Desempenho fenotípico de filhos e netos com mães e avós presentes em três intervalos de TOP Percentil.

FIGUEIREDO, L.F.C.1; ANDRADE, A.C.1; LEITE, J.F.1; LÔBO, R.B.1

INTRODUÇÃO:

Entre os anos 2002 e 2010 o rebanho brasileiro teve um aumento de 1,9 milhões

de cabeças (ANUALPEC 2011), desta forma os conceitos e tecnologias do

melhoramento genético animal como a Avaliação Genética vem sendo requisitados

para obtenção de rebanhos melhorados e padronizados para características

desejáveis pelos produtores.

A Avaliação Genética é uma “fotografia” do potencial genético de um rebanho.

Para que haja melhoramento genético, são necessários os corretos processos de

seleção e acasalamento dos animais (NOMELINI. J. 2006).

Atrelada a Avaliação Genética tem-se o valor genético do animal e suas DEPs

(Diferenças Esperadas na Progênie). A identificação do valor genético dos animais

permite ao criador chegar mais rapidamente ao tipo de animal que melhor se adapta a

sua fazenda, mercado e outros objetivos (BRINKS J. S.).

Características maternas influenciam no desempenho dos bezerros sendo

importantes para o desmame de animais pesados e influenciam em todo o ciclo de

produção do animal. Portanto para esse estudo foram escolhidas a DEP maternal 120

dias (MP120), DEP maternal total (MTP120) e a DEP direta para peso aos 120 dias

(DP120).

A MP120 é o efeito materno no peso aos 120 dias de idade e prediz a diferença

esperada em peso das progênies das filhas do touro avaliado, devido á habilidade

maternal (produção de leite) apresentada por elas. A DP120 é a diferença esperada na

progênie para efeito direto no peso aos 120 dias de idade. A MTP120 é obtida

somando-se metade da DP120 à MP120. A mesma expressa em kg, o potencial de

desmama que um animal pode transmitir, incluindo a habilidade do animal em

transmitir genes para crescimento e produção de leite de suas filhas.

OBJETIVO:

Avaliar os filhos e netos participantes do Programa Nelore Brasil, com mães e

avós presentes nos intervalos TOP Percentís: 0,1-5%, 50-70% e 80-100%, para as

características maternal 120 dias (MP120), DEP direta para peso aos 120 dias

(DP120) e maternal total (MTP120), afim de demonstrar que os filhos(as) e netos(as)

1 Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP)

mais pesados provém de matrizes com melhor classificação TOP Percentil para a

característica MP120.

MATERIAL E MÉTODOS:

Foram utilizadas matrizes da raça Nelore participantes do Programa Nelore

Brasil que possuem no mínimo cinco filhos e que são pertencentes à seis fazendas

associadas à ANCP distribuídas nos Estados de Minas Gerais (MG), Mato Grosso

(MT), Mato Grosso do Sul (MS) e São Paulo (SP).

As matrizes foram divididas em grupos de acordo com suas classificações em

TOP Percentil para a característica MP120, sendo 492 fêmeas no grupo das

classificadas entre as 0,1-5%, 391 fêmeas entre as 50-70% e 501 fêmeas no grupo

80-100%.

A partir do desempenho dos filhos e netos dessas matrizes foi obtida a média

fenotípica de peso aos 120 dias e o desvio da média em relação ao grupo de

contemporâneos, no qual o animal está inserido. O objetivo é eliminar os efeitos de

idade, sexo, alimentação e ambiente, os quais influenciam na Avaliação Genética.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

O número de filhos avaliados foi 8999, sendo 3324 filhos de matrizes presentes

no intervalo TOP Percentil 0,1-5%, 2498 filhos das matrizes presentes no grupo TOP

Percentil 50-70% e 3177 filhos das matrizes TOP Percentil 80 à 100% (TABELA 1).

Os filhos de matrizes TOP Percentil 0,1-5% tem desvio da média do grupo

contemporâneo (DESV GC P120) igual a 10,26kg e os filhos de matrizes TOP

Percentil 80-100% possuem DES GC P120 igual a -7,55kg, desse modo a diferença

entre esses dois grupos foi de 17,81kg. Para a MTP120, os filhos das matrizes TOP

Percentil 0,1-5% obtiveram maior média (4,03kg), e para os filhos das matrizes TOP

Percentil 80-100% a média foi negativa (-1,54kg) (TABELA 1).

No Gráfico 1, os filhos das matrizes classificadas no intervalo TOP Percentil

0,1-5% obtiveram maior desvio da média para peso aos 120 dias, consequentemente

a média da DP120 em kg foi maior para este intervalo e o mesmo foi observado para a

MP120.

Quantidade TOP % Quantidade Média Média Média Média Média Média

de Matrizes Matrizes de FilhosP 120 (kg)

GC 120 (kg)

DESV GC 120 (kg)

DEP MP120 (kg)

DEP DP120 (kg)

MTP120 (kg)

492 0,1-5% 3324 146,2 135,9 10,26 3,32 1,43 4,03

391 50-70% 2498 132,0 132,8 -0,81 0,23 -0,16 0,15

501 80-100% 3177 124,5 132,1 -7,55 -1,09 -0,90 -1,54

TABELA 1: Levantamento de número de filhos e médias fenotípicas e

genotípicas para filhos de fêmeas classificadas em 3 níveis de TOP Percentil.

0,1-5% 50-70% 80-100%

-10

-5

0

5

10

15

Médias Fenotípicas e Genotípicas dos Filhos

Média DESV GC 120 (kg)Média DEP MP120 (kg)Média DEP DP120 (kg) Média DEP MTP120 (kg)

GRÁFICO 1: Médias fenotípicas e genéticas em 3 níveis de TOP para DEP

maternal 120 dias de filhos de fêmeas da raça Nelore participantes do programa

Nelore Brasil.

Foram avaliados também 1384 netos, sendo 492 de matrizes TOP Percentil

0,1-5%, 391 de matrizes 50-70% TOP Percentil e 501 no grupo de matrizes 80-100%

TOP Percentil, para a característica MP120.

Para MTP120 as matrizes TOP Percentil 0,1-5% tiveram netos com maiores

médias, já o grupo 80-100% apresentou média negativa de -1,65kg (TABELA 2).

A diferença entre o desvio da média do grupo contemporâneo aos 120 dias

(DES GC P120) dos netos de matrizes TOP Percentil 0,1-5% em relação aos netos de

matrizes TOP Percentil 80-100% foi de 8,92kg, sendo que os filhos de matrizes TOP

Percentil 0,1-5% tiveram o DESV GC P120 igual a 4,27kg e os filhos das matrizes

TOP Percentil 80-100% igual a -4,65kg (TABELA 2).

O desvio da média do peso aos 120 dias dos netos também apresentou

correlação positiva com as classificações TOP Percentís de suas avós, os netos das

matrizes TOP Percentil 0,1-5% apresentaram maior DP120 e maior MP120 (Gráfico 2).

Quantidade de Avós

TOP %Matrizes

Quantidade de Netos

MédiaP120(kg)

MédiaGC120

(kg)

Média DESV GC120 (kg)

MédiaDEP

MP120(kg)

MédiaDEP

DP120(kg)

MédiaMTP120

(kg)

492 0,1-5% 3067 139,8 135,5 4,27 3,36 1,18 3,95

391 50-70% 2092 132,9 135,3 -2,37 0,21 -0,35 0,04

501 80-100% 2844 130,0 134,6 -4,65 -1,06 -1,19 -1,65

TABELA 2: Levantamento de número de netos e médias fenotípicas e

genotípicas, para filhos de fêmeas classificadas em 3 níveis de TOP Percentil.

0,1-5% 50-70% 80-100%

-6

-4

-2

0

2

4

6

Médias Fenotípicas e Genotípicas dos Netos

Média DESV GC 120 (kg) Média DEP MP120 (kg) Média DEP DP120 (kg)Média DEP MTP120 (kg)

GRÁFICO 2: Médias fenotípicas e genéticas em 3 níveis de TOP para DEP

maternal 120 dias de netos de fêmeas da raça Nelore participantes do programa

Nelore Brasil.

CONCLUSÃO:

Os filhos avaliados que apresentaram maiores médias para MP120, DP120 e

MTP120 provém de mães presentes no intervalo TOP Percentil 0,1-5%. Os netos com

maiores médias para MP120, DP120 e MTP120 possuem avós presentes também no

intervalo 0,1-5%. Mostrando que quanto melhor classificadas as mães e avós nos

intervalos TOP Percentil maiores foram as médias dos filhos e netos para as DEPs

MP120, DP120 e MTP120, demonstrando a eficácia dessa classificação em expressar

seu potencial fenotípico e genotípico de animais melhoradores.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ANUALPEC, Anuário da Pecuária Brasileira 2011.

BRINKS J. S., Diferenças Esperadas na progênie, Manual do Criador, Definições

Cálculos e Interpretações.

LÔBO, R. B.; BEZERRA, L. A. F.; VOZZI, P. A.; MAGNABOSCO, C. De U.;

ALBUQUERQUE, L. G.; SAINZ, R. D.; BERGMANN, J. A. G.; OLIVEIRA, H. N.

Avaliação genética de touros da raça Nelore: Sumário 2010. 2010a.

Ribeirão Preto, ANCP.

LÔBO, R. B.; BEZERRA, L. A. F.; VOZZI, P. A.; MAGNABOSCO, C. De U.;

ALBUQUERQUE, L. G.; SAINZ, R. D.; BERGMANN, J. A. G.; OLIVEIRA, H. N.

Avaliação genética de touros da raça Nelore: Sumário 2012. 2012a.

Ribeirão Preto, ANCP.

NOMELINI. J., APLICAÇÃO DE METODOLOGIAS DE EXTRAÇÃO DE

CONHECIMENTOS EM PESQUISAS E GERENCIAMENTO DE PROGRAMA DE

MELHORAMENTO GENÉTICO EM BOVINOS DA RAÇA NELORE, Ribeirão Preto,

2006.