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Boletim Informativo Desenvolvimento da Primeira Infância EXPEDIENTE Edição, textos e diagramação: Cristiane Madeira Ximenes Colaboração: Carolina de Vasconcellos Drugg, Gilvani Pereira Grangeiro e Rubens Bias Pinto Revisão Geral: Carolina de Vasconcellos Drugg Paulo Vicente Bonilha Almeida Imagens: Arquivo CGSCAM/MS e PIM/SES/RS Foto da capa: Radilson Carlos Gomes Reconhecido internacionalmente pelo êxito na redução da mortalidade na in- fância, o Brasil tem agora o desafio de ga- rantir condições para que as crianças cres- çam e se desenvolvam de forma saudável. Os desafios são ainda maiores no caso de crianças que fazem parte de famílias em si- Brasil reduz a mortalidade infantil e enfrenta o desafio de promover o desenvolvimento integral da primeira infância tuação de vulnerabilidade biopsicossocial. Conheça neste boletim informativo como o Governo Federal vem investindo na pri- meira infância por meio de políticas públi- cas sociais e novos projetos do Ministério da Saúde. CONTATOS CGSCAM: Tel.: (61) 3315.9070/9072 E-mail: [email protected] Site: www.saude.gov.br/crianca End.: SAF/Sul, Trecho 02, Lote 05/06 - Torre II - Edicio Premium Bloco 02 1º Subsolo - Sala 01 - Brasília/DF CEP: 70070-600 Ministério da Saúde COORDENAÇÃO-GERAL DE SAÚDE DA CRIANÇA E ALEITAMENTO MATERNO CGSCAM/DAPES/SAS/MS Edição Nº 01— Janeiro de 2015

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Boletim Informativo Desenvolvimento da Primeira Infância

EXPEDIENTE

Edição, textos e diagramação:

Cristiane Madeira Ximenes

Colaboração: Carolina de Vasconcellos Drugg, Gilvani Pereira Grangeiro e Rubens Bias Pinto

Revisão Geral: Carolina de Vasconcellos Drugg Paulo Vicente Bonilha Almeida

Imagens: Arquivo CGSCAM/MS e PIM/SES/RS

Foto da capa: Radilson Carlos Gomes

Reconhecido internacionalmente

pelo êxito na redução da mortalidade na in-

fância, o Brasil tem agora o desafio de ga-

rantir condições para que as crianças cres-

çam e se desenvolvam de forma saudável.

Os desafios são ainda maiores no caso de

crianças que fazem parte de famílias em si-

Brasil reduz a mortalidade infantil e enfrenta o desafio de promover o

desenvolvimento integral da primeira infância

tuação de vulnerabilidade biopsicossocial.

Conheça neste boletim informativo como o

Governo Federal vem investindo na pri-

meira infância por meio de políticas públi-

cas sociais e novos projetos do Ministério

da Saúde.

CONTATOS CGSCAM:

Tel.: (61) 3315.9070/9072

E-mail: [email protected]

Site: www.saude.gov.br/crianca

End.: SAF/Sul, Trecho 02, Lote 05/06 - Torre II - Edifício Premium Bloco 02 1º Subsolo - Sala 01 -

Brasília/DF CEP: 70070-600

Ministério da Saúde

COORDENAÇÃO-GERAL DE SAÚDE DA CRIANÇA E ALEITAMENTO MATERNO CGSCAM/DAPES/SAS/MS

Edição Nº 01— Janeiro de 2015

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A minuta da Portaria que

institui a Política Nacional de

Atenção Integral à Saúde da Crian-

ça (PNAISC) foi aprovada no dia

11 de dezembro de 2014, pela Co-

missão Intergestores Tripartite

(CIT), durante a 8ª reunião ordiná-

ria do colegiado. A aprovação na

CIT era a última etapa que faltava

para a publicação da Política no

Diário Oficial da União, o que deve

ocorrer nos primeiros meses de

2015. Para o coordenador geral de

Saúde da Criança e Aleitamento

Materno do Ministério da Saúde,

Paulo Bonilha, a aprovação repre-

senta a coroação de um trabalho de

quatro anos de articulação interfe-

derativa com as coordenações de

saúde da criança dos Estados e Ca-

pitais e sociedade civil. “Foi um

longo processo de construção cole-

tiva em que consolidamos esse do-

cumento que vai deixar mais claro

para os gestores estaduais, munici-

pais e profissionais de saúde, como

costurar as linhas de cuidado ne-

cessárias a uma atenção integral à

saúde da criança. É uma alegria

termos aprovado a Política 15 dias

antes de terminar a gestão”, disse

Paulo.

Antes da CIT, a PNAISC

passou pelo Conselho Nacional dos

Direitos da Criança e do Adoles-

cente (CONANDA) e pelo Conse-

lho Nacional de Saúde (CNS), on-

de foi aprovada em novembro, por

unanimidade. Durante a apresenta-

ção da PNAISC na CIT, Paulo Bo-

nilha ressaltou que não era possível

pensar uma Política Nacional de

Atenção Integral à Saúde da Crian-

ça sem levar em conta os avanços

PNAISC é aprovada na Comissão Intergestores Tripartite Portaria que institui a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança segue agora

para publicação no Diário Oficial da União

Página 2

significativos que a saúde da cri-

ança e seus indicadores tiveram

no Brasil nos últimos anos, como

a redução da mortalidade infantil

em 77%, de 1990 a 2012, a ex-

pressiva redução da desnutrição

infantil e o aumento das taxas de

aleitamento materno.

Por outro lado, há ainda o

desafio de enfrentamento das ini-

quidades nas condições de saúde

em algumas regiões do país e em

grupos de maior vulnerabilidade,

como indígenas, quilombolas,

ribeirinhos, crianças com defici-

ências, entre outras. “Precisamos

priorizar nossas políticas com

foco nessas crianças mais vulne-

ráveis. Chegamos a um patamar

em que não dá mais para pensar

apenas em sobrevivência de

crianças, cuidar de peso e altu-

ra. Temos que pensar em desen-

volvimento pleno e integral da

primeira infância, que é o que o

mundo tem clamado e que vai

influenciar toda a vida da crian-

ça e sua formação como cida-

dão”, explicou o coordenador.

A PNAISC foi instituí-

da em sete eixos estratégicos

transversais as redes de atenção

à saúde. Os eixos são: atenção

humanizada à gestação, parto,

nascimento e ao recém-nascido;

aleitamento materno e alimenta-

ção complementar saudável;

desenvolvimento integral da

primeira infância; agravos pre-

valentes e doenças crônicas;

prevenção de violências e aci-

dentes e promoção da cultura de

paz; crianças com deficiências

ou em situações de vulnerabili-

dades; e prevenção do óbito

infantil.

“Chegamos a um patamar em que não dá mais para pensar apenas em sobrevivência de crianças. Temos que pensar em desenvolvimento pleno e

integral da primeira infância”

Paulo Bonilha, coordenador da

CGSCAM

Edição Nº 01— Janeiro de 2015 Boletim CGSCAM—Desenvolvimento da Primeira Infância

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Ministério da Saúde reúne Comitê de Especialistas em

Desenvolvimento da Primeira Infância

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A Coordenação-Geral de Saúde da Criança

e Aleitamento Materno (CGSCAM) do Ministério

da Saúde reuniu em Brasília, no dia 28 de outubro

de 2014, o Comitê de Especialistas e de

Mobilização Social do Ministério da Saúde para o

Desenvolvimento Integral da Primeira Infância,

instituído por meio da Portaria GM nº 2.362, de 17

de outubro de 2012.

O encontro teve por objetivo debater os

avanços das políticas públicas relacionadas ao de-

senvolvimento da primeira infância no Brasil desde

a criação do grupo, há dois anos, e discutir e pactuar

o papel do comitê e seu funcionamento. A reunião

contemplou a apresentação das ações relacionadas à

primeira infância contidas no documento da Política

Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança

(PNAISC), que acabou pactuada na Comissão Inter-

gestores Tripartite (CIT) em dezembro de 2014.

Também foram apresentados os resultados

da pesquisa que avaliou, por meio de entrevistas

com as mães, a utilização da Caderneta de Saúde da

Criança pelas famílias e profissionais de saúde, no

acompanhamento do crescimento e do desenvolvi-

mento de crianças brasileiras na primeira infância.

A pesquisa foi realizada por uma equipe especiali-

zada do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da

Criança e do Adolescente Fernandes Figueira IFF/

FIOCRUZ.

A CGSCAM apresentou ainda os resulta-

dos de elaboração da nova Caderneta da Criança,

que substituirá a atual Caderneta de Saúde da Cri-

ança. Pela proposta, o documento passará a ter um

caráter mais intersetorial, abordando a evolução da

criança não apenas nos aspectos de saúde, mas tam-

bém de educação e assistência social, conjugando

informações para a atenção da criança no território

entre a Unidade Básica de Saúde, a creche/pré-

escola/escola e o CRAS. A previsão é de que a no-

va caderneta seja lançada em 2015.

Também foram discutidos com os especia-

listas que compõem o comitê os projetos-piloto da

CGSCAM de visitas domiciliares para o desenvol-

vimento da primeira infância nos municípios de

Fortaleza e São Paulo, e o Projeto de Atenção Nu-

tricional e Estímulo ao Desenvolvimento Integral

na Primeira Infância, realizado em municípios com

altos índices de desnutrição infantil no interior de

São Paulo, Amazonas, Acre, Roraima e Rondônia.

Os especialistas debateram ainda alterações na Por-

taria que instituiu o comitê, e que serão encaminha-

das para tramitação no MS.

O Comitê deverá se reunir presencial-

mente duas vezes por ano, com troca constante de

informações e contribuições aos projetos da saúde

nos intervalos entre as reuniões. O primeiro encon-

tro de 2015 terá como objetivo o planejamento das

ações para os próximos 4 anos.

Edição Nº 01— Janeiro de 2015 Boletim CGSCAM—Desenvolvimento da Primeira Infância

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CGSCAM discute supervisão de visitas domiciliares

com especialistas do Brasil e EUA

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Com o objetivo de debater a importância da

supervisão dos agentes comunitários de saúde que

trabalham com visitas domiciliares a famílias com

gestantes e crianças de primeira infância, o Ministé-

rio da Saúde, por meio da Coordenação-Geral de

Saúde da Criança e Aleitamento Materno

(CGSCAM), organizou a Oficina de Trabalho sobre

o papel da supervisão em programas de visitas do-

miciliares para promoção do desenvolvimento na

primeira infância.

Realizado dia 29 de outubro de 2014, em

Brasília, o encontro reuniu os gestores e profissio-

nais envolvidos com dois importantes projetos-

piloto da CGSCAM voltados para a primeira infân-

cia. O primeiro deles é o de visitas domiciliares, que

capacita agentes de saúde e prevê a supervisão deles

para o desenvolvimento de um programa de visitas

a famílias de gestantes/bebês com risco biopsicosso-

cial. O piloto, com apoio técnico-conceitual e finan-

ceiro do MS, está sendo realizado nos municípios de

Fortaleza e São Paulo, através de Programas que

foram denominados respectivamente de “Cresça

com seu Filho” e “São Paulo Carinhosa”.

O outro projeto é o de Atenção Nutricional

e Estímulo ao Desenvolvimento na Primeira Infân-

cia, que busca fomentar nos municípios da ANDI

(Agenda de Atenção Nutricional à Desnutrição In-

fantil) um novo modelo de atenção às crianças me-

nores de 5 anos. O projeto é desenvolvido em 30

municípios com altos índices de desnutrição locali-

zados no Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima e

também São Paulo, e igualmente prevê, futura-

mente, visitas domiciliares às famílias com crian-

ças de primeira infância em situação de vulnerabi-

lidade.

No encontro, os participantes tiveram a

oportunidade de conhecer a experiência da super-

visão de visitas

domiciliares em

projetos sociais

nos Estados Uni-

dos, apresentada

por Brenda Jones

Harden, professora

do Instituto de

Estudos da Infân-

cia da Universida-

de de Maryland.

Também puderam

conhecer, por

meio da apresenta-

ção da consultora

Jamile Pereira, o

papel da supervisão no programa Primeira Infância

Melhor (PIM), da Secretaria de Saúde do Rio

Grande do Sul. Já a reflexão sobre como a supervi-

são de visitas domiciliares realizadas por agentes

comunitários de saúde poderá ser adotada no con-

texto do SUS ficou a cargo da fala do professor

Renato Alves, do Núcleo de Estudos de Violência-

NEV da Universidade de São Paulo.

Para o Coordenador da CGSCAM, Paulo

Bonilha, a troca de experiências possibilitará ao

Ministério da Saúde planejar o programa de visitas

domiciliares a famílias com crianças de primeira

infância. “A supervisão dos agentes é um dos eixos

fundamentais desse projeto, pois contempla não

apenas o acompanhamento do conteúdo trabalhado

e dos resultados de cada visita realizada, mas tam-

bém o cuidado e o suporte emocional ao visitador,

na busca a efetividade de seu trabalho”, afirma.

Edição Nº 01— Janeiro de 2015 Boletim CGSCAM—Desenvolvimento da Primeira Infância

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A Comissão Especial da Primeira Infân-

cia da Câmara dos Deputados aprovou o relató-

rio do deputado João Ananias (PCdoB-CE) ao

Projeto de Lei nº 6.998/13, de autoria do depu-

tado Osmar Terra (PMDB/RS), conhecido co-

mo Marco Legal da Primeira Infância.

O PL prevê a instituição de uma Políti-

ca Nacional Integrada para a Primeira Infância

que será formulada e implementada por um co-

mitê intersetorial. A expectativa é de que sejam

articuladas diversas políticas setoriais numa

visão abrangente, garantindo os direitos da cri-

ança na Primeira Infância.

Entre os avanços aprovados está a cria-

ção do comitê intersetorial que coordenará a

política, além da proposta de garantir às mulhe-

res o direito a um parto natural cuidadoso e a

possibilidade de ampliar a licença paternidade

para 15 dias.

O texto também prevê mais direitos aos

filhos de mulheres privadas de liberdade, como

ambiência nas penitenciárias que atenda às nor-

mas sanitárias e assistenciais do SUS para o

acolhimento da criança, e melhor articulação

com o sistema de ensino competente.

Para o coordenador nacional de Saúde

no Sistema Prisional do Ministério da Saúde,

Marden Filho, a aprovação desses dispositivos

é um grande avanço na luta pelo desenvolvi-

mento de crianças filhas de mães privadas de

liberdade, apesar de estar ainda muito aquém

do que poderia ser aprovado para prevalecer o

Comissão da Câmara aprova Marco Legal da Primeira Infância

interesse superior da criança, disposto na

Constituição Federal e no Estatuto da Criança

e do Adolescente. “A aprovação da ambiên-

cia corrobora com nosso trabalho de estrutu-

rar centros de referência materno-infantis nas

unidades mistas e femininas do sistema prisi-

onal”, afirmou Marden Filho. Segundo ele, é

importante que os parlamentarem voltem o

olhar para essas crianças, visto que o presídio

é um local insalubre para elas crescerem, tan-

to do ponto de vista físico quanto psicológico.

“No presídio temos altas taxas de doenças

transmissíveis as quais as crianças ficam ex-

postas. Por esse motivo, a taxa de mor-

talidade infantil nesses locais é muito

maior em relação aos demais ambien-

tes”, relata.

O PL prevê ainda a participação

das crianças na formulação das políticas

públicas por meio de processos adequa-

dos de escuta, assim como a criação de

espaços públicos para garantir que as

crianças tenham locais adequados para

se desenvolver.

Para o coordenador de Saúde da Cri-

ança e Aleitamento Materno do Ministério da

Saúde, Paulo Bonilha, a aprovação do Marco

Legal amplia consideravelmente as chances

de se efetivar concretamente melhores condi-

ções no país para garantir vida plena às crian-

ças de primeira infância. “A aprovação do

Marco Legal se juntou a nossa alegria de

aprovar, pela primeira vez no Brasil, uma Po-

lítica Nacional de Atenção Integral à Saúde

da Criança, validada no Conanda, Conselho

Nacional de Saúde e Comissão Intergestores

Tripartite, possibilitando a extensão do cuida-

do e da promoção do desenvolvimento a cri-

anças em situações de vulnerabilidade, como

indígenas, quilombolas, filhos de mães priva-

das de liberdade e crianças em situação de

rua”, disse Bonilha.

Edição Nº 01— Janeiro de 2015 Boletim CGSCAM—Desenvolvimento da Primeira Infância

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Desafios

DESENVOLVIMENTO DA P RIMEIRA INFÂNCIA

Ministério da Saúde apresenta ações para o desenvolvimento da

primeira infância em simpósio internacional

Bolsa Família, programas de visitas domiciliares e Estratégia Saúde da Família estão entre

as principais políticas voltadas ao desenvolvimento de crianças até seis anos

Reconhecido internacionalmente pelo êxito na redução da mortalidade na infância, o Brasil tem

agora o desafio de garantir condições para que as crianças se desenvolvam de forma plena,

atingindo o máximo de seu potencial na vida adulta. Os desafios são ainda maiores no caso de

crianças que fazem parte de famílias em situação de vulnerabilidade. As informações estão na

apresentação feita pelo coordenador geral de saúde da criança e aleitamento materno do Minis-

tério da Saúde (CGSCAM), Paulo Bonilha, durante o 4º Simpósio Internacional de Desenvolvi-

mento da Primeira Infância, onde mostrou como o governo federal vem trabalhando o desen-

volvimento infantil nas políticas públicas sociais e em novos projetos específicos do Ministério

Saúde.

Com o tema Fortalecendo as potencia-

lidades dos adultos para que promo-

vam o desenvolvimento das crianças, o

4º Simpósio ocorreu dias 12 e 13 de

novembro de 2014, em São Paulo, e

reuniu especialistas e profissionais das

áreas de saúde, educação, assistência

social, economia e psicologia. O even-

to foi organizado pelo Núcleo Ciência

pela Infância (NCPI) em parceria com

a Fundação Maria Cecília Souto Vidi-

gal (FMCSV).

Um dos carros-chefes do Ministério da Saúde para a promoção do desenvolvimento infantil é o

projeto piloto de Visitas Domiciliares para o Desenvolvimento da Primeira Infância, que capa-

cita agentes de saúde para um programa sistemático de visitas domiciliares a famílias de ges-

tantes/bebês com risco biopsicossocial (leia mais na página 8).

A diretora de Educação do Banco Mundial, Cláudia Costin, afirma ter se impressionado positi-

vamente com a proposta de visitas domiciliares do Ministério da Saúde, pois considera que ao

capacitar agentes para a realização das visitas, o programa proposto pela CGSCAM, que tem

como base o Primeira Infância Melhor (PIM), da SES/RS, mostra ter foco e enfrentar o proble-

ma da vulnerabilidade e do enorme risco de desigualdade na futura vida escolar e social da cri-

ança. “Se a família for preparada para cuidar da saúde e da nutrição, fortalecer os vínculos afe-

tivos e estimular o cérebro da criança, especialmente se expandirmos e ganharmos escala com

o que já foi realizado no projeto piloto, o desenvolvimento delas será muito mais sólido e o tra-

balho educacional nas creches e pré-escolas trará ganhos relevantes em qualidade e equidade”,

disse Cláudia.

Página 6

Edição Nº 01— Janeiro de 2015 Boletim CGSCAM—Desenvolvimento da Primeira Infância

Foto: Rafael Gomes da Silva/FMCSV

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especial as que vivem em situa-

ção de maior risco social e eco-

nômico. Entre as ações mais ex-

pressivas está o Bolsa Família,

que transfere renda com a condi-

ção de que as crianças estejam

com as vacinas em dia e com o

devido acompanhamento do esta-

do nutricional, entre outras con-

dições. Segundo artigo publicado

em 2013 na Revista Lancet, o

programa, associado a indução

da utilização da Atenção Básica

de Saúde pelas famílias, está re-

lacionado a uma redução de cer-

ca de 20% na taxa de mortalidade

infantil entre 2004 e 2009, princi-

palmente no que se refere a casos

por insuficiência nutricional e

problemas respiratórios. Também

está relacionado à redução da

desnutrição crônica e do déficit

de estatura nas crianças benefici-

árias.

Pela experiência de su-

cesso na redução da mortalidade,

o Brasil assumiu o compromisso

de realizar ações de cooperação

internacional com outros países

do mundo que ainda não conse-

guiram cumprir com a meta 4 dos

ODM. E com esse desafio da

mortalidade na infância gradati-

vamente superado, o Brasil pas-

sou a investir em ações para o

empoderamento das famílias, em

O Brasil atingiu a meta

do Objetivo do Milênio (ODM)

nº 4, de reduzir em dois terços,

até 2015, a mortalidade de cri-

anças menores de 5 anos, três

anos antes do prazo. A redução

foi de 77% em 22 anos, passan-

do de 62 mortes para cada mil

nascidos vivos em 1990, para

14 mortes para cada mil em

2012. A Rede Cegonha, lançada

em 2011, também vem contri-

buindo fortemente para a redu-

ção da mortalidade infantil,

uma vez que busca combater o

alto índice de partos por cesari-

ana e, consequentemente, a pre-

maturidade, uma das principais

causas de morte de recém-

nascidos. Em 2012, 56% dos

partos no Brasil foram cirúrgi-

cos, sendo que a Organização

Mundial da Saúde recomenda

saúde infantil também tem sido a

ampliação da Estratégia Saúde da

Família (ESF), que alcança

56,4% da população brasileira

através de mais de 35 mil equi-

pes. Em 2013, 109 milhões de

cidadãos foram atendidos, envol-

vendo recursos de R$ 3,3 bi-

lhões. A cobertura da ESF está

diretamente associada com a me-

lhoria da saúde da criança. Em

A vacinação também

cumpre um papel fundamental na

redução da mortalidade infantil,

uma vez que o calendário vacinal

oferece 12 vacinas que previnem

contra mais de 20 doenças. A

cobertura vacinal, nos últimos

dez anos, foi de 95%, na média,

para a maioria das vacinas do

calendário infantil e em campa-

nhas. De grande impacto para a

municípios com mais de 70% de

cobertura de ESF, existem 34%

menos crianças com baixo peso,

e a cobertura vacinal é duas vezes

melhor do que municípios com

baixa cobertura. E cada 10% de

aumento de cobertura da Estraté-

gia Saúde da Família reduz em

4,6% a mortalidade infantil e,

consequentemente, traz melhoras

à saúde da criança.

Bolsa Família

Redução Mortalidade Infantil e Rede Cegonha

Vacinação e Estratégia Saúde da Família

que esse índice seja de

no máximo 15%. E

345 mil crianças nas-

ceram prematuras, o

que corresponde a

11,5% dos nascimen-

tos em 2012. A Rede

Cegonha investiu R$ 9,4 bi-

lhões desde o seu lançamento,

para qualificação de profissio-

nais e equipamento de serviços

que realizam pré-natal e partos.

Desde o seu lançamento, 1.605

novos leitos neonatais foram

criados, representando um au-

mento de cerca de 30%, e

4.224 leitos neonatais recebe-

ram custeio para qualificação.

Página 7

Edição Nº 01— Janeiro de 2015 Boletim CGSCAM—Desenvolvimento da Primeira Infância

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Desde 2012, com o lançamento do Brasil Carinhoso, o governo federal

passou a investir mais na infância, com ações envolvendo os Ministérios da

Saúde, Educação e Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Pela

educação, passaram a ser fornecidos estímulos financeiros aos municípios

para incentivar o aumento de vagas para as crianças até dois anos nas

creches públicas ou conveniadas com o poder público. No MDS, houve

complemento do Bolsa Família, incorporando as crianças de até 6 anos no cálculo da renda per capita mínima de

77,00, a ser garantida, de forma que nenhuma criança permaneça abaixo desta linha da extrema pobreza. E o

Ministério da Saúde expandiu a distribuição de doses de vitamina A para crianças entre 6 meses e 5 anos nas

Unidades Básicas de Saúde (UBS) e em campanhas de vacinação. Isso porque a deficiência de vitamina A

acomete 20% das crianças menores de 5 anos e, quando severa, provoca deficiência visual, aumenta o risco de

anemia, morbidades e mortalidade. O Ministério da Saúde também oferta sulfato ferroso na Rede de Atenção

Básica de Saúde, visto que a necessidade de ferro das crianças menores de 24 meses é muito elevada e

dificilmente provida apenas por alimentos, o que pode prejudicar o desenvolvimento. A distribuição gratuita de

medicamentos para asma – a segunda maior causa de internação e óbito de crianças – nas unidades do Aqui Tem

Farmácia Popular também fazem parte do projeto, que possibilitou ainda a expansão do Programa Saúde na

Escola para creches e pré-escolas.

Os pilotos têm como base

o programa Primeira Infância Me-

lhor (PIM) - desenvolvido pela

Secretaria de Estado de Saúde do

Rio Grande do Sul, que fornece o

apoio técnico ao Ministério da Sa-

úde - e inspiração em outras expe-

riências exitosas, como o progra-

ma Educa a Tu Hijo, de Cuba, e

Chile Crece Contigo. O foco das

visitas é acompanhar a saúde da

O Ministério da Saúde

adotou como pauta essencial o

estímulo ao Desenvolvimen-

to na Primeira Infância (DPI),

como forma de garantir às crianças

brasileiras condições sadias que

permitam seu desenvolvimento

pleno. Nesse sentido, está apoian-

do técnica e financeiramente dois

projetos de Visitas Domiciliares: o

Cresça com seu Filho, de Fortaleza

(CE), e o São Paulo Carinhosa, da

capital paulista. Ambos têm por

objetivo fortalecer as competên-

cias de famílias de maior vulnera-

bilidade, com grávidas e/ou crian-

ças na primeira infância, para o

cuidado afetivo com os filhos, esti-

mulando seu desenvolvimento in-

tegral. Os dois projetos servirão

como base para a construção de

um modelo programático, finan-

ceiro e de avaliação que possa ser

ofertado para replicação em outros

municípios brasileiros. A proposta

é uma inovação da Coordenação-

Geral de Saúde da Criança e Alei-

tamento Materno no contexto do

Brasil Carinhoso.

Visitas domiciliares para o DPI por agentes de saúde

Brasil Carinhoso

mãe/bebê, além de empoderar as

famílias para o cuidado e o estí-

mulo ao desenvolvimento das

crianças. Além da capacitação

dos agentes, o projeto prevê a

supervisão e apoio permanente ao

trabalho desenvolvido por eles

com as famílias. As primeiras

experiências estão acontecendo

nos dois municípios com famílias

com renda per capita até R$

77,00. Página 8

Edição Nº 01— Janeiro de 2015 Boletim CGSCAM—Desenvolvimento da Primeira Infância

Atendimento PIM/ Município de Pelotas, RS/ Prêmio Salvador Célia 2012

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Atenção Nutricional e Estímulo ao Desenvolvimento na Primeira Infância

Outra iniciativa de

grande impacto desenvolvida

pela Coordenação-Geral de

Saúde da Criança e Aleitamen-

to Materno com o apoio da

Coordenação-Geral de Ali-

mentação e Nutrição do Minis-

tério da Saúde é o Projeto

Atenção Nutricional e Estímu-

lo ao Desenvolvimento na Pri-

meira Infância—ANDI/DPI. O

projeto busca fomentar nos

municípios da ANDI (Agenda

de Atenção Nutricional à Des-

nutrição Infantil) um modelo

de atenção integral à saúde das

crianças menores de 5 anos,

com foco na qualificação e

articulação dos serviços para o

combate à desnutrição e o estí-

mulo ao desenvolvimento na

primeira infância. São 30 mu-

nicípios do interior do Amazo-

nas, Acre, Rondônia, Roraima

e São Paulo, com altos índices

de desnutrição infantil. Tendo

como base a estrutura metodo-

lógica do Primeira Infância

Melhor (PIM/SES/RS), o pro-

jeto promoveu a constituição

de Grupos Técnicos Munici-

pais—GTM, formados, mini-

mamente, por representantes

das Secretarias Municipais de

Saúde, Educação e Desenvol-

vimento Social. Com o apoio

de consultores técnicos dispo-

nibilizados pelo Projeto, o

GTM elaborou o diagnóstico

da Situação da Primeira Infân-

cia nos Municípios e o Plano

de Ação para o combate à des-

nutrição e promoção do desen-

volvimento da primeira infân-

cia. Assim como os Projeto

Pilotos desenvolvidos em For-

taleza e São Paulo, o ANDI/

DPI espera capacitar agentes

comunitários para a realização

de visitas domiciliares voltadas

às famílias com gestantes e

crianças de primeira infância.

Esses projetos tem o

apoio financeiro da Fundação

Bernard Van Leer e Fundação

Maria Cecília Souto Vidigal,

essa última, que também for-

nece apoio técnico.

Plataforma Integrada de Ensino a Distância para o

Desenvolvimento na Primeira Infância

O Ministério da Saúde

está estruturando uma platafor-

ma integrada de Ensino à Dis-

tância para o Desenvolvimento

na Primeira Infância, com o

objetivo de qualificar profissio-

nais que atuam nos serviço de

atenção e cuidado de crianças

de 0 a 6 anos e suas famílias,

nas áreas de saúde, educação,

assistência social, entre outros,

visando à promoção e estimu-

lo ao desenvolvimento saudá-

vel, investindo em fatores de

proteção e na identificação de

situações de vulnerabilidades e

risco na primeira infância.

Já estão ocorrendo as

primeiras turmas do Curso da

Estratégia Amamenta e Ali-

menta Brasil e há previsão de que

a plataforma EAD esteja pronta

em 2015 com a inclusão de outros

cursos, como de Crescimento e

Desenvolvimento na Primeira

Infância, de Prevenção de Violên-

cias e Acidentes e de suporte ao

trabalho do Programa Saúde da

Escola.

Página 9

Edição Nº 01— Janeiro de 2015 Boletim CGSCAM—Desenvolvimento da Primeira Infância

Page 10: Desenvolvimento da Primeira Infânciaportalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2015/janeiro/09/Boletim-DPI.pdf · mento de crianças brasileiras na primeira infância. A pesquisa foi

10

Em 2015, a atual Cader-

neta de Saúde da Criança será

substituída pela Caderneta da

Criança, um documento inter-

setorial que servirá de instru-

mento para acompanhar o cres-

cimento e o desenvolvimento

do nascimento até os nove anos

de idade, não só nos aspectos

relacionados à saúde, mas tam-

bém educação e assistência so-

cial.

Desde 2005, o Ministé-

rio da Saúde, por meio da Co-

ordenação-Geral de Saúde da

Criança e Aleitamento Mater-

no, produz e distribui 3,2 mi-

lhões de cadernetas por ano, de

forma a cumprir com o estabe-

lecido na Portaria nº 1.058, de

4 de julho de 2005, que é o re-

cebimento da caderneta por

toda criança nascida em territó-

rio nacional.

Ao sair da maternidade

pública ou privada, toda criança

deve estar de posse da sua Ca-

derneta com as informações

relativas ao seu nascimento e

encaminhamentos preenchidos.

O conteúdo da Caderneta favo-

rece a família no cuidado e di-

reciona os profissionais dos ser-

viços no momento das consul-

tas e atendimentos.

Com vistas à atenção

integral e integrada à criança, a

nova edição da caderneta trará

mudanças importantes. A pri-

meira delas é a incorporação às

informações de saúde de conte-

údos relativos a educação e a

desenvolvimento social. Esse

fato legitima a mudança do no-

me de Caderneta de Saúde da

Criança para Caderneta da Cri-

ança. A segunda alteração diz

respeito à divisão do conteúdo -

Nova Caderneta da Criança

Página

O documento, que antes con-

jugava informações para fa-

mília/cuidadores e profissio-

nais de saúde, agora se apre-

senta em publicações diferen-

tes: a Caderneta da Criança e

o Manual do Profissional.

A nova edição é resul-

tado de um Grupo de Traba-

lho formado pelos Ministérios

da Saúde, da Educação e do

Desenvolvimento Social, da

Estratégia Brasileirinhas e

Brasileirinhos Saudáveis/IFF/

FIOCRUZ, Programa Primei-

ra Infância Melhor - PIM/

SES/RS, Universidades do

Pará (UFPA), de Campinas

(UNICAMP) e de São Paulo

(USP), Fundação Maria Cecí-

lia Souto Vidigal, além de

especialistas e profissionais

que atuam na área da infância.

Edição Nº 01— Janeiro de 2015 Boletim CGSCAM—Desenvolvimento da Primeira Infância

Foto: Radilson Carlos Gomes