionados com danos oxidativos. O stress oxidativo é

resultado de um desequilíbrio entre a produção de espécies reactivas e a

defesa antioxidante existente a nível celular, dando origem aos designados

“danos oxidativos”. (42) Este desequilíbrio pode ter origem numa deficiência

nos mecanismos de defesa celulares ou no aumento dos níveis das espécies

reactivas, induzidos por diversos mecanismos de doença. Existem, a nível

endógeno, enzimas que actuam como antioxidantes, inibindo o aumento de

certas espécies de radicais. No entanto, para alguns radicais livres bastante

reactivos, tais como o radical peroxilo e o hidroxilo, não existem mecanismos

endógenos capazes de diminuir eficientemente a sua actuação.

Assim, após caracterização dos extractos seleccionados (sub-capitulo 2.2),

onde, através de ensaios químicos, se determinaram as suas capacidades

antioxidantes in vitro perante diferentes radicais indutores de stress oxidativo,

acresce a necessidade de avaliar o comportamento e actuação dos mesmos

perante sistemas biológicos. Os estudos da potencial actividade biológica dos

extractos foram realizados in vitro, recorrendo a modelos biológicos

compostos ou por linhas celulares humanas ou por microorganismos.

2.3.1 Ensaios in vitro em Linhas celulares Humanas

O objectivo dos ensaios in vitro em linhas celulares humanas consistiu em

a) Avaliar a possível toxicidade associada aos extractos naturais;

Page 100: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 95 -

b) Estudar a potencial capacidade preventiva dos extractos sobre dois

sistemas celulares de cancro: cancro do cólon recto e cancro do estômago;

c) Determinar a capacidade antioxidante dos extractos a nível celular,

tentando estabelecer a correlação com b).

Avaliação da Citotoxicidade

A composição química dos extractos naturais seleccionados para estudo

inclui, como já referido, maioritariamente fenólicos simples (hidroxitirosol e

tirosol), que, segundo a literatura, passam a digestão a nível do estômago,

sendo só absorvidos mais tarde, a nível do intestino. (62-64) Estudos

comprovam a biodisponibilidades deste tipo de compostos que, devido aos

seus baixos pesos moleculares, transpõem facilmente a barreira intestinal. (11,63) Assim, tendo em conta estudos de biodisponibilidade associados aos

compostos fenólicos e modelos de linhas celulares utilizados para avaliação

de toxicidade de determinados compostos moleculares, seleccionou-se a

linha celular Caco-2 para avaliar a citotoxicidade associada aos extractos

naturais.

O modelo celular de avaliação da citotoxicidade Caco-2 é bastante utilizado

pois, quando as células atingem o seu estado de confluência, a monocamada

existente mimetiza o epitélio intestinal. (65)

A avaliação da toxicidade é um passo muito importante nos ensaios in vitro

de base celular. É com este ensaio que se definem concentrações a avaliar

noutros estudos, onde se avaliam potencias actividades biológicas.

A determinação da toxicidade celular foi realizada pelo método colorimétrico

de MTT (3-(4,5-dimetriltiazolil-2)-2,5-difeniltetrzolium bromide) optimizado e já

descrito. (66)

O método baseia-se na redução do MTT por uma enzima produzida na

mitocôndria de células metabolicamente activas (dehidrogenase), formando-

se cristais de formazan de cor púrpura.

Page 101: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 96 -

As células Caco-2 (adenocarcinoma do cólon) foram adquiridas à DSMZ

(German Collection of Microorganisms and Cell Cultures) e cultivadas

aderentes em frascos de 175 cm2 em meio RPMI 1640 (Gibco) suplementado

com 10 % de soro bovino (FBS) e 2 mM L-glutamina (Gibco) a 37 ºC, numa

atmosfera controlada com 5 % CO2. O meio foi mudado de dois em dois dias

até à subconfluência das células de aproximadamente 75%, sendo, de

seguida, removidas dos frascos utilizando tripsina para diminuir a sua

aderência. Após se observarem as células destacadas da superfície,

adicionou-se meio suplementado com soro, de forma a inibir a acção

continuada da tripsina.

As células Caco-2 foram em seguida inoculadas em placas de 96-poços

(1x104 células/poço) para crescerem até atingirem o seu estado confluente

(3-4 dias), mudando-se novamente o meio de dois em dois dias. Quando

atingido o seu estado de confluência, removeu-se o meio de cada poço e

adicionou-se meio fresco (0,5%FBS) + extractos em diferentes concen-

trações (contendo nas suas composições de 0 a 800 μM de HT), sendo

depois incubadas, durante 4h. No final das 4h de incubação, removeu-se o

meio + extracto e adicionou-se novamente meio fresco (0,5 %FBS) com o

reagente MTT (0,5 g/L). As células foram deixadas a incubar por mais 4

horas. O meio foi removido e os cristais de formazan formados dissolvidos

em DMSO (150 μL/poço) conferindo a cor púrpura à solução. A solução foi

quantificada através da medição da absorvância a 540 nm num

espectrofotómetro de placas. A absorvância é tanto maior, quanto maior o

número de células viáveis capazes de reduzir o composto MTT.

Os resultados são expressos em percentagem (%) de células viáveis,

normalizadas relativamente ao controlo (células em meio sem extractos). Os

valores apresentados são a média de (n≥3) ± DP. As (n≥3) experiências

foram independentes, e em cada experiência realizaram-se triplicados. Os

resultados estão apresentados na Figura 2.29.

Page 102: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 97 -

Capacidade Antioxidante Intracelular

As ROS são produzidas essencialmente a nível celular, surgindo durante o

próprio metabolismo da célula (respiração aeróbia). Também a exposição a

determinados agentes agressores externos, como é o caso da poluição

ambiental, o fumo do tabaco, toxinas, radiações, etc, pode conduzir à

acumulação de radicais livres no organismo. (4) As principais ROS, que

geralmente reagem com as macromoleculas biológicas (proteínas, lípidos e

DNA), são: anião superóxido (O2 -), peróxido de hidrogénio (H2O2) radical

hidroxilo (OH ), radical peroxilo (ROO ) e singleto de oxigénio (1O2). É de

referir que, por si só, o organismo apresenta um sistema de defesa

antioxidante que permite eliminar as ROS, como é o caso das enzimas

antioxidantes SOD e Catalase que convertem, respectivamente, os radicais

O2 - e H2O2, em espécies não reactivas. (44) No entanto, este sistema não é

100 % eficiente. O consumo de antioxidantes naturais, provenientes de uma

dieta rica em frutos e legumes, tem sido relacionado com a prevenção de

doenças relacionadas com o stress oxidativo celular. As vitaminas C e E, os

polifenóis, os flavonóides e os carotenóides são os principais compostos

bioactivos presentes nestas matrizes. A sua acção sobre a diminuição do

stress oxidativo é realizada através de uma série de mecanismos,

nomeadamente o resgate das ROS, complexação de iões metálicos, e

modelação de uma resposta celular. (44)

Torna-se então fundamental, avaliar a capacidade antioxidante dos extractos

a nível celular. Apesar dos testes químicos in vitro serem indicadores da

capacidade antioxidante, quando estes se realizam, o composto antioxidante

está sempre em excesso comparativamente às espécies reactivas de

radicais. Contudo, a nível celular não é o que se passa. O antioxidante

encontra-se sempre em muito menor quantidade que os radicais que tenta

inibir. Este é um facto relevante, que pode influênciar a resposta dos

extractos perante situações de stress oxidativo, dado que os sistemas

biológicos são bastante mais complexos do que as simples reacções

quimicas testadas, podendo os compostos bioactivos actuar por diferentes

mecanismos. (67)(68)

Page 103: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 98 -

A linha celular escolhida como modelo para implementar este ensaio foi a

linha de adenocarcinoma do cólon, Caco-2 e o método adaptado e

optimizado para esta linha celular. (69,70)

O princípio do método baseia-se em pré-incubar as células com diferentes

diluições dos extractos EBS e RSEV, em simultâneo com diacetato de

diclorofluoresceína (DCF-DA). A DCF-DA permeia a membrana celular e no

interior das células permanece (por acção de esterases) na sua forma mais

polar (DCF). Os antioxidantes adicionados podem permanecer ligados à

membrana celular ou, por difusão membranar, passar para o interior da

célula. As células são, de seguida, tratadas com um dos dois indutores de

stress possíveis: o peróxido de tert-butil hidróxido (t-BHP) ou o peróxido de

hidrogénio (H2O2), que se decompõe em espécies reactivas, como os radicais

ROO e OH respectivamente, e se difundem para o meio intracelular. Estas

espécies reactivas podem então ser resgatadas ainda no exterior da célula

pelos compostos antioxidantes ligados às membranas celulares, ou no seu

interior antes que estas espécies oxidem a DCF (composto fluorescente na

sua forma oxidada). A capacidade antioxidante quantifica-se pela redução da

fluorescência relativa ao controlo (células apenas tratadas com DCF-DA e t-

BHP). Na Figura 2.27, apresenta-se um esquema resumido do mecanismo

intracelular descrito. O método encontra-se mais sucintamente detalhado no

Anexo H.

Figura 2.27 Princípio do método proposto para a quantificação da capacidade antioxidante intracelular. (70)

Membrana Celular

DCF-DA

DCF

esterasescelulares

DA

DCF

t-BHP H2O2

ROS

AOx

t-BHP H2O2

ROS

ROS

ROSAOx

AOx

Membrana Celular

DCF-DA

DCF

esterasescelulares

DA

DCF

t-BHP H2O2

ROS

AOx

t-BHP H2O2

ROS

ROS

ROSAOx

AOx

Page 104: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 99 -

Avaliou-se a capacidade antioxidante dos extractos EBS e RSEV numa gama

de concentrações de 0 a 650 μM de HT presente.

Os resultados são expressos em termos de percentagem (%) de inibição de

ROS relativamente ao controlo (células sem tratamento e sujeitas a stress

oxidativo- t-BHP), calculada através da (eq. F2, apresentada no Anexo H):

Os valores apresentados são a média de (n≥3) ± DP. As (n≥3) experiências

foram independentes, e em cada experiência realizaram-se triplicados. Os

resultados estão apresentados na Figura 2.30.

Avaliação na Proliferação Celular

Ao longo desta última década, tem-se relacionado o facto de, nos países de

dieta mediterrânica, a incidência de certos tipos de cancro ser

significativamente mais baixa do que nos países do norte da Europa,

associando-se esta redução ao consumo regular de azeite. (71) Um dos tipos

de cancro mais estudados tem sido o cancro do carcinoma do cólon pois é o

3º tipo de cancro mais mortífero no mundo, sendo um dos mais resistentes

aos agentes quimioterapeuticos utilizados. (72) Estudos efectuados

demonstraram que o consumo regular desta gordura correlaciona com a

indução de níveis significantes de apoptose em diversas células

cancerígenas, nomeadamente em células do intestino grosso. Estas

propriedades são atribuídas à presença de compostos fenólicos no azeite,

nomeadamente ao hidroxitirosol(73), para o qual se atribuem diversas

propriedades biológicas. (12,74-77) De facto, vários estudos sugerem a

capacidade do HT em prevenir diversos tipos de cancro, nomeadamente o

cancro do cólon-recto, (71,78-80) devido à sua capacidade de prevenção da

actividade mutagénica induzida pelo stress oxidativo.

Contudo, o cancro é uma doença extremamente complexa, onde se podem

encontrar diferenças genéticas, não só entre os diversos tipos de cancro,

mas mesmo em células do mesmo tipo de tumor de diferentes indivíduos, ou

no mesmo tumor em diferentes células. Por isso, a terapia através de uma

única molécula para um único alvo, não é eficiente nem suficiente. (81) A

Page 105: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 100 -

combinação de diferentes moléculas (antioxidantes ou não) com diferentes

nutrientes e oligoelementos pode ser a chave para uma prevenção mais

direccionada deste tipo de doenças, fazendo, em casos de doença declarada,

parte de uma terapia integrada.

Neste sentido, no âmbito deste trabalho, os extractos bioactivos ricos em HT

foram testados, a fim de se avaliar a potencial capacidade anti-proliferativa

dos mesmos, em células cancerígenas.

Seleccionaram-se duas linhas celulares distintas como modelos deste

estudo: uma linha celular representante de uma das etapas da

carcinogenesis do cancro do cólon-recto – HT29 – e uma linha celular

representante de uma das etapas da carcinogenesis do cancro do estômago

– MKN45. A linha celular MKN45 foi escolhida para comparação de actuação

dos extractos, tendo em conta que estes, embora contendo na sua

composição compostos fenólicos que são mais metabolizados e absorvidos a

nível do intestino, no processo de ingestão permanecem em contacto com as

células gástricas por um determinado período de tempo. (64) Estas linhas

celulares foram gentilmente cedidas pelo IPATIMUP.

Ambas as linhas celulares seleccionadas são bastante utilizadas como

modelos celulares no estudo da proliferação (80,82,83) e as duas apresentam

uma mutação a nível da p53 (67,81), sendo por isso, consideradas

extremamente resistentes.

O estudo da capacidade anti-proliferativa foi realizado através do método

colorimétrico de MTT, (66) quantificando a viabilidade celular após incubação

das células cancerígenas com várias diluições dos extractos naturais.

O método apresenta algumas alterações em relação ao método utilizado para

avaliar a toxicidade celular, dado que os extractos são adicionados às células

24h após a sua inoculação em placas, de forma a estes actuarem no final

fase de latência (lag phase), no início da fase exponencial do crescimento

celular. No Anexo H encontram-se as curvas de crescimento determinadas

para as células HT29 e MKN45 com diferentes inóculos.

Assim, células HT29 e MKN45 são inoculadas em placas de 96-poços. Após

24 horas (início da fase de crescimento), o meio é removido e as células são

incubadas com as várias diluições dos extractos EBS, RSEV, EBH e de HT

Page 106: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 101 -

puro, variando em termos de concentração de HT de (0 a 800 μM),

preparadas em RPMI-1640 0,5 % FBS. Após 4 e 24 horas, o meio é

substituído por meio fresco com o reagente MTT (0,5 g/L) e as células

deixadas a incubar por mais 4 horas. O meio é removido e os cristais de

formazan formados são dissolvidos em DMSO (150μL/poço). A solução é

quantificada através da medição da absorvância a 540 nm num

espectrofotómetro. A absorvância é tanto maior, quanto maior o número de

células viáveis capazes de reduzir o composto MTT.

Quando possível, determinou-se o EC50 para os extractos/compostos

testados. O EC50 representa a concentração para a qual os

extractos/compostos induzem 50% da viabilidade celular. (66)

Os resultados são expressos em percentagem (%) de células viáveis,

normalizadas relativamente ao controlo (células em meio sem extractos). Os

valores apresentados são a média de (n≥3) ± DP. As (n≥3) experiências

foram independentes, e em cada experiência realizaram-se triplicados. Os

resultados estão apresentados nas Figuras 2.31 e 2.32.

Distribuição do Ciclo celular

Os mecanismos celulares pelos quais os compostos fenólicos, como o HT,

tirosol e ácidos cinâmicos, podem actuar, evidenciando as suas capacidades

anti – proliferativas, estão ainda por determinar, (71) sabendo-se, no entanto,

que este tipo de compostos (polifenóis) apresentam uma importante

participação na regulação dos checkpoints do ciclo celular de determinadas

células cancerígenas. (81) A interrupção da regulação normal do ciclo celular

deste tipo de células, quer na fase de progressão, quer na fase de divisão, é

um evento importante no desenvolvimento do cancro.

O ciclo celular é uma sequência de eventos nos quais se incluem a

duplicação do conteúdo celular e subsequente divisão, sendo dividido em

quatro fases distintas (ver Figura 2.28)

Page 107: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 102 -

Figura 2.28 Representação das quatro etapas que constituem o ciclo celular de uma célula

eucariótica normal. Fase G1 – Crescimento Celular; Fase S – Síntese de ADN; Fase G2/M - G2

a célula prepara-se para a divisão, M-os cromossomas separam-se e a célula divide-se.

A progressão do ciclo celular, de uma fase para a outra, é regulada através

de activação ou inactivação sequencial de determinados “pontos de controlo

– Checkpoints” que monitorizam o estado da célula e o ambiente que as

rodeia. Desta forma, a célula só avança para uma outra fase, quando a

verificação de determinado ponto de controlo lhe assegura que a fase

anterior já terminou. Se tal não acontece, o ciclo não prossegue e as células

ficam estagnadas numa dada fase do processo – Bloqueio do Ciclo Celular.

Existem três pontos de controlo (Checkpoints) pelos quais pode ocorrer o

bloqueio do ciclo celular:

• Checkpoint Fase G1 e G1/S

• Checkpoint Fase S

• Checkpoint Fase G2/M

Tendo em conta a importância da regulação do ciclo celular na progressão da

proliferação das células cancerígenas, o objectivo do trabalho aqui

apresentado foi avaliar se os extractos já estudados quanto à sua capacidade

anti-proliferativa estavam a provocar alguma alteração no ciclo celular das

mesmas. Essa avaliação pode conduzir a uma melhor percepcção das

possíveis vias de actuação dos extractos, importante para determinação das

suas capacidades preventivas.

Neste estudo, só se avaliou a linha celular do cancro do cólon-recto, HT29.

GG00 GG11

SS

GG22/M/M

GG00 GG11

SS

GG22/M/M

Page 108: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 103 -

O método utilizado é uma modificação de um método já descrito. 2x106

células HT29 são inoculadas em frascos de 25cm2 e 24 horas depois (início

da fase de crescimento), o meio é removido e as mesmas de novo incubadas

com os extractos EBS e RSEV (35 μM em HT) e o HT puro (100 μM), em

RPMI-1640 0,5 % FBS. Após 4, 24 e 48 horas remove-se o meio, tripsinizam-

se as células e contam-se, utilizando para tal um hemacitómetro e reagente

azul tripano (que cora as células não viáveis). Centrifugam-se 1x106 células a

200 g durante 10 min. Remove-se o sobrenadante e adiciona-se 1 mL de

PBS frio e centrifuga-se de novo a 200 g durante 10 min. Remove-se de novo

o sobrenadante, ressuspende-se as células em 1 mL de solução de “FACS”

(consultar Anexo H) e deixa-se a incubar ao abrigo da luz, à temperatura

ambiente, durante 2 horas. Guardam-se as amostras durante a noite, a 4 ºC.

A distribuição dos ciclos celulares das células HT29 após incubação com os

extractos bioactivos foi analisada através de citometria de fluxo, utilizando um

citometro de fluxo CyFlow Space (Partec Instruments, Alemanha) com

aquisição dos dados através do canal FL2, apresentados sob a forma de

FSC/SSC e FL2-A/FL2-W e comprimento de onda de emissão (λemi=498 nm).

O número de eventos adquiridos por amostra foi sempre de 30000, excluindo

debris e dubletos, com um caudal de injecção de 200 eventos/seg.

As percentagens das células nas diferentes fases do ciclo celular foram

determinadas recorrendo ao software da Partec – FloMax DPAC , utilizando o

Cell Cycle Plataform e o modelo matemático Single Cell Cycle Fit (quando

possível ajustar).

Os resultados são expressos em percentagem (%) de número de células em

cada fase. Os valores apresentados são a média de (n=3) ± DP. As (n=3)

experiências foram independentes, e em cada experiência realizaram-se

duplicados. Os resultados estão apresentados nas Figuras 2.33 e 2.34, na

secção Resultados & Discussão.

Resultados & Discussão

Os resultados obtidos, referentes aos ensaios de bioactividade dos extractos

desenvolvidos em modelos celulares, apresentam-se de seguida:

Page 109: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 104 -

Figura 2.29 Efeito dos extractos EBS, EBH, RSEV e do composto puro HT na viabilidade celular

das células Caco-2. Os extractos/composto foram incubados durante 4h com células Caco-2

após as quais se quantificou a % de células viáveis através do ensaio de MTT.

Figura 2.30 Capacidade Antioxidante Intracelular dos extractos EBS e RSEV pré-incubados

durante 2h com DCF-DA em células Caco-2 antes da adição do indutor de stress: A) t-BHP; B) H2O2.

HT24h

0

20

40

60

80

100

120

140

25 50 100 150 325 487 650

μM HT

(FEx

trac

to/F

c )x1

00 (%

)

EBS/H2O2

RSEV/H2O2

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

25 50 100 150 325 487 650

μM HT

(FE

xtra

cto /F

c )x1

00 (%

)

EBS/t-BHP

RSEV/t-BHP

A

B

0

20

40

60

80

100

120

10 100 1000

(μM HT)

% C

élul

as V

iáve

is

RSEV

EBS

EBH

0

20

40

60

80

100

120

10 100 1000

(μM HT)

% C

élul

as V

iáve

is

HT

EBS

Extracto / Composto EC50 (μM)

EBS NARSEV NAEBH NAHT NA

Caco-2 - 4h

Page 110: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 105 -

Figura 2.31 Efeitos dos extractos testados na proliferação celular das células HT29

subconfluentes. As células foram expostas a diferentes concentrações de extractos e de HT

durante 4 e 24h. NA – Não Atingido. Eixo das abcissas em escala logarítmica.

0

20

40

60

80

100

120

140

10 100 1000 10000

(μM HT)

% C

élul

as V

iáve

is

EBS

HT

0

20

40

60

80

100

120

140

10 1000 (μM HT)

% C

élul

as V

iáve

isEBH

EBS

RSEV

NAHT

350EBH

380RSEV

NAEBS

EC50 (μM)

Extracto / Composto

HT29 - 4h

NAHT

350EBH

380RSEV

NAEBS

EC50 (μM)

Extracto / Composto

HT29 - 4h

0

20

40

60

80

100

120

140

10 100 1000(μM HT)

% C

élul

as V

iáve

is

EBSRSEVHT

NAHT

490RSEV

NAEBS

EC50(μM)

Extracto/ Composto

HT29 - 24h

NAHT

490RSEV

NAEBS

EC50(μM)

Extracto/ Composto

HT29 - 24h

Page 111: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 106 -

Figura 2.32 Efeitos dos extractos testados na proliferação celular das células MKN45

subconfluentes. As células foram expostas a diferentes concentrações de extractos e de HT

durante 4 e 24h. NA – Não Atingido. Eixo das abcissas em escala logarítmica.

0

20

40

60

80

100

120

10 100 1000 10000(μM HT)

% C

élul

as V

iáve

is

EBSRSEVEBH

0

20

40

60

80

100

120

10 100 1000 10000

(μM HT)

% C

élul

as V

iáve

is

EBSHT

0

20

40

60

80

100

120

140

10 100 1000 10000

(μM HT)

% C

élul

as V

iáve

is

EBSRSEVHT

Extracto / Composto EC50 (μM)

EBS 370RSEV 100EBH 190HT 195

MKN45 - 4h

Extracto / Composto EC50 (μM)

EBS 200RSEV 85

HT 210

MKN45 - 24h

0

20

40

60

80

100

120

10 100 1000 10000(μM HT)

% C

élul

as V

iáve

is

EBSRSEVEBH

0

20

40

60

80

100

120

10 100 1000 10000

(μM HT)

% C

élul

as V

iáve

is

EBSHT

0

20

40

60

80

100

120

140

10 100 1000 10000

(μM HT)

% C

élul

as V

iáve

is

EBSRSEVHT

Extracto / Composto EC50 (μM)

EBS 370RSEV 100EBH 190HT 195

MKN45 - 4h

Extracto / Composto EC50 (μM)

EBS 200RSEV 85

HT 210

MKN45 - 24h

Page 112: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 107 -

Figura 2.33 Efeitos dos extractos testados na distribuição das fases do ciclo celular. Células

HT29 subconfluentes foram expostas a EBS (35 μM HT), RSEV (35 μM HT) durante 4 h, 24 h e

48 h e a uma solução 100 μM HT durante 4 h e 24 h. As células tripsinizadas foram tratadas com

uma solução com Iodeto de Propideo e RNase e analisadas por citometria de fluxo. No Anexo H

é possível consultar as distribuições obtidas no programa de análise de distribuição do ciclo

celular do FloMax DPAC.

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Controlo EBS 4h EBS 24h EBS 48h

Dis

trib

uiçã

o C

iclo

Cel

ular

(%)

G1 S G2M

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Controlo RSEV 4h RSEV 24h RSEV 48h

Dis

trib

uiçã

o C

iclo

Cel

ular

(%)

G1 S G2M

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Controlo HT 4h HT 24hDis

trib

uiçã

o C

iclo

Cel

ular

(%)

G1 S G2M

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Controlo EBS 4h EBS 24h EBS 48h

Dis

trib

uiçã

o C

iclo

Cel

ular

(%)

G1 S G2M

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Controlo RSEV 4h RSEV 24h RSEV 48h

Dis

trib

uiçã

o C

iclo

Cel

ular

(%)

G1 S G2M

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Controlo HT 4h HT 24hDis

trib

uiçã

o C

iclo

Cel

ular

(%)

G1 S G2M

Page 113: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 108 -

Figura 2.34 Efeito da dependência da dose de Extracto EBS na distribuição das fases do ciclo

celular. Células HT29 subconfluentes foram expostas a EBS (35 μM HT) e a EBS (70 μM HT)

durante 24 h. As células tripsinizadas foram tratadas com uma solução com Iodeto de Propideo e

RNase e analisadas por citometria de fluxo.

Avaliação da Citotoxicidade

A exposição de células Caco-2 a diferentes concentrações de extractos EBS,

EBH, RSEV e de hidroxitirosol puro durante 4 h (Figura 2.29), revelou não

ocorrer redução significativa da viabilidade celular, não podendo ser

associada toxicidade às soluções testadas. Em nenhum dos casos avaliado

foi possível determinar o EC50, embora o RSEV tenha sido o extracto natural

que mais afectou a percentagem de células metabolicamente activas,

reduzindo para uma concentração de 500 μM em HT, aproximadamente

25 % do número de células viáveis.

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Controlo EBS 35uM EBS 70uM

Dis

tribu

ição

Cic

lo C

elul

ar (%

)

G1 S G2M

Page 114: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 109 -

Capacidade Antioxidante Intracelular

Os resultados obtidos para a capacidade antioxidante intracelular dos

extractos (Figura 2.30) testados revelam capacidade de protecção à actuação

das ROS produzidas após exposição das células Caco-2 aos dois indutores

de stress. Essa capacidade de protecção revelou-se mais significativa

quando as células são tratadas com t-BHP, atingindo-se com o extracto

RSEV uma inibição de 48 % e com o EBS 36 %. Nas células tratadas com

peróxido de hidrogénio a resposta foi menos acentuada (redução máxima de

22% para o RSEV), não havendo diferenças estatisticamente significativas

entre os dois extractos avaliados. Em ambos os ensaios, observou-se que a

resposta é dependente da dose testada, sendo essa relação inversa,

obtendo-se valores de maior inibição das espécies reactivas geradas para

exposição a concentrações menores de extracto (concentrações

apresentadas em termos de concentração de HT presente no extracto). Nas

concentrações mais elevadas (≥ 325 μM) observou-se um aumento das ROS

intracelulares. Este aumento é mais evidente no RSEV, que revelou no

ensaio de citotoxicidade, para as suas concentrações mais elevadas, reduzir

cerca de 20 % a viabilidade celular. Tais factos podem estar correlacionados,

indicando uma possível actividade pro-oxidante a partir de determinadas

concentrações.

De acordo com os ensaios químicos de capacidade antioxidante, RSEV

revelou melhor actividade na inibição da oxidação da lipoproteína de baixa

densidade LDL (Figura 2.18) do que EBS, indicando uma maior capacidade

protectora à oxidação lipídica quando na presença de radicais ROO•. Os

resultados obtidos estão em concordância, dado que no sistema celular é

também RSEV, que, para uma baixa gama de concentrações, demonstrou

melhor actividade antioxidante. Na literatura, foi demonstrado que o HT actua

na protecção das células Caco-2 ao stress oxidativo induzido pelo peróxido

de hidrogénio. (84) O estudo revelou que 250 μM de HT inibe a redução da

viabilidade celular provocada pelo stress oxidativo. A melhor actividade do

RSEV pode-se relacionar com sinergias existentes entres os diferentes

Page 115: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 110 -

compostos fenólicos, tais como os derivados secoiridoides, existentes em

baixas concentrações, incrementando a bioactividade associada ao HT.

Avaliação na Proliferação Celular

Avaliou-se a capacidade dos extractos naturais em inibir a proliferação de

células de adenocarcinoma do cólon (HT29) e de carcinoma do estômago

(MKN45), numa gama de concentrações de 0 a 1000 μM em HT, durante 4 h

e 24 h.

Numa primeira abordagem, seleccionou-se, como tempo de ensaio, 4 h, de

forma a simular o contacto dos compostos durante o seu tempo de

metabolização e biotransformação, ao longo do tracto intestinal. Essa

avaliação pretendeu ter em conta a ingestão diária, mas não contínua, deste

tipo de extractos, como acontece, por exemplo, na ingestão de um alimento

funcional. Posteriormente, adicionou-se ao estudo o tempo de 24 h que

simula uma ingestão contínua dos extractos, como pode acontecer no caso

de ingestão de um nutracêutico com uma actuação específica.

Dos resultados obtidos para as duas linhas celulares, observou-se uma maior

resistência à actuação deste tipo de compostos nas células HT29, sendo por

isso um desafio encontrar agentes preventivos eficazes para este tipo de

carcinoma. A maior resistência das HT29 a determinados compostos

fenólicos e fármacos já foi anteriormente reportado. (85)

Efeito da concentração

Durante as 4 h de contacto, de ambas as linhas celulares com os extractos

EBS, EBH, RSEV e o composto HT, a redução na viabilidade celular

mostrou-se dependente da dose (Figura 2.31). Contudo, para as

concentrações testadas nas HT29 só foi possível determinar o EC50 para o

EBH e RSEV, sendo os valores obtidos bastante semelhantes entre si,

demonstrando um comportamento idêntico nos dois extractos. Em ambos, a

Page 116: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 111 -

partir da concentração de 300 μM em HT assistiu-se a uma descida

acentuada da viabilidade das células HT29. Segundo os dados obtidos nos

ensaios químicos de capacidade antioxidante, e tendo em conta a

concentração de HT presente no EBH, este apresenta uma maior eficácia

como composto antioxidante. No entanto, esse facto não influênciou o

comportamento na inibição da proliferação celular deste tipo de linha celular,

não se verificando uma correlação directa entre estas duas propriedades. O

mesmo já tinha sido reportado por outros autores, referindo que nem sempre

os melhores antioxidantes apresentam a melhor capacidade de inibição na

proliferação de células cancerígenas. (86) De novo se reforça a existência de

sinergia entre os constituintes do extracto menos processado RSEV. A

presença de uma gama de compostos de maior peso molecular (derivados

secoiridoides do HT) em baixas concentrações parece ser de importância

determinante na sua bioactividade.

A capacidade de inibição da proliferação do extracto EBS nesta linha celular

revelou-se menor do que a capacidade demonstrada para o HT isolado, que,

logo a partir das concentrações mais baixas, reduziu 20 % a viabilidade

celular.

Nas células MKN45 (Figura 2.32) os EC50 foram todos atingidos ao final de

4 h de exposição aos extractos/composto, sendo novamente o menor valor

atribuído ao RSEV (100 μM). A partir desta concentração, em todos os

extractos avaliados, o número de células metabolicamente activas diminuiu

significativamente.

Efeito do tempo de exposição

Nos ensaios de 24 h, realizados com HT29, a avaliação da gama de

concentrações até 100 μM revelou que os comportamentos dos extractos

demosntram uma tendência para a resposta ser inversa à dose administrada

(Figura 2.31). No entanto, a partir desta concentração assiste-se a um

aumento na proliferação seguido de uma descida acentuada a partir de

250 μM. O aumento expressivo da proliferação está associado a uma

Page 117: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 112 -

resposta mitogénica induzida por toxicidade associada a determinados

compostos. (66) O aumento do tempo de exposição desta linha celular ao

RSEV diminuiu o valor de EC50 em mais de 100 μM. Nas MKN45, verificou-se

redução de 50 % a viabilidade celular para os mesmos valores de

concentração de extractos/composto. No entanto, a descida mais significativa

observou-se para o EBS (que nas células HT29 nunca chegou a atingir EC50),

embora a melhor capacidade de inibição tenha sido determinada para RSEV.

O HT isolado não apresentou uma redução estatisticamente significativa com

o tempo de exposição, no entanto, outros autores verificaram que só ao final

de 72 h de exposição das células HT29 ao HT puro e com 750 μM deste

composto é que se atinge o EC50. (85)

Mais tempo de exposição apresenta-se importante do ponto de vista de

influência dos compostos fenólicos e outros constituintes dos extractos em

determinados caminhos e mecanismos relacionados com a proliferação de

células cancerígenas.

Distribuição do Ciclo Celular

Após a avaliação dos resultados obtidos na inibição da proliferação celular, e

tendo em conta diversos trabalhos reportados que atribuem ao HT

capacidade de interferir em passos da carcinogenesis através da alteração

no ciclo celular das células cancerígenas, (71,85) optou-se por se avaliar qual a

influência dos extractos no ciclo celular das células HT29.

Devido às respostas obtidas na avaliação da capacidade antioxidante

intracelular e na inibição da proliferação de células HT29 (em que se verificou

uma dependência inversa com a dose), as concentrações escolhidas para

realizar estes ensaios foram de 35 μM em HT para o extracto RSEV e EBS e

de 100 μM para o HT puro.

Page 118: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 113 -

Efeito do Tempo de Exposição

Estudou-se o efeito na distribuição do ciclo celular após 4 h, 24 h e 48 h de

exposição ao EBS, RSEV e HT (dados não adquiridos para as 48 h).

Tanto para o EBS, como para o RSEV, observou-se, ao longo do tempo, um

aumento significativo da fase G0/G1, com consequente decréscimo da fase S

e G2/M. Estes resultados indicam um bloqueio do ciclo celular na fase

G0/G1.

Após 4 h de ensaio, o efeito verificado para a actuação do extracto EBS e HT

(aumento da fase G1) é diferente do observado para o RSEV. Ao final deste

tempo de ensaio, a actuação do RSEV foi acompanhada de um aumento da

fase S em vez de aumento na fase G1, indicando que este extracto induziu

as células a entrar nesta fase de replicação. Este facto foi já referido para o

Resveratrol, que posteriormente inibe a progressão das células na fase S,

inibindo a síntese do ADN. (81)

Observando o efeito deste extracto ao final das 24 h, verificou-se uma

diminuição acentuada das fases S e G2/M e consequente aumento das

células presentes na fase G1. Por sua vez, a actuação do extracto EBS e HT

durante esse tempo reflecte-se novamente num aumento da fase G1, embora

as percentagens de células presentes nesta fase tenha sido inferior à atingida

pelo contacto com o RSEV.

Observando o gráfico que se encontra no Anexo H, e que apresenta a

contagem efectuada das células ao longo do tempo de ensaio, constata-se

que o RSEV tal como o HT, ao final das 4 h de ensaio reduziu, de forma mais

significativa, o número de células vivas.

Ao final das 48 h de ensaio, o bloqueio do ciclo celular na fase G0/G1

provocado pelo RSEV e EBS é ainda mais notório, existindo maior

percentagem de células estagnadas nesta fase – dependência do tempo de

exposição. Contudo, ao avaliar o número de células, observou-se que a

diminuição não foi tão acentuada como o ocorrido para as 4 h, sugerindo uma

recuperação da actividade normal das células ao longo do tempo. Esse facto

pode estar relacionado com o consumo de algum dos compostos

Page 119: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 114 -

constituintes dos extractos, diminuindo o bloqueio de algum mecanismo

relacionado com a alteração da distribuição do ciclo celular.

Dependência da concentração

De forma a avaliar a influência da concentração testada, realizou-se um

ensaio com EBS com 70 μM de HT durante 24 h (Figura 2.34). Os resultados

obtidos demonstraram uma tendência para a actividade exercida ser

dependente da dose, dado que o aumento da percentagem de células

estagnadas na fase G1 aumentou quando tratadas com EBS 70 μM. Em

simultâneo, a fase S decresceu mais rapidamente quando as células

estiveram em contacto com a concentração mais elevada, evidenciando o

efeito verificado para a concentração 35 μM ao fim de 48 h (redução total da

fase S).

Influência da composição dos extractos

A diferença observada para o ensaio de 4 h, entre o RSEV e o EBS, pode

estar relacionado com a diferença de composição dos extractos bioactivos.

Como já referido anteriormente, ao longo deste capítulo, na composição do

RSEV existiam compostos de maior peso molecular, existentes também eles,

mas em concentrações mais reduzidas, no azeite. Extractos polifenólicos de

azeite demonstraram actuar na distribuição do ciclo celular, mas, ao contrário

do observado com o hidroxitirosol, o ciclo é bloqueado na fase G2/M. (71)

Assim, e tal como com o sucedido com o resveratrol, pode existir algum

composto que ao actuar sob outros caminhos e metabolismos do ciclo

celular, diferentes dos mecanismos de acção do hidroxitirosol, modifique a

resposta celular.

Page 120: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 115 -

Mecanismo

O bloqueio do ciclo celular na fase G0/G1 pelo hidroxitirosol puro já foi

demonstrado em trabalhos publicados anteriormente. (71,78) Tendo em conta

que o HT é o composto em maior concentração nos dois extractos testados.,

os resultados obtidos neste trabalho são concordantes com os da literatura.

O bloqueio da distribuição celular na fase G0/G1 é normalmente regulado

pelo checkpoint G1/S quando são detectados danos no ADN, sendo, por isso,

considerado como crucial para o processo de carcinogenesis.

Quando as células se encontram no seu estado normal, este bloqueio do

ciclo na fase G1 efectua-se através da proteína p53. A proteína p53 é

específica do ciclo celular, tornando-se activa em determinadas situações,

actuando assim em alvos transcripticionais que vão inibir as cicloquinases

dependentes (CDK), bloqueando o ciclo na fase G0/G1. No entanto, nas

células testadas, as HT29, apresentam uma mutação a nível desta proteína,

não sendo através deste caminho que a retenção na fase G0/G1 pode

ocorrer. (87) Um outro mecanismo de actuação pode ser sugerido através do

bloqueio de mensageiros que não as CDK’s dependentes do metabolismo da

p53. Existem espécies reactivas de oxigénio (ROS), essenciais no processo

de carcinogenesis, que actuam como segundos mensageiros na transdução

do sinal mitótico de certas citoquinas e factores de crescimento. (88,89) É aqui

que os antioxidantes podem actuar, ao resgatarem essas ROS, sendo este

um dos possíveis mecanismos de actuação sugerido para os resultados

obtidos tanto do EBS como do RSEV.

 

 

2.3.2 Ensaios em Microorganismos(90) 

Doenças do foro gastro-intestinal, devido à ingestão de alimentos

contaminados com bactérias patogénicas, são hoje em dia um problema de

saúde pública.

Em todo o mundo tem-se verificado um esforço conjunto para minimizar o

uso de conservantes químicos na indústria alimentar, devido à preocupação

Page 121: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 116 -

crescente dos consumidores em seleccionar o que é “natural” procurando

cada vez mais produtos considerados saudáveis. Consequentemente,

assiste-se a um aumento por parte da comunidade científica em tentar

desenvolver e encontrar extractos naturais com actividade antimicrobiana, de

forma a poderem ser utilizados como bioconservantes.

A actividade antimicrobiana de vários extractos de plantas e produtos

naturais tem sido, ao longo desta última década, alvo de estudo, (91,92)

nomeadamente a avaliação da actividade antibacteriana contra Bacills

megaterium, de extractos obtidos a partir de resíduos da extracção de

azeite.(93)

O trabalho apresentado neste sub-capítulo, reúne a avaliação da

potencialidade como agente bioconservante contra espécies patogénicas

características de contaminações alimentares, de um dos extractos naturais

obtido pelo processo integrado de tecnologias limpas anteriormente descrito,

o EBH.

Avaliaram-se cinco diferentes estirpes de microorganismos (Escherichia coli,

Salmonella poona, Bacillus cereus, Saccharomyces cerevisiae e Candida

albicans). Como comparação da actividade antimicrobiana, testaram-se, em

simultâneo, dois compostos fenólicos puros: hidroxitirosol e a oleuropeína.

Das espécies de microorganismos escolhidas, os B.cereus são as bactérias

Gram-positivas mais comumente associadas a dois tipos de doença do foro

gástrico: a diarreia e a síndrome emética.

As bactérias Gram-negativas estão representadas pela E.coli e S.poona.

A E.coli encontra-se normalmente na flora intestinal humana, no entanto,

existe uma espécie patogénica (enterohaemorrhagic) responsável por grande

parte das intoxicações alimentares. (92) A sua infecção pode provocar diarreia

intensa, podendo ser fatal. Por sua vez, a Salmonella é reportada como

sendo a responsável por grande parte das gastroenterites comuns e doenças

similares, por todo o mundo.

Por outro lado, a contaminação dos alimentos por leveduras como a

S.cerevisiae e C.albicans são bastante comuns, sendo agentes causadores

de micoses oportunistas e infecções na mucosa oral, respectivamente. (92)

Page 122: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 117 -

Escolheu-se o hidroxitirosol como composto fenólico padrão devido ao

elevado teor deste composto presente no extracto estudado, EBH. Como

composto de referência seleccionou-se a oleuropeína, dado que a sua

actividade antimicrobiana contra diversos agentes patogénicos tinha sido já

reportada na literatura.

Espécies de Microorganismos Todas as estirpes de bactérias avaliadas (Escherichia coli C7085L,

Salmonella poona C6009L e Bacillus cereus C1220) e as leveduras

(Saccharomyces cerevisiae C8201L e Candida albicans C1503L), foram

recuperadas a partir de culti-loops comerciais da Oxoid (Hampshire,

Inglaterra).

Meios de Cultura e Inóculos As culturas de bactérias foram mantidas em dois tipos de meio, meio Mueller-

Hinton (MH) (Biokar Diagnostic, França) e meio Nutritivo (CN). O meio

Nutritivo foi preparado com Bacto Tryptone (BD, Sparks,USA), extracto de

carne seca (Merck KGaA, Darmstadt, Alemanha) e cloreto de sódio (Panreac,

Química SA, Barcelona, Espanha). As leveduras cresceram em meio de

dextrose de batata (PDB) (Merck KGaA, Darmstadt, Alemanha) e em sumo

de maçã comercial.

Cada estirpe de microorganismo foi ressuspendida em 5 mL de meio, as

bactérias Gram(-) foram de seguida incubadas durante a noite a 37 ºC, os

B.cereus a 30 ºC e as leveduras a 25 ºC.

O crescimento e desenvolvimento das culturas foram controlados pela

medida da turbidez a 620 nm, a fim de se obter um inóculo de 108cfu/ml.

Ensaio Antimicrobiano

Utilizou-se uma adaptação ao método fotométrico em placas(94) para realizar

os ensaios de actividade antimicrobiana do extracto e compostos padrão.

Utilizaram-se placas de 96 poços, onde, em cada poço, se adicionou meio de

Page 123: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 118 -

crescimento (10 e103cfu/ml) e 100 μL de várias concentrações de extracto ou

compostos puros. Nos poços de controlo, colocou-se 100 μL de meio de

crescimento em vez de extracto ou compostos puros. O ensaio foi realizado,

para as bactérias, em meio MH e CN e, para as leveduras, em PDB e em

sumo de maçã comercial. As placas foram de seguida incubadas a condições

específicas para cada microorganismo (37 ºC para as bactérias Gram(-),

30 ºC para B.cereus e 25 ºC para as leveduras). A diferentes tempos de

incubação (18, 24, 48 e 72h), as placas foram agitadas e a absorvância

medida a 620 nm. Os resultados apresentados são a média correspondente a

(n=3) experiências sendo o erro associado <5 %.

Os resultados estão representados abaixo, nas Figuras 2.35 e 2.36.

Figura 2.35 Actividade antibacteriana do extracto bioactivo EBH e dos compostos padrão

hidroxitirosol (HT) e oleuropeina (OL) no crescimento às 18 h das bactérias E. coli, B. cereus e S.

poona em meio Muller Hinton (MH) e meio nutritivo (CN). Os resultados são a diferença entre a

absorvância medida às 18 h e às 0 h.

0

0,5

1

1,5

Abs

(620

nm)

Controlo 25 50 75 25 50 75 250 500 700

0

0,1

0,2

0,3

0,4

Abs

(620

nm)

Controlo 25 50 75 25 50 75 250 500 700

E.coli

B. cereus

0

0,5

1

1,5

Abs

(620

nm)

Controlo 25 50 75 25 50 75 250 500 700

10 cfu/ml CN 10 cfu/ml MH 10 3̂ cfu/ml CN 10 3̂ cfu/ml M

S. poona

EBHEBH((mgmgHTHT/L)/L)

HTHT(mg/L)(mg/L)

OLOL(mg/L)(mg/L)

0

0,5

1

1,5

Abs

(620

nm)

Controlo 25 50 75 25 50 75 250 500 700

0

0,1

0,2

0,3

0,4

Abs

(620

nm)

Controlo 25 50 75 25 50 75 250 500 700

E.coli

B. cereus

0

0,5

1

1,5

Abs

(620

nm)

Controlo 25 50 75 25 50 75 250 500 700

10 cfu/ml CN 10 cfu/ml MH 10 3̂ cfu/ml CN 10 3̂ cfu/ml M

S. poona

EBHEBH((mgmgHTHT/L)/L)

HTHT(mg/L)(mg/L)

OLOL(mg/L)(mg/L)

0

0,5

1

1,5

Abs

(620

nm)

Controlo 25 50 75 25 50 75 250 500 700

0

0,1

0,2

0,3

0,4

Abs

(620

nm)

Controlo 25 50 75 25 50 75 250 500 700

E.coli

B. cereus

0

0,5

1

1,5

Abs

(620

nm)

Controlo 25 50 75 25 50 75 250 500 700

10 cfu/ml CN 10 cfu/ml MH 10 3̂ cfu/ml CN 10 3̂ cfu/ml M

S. poona

EBHEBH((mgmgHTHT/L)/L)

HTHT(mg/L)(mg/L)

OLOL(mg/L)(mg/L)

Page 124: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 119 -

Figura 2.36 Actividade anti-leveduras do extracto bioactivo EBH e dos compostos padrão

hidroxitirosol (HT) e oleuropeina (OL) no crescimento às 18h da C. albicans e da S. cerevisiae

em meio de dextrose de batata (PDB) e em sumo de maçã comercial. O inoculo de levedura

utilizado foi de 106cfu/ml. Os resultados são a diferença entre a absorvância medida às 18 h e às

0 h.

Actividade Antibacteriana

Como referido anteriormente, em ordem a verificar se o meio de cultura é um

factor importante para a actividade antimicrobiana do extracto natural e

compostos padrão, realizou-se o ensaio de crescimento bacteriano em dois

tipos diferentes de meio: o meio MH e o CN. Os resultados apresentam-se na

Figura 2.35.

0

0,5

1

1,5

Controlo 25 50 75 25 50 75 250 500 700

Sumo MaçaPDB

0

0,5

1

1,5

Controlo 25 50 75 25 50 75 250 500 700

Sumo MaçaPDB

Candida albicans

S. cerevisae

Abs

18h-

Abs

0h(6

20nm

)Ab

s 18h

-Abs

0h(6

20nm

)

((mgmgHTHT/L)/L)EBHEBH

(mg/L)(mg/L)HTHT

(mg/L)(mg/L)OLOL

(mg/L)(mg/L)HTHT

(mg/L)(mg/L)OLOL

((mgmgHTHT/L)/L)EBHEBH

(mg/L)(mg/L)HTHT

(mg/L)(mg/L)OLOL

(mg/L)(mg/L)HTHT

(mg/L)(mg/L)OLOL

0

0,5

1

1,5

Controlo 25 50 75 25 50 75 250 500 700

Sumo MaçaPDB

0

0,5

1

1,5

Controlo 25 50 75 25 50 75 250 500 700

Sumo MaçaPDB

Candida albicans

S. cerevisae

Abs

18h-

Abs

0h(6

20nm

)Ab

s 18h

-Abs

0h(6

20nm

)

((mgmgHTHT/L)/L)EBHEBH

(mg/L)(mg/L)HTHT

(mg/L)(mg/L)OLOL

(mg/L)(mg/L)HTHT

(mg/L)(mg/L)OLOL

((mgmgHTHT/L)/L)EBHEBH

(mg/L)(mg/L)HTHT

(mg/L)(mg/L)OLOL

(mg/L)(mg/L)HTHT

(mg/L)(mg/L)OLOL

Page 125: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 120 -

Considerando os resultados obtidos para o controlo (crescimento de

bactérias só em meio MH e CN sem adição de extracto e de HT e OL), a

dependência da composição do meio de cultura no crescimento bacteriano é

evidente. Todas as estirpes de bactérias estudadas mostraram um

crescimento mais rápido no meio mais nutritivo, o MH. No entanto, o

comportamento antimicrobiano do EBH e do HT no crescimento das estirpes

Gram (-) não é alterado. Tanto para a E. Coli, como para a S. Poona, o EBH

e o HT não apresentam, em nenhuma situação, nenhum tipo de efeito sobre

o seu crescimento, enquanto para a OL, a inibição verificada para o

crescimento bacteriano no meio MH é também verificada no meio CN.

Quando se analisam os resultados para os B. cereus, a composição do meio

de crescimento influência claramente a resposta antimicrobiana das soluções

testadas. No meio mais nutritivo, a actividade antimicrobiana é nula para o

EBH, HT e OL.

Analisando só os resultados obtidos para o crescimento bacteriano no meio

menos nutritivo (CN), verificou-se que o extracto natural EBS, o HT e a OL

apresentaram uma actividade antimicrobiana mais baixa perante as bactérias

Gram(-), E. coli e S. poona do que as bactérias Gram(+) B.cereus (Figura

2.35), sugerindo que as bactérias Gram(-) são mais resistentes aos

polifenóis, como o HT e a OL. Esta observação já tinha sido reportada para a

actividade antimicrobiana das águas ruças provenientes de um processo

descontínuo de extracção de azeite.(95) Este facto pode estar relacionado

com as diferenças existentes na parede celular das bactérias, dado que as

bactérias Gram(+) possuem uma parede celular com uma estrutura menos

complexa, tornando-a, por isso, mais permeável aos compostos

antimicrobianos.

Verifica-se uma melhor capacidade de inibição do crescimento das bactérias

Gram(+) por parte da OL, composto que não faz parte da composição do

EBH, sendo a actuação do extracto muito semelhante à do HT nas mesmas

concentrações.

Contudo, no caso do B. cereus, o extracto para a concentração testada mais

reduzida provoca inibição total do crescimento, enquanto o mesmo não se

verifica para o composto puro testado na mesma concentração. Este

Page 126: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 121 -

resultado indica a presença de outros compostos no extracto que actuam em

sinergia, melhorando a actividade do extracto.

Efeito do EBH, HT e OL no crescimento das leveduras

A actividade antimicrobiana contra duas estirpes de leveduras, S.cerevisiae e

C.albicans, foi também testada. Neste ensaio, as duas leveduras cresceram

separadamente, durante 18 h em meio PDB com várias concentrações

adicionadas individualmente de EBH, HT e OL. O crescimento das leveduras

somente em meio de cultura foi utilizado como controlo. Os resultados

(Figura 2.36) revelam que o extracto EBH é o mais activo na inibição do

crescimento destas estirpes. O EBH exibe dependência da dose na inibição

do crescimento das leveduras, sendo esta praticamente total para as duas

concentrações mais elevadas testadas. O HT, nas mesmas concentrações,

não apresenta o mesmo efeito, reforçando a hipótese de sinergias positivas

resultantes da combinação de diferentes compostos fenólicos no extracto

natural. A OL não apresenta inibição no crescimento das duas estirpes

estudadas.

Tendo em conta os dados apresentados e considerando que as leveduras

são os principais responsáveis pelas contaminações de sumo de fruta,

efectuou-se o mesmo ensaio utilizando como meio de crescimento sumo

comercial de maçã.

Os resultados obtidos no controlo experimental levam a concluir que o

crescimento das leveduras é mais lento no sumo de maçã do que no meio de

cultura anteriormente testado. Este facto relaciona-se com a diferença de

composição e do pH do meio, pois o pH do meio PDB é igual a sete e o do

sumo é igual a quatro.

Não obstante, a actividade do EBH continuou a ser dependente da

concentração testada, sendo contudo mais efectiva do que no meio PDB.

No geral, o EBH apresenta evidente actividade antimicrobiana dependente da

dose, sendo esta, no entanto, mais especifica para bactérias Gram(-) e para

Page 127: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 122 -

leveduras. A acção do composto puro HT apresenta a mesma especificidade

do EBH, sendo a sua acção menos efectiva do que a do extracto natural.

Este facto sugere-nos duas situações (já referidas anteriormente noutros

ensaios realizados):

i) Sinergia positiva resultante dos compostos constituintes do EBH,

resultando num reforço da resposta;

ii) Presença de outros compostos no extracto com actividade antimicrobiana.

Dos resultados apresentados anteriormente, conclui-se que o EBH tem

potencial para ser desenvolvido como conservante natural para a indústria

alimentar.

Page 128: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 123 -

2.4 Conclusões

A utilização de concentrados naturais como ingredientes activos

(Bioprodutos) fundamentais na formulação de alimentos funcionais e/ou

nutracêuticos é, hoje em dia, uma área de investigação em evidente

crescimento. (96) Associada à preocupação, cada vez mais evidente dos

consumidores, por alimentos mais saudáveis e essencialmente baixos em

teor de gorduras, a indústria alimentar tem reunido esforços no sentido de

procurar encontrar formulações de óleos de maior valor nutricional, com

benefícios específicos no bem-estar e saúde de quem os consome .

A adição de extractos ricos em compostos específicos do azeite a um óleo

alimentar é interessante, quer do ponto de vista de aumento de estabilidade

do produto, quer do ponto de vista de potenciais alegações de saúde

associadas. Os extractos seleccionados para o estudo eram aquosos,

necessitando de adjuvantes que facilitassem a sua incorporação numa matriz

lipídica. Neste sentido, realizaram-se estudos de incorporação através de três

métodos distintos, evidenciando-se de entre os três métodos estudados, o

método por encapsulação dos extractos em sistemas de base lipídica,

recorrendo a tecnologia supercrítica.

A viabilidade de formulação de óleos funcionalizados com extractos ricos em

compostos da azeitona depende principalmente de três factores essenciais:

i) da forma de incorporação dos mesmos nos óleos vegetais;

ii) das propriedades e características dos extractos selecionados;

iii) da existência de extractos em quantidades necessárias a preços

acessiveis.

A avaliação exaustiva das propriedades antioxidantes e actividades

biológicas dos extractos seleccionados para a formulação de óleos funcionais

foi essencial para decidir as quantidades necessárias de concentrados

activos a utilizar na incorporação, bem como quais as características que se

poderiam atribuir ao novo óleo funcional.

Page 129: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 124 -

A integração de tecnologias limpas, para processamento de resíduos

resultantes da extracção de azeite, têm como resultado a obtenção de

extractos com composições singulares aos quais se podem atribuir potenciais

actividades biológicas.

Através dos ensaios realizados, foi possível concluir que isolar determinados

compostos fenólicos a partir de uma matriz vegetal, isolando-os do seu meio,

diminuiu as suas características comos antioxidantes, diminuindo também as

resultantes propriedades biológicas. Exemplo disso, e tendo em conta a

concentração em HT, composto alvo nos estudos realizados, foi o facto de os

resultados de capacidade antioxidante e actividade biológica não serem mais

favoráveis para o extracto mais rico em HT, cuja composição em termos de

polifenóis, era a menos complexa.

A complexidade da matriz nem sempre é uma vantagem, pois a presença de

determinados polifenóis polimerizados, de maior peso molecular e de outros

compostos não fenólicos (como por exemplo metais), pode impedir

compostos mais simples como o HT de agir, inibindo a sua acção.

É, por isso, uma tarefa difícil balançar a presença de compostos constituintes

da matriz vegetal que possam exercer, entre si, sinergias que potenciam as

propriedades antioxidantes e biológicas dos extractos. Na tentativa de

seleccionar quais os compostos fenólicos em maior concentração nos

extractos finais, foram realizados estudos de pré-tratamento das matérias

primas utilizadas. Verificou-se o aumento dos compostos alvo nos dois tipos

de tratamento efectuados, sendo ambos mais efectivos quando aplicados à

matriz húmida resultante do processo em descontínuo da extracção de

azeite. Deste estudo, evidenciou-se principalmente a potencialidade de

manter a materia-prima em atmosfera de CO2 pressurizado, onde se

associou, a uma maior estabilidade da matriz, a possibilidade de conversão

de polifenóis de maior peso molecular em HT. A estabilidade da matriz é

melhorada por se encontrar num ambiente não favorável à oxidação e à

presença de microorganismos aeróbios, sendo este passo fundamental para

se manter as características dos extractos bioactivos finais.

Da avaliação das características e propriedades antioxidantes dos extractos

seleccionados, todos eles apresentaram capacidade antioxidante perante

diferentes espécies de radicais livres. Contudo, a especificidade da

Page 130: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 125 -

capacidade antioxidante variou consoante a composição singular de cada

extracto, obtendo-se, por isso, respostas distintas nos estudos de actividade

biológica efectuados. Os extractos avaliados apresentaram capacidade de

inibição da proliferação de duas linhas distintas de células cancerígenas,

evidenciando a sua acção no ciclo de vida celular, influênciando, assim, o

processo de carcinogenesis.

Na globalidade, pode-se concluir que os extractos obtidos a partir deste tipo

de matrizes e ricos em HT apresentam capacidades antioxidantes relevantes,

com potencialidade de prevenção de doenças relacionadas com o stress

oxidativo induzido pela exposição celular aos radicais livres, como diversos

tipos de cancro, aterosclerose e doenças cardiovasculares.

Hoje em dia, é crescente a procura por este tipo de extractos bioactivos

derivados da azeitona, para formulação de alimentos funcionais, existindo,

para tal procura, poucos fornecedores e produtores mundiais. Este facto,

associado ao carácter natural e às tecnologias específicas necessárias para

os processar, tornam a cotação comercial destes produtos bastante elevada,

sendo, por isso, pouco acessíveis a determinadas áreas da indústria

alimentar, devido ao incremento não comportável no custo de produção do

novo alimento funcional.

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Capitulo 2 

- 126 -

2.5 Referências (1) Francesco Visioli, A.P., Claudio Gall,, Antioxidant and Other Biological Activities of Phenols from Olives and Olive Oil, Medicinal Research Reviews, 2002, 22, 65-75. (2) Francesco Visioli, C.G., Giovanni Galli, Donatella Caruso,, Biological Activities and Metabolic Fate of Olive Oil Phenols, European Journal of Lipid Science and Technology, 2002, 104, 677-684. (3) Owen, R.W., Giacosa, A., Hull, W.E., Haubner, R., Würtele, G., Spiegelhalder, B. and Bartsch, H., Olive-Oil Consumption and Health: The Possible Role of Antioxidants, The Lancet Oncology, 2000, 1, 107-112. (4) Montserrat Fitó, R.d.l.T., María-Isabel Covas,, Olive Oil and Oxidative Stress, Molecular Nutrition & Food Research, 2007, 51, 1215-1224. (5) E. Gimeno, A.I.C., R. M. Lamuela-Raventós, M. C. de la and Torre, M.C.L.-S., The Effect of Harvest and Extraction Methods on the Antioxidant Content (Phenolics, Atocopherol, and B-Carotene) in Virgin Olive Oil., Food Chem., 2002, 78, 207-211. (6) Gomez-Rico, A., Salvador, M.D., La Greca, M. and Fregapane, G., Phenolic and Volatile Compounds of Extra Virgin Olive Oil (Olea Europaea L. Cv. Cornicabra) with Regard to Fruit Ripening and Irrigation Management, Journal of Agricultural and Food Chemistry, 2006, 54, 7130-7136. (7) Morello, J.-R., Vuorela, S., Romero, M.-P., Motilva, M.-J. and Heinonen, M., Antioxidant Activity of Olive Pulp and Olive Oil Phenolic Compounds of the Arbequina Cultivar, J. Agric. Food Chem., 2005, 53, 2002-2008. (8) Rodis, P.S., Karathanos, V.T. and Mantzavinou, A., Partitioning of Olive Oil Antioxidants between Oil and Water Phases, J. Agric. Food Chem., 2002, 50, 596-601. (9) Mulinacci, N., Romani, A., Galardi, C., Pinelli, P., Giaccherini, C. and Vincieri, F.F., Polyphenolic Content in Olive Oil Waste Waters and Related Olive Samples, J. Agric. Food Chem., 2001, 49, 3509-3514. (10) Susana M Cardoso, Sylvain Guyot, Nathalie Marnet, José A Lopes-da-Silva, Catherine MGC Renard and Manuel A Coimbra, Characterisation of Phenolic Extracts from Olive Pulp and Olive Pomace by Electrospray Mass Spectrometry, Journal of the Science of Food and Agriculture, 2005, 85, 21-32. (11) Manna, C., Della Ragione, F., Cucciolla, V., Borriello, A., D'Angelo, S., Galletti, P. and Zappia, V., Biological Effects of Hydroxytyrosol, a Polyphenol from Olive Oil Endowed with Antioxidant Activity, Adv Exp Med Biol, 1999, 472, 115-30. (12) D'Angelo, S. et al., Hydroxytyrosol, a Natural Antioxidant from Olive Oil, Prevents Protein Damage Induced by Long-Wave Ultraviolet Radiation in Melanoma Cells, Free Radic Biol Med, 2005, 38, 908-19. (13) Aparicio, R., Roda, L., Albi, M.A. and Gutierrez, F., Effect of Various Compounds on Virgin Olive Oil Stability Measured by Rancimat, J. Agric. Food Chem., 1999, 47, 4150-4155. (14) Bendini, A., Cerretani, L., Carrasco-Pancorbo, A., Gomez-Caravaca, A.M., Segura-Carretero, A., Fernandez-Gutierrez, A. and Lercker, G., Phenolic Molecules in Virgin Olive Oils: A Survey of Their Sensory Properties, Health Effects, Antioxidant Activity and Analytical Methods. An Overview of the Last Decade, Molecules, 2007, 12, 1679-1719. (15) Hrncirik, K. and Fritsche, S., Relation between the Endogenous Antioxidant System and the Quality of Extra Virgin Olive Oil under Accelerated Storage Conditions, J. Agric. Food Chem., 2005, 53, 2103-2110. (16) Carrasco-Pancorbo, A., Cerretani, L., Bendini, A., Segura-Carretero, A., Lercker, G. and Fernandez-Gutierrez, A., Evaluation of the Influence of Thermal Oxidation on the Phenolic Composition and on the Antioxidant Activity of Extra-Virgin Olive Oils, Journal of Agricultural and Food Chemistry, 2007, 55, 4771-4780. (17) Schieber, A., Stintzing, F.C. and Carle, R., By-Products of Plant Food Processing as a Source of Functional Compounds -- Recent Developments, Trends in Food Science & Technology, 2001, 12, 401-413. (18) Obied, H.K., Allen, M.S., Bedgood, D.R., Prenzler, P.D., Robards, K. and Stockmann, R., Bioactivity and Analysis of Biophenols Recovered from Olive Mill Waste, J. Agric. Food Chem., 2005, 53, 823-837.

Page 132: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 127 -

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Capitulo 2 

- 128 -

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Capítulo 2 

- 129 -

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Capitulo 2 

- 130 -

(84) Manna, C., Galletti, P., Cucciolla, V., Moltedo, O., Leone, A. and Zappia, V., The Protective Effect of the Olive Oil Polyphenol (3,4-Dihydroxyphenyl)-Ethanol Counteracts Reactive Oxygen Metabolite-Induced Cytotoxicity in Caco-2 Cells, J Nutr, 1997, 127, 286-92. (85) Fabiani, R., De Bartolomeo, A., Rosignoli, P., Servili, M., Montedoro, G.F. and Morozzi, G., Cancer Chemoprevention by Hydroxytyrosol Isolated from Virgin Olive Oil through G1 Cell Cycle Arrest and Apoptosis, Eur J Cancer Prev, 2002, 11, 351-8. (86) Matito, C., Mastorakou, F., Centelles, J.J., Torres, J.L. and Cascante, M., Antiproliferative Effect of Antioxidant Polyphenols from Grape in Murine Hepa-1c1c7, Eur J Nutr, 2003, 42, 43-9. (87) Sherr, C.J. and Roberts, J.M., Cdk Inhibitors: Positive and Negative Regulators of G1 Phase Progression., Genes Dev., 1999, 13, 1501-1512. (88) Irani, K. et al., Mitogenic Signaling Mediated by Oxidants in Ras-Transformed Fibroblasts 10.1126/Science.275.5306.1649, Science, 1997, 275, 1649-1652. (89) Sundaresan, M., Yu, Z.-X., Ferrans, V.J., Irani, K. and Finkel, T., Requirement for Generation of H(2)O(2) for Platelet-Derived Growth Factor Signal Tran Sduction 10.1126/Science.270.5234.296, Science, 1995, 270, 296-299. (90) Serra, A.T. et al., In Vitro Evaluation of Olive- and Grape-Based Natural Extracts as Potential Preservatives for Food, Innovative Food Science and Emerging Technologies, 2007. (91) Pereira, A.P. et al., Phenolic Compounds and Antimicrobial Activity of Olive (Olea Europaea L. Cv. Cobrancosa) Leaves, Molecules, 2007, 12, 1153-1162. (92) Rauha, J.-P. et al., Antimicrobial Effects of Finnish Plant Extracts Containing Flavonoids and Other Phenolic Compounds, International Journal of Food Microbiology, 2000, 56, 3-12. (93) Rodriguez, M.M., A. Ramos-Cormenzana, J. and Martinez, P.J., Effect of Extracts Obtained from Olive Oil Mill Waste Waters on Bacillus Megaterium Atcc 33085, Journal of Applied Microbiology, 1988, 64, 219-226. (94) Devienne, K.F. and Roddi, M.S.R., Screening for Antimicrobial Activity of Natural Products Using a Microplate Photometer., Brazilian Journal of Microbiology, 2002, 33, 166-168. (95) Moreno, E., Quevedo-Sarmiento, J., Ramos-Cormenzana, A. in: Encyclopedia of Evironmental Control Technology,(1989) Vol. (Cheremisoff, P.N., Ed.) Gulf Publishing: Houston, TX. (96) Fki, I., Allouche, N. and Sayadi, S., The Use of Polyphenolic Extract, Purified Hydroxytyrosol and 3,4-Dihydroxyphenyl Acetic Acid from Olive Mill Wastewater for the Satbilization of Refined Oil: A Potential Alternative to Synthetic Antioxidants., Food Chemistry, 2005, 93, 197-204.

Page 136: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

- 131 -

Once maligned, fats and oils are now viewed as healthful dietary components. In Nutraingredients.com

 

Neste capítulo são abordados trabalhos de I&D que tiveram como principal

objectivo avaliar diferentes alternativas de funcionalização de óleos

alimentares. Os dois sub-capítulos, que compõe este capítulo 3, reportam

objectivos distintos de funcionalização de óleos alimentares, sendo ambos,

resultado da ambição constante da indústria parceira e financiadora deste

projecto, na melhoria contínua do produto final, desde a linha de produção ao

seu processo de utilização pelos consumidores.

3.1 Introdução Os óleos alimentares contêm naturalmente na sua composição antioxidantes,

como por exemplo os tocoferóis, cuja função é prevenir a oxidação dos

ácidos gordos instaurados. (1) No entanto, ao longo da vida do produto ou

durante o seu aquecimento (temperaturas de fritura), os compostos

3 – Óleos Funcionais – Propostas de soluções

Page 137: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 3 

- 132 -

antioxidantes degradam-se deixando de actuar na protecção à oxidação

lipídica.(2)

A fritura por imersão é um processo extremamente complexo cujo

desempenho determina o produto final: cor dos alimentos, aspecto, sabor e

textura. A estabilidade do produto final depende assim da resistência do óleo

vegetal à oxidação, durante o processo de fritura. (3)

Existem várias formas de aumentar naturalmente a estabilidade oxidativa dos

óleos de fritura, nomeadamente formular misturas de óleos ricos em ácidos

gordos monoinsaturados (MUFAs) e polinsaturados (PUFAs) com óleos com

elevado teor de ácidos gordos saturados. (3) No entanto, as gorduras

saturadas, apesar de estáveis à oxidação têm um forte impacto na saúde,

estando o seu consumo regular associado a doenças tais como doenças

cardiovasculares e diabetes tipo II, forçando a indústria a procurar

alternativas. (4,5)

Hoje em dia, a formulação de uma boa gordura vegetal tem por objectivo

combinar um perfil lipídico mais saudável com uma estabilidade oxidativa

mais elevada, com a preocupação de colocar no mercado óleos mais

estáveis que mantenham as suas propriedades e características nutritivas

durante o seu tempo de vida em prateleira e processos de utilização. (6) Este

facto, torna emergente a procura de soluções para a instabilidade dos óleos

alimentares.

Em resposta a este desafio, os extractos de origem vegetal com propriedades

antioxidantes, são cada vez mais um recurso utilizado para o aumento da

estabilidade de óleos alimentares polinsaturados. As matérias-primas mais

procuradas para o desenvolvimento destes extractos de origem vegetal são

em muitos casos as que dão origem às próprias gorduras vegetais

insaturadas, mas conhecidas como sendo extremamente resistentes à

oxidação lipídica: o azeite, o óleo de sésamo e o óleo de arroz. (3,6-8)

Page 138: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 3 

- 133 -

3.2 Funcionalização de Óleo de Girassol através da adição de Partículas Bioactivas Partículas Bioactivas e Bioprodutos

O objectivo deste estudo foi avaliar a potencialidade da incorporação, em

óleos alimentares, de diferentes ingredientes activos (bioprodutos comerciais

e não comerciais) encapsulados em partículas lipídicas (PL) formuladas

recorrendo a tecnologia supercrítica descrita no capítulo anterior, Capítulo 2.

No trabalho anterior, concluiu-se que a composição saturada dos adjuvantes

lipídicos utilizados na formulação da partículas (PL) potenciava o aumento da

estabilidade do óleo à oxidação.

Nesse sentido, seleccionou-se concentrados activos e compostos

antioxidantes com diferentes características, para utilizar na formulação das

PL, tendo como objectivo final avaliar a influência de cada sistema na:

• Resistência dos óleos formulados à oxidação lipídica, durante trinta

dias (simulando o tempo de armazenagem em casa dos

consumidores);

• Performance e estabilidade dos óleos formulados durante simulação

de processo de fritura doméstico.

A variação da temperatura é um factor condicionante na estabilidade dos

óleos alimentares, variando o tipo de reacções e interacções ocorridas num

processo de aquecimento de 20 ºC a 200 ºC. (9) Na Tabela 3.1, estão

sumarizadas as reacções e interacções que podem ocorrer num óleo

alimentar a determinados intervalos de temperatura, e quais os possíveis

inibidores efectivos para cada etapa.

Page 139: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 3 

- 134 -

Tabela 3.1 Reacções e Interacções ocorridas num óleo alimentar com a temperatura. (9)

Intervalo de

Tempera-turas

Reacção Iniciada

por Inibida

por

20-100ºC

Hidrólise Mecanismo:

Hidrólise

H2O

(dos

alimentos)

Adição de sivos moleculares,

Filtração

(remoção da H2O)

20-140ºC

Autooxidação Mecanismo:

Radicalar

O2,

Iões

Metálicos.

Compostos Fenólicos

Antioxidantes (AOX),

BHA, BHT, Galatos

α-Tocoferol

Anti-espuma

Anti-aglomerantes

120-200ºC

Polimerização Mecanismo:

Eliminação

Desidratação

Substituição

Nucleofílica

H+,

Vapor

água.

Sinergias entre AOX

Palmitato de ascorbilo (E304)

γ-Tocoferóis

Ácido Citrico

Ingredientes Naturais

Fitosteróis

Orizanol

Sesamolina

Esqualeno

Extracto Rosmaninho

Tendo em conta as possíveis reacções ocorridas com a variação da

temperatura, seleccionou-se os ingredientes activos (bioprodutos) para que a

as reacções fossem inibidas por algum dos compostos escolhidos. Os

bioprodutos seleccionados para realizar o estudo foram os seguintes:

• Fitosteróis vegetais, FV (concentrado comercial de diversos esteróis);

• Tocoferóis vegetais, Toc (concentrado comercial de α, β, γ -

tocoferol),

• Ácido Ascórbico (E300, Sigma, Espanha),

• Dimetil-polisiloxano, DMPS - E900 (Anti-espuma),

• Dióxido silicone (Aerosil 200, Degussa) (Anti-aglomerante)

• EBH, extracto bioactivo estudado no Capítulo 2, (rico em polifenóis,

nomeadamente hidroxitirosol).

Page 140: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 3 

- 135 -

Tabela 3.2 Via de actuação dos bioprodutos e compostos seleccionados.

Intervalo de

Temperaturas Reacção

Iniciada por

Inibida por

20-140ºC Autooxidação

O2,

Iões

Metálicos

.

EBH

Toc

DMPS

Aerosil 200

120-200ºC

Polimerização

Mecanismo:

Eliminação

Desidratação

Substituição

Nucleofílica

H+,

Vapor

água.

Sinergias entre AOX

Àcido Ascórbico (E300)

Toc

Ingredientes Naturais

FV (Fitosteróis)

Aerosil 200

O ácido ascórbico foi seleccionado, pois apesar de ser um composto

hidrofílico este foi adicionado ao óleo vegetal encapsulado nas PL, não tendo

sido assim necessário recorrer ao palmitato de ascorbilo. O palmitato de

ascorbilo (Ácido 6-palmitil-L-ascórbico, E304) é um éster do ácido ascórbico,

utilizado recorrentemente na indústria alimentar, muito utilizado para

formulações à base de gorduras vegetais. No entanto, a incorporação do

palmitato de ascorbilo a óleos vegetais, necessita de agitação vigorosa a

temperatura sempre superior a 60 ºC, não sendo imediata a sua

solubilização. A encapsulação de ácido ascórbico nas PL elimina os

problemas de solubilização verificados para o palmitato de ascorbilo,

protegendo em simultâneo o ácido ascórbico à oxidação e aumentando a sua

estabilidade.

Formulação das Partículas Bioactivas

O processo de produção das PL foi idêntico ao já descrito no Capítulo 2.

Utilizaram-se os mesmos adjuvantes lipídicos, o Precirol ato 5 e o Lumulse

GMS K na proporção mássica (50:50). As condições operatórias de pressão

e temperatura (P,T) foram 120 bar (12 MPa) e 50 ºC (325 K)

respectivamente.

Page 141: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 3 

- 136 -

As percentagens utilizadas de princípios activos variaram para cada estudo

realizado e encontram-se registadas, mais à frente, nas Tabelas 3.3 e 3.4.

Incorporação no Óleo Alimentar

A incorporação das diferentes PL + Bioproduto nos óleos alimentares

consistiu em adicionar 140 mg de cada sistema produzido, a 140 g de óleo

alimentar, perfazendo uma concentração de partículas de 1000 mg/kg de

óleo. A solubilização das partículas no óleo foi conseguida por agitação

manual, ocorrendo homogeneização total minutos depois.

As características sensoriais (cor, brilho e cheiro) não foram

significativamente alteradas.

3.2.1 Impacto Estabilidade Oxidativa – Tempo de vida do

Produto

Este estudo dividiu-se em duas partes distintas:

A) Influência e estudo de sinergias existentes após incorporação das PL

em óleo de Girassol

O principal objectivo deste trabalho consistiu em avaliar o impacto da adição

de ácido ascórbico na estabilidade oxidativa de óleo de girassol. Estudou-se

a importância do aumento da dose bem como possíveis sinergias existentes

com determinados micronutrientes (também constituintes do óleo de girassol)

importantes como inibidores de determinadas reacções de degradação,

nomeadamente, tocoferóis e fitosteróis. A influência da adição de um anti-

aglomerante foi também avaliada. Comparou-se a capacidade antioxidante

do ácido ascórbico com a do extracto rico em polifenóis da azeitona, quando

incorporados na mesma percentagem em relação aos adjuvantes.

Page 142: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 3 

- 137 -

B) Influência da adição de polifenóis característicos da azeitona na

estabilidade oxidativa de óleos alimentares.

O objectivo foi avaliar a influência dos biofenóis presentes nos extractos ricos

em HT, na inibição da degradação de óleo de girassol, comparando a

actuação do extracto bioactivo encapsulado nas PL com a actuação do

mesmo quando solubilizado directamente no óleo vegetal. A influência da

composição lipídica e de micronutrientes do óleo foi também avaliada.

Parte I

As composições das PL formuladas no âmbito deste estudo estão

sumarizadas na Tabela 3.3.

Tabela 3.3 Composições das Partículas Lipídicas testadas (%m/m Lípido). Controlo: só

adjuvantes lipídicos (PL).

PL Ácido Ascórbico Fitosteróis Tocoferóis

EBH Extracto Bioactivo

AEROSIL 200 (hidrofílico)

PLA 17 - - - -

PLB 17 - 2 - -

PLC 17 5 - - -

PLD 33 - - - -

PLE 17 5 - - 6

PLF - - - 15 -

As escolha das quantidades de cada composto ou bioproduto utilizadas na

produção das PL, teve por base limites permitidos por lei, a nível de

alegações de rotulagem (as dose diária recomendadas - DDR), e a nível de

aditivos alimentares para se cumprir sempre a legislação nacional e Europeia

(Directiva 95/2/EC). Foi tido em consideração, o impacto no preço no produto

final da adição das PL aos óleos alimentares.

Após incorporação das PL no óleo de girassol, cada amostra foi desarejada

utilizando azoto, colocada à temperatura ambiente e ao abrigo da luz, durante

30 dias.

Page 143: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 3 

- 138 -

Nestas condições, a oxidação lipídica é na sua maioria um mecanismo de

autooxidação, envolvendo a formação de espécies de radicais livres,

altamente instáveis, que iniciam reacções em cadeia radicalares. Os produtos

dessas reacções radicalares, são produtos da oxidação, importantes de

serem monitorizados no estudo da interferência de antioxidantes na inibição

do processo de degradação lipídica e consequente impacto no seu tempo de

vida.

Ao final de 20 e 30 dias, avaliou-se o grau da degradação dos óleos

preparados com as PL, através de testes de estabilidade em tempo real (10)

nos quais se quantificam os produtos da oxidação resultantes das várias

etapas das reacções radicalares – propagação (peróxidos) e terminação

(ácidos gordos livres, aldeídos e álcoois voláteis). (9)

A quantificação do índice de peróxidos (IP) foi determinada por titulação

iodométrica segundo a norma NP 3960 – Quantificação de Índice de

Peróxidos em gorduras vegetais (Anexo B), sendo os resultados expressos

em mEq O2/kgóleo ± DP. A acidez, quantificada através de titulação dos ácidos

gordos livres com uma solução etanólica de hidróxido de potássio e os

resultados expressos em % Ácido Oleico ± DP (%FFA), foi realizada de

acordo com a norma da AOCS Ca 5-a 40 (Anexo B). Ambos os ensaios

foram realizados em duplicado.

A produção de aldeídos e álcoois voláteis, responsáveis pelo característico

odor a ranço, foram indirectamente monitorizados através de um teste de

estabilidade acelerado, avaliando o tempo necessário (Tempo de Indução -

TI) para se atingir um “ponto crítico” do processo de oxidação radicalar, i.e. o

tempo em a fase de propagação da oxidação é iniciada. (10) O teste utilizado

para esta medição, foi o teste Rancimat descrito mais sucintamente no

Anexo B. (11-13) Os ensaios, realizados em triplicado, fazem passar uma

corrente de ar (20 mL/min) aquecido a 120 ºC por 3 g de amostra de cada

óleo, num Rancimat Methrom (modelo 679). Os resultados são expressos em

TI(h) ± DP e em Factor F (aumento em relação ao controlo). O óleo de

girassol, sem adição de nenhum ingrediente, foi utilizado como controlo

global. Como controlo para quantificação do incremento provocado pelas

partículas adicionadas, utilizou-se óleo de girassol com incorporação da

Page 144: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 3 

- 139 -

mesma concentração de partículas produzidas só com adjuvantes. Os

controlos foram preparados no mesmo dia das restantes amostras.

Os resultados obtidos estão representados graficamente na Figura 3.1.

Parte II

As composições estudadas neste trabalho estão sumarizadas na Tabela 3.4.

Tabela 3.4 Composições das diferentes formulações de óleos avaliadas.

As formulações que envolveram misturas de óleos (Girassol:milho) e

(girassol:girassol alto oleico), foram preparadas antes da adição do

compostos bioactivos. Dado o óleo de milho ser extremamente rico em

tocoferóis e o girassol alto oleico um óleo cujo teor em ácido oleico é

bastante superior ao comum óleo de girassol (~ 75 % vs 30 %), foi possível

através da adição de pequenas percentagens destes óleos ao óleo normal de

girassol avaliar quais as sinergias e a influência que estes diferentes

componentes têm na estabilidade à oxidação das formulações A, C e D.

Após preparação das amostras estas foram desarejadas com uma corrente

de azoto e colocadas à temperatura ambiente ao abrigo da luz, durante 30

dias.

Devido às actividades biofuncionais reconhecidas para os polifenóis

característicos da azeitona, a formulação de um óleo rico nestes compostos

tem potencialidade para se enquadrar simultaneamente numa vertente de

Formulação

ABCD

12ppm HT (PLF) + 0,5% Fitosterois48ppm HT (SD) + 0,5% Fitosterois

12ppm HT (PLF)48ppm HT (SD)

Composição

Óleo Formulação

A

BCDAC

DAC

DGira

ssol

:G

. Alto

O

leic

o

(80:

20)

Gira

ssol

Gira

ssol

:M

ilho

(8

0:20

)

Page 145: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 3 

- 140 -

produto mais estável e saúde. È possível assim, reclamar maior valor

nutricional para o produto final, como consequência da melhor qualidade do

óleo por diminuição da degradação lipídica e pela adição de compostos

bioactivos. Note-se porém que é necessário validar a bioactividade destes

compostos no novo meio onde se encontram – o óleo.

Avaliou-se, ao final de 30 dias, os segundos produtos da oxidação lipídica,

representativos do estado de deterioração lipídica, os ácidos gordos livres,

aldeídos e álcoois voláteis, através do teste de Rancimat (10). A quantificação

de ácidos gordos livres, expressos em % Ácido Oleico ± DP (%FFA),

representados na Figura 3.2, foram realizados em duplicado, e determinados

como referido para os ensaios da Parte I. O Tempo de Indução foi

determinado pelo teste de Rancimat, utilizando as mesmas condições de

ensaio descritas na Parte I. Os resultados, apresentados na Figura 3.3 são

expressos em em TI(h) ± DP e em Factor F (TIamostra/TI0). O óleo de girassol

sem nenhum ingrediente adicionado e aberto em simultâneo foi utilizado

como controlo.

Resultados & Discussão

Parte I

Avaliou-se a influência do ácido ascórbico encapsulado nas partículas

lipídicas (PLA), na resistência do óleo ao processo de autooxidação, bem

como possíveis efeitos sinérgicos deste composto com um concentrado de

tocoferóis natural (PLB), concentrado de fitosteróis vegetais natural (PLC) e

com um anti-aglomerante sintético (PLE). Comparou-se a actuação do ácido

ascórbico com a do extracto bioactivo EBH (PLF), quando encapsulado nas

PL em percentagens mássicas equivalentes (relativamente à massa de

lípido).

Os resultados obtidos para os vários parâmetros que definem o grau de

degradação estão representados na figura seguinte (Figura 3.1).

Page 146: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 3 

- 141 -

Figura 3.1 Resultados obtidos nos diferentes testes de estabilidade oxidativa para os vários

óleos formulados com partículas bioactivas: A- Ácidos Gordos Livres (%FFA); B- Valores de

Peróxidos (IP); C- Teste de Rancimat e valores de Factor F.

Observando os resultados obtidos, verifica-se que a formulação de PL só

com ácido ascórbico apresenta uma tendência, apesar de ligeira, na

protecção do óleo de girassol à autooxidação. No entanto, esta variação

parece não estar associada à quantidade presente de ácido ascórbico no

óleo, já que as mesmas variações se verificaram para a formulação que

contém as PL sem nenhum componente bioactivo. Analisando os resultados

referentes à formulação PLD (PL com o dobro da concentração em ácido

ascórbico) verifica-se que esta quantidade de composto já interfere no

processo de oxidação, diminuindo quer os primeiros produtos da fase de

propagação (peróxidos) como os da fase de terminação (ácidos gordos livres,

aldeídos e álcoois voláteis).

A formulação PLC demonstrou um efeito sinérgico positivo entre o ácido

ascórbico, fitosteróis e lípidos dos adjuvantes das partículas. Este efeito

0 1 2 3 4 5

Girassol

PLA

PLB

PLC

PLD

PLE

PLF

PL Controlo

TI (h)

1,15

1,121,24

1,15

1,07

1,07

0,99F

0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09

Girassol

PLA

PLB

PLC

PLD

PLE

PLF

PL Controlo

% Ácido Oleico

30 dias

20 dias

0 dias

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5

Girassol

PLA

PLB

PLC

PLD

PLE

PLF

PL Controlo

Peróxidos (mEqO2/kg)

A B

C

0 1 2 3 4 5

Girassol

PLA

PLB

PLC

PLD

PLE

PLF

PL Controlo

TI (h)

1,15

1,121,24

1,15

1,07

1,07

0,99F

0 1 2 3 4 5

Girassol

PLA

PLB

PLC

PLD

PLE

PLF

PL Controlo

TI (h)

1,15

1,121,24

1,15

1,07

1,07

0,99F

0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09

Girassol

PLA

PLB

PLC

PLD

PLE

PLF

PL Controlo

% Ácido Oleico

30 dias

20 dias

0 dias

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5

Girassol

PLA

PLB

PLC

PLD

PLE

PLF

PL Controlo

Peróxidos (mEqO2/kg)

A B

C

Page 147: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 3 

- 142 -

inibidor é mais acentuado nos segundos produtos da oxidação (gráfico A e

C), revelando que são mais eficazes na retardação da etapa de terminação

das reacções radicalares da oxidação lipídica. Quando a esta combinação de

componentes se adiciona um anti-aglomerante, o tempo de indução aumenta,

sendo o maior valor de factor F (TIamostra/TI0) atingido durante estes ensaios.

Este efeito é curioso, dado que se tem conhecimento de que este tipo de

compostos actua a nível da inibição da polimerização de triacilgliceróis que

ocorre principalmente durante um processo de temperatura elevado. (3,14)

O melhor resultado, foi obtido para a formulação de PL contendo o extracto

bioactivo EBH, que paralelamente ao que se verificou para a formulação mais

rica em ácido ascórbico, actuou nas duas fases distintas das reacções

radicalares da oxidação.

Parte II

Tendo em conta os resultados obtidos na Parte I, para formulações não

contendo ácido ascórbico, surgiu como objectivo da Parte II avaliar a

interacção das formulações contendo polifenóis da azeitona com, fitosteróis

em óleo de girassol, mistura girassol:milho e mistura girassol:girassol alto

oleico (80:20 %v/v).

Os resultados obtidos para o teste de quantificação de acidez e Rancimat,

após 30 dias de armazenamento, apresentam-se na Figura 3.2.

Page 148: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 3 

- 143 -

Figura 3.2 Resultados obtidos no 1) Teste de determinação da acidez (ácidos gordos livres), 2)

Teste de Rancimat, para as várias formulações analisadas.

A- Influência da adição ao óleo de girassol de duas concentrações distintas de HT e interferência

da adição de 0,5%Fitosteróis (óleo C e D);

B- Comparações de valores de 1) acidez (% Ácido Oleico), 2) TI (h), para os três controlos;

C- Influência da adição a uma mistura (80:20 v/v) girassol:milho de duas concentrações distintas

de HT e influência da adição de 0,5 %Fitosteróis (óleo D);

D- Influência da adição a uma mistura (80:20 v/v) girassol:girassol alto oleico de duas

concentrações distintas de HT e influência da adição de 0,5 %Fitosteróis (óleo D).

(Quadro 2 - barra a pontilhado 12ppm HT PL; barra a preto 48 ppm HT Solubilização Directa)

3 3,5 4 4,5 5

Gira

ssol

AB

CD

TI (h)

0 1 2 3 4 5 6Gira

ssol

:Milh

o(8

0:20

)A

CD

TI (h)

0 1 2 3 4 5 6 7

Gira

ssol

:G

. Alto

Ole

ico

(80:

20)

AC

D

TI (h)

A

DC

B

0 1 2 3 4 5 6

Gira

ssol

Gira

ssol

:

Milh

o(8

0:20

)

Gira

ssol

:

G. A

ltoO

leic

o(8

0:20

)

TI (h)

0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1

Gira

ssol

Gira

ssol

: M

ilho

(80:

20)

Gira

ssol

: G

. Alto

Ole

ico

(80:

20)

% Ácido Oleico

30 dias0 dias

0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08

Gira

ssol

:M

ilho

(80:

20)

AC

D

% Ácido Oleico

30 dias0 dias

0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05

Gira

ssol

:G

. Alto

Ole

ico

(80:

20)

AC

D

% Ácido Oleico

30 dias0 dias

A

C D

B

0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08

Gira

ssol

AB

CD

% Ácido Oleico

30 dias0 dias

1

2

Page 149: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 3 

- 144 -

A dependência da dose de HT (extracto bioactivo solubilizado), no caso do

óleo de girassol, foi notória no teste de Rancimat e na quantidade de ácidos

gordos livres formados, após 30 dias. O mesmo efeito foi verificado, com

diferenças menos significativas, para a mistura girassol:alto oleico. A

capacidade de inibir reacções iniciadas pelas espécies de radicais livres,

resultantes do processo de autooxidação do óleo, foi tanto maior quanto

maior a concentração de HT solubilizado. No entanto, a resposta observada

não foi linear com a concentração de HT sendo dependente da composição

do óleo analisado. Na composição da formulação B existia o triplo da

quantidade de HT e no ensaio de Rancimat observou-se que a resposta de

inibição da oxidação no óleo de girassol não foi, por sua vez, três vezes

maior. Esse comportamento foi ainda mais evidente, quando se aumentou a

quantidade de ácido oleico – gráfico D do quadro II da Figura 3.2 – onde a

análise dos resultados obtidos sugere sinergias menos positivas entre a

fracção lípidica dos óleos e o HT. Esta resposta não foi de todo concordante

com o esperado, dado que, no caso do azeite (gordura vegetal rica em ácido

oleico), a sua elevada estabilidade oxidativa é atribuída à presença de HT.

Na mistura girassol:milho, a presença de HT não apresentou qualquer efeito

na oxidação lipídica, demonstrando mais uma vez a forte influência da

composição do substrato (óleo). (15) Neste caso, a inibição da acção do HT,

como antioxidante, pode ser relacionada com a concentração elevada em

tocoferóis característica do óleo de milho. Este efeito sinérgico negativo,

entre HT e tocoferóis em concentrações elevadas, foi anteriormente

reportado na literatura. (15,16) A adição de 20% de óleo de milho, com elevado

teor de polinsaturados, a óleo de girassol, aumenta o grau de insaturação

lipídica, sendo necessário aumentar a concentração em componentes

bioactivos para garantir estabilização da matriz. (15) Verificou-se mais uma

vez que a adição de fitosteróis a óleo de girassol potencia o aumento da

estabilidade oxidativa, reduzindo os segundos produtos da oxidação. A

sinergia positiva dos fitosteróis em óleo de girassol, foi mais evidente para

concentrações mais reduzidas de HT.

Page 150: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 3 

- 145 -

3.2.2 Impacto na Fritura Doméstica

Existe cada vez mais a preocupação de colocar no mercado, óleos mais

estáveis que possam manter as suas propriedades e características

nutritivas, durante o tempo de vida em prateleira e durante o seu

processamento pelo consumidor.

Na sequência do trabalho desenvolvido na Parte I da secção 3.2.1, realizou-

se um breve estudo para avaliar o impacto das formulações com PL na

performance de diferentes óleos após processo de simulação de fritura

(T>170 ºC). (9)

As partículas lipídicas formuladas na secção 3.2.1 (Parte I), cujas

composições se encontram na Tabela 3.3, foram incorporadas pelo método já

em cima descrito, em óleo de girassol e mistura de óleos girassol:milho

(80:20 v/v). Posteriormente, os óleos formulados foram submetidos a um

processo de simulação de fritura em laboratório, método modificado de Gertz

et al, 2000. Durante o processo de simulação monitorizou-se a formação de

compostos polares totais (%TPM), avaliando-se sensorialmente a

performance dos óleos a nível de salpicos de óleo, cheiro liberto, espuma

formada e alteração de cor (resultados não divulgados). No final da

simulação de fritura, a acidez dos óleos resultantes (segundo método descrito

no Anexo B) foi medida, sendo os resultados obtidos expressos em % Ácido

Oleico (Figura 3.3).

Os compostos polares totais são produtos finais da oxidação que decorre a

temperaturas mais elevadas, e englobam mono e di-acilgliceróis, ácidos

gordos livres, dimeros e polímeros de ácidos gordos, dimeros e polímeros de

triacilgliceróis. (1) A determinação do teor de compostos polares totais é

considerado uma medida representativa das alterações ocorridas no óleo

durante o processo de fritura. (17,18)

Utilizou-se um método colorimétrico rápido - Oleotest® (Anexo B) - que

subdívide os resultados em termos de quantidade percentual de TPM em

cinco categorias de 5 a 24 % (valor limite legal).

Page 151: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 3 

- 146 -

Os resultados são expressos em % de compostos polares totais e

apresentados na forma de intervalo (Figura 3.3). Os testes foram realizados

em triplicado.

O processo de simulação de fritura consiste em adicionar a 20 g de óleo 1g

de silica gel (MNkieselgel 60, Machenery-Nagel) pré-tratada com 10 % de

água e aquecida durante 1 h. A mistura óleo e silica é colocada durante 1 min

num banho de ultrasons para homogeneizar e de seguida é aquecida a

180 ºC durante 4 h. No Anexo I, Figura I1, encontra-se uma foto da instalação

preparada para os ensaios.

A adição de dimetilpolisiloxano (E900, DMPS), a duas formulações em óleo

de girassol e à mistura girassol/milho, foi também avaliada. Às formulações

PLC e PLF (melhores resultados obtidos na estabilidade oxidativa) adicionou-

se 10 ppm de DMPS, quantidade máxima permitida ao abrigo da directiva

98/72/EC.

O DMPS forma uma camada protectora na interface óleo/ar diminuindo a

evaporação de água observando-se redução de salpicos e de formação de

espuma. (19)

Page 152: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 3 

- 147 -

Resultados & Discussão

Figura 3.3 Resultados obtidos durante e após simulação do processo de fritura para as

formulações Girassol e Partículas Lipídicas (PL) e mistura Girassol/Milho (80:20, v/v%) e PL. A-

Ácidos Gordos Livres após processo fritura (% Ácido Oleico); B- Efeito da adição de DMPS

(E900) em simultâneo com as PLC, PLE e PLF na quantidade de ácidos gordos livres; C-

Resultados obtidos, em intervalos de valores percentuais, para os compostos polares totais no

final dos processos de simulação de fritura.

Os ensaios realizados de simulação de processo de fritura demonstraram ser

uma forma rápida e económica de prever o que se poderá passar num

processo de fritura por imersão. Apesar do erro associado foi possível, de

forma expedita, eliminar formulações à partida não rentáveis ou cuja

performance associada se encontrava muito abaixo dos parâmetros de

qualidade.

Dos resultados obtidos com as formulações estudadas com partículas

lipídicas, observou-se, no caso de óleo de girassol, redução de ácidos gordos

livres produzidos durante o tempo de ensaio. No caso da mistura

girassol/milho, este comportamento não foi tão evidente, sendo neste caso o

óleo de milho, bastante rico em micronutrientes, responsável pela maior

estabilidade atingida. Em ambas as situações os melhores resultados (por

ordem decrescente), foram conseguidos para as formulações contendo as

0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 0,14 0,16 0,18

Controlo +E900

PLC + E900

PLE + E900

PLF +E900

% Ácido Oleico (FFA)

Gir/MilhoGirassol

Girassol; Girassol/MilhoPLA;PLB;PLD

PLA G/M; PLB G/M; PLC G/M;PLD G/M:

PLC G/M E900

13-16%

PLC, PLE, PLFPLE E900; PLF E900PLE G/M; PLF G/M

PLE E900 G/M; PLF E900 G/M

6-12%

FormulaçõesTPM (%)

Girassol; Girassol/MilhoPLA;PLB;PLD

PLA G/M; PLB G/M; PLC G/M;PLD G/M:

PLC G/M E900

13-16%

PLC, PLE, PLFPLE E900; PLF E900PLE G/M; PLF G/M

PLE E900 G/M; PLF E900 G/M

6-12%

FormulaçõesTPM (%)

A B

C

0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 0,14 0,16

Controlo

PLA

PLB

PLC

PLD

PLE

PLF

% Ácido Oleico (FFA)

Gir/ MilhoGirassol

Page 153: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 3 

- 148 -

partículas PLF, PLE e PLC, evidenciando o já anteriormente verificado para o

estudo de estabilidade oxidativa à temperatura ambiente. As partículas PLE e

PLC contêm fitosteróis, que a temperaturas elevadas actuam como

antioxidantes protegendo o óleo do processo de polimerização, reduzindo o

teor de ácidos gordos livres e de compostos polares totais. (3) A formulação

PLF demonstrou ser eficaz na protecção dos óleos à oxidação a

temperaturas mais elevadas. Este facto pode ser explicado pela resistência à

temperatura, quando em ambiente lipofílico, do composto dominante no

extracto bioactivo, o hidroxitirosol. Este composto, ao actuar no mecanismo

radicalar do processo de autooxidação que se desencadeia durante o

processo de aquecimento, reduz a quantidade de ácidos gordos livres

formados.

A adição de dimetilpolisiloxano (DMPS) às formulações testadas não

demonstrou qualquer efeito sobre a estabilidade do óleo em termos de teor

de ácidos gordos livres ou compostos polares totais, evidenciando alguma

tendência para o aumento destes parãmetros em vez de diminuição. Este

comportamento era esperado, dado que o DMPS forma uma camada na

interface óleo/ar, que evita a libertação de vapor, favorecendo a performance

do óleo quanto a redução de salpicos e formação de espuma, e

desfavorecendo a libertação de oxigénio. A presença de oxigénio inibe, em

parte, a actuação dos fitosteróis como antioxidantes favorecendo a formação

de um radical peroxilo instável e sem qualquer actividade.(3,14)

Page 154: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 3 

- 149 -

3.3 Estabilização de duas formulações de Óleos alimentares com diferentes ingredientes naturais

O trabalho apresentado nesta secção foi desenvolvido tendo em vista

potenciais alternativas para formulações de óleos já comercializados.

Desta forma, não serão reveladas as composições dos óleos em questão,

nem referidos nomes de marcas.

3.3.1 Óleo Alimentar rico em Omega-3

Existem muitos óleos vegetais naturalmente ricos em ácidos gordos n-3

vegetal, ácido α-linolénico (C18:3n-3), tais como o óleo de soja, óleo de

canola, óleo de linhaça e óleo de noz. Os ácidos gordos n-3 de cadeia longa

polinsaturados (PUFAS) estão relacionados com inúmeros efeitos benéficos

na prevenção de doenças tais como a artrite, doenças auto-imunes, diabetes

tipo II e hipertensão. Estes efeitos benéficos estão associados ao efeito que

os n-3 PUFA exercem sobre a membrana celular, aumentando a presença

dos metabolitos de cadeia longa, ácido eicosapentaenoico (EPA) e ácido

docosahexaenoico (DHA). (20) Este ácido n-3 PUFA é considerado um

complemento ao ácido linoleico (C18:2n-6), o ácido gordo mais ambundante

na dieta. (21)

Apesar de todos os efeitos benéficos associados a estes ácidos n-3 PUFA, o

seu grau de insaturação favorece a peroxidação lipídica sendo por isso difícil

a sua estabilização. Como consequência desta instabilidade, os produtos

ricos neste composto apresentam alterações sensoriais e de qualidade

nutritiva problemáticas.

Torna-se assim imperativo encontrar soluções que promovam a estabilização

destes ácidos n-3, tais como alteração da composição lipídica e de

micronutrientes do óleo, alternativas de processamento e de embalamento.

Page 155: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 3 

- 150 -

Os antioxidantes são muitas vezes pouco efectivos nestas formulações ricas

em ácidos gordos polinsaturados dado que a composição da fracção

insaponificável é já normalmente concentrada em fitosteróis, polifenóis e

tocoferóis.

Diferentes bioprodutos foram testados, de forma a avaliar a sua inflência na

estabilização da oxidação lipídica do óleo alimentar rico em n-3 PUFA.

Concentrados Bioactivos

Foram testados dois concentrados comerciais de origem natural e diferentes

formulações preparadas com PL (partículas lipídicas).

Os concentrados comerciais utilizados foram:

• Tocoferóis vegetais, Toc (concentrado comercial de α, β, γ -

tocoferol),

• Ácido Ascórbico e concentrados de Tocoferóis, NCT (concentrado

comercial lipofílico)

Avaliou-se a capacidade de cada concentrado em retardar a oxidação lipídica

do óleo rico em n-3, preparando diferentes formulações com várias

concentrações.

As concentrações estudadas encontram-se resumidas na Tabela 3.5.

Tabela 3.5 Concentrações (ppm) de NCT e Toc adicionadas ao óleo (%m/m).

NCT (ppm)

Tocoferóis (Toc) (ppm)

1500 30

750 7

500 3,5

250 1,4

100 -

Page 156: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 3 

- 151 -

Formulação das Partículas Bioactivas

O processo de produção das PL foi idêntico ao já descrito no Capítulo 2,

tendo sido utilizados os mesmos adjuvantes lipídicos, Precirol ato 5 e

Lumulse GMS K na proporção mássica (50:50) e o concentrado comercial de

tocoferóis. As condições operatórias de pressão e temperatura (P,T) foram

120 bar (12 MPa) e 50 ºC (325 K) respectivamente.

As concentrações de tocoferóis encapsuladas na matriz lipídica, foram as

seguintes (Tabela 3.6):

Tabela 3.6 Composições das Partículas Lipídicas com Toc (%m/m Lípido).

Adição ao óleo rico em n-3 PUFA

Os concentrados naturais NCT e Toc são preparados comerciais com

especificação para óleos alimentares. A sua adição envolveu a pesagem

rigorosa das quantidades a adicionar e agitação reduzida, ao abrigo da luz e

ar, durante alguns minutos.

A incorporação das PL realizou-se como anteriormente descrito.

Após adição dos compostos bioactivos ao óleo, as amostras foram

armazenadas à temperatura ambiente e ao abrigo da luz. Após 25 dias,

efectuaram-se medidas da acidez (% Ácido Oleico), índice de peróxidos

(mEqO2/kg) e índice de anisidina (testes de estabilidade em tempo real,

descritos no Anexo B) de forma a determinar o estado de oxidação lipídica

dos óleos formulados. Foi também determinado o valor Totox (Valor Total de

Oxidação) para cada óleo formulado.

PL Tocoferóis (Toc)

PL30 11

PL7 2

PL3,5 1

PL1,4 0,5

Page 157: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 3 

- 152 -

O valor de Totox, quantifica o estado de degradação do óleo, correlacionando

os resultados de índice de peróxidos (IP) com os de índice de p-anisidina

(IpA), através da seguinte equação (Eq. 3.1):

Totox = 2x(IP) + (IpA) (Eq. 3.1)

O IpA quantifica os aldeídos com duas duplas ligações conjugadas,

resultantes da degradação do ácido linoleico, representando desta forma um

estado efectivo de degradação das gorduras vegetais (Anexo B). (10) O valor

de IpA deverá ser inferior a 10 para se considerar que o óleo se encontra não

degradado. (10) Efectuou-se para todas as formulações o teste de Rancimat.

Resultados & Discussão

Os resultados sumarizados graficamente, encontram-se na Figura 3.4 e em

tabela no Anexo I.

Figura 3.4 Variação dos vários indicadores da degradação lipídica dos óleos formulados em

função das concentrações testadas de compostos bioactivos, NCT, Toc e PL com Toc, após 25

dias de abertura. A- Teste de Rancimat (h); B- ácidos gordos livres (%Ácido Oleico); C- Valor de

Totox.

3,00

3,50

4,00

4,50

5,00

5,50

0 500 1000 1500 2000

ppm

TI (h

)

0 10 20 30 40PL & Toc

0,000

0,010

0,020

0,030

0,040

0,050

0,060

0 500 1000 1500 2000 (ppm)

% Á

cido

Ole

ico

0 10 20 30 40PL & Toc (ppm)

3,000

8,000

13,000

18,000

23,000

28,000

0 500 1000 1500 2000

ppm

Toto

x

0 10 20 30 40PL & Toc

NCT Toc PL Toc

C

A B

Page 158: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 3 

- 153 -

O valor de Totox determinado para o óleo rico em n-3 PUFA sem qualquer

adição de ingrediente ou bioproduto, após 25 dias de abertura, foi de 24,15

(Tabela I4 do Anexo I).

A adição das três formulações distintas, NCT, Toc e PL ricas em Toc a este

óleo, reduziram o valor de Totox, sendo este comportamento dependente da

concentração. A dependência com a dose adicionada foi mais evidente para

a formulação com a concentração mais elevada de NCT, para a qual o valor

de totox determinado foi 10,5.

Nas formulações com Toc e PL com Toc encapsulado, verificou-se

dependência da dose até aos 7 ppm adicionados, observando-se para a

concentração mais elevada um novo aumento do estado da degradação do

óleo. Como já referido anteriormente, os tocoferóis (nomeadamente o α-

tocoferol que existe em maior abundância, neste concentrado) são

antioxidantes que cedem um protão aos radicais livres ROO•, resultando num

radical α-tocoferoxilo que não possui qualquer tipo de actividade antioxidante,

reduzindo assim pouco a pouco a protecção imposta por estes compostos.

Se em simultâneo, existirem outros compostos antioxidantes, que consigam

regenerar este radical α-tocoferoxilo, a capacidade antioxidante do α-

tocoferol vai-se mantendo. (15) Se os tocoferóis se encontrarem em

concentrações muito elevadas, os restantes micronutrientes constituintes do

substrato passam a não ser capazes de estabilizar estes compostos,

deixando de exercer a sua função como antioxidantes, potenciando por sua

vez, a oxidação lipídica. No concentrado NCT, com 6,5 % de tocoferóis não

se verifica este efeito. O conteúdo em ácido ascórbico neste concentrado

confere aos tocoferóis a estabilidade adicional necessária para que a sua

acção como antioxidantes permaneça inalterada.

O comportamento verificado anteriormente com os valores de Totox obtidos

(que correlaciona indice de peróxidos e anisidina) em função das

concentrações testadas foi validado com os resultados de tempo de indução

determinados no teste de Rancimat e de ácidos gordos livres.

As variações de ácidos gordos livres foram pouco perceptíveis estando de

acordo com a variação pouco significativa da amostra controlo. No teste de

Rancimat, a dependência da dose adicionada só se verificou para a

formulação com NCT, não existindo nenhum tipo de variação significativa

Page 159: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 3 

- 154 -

para as restantes formulações. Os valores de factor F (TIamostra/TI0) obtidos

para as duas concentrações mais elevadas de NCT foram bastante

satisfatórios, sendo representativos de uma melhoria significativa da

estabilidade do produto. Estes resultados, associados ao decréscimo

acentuado verificado no valor de Totox, fazem desta formulação (NCT) uma

mais valia para incorporação em óleo rico em n-3 PUFA, de elevado carácter

nutritivo mas instável à oxidação.

3.3.2 Óleo com DMPS – especial fritura

A qualidade dos óleos durante o processo de fritura depende da qualidade do

óleo quando se inicia o processo de aquecimento, pelo que é necessário

garantir a estabilidade do produto até chegar às cozinhas dos consumidores.

A estabilidade dos óleos vegetais à temperatura de fritura é dependente de

muitos outros constituintes da sua composição, que não só os ácidos gordos,

verificando-se mesmo uma co-dependência com o conteúdo da fracção

insaponificável (fitosteróis, tocoferóis, polifenóis etc.) em termos de presença

ou não de efeitos sinérgicos. (9,22) A existência de compostos quelantes ou

sequestradores, a existência de metais que actuam como pro-oxidantes,

exposição à luz e condições de fabrico, são também factores de extrema

importância e que condicionam o processo de fritura. (3)

No trabalho aqui apresentado, dois concentrados comerciais de origem

natural, foram testados na capacidade de inibir a degradação de um óleo

alimentar durante o seu armazenamento, tendo como objectivo garantir que

durante o processo de fritura o consumidor utilize um produto com

parâmetros de qualidade mais elevada.

O óleo alimentar em causa, é um óleo aditivado com DMPS, um conhecido

anti-espuma da indústria alimentar. A temperaturas elevadas, devido ao

processo oxidativo de polimerização dos ácidos gordos e triacilgliceróis,

ocorre a formação de espuma. A utilização de silicones, como agentes anti-

espuma, é já bem conhecida e explicada devido à natureza química do

polímero em causa.(23)

Page 160: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 3 

- 155 -

De acordo com estudos já realizados, o DMPS é pouco solúvel (1 mg/kg) no

óleo vegetal, acumulando-se na sua superfície sob a forma de uma

monocamada fina, evitando o contacto directo óleo/ar. (19)

Os concentrados comerciais utilizados foram os seguintes:

• Tocoferóis vegetais, Toc (concentrado comercial de α, β, γ -

tocoferol),

• Ácido Ascórbico e Tocoferóis, NCT (concentrado comercial lipofílico),

• Ácido Ascórbico, NC (concentrado comercial lipofílico).

Avaliou-se a capacidade de cada concentrado em retardar a oxidação lipídica

de óleo alimentar aditivado com DMPS durante o seu tempo de

armazenamento, preparando diferentes formulações com várias

concentrações.

As concentrações estudadas encontram-se resumidas na Tabela 3.7.

Tabela 3.7 Concentrações dos concentrados bioactivos estudados.

Adição ao óleo alimentar

Os concentrados naturais NCT, NC e Toc tal como já referido, são

preparados comerciais com especificação para óleos alimentares. A sua

adição envolveu a pesagem rigorosa das quantidades a adicionar e agitação

reduzida ao abrigo da luz e do ar durante alguns minutos.

Após adição dos compostos bioactivos ao óleo alimentar (todos realizadas

após abertura das embalagens de óleo na mesma altura), armazenaram-se à

temperatura ambiente, ao abrigo da luz. Após 5 e 10 dias, efectuaram-se

NCT

(ppm)

Tocoferóis (Toc) (ppm)

NC +

Toc (250ppm)

1500 250 1500

750 125 750

500 50 500

100 30 100

Page 161: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 3 

- 156 -

testes de estabilidade em tempo real; acidez (% Ácido Oleico), índice de

peróxidos (mEqO2/kg) e indice de anisidina (mg/L) de forma a determinar o

estado de oxidação lipídica dos óleos formulados em função das

concentrações testadas (descrição dos métodos no Anexo B). Determinou-se

o valor Totox (Valor Total de Oxidação) para cada óleo formulado ao final dos

10 dias.

Resultados & Discussão

O resumo dos resultados encontra-se em seguida na Figura 3.5 (e em tabela

no Anexo I).

Figura 3.5 Variação dos vários indicadores da degradação lipídica dos óleos em função das

concentrações testadas de compostos bioactivos, NCT, Toc e NC+Toc, após 10 dias de

abertura. A- Teste de Rancimat (h); B- ácidos gordos livres (% Ácido Oleico); C- Valor de Totox.

O óleo original, após dez dias de abertura, apresentou um valor de

degradação total de 10,6, encontrando-se no limite de valor para o qual se

considera que o óleo se encontra em bom estado de conservação lipídica. (10)

Observou-se uma dependência da dose para a formulação NCT, sendo para

22,5

33,5

44,5

55,5

66,5

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600(ppm)

TI (h

)

0 50 100 150 200 250 300

Toc (ppm)

0,000

0,010

0,020

0,030

0,040

0,050

0,060

0,070

0 500 1000 1500(ppm)

% Á

cido

Ole

ico

0 50 100 150 200 250 300

Toc (ppm)A

C

B

0,0002,0004,0006,0008,000

10,00012,00014,000

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600(ppm)

Toto

x

0 50 100 150 200 250 300

Toc (ppm)

NCT NC+Toc Toc

Page 162: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 3 

- 157 -

este concentrado bioactivo, que se obteve o valor mais reduzido de

degradação total do óleo: 6,3 para uma concentração de 750 ppm.

As formulações que envolveram a utilização do concentrado de tocoferóis

vegetais, não apresentaram, para as concentrações estudadas, variações

significativas no valor de Totox (gráfico C, da Figura 3.5), com excepção do

verificado para a concentração mais reduzida de Toc. A adição de 30 ppm do

concentrado de tocoferóis manteve o valor de acidez do óleo original, e

reduziu, comparativamente com o controlo, os valores de índice de peróxidos

e de p-anisidina. No entanto, com o aumento de concentração de Toc não se

observou variação nestes parâmetros. Dos ensaios realizados para a

formulação NC + Toc, destacaram-se os resultados obtidos no teste de

Rancimat, onde a variação do tempo de indução em função da concentração

apresentou um aumento dependente da dose, não se verificando o mesmo

para os valores de acidez e de Totox. Estes resultados indicam que o efeito

positivo obtido no ensaio de rancimat pode ser atribuido à presença de ácido

ascórbico e não somente à presença de tocoferóis. Para a mesma

concentração de tocoferóis (250 ppm) a formulação com Toc, atingiu um

tempo de indução, no ensaio de rancimat, de 4,55 h enquanto que nas

formulações de NC+Toc o tempo de indução foi sempre superior (sinergia

positiva entre ácido ascórbico e tocoferóis). A sinergia positiva (ácido

ascórbico-tocoferóis) evidenciada por este efeito pode ser potenciada pela

presença de temperatura dado que estes resultados só foram obtidos no

teste de rancimat, onde o óleo é submetido a uma temperatura de 120 ºC. O

efeito de temperatura pode-se relacionar com o facto de o ácido ascórbico

actuar como antioxidante nas reacções de polimerização que se

desencadeiam a partir de 120 ºC, reduzindo o estado de oxidação do óleo e

prolongando a resistência do mesmo.(9) NC e Toc apresentam assim uma

sinergia positiva, mas comparativamente com a formulação NCT esse efeito

não é verificado. Os resultados obtidos para o estado de oxidação dos óleos

quando se utilizou a formulação 1500 ppm NC+Toc (na qual são 1500 ppm

de ácido ascórbico), e 1500 ppm de NCT (onde só 40 % são ácido ascórbico)

revelam que a formulação NCT é mais efectiva na prevenção da degradação

lipídica.

Page 163: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 3 

- 158 -

Tendo em conta todos os resultados obtidos neste breve estudo, a

incorporação de NCT em concentrações de 750 a 1500 ppm, é indicada para

manter a estabilidade lipídica do produto óleo vegetal + DMPS. Um próximo

passo seria avaliar o comportamento desta formulação em temperaturas de

fritura, para estudar a acção do DMPS durante esse processo e avaliar a sua

influência na formulação NCT. Uma combinação com fitosteróis (que como se

observou em resultados anteriores, têm uma boa performance a

temperaturas mais elevadas) seria interessante para analisar sinergias com

ácido ascórbico na inibição do processo de polimerização. Estudos idênticos

ao realizado deveriam ser efectuados com concentrações abaixo de 30 ppm

de tocoferóis, para avaliar o comportamento verificado para esta

concentração.

Page 164: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 3 

- 159 -

3.4 Conclusões

A oxidação dos lípidos constituintes dos óleos alimentares, é um processo de

degradação (processo de rancidificação) que afecta a qualidade dos óleos

em termos nutricionais e organolépticos, sendo uma das suas maiores

causas de desvalorização perante os consumidores.

A estabilização dos óleos alimentares quer à temperatura ambiente, quer a

temperaturas de fritura, é um dos maiores desafios para a indústria alimentar

tornando-se imperativo o seu estudo.

A adição aos óleos alimentares de determinados concentrados bioactivos

(bioprodutos) com propriedades antioxidantes, é hoje em dia um dos métodos

mais efectivos para se retardar a degradação lipídica. (24-26) No entanto, como

o observado pelos resultados obtidos, a eficiência dos concentrados

bioactivos no aumento de estabilidade dos óleos vegetais, não depende só

da sua composição e da sua capacidade antioxidante. Inúmeros factores, tais

como a concentração em que são adicionados, exposição à luz, temperatura,

composição lipídica e de micronutrientes do óleo, condicionam a actividade

destes compostos, tornando complexa a selecção da formulação adequada.

Das formulações testadas durante os trabalhos apresentados neste capítulo,

evidenciaram-se as que contêm as partículas lipídicas (PL) como

transportadores eficientes dos concentrados bioactivos, que devido ao seu

teor de saturação potenciam a estabilidade oxidativa dos óleos, agindo em

sinergia com os compostos nelas encapsulados. Formulações de óleos

contendo PL com fitosteróis (PLE e PLC), mostraram-se eficientes quando

submetidas a um processo de simulação de fritura em ambiente doméstico,

observando-se que às temperaturas elevadas atingidas durante o processo

de fritura, actuam como antioxidantes protegendo o óleo do processo de

polimerização, reduzindo em parte os ácidos gordos livres e

consequentemente os compostos polares totais. (3)

Os fitosteróis demonstraram ser compostos efectivos também a temperaturas

moderadas, realçando-se a sua boa performance em conjunto com um anti-

aglomerante (silicone) na redução do teor total de compostos polares após

4 h de simulação de fritura, actuando possivelmente na redução da

Page 165: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 3 

- 160 -

polimerização lipídica. O extracto bioactivo, EBH, caracterizado e estudado

no Capítulo 2, demonstrou mais uma vez a sua capacidade antioxidante ao

inibir de forma eficiente a oxidação lipídica à temperatura ambiente. Esta

capacidade de actuar a nível do mecanismo de oxidação radicalar é

associada a todos os compostos polifenólicos testados em óleos alimentares.

A temperaturas elevadas os compostos fenólicos, normalmente termolábeis,

degradam-se deixando de ser efectivos, não sendo a eles associada a

capacidade de inibição do mecanismo de polimerização.

Nos resultados obtidos, EBH demonstrou capacidade de protecção da

degradação lipídica após 4 h a 180 ºC, verificando-se redução dos

compostos polares totais e acidos gordos livres no óleo final. Estes

resultados mostraram-se bastante promissores, sendo interessante no futuro

avaliar qual o possível mecanismo de actuação dos compostos presentes no

extracto a temperaturas elevadas.

Os concentrados comerciais, ricos em ácido ascórbico e tocoferóis naturais

(NCT), mostraram ser efectivos no aumento da estabilidade oxidativa de duas

formulações de óleos alimentares já comercializadas, sendo o efeito

dependente da concentração utilizada. O óleo rico em n-3 PUFA passou, por

acção de 1500 ppm de NCT, de um valor total de degradação de 24 para 10,

valor referência para o qual se considera um óleo em bom estado de

conservação lipídica, revelando-se por isso uma boa hipótese para conferir a

este óleo de carácter nutritivo superior, a estabilidade oxidativa necessária

para aumentar a sua qualidade final.

A adição a óleos alimentares de concentrados bioactivos demonstrou ser

uma hipótese viável ao aumento da qualidade lipídica do óleo, evitando o

indesejável processo de rancidificação que tem como resultados, odores e

sabores indesejáveis ao consumidor. Estes concentrados apresentam ainda

a vantagem de poderem conferir ao óleo final um carácter funcional. Sendo

as gorduras vegetais, em muitos casos o veiculo ideal para ingestão de

alguns micronutrientes aumentando as suas biodisponibilidades, os óleos

funcionais (Oleocêuticos) são uma importante área de mercado actuando

directamente no bem estar dos consumidores.

Òleos mais saudáveis para um futuro melhor.

Page 166: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 3 

- 161 -

3.5 Referências

(1) Andrikopoulos, N.K., Dedoussis, G.V., Falirea, A., Kalogeropoulos, N. and Hatzinikola, H.S., Deterioration of Natural Antioxidant Species of Vegetable Edible Oils During the Domestic Deep-Frying and Pan-Frying of Potatoes, Int J Food Sci Nutr, 2002, 53, 351-63. (2) Fillion, L. and Henry, C.J., Nutrient Losses and Gains During Frying: A Review, Int J Food Sci Nutr, 1998, 49, 157-68. (3) Kochhar, S.P., Stabilisation of Frying Oils with Natural Antioxidative Components, Eur. J. Lipid Sci. Technol., 2000, 102, 552–559. (4) Bassuk, S.S. and Manson, J.E., Lifestyle and Risk of Cardiovascular Disease and Type 2 Diabetes in Women: A Review of the Epidemiologic Evidence 10.1177/1559827608314095, American Journal of Lifestyle Medicine, 2008, 2, 191-213. (5) Merchant, A.T. et al., Interrelation of Saturated Fat, Trans Fat, Alcohol Intake, and Subclinical Atherosclerosis, Am J Clin Nutr, 2008, 87, 168-174. (6) Gertz, C., Optimising the Baking and Frying Process Using Oil-Improving Agents, Eur. J. Lipid Sci. Technol., 2004, 106, 736–745. (7) Bouaziz, M., Fki, I., Jemai, H., Ayadi, M. and Sayadi, S., Effect of Storage on Refined and Husk Olive Oils Composition: Stabilization by Addition of Natural Antioxidants from Chemlali Olive Leaves, Food Chemistry, 2008, 108, 253-262. (8) Artajo, L.S., Romero, M.P., Morello, J.R. and Motilva, M.J., Enrichment of Refined Olive Oil with Phenolic Compounds: Evaluation of Their Antioxidant Activity and Their Effect on the Bitter Index, Journal of Agricultural and Food Chemistry, 2006, 54, 6079-6088. (9) Gertz, C., Klostermann, S. and Kochhar, S.P., Testing and Comparing Oxidative Stability of Vegetable Oils and Fats at Frying Temperature, European Journal of Lipid Science and Technology, 2000, 102, 543-551. (10) Silva, F.A.M., Borges, M.F.M. and Ferreira, M.A., Métodos Para Avaliação Do Grau De Oxidação Lipídica E Da Capacidade Antioxidante, Quimica Nova, 1999, 22, 94-103. (11) Farhoosh, R. and Moosavi, S.M.R., Rancimat Test for the Assessment of Used Frying Oils Quality, Journal of Food Lipids, 2007, 14, 263-271. (12) Farhoosh, R., The Effect of Operational Parameters of the Rancimat Method on the Determination of the Oxidative Stability Measures and Shelf-Life Prediction of Soybean Oil, Journal of the American Oil Chemists Society, 2007, 84, 205-209. (13) Matthaus, B., Determination of the Oxidative Stability of Vegetable Oils by Rancimat and Conductivity and Chemiluminescence Measurements., J. Am. Oil Chem. Soc., 1996, 73. (14) Gordon, M.H. and Magos, P., The Effect of Sterols on the Oxidation of Edible Oils., Food Chem., 1983, 10, 141–147. (15) Yanishlieva, N.V. and Marinova, E.M., Stabilisation of Edible Oils with Natural Antioxidants, Eur. J. Lipid Sci. Technol., 2001, 103, 752–767. (16) Chaiyasit, W., Elias, R.J., McClements, D.J. and . Decker, E.A., Role of Physical Structures in Bulk Oils on Lipid Oxidation., Critical Reviews infood science and Nutrition, 2007, 47, 299-317. (17) Quilesa, J.L., Ramyrez-Tortosa, M.C., Gomez, J.A., Huertas, J.R. and Mataixa, J., Role of Vitamin E and Phenolic Compounds in the Antioxidant Capacity, Measured by Esr, of Virgin Olive, Olive and Sunflower Oils after Frying, Food Chemistry, 2002, 76. (18) Choe, E. and Min, D.B., Chemistry of Deep-Fat Frying Oils, Journal of Food Science, 2007, 72, R77-R86. (19) Marquez-Ruiz, G., Velasco, J. and Dobarganes, M.C., Effectiveness of Dimethylpolysiloxane During Deep Frying., European Journal of Lipid Science and Technology, 2004, 106, 752-758. (20) Okuyama, H., Fujii, Y. and Ikemoto, A., N-6/N-3 Ratio of Dietary Fatty Acids Rather Than Hypercholesterolemia as the Major Risk Factor for Atherosclerosis and Coronary Heart Disease., J.Health Sci., 2000, 46, 157-177. (21) Leonard, E.C., Dietary Fatty Acids: Effect of the N-6/N-3 Balance on Human Nutrition and Disease., Lipid Technol., 1999, 11, 110-114. (22) Kochhar, S.P. and Gertz, C., New Theoretical and Practical Aspects of the Frying Process, European Journal of Lipid Science and Technology, 2004, 106, 722-727.

Page 167: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 3 

- 162 -

(23) Miura, T., Surface Chemistry and Antifoaming of Polysiloxane Polymer., J. Jpn. Oil Chem. Soc., 1993, 42, 762–767. (24) Fki, I., Allouche, N. and Sayadi, S., The Use of Polyphenolic Extract, Purified Hydroxytyrosol and 3,4-Dihydroxyphenyl Acetic Acid from Olive Mill Wastewater for the Satbilization of Refined Oil: A Potential Alternative to Synthetic Antioxidants., Food Chemistry, 2005, 93, 197-204. (25) Pazos, M., Alonso, A., Sa&#x301, nchez, I. and Medina, I., Hydroxytyrosol Prevents Oxidative Deterioration in Foodstuffs Rich in Fish Lipids, J. Agric. Food Chem., 2008. (26) Salta, F.N., Mylona, A., Chiou, A., Boskou, G. and Andrikopoulos, N.K., Oxidative Stability of Edible Vegetable Oils Enriched in Polyphenols with Olive Leaf Extract, Food Science and Technology International, 2007, 13, 413-421.

Page 168: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

- 163 -

Continuing resistance to food chemicals and awareness of health and nutrition will give rise to greater demand from consumers for natural ingredients

n Nutraingredients.com, 2007 O objectivo da primeira parte da tese foi identificar potenciais soluções para o

desenvolvimento de novos óleos alimentares funcionais, isto é, óleos mais

saudáveis a nível nutricional, aos quais se poderão associar propriedades

benéficas para a saúde do consumidor.

No trabalho até aqui descrito, o estudo do desenvolvimento de potenciais

formulações de óleos funcionais, foi maioritariamente realizado por via de

adição directa de componentes activos a diferentes óleos alimentares,

combinando, em alguns casos, com misturas de diferentes óleos vegetais

para incremento de determinado (s) ingrediente (s) específico (s).

Foi estudada a viabilidade de incorporar em óleo de girassol, extractos

bioactivos de origem natural, obtidos particularmente a partir de resíduos da

extracção de azeite. Os extractos naturais, desenvolvidos por um processo

patenteado na sequência de um projecto anterior a este trabalho, provêm de

 

4 – Conclusões Finais

Page 169: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 4 

- 164 -

resíduos da azeitona após a extracção de azeite e são concentrados ricos

num dos principais compostos fenólicos antioxidante, o hidroxitirosol.

As partículas formuladas por encapsulação do extracto em micropartículas

formuladas com adjuvantes lipídicos, produzidas através de tecnologia

supercrítica, demostraram ser facilmente incorporadas em óleo de girassol,

ocorrendo a sua solubilização de modo rápido, sem recorrer a agitação

mecânica com rotações elevadas e sem utilização de temperatura.

A caracterização e a avaliação in vitro da capacidade antioxidante dos

extractos bioactivos seleccionados para este estudo (EBH, RSEV e EBS)

perante diferentes espécies de radicais livres, evidenciou a importância da

selecção da matéria-prima para a obtenção dos extractos (bagaços) sendo

um factor determinante para a sua composição, propriedades químicas e

biológicas. Os três extractos avaliados revelaram valores elevados de

capacidade antioxidante perante os diferentes tipos de radicais livres,

variando essa capacidade de actuação consoante a composição da matriz de

partida e do processo aplicado na obtenção de cada extracto. Ensaios

preliminares de pré-tratamentos (acondicionamento em atmosfera de CO2

pressurizado e tratamentos hidrotérmicos) das matérias-primas utilizadas na

produção dos extractos naturais demonstraram a viabilidade de aumentar as

concentrações existentes de compostos fenólicos com elevada capacidade

antioxidante tais como o tirosol e o hidroxitirosol. Os melhores resultados,

quer no acondicionamento em CO2 pressurizado quer nos tratamentos

hidrotérmicos, foram obtidos para o bagaço húmido a 50ºC, onde se verificou

o aparecimento de hidroxitirosol não identificado anteriormente no extracto.

Os ensaios realizados a nível celular para identificação de capacidade

antioxidante intracelular e capacidade anti-proliferativa dos extractos EBH,

EBS e RSEV foram efectuados com linhas celulares humanas de

adenocarcinoma do cólon (Caco-2 e HT-29) e de carcinoma gástrico

(MKN45). Dois dos extractos testados, EBH e RSEV apresentaram

capacidade antioxidante relevante perante diferentes indutores de stress, em

particular quando testados em concentrações reduzidas. A capacidade

destes extractos em resgatar ou quelar espécies reactivas de radicais

evidenciou estar relacionada com as propriedades anti-proliferativas nas

Page 170: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 4 

- 165 -

linhas cancerígenas testadas, sendo tanto mais efectivos quanto maior a

actividade como antioxidantes. Por sua vez, a presença dos extractos RSEV

e EBS provocou alterações no ciclo celular das células HT-29, ocorrendo

retenção das células vivas na fase de divisão G0/G1. Este bloqueio relaciona-

se com a participação como segundos intermediários de espécies de radicais

livres nos mecanismos de regulação do ciclo celular na passagem da fase G0

para a fase S.

O extracto EBH demonstrou, nos ensaios de actividade anti-microbiana

realizados sobre microorganismos potenciadores de contaminações

alimentares (B. cereus, E. coli, S. poona, S.cerevisiae e C.albicans),

capacidade de total inibição do crescimento de leveduras e de redução da

proliferação de bactérias gram (+).

As incorporações de ácido ascórbico encapsulado em Partículas Lipídicas e

de extracto rico em hidroxitirosol (EBH) demonstraram ser efectivas na

inibição do processo de autooxidação de óleo de girassol à temperatura

ambiente, actuando como antioxidantes tanto a nível dos primeiros produtos

como dos segundos produtos da oxidação lipídica, num efeito dependente da

dose. No caso da adição de extracto rico em HT às misturas de óleos

vegetais, observou-se sinergias negativas quando a mistura final apresentava

maior teor em ácido oleico. No estudo do impacto dos óleos alimentares,

formulados com diferentes ingredientes activos encapsulados em PL, na

fritura por imersão, ensaio em laboratório, os fitosteróis e o extracto EBH em

óleo de girassol e nas misturas de óleos vegetais foram os mais efectivos,

prevenindo a oxidação térmica e melhorando a performance em fritura. A

adição de dimetilpolisiloxano (DMPS) às formulações testadas não revelou

qualquer efeito sobre a estabilidade oxidativa do óleo em termos de acidez ou

compostos polares totais, parecendo haver tendência para aumento destes

parâmetros em vez de diminuição. O impacto da adição deste aditivo deverá

ser avaliado em fritura descontínua na presença de alimento.

No caso de estudo, óleo rico em n-3 PUFA, o bioproduto, mistura de

tocoferóis com ácido ascórbico (NCT) foi o mais efectivo na manutenção da

Page 171: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 4 

- 166 -

conservação lipídica dos óleos testados, apresentando um efeito dependente

da dose, reduzindo para as concentrações mais elevadas testadas, o índice

de Totox de 24 para 10.

O óleo aditivado com DMPS - especial fritura, segundo caso de estudo

apresentado, o bioproduto, mistura de tocoferóis, à temperatura ambiente,

quando presente em concentrações mais reduzidas, demonstrou capacidade

de actuar nas reacções radicalares do processo de oxidação. Efeitos

sinérgicos negativos foram verificados entre tocoferóis e ácido ascórbico

quando a concentração de Toc atingiu os 250 ppm, verificando-se actividade

pró-oxidante.

Neste caso de estudo, os melhores resultados obtidos foram para o

concentrado NCT, onde as concentrações mais elevadas deste bioproduto

conseguiram retardar a oxidação lipídica do produto comercial.

Combinando as diversas competências em determinadas áreas cientificas

com o conhecimento da indústria nos seus produtos, é possivel desenvolver

óleos funcionais de elevada qualidade, com potencial impacto na dieta diária

do consumidor.

Page 172: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

ESTUDO DA VARIAÇÃO DAS PROPRIEDADES FISICO QUÍMICAS

DE ÓLEOS COM TEMPERATURAS ASSOCIADAS AO

PROCESSO DE FRITURA.

CORRELAÇÃO COM A QUANTIDADE DE GORDURA ABSORVIDA

PELO ALIMENTO.

Capitulo 1 – Introdução

Capitulo 2 - Variação das propriedades Fisico Químicas de Óleos com temperaturas asso-ciadas ao processo de Fritura

Capitulo 3 - Correlação das propriedades Fisico Químicas de um Óleo com a quanti-dade de gordura absorvida pelo alimento, durante o processo de fritura

Capitulo 4 - Conclusões Finais

169

177

193

205

Page 173: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao
Page 174: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

- 169 -

Deep-fat frying is the most common unit operation in food preparation, as evidenced by the

worldwide annual production of more than 20 millions tons of frying oil.

Gertz et al, 2004

1.1 Processo de Fritura A fritura por imersão (deep fat frying) é um dos métodos mais antigos e

populares para se confeccionar alimentos.(1,2) Os alimentos fritos têm uma

cor, sabor e textura agradável sendo dessa forma muito apetecíveis para o

consumidor, (3) tornando a fritura por imersão num mercado de biliões. (1,4)

Este método de preparação de alimentos consiste em submergi-los em óleo

cuja temperatura se encontra acima dos 130 ºC, ocorrendo durante a imersão

importantes transferências de calor e de massa (consultar Figura J1, no

Anexo J). (5,6) Devido à acção de diversos agentes tais como: vapor de água,

ingredientes e contaminantes provenientes dos alimentos, oxigénio que se

difunde pela superfície do óleo provocando oxidação, temperatura elevada

que promove alterações térmicas, os óleos alimentares durante o processo

de fritura sofrem alterações na sua estrutura química e física. (7,8)

1 – Introdução

Page 175: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 1 

- 170 -

Quando o alimento é imerso no óleo quente e se inicia o processo de fritura,

a água nele contida vai saindo gradualmente e evaporando provocando o

aparecimento de pequenas bolhas. A água, como nucleófilo, ataca a ligação

éster dos triacilgliceróis produzindo mono- e diacilgliceróis, glicerol e ácidos

gordos livres. (1,9)

A temperaturas até 130ºC, o oxigénio em contacto com o óleo reage

rapidamente com os triacilgliceróis produzindo-se hidroperóxidos através do

mecanismo predominante de deterioração, o mecanismo radicalar de auto-

oxidação. Acima dos 130ºC, temperaturas normalmente utilizadas no

processo de fritura, a presença mais limitada de oxigénio faz com que os

hidroperóxidos sejam rapidamente decompostos, antes de originarem mais

radicais livres que propagariam as reacções radicalares. O mecanismo

químico da oxidação térmica segue o mesmo princípio do mecanismo da

autooxidação, sendo no entanto bastante mais rápido. (1) Os hidroperóxidos

são assim produtos muito instáveis durante a fritura, sendo decompostos, por

homólise da ligação peroxídica, em radicais alcoxilo e hidroxilo. (1,10) A

existência de água nos óleos influência assim a presença de voláteis,

potenciando a diminuição destes compostos por volatilização no vapor. (10)

Os voláteis que permanecem no óleo, decompõem-se ou reagem com

constituintes dos alimentos seguindo reacções de oxidação, dimerização e

polimerização. (11)

O processo de fritura, devido às suas elevadas temperaturas, acelera a

geração de dímeros, polímeros e compostos cíclicos através de reacções de

polimerização dos triacilgliceróis. (1,12) A formação destes compostos,

considerados como os principais produtos de decomposição do óleo durante

a termo-oxidação, origina o aparecimento de espuma e aumenta a

viscosidade e formação de acrilamida. (4,13)

Os produtos resultantes da degradação do óleo durante a fritura por imersão

são os responsáveis pela alteração organoléptica e nutricional dos alimentos

fritos. Os voláteis nos óleos de fritura são os factores mais condicionantes do

sabor conferido aos alimentos, sendo os polímeros os responsáveis pela

alteração de cor e textura do alimento. (1)

Page 176: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 1 

- 171 -

1.2 Parâmetros Físico-Químicos

No sentido de desenvolver métodos expeditos e pouco dispendiosos para

controlo da deterioração e qualidade de óleos alimentares durante o processo

de fritura por imersão tem-se observado, nos últimos anos, um esforço da

comunidade científica, para identificar os compostos formados durante este

processo e os respectivos mecanismos de degradação. (8,12,14)

Os hidroperóxidos, compostos formados durante a oxidação lipídica e

quantificados pela medição de Índice de Peróxidos, são espécies

intermediárias de transição que a temperaturas elevadas se decompõem em

compostos carbonílicos, tornando este parâmetro pouco fiável para a

monitorização da qualidade do óleo durante o processo de fritura por

imersão.(14,15) Por sua vez, os compostos carbonílicos formados pela

degradação dos hidroperóxidos, na presença de p-anisidina e meio ácido são

detectados por absorvância, sendo assim possível utilizar esta medição como

um parâmetro de controlo da qualidade do óleo durante o processo de fritura.

O índice de anisidina aumenta ao longo do tempo de

aquecimento/fritura.(16,17)

Durante o processo de fritura de óleos alimentares, o conteúdo em ácidos

gordos livres (FFA) vai aumentando também ao longo do tempo, sendo as

reacções de hidrólise e de oxidação dos triacilgliceróis os responsáveis por

este aumento. No entanto, a ocorrência de volatilização destes compostos no

vapor de água dos alimentos durante o processo de fritura, torna a sua

quantificação pouco fidedigna para acompanhamento da degradação dos

óleos a altas temperaturas. (15) Apesar da existência de ácidos gordos livres

nos óleos de fritura potenciar o mecanismo de oxidação térmica, é o grau de

insaturação dos ácidos gordos (mais que o seu tamanho de cadeia) o que

mais contribui para esse fenómeno. (1)

Page 177: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 1 

- 172 -

A viscosidade define a fluidez de um líquido a determinada temperatura e à

pressão atmosférica. (12) A viscosidade dos óleos alimentares aumenta com o

comprimento das cadeias dos ácidos gordos que compõem os triacilgliceróis,

mas diminui com o grau de insaturação dos mesmos, sendo por isso um

parâmetro que depende das forças intermoleculares e de interacções

estruturais. (18) Os ácidos gordos polinsaturados (PUFAS) com duas ou mais

ligações duplas, apresentam preferencialmente uma conformação cis, que

evita a aglomeração e as interacções dos triacilgliceróis, reduzindo por isso a

viscosidade dos óleos ricos nestes compostos. (1,13,19)

Em óleos não degradados, o aumento de temperatura provoca uma

diminuição da viscosidade devido a maior movimento das moléculas e

diminuição das forças intermoleculares. (18,19) No entanto, com a progressiva

degradação dos óleos durante o processo de fritura, a viscosidade vai

aumentando como consequência da polimerização dos triacilgliceróis. As

moléculas maiores de triacilgliceróis têm maior capacidade de estabelecer

interacções estruturais, aumentando assim a viscosidade do óleo. (8,18-20) A

monitorização das variações da viscosidade destas gorduras durante o

processo de fritura pode ser considerada uma medida eficiente para controlo

da qualidade dos mesmos. (1,8,15).

Ao longo do deste complexo processo, a estrutura dos óleos vai-se alterando,

e o grau de insaturação do óleo original tende a decrescer ao longo do

tempo, em parte devido à formação de pequenas quantidades de misturas

complexas de ácidos gordos monocíclicos. (1,19)

No decorrer do processo de fritura, acima de 130ºC, tanto os ácidos gordos

livres como os compostos polimerizados que se formam se correlacionam

com o conteúdo total de compostos polares (TPM). O conteúdo em TPM é

considerado como o critério mais objectivo e válido para a avaliação da

degradação do óleo durante a fritura por imersão. (15) A quebra dos

triacilgliceróis durante o tempo de fritura, e a consequente formação de

peróxidos e ácidos gordos livres, provocam o aumento da polaridade das

moléculas presentes no óleo, induzindo o aumento de compostos polares

totais ao longo do tempo de fritura. (15)

Page 178: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 1 

- 173 -

É possível sucintamente resumir que durante o processo de fritura por

imersão se observa a diminuição do grau de insaturação dos óleos com

consequente formação de espuma, alteração da cor, aumento de

viscosidade, conteúdo em ácidos gordos livres, compostos polimerizados e

materiais polares. Na figura 1.1, apresenta-se a evolução dos compostos

resultantes da termo-oxidação de um óleo ao longo do tempo de fritura.

Figura 1.1 Variações químicas e físicas nos óleos durante processo de fritura por imersão.

Evolução ao longo do tempo. Adaptado de Choe et al, 2007. (1)

A monitorização do processo de degradação dos óleos durante o processo

de fritura, realiza-se por métodos físicos e químicos que se complementam. (8,14) Os métodos físicos incluem principalmente medição de viscosidade, cor,

índice de refracção, espectroscopia por IV e medição da constante

dieléctrica. Os ensaios químicos incluem a determinação de ácidos gordos

livres (acidez do óleo), índice de anisidina, valor de saponificação,

determinação de polímeros e de compostos polares totais. (12)

Peróxidos

Polímeros

TPM

FFA

Espuma

Cor & Viscosidade

Voláteis

Tempo

Uni

dade

med

ida

Peróxidos

Polímeros

TPM

FFA

Espuma

Cor & Viscosidade

Voláteis

Tempo

Uni

dade

med

ida

Page 179: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 1 

- 174 -

1.3 Absorção de gordura pelo alimento

Nos últimos anos tem-se assistido a uma evidente preocupação dos

consumidores, principalmente da Europa ocidental, em diminuir o consumo

de alimentos ricos em gorduras. Este fenómeno surgiu após os inúmeros

alertas de especialistas em nutrição e saúde, que correlacionam o consumo

de gordura com maior incidência de doenças cardiovasculares e

determinados tipos de cancro. (21,22) Neste sentido, a indústria alimentar tem

procurado soluções que minimizem a quantidade de gordura absorvida pelos

alimentos, contribuindo dessa forma para a redução das gorduras ingeridas

pelos consumidores.

Contudo, a obtenção de alimentos com menos gordura incorporada após

fritura, torna necessário entender os mecanismos envolvidos durante esse

processo, para assim ser possível diminuir a gordura acumulada. Um dos

principais mecanismos a estudar é de como se realiza a migração do óleo

para o interior da estrutura do alimento.

A fritura por imersão é uma operação complexa que envolve altas

temperaturas causando mudanças significativas a nível estrutural, do óleo e

do alimento. (23-25) Este último, durante o processo de fritura, encontra-se

sujeito a simultâneas transferências de calor e massa em direcções opostas

(sai água do alimento e entra óleo) e sofre mudanças microestruturais na sua

superfície e no seu interior (consultar figura J1, em anexo). (5,6,23) Ainda não

se encontra totalmente esclarecido de quando e como o óleo penetra na

estrutura do alimento. No entanto, inúmeros estudos realizados na última

década têm demonstrado que quase todo o óleo fica localizado na superfície

do alimento, sendo durante o processo de arrefecimento que a maior

quantidade é absorvida. (21,26-29)

Page 180: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 1 

- 175 -

1.4 Referências (1) Choe, E. and Min, D.B., Chemistry of Deep-Fat Frying Oils Doi:10.1111/J.1750-3841.2007.00352.X, Journal of Food Science, 2007, 72, R77-R86. (2) Choe, E. and Min, D.B., Mechanisms and Factors for Edible Oil Oxidation Doi:10.1111/J.1541-4337.2006.00009.X, Comprehensive Reviews in Food Science and Food Safety, 2006, 5, 169-186. (3) Boskou, G., Salta, F., Chiou, A., Troullidou, E. and Andrikopoulos, N., Content of Trans, Trans-2,4-Decadienal in Deep-Fried and Pan-Fried Potatoes., Eur J Lipid Sci Technol, 2006, 108, 109–15. (4) Pedreschi, F., Moyano, P., Kaack, K. and Granby, K., Color Changes and Acrylamide Formation in Fried Potato Slices., Food Res Intl, 2005, 38, 1–9. (5) Achir, N., Kara, W., Chipeaux, C., Trezzani, I. and Cuvelier, M.E., Effect of Energy Transfer Conditions on the Chemical Degradation of Frying Oil, Eur J Lipid Sci Technol, 2006, 108, 999-1006. (6) Dobarganes, C., Márquez-Ruiz, G. and Velasco, J., Interactions between Fat and Food During Deep-Frying, Eur J Lipid Sci Technol, 2000, 102, 521-528. (7) Osawa, C.C., Gonçalves, L.A.G. and Ragazzi, S., The Use of Fast Methodologies (Kits) in Evaluating Deep-Frying Oils, J Am Oil Chem Soc, 2007, 84, 893–897. (8) Dobarganes, M. and Marquez-Ruiz, G., Regulation of Used Frying Fats and Validity of Quick Tests for Discarding the Fats., Grasas y Aceites, 1998, 48. (9) Chung, J., Lee, J. and Choe, E., Oxidative Stability of Soybean and Sesame Oil Mixture During Frying of Flour Dough, J Food Sci, 2004, 69. (10) May, W., Peterson, R. and Chang, S., Chemical Reactions Involved in the Deep-Fat Frying of Foods: Ix. Identification of the Volatile Decomposition Products of Triolein, J AmOil Chem Soc, 1983, 60, 990–995. (11) Paul, S. and Mittal, G., Regulating the Use of Degraded Oil/Fat in Deep-Fat/Oil Food Frying, Crit Rev Food Sci Nutr, 1997, 37, 635–662. (12) Gertz, C., Chemical and Physical Parameters as Quality Indicators of Used Frying Fats, Eur J Lipid Sci Technol, 2000, 102, 566–572. (13) Gertz, C., Determination of Polymerized Triglycerides Content in Deep-Frying Fats and Oils, European Journal of Lipid Science and Technology, 2001, 103, 114-116. (14) Osawa, C.C., Goncalves, L.A.G. and Ragazzi, S., The Use of Fast Methodologies (Kits) in Evaluating Deep-Frying Oils, Journal of the American Oil Chemists Society, 2007, 84, 893-897. (15) Ramadan, M., Amer, M. and Sulieman, A.E.-R.M., Correlation between Physicochemical Analysis and Radical-Scavenging Activity of Vegetable Oil Blends as Affected by Frying of French Fries, Eur. J. Lipid Sci. Technol., 2006, 108, 670–678. (16) Houhoula, D., Oreopoulou, V. and Tzia, C., A Kinetic Study of Oil Deterioration During Frying and a Comparison with Heating., J Am Oil Chem Soc, 2002, 79, 133–137. (17) Tompkins, C. and Perkins, E., The Evaluation of Frying Oils with the P-Anisidine Value., J Am Oil Chem Soc, 1999, 76, 945–947. (18) Santos, J.C.O., Santos, I.M.G. and Souza, A.G., Effect of Heating and Cooling on Rheological Parameters of Edible Vegetable Oils, Journal of Food Engineering, 2005, 67, 401–405. (19) Valdés, A.F. and Garcia, A.B., A Study of the Evolution of the Physicochemical and Structural Characteristics of Olive and Sunflower Oils after Heating at Frying Temperatures, Food Chemistry, 2006, 98, 214-219. (20) Abramovic, H. and Klofutar, C., The Temperature Dependence of Dynamic Viscosity for Some Vegetable Oils, Acta Chim Slov., 1998, 45, 69-77. (21) Bouchon, P. and Pyle, D.L., Studying Oil Absorption in Restructured Potato Chips Doi:10.1111/J.1365-2621.2004.Tb13363.X, Journal of Food Science, 2004, 69, FEP115-FEP122. (22) Bassuk, S.S. and Manson, J.E., Lifestyle and Risk of Cardiovascular Disease and Type 2 Diabetes in Women: A Review of the Epidemiologic Evidence 10.1177/1559827608314095, American Journal of Lifestyle Medicine, 2008, 2, 191-213.

Page 181: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 1 

- 176 -

(23) Dana, D. and Saguy, I.S., Review: Mechanism of Oil Uptake During Deep-Fat Frying and the Surfactant Effect-Theory and Myth, Advances in Colloid and Interface Science, 2006, 128-130, 267-272. (24) Gertz, C., Klostermann, S. and Kochhar, S.P., Testing and Comparing Oxidative Stability of Vegetable Oils and Fats at Frying Temperature, European Journal of Lipid Science and Technology, 2000, 102, 543-551. (25) Kochhar, S.P. and Gertz, C., New Theoretical and Practical Aspects of the Frying Process, European Journal of Lipid Science and Technology, 2004, 106, 722-727. (26) Bouchon, P., Aguilera, J.M. and Pyle, D.L., Structure Oil-Absorption Relationships During Deep-Fat Frying Doi:10.1111/J.1365-2621.2003.Tb05793.X, Journal of Food Science, 2003, 68, 2711-2716. (27) Aguilera, J.M. and Gloria-Hernandez, H., Oil Absorption During Frying of Frozen Parfried Potatoes Doi:10.1111/J.1365-2621.2000.Tb16031.X, Journal of Food Science, 2000, 65, 476-479. (28) Pedreschi, F., Cocio, C., Moyano, P. and Troncoso, E., Oil Distribution in Potato Slices During Frying, Journal of Food Engineering, 2008, 87, 200-212. (29) Pedreschi, F. and Moyano, P., Oil Uptake and Texture Development in Fried Potato Slices, Journal of Food Engineering, 2005, 70, 557-563.

Page 182: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

- 177 -

Frying is believed to have originated in ancient Egypt around 2500BC Tannahill et al, 1995 2.1 Introdução

O objectivo deste capítulo foi avaliar e acompanhar a degradação térmica

ocorrida durante o processo de fritura doméstica de vários óleos alimentares.

O conhecimento de alterações de determinados parâmetros que caracterizam

a degradação lipídica durante este complexo fenómeno, é fundamental para

desenvolver um óleo mais saudável e específico para fritura.

Os diferentes óleos alimentares estudados foram submetidos a um processo

de aquecimento contínuo durante 4,5 h a 180 ºC, durante o qual se

recolheram amostras para posterior análise e monitorização da viscosidade,

índice de anisidina, compostos polares totais, ácidos gordos livres (acidez), e

composição em ácidos gordos. De forma a avaliar a influência no processo

de fritura, da adição ao óleo de girassol de compostos activos antioxidantes,

seis diferentes formulações foram estudadas.

 

2 – Variação das propriedades Físico Químicas de Óleos com temperaturas associadas ao processo de Fritura

Page 183: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 178 -

2.2 Materiais e Métodos

Materiais

Avaliou-se a influência da composição química dos óleos no comportamento

e estabilidade térmica dos mesmos durante o processo de fritura comparando

diferentes: óleo de Girassol, Soja, Colza e Girassol Alto Oleico (Gir AO).

Todos os óleos alimentares foram fornecidos pela Sovena, Consumer Goods,

SA.

A influência, na estabilidade oxidativa e comportamento durante o processo

de fritura, da adição de compostos activos (bioprodutos) ao óleo de girassol

foi também avaliada. Na Tabela 2.1 encontram-se listados os bioprodutos

testados e as respectivas concentrações utilizadas.

Tabela 2.1 Concentrados activos antioxidantes e respectivas concentrações (%m/m)

adicionados ao óleo de girassol.

Concentrados Antioxidantes /Bioprodutos

Concentração(% m/m)

Denominação

HT - Extracto comercial Lipofílico

de azeitona, rico em hidroxitirosol. 0,02 10HT

HT - Extracto comercial Lipofílico

de azeitona, rico em hidroxitirosol 0,03 15HT

IN – Extracto de Rosmaninho 0,05 0,05IN

IN – Extracto de Rosmaninho 0,1 0,1IN

Partículas Lipídicas com Ácido

Ascórbico 0,1 PLAA

Galato Propilo 0,008 GP80

As concentrações testadas dos bioprodutos em cima listados, foram

seleccionadas tendo em conta trabalhos anteriormente realizados, as

propriedades descritas para os diferentes produtos e respectivos modos de

utilização referidos pelos fornecedores.

As partículas lipídicas (PL) ricas em ácido ascórbico (30 % m/m em relação à

massa de lípido) foram formuladas de acordo com o método já descrito no

Capítulo 2 - Parte 1.

Page 184: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 179 -

Métodos

Formulação das Particulas Bioactivas

As PL foram formuladas de acordo com o método descrito no Capítulo 2 -

Parte 1. Os adjuvantes lipídicos utilizados foram os anteriormente

mencionados, o Precirol ato 5 e o Lumulse GMS K, na proporção mássica

(50:50). As condições operatórias de pressão e temperatura (P,T) foram 120

bar (12 MPa) e 50 ºC (325 K) respectivamente.

Adição dos Concentrados Antioxidantes

1000 mg de partículas lipídicas com ácido ascórbico (PLAA) foram

adicionadas a cada kg de óleo de girassol, sendo a solubilização total

conseguida por agitação manual.

Os concentrados antioxidantes HT e IN e o galato de propilo (E310), são

preparados comerciais com especificação para óleos alimentares. A adição

do concentrado de rosmaninho envolveu a pesagem rigorosa das

quantidades a adicionar e agitação reduzida ao abrigo da luz e ar durante

alguns minutos. A adição do concentrado HT e do galato de propilo exigiu

agitação recorrendo ao homogeneizador Turrax e aquecimento a 60 ºC

durante 5 min.

As características sensoriais (cor, brilho e cheiro) não foram

significativamente alteradas.

Aquecimento Contínuo

Os ensaios de aquecimento dos óleos em contínuo foram realizados

utilizando duas fritadeiras eléctricas domésticas (Ufesa, Espanha) com 2 L de

capacidade, equipadas com um cesto de aço inoxidável.

Page 185: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 180 -

Em cada fritadeira, colocou-se 2 L de óleo e aqueceu-se durante 20 minutos

até termostatização do óleo a 180 ºC ± 3 ºC.

Trinta minutos depois de se atingir a termostatização, efectuou-se a primeira

recolha de óleo. Outras quatro recolhas foram realizadas durante o restante

tempo de ensaio, intervaladas entre si em 1 h. Em cada recolha, após 1

minuto de homogeneização por agitação, recolheu-se 200 mL do óleo, sendo

a amostra recolhida colocada em recipientes fechados e opacos, e

guardados ao abrigo da luz até realização das análises. As amostras para

análise de índice de peróxidos e teste de rancimat foram guardadas a 4 ºC.

As fritadeiras permaneceram abertas durante todo o ensaio.

Óleos originais, referente ao tempo zero, foram guardados nas mesmas

condições sem serem abertos, para posteriores análises.

Análises dos parâmetros físico-químicos

A progressão da deterioração dos óleos ao longo das quatro horas e meia de

aquecimento foi acompanhada pela monitorização de diferentes parâmetros:

índice de p-anisidina, ácidos gordos livres e compostos polares totais. A

composição dos óleos em ácidos gordos foi determinada para as amostras

originais e para as amostras referentes às últimas recolhas (final do tempo de

aquecimento).

A determinação do conteúdo em compostos polares totais (TPM) dos óleos

foi realizada por medição da constante dieléctrica, imediatamente antes de se

proceder a cada recolha.

O método oficial, descrito para quantificação dos compostos polares totais, é

cromatografia em colunas de sílica. No entanto, este método é extremamente

moroso e dispendioso, pelo que nos últimos anos têm surgido referências a

métodos mais expeditos e com igual rigor e precisão para determinar o teor

destes compostos nos óleos alimentares. (1,2) A constante dieléctrica dos

diferentes óleos varia com o aumento do teor de compostos polares. Durante

os ensaios descritos, utilizou-se para quantificar o teor em TPM o Testo 265

(Alemanha), aparelho que mede a constante dieléctrica através de um sensor

Page 186: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 181 -

capacitivo formado por um condutor de ouro e um substrato cerâmico. O

sensor é mergulhado in situ no óleo em estudo, quantifica a constante

dieléctrica e calcula o valor de compostos polares totais. Este valor é

expresso em percentagem (% TPM), visualiza-se num LED do aparelho.

Realizou-se sempre quatro medições distintas para determinar o erro

associado à medição deste parâmetro. Os resultados apresentam-se

graficamente na Figura 2.1, e encontram-se expressos em % TPM ± DP. Por

lei, o valor máximo de compostos polares totais permitidos num óleo

alimentar é 25%.

O índice de p-anisidina, que acompanha a formação de segundos produtos

da oxidação térmica (compostos voláteis, aldeídos e cetonas) foi determinado

para todas as amostras em duplicado. (3) O erro médio determinado para este

ensaio foi 7,1 %. As amostras cujo erro foi superior a 8 % foram novamente

analisadas. Os resultados obtidos ao longo do tempo de aquecimento,

apresentam-se graficamente na Figura 2.2, expressos em g/mL. O método de

análise encontra-se sucintamente descrito no Anexo B.

A quantificação de ácidos gordos livres foi efectuada segundo o método

oficial, que se encontra descrito no Anexo B. A determinação deste

parâmetro foi realizada para todas as recolhas ao longo do tempo do ensaio.

Os resultados, expressos em % ácido Oleico, encontram-se representados

na Figura 2.3. O erro médio associado a este ensaio foi 6 %.

O índice de peróxidos através do qual se monitoriza os primeiros produtos da

oxidação lipídica foi calculado para as várias recolhas de óleo efectuadas. O

tempo de indução determinado pelo método de Rancimat foi determinado

para as últimas recolhas de óleos correspondentes ao final do tempo de

ensaio. Dado que estes parâmetros não são específicos para a avaliação da

degradação de óleos durante o processo de fritura (Capítulo 1 – Parte II) os

resultados apresentam-se em anexo (Anexo K). Ambos os métodos foram

descritos anteriormente (Capítulo 3, Parte 1) e encontram-se mais detalhados

no Anexo B.

Page 187: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 182 -

A variação da composição lipídica dos óleos ao longo do tempo de

aquecimento foi efectuada quantificando os ácidos gordos presentes nos

óleos originais e nos óleos recolhidos ao fim do tempo de ensaio (270 min). A

quantificação dos ácidos gordos foi efectuada por cromatografia gasosa

(GC), estereficando os ácidos gordos nos seus ésteres de metilo (FAME). (4)

Na Tabela 2.2, apresenta-se os resultados determinados, expressos em

percentagem mássica (% m/m).

Mediu-se a viscosidade das várias amostras de óleos recolhidas ao longo dos

270 minutos de ensaio de forma a avaliar a sua degradação estrutural. As

medidas de viscosimetria dinâmica, foram efectuadas usando um

viscosímetro para baixas viscosidades (modelo LVTD-II-Brookfield,

Middleboro, USA), e utilizando o spindle 31 adaptado a um colector de

amostras de volume reduzido, permitindo a utilização de 17 mL de amostra

de óleo por análise. As medições foram realizadas à temperatura ambiente (±

23 ºC) e num intervalo de velocidades de rotação de 1,5 a 6 rpm. Em cada

medição, a viscosidade foi determinada a 1,5 rpm, 3 rpm e 6 rpm. Os ensaios

foram realizados em duplicado, sendo os resultados finais expressos em cP ±

DP. As viscosidades referentes aos óleos originais e aos óleos recolhidos no

último tempo de ensaio (5ª Recolha, 5R) apresentam-se na Tabela 2.2 e em

gráfico na Figura 2.4. No Anexo K é possível consultar a correlação obtida

para a variação da viscosidade em função do grau de insaturação dos óleos

estudados.

Page 188: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 183 -

2.3 Resultados & Discussão Os resultados obtidos, referentes aos vários parâmetros representativos da

degradação térmica ao longo do tempo de ensaio para os óleos estudados,

são de seguida apresentados.

Na Tabela 2.2, encontram-se resumidos os resultados obtidos por

cromatografia gasosa para a composição em ácidos gordos dos óleos

originais e para os óleos aquecidos em contínuo durante 270 min. Na tabela

estão representadas as percentagens mássicas globais de ácidos gordos

polinsaturados (PUFAS), monoinsturados (MUFAS) e saturados (SFA), as

percentagens mássicas dos ácidos gordos polinsaturados existentes na

conformação Trans e a razão SFA/PUFAS que representa o grau de

insaturação de cada amostra.

Tabela 2.2 Variações na composição lipídica (% m/m) verificadas ao final de 270 min de

aquecimento contínuo a 180 ºC em ambiente de fritura doméstica.

cP

t (min) Amostra PUFAS MUFAS SFA Transoleicos Translinolénicos + Translinoleicos SFA/PUFAS Viscosidade

Soja 59,68 24,74 15,58 0,02 0,80 0,26 60,80Colza 27,67 64,54 7,79 0,08 1,19 0,28 73,50

Girassol 60,15 28,78 11,07 0,02 0,15 0,18 64,00Gir PLAA 60,03 28,73 11,24 0,02 0,16 0,19 59,13Gir 10HT 60,06 28,70 11,24 0,03 0,16 0,19 59,47Gir 15HT 60,15 28,66 11,19 0,01 0,17 0,19 61,73Gir GP80 60,04 28,78 11,18 0,03 0,16 0,19 65,03Gir 0,05IN 59,82 28,82 11,36 0,02 0,16 0,19 59,60Gir 0,1IN 59,75 28,91 11,34 0,02 0,17 0,19 59,70Gir AO 11,61 79,39 9,00 0,04 0,07 0,78 77,33Soja 5R 57,44 25,86 16,70 0,10 0,81 0,29 70,50Colza 5R 26,67 65,04 8,29 0,12 1,09 0,31 67,70

Girassol 5R 58,24 29,58 12,18 0,05 0,19 0,21 69,37Gir PLAA 5R 58,05 29,92 12,03 0,09 0,21 0,21 70,57Gir 10HT 5R 58,11 29,99 11,90 0,11 0,21 0,20 76,60

Gir 15HT 5R 58,22 29,94 11,84 0,10 0,20 0,20 78,33

Gir GP80 5R 57,59 30,51 11,90 0,08 0,17 0,21 75,57Gir 0,05IN 5R 58,34 29,80 11,86 0,08 0,19 0,20 69,23Gir 0,1IN 5R 58,23 29,88 11,89 0,09 0,20 0,20 69,80Gir AO 5R 11,87 78,97 9,16 0,17 0,07 0,77 84,27

o m

in27

0 m

in

%

Page 189: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 184 -

O teor em compostos polares totais (TPM) foi determinado para cada

amostra de óleo recolhida ao longo do ensaio recorrendo ao sensor

dieléctrico, Testo 265.

Os valores de % TPM obtidos para os óleos de Girassol, Soja, Colza e Alto

Oleico ao longo do tempo de aquecimento, encontram-se representados na

Figura 2.1.

Figura 2.1 Variação da percentagem mássica de compostos polares totais durante os 270

min de aquecimento contínuo a 180 ºC.

A variação dos TPM para os óleos de girassol enriquecidos com os diferentes

concentrados de antioxidantes apresenta-se graficamente no Anexo K, não

se tendo verificado variações significativas.

Os valores obtidos para os índicies de anisidina (IpA) referentes aos vários

tempos de recolha dos diferentes óleos estudados estão representados na

figura seguinte, Figura 2.2.

0

5

10

15

20

25

30

0 50 100 150 200 250 300

t (min)

% T

PM

Girassol Colza Girassol Alto Oleico Soja

Page 190: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 185 -

Figura 2.2 Variação dos valores obtidos para o índice de anisidina ao longo dos 270min de

ensaio para os diferentes óleos avaliados. O IpA é expresso em g/mL.

As funções ajustadas aos valores experimentais são polinomiais de grau 3

relacionando-se com o espectável para andamento de funções ajustadas a

variação de compostos voláteis e aumento de ácidos gordos livres. As

regressões aplicadas aos dados experimentais apresentam coeficientes de

correlação maiores que 0,998.

Na Figura 2.3, encontra-se representado graficamente a variação dos valores

de acidez para as várias amostras de óleo de Girassol, Colza, Soja e Girassol

Alto Oleico, em função do tempo. A variação, ao final de 270 min de ensaio, é

ainda pouco acentuada.

As variações dos valores de acidez, obtidos para os óleos de girassol

enriquecidos com concentrados antioxidantes, apresentam-se no Anexo K

(Figura K3).

0

50

100

150

200

0 50 100 150 200 250 300

IpA

GirassolColzaSojaGirassol AO

0

50

100

150

200

0 50 100 150 200 250 300

IpA

Gir+10HTGir+15HTGirassol

0

50

100

150

200

0 50 100 150 200 250 300

t (min)

IpA

Gir+0,1INGir+0,05INGirassol

0

50

100

150

200

0 50 100 150 200 250 300

t (min)Ip

A

Gir+GP80Gir+PLAAGirassol

Page 191: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 186 -

Figura 2.3 Variação da quantidade de ácidos gordos livres em função do tempo de aquecimento

dos óleos. A quantidade de ácidos gordos livres é expressa em %Ácido Oleico±DP.

Os valores obtidos para as viscosidades dos óleos ao final da primeira (1R -

30 min) e da quinta recolha (5R – 270 min) apresentam-se de seguida na

Figura 2.4.

Figura 2.4 Valores obtidos para as viscosidades dinâmicas dos óleos após 30 e 270 min de

aquecimento contínuo a 180ºC. As viscosidades foram medidas à temperatura ambiente.

Observando os resultados obtidos para a composição lipídica dos óleos

estudados, (Tabela 2.2 e Tabela J1 do Anexo J) no inicio (0 min) e no fim

(270 min) do processo de aquecimento em contínuo a 180 ºC, é possível

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0 50 100 150 200 250 300t (min)

%FF

A

Girassol SojaColza Girassol AO

0,0010,0020,0030,0040,0050,0060,0070,0080,0090,00

SojaColz

a

Girass

ol

Girass

ol AO

Girass

ol PLA

A

Girass

ol 10

HT

Girass

ol 15

HT

Girass

ol GP80

Girass

ol 0,0

5IN

Girass

ol 0,1

IN

μ, c

P

Originais 30 min 270 min

Page 192: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 187 -

distinguir pequenas variações nas quantidades de ácidos gordos

polinsaturados (PUFAS) e saturados (SFA). Resultados idênticos foram já

anteriormente reportados, concluindo-se que durante o processo de

aquecimento a 180 ºC (temperatura comum de fritura) ocorre uma diminuição

dos ácidos gordos polinsaturados em detrimento do aumento dos ácidos

gordos saturados. No trabalho apresentado, as modificações observadas

foram mais significativas para os óleos de soja e colza, para os quais se

observou um ligeiro aumento do ácido palmítico (C16:0), do ácido esteárico

(C18:0) e do ácido Oleico (C18:1), verificando-se em simultâneo um ligeiro

decréscimo do ácido linoleico (C18:2) e linolénico (C18:3). O tratamento

térmico induziu a modificação dos ácidos gordos com duas ou mais ligações

duplas evidenciando dessa forma a instabilidade de óleos ricos em n-3

PUFAS, como é o caso do óleo de colza. (1, 5, 6,7).

Não se verificou em nenhum dos óleos avaliados formação significativa de

isómeros trans do ácido linolénico e linoleico, durante o tempo de ensaio.

Estes resultados sugerem que o óleo de soja e o óleo de colza são os mais

susceptíveis à oxidação térmica verificada durante o processo de fritura.

Ao longo do tempo, para as várias recolhas de óleos, os compostos polares

totais (TPM) foram aumentando, revelando um aumento da degradação

lipídica das gorduras vegetais com a exposição a temperatura elevada. O

valor dos compostos polares totais aumenta devido ao aumento de ácidos

gordos livres, dímeros e polímeros de triacilgliceróis ao longo do tempo de

aquecimento (Figura 2.1 e Figura K2).

O aumento de TPM mais acentuado foi observado para o óleo de soja e em

seguida para o óleo de girassol. Quanto mais elevado o grau de insaturação

de um óleo maior a sua instabilidade e menor a sua resistência à oxidação

térmica. Como já referido, este comportamento deve-se aos PUFAS serem

ácidos gordos mais reactivos devido às posições das suas ligações duplas, (1,6,8) sendo por isso mais susceptíveis à oxidação térmica. Como resultado, o

óleo de girassol alto oleico, óleo com um valor baixo de polinsaturados e

elevado teor de monoinsaturados, foi o que apresentou valores mais

reduzidos para os TPM formados ao longo do tempo, sendo por isso maior a

Page 193: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 188 -

sua resistência à oxidação imposta pela temperatura. Por sua vez, para o

óleo de colza, que embora rico em ácido linolénico apresenta um teor

reduzido de PUFAS, também se observou uma menor variação dos TPM

formados ao longo do tempo de ensaio. Apesar do elevado teor em ácido

linolénico, o óleo de colza é bastante rico em MUFAS (valor duas vezes

superior a um óleo de girassol ou de soja).

Para os óleos de girassol ricos em antioxidantes, não se observou diferenças

significativas na evolução dos TPM, não diferindo dos valores obtidos para o

aquecimento de óleo de girassol (Figura J2, Anexo J).

Como esperado, para todos os óleos avaliados, os ácidos gordos livres (FFA)

e o índice de anisidina (quantificação de segundos produtos da oxidação)

aumentaram ao longo do tempo de aquecimento. (3)

Os valores de anisidina expressam a formação de produtos resultantes da

decomposição dos hidroperóxidos que ocorre durante o processo de

oxidação térmica. Ao longo do tempo de ensaio, o aumento destes produtos

da oxidação foi notório, sendo o valor mais elevado determinado para o óleo

de soja, e em seguida para o óleo de girassol (Figura 2.2). Como já

mencionado, essa diferença é resultado da composição lipídica dos óleos,

onde o teor mais elevado de ácidos gordos polinsaturados do óleo de soja e

do óleo de girassol, comparativamente ao óleo de colza e de girassol alto

oleico (Tabela 2.2), os torna óleos mais instáveis durante a oxidação térmica.

Este facto é mais evidente no óleo de soja, onde a oxidação das ligações

duplas do ácido gordo em maior concentração, o ácido linolénico, origina

ácidos gordos de menor peso molecular.

No caso de aquecimento contínuo de óleo e ausência de alimento, os FFA

formam-se por oxidação das ligações duplas dos ácidos gordos

polinsaturados (PUFAS), dando origem a grupos carbonilo que se convertem

em ácidos gordos de baixo peso molecular. (1,6,9) No entanto, devido ao

pouco tempo de aquecimento do ensaio realizado, os aumentos observados

são pouco acentuados, sendo as diferenças pouco significativas entre os

óleos de colza, girassol, girassol alto oleico e soja (Figura 2.3). Como se

Page 194: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 189 -

pode observar na Figura 1.1 da Introdução, o aumento dos ácidos gordos

livres apresenta numa primeira fase do aquecimento um aumento menos

acentuado, tornando-se, só com o decorrer da exposição à temperatura,

exponencial. A observação desse aumento significativo e exponencial num

processo de fritura contínuo é muitas vezes verificada ao final de mais de um

dia de fritura consecutiva. Analisando os resultados da acidez determinados

para os óleos enriquecidos com os concentrados antioxidantes (Figura J3 do

Anexo J), verifica-se que para todos eles os valores obtidos foram muito

semelhantes, não sendo possível observar variação em relação ao óleo de

girassol. Este resultado, reflecte mais uma vez a diminuída acção dos

compostos antioxidantes testados durante a operação de fritura. (6,10-12) O

aumento da acidez das amostras analisadas acompanhou o aumento de

compostos polares totais determinados.

É possível correlacionar os valores de viscosidade determinados para as

diferentes amostras de óleos com os seus teores em PUFAS (Figura J1,

Anexo J). Em geral, para todos os óleos, durante a primeira hora de ensaio,

observou-se uma redução do valor de viscosidade. Em óleos não

degradados, a redução da viscosidade é o comportamento normal. (1,13-15) O

aumento da viscosidade só se observa para óleos com degradação lipídica

evidente, e que neste caso só foi observada após duas horas de ensaio,

excepto para o óleo de colza. O óleo de colza, ao final dos 270 min ainda não

atingiu o valor da sua viscosidade original. A adição de antioxidantes não

demonstrou nenhuma variação na viscosidade do óleo de girassol, sugerindo

que estes antioxidantes nas concentrações testadas não têm acção efectiva

na inibição das reacções de polimerização e oxidação ocorridas durante o

tratamento térmico.

Os óleos cujo perfil lipídico é mais rico em compostos monoinsaturados, óleo

girassol alto oleico e óleo de colza, são os que apresentam uma maior

resistência à oxidação térmica que ocorre no processo de fritura, sendo

considerados por isso, óleos mais saudáveis para consumo humano. No

entanto, o óleo de colza contém uma maior quantidade inicial de isómeros

Page 195: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 2 

- 190 -

Trans dos ácidos linoleico e linolénico, a que estão associados a efeitos

negativos no perfil da lipoproteinas. (16-18)

Page 196: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 2 

- 191 -

2.4 Referências

(1) Ramadan, M., Amer, M. and Sulieman, A.E.-R.M., Correlation between Physicochemical Analysis and Radical-Scavenging Activity of Vegetable Oil Blends as Affected by Frying of French Fries, Eur. J. Lipid Sci. Technol., 2006, 108, 670–678. (2) Gertz, C., Chemical and Physical Parameters as Quality Indicators of Used Frying Fats, Eur J Lipid Sci Technol, 2000, 102, 566–572. (3) Tompkins, C. and Perkins, E., The Evaluation of Frying Oils with the P-Anisidine Value., J Am Oil Chem Soc, 1999, 76, 945–947. (4) Kowalski, R., Gc Analysis of Changes in the Fatty Acid Composition of Sunflower and Olive Oils Heated with Quercetin, Caffeic Acid, Protocatechuic Acid, and Butylated Hydroxyanisole, Acta Chromatographica, 2007, 18, 15-23. (5) Dubois, V., Breton, S., Linder, M., Fanni, J. and Parmentier, M., Fatty Acid Profiles of 80 Vegetable Oils with Regard to Their Nutritional Potential, Eur. J. Lipid Sci. Technol., 2007, 109, 710–732. (6) Choe, E. and Min, D.B., Chemistry of Deep-Fat Frying Oils Doi:10.1111/J.1750-3841.2007.00352.X, Journal of Food Science, 2007, 72, R77-R86. (7) Gertz, C. and Kochhar, S.P., A New Method to Determine Oxidative Stability of Vegetable Fats and Oils at Simulated Frying Temperature, Ocl-Oleagineux Corps Gras Lipides, 2001, 8, 82-88. (8) Choe, E. and Min, D.B., Mechanisms and Factors for Edible Oil Oxidation Doi:10.1111/J.1541-4337.2006.00009.X, Comprehensive Reviews in Food Science and Food Safety, 2006, 5, 169-186. (9) Chung, J., Lee, J. and Choe, E., Oxidative Stability of Soybean and Sesame Oil Mixture During Frying of Flour Dough, J Food Sci, 2004, 69. (10) Gertz, C., Klostermann, S. and Kochhar, S.P., Testing and Comparing Oxidative Stability of Vegetable Oils and Fats at Frying Temperature, European Journal of Lipid Science and Technology, 2000, 102, 543-551. (11) Kochhar, S.P., Stabilisation of Frying Oils with Natural Antioxidative Components, Eur. J. Lipid Sci. Technol., 2000, 102, 552–559. (12) Yanishlieva, N.V. and Marinova, E.M., Stabilisation of Edible Oils with Natural Antioxidants, Eur. J. Lipid Sci. Technol., 2001, 103, 752–767. (13) Santos, J.C.O., Santos, I.M.G. and Souza, A.G., Effect of Heating and Cooling on Rheological Parameters of Edible Vegetable Oils, Journal of Food Engineering, 2005, 67, 401–405. (14) Pedreschi, F. and Moyano, P., Oil Uptake and Texture Development in Fried Potato Slices, Journal of Food Engineering, 2005, 70, 557-563. (15) Valdés, A. and Garcia, A., A Study of the Evolution of the Physicochemical and Structural Characteristics of Olive and Sunflower Oils after Heating at Frying Temperatures, Food Chemistry, 2005, 98, 2006. (16) Okuyama, H., Fujii, Y. and Ikemoto, A., N-6/N-3 Ratio of Dietary Fatty Acids Rather Than Hypercholesterolemia as the Major Risk Factor for Atherosclerosis and Coronary Heart Disease., J. Health Sci., 2000, 46, 157-177. (17) Merchant, A.T. et al., Interrelation of Saturated Fat, Trans Fat, Alcohol Intake, and Subclinical Atherosclerosis, Am J Clin Nutr, 2008, 87, 168-174. (18) Leonard, E.C., Dietary Fatty Acids: Effect of the N-6/N-3 Balance on Human Nutrition and Disease., Lipid Technol., 1999, 11, 110-114.

Page 197: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao
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- 193 -

The global potato chips market generated total revenues of 16.4 billion dollars in 2005. This accounted for 35.5% of the total savory snacks market in that year (46.1 billion dollars). Euromonitor, 2007 3.1 Introdução

O objectivo deste capítulo foi i) estudar a variação da quantidade de óleo

absorvida pelo alimento, ao longo de 4,5 h de frituras sucessivas a 180 ºC em

ambiente de fritura doméstico, ii) tentar estabelecer correlação e relação

entre a quantidade de gordura incorporada no alimento e as variações dos

parâmetros físico-químicos determinados no processo de aquecimento

contínuo sem alimento, realizado em condições operatórias idênticas

(apresentado no capítulo anterior - Capítulo 2).

Escolheu-se como modelo de estudo de incorporação de gordura a batata,

devido a ser o alimento que é mais consumido frito em todo o mundo.

É necessário o conhecimento e esclarecimento de quais os parâmetros que

influenciam a incorporação de gordura durante o complexo processo de

3 – Correlação das propriedades Físico Químicas de um Óleo com quantidade de gordura absorvida pelo alimento durante o processo de Fritura

Page 199: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 3 

- 194 -

fritura, de forma a ser possível produzir óleos ou processos que diminuam a

gordura consumida.

Ao longo do tempo de ensaio, para além da quantificação da gordura

incorporada na batata, determinou-se o teor de compostos polares totais ao

longo das diferentes recolhas. 3.2 Materiais e Métodos A influência da composição dos diferentes óleos no teor de gordura absorvida

na batata foi avaliada comparando os resultados obtidos para fritura com óleo

de Girassol, Soja, Colza e Girassol Alto Oleico, todos eles fornecidos pela

Sovena, Consumer Goods, SA.

O estudo da interferência da presença de compostos antioxidantes na

composição do óleo utilizado em fritura foi realizado tendo como modelo o

óleo de girassol. Ao óleo de girassol adicionou-se os concentrados activos

antioxidantes (bioprodutos) estudados no processo de aquecimento contínuo,

apresentado no capítulo anterior.

Métodos

Formulação das Particulas Bioactivas

O processo de produção das PL foi o descrito no capitulo 2 - Parte 1.

Utilizaram-se os adjuvantes lipídicos, o Precirol ato 5 e o Lumulse GMS K na

proporção mássica (50:50). As condições operatórias de pressão e

temperatura (P,T) foram 120 bar (12MPa) e 50 ºC (325 K) respectivamente.

Adição dos Concentrados Antioxidantes

A incorporação das PLAA no óleo alimentar consistiu em adicionar 1000 mg

de partículas formuladas a cada kg de óleo. A solubilização das partículas no

óleo foi conseguida por agitação manual.

Page 200: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 3 

- 195 -

Os concentrados antioxidantes HT e IN e o galato de propilo (E310), são

preparados comerciais com especificação para óleos alimentares. A adição

do concentrado de rosmaninho envolveu a pesagem rigorosa das

quantidades a adicionar e agitação reduzida ao abrigo da luz e ar durante

alguns minutos. A adição do concentrado HT e do galato de propilo

necessitou de agitação recorrendo ao homogeneizador Turrax e aquecimento

a 60 ºC durante 5 min.

As características sensoriais (cor, brilho e cheiro) não foram

significativamente alteradas.

Fritura

Os ensaios de fritura em contínuo foram realizados durante 270 min,

utilizando duas fritadeiras eléctricas domésticas (Ufesa, Espanha) com 2 L de

capacidade, equipadas com um cesto de aço inoxidável para imersão dos

alimentos.

Em cada fritadeira, colocou-se 2 L de óleo e iniciou-se o aquecimento.

Esperou-se 20 minutos até os óleos termostatizarem a 180 ºC ± 3 ºC.

As batatas foram previamente descascadas e cortadas em palitos com uma

dimensão média de (lxcxh de 1,3x8,2x0,8). Em cada lote de fritura colocou-se

100 g ± 1 g de batatas no cesto de aço inoxidável.

A primeira fritura realizou-se trinta minutos depois de termostatização a

180 ºC, sendo as outras quatro frituras seguintes realizadas com intervalos

de 1 h. Em cada fritura registou-se o tempo de imersão das batatas e foram

retiradas após comparação visual de cor. A cor dourada, necessária para a

remoção das batatas, foi coincidente com o tempo de fritura (Tf) em todos os

óleos (Tf1R: 3 min; Tf2R:4 min; Tf3R: 4 min; Tf4R: 5 min; Tf5R: 5 min). Antes

de cada fritura mediu-se a quantidade de compostos polares totais utilizando

o sensor Testo 265. Após cada Tf as batatas foram removidas e

permaneceram no cesto de aço inoxidável a arrefecer durante 10 min, sendo

de seguida guardadas em frascos opacos para posterior análise de absorção

de gordura. As fritadeiras permaneceram abertas durante todo o ensaio.

Extracção de Gordura

Page 201: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 3 

- 196 -

O teor de óleo incorporado em cada recolha de batatas foi determinado por

método de extracção em Soxhlet com n-hexano, durante 2 h, sendo

posteriormente cada amostra obtida, evaporada à secura por destilação a

pressão reduzida. A determinação do teor de óleo é efectuada por diferença

de peso em relação ao balão de evaporação vazio. No Anexo L, encontra-se

o método descrito mais sucintamente.

O erro médio associado a este ensaio foi de 6,7 %.

Page 202: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 3 

- 197 -

3.3 Resultados & Discussão Apresenta-se na figura seguinte, Figura 3.1, os resultados determinados para

o teor de gordura incorporada nas batatas ao longo do tempo de ensaio e

para os diferentes tipos de óleo.

Figura 3.1 Variação do teor de gordura absorvida na batata em função do tempo de fritura.

O andamento da absorção de gordura em função do tempo de fritura é o

característico de uma função polinomial de grau 3 em que no inicio do

processo se verifica um rápido aumento da quantidade de gordura

incorporada no alimento seguido de um gradiente de diminuição gradual. Os

coeficientes de correlação determinados foram todos superiores a 0,99.

Antes de cada lote de fritura, efectuou-se a medição do teor de compostos

polares totais (TPM) através do aparelho Testo 265, que mede a constante

dieléctrica através de um sensor capacitivo formado por um condutor de ouro

e um substrato cerâmico. O sensor é mergulhado in situ no óleo,

0

5

10

15

20

25

30

0 50 100 150 200 250 300

t (min)

% G

ordu

ra

GirassolColzaSojaGirassol AO

0

5

10

15

20

25

30

0 50 100 150 200 250 300t (min)

% G

ordu

ra

Gir+10HTGir+15HTGirassol

0

5

10

15

20

25

30

0 50 100 150 200 250 300

t (min)%

Gor

dura

Gir+0,1INGir+0,05INGirassol

0

5

10

15

20

25

30

0 50 100 150 200 250 300t (min)

% G

ordu

raGir+GP80Gir+PLAAGirassol

Page 203: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 3 

- 198 -

quantificando a constante dieléctrica e calculando o valor de compostos

polares totais, expressos em percentagem (%TPM) e visualizados num LED

do aparelho. Realizaram-se sempre quatro medições distintas deste

parâmetro.

Os resultados, representados graficamente na Figura 3.2, são expressos em

%TPM ± DP.

Figura 3.2 Variação dos compostos polares totais ao longo dos 270 min de ensaio. Medição

efectuada imediatamente antes de cada fritura.

A fritura por imersão é um processo extremamente complexo que decorre a

elevadas temperaturas, envolvendo variações estruturais dos alimentos

associadas a transferência de massa e de calor (Figura J1, Anexo J) entre o

óleo e o respectivo alimento. (1-3)

A quantidade de gordura incorporada e absorvida pelo alimento depende de

inúmeros factores tais como o processo de fritura, as características do

próprio alimento e a qualidade do óleo utilizado, não existindo no entanto

correlações directas com parâmetros físico-químicos característicos das

gorduras utilizadas. (1, 2, 4)

R2 = 0,9822

0

5

10

15

20

25

0 10 20 30 40 50 60 70

% PUFAS

% T

PM

0

5

10

15

20

25

30

0 50 100 150 200 250 300t (min)

% T

PM

Girassol FB Colza FB Girassol Alto Oleico FB Soja FB

PUFAS

Page 204: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 3 

- 199 -

Observou-se para todos os óleos testados, que ao longo do processo de

fritura, o teor de gordura incorporada nas batatas vai aumentando. É possível

relacionar este facto com a degradação termo-oxidativa dos óleos

determinada na primeira fase do estudo, no ensaio de aquecimento contínuo

realizado nas mesmas condições operatórias do ensaio de fritura com batata.

Durante a degradação oxidativa aumenta a quantidade de compostos polares

(principalmente dímeros e polímeros de triacilgliceróis) presentes nos óleos

alimentares, contribuindo para o aumento da viscosidade dos mesmos

(Figura 3.2). Um aumento de viscosidade do óleo pode estar relacionado com

o maior teor de gordura retida no alimento ao longo do tempo.

Dessa forma, seria de esperar que os óleos mais resistentes à oxidação

térmica e mais estáveis durante os ensaios de aquecimento contínuo fossem

os que provocassem menor incorporação de gordura no alimento. Contudo

isso não se verificou. O óleo de colza, um dos mais estáveis à oxidação

térmica devido ao seu teor de monoinsaturados, foi o que revelou uma maior

absorção de gordura nas batatas durante a última fritura. Por sua vez, o óleo

de soja, característico pela sua instabilidade a alta temperatura demonstrou

ser o que, a seguir ao óleo de colza, promovia mais retenção de gordura na

batata. Neste caso, não é a viscosidade o parâmetro que está a determinar a

absorção do óleo na estrutura do alimento testado, dado que a viscosidade

do óleo de colza na última recolha do ensaio de aquecimento é da mesma

ordem de grandeza que a do óleo de soja (Figura 2.4 – Capítulo 2),

evidenciando dessa forma, que um factor determinante para o processo de

fritura é a estrutura do próprio alimento e as transferências de massa e calor

que ocorrem durante a imersão no óleo.

Por outro lado, tanto o óleo de colza, como o óleo de soja são ricos em ácido

linolénico, sendo por isso mais susceptíveis de ocorrer a formação de

polímeros durante o processo de fritura. (5) A polimerização está associada a

uma redução de transferência de energia entre óleo/alimento, sendo um dos

factores que pode justificar a maior retenção de gordura dentro da

microestrutura da batata. (5)

Page 205: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 3 

- 200 -

Existem diferenças entre o ensaio realizado com as batatas e o ensaio de

aquecimento do óleo em contínuo, principalmente a nível do teor de água

presente no óleo. Os alimentos, durante o processo de fritura, libertam água

que abandona o óleo sob a forma de vapor. A água desencadeia reacções de

hidrólise, responsáveis pela quebra de ligações nos triacilgliceróis,

aumentando assim o conteúdo em ácidos gordos de menor peso molecular,

por sua vez responsáveis por originar reacções de oxidação. As reacções de

hidrólise ocorrem preferencialmente em óleos com teor de insaturação mais

elevado dado que estes ácidos gordos são mais solúveis em água.

Desta forma, a acidez dos óleos é influenciada pelas reacções de hidrólise

que podem ocorrer durante a fritura da batata, pelo que a quantidade real de

ácidos gordos livres (FFA) presente nos óleos após as frituras é de certeza

mais elevada do que a quantidade determinada no ensaio de aquecimento

contínuo sem alimento.

No entanto, se houvesse um aumento nos FFA muito significativo em relação

à medida efectuada no ensaio de aquecimento, esse deveria ser reflectido na

quantidade total de compostos polares medida antes de cada lote de fritura.

Observando os valores obtidos para a % de TPM (Figura 3.2), verifica-se que

os valores são semelhantes aos obtidos no ensaio de aquecimento contínuo

apresentado no capítulo anterior (Capitulo 2 – Figura 2.1), não sendo

evidente o aumento drástico de FFA.

Nos ensaios realizados com óleo de girassol, aos quais se adicionou

concentrados activos de antioxidantes, o teor de gordura absorvida foi

também aumentando ao longo do tempo de fritura. Em geral não se observou

em relação ao óleo de girassol original, variações significativas no teor de

gordura extraído das batatas para as diferentes recolhas, excepto no caso do

óleo ao qual se adicionou as partículas lipídicas com ácido ascórbico (PLAA).

Nos ensaios realizados com este óleo, verificou-se tendência para um menor

teor de gordura retido nas batatas após as cinco recolhas efectuadas (Figura

3.1). Tendo em conta que o ácido ascórbico é um forte quelante, com acção

antioxidante, que actua como inibidor das reacções de polimerização que se

desencadeiam a partir de 120 ºC a ligeira diminuição de quantidade de

Page 206: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 3 

- 201 -

gordura absorvida pelas batatas pode ser resultado destas suas

propriedades. (6)

Reportado na literatura, existem fundamentalmente três mecanismos

propostos para explicar o complexo processo de absorção de gordura no

alimento durante a fritura por imersão: 1) substituição da água removida do

alimento por óleo; 2) efeito de arrefecimento e 3) presença de agentes

tensioactivos na superfície do alimento. (2)

De seguida, serão rapidamente abordados os três mecanismos acima

mencionados.

1) Substituição da água removida

Considerando a fritura um processo de secagem, o óleo substitui a água

quando esta se liberta rapidamente sob a forma de vapor. A água ao sair de

forma rápida do alimento torna a sua superfície seca ajudando na formação

da crosta de fritura. No interior do alimento, permanece uma certa quantidade

de água que se vaporiza e se torna responsável pela formação de um

gradiente de pressão positivo. Assim, o vapor para sair do alimento passa por

pequenas aberturas e canais (que devido a pressão exercida na crosta se

são originados) fazendo com que o óleo consiga penetrar no interior do

alimento à medida que a água sai. (2) Este mecanismo é proposto como

possível explicação para a relação encontrada entre a perda de água e

absorção de gordura no alimento. (7,8)

No entanto, este mecanismo só consegue explicar parte do processo de

absorção dado que foi demonstrado por muitos autores que grande parte do

óleo absorvido no alimento acontece durante o seu processo de

arrefecimento. (4,7,9) Experiências realizadas com um capilar cheio de água

demonstram o possível mecanismo que ocorre na etapa de arrefecimento. Ao

observarmos um capilar cheio de água introduzido em óleo quente é possível

ver a água a evaporar. Contudo, só é possível ver o óleo a entrar,

preenchendo o espaço vazio no capilar criado pela água evaporada, quando

este é removido do óleo. No instante da remoção, a descida de temperatura

Page 207: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 3 

- 202 -

provoca a condensação de água descendo a pressão interna promovendo a

entrada de óleo para o interior do capilar.

Este fenómeno indica que a formação de canais no alimento não é o factor

determinante da absorção de gordura. (2)

1) Efeito do Arrefecimento

O efeito do arrefecimento é explicado em parte pela teoria demonstrada pela

experiência do capilar. A descida da pressão interna devido à condensação

do vapor de água faz com que o óleo seja “sugado” por um “efeito de vácuo”

aderindo à superfície do alimento. Este mecanismo explica a absorção de

óleo como um fenómeno de superfície existindo um equilíbrio entre a adesão

e a drenagem de óleo. (10) Sendo a superfície do alimento um factor

determinante, a incorporação e distribuição do óleo relaciona-se com a

microestrutura da crosta formada durante a fritura.(1,2,4,11) Por outro lado, a

viscosidade do óleo é também fundamental no mecanismo de absorção do

óleo no alimento. O aumento da viscosidade, em parte motivada pela

polimerização dos triacilgliceróis, leva ao aumento da retenção do óleo na

microestrutura da crosta do alimento (Figura J2, Anexo J), devido à

dificuldade de drenagem do óleo. (2,5,12, 11, 13)

3) Agentes tensioactivos na superfície do alimento

O processo de termo-oxidação promove o aparecimento de inúmeros

compostos resultantes da degradação dos triacilgliceróis, alterando

drasticamente a estrutura do óleo. (14) A água que evapora dos alimentos

desencadeia reacções de hidrólise responsáveis pela quebra de ligações

entre os ácidos gordos e a molécula de glicerol formando-se mono- e

diglicéridos que vão promovendo a formação de espuma. (2,5,15) Por sua vez,

a presença de espuma e glicerol aceleram as reacções de hidrólise

formando-se ainda mais compostos menores resultantes da degradação dos

ácidos gordos. A presença destes produtos de degradação reduz a tensão

interfacial entre o óleo e a superfície do alimento, agindo como agentes

Page 208: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 3 

- 203 -

tensioactivos, que favorecem o contacto entre estes dois elementos

aumentando significativamente a retenção de gordura.

As várias teorias existentes para explicar este complexo processo

comprovam que a operação de fritura depende das características do produto

a fritar e da qualidade do óleo utilizado.

A temperaturas elevadas, devido a um menor tempo de operação, a

absorção de gordura é normalmente mais reduzida e a crosta formada no

alimento age como barreira física à penetração do óleo. Contudo os estudos

são controversos, existindo resultados de maior absorção de gordura em

ensaios realizados a temperaturas de fritura mais elevadas, provando-se que

o processo de fritura é também um factor determinante.

Foi também demonstrado que uma pré-secagem do alimento reduz o teor de

gordura incorporada, tanto em batatas normais como em batatas tratadas em

água salgada. (11) As batatas tratadas em água salgada demonstraram

absorver mais quantidade de gordura, provavelmente devido à superfície se

encontrar mais molhada. (9,10,16,17)

Possíveis explicações para estes factos relacionam-se com mudanças

estruturais, redução do teor de humidade do alimento e menor superfície de

contacto. (18)

Page 209: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 3 

- 204 -

3.4 Referências (1) OUCHON, P.B., AGUILERA, J.M. and PYLE, D.L., Structure Oil-Absorption Relationships During Deep-Fat Frying Doi:10.1111/J.1365-2621.2003.Tb05793.X, Journal of Food Science, 2003, 68, 2711-2716. (2) Dana, D. and Saguy, I.S., Review: Mechanism of Oil Uptake During Deep-Fat Frying and the Surfactant Effect-Theory and Myth, Advances in Colloid and Interface Science, 2006, 128-130, 267-272. (3) Gertz, C., Klostermann, S. and Kochhar, S.P., Deep Frying: The Role of Water from Food Being Fried and Acrylamide Formation, Ocl-Oleagineux Corps Gras Lipides, 2003, 10, 297-303. (4) OUCHON, P.B. and PYLE, D.L., Studying Oil Absorption in Restructured Potato Chips Doi:10.1111/J.1365-2621.2004.Tb13363.X, Journal of Food Science, 2004, 69, FEP115-FEP122. (5) Choe, E. and Min, D.B., Chemistry of Deep-Fat Frying Oils Doi:10.1111/J.1750-3841.2007.00352.X, Journal of Food Science, 2007, 72, R77-R86. (6) Gertz, C., Klostermann, S. and Kochhar, S.P., Testing and Comparing Oxidative Stability of Vegetable Oils and Fats at Frying Temperature, European Journal of Lipid Science and Technology, 2000, 102, 543-551. (7) GAMBLE, M.H. and RICE, P., Effect of Pre-Fry Drying of Oil Uptake and Distribution in Potato Crisp Manufacture Doi:10.1111/J.1365-2621.1987.Tb00519.X, International Journal of Food Science & Technology, 1987, 22, 535-548. (8) RICE, P. and GAMBLE, M.H., Technical Note: Modelling Moisture Loss During Potato Slice Frying Doi:10.1111/J.1365-2621.1989.Tb00632.X, International Journal of Food Science & Technology, 1989, 24, 183-187. (9) Pedreschi, F. and Moyano, P., Oil Uptake and Texture Development in Fried Potato Slices, Journal of Food Engineering, 2005, 70, 557-563. (10) Pedreschi, F., Cocio, C., Moyano, P. and Troncoso, E., Oil Distribution in Potato Slices During Frying, Journal of Food Engineering, 2008, 87, 200-212. (11) Aguilera, J.M. and Gloria-Hernandez, H., Oil Absorption During Frying of Frozen Parfried Potatoes Doi:10.1111/J.1365-2621.2000.Tb16031.X, Journal of Food Science, 2000, 65, 476-479. (12) Gertz, C., Determination of Polymerized Triglycerides Content in Deep-Frying Fats and Oils, European Journal of Lipid Science and Technology, 2001, 103, 114-116. (13) Santos, J.C.O., Santos, I.M.G. and Souza, A.G., Effect of Heating and Cooling on Rheological Parameters of Edible Vegetable Oils, Journal of Food Engineering, 2005, 67, 401–405. (14) Chung, J., Lee, J. and Choe, E., Oxidative Stability of Soybean and Sesame Oil Mixture During Frying of Flour Dough, J Food Sci, 2004, 69. (15) Ramadan, M., Amer, M. and Sulieman, A.E.-R.M., Correlation between Physicochemical Analysis and Radical-Scavenging Activity of Vegetable Oil Blends as Affected by Frying of French Fries, Eur. J. Lipid Sci. Technol., 2006, 108, 670–678. (16) Pedreschi, F. and Aguilera, J.M., Some Changes in Potato Chips During Frying Observed by Confocal Laser Scanning Microscopy (Clsm) 10.1177/1082013202008004931, Food Science and Technology International, 2002, 8, 197-201. (17) Durán, M., Pedreschi, F., Moyano, P. and Troncoso, E., Oil Partition in Pre-Treated Potato Slices During Frying and Cooling, Journal of Food Engineering, 2007, 81, 257-265. (18) Troncoso, E. and Pedreschi, F., Modeling of Textural Changes During Drying of Potato Slices, Journal of Food Engineering, 2007, 82, 577-584.

Page 210: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

- 205 -

A fritura por imersão (deep fat frying) é um dos métodos mais antigos e

populares para se preparar os alimentos, tanto devido à sua rapidez e

eficiência como às características organolépticas conferidas aos preparados

finais. (1,2)

A tendência de mercado para uma alimentação mais saudável e a evidente

preocupação dos consumidores, em diminuir o consumo de alimentos ricos

em gorduras, tem reunido cientistas e indústrias em todo mundo no sentido

de se procurar explanar quais os mecanismos que determinam a

incorporação e distribuição de gordura no alimento. Encontrar soluções para

produção de alimentos fritos com menor teor de gordura e formulações ideais

para óleos especiais de fritura, é uma forte motivação para a investigação

deste complexo processo que é a fritura por imersão.

Os ensaios realizados na ausência de alimento, demonstraram que ao longo

do tempo de aquecimento todos os óleos sofrem um processo de termo-

oxidação, durante o qual vai ocorrendo a sua degradação.

4 – Conclusões Finais

Page 211: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 4 

- 206 -

Os óleos com menor teor de PUFAS, o óleo de colza e óleo girassol alto

oleico, revelaram ser os óleos mais estáveis ao processo de degradação

durante o aquecimento. A adição de concentrados activos antioxidantes ao

óleo de girassol não demonstrou ser efectiva para a retardação do processo

de termo-oxidação.

Os PUFAS, devido à posição das suas ligações duplas são extremamente

reactivos sendo por isso instáveis ao processo de termo-oxidação.

O óleo de colza, embora rico em monoinsaturados e com baixo teor em

polinsaturados, é uma boa fonte de ácido linolénico (n-3 PUFA). Apesar da

sua concentração neste ácido gordo mais instável, a existência de maior

quantidade de monoinsaturados confere-lhe mais estabilidade.

Por outro lado, verificou-se que a viscosidade dos óleos aumenta ao longo do

tempo de ensaio, evidenciando a degradação que estes vão sofrendo ao

longo do processo. Os valores de viscosidades obtidos para os diferentes

óleos após as 4,5h de ensaio não apresentam variações significativas entre

si. Sabe-se que o aumento da viscosidade dos óleos se relaciona em parte

com as reacções de polimerização dos triacilgliceróis, podendo dessa forma

influênciar a absorção de gordura no alimento devido à dificuldade de

drenagem do óleo durante o processo de arrefecimento.

No ensaio de frituras sucessivas de batatas, realizado nas mesmas

condições do ensaio de aquecimento contínuo, observou-se que o teor de

gordura absorvido pelas batatas aumentou com o tempo de fritura para todos

os óleos testados. Contudo, observou-se que tanto o óleo de colza como o

óleo de soja são os promoveram a maior retenção de óleo no interior do

alimento testado. Tal facto pode ser relacionado com o maior conteúdo,

destes dois óleos, em ácido linolénico. O n-3 PUFA, devido à posição das

suas ligações duplas é muito instável, associando-se a um aumento de

dímeros e polímeros de triacilgliceróis, responsáveis pela redução da

transferência de energia entre óleo/alimento. Este pode ser um dos factores

Page 212: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capítulo 4 

- 207 -

que pode justificar a maior retenção de gordura dentro da microestrutura da

batata. (1)

O processo de absorção de gordura pelos alimentos ainda não se encontra

totalmente esclarecido. Três mecanismos são hoje em dia propostos, para

descrever quais os factores que influenciam a absorção de gordura. Da

análise dos mesmos, evidencia-se o mecanismo que descreve o efeito de

arrefecimento como o passo determinante na incorporação e distribuição do

óleo na estrutura do alimento, relacionando-se dessa forma com a

microestrutura da crosta formada durante a fritura.(3-6)

As várias teorias existentes para explicar este complexo processo

comprovam que a operação de fritura depende das características do produto

a fritar e da qualidade do óleo utilizado.

Page 213: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Capitulo 4 

- 208 -

4.1 Referências

(1) Choe, E. and Min, D.B., Chemistry of Deep-Fat Frying Oils Doi:10.1111/J.1750-3841.2007.00352.X, Journal of Food Science, 2007, 72, R77-R86. (2) Choe, E. and Min, D.B., Mechanisms and Factors for Edible Oil Oxidation Doi:10.1111/J.1541-4337.2006.00009.X, Comprehensive Reviews in Food Science and Food Safety, 2006, 5, 169-186. (3) OUCHON, P.B., AGUILERA, J.M. and PYLE, D.L., Structure Oil-Absorption Relationships During Deep-Fat Frying Doi:10.1111/J.1365-2621.2003.Tb05793.X, Journal of Food Science, 2003, 68, 2711-2716. (4) Dana, D. and Saguy, I.S., Review: Mechanism of Oil Uptake During Deep-Fat Frying and the Surfactant Effect-Theory and Myth, Advances in Colloid and Interface Science, 2006, 128-130, 267-272. (5) OUCHON, P.B. and PYLE, D.L., Studying Oil Absorption in Restructured Potato Chips Doi:10.1111/J.1365-2621.2004.Tb13363.X, Journal of Food Science, 2004, 69, FEP115-FEP122. (6) Aguilera, J.M. and Gloria-Hernandez, H., Oil Absorption During Frying of Frozen Parfried Potatoes Doi:10.1111/J.1365-2621.2000.Tb16031.X, Journal of Food Science, 2000, 65, 476-479.

Page 214: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

ANEXOS

Anexo A 211

Anexo B 219

Anexo C 227

Anexo D 231

Anexo E 239

Anexo F 243

Anexo G 245

Anexo H 249

Anexo I 257

Anexo J 263

Anexo K 265

Anexo L 271

Page 215: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao
Page 216: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

- 211 -

EP1910257 - Método para obtenção de um concentrado

natural rico em Hidroxitirosol a partir de resíduos da

produção de azeite, utilizando tecnologias limpas. M. DE MAGALHAES NUNES DA PONTE, JOSÉ LUIS CARDADOR DOS SANTOS, ANA

ALEXANDRA FIGUEIREDO MATIAS, ANA VITAL MORGADO MARQUES NUNES, CATARINA

MARIA MARTINS DUARTE, JOÃO PAULO SEREJO GOULÃO CRESPO.

A principal vantagem e novidade da invenção consiste na utilização integrada

de tecnologias limpas para recuperar selectivamente um ou mais dos solutos

com potencial bioactivo presentes nos resíduos dos processos de produção

do azeite.

Consideram-se resíduos da produção de azeite: i) as águas vegetativas e o

resíduo sólido provenientes de lagares que utilizam o processo de três fases

ii) o resíduo semi-sólido proveniente de lagares que utilizam o processo de

duas fases iii) caroços de azeitona e folhas de oliveira.

A Figura A1 mostra um diagrama de uma unidade que inclui a integração dos

seguintes processos: extracção com solventes biocompatíveis,

Anexo A

Page 217: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 212 -

fraccionamento com fluidos supercríticos e/ou utilização de tecnologia de

membranas. Para que o processo seja eficaz e a recuperação do(s) soluto(s)

desejado(s) ocorra com rendimentos elevados e de forma selectiva, é

necessário definir o conjunto: combinação de solventes biocompatíveis mais

adequada na extracção/ membranas de nanofiltração e osmose inversa a

utilizar/ condições óptimas de operação das instalações de membranas e de

extracção supercrítica. Só com esta abordagem integrada é possível realizar

o processo de concentração do(s) soluto(s) desejado(s) com a selectividade

desejada, de forma quantitativa, e com bons desempenhos de permeação /

extracção.

Um solvente encontra-se no estado supercrítico quando está acima da sua

temperatura e pressão crítica. Acima deste ponto, o equilíbrio líquido-vapor

deixa de existir, surgindo uma única fase, fluida e densa. As propriedades

destes fluidos assumem valores que se aproximam dos valores dos líquidos

no que se refere à densidade, e dos valores dos gases no que se refere à

viscosidade e difusividade. Para além disso, a possibilidade de alterar o

poder solvente com pequenas alterações de temperatura e pressão, tornam a

utilização deste tipo de fluidos muito interessante no que respeita à sua

capacidade de fraccionamento de extractos.

A extracção de líquidos com fluidos supercríticos é efectuada numa coluna de

separação que permite o contacto entre o fluido supercrítico e a matriz

líquida. A mistura líquida é continuamente alimentada no topo da coluna por

meio de uma bomba de líquidos, e o fluido supercrítico alimentado na base

da coluna por meio de um compressor. O fluido supercrítico e os compostos

nele dissolvidos que deixam a coluna pelo topo, são separados num ciclone

por expansão até aproximadamente 50 bar, e seguidamente o fluido

supercrítico é reciclado de novo para a coluna. A pressão dentro da coluna é

controlada através de uma válvula pneumática localizada antes do ciclone de

separação. Utilizando esta tecnologia, é possível processar directamente as

águas ruças ou uma solução obtida através de uma pré-extracção a partir de

resíduos da produção de azeite. Esta extracção preliminar deve ser

efectuada utilizando solventes biocompatíveis, tais como água, etanol ou

misturas água/etanol.

De acordo com invenção, o passo de extracção supercrítica é efectuado num

Page 218: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 213 -

intervalo de temperaturas entre os 30 ºC e 200 ºC e a pressões entre 6 MPa

e 40 MPa.

Qualquer fluido ou mistura de fluidos no estado supercrítico ou no estado

líquido sub-crítico pode ser utilizado na execução desta invenção.

Preferencialmente, o fluido comprimido, ou a mistura destes fluidos, deve ser

muito volátil, ou estar num estado gasoso às condições atmosféricas, de

forma a facilitar a sua remoção por expansão e/ou evaporação, após o

processo de extracção ter lugar. Por motivos de segurança, o fluido

comprimido, ou a mistura destes fluidos, deve ainda ser não-tóxico e não-

inflamável e deve poder ser reciclável para uso futuro.

A nanofiltração e a osmose inversa são processos de separação por

membranas em fase líquida, em que a força motriz é definida pela diferença

de pressão transmembranar entre o compartimento da alimentação e o do

permeado. Se as membranas de nanofiltração e osmose inversa forem

correctamente seleccionadas em termos das suas propriedades químicas e

estrutura, é possível criar condições que permitam o transporte do(s)

soluto(s) desejado(s) de forma selectiva e com elevado fluxo de permeação.

Uma instalação típica de nanofiltração ou de osmose inversa é constituída

por um vaso de alimentação, no qual se encontra a solução contendo o(s)

soluto(s) que se pretende(m) recuperar. O conteúdo deste vaso é alimentado

com uma bomba centrífuga ou de deslocamento positivo através de tubagem

adequada ao módulo de nanofiltração ou osmose inversa, o qual é

constituído por um compartimento de alimentação, pela membrana

seleccionada através da qual o(s) soluto(s) desejado(s) permeiam, e pelo

compartimento de permeado. O permeado pode ser encaminhado destas

unidades de forma contínua ou de forma descontínua, por abertura de

válvulas ou por acção de bombas. A corrente de alimentação após contactar

com a membrana pode ou não ser reintroduzida através de linhas de

recirculação no vaso de alimentação.

A corrente de alimentação consiste numa solução aquosa ou hidroalcoólica

proveniente do processamento de resíduos do processo de produção de

azeite.

Os solutos que se pretendem recuperar compreendem compostos com

potencial bioactivo.

Page 219: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 214 -

A corrente de alimentação deverá estar preferencialmente a uma temperatura

inferior a 150 ºC, no caso de se usarem membranas poliméricas sensíveis a

temperaturas elevadas, mas poderá ser processada a temperaturas

superiores no caso de se utilizarem membranas termicamente estáveis a

temperaturas elevadas.

As membranas de nanofiltração e osmose inversa a utilizar deverão constituir

uma barreira selectiva, de forma a evitar a permeação de qualquer

constituinte da alimentação que não seja desejado, e deverão permitir a

permeação selectiva dos diferentes solutos com potencial bioactivo presentes

na alimentação inicial. As suas características devem permitir que os solutos

que se pretendem recuperar tenham um fluxo de permeação elevado e que

os solutos que não se pretendam recuperar tenham um fluxo de permeação

baixo.

As membranas a utilizar poderão ser constituídas por diferentes tipos de

materiais, podendo ser de natureza polimérica ou inorgânica. Podem

igualmente incluir simultaneamente materiais poliméricos e materiais

inorgânicos. Em relação à sua estrutura, podem ser homogéneas ou

assimétricas, e podem igualmente ser compósitas, apresentando nesse caso

diferentes camadas constituídas por diferentes materiais e/ou com estruturas

morfológicas diferentes. Cada uma destas camadas pode ter uma espessura

própria e diferente das outras camadas integrantes da membrana.

As membranas podem ter geometria plana ou tubular e podem estar

inseridas em diferentes tipos de módulos, nomeadamente, módulos planos,

módulos espirais, módulos de membranas tubulares, módulos de fibras

capilares e módulos de fibras ocas.

A corrente de alimentação a processar pode ser alimentada aos módulos de

membrana de forma contínua, semi-contínua, ou descontínua. O módulo de

membranas pode estar submerso no tanque de alimentação, ou tanque

reaccional, ou pode ser externo a este. Podem ser utilizados um ou mais

módulos dispostos em série ou em paralelo. As membranas usadas em cada

módulo podem ser iguais ou diferentes na sua natureza e a configuração do

diferentes módulos pode ser idêntica ou diferente.

Em termos da sua natureza química, as membranas podem apresentar um

carácter denominado hidrofóbico quando são permeáveis a espécies

Page 220: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 215 -

químicas com carácter hidrofóbico, ou seja, espécies químicas que em

solução aquosa apresentam um coeficiente de actividade a diluição infinita

superior a 1. As membranas a utilizar podem igualmente apresentar um

carácter denominado hidrofílico, quando são mais permeáveis a água do que

a compostos orgânicos.

O valor da pressão no compartimento da alimentação que garante o

transporte do(s) soluto(s) desejado(s) através das membranas de

nanofiltração e osmose inversa, pode ser ajustado de forma a garantir uma

força motriz adequada para obtenção do(s) fluxo(s) desejado(s) do(s)

soluto(s) que se pretende(m) recuperar. Este valor de pressão absoluta deve

preferencialmente situar-se entre os 5 e os 20 bar, para o caso da

nanofiltração, e entre os 50 e 80 bar, para o caso da osmose inversa.

O concentrado rico em hidroxitirosol (G e L) a que se refere esta invenção,

apresenta uma fracção em massa neste composto que pode variar de pelo

menos 15% até 98%, preferencialmente e pode também conter outros

compostos bioactivos que em conjunto com o hidroxitirosol apresentem

efeitos sinérgicos, aumentando a actividade biológica do extracto.

O concentrado obtido pelos métodos ou combinação de métodos descritos

anteriormente, pode ser utilizado numa variedade de aplicações. De entre

essas aplicações podem-se referir: a) terapêutica/quimiopreventivo com

aplicação na indústria farmacêutica e cosmética, devido às suas

propriedades antioxidantes; b) Anti-microbiano (anti-bacteriano e anti-fúngico)

com aplicações na indústria alimentar para aumento do tempo de vida do

produto, na agricultura como controlo de pragas e como terapêutico no

combate a infecções.

O concentrado obtido pode ser utilizado na forma de líquido, de sólido e de

emulsão. Quando se refere líquido, fala-se de uma solução aquosa, esta

pode ou não ser liofilizada ou atomizada, dando origem a um sólido. Podem

ser elaboradas formulações específicas com excipientes bio-aceitáveis e

matrizes lipídicas, a fim de proteger a bioactividade associada ao composto

mais activo, o hidroxitirosol.

Alternativamente, o concentrado pode ser utilizado sob a forma de emulsão

tornando a sua aplicação na indústria alimentar mais facilitada. Podem ser

obtidas formulações distintas com emulsionantes e surfactantes. Os

Page 221: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 216 -

emulsionantes podem ser ésteres de poliglicerol de ácidos gordos, ésteres de

glicerois de ácidos gordos, lecitina ou combinações destes. As formulações

podem ter uma fracção em volume de hidroxitirosol de 5 a 60%, mas

preferencialmente entre 30 a 55 %. Às formulações pode-se ou não adicionar

ácido cítrico para estabilizar a emulsão.

Figura A1 Diagrama representativo da integração de processos descrita na invenção. extracção

com água ou solventes biocompatíveis das lamas e resíduos do processo de produção de azeite

(A). Possivel adição de águas ruças do processo de produção de azeite (C) ao processo.

Centrifugação (D) da mistura resultante. O passo de separação por membranas é constituído

pela nanofiltração (E) e osmose inversa (F). Corrente rica em hidroxitirosol (G), e água (H) que

poderá ser reutilizada no processo. Coluna de extracção supercrítica (I) e osmose inversa (J). 2ª

Corrente rica em hidroxitirosol (L), e água (M), que poderá ser também reutilizada no processo.

Na figura A2, apresenta-se o perfil cromatográfico de uma possível

alimentação e consequente extracto final obtido por etapas do processo

integrado em cima descrito.

Figura A2 Perfil cromatográfico após análise por HPLC-DAD de Águas Ruças provenientes de

processo descontínuo de prensas (Vermelho) e de extracto bioactivo obtido após processo

integrado descrito (Azul).

Minutes0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

mA

U

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

mA

U

0

200

400

600

800

1000

1200

1400Detector 1-280nmOUT1004OUT1004006.dat

Detector 1-280nmOUT1004out1004007.dat

Hidroxitirosol

Page 222: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 217 -

A nível de processo industrial existem já algumas patentes com processos

relevantes para a recuperação dos compostos fenólicos a partir dos

resíduos/subprodutos da extracção de azeite, mas sendo poucos os

processos que recorrem só à utilização de tecnologias ou solventes

considerados limpos. Existe uma patente que descreve um método para a

recuperação de compostos antioxidantes a partir de derivados da azeitona

recorrendo a uma coluna de adsorção, por forma a reter os compostos com

interesse e eluição da coluna com um solvente orgânico. (1) Por sua vez, em Espanha foi desenvolvido um método para obter

hidroxitirosol através de um tratamento cromatográfico, e eluição com

metanol ou com misturas água/etanol. (2) Nos EUA desenvolveram um

método para obtenção de uma composição rica em hidroxitirosol a partir de

águas ruças, que consiste na extracção contínua desta matriz com um fluido

supercrítico através de um módulo de leito poroso de polipropileno (método

patenteado - Porocrit). (3)

Referências (1) JOHN;, C. and B, R.A., US 6,361,803, Antioxidant Compositions Extracted from a Wastewater from Olive Oil Production, 2002. (2) JUAN;, F.-B.G., HEREDIA;, M.A., RODRIGUEZ;, G.G., RODRIGUEZ;, A.R., JIMENEZ;, A.A. and GUILLEN, B.R., US2004102657, Method for Obtaining Purified Hydroxytyrosol from Products and by-Products Derived from the Olive Tree, 2004. (3) ROBERTO, C., WO0218310, Method of Obtaining a Hydroxytyrosol-Rich Composition from Vegetation Water, 2002.

Page 223: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao
Page 224: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

- 219 -

Protocolos de Análise relativos a Óleos Alimentares

Teste de Rancimat

O método de rancimat baseia-se na determinação automática do tempo

necessário (Tempo de Indução - TI) para se atingir a fase exponencial da

oxidação (ponto de mudança na velocidade de reacção), isto é, entrada na

etapa de propagação no mecanismo radicalar de oxidação lipidica. O TI é

determinado pelo aumento da conductividade de água desionizada, na qual

ao longo do tempo de ensaio, vai mergulhando ar quente que transporta

compostos voláteis. Os compostos voláteis transportados pelo ar, resultam

da sua passagem por um recipiente com 3 ± 0,1g de óleo alimentar aquecido

a uma temperatura entre os 110 e 130 ºC. (1)

O ponto máximo de mudança da velocidade da reacção de oxidação é

determinado matematicamente como o máximo da segunda derivada da

conductividade em função do tempo. Nos softwares dos aparelhos de

rancimat este ponto máximo de mudança é calculado através da variação do

declive da função recorrendo a um algoritmo (Figura B1). (2)

Anexo B

Page 225: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 220 -

Nestes ensaios, utilizou-se um aparelho Rancimat 679 (Metrohm, Suiça),

capaz de operar num intervalo de temperaturas de 50-220 ºC. O material de

vidro, antes de cada ensaio, foi sempre rigorosamente lavado de forma a

evitar qualquer tipo de contaminação que pudesse catalisar a peroxidação.

O material é fervido numa solução de isopropanol:água (90:10) com cerca de

1% de hidróxido de potássio, durante 1h, sendo de seguida lavado em água a

90 ºC e passado por água destilada e colocado na estufa até completa

secagem. Os electrodos são também lavados numa solução com detergente

e de seguida passados por abundante água destilada.

Figura B1 Exemplo da aquisição de dados efectuada pelo aparelho Rancimat e respectivas

curvas de conductividade em função do tempo.

O aparelho Rancimat 679 é diversas vezes validado com diferentes tipos de

óleos, sendo o erro associado a este método inferior a 3%.

Protocolo Determinação de Índice de Peróxidos (3) (máx. 2 mEqO2/kg)

Reagentes

• Solução de Ácido Acético/Iso octano 3:2

Page 226: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 221 -

• Solução de Iodeto de Potássio saturada e preparada diariamente,

isenta de iodo e iodatos

• Solução de tiossulfato de sódio 0,01 mol/L

• Solução de amido 5 g/L (0,5%)

Juntar 1 g de amido num pouco de água destilada fria. Juntar esta

mistura a 200 mL de água fervente. Como conservante juntar 250 mg

de ácido salicilico e ferver durante 3 min. Retirar do calor e arrefecer

rapidamente. Guardar a 4 ºC.

Tomas de Ensaio

Como o índice de peróxido previsto é no máximo 2 mEqO2/kg a toma de

ensaio são 5 ± 0,1 g

Procedimento

Passar o balão cónico por uma corrente de azoto.

Pesar a toma directamente no balão cónico.

Adicionar 50 mL da solução ácido acético/iso octano e fechar.

Agitar o frasco até a mistura estar dissolvida.

Juntar com pipeta volumétrica 0,5 mL de solução saturada de Iodeto de

Potássio e fechar de novo o frasco.

A solução fica 1 min no escuro a reagir.

Juntar 30 mL de água destilada.

2 ou 3 gotas de amido a 0,5% - assim que se adiciona o amido a solução fica

turva e cinzenta.

Titular a solução com tiossulfato de sódio, adicionando gradualmente e com

agitação constante

Page 227: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 222 -

Cálculos

O índice de peróxido, P, expresso em mmolO2/kgóleo é calculado pela seguinte

equação (Eq B1):

P = ( )

mcVV

⋅⋅−

21000 0 (Eq. B1)

V = Volume consumido na titulação de tiossulfato de sódio expresso em mL

V0 = Volume consumido na titulação de tiossulfato de sódio no ensaio em

branco expresso em mL

C = concentração de tiossulfato de sódio em mol/L

M = massa em g da toma do ensaio

Protocolo Determinação de Acidez (máx. 0,2% Ácido Oleico) Reagentes

• Éter Etílico/Etanol 95% (v/v)

A solução tem de ser neutralizada com KOH em presença de 0,3mL de

solução de fenolftaleína.

• Solução etanólica de KOH – 0,1 M – guardada em frasco âmbar

• Solução de fenolftaleína 1% (10 g/L em Etanol)

Tomas de Ensaio

Como o índice de acidez previsto é no máximo 0,2 % ácido oleico, a toma de

ensaio são 20 ± 0,1 g.

Page 228: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 223 -

Procedimento

Dissolve-se a toma de ensaio em 100 mL de solução Éter/Etanol previamente

neutralizada,

Titula-se com agitação, com a solução de KOH até à viragem do indicador

(coloração carmim da fenolftaleína persistente pelo menos por 10 s)

Cálculos

A acidez expressa em % em massa de ácido oleico determina-se através da

equação (Eq.B2):

% acidez = ( )

mMcV

⋅××

10 (Eq B2)

V = Volume consumido na titulação de KOH expresso em mL

C = concentração de KOH expresso em mol/L

M = massa molar (g/mol) do ácido adoptado como referência (ácido oleico)

M = massa em g da toma do ensaio

Protocolo Determinação de Índice de p-Anisidina(4)

Reagentes

• Sulfato de Sódio anidro

• 2,2,4-Trimetilpentano (iso-octano)

• p-anisidina

(armazenar a p-anisidina num frasco escuro entre 0 e 4 ºC no escuro)

• Ácido acético glacial

Page 229: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 224 -

Procedimento

Solução de Ensaio

A dimensão da toma de ensaio depende da sua qualidade e das

características do espectrofotómetro usado, devendo-se encontrar no

intervalo de 0,4 a 4 g. As tomas realizadas no âmbito destes ensaios foram

de 0,5 ± 0,01 g, pesadas directamente para um balão volumétrico de 25 mL e

dissolvidas em 15 mL de iso-octano (solução 1).

Solução de Ensaio antes da Reacção

Transferir 5 mL da solução de ensaio (1) para um tubo de ensaio. Adicionar

1 mL de ácido acético glacial e agitar bem.

Solução de Ensaio após Reacção

Transferir 5 mL da solução de ensaio (1) para um tubo de ensaio. Adicionar

1 mL de da solução de p-anisidina e agitar bem.

Ensaio em branco: 5 mL de iso-octano e 1 mL de p-anisidina agitar bem.

Conservar os tubos no escuro à temperatura ambiente durante 8 min.

Medição Espectrofotométrica

Calibrar o espectrofotómetro com iso-octano.

Determinar a absorvância da Solução de Ensaio após Reacção, da Solução

de Ensaio antes da Reacção e do branco respectivamente contra iso-octano.

As absorvâncias devem-se encontrar numa gama de 0,2 a 0,8, senão repetir

a determinação com uma quantidade menor de toma.

Cálculos

O índice de anisidina (IpA), expresso em g/mL determina-se através da

equação (Eq.B3):

Page 230: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 225 -

IpA = ( )[ ]0212,1100 AAAm

VQ−−⋅⋅

⋅⋅ (Eq B3)

V = Volume no qual se dissolveu a amostra em análise, expresso em mL,

Q = teor da amostra da solução baseado nas unidades em que se expressa o

índice de anisidina, em g/mL (Q=0,01g/mL),

A0 = absorvância da Solução de Ensaio antes da Reacção

A1 = absorvância da Solução de Ensaio após Reacção

A2 = absorvância do ensaio em branco

m = massa em g da toma do ensaio,

Determinação de Compostos Polares – OLEOTEST ©

O Oleo Test é um método fiável, rápido e barato de controlar a qualidade dos

óleos alimentares. Este teste, permite em escassos minutos e de uma forma

extremamente simples, avaliar os óleos alimentares, em termos da presença

e concentração de compostos polares (extremamente nocivos para a saúde

humana).

A fiabilidade do Oleo Test é comprovada continuamente através de

laboratórios independentes e que os testes também têm sido utilizados de

forma regular por entidades oficiais (como a Inspecção Geral de Actividades

Económicas) em acções de fiscalização, até porque mantêm-se inalterados

após utilização, o que permite a sua utilização como prova legal. Os testes

Oleo Test são um importante complemento nos sistemas de auto-controlo

das empresas do ramo alimentar (obrigatórios por lei, segundo a

Portaria n.º 1135/95 de 15 de Setembro).

Especificações: Ponto de Fusão 60 ºC Cor Compostos Polares até 5 % Azul Cor Compostos Polares de 6 a 12 % Azul Esverdeado Cor Compostos Polares de 13 a 16 % Verde Escuro Cor Compostos Polares de 17 a 23 % Verde Garrafa Cor Compostos Polares superiores a 24 % Verde Pardo

Page 231: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 226 -

Referências

(1) Farhoosh, R., The Effect of Operational Parameters of the Rancimat Method on the Determination of the Oxidative Stability Measures and Shelf-Life Prediction of Soybean Oil, Journal of the American Oil Chemists Society, 2007, 84, 205-209. (2) AOCS, Sampling and Analysis of Commercial Fats and Oils - Oil Stability Index, Cd 12b-92, (1993). (3) NP, Óleos E Gorduras De Origem Animal E Vegetal. Determinação Do Índice De Peróxido, ISO 3960:1998, (2004). (4) NP, Óleos E Gorduras Animais E Vegetais. Determinação Do Índice De Anisidina., EN ISO 6885, (2002).

Page 232: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

- 227 -

Formulação do óleo funcional

1. Extractos Comerciais

Na Tabela I1 encontra-se resumido as características dos extractos

comerciais ricos em HT testados no estudo de formulação do óleo funcional –

Etapa de incorporação.

Tabela C1 Características dos extractos comerciais avaliados Nota: Preço (€/kg) reportam-se a 2005.

2

2

4

3

1

% Hidroxitirosol

(folheto)

2501.2393035Prolivols(Seppic)

2.20

2.89

1.65

1

% Real Hidroxitirosol*

37

8

8

2

% Real Polifenóis

34000

1400

1520

430

Valor Actividade

Antioxidante (mmole TE/g)

350Oleaselect(Indena)

520Hidrox 9%

340Hidrox 6%

160Hidrox 2%

Preço (€/kg)

Produto (Extracto)

2

2

4

3

1

% Hidroxitirosol

(folheto)

2501.2393035Prolivols(Seppic)

2.20

2.89

1.65

1

% Real Hidroxitirosol*

37

8

8

2

% Real Polifenóis

34000

1400

1520

430

Valor Actividade

Antioxidante (mmole TE/g)

350Oleaselect(Indena)

520Hidrox 9%

340Hidrox 6%

160Hidrox 2%

Preço (€/kg)

Produto (Extracto)

Anexo C

Page 233: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 228 -

2. Extracção de Compostos polares dos Óleos Reagentes

- MeOH

- H2O

Método

1. Pesar 2 g de amostra (óleo ou azeite) e colocar dentro de um tubo de 15

ml

2. Efectuar uma extracção com 3 mL de MeOH

3. Agitar no vortex durante 5 min

4. Centrifugação a 5000 rpm durante 30 min

5. Repetir passos 2, 3, e 4

6. Reunião das fases metanólicas: evaporar MeOH até à secura, com

rotavapor

7. Efectuar a retoma com 2 mL de mix MeOH: água (80:20 v/v)

3. Resultados Figura C1 Exemplo de Perfil Cromatográfico obtido por HPLC-DAD a 280nm dos óleos

incorporados com EBH. A) Hidrox 9% na concentração de 0.0035 g/L incorporado directamente

sem preparação prévia de emulsão, B) Hidrox 9% na concentração de 0.003 g/L incorporado

com preparação prévia de uma emulsão concentrada em hidroxitirosol.

Minutes0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

mA

U

0

50

100

150

200

mAU

0

50

100

150

200Detector 1-280nmmar1405mar1405012.dat

Detector 1-280nmMAR0705MAR0705002.dat

Detector 1-280nmmar1405mar1405013.dat

AB

Page 234: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 229 -

Figura C2 Adição das particulas lipídicas ao óleo de girassol (à esquerda). Várias etapas da

incorporação das PL no óleo (à direita)

Page 235: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao
Page 236: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

- 231 -

Descrição de Métodos Analíticos 1. Método de Folin Ciocalteu- Polifenóis Totais

A quantificação química do total de compostos fenólicos é determinada pelo

método de Folin-Ciocalteu. (1) Este método baseia-se na capacidade dos

compostos fenólicos presentes na amostra reduzirem o reagente de Folin

Ciocalteu em condições básicas.

Assim, 40 μL de amostra (diluída em 1,36 mL de água destilada) é oxidada

com 200 μL do reagente de Folin Ciocalteu, e a reacção é neutralizada com

uma solução saturada de carbonato de cálcio.

A solução é aquecida a 40 ºC durante 30 min e no final deste tempo de

espera mede-se a absorvância da solução resultante a 765 nm, num

espectrofotómetro Thermo Spectronic, Genesys 10uv.

Os resultados finais são expressos em equivalentes em ácido gálico (EAG)/L

extracto. O ácido gálico foi o composto escolhido para a obtenção da recta de

calibração. A recta de calibração é efectuada em cada dia de ensaio.

Anexo D

Page 237: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 232 -

O reagente de Folin foi adquirido à Panreac (Espanha).

2. Método de ORAC – Resgate do Radical ROO

 

O método baseia-se na capacidade de determinados compostos presentes

nas matrizes em estudo, inibirem a oxidação da fluoresceína (disodium

fluorescein) induzida por radicais peroxilo (ROO ) gerados pelo AAPH (2’,2’-

Azobis (2-amidinopropane) dihydrochloride). (2)

O ensaio consiste na adição de 300 μL de amostra a uma solução de

fluoresceína (1800 μL, 4x10-6 mM) pré-incubada a 37 ºC. Após adição de

AAPH (41.4 g/L, 300 μL) a fluorescência da mistura reactiva é medida a cada

1 min, ao longo de 30 min à temperatura de 37 ºC (λem=515nm,

λex=493 nm). Todas as soluções são preparadas em PBS (75 mM, pH 7.4).

As soluções padrão para a realização de uma curva de calibração são

realizadas com Trolox (0, 1, 5, 12.5, 25 μM). Os resultados finais de ORAC

são calculados através da regressão linear entre os valores de concentração

de Trolox e a área da curva de decaimento da fluoresceína sendo expressos

em equivalentes de Trolox (Capacidade Antioxidante Equivalentes Trolox –

μM CAET).

3. Inibição de Autooxidação Lipidica Induzida (LDL)

A capacidade de inibição da autooxidação induzida da Lipoproteina de baixa

densidade (LDL) é realizada por espectrofotometria através de adaptação do

método de formação de dienos conjugados descrito por Esterbauer et al.(3)

A LDL é adquirida à Calbiochem, sendo isolada de plasma humano. Antes de

se iniciar o ensaio, procede-se à diálise da LDL em colunas PD-10 Dessalting

para remoção do agente quelante. A quantidade de proteína é depois

quantificada recorrendo ao reagente de Bradford (ver 7. Ensaio de

quantificação de proteína).

Page 238: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 233 -

O método consiste na incubação de 0.1 mg/L de proteína com a amostra e

com o agente indutor AAPH (500 μM) a 37 ºC. A absorvância da mistura final

é lida a 234 nm (comprimento de onda a que absorvem os produtos da

oxidação da LDL- dienos conjudados), de 5 em 5 min ao longo de 10horas.

A capacidade de inibição da oxidação da LDL é determinada pelo

prolongamento da fase de latência relativamente ao controlo (LDL+AAPH) e

é expressa em percentagem (%) de inibição, calculada a partir da seguinte

equação (Eq. D1):

% In = [(tc-tam)/tc]x100 (Eq. D1)

Onde,

tc- tempo de latência do controlo

tam-tempo de latência com amostra

Note-se que uma das desvantagens deste método é o facto da mistura

testada durante o ensaio ser bastante complexa (LDL+Extractos), pelo que a

forma da fase de latência pode variar de ensaio para ensaio. (4)

4. Método de EPR – Inibição do Radical HO (5)

O método baseia-se na capacidade de determinados compostos presentes

nas matrizes em estudo, inibirem a produção de radicais hidroxilo (HO )

gerados pela reacção de Fenton (Eq. D2) por acção quelante dos metais

envolvidos e/ou resgatarem os radicais HO após estes estarem formados (eq

D3):

Fe2++H2O2 Fe3++OH-+OH (Eq.D2)

OH + RH R + H2O (Eq. D3)

Após a adição de um composto exógeno (DMPO) a esta reacção, este

“prende” os radicais OH , formando-se uma espécie radical mais estável e

detectada por EPR (Electron Spin Ressonance Spectroscopy). A intensidade

Page 239: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 234 -

do sinal obtido (espectro) está relacionada com a quantidade de radicais HO

gerados.

O ensaio consiste na adição das seguintes soluções: 100 μL de H2O2

(10 mM), 100 μL de DMPO (48 mM) e 100 μL de FeSO4 (2 mM). De seguida

adiciona-se 100μL de amostra a analisar ou água (controlo). A amostra é

colocada de imediato na célula plana do aparelho de EPR (Bruker EMX6/1,

1998) e 3 min depois adquire-se o espectro.

A capacidade de inibição da geração/ resgate dos radicais por parte dos

compostos presentes na amostra é avaliada pelo decréscimo/anulação do

espectro do radical. Os valores são expressos em termos de percentagem de

inibição.

5. Método de HORAC – Inibição do Radical HO (6)

 

O método baseia-se na capacidade de determinados compostos presentes

nas matrizes em estudo, inibirem a oxidação da fluoresceína (FL - disodium

fluorescein) induzida por iões metálicos gerados por uma reacção-tipo Fenton

iniciada por Co(II) (Eq. D4). Esta reacção origina a formação de radicais

hidroxilo, que não são produzidos se o ião metalico não reagir com o

peróxido de hidrogénio. Em primeiro lugar é quantificada a capacidade dos

compostos como quelantes metálicos.

FL + Co(II) + H2O2 FL oxidada + OH (Eq.D4)

Numa placa de 96 poços, adiciona-se 10 μL de amostra (ou PBS) a uma

solução de fluoresceína (180 μL, 4x10-6 mM) pré-incubada a 37 ºC durante

10 min. Após incubação, adicionar 5 μL de H2O2 a cada um dos poços.

Mesmo antes da leitura, e em simultâneo, adiciona-se 5 μL de CoF2 a cada

um dos poços (injector). A fluorescência da mistura reactiva é medida a cada

Page 240: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 235 -

1 min, ao longo de 30 min à temperatura de 37 ºC (λem=515 nm,

λex=493 nm). Todas as soluções são preparadas em PBS (75 mM, pH 7.4).

As soluções padrão para a realização de uma curva de calibração são

realizadas com Ácido Cafeico (0, 1, 5, 12.5, 25 μM). Os resultados finais de

HORAC são calculados através da regressão linear entre os valores de

concentração de Ácido Cafeico e a área da curva de decaímento da

fluoresceína sendo expressos em equivalentes de Ácido Cafeico

(Capacidade Antioxidante Equivalentes Ácido Cafeico – μM CAAC).

6. Método de Identificação e Quantificação de Compostos

fenólicos

 Os compostos fenólicos foram identificados por HPLC acoplado a um

detector de díodos (Surveyor, Thermo Finnigan, San Jose, C.A., USA). As

separações foram efectuadas a 35 ºC com uma coluna LiChrospher (5 m, d.i.

250 mm×4 mm) RP-18 da Merck com uma pré-coluna com o mesmo

enchimento. O injector de amostras foi mantido a 12 ºC e utilizou-se um loop

de injecção com um volume de 20 μL para efectuar a injecção das amostras.

A fase móvel consiste numa mistura de gradiente do eluente A (ácido

fosfórico 0.1%) com o eluente B (ácido fosfórico–acetonitrilo–água 1:400:595,

v/v/v), com um caudal de 700 μL min-1. O programa do gradiente foi

desenvolvido de acordo com trabalhos prévios realizados no laboratório.(7,8)

O software Chromquest (versão 4.0 – ThermoFinnigan, Surveyor, San Jose,

C.A. USA) foi utilizado na aquisição e tratamento de dados.

Os compostos fenólicos puros utilizados nas misturas padrão (tirosol, ácido

cafeico, ácido p-coumarico, ácido gálico) foram adquiridos na Sigma Aldrich

(Ibérica) e o hidroxitirosol e oleuropeina foram adquiridos à Extrasynthèse

(França).

O Ácido Orto-fosfórico 85%- e Acetonitrilo, solventes utilizados para a

realização de HPLC, foram adquiridos à Panreac (Espanha) e à LabScan

(Irlanda) respectivamente. Na fase móvel foi sempre utilizada água Milli-Q

(Millipore, USA).

Page 241: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 236 -

Foi sempre utilizada uma recta de calibração para a quantificação de

hidroxitirosol, compreendida num intervalo de concentrações de

0,0125 mg/mL a 0,25 mg/mL. O coeficiente de correlação obtido foi de 0,998.

7. Método de Quantificação de Proteína

O método de quantificação de proteina através do método de Bradford(9) é

um método colorimétrico que se baseia no pressuposto de que o máximo de

absorção do Brilliant Blue G-250 quando se liga a proteínas em solução ácida

passa de 465 para 565nm.

A forma aniónica do composto colorado é estabilizada por interacções

hidrofóbicas e iónicas sendo possível observar a mudança de cor da solução.

Adiciona-se 1500 μL de reagente de Bradford (Sigma) a 100 μL de amostra

(ou solução padrão no caso da preparação da recta de calibração com

Albumina - BSA).

Deixa-se a incubar à temperatura ambiente durante 15 min e de seguida lê-

se a absorvância a 565 nm num espectrofotómetro Thermo Spectronic,

Genesys 10uv.

Os resultados finais são expressos em mg de albumina/L (mgBSA)/L. A

albumina é a proteína escolhida para a obtenção da recta de calibração. A

recta de calibração é efectuada em cada dia de ensaio.

              

Page 242: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 237 -

8. Resumo de Resultados Tabela D1 Caracterização Química dos Extractos Bioactivos - Resumo dos resultados obtidos.

ORAC (x 104 uM CAET)

DP (x104)HORAC (x104 uM CAAC)

DP (x104) EPR DP LDL DP

EBS 5,10 0,79 1,18 0,08 40,99 1,71 50,02 1,20RSEV 4,65 0,58 1,44 0,03 18,62 4,41 56,30 2,20EBH 4,07 0,29 - - 45,80 3,10 58,65 4,08

HT 650uM 0,21 0,00 - - 21,00 1,41 65,38 2,10

Folin (x103

mgEAG/L)DP(x103) HT

(ppm)DP Tir

(ppm)DP Proteina

(mg BSA/L)DP

EBS 1,49 0,01 1,18 0,06 0,51 0,07 0,00 0,00RSEV 1,58 0,01 0,60 0,06 0,22 0,06 620,67 6,97EBH 1,01 0,01 0,35 0,04 0,07 0,05 0,00 0,00

HT 650uM - - - - - - - -

% Inibição

(n≥3), valores apresentados = média dos valores determinados em ensaios independentes. Referências

(1) Singleton, V.L. and Rossi, J.A., Colorimetry of total phenolics with phosphor-molybdicphosphotungstic acid reagents, Am. J. Enol. Vitic., 1965, 16, 144-158. (2) Ou, B., Hampsch-Woodill, M. and Prior, R.L., Development and Validation of an Improved Oxygen Radical Absorbance Capacity Assay Using Fluorescein as the Fluorescent Probe, J. Agric. Food Chem., 2001, 49, 4619-4626. (3) Esterbauer H, Striegl G, Publ H and M., R., Continuos monitoring of in vitro oxidation of human low density lipoprotein., Free Radic Res Commun, 1989, 67. (4) Prior, R.L., Wu, X. and Schaich, K., Standardized methods for the determination of antioxidant capacity and phenolics in foods and dietary supplements, J Agric Food Chem, 2005, 53, 4290-302. (5) Leonard, S.S., Xia, C., Jiang, B.H., Stinefelt, B., Klandorf, H., Harris, G.K. and Shi, X., Resveratrol scavenges reactive oxygen species and effects radical-induced cellular responses., Biochemical and Biophysical Research Communications, 2003, 309, 1017-1026. (6) Ou, B., Hampsch-Woodill, M., Flanagan, J., Deemer, E.K., Prior, R.L. and Huang, D., Novel Fluorometric Assay for Hydroxyl Radical Prevention Capacity Using Fluorescein as the Probe, J. Agric. Food Chem., 2002, 50, 2772-2777. (7) M.N. Bravo, S. Silva, A.V. Coelho, L. Vilas Boas and Bronze, M.R., Analysis of phenolic compounds in Muscatel wines produced in Portugal, Analytica Chimica Acta, 2006, 563, 84-92. (8) Silva, S., Matias, A.A. and Nunes, A., Identificação de glicósidos de flavonóis em subprodutos da vinificação por HPLC com diferentes detectores e hifenado com espectrometria de massa., Ciência Téc. Vitiv., 2005, 20, 17-33. (9) Bradford, M., A rapid and sensitive for the quantitation of microgram quantitites of protein utilizing the principle of protein-dye binding. Analytical Biochemistry, 1976, 72, 248-254.

Page 243: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao
Page 244: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

- 239 -

Anexo E

Perfis cromatográficos dos ensaios de “Tratamento da MP

com CO2 “ e “Tratamento da MP com água quente” Figura E1 Perfis Cromatográficos obtidos por HPLC-DAD a 280 nm, dos extractos aquosos do

bagaço seco após tratamentos com água quente. Comparação do perfil cromatográfico nº 1 com

nº4 (50 ºC, 15’ vs 5’) e comparação do perfil cromatográfico nº 2 com nº3 (100 ºC, 5’ vs 15’).

O aumento da temperatura e de tempo de exposição favorece o aumento da concentração de

HT (pico com maior área).

Minutes0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

mAU

0

100

200

300

400

500 Detector 1-280nmAmostra 1 AMFev2208128.dat

Detector 1-280nmAmostra 2 AMfev2208129.dat

Detector 1-280nmAmostra 3 AMfev2208130.dat

Detector 1-280nmAmostra 4 AMfev2208131.dat

Detector 1-280nmAmostra 5 AMfev2208132.dat

Detector 1-280nmAmostra 6 AMfev2208133.dat

Anexo E

Page 245: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 240 -

Minutes13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24

mAU

0

50

100

150

200

250

300

350Detector 1-280nmAmostra 1 AMFev2208128.dat

Detector 1-280nmAmostra 2 AMfev2208129.dat

Detector 1-280nmAmostra 3 AMfev2208130.dat

Detector 1-280nmAmostra 4 AMfev2208131.dat

Detector 1-280nmAmostra 5 AMfev2208132.dat

Detector 1-280nmAmostra 6 AMfev2208133.dat

Figura E2 Ampliação dos perfis cromatográficos, no tempo de retenção do HT e tirosol, obtidos

para os extractos aquosos obtidos após submeter bagaço seco a tratamentos com água quente.

Comparação perfil cromatográfico nº 1 com nº4 (50 ºC, 15’ vs 5’) e comparação perfil

cromatográfico nº 2 com nº3 (100 ºC, 5’ vs 15’). Observa-se o aparecimento de um pico ao lado

do pico de retenção do HT, que corresponde ao ácido protocatechuico.

Minutes0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

mAU

0

100

200

300

400

500 Detector 1-280nmAmostra 7 AMFev2208134.dat

Detector 1-280nmAmostra 8 AMfev2208135.dat

Detector 1-280nmAmostra 9 AMfev2208136.dat

Detector 1-280nmAmostra 10 AMfev2208137.dat

Detector 1-280nmAmostra 11 AMfev2208138.dat

Detector 1-280nmAmostra 12 AMfev2208139.dat

Figura E3 Perfis Cromatográficos obtidos por HPLC-DAD a 280 nm, dos extractos aquosos do

bagaço seco e húmido, após tratamentos com CO2 pressurizado. Comparação do perfil

cromatográfico nº 11 com nº12 (bagaço seco: 1 dia vs 2 dias, respectivamente) e comparação do

perfil cromatográfico nº 9 com nº8 e nº7 (bagaço húmido: 1 dia vs 2 dias vs 3 dias,

respectivamente).

Page 246: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 241 -

Minutes13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

mAU

0

50

100

150

200

250

300

350Detector 1-280nmAmostra 7 AMFev2208134.dat

Detector 1-280nmAmostra 8 AMfev2208135.dat

Detector 1-280nmAmostra 9 AMfev2208136.dat

Detector 1-280nmAmostra 10 AMfev2208137.dat

Detector 1-280nmAmostra 11 AMfev2208138.dat

Detector 1-280nmAmostra 12 AMfev2208139.dat

Figura E4 Ampliação dos perfis cromatográficos, no tempo de retenção do HT e tirosol, obtidos

por HPLC-DAD a 280 nm, dos extractos aquosos do bagaço seco e húmido, após tratamentos

com CO2 pressurizado. Comparação do perfil cromatográfico nº 11 com nº12 (bagaço seco: 1 dia

vs 2 dias, respectivamente) e comparação do perfil cromatográfico nº 9 com nº8 e nº7 (bagaço

húmido: 1 dia vs 2 dias vs 3 dias, respectivamente). Observa-se o aparecimento de um pico ao

lado do pico de retenção do HT, que corresponde ao ácido protocatechuico.

Figura E5 Perfis Cromatográficos obtidos por HPLC-DAD a 280 nm, das amostras recolhidas

durante a despressurização do CO2. O CO2 foi despressurizado para uma trap de vidro contendo

etanol. Os perfis cromatográficos comprovam a ausência de compostos fenólicos no CO2.

Page 247: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao
Page 248: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

- 243 -

Perfis Cromatográficos de Extractos Estudados - comparações Figura F1 Perfis Cromatográficos obtidos por HPLC-DAD a 280 nm, para o extracto aquoso de

bagaço húmido obtido após primeira etapa do processo integrado (Vermelho) e para o Extracto

Bioactivo Húmido (EBH) (Azul) obtido no final do processo descrito.

Minutes

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

mAU

0

500

1000

1500

2000

mAU

0

500

1000

1500

2000Detector 1-280nmmarço3105março3105003.dat

Detector 1-280nmmar1405mar1405004.dat

Anexo F

Page 249: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 244 -

Figura F2 Perfil Cromatográfico obtido por HPLC-DAD a 280 nm, para o Extracto Bioactivo

Húmido (EBH) e sobreposição de mistura de padrões (vermelho).

Page 250: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

- 245 -

Tratamentos da MP com CO2  

Os resultados apresentados graficamente no Capitulo 2, encomtram-se

sumarizados na tabela seguinte, Tabela G1.

Tabela G1 – Resultados obtidos para os bagaços húmido e seco após tratamento com CO2

Residuo C Tyr mg/g Tot

C HT mg/g Tot

mgGAE/g média DP

ORAC (umol/g CAET)

DP

BH 1dia 0,091 <0,2 1,885 0,040 24,037 1,097BH 2dia 0,549 <0,2 5,552 0,215 108,421 1,280BH 3dia 0,571 <0,2 5,600 0,152 116,914 1,442BH 7dia 0,606 <0,2 6,000 0,144 122,326 3,691BS 1dia 0,524 1,464 5,455 0,536 149,004 5,143BS 2dia 0,600 1,692 8,602 0,564 160,109 3,564BS 3dia 0,712 1,936 11,738 0,541 182,272 3,694  

(n=3), valores apresentados = média dos valores determinados em ensaios

independentes; ( )1

2

−−

= ∑n

xxDP

Anexo G

Page 251: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 246 -

Tratamentos com água subcrítica Os resultados apresentados graficamente no Capitulo 2 encontram-se

sumarizados nas tabelas seguintes, Tabela G2 e Tabela G3.

Tabela G2 – Resultados obtidos para o bagaço húmido após tratamentos com H2O Sub-crítica

T (ºC) t (min) C HT (ppm) Liq DP HT C Tyr

(ppm) Liq DP Tir uM CAET (ORAC)

DP ORAC

mgEAG/L

(Folin)DP Folin

20 0 0,2 0,0 8,0 0,3 2103 98 165 3,4950 5 11,5 0,4 75,0 3,4 17744,0 495 677,8 1,3350 10 3,3 0,2 53,0 3,2 13131,5 12 591,9 2,2250 15 0,0 0,0 17,3 1,2 5859,5 642 259,7 0,22100 5 0,0 0,0 8,0 0,2 14520,2 204 682,7 1,51100 10 0,0 0,0 4,2 0,1 14498,0 641 831,8 2,62100 15 4,5 0,1 26,0 0,5 10644,0 92 794,7 4,26150 15 5,1 0,2 25,7 1,8 11121,5 1470 462,1 0,22

T (ºC) t (min) C HT (mg/g) DP HT C Tyr (mg/g) DP Tir

umol/g CAET

(ORAC)

DP ORAC

mgEAG/g

(Folin)DP Folin

20 0 0,00 0,00 0,11 0,00 27,9 1,30 2,19 0,04650 5 0,15 0,01 1,00 0,04 235,7 6,58 9,00 0,01850 10 0,04 0,00 0,70 0,04 174,5 0,16 7,86 0,02950 15 0,00 0,00 0,23 0,02 77,8 8,53 3,45 0,003100 5 0,00 0,00 0,11 0,00 192,9 2,71 9,07 0,020100 10 0,00 0,00 0,06 0,00 192,6 8,52 11,05 0,035100 15 0,06 0,00 0,35 0,01 141,4 1,22 10,56 0,057150 15 0,07 0,00 0,34 0,02 147,8 19,52 6,14 0,003

Tabela G3 – Resultados obtidos para o bagaço seco após tratamentos com H2O Sub-Crítica

(n=3), valores apresentados = média dos valores determinados em ensaios

independentes; ( )1

2

−−

= ∑n

xxDP

T (ºC) t (min) C HT (ppm) Tot DP HT C Tir

(ppm) Tot DP Tir uM CAET (ORAC) DP ORAC mgEAG/L

(Folin) DP Folin

0 366,0 22,0 131,0 5,2 37251,1 1285,8 1363,8 134,05 516,0 20,6 191,0 4,8 48777,0 509,0 1862,9 36,310 408,9 20,4 185,0 9,3 36625,0 547,3 1569,8 46,815 610,0 18,3 230,0 13,8 57208,0 364,0 2166,0 143,10 366,0 22,0 131,0 5,2 37251,1 1285,8 1363,8 134,05 643,0 25,7 237,0 8,3 50135,0 297,0 2215,8 42,610 559,0 28,0 232,6 4,7 38671,0 591,0 2026,3 16,815 646,0 19,4 247,0 17,3 58790,0 791,0 2394,0 36,3

T (ºC) t (min) C HT (mg/g) DP HT C Tyr

(mg/g) DP Tirumol/g CAET

(ORAC)DP ORAC mgEAG/g

(FOLIN) DP Folin

0 1,46 0,09 0,52 0,02 149,00 5,14 5,46 0,545 2,06 0,08 0,76 0,02 195,11 2,04 7,45 0,1510 1,64 0,08 0,74 0,04 146,50 2,19 6,28 0,1915 2,44 0,07 0,92 0,06 228,83 1,46 8,66 0,570 1,46 0,09 0,52 0,02 149,00 5,14 5,46 0,545 2,57 0,10 0,95 0,03 200,54 1,19 8,86 0,1710 2,24 0,11 0,93 0,02 154,68 2,36 8,11 0,0715 2,58 0,08 0,99 0,07 235,16 3,16 9,58 0,15

50ºC

100ºC

50ºC

100ºC

Page 252: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 247 -

Estimativa da Pressão   

T(K) Ln P Pv (mmHg) Pv (atm) Pensaio matriz xH2O323,15 4,53 92,47 0,12 0,10 BH 0,82373,15 6,63 759,94 1,00 0,82 BS 0,80423,15 8,18 3572,26 4,70 3,87  

A pressão de equilíbrio, svp , , pode ser lida nas tabelas de equilíbrio de

água líquida + vapor (1) tendo a temperatura como dado de entrada. Ou

também pode ser calculada com a correlação de Antoine(2) apresentada

em baixo na Eq (G1):

CTBAp sv +

−=, ln Eq (G1)

onde:

=] [ , hgmmp sv pressão de vapor de saturação à temperatura ][KT 18,3036A = 3816,44B =

46,13C −=  Esta correlação é válida no intervalo:

] [ 1500 , hgmmp sv ≤ [K] 441T[K] 284 ≤≤  Note-se que se aquecermos um líquido é aumentada a energia cinética

média de suas moléculas. As moléculas cuja energia cinética é mais elevada

e que estão próxima da superfície do líquido escaparão e darão lugar a fase

de vapor. Se o líquido está contido num recipiente fechado, algumas

moléculas do vapor seguirão o caminho inverso chocando com a superfície

do líquido e incorporando-se então na fase líquida. É estabelecido um

equilíbrio dinâmico, quando o número de moléculas que escapam do líquido

seja igual (em valor médio) ao número de moléculas que é incorporado no

mesmo. Pode-se dizer então, que se tem um vapor saturado a uma dada

temperatura T e a pressão parcial que exercem as moléculas de vapor a esta

Page 253: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 248 -

temperatura se denomina pressão de vapor Pv. A pressão de vapor de uma

substância depende somente da temperatura e não do volume; isto é, um

recipiente que contém líquido e vapor em equilíbrio a uma temperatura fixa, a

pressão é independente das quantidades relativas de líquido e de vapor

presentes.

           Figura G1 Diagrama da variação da densidade da água com o aumento de temperatura e pressão.    Referências (1) Moran, M.J. and Shapiro, H.N. (1993) (John Wiley & Sons, I., Ed.). (2) Reid, P. and Sherwood (1977) (Co., M.-H.B., Ed.).

Page 254: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

- 249 -

Ensaios com Linhas Celulares – Protocolos & Resultados  1. Actividade Antioxidante Celular Em placas de 96 poços, inoculam-se 1x104 células/poço em meio RPMI 1640

(Gibco) suplementado com 10 % de soro bovino (FBS) e 2 mM L-glutamina

(Gibco) e incubam-se a 37 ºC, numa atmosfera controlada com 5 % CO2.

Quando atingem a confluência, várias diluições de extractos são efectuadas

numa solução salina (HBSS) e incubados com as células por um período de

2 horas.

Após tratamento com as várias diluições dos extractos bioactivos, as células

são tratadas com diacetato de diclorofluoresceína (DCF DA) em HBSS

(0,1 mM). Após 30 minutos de tratamento com DCF DA, as células são

lavadas com HBSS e estimuladas com o indutor de stress - 2 mM peróxido

de tert-butil hidróxido (t-BHP). Depois de um período de 2 horas, o meio é

removido, as células são lavadas e novo HBSS é adicionado a cada poço

(100 μL). A quantificação de espécies reactivas de oxigénio é obtida através

da medição da fluorescência (λem=538 nm, λex=490 nm) ao tempo zero (F0) e

Anexo H

Page 255: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 250 -

após 120 minutos de indução de stress oxidativo (F120min) e calculada de

acordo com a seguinte equação (eq. H1):

0

0120

FFF

Frel−

= (Eq. H1)

Os resultados são expressos em termos de percentagem (%) de inibição de

ROS relativamente ao controlo (células sem tratamento e sujeitas a stress

oxidativo- t-BHP), calculado através da (Eq. H2):

1001% ×⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛−=

controlorel

amostrarel

FF

ROSdeInibição (Eq. H2)

2. Distribuição do Ciclo Celular

Preparação do Reagente de FACS

O reagente preparado é uma modificação do reagente de Vindelov e tem a

seguinte composição:

10 mM NaCl (Panreac)

50 mg/L IP (sigma)

1% Triton X-100 (sigma)

100 μg/mL de Ribonuclease A (sigma)

H2O Milli-Q

Page 256: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 251 -

Resultados obtidos por FACS

Figura H1 - Efeitos do extracto EBS (35 μM HT) na distribuição das fases do ciclo celular.

Células HT29 subconfluentes foram expostas a EBS durante 4, 24 e 48 h. As células

EBS 4h

EBS 24h

EBS 48h

EBS 4h

EBS 24h

EBS 48h

Controlo

Page 257: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 252 -

tripsinizadas foram tratadas com uma solução com Iodeto de Propideo e RNase e analisadas por

citometria de fluxo.

Figura H2 - Efeitos do extracto HT 100 μM na distribuição das fases do ciclo celular. Células

HT29 subconfluentes foram expostas a HT durante 4 e 24 h. As células tripsinizadas foram

tratadas com uma solução com Iodeto de Propideo e RNase e analisadas por citometria de fluxo.

HT 24h

HT 4h

HT 24h

HT 4h

Controlo

Page 258: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 253 -

Figura H3 - Efeitos do extracto RSEV (35 μM) na distribuição das fases do ciclo celular. Células

HT29 subconfluentes foram expostas a RSEV durante 4, 24 e 48 h. As células tripsinizadas

foram tratadas com uma solução com Iodeto de Propideo e RNase e analisadas por citometria

de fluxo.

RSEV 24h

RSEV 4h

RSEV 48h

RSEV 24h

RSEV 4h

RSEV 48h

Controlo

Page 259: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 254 -

Figura H4 - Efeitos do extracto EBS (35 µM), RSEV (35 μM) e 100 μM HT na viabilidade celular

das células HT29. As células foram contadas antes de se adicionar o reagente de “FACS”

recorrendo a um hemacitómetro e ao reagente azul tripano.

 3. Curvas de crescimento celular   Células HT29 – células de adenocarcinoma do colon        

Figura H5 – Curva de crescimento para as células HT29 - .INÓCULO: 1x103 célula/poço

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

0 28 48 72t (hpi)

Núm

ero

Cél

ulas

(x10

6 )

Control EBS 35uM HT 100uM RSEV EBS 70uM

Curva Crescimento - HT29

0,E+00

1,E+05

2,E+05

3,E+05

4,E+05

5,E+05

0 50 100 150 200 250 300 350 400

t (h)

celu

las/

poço

Page 260: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 255 -

Figura H6 – Curva de crescimento para as células HT29 - .INÓCULO: 1x104 célula/poço

Células MKN45 – células de carcinoma do estómago

Figura H7 – Curva de crescimento para as células MKN45 - .INÓCULO: 1x104 célula/poço

Curva Crescimento - HT29

0,E+00

1,E+05

2,E+05

3,E+05

4,E+05

5,E+05

6,E+05

0 50 100 150 200 250 300 350 400tempo (h)

célu

las/

poço

Curva de Crescimento - MKN45

1,E+04

6,E+04

1,E+05

2,E+05

2,E+05

3,E+05

3,E+05

4,E+05

4,E+05

0 50 100 150 200 250 300 350 400t (h)

célu

las/

poço

Page 261: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao
Page 262: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

- 257 -

Resultados Obtidos Capítulo 3 – Óleos Funcionais FUNCIONALIZAÇÃO DE ÓLEO DE GIRASSOL ATRAVÉS DA ADIÇÃO DE PARTÍCULAS BIOACTIVAS Parte I Tabela I1

<3%

Rancimat STDEV Factor F Acidez Inicial STDEV Acidez após 20 dias STDEV

Girassol 4,1 0,082 0,03 0,0009 0,05 0,0015PLA 4,38 0,0876 1,07 0,03 0,0009 0,04 0,0012PLB 4,4 0,088 1,07 0,03 0,0009 0,04 0,0012PLC 4,73 0,0946 1,15 0,03 0,0009 0,03 0,0009PLD 4,58 0,0916 1,12 0,03 0,0009 0,03 0,0009PLE 5,1 0,102 1,24 0,03 0,0009 0,03 0,0009PLF 4,7 0,094 1,15 0,03 0,0009 0,03 0,0009

PL Controlo 4,34 0,0868 0,99 0,03 0,0009 0,04 0,0012<6%

Acidez após 30 dias STDEV Peroxidos STDEV Peroxidos

após 30 dias STDEV

Girassol 0,08 0,0024 1,2 0,072 3,8 0,228PLA 0,07 0,0021 1,1 0,066 3,4 0,204PLB 0,07 0,0021 1,23 0,0738 3,3 0,198PLC 0,03 0,0009 1,18 0,0708 3,15 0,189PLD 0,05 0,0015 1,3 0,078 3,1 0,186PLE 0,03 0,0009 1,23 0,0738 2,9 0,174PLF 0,03 0,0009 1,1 0,066 2,68 0,1608

PL Controlo 0,06 0,0018 1,2 0,072 3,6 0,216

Anexo I

Page 263: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 258 -

Parte II Tabela I2

Protocolo Simulação de Fritura em laboratório

O processo de simulação de fritura consiste em adicionar a 20 g de óleo 1g

de silica gel (MNkieselgel 60, Machenery-Nagel) pré-tratada com 10 % de

água e aquecida durante 1 h. A mistura óleo e silica é colocada durante 1 min

num banho de ultrasons para homogeneizar e de seguida é aquecida a

180 ºC durante 4 h.

Figura I1 Processo de simulação de fritura em

laboratório. Cada forma contém uma formulação

distinta de óleo. O banho é aquecido e

termostatizado a 180 ºC ± 1 ºC através de um

controlador de temperatura.

Formulações C HT ppm Rancimat Acidez 0 dias Acidez após 30 dias

Girassol 0 4,265 0,03 0,08A 12 4,45 0,03 0,04B 48 4,7 0,03 0,03C 12 4,65 0,03 0,03D 48 4,75 0,03 0,03

Girassol: Milho (80:20) 0 5,42 0,04 0,07

Girassol: G. Alto Oleico (80:20)

0 5,07 0,03 0,04G/milho A 12 5,52 0,03 0,06G/oleico A 12 5,42 0,03 0,04G/oleico C 12 5,4 0,03 0,04G/milho C 12 5,5 0,03 0,04G/oleico D 48 6,17 0,03 0,03G/milho D 48 5,53 0,03 0,04

Page 264: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 259 -

Tabela I3

Amostra FFA (%ácido Oleico)

Controlo 0,14PLA 0,09PLB 0,09PLC 0,07PLD 0,08PLE 0,07PLF 0,06

Controlo +E900 0,15PLC + E900 0,16PLE + E900 0,08PLF +E900 0,07

Controlo 0,09PLA 0,08PLB 0,06PLC 0,08PLD 0,10PLE 0,06PLF 0,06

Controlo +E900 0,10PLC + E900 0,09PLE + E900 0,07PLF +E900 0,07

Girassol

Milho

Page 265: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 260 -

ESTABILIZAÇÃO DE DUAS FORMULAÇÕES DE ÓLEO ALIMENTAR COM

DIFERENTES INGREDIENTES NATURAIS Óleo Alimentar rico em Omega-3

Tabela I4

Lote Acidez Peroxido TotoxControlo Dia 0 60131 0,04 1,1 14,1

Concentrações p-anisidina Totox

Formulações ppm % Ác. Oleico STDEV mEqO2/kg STDEV

Controlo 0 0,038 0,0060 6,127 0,000 11,9 24,1541500 0,035 0,0007 3,228 0,097 4,14 10,595750 0,042 0,0008 3,269 0,098 5,77 12,309500 0,032 0,0006 3,831 0,115 7,30 13,431250 0,033 0,0007 3,454 0,104 5,60 14,212100 0,034 0,0007 4,296 0,129 6,31 14,90230 0,031 0,0006 4,412 0,132 9,73 18,5517 0,035 0,0007 4,383 0,131 4,70 13,462

3,5 0,030 0,0006 3,821 0,115 5,67 13,3111,4 0,034 0,0007 3,693 0,111 8,22 15,60830 0,036 0,0007 4,196 0,126 8,55 16,9427 0,033 0,0006 3,492 0,105 8,7 14,613

3,5 0,036 0,0007 4,077 0,122 7,41 15,5631,4 0,032 0,0007 4,151 0,125 7,63 17,002

Concentrações Factor FFormulações ppm TI (h) STDEV

Controlo 0 3,87 0,0771500 5,15 0,085 1,331750 5,08 0,085 1,311500 4,49 0,156 1,159250 4,02 0,007 1,039100 3,93 0,071 1,01430 3,805 0,035 0,9837 3,775 0,106 0,975

3,5 3,885 0,021 1,0041,4 3,93 0,000 1,01630 3,95 0,035 1,0197 0,255 0,000

3,5 3,93 0,000 1,0161,4 3,89 0,057 1,005

NCT

NCT

Covi-Ox 70

Rancimat

Covi-Ox 70

PL com Covi-Ox 70

PL com Covi-Ox 70

Acidez PeróxidosDia 25 Dia 25 Dia 25

Page 266: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 261 -

Óleo com DMPS Tabela I5

Lote Acidez Peroxido TotoxControlo Dia 0 60159 0,03 2,01 10,46

Concentrações p-anisidina Totox

Formulações ppm % Ác. Oleico STDEV mgEqO2/kg STDEV mgEqO2/kg STDEV

Controlo 0 0,034 0,0007 2,707 0,081 2,752 0,083 5,051 10,556100 0,055 0,0011 1,953 0,059 2,616 0,078 7,395 12,626500 0,018 0,0004 2,540 0,076 3,149 0,094 6,227 12,525750 0,032 0,0006 2,739 0,082 2,739 0,082 0,790 6,268

1500 0,034 0,0007 2,469 0,074 2,469 0,074 3,340 8,27730 0,029 0,0006 2,576 0,077 2,268 0,068 2,691 7,22750 0,031 0,0006 3,053 0,092 3,363 0,101 3,509 10,236125 0,033 0,0007 2,759 0,083 2,777 0,083 4,249 9,803250 0,038 0,0008 3,015 0,090 3,239 0,097 3,591 10,068100 0,032 0,0006 1,931 0,058 3,909 0,117 2,781 10,599500 0,039 0,0008 2,969 0,089 2,128 0,064 7,283 11,539750 0,041 0,0008 2,480 0,074 2,741 0,082 6,854 12,336

1500 0,045 0,0009 1,916 0,057 2,558 0,077 6,483 11,599

Concentrações Factor FFormulações ppm TI (h) STDEV

Controlo 0 4,485 0,120100 4,49 0,156 1,001500 5,355 0,106 1,194750 5,375 0,106 1,198

1500 5,86 0,127 1,30730 4,2 0,042 0,93650 4,235 0,000 0,944125 4,23 0,120 0,943250 4,55 0,212 1,014100 4,745 0,042 1,058500 5,45 0,007 1,215750 5,775 0,170 1,288

1500 5,9 0,106 1,315

Dia 10

NCT

Covi-Ox 70

Covi-Ox 70 + NC

Rancimat

PeróxidosDia 5 Dia 10Dia 5

Peróxidos

Covi-Ox 70 + NC

Covi-Ox 70

NCT

Acidez

Page 267: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao
Page 268: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

- 263 -

Esquemas Ilustrativos do Capítulo 1 – Parte II Figura J1 Esquema ilustrativo dos fenómenos de transferência que decorrem entre o alimento e

o óleo durante o processo de fritura por imersão. Esquema retirado da apresentação New

Theoretical and Practical Aspects about Frying Process, Gertz et al, 2004. (1)

Anexo J

Page 269: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 264 -

Figura J1 Esquema ilustrativo das diferentes localizações do óleo na microestrutura do alimento

após processo de fritura. Adaptado de Bouchon et al, 2003. (2)

Referências (1) Gertz, C., Optimising the Baking and Frying Process Using Oil-Improving Agents, European Journal of Lipid Science and Technology, 2004, 106, 736-745. (2) OUCHON, P.B., AGUILERA, J.M. and PYLE, D.L., Structure Oil-Absorption Relationships During Deep-Fat Frying Doi:10.1111/J.1365-2621.2003.Tb05793.X, Journal of Food Science, 2003, 68, 2711-2716.

Page 270: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

- 265 -

Resultados obtidos no Capítulo 2 – Parte 2 - VARIAÇÃO DAS PROPRIEDADES FISICO QUÍMICAS

Variação e correlação da Viscosidade em função do grau de saturação para cada óleo testado

Figura K1 A - Correlação obtida entre as viscosidades determinadas para os óleos originais e a

percentagem mássica de ácidos gordos polinsaturados presentes nos diferentes tipos de óleos.

B – Correlação da variação da viscosidade das amostras de óleos após 270 min de aquecimento

com a diminuição do grau de insaturação.

A

B

R2 = 0,9638

0,0010,0020,0030,0040,0050,0060,0070,0080,0090,00

1 11 21 31 41 51 61 71

% PUFAS

μ, c

P

R2 = 0,9674

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

90,00

0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00

SFA/PUFA

μ, c

P

Anexo K

Page 271: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 266 -

Variação da composição em ácidos gordos com o aquecimento contínuo.

Tabela K1 – Composições em ácidos Gordos dos óleos estudados antes e após (5R) o

aquecimento continuo a 180 ºC durante 270 min.

Ácido Gordo % Ácido Gordo % Ácido Gordo % Ácido Gordo %C14:0 0,07 C14:0 0,08 C14:0 0.07 C14:0 0.09C15:0 0,02 C15:0 0,02 C15:0 0.02 C15:0 0.02C16:0 10,6 C16:0 11,47 C16:0 6.18 C16:0 7,21C16:1 0,11 C16:1 0,11 C16:1 0,12 C16:1 0,14C17:0 0,09 C17:0 0,1 C17:0 0.04 C17:0 0.04C17:1 0,04 C17:1 0,04 C17:1 0,03 C17:1 0,03C18:0 3,95 C18:0 4,16 C18:0 3.73 C18:0 3,69C18:1 24,39 C18:1 25,51 C18:1 28,49 C18:1 29,41C18:2 53,53 C18:2 52,02 C18:2 60,01 C18:2 58,02C18:3 6,15 C18:3 5,42 C18:3 0,14 C18:3 0,22C20:0 0,35 C20:0 0,35 C20:0 0.24 C20:0 0,23C20:1 0,20 C20:1 0,2 C20:1 0,14 C20:1 0.14C22:0 0,39 C22:0 0,39 C22:0 0.61 C22:0 0,51C22:1 --- C22:1 --- C22:1 --- C22:1 ---C24:0 0,12 C24:0 0,12 C24:0 0.19 C24:0 0,24

isómeros transoleicos 0,02

isómeros transoleicos 0,1

isómeros transoleicos 0,02

isómeros transoleicos 0,05

isómeros translinoleicos

+translinolénicos0,8

isómeros translinoleicos

+translinolénicos0,81

isómeros translinoleicos

+translinolénicos0,15

isómeros translinoleicos

+translinolénicos0,19

59,68 57,44 60,15 58,24

Ácido Gordo % Ácido Gordo % Ácido Gordo % Ácido Gordo %C14:0 0.07 C14:0 0.08 C14:0 0.07 C14:0 0.08C15:0 0.03 C15:0 0.03 C15:0 0.02 C15:0 0.02C16:0 5.14 C16:0 5,36 C16:0 6.38 C16:0 6.90C16:1 0,28 C16:1 0,31 C16:1 0,13 C16:1 0,13C17:0 0.05 C17:0 0.05 C17:0 0.04 C17:0 0.04C17:1 0,07 C17:1 0,06 C17:1 0,03 C17:1 0,03C18:0 1.69 C18:0 1,74 C18:0 3.74 C18:0 3,92C18:1 62,98 C18:1 63,37 C18:1 28,42 C18:1 29,62C18:2 19,86 C18:2 19,42 C18:2 59,89 C18:2 57,89C18:3 7,81 C18:3 7,25 C18:3 0,14 C18:3 0,16C20:0 0.47 C20:0 0,59 C20:0 0.24 C20:0 0,25C20:1 1,21 C20:1 1,3 C20:1 0,15 C20:1 0,14C22:0 0.25 C22:0 0,3 C22:0 0.57 C22:0 0,61C22:1 --- C22:1 --- C22:1 --- C22:1 ---C24:0 0.09 C24:0 0,13 C24:0 0.19 C24:0 0,21

isómeros transoleicos

0,08

isómeros transoleicos

0,12

isómeros transoleicos

0,02

isómeros transoleicos

0,09

isómeros translinoleicos

+translinolénicos1,19

isómeros translinoleicos

+translinolénicos1,09

isómeros translinoleicos

+translinolénicos0,16

isómeros translinoleicos

+translinolénicos0,21

Girassol 5R

Girassol PLAA 5RColza 5R

Soja 5RSoja original

Colza original

Girassol original

Girassol PLAA Original

Page 272: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 267 -

(Cont.) Tabela K1 – Composições em ácidos Gordos dos óleos estudados antes e após (5R) o

aquecimento continuo a 180 ºC durante 270 min.

Ácido Gordo % Ácido Gordo % Ácido Gordo % Ácido Gordo %C14:0 0.06 C14:0 0,05 C14:0 0.07 C14:0 0.07C15:0 0.02 C15:0 0.02 C15:0 0.02 C15:0 0.02C16:0 4,94 C16:0 4,93 C16:0 6.21 C16:0 6.90C16:1 0,21 C16:1 0,2 C16:1 0,12 C16:1 0,13C17:0 0.03 C17:0 0.03 C17:0 0.04 C17:0 0.04C17:1 0,04 C17:1 0,04 C17:1 0,03 C17:1 0,03C18:0 2,82 C18:0 2,93 C18:0 3.70 C18:0 3,89C18:1 78,91 C18:1 78,51 C18:1 28,36 C18:1 29,65C18:2 11,55 C18:2 11,83 C18:2 60,15 C18:2 58,11C18:3 0,06 C18:3 0,04 C18:3 0.14 C18:3 0,11C20:0 0,24 C20:0 0,25 C20:0 0.24 C20:0 0,23C20:1 0,23 C20:1 0,22 C20:1 0,15 C20:1 0,13C22:0 0,64 C22:0 0,69 C22:0 0.59 C22:0 0,52C22:1 --- C22:1 --- C22:1 --- C22:1 ---C24:0 0,24 C24:0 0,27 C24:0 0,2 C24:0 0,16

isómeros transoleicos 0,04

isómeros transoleicos 0,17

isómeros transoleicos 0,01

isómeros transoleicos 0,1

isómeros translinoleicos

+translinolénicos0,07

isómeros translinoleicos

+translinolénicos0,07

isómeros translinoleicos

+translinolénicos0,17

isómeros translinoleicos

+translinolénicos0,2

Ácido Gordo % Ácido Gordo % Ácido Gordo % Ácido Gordo %C14:0 0.07 C14:0 0.07 C14:0 0.07 C14:0 0.08C15:0 0,02 C15:0 0,02 C15:0 0.02 C15:0 0.02C16:0 6,37 C16:0 6,66 C16:0 6.46 C16:0 6,85C16:1 0,13 C16:1 0,12 C16:1 0,13 C16:1 0,13C17:0 0,04 C17:0 0,04 C17:0 0.04 C17:0 0.04C17:1 0,03 C17:1 0,03 C17:1 0,03 C17:1 0,03C18:0 3,7 C18:0 3,96 C18:0 3.70 C18:0 3,88C18:1 28,47 C18:1 30,21 C18:1 28,61 C18:1 29,59C18:2 59,91 C18:2 57,47 C18:2 59,62 C18:2 58,11C18:3 0,13 C18:3 0,12 C18:3 0,13 C18:3 0,12C20:0 0,23 C20:0 0,26 C20:0 0.24 C20:0 0.24C20:1 0,15 C20:1 0,15 C20:1 0,14 C20:1 0,13C22:0 0,57 C22:0 0,66 C22:0 0.61 C22:0 0,58C22:1 --- C22:1 --- C22:1 --- C22:1 ---C24:0 0,19 C24:0 0,23 C24:0 0,21 C24:0 0,2

isómeros transoleicos 0,03

isómeros transoleicos 0,08

isómeros transoleicos 0,02

isómeros transoleicos 0,09

isómeros translinoleicos

+translinolénicos0,16

isómeros translinoleicos

+translinolénicos0,17

isómeros translinoleicos

+translinolénicos0,17

isómeros translinoleicos

+translinolénicos0,2

Ácido Gordo % Ácido Gordo % Ácido Gordo % Ácido Gordo %C14:0 0.07 C14:0 0.07 C14:0 0.07 C14:0 0.07C15:0 0.02 C15:0 0.02 C15:0 0.02 C15:0 0.02C16:0 6,56 C16:0 6,72 C16:0 6,44 C16:0 6,7C16:1 0,12 C16:1 0,14 C16:1 0,06 C16:1 0,13C17:0 0.04 C17:0 0.04 C17:0 0.04 C17:0 0.04C17:1 0,03 C17:1 0,03 C17:1 0,03 C17:1 0,03C18:0 3,69 C18:0 3,92 C18:0 3,68 C18:0 3,98C18:1 28,54 C18:1 29,5 C18:1 28,47 C18:1 29,69C18:2 59,69 C18:2 58,24 C18:2 59,93 C18:2 57,98C18:3 0,13 C18:3 0,1 C18:3 0,13 C18:3 0,13C20:0 0,23 C20:0 0.24 C20:0 0,24 C20:0 0,26C20:1 0,13 C20:1 0,13 C20:1 0,14 C20:1 0,14C22:0 0,56 C22:0 0,62 C22:0 0,57 C22:0 0,63C22:1 --- C22:1 --- C22:1 --- C22:1 ---C24:0 0,19 C24:0 0,21 C24:0 0,19 C24:0 0,2

isómeros transoleicos 0,02

isómeros transoleicos 0,08

isómeros transoleicos 0,03

isómeros transoleicos 0,11

isómeros translinoleicos

+translinolénicos0,16

isómeros translinoleicos

+translinolénicos0,19

isómeros translinoleicos

+translinolénicos0,16

isómeros translinoleicos

+translinolénicos0,21

Girassol 0,05IN 5R

Girassol AO 5R

Girassol10HT 5R

Girassol GP80 original

Girassol 0,05IN original Girassol 10HT original

Girassol 0,1IN 5RGirassol GP80 5R

Girassol15HT Original Girassol15HT 5RGirassol AO original

Girassol 0,1IN Original

Page 273: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 268 -

Variação dos Compostos Polares Totais em função do tempo de aquecimento Figura K2 Variação dos compostos polares totais, ao longo tempo de aquecimento em contínuo

a 180 ºC, para os diferentes óleos de girassol enriquecidos em concentrados antioxidantes.

Variação da acidez em função do tempo de aquecimento, dos óleos de girassol enriquecidos em concentrados activos antioxidantes Figura K3 Variação do teor em ácidos gordos livres em função do tempo de aquecimento para

os diferentes óleos de girassol enriquecidos em concentrados antioxidantes. A acidez é expressa

em % ácido oleico.

5

7

9

11

13

15

17

19

21

23

25

0,00 50,00 100,00 150,00 200,00 250,00 300,00t (min)

% T

PM

Girassol + PLAA Girassol +0,05IN Girassol+0,1IN

Girassol+10AQ Girassol+15AQ Girassol+GP80

Girassol

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0 50 100 150 200 250 300

t (min)

%FF

A

Girassol Girassol 15HTGirassol 10HT Girassol 0,1INGirassol 0,05IN Girassol PLAAGirassol GP80

Page 274: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 269 -

Medidas de Rancimat

Figura K4 Valores de tempo de indução determinados pelo teste de Rancimat para os óleos

originais (0 min) e após ensaio de aquecimento contínuo (270 min). Factor F = (TIamostra/TI0).

O método de rancimat falha na análise do estado de degradação de um óleo

durante processo de fritura, uma vez que os compostos de baixo peso

molecular se vão volatilizando durante o processo de fritura.

0,002,004,006,008,00

10,0012,0014,0016,0018,0020,00

Girass

olColz

aSoja

Girass

ol AO

Gir+PLA

A

Gir+GP80

Gir+10

AQ

Gir+15

AQ

Gir+0,0

5IN

Gir+0,1

IN

Originais270min

óleo TI STDEV FGirassol 4,79 0,049 -

Colza 8,69 0,092 -Soja 6,82 0,141 -

Girassol AO 16,65 1,061 -Gir+PLAA 4,58 0,070 0,96Gir+GP80 4,88 0,071 1,02Gir+10AQ 5,15 0,240 1,08Gir+15AQ 5,56 0,014 1,16Gir+0,05IN 5,21 0,057 1,09Gir+0,1IN 5,48 0,177 1,14Girassol 2,88 0,396 -

Colza 5,73 0,219 -Soja 3,25 0,438 -

Girassol AO 1,45 0,100 -Gir+PLAA 1,67 0,021 0,58Gir+GP80 1,33 0,085 0,46Gir+10AQ 1,37 0,420 0,48Gir+15AQ 1,57 0,350 0,55Gir+0,05IN 1,43 0,320 0,50Gir+0,1IN 1,48 0,210 0,51

o m

in27

0 m

in

Page 275: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 270 -

Medidas de Índice de Peróxidos

Figura K5 Variação do teor em peróxidos determinados para as diferentes recolhas de óleos

alimentares. O índice de peróxidos é expresso em mEqO2/kg de óleo.

Figura K6 Variação do teor em peróxidos determinados para as diferentes recolhas de óleos de

girassol enriquecidos em concentrados antioxidantes. O índice de peróxidos é expresso em

mEqO2/kg de óleo.

Girassol

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

0 2 4 6 8

mEq

O2 /k

g

Colza

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

0 2 4 6 8

mEq

O2 /k

g

Girassol AO

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

0 2 4 6 8

Recolhas

mEq

O2 /k

g

Soja

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

0 2 4 6 8

Recolhas

mE

qO2/

kg

Girassol

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

0 2 4 6 8

mEq

O2 /k

g

Colza

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

0 2 4 6 8

mEq

O2 /k

g

Girassol AO

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

0 2 4 6 8

Recolhas

mEq

O2 /k

g

Soja

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

0 2 4 6 8

Recolhas

mE

qO2/

kg

0,002,004,006,008,00

10,0012,0014,0016,0018,0020,00

0 2 4 6 8

Recolhas

mEq

O2 /k

g

Girassol 10HTGirassol 15HTGirassol

0,002,004,006,008,00

10,0012,0014,0016,0018,0020,00

0 2 4 6 8

Recolhas

mE

qO2 /

kg

0,1%IN0,05%INGirassol

0,002,004,006,008,00

10,0012,0014,0016,0018,0020,00

0 2 4 6 8Recolhas

mE

qO2 /

kg

GP80PLAAGirassol

0,002,004,006,008,00

10,0012,0014,0016,0018,0020,00

0 2 4 6 8

Recolhas

mEq

O2 /k

g

Girassol 10HTGirassol 15HTGirassol

0,002,004,006,008,00

10,0012,0014,0016,0018,0020,00

0 2 4 6 8

Recolhas

mE

qO2 /

kg

0,1%IN0,05%INGirassol

0,002,004,006,008,00

10,0012,0014,0016,0018,0020,00

0 2 4 6 8Recolhas

mE

qO2 /

kg

GP80PLAAGirassol

Page 276: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

- 271 -

Determinação da Gordura Absorvida no Alimento durante processo Fritura

Figura L1 Instalação de extracção por soxhlet utilizada na determinação do teor de gordura nas

batatas (esquerda), recipiente com batata frita guardada antes de preparação para extracção

com n-hexano.

Anexo L

Page 277: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 272 -

Método de determinação do teor de Gordura

O método de determinação do teor de gordura aqui descrito é uma

modificação de um protocolo realizado nos laboratórios da Sovena e do

método da AOCS Ba 3-38.

Material

Balança analítica sensível a 0,001g

Soxhlet de 125 mL

Manta de aquecimento

Condensador de bolas

Balão de fundo redondo de 250 mL

Reguladores de ebulição

Suportes, pinças e nozes

Cartuchos de extracção 26/32

Estufa Eléctrica regulada para 60 ºC

Almofariz de vidro

Reagentes

n-hexano

Procedimento

Pesar balão de fundo redondo com uma precisão de 0,001g;

Pesar entre 4 e 7g de batata;

Esmagar a batata pesada com almofariz e colocar dentro de um cartucho de

extracção previamente seco na estufa e pesado com precisão de 0,001g;

Pesar o cartucho com a batata moída e anotar o peso com uma precisão de

0,001g;

Colocar os cartuchos de extracção no soxhlet já preparado;

Deixar o processo de extracção correr durante 2 h.

Evaporar o solvente;

Page 278: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

Anexos 

- 273 -

Pesar com uma precisão de 0,001g.

Cálculo do teor de gordura

A determinação da % de teor de gordura é efectuada através da seguinte

expressão (Eq. L1):

100%0

×=MMGordura (Eq. L1)

Sendo,

M = massa de óleo pesada no balão expressa em gramas

M0= peso das batatas colocadas no cartucho de extracção

Page 279: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao
Page 280: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

- 275 -

Nome: Ana Alexandra Figueiredo Matias Local e Data de Nascimento: Lisboa - 09/07/1977

Habilitações Académicas Faculdade de Ciências e Tecnologia (Universidade Nova de Lisboa)

Licenciatura em Engenharia Química 1995-2002

Actividades Anteriores e Situação Actual em Termos Científicos/Profissionais

2005-2008 – Doutoramento – Empresa (BDE), Instituto Tecnologia

Química e Biológica (Laboratório de Nutracêuticos e Libertação

Controlada) e Sovena, Produtos Alimentares SA

Curriculum Vitae

Page 281: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

CV 

- 276 -

2002 - 2005 - Instituto Biologia Experimental e Tecnológica – IBET –

Labora-tório de Nutracêuticos e Libertação Controlada - Oeiras

TÉCNICA DE INVESTIGAÇÃO - Técnica de investigação científica,

inserida no projecto “Antioxidantes Naturais” financiado pelo

projecto Europeu Prime. O projecto exigia uma estreita

colaboração entre a instituição académica e a indústria.

Linguas

Inglês – Bom (falado, escrito e leitura) (Frequência do curso

avançado de inglês no Wall Street Institute)

Espanhol – Bom (Falado e Leitura)

Médio (Escrito)

Francês – Bom (Leitura)

Médio (Falado e escrito)

Projectos Paralelos

“Olidrox – Antioxidante Natural” – projecto finalista da iniciativa Cohitec

“Turning Technology into Business” 2005. Durante o ano 2006 elaboração

de um Businnes Plan para apresentação a investidores. Desde Fevereiro

2007 encontra-se em fase de angariação de investidor.

Page 282: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

CV 

- 277 -

Lista de Publicações

Artigos em Revistas Internacionais com Arbitragem Científica

• Ana Teresa Serra, Ana A. Matias, Ana V.M. Nunes, M.C. Leitão,

Dulce Brito, R. Bronze, Sandra Silva, António Pires, M.T. Crespo, M.V.

San Romão, C.M. Duarte, In vitro evaluation of olive- and grape-based

natural extracts as potential preservatives for food, Innovative Food

Science & Emerging Technologies, 9 (3), 2008, 311-319;

• Raquel F. M. Frade, Ana Matias, Luis C. Branco, Carlos A. M. Afonso,

Catarina M. M. Duarte “Effect of ionic liquids on human colon carcinoma

HT-29 and CaCo-2 cell lines”, Green Chem., 2007, 9, 873–877;

• Sandra Silva, Ana A. Matias, Ana V. M. Nunes, Catarina M. M. Duarte,

Ana V. Coelho, M. Rosário Bronze, “Indentification of flavonol glycosides in

winemaking by-products by HPLC with different detectors and hyphenated

with mass spectrometry”, Ciência Téc. Vitiv., 20(1), 17-33, 2005;

• Ana A. Matias, Ana V. M. Nunes, Teresa Casimiro, Catarina M. M.

Duarte, Solubility of coenzyme Q10 in supercritical carbon dioxide,

J.Supercritical Fluids, 2004, 28, 201-206.

Patentes

• M. Nunes da Ponte, Catarina M. M. Duarte, Ana A. Matias, Ana V. M.

Nunes, J. P. Goulão Crespo, J. Santos, Svetlozar Velizarov Patente

103326, INPI, Portugal, 2005;

• M. Nunes da Ponte, Catarina M. M. Duarte, Ana A. Matias, Ana V. M.

Nunes, J. P. Goulão Crespo, J. Santos, METHOD OF OBTAINING A

NATURAL HYDROXYTYROSOL-RICH CONCENTRATE FROM OLIVE

Page 283: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

CV 

- 278 -

TREE RESIDUES AND SUBPRODUCTS USING CLEAN

TECHNOLOGIES, WO 2007/013032 A2, 2007.

Comunicações em Congressos Científicos

• Serra, A.T., Matias, A. A., Frade, R.F.M.; Bronze, M.R.; Carvalho, A.;

Alves, P.M. e Duarte, C.M.M., Functional Apples?, Functional Foods

Conference, Eulaff Meeting, Maio 2008, Porto, Portugal;

• Matias, A.A.; Serra, A.T.; Frade, R.F.M.; Bronze, M.R.; Alves,P.M. and

Duarte, C.M.M, Valorization of Portuguese agro-food residues – Potential

functional food with activity towards Colon Cancer, Functional Foods

Conference, Eulaff Meeting, Maio 2008, Porto, Portugal;

• C.M.M. Duarte, M. Faustino, A.T. Serra, A.A. Matias, M.R. Bronze, A.R.

Sampaio de Sousa, Processing cherry waste with supercritical fluids to

develop a new promising Nutraceutical, 11th European Meeting on

Supercritical Fluids, Maio 2008, Barcelona;

• A.T.Serra, Ana A. Matias, Raquel F.M. Frade, M. Rosário Bronze, Rui O,

Duarte, Catarina M.M. Duarte, Evaluation of Antioxidant Capacity using

complementary technologies, 4th International Conference on Polyphenols

Applications & Symposium on Functional Drinks and Smart Water, 14-16

Novembro 2007, Malta;

• Ana A. Matias, Ana V. Nunes, J. L. Santos, J.P.Crespo, Catarina M.M.

Duarte, M. Nunes da ponte, A Natural bioactive olive by-products extract,

5th EuroFed Lipid Congress, Setembro 2007, Gotemburgo – Suécia;

• A.R. Sampaio de Sousa, Rodrigo Silva, A.T.Serra, A.V.M.Nunes,

A.Matias, Ana Luísa Simplício, Herminio C. de Sousa, Catarina M.M.

Page 284: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

CV 

- 279 -

Duarte, Preparation of lipid based delivery systems using supercritical fluid

technology, Pre-sattelite meeting of the 3rd Pharmaceutical Sciences

World Congress (PSWC 2007), Abril 2007 – Amesterdão – Holanda

(comunicação oral);

• A.R. Sampaio de Sousa, Rodrigo Silva, A.T.Serra, A.V.M.Nunes, A. A. Matias, Ana Luísa Simplício, Herminio C. de Sousa, Catarina M.M.

Duarte, Bio-avalability enhancement of chalcone using supercritical CO2,

1st – Iberoamerican Conference on Supercritical Fluids, Abril 2007 –

Iguaçu – Brasil;

• Ana A. Matias, A.R.Sampaio de Sousa, Catarina M.M. Duarte, Improving

oxidative stability of deep-frying sun flower oil by incorporation of bioactive

microparticles, 4th EuroFed Lipid Congress, Outubro 2006, Madrid –

Espanha;

• Ana Teresa Serra, Ana Matias, António Pires, Rosário Bronze, Paula

Alves, Catarina Duarte, DEVELOPMENT OF NUTRACEUTICALS FROM

GRAPES AND CHERRIES WASTES, 3rd International Conference on

Applications in Nutrition and Health e 1st International Symposium on

Antioxidants and Polyphenols: Valorization from Fuits & Vegetable

Wastes, Malta, Outubro 2006;

• Ana Teresa Serra, Ana Matias, António Pires, Rosário Bronze, Catarina

Duarte, DESENVOLVIMENTO DE NUTRACÊUTICOS A PARTIR DE

EXTRACTOS NATURAIS DE CEREJA E UVA, I Encontro de

Bromatologia, Hidrologia e Toxicologia, Sesimbra, Portugal, Junho 2006;

• Ana Teresa Serra, Ana Matias, Carlos Tiago Cravo, António Pires,

Rosário Bronze, Catarina Duarte, Caracterização de Extractos Bioactivos

de Cereja e Uva, I Encontro de Bromatologia, Hidrologia e Toxicologia,

Sesimbra, Portugal, Junho 2006;

Page 285: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

CV 

- 280 -

• R. Sampaio de Sousa, Ana A. Matias, Hermínio C. de Sousa, Catarina

M.M. Duarte, Incorporation of hydrophilic compounds in solid lipid particles

using supercritical fluid technology, Particles 2006 – Medical/Biomedical

Diagnostic, Pharmaceutical, and Drug Delivery Applications of Particle

Technology, Orlando – E.U.A. Maio 2006;

• R. Sampaio de Sousa, Ana A. Matias, Catarina M.M. Duarte,

Development of lipid particles using supercritical carbon dioxide, 10th

European Meeting on Supercritical Fluids, Colmar – França, Dezembro

2005 (comunicação oral);

• Ana M. Matias, Ana V. Nunes, Catarina M.M. Duarte, New Nutraceuticals:

New challenges New opportunities, Rothamsted Biomarket 2005,

Rothamsted , Reino Unido, Novembro 2005 (comunicação oral);

• A.A. Matias, A.T. Serra, M. R. Bronze, M.T. Crespo,V. San Romão, C. M.

Duarte, Antimicrobial Activity of two natural extracts recovered from

Industrial Food Residues, INTRADFOOD2005 – Innovations in Traditional

Foods, Valência, Espanha, Outubro de 2005;

• Ana M. Matias, Ana V. M. Nunes, José Santos , Rosário M. Bronze, João

G. Crespo, Catarina M. M. Duarte, Manuel Nunes da Ponte, “Isolation of

natural bioproducts with application on the chemoprevention using clean

technologies”, Conference on Knowledge-based Materials and

Technologies for Sustainable Chemistry, Tallinn, Estonia, 1-5th June 2005;

• Ana V. M. Nunes, Ana M. Matias, Catarina M. M. Duarte, Rosário M.

Bronze, Manuel Nunes da Ponte, “The role of supercritical fluid technology

in the recovery of the main bioactive compounds responsible for

Mediterranean

• diet health benefits” International Symposium on Supercritical Fluids, May

1 - 4, 2005, Rosen Centre Hotel, Orlando, Florida USA;

Page 286: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

CV 

- 281 -

• Ana V.M. Nunes, Ana M. Matias, Catarina M.M. Duarte, Manuel

Nunes da Ponte, Nutraceutical extraction from plants: supercritical

carbon dioxide fractionation combined with other separation

processes, Seminar in Supercritical clean technologies for food

industries and waste management, Cadiz, Espanha Julho 2004.

(comunicação oral);

• Ana M. Nunes, Ana A. Matias, A. R. Sampaio de Sousa, Rosário Bronze,

Manuel Nunes da Ponte, Catarina M.M. Duarte, Supercritical Fluid

Extraction of Natural Antioxidants from olive by-products by using

Supercritical Mixtures of CO2 and Ethanol, V Brazilian Meeting on

Supercritical Fluids, Florianópolis – Brasil, Abril 2004;

• M.M. Duarte, A.A. Matias, Ana M. Nunes, A. R. Sampaio de Sousa, R.

Ruivo, M.R. Bronze, M. Nunes da Ponte, “ Development of a clean

process for recovery of natural phenolic compounds from wine

byproducts”, V Brazilian Meeting on Supercritical Fluids, Florianópolis –

Brasil, Abril 2004;

• A.M Nunes; A.F.Matias,; M. Nunes da Ponte, M.R. Bronze; C.M.M.

Duarte, Polyphenolic content and antioxidant properties of olive by-product

extracts, 1st International Conference on Polyphenols and Health, Vichy –

France, Novembro 2003;

• A.Raquel S. de Sousa, Ana M. Nunes, Ana F. Matias, M. Nunes da

Ponte, Catarina M.M. Duarte, Solubility in supercritical carbon dioxide of

two antioxidant compounds contained in olive by-products, 6º Encontro

Nacional de Química-Física, CP18, ,Lisboa, Portugal, Setembro 2003;

• Ana A. Matias, Ana V. M. Nunes, Teresa Casimiro, Manuel Nunes da

Ponte, Catarina M.M. Duarte, Supercritical Fluid Technology for

processing CoQ10, a powerful antioxidant, Conferência de Homenagem

ao Profº Jorge Calado, Instituto Superior Técnico, Lisboa, Portugal,

Page 287: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

CV 

- 282 -

Janeiro 2003;

• C.M.M.Duarte, A.A.Matias, A.V.M.Nunes, M.R.Bronze, H.I. Motta Veiga,

M.Nunes da Ponte, “Separation of antioxidant components from white

grape skin and seeds using compressed carbon dioxide.”, 6th International

Symposium on Supercritical Fluids, Versailles, França, Abril 2003;

• A.V.M.Nunes, A.A.Matias, T.Casimiro, A.Aguiar-Ricardo, M.Nunes da

Ponte, C.M.M.Duarte, “Processing of Coenzyme Q10 using Supercritical

Carbon Dioxide”, 5th International Symposium on Supercritical Fluids,

Bordeaux, França, Abril 2002;

• A.Matias, A.Nunes, T.Casimiro, A.Aguiar-Ricardo, M.Nunes da Ponte,

C.Duarte, Processing of Coenzyme Q10 using Supercritical Carbon

Dioxide, 8th International Chemical Engineering Conference –

CHEMPOR’2001, Aveiro, Portugal, Setembro 2001. (comunicação

oral).

Page 288: Desenvolvimento de Oleos Alimentares Funcionais Da Ciencia a Aplicacao

DESENVOLVIMENTO DE ÓLEOS ALIMENTARES FUNCIONAIS

da Ciência à Aplicação

Ana A

lexandra Figueiredo Matias

Ana Alexandra Figueiredo Matias

2008

ISBN: 978-989-20-1283-4

Oeiras _ Julho 2008

Dissertação apresentada para obtenção do grau de Doutor em Engenharia Química pelo Instituto de Tecnologia Química e Biológica da Universidade Nova de Lisboa. Com suporte financeiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia e Sovena Consumer Goods SA, através da Bolsa Doutoramento Empresa nº SFRH/BDE/15535/2005.

Antonio Matias
Text Box
ISBN: 978-989-20-1283-4