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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL RODOLFO CARLOS ALVARADO MONTOYA DESENVOLVIMENTO DE ALGORITMO E IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL PARA A ANÁLISE DINÂMICA DE PONTES FERROVIÁRIAS CONSIDERANDO INTERAÇÃO VEÍCULO-ESTRUTURA Belém 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA

CIVIL

RODOLFO CARLOS ALVARADO MONTOYA

DESENVOLVIMENTO DE ALGORITMO E

IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL

PARA A ANÁLISE DINÂMICA DE PONTES

FERROVIÁRIAS CONSIDERANDO INTERAÇÃO

VEÍCULO-ESTRUTURA

Belém

2009

ii

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA

CIVIL

RODOLFO CARLOS ALVARADO MONTOYA

DESENVOLVIMENTO DE ALGORITMO E

IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL

PARA A ANÁLISE DINÂMICA DE PONTES

FERROVIÁRIAS CONSIDERANDO INTERAÇÃO

VEÍCULO-ESTRUTURA

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Engenharia Civil,

como requisito para a obtenção do título

de Mestre em Engenharia Civil.

Orientador: Remo Magalhães de Souza

Belém

2009

iii

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

Biblioteca Central/UFPA, Belém - PA

MOISÉS MESSIAS SÁ DA CUNHA

Montoya, Rodolfo Carlos Alvarado, 1981– Desenvolvimento de algoritmo e implementação computacional para a análise dinâmica de pontes ferroviárias considerando interação veículo-estrutura / Rodolfo Carlos Alvarado Montoya ; orientador, Remo Magalhães de Souza. – 2009.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Pará, Instituto de

Tecnologia, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Belém, 2009.

1. Engenharia de estruturas. 2. Pontes ferroviárias. 3. Dinâmica

estrutural. 4. Análise modal. I. Título.

CDD: 22. ed. 624.17

iv

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA

CIVIL

RODOLFO CARLOS ALVARADO MONTOYA

DESENVOLVIMENTO DE ALGORITMO E

IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL

PARA A ANÁLISE DINÂMICA DE PONTES

FERROVIÁRIOS CONSIDERANDO INTERAÇÃO

VEÍCULO-ESTRUTURA

Aprovado em ..........de ........................de ..............

BANCA EXAMINADORA

______________________________

Prof. Ph.D. Remo Magalhães de Souza

Presidente e Orientador/PPGEC-UFPA

______________________________

Prof. Dra. Regina Augusta Campos Sampaio

Examinardor Interno/PPGEC-UFPA

______________________________

Prof. Dr. Newton Sure Soeiro

Examinardor Externo/PPGEM-UFPA

______________________________

Prof. Dr. Ronaldson José de F. M. Carneiro

Examinardor Interno/PPGEC-UFPA

.

Belém

2009

v

Dedicatória

Aos meus pais Herminia e Rodolfo, à minha

esposa Caroline e aos meus filhos.

vi

Agradecimentos

Ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil pela oportunidade, ao

corpo docente desse programa, em particular ao professor Remo Magalhães de Souza,

meu orientador.

À minha esposa Caroline que é minha força, meu espírito de luta e minha

companheira eterna. Em todo este tempo vencemos, perdemos e nos levantamos juntos,

e apesar de ter passado tantas coisas, teremos que passar tantas mais e onde estivermos

sempre estaremos unidos. Nesta vida cheia de permissões imposta por nós mesmos, não

me permitirei estar sem você mais. Ao Cainã e Caíque, que sempre serão meu motivo

de superação, minha alegria e meu respeito.

À minha mãe Herminia e meu pai Rodolfo que sempre serão meu modelo de

vida a seguir. A Maribel, Claudia, Luciana e Ivan, que compreenderam todas minhas

decisões, ajudaram com informações e sempre esperaram muito de mim. Ao Carlos e

Miguel dos quais absorvi muitos conhecimentos de vida.

À minha sogra Celme, pela ajuda incondicional.

À Vale e o Núcleo de Instrumentação e Computação Aplicado a Engenharia

(NICAE) da Universidade Federal do Pará (UFPA), por permitir-me participar do

desenvolvimento de novas metodologias de avaliação da integridade das pontes na

Estrada de Ferro Carajás.

A CAPES pelo apoio financeiro dispensado para elaboração desta dissertação.

vii

A vida dá o que peço

viii

RESUMO

Rodolfo Montoya. Desenvolvimento de Algoritmo e Implementação

Computacional Para a Análise Dinâmica de Pontes Ferroviários considerando a

interação veículo-estrutura. Belém, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil,

Universidade Federal do Pará, 2009, 134 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia

Civil).

Este trabalho apresenta uma metodologia numérica para a análise estrutural dinâmica de

pontes ferroviárias, considerando a interação entre a estrutura e veículo. Mostram-se

todas as deduções para obter as equações de movimento do veículo, considerando desde

os tipos de veículos mais simples, tais como os representados por cargas concentradas

móveis, até os que representam a interação completa (com consideração de massa,

rigidez e amortecimento do veículo).

Foram desenvolvidas também as equações que descrevem o movimento de todo o

sistema estrutural (estrutura mais veículo) considerando os diferentes tipos de veículos e

as irregularidades da via. Apresentam-se também desenvolvimentos analíticos para

vigas isostáticas baseadas na teoria de Euler-Bernoulli, sujeitas a cargas móveis.

Ademais, é apresentado o método clássico de análise dinâmica para pontes, baseado na

integração temporal dos modos de vibração da estrutura e um método que leva em conta

a interação completa, considerando-se todos os graus de liberdade do modelo estrutural

e do veículo.

São mostrados as implementações computacionais destes modelos, e são elaborados

testes de validação com aplicações em pontes ferroviárias, analisando-se a influência da

interação entre estrutura e veículo, a influência das irregularidades na via, os tempos de

execução para os modelos, a possibilidade de ocorrência de ressonância para veículos

que trafeguem em alta velocidade, e aspectos relativos ao coeficiente de amplificação

dinâmica.

Observa-se que os parâmetros que posuem a maior influência são a massa e o

amortecimento do veículo.

ix

O veículo correspondente à análise que apresentou melhor desempenho (relação entre

precisão e tempo de processamento) foi o modelo simplificado.

Pode-se observar também que as maiores amplificações dinâmicas da estrutura

geralmente são produzidas anteriormente ao instante de saída do veículo, o que pode ser

interpretado como a aplicação de um impacto sobre a estrutura.

Finalmente, apresentam-se algumas considerações sobre o trabalho elaborado e

sugerem-se vários aspectos que poderão ser desenvolvidos no futuro.

Palavras-Chave: Pontes Ferroviárias; Análise dinâmica, Análise modal; Interação

veículo-estrutura.

x

ABSTRACT

Rodolfo Montoya. Algorithm Development and Computer Implementation for

Dynamic Analysis of Railway Bridges Considering Vehicle Structure Interaction.

Belém, Graduate Program in Civil Engineering, Federal University of Pará, 2009. 134

p. Master Thesis (Master’s Degree in Civil Engineering).

This work presents a numerical procedure for dynamic structural analysis of railway

bridges, considering the interaction between structure and vehicle. All derivations

necessary for obtaining the equations of motion of the vehicle are presented,

considering several types of vehicles: from the simplest models, such as those

represented by moving concentrated loads up to those which represent a complete

interaction (considering the mass, stiffness and damping of the vehicle).

The equations that describe the movement of the whole system (structure plus vehicle),

considering different types of vehicle models and irregularities of the track, are also

presented. In addition, analytical solutions for isostatic beams based on the Euler-

Bernoulli theory, subject to moving loads, are also developed. Moreover, this work also

presents the traditional method for dynamic analysis of bridges, based on the temporal

integration of the structure vibration modes, as well as a method which take into

account the complete vehicle-structure interaction, considering all degrees of freedom

of the structural model and vehicle.

The implementations of these computational models are shown, and some validation

tests were performed, with railway bridges, analyzing the influence of the interaction

between structure and vehicle, the influence of irregularities of the line, the execution

time for each model, the possibility of resonance for high speed vehicles, and other

aspects related to the dynamic amplification factor.

Observe that the parameters that most influence are the mass and damping of the

vehicle.

The vehicle that got better results due to the cost-benefit model was simplified.

xi

One can also observe that the larger dynamic amplifications of the structure are usually

produced prior to the instant of exit from the vehicle, which can be interpreted as

applying an impact on the structure.

The calculation methods based on the use of impact coefficient in the current version of

the standard are valid for dimensioning of structures where vehicles travel with speed

relatively low. When the speed is high, this methodology is not acceptable.

Finally some comments are made concerning the work that was developed and possible

future developments are proposed.

Keywords: Railway Bridge; Dynamic Analysis; Modal Analysis; Interaction Vehicle-

Structure.

xii

RESUMEN

Rodolfo Montoya. Desarrollo de Algoritmo e Implementación Computacional

Para el Análisis Dinámico de Puentes Ferroviarios considerando la Interacción

Vehículo-Estructura. Belém, Facultad de Ingeniería Civil, Universidad Federal de Pará,

2009 134 p. Tésis (Maestría en Ingeniería Civil).

Este trabajo muestra uma metodología numérica para el análisis dinámico estructural de

puentes de ferrocarril, teniendo en cuenta la interacción entre la estructura y el

vehículo. Son mostradas todas las deducciones de las ecuaciones de movimiento del

vehículo, teniendo en cuenta los tipos de vehículos desde simples, como los

representados por una carga concentrada móvil, hasta los que representan la interacción

completa (con la consideración de la masa, rigidez y amortiguamiento de vehículo).

También se desarrolló las ecuaciones que describen el movimiento de la estructura,

teniendo en cuenta los tipos de vehículos y las irregularidades de la vía. Son mostrados

os desarrollos analíticos de vigas isostáticas basado en la teoría de Euler-Bernoulli.

Además son mostrados los métodos tradicionales para el análisis dinámico de puentes,

sobre la base de la integración temporal de los modos de vibración de la estructura y

com la integración total de los grados de libertad y el modelo estructural del vehículo.

Se muestra el desarrollo de estos modelos computacionales, en las aplicaciones de

puentes de ferrocarril, analizando la influencia de la interacción entre la estructura y el

vehículo, la influencia de las irregularidades de vía, los tiempos de ejecución para los

modelos, las posibilidades de que suceda resonancia para el tráfico de automóviles de

alta velocidad y los aspectos de el coeficiente de impacto.

Observamos que los parámetros que influencian más son la masa y el amortiguamiento

del vehículo.

El vehículo que obtuvimos mejores resultados en función al costo-beneficio fue el

modelo simplificado.

xiii

Se puede observar también que las mayores amplificaciones dinámicas de la estructura

generalmente son producidas anteriormente al instante de la salida del vehículo, lo que

puede ser interpretado como la aplicación de un impacto sobre la estructura.

Finalmente, se presentan algunas consideraciones sobre el trabajo elaborado y se

sujieren vários aspectos que poderan ser desarrollados en el futuro.

Palabras-Clave: Puentes de Ferrocarril; Análisis dinámico, Análisis modal; Interacción

vehículo-estructura.

xiv

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – APRESENTAÇÃO ................................................................................ 1

1.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1

1.2 OBJETIVOS ............................................................................................................. 2

1.3 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 2

1.4 METODOLOGIA ..................................................................................................... 3

1.5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 6

1.6 CONTEÚDO DA DISSERTAÇÃO ....................................................................... 10 CAPÍTULO 2 – ANÁLISE DINÂMICA E MODAL DE ESTRUTURAS

APORTICADAS ............................................................................................................ 12

2.1 FORMULAÇÃO DO ELEMENTO DE VIGA ...................................................... 12

2.2 MATRIZES DO ELEMENTO ............................................................................... 17

2.3 MATRIZES DO ELEMENTO NO SISTEMA GLOBAL ..................................... 19

2.4 MATRIZES DA ESTRUTURA ............................................................................. 21

2.5 ANALISE MODAL................................................................................................ 24 CAPÍTULO 3 – MODELOS PARA A ANÁLISE DA INTERAÇÃO VEÍCULO

ESTRUTURA ................................................................................................................. 28

3.1 PRINCÍPIO DE D’ALEMBERT E AS EQUAÇÕES DE LAGRANGE ............... 28

3.2 MODELOS DO VEÍCULO .................................................................................... 37 3.2.1 Modelos sem interação veículo-estrutura ....................................................... 37 3.2.2 Modelos com interação veículo-estrutura....................................................... 38

3.3 MODELAGEM DAS IRREGULARIDADES DA VIA ........................................ 53 CAPÍTULO 4 – METODOLOGIA DE SOLUÇÃO ...................................................... 55

4.1 SOLUÇÃO EM PROBLEMAS SEM INTERAÇÃO ............................................ 55 4.1.1 Modelo com carregamento pontual ................................................................ 55 4.1.2 Modelo com carregamento distribuído ........................................................... 61

4.2 SOLUÇÃO EM PROBLEMAS COM INTERAÇÃO ........................................... 63

4.3 SOLUÇÃO NUMÉRICA PARA PROBLEMAS COM INTERAÇÃO VEÍCULO-

ESTRUTURA ......................................................................................................... 67 CAPÍTULO 5 – DESENVOLVIMENTO DOS ALGORITMOS COMPUTACIONAIS

........................................................................................................................................ 73

5.1 MÓDULO GERAL PARA ANÁLISE ESTÁTICA .............................................. 73

5.2 MÓDULO PARA A SOLUÇÃO DE VETORES PRÓPRIOS .............................. 81

5.3 MÓDULO PARA A SOLUÇÃO DAS EQUAÇÕES DE MOVIMENTO

CONSIDERANDO A INTERAÇÃO ..................................................................... 93 CAPÍTULO 6 – TESTES DE VALIDAÇÃO DOS ALGORITMOS E EXEMPLOS DE

APLICAÇÃO ............................................................................................................... 103

6.1 TESTES PARA O ALGORITMO DA ANÁLISE ESTÁTICA........................... 103

6.2 TESTES PARA O ALGORITMO DA ANÁLISE MODAL ............................... 104

xv

6.3 TESTES PARA O ALGORITMO DA ANÁLISE DINÂMICA ......................... 106

6.4 EXEMPLO DE APLICAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS .... 115 CAPÍTULO 7 – CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

...................................................................................................................................... 122

xvi

Lista de Figuras

Figura 1-1 - Modelo com carregamento móvel pontual.......................................... 4

Figura 1-2 - Modelo com carregamento móvel distribuído .................................... 5

Figura 1-3 - Modelo com massa pontual................................................................. 5

Figura 1-4 - Modelo com interação simplificada .................................................... 6

Figura 1-5 - Modelos com interação completa tipo I e II ....................................... 6

Figura 2-1 - Barra com carregamentos distribuídos qx e qy ................................. 12

Figura 2-2 - Elemento com carregamento qx e elemento com carregamento qy .. 12

Figura 2-3 - Deslocamentos para um elemento de barra....................................... 15

Figura 2-4 - Deslocamentos e forças no sistema global e local ............................ 20

Figura 2-5 - Deslocamentos globais na barra e na estrutura ................................. 21

Figura 3-1 - Forças de restrição sobre uma partícula ............................................ 30

Figura 3-2 - Modelo massa-mola-amortecedor ..................................................... 36

Figura 3-3 - Viga simplesmente apoiada com elementos de interação de massa . 39

Figura 3-4 - Modelo de interação simplificado ..................................................... 39

Figura 3-5 - Deslocamentos para um elemento interação simplificado ................ 40

Figura 3-6 - Modelo de interação completa tipo I................................................. 42

Figura 3-7 - Descrição da parte inferior do modelo .............................................. 42

Figura 3-8 - Deslocamentos para um elemento interação completa tipo I ............ 43

Figura 3-9 - Modelo de interação completa tipo II ............................................... 46

Figura 3-10 - Descrição truque traseiro e dianteiro do modelo completo tipo II .. 46

Figura 3-11 - Deslocamentos para um elemento interação completa tipo II ........ 47

Figura 3-12 – Modelo considerado para as irregularidades de via ....................... 54

Figura 4-1 - Viga simplesmente apoiada com carregamento pontual ................... 56

Figura 4-2 - Viga simplesmente apoiada com carregamento distribuído ............. 62

Figura 4-3 - Elemento Bernoulli com interação .................................................... 67

xvii

Figura 4-4 - Casos de veículos sobre estrutura ..................................................... 69

Figura 6-1 - Introdução de dados ........................................................................ 104

Figura 6-2 - Modos de vibração de uma viga simplesmente apoiada ................. 105

Figura 6-3 - Modos de vibração de um pórtico plano ......................................... 106

Figura 6-4 – Análise dinâmica de um problema com um grau de liberdade, com

passo de tempo de 0.1 segundo ........................................................................... 107

Figura 6-5 - Análise dinâmica de um problema com um grau de liberdade, com

passo de tempo de 0,01 segundo ......................................................................... 107

Figura 6-6 – Viga com carga móvel, sem amortecimento, com passo de tempo de

0,1 segundo ......................................................................................................... 108

Figura 6-7 - Viga com carga móvel, sem amortecimento, com passo de tempo de

0,01 segundo ....................................................................................................... 108

Figura 6-8 - Viga com carga móvel, com amortecimento, com passo de tempo de

0,1 segundo ......................................................................................................... 109

Figura 6-9 - Viga com carga móvel, com amortecimento, com passo de tempo de

0,01 segundo ....................................................................................................... 109

Figura 6-10 - Análise pseudo-estático e resposta para carregamento fora da ponte

............................................................................................................................. 110

Figura 6-11 - Trem Eurostar 373,1 v=255 km/h ................................................. 110

Figura 6-12 - Deslocamentos no meio do vão para uma velocidade de 53 m/s,

utilizando um modelo de carregamento pontual ................................................. 112

Figura 6-13 - Deslocamentos no meio do vão para uma velocidade de 53 m/s,

utilizando um modelo com interação simplificada ............................................. 112

Figura 6-14 - Tempo de Execução dos Algoritmos ............................................ 113

Figura 6-15 – Espectro de resposta ..................................................................... 114

Figura 6-16 – Espectros de resposta para diferentes variações de tempo ........... 114

Figura 6-17 - Resposta para os Modelos CMC e CMD ...................................... 116

Figura 6-18 - Tempo de Execução dos Algoritmos CMC e CMD ..................... 116

Figura 6-19 - Resposta para os Modelos CMM, MIS e MIC ............................. 117

Figura 6-20 - Tempo de Execução dos Algoritmos CMM, MIS e MIC ............. 117

Figura 6-21 - Resposta para os Modelos CMC e MIS ........................................ 118

xviii

Figura 6-22 - Resposta para os Modelos CMC e MIC2 ..................................... 118

Figura 6-23 - Resposta para os Modelos MIS e MIC2 ....................................... 119

Figura 6-24 - Resposta para os Modelos CMM e MIS ....................................... 119

Figura 6-25 – Influência dos parâmetros na análise............................................ 120

Figura 6-26 – Influência dos gdl na resposta dinâmica....................................... 120

Figura 8-7-1 - Diagrama de corpo livre para elemento interação simplificado .. 125

Figura 8-7-2 - Diagrama de corpo livre do modelo de interação completo tipo I126

Figura 8-7-3 - Diagrama de corpo livre do modelo de interação completa tipo II

............................................................................................................................. 128

xix

Lista de abreviatura, siglas e símbolos.

xq yq Carregamentos distribuídos por unidade de comprimento.

dx Elemento diferencial em x.

, ,r fN M V Esforço normal, momento flexor e esforço cortante.

0( )x Deformação axial no eixo de referência da seção.

( )x Curvatura da seção.

( )ou x Deslocamento longitudinal do eixo de referência da seção.

( )ov x Deslocamento transversal do eixo de referência da seção.

( )xe Vetor de deformações generalizadas da seção.

Operador diferencial.

( )xU Vetor de deslocamentos da seção.

( )xS Vetor de forças internas na seção.

sk Matriz de rigidez da seção.

E Modulo de elasticidade do material.

A Área da seção do elemento.

I Momento de inércia da seção do elemento.

0 1 0 1 2 3, , , , ,a a b b b b Constantes de integração.

X Matriz de variáveis com exponenciais.

L Comprimento da barra.

xx

G Matriz de coeficientes constantes.

c Vetor das constantes a determinar.

d Vetor de deslocamentos nodais do elemento.

( )xN Vetor das funções de forma de elemento.

( )xB Matriz que relaciona as deformações generalizadas da seção

com os deslocamentos nodais do elemento.

( )xU Deslocamentos virtuais.

( )m x Massa por unidade de comprimento do elemento.

( )c x Amortecimento por unidade de comprimento do elemento.

intδW Trabalho virtual interno.

( )xq Vetor contendo as cargas distribuídas na direção x e y.

d Vetor de deslocamentos nodais virtuais.

P Vetor de forças aplicadas nos nós do elemento.

m Matriz de massa consistente.

c Matriz de amortecimento.

k Matriz de rigidez.

tp Vetor de forças nodais do elemento.

gp Forças no sistema global.

xxi

p Forças no sistema local.

R Matriz de rotação.

elH Matriz de incidência cinemática.

g

eld Vetor de deslocamento global.

D Vetor de deslocamento da estrutura.

eln Número de elementos da estrutura.

,i aF F e eF

Forças inerciais, de amortecimento e de deformação

elásticas.

jφ Vetor de deslocamentos nodais.

( )jq t Solução proposta para a equação diferencial de

movimento livre.

j Freqüência circular natural de vibração.

jA e jB Constantes a ser determinadas.

2 Matriz diagonal de freqüências modais elevadas ao

quadrado.

Φ Matriz modal.

Φ̂ Matriz modal com escala modificada.

i Escalar que multiplica à matriz modal.

p Impulso linear da partícula.

im Massa da partícula.

xxii

iv Vetor velocidade da partícula.

ir Deslocamento virtual arbitrário.

dt Diferencial de tempo.

iF Força total que atua sobre cada partícula.

( )aiF Força aplicada.

if Força de restrição.

ir Vetor translação.

,iq t Graus de liberdade e variável de tempo.

jQ Trabalho realizado pela partícula ao deslocar-se como

resultado do cambio da coordenada.

jq Componentes da força generalizada associada com a sua

respectiva coordenada.

T Energia cinética do sistema.

V Energia potencial do sistema.

L Lagrangeano ou energia total do sistema.

R Função dissipativa de Rayleigh.

vJ Energia cinética rotacional.

Velocidade angular.

rT Energia cinética rotacional.

vv rrM ,M Sub-matrizes de massas para veículo e rodas.

xxiii

vv vr rv rrC ,C ,C ,C Sub-matrizes de amortecimento para veículo e rodas.

vv vr rv rrK ,K ,K ,K Sub-matrizes de rigidez para veículo e rodas.

v r v r v ry ,y ,y ,y ,y ,y Vetores deslocamentos, velocidades e acelerações do

veículo e a roda respectivamente.

rm Massa da roda.

vy Deslocamento vertical do centro da gravidade do veículo.

ry Deslocamento vertical da roda.

id Deslocamento generalizado.

vm Massa do veículo suspensa.

1c Constante do amortecimento viscoso para cada roda.

1k Rigidez da suspensão para cada roda.

Rotação da massa suspensa do veículo.

riy Deslocamento vertical para cada roda.

L Distancia entre centro de gravidade da massa suspensa do

veículo e rodas.

1sy Deslocamento vertical do centro de gravidade do truque

traseiro.

1 Rotação do truque traseiro.

2sy Deslocamento vertical do centro de gravidade do truque

dianteiro.

2 Rotação do truque dianteiro.

xxiv

riy Deslocamento vertical de cada roda.

d Distancia entre o centro de gravidade do truque e roda.

siJ Momento de inércia rotacional do truque.

sim Massa suspensa do truque.

py Deslocamentos e rotações dos graus de liberdade da

estrutura.

,q x t Carga distribuída sobre a estrutura.

,x t Variáveis de localização sobre a estrutura e de tempo.

tjY Deslocamentos modais da estrutura.

j x Forma modal da estrutura.

M Número de modos de vibração utilizados para a

aproximação.

ˆim Massa para cada modo de vibração.

ˆik Rigidez para cada modo de vibração.

i Freqüência angular para cada modo de vibração.

Np Numero de cargas sobre a estrutura.

kP Cargas sobre a estrutura.

Função delta de Dirac.

v Velocidade do veículo.

kt Tempo de entrada na estrutura. k kt d v .

xxv

di Freqüência angular amortecida para cada modo.

i Taxa de amortecimento para cada modo.

kq Carga distribuída sobre a área de contato da roda.

H Função Heaviside.

tF( ) Forças de interação entre veículo estrutura.

gvF Forças de gravidade do veículo.

grF Forças de gravidade da roda.

pM Matriz de massas modal.

pC Matriz de amortecimento modal.

pK Matriz de rigidez modal.

A(t) Matriz de interpolação modal.

tvz Deslocamentos e rotações medidos a partir da posição de

equilíbrio.

, ,

, ,

c c bd

bd bt bt

z t t z t

t z t t

Graus de liberdade veículo considerando uma posição de

equilíbrio estático.

v0y Deslocamento estático do veículo.

InteraçãoM Matriz de massa considerando interação.

InteraçãoC Matriz de amortecimento considerando interação.

InteraçãoK Matriz de rigidez considerando interação.

T Matriz de transformação.

xxvi

M Matriz de massa da estrutura.

C Matriz de amortecimento da estrutura.

K Matriz de rigidez da estrutura.

Mv Matriz de massa do veículo.

Cv Matriz de amortecimento do veículo.

Kv Matriz de rigidez do veículo.

Nt Matriz formada por vetores linhas N.

F(t) Forças de interação na estrutura.

Q Matriz que pode ser a massa, amortecimento ou rigidez.

Q = M,C,K .

D(t) Deslocamentos dos graus de liberdade para cada instante

de tempo.

ll lr rl rrk ,k ,k ,k Matrizes particionadas da matriz de rigidez da estrutura.

l ru ,u Deslocamentos dos graus de livres e restritos.

l rP ,P Forças nos graus livres e restritos.

d, l Matrizes diagonal e inferior.

KP Matriz ortogonal.

kif Forças nas molas.

aif Forças nos amortecedores.

If Forças de inércia.

CMC Modelo de carregamento pontual.

xxvii

CMD Modelo de carregamento distribuído.

CMM Modelo de massa pontual.

MIS Modelo de interação simplificado.

MIC1 MIC2 Modelo de interação completa tipo I e tipo II.

PEST Modelo pseudoestático.

1

CAPÍTULO 1

Apresentação

1.1 INTRODUÇÃO

A qualidade dos resultados obtidos pelos métodos numéricos para a análise de

estruturas depende da capacidade de obter as características fundamentais do fenômeno

que estes métodos tentam simular. Idealmente, estes métodos devem apresentar a maior

precisão possível com o menor custo computacional.

Na análise dinâmica de pontes ferroviárias, são vários os fatores determinantes

para a correta simulação do comportamento da estrutura. Em uma visão muito simples,

se pode observar que as pontes ferroviárias são estruturas solicitadas por um veículo

com massa muito grande, o que provoca mudanças consideráveis no comportamento da

estrutura.

Mais especificamente, em pontes isostáticas, os aspectos mais importantes que

devem ser considerados no modelo numérico são (Romero, 2002):

O modelo deve possuir uma adequada representação da rigidez e massa

para cada modo de vibração quando o veículo está sobre a estrutura. Este é

o aspecto predominante na maioria de pontes isostáticas;

Em pontes de vias duplas e em pontes esconsas de via única é importante

a consideração da torção na estrutura;

A dissipação de energia pelo atrito no lastro pode ser importante em

pontes de pequenos comprimentos;

Devem ser consideradas as irregularidades da via, pois elas podem ser

importantes em pontes de pequeno comprimento e com freqüências de

vibração médias e altas.

Os aspectos acima relacionados dizem respeito principalmente à interação

entre ponte e veículo, mas existem outros fatores que não foram enumerados, tais como

reológicos ou sísmicos.

2

1.2 OBJETIVOS

O objetivo geral deste trabalho consiste no desenvolvimento de uma

formulação geral e desenvolvimento de um programa computacional para a análise

dinâmica de pontes ferroviárias considerando a interação entre o veículo e a estrutura.

Os objetivos específicos são:

Expor as diferenças entre diversos modelos de veículo utilizados na

análise dinâmica de pontes e encontrar o modelo mais adequado;

Analisar o comportamento dinâmico de pontes ferroviárias, possibilitando

a verificação de ocorrência de ressonância e quantificação da amplificação

da resposta;

Estudar de uma visão geral os coeficientes de impacto (coeficientes de

amplificação dinâmica) para este tipo de estrutura;

Implementar os algoritmos computacionais para a análise de pontes

ferroviárias, de modo que o programa desenvolvido possa ser usado como

ferramenta na engenharia;

Disponibilizar o programa em um código aberto, com a finalidade que ele

possa ser usado como referência de aprendizagem.

1.3 JUSTIFICATIVA

O avanço do conhecimento sobre o comportamento das pontes ferroviárias é

muito importante para a mineração no Brasil. Além disso, este avanço também é

importante em nível mundial, pois existe a necessidade de se criar mais linhas

ferroviárias para poder contribuir com o desenvolvimento das economias também de

outros países.

As pontes e viadutos são estruturas complexas solicitadas por cargas móveis

que induzem efeitos dinâmicos na estrutura e que é função de vários fatores, tais como:

o tipo e velocidade do veículo; defeitos na via; propriedades dinâmicas do sistema

(freqüências naturais, modos de vibração e taxas de amortecimento) (Sampaio, 2007).

3

Este trabalho é justificado pela necessidade de desenvolver uma metodologia

para a análise de pontes ferroviárias mais precisa, e que garanta a simulação do

comportamento das estruturas de forma mais realista, contribuindo assim para a

segurança e viabilidade econômica dessas obras.

Na atualidade, é muito importante para o projeto de pontes ferroviárias, o

conhecimento da resposta dinâmica da estrutura, em função dos carregamentos móveis

produzidos pelo veículo, os quais podem levar à ocorrência de ressonância,

prejudicando sobremaneira o conforto nos veículos, e até mesmo, colocando em risco a

integridade da estrutura.

Este trabalho foi concebido como atividade de um convênio de cooperação

estabelecido entre a Vale e o Núcleo de Instrumentação e Computação Aplicado à

Engenharia (NICAE) da Universidade Federal do Pará (UFPA), o qual foi iniciado em

junho de 2007, tendo como objetivo o desenvolvimento de uma metodologia para

avaliação da integridade das pontes na Estrada de Ferro Carajás.

1.4 METODOLOGIA

De uma maneira geral, a metodologia proposta nesta dissertação abrange o

desenvolvimento analítico e numérico para a análise dinâmica de pontes ferroviárias

considerando o carregamento móvel associado à passagem de veículos. Este

desenvolvimento é baseado em diversos trabalhos e a partir das quais feitas as deduções

para obter as equações que formulam o problema proposto. Para a dedução das

equações de movimento do veículo utiliza-se como base o princípio de D’Alembert e as

equações de Lagrange. Nas deduções destas equações, não foi considerada nemhuma

interação entre veículos. Para a solução analítica da viga simplesmente apoiada, utiliza-

se uma superposição modal. Em seguida, é mostrada a solução numérica do problema, a

qual é baseada no Método da Rigidez Direta, comumente utilizada em programas de

elementos finitos.

Neste trabalho considera-se o comportamento das pontes de via única com

traçado em tangente, e, portanto, não há a necessidade de se levar em conta os efeitos da

torção no tabuleiro. Os modelos numéricos utilizados são modelos bidimensionais

baseados na viga ideal de Euler-Bernoulli. Não se considerou neste trabalho a influência

da via, na rigidez da ponte, mas isso pode ser incorporado de forma simples nos

4

programas desenvolvidos. Com isso, será possível a modelagem completa do sistema,

considerando a interação Veículo-Pavimento-Estrutura.

No que diz respeito à dissipação de energia, considera-se um amortecimento

viscoso associado a cada modo de vibração.

A diferença entre cada modelo estudado diz respeito ao grau de refinamento

considerado para a representação do veículo. Desta forma, foram considerados seis tipos

de veículos, quais sejam:

Modelo de carregamento pontual: neste modelo, o veículo é representado

como uma série de cargas pontuais de valor constante que trafegam sobre a

ponte a uma velocidade constante. Este modelo não apresenta nenhuma

interação veículo-estrutura, sendo o vetor de carregamento um vetor externo que

varia para cada instante de tempo, de acordo com a movimentação das cargas

transitando a uma velocidade constante sobre a ponte. O modelo é mostrado na

Figura 1-1.

Figura 1-1 - Modelo com carregamento móvel pontual

Modelo de carregamento distribuído: este modelo é semelhante ao anterior,

exceto pelo fato de que se consideram cargas distribuídas sobre certo

comprimento, representando assim o efeito de espraiamento da carga,

proporcionado pela via (trilhos, dormentes, lastro, laje, etc). O modelo é

mostrado na Figura 1-2.

5

Figura 1-2 - Modelo com carregamento móvel distribuído

Modelo com massa pontual: neste modelo, o veículo é representado como uma

série de cargas pontuais com massas de valor constante que trafegam sobre a

ponte a uma velocidade constante. Este modelo apresenta certo grau de interação

veículo-estrutura, já que ele considera a massa do veículo pontualmente

movimentando-se sobre os elementos da estrutura, através de uma interpolação

entre os nós dos elementos para cada instante de tempo. O vetor de

carregamento é um vetor externo obtido a partir do produto da massa pontual

pela aceleração da gravidade. O modelo é mostrado na Figura 1-3.

Figura 1-3 - Modelo com massa pontual

Modelo de interação simplificado: neste modelo, o veículo é representado

como um conjunto de eixos independentes, com cada um associado à posição de

uma roda. Neste tipo de modelo não é considerado o efeito do momento de

inércia de massa do veículo, sendo somente considerado um carregamento

dinâmico pontual. A interação entre a massa, a rigidez e o amortecimento de

cada veículo é obtida a partir das características do veículo, levando-se em conta

o seu sistema de amortecimento. O modelo é mostrado na Figura 1-4.

6

Figura 1-4 - Modelo com interação simplificada

Modelo de interação completa: neste tipo de modelo, o veículo é representado

com uma serie de massas não pontuais conectadas por elementos elásticos

lineares (molas) e dissipadores viscosos, sendo considerado o momento de

inércia de massa de cada veículo. São considerados dois tipos de veículos com

interação completa. Estes modelos são mostrados na Figura 1-5.

Figura 1-5 - Modelos com interação completa tipo I e II

1.5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

No presente estudo, foi desenvolvida uma revisão bibliográfica bastante

ampla, já que o tema da pesquisa é muito importante em nível mundial, e tem

despertado o interesse de diversos pesquisadores.

Esta revisão bibliográfica teve o propósito de estudar o estado da arte no

âmbito da análise dinâmica de pontes ferroviárias, em especial para estruturas

7

simplesmente apoiadas. Analisou-se o comportamento das estruturas isostáticas de via

única, e pontes não consideradas esconsas. As pontes analisadas são solicitadas com

carregamento móvel com a finalidade de obter as respostas para estas solicitações

dinâmicas.

Durante a revisão realizada, houve principalmente o interesse em encontrar

um método simples para avaliar a possibilidade de ressonância em pontes ferroviárias e

permitir uma estimativa teórica de valores mais precisos para os coeficientes de

impacto, de forma a melhor representar a realidade.

A seguir são apresentadas, de forma resumida, algumas das principais

contribuições encontradas na revisão bibliográfica realizada:

Vu-Quoc e Olsson (1989) mostram uma formulação extensa e rigorosa das

equações de movimento do sistema veículo-estrutura, assim como algoritmos eficientes

para sua resolução. O artigo tem várias contribuições originais, das quais cabe destacar

as seguintes: O veículo não circula a uma velocidade constante, mas entra na ponte a

uma velocidade dada e evoluciona livremente de acordo com as leis do movimento;

mostram-se exemplos numéricos nos quais se demonstra que a velocidade do veículo

diminui e que a perda em energia cinemática equivale à energia que retém a viga na sua

vibração livre.

Olsson (1991) mostra a dedução básica do problema da carga móvel, dando

especial ênfase nas hipóteses iniciais e suas implicações. O modelo utilizado é a viga de

Euler-Bernoulli, na qual a relação altura/vão da viga deve ser pequena. Além disso, se

despreza a inércia à rotação na dedução da equação de equilíbrio, supondo-se que os

modos superiores não são excitados significativamente. O autor indica que esta última

hipótese somente é verificada se a velocidade de passo não é excessivamente elevada,

mas não apresenta limites indicativos para a mesma. A solução analítica obtida na

habitual forma de série infinita depende unicamente de fatores adimensionais. Uma das

conclusões importantes é o fato de que quando uma determinada velocidade

adimensional é maior que um, a máxima resposta produz-se quando a carga deixa a

ponte, o que corresponde a um impacto.

Yang et al. (1997) estudaram a vibração de vigas simples submetidas a

veículos de alta velocidade. Os veículos são modelados como a composição dos dois

subsistemas de cargas de roda espaçados em intervalos constantes. Através de uma

8

abordagem analítica, os principais parâmetros que regem a dinâmica das respostas das

vigas são identificados, considerando a carga em movimento. A avaliação do efeito de

inércia dos veículos em movimento é obtida através de simulações numéricas utilizando

o Método de Newmark.

Henchi e Fafard (1999) mostram um método numérico avançado para a

análise dinâmica das pontes. A deformada da estrutura é aproximada mediante uma

combinação de funções de forma trigonométricas e hiperbólicas, e se obtém uma matriz

de rigidez dinâmica que permite a obtenção das freqüências exatas da ponte com um

único elemento.

Frýba (2001) desenvolveu expressões simples para avaliar as velocidades

críticas para a máxima amplitude de deslocamento, momento fletor e aceleração vertical

devido à passagem de um trem de cargas. Para isso, foi utilizado um modelo de cargas

pontuais, e se supôs que a máxima amplitude de deslocamento e aceleração se dá

quando a última carga sai da ponte. Na primeira parte do artigo o autor apresenta um

desenvolvimento clássico do problema da carga móvel, passando posteriormente a

deduzir as expressões simples que finalmente utiliza para formar outros tipos de

critérios.

Romero (2002) apresentou diversos aspectos do comportamento dinâmico de

pontes isostáticas ferroviárias para trens de alta velocidade. Nesta tese, foram estudados

os fatores mais importantes para a predição das respostas dinâmica das pontes, quais

sejam os modos e os modelos de veículos que são considerados. O autor apresentou a

análise de várias tipologias de pontes, realizando principalmente uma investigação sobre

os fenômenos de ressonância, e mostrando a redução das respostas previstas com

modelos de interação. Para que o modelo do veículo seja adequado, este precisa

apresentar certas características importantes, quais sejam:

Ações da gravidade que os veículos exercem sobre a ponte, pois o peso do

veículo corresponde obviamente à principal força variável sobre a

estrutura;

Efeitos inerciais das massas não suspendidas do veículo, que baixam um

pouco a freqüência de vibração da estrutura;

Vibrações nos veículos, que são influenciadas pela presença dos

amortecedores primários;

9

Dissipação de energia nos dissipadores primários e secundários.

Também são mostrados e identificados os fatores que poderiam favorecer uma

diminuição excessiva da força de interação. Neste trabalho, a principal conclusão é a

importância de se ter em conta os fenômenos de ressonância na análise dinâmica de

pontes isostáticas, assim como, a conveniência de se empregar os modelos de interação.

Ju e Lin (2002) investigaram as características da ressonância tridimensional

de pontes de alta velocidade. Pontes de vários vãos simplesmente apoiados foram

consideradas na análise dinâmica por elementos finitos. Os autores concluíram que para

evitar a ressonância, as freqüências do veículo que atua sobre a ponte, e as freqüências

naturais da ponte devem ser tão diferentes quanto possível, especialmente para o

primeiro modo de vibração. Se as duas primeiras freqüências são semelhantes, a

ressonância da ponte pode ser grave. Este estudo indica também que uma adequada

rigidez axial entre apoios simples pode reduzir as vibrações em uma condição de quase

ressonância. A rigidez axial da estrutura e a fricção entre a roda e o trilho devem ser

suficientes para proporcionar essa rigidez axial.

Correa (2003) estudou as vibrações em pontes ferroviárias produzidas pelos

trens utilizados nas vias férreas urbanas no Brasil. Para a modelagem dos veículos

foram apresentados alguns modelos desde carregamento pontual até um sistema massa-

mola-amortecedor com alguns graus de liberdade. Também são mostradas todas as

equações de equilíbrio para um sistema trem-trilhos-estrutura, além de serem analisados

dois tipos de lastros. O trabalho considera alguns tipos de irregularidades geométricas

entre trilho e roda. Finalmente, é avaliado o valor do coeficiente de impacto prescrito na

norma brasileira frente aos obtidos pelos deslocamentos dinâmicos da resposta.

Zhang et al. (2005) estudaram um modelo tridimensional para o cálculo de

pontes tendo em conta a interação veículo-estrutura e as irregularidades da via. As

conclusões mais significativas deste trabalho foram: as forças residuais na integração

são desprezíveis se o tempo adotado é pequeno; os resultados obtidos para o modelo

plano e espacial são muito similares.

Lee et al. (2005) apresentaram um procedimento analítico para deduzir as

equações de movimento para a interação veículo-ponte baseada na formulação de

Lagrange, e investigaram as vibrações e o conforto dentro do veículo. O trabalho é

baseado no método dos elementos finitos para a análise modal usando modelos

10

tridimensionais da ponte. O comportamento dinâmico de uma ponte com interação é

investigado em comparação com os de uma ponte convencional utilizando o método

analítico.

Goicolea (2005) mostra a importância dos fenômenos dinâmicos em pontes

ferroviárias, especialmente os devidos ao tráfego de alta velocidade. Explica-se o

fenômeno de impacto devido a uma carga móvel e ressonância para um trem de cargas.

Também se oferece uma descrição e discussão resumida das características dos diversos

métodos de análise dinâmica, incluindo sua consideração nas atuais normas de ações de

projeto.

Machado e Bernardes (2007) tiveram como principal objetivo o de estudar e

desenvolver um modelo para a análise de pontes com interação veículo-estrutura. O

veículo é modelado como um grupo de massa, amortecedor e mola, conectados aos

elementos. A ponte é reta, possui muitos vãos, eixo contínuo e secção transversal

constante. O sistema veículo-ponte é representado através do método dos elementos

finitos. O foco principal da discussão é a interação entre o veículo e a forma da ponte.

Devido à localização das cargas variáveis que se deslocam continuamente sobre a ponte,

as equações diferenciais que regem o problema tornam-se bastante complicadas. O

acoplamento entre as equações características do veículo e as da ponte é considerado, e

para resolver o problema do acoplamento são aplicados os algoritmos de Newmark.

1.6 CONTEÚDO DA DISSERTAÇÃO

Nesta dissertação o conteúdo foi agrupado da seguinte forma:

No primeiro capítulo apresentam-se uma introdução, os objetivos, as

justificativas, metodologia e uma revisão bibliográfica, onde são mostradas algumas

pesquisas importantes realizadas acerca do tema.

No segundo capítulo é feita uma revisão dos fundamentos básicos para a

análise estática, dinâmica e modal de estruturas aporticadas.

No terceiro capítulo mostram-se as deduções do principio de D’Alembert e as

deduções das equações de Lagrange, para poder desenvolver as equações de movimento

dos veículos.

11

No quarto capítulo mostra-se o desenvolvimento da metodologia que foi

utilizada na análise com ou sem interação veículo-estrutura, utilizando uma

superposição modal e a metodologia numérica empregada.

No quinto capítulo são mostrados os algoritmos de solução que foram

utilizados, para um caso geral de um programa típico de análise estática estrutural com

elementos de barras. Depois é mostrado o algoritmo de Stodola para a solução do

problema de valores próprios e o algoritmo de Newmark para a solução das equações de

equilíbrio no domínio do tempo.

No sexto capítulo são mostrados os testes de comprovação para os algoritmos

propostos, apresentando-se também as respostas dinâmicas de algumas estruturas.

No sétimo capítulo são mostrados às conclusões e sugestões para trabalhos

futuros.

12

CAPÍTULO 2

Análise dinâmica e modal de estruturas aporticadas

Neste capítulo são mostrados os fundamentos teóricos para realização da

análise dinâmica e modal de estruturas aporticadas utilizando aproximações de

elementos finitos para elementos barras.

2.1 FORMULAÇÃO DO ELEMENTO DE VIGA

A Figura 2-1 mostra uma viga de comprimento L, com referência a um

sistema de coordenadas (x,y), submetido a carregamentos distribuídos xq e yq , e um

elemento infinitesimal de comprimento dx.

dx

y

x

L

Figura 2-1 - Barra com carregamentos distribuídos qx e qy

A Figura 2-2 mostra os diagramas de corpo livre do elemento infinitesimal

submetido aos esforços internos e ao carregamento externo

d x d x

N r N r+dN rM f

V

V+dV

M f +dM f

q x

q y

Figura 2-2 - Elemento com carregamento qx e elemento com carregamento qy

13

As equações diferenciais de equilíbrio podem ser obtidas impondo-se que os

somatórios das forças na direção x, na direção y, e momentos em torno do eixo z são

nulos (ver Figura 2-2)

dd d

+ = 0, + = 0, + = 0d d d

frx y

MN Vq q V

x x x (2.1)

onde , ,r fN M V representam o esforço normal, o momento flexor e o esforço cortante,

respectivamente. Para a teoria de Euler-Bernoulli, desprezam-se as deformações

cisalhantes e, por conseguinte, deve-se eliminar o esforço cortante das equações (2.1),

de modo que as equações diferencias de equilíbrio podem ser expressas como

2

2

d ( )d ( )0, - 0

d d

frx y

M xN xq q

x x

(2.2)

A deformação axial 0( )x no eixo de referência da seção, e a curvatura ( )x

podem ser obtidas como

2

2

d ( ) d ( )( ) , ( )

d d

o oo

u x v xx x

x x (2.3)

onde ( )ou x é o deslocamento longitudinal (na direção x) e ( )ov x é o deslocamento

transversal (na direção y) do eixo de referência da seção.

A eq. (2.3) pode ser expressa na forma matricial como

( ) ( )x x e U (2.4)

onde

0( )( )

( )

xx

x

e

(2.5)

é o vetor de deformações generalizadas da seção,

2

2

d0

d

d0

d

x

x

(2.6)

é um operador diferencial, e

14

0

0

( )( )

( )

u xx

v x

U

(2.7)

é o vetor de deslocamentos da seção.

Considerando material linear elástico e seção constante, tem-se a relação entre

esforços e deformações generalizadas da seção

( ) ( )sx xS k e

(2.8)

onde

( )( )

( )

r

f

N xx

M x

S

(2.9)

é o vetor de forças internas na seção, e

0

0

EA

EI

sk (2.10)

é a matriz de rigidez da seção, com E sendo o modulo de elasticidade do material, A

área, e I o momento de inércia da seção.

Substituindo ( ), ( )r fN x M x de (2.8) em (2.2) se obtém

2

2

d d( ) 0, ( ) 0

d do x yEA x q EI x q

x x (2.11)

Substituindo as equações (2.3) em (2.11) e considerando caso particular de

que ( )xq x , ( )yq x sejam zero, chega-se a

22

2 2

d ( ) d ( )d d0, 0

d d d d

o ou x v x

x x x x

(2.12)

As soluções para estes equações diferenciais são funções polinomiais de grau

respectivo ao da equação diferencial correspondente

0 1

2 3

0 1 2 3

( )

( )

o

o

u x a a x

v x b b x b x b x

(2.13)

onde 0 1 0 1 2 3, , , , ,a a b b b b são constantes de integração, a serem definidas mediantes as

condições de contorno.

15

As equações (2.13) podem ser organizadas na forma matricial como

( ) ( )x xU X c (2.14)

onde

2 3

1 0 0 0 0

0 0 1

x

x x x

X (2.15)

0

1

0

1

2

3

a

a

b

b

b

b

c (2.16)

A Figura 2-3 representa as condições de contorno em termos de

deslocamentos.

x

d3

d2

y

d1

(x,y)

d4

d5

d6

Figura 2-3 - Deslocamentos para um elemento de barra

A partir da Figura 2-3 podem-se definir as condições de contorno da seguinte

maneira

1 4 2

5 3 6

(0) , ( ) , (0)

( ) , (0) , ( )

o o o

o o o

u d u L d v d

v L d v d v L d

(2.17)

onde L é o comprimento da barra.

16

Aplicando as condições de contorno, podem-se determinar as relações entre os

coeficientes (constantes) das soluções para as equações diferenciais com os

deslocamentos nodais do elemento

Gc d (2.18)

onde

2 3

2

1 0 0 0 0 0

0 0 1 0 0 0

0 0 0 1 0 0

1 0 0 0 0

0 0 1

0 0 0 1 2 3

L

L L L

L L

G (2.19)

é o vetor das constantes que se deseja determinar, e

1

2

3

4

5

6

d

d

d

d

d

d

d (2.20)

é o vetor de deslocamentos nodais do elemento. Assim, as constantes c podem ser

determinadas como

1c G d (2.21)

Substituindo a eq. (2.21) em (2.14), chega-se a

( ) ( )x xU N d (2.22)

onde

1( ) ( )x x N X G (2.23)

é denominada matriz das funções de forma de elemento, que permite a determinação

dos deslocamentos xU , de um ponto x qualquer a partir dos deslocamentos nodais d

do elemento.

Desenvolvendo a eq. (2.23), obtem-se a matriz de funções de forma do

elemento

17

3 2 2 3 2 3 3 2

3 2 2 2 3 2

1 0 0 0 0

( )2 3 2 3 2

0 1 0

x x

L Lx

x x x x x x x xx

L L L L L L L L

N (2.24)

Substituindo a eq. (2.22) em (2.4), tem-se que

( )x x x e N d B d (2.25)

onde

3 2 2 2 3 3

1 10 0 0 0

( )12 6 4 6 6 12 6 2

0 0

L Lx

x x x x

L L L L L L L L

B (2.26)

é a matriz que relaciona as deformações generalizadas da seção com os deslocamentos

nodais do elemento.

2.2 MATRIZES DO ELEMENTO

As equações de movimento de um sistema de múltiplos graus de liberdade

podem ser estabelecidas a partir do equilíbrio direto das forças associadas a cada grau

de liberdade, ou através do Princípio dos Trabalhos Virtuais (PTV) o qual pode ser

expresso no contexto para um elemento de barra como (Belytschko, 2000)

T T

int

0 0

T T

0

( ) ( ) ( )d ( ) ( ) ( )d

( ) ( )d

L L

L

x m x x x x c x x x W

x x x

U U U U

U q d p

(2.27)

onde

( )xU são os deslocamentos virtuais;

( )m x é a massa por unidade de comprimento do elemento;

( )c x é o amortecimento por unidade de comprimento do elemento;

intδW é o trabalho virtual interno;

( )xq é o vetor contendo as cargas distribuídas na direção x e y;

18

d é o vetor de deslocamentos nodais virtuais;

p é o vetor de forças aplicadas nos nós do elemento.

Podem-se aproximar os deslocamentos virtuais com as mesmas funções de

interpolação ( )xN utilizadas para interpolação dos deslocamentos reais

x x U N d

(2.28)

Assim, podem-se definir as deformações virtuais internas como

( ) ( )x x x x e U N d B d (2.29)

Tem-se que o trabalho virtual interno intδW de um elemento de barra é dado

pelo somatório dos produtos dos esforços reais internos da estrutura multiplicados pelas

respectivas deformações virtuais, como segue

T

int 0 0

0 0

T T

0

( ) ( ) d ( ) ( ) d

( ) ( ) d

L L

r f

L

W N x M x x x x x

x x x

e S

d B S

(2.30)

Considerando o caso particular de seção homogênea e material linear elástico

(ver eqs. (2.8) e (2.10)), chega-se a

T T

int

0

( ) ( ) d

L

W x x x sd B k B d (2.31)

Derivando a eq. (2.22) em relação ao tempo, tem-se que

,x x x x U N d U N d (2.32)

Substituindo as eqs. (2.28), (2.31) e (2.32) em (2.27) chega-se a

T TT

0 0

T T

0 0

( ) d ( ) d

( )d ( )d

L L

L L

s

x m x x x x c x x x

x x x x x x

d N N d N N d

B k B d N q p 0

(2.33)

Considerando que os deslocamentos virtuais nodais Td são arbitrários, tem-

se que

19

T T

0 0

T T

0 0

( ) ( )

( ) ( )

L L

L L

s

x m x x dx x c x x dx

x x dx x x dx

N N d N N d

B k B d N q p

(2.34)

ou de forma mais compacta,

tmd +cd +kd = p (2.35)

onde

T T

0 0

T T

0 0

( ) ( ) ( )d , ( ) ( ) ( )d

( ) d , ( ) ( )d

L L

L L

t

x m x x x x c x x x

x x x x x x

s

m N N c N N

k B K B p N q p

(2.36)

São, respectivamente, a matriz de massa consistente, a matriz de

amortecimento, a matriz de rigidez, e o vetor de forças nodais do elemento (incluindo as

forças nodais equivalentes às cargas distribuídas).

2.3 MATRIZES DO ELEMENTO NO SISTEMA GLOBAL

As matrizes apresentadas na seção anterior foram formuladas em relação a um

sistema de coordenadas cujo eixo x coincide com o eixo da própria viga. Este sistema é

usualmente denominado sistema local de coordenadas, já que cada elemento da

estrutura possui um sistema local auxiliar próprio. Entretanto, considera-se também

outro sistema de coordenadas, denominado sistema global, comum a todos os elementos

da estrutura.

A Figura 2-4 apresenta os sistemas local e global de coordenadas para o

elemento, indicando os deslocamentos nodais em relação a estes dois sistemas:

20

d3,p3

Deslocamentos e forças

locais na barra.

Deslocamentos e forças

globais na barra.

d2,p2

d1,p1

d6,p6

d5,p5

d4,p4

d3,p3

d2,p2

d1,p1

d6,p6

d5,p5

d4,p4

g g

g g g g

g gg g

g g

Figura 2-4 - Deslocamentos e forças no sistema global e local

A partir da Figura 2-4 e empregando relações trigonométricas elementares se

obtém as expressões que relacionam as forças no sistema global gp com as forças no

sistema local p

1 1 2 4 4 5

2 1 2 5 4 5

3 3 6 6

cos - sin , cos - sin

sin cos , sin cos

,

g g

g g

g g

p p p p p p

p p p p p p

p p p p

(2.37)

Na forma matricial pode-se reescrever esta equação (2.37) como

Tgp = R p (2.38)

onde

cos sin 0 0 0 0

sin cos 0 0 0 0

0 0 1 0 0 0

0 0 0 cos sin 0

0 0 0 sin cos 0

0 0 0 0 0 1

R (2.39)

é a matriz que relaciona as forças no sistema global com as forças no sistema local,

chamada matriz de rotação. Pode-se verificar que esta matriz é ortogonal, ou seja,

1 T R R . Da mesma forma, se obtém a seguinte relação para os deslocamentos

Tg gd = R d, d = Rd (2.40)

Derivando-se a segunda das eqs. (2.40) em relação ao tempo, tem-se

21

g gd = Rd , d = Rd (2.41)

Substituindo as eqs (2.40) e (2.41) em (2.35), multiplicando todos os termos

por TR , e considerando a eq. (2.38), chega-se a

g g g g g g g

tm d +c d +k d = p (2.42)

onde

T T T, ,g g gm = R mR c = R cR k = R kR (2.43)

2.4 MATRIZES DA ESTRUTURA

Para poder formar a matriz de massa, amortecimento ou de rigidez da

estrutura deve relacionar-se o vetor de deslocamentos da estrutura e o vetor de

deslocamentos das barras em relação ao sistema global. Para isto devem ser

considerados os graus de liberdade do elemento e da estrutura, conforme exemplificado

na Figura 2-5

d3

Deslocamentos

globais na barraDeslocamentos globais

da Estrutura

d2

d1

d6

d5

d4

D9

D8

D7

D3

D2

D1

Figura 2-5 - Deslocamentos globais na barra e na estrutura

Para poder relacionar os deslocamentos globais da barra com os

deslocamentos da estrutura, pode-se usar uma matriz de incidência cinemática formada

por zeros e uns, que permitem obter o vetor de deslocamentos globais de uma barra a

partir dos deslocamentos da estrutura. A título de ilustração, considerando a barra da

Figura 2-5, a relação entre os graus de liberdade (gdl) da barra e da estrutura é

apresentada na Tabela 2-1.

22

Tabela 2-1 - Relação entre os graus de liberdade da barra e da estrutura

gdl da Barra GDL da Estrutura

1 7

2 8

3 9

4 1

5 2

6 3

Pode-se usar uma matriz de incidência cinemática elH que permite obter o

vetor de deslocamento globais g

eld , de uma barra qualquer el a partir do vetor de

deslocamento D da estrutura

g

el eld = H D (2.44)

de tal modo que o número de linhas da matriz elH é igual ao número de graus de

liberdade da barra, e o numero de colunas é igual ao número de graus de liberdade da

estrutura. Para a barra ilustrada na Figura 2-5, tem-se (ver Tabela 2-1)

g1a1

g2a 2

g3a3

g4a 4

g

a5

gNa 6

D0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0d

D0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0d

D0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0d=

D1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0d

0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0d

D0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0d

(2.45)

Derivando-se a eq. (2.44) em relação ao tempo, obtêm-se as expressões para

as velocidades e acelerações nodais

,g g

el el el eld = H D d = H D (2.46)

Utilizando o Princípio dos Trabalhos Virtuais, tem-se que os trabalhos virtuais

externo e interno são dados por

T T

int

1

,eln

g g

ext el el

el

W W

D P d p (2.47)

onde eln é o número de elementos da estrutura.

23

De acordo com o Princípio dos Trabalhos Virtuais, o trabalho produzido pelo

carregamento externo é igual ao trabalho produzido pelas forças internas, ou seja, os

trabalhos virtuais internos e externos são iguais, intW Wext .

Substituindo a eq. (2.44) na segunda das eqs. (2.47), e igualando os trabalhos,

obtém-se

T T T T T

1 1

nel nelg g

el el el el

el el

D P D H p D H p (2.48)

já que TD independe do índice el no somatório, e sabendo que estes deslocamentos

devem ser arbitrários para que se cumpra a igualdade dos trabalhos virtuais, obtem-se o

vetor de forças nodais da estrutura

T

1

nelg

el el

el

P H p (2.49)

Substituindo as eqs. (2.44) e (2.46) em (2.42), e o resultado em (2.49), chega-

se a equação do movimento para a estrutura como um todo

MD + CD + KD = P (2.50)

onde

T T T

1 1 1

, ,nel nel nel

g g g

el el el el el el el el el

el el el

M H m H C H c H K H k H (2.51)

são, respectivamente, as matrizes de massa, amortecimento e rigidez da estrutura.

Como interpretação física da matriz de rigidez, tem-se que uma componente

ijK corresponde à força que surge no gdl i quando é imposto um deslocamento unitário

no gdl j mantendo-se os demais deslocamentos nulos. Uma interpretação análoga pode

ser feita para as matrizes de amortecimento e de massa, substituindo-se o termo

deslocamento por velocidade e aceleração, respectivamente.

O sistema de equações de equilíbrio dinâmico para um sistema de N graus de

liberdade pode ser escrito de uma maneira mais genérica como

1 1 1 1

2 2 2 2

( )

( )

( )

i a e

i a e

iN aN eN N

F F F P t

F F F P t

F F F P t

(2.52)

24

onde ,i aF F e eF são, respectivamente, as forças inerciais, de amortecimento e de

deformação elásticas. Cada um destes vetores de forças depende das respectivas

variáveis que descrevem o movimento as quais são: o deslocamento, a velocidade e

aceleração em cada grau de liberdade. Estas relações podem ser descritas, de forma

expandida, através das seguintes expressões para um sistema linear

1 11 12 1 1

2 12 22 1 2

1 2

1 11 12 1 1

2 12 22 1 2

1 2

1

2

i N

i N

iN N N NN N

a N

a N

aN N N NN N

e

e

F M M M D

F M M M D

F M M M D

F C C C D

F C C C D

F C C C D

F

F

11 12 1 1

12 22 1 2

1 2

N

N

eN N N NN N

K K K D

K K K D

F K K K D

(2.53)

Introduzindo as equações (2.53) em (2.52) se pode obter o sistema de

equações de equilíbrio dinâmico

11 12 1 11 12 11 1

12 22 1 12 22 12 2

1 2 1 2

11 12 1 1

12 22 1 2

1 2

N N

N N

N N NN N N NNN N

N

N

N N NN N

M M M C C CD D

M M M C C CD D

M M M C C CD D

K K K D

K K K D

K K K D

1

2

( )

( )

( )N

P t

P t

P t

(2.54)

2.5 ANALISE MODAL

O problema da identificação das freqüências de vibração de um determinado

sistema é resolvido com base na análise do movimento de vibrações livres (com

excitação nula) e sem amortecimento. Nestas condições as equações de equilíbrio

dinâmico tomam uma forma mais simplificada (Chopra, 1995).

25

MD + KD 0 (2.55)

Assume-se que a solução desse problema pode ser uma somatória do tipo

(Chopra, 1995)

1

( ) ( )N

j j

j

t q t

D φ (2.56)

onde o vetor jφ não muda no tempo, e o escalar ( )jq t é uma solução proposta para a

equação diferencial mostrada na equação (2.55). A função ( )jq t e sua segunda derivada

têm as seguintes formas, respectivamente

2 2

( ) cos( ) sin( )

( ) cos( ) sin( )

j j j j j

j j j j j j j

q t A t B t

q t A t B t

(2.57)

onde j é a j-ésima freqüência circular natural de vibração, e jA e jB são constantes a

ser determinadas. Substituindo (2.57) em (2.56) e esta em (2.55), chega-se a

2 cos( ) sin( ) 0j j j j j j jA t B t M φ Kφ (2.58)

Considerando que ( ) cos( ) sin( )j j j j jq t A t B t foi definido como uma

solução para a equação (2.55), então,

2 ( ) 0j j j jK q t M φ φ (2.59)

Para este problema têm-se duas possíveis soluções: a primeira é que ( )jq t seja

zero, a qual implica em ausência de movimento, e por isso não pode ser tomada como

uma solução; a segunda solução é que o primeiro termo seja nulo, o qual corresponde a

um problema de valores próprios

2

j j j M φ Kφ (2.60)

ou

2

j j K M φ 0 (2.61)

Para a solução deste tipo de problema, calcula-se o determinante da matriz de

coeficientes, e impõe-se que ele deve ser nulo, para que o sistema tenha solução não

trivial

26

2det 0j K M (2.62)

Quando o determinante é expandido, obtém-se um polinômio de ordem N em

2

j . Esta equação, conhecida como equação característica, tem N raízes reais positivas

para 2

j , porque as matrizes de massa M e de rigidez K são simétricas e positivas

definidas. As soluções podem ser agrupadas em uma matriz diagonal

2

1

2

2 2

2

0 0

0 0

0 0 N

(2.63)

As N raízes correspondem às N freqüências de vibração j . Quando uma

freqüência j é conhecida, a equação característica pode ser resolvida para o

correspondente vetor jφ a menos de uma constante multiplicativa. O problema de

valores próprios não determina o valor absoluto dos vetores jφ , mas apenas a forma do

vetor é dada pelos valores relativos dos N deslocamentos jφ . Em correspondência às N

freqüências de vibração natural jφ de um sistema com N graus de liberdade, existem N

vetores independentes jφ que são designados modos de vibração natural, e que podem

se agrupados em uma matriz, denominada matriz modal

11 12 1N

21 22 2 N

N1 N 2 NN

Φ (2.64)

Em resumo, um sistema vibratório com N graus de liberdade possui: N

freqüências de vibração naturais j (as quais podem ser organizadas em seqüência da

menor para a maior 1 2 ... N ); correspondentes períodos naturais jT ; e modos

naturais j . O termo natural é utilizado para qualificar cada uma destas propriedades de

vibração e para reforçar o fato de que estas são propriedades naturais da estrutura em

vibração livre, e elas dependem apenas das suas propriedades de massa e rigidez. O

índice j indica o número do modo e o primeiro modo (j=1) é também conhecido como o

27

modo fundamental. Uma propriedade importante de Φ é a sua ortogonalidade, com

base na qual se pode estabelecer as seguintes relações

1 1

2 2T T

0 0 0 0

0 0 0 0,

0 0 0 0N N

m k

m k

m k

Φ MΦ Φ KΦ (2.65)

Uma prática bastante comum na análise modal é modificar a escala de Φ de

modo que

T T 2ˆ ˆ ˆ ˆ,Φ MΦ= I Φ KΦ =Ω (2.66)

onde a Φ̂ é uma matriz que corresponde à matriz modal multiplicada por um escalar

denominado i . Esta relação pode ser expressa como ˆ i i iφ φ , onde i altera o

módulo dos vetores modais de modo que as equações (2.66) sejam satisfeitas. Então,

substituindo a matriz modal modificada em (2.66), tem-se

T 2 T 2 1i i i i i i i i im φ M φ φ Mφ (2.67)

onde o valor do escalar i é, finalmente, determinado da seguinte forma

1

iim

(2.68)

28

CAPÍTULO 3

Modelos para a análise da interação veículo-estrutura

Neste capítulo são desenvolvidos os modelos analíticos e numéricos dos

veículos. Foram desenvolvidos seis modelos numéricos diferentes de veículos, sendo

dois sem interação e quatro com interação com a estrutura. Para cada um dos modelos

dos veículos, são desenvolvidas as matrizes de massa, rigidez e amortecimento para as

equações de movimento, a partir das equações de Lagrange.

3.1 PRINCÍPIO DE D’ALEMBERT E AS EQUAÇÕES DE

LAGRANGE

Para uma partícula tem-se a seguinte expressão que relaciona a força que atua

em uma massa em função da sua aceleração (Goldstein, 2002)

d

d

pF p

t (3.1)

onde F é a força e p é o impulso linear da partícula, tendo sido inicialmente

denominado por Isaac Newton como quantidade de movimento (Newton, 1686). O

impulso linear, por sua vez, é dado por

p mv (3.2)

onde m é a massa e v é o vetor velocidade da partícula.

Substituindo (3.2) em (3.1), se obtém a segunda lei de Newton, ou, “Lex

Secunda”, a qual estabelece que “A mudança do movimento é proporcional à ação da

força motriz e se realiza na direção daquela linha reta na qual atua esta força”.

d d d

d d d

p vF mv m

t t t

(3.3)

Entende-se como um deslocamento virtual infinitesimal de um sistema, a

mudança da configuração do sistema como resultado de qualquer mudança infinitesimal

29

de coordenadas arbitrariamente realizado ir

, que são compatíveis com as forças e as

condições de restrições ao qual o sistema encontra-se sujeito em um determinado

instante de tempo t (Goldstein, 2002).

O deslocamento denomina-se virtual para diferenciá-lo de uma mudança

verdadeira do sistema que pode ocorrer em um intervalo de tempo dt , durante o qual as

forças e as condições de restrições podem mudar.

Como premissas, exigir que o sistema esteja em equilíbrio é dizer que a força

total que atua sobre cada partícula desapareça 0iF . Então, logicamente desaparece o

produto escalar i iF r , que representa o trabalho da força iF sobre o deslocamento ir .

Considerando todas as partículas do sistema, tem-se que a soma de todos os respectivos

produtos também deve ser zero

0i i

i

F r (3.4)

Pode-se subdividir a força iF em uma força aplicada ( )a

iF e a força de

restrição if , de modo que

( )a

i i iF F f (3.5)

Substituindo a eq. (3.5) na eq. (3.4), chega-se a eq. (3.6) que representa o

trabalho das forças que atuam sobre as partículas, e o trabalho das forças de restrição

para um deslocamento virtual

( ) 0a

i i i i

i i

F r f r (3.6)

Limita-se o desenvolvimento a seguir, aos sistemas para os quais o trabalho

virtual das forças de restrição é zero.

30

Força de restrição

sobre a partícula.

Partículas obrigada

a movimentar-se em um plano.

Sistema onde ocorre a restrição.

Plano Euclídeo.

Figura 3-1 - Forças de restrição sobre uma partícula

Assim, se uma partícula é obrigada a mover-se em um plano, então a

respectiva força de restrição atua perpendicularmente sobre este plano, mas o

deslocamento virtual se realiza tangencialmente a esta força de restrição. Devido a isto,

o trabalho virtual associado à força de restrição desaparece. Tem-se então, para o

equilíbrio do sistema, a condição de que o trabalho virtual das forças que atuam sobre as

partículas seja nulo

( ) 0a

i i

i

F r (3.7)

A equação (3.7) é denominada com freqüência, como Principio de Trabalho

Virtual (Goldstein, 2002), para um sistema de partículas. Constata-se que a afirmação

de que os coeficientes ir não sejam iguais à zero, é dizer em geral que ( ) 0a

iF . Isto

ocorre porque os deslocamentos virtuais ir não são plenamente independentes, já que

eles devem satisfazer as condições de restrição. Para fazer desaparecer os coeficientes,

deve-se levar esse Princípio de Trabalho Virtual a uma forma que contenha os

deslocamentos virtuais em termos de coordenadas generalizadas, que são independentes

entre si. As equações dos trabalhos virtuais satisfazem esta exigência através da

exclusão das forças if , mas somente para o caso estático. Aplica-se então uma

estratégia que foi primeiramente realizada por Jakob Bernoulli (1654-1705) e logo foi

31

desenvolvida e ampliada por Jean D’Alembert (1717-1783). Pode-se reescrever a

eq.(3.1) para uma partícula, a fim de se obter a equação do movimento

0i iF p

(3.8)

Esta ultima equação considera que a partícula de um sistema encontra-se em

equilíbrio se a força que atua sobre elas é igual à soma da força realmente exercida mais

uma força efetiva contrária ip . De acordo com esta consideração, a dinâmica se reduz

aqui à estática, sendo um dos conceitos mais importante da física. Esta consideração é

aceita quando as forças são aplicadas a uma velocidade relativamente pequena, de tal

forma que a força efetiva contrária ip é zero, e então o sistema não se movimenta pelas

ações dinâmicas. Assim, substituindo a eq. (3.8) na eq. (3.6) e considerando as forças de

restrição tem-se

( ) 0a

i i i i i

i i

F p r f r (3.9)

Outra vez, limita-se o desenvolvimento a seguir, aos sistemas nos quais o

trabalho virtual das forças de restrição desaparece, conforme mostrado por D’Alembert

(1758), em Traité de Dynamique (apud Goldstein, 2002).

( ) 0a

i i i

i

F p r (3.10)

A eq. (3.10) denomina-se Principio de D’Alembert. Portanto, pode-se

interpretar a inércia dos corpos, como a oposição às mudanças de movimento, ou seja,

dito de maneira mais simples, como inércia resistente (oposta). A inércia resistente está

vetorialmente em equilíbrio com a força exterior (D’Alembert, 1758, apud Goldstein,

2002).

Pode-se definir a translação das partículas de um sistema em função aos graus

de liberdade e ao instante de tempo no sistema (Goldstein, 2002)

1 2( , , , , , , )i i j nr r q q q q t (3.11)

onde 1 2, , , , ,j nq q q q são os graus de liberdade do sistema.

Para o cálculo das velocidades pode-se fazer simplesmente uma soma de

velocidades, onde além da velocidade clássica de Newton de uma partícula, contribuem

32

à velocidade final total da partícula cada característica ou propriedade da mesma.

(Goldstein, 2002). Utilizando o principio de superposição da física para j graus de

liberdade tem-se

d

d

ji ii

j j

qr rv

q t t

(3.12)

onde a somatória representa as contribuições das propriedades ou características da

partícula, sujeitas ao tempo, durante uma trajetoria finita temporal como é mostrada na

eq. (3.12). Considerando-se que d ,j jq q são suficientemente pequenos, pode-se

ii j

j j

vv q

q

(3.13)

Analogamente, podem-se desenvolver os deslocamentos virtuais arbitrários

ir como (Goldstein, 2002)

ii j

j j

rr q

q

(3.14)

Considerando que o tempo é a verdadeira variável independente em todo o

sentido da palavra e com a ajuda das coordenadas generalizadas, pode-se escrever o

trabalho da força iF sobre a partícula i, como

,

ii i i j

i i j j

rF r F q

q

(3.15)

Ao comparar os dois tipos de trabalho, o trabalho realizado sobre

deslocamentos das coordenadas generalizadas, e o trabalho realizado pela partícula ao

deslocar-se como resultado da mudança da coordenada, então se denomina jQ as

componentes da força generalizada associada com a sua respectiva coordenada jq

(Goldstein, 2002)

ij i

i j

rQ F

q

(3.16)

Deve-se considerar que as coordenadas jq não devem necessariamente ter a

dimensão de uma longitude e os jQ não devem necessariamente ter as dimensões de

33

uma força, mas o produto de ambas sempre deve ter a dimensão de trabalho.

Substituindo a eq. (3.16) na eq. (3.15), tem-se

i i j j

i j

F r Q q (3.17)

Substituindo a eq. (3.17) na eq. (3.10), tem-se

0j j i i

j i

Q q p r (3.18)

Desenvolvendo a parcela direita da eq. (3.18) e utilizando a eq. (3.2) e

substituindo os deslocamentos virtuais obtidos da eq. (3.14)

ii i i i j

i i j

rp r m r q

q

(3.19)

Aplicando as regras de produto para derivadas na parcela direita da equação

(3.19) tem-se

d d d d

d d d d

d d

d d

i i i ii i i i i i i i

j j j j

i i ii i i i i i

i ij j j

r r r rm r m r m r m r

t q t q t q t q

r r rm r m r m r

q t q t q

(3.20)

Analisando o último termo da eq. (3.20) e fazendo uma analogia com a eq.

(3.13), levando em conta que i iv r (Goldstein, 2002), tem-se

i i

j j

v r

q q

(3.21)

Utilizando o operador d

d t como um multiplicador, se obtém uma relação

muito importante a qual permite relacionar as velocidades com os deslocamentos, com

suas respectivas coordenadas generalizadas

i i

j j

v r

q q

(3.22)

Substituindo a eq. (3.22) na eq. (3.20) e sabendo que d

d

i i

j j

v r

q t q

, obtem-se

34

d

d

i i ii i i i i i

i ij j j

r v vm r m v m v

q t q q

(3.23)

Sabendo que

2

d d d d2

d d d d

d d 1

d d 2

v v vv v v v v

t t t t

vv v

t t

(3.24)

Pode-se fazer um desenvolvimento análogo a este para qualquer tipo de

derivada. Então,

2 2d 1 1

d 2 2

ii i i i i i

i i i ij j j

rm r m v m v

q t q q

(3.25)

Denomina-se T a energia cinética do sistema que depende da massa e

velocidade da partícula.

21

2i i

i

T m v (3.26)

Substituindo (3.26) em (3.25) e multiplicando-se ambos os lados da equação

por jq , chega-se a

d

di i j

i i j j

Tp r T q

t q q

(3.27)

Substituindo (3.27) em (3.18) obtem-se uma vez mais o Princípio de

D’Alembert mostrado em Traité de Dynamique (D’Alembert, 1758, apud Goldstein,

2002).

d0

dj j

j j j

TT Q q

t q q

(3.28)

Como a equação (3.28) deve ser satisfeita para qualquer jq , se tem então que

a única parcela que pode ser zero é

d0

dj

j j

TT Q

t q q

(3.29)

35

Em geral para descrever um sistema há n destas equações, as quais são

denominadas usualmente como Equações de Lagrange. Já que jQ é uma força

generalizada, pode-se defini-la como a variação da energia potencial do sistema em

relação à coordenada generalizada. Para sistemas conservativos estas forças podem ser

obtidas a partir da função V que é denominada energia potencial do sistema (Goldstein,

2002). Esta fórmula representa a força necessária para vencer o campo

j

j

VQ

q

(3.30)

Adicionando uma parcela que representa a força própria da partícula, ou seja,

a força que precisava para fazê-la chegar onde estava em um dado instante, a equação

(3.30) é modificada como segue

d

dj

j j

V VQ

q t q

(3.31)

Então pode-se reescrever a equação (3.29), substituindo a equação que

representa as forças generalizadas.

d d

d d

d0

d

j j j j

j j j j

T V VT

t q q q t q

T V T V

t q q q q

(3.32)

Em um sistema conservativo, para o qual se deve cumprir que todas as forças

que atuam são dedutíveis a partir de uma função potencial, obtem-se

d0

d j j

T V T V

t q q

(3.33)

Denomina-se lagrangeano T V L à diferença da energia cinética ou do

estado cinético de um sistema menos a energia potencial ou estado energético da

posição do sistema em um campo. Esta equação resultante é uma equação de equilíbrio

tanto físico como matemático, sendo conhecida como Equação de Euler-Lagrange

d0

d j jt q q

L L

(3.34)

36

A equação (3.34) descreve o movimento de um sistema de uma maneira

estática de forma similar ao Princípio de D’Alembert, mas em termos de energia. É

possível utilizar várias formas de funções dissipativas, quando o sistema não for

conservativo. Quando parte da energia do sistema for dissipada por elementos

submetidos a forças que sejam proporcionais a sua velocidade, é possível acrescentar

uma parcela à equação de Lagrange utilizando uma função dissipativa R.

d0

d j j j

R

t q q q

L L

(3.35)

onde R é denominada função de dissipação de Rayleigh (Barbosa, 1999), a qual é uma

função que depende da velocidade e representa a dissipação do sistema.

21

2R cv (3.36)

Um modelo que representa o sistema de suspensão do veículo é mostrado na

Figura 3-2 -, sendo composto por massa, mola e amortecedor. A massa representada na

figura pode produzir uma resistência à translação, portanto terá uma energia cinética

translacional.

m

m

x

k

c

Figura 3-2 - Modelo massa-mola-amortecedor

Para este sistema, tem-se que a energia cinética, energia potencial e a função

de dissipação são (Gere, 2006)

2 2 21 1 1, ,

2 2 2T mx V kx R cx

(3.37)

onde m é a massa, k é a rigidez, e c é o amortecimento do sistema.

37

Há situações em que o movimento ocorre em torno de um eixo, de tal modo

que a massa pode produzir uma resistência à rotação, e neste caso estará associada a

uma energia cinética rotacional. Neste caso, pode-se definir a energia cinética rotacional

da massa a partir do momento de inércia rotacional de massa vJ e a velocidade angular

(Gere, 2006)

2 21, ,

2v v vJ m r r T J

(3.38)

onde é o ângulo de rotação e r é o raio em relação ao eixo de rotação.

3.2 MODELOS DO VEÍCULO

Os modelos do veículo podem ser obtidos a partir do princípio de D’Alembert,

onde é realizado um equilíbrio dinâmico de forças considerando-se as forças de inércia

que aparecem no sistema (são mostradas as deduções nos anexos 1, 2 e 3), ou pelas

equações de Lagrange, que também correspondem à equação de equilíbrio dinâmico,

mas em termos de energia. Esta última forma foi utilizada para o desenvolvimento das

equações de movimento que serão apresentadas a seguir.

Foram consideradas certas hipóteses para a análise dos veículos, tais como: O

veículo é simétrico tanto longitudinal como transversalmente; as molas de suspensão se

comportam de uma maneira linear; os deslocamentos angulares são pequenos e por isso

o seno e a tangente de um ângulo de giro são considerados iguais ao próprio ângulo;

todos os componentes do veículo movem-se na mesma velocidade; é considerado que

não ocorre descontinuidade no movimento entre a roda e a ponte, ou seja, que a roda

não se separa do elemento da estrutura sobre o qual ela se movimenta.

3.2.1 Modelos sem interação veículo-estrutura

Neste caso, a ação vertical é modelada somente com forças aplicadas sobre a

ponte, podendo ser aplicadas sobre um ponto ou distribuídas sobre uma pequena área

simulando o efeito de espraiamento do carregamento. É considerado também que estas

forças movimentam-se a uma velocidade constante sobre a estrutura. Não existe

qualquer interação entre veículo e estrutura neste modelo.

38

3.2.2 Modelos com interação veículo-estrutura

Nestes modelos a ação vertical é representada por elementos que simulam a

suspensão primária, secundária e, em alguns casos, a inércia rotacional do veículo. As

forças que atuam sobre o sistema são impostas pela interação entre o veículo e estrutura,

assumindo-se que as forças são aplicadas sobre a estrutura de modo concentrado.

De uma forma geral, podem-se escrever as equações de equilíbrio para

qualquer tipo de veículo em vibração livre que irá interagir com a estrutura, da seguinte

maneira (Romero, 2002).

0 0

0 0

vv vr vv vrvv v v v

rv rr rv rrrr r r r

C C K KM y y y+ +

C C K KM y y y (3.39)

onde

vv rrM ,M são sub-matrizes de massas para veículo e rodas;

vv vr rv rrC ,C ,C ,C são sub-matrizes de amortecimento para veículo e rodas;

vv vr rv rrK ,K ,K ,K são sub-matrizes de rigidez para veículo e rodas;

v r v r v ry ,y ,y ,y ,y ,y são vetores de deslocamentos, velocidades e acelerações do

veículo e a roda respectivamente;

Na nomenclatura adotada, denominam-se cada parcela com um subscrito “v”

que representa os graus de liberdade do veículo, ou “r” que representa os graus de

liberdade da roda.

3.2.2.1 Modelo com elemento de massa

O modelo com elemento de massa é o modelo de interação mais simples, no

qual é considerada a massa do veículo como um elemento externo à estrutura.

Interagindo com a estrutura, esta massa será acoplada ao sistema convenientemente e

aplicará à estrutura uma força de interação. Este modelo de veículo não possui

amortecimento ou rigidez.

39

d 1 = 0d 2

d N = 0

m r m r m r

Figura 3-3 - Viga simplesmente apoiada com elementos de interação de massa

Neste caso, de acordo com a eq. (3.39), tem-se as seguintes matrizes de massa,

amortecimento e rigidez, para cada veículo isolado (massa)

0 , 0 , 0

0 0 , 0 , 0

rm

vv rr vv vr rv

rr vv vr rv rr

M M , C C C

C , K K = K K (3.40)

Onde rm é a massa da roda.

3.2.2.2 Modelo de interação com elemento simplificado

No modelo de interação simplificado (Figura 3-4), considera-se a massa

suspensa da caixa vm , a rigidez

1k e o amortecimento 1c do sistema de suspensão.

Também é modelada a massa rm das rodas que estão em contato com a estrutura, sendo

acopladas à estrutura.

mv

k1

mr

c1

Figura 3-4 - Modelo de interação simplificado

A Figura 3-5 ilustra os dois graus de liberdade deste modelo de veículo, e o

deslocamento generalizado (deslocamento relativo) entre as duas massas.

40

mv

d1

yv

yr mr

Figura 3-5 - Deslocamentos para um elemento interação simplificado

Utilizam-se as equações de Lagrange mostradas em (3.35), para se obter as

matrizes do veículo. Neste modelo, tem-se 2 graus de liberdade, portanto existem 2

equações de Lagrange. O deslocamento generalizado pode ser determinado como

1 -v rd y y

(3.41)

onde

vy é o deslocamento vertical do centro da gravidade do veículo;

ry é o deslocamento vertical da roda;

1d é o deslocamento generalizado.

As equações de Lagrange que determinam o equilíbrio do sistema para este

veículo são

d0

dt

d0

dt

v v v

r r r

R

y y y

R

y y y

L L

L L

(3.42)

A energia cinética produzida pela massa do veículo suspensa, a energia

potencial produzida pela deformação da mola e a função de dissipação do veículo são

41

2 2

2

1

2

1

1 1

2 2

1-

2

1-

2

v v r r

v r

v r

T m y m y

V k y y

R c y y

(3.43)

O Lagrangeano do veículo é por definição T V L , ou seja, a energia total

do veículo sem considerar a dissipação será

22 2

1

1 1 1

2 2 2v v r r v rm y m y k y y L (3.44)

Desenvolvendo por partes cada uma das equações de Lagrange (3.42), tem-se

1 1

1 1

d, - , -

dt

d, - , -

dt

v v v r v r

v v v

r r v r v r

r r r

Rm y k y y c y y

y y y

Rm y k y y c y y

y y y

L L

L L

(3.45)

Substituindo (3.45) em (3.42), obtem-se as equações de movimento para o

veículo com 2 graus de liberdade

1 1

1 1

0

0

v v v r v r

r r v r v r

m y c y y k y y

m y c y y k y y

(3.46)

Escrevendo esta equação na forma matricial, e considerando a eq. (3.39),

obtêm-se as seguintes matrizes de massa, amortecimento e rigidez

1 1 1

1 1 1

,

, ,

, - ,

v rm m

c c c

k k k

vv rr

vv vr rv rr

vv vr rv rr

M M

C C C C

K K K K (3.47)

onde

,v rm m são a massa da caixa e da roda do veículo respectivamente;

1c é constante do amortecimento viscoso do veículo;

1k é a rigidez da suspensão do veículo.

42

3.2.2.3 Modelo com elemento completo tipo I

No modelo de interação completa tipo I o veículo é representado mediante

uma massa com inércia à translação vertical e com inércia rotacional, sendo também

considerados os sistemas de amortecimento para cada uma das rodas. No modelo de

interação completa tipo I, o veículo é modelado com 4 graus de liberdade, conforme

mostrado nas Figura 3-6 e Figura 3-7.

L

m v,J v

L

yr1 yr2

yv

Figura 3-6 - Modelo de interação completa tipo I

l/2

L

k1 c1 k2 c2

mr mr

ks Cs

mc,Jc

l/2

yr4

ybt

bt

yr3

ks Cs

yr2

ybd

bd

yr1

c

yc

L

Figura 3-7 - Descrição da parte inferior do modelo

Os símbolos empregados na Figura 3-6 e na Figura 3-7 têm os seguintes

significados:

vy é o deslocamento vertical do centro de gravidade da massa suspensa do

veículo;

é a rotação da massa suspensa do veículo;

riy é o deslocamento vertical para cada roda;

43

L é a distância entre o centro de gravidade da massa suspensa do veículo e

rodas;

vJ é o momento de inércia rotacional da massa suspensa do veículo;

vm é a massa suspensa do veículo;

rm é a massa de cada roda;

ik é a rigidez da suspensão para cada roda;

ic é a constante do amortecedor viscoso para cada roda.

Utiliza-se as equações de Lagrange (3.35), considerando os deslocamentos

generalizados mostrados na Figura 3-8, para a determinação das matrizes deste modelo

de veículo.

L L

d1 d2

Figura 3-8 - Deslocamentos para um elemento interação completa tipo I

Neste modelo, tem-se 4 graus de liberdade, e portanto existem 4 equações de

Lagrange. Os deslocamentos generalizados podem ser determinados como

1 1 2 2,v r v rd y L y d y L y (3.48)

As equações de Lagrange que determinam o equilíbrio do sistema para este

veículo serão

44

1 1 1 2 2 2

d d0, 0

dt dt

d d0, 0

dt dt

v v v

r r r r r r

R R

y y y

R R

y y y y y y

L L L L

L L L L

(3.49)

A energia cinética translacional e rotacional produzida pela massa suspensa do

veículo, a energia potencial correspondente à energia de deformação das molas em cada

roda, e a função de dissipação do veículo são

2 2 2 2

1 2

2 2

1 1 2 2

2 2

1 1 2 2

1 1 1 1

2 2 2 2

1 1

2 2

1 1

2 2

v v v r r r r

v r v r

v r v r

T m y J m y m y

V k y L y k y L y

R c y L y c y L y

(3.50)

O Lagrangeano do veículo é por definição T V L , ou seja, a energia total

do veículo, sem considerar a dissipação será

2 2 2 2

1 2

2 2

1 1 2 2

1 1 1 1

2 2 2 2

1 1

2 2

v v v r r r r

v r v r

m y J m y m y

k y L y k y L y

L (3.51)

Desenvolvendo por partes cada uma das equações de Lagrange em (3.49) tem-

se

1 1 2 2

1 1 2 2

1 1 2 2

1 1 2 2

1 1

1 1

d,

dt

d,

dt

d,

dt

v v v r v r

v v

v r v r

v

v v r v r

v r v r

r r v

r r

m y k y L y k y L yy y

Rc y L y c y L y

y

J k L y L y k L y L y

Rc L y L y c L y L y

m y k y Ly y

L L

L L

L L

1 1 1

1

2 2 2 2 2

2 2 2

,

d, ,

dt

r v r

r

r r v r v r

r r r

Ry c y L y

y

Rm y k y L y c y L y

y y y

L L

(3.52)

Substituindo (3.52) em (3.49) obtem-se as equações de movimento para o

veículo com 4 graus de liberdade

45

1 1 2 2 1 1

2 2

1 1 2 2 1 1

2 2

1 1 1 1 1

2 2 2 2 2

0

0

0

0

v v v r v r v r

v r

v v r v r v r

v r

r r v r v r

r r v r v r

m y c y L y c y L y k y L y

k y L y

J Lc y L y Lc y L y Lk y L y

Lk y L y

m y c y L y k y L y

m y c y L y k y L y

(3.53)

Escrevendo esta equação na forma matricial, e considerando a eq. (3.39),

obtêm-se as seguintes matrizes de massa, amortecimento e rigidez

1 2 1 2 1 2

2

1 2 1 2 1 2

1

2

0 0,

0 0

,

0,

0

v r

v r

T

m m

J m

c c c c L c c

c c L c c L c L c L

c

c

vv rr

vr

rv vr rr

M M

C

C C C

vvC (3.54)

1 2 1 2 1 2

2

1 2 1 2 1 2

1

2

1

2

,

0,

0

,

T

rv

r

k k k k L k k

k k L k k L k L k L

k

k

yy

y

vv vr

rv vr rr

v r

K K

K = K K

y y

(3.55)

3.2.2.4 Modelo com elemento completo tipo II

No modelo de interação completa tipo II o veículo é modelado com 10 graus

de liberdade. Neste caso são modeladas a massa suspensa do veículo e as massas dos

truques traseiro e dianteiro. Estas massas têm as propriedades de deslocar-se

verticalmente e girar ao redor de seu próprio eixo. Também é modelado o sistema de

suspensão, com dois dispositivos, primário e secundário, para os quais são definidas

propriedades de rigidez e amortecimento. O modelo é mostrado na Figura 3-9 e na

Figura 3-10.

46

L

mv,Jv

L

yr1

ys1s1

yr2 yr3

ys2s2

yr4

yv

ms1,Js1 ms2,Js2

Figura 3-9 - Modelo de interação completa tipo II

l/2

d

mS1,JS1

k3 c3 k4 c4

mr

ks Cs

mc,Jc

l/2

yr4

ybt

bt

yr3

ks Cs

yr2

ybd

bd

yr1

c

yc

k1 c1

mS2,JS2

k5 c5 k6 c6

k2 c2

mr mr mr

d d d

Figura 3-10 - Descrição truque traseiro e dianteiro do modelo completo tipo II

Os símbolos empregados na Figura 3-9 e na Figura 3-10 têm os seguintes

significados:

vy é o deslocamento vertical do centro de gravidade da massa suspensa do

veículo;

é a rotação da massa suspensa do veículo;

1sy é o deslocamento vertical do centro de gravidade do truque traseiro;

1 é a rotação do truque traseiro;

2sy é o deslocamento vertical do centro de gravidade do truque dianteiro;

47

2 é a rotação do truque dianteiro;

riy é o deslocamento vertical de cada roda;

L é a distancia entre os centros de gravidades da massa suspensa e truque;

d é a distancia entre o centro de gravidade do truque e a roda;

siJ é o momento de inércia do truque frente à rotação;

vm é a massa suspensa do veículo;

sim é a massa suspensa do truque;

vJ é o momento de inércia da massa suspensa do veículo frente à rotação;

rm é a massa de cada roda;

ik é a rigidez da suspensão;

ic é a constante do amortecedor viscoso.

Utiliza-se as equações de Lagrange (3.35), considerando os deslocamentos

generalizados mostrados na Figura 3-11 -, para a determinação das matrizes deste

modelo de veículo.

L L

d1

d d d d

d2

d3 d4 d5 d6

Figura 3-11 - Deslocamentos para um elemento interação completa tipo II

48

Neste modelo tem-se 10 graus de liberdade, e portanto, existem 10 equações

de Lagrange. Os deslocamentos generalizados podem ser determinados como

1 1 2 2

3 1 1 1 4 1 1 2

5 2 2 3 6 2 2 4

,

,

,

v s v s

s r s r

s r s r

d y L y d y L y

d y d y d y d y

d y d y d y d y

(3.56)

As equações de Lagrange para este veículo que determinam o equilíbrio do

sistema são

1 1 1 1 1 1

2 2 2 2 2 2

1 1 1 2 2

d d0, 0

dt dt

d d0, 0

dt dt

d d0, 0

dt dt

d d0,

dt dt

v v v

s s s

s s s

r r r r r

R R

y y y

R R

y y y

R R

y y y

R R

y y y y y

L L L L

L L L L

L L L L

L L L L

2

3 3 3 4 4 4

0

d d0, 0

dt dt

r

r r r r r r

y

R R

y y y y y y

L L L L

(3.57)

A energia cinética translacional e rotacional produzida pelas massas suspensas

do veículo, a energia potencial produzida pelas molas de cada roda e a função de

dissipação do veículo são

2 2 2 2 2 2

1 1 1 1 2 2 2 2

2 2 2 2

1 2 3 4

2 2 2

1 1 2 2 3 1 1 1

2 2 2

4 1 1 2 5 2 2 3 6 2 2 4

1 1 1 1 1 1

2 2 2 2 2 2

1 1 1 1

2 2 2 2

1 1 1

2 2 2

1 1 1

2 2 2

v v v s s s s s s

r r r r r r r r

v s v s s r

s r s r s r

T m y J m y J m y J

m y m y m y m y

V k y L y k y L y k y d y

k y d y k y d y k y d y

R

2 2 2

1 1 2 2 3 1 1 1

2 2 2

4 1 1 2 5 2 2 3 6 2 2 4

1 1 1

2 2 2

1 1 1

2 2 2

v s v s s r

s r s r s r

c y L y c y L y c y d y

c y d y c y d y c y d y

(3.58)

O Lagrangeano do veículo é por definição T V L , ou seja, a energia total

do veículo sem considerar a dissipação será

49

2 2 2 2 2 2

1 1 1 1 2 2 2 2

22 2 2 2

1 2 3 4 1 1

2 2 2

2 2 3 1 1 1 4 1 1 2

2 2

5 2 2 3 6 2 2 4

1 1 1 1 1 1

2 2 2 2 2 2

1 1 1 1 1

2 2 2 2 2

1 1 1

2 2 2

1 1

2 2

v v v s s s s s s

r r r r r r r r v s

v s s r s r

s r s r

m y J m y J m y J

m y m y m y m y k y L y

k y L y k y d y k y d y

k y d y k y d y

L

(3.59)

Desenvolvendo por partes cada uma das equações de Lagrange em (3.57) tem-

se

50

1 1 2 2

1 1 2 2

1 1 2 2

1 1 2 2

1 1

1

1

1

d,

dt

d,

dt

d

dt

v v v s v s

v v

v s v s

v

v v s v s

v s v s

s s

s

v

s

m y k y L y k y L yy y

Rc y L y c y L y

y

J k L y L y k L y L y

Rc L y L y c L y L y

m yy

k y Ly

L L

L L

L

L

1 3 1 1 1 4 1 1 2

1 1 3 1 1 1 4 1 1 2

1

1 1 3 1 1 1 4 1 1 2

1 1

3 1 1 1 4 1 1 2

1

2

2

d,

dt

d

dt

s s r s r

v s s r s r

s

s s r s r

s r s r

s

s

y k y d y k y d y

Rc y L y c y d y c y d y

y

J k d y d y k d y d y

Rc d y d y c d y d y

Lm

y

L L

2

2 2 5 2 2 3 6 2 2 4

2

2 2 5 2 2 3 6 2 2 4

2

2 2 5 2 2 3 6 2 2 4

2 2

5 2 2 3 6 2 2

2

d,

dt

s

v s s r s r

s

v s s r s r

s

s s r s r

s r s

y

Lk y L y k y d y k y d y

y

Rc y L y c y d y c y d y

y

J k d y d y k d y d y

Rc d y d y c d y d

L L

4

1 3 1 1 1 3 1 1 1

1 1 1

2 4 1 1 2 4 1 1 2

2 2 2

3 5 2 2 3 5 2 2 3

3 3 3

d, ,

dt

d, ,

dt

d, ,

dt

d

d

r

r r s r s r

r r r

r r s r s r

r r r

r r s r s r

r r r

y

Rm y k y d y c y d y

y y y

Rm y k y d y c y d y

y y y

Rm y k y d y c y d y

y y y

L L

L L

L L

4 6 2 2 4 6 2 2 4

4 4 4

, ,t

r r s r s r

r r r

Rm y k y d y c y d y

y y y

L L

(3.60)

Substituindo (3.60) em (3.57) obtem-se as equações de movimento para o

veículo com 10 graus de liberdade

51

1 1 2 2 1 1

2 2

1 1 2 2 1 1

2 2

1 1 1 1 3 1 1 1 4 1 1 2

1 1 3

0

0

v v v s v s v s

v s

v v s v s v s

v s

s s v s s r s r

v s

m y c y L y c y L y k y L y

k y L y

J Lc y L y Lc y L y Lk y L y

Lk y L y

m y c y L y c y d y c y d y

k y L y k y

1 1 1 4 1 1 2

1 1 3 1 1 1 4 1 1 2 3 1 1 1

4 1 1 2

2 2 2 2 5 2 2 3 6 2 2 4

2 2 5 2 2 3 6 2 2 4

0

0

0

s r s r

s s r s r s r

s r

s s v s s r s r

v s s r s r

d y k y d y

J dc y d y dc y d y dk y d y

dk y d y

m y c y L y c y d y c y d y

k y L y k y d y k y d y

2 2 5 2 2 3 6 2 2 4 5 2 2 3

6 2 2 4

1 3 1 1 1 3 1 1 1

2 4 1 1 2 4 1 1 2

3 5 2 2 3 5 2 2 3

0

0

0

0

s s r s r s r

s r

r r s r s r

r r s r s r

r r s r s r

r

J dc y d y dc y d y dk y d y

dk y d y

m y c y d y k y d y

m y c y d y k y d y

m y c y d y k y d y

m y

4 6 2 2 4 6 2 2 4 0r s r s rc y d y k y d y

(3.61)

Escrevendo esta equação na forma matricial, e considerando a eq. (3.39),

obtêm-se as seguintes matrizes de massa, amortecimento e rigidez

1

1

2

2

0 0 0 0 0

0 0 0 0 0 0 0 0

0 0 0 0 0 0 0 0,

0 0 0 0 0 0 0 0

0 0 0 0 0 0 0 0

0 0 0 0 0

v

v r

s r

s r

s r

s

m

J m

m m

J m

m m

J

vv rrM M

(3.62)

52

1 2 1 2 1 2

2 2

1 2 1 2 1 2

1 1 1 3 4 3 4

2 2

3 4 3 4

2 2 2 5 6 5 6

2 2

5 6 5 6

3 4

3 4

5 6

0 0

0 0

0 0

0 0 0 0

0 0

0 0 0 0

0 0 0 0

0 0 0 0

0 0

0 0

0 0

0

c c c L c L c c

c L c L c L c L c L c L

c c L c c c c d c d

c d c d c d c d

c c L c c c c d c d

c d c d c d c d

c c

dc dc

c c

vv

vr

C

C

3

4

5

6

5 6

0 0 0

0 0 0, ,

0 0 0

0 0 0

0

T

c

c

c

c

dc dc

rv vr rrC = C C

(3.63)

1 2 1 2 1 2

2 2

1 2 1 2 1 2

1 1 1 3 4 3 4

2 2

3 4 3 4

2 2 2 5 6 5 6

2 2

5 6 5 6

3 4

3 4

5 6

0 0

0 0

0 0

0 0 0 0

0 0

0 0 0 0

0 0 0 0

0 0 0 0

0 0

0 0

0 0

0

k k k L k L k k

k L k L k L k L k L k L

k k L k k k k d k d

k d k d k d k d

k k L k k k k d k d

k d k d k d k d

k k

dk dk

k k

vv

vr

K

K

3

4

5

6

5 6

1

1 2

1 3

2 4

2

0 0 0

0 0 0, = ,

0 0 0

0 0 0

0

,

T

v

r

s r

r

s r

k

k

k

k

dk dk

y

y

y y

y

y y

rv vr rr

v r

K K K

y y

(3.64)

53

3.3 MODELAGEM DAS IRREGULARIDADES DA VIA

Na iteração entre veículo e estrutura, é importante considerar as

irregularidades da via que podem ocorrer devido ao fato da estrutura estar submetida à

ação de temperatura, desgaste ou a estrutura não estiver perfeitamente ancorada. Por

estas razões a via pode sofrer deformações no seu plano vertical.

Neste trabalho, para a representação das irregularidades da via é utilizado o

método de somatória de modos com funções do tipo seno (Fryba, 2001), onde poderá

ser considerada a irregularidade transversal. A função utilizada é

l

vtnsenAxu nr

)( (3.65)

onde

ru é o deslocamento produzido pelas irregularidades da via;

nA é o valor da amplitude da irregularidade básica;

n é o numero de meias onda em l ;

l é o comprimento com irregularidades;

v é a velocidade do veículo expressada em m/s.

Também se pode definir como freqüência das irregularidades, a seguinte relação

n v

l

(3.66)

Portanto, a equação que será utilizada neste trabalho para a representação das

irregularidades na viga pode ser expressa na forma

r nu x A sen t

(3.67)

Este modelo apresentado é simplesmente aproveitando os nos dos elementos finitos que

simulam a estrutura, modificando assim as coordenadas dos nos em função à eq. (3.67).

54

O modelo numérico que simula a geometria com irregularidades da via é mostrada na

Figura 3-12.

Figura 3-12 – Modelo considerado para as irregularidades de via

55

CAPÍTULO 4

Metodologia de solução

Os métodos de solução aplicados a vigas simplesmente apoiadas estão

baseados na integração no tempo do modelo estrutural considerando a ação do trem

como um carregamento móvel. Estes cálculos podem ser realizados seguindo diferentes

metodologias: uma delas considera o modelo como um sistema discreto com N graus de

liberdade e integradores temporais. Outras metodologias são baseadas na superposição

modal, para os modos mais significativos. Em ambos os casos, quando se leva em conta

a interação veículo-estrutura, a complexidade da solução aumenta, sendo muito mais

interessante para a pesquisa, porém com maior custo para a elaboração de um projeto

estrutural.

Neste capítulo, mostra-se uma solução analítica por superposição modal para

os modos mais significativos. Para a solução numérica, será utilizada uma aproximação

com funções de formas polinomiais.

4.1 SOLUÇÃO EM PROBLEMAS SEM INTERAÇÃO

O modelo sem interação foi o mais utilizado desde os primordios da análise

dinâmica de pontes ferroviárias. Este tipo de solução foi a mais utilizada pela

simplicidade e relevância dos resultados obtidos, sendo usualmente tomada como

modelo geral para a análise de projetos de engenharia (Romero, 2002). As equações

diferenciais neste modelo são obtidas considerando-se uma viga em flexão, conforme

mostrado a seguir.

4.1.1 Modelo com carregamento pontual

Mostra-se a equação fundamental de uma viga em flexão (Romero, 2002).

2 2

2 2 2,

p py ym EI q x t

t x x

(4.1)

56

onde

m é a massa distribuída em todo o comprimento da viga;

py são os deslocamentos transversais ao longo da viga;

E é o módulo de elasticidade do material;

I é o momento de inércia da seção da viga;

,q x t é a carga distribuída sobre a viga;

x é a variável de localização sobre a viga.

A Figura 4-1 mostra uma viga simplesmente apoiada sujeita a cargas pontuais.

YP 1

X

P 2P n

y ( x , t )

V t - d 2

V t - d n x

V t - d 1

Figura 4-1 - Viga simplesmente apoiada com carregamento pontual

Os modos naturais de vibração de uma viga simplesmente apoiada de

comprimento L com rigidez à flexão e massa constante são da família de senos (Clough,

2003).

j

j xx sen

L

(4.2)

Então, os deslocamentos verticais de cada ponto são aproximados através de

uma superposição baseada na família de senos, utilizando um deslocamento temporal

modal multiplicado pela função modal que representa o movimento da viga

1 1

, ( ) ( ) ( )senM M

p j j j

j j

j xy x t Y t x Y t

L

(4.3)

onde

57

( )jY t são os deslocamentos modais da viga;

( )j x é a forma modal da viga;

L é o comprimento da viga;

M é o número de modos de vibração utilizados para a aproximação.

Utilizando esta aproximação, podem-se desenvolver as derivadas desta função

para poder introduzí-las na equação fundamental (4.1) da viga.

2

21

4 4

4 41

44

4

,

,

Mp

j j

j

Mp j

j

j

j

j

y x tY t x

t

y x t xY t

x x

x jx

x L

(4.4)

Substituindo estas equações na equação diferencial (4.1), multiplicando pela

forma modal da estrutura i x , e integrando, tem-se

4

1 10 0

0

( ) ( ) ( ) d ( ) ( ) ( ) d

( ) , d

L LM M

i j j i j j

j j

L

i

jm x Y t x x EI x Y t x x

L

x q x t x

(4.5)

Considera-se que a massa por unidade de comprimento, o módulo de

elasticidade e o momento de inércia sejam constantes em todo o comprimento da ponte.

Levando-se em conta a ortogonalidade da família de senos, tem-se

0

0

Para , ( ) ( )d / 2

Para , ( ) ( )d 0

L

i j

L

i j

i j x x x L

i j x x x

(4.6)

Obtem-se assim a equação diferencial para a amplitude de cada modo de

vibração

4

3

0

, d2 2

L

i i

mL EI i xY t i Y t q x t sen x

L L

(4.7)

58

A expressão fundamental sem amortecimento de um sistema massa mola

simples é a seguinte

0mu t ku t

(4.8)

onde ( )u t é o deslocamento, m é a massa e k é a rigidez da mola.

Fazendo uma analogia entre as eqs. (4.8) e (4.7), pode-se obter a massa,

rigidez e a freqüência natural para cada modo de vibração da viga

2

4

3

ˆˆˆ , ,

ˆ2 2

ii i i

i

kmL EI i EIm k i

L m L m

(4.9)

onde

ˆim é a massa para cada modo de vibração;

ˆik é a rigidez para cada modo de vibração;

i é a freqüência angular para cada modo de vibração.

Substituindo a expressão para a freqüência angular da eq. (4.9) na eq. (4.7)

obtém-se o seguinte

2

0

2, d

L

i i i

i xY t Y t q x t sen x

mL L

(4.10)

O termo do lado esquerdo da equação pode representar um carregamento

móvel aplicado sobre um ponto em um determinado instante no tempo. Dependendo da

velocidade do veículo, isto pode ser avaliado através do emprego de uma função delta

de Dirac, da seguinte maneira (Romero, 2002)

10 0

, sen senpNL L

k k

k

i x i xq x t dx P x v t t dx

L L

(4.11)

onde

pN é o numero de cargas sobre a estrutura;

kP é o valor da k-ésima carga sobre a estrutura;

v é a velocidade do veículo;

59

kt é o instante de entrada da carga na estrutura;

é a função delta de Dirac, definida como:

0

1

x ax a

x a

(4.12)

O sinal negativo na eq. (4.11) deve-se ao fato de que as cargas atuam contra a

gravidade, ou seja, no sentido negativo do eixo y. Pelas propriedades da função delta de

Dirac, a integral converte-se no valor da função integrada particularizada em

( )kx v t t . Assim,

10

,pNL

k

k

k

i v t ti xq x t sen dx P sen

L L

(4.13)

Substituindo a eq. (4.13) na eq. (4.10) obtem-se a equação diferencial que

permite obter a amplitude de cada modo de vibração para um carregamento que se

movimenta ao longo de todo o comprimento da viga simplesmente apoiada.

2

1

2 pN

k

i i i k

k

i v t tY t Y t P sen

mL L

(4.14)

Em função deste carregamento, a viga apresenta duas respostas, quais sejam:

uma oscilação forçada devido à presença da carga sobre a ponte, cuja duração é limitada

pelo intervalo de aplicação da carga; uma oscilação livre, correspondente à solução da

equação homogeneizada.

A oscilação livre é tal que, somada à oscilação forçada, produz condições

iniciais nulas na entrada da carga na ponte. Quando a carga abandona a ponte, a

oscilação forçada transforma-se em uma segunda oscilação livre de forma que se

conserva o deslocamento e velocidade entre os instantes imediatamente anterior e

posterior à saída da carga. Assim, uma vez que a carga deixa a ponte, a resposta de cada

modo compõe-se da soma das oscilações livres de freqüências ni . O caso de uma única

carga P que entra na ponte no instante 0t é a base para construir a resposta por

superposição de uma ponte isostática para uma série de cargas.

A solução da equação que governa a amplitude dos modos de vibração para

um tempo onde as cargas estão dentro da ponte será (Chopra, 1995).

60

221

2 1sen sen

pN

ki k i k

k ii

P i v i vY t t t t t

mL L Li v L

(4.15)

Deve-se destacar que a solução correspondente à amplitude do modo de

vibração proporciona diretamente o valor do deslocamento no centro do vão com a

contribuição somente do modo utilizado.

A partir desta expressão, pode-se obter a solução correspondente a t L v , ou

seja, após as cargas terem abandonado a ponte.

221

2 1

1

pN

ki

k ii

i

i k i k

P i vY t

mL Li v L

sen t t L v sen t t

(4.16)

Podem-se desenvolver de uma maneira similar as soluções para as equações

diferenciais considerando amortecimento no sistema. Neste caso, a equação tem a

seguinte forma

( ) 0mu t cu t ku t

(4.17)

A solução deste tipo de equação pode ser resolvida tendo como base as eqs.

(4.15) e (4.16), as quais são mostradas em Chopra (1995). Desenvolvendo a equação

diferencial (4.17), para a situação em que o carregamento esteja sobre a viga ( t L v ),

obtém-se a solução

221

( - )

2 1

di k

Np

ki

k di

t t

k di k

di

PY t

mL i v L

i v i vsen t t e sen t t

L L

(4.18)

Para t L v a solução será

221

( - - / ) ( - )

2 1

1 sen / sen

p

di k di k

N

ki

k didi

i t t L v t t

di k di k

P i vY t

mL Li v L

e t t L v e t t

(4.19)

As eqs. (4.18) e (4.19) correspondem a oscilações amortecidas de freqüência

61

21di i i

(4.20)

onde

di é a freqüência angular amortecida para cada modo;

i é a taxa de amortecimento para cada modo.

As equações (4.15), (4.16), (4.18) e (4.19) representam os deslocamentos

modais através do tempo. Deve-se lembrar que estes deslocamentos deverão ser

multiplicados pela função modal correspondente para obter a resposta total do sistema

de acordo com a eq. (4.3) (Chopra, 1995).

4.1.2 Modelo com carregamento distribuído

O modelo de cargas distribuídas é, na essência, similar ao modelo de cargas

pontuais. A diferença entre ambos reside no fato de que no primeiro deles as ações se

distribuíem sobre certo comprimento e no segundo as ações atuam de forma

concentrada em uma seção da ponte. Na verdade, o caso do carregamento concentrado

consiste em uma maior idealização da situação real, já que as forças que atuam em uma

estrutura são sempre distribuídas em uma determinada região. Portanto, tenta-se simular

o efeito de difusão de rodas até o nível do eixo neutro da viga. O efeito de espraiamento

das cargas é devido à presença do trilho, dormentes, lastro e espessura dos elementos

estruturais (laje e vigas).

Tendo em conta que as cargas representadas são de sinal negativo, o valor da

carga em qualquer seção e instante do tempo é dado por (Romero, 2002):

1

,Np

k k k

k

q x t q H x v t t H x v t t a v

(4.21)

onde

kq é a carga distribuída associada a um eixo do veículo;

H é a função Heaviside, de modo que

0

1

x aH x a

x a

(4.22)

62

Dada à expressão da carga distribuída ,q x t , a integral no segundo membro

da eq. (4.10) resulta em uma excitação do tipo senoidal e, portanto, uma resposta similar

que se compõe de oscilação livre e forçada. A freqüência da vibração forçada é

determinada pelo avanço das cargas a velocidade V e em conseqüência, resulta ser

também /i v L . No modelo de cargas distribuídas, produz-se uma diminuição da

resposta, fenômeno que resulta mais evidente em pontes de menor comprimento.

Y

X

y ( x , t )

V t - d 2

V t - d n x

V t - d 1

q 1q 2q n

a a

Figura 4-2 - Viga simplesmente apoiada com carregamento distribuído

Podem-se desenvolver de uma maneira similar as soluções para as equações

diferenciais considerando amortecimento no sistema. Neste caso, a equação tem a forma

da eq. (4.23), onde a solução da equação diferencial considerando este tipo de

carregamento é

221

( - )

2 1

di k

Np

ki

k di

t t

k di k

di

q aY t

mL i v L

i v i vsen t t e sen t t

L L

(4.24)

Para t L v a solução será

221

( - - / ) ( - )

2 1

1 sen / sen

p

di k di k

N

ki

k didi

i t t L v t t

di k di k

q a i vY t

mL Li v L

e t t L v e t t

(4.25)

63

4.2 SOLUÇÃO EM PROBLEMAS COM INTERAÇÃO

Geralmente, para qualquer tipo de veículo e estrutura, a equação matricial para

a solução de problemas com interação entre veículo estrutura é (Romero, 2002)

t

gvvv vr vv vrvv v v v

grrv rr rv rrrr r r r

F 0C C K KM 0 y y y+ + = +

F FC C K K0 M y y y (4.26)

onde

tF( ) são as forças de interação entre veículo estrutura;

gvF são as forças estáticas que atuam no veículo;

grF são as forças estáticas que atuam na roda;

v v vy ,y ,y são, respectivamente, os deslocamentos, velocidades e acelerações

dos graus de liberdade da massa suspensa do veículo;

r r ry ,y ,y são, respectivamente, os deslocamentos, velocidades e acelerações

das rodas do veículo.

Neste caso, as forças ( )tF que produzem o movimento são representadas

como forças concentradas sobre a estrutura e são justamente as forças de interação. Na

eq. (4.26) são mostradas as equações de movimento do sistema com interação mais as

forças que atuam sobre o sistema gvF e grF .

Pode-se expressar o equilíbrio da ponte mediante a seguinte equação matricial,

que é somente outra maneira de mostrar a equação (4.14) aumentando a parcela do

amortecimento do sistema e substituindo as forças kP pelo vetor de forças de interação

( )tF

T

t t t t tp p pM Y +C Y +K Y = -A F (4.27)

com

64

1

2

1 1 1

2

2 2 2

1

42

3

ˆ 0 0

ˆ0 0ˆ,

2

ˆ0 0

ˆ2 0 0

ˆ0 2 0,

ˆ0 0 2

ˆ 0 0

ˆ0 0 ˆ,2

ˆ0 0

i

M

i

M M M

i

M

m

m mLm

m

m

m i EI

L m

m

k

EIkk i

L

k

p

p

p

M

C

K

(4.28)

1

2 sen 0,

0 em qualquer outro caso

k

k

M

Y ti vt d

Y t vt d Lt t L

Y t

kiY A (4.29)

onde

pM é a matriz de massas modal da estrutura;

pC é a matriz de amortecimento modal da estrutura;

pK é a matriz de rigidez modal da estrutura;

( )tA é a matriz de interpolação modal.

A matriz de interpolação ( )tA mostrada na eq. (4.29) tem tantas linhas como

eixos do veículo e tantas colunas como modos. Admitindo que os eixos dos veículos

permaneçam sempre em contato com a ponte, seus deslocamentos verticais podem ser

interpolados utilizando esta matriz (Romero, 2002)

t t try = A Y (4.30)

As forças de interação são as que acoplam o comportamento do veículo e

ponte e serão transmitidas para a estrutura pela interação do veículo. Para obter a

equação do sistema, procede-se do seguinte modo.

Em primeiro lugar obtem-se as forças de interação a partir da eq. (4.26).

65

t gr rr r rv v rr r rv v rr r

gv vv v vv v vr r vv v vr r

F = -F + M y + C y + C y + K y + K y

F = M y + C y + C y + K y + K y (4.31)

Em seguida, deriva-se à equação (4.30) em relação ao tempo obtendo-se uma

interpolação para a velocidade e aceleração vertical dos eixos. Pode-se introduzir uma

simplificação eliminando as derivadas da função de interpolação ( )tA , considerando

que a rigidez da ponte ferroviária é suficientemente elevada (Blakeley, 1968)

t t t

t t t

r

r

y A Y

y A Y (4.32)

Pode-se apreciar na expressão anterior que a derivada temporal da matriz

( )tA é em efeito função dependente da deformada e também da velocidade de

passagem dos veículos. Substituindo (4.32) em (4.31) obtem-se

t t t t t

t t

t t t t

gr rr rv v rr rv v

rr

gv vv v vv v vr vv v vr

F = -F + M A Y + C y + C A Y + K y +

K A Y

F = M y + C y + C A Y + K y + K A Y

(4.33)

Substituindo ( )tF da eq. (4.33) na eq. (4.27) e reordenando grF mostrada

também na eq. (4.33), chega-se à equação que mostra a interação entre veículo e a

estrutura

T T T

p rr p rr rv

v vvv vr vv

TT Tgrp rr rv

vvr vv gv

Y YM + A M A 0 C + A C A A C+

y y0 M C A C

A FYK + A K A A K+ =

yK A K F

(4.34)

A equação é não linear, pois as matrizes de coeficientes do sistema dependem

do tempo através da matriz ( )tA . Pelos métodos interativos, a escolha de um passo de

integração temporal suficientemente reduzido elimina a necessidade de empregar

esquemas não lineares. A equação pode ser modificada com o objetivo de expressar os

deslocamentos verticais e rotações das massas suspensas e caixa a partir de sua posição

de equilíbrio estático. Pode-se definir um novo vetor de deslocamentos para os graus de

liberdade das massas suspensas e caixa, ainda que os deslocamentos dos eixos ou rodas

permaneçam inalterados. Desta forma,

66

t tv v0 vy = y + z (4.35)

onde

-1

v0 vv gvy = K F (4.36)

é o deslocamento estático do veículo, e tvz são os deslocamentos e rotações medidos

a partir da posição de equilíbrio estático. Assim, para o caso do veículo com interação

completa do tipo II (ver Figura 3-9), tem-se

1

2

3

4

,

c

c r

bd r

bd r

bt r

bt

z t

t y t

z t y tt t

t y t

z t y t

t

v rz y (4.37)

onde

, , , , ,c c bd bd bt btz t t z t t z t t são os graus de liberdade novos para

o veículo considerando uma posição de equilíbrio estático.

Derivando a eq. (4.35) em relação ao tempo tem-se

t t t tv v v vy = z y = z (4.38)

Substituindo as eqs. (4.35) e (4.38) na eq. (4.34), considerando a eq. (4.36), e

reordenando, chega-se a

T T T

p rr p rr rv

v vvv vr vv

T -1T Tgr rv vv gvp rr rv

vvr vv

Y YM + A M A 0 C + A C A A C+

z z0 M C A C

Y A F - K K FK + A K A A K+ =

zK A K 0

(4.39)

Para o caso dos elementos de interação simplificada, já que vrK e

vvK é

simétrica e igual, a segunda parte da equação anterior se converte em um vetor

composto por T

gr gvA F + F e zero. Ao realizar a integração da equação, as forças de

interação podem ser perto de zero ou negativas, o que não teria sentido físico, já que

67

indicaria uma força de tração provocada pela roda na estrutura. Na prática, caso isto

aconteça, deve-se estudar estas zonas com mais atenção (Romero, 2002).

4.3 SOLUÇÃO NUMÉRICA PARA PROBLEMAS COM

INTERAÇÃO VEÍCULO-ESTRUTURA

O modelo empregado para a integração do sistema completo, considerado

todos os graus de liberdade, é baseado em um elemento de viga de Bernoulli, acoplado a

um sistema correspondente ao eixo do veículo, tal como é mostrado na Figura 4-3 para

um veículo simplificado (Gabaldón, 2005).

x

d 3

d 2

d 6

d 5

yv

yr

Figura 4-3 - Elemento Bernoulli com interação

Nas discussões seguintes, fica limitada a presença de apenas uma roda em

cada elemento de viga.

Denota-se id os graus de liberdade dos nós do elemento de viga, e

vy , ry os

graus de liberdade correspondentes à massa suspensa e à roda do veículo,

respectivamente. A equação geral dos veículos com interação (4.26) pode ser reescrita

de modo mais compacto como

0

t

gvv v v

v v v

grr r r

Fy y yM + C + K = +

F Fy y y (4.40)

onde

vM é a matriz de massa do veículo;

vC é a matriz de amortecimento do veículo;

68

vK é a matriz de rigidez do veículo.

As matrizes deverão ser associadas às correspondentes matrizes do elemento

de viga de Bernoulli, para obter as matrizes do elemento de viga com interação, sendo

que isto deverá ser considerado para cada localização da roda de cada veículo na ponte.

As matrizes dos elementos devem ser recalculadas em cada passo de tempo,

dependendo se há ou não solicitação sobre o elemento, para qualquer tipo de veículo.

Nesta análise utilizam-se somente os deslocamentos verticais e as rotações do elemento

de viga, adicionando-se os graus de liberdade do veículo. Os deslocamentos ry de cada

roda são os que interagem com a estrutura, e para determiná-los, usa-se simplesmente

uma função de interpolação, que dependerá da localização da roda sobre o elemento

(ver Figura 4-3).

2

3

22 23 25 26

5

6

,r r

d

dy y N N N N

d

d

Nd (4.41)

onde as funções de forma

3 2 2 3

22 233 2 2

2 3 3 2

25 262 3 2

2 3 21,

3 2,

x x x xN N x

L L L L

x x x xN N

L L L L

(4.42)

são comumente utilizadas para interpolação de deslocamentos em elementos de viga, e

representarão à forma deformada dos elementos (ver eq. (2.24)); e os deslocamentos d

estão indicados na Figura 4-3.

Para realizar a interação para todo o sistema se utiliza uma matriz de

transformação T, tal que

v

r

y= TD

y (4.43)

onde D são os deslocamentos do sistema completo (considerando os graus de liberdade

da ponte e das massas suspensas), e

1

2

TT

T (4.44)

69

sendo 1 2,T T sub-matrizes, de tal forma que

1T possui uma sub-matriz diagonal

identidade e tem tantas linhas quanto o número de graus de liberdade das massas

suspensas; 2T tem tantas linhas quanto o número de rodas do veículo. O número de

colunas das duas submatrizes é igual ao número de graus de liberdade da estrutura mais

o número de graus de liberdade das massas suspensas.

Para cada veículo deve avaliar-se a localização das rodas, de acordo com o

caso correspondente conforme mostrado na Figura 4-4.

i i j

i j k m

CASO I

CASO II

CASO III

1 2

4321

Figura 4-4 - Casos de veículos sobre estrutura

Para o primeiro caso tem-se uma matriz de transformação T

22 23 25 26

0 0 0 0 1

0i i i iN N N N

T (4.45)

Os elementos da primeira linha estão associados ao grau de liberdade da

massa suspensa, e os elementos da segunda linha estão associados à roda do veículo que

está sobre o elemento de viga i. Pode-se dizer que

22 23 25 26i i i i iN N N NN = (4.46)

Portanto, a matriz T pode ser mostrada como

70

0

0i

IT

N (4.47)

onde I é uma matriz identidade, com tantas linhas e colunas quanto os graus de

liberdade das massas suspensas.

Para o veículo completo do tipo I, que na Figura 4-4 é mostrado como caso II,

tem-se a seguinte matriz T

22 23 25 26

22 23 25 26

0 0 0 0 0 0 0 0 1 0

0 0 0 0 0 0 0 0 0 1

0 0 0 0 0 0

0 0 0 0 0 0

i i i i

j j j j

N N N N

N N N N

T

(4.48)

A primeira e segunda linhas referem-se aos graus de liberdade das massas

suspensas. A terceira linha refere-se à roda 1 que está sobre o elemento i e a quarta linha

refere-se à roda 2 que esta sobre o elemento j (ver Figura 4-4).

Portanto, a matriz T pode ser reprentada como

i

j

0 0 I

T N 0 0

0 N 0

(4.49)

Analogamente, para o modelo completo tipo II (caso III), a matriz T fica

i

j

k

l

0 0 0 0 I

N 0 0 0 0

0 N 0 0 0T

0 0 N 0 0

0 0 0 N 0

(4.50)

Para realizar a interação do veículo com a estrutura, as matrizes de massa, de

amortecimento e de rigidez dos veículos e o vetor de forças que atua sobre a estrutura

deverão ser transformados para que estas possam ser somadas às respectivas matrizes

dos elemento de viga Bernoulli, da seguinte maneira (Gabaldón, 2005).

t t

T T

Interação v Interação v

T T

Interação v

M = M + T M T, C = C + T C T,

K = K + T K T, F( ) = T P( ) (4.51)

71

onde

M é a matriz de massa expandida da estrutura;

C é a matriz de amortecimento expandida da estrutura;

K é a matriz de rigidez expandida da estrutura;

( )tF é o vetor de forças de interação transformadas;

InteraçãoM é a matriz de massa do sistema com interação;

InteraçãoC é a matriz de amortecimento do sistema com interação;

InteraçãoK é a matriz de rigidez do sistema com interação.

As matrizes M,C,K antes de serem somadas na eq. (4.51) devem ser

expandidas, adicionando-se linhas e colunas nulas referentes aos graus de liberdade das

massas suspensas dos veículos, de modo que estas matrizes possuam ordem igual ao do

vetor D considerado na eq. (4.43).

Pode-se observar nas eqs. (4.47), (4.49) e (4.50) que para cada roda que esteja

em contato com algum elemento se terá que interpolar com o vetor N, formando assim

uma matriz, denominada 2T . Esta matriz terá tantas linhas como rodas do veículo, mas

se alguma roda não estiver em contato com a estrutura, a linha respectiva será

preenchida por zeros.

Usando a matriz de interpolação 2T podem-se aproximar os deslocamentos

das rodas e as forças que atuam sobre a estrutura

T

2 2

2 2

t x t t x t

t x t t x t

r

r r

y = T D , P = -T F( )

y = T D , y = T D (4.52)

onde:

( )tD são os deslocamentos da estrutura e das massas suspensas, para cada

instante de tempo;

( )tF são as forças de interação entre veículo e estrutura que serão calculadas de

forma análoga como foram deduzidas as equações (4.33).

72

Assim, a equação (4.27) pode ser reescrita na seguinte forma

2t t t x tTMD + CD + KD = -T F (4.53)

Desenvolvendo e substituindo em (4.31) as derivadas mostradas em (4.52),

obtém-se as equações que determinam as forças de iteração ( )tF que atuarão sobre a

estrutura como um carregamento móvel pontual

2 2 2

2

2 2

t x t x t x t

x t

gr rr rv rr

rv v rr

gv vv v vv v vr vv v vr

F = -F + M T D + C T D + C T D

+K y + K T D

F = M y + C y + C T x D t + K y + K T x D t

(4.54)

Substituindo as equações (4.54) na equação de movimento proposta em (4.53),

reordenando as equações resultantes e dando uma forma de matrizes e vetores têm-se

2 2 22 2

2

22 2 2

2

x x xx x

x

xx x x

x

T TT

rr rvrr

vr vvvv

TT T

grrr rv

gvvr vv

C + T C T T CM + T M T 0D + D

T C C0 M

T FK + T K T T K+ D =

FT K K

(4.55)

73

CAPÍTULO 5

Desenvolvimento dos algoritmos computacionais

Neste capítulo serão apresentados os principais algoritmos para o

desenvolvimento de um programa computacional para a análise estática, dinâmica, com

interação veículo-estrutura e modal de estruturas planas. São mostradas as rotinas e os

critérios utilizados para desenvolvê-las. Estes algoritmos foram implementados em

linguagem Visual Basic, associados a uma planilha de Excel.

5.1 MÓDULO GERAL PARA ANÁLISE ESTÁTICA

O programa para análise estática é baseado no Método da Rigidez Direta,

comumente utilizado em programas de elementos finitos (Bathe 1996). Inicialmente,

são obtidas todas as propriedades geométricas da estrutura como: coordenadas dos nós,

restrições nos nós, conectividade para cada elemento, forças aplicadas nos nós ou sobre

os elementos, propriedades dos elementos e dos veículos. Todos estes dados são

armazeados em matrizes para o uso interno do programa. Para obtê-los, programou-se a

rotina dadosentrada, e em seguida utiliza-se a rotina seções onde se atribui a cada um

dos elementos e veículos as suas propriedades, tais como: momento de inércia, módulo

de elasticidade, densidade, massa dos veículos, amortecimento e rigidez dos sistemas de

suspensão de cada veículo. Depois, se inicia a análise com a rotina inicio e finalmente

mostram-se os resultados em gráficos e tabelas com a rotina resultados.

Esta estrutura é a básica para o desenvolvimento de qualquer tipo de programa

de análise estrutural. Nos demais módulos somente serão adicionados certos algoritmos

específicos.

Para contar as variáveis da estrutura ou veículo dentro das matrizes ou vetores

de dados informados pelo usuário, é verificado se existe algum dado preenchido. Se isto

estiver ocorrendo, passa-se a aumentar a variável de contagem.

numElems=0

Repetir Desde i=1 até nae

74

Se etiquetaelemento(i)<>Vazio

Verdadeiro Fazer

numElems=numElems+1

Fim Se

Fim Repetir i

onde

numElems é denominada número de elementos da estrutura.

Para atribuição das restrições de cada nó especificadas pelo usuário, avaliam-

se as matrizes de restrições para saber se estão vazias ou se contém algum dado. Caso

estejam vazias, é utilizado para sua localização, o número zero. Caso contrário, utiliza-

se o número um. Também é realizada aqui uma contagem para saber quantas restrições

existem na estrutura.

nr=0

Repetir Desde ij=1 até numNós

Repetir Desde i=1 até 3

Se restrs(ij,i)=Vazio

Verdadeiro fazer

rs(ij,i)=0

Falso fazer

rs(ij,i)=1

nr=nr+1

Fim Se

Fim Repetir i

Fim Repetir ij

onde

numNós é o numero de nós da estrutura;

restrs é a matriz de restrições que contém os dados fornecidos pelo usuário;

rs é a matriz interna do programa que contém as restrições de cada nó;

NGLN é o número de graus de liberdade para cada nó (neste caso, 3);

nr é o número de graus de liberdade restringidos.

No módulo seções, utiliza-se um conjunto de dados para cada elemento,

procurando suas propriedades físicas e geométricas.

75

O módulo inicio começa com a obtenção dos graus de liberdade dos

elementos. Aqui se avalia a restrição de cada nó em ordem dada pelo usuário e

enumeram-se os graus de liberdade da estrutura, iniciando-se pelos graus que não estão

restringidos e depois os que estão. O sentido da enumeração para cada grau de liberdade

por nó é 1: horizontal eixo x, 2: vertical eixo y e 3: rotação sobre o eixo z. Os graus de

liberdade são seguidamente armazenados em uma matriz gdl.

aux=0

Repetir Desde j=1 até numNós

Repetir Desde i=1 até NGLN

Se rs(j,i)=0

Verdadeiro fazer

aux=aux+1

gdl(j,i)=aux

Fim Se

Fim Repetir i

Fim Repetir j

NGLLE=aux

Repetir Desde j=1 até numNós

Repetir Desde i=1 até NGLN

Se rs(j,i)=1

Verdadeiro fazer

aux=aux+1

gdl(j,i)=aux

Fim Se

Fim Repetir i

Fim Repetir j

onde

NGLLE é o número de graus livres da estrutura;

NGLRE é o número de graus restritos da estrutura.

Para a obtenção das propriedades dos elementos, determinam-se as

coordenadas dos nós e as conectividades do elemento solicitado, consultando dentro da

matriz que foi introduzida pelo usuário que contém as coordenadas de cada nó e as

conectividades dos elementos, avaliando para cada grau de liberdade do nó

76

Repetir Desde i=1 até 2

coordNoI(i)=coords(noI(el),i)

coordNoJ(i)=coords(noJ(el),i)

Fim Repetir i

Repetir Desde i=1 até 3

grLibElem(i)=gdl(noI(el),i)

grLibElem(i+3)=gdl(noJ(el),i)

Fim Repetir i

onde

coords é a matriz de coordenadas introduzidos pelo usuário;

noI, noJ são vetores de conectividade dos elementos;

coordNoI, coordNoJ são as coordenadas dos nós do elemento solicitado;

grLibElem é o vetor de graus de liberdade do elemento.

Para obter a matriz de rigidez global de cada elemento e o vetor de forças

globais de cada elemento, realizam-se multiplicações e somatórios simples. O número

de graus de liberdade para cada elemento é seis.

Repetir Desde el=1 até numElems

Repetir Desde i=1 até 6

Repetir Desde ij=1 até 6

aux=0

Repetir Desde j=1 até 6

aux=aux+r(j, i)*kl(j,ij)

Fim Repetir j

rtkl(i,ij)=aux

Fim Repetir ij

Fim Repetir i

Repetir Desde i=1 até 6

Repetir Desde ij=1 até 6

aux=0

Repetir Desde j=1 até 6

aux=aux+rtkl(i,j)*r(j,ij)

Fim Repetir j

kgl(i,ij)=aux

77

Fim Repetir ij

Fim Repetir i

Repetir Desde i=1 até 6

aux=0

Repetir Desde j=1 até 6

aux=aux+r(j,i)*peql(j)

Fim Repetir j

peqgl(i)=aux

Fim Repetir i

Fim Repetir el

onde

r é a matriz de rotação;

rtkl é o produto da matriz transposta de rotação pela matriz de rigidez local;

peql, peqgl são vetores equivalentes de forças locais e globais;

kgl, pgl são a matrizes de rigidez global do elemento e o vetor de forças

globais do elemento.

Avaliando cada elemento e seus respectivos graus de liberdade, monta-se a

matriz de rigidez global da estrutura. Utilizando um algoritmo de localização do grau de

liberdade do elemento na estrutura, adiciona-se a rigidez do elemento ao respectivo grau

de liberdade da estrutura. Obtém-se assim as matrizes de rigidez e o vetor de forças da

estrutura.

Repetir Desde el=1 até numElems

Repetir Desde i=1 até 6

gl=grLibElem(i)

Repetir Desde j=1 até 6

ij=grLibElem(j)

k(gl,ij)=k(gl,ij)+kgl(i,j)

Fim Repetir j

Fim Repetir i

Repetir Desde i=1 até 6

gl=grLibElem(i)

Peq(gl)=Peq(gl)+peqgl(i)

Fim Repetir i

78

Fim Repetir el

onde

k é a matriz de rigidez da estrutura;

Peq é o vetor de forças equivalentes da estrutura;

NGLE é o número de graus de liberdade da estrutura.

Para a solução do sistema de equações se resolve as matrizes mostradas na eq.

(5.1) a qual permitirá obter os deslocamentos livres e as forças nos graus de liberdade

restrigindos (reações de apoio).

lll lr l

rl rr rr

-1

l ll l lr r

r rl l rr r

uk k P=

k k Pu

u = k P - k u

P = k u + k u

(5.1)

onde

ll lr rl rrk ,k ,k ,k são as matrizes particionadas da matriz de rigidez da estrutura;

l ru ,u são os vetores deslocamentos dos graus livres e restringidos;

l rP ,P são os vetores forças nos graus livres e restringidos.

Para resolver o sistema de equações utilizou-se uma factorização TLDL .

Porém, como a matriz K da estrutura não possui inversa, ela deve ser particionada para

a obtenção de uma matriz llk , referente aos graus de liberdade livres, e que possui

inversa (Dahlquist, 2003).

i-12

ii ii kk ik ii

k=1

i-1

ji kk jk ik

k=1ji

ii

d = kll - d l , l = 1

kll - d l l

l =d

(5.2)

di(1,1)=kll(1,1)

Repetir Desde i=2 até NGLLE

L(i,1)=kll(i,1)/di(1,1)

Fim Repetir i

Repetir Desde i=2 até NGLLE

79

Repetir Desde j=2 To i

aux=0

Repetir Desde ij=1 até j-1

aux=aux+di(ij,ij)*L(i,ij)*L(j,ij)

Fim Repetir ij

Se i=j

Verdade fazer

di(i,i)=kll(i,i)-aux

Falso fazer

L(i,j)=(kll(i,j)-aux)/di(j,j)

Fim Se

Fim Repetir j

Fim Repetir i

onde

di é a matriz diagonal;

L é a matriz inferior;

kll é a matriz de rigidez composta pelos graus de liberdade livres.

A partir da decomposição, a solução geral para um sistema de ordem n é dada

por uma substituição ao frente LDY = faux . Para a solução de sistemas convertidos a

TLDL utilizou-se o algoritmo seguinte (Dahlquist, 2003)

1 1 11

i-1

i i ik kk k ii

k=1

y = faux d

y = faux - l d y d , i > 1 (5.3)

Retro-substituição: T

L dl Y

n n

n

i i ki k

k=i+1

dl = y

dl = y - l x , i < n (5.4)

y(1)=faux(1)/di(1,1)

Repetir Desde i=2 até NGLLE

aux=0

Repetir Desde ij=1 até i-1

aux=aux+L(i,ij)*di(ij,ij)*y(ij)

80

Fim Repetir ij

y(i)=(faux(i)-aux)/di(i,i)

Fim Repetir i

dl(NGLLE)=y(NGLLE)

Repetir Desde i=NGLLE até 1 Passo-1

aux=0

Repetir Desde ij=i+1 até NGLLE

aux=aux+L(ij,i)*dl(ij)

Fim Repetir ij

dl(i)=y(i)-aux

Fim Repetir i

onde

y é um vetor auxiliar;

faux é uma força auxiliar para poder resolver o sistema inicial;

dl é o vetor dos deslocamentos estáticos livres da estrutura.

Posteriormente, é calculado o vetor Pr que representa o vetor das forças

restringidas da estrutura, as quais são justamente as reações de apoio, que são

produzidas nos graus de liberdade restringidos da estrutura.

Repetir Desde i=1 até NGLRE

praux=0

Repetir Desde ij=1 até NGLLE

praux=praux+krl(i, ij)*dl(ij)

Fim Repetir ij

praux2=0

Repetir Desde j=1 até NGLRE

praux2=praux2+krr(i, j)*dr(j)

Fim Repetir j

pr(i)=praux+praux2

Fim Repetir i

onde

praux, praux2 são vetores forças auxiliares;

krl é uma parcela da matriz de rigidez composta pelos graus de liberdade

livres e restringidos da estrutura;

81

krr é a parcela da matriz de rigidez da estrutura composta pelos graus de

liberdade restringidos da estrutura.

Para o cálculo das forças locais no elemento, convertem-se os deslocamentos

globais nos graus de liberdade do elemento para o sistema local da barra, para logo

calcular as forças no elemento e armazená-las em uma matriz interna denominada S.

Repetir Desde el=1 até numElems

Repetir Desde i=1 até 6

dg(i)=d(grLibElem(i))

Fim Repetir i

Repetir Desde i=1 até 6

aux=0

Repetir Desde j=1 até 6

aux=aux+r(i, j)*dg(j)

Fim Repetir j

dlo(i)=aux

Fim Repetir i

Repetir Desde i=1 até 6

aux=0

Repetir Desde j=1 até 6

aux=aux+kl(i, j)*dlo(j)g

Fim Repetir j

S(i,el)=aux-peql(i)

Fim Repetir i

Fim Repetir el

5.2 MÓDULO PARA A SOLUÇÃO DE VETORES

PRÓPRIOS

Considera-se o problema de vetores próprios de uma matriz quadrada D de

ordem n, sobre R (conjunto dos números reais). Diz-se que um escalar é um valor

próprio de D se existe um vetor não nulo também em R, para o qual 0 D I e

0 . Os valores próprios e vetores próprios de D são exatamente aqueles que

satisfazem à eq. (5.5). Assim, a única maneira de se obter vetores próprios é ter a

82

determinante 0 D I . Impondo esta condição, determinam-se, primeiramente, os

valores próprios λ que satisfazem a equação inicial e depois os vetores próprios a eles

associados. Os vetores próprios são determinados após a substituição do valor próprio

em 0 D I . O vetor próprio, associado a um valor próprio, não é único, ou seja,

se é um vetor próprio, qualquer escalar c multiplicado por será solução do

problema (Elishakoff, 2005).

D (5.5)

Para o caso de análise modal estrutural, no qual tem-se um sistema de

equações da forma mostrada em (2.62), deve-se calcular a matriz diagonal de

freqüências naturais , e os modos de vibração da estrutura (Bathe, 1996):

2K ω M (5.6)

Avaliando as eqs. (5.5) e (5.6), pode-se observar as seguintes relações:

-1D = K M, ω = λ (5.7)

O método iterativo escolhido para avaliar os modos e as freqüências de

vibração da estrutura foi o método de Stodola, no qual é utilizado um vetor iterativo e

para cada passo de iteração o vetor é normalizado utilizando o maior valor do vetor de

interação como é mostrado em (5.8) (Clough, 2003)

(1) (0)

1 1v = Dv (5.8)

onde

(1)1v é o vetor de iteração novo;

(0)1v é o vetor de iteração anterior.

Para atualizar os vetores é normalizado o vetor (1)

1v , para obter o seguinte

vetor e voltar a utilizar a eq. (5.9).

)

(1)(1) 1

1 (1)1

vv =

max(v (5.9)

Continua-se com as iterações até obter o primeiro modo de vibração e a

correspondente freqüência natural.

83

)

1 (s)1

1=

max(v (5.10)

onde

1 é a freqüência natural do primeiro modo;

s é a última iteração que foi realizada.

Para a obtenção dos modos altos se realiza as mesmas iterações, sendo que a

matriz D é modificada em função aos modos anteriores de modo que

nT

i=1 i

1

M

n+1 n

n

D = S D

S = I - mi iφ φ (5.11)

onde

nS é a matriz de transformação modal;

I é a matriz de identidade;

iφ é a forma modal do modo i;

m é a matriz massa do sistema;

iM é a massa para o modo i.

Finalmente pode-se determinar a freqüência natural para o modo calculado.

)

n (s)n

1=

max(v (5.12)

Algoritmos principais para a implementação no programa CarTool vs 1.0.

Para a solução do problema de valores próprios, inicialmente renumeram-se os

graus de liberdade, de modo que os primeiros graus de liberdade sejam aqueles aos

quais está associada inércia. Posteriormente, é realizada uma condensação estática para

poder reduzir os graus de liberdade que não oferecem inércia.

aux=0

Repetir Desde i=1 até NGLN

Repetir Desde j=1 até numNós

84

Se rs(j,i)=0

Verdade Fazer

aux=aux+1

gdl(j,i)=aux

Fim Se

Fim Repetir j

Se i=2

Verdade Fazer

NGLI=aux

Fim Se

Fim Repetir i

NGLLE=aux

Repetir Desde i=1 até NGLN

Repetir Desde j=1 até numNós

Se rs(j,i)=1

Verdade Fazer

aux=aux+1

gdl(j,i)=aux

Fim Se

Fim Repetir j

Fim Repetir i

onde

NGLI é o numero de graus de liberdade que oferecem inércia.

Para realizar a condensação, pode-se fazer uma simplificação dos graus de

liberdade que não oferecem inércia da seguinte maneira (Cook, 1989)

t tt to ttt t

o ot oo o

u k k um 0 p (t)+ =

u k k u0 0 0 (5.13)

Desenvolvendo as equações, obtem-se

tt t tt t to o t

ot t oo o

m u +k u +k u = p (t)

k u +k u = 0 (5.14)

Finalmente, podem-se obter os deslocamentos através das equações

ˆ

tt t tt t t

-1

o oo ot t

m u + k u = p (t)

u = -k k u (5.15)

85

onde a matriz de condensação é

ˆ T -1

tt tt ot oo otk = k - k k k (5.16)

Repetir Desde i=1 até NGLI

Repetir Desde j=1 até NGLI

ktt(i,j)=k(i,j)

Fim Repetir j

Fim Repetir i

Repetir Desde i=1 até NGLLE-NGLI

Repetir Desde j=1 até NGLI

kot(i,j)=k(NGLI+i,j)

Fim Repetir j

Fim Repetir i

Repetir Desde i=1 até NGLLE-NGLI

Repetir Desde j=1 até NGLLE-NGLI

koo(i,j)=k(NGLI+i,j+NGLI)

Fim Repetir j

Fim Repetir i

di(1,1)=koo(1,1)

Repetir Desde i=2 até NGLLE-NGLI

L(i,1)=koo(i,1)/di(1,1)

Fim Repetir i

Repetir Desde i=2 até NGLLE-NGLI

Repetir Desde j=2 Até i

aux=0

Repetir Desde ij=1 até j-1

aux=aux+di(ij, ij)*L(i,ij)*L(j,ij)

Fim Repetir ij

Se i=j

Verdade Fazer

di(i,i)=koo(i,i)-aux

Falso Fazer

L(i,j)=(koo(i,j)-aux)/di(j,j)

Fim Se

Fim Repetir j

86

Fim Repetir i

Repetir Desde ii=1 até NGLLE-NGLI

Repetir Desde i=1 até NGLLE-NGLI

Viden(i)=0

Fim Repetir i

Viden(ii)=1

y(1)=Viden(1)/di(1,1)

Repetir Desde i=2 até NGLLE-NGLI

aux=0

Repetir Desde ij=1 até i-1

aux=aux+L(i,ij)*di(ij,ij)*y(ij)

Fim Repetir ij

y(i)=(Viden(i)-aux)/di(i,i)

Fim Repetir i

ikoo(ii, NGLLE-NGLI)=y(NGLLE-NGLI)

Repetir Desde i=NGLLE-NGLI até 1 Step-1

aux=0

Repetir Desde ij=i+1 até NGLLE-NGLI

aux=aux+L(ij,i)*ikoo(ii,ij)

Fim Repetir ij

ikoo(ii,i)=y(i)-aux

Fim Repetir i

Fim Repetir ii

Repetir Desde ij=1 até NGLI

Repetir Desde ii=1 até NGLLE-NGLI

aux=0

Repetir Desde jj=1 até NGLLE-NGLI

aux=aux+kot(jj,ij)*ikoo(jj,ii)

Fim Repetir jj

kotikoo(ij,ii)=aux

Fim Repetir ii

Fim Repetir ij

Repetir Desde ij=1 até NGLI

Repetir Desde ii=1 até NGLI

aux=0

87

Repetir Desde jj=1 até NGLLE-NGLI

aux=aux+kotikoo(ij,jj)*kot(jj,ii)

Fim Repetir jj

kkk(ij,ii)=aux

Fim Repetir ii

Fim Repetir ij

Repetir Desde i=1 até NGLI

Repetir Desde j=1 até NGLI

kc(i,j)=ktt(i,j)-kkk(i,j)

Fim Repetir j

Fim Repetir i

onde

kc,ktt,kkk são as matrizes de condensação e auxiliares;

kot,ikoo,kotikoo são matrizes auxiliares.

Cálculo da matriz inversa da ridigez, a qual será seguidamente multiplicada pela

matriz de massa.

di(1,1)=kc(1,1)

L(1,1)=1

Repetir Desde i=2 até NGLI

L(i,1)=kc(i,1)/di(1,1)

Fim Repetir i

Repetir Desde i=2 até NGLI

Repetir Desde j=2 até i

aux=0

Repetir Desde ij=1 até j-1

aux=aux+di(ij,ij)*L(i,ij)*L(j,ij)

Fim Repetir ij

Se i=j

Verdadeiro fazer

di(i,i)=kc(i,i)-aux

L(i,i)=1

Falso fazer

L(i,j)=(kc(i,j)-aux)/di(j,j)

88

Fim Se

Fim Repetir j

Fim Repetir i

Repetir Desde ii=1 até NGLI

Viden(ii)=1

y(1)=Viden(1)/di(1,1)

Repetir Desde i=2 até NGLI

aux=0

Repetir Desde ij=1 até i-1

aux=aux+L(i, ij)*di(ij,ij)*y(ij)

Fim Repetir ij

y(i)=(Viden(i)-aux)/di(i,i)

Fim Repetir i

ik(ii,NGLI)=y(NGLI)

Repetir Desde i=NGLI até 1 Passo-1

aux=0

Repetir Desde ij=i+1 até NGLI

aux=aux+L(ij,i)*ik(ii,ij)

Fim Repetir ij

ik(ii,i)=y(i)-aux

Fim Repetir i

Fim Repetir ii

Repetir Desde ij=1 até NGLI

Repetir Desde ii=1 até NGLI

aux=0

Repetir Desde jj=1 até NGLI

aux=aux+ik(ij,jj)*m(jj,ii)

Fim Repetir jj

ikm(ij,ii)=aux

Fim Repetir ii

Fim Repetir ij

onde

m é a matriz de massas dos graus de liberdade livres da estrutura;

Viden é o vetor auxiliar que é utilizado no calculo da inversa da matriz kc;

89

ik é a matriz inversa de rigidez.

ikm é a matriz inversa de rigidez multiplicada pela matriz de massa.

Cálculo da matriz de freqüências naturais, utilizando o algoritmo de Stodola, para

a solução do problema de vetores próprios.

it=1

tol=1

Repetir Desde i=1 até NGLI

vp(i,it)=1

Fim Repetir i

Fazer ainda que tol>=10^-8

Repetir Desde ij=1 até NGLI

aux=0

Repetir Desde jj=1 até NGLI

aux=aux+ikm(ij,jj)*vp(jj,it)

Fim Repetir jj

vpp(ij,it +1)=aux

Fim Repetir ij

j=1

Repetir Desde ii=j até NGLI

Repetir Desde i=j+1 até NGLI

Se Abs(vpp(j,it+1))>Abs(vpp(i,it+1))

Falso Fazer

j=i

Ir fin

Fim Se

Fim Repetir i

fin

Fim Repetir ii

vpmax=vpp(j,it+1)

Repetir Desde i=1 até NGLI

vp(i,it+1)=vpp(i,it+1)/vpmax

Fim Repetir i

tol=Abs(vpp(j,it+1)-vpp(j,it))

90

it=it+1

Quando

itm(1)=it

w(1)=(1/vpmax)^0.5

Repetir Desde i=1 até NGLI

modo(i,1)=vp(i,itm(1))

Fim Repetir i

Repetir Desde i=1 até NGLI

aux=0

Repetir Desde j=1 até NGLI

aux=aux+modo(j,1)*m(j,i)

Fim Repetir j

modom(i,1)=aux

Fim Repetir i

aux=0

Repetir Desde ii=1 até NGLI

aux=aux+modom(ii,1)*modo(ii,1)

Fim Repetir ii

mtotal(1)=aux

Repetir Desde i=1 até NGLI

Repetir Desde j=1 até NGLI

Se i=j

Verdadeiro fazer

Iden(i,j)=1

Falso fazer

Iden(i,j)=0

Fim Se

Fim Repetir j

Fim Repetir i

Repetir Desde nmod=2 até nummodos

Repetir Desde i=1 até NGLI

Repetir Desde j=1 até NGLI

mm(i,j,nmod-1)=modo(i,nmod-1)*modo(j,nmod-1)

Fim Repetir j

Fim Repetir i

91

Repetir Desde i=1 até NGLI

Repetir Desde jj=1 até NGLI

aux=0

Repetir Desde j=1 até NGLI

aux=aux+mm(i,j,nmod-1)*m(j,jj)

Fim Repetir j

auxS(i,jj,nmod-1)=aux/mtotal(nmod-1)

Fim Repetir jj

Fim Repetir i

Repetir Desde i=1 até NGLI

Repetir Desde j=1 até NGLI

aux=0

Repetir Desde ii=1 até nmod-1

aux=aux+auxS(i,j,ii)

Fim Repetir ii

Saux(i,j,nmod-1)=aux

Fim Repetir j

Fim Repetir i

Repetir Desde i=1 até NGLI

Repetir Desde j=1 até NGLI

S(i,j,nmod)=Iden(i,j)-Saux(i,j,nmod-1)

Fim Repetir j

Fim Repetir i

Repetir Desde i=1 até NGLI

Repetir Desde jj=1 até NGLI

aux=0

Repetir Desde j=1 até NGLI

aux=aux+ikm(i,j)*S(j,jj,nmod)

Fim Repetir j

Dikm(i,jj,nmod)=aux

Fim Repetir jj

Fim Repetir i

it=1

tol=1

Repetir Desde i=1 até NGLI

92

vp(i,it)=1

Fim Repetir i

Fazer ainda que tol>=10^-8

Repetir Desde ij=1 até NGLI

aux=0

Repetir Desde jj=1 até NGLI

aux=aux+Dikm(ij,jj,nmod)*vp(jj,it)

Fim Repetir jj

vpp(ij,it+1)=aux

Fim Repetir ij

j=1

Repetir Desde ii=j até NGLI

Repetir Desde i=j+1 até NGLI

Se Abs(vpp(j,it+1))>Abs(vpp(i,it+1))

Falso fazer

j=i

Ir fin2

Fim Se

Fim Repetir i

fin2

Fim Repetir ii

vpmax=vpp(j,it+1)

Repetir Desde i=1 até NGLI

vp(i,it+1)=vpp(i,it+1)/vpmax

Fim Repetir i

tol=Abs(vpp(j,it+1)-vpp(j,it))

it=it+1

Quando

itm(nmod)=it

w(nmod)=Abs((1/vpmax))^0.5

Repetir Desde i=1 até NGLI

modo(i,nmod)=vp(i,itm(nmod))

Fim Repetir i

Repetir Desde i=1 até NGLI

aux=0

93

Repetir Desde j=1 até NGLI

aux=aux+modo(j,nmod)*m(j,i)

Fim Repetir j

modom(i,nmod)=aux

Fim Repetir i

Aux=0

Repetir Desde ii=1 até NGLI

aux=aux+modom(ii,nmod)*modo(ii,nmod)

Fim Repetir ii

mtotal(nmod)=aux

Fim Repetir nmod

onde

s é o numero de dígitos de precisão;

mtotal é o vetor de massas modais;

vpp,vp são os vetores de interação;

auxS,Saux, Dikm são matrizes auxiliares;

vpmax é o valor maximo dentro do vetor interação;

Iden é a matriz identidade;

it, tol1, aux, nmod são variáveis de contagem e tolerância;

w é a matriz de freqüências naturais da estrutura;

modom, mm, itm são matrizes e vetores auxiliares;

modo é a matriz de modos da estrutura.

5.3 MÓDULO PARA A SOLUÇÃO DAS EQUAÇÕES DE

MOVIMENTO CONSIDERANDO A INTERAÇÃO

O método empregado para a solução das equações do movimento é o método

de Newmark. Este método é fundamentado na escolha da variação da aceleração, tendo

sido desenvolvido por N. M. Newmark em 1959 baseados nas seguintes equações

(Chopra, 1995).

94

2 2

1

0.5

t t

t t t

i+1 i i i+1

i+1 i i i i+1

u = u u u

u = u u u u (5.17)

Os parâmetros β e γ são os que definem como a aceleração varia em certo

intervalo de tempo, a estabilidade e a precisão características do método. A seleção

típica destes valores é 1

2 e

1 1

6 4 , sendo a mais satisfatória de acordo com as

condições de precisão e estabilidade para o método. O método iterativo pode-se

descrever como segue.

Pode-se converter a equação diferencial de movimento em uma equação

incremental, onde se tem que

Δ Δ Δ Δ

Δ Δ

Δ Δ

i

i i i i

i i+1 i i+1 i

i i+1 i i i+1 i

m u + c u + k u = p

u u - u , u u - u

u u - u , p p - p

(5.18)

Substituindo as eqs. (5.18) em (5.17) obtem-se

220.5

t t

t t t

i i i

i i i i

u u u

u u u u (5.19)

onde na eq. (5.19) pode-se obter Δ iu

2

2 2

2

0.5 1 1 1

2

1 1 1

2

t t

tt t

tt

i i i

i i i i

i i i i

u u uu u u u

u u u u

(5.20)

Substituindo a eq. (5.20) na eq. (5.19) se pode obter a variável Δ iu

2

1 1 1

2

12

t ttt

tt

i i i i i

i i i i

u u u u u

u u u u

(5.21)

Substituindo a eq. (5.21) na equação de equilíbrio incremental (5.18), chega-

se a

95

2

2

1 1 11

2 2

1 1 1

2

12

ˆ ˆ

c tt tt

t tt

t

i i i i i i

i i

i i i i

i i

i i

m u u u u u u

k u p

m c k u p u u m

u u c

k u p

(5.22)

onde

2

1ˆ ,

1 1ˆ 1

2 2

t t

tt

i i i i

k = m c k

p p m c u m c u

(5.23)

Como os erros acumulam-se a cada intervalo de tempo, deve-se garantir a

satisfação da equação de movimento com a seguinte equação obtida das equações de

movimento geral do sistema

i+1 i+1 i+1i+1

p - cu - kuu =

m (5.24)

Será desenvolvida a seguir a metodologia para a solução das equações de

movimento pelo método de Newmark de sistemas lineares com interação de veículo-

estrutura.

Inicialmente, resolvem-se as condições iniciais da estrutura, com as matrizes

de massa, amortecimento e rigidez iniciais da estrutura, sem nenhuma interação com

veículo, já que o veículo esta na posição zero

0 00

P - Cu - Kuu =

M (5.25)

onde 0u são os deslocamentos da estrutura iniciais e P, C, K e M são as matrizes inicias

da estrutura. Logo depois, seleciona-se a variação de tempo Δt , para fazer a integração.

96

Para cada instante de tempo, as matrizes de massa, amortecimento e rigidez,

mudam dependendo do número de veículos que estão sobre a ponte. Assim, as seguintes

grandezas são calculados, usando os coeficientes 1

2 e

1

4

2

1 1, 1

2 2

t t

A B tt

pv pv pv pv

pv pv pv pv

K = M C K

M C M C

(5.26)

onde pv pv pvM , C , K são as matrizes de interação e serão de dimensões variáveis,

dependendo do número de veículos que estão sobre a ponte.

Calculam-se as forças equivalentes do sistema para cada instante de tempo

ˆ A B pvi pvi i iP P u u

(5.27)

Calculam-se as variações dos deslocamentos para cada instante de tempo

ˆ

ˆ

pvi

i

pv

Pu

K (5.28)

Calculam-se as variações das velocidades e acelerações para cada instante de

tempo

2

12

1 1 1

2

tt

tt

i i i i

i i i i

u u u u

u u u u

(5.29)

Calculam-se os deslocamentos, velocidades e acelerações para o instante de

tempo 1i

, , i+1 i i i+1 i i i+1 i iu = u u u = u + u u = u + u

(5.30)

Dá-se prosseguimento à análise, para o seguinte passo de tempo substituindo

1ii , até integrar todo o sistema.

97

Algoritmos principais para a implementação no programa CarTool vs 1.0.

Inicialmente calculam-se todos os carregamentos equivalentes, a matriz de

interpolação denominada e por conseqüência as matrizes de rigidez, amortecimento e

massa interpoladas. Particionam-se todas as matrizes, utilizando somente a parte

associada aos graus de liberdade livres. Inicia-se com as iterações para a integração com

os dados iniciais propostos e o cálculo para os intervalos de tempo tc que depende da

velocidade dos veículos vt e do comprimento total da viga, mais a distância de entrada

do veículo denominada danterior. Logo se calcula o número de passos np que serão

utilizados nas repetições.

delta=0.5

beta=0.25

tc=((xmax-xmin)+danterior(numvei))/vt

np=tc/at

ti(1)=0

Calculam-se as propriedades dos elementos sobre os quais está posicionada

uma roda do veículo, tais como a distância desde o inicio do elemento au, o

comprimento do elemento, as coordenadas e graus de liberdade.

Repetir Desde i=1 até 3

grLibElem(i)=gdl(noI(força_no_el),i)

grLibElem(i+3)=gdl(noJ(força_no_el),i)

Fim Repetir i

coordNoI(1)=coords(noI(força_no_el),1)

coordNoJ(1)=coords(noJ(força_no_el),1)

le=coordNoJ(1)-coordNoI(1)

au=xu(az+1,nv)-coordNoI(1)

Calculam-se a localização do veículo e o número de veículo que estão no

instante do tempo. Estes veículos podem estar em um nó ou em um elemento.

numveinp=0

Repetir Desde nv=1 até numvei

xu(az+1,nv)=vt*ti(az+1)-danterior(nv)

Se xu(az+1,nv)>=0 E xu(az+1,nv)<=xmax-xmin

Verdadeiro Fazer

numveinp=numveinp+1

98

xup(az+1,numveinp)=xu(az+1,nv)

lnv(numveinp)=nv

Fim Se

Se xu(az+1,nv)<0

Verdadeiro Fazer

Ir Etiqueta Fim

Fim Se

Fim Repetir nv

Etiqueta Fim

onde

numveinp é o numero de veículos que estejam sobre esse instante de tempo na

estrutura;

numvei é o número total de veículos.

No caso dos veículos que tenham mais rodas, como são os modelos completo

tipo I e II, a metodologia é igual, mudando somente que para os elementos da matriz

que interagem com as rodas serão avaliadas pelo número de rodas e os elementos que

não interagem, serão avaliados com o número de veículos. Portanto, o algoritmo

anterior foi modificado conforme mostrado a seguir

numrodanp=0

numveinp=0

Se nro<4

Verdadeiro Fazer

Repetir Desde nv=1 até numvei

Repetir Desde i=1 até nro

dant(nv,i)=danterior(nv)+(i-1)*2*datosvc1(nv,4)

Fim Repetir i

Fim Repetir nv

Falzo Fazer

Repetir Desde nv=1 até numvei

dant(nv,1)=danterior(nv)

dant(nv,2)=danterior(nv)+2*datosvc2(nv,7)

dant(nv,3)=danterior(nv)+2*datosvc2(nv,4)-datosvc2(nv,7)

dant(nv,4)=danterior(nv)+2*datosvc2(nv,4)+datosvc2(nv,7)

99

Fim Repetir nv

Fim Se

Repetir Desde nv=1 até numvei

Repetir Desde ii=1 Até nro

xu(az+1,nv,ii)=vt*Ti(az+1)-dant(nv,ii)

Se xu(az+1,nv,ii)>=0 And xu(az+1,nv,ii) <=xmax-xmin

Verdadeiro Fazer

numrodanp=numrodanp+1

lnv(numrodanp)=nv

Se ii=1

Verdadeiro Fazer

numveinp=numveinp+1

Fim Se

xup(az+1,numrodanp)=xu(az+1,nv,ii)

etroda(numrodanp)=numveinp

Fim Se

Se xu(az+1,nv,ii)<0

Verdadeiro Fazer

Ir Etiqueta fin

Fim Se

Fim Repetir ii

Fim Repetir nv

Etiqueta fin

onde

numrodanp é o numero de rodas dentro da ponte;

etroda é a etiqueta para cada roda, que identificará o veículo;

dant é o vetor novo de distancias de entrada para cada roda.

Determina-se em que elemento a força é aplicada, podendo ser sobre um

elemento ou sobre um nó.

Repetir Desde el=1 até numElems

Se coords(noI(cse(el)),1)<xup(az+1,nv)E

coords(noJ(cse(el)),1)>xup(az+1,nv)

100

Verdadeiro Fazer

força_el=cse(el)

Fim Se

Se força_el<>0

Verdadeiro Fazer

Ir finlocalizar

Fim Se

Se força_el=0

Verdadeiro Fazer

Seleçõar Caso xup(az+1,nv)

Caso coords(noI(cse(el)),1)

força_no=noI(cse(el))

Caso coords(noJ(cse(el)),1)

força_no=noJ(cse(el))

Fim Seleçõar

Fim Se

Se força_no<>0

Verdadeiro Fazer

Ir Etiqueta finlocalizar

Fim Se

Fim Repetir el

Etiqueta Finlocalizar

onde

força_no é o nó que esta aplicada a força;

força_el é o elemento que esta aplicada a força;

cse é o vetor no qual contem os elementos que foram aplicadas as cargas

móveis.

Para esta localização, calculam-se todas as matrizes novas de massa,

amortecimento e rigidez, e os vetores de carregamento para o intervalo de tempo para

cada veículo somente nos graus de liberdade solicitados. Calculam-se antes as funções

de interpolação denominadas N22, N23, N25 e N26. Para cada caso será necessário

fazer uma soma com a matriz da estrutura sem interação, tendo dois casos: a soma de

forças ou matrizes.

101

gle =grLibElem(i)

f(az+1,gle)=f(az+1,gle)+datosvm(lnv(nv),1)*Nij

Q(az+1,gle,gle)=Q(az+1,gle,gle)+datosvm(lnv(nv),i)*Nij*Nij

onde

datosvm é o vetor que contém as propriedades de cada tipo de veículo;

Q é uma uma matriz genérica, representando tanto as matrizes de massa,

amortecimento ou rigidez.

Os índices i e j podem ser 2,3,5 ou 6, que são os graus de liberdade do

elemento solicitado.

Em seguida inicia-se o algoritmo de Newmark calculando os valores efetivos

da matriz de rigidez e forças efetivas.

Repetir Desde az=1 até np

Repetir Desde i=1 até NGLLE

Repetir Desde j=1 até NGLLE

kef(az,i,j)=Kt(az,i,j)+delta/(beta*at)*Ct(az,i,j)+1/(beta*at

^2)*Mt(az,i,j)

Fim Repetir j

Fim Repetir i

Repetir Desde i=1 até NGLLE

df(az,i)=f(az+1,i)-f(az,i)

Fim Repetir i

Repetir Desde i=1 até NGLLE

Repetir Desde j=1 até NGLLE

auxa(az,i,j)=1/(beta*at)*Mt(az,i,j)+delta/beta*Ct(az,i,j)

auxb(az,i,j)=1/(2*beta)*Mt(az,i,j)+at*(delta/(2*beta)-

1)*Ct(az,i,j)

Fim Repetir j

Fim Repetir i

Repetir Desde i=1 até NGLLE

aux=0

Repetir Desde j=1 até NGLLE

aux=aux+auxa(az,i,j)*dU(az,j)+auxb(az,i,j)*d2U(az,j)

Fim Repetir j

fef(az,i)=df(az,i)+aux

102

Fim Repetir i

Fim Repetir az

Finalmente, calculam-se todas as demais variações, como velocidades e

acelerações, somando os vetores iniciais, obtendo-se os deslocamentos, velocidades e

acelerações para o intervalo do tempo.

Repetir Desde az=1 até np

Repetir Desde i=1 até NGLLE

deltadU(az,i)=delta/(beta*at)*deltaU(az,i)-delta/beta*dU(az,i)+at*(1-

delta/(2*beta))*d2U(az,i)

deltad2U(az,i)=1/(beta*at^2)*deltaU(az,i)-1/(beta*at)*dU(az,i)-

1/(2*beta)*d2U(az,i)

Fim Repetir i

Repetir Desde i=1 até NGLLE

U(az+1,i)=U(az,i)+deltaU(az,i)

dU(az+1,i)=dU(az,i)+deltadU(az,i)

d2U(az+1,i)=d2U(az,i)+deltad2U(az,i)

Fim Repetir i

Fim Repetir az

103

CAPÍTULO 6

Testes de validação dos algoritmos e exemplos de aplicação

Neste capítulo foram desenvolvidos os testes de comprovação para validar

teoricamente os algoritmos apresentados, comparando os resultados obtidos com

soluções analíticas mostradas nas referências ou desenvolvidas pelo autor. Foram

desenvolvidas comprovações para o algoritmo estático, para a análise modal e para os

algoritmos dinâmicos, considerando carregamentos dinâmicos com ou sem interação

veículo-estrutura.

6.1 TESTES PARA O ALGORITMO DA ANÁLISE

ESTÁTICA

O exemplo utilizado como teste de validação para a análise estática foi

analisado por Chopra (1995) (exemplo 8.4). Neste exemplo, considera-se uma viga

simplesmente apoiada com comprimento de 60,96m , módulo de elasticidade de

26 t/m2,81x10 , inércia da seção de 45,67m e com um carregamento móvel,

correspondente a uma carga pontual de 4 t em sentido contrário ao da gravidade. O

deslocamento central estático é dado por 30( / 2) / 48u L p L EI . Utilizou-se para a

análise 20 elementos. A Figura 6-1 ilustram a entrada de dados do programa CarTool.

104

Figura 6-1 - Introdução de dados

Pode-se observar que o deslocamento máximo obtido foi -0.001185m o qual

coincide com o resultado teórico 001185,0/(48EI)L-pu(l/2) 3

o m, satisfazendo

assim o teste de validação para a análise estática.

6.2 TESTES PARA O ALGORITMO DA ANÁLISE MODAL

Para a análise modal foi utilizado o mesmo exemplo anterior, e foram obtidos

os modos e as freqüências de vibração da estrutura, os quais são comparados com os

seguintes resultados analíticos

2

2

1 2

sin ,

8.48 / , 33.91 /

i x i EI

L L m

rad s rad s

(6.1)

Com o programa foram obtidas as duas primeiras freqüências 8.48 rad/s e

33.91 rad/s respectivamente. Os modos obtidos numericamente são mostrados na Figura

6-2. Verifica-se assim que os resultados satisfazem o teste de validação para a análise

modal.

105

Modo de vibração 1 Modo de vibração 2

Modo de vibração 3 Modo de vibração 4

Figura 6-2 - Modos de vibração de uma viga simplesmente apoiada

Foi realizado também uma verificação da análise modal com um modelo de

pórtico plano, o qual também foi analisado com o programa SAP2000. Utilizou-se um

pórtico com duas colunas com 6 metros de altura, e uma viga com 6 metros de vão,

módulo de elasticidade de 2531050.7 t/m2, e massa por unidade de volume de 2.4028

t/m3.

Realizou-se uma discretização em 6 elementos por cada barra. Os resultados

obtidos com o programa SAP2000 e o programa desenvolvido neste trabalho são

mostrados na Figura 6-3. A partir dos resultados apresentados, conclui-se que estes

apresentam boa concordância.

106

Modelo Sap Modo 1 T=0.120 s Algoritmo Modo 1 T=0.117 s

Modelo Sap Modo 2 T=0.033 s Algoritmo Modo 2 T=0.030 s

Figura 6-3 - Modos de vibração de um pórtico plano

6.3 TESTES PARA O ALGORITMO DA ANÁLISE

DINÂMICA

Para a comprovação dos algoritmos para análise dinâmica, analisaram-se três

exemplos, os quais são descritos a seguir.

O primeiro exemplo teve como objetivo testar o algoritmo de Newmark e foi

analisado por Chopra (1995), (exemplo 5.3). Este exemplo consiste em um sistema de

um grau de liberdade, com t/m781k , /mseg-t523.4m 2 , seg/m-t843.2c e as

forças variam de forma senoidal )sen(pt/0,610p . Os resultados obtidos

numericamente foram comparados com os resultados analíticos mostrados na referência.

Os resultados são mostrados na Figura 6-4 obtendo-se para um passo de tempo de 0,1

segundo:

107

Figura 6-4 – Análise dinâmica de um problema com um grau de liberdade, com passo de tempo de

0.1 segundo

Reduzindo o passo de tempo para 0,01 segundos, pode-se observar que o

algoritmo coverge para a solução analítica, conforme mostrado na Figura 6-5:

Figura 6-5 - Análise dinâmica de um problema com um grau de liberdade, com passo de tempo de

0,01 segundo

O segundo teste foi realizado com o mesmo exemplo de Chopra (1995),

testado para análise estática, e mostrado anteriormente na seção 6.1. Neste novo teste, é

realizada uma análise dinâmica sem amortecimento com o algoritmo de Newmark

utilizando somente um carregamento pontual móvel a uma velocidade de 90 km/h, para

um passo de tempo de 0,1 segundos. Os resultados são mostrados na Figura 6-6

108

Figura 6-6 – Viga com carga móvel, sem amortecimento, com passo de tempo de 0,1 segundo

Reduzindo o passo de tempo para 0,01 segundos, pode se observar que o

algoritmo converge satisfatoriamente (Figura 6-7).

Figura 6-7 - Viga com carga móvel, sem amortecimento, com passo de tempo de 0,01 segundo

O coeficiente de amplificação dinâmica obtida por Chopra (1995) foi 1,156.

No presente estudo o coeficiente obtido foi 1,150.

No terceiro teste considera-se uma taxa de amortecimento de 5%, e utilizando

as equações diferenciais desenvolvidas pelo autor, foram obtidos resultados mostrados

na Figura 6-8, para um passo de tempo de 0,1 segundo.

109

Figura 6-8 - Viga com carga móvel, com amortecimento, com passo de tempo de 0,1 segundo

Reduzindo o passo de tempo para 0,01 segundos, pode-se observar que o

algoritmo converge satisfatoriamente (Figura 6-9).

Figura 6-9 - Viga com carga móvel, com amortecimento, com passo de tempo de 0,01 segundo

A analise pseudo-estático é um procedimento de realizar vários analises

estáticos deslocando o carregamento para cada instante de tempo, com este podemos

obter um registro no tempo dos deslocamentos estáticos.

Os resultados dos testes descritos acima podem ser comparados com

resultados obtidos através da análise pseudo-estática, a fim de permitir a determinação

110

do fator de amplificação dinâmica da resposta. Pode-se também apresentar a vibração

da ponte, após o carregamento sair da ponte (Figura 6-10).

Figura 6-10 - Análise pseudo-estático e resposta para carregamento fora da ponte

Para a comprovação do modelo dinâmico com interação simplificada do

veículo, foi implementado um exemplo tomado da tese de doutorado de Romero (2002),

na qual se analisa uma ponte de 40 metros de comprimento com massa por metro linear

de 30 t/m, rigidez à flexão da seção (EI) de 220,2 GN.m2 e taxa de amortecimento de

1%. O veículo utilizado para a análise foi um trem Eurostar (255 km/h), mostrado na

Figura 6-11.

Figura 6-11 - Trem Eurostar 373,1 v=255 km/h

111

As propriedades para este tipo de veículo, referentes a um modelo com

interação simplificada, são mostradas na Tabela 6-1.

Para um modelo com carregamento pontual pode-se usar a distribuição dos

eixos e um carregamento de Qk é 170 kN.

Tabela 6-1 - Características dos veículos simplificados para o trem Eurostar (Romero, 2002)

Para esta estrutura tem-se o máximo deslocamento dinâmico a uma velocidade

de 53 m/s, que equivale a 191,52 km/h. Pode-se observar na Figura 6-12 que as

diferenças entre a curva da análise pseudo-estática e a curva da análise dinâmica

correspondem às amplificações dinâmicas para cada instante de tempo.

112

Figura 6-12 - Deslocamentos no meio do vão para uma velocidade de 53 m/s, utilizando um modelo

de carregamento pontual

O máximo deslocamento para o modelo com carregamento pontual é 0,0112m,

ocorrendo no momento da saída do veículo.

Na Figura 6-13 são mostrados os deslocamentos no meio de vão, considerando

um veículo com interação simplificada.

Figura 6-13 - Deslocamentos no meio do vão para uma velocidade de 53 m/s, utilizando um modelo

com interação simplificada

Da mesma forma que para o carregamento móvel, o maior deslocamento para

o modelo de veículo com iteração ocorre em um momento próximo à saída do veículo

da ponte e tem um valor máximo de 0,0104m. Observa-se que no modelo com interação

113

simplificada existe uma redução da resposta de 7,14 % com respeito ao modelo com

carregamento pontual usado nos projetos.

A Figura 6-14 apresenta o tempo de execução dos algoritmos em segundos, em

função do passo de tempo utilizado para as análises dos modelos com carregamento

pontual (CMC) e o modelo com interação simplificado (MIS).

Figura 6-14 - Tempo de Execução dos Algoritmos

Avaliando o deslocamento dinâmico máximo no meio do vão, pode-se mostrar

a resposta da estrutura para diferentes velocidades. Esta curva dependerá do número de

elementos da estrutura e da variação de tempo, sendo que neste trabalho a estrutura foi

discretizada em 20 elementos, e o passo de tempo foi de 0,01 segundo.

A Figura 6-15 apresenta o gráfico de deslocamento versus velocidade do

veículo, indicando a que velocidades ocorrem os maiores coeficientes de amplificação

dinâmica. São comparados os resultados obtidos por Romero (2002) com os resultados

do programa proposto no presente trabalho. Pode-se observar que a uma velocidade de

53 m/s acontece uma ressonância, a qual amplifica o deslocamento em 3,85 vezes o

deslocamento estático.

114

Figura 6-15 – Espectro de resposta

Observa-se na Figura 6-15 que as duas curvas têm aproximadamente a mesma

forma, mas não têm os mesmos valores para cada velocidade. Esta divergência é devida

a diferenças em relação à discretização da geometria (número de elementos utilizados) e

do tempo (tamanho do passo do tempo), já que estes valores não foram indicados no

trabalho de Romero (2002).

Para esclarecer as causas da divergência encontrada, foram feitas novas

análises considerando passos de tempo de 0,02 e 0,04s. Os resultados são mostrados na

Figura 6-16, onde se pode observar que para cada variação de tempo a resposta

produzida no presente trabalho é diferente e mais perto da obtida por Romero (2002).

20 elementos e t=0.02 segundo. 20 elementos e t=0.04 segundo.

Figura 6-16 – Espectros de resposta para diferentes variações de tempo

115

Pode-se dizer que é recomendável que o trem trafegue na ponte evitando as

velocidades compreendidas entre 180 km/h e 195 km/h.

A comparação dos resultados com o trabalho de Romero foi satisfatória, sendo

que as diferenças encontradas podem ter sido causadas pela diferença de discretização

de elementos ou de tempo, as quais não foram indicadas no exemplo de validação da

referência. Deve-se destacar que para validar um modelo computacional seria mais

apropriado utilizar resultados de testes experimentais.

6.4 EXEMPLO DE APLICAÇÃO E INTERPRETAÇÃO

DOS RESULTADOS

Em seguida é mostrado um exemplo de uma viga simplesmente apoiada com

48 eixos, para comparar todos os algoritmos, tempos de execução, irregularidades da

via, e verificar a importância de cada parâmetro. Considera-se uma velocidade de 53

m/s, que equivale a 191,52 km/h. A Tabela 6-2 apresenta os parâmetros das análises

realizadas com diferentes modelos de veículos.

Tabela 6-2 – Dados do Exemplo Analisado

onde

CMC é o modelo de carregamento pontual;

CMD é o modelo de carregamento distribuído;

CMM é o modelo de massa pontual;

MIS é o modelo de interação simplificado;

MIC1 e MIC2 são os modelos de interação completa tipo I e tipo II;

PEST é o modelo pseudoestático.

116

Para os modelos sem interação pode ser observado na Figura 6-17 que os

resultados são similares. Para o modelo CMD há uma diminuição na resposta de 1,0%.

Figura 6-17 - Resposta para os Modelos CMC e CMD

Na Figura 6-18 observa-se o tempo de execução para cada modelo com

diferentes passos de tempo. Observa-se que o tempo execução é praticamente o mesmo

para ambos os modelos.

Figura 6-18 - Tempo de Execução dos Algoritmos CMC e CMD

117

Para os modelos com interação, pode ser observado que a maior amplitude na

vibração ocorre no modelo de CMM. O modelo MIC1 apresenta deslocamentos

menores que os modelos MIC1 e CMM. Os resultados são mostrados na Figura 6-19.

Figura 6-19 - Resposta para os Modelos CMM, MIS e MIC

Os tempos de execução para cada um dos algoritmos são diferentes, como era

de se esperar, sendo muito maior para o modelo MIC2 (Figura 6-20). Os algoritmos que

resultaram em tempos de execução menores foram os correspondentes aos modelos

CMM e MIS.

Figura 6-20 - Tempo de Execução dos Algoritmos CMM, MIS e MIC

Na Figura 6-21 são realizadas comparações entre os resultados dos modelos

CMC e dos modelos MIS, observando-se que para o modelo MIS no momento de saída

118

do veículo os deslocamentos diminuem rapidamente. Observa-se um comportamento

análogo na Figura 6-21, quando comparam-se os modelos CMC e MIC2.

Figura 6-21 - Resposta para os Modelos CMC e MIS

Figura 6-22 - Resposta para os Modelos CMC e MIC2

Para os modelos MIS e MIC2, observa-se que a forma da resposta é similar,

sendo que apenas na fase da entrada do veículo, a amplitude do modelo MIC2 é menor.

119

Figura 6-23 - Resposta para os Modelos MIS e MIC2

Pode-se observar que os modelos com interação completa têm menor

amplitude da resposta, o que acontece pela dissipação de energia produzida pelos

amortecedores.

É interessante destacar as semelhanças entre as amplitudes e a forma dos

modelos CMM e MIS mostrados na Figura 6-24.

Figura 6-24 - Resposta para os Modelos CMM e MIS

Em seguida, será analizadas a influência na resposta dinâmica dos parâmetros

para o veículo (massa, amortecimento, rigidez), e para a estrutura (irregularidades da via

e elementos discretizados da estrutura) utilizando o modelo de interação simplificado, já

120

que foi comprovado que o mesmo possui menor custo computacional e com o qual se

obtém bons resultados.

A Figura 6-25, mostram a influência dos parâmetros M, K, e C. Os gráficos

estão compostos pelos deslocamentos na direção Y e o parâmetro analisado na direção

X, onde cada coluna do gráfico representa uma análise com um veículo simplificado e

os parâmetros estudados modificados aumentados em 10 vezes em relação ao anterior.

Figura 6-25 – Influência dos parâmetros na análise

Pode-se observar que os parâmetros do veículo que tiveram maior influência

na resposta dinâmica foram massa e o amortecimento, sendo que estes valores não

podem ser muitos altos ou irreais.

Figura 6-26 – Influência dos gdl na resposta dinâmica

121

A influência dos graus de liberdade da estrutura na resposta dinâmica é

mostrada na Figura 6-26.

A consideração das irregularidades geométricas no modelo, foi feita

modificando a geometria da estrutura e considerando a eq. (3.67), obtendo assim uma

amplificação da resposta dinâmica aproximada de 3,77 %. Observa-se também que as

diferenças na resposta dinâmica dos modelos com ou sem irregularidades vão

aumentando quando o veículo sai da ponte.

122

CAPÍTULO 7

Conclusões e sugestões para trabalhos futuros

Com base nos estudos desenvolvidos e no programa computacional implementado

pode-se observar as muitas possibilidades de gerar modelos com interação, utilizando

ferramentas computacionais simples e eficientes.

O desenvolvimento deste estudo permitiu que fossem obtidas as seguintes conclusões:

Os algoritmos desenvolvidos nesta dissertação foram testados e mostraram que

convergem. Ao serem desenvolvidos em planilhas de Microsoft Excel, estas

mostraram que podem ser utilizadas como uma ferramenta para o cálculo

estrutural no projeto e na pesquisa, deixando também claro que pode-se

modificar as planilhas para atender as necessidades do usuário;

As deduções realizadas pelas equações de Lagrange foram comprovadas pelo

principio de D’Alembert, tendo resultados satisfatórios (ver Anexos);

Os modelos sem interação levam a amplitudes das respostas maiores do que os

modelos com interação. O modelo com massa e modelo com interação

simplificado são modelos mais refinados, que utilizam interação da massa e

dissipação de energia (no modelo simplificado) e modelam o comportamento da

estrutura de uma maneira mais real. Neste caso, o custo computacional é maior

que nos modelos sem interação;

Ao utilizarem-se modelos com carregamento pontual distribuído, obteve-se uma

redução pequena da resposta dinâmica da estrutura. Aqui se pode mostrar o

efeito de espraiamento das cargas devido à presença do trilho, dormentes, lastro

e espessura dos elementos estruturais (laje e vigas);

A redução da resposta dinâmica pelos modelos de interação simplificados, em

relação ao calculado com os modelos pontuais, é maior quanto mais elevada a

taxa de amortecimento estrutural, mas não é muito notória para reduções

pequenas das características dos amortecimentos dos veículos;

123

Os parâmetros mais importantes para a interação entre veículo e estrutura foram

a massa e o amortecimento do veículo, sendo que quando esta massa é muito

grande, esta influencia significativamente os resultados;

As rigidezes e os amortecedores dos truques são importantes para dissipar

energia e diminuir as amplificações dos deslocamentos na estrutura. Os valores

característicos dos amortecedores não podem ser muito altos (fora da realidade)

já que isso afetaria o conforto dos passageiros e porque também o

amortecimento é um fator importante na resposta dinâmica da estrutura;

As maiores amplificações dinâmicas da estrutura geralmente são produzidas

anteriormente ao instante de saída do veículo da estrutura. Isto pode ser

interpretado como a aplicação de um impacto sobre a estrutura;

Os espectros de resposta são muito importantes para a avaliação dos coeficientes

de impacto para cada estrutura, sendo preciso que as considerações dos

coeficientes de impacto dependam também da velocidade;

Os métodos de cálculo baseados no uso do coeficiente de impacto normativos

usualmente são válidos para dimensionamentos de estruturas em que trafegam

veículos com velocidade relativamente baixa. Quando a velocidade é alta, esta

metodologia não é adequada. Isto se deve aos fatores de ressonância que podem

acontecer em determinadas velocidades de tráfego, quando o tempo para cada

passagem de grupo de cargas repetidas coincide ou é múltiplo de um período

fundamental da estrutura;

O modelo com interação simplificada resultou em melhor desempenho, no que

se refere à relação entre precisão e custo computacional;

O estudo das vibrações e as amplificações deste tipo de estrutura são de grande

importância para a engenharia. Portanto, é preciso estudá-los com maior

precisão, de modo a permitir a obtenção de resultados mais reais.

O tema estudado pode servir como ferramenta para muitas outras pesquisas, tais

como: a fadiga nos elementos para diferentes velocidades; o conforto nos passageiros;

interação entre via-veículo-estrutura; ressonância para veículos de alta velocidade, etc.

A seguir são propostas algumas sugestões para trabalhos futuros e para melhoria do

programa desenvolvido:

124

Estender o programa para analisar estruturas tridimensionais, de modo que

permita o estudo mais detalhado das acelerações e deslocamentos no interior do

trem;

Estudar o conforto dos passageiros, utilizando os modelos como os de tipo

completo I ou II e outros mais sofisticados que produzam adequadamente o

comportamento das acelerações dos veículos;

Realizar estudos mais detalhados sobre o coeficiente de amplificação dinâmica

para diversos tipos de estrutura utilizando o programa desenvolvido;

Realizar análise de fadiga utilizando diferentes velocidades de passagens,

gerando para cada uma, gráficos de velocidades vs. vida útil;

Estudar a interação veículo-estrutura tendo em conta forças de frenagem,

aceleração e as não linearidades dos sistemas de suspensão dos veículos;

Obter experimentalmente os valores de amortecimento e de rigidez dos veículos

ferroviários, assim permitindo a comparação dos resultados da metodologia

proposta com os resultados experimentais;

Estudar no momento da ressonância a perda de contato entre as rodas e a

estrutrura, já que este fenômeno pode produzir um aumento da resposta

dinâmica.

Avaliar a possibilidade de sugerir à ABNT (Associação Brasileira de Normas

Técnicas) a introdução da metodologia apresentada na norma de pontes.

125

Anexo A: Obtenção das equações de movimento para o veículo

simplificado, mediante o Principio de D’ Alembert.

Pelo principio de D’Alembert como segue somando as forças verticais no sistema

Figura 8-7-1 - Diagrama de corpo livre para elemento interação simplificado

1 1- , -k v v r a v v rf k y y f c y y

(8.1)

Equilíbrio para o grau de liberdade vy

1 1 0I k af f f (8.2)

Substituindo e reordenando as equações (8.1) em (8.2)

0v v v v r v v rm y c y y k y y

(8.3)

Equilíbrio para o grau de liberdade ry

1 1 0I k af f f (8.4)

Substituindo e reordenando as equações (8.1) em (8.4)

0r r v v r v v rm y c y y k y y

(8.5)

Finalmente agrupando todas as equações de equilíbrio para os 4 graus de liberdade tem-

se matricialmente

1 1 1

1 1 1

,

, ,

, - ,

v rm m

c c c

k k k

vv rr

vv vr rv rr

vv vr rv rr

M M

C C C C

K K K K (8.6)

126

Anexo B: Obtenção das equações de movimento para o veículo

completo tipo I, mediante o Principio de D’ Alembert.

Pelo principio de D’Alembert como segue somando as forças verticais no sistema

L L

fk1 fc1

fk1 fc1

fk2 fc2

fk2 fc2

Figura 8-7-2 - Diagrama de corpo livre do modelo de interação completo tipo I

1 1 1 2 2 2

1 1 1 2 2 2

,

,

k v r k v r

a v r a v r

f k y L y f k y L y

f c y L y f c y L y

(8.7)

Equilíbrio para o grau de liberdade vy

1 2 1 2 0I k k a af f f f f (8.8)

Substituindo e reordenando as equações (8.7) em (8.8)

1 1 2 2 1 1

2 2 0

v v v r v r v r

v r

m y c y L y c y L y k y L y

k y L y

(8.9)

Equilíbrio para o grau de liberdade θ

1 2 1 2 0IR k k a af Lf Lf Lf Lf (8.10)

Substituindo e reordenando as equações (8.7) em (8.10)

1 1 2 2 1 1

2 2 0

v v r v r v r

v r

J Lc y L y Lc y L y Lk y L y

Lk y L y

(8.11)

Equilíbrio para o grau de liberdade r1y

127

1 1 0I k af f f (8.12)

Substituindo e reordenando as equações (8.7) em (8.12)

1 1 1 1 1 0r r v r v rm y c y L y k y L y (8.13)

Equilíbrio para o grau de liberdade r2y

2 2 0I k af f f (8.14)

Substituindo e reordenando as equações (8.7) em (8.14)

2 2 2 2 2 0r r v r v rm y c y L y k y L y (8.15)

Finalmente agrupando todas as equações de equilíbrio para os 4 graus de liberdade tem-

se matricialmente

1 2 1 2 1 2

2

1 2 1 2 1 2

1

2

1 2 1 2 1 2

2

1 2 1 2 1 2

1

2

0 0,

0 0

,

0,

0

,

0,

0

v r

v r

T

T

m m

J m

c c c c L c c

c c L c c L c L c L

c

c

k k k k L k k

k k L k k L k L k L

k

k

vv rr

vr

rv vr rr

vv vr

rv vr rr

M M

C

C C C

K K

K = K K

vvC

(8.16)

128

Anexo C: Obtenção das equações de movimento para o veículo

completo tipo II, mediante o Principio de D’ Alembert.

Pelo principio de D’Alembert como segue somando as forças verticais no sistema

L L

fk1 fc1

fk1 fc1

fk2 fc2

fk2 fc2

fk3 fc3 fk4 fc4 fk5 fc5 fk6 fc6

d d d d

fk3 fc3 fk4 fc4 fk5 fc5 fk6 fc6

Figura 8-7-3 - Diagrama de corpo livre do modelo de interação completa tipo II

1 1 1 2 2 2

1 1 1 2 2 2

3 3 1 1 1 4 4 1 1 2

3 3 1 1 1 4 4 1 1 2

5 5 2 2 3 6 6 2 2 4

5 5 2 2 3

,

,

,

,

,

,

k v s k v s

a v s a v s

k s r k s r

a s r a s r

k s r k s r

a s r

f k y L y f k y L y

f c y L y f c y L y

f k y d y f k y d y

f c y d y f c y d y

f k y d y f k y d y

f c y d y

6 6 2 2 4a s rf c y d y

(8.17)

Equilíbrio para o grau de liberdade vy

1 2 1 2 0I k k a af f f f f (8.18)

Substituindo e reordenando as equações (8.17) em (8.18)

1 1 2 2 1 1

2 2 0

v v v s v s v s

v s

m y c y L y c y L y k y L y

k y L y

(8.19)

Equilíbrio para o grau de liberdade θ

1 2 1 2 0IR k k a af Lf Lf Lf Lf (8.20)

129

Substituindo e reordenando as equações (8.17) em (8.20)

1 1 2 2 1 1

2 2 0

v v s v s v s

v s

J Lc y L y Lc y L y Lk y L y

Lk y L y

(8.21)

Equilíbrio para o grau de liberdade s1y

1 1 3 4 3 4 0I k a k k a af f f f f f f (8.22)

Substituindo e reordenando as equações (8.17) em (8.22)

1 1 1 1 3 1 1 1 4 1 1 2

1 1 3 1 1 1 4 1 1 2 0

s s v s s r s r

v s s r s r

m y c y L y c y d y c y d y

k y L y k y d y k y d y

(8.23)

Equilíbrio para o grau de liberdade 1θ

3 4 3 4 0IR k k a af df df df df (8.24)

Substituindo e reordenando as equações (8.17) em (8.24)

1 1 3 1 1 1 4 1 1 2

3 1 1 1 4 1 1 2 0

s s r s r

s r s r

J dc y d y dc y d y

dk y d y dk y d y

(8.25)

Equilíbrio para o grau de liberdade s2y

2 2 5 6 5 6 0I k a k k a af f f f f f f (8.26)

Substituindo e reordenando as equações (8.17) em (8.26)

2 2 2 2 5 2 2 3 6 2 2 4

2 2 5 2 2 3 6 2 2 4 0

s s v s s r s r

v s s r s r

m y c y L y c y d y c y d y

k y L y k y d y k y d y

(8.27)

Equilíbrio para o grau de liberdade 2θ

5 6 5 6 0IR k k a af df df df df (8.28)

Substituindo e reordenando as equações (8.17) em (8.28)

2 2 5 2 2 3 6 2 2 4

5 2 2 3 6 2 2 4 0

s s r s r

s r s r

J dc y d y dc y d y

dk y d y dk y d y

(8.29)

Equilíbrio para o grau de liberdade r1y

3 3 0I k af f f (8.30)

130

Substituindo e reordenando as equações (8.17) em (8.30)

1 3 1 1 1 3 1 1 1 0r r s r s rm y c y d y k y d y (8.31)

Equilíbrio para o grau de liberdade r2y

4 4 0I k af f f (8.32)

Substituindo e reordenando as equações (8.17) em (8.32)

2 4 1 1 2 4 1 1 2 0r r s r s rm y c y d y k y d y (8.33)

Equilíbrio para o grau de liberdade r3y

5 5 0I k af f f (8.34)

Substituindo e reordenando as equações (8.17) em (8.34)

3 5 2 2 3 5 2 2 3 0r r s r s rm y c y d y k y d y (8.35)

Equilíbrio para o grau de liberdade r4y

6 6 0I k af f f (8.36)

Substituindo e reordenando as equações (8.17) em (8.36)

4 6 2 2 4 6 2 2 4 0r r s r s rm y c y d y k y d y (8.37)

Finalmente agrupando todas as equações de equilíbrio para os 10 graus de liberdade

tem-se matricialmente

1

1

2

2

0 0 0 0 0

0 0 0 0 0 0 0 0

0 0 0 0 0 0 0 0,

0 0 0 0 0 0 0 0

0 0 0 0 0 0 0 0

0 0 0 0 0

v

v r

s r

s r

s r

s

m

J m

m m

J m

m m

J

vv rrM M

(8.38)

131

1 2 1 2 1 2

2 2

1 2 1 2 1 2

1 1 1 3 4 3 4

2 2

3 4 3 4

2 2 2 5 6 5 6

2 2

5 6 5 6

3 4

3 4

5 6

0 0

0 0

0 0

0 0 0 0

0 0

0 0 0 0

0 0 0 0

0 0 0 0

0 0

0 0

0 0

0

c c c L c L c c

c L c L c L c L c L c L

c c L c c c c d c d

c d c d c d c d

c c L c c c c d c d

c d c d c d c d

c c

dc dc

c c

vv

vr

C

C

3

4

5

6

5 6

0 0 0

0 0 0, ,

0 0 0

0 0 0

0

T

c

c

c

c

dc dc

rv vr rrC = C C

(8.39)

1 2 1 2 1 2

2 2

1 2 1 2 1 2

1 1 1 3 4 3 4

2 2

3 4 3 4

2 2 2 5 6 5 6

2 2

5 6 5 6

3 4

3 4

5 6

0 0

0 0

0 0

0 0 0 0

0 0

0 0 0 0

0 0 0 0

0 0 0 0

0 0

0 0

0 0

0

k k k L k L k k

k L k L k L k L k L k L

k k L k k k k d k d

k d k d k d k d

k k L k k k k d k d

k d k d k d k d

k k

dk dk

k k

vv

vr

K

K

3

4

5

6

5 6

0 0 0

0 0 0, = ,

0 0 0

0 0 0

0

T

k

k

k

k

dk dk

rv vr rrK K K

(8.40)

132

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