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Universidade de Brasília Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia Civil Desenvolvimento de Metodologia para Manutenção de Estruturas de Concreto Armado Eng a Eliane Kraus de Castro Dissertação de Mestrado em Estruturas Publicação E.DM-004A/94 Brasília - DF Dezembro de 1994

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Universidade de Brasília Faculdade de Tecnologia

Departamento de Engenharia Civil

Desenvolvimento de Metodologia para Manutenção de Estruturas de Concreto Armado

Enga Eliane Kraus de Castro

Dissertação de Mestrado em Estruturas

Publicação E.DM-004A/94 Brasília - DF Dezembro de 1994

ii

Universidade de Brasília Faculdade de Tecnologia

Departamento de Engenharia Civil

Desenvolvimento de Metodologia para Manutenção de Estruturas de Concreto Armado

Enga Eliane Kraus de Castro

Dissertação de Mestrado submetida ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Brasília como parte dos requisitos necessários para a obtenção do Grau de Mestre em Ciências (M.Sc.) Aprovada por: _______________________________________ Prof. João Carlos Teatini de S. Clímaco (Orientador - PhD - UnB) _______________________________________ Prof. Antonio Alberto Nepomuceno (Co-Orientador - DSc - UnB) _______________________________________ Prof. Marcello da Cunha Moraes (Examinador Interno - Livre Docente - UnB) _______________________________________ Profª Regina Helena Ferreira de Souza (Examinador Externo - DSc - UFF) Brasília, 12 de dezembro de 1994

iii

Ficha Catalográfica Referência Bibliográfica

Castro, E.K.; 1994. Desenvolvimento de Metodologia para Manutenção de Estruturas de

Concreto Armado. Dissertação de Mestrado, Publicação Nº: E.DM-004A/94, Departamento de Engenharia Civil, Universidade de Brasília, Brasília, DF, 129 p.

Cessão de Direitos Nome do Autor: Eliane Kraus de Castro Título da Dissertação de Mestrado: Desenvolvimento de Metodologia para Manutenção

de Estruturas de Concreto Armado. Grau: Mestre em Ciências Ano: 1994 é concedida à Universidade de Brasília a permissão para reproduzir cópias desta dissertação de mestrado e para emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte desta dissertação de mestrado pode ser reproduzida sem a autorização por escrito do autor.

__________________________ Eliane Kraus de Castro SQN 309 BL. A apto. 511 70.755-010 Asa Norte Brasília - DF

Brasília-DF, 12 de dezembro de 1994.

CASTRO, ELIANE KRAUS Desenvolvimento de Metodologia para Manutenção de Estruturas de Concreto Armado [Distrito Federal] 1994. x, 129 p., 297 mm (ENC/FT/UnB, M.Sc., Estruturas, 1994). Dissertação de Mestrado - Universidade de Brasília. Faculdade de Tecnologia. Departamento de Engenharia Civil 1. Estrutura 2. Concreto Armado 3. Durabilidade e Vida útil 4. Manutenção I. ENC/FT/UnB II. Título (série)

iv

AGRADECIMENTOS

Minha profunda gratidão ao Professor João Carlos Teatini S. de Clímaco, meu orientador, com

quem tenho aprendido muito durante esse período de convivência, por suas sugestões valiosas e

leitura atenta que permitiram tornar o trabalho mais consistente.

Ao Professor Antonio Alberto Nepomuceno, meu agradecimento, pela enorme dedicação na co-

orientação, fundamental no desenvolvimento deste trabalho.

Aos Professores do Mestrado em Estruturas do ENC, em especial ao Eldon Londe Mello, Tânia

G. B. Figueiredo, Athail R. Pulino Filho, Guilherme Sales S. A. Melo, Paul W. Partridge, Carmen

L. Sahlit, Moema Ribas Silva e Elton Bauer, pela amizade e colaboração.

A UnB, pelo suporte financeiro, e aos colegas da Prefeitura do Campus, em especial ao Prof.

Antônio Moreira Campolina, que propiciou e incentivou a realização deste trabalho.

Aos colegas do mestrado, em especial ao José Humberto, Jorge Luis e Marco Aurelio, pela

amizade e a enorme colaboração dispensadas.

Ao CNPQ, pelo suporte financeiro.

Aos meus filhos, Leonardo e Alex, que se privaram em alguns momentos do convívio com a

mamãe.

Finalmente, um agradecimento a Jorge, meu companheiro, interlocutor permanente, leitor

paciente, cujo apoio emocional e estímulo foram decisivos nos momentos difícieis para que essa

jornada fosse concluída.

v

RESUMO

O aumento no número de casos de deterioração em estruturas de concreto, que, erroneamente, se

acreditava pudessem ter durabilidade ilimitada, levou a um aprofundamento pelas normas mais

recentes dos aspectos relativos a durabilidade e vida útil, já a partir das fases de projeto e

execução bem como ao reconhecimento da necessidade de manutenção preventiva como forma

de garantir um padrão aceitável para a edificação ao longo de sua vida útil prevista.

Entretanto, apesar da importância hoje atribuída à manutenção, são ainda insuficientes, mesmo

em países desenvolvidos, as disposições normativas estabelecendo critérios objetivos e

programas de manutenção para estruturas usuais de concreto armado.

Esta pesquisa propõe uma metodologia para manutenção estrutural, com o objetivo de preencher

a lacuna existente, estabelecendo critérios de quantificação para o grau de deterioração dos

elementos isolados e da estrutura como um todo, baseando-se em parâmetros que consideram as

manifestações mais freqüentes de danos, sua evolução e a influência do meio ambiente em que a

estrutura esta inserida. Um programa eficiente de manutenção periódica garante a durabilidade

das edificações e permite o estabelecimento de prioridades para as ações necessárias ao

cumprimento da vida útil prevista, minimizando o custo de eventuais intervenções.

vi

ABSTRACT

The increasing of cases of deterioration in concrete structures, that, erroneously, were supposed

to be endless, has lead to a recent progress in the approach of various technical codes concerning

durability and service life, since the initial steps of design and construction phases, and to an

acknowledge of the importance of preventive maintenance to guarantee an acceptable level for

buildings during their service life.

However, in spite of the growing relevance of maintenance, codes recommendations, even in

developed countries, still need of more objective criteria for maintenance programmes.

The present research proposes a method for maintenance of concrete structures, aiming to meet

needs above mentioned, setting up objective criteria for a numeric evaluation of the level of

deterioration of isolated members and the whole structure, based on parameters that consider the

more usual damage symptoms, their evolution and the influence of the aggressive agents in the

environment . An efficient programme of preventive and methodical maintenance insures

building durability and can help to establish priorities for the actions required to reach intended

service life, minimizing the cost of interventions.

vii

ÍNDICE

1 – INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1

2 - DURABILIDADE E VIDA ÚTIL DE ESTRUTURAS DE CONCRETO..................... 4

2.1 - CONSIDERAÇÕES SOBRE O DESEMPENHO ESTRUTURAL.............................. 4 2.2 - CAUSAS DE INTERVENÇÕES EM ESTRUTURAS................................................. 7 2.3 - ABORDAGENS DE NORMAS SOBRE DURABILIDADE E VIDA ÚTIL ............ 12

3 – DADOS ESTATÍSTICOS SOBRE AS CAUSAS DE DEFEITOS EM ESTRUTURAS............................................................................................................................................. 16

3.1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS .................................................................................... 16 3.2 – ANÁLISE QUANTITATIVA DE DEFEITOS NAS ESTRUTURAS....................... 16 3.3 - DEFEITOS NAS ESTRUTURAS DO DISTRITO FEDERAL .................................. 24 3.4 - IMPORTÂNCIA DA MANUTENÇÃO E RESPONSABILIDADE TÉCNICA........ 27

4 - PARÂMETROS PARA METODOLOGIAS DE MANUTENÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO.................................................................................... 29

4.1 - ANÁLISE DE METODOLOGIAS CORRENTES ..................................................... 29 4.1.1 - Disposições normativas ........................................................................................ 29 4.1.2 - Avaliação quantitativa do desempenho estrutural ................................................ 32

4.2 - PARÂMETROS DE INTERESSE PARA A MANUTENÇÃO ESTRUTURAL ...... 36 4.2.1 – Considerações gerais ............................................................................................ 36 4.2.2 – Causas de deterioração de estruturas de concreto ................................................ 37

4.2.2.1 - Preliminares ................................................................................................... 37 4.2.2.2 - Fissuração ...................................................................................................... 38 4.2.2.3 - Ataque químico.............................................................................................. 42 4.2.2.4 - Ataque físico .................................................................................................. 43 4.2.2.5 - Corrosão de armaduras .................................................................................. 44 4.2.2.6 - Defeitos devido a projeto e construção.......................................................... 46

4.2.3 - Condições de exposição de estruturas ao meio ambiente ..................................... 48 4.3 - ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DA DETERIORAÇÃO EM ESTRUTURAS DE

CONCRETO ................................................................................................................. 49

5 - METODOLOGIA PROPOSTA PARA MANUTENÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO DE EDIFICAÇÕES USUAIS................................................ 53

5.1 - INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 53 5.2 - DESCRIÇÃO DA METODOLOGIA PROPOSTA .................................................... 54

5.2.1 – Princípios gerais ................................................................................................... 54 5.2.2 – Classificação das famílias de elementos .............................................................. 57 5.2.3 – Fator de ponderação do dano ............................................................................... 58 5.2.4 – Fator de intensidade do dano................................................................................ 60 5.2.5 – Grau do dano ........................................................................................................ 63 5.2.6 – Grau de deterioração de um elemento.................................................................. 65 5.2.7 – Grau de deterioração de uma família de elementos ............................................. 67 5.2.8 – Fator de relevância estrutural da família de elementos........................................ 68 5.2.9 - Grau de deterioração da estrutura ......................................................................... 69

5.3 - APLICAÇÃO DA METODOLOGIA ......................................................................... 70

viii

5.3.1 - Introdução ............................................................................................................. 70 5.3.2 - Primeiro estudo de caso - Edificação escolar pública........................................... 71 5.3.3 - Segundo estudo de caso - Edificação residencial pública .................................... 76 5.3.4 - Conclusão.............................................................................................................. 82

6 - CONCLUSÕES................................................................................................................. 84

6.1 - INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 84 6.2 - SOBRE A IMPORTÂNCIA DA MANUTENÇÃO ESTRUTURAL......................... 84 6.3 - SOBRE A EVOLUÇÃO DE DEFEITOS NAS CONSTRUÇÕES............................. 85 6.4 - SOBRE AS METODOLOGIAS DE MANUTENÇÃO DISPONÍVEIS..................... 86 6.5 - SOBRE A METODOLOGIA PROPOSTA................................................................. 87 6.6 - SUGESTÃO PARA TRABALHOS POSTERIORES................................................. 89

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA...................................................................................... 90

ANEXO A................................................................................................................................ 94

ANEXO B - PRIMEIRO ESTUDO DE CASO - EDIFICAÇÃO ESCOLAR PÚBLICA Departamento de Engenharia Civil / Faculdade de Tecnologia ( ENC/FT) .............. 104

ANEXO B.1 - EDIFÍCIO: ENC/FT - CROQUIS DA ESTRUTURA............................... 104 ANEXO B.2 - CÁLCULO DOS GRAUS DE DETERIORAÇÃO DAS FAMÍLIAS DE

ELEMENTOS E DA ESTRUTURA - EDIFÍCIO: ENC/FT...................................... 111 ANEXO B3 - FOTOS ........................................................................................................ 117

ANEXO C – SEGUNDO ESTUDO DE CASO - EDIFICAÇÃO RESIDENCIAL PÚBLICA – eDIFÍCIO: SQN 107/H.............................................................................. 119

ANEXO C.1 – SQN 107 / H - CROQUIS DA ESTRUTURA .......................................... 119 ANEXO C.2 - CÁLCULO DOS GRAUS DE DETERIORAÇÃO DAS FAMÍLIAS DE

ELEMENTOS E DA ESTRUTURA - EDIFÍCIO: SQN 107 / H .............................. 122 ANEXO C3 - FOTOS ........................................................................................................ 127

ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Modelo de equilíbrio de uma estrutura de concreto (modificada Selinger, 1992 e CEB, 1989) ..................................................................... 5

Figura 2.2 – Causas de intervenção em estruturas ..................................................................... 9 Figura 2.3 – Possíveis intervenções em estruturas................................................................... 10 Figura 2.4 – Lei dos cinco (modificada – Sitter, 1986) ........................................................... 11 Figura 3.1 – Causas e defeitos em edificações (Pateson, 1984)............................................... 20 Figura 3.2 – Avaliação dos erros em estruturas de concreto (ACI, 1979) ............................... 22 Figura 4.1 – Fissuras devido a carga imposta (modificada – CEB, 1989)............................... 41 Figura 4.2 – Vida útil das estruturas de concreto..................................................................... 50 Figura 5.1 – Fluxograma da metodologia para o cálculo do Grau de Deterioração da

Estrutura (Gd) ............................................................................................................... 56 Foto B1 – Vista geral – fachada oeste.................................................................................... 117 Foto B2 – Vista geral – fachada norte.................................................................................... 117 Foto B3 – ENC/FT – Vista da “laje calha” e “viga 1 do shed 3” .......................................... 118 Foto B4 – ENC/FT – Vista da laje “L2a” .............................................................................. 118 Foto C1 – SQN 107 / H – Vista geral – fachada oeste........................................................... 127 Foto C2 – SQN 107 / H – Vista da laje “L9”......................................................................... 127 Foto C3 – SQN 107 / H – Vista da junta de dilatação ........................................................... 128 Foto C4 – SQN 107 / H – Vista do detalhe Pilar “P1s........................................................... 128 Foto C5 – SQN 107 / H – Vista do detalhe da viga “V1s” .................................................... 129 Foto C6 – SQN 107 / H – Vista do interna – junta de dilatação viga - pilar ......................... 129

LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 - Estatísticas relativas a causas de defeitos em edificações ................................... 17 Tabela 3.2 - Causas das manifestações patológicas na Região Amazônica

(Aranha & Dal Molin, 1994)........................................................................................ 24 Tabela 3.3 - Estatísticas relativas a causas patológicas em edificações no D.F.

(Campos & Valério, 1994). .......................................................................................... 25 Tabela 4.1 - Indicação de intervalos de inspeção (em anos).................................................... 32 Tabela 4.2 - Classe de exposição relativa às condições ambientais (modificada - CEB, 1991)

...................................................................................................................................... 49 Tabela 5.1 – Famílias de elementos estruturais, danos e fatores de ponderação (Fp).............. 59 Tabela 5.2 - Classificações dos danos e fatores de intensidade (Fi ) ....................................... 61 Tabela 5.2 - Classificações dos danos e fatores de intensidade (Fi ) (cont.)............................ 62 Tabela 5.3 - Classificação dos níveis de deterioração do elemento......................................... 67 Tabela 5.4 - Classificação dos níveis de deterioração da estrutura.......................................... 69 Tabela 5.5 - Laje....................................................................................................................... 73 Tabela 5.6 - Laje....................................................................................................................... 74 Tabela 5.7 - Viga...................................................................................................................... 75 Tabela 5.8 - Grau de deterioração da estrutura - ENC - FT..................................................... 76 Tabela 5.9 - Laje....................................................................................................................... 79 Tabela 5.10 - Viga.................................................................................................................... 80

x

Tabela 5.11 - Pilar .................................................................................................................... 81 Tabela 5.12 - Grau de deterioração da estrutura - SQN 107 /H............................................... 82 Tabela A.1 - Classificação dos danos e fatores de intensidade ( Fi )....................................... 98 Tabela A.1 - Classificação dos danos e fatores de intensidade ( Fi ) (cont.) .......................... 99 Tabela A.2 – Famílias de elementos estruturais..................................................................... 100 Tabela A.2 – Famílias de elementos estruturais (cont.) ......................................................... 101 Tabela A.2 – Famílias de elementos estruturais (cont.) ......................................................... 102 Tabela A.2 – Famílias de elementos estruturais (cont.) ......................................................... 103 Tabela B.1 – Cálculo do grau de deterioração da família: Pilares ......................................... 111 Tabela B.2 – Cálculo do grau de deterioração da família: Vigas principais.......................... 112 Tabela B.2 – Cálculo do grau de deterioração da família: Vigas principais (continuação)... 113 Tabela B.3 – Cálculo do grau de deterioração da família: Vigas secundárias....................... 114 Tabela B.4 – Cálculo do grau de deterioração da família: Lajes principais .......................... 115 Tabela B.5 – Cálculo do grau de deterioração da família: Lajes secundárias........................ 116 Tabela B.6 – Cálculo do grau de deterioração da estrutura ................................................... 116 Tabela C.1 – Cálculo do grau de deterioração da família: Pilares ......................................... 122 Tabela C.2 – Cálculo do grau de deterioração da família: Vigas principais.......................... 123 Tabela C.3 – Cálculo do grau de deterioração da família: Vigas secundárias....................... 124 Tabela C.4 – Cálculo do grau de deterioração da família: Lajes principais .......................... 125 Tabela C.5 – Cálculo do grau de deterioração da família: Lajes secundárias........................ 126 Tabela C.6 – Cálculo do grau de deterioração da família: Reservatório superior ................. 126 Tabela C.7 – Cálculo do grau de deterioração da estrutura ................................................... 126

LISTA DE SÍMBOLOS

R : grandeza genérica de interesse para o desempenho da estrutura Ro : limite tolerável da grandeza genérica CO2 : dióxido de carbono v : coeficiente de capacidade da estrutura R' : capacidade resistente residual da estrutura ou elemento S' : solicitação atuante na estrutura ou elemento Fp : fator de ponderação do dano Fi : fator de intensidade do dano D : grau do dano m : número de danos detectados no elemento Gde : grau de deterioração do elemento Gdf : grau de deterioração de uma família de elementos n : número de elementos componentes da família com Gde ≥ 15 Fr : fator de relevância estrutural da família de elementos Gd : grau de deterioração da estrutura k : número de famílias de elementos presentes na edificação h : altura

1

1 – INTRODUÇÃO

É significativamente crescente, nos últimos anos, o número de edificações com estrutura de

concreto armado que apresentam deterioração precoce, com manifestações de danos de diversas

origens. Dentre essas, destaca-se a ausência quase absoluta de programas de manutenção

preventiva das estruturas. São vários os fatores que levam a isto, podendo-se destacar a cultura

deficiente relativa à necessidade de manutenção e o conceito errôneo de que as estruturas de

concreto eram previstas para durar ilimitadamente, dispensando manutenção. A constatação que

as estruturas de concreto, mesmo as bem projetadas e construídas, estavam sujeitas à ocorrência

de deteriorações inesperadas levou, então, à busca de aprofundamento dos conceitos de

durabilidade e vida útil.

Com a evolução do conhecimento concluiu-se que a vida útil da estrutura depende,

substancialmente, de níveis adequados de manutenção, principalmente porque os eventuais

problemas estruturais, sendo descobertos em seu início, teriam seus efeitos minorados e os custos

de reparo seriam reduzidos. Entretanto, embora seja crescente o reconhecimento da importância

da manutenção estrutural, são ainda insuficientes, mesmo em países desenvolvidos, as

disposições normativas específicas para programas de manutenção. Em geral, as normas têm

dedicado grande atenção às disposições de projeto e execução tendo a durabilidade como

requisito essencial sem, no entanto, estabelecer critérios objetivos de manutenção.

Em obras de grande porte, como barragens, metrô e obras de arte, constata-se um avanço, por

parte das entidades públicas responsáveis, no que se refere à preocupação com o desenvolvimento

de metodologias de manutenção, buscando atender demandas específicas. No entanto, para

edificações usuais de concreto armado, a lacuna referente a metodologias para manutenção de

estruturas persiste, apesar do esforço de alguns centros de pesquisa em desenvolver trabalhos

sobre a durabilidade das edificações, especialmente relativas a materiais e componentes da

edificação.

A partir desse fato, a pesquisa teve como objetivo desenvolver uma metodologia para

manutenção de estruturas de concreto armado para edificações usuais, estabelecendo critérios de

quantificação para o grau de deterioração dos elementos estruturais isolados e da estrutura como

2

um todo, baseando-se em parâmetros que consideram as manifestações mais freqüentes de danos,

sua evolução e a influência do meio ambiente em que a estrutura esta inserida. A implantação de

uma metodologia eficiente em programas de manutenção periódica poderia contribuir para o

aumento da de durabilidade das edificações, permitindo o estabelecimento de prioridades para as

ações necessárias ao cumprimento da vida útil prevista.

A metodologia desenvolvida tem por base a realização de inspeções periódicas em edificações

com estruturas de concreto, através de engenheiros e técnicos com experiência na área,

objetivando a verificação do desempenho dos elementos estruturais nos mais variados aspectos de

segurança, funcionalidade e estética.

O Capítulo 2 apresenta uma conceituação de desempenho estrutural e uma análise das causas

principais que levam as intervenções nas estruturas de concreto armado, além de uma

apresentação das abordagens de normas sobre durabilidade e vida útil das edificações.

O Capítulo 3 procurou analisar os dados provenientes de vários levantamentos estatísticos sobre

manifestações patológicas em estruturas e as causas associadas, no sentido de comparar as

incidências de danos mais comuns em países da Europa e nos U.S.A. com os dados disponíveis,

infelizmente limitados, para o Brasil. A comparação visava fundamentalmente, analisar a

importância da manutenção estrutural como fator interveniente nas causas de defeitos em

estruturas.

No Capítulo 4, procurou-se definir e identificar os parâmetros necessários para o estabelecimento

de uma metodologia para manutenção de estruturas de concreto armado de edificações usuais,

analisando as abordagens de normas e metodologias disponíveis. Foi posta ênfase nos métodos de

diagnóstico baseados em sistemas de classificação de danos que possibilitem tornar as inspeções

de estruturas mais efetivas e menos subjetivas.

O Capítulo 5 mostra o desenvolvimento da metodologia proposta no presente trabalho para

manutenção de estruturas de concreto armado de edificações usuais, com aplicação a dois estudos

de casos. A formulação da metodologia é direcionada para a quantificação do desempenho

estrutural, através do resultado de inspeções especializadas, nos moldes indicados pelo RILEM

Technical Committee 104 (1991) de buscar estabelecer sistemas de classificação e avaliação

3

quantitativa de danos que permitam minimizar a natureza subjetiva dos dados obtidos de inspeção

e os custos de eventuais intervenções, aumentando também a eficiência destas.

O Capítulo 6 resume os principais aspectos do desenvolvimento de uma metodologia de

manutenção estrutural e apresenta as conclusões da aplicação prática da metodologia proposta a

duas edificações públicas, uma escolar e uma residencial, propondo algumas sugestões para

trabalhos futuros.

4

2 - DURABILIDADE E VIDA ÚTIL DE ESTRUTURAS DE CONCRETO

2.1 - CONSIDERAÇÕES SOBRE O DESEMPENHO ESTRUTURAL

O Código Modelo MC-90 (CEB-FIP-1991) estabelece que "As estruturas de concreto devem ser

projetadas, construídas e operadas de forma tal que, sob as condições ambientais esperadas, elas

mantenham sua segurança, funcionalidade e aparência aceitável durante um período de tempo,

implícito ou explícito, sem requerer altos custos imprevistos para manutenção e reparo." Ainda

segundo o MC-90, o processo global de criar estruturas e mantê-las em condições satisfatórias de

uso requer a cooperação entre as quatro partes envolvidas:

Proprietário: definindo demandas presentes e futuras em relação à edificação;

Projetistas: preparando especificações de projeto, propostas de métodos de controle de qualidade

e condições de utilização;

Construtor: obedecendo na execução às diretrizes de projeto;

Usuários: responsáveis, em geral, pela manutenção da estrutura durante o período de uso.

A partir desta concepção, para analisar o desempenho estrutural e as causas dos problemas

patológicos de uma estrutura de concreto armado deve-se observar a estrutura em sua totalidade,

o que significa compreendê-la em três momentos distintos, a saber: i) planejamento; ii) execução;

e iii) utilização.

Na fase de planejamento da estrutura, que antecede as demais, deve-se buscar não só a

estabilidade da estrutura, mas considerar o conjunto de ações que influem na sua durabilidade,

funcionalidade e estética. Assim, o equilíbrio estrutural será garantido não só por um bom

projeto, mas também pela qualidade dos materiais e um bom controle de execução. A Fig. 2.1, a

seguir, ilustra o conceito de "modelo de equilíbrio" de estruturas deconcreto, sugerido por

Selinger (1992), modificado a partir do Bulletin d'Information No. 182 do CEB (1989), e

acrescida dos itens manutenção e vida útil.

5

conjunto de

ações

capacidade de

serviço

Estrutura

Mecânicas Físicas Química/Biológica

Projeto Qualidade doconcreto Execução

Desempenho

resistência rigidez condições de superfície

segurança funcionalidade aparência

Manutenção

Vida útil

sobrecargapeso próprio

abrasãoerosão

variação de temperatura

nevegelo, umidade

sais de degelo,ácidos, álcool, óleo

graxa, gases, plantasmicroorganismos

hipótesenormascálculos

dimensionamento

proporção da misturafator água/cimento

agregadosaditivos

mão de obralançamento

adensamentocura

conjunto de

ações

capacidade de

serviço

Estrutura

Mecânicas Físicas Química/Biológica

Projeto Qualidade doconcreto Execução

Desempenho

resistência rigidez condições de superfície

segurança funcionalidade aparência

Manutenção

Vida útil

sobrecargapeso próprio

abrasãoerosão

variação de temperatura

nevegelo, umidade

sais de degelo,ácidos, álcool, óleo

graxa, gases, plantasmicroorganismos

hipótesenormascálculos

dimensionamento

proporção da misturafator água/cimento

agregadosaditivos

mão de obralançamento

adensamentocura

Figura 2.1 – Modelo de equilíbrio de uma estrutura de concreto

(modificada Selinger, 1992 e CEB, 1989)

De acordo com a Fig. 2.1, o conjunto de ações compreende três tipos principais que podem atuar

sobre a estrutura: i) ações mecânicas (sobrecarga, peso próprio, etc.); ii) ações físicas (calor,

água, umidade, gelo, etc.); e iii) ações química/biológica (ácidos, gases, plantas,

6

microorganismos, etc.). A capacidade de serviço compreende três tipos de "reações" que deverão

ser planejadas a partir dos tipos de ações: i) projeto (hipótese, normas, cálculo e

dimensionamento); ii) qualidade do concreto (proporção da mistura, fator água cimento,

agregado, aditivos); e iii) execução (forma, lançamento, adensamento e cura).

O resultado do equilíbrio entre o conjunto de ações e a capacidade de serviço determinará as

condições de estabilidade e durabilidade que vão prevalecer em cada estrutura. Dessa forma, se a

capacidade de serviço (reação) for planejada adequadamente, teremos uma estrutura cujo

desempenho possuirá elementos resistentes com boa margem de segurança, uma rigidez que

permitirá manter uma adequada funcionalidade, e condições de superfície que manterão a

aparência e estética da estrutura. Neste primeiro momento deve-se, também, efetuar o

planejamento das manutenções periódicas a serem efetuadas ao longo do tempo, tendo em vista

que, apesar de todos os cuidados, acima mencionados, o concreto inevitavelmente, sofre ao longo

do tempo as ações de agentes do meio ambiente e condições de uso. O conceito de "durabilidade"

definido por Somerville(1987), resume muito bem o exposto acima: "não existe uma condição

isolada chamada durabilidade, mas um conjunto de ações que deveria merecer uma atenção

compatível com o rigor dedicado em projeto, às provisões sobre resistência, rigidez, estabilidade

e funcionalidade."

Somerville (1987) enfatiza a importância do planejamento de estruturas, onde, na elaboração do

projeto, deve ser considerada a totalidade dos problemas que envolvem a estrutura, com o

objetivo de garantir sua estabilidade e durabilidade. Dessa forma, conceitua-se a vida útil de uma

estrutura como o período mínimo no qual se espera que ela desempenhe as funções previstas,

segundo suas finalidades específicas e condições ambientes, sem perdas significativas na sua

capacidade de utilização e não requerendo custos elevados de manutenção e reparo.

No entanto, se a capacidade de serviço não for adequadamente prevista perante ao conjunto de

ações, poderão surgir problemas na durabilidade da estrutura. Selinger (1992) adverte que grande

parte dos projetistas estão preocupados, principalmente, com as cargas que atuarão na estrutura

(parte em destaque na Fig. 2.1), sem levar em consideração a combinação destas cargas com as

ações devido às exposições ao meio ambiente. Além disto, se ainda na fase de projeto, a garantia

da qualidade do concreto e da execução não são consideradas, ou consideradas de forma

inadequada, deixando-se grande parte das decisões para a fase de execução, aumenta-se a

7

possibilidade de que venham ocorrer problemas patológicos na estrutura.

A execução deve ter como principio básico a procura da máxima integração entre os três

componentes da "capacidade de serviço", ou seja, integrar o que foi estabelecido no projeto

(especificações e detalhamento) com as tecnologias dos materiais e os processos construtivos,

sendo indispensável o controle de qualidade dos materiais e das várias etapas de cada processo.

Em síntese, o desempenho de cada estrutura será sempre o resultado da integração entre execução

e planejamento.

Os problemas de deterioração de uma estrutura não devem ser compreendidos somente pelos

aspectos relativos aos desgastes provenientes do conjunto de ações (Fig. 2.1), mas também deverá

ser considerada a utilização da edificação pelo usuário. Quando há um desvio de utilização para

qual a estrutura foi projetada e construída, podem ocorrer duas situações: i) a estrutura, devido à

atuação de sobrecarga inesperada e incompatível com o projeto, precisa de intervenção para

garantir a segurança (estados limites últimos); ii) a estrutura não atende às mudanças de

utilização e precisa ser adequada à nova demanda por razões de funcionalidade (estados limites

de utilização).

2.2 - CAUSAS DE INTERVENÇÕES EM ESTRUTURAS

O envelhecimento é um processo natural e inevitável para todos os materiais da edificação. O

maior problema não é, portanto, que um material se deteriore mas como ele se deteriora e em que

grau (Rostam, 1991). A situação ideal ocorre quando o envelhecimento acontece segundo uma

velocidade prevista, de forma que a estrutura mantenha satisfatória funcionalidade para a vida útil

projetada, sem exigir altos custos de manutenção. Se a deterioração se desenvolve mais rápido do

que o previsto a estrutura poderá necessitar de alguma forma de intervenção para cumprir a vida

útil esperada.

Paradoxalmente, com o avanço do instrumental de projeto, qualidade dos materiais e tecnologia

da execução, são cada vez mais freqüentes as situações de necessidade de intervenções em

estruturas recentes, a fim de manter, restituir e/ou melhorar sua capacidade resistente, num

8

período de tempo inferior à vida útil prevista. Entre as diversas causas de intervenção

identificam-se, abaixo, as mais freqüentes (Fig. 2.2):

incertezas e erros: no projeto estrutural, incluindo concepção e detalhes; de execução em suas

mais diversas formas; baixa qualidade dos materiais; degradação dos materiais devido à agressão

do meio ambiente; uso e/ou manutenção incorreta da construção;

acidentes: incêndio, explosões, terremotos, etc;

mudanças de uso: alterações na utilização do edifício, com aumento ou alteração na natureza e

valor da sobrecarga.

A primeira etapa para se definir a(s) causa(s) de intervenção deverá ser a elaboração de um

diagnóstico, que visa determinar o estado atual de uma estrutura, através de inspeções,

levantamentos de dados, testes e estudos da mesma.

Dependendo da natureza e extensão do problema, as intervenções usuais na prática podem incluir

uma ou várias das seguintes situações definidas pelo CEB - Bulletin No. 162 (1983) e ilustradas

pela Fig. 2.3.

Avaliação estrutural: determinação das condições e características mecânicas da

estrutura;

Reparo: recuperação/restabelecimento das características mecânicas iniciais da estrutura;

Substituição: demolição e reconstrução de elementos fortemente danificados;

Reforço: estabelecimento de capacidade resistente superior à inicial da estrutura;

Re-projeto: procedimento de projeto relativos a intervenções.

É também de interesse apresentar o conceito de manutenção da FIP (1988):

Manutenção: conjunto de ações necessárias para uma estrutura manter o funcionamento

previsto e sustentar a aparência original ou um padrão requerido.

As Figuras 2.2 e 2.3 mostram os diversos tipos de causas e intervenções em uma estrutura num

diagrama Desempenho x Tempo. R representa uma grandeza genérica de interesse para o

desempenho da estrutura (esforço solicitantes, flechas, abertura de fissuras, velocidade de

corrosão, etc), nos vários aspectos de segurança e funcionalidade. Quando a estrutura entra em

utilização, este valor pode já estar depreciado em função de erros iniciais, de projeto ou

construção. Ro é o limite tolerável da grandeza, em função do tempo, que só deve ser atingido ao

término de sua vida útil.

9

vida útil tempo

mínimoD

esem

penh

o

Ro

0

R

vida útil tempo

mínimoD

esem

penh

o

Ro

0

R

vida útil tempo

mínimo

Des

empe

nho

Ro

0

R

tempo

mínimo

Des

empe

nho

Ro

0

R

incertezas – errosprojeto

execuçãomateriais

uso

acidentes

mudança de uso

Figura 2.2 – Causas de intervenção em estruturas

10

vida útil tempo

mínimoD

esem

penh

o

Ro

0

R

vida útil tempo

mínimo

Des

empe

nho

Ro

0

R

tempo

mínimo

Des

empe

nho

Ro

0

R

diagnóstico + manutenção

diagnóstico + reparo

mudança de uso

Figura 2.3 – Possíveis intervenções em estruturas

As várias causas e necessidades de intervenção em estruturas estão muitas vezes associadas à não

inclusão de manutenção preventiva nas fases de planejamento e execução, o que pode levar, na

fase posterior de utilização, a custos elevados, indesejáveis, de manutenção de caráter corretivo.

Os custos de reparo e manutenção dependem da idade e condições de utilização da estrutura,

sendo difícil estimar, genericamente, valores precisos. Sitter (1986), baseando-se no modelo de

11

vida útil de Tuutti (1982), (Fig. 2.4), propôs uma formulação, conhecida como a Lei dos Cinco,

indicativa dos custos das obras de reparo durante a vida útil de uma estrutura. O autor propõe que

a cada dólar por unidade de área construída, gasto com procedimentos corretos de cálculo e

execução (Fase A), devem equivaler a 5 dólares com ações de manutenção, durante toda a vida

útil (Fase B). Se forem necessários reparos localizados devido à aceleração do processo de

deterioração prevê-se um custo de 25 dólares por unidade de área (Fase C) e um custo de 125

dólares para reparos ou reforços de grande monta ou mesmo substituição (Fase D).

Apesar dos custos descritos terem caráter genérico e aproximados, esta lei é aceita como

indicativa do potencial de gastos que podem ser evitados quando se previnem os danos, desde o

princípio, e quando se intervém a tempo através da manutenção preventiva (Rostam, 1991).

dete

riora

ção

deterioração crítica

deterioração

custos

t2 = t0 + t1 = vida útil

t0 t1tempoA B C D

A: Posto em obra $ 1.0 C: Reparação $ 25,0

B: Manutenção $ 5.0 D: Substituição $ 125.0

Figura 2.4 – Lei dos cinco (modificada – Sitter, 1986)

Sage (1988) observa que os custos com a manutenção de edificações na Inglaterra são cada vez

mais significantes, principalmente nas edificações modernas, com o custo de manutenção em

edificações construídas em Londres entre 1980 e 1986 sendo aproximadamente 3 (três) vezes

maior do que o custo de manutenção de edificações anteriores a 1970. Este aumento é justificado

por alguns aspectos: proporção significativa da elevação dos custos dá-se com o consumo de

energia e ar condicionado utilizados nos prédios novos, com sofisticados projetos, o que encarece

12

a manutenção; utilização de materiais de acabamento, mais sofisticados e que acarretam custos

mais elevados para reparar, manter e eventualmente substituir. Além disso, segundo Sage, no

passado, os clientes privados faziam questão de bons projetos com a utilização de materiais de

qualidade, e as edificações eram bem mantidas e motivo de orgulho dos proprietários. Mais

recentemente, o custo é um fator preponderante, nas obras públicas e privadas, pois o retorno

financeiro tem que ser rápido com mínimo custo de construção. Tal fato é preocupante e exige

uma análise de pesquisadores, profissionais da indústria da construção e entidades, públicas e

privadas, envolvidas.

2.3 - ABORDAGENS DE NORMAS SOBRE DURABILIDADE E VIDA ÚTIL

A ocorrência de deteriorações em estruturas de concreto, que se entendiam, erroneamente, como

previstas para durar ilimitadamente, levou à necessidade de aprofundamentos dos conceitos de

durabilidade e vida útil. Na década de 70, os norte-americanos e nórdicos foram os primeiros a

introduzir o conceito de que as estruturas de concreto não são eternas - elas tem uma vida

limitada que deve ser prevista em projeto. Passados 20 anos, a maioria das normas técnicas de

projeto e execução, em diferentes países, ainda passa longe da idéia de se projetar a partir de uma

durabilidade definida (Andrade, 1992). Algumas normas e códigos apresentam em edições

recentes, capítulos e boletins dedicados à durabilidade e vida útil, que serão abordados a seguir.

O Código Modelo MC-90 do CEB-FIP (1991) não apresenta critérios objetivos que permitam

estabelecer o período de vida útil de uma estrutura, fazendo apenas recomendações gerais,

conforme as citadas no item 2.1. A definição de vida útil do MC-90 é semelhante à proposta por

Somerville (1987) : "vida útil de uma edificação é o período mínimo no qual se espera que ela

desempenhe as funções previstas, segundo suas finalidades específicas e condições ambientes,

sem perdas significativas na sua capacidade de utilização e não requerendo custos elevados de

manutenção".

O MC-90, dispõe ainda que uma estrutura projetada, executada e mantida conforme os requisitos

do Código, deve, com elevada probabilidade, manter as condições esperadas de uso por um

período de tempo mínimo de 50 anos. Para algumas estruturas, conforme sua finalidade, pode-se

requerer uma vida útil mais longa, por exemplo, de 100 anos, ou consideravelmente mais curta,

13

de 25 anos ou menos.

Em 1981, o Conseil International du Batiment pour la Recherche L'Etude et la Documentation

(CIB) e a Réunion International des Laboratoires D'Essais et de Recherches sur les Matériaux et

les Constructions (RILEM), formaram uma comissão de trabalho conjunta (Technical

Committee) sobre Previsão da Vida Útil de Materiais e Componentes da Edificação (CIB

W80/RILEM 71-PSL, 1983). Os objetivos desta comissão eram:

Identificar metodologias para previsão de vida útil de materiais e componentes usados na parte

exterior dos prédios;

Identificar áreas para o melhoramento das metodologias existentes, bem como estimular novas

tecnologias;

Desenvolver metodologias sistemáticas para previsão da vida útil dos materiais de construção e

componentes de acabamento e disseminar informações sobre o estado da arte.

A citada comissão definiu durabilidade como "A capacidade que um produto, componente ou

construção possui de manter o seu desempenho acima dos níveis mínimos especificados, de

maneira a atender as exigências dos usuários, em cada situação específica" e vida útil como "o

período de tempo depois da construção durante o qual todas as propriedades de um material,

componente ou sistema encontra ou excede o nível mínimo aceitável".

O Comite Europeu de Normalização através do Working Group 1, WG1, do Technical

Committee 104, TC-104 "Concreto", criou o Task Group 1, TG-1 "Durabilidade", em 1989.

Andrade (1993) relata os estudos que o TG-1 vem desenvolvendo no intuito de identificar os

parâmetros de durabilidade do concreto, nos aspectos:

− Classificação dos tipos de ataques que podem sofrer o concreto;

− Definição dos tipos de ambiente;

− Definição de requisitos para assegurar uma durabilidade adequada em um ambiente

específico.

O TG-1 tem também como meta estabelecer:

− Métodos para cálculo da vida útil - métodos normativos visando dotar o concreto de

durabilidade adequada frente à corrosão de armaduras e ação do gelo;

− Métodos para o cálculo da durabilidade - métodos normativos para o cálculo da carbonatação

14

do concreto e penetração de cloretos por difusão simples.

O Eurocode No.2 (1989), define que "Para assegurar uma adequada durabilidade das estruturas,

os seguintes fatores inter-relacionados deverão ser considerados:

- o uso da estrutura;

- os critérios requeridos para desempenho;

- as condições de exposição no meio ambiente;

- as propriedades, composições e desempenho dos materiais;

- tipos dos elementos e o detalhamento estrutural;

- a qualidade da mão de obra e nível de controle;

- as medidas particulares de proteção;

- a provável manutenção durante a pretendida vida útil.

“As condições do meio ambiente deverão ser estimadas no estágio de projeto, para assegurar

significativa durabilidade e habilitar adequadamente provisões para a proteção dos materiais".

A BS 8110 - British Standard (1985) define que "Um elemento de concreto durável é aquele

projetado e construído para proteger a armadura da corrosão e desempenhar satisfatório

funcionamento no meio ambiente, durante o tempo de vida da estrutura. Para conseguir isto, é

necessário considerar muitos fatores inter-relacionados nos vários estágios, projeto e processos

construtivos. Deste modo, a forma estrutural e cobrimento da armadura são considerados no

estágio do projeto e suas considerações envolvem as condições de meio ambiente."

Os fatores que influenciam a durabilidade, citados pela BS 8110, incluem:

- forma e volume do concreto;

- cobrimento da armadura;

- o meio ambiente;

- o tipo de cimento;

- o tipo de agregados;

- o teor do cimento e o fator água/cimento do concreto;

- mão de obra, para obter uma boa compactação e eficiente cura do concreto.

O texto base para a revisão da NB-1/78 (ABNT, 1992), proposto para discussão, dedica um

capítulo específico à durabilidade, onde define que "As medidas necessárias a assegurar a vida

15

útil são determinadas a partir das condições ambientais e da importância da estrutura, fazendo

parte integrante do projeto e indicação das medidas mínimas de inspeção e manutenção

preventiva que garantam a durabilidade". E enfatiza, com muita propriedade: "Deverão ser

evitados os arranjos estruturais e os detalhes que facilitem a ação dos agentes agressivos e que

impeçam ou dificultem a inspeção e manutenção das estruturas."

Podemos então concluir, pelo exposto acima, que os códigos e normas apesar de incluírem

capítulos dedicados exclusivamente às condições de durabilidade do concreto, não apresentam

critérios explícitos para uma definição mais precisa da vida útil de uma estrutura. Estes conceitos

são muito recentes, do ponto de vista científico, devendo ser ainda motivo de extensos estudos e

pesquisas.

16

3 – DADOS ESTATÍSTICOS SOBRE AS CAUSAS DE DEFEITOS EM

ESTRUTURAS

3.1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS

A importância social da construção civil, o volume de recursos que sua indústria manipula e a

grande quantidade de empregos que gera justificam o interesse de qualquer país por conhecer a

qualidade de suas edificações bem como a sua evolução com o tempo.

Uma maneira de compreender a qualidade das edificações é através da realização de estudos

quantitativos sobre o conjunto de obras danificadas. Estudos sobre lesões em edificações têm sido

desenvolvidos em diversos países, através de entidades públicas e privadas, dentre estas

destacando-se as companhias de seguro de construção.

O conhecimento sobre a evolução de defeitos em construções, e a posterior análise dos problemas

patológicos, determinando a causa e/ou causas coadjuvantes dos mesmos, são fontes de

ensinamento que podem possibilitar a correção de comportamentos futuros, e, em conseqüência,

evitar a reprodução dos mesmos defeitos que poderão incidir sobre suas causas determinantes.

3.2 – ANÁLISE QUANTITATIVA DE DEFEITOS NAS ESTRUTURAS

Para efeito desta análise serão apresentados a seguir estudos realizados por diferentes

pesquisadores em épocas e locais distintos. Cabe ressaltar que resultados desta natureza devem

ser analisados com cuidado e não entendidos como absolutos, pois pode haver diferenças

marcantes na natureza dos questionários aplicados e mesmo na interpretação de seus resultados.

Apresentam-se na Tabela 3.1, em termos percentuais, as causas principais das manifestações

patológicas em estruturas, compiladas por Chamosa & Ortiz (1985), para o caso da Europa, e

Carmona & Marega (1988), para o Estado de São Paulo - Brasil.

17

Tabela 3.1 - Estatísticas relativas a causas de defeitos em edificações

Causa principal de patologia (%) Manifestação predominante (%) País Número

de casos projeto execução materiais uso/mano naturais fissuração umidade corrosão deslocam. outras

S. Paulo/ Brasil 527 18 52 7 13 - 52 12 31 13 49

R.F. Alemanha 1.570 40 29 15 9 7 - - - - -

Bélgica 3.000 49 24 12 8 7 13 30 16 -

Dinamarca 601 37 22 25 9 7 - - - - -

França 10.000 37 51 5 7 - 59 18 12 - 11

Inglaterra 510 49 29 11 10 1 17 53 14 - 16

Romênia 832 38 20 23 11 8 - - - - - Yuguslávia 117 34 24 22 12 8 -- - - - - Espanha 586 41 31 13 11 3 59 8 11 - Europa (média) - 42 28 14 10 6 - - -- - -

No caso da Europa, os resultados estatísticos indicam que, em média, 42 % das causas de

manifestações patológicas são provenientes de erros de projeto chegando, em alguns casos, como

a Inglaterra, próximo de 50%. O projeto, compreendendo as fases de concepção, detalhamento e

cálculos, segundo os dados, seria portanto, o maior causador de defeitos nas estruturas. Os

problemas decorrentes da execução, seriam responsáveis por 28% das manifestações patológicas.

Apenas dois itens, na Europa, ocasionariam 70% dos problemas patológicos das estruturas. Os

problemas patológicos relacionados aos demais aspectos envolvidos (materiais, uso/manutenção e

naturais) correspondem a apenas 30% do total das causas. Os defeitos oriundos da qualidade dos

materiais utilizados representam 14 %, em média, chegando, como no caso da Dinamarca, a 25

%, acima mesmo dos problemas de execução. Os problemas decorrentes de uso inadequado das

edificações e da não realização de manutenção, representam lO%do total, e os problemas

advindos de causas naturais representam apenas 6% da média européia.

Vale notar, que os dados apresentam contradições, talvez explicáveis por diferenças nos

questionários. Para Inglaterra e Bélgica, por exemplo, a principal origem dos problemas são os

projetos (49%) e, em seguida, a execução (29% e 24%). Já para a França, vale o contrário, isto é,

a execução manifesta-se como a causa predominante dos problemas patológicos em edificações,

51 %, com 31 % para projeto.

Quanto às manifestações predominantes de danos, não há possibilidade de realizar uma média da

18

Europa, tendo em vista que são poucos os países que possuem tais dados. Dessa forma, observa-

se que, dos quatro países cujos dados estão disponíveis, pode-se formar dois grupos: França e

Espanha onde as manifestações predominantes são fissuras, com 59% e corrosão com 11 %; e

Inglaterra e Bélgica, onde a umidade passa a ser a manifestação mais importante. Os problemas

de fissuras nestes dois países chegam a cerca de 1/3 do que representam para França e Espanha.

Os problemas de corrosão são manifestações de importância sendo que, no caso da Bélgica,

chegam a ser até mais importantes que as fissuras. É oportuno lembrar, novamente, que essas

divergências podem estar relacionadas com as diferenças na natureza e interpretação dos

questionários dos levantamentos.

Com o objetivo de aprofundar e detalhar os dados acima, se discutirão a seguir, algumas

pesquisas específicas, que analisam os casos da França (Albige,1978), Espanha (Chamosa &

Ortiz, 1985), Estados Unidos (ACI, 1979) e Brasil (Carmona & Marega, 1988).

O trabalho de Chamosa & Ortiz (1985) na Espanha, apresenta resultados estatísticos, de uma

pesquisa de doutorado, que indicam as principais causas de lesões de obras danificadas. A

primeira constatação da pesquisa é que o projeto tem responsabilidade por 51,5% dos casos de

lesões, sendo o único responsável por 31,0% das lesões em uma obra. Os defeitos de execução

são responsáveis por 38,5 % dos casos, sendo causa única de 18,7% das lesões. Os defeitos

próprios de qualidade dos materiais aparecem com 16,2 % dos casos. Erros devidos ao mau uso

e/ou provenientes da falta de manutenção, ou devido a manutenções inadequadas, representam

13,4% do total. As causas naturais excepcionais representam 4,0%. Estes resultados são

semelhantes aos encontrados na média européia. Os autores ressalvam também que divergências

existentes entre os vários estudos podem ser devidas a diferentes critérios de classificação.

Uma manifestação patológica cuja ocorrência chama a atenção é a fissuração, com 59,2% dos

casos. Os problemas de falta de estanqueidade e corrosão de armaduras têm também uma

incidência alta, apresentando valores acima da média.

Com relação ao aspecto temporal, observa-se que o aparecimento das lesões, em apro-

ximadamente 76% dos casos, surge dentro dos 10 primeiros anos da edificação. Chamosa & Ortiz

revelam ainda que 20,4% dos casos de lesões ocorrem durante e/ou logo após a finalização da

construção.

19

Em relação ao alcance dos danos, a pesquisa mostra que em 25,2% dos casos houve a

necessidade de se efetuar um reforço da estrutura, e que em 8,3% das situações ocorreu ruína da

estrutura.

A pesquisa registra uma tendência crescente, para a ocorrência de falhas de projeto, no controle

da qualidade dos materiais e na utilização da edificação, e uma tendência nitidamente decrescente

para os defeitos provenientes de falhas na execução. Os problemas originados por ações químicas

tendem a crescer de forma relevante, justificando o aumento de cuidados na fase de execução, no

controle de qualidade dos materiais e durante a utilização e manutenção das edificações.

A pesquisa realizada por M. Albige para empresas seguradoras na França, relatada por Paterson

(1984), levantou 10.000 casos de defeitos em construções, ocorridos no período entre 1968 e

1978. Embora não seja muito recente, esse trabalho é a compilação mais extensa encontrada na

literatura e fornece valiosas informações sobre as causas mais freqüentes da deterioração em

edificações. A Fig. 3.1 expõe de forma resumida os resultados mais importantes desta pesquisa:

A Fig. 3.1(a) mostra a distribuição de causas de defeitos em termos de freqüência de ocorrência e

o custo financeiro para o reparo destes defeitos. A freqüência de ocorrência de causas de defeitos

relativa a projeto são da ordem de 43 % e relativa à execução é de 51 %, sendo, portanto, a

ocorrência de defeitos causados por projetos 14% menor que o de execução. Os respectivos

custos de reparos são, porém, equivalentes. A ocorrência de defeitos por qualidade dos materiais

é relativamente pequena se comparada com os defeitos de projeto e execução. O mesmo pode ser

dito a respeito da manutenção.

20

Figura 3.1 – Causas e defeitos em edificações (Pateson, 1984)

A Fig. 3.1(b) mostra as causas de defeitos provenientes de erros de projeto, com os conseqüentes

custos e a freqüência de ocorrência. A freqüência de ocorrências devido às falhas de

detalhamento é bem elevada, chegando a representar 78 % dos erros de projetos, enquanto os

erros de cálculo são menos freqüentes. Isto significa que os sofisticados métodos utilizados na

fase de cálculo não têm sido devidamente acompanhados de detalhamento adequado. Quanto aos

custos de reparo, observa-se que, em termos relativos, os erros de cálculo têm grande repercussão

21

nos custos de reparo. Erros de cálculo da ordem de 3% correspondem a 13% dos custos de

reparo. No total, 59% dos custos de reparo são devidos a erros de detalhamento quando da

elaboração do projeto.

A Fig. 3.1(c) mostra a evolução dos defeitos nos 10 primeiros anos. De acordo com a mesma

figura, 11 % de defeitos em edificações surgem durante a construção, antes mesmo da edificação

ter entrado em utilização. Observa-se que a freqüência de ocorrências de defeitos é decrescente a

partir do primeiro ano (24 %) e que 65 % dos defeitos tornam-se aparentes dentro de até 3 anos

após a conclusão da construção e 82 % até 5 anos. Tal fato reforça o papel fundamental da

manutenção preventiva, principalmente nas primeiras idades, como garantia da vida útil e

durabilidade das edificações.

A pesquisa patrocinada pelo ACI (1979), reportada por Jorabi (1986), contém dados interessantes

sobre a realidade dos Estados Unidos e permite uma análise mais detalhada dos dados relativos a

erros de projeto e execução em concreto armado e protendido. As Figuras 3.2(a) e (b) mostram os

resultados da pesquisa no que diz respeito aos tipos de erros na fase de projeto e na fase de

construção.

A Fig. 3.2(a) mostra percentuais de erros devidos aos itens da fase de projeto, diferenciando dois

tipos de estrutura: concreto armado (com 4 7 casos) e concreto protendido (com 109 casos).

Observa-se que, para o concreto armado, o tipo de erro mais freqüente é o de concepção, com

55%dos casos. Em seguida aparecem os erros devidos às cargas (21 %), ao detalhamento (18%) e

aos cálculos (10%). No caso do concreto protendido, o tipo de erro mais freqüente é o de

detalhamento, com 39% de casos. Erros de concepção representam 35 % das ocorrências.

Finalmente, cargas e detalhamentos de fabricação representam 13%cada.

22

Figura 3.2 – Avaliação dos erros em estruturas de concreto (ACI, 1979)

Estes resultados indicam que na média dos dois tipos de estruturas de concreto, os erros mais

freqüentes dão-se na fase da concepção com 45 % de ocorrência. Em seguida vem o

detalhamento, com 29%, e a avaliação das cargas, com 17% dos casos.

A Fig. 3.2 (b) indica os percentuais de ocorrência devidos aos itens componentes da fase de

construção (execução), diferenciando concreto protendido de concreto armado. Observa-se que,

23

neste caso, os dois tipos de estrutura têm comportamento semelhante. A armação é o item que

propicia a maior freqüência de erros, 50% para o concreto protendido e 34 % para o concreto

armado. Em seguida, para o concreto armado, podese dizer que a concretagem, cura e

interpretação de detalhes tem semelhantes percentuais de erros, em torno de 20% cada. O mesmo

não ocorre para o concreto protendido, onde a "concretagem" representa quase o triplo do item

"interpretação de detalhes", não se registrando erros na cura.

Quando se comparam os resultados acima, com os da pesquisa francesa, verifica-se que, enquanto

nos EUA os erros de projeto e execução têm semelhantes responsabilidades pelos erros, na

França os erros de execução são bem superiores aos de projetos. Observa-se também que a

França apresenta um número elevado de erros de projeto devido ao detalhamento, chegando a

78%dos casos. Nos EUA, problemas relacionados ao item "detalhamento" representam menos da

metade do número francês. No que diz respeito ao item "concepção" estes resultados se invertem,

com a França mostrando números em torno de 1/3 do que foi observado no estudo americano.

No Brasil, não existe ainda pesquisa sistematizada no tema, que possa fornecer dados confiáveis

de âmbito nacional. O primeiro levantamento conhecido é de Carmona & Marega (1988),

coletado no Estado de São Paulo, cujos resultados foram agregados à Tabela 3.1. Os dados

mostram que 52 % dos defeitos nas construções são devidos à execução, 18% relativos a projetos

e 13% devidos ao uso/manutenção. A manifestação de dano predominante é a fissuração com 52

% de casos. Os principais tipos de defeitos relatados referentes à execução foram: erro de

alinhamento das formas, desaprumo de pilares, falhas de concretagem e uso inadequado de

aditivos.

Comparando-se com os resultados da Europa, observa-se que, no caso do Brasil (S.P), a causa

principal dos problemas patológicos estaria nos defeitos provenientes da execução, onde o

percentual atinge 52 % das ocorrências (quase o dobro da média européia). A análise poderia nos

levar à constatação de que existem alguns fatores que estão na raiz dos nossos problemas, tais

como baixa especialização da mão de obra, deficiência de gerenciamento, falta de equipamentos

adequados e utilização de tecnologias ultrapassadas, se comparadas às existentes na Europa.

Entretanto, em que pesem as deficiências apontadas, parece muito elevado o percentual relativo à

execução pois pesquisas posteriores apontam maior equilíbrio nos números relativos a projeto e

execução (Aranha & DaI Molin, 1994; Campos & Valério, 1994).

24

A pesquisa realizada por Aranha & Dal Molin (1994), apresenta os tipos de manifestações

patológicas mais predominantes em estruturas de concreto na Região Amazônica (Tabela 3.2). As

maiores incidências de danos, 68,75 %, tiveram origem nas etapas de projeto/planejamento e

execução, sendo 29,96% devido a projeto e 38,79% a execução. Segundo os autores, observou-se

também uma baixa concentração de falhas com origem relacionada aos materiais, 5,39% , índice

reduzido se comparado aos valores correspondentes da Tabela 3.1, possivelmente, pela

dificuldade de identificação, ou talvez por terem sido relacionados nos defeitos oriundos da etapa

de execução. Destaca-se ainda que o percentual de danos registrados na etapa de utilização,

25,86%, apresentou-se muito elevado. Este dado é importante pois permite concluir que é

deficiente a atenção à manutenção preventiva nas obras pesquisadas.

Tabela 3.2 - Causas das manifestações patológicas na Região Amazônica

(Aranha & Dal Molin, 1994).

Uso Planejamento e

Projeto Materiais Execução

Previsível Imprevisível

casos % casos % casos % casos % casos %

139 29,96 25 5,39 180 38,79 85 18,32 35 7,54

Deve-se alertar que essas pesquisas são ilustrativas para orientação de trabalhos mas não devem

ser consideradas em termos absolutos, pois, conforme mencionado, os levantamentos obedecem a

metodologias que muita vezes diferem umas das outras. Entretanto, os dados são importantes para

chamar a atenção para os problemas patológicos e suas causas e enfatizar a importância da

manutenção para permitir à estrutura resistir às ações de natureza diversas no decorrer de sua vida

útil.

3.3 - DEFEITOS NAS ESTRUTURAS DO DISTRITO FEDERAL

O inicio da construção de Brasília ocorreu por volta de 1958. O objetivo desta construção era a

transferência da capital do país do Rio de Janeiro para a região Centro-Oeste. Brasília fazia parte

do plano de metas de Juscelino Kubistschek, então presidente do Brasil, que prometia fazer no

25

Brasil 50 anos em 5. Com isto Brasília foi planejada, projetada e em parte construída em 3 anos,

tendo sido inaugurada em 21 de abril de 1960, composta de muitos prédios destinados a órgãos

públicos, residenciais e monumentos. A maior parte de suas edificações são executadas

basicamente em concreto armado, com reduzido número de edificações em estrutura metálica e

concreto protendido.

Brasília continua sendo uma cidade em construção, principalmente na parte residencial.

Entretanto, mesmo sendo uma cidade relativamente nova, constatam-se inúmeros casos de

problemas patológicos nas obras existentes.

O Departamento de Engenharia Civil da UnB vem desenvolvendo uma pesquisa para levantar e

quantificar os principais problemas patológicos encontrados nas edificações do Distrito Federal,

bem como suas causas, cujos resultados preliminares são descritos a seguir.

A pesquisa foi realizada através de levantamentos em firmas especializadas e profissionais

envolvidos em recuperação de estruturas, através de questionários, entrevistas e consulta de

arquivos. Verificou-se na pesquisa que a maioria das firmas do D.F. que executaram trabalhos de

recuperação estrutural não mantêm arquivos sistematizados com as causas e tipos de intervenção

executados, ocorrendo com isso dificuldades no levantamento dos problemas patológicos mais

freqüentes. Apresentamos na Tabela 3.3, os dados provenientes do levantamento realizado no

Distrito Federal-DF, por Campos & Valério (1994).

Tabela 3.3 - Estatísticas relativas a causas patológicas em edificações no D.F.

(Campos & Valério, 1994).

Causa principal de patologia (%) Local

Número de

casos projeto execução materiais uso/manut. naturais

Brasília - DF 309 21 35 1 47 --

Os resultados estatísticos indicam os problemas de execução como a principal causa de defeito

nas estruturas, com 35% dos casos. O item uso/manutenção corresponde a 47% dos casos, devido

ao fato de os mesmos estarem agregados. Para efeitos de análise, ao considerá-lo separadamente,

constatamos que 24 % dos casos se devem à falta de manutenção e utilização inadequada, um

26

índice elevado, enquanto 23 % referem-se a mudanças de uso das edificações, fato corriqueiro,

principalmente por órgãos públicos, predominantes na cidade, constatando-se a cada mudança de

governo alterações significativas na utilização das edificações. Os erros de projeto participam

com 21 % dos 309 casos analisados. É importante observar que no levantamento dos dados,

ocorreu uma superposição de causas de problemas patológicos, acarretando com isso, um

percentual total maior que 100%.

A execução, apontada como maior responsável pelos defeitos nas edificações, aparece algumas

vezes associada às deficiências no nível de detalhamento dos projetos. No entanto, são a falta de

controle de qualidade de materiais e execução, as deficiências de mão de obra, a má

administração e a ausência de manutenção das estruturas os itens preponderantes no aparecimento

das principais patologias.

No que se refere ao controle de qualidade dos materiais utilizados nas edificações, outra pesquisa

do Departamento de Engenharia Civil da UnB (Clímaco,1994), mostra que em 1992 apenas 10%

do concreto estrutural utilizado na região do D.F. passou por controle tecnológico de recepção.

Isto indica, adicionalmente, falta de fiscalização da execução das obras pelos órgãos competentes,

reforçando ainda a necessidade de se introduzir agentes independentes no processo de controle de

qualidade, como por exemplo, as empresas seguradoras.

Os resultados obtidos pela pesquisa feita em Brasília não causam surpresa se comparados a dados

disponíveis no Brasil. Entretanto devemos observar alguns fatores específicos. Primeiro a

velocidade de execução das obras, desde o inicio da construção e a partir da década de 70, que foi

o "boom" da Construção Civil do Distrito Federal. Além disso, na maioria das construções com

mais de 30 anos o cálculo foi feito pela NBl/60, que introduziu o cálculo à ruptura, originando

peças mais esbeltas, sem exigir uma correspondente verificação rigorosa de flecha e fissuração

em serviço.

Outro aspecto que devemos observar é que os órgãos públicos, via de regra, não realizam

atividades de manutenção preventiva. São conhecidos os problemas com a falta de manutenção

em escolas e os graves problemas das obras rodoviárias. O patrimônio público vem se

deteriorando precocemente, com grande desperdício de recursos, e os usuários são submetidos a

desconfortos, quando não, a riscos de vida.

27

3.4 - IMPORTÂNCIA DA MANUTENÇÃO E RESPONSABILIDADE TÉCNICA

As pesquisas relatadas neste capítulo mostram uma preocupação em analisar as estruturas sob o

ponto de vista da qualidade das obras e das causas dos danos encontrados nas mesmas. No

entanto, observou-se que, a manutenção tem pouco destaque e algumas das vezes, sequer foi

considerada como causa de problemas patológicos, ficando mascarada no item uso/manutenção.

Atualmente, a manutenção vem merecendo uma maior preocupação na análise das manifestações

patológicas. Vale notar também que muitos dos problemas registrados, como erros de execução e

projeto, estão associados à não previsão de manutenção. Tal fato foi relatado nos levantamentos

mais recentes citados, da pesquisa da Região Amazônica e do Distrito Federal, onde os autores

ressaltam a importância da manutenção preventiva e corretiva das edificações.

É cada vez mais urgente criar uma consciência de que a manutenção é fundamental para que as

estruturas desempenhem as funções para as quais foram projetadas. Embora seja crescente o

reconhecimento da importância da manutenção estrutural, a precariedade da normalização e da

literatura técnica sobre o assunto atesta a necessidade de avanço no estado do conhecimento

sobre o tema. É essencial fazer prevalecer, na prática, o conceito que a vida útil das estruturas de

concreto, mesmo daquelas bem projetadas e construídas, depende muito de níveis adequados de

manutenção.

Outros fatores, não exclusivamente técnicos, influenciam a durabilidade das estruturas de

concreto, sendo que alguns não têm merecido a atenção adequada dos organismos responsáveis,

como os destacados por Clímaco & Nepomuceno (1994): "ausência de planejamento global nas

edificações; a sistemática, extremamente simplista, de aprovação de projetos; a negligência no

controle tecnológico dos materiais, onde deveria haver a interferência de alguma fiscalização

independente; a não obrigatoriedade de cobertura securitária na fase de construção; e as

concepções errônea presentes nas ditas construções de baixo custo".

No que se refere aos defeitos em construções, assunto amplamente analisado nas pesquisas

abordadas neste capítulo, é também necessário enfatizar a questão das responsabilidades técnicas

dos envolvidos. Nesse sentido, vale ressaltar as citações do Professor Hely Lopes Meirelles, do

livro "Direito de Construir”, transcrita por Moraes (1992).

a) Erros de concepção

28

"Os erros de concepção ou de cálculo do projeto que afetem a segurança da obra tornam seus

autores responsáveis pelos danos deles resultantes. Perante o proprietário, responderá sempre o

construtor, no caso responsável técnico pela obra, mas com direito regressivo contra quem

elaborou o projeto e efetuou os cálculos, se os defeitos tiverem origem nas falhas desses

trabalhos. Além do construtor, se houver um profissional fiscal da obra, ele responderá também,

solidariamente com o construtor, porque ficam ambos vinculados profissionalmente à execução

da obra e tecnicamente empenhados na sua perfeição."

b) Erros de execução

"Os defeitos de execução do projeto são de responsabilidade exclusiva do construtor, que por eles

responde por cinco anos, se afetam a segurança da obra. Na execução do projeto o construtor fica

adstrito às indicações das plantas e às especificações do memorial descritivo, cumprindo-lhe

realizar os serviços com as cautelas e a técnica adequada ao trabalho. Desatendendo às normas

técnicas da construção ou executando infielmente o projeto com prejuízo para a solidez e

segurança da obra, incide o construtor em responsabilidade legal, por violação de dever

profissional imposto pela legislação reguladora dos trabalhos de Engenharia e Arquitetura, e se

sujeita, conseqüentemente, à reparação civil do dano".

29

4 - PARÂMETROS PARA METODOLOGIAS DE MANUTENÇÃO DE

ESTRUTURAS DE CONCRETO

4.1 - ANÁLISE DE METODOLOGIAS CORRENTES

4.1.1 - Disposições normativas

Embora seja crescente o reconhecimento da importância da manutenção estrutural, são ainda

insuficientes, como ressaltado anteriormente, mesmo em países desenvolvidos, as disposições

normativas específicas para programas de manutenção. Parte substancial das publicações têm

dedicado grande atenção às disposições relativas ao projeto e execução tendo a durabilidade

como requisito essencial sem, entretanto, estabelecer critérios objetivos de manutenção (CEB,

1989; CEB, 1991; EUROCODE, 1989).

o Código MC-90 (CEB, 1991) estabelece, em seu capítulo 13 - Manutenção, que "Estruturas

projetadas e construídas em conformidade com as provisões deste código devem ser

inspecionadas e mantidas tão freqüente e cuidadosamente quanto possível, tal que elas

continuamente preencham todos os requisitos relativos à funcionalidade e segurança

pretendidas". Prescreve ainda que "Particularmente, estruturas de maior importância ou sob

condições adversas devem, necessariamente, ser inspecionadas periodicamente, adotando-se os

testes de campo apropriados e estratégias de monitoramento".

Para estruturas convencionais, sob condições normais de serviço, os seguintes períodos de tempo

entre inspeções sucessivas competentes são recomendados pelo MC-90:

Para casas, escritórios, etc.: 10 anos

Para edifícios industriais : 5 a 10 anos

Para pontes de auto-estradas: 4 anos

Para pontes de ferrovias : 2 anos

Para pontes de rodovias: 6 anos

O EUROCODE N°2 (1989), em seu Capítulo 7 - Controle de qualidade dedica um item ao

"Controle e manutenção da estrutura pronta", onde define que:

30

a) Nos casos em que a conformidade com as exigências fundamentais do projeto não esteja

devidamente assegurada a longo prazo, será conveniente estabelecer um plano de controle que

especifique as medidas de controle (inspeções) a adotar durante a vida da estrutura.

b) Todas as informações necessárias para a utilização da estrutura e respectiva manutenção

deverão ser facultadas à pessoa que for responsável pela estrutura.

O disposto na letra b), acima, enfatiza a importância da elaboração, pelas empresas construtoras,

de projeto e de manutenção, de documentos do tipo "Manual do Proprietário", que permitam,

mesmo aos usuários leigos, um planejamento das ações básicas de manutenção da edificação,

cuja observância tomaria mais simples e eficaz a manutenção especializada.

O texto base para a revisão da NBl/78 (ABNT,1992), proposto para discussão, dedica um

capítulo específico à "Durabilidade", anteriormente descrito no item 2.3, e indica que será

também desenvolvido um capítulo sobre "Manutenção e inspeção periódica" das estruturas de

concreto ainda não divulgado.

No caso de manutenção de Obras de Arte, a ABNT estabeleceu uma norma específica, a NBR

9452 (ABNT 1986), com procedimentos para inspeção em pontes e viadutos, classificando os

tipos de vistorias em i) cadastral; ii) rotineira e iii) especial, e incluindo, em anexo, roteiros para

vistorias e um fluxograma detalhado para a vistoria especial. As disposições desta norma,

dirigidas especificamente a pontes e viadutos, apesar de conterem informações de interesse, não

são, de forma direta, aplicáveis a edificações usuais.

Como podemos verificar, a manutenção tem, recentemente, merecido destaque dos orgãos

normalizadores, embora ainda sejam incipientes as disposições referentes ao assunto. Vários

orgãos públicos, para atender às suas demandas, vêm desenvolvendo metodologias específicas

para inspeção e manutenção, tais como: a Eletronorte, na área de barragens (Almeida & Amaro,

1989); o Metrô de São Paulo, para vias permanentes (Macedo, 1989); a Sabesp, para

reservatórios e travessias (Birindelli et alli, 1994); e o DNER (1989) na área de obras de arte.

A metodologia recomendada pela Federação Internacional de Protensão (FIP, 1988) é,

presentemente, a mais abrangente e de maior interesse para aplicação em edificações usuais,

apesar do caráter de "guia" e não ter força de norma. Ela é direcionada a inspeção em estruturas

31

de concreto armado e protendido, estabelecendo intervalos de tempo para inspeção estrutural,

apresentados na Tabela 4.1.

Nessa metodologia, os intervalos de tempo para inspeção estrutural são definidos segundo

categorias de inspeção, a partir da classificação das estruturas em classes, combinadas aos tipos

de condições ambientais e de carregamento, na seguinte forma:

a) Categorias de inspeção:

Rotineira - realizada a intervalos regulares, com planilhas específicas da estrutura, elaboradas

conjuntamente pelos técnicos responsáveis por projetos e manutenção;

Extensiva - realizada a intervalos regulares, alternadamente com as rotineiras, objetivando

investigações mais minuciosas dos elementos e das características dos materiais componentes da

estrutura;

Especial - realizada em situações não usuais, indicadas por inspeções rotineiras ou extensivas, ou

por causas acidentais envolvendo comprometimento de segurança ou funcionalidade.

b) Classes de estrutura:

Classe 1 - onde a ocorrência de uma ruptura possa ter conseqüências catastróficas e/ou onde a

funcionalidade da estrutura é de vital importância para a comunidade;

Classe 2 - onde a ocorrência de uma ruptura possa custar vidas e/ou onde a funcionalidade da

estrutura é de considerável importância;

Classe 3 - onde é improvável que a ocorrência de uma ruptura possa levar a conseqüências fatais

e/ou onde um período com a estrutura fora de serviço possa ser tolerado.

c) Tipos de condições ambientais e de carregamento:

Muito severa - o ambiente é agressivo e há carregamento cíclico e possibilidade de fadiga;

Severa - o ambiente é agressivo, com carregamento estático, ou o ambiente é normal, com

carregamento cíclico e possibilidade de fadiga:

Normal - o ambiente é normal, com carregamento estático.

32

Tabela 4.1 - Indicação de intervalos de inspeção (em anos)

Classes de estruturas 1 2 3

Condições

ambientais e de

carregamento Inspeção

Rotineira

Inspeção

Extensiva

Inspeção

Rotineira

Inspeção

Extensiva

Inspeção

Rotineira

Inspeção

Extensiva

Muito severa 2* 2 6* 6 10* 10

Severa 6* 6 10* 10 10* -

Normal 10* 10 10* - ** **

*intercalada entre inspeções extensivas **apenas inspeções superficiais

A necessidade de se estabelecer programas para inspeção em edificações usuais vem se tornando

cada vez mais imprescindíveis. Apesar de algumas empresas estatais e privadas desenvolverem

suas próprias metodologias, atendendo a requisitos específicos, a ausência, quase completa, de

disposições normativas relativas a estruturas convencionais é um dos principais fatores de

comprometimento de durabilidade nas edificações. A metodologia da FIP, apresentada acima,

pela simplicidade e possibilidade de aplicação imediata, mereceria ser analisada para inclusão de

seus dispositivos, a curto prazo, em norma da ABNT.

4.1.2 - Avaliação quantitativa do desempenho estrutural

Em 1987, foi instituído pelo RILEM o Technical Committee 104 - Damage classification of

concrete structures (104 - DCC), com a finalidade principal de buscar a unificação, a nível de

Europa, de métodos de teste e diagnóstico relacionados com a classificação de danos em

estruturas de concreto, considerando-se a importância de tornar as inspeções "in situ" de

estruturas e os eventuais reparos mais baratos e efetivos. Vários artigos relacionados com as

atividades do 104 - DCC enfatizam a necessidade e discutem as formas possíveis para sistemas de

classificação e avaliação quantitativa de danos em estruturas de concreto, com "o objetivo

primordial de minimizar a natureza subjetiva dos dados obtidos" (RILEM, 1991). Entretanto,

apesar dos esforços e avanços relatados, principalmente no que se refere à análise de estruturas de

obras de arte, estudo do processo de evolução da corrosão do concreto e avaliação de estruturas

afetadas por terremoto, são ainda incipientes as recomendações relativas à avaliação quantitativa

do desempenho de estruturas de concreto armado de edificações usuais.

33

No Brasil, foi desenvolvida uma metodologia por Klein et alli (1991), em convênio da

Universidade Federal do Rio Grande do Sul com a Prefeitura de Porto Alegre, com o objetivo de

implementar um processo de vistorias sistematizadas em pontes e viadutos para manutenção

periódica e priorização das intervenções necessárias. Esta metodologia enquadra-se no acima

exposto, apesar de direcionada especificamente para a quantificação do nível de danos de

estruturas de concreto de pontes e viadutos, determinando um grau de risco, segundo critérios

para inspeção das obras de arte recomendados pelo DNER (1987) e a NBR 9452 (1986). Tendo

em vista seu interesse para o presente trabalho, serão resumidos a seguir os principais aspectos de

sua formulação.

As obras são divididas em Famílias de elementos: instalações diversas, encontros, instalações

pluviais, pavimentos, juntas de dilatação, aparelhos de apoio, pilares e tabuleiros (vigas e lajes da

superestrutura). Através de inspeções visuais, os engenheiros vistoriadores preenchem um

Caderno de Inspeção, com as características gerais da obra e as manifestações patológicas típicas

dos elementos de cada família, atribuindo um grau para cada lesão observada. Os parâmetros para

a análise dos dados das vistorias são definidos na forma seguinte:

Fator de intensidade do dano ( FI ): atribuído pelos vistoriadores na obra, considera a

intensidade de cada manifestação patológica encontrada em cada elemento e varia em uma escala

de 0 a 4, como segue:

0 - elemento em perfeitas condições, sem lesões;

1 - elemento em bom estado, lesões leves;

2 - elemento em estado razoável, lesões toleráveis;

3 - elemento em más condições, lesões graves;

4 - elemento em péssimas condições, estado crítico.

Fator de relevância estrutural ( FR ) : considera a importância de cada tipo de elemento, dentro

do conjunto de elementos em que a obra é subdividida, em função de sua responsabilidade no

comportamento estrutural e bom desempenho da mesma. Em uma escala crescente de

importância do elemento estão assim definidos:

1 - Instalações diversas.

2 - Encontros.

34

3 - Instalações pluviais e Pavimento.

4 - Juntas de dilatação e Aparelhos de apoio.

5 - Pilares, Vigas e Tabuleiros.

Fator de gravidade do problema ( FG ) : considera o provável grau de comprometimento

estrutural ou de desempenho causado pela manifestação patológica detectada sobre um elemento.

Para sua definição foram estabelecidos quais os problemas mais relevantes quanto aos aspectos

de durabilidade e segurança estrutural (sobrecarga, falta de recobrimento, etc) e, para cada um

deles, examinando-se sob que forma seus efeitos são manifestados (fissuração, corrosão, etc).

Assim, para cada problema especifico, e em função do elemento que apresenta o problema,

atribui-se uma nota dentro de uma escala de 0 a 10.

Grau de risco do elemento ( GRE ) : o grau de risco de um elemento isolado de uma estrutura é

definido pela expressão:

100 x )FG (

) FI xFG ( = GRE∑

∑ (4.1)

e) Grau de risco da família de elementos ( GRF ) definido pela expressão:

n GRE x = GRF i i

n

1 = i

δ∑ (4.2)

onde: n - - número de elementos componentes da família.

GRE - grau de risco de cada elemento

δ - coeficiente de majoração.

O coeficiente de majoração δ evidencia elementos altamente danificados, aumentando sua

contribuição no cálculo do GRF. Este impede a possibilidade de dispersão de um elemento em

estado crítico dentro de uma família de elementos em bom estado.

LIM > GRE para 2

2 + ) m-n (=δ (4.3)

35

LIM GRE para 1 = ≤δ (4.4)

onde: m - número de elementos da família com GRE > LIM

LIM - valor do GRE acima do qual um elemento está comprometido.

Os valores do LIM, para alguns elementos de Obras de Arte são:

Pilares: 100

Aparelhos de apoio: 200

Encontros: 95

Juntas de dilatação: 210

Tabuleiros: 100

f) Grau de risco da estrutura ( GR ) , considerando o conjunto de todas as k famílias de

elementos, definido pela expressão:

FR

) GRF x FR ( = GR

i

k

1 = i

i i

k

1 = i

∑ (4.5)

onde:

k - número de famílias de elementos presentes em cada obra.

FR - fator de relevância estrutural do elemento.

GRF - grau de risco da família de elementos.

Conforme o valor de GR , obtido da expressão acima, classifica-se o grau de risco da estrutura da

obra de arte segundo a escala abaixo:

Grau de Risco GR

Baixo 0 - 100

Médio 100 - 200

Alto 200 - 300

Crítico > 300

36

É ressaltado pelos autores que, nesta classificação, o termo "risco" não quer significar

necessariamente colapso da estrutura, mas sim um conjunto de disfunções acumuladas pela obra,

que a fazem merecer maior ou menor cuidado ou a brevidade de sua recuperação.

A metodologia apresentada foi aplicada em algumas obras de arte na cidade de Porto Alegre,

tendo sido relatada como eficiente em onze obras de grande porte, classificando-as, segundo os

autores, adequadamente de acordo com a gravidade de suas lesões.

Conforme será descrito no capítulo seguinte, decidiu-se na presente pesquisa estudar a

aplicabilidade da metodologia de Klein et alli (1991) a edificações usuais com estrutura de

concreto armado. A aplicação direta não se mostrou viável, sendo necessárias adaptações bem

como a inclusão de alguns parâmetros relativos a efeitos não considerados. Entretanto, cabe

ressaltar o mérito, além de seu caráter inédito, de buscar uma formulação que visa minimizar a

natureza subjetiva dos dados obtidos em inspeções de estruturas, o que, muitas vezes, resulta em

elevados custos de reparo e eficácia duvidosa.

4.2 - PARÂMETROS DE INTERESSE PARA A MANUTENÇÃO ESTRUTURAL

4.2.1 – Considerações gerais

Uma estratégia de manutenção exige, em princípio, um programa de inspeções sistemáticas, que

levem a identificar a necessidade, o momento correto e a extensão da intervenção em uma

estrutura. Desta forma, as inspeções constituem parte fundamental do processo de manutenção,

devendo considerar os aspectos de segurança, funcionalidade e estética, que são grandemente

influenciados pela relação da estrutura com as condições ambientais e seu tempo de utilização.

Durante a inspeção, para a elaboração de diagnóstico com a determinação das possíveis causas de

dano e dos fatores que influenciam os danos, podem ser necessários, além da inspeção visual,

alguns ensaios que possam direcionar melhor os diagnósticos. Partindo desse pressuposto, Alonso

& Andrade (1992b) indicam alguns procedimentos que podem ser adotados nas vistorias de

estruturas:

− exame visual da estrutura, elemento por elemento, com o objetivo de identificar os sintomas e

37

a natureza do dano, verificando sua repetição na estrutura.

− observação de parâmetros específicos - alguns tipos de sintomas podem ser detectados

visualmente, tais como abrasão e erosão, presença e tamanho de fissuras, esfoliação,

desintegração da superfície do concreto (devido à ação de gelo-degelo, ataque por sulfatos,

reação álcali-agregado, ataque ácidos, etc) e manchas de corrosão.

− identificação da agressividade ambiental - deve ser avaliada com base nas condições de

exposição da estrutura, considerando o macro e micro-climas atuantes sobre a obra e suas

partes críticas (veja se item 4.2.3).

− retirada do recobrimento, em determinados pontos, para a observação das armaduras. Se

existir dano é importante definir a morfologia do ataque (localizado ou generalizado), cor dos

óxidos, medir a diminuição do diâmetro da armadura (o que permitiria um estimativa

aproximada da velocidade de corrosão média, caso se conheça o tempo transcorrido desde o

começo da deterioração). Sempre que possível, medir no local o potencial e a velocidade de

corrosão das armaduras no momento da inspeção.

− realização de ensaios a respeito do estado e composição do material, tais como:

− profundidade de carbonatação - verificar a carbonatação do concreto através do uso da

fenolftaleína para verificar e acompanhar a sua evolução;

− presença de cloretos e sulfatos - definindo se o agressivo está no concreto ou se está havendo

penetração do exterior; qualidade dos agregados, etc;

− qualidade do concreto: dosagem, porosidade, resistência, módulo de deformação, etc.

Para se tomar uma decisão adequada sobre a intervenção requerida é necessário avaliar a

capacidade resistente residual da estrutura. Para isso, são fundamentais as informações sobre as

características estruturais relativas à, rigidez e resistência na avaliação do nível de danos

estruturais ocorridos, como, por exemplo, o decréscimo da rigidez à flexão, ou da rigidez ao

esforço transverso, ou da rigidez axial das seções transversais (Souza, 1990).

4.2.2 – Causas de deterioração de estruturas de concreto

4.2.2.1 - Preliminares

O concreto, embora tenha as características de uma pedra artificial e uma aparência de ser

38

perfeitamente compacto, sofre deterioração ao longo do tempo, devido às ações de agentes

externos (físicos, químico/biológico) que podem reagir com os produtos de hidratação do

cimento.

A presença de água é um importante fator, controlador de vários tipos de deterioração. O

transporte de água e dos agentes agressivos para o interior do concreto é determinado pelo tipo,

tamanho e distribuição de poros e por fissuras (micro e macro-fissuras). Deste modo, controlar a

natureza e distribuição dos poros e fissuras torna-se uma tarefa essencial durante o processo

inicial de produção do concreto.

Estudos sobre as causas dos problemas patológicos em estruturas e técnicas de reparo são

diversos e extensos, embora importantes lacunas possam ser constatadas na literatura. Não é

objetivo do presente trabalho uma análise completa das causas de deterioração, mas sim uma

visão geral, indispensável ao estabelecimento de programas de manutenção de estruturas de

concreto.

O Bulletin d'Information No.182 do CEB (1989) classifica na forma abaixo os principais

mecanismos de deterioração que podem ocorrer durante a vida útil de uma estrutura de concreto e

que serão abordados nos itens seguintes:

- fissuração;

- ataque químico;

- ataque físico;

- corrosão da armadura;

- defeitos devido a construção, concepção de projeto e detalhamento.

4.2.2.2 - Fissuração

A presença de fissuras em estruturas de concreto armado não é, necessariamente, indicação de

deficiências de resistência ou funcionamento e não deve ser, em geral, causa para alarme,

considerando que o concreto estrutural é projetado considerando a possibilidade de fissuração.

No entanto, as fissuras devem manter aberturas dentro dos limites permitidos pelas normas e

coerentes com o tipo de ambiente dentro do qual está situada a estrutura. Caso sejam superados

os limites indicados, pode haver entrada de agentes agressivos, atacando o concreto e as

39

armaduras. A identificação dos mecanismos de fissuração é indispensável no correto diagnóstico

das causas de danos nas estruturas (Clímaco, 1990; Cánovas, 1988).

O Bulletin d'Information No. 182 do CEB (1989) apresenta uma classificação relevante de

fissuração não estrutural, mostrando, através de um esquema hipotético de estrutura, um resumo

da localização, causas, tempo de aparecimento e tipos mais comuns de fissuras, indicando ainda

em uma tabela as formas de intervenção.

Os principais tipos de fissura descritos sucintamente segundo os objetivos deste trabalho são:

a ) Fissuração em estado plástico

Quando o concreto está fase de início de pega podem aparecer fissuras, mais ou menos

importantes, com características próprias, diferentes das fissuras que aparecem no concreto

endurecido. As retrações hidráulica e térmica, produzem encurtamento dos elementos estruturais,

que se converterão em tensões de tração e, talvez, em fissuras se o elemento estiver impedido de

deformar-se. Os tipos mais comuns de danos são ( Clímaco, 1990; Cánovas, 1988):

− fissuração de retração: usualmente causada pela perda rápida da água da mistura provocando

retração do concreto. A superfície do concreto retrai-se por uma rápida perda da água da

mistura. O diferencial de deformação desenvolve tensões na superfície do concreto que não

são absorvidas, excedendo os limites de ductilidade. As fissuras são geralmente pouco

profundas e longas, e aparecem em dois padrões: uma série de linhas paralelas, diagonais aos

boros das lajes, ou fissuras ao acaso, com um ângulo de 90o no cruzamento de duas fissuras.

Essas fissuras não são particularmente prejudiciais, mas tem abertura suficiente para

promover corrosão e são indício de concreto pouco resistente e permeável.

− fissuras de assentamento: associados com inadequada compactação e cobrimento do concreto.

Quando o concreto é adensado, a água tende a migrar para cima com os materiais sólidos

descendo. Quando este movimento é obstruído, em geral em regiões com grande

concentração de armaduras, fica obstruída a passagem da pasta, podendo o concreto fresco e

pouco resistente sofrer tensões suficientes para provocar fissuras. Essas fissuras são mais

comuns de ocorrer ao longo das barras grossas com cobrimento insuficiente e, nestes casos,

problemas de corrosão podem ocorrer.

− fissuras de movimentação de formas: formas com rigidez insuficiente e/ou inadequado

escoramento.

40

b) Fissuração em estado endurecido:

− fissuração por retração hidráulica: o efeito de secagem é tanto mais rápido quanto mais

elevada é a temperatura ambiente, o vento mais seco, e quanto maior é a relação superfície

livre/volume dos elementos, sendo portanto, mais freqüentes em lajes de concreto de pouca

espessura e de grande superfície livre. Aparecem nas primeiras horas de concretagem,

formam grupos com uma distribuição irregular cortando-se entre si em uma forma que lembra

um "mapeamento hidrográfico".

− fissuras térmicas da massa do concreto: a hidratação do cimento e, principalmente, a baixa

condutividade do concreto, ocasiona um gradiente térmico entre o interior da massa e as

superfícies, dando lugar a um esfriamento das camadas externas e, conseqüentemente,

retração das mesmas, enquanto o núcleo está ainda quente e dilatado, ocasionando fissuras.

− fissuras devido à variação de temperatura no ambiente: a diminuição de temperatura sobre

elementos de concreto endurecido provoca contrações que, se restritas, criarão tensões que

poderão levar à fissuração. Em geral, as fissuras são perpendiculares ao eixo principal do

elemento, podendo seccioná-lo. A falta, ou o mal funcionamento, de juntas de dilatação

poderá dar lugar a fissuras, se o concreto não puder resistir às tensões geradas. O controle da

fissuração térmica pode ser conseguido com um projeto estrutural que considere

adequadamente os movimentos da estrutura com previsão de juntas.

c)Fissuras devido a cargas impostas

As tensões provocadas por cargas permanentes e sobrecargas podem causar fissuração e, deve-se

providenciar no projeto estrutural armação adequada, observando os limites de fissuração

estabelecidos por norma. Cabe lembrar, entretanto, que tais limites variam de norma para norma e

os modelos de cálculo usados para estimar fissuras não são precisos, principalmente para as

fissuras causadas por cargas variáveis e sua combinação ou pela influência de fatores como a

retração, temperatura, etc.

41

Figura 4.1 – Fissuras devido a carga imposta (modificada – CEB, 1989)

O controle de fissuras em projeto é bastante complexo e implicações estruturais sérias não devem

ser esperadas de fissuras excedendo marginalmente os limites de norma, se a armadura é

suficiente, e adequadamente colocada, e o cobrimento é compatível com o ambiente onde a

42

estrutura está situada. Os diferentes tipos principais de fissuras sob efeito de cargas são mostrados

na Fig. 4.1, transcrita do CEB - Bulletin d´Information No. 182 (1989).

d) Fissuras devido à corrosão de armaduras

Quando há corrosão das armaduras no interior do concreto, os óxidos que se formam são

expansivos, gerando grandes tensões. Isto provoca o rompimento do concreto, com o

aparecimento de fissuras e lascamento do concreto ao longo da armadura. As causas de corrosão

das armaduras serão abordadas com mais detalhe no item 4.2.2.5.

4.2.2.3 - Ataque químico

A degradação do concreto por ataque químico é, usualmente, um resultado de ataque sobre a

matriz do cimento mais que sobre os agregados. A permeabilidade do concreto, caracterizada

pela existência de poros, e a presença de fluídos agressivos são fatores determinantes nos efeitos

dos ataques químicos. Estes podem ocorrer em duas formas: dissolução, que é a lavagem de

componentes solúveis, e expansão, devido à formação/cristalização dos componentes. Os ataques

químicos mais comuns são (Clímaco, 1990; Andrade, 1992a; Alonso & Andrade, 1992a):

− eflorescência: processo que contribui para a deterioração do concreto, através da lavagem

continua por águas que passam pelos seus poros, carreando toda a cal liberada e ocasionando

manchas brancas na superfície do concreto.

− ataque por sulfatos: é uma reação que consiste na formação de etringita (trisulfoaluminato de

cálcio hidratado) a partir da reação de íons sulfatos com aluminatos do cimento. Este com-

posto é muito expansivo e produz desagregação de toda a massa, com perdas de resistência

muito notáveis. Também se produz expansão por formação de gesso a partir de sulfatos de

cálcio.

− reação álcali-agregado: consiste na reação dos álcalis do cimento (hidróxido de sódio e

potássio) com alguns tipos de agregados que contém silício pobremente cristalizado ou

amorfo. Ocorrem reações com os silicatos expansivos que absorvem água e provocam a

fissuração de toda massa do concreto. A aparência exterior do ataque caracteriza-se

exsudação superficial de geles esbranquecidos que aparecem emergindo nas fissuras, seguido

43

de desagregação localizada do concreto.

− ataque por ácidos: o ataque se produz sobre os componentes cálcicos procedentes da

hidratação do cimento tais como: o hidróxido de cálcio, os silicatos e aluminatos cálcicos

hidratados, dando lugar aos correspondentes sais cálcicos. O resultado dos ataques é a

redução da capacidade aglomerante da pasta de cimento provocando a desagregação dos

agregados do concreto.

− ataque por água do mar: contém sulfatos e íons de magnésio, além de cloreto de sódio, e

outros componentes de menor importância em relação ao ataque do concreto. Em princípio,

poderia se esperar que a composição de água de mar, fosse muito agressiva para o concreto;

no entanto, os cloretos diminuem a agressividade dos sulfatos, e o magnésio precipita-se com

o hidróxido, podendo colmatar os poros e impermeabilizar o material. Se a quantidade de

aluminatos no cimento é alta e o concreto de baixa qualidade será agravado o ataque por

sulfatos. O cimento Portland com quantidade moderada de aluminato e elevada

impermeabilidade assegurará suficiente durabilidade no concreto massa em obras marítimas.

Deve-se considerar também, neste caso, a possibilidade de ataques físicos (erosão e

recristalização dos sais) e de ataques biológicos.

4.2.2.4 - Ataque físico

As principais ações físicas que podem produzir danos importantes no concreto são (Clímaco,

1990; Cánovas, 1992):

a) Ações de gelo-degelo

A água ao congelar-se sofre um aumento no seu volume da ordem de 9%. Se ela penetra nos

poros abertos do concreto e os satura, existirá o perigo de que o incremento de volume de água

congelada crie pressões internas no concreto que podem provocar fissuras e escamações.

b) Erosão e abrasão do concreto

A abrasão, em geral, ocorre por forte contato e atrito de corpos ou partículas rígidas com a

superfície do concreto. A abrasão pode ser motivada pela passagem de veículos, deslocamento de

44

material soltos sobre canalizações, etc.. Também pode ser motivada por ações de partículas

pesadas suspensas na água e circulando com grande velocidade, como ocorre em canalizações e

estruturas marinhas, etc.

A abrasão por cavitação ocorre com águas sem partículas suspensas que circulam com grandes

velocidades em contato com a superfície do concreto, escavando ou arrancando, pouco a pouco, o

concreto, criando buracos de grandes dimensões. O fenômeno de erosão e cavitação é muito

influenciado pela resistência do concreto e pelas características dos agregados. Os danos

provocados por cavitação são mais freqüentes em obras hidráulicas.

4.2.2.5 - Corrosão de armaduras

A corrosão da armadura é um mecanismo de deterioração da maior importância, pelo número de

estruturas afetadas e conseqüências negativas dos danos. Muitos pesquisadores vêm

intensificando os estudos relativos à corrosão de armaduras, valendo citar Tuutti (1982), Page &

Lambert (1986), Schwarzkopf & Kupfer (1986), Sagüés (1990), Andrade (1992a), Schiessel

(1992). Nepomuceno (1992) apresenta interessante revisão bibliográfica sobre a corrosão de

armaduras e o estudo de materiais de recuperação.

Quando o cimento se combina com a água, seus diversos componentes se hidratam formando um

conglomerado sólido, constituído pelas fases hidratadas do cimento e uma fase aquosa que resulta

do excesso de água de amassamento, necessária para dar trabalhabilidade ao concreto. O concreto

resulta, portanto, em um sólido compacto e denso, porém poroso. A rede de poros permite que o

concreto apresente certa permeabilidade aos líquidos e gases. Assim, ainda que o cobrimento das

armaduras seja uma barreira física, esta é permeável, em certa medida, e permite o acesso de

elementos agressivos.

A alcalinidade do concreto é devida, principalmente, ao hidróxido de cálcio que se forma durante

a hidratação dos silicatos do cimento e aos álcalis, que geralmente estão incorporados como

sulfatos no clínquer. Estas substâncias situam o pH da fase aquosa contida nos poros em valores

acima de 12,6, isto é, no extremo mais alcalino da escala de pH. Com estes valores de pH, e em

presença de certa quantidade de oxigênio, o aço das armaduras encontra-se passivo, isto é,

45

recoberto por uma capa de óxidos transparentes, compacta e contínua, que o mantêm protegido

por períodos indefinidos, mesmo em presença de umidades elevadas no concreto.

Entretanto, existem ambientes agressivos ou substâncias que podem despassivar as armaduras,

iniciando o processo de corrosão: i) diminuição da alcalinidade do concreto, principalmente

devido à carbonatação; ii) presença de uma quantidade excessiva de cloretos, adicionados durante

o amassamento do concreto ou que penetram através da microestrutura do concreto, ou outros

íons despassivantes em contato com a armadura.

Carbonatação: é um processo de redução da alcalinidade do concreto que reage com o CO2, que

ao longo do tempo atinge a armadura, despassivando a camada protetora do aço e iniciando um

processo de corrosão generalizada. Uma característica deste processo é a existência de uma

"frente" que separa duas zonas com pH muito diferentes, uma com pH >13 e outra com pH <8.

Esta frente pode ser visualizada mediante um indicador, como a fenolftaleína, que se torna

incolor na zona carbonatada e toma uma cor vermelho-carmim na região que permanece alcalina.

A carbonatação depende de um número de fatores, que se adequadamente tratados podem evitar

ou minimizar o avanço da corrosão, que são (Andrade, 1992a):

-cobrimento do concreto adequado ao ambiente, principalmente quando agressivo e com

umidade;

-concreto com baixa permeabilidade;

-fissuras controladas com abertura não excedendo os limites de norma.

Contaminação por cloretos: a presença de cloretos no concreto pode destruir a proteção da

camada passivante do aço, provocando uma corrosão localizada. Os cloretos podem estar no

concreto, seja por terem sido adicionados em seus componentes, aditivos, água etc, ou porque

penetram desde o exterior através da rede de poros. Esta última situação ocorre em ambientes

marinhos ou quando se utilizam sais de degelo em estradas ou pontes, em climas frios. Parte dos

cloretos presentes no amassamento combina-se com as fases alumino-ferríticas formando

principalmente cloroaluminatos, que ficam incorporados às fases sólidas do cimento hidratado.

Só representam perigo os cloretos que ficam dissolvidos na fase aquosa dos poros. As normas e

códigos estabelecem limite de cloretos, abaixo do qual não deve existir risco de despassivação do

aço (Andrade, 1992a). De maneira geral considera-se este limite em torno de 0,4% de cloretos

totais em relação ao peso do cimento (CEB, 1989).

46

É importante que os mecanismos de deterioração e os parâmetros intervenientes, como, por

exemplo, a penetração de agressivos no concreto, seja estudada considerando as especificidades

de cada ambiente (macro e micro climas) e os materiais utilizados. A determinação dos

coeficientes de difusão nas edificações, principalmente o CO2, íons de cloretos, sulfatos, e o

conhecimento da qualidade da camada de recobrimento do concreto, torna-se imprescindível para

estabelecer parâmetros de analise, tanto para manutenção como para o cálculo da vida útil

residual de uma estrutura.

Vale também ressaltar que, depois de despassivadas as armaduras, os fatores determinantes da

velocidade de deterioração das armaduras são: a quantidade de cloretos, a disponibilidade de

oxigênio e, principalmente, a umidade, que influi na resistividade do concreto.

4.2.2.6 - Defeitos devido a projeto e construção

A maioria dos problemas envolvendo erros grosseiros, seja no projeto estrutural ou durante a

construção, envolve alguns dos seguintes problemas citados por Clímaco (1990):

- arranjo estrutural inapropriado;

- insuficiência ou inadequação das armaduras e detalhamento;

- qualidade do concreto inadequada;

- geometria inapropriada.

Entretanto, à parte dos erros grosseiros, uma estrutura pode se afastar de um padrão aceitável,

pela sua concepção e/ou detalhamento, por motivos muitas vezes não intencionais, como, por

exemplo, mudanças ao longo do tempo de disposições normativas. Alguns desses problemas são

listados a seguir (Clímaco, 1990):

a) Dobramento inadequado da armadura

A não observação dos diâmetros mínimos recomendados em norma para o dobramento das barras

de aço é um dos defeitos mais comuns em concreto armado. As recomendações de normas são

dirigidas para cobrir 3 possíveis problemas:

-evitar que as barras fissurem quando dobradas e venham a romper prematuramente

47

quando tracionadas;

-que o concreto rompa no interior do dobramento;

-que as barras rompam por fadiga em serviço.

b)Deslocamento da armadura superior

É uma falha muito freqüente nas construções, mais comum em lajes do que em vigas. Pode ser

causada por detalhamento inadequado das barras superiores no cruzamento de membros com

armação muito congestionada. Uma influência considerável do problema pode ser o aparecimento

de largas fissuras no dobramento. O cobrimento excessivo das barras superiores da armadura

pode ser também uma redução da resistência ao cisalhamento com a diminuição da altura útil da

viga.

c) Interrupção prematura da armadura de flexão

A interrupção prematura das barras da armadura principal pode causar fissuras de cisalhamento,

vizinhas às seções de interrupção, que podem desenvolver grandes aberturas e levar a ruptura,

mesmo com a armadura de cisalhamento projetada de forma conservativa. Os casos mais sérios

aparecem em vigas contínuas, onde ambas as armaduras, superior e inferior, podem ser

necessárias nas regiões de mudança de sinal do momento.

d) Insuficiência de armadura de cisalhamento

As recomendações de normas a respeito das armaduras de cisalhamento têm sido mudadas

significativamente, nos três seguintes pontos: armadura de cisalhamento mínima; espaçamento

dos estribos e percentagem das barras dobradas excedendo o limite máximo. A avaliação da

resistência ao cisalhamento de membros dimensionados segundo normas antigas pode, pelos

critérios atuais, levar a situações preocupantes, que merecem análise cuidadosa.

e) Previsão da movimentação da estrutura

Há muitos aspectos na questão de movimentação de estruturas, globalmente ou de elementos

entre si, muitos vezes não considerados, entendidos ou tratados de uma maneira sistemática. Deve

48

ser enfatizado, que algumas vezes, defeitos podem se originar de movimentos mesmo se os

requisitos das normas são observados, devido a restrições não consideradas de temperatura e

efeitos de retração em estruturas hiperestáticas ou simplesmente, não providenciando juntas

adequadas.

f) Problemas com presença de água

A presença da água é pré-requisito para muitos tipos de deterioração em estruturas de concreto.

Previsão, no projeto e na construção, de uma boa drenagem e impermeabilização, e dedicar

atenção a um bom detalhamento podem influenciar positivamente a funcionalidade, durabilidade,

e, portanto, vida útil da estrutura.

4.2.3 - Condições de exposição de estruturas ao meio ambiente

A exposição de uma estrutura ao meio ambiente é um dos fatores mais importantes a considerar

nas inspeções e avaliações das estruturas, principalmente porque certos tipos de ações químicas e

físicas, muita vezes não foram consideradas no projeto estrutural. Na literatura técnica, é usual

classificar as estruturas em classes, em função do nível de exposição ao meio ambiente.

As condições de exposição da estrutura devido ao micro-ambiente devem também ser

consideradas. O concreto absorve muita água e, quando úmido, demora muito a secar, criando um

micro-ambiente agressivo, quando as armaduras já estão despassivadas. Quando as águas

provenientes de chuvas, ou de outro meio, permanecem confinadas no elemento estrutural, e

estão contaminadas por agentes agressivos, como íons cloretos, sulfatos, etc, tendem, com o

tempo, a levar à deterioração do concreto.

A Tabela 4.2, mostra de forma resumida as diversas classes de exposição com as condições

ambientais. O Código Modelo MC-90 (1991) classifica as condições ambientais e respectivas

classes de exposição, conforme a Tabela 4.2, restringindo, entretanto, sua validade "à ausência de

um estudo mais específico".

49

Tabela 4.2 - Classe de exposição relativa às condições ambientais (modificada - CEB, 1991)

CLASSE DE EXPOSIÇÃOCONDIÇÕES AMBIENTAIS 1

AMBIENTE SECO Por exemplo: -interior de edifícios para moradias ou escritórios (1)

(A) SEM GEADA

Por exemplo: -interior de edifícios com umidade elevada (≥ 60%)(2) -elementos exteriores -elementos em solos e/ou águas não agressivas

2 AMBIENTE

ÚMIDO (B) COM GEADA

-elementos exteriores expostos a geada -elementos em solos ou águas não agressivas expostos a geada -elementos interiores, com umidade alta, expostos a geada

3 AMBIENTE ÚMIDO

COM GEADA E AGENTES DE DEGELO

Por exemplo: -elementos interiores e exteriores expostos a geada e agentes de degelo

(A) SEM GEADA

-elementos parcialmente imersos em água do mar ou em zona de marés -elementos em atmosfera saturada de sais (zona costeira) 4

AMBIENTE MARINHO (B) COM

GEADA

Por exemplo: -elemento parcialmente imersos em água do mar ou em zona de marés e expostos a geada -elementos em atmosfera saturada de sais e expostos a geada

AS CLASSES A SEGUIR PODEM OCORRER ISOLADAS OU EM COMBINAÇÃO COM OS ANTERIORES:

(A) Por exemplo: -ambiente químico ligeiramente agressivo (gás, líquido ou sólido) -atmosfera industrial agressiva.

(B) -ambiente químico moderadamente agressivo (gás, líquido ou sólido)

5 AMBIENTE QUÍMICA-

MENTE AGRESSIV

O (C) -ambiente químico altamente agressivo (gás, líquido ou sólido) (1) Este tipo de exposição só é válido se durante a construção, a estrutura ou alguns de seus componentes não está exposto a condições mais severas por um período de vários meses.

(2) Por exemplo, em lavanderias comerciais e cozinhas industriais.

4.3 - ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DA DETERIORAÇÃO EM ESTRUTURAS DE

CONCRETO

Tuutti (1982) propôs um modelo da evolução da deterioração do concreto ao longo do tempo,

originalmente baseado no processo de corrosão de armaduras, que pode ser estendido, de modo

genérico, à evolução com o tempo da deterioração das estruturas, inclusive pelo Código Modelo

MC-90 do CEB (1991), em seu capítulo "Durabilidade". Segundo este modelo, a deterioração se

desenvolveria em duas etapas distintas, iniciação e propagação dos danos (Figura 4.2).

50

Na fase de iniciação, os agentes agressivos penetram lentamente através da microestrutura do

concreto e, quando atingem um limite, função das características do agressivo e do concreto, tem-

se o início dos danos. Nesta etapa, os danos são imperceptíveis e dificilmente detectados em

inspeções visuais. A velocidade de degradação é lenta e não representa comprometimento para a

vida útil da estrutura (Rostam, 1991).

propagaçãoiniciação

mudança de fase

Colapso ou perda inaceitável de funcionalidade

Vida útil

Idade

D

Det

erio

raçã

o

Figura 4.2 – Vida útil das estruturas de concreto

Na segunda fase, propagação, a existência de fatores acelerantes do processo de deterioração

leva ao aumento da velocidade de degradação, com o aparecimento de fissuras, perda de

recobrimento das armaduras e, até mesmo, podendo comprometer a capacidade portante da

estrutura. A velocidade de degradação passa, então, a ser um fator importante para se estabelecer

a vida residual da estrutura, que definirá as estratégias futuras de manutenção e, eventualmente,

reparo.

Baseando-se neste modelo, a manutenção preventiva, através de inspeção minuciosa periódica

das estruturas, toma características de maior importância, pois uma simples inspeção visual, se

ela é feita na fase de iniciação, não permite detectar o estágio da degradação. Ensaios

complementares são necessários para detectar o perfil de penetração dos agressivos e a

proximidade do momento de se alcançar o limite crítico, a partir do qual se desencadeará a etapa

de propagação, em função do nível de agressividade de cada agente (Rostam, 1991). O

51

planejamento de inspeção tem reflexos importantes nos custos de manutenção, pois intervenções

nesta etapa, que visam particularmente interromper processos de penetração dos agentes

agressivos, apresentam custos substancialmente mais baixos (Sitter, 1986).

A avaliação final e definitiva deverá, portanto, ser feita após vistoria especial e detalhada,

efetuada visualmente e complementada por ensaios e investigações de todos os parâmetros

característicos da obra: profundidade de carbonatação, perfil de penetração de íons cloretos,

mapeamento do potencial de corrosão, retirada de amostras para determinar a qualidade do

concreto (compactação, cura, microfissuras, relação água/cimento, reatividade dos agregados,

etc.) e análise dos documentos de projeto, execução, os estudos geotécnicos e outras informações

relevantes (Clímaco & Nepomuceno, 1994).

No caso de estruturas deterioradas, o CEB Bulletin d'Information No. 162 (1983) propõe que a

avaliação estrutural e decisão sobre níveis de aceitação e urgência de intervenção, sejam

definidas a partir de limites estabelecidos para uma relação de capacidade da estrutura ( v )

dada por :

SR = v′′

(4.1)

onde:

R' = capacidade resistente residual da estrutura ou elemento estrutural;

S' = solicitação atuante na estrutura ou elemento, de acordo com as normas em vigor.

O CEB No. 162 estabelece que, para valores da relação de capacidade menores que 0,5 a

reparação deve ser imediata, o que em geral ocorre para construções antigas ou para danos mais

graves. Para valores maiores que 0,5 a intervenção poderia ainda esperar de 1 a 2 anos. De

qualquer modo, aspectos sociais, históricos e econômicos devem ter considerável influência na

decisão da urgência da intervenção.

Se a estrutura não estiver em níveis aceitável, necessitando ser reforçada ou reparada, algumas

medidas específicas podem restabelecer o coeficiente de capacidade a um valor próximo da

unidade (Souza, 1990):

-restringir a utilização, alterando o uso, ou diminuindo a sobrecarga;

52

-reduzir a vida útil requerida e aceitar controle periódico de um perito;

-modificar o sistema estrutural e/ou redistribuir os esforços (transformar um pórtico em vigas

simplesmente apoiadas);

-demolir pisos mais altos ou partes da construção;

-restaurar apoios ou a capacidade resistente de elementos danificados;

-substituir elementos fortemente danificados;

-reforçar a estrutura por adição de elementos ou pelo reforço de elementos existentes.

Através do estudo sobre a vida útil residual em estruturas, Somerville (1992) analisa a

necessidade de se criar procedimentos para avaliar e quantificar, através de vistorias rotineiras,

os mecanismos de deterioração de uma estrutura, considerando os efeitos isolados e em

combinação, e analisando outros fatores como:

a) definição da agressividade do meio ambiente (macro e micro-clima);

b) avaliação das propriedades dos materiais;

c) definição do mínimo aceitável para o desempenho estrutural.

Baseado no acima exposto, o objetivo da presente pesquisa é desenvolver uma metodologia para

quantificar o desempenho de estruturas de concreto armado de edificações usuais, determinando

seu grau de deterioração, visando subsidiar o diagnóstico e as eventuais intervenções, na direção

indicada pelo RILEM Technical Committee 104 (1991) de buscar estabelecer sistemas de

classificação e avaliação quantitativa de danos em estruturas de concreto que permitam minimizar

a natureza subjetiva dos dados obtidos de inspeção.

53

5 - METODOLOGIA PROPOSTA PARA MANUTENÇÃO DE

ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO DE EDIFICAÇÕES USUAIS

5.1 - INTRODUÇÃO

A importância da implantação de programas de manutenção periódica de estruturas na garantia de

durabilidade das edificações, visando o estabelecimento de prioridades para as ações necessárias

ao cumprimento da vida útil prevista, foi bastante enfatizada nos capítulos anteriores. O presente

capítulo apresenta uma proposta de metodologia para a manutenção de estruturas de concreto

armado, destinada a edificações usuais, que tem por objetivo estabelecer uma quantificação para

o grau de deterioração dos elementos estruturais isolados e da estrutura como um todo, baseando-

se em parâmetros que consideram as manifestações mais freqüentes de danos, sua evolução e a

influência do meio ambiente em que a estrutura está inserida.

Conforme mencionado no item 4.1.2, estudou-se inicialmente a possibilidade de utilização da

metodologia de Klein et alli (1991), proposta originalmente para obras de arte, à estruturas

convencionais de concreto armado. Tal aplicação mostrou-se ser inviável, principalmente devido

à tipologia por demais específica das estruturas de obras de arte, que não permite sua extensão

direta às estruturas convencionais. A quantificação de um "grau de risco" para um elemento

estrutural, família de elementos e para a estrutura global, conforme proposto pelo método, não

parece também ser a forma mais adequada, já que não considera, de forma explícita e objetiva, os

parâmetros que levam em conta o processo de degradação das estruturas de concreto e os

possíveis agentes agressivos presentes, tanto no macro-clima como no micro-clima, específicos

de determinado tipo de estrutura.

Dessa forma, o trabalho direcionou-se para o desenvolvimento de uma nova metodologia,

baseada em princípios constantes da proposta de Klein, mas com as adaptações e modificações

necessárias, introduzindo na formulação conceitos e parâmetros que permitissem quantificar a

evolução dos danos ao longo da vida útil da estrutura. O modelo adotado para representar a

evolução do dano e conseqüente deterioração da estrutura baseou-se naquele desenvolvido pelo

pesquisador sueco Tuutti (1982) para o estudo da evolução do processo de corrosão de

armaduras, estendido por outros autores a outros tipos de degradação das estruturas, e detalhado

54

anteriormente no Capítulo 4, item 4.3.

A metodologia desenvolvida no presente trabalho tem por base a realização de inspeções

periódicas em edificações com estrutura de concreto, através de engenheiros e técnicos com

experiência na área, objetivando a verificação do desempenho dos elementos estruturais nos mais

variados aspectos de segurança, funcionalidade e estética. Quando necessário, é recomendável a

utilização de ensaios que possam dar respostas rápidas e objetivas a problemas como deficiências

de cobrimento, profundidade de carbonatação do concreto, presença de cloretos, etc. Os critérios

adotados para a periodicidade das inspeções podem ser, por exemplo, aqueles recomendados pelo

Guia para inspeção e manutenção de estruturas de concreto da Federação Internacional de

Protensão (FIP, 1988), detalhado no Capítulo 4, item 4.1.1. É também interessante, realizar

inspeções com a obra nova, após 1 ano da entrega da obra, com 3 anos e 5 anos, pois, conforme

mostra a Fig. 3.1c, a incidência de defeitos é maior nas primeiras idades, 65% até 3 anos e 82%

até 5 anos.

Com os dados obtidos nos levantamento, são montadas "matrizes de desempenho", segundo o

tipo de elemento estrutural e, através da utilização de uma formulação matemática simples,

facilmente programável em sistema computacional de pequeno porte, determina-se o grau de

deterioração dos elementos isolados e da estrutura como um todo.

5.2 - DESCRIÇÃO DA METODOLOGIA PROPOSTA

5.2.1 – Princípios gerais

A metodologia é apresentada no fluxograma da Fig.5.1, que mostra os procedimentos a serem

seguidos, de forma sistemática, para o desenvolvimento das inspeções estruturais e avaliação dos

resultados. As inspeções estruturais são realizadas com base em um Caderno de Inspeção (Anexo

A), a ser preenchido pelo profissional ou equipe responsável, onde constam, além das

informações básicas sobre a estrutura, diversas matrizes que reúnem os dados necessários ao

desenvolvimento do fluxograma.

A estrutura da edificação em questão é dividida em "famílias" de elementos estruturais típicos.

55

Para cada elemento de uma família é elaborada uma matriz onde são listadas as possíveis

manifestações de danos, específicas daquela família, com o respectivo "fator de ponderação do

dano". Este fator, previamente estabelecido na matriz, visa quantificar a importância relativa de

um determinado dano no que se refere às condições gerais de estética, funcionalidade e segurança

do elemento.

Na matriz de um elemento, deve ser atribuída, pelos profissionais responsáveis e segundo

critérios pré-estabelecidos constantes do Caderno de Inspeção, uma pontuação que classifica o

nível de gravidade de uma determinada manifestação de dano naquele elemento, denominada

"fator de intensidade do dano", segundo o qual pode-se inferir a evolução da deterioração

estrutural.

Dessa forma, os fatores de ponderação dos danos são comuns para uma família de elementos

enquanto os fatores de intensidade vão depender da situação física específica e da gravidade dos

danos em cada um dos elementos da família.

Após o levantamento dos dados em campo, determina-se, para cada elemento de uma família, um

"grau de deterioração" individual e o conseqüente "grau de deterioração da família de

elementos". Obtidos os graus de deterioração das diversas famílias de elementos que compõem a

estrutura e entrando com um "fator de relevância estrutural da família", previamente

estabelecido segundo a importância relativa na funcionalidade e segurança estrutural, determina-

se finalmente, através de uma formulação matemática descrita a seguir, o "grau de deterioração

da estrutura".

56

ESTRUTURA

Dividir em famílias de elementos típicos

Para cada elemento de uma família

Verificar - Fator de ponderação

de um dano (Fp)

Atribuir- Fator de intensidade do dano (Fi)

Calcular - Grau do dano (D)

Calcular - Grau do de deterioração do elemento (Gde)

Calcular - Grau do de deterioração da família de elementos (Gdf)

Introduzir - Fator de relevância estrutural

da Família (Fr)

Calcular - Grau do de deterioração da estrutura (Gd)

Figura 5.1 – Fluxograma da metodologia para o cálculo do Grau de Deterioração da

Estrutura (Gd)

Baseado no exposto, após determinar os graus de deterioração de uma estrutura e de seus

elementos individuais, e observados valores limites pré-fixados, pode-se definir a necessidade,

momento e tipo de intervenção na estrutura, de forma a interromper ou minimizar a evolução dos

danos mais significativos, evitando custos mais elevados de reparo, considerando-se, de forma

57

global, os aspectos de segurança, funcionalidade e estética da edificação. Nos itens a seguir são

definidos os parâmetros intervenientes e detalhados os diversos passos da metodologia proposta,

bem como apresentados exemplos de sua aplicação.

5.2.2 – Classificação das famílias de elementos

As edificações objeto de inspeção são subdivididas, segundo as características estruturais de seus

elementos componentes, em grupos que formam as denominadas famílias de elementos. No caso

de edificações usuais com estrutura de concreto armado, em geral, podem ser definidas as

seguintes famílias:

- pilares;

- vigas;

- lajes;

- cortinas;

- escadas e rampas;

- reservatório superior e inferior;

- blocos;

- juntas de dilatação;

- elementos de composição arquitetônica.

Os elementos de composição arquitetônica, são elementos em concreto armado que, em sua

maioria, são utilizados para composição de fachadas, e apresentam problemas de manifestações

patológicas ao longo do tempo.

Dependendo das características particulares de cada estrutura, as famílias de elementos

estruturais podem ser divididas de forma diferente e acrescentadas outras famílias de elementos

de acordo com seu interesse para a avaliação estrutural. Podem também determinadas famílias

serem subdivididas como, por exemplo, as lajes de uma estrutura classificadas em famílias de

lajes primárias e secundárias.

58

5.2.3 – Fator de ponderação do dano

O fator de ponderação do dano ( Fp ) visa quantificar a importância relativa de um determinado

dano, no que se refere às condições gerais de estética, funcionalidade e segurança dos elementos

de uma família. Para sua definição são estabelecidos os problemas mais relevantes, passíveis de

serem detectados, quanto aos aspectos de durabilidade e segurança estrutural. Uma determinada

manifestação patológica pode ter fatores de ponderação diferentes de acordo com as

características da família onde o elemento se insere, dependendo das conseqüências que o dano

possa acarretar.

Este parâmetro foi denominado "fator de gravidade do dano" na metodologia de Klein et alli

(1991). Adotou-se no presente trabalho a mesma escala de ponderação de Klein, variando de 1 a

10. Entretanto, os graus atribuídos às diversas manifestações de dano em cada família foram

alterados, buscando melhor refletir a realidade das estruturas convencionais de concreto armado,

com base na literatura pertinente, consultas a pesquisadores e profissionais da área de reparo

estrutural, e em ajustes resultantes de aplicações da metodologia a situações práticas.

A Tabela 5.1 mostra alguns tipos de matrizes, para as famílias de elementos mais comuns de

edificações usuais, com os danos possíveis e respectivos fatores de ponderação atribuídos no

presente trabalho. O Caderno de Inspeção do Anexo A apresenta todas as tabelas de elementos de

edificações usuais.

59

Tabela 5.1 – Famílias de elementos estruturais, danos e fatores de ponderação (Fp)

Pilar VigasDANOS Fp DANOS Fpdesvio de geometria 8 segregação 4recalque 10 lixiviação 5infiltração na base 6 esfoliação 8segregação 6 desagregação 7lixiviação 5 cobrimento deficiente 6esfoliação 8 manchas de corrosão 7desagregação 7 flechas 10sinais de esmagamento 10 fissuras 10cobrimento deficiente 6 carbonatação 7manchas de corrosão 7 infiltração 6fissuras 10 presença de cloretos 10carbonatação 7 manchas 5presença de cloretos 10manchas 5 Cortinas

DANOS FpLaje sinais de esmagamento 10DANOS Fp desvio de geometria 6segregação 5 infiltração 6lixiviação 3 segregação 5esfoliação 8 lixiviação 5desagregação 7 esfoliação 8cobrimento deficiente 6 desagregação 7manchas de corrosão 7 deslocam. por empuxo 10flechas 10 cobrimento deficiente 6fissuras 10 manchas de corrosão 7carbonatação 7 fissuras 10infiltração 6 carbonatação 7presença de cloretos 10 presença de cloretos 10manchas 5 manchas 5

Escadas / Rampas Reservatórios superior DANOS Fp e inferiorsegregação 4 DANOS Fplixiviação 5 imperm. danificada 8esfoliação 8 vazamento 10desagregação 7 segregação 5cobrimento definitivo 6 lixiviação 7manchas de corrosão 7 esfoliação 10flechas 10 desagregação 7fissuras 10 cobrimento deficiente 7carbonatação 7 manchas de corrosão 9infiltração 6 fissuras 10presença de cloretos 10 carbonatação 7manchas 5 presença de cloretos 10

60

5.2.4 – Fator de intensidade do dano

O fator de intensidade do dano ( Fi ) classifica o nível de gravidade e a evolução de uma

manifestação de dano em um determinado elemento, segundo uma escala de 0 a 4, na forma

proposta por Klein et alli (1991), como segue:

sem lesões Fi = 0

lesões leves Fi = 1

lesões toleráveis Fi = 2

lesões graves Fi = 3

estado crítico Fi = 4

Entretanto, uma pontuação desse tipo pode resultar muito subjetiva caso não seja acompanhada

por uma classificação mais detalhada, onde se identifique o nível de gravidade das lesões e sua

evolução, segundo as características específicas, conforme recomendado pelo RILEM Committee

104 - Damage classification of concrete structures (RILEM, 1991). O presente trabalho propõe

uma classificação nesse sentido, mostrada na Tabela 5.2.

É também de fundamental importância a consideração da influência do ambiente em vista das

condições de exposição e proteção do elemento estrutural. Por exemplo, uma peça de concreto

carbonatada, em ambiente isento de umidade, não sofre o mesmo risco de corrosão de suas

armaduras que outra sujeita à umidade. A classificação da Tabela 5.2 dos danos e respectivos

fatores de intensidade busca este objetivo, mesmo que em alguns aspectos esteja ainda aquém do

desejado.

Como se pode observar na Tabela 5.2, quando um dano for classificado com um fator de

intensidade 4,0, a situação do elemento é crítica, com relação àquele dano e, neste caso, deve

haver intervenção imediata no elemento para reparar aquele problema específico. Por exemplo, se

a infiltração de água em uma laje é crítica ela agravará os demais danos e, portanto, sua reparação

é condição "sine qua non" para evitar o agravamento da deterioração.

61

Tabela 5.2 - Classificações dos danos e fatores de intensidade (Fi )

Tipos de danos Fator de intensidade do dano - Tipos de manifestação segregação 1 - superficial e pouco significativa em relação às dimensões da peça;

2 - significante em relação às dimensões da peça; 3 - profunda em relação às dimensões da peça, com ampla exposição da armadura; 4 - perda relevante da seção da peça.

eflorescência 1 - início de manifestação; 2 - manchas de pequenas dimensões; 3 - manchas acentuadas, em grandes extensões.

esfoliação 2 - pequenas escamações do concreto; 3 - lascamento, de grandes proporções, com exposição da armadura; 4 - lascamento acentuado com perda relevante de seção.

desagregação 2 - início de manifestação; 3 - manifestações leves; 4 - por perda acentuada de seção e esfarelamento do concreto;

cobrimento 1 - menores que os previstos em norma sem, no entanto, permitir a localização da armadura; 2 - menor do que o previsto em norma, permitindo a localização da armadura ou armadura exposta em pequenas extensões; 3 - deficiente com armaduras expostas em extensões significativas.

manchas de corrosão/ corrosão da armadura

2 - manifestações leves; 3 - grandes manchas e/ou fissuras de corrosão; 4 - corrosão acentuada na armadura principal, com perda relevante de seção.

flechas 1 - não perceptíveis a olho nu; 2 - perceptíveis a olho nu, dentro dos limites previstos em norma; 3 - superiores em até 40% às previstas na norma; 4 - excessivas.

recalque 2 - indícios, pelas características de trincas na alvenaria; 3 - recalque estabilizado com fissuras em peças estruturais; 4 - recalque não estabilizado com fissuras em peças estruturais.

fissuras 1 - aberturas menores do que as máximas previstas em norma; 2 - estabilizadas, com abertura até 40% acima dos limites de norma; 3 - aberturas excessivas; estabilizadas; 4 - aberturas excessivas; não estabilizadas.

62

Tabela 5.2 - Classificações dos danos e fatores de intensidade (Fi ) (cont.)

Tipos de dano Fator de intensidade do dano - Tipos de manifestação carbonatação 1 - localizada, com algumas regiões com pH <9, sem atingir a

armadura; 2 - localizada, atingindo a armadura, em ambiente seco; 3 - localizada, atingindo a armadura, em ambiente úmido; 4 - generalizada, atingindo a armadura, em ambiente úmido.

infiltração 1 - indícios de umidade; 2 - pequenas manchas; 3 - grandes manchas; 4 - generalizada.

presença de cloretos

2 - em elementos no interior sem umidade; 3 - em elementos no exterior sem umidade; 4 - em ambientes úmidos.

manchas 2 - manchas escuras de pouca extensão, porém significativas; 3 - manchas escuras em todo o elemento estrutural

sinais de esmagamento

3 - desintegração do concreto na extremidade superior do pilar, causada por sobrecarga ou movimentação da superestrutura; fissuras diagonais isoladas; 4 - fissuras de cisalhamento bidiagonais, com intenso lascamento (esmagamento) do concreto devido ao cisalhamento e a compressão, com perda substancial de seção, deformação residual aparente; exposição e inicio de flambagem de barras da armadura.

desvio de geometria

2 - pilares e cortinas com excentricidade ≤ h/100 ( h = altura) 3 - pilares e cortinas com excentricidade ≥ h/100

infiltração na base

3 - indícios de vazamento em tubulações enterradas que podem comprometer as fundações; 4 - vazamentos em tubulações enterradas causando erosão aparente junto às fundações.

junta de dilatação obstruída

2 - perda de elasticidade do material da junta; 3 - presença de material não compressível na junta.

fissuras vizinhas as juntas de dilatação

2 - lajes com início de fissuras adjacentes às juntas; 3 - grande incidência de lajes com fissuras adjacentes às juntas; 4 - idem, com prolongamento das fissuras em vigas e/ou pilares de suporte.

deslocamento por empuxo

3 - deslocamento lateral no sentido horizontal, com excentricidade porém estável; 4 - deslocamento lateral no sentido horizontal, instável.

Outro aspecto que deverá ser considerado nas inspeções dos elementos da estrutura é a

possibilidade de superposição das manifestações do dano. Quando, por exemplo, o dano com

intensidade alta for a carbonatação e o elemento possuir o dano manchas de corrosão com

intensidade baixa, deverão ser considerados os dois danos, pois a manifestação de manchas de

corrosão pode estar em seu início e ser agravada à medida que a frente de carbonatação for

63

avançando no elemento, contribuindo para o agravamento do processo de corrosão das

armaduras. Por outro lado, se o dano manchas de corrosão tem intensidade alta, sem presença de

cloretos, e for constatada a carbonatação em fase adiantada, não deve haver superposição pois o

primeiro dano, provavelmente, é conseqüência do segundo.

5.2.5 – Grau do dano

Em um elemento estrutural de concreto armado os danos se apresentam e evoluem de forma

diferente, dependendo de várias influências: concepção estrutural, projeto, execução, utilização, e

exposição ao meio ambiente. Um novo parâmetro, introduzido no presente trabalho, denominado

"grau do dano" no elemento ( D ) , tem por objetivo quantificar a manifestação de cada dano no

elemento, através de uma analogia com o modelo proposto por Tuutti (1982), anteriormente

mencionado (itens 4.3 e 5.1).

O grau do dano depende do fator de ponderação, ( Fp ) específico de cada dano e pré-fixado de

acordo com as características do elemento, e da intensidade com que o dano se manifesta em uma

determinada peça, traduzido pelo fator de intensidade ( Fi ).

A Fig. 5.2. mostra a formulação proposta para o cálculo do grau de um dano com a ponderação

mais desfavorável possível, fator Fp = 10. As fases de iniciação e propagação do dano são

representadas nas abcissas em uma escala de 0 a 4, segundo o fator de intensidade ( Fi ),

adotando-se como abcissa de "mudança de fase" o valor 2,5, intermediário entre o fator 2,0,

indicativo de lesões toleráveis, e 3,0 de lesões graves. O gráfico estabelece um limite máximo

D = 100 para o grau de dano correspondente a Fi=4, estado crítico de uma manifestação de dano.

64

propagaçãoiniciação

mudança de fase

Colapso ou perda inaceitável de funcionalidade

D = 60 Fi - 140

D = 4 Fi

432,5210

10

100

Fi

D

A primeira reta, correspondente à fase de iniciação do dano, partiria de 0, ausência completa do

dano, até o ponto de coordenadas (2,5; 10). O estabelecimento do grau 10 para a mudança de fase

deu-se a partir de sucessivos ajustes com a aplicação do modelo a casos reais. Ou seja, caso seja

determinada em um elemento uma manifestação de dano com um grau do dano D < 10, não deve

haver sinais de comprometimento ou necessidade de intervenção imediata naquele elemento.

Entretanto, considerando que os danos dos elementos da estrutura estejam próximos da mudança

de fase, a intervenção, dentro de um programa de manutenção, deve resultar em economia, no

sentido de se prevenir a propagação e a necessidade posterior de intervenção com o(s) dano(s) em

estado mais grave.

Por outro lado, para D > 10, a propagação do dano é mais rápida e aguda, devendo-se neste

trecho prever limites a partir dos quais a intervenção passa a ser necessária, urgente e

imprescindível à funcionalidade ou segurança, ou mesmo indicando o estado crítico do elemento.

Dessa forma, o grau do dano, para Fp = 10, será dado pelas expressões:

2,0 F para F 4 = D i i ≤ (5.1)

3,0 F para 140 F 60 = D i i ≥ (5.2)

65

Para danos com fator de ponderação inferiores ao máximo, isto é, Fp < 10 , o grau do dano será

obtido através da multiplicação das expressões correspondentes a cada fase, (5.1) e (5.2), pela

razão Fp / 10 :

F . F 0,4 = D p i (5.3)

F ) 14 F 6 ( = D p i (5.4)

Obviamente, fazendo Fp = 10 nas expressões (5.3) e (5.4), obtém-se novamente as expressões

(5.1) e (5.2).

Portanto, da formulação proposta, o grau do dano será uma função de duas variáveis, o fator de

ponderação ( 0 ≤ Fp ≤ 10 ) , inerente a cada manifestação de dano e pré-estabelecido para a

família, e o fator de intensidade do dano atribuído pelo profissional responsável pela inspeção

estrutural, conforme a Tabela 5.2 ( 0 ≤ Fi ≤ 4 ) . Assim, a representação gráfica do grau do dano,

D , seria dada por um volume, cuja interseção com o plano Fp = 10 resultaria na Fig.5.2.

5.2.6 – Grau de deterioração de um elemento

O "grau de deterioração de um elemento" estrutural isolado ( Gde ) é determinado em função das

manifestações dos danos detectados no elemento pela inspeção, a partir do fator de intensidade

atribuído a cada dano ( Fi ) , segundo a Tabela 5.2, e do grau respectivo do dano ( D ), calculado

das expressões (5.3) ou (5.4). Chamando de "m" o número de danos detectados no elemento, o

grau de deterioração será determinado a partir de uma das expressões seguintes:

2 m para D = G x m de ≤ (5.5)

2 > m para 1 m

D + D = G

(i)

1 m

1 = ix m de

∑ (5.6)

onde:

Di = grau do dano de ordem (i)

66

A justificativa para a formulação acima é que, num elemento com dois danos, deve prevalecer, do

ponto de vista de avaliação de sua deterioração, aquele dano cujo grau do dano é maior. Não faria

sentido adotar qualquer tipo de média que resultasse inferior ao maior grau do dano no elemento

ou somar os graus dos danos. Em qualquer dos dois casos poder-se-ia ter uma idéia errônea do

estado físico da peça. Optou-se, então, neste caso, pela adoção do grau de deterioração do

elemento como igual ao maior grau do dano.

Entretanto, sendo maior que dois o número de danos do elemento, cabe uma avaliação mais

precisa da influência da superposição dos demais danos detectados. Decidiu-se assim pela

formulação da expressão (5.6), obter-se o grau de deterioração do elemento, Gde, através da soma

do grau máximo dos danos na peça com a média aritmética dos graus dos demais (m - 1) danos.

Em outras palavras, o dano maior seria "agravado" pela soma da média dos graus dos demais

danos.

No item 5.2.4 enfatizou-se a necessidade de intervenção imediata em um elemento que

apresentasse um dano com um fator de intensidade 4,0, admitindo-se ser a situação do elemento

crítica, com relação àquele dano. É também conveniente estabelecer uma escala de medidas

necessárias a se tomar com relação a um elemento, com base no seu grau de deterioração, Gde ,

calculado a partir de todos os danos nele detectados. Dessa forma, baseando-se na Fig.5.2 e na

aplicação e ajuste da metodologia a situações reais, elaborou-se a Tabela 5.3, com recomendações

para elementos isolados. Deve-se observar que os limites estabelecidos não devem ser encarados

como absolutos mas como indicativos das medidas a se adotar. É indispensável o conhecimento e

experiência dos profissionais envolvidos para decidir sobre as decisões a tomar, levando em conta

os resultados da aplicação de metodologia.

67

Tabela 5.3 - Classificação dos níveis de deterioração do elemento

Nível de deterioração Gde Medidas a serem adotadas Baixo 0 - 15 estado aceitável

Médio 15 - 50 observação periódica e necessidade de intervenção a médio prazo

Alto 50 - 80 observação periódica minuciosa e necessidade de intervenção a curto prazo

Crítico > 80 necessidade de intervenção imediata para restabelecer funcionalidade e/ou segurança

5.2.7 – Grau de deterioração de uma família de elementos

O "grau de deterioração de uma família" ( Gdf ) é definido como a média aritmética dos graus de

deterioração daqueles elementos que apresentem danos expressivos. Ou seja, o cálculo do grau de

deterioração da família deve evidenciar os elementos mais danificados e não ser mascarado por

aqueles elementos com deterioração de menor grau.

Para caracterizar os assim denominados "danos expressivos", buscou-se uma definição para um

valor limite do grau de deterioração do elemento. Assumindo a hipótese, nas matrizes das

diferentes famílias de elementos, da ocorrência simultânea de todos os danos possíveis com um

fator de intensidade Fi = 2,5, valor hipotético correspondente à mudança da fase de iniciação para

a de propagação do dano, resultou de todos os cálculos um valor aproximadamente constante,

ligeiramente superior a Gde = 15 . Este valor, considerado então como um limite, mostrou-se

consistente, isto é, levou as conclusões adequadas sobre os elementos mais danificados e

indicando a necessidade de intervenção nas obras onde foram aplicadas esta metodologia.

Assim, tomando-se a média aritmética dos graus de deterioração apenas daqueles elementos com

Gde ≥ 15 , tem-se a expressão do grau de deterioração da família dada por:

n

G = G

(i) e d

n

1 =if d

∑ (5.7)

onde:

n: número de elementos componentes da família com Gde ≥ 15 .

A presente formulação é diferente da proposta por Klein et alli (1991), que adota um coeficiente δ

68

para evidenciar os elementos de uma família com danos mais expressivos. Por outro lado, estes

autores trabalharam com a média de todos os graus de deterioração dos elementos o que pode

resultar, segundo simulações efetuadas no presente trabalho, inadequado. Optou-se aqui por

trabalhar apenas com aqueles elementos com danos acima de um determinado limite pré-fixado,

por acreditar que estes serão os de maior influência sobre o grau de deterioração da família e nas

decisões sobre a necessidade e momento mais adequado para intervenção.

Quando em uma família de elementos verificar-se graus de deterioração Gde < 15 para todos os

elementos, o grau de deterioração da família será Gdf = 0, não contribuindo para o cálculo do grau

de deterioração da estrutura.

5.2.8 – Fator de relevância estrutural da família de elementos

O fator de relevância estrutural da família de elementos ( Fr ) tem por objetivo considerar a

importância relativa das diversas família de elementos, dentro do conjunto em que a obra é

subdividida, no comportamento da estrutura e bom desempenho da mesma. Este fator consta da

metodologia proposta por Klein et alli (1991), obviamente, conforme objetivo do trabalho, com

uma classificação específica para obras de arte, não aplicável a estruturas de edificações usuais.

A definição do fator de relevância dependerá da tipologia de cada estrutura. Fusco (1976)

classifica as peças estruturais em terciárias, secundárias e primárias, com importância crescente

no desempenho da estrutura. Para edificações com estrutura convencional, adotou-se na presente

pesquisa uma escala que, observando alguns dos critérios sugeridos por Fusco, define os fatores

de relevância de uma família de elementos, como segue:

- Elementos de composição arquitetônica: Fr = 1,0

- Reservatório superior: Fr = 2,0

- Escadas/Rampas, Reservatório inferior, Cortinas, Lajes secundárias: Fr = 3,0

- Lajes, Fundações, Vigas secundárias, Pilares secundários: Fr = 4,0

- Vigas e Pilares principais Fr = 5,0

Alterações em alguns desses fatores, ou mesmo inclusões de outras famílias de elementos, podem

ser necessárias conforme o sistema estrutural em análise.

69

5.2.9 - Grau de deterioração da estrutura

O grau de deterioração da estrutura como um todo ( Gd ) é definido como uma função dos

diferentes graus de deterioração das diversas famílias de elementos da edificação, afetados pelos

respectivos fatores de relevância estrutural, na forma proposta por Klein et alli (1991).

Considerando o conjunto de todas as "k" famílias de elementos que compõem um estrutura tem-

se:

F

G . F = G

(i) r

k

1 = i

(i) df(i) r

k

1 = id

∑ (5.8)

onde:

k : número de famílias de elementos presentes na edificação;

Fr : fator de relevância estrutural de cada família;

Gdf : grau de deterioração da família

Obtido o valor de Gd , da equação 5.8, uma estrutura pode ser classificada, segundo uma escala,

como a mostrada pela Tabela 5.4, em quatro níveis de deterioração, que indicam a situação atual

da estrutura e as medidas de intervenção que deverão ser tomadas, a médio e curto prazo,

objetivando uma manutenção adequada para a estrutura.

Tabela 5.4 - Classificação dos níveis de deterioração da estrutura

Nível de deterioração Gd Medidas a serem adotadas Baixo 0 - 15 estado aceitável

Médio 15 - 40 observação periódica e necessidade deintervenção em médio prazo

Alto 40 - 60 observação periódica minuciosa e necessidade de intervenção em curto prazo

Crítico > 60 necessidade de intervenção imediata para restabelecer funcionalidade e/ou segurança

Cabe ressaltar que a Tabela 5.4 apresenta as medidas recomendadas segundo o nível de

deterioração da estrutura como um todo. Entretanto, conforme mencionado nos itens 5.2.4 e

5.2.6 (Tabela 5.3), cabe frisar a importância da análise individual dos Gde, pois pode ser

recomendada a intervenção imediata ou a curto e médio prazo em elementos isolados da

70

estrutura, dependendo do fator de intensidade de um dano ou do grau de deterioração do

elemento. Ou seja, o nível de deterioração de uma estrutura pode ser aceitável do ponto de vista

global mas haver necessidade de intervenção em elementos isolados.

5.3 - APLICAÇÃO DA METODOLOGIA

5.3.1 - Introdução

A primeira etapa da aplicação da metodologia consiste em se obter um conhecimento razoável da

edificação objeto de análise, através da realização de um levantamento minucioso de dados, nos

seguintes aspectos: análise dos projetos; aspectos construtivos; período de início e término das

obras; problemas ocorridos por época da construção; como, quando e por quem são efetuadas as

manutenções, caso existam; destinação original (edificação pública, edificação residencial, e

outras) e utilização atual; e outras características relevantes sobre a edificação em estudo.

A segunda etapa, está relacionada aos procedimentos operacionais relativos à aplicação da

metodologia. Seguindo as orientações relatadas no Capítulo 4, item 4.2.1, os passos a serem

seguidos são:

1º) Análise do projeto arquitetônico e estrutural, como preparação para efetuar a inspeção visual,

através de:

identificação do sistema estrutural;

divisão da estrutura em módulos, de preferência delimitados pelas juntas de dilatação da

estrutura;

identificação de todos os elementos estruturais através de legendas que facilitem a inspeção.

2º) Inspeção dos elementos estruturais, utilizando o caderno de inspeção que contém as matrizes

com as possíveis manifestações patológicas de cada elemento (ver Anexo A), visando:

identificar visualmente os danos das peças estruturais;

classificar os danos, atribuindo a cada um deles um fator de intensidade ( Fi ), conforme Tabela

5.2 .

71

3º) Realizar, quando necessário, ensaios simples de caracterização de propriedades dos materiais,

como, por exemplo, para determinação da profundidade de carbonatação, utilizando fenolftaleína,

realizado em uma das obras analisadas;

4º) Tratamento dos dados coletados, podendo ser usados programas elaborados para este fim, ou

mesmo planilhas eletrônicas, para o cálculo dos grau de deterioração do elemento, família e da

estrutura. Na presente pesquisa foi usado o programa Excel, planilha eletrônica da Microsoft.

Caso não se disponha de computadores as matrizes do caderno de inspeção podem ser analisadas

com facilidade por cálculos manuais.

6º) Elaboração das conclusões a partir da determinação dos graus de deterioração dos elementos,

das famílias e da estrutura.

5.3.2 - Primeiro estudo de caso - Edificação escolar pública

A primeira aplicação da metodologia proposta foi realizada no prédio do Departamento de

Engenharia Civil da Faculdade de Tecnologia da Universidade de Brasília. A primeira etapa

consistiu no levantamento das características básicas do edifício, composto por módulos com um

ou dois pavimentos, com área construída de aproximadamente 4.000 m2. A estrutura de concreto

armado é aparente, com fechamento de alvenarias de bloco cerâmico, sendo parte aparente e parte

revestida. A cobertura é composta de telhas metálicas não padronizadas, lajes e calhas

impermeabilizadas e "sheds" para iluminação. O prédio destina-se a salas de aula, de professores,

administrativas, auditório, copa e banheiros.

A construção do prédio foi iniciada em maio de 1974 e concluída em setembro de 1976, tendo

sido paralisada de julho de 1975 a julho de 1976, por motivo de falta de recursos. A empresa

construtora foi a Construtora Loyo S.A. com a fiscalização a cargo da UnB.

Os documentos relativos a Projeto de arquitetura, estruturas, fundações e instalações, bem como

os diários da obra, laudos de sondagens e especificações dos materiais encontram-se arquivados

na Prefeitura do Campus da UnB.

Durante a utilização do prédio não houve alteração da destinação para o qual foi projetado, nem

72

indícios de intervenção na estrutura. Foram detectados, em alguns trechos da laje de cobertura,

remendos na impermeabilização que, no entanto, não foram feitos adequadamente, tendo em vista

os consideráveis problemas de infiltração detectados.

A segunda etapa da aplicação da metodologia iniciou-se pela análise dos projetos de arquitetura e

estrutural, para a identificação do sistema estrutural. A estrutura foi dividida em 6 (seis) módulos

com os seus elementos identificados e numerados para efeito da inspeção.

A título de demonstração da metodologia utilizada, descrevem-se, a seguir, os procedimentos

empregados na avaliação do nível de deterioração de alguns elementos. Os elementos escolhidos

podem ser vistos em fotos no Anexo B.3. As tabelas mostram matrizes típicas representativas de

elementos distintos e apresentam-se os resultados obtidos, com conclusões sobre a situação física

de alguns elementos e da estrutura global do prédio do Departamento de Engenharia Civil da

UnB.

a) Elemento laje-calha:

Os resultados da inspeção visual e a pontuação para cada dano encontrado em uma laje do tipo

"calha" (cobertura ao redor de um shed de iluminação) constam da Tabela 5.5. Devido à

impermeabilização deficiente da laje, foram constatadas várias manchas de infiltração,

classificadas com o fator de intensidade Fi = 2 (manchas pequenas). Em conseqüência da

constante penetração de água e alto teor de umidade, o ambiente pode ser classificado como

agressivo, principalmente considerando a possibilidade de haver carbonatação, tendo sido

atribuído aos danos eflorescência e manchas de corrosão Fi = 3 . Às fissuras presentes foi

atribuído o fator Fi = 2, bem como ao cobrimento deficiente, certamente responsável pelo

agravamento dos danos.

Quanto ao dano "carbonatação", apesar de existente, não foi atribuída intensidade para evitar

superposição com a corrosão, já considerada com Fi = 3. Esta observação vale para várias das

tabelas subseqüentes.

A tabela apresenta os valores do grau do dano, D , calculados para cada dano. A maior pontuação

ocorreu para manchas de corrosão com D = 28 , devido ao alto fator de ponderação do dano no

elemento (Fp = 7), conjugado à também alta intensidade verificada. Apenas este dano responde

73

no cálculo por aproximadamente 80% do valor do grau de deterioração do elemento. O dano

eflorescência também classificado com intensidade três tem menor fator de ponderação, o que

resulta em menor influência no grau de deterioração do elemento.

Tabela 5.5 - Laje

Nome do Elemento laje calha - shed 4 Local pav. térreo -mod 1 - ENC - UnB Danos FP Fi D segregação 5 - 0 eflorescência 3 3 12 esfoliação 8 - 0 desagregação 7 - 0 cobrimento deficiente 6 2 4,8 manchas de corrosão 7 3 28 flechas 10 - 0 fissuras 10 2 8 carbonatação 7 - 0 infiltrações 6 2 4,8 presença de cloretos 10 - 0 manchas 5 - 0 Gde 35,4

O exemplo mostra que elementos com danos de grande intensidade Fi , combinados com alto

fator de ponderação Fp , são preocupantes e preponderantes no cálculo, certamente levando a

altos valores do Gde.

O elemento, isoladamente, apresenta um grau de deterioração médio, Gde = 35,4, portanto na

faixa 15 - 50, nível de deterioração médio da Tabela 5.3, sugerindo observação periódica e

necessidade de intervenção a médio prazo.

b) Elemento laje:

Uma laje do teto do pavimento térreo (L2a - módulo 4 - Anexo B) apresentou na inspeção

algumas situações interessantes para classificação dos danos, valendo ser apresentada como

exemplo:

− grande infiltração, chegando na época das chuvas, a motivar a interdição da sala de aula.

Atribuiu-se a intensidade máxima Fi = 4 para o item infiltração o que caracteriza

necessidade de intervenção urgente no elemento.

74

− manifestações leves de manchas de corrosão e fissuras estabilizadas., recebendo o fator

intensidade dois, sendo as lesões classificadas como toleráveis.

A matriz dos resultados da inspeção desta laje consta da Tabela 5.6. A presença de um dano no

estado crítico, como é o caso da infiltração, levou a um alto grau de deterioração, Gde = 66,8.

Este valor classifica o elemento no nível de deterioração alto, na faixa 50 < Gde < 80 , segundo a

Tabela 5.3, confirmando a necessidade de intervenção em curto prazo.

Tabela 5.6 - Laje

Nome do Elemento L2a Local pav. térreo -mod 4 - sala D 13 Danos FP Fi D segregação 5 - 0 eflorescência 3 - 0 esfoliação 8 - 0 desagregação 7 - 0 cobrimento deficiente 6 - 0 manchas de corrosão 7 2 5,6 flechas 10 - 0 fissuras 10 2 8 carbonatação 7 - 0 infiltrações 6 4 60 presença de cloretos 10 - 0 manchas 5 - 0 Gde 66,8

É importante observar deste exemplo que a metodologia não está preocupada somente com os

aspectos de segurança, mas também com os aspectos de estética e funcionalidade, mesmo não

havendo problemas estruturais imediatos que comprometam a segurança. Ou seja, uma

intervenção adequada e simples nesta laje, corrigindo os problemas de infiltração, já indicada

pelo fator de intensidade quatro, com certeza diminuirá o seu grau de deterioração.

c) Elemento viga:

Para exemplo da aplicação da metodologia tomou-se a Viga 1 (Shed 3 - Pav. Térreo - Mod.1 -

Secretaria). Na inspeção foram observados os danos seguintes:

− fissura estabilizada com abertura excessiva. Origem provável no projeto estrutural, na

75

concepção e por deficiência de armadura transversal de cisalhamento. Trata-se de uma viga

secundária, sem grandes responsabilidades estruturais. Porém, no que se refere à

durabilidade, é bastante grave, apresentando sinais de degradação do concreto e corrosão da

armadura, agravado pelo ambiente com umidade constante em períodos de chuva. Atribuiu-se

a pontuação três para a intensidade do dano (fissura com abertura excessiva estabilizada;

− eflorescência de intensidade alta com manchas de corrosão e grande intensidade de manchas

brancas e alto índice de carbonatação localizada no concreto vizinho à armadura. Causa

provável nas grandes infiltrações da laje sobre a viga associado à camada de concreto de

cobrimento deficiente. Adotou-se para o item eflorescência o fator de intensidade de grau

3(três). Para a carbonatação, localizada, atingindo a armadura e ambiente úmido, foi adotada

a intensidade três. Observou-se, para o cobrimento Fi = 1 e para as manifestações leves de

manchas de corrosão Fi=2. Diferentemente do enunciado no (item a), a carbonatação foi aqui

considerada, em virtude de ser agravante das manifestações ainda leves de manchas de

corrosão. Os resultados da inspeção e dos ensaios estão refletidos na Tabela 5.7.

Em razão de três danos com fator de ponderação médio (5) e alto (7 e 10) apresentarem a

classificação de "lesões graves" (fator de intensidade 3) obteve-se para o elemento um grau alto

de deterioração, Gde = 54, sendo recomendada intervenção de curto prazo no elemento,

principalmente por questões de durabilidade, visto ser o elemento de importância secundária na

estrutura.

Tabela 5.7 - Viga

Nome do Elemento Viga 1 - shed 3 Local Pav. térreo - mod 1 - secretaria Dano FP Fi D segregação 4 - 0 eflorescência 5 3 20 esfoliação 8 - 0 desagregação 7 - 0 cobrimento deficiente 6 1 2,4 manchas de corrosão 7 2 5,6 flechas 10 - 0 fissuras 10 3 40 carbonatação 7 3 28 infiltração 6 - 0 presença de cloretos 10 - 0 manchas 5 - 0 Gde 54,0

76

Para os demais elementos da estrutura seguiram-se os mesmos procedimentos dos exemplos

apresentados. Dessa forma, foram calculados os graus de deterioração de cada elemento

inspecionado e das respectivas famílias. O resumo dos resultados do cálculo dos graus de

deterioração, Gdf , das diversas famílias de elementos da estrutura em questão, com seus

respectivos fatores de relevância, Fr , são apresentados na Tabela 5.8 abaixo, onde também se

apresenta o resultado final do cálculo do grau de deterioração de toda a estrutura , Gd .

Tabela 5.8 - Grau de deterioração da estrutura - ENC - FT

Família de elementos Gdf Fr Gdf x Fr Viga principal 34,1 5 170,3 Viga secundária 46,1 4 184,6 Laje principal 40,7 4 162,9 Laje secundária 30,1 3 90,2 Pilar 31,6 5 159,0 Total 21 766,0 Gd = 36,5

Os resultados apresentados na Tabela 5.8 indicam que o prédio do Departamento de Engenharia

Civil da Universidade de Brasília, apresenta um grau de deterioração de sua estrutura classificado

como médio, conforme a Tabela 5.4. Tal fato sugere que a estrutura como um todo deve ser

objeto de observações periódicas e a necessidade de intervenção a médio prazo. Entretanto,

conforme visto anteriormente, para determinados elementos é recomendável a intervenção a curto

prazo, ou mesmo imediata, como é o caso da laje L2a, corrigindo-se as infiltrações para

restabelecer sua funcionalidade. Caso sejam tomadas as medidas adequadas, haverá redução

numérica substancial do grau de deterioração dos elementos citados e, conseqüentemente, do grau

da estrutura, passando ao nível aceitável. A metodologia mostrou, portanto, ser consistente para

este estudo de caso .

5.3.3 - Segundo estudo de caso - Edificação residencial pública

A metodologia proposta foi aplicada a um prédio residencial de propriedade da Universidade de

Brasília, destinada a moradia de funcionários e professores, localizado na SQN 107, Bloco H. A

primeira etapa foi também o levantamento das características básicas do edifício. Trata-se de

estrutura em concreto aparente constituída de 6 pavimentos-tipo, pilotis e garagem no subsolo,

77

com aproximadamente 14.000 m2. Foi objeto de inspeção apenas a prumada central da edificação,

situada entre duas juntas de dilatação, com aproximadamente 4670 m2, constituída pelo térreo

(recepção e recreação) e garagem comuns e por 2 apartamentos/andar, com sala, 4 quartos, 2

banheiros, lavabo, cozinha, copa, área de serviço e dependências.

As informações da Prefeitura do Campus da UnB indicaram ter sido a obra licitada e contratada

pela Novacap (Orgão do Governo do D.F.), com a fiscalização da UnB pela Prefeitura

Universitária. O recebimento da obra deu-se em 1970 com a construção a cargo da atual

Construtora Serveng-Civilsan S.A.

Devido à falta de recursos a obra ficou um período paralisada, não se obtendo ao certo o tempo

de paralisação. Não foi possível encontrar os arquivos da obra, tendo os dados sido obtidos

através de entrevistas. No que diz respeito aos projetos, alguns foram extraviados, encontrando-se

na Prefeitura do Campus apenas as cópias de alguns projetos, mesmo estes incompletos.

Também, não se tem registros dos problemas que possam ter ocorrido à época da construção.

Com relação às características da edificação, um dos aspectos que chamou a atenção foi a

utilização de uma laje dupla, a inferior em concreto moldado no local e a superior pré-fabricada,

como solução para a passagem de tubulações hidráulico-sanitárias provenientes das áreas

molhadas, tendo sido usado forro de gesso nos ambientes comuns, como por exemplo quarto e

sala. Em função disto, os problemas de infiltração causados por rompimentos de tubulação são

uma constante na edificação, principalmente no pilotis (térreo).

A segunda etapa da aplicação foi a análise dos projetos de arquitetura e estrutura disponíveis,

para identificação do sistema estrutural. Os elementos da parte da estrutura escolhida para análise

foram identificados e numerados para inspeção. Após esses procedimentos, efetuou-se a inspeção

visual de todos os elementos.

A título de demonstração da metodologia são apresentados os procedimentos para avaliação da

deterioração de alguns elementos. Os elementos escolhidos podem ser vistos em fotos do Anexo

C.3. As tabelas ,a seguir, mostram os tipos de matrizes utilizadas e os resultados obtidos. Cabe

observar, que as matrizes são as mesmas referenciadas na aplicação anterior, sendo que no caso

presente trata-se de edificação residencial.

78

a) Elemento laje:

Este exemplo relata a aplicação da metodologia à laje do pilotis (teto do térreo) que recebeu a

identificação L9 (Anexo C). Na inspeção visual foram observados os aspectos seguintes,

importantes para classificação dos danos existentes:

− a concepção do projeto arquitetônico e estrutural desta edificação é um exemplo de como não

se pensava em manutenção estrutural àquela época. A solução adotada para a passagem de

tubulações das áreas molhadas, anteriormente mencionada, ocasiona vazamentos constantes

nas tubulações, cujos reparos são feitos através do piso, por ser mais fácil quebrar a laje pré-

fabricada do que a de concreto estrutural. Em conseqüência das dificuldades na correção dos

vazamentos e pelo fato de sua ocorrência no teto do térreo não interferir em nenhum

apartamento, a recuperação não é executada provocando grandes infiltrações, com danos

preocupantes;

− a estrutura apresenta infiltração generalizada provocando problemas de corrosão de

armaduras em várias peças, algumas com destacamento do concreto, e presença de fissuras

estabilizadas porém com aberturas excessivas.

Conforme pode ser visto na Tabela 5.9, o fator de intensidade máxima (quatro) foi atribuído ao

dano infiltração - necessidade de intervenção urgente, no que diz respeito à durabilidade do

concreto e funcionalidade da estrutura, embora não havendo comprometimento aparente de

ordem estrutural a curto prazo.

O fato de ter ocorrido o dano mencionado, com fator de intensidade crítico, recomendando

intervenção imediata, combinado com outros danos, alguns em estado grave, levou a se obter um

grau de deterioração do elemento, Gde = 80,2 , que o classifica no nível crítico. Este valor de Gde

vem confirmar a necessidade de intervenção imediata no elemento.

79

Tabela 5.9 - Laje

Nome do Elemento L 9 Local SQN 107 / H / pilotis Danos FP Fi D segregação 5 0 eflorescência 3 2 2,4 esfoliação 8 2 6,4 desagregação 7 0 cobrimento deficiente 6 3 24 manchas de corrosão 7 3 28 flechas 10 0 fissuras 10 3 40 carbonatação 7 0 infiltrações 6 4 60 presença de cloretos 10 0 manchas 5 0 Gde 80,2

É importante observar deste exemplo que qualquer dano que ocorra com fator de intensidade ( Fi)

crítico, caso seja associado a outros danos de intensidade média ou alta, levará a um alto valor

para o grau de deterioração do elemento, principalmente em se tratando de danos com fatores de

ponderação ( Fp ) elevados.

b) Elemento viga:

É apresentada a aplicação da metodologia às vigas V1s e V2s localizadas no teto do subsolo,

igualmente apoiadas em cada extremo no mesmo pilar da estrutura da cortina, paralelas e

adjacentes a uma junta de dilatação. Na inspeção, destacou-se o problema da contínua infiltração

na junta de dilatação entre as vigas, devido à lavagem de piso e água de chuva, agravado pela

impermeabilização deficiente. Dessa forma, criou-se um ambiente úmido constante, ocasionando

sérios problemas de corrosão de armadura, chegando a provocar lascamentos do concreto das

vigas;

Conforme mostra a Tabela 5.10, construída para uma das duas vigas citadas, atribuiu-se o valor

máximo para o fator de intensidade Fi = 4, para o dano manchas de corrosão, na realidade

ocorrendo corrosão acentuada da armadura principal. Atribui-se ao dano esfoliação o fator Fi = 3,

em virtude de lascamento do concreto em grande proporções, com exposição das armaduras. Ao

80

dano infiltração atribui-se Fi=2, pela presença de pequenas manchas na superfície inferior da

viga.

A metodologia proposta fornece para este elemento, considerado isoladamente, um grau de

deterioração Gde = 93,3, considerado crítico segundo a Tabela 5.3, recomendando intervenção

imediata, no caso, para recuperar as condições de integridade da peça e evitar o risco de

agravamento do problema, com perda de capacidade portante.

Tabela 5.10 - Viga

Nome do Elemento V 1s Local SQN 107 / H / subsolo Dano Fp Fi D segregação 4 - 0 eflorescência 5 - 0 esfoliação 8 3 32 desagregação 7 - 0 cobrimento deficiente 6 3 24 manchas de corrosão 7 4 70 flechas 10 - 0 fissuras 10 - 0 carbonatação 7 - 0 infiltração 6 2 4,8 presença de cloretos 10 - 0 manchas 5 - 0 Gde 93,3

c) Elemento pilar:

Este exemplo mostra os resultados da inspeção de um pilar do subsolo do prédio em estudo

(Tabela 5.11). O pilar é parte da estrutura da cortina, sustentando as vigas V1s e V2s do teto do

subsolo, adjacentes a uma junta de dilatação, analisadas no (item b). Da inspeção destacou-se,

como problema mais grave, o princípio de esmagamento observado na cabeça do pilar. Pela

concepção estrutural, o pilar é único, isto é, a junta entre as vigas não se estende ao pilar. A

movimentação das vigas da superestrutura, por variações de temperatura, provocou graves danos

na extremidade superior do pilar, com sinais de esmagamento e perda da seção de concreto,

expondo a armadura principal próxima ao nó viga-pilar. O pilar tem seção transversal de

81

dimensões suficientes, numa análise superficial, estando ligado à cortina e suportando apenas as

cargas do piso do térreo, não sendo, provavelmente, o esmagamento devido ao carregamento, mas

sim à abrasão.

Tabela 5.11 - Pilar

Nome do elemento P1s Local SQN 107 / H / subsolo Dano Fp Fi D desvio de geometria 8 - 0 recalque 10 - 0 infiltração na base 6 - 0 segregação 6 - 0 eflorescência 5 - 0 esfoliação 8 - 0 desagregação 7 - 0 sinais de esmagamento 10 4 100 cobrimento deficiente 6 - 0 manchas de corrosão 7 4 70 fissuras 10 - 0 carbonatação 7 - 0 presença de cloretos 10 - 0 manchas 5 - 0 Gde 100

Atribuiu-se ao dano sinais de esmagamento, a intensidade do dano 4 (quatro), o que caracteriza

"estado crítico" (ver Tabela 5.2), diante do intenso lascamento do concreto, com perda relevante

de seção, e exposição da armadura, inclusive com início de flambagem de uma barra da armadura

longitudinal. Com a presença de corrosão acentuada da armadura principal e perda de seção

relevante de uma das barras expostas, atribuiu-se ao dano manchas de corrosão Fi = 4. Com os

resultados da inspeção construiu-se a matriz da Tabela 5.11.

O pilar tem, portanto, um nível de deterioração crítico, conforme a Tabela 5.3, com o grau de

deterioração Gde >80, recomendando intervenção imediata. O caso deste pilar é extremamente

grave, inclusive com risco de colapso localizado, caso medidas urgentes não sejam tomadas.

Para os demais elementos da estrutura seguiram-se os mesmos procedimentos para a classificação

dos danos. Calculou-se então o grau de deterioração dos elementos e respectivas famílias, e da

parte da estrutura analisada. O resumo dos resultados consta da Tabela 5.12.

82

Tabela 5.12 - Grau de deterioração da estrutura - SQN 107 /H

Família de elementos Gdf Fr Gdf x Fr Viga principal 41,6 5 207,9 Viga secundária 40,2 4 160,8 Laje principal 35,4 4 141,6 Laje secundária 20,8 3 62,4 Pilar 70,6 5 353,2 Reservatório superior 34,6 2 69,2 Total 23 995,1 Gd = 43,3

Os resultados apresentados na Tabela 5.12, indicam para o prédio da SQN 107 Bloco H um grau

de deterioração da estrutura alto, segundo a Tabela 5.4, o que recomenda para a estrutura

observação periódica e necessidade de intervenção em curto prazo. Para determinados elementos,

caso da laje do item a),viga do item b) e pilar do item c), mencionados anteriormente, cujo nível

de deterioração é crítico com Gde ≥ 80 , é recomendável a intervenção imediata para restabelecer

a sua integridade e garantir a segurança e durabilidade. No caso particular do pilar P1s, do item

c), a situação é bastante grave e mais urgente a intervenção.

5.3.4 - Conclusão

Observa-se que das duas edificações inspecionadas, a primeira apresenta grau de deterioração

médio, recomendando intervenção a médio prazo, e a outra alto, intervenção a curto prazo,

Entretanto, alguns elementos isolados, apresentam danos de intensidade máxima e um grau de

deterioração crítico indicando necessidade de intervenção imediata.

Embora as edificações tenham ocupações diferenciadas, têm em comum, a falta completa de

manutenção, proveniente não só da carência de recursos das instituições públicas de ensino, mas

também da ausência de uma conscientização por parte dos setores responsáveis pela manutenção

de edificações públicas, não havendo uma política de manutenção preventiva, mas apenas reparos

quando a situação é crítica. A maioria das manifestações patológicas encontradas nos dois casos

está relacionada à ausência de manutenção das instalações hidráulico-sanitárias e

impermeabilizações.

83

As manifestações patológicas no primeiro estudo de caso, estão em grande parte relacionadas à

concepção adotada no projeto arquitetônico da cobertura da edificação, que é altamente suscetível

ao aparecimento de problemas de infiltração. No segundo estudo, o dano apresentado nos pilares

do subsolo, descritos na letra c) do item 5.3.3, caracterizam erro de concepção do projeto

estrutural, devido à ausência de juntas de dilatação nos pilares.

A metodologia aplicada nos dois estudos de casos, após várias etapas de aferição e ajustes na

formulação proposta, apresentou bons resultados e mostrou-se consistente, pois as conclusões

obtidas refletiram o estado de deterioração em que se encontram as estruturas, com

recomendações técnicas que podem ser facilmente constatadas por profissionais da área de reparo

estrutural.

Pelos resultados apresentados, embora ressaltando que um número maior de aplicações é

necessário para melhor ajustar a formulação e os parâmetros empregados, a metodologia mostrou

ser de utilidade prática na elaboração de diagnósticos de estruturas, fornecendo dados relevantes

para a avaliação das condições estruturais e indicando diretrizes sobre as decisões a tomar.

84

6 - CONCLUSÕES

6.1 - INTRODUÇÃO

A ocorrência de deterioração em estruturas de concreto armado, que há não muito tempo se

acreditava pudessem durar ilimitadamente, levou à adoção pelas normas mais recentes dos

conceito de durabilidade e vida útil, a partir das fases de concepção e projeto, como também ao

reconhecimento da necessidade de manutenção preventiva da estrutura como forma de garantir

um padrão aceitável para a edificação ao longo de sua vida útil prevista.

Este trabalho teve como objetivo principal o desenvolvimento de uma metodologia para a

manutenção de estruturas de concreto armado de edificações usuais, procurando preencher uma

lacuna existente, não só nas práticas correntes dos usuários das edificações e do meio técnico

envolvido com a tecnologia e indústria da construção, como nas próprias normas brasileiras.

A pesquisa parte da identificação das manifestações de defeitos mais encontradas nas estruturas

de concreto armado de edificações usuais e busca estabelecer procedimentos de inspeção e

avaliação das estruturas, através da determinação de graus de deterioração da estrutura e de seus

elementos isolados, com o intuito de subsidiar planos de manutenção das estruturas ao longo do

tempo.

6.2 - SOBRE A IMPORTÂNCIA DA MANUTENÇÃO ESTRUTURAL

Apesar do grande desenvolvimento de métodos de cálculo e técnicas construtivas que permitiram

projetos de estruturas mais esbeltas em concreto armado, apresentando desempenho aceitável ao

longo do tempo, não são menos evidentes as manifestações de deterioração em estruturas, cada

vez mais numerosas à medida que as construções de concreto armado vão envelhecendo.

As estruturas de concreto armado sofrem, além das ações mecânicas impostas, as ações de

agentes físicos, químicos e biológicos, que vão contribuir para a deterioração do concreto e das

armaduras ao longo do tempo. É essencial considerar corretamente, ainda na fase de projeto,

85

todos os conjuntos de ações que possam atuar durante a vida útil prevista bem como planejar as

estratégias para a manutenção preventiva da estrutura.

Nesse sentido, as normas e códigos recentes sobre projeto e execução de estruturas de concreto

vêm dedicando capítulos específicos ao assunto. Este é o caso do Código Modelo MC-90, do

CEB-FIP (1991). O texto base para revisão da NB-1/78 (ABNT,1992), proposto para discussão,

acrescenta um capítulo dedicado a durabilidade. No entanto, no que se refere às disposições sobre

programas de manutenção, a norma não apresenta proposta, indicando apenas uma possibilidade

de inclusão em um dos capítulos futuros.

Apesar de cada vez mais clara, para pesquisadores de estruturas de concreto e de tecnologia das

construções, a necessidade da manutenção estrutural como requisito essencial para que as

edificações tenham a durabilidade assegurada, estes conceitos são ainda recentes do ponto de

vista científico, mesmo a nível internacional, devendo ser ainda motivo de extensos estudos e

pesquisas.

6.3 - SOBRE A EVOLUÇÃO DE DEFEITOS NAS CONSTRUÇÕES

O conhecimento sobre a evolução de defeitos nas construções, analisando a causa e/ou causas

coadjuvantes dos mesmos, é importante fonte de ensinamento para a Engenharia, no sentido de

possibilitar sua correção e evitar sua reprodução futura.

A análise de pesquisas realizadas na Europa registra uma tendência crescente de aumento da

ocorrência de falhas no projeto, no controle da qualidade dos materiais e na utilização da

edificação, e uma tendência nitidamente decrescente para os defeitos provenientes de falhas de

execução. Registra-se ainda, que os problemas originados por ações químicas tendem a crescer de

forma relevante, justificando um maior rigor na execução, no controle de qualidade dos materiais,

e nos aspectos relativos à utilização e manutenção das edificações. No Brasil, no entanto, apesar

de precários os dados disponíveis, a tendência se modifica, sendo a execução deficiente a causa

principal das manifestações de defeitos.

Uma análise da metodologia adotada na maioria das pesquisas sobre defeitos em estruturas

86

mostra uma preocupação acentuada com a qualidade das obras e causas de danos, observando-se,

no entanto, que a manutenção recebe pouco destaque como responsável pela durabilidade

estrutural. Algumas vezes, sequer foi considerada como causa de problemas patológicos, ficando

mascarada no item utilização, ocupação ou uso/manutenção. Mais recentemente, entretanto, a

manutenção vem merecendo maior atenção, inclusive pela constatação que muitos dos problemas

estruturais registrados como erros de projeto ou de execução estão, na realidade, associados à não

previsão de manutenção. Tal fato foi relatado em pesquisas desta natureza na Região Amazônica

(Aranha & Dal Molin, 1994) e no Distrito Federal (Campos & Valério, 1994), onde se ressalta a

ausência de manutenção preventiva como causa importante na deterioração precoce das

edificações.

6.4 - SOBRE AS METODOLOGIAS DE MANUTENÇÃO DISPONÍVEIS

Embora crescente o reconhecimento da importância da manutenção na durabilidade estrutural,

são ainda insuficientes, mesmo nos países desenvolvidos, as disposições normativas sobre

programas de manutenção. Atenção crescente tem sido dedicada à durabilidade como objetivo no

projeto e execução sem, no entanto, estabelecer critérios objetivos para manutenção. Algumas

entidades públicas e privadas vêm desenvolvendo metodologias de manutenção para atender às

suas demandas específicas, como no caso de barragens e obras de arte, havendo entretanto uma

lacuna importante no que se refere às edificações usuais.

Vale mencionar a metodologia para manutenção de estruturas de concreto armado e protendido

recomendada pela FIP (1988), abrangente e de simples aplicação, estabelecendo intervalos para

inspeção estrutural de edificações, baseada numa classificação das estruturas, segundo as

conseqüências de um eventual colapso ou retirada de funcionamento, e das condições ambientes e

natureza das cargas.

Constata-se das poucas recomendações existentes em normas, a ausência de critérios e

parâmetros para a manutenção que permitam classificar, objetivamente, o nível de deterioração

de uma estrutura, de forma a identificar uma eventual necessidade de intervenção e o momento

mais adequado. Neste sentido, merece destaque a metodologia proposta por Klein et alli (1991),

direcionada para a quantificação do nível de danos de estruturas de pontes e viadutos, visando o

87

estabelecimento de estratégias de manutenção. No entanto, devido às especificidades da tipologia

das estruturas de obras de arte, a metodologia não se mostrou adequada para aplicação direta em

estruturas de edificações usuais.

6.5 - SOBRE A METODOLOGIA PROPOSTA

A metodologia desenvolvida no presente trabalho tem por objetivo verificar o desempenho de

estruturas de concreto de edificações usuais, nos aspectos de segurança, funcionalidade e estética,

através da quantificação de um nível de deterioração, com base nos dados coletados através de

um caderno de inspeção, aplicado por profissional da área.

A metodologia baseia-se na formulação proposta de Klein et alli (1991), descrita no ítem 4.1.2,

modificada e ampliada através de uma analogia com o modelo desenvolvido por Tuutti (1982)

para corrosão de armaduras, generalizado pelo Código Modelo MC-90 do CEB-FIP (1991) aos

demais tipos de degradação das estruturas. Segundo este modelo, a deterioração se desenvolve

em duas etapas distintas, iniciação e propagação dos danos. Na fase de iniciação, os danos são

imperceptíveis, a velocidade de degradação é lenta e não representa comprometimento para a

vida útil. Na propagação, a existência de fatores acelerantes do processo de deterioração leva ao

aumento da velocidade de degradação podendo, mesmo, comprometer a capacidade portante da

estrutura.

A estrutura é dividida em "famílias" de elementos, montando-se para cada elemento uma matriz

de desempenho, onde constam os "fatores de ponderação" relativos a cada dano típico do

elemento. São atribuídos pelos profissionais responsáveis, segundo critérios pré-estabelecidos em

um Caderno de Inspeção, os "fatores de intensidade" dos danos. Calculado o grau do dano,

determina-se, para cada elemento, um grau de deterioração individual, os resultantes graus de

deterioração das famílias de elementos e, finalmente, o grau de deterioração da estrutura.

Definidos valores limites para os graus de deterioração do elemento e da estrutura, classifica-se

seu nível de deterioração em baixo, médio, alto e crítico, sendo recomendadas as medidas

cabíveis a cada nível, podendo-se, então, definir a necessidade e urgência de intervenção na

estrutura e nos elementos isolados, de forma a interromper ou minimizar a evolução dos danos

88

mais significativos, considerando-se os aspectos de segurança, funcionalidade e estética da

edificação.

A metodologia, após várias etapas de aferição, foi aplicada às estruturas de duas edificações de

propriedade da UnB, uma escolar e a outra residencial, apresentando bons resultados, pois as

conclusões obtidas refletiram o estado de deterioração das estruturas, com conclusões que podem

ser facilmente referendadas por profissionais da área de reparo. As principais considerações são

abaixo apresentadas:

a) Aplicação da metodologia a uma edificação escolar:

− A estrutura inspecionada obteve um nível de deterioração classificado como médio;

− Para esta classificação, a metodologia recomenda que a estrutura deve ser objeto de

observações periódicas com a necessidade de intervenção a médio prazo;

− Para algumas lajes da estrutura recomenda-se a intervenção a curto prazo, em vista de seu

grau de deterioração ter sido classificado como alto. Cabe ressaltar, entretanto, que o

dano mais grave detectado nessas lajes foi a infiltração generalizada, comprometendo a

funcionalidade sem risco de curto prazo à integridade estrutural. O reparo desse dano e

suas conseqüências é o fator primordial para restabelecer a estética e funcionalidade e

garantir a durabilidade da estrutura.

b) Aplicação da metodologia a uma edificação residencial:

− A estrutura inspecionada obteve um nível de deterioração classificado como alto;

− Para esta classificação, a metodologia recomenda que a estrutura como um todo deve ser

objeto de observações periódicas minuciosas, com a necessidade de intervenção a curto

prazo;

− Para algumas lajes, vigas e pilares analisados o nível de deterioração foi classificado

como crítico, recomendando-se intervenção imediata para restabelecer a segurança e a

durabilidade.

Embora as edificações tenham ocupações diferenciadas, têm como característica comum a

ausência completa de manutenção, proveniente da carência de recursos das instituições públicas

de ensino e da ausência de política de manutenção preventiva por parte dos setores responsáveis

pela manutenção das edificações.

89

E ressaltando o número limitado de aplicações e a necessidade de mais testes para ajustar a

formulação e os parâmetros empregados, pode-se concluir dos resultados das aplicações que a

metodologia demonstrou utilidade prática na avaliação do desempenho de estruturas de concreto

armado de edificações usuais, fornecendo dados relevantes sobre o nível de deterioração e

indicando diretrizes sobre as medidas a se adotar.

6.6 - SUGESTÃO PARA TRABALHOS POSTERIORES

São apresentadas, a seguir, algumas sugestões para pesquisas que poderão dar seqüência a este

trabalho.

a) Elaboração de planos de amostragem tendo como finalidade selecionar amostras

representativas dentro das diversas famílias de elementos estruturais, para a aplicação da

metodologia a casos onde não seja viável a inspeção de todos os componentes da estrutura.

b) Estender a metodologia para a avaliação do desempenho de elementos não estruturais, tais

como paredes divisórias, fachadas, esquadrias, não contemplados neste trabalho.

Considerando que muitas estruturas de concreto armado são revestidas, de difícil inspeção,

pode-se, através da análise do comportamento de elementos não estruturais, buscar

informações que auxiliem na avaliação do desempenho da estrutura.

c) Aplicação da metodologia a outras estruturas cuja tipologia permita estabelecer parâmetros

para determinar o grau do dano nos elementos e o nível de deterioração da estrutura. Este é,

por exemplo, o caso das estruturas de argamassa armada, de larga utilização pela

administração pública, principalmente em edificações escolares, onde uma metodologia

simples e objetiva para programas de manutenção estrutural contribuiria enormemente para o

aumento de durabilidade, podendo resultar em economia de grande volume de recursos com

intervenções realizadas de forma racional, ou seja, planejadas adequadamente e não apenas

quando a situação se apresenta crítica.

d) Utilização desta Metodologia por outros pesquisadores a fim de aumentar a consolidação da

mesma.

90

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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94

ANEXO A Universidade de Brasília Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia Civil Mestrado em Estruturas

Caderno de Inspeção

Nome da edificação: Localização: Idade: No. de pavimentos:

95

1 - INTRODUÇÃO O presente caderno de inspeção destina-se à implementação de uma metodologia para inspeção de edificações usuais de concreto armado, para auxiliar engenheiros e técnicos da área de manutenção e recuperação de estruturas. O objetivo das inspeções é analisar o desempenho da estrutura nos aspectos de segurança, funcionalidade e estética. Os resultados das vistorias possibilitarão definir as ações necessárias à garantia ou aumento da durabilidade da estrutura. 2 - PARÂMETROS DE INSPEÇÃO 2.1 - NOME DO ELEMENTO: identificar claramente o elemento vistoriado. 2.2 - LOCALIZAÇÃO DO ELEMENTO: ambiente, pav. superior, pav. térreo, etc. 2.3 - TIPOS DE DANOS EM ESTRUTURAS 2.3.1 - CONCEITUAÇÃO: a) Segregação(nichos ou ninhos): deficiência de concretagem, exposição de agregados, devido

a dosagem inadequada, diâmetro máximo característico do agregado graúdo não condizente com as dimensões da peça, lançamento e adensamento inadequados e taxas excessivas de armaduras.

b) Eflorescência: aparecimento de manchas brancas na superfície, proveniente das águas que

penetram no concreto, carregando a cal liberada na hidratação do cimento que é extremamente solúvel em águas, principalmente puras e brandas. Ocorrem freqüentemente nas fissuras em lajes, podendo, com o tempo formar estalactites.

c) Desagregação: fenômeno característico de ataque químico no concreto com perda da

capacidade aglomerante da pasta, causando a separação dos agregados. d) Esfoliação: ocorrência de lascas que se destacam do concreto por vários motivos, como por

exemplo: proveniente de choques, por corrosão da armadura, por pressão ou expansão no interior do concreto, etc.

e) Carbonatação: o dióxido de carbono, CO2, presente no ar penetra através da rede de poros do

concreto e reage com os constituintes alcalinos da pastas de cimento, principalmente com o hidróxido de cálcio. A carbonatação da cal reduz o pH da fase aquosa do concreto e provoca a despassivação das armaduras. Pode ser detectada por meio de um ensaio simples, através da utilização da fenolftaleína com indicador. A parte do concreto fica incolor (pH < 8,5) e a parte não carbonatada permanece vermelho-carmim.

f) Fissuração inaceitável:

NB-1/78 - considera-se que a fissuração é nociva quando a abertura das fissuras na superfície

96

do concreto ultrapassa os seguintes valores: 1) 0,1 mm para peças não protegidas, em meio agressivo; 2) 0,2 mm para peças não protegidas, em meio não agressivo; 3) 0,3 mm para peças protegidas.

g) Flechas excessivas: NB-1/78, considera que: 1) as flechas medidas a partir do plano que contém os apoios, quando atuarem todas as ações,

não ultrapassarão 1/300 do vão teórico, exceto no caso de balanços para os quais não ultrapassarão 1/500 do seu comprimento teórico;

2) o deslocamento causado pelas cargas acidentais não será superior a 1/500 do vão teórico e 1/250 do comprimento teórico dos balanços.

h) Deficiências de cobrimento

NB-1/78, considera que: qualquer barra da armadura, inclusive de distribuição, de montagem e estribos, deve ter cobrimento de concreto pelo menos igual ao seu diâmetro, mas não menor que: 1) para concreto revestido com argamassa de espessura mínima de....................................1 cm;

- em lajes no interior de edifícios...................................................................................0,5 cm - em paredes no interior de edifícios..............................................................................1,0 cm - em lajes e paredes ao ar livre.......................................................................................1,5 cm - em vigas, pilares e arcos no interior de edifícios.........................................................1,5 cm - em vigas, pilares e arcos ao ar livre.............................................................................2,0 cm

2) para concreto aparente: - no interior de edifícios.................................................................................................2,0 cm - ao ar livre.....................................................................................................................2,5 cm

3) para concreto em contato com o solo.............................................................................3,0 cm 4) para concreto em meio fortemente agressivo.................................................................4,0 cm

i) Manchas de corrosão: manchas marrom-avermelhadas ou esverdeadas na superfície do

elemento estrutural devido à lixiviação do óxidos de corrosão formado sobre as armaduras. j) Presença de cloretos: devido ao emprego de aditivos a base de cloretos na execução do

concreto, principalmente em concretos pré-moldados ou a penetração de cloretos provenientes do meio ambiente (como por exemplo regiões marítimas), ou contaminação. Como conseqüência podemos ter: fissuras generalizadas sobre a armadura e manchas escurecidas devido a retenção de umidade, criando fungos no concreto.

k) Manchas: devido ao aparecimento de fungos, mofos e etc., por exemplo manchas negras nas

fachadas. l) Infiltração: danos na impermeabilização, deficiência no escoamento de águas pluviais,

vazamento em tubulações. Obs. A umidade que poderá ser encontrada em alguns elementos, não foi considerada como um dano específico para evitar uma superposição de manifestações de danos, pois está sendo considerada na carbonatação, presença de cloretos e infiltração.

97

2.4 - FATOR DE PONDERAÇÃO DO DANO (Fp ) É o fator que visa quantificar a importância relativa de um determinado dano no que se refere às condições gerais de estética, funcionalidade e segurança dos elementos de uma família, tendo em vista as manifestações patológicas passíveis de serem neles detectadas. Para sua definição são estabelecidos os problemas mais relevantes quanto aos aspectos de durabilidade e segurança estrutural. Assim, para cada manifestação patológica, e em função da família de elementos que apresentam o problema, foi estabelecido um grau numa escala de 1 a 10. Uma determinada manifestação patológica pode ter fatores de ponderação diferentes de acordo com as características da família onde o elemento se insere, dependendo das conseqüências que o dano possa acarretar. 2.5 - FATOR DE INTENSIDADE DO DANO (Fi ) Este fator, classifica o nível de gravidade e a evolução de uma manifestação de dano em um determinado elemento, segundo uma escala de 0 a 4, como segue:

- sem lesões Fi = 0 - lesões leves Fi = 1 - lesões toleráveis Fi = 2 - lesões graves Fi = 3 - estado crítico Fi = 4

A Tabela A.1 mostra os vários tipos de danos passíveis de serem encontrados em edificações usuais com uma classificação, onde se identifique o nível de gravidade das lesões e sua intensidade, segundo suas características específicas. 2.6 - GRAU DO DANO (D) O grau do dano será calculado em função do fator de ponderação do dano (Fp ) e o do fator de intensidade do dano (Fi ). Esta função está definida na metodologia da pesquisa e não deverá ser preenchido na inspeção. 3 - MATRIZES DAS FAMÍLIAS DOS ELEMENTOS DE UMA EDIFICAÇÃO A Tabela A.2 mostra os vários tipos de matrizes para as famílias de elementos estruturais mais comuns de edificações usuais, com os danos possíveis e respectivos fatores de ponderação do dano utilizados na pesquisa.

98

Tabela A.1 - Classificação dos danos e fatores de intensidade ( Fi ) Tipos de danos

Fator de intensidade do dano - Tipos de manifestação

segregação

1 - superficial e pouco significativa em relação às dimensões da peça; 2 - significante em relação às dimensões da peça; 3 - profunda em relação às dimensões da peça, com ampla exposição da

armadura; 4 - perda relevante da seção da peça.

eflorescência

1 - início de manifestação; 2 - manchas de pequenas dimensões; 3 - manchas acentuadas, em grandes extensões.

esfoliação

2 - pequenas escamações do concreto; 3 - lascamento, de grandes proporções, com exposição da armadura; 4 - lascamento acentuado com perda relevante de seção.

desagregação

2 - início de manifestação; 3 - manifestações leves; 4 - por perda acentuada de seção e esfarelamento do concreto.

cobrimento

1 - menores que os previstos em norma sem, no entanto, permitir a

localização da armadura; 2 - menor do que o previsto em norma, permitindo a localização da

armadura ou armadura exposta em pequenas extensões; 3 - deficiente com armaduras expostas em extensões significativas.

manchas de corrosão/ corrosão da armadura

2 - manifestações leves; 3 - grandes manchas e/ou fissuras de corrosão; 4 - corrosão acentuada na armadura principal, com perda relevante de

seção. flechas

1 - não perceptíveis a olho nu; 2 - perceptíveis a olho nu, dentro dos limites previstos em norma; 3 - superiores em até 40% às previstas na norma; 4 - excessivas.

recalque

2 - indícios, pelas características de trincas na alvenaria; 3 - recalque estabilizado com fissuras em peças estruturais; 4 - recalque não estabilizado com fissuras em peças estruturais.

fissuras

1 - aberturas menores do que as máximas previstas em norma; 2 - estabilizadas, com abertura até 40% acima dos limites de norma; 3 - aberturas excessivas; estabilizadas; 4 - aberturas excessivas; não estabilizadas.

99

Tabela A.1 - Classificação dos danos e fatores de intensidade ( Fi ) (cont.) Tipos de dano

Fator de intensidade do dano - Tipos de manifestação

carbonatação

1 - localizada, com algumas regiões com pH<9, sem atingir a armadura; 2 - localizada, atingindo a armadura, em ambiente seco; 3 - localizada, atingindo a armadura, em ambiente úmido; 4 - generalizada, atingindo a armadura, em ambiente úmido.

infiltração

1 - indícios de umidade; 2 - pequenas manchas; 3 - grandes manchas; 4 - generalizada.

presença de cloretos

2 - em elementos no interior sem umidade; 3 - em elementos no exterior sem umidade; 4 - em ambientes úmidos.

manchas

2 - manchas escuras de pouca extensão, porém significativas; 3 - manchas escuras em todo o elemento estrutural

sinais de esmagamento

3 - desintegração do concreto na extremidade superior do pilar, causada

por sobrecarga ou movimentação da superestrutura; fissuras diagonais isoladas;

4 - fissuras de cisalhamento bidiagonais, com intenso lascamento (esmagamento) do concreto devido ao cisalhamento e a compressão com perda substancial de seção; deformação residual aparente; exposição e inicio de flambagem de barras da armadura;

desvio de geometria

2 - pilares e cortinas com excentricidade ≤ h/100 ( h = altura) 3 - pilares e cortinas com excentricidade ≥ h/100

junta de dilatação obstruída

2 - perda de elasticidade do material da junta; 3 - presença de material não compressível na junta.

fissuras vizinhas as juntas de dilatação

2 - lajes com início de fissuras adjacentes às juntas; 3 - grande incidência de lajes com fissuras adjacentes às juntas; 4 - idem, com prolongamento das fissuras em vigas e/ou pilares de

suporte. infiltração na base

3 - indícios de vazamento em tubulações enterradas que podem

comprometer as fundações; 4 - vazamentos em tubulações enterradas causando erosão aparente junto

as fundações. deslocamento por empuxo

3 - deslocamento lateral no sentido horizontal, com excentricidade,

porém estável; 4 - deslocamento lateral no sentido horizontal, instável.

100

Tabela A.2 – Famílias de elementos estruturais

Pilares Nome do Elemento Local DANOS Fp Fi D Croqui/Observação desvio de geometria 8 recalque 10 infiltração na base 6 segregação 6 eflorescência 5 esfoliação 8 desagregação 7 sinais de esmagamento 10 cobrimento deficiente 6 manchas de corrosão 7 fissuras 10 carbonatação 7 presença de cloretos 10 manchas 5

Vigas Nome do Elemento Local DANOS Fp Fi D Croqui/Observação segregação 4 eflorescência 5 esfoliação 8 desagregação 7 cobrimento deficiente 6 manchas de corrosão 7 flechas 10 fissuras 10 carbonatação 7 infiltração 6 presença de cloretos 10 manchas 5

101

Tabela A.2 – Famílias de elementos estruturais (cont.)

Laje Nome do Elemento Local DANOS Fp Fi D Croqui/Observação segregação 5 eflorescência 3 esfoliação 8 desagregação 7 cobrimemto deficiente 6 manchas de corrosão 7 flechas 10 fissuras 10 carbonatação 7 infiltração 6 presença de cloretos 10 manchas 5

Escadas / Rampas Nome do Elemento Local DANOS Fp Fi D Croqui/Observação segregação 4 eflorescência 5 esfoliação 8 desagregação 7 cobrimento definitivo 6 manchas de corrosão 7 flechas 10 fissuras 10 carbonatação 7 infiltração 6 presença de cloretos 10 manchas 5

102

Tabela A.2 – Famílias de elementos estruturais (cont.)

Cortinas Nome do Elemento Local DANOS Fp Fi D Croqui/Observação sinais de esmagamento 10 desvio de geometria 6 infiltração 6 segregação 5 eflorescência 5 esfoliação 8 desagregação 7 deslocam. por empuxo 10 cobrimento deficiente 6 manchas de corrosão 7 fissuras 10 carbonatação 7 presença de cloretos 10 manchas 5

Reservatório superior e inferior Nome do Elemento Local DANOS Fp Fi D Croqui/Observação imperm. danificada 8 vazamento 10 segregação 5 eflorescência 7 esfoliação 10 desagregação 7 cobrimento deficiente 7 manchas de corrosão 9 fissuras 10 carbonatação 7 presença de cloretos 10

103

Tabela A.2 – Famílias de elementos estruturais (cont.)

Blocos Nome do Elemento Local DANOS Fp Fi D Croqui/Observação recalque 10 infiltração na base 6 segregação 6 eflorescência 5 esfoliação 8 desagregação 7 cobrimento deficiente 6 manchas de corrosão 7 fissuras 10 carbonatação 7 presença de cloretos 10

Juntas de dilatação Nome do Elemento Local DANOS Fp Fi D Croqui/Observação infiltração 10 fissura vizinha à junta 10 junta obstruída 8

Elemento de composição arquitetônica Nome do Elemento Local DANOS Fp Fi D Croqui/Observação segregação 4 eflorescência 4 esfoliação 8 desagregação 7 cobrimento deficiente 6 manchas de corrosão 7 fissuras 8 ligação à estrutura 10 carbonatação 7 presença de cloretos 10

104

ANEXO B - PRIMEIRO ESTUDO DE CASO - EDIFICAÇÃO ESCOLAR

PÚBLICA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL / FACULDADE DE

TECNOLOGIA ( ENC/FT)

ANEXO B.1 - EDIFÍCIO: ENC/FT - CROQUIS DA ESTRUTURA

105

106

107

108

109

110

111

ANEXO B.2 - CÁLCULO DOS GRAUS DE DETERIORAÇÃO DAS FAMÍLIAS DE

ELEMENTOS E DA ESTRUTURA - EDIFÍCIO: ENC/FT

Tabela B.1 – Cálculo do grau de deterioração da família: Pilares

Módulo Pilar Gde Gde>= 15 md1 P17 6,4 0 md1 P8 4 0 md1 P`6 4 0 md1 P`11 6,4 0 md2 P`6 31,6 31,6 md2 P`3 4 0 md2 P`14 4 0 md2 P8 6,4 0 md3 P`20 6,4 0 md3 P18 6,4 0 md4 P17 4 0 md4 P13 6,4 0 md4 P8 5,6 0 md4 P2 4 0 md4 P7 4 0 md5 P`17 6,4 0 md5 P1 6,4 0 md5 P`4 6,4 0 md6 P11 6,4 0 md6 P6 6,4 0 md6 P17 6,4 0 md6 P8 6,4 0 md6 P15 10,93 0 md6 P9 5,6 0 md6 P3 4 0 md6 P10 6,4 0 Total 31,60 n 1,00 Gdf = 31,60

112

Tabela B.2 – Cálculo do grau de deterioração da família: Vigas principais

Módulo Viga Gde Gde>= 15 Módulo Viga Gde Gde>= 15 md1 V8d 8 0 md2 V1d 32,8 32,8 md1 V8c 10,4 0 md3 V5c 32,4 32,4 md1 V10a 32,4 32,4 md3 V1a 4 0 md1 V10b 32,4 32,4 md3 V1b 8,8 0 md1 V1a 7,2 0 md3 V4a 11,9 0 md1 V7c 8 0 md3 V7c 8,8 0 md1 V7d 8 0 md3 V7b 8,8 0 md1 V14 4 0 md3 V7d 5,6 0 md1 V12a 8 0 md3 V4c 7,8 0 md1 V12b 8 0 md3 V4b 8,4 0 md1 V11a 4,8 0 md3 V6b 4 0 md1 V11b 4,8 0 md3 V5a 33,2 33,2 md1 V6a 32,4 32,4 md3 V6c 4 0 md1 V6b 32,4 32,4 md3 V5b 33,2 33,2 md1 V3b 8,8 0 md3 V`5b 8 0 md1 V3d 5,6 0 md3 V`5a 4 0 md1 V4a 5,6 0 md3 V2a 32 32 md1 V4b 32,8 32,8 md3 V2b 12,8 0 md1 V5b 9,6 0 md3 V2c 31,4 31,4 md1 V5a 8,8 0 md3 V14a 12,8 0 md1 V8b 32,13 32,13 md3 V10c 32,4 32,4 md1 V8a 8,4 0 md3 V14b 4 0 md1 V7a 4 0 md3 V10a 33,2 33,2 md2 V3c 33,1 33,1 md3 V10b 5,6 0 md2 V4a 31,4 31,4 md3 V1c 8,8 0 md2 V4b 31,5 31,5 md4 V17 8,8 0 md2 V1c 9,7 0 md4 V16a 32,8 32,8 md2 V6 28 28 md4 V16b 32,8 32,8 md2 V2b 4,8 0 md4 V15c 5,6 0 md2 V3d 45,6 45,6 md4 V15a 6,4 0 md2 V`3d 5,6 0 md4 V9b 5,6 0 md2 V3b 5,6 0 md4 V9c 28 28 md2 V7 5,6 0 md4 V18c 5,6 0 md2 V16b 33,2 33,2 md4 V18d 5,6 0 md2 V2c 32,4 32,4 md4 V18e 5,6 0 md2 V2e 32,8 32,8 md4 V18f 5,6 0 md2 V5a 32,8 32,8 md4 V18a 5,6 0 md2 V1a 5,6 0 md4 V18b 5,6 0 md2 V1b 5,6 0 md4 V19a 4 0 md2 V2a 5,6 0 md4 V19b 4 0 md2 V`11 8 0 md4 V19c 4 0 md2 V10c 6,4 0 md4 V19d 4 0 md2 V10d 6,4 0 md4 V19d 4 0 md2 V9c 32,4 32,4 md4 V15b 10,13 0 md2 V12a 4 0 md4 V13 7,4 0 md2 V11 32,4 32,4 md4 V12 11,4 0

113

Tabela B.2 – Cálculo do grau de deterioração da família: Vigas principais (continuação)

Módulo Viga Gde Gde>= 15 Módulo Viga Gde Gde>= 15 md4 V6b 5,6 0 md6 V14b 32 32 md4 V6c 5,6 0 md6 V14c 32,8 32,8 md4 V4a 5,6 0 md6 V`16c 5,6 0 md4 V4b 5,6 0 md6 V`16a 39,2 39,2 md4 V2b 37 37 md6 V`16b 38,9 38,9 md4 V3b 13 0 md6 V17a 33,6 33,6 md4 V1b 8,8 0 md6 V17b 33,6 33,6 md4 V1a 8,8 0 md6 Vp2 4,6 0 md4 V5a 5,6 0 md6 Vp5 4 0 md4 V5c 10,4 0 md6 V12 43,2 43,2 md4 V2a 37 37 md6 V11 36,6 36,6 md4 V3a 12,8 0 md6 V15a 32,8 32,8 md5 V1a 24 24 md6 V15b 32,8 32,8 md5 V3 32,8 32,8 md6 V15c 32,8 32,8 md5 V2c 10 0 md6 V16a 38,1 38,1 md5 V1c 10 0 md6 V16b 42,2 42,2 md5 V2d 10,2 0 md6 V16c 42,2 42,2 md5 V1d 9,2 0 Total 2145,79 md5 V6 13,2 0 n 63,00 md5 V8 33,2 33,2 Gdf= 34,06 md5 V15 33,6 33,6 md5 V4 33,2 33,2 md5 V9b 33,2 33,2 md5 V10c 33,2 33,2 md5 V13 9 0 md6 V5c 9,6 0 md6 V5b 12,66 0 md6 V17c 33,6 33,6 md6 V5a 8,8 0 md6 V4c 33,2 33,2 md6 V1d 33,86 33,86 md6 V1c 9,6 0 md6 V2b 9,2 0 md6 V1e 33,2 33,2 md6 V3b 10 0 md6 V2c 33,2 33,2 md6 V8b 10,4 0 md6 V8c 32,8 32,8 md6 V9a 11,6 0 md6 V9b 9,2 0 md6 V13a 32,8 32,8 md6 V10a 32,8 32,8 md6 V`14a 42 42 md6 V`14b 42 42 md6 V`14c 42 42 md6 V14a 32 32

114

Tabela B.3 – Cálculo do grau de deterioração da família: Vigas secundárias

Módulo Viga Gde Gde>=15 md1 V1SH1 12 0 md1 V2SH1 32,8 32,8 md1 V1SH2 87,6 87,6 md1 V2SH2 33 33 md1 V1SH3 54 54 md1 V2SH3 48,4 48,4 md1 V1SH4 11,84 0 md1 V2SH4 54 54 md1 V1SH5 54 54 md1 V2SH5 8,8 0 md1 V1SH6 8,26 0 md1 V2SH6 25,4 25,4 md3 V1SH1 50,8 50,8 md3 V2SH1-7 4 0 md3 V1SH2-7 44,8 44,8 md3 V2SH2-7 49,28 49,28 md3 V1SH3-7 50 50 md3 V2SH3-7 11,4 0 md3 V1SH1-9 32,13 32,13 md3 V2SH1-9 34 34 md3 V1SH2-9 56 56 md3 V1SH3-9 8,8 0 md3 V2SH3-9 7,6 0 md3 V1SH1-11 31,6 31,6 md3 V2SH1-11 11,06 0 md3 V1SH2-11 52,26 52,26 md3 V2SH2-11 2,8 0 md3 V1SH3-11 43,8 43,8 md3 V2SH3-11 43,06 43,06 md4 V1SH1-13 9,12 0 md4 V2SH1-13 52,5 52,5 md4 V1SH2-13 44,8 44,8 md4 V2SH2-13 44 44 md4 V1SH3-15 52,5 52,5 md4 V2SH3-15 11,8 0 md4 V1SH1-15 51,46 51,46 md4 V2SH1-15 56 56 md4 V1SH2-15 33,8 33,8 md4 V2SH2-15 33,8 33,8 md4 V1SH3-15 2,8 0 md4 V2SH3-15 2,8 0

Total 1245,79 n 27,00 Gdf= 46,14

115

Tabela B.4 – Cálculo do grau de deterioração da família: Lajes principais

Módulo Laje Gde Gde>= 15 md2 L4 2,4 0 md2 L5 4 0 md2 L1 34 34 md2 L6 4,8 0 md2 L11 4,8 0 md2 L10 76 76 md2 L12 12,26 0 md3 L2a 4,8 0 md3 L2b 24 24 md3 L2c 4,8 0 md3 L5c 8 0 md3 L6a 4 0 md3 L6b 8 0 md3 L5a 40 40 md4 L3a 30,8 30,8 md4 L3b 30,8 30,8 md4 L8 24 24 md4 L2b 66,8 66,8 md4 L2a 66,8 66,8 md4 L3 4,8 0 md4 L5 4,8 0 md4 L2 4,8 0 md4 L7 30,8 30,8 md5 L9 4,8 0 md5 L7 24 24 md6 L8 8 0 md1 L7 8 0 md1 L4 4,8 0

Total 448,00 n 11,00 Gdf= 40,73

116

Tabela B.5 – Cálculo do grau de deterioração da família: Lajes secundárias

Módulo Laje Gde Gde>= 15 Módulo Laje Gde Gde>= 15md1 L8a 32,26 32,26 md3 L8c 29,2 29,2 md1 L8b 32,26 32,26 md3 L`1a 11,8 0 md1 L10a 11,2 0 md3 L`1c 8 0 md1 L10b 43,6 43,6 md3 Lsh1-7 6,4 0 md1 L9a 29,06 29,06 md3 Lsh2-7 34,8 34,8 md1 L9b 29,06 29,06 md3 Lsh3-7 8 0 md1 L10 31,6 31,6 md3 Lsh1-9 10,4 0 md1 L11 4,8 0 md3 Lsh2-9 11,8 0 md1 Lincl 1 10,4 0 md3 Lsh3-9 10,4 0 md1 Lincl 2 5,6 0 md3 Lsh1-11 8,4 0 md1 Lincl 3 7,2 0 md3 Lsh2-11 11,46 0 md1 Lincl 4 7,2 0 md3 Lsh3-11 11,46 0 md1 Lincl 5 7,2 0 md4 L1a 11,3 0 md1 Lincl 6 7,2 0 md4 L1b 11,3 0 md1 Lshed1 11,2 0 md4 Lsh1-13 12,26 0 md1 Lshed2 11,8 0 md4 Lsh2-13 18,13 18,13 md1 Lshed3 17,2 17,2 md4 Lsh3-13 17,8 17,8 md1 Lshed4 35,4 35,4 md4 Lsh1-15 35,4 35,4 md1 Lshed5 35,4 35,4 md4 Lsh2-15 11,8 0 md1 Lshed6 11,2 0 md4 Lsh3-15 11,2 0 md2 L1-A 31,6 31,6 md6 Lincl1 8 0 md3 L1a 13,06 0 md6 Lincl2 8 0 md3 L1b 13,06 0 md6 Lincl3 8 0 md3 L1c 13,06 0 Total 511,17 md3 L8a 29,2 29,2 n 17,00 md3 L8b 29,2 29,2 Gdf= 30,07

Tabela B.6 – Cálculo do grau de deterioração da estrutura

Família Gdf Fr Gdf x Fr

Viga p 34,06 5 170,30

Viga s 46,14 4 184,56

Laje p 40,73 4 162,91

Laje s 30,07 3 90,21

Pilar 31,6 5 158,00

Total 21 765,98

Gd = 36,48

117

ANEXO B3 - FOTOS

Foto B1 – Vista geral – fachada oeste

Foto B2 – Vista geral – fachada norte

118

Foto B3 – ENC/FT – Vista da “laje calha” e “viga 1 do shed 3”

Foto B4 – ENC/FT – Vista da laje “L2a”

119

ANEXO C – SEGUNDO ESTUDO DE CASO - EDIFICAÇÃO

RESIDENCIAL PÚBLICA – EDIFÍCIO: SQN 107/H

ANEXO C.1 – SQN 107 / H - CROQUIS DA ESTRUTURA

120

121

122

ANEXO C.2 - CÁLCULO DOS GRAUS DE DETERIORAÇÃO DAS FAMÍLIAS DE

ELEMENTOS E DA ESTRUTURA - EDIFÍCIO: SQN 107 / H

Tabela C.1 – Cálculo do grau de deterioração da família: Pilares

Número Pilares Gde Gde>= 15 1 P1 4,8 0 2 P15 43,2 43,2 3 P3 4 0 4 P16 8,8 0 5 P2 4 0 6 P17 8,26 0 7 P4 4,8 0 8 P18 7,9 0 9 P7 4 0 10 P19 2,4 0 11 P8 4 0 12 P9 4 0 13 P10 8 0 14 P11 4 0 15 P12 4 0 16 P13 4 0 17 P14 6,13 0 18 P1s 100 100 19 P2s 70 70 20 P3s 70 70 21 P4s 70 70

Total 353,2 n 5 Gdf= 70,64

123

Tabela C.2 – Cálculo do grau de deterioração da família: Vigas principais

Número Vigas Gde Gde>=lim. Número Vigas Gde Gde>=15. 1 V10e-104 4 0 50 V16 7,6 0 2 V10c-104 4 0 51 V2a 23,46 23,46 3 V1f-104 9,4 0 52 V2b 23,46 23,46 4 V1g-104 9,4 0 53 V2c 24,6 24,6 5 V10g-104 8,5 0 54 V2d 32,2 32,2 6 V10h-104 12,4 0 55 V4a 25 25 7 V10a-203 4 0 56 V4b 23,46 23,46 8 V10b-203 4 0 57 V4c 33,06 33,06 9 V10c-203 13,6 0 58 V4d 29,33 29,33 10 V10d-203 13,6 0 59 V28 33,2 33,2 11 V10e-204 8,8 0 60 V15d 58 58 12 V10f-204 8,8 0 61 V15c 24 24 13 Vbh-204 24 24 62 V15b 24,6 24,6 14 v10g-204 12,8 0 63 V15a 24 24 15 V10h-204 12,8 0 64 V14d 36 36 16 V10c-303 26,13 26,13 65 V14c 36 36 17 V10d-303 12,8 0 66 V14b 24 24 18 V10a-303 4 0 67 V14a 24 24 19 V10b-303 4 0 68 V17 12,4 0 20 Vbh-303 2,4 0 69 V18 27,6 27,6 21 V10g-304 12,4 0 70 V19 8,4 0 22 V10h-304 12,4 0 71 V5 9,6 0 23 V26-304 4 0 72 V7 8,53 0 24 V10e-304 12,8 0 73 V10 9,6 0 25 V10f-304 12,8 0 74 V20 7,6 0 26 V1g-304 8,66 0 75 V11 8,4 0 27 V1f-304 8,2 0 76 V13 7,6 0 28 V10e-304 29,2 29,2 77 V21 27,6 27,6 29 V10f-404 29,2 29,2 78 V22 7,6 0 30 V10g-404 30,13 30,13 79 V23 8,4 0 31 V10h-404 30,13 30,13 80 V24 8,53 0 32 Vbh-404 4,8 0 81 V6 24 24 33 V26-404 2,4 0 82 V9 24 24 34 V27b-404 2,4 0 83 V12 8,8 0 35 V1b-403 12 0 84 V25 8,4 0 36 V10a-403 8 0 85 V26 12 0 37 V10b-403 8 0 86 V27 8,4 0 38 V10c-403 8 0 87 V1s 93,3 93,3 39 V10d-403 8 0 88 V2s 93,3 93,3 40 V10a-503 4 0 89 V3s 93,3 93,3 41 V10b-503 4 0 90 V4s 93,3 93,3 42 V10c-503 4 0 91 V5s 93,3 93,3 43 V10d-503 4 0 92 V6s 93,3 93,3 44 V1a-503 6,4 0 93 V7s 93,3 93,3 45 V10f-504 25,2 25,2 94 V8s 93,3 93,3 46 V10e-504 28,8 28,8 Total 1621,96 47 V10h-504 25,6 25,6 n 39 48 V10g-504 25,6 25,6 Gdf = 41,59 49 Vbh-504 8 0

124

Tabela C.3 – Cálculo do grau de deterioração da família: Vigas secundárias

Número Viga Gde Gde>=lim. Número Viga Gde Gde>=lim. 1 V29 45,2 45,2 30 V88 10 0 2 V30 2 0 31 V87 10 0 3 V31 4 0 32 V86 10 0 4 V33 4 0 33 V77 10 0 5 V35 4 0 34 V71 10 0 6 V37 4 0 35 V70 10 0 7 V49 4 0 36 V63 10 0 8 V50 4 0 37 V85 12,4 0 9 V51 4 0 38 V80 12,4 0 10 V52 4 0 39 V79 12,4 0 11 V53 4 0 40 V78 12,4 0 12 V54 4 0 41 V75 12,4 0 13 V32 10 0 42 V84 12,4 0 14 V34 10 0 43 V82 12,4 0 15 V36 10 0 44 V81 12,4 0 16 V38 10 0 45 V76 12,4 0 17 V40 10 0 46 V74 12,4 0 18 V39 4 0 47 V72 12,4 0 19 V41 8,8 0 48 V69 12,4 0 20 V42 35,68 35,68 49 V60 12,4 0 21 V43 35,68 35,68 50 V62 12,4 0 22 V44 20 20 51 V64 12,4 0 23 V45 4 0 52 V65 12,4 0 24 V46 4 0 53 V66 12,4 0 25 V47 4 0 54 V59 12,4 0 26 V48 4 0 55 V58 12,4 0 27 V55 4 0 56 V73 8,2 0 28 V56 50 50 57 V57 44,8 44,8 29 V89 50 50 Total 281,36

n 7

Gdf = 40,19

125

Tabela C.4 – Cálculo do grau de deterioração da família: Lajes principais

Número Laje Gde Gde>= 15 Número Laje Gde Gde>=15 1 L34-104 4,8 0 32 L34-304 4,8 0 2 L25-204 24 24 33 L9-P 80,16 80,16 3 L35-204 4 0 34 L8-P 75,6 75,6 4 L16-303 24 24 35 L7-P 4,8 0 5 L31-304 7,8 0 36 L6-P 28,26 28,26 6 L32-304 29,33 29,33 37 L12-P 8,8 0 7 L33-304 4,8 0 38 L18-P 8,13 0 8 L13-304 4 0 39 L28-P 6,6 0 9 L31-404 4 0 40 L14-P 4,8 0 10 L32-404 4 0 41 L15-P 4,8 0 11 L33-404 8 0 42 L16-P 4,8 0 12 L35-404 4 0 43 L17-P 50 50 13 L32-504 8,4 0 44 L19-P 4 0 14 L31-504 28 28 45 L20-P 4 0 15 L34-504 10 0 46 L21-P 4 0 16 L21-504 10 0 47 L22-P 11,06 0 17 L6-504 4 0 48 L24-P 4,8 0 18 L35-504 11,8 0 49 L25-P 4,8 0 19 L33-504 4,8 0 50 L26-P 4,8 0 20 L34-504 8 0 51 L27-P 4,8 0 21 L1-603 4,8 0 52 L29-P 4,8 0 22 L3A-603 4,8 0 53 L30-P 4,8 0 23 L19-603 4,8 0 54 L31-P 4,8 0 24 L10-603 2,4 0 55 L32-P 4,8 0 25 L4-603 2,4 0 56 L4-P 39,04 39,04 26 L26-603 9,33 0 57 L10-P 36,26 36,26 27 L27-603 9,33 0 58 L13-P 17,8 17,8 28 L28-603 9,33 0 59 L23-P 5,6 0 29 L29-603 9,33 0 60 L2-P 9,6 0 30 L30-603 9,33 0 61 L1-P 10,8 0 31 L16-603 2,4 0 62 L3-P 27,73 27,73

Total 276,16 n 13 Gdf 21,24

126

Tabela C.5 – Cálculo do grau de deterioração da família: Lajes secundárias

Número Laje Gde Gde>= 15 Número Laje Gde Gde>= 15 1 L34 - P 4,8 0 24 L75 - P 4,8 0 2 L37 - P 24,8 24,8 25 L74 - P 4,8 0 3 L38 - P 24,8 24,8 26 L72 - P 4,8 0 4 L39 - P 9 0 27 L71 - P 4,8 0 5 L40 - P 9,86 0 28 L70 - P 4,8 0 6 L41 - P 9,86 0 29 L69 - P 4,8 0 7 L42 - P 9,86 0 30 L63 - P 4,8 0 8 L43 - P 8,1 0 31 L61 - P 4,8 0 9 L44 - P 16,96 16,96 32 L88 - P 10 0 10 L45 - P 16,6 16,6 33 L81 - P 10 0 11 L46 - P 9,86 0 34 L80 - P 10 0 12 L92 - P 4,8 0 35 L73 - P 10 0 13 L91 - P 4,8 0 36 L66 - P 10 0 14 L90 - P 4,8 0 37 L64 - P 10 0 15 L89 - P 4,8 0 38 L62 - P 10 0 16 L86- P 4,8 0 39 L87 - P 9,6 0 17 L85 - P 4,8 0 40 L78 - P 8 0 18 L84 - P 4,8 0 41 L68 - P 8 0 19 L83 - P 4,8 0 42 L67 - P 8 0 20 L 87 -P 4,8 0 43 L65 - P 8 0 21 L79 - P 4,8 0 Total 83,16 22 L78 - P 4,8 0 n 4 23 L76 - P 4,8 0 Gdf= 20,79

Tabela C.6 – Cálculo do grau de deterioração da família: Reservatório superior

Número Reser. Gde Gde>= 151 R1 34,6 34,6

Total 34,6 n 1 Gdf= 34,6

Tabela C.7 – Cálculo do grau de deterioração da estrutura

Tipo Gdf Fr Gdf x Fr Vigas p. 41,59 5 207,94 Vigas s. 40,19 4 160,78 Lajes p. 35,40 4 141,59 Lajes s. 20,79 3 62,37 Pilares 70,64 5 353,20

Reser. s. 34,60 2 69,20 Total 23 995,08 Gd = 43,26

127

ANEXO C3 - FOTOS

Foto C1 – SQN 107 / H – Vista geral – fachada oeste

Foto C2 – SQN 107 / H – Vista da laje “L9”

128

Foto C3 – SQN 107 / H – Vista da junta de dilatação

Foto C4 – SQN 107 / H – Vista do detalhe Pilar “P1s

129

Foto C5 – SQN 107 / H – Vista do detalhe da viga “V1s”

Foto C6 – SQN 107 / H – Vista do interna – junta de dilatação viga - pilar