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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA Desempenho e Qualidade de Carcaça de Garrotes Nelore e F1 Rubia Galega x Nelore Suplementados com Cromo Picolinato Celina Palhari Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Universitário de Sinop, como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Zootecnia. Área de concentração: Zootecnia. Sinop, Mato Grosso Março de 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP

INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA

Desempenho e Qualidade de Carcaça de Garrotes Nelore e F1

Rubia Galega x Nelore Suplementados com Cromo Picolinato

Celina Palhari

Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em

Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso,

Campus Universitário de Sinop, como parte das exigências

para a obtenção do título de Mestre em Zootecnia.

Área de concentração: Zootecnia.

Sinop, Mato Grosso

Março de 2014

ii

CELINA PALHARI

Desempenho e Qualidade de Carcaça de Garrotes Nelore e F1

Rubia Galega x Nelore Suplementados com Cromo Picolinato

Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em

Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso,

Campus Universitário de Sinop, como parte das exigências

para a obtenção do título de Mestre em Zootecnia.

Área de concentração: Zootecnia.

Orientador: Prof. Dr. Paulo Sérgio Andrade Moreira

Co-Orientador: Prof. Dr. Angelo Polizel Neto

Sinop, Mato Grosso

Março de 2014

iii

iv

Dados Internacionais de Catalogação na Fonte.

P161d Palhari, Celina.

Desempenho e qualidade de carcaça de garrotes Nelore e F1

Rubia Galega x Nelore suplementados com cromo picolinato /

Celina Palhari. -- 2014

50 f. : il. color. ; 30 cm.

Orientador: Paulo Sérgio Andrade Moreira.

Co-orientador: Angelo Polizel Neto.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Mato

Grosso, Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais, Programa de

Pós-Graduação em Zootecnia, Sinop, 2014.

Inclui bibliografia.

1. cruzamentos. 2. minerais. 3. cromodulia. 4. ultrassom. I.

Título.

Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).

Permitida a reprodução parcial ou total, desde que citada a fonte.

v

Aos meus pais, Onildo e Vera, pela insistente força

na minha busca pelo conhecimento.

DEDICO

vi

AGRADECIMENTOS

À Deus, por tudo.

Aos meus pais Onildo e Vera, por me convencerem da importância de estudar sempre e

pelo colo protetor nos momentos difíceis.

Aos meus irmãos, Carla, Onildo e Fábio, por todo amor.

Ao meu noivo Abreu, por toda a paciência, incentivo e apoio sempre.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Paulo Sérgio Andrade Moreira, pela paciência, pelo apoio

e todos os ensinamentos.

Ao meu co-orientador, Prof. Dr. Angelo Polizel Neto e a todos os professores do

Programa de Pós Graduação, pelo apoio, dedicação e ensinamentos.

Ao proprietário da Fazenda Calixbento, Sr. César Borges de Sousa e seu filho, Eduardo

de Sousa, por acreditar neste trabalho, disponibilizando os animais e as estruturas de manejo.

Aos funcionários da Fazenda Calixbento, Josi, Vando, Pedrinho, e todos outros que

também ajudaram na realização deste projeto, pela amizade e dedicação.

À Fortuna Nutrição Animal, em especial ao Daniel, João Henrique e Thiago Prado, que

formularam os suplementos, pelo apoio e pelos ensinamentos.

À Alltech Nutrição e Saúde Animal e ao Fernando Franco, pela confiança,

disponibilizando o Cromo Picolinato utilizado nas formulações.

Ao Grupo Pão de Açúcar e à Fabiana Farah, pelo apoio, nos possibilitando o acesso às

carcaças de Rubia Galega x Nelore utilizados na pesquisa.

À Universidade Federal do Mato Grosso, por possibilitar meu mestrado em Zootecnia.

À amiga Thuanny, por estar sempre presente nessa caminhada, pela sua amizade, sua

atenção e seu carinho.

Aos colegas e professores, Felipe, Profa. Lilian, e tantos mais que colaboraram para a

realização deste trabalho, pelo apoio.

vii

Ao frigorífico JBS de Colíder e todos seus colaboradores, pelo auxilio e cooperação.

Enfim, à todos que contribuíram direta ou indiretamente neste trabalho.

viii

BIOGRAFIA

Celina Palhari, nasceu em 17 de agosto de 1984 no município de Umuarama, no estado

do Paraná. É a caçula de quatro filhos da união de Onildo Aparecido Palhari e Veralúcia

Colombo Palhari. Em 1985 se mudaram para o estado do Mato Grosso e após passarem por

várias cidades, se estabeleceram no município de Sorriso.

Em 2002 iniciou o curso de Medicina Veterinária na Universidade de Cuiabá, na capital

do estado. Durante todo o período do curso realizava estágios extracurriculares nas áreas de

Clínica e cirurgia de grandes animais e Produção e reprodução de bovinos. Em 2006 realizou

seu estágio curricular na MAM Agropecuária em Poconé – MT, atuando nas áreas de produção

e reprodução de bovinos de corte, onde posteriormente foi contratada como Gerente de

Pecuária. E ao final do mesmo ano concluiu o curso, recebendo o título de Bacharel em

Medicina Veterinária.

Em 2008 foi contratada como Coordenadora do Projeto Parceria Rural – Pecuária da

Secretaria de Estado de Trabalho, Emprego, Cidadania e Assistência Social do Mato Grosso –

SETECS-MT, onde trabalhou até 2011 em realizações de cursos de qualificação na pecuária.

Em 2011 montou sua empresa de consultoria para pecuária, EXCEPEC, onde atuou

como consultora em propriedades na região norte do Mato Grosso.

Em 2012 foi aprovada no Programa de Pós Graduação em Zootecnia, nível mestrado,

da Universidade Federal do Mato Grosso – Campus Sinop, realizando estudos na linha de

pesquisa em Melhoramento Genético e Reprodução Animal, na área de Avaliação de Carcaça

e Qualidade de Carne, sob orientação do Prof. Dr. Paulo Sérgio Andrade Moreira e co-

orientação do Prof. Dr. Angelo Polizel Neto.

Em março de 2014, apresentou sua dissertação para obtenção do título de Mestre em

Zootecnia pela Universidade Federal do Mato Grosso – Campus Sinop.

ix

RESUMO

PALHARI, Celina, Dissertação de Mestrado (Zootecnia), Universidade Federal de Mato

Grosso, março 2014, 50 f. Desempenho e Qualidade de Carcaça de Garrotes Nelore e F1

Rubia Galega x Nelore Suplementados com Cromo Picolinato. Orientador: Prof. Dr. Paulo

Sérgio Andrade Moreira. Co-orientador: Prof. Dr. Angelo Polizel Neto.

O efeito da suplementação proteico energética com cromo picolinato (CrP), no

desempenho produtivo e nas características de carcaças foi estudado em sessenta bovinos

machos jovens de dois grupos genéticos (30 NEL = Nelore e 30 NRG = F1 Rubia Galega x

Nelore). Após a desmama (aos 210 dias de idade), os animais foram mantidos em 2 piquetes de

capim Brachiaria brizantha cv. Marandu, separados conforme as suplementações (com e sem

CrP), contendo os 2 grupos genéticos (15 NEL e 15 NRG). O período experimental foi de 320

dias dividido em 2 fases: fase recria (210 a 420 dias de idade) e fase terminação (421 a 530 dias

de idade). Na fase de recria os animais receberam suplementação na proporção de 0,2% do peso

corporal/dia (1,0mg CrP/kg suplemento), enquanto que na fase de terminação 0,5% do peso

corporal/dia (0,5mg CrP/kg suplemento). Não houve efeito de interação (P>0,05) entre grupo

genético e suplementação com CrP sobre o desempenho produtivo e características de carcaça,

em ambas as fases de crescimento. Na fase de recria os animais NRG apresentaram valores de

desempenho produtivo superior aos NEL (P<0,001). Porém, na fase de terminação o

desempenho produtivo foi semelhante (P>0,05) entre os grupos genéticos. Durante a fase de

recria a suplementação com CrP aumentou (P=0,025) o GMD, GMD metabólico (P=0,026),

ganho de peso total (GPT; P=0,025), porcentagem de GPT (P=0,031), peso corporal final (PCF;

P=0,025) e PCF metabólico (P=0,026). No entanto, a suplementação com CrP reduziu

(P<0,005) o GMD na fase de terminação, assim como o GMD metabólico (P=0,004), GPT

(P<0,005), porcentagem de GPT (P=0,005) e peso corporal ao abate (PCA; P<0,005). O grupo

genético e a dose de CrP não afetaram (P>0,05) a área de olho de lombo (AOL), espessura de

gordura subcutânea (EGS), peso de carcaça quente (PCQ), rendimento de carcaça (RCQ),

conformação e acabamento das carcaças. Os animais NRG apresentam melhor desempenho

produtivo e maior taxa de crescimento de tecido muscular e ósseo que NEL, mas são

semelhantes na deposição de gordura. A suplementação com CrP não influencia a qualidade de

carcaça e acelera o crescimento corporal na fase de recria. No entanto, levando em conta o

desempenho produtivo, é desvantajoso manter a suplementação com CrP na fase de terminação.

Palavras-chave: cruzamentos, minerais, cromodulina, IGF-1, ultrassom.

x

ABSTRACT

PALHARI, Celina, MS Dissertation (Animal Science), Federal University of Mato Grosso,

march 2014, 50 f. Productive Performance and Carcass Quality of Steers Nellore and F1

Rubia Gallega x Nellore Supplemented with Chromium Picolinate. Adviser: Prof. Dr. Paulo

Sergio Andrade Moreira. Co-adiviser: Prof. Dr. Angelo Polizel Neto.

The effect of protein energy supplementation with chromium picolinate (CrP) on

productive performance and carcass characteristics was studied in sixty young male bovine of

two genetic groups (30 NEL = Nellore and 30 NRG = F1 Rubia Gallega x Nellore). After

weaning (at 210 days of age), the animals were kept in 2 paddocks, separated according to

supplementation (with and without CrP), containing the 2 genetic groups (15 NEL and 15

NRG). The experiment lasted 320 days divided into 2 phases: growing phase (210 to 420 days

of age), and termination phase (421 to 530 days of age). In the growing phase the animals were

supplemented in the proportion of 0.2% of body weight / day (1.0 mg CRP / kg supplement),

while in the finishing phase 0.5% of body weight / day (0.5 mg PCr / kg supplement). There

was no interaction effect (P> 0.05) between genetic group and CrP supplementation on

performance and carcass characteristics in both phases. In the growing phase NRG animals

showed values above the NEL (P <0.001) growth performance. However, in the finishing phase,

the performance was similar (P> 0.05) among genetic groups. During the growing phase

supplementation with CrP increased (P = 0.025) ADG, metabolic ADG (P = 0.026), total weight

gain (TWG, P = 0.025) final percentage of GPT (P = 0.031), body weight (PCF, P = 0.025) and

metabolic PCF (P = 0.026). However, supplementation with CrP reduced (P <0.005) ADG in

the finishing phase, as well as the metabolic ADG (P = 0.004), GPT (P <0.005), percentage of

GPT (P = 0.005) and body weight slaughter (PCA, P <0.005). The genetic group and the dose

of CrP did not affect (P> 0.05) rib eye area (REA), fat thickness (SFT), hot carcass weight

(HCW), carcass yield (HCY), conformation and the carcasses. The NRG have better

performance and higher rate of growth of muscle and bone tissue that NEL, but are similar in

fat deposition. CrP supplementation does not influence carcass quality and accelerates body

growth in the growing phase. However, taking into account the productive performance, is

disadvantageous keep CrP supplementation in the finishing phase.

Keywords: cross-breeds, minerals, chromodulin, IGF-1, ultrasound.

xi

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Níveis de garantia do suplemento energético proteico fornecido com adição de

cromo picolinato e controle, nas fases de recria e terminação ............................................... 45

Tabela 2 - Efeito da suplementação com cromo picolinato e do grupo genético no desempenho

produtivo de bovinos jovens na fase de recria ...................................................................... 46

Tabela 3 - Efeito da suplementação com cromo picolinato e do grupo genético no desempenho

produtivo de bovinos jovens na fase de terminação .............................................................. 47

Tabela 4 - Efeitos da suplementação com CrP nas características de carcaça de bovinos jovens

Nelore e F1 Rubia Galega x Nelore ..................................................................................... 48

Tabela 5 - Efeitos da suplementação com CrP do desenvolvimento tecidual (muscular, adiposo

e ósseo) em bovinos jovens Nelore e F1 Rubia Galega x Nelore .......................................... 49

xii

LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO I

Figura 1 - Curva de crescimento dos bovinos ...................................................................... 07

Figura 2 - Ordem de deposição dos tecidos nos animais ....................................................... 08

Figura 3 - Mecanismo proposto para atuação do cromo na célula ......................................... 16

xiii

SUMÁRIO

CAPÍTULO I ................................................................................................................. 01

Introdução ....................................................................................................................... 02

Revisão de Literatura ............................................................................................ 04

1. Raças bovinas: Rubia Galega x Nelore ...................................................... 04

2. Condição Sexual e Composição de Carcaça .............................................. 06

3. Suplementação mineral com Cromo sobre o desempenho e o comportamento

animal ............................................................................................................. 09

4. Mineral Quelatado .................................................................................... 11

5. Cromo Picolinato ...................................................................................... 12

6. Função Biológica Cr3+ .............................................................................. 13

7. IGF-1 ........................................................................................................ 17

8. Referências Bibliográficas ......................................................................... 19

CAPÍTULO II ............................................................................................................... 25

Desempenho e qualidade de carcaça de garrotes Nelore e F1 Rubia Galega x Nelore

suplementados com cromo picolinato .................................................................................26

Resumo ................................................................................................................... 27

Abstract .................................................................................................................. 28

Introdução .............................................................................................................. 29

Material e Métodos ................................................................................................ 31

Resultados e Discussão .......................................................................................... 34

Conclusão .............................................................................................................. 40

Referências Bibliográficas ...................................................................................... 41

Capítulo I

2

INTRODUÇÃO

O Brasil tem o segundo maior rebanho bovino do mundo, após a Índia, mas tem o maior

rebanho comercial, sendo que 80% do rebanho tem influência do Bos taurus indicus

(Ferraz e Felício, 2010). A raça bovina que possui o maior número de animais no Brasil é o

Nelore, tornando-se o maior rebanho desta raça no mundo, além de possuir os animais de

melhor qualidade genética como: adaptação ao clima tropical, resistência a parasitas, eficiência

na conversão de gramíneas tropicais, longevidade e fertilidade, o que a tornam a raça de maior

importância para a pecuária brasileira (Koury Filho, 2005).

A produção de carne bovina brasileira tem baixo custo, sendo 60% menor do que na

Austrália e 50% menor do que nos Estados Unidos. A média de idade de abate é de 4 anos e a

taxa de abate é em torno de 21%, e quando comparado a 2 anos e 37% nos Estados Unidos

(Dick & Nelson, 2003), a média da indústria de carne bovina brasileira é menos eficiente.

Melhores resultados na qualidade da carcaça e eficiência produtiva de bovinos de corte

podem ser encontrados em ambientes tropicais quando se promove o acasalamento entre raças

de clima temperado com as adaptadas ao clima tropical, gerando animais mais produtivos e

resistentes, podendo ainda explorar os efeitos da heterose, que podem estar relacionados não só

no aspecto produtivo, como ganho de peso, musculosidade, peso de carcaça, precocidade, etc.,

mas também no aspecto qualitativo da carcaça, como melhor acabamento, conformação, e

maciez (Hammound et al., 1998).

Uma das raças com maior musculosidade é a Rubia Galega, raça mais importante na

Espanha, foi recentemente introduzida no Brasil e é classificada como alta produtora de carne,

com maturidade tardia, carcaças altamente musculosas e uma baixa cobertura de gordura

(Albertí et al., 2005). Características, pelas quais a raça Rubia Galega foi escolhida por uma

grande rede varejista no Brasil, no intuito de oferecer à um nicho de clientes uma carne indicada

3

como mais magra e com menos gordura. No entanto, há escassez de estudos avaliando o

cruzamento entre as raças Rubia Galega (Bos T. taurus) e Nelore (Bos T.indicus), que seria a

melhor forma de introduzir as qualidades da raça espanhola no Brasil.

Um dos principais fatores envolvidos no processo de produção de carne é a taxa de

crescimento animal, que é influenciada pelo genótipo e o ambiente, possibilitando a máxima

expressão do fenótipo. Para a obtenção de eficiência biológica e econômica nesse processo, é

necessário oferecer aos animais condições para que apresentem satisfatório crescimento

corporal, desde o nascimento até o momento do abate. Tomando como base, que a

bovinocultura de corte brasileira é baseada em regime de pastagem, e que os bovinos nessas

condições estão sujeitos a possíveis deficiências, entre elas, a de minerais, e para corrigir ou

amenizar tais efeitos, garantindo-lhes um suprimento adequado e desenvolvimento saudável, a

suplementação mineral torna é uma prática necessária (Moraes, 2001). Esta suplementação,

associada a diferentes concentrações de determinados minerais, revela-se como forte alternativa

para a intensificação da pecuária de corte. Dentre os minerais destaca-se o Cromo, que só

recentemente passou a ser suplementado para ruminantes, sendo indicado pela sua ação no

metabolismo da glicose e aminoácidos (Sumner et al., 2007). O cromo na forma de complexos

orgânicos, como o cromo picolinato (CrP) possui maior absorção, sendo o composto

preferencial em estudos na dieta de bovinos (Lyons, 1997).

Deste modo, hipotetizou-se que a suplementação de bovinos F1 Rubia Galega x Nelore

com CrP possa favorecer desenvolvimento muscular, ganho de peso efetivo, melhorias em

conformação das carcaças e qualidade de carne. Assim, objetivou-se com o presente estudo

avaliar o efeito da suplementação com cromo picolinato no desempenho produtivo e nas

características de carcaça de bovinos jovens Nelore e F1 Rubia Galega x Nelore.

O artigo apresentado no Capítulo II foi formatado conforme as normas do periódico

Asian-Australasian Journal of Animal Science, o qual será submetido.

4

REVISÃO DE LITERATURA

1. Raças Bovinas: Rubia Galega x Nelore

Os primeiros exemplares zebuínos originários da África chegaram ao Brasil nos séculos

XVII e XVIII junto com os escravos, no intuito de servir de reserva de alimento ou objeto de

troca (SANTIAGO, 1983). Entre 1850 e 1890, foram importados animais zebuínos oriundos da

Índia motivados pela necessidade de animais de tração, produção de leite e de carne, bem como

pela adaptabilidade às condições tropicais (MAGNABOSCO et al., 1997).

Nelore é o nome de um distrito da antiga Província de Madras, Estado de Andra, situada

na costa oriental da Índia, onde foram embarcados os primeiros animais indianos para o Brasil.

As importações mais relevantes foram na década de 1960, responsáveis pela introdução de

alguns touros importantes devido as suas características fenotípicas e que contribuíram para a

caracterização, conformação e melhoramento do rebanho nacional (ACNB, 2009).

O Brasil, além de possuir o maior rebanho de animais raça Nelore do mundo, possui os

animais de melhor qualidade genética. De acordo com Lima (1989), a raça Nelore multiplicou-

se com uma velocidade espantosa a partir dos núcleos que se formaram logo depois das

importações da Índia. Essa grande aceitação foi devida aos índices de desempenho reprodutivo

e produtivo de grande competitividade em climas tropicais.

De acordo com Oliveira (2005), 80% do rebanho nacional possuem genes desta raça em

sua constituição genotípica. O Nelore é a raça de maior importância no sistema de produção

de carne no país, e esta representatividade é decorrente de uma série de fatores, tais como:

adaptabilidade ao clima tropical, resistência a parasitas, eficiência na conversão de gramíneas

tropicais, longevidade e fertilidade (KOURY FILHO, 2005).

A raça Rubia Galega é originária da Espanha e sua história começou há mais de 3700

anos, com a invasão celta da Península Ibérica e o cruzamento dos bovinos nativos com os

introduzidos pelo invasor. Nos séculos seguintes, as características da Rubia Galega foram se

5

desenvolvendo com a introdução de novas raças por povos que ocuparam a região da Galícia.

No fim do século 18, a carne da Rubia Galega já possuía um mercado consumidor cativo na

Inglaterra e a partir do século 20, iniciou-se um período ininterrupto de aperfeiçoamento

genético da raça, com programas financiados pelo Governo da Galícia, pelo Governo Espanhol

e, mais recentemente, também pela Comunidade Européia (FARRÁN, 2011).

A produção de carne bovina na Galícia (Noroeste da Espanha), tem sido baseada em

pequenos rebanhos familiares da raça Rubia Galega, com mais de 200.000 fêmeas em idade

reprodutiva, o maior rebanho de raças nativas do país, representando 6,2% do total da Espanha

(GONZÁLEZ e GARCIA, 2000). Em reconhecimento da qualidade da carne Galiciana, foi

solicitado a União Européia para aceitar, em 1996, a indicação de proteção geográfica (IGP) do

vitelo Galiciano “Ternera Galega”, que compreende animais puros e seus cruzamentos

(GUEDES e SILVA, 2011).

Historicamente, na Galícia, o abate dos animais acontece até aos 10 meses de idade, o

que proporciona carcaças pouco pesadas e com uma carne de características organolépticas

claramente diferenciadas quanto à sua maciez, cor, textura e suculência. Um grande número

destes vitelos segue uma alimentação em que predomina o aleitamento materno, o que confere

algumas particularidades ao aspeto da sua carne (por exemplo, a cor da gordura, a textura

cremosa...) e ao seu sabor. Estes animais e a sua carne ficam ao abrigo da categoria “Suprema”

da IGP, por oposição à categoria genérica “Ternera Gallega”, que se aplica aos restantes. Em

menor medida, existe também a produção de carne proveniente de animais mais velhos, criados

igualmente em explorações familiares. Esta produção baseia-se num maior aproveitamento da

capacidade genética da raça e dos recursos alimentares forrageiros, silos de milho e cereais. A

carne proveniente destes animais distingue-se por uma cor mais intensa, maior consistência e

um gosto mais pronunciado (UE, 2006).

6

Ao analisarem sete raças de corte da Espanha, quanto a características de carcaça,

Albertí et al. (2005) demonstraram que a raça Rubia Galega tendeu a ter carcaças maiores, com

pesos de abate mais elevados do que as outras raças. Além disso, o banco de dados analisada

reflete a preferência de alguns mercados locais para carne magra, como produzido por Rubia

Galega e Asturiana. Albertí et al. (2005) ainda qualificaram a raça Rubia Galega como: Alta

produtora de carne, com maturação tardia e carcaça curta, produzindo carcaças altamente

musculosas e uma baixa cobertura de gordura.

A história do Rubia Galega no Brasil teve início em 2000 quando ocorreu a 1ª experiência

com inseminação artificial de matrizes Nelore e sêmen de Rubia Galega. Iniciativa de uma

grande rede varejista brasileira, procurando mudar o perfil das carnes oferecidas em suas lojas,

gerando então a “Carne Bovina Taeq”, e é indicada como um produto com baixo teor de gordura

e produzida com responsabilidade sócio-ambiental, procurando atender um público alvo.

2. Condição Sexual e Composição de Carcaça

A condição sexual (macho castrado, macho não castrado ou fêmea) influencia a

composição da carcaça. As novilhas atingem a maturidade e a fase de engorda mais

precocemente que machos castrados, e estes mais precocemente que machos não castrados. Em

condições semelhantes de alimentação e desde que os animais tenham atingido a fase de

terminação, novilhas terão grau de acabamento (espessura da gordura de cobertura) superior

que machos castrados, e machos castrados terão grau de acabamento superior a machos não

castrados. Além da diferença na faixa de peso, na qual o processo de engorda se inicia, as

novilhas atingem o ponto de abate mais rapidamente que machos castrados, e estes mais

rapidamente do que machos não castrados (LUCHIARI FILHO, 2000). Os bovinos não

castrados possuem melhor conversão alimentar, maior ganho de peso e maior desenvolvimento

muscular que animais castrados (EUCLIDES FILHO et al., 2001).

7

O desenvolvimento dos componentes corporais do animal segue um padrão alométrico.

Os músculos têm desenvolvimento mais acelerado em animais mais jovens e, por ocasião da

puberdade, os esteroides substituem os hormônios proteicos intensificando a deposição do

tecido adiposo e diminuindo a intensidade do desenvolvimento muscular (BERG e

BUTTERFIELD, 1976).

A curva típica de crescimento do animal apresenta a forma sigmóide, seguindo o mesmo

padrão para todas as espécies. É representada no primeiro segmento pelo crescimento acelerado

até atingir o ponto de inflexão da curva, no qual a taxa de crescimento é máxima na puberdade

(Figura 1). A partir do segundo segmento, há uma diminuição do crescimento com aumento

crescente da taxa de deposição de gordura.

Figura 1. Curva de crescimento dos bovinos (PV=peso vivo). Adaptado de

Owens et al. (1993).

Assim, o desenvolvimento de cada tecido também assume uma curva sigmóide,

obedecendo a uma ordem preferencial de formação. O tecido ósseo é o que apresenta o

desenvolvimento mais precoce, o músculo é o próximo na ordem de desenvolvimento e

apresenta um aumento considerável na fase pós-natal até o animal atingir a maturidade e a

gordura é a última a se depositar, de modo que um aumento rápido na deposição de gordura se

inicia quando o desenvolvimento muscular começa a diminuir (Figura 2).

8

Figura 2. Ordem de deposição dos tecidos nos animais (OWENS et al., 1993).

Essas curvas de desenvolvimento variam entre indivíduos; em animais de grande porte,

ou seja, de maior peso à maturidade, a fase de acúmulo rápido de gordura ocorre a um peso

mais elevado. Comparando animais de portes diferentes a um mesmo peso, o de maior porte

não será tão maduro como o de menor tamanho e terá menor acúmulo de gordura. Da mesma

forma, indivíduos que apresentam menor tamanho corporal atingem a cobertura desejada na

carcaça com menor peso vivo, sendo então considerados mais precoces, portanto, mais

adequados para abate em sistema de produção de ciclo curto (SILVEIRA et al., 2001).

Embora o nível de deposição de gordura durante a fase de crescimento seja menor do

que a fase de terminação, os animais podem adquirir considerável capa de gordura de cobertura

se forem suplementados ou confinados (LUCHIARI FILHO, 2000).

Em trabalho conduzido por Costa et al. (2002) com bovinos da raça Red Angus, o ganho

de peso diário apresentou tendência de diminuir linearmente com o aumento de peso até 430

Kg. Para predizer as mudanças de peso vivo de bovinos de corte, Silveira (2001) obteve também

curvas lineares a partir da desmama até que os animais atingissem 400 Kg de peso, enquanto

Freitas et al. (2000) concluíram que o sexo, tipo racial e regime alimentar têm grande influência

no padrão de crescimento dos animais.

9

As estimativas dos parâmetros interpretáveis biologicamente de uma função de

crescimento, associadas às características produtivas dos animais, podem ser uma alternativa

para programas de seleção (SOUZA e BIANCHINI SOBRINHO, 1994), visando a precocidade

com maior peso e melhor qualidade de carcaça.

3. Suplementação mineral com Cromo sobre o desempenho e o comportamento animal

Sabe-se que pelo menos quinze elementos minerais são reconhecidos como essenciais

para a vida dos animais: cálcio, fósforo, magnésio, potássio, sódio, cloro, enxofre, iodo,

manganês, ferro, cobre, cobalto, molibdênio, selênio e flúor. Com o avanço da produtividade

da pecuária, as exigências nutricionais aumentaram e novos microelementos minerais, como

também, formas de suplementação, entraram no cenário da produção de bovinos de corte

(MORAES, 2001). Os minerais desempenham três tipos de funções essenciais para o organismo

dos animais e do homem. A primeira diz respeito a sua participação como componentes

estruturais dos tecidos corporais (por exemplo Ca, P), também atuam nos tecidos e fluidos

corporais como eletrólitos para manutenção do equilíbrio ácido-básico, da pressão osmótica e

da permeabilidade das membranas celulares (Ca, P, Na, Cl) e por último, funcionam como

ativadores de processos enzimáticos (Cu, Mn) ou como integrantes da estrutura de metalo-

enzimas (Zn, Mn) ou vitaminas (Co) (TOKARNIA et al., 2000).

Devido ao possível efeito estimulatório sobre a taxa de crescimento, resposta imune e

alteração metabólica, aumentou o interesse sobre o emprego do cromo como fonte suplementar

na dieta de animais destinados a produção animal (CHANG e MOWAT, 1992). Moonsie-

Shageer & Mowat (1993), trabalhando com novilhos que haviam sido submetidos a fortes

fatores causadores de estresse (transporte, alta densidade, restrição alimentar e variação de

temperatura ambiente), avaliaram o efeito da suplementação com cromo orgânico e

encontraram resultado positivos no ganho de peso, na ingestão de matéria seca e queda na

10

porcentagem de morbidez. A influência da suplementação do cromo na resposta imunológica e

nos casos de estresse, seja por desmama, transporte, castração, além de outros tipos de situações

estressantes, está sendo tema de muitas pesquisas em função da constatação de que o cromo

causa diminuição da concentração sérica de cortisol (BARUSELLI, 2000).

Chang e Mowat (1992) observaram um maior ganho de peso e eficiência alimentar em

bovinos suplementados com a adição à dieta de Cr-levedura após 28 dias de confinamento, com

redução do cortisol sérico e elevação dos níveis de imunoglobulinas totais, contudo este efeito

não foi notado no período subsequente. De acordo com Pagan (1995), o estresse causa elevação

na excreção de cromo, pois, durante o estresse, o metabolismo da glicose é diminuído

simultaneamente com o aumento da secreção do hormônio cortisol no sangue. O cortisol reage

antagonicamente à insulina, prevenindo a entrada da glicose em tecido periférico (músculo e

gordura), e economizando-a para tecidos com elevada demanda (cérebro e fígado), e esta

mobilização, segundo Mertz (1992), é irreversível, sendo o cromo eliminado pela urina. No

entanto, todos os fatores que provocam a elevação da glicose sanguínea são causas significantes

da deficiência de cromo, o que resulta na elevação da glicose sanguínea e subsequente

mobilização do cromo (Cr3+) dos estoques corporais. Arthington et al. (1997), demonstraram

que a suplementação com cromo orgânico causou uma diminuição na concentração sérica de

cortisol em animais sob condições de estresse. Desta forma é possível reduzir o nível hemático

dos “fatores negativos” de resposta orgânica ao estresse nos ruminantes que trazem perdas na

produção animal, tais como: diminuição da ingestão de matéria seca; crescimento retardado;

decréscimo na produção de leite, da fertilidade e do ganho de peso; diminuição da resposta

imunológica, etc.

11

4. Mineral Quelatado

A palavra quelato tem origem do grego “chele”, que significa garra ou pinça. Podemos

definir quelato como um elemento mineral que passa por um complexo mecanismo industrial

que, por fim, torna-se ligado a um agente quelatante (ou ligante), resultando em um composto de

alta biodisponibilidade e baixa toxicidade, capaz de suprir com maior eficiência as exigências

de minerais (MALETTO, 1984).

No campo científico da suplementação mineral, uma revolução do conhecimento da

nutrição está sustentada por alguns pontos básicos, os complexos de minerais quelatados que

são estruturas moleculares menos tóxicas e mais biodisponíveis, e estas características básicas

inseridas nos complexos de minerais concedem uma suplementação com elevada margem de

segurança, tanto para o animal como para o consumidor de carne e leite (BARUSELLI, 2005).

O uso dos minerais quelatados é destaque na nutrição animal no mundo inteiro e de acordo com

Maletto (1984), são as fontes de microminerais de eleição, em função de diversos fatores, dos

quais ressalta principalmente, absorção próxima a 100 %; alta estabilidade; alta disponibilidade

biológica; maior tolerância do organismo animal (menos tóxico); ausência de problemas de

interações com outros macros e micro minerais da dieta, o que pode acarretar na insolubilização

de parte dos minerais; ausência de problemas de interações com outros nutrientes da dieta, como

gordura e fibra, que podem formar ligações indesejáveis com os metais.

O elenco dos produtos disponíveis no mercado não se restringe aos minerais quelatados,

pois recentemente apareceram outros complexos de minerais orgânicos, como os transquelatos,

os carboaminofosfoquelatos e outros. O que diferencia um composto do outro, além da

complexidade do processo industrial, é o tamanho da molécula e a estrutura molecular na qual

o mineral está ligado.

Um mineral quelatado realmente eficaz deve apresentar alta solubilidade em água,

permanecer estável durante todo o processo digestivo, ser altamente absorvível e gerar respostas

12

produtivas no animal. Para ruminantes, a estabilidade torna-se particularmente importante, pois

para que um mineral complexado ou quelatado seja nutricionalmente funcional, deverá ser

estável no rúmen e abomaso e capaz de alcançar o intestino delgado intacto (HADDAD e

ALVES, 2006).

5. Cromo Picolinato

O Cromo é um elemento inorgânico, que quando fazendo parte de um composto

organometálico, potencializa a ação da insulina e influencia a captação de glicose pela célula e

indiretamente o metabolismo dos carboidratos, lipídeos e proteínas (MERTZ, 1992).

O cromo passou a ser reconhecido como um elemento mineral essencial para bovinos

de corte pelo NRC (1996), mas as informações obtidas até o momento não são suficientes para

se determinar os requerimentos de Cr na alimentação, onde a forma mais indicada, segundo o

próprio NRC (1996), para a suplementação de cromo aos bovinos é a forma orgânica, conhecida

também como complexo de minerais orgânicos ou quelatos de minerais, como citado

anteriormente.

O cromo na forma de complexos orgânicos, como cromo picolinato, cromo nicotinato,

cromo aminoácido, cromo levedura e cromo quelato possui maior absorção, podendo chegar a

25%. A fonte inorgânica mais comum é o cloreto de cromo, e apresenta uma menor absorção,

e devido a sua baixa taxa de absorção, e é utilizado como marcador em estudos de

digestibilidade (ANDERSON e KOZLOVSKY, 1985). Na forma de levedura, o Cr apresenta

melhor biodisponibilidade e absorção, sendo o composto preferencial em estudos que visam

suplementar Cr na dieta animal (LYONS, 1997).

Resultados de desempenho em bovinos suplementados com Cr têm variado de 0 a 30%

de aumento no ganho médio diário (KEGLEY e SPEARS, 1995), no entanto, fontes orgânicas

de Cr, tal como Cr picolinato ou Cr metionina, tem se mostrado mais consistente, com efeitos

13

favoráveis no metabolismo da glicose (KEGLEY et al., 2000). Atualmente o Cr picolinato é a

única fonte de Cr permitida para suplementação em dietas de bovinos nos Estados Unidos

(BERNHARD et al., 2012).

6. Função Biológica Cr3+

Ao cromo atribuem-se funções que abrangem principalmente o metabolismo de

carboidratos, mas também em menor grau o metabolismo proteico e lipídico (STOEKER,

1999), contudo, sua participação no metabolismo de carboidratos relaciona-se, mais

especificamente, ao estímulo da captação de glicose pelas células de tecidos-alvo. Esse efeito

não é causado pelo cromo de forma isolada ou mesmo na forma de co-fator enzimático, como

a maioria dos minerais. Para Mertz (1969) o cromo agiria sob a forma de um complexo orgânico

de baixo peso molecular denominado "fator de tolerância à glicose" (GTF), formado por Cr3+,

ácido nicotínico, glicina, cisteína e ácido glutâmico. No entanto, Sun et al. (2000) afirmou que

o Cr modifica o metabolismo da glicose através de um oligopeptídeo de baixo peso molecular

conhecido como cromodulina, que é composta de glicina, cistina, aspartame e glutamato e se

liga com alta afinidade a 4 íons de Cr3+ (VINCENT, 2001). Para alguns investigadores, o GTF

é simplesmente a forma como o Cr se encontra na levedura de cerveja (uma forma orgânica),

funcionando como fornecedor de Cr ao organismo e não como a sua forma biologicamente ativa

(VINCENT 2000; LAMSON e PLAZA, 2002).

Após a absorção, o Cr circula pelo plasma na concentração de 0,01 a 0,3 μg/L, ligado à

transferrina e possivelmente albuminas. Por se ligar à transferrina, o cromo possui um efeito

significativo no transporte de ferro. A concentração do Cr3+ no plasma pode estar diminuída no

caso de uma infecção ou sobrecarga de glicose. O cromo pode ser armazenado em vários tecidos

do organismo, sem possuir um local específico. A maior quantidade de cromo parece estar

14

localizada no fígado, rins, baço e epidídimo, porém já se observou maior concentração de Cr

no coração e rins de ratos (ANDERSON, 1998).

Sobre a descrição dos mecanismos de ação do cromo, se propôs que esse mineral

aumenta a fluidez da membrana celular para facilitar a ligação da insulina com seu receptor

(EVANS e BOWMAN, 1992) e que o GTF funciona como um carreador de cromo para

proteínas celulares deficientes em cromo (VINCENT, 1994). Mais recentemente, o cromo foi

caracterizado como componente participante do mecanismo de amplificação da sinalização

celular de insulina, ou seja, um fator colaborador do aumento da sensibilidade de receptores

insulínicos na membrana plasmática (VINCENT, 1999). O mecanismo de participação do

cromo na ação da insulina foi inicialmente denominado substância ligadora de cromo de baixo

peso molecular (low-molecular weight chromium-binding substance – LMWCr) (VINCENT,

2000). As diferenças entre o GTF isolado das leveduras e o LMWCr dos tecidos de mamíferos

são basicamente a presença de ácido nicotínico, existente apenas no GTF de leveduras

(DAVIES e VINCENT, 1997) e a ausência de efeitos desse GTF sobre a ação insulínica assim

como o cromo de forma isolada (ZIMA et al., 1998).

O LMWCr, em função da semelhança com a calmodulina em estrutura e função, recebe

o nome também de cromodulina quando ligado aos quatro íons de cromo, enquanto na forma

livre de minerais é denominado apocromodulina e encontra-se predominantemente no meio

intracelular, mais especificamente no citosol e no núcleo (VINCENT, 2000).

Está bem estabelecido que, em resposta a um aumento da glicemia, a insulina é

rapidamente secretada para a circulação e liga-se na subunidade de seu receptor, localizada na

face externa da membrana plasmática, o que provoca uma alteração conformacional que resulta

na auto fosforilação dos resíduos de tirosina na subunidade α, localizada na face interna da

membrana. Esta alteração desencadeia uma série de reações de fosforilação em cascata com o

15

objetivo de estimular a translocação dos transportadores de glicose (GLUTs) para a membrana

plasmática (CHAMPE e HARVEY, 1994).

O modelo proposto para explicar a ação da cromodulina como parte do sistema de auto

amplificação da sinalização da insulina sugere que a cromodulina é estocada na forma apo no

citosol e núcleo de células sensíveis à insulina. O aumento da insulina circulante provoca duas

situações concomitantes: (i) maior mobilização do cromo para células-alvo, mediada

principalmente pela transferrina; e (ii) mobilização de receptores de transferrina a partir de

vesículas intracelulares para se fundirem com a membrana. Sendo assim, a transferrina saturada

com cromo liga-se a seus respectivos receptores e o complexo formado é internalizado por

endocitose. No espaço intravesicular o pH ácido promove a digestão deste complexo e a

liberação do cromo para o citosol. Quatro íons de Cr3+ unem-se à apocromodulina tornando-a

ativa sob a forma de cromodulina, que por sua vez liga-se ao sítio ativo no receptor insulínico,

completando a ativação do mesmo e amplificando o sinal da insulina (Figura 3) (VINCENT,

2000; SUN et al., 2000).

Além de sua atuação principal sobre o metabolismo de carboidratos, o cromo também

participa no metabolismo proteico estimulando a captação de aminoácidos pelas células, uma

vez que está diretamente ligado à atividade insulínica (KREIDER, 1999). No metabolismo

proteico a insulina apresenta um efeito direto, promovendo a captação de aminoácidos pelas

células e convertendo-os em proteína. A insulina compartilha com o hormônio do crescimento

e com o IGF-1 a capacidade de aumentar a captação de aminoácidos para dentro das células e

age diretamente sobre os ribossomos, aumentando a tradução do RNA mensageiro e formando

novas proteínas. Na ausência de insulina, os ribossomos simplesmente param de trabalhar, o

catabolismo proteico aumenta, a síntese proteica cessa e grandes quantidades de aminoácidos

são liberadas para o plasma sanguíneo (GYTON e HALL, 1996).

16

Figura 3 - Mecanismo proposto para atuação do cromo na célula. Em resposta a um aumento da glicemia

(1), a insulina é secretada para a circulação (2). O aumento da insulina circulante provoca maior mobilização do cromo para células-alvo, mediada principalmente pela transferrina(3). O GLUT-4 no

interior da célula sem realizar o transporte da glicose (4). A cromodulina é estocada na forma Apo (5).

Quatro íons de Cr3+ unem-se à apocromodulina tornando-a ativa sob a forma de cromodulina (6), que

por sua vez liga-se ao sítio ativo no receptor insulínico (7), completando a ativação do mesmo e amplificando o sinal da insulina (8). Uma série de reações de fosforilação em cascata ocorre e estimula

a translocação dos GLUT-4 para a membrana plasmática (9), realizando a captação da glicose

(adaptado de Vincent, 2000).

Quando ligada ao seu receptor, a insulina possibilita a absorção e o metabolismo celular

da glicose participando do mecanismo bioquímico de sua remoção do sangue. Uma vez,

absorvida pela célula, esta glicose é utilizada como fonte de energia o qual, por regulação

anabólica, como a exercida pelo hormônio do crescimento (GH) e do fator de crescimento

17

insulínico 1 (IGF-1), controlam a síntese de proteínas e proporcionam manutenção e função dos

órgãos (BURTON, 1995).

Não se conhece exatamente como o Cr afeta a produção de cortisol, mas como ele

integra o fator de tolerância à glicose, potencializando a ação da insulina, que é inibida pelos

glicocorticóides, poderia inversamente inibi-los. O estresse e as doenças aumentam a excreção

urinária de Cr e podem exacerbar a deficiência deste elemento (MERTZ, 1992). A redução da

morbidade pela suplementação do Cr orgânico, também, foi alcançada em estudos de Moonsie-

Shageer e Mowat (1993), tendo sido este, provavelmente o fator de maior importância

econômica, superior ao próprio aumento temporário no ganho diário, em função de ter reduzido

infecções, custo de medicações, trabalho, decréscimo da produtividade e problemas de resíduos

do uso de antibióticos.

7. IGF-1

As ações do hormônio do crescimento (GH) são mediadas pelo IGF-1, sua produção e

disponibilidade são influenciadas pelos hormônios tireoidianos e também pelo cromo. O IGF-

1 consiste em um peptídeo de caráter básico composto por 70 aminoácidos. Possui sequência

de aminoácidos e estrutura tridimensional muito semelhante à insulina. O IGF-1 é claramente

GH-dependente. Sua concentração plasmática é baixa quando de baixos níveis de GH e elevada

quando de excesso de GH plasmático (GLUCKMAN e BREIER, 1987).

A concentração plasmática de IGF-1 em humanos e animais domésticos é relativamente

estável, não apresentando picos de produção aparente devido sua meia-vida biológica bastante

longa. Nos músculos cardíaco e esquelético, o IGF-1 estimula o transporte e a captação de

glicose, assim como a produção de lactato. Do ponto de vista anabólico, o IGF-1 estimula a síntese

de RNA e de proteínas (MOREIRA et al., 2010).

18

Na puberdade há um aumento evidente de IGF-1 plasmático o que está diretamente

relacionado ao incremento da produção de hormônios esteróides, através de um complexo

processo que culmina com o crescimento dos tecidos ósseo e muscular e com os eventos

anabólicos e catabólicos que ocorrem no organismo. Esta relação é tão evidente que inúmeros

autores chegaram a propor um controle da atividade da IGF-1 para a determinação destes

eventos. Em ruminantes os estrógenos são reconhecidamente promotores de crescimento

(GLUCKMAN et al., 1987).

Segundo Breier e Saverwein (1995), a concentração plasmática de IGF-1 é um

parâmetro de grande importância no processo produtivo, tendo em vista que a seleção de

linhagens de camundongos e ovinos com base na magnitude da concentração plasmática de

IGF-1 resultou em diferenças marcantes na taxa de crescimento. Weeks (1996), relatou que

linhagens de ovinos selecionados para alto ou baixo peso à desmama, não apresentaram

diferenças quanto aos níveis plasmáticos de GH, cortisol e insulina. Entretanto, as linhagens

selecionadas para alto peso à desmama apresentaram níveis plasmáticos de IGF-1 mais

elevados, além de maior cobertura muscular na carcaça. Neste mesmo sentido Davis et al.

(1995) estudando as concentrações de IGF-1 como parâmetro de seleção de bezerros machos e

fêmeas de corte, observaram grande eficiência no processo de seleção por esta característica,

quando objetiva-se obter animais com maior peso e melhor terminação de carcaça

precocemente.

19

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25

Capítulo II

26

Desempenho e Qualidade de Carcaça de Garrotes Nelore e F1 Rubia Galega x Nelore

Suplementados com Cromo Picolinato

C. Palhari*

Universidade Federal de Mato Grosso – Campus Sinop / Sinop, MT.

* Universidade Federal de Mato Grosso – Campus Sinop / Sinop, MT, Brazil.

* Corresponding Author: Universidade Federal de Mato Grosso – Campus Sinop / Sinop, MT, Brazil. Tel) +55-

66-3544-2090, E-mail: [email protected]

27

RESUMO

O efeito da suplementação proteico energética com cromo picolinato (CrP), no

desempenho produtivo e nas características de carcaças foi estudado em sessenta bovinos

machos jovens de dois grupos genéticos (30 NEL = Nelore e 30 NRG = F1 Rubia Galega x

Nelore). Após a desmama (aos 210 dias de idade), os animais foram mantidos em 2 piquetes de

capim Brachiaria brizantha cv. Marandu, separados conforme as suplementações (com e sem

CrP), contendo os 2 grupos genéticos (15 NEL e 15 NRG). O período experimental foi de 320

dias dividido em 2 fases: fase recria (210 a 420 dias de idade) e fase terminação (421 a 530 dias

de idade). Na fase de recria os animais receberam suplementação na proporção de 0,2% do peso

corporal/dia (1,0mg CrP/kg suplemento), enquanto que na fase de terminação 0,5% do peso

corporal/dia (0,5mg CrP/kg suplemento). Não houve efeito de interação (P>0,05) entre grupo

genético e suplementação com CrP sobre o desempenho produtivo e características de carcaça,

em ambas as fases de crescimento. Na fase de recria os animais NRG apresentaram valores de

desempenho produtivo superior aos NEL (P<0,001). Porém, na fase de terminação o

desempenho produtivo foi semelhante (P>0,05) entre os grupos genéticos. Durante a fase de

recria a suplementação com CrP aumentou (P=0,025) o GMD, GMD metabólico (P=0,026),

ganho de peso total (GPT; P=0,025), porcentagem de GPT (P=0,031), peso corporal final (PCF;

P=0,025) e PCF metabólico (P=0,026). No entanto, a suplementação com CrP reduziu

(P<0,005) o GMD na fase de terminação, assim como o GMD metabólico (P=0,004), GPT

(P<0,005), porcentagem de GPT (P=0,005) e peso corporal ao abate (PCA; P<0,005). O grupo

genético e a dose de CrP não afetaram (P>0,05) a área de olho de lombo (AOL), espessura de

gordura subcutânea (EGS), peso de carcaça quente (PCQ), rendimento de carcaça (RCQ),

conformação e acabamento das carcaças. Os garrotes NRG apresentam melhor desempenho

produtivo e maior taxa de crescimento de tecido muscular e ósseo que NEL, mas são

semelhantes na deposição de gordura. A suplementação com CrP não influencia a qualidade de

carcaça e acelera o crescimento corporal na fase de recria. No entanto, levando em conta o

desempenho produtivo, é desvantajoso manter a suplementação com CrP na fase de terminação.

Palavras-chave: cruzamentos, minerais, cromodulina, ultrassom.

28

ABSTRACT

The effect of protein energy supplementation with chromium picolinate (CrP) on

productive performance and carcass characteristics was studied in sixty young male bovine of

two genetic groups (30 NEL = Nellore and 30 NRG = F1 Rubia Gallega x Nellore). After

weaning (at 210 days of age), the animals were kept in 2 paddocks, separated according to

supplementation (with and without CrP), containing the 2 genetic groups (15 NEL and 15

NRG). The experiment lasted 320 days divided into 2 phases: growing phase (210 to 420 days

of age), and termination phase (421 to 530 days of age). In the growing phase the animals were

supplemented in the proportion of 0.2% of body weight / day (1.0 mg CRP / kg supplement),

while in the finishing phase 0.5% of body weight / day (0.5 mg PCr / kg supplement). There

was no interaction effect (P> 0.05) between genetic group and CrP supplementation on

performance and carcass characteristics in both phases. In the growing phase NRG animals

showed values above the NEL (P <0.001) growth performance. However, in the finishing phase,

the performance was similar (P> 0.05) among genetic groups. During the growing phase

supplementation with CrP increased (P = 0.025) ADG, metabolic ADG (P = 0.026), total weight

gain (TWG, P = 0.025) final percentage of GPT (P = 0.031), body weight (PCF, P = 0.025) and

metabolic PCF (P = 0.026). However, supplementation with CrP reduced (P <0.005) ADG in

the finishing phase, as well as the metabolic ADG (P = 0.004), GPT (P <0.005), percentage of

GPT (P = 0.005) and body weight slaughter (PCA, P <0.005). The genetic group and the dose

of CrP did not affect (P> 0.05) rib eye area (REA), fat thickness (SFT), hot carcass weight

(HCW), carcass yield (HCY), conformation and the carcasses. The NRG have better

performance and higher rate of growth of muscle and bone tissue that NEL, but are similar in

fat deposition. CrP supplementation does not influence carcass quality and accelerates body

growth in the growing phase. However, taking into account the productive performance, is

disadvantageous keep CrP supplementation in the finishing phase.

Keywords: cross-breeds, minerals, chromodulin, IGF-1, ultrasound.

29

INTRODUÇÃO

O Brasil tem o segundo maior rebanho bovino do mundo, após a Índia, mas tem o maior

rebanho comercial, sendo que 80% do rebanho tem influência do Bos taurus indicus

(Ferraz e Felício, 2010). A raça bovina que possui o maior número de animais no Brasil é o

Nelore, tornando-se o maior rebanho desta raça no mundo, além de possuir os animais de

melhor qualidade genética como: adaptação ao clima tropical, resistência a parasitas, eficiência

na conversão de gramíneas tropicais, longevidade e fertilidade, o que a tornam a raça de maior

importância para a pecuária brasileira (Koury Filho, 2005).

A produção de carne bovina brasileira tem baixo custo, sendo 60% menor do que na

Austrália e 50% menor do que nos Estados Unidos. A média de idade de abate é de 4 anos e a

taxa de abate é em torno de 21%, e quando comparado a 2 anos e 37% nos Estados Unidos

(Dick & Nelson, 2003), a média da indústria de carne bovina brasileira é menos eficiente.

Melhores resultados na qualidade da carcaça e eficiência produtiva de bovinos de corte

podem ser encontrados em ambientes tropicais quando se promove o acasalamento entre raças

de clima temperado com as adaptadas ao clima tropical, gerando animais mais produtivos e

resistentes, podendo ainda explorar os efeitos da heterose, que podem estar relacionados não só

no aspecto produtivo, como ganho de peso, musculosidade, peso de carcaça, precocidade, etc.,

mas também no aspecto qualitativo da carcaça, como melhor acabamento, conformação, e

maciez (Hammound et al., 1998).

Uma das raças com maior musculosidade é a Rubia Galega, raça mais importante na

Espanha, foi recentemente introduzida no Brasil e é classificada como alta produtora de carne,

com maturidade tardia, carcaças altamente musculosas e uma baixa cobertura de gordura

(Albertí et al., 2005). Características, pelas quais a raça Rubia Galega foi escolhida por uma

grande rede varejista no Brasil, no intuito de oferecer à um nicho de clientes uma carne indicada

como mais magra e com menos gordura. No entanto, há escassez de estudos avaliando o

30

cruzamento entre as raças Rubia Galega (Bos T. taurus) e Nelore (Bos T.indicus), que seria a

melhor forma de introduzir as qualidades da raça espanhola no Brasil.

Um dos principais fatores envolvidos no processo de produção de carne é a taxa de

crescimento animal, que é influenciada pelo genótipo e o ambiente, possibilitando a máxima

expressão do fenótipo. Para a obtenção de eficiência biológica e econômica nesse processo, é

necessário oferecer aos animais condições para que apresentem satisfatório crescimento

corporal, desde o nascimento até o momento do abate. Tomando como base, que a

bovinocultura de corte brasileira é baseada em regime de pastagem, e que os bovinos nessas

condições estão sujeitos a possíveis deficiências, entre elas, a de minerais, e para corrigir ou

amenizar tais efeitos, garantindo-lhes um suprimento adequado e desenvolvimento saudável, a

suplementação mineral torna é uma prática necessária (Moraes, 2001). Esta suplementação,

associada a diferentes concentrações de determinados minerais, revela-se como forte alternativa

para a intensificação da pecuária de corte. Dentre os minerais destaca-se o Cromo, que só

recentemente passou a ser suplementado para ruminantes, sendo indicado pela sua ação no

metabolismo da glicose e aminoácidos (Sumner et al., 2007). O cromo na forma de complexos

orgânicos, como o cromo picolinato (CrP) possui maior absorção, sendo o composto

preferencial em estudos na dieta de bovinos (Lyons, 1997).

Deste modo, hipotetizou-se que a suplementação de bovinos F1 Rubia Galega x Nelore

com cromo picolinato possa favorecer desenvolvimento muscular, ganho de peso efetivo e

melhorias em conformação das carcaças e qualidade de carne. Assim, objetivou-se com o

presente estudo avaliar o efeito da suplementação com cromo picolinato no desempenho

produtivo e nas características de carcaça de bovinos jovens Nelore e F1 Rubia Galega x Nelore.

31

MATERIAL E MÉTODOS

Delineamento experimental e manejo dos animais

O experimento foi realizado na Fazenda Calixbento, município de Nova Canaã do Norte

(10o50’15.65”S e 55o40’37.29”O), região norte do Mato Grosso, Brasil. Foram utilizados 60

garrotes: 30 Nelore (NEL) e 30 mestiços F1 Rubia Galega x Nelore (NRG) com idade inicial

de 210 dias, identificados individualmente, com peso corporal inicial (PCI) ajustado de 232,40

kg (219,93 kg para NEL e 244,86 kg para NRG). Cada grupo genético foi divido aleatoriamente

de acordo com a suplementação mineral, ficando desta forma, 30 animais (15 NEL e 15 NRG)

suplementados com adição de CrP e 30 animais (15 NEL e 15 NRG) suplementados sem adição

de CrP. Todos os animais foram mantidos separadamente em pastagens de Braquiária

brizantha cv Marandu (2 piquetes de 24 ha/cada), providos de comedouros com 9 metros de

comprimento em cada piquete, para o fornecimento dos suplementos.

O período experimental foi de 19 de julho de 2012 a 07 de junho de 2013 (320 dias)

dividido em 2 fases: fase recria (210 a 420 dias de idade - 210 dias de experimento) e fase

terminação (421 a 530 dias de idade - 110 dias de experimento). Os suplementos foram

fornecidos na proporção de 0,2% do peso corporal/dia na fase de recria e 0,5% do peso

corporal/dia na fase de terminação (Tabela 1).

O tratamento contra endo e ectoparasitas (Solution 3,5% LA® - Ivermectina 2,25% +

Abamectina 1,25%- MSD Saúde Animal, São Paulo, Brasil) foi realizado na desmama (210

dias) e a cada 4 meses; além de vacinados para Aftosa (maio e novembro) e Clostridioses, aos

dias 210 e 270 de idade, e Raiva, aos 210 dias e reforço a cada 6 meses.

Avaliação de desempenho

Todos os animais (n=60) foram pesados no início e ao final de cada fase do experimento,

após jejum alimentar de 12 horas, em balanças individuais da marca Filizola com capacidade

para 1000 kg, determinando o ganho de peso corporal total (GPT) e ganho médio diário (GMD),

32

porcentagem de ganho de peso (%GPT), peso corporal final e de abate (PCF, PCA), peso

corporal metabólico final e peso corporal metabólico de abate (PCFm, PCAm), ganho de peso

metabólico diário (GMDm).

Desenvolvimento Tecidual

Para avaliação do desenvolvimento dos tecidos muscular e adiposo foi realizado exames

de ultrassonografia da carcaça (n=60) ao final de cada fase do experimento (recria e

terminação), através de imagens de ultrassom da área de olho de lombo (AOL), dada em cm2.

A espessura de gordura subcutânea (EGS): dada em milímetros (mm), foi medida entre a 12ª e

13ª costelas, transversal ao Musculus Longissimus thoracis, a espessura de gordura subcutânea

(EGS) foi medida sobre o terço médio lateral da área de olho de lombo (AOL), por ser este, o

último sítio de deposição de gordura, sendo uma medida precisa da cobertura de gordura na

carcaça inteira. O Ratio é a relação entre a altura e largura do Musculus L. thoracis (AOL),

calculada para reduzir a influência de animais, que mesmo possuindo alto valor de AOL (cm²),

não apresentam alta musculosidade. Para essas avaliações foi utilizado uma unidade de

ultrassonografia veterinária PIE MEDICAL - Scanner 200, com uma sonda Sector Curved

Array Scanner, modelo 51B04UM02, frequência 3,5.

Para avaliar o desenvolvimento de tecido ósseo foram realizadas mensurações do

perímetro de canela (PC) na altura da porção medial do osso metatarso esquerdo com o auxílio

de uma fita métrica de PVC de 0 a 100 cm.

Características de carcaça

Para as características de carcaça foram selecionados 26 garrotes, de forma aleatória,

sendo 10 NEL (5 CrP e 5 Controle) e 16 NRG (9 CrP e 7 Controle), com peso corporal médio

acima de 440 kg, peso mínimo aceito para o abate de machos. Foram abatidos no frigorífico

33

JBS no município de Colíder localizado a 100 km do experimento, sob Serviço de Inspeção

Federal (SIF), seguindo o fluxo normal de abate. Na sangria foi registrada a identificação dos

bovinos (brincos), conforme a ordem de entrada. Na carcaça quente, foi feita a avaliação

subjetiva visual de conformação/ musculosidade (CONF) e cobertura de gordura/ acabamento

(ACAB), e ao final da linha abate foi feita a pesagem da carcaça quente (PCQ).

Para a conformação da carcaça foi avaliada a cobertura muscular do traseiro e foram

atribuídos os escores de 1 a 5: côncavo (1), sub-retilíneo (2), retilíneo (3), sub-convexo (4) e

convexo (5). Na avaliação de acabamento foi estimada visualmente a quantidade de gordura

na carcaça, e também foram atribuídos escores de 1 a 5: ausência total de gordura ou magra (1),

gordura escassa com 1 a 3 mm (2), gordura mediana com 3 a 6 mm (3), gordura uniforme com

6 a 10 mm (4) e gordura excessiva com mais 10 mm (5) (Felício, 2005).

Para se determinar o rendimento de carcaça quente (RCQ, em %), utilizou o peso de

carcaça quente (PCQ, em kg) obtido imediatamente antes da entrada da carcaça para a câmara

fria, dividido pelo peso corporal de abate do bovino em jejum (PCA, em kg), tomado no dia

anterior ao abate (PCQ/PCA*100).

Análise Estatística

O experimento foi desenvolvido em delineamento inteiramente casualizado, em

esquema fatorial 2 x 2 (2 grupo genéticos e 2 suplementações) analisado pelo PROC MIXED

do SAS com efeito aleatório atribuído ao animal. Para os dados de desempenho produtivo foi

adotado o PCI do subperíodo (recria e terminação) como covariável. Em todas as análises foi

aceito 0,05 como limite máximo para o erro tipo I.

34

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não houve efeito de interação (P>0,05) entre a suplementação com CrP e grupo genético

para todas as variáveis de desempenho produtivo e características de carcaça, nas fases de recria

e terminação.

Os dados apresentados na fase de recria na Tabela 2, a adição de 1,0 mg/kg de CrP na

suplementação aumentou (P=0,025) o peso corporal final (PCF) em relação aos animais

controle, com a diferença de ganho de peso total (GPT) de 10,57 kg (P=0,025). Para a

porcentagem de ganho de peso corporal total (%GPT) os animais com CrP foram 4,42 pontos

percentuais mais eficientes no período de recria (P=0,031) em relação aos animais sem

suplementação sem CrP, e consequentemente, o ganho médio diário (GMD) superior em média

50g/dia, sendo esta superioridade verificada (P=0,026) também para ganho médio metabólico

diário (GMDm) para os animais suplementados com CrP.

Ao compararmos os dados do peso corporal metabólico final (PCFm) na fase de recria,

essa diferença significativa se mantém (P=0,026), sendo que, os animais suplementados com

CrP foram superiores em 1,84 kg em relação aos suplementados sem CrP, demonstrando que a

suplementação com CrP é eficiente no aumento de peso corporal durante esta fase. Polizel Neto

et al. (2009) encontraram ganhos semelhantes trabalhando com bovinos jovens da raça Nelore

e F1 Brangus x Nelore suplementados com Cr complexado a molécula orgânica apresentaram

um ganho de 74 g/animal/dia quando comparados aos suplementados sem a adição de Cr. No

entanto, Chang e Mowat (1992) avaliando o efeito do Cr no desempenho de bovinos machos

jovens obtiveram ganhos superiores aos do presente estudo, onde a suplementação com Cr

aumentou 180 g/animal/dia. Contudo, esse ganho de peso ocorreu durantes as primeiras

semanas após situações de intenso estresse proporcionado por transporte e leilão. Kegley et al.

(1997) também obtiveram aumento no ganho de peso com a suplementação com Cr com

35

animais que foram submetidos a situações de estresse, resultados semelhantes ao que foi

encontrado no presente estudo, pois o período experimental teve início logo após a desmama

dos animais.

Efeitos significativos na suplementação de Cr estão relacionados a ocorrências de

períodos estressantes durante os experimentos, como por exemplo, restrição alimentar, longas

viagens e desmame. O estresse causa elevação na excreção de cromo, pois, durante o estresse,

o metabolismo da glicose é diminuído simultaneamente com o aumento da secreção do

hormônio cortisol no sangue (Oliveira e Soares Filho, 2005). O cortisol reage antagonicamente

à insulina, prevenindo a entrada da glicose em tecido periférico (músculo e gordura), e

economizando-a para tecidos com elevada demanda (cérebro e fígado), e esta mobilização,

segundo Mertz (1992), é irreversível, sendo o cromo eliminado pela urina.

Na tabela 2, quando se analisa os grupos genéticos, os animais NRG na fase de recria

apresentaram maior PCF e PCFm (P<0,001), uma superioridade de 32,35 kg e 5,62 kg

respectivamente. O GMD foi maior para os NRG em média 160g/dia (P<0,001), assim como o

GPT (P<0,001), resultando em uma diferença de 32,35 kg. Esse fato corrobora o achado de

vários pesquisadores, uma vez que animais taurinos apresentam maior capacidade de

crescimento muscular em relação aos zebuínos (Arrigoni et al., 1998; Hassen et al., 1998;

Morales et al., 2002). Galvão et al. (1991) constatou que os animais Nelore obtiveram GMD

inferior aos cruzados e Lema (2001), também observou diferenças entre o desempenho de

animais cruzados (Nelore x Simental e Marchigiana) em relação aos Nelores puros, quanto aos

pesos de entrada e de saída do confinamento, com superioridade para os cruzados.

No período de recria a GPT% foi mais eficiente para os animais NRG (P<0,001), e para

GMDm os animais NRG foram superiores (P<0,001) em 27g/dia, o que proporcionou um maior

desempenho dos animais deste grupo genético ao longo desta fase.

36

Os efeitos da suplementação com CrP e do grupo genético no desempenho produtivo

dos bovinos jovens durante a fase de terminação são apresentados na tabela 3. Assim como na

fase de recria, o PCI foi ajustado para todos os tratamentos e grupos genéticos.

Discordando da fase de recria, o desempenho produtivo dos animais durante a fase de

terminação não foi influenciado pelo grupo genético, não houve diferença (P>0,05) no GMD,

GPT e PCA, assim como, estes em seus valores em peso metabólico ou porcentagem, entre os

grupos NEL e NRG, contrastando com os dados de Jorge et al. (1997), que relataram, que

quando comparado a mestiços europeus-zebu de origem de corte, o Nelore tende a apresentar

menores ganhos de peso. Também Galvão et al. (1991) e Estrada (1997) relataram menores

ganhos de peso para animais Nelore, quando comparados com mestiços taurinos. Ao analisarem

sete raças de corte espanhola, quanto a características de carcaça, Albertí et al. (2005)

demonstraram que a raça Rubia Galega teve carcaças maiores, com pesos de abate mais

elevados do que as outras raças. O grupo genético NRG não manteve, na fase de terminação, a

superioridade para desempenho produtivo apresentada na fase recria, demonstrando que os

animais deste grupo genético na fase de terminação tiveram uma desaceleração do ritmo de

crescimento devidos ao término da fase de intenso crescimento muscular que ocorre até a

puberdade.

Para Bianchini et al. (2008), trabalhando com crescimentos e características de carcaça

de bovinos superprecoces Nelore, Simental e mestiços, concluíram que à medida em que se

introduziu o sangue Nelore houve aumento no tempo de confinamento necessário para obtenção

do peso e o grau de acabamento definido, devido à diferença de precocidade para crescimento

de tecido muscular entre grupos genéticos, que é menor para os zebuínos.

Na fase de terminação, conforme Tabela 3, ocorreram diferenças para GMD e GMDm

(P=0,005 e P=0,004, respectivamente), e para GPT e %GPT (P=0,005) e para PCA e PCAm

(P=0,005 e P=0,004, respectivamente) entre os tratamentos suplementados ou não com CrP.

37

No entanto, os animais suplementados sem CrP obtiveram resultados superiores aos

suplementados com CrP, oposto ao ocorrido na fase de recria.

Segundo Owens (1993) a fase de recria se caracteriza por um crescimento acelerado na

curva de crescimento, em razão do desenvolvimento dos tecidos ósseo e muscular, ativado pela

liberação dos hormônios de crescimento, ocorrendo maior síntese de tecido muscular em

relação ao adiposo. Durante o período de crescimento pós-natal do animal, o crescimento

muscular ocorre somente por hipertrofia (aumento do diâmetro da célula) principalmente pelo

acréscimo de proteína (Buttery, 1981), que é potencializado pelo Cr, pois este, além de sua

atuação principal sobre o metabolismo de carboidratos, também participa do metabolismo

proteico, estimulando a captação de aminoácidos pelas células, uma vez que está diretamente

ligado à atividade insulínica (Ewelina, 2010). Como a maioria dos mamíferos tem entre 40 e

50% do peso corporal composto de músculos, independentemente da espécie ou o sexo

(Buttery, 1981), este crescimento muscular influencia muito no ganho de peso corporal. Assim,

os animais suplementados com CrP tiveram uma aceleração do desenvolvimento muscular

durante a fase de recria, atingindo elevado preenchimento das células musculares

precocemente, desacelerando este desenvolvimento na fase de terminação, onde os animais

suplementados sem CrP ainda estavam em desenvolvimento muscular, e portanto, em

crescimento mais acelerado que os com CrP.

À medida que o animal aproxima-se de seu peso adulto (peso à maturidade), ocorre

redução na taxa de deposição de proteína e aumento no desenvolvimento do tecido adiposo,

que resultam em acréscimos nas exigências de energia para ganho de peso corporal dos animais.

Da mesma forma, vários autores não têm verificado efeito da suplementação de cromo

no desempenho de bovinos em condições de conforto (Kegley e Spears, 1995; Depew et al.,

1998; Danielsson e Pehrson, 1998), evidenciando que na fase de terminação a ação do CrP é

pouco eficiente.

38

Sob condições normais, ao que tudo indica, os níveis de cromo existentes nas dietas de

terminação são suficientes para o desenvolvimento adequado dos animais, já em condições

especiais, como em situações de estresse, vários trabalhos comprovaram um efeito positivo da

suplementação com cromo orgânico (Zanetti et al., 2003).

Os dados referentes a características de carcaça são verificados na Tabela 4, onde

nenhuma característica foi influenciada pela suplementação com CrP. Os animais NRG

apresentaram peso de carcaça quente (PCQ) maior (P=0,049) que NEL. Contudo, o rendimento

de carcaça quente (RCQ) foi semelhante (P=0,288) entre os grupos genéticos, sendo um RCQ

médio de 55,8%, número superior aos encontrados em outros estudos. Santos et al. (2002),

trabalhando com suplementação e características de carcaça de bovinos F1 Nelore x Limousin,

não castrados, em condições similares de pastagens com diversos níveis de suplementação,

encontraram 246,3 kg de PCQ e 53,6% de RCQ.

Características de musculosidade (CONF) e acabamento da carcaça (ACAB), não foram

influenciados pelo CrP e pelo grupo genético (P>0,05). Vaz e Restle (2001) estudando o efeito

de raça e heterose nas características de carcaça de bovinos machos jovens, verificaram uma

maior velocidade de crescimento em bovinos Charolês em relação ao Nelore, este, porém com

RCQ e ACAB superior, diferente do encontrado no presente estudo, onde não ocorreu

diferenças significativas, se opondo a Galvão (1991), que trabalhando com ganho de peso,

consumo e conversão alimentar em bovinos não castrados, de três grupos raciais, abatidos em

diferentes estágios de maturidade, atribuiu um melhor rendimento de carcaça, como sendo

característico das raças zebuínas.

Quando se avalia o desenvolvimento tecidual (muscular, adiposo e ósseo) durante as

fases de recria e terminação (Tabela 5) observa-se que os animais NRG foram superiores

(P<0,05) para área de olho de lombo (AOL) em relação aos NEL ao longo de todo o período

experimental, ocorrendo essa superioridade tanto ao término da fase de recria como na fase de

39

terminação (P<0,001), demonstrando que os animais com genética taurina Rubia Galega

possuem um maior desenvolvimento muscular até o abate.

Os animais da raça Nelore, por possuírem menor "frame size", em comparação aos

animais da raça Rubia Galega, utilizados no cruzamento com Nelore para este estudo,

precisariam de dias a mais de terminação para que atingissem peso e AOL semelhantes aos do

grupo genético NRG, fato este justificado pelos NEL possuírem menor precocidade para

desenvolvimento muscular.

Como a medida de AOL do ultrassom está positivamente correlacionada com o peso

vivo (Hassen et al., 1999; Suguisawa, 2002; Koohmaraie et al., 2003), pode se inferir que os

maiores valores de AOL demonstrados na Tabela 5 para o grupo genético NRG foram coerentes

com os maiores pesos pertencentes ao grupo na fase de recria. Assim, ao comparar a AOL e

sua relação com 100 kg de peso vivo, houve diferença significativa (P<0,001) somente para o

final da fase de recria. Neste mesmo sentido, a avaliação da relação largura x altura do AOL

(Ratio) confirmam os dados obtidos para a AOL em relação ao peso vivo, onde os animais NRG

foram superiores aos NEL ao termino da fase de recria (P=0,04).

Quando se avalia o efeito da suplementação com CrP no desenvolvimento tecidual, os

dados são semelhantes tanto na fase de recria quanto de terminação. No entanto, o Ratio se

apresenta superior com a adição do CrP (0,48 CrP; 0,39 controle) no início da recria (P=0,002),

diferentemente do AOL/100 kg no mesmo período (P=0,387).

A espessura de gordura subcutânea (EGS) não foi influenciada pelos grupos genéticos

(P=0,122 recria; P=0,930 terminação), assim como, também não, pela suplementação com CrP

(P=0,779 recria; P=0,088 terminação). O que contraria os resultados descritos Mooney e

Cromwell (1997), que observaram redução na deposição de gordura com a suplementação com

Cr, e também Prado et al. (2004), que estudando diferentes métodos de avaliação da área de

40

olho de lombo e cobertura de gordura em bovinos de corte, observaram diferença significativa

para EGS, quando comparou Nelore e Brangus.

Silveira (2003) estudando técnicas de nutrição e manejo e Arrigoni (2003) estudando a

eficiência produtiva de bovinos de corte, em novilhos submetidos ao modelo biológico

superprecoce, concluíram que animais de maior tamanho à maturidade como o Rubia Galega,

possuem crescimento mais acelerado, maior de desenvolvimento muscular, em contrapartida,

animais Nelore apresentam maior precocidade para deposição de tecido adiposo

(Brondani et al, 2006).

Para o perímetro de canela (PC) houve diferença significativa (P=0,020 recria; P<0,001

terminação) entre os grupos genéticos, sendo os animais NRG com maior PC em relação aos

animais NEL, demonstrando uma estrutura óssea maior, o que, segundo Owens et al. (1993),

está relacionado à taxa de crescimento e, consequentemente, ao metabolismo diferenciado entre

as raças. No entanto, o uso do CrP não promoveu diferença (P>0,05) entre grupos tratados.

CONCLUSÃO

A suplementação com cromo picolinato não influencia a qualidade de carcaça, acelera

o crescimento corporal e melhora o desempenho produtivo de garrotes não castrados durante a

fase de recria. Porém, durante a fase de terminação, a suplementação com cromo picolinato é

desvantajosa. Os garrotes F1 Rubia Galega x Nelore apresentam melhor desempenho produtivo

e maior taxa de desenvolvimento de tecido muscular e ósseo que os garrotes Nelore, mas são

semelhantes na deposição de gordura. Assim, a suplementação com cromo picolinato e o

cruzamento racial com a genética Rubia Galega são ferramentas que auxiliam na precocidade

de abate de garrotes não castrados, com ciclos de produção mais curtos, tornando o sistema

pecuário mais produtivo.

41

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45

Tabela 1. Níveis de garantia do suplemento energético proteico

fornecido com adição de CrP e controle, nas fases de recria e

terminação

Níveis de garantia por kg de suplemento fornecido

Item Recria Terminação

Proteína 20,00 16,00 %

Extrato Etéreo ** 2,93 %

Fibra Bruta ** 2,20 %

Cinzas ** 10,07 %

Cálcio 2,60 2,95 %

Fósforo 1,20 1,00 %

FDA ** 4,05 %

NDT 74,86 77,83 %

Sódio 3,70 1,12 %

Magnésio 0,26 0,30 %

Enxofre 0,36 0,28 %

Cobre 164,31 87,49 mg/kg

Manganês 72,37 48,10 mg/kg

Zinco 510,18 262,24 mg/kg

Cobalto 14,57 7,45 mg/kg

Iodo 8,09 4,08 mg/kg

Selênio 1,03 0,55 mg/kg

Flúor 106,49 80,81 mg/kg

Nitrogênio Não Proteico 2,18 0,80 %

NNP equiv. em Proteína 13,62 5,03 %

Cromo Picolinato* 1,00 0,50 mg/kg

Fase de recria consumo de 0,2% de peso corporal.

Fase terminação consumo de 0,5% de peso corporal.

*Tratamento controle: Exceção da adição do Cromo picolinato.

46

Tabela 2. Efeito da suplementação com cromo picolinato e do grupo genético no desempenho

produtivo de garrotes na fase de recria

Suplementação Grupo Genético P

Variáveis Cromo Controle NEL NRG Suplem Grupo CrxGr

PCI, kg 232,40 ± 3,57 232,40 ± 3,57 232,40 ± 3,57 232,40 ± 3,57 - - -

GMD, kg 0,598 ± 0,015 0,548 ± 0,015 0,496 ± 0,016 0,650 ± 0,016 0,025 <0,001 0,986

GMDm, kg 0,108 ± 0,003 0,099 ± 0,003 0,090 ± 0,003 0,117 ± 0,003 0,026 <0,001 0,950

GPT, kg 125,57 ± 3,15 115,00 ± 3,15 104,11 ± 3,48 136,46 ± 3,48 0,025 <0,001 0,982

GPT, % 54,04 ± 1,38 49,62 ± 1,38 44,87 ± 1,52 58,79 ± 1,52 0,031 <0,001 0,863

PCF, kg 357,97 ± 3,15 347,40 ± 3,15 336,51 ± 3,48 368,86 ± 3,48 0,025 <0,001 0,982

PCFm, kg 82,21 ± 0,55 80,37 ± 0,55 78,48 ± 0,61 84,10 ± 0,61 0,026 <0,001 0,930

NEL: Nelore, NRG: F1 Rubia Galega x Nelore, Suplem: Suplementação, GG: Grupo Genético,

CrxGG: Interação da suplementação vs. Grupo genético, PCI: Peso corporal inicial, PCIm: Peso

corporal metabólico inicial, PCF: Peso corporal final, PCFm: Peso corporal metabólico final,

GPT: ganho de peso corporal total, GPT%: porcentagem de ganho peso corporal total, GMD:

Ganho médio corporal diário e GMDm: ganho médio corporal metabólico diário.

P<0,05

47

Tabela 3. Efeito da suplementação com cromo picolinato e do grupo genético no desempenho

produtivo de garrotes na fase de terminação

Suplementação Grupo Genético P

Variáveis Cromo Controle NEL NRG Suplem Grupo CrxGG

PCI, kg 352,68 ± 4,69 352,68 ± 4,69 352,68 ± 4,69 352,68 ± 4,69 - - -

GMD, kg 0,735 ± 0,028 0,858 ± 0,028 0,813 ± 0,035 0,780 ± 0,035 0,005 0,575 0,531

GMDm, kg 0,124 ± 0,005 0,144 ± 0,005 0,137 ± 0,006 0,131 ± 0,006 0,004 0,591 0,573

GPT, kg 83,07 ± 3,16 96,93 ± 3,16 91,90 ± 4,01 88,10 ± 4,01 0,005 0,574 0,531

GPT, % 23,91 ± 0,95 28,02 ± 0,95 26,29 ± 1,21 25,64 ± 1,21 0,005 0,752 0,834

PCA, kg 435,76 ± 3,15 449,61 ± 3,16 444,58 ± 4,01 440,78 ± 4,01 0,005 0,574 0,531

PCAm, kg 95,30 ± 0,51 97,57 ± 0,51 96,74 ± 0,65 96,13 ± 0,65 0,004 0,582 0,522

NEL: Nelore, NRG: F1 Rubia Galega x Nelore, Suplem: Suplementação, GG: Grupo Genético,

CrxGG: Interação da suplementação vs. Grupo genético, PCI: Peso corporal inicial, PCIm: Peso

corporal metabólico inicial, PCA: Peso corporal de abate, PCAm: Peso corporal metabólico de

abate, GPT: ganho de peso corporal total, GPT%: porcentagem de ganho peso corporal total,

GMD: Ganho médio corporal diário e GMDm: ganho médio corporal metabólico diário.

P<0,05

48

Tabela 4. Efeitos da suplementação com CrP nas características de carcaça de garrotes Nelore e F1

Rubia Galega x Nelore

Variáveis

Grupo Genético Suplementação P

NEL NRG Cromo Controle GG Suplem GrxCr

PCA, kg 445,8±13,7 466,8±10,2 454,8±12,0 457,8±11,9 0,098 0,807 0,938

PCQ, kg 247,6±8,2 262,1±6,2 254,9±7,2 254,8±7,2 0,049 0,980 0,865

RCQ, % 55,5±0,5 56,2±0,4 56,1±0,5 55,6±0,5 0,288 0,478 0,517

CONF, (1-5) 3,9±0,17 3,7±0,12 3,6±0,15 4,1±0,14 0,057 0,149 0,447

ACAB, (1-5) 2,2±0,21 2,3±0,16 2,2±0,18 2,3±0,18 0,626 0,797 0,078

NEL: Nelore, NRG: F1 Rubia Galega x Nelore, Suplem: Suplementação, GG: Grupo Genético,

CrxGG: Interação da suplementação vs. Grupo genético, PCA: Peso corporal de abate, PCQ: Peso de carcaça quente, RCQ: Rendimento de carcaça quente, CONF: Conformação - Índice de

musculosidade, ACAB: Acabamento de gordura da carcaça.

P<0,05

49

Tabela 5. Efeitos da suplementação com CrP do desenvolvimento tecidual (muscular, adiposo e ósseo) em bovinos jovens Nelore e F1 Rubia Galega x Nelore

Variáveis

Grupo Genético Suplementação P

NEL NRG Cromo Controle GG Suplem Cr*GG

AOL, cm

recria 36,15±3,1 52,60±3,1 43,40±3,1 45,35±3,1 <0,001 0,537 0,140

terminação 53,45±1,70 63,45±1,70 59,85±1,70 57,05±1,70 <0,001 0,110 0,450

AOL/100kg

recria 11,25±0,9 13,80±0,9 12,10±0,9 12,95±0,9 <0,001 0,387 0,159

terminação 12,95±0,40 13,60±0,40 13,70±0,40 12,85±0,40 0,133 0,064 0,516

EGS, mm

recria 2,0±0,2 2,4±0,2 2,2±0,2 2,2±0,2 0,122 0,779 0,985

terminação 3,5±0,2 3,6±0,2 3,4±0,2 3,7±0,2 0,930 0,088 0,199

Ratio

recria 0,41±0,02 0,46±0,02 0,48±0,02 0,39±0,02 0,040 0,002 0,116

terminação 0,42±0,01 0,44±0,01 0,44±0,01 0,42±0,01 0,171 0,216 0,757

PC, cm

recria 17,9±0,6 19,4±0,6 19,0±0,6 18,3±0,6 0,020 0,332 0,293

terminação 21,1±0,2 22,0±0,2 21,5±0,2 21,6±0,2 <0,001 0,823 0,922

NEL: Nelore, NRG: F1 Rubia Galega x Nelore, Suplem: Suplementação, GG: Grupo Genético, CrxGG: Interação da suplementação vs. Grupo genético, AOL: Área de olho de lombo, AOL/100kg:

Área de olho de lombo em relação a 100 kg de peso corporal, EGS: Espessura de gordura subcutânea,

Ratio: Relação largura x altura da área do olho de lombo e PC: perímetro de canela.

P<0,05